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História Contemporânea

Autoria: Fábio Luiz da Silva

Tema 02
As Revoluções Burguesas
Tema 02
As Revoluções Burguesas
Autoria: Fábio Luiz da Silva
Como citar esse documento:
SILVA, Fábio Luiz da. História contemporânea: As Revoluções Burguesas. Caderno de Atividades. Valinhos: Anhanguera Educacional, 2016.

Índice

CONVITEÀLEITURA PORDENTRODOTEMA
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portuguesa ou qualquer outro idioma.
CONVITEÀLEITURA
Nesse material você encontrará conteúdos essenciais para a compreensão da Revoluções Burguesas.

O mundo contemporâneo somente pode ser compreendido se prestarmos atenção aos acontecimentos do século
XVII e XVIII. Conhecer os processos revolucionários que ocorreram na Inglaterra e na França é tão importante quanto
estar ciente dos ideais iluministas para a percepção apurada dos eventos que constituíram o mundo em que vivemos.
Uma leitura atenta desse material propiciará a você as condições para futuros e necessários aprofundamentos, pois o
conhecimento nunca se esgota, em qualquer ramo do saber.

Os caminhos trilhados pela burguesia para chegar ao poder e os fatos que a acompanharam na consolidação da
sociedade burguesa e da modernidade devem ser estímulos para uma melhor compreensão do mundo contemporâneo.

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As Revoluções Burguesas

No século XV terminou o período medieval e começou o período moderno. A tomada da cidade de Constantinopla
pelos turcos otomanos em 1453 é considerada, tradicionalmente, como o evento que colocou fim ao medievo e iniciou
a modernidade. Nós sabemos, no entanto, que tais marcas temporais são tão úteis quanto perigosas. São úteis pois
nos ajudam a entender a sequência dos acontecimentos históricos e a localizá-los no tempo. São perigosas quando as
tomamos como critérios absolutos na narrativa histórica.

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A palavra “moderna” pode ter significados diferentes para áreas diferentes do conhecimento e em contextos diferentes.
Na História, moderno pode indicar aquilo que ocorreu entre 1453 e 1789. Na Arte, moderna pode ser a obra produzida
por um artista no século XX. Para o público em geral, moderno é aquilo que de mais avançado existe. Então, podemos
afirmar que todos esses sentidos são legítimos e corretos. Cabe a nós esclarecermos o significado utilizado em cada
ocasião. Por isso, moderno será, em nosso caso, aquilo que se relaciona à Idade Moderna (1453-1789). Porém, a
palavra “modernidade” será utilizada para designar a sociedade e a visão de mundo que começou ainda na Idade Média,
passou pela Idade Moderna e permanece caracterizando a Idade Contemporânea.
A modernidade é identificada com a sociedade burguesa, por isso seus primeiros indícios já podem ser encontrados
em plena Idade Média. Porém, ganhou impulso durante o Renascimento, quando grandes mudanças na economia, na
sociedade e na cultura semeavam novas formas de viver e de pensar o mundo. Os fundamentos da modernidade podem
ser encontrados na filosofia Iluminista, que estudamos anteriormente, e sua materialização pode ser identificada pelas
Revoluções Burguesas e pela Revolução Industrial.
O mundo contemporâneo que é continuidade, em muitos sentidos, do mundo moderno, deve, em termos políticos, às
Revoluções Burguesas. Poucos contestam seriamente a democracia. Em grande parte do mundo, o direito divino já
não convence mais e a separação entre Estado e religião é fato consolidado. A constituição da sociedade burguesa a
partir das Revoluções dos séculos XVII e XVIII marcou o nascimento da sociedade contemporânea. Não foi por acaso,
portanto, que a Revolução Francesa foi escolhida como marco que separa a Idade Moderna da Idade Contemporânea.
A seguir, você poderá conhecer os dois exemplos mais destacados desse processo: as revoluções inglesas (Revolução
Puritana e Revolução Gloriosa) e a Revolução Francesa.

Revoluções Inglesas (1640 e 1688)

Para compreendermos o contexto das revoluções inglesas e suas particularidades é necessário começarmos um
pouco antes. A Inglaterra está localizada na ilha da Grã-Bretanha, essa região já era habitada no período pré-histórico.
Na época da conquista romana, a ilha era habitada pelos bretões. Mais tarde, durante as invasões bárbaras, os anglos
e os saxões fixaram-se naquelas terras. A última grande invasão ocorreu em 1066, quando Guilherme, o conquistador,
liderou a vitória dos normandos na batalha de Hastings.
A Inglaterra sempre teve alguma relação, muitas vezes conflituosa, com a França. O mais conhecido conflito foi a
Guerra dos Cem Anos. Iniciada por uma questão de sucessão no reino da França, a guerra arrastou-se por mais de
um século. Em 1453, quando a guerra acabou, os ingleses foram definitivamente expulsos da França. Relembrando,
esse também é o ano da tomada de Constantinopla e marca o fim da Idade Média. Por essa época, a Inglaterra era
governada por Henrique VI, da família Lancaster, cujo brasão possuía uma rosa vermelha. A casa Lancaster chegou ao
poder em 1399, quando Henrique IV tomou o poder do rei Ricardo II.

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Henrique IV, portanto, foi o primeiro da dinastia Lancaster. Assim como Henrique VI foi o último rei dessa família.
Opondo-se ao rei Henrique VI estava outra nobre família inglesa, os York, cujo símbolo era uma rosa branca. O principal
adversário de Henrique VI era Ricardo de York e, quando este morreu, o conflito passou a ser centralizado em Eduardo
de York (filho de Ricardo de York). Depois de algumas peripécias, Eduardo conseguiu derrubar o rei Henrique VI.

No entanto, quando Eduardo morreu, seus dois filhos ainda eram crianças. Foi o irmão de Eduardo que ficou responsável
pela tutela dos meninos. Ricardo, irmão de Eduardo, mandou matar os jovens sobrinhos e proclamou-se rei. Cuidado
para não confundir esse Ricardo, irmão de Eduardo, com o outro Ricardo, que era o pai de ambos. Agora chamado de
Ricardo III (figura 2.1), o rei tinha a reprovação de muita gente em razão da forma como chegou a poder, pois mesmo
numa época como aquela, o assassinato de duas crianças foi amplamente reprovado.

Você pode visualizar todos os reis envolvidos na Guerra das Duas Rosas na árvore genealógica disponível no link:
<https://commons.wikimedia.org/wiki/File:WarRosesFamilyTree.png?uselang=pt-br>

Figura 2.1 Retrato do rei Ricardo III

Fonte: Autor desconhecido, Retrato do rei Ricardo III, séc. XVI. Licenciado em domínio público, via Wikimedia Commons. Disponível em:
<https://commons.wikimedia.org/wiki/File:King_Richard_III.jpg>. Acesso em 04 abr. 2016.

