Você está na página 1de 19

Capítulo 3 - COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA & LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA

COMPETÊNCIA Competência concorrente: União + Estados/DF


PARA LEGISLAR
Repartição vertical:
sobre Direito
y União limita-se a editar normas gerais.
Tributário
y Estados/DF têm competência suplementar
CF Art. 24
na ausência de normas gerais da União,
têm competência plena, para atender a suas
peculiaridades.
Não há hierarquia (formal) entre elas. Por isso, a
superveniência da lei “federal” de normas gerais
apenas suspende a eficácia dos dispositivos estadu-
ais que lhe forem contrários (não revoga). E na
revogação da lei da União, as estaduais recupera-
riam eficácia; não há repristinação.

Exemplo: IPVA.
O CTN não previu o IPVA pois este ainda não tinha sido inserido na
CF/1946. O STF deu razão aos Estados, que exerceram a competência
plena, mesmo inexistindo a lei complementar de normais gerais
definindo fato gerador, base de cálculo e contribuintes do imposto,
exigida pelo art. 146, III, a, da CF.
Até hoje, a União não editou as normas gerais sobre IPVA.

CTN estabelece O CTN é lei ordinária, recepcionada com status de


normas LC tanto pela CF/1967 quanto pela CF/1988.
gerais de
Assim, foram considerados inválidos dispositivos
direito
da Lei de Execução Fiscal (Lei 6.830/1980) que
tributário
eram contrários ao CTN, pois a lei ordinária não
poderia alterar o CTN, que já tinha força de lei
complementar em 1980.
Obs.: No julgado, o STF justificou que o CTN seria
hierarquicamente superior, mas não há
hierarquia entre normas primárias.

Reservas de LC 1) Conflitos de competência em matéria tributária


CF Art. 146
e Art. 146-A
2) Regular as limitações ao poder de tributar
3) Normas gerais em matéria tributária. Ex:
y definição de tributos/espécies e
de FG, BC e contribuintes dos impostos
y obrigação, lançamento, crédito,
prescrição e decadência
y tratamento tributário ao ato cooperativo
y tratamento diferenciado e favorecido
para ME/EPP
4) Poderá estabelecer critérios especiais de tributação
para prevenir desequilíbrios da concorrência.

LC para Cabe à lei complementar regular, sem inovar.


regular
A CF conferiu imunidade a impostos para institui-
limitações
ções de educação e assistência social SFL, “atendi-
ao poder de
dos os requisitos da lei”. A lei deve ser complementar
tributar
pois imunidade é limitação ao poder de tributar.
O CTN traz os requisitos (art. 14).
A CF imunizou também as entidades beneficentes
de assistência social a contribuições para a seguri-
dade. A lei 8.212, entre outras, tentou disciplinar a
matéria, incorrendo em vício formal. O STF consi-
derou os dispositivos inconstitucionais e determinou
a aplicação do CTN art. 14 até que, finalmente, foi
editada a LC 187, em 2021.
LC para Como a própria CF delimitou as competências, os
dispor sobre conflitos seriam apenas aparentes. Podem ser entre
conflitos de entes homólogos (ex: qual estado deve cobrar o IPVA)
competência ou entre entes heterólogos (ex: se um imóvel paga
IPTU ou ITR). Todos devem ser regulados por LC.
Quanto ao IPVA, a União não dispôs sobre normas
gerais nem sobre conflitos de competência.
Quanto ao ITR e IPTU, o CTN define que o IPTU incide
sobre o imóvel “localizado na zona urbana do
Município”, entendida como a “definida em lei
municipal”, observada a existência de pelo menos 2
melhoramentos entre os listados no § 1º do art. 32.
O DL 57/1966 ressalva a regra: “Art. 15. O disposto
no art. 32 {do CTN} não abrange o imóvel que,
comprovadamente, seja utilizado em exploração
extrativa vegetal, agrícola, pecuária ou agro-
industrial, incidindo assim, sobre o mesmo, o
ITR e demais tributos com o mesmo cobrados.”
(Revogação foi suspensa por resolução do Senado
pois pretendida por lei ordinária)

COMPETÊNCIA Poder, atribuído pela CF, para editar leis que


TRIBUTÁRIA instituam tributos.

