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MANUAL DE APOIO DA DISCIPLINA DE CONTABILIDADE E RELATO

FINANCEIRO

Compilado por Atanázio Artur Franck

Maputo, Setembro de 2014

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1. Introdução

Bem vindo ao Curso de Contabilidade Financeira

Iniciaremos a nossa mensagem de boas vindas com as palavras do Dr. António Domingues
Azevedo, extraido do livro “Manual de contabilidade financeira” de Sónia Monteiro (2012):
“ A crise que hoje assola o mundo, com especial relevo para o continente europeu, veio
evidenciar de forma notória, não só a importância da contabilidade na sustentabilidade das
empresas, mas também o relevante papel de interesse social de que se reveste o conhecimento
económico e financeiro das entidades que ela expressa.”
Actualmente a função de contabilidade tem merecido um reconhecimento que sempre deveria
ter mas que muitos, por má fé ou ignorância, se recusavam socialmente a reconhecer.

Caros formandos, acreditamos que o reconhecimento da importância da contabilidade foi a


razão que vos levou a frequentar este curso de modo a aprimorar os vossos conhecimento
sobre a contabilidade, pelo que fazemos do vosso desejo, um convite do autor deste manual.

O vossos desejo nos inspirou em elaborar este manual com objectivo de desenvolver um
amplo conjunto de informação detalhada que auxile o formando a dominar alguns conceitos
básicos sobre a contabilidade financeira e a sua aplicabilidade.
Assim, organizamos este manual, divido em quadro módulo, que apresenta diversas
informações de contabilidade, numa abordagem multidisciplinar que abrange as seguintes
áreas:

Modulo 1 - Conceitos fundamentais da contabilidade - 2 dias


 Breve História da Génese da Ciência Contabilística
 A Empresa e o Circuito Económico
 Fluxos reais e financeiros
 A empresa (Firma) e sua classificação jurídica
 Aspectos legais, fiscais a considerar pós a constituição das sociedade
 Obrigações mensais e anuais das sociedades comerciais
 A Contabilidade como sistema de informação
 Conceito, Objecto e divisões da contabilidade

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 A Situação patrimonial/financeira
 Património: conceito, composição e valor
 Conta: Conceito, caracteristica, quadro de contas, classificação das conta.
 Inventário: Conceito e classificação
 Balanço: Conceito, classificação e representação do balanço
 A dinamica/Desempenho Empresarial
 Variações patrimoniais
 Resultados: conceitos de gasto e rendimento, Demonstração de Resultados
 Movimentação das contas: Representação grafica da conta (noção débito e crédito), metódo de registo
contabilistico (digrafia)
 Lançamentos: tipos de lançamentos, classificação segundo o número de contas movimentadas,
classificação segundo a natureza dos movimentos e forma de representação dos lançamentos (diário e
Razão).

Modulo 2 - Harmonização contabilistica e o Sistema de contabilidade para o sector empresarial (SCE)


 Normalização vs harmonização contabilistica
 O processo de harmonização contabilista internacional e nacional
 Sistema de contabilidade para o sector empresarial (SCE)
 Estrutura conceptual do SCE
Breves comentários sobre as principais contas do SCE
Meio financeiros liquidos
Compras e outras operações com fornecedores
Módulo 3 - Estudo das principais contas do SCE
 Disponibilidades
 Vendas e outras operações com clientes
 Inventários e activos biológicos
 Gastos e operações com trabalhadores
 Investimentos
 Provisoes e Imparidades
 Capital, reservas e resultados transitado
 Rendimentos e Ganhos
 Resultados
Modulo 4 -Encerramento e a prestação de Conta
 Introdução
 Regularização de contas e balancete rectificado
 Lançamentos de apuramento de resultado
 O Relato financeiro: Balanço, Demonstração de resultados, Demonstração das alterações
no capital próprio, Demonstração de fluxo de caixa : metodo directo e indirecto

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 A prestação de contas: Aos accionistas ou sócios, A autoridade Tributária ( Preenchimento
dos modelos fiscais e apresentação do relatório de contas), A Inspecção geral das finanças,
Ao Tribunal Administrativo, A comissão do Mercado de Valores Mobiliários

A leitura dos textos deste manual não a dispensa a consulta dos textos originais extraidos dos
livros constantes nas bibliografias apresentadas no fim de cada módulo.

Este manual ainda não é uma obra acabada, e jamais será, tendo em conta que o ICAM pauta
por uma politica de melhoramento continuo e caso existam contribuições para a sua melhoria
(sugestões, apontamentos e exercicios práticos) deverão ser enviado para o email:
atanziof@hotmail.com

Desejamos uma boa leitura e bom aproveitamo no curso.

O Autor
Atanázio Artur Franck

Maputo, 01 de Setembro de 2014

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2. Objectivos do curso

2.1 Objectivo Geral

Prover bases sólidas para o entendimento do processo contabilistico e para interpretação do


relatório de informação contabilística e fiscal

2.2 Objectivo Geral

Quando terminar o curso Contabilidade Financeira o formando será capaz de:


 Dominar os conceitos fundamentais da contabilidade e as regras, princípios, técnicas de
captação e registo da informação económico-financeira de uma organização;
 Conhecer todos os pressupostos contabilisticos, formulação e interpretação das normas
internacionais de contabilidade e normas geralmente aceites;
 Efectuar o preenchimento de folha de caixa e elaborar reconciliação de bancos numa
organização;
 Saber apurar o IVA mensalmente e evidenciar o imposto a recuperar / pagar;
 Registar as operações com as entidades que envolvem transacções de actividade
operacional da empresa;
 Analisar o processo de prestação de contas e as respectivas demonstrações financeiras

3. Metodologia

A formação será dada na base de aulas práticas e teóricas. Durante as aulas teóricas o
formador transmitirá os principais conceitos e princípios teóricos que possam servir de base
para posterior aprofundamento pelos formandos no seu ambiente de trabalho.
Para além das aulas teóricas e leituras obrigatórias dos formandos. Uma componente prática,
onde se procurará consolidar os fundamentos teóricos, também será observada. Nesta
componente, aos formandos é recomendado um esforço adicional na resolução dos exercícios
durante as horas de estudo individual ou em grupo.
Durante as aulas práticas dar-se-á ênfase a casos reais que sejam de interesse dos Magistrados
que podem consubstanciar as suas principais dificuldades.

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MODULO 1 – CONCEITOS BÁSICOS DA CONTABILIDADE FINANCEIRA

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1. Conceitos Fundamentais

1.1 Breve História da Génese da Ciência Contabilística

A geneses da contabilidade é explicada pela necessidade sentida pelo homem de


preencher as limitações de memórias, mediante um processo de classificação e registo
que lhe permitisse recordar facilmente as variações sucessivas de determinadas
grandezas, para que em qualquer momento pudesse saber da sua extensão.
As pessoas em todas as civilizações utilizaram vários tipos de registos de actividades
comerciais. Os mais antigos que se conhecem são os registos nas tábuas de barro
referentes ao pagamento de salários na babiliónia por volta de 3600 a.C. Também existem
diversas provas de guarda de registos e sistemas de controlo contabilistico no antigo
Egipto e nas cidades - estados gregas.

No século XV, a civilização europeia experimentou uma expansão comercial sem


precedentes, consequência da evolução das actividades mercantis. Foi nesta época (1494)
que frade Luca Paccioli escreveu o livro “Summa de Arithmética, Geometria, Proportioni
et Proportionalita” que incluia o capitulo “ Tractatus XI
particularis de computis et scripturis”, onde contavam os
Partida dobrada funadamentos de partida dobrada publicada em 10 de
Um débito (Entrada) deve
corresponder a um crédito (Saida) Novembro de 1494, em Veneza.

Neste tratado, Pacioli declara que o maior objectivo da


contabilidade é fornecer ao dono, sem demora alguma, informação sobre os seus bens (ou
seja o activo) e suas dividas ( ou seja o passivo), bem como a base para a concessão de
crédito.

Sobre o Método das Partidas Dobradas, Frei Luca Pacioli expôs a terminologia adaptada:

"Per " , mediante o qual se reconhece o devedor;

"A " , pelo qual se reconhece o credor.

