Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
JURÍDICA
CARREIRAS JURÍDICAS
CAPÍTULO 2
Recado para você que está assistindo às videoaulas
Prezado aluno, a princípio, estamos trazendo algumas informações relevantes para você
que está assistindo às nossas videoaulas e complementará os estudos através do conteúdo do
nosso CERS Book. Portanto, você deve estar atento que:
O CERS book foi desenvolvido para complementar a aula do professor e te dar um suporte
nas revisões!
Um mesmo capítulo pode servir para mais de uma aula, contendo dois ou mais temas,
razão pela qual pode ser eventualmente repetido;
A ordem dos capítulos não necessariamente é igual à das aulas, então não estranhe se o
capítulo 03 vier na aula 01, por exemplo. Isto acontece porque a metodologia do CERS é baseada
no estudo dos principais temas mais recorrentes na sua prova de concurso público, por isso,
nem todos os assuntos apresentados seguem a ordem natural, seja doutrinária ou legislativa;
1
CAPÍTULOS
2
SOBRE ESTE CAPÍTULO
No Direito Tributário você deve privilegiar o estudo da Lei Seca, sendo certo que o
Examinador tem predileção por disposições objetivas da letra da lei. Todavia, não deve-se olvidar
da doutrina, especialmente quanto às questões conceituais, e da jurisprudência relativa aos
diversos temas que abrangem o plexo de relações jurídicas entre Estado e contribuinte.
Por ser muito extenso, este segundo capítulo foi divido em duas partes de maneira a
otimizar a compressão dos importantes temas tratados e oferecer mais recursos de fixação da
matéria.
3
SUMÁRIO
2.5.1.5Medidas provisórias.......................................................................................................................................... 29
2.5.1.7Resoluções ............................................................................................................................................................ 33
2.5.1.9Decretos ................................................................................................................................................................. 36
4
2.6 Princípios do Direito Tributário .................................................................................................................... 48
2.6.6 Princípio da não obstância do exercício de direitos fundamentais por via da tributação 73
2.7.2 Isonomia................................................................................................................................................................. 88
5
2.7.8.3Vedação às Isenções Heterônomas ........................................................................................................... 94
2.8.4 Imunidade dos partidos, sindicatos, entidades educacionais e assistenciais ........................ 104
2.9.2 Isenção heterônoma e gratuidades do registro civil – nascimento e óbito .......................... 114
JURISPRUDÊNCIA................................................................................................................................ 158
6
DIREITO TRIBUTÁRIO
Capítulo 2 – Parte 01
em que vivemos, com todos os seus contrastes e contradições, o Estado, por intermédio do
governo, realiza a atividade financeira para obter e acumular recursos destinados a financiar o
atendimento das necessidades públicas, que, a seu turno, significa: fixados os encargos e tarefas,
produzir os recursos necessários a desenvolvê-los.
"Os fins e os objetivos políticos e econômicos do Estado só podem ser financiados pelos
ingressos na receita pública. A arrecadação dos tributos - impostos, taxas, contribuições e
empréstimos compulsórios - constituem o principal item da receita."
7
Para a obtenção dos referidos recursos, o Estado exerce a face interna da soberania, como
"No exercício de sua soberania o Estado exige que os indivíduos lhe forneçam os recursos
que necessita. Institui o tributo. O poder de tributar nada mais é do que um aspecto da
soberania estatal, ou uma parcela desta.". Prosseguindo, "Nos dias atuais, entretanto, já
não é razoável admitir-se a relação tributária como relação de poder, e por isto mesmo
devem ser rechaçadas as teses autoritaristas. A ideia de liberdade, que preside nos dias
atuais a própria concepção de Estado, a de estar presente, sempre, nas relações de
tributação. Justifica-se o poder de tributar conforme a concepção que se adote do próprio
Estado. A ideia mais generalizada parece ser a de que os indivíduos, por seus
representantes, consentem na instituição do tributo, como de resto na elaboração de todas
as regras jurídicas que regem a nação."
desigualdade quando seletiviza vantagens fiscais para segmentos da sociedade, classes de renda
ou atividades, praticando o que genericamente se considera renúncia fiscal (deixar de arrecadar),
8
Estado, aparecendo os direitos fundamentais apenas ao seu final, como um resguardo
devido à sociedade civil. Na Constituição de 1988, a pessoa humana assume papel central,
enunciando-se, já em seu início, direitos fundamentais e sociais, e funcionalizando-se a
tributação mediante um novo modo de outorga de competência tributária em que ganha
relevância a justificação da tributação em função da sua finalidade.".
Conforme pontua Bruna Estima Borba (2017, p. 23), “a tributação não é um fim em si mesmo,
mas um meio que possibilita ao Estado o cumprimento de suas funções”.
Sobre a mesma linha de pensamento de Borba (2017), Leandro Paulsen (2014) ressalta o
quão é grande o sentido da tributação quando se a percebe como via de efetivação, de
materialização dos direitos fundamentais e sociais. Nesse toar, afirma o citado autor: “não há
para a concretização dos fins pretendidos pelo próprio corpo coletivo. Entende? Então sigamos.
quando se anunciou, de forma minuciosa, ainda nos primeiros dispositivos do texto, os direitos
fundamentais e sociais. Dada a importância do SER na construção da Lei Maior, o sistema
9
garantias e direitos fundamentais, exigem, de cada indivíduo, um sacrifício, esse revelado através
Homem e do Cidadão de 1789, por exemplo, manifestou-se que “para a manutenção da força
pública e para as despesas de administração é indispensável uma contribuição comum que deve
ser dividida entre os cidadãos de acordo com suas possibilidades”. Não em sentido diverso, a
Declaração Americana dos Direitos e Deveres do Homem (1948), no artigo 36, trouxe o
seguinte texto: “toda pessoa tem o dever de pagar os impostos estabelecidos pela lei para a
manutenção dos serviços públicos”.
Ante o tema ora abordado, faz-se necessário dar destaque as palavras de Kiyoshi Harada (2017):
O Estado, em virtude de seu poder de autoridade, pode retirar de seus súditos parcelas
de suas riquezas para a consecução de seus fins, visando ao bem-estar geral. É o jus
imperii do Estado que lhe faculta impor sobre as relações econômicas praticadas pelos
particulares, assim como sobre seus bens, o tributo que, na atualidade, se constitui em
principal fonte da receita pública. Esse poder de imposição tributária do Estado acha-se
normatizado em nível constitucional, mediante a outorga de competência tributária que,
ao lado de inúmeros outros princípios tributários, constitui as chamadas limitações
constitucionais ao poder de tributar, as quais funcionam como escudos de proteção dos
contribuintes.
10
Município e Distrito Federal Estado e o Distrito Federal
União (arts. 153, CF)
(art. 156 e 147, CF) (arts. 155 e 147, CF)
•IPTU - propriedade predial e •ITCMD - transmissão causa •II - Importação de produtos
territorial urbana; mortis e doação, de quaisquer estrangeiros (extrafiscal)
•ITBI - transmissão "inter bens ou direitos; •IE - exportação, para o
vivos", a qualquer título, por •ICMS - operações relativas à exterior, de produtos
ato oneroso, de bens imóveis, circulação de mercadorias e nacionais ou nacionalizados
por natureza ou acessão física, sobre prestações de serviços (extrafiscal);
e de direitos reais sobre de transporte interestadual e •IR - renda e proventos de
imóveis, exceto os de intermunicipal e de qualquer natureza (fiscal);
garantia, bem como cessão de comunicação, ainda que as •IPI - produtos industrializados
direitos a sua aquisição; operações e as prestações se (extrafiscal);
•ISS - serviços de qualquer iniciem no exterior;
•IOF - operações de crédito,
natureza (não compreendidos •IPVA - propriedade de câmbio e seguro, ou relativas
no art. 155, II, definidos em lei veículos automotores. a títulos ou valores mobiliários
complementar) (extrafiscal);
•ITR - propriedade territorial
rural (fiscal);
•IGF - grandes fortunas (nos
termos de lei complementar)
(fiscal)
11
IMPOSTOS DA UNIÃO (ARTS. 153 E 154, CF)
ITR - propriedade territorial rural I - será progressivo e terá suas alíquotas fixadas de forma a desestimular a
manutenção de propriedades improdutivas;
12
II - não incidirá sobre pequenas glebas rurais, definidas em lei, quando as
explore o proprietário que não possua outro imóvel;
III - será fiscalizado e cobrado pelos Municípios que assim optarem, na
forma da lei, desde que não implique redução do imposto ou qualquer
outra forma de renúncia fiscal.
IGF - grandes fortunas (nos
termos de lei complementar)
13
operações e as prestações se II - a isenção ou não-incidência, salvo determinação em contrário
iniciem no exterior; da legislação:
14
diferença entre a alíquota interna do Estado destinatário e a
alíquota interestadual;
15
d) fixar, para efeito de sua cobrança e definição do inciso I deste
estabelecimento responsável, o local das operações relativas à parágrafo, o
circulação de mercadorias e das prestações de serviços; imposto será
e) excluir da incidência do imposto, nas exportações para o repartido entre os
exterior, serviços e outros produtos além dos mencionados no Estados de
inciso X, "a" origem e de
f) prever casos de manutenção de crédito, relativamente à remessa destino,
para outro Estado e exportação para o exterior, de serviços e de mantendo-se a
mercadorias; mesma
g) regular a forma como, mediante deliberação dos Estados e do proporcionalidade
Distrito Federal, isenções, incentivos e benefícios fiscais serão que ocorre nas
concedidos e revogados. operações com as
h) definir os combustíveis e lubrificantes sobre os quais o imposto demais
incidirá uma única vez, qualquer que seja a sua finalidade, hipótese mercadorias;
em que não se aplicará o disposto no inciso X, b; III - nas
i) fixar a base de cálculo, de modo que o montante do imposto a operações
integre, também na importação do exterior de bem, mercadoria ou interestaduais
serviço. com gás natural e
seus derivados, e
lubrificantes e
combustíveis não
incluídos no
inciso I deste
parágrafo,
destinadas a não
contribuinte, o
imposto caberá
ao Estado de
origem;
IV - as alíquotas
do imposto serão
definidas
mediante
deliberação dos
Estados e
Distrito Federal,
nos termos do §
2º, XII, g ,
observando-se o
seguinte:
16
a) serão
uniformes em
todo o território
nacional,
podendo ser
diferenciadas por
produto;
b) poderão ser
específicas, por
unidade de
medida adotada,
ou ad valorem ,
incidindo sobre o
valor da
operação ou
sobre o preço
que o produto
ou seu similar
alcançaria em
uma venda em
condições de livre
concorrência
c) poderão ser
reduzidas e
restabelecidas,
não se lhes
aplicando o
disposto no art.
150, III, b
(Princípio da
anterioridade
anual)
§ 5º As regras
necessárias à
aplicação do
disposto no § 4º,
inclusive as
relativas à
apuração e à
destinação do
imposto, serão
17
estabelecidas
mediante
deliberação dos
Estados e do
Distrito Federal,
nos termos do §
2º, XII, g .
IPVA - propriedade de
veículos automotores. I - terá alíquotas mínimas fixadas pelo Senado Federal;
II - poderá ter alíquotas diferenciadas em função do tipo e utilização.
Abaixo, a divisão dos impostos segundo sua origem. Como já exposto antes, ordinários são aqueles
previstos nos incisos que delimitam as competências de cada ente federativo. Enquanto os extraordinários
são aqueles previstos em condições atípicas.
18
IPTU
MUNICÍPIO ITBI
ISS
IPVA
ESTADO ICMS
ORDINÁRIOS
ITCMD
II
IE
IMPOSTOS
IR
UNIÃO
IOF
ITR
IGF
EXTRAORDINÁRIOS EXTRAORDINÁRIO DE
UNIÃO
(art. 154, II, CF) GUERRA
RESIDUAIS
UNIÃO
(art. 154, I, CF)
19
Nos autos do julgamento da AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE 2.211-AM1, o Min. GILMAR
MENDES destacou que ao considerar no cálculo da taxa judiciária a base de cálculo própria de imposto
(CTN, arts. 33 e 38), a lei do estado do Amazonas contraria a norma prevista no § 2º do art. 145 da
CF/88, sendo, portanto, inconstitucional. Afirmou o então Ministro Relator do caso: “no que diz respeito
à utilização da base de cálculo própria de imposto como base de cálculo de taxa judiciária, este Supremo
Tribunal Federal já se manifestou pela impossibilidade de tal pretensão. Nesse sentido, os seguintes
precedentes: Rp 1.074, Rel. Min. Djaci Falcão, Tribunal Pleno, DJ 7.12.1984; ADI-MC 1.889, Rel. Min. Nelson
Jobim, Tribunal Pleno, DJ 14.11.2002”.
