Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
A partir dos pensamentos acima citados no início do século XX, pode-se explanar
a evolução comparativa de todo o processo de ideologias debatidas na época e assim,
atualmente, se faz necessário comparar estéticasartísticas que foram sendo construídas ao
longo do tempo. O conceito de “Cultura da Convergência” citado por Jenkins (2009) ao
final do século XX, mostra que é possível definir transformações tecnológicas,
mercadológicas, culturais e sociais adentro da cultura, o que reafirma o pensamento do
Benjamin.
Para mostrar de forma prática todos as ideologias acima citadas, iremos estudar o
diretor cinematográfico norte americano, Timothy Walter Burton (Tim Burton),
conhecido por sua visão gótica e surrealista nas produções audiovisual, onde criou sua
própria estética dentro da indústria do cinema: o “estilo burtiano” (Scarpari, 2009)
adentrando afundo no debate entre os pensadores na forma de fazer e consumir cultura,
refletindo em um impacto social de midiatização e reprodução das obras originais do
autor.
Indústria Cultura x Cultura da Convergência
Entende-se por indústria cultural a prática do consumo pela sociedade, oriunda de
uma necessidade criada pela média. (T. Adorno & Horkheimer, 1985) substituem o
termo “cultura de massa”, pela designação “indústria cultural”, usada até hoje.
Enquanto a cultura de massa era compreendida como aquela que surge
espontaneamente das próprias massas, a indústria cultural é vista como oposta a ela,
pois se trata de um domínio da arte superior e da arte inferior, com prejuízo cultural
para ambas.
Adorno (2002) diz que com a repetição alienada das produções audiovisual,
nada de novo pode-se criar de forma a tornar-se relevante e destacar-se na
sociedade e conclui:
Ao trazer o conceito de “aurea” para a reprodução da arte, o autor explica que essa
ideologia está mais além da possibilidade de reprodução técnica da obra, ultrapassando
o domínio da arte (Benjamin, 2017:211).
Ainda sobre a visão da arte como forma inovadora e sensível, com amplitude
social e criativa, Benjamin (2017:232) ressalta que “O cinema caracteriza-se não só
pelo modo como o homem se apresenta perante a aparelhagem, mas também pelo modo
como, com a ajuda desta, ele se representa o mundo circundante”.
A Cultura Participativa
A cultura participativa traz uma nova realidade das relações entre a sociedade e a
média, como forma de acessibilidade, compartilhamento e massificação da cultura de
conteúdos. Monteiro (2010) afirma que um dos fatores mais relevantes dentro dos
grupos de participação a referenciação de uma determinada obra é o processo de
aquisição de conhecimento a partir da interação com outros participantes. Esta
interação social ativa é um dos fatores que representa a cultura participativa.
Tim Burton ficou conhecido por sua visão gótica e surrealista nas produções
audiovisual, chegando a criar sua própria estética dentro da indústria do cinema: o
“estilo burtiano” (Scarpari, 2009) adentrando afundo no debate entre os pensadores na
forma de fazer e consumir cultura.
Figura 1 Figura 2
Os desenhos acima referidos foram retirados de uma rede de compartilhamento
de imagens – Pinterest e carregam traços estéticos desenvolvidos pelo diretor
cinematográfico Tim Burton (mesmo estes não sendo de sua própria autoria), onde
utiliza em suas animações e suas obras temáticas sombrias, com cores negras
destacadas e com temas góticos. Porém a narrativa em que esses desenhos estão
inseridos refere-se a literaturae arte diferente da proposta de Burton, a obra do Harry
Potter, da autora J. K. Rowling, é ilusionaria, infanto-juvenil e elaborada com cores
lúdicas e vibrantes, sem nenhuma referência de Burton.
Figura 3 Figura 4
Dessa forma, a reprodução estética em várias médias e como forma acessível
sobre o conceito da obra contrapõe a ideia da indústria cultural apenas como forma de
divertimento e alienação, onde suas ideologias são exclusivamente os negócios
tornando a diversão o prolongamento do trabalho sob o capitalismo tardio (Adorno,
2002).
Para Jenkins (2009) a obra de arte é chamada de “atractor cultural”, criando uma base
comum entre as diversas redes e comunidades, impulsionando sua decifração,
especulação e elaboração, onde a compreensão obtida por meio de diversas médias e
desmembramentos das obras sustenta uma profunda experiência que motiva ainda mais
o consumoe o interesse entre os consumidores.
Bibliografia
Adorno, T., & Horkheimer, M. (1985). Dialética do esclarecimento:
fragmentos filosóficos. ALMEIDA, GA Rio de Janeiro: JORGEZAHAR,
1947, 121.
Adorno, T. W. (2002). Indústria Cultural e Sociedade. Paz e Terra, 1–70.
Benjamin, W. (2017). Estética e Sociologia da Arte. Autêntica Editora.
Cortez, A. E., Mudado, G., Paula, M. de, Norbim, O., & Casal de Sá, S.(2006). O
estranho mundo de Tim Burton. PUCMG.
Jenkins, H. (2009). Cultura da Convergência (2nd ed.). Aleph.
Monteiro, C. (2010). Fandom : cultura participativa em busca de um ídolo.
1–13.
Pires De Figueiredo, C. A. (2016). Narrativa Transmídia: modos de narrar etipos de
histórias. Letras, 26(53), 45–64.
Scarpari, M. L. (2009). A Publicidade e o Olhar de Tim Burton. AnuárioDa
Produção Acadêica Docente, III(4), 1–12.
Souza, A., & Martins, H. (2012). A Majestade do Fandom: a Cultura e a
Identidade dos Fãs. 1–14.