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História Contemporânea

Autoria: Fábio Luiz da Silva

Tema 01
O Iluminismo
Tema 01
O Iluminismo
Autoria: Fábio Luiz da Silva
Como citar esse documento:
SILVA, Fábio Luiz da. História contemporânea: o Iluminismo. Caderno de Atividades. Anhanguera Publicações: Valinhos, 2016.

Índice

CONVITEÀLEITURA PORDENTRODOTEMA
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ACOMPANHENAWEB
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CONVITEÀLEITURA
Neste material você encontrará conteúdos essenciais para a compreensão do Iluminismo. Buscaremos as
origens do pensamento moderno que acompanha a história contemporânea e que, por isso mesmo, é essencial para o
entendimento do mundo atual. Conhecer as principais ideias iluministas como a defesa da liberdade e da igualdade nos
permitirá perceber o encadeamento dos acontecimentos que formam a história da humanidade nos últimos três séculos.
A leitura atenta desse material deverá instigar você a buscar conhecimentos ainda mais profundos sobre o tema, pois
abrirá novas perspectivas de compreensão dos eventos históricos, inclusive os mais recentes. Os conceitos iluministas
de liberdade, de igualdade, de contrato social e de progresso permitirão uma caminhada segura, mas emocionante,
pelos percursos que nos levam pela História Contemporânea.

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O Iluminismo

Filosofia alguma surge repentinamente, unicamente da criatividade de algum filósofo ou gênio. Com o Iluminismo
ocorreu o mesmo, ele vinha sendo concebido desde, pelo menos, o final do medievo. Acontecimentos como o
Renascimento Cultural, as Grandes Navegações e as Reformas Religiosas podem ser entendidos como prenúncios
da filosofia iluminista, pois já demonstravam as grandes transformações pelas quais passavam a cultura, a economia,
a sociedade e a religião. O “[...] nome deriva-lhe de seu intento de iluminar com a razão o obscurantismo da tradição
[...]” (PADOVANI; CASTAGNOLA, 1990, p. 337). Nesse sentido, os iluministas procuravam opor-se à tradição medieval,
considerada responsável pela ignorância que mantinha os indivíduos nas trevas da credulidade.

Essa forma de pensar, cujos mais conhecidos representantes eram franceses, tinha como um dos seus objetivos
criticar o chamado Antigo Regime. O Antigo Regime correspondia à sociedade cujos governos caracterizavam-se pelo
absolutismo, que se fundamentava no princípio do direito divino. Assim, “[...] o pensamento iluminista vem coadjuvar no
processo contra o ancien régime, exprimindo a ideologia crítica das classes médias e a concepção liberal e tolerante em
todas as suas ordens [...]” (CORDÓN; MARTÍNEZ, 2014, s/p).

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Portanto, era desejo dos filósofos iluministas a queda das monarquias absolutistas e, evidentemente, o fim dos privilégios
da nobreza. Para Robert Darnton (1996, p. 11), “[...] poucos eventos na história dos homens afetaram não só os rumos
da nação que os iniciou como também as vidas de praticamente todos os povos do mundo” Sua influência pode ser
percebida ainda hoje seja em nossos valores e instituições, seja na crítica à modernidade iluminista.

Os filósofos iluministas afirmavam que, até ali, a sociedade havia estado mergulhada nas trevas da ignorância e que,
para vencê-las, era preciso a luz da razão. Somente elas poderiam guiar os homens em direção a uma sociedade
melhor. O uso da razão garantiria governos mais justos, que mantivessem a liberdade e a igualdade de todos diante da
lei. A figura 1.1 demonstra bem esse princípio. O artista Jacques-Louis David retratou esse ideal de racionalidade ao
representar a morte de Sócrates. O filósofo, que se utiliza da razão, está sereno e altivo. Os demais deixaram-se levar
pelas emoções e foram representados em desespero.

Figura 1.1 A Morte de Sócrates

Fonte: Jacques-Louis David, A Morte de Sócrates, 1787, Metropolitan Museum of Art. Licenciado sob domínio público, via Wikimedia Commons.
Disponível em: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:David_-_The_Death_of_Socrates.jpg>. Acesso em 28 mar. 2016.

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Podemos perceber, portanto, que esses pensadores do século XVIII defendiam duas poderosas e revolucionárias ideias:
a liberdade e a igualdade. Os direitos que devem corresponder à essas ideias ainda hoje são motivo de debates e
lutas. O movimento iluminista influenciou diversos movimentos políticos na Europa e em outros lugares do mundo. Na
América, ideais iluministas podem ser encontrados na Declaração de Independência dos Estados Unidos e nos fatos
que constituíram a Conjuração Mineira de 1789. Na Europa, o exemplo mais conhecido é o da Revolução Francesa.

Portanto, o Iluminismo ou o Esclarecimento, tinha como objetivo fazer os indivíduos conhecer o mundo e a sociedade.
Para o filósofo prussiano Immanuel Kant, por exemplo, o conhecimento era capaz de libertar os indivíduos da ignorância,
ou seja, da menoridade. Possuindo conhecimento, os indivíduos são capazes de tomar suas próprias decisões sem
depender de outras pessoas. Para que isso ocorresse era necessário educar toda a população, como demonstrava
o relatório sobre a educação preparado por Condorcet (BOTO, 2003). O Iluminismo é, segundo Abbagnano, “[...] o
compromisso de servir-se da razão e dos resultados que ela pode conseguir nos vários campos de pesquisa para
melhorar a vida particular e associativa de cada homem” (1982, p. 511). O esclarecimento do cidadão seria essencial
para a participação política, como Stuart Mill afirma:

[...] o único governo que pode satisfazer plenamente todas as exigências do Estado social é aquele no qual todo
o povo participa; que toda a participação mesmo na menor das funções públicas, é útil; que a participação deverá
ser em toda parte, tão ampla quanto permitir o grau de desenvolvimento da comunidade; e que não se pode, em
última instância, aspirar por nada menor do que a admissão de todos a uma parte do poder soberano do Estado.
(MILL apud ARANHA; MARTINS, 1992, p. 163)

Certamente o desenvolvimento da imprensa contribuiu para a divulgação das ideias iluministas. No final do século XVIII
já era considerável a quantidade de livros e folhetos de temática iluminista. Segundo Briggs e Burke (2004), a imprensa
tornou o conhecimento muito mais padronizado, pois fixou no papel uma determinada versão do conhecimento, que era
muito mais fluido quando a transmissão se dava pela oralidade ou apenas por manuscritos. Mesmo assim, segundo
Lyons (2011), houve uma revolução de leitura durante o século das luzes, o século XVIII. A publicação da Enciclopédia,
por exemplo, que foi um dos marcos da filosofia iluminista, demonstra a importância da imprensa para a disseminação
da nova filosofia. Essa obra, em diversos volumes, pretendia ser o receptáculo e o veículo dos conhecimentos filosóficos
e científicos da época. Segundo Abbagnano (1982), a palavra enciclopédia significa originalmente o ciclo educativo, em
outras palavras, a educação completa. No caso do iluminismo,

A Enciclopédia ou Dicionário fundamentado das ciências, das artes e dos ofícios passa por ser a obra mais
representativa do Iluminismo francês. Principalmente sob a égide de Diderot e D’Alembert, significou uma grande
revolução na cultura e no pensamento. Os seus objetivos foram: a) difundir a cultura e os conhecimentos,
proporcionando informação e instrução; b) criar uma opinião crítica e antidogmática; c) sobretudo, levar a cabo
uma dura crítica dos preconceitos e das crenças tradicionais. (CORDÓN; MARTÍNEZ, 2014, s/p)

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Assim, a Enciclopédia foi mais do que apenas uma coleção de verbetes. O seu maior objetivo era fornecer as condições
para que, uma vez reunido todo o conhecimento humano existente, todos os indivíduos tivessem acesso ao saber.
Em outras palavras, fossem esclarecidos. Ora, essa perspectiva é totalmente coerente com o pensamento kantiano,
especialmente em seu conselho de que ousássemos pensar por nós mesmos. Não podemos deixar de considerar que
a defesa do uso da razão humana por indivíduos autônomos implica necessariamente em uma posição política clara:
esses indivíduos são cidadãos. A liberdade individual na sociedade obriga, também, que o Estado seja laico, pois os
cidadãos são livres para pensar e, portanto, crer ou não. Vemos, portanto uma ligação muito íntima entre o pensamento
iluminista e o pensamento liberal.