2.3 Fontes
não diferente de outros ramos do Direito, a doutrina aponta suas fontes que,
convencionalmente, dividem-se em dois tipos ou duas espécies.
São elas:
1
Disponível em: http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=751060053
20
2.4 Fontes materiais
As fontes materiais (ou fontes reais) constituem os fatos relacionados à exação. São os
fenômenos (ou coisas) do mundo real que autorizam a cobrança dos tributos. No mundo
tangível, essas fontes representam as riquezas ou os bens previstos pelo legislador e, quando
existentes na forma da lei, fazem nascer o direito à cobrança praticada pelo Estado (o Fisco).
Fonte real, portanto, é o pressuposto de fato que compõe a norma jurídica definidora
do fato gerador da obrigação tributária. É, como diz o art. 114 do CTN, a situação
definida em lei como necessária e suficiente à sua ocorrência. A situação é sempre um
fato, descrito de forma abstrata e genérica na norma legal, que, uma vez ocorrido em
concreto opera-se o fenômeno da subsunção do fato à hipótese legal prevista, isto é, gera
a obrigação de pagar tributo.
"legislação tributária", assim entendido o complexo formado pelas leis, pelos tratados e pelas
21
convenções internacionais, também os decretos e as normas complementares que versem, no
De forma ainda mais detalhada, é importante que você observe que elas representam as
fontes formais dos atos normativos ou conjunto de normas que (1) regem a relação jurídico-
(...) são constituídas pelas normas constitucionais e pelos atos normativos referidos no art.
59 da CF, quais sejam: emendas à Constituição, leis complementares, leis ordinárias, leis
delegadas, medidas provisórias, decretos legislativos e resoluções. Incluem-se, também, os
tratados e as convenções internacionais, além dos decretos.
previsto no art. 69 da Constituição Federal, são vias especiais para determinados temas de
Direito Tributário, representando, portanto, uma exceção prevista expressamente na
Constituição. Aliás, no que diz respeito a essa espécie de fonte formal, importa destacar aqui a
natureza jurídica do Código Tributário Nacional, tema esse que, no REsp 625.193/RO, foi
debatido pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
22
De acordo com a Máxima Corte, a Lei nº 5.172/66, apesar de ter sido editada como lei
ordinária, porque seguiu o rito previsto na Constituição de 1946 - que não exigia a edição de
lei complementar para regulação da matéria -, recebeu o status de lei complementar, pois foi
acolhida, recepcionada pela Constituição Cidadã de 1988. Por esse motivo, qualquer alteração
pretendida no texto do CTN deverá ser promovida por uma lei complementar, isto é, de mesma
No que diz respeito à expressão “normas gerais” constante no caput do art. 146 da CF, o STF já
3
Vide questão 19
23
discriminados nesta Constituição, a dos respectivos fatos
geradores, bases de cálculo e contribuintes;
Estabelecer normas gerais em matéria de legislação
tributária, especialmente sobre obrigação, lançamento, Art. 146, inciso III, b
crédito, prescrição e decadência tributários;
Estabelecer normas gerais em matéria de legislação
tributária, especialmente sobre adequado tratamento
Art. 146, inciso III, c
tributário ao ato cooperativo praticado pelas sociedades
cooperativas.
Estabelecer normas gerais em matéria de legislação
tributária, especialmente sobre definição de tratamento
diferenciado e favorecido para as microempresas e para
as empresas de pequeno porte, inclusive regimes
Art. 146, inciso III, d
especiais ou simplificados no caso do imposto previsto no
art. 155, II (ICMS), das contribuições previstas no art. 195, I
(contribuições sociais do empregador) e §§ 12 e 13, e da
contribuição a que se refere o art. 239 (PIS/PASEP)
Quanto à lei complementar de que trata o art. 146, inciso
III, d, essa também poderá instituir um regime único de
arrecadação dos impostos e contribuições da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios (SIMPLES
NACIONAL)
I - será opcional para o contribuinte
II - poderão ser estabelecidas condições de
Art. 146, parágrafo único,
enquadramento diferenciadas por Estado
incisos I a IV.
III - o recolhimento será unificado e
centralizado e a distribuição da parcela de
recursos pertencentes aos respectivos entes
federados será imediata, vedada qualquer
retenção ou condicionamento.
IV - a arrecadação, a fiscalização e a
cobrança poderão ser compartilhadas
24
pelos entes federados, adotado cadastro
nacional único de contribuintes.
Poderá estabelecer critérios especiais de tributação, com
o objetivo de prevenir desequilíbrios da concorrência, sem
Art. 146-A
prejuízo da competência de a União, por lei, estabelecer
normas de igual objetivo.
Instituição, pela União, de empréstimos compulsórios:
I - para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de
calamidade pública, de guerra externa ou sua iminência;
Art. 148.
II - no caso de investimento público de caráter urgente e
de relevante interesse nacional, observado o disposto no
art. 150, III, "b".
Instituição, pela União, de impostos sobre grandes fortunas Art. 153, VII
25
e) excluir da incidência do imposto, nas exportações para
o exterior, serviços e outros produtos além dos
mencionados no inciso X, "a"
f) prever casos de manutenção de crédito, relativamente à
remessa para outro Estado e exportação para o exterior, de
serviços e de mercadorias;
g) regular a forma como, mediante deliberação dos
Estados e do Distrito Federal, isenções, incentivos e
benefícios fiscais serão concedidos e revogados.
h) definir os combustíveis e lubrificantes sobre os quais o
imposto incidirá uma única vez, qualquer que seja a sua
finalidade, hipótese em que não se aplicará o disposto no
inciso X, b;
i) fixar a base de cálculo, de modo que o montante do
imposto a integre, também na importação do exterior de
bem, mercadoria ou serviço.
Compete aos Municípios instituir impostos sobre serviços
de qualquer natureza (ISS), não compreendidos no art. Art. 156, III
155, II, definidos em lei complementar.
No que diz respeito ao ISS, cabe à lei complementar:
I - fixar as suas alíquotas máximas e mínimas;
II - excluir da sua incidência exportações de serviços para
o exterior; Art. 156, § 3º, incisos I a III
III - regular a forma e as condições como isenções,
incentivos e benefícios fiscais serão concedidos e
revogados.
A seguridade social será financiada por toda a sociedade,
de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante
recursos provenientes dos orçamentos da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das
art. 195, § 4
seguintes contribuições sociais: a lei poderá instituir outras
fontes destinadas a garantir a manutenção ou expansão da
seguridade social, obedecido o disposto no art. 154, I (“art..
154, I - mediante lei complementar, impostos não previstos
26
no artigo anterior, desde que sejam não-cumulativos e não
tenham fato gerador ou base de cálculo próprios dos
discriminados nesta Constituição”).
Diferentemente das leis complementares que exigem quórum de maioria absoluta (art. 69,
CF), as leis ordinárias requerem para a sua aprovação a maioria simples e constituem a via
comum para tratar de matéria tributária.
Como asseverado por Harada (2017), “a constituição não cria tributos, apenas outorga
competência impositiva”, sendo assim, as leis ordinárias - então produzidas pelos entes
federativos – representam as vias preferenciais de instituição de tributos, enquanto se revelam
as leis complementares, por expressa previsão no texto da Lei Maior, como as vias excepcionais
de criação de tributos.
Previsão legal
Instituição de tributos por lei complementar
(CF/88)
27
Os atos normativos, medida provisória, lei delegada, decreto legislativo e resoluções do
Senado Federal possuem força de lei. Possuir força de lei significa ter aptidão para inovar no
ordenamento jurídico, criando direitos e obrigações.
O Supremo Tribunal Federal, em 2016, firmou tese ampliando o alcance dos atos infralegais
fixar valor exato do tributo, desde que em proporção razoável do custo da atuação estatal. Para
o STF, o modelo considerado constitucional é compatível com taxas e contribuições parafiscais,
As leis delegadas, por sua natureza, se distinguem das leis ordinárias por sua origem, ou
melhor, pelo rito processual que lhes concebe. Conforme leciona Harada (2017), as leis
delegadas encontram-se na mesma posição hierárquica que as leis ordinárias, só que aquelas
somente são produzidas pelo chefe do Executivo mediante a solicitação e a efetiva delegação
ao Congresso Nacional.
Prevê a Lei Maior que o citado pré-requisito, qual seja, a delegação ao Presidente da
República, terá a forma de resolução do Congresso Nacional, que especificará seu conteúdo e
os termos de seu exercício. Ainda segundo o art. 68 da CF, se a resolução determinar a
apreciação do projeto pelo Congresso Nacional, este a fará em votação única, vedada qualquer
emenda.
28
(IV) a matéria reservada à lei complementar; e, finalmente, não serão objeto de
delegação os atos de competência exclusiva do Congresso Nacional, os de
competência privativa da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal (art. 68, CF).
Consoante o texto do art. 62 da CF, as medidas provisórias (MP) são vias normativas
extraordinárias. Tal definição se dá porque somente em caso de relevância e urgência, está
autorizado o Presidente da República a adotar medidas provisórias, com força de lei, desde que
sejam essas submetidas, de imediato, ao Congresso Nacional.
Como se não bastasse se tratar de fonte formal reservada a situações específicas – essas
Que vise a detenção ou sequestro de bens, de poupança popular ou qualquer outro ativo
financeiro; (6) reservada a lei complementar;
que implique instituição ou majoração de impostos, exceto os previstos nos arts. 153, I, II,
29
IV, V, e 154, II, só produzirá efeitos no exercício financeiro seguinte se houver sido convertida
tributárias, o princípio da anterioridade deve ser observado, tomando como referência a data
da publicação da MP, e não a sua conversão em lei.
Este tema foi cobrado pela FCC em 2020 em certame do TJ-MS para Juiz Substituto da
seguinte maneira:
financeiro em que for editada, para que a nova norma possa ser aplicada no ano seguinte.
tributária.
4
Vide questão 1
30
C) Há tributos que podem ser majorados sem precisar observar o principio da anterioridade
E) A majoração da base de cálculo do Imposto Sobre Propriedade Territorial Urbana (IPTU) deve
respeitar o princípio da anterioridade nonagesimal.
A Banca Examinadora exigiu conhecimento acerca da letra da lei e da jurisprudência do STF para
conversão em lei até o último dia do exercício financeiro em que for editada para que a nova
norma possa ser aplicada no ano seguinte. Nesse sentido, veja:
Art. 62, §2º, da CF: Medida provisória que implique instituição ou majoração de impostos, exceto
os previstos nos arts. 153, I, II, IV, V, e 154, II, só produzirá efeitos no exercício financeiro seguinte
se houver sido convertida em lei até o último dia daquele em que foi editada.
Pleno, julgado em 25.11.2009; ADI 2.673, Rel. Ministra Ellen Gracie, Tribunal Pleno, julgado em
03.10.2002; AI 783.509 AgR, Rel. Ministro Ricardo Lewandowski, Primeira Turma, julgado em
19.10.2010; AI 780.210 AgR, Rel. Ministra Cármen Lúcia, Primeira Turma, julgado em 14.6.2011,
DJe de 29.7.2011.
31
A alternativa C está incorreta porque CIDE-combustível e ICMS-combustível quando houver
redução e/ou restabelecimento das alíquotas não observam o princípio da anterioridade anual.
Ou seja, não somente impostos federais, a exemplo de II, IE e outros.
Também incorreta a assertiva D, haja vista a Constituição não atribui competência ao Senado
Por fim, errada a letra E. A majoração da base de cálculo do Imposto Sobre Propriedade
tributos:
Sobre essa espécie de fonte formal, importa destacar o ensinamento de Harada (2017):
32
Servem, outrossim, para fixar, a cada exercício financeiro, a remuneração do Presidente e
do Vice-Presidente da República e dos Ministros de Estado.
No âmbito do Direito Tributário, o mencionado autor revela que os decretos legislativos tem
destaque ante a aprovação de convenções internacionais, momento no qual deve-se criar óbice
à dupla tributação do imposto sobre a renda ou, como ainda destaca Harada (2017), “para
Os decretos legislativos são editados pelo Congresso Nacional no uso de sua competência
exclusiva, razão pela qual, assim como as resoluções, não se sujeitam à deliberação do Poder
Executivo por meio da sanção e do veto.
2.5.1.7 Resoluções
Espécie normativa produzida exclusivamente pelo Congresso Nacional (ou por cada uma de
suas Casas), tem importância no Direito Tributário nas seguintes situações reguladas pelo art.
155 da CF:
Fixação das alíquotas máximas (art. 155, § 1º, IV) do ITCMD e mínimas
ITCMD e IPVA
do IPVA.