Acrescentou que, primeiro deve vir o devedor, e depois o credor, prática que se usa até hoje.

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A evolução havida na contabilidade é resumida por AABB (2000) da seguinte forma:

i. DO MUNDO ANTIGO - período que se inicia com as primeiras civilizações e vai


até 1202 da Era Cristã, quando apareceu o Liber Abaci , da autoria Leonardo
Fibonaci, o Pisano.
ii. CONTABILIDADE DO MUNDO MEDIEVAL - período que vai de 1202 da Era
Cristã até 1494, quando apareceu o Tratactus de Computis et Scripturis
(Contabilidade por Partidas Dobradas) de Frei Luca Paciolo, publicado em 1494,
enfatizando que à teoria contábil do débito e do crédito corresponde à teoria dos
números positivos e negativos, obra que contribuiu para inserir a contabilidade
entre os ramos do conhecimento humano.
iii. CONTABILIDADE DO MUNDO MODERNO - período que vai de 1494 até
1840, com o aparecimento da Obra "La Contabilità Applicatta alle
Amministrazioni Private e Pubbliche" , da autoria de Franscesco Villa, premiada
pelo governo da Áustria. Obra marcante na história da Contabilidade.
iv. CONTABILIDADE DO MUNDO CIENTÍFICO - período que se inicia em 1840
e continua até os dias de hoje.

A palavra contabilidade provém etimologicamente de conta; esta, por sua vez, de


cômputo, originária do latim computum, que significa cálculo, contagem. (Borges et all,
2010, pag 27)

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1.2 A Empresa e o Circuito Económico

As empresas, células base da actividade económica, são normalmente entendidas como um


conjunto de meios materiais e humanos orientados para a produção de bens e serviços.
De acordo com o artigo 3º do código comercial:

1. Considera-se empresa comercial toda a organização de factores de produção para o


exercicio de uma para o exercicio de uma actividade económica destinada à produção,
para a troca sistemática e vantajosa, designadamente:
a) Da actividade industrial dirigida à produção de bens ou serviços;
b) Da actividade de intermediação na circulação dos bens;
c) Da actividade agricola e piscatória;
d) Das actividades bancárias e seguradora;
e) Das actividades auxiliares das precedentes
2. Exceptua-se do dispostos no número anterior a organização de factores de produção
para oexercicio o exercicio de uma actividade económica que não seja autonomizável
do sujeito que a exerce.
Podemos considerar que qualquer empresa tem um ciclo de vida limitado e que normalmente
se divide em três fases:
 Instituicional: aquando da sua constituição;
 Funcionamento: o de execução, na qual se desenvolve todo o processo de
transformação, ou seja, o de produção de bens e serviços com vista à obtenção de
resultados;
 Liquidação, aquando da sua extinção
No ambito da sua actividade, as empresas estabelecem relações com diversos agentes
económicos que originam fluxos: reis e monetários.

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Figura 1 – A empresa e o circuito económico; Fonte: Manual de contabilidade (
Sónia M.S Monteiro, 2012)

Conforme a figura acima, no desenvolviemnto da sua actividade, a empresa


estabelece relações com o exterior, na forma de prestações recebidas (compras de
materias – primas, tecnológias, etc) e de prestações recebidas (vendas e prestações de
serviços). Estas relações traduzem-se em fluxos de bens e serviços, aos quais
correspondem sempre fluxos monetários de sentido inverso (os recebimentos e os
pagamentos) e que se podem traduzir positiva (rendimentos) ou negativamente
(gastos) nos resultados (Nabais e Nabais, 2010, pag 16).

Na actividade da empresa podem ser consideradas três prespectivas:


1. Financeira: Diz respeito ao endividamento da empresa perante o exterior
(despesas e receitas).
2. Económica: Está ligada à transformação e incorporação dos diversos
materiais, mão de obra, etc, até se atingir o produto (bem ou serviço) final
(gastos e rendimentos).
3. Tesouraria ou de caixa: entradas ou saidas monétárias da empresa
(pagamentos e recebimentos).

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Fluxos reais e financeiros

As transacções da empresa com o exterior revestem-se de um duplo aspecto: o real (ou


económico) e o financeira. Financeira, porque a empresa recebe, em contrapartida, imediata
ou mediatamente, uma determinada quantidade de meios monetários ou, simplesmente, de
moeda.
As transações externas, a montante e a jusante da empresa, originam, desta forma dois tipos
de fluxos (real e financeiro)
Um fluxo consiste, portanto, na transferência entre dois agentes económicos de uma certa
quantidade de bens ou de moeda, regra geral com uma determinada referência temporal – o
ano civil, o mês, etc.
Os fluxos financeiros podem ser induzidos (directos ou indirectos) e autónomos.
Os fluxos financeiros induzidos são aqueles que resultam dos fluxos reais.
Os fluxos financeiros directos são os que envolvem unicamente os dois agentes económicos
intervenientes na própria (no fluxo real).
Os fluxos directos podem ser imediatos ou diferidos: são imediatos, quando os fluxos real e
financeiro não se revelam coincidentes no tempo, exemplo, um dos agentes económicos
intervenientes na trasacção concede ou obtém crédito.
Os fluxos financeiros indirectos são aqueles em que intervêm mais do que dois agentes
economico. (Exemplo: comprador, vendedor e banco)
Os fluxos financeiras autónomos não decorrem, directa ou indirectamente de qualquer fluxo
real – Exemplo a contratação ou concessão de um emprestimo báncário.

1.3 A empresa (Firma) e sua classificação jurídica

O nosso Código comercial permite a constituição de seguintes tipos de Firmas (Empresas):


1. Firma do Pequeno empresário, “PE”
2. Firma do empresário comercial (pessoa singular), “EI”
3. Firmas das sociedades e nome colectivo “SNC”
4. Firma das socieades em comandita, “SC” ou SCA”
5. Firma das sociedades de capital e indústria, “SCI”
6. Firmas das sociedades por quotas “Lda”

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7. Firma das sociedades por quotas unipessoais “Sociedade Unipessoal Lda.”
8. Firma das socieades anónimas, “SA”
9. Firma de outros empresários comercias, pessoas colectivas.

Os tipos de sociedade comerciais mais comuns mais comuns são:

Firmas das sociedades por quotas “Lda”


A sociedade tem que ser constituida com um ninimo de dois sócios, não existindo limite
máximos.
Só o património social responde pelas dividas da sociedade

Firma das sociedades por quotas unipessoais “Sociedade Unipessoal Lda.”


Estas sociedades são constituidas por um único sócio.
Somente o capital social responde para com os credores pelas dividas da sociedade, existindo
uma separação entre o património do sócio e o património da Sociedade.

Firma das socieades anónimas, “SA”


O capital social é dividido em ações e a responsabilidade de cada sócio é limitada às ações
subscritas. A sociedade tem que ser constituida com um minimo de três accionistas, não
existindo um limite máximo.
Os accionistas limitam a responsabilidade ao valor das ações que subscreveram.

1.4 Aspectos legais, fiscais a considerar pós a constituição das sociedade

Após a constituição das sociedades comerciais os empresários devem solicitar o seu resgisto
comercial, registo fiscal (NUIT) e a respectiva licença (Alvará) para desenvolver a actividade
selecionada. Após a recepção do alvará o empresário deverá proceder conforme a tabela
abaixo:

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Tabela 1: Procedimentos legais e fiscais das sociedade comercias após o alvará

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Fonte: O quadro legal para a constituição de sociedades comerciais em Moçambique, SAL

Após a obtenção do alvará o empresário comercial deverá proceder ao registro para efeito
de impostos (inicio de actividades) através do preenchimento do M/02 e deverá escolher a
sujeição a ISPC (Lei n.º 5/2009) ou Pela opção de tributação e sujeição em IVA (Lei
32/2007, Lei 33/2007 e Lei 34/2007)

CADEIRA e ACIS (2012).

Obrigações mensais e anuais das sociedades comerciais

As sociedades comerciais tem as seguintes obrigações mensais e anuais conforme os quadros


abaixo:

Tabela 2: Obrigações mensais das sociedades comerciais.