Segundo Abbagnano (1982), porém, houve posteriormente uma tendência à desvalorização do termo enciclopédia. O
enciclopedismo passou a designar um tipo de cultura somativa, formada por grande quantidade de conhecimentos, mas
que, por isso mesmo, são superficiais. Muitas vezes há referências a uma educação enciclopédica, aquela que apenas
formaria indivíduos capazes de repetir informações memorizadas.

No entanto, apesar de muitas características em comum, os filósofos iluministas não eram unânimes. E, não raro,
criticavam duramente uns aos outros: “[...] tais filósofos não seguiam uma única e coerente corrente de pensamento,
pelo contrário, possuíam múltiplos discursos, não tinham nenhum manifesto ou programa de ideias e muitos, inclusive,
se contestavam mutuamente” (SILVA, 2006, p. 210). Esse foi o caso de Voltaire, que é conhecido pela divergência
em relação a Rousseau. No próximo subitem veremos alguns desses filósofos e suas ideias. Mas, antes, precisamos
lembrar que o iluminismo variou de país para país.

Segundo Cordón e Martínez (2014), a filosofia iluminista alemã (lembrando que ainda não havia propriamente uma
Alemanha nessa época, pois a sua unificação somente ocorreu em 1871) ficou marcada pela obra de Immanuel Kant
(figura 1.2), que procurou analisar a própria razão humana. Na França, onde as tensões políticas eram bastante intensas,
as questões mais destacadas eram aquelas relacionadas com a ordem moral, o direito político e o progresso histórico.
Na Inglaterra, por outro lado, onde as tensões políticas eram menores (na Inglaterra as revoluções burguesas ocorreram
no século anterior: Revolução Puritana e Revolução Gloriosa), o Iluminismo teve preocupações mais epistemológicas,
com a valorização das ciências naturais e do empirismo.

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Figura 1.2 Kant e amigos à mesa

Fonte: Emil Doerstling, Kant e amigos à mesa, 1892/1893. Licenciado em domínio público, via Wikimedia Commons. Disponível em: <https://
commons.wikimedia.org/wiki/File:Kant_doerstling2.jpg>. Acesso em 29 mar. 2016.

O principal objetivo da Enciclopédia era a difusão do conhecimento para além dos poucos privilegiados que até então
monopolizavam o saber. Deveria, portanto, segundo os iluministas, renovar os indivíduos, a cultura e a sociedade. Nisso
o Iluminismo baseia sua ideia de progresso, que até então não existia. Até o século XVIII, aproximadamente, não existia
a ideia de progresso: o princípio segundo o qual o mundo está caminhando para melhor. Essa ideia que nos é tão natural
hoje, nada tem de natural. Ela foi germinada dentro dos ideais do Iluminismo. Para Moreira e Pimentel Filho, “[...] o
pensamento racional formulou a ideia de civilização, o apogeu do homem estava por vir pelo refinamento dos costumes
e pela valorização da polidez. Para os iluministas as leis naturais levariam o homem ao progresso, logo civilização e
progresso são conceitos inseparáveis” (2008, s/p).

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Ora, esse progresso depende de quanto o conhecimento é difundido na sociedade. Por isso, um projeto de educação
deveria, necessariamente, surgir da filosofia iluminista. A escola moderna, aquela que imaginamos quando ouvimos ou
lemos a palavra escola, surgiu dessa perspectiva. Immanuel Kant, ao pedir que os homens ousassem pensar, estava
indicando que deveríamos nos valer de nosso próprio entendimento – pois a razão é característica do ser humano – para
julgar as coisas do mundo. Em outras palavras, Immanuel Kant desejava que saíssemos da menoridade intelectual e
nos tornássemos autônomos.

A consequência disso seria o uso público da razão, que “[...] Kant compreendia aquele que o erudito faz perante o
ambiente letrado com o qual dialoga – ou a quem, no mínimo, toma por interlocutor: uso, portanto, intencional, manifesto,
reconhecido, notório e compartilhado” (BOTO, 2003, p. 738). Não devemos estranhar, portanto, que essa ideia de
educação e, consequentemente, de escola ainda seja defendida nos dias atuais.

Uma educação que siga os preceitos iluministas deve ser pública, ou seja, deve estar ao alcance de todos. Considerando
que todos os indivíduos nascem iguais em direitos e deveres, todos devem receber o máximo de instrução que for
possível. Todos os indivíduos, para serem cidadãos de fato, devem possuir conhecimento. A posse do conhecimento
é condição essencial para a liberdade, que se manifesta no uso particular e público da razão. O projeto iluminista de
sociedade pressupõe cidadãos instruídos, pensadores livres e que são capazes de emitir seus próprios juízos.

Podemos, a título de conclusão, afirmar que o Iluminismo foi uma tendência filosófica e política que teve início ainda
no século XVII e se estendeu pelo século XVIII, chegando mesmo ao século XIX, mas que tem influência ainda hoje.
Esse longo período corresponde a uma época de enormes e dramáticas revoluções nos diversos campos da atividade
humana. Transformações radicais na filosofia, na ciência, na sociedade, na política e na religião apagaram muito da
perspectiva medieval do mundo. Portanto, é correto afirmar que tais mudanças engendraram a própria modernidade na
qual estamos mergulhados. Na figura 1.3, temos um bom exemplo dessa nova mentalidade: uma experiência científica
está sendo realizada e é ela que ilumina todos os participantes que estão ao seu redor. Essa cena simboliza bem o
objetivo do iluminismo: iluminar pela razão a mente dos indivíduos.

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Figura 1.3 Uma Experiência com um pássaro em uma bomba de ar

Fonte: Joseph Wrigth of Derby, Uma Experiência com pássaro em uma bomba de ar, 1768, The National Gallery London. Licenciado em domínio
público, via Wikimedia Commons. Disponível em: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:An_Experiment_on_a_Bird_in_an_Air_Pump_by_Joseph_
Wright_of_Derby,_1768.jpg>. Acesso em 29 mar. 2016.

Do ponto de vista político e social, o pensamento iluminista foi concretizado pela Revolução Francesa. É certo que, na
Inglaterra, um século antes, a burguesia já havia tomado o poder. Mas o caso francês certamente tem contornos mais
dramáticos, pelo menos é o que transparece na historiografia a respeito desse evento. A Revolução Francesa, que
estudaremos melhor mais adiante no curso, destruiu violentamente a antiga ordem política e social: o Antigo Regime. A
monarquia, os privilégios da nobreza e mesmo a autoridade e poder da Igreja Católica não foram apenas questionados,
mas abatidos pelo fervor revolucionário. Pretendeu-se substituir a velha estrutura por uma nova, baseada nos princípios
iluministas de igualdade e liberdade que, por sua vez, estavam fundados na crença da capacidade racional humana em
compreender e submeter a natureza.