De iniciativa do Presidente da República ou de um terço dos
Senadores, aprovada pela maioria absoluta de seus membros,
ICMS
estabelecerá as alíquotas aplicáveis às operações e prestações,
interestaduais e de exportação (art. 155, § 2º, IV)
É facultado ao Senado Federal (art. 155, § 2º, V):
a) estabelecer alíquotas mínimas nas operações internas, mediante
ICMS
resolução de iniciativa de um terço e aprovada pela maioria absoluta
de seus membros;
33
b) fixar alíquotas máximas nas mesmas operações para resolver
conflito específico que envolva interesse de Estados, mediante
resolução de iniciativa da maioria absoluta e aprovada por dois
terços de seus membros
No que diz respeito aos tratados e às convenções internacionais, essas fontes normativas
tomam destaque porque hierarquicamente põem-se acima das leis ordinárias no direito interno
e traduzem-se como as vias de uniformização das normas tributárias ante a internacionalização
ordenamento jurídico ao ponto de que deverão ser observados pela legislação que lhes
sobrevenha.
Segundo a doutrina, a expressão “revogam” não deve ser entendida como uma revogação a
rigor, mas como uma suspensão da eficácia da norma tributária nacional, que readquirirá a sua
aptidão para produzir efeitos se e quando o tratado for denunciado.
O conflito entre a lei interna e o tratado resolve-se a favor da norma especial (tratado) que
excepciona a norma geral (lei interna), tornando-se indiferente que a norma interna seja anterior
ou posterior ao tratado, pois este prepondera em ambos os casos.
O STF entende que, enquanto não completo todo o procedimento constitucional para a
incorporação do tratado ao direito interno, não haverá qualquer produção doméstica de efeitos
do ato firmado pelo Presidente da República.
Apreciando o conteúdo do §2º do art. 5º da CF, que determina que os direitos e garantias
expressos na Constituição “não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela
adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte”,
34
convenção internacional, recebem proteção de texto constitucional, qualidade essa que impede
Esses tratados e convenções, firmados pelo Presidente da República como Chefe de Estado
(art. 84, VII, da CF), depois de aprovados pelo Congresso Nacional (art. 49, I, da CF), através
de Decreto Legislativo (art. 59, VI, da CF), passam a obrigar os Estados signatários
produzindo seus efeitos no âmbito interno após sua promulgação por Decreto do
Presidente da República.
Inúmeros são os tratados e Convenções firmados pelo Brasil para evitar a dupla tributação
do imposto sobre a renda.
Outros, são firmados para isentar de impostos federais, estaduais e municipais, por
exemplo, a Convenção de Viena sobre as relações consulares.
35
O STF entende que, após regular incorporação ao direito interno, o tratado internacional
adquire posição hierárquica idêntica à de uma lei ordinária, não podendo disciplinar, por isso,
matéria reservada à lei complementar, mas possibilitando que uma lei ordinária venha a
2.5.1.9 Decretos
O tema aqui observado tem sua regra esculpida nos arts. 49, inciso V e 84, inciso IV, da CF
e art. 99 do CTN.
com o fim de garantir o cumprimento da regra instituída pelo Poder Legislativo. Por essa
limitação, o texto do decreto não poderá, de forma alguma, ultrapassar ou mesmo limitar as
Sobre o uso do decreto no âmbito tributário, Paulsen (2014) afirma que mesmo o Princípio
da Legalidade Estrita abriga exceções, hipóteses essas nas quais o Executivo está autorizado a
alterar alíquotas de tributos como, por exemplo, IPI e IOF, desde que sob a condição de
obedecer às regras impostas pela lei, as quais deverão desenhar os limites e as condições para
o exercício do Poder de Tributar do Estado.
36
CF, Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional: (...) V - sustar os atos normativos
do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites de delegação
legislativa; (...)
CTN, Art. 99. O conteúdo e o alcance dos decretos restringem-se aos das leis em função das
quais sejam expedidos, determinados com observância das regras de interpretação estabelecidas
nesta Lei.
jurídicas a eles pertinentes. Neste ponto, importante destacar as palavras do Ministro Ari
Pargendler sobre o tema, quando relator no julgamento dos Embargos de declaração no RESP
nº 85.409-SP:
entre elas (v.g., um prazo fixado por lei não pode ser alterado por decreto).
37
Embargos de declaração rejeitados. (EDcl no REsp 85.409/SP, Rel. Ministro
De acordo com Hugo de Brito Machado Segundo (2017), a expressão “leis” do art. 96 do
CTN envolve não apenas o produto do Poder Legislativo – leis ordinárias e complementares -
dos entes da federação (estados, municípios e União), mas também outras fontes normativas,
(II) a majoração de tributos, ou sua redução, ressalvado o disposto nos artigos 21, 26, 39,
57 (revogado) e 65 (vide quadro abaixo);
(IV) a fixação de alíquota do tributo e da sua base de cálculo, ressalvado o disposto nos
artigos 21, 26, 39, 57 (revogado) e 65 (vide quadro abaixo);
ou redução de penalidades.
38
Neste ponto, destaca-se a observação de Hugo de Brito Machado Segundo (2017) sobre as
39
CTN: O Poder Executivo pode, nas condições e nos limites estabelecidos
em lei, alterar as alíquotas ou as bases de cálculo do imposto, a fim de
ajustá-los aos objetivos da política cambial e do comércio exterior. (art.
26, CTN)
CF: É facultado ao Poder Executivo, atendidas as condições e os limites
estabelecidos em lei, alterar as alíquotas dos impostos enumerados nos
IPI -
incisos I (I. Import), II (I. Export), IV (IPI) e V (IOF) (art, 153, § 1º, CF)
Prescreve a lei que a modificação da base de cálculo, quando tornar a exação mais onerosa,
é equiparada à majoração do tributo. Por outro lado, destaca o código tributário que, diante
da hipótese prevista no inciso II do art. 97 do CTN, não constitui majoração de tributo a mera
atualização do valor monetário da respectiva base de cálculo do tributo (art. 97, §§ 1º e 2º).
No que tange ao sistema de normas tributárias, define o CTN que constituem normas
complementares das leis, dos tratados e das convenções internacionais e dos decretos:
40
(I) os atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas;
(II) as decisões dos órgãos singulares ou coletivos de jurisdição administrativa, a que a lei
atribua eficácia normativa;
Ainda revela o código que a observância das citadas normas exclui: (a) a imposição de
penalidades, (b) a cobrança de juros de mora e (c) a atualização do valor monetário da base
de cálculo do tributo.
Normas
complementares
As decisões dos
Os convênios que
Os atos órgãos singulares As práticas
entre si celebrem
normativos ou coletivos de reiteradamente
a União, os
expedidos pelas jurisdição observadas pelas
Estados, o
autoridades administrativa, a autoridades
Distrito Federal e
administrativas que a lei atribua administrativas
os Municípios
eficácia normativa
41
2.5.2.1 Vigência da Legislação Tributária
Quanto à vigência da legislação tributária, declara o art. 101 do CTN que, considerando o
espaço e o tempo, a vigência da legislação tributária rege-se pelas disposições legais aplicáveis
Vigente é a lei que terminou seu ciclo de produção, foi publicada, existe juridicamente, e já
atingiu o termo por ventura determinado pelo legislador para possuir força de atingir seus
objetivos finais, apesar de ser possível a existência de algum outro requisito para a efetiva
produção de efeitos. Para estar vigente, também é necessário que a lei não tenha sido revogada.
Quanto à força normativa da legislação tributária produzida pelos Estados, Distrito Federal e
Municípios, o art. 102 do CTN prevê que no País, fora dos respectivos territórios, vigora a
legislação nos limites em que lhe reconheçam extraterritorialidade os convênios de que os entes
participem, ou do que disponham o CTN ou outras leis de normas gerais expedidas pela União.
A seguir, o tempo para o início da vigência, conforme prescrito pelos arts. 103 e 104, do
CTN:
42
dispositivos de lei, referentes a impostos
sobre o patrimônio ou a renda:
I - que instituem ou majoram tais impostos;
II - que definem novas hipóteses de no primeiro dia do exercício seguinte
incidência; àquele em que ocorra a sua publicação
III - que extinguem ou reduzem isenções, (art. 104)
salvo se a lei dispuser de maneira mais
favorável ao contribuinte, e observado o
disposto no artigo 178.
Segundo o CTN, a legislação tributária possui força para aplicação imediata aos fatos
geradores futuros e aos pendentes (incluindo nesse segundo grupo aqueles casos cuja
ocorrência do fato tenha tido início, mas não esteja completa nos termos do artigo 116).
Constituição.
Note ainda, que todas as exceções dizem respeito às infrações, razão pela qual não há
exceção à irretroatividade no que tange a tributo.
Ainda no que diz respeito à aplicação no tempo, o CTN determina que lei se aplica a ato ou
fato pretérito em qualquer caso, quando seja ela expressamente interpretativa, excluída a
aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; e, na hipótese de se tratar de
B. Quando deixe de tratá-lo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde
que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo;
e, finalmente;
43
C. Quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da
sua prática.
Nos termos do art. 108, ante a ausência de disposição expressa, a autoridade competente
Analogia
A equidade
Ressalva o CTN que o uso da analogia não poderá resultar na exigência de tributo não
previsto em lei, sob pena de violação ao próprio princípio da legalidade estrita. De outro lado,
prevê-se no código que o emprego da equidade não poderá resultar na dispensa do pagamento
44
exigência de
Analogia tributo não
previsto em lei
dispensa do
Equidade pagamento de
tributo devido
institutos, conceitos e formas, mas não para definição dos respectivos efeitos tributários. Ainda
sobre assunto, o art. 110 fixa o seguinte:
A lei tributária não pode alterar a definição, o conteúdo e o alcance de institutos, conceitos
e formas de direito privado, utilizados, expressa ou implicitamente, pela Constituição
Federal, pelas Constituições dos Estados, ou pelas Leis Orgânicas do Distrito Federal ou
dos Municípios, para definir ou limitar competências tributárias 5.
5
Vide Questão 9
45
Na suspensão ou exclusão do
crédito tributário
Na dispensa do cumprimento
de obrigações tributárias
acessórias.
De outra forma, orienta o CTN que ante a lei tributária que define infrações, ou lhe comina
efeitos;
46
À capitulação legal do fato
À autoria, imputabilidade, ou
punibilidade
As fontes formais secundárias são aquelas anunciadas pelo art. 100 do Código Tributário
Nacional (CTN) como normas complementares, essas entendidas como instrumento que
acompanham, completam as leis, os tratados e as convenções internacionais e os decretos. De
administrativas;
4. os convênios que entre si celebrem a União, os Estados, o Distrito
Federal e os Municípios.
47
2.6 Princípios do Direito Tributário
A princípio, é importante que você saiba que as normas jurídicas podem ser divididas em
regras ou em princípios, de acordo com a estrutura normativa que possuem. Chamam-se regras
quando estabelecem normas de conduta, determinando ou proibindo que se faça algo concreto.
Assim, as normas podem ser observadas ou infringidas, não existindo meio-termo.
O conflito de regras se resolve pela validade de cada qual e sua aplicação ao caso pelos
circunstâncias peculiares.
peso diante das circunstâncias específicas e também aquele cujo afastamento seria menos
aceitável perante o sistema de uma forma geral.
momento.
48
Costuma-se tomar as limitações constitucionais ao poder de tributar como princípios
constitucionais tributários, mas esse critério não é tecnicamente correto. O rol de
limitações, constante do art. 150 da CF, traz princípios e regras, conforme a estrutura
normativa de cada qual, além do que há outros princípios que podem ser extraídos do
sistema. No art. 150 há garantias que constituem inequivocamente regras, como é o caso
da anterioridade tributária, norma de conduta a ser simplesmente cumprida pelo legislador
tal como posta. Mas também há princípios expressos, como o da isonomia, a ser
considerado e ponderado nas mais diversas situações, conforme as circunstâncias e os
interesses em questão. De outro lado, há princípios que não constam expressamente do
art. 150, como o da segurança jurídica em matéria tributária, o qual tem de ser construído
por dedução do princípio do Estado de direito e por indução a partir das regras de
legalidade, de irretroatividade e de anterioridade, bem como, dentre outros elementos,
das referências à decadência e à prescrição. Outros princípios não constam do art. 150,
mas têm suporte expresso em outro dispositivo, como é o caso do princípio da capacidade
contributiva, estampado no art. 145, § 1º, da Constituição Federal.
Vamos aprofundar tudo isso adiante. Atenção! Os princípios têm grande recorrência em
certames para carreiras jurídicas e servem de base para a resolução de questões de outros temas
também.
A norma ora estudada é, portanto, um sinal da resistência, uma via do controle da força
estatal.