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A pouca popularidade de Ricardo III fez com que a coroa inglesa fosse disputada por Henrique Tudor. Como a família
Tudor era da mesma linhagem da família Lancaster, podemos dizer que esse novo conflito é continuidade da Guerra
das Duas Rosas (Lancaster versus York). Henrique Tudor assumiu a coroa inglesa após a morte de Ricardo III. Uma
nova dinastia iniciou-se, portanto. Henrique Tudor passou a ser Henrique VII e casou-se com Isabel de York, colocando
fim ao conflito entre as duas famílias e o símbolo da casa Tudor passou a ser a junção das rosas vermelha e branca.
Os sucessores de Henrique VII foram Henrique VIII e Elisabeth I. O rei Henrique VIII (1491-1547) ficou muito conhecido
pelas muitas esposas e pela criação da Igreja Anglicana. Elisabeth I (1533-1603), por sua vez, governou a Inglaterra
durante o período inicial da colonização inglesa da América.
Quando Elisabeth I (em alguns textos ela é chamada de Isabel I) morreu sem descendentes, quem assumiu o trono
inglês foi Jaime VI, rei da Escócia. Na Inglaterra, ele era considerado Jaime I. Nem todos, porém, aceitaram o novo rei.
Contra ele houve a famosa Conspiração da Pólvora. Descontentes com o tratamento diferenciado dado a católicos e
protestantes, um grupo de católicos ingleses chegou a colocar vários barris de pólvora sob o parlamento inglês. O plano,
no entanto, foi descoberto e os responsáveis duramente punidos. Esse evento marcou profundamente o imaginário
inglês. O escritor Oliver Sacks, por exemplo, escrevendo suas memórias, contou que durante sua infância, passada
nas décadas de 1940 e 1950, ainda costumava-se soltar fogos de artifício em comemoração ao enforcamento de Guy
Fawkes (figura 2.2), um dos principais líderes da Conspiração da Pólvora (SACKS, 2011 ).
Figura 2.2 Jaime I da Inglaterra interroga Guy Fawkes

Fonte: Willian Ralston, Jaime I da Inglaterra interroga Guy Fawkes, provavelmente 1884. Licenciado em domínio público, via Wikimedia Commons.
Disponível em: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:James_I_of_England_interrogates_Guy_Fawkes.jpg>. Acesso em 04 abr. 2016.

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Quando Jaime VI morreu, o seu filho Carlos assumiu o trono com o nome de Carlos I. O segundo rei da dinastia Stuart
governou em uma época de instabilidade política que, em grande parte, ele próprio fora o motivo. Carlos I tentou
governar de maneira absolutista, procurando reduzir o poder do parlamento inglês. Para reforçar e centralizar sua
autoridade era necessário aumentar os impostos, manter um exército poderoso e guerrear com outros Estados a fim de
obter mais riquezas. Coerentemente com sua postura absolutista, Carlos I recusou-se a fazer o juramento de respeitar o
Bill of Rights, documento que reafirmava os princípios da Magna Carta e que declarava os direitos dos cidadãos contra
prisões arbitrárias e impostos ilegais (MORTON, 1970). Entre as medidas de caráter absolutistas tomadas por Carlos I
esteve a dissolução do parlamento em 1629. Durante os onze anos seguintes o parlamento não se reuniu. Além disso,
a insatisfação dos camponeses com o aumento dos impostos e o desejo da burguesia em eliminar os monopólios (que
representava a política mercantilista da época) também contribuíram para conduzir a Inglaterra no caminho da revolução
(HOBSBAWM, 2004).
Em 1640, a criação de um novo imposto colocou o rei em confronto com o parlamento. Esse novo tributo deveria custear
o combate a uma rebelião escocesa. O conflito na Escócia originou-se da tentativa de Carlos I em impor aos calvinistas
um determinado livro de preces. Os escoceses, revoltados com as imposições religiosas anglicanas realizadas pelo rei,
pegaram em armas. Os conflitos entre Carlos I e o parlamento, que exigia ser consultado quando da criação ou aumento
dos impostos, deu origem a uma guerra civil conhecida como Revolução Puritana (HILL, 1991).
Em razão desses acontecimentos, um exército foi constituído com financiamento de comerciantes e comandado por
camponeses enriquecidos. Entre eles, destaca-se um puritano chamado Oliver Cromwell (figura 2.3). O conflito que se
seguiu foi, ao mesmo tempo, uma guerra civil com desdobramentos políticos, sociais e econômicos e um confronto entre
grupos religiosos diferentes. Oliver Cromwell nasceu em 1599 e descendia de Thomas Cromwell, que havia sido ministro
do rei Henrique VIII e que acabou condenado à morte. Oliver Cromwell tinha, portanto, antepassados na nobreza.
Os revoltosos, comandados por Cromwell, tinham uma grande vantagem em relação às forças reais: eles detinham o
controle dos portos. Esse fato era decisivo, pois facilitava o fornecimento de armas e provisões para as tropas contrárias
ao rei. Outro aspecto que pendia a balança da guerra civil para o lado de Cromwell era a conhecida disciplina dos
“cabeças redondas”, como eram conhecidos os seus soldados. Esses fatores ajudam a explicas a vitória de Cromwell
na batalha de Naseby, em 1645. Em razão disso, o rei Carlos I tentou refúgio na Escócia, onde acabou preso e, depois,
entregue ao parlamento inglês. Em 1649, o rei Carlos I foi decapitado e uma república foi proclamada. O governo ficou
com Oliver Cromwell, que governou por longos anos. Cromwell foi um governante que não hesitava em agir para manter-
se no poder. Era apoiado por um exército já expurgado dos elementos mais radicais e sua mais conhecida ação política
foi a criação dos Atos de Navegação de 1651. Segundo esses atos, as mercadorias somente poderiam chegar aos
portos ingleses em navios ingleses ou em navios de seus países de origem. Isso, na prática, significava a exclusão das
embarcações holandesas, que se constituíam em poderosa esquadra comercial daquela época (HILL, 1991; MORTON,
1970). Medida totalmente compreensível se levarmos em consideração os princípios mercantilistas da época.

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Figura 2.3 Cromwell e o corpo de Carlos I

Fonte: Paul Delaroche, Cromwell e o corpo de Carlos I, 1831, Kunsthalle Hamburg. Licenciado em domínio público, via Wikimedia Commons.
Disponível em: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:DelarocheCromwell.jpg>. Acesso em 04 abr. 2016.

Como governante, Cromwell foi despótico de maneira semelhante àqueles que haviam governado anteriormente.
Um bom exemplo disso foi o fechamento do parlamento decretado em 1653 por Cromwell. Uma ditadura puritana foi
estabelecida e ele se autoproclamou Lorde Protetor da Inglaterra. Governava como um rei absolutista, apesar de não
assumir de fato a coroa inglesa.

A morte de Cromwell, em 1658, levou a Inglaterra novamente a ficar agitada. A inexistência de um sucessor à altura de
Oliver Cromwell contribuiu para esta instabilidade política. O filho de Cromwell, Ricardo, não possuía a mesma energia
e determinação que o pai. A burguesia, temerosa de uma nova guerra civil, aceitou o retorno da monarquia, mas que
deveria ficar sob o controle do parlamento. Restaurava-se, assim, a monarquia na figura de Carlos II, filho de Carlos I
(HILL, 1991).

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Carlos II (1630-1685) assumiu o trono evitando o absolutismo. Foi durante o seu governo que surgiram os dois mais
tradicionais grupos políticos da Inglaterra: os whigs, que eram liberais e opositores do absolutismo e os tories, que
defendiam o poder do rei. Apesar disso, o governo de Carlos II também foi conturbado, principalmente em virtude de sua
proximidade com o rei francês Luís XIV, o mais conhecido dos reis absolutistas. Carlos II havia ficado na corte francesa
durante seu exílio, devido à execução de seu pai pelo governo de Cromwell. Era simpático aos interesses católicos e
fez uma aproximação com a França, o que causou apreensões. A burguesia temia perder vantagens comerciais para os
franceses e os protestantes temiam perder direitos para os católicos. A reação do parlamento inglês foi a criação do Ato
de Exclusão, que impedia qualquer católico de assumir cargos públicos. O conflito entre rei e parlamento levou a um novo
fechamento do parlamento em 1683. A visão política de Carlos II pode ser compreendida pela exumação e enforcamento
de Oliver Cromwell. A cabeça de Cromwell ficou exposta em frente à abadia de Westminster e o restante do corpo foi
jogado em uma vala (COELHO, 2008). Esse ato de Carlos II foi simbólico (Cromwell já estava morto) e significativo, pois
desde Guilherme, o conquistador, em 1066, essa Abadia tem sido a igreja da Coroação dos reis ingleses. É também
o local de sepultura de muitos personagens históricos ingleses dos últimos mil anos (WESTMINSTER ABBEY, 2012).
Assim, Carlos II afirmava seu desprezo por Oliver Cromwell e por tudo o que ele representava.

