Texto Resumido de:
DUARTE, L. Fernando. “Antropologia é Ciência?” Instituto CH
Ciência Hoje, 11.02.2011. Na coluna virtual “Sentidos do
Mundo” http://cienciahoje.uol.com.br/colunas/sentidos-domundo/
antropologia-e-ciencia
Título original
"Antropologia é Ciência?" DUARTE, L. Fernando (Resumido)
Texto Resumido de:
DUARTE, L. Fernando. “Antropologia é Ciência?” Instituto CH
Ciência Hoje, 11.02.2011. Na coluna virtual “Sentidos do
Mundo” http://cienciahoje.uol.com.br/colunas/sentidos-domundo/
antropologia-e-ciencia
Texto Resumido de:
DUARTE, L. Fernando. “Antropologia é Ciência?” Instituto CH
Ciência Hoje, 11.02.2011. Na coluna virtual “Sentidos do
Mundo” http://cienciahoje.uol.com.br/colunas/sentidos-domundo/
antropologia-e-ciencia
Dezembro de 2010, o Antropologia Cincia foi um artigo publicado no The
New York Times que desencadeou uma polmica internacional, ao tratar sobre o texto da Associao Antropolgica Americana (AAA) deixava de mencionar a categoria cincia entre os objetivos.
A questo que a se apresenta no especfica da antropologia, nem do
conjunto das cincias humanas, mas abrange todo o empreendimento em que se construiu a ambio de um conhecimento objetivo, no mediado e sistematicamente controlado sobre a chamada realidade.
O projeto iluminista de esclarecimento racional universal
permanece mais vivo do que nunca
O nascimento das cincias humanas
As cincias humanas nasceram ao longo do sculo 19 como
resultado da tensa imbricao entre o empenho iluminista e a pulso romntica.
Abrangeu desde propostas mais positivistas (que valorizavam o
cientificismo) socilogo francs mile Durkheim (1858-1917) ou do cientista social britnico Alfred Radcliffe-Brown (1881-1955), at propostas mais interpretativas, simblicas, como as do socilogo e economista poltico alemo Max Weber (1864-1920), do antroplogo britnico Edward Evans-Pritchard (1902-1973), do antroplogo estadunidense Clifford Geertz (1926-2006) ou, mais recentemente, as do antroplogo estadunidense Marshall Sahlins (1930-).
O antroplogo polaco-britnico Bronislaw Malinowski (1884-1942) tanto
pode ser considerado um defensor de uma viso materialista, objetivista da tarefa antropolgica, como o fundador do grande marco da metodologia compreensiva: o trabalho de campo, em que a mediao subjetiva no um obstculo, mas a condio mesma do saber antropolgico.
O filsofo e economista alemo Karl Marx (1818-1883), o antroplogo
germano-americano Franz Boas (1858-1942), o antroplogo francs Claude Lvi-Strauss (1908-2009), o filsofo francs Michel Foucault (1926-1984), todos os grandes inspiradores da reflexo antropolgica apresentam sinais de uma disposio de esclarecimento objetivo entrelaados com a conscincia e explicitao das condies de significao em que a ao e o pensamento humanos se atualizam.
Racionalidade X subjetividade AAA descrever sua tarefa como a de promover a compreenso pblica da humanidade.
O autor ressalta no texto da AAA termos que se referem tanto ao
iluminismo quanto romntica: "A locuo muito interessante. O verbo em ingls to advance, absolutamente caracterstico do projeto iluminista e, portanto, cientfico. Seu objeto understanding, que traduz normalmente em ingls a grande categoria romntica da compreenso (Weber particularmente conhecido pelo seu mtodo compreensivo o Verstehen alemo)." E os complementos retornam ao argumento iluminista, sublinhando que deve ser algo pblico, a servio de uma humanidade categorias igualmente constitudas no horizonte de afirmao da racionalidade moderna.
E os complementos retornam ao argumento iluminista, sublinhando que
deve ser algo pblico, a servio de uma humanidade categorias igualmente constitudas no horizonte de afirmao da racionalidade moderna.
"A antropologia continuar a ser uma cincia e um saber,
estratgia de conhecimento e meio de compreenso."
Alguns, como os critical anthropologists citados na denncia do programa
da AAA feita pelo NYT, desejaro que a disciplina seja menos objetivista em nome da assuno da defesa dos interesses de seus interlocutores mais frgeis ou subordinados. Outros, como os psmodernos, desejaro que seja menos objetivista em nome do carter radicalmente dialogal, interconstrudo, de que qualquer saber sobre o humano se revestiria.
Mas afinal, ainda assim, todos estaro de algum modo respondendo
demanda de um avano, de uma iluminao, mesmo que paradoxal. Ningum propugna um encerramento da tarefa de conhecer ou compreender. E talvez a caracterstica mais profunda da cincia seja essa, a de no se resignar com o j sabido, de desconfiar das convenes vigentes e sempre ambicionar mais luz.
O reconhecimento da mediao subjetiva, seja no plano da
prpria produo do conhecimento, seja no das implicaes sociais do conhecimento cientfico, tende a se generalizar em todas as reas.
Se a preocupao no deve ser grande, o interesse de compreender a
presente polmica enorme, no entanto. Porque, mesmo que reitere um movimento de longo alcance histrico, emerge de uma forma especfica neste tempo especfico e assim sintoma dos agenciamentos de significao que hoje nos cercam. Uma questo de sentido, certamente; mas no apenas da antropologia.