Sobre a história desse princípio no direito brasileiro e o que de fato ele representa, destaca
Harada (2017):
Atualmente, esse princípio acha-se inserto nas Constituições de quase todos os países do
mundo. No Brasil, desde a Constituição Republicana de 1891, vem sendo consignado o
princípio da prévia instituição legal do imposto (art. 72, § 30). A própria Carta outorgada
de 1824, em seu art. 36, § 1o, prescrevia a iniciativa privativa da Câmara dos Deputados
sobre impostos.
49
A Carta Política de 1988, como se não bastasse o princípio genérico da legalidade expresso
no art. 5º, II, 126 prescreveu em seu art. 150, I: “Sem prejuízo de outras garantias
asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos
Municípios: I – exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça.”
Previsão na Constituição:
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União,
aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
Previsão no CTN:
6
Vide questão 11
50
Art. 97. Somente a lei pode estabelecer:
II - a majoração de tributos, ou sua redução, ressalvado o disposto nos artigos 21, 26, 39,
57 e 65;
§ 2º Não constitui majoração de tributo, para os fins do disposto no inciso II deste artigo,
a atualização do valor monetário da respectiva base de cálculo.
b. majoração de tributos;
e. cominação de penalidade;
lei para a instituição ou para a majoração de tributos, também a exige, implicitamente, para a
respectiva extinção.
Como explanado por Harada (2017), a legalidade anunciada pela constituição como limitação
ao Poder de Tributar não se resume de forma restrita à definição da lei como via de instituição
e aumento de tributo, tal como foi visto na ADI 1.709, onde a Corte Máxima declarou que a
instituição dos emolumentos cartorários pelo tribunal de justiça afronta o princípio da reserva
legal porque somente a lei pode criar, majorar ou reduzir os valores das taxas judiciárias (ADI
Mas também a legalidade apresenta a lei como meio regulatório de outras situações. Em
outras palavras, a força normativa do princípio expandiu no ordenamento, e a sua ratio vai além
do texto que edifica o princípio na Lei Maior (art. 150, I, CF).
Como exemplo, tem-se o julgamento da ADI 2.304, sob a relatoria do min. Dias Toffoli, que
52
que o contribuinte deva oferecer, conforme determina o art. 153 do CTN. [ADI 2.304, rel.
min. Dias Toffoli, j. 12-4-2018, P, DJE de 3-5-2018.]
Da mesma forma, fixou a Corte Máxima o entendimento de que a lei não será a única via
para a definição de valores da exação, desde que haja lei prévia não apenas possibilitando o
uso de norma complementar tributária, mas que fixe os limites da cobrança. Vejamos:
(...) não viola a legalidade tributária a lei que, prescrevendo o teto, possibilita ao ato
normativo infralegal fixar o valor de taxa em proporção razoável com os custos da atuação
estatal, valor esse que não pode ser atualizado por ato do próprio conselho de fiscalização
em percentual superior aos índices de correção monetária legalmente previstos. [RE
838.284, voto do rel. min. Dias Toffoli, j. 19-10-2016, P, DJE de 22-9-2017, Tema 829.] Vide
RE 704.292, rel. min. Dias Toffoli, j. 19-10-2016, P, DJE de 3-8-2017, Tema 540.
É inconstitucional, por ofensa ao princípio da legalidade tributária, lei que delega aos
conselhos de fiscalização de profissões regulamentadas a competência de fixar ou majorar,
sem parâmetro legal, o valor das contribuições de interesse das categorias profissionais e
econômicas, usualmente cobradas sob o título de anuidades, vedada, ademais, a
atualização desse valor pelos conselhos em percentual superior aos índices legalmente
previstos. [RE 704.292, voto do rel. min. Dias Toffoli, j. 19-10-2016, P, DJE de 3-8-2017,
Tema 540.] Vide RE 838.284, rel. min. Dias Toffoli, j. 19-10-2016, P, DJE de 22-9-2017, Tema
829.
Há casos em que a lei excepciona a regra da legalidade, não para a criação dos tributos, mas
para a majoração de suas alíquotas. Nesses casos, admite-se que ato infralegal (decreto, por
exemplo) determine sua alteração.
53
Há ainda algumas ações tributárias que não se submetem à legalidade, embora não estejam
Atente que a análise do atendimento ou não, por uma lei, à legalidade tributária faz-se pela
verificação da determinabilidade da relação jurídico-tributária mediante o critério da suficiência,
segundo Paulsen.
da norma tributária impositiva, de modo que o contribuinte conheça os efeitos tributários dos
atos que praticar ou posições jurídicas que assumir, independentemente de complementação
de cunho normativo por parte do Executivo, ainda que a título de regulamentos intra legem.
Segundo a Corte, com base no fundamento doutrinário de Ricardo Lobo Torres e de Marco
Aurélio Greco, precisa-se evoluir na compreensão da legalidade tributária. Lei o trecho do
julgado a seguir:
“Caminha-se para uma legalidade suficiente, sendo que sua maior ou menor abertura
depende da natureza e da estrutura do tributo a que se aplica (STF, RE 838.284, rel. Min.
DIAS TOFFOLI, Tribunal Pleno, julgado em 19/10/2016, PROCESSO ELETRÔNICO
REPERCUSSÃO GERAL – MÉRITO DJe-215 PUBLIC 22-09-2017)".7
7
Vide questão 7
54
Sabendo que alguns tributos envolvem atividades estatais prestadas em benefício direto
Observe que os aspectos da norma tributária impositiva, quais sejam, material, espacial,
temporal, pessoal e quantitativo, não são necessariamente exigidos para constar na lei de
maneira expressa.
Como exemplo, podemos citar a aplicação do art. 22, I, a, da Lei n. 8.212/91. Este
dispositivo não especifica de maneira clara o fato gerador, mas permite que seja identificado
como a realização do pagamento ou creditamento cujo montante constitui sua base de cálculo.
Segundo Paulsen:
55
Apesar das limitações temáticas à edição de medidas provisórias incluídas após a EC 32, (art.
62, § 1º, da CF), tal como ocorria com o antigo Decreto-Lei, elas não atingem a área tributária.
impossibilidade de tratar de matéria reservada à lei complementar (art. 62, § 1º, III).
patrimônio ao Estado tempo para se programar em face da obrigação tributária que deverá
adimplir.
Seu estudo é fundamental para certames de carreiras jurídicas por representar uma das mais
(1) No mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou
aumentou e
(2) Antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que os
instituiu ou aumentou.
56
Conforme aduz Hugo de Brito Machado Segundo (2017) trata-se a norma ora estudada
de instituto coberto pela proteção conferida pelo art. 60, § 4º, IV, da CF: a imutabilidade em
face do poder reformador constitucional8. Vejamos o que diz o citado autor:
Tendo em vista o disposto no art. 60, § 4º, IV, da CF/88, que veda a edição de emendas
constitucionais tendentes a abolir direitos e garantias individuais, e considerando que o
rol dos direitos e garantias individuais não se exaure no art. 5º da CF/88, o STF tem arestos
nos quais considera o princípio da anterioridade da lei tributária como integrante do
chamado núcleo imodificável da CF/88. “O princípio da anterioridade da lei tributária –
imune, até mesmo, ao próprio poder de reforma constitucional titularizado pelo Congresso
Nacional (RTJ 151/755-756) – representa um dos direitos fundamentais mais relevantes
outorgados ao universo dos contribuintes pela Carta da República, além de traduzir, na
concreção do seu alcance, uma expressiva limitação ao poder impositivo do Estado. Por
tal motivo, não constitui demasia insistir na asserção de que o princípio da anterioridade
das leis tributárias – que se aplica, por inteiro, ao IPTU (RT 278/556) – reflete, em seus
aspectos essenciais, uma das expressões fundamentais em que se apoiam os direitos
básicos proclamados em favor dos contribuintes” (Pet. 1.466, Rel. Min. Celso de Mello, j.
em 25/8/1998, DJ de 2/9/1998, p. 33). A propósito, o entendimento de que emendas não
podem afastar a aplicação do princípio da anterioridade foi manifestado pelo STF no
julgamento da validade do IPMF, instituído com autorização na EC 3/93 (Pleno, ADI 939/DF,
Rel.M in. Sydney Sanches, j. 15/12/1993, m. v., DJ de 18/3/1994, p. 5165, RTJ 151-3/755).
Antes da apreciação das faces do princípio da anterioridade, faz-se necessário destacar que
essa norma em nada se confunde com o princípio da anualidade, previsto na Constituição
Federal de 1946 (art. 141, § 34) e inexistente no texto da Lei Maior de 1988.
De acordo com a regra da CF/46, a exação somente poderia ser instituída (ou mesmo
aumentada) se houvesse prévia autorização orçamentária. Sendo assim, ao Estado, restava a
necessidade da previsão na lei de orçamento para que pudesse exercer, de fato, o poder de
tributar no ano financeiro, seja para instituir, seja para majorar tributos. Revogado pela emenda
constitucional nº 18 de 1965, o princípio da anualidade, como dito, não foi consagrado pela
Constituição de 1988 (HARADA, 2017).
8
Vide questão 16
57
O princípio da anterioridade, esculpido no art. 150, III, da CF, registra, diferentemente
daquela outra norma da CF de 1946, que ao ente federativo é permitida a criação e a majoração
de tributos, desde que a cobrança, de fato, ocorra no exercício seguinte àquele no qual foi
Nas palavras de Harada (2017), “de fato, o Estado tem a faculdade de criar novos tributos
ou majorar os existentes quando quiser, mas sua cobrança fica diferida para o exercício seguinte
ao da publicação da lei”.
Como dito antes, a norma ora estudada confere segurança ao contribuinte, que poderá
planejar-se ante a exação que se iniciará ou será majorada. Por outro lado, no que diz respeito
aos índices de correção monetária, fixou o STF, no julgamento do RE 234002 AgR, que aqueles
não se confundem com tributo, não sendo exigido, portanto, a aplicação dos princípios da
Observe-se que o princípio em análise existe com a finalidade de proteger o contribuinte, não
passivo.
No pensamento de Leandro Paulsen (2014), defendendo uma ideia diferente daquela trazida
por muitos autores, a anterioridade não se trata de um princípio, mas sim de regras, de uma
58
mais gravosa”. Dissertando sobre o assunto, o mencionado autor profere o que ensina
Humberto Ávila:
De outro lado, reforçando o seu posicionamento que é divergente de outros autores - mas
se coaduna ao que defende Harada (2017) - Leandro Paulsen (2014) afirma que a anterioridade
Contudo, destacam-se as exceções anunciadas na constituição (arts. 150, § 1º, 177, § 4º, e
195, § 6º). Preste máxima atenção a elas, pois são muito cobradas em concursos públicos!
9
Vide questão 4
59
II - importação de produtos estrangeiros (art. II - importação de produtos estrangeiros
150, III, b, art. 150, § 1º, art. 153, I, CF) (art. 150, III, b, art. 150, § 1º, art. 153, I, CF)
IE - exportação, para o exterior, de produtos IE - exportação, para o exterior, de
nacionais ou nacionalizados (art. 150, III, b, art. produtos nacionais ou nacionalizados (art.
150, § 1º, art. 153, II, CF) 150, III, b, art. 150, § 1º, art. 153, II, CF)
IOF - operações de crédito, câmbio e
IOF - operações de crédito, câmbio e seguro,
seguro, ou relativas a títulos ou valores
ou relativas a títulos ou valores mobiliários
mobiliários (art. 150, III, b, art. 150, § 1º, art.
(art. 150, III, b, art. 150, § 1º, art. 153, V, CF)
153, V, CF)
IEG - na iminência ou no caso de guerra IEG - na iminência ou no caso de guerra
externa, impostos extraordinários, externa, impostos extraordinários,
compreendidos ou não em sua competência compreendidos ou não em sua
tributária, os quais serão suprimidos, competência tributária, os quais serão
gradativamente, cessadas as causas de sua suprimidos, gradativamente, cessadas as
criação. (art. 150, III, b, art. 150, § 1º, art. 154, causas de sua criação. (art. 150, III, b, art.
II, CF) 150, § 1º, art. 154, II, CF)
IR - renda e proventos de qualquer natureza IPI - produtos industrializados (art. 150, III,
(art. 150, III, b, art. 150, § 1º, art. 153, III, CF) b, art. 150, § 1º, art. 153, IV, CF)
fixação da base de cálculo dos impostos
previstos nos arts. 155, III, e 156, I.:
IPVA - propriedade de veículos automotores. -
IPTU - - propriedade predial e territorial
urbana
ICMS combustíveis/lubrificantes (art. 155,
§ 2º, XII, h) - as alíquotas do imposto serão
definidas mediante deliberação dos
Estados e Distrito Federal, nos termos do §
-
2º, XII, g, observando-se o seguinte: c)
poderão ser reduzidas e restabelecidas,
não se lhes aplicando o disposto no art.
150, III, b (art. 155, § 4º, IV, c, CF).