Exercício é O ente pode deixar de instituir tributos de sua


facultativo competência. A máquina arrecadatória tem um
custo que só se justifica se a arrecadação for maior.
A LRF traz previsões de caráter principiológico, a
fim de estimular a criação dos tributos economi-
camente viáveis. Não devem ser encaradas como
imposições absolutas.
LRF “Art. 11. Constituem requisitos essenciais da
responsabilidade na gestão fiscal a instituição,
previsão e efetiva arrecadação de todos os tributos da
competência constitucional do ente da Federação.
Parágrafo único. É vedada a realização de trans-
ferências voluntárias para o ente que não observe o
disposto no caput, no que se refere aos impostos.
Sob a ótica da LRF, se um presidente não instituiu o
IGF, sua gestão deve ser classificada como irrespon-
sável. (CEBRASPE)

Indelegabi- A competência tributária em sentido estrito é


lidade da competência política, indelegável, sem exceções.
competência
A capacidade tributária ativa é competência ad-
tributária
ministrativa, delegável a PJ de direito público (ou-
CTN Art. 7º e 8º
tro ente ou entidade). Inclui arrecadação, fisca-
Art. 7º A lização, execução de leis, serviços, atos ou decisões,
competência
tributária é garantias e privilégios processuais.
indelegável, salvo
atribuição das Art. 7º § 3º Não constitui delegação de competência
funções de (...)
o cometimento, a pessoas de direito privado, do
encargo ou da função de arrecadar tributos.

Repartição da Tributos vinculados: competência comum (do ente


competência que realizar a atividade que configura FG)
tributária
Tributos não vinculados: competência privativa, de-
finida na CF (a rigor, é “exclusiva”).

Competências De cada ente, para os impostos listados e para a


privativas contribuição previdenciárias de seus servidores. Da
União para contribuições especiais e empréstimos
compulsórios. Dos municípios e DF para a COSIP.
Competência da União para novos impostos e novas contribuições
residual para a seguridade social.
Para alguns doutrinadores, Estados e DF têm
competência residual para instituir taxas
e contribuições de melhoria devido à sua
competência material residual.

Competência da União para impostos extraordinários em caso


extraordiná- de guerra externa ou sua iminência.
ria

Competência da União, em Território Federal, para instituir


cumulativa impostos estaduais e, caso não seja dividido em
municípios, impostos municipais. Também para
instituir outros tributos de competência de estados e
municípios.
do Distrito Federal para instituir impostos (e outros
tributos) municipais.

BIS IN IDEM E BITRIBUTAÇÃO:


Múltiplas incidências, da mesma espécie, sobre mesmo FG.

BIS IN IDEM Quando o mesmo ente institui. Exemplos:


(bitributação
econômica)
y PIS e COFINS sobre a receita ou faturamento com
fundamento na autorização do art. 195 I b;
y Caso União criasse um IEG sobre renda (IR
extraordinário de guerra).
Com exceção dos novos impostos e novas contribuições
para a seguridade social, que devem inovar no
FG e BC, não há vedação expressa na CF ao bis in
idem, embora não se coadune com o princípio da
praticabilidade tributária.
BITRIBUTAÇÃO Quando entes diferentes tributam o mesmo FG.
(bitributação
jurídica)
Em regra, vedado, pois a CF faz uma distribuição
rígida das competências.
Podem ocorrer conflitos de competência. Exemplos:
y ITR e IPTU cobrados de um mesmo imóvel
y ISS é cobrado pelo Município do estabelecimento
prestador, em conformidade com a LC116 e pelo
Município da prestação do serviço, conforme
posição do STJ.

Exceções Há 2 casos de bitributação legítima:


à não
y Caso a União crie IEG não compreendido em sua
bitributação
competência tributária. Ex: um ICMS de guerra.
y Diferentes países tributando o mesmo FG, quando
não há tratado internacional para evitar a
dupla tributação. Ex: Brasil e Uruguai podem
tributar a renda de um residente no Brasil
auferida por um trabalho realizado no Uruguai.

Incidência Embora parte da doutrina considere que a


de diferentes incidência de tributos de diferentes espécies sobre o
espécies de mesmo FG possa ser considerada bitributação ou
tributos bis in idem, esse não parece ser o posicionamento
do STF, que afirmou que “o uso compartilhado de
BC própria de imposto pelas contribuições não se
revelaria bitributação.” Assim, pode incidir:
y IR + CSLL sobre o lucro das empresas (que para
alguns seria bis in idem)
y Empréstimos compulsórios + ICMS sobre a
comercialização de combustíveis (que para
alguns seria bitributação).
LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA

Definição Todo ato normativo (ou seja, geral e abstrato) sobre


matéria tributária.

