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A estética cinematográfica das obras de Tim Burton

a partir da teoria da indústria cultural e da cultura da


convergência: Uma análise social.

Estudante: Maria Júlia Limeira Vieira da Cunha


Programa Doutoral em Novos Medias – DigiMedia - DeCa
Docentes: Prof. Dr. Anthony David; Profa. Dra. Elisabete Maria e Prof. Dr. Carlos Rodrigues.
UC: Cultura e Transformação Social 44559
Resumo
As obras cinematográfias nos dias de hoje são referências e consequências de
estudos e pesquisas no que diz respeito a estéticas e conceitos de arte estudados séculos
atrás e apesar dos dois autores da Escola de Frankfurt, Theodor Adorno e Walter
Benjamin, partilharem da mesma vivência acadêmica no século XX, é notório o
entendimento de duas visões sobre o consumo e a forma de fazer arte.

Adorno (2002) afirma que o capitalismo apossou-se da arte de forma atornar a


reprodução da cultura extremamente comercial, gerando assim um movimento de
consumo repetitivo e sem contexto, desvalorizando e rotulando a forma de fazer e
consumir cultura. Em contrapartida, Benjamin (2017) apresenta uma visão mais futurista
quanto a ideologia do Adorno, entendendo que a reprodução e o consumo está muito mais
interligado com a acessibilidade do que com a exclusão e comercialização.

A partir das referências acima citadas, a Cultura da Convergência assim como a


Cultura Participativa, citada por Jenkins (2009) vem a reforçar a ambiguidade de duas
perspetivas e para exemplificar ambas as versões dos teóricos a cerca do referente tema.
Assim como o desmembramento de participação coletiva, esse trabalho visa analisar, na
forma de revisão bibliográfica, a produção cinematográfica do diretor Timothy Walter
Burton (Tim Burton), conhecido por sua visão gótica e surrealista nas obras com impacto
social e crítico dentro da cultura participativa e da convergência.

Palavras-chave: Indústria Cultural; Estética Cinematográfica; Tim Burton; Cultura da


Convergência; Cultura Participativa
Introdução
No início do século XX, junto ao Instituto de Pesquisa Social, pensadores e críticos
filosóficos começam a estudar uma nova perspetiva a cerca da forma de como a sociedade
atual estava a consumir a cultura, formando assim a Escola de Frankfurt. Baseados na
sociologia e na política, cria-se assim uma nova visão do marxismo. Entre outros
pensadores que compunha o ciclo intelectual, destaco aqui para estudo crítico e analítico,
dois do qual irei apresentar: Theodor Adorno e Walter Benjamin.

Apesar de ambos partilharem da mesma visão na Escola de atuação, é notório o


entendimento de duas visões sobre a referência estética na reprodução e forma de fazer a
arte. Adorno (2002) afirma que o capitalismo apossou-se da arte de forma a tornar a
reprodução da cultura extremamente comercial, gerando assim um movimento de consumo
repetitivo e sem contexto, desvalorizando e rotulando a forma de fazer e consumir cultura.
Em contrapartida, Beijamin apresenta uma visão mais futurista quanto a ideologia do
Adorno, entendendo que a reprodução e o consumo está muito mais interligado com a
acessibilidade do que com a exclusão e comercialização.

A partir dos pensamentos acima citados no início do século XX, pode-se explanar
a evolução comparativa de todo o processo de ideologias debatidas na época e assim,
atualmente, se faz necessário comparar estéticasartísticas que foram sendo construídas ao
longo do tempo. O conceito de “Cultura da Convergência” citado por Jenkins (2009) ao
final do século XX, mostra que é possível definir transformações tecnológicas,
mercadológicas, culturais e sociais adentro da cultura, o que reafirma o pensamento do
Benjamin.

