Você está na página 1de 21

1

A VISIBILIDADE E A DIFUSÃO DA ARTE POR MEIO DAS


REDES SOCIAIS - ESTUDO DE CASO DA FAN PAGE EU ME
CHAMO ANTÔNIO

Deiga Luane Borges de Brito*1


Cláudio Aleixo Rocha**2

RESUMO
A proposta do artigo é investigar como artistas anônimos conquistam reconhecimento e
reputação simbólica nos sites de redes sociais, por meio do estudo de caso da fan page
“Eu me chamo Antônio”. Para tanto, foram exploradas as temáticas que envolvem a
comunicação no ciberespaço através de pesquisa bibliográfica. Apresentam-se os
conceitos: cibercultura, comunidades virtuais, inteligência coletiva, redes sociais e
capital social, relacionando-os com objeto de estudo principal: a arte.

Palavras-chave: Arte. Cibercultura. Ciberarte. Redes sociais. Capital social.

ABSTRACT: The proposition of this article is to investigate how anonymous artists


win recognition and symbolic reputation on social networks sites, through the case
study of the fan page “Eu me chamo Antônio”. For this, were explored the themes
involving communication in cyberspace through a bibliographic research. Are
demonstrated the concepts: cyberculture, virtual communities, collective intelligence,
social networks and social capital, connecting them to the main object of study: art.

Palavras-chave: Art. Cyberculture. Ciberarte. Social networks. Social capital.

1
*Deiga Luane Borges de Brito
Jornalista formada em 2011 pela Faculdade Araguaia-GO,
Especialita em Comunicação e Multimídia pela PUC-GO.
E-mail:deiga_luane@hotmail.com.
2
**Cláudio Aleixo Rocha
Designer gráfico (UFG), professor do curso de Publicidade e Propaganda da PUC Goiás,
doutorando em Arte e Cultura Visual e mestre em Cultura Visual pelo Programa de Pós-
graduação em Arte e Cultura Visual da Faculdade de Artes Visuais / FAV da Universidade
Federal de Goiás / UFG.
E-mail: claudioaleixorocha@gmail.com
2

INTRODUÇÃO

A arte na era da cibercultura tem encontrado um novo cenário e outras formas de


produção e representação. Artistas anônimos utilizam o ambiente virtual para a
divulgação de seus trabalhos. Nas redes sociais, o público interage com os artistas e
com suas obras, compartilhando, comentando ou acrescentando suas próprias
impressões e significados. Museus utilizam as novas tecnologias para produzir
experiências e para digitalizar as obras de arte. E o público pode consultar o seu acervo
de qualquer parte do mundo.
Dentro dessa perspectiva, as comunidades virtuais são campos em potencial
para debates coletivos e participativos. Nesses ambientes, os artistas e seus expectadores
possuem interesses, conhecimentos ou projetos em comum e, dessa forma, pode haver
entre eles a cooperação ou as trocas de experiências no ciberespaço. A comunicação em
rede proporciona uma interação dinâmica paras os admiradores da arte, pois, o artista
divide com o público a autoria das obras, uma vez que, na rede o receptor participa na
construção de sentido.
Sendo assim, podemos observar transformações na forma em que vivenciamos a
arte. As ações relacionadas a essa área, atualmente, estão amplamente ligadas ao
universo da tecnologia. Além disso, os recursos oferecidos pelo ciberespaço motivam os
artistas a buscarem esse ambiente como novo suporte. Partindo desse ponto, são
inúmeras inquietações que motivam este artigo.
Em um primeiro momento, pretende-se entender: como os sites de redes sociais
colaboram para o acesso a arte? Como os artistas anônimos (no sentido de não serem
reconhecidos ou famosos) utilizam esses sites de redes sociais para dar visibilidade aos
seus trabalhos? Tendo em vista as afinidades de interesse artístico do público, que
fatores possibilitam o artista a ganhar visibilidade e reconhecimento por meio do
engajamento nas redes sociais? Em outro momento, para o embasamento teórico, serão
discutidas temáticas do universo das novas tecnologias de comunicação tais como:
cibercultura, ciberespaço, comunidades virtuais, inteligência coletiva, redes sociais e
capital social, relacionando-os com o objeto de estudo, a arte.
Para exemplificar a temática proposta, serão utilizados cases de artistas
anônimos que tem buscado a visibilidade de seus trabalhos por meio dos sites de redes
sociais. O case principal a ser abordado neste artigo é sobre a fan page (página no
3

Facebook) “Eu me chamo Antônio”. Antônio é um personagem que registra sua poesia,
ilustrações e frases de botequim em guardanapos de papel. O seu criador, o publicitário
Pedro Gabriel, começou a reproduzir inicialmente os seus guardanapos no Tumblr “Eu
me chamo Antônio”. Mas, com o sucesso, o personagem migrou também para outros
sites de redes sociais como o Facebook, o Twitter e o Instagram.
No Facebook, por exemplo, a fan page que foi criada em outubro de 2012
contabiliza (até a data de conclusão deste artigo) 542 mil curtidas. Os desenhos, poesias
e devaneios do personagem Antônio passaram dos guardanapos para as páginas de um
livro publicado em novembro de 2013, pela Editora Intrínseca.
Serão observados neste artigo, o engajamento e a forma em que esses artistas
anônimos se comunicam com o seu público. Outro ponto relevante é a interação das
pessoas que visualizam e participam desse processo, curtindo e compartilhando essas
obras e suas preferências artísticas e estéticas. Pretende-se, realizar um mapeamento
desse público por meio de pesquisa exploratória descritiva, utilizando as ferramentas de
pesquisa da netnografia.