No período do governo de Carlos II também ocorreram eventos que contribuíram para o clima tenso. Um surto de peste
bubônica e um incêndio gigantesco castigaram a capital inglesa, Londres. A peste bubônica causou a morte, estima-se,
de 68 mil pessoas. O desespero e a ignorância levaram ao extermínio de milhares de cães e gatos, responsabilizados
pela epidemia. Londres, por essa época, deveria possuir cerca de 460 mil habitantes (UJVARI, 2003). Não bastasse
a doença, um incêndio de grandes proporções reduziu a cinzas boa parte da cidade. Atribui-se a um padeiro a culpa
pelo início do fogo, que teria começado em seus fornos e logo alastrado pela cidade, na madrugada de um domingo em
1666. Somente na quinta feira o fogo foi contido, tendo sido contabilizada a destruição de 13 mil casas e 84 igrejas.
A busca pelos culpados canalizou a raiva da população e deu direção aos católicos. A desconfiança em relação aos
católicos continuava forte depois da Conspiração da Pólvora. Esse foi o segundo grande incêndio na cidade de Londres,
o primeiro ocorreu em 1212 e matou mais de 10 mil pessoas (BRYSON, 2011).

Podemos perceber a importância das questões religiosas naquela época. Esse tema tornou-se novamente um problema
quando Jaime II, irmão de Carlos II, assumiu o poder em 1685. Católico, Jaime II tentou reestabelecer o catolicismo
como religião oficial. Essa atitude descontentou os protestantes, não apenas pela preocupação com a fé religiosa, mas
devido àquilo que isso significava. Uma possível subida de católicos ao poder poderia se constituir em um retorno do
absolutismo e, consequentemente, na perda dos privilégios que a nobreza anglicana possuía (HILL, 1991; MORTON,
1970).

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O parlamento, não conseguindo controlar Jaime II, ofereceu o trono a Guilherme de Orange, nobre holandês que tinha
uma grande vantagem, era protestante. Casado com Maria Stuart, filha de Jaime II, Guilherme de Orange possuía as
características que os parlamentares desejavam. A sua coroação em 1688, marca a data da Revolução Gloriosa. Jaime
II fugiu para a corte francesa. A opção de Guilherme de Orange em aceitar a coroa inglesa tinha como objetivo evitar,
de uma vez por todas, o perigo de uma invasão francesa da Holanda (TREVELYAN, 1982), uma vez que os conflitos
entre a França e a Holanda, iniciados em 1672, em torno das relações da Holanda com a Espanha ainda não haviam
sido totalmente resolvidos.
O novo rei dos ingleses passou a chamar-se Guilherme III (em inglês, Willian III) (figura 2.4) e jurou respeitar a Declaração
dos Direitos. Na prática isso significava que caberia ao parlamento decidir pela aprovação ou rejeição de novos impostos.
O documento garantia também a liberdade individual e a propriedade privada, além de dividir os poderes em Executivo,
Legislativo e Judiciário, tudo conforme os princípios liberais e iluministas que emergiam naquela época. Era, em suma,
o fim definitivo do absolutismo inglês e a vitória dos interesses da burguesia inglesa.
Figura 2.4 Retrato do rei Willian III

Fonte: Autor desconhecido, Retrato do rei Willian III, cerca de 1690, National Portrait Gallery. Licenciado em domínio público, via Wikimedia
Commons. Disponível em: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:King_William_III_from_NPG_(2).jpg>. Acesso em 04 abr. 2016

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Revolução Francesa (1789)

Na maioria dos livros de História, a Revolução Francesa marca o final da Idade Moderna e o início da Idade
Contemporânea. Ela representa o fim das tradições do Antigo Regime e a difusão dos ideais iluministas. Segundo
Soboul (1989), o papel da Revolução Francesa foi o de garantir a transição para o capitalismo, por meio da destruição
do feudalismo. Evidentemente, a Revolução Francesa não significou o fim de todos os problemas do mundo, mas
garantiu as discussões sobre as ideias de igualdade e liberdade.
Naqueles dias tão conturbados de 1789, a França era governada por Luís XVI. Era uma nação rural, cujos valores
feudais ainda resistiam às mudanças da modernidade. O governo era absolutista e ela era cercada por uma nobreza
privilegiada que vivia no luxo e na fartura, o que contrastava com a pobreza reinante entre a maior parte da população.
Paris, uma das duas maiores cidades da Europa, deveria possuir cerca de meio milhão de habitantes (HOBSBAWM,
2004).
No século XVIII, a tributação imposta pelo governo francês aos camponeses tonara-se excessiva. Apenas 20%
da renda de um camponês era utilizada para sustentar a sua família. Além dos tributos cobrados pelo Estado, os
camponeses deveriam pagar o dízimo. A situação grave e difícil pela qual passavam os camponeses foi agravada por
catástrofes naturais, como enchentes e nevascas. Paris enchia-se de miseráveis que fugiam do campo. A fome chegou
aos trabalhadores urbanos, aqueles chamados de sans-culottes (figura 2.5), que eram artesãos, operários e mesmo
proprietários de pequenas oficinas (HOBSBAWM, 2004). Isso porque, se havia crise no campo e faltava farinha de
trigo, por exemplo, consequentemente, faltava pão nas cidades e o pão era a base da alimentação dos franceses. Um
parisiense gastava cerca de 80% do seu rendimento somente com pão, às vésperas da revolução.
Figura 2.5 Uma bonita sans-culotte de braços dados com um sans-culotte

Fonte: Émile Wattier, Uma bonita sans-culotte de braços dados com um sans-culotte, séc. XIX. Licenciado em domínio público, via Wikimedia
Commons. Disponível em: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Sans-Culottes.jpg>. Acesso em 04 abr. 2016.

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A crise era estimulada, pelo menos em parte, pela dificuldade em estabelecer uma economia capitalista em um país
ainda marcado pelas estruturas feudais (SOBOUL, 1989). A estrutura social hierárquica e de pouca mobilidade social
contribuía para a permanência dessa situação. Nessa época, a sociedade francesa era dividia em três grandes grupos
ou estamentos: o primeiro estado, composto pelos membros do clero; o segundo estado, constituído pela nobreza e o
terceiro estado, que era formado pelo restante da população.

É necessário tomar cuidado com essa divisão e não a tomar como absoluta. Havia diferenças entre os membros do
clero: o alto clero, formado por indivíduos provenientes da nobreza e o baixo clero, cujos membros tinham origem no
terceiro estado. O segundo estado podia ser dividido de duas formas. Poderíamos considerar a origem do nobre, nesse
caso, havia a nobreza de espada, cuja origem remontava ao início do reino francês; seus membros, portanto, eram de
famílias nobres muito antigas. Existia também a chamada nobreza de toga, cujos membros eram burgueses que haviam
comprado títulos de nobreza; seus antepassados não eram nobres. Outro critério poderia ser a proximidade com o rei:
a nobreza palaciana, ou da corte, vivia bem próximo ao rei e era muito dispendiosa para os cofres da nação; a nobreza
provincial era composta pelos nobres que viviam no campo, longe da corte, mas desfrutando dos restos dos privilégios
feudais. A unidade do terceiro estado é mais enganosa ainda. Faziam parte desse grupo indivíduos de condição muito
diversa: burgueses dos mais variados tipos, profissionais liberais, intelectuais, sans-culottes, camponeses e trabalhadores
urbanos.