Para mostrar de forma prática todos as ideologias acima citadas, iremos estudar o
diretor cinematográfico norte americano, Timothy Walter Burton (Tim Burton),
conhecido por sua visão gótica e surrealista nas produções audiovisual, onde criou sua
própria estética dentro da indústria do cinema: o “estilo burtiano” (Scarpari, 2009)
adentrando afundo no debate entre os pensadores na forma de fazer e consumir cultura,
refletindo em um impacto social de midiatização e reprodução das obras originais do
autor.
Indústria Cultura x Cultura da Convergência
Entende-se por indústria cultural a prática do consumo pela sociedade, oriunda de
uma necessidade criada pela média. (T. Adorno & Horkheimer, 1985) substituem o
termo “cultura de massa”, pela designação “indústria cultural”, usada até hoje.
Enquanto a cultura de massa era compreendida como aquela que surge
espontaneamente das próprias massas, a indústria cultural é vista como oposta a ela,
pois se trata de um domínio da arte superior e da arte inferior, com prejuízo cultural
para ambas.

Adorno (2002) diz que com a repetição alienada das produções audiovisual,
nada de novo pode-se criar de forma a tornar-se relevante e destacar-se na
sociedade e conclui:

A mesmice também regula a relação com o passado. A novidade do estágio da cultura


de massa em face do liberalismo tardio está na exclusão do novo. A máquina gira em
torno do seu próprio eixo. Chegando ao ponto de determinar o consumo, afasta como
risco inútil aquilo que ainda não foi experimentado. Os cineastas consideram com
suspeita todo manuscrito atrás do qual não encontrem um tranquilizante best-seller.
(Adorno, 2002:16)

Em contrapartida, o filósofo Benjamin diverge da ideia marxista de Adorno,


referenciando a nova forma de produção e consumo de cultura (em especial do cinema),
como principal ferramenta de partilha e acessibilidade social, de forma a captar o
sentido de igualdade política e cultural.

Ao trazer o conceito de “aurea” para a reprodução da arte, o autor explica que essa
ideologia está mais além da possibilidade de reprodução técnica da obra, ultrapassando
o domínio da arte (Benjamin, 2017:211).

Ainda sobre a visão da arte como forma inovadora e sensível, com amplitude
social e criativa, Benjamin (2017:232) ressalta que “O cinema caracteriza-se não só
pelo modo como o homem se apresenta perante a aparelhagem, mas também pelo modo
como, com a ajuda desta, ele se representa o mundo circundante”.

O oposto do que defende Adorno, a quebra da tradição e o abalo violento dos


conteúdos visionados como autênticos, assim como essa transformação e aceitação de
inovação na criação e reprodução é “o reservoda atual crise e renovação na humanidade,
relacionando-se intimamente comos movimentos de massa dos nossos dias” (Benjamin,
2017: 212).

Adorno vê a relação entre o produto e o consumidor como elementos chave


para o processo de atuação da indústria cultural, transformando o dia a dia do cidadão
em situações de necessidade de consumo. Transcendendo qualquer relação emocional
do homem. Adorno (2002) diz ainda que a atrofia da imaginação e da espontaneidade
do consumidor cultural de hoje não tem necessidade de ser explicada em termos
psicológicos, pois é reflexo da alienação mediática.
Nos dias de hoje tanto a teoria de Adorno quanto a de Benjamin se faz acerca
da indústria cultural se faz presente, pois vários recursos de acesso ao consumo foram
introduzidos pela tecnologia, um dele é a internet. Na década de 1990 a internet passou
a ser comercializada com a intenção de aproximar cada vez mais o emissor do recetor,
através da comunicação virtual entre os computadores o que permitiu maiores
facilidades e ampliou aabrangência do mercado cultural.
Para compreender a relação do conceito de convergência da cultura é necessário
exemplificar seus principais elementos: convergência dos meios de comunicação,
cultura participativa e inteligência coletiva. Jenkins (2009) afirma que a cultura da
convergência é o fluxo de conteúdos através de múltiplas plataformas de médias, a
cooperação entre múltiplos mercados midiáticos e o comportamento migratório dos
públicos dos meios de comunicação, que vão a quase qualquer parte em busca das
experiências de entretenimento que desejam.
O autor explica a cultura da convergência como objeto de interação entre
criador, produto, produtor e consumidor, tornando a comunicação entre eles mais
abrangente. A participação ativa dos consumidores acerca dos produtos (obras) vem se
transformando em um novo modelo de mercadoindustrial (Jenkins, 2009).

