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SISTEMA DE

NORMALIZAÇÃO
CONTABILÍSTICA

UFCD 6214

ANA CLÁUDIA RIBEIRO


Índice
1. O contexto contabilístico
• Empresa
• A contabilidade e os profissionais da contabilidade
• Normalização Contabilística

2. Organização formal do SNC 3. Conceitos contabilísticos


• Bases para as Demonstrações Financeiras (BADF) • Património
• Modelos das Demonstrações Financeiras (MDF) • Inventário
• Código de Contas (CC)
• Normas Contabilísticas e de Relato Financeiro (NCRF)
• Normas Contabilísticas e de Relato Financeiro para Pequenas Entidades (NCRF-PE)
• Normas Interpretativas (NI)
• Estrutura Conceptual
LET’S PLAY!
SISTEMA DE
NORMALIZAÇÃO
CONTABILÍSTICA

SESSÃO Nº2

UFCD 6214

ANA CLÁUDIA RIBEIRO


1. Contexto Contabilístico

O que entende por empresa ?


Empresa é um conjunto de meios/recursos que se organizam e combinam com vista a exercer uma atividade
económica com o objetivo de satisfazer as necessidade humanas.

A sua constituição, salvo raras exceções, é sempre por tempo indeterminado. Apesar disso podemos considerar que
qualquer empresa tem um ciclo de vida limitado e que normalmente se divide em três fases:

Institucional Funcional Liquidação

• Decisão de • Desenvolvimento • Extinção


criação do processo • Encerramento da
• Obtenção dos • Obtenção de atividade
recursos resultados
necessários
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1. Contexto Contabilístico
Informação Financeira vs Contabilidade
Informação Financeira:

É um conjunto de dados contabilísticos sobre uma empresa que permitem, às pessoas que o consulta, tirar conclusões
sobre a atividade daquela empresa no passado, presente e tomar decisões para o futuro.

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1. Contexto Contabilístico
Informação Financeira vs Contabilidade
Contabilidade:

Consiste num sistema de informação que visa recolher, organizar, registar (mensurar / reconhecer) e relatar a informação
sobre a atividade de uma empresa.

Desta forma podemos considerar que as funções da Contabilidade consistem em:

• Registar: a contabilidade regista todos os factos patrimoniais da entidade.

• Controlar: a situação económica e financeira da entidade.

• Avaliar: mensurar os bens que estão na empresa e toda a sua atividade.

• Prever: define objetivos e planos de curto/ médio/ longo prazo de acordo com a informação existente.

• Reportar: comunica a informação financeira relevante, fiável, compreensível e comparável.

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1. Contexto Contabilístico
Qual o objetivo da Contabilidade?

Proporcionar informação de qualidade sob a forma de demonstrações financeiras (tais como o Balanço e a
Demonstração dos Resultados), e que permita aos vários utilizadores (internos e/ou externos), apoiar a tomada de
decisões.

Mas…. as técnicas e conceitos contabilísticos seguidos pelo contabilista na execução da contabilidade são os
mesmos para todos os profissionais e para todas as empresas?

As empresas de outros países também os seguem?

Quem determina estas regras e conceitos? Onde se podem consultar?

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1. Contexto Contabilístico
Profissionais de Contabilidade

Os profissionais de contabilidade, quer sejam Contabilistas Certificados ou Técnicos / Assistentes de


Contabilidade, têm um papel fundamental e de extrema importância no seio empresarial.

Existe no entanto distinção na classificação profissional entre Contabilistas Certificados (CC) e Revisores Oficiais de
Contas (ROC).

• Ao Contabilista Certificado (CC) está confiada a função de planificar, organizar e coordenar a execução da
contabilidade;

• Ao ROC a responsabilidade de emitir uma opinião sobre se, as demonstrações financeiras apresentam ou não,
de forma verdadeira e apropriada, a posição financeira da empresa ou outra entidade.

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1. Contexto Contabilístico
Normalização Contabilística
Para que a informação fornecida pela Contabilidade tenha qualidade deve apresentar determinadas
características, tal como a compreensibilidade, isto é, a informação financeira deve ser harmonizada e
tendencialmente normalizada, de modo a permitir a comparabilidade na própria entidade ou noutras entidades.

A normalização contabilística, enquanto objetivo geral dos principais organismos reguladores, visa criar normas
contabilísticas o mais próximas possível, de modo a caminhar para a convergência dos vários sistemas
contabilísticos internacionais, de modo a que as empresas possam fornecer informações financeiras que sejam
compreensíveis a todos os utentes onde quer que estes se localizem.

Então podemos definir Normalização Contabilística como…


Conjunto de ações tendentes a criar pressupostos, características, normas contabilísticas, que permitam práticas
contabilísticas o mais homogéneas possível entre os diferentes países.

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1. Contexto Contabilístico

Normalização Contabilística em Portugal

Em Portugal existe desde 1974 a Comissão de Normalização Contabilística (CNC) que tem por missão emitir
normas e estabelecer procedimentos contabilísticas que estejam de acordo com as normas comunitárias e
internacionais tendo em vista a melhoria da qualidade financeira das entidades.

A CNC ao elaborar as normas tem em base um quadro de conceitos referencia definidos num documento
denominado Estrutura Conceptual (EC). Este documento não sendo uma norma, estabelece os alicerces básicos
subjacentes à preparação e apresentação das Demonstrações Financeiras.

Vantagens da Normalização Contabilística:

• Maior transparência
• Maior qualidade
• Maior comparabilidade entre empresas
• Similar às práticas contabilísticas internacionais.

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1. Contexto Contabilístico

Sistema Normalização Contabilística:

O modelo de normalização contabilística, que está em vigor, sucede ao


Plano Oficial de Contabilidade (POC) e é designado por Sistema de
Normalização Contabilística (SNC).

▪ O SNC entrou em vigor a 01/01/2010, Aprovado pelo Decreto-Lei n.º


158/2009 de 13 de Julho;

▪ Alterado e atualizado pelo Decreto-Lei n.º 98/2015 de 2 de Junho.

• CONTEXTO CON

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1. Contexto Contabilístico
Sistema Normalização Contabilística:

O SNC é um modelo de normalização assente mais em princípios do que


em regras explícitas e que se pretende, em sintonia com as normas
internacionais de contabilidade emitidas pelo International Accounting
Standards Board (IASB) e adotadas na União Europeia (UE) criar um corpo
coerente com a Quarta Diretiva e a Sétima Diretiva, principais instrumentos
de harmonização no domínio contabilístico na UE. Com a intensa
globalização de mercados e economias, o atual normativo contabilístico
aplicado em Portugal, permite atenuar as diferenças existentes com outros
países, designadamente da UE, em termos de relato económico-financeiro,
nomeadamente na informação relativa à situação financeira, ao
desempenho das entidades e respetivas alterações.