1. A arte na Internet: O poder de comunicação artística fora do mercado


oficial

A presença da tecnologia produz inúmeras implicações na vida cotidiana. Desde


os primórdios, a tecnologia promove a ampliação da capacidade humana. O homem
primitivo utilizava lascas de pedras ou de ossos para facilitar processos que as mãos
humanas dificilmente conseguiriam executar, como perfurar e cortar superfícies. Com o
domínio da técnica do fogo, o homem primitivo pôde aproximar-se da civilização e,
desse modo, produzir calor e luz para as situações que exigem esse tipo de recurso.
Atualmente, quase todas as relações ou produções humanas são mediadas por algum
aparato tecnológico. Não poderia ser diferente com a arte.
Os artistas na era da cibercultura rompem paradigmas e vão além de suas
ferramentas habituais como pincéis, tinta, papel ou telas, pois, eles promovem
experiências sensíveis usando a tecnologia. Dessa maneira, a arte deixa de ser um objeto
de culto e torna-se mais interativa. A contemplação dá lugar ao relacionamento e
vínculo com o espectador.
Segundo Pierre Lévy (1999, p. 149), “quanto mais a obra explorar as
possibilidades oferecidas pela interação, pela interconexão e pelos dispositivos de
4

criação coletiva, mais típica ela será da cibercultura”. Sobre essa nova realidade, Diana
Domingues refere que,

Os artistas oferecem situações sensíveis com tecnologias, pois


percebem que as relações do homem com o mundo não são mais as
mesmas depois que a revolução da informática e das comunicações
nos coloca diante do numérico, da inteligência artificial, da realidade
virtual, da robótica e de outros inventos que vêm irrompendo no
cenário das últimas décadas do século XX (DOMINGUES, 1997, p.
17).

As novas formas de produção de arte enfatizam a participação, a colaboração, a


interação, a conectividade e a não-linearidade. O artista não precisa mais de marchands
ou de curadorias; nem mesmo de locais destinados a exposição da arte como galerias e
museus. Há suportes oferecidos pelo ciberespaço e pelas novas tecnologias de
comunicação, que ampliam a difusão e a visibilidade da arte. De acordo com
Domingues (1997, p. 19) “é, sobretudo, uma arte que trata da permanência, que fixa
uma idéia sobre um suporte. [...] A arte tecnológica interativa pressupõe a parceria, o
fim das verdades acabadas, do imutável, do linear”.
Observando a produção, em um primeiro momento, o pensamento do artista
mantém diálogo com a máquina e, outrora, por meio de circuitos eletrônicos e
interfaces, ele dialoga também com as linguagens, interpretações e afinidades do
público. Agora, o público se envolve na produção, o que põe em xeque a autoria: a obra
é aberta, pressupondo assim que as intervenções do espectador também sejam partícipes
do processo contínuo de transformação da obra, emergindo no modelo de comunicação
todos-todos.
Para o pesquisador André Lemos (2010, p. 176-177), “a arte exprime sempre o
imaginário de sua época”. As manifestações artísticas possuem caráter transformador da
realidade e também, são maneiras de guiar a percepção do mundo. De fato, as
tecnologias eletrônicas e digitais acrescentaram inúmeras transformações à fruição da
arte e à sua difusão. “A arte não está mais a serviço das camadas dominantes, nem fica
legitimada por uma elite social ou econômica, não está limitada a hierarquias”.
(DOMINGUES, 1997, p. 21).
Refletindo sobre o cenário atual, Lemos discorre sobre as novas possibilidades
de produção e difusão da arte na era cibercultura, que o autor denomina como ciberarte.
5

De acordo com o autor (LEMOS, 2010, p. 181) são exemplos da ciberarte: a vídeo-arte,
a tecno-body-art, o multimídia, a robótica e as esculturas virtuais, a arte holográfica e
informática, a realidade virtual; a dança, teatro e a música tecnoeletrônica.

A arte na era eletrônica vai abusar da interatividade, das


possibilidades hipertextuais, das colagens (sampling) de informações,
dos processos fractais e complexos, da não-linearidade do discurso...
A ideia de rede, aliada à possibilidade de recombinações sucessivas
de informações e a uma comunicação interativa, torna-se o motor
principal da ciberarte. (LEMOS, 2010, p. 178).

Muitas instituições que promovem a arte, tais como, os museus tem buscado
espaço na sociedade da informação. Os museus, galerias e demais ambientes de
promoção da arte não fugiram do prisma da cibercultura. O museu digital (instituições
presenciais que buscaram espaço no mundo virtual) e os cibermuseus (instituições
presentes apenas no ciberespaço) têm desenvolvido projetos voltados para atrair o
público no universo virtual. De acordo com o Doutor em Comunicação José Cláudio
Oliveira (2007, p. 155),

No Brasil, os primeiros museus a terem as suas interfaces na net


foram o Museu do Ipiranga (http://www.museudoipiranga.com.br/),
os museus da USP, abrigados em um portal, e o Museu da República
(http://www.museudarepublica.org.br/). Todos online em 1995. Mas
o Brasil ficou marcado com um grande projeto museístico, iniciado
em 1991, on-line desde 1997, o Museu da Pessoa
(http://www.museudapessoa.net), cujo projeto, totalmente digital,
proporciona, [...] a participação do observador (internauta, cidadão
comum) no acervo do museu, o que implica que qualquer cidadão do
mundo pode ter a sua história retratada no site.