A convergência, como podemos ver, é tanto um processo corporativo, de cima para


baixo, quanto um processo de consumidor, de baixo para cima. A convergência
corporativa coexiste com a convergência alternativa. Empresas de mídias estão
aprendendo a acelerar o fluxo de conteúdo de média pelos canais dedistribuição para
aumentar as oportunidades de lucro, ampliar mercados e consolidar seus compromissos
com o público. Consumidores estão aprendendo autilizar as diferentes tecnologias para
ter um controle mais completo sobre o fluxo da média e para interagir com outros
consumidores. (JENKINS, 2009:46)
Nesse sentido, a interatividade entre o criador da obra e os consumidores da
mesma se tornam ativos, de forma participativa e também coletiva, desmembrando a
obra como possibilidade e acessibilidade da mesma, como defende Benjamin.

Para Jenkins (2009), o processo de convergência acontece dentro do cérebro de


consumidores individuais e em suas interações sociais com os outros, ao construírem a
sua própria mitologia pessoal, a partir de pedaços fragmentados de informações
extraídos do fluxo mediático e transformados em recursos por meio dos quais
compreende-se a vida cotidiana. Assim sendo, o conceito de convergência vai além dos
parâmetros de simplesmente interagir e ganha forma de consciência, atitudes e
produções paralelas à interação, ampliando a ideia de “áurea” e expandido a obra
em carater coletivo.

A Cultura Participativa

A cultura participativa traz uma nova realidade das relações entre a sociedade e a
média, como forma de acessibilidade, compartilhamento e massificação da cultura de
conteúdos. Monteiro (2010) afirma que um dos fatores mais relevantes dentro dos
grupos de participação a referenciação de uma determinada obra é o processo de
aquisição de conhecimento a partir da interação com outros participantes. Esta
interação social ativa é um dos fatores que representa a cultura participativa.

A extensão da internet, com seus vários meios de comunicação, reflete na


convergência das diversas médias participativas, não sendonecessariamente de uma
distribuição específica, ou seja, se uma forma única de interação. Analisando os
conteúdos ali presentes, nota-se que eles passam por vários canais, com múltiplos
modos de acesso aos assuntos abordados, não tendo um canal definido para se
comunicar (Monteiro, 2010).

O processo caracteriza-se por um envolvimento e disposição dos consumidores


(fãs) à interação, apropriação e transformação dos objetos de adoração, somados à
distribuição rápida, fácil e barata de novos conteúdos, resultantes dessas releituras
críticas, mediadas e coletivas (Souza & Martins, 2012). Entende-se assim a cultura
participativa como a interação coletiva e ativa entre espectadores da obra e o autor.
Tim Burton
Timothy William Burton, cineasta norte americano, mais conhecido como Tim
Burton, nasceu em 25 de agosto de 1958 na cidade de Burbank, no estado da Califórnia,
Estados Unidos. O diretor renomeado mundialmente, desde muito jovem já
demonstrava interesse pela arte do cinema e uma criatividade que se destacava dos
demais (Cortez et al., 2006).

Tim Burton ficou conhecido por sua visão gótica e surrealista nas produções
audiovisual, chegando a criar sua própria estética dentro da indústria do cinema: o
“estilo burtiano” (Scarpari, 2009) adentrando afundo no debate entre os pensadores na
forma de fazer e consumir cultura.