Fonte: ACIS (2012)

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Tabela 2: Obrigações anuais das sociedades comerciais.
Fonte: ACIS (2012)

1.5 A Contabilidade como sistema de informação

Um sistema de informação é um conjunto de componentes (humanas, materiais, tecnológicas,


e financeiras) inter-relacionadas que recolhe, processa, armazena e distribui informação para
a tomada de decisão dos responsáveis das organizações. Assim, a contabilidade surge como
um sistema de informação, onde os dados (factos contabilisticos) são processados com a
finalidade de fornecer, aos destintos utilizadores (internos ou externos), informação de
natureza financeira, sob a forma de demonstrações financeiras, que lhes permita apoiar a
tomada de decisão.
A informação disponibilizada pela contabilidade pode ser de índole:
 Interna: abrange a actividade interna da empresa, onde há uma preocupação em
conhecer os gastos, os rendimentos e os resultados, por centros de custos ou produtos;

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 Externa: informação relatada ao exterior, onde é proporcionada informação útil não
só aos gestores da empresa mas também aos sócios, ao Estado, etc.
A contabilidade é, assim, uma importante fonte de informação para os distintos stakeholders
ou utilizadores da informação contabilistica:
 Investidores;
 Empregadores;
 Fornecedores,
 Clientes;
 Estado
 Público em geral
Sendo a informação financeira proporcionda pela contabilidade uma das principais fontes de
informação para apoio à tomada de decisão, deve reunir uma série de requisitos:
 Objectividade – corresponder a factos, não depender de interpretação pessoal;
 Inteligibilidade – ser perceptível para os utilizadores;
 Relevância – a informação deve ser pertinente para a tomada de decisão, ou seja,
deve estar relacionada com a mesma;
 Oportunidade – estar disponível no momento em que é necessária;
 Rentabilidade – o custo de obter a informação não deve ser superior ao beneficio de
utilizar a mesma;
 Credibilidade – deve ser credível para que todos os utentes a que elas se destina
possam retirar conclusões idóneas.

1.6 Conceito, Objecto e divisões da contabilidade

1.6.1 Conceito de contabilidade

O conceito de contabilidade tem variado no tempo e no espaço. Apresentamos, a mero titulo


de exemplo as várias noções que lhe foram atribuidas:
 “ A Contabilidade é a doutrina do controlo económico e da determinação do rédito em
qualquer espécie de empresa” – Tessanova
 “A contabilidade é a ciência do património” – Masi

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 “A contabilidade é a ciência que estuda os processos seguidos pelas unidades
económicas para relevação da gestão” – Zappa
 “ A contabilidade é um metódo de investigação da actividade económica” – Popoff

Em resumo podemos definir segundo Costa (2005) citado por Sónia Monteiro (2013) que:

A contabilidade é uma actividade que “ proporciona informação geralmente quantitativa e


muitas vezes expressa em unidades monetárias para a tomada de decisões, planeamento,
controlo das fontes e operações, avaliação de desempenho e relato financeiro a
investidores, credores, entidades reguladoras e ao público”

1.6.2 Objecto da contabilidade

A contabilidade é uma ciência de natureza económica cujo objecto é a realidade económica


passada, presente e futura de qualquer unidade económica.

A contabilidade visa:
 Conhecimento da situação patrimonial;
 Determinação das posições devedoras e credoras da empresa perante terceiros;
 Apuramento de resultados nas diversas actividades;
 Exercer funções previsionais.

A Contabilidade tem por objectivo:

 Quantificar o que ocorre numa unidade económica;


 Controlar, com vista a comunicar a realização dos planos, motivando o pessoal e
verificação da qualidade dos serviços executados pelos empregados;
 Planear – pela obtenção de informações que permitam formular novos programas de
acção.

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1.6.3 Divisões da contabilidade

Atendendo ao seu alcance ( organismo a que se destina)


 Contabilidade privada – empresas ou familias
 Contabilidade pública - Setor público
 Contabilidade nacional - nação

Atendendo o periodo de relevação do factos


 Contabilidade histórica, a posteriori ou ex-post – regista e demonstra os factos passados.
 Contabilidade previsional, prospectiva, aprioristica ou ex-ante – regista as previsões
orçamentais.

Atendendo ao objecto
Como muitos aspectos da actividade humana, a contabilidade tem vindo a especializar-se em
áreas próprias. Assim, tradicionalmente, referem-se duas grandes divisões da contabilidade, a
saber:
 Contabilidade financeira, também chamada contabilidade geral ou contabilidade
externa, que é o campo da contabilidade que se debruça, sobretudo, sobre o relato
financeiro para exterior da empresa incluindo a preparação e apresentação das
demonstrações financeiras, assim como a acumulação de todos os dados necessários para
tal fim;
 Contabilidade de custos, também conhecida por contabilidade analitica, de exploração
ou contabilidade de custos, que é o campo da contabilidade que se debruça,
essencialmente, sobre mensuração, acumulação e controlo dos custos, a fim de determinar
o custo dos produtos vendidos e dos serviços prestados.

1.7 A Situação patrimonial/financeira

1.7.1 Património: conceito, composição e valor

Segundo o Prof. Gonçalves da Silva citado por Borge (2010 Pag 44), o património é o
conjunto de valores sujeitos a uma gestão e afecto a um determinado fim.

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O património de um comerciante, é o conjunto de elementos utilizados por esse comerciante
no exercicio da sua actividade comercial. Contudo, os elementos pertecentes a esse
comerciante mas não afecto à aquela actividade (Ex. Utensílio domésticos) não devem ser
considerados seu património comercial. Serão seu património, não como comerciante, mas
sim como pessoa jurídica (privado) que é.

Cada componente de um dado patrímonio (ex: as mercadorias, um edificio, uma divida, uma
viatura, dinheiro em cofre, etc.), denomina-se elemento patrimonial, conforme ilustra a figura
abaixo:

Figura 2 – Elemento patrimónial

O Conjunto de bens, direitos e obrigações constituem o património de um determinado


indivíduo ou de uma sociedade comercial.

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Os elementos patrimoniais têm algumas características comuns
(heterogéneos):

a) são quantificáveis (moeda ou unidades monetária)


b) são susceptíveis de valoração;
c) podem ser corpóreos (bens ou coisa) ou incorpóreos (direitos e obrigações) e
obrigações são dívidas que a empresa tem para com os terceiros.
d) estão ligado ao objectivo especifico para que a empresa foi criada.

No património podemos distinguir duas classes de elementos patrimoniais: por um lado, os


elementos que representam aquilo que o titular possui ou tem a receber (ou seja bens e
direitos) - ACTIVO; por outro lado, aqueles que representam aquilo que se tem a pagar (ou
seja obriagação) - PASSIVO.

E podemos agrupar os elementos patrimoniais em classe para efeitos de registos e estes por
sua vez classificam-se em activos e passivo (credores + fundos próprios).
Activo – A
Credor – C
Fundos Próprios – FP
Passivo – P

Para entender melhor o conceito de activo de uma empresa vejamos o exemplo abaixo:

(Valor em MT)
Activo
Composição Valor
Dinheiro em caixa 100
Deposito a ordem no Banco Moçambicano 500
Divida de um cliente 400
Edifício 5000
Mobiliário 70
Máquinas 1000
Viaturas 200

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Total do activo 7270

Pode ver que esta classe é o conjunto dos valores que a empresa possui e tem a receber
como é o caso de dinheiro em caixa, deposito a ordem, dívida de um cliente, edifício,
mobiliário, maquinas e viaturas.
Depois de perceber o que é o activo de uma empresa vamos analisar o segundo ponto que é
o Passivo:

Passivo (valor em MT)


Composição Valor
Empréstimo bancário obtidos no 3000
Banco Qualquer 200
Dívida a um fornecedor

Total dos credores 3200

Num património há a considerar dois aspectos distintos:


 A sua composição;
 E o seu valor.
Quanto à sua composição, o património engloba o conjunto dos elementos heterogéneo
(elementos patrimoniais), agrupados em classe – Activo ( mercadorias, numerarios, etc) e
Passivo (dividas a pagar) – expresso em valores.