A Igreja Católica possuía grande poder e inúmeros privilégios, fruto de séculos de vínculos com a monarquia francesa,
cuja origem remonta aos tempos do rei Clóvis e sua esposa Clotilde. A influência social e cultural da Igreja podia ser
percebida pelo fato de ser ela a responsável pelo registro e controle dos principais acontecimentos da vida dos indivíduos:
o nascimento, o casamento e a morte. Além disso, a Igreja avaliava e podia censurar tudo o que era publicado no reino.
Montesquieu teve, por exemplo, seu livro “O Espírito das Leis” relacionado na lista das obras proibidas pela Igreja
Católica. Simultaneamente, o Estado não cobrava impostos da Igreja.

A nobreza francesa do Antigo Regime tinha a reserva dos mais altos postos do governo, além dos mais altos cargos
na hierarquia católica. Mesmo possuindo grande parte das terras, estavam isentos da maior parte dos impostos. Além
disso, eram responsáveis pelo recolhimento de tributos senhoriais que deveriam ser pagos pelos camponeses. Mesmo
nos privilégios, no entanto, não eram todos iguais. Os mais destacados e importantes eram aqueles que viviam em
Versalhes, na corte do rei. A nobreza cortesã recebia gordas pensões do monarca, mas pouquíssimo fazia em favor da
França.

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Já o terceiro estado era formado por pessoas de diversos tipos: de burgueses a mendigos. A burguesia era composta
por comerciantes, banqueiros, donos de fábricas, artesãos, médicos, advogados, funcionários do governo de baixo
escalão e intelectuais. Sobre a burguesia, Vovelle (2007, p. 15) nos diz: “[...] embora ainda não possua, de fato, o perfil
que lhe dará a Revolução Industrial do século seguinte, a burguesia aproveitou-se enormemente do desenvolvimento
econômico do século XVIII [...]”. No entanto, mesmo quando eram muito ricos, os burgueses não garantiam o prestígio
social que até então era destinado à nobreza. Mesmo possuindo cerca de um quinto das terras francesas, a burguesia
ainda estava um degrau abaixo na escala da sociedade francesa no Antigo Regime.

Foi nas cidades francesas, especialmente Paris, que a insatisfação e a raiva emergiram com força. Multidões formadas
por trabalhadores urbanos viviam em situação bastante precária. Não eram poucas as situações de revolta e violência
que surgiram em razão das dificuldades encontradas no cotidiano por essas pessoas. O governo francês contribuía
grandemente para a manutenção e intensificação dessa situação, a administração do reino francês era confusa, corrupta
e ineficiente. Esse era um dos fatos mais criticados pelos iluministas, que viam nessa realidade uma consequência da
falta do uso da razão nos negócios públicos.

A desordem legal e financeira da França, nos anos que antecederam a revolução, contribuiu para que o Estado não
conseguisse arrecadar o suficiente para cobrir as despesas que não cansavam de subir. Luís XVI, por exemplo, ainda
pagava as dívidas que Luís XIV havia contraído. Por outro lado, dívidas recentes somavam-se às antigas. A ajuda
francesa à independência dos Estados Unidos (1776) custou caro para as finanças do reino. Não podemos nos esquecer
o gasto com o sustento de uma grande e ociosa nobreza palaciana, a corte francesa.

Diante da situação crítica do reino, Luís XVI nomeou Jacques Necker como ministro das finanças. O diagnóstico do
problema dos cofres da França levou Necker a aconselhar a cobrar impostos da nobreza e diminuir os gastos. O ministro
foi demitido. O rei continuava, portanto, sem uma solução em vista. Com a intensão de obter conselhos sobre a crise,
Luís XVI convocou a Assembleia dos Estados Gerais (figura 2.6). Essa instituição era composta por representantes dos
três estados.

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Figura 2.6 Abertura dos Estados Gerais 5 de maio de 1789 Salle des Menus Plaisirs

Fonte: Isadore-Stanislaus Helman e Charles Monnet, Abertura dos Estados Gerais 5 de maio de 1789 Salle des Menus Plaisirs, 1789, Biblioteca
Nacional da França. Licenciado em domínio público, via Wikimedia Commons. Disponível em: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Estatesgeneral.jpg>.
Acesso em 04 abr. 2016.

No dia 5 de maio de 1789, em seu discurso inaugurando os trabalhos da Assembleia, Luís XVI deixou evidente que não
haveria mudanças profundas na política e que os debates deveriam concentrar-se na questão financeira. Os membros
do terceiro estado, por sua vez, viam na Assembleia a chance de alteração nas relações de poder na França. Essa
situação gerou um impasse no qual os dois estados privilegiados (primeiro e segundo) não desejavam perder um
privilégio sequer. Discordavam em especial que qualquer proposta que envolvesse o pagamento de tributos por parte
deles.

Aparentemente insignificante, o problema do sistema de votação ocupou os primeiros momentos da Assembleia. A


tradição impunha o voto por estado, ou seja, cada estado valia um voto. Nesse caso, o primeiro e o segundo estados
tendiam a votar juntos, o que acarretaria a derrota do terceiro estado. O terceiro estado propunha a votação por cabeça,
ou seja, cada deputado valia um voto. Nesse caso, contando com dissidentes do primeiro e do segundo estados, o
terceiro estado esperava vencer as votações. Devemos lembrar que, na Assembleia dos Estados Gerais, o terceiro
estado estava representado pela burguesia, pois camponeses ou trabalhadores urbanos pobres não estavam entre os
deputados que foram eleitos pelo terceiro estado.

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O terceiro estado, diante da impossibilidade de negociação com a nobreza e o clero, decidiram convocar a Assembleia
Nacional e exigiram a elaboração de uma constituição para a França. Perceba que, nesse momento, ainda não se pensava
em eliminar o rei. Desejava-se a criação de uma monarquia constitucional que substituísse a monarquia absolutista, tal
qual já havia ocorrido na Inglaterra um século antes. O rei ficou contrariado. A tensão nas ruas, que já existia, aumentou.

Diversos boatos circulavam por Paris. Falava-se que o povo seria atacado por mercenários a serviço o rei. No dia 14
de julho de 1789, uma multidão retirou armas do Hotel dos Inválidos. Precisavam de munição. Alguém informou que
na Bastilha havia munição e cerca de oitocentas pessoas reuniram-se em frente à prisão da Bastilha, que simbolizava
o poder do rei. As tentativas de negociação foram em vão. Com canhões trazidos do Hotel dos Inválidos, a Bastilha
(figura 2.7) foi bombardeada e redeu-se. Tão logo as portas abriram-se, a multidão entrou. O marquês de Launay, que
gerenciava a prisão, foi decapitado por um auxiliar de cozinha e sua cabeça foi colocada em uma lança que percorreu
as ruas de Paris (DEUTSCH, 2011). As manifestações alastraram-se pelo interior da França. Castelos foram atacados e
dezenas de famílias nobres foram massacradas.
Figura 2.7 Tomada da Bastilha

Fonte: Jean-Pierre Houël, Tomada da Bastilha, 1789, Biblioteca Nacional da França. Licenciado em domínio público, via Wikimedia Commons.
Disponível em: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Prise_de_la_Bastille.jpg>. Acesso em 04 abr. 2016.