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1. Contexto Contabilístico
Sistema Normalização Contabilística:

A informação financeira produzida pelas entidades portuguesas quando aplicam o SNC tem a mesma filosofia, caraterísticas
e conceitos subjacentes ao normativo internacional e garante:

• A comparabilidade da informação - a informação financeira de uma empresa portuguesa pode facilmente ser comparada:

Comparabilidade

Espaço (entre
Tempo (relativa a
diferentes empresas
períodos anteriores)
europeias ou não)

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1. Contexto Contabilístico

Sistema Normalização Contabilística:

• A credibilidade — a informação financeira produzida com base em diferentes normas conduziria à divulgação de
informação dissemelhante e contribuiria para a sua dificuldade de compreensão ou, para o não cumprimento dos seus
objetivos;

• A minimização dos gastos - se uma empresa atuasse em vários países, e cada um tivesse o seu sistema contabilístico, tinha
que preparar tantas demonstrações financeiras quanto o número de sistemas contabilísticos que vigorassem nos países em
que atuasse, o que envolveria aumento dos gastos na preparação da informação financeira.

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2. Organização formal do SNC
O Sistema de Normalização Contabilística, é constituído por um conjunto de Normas Contabilísticas de Relato
Financeiro (NCRF) e de Normas Interpretativas (NI) que visam a adotar procedimentos em matéria de:

• Reconhecimento: definição de regras que determinam o registo contabilístico de factos e transações que afetam
a composição e os valores do Balanço e da Demonstração dos Resultados;

• Mensuração: relativa ao quanto e como se mede, em unidades monetárias, o valor a ser objeto do
reconhecimento, ou seja, como determinar as quantias que irão afetar o Balanço e a Demonstração dos
Resultados;

• Apresentação: em que parte das DF’s ou em que rubricas assim como, o detalhe ou agregação devem ser
publicadas as informações;

• Divulgação: quais as notas de teor qualitativo e quantitativo, de desenvolvimento, explicação, fundamentação e


complemento informativo para os utentes, devem ser incluídas no anexo.

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2. Organização formal do SNC
O SNC cria 2 níveis de estrutura normativa contabilística em função de dois fatores:
as necessidades de relato financeiro e a dimensão económica das empresas:

8.000.000 euros

4.000.000 euros

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2. Organização Formal do SNC
O Normativo Contabilística divide-se da seguinte forma:

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2. Organização Formal do SNC
Nos termos do DL n.º 98/2015, o SNC é de aplicação obrigatória às seguintes entidades:

• Sociedades abrangidas pelo Código das Sociedades Comerciais (CSC): Sociedades Anómimas (SA);
Sociedade por Quotas (Lda); etc

• Empresas individuais reguladas pelo Código Comercial (CC)

• Estabelecimentos individuais de responsabilidade limitada (EIRL)

• Empresas públicas que não se encontrem abrangidas pelo SNC para as Administrações Públicas

• Cooperativas

• Entidades do setor não lucrativo (ESNL)

• Agrupamentos complementares de empresas (ACE) e agrupamentos europeus de interesse económico (AEIE)

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2. Organização Formal do SNC

Ficam dispensadas:

• As pessoas singulares que, exercendo a título individual qualquer atividade comercial, industrial ou agrícola, não
realizem na média dos últimos três anos um volume de negócios (VN) líquidos superiores a 200.000€;

• Entidade do setor lucrativo cujo volume negócios liquido não exceda 150.000€ em nenhum dos dois períodos
anteriores.

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2. Organização Formal do SNC

Bases para apresentação das Demonstrações Financeiras (BADF)

Modelos de Demonstrações Financeiras (MDF)

Código de Contas (CC)

Normas Contabilísticas e de Relato Financeiro (NCRF)

Normas Contabilísticas e de Relato Financeiro para Pequenas Entidades (NCRF-PE)

Normas Interpretativas (NI)

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Atividade:
Descobre as 6
Bases das DF’s

22
Atividade:
Descobre as 6
Bases das DF’s

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2.1 Bases para as Demonstrações Financeiras
Estabelecem requisitos gerais que permitem assegurar a comparabilidade quer com a informação de
períodos anteriores quer com entidades de empresas do mesmo setor de atividade. São uma representação
estruturada da posição financeira (Balanço) e do desempenho financeiro ( Demonstração de Resultados) e
satisfazem as necessidades de todos os utentes que se relacionam com a entidade.

Qual o objetivo?
Gerar informação útil a uma vasta gama de utentes na tomada de decisões económicas.

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2.1 Bases para as Demonstrações Financeiras

O SNC estipula 6 Bases para apresentação de demonstrações financeiras (BADF):

1. Continuidade;

2. Regime de acréscimo (periodização económica);

3. Consistência de apresentação;

4. Materialidade e agregação;

5. Compensação;

6. Informação comparativa.

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2.1 Bases para as Demonstrações Financeiras

1. Continuidade:

As Demonstrações Financeiras devem ser preparadas no pressuposto de que a empresa é uma entidade em
continuidade; significa que não existem dúvidas significativas de que a entidade continuará a operar no
futuro previsível.

“Quando as demonstrações financeiras não sejam preparadas no pressuposto da continuidade, esse facto
deve ser divulgado, juntamente com os fundamentos.”

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2.1 Bases para as Demonstrações Financeiras

2. Regime de acréscimo (periodização económica):

Significa que os efeitos das transações e de outros acontecimentos são reconhecidos e relatados nas DF quando
ocorrem e não quando o dinheiro ou o seu equivalente é recebido ou pago.

A exceção é a Demonstração dos fluxos de caixa, que é preparada de acordo com o regime de caixa (entradas e
saídas de dinheiro e seus equivalentes).

3. Apresentação:

A apresentação e a classificação de itens nas DF devem ser mantidas de um período para outro. Salvo se uma
NCRF apresente uma alteração à apresentação já estabelecida.

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2.1 Bases para as Demonstrações Financeiras

4. Materialidade e agregação:

As quantias devem ser apresentadas de forma agregada, ou desagregada, por linhas de itens (rubricas),
na face das DF ou nas notas do Anexo, de acordo com o conceito de materialidade (um dos requisitos
da relevância da informação).

A regra é a agregação, efetuada para itens de natureza ou função semelhantes.

5. Compensação:

Significa que, regra geral, não deve haver compensação entre ativos e passivos e entre rendimentos e

gastos, exceto quando tal for exigido ou permitido por uma NCRF.