Nos museus digitais, o espectador tem a possibilidade de conhecer o acervo


mesmo estando distante fisicamente, além de ampliar o leque comunicacional e
educativo para com o público. O ciberespaço oferece a estes, mecanismos para a
realização de debates e divulgação da programação e também, aproxima as informações
e as imagens digitalizadas dos acervos e coleções às pessoas. Há quem questione que o
acesso virtual reduz as visitas aos museus presenciais. Para entusiastas da tecnologia
como Pierre Lévy (1999, p.156), os museus virtuais não concorrem com os museus
reais, estes servem como suas extensões publicitárias.
6

Os museus, antes restritos a elite, tem a chance de transpor seus muros. Os


cibermuseus quebraram o paradigma da restrição das visitas, comum aos museus
presenciais. Os espaços arquitetônicos da arte compreendem agora, às homepages e
sites. No ciberespaço, a arte vai além de suas fronteiras ou de seus suportes tradicionais
promovendo a interação, característica que é vantajosa tanto para os museus que
buscaram sua representação virtualmente, quanto para cibermuseus, que foram
destinados essencialmente para a World Wide Web.

2. Comunidades virtuais: Afinidades de interesse e reputação por competência

Conceitos como inteligência coletiva (Pierre Lévy), cérebro global (Heylighen),


inteligência emergente (Johnson), coletivos inteligentes (Rheingold), cérebro social
(Buchheit) dentre outros, são abordados por pesquisadores que estudam a interconexão
dos indivíduos em rede e a interação coletiva proporcionada pelo ciberespaço. A web é
vista como uma nova camada do cérebro humano, a camada digital, que funciona como
uma interface que conecta os nossos cérebros.
Na realidade da Web 2.0, segunda geração de serviços on-line, as possibilidades
de colaboração, colocaram os indivíduos em face da produção de conteúdo e das novas
formas relacionamento nos sites de redes sociais. Dentro da atual perspectiva da
sociedade contemporânea, surge uma sinergia entre as tecnologias digitais e as relações
sociais, conhecida como cibercultura. O conceito de cibercultura é objeto de estudo dos
pesquisadores Pierre Lévy e André Lemos. Para André Lemos (2010, p.89),

A cibercultura que se forma sob os nossos olhos, mostra, [...] como as


novas tecnologias estão sendo, efetivamente, utilizadas como
ferramentas de uma efervescência social (compartilhamento de
emoções, de convivialidade e de formação comunitária). A
cibercultura é a socialidade como prática da tecnologia.

O pesquisador Pierre Lévy (1999, p.129-133) caracteriza três princípios


norteadores da cibercultura: a interconexão, a criação de comunidades virtuais e a
inteligência coletiva. “Para a cibercultura, a conexão é sempre preferível ao isolamento”
(LÉVY, 1999, p.127). Vivemos em um período em que o ciberespaço (o ambiente
digital, a rede) tem se expandido. Computadores, notebooks, tablets ou celulares são
instrumentos para a acessibilidade à rede. Os indivíduos se conectam a qualquer hora e
em qualquer local, desde que tenham a cobertura de provedores de Internet.
7

No ciberespaço, eles podem obter uma gama infinita de informações. Segundo


Pierre Lévy (1999, p. 129), o imperativo da cibercultura é a comunicação universal sem
totalidade. Universal, no sentido de presença virtual da humanidade, de ser um ponto de
encontro sem lugar ou tempo específico. O universal da cibercultura é a capacidade de
interconexão, pelo qual, os indivíduos podem participar de uma inteligência coletiva.
No ciberespaço, todos podem ser emissores para os outros nós da rede e o acesso
transpõe a zona fronteiriça de tempo e espaço, suprimindo o monopólio de difusão de
informações dos meios de comunicação de massa.
Quanto mais universal, menos totalizável é a cibercultura. O ciberespaço
promove a pluralidade e a diversidade das impressões humanas. De modo que, nesse
espaço virtual por vezes caótico, torna-se difícil controlar a totalidade, isto é, o sentido
dos discursos. “Essa universalidade desprovida de significado central, esse sistema da
desordem, essa transparência labiríntica, chamo-a de “universal sem totalidade”.
Constitui a essência paradoxal da cibercultura”. (LÉVY, 1999, p. 113).
Para que se compreenda afinco esse paradoxo, Levy (1999, p. 116–118), faz um
paralelo entre escrita e o universal totalizante. Nas sociedades de tradição oral, o
contexto e a autoria da mensagem eram percebidos no tempo e lugar da emissão. A
situação vivenciada, o sentido do discurso e o universo semântico tinham o mesmo
valor ou significado tanto para emissor quanto para o receptor.
A escrita provocou alterações na maneira em que as mensagens são difundidas:
as informações agora podem se disseminar e alcançar mais amplitude sem o esforço
exigido na tradição oral. A interconexão surge, como uma nova forma do universal, que
não é estática como o regime clássico da escrita: é descontextualizada pelo emaranhado
de interações e hipertextos.