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Enquanto isso, o terceiro estado acabou com os privilégios do primeiro e do segundo estados e aprovou, em agosto
de 1789, a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão. Nesse documento estavam expressos os princípios
iluministas, como a liberdade e a igualdade. Então, apesar do rei ainda permanecer no trono, o agravamento da situação
levou diversos nobres a fugirem da França. Simultaneamente, a revolta que se espalhara pelo interior, constituía-se
naquilo que ficou conhecido como o “grande medo”. A revolta no campo atendia aos interesses dos revolucionários. As
propriedades dos nobres eram incendiadas e documentos eram destruídos. Os deputados burgueses acabaram por
abolir todos os privilégios feudais que ainda existiam na França e, em 1791, a França ganhou uma constituição que fazia
dela uma monarquia constitucional. Apesar disso, os problemas financeiros e econômicos continuavam, apesar do fato
de todos agora pagarem impostos. Os bens da Igreja foram confiscados para arrecadar recursos para o pagamento de
dívidas.

A eliminação dos privilégios da nobreza e a modificação da postura diante da Igreja representou realmente uma ruptura
com o passado, mesmo que limitada pelos interesses da burguesia. Essas restrições dos efeitos da revolução levou os
deputados mais radicais, sans-culottes liderados por Robespierre, a exigir a ampliação dos direitos conquistados. Ele foi
uma das mais importantes e significativas personalidades da Revolução Francesa. Era advogado e, em 1790, tornou-se
presidente do clube jacobino.

Os reinos vizinhos, temendo a difusão da revolução em seus países, organizavam ações para reestabelecer o Antigo
Regime na França. Porém, em 1792, as tropas revolucionárias derrotaram os exércitos contrarrevolucionários. Foi
proclamada a república e foram eleitos os membros de uma espécie de parlamento chamado de Convenção Nacional.
Após a execução do rei Luís XVI, em 1793, os jacobinos impuseram-se aos girondinos, que eram mais moderados.
Robespierre tornou-se membro da Comissão de Segurança Pública, por meio da qual as perseguições e execuções
do período do Terror ocorriam. No entanto, os excessos cometidos por Robespierre levaram à sua prisão e posterior
execução.

O grupo que participava da Convenção Nacional não era homogêneo. Provavelmente a ideia de esquerda e direita, tão
comum nos dias atuais, nasceu nesses dias pois, no salão onde as reuniões eram realizadas, sentavam-se à esquerda
aqueles que defendiam mudanças mais profundas e à direita aqueles que eram mais conservadores, mais preocupados
em manter os privilégios que possuíam. Como foi dito anteriormente, a situação econômica não havia melhorado e o preço
dos alimentos continuava a subir. Os jacobinos assumiram o poder. Muitos nobres e aqueles que eram considerados
inimigos da revolução foram executados: o período do Terror, do qual já tratamos anteriormente. Medidas foram tomadas
no sentido de resolver os problemas da França: criou-se a lei do máximo, congelou-se os preços, libertou-se os escravos
das colônias francesas, implantou-se o ensino gratuito e obrigatório e terras foram distribuídas aos camponeses. Mesmo
assim, a gravidade da crise não diminuía. Reinava o caos na França. A irracionalidade tomava conta da revolução. Até
mesmo os líderes jacobinos (figura 2.8) acabaram guilhotinados.

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PORDENTRODOTEMA
Figura 2.8 Execução de Robespierre e seus aliados em 28 de julho de 1794.

Fonte: Autor desconhecido, Execução de Robespierre e seus aliados em 28 de julho de 1794, 1794, Biblioteca Nacional da França. Licenciado
em domínio público, via Wikimedia Commons. Disponível em: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Execution_robespierre,_saint_just....jpg>.
Acesso em 04 abr. 2016.

Um bom exemplo desses tempos, e que serve para nossa reflexão a respeito de qualquer tempo revolucionário, é o caso
de Antoine Laurent de Lavoisier. Nascido em 1743, em uma família nobre, obteve educação esmerada (CELEGHINI,
2012). Casou-se com Marie-Anne Pierrette Paulze, que sempre mostrou interesse pelas atividades científicas do marido.
Era ela, também, que traduzia textos para Lavoisier, anotava resultados de experiências, ilustrava os equipamentos,
livros e ensaios do marido. Além disso, ela foi aluna de Jacques-Louis David, o grande pintor do estilo neoclássico.

No ano da revolução, 1789, Lavoisier havia publicado sua grande obra, “Tratado Elementar de Química”, que é
considerado o livro fundador da química moderna. Ficou eternamente conhecido pela Lei da Conservação da Matéria.
Tendo feito diversas experiências com diferentes materiais que comprovaram que, apesar das reações químicas, a
quantidade total de massa jamais se altera (PINCELI, 2012). Apesar de uma importância para a ciência, área muito
valorizada pelo pensamento iluminista, Lavoisier tinha uma ocupação pouco popular, a de cobrador de impostos. Marat,
que possuía atritos pessoais com Lavoisier, aproveitou do momento confuso da revolução para acusá-lo de atividades
contrarrevolucionárias. Lavoisier foi um dos 28 coletores de impostos guilhotinados em 1794 (MOSLEY; LYNCH, 2011).

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PORDENTRODOTEMA
Diante de uma França instável e de uma economia em frangalhos, a burguesia buscou esperança em uma liderança
forte, que conseguisse colocar fim ao processo revolucionário. Recorreram, então ao jovem general Napoleão Bonaparte
(figura 2.9). Admirado pelo povo e pelas tropas, era o homem certo para assumir as rédeas de um país que borbulhava
desejos e violências há dez anos. Assim, considera-se que a subida de Napoleão Bonaparte ao poder, em 1799, via
Golpe de 18 Brumário, marca o fim da Revolução Francesa.

Figura 2.9 Golpe de Estado de 18 Brumário

Fonte: François Bouchot, Golpe de Estado de 18 Brumário, 1840, Palácio de Versalhes. Licenciado em domínio público, via Wikimedia Commons.
Disponível em: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Bouchot_-_Le_general_Bonaparte_au_Conseil_des_Cinq-Cents.jpg>. Acesso em 04 abr. 2016.

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ACOMPANHENAWEB
“A Revolução Francesa e eu eco” – Michel Vovelle

• Nesse artigo, o autor faz uma profunda análise das consequências da Revolução Francesa.
O texto deve ser lido dentro do contexto do bicentenário da Revolução Francesa que foi
comemorado em 1989. A leitura atenta do artigo permitirá o aprofundamento da compreensão
desse importante evento, pois o analisa assim como suas diversas leituras.
Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-40141989000200003&script=sci_arttext>. Acesso
em 04 abr. 2016.

“Hannah Arendt e a Revolução Francesa” – Newton Bignotto

• Nesse artigo, o autor analisa as observações feitas por Hanna Arendt a respeito da Revolução
Francesa. O autor buscou compreender a interpretação de Arendt dos acontecimentos
revolucionários especialmente a partir das posições de Robespierre. O texto é importante para
o aprofundamento das questões levantadas pelo evento.
Disponível em: <http://www.oquenosfazpensar.com/adm/uploads/artigo/hannah_arendt_e_a_revolucao_france-
sa/newton_bignotto_41-58.pdf>. Acesso em 04 abr. 2016.

“Morte ao Rei”

• Nesse vídeo, você poderá acompanhar uma narrativa romanceada da revolução Puritana.
Filmes históricos como esse são bem interessantes, mas devem ser vistos com cautela. Aproveite
para analisar o filme diante da historiografia a respeito do tema.