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A filosofia iluminista deve ser compreendida dentro da revolução científica dos séculos XVI e XVII. A ciência foi eliminando,
por exemplo, a antiga ideia geocêntrica do universo. Tal fato significava que os obstáculos mentais para a compreensão
do cosmo estavam desaparecendo. A visão antropocêntrica do mundo foi substituindo a visão medieval. Em grande parte,
o sucesso progressivo da ciência deve-se à sua capacidade de explicar o mundo a partir de fórmulas matemáticas. Tal
constatação leva-nos a concluir que toda a filosofia (e a ciência) deixou de submeter-se à teologia e ganhou independência
– não sem luta, porém. Essa condição de liberdade epistemológica dava à filosofia e, principalmente, à ciência, o poder
de desafiar e derrubar velhas crenças e costumes. Isso torna-se necessário para a implantação de uma nova sociedade
que deveria, como já afirmamos, basear-se na educação universal dos indivíduos.

Foi D’Alambert (figura 1.4) que caracterizou o século XVIII como sendo a época da excelência filosófica. Podemos
concordar, pelo menos em parte, com o grande pensador francês. O entusiasmo com o progresso, implícito na opinião
de D’Alambert, era plenamente justificado diante dos enormes progressos realizados nas ciências da época. Isso criava
a expectativa de que o conhecimento científico tornaria melhor, com o passar do tempo, a vida humana na Terra. Essa
crença perdurou durante o século XIX, cujas inovações tecnológicas pareciam comprovar os ideais iluministas. Somente
o século XX foi capaz de questionar a ideia do progresso humano.

Entre os mais destacados filósofos iluministas estão os pensadores franceses do século XVIII: Voltaire, Montesquieu,
D’Alambert, Diderot e Rousseau. Na Grã-Bretanha, John Locke, David Hume e Adam Smith são representantes do
pensamento esclarecido nas terras de Avalon. Na Alemanha (ou melhor, na Prússia) o grande iluminista foi Immanuel
Kant.

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Figura 1.4 Jean Le Rond D’Alambert

Fonte: Maurice Quentin de LaTour, Jean Le Rond d’Alambert, 1753, Louvre Museum. Licenciado em domínio público, via Wikimedia Commons.
Disponível em: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Alembert.jpg>. Acesso em 29 mar. 2016.

Foi justamente com Immanuel Kant que o Iluminismo se debruçou sobre si mesmo, refletindo sobre seu próprio alicerce:
a razão. Kant definiu o iluminismo, ou esclarecimento, como sendo a libertação do indivíduo – e da sociedade – portanto,
da menoridade, ou seja, da imaturidade intelectual. Mais ainda, Kant afirmava que essa condição era culpa dos próprios
homens que pensavam ser mais cômodo e fácil deixar a outros o trabalho de pensar. Dizia Kant que os homens preferem
que outros digam o que fazer a pensar por si mesmos e tomar uma decisão livre.

Por fim, podemos afirmar que o Iluminismo é uma filosofia que defende o pensar por si mesmo, utilizando e confiando
em suas próprias capacidades racionais. Os pensadores iluministas, como podemos perceber, possuíam uma grande
confiança na razão humana e em sua capacidade de conhecer a natureza e a sociedade.

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Thomas Hobbes

Thomas Hobbes nasceu em 5 de abril de 1588, em Malmesbury, uma cidade próxima a Bristol, na Inglaterra.
Seu pai era um clérigo de má fama em razão de sua predileção pelo jogo de cartas. Entre 1602 e 1603, Hobbes foi
estudar no Magdalen Hall, uma das faculdades ligadas à universidade de Oxford. Seus estudos foram pagos por um
tio relativamente bem de vida. Depois de concluir seus estudos, teve contato com Francis Bacon e René Descartes.
De 1640 a 1651, Hobbes esteve em exílio em Paris. A sua defesa da monarquia absoluta não era bem vista naquele
momento em que a Inglaterra vivia a Revolução Puritana. Segundo Rodrigues (s/d), em 1645, Hobbes tornou-se tutor
do futuro Carlos II, rei da Inglaterra. Nos últimos tempos de seu exílio na França, Hobbes escreveu seu mais conhecido
livro: Leviatã; publicado em 1651. Faleceu em 1679.

Sua obra deve ser entendida dentro do contexto da guerra civil de 1640 e do governo de Oliver Cromwell, que você
estudará no próximo caderno. Assim, uma das principais questões para Hobbes é a do poder político. Para este autor,
todos os homens lutam para satisfazer seus desejos e, nesse esforço, tornam-se inimigos dos outros homens. No
Estado de Natureza, os homens não vacilam em utilizar a violência para garantir a satisfação de seus desejos. Portanto,
o estado natural dos homens é a luta de todos contra todos. A vida em sociedade somente é possível se existir um
Estado com poder absoluto e que monopolize o uso da violência em benefício da segurança (RODRIGUES, s/d). O
soberano, a quem os homens deram o poder ao renunciar a seus egoísmos particulares, não tem dever algum para com
os súditos, “[...] o pacto não se realiza entre ele e os súditos, mas apenas entre os súditos, que põem o poder nas mãos
do soberano para vantagens deles” (PADOVANI; CASTAGNOLA, 1990, p.)

John Locke

John Locke nasceu na Inglaterra, em 1632 e viveu um período na França. Em 1679, um amigo teve de fugir para a
Holanda e Locke, em razão dessa amizade teve de fugir também. Em 1683, Locke foi para a Holanda e retornou para a
Inglaterra apenas em 1688, após a Revolução Gloriosa. Viveu em Essex até sua morte, em 1704.

O problema da propriedade chamou a atenção de diversos pensadores na época. Isso é compreensível quando nos
lembramos que essa é a época das revoluções burguesas e que uma das maiores questões para os membros dessa
classe é justamente a garantia da propriedade. Diferentemente de Rousseau, para quem a propriedade era um roubo,
John Locke a considerava um direito natural. Essa ideia também diferia daquela proposta por Thomas Hobbes, que
afirmava ser a propriedade uma criação do Estado todo poderoso.

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Para Locke, portanto, o direito à propriedade é anterior à constituição do Estado. A propriedade é um direito natural e
que, consequentemente, não pode ser desconsiderado pelo Estado. Vamos ponderar a seguinte lógica de Locke, os
homens são originalmente livres e proprietários de si mesmos e de seu trabalho; sendo assim, os homens devem ser
proprietários daquilo que advém desse trabalho. Os desejos da burguesia, ansiosa por ver garantido pelo Estado o
direito de propriedade, podem ser encontrados nesses princípios. Podemos afirmar que a ideia básica de John Locke
era a defesa dos direitos naturais, ou seja, o direito aos bens materiais, à vida e à liberdade.

A filosofia de Locke (como a de Hobbes antes dele e a de Rousseau posteriormente) remete para a distinção
fundamental introduzida pelos sofistas entre natureza e convenção. É necessário estabelecer qual é o estado
natural do ser humano a fim de nele fundamentar racionalmente a sociedade política. [...] Além da lei moral,
os homens possuem naturalmente certos direitos. Entre os direitos naturais, Locke insiste – de acordo com
as circunstâncias socioeconômicas da sua época – no direito de propriedade. Os homens possuem um direito
natural à propriedade, cujo fundamento é o trabalho. (CORDÓN; MARTÍNEZ, 2014, s/p)

John Locke, no entanto, não apenas teve influência no campo da política como sua obra a respeito das condições do
conhecimento humano teve ampla repercussão, influenciado o empirismo inglês. A figura 1.5 nos mostra a capa de seu
livro: Ensaio sobre o entendimento humano.