O Patrimonio liquido (fundos próprios) é o conjunto de valores que pertencem efectivamente


ao proprietário da empresa, ou seja, representa os direitos deste último sobre as propriedades
da mesma.
O fundo próprio é dado pela diferença entre o activo e o passivo.

(Bens +Direitos) - Obrigações = Fundos próprios


Activos - Passivo = Fundos próprios

Activo = Passivo + Fundos próprios

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Activo = Passivo Total
Passivo = Credores + fundos próprios

Exemplo do Patrinónio liquido duma determinada sociedade comercial (Valores em MT):

Património
Activo Valor Passivo Valor
Credores:
Dinheiro em Caixa 100 Empréstimos bancários
Depósito a Ordem no obtidos 3000
Banco Moçambicano 500 Dívida a um fornecedor 200
Dívida de um cliente 400 Total dos credores 3200
Edifício 5000
Mobiliário 70 Fundos próprios:
Máquina 1000 Total dos fundos próprios 4070
Viaturas 200

Total do activo 7270 Total do passivo 7270

Como pode observar, chamamos fundos próprios ao valor do património líquido que
também se pode designar por situação líquida ou capital próprio para o nosso exemplo
são 4070. Assim, a equação fundamental da contabilidade pode ser definida da seguinte
forma:

Activo (A) = Passivo (P) ± fundos próprios (FP)

Três casos podem ocorrer em dada situação patrimonial, onde o activo é superior ao passivo,
havendo um excesso de valores activo sobre passivo, o segundo caso o activo e o passivo são
iguais, neste caso a situação liquida é nula e por último, o activo pode ser inferior ao passivo.
Neste caso existe um excesso de valores
Fundos próprios positivos passivos sobre os activos (deve-se mais do
A > P  FP > O
que se possui e se tem a receber).
A = Passivo + FP POSITIVOS

1º Fundos próprios positivos

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2º Fundos próprios nulos

Fundos próprios nulos


A = P  FP = O
A=P

3º Fundos Próprios Negativos

Mas há situações em que o activo é menor que o passivo, esta é aquela situação que a
empresa tem mais obrigações que os bens e direitos, fundos próprios negativo.

Também pode acontecer que, num dado momento, uma empresa apresente valores activos
menores do que os credores, ou seja, o valor dos seus bens e direitos não cobre as suas
obrigações, significando isto que a empresa entrou em falência.

Fundos próprios negativos


A < P  FP < O

A + FP negativos + CP

Se
reu
O activo e o passivo são iguais, quando a situação liquida é nula. nir
mo
s as
três
situações anteriores, encontramos a seguinte fórmula abrangente:

ACTIVO + FUNDOS PRÓPRIOS negativo = PASSIVO +FUNDOS


PRÓPRIOS positivo

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Resulta daqui a fórmula fundamental da contabilidade:

ACTIVO = PASSIVO ± FUNDOS PRÓPRIOS

Exercicio de consolidação nº 1

Complete o quadro abaixo :

I. Assinale com X o género de elemento patrimonial ( bem, direito, obrigações) ;


II. Coloque o respectivo valor na coluna das classes patrimoniais (activo, credores).

Elementos patrimoniais valores Bens direitos obrigações activo credores


Um armazém 800 000
Mobiliário diverso 700 000
Equipamento informático 150 000
Viaturas 750 000
Dívidas a um fornecedores
Mercadorias 200 000
Impostos retidos aos 230 000
empregadores
Acções de empresas 5 000
nacionais
Letras a receber 500 000
Vales de correio 80 000
Obrigações do tesouro 7 000
Cheques recebidos dos 400 000
clientes
Depósito à ordem no banco 20 000
X
Deposito a prazo 200 000
Dinheiro em caixa 250 000
10 000
Total 3672 000

b) Calcule o valor dos fundos próprios.

1.7.2 Conta: Conceito, caracteristica, quadro de contas, classificação das conta.

A conta é o conjunto de elementos patrimoniais com carecteristicas semelhantes e


especificas, expresso em unidade monetária.

Caracterização geral

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Já foi referido que o património de uma empresa é constituído por um grande e complexo
número de elementos de natureza diferente. Esses elementos podem ser traduzidos numa
unidade de valor comum. Isto é, transformam-se as matérias ou os objectos em valores,
possibilitando a sua comensurabilidade, isto é, a comparação entre si. Por exemplo um
televisor e um livro apresentam–se com características diferentes mas, graças à sua
quantificação (tradução na mesma unidade) podem facilmente ser comparáveis em unidades
monetárias.

É graças a esta quantificação que o trabalho contabilístico pode levar-se a cabo nas unidades
económicas. Sem aquela, ele seria, não só, de difícil execução, como também perderia seu
significado, na medida em que se referiria a um conjunto de elementos entre os quais não
seria possível estabelecer qualquer relação.
Numa conta há a considerar:
 O título (denominação própria)
 O valor (extensão).
O título é a expressão (ou palavra) por que se designa a conta. Deve ser claro no que respeite
à característica comum dos elementos a que diz respeito.
Todos esses elementos possuem características comuns de se destinarem ao indispensável
apetrechamento dos escritórios.
O valor representa a qualidade, expressa em unidade monetária contida na conta no momento
em que se analisa. O valor registado na contabilidade deve ser verídico, ou seja, deve estar de
acordo com a verdadeira extensão dos elementos que representa.
A conta constitui a base de toda a escrituração, dado que é a partir dela que se desenvolve
todo o trabalho contabilístico
A contabilidade utiliza um processo que lhe permite com facilidade registar todas as
variações patrimoniais que chamamos de conta.
Os requisitos essenciais a que a conta deve obedecer, são:
Homogeneidade – A conta só deve conter elementos que tenham as características que
ela define.

Integralidade – Todos os elementos que tenham a mesma característica devem estar


incluídos na mesma conta.

A conta tem uma representação gráfica própria. Por tradição e convenção, a conta apresenta-
se com um traçado em forma de T.
Este traçado permite a divisão do espaço reservado aos registos em duas colunas:

© Atanázio Franck 25
•A da esquerda destinada aos débitos (Débito);
• A da direita aos créditos ( Crédito).

E permite a colocação de:

Código que Título (ou nome)


identifica a conta
crédito
Débito

Assim:
• Quando a conta recebe um valor do lado esquerdo, dizemos que a conta é debitada.
Exemplo:
Caixa
D C
1000
100
2500

• Quando a conta recebe um valor do lado direito, dizemos que é creditada.


E depois de fazer os lançamentos, temos de saldar a conta, o que vamos ver de seguida.
Exemplo:
Caixa
D C
300
200
100
1000

Somatório Somatório
dos débitos - dos créditos = Saldo

Apresentando no T :

© Atanázio Franck 26
D C

Débito
Crédito

As contas podem ter saldos:

DEVEDORES  Soma dos débito > Soma dos créditos D> C


NULOS  Soma dos débitos = Soma dos créditos D=C
CREDORES  Soma dos débitos < Soma dos créditos D<C

Vejamos alguns exemplos que nos mostram como saldar uma conta, fechar uma conta,
reabrir uma conta, e quando a mesma conta tem saldo devedor, nulo e credor:

Exemplo de abertura de contas:

Caixa
D C A conta Caixa tem um saldo devedor (sd) de 2000
1000 300 contos ( 3600 – 1600)
100 200
2500 100
1000

Compras
D C A conta compras de meios circulantes materiais
5000 5000 tem um saldo nulo. (5000 - 5000)

© Atanázio Franck 27
Capital
D C A conta capital tem um saldo credor (sc) de
10 000 10000
Contos ( 0- 10000 )

Analisemos agora alguns conceitos:

a) Saldar uma conta, consiste em adicionar o saldo à coluna que tenha menor valor.

Caixa Compras Capital


1000 300 5000 5000 Sc10000 10000
100 200
2500 100
1000
2000sd
Sd significa saldo devedor D=C Sc significa saldo credor
D> C débito igual crédito D<C
débito maior que crédito débito menor que crédito

b) Fechar uma conta, consiste em somar os valores acumulados a débito e a crédito


depois de saldar a conta.