CIDE combustíveis (art. 177, § 4º) - a
-
alíquota da contribuição poderá ser: b)
60
reduzida e restabelecida por ato do Poder
Executivo, não se lhe aplicando o disposto
no art. 150, III, b (art. 177, § 4º, I, b)
Contribuições sociais (art. 195, I a IV, CF) -
As contribuições sociais só poderão ser
exigidas após decorridos noventa dias da
- data da publicação da lei que as houver
instituído ou modificado, não se lhes
aplicando o disposto no art. 150, III, "b" (art.
195, § 6º).
Vejamos como esse assunto foi cobrado em concurso público. A VUNESP, em 2019, cobrou o
tributos:
previdenciárias.
61
D) aos empréstimos compulsórios, ao imposto sobre produtos industrializados, ao imposto sobre
Note que neste quesito, o Examinador exigiu que o candidato soubesse a aplicação do princípio
da anterioridade nonagesimal, especialmente as suas exceções;.
Elas estão previstas no §1º do mesmo dispositivo. São elas: empréstimos compulsórios (apenas
IPTU.
Incorreta a letra A. Conforme visto, não se aplica à fixação da base de cálculo do IPTU e IPVA.
Quanto aos impostos extraordinários, o princípio apenas não se aplica ao caso dos instituídos
A letra B é o gabarito da questão. Nenhum desses tributos relacionados na alternativa estão nas
exceções do princípio da anterioridade nonagesimal.
A assertiva C está errada. Você já sabe que o princípio não se aplica aos empréstimos
compulsórios (fundado em despesas extraordinária decorrente de calamidade pública ou guerra
externa), bem como não se aplica ao imposto de importação. Já quanto às contribuições
previdenciárias há uma disposição específica no art. 195, §6º, CF, que prevê a aplicação do
princípio.
Letra D incorreta posto que não se aplica aos empréstimos compulsórios, ao IPI e ao IOF.
Pelos mesmos argumentos expostos, incorreta a letra E. O princípio não se aplica a nenhum
desses tributos.
62
Neste ponto, cabe a exposição de algumas teses fixadas pelo Supremo Tribunal Federal.
Vejamos:
Precedentes recentes de ambas as Turmas desta CORTE estabelecem que se aplica o princípio
da anterioridade tributária, geral e nonagesimal, nas hipóteses de redução ou de supressão de
benefícios ou de incentivos fiscais, haja vista que tais situações configuram majoração indireta
de tributos. (RE 564225 AgR-EDv-AgR, Relator(a): Min. ALEXANDRE DE MORAES, Tribunal Pleno,
A contribuição ao PIS só pode ser exigida, na forma estabelecida pelo art. 2º da EC 17/1997,
diante da prática, por vezes reiterada, de fazer-se publicar lei majoradora de imposto às vésperas
do novo exercício financeiro – vale dizer, nos últimos dias de dezembro. Entendeu-se,
10
Vide questão 3
63
tributo, ainda que no dia 31 de dezembro, sua eficácia é deflagrada no dia seguinte – 1º de
efeitos no exercício financeiro seguinte se houver sido convertida em lei até o último dia daquele
em que foi editada.
O princípio da isonomia, anunciado no art. 150, II, da CF, registra no ordenamento jurídico
pátrio que é vedado aos entes da federação - União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos
Municípios - estabelecer tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação
direitos.
negativo, denominado desigualdade jurídica formal, isto é, quando a lei trata de forma desigual
pessoas que se inserem em condições iguais (HARADA, 2017).
Assim, é possível cobrar contribuição previdenciária dos servidores inativos e dos pensionistas.
O que não é possível é distinguir as alíquotas das contribuições pagas pelos servidores da União,
do Estado ou do Município, pois esse tratamento fere a isonomia. Ademais, a ocupação
profissional ou a função exercida pelo contribuinte não pode ser tomada como parâmetro para
a diferenciação.
Sobre esse tema, Leandro Paulsen (2014) destaca que duas justificativas autorizam os entes
65
Art. 182. A política de desenvolvimento urbano, executada pelo
Poder Público municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em
lei, tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das
funções sociais da cidade e garantir o bem-estar de seus
habitantes. § 4º É facultado ao Poder Público municipal,
mediante lei específica para área incluída no plano diretor, exigir,
nos termos da lei federal, do proprietário do solo urbano não
edificado, subutilizado ou não utilizado, que promova seu
adequado aproveitamento, sob pena, sucessivamente, de: II -
imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana
progressivo no tempo;
Art. 151. É vedado à União:
I - instituir tributo que não seja uniforme em todo o território
nacional ou que implique distinção ou preferência em relação a
art. 151, I, da CF Estado, ao Distrito Federal ou a Município, em detrimento de
outro, admitida a concessão de incentivos fiscais destinados a
promover o equilíbrio do desenvolvimento sócio-econômico
entre as diferentes regiões do País;
Art. 146. Cabe à lei complementar: III - estabelecer normas gerais
em matéria de legislação tributária, especialmente sobre: c)
adequado tratamento tributário ao ato cooperativo praticado
pelas sociedades cooperativas.
art. 146, III, c, c/c o art. Art. 174. Como agente normativo e regulador da atividade
174, § 2º, da CF econômica, o Estado exercerá, na forma da lei, as funções de
fiscalização, incentivo e planejamento, sendo este determinante
para o setor público e indicativo para o setor privado. § 2º A lei
apoiará e estimulará o cooperativismo e outras formas de
associativismo.
Art. 146. Cabe à lei complementar: III - estabelecer normas gerais
em matéria de legislação tributária, especialmente sobre: d)
art. 146, III, d, da CF definição de tratamento diferenciado e favorecido para as
microempresas e para as empresas de pequeno porte, inclusive
regimes especiais ou simplificados no caso do imposto previsto
66
no art. 155, II, das contribuições previstas no art. 195, I e §§ 12 e
13, e da contribuição a que se refere o art. 239.
Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade,
de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos
provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: I
- do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na
forma da lei, incidentes sobre:
a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos
ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste
art. 195, § 9º, da CF serviço, mesmo sem vínculo empregatício; b) a receita ou o
faturamento; c) o lucro;
§ 9º As contribuições sociais previstas no inciso I do caput deste
artigo poderão ter alíquotas diferenciadas em razão da
atividade econômica, da utilização intensiva de mão de obra, do
porte da empresa ou da condição estrutural do mercado de
trabalho, sendo também autorizada a adoção de bases de cálculo
diferenciadas apenas no caso das alíneas "b" e "c" do inciso I do
caput.
A irretroatividade tributária esculpida no art. 150, III, a, da Constituição de 1988, que tem
seus pilares sobre o princípio da legalidade e o da segurança jurídica, estabelece que é vedada
a cobrança de tributos sobre fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que
os houver instituído ou aumentado.
Observe que o teor da Lei Maior representa, em verdade, uma garantia aos sujeitos, porque
confere proteção além do direito adquirido e ao ato jurídico perfeito, impedindo a imposição
de regra mais gravosa sobre o contribuinte (PAULSEN, 2014). Nas palavras de Hugo de Brito
67
O princípio da irretroatividade é limitação ao poder estatal de elaborar e aplicar leis e
outros atos normativos, instituído em proteção do cidadão. Tanto é assim que o art. 150,
III, da CF/88, se refere à lei que instituir ou majorar tributos. A redução de tributos ou de
penalidades, ou a sua extinção ou dispensa, estas podem ocorrer retroativamente (v. g.,
remissão, anistia etc.). Nesse sentido é o entendimento do STF, hoje cristalizado na Súmula
654, que dispõe: “A garantia da irretroatividade da lei, prevista no art. 5º, XXXVI, da
Constituição da República, não é invocável pela entidade estatal que a tenha editado.”
Como bem pontua Paulsen (2014) ao tratar sobre o assunto, diferentemente de outros
princípios, esse não comporta atenuação ou exceção no texto constitucional. De acordo com o
autor, a lei que institui ou majora tributos deve ter caráter prospectivo, sendo inadmissível a
Em outras palavras, fixa-se: a lei tributária que carrega maior onerosidade não atinge atos
passados, anteriores à sua vigência. Aliás, sequer a retroatividade imprópria, admitida no direito
Quanto à aplicação da lei, aliás, como já exposto neste capítulo, o art. 105 do CTN determina
que a legislação tributária deverá ser aplicada imediatamente aos fatos geradores futuros e aos
pendentes, assim entendidos aqueles cuja ocorrência tenha tido início, mas não esteja completa
nos termos do artigo 116. Considerando o teor do art. 106 do código tributário, é possível
68
Quando seja
expressamente
interpretativa, excluída a
Em qualquer caso
aplicação de penalidade à
infração dos dispositivos
interpretados
Aluno, você deve estar atento ao fato de que, enquanto os princípios da anterioridade anual
e nonagesimal têm como base a publicação da lei, o princípio da irretroatividade tem como
69
Em certas hipóteses, a retroatividade é benéfica ao sujeito passivo e, desse modo, admissível
pelo ordenamento jurídico. Na seara tributária, o art. 106, CTN, consigna hipóteses nesse sentido.
O confisco trata-se da carga tributária excessiva, onerosa ao ponto de pôr em risco o próprio
propriedade.
Contudo, mais do que isso, revela também um comprometimento do Estado com a liberdade,
aquela essencial ao exercício da atividade econômica (que abarca o exercício profissional e a
livre iniciativa).
Art. 5º (...)
(...)
70
E, também entre as disposições gerais, encontramos permissão constitucional para o confisco:
Art. 243. As propriedades rurais e urbanas de qualquer região do País onde forem
localizadas culturas ilegais de plantas psicotrópicas ou a exploração de trabalho escravo
na forma da lei serão expropriadas e destinadas à reforma agrária e a programas de
habitação popular, sem qualquer indenização ao proprietário e sem prejuízo de outras
sanções previstas em lei, observado, no que couber, o disposto no art. 5º.
Anunciado no art. 150, IV, da CF, o não confisco tem sua raiz em outros princípios como o
da capacidade contributiva e, sob a visão do Supremo Tribunal Federal, deve essa norma ser
observada não apenas na exação (na cobrança de tributos), mas também na aplicação de
penalidades na esfera tributária.
considerada arbitrária (AI 851.038 AgR, rel. min. Roberto Barroso, j. 10-2-2015, 1ª T, DJE de 12-
3-2015).
Como registra o próprio STF, a multa punitiva é aplicada em face de prática contrária à lei,
percentuais mais rigorosos”. Mas, nesses casos, o próprio Supremo consagrou a ideia de que a
punição tem como limite o valor atribuído à obrigação principal12.
11
Vide questão 18
12
RE 602.686 AgR-segundo, rel. min. Roberto Barroso, j. 9-12-2014, 1ª T, DJE de 5-2-2015; RE 523.471 AgR, rel.
min. Joaquim Barbosa, j. 6-4-2010, 2ª T, DJE de 23-4-2010.
71
No mesmo sentido, isto é, defendendo a limitação do valor da sanção considerando o
princípio do não confisco, a Corte também tem se pronunciado sobre a necessidade da limitação
na aplicação da multa moratória, já que essa, por sua natureza, também tem o objetivo de
“sancionar o contribuinte que não cumpre suas obrigações tributárias, prestigiando a conduta
daqueles que pagam em dia seus tributos aos cofres públicos”13.
Decerto, como preceitua o STF, para que a sanção cumpra sua “função de desencorajar a
elisão fiscal, de um lado não pode ser pífia, mas, de outro, não pode ter um importe que lhe
confira característica confiscatória, inviabilizando inclusive o recolhimento de futuros tributos”.
Por fim, ressalte-se que podem ser confiscatórios os impostos sobre o patrimônio, quer
considerados na sua perspectiva estática (propriedade imobiliária), quer na sua perspectiva
dinâmica (transmissão de propriedade imobiliária).
13
Vide questão 15
14
RE 582.461, rel. min. Gilmar Mendes, j. 18-5-2011, P, DJE de 18-8-2011, Tema 214
72
2.6.6 Princípio da não obstância do exercício de direitos
fundamentais por via da tributação
Implícito no texto constitucional, este princípio é extraído das normas que afirmam que os
diversos direitos e liberdades nele contemplados devem conviver de maneira harmônica.
Entende? Vamos explicar com outras palavras. Se a Carta Constitucional assegura o exercício
de determinados direitos qualificados como fundamentais, não pode tolerar que a tributação,
também constitucionalmente disciplinada, seja desempenhada em desapreço a esses mesmos
direitos.