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Figura 1.5 Ensaio sobre o entendimento humano

Fonte: John Locke, Ensaio sobre o entendimento humano, 1700, University of Sydney. Licenciado sob domínio público, via Wikimedia Commons.
Disponível em: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:LockeEssay.jpg>. Acesso em 28 mar. 2016.

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Montesquieu

Charles-Louis de Secondat, mais conhecido como Montesquieu, nasceu em La Brède, no ano de 1689. Sua família
era nobre e próspera. Estudou direito na Universidade de Bordeaux, tendo se formado em 1708. Depois de um tempo
em Paris, voltou para sua terra natal para cuidar das terras que herdara em função do falecimento de seu pai. Casou-
se em 1715 com Jeanne de Lartigue, com quem teve um menino e duas meninas. No ano seguinte, herdou o título
de Barão de La Brède e de Montesquieu. Nos onze anos seguintes, Montesquieu presidiu a Tournelle, que era uma
divisão criminal do Parlamento. Esse período proporcionou a ele contato com inúmeros processos judiciais. Participava
também da Academia de Bordeaux, onde tomava conhecimento dos mais recentes avanços na área das ciências. O
sucesso da obra Cartas Persas, publicada em 1721, tornou-o uma celebridade e Montesquieu passava cada vez mais
tempo em Paris. Viajou para vários países, inclusive a Inglaterra, cujo sistema político lhe causou fortes impressões.
A obra O Espírito das Leis somente foi publicada em 1748, quando sua visão já lhe faltava. Esse livro foi colocado na
lista dos livros proibidos pela Igreja Católica em 1751. Quatro anos depois, Montesquieu faleceu em Paris (STANFORD
Encyclopedia of Philosophy, 2014).

Montesquieu foi um dos mais destacados e importantes filósofos iluministas. Suas ideias alteraram substancialmente a
estrutura e o funcionamentos dos governos. Foi ele que idealizou a divisão do poder em três: Legislativo, Executivo e
Judiciário. Esse sistema é utilizado, hoje em dia, em grande parte dos países. Além disso, Montesquieu acreditava que
a organização do governo deveria garantir a liberdade e, para isso, é preciso que nenhum indivíduo tema coisa alguma
e qualquer outra pessoa. Nas palavras do próprio Montesquieu:

A liberdade política, num cidadão, é esta tranquilidade de espírito que provém da opinião que cada um possui de
sua segurança; e, para que se tenha esta liberdade, cumpre que o governo seja de tal modo, que um cidadão não
possa temer outro cidadão. (MONTESQUIEU apud ARANHA; MARTINS, 1992 p. 163)

Na figura 1.6 podemos ver a capa de um de seus principais livros: O Espírito das Leis.

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Figura 1.6 O Espírito das Leis

Fonte: usuário: Olnnu. Montesquieu, O Espírito das Leis, 1749. Licenciado sob domínio público, via Wikimedia Commons. Disponível em: <https://
commons.wikimedia.org/wiki/File:Esprit_Loix_1749.JPG>. Acesso em 28 mar. 2016

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Para esse filósofo, ainda, as formas possíveis de governo seriam: monárquica, republicana ou despótica. Na monarquia,
o governo estaria nas mãos de uma só pessoa, o rei. No caso da república, se o governo fosse de alguns, teríamos a
aristocracia e se fosse de muitos, a democracia. Não se pode, porém, diferenciar os governos apenas pelo número de
pessoas que governam. O modo como se governa também deve ser levado em conta. Assim, para Montesquieu, na
monarquia governa-se fundamentalmente pela honra. Na república, governa-se pela virtude do respeito às leis. Nos
governos despóticos, por outro lado, o poder do governante é sustentado pelo medo.

Montesquieu considerava que os governos deveriam garantir a concretização da liberdade política. Para ele, a nação de
seu tempo que mais se aproximou desse ideal teria sido a Inglaterra.

Rousseau

Jean-Jacques Rousseau nasceu em 1712, na cidade de Genebra. Em razão da morte prematura de sua mãe,
Rousseau foi criado e educado pelo seu pai até completar dez anos. Nessa fase sua educação ocorreu ao acaso, sem
programa algum. Com o exílio de seu pai, Rousseau foi colocado sob a proteção de um pastor e aprendeu o ofício de
gravador. Quando tinha dezesseis anos viajou para Turim, onde converteu-se ao catolicismo, em 1728 e trabalhou por
algum tempo como empregado de uma família nobre.

Por um breve período preparou-se para ser padre, mas depois embarcou em uma também breve carreira como músico,
copista de música e professor. Em 1731, tornou-se amante da madame de Warens, com quem ficou o restante da
década. Em 1740, assumiu a posição de tutor na cidade de Lyon. Por essa época começaram seus contatos com os
expoentes do Iluminismo, Condillac e D’Alambert. Passou, ainda, um breve período como secretário do embaixador
francês em Veneza. Estabeleceu-se em Paris em 1744, quando começou a escrever contribuições para a Enciclopédia.
No ano seguinte, conheceu Thérese Levasseur, uma empregada doméstica que se tornou sua amante e, depois, sua
esposa. Todos os cinco filhos que teve foram abandonados na roda dos enjeitados, logo após o nascimento. Na França
do século XVIII, isso significava uma sentença de morte. Rousseau morreu em 1778 (STANFORD Encyclopedia of
Philosophy, 2010).

Rousseau foi um iluminista diferente. Suas ideias não se adequavam totalmente às características que normalmente
encontramos nas descrições da filosofia iluminista. Jean-Jacques Rousseau preocupou-se em encontrar a origem da vida
em sociedade. Para ele, em tempo muito remoto, os homens primitivos viviam nas florestas, guiados apenas pelas leis
da natureza. Não trabalhavam, não possuíam abrigos, não faziam guerras e não formavam famílias. Os conhecimentos
que obtinham, fruto de observações e interesses fugidios, não eram transmitidos às próximas gerações. Portanto, não
havia educação ou progresso no estado de natureza.

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No entanto, mudanças ambientais dificultaram a sobrevivência desses primitivos humanos. Uma força externa, portanto,
fê-los se adaptar. Os homens perceberam que necessitavam de outros homens para conseguirem sobreviver. Reuniam-
se, assim, para resolver problemas em comum. Inicialmente essas reuniões eram ocasionais e os laços que se formavam
logo desapareciam. Com o tempo, porém, essas relações intensificaram-se com o surgimento de grupos familiares e,
principalmente, da propriedade. Para Rousseau, a sociedade surgiu efetivamente com o aparecimento da propriedade
privada.

A vida em sociedade exigiu a criação de direitos e deveres a fim de evitar a violência e, portanto, a sua própria destruição.
Por isso, para Rousseau, na passagem do estado de natureza para o estado de vida em sociedade, os instintos foram
substituídos pela justiça. Em outras palavras, estabeleceu-se uma ordem moral que guiava os atos humanos. Antes,
no estado de natureza, os homens orientavam-se apenas pelos instintos e pela bondade natural. A ideia da bondade
natural também serviu de base para as ideias sobre a educação. Na figura 1.7, a capa do livro em que estabelece seus
princípios pedagógicos: Emílio ou Da Educação.

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Figura 1.7 Emílio ou Da Educação

Fonte: Jean-Jacques Rousseau, Emílio ou Da Educação, 1762. Licenciado sob domínio público, via Wikimedia
Commons. Disponível em: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/9/9b/EmileTitle.jpeg?uselang=pt-br>
Acesso em 28 mar. 2016.