Caixa Compras Capital


1000 300 5000 5000 10000 10000
100 200 5000 5000 10000 10000
2500 100
1000
2000
3600 3600

a) Trancar uma conta, consiste em sublinhar com dois traços os valores encontrados
quando se fechou a conta.

Caixa Compras Capital


1000 300 5000 5000 10000 10000
100 200 5000 5000 10000 10000

© Atanázio Franck 28
2500 100
1000
2000
3600 3600

b) Reabrir uma conta, consiste em lançar o saldo no lado do débito se na conta


fechada o saldo era devedor, ou no lado do crédito se o saldo era credor.

Caixa Compras Capital


1000 300 5000 5000 10000 10000
100 200 5000 5000 10000 10000

2500 100 10000


1000
2000
3600 3600

2000

1.7.3 Inventário: Conceito e classificação

O inventário consiste numa relação (lista, rol) dos elementos patrimoniais com a indicação do
seu valor. Proceder a inventário consiste, pois, em analisar os elementos de um dado
património, descrevê-los e atribuir-lhes um valor.

Classificação do inventário
a) Quanto ao momento da sua elaboração:

 Inicial – quando o inventário é elaborado no início de cada exercício;

 Final – quando é elaborado no final de cada exercício;

 Ordinário – elaborado no período de tempo definido por cada empresa;

 Extraordinário – elaborado em função de causas anormais ou por se verificar


ou comprovar certas anomalias.

b) Quanto à sua extensão ou âmbito, o inventário pode ser:

© Atanázio Franck 29
 Geral – quando abarca todos os valores que constituem um dado património.

 Parcial – quando abrange apenas uma classe de valores ou alguns elementos


patrimoniais. Exemplo o inventário das mercadorias, o inventário dos móveis,
etc.

c) Quanto à descrição pode ser:


 Analítico – quando os elementos patrimoniais aprecem bem detalhados,
especificando todos os elementos das diferentes classes e valores;

 Sintético – quando os elementos aparecem resumidos.

d) Quanto à disposição dos elementos patrimoniais:


 Simples, corrido ou empírico – quando são elaborados sem nenhuma
preocupação de ordená-los ou por ter os elementos patrimoniais dispostos ao
acaso ( sem obediência a qualquer agrupamento e ordenação), basta saber por
os elementos do activo e depois os elementos do passivo.

e) Classificados, selectivo ou sistemático


 quando os elementos patrimoniais aparecem agrupados, segundo classes,
natureza ou função.

Exemplo inventário do comerciante k, em 1/10/n


ACTIVO VALORES
Dinheiro em caixa 500
2 máquinas de escrever 3 960
4 máquinas calculadoras 1 300
Um edifício na rua H 19 400
Um frigorífico 250
Conjuntos de estantes 400
Uma máquina registadora 1 120
Uma viatura 3 120
Dívida de:
M. Castro 9 030
F. Santos 17 750
Saques n.º
6 s/ B. Carvalho 6 170
7 s/ C. Matos 2 130
2 secretárias 2120
4 cadeiras 710
Depósitos no BPA 37 450
2 sofás 480
Equipamentos diversos 430
Total do activo 309 000
PASSIVO

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Dívidas a:
H. Fagundes 7 160
S. Antunes 2 090
Aceites nº
11, saque de J. Fernandes 5 180
12, saque de M. Pereira 4 120
Dívida à papelaria progresso 2 100
Empréstimo contraído no BA 51 500
Total de passivo 72 150

Tomemos um exemplo de um inventário classificado:


ACTIVO VALORES
Disponível
Dinheiro em caixa 500
Depósito no BPA 37 450 37 950
Clientes
M. Castro 9 030
F . Santos 17 750 26 780
Letras a receber
Saque nº 6 s/ B Carvalho 6 170
Saque nº 7 s/ C. Matos 2 130 8 300
Equipamentos de escritório
1 máquina registadora 1 120
1 frigorífico 250
Conjunto de estantes 400
2 secretárias 2 120
4 cadeiras 710
2 sofás 480
Equipamentos diversos 430 5 510
Imobilizados
Um edifício na rua H 194 000
Uma viatura 31 200 225 200
Mercadorias
2 maquinas de escrever 3 960
4 maquinas calculadoras 1 300 5 260
Total do Activo 309 000
PASSIVO
Letras a pagar
Aceite nº 11, saque de J. Fernandes 5 180
Aceite nº 12, saque de M. Pereira 4 120 9 300
Fornecedores
H. Fagundes 7 160
S . Antunes 2 090

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Papelaria progresso 2 100 11 350
Empréstimo do BA 51 500
Total do Passivo 72 150

No inventário devemos considerar três fases:


a) Identificação, em que se verifica quais os elementos patrimoniais existente, isto é,
o arrolamento dos bens patrimoniais;
b) Classificação consiste na atribuição desses bens pelas diferentes contas ou classes
de valores;
c) Descrição tem por fim dar indicação da natureza, qualidade e características.

No processo de elaboração de inventário, podemos colocar em dispositivo vertical ou


horizontal.
a) Inventário no dispositivo vertical é quando, por cima, indica o activo e, por
baixo, o passivo.
b) Inventário no dispositivo horizontal

Este tipo de inventário é quando o activo aparece do lado esquerdo e o passivo do lado
direito.

1.7.4 Balanço: Conceito, classificação e representação do balanço

Elaborado o inventário geral torna – se necessário comparar o activo com o passivo para
conhecer o valor e natureza da situação líquida. Esta comparação, constitui o balanço, assim,
enquanto que o inventário constitui apenas um arrolamento (listagem) dos valores activos e
passivo, o balanço, por sua vez leva a cabo a comparação (balanceamento) entre aquelas
classes de valores. São estes aspectos que marcam a sua diferença. Acrescentando a situação
líquida ao quadro do inventário, o balanço constitui o mapa da situação patrimonial da
empresa num determinado momento.

© Atanázio Franck 32
Segundo Dumarchey citado por Borge (2010 pag 60) o Balanço é pós, a expessão da relação
existente entre o activo, passivo e a situação liquida.

O inventário é um documento geralmente mais analítico que o balanço.

Em regra, os balanços são elaborados com dois objectivos:


a) Apuramento da situação patrimonial em certo momento (aspecto estático);
b) Determinação dos resultados em dado período (aspecto dinâmico).

Representação gráfica do balanço

O balanço é representado graficamente em quadros ou mapas, nos quais as massas


patrimoniais de cada um dos membros da expressão geral se dispõem horizontalmente ou
verticalmente.

I. Representação Horizontal, é a situação em que o primeiro membro aparece do lado


esquerdo, segundo a ordem: activa; situação líquida passiva. O segundo membro vem
do lado direito, sendo a ordem: passivo; situação liquida activa ou a inversa.
Tomemos o exemplo do património F. que é constituído por:
Valores activos............................................................................1 820,00mt
Valores passivos...........................................................................780,00mt

Disposição horizontal
O patrimonónio de F é constituido por:
BALANÇO
Activo 1 820,00mt Passivo 780,00mt
S.L. 1 040,00MT
1 820,00MT 1 820,00MT

De seguida podemos ver a representação vertical. É a situação em que o segundo membro


vem imediatamente abaixo do primeiro, mantendo-se a ordem indicada em I. dentro de cada
membro.

© Atanázio Franck 33
II. Representação vertical é a situação em que o segundo membro vem imediatamente abaixo
do primeiro, mantendo-se a ordem indicada em i) dentro de cada membro.

Disposição vertical

Balanço de F. em 1 de Novembro de 2006


Balanço
Activo 1 820,00mt
Passivo 780,00mt
S.L. 1 040,00mt

É claro que se torna desnecessário referir que os membros de qualquer balanço são sempre de
igual valor. O primeiro membro nunca pode ser superior ao segundo e vice-versa, face ao
exposto sobre a equação fundamental da contabilidade (activo = credor + situação liquida).
Na composição desses membros, três casos podem ocorrer:
a) Activo > Passivo então Activo = passivo + Situação Liquida Activa.
Exemplo:

BALANÇO
Activo 1 000 Passivo 600
S.L. Activo 400
1 000 1 000

b) Activo = Passivo
BALANÇO
Activo 700 Passivo 700

c) Activo < Passivo, onde Activo + S. L. Activa = Passivo


ou ainda Activo = Passivo – S.L. Passiva
Exemplo:

BALANÇO

© Atanázio Franck 34
Activo 800 Passivo 950
S.L. Passiva 150
950 950

Ou ainda
Exemplo:
BALANÇO
Activo 800 Passivo 950
S.L. Passiva -150
950 950

Este terceiro caso podemos verificar que é a situação desfavorável para a empresa na medida
em que as dívidas a pagar superam o montante do activo. Ou seja, deve-se mais do que se
possui e se tem a receber.