CTN Art. 96 “A expressão 'legislação tributária' compreende


define de
1. as leis,
forma não
2. os tratados e as convenções internacionais,
exaustiva
3. os decretos
4. e as normas complementares
que versem, no todo ou em parte, sobre tributos e
relações jurídicas a eles pertinentes.”

CTN Art. 2º “O sistema tributário nacional é regido pelo disposto


y na Emenda Constitucional n. 18, de 1º de
dezembro de 1965, (interpreta-se como a CF/88)
y em leis complementares,
y em resoluções do Senado Federal e,
y nos limites das respectivas competências, em leis
federais, nas Constituições e em leis estaduais, e
em leis municipais.”

Leis em Pelo princípio da legalidade tributária, algumas


sentido estrito: matérias estão sujeitas a reserva legal. Elas
LC e LO estão listadas no CTN art. 97. As exceções foram
estudadas no capítulo 2.

Força de lei y Medidas provisórias


y Leis delegadas
y Tratados internacionais
y Decretos legislativos (do CN)
“leis sem sanção”
y Resoluções (do CN, CD e SF)
Resolução do Como Casa de representação dos Estados, possuem
Senado importantes competências que visam a evitar a
guerra fiscal.

ICMS INICIATIVA APROVAÇÃO


OBRIGATÓRIO

Presidente Rep.
y Interestadual
Alíquota 1/ MA
y de Exportação ou 3 Senadores
revogado tacitamente
Senadores

1/ MA
Mínimo y Interno 3
FACULTATIVO

Senadores Senadores

MA 2/
Máximo y Interno 3
Senadores Senadores

ITCMD IPVA
O Estado poderá
OBRIGATÓRIO

OBRIGATÓRIO

fixar alíquotas
Máximo Mínimo diferenciadas em
função do tipo e
utilização.

Decreto y Aprovam tratados internacionais,


Legislativo y Regulam relações decorrentes de medida
CF Art. 49 provisória que não seja convertida em lei ou que
perca a eficácia, etc.

Decreto-Lei Vários foram recepcionados pela CF/88.


Tratados in- Sinônimo de convenção internacional, são acordos
ternacionais bilaterais ou multilaterais entre Estados soberanos
ou organismos internacionais.
Duplicidade
de vontades CF Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da
República: VIII - celebrar tratados, convenções e atos
internacionais, sujeitos a referendo do Congresso
Nacional;
CF Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso
Nacional: I - resolver definitivamente sobre tratados,
acordos ou atos internacionais que acarretem
encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio
nacional;

Executorieda- O STF entende que o tratado só produz efeitos


de do tratado domésticos após concluído o procedimento previsto
internacional constitucionalmente:
1) Assinatura pelo Presidente da República.
2) Aprovação (referendo) pelo Congresso Nacional,
mediante decreto legislativo.
3) Ratificação pelo Presidente da República, me-
diante o depósito do respectivo instrumento junto ao
órgão responsável (por exemplo, na OMC).
4) Promulgação pelo Presidente de República, me-
diante decreto. É com o decreto que se completa a
incorporação, viabilizando a publicação oficial do
texto do tratado (em anexo ao decreto).

Revogação e CTN Art. 98. Os tratados e as convenções


modificação internacionais revogam ou modificam a
da norma legislação tributária interna, e serão observados
interna pela que lhes sobrevenha.
O CTN foi impreciso. Mero conflito de normas.
Mero conflito O STF afirma que o conflito é aparente. O tratado
aparente prevalece pela aplicação do critério da especialidade.
LINDB Art. 2º § 2º A lei nova, que estabeleça disposições
gerais ou especiais a par das já existentes, não
revoga nem modifica a lei anterior.
Ex: o art. 22 da Convenção de Varsóvia limitou o
direito à indenização do passageiro de transporte
aéreo, em aparente conflito com o art. 14 do
CDC. Como ambas as normas têm a mesma
hierarquia, o STF fez prevalecer o tratado, por ser
mais específico.

Doutrina A doutrina entende que os tratados apenas


“suspendem ou modificam” a legislação anterior
incompatível, pois retomam sua eficácia, caso
haja denúncia do tratado pelo Brasil.