É justamente a ideia de bondade natural que origina uma das principais discordâncias entre Rousseau e os demais
iluministas. Para Rousseau, a introdução da propriedade produziu a degradação do homem e a rivalidade e o desejo
de submeter o outro criaram as condições para a desigualdade social. Procurando solucionar os problemas advindos
da vida em conjunto, os homens estabeleceram um contrato social. A liberdade seria garantida na medida em que os
indivíduos concordavam em serem governados por um representante. A liberdade civil substituía a liberdade natural. O
grande diferencial dessa ideia está na origem do poder. Para Rousseau, o poder vem do povo, o povo é soberano e não
o rei. O poder do governante não tem origem em Deus, mas na vontade geral.

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Iluminismo em Movimento

Já foi dito anteriormente que a imprensa teve um papel importantíssimo na difusão das ideias iluministas, o que torna
interessante o pensar sobre a rapidez com que essas ideias circulavam. Podemos até considerar que aquela também foi
uma era da informação. Para compreender como isso ocorria é preciso lembrar que os jornais como conhecemos hoje
não existiam naquela época. Muito menos os atuais meios de comunicação.

Então, no século XVIII, em Paris, para alguém ficar sabendo das últimas notícias teria de ir à árvore de Cracóvia (figura
1.8) ou aos cafés, que também eram lugares bastante convenientes para a ação dos boateiros e divulgação de notícias.
Sobre isso, Darnton (2000) nos informa:

Para descobrir o que realmente estava acontecendo, você iria para a árvore de Cracóvia. Era uma grande e
frondosa castanheira, que estava no coração de Paris, os jardins do Palais-Royal. [...] Como um poderoso íman,
a árvore atraiu nouvellistes de bouche, ou bisbilhoteiro, que divulgavam informações sobre eventos atuais de
boca em boca. Eles afirmavam conhecer, a partir de fontes privadas (uma carta, um funcionário indiscreto,
uma observação ouvida em alguma antecâmara de Versalhes), aquilo que estava realmente acontecendo nos
corredores do poder. E as pessoas no poder levavam isso a sério, porque o governo estava preocupado com
o que os parisienses estavam dizendo. Diplomatas estrangeiros supostamente enviavam agentes para colher
notícias ou para plantá-las ao pé da árvore de Cracóvia. (p. 2 )

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PORDENTRODOTEMA
Figura 1.8 A Árvore de Cracóvia (versão satírica)

Fonte: usuário: Willian C. Minor. Autor desconhecido, A Árvore de Cracóvia, século XVIII. Licenciado sob domínio público, via Wikimedia Commons.
Disponível em: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:ArbreCracovie.jpg>. Acesso em 28 mar. 2016.

Podemos afirmar que, de certa forma, bastava estar na rua e com os ouvidos bem abertos para ficar sabendo das mais
recentes novidades. Além disso, uma outra maneira de divulgação das novas ideias políticas eram as peças de teatro
e as pinturas. A peça As Bodas de Fígaro, de Pierre-Augustin Beaumarchais, por exemplo, que estreou em 1784, teve
problemas com a censura, pois foi considerada uma sátira política (BRIGGS; BURKE, 2004 ).

Portanto, as ideias iluministas de Montesquieu, Rousseau, Locke e outros filósofos iluministas circulavam intensamente
durante o século das luzes. Mas não apenas isso, panfletos satíricos, inclusive sobre o rei e a rainha podiam ser
encontrados com certa facilidade. Darnton (2005) nos dá um exemplo de um desses panfletos. Um deles afirmava que
no café de Foy, alguém havia dito que o rei tinha arranjado uma amante e que ela era sobrinha de um duque; mais
adiante, no mesmo panfleto, questiona-se essa informação opinando que o rei não tinha essa inclinação, mas caso fosse

21
PORDENTRODOTEMA
verdade, poderia haver algum perigo no aspecto sexual e que seria mais desejável que o rei gostasse mais de caçar do
que desse tipo de coisa. Darnton (2005) completa afirmando que a vida sexual da realeza fornecia matéria prima para
fuxicos. Tal situação não se constitui apenas mera curiosidade histórica trata-se, na verdade, de um sintoma de que a
representação que se tinha da monarquia estava mudando, ou como nos diz Darnton (2005, p. 60), era um “[...] sintoma
de ruptura dos laços morais que ligavam o rei a seu povo”.

O Liberalismo

O Liberalismo relaciona-se ao Iluminismo por meio da ideia da liberdade humana. A filosofia iluminista é ampla em
suas preocupações e reflexões, mas o Liberalismo tem como principais interesses: a liberdade política e a liberdade
econômica. Colocando a liberdade no centro das suas reflexões filosóficas, os liberais afirmam que ela é o estado natural
dos homens. Em outras palavras, todo aquele que tenta restringir a liberdade de alguém deve justificar esta ação. Na
sequência desse raciocínio, podemos concluir que toda autoridade política deve ser sempre justificada, pois ela não é
divina ou natural, como pensava-se na época do Antigo Regime. Para John Locke, um dos pilares do liberalismo, a lei
da natureza “[...] ensina a todos os homens, desde que desejem consultá-la, que, sendo todos iguais e independentes,
ninguém deve provocar aos demais no que se refere à vida, à saúde, à liberdade ou às posses” (LOCKE, apud BOBBIO,
1994, p. 12).

Segundo Bobbio (1994), a ideia dos direitos naturais, de fato, está na base das declarações de direito, tanto nos Estados
Unidos quanto na França. Na Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (figura 1.9), de 1789, por exemplo,
consta o seguinte:

Art.1º. Os homens nascem e são livres e iguais em direitos. As distinções sociais só podem fundamentar-se na
utilidade comum.

Art. 2º. A finalidade de toda associação política é a conservação dos direitos naturais e imprescritíveis do homem.
Esses direitos são a liberdade, a propriedade a segurança e a resistência à opressão.

Art. 3º. O princípio de toda a soberania reside, essencialmente, na nação. Nenhuma operação, nenhum indivíduo
pode exercer autoridade que dela não emane expressamente.

Art. 4º. A liberdade consiste em poder fazer tudo que não prejudique o próximo. Assim, o exercício dos direitos
naturais de cada homem não tem por limites senão aqueles que asseguram aos outros membros da sociedade o
gozo dos mesmos direitos. Estes limites apenas podem ser determinados pela lei.

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PORDENTRODOTEMA
Art. 5º. A lei não proíbe senão as ações nocivas à sociedade. Tudo que não é vedado pela lei não pode ser
obstado e ninguém pode ser constrangido a fazer o que ela não ordene. (DECLARAÇÃO de direitos do homem
e do cidadão [1789])

Figura 1.9 Constituição da República Francesa de 22 de agosto de 1795. Declaração dos Direitos e dos Deveres do
Homem e do Cidadão.

Fonte:  Déclaration des droits et des devoirs de l’homme et du citoyen de 1795, 1795, Biblioteca Nacional da França. Licenciado por domínio público,
via Wikimedia Commons. Disponível em: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Constitution_de_la_R%C3%A9publique_Fran%C3%A7aise_du_5_
fructidor_an_3_(22_ao%C3%BBt_1795)._D%C3%A9claration_des_Droits_et_des_Devoirs_de_l%27Homme_et_du_Citoyen.jpg?uselang=fr>. Acesso
em 29 mar 2016.

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PORDENTRODOTEMA
Como podemos ver, uma consequência prática dos ideais iluministas e liberais foi a confecção de um documento
revolucionário onde se defende os direitos naturais, inclusive à propriedade – tal como era defendido por John Locke.

É neste sentido que devemos compreender as teorias do contrato social, como as de John Locke e Jean-Jacques
Rousseau, lembrando que no caso de Rousseau, há implicações não liberais em seus pressupostos fundamentais, como
a ideia da propriedade como sendo um roubo e origem dos males sociais. Segundo Abbagnano (1982), os fundamentos
do Liberalismo são representados por quatro princípios, o jusnaturalismo, o contratualismo, o liberalismo econômico e a
limitação da ação do Estado.