No regime clássico da escrita, o leitor encontrava-se condenado a


reatualizar o contexto a um alto custo, ou então a restabelecê-lo a
serviço das Igrejas, instituições ou escolas, empenhadas em
ressuscitar e fechar o sentido. Ora, hoje, tecnicamente, devido ao fato
da iminente colocação em rede de todas as máquinas do planeta,
quase não há mais mensagens “fora de contexto”, separada de uma
comunidade ativa. (LÉVY, 1999, p. 120)

As comunidades virtuais são o segundo pilar da cibercultura e estão relacionadas


também com o princípio da interconexão. Elas são constituídas de membros com
interesses, projetos e conhecimentos em comum. Eles se reúnem em um ambiente
8

virtual para troca de informações, para a cooperação e colaboração mútua. As


comunidades virtuais são zonas em que existem reciprocidade e interação, em
contrapartida, podem ocorrer conflitos, debate de ideias. Nesses ambientes há
possibilidades de formar e expressar opinião pública, pois, oferecem debates coletivos
mais participativos do que em outras mídias.
O terceiro e último princípio da cibercultura, a inteligência coletiva, trata-se da
sinergia do saber, da capacidade do coletivo aprender no ciberespaço. Uma pessoa se
une intelectualmente a outras pessoas para compartilhar conhecimentos por meio dos
recursos da rede. Assim sendo, os artistas podem se reunir em comunidades virtuais
para produzir sistemas coletivos de conhecimentos, agregando novas possibilidades e
interpretações às suas obras. As comunidades virtuais tem justamente o propósito de
atingir o patamar de inteligência coletiva. Dessa maneira, “o ciberespaço talvez não seja
mais do que o indispensável desvio técnico para atingir a inteligência coletiva” (LÉVY,
1999, p. 133).
Com o advento das novas tecnologias da comunicação, o conceito clássico de
comunidade sofreu alterações. Por isso, é necessário repensar os paradigmas referentes
a essa temática para que se compreenda o que são as comunidades virtuais. Cicilia
Peruzzo (2002, p. 01), pesquisadora que tem como objetos de pesquisa a comunicação
comunitária, alternativa e popular; discute sobre as comunidades em tempos de redes. O
termo comunidade diz respeito aos agrupamentos sociais sejam unidos por laços de
sangue, de vizinhança ou por afinidade espiritual. Para Peruzzo (2002, p. 02), “falar em
comunidade significa falar de fortes laços, de reciprocidades, de sentido coletivo dos
relacionamentos”.
A localidade, área territorial que o grupo ocupa; e o sentimento de
pertencimento ou de vida comum são elementos que possibilitam a definição de uma
comunidade. Um dos critérios básicos para esse conceito, segundo Peruzzo (2002, p.
03); é justamente a vida em comum: as relações sociais de um indivíduo são forjadas
dentro da comunidade.
Peruzzo (2002, p. 01-07) afirma que a noção de territorialidade geográfica,
elemento característico de uma comunidade, foi superada na era da comunicação
mediada por computador. Nas comunidades virtuais, as percepções de tempo e espaço
na vida social são alteradas e o território de atuação de seus partícipes rompe as
barreiras físicas. As relações sociais das comunidades virtuais perpassam pela mediação
9

de computadores. As novas tecnologias da comunicação possibilitaram vivenciar


eventos que ocorrem de maneira simultânea, sem que a pessoa esteja no local do
acontecimento ou que haja a interação face a face.
O ideal de vida em comum também é característico das comunidades virtuais.
Não pode ser classificado como comunidade virtual qualquer forma ou tipo de redes de
contatos, pois, estas são formadas por grupos que estão interligados em rede com
interesses em comum. Nas comunidades virtuais, “agregam-se ainda as dimensões de
partilha de interesses comuns de sentimento de pertença e de aceitação mútua de regras
e de linguagens” (PERUZZO, 2002, p. 06).

3. Conversação em rede, redes sociais e capital social

A conversação, prática cotidiana de interação entre os indivíduos, tem evoluído e


se apropria de novos espaços. A Internet e suas ferramentas propiciaram a migração das
práticas conversacionais para o ciberespaço. Essa realidade da Comunicação mediada
pelo computador (CMC) e de como acontece a conversação em redes sociais são
pesquisados por Raquel Recuero (2012). Segundo a pesquisadora (RECUERO, 2012, p.
29), a conversação é “a porta pela qual as interações sociais se estabelecem”. A
conversação promove o diálogo e a negociação de sentido entre dois ou mais
indivíduos. Esta é percebida como essência da linguagem oral, mas pode ocorrer
inclusive, por meio do ambiente mediado pelo computador.
A comunicação mediada pelo computador (CMC) é a transmissão de mensagens
com linguagem natural por meio do computador. Dessa forma, a CMC tem
características próprias, pois indivíduos se apropriam tecnicamente e simbolicamente da
tecnologia para interagirem e forjarem as suas relações sociais.
Ainda que existam ferramentas para a conversação oral com a disposição de
vídeo e voz, como por exemplo, o Skype e o Google Talk, o que predomina na CMC é a
linguagem textual. Nesse cenário, os participantes usam uma linguagem específica: a
escrita é oralizada e há o uso de símbolos e signos, como emoticons e onomatopeias,
para reproduzir gestos, emoções, entonação de voz e pausas da fala.
Além de delimitar a representação da identidade e a presença dos interagentes,
os perfis nas redes sociais também são conversações. Elementos como apelidos,
avatares, os modos de dizer e a performance dos usuários na rede nos auxiliam a traçar a
identidade dos participantes da conversação e o contexto das mensagens.
10