Tratados e O art. 98 determina a observância dos tratados pela


legislação legislação superveniente (visão internacionalista).
tributária
O STF entende que o tratado tem status idêntico ao
superveniente
de lei ordinária e, por isso:
y pode ser alterado ou revogado por lei ordinária.
A revogação equivaleria a uma denúncia.
y não pode regular reserva de lei complementar

Tratados y Tratados-leis (normativos): generalidade e


normativos x expressam vontades coincidentes.
contratuais y Tratados-contratos (contratuais): obrigações
e lei superve- mútuas, exaure-se com o cumprimento, e
niente expressa vontades não coincidentes.
STJ O STJ tem entendimentos afirmando que o art. 98
aplica-se integralmente, mas apenas a tratados
normativos, e não aos contratuais, o que é
questionável, pois são justamente os contratuais
que configuram “atos jurídicos perfeitos”.
Mas foi com base nesse argumento fez prevalecer
o tratamento não discriminatório previsto
em convenção entre Brasil e Suécia para evitar
bitributação em detrimento de uma lei posterior
que isentou do IRRF apenas sócios residentes
e domiciliados no Brasil. Obs.: poderiam ter
justificado pela regra da especialidade.

GATT e O Brasil é signatário do GATT, que impõe que o


regra do mesmo tratamento tributário dado ao produto
tratamento nacional seja dado ao importado, o que se
nacional coaduna com o princípio da não discriminação
baseada em procedência ou destino (CF Art. 152).
Dessa forma, uma isenção concedida a produto
nacional será estendida ao similar importado, a
não ser que a lei ressalve expressamente.
Ainda que o artigo 111 II do CTN afirme que
a legislação tributária que disponha sobre
isenção deve ser interpretada literalmente, o
STJ o STF entendem que “prevalece a legislação
internacional, de maior abrangência”.

STJ Súmula 20: A mercadoria importada de país signatário


do GATT é isenta de ICMS, quando contemplado com esse favor o
similar nacional.
STF Súmula 575: À mercadoria importada pelo país signatário
do GATT ou membro da ALALC, estende-se a isenção do ICMS
concedida a similar nacional.
Decretos Trata-se de decreto regulamentar, já que a CF não
previu a possibilidade de decreto autônomo sobre
matéria tributária.
O CTN art. 99 assevera que “o conteúdo e o alcance
dos decretos restringem-se aos das leis em função
das quais sejam expedidos.”
Compete privativamente ao Presidente da República
expedir regulamentos para a fiel execução das leis
que sanciona, promulga e faz publicar.
Apesar de serem normas secundárias, não estão
abrangidas pelas “normas complementares” do
CTN, e são complementados por elas.

Normas
complemen- y das leis,
tares y dos tratados e das convenções internacionais e
CTN Art. 100 y dos decretos:

1) Atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas

Abaixo do Presidente há uma série de autoridades organizadas


hierarquicamente. Da mesma forma, abaixo dos decretos
regulamentares, há uma hierarquia de normas editadas
por essas autoridades.

2) Decisões dos órgãos coletivos e singulares de “jurisdição admi-


nistrativa” a que a lei atribua eficácia normativa

Para garantir o direito ao contraditório e ampla defesa


em processos administrativos relativos a tributos, a
administração tem órgãos “julgadores”, cujas decisões, em
regra, só tem eficácia inter partes, não vinculando outras
decisões sobre casos semelhantes. Mas o ente político pode, por
lei, atribuir eficácia normativa.
3) Práticas reiteradamente observadas pelas autoridades admi-
nistrativas
Deve-se dar interpretação restritiva, pois em matéria
tributária, a legalidade é um princípio rígido, não cabendo
aos costumes inovar ou derrogar a lei. O que se admite é que a
Administração corrija uma interpretação (errada).
Se uma norma for considerada ilegal, não é possível
caracterizar como infracional a conduta do contribuinte que
a obedece (proteção da confiança e da boa-fé objetva).
Será feita também sem correção monetária, por força do
parágrafo único do art. 100: “A observância das normas
referidas neste artigo exclui a imposição de penalidades,
a cobrança de juros de mora e a atualização do valor
monetário da base de cálculo do tributo.”