Por jusnaturalismo, deve-se compreender a ideia de que todos os indivíduos possuem direitos inalienáveis, pois são
próprios da natureza humana. Na Declaração de Independência dos Estados Unidos (figura 1.10), de 1776, essa ideia
aparece bem clara: “consideramos estas verdades como evidentes por si mesmas, que todos os homens são criados
iguais, que são dotados pelo Criador de certos direitos inalienáveis, que entre estes estão a vida, a liberdade e a busca
da felicidade” (apud DRIVER, 2006, p. 53).

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PORDENTRODOTEMA
Figura 1.10 Declaração de Independência dos Estados Unidos da América

Fonte: Fac-símile do original da Declaração de Independência dos Estados Unidos com imagens dos signatários nas bordas, 1896. Liberado por
domínio público, via Wikimedia Commons. Disponível em: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Declaration_of_Independence_(USA).jpg>. Acesso
em 29 mar. 2016.

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PORDENTRODOTEMA
Portanto, o jusnaturalismo fundamenta o princípio liberal da limitação do poder do Estado sobre a sociedade e sobre
o indivíduo. A ideia da tolerância religiosa também encontra nesse princípio seus mais fortes argumentos. No entanto,
essa perspectiva apresenta uma grande dificuldade, que é a conciliação entre os direitos naturais e a vida em sociedade,
a liberdade e as necessidades da vida em comum.

Foi na tentativa de resolver esta questão que os filósofos contratualistas buscaram desvendar a origem do Estado.
Diferentemente do pensamento anterior, absolutista, que via o Estado como fruto da intervenção divina, os filósofos
contratualistas pensaram uma liberdade absoluta original, mas que, em algum momento, precisou ser desfeita,
oportunizando estabelecimento de um contrato social entre os indivíduos. O Estado, nesse ponto de vista, é produto da
vontade livre de indivíduos que concordam em ceder parte de sua liberdade em proveito da vida em sociedade. Esse
princípio está na base das modernas democracias representativas e fundamenta a contemporânea defesa dos direitos
humanos. Segundo Bobbio (1994, p. 15),

Afirmação dos direitos naturais e teoria do contrato social, ou contratualismo, estão estreitamente ligados. A ideia
de que o exercício do poder político apenas é legítimo se fundado sobre o consenso daqueles sobre os quais
deve ser exercido (também esta é uma tese lockeana) e, portanto, sobre um acordo entre aqueles que decidem
submeter-se a um poder superior e com aqueles a quem esse poder é confiado, é uma ideia que deriva da
pressuposição de que os indivíduos têm direitos que não dependem da instituição de um soberano [...]

A mínima interferência do Estado na economia corresponde, no plano econômico, à liberdade política. Por isso podemos
afirmar que o Liberalismo defende a propriedade privada, como vemos em Locke. Para o Liberalismo, as ideias de
liberdade e de propriedade privada são inseparáveis. Em uma sociedade imaginada pelos liberais, o sistema econômico
deve defender a propriedade privada, pois ela seria fruto da liberdade individual. Em consequência, a economia de
mercado é encarada como essencial para a liberdade dos indivíduos.

Para Bobbio (1994), pode-se também afirmar que a limitação do Estado corresponde a dois aspectos: os limites dos
poderes do Estado e os limites das funções do Estado. O liberalismo defende ambos, ou seja, o Estado deve ser
limitado tanto em seus poderes quanto em suas funções. No primeiro caso, ainda segundo Bobbio (1994), a noção que
corresponde à limitação do poder do Estado é a de Estado de Direito e a noção que corresponde à limitação da função
do Estado é a de Estado Mínimo. O Estado de Direito é aquele no qual existem mecanismos legais que visam impedir
ou dificultar o exercício ilegítimo do poder. Nesse caso, isso se efetiva: pelo controle do Poder Executivo pelo Poder
Legislativo e pelo controle do Poder Legislativo por parte de um Poder Judiciário, que deve ser independente do poder
político (BOBBIO, 1994).

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PORDENTRODOTEMA
No sistema econômico liberal, os indivíduos têm liberdade de realizar contratos e vender sua força de trabalho. Por isso, a
necessidade de se colocar fim à escravidão. Os indivíduos devem ser livres, também, para empreender e empregar seus
rendimentos da forma como melhor lhes parecer. Podemos, portanto, compreender o motivo dos liberais considerarem
a existência da propriedade privada como uma garantia da própria liberdade política: “sem a liberdade de dispor dos
meios econômicos que acharmos convenientes na busca de nossos objetivos - isto é, sem a propriedade privada - o livre
exercício de nossas ações é esvaziado de qualquer significado e torna-se uma liberdade meramente formal” (TEBBLE,
2013, s/p).

Bobbio (1994) afirma que, no aspecto econômico, podemos buscar as ideias de Adam Smith (figura 1.11) como exemplo
do pensamento liberal. Ainda segundo ele, Adam Smith acreditava que ao soberano cabia apenas três funções: a defesa
da sociedade contra ataques externos; a proteção dos indivíduos contra o ataque de outros indivíduos e a execução de
obras públicas que não pudessem ser entregues à iniciativa privada.

Figura 1.11 Retrato de Adam Smith

Fonte: James Tassie, 1787, Retrato de Adam Smith. Licenciado por domínio público, via Wikimedia Commons. Disponível em: <https://commons.
wikimedia.org/wiki/File:AdamSmith.jpg>. Acesso em 29 mar. 2016.

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PORDENTRODOTEMA
Os liberais admitiam e admitem, porém, a existência de algum Estado que possa garantir essa liberdade que tanto
defendem, um Estado mínimo. Segundo Abbagnano (1982), o Liberalismo critica qualquer absolutismo Estatal e defende
a divisão dos poderes apresentada pelas ideias de Montesquieu.

ACOMPANHENAWEB
Artigo “Na Revolução Francesa, os princípios democráticos da escola públi-
ca, laica e gratuita: o relatório de Condorcet” – Carlota Boto

• Nesse artigo, a autora procurou analisar a proposta sobre a educação apresentada por
Condorcet ao governo revolucionário francês, em 1792. O documento objetivava apresentar
um plano para a educação fundamentado nos novos princípios filosóficos, ou seja, na filosofia
iluminista. A escolarização era considerada como uma forma de efetivar-se a construção da
nacionalidade em uma sociedade democrática. Esse artigo nos permite compreender o impacto
da filosofia iluminista em nossa sociedade.
Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/es/v24n84/a02v2484.pdf>. Acesso em 20 mar. 2016.

Artigo “Quando Napoleão fez com que se jogassem livros ao mar: comércio
de livros e ideias entre França e Portugal na virada do século XVIII para o
XIX” – Cláudio DeNipoti

• Nesse artigo, o autor analisa a disseminação do iluminismo em Portugal na passagem do


século XVIII para o XIX. Lendo o texto, descobrimos que a literatura iluminista e liberal era
divulgada por meio da circulação de livros originários da compra direta ou pelo contrabando.
Seja como for, os ideais iluministas influenciaram os movimentos políticos portugueses.
Disponível em: <http://www.humanas.ufpr.br/portal/cedope/files/2011/12/Quando-Napole%C3%83%C2%A3o-
fez-com-que-se-jogassem-livros-ao-mar-Cl%C3%83%C2%A1udio-DeNipoti.pdf>. Acesso em 20 mar. 2016.