Existem ambientes virtuais que funcionam como instrumentos para os grupos de


indivíduos se conectarem, gerarem conteúdo, compartilharem conhecimentos e
promoverem a conversação em rede. Esses espaços virtuais que reúnem inúmeros
grupos de pessoas, instituições e empresas são os sites de redes sociais.
Recuero (2012, p. 127) diferencia os conceitos redes sociais na Internet e sites
de redes sociais. De acordo com a autora, “as redes são metáforas para os grupos
humanos, onde se procura compreender suas inter-relações” (RECUERO, 2012, p. 127).
Assim sendo, “as redes sociais são metáforas para esses grupos na mediação do
computador” (RECUERO, 2012, p. 128).
As redes sociais sempre existiram, o que mudou na verdade foi a sua
abrangência e a forma em que se organizam utilizando as tecnologias da informação. As
redes sociais digitais romperam as limitações da linguagem oral e as barreiras temporal
e espacial das redes sociais primitivas. Seguindo a linha de raciocínio de Recuero,
Martha Gabriel (2010, p. 194) refere que,

[...] redes sociais são estruturas sociais que existem desde a


antiguidade e vêm se tornando mais abrangentes e complexas devido
à evolução das tecnologias de comunicação e informação. No
entanto, é importante ressaltar que redes sociais têm a ver com
pessoas, relacionamento entre pessoas, e não com tecnologias e
computadores. Tem a ver com “como usar as tecnologias” em
benefício do relacionamento social.

Portanto, os sites de redes sociais são formas que esses grupos utilizam para se
organizarem em rede na Internet. São novos ambientes de conversação que colaboram
para o surgimento de novos comportamentos e provocam impactos na sociedade. A
conversação em rede está relacionada à coletividade; é um espaço formado por
indivíduos que se conectam em redes sociais e juntos podem se unir para o debate. De
acordo com Recuero (2012, p. 122), a apropriação que os grupos fazem dos sites de
redes sociais podem:

[...]gerar fenômenos musicais, fazendo com que outras pessoas


assistam a um vídeo de música, de influenciar eleições, levando
políticos a se retratarem publicamente, de refletir tendências e de
comentar coletivamente os programas de televisão.
11

Os sites de redes sociais possibilitam que os usuários ampliem sua rede de


relacionamentos e que eles gerem capital social, um valor social presente na
conversação em rede. Capital social é o conjunto de “normas, valores, instituições e
relacionamentos compartilhados que permitem a cooperação dentro ou entre os
diferentes grupos sociais” (MARTELETO e SILVA, 2004, p. 44).
De acordo com Recuero (2012, 136), o capital social é “constituído de recursos
coletivamente construídos relacionados ao pertencimento da rede”. A relevância de se
conectar em rede está em ter acesso a recursos e informações construídos pelo grupo. A
conversação depende da construção e negociação do capital social para ser realizada,
pois ela é uma “negociação entre os atores, ela precisa de um macrocontexto para
acontecer [...]” (RECUERO, 2012, p. 137).
Pode-se observar que valores que são difíceis de conseguir off-line, são
potencializados com os recursos da rede. Nos sites de redes sociais, os “quinze minutos
de fama” que eram previstos por Andy Warhol podem se tornar realidade para qualquer
um. A capacidade de conquistar seguidores, a exposição ou debate de algum assunto
relevante ou mesmo a viralização de algum vídeo são ações que contribuem para que o
usuário conquiste capital social e agregue reputação, popularidade, visibilidade e
autoridade no ciberespaço.
Martha Gabriel (2010, p.16) explica o que são esses valores inerentes ao capital
social. A visibilidade decorre da presença do indivíduo na rede social. A reputação é a
percepção que os nós, as pessoas presentes na rede, constroem sobre as impressões
emitidas pelos outros atores da rede. A popularidade, por sua vez, é a audiência que um
nó conquistou e a quantidade de conexões dele. Já a autoridade, está ligada a influência
que um indivíduo tem na rede.
Observando essas características, o capital social pode ser classificado como
relacional, que é a relação entre os nós, ou cognitivo, que são as percepções que os nós
têm sobre os outros. Ainda de acordo com a autora,

Nas redes sociais digitais, muitas vezes o termo Whuffie é utilizado


como sinônimo de capital social. O termo originou-se do livro de
ficção científica de 2003, Down and Out in the Magic Kingdom, de
Cory Doctorow, em que Wuffie é a moeda de uma economia baseada
em reputação. (GABRIEL, 2010, p. 17)
12

Pode-se assim, fazer um paralelo entre as relações sociais e a Economia. Tal


como na área financeira, as interações entre os atores na rede requer investimentos para
se tornarem capital social. O relacionamento entre os atores da rede são percebidos
como capital quando o processo de crescimento econômico passa a ser determinado
pelas interações entre os indivíduos, tornando-se riquezas a serem exploradas e
capitalizadas.