O balanço anterior apresenta apenas os valores globais do activo, do passivo e da situação


líquida. É o balanço sintético.

Também será sintético o balanço que apenas apresente os valores das massas parciais do
activo, do passivo e da situação líquida.
Será ainda sintético o balanço em que figurem os valores das várias contas do activo, do
passivo e da situação liquida, o qual, embora forneça um maior número de informação que o
anterior, não permite ainda conhecer um maior numero de informação que o anterior, não
permite ainda conhecer em pormenor a composição do património da empresa.
Apresenta-se dois exemplos, o primeiro em disposição horizontal e o segundo em disposição
vertical.
Na prática na republica de Moçambique é permitido apenas a utilização do modelo de
balanço abaixo:

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1.8 A dinamica/Desempenho Empresarial

1.8.1 Variações patrimoniais

O património de uma empresa não se mantém estático ao longo dos tempos. Pelo contrário,
está sujeito a uma contínua transformação. Esta transformação pode ser motivada por duas
espécies de acontecimentos: os normais ou voluntários, que resultam das operações
efectuadas, voluntariamente, pela empresa e, acontecimentos extraordinários ou
involuntários, que são independentes da sua vontade.

No primeiro caso, podem apontar-se as operações correntes tais como: compras, pagamentos,
vendas, saques, aceites, recebimentos, etc.; no segundo caso, apontam-se os incêndios,
roubos, as quebras, etc. Tanto umas como outras constituem factos patrimoniais. Podemos
dizer que os factos patrimoniais aparecem associados a tudo aquilo que implique variações no
património.

Vejamos a seguir como isso se faz como vimos anteriormente património de uma empresa
está em constante mutação, em função da sua actividade normal. Isso implica alteração ou
variação na composição ou no valor do património.

A estas mutações decorrentes da actividade da empresa dá-se o nome de factos patrimoniais.


E podem ser qualitativo ou Permutativos – originam alteração na composição – ou
quantitativo – alteram o valor do património.

Por isso, quando analisamos o património de uma empresa num determinado momento,
estamos a verificá-lo estaticamente, com a consciência de que aqueles dados são válidos
apenas para esse momento.
Tomemos, como exemplo, o património de uma empresa em determinado momento, e que
era constituído pelos seguintes valores:

A - P = S

© Atanázio Franck 37
900 - 300 = 600

Onde A significa activo, P é passivo e S situação líquida

Classifiquemos, agora, os seguintes factos patrimoniais, analisando as respectivas


variações:

Exemplo

1 Depósito no banco, 10 contos

Variações:
a) Aumento de 10 contos nos depósitos ( DEPOSITO Á ORDEM/ ACTIVO);
b) Diminuição de 10 contos no numerário ( CAIXA/ ACTIVO).

Situação Inicial 900 - 300 = 600


Variação do Património: A - P = S
a) DEPÓSITO À ORDEM +10
b) CAIXA -10

Resultado: 900 - 300 = 600

Análise:
Tendo-se verificado um aumento e uma diminuição de 10 contos no Activo, o valor deste,
globalmente, não se alterou, tal como o valor do passivo, pelo que também não se alterou o
valor da situação líquida.

Conclusão:
A este tipo de variação chamamos facto patrimonial qualitativo ou Permutativos.

Exemplo

2 Compra de uma máquina de escrever, a prazo, por 20 contos

Variações:
a) Aumento de 20 contos no equipamento administrativo ( ACTIVO TANGIVEL/ ACTIVO);
b) Aumento de 20 contos nas dívidas a pagar ( OUTROS CREDORES/ PASSIVO).

© Atanázio Franck 38
Esquematicamente:

Situação Inicial 900 - 300 = 600


Variação do Património: ACTIVO - PASSIVO = S
a)ATIVO TANGIVEL +20
b) OUTROS CREDORES +20

Resultado: 920 - 320 = 600

Análise:
Tendo-se verificado um aumento de 20 contos no Activo e no Passivo, não se alterou o
valor da Situação Líquida ( a adição do mesmo número aos dois termos duma subtracção não
altera a diferença inicial).

Conclusão:
Trata-se de um facto patrimonial qualitativo ou Permutativos.

Vejamos o que acontece com o facto patrimonial quantitativo ou modificativos. Continuamos


com o mesmo exemplo anterior, realizaram-se outras operações mais directamente ligadas ao
objectivo principal da empresa que vai mexer com a composição da empresa:

A fim de analisar esta operação, ou melhor, este facto patrimonial, vejamos cada uma das
alterações introduzidas no património e que tipo de alteração vai se verificar no património da
empresa como os exemplos a seguir vão ilustrar:
Exemplo

3 Pagamento de ordenados, 8 contos

Variações:
c) Diminuição de 8 contos no numerário (CAIXA/ ACTIVO);
d) Diminuição de 8 contos nos resultados do exercício (RESULTADO LÍQUIDOS/
SITUAÇÃO LÍQUIDA).
Esquematicamente:

Situação Inicial 900 - 300 = 600


Variação do Património: A - P = S
a) CAIXA -8
b) RESULTADOS LIQUIDOS -8

© Atanázio Franck 39
Resultado: 912 - 320 = 592

Análise:
Tendo-se verificada uma diminuição de 8 contos no activo e mantendo-se o passivo,
necessariamente terá diminuído a Situação Líquida ( numa subtracção, diminuindo apenas o
aditivo também diminui a diferença inicial).

Conclusão:
A este tipo de variação chamamos facto patrimonial quantitativo ou Modificativo
(negativo).

Exemplo

4 Recebimento da renda de um prédio urbano, 5 conto

Variações:
a) Aumento de 5 contos no numerário (CAIXA/ ACTIVO)
b) Aumento de 5 contos nos resultados de exercício (RESULTADOS LÍQUIDOS/ SITUAÇÃO
LÍQUIDA)

Esquematicamente:

Situação Inicial 912 - 320 = 592


Variação do Património: A - P = S
a) CAIXA +5
b) RESULTADOS LÍQUIDOS -5

Resultado: 917 - 320 = 597

Análise:

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Tendo-se verificado um aumento de 5 contos no Activo e mantendo-se o Passivo,
necessariamente que terá aumento a situação Líquida.

Conclusão:
Trata-se de um facto patrimonial quantitativo ou Modificativos (positivo)

Exemplo

5 Pagamento da contribuição industrial, por meio de cheque, 30 contos.

Variações:
a) Diminuição de 30 contos nos depósitos ( DEPÓSITOS À ORDEM/ ACTVO);
b) Diminuição de 30 contos nos resultados do exercício ( RESULTADOS LIQUIDOS/
SITUAÇÃO LIQUIDA).

Esquematicamente:

Situação Inicial 917 - 320 = 597


Variação do Património: A - P = S
a) DEPÓSITO À ORDEM +30
b) RESULTADOS LIQUIDOS -30

Resultado: 887 - 320 = 567

Análise:
Tendo-se verificado uma diminuição de 30 contos no Activo e mantendo-se o Passivo,
necessariamente que terá diminuído a Situação Líquida.

Conclusão:
Trata-se de um facto quantitativo (negativo)

Exemplo

6 Restituição parcial da contribuição industrial, 6 contos.

Variações:

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a) Aumento de 6 contos no numerário (CAIXA/ ACTIVO);
b) Aumento de 6 contos nos resultados do exercício (RESULTADOS LÍQUIDOS/
SITUAÇÃO LÍQUIDA).

Esquematicamente:

Situação Inicial 887 - 320 = 567


Variação do Património: A - P = S
a) CAIXA +6
b) RESULTADOS LIQUIDOS +6

Resultado: 893 - 320 = 573

Análise:
Tendo-se verificado um aumento de 6 contos no Activo e mantendo-se o Passivo,
necessariamente que terá aumentado a Situação Liquida.