Origem: Reino Unido/Alemanha. Ano: 2003. Gênero: Drama.


Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=ic2T7dhyMa0>. Acesso em 09 abr. 2016.

Tempo: 102 minutos

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ACOMPANHENAWEB
“A Revolução Francesa”

• Nesse vídeo, você poderá acompanhar a narração da Revolução Francesa. Preste atenção às
imagens. Como qualquer filme, mesmo documentários, este vídeo deve ser visto com a devida
atenção de um historiador. A narrativa não é neutra.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=xpiAQRqVZtQ>. Acesso em 09 abr. 2016.

AGORAÉASUAVEZ
Instruções:
Agora, chegou a sua vez de exercitar seu aprendizado. A seguir, você encontrará algumas questões de múltipla
escolha e dissertativas. Leia cuidadosamente os enunciados e atente-se para o que está sendo pedido.
Questão 1:

Leia o seguinte trecho: “Cromwell ajudou a estabelecer o New Model Army [um novo modelo de exército] pela primeira vez, uma
força recrutada com base no mérito, não na classe social - a base do exército de hoje. Ele introduziu a disciplina em suas tropas,
o que permitiu que seus funcionários tivessem melhor controle e direção de seus homens. Pela primeira vez, os soldados foram
pagos com salários regulares. O resultado foi um exército leal e dedicado. [...]. Com uma força militar devastadoramente eficaz,
ele infligiu a maior derrota os realistas na batalha de Naseby, em 1645. Em um ano, a Guerra Civil acabou e Carlos I foi preso.”
(BBC, s/d, s/p)

Com base no que estudamos a respeito do Iluminismo e das Revoluções Burguesas, explique o motivo pelo qual o novo modelo
de exército colocado em prática por Cromwell estava de acordo com as transformações em curso na época.

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AGORAÉASUAVEZ
Questão 2:
Leia o seguinte trecho: “A Revolução Gloriosa de 1688-1689 substituiu o rei James II pela monarquia conjunta de sua filha protes-
tante Mary e seu marido holandês, William de Orange. Era a pedra angular daqueles que se opunham a um rei católico na história
da Grã-Bretanha. De acordo com estes, os acontecimentos da revolução ocorreram sem derramamento de sangue e a revolução
estabeleceu a supremacia do Parlamento sobre a coroa, colocando a Grã-Bretanha no caminho para a monarquia constitucional
e para uma democracia parlamentar.” (VALLANCE, 2011, s/p) [adaptado]

A respeito da Revolução Gloriosa, é correto afirmar:


a) a morte do rei e de grande parte da nobreza caracterizou esse movimento revolucionário.
b) as suas consequências foram mínimas para a dinastia que estava no poder, apesar da morte de Jaime II.
c) a sobrevivência da Grã-Bretanha como líder da revolução industrial dependia da Holanda.
d) as suas origens podem ser encontradas tanto nos conflitos religiosos quanto nas lutas políticas.
e) a expansão colonial inglesa foi prejudicada pela coroação de Guilherme III.

Questão 3:
Leia o trecho a respeito da moda na sociedade francesa do Antigo Regime: “Os dezoito decretos estatuídos entre 1485 e 1660
revelam, no tocante às roupas e adornos, uma política econômica e uma defesa da aparência aristocrática. O preâmbulo do de-
creto de 1514 identifica explicitamente o título e as roupas: Proibindo absoluta e categoricamente todas as pessoas, plebeias,
não-nobres [...] de assumirem o título de nobreza, seja no estilo ou nos trajes. Durante dois quase dois séculos, a monarquia
pelejou para restringir as sedas aos nobres, definir a hierarquia das cores e proibir o ouro e a prata nos tecidos e ornamentos, em
suma, limitar o amálgama das condições.” (ROCHE, 2007, p. 62)
Em relação ao tema implícito no trecho, é correto afirmar:

a) a necessidade da criação de leis que determinavam o vestuário para cada ordem demonstrava que mudanças sociais e
culturais estavam ocorrendo.
b) a criação de leis sobre a moda significava que a monarquia estava entrando em acordo com a burguesia nas questões
econômicas.
c) a defesa da restrição de certos produtos para a confecção de roupas indicava a necessidade da nobreza em misturar-se ao povo.
d) a capacidade de compra da população pobre aumentou muito no Antigo Regime, o que possibilitava aos mais pobres
vestirem-se como nobres.
e) a mistura visual de nobres e plebeus era bem vista pela monarquia, pois desejava evitar movimentos revolucionários.

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AGORAÉASUAVEZ
Questão 4:

Leia o trecho: “Foi longo o reinado do Grande Rei: 54 anos; mais ainda se nos atemos às datas: 1643-1715. Luís XIV se instala
com magnificência em Versalhes em 1683; a corte jovem acabou-se; começam os anos difíceis e a crise da consciência euro-
peia; a visão do mundo, a concepção da vida se transformaram. Duas tendências se afirmam: a do Estado de ampliar seu domí-
nio através dos aparelhos de justiça, polícia e finanças; e o desejo dos cidadãos esclarecidos de participarem da coisa pública.”
(CASTAN, 1991.p. 427)

Explique a expressão: “[...] desejo dos cidadãos esclarecidos de participarem da coisa pública”, enquanto sintoma das transformações
da época.

Questão 5:

Leia o trecho: “Que é o Terceiro Estado? Tudo. Que tem sido até agora na ordem política? Nada. Que deseja? Vir a ser alguma
coisa... O Terceiro Estado forma em todos os setores os dezenove/vinte avos, com a diferença de que ele é encarregado de tudo
o que existe de verdadeiramente penoso, de todos os trabalhos que a ordem privilegiada se recusa a cumprir. Os lugares lucra-
tivos e honoríficos são ocupados pelos membros da ordem privilegiada... Quem, portanto, ousaria dizer que o Terceiro Estado
não tem em si tudo o que é necessário para formar uma nação completa? Ele é o homem forte e robusto que tem um dos braços
ainda acorrentado. Se suprimíssemos a ordem privilegiada, a nação não seria algo de menos e sim alguma coisa mais. Assim,
que é o Terceiro Estado? Tudo, mas um tudo livre e florescente. Nada pode caminhar sem ele, tudo iria infinitamente melhor sem
os outros.” (SIEYÈS apud ARNAUT, s/d, s/p).

Explique quais eram os desejos políticos do terceiro estado e comente a efetivação desses desejos pela Revolução Francesa.

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FINALIZANDO
Nesse caderno você entrou em contato com as revoluções burguesas. Nossa intenção foi proporcionar uma visão
geral que possibilitasse um entendimento dos sentidos desses eventos. Você poderá encontrar a cronologia dos eventos
das revoluções trabalhadas nesse caderno muito facilmente. Esperamos que você tenha compreendido a importância
desses processos revolucionários para o entendimento do mundo contemporâneo.

Na Inglaterra, a revolução, ou melhor, as revoluções que levaram a burguesia ao poder ocorreram precocemente. Ainda
no século XVII, as forças da mudança e da permanência entraram em conflito. Não foi sem violência que a sociedade
inglesa mudou, mas quando o fez, favoreceu o desenvolvimento da Inglaterra em um mundo cada vez mais próximo do
modo de produção capitalista. A precocidade inglesa em estabelecer uma sociedade burguesa é, muitas vezes, vista
como fator para a eclosão do pioneirismo industrial inglês.