4. Apresentação do estudo de caso: Eu me chamo Antônio

O presente artigo pretende abordar os fatores que possibilitam os artistas


anônimos ganharem notoriedade, visibilidade e reputação simbólica para seus trabalhos
por meio da divulgação em sites de redes sociais. Para tanto, a pesquisa se desenvolve
através de estudo bibliográfico a respeito da arte na era da cibercultura e sobre as
comunidades virtuais, e por estudo de caso da fan page “Eu me chamo Antônio”, além
de recorrer a netnografia ou etnografia virtual, método investigativo que observa os
processos de sociabilidade, comportamento e as representações dentro das comunidades
virtuais.
O objeto de estudo deste artigo, a fan page “Eu me chamo Antônio”, teve
origem quando o publicitário Pedro Antônio Gabriel Anhorn encontrou uma nova
finalidade para os guardanapos de papel de botequins. O autor, suíço por parte de pai e
brasileiro por parte de mãe, nasceu no Chade: em pleno continente africano. Ele veio
aos 12 anos de idade para o Brasil. Na ânsia de aprender o idioma, observava e brincava
com as palavras. Durante uma visita ao bar Café Lamas, o autor teve um insight ao
rabiscar e escrever versos nos guardanapos. Pedro fotografou a arte criada com a câmera
do celular e após produzir mais ilustrações em guardanapos com poesias e filosofias de
botequim, ele criou uma conta no site Tumblr. A intenção era exteriorizar e documentar
as palavras soltas e os pensamentos de seu personagem Antônio.
A página “Eu me chamo Antônio” viralizou e logo ganhou espaço em outros
sites de redes sociais, tal como o Twitter, Instagram e Facebook. Até a data de
conclusão deste artigo, a fan page, criada em outubro de 2012, contabilizava 542 mil
seguidores. Os posts, em sua maioria, são fotografias integradas com imagens e frases,
desenhadas com caneta esferográfica. O texto desperta a atenção dos leitores pelo
linguajar simples, com trocadilhos de palavras e com estilo, tipografia, e traços próprios
do personagem. Pedro Gabriel também divulga nesse espaço virtual as músicas que o
13

inspiram, ensaios fotográficos de sua arte, exposições, informações sobre o seu livro
recém-publicado, vídeos inspirados em seus textos e publicações de blogs e sites
relacionados à fan page.
Para compor a pesquisa, foram escolhidos aleatoriamente 10 postagens da fan
page “Eu me chamo Antônio”. Assim sendo, observam-se as formas de interação do
autor para com os seguidores, as conversações, as referências estéticas dos posts e as
características do personagem, e quais valores compartilhados fazem com que seja
gerado capital social.
Na publicação do dia 06 de abril de 2013, o autor faz a seguinte interação com
os leitores: “Amado e amada, tenho uma pergunta e gostaria muito de ouvir (ler!)
você:- Como você imagina um livro do Antônio? Beijos, abraços e guardanapos.” O
post curtido por 214 pessoas e com 121 comentários, revelava a necessidade de utilizar
a plataforma impressa para documentar as suas publicações e para que o personagem
alcançasse quem ainda não o conhecia.
E por meio dessa interação, o autor pôde captar as impressões e expectativas do
seu público para uma possível publicação. A usuária 1 responde: “Antônio,
definitivamente seu estilo democratizou a poesia... Tornou-a acessível em tempos de
total pragmatismo. Um livro seu imagino exatamente o perfil do que faz por aqui -
imagens e sentimentos em palavras muito bem arrumadas e de maneira simples, porém
profundas. Um livro sem ordem cronológica, onde a pessoa pudesse começar e
terminar de qualquer página.[...].”
Já o usuário 2, sintetiza o que espera da estética do livro: “Minimalista, em tons
pastéis e algumas ilustrações.” A usuária 3 opina sobre a fonte, que é uma das
principais características da performance do personagem: “Eu acho que uma
característica marcante das frases é o estilo do texto, sua "fonte" digamos. como um
livro tem mais conteúdo, não daria para usá-la como padrão, mas acredito que usar,
em alguns capítulos, uma frase que tenha sido mais significativa em posicionamento de
citação, numa área especial da página e com essa "fonte" traria ao livro a
característica pessoal dos guardanapos (: [...]”
Pedro Gabriel pôde ter sua arte materializada em um livro, que leva o mesmo
nome da fan page “Eu me chamo Antônio”, em novembro de 2013. O livro tem o
formato pocket e mistura os desenhos, tipografias e fotografias ao texto. É formado
basicamente por ilustrações e o leitor pode ler de forma não-linear, sem seguir uma
14

ordem cronológica de leitura, ou ler do começo ao fim, enxergando as venturas e


desventuras do personagem. No final do livro, o autor pede um feed-back do público e
deixa uma página com a imagem de um guardanapo em branco para o leitor escrever e
desenhar suas frases e poemas e compartilhar nos sites de redes sociais. O espectador,
dessa maneira, torna-se partícipe da obra, fato que é uma das premissas da arte na
cibercultura.
O autor Pedro Gabriel, até a publicação do livro, ainda não tinha postado fotos
suas para os leitores. Por isso, ele e o público promoveram uma dinâmica em que cada
um postava fotos de desenhos de como seria o Antônio na vida real. A fan page recebeu
ao todo 157 fotos dos usuários. O concurso rendeu muitos comentários e curtidas em
cada imagem e o álbum com as fotos ganhou 797 curtidas, 82 comentários e 17
compartilhamentos.