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2.1 Bases para as Demonstrações Financeiras

6. Informação comparativa:

Deve ser divulgada informação comparativa, com respeito ao período anterior, para todas as quantias

relatadas nas DF, exceto quando uma NCRF permita ou exija a apresentação de outra forma. Aplica-se

também à informação narrativa e descritiva e não só à informação quantitativa.

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2.1 Bases para as Demonstrações Financeiras
As Demonstrações financeiras apresentam informação acerca dos seguintes elementos:

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SISTEMA DE
NORMALIZAÇÃO
CONTABILÍSTICA

SESSÃO Nº3

UFCD 6214

ANA CLÁUDIA RIBEIRO


Resolução da atividade

Em que consiste a normalização contabilística?

Conjunto de ações tendentes a criar pressupostos, características, normas contabilísticas, que permitam práticas
contabilísticas o mais homogéneas possível, entre os diferentes países.

Quais as principais vantagens da normalização contabilística?

Maior transparência; Maior qualidade na informação financeira; Maior comparabilidade entre empresas; Similar às
práticas contabilísticas internacionais

O que significam as iniciais SNC? Sistema de Normalização Contabilística

Qual é a lei que aprova o SNC? Decreto-Lei n.º 158/2009 de 13 de Julho;

Quando é que a lei referida na resposta anterior entrou em vigor? 01 Janeiro de 2010

O SNC em que tipo de normas se baseia? NCRF; NCRF-PE; NC-ME; NCRF- ESNL

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O Justo Valor é a quantia pela qual um
ativo/passivo podia ser trocado/liquidado, entre
partes conhecedoras e dispostas a isso numa
transação em que não existe relacionamento entre
elas.

Deve ser atribuído com base num mercado ativo


por isso é considerado um preço fidedigno,
equitativo e imparcial.

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2. Organização Formal do SNC

Bases para apresentação das Demonstrações Financeiras (BADF)

Modelos de Demonstrações Financeiras (MDF)

Código de Contas (CC)

Normas Contabilísticas e de Relato Financeiro (NCRF)

Normas Contabilísticas e de Relato Financeiro para Pequenas Entidades (NCRF-PE)

Normas Interpretativas (NI)

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2.2 Modelos das Demonstrações Financeiras
Um conjunto completo de Demonstrações Financeiras, incluí:

Demonstração dos
Resultados por
Balanço
Natureza / Funções
é facultativo

Demonstração das
Demonstração dos
alterações no
Fluxos de Caixa
Capital Próprio

Anexo

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2.2 Modelos das Demonstrações Financeiras

Balanço: proporciona informação acerca


da posição financeira da empresa/entidade
que é afetada pelos recursos económicos
que ela controla, pela sua estrutura
financeira, pela sua liquidez e solvência e
pela sua capacidade de se adaptar às
alterações no ambiente que opera.

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2.2 Modelos das Demonstrações Financeiras
Também se pode dizer que o balanço é a
expressão da relação existente entre o Ativo,
Passivo e a Situação Líquida.

Os bens e os direitos de uma empresa são


denominados elementos patrimoniais Ativos e o
seu conjunto constitui a massa patrimonial
designada por Ativo (A).

É um recurso controlado pela entidade como


resultado de acontecimentos passados e do
qual se espera que fluam para a entidade
benefícios económicos futuros.

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2.2 Modelos das Demonstrações Financeiras
As obrigações são, também, denominadas elementos patrimoniais Passivos e o seu conjunto
constitui a massa patrimonial designada por Passivo (P). É uma obrigação presente da entidade
proveniente de acontecimentos passados, da liquidação da qual se espera que resulte um exfluxo
de recursos da entidade incorporando benefícios económicos.

Situação Líquida (Património ou Capital Próprio) representa o que a empresa dispõe depois de
pagar as suas dívidas.

CAPITAL PRÓPRIO = BENS + DIREITOS - OBRIGAÇÕES

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2.2 Modelos das Demonstrações Financeiras

Apresentação do Balanço

As contas do Ativo Não Corrente registam-se no topo do 1º membro do Balanço e são


ordenadas, colocando em 1º lugar as contas que representam os bens que, em princípio,
permanecem mais tempo na empresa.

➢ A sua natureza é de médio-longo prazo (superior a 1 ano)

➢ Inclui: Ativos fixos tangíveis, Ativos fixos intangíveis, Propriedades de investimento,


Investimentos financeiros, etc…

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2.2 Modelos das Demonstrações Financeiras

Apresentação do Balanço

As contas do Ativo Corrente, registam-se imediatamente a seguir ao Ativo Não Corrente:

➢ A sua natureza é de curto prazo, ou seja, espera-se que seja realizado, ou pretende-se que seja
vendido ou consumido no decurso normal do ciclo operacional da entidade, num período até 12
meses após a data do Balanço;

➢ Sejam detidos essencialmente com a finalidade de serem negociados;

➢ Inclui: Inventários (stocks), Dívidas de Clientes, do Estado e outros, Caixa, D.O, etc…

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2.2 Modelos das Demonstrações Financeiras
Apresentação do Balanço
As contas da Situação Líquida (Capital Próprio) segue-se à rubrica do Ativo e são ordenadas pela formação histórica
dos seus valores.

➢ Incluí: Capital Subscrito, Reservas Legais, Outras Reservas e Resultados Transitados.

As contas do Passivo registam-se a seguir à da Situação Líquida, por ordem decrescente de exigibilidade, ou seja, as
contas que representam as dívidas a liquidar com maior urgência são descritas em último lugar.

➢ Passivo não corrente: O prazo original das dívidas tenha sido por um período superior a 12 meses. Inclui:
Financiamentos obtidos de médio-longo prazo, etc.
➢ Passivo corrente: Espera-se que as dívidas sejam liquidadas durante o ciclo operacional da entidade, até 12 meses
após a data do balanço. Inclui: Fornecedores, Estado e outros entes públicos, Financiamentos obtidos, outras contas
a pagar, etc…

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2.2 Modelos das Demonstrações Financeiras

O Balanço ( e todos os modelos das DF’s) são compostos pelos seguintes elementos de
identificação:

➢ Nome da entidade que relata;

➢ Identificação do balanço individual ou consolidado (grupo);

➢ Data do balanço ou o período coberto pelas DF’s;

➢ Moeda de relato e o nível de arredondamento;

Período de relato: o balanço deve ser apresentado pelo menos anualmente.

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2.2 Modelos das Demonstrações Financeiras

Requisitos de elaboração das DF’S:

Uniformidade Sinceridade Consistência

Exatidão Integralidade Clareza

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2.2 Modelos das Demonstrações Financeiras

Demonstração dos Resultados: proporciona


a informação respeitante ao desempenho de
uma entidade, a fim de avaliar a sua
performance e em particular a sua lucratividade.