Conclusão:
Trata-se de um facto patrimonial quantitativo ou Modificativos (passivo).

Exemplo

7 Aumento de 100 contos do capital, com a entrega de numerário


pelos sócios

Variações:
a) Aumento de 100 contos do capital social ( CAPITAL SOCIAL /SITUAÇÃO LÍQUIDA);
b) Aumento de 100 contos no numerário (CAIXA/ACTIVO).

Esquematicamente:

Situação Inicial 893 - 320 = 573


Variação do Património: A - P = S
a) CAPITAL SOCIAL +100
b) CAIXA +100

Resultado: 993 - 320 = 673

Análise:

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Verificou-se um aumento de 100 contos na situação Líquida, aumentando o Activo
e mantendo-se o passivo.

Conclusão:
Trata-se de um facto patrimonial quantitativo ou Modificativos (positivo)

8 Atribuição aos sócios de lucro anteriormente retidos, 50 contos

Variações:
a) Aumento de 50 contos nas dívidas a pagar aos sócios (SÓCIOS E ASSOCIADAS/
PASSIVO).
b) Diminuição de 50 contos nos resultados retidos (RESERVAS LEGAIS E
ESTATUTÁRIAS/ SITUAÇÃO LÍQUIDA).

Situação Inicial 993 - 320 = 673


Variação do Património: A - P = S
a) SÓCIOS E ASSOCIADOS +50
b) RESERVAS LEG. E ESTATUT. -50

Resultado: 993 - 370 = 623

Análise:
Verificou-se uma diminuição de 50 contos na Situação Líquida, mantendo-se o Activo e
aumentando o passivo.

Conclusão:
Trata-se de um facto patrimonial quantitativo ou Modificativos (negativo).
Exemplo
9 Aumento do capital pela incorporação de lucros anteriormente
retidos, 200 contos

Variações:
a) Aumento de 200 contos no capital social (CAPITAL SOCIAL/ SITUAÇÃO LÍQUIDA).
b) Diminuição de 200 contos nos resultados retidos (RESERVAS LEGAIS E
ESTATUÁRIAS/ SITUAÇÃO LÍQUIDA).

Situação Inicial 993 - 370 = 623


Variação do Património: A - P = S

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a) CAPITAL SOCIAL +200
b) RESERVAS LEG. E ESTATUT. -200

Resultado: 993 - 370 = 623

Análise:
Tendo-se verificado um aumento e uma diminuição de 200 contos na Situação Liquida,
esta, globalmente, não se alterou.

Conclusão:
Trata-se de um facto patrimonial qualitativo.

1.9 Resultados: conceitos de gasto e rendimento, Demonstração de Resultados

Gastos - são diminuições nos beneficios económicos durante o periódo contabilistico na


forma de exfluxos ou deperecimentos de activos ou na incorrência de passivos que resultem
em diminuições do capital próprio, que não seja as relacionadas com a contribuição dos
participantes no capital próprio.
Rendimentos - são aumentos nos beneficios económicos durante o periódo contabilistico na
forma de influxos ou aumento de activos ou diminuições de passivos que resultem em
aumentos do capital próprio, que não seja as relacionadas com distribuições aos participantes
no capital próprio.
Demonstração de Resultados
A demonstração de resultados tem como objectivo evidenciar os resultados (lucro ou
prejuizo) obtidos na actividade desenvolvida na empresa num determinado periodo.
As demonstrações de resultados são de dois tipos de acordo com os mapas abaixos:
Por natureza

© Atanázio Franck 44
Por funções

Tópicos a abordar nas aulas práticas:


2. Movimentação das contas: Representação grafica da conta (noção débito e crédito),
metódo de registo contabilistico (digrafia)

© Atanázio Franck 45
3. Lançamentos: tipos de lançamentos, classificação segundo o número de contas
movimentadas, classificação segundo a natureza dos movimentos e forma de
representação dos lançamentos (diário e Razão).

1.10 DOCUMENTOS COMERCIAIS

(Esta secção do Manual foi extraido na sua totalidade do Manual/Módulo de


Contabilidade de ensino a distância do Instituto Superior Dom Bosco).

A contabilidade de uma empresa constitui um sistema de informação. Os dados de entrada


são valores representativos, em termos monetários, da actividade da empresa. Os dados de
saída são compostos também por elementos expressos em termos monetário sobre a situação
patrimonial da empresa em cada momento, das transformações operadas pelos actos de
gestão e outros factos ligados à actividade.

O sistema contabilístico regista, então, através das suas técnicas e regras, esse conjunto de
fluxos, procedimentos e operações:

 Transportar
 Armazenar

© Atanázio Franck 46
 Tratar
 Validar
 Gerir
 Compramos
 vendemos

Se vendemos ou compramos algo temos que justificar, e essa justificação deve ser traduzida
no papel, e é a isto que chamamos de documentos comerciais. E de seguida vamos classificar
os documentos comerciais.

Classificação dos Documentos Comerciais


Podemos classificar os documentos comerciais em internos e externos.
a) Internos – são aqueles que justificam transacções dentro da empresa. Ex.:
Requisições de matérias de departamento para o outro dentro da empresa, folhas
de salários, etc.
b) Externos – São aqueles que justificam transacções dentro e fora da empresa.
EX: Notas de encomendas, facturas, recibos, etc.

Fases e Documentação de Compra e Venda


Na compra e venda utilizamos vários documentos comerciais tanto do lado do comprador
como do vendedor e existem várias fases. De seguida vejamos quais são essas fases:

1ªFase: Encomenda
O comprador comunica ao vendedor a quantidade, qualidade e preço das mercadorias que
deseja adquirir e combinam condições de entrega e pagamento.

Nota de encomenda é documento onde o comprador especifica a quantidade de mercadoria


pretendida, bem como as condições de entrega e pagamento, em regra geral é preenchido em
duplicado sendo o original para o vendedor e o duplicado para o comprador.

Outros documentos:

© Atanázio Franck 47
Nota de venda muitas das vezes a nota de encomenda surge pelo contacto do representante
do vendedor (caixeiro viajante) com o comprador, é preenchido em triplicado e é semelhante
à nota de encomenda.

Requisição é muito utilizada no comércio por retalho e serve para o comprador levantar de
imediato as mercadorias no armazém do vendedor.

Ordem compra é o documento utilizado pelo comprador para mandar o seu comissário da
compra de mercadorias.

2ª fase: Entrega
O vendedor envia as mercadorias, dando assim execução a encomenda feita pelo comprador.

Guia de remessa este documento acompanha as mercadorias e serve para o comprador


proceder a conferência dos artigos recebidos.

Talão de recepção é devolvido pelo comprador ao vendedor após recepção das mercadorias,
confirma as mercadorias recebidas.

3ªfase: LIQUIDAÇÃO
O vendedor indica ao comprador o montante em dívida (valor das mercadorias – descontos +
despesas de compra + o IVA =Total em dívida).

Factura é o documento mais importante do contrato de compra e venda, é este o


comprovante oficial da compra. A factura pode ser emitida até ao 5º dia após a realização
da operação, por isso pode ou não acompanhar as mercadorias.
As facturas podem classificar-se em:
 Factura de praça o vendedor e o comprador é da mesma praça;
 Factura de expedição o vendedor e o comprador é das praças diferentes;
 Factura condicional ou provisória o vendedor envia mercadoria à condição. Esta
factura deverá ser substituída por uma definitiva após o comprador definir com que
mercadoria fica.

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 Factura simulada ou pró-forma documento, por vezes utilizado no comercio
internacional, através do qual o vendedor dá a conhecer ao comprador as condições de
fornecimento das mercadorias pretendidas.
 Nota de débito é o documento que rectifica positivamente o valor da factura, quando
o vendedor por lapso, se esqueceu de mencionar alguma despesa por conta do
comprador ou errou algum cálculo.

Nota de crédito é o documento que rectifica negativamente o valor da factura.