FIGURA 1 –- Engajamento na fan page “Eu me chamo Antônio”


Disponível em: < https://www.facebook.com/eumechamoantonio>. Acesso em: 21 jan. 2014.
15

Em outro álbum, foram postadas as seis melhores ilustrações. “Eita gente


criativa. Tudo muito divertido e poético! Acredito que as respostas superaram as
expectativas do Eu me chamo Antônio.”, avalia a usuária 1. Já a usuária 2, comenta:
“tô impressionada com a quantidade de artistas que encontrei por aqui s2”.
Assim, o personagem interagiu com os seus espectadores deixando que eles
mostrassem as suas impressões sobre a sua obra e sobre o seu criador. O sentimento de
pertencimento a um grupo e a possibilidade de interagir com pessoas com interesses em
comum fazem com que a fan page conquiste capital social relacional (decorrente das
relações entre os nós da rede). Percebe-se também, que os comentários têm as
características da Comunicação mediada por computador, a escrita é oralizada, os
interagentes utilizam emoticons e onomatopeias para reproduzir suas reações.
Em outra publicação, do dia 23 de março de 2013, no primeiro vídeo produzido
pelo autor, os seguidores puderam perceber outro traço do personagem: agora ele tem
voz. Pedro Gabriel é quem declama a poesia ‘Aos seus silêncios’ e dá voz ao
personagem: “[...] Aqui nascem todos os meus silêncios, aqui onde tudo gira, gira e se
evapora calmamente feito a fumaça das mais belas lembranças, aqui nesse mundo
mudo, onde girafas falam de amor, bailarinas beijam palhaços, marinheiros ancoram
por um Deus qualquer e poetas, ah poetas... que escrevem rimas bonitas em
guardanapos imundos e mudos. [...] Antônio seus amores vazios vazaram, para dar voz
e vazão aos seus silêncios”.
No vídeo, aparecem ambientes onde provavelmente as ilustrações são
produzidas e objetos que o inspiraram a escrever o poema. Uma das seguidoras da fan
page comenta: “Agora eu “ouço” a voz quando leio os textos.” O post ganhou 710
curtidas, 98 comentários e 198 compartilhamentos. O vídeo no Youtube foi visto 20.919
vezes.
Na postagem a seguir, do dia 04 de novembro de 2012, o autor revela nuances de
seu personagem: o desenho de um rosto desconexo, que não se parece com ninguém,
com grandes cílios, o que por vezes, pode ser interpretado como lágrimas.
16

FIGURA 2 – Representação do personagem.


Disponível em: < https://www.facebook.com/eumechamoantonio>. Acesso em: 21 jan. 2014.

“Se for pedir muito: não seja tão pouco”, declara o personagem, no post dia 16
de novembro de 2013. Esse verso recebeu 12.028 curtidas e 4.655 compartilhamentos.
A linguagem simples e a relação criada entre palavras e acontecimentos cotidianos, faz
com que as pessoas se sintam representadas em seus versos. A multiplicidade de
interpretações do público, em seus comentários, reconfigura continuamente o sentido a
obra.
Em outra postagem, do dia 29 de agosto de 2013, com os dizeres “Se você flor,
eu murcho”, Antônio faz um trocadilho de palavras nos versos. Alguns interagentes
comentaram também com poesia. “Mas se você voltar, me regue.”, diz a usuária 1. Em
outro comentário, a usuária 2 complementa: “Se você flor, pelo menos me
(car)regue...”.
Na publicação “contrarie-me, mas não seja contra o meu riso.”, do dia 23 de
janeiro de 2014; o interagente 1 também deixa seus versos: “Que o destino, a nosso
17

favor, já nos contraria o bastante. Sê contra mim, contra nosso destino, mas não contra
nosso amor.” E o interagente 2 revela suas impressões: “Esse amor que me cega.”
Na ilustração a seguir, post do dia 17 de novembro de 2013, pode ser observado
o impacto visual causado pelos trocadilhos de Antônio, a tipografia e estilo de escrita
próprios do personagem, e a predominância do aspecto imagético sobre a escrita.

FIGURA 3 - Tipografia e estilo de escrita do personagem.


Disponível em: < https://www.facebook.com/eumechamoantonio>. Acesso em: 21 jan. 2014.

Na intervenção publicada dia 19 de janeiro de 2014, Antônio revela ao público


de onde vem a sua inspiração “é que, às vezes, para ganhar poemas precisamos perder
amores”. Na foto, há a imagem do verso escrito no guardanapo sobre um livro. A
interação gerou 16.536 curtidas, 2776 compartilhamentos e 217 comentários. Percebe-se
que os usuários promovem suas próprias conversações e negociação de sentido nos
comentários. “Eduardo, lembrei quando vc falou que as coisas estavam indo tão bem
que não tinha inspiração pra escrever rs”, diz a interagente 1, enquanto outros
interagentes respondem ao diálogo. “Sei exatamente como Eduardo se sente. rs
Infelizmente nos últimos tempos tenho inspiração demais.”, diz o interagente 2.
A performance de Antônio, do dia 21 de janeiro de 2014, demostra uma
intertextualidade de sua obra com os artistas que influenciam a sua arte. Na foto, ele
registra um desenho do escritor Carlos Drummond de Andrade ao seu lado. “No texto
18