E uma das maneiras pelas quais, indesejavelmente, pode o exercício de direitos vir a ser
amesquinhado é por intermédio da tributação, porquanto o tributo, necessariamente, interfere
com o direito de liberdade e o direito de propriedade dos cidadãos, como aponta Costa (2018),
que ensina ainda:
Portanto, o princípio em foco tem sua eficácia manifestada não somente mediante a
instituição de situações de intributabilidade, mas igualmente mediante a observância de
outros princípios constitucionais, tais como o da vedação da utilização de tributo com
efeito de confisco (art. 150, IV), o da função social da propriedade (arts. 5º, XXIII, e 170,
III) e o da liberdade de profissão (arts. 5º, XIII, e 170, parágrafo único).
por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais, por qualquer dos entes da federação.
Como preceitua Hugo de Brito Machado Segundo (2017), o princípio ora apreciado decorre
princípio federativo, não sendo permitido que a tributação crie óbice, barreiras ante a
73
necessidade do trânsito de pessoas ou bens no âmbito do Estado Federal – ou haveria uma
violação ao próprio direito de ir e vir, garantido pela Constituição. Por outro lado, ressalva
Machado Segundo (2017):
Isso não quer dizer que as operações interestaduais ou intermunicipais não possam ser
tributadas. Podem, mas não com uma carga maior que aquela aplicada às operações
internas. Em outras palavras, o simples fato de se estar transpondo as fronteiras de um
Estado-membro não pode ser motivo para um agravamento da exigência.
utilização de vias conservadas pelo Poder Público. Como se extrai do teor da Lei Maior, o
pedágio coloca-se como uma exceção à regra do 150, contudo, há a necessidade de se destacar
aqui que, conforme interpretação do STF, não constitui o pedágio um tributo, porque esse, na
visão da Corte, trata-se de preço público, motivo pelo qual, inclusive, sua instituição não está
No que diz respeito ao princípio aqui apreciado, é importante que você leia o que diz Harada
(2017):
I – instituir tributo que não seja uniforme em todo o território nacional ou que implique
distinção ou preferência em relação a Estado, ao Distrito Federal ou a Município, em
detrimento de outro, admitida a concessão de incentivos fiscais destinados a promover o
equilíbrio do desenvolvimento socioeconômico entre as diferentes regiões do País social.
Contudo, como bem assevera Harada (2017), a “uniformidade de tributo federal não
significa que não possa haver discriminações, isto é, que todos devem pagar exatamente igual”,
isso porque ainda no mesmo texto, atenuando a rigidez da norma, certamente porque observa
outros pilares fundamentais – inclusive aqueles anunciados como objetivos da República
Federativa do Brasil (exemplo: art. 3º, incisos I, II e III, da CF) – o constituinte acrescenta que é
“admitida a concessão de incentivos fiscais destinados a promover o equilíbrio do
políticas fiscais e econômicas. Desse modo, não cabe ao Poder Judiciário, que não pode
substituir o legislador, estender isenção a contribuintes que não foram contemplados pela lei, a
título de isonomia.
16 Disponível em: [RE 592.145, rel. p/ o ac. min. Marco Aurélio, j. 5-4-2017, P, DJE de 1º-2-2018, Tema 80.
http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=14274800
75
inciso I da CF, a relativização da uniformidade do tratamento tributário é fenômeno que se
Com efeito, a própria parte final do art. 151, I, da CRFB/88 excepciona ao princípio da
uniformidade da tributação os incentivos fiscais destinados à promoção do
desenvolvimento sócio-econômico das diferentes regiões. Nesse aspecto, deve-se
interpretar o referido dispositivo como um reconhecimento de que existem áreas
geográficas no país que se distinguem entre si em termos econômicos e sociais, o
que, à luz do postulado da Isonomia, impõe um tratamento diferenciado por parte da
legislação, com vistas à redução dessas desigualdades. Esse mandamento, ademais, não
se restringe à diferenciação entre as “regiões” propriamente ditas, de modo a permitir
apenas distinções entre Estados integrantes das regiões Norte, Sul, Nordeste, Sudeste e
Centro oeste. Na verdade, quando a Constituição se refere a “regiões” está também
autorizando o tratamento diferenciado entre Estados que, embora integrem a mesma
região, possuem peculiaridades geográficas, sociais e/ou econômicas, que impedem a sua
comparação.
Outra vedação à União, também destinada a proteger a forma federativa de Estado, é aquela
estatuída pelo princípio da vedação da tributação diferenciada da renda das obrigações da
II – tributar a renda das obrigações da dívida pública dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios, bem como a remuneração e os proventos dos respectivos agentes
públicos, em níveis superiores aos que fixar para suas obrigações e para seus agentes.
Além disso, reiterando o princípio federativo, a Carta Constitucional proíbe à União “instituir
isenções de tributos de competência dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios” (art.
151, III).
76
A esse respeito convém recordar que isenção heterônoma é aquela concedida por pessoa
política distinta da que detém competência para instituir determinado tributo. A regra é a
isenção autonômica, isto é, a outorgada pela pessoa competente para a instituição do tributo.
Saindo do texto do art. 151 da Constituição Federal, que consagrou limitações ao poder de
tributar exclusivamente à União, chega-se ao art. 152, que prevê norma destinada aos demais
entes da federação.
O princípio da não diferenciação tributária, declarado pelo constituinte no art. 152, determina
que é vedado aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios estabelecer diferença
tributária entre bens e serviços, de qualquer natureza, em razão de sua procedência ou
destino.
De forma direta e objetiva, o teor da Lei Maior anuncia a intenção de barrar a guerra fiscal
entre os membros da federação.
Tomando como fundamento o princípio objeto de estudo deste tópico, o Supremo Tribunal
77
Como declarou o STF no julgamento do HC 77.530/RS, “a exoneração tributária dos
que é plenamente possível “a tributação sobre rendimentos auferidos de atividade ilícita, seja
de natureza civil ou penal”, afinal, “o pagamento de tributo não é uma sanção, mas uma
arrecadação decorrente de renda ou lucro percebidos”, ainda que esses tenham sido contraídos
ante atos ilícitos.
É importante que você saiba, ainda, que de acordo com o art. 118 do Código Tributário
Nacional a definição legal do fato gerador é interpretada com abstração da validade jurídica
dos atos efetivamente praticados pelos contribuintes, responsáveis ou terceiros, bem como da
atividade ilícita quando a exação atinge seus produtos não deve prosperar, pois, dentre outros
motivos, deve-se considerar o teor do art. 118 do Código Tributário Nacional, no qual a definição
legal do fato gerador deve ser “interpretada com abstração da validade jurídica dos atos
17
STJ: REsp 182.563/RJ, 5ª Turma, Rel. Min José Arnaldo da Fonseca, DJU de 23/11/1998.
18 Disponível em:
https://ww2.stj.jus.br/processo/revista/documento/mediado/?componente=ITA&sequencial=741458&num_registro
=200701148850&data=20080218&formato=PDF. Precedentes: STJ: REsp 182.563/RJ, 5ª Turma, Rel. Min José
Arnaldo da Fonseca, DJU de 23/11/1998; STJ: HC 7.444/RS, 5ª Turma, Rel. Min. Edson Vidigal, DJ de 03.08.1998;
STF: HC 77.530/RS, Primeira Turma, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, DJU de 18/09/1998; STJ: REsp 182.563/RJ, 5ª
Turma, Rel. Min José Arnaldo da Fonseca, DJU de 23/11/1998.
78
efetivamente praticados pelos contribuintes, responsáveis ou terceiros, bem como da natureza
77.530/RS asseverou:
(...)
possibilidades, constitui como uma das formas de colaborar o próprio tributo, esse que
79
representa, sob certo olhar, uma fração da propriedade privada entregue em nome do corpo
coletivo19.
tempo, ser suficiente para o fim a que se destina e, ainda, alcançar valor que não imponha ao
contribuinte obrigações além da capacidade que possui, a ponto de colocar em risco a
Compreende? Para esclarecer esse aspecto, leia o que explica Leandro Paulsen (2014):
19
Vide questões 8 e 9
80
De acordo com Leandro Paulsen (2014), o princípio da capacidade contributiva pode ser
a) imunidade;
b) isenção;
c) seletividade;
c) progressividade.
base de cálculo, assim, quanto maior a base de cálculo, maior a carga tributária. Conforme
afirma Paulsen (2014), a progressividade se apresenta em duas espécies.
Preste atenção: a progressividade simples é aquela que aumenta a alíquota ante o aumento
“A progressividade nos tributos, sob o prisma da justiça, é a única técnica que permite a
personalização dos impostos, como determina expressamente o art. 145, §1º, da
Constituição de 1988. É que, na medida em que o legislador considera as necessidades
pessoais dos contribuintes, passa também a conceder reduções e isenções. Tais renúncias
de receitas, ocorrentes em favor do princípio da igualdade, têm de ser compensadas por
meio da progressividade, a fim de que o montante da arrecadação se mantenha o mesmo
no total.
21
BALEEIRO, Aliomar. Direito Tributário Brasileiro. Atualizada por Misabel Abreu Machado Derzi. 12 ed. Rio de
Janeiro: Forense, 2013, p. 331.
82
2.7 Limites Constitucionais ao Poder de Tributar
A existência do Estado se justifica para a consecução do bem comum e é por este motivo
que ele goza, no ordenamento jurídico, de diversas prerrogativas que lhe asseguram uma
Ricardo Alexandre (2017) aponta que a relação jurídico-tributária não é meramente uma
relação de poder, pois, como toda relação jurídica, é balizada pelo direito e, em face da
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União,
aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
a) em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver
instituído ou aumentado;
b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou
aumentou;
c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que os
instituiu ou aumentou, observado o disposto na alínea b;
83
VI - instituir impostos sobre:
c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das
entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social,
sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei;
§ 1º A vedação do inciso III, b, não se aplica aos tributos previstos nos arts. 148, I, 153, I,
II, IV e V; e 154, II; e a vedação do inciso III, c, não se aplica aos tributos previstos nos arts.
148, I, 153, I, II, III e V; e 154, II, nem à fixação da base de cálculo dos impostos previstos
nos arts. 155, III, e 156, I.
§ 5º A lei determinará medidas para que os consumidores sejam esclarecidos acerca dos
impostos que incidam sobre mercadorias e serviços.
84
§ 7º A lei poderá atribuir a sujeito passivo de obrigação tributária a condição de
responsável pelo pagamento de imposto ou contribuição, cujo fato gerador deva ocorrer
posteriormente, assegurada a imediata e preferencial restituição da quantia paga, caso
não se realize o fato gerador presumido.
contra mudanças que lhe diminuam o alcance ou a amplitude, já que são verdadeiras garantias
individuais do contribuinte.
Você deve relembrar que a norma constitucional que define as "cláusulas pétreas" não
proíbe quaisquer Emendas sobre aquelas matérias, mas tão somente veda as mudanças
tendentes a abolir o que ali está enumerado.
Quando a Emenda Constitucional 3/1993 tentou autorizar a criação do Imposto Provisório sobre
a Movimentação Financeira (que deu origem à CPMF, hoje extinta), excluindo-o da regra que
impõe que a cobrança só pode ser feita no exercício financeiro seguinte ao da publicação da
lei instituidora (princípio da anterioridade - CP, art. 150, III, b), o Supremo Tribunal Federal
entendeu que a Emenda era inconstitucional por tender a suprimir garantia individual do
contribuinte (STF, Tribunal Pleno, ADI 939-2/DF, Rei. Min. Sydney Sanches, j. 15.12.1993, DJ
18.03.1994, p. 5.165).
85
Compreende? As Emendas Constitucionais que ampliem garantias individuais do
contribuinte são válidas, mas as que as diminuem, criam exceções ou de qualquer forma
enfraquecem tais garantias são inconstitucionais por tenderem a aboli-las.
Por ser extremamente pertinente, transcreve-se o trecho mais esclarecedor da Ementa (ADI 939-
7-DF): "A Emenda Constitucional 3, de 17.03.1993, que, no art. 2.0 , autorizou a União a instituir
o IPMF, incidiu em vício de inconstitucionalidade, ao dispor, no § 2.0 desse dispositivo, que,
quanto a tal tributo, não se aplica 'o art. 150, IH, b, e Vl', da Constituição, porque, desse modo,
violou os seguintes princípios e normas imutáveis (somente eles, não outros): 1. o princípio dê!
anterioridade, que e garantia individual do contribuinte (art. 5.0 , § 2.0, art. 60, § 4.0, inciso IV, e
art. 150, Hl, b, da Constituição); 2. o princípio da imunidade tributária recíproca (que veda a
União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios a instituição de impostos sobre o
patrimônio, rendas ou serviços uns dos outros) e que é garantia da Federação (art. 60, § 4.0,
inciso 1, e art. 150, VI, a, da CF); 3. a norma que, estabelecendo outras imunidades, impede a
criação de impostos (art. 150, Ili) sobre: b): templos de qualquer culto; e): patrimônio, renda ou
serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos
trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos
os requisitos da lei; e d): livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão" (STF,
Tribunal Pleno, ADI 939-7/DF, Rei. Min. Sydney Sanches, j. 15.12.1993, OJ 18.03.1994).