Na França, a revolução é, em geral, contada com cores mais fortes. Os próprios revolucionários contribuíram para
uma visão dramática daquele evento. Seja como for, não é possível negar a importância da Revolução Francesa para
o mundo contemporâneo. De suas entranhas, novas formas de governo e de organização social surgiram. No entanto,
apesar disso, não foi curto o período em que as conquistas se efetivaram. Foram necessários cem anos para que
o Antigo Regime realmente fosse sepultado. As idas e vindas da monarquia, especialmente em relação à Napoleão
Bonaparte caracterizam a história francesa do século XIX.

Se juntarmos a esses dois processos revolucionários a independência dos Estados Unidos – todos eventos marcados
pelas ideias iluministas – teremos um conjunto de fatos que determinou o século XIX, o século XX e mesmo esse início
de século XXI.

23
REFERÊNCIAS
ARNAUT, Luiz. Lei do Máximo Geral (29 de setembro de 1793). Disponível em: <http://www.fafich.ufmg.br/~luarnaut/maximo.PDF>
Acesso em 03 abr. 2016.
ARNAUT, Luiz. O Que é o Terceiro Estado? Disponível em: <http://www.fafich.ufmg.br/~luarnaut/seyes.PDF>. Acesso em 05
abr. 2016.
BBC. Was Oliver Cromwell the father of British democracy? Disponível em: <http://www.bbc.co.uk/timelines/zttpsbk>. Acesso
em 04 abr. 2016.
BOUWSMA, William J. Calvnism. 2014. Disponível em: <http://global.britannica.com/topic/Calvinism>. Acesso em 03 abr. 2016.
BRYSON, Bill. Em casa: uma breve história da vida doméstica. São Paulo: Cia das Letras, 2011.
BURKE, Peter; PALLARES-BURKE, Maria Lúcia Garcia. Os Ingleses. São Paulo: Contexto, 2016.
CASTAN, Nicole. O Público e o particular. In: ARIÉS, Philippe; DUBY, Georges. História da vida privada: da renascença ao
século das luzes. São Paulo: Cia das Letras, 1991.
CELEGHINI, Renata M. S. Antoine Laurent Lavoisier (1743-1794). Disponível em: <http://www.cdcc.usp.br/quimica/galeria/lavoisier.html>.
Acesso em 03 abr. 2016.
COELHO, Ricardo Corrêa. Os Franceses. São Paulo: Contexto, 2008.
DEUTSCH, Lorànt. Próxima estação, Paris: uma viagem histórica pelas estações do metrô parisiense. São Paulo: Paz e Terra,
2011.
ENCYCLOPAEDIA BRITANNICAa. Renaissance. Disponível em: <http://global.britannica.com/event/Renaissance>. 2016.
Acesso em 03 abr. 2016.
ENCYCLOPAEDIA BRITANNICAb. Industrial Revolution. Disponível em: <http://global.britannica.com/event/Industrial-Revolution>.
2016. Acesso em 03 abr. 2016.
ENCYCLOPAEDIA BRITANNICAc. Puritanism. 2015. Disponível em: <http://global.britannica.com/topic/Puritanism>. Acesso em
04 abr. 2016.
ESCÓCIA pode deixar Reino Unido, mas não a Grã-Bretanha. G1. 2014. Disponível em: <http://g1.globo.com/mundo/
noticia/2014/09/escocia-pode-deixar-reino-unido-mas-nao-gra-bretanha-veja-diferenca.html>. Acesso em 03 abr. 2016.

24
REFERÊNCIAS
HILL, Cristopher. O Mundo de ponta-cabeça: ideias radicais durante a Revolução Inglesa de 1640. São Paulo: Cia das Letras,
1991.
HOBSBAWM, Eric J. A Era das revoluções. São Paulo: Paz e Terra, 2004.
KEEN, Maurice. The Hundred Years War. 2011. Disponível em: <http://www.bbc.co.uk/history/british/middle_ages/hundred_
years_war_01.shtml>. Acesso em 03 abr. 2016.
MADIGAN, Michael T. et al. Microbiologia de Brock. Porto Alegre: Artmed, 2016.
MORTON, Arthur Leslie. A História do povo inglês. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1970.
MOSLEY, Michael; LYNCH, John. Uma História da ciência. Rio de Janeiro Zahar, 2011.
MUSÉE de l’Armée Invalides. L’Hôtel National des Invalides. Disponível em:<http://www.musee-armee.fr/lhotel-des-invalides/
lhotel-national-des-invalides.html>. Acesso em 04 abr. 2016
PINCELI, Carlos Ricardo. Antoine Laurent Lavoisier (1743-1794). Disponível em: <http://www.fem.unicamp.br/~em313/paginas/
person/lavoisie.htm>. Acesso em 03 abr. 2016.
QUINTANEIRO, Tania; BARBOSA, Maria Ligia de Oliveira; OLIVEIRA, Márcia Gardênia Monteiro de. Um Toque de clássicos:
Marx, Durkheim e Weber. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2007.
ROCHE, Daniel. A Cultura das aparências: uma história da indumentária (séculos XVII-XVIII). São Paulo: Senac, 2007.
SACHS, William L. Anglicanism. Disponível em: <http://global.britannica.com/topic/Anglicanism>. Acesso em 03 abr. 2016.
SACKS, Oliver. Tio Tungstênio. São Paulo: Cia das Letras, 2011.
SOBOUL, Albert. Revolução Francesa. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1989.
STENTON, Doris Mary. Magna Carta: England (1215). 2015. Disponível em: <http://global.britannica.com/topic/Magna-Carta>.
Acesso em 03 abr. 2016.
TREVELYAN, George McCaulay. A Revolução Inglesa. Brasília: UNB, 1982.
UJVARI, Stefan Cunha. A História e suas epidemias. São Paulo: Senac, 2003.
VALLANCE, Edward. The Glorious Revolution. 2011. Disponível em: <http://www.bbc.co.uk/history/british/civil_war_revolution/
glorious_revolution_01.shtml>. Acesso em 04 abr. 2016.
VOVELLE, Michel. A Revolução Francesa explicada à minha neta. São Paulo: Unesp, 2007.

25
REFERÊNCIAS
VOVELLE, Michel. A Revolução Francesa e seu eco. Estudos Avançados, v. 3, n. 6, ago., 1989, p. 25-45. Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-40141989000200003&script=sci_arttext>. Acesso em 04 abr. 2016.
WESTMINSTER ABBEY. Visiting the abbey. Disponível em: <http://www.westminster-abbey.org/visit-us>. Acesso em 03 abr.
2016.

GLOSSÁRIO
Renascimento: “[...] o período na civilização europeia imediatamente após a Idade Média e caracterizada por uma
onda de interesse pelos valores clássicos. O Renascimento também testemunhou a descoberta e exploração de novos
continentes, a substituição do sistema copernicano pelo sistema ptolomaico da astronomia, o declínio do sistema feudal
e o crescimento do comércio. E a invenção ou aplicação de inovações potencialmente poderosas como o papel, a im-
pressão, a bússola de marinheiro e a pólvora. Para os estudiosos e pensadores de hoje, no entanto, foi sobretudo um
momento de renascimento da cultura clássica.” (ENCYCLOPAEDIA BRITANNICA, 2016, s/p).

Revolução Industrial: “[...] o processo de mudança de uma economia de artesanal e agrária para uma dominada pela
indústria e pela fabricação de máquinas. Este processo começou na Grã-Bretanha no século XVIII e de lá se espalhou
para outras partes do mundo.” (ENCYCLOPAEDIA BRITANNICA, 2016, s/p).