Atualmente não está distante da realidade em que enfrentam as artes


cinematográficas contemporâneas: a transformação dos filmes em produtos e dos
espectadores em clientes (Cortez et al., 2006), porém o diretor ainda sim é capaz de
criar obras que se destacam adentro de um meio tão competitivo, seja em animações
ou longas, conquistando grandes públicos com sua assinatura diferenciada (Cortez et
al., 2006). Em meio a tantas produções no mercado da indústria do cinema
hollywoodiano, Tim Burton recria, inova e cria assim sua própria estética.

Ao analisar o atual contexto entre as produções cinematográficas de Tim Burton


com o conceito e filosofia adentro da Indústria Cultural defendida por Adorno, nota-se
uma notória divergência ao falar de produçãoem massa, pois o diretor além de alcançar
grande notoriedade nas suas obras,ainda criou um estilo próprio.

Dessa forma, contrariando o pensamento do filósofo, Tim Burton não só criou


uma nova identidade, como inovou a forma de produção cinematográfica a nível
mundial, revolucionado a academia audiovisual (Cabral et al., 2011). Divergente dos
padrões clichés ao qual são produzidos os filmes infantis, com cores vibrantes e
reluzentes, o diretor aposta na estética dark mesclada com o surrealismo (Cabral et al.,
2011).
A Estética Cinematográfica adentro da Cultura da Convergência –
Transmédia

A tendência em produzir conteúdos de grande escala nas obras de cinemas


contemporâneas se desenvolveram em uma rede de transformação e compartilhamento
de múltiplas plataformas em que várias médias convergem entre si, onde se entrelaçam
e interagem, chamando assim de transmédia (Pires De Figueiredo, 2016).

A narrativa transmédia é oriunda da utilização de várias plataformas mediáticas


que convergem por contar uma história baseado na inteligência coletiva e na
participação dos telespectadores de uma determinada obra em um novo contexto
(Jenkins, 2009), dessa forma, quando uma obra consegue abranger o público no sentido
mais amplo de sua capacidade, oferece assimvários pontos de acesso e de possibilidades
para que seja explorado de outras formas, tais como jogos digitais, histórias em
quadrinhos, sites, vídeos online, desenhos, etc. apresentando uma nova visão ou
perspetiva a partir daobra original (Pires De Figueiredo, 2016).

Uma vez citado o estilo cinematográfico de Tim Burton, como o “estilo


burtiano”, caracterizado pelos traços de desenhos góticos e fora dos padrões normais
de animação, pode-se fazer um comparativo adentro da transmédia na cultura da
convergência. Pode-se observar a seguir, a exemplificação da narrativa transmédia
dentro do conceito de reprodução da obra em massa observado pela indústria cultural,
onde duas obras se mesclam a partir de uma estética audiovisual produzida de forma
secundária por quem a consome:

Figura 1 Figura 2
Os desenhos acima referidos foram retirados de uma rede de compartilhamento
de imagens – Pinterest e carregam traços estéticos desenvolvidos pelo diretor
cinematográfico Tim Burton (mesmo estes não sendo de sua própria autoria), onde
utiliza em suas animações e suas obras temáticas sombrias, com cores negras
destacadas e com temas góticos. Porém a narrativa em que esses desenhos estão
inseridos refere-se a literaturae arte diferente da proposta de Burton, a obra do Harry
Potter, da autora J. K. Rowling, é ilusionaria, infanto-juvenil e elaborada com cores
lúdicas e vibrantes, sem nenhuma referência de Burton.

As imagens foram feitas por consumidores de ambas as artes que, dentro da


convergência da obra e da inteligência coletiva, conseguiram criaruma terceira narrativa
no conceito de cultura e arte acerca de duas diferentesestéticas.

Abaixo podemos observar a grande semelhança entre a real forma estética de


Tim Burton na animação “A Noiva Cadáver” (figura 4) e uma reprodução gráfica do
personagem Harry Potter no mesmo padrão estético (figura 3), referenciando assim a
cultura da convergência na narrativa transmédia.