Ou seja, representa todos os gastos que uma


empresa suporta durante um ano para
prosseguir a sua atividade, bem como os
rendimentos que obtém com a venda da sua
produção.

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2.2 Modelos das Demonstrações Financeiras
Demonstração dos Resultados

Rendimentos:

➢ São aumentos nos benefícios económicos durante o período contabilístico na forma de influxos ou aumentos de
ativos ou diminuições de passivos que resultem em aumentos no capital próprio, que não sejam os relacionados com
as contribuições dos participantes no capital próprio. São os réditos e ganhos de uma atividade.

Gastos:

➢ São diminuições nos benefícios económicos durante o período contabilístico na forma de exfluxos ou diminuição de
ativos ou aumentos de passivos que resultem em diminuições do capital próprio, que não sejam as relacionadas com
distribuições aos participantes no capital próprio. São as perdas e outros gastos de uma atividade.

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2.2 Modelos das Demonstrações Financeiras

Demonstração dos Resultados

Consoante a forma como esses gastos e rendimentos são classificados, uma demonstração de resultados pode
ser por natureza ou por funções.

➢ No primeiro caso, são agrupados pela sua própria natureza (custos das mercadorias vendidas, gastos com o
pessoal, impostos, vendas, subsídios, outros gastos e perdas, etc.). Uma demonstração de resultados deste
tipo permite determinar o resultado líquido desse exercício (lucro ou prejuízo apurado).

➢ Já no caso da demonstração de resultados por funções (facultativo), a agregação dos valores é efetuada tendo
em conta a função da empresa que originou os gastos e os rendimentos: teremos então, entre outros, gastos
de distribuição, administrativos, financeiros, proveitos financeiros ou extraordinários.

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2.2 Modelos das Demonstrações Financeiras

Demonstração dos Fluxos de caixa:


Proporciona a informação respeitante às
alterações na posição financeira de uma
entidade, a fim de avaliar as suas atividades
de investimento, de financiamento e
operacionais durante o período de relato.

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2.2 Modelos das Demonstrações Financeiras
Fluxos de Caixa dividem-se em três grupos:

➢ Operacionais: Refere-se aos pagamentos correntes da entidade. Ou seja, as receitas e despesas decorrentes da
operação do negócio. Exemplos: pagamento de fornecedores, salários, impostos e outros gastos operacionais.

➢ Investimento: Apresentam as transações relacionadas aos investimentos da empresa. Exemplos: compra e venda
de ativos fixos (imóveis, equipamentos, veículos), investimentos em outras empresas, aquisição de participações
societárias.

➢ Financiamento: Apresentam transações financeiras relacionadas com o financiamento da empresa. Exemplos:


empréstimos bancários, pagamento de dividendos, amortização de empréstimos, pagamento de juros, etc.

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2.2 Modelos das Demonstrações Financeiras

Demonstração das alterações de capital próprio: proporciona a informação das alterações ocorridas no capital
próprio, designadamente, quais os resultados gerados e quais as reservas que são distribuíveis.

Anexo: a informação que consta das outras quatro componentes das demonstrações financeiras, reveste natureza
quantitativa. No anexo a informação é maioritariamente qualitativa, é apresentada sob a forma narrativa e articula-se
com as demais componentes das demonstrações financeiras por via de uma coluna que consta no modelo das
demais componentes das demonstrações financeiras.

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Resumo

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2.2 Modelos das Demonstrações Financeiras

As entidades que deverão recorrer à consulta das demonstrações financeiras são:

• Acionistas / Investidores

• Trabalhadores

• Entidades Financeiras

• Fornecedores e outros credores

• Clientes

• Governo

• Público

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2.2 Modelos das Demonstrações Financeiras
As entidades que deverão recorrer a estas demonstrações financeiras são:

• Acionistas / Investidores: aplicam o seu capital na empresa e necessitam de informação financeira para a tomada de
decisão em comprar , deter ou vender a sua participação na empresa.

• Entidades Financeiras: informação que lhes permita avaliar a capacidade de cumprimento dos pagamentos relativos a
empréstimos concedidos.

• Fornecedores e outros credores: informação sobre a liquidez dos seus clientes.

• Clientes: destinatários da produção ou dos serviços da empresa e necessitam de informação financeira para
determinar se podem continuar a rececionar os produtos que necessitam em tempo útil.

• Governo: cobram impostos à empresa ficando com uma parte do valor da sua produção/ serviços e necessitam de
informação financeira para determinar políticas de cobrança de impostos e regular a atividade económica exercida.

• Público: Informação sobre as tendências e desenvolvimento das atividades empresariais.

52
2.2 Modelos das Demonstrações Financeiras

Em resumo:

Os Modelos de Demonstrações Financeiras têm como objetivo proporcionar informações sobre a posição
financeira, o desempenho e as alterações na posição financeira/capital da empresa.

Podemos afirmar ainda que os modelos de demonstrações financeiras servem para facilitar a compreensão
e leitura da situação patrimonial de uma entidade em determinado momento, ao mesmo tempo que
auxiliam e apoiam a direção da empresa, sócios, acionistas e outros interessados, na tomada de decisões
como na divulgação de informação.

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2.3 Código de Contas
Este instrumento contabilístico (Código de Contas), embora inserido no contexto do SNC e de aplicação
obrigatória para as entidades a ele sujeitas, poderá, também, ser utilizado pelas entidades que apliquem
as Normas Internacionais de Contabilidade.

O Código de Contas é composto pelos seguintes componentes:

• Quadro Síntese de Contas;

• Código de Contas;

• Notas de enquadramento.

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2.3 Código de Contas
Contas de Balanço

Classe 1 – Meios Classe 2 – Contas a Classe 3 – Inventários


financeiros líquidos receber e a pagar e ativos biológicos

Classe 5 – Capital,
Classe 4 –
Reservas e Resultados
Investimentos
transitados

55
2.3 Código de Contas
Contas de Demonstração dos Resultados

Classe 7 – Rendimentos
Classe 6 – Gastos

Classe 8 – Resultados

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2.3 Código de Contas
• Classe 1 – Meios financeiros líquidos:

Esta classe destina-se a registar os meios financeiros líquidos que incluem, quer o dinheiro e depósitos bancários quer
todos os ativos ou passivos financeiros mensurados ao justo valor.

• Classe 2 – Contas a receber e a pagar:

Esta classe destina-se a registar as operações relacionadas com clientes, fornecedores, pessoal, Estado e outros entes
públicos, financiadores, acionistas, bem como outras operações com terceiros que não tenham cabimento nas contas
anteriores ou noutras classes específicas.