28
ACOMPANHENAWEB
Vídeo “Filosofia da Educação – Rousseau”

• Nesse vídeo você poderá aprender um pouco mais a respeito de um dos mais importantes e
polêmicos filósofos iluministas: Jean-Jacques Rousseau. O impacto de suas ideias na educação
contemporânea é o destaque desse vídeo.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=70jFf1DqciA>. Acesso em 20 mar. 2016.

Tempo: 44:12

Vídeo “Filosofia Social e Política - pensamento político moderno: John


Locke” – David G. Borges

• Nesse vídeo você encontrará uma explicação sobre a vida, a obra e as ideias de John Locke.
Acompanhar o vídeo aprofundará a compreensão a respeito desse filósofo tão importante para
o pensamento moderno e contemporâneo.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=RrRI8uMLqtw&index=15&list=PLY1REC7erAqQ_KiXin6eB-
9LR7F9Rot7gL>. Acesso em 20 mar. 2016.

Tempo: 1:42:25

29
AGORAÉASUAVEZ
Instruções:
Agora, chegou a sua vez de exercitar seu aprendizado. A seguir, você encontrará algumas questões de múltipla
escolha e dissertativas. Leia cuidadosamente os enunciados e atente-se para o que está sendo pedido.
Questão 1

Leia o seguinte trecho da Declaração de Independência dos Estados Unidos, de 1776: “Quando, no curso dos acontecimentos
humanos, torna-se necessário a um povo dissolver os laços políticos que o ligam a outro e assumir, entre os poderes da Terra,
situação independente e igual a que lhe dão direito as leis da natureza e as de Deus, o correto respeito às opiniões dos homens
exige que se declarem as causas que o levam a essa separação. Consideramos estas verdades como evidentes por si mesmas,
que todos os homens são criados iguais, que são dotados pelo Criador de certos direitos inalienáveis, que entre estes estão a
vida, a liberdade e a busca da felicidade. Que para garantir esses direitos, são instituídos entre os homens governos que derivam
seus justos poderes do consentimento dos governados” (DECLARAÇÃO DE INDEPENDENCIA DOS ESTADOS UNIDOS apud
DRIVER, 2006, p. 53). Identifique quatro princípios que fundamentaram a declaração de independência dos EUA e indique a di-
ferença entre essas ideias e aquelas que fundamentavam o Absolutismo.

Questão 2

Leia o seguinte trecho: “Esclarecimento [Aufklärung] é a saída do homem de sua menoridade, da qual ele próprio é culpado. A
menoridade é a incapacidade de fazer uso de seu entendimento sem a direção de outro indivíduo. O homem é o próprio culpado
dessa menoridade se a causa dela não se encontra na falta de entendimento, mas na falta de decisão e coragem de servir-se de
si mesmo sem a direção de outrem. Sapere aude! Tem coragem de fazer uso de teu próprio entendimento, tal é o lema do escla-
recimento.” (KANT, [1784], p. 1)

A leitura do trecho nos permite afirmar que:

a) a filosofia iluminista defendia o princípio de que o Estado é o responsável pela menoridade dos indivíduos.

b) a menoridade é a condição daqueles que ousam saber, pois acabam por depender dos professores.

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AGORAÉASUAVEZ

c) a coragem de conhecer, para os iluministas, é reservada somente aqueles que se destacam do povo, pois são eleitos por
Deus.

d) a filosofia iluminista depende do surgimento de um guia que possa orientar as pessoas em seu caminho na cidade.

e) a educação deve estar na base da constituição de uma sociedade composta por indivíduos livre.

Questão 3
Leia o trecho: “As formas de disseminação de ideias liberais em Portugal, na virada do século XVIII para o XIX, têm sido alvo de
investigação acadêmica sistemática, preocupada, particularmente, com os mecanismos intelectuais de apropriação das ideias do
Iluminismo e, posteriormente, do liberalismo [...]. Acredita-se que os livros que transmitiam as ideias iluministas e liberais tinham
uma circulação ampla em Portugal durante a segunda metade do século XVIII e as décadas iniciais do século XIX”. (DENIPOTI,
2011, p. 277-278)
Nesse trecho que trata do Iluminismo em Portugal, aparecem os termos: liberalismo e iluminismo. Sobre a relação entre eles, é
correto afirmar:

a) O liberalismo compartilha com o iluminismo a defesa da liberdade individual.

b) O iluminismo diverge do iluminismo, pois o primeiro defende a razão e o segundo a liberdade.

c) O liberalismo concorda com o iluminismo no que se refere à defesa do absolutismo monárquico.

d) O iluminismo discorda do liberalismo na questão do uso da razão, negado pelos liberais.

e) O liberalismo defende os mesmos princípios que o iluminismo, especialmente na defesa da escravidão.

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AGORAÉASUAVEZ
Questão 4

Leia o trecho: “Ao lado de Thomas Hobbes (1588 - 1679) e Jean-Jacques Rousseau (1712 - 1778), Locke foi um dos principais re-
presentantes da escola dos direitos naturais, ou jusnaturalismo. Seu modelo de interpretação, como o de Hobbes, assentou-se no
trinômio Estado de natureza/contrato social/comunidade política. A noção de Estado de natureza em Locke foi uma contraposição
ao aristotelismo, segundo o qual a sociedade precede o indivíduo. Para Locke, a existência do indivíduo antecede à sociedade e
ao Estado.” (FERREIRA, 2009, p. 4-5).

Explique a consequência para o problema da propriedade privada do princípio de que o indivíduo precede a sociedade e o Estado.

Questão 5

Leia o trecho: “No que tange à relação entre governo e sociedade civil, Locke afirmava que, quando o governo deixa de cumprir
o fim para o qual fora destinado, qual seja, a proteção das propriedades individuais, quer por descontrole da ordem pública, quer
deteriorando-se para formas tirânicas ou autoritárias, o povo tem o direito de recorrer à força para a deposição do mau governo.”
(FERREIRA, 2009, p. 7).

Explique como deve ser a atuação do Estado em uma sociedade baseada nas ideias liberais.

FINALIZANDO
Nesse caderno você pôde entrar em contato com o conceito de Iluminismo e compreender sua importância para
a compreensão da História Contemporânea. Os ideais iluministas fundam-se na defesa da razão humana, ou seja, na
crença de que os seres humanos são capazes de conhecer o mundo. Nesse sentido, a materialização da razão humana
ocorre por meio da ciência e da filosofia. As possibilidades de intervenção humana no mundo material e social levou os
filósofos iluministas a defender a ideia do progresso humano. Assim, a sociedade humana deveria progredir em direção
à sua perfeição possível.

32
FINALIZANDO
Para isso, é preciso admitir que a origem do poder está no povo, que é soberano, e não em alguma pretensa destinação
divina. Como o poder emana do povo, é necessário que esse povo seja composto de indivíduos livres e iguais. Os
iluministas, em diversas variantes, defendiam que essa liberdade e essa igualdade deveriam ser garantidas pelo Estado,
que seria fruto de um contrato social original. A liberdade política correspondia à liberdade econômica, fundada na
defesa da propriedade privada. Os iluministas, em sua maioria, compreendiam a propriedade como direito inalienável,
decorrente do próprio direito à liberdade. A exceção notável a essa ideia é Rousseau, para quem a propriedade seria,
antes de mais nada, um roubo.