Figura 3 Figura 4
Dessa forma, a reprodução estética em várias médias e como forma acessível
sobre o conceito da obra contrapõe a ideia da indústria cultural apenas como forma de
divertimento e alienação, onde suas ideologias são exclusivamente os negócios
tornando a diversão o prolongamento do trabalho sob o capitalismo tardio (Adorno,
2002).

Para Jenkins (2009) a obra de arte é chamada de “atractor cultural”, criando uma base
comum entre as diversas redes e comunidades, impulsionando sua decifração,
especulação e elaboração, onde a compreensão obtida por meio de diversas médias e
desmembramentos das obras sustenta uma profunda experiência que motiva ainda mais
o consumoe o interesse entre os consumidores.

Cada vez mais, as narrativas estão se tornando a arte da construção de universos,à


medida em que os artistas criam ambientes atraentes que não podem sercompletamente
explorados ou esgotados em uma única obra, ou mesmo em uma única média. O
universo é maior do que o filme, maior até do que a franquia, já que as especulações e
elaborações dos fãs também expandem o universo em várias direções. (JENKINS,
2009:162)

A estética nas obras de Tim Burton vai além de um mercado cinematográfico


hollywoodiano e ultrapassa a ideia referente a reprodução da obra como forma de
alienação e exclusão da sociedade adentro da cultura como meio de inserção intelectual
e criativo.
Conclusão
A observar dois pontos de vista a cerca da Indústria Cultural no cinemadentro da
Escola de Frankfurt, baseado no estilo estético desenvolvido pelo diretor artista Tim
Burton, pode-se dizer que atualmente o reflexo da produção e criação de um novo estilo
no cinema transcende a visão do pensador Adorno e caracteriza a definição do
Benjamin em referência a “áurea” em que consiste a criação, reprodução e consumo da
obra.
Em paralelo a isso, pode-se notar também a exemplificação da cultura da
convergência abordada por Jenkins junto com a inteligência coletiva que adentra da
teoria de Benjamin, além de tornar a arte acessível ao ponto de massificar de forma
positiva e pacífica, perde de ser puramente capitalista e alienatória, como cria uma
narrativa diferente e influencia os consumidores da obra a partilharem novas estéticas
baseadas na original, criando assim uma cadeia de criatividade coletiva a partir de uma
obra de arte.
Observa-se também que o impacto que a cultura e a obra de arte causa na
sociedade é relevante a ponto da interação e reprodução paralela como forma de
fortificar o impacto artístico presente. Dessa forma, a teoria e a prática resultam em
uma grande forma de agregar valores sociais representativos para todos.

Bibliografia
Adorno, T., & Horkheimer, M. (1985). Dialética do esclarecimento:
fragmentos filosóficos. ALMEIDA, GA Rio de Janeiro: JORGEZAHAR,
1947, 121.
Adorno, T. W. (2002). Indústria Cultural e Sociedade. Paz e Terra, 1–70.
Benjamin, W. (2017). Estética e Sociologia da Arte. Autêntica Editora.
Cortez, A. E., Mudado, G., Paula, M. de, Norbim, O., & Casal de Sá, S.(2006). O
estranho mundo de Tim Burton. PUCMG.
Jenkins, H. (2009). Cultura da Convergência (2nd ed.). Aleph.
Monteiro, C. (2010). Fandom : cultura participativa em busca de um ídolo.
1–13.
Pires De Figueiredo, C. A. (2016). Narrativa Transmídia: modos de narrar etipos de
histórias. Letras, 26(53), 45–64.
Scarpari, M. L. (2009). A Publicidade e o Olhar de Tim Burton. AnuárioDa
Produção Acadêica Docente, III(4), 1–12.
Souza, A., & Martins, H. (2012). A Majestade do Fandom: a Cultura e a
Identidade dos Fãs. 1–14.

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