Incluem-se, ainda, nesta classe, os diferimentos (para permitir o registo dos gastos e dos rendimentos nos períodos a
que respeitam) e as provisões.

57
2.3 Código de Contas
• Classe 3 – Inventários e Ativos Biológicos:

Esta classe integra os inventários e ativos biológicos. Consideram-se inventários todos os bens armazenáveis adquiridos
ou produzidos pela empresa e que se destinam à venda ou a serem incorporados na produção.

Ativos biológicos (animais e plantas vivos).

• Classe 4 – Investimentos:

Entende-se por Investimentos os elementos patrimoniais ativos, tangíveis (com existência física) ou intangíveis (sem
existência física), que a entidade utiliza com carater duradouro como meios para a realização dos seus objetivos
económicos.

58
2.3 Código de Contas
• Classe 5 – Capital, Reservas e Resultados Transitados:

Representativa do capital, dando a conhecer o valor que “resta” para investidores, após realizado todo o ativo e
liquidado todo o passivo. Por isso, na estrutura conceptual do SNC refere-se que o “Capital próprio é o interesse
residual nos ativos da entidade depois de deduzir todos os seus passivos.”

• Classe 6 – Gastos:

Esta classe inclui os gastos respeitantes ao período, tais como: CMVMC; FSE’s, gastos com pessoal, gastos de
depreciação e amortização , etc.

59
2.3 Código de Contas
• Classe 7 – Rendimentos:

Esta classe inclui os rendimentos e ganhos respeitantes ao período. A definição de rendimentos engloba quer réditos
quer ganhos.

• Classe 8 – Resultados:

Esta classe destina-se a apurar o resultado líquido do período, podendo ser utilizada para auxiliar a determinação do
resultado, tal consta na Demonstração das Alterações de Capital Próprio.

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Palavras Cruzadas

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SISTEMA DE
NORMALIZAÇÃO
CONTABILÍSTICA

SESSÃO Nº4

UFCD 6214

ANA CLÁUDIA RIBEIRO


2. Organização Formal do SNC

Bases para apresentação das Demonstrações Financeiras (BADF)

Modelos de Demonstrações Financeiras (MDF)

Código de Contas (CC)

Normas Contabilísticas e de Relato Financeiro (NCRF)

Normas Contabilísticas e de Relato Financeiro para Pequenas Entidades (NCRF-PE)

Normas Interpretativas (NI)

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2.4 Normas Contabilísticas de Relato Financeiro (NCRF)

NCRF

• As NCRF constituem o núcleo central do SNC, tendo sido adaptadas a partir das normas
internacionais de contabilidade (IAS) e das normas internacionais de relato financeiro (IFRS),
emitidas pelo International Accounting Standards Board (IASB), adotadas pela UE.

• Cada uma delas constitui um instrumento de normalização onde, de modo desenvolvido, se


prescrevem os vários tratamentos técnicos a adotar em matéria de reconhecimento, de mensuração,
de apresentação e de divulgação da realidade económica e financeira das entidades.

• Estas normas são propostas pela CNC e publicadas através de avisos no Diário da República, depois
de homologadas pelo Governo.

64
2.4 Normas Contabilísticas de Relato Financeiro (NCRF)
NCRF VS IFRS

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2.4 Normas Contabilísticas de Relato Financeiro (NCRF)
• Consideram-se médias entidades aquelas que, à data do balanço, não ultrapassem dois dos três
limites seguintes:

1) Total do balanço: 20.000.000€


2) Volume de negócios líquido: 40.000.000€
3) Número médio de empregos: 250

• Consideram-se grandes entidades aquelas que, à data do balanço ultrapassem os limites anteriores.

• Não obstante, as entidades de interesse público são consideradas grandes entidades,


independentemente do seu volume negócios líquido, do total do balanço ou, do número médio de
empregados do período.

66
2.4 Normas Contabilísticas de Relato Financeiro (NCRF-PE)

NCRF – PE

• A NCRF-PE deve ser aplicada pelas entidades que cumpram os requisitos sobre pequenas entidades,
desde que não optem por aplicar o conjunto completo das Normas Contabilísticas e de Relato
Financeiro (NCRF).

• Ou seja, esta norma é destinada a entidades de pequena dimensão e com necessidades de relato
mais reduzidas, cujos capítulos correspondem a “resumos” de cada uma das NCRF que se entendeu
serem mais relevantes para o universo das pequenas entidades nacionais a quem se aplicará o SNC.

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2.4 Normas Contabilísticas de Relato Financeiro (NCR- PE)

NCRF – PE

• Aplicam-se as NCRF 1,3,4,6,7,9,10,18,20,21,22,23,25,27 e 28.

• Assim, a opção pela adoção da NCRF-PE, em detrimento das 28 NCRF, está condicionada à não
ultrapassagem de 2 dos 3 limites seguintes:

1) Total do balanço: 4.000.000€


2) Volume de negócios líquido: 8.000.000€
3) Número médio de empregos: 50

68
2.4 Normas Contabilísticas de Relato Financeiro (NCR- PE)

NCRF – PE
Os limites definidos operam do seguinte modo:

• Quando os limites sejam ultrapassados, a opção deixa de poder ser exercida a partir do segundo
exercício seguinte, inclusive, ao da ultrapassagem desses limites;

• Analogamente, no caso de uma entidade que venha adotando as NCRF completas, e ocorrendo uma
redução nos seus indicadores pode exercer a opção de adoção da NCRF-PE a partir do segundo
exercício seguinte, inclusive, àquele em que se verificou a redução.

69
2.4 Normas Contabilísticas de Relato Financeiro (NCR- PE)

Em síntese: A adoção da NCRF – PE, não é uma imposição mas sim uma
opção, podendo sempre as entidades, qualquer que seja a sua dimensão,
aplicar o conjunto completo de NCRF.

70
2.4 Normas Contabilísticas para Microentidades (NC-ME)

NC - ME

• Esta norma é um regime especial simplificado das normas e informações contabilísticas em vigor,
aplicáveis às designadas microentidades.

• São microentidades as entidades que, à data do balanço, não ultrapassem 2 dos 3 limites
seguintes:

1) Total do balanço: 350.000€


2) Volume de negócios líquido: 700.000€
3) Número médio de empregos: 10

71
Normas Supletivas
Sempre que uma Norma não responda a aspetos particulares que se coloquem a dada entidade em
matéria de contabilização ou relato financeiro de transações ou situações, ou a lacuna em causa seja de
tal modo relevante que o seu não preenchimento impeça o objetivo de ser prestada informação que,
de forma verdadeira e apropriada, traduza a posição financeira numa certa data e o desempenho para
o período abrangido, a entidade deverá recorrer, tendo em vista tão-somente a superação dessa
lacuna, supletivamente e pela ordem indicada:

IAS/IFRS

NCRF
NCRF
-PE
72
Em Resumo

73
Exercícios

Exercício 1:

A sociedade IPCA vinha a adotar o regime das pequenas entidades. Contudo, no


período de 2022, o encerramento do estabelecimento de um seu concorrente direto
levou a que a mesma captasse a quase totalidade dos seus clientes, o que a obrigou a
admitir mais alguns trabalhadores. Perante esse facto, o seu volume de negócios foi de
cerca de 5.000.000 de euros e o seu quadro de pessoal atingiu os 60 efetivos.