Grã-Bretanha: “[...] o termo Reino Unido refere-se oficialmente à união do que no passado eram quatro países separados:
Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte. [...] Já a Grã-Bretanha é o nome oficial dados aos reinos da Escócia,
Inglaterra e ao Principado de Gales, todos localizados na ilha da Grã-Bretanha, a maior ilha da Ilhas Britânicas.” (BURKE;
PALLARES-BURKE, 2016, p. 37)

Guerra dos Cem Anos: “A tradição histórica data a Guerra dos Cem Anos, entre Inglaterra e França, como tendo ocor-
rido entre 1337-1453. Em 1337, Eduardo III respondeu ao confisco de seu ducado da Aquitânia pelo rei Felipe VI da
França, contestando o direito de Felipe ao trono francês. Enquanto que, em 1453, os ingleses perderam o último de seus
territórios na França, após a derrota do exército inglês, perto de Bordeaux.” (KEEN, 2011, s/p).

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GLOSSÁRIO
Igreja Anglicana: “O Anglicanismo é um dos principais ramos da Reforma Protestante do século XVI. É uma forma de
cristianismo que inclui características do protestantismo e do catolicismo romano. Anglicanismo é vagamente organiza-
do pela Comunhão Anglicana, uma família mundial de entidades religiosas que representa a descendência da Igreja da
Inglaterra e reconhece o arcebispo de Canterbury como seu chefe nominal. Ele preza culto tradicional e estrutura, mas
opera de forma autónoma e flexível em diferentes localidades [...].” (SACHS, s/d, s/p)

Magna Carta: “[...] Carta das liberdades inglesas concedida pelo rei João em 15 de junho de 1215, sob a ameaça de
guerra civil, e reeditada com alterações em 1216, 1217, e 1225. Ao declarar o soberano como estando sujeito ao Estado
de direito e documentar as liberdades pertencentes aos homens livres, o Magna Carta fornece a base para os direitos
individuais na jurisprudência anglo-americana.” (STENTON, 2015, s/p)

Calvinismo: “O Calvinismo é o resultado das ideias teológicas de João Calvino, um reformador protestante do século
XVI e que teve desenvolvimento por seus seguidores. O termo também se aplica às doutrinas e práticas derivadas das
obras de Calvino e de seus seguidores, que caracterizam as igrejas assim reformadas.” (BOUWSMA, 2014, s/p)

Puritanismo: “[...] um movimento de reforma religiosa do final dos séculos XVI e XVII, que procurou ‘purificar’ a Igreja
da Inglaterra dos restos do catolicismo [...]. Os puritanos se tornaram notáveis no século XVII pelo espírito de seriedade
moral e religiosa que caracterizava todo o seu modo de vida [...]”. (ENCYCLOPAEDIA BRITANNICAc, 2015, s/p)

Peste Bubônica: “A peste bubônica é uma infecção do sistema linfático causada por células de Y. pestis transmitidas
para uma pessoa pela picada de uma pulga infectada. A bactéria se multiplica nos nódulos linfáticos, formando inchaços
dolorosos chamados bulbões, e por meio deles as células conseguem percorrer todo o corpo, causando hemorragia e
escurecimento dos tecidos [...]” (MADIGAN et al, 2016, p. 19)

Estamento: Trata-se de um grupo social que, diferentemente das classes sociais, se expressa por meio de um estilo de
vida típico, constituído pelo consumo de certos bens, por determinados comportamentos e modos de expressão, pelo
uso de certas vestimentas, pelo casamento endogâmico. Quando utilizamos o conceito de classes sociais, estamos nos
limitando aos critérios econômicos. (QUINTANEIRO; BARBOSA; OLIVEIRA, 2007). No caso da sociedade francesa do
Antigo Regime, os três estados caracterizam-se como estamentos e não classes sociais. Pois no terceiro estado, por
exemplo, havia pessoas de diferentes condições econômicas.

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GLOSSÁRIO
Hotel dos Inválidos: “Até o século XVII, não havia um lugar especial para abrigar soldados deficientes. Em 1670, Luís
XIV decidiu a criação do Hotel dos Inválidos para abrigar os veteranos de suas guerras. A direção dos trabalhos de cons-
trução foi confiada ao arquiteto Liberal Bruant, que erigiu uma obra-prima do estilo clássico, grande, sóbrio e elegante.
[...] Os primeiros moradores se estabeleceram lá em 1674. [...] No final do século XVII, era o lar de 4.000 moradores.”
(MUSÉE de l’Armée Invalides, s/d, s/p)

Lei do Máximo: Lei que foi aprovada pela Convenção em 1793, durante o processo revolucionário: “Lei do máximo geral
(29 de Setembro de 1793) A Convenção nacional [...] decreta o seguinte: Art. 1º - Os objetos que a Convenção nacional
entendeu serem de primeira necessidade, e de que julgou dever fixar o máximo ou o mais alto preço são [...] [...] Art.
3º - O máximo do preço dos [...] gêneros e mercadorias enunciado no art. 1º será, em toda a extensão da república, [...]
o preço que cada uma delas tinha em 1790 [...] mais um terço [...]. [...] Art. 8º O máximo, ou mais alto preço respectivo,
dos salários, soldadas, mão-de-obra e jornas de trabalho em cada lugar será fixado, a começar na publicação desta lei
[...] pelos conselhos gerais das comunas, no praticado em 1790, ao qual se juntará mais a metade desse preço [...].” (LEI
DO MÁXIMO GERAL apud ARNAUT, s/d, s/p)

GABARITO
Questão 1

Resposta: As transformações sociais, econômicas e culturais daquela época caminhavam em direção à negação do
direito divino e/ou de nascimento. Uma sociedade burguesa somente poderia aceitar a diferença baseada nos talentos e
no esforço. A burguesia era formada em sua essência por indivíduos que tinham origem naqueles não-nobres, plebeus
que enriqueceram pelo trabalho. A racionalidade impunha que os cargos na administração e, portanto, no exército
deveriam ser destinados aos indivíduos segundo seus méritos e não segundo critérios de nascimento.

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Questão 2

Resposta: Alternativa D.

A Revolução Gloriosa foi consequência de fatores políticos e religiosos. Além da luta pelo poder, havia as disputas entre
católicos, protestantes em geral e anglicanos. A religião ainda não havia sido separada do Estado.

Questão 3

Resposta: Alternativa A.

No período medieval, dificilmente alguém confundiria um nobre com um servo. As distâncias sociais eram grandes. O
nobre vivia no castelo e o servo no vilarejo ali próximo. As mudanças que começaram na segunda metade da Idade
Média, com o renascimento comercial e urbano e o surgimento da burguesia, criaram as condições para tornar a
sociedade mais complexa. Assim, já não era mais tão certo diferenciar os membros da elite. Quem era nobre e quem
era burguês? Como saber se todos usassem as mesmas roupas? A necessidade de leis para determinar hábitos de
vestuário indica que, na prática, já havia novos hábitos que teimavam em atravessar as fronteiras das ordens sociais.

Questão 4

Resposta: Devemos entender por “homens esclarecidos” aqueles que estavam iluminados pelas luzes da razão. As
ideias iluministas defendiam que os cidadãos deveriam ser autônomos e que o poder tinha origem no povo que, em
algum lugar do passado, havia estabelecido um contrato social. A participação política desses homens esclarecidos era
consequência evidente dessas ideias

Questão 5

Resposta: O terceiro estado desejava participação política, poder político. O texto reclama da falta de poder e de
oportunidades em um mundo no qual uma pequena minoria tem o poder e que sustenta esse poder na ideia do direito
divino e no direito de nascimento. A Revolução Francesa representa a tentativa de concretizar esses desejos. Podemos,
no entanto, questionar até que ponto isso se materializou, uma vez que a burguesia chegou ao poder, mas uma grande
parcela da população francesa continuou excluída do processo político.

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