4ªfase PAGAMENTO
O pagamento encerra o contrato de compra e venda e consiste na entrega do comprador
ao vendedor em dívida. O pagamento de uma dívida pode ser:
 Imediato quando se realiza em simultâneo com o fornecimento do bem ou
serviço.
 Diferido quando tem lugar em momentos diferentes.
 Recibo é o documento passado pelo vendedor (quem recebe a mercadoria é quem
passa o recibo) que serve para dar quitação ao comprador.

Existe outro documento comercial denominada título de crédito que é um documento


comercial que dá direito de receber qualquer coisa. É um documento representativo de um
crédito (dívida a receber) que uma pessoa (credor) tem sobre outra (devedor).
O título de crédito vale pelo que nele está escrito e o portador do mesmo tem o direito a ele
inerente, independentemente das obrigações existentes entre o primeiro credor e devedor.
Também ele pode ser transmissível, o que permite, em alguns casos, o recebimento do seu
valor antes da data do vencimento.

O cheque é uma ordem de pagamento a vista dada pelo depositante – sacador –ao seu
banqueiro – depositário ou sacador – para que pague a si ou a sua ordem – uma determinada
quantia que pode ir até ao montante do deposito.
exemplo de cheque:

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Formas de emissão de cheque:
Cheque nominativo – quando vem o nome da pessoa a quem deve ser pago.
Cheque ao portador – o cheque pode ser pago a qualquer pessoa que o apresentar.
Cheque cruzado – só pode ser pago ao banco (banqueiro) ou a um cliente do banco e tem
por objectivo reduzir os riscos de extravio, roubo ou falsificação. Obrigatoriamente este
cheque deverá ser depositado.
Cheque visado – garante a existência de provisão (saldo em branco).
Cheque de viagem ou Travellers cheque – os usados para efeitos de viagem, os quais
podem ser levantados no destino, uma vez que podem ser levantados em qualquer banco.
Tomemos exemplo do cheque:

Depois de ter vistos vários tipos de documentos comerciais, vale a pena exemplificar como
preencher esses mesmos documentos.
A “COMÉRCIOS LIMPOPO, Lda”, com sede na Av. 24 de Julho, nº 1247, em Maputo, com o NUIT -10065892, solicitou em
8/03/03 através do documento nº 364 à “NISSOMÉ COMERCIOS, Lda.”, da cidade de Nampula, com o NUIT- 4006235614,
sedeada na Rua das Flores, nº 647, para que em, 30 dias e em Maputo lhe forneça as seguintes mercadorias:
 12 300kgs de amendoim “HP-37” a 8 contos @;
 16 800kgs de arroz “NRAMA-12” a 11 contos @;
 1 200m de tecido “NKUME-7” a 30 contos @;
 5 600kgs de açúcar “ANA-21” a 12 500,00mt @.

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Em 20 do mesmo mês, o vendedor envia por via marítima a mercadoria solicitada acompanhada do documento nº
160703 que evidencia o facto de terem sido fornecidos só 960m de tecido por rotura de stock. Em 2 de Abril, o
comprador acusa a recepção da mercadoria nas condições mencionadas no envio, através do documento nº 635.
Em 10/04/03, o vendedor envia o documento nº 366/03 para efeitos de liquidação, tendo em conta as seguintes
informações:
 Despesas de transporte até o porto de Nacala – 8 300 000,00mt;
 Despesas de armazenagem em Nacala 3 900 contos;
 Estiva portuária em Nacala 3 860 contos;
 Frete marítimo 22 236 600,00mt;
 Seguro marítimo 6 320 contos;
 Estiva portuária em Maputo 5 320 contos;
 Despesas de transporte em Maputo 3 950 contos;
 Desconto de revenda de 3% +2%;
 Desconto de qualidade para o açúcar 2%;
 IVA 17%
 Contrato FOB Nacala.

Em 16/04/03 o vendedor em o documento nº 23/03 que mencionava as despesas de descarregamento no


porto de Nacala no valor de 1 325 contos e 166 sacos vazios não retornáveis à 12 350,00mt @, não
mencionados no documento nº 366/03.

Em 24 do mesmo mês, o vendedor envia o documento nº 16/03, concedendo um desconto de 5% sobre


produtos tributáveis.

O comprador envia o cheque nº 456892/BIM em 06/05/03 pela metade do valor em dívida, tendo o vendedor
emitido em 12/05/03 0 documentos nº 898/03, dando quitação o pagamento.

Em 20 de Maio, o vendedor sacou a letra nº 99/03, a 60 d/d, a favor do seu fornecedor Abdul Gulamo,
avalizada endossou a letra em 28 do mesmo mês à Gani comercial de Nampula.

pretende-se:
1. identificação de todos os documentos sublinhados;
2. preenchimento de todos os documentos mencionados (os sublinhados, o cheque e a letra);
3. apresentação do valor em dívida antes da emissão do cheque;
4. preenchimento do documento nº 366/03, usando os seguintes incoterms;
a) FAS – Nacala;
b) FAS – Maputo;
c) CIF.
Resolução:

1. Os documentos sublinhados são:


 Documento nº 364 – Nota de encomenda;
 Documento nº 160/03 – Guia de remessa;
 Documento nº 635 – Talão de recepção;
 Documento nº 366/03 – Factura;

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 Documento nº 23/03 – Nota de débito;
 Documento nº 16/03 – Nota de crédito;
 Documento nº 898/03 – Recibo.

Exemplo de Nota de Encomenda

Pode ver que estão especificados as quantidades, unidade, descrição, referência e os


preços. Depois de preencher pode observar que na descrição e os preços estão trancadas e
por fim levou carimbo.

Exemplo de Documento Guia de Remessa:

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Este documento acompanha as mercadorias e serve para o comprador proceder a conferência
dos artigos recebidos.

Exe
mplo
de
Factu
ra:

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Exemplo de Nota de débito e crédito;

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Exemplo de cheque, recibo e letra

No verso da letra:

“ Endosso ao Exmos. Srs. Gani Comercial Nampula, 28/05/03”

Assinatura: ( Abdul Gulamo )

2. Valor em dívida:
Valor da Factura ......................412 149 314,40mt
1 nota de Débito ......................3 948 867,00mt
Nota de Crédito .......................11 536 200,00mt
404 561 981,40mt

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BIBLIOGRAFIA BÁSICA RECOMENDADA

 António Borges e Outros, Elemento de Contabilidade Geral, 25ª Edição, Àreas


Editoras, Lisboa, 2010
 Da Costa, C.B e Alves, G.C, Contabilidade Financeira, 8ª edição, Rei dos Livros,
Lisboa, 2013.
 De Morais, António Bruno, Manual de Contabilidade Geral I, ISDB, 2007
 Lopes, Carlos Rosa e Outros, Manual de Contabilidade, Escolar Editora, Lisboa,
2013
 MARTINS, Pires, Compêndio de Contabilidade 1ª Parte, 5ª edição, Porto editora,
Lisboa
 MENDES, Júlio, Contabilidade Geral e Financeira, Plátano, Lisboa, 2001
 NABAIS, Carlos, Francisco, Prática Contabilista I e II, 3ª edição, Lidel, Lisboa, 2005
 NABAIS, Carlos, Contabilidade Geral , vol II, Editorial presença, Lisboa, 1990
 PEREIRA, J.M. Esteves; DA SILVA, FV Gonsalveis, Contabilidade das Sociedades,
10ª edição, Plátano, Lisboa, 1994
 PEREIRA, J.M. Esteves, Contabilidade Geral, Plátano, Lisboa
 PEREIRA, J.M. Esteves, Contabilidade Básica – Exercicios, Plátano, Lisboa, 1974
 PEREIRA, J.M. Esteves, Contabilidade e Escrituração, Plátano, Lisboa, 1983
 PEREIRA, J.M. Esteves, Exercicio de Contabilidade e Escrituração, Plátano, Lisboa,
1983
 PEREIRA, J.M. Esteves, Contabilidade Básica – Resumo, Plátano, Lisboa, 1980
 PEREIRA, J.M. Esteves, Contabilidade Básica – Tomo I, Plátano, Lisboa, 1980
 Monteiro, Sónia , Manual de contabilidade Financeira, vida económica, Porto, 2013.

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