• A partir de quando deixa de poder optar pela NCRF-PE e qual o normativo a aplicar?

A partir de 01 de Janeiro de 2024 a sociedade IPCA deixa de adotar o NCRF-


PE, passando a adotar as normas gerais – NCRF.

74
Exercícios
Exercício 2:

Uma empresa XPTO, apresentou no final do ano de 2020 os seguintes resultados: total do balanço 473 727,77€;
Volume de Negócios de 584 557,20€ e tinha 5 empregados. Devido à sua internacionalização, o seu negócio
cresceu significativamente e em 2021 obteve os seguintes resultados: total do balanço: 5.000.000€; Volume de
negócios 8.500.000€ e o número de empregos manteve-se. Perspetiva-se que em 2022 os valores se mantenham.

• Em 2020 a empresa XPTO:

a) Pode adotar a NCRF-PE;

b) Deve adotar a NC-ME, sem prejuízo da opção pela aplicação das 28 NCRF

c) Deve adotar a NCRF-PE Em 2020 a empresa ultrapassa o limite do total do balanço


mas não ultrapassa o volume de negócios nem o nº de
empregados. Classifica-se como microentidade, e por isso,
d) Nenhumas das anteriores deve adotar as NC-ME salvo, opte por adotar as normas
gerais (NCRF).
Atenção: pode também aplicar por opção as NCRF-PE (ver
quadro resumo, slide 12).
75
• No período de 2023, a entidade:
Resumo:
2020: classifica-se como microentidade
a) Está impedida de adotar a NC-ME 2021 e 2022: ultrapassa 2 dos 3 limites (Balanço e VN) para ser
classificada como pequena entidade. Por isso, passamos à categoria
b) Pode adotar a NCRF-PE seguinte -> média entidade.
Nas médias entidades, a empresa não ultrapassa 2 dos 3 limites. Desta
forma, no ano de 2023 ela seria classificada como média entidade e
c) Deve adotar NC-ME aplica as 28 normas gerais (NCRF) e por isso estaria impedida de usar as
NC-ME
d) Nenhumas das anteriores

• Supondo que em 2024 e 2025 o negócio começa a entrar em crise e existe uma redução nos seus
indicadores classificando-se em 2026 como uma microentidade. Esta entidade poderia voltar a adotar NC-
ME?

a) Sim

b) Não

76
Exercício 3:
Perante os dados apresentados, pretende-se que:

a) Categorize o tipo de entidade; Ultrapassa o limite do balanço e o número médio de


empregados das médias entidades, logo é grande entidade.

b) Qual o normativo contabilístico que, segundo o artº9 do DL Nº158/2009 deverá ser


adotado; NCRF

c) Quais as demonstrações financeiras que a entidade deverá apresentar.

Total do Balanço 25.000.000€

Total do Volume de Negócios líquido 35.000.000€

Numério médio de empregados 260

77
78
Normas Interpretativas (NI)

As Normas Interpretativas (NI) são criadas para esclarecimento e orientação sobre o conteúdo dos restantes
instrumentos integrantes do SNC, sempre que tal se justifique. Pelo que são publicadas como Aviso no Diário da
República.

Norma interpretativa 1: Consolidação-Entidades de Finalidades Especiais;

Norma interpretativa 2: Uso de técnicas de Valor presente para Mensurar o Valor de uso.

79
Estrutura Conceptual – (EC)

Para que serve uma estrutura conceptual?


• É um guia para o estabelecimento de normas de
contabilidade;
• É uma referência para a resolução de questões
específicas na ausência de normas concretas;
• Permite determinar fronteiras para o julgamento na
preparação das DF;
• Aumenta o conhecimento e confiança dos utilizadores
das demonstrações financeiras;
• Permite potenciar a comparabilidade.

80
81
Como se organiza a Estrutura Conceptual?
• Finalidade das DF
• Utentes e necessidades de informação Finalidade: (§2 a 4)
✓ Ajudar os preparadores das DF’s na
• Objetivos das DF aplicação das NCRF
✓ Ajudar a formar opinião sobre a aderência
• Características qualitativas das DF às NCRF;
• Mensuração dos elementos das DF ✓ Ajudar a interpretar o conteúdo das DF
preparadas.
• Capital e Manutenção de capital

82
Como se organiza a Estrutura Conceptual?

• Objetivos das DF’s: • Características qualitativas:

São referidas dez na estrutura concetual,


sendo que as quatro principais, são:
i. Compreensibilidade
ii. Relevância
iii. Fiabilidade
iv. Comparabilidade

83
Como se organiza a Estrutura Conceptual?

• Compreensibilidade:

Uma qualidade essencial da informação proporcionada nas demonstrações financeiras é a de que ela
seja rapidamente compreensível pelos utentes. Nestes caso, presume-se que os utentes tenham um
razoável conhecimento das atividades empresariais, económicas e da contabilidade.

• Relevância:

Para ser útil, a informação tem de ser relevante para a tomada de decisões dos utentes. A informação
tem a qualidade da relevância quando influencia as decisões económicas dos utentes ao ajudá-los a
avaliar os acontecimentos passados, presentes ou futuros ou confirmar, ou corrigir, as suas avaliações
passadas.

84
Como se organiza a Estrutura Conceptual?
• Materialidade:

A relevância da informação é afetada pela sua natureza e materialidade. Nalguns casos, a natureza da
informação é por si mesma suficiente para determinar a sua relevância.

A materialidade depende da dimensão do item ou do erro julgado nas circunstâncias particulares da sua
omissão ou distorção.

• Fiabilidade:

A informação tem a qualidade da fiabilidade quando estiver isenta de erros materiais e de preconceitos,
e os utentes dela possam depender ao representar fidedignamente o que ela pretende representar ou
pode razoavelmente esperar-se que represente.

85
Como se organiza a Estrutura Conceptual?
Para que as demonstrações financeiras sejam fiáveis:

• Representação fidedigna:
A informação deve representar fidedignamente as transações e outros acontecimentos que ela
pretende representar ou possa razoavelmente esperar-se que represente.