REFERÊNCIAS
ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. São Paulo: Mestre Jou, 1982.
BOBBIO, Norberto. Liberalismo e democracia. São Paulo: Brasiliense, 1994.
BOTO, Carlota. Na Revolução Francesa, os princípios democráticos da escola pública, laica e gratuita: o relatório de Condorcet.
In: Revista Educação e Sociedade, Campinas, v. 24, n. 84, set., 2003. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/es/v24n84/
a02v2484.pdf>. Acesso em: 20 mar. 2016.
BORGES, David G. Filosofia social e política – aula 15 – pensamento político moderno: John Locke. 1h 42 min 25 seg.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=RrRI8uMLqtw&index=15&list=PLY1REC7erAqQ_KiXin6eB9LR7F9Rot7gL>.
Acesso em 20 mar. 2016.
BRIGGS, Asa; BURKE, Peter. História social da mídia: de Gutemberg à internet. Rio de Janeiro: Zahar, 2004.
CÓRDON, Juan Manuel; MARTÍNEZ, Tomas Calvo. História da filosofia. Lisboa: Edições 70, 2014.
DARNTON, Robert. An Early Information Society: News and the Media in Eighteenth-Century Paris. In: The American Historical
Review, v. 105, n. 1, fev., 2000, p. 1-35. Disponível em: <http://isites.harvard.edu/fs/docs/icb.topic1389220.files/darnton%20
early%20info%20society.pdf>. Acesso em 28 mar. 2016.
DARNTON, Robert. A Revolução Impressa: a imprensa na França, 1775 – 1800. São Paulo Edusp, 1996.

33
REFERÊNCIAS
DARNTON, Robert. Os dentes falsos de George Washington: um guia não convencional para o século XVIII. São Paulo: Cia
das Letras, 2005.
DECLARAÇÃO de direitos do homem e do cidadão [1789]. Disponível em: <http://www.direitoshumanos.usp.br/index.php/
Documentos-anteriores-%C3%A0-cria%C3%A7%C3%A3o-da-Sociedade-das-Na%C3%A7%C3%B5es-at%C3%A9-1919/
declaracao-de-direitos-do-homem-e-do-cidadao-1789.html>. Acesso em 29 mar. 2016.
DENIPOTI, Cláudio. Quando Napoleão fez com que se jogassem livros ao mar: comércio de livros e ideias entre França e
Portugal na virada do século XVIII para o XIX. In: Humanas, 2011. Disponível em: <http://www.humanas.ufpr.br/portal/cedope/
files/2011/12/Quando-Napole%C3%83%C2%A3o-fez-com-que-se-jogassem-livros-ao-mar-Cl%C3%83%C2%A1udio-DeNipoti.
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DRIVER, Stephanie Schwartz. A Declaração de Independência dos Estados Unidos. Rio de Janeiro: Zahar, 2006.
FERREIRA, Lier Pires. As Bases do pensamento democrático liberal: uma visita às obras de John Locke e Jean-Jacques
Rousseau. In: Perspectiva Sociológica, a. 2, n. 3, maio/out. 2009. Disponível em: <http://cp2.g12.br/ojs/index.php/PS/article/
view/441/375>. Acesso em 20 mar. 2016
FILOSOFIA da educação – Rousseau. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=70jFf1DqciA>. Acesso em 20 mar.
2016.
KANT, Immanuel. Resposta à pergunta: que é esclarecimento. Disponível em: <http://coral.ufsm.br/gpforma/2senafe/PDF/b47.
pdf>. Acesso em 20 mar. 2016.
LYONS, Martyn. Livro: uma história viva. São Paulo: Senac, 2011.
MOREIRA, Márcio Macedo; PIMENTAL JUNIOR, José Ernesto. Cultura pré-romantico: crítica ao iluminismo e a ideia de
decadência. In: Anais do XIII Encontro Estadual de História, 28 a 31 de out. de 2008. Disponível em: <http://www.anpuhpb.org/
anais_xiii_eeph/textos/ST%2010%20-%20M%C3%A1rcio%20Mac%C3%AAdo%20Moreira%20TC.PDF>. Acesso em: 29 mar.
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PADOVANI, Umberto; CASTAGNOLA, Luís. História da filosofia. São Paulo: Melhoramentos, 1990.
RODRIGUES, Camila. Estado de Natureza: do conceito de Hobbes ao de Locke, um debate de ideias. In: Klepsidra, s/d.
Disponível em: <http://www.klepsidra.net/klepsidra27/natureza.htm>. Acesso em 21 abr. 2016.
SILVA, Karina Vanderlei; SILVA, Maciel Henrique. Dicionário de conceitos históricos. São Paulo: Contexto, 2006.

34
REFERÊNCIAS
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rousseau/>. Acesso em 29 mar. 2016.
STANFORD Encyclopedia of Philosophy. Baron de Montesquieu, Charles-Louis de Secondat. 2014. Disponível em: <http://plato.
stanford.edu/entries/montesquieu/>. Acesso em 29 mar. 2016.
TEBBLE, A. J. F. A. Hayek. New York: Bloomsbury, 2013.

GLOSSÁRIO
Iluminismo: Segundo Padovani e Castagnola (1990), o Iluminismo foi um movimento cultural europeu que ocorreu entre
a revolução inglesa de 1688 e a revolução francesa. Podemos, no entanto, afirmar que essa filosofia teve seu clímax
com Immanuel Kant. A expressão iluminismo tem origem no desejo de iluminar pela razão, afastando o povo das trevas
da ignorância.

Liberdade: Existem diversas definições de liberdade. Aqui tomamos aquela apresentada por Kant, uma vez que sinteti-
za a perspectiva iluminista dessa ideia. Segundo Abbagnano (1982), Kant definia liberdade como sendo a faculdade de
não obedecer a leis externas, senão àquelas as que eu dei meu consentimento.

Igualdade: A igualdade como pensada pelos filósofos iluministas é a igualdade dos cidadãos perante a lei. Em outras
palavras, é uma extensão da ideia de que existe igualdade quando dois termos podem ser trocados sem alteração na
relação entre eles (ABBAGNANO, 1982 ).

Enciclopédia: A expressão enciclopédia significa propriamente um ciclo educativo. Na época do Iluminismo, a enciclo-
pédia passou a ser entendida como sendo uma síntese de todo conhecimento positivo (científico) que se possuía até
então (ABBAGNANO, 1982 ).

Contrato Social: É a ideia de que o poder do governante tem origem em um acordo entre os seres humanos em busca
de conseguirem viver em sociedade. Para Abbagnano (1982), emprega-se a ideia de contrato social para demonstrar a
tese de que o poder político deve ser limitado.

35
GABARITO
Questão 1

Resposta: Os princípios são: todos os homens são criados iguais, possuem direitos inalienáveis à vida, à liberdade
e à busca da felicidade. No Antigo Regime, cuja política era o próprio absolutismo, os indivíduos eram considerados
essencialmente desiguais e, portanto, aqueles direitos à vida, à liberdade e à busca da felicidade estavam limitados pela
vontade do rei.

Questão 2

Resposta: Alternativa E.

A liberdade dos indivíduos, necessária para uma sociedade de cidadãos, somente ocorreria pelo esclarecimento das
mentes dos indivíduos. Isso seria obtido pela universalização da educação pública.

Questão 3

Resposta: Alternativa A.

Assim como o iluminismo, o liberalismo defendia e defende a liberdade do indivíduo. Ambas as perspectivas comungam
a valorização da liberdade como fundamento de uma sociedade democrática.

Questão 4

Resposta: O indivíduo, existindo antes da sociedade e do Estado, é livre. Essa liberdade original é expressa na sociedade
pelo direito à propriedade privada, pois que originada no trabalho do indivíduo. Ao Estado caberia, portanto, garantir
esse direito.

Questão 5

Resposta: Considerando que os governos devem garantir a propriedade individual, fruto da liberdade inerente a todos
os seres humanos, a atuação do Estado deve ser a mais restrita possível. Qualquer excesso pode restringir a liberdade
dos cidadãos.

36

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