de hoje fui passear com o Drummond. E agora, Antônio? A criatividade sumiu? O


guardanapo acabou? Não tem mais trocadilho? E agora, Antônio? Não quer mais
beber? A cerveja está mais cara? A barriga não diminuiu? Por que não corre mais? E
agora, Antônio? Quem o compartilha? Quem comenta no seu mural? Quem o curte? E
agora, Antônio? O que você faz é poesia? É desenho? E agora, Antônio?”. Nos
comentários, ele interage com os leitores convidando-os a ler a coluna do autor no blog
da Editora Intríseca e ainda dialoga com a leitora que fez observações sobre o blog.
Outros usuários, deixam claro que perceberam a intertextualidade entre Antônio e
Drummond. “Meu texto preferido de Drummond e agora meu texto preferido de
Antônio!”, refere a usuária 1.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O fato que motiva a pesquisa proposta é a percepção de que a arte transpôs as


barreiras físicas e as limitações para a visitação das galerias e museus. O público deixou
de ser mero apreciador, ele reconstrói e transforma a obra juntamente com o artista. A
arte na cibercultura não está restrita somente para a elite, como nas belas artes. O
ciberespaço proporciona plataformas, como os sites de redes sociais e comunidades
virtuais, para a divulgação da arte e para que artistas anônimos conquistem seu espaço.
Entende-se aqui, que a tecnologia na era da cibercultura perpassa pelas relações
humanas. Os recursos oferecidos pelo ciberespaço são extensões propícias para a
existência de uma inteligência coletiva. A produção artística da ciberarte valoriza a
participação, a colaboração, a interação, a conectividade e a não-linearidade. Os
suportes do ambiente virtual colaboram para que as produções artísticas conquistem
difusão e, consequentemente, visibilidade.
O objeto de pesquisa, a fan page “Eu me chamo Antônio”, foi escolhido pela
visibilidade conquistada em um curto espaço de tempo, visto que, em menos de dois
anos de existência, conquistou milhares de seguidores e se materializou em livro. Nota-
se a geração de capital social, na medida em que, os interagentes e o personagem
negociam sentido e cooperam para que a obra seja recriada a cada participação. As
publicações promovem a interação mútua, uma vez que, o público tem a sensação de
pertencimento e se vê representado nos versos.
19

Considera-se repensar sobre a arte em tempos atuais uma medida necessária. A


arte sempre nos atualiza sobre a representação do imaginário humano no decorrer
história. As produções artísticas nos apresentam crenças, valores estéticos,
interpretações da realidade e até mesmo as origens de civilizações. Compreender a arte
advinda da cibercultura é capturar a essência da cultura e história que estamos
construindo e vivenciando.
20

REFERÊNCIAS

AMARAL, Adriana; NATAL, Geórgia et al. Netnografia como aporte metodológico


da Pesquisa em Comunicação Digital. Disponível em
<http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/famecos/article/download/4829/3687>
Acesso em: 02 de janeiro de 2014.

DEMÉTRIO, Alexandre Bastos. A arte, tecnologia e interação na cibercultura.


Disponível em:
<http://www.abciber.com.br/simposio2009/trabalhos/anais/pdf/artigos/7_esteticas/eixo0
7_art1.pdf> Acesso em 10 de setembro de 2013.

DOMINGUES, Diana. A arte no século XXI: A humanização das tecnologias. São


Paulo: UNESP, 1997.

GABRIEL, Martha. Marketing na Era Digital. São Paulo: Novatec Editora, 2010.

GABRIEL, Pedro. Eu me chamo Antônio. Rio de Janeiro: Intríseca, 2013.

LEMOS, André. Arte eletrônica e cibercultura. Disponível em <


http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/revistafamecos/article/view/2960>
Acesso em 20 de setembro de 2013.

LEMOS, André. Cibercultura: tecnologia e vida social na cultura contemporânea.


Porto Alegre: Sulina, 2010.

LÉVY, Pierre. Cibercultura. São Paulo: Editora 34, 1999.

MARTELETO, Regina Maria ; SILVA, Antonio Braz de Oliveira e. Redes e capital


social: o enfoque da informação para o desenvolvimento local. Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/ci/v33n3/a06v33n3.pdf> Acesso em: 27 de outubro de 2012.

OLIVEIRA, José Cláudio. O museu digital: uma metáfora do concreto ao digital.


Disponível em: < http://www.lasics.uminho.pt/ojs/index.php/comsoc/article/view/1101>
Acesso em: 10 de dezembro de 2013.

PERUZZO, Cicilia Maria Krohling. Comunidades em tempos de redes. Disponível


em: < http://pt.slideshare.net/idegasperi/comunidades-em-tempos-de-redes> Acesso em
20 de dezembro de 2013.

RAMALHO, José Antônio. Mídias sociais na prática. São Paulo: Elsevier, 2010.

RECUERO, Raquel. A conversação como apropriação na Comunicação Mediada


pelo Computador. Disponível em <
http://www.pontomidia.com.br/raquel/raquelrecuerolivrocasper.pdf> Acesso em 30 de
outubro de 2012.
21

RECUERO, Raquel. Conversação mediada pelo computador e redes sociais na


Internet. Porto Alegre: Sulina, 2012.

RECUERO, Raquel. Diga-me com quem falas e dir-te-ei quem és: a conversação
mediada pelo computador e as redes sociais na Internet. Disponível em <
http://pontomidia.com.br/raquel/ABCiberRecuero.pdf> Acesso em: 15 de outubro de
2012.

Você também pode gostar