• Substancia sobre a forma

É necessário que os movimentos sejam contabilizados e apresentados de acordo com a sua substância
e realidade económica e não meramente com a sua forma legal. A substância das transações ou de
outros acontecimentos nem sempre é consistente com a que é mostrada pela sua forma legal ou
idealizada.

86
Como se organiza a Estrutura Conceptual?
Para que as demonstrações financeiras sejam fiáveis:

• Neutralidade:

A informação contida nas demonstrações financeiras tem de ser neutra, isto é, livre de preconceitos. As
demonstrações financeiras não são neutras se, por via da seleção ou da apresentação da informação, elas
influenciarem a tomada de uma decisão ou um juízo de valor a fim de atingir um resultado ou um efeito
predeterminado.

• Prudência:

Os preparadores das demonstrações financeiras têm, porém, de lutar com as incertezas que inevitavelmente
rodeiam muitos acontecimentos e circunstâncias, tais como a cobrabilidade duvidosa de dívidas a receber, a
vida útil provável de instalações e equipamentos e o número de reclamações de garantia que possam ocorrer.

87
Como se organiza a Estrutura Conceptual?
Para que as demonstrações financeiras sejam fiáveis:

• Plenitude:

A informação nas demonstrações financeiras deve ser completa dentro dos limites de materialidade e de
custo. Uma omissão pode fazer com que a informação seja falsa ou enganadora e por conseguinte não fiável e
deficiente em termos da sua relevância.

• Comparabilidade:

Os utentes têm de ser capazes de comparar as demonstrações financeiras de uma entidade ao longo do
tempo a fim de identificar tendências na sua posição financeira e no seu desempenho.

Os utentes têm também de ser capazes de comparar as demonstrações financeiras de diferentes entidades a
fim de avaliar de forma relativa a sua posição financeira, o seu desempenho e as alterações na posição
financeira.
88
Como se organiza a Estrutura Conceptual?
• Mensuração dos elementos das demonstrações financeiras

É o processo de determinar as quantias monetárias através das quais os elementos das demonstrações financeiras são
reconhecidos e mostrados nas mesmas. Contribui para alcançar os objetivos de relato financeiro e proporcionar
informação que permite aos utilizadores avaliarem:

➢ O custo dos serviços fornecidos nos períodos corrente e anterior;

➢ A capacidade operacional - capacidade da entidade fornecer os serviços nos períodos futuros através da utilização de
recursos físicos e outros recursos; e

➢ A capacidade financeira - a capacidade da entidade de financiar as suas atividades.

Mensuração:

Custo Custo Valor Valor


Justo valor
histórico corrente realizável presente
89
Como se organiza a Estrutura Conceptual?
• Capital e manutenção de capital:
Conceito de capital

Financeiro – sinónimo de ativos líquidos ou de capital próprio da entidade.


Físico – é visto como a capacidade produtiva da entidade baseada, por exemplo, em unidades de produção diária.

Manutenção de capital E MANUTENÇÃO DE CAPITAL

Um lucro só é obtido se a quantia financeira (ou em dinheiro) dos ativos líquidos no fim do período contabilístico
exceder a quantia financeira (ou em dinheiro) dos ativos líquidos no começo do período, depois de excluir
contribuições dos detentores do capital.

90
SISTEMA DE
NORMALIZAÇÃO
CONTABILÍSTICA

SESSÃO Nº5

UFCD 6214

ANA CLÁUDIA RIBEIRO


Exercícios
Exercício 2:

Uma empresa XPTO, apresentou no final do ano de 2020 os seguintes resultados: total do balanço 473 727,77€;
Volume de Negócios de 584 557,20€ e tinha 5 empregados. Devido à sua internacionalização, o seu negócio
cresceu significativamente e em 2021 obteve os seguintes resultados: total do balanço: 5.000.000€; Volume de
negócios 8.500.000€ e o número de empregos manteve-se. Perspetiva-se que em 2022 os valores se mantenham.

• Em 2020 a empresa XPTO:

a) Pode adotar a NCRF-PE;

b) Deve adotar a NC-ME, sem prejuízo da opção pela aplicação das 28 NCRF

c) Deve adotar a NCRF-PE Em 2020 a empresa ultrapassa o limite do total do balanço


mas não ultrapassa o volume de negócios nem o nº de
empregados. Classifica-se como microentidade, e por isso,
d) Nenhumas das anteriores deve adotar as NC-ME salvo, opte por adotar as normas
gerais (NCRF).
Atenção: pode também aplicar por opção as NCRF-PE (ver
quadro resumo, slide 12).
92
• No período de 2023, a entidade:
Resumo:
2020: classifica-se como microentidade
a) Está impedida de adotar a NC-ME 2021 e 2022: ultrapassa 2 dos 3 limites (Balanço e VN) para ser
classificada como pequena entidade. Por isso, passamos à categoria
b) Pode adotar a NCRF-PE seguinte -> média entidade.
Nas médias entidades, a empresa não ultrapassa 2 dos 3 limites. Desta
forma, no ano de 2023 ela seria classificada como média entidade e
c) Deve adotar NC-ME aplica as 28 normas gerais (NCRF) e por isso estaria impedida de usar as
NC-ME
d) Nenhumas das anteriores

• Supondo que em 2024 e 2025 o negócio começa a entrar em crise e existe uma redução nos seus
indicadores classificando-se em 2026 como uma microentidade. Esta entidade poderia voltar a adotar NC-
ME?

a) Sim

b) Não

93
Conceitos Contabilísticos

PATRIMÓNIO INVENTÁRIO

94
Património

• É um conjunto de bens, direitos e obrigações, deviamente valorizados/mensurados,


pertencentes a uma pessoa, num determinado momento.

• Este conceito de património é transversal a qualquer pessoa singular e/ou coletiva (empresas).

• Desta forma, o património de uma empresa é um conjunto de valores que decorrem da


atividade, sendo que a sua composição não conta apenas com edifícios, numerário,
mercadorias e outros equipamentos. Isto é, a empresa no decorrer da sua atividade também
estabelece várias relações que originam direitos (dívidas a receber) e obrigações (dívidas a
pagar) que também são parte integrante do património.

95
Património

Bens Direitos Obrigações

Casa, dinheiro,
automóvel, computador, Créditos da empresa, Dívida ao banco, dívida
mobiliário diverso; dívida de um cliente; a um fornecedor.

ATIVO ATIVO PASSIVO

VALOR PATRIMÓNIO = BENS + DIREITOS - OBRIGAÇÕES

96
Património

• A expressão numérica do Património designa-se:

Situação Líquida Capital Próprio Património Líquido

• A situação patrimonial pode ser classificada da seguinte forma:

Diz-se Situação Líquida Ativa (positiva), quando o valor do Ativo é superior ao valor do Passivo;

Diz-se Situação Líquida Nula ( =0 ), quando o valor do Ativo é igual ao valor do Passivo;

Diz-se Situação Líquida Passiva (Negativa), quando o valor do Ativo é inferior ao valor do Passivo.