4) Convênios que entre si venham a celebrar a União, os Estados,


o Distrito Federal e os Municípios
Para consecução de objetivos comuns, por exemplo para:
y dar assistência mútua e permuta de informações,
inclusive sigilosas (CTN art. 199)
y reconhecer extraterritorialidade, dentro do País, à
legislação de Município, Estado ou DF (CTN art. 102)
y uniformizar procedimentos e entendimentos (há muitos
relativo ao ICMS)

Alguns Não são “complementares”, pois tem status de lei,


convênios os convênios que:
são normas y autorizam concessão/revogação de benefícios
primárias y fixam alíquotas do ICMS monofásico
y dispõem sobre apuração/destinação do ICMS
monofásico
VIGÊNCIA E APLICAÇÃO DA LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA

Processo 1) Iniciativa (propositura)


legislativo 2) Deliberação parlamentar
3) Deliberação executiva (sanção ou veto)*
4) Deliberação e rejeição do veto pelo parlamento*

Nascimento *Após a sanção ou derrubada do veto, a lei existe,


da lei inovando no ordenamento jurídico

Fase comple- 5) Promulgação (atesta a existência da lei)


mentar 6) Publicação

Validade Após a publicação, a lei presume-se válida. A


da lei presunção é relativa: pode ser afastada em
controle de constitucionalidade. É válida a lei
constitucional (formal e materialmente).

Vigor LC 95/1998 Art. 8º A vigência da lei será indicada


(vigência) de forma expressa e de modo a contemplar
prazo razoável para que dela se tenha amplo
conhecimento, reservada a cláusula “entra em
vigor na data de sua publicação” para as leis de
pequena repercussão.
Obs.: As leis consideradas urgentes, por motivos
óbvios, também podem dispensar o “vacatio legis”.

Eficácia Embora a lei vigente seja, em regra, eficaz, há


(produção de muitos casos de vigência imediata com eficácia
efeitos) diferida. Por exemplo, o princípio da anterioridade
não impede que a lei que majore tributo seja
publicada com vigência no mesmo exercício.
A lei eficaz está apta a produzir imediatamente
seus efeitos, não tendo o STF declarado sua
inconstitucionalidade em controle concentrado e
não tendo o Senado suspendido sua eficácia (após
declaração de inconstitucionalidade do STF em
controle difuso).

VIGÊNCIA DA CTN Art. 101. A vigência, no espaço e no tempo,


LEGISLAÇÃO da legislação tributária rege-se pelas disposições
TRIBUTÁRIA legais aplicáveis às normas jurídicas em geral,
ressalvado o previsto neste Capítulo.
Aplicam-se as regras da LINDB, legislação específica
ou o CTN, residualmente.

Vigência A regra é a territorialidade da norma: sua


espacial vigência dentro do respectivo território.
A exceção (extraterritorialidade) está prevista no
art. 102 do CTN, em duas hipóteses:
y quando prevista em convênio dos entes afetados
y quando prevista no CTN ou outra norma geral
expedida pela União (precisaria ser LC)
É difícil imaginar situações em que a segunda
hipótese não configure ofensa ao pacto federativo,
mas o próprio CTN trouxe uma regra legítima:
“Art. 120. Salvo disposição de lei em contrário, a
PJ jurídica de direito público, que se constituir pelo
desmembramento territorial de outra, subroga-
se nos direitos desta, cuja legislação tributária
aplicará até que entre em vigor a sua própria.”

Vigência LINDB Art. 1º Salvo disposição contrária, a lei


temporal começa a vigorar em todo o país 45 dias depois de
oficialmente publicada.
§ 1º Nos Estados estrangeiros, a obrigatoriedade
da lei brasileira, quando admitida, se inicia 3
meses depois de oficialmente publicada.

Vigência 1) Ato normativo expedido por autoridade


temporal administrativa entra em vigor na data de sua
das normas publicação, caso não estabeleça prazo distinto.
complemen-
2) Decisão de órgão de jurisdição administrativa
tares
a que a lei atribuir eficácia normativa, quando
CTN Art. 103
a lei não fixar outro, entra em vigor 30 dias
depois da publicação.
3) Convênios celebrados entre os entes, salvo
disposição em contrário, entram em vigor na
data neles prevista. Na ausência de previsão, a
solução apropriada parece ser a aplicação do
vacatio legis de 45 dias, conforme o CTN art. 101.

