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As condições desse fenômeno estiveram relacionadas com as mudanças trabalhistas e a

introdução de novidades tecnológicas nos meios de comunicação do final do século XIX. Com a
maior parte da população operária e trabalhadores em geral usufruindo de tempo livre, houve maior
procura por atividades de lazer e entretenimento.
Antes supridos por atividades escolhidas pelas pessoas dessas classes sociais, os espaços destinados
a elas começaram a contratar artistas e oferecer outros serviços, já formando o que seria
qualificado como popular. As casas de grandes espetáculos e os teatros, nessa época, ainda eram
frequentados somente pela classe de maior poder aquisitivo.
É com a popularização das transmissões de rádio, no início do século XX, que o caráter
ideológico de uma cultura para as massas evidenciou-se — processo que ocorreu de forma
semelhante no cinema, anos mais tarde.
A modificação do conteúdo das programações culturais para atender ao público crescente ocasionou
uma massificação desse conteúdo. Essa padronização consistiu, em alguns casos, em
uma diminuição da complexidade de obras voltadas para a cultura superior. Era apenas com a
padronização de suas mercadorias que essa indústria poderia satisfazer muitos consumidores.
A expressão indústria cultural deveria soar estranha e indicar uma contradição. A indústria possui
características distintas da produção que poderia ser legitimamente caracterizada como cultural.
Enquanto esta palavra está associada com a criação como expressão de dúvidas, anseios e valores,
aquela relaciona-se com a satisfação de demandas de consumidores.
A indústria cultural alcança seus objetivos porque os produtos culturais servem a uma demanda
formada ideologicamente. A expectativa e o interesse nesses produtos têm origem
em objetivos econômicos de grandes grupos empresariais e influenciam as pessoas pelos meios de
comunicação. Se não nos tornamos conscientes desse processo, é porque já estamos de tal forma
acostumados que não questionamos nem o conteúdo nem a forma do que nos é apresentado
como cultura.
O entretenimento é a característica mais perceptível dos produtos culturais planejados pela
indústria cultural. Esse aspecto é, muitas vezes, usado como critério de avaliação pelas próprias
pessoas, quando classificam em bom ou ruim determinado livro, filme etc. Há um conflito, nesse
sentido, com a produção artística autônoma, que visa, muitas vezes, criticar a cultura vigente em
uma sociedade.
“[A] arte não é social apenas mediante o modo da sua produção, em que se concentra a
dialéctica das forças produtivas e das relações de produção, nem pela origem social do
seu conteúdo temático. Torna-se antes social através da posição antagonista que adopta
perante a sociedade, e só ocupa tal posição enquanto arte autónoma.” |1|

Uma vez que os grandes meios de comunicação influenciam e orientam padrões estéticos, o que
vier a provocar incômodo ou insatisfação será avaliado como ruim pelas pessoas, podendo inclusive
não ser entendido como arte. Contribui-se, assim, para inibir mudanças no que é culturalmente
aceito em uma so

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