86
2.7.1 Legalidade
A Constituição Federal de 1988, em seu art. 5.º, II, estabeleceu que "ninguém será obrigado
a fazer ou a deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei''.
princípio da legalidade.
tributo sem lei que o estabeleça''. Além disso, recorde-se que o tributo, por definição legal, é
prestação "instituída em lei''. Caso se opte por seguir a lição dos constitucionalistas, segundo a
II - a majoração de tributos, ou sua redução, ressalvado o disposto nos artigos 21, 26, 39,
57 e 65;
87
VI - as hipóteses de exclusão, suspensão e extinção de créditos tributários, ou de dispensa
ou redução de penalidades.
2.7.2 Isonomia
O Constituinte, nos termos do art. 150, II, da Carta Maior, dispôs que é vedado aos entes
federados "instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação
equivalente".
Ao fazê-lo, ele tratou da isonomia no seu sentido horizontal, posto que exigiu tratamento
igual aos que estão em situação equivalente, e, ao mesmo tempo, deixou implícita a necessidade
de tratamento desigual aos que se encontram em situações relevantemente distintas, sendo este
o sentido vertical. Por tudo, é lícito afirmar que, havendo desigualdade relevante) a Constituição
não apenas permite a diferenciação como também a exige.
Para além da garantia da não cobrança de tributo em relação a fatos geradores ocorridos
antes do início da vigência da lei que os houver instituído ou aumentado, o constituinte apenas
impediu a cobrança no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que instituiu
ou aumentou a exação.
88
Compreende? Coloquemos em outras palavras: é lícito afirmar que o princípio da segurança
jurídica se traduz, em matéria tributária, no princípio da não surpresa, cujos corolários são os
princípios da irretroatividade, da anterioridade e da noventena.
2.7.4 Irretroatividade
Você já sabe que a Constituição veda aos entes tributantes cobrar tributos em relação a fatos
geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver instituído ou aumentado.
geradores", justamente por que a nova lei não pode atingi-los e eles não
são aptos a fazer surgir obrigações tributárias. Nessa linha de
entendimento, o Código Tributário Nacional, no seu art. 105, afirma que "a
legislação tributária aplica-se imediatamente aos fatos geradores futuros e
aos pendentes”
O princípio da irretroatividade da lei tributária, previsto no art. 150, III, a, da CF, não possui
qualquer exceção, mas não é incompatível com a possibilidade de leis com efeito retroativo,
como é o caso daquelas expressamente interpretativas e as que versem sobre infrações e sejam
melhores para os infratores. Tome muito cuidado com o teor do enunciado em questões de
concursos!
Você já sabe que a Carta Maior veda à União, Estados, Distrito Federal e Municípios cobrar
tributos "no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou
aumentou", nos termos do art. 150, III, b.
89
A princípio, atente que a regra tem como marco temporal a data da publicação da lei,
enquanto o princípio da irretroatividade toma como base a data da vigência dessa mesma lei.
É importante reforçar que sua razão de ser é proteger o contribuinte, não impedindo,
portanto, a imediata aplicação das mudanças que diminuam a carga tributária a que o
contribuinte está sujeito, como nos casos de extinção ou redução de tributos, ou que não
tenham qualquer impacto sobre essa carga tributária.
2.7.6 Noventena
Repare que, assim, se um tributo for majorado ou instituído por lei publicada após o dia 3
de outubro, data na qual faltam 90 dias para o término do exercício financeiro, a cobrança não
mais pode ser feita a partir de 1.º de janeiro do ano seguinte, sob pena de infringir a noventena.
22
Vide questão 13
90
Caso a publicação da lei instituidora ou majoradora ocorra no início do ano, a cobrança não
pode ser feita imediatamente após o transcorrer de noventa dias, posto que o princípio da
anterioridade do exercício exige que se espere o início do ano subsequente.
Isto é, instituído ou majorado tributo, a respectiva cobrança só pode ser realizada após o
A Constituição Federal prevê, no mesmo § 1.º do art. 15023, as seguintes exceções ao princípio
da noventena:
Art. 150, §1º. O pagamento antecipado pelo obrigado nos termos deste artigo extingue o
crédito, sob condição resolutória da ulterior homologação ao lançamento.
A Constituição em seu art. 150, inciso V, proíbe os entes federados de "estabelecer limitações
Esse disposto objetiva evitar que os entes políticos possam criar tributos incidentes sobre a
passagem de pessoas e bens em seus territórios.
Essa situação era relativamente comum no passado, como aponta Ricardo Alexandre (2017),
os tributos eram criados com finalidade arrecadatória, mas acabavam por constituir restrições
23
Vide questão 18
91
2.7.8 Vedações Específicas à União
O art. 151 da Constituição apresenta três vedações voltadas de maneira específica à União.
Observe a redação do artigo:
I - instituir tributo que não seja uniforme em todo o território nacional ou que implique
distinção ou preferência em relação a Estado, ao Distrito Federal ou a Município, em
detrimento de outro, admitida a concessão de incentivos fiscais destinados a promover o
equilíbrio do desenvolvimento sócio-econômico entre as diferentes regiões do País;
II - tributar a renda das obrigações da dívida pública dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios, bem como a remuneração e os proventos dos respectivos agentes
públicos, em níveis superiores aos que fixar para suas obrigações e para seus agentes;
III - instituir isenções de tributos da competência dos Estados, do Distrito Federal ou dos
Municípios.
Este dispositivo objetiva proteger o pacto federativo. Veja que ele atua de forma a impedir
que o ente que tributa em todo o território nacional use este poder para submeter os entes
O disposto no art. 151 da CRFB/88 está protegido como cláusula pétrea, em virtude de se
92
2.7.8.1 Uniformidade Geográfica da Tributação
Disposto no art. 151, I, da Lei Maior, este princípio veda à União "instituir tributo que não
seja uniforme em todo o território nacional ou que implique distinção ou preferência em relação
Não pode a União estipular diferentes alíquotas do imposto sobre a renda, nos
distintos Estados da federação. Por exemplo, caso a alíquota seja menor em
Pernambuco, os outros Estados seriam ilegitimamente diferenciados, indo de
encontro e fragilizando a federação.
Dispõe o art. 151, II, da CF/1988, que é vedado à União "tributar a renda das obrigações da
dívida pública dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, bem como a remuneração e
os proventos dos respectivos agentes públicos, em níveis superiores aos que fixar para suas-
93
Esta restrição, que se aplica de maneira exclusiva ao imposto sobre a renda, objetiva evitar que
a União utilize o tributo como um meio de concorrer deslealmente no "mercado" de títulos da
Ricardo Alexandre (2017) ensina que a isenção é forma de exclusão do crédito tributário
consistente na dispensa legal do pagamento do tributo, como se verá com mais profundidade
adiante.
Trata-se de benefício fiscal concedido exclusivamente por lei. Via de regra, é elaborada pelo
ente que tem competência para a criação do tributo. Deste modo, você pode concluir que o
poder de isentar é natural decorrência do poder de tributar.
Coloquemos em outros termos: a regra é que as isenções sejam autônomas porque são
concedidas pelo ente federado a quem a Constituição atribuiu a competência para a criação do
tributo.
A regra está prevista no art. 151, III, cuja redação veda à União "instituir isenções de tributos
da competência dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios''.
Com base na simetria, é também possível afirmar que os Estados não podem conceder
94
2.7.8.4 Não discriminação baseada em procedência ou destino
Previsto no art. 152 da Carta Maior, este princípio é aplicável exclusivamente aos Estados, ao
Distrito Federal e aos Municípios, vedando-os estabelecer diferenças tributárias entre bens e
É uma regra protetiva do pacto federativo, visto que se proíbe que os entes locais se
discriminem entre si.
Não esqueça que a União - e somente ela - está autorizada a estipular tratamento tributário
diferenciado entre os Estados da federação tendo por meta diminuir as desigualdades
Ricardo Alexandre (2017) aponta que o gestor público administra patrimônio de outrem,
não podendo praticar atos de que resultem impactos negativos sobre tal patrimônio sem a
Segundo o autor:
95
a tentadora possibilidade de se utilizar da desoneração tributária como moeda de troca
por vantagens pessoais da autoridade administrativa.
2.8 Imunidade
(PAULSEN, 2014).
De acordo com Leandro Paulsen (2014), o teor da Lei Maior institui verdadeira “regra
negativa de competência especifica”, sentido que se aproxima do pensamento de Luciano Amaro
(2014, p.176), para o qual a imunidade “configura simples técnica legislativa por meio da qual o
constituinte exclui do campo tributável determinadas situações sobre as quais ele não quer que
Podem ser:
Subjetivas: toma como base parâmetros que podem levar em consideração as pessoas
beneficiadas pela exceção (esse tipo de imunidade não exime as pessoas por ela
Mistas: a combinação das duas acima, ou seja, levam em consideração tanto pessoas
como objetos.
Ontológicas: existiriam mesmo sem previsão expressa no texto constitucional, pois são
fundamentais para a efetivação do princípio da isonomia e para respeitar o pacto
24
Porque se trata de tema bastante debatido no Poder Judiciário, sugere-se que o aluno não deixe de observar a
jurisprudência trazida ao final deste material.
25
Vide questão 6
96
Políticas: visam à proteção de outros princípios, em virtude de uma opção política do
diversos tributos;
Implícitas: não estão expressas no texto da CF, mas decorrem dos princípios
constitucionalmente consagrados.
lado, o segundo instituto, denominado isenção, constitui a dispensa do pagamento, isto é, uma
liberação da obrigação tributária, que recai sobre determinados sujeitos, em situações definidas
Se ligue! A imunidade não se confunde com a não incidência, pois essa se refere às situações
em que um fato não é alcançado pela regra da tributação. A imunidade é espécie do gênero
não incidência, razão pela qual muitos autores conceituam a imunidade como uma hipótese de
não incidência constitucionalmente qualificada.
97
b) o ente tributante não dispõe de competência para definir determinada situação como
configura-se imunidade.
Também não se confundem (as imunidades) com a “alíquota zero”, pois nesse caso, o fato
gerador ocorre, há a incidência, mas o tributo não é pago porque a sua alíquota é zero, como
98
Não incidirão sobre as receitas decorrentes de exportação (art. 149, § 2º, I, CF)
A imunidade recíproca constitui aquela prevista no art. 150, VI, a, da CF, instituída como
cláusula pétrea, que afasta a possibilidade da tributação exercida por qualquer dos entes da
federação sobre os demais no que diz respeito aos impostos26. Apesar dessa previsão
constitucional, Harada (2017) ressalta o seguinte:
26
Vide questão 12
27 Art. 9º É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: IV - cobrar imposto sobre: a) o
patrimônio, a renda ou os serviços uns dos outros; b) templos de qualquer culto; c) o patrimônio, a renda ou
99
Seguindo o texto na sua integralidade, no julgamento da ADI 2.024 o STF declarou que o
princípio da imunidade tributária recíproca (CF, art. 150, VI, a) não pode ser invocado na hipótese
de contribuições previdenciárias. De outro lado, no julgamento do RE 601720, decidiu-se que
incide o imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) sobre bem público cedido a pessoa jurídica
de direito privado, sendo essa a devedora e, portando, não beneficiária da imunidade.
No que diz respeito ao tema ora estudado, faz-se necessário destacar o posicionamento da
Corte Máxima, que tem estendido o benefício da imunidade tributária às empresas públicas e
sociedades de economia mista em caso específico, qual seja, a prestação de serviço público
do correio aéreo nacional), por se tratar de empresa pública prestadora de serviço público de
prestação obrigatória e exclusiva do Estado28.
serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições
de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, observados os requisitos fixados na Seção II deste Capítulo;
d) papel destinado exclusivamente à impressão de jornais, periódicos e livros.§ 1º O disposto no inciso IV não
exclui a atribuição, por lei, às entidades nele referidas, da condição de responsáveis pelos tributos que lhes
caiba reter na fonte, e não as dispensa da prática de atos, previstos em lei, assecuratórios do cumprimento
de obrigações tributárias por terceiros.