CTN Art. 104 O CTN estabelece que a lei que I) institua/majore


Anterioridade alíquotas, II) defina novas hipóteses de incidência
Vigência ou III) reduza/extingua isenções referentes a impostos
de leis que sobre patrimônio ou renda entra em vigor no 1º
onerem dia do exercício seguinte ao da publicação.
impostos sobre
Prevalece o entendimento de que “entrar em vigor”
patrimônio
deve ser interpretado como “produzir efeitos”, o
ou renda
que torna inúteis os incisos I e II, meras repetições
imprecisas da anterioridade do exercício.
O inciso III traz nova garantia, não prevista na
CF. Mas a posição atual do STF confere garantia
ainda mais ampla pois entende que a extinção/
redução de benefícios de qualquer tributo equipara-
se a majoração, devendo obedecer a anterioridade
e noventena.
APLICAÇÃO DA LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA

Aplicação Irretroatividade: aplica-se imediatamente aos


da nova lei fatos futuros e aos pendentes.
material
Ex: A lei que aumente o IPTU, publicada em 2020,
(que inova)
pode ser aplicada para o IPTU/2020 pois o fato
gerador é futuro (se considerado instantâneo) ou
pendente (se considerado periódico).

Irretroativida- A irretroatividade na CF não comporta exceções,


de no CTN pois refere-se à instituição/majoração de tributos.
No CTN, o princípio é mais amplo, levando em
conta toda a legislação tributária e comportando
exceções. Retroagem:
y a lei expressamente interpretativa
y a lei mais benéfica acerca de infrações e
penalidades

Lei expressa- A lei expressamente interpretativa aplica-se a ato ou


mente inter- fato pretérito, excluída a aplicação de penalidade
pretativa à infração dos dispositivos interpretados.
Trata-se de interpretação autêntica (emanada
pelo mesmo órgão responsável pela elaboração da
norma interpretada).
Alguns autores negam a existência de normas
interpretativas, mas o STF expressamente admite
sua idoneidade.
Porém, a lei que se diz interpretativa mas traz
alteração material, terá caráter normativo, não
podendo retroagir. Foi o caso da LC 118/2005, que
a pretexto de interpretar o CTN, pretendeu reduzir o
o prazo para pedido de restituição de tributo sujeito
a lançamento por homologação de 10 para 5
anos, com aplicação retroativa.
STJ e STF entenderam que a aplicação do novo prazo
só seria aplicável às ações ajuizadas após a vacatio
legis de 120 dias da LC 118, sendo inconstitucional
o artigo que determinou aplicação retroativa,
por ofensa à separação dos poderes (alterou
retroativamente posicionamento do STJ) e ao direito
adquirido, ato jurídico perfeito e coisa julgada.

Lei mais No Direito Penal, a retroatividade da lei mais


benéfica benéfica chega a alcançar casos definitivamente
acerca de julgados. Já no Direito Tributário Penal (infrações
infrações e tributário-administrativas), “a lei aplica-se
penalidades a ato ou fato pretérito, tratando-se de ato não
definitivamente julgado:
y quando deixe de defini-lo como infração
(infrações com conteúdo pecuniário)
y quando deixe de tratá-lo como contrário a
qualquer exigência, desde que não fraudulento e
não tenha implicado em falta de pagamento de
tributo (infrações relativas a obrigação acessória)
y quando lhe comine penalidade menos severa

STJ: Mesmo que encerrada a esfera


administrativa, ajuizada a execução fiscal,
efetivada a penhora e rejeitados os embargos,
enquanto não realizada a arrematação,
adjudicação ou remição, a lei benigna retroage.

Obs: Não há retroatividade de lei mais favorável


sobre tributo (ex: redução de alíquota)
EXTRA
ADI 3.770 Os Estados possuem competência para dispor sobre
instituição de taxas de polícia cobradas em função de atividades
tais como:
y fiscalização e vistoria em estabelecimentos comerciais abertos ao
público (casas noturnas, restaurantes, cinemas, shows);
y expedição de alvarás para o funcionamento de estabelecimentos
de que fabriquem, transportem ou comercializem armas de
fogo, munição, explosivos, inflamáveis ou produtos químicos;
y expedição de atestados de idoneidade para porte de arma de
fogo, tráfego de explosivos, trânsito de armas em hipóteses
determinadas;
y e atividades diversas com impacto na ordem social, no intuito
de verificar o atendimento de condições de segurança e emitir
as correspondentes autorizações essenciais ao funcionamento de
tais estabelecimentos.

Você também pode gostar