97
Património
Ao longo da vida de uma empesa o património vai sofrendo alterações ao longo do tempo. Estas
alterações podem estar relacionadas com dois tipos de acontecimentos que constituem os factos
patrimoniais:

• Normais: Exemplo -> compras, vendas, pagamentos, recebimentos, …

• Extraordinários: Exemplo -> incêndios, roubos, quebras, …

Quando nos referimos a factos patrimoniais, estamos, portanto, a falar de algo que implica variações
no património. Estes podem ser:

• Factos permutativos ou qualitativos : Variação da composição património.

• Factos modificativos ou quantitativos: Variação da composição e do valor do património.

98
Património

• Factos permutativos ou qualitativos : quando se verifica apenas uma alteração na composição


do património , mantendo se o seu valor. Exemplos: compra de mercadorias, depósito
bancário, aquisição de um equipamento.

• Factos modificativos ou quantitativos: quando implica uma alteração no valor e na


composição do património . Neste tipo de factos estão incluídos todos as operações que
representem lucro ou prejuízo para a empresa, bem como aquelas que são reconhecidas,
diretamente, no capital próprio. Exemplos: venda de mercadoria com lucro, venda de um
investimento com valor diferente do valor escriturado, aumento de capital.

99
Exercício prático

100
Exercício prático
Resolução

101
Exercício prático
Resolução

102
Inventário

A definição de inventário é apresentada pela Norma de


Contabilidade e de Relato Financeiro 18 (NCRF 18) e
podemos dizer que é uma listagem dos elementos
patrimoniais (ativos) com indicação do preço unitário,
quantidade e respetivo valor.

Fases do Inventário:
• Identificação: verificação dos elementos patrimoniais
existentes.
• Descrição e Classificação: repartição dos elementos pelas
contas/classes a quem dizem respeito.
• Valorização: atribuição de um valor a cada elemento
patrimonial 103
Inventário
Quando se elabora um inventário é necessário:
• Identificar quais os elementos patrimoniais existentes (ativos);

• Estabelecer qual o seu valor;


• Classificar os elementos patrimoniais e identificar onde se enquadram (ativo tangível,
mercadoria; modelo, marca, estado de conservação, ano de fabricação)
• Dependendo da dimensão da empresa, a contagem física dos bens do inventário pode ser
registada manualmente ou com recurso a registos informáticos;

Objetivo da realização do Inventário:

Saber o que existe na empresa e onde está armazenado, controlando assim eventuais

extravios/perdas, controlo de stock, garantindo a sua disponibilização em caso de necessidade

imediata.

104
Inventário

Necessidade de existência de inventários:


• Evitar stocks excessivos;

• Evitar quebras stock;


• Evitar a pouca rotatividade do produto;
• Cobrir antecipadamente as flutuações da procura (sazonais);

• Controlo rigoroso das entradas e saídas


• Entre outros…

105
Inventário
Cada empresa tem a responsabilidade de escolher a forma de inventário que mais se adequa às
suas necessidades, a periodicidade do mesmo ( inventário permanente ou intermitente), ou as
tecnologias de suporte (folha de cálculo, tipo Excel ou programa de software de gestão, entre
outros).

A empresa fica ainda obrigada a comunicar à AT, no início do ano civil, até 31 de Janeiro, o seu
inventário.

• Os inventários podem ser:

106
Inventário
Para a contabilização dos inventários as empresas podem usar 2 métodos:

• Sistema de Inventário Permanente (SIP):

O sistema de inventário permanente consiste na identificação dos bens quanto à sua natureza,
quantidade e custos unitários e globais, por forma a permitir a verificação, a todo o momento, da
correspondência entre as contagens físicas e os respetivos registos contabilísticos.

No SIP é possível determinar o valor dos stocks em armazém e apurar a qualquer momento o
resultado obtidos nas vendas ou na produção.

Resultados Bruto das Vendas = VENDAS LÍQUIDAS – CMVMC

107
Inventário
Sistema de Inventário Permanente (SIP):

Desde o período de 2016 que as entidades abrangidas pelo Sistema de Normalização Contabilístico
(SNC) ou pelas normas internacionais de contabilidade adotadas pela UE estão obrigadas à adoção
do sistema de Inventário Permanente.

Esta obrigação aplica-se às empresas que, à data do balanço, ultrapassem 2 dos 3 seguintes critérios:

a) Total do balanço: 350 000€;

b) Volume de negócios líquido: 700 000€;

c) Número médio de empregados durante o período: 10.

108
Inventário

Existem exceções à obrigação de adoção do Inventário Permanente?

Sim, as microentidades ficam dispensadas desta obrigação.

Neste domínio, consideram-se microentidades aquelas que, à data do balanço, não ultrapassem dois
dos três limites seguintes:

a) Total do balanço: 350 000 €;

b) Volume de negócios líquido: 700 000€;

c) Número médio de empregados durante o período: 10.

109
Inventário
Existem exceções à obrigação de adoção do Inventário Permanente?

Assim como:

• Atividades de agricultura, produção animal, apicultura e caça;

• Silvicultura e exploração florestal;

• Indústria piscatória e aquicultura;

• Empresas de prestações de serviços (quando não excedam, no período de um exercício, os


300.000 euros de custo das mercadorias vendidas e das matérias consumidas nem 20% dos
custos operacionais);

• Pontos de venda e pequeno retalho (quando não excedam no seu conjunto, no período de um
exercício, os 300.000 euros em vendas nem 10% das vendas globais).

110
Inventário
Para a contabilização dos inventários as empresas podem usar 2 métodos:

• Sistema de Inventário Intermitente (SII)

Este sistema não permite que as empresas conheçam a qualquer momento, tanto o valor dos inventários em
armazém, como o custo das mercadorias vendidas e matérias consumidas e ainda o resultado obtido no final
de cada período (mensal, trimestral ou semestral).

Esta informação só é conhecida no final do período quando, após a contagem dos bens , se apurar o montante
do seu inventário.

111
Inventário

Elementos a comunicar na AT:


Os elementos obrigatórios na comunicação são os seguintes:
• número de identificação fiscal da empresa (NIF);
• período de tributação do inventário;
• data de referência do inventário (deve corresponder ao fim
do período de tributação);
• ficheiro com tabela de inventário com identificação de cada
produto segundo a estrutura de informação da AT;
• declarar que não tem inventários no fim do período de
tributação, quando aplicável.

112

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