28
Vide questão 10
100
Vejamos:
de economia mista. (RE 897104 AgR, Relator(a): Min. ROBERTO BARROSO, Primeira
Turma, julgado em 27/10/2017, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-283 DIVULG 07-12-2017
PUBLIC 11-12-2017)
2. A imunidade tributária recíproca (art. 150, VI, ‘a’, da CRFB/88) é extensível às empresas
capital social fechado e quase que integralmente titularizado pelo Estado do Ceará
(99,9996%), sem indicação de qualquer risco de quebra do equilíbrio concorrencial ou de
Aluno, chamo sua atenção para duas jurisprudências relevantes sobre o tema:
A imunidade tributária gozada pela OAB é da espécie recíproca (art. 150, VI, “a” da CF/88),
na medida em que a OAB desempenha atividade própria de Estado (defesa da Constituição, da
ordem jurídica do Estado democrático de direito, dos direitos humanos, da justiça social, bem
como a seleção e controle disciplinar dos advogados)29.
29
STF. Plenário. RE 259976 AgR, Rel. Min. Joaquim Barbosa, julgado em 23/03/2010. STF. Plenário. RE 405267, Rel.
Min. Edson Fachin, julgado em 06/09/2018.
101
As Caixas de Assistência de Advogados encontram-se tuteladas pela imunidade recíproca
prevista no art. 150, VI, “a”, da Constituição Federal. A Caixa de Assistência dos Advogados é
um “órgão” integrante da estrutura da OAB, mas que possui personalidade jurídica própria. Sua
finalidade principal é prestar assistência aos inscritos no respectivo no Conselho Seccional (art.
62 da Lei nº 8.906/94). As Caixas de Assistências prestam serviço público delegado e possuem
status jurídico de ente público. Vale ressaltar ainda que elas não exploram atividades econômicas
em sentido estrito com intuito lucrativo. Diante disso, devem gozar da imunidade recíproca,
A Lei Complementar 116/03 (Lei geral sobre o ISS) elenca nos itens 21 e 21.0, da lista de
serviços tributáveis, os serviços notariais e registrais. A base de cálculo do tributo é parte dos
emolumentos, que por sua vez, tem natureza tributária de taxa, enquanto contraprestação de
um serviço público estadual. O STF entendeu que é possível a incidência do ISSQN sobre os
serviços de registros públicos, não se aplicando a imunidade tributária recíproca,
30
STF. Plenário. RE 405267/MG, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 6/9/2018 (Info 914).
31
Vide questões 2 e 14
102
A liberdade de culto é direito individual, e a imunidade religiosa é uma das garantias que
Assim, entende o STF que somente o culto de natureza religiosa poderá autorizar o gozo da
imunidade conferida pela Constituição, motivo este que levou a Corte a não admitir a extensão
do benefício à maçonaria, afinal, em suas lojas não se professa qualquer religião (RE 562.351).
No que diz respeito à finalidade dos templos, essa que condiciona o reconhecimento da
imunidade, a Corte Máxima fixou o entendimento no sentido de que “não cabe à entidade
religiosa demonstrar que utiliza o bem de acordo com suas finalidades institucionais. Ao
contrário, compete à administração tributária demonstrar a eventual tredestinação do bem
Sobre a abrangência da imunidade prevista no art. 150, VI, b, da CF, o STF já se posicionou,
indicando que o instituto declarado pela Constituição não deve alcançar “somente os prédios
exação promovida pelo município, afastando a cobrança do IPTU sobre imóveis de propriedade
das igrejas que, por sua vez, encontram-se alugados.
Por fim, ainda merece destaque a imunidade que atinge os cemitérios, pois entende a Corte
Constituição do Brasil. Sendo assim, para o STF, não cabe a incidência de IPTU em relação aos
cemitérios.
O STF entende que se o um imóvel que pertence a ente imune é alugado, não deixa de estar
vinculado às finalidades essenciais, desde que o valor dos aluguéis seja revertido às atividades
do ente. Ademais, em se tratando de entidade religiosa, há presunção relativa de que o imóvel
da entidade está vinculado às suas finalidades essenciais.
103
Veja o julgado32 a seguir, comentado pelo Blog do Dizer o Direito. “Determinada Igreja
efetuou a compra de um terreno baldio (imóvel vago) que seria utilizado para a construção de
um templo, conforme um projeto que já estava aprovado. O Município efetuou o lançamento
do ITBI afirmando que a Igreja somente gozaria de imunidade quanto a esse bem quando o
projeto já estivesse concluído e o templo construído. A tese do Município foi aceita pelo STJ?
NÃO. Segundo decidiu o STJ, haveria imunidade no presente caso. Em se tratando de entidade
religiosa, há presunção relativa de que o imóvel da entidade está vinculado às suas finalidades
essenciais, o que impede a cobrança de impostos sobre aquele imóvel de acordo com o art.
150, VI, “c”, da CF. A descaracterização dessa presunção para que incida ITBI sobre imóvel de
entidade religiosa é ônus da Fazenda Pública municipal, nos termos do art. 333, II, do CPC/1973
(art. 373, II, do CPC/2015). Em suma, para fins de cobrança de ITBI, é do município o ônus da
prova de que imóvel pertencente a entidade religiosa está desvinculado de sua destinação
institucional.”
Consoante o texto da Constituição (art. 150, IV, c, CF), é vedado à União, aos Estados, ao
Distrito Federal e aos Municípios instituir impostos sobre patrimônio, renda ou serviços dos
partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das
instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da
lei33.
Conforme leciona Paulsen (2014), “embora refira os impostos “sobre” “patrimônio, renda ou
serviços”, deve-se considerar a interpretação do STF no sentido de que restam abrangidos todos
32
STJ. 2ª Turma. AgRg no AREsp 444193-RS, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 4/2/2014 (Info 534).
33
Vide questão 5
104
Nos termos do art. 14 do CTN, subordina-se a imunidade à observância dos seguintes
requisitos:
(I) não distribuição de qualquer parcela de seu patrimônio ou de suas rendas, a qualquer
título;
(II) aplicação integral, no País, dos recursos na manutenção dos objetivos institucionais;
autoridade competente. Ainda, prescreve a lei que os serviços a que se refere a alínea c do
inciso IV do artigo 9º34 são exclusivamente, os diretamente relacionados com os objetivos
institucionais das entidades de que trata este artigo, previstos nos respectivos estatutos ou
atos constitutivos.
atividade que gere renda e, a rigor, não se enquadrar nas suas finalidades essenciais, não afasta
a imunidade, desde que os recursos obtidos sejam destinados a tais finalidades essenciais.
Neste ponto, vale a leitura das súmulas do STF e do STJ abaixo apresentadas:
34 (...) o patrimônio, a renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidade s sindicais dos trabalhadores, das
instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, observados os requisitos fixados na Seção II deste Cap ítulo
105
Súmula 730, STF - A imunidade tributária conferida a instituições de assistência social sem
fins lucrativos pelo art. 150, VI, "c", da Constituição, somente alcança as entidades fechadas
de previdência social privada se não houver contribuição dos beneficiários.
Súmula Vinculante 52, STF - Ainda quando alugado a terceiros, permanece imune ao IPTU
o imóvel pertencente a qualquer das entidades referidas pelo art. 150, VI, "c", da Constituição
Federal, desde que o valor dos aluguéis seja aplicado nas atividades para as quais tais
efeitos à data em que demonstrado o cumprimento dos requisitos estabelecidos por lei
complementar para fruição da imunidade.
No art. 150, inciso VI, alínea d, determinou o constituinte que, sem prejuízo de outras
garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos
Municípios instituir impostos sobre livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua
impressão.
Na ocasião da decisão, ainda revelou a Corte que “o constituinte, ao instituir esta benesse,
não fez ressalvas quanto ao valor artístico ou didático, à relevância das informações divulgadas
ou à qualidade cultural de uma publicação” (RE 221.239, rel. min. Ellen Gracie, j. 25-5-2004, 2ª
106
T, DJ de 6-8-2004.] = RE 179.893, rel. min. Menezes Direito, j. 15-4-2008, 1ª T, DJE de 30-5-
2008).
Sobre a imunidade definida no art. 150, inciso VI, alínea d da Constituição Cidadã, é
107
informações necessárias ao serviço público a custo zero para os assinantes, consubstanciando
acessório que segue a sorte do principal. [RE 199.183, rel. min. Marco Aurélio, j. 17-4-1998,
2ª T, DJ de 12-6-1998.] = AI 663.747 AgR, rel. min. Joaquim Barbosa, j. 6-4-2010, 2ª T, DJE
de 30-4-2010
Não se aplica
não pode ser interpretada de modo amplo e irrestrito. Inexiste imunidade relativa a tributos
incidentes sobre a importação de tintas e chapas de gravação destinadas à publicação de
jornal. [AI 735.816 AgR, rel. min. Alexandre de Moraes, j. 23-3-2018, 1ª T, DJE de 11-4-2018.]
não abrange os serviços prestados por empresas que fazem a distribuição, o transporte ou
a entrega de livros, jornais, periódicos e do papel destinado a sua impressão. Precedentes. O
STF possui entendimento no sentido de que a imunidade em discussão deve ser interpretada
restritivamente. [RE 530.121 AgR, rel. min. Ricardo Lewandowski, j. 9-11-2010, 1ª T, DJE de
29-3-2011.] = RE 630.462 AgR, rel. min. Ayres Britto, j. 7-2-2012, 2ª T, DJE de 7-3-2012
Não há de ser estendida a imunidade de impostos prevista no dispositivo constitucional sob
referência, concedida ao papel destinado exclusivamente à impressão de livros, jornais e
periódicos, aos serviços de composição gráfica necessários à confecção do produto final.
[RE 230.782, rel. min. Ilmar Galvão, j. 13-6-2000, 1ª T, DJ de 10-11-2000.] = RE 434.826 AgR,
rel. p/ o ac. min. Celso de Mello, j. 19-11-2013, 2ª T, DJE de 12-12-2013
Encartes de propaganda distribuídos com jornais e periódicos. ISS. Art. 150, VI, d, da
Constituição. Veículo publicitário que, em face de sua natureza propagandística, de exclusiva
índole comercial, não pode ser considerado como destinado à cultura e à educação, razão
pela qual não está abrangido pela imunidade de impostos prevista no dispositivo
constitucional sob referência, a qual, ademais, não se estenderia, de qualquer forma, às
empresas por eles responsáveis, no que concerne à renda bruta auferida pelo serviço
prestado e ao lucro líquido obtido - RE 213.094, rel. min. Ilmar Galvão, j. 3-8-1999, 1ª T, DJ
de 15-10-1999.
Cabe mencionar também a súmula vinculante 57 do STF, aprovada em 2020, que pacificou
108
2.8.6 Imunidade dos fonogramas
No art. 150, inciso VI, alínea “e”, o constituinte determinou que, sem prejuízo de outras
garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos
interpretadas por artistas brasileiros bem como os suportes materiais ou arquivos digitais
que os contenham, salvo na etapa de replicação industrial de mídias ópticas de leitura a
laser.
Foi aprovada com vista a favorecer a produção musical brasileira, fazendo com que seja
menos impactada pelos efeitos da concorrência predatória de produtos falsificados
comercializados sem o pagamento de tributos, bem como pelo acesso facilitado e gratuito
que as pessoas têm à música através da internet.
(...)
A alíquota zero utilizada como instrumento de benefício fiscal não se confunde com o
instituto da imunidade tributária.
estimular ou desestimular alguma atividade. Para isto, poderá reduzir para zero à alíquota de
109
determinado tributo, deste modo, gerando como resultado, crédito tributário também no
montante de zero.
É importante que você fique atento que a semelhança entre os institutos agora tratados
está tão somente na ausência de valores a serem pagos aos cofres públicos, posto que eles
Normalmente, a redução dessa alíquota ao percentual de zero vem por meio de ato do
poder executivo em tributos extrafiscais com fito de proteger ou estimular atual momento
econômico ou social.
2.9 Isenção
Sob o olhar de Luciano Amaro (2014), a isenção reside em momento bem delimitado, aquele
no qual se observa o exercício da competência. Por essa percepção, de pronto se compreende
a distância entre esse instituto e a imunidade, já estudada anteriormente, já que essa perpassa
Como bem ensina Amaro (2014, p. 177), a isenção é expressa quando, no exercício do poder
de tributar, o ente da federação, mediante lei, manifesta a sua vontade de não expor
110
por sua vez, é simples consequência do fato de determinada situação não se enquadrar
na hipótese de incidência (também chamada regra matriz de incidência tributária). Por
vezes, contudo, o legislador torna expressa a não incidência, modelando ou restringindo
a própria norma de incidência.
Agora preste atenção nisso! Indo em sentido contrário a boa parte da doutrina, optou o
legislador por declarar no CTN que são hipótese de exclusão do crédito tributário (a) a isenção
e a (b) anistia. Ainda, destaca o art. 175, parágrafo único, do Código que a exclusão do crédito
No que diz respeito à isenção, o legislador fixou no art. 176 que o citado benefício, ainda
sua duração. Quanto ao alcance da isenção, registra-se na lei que a isenção pode ser restrita a
determinada região do território da entidade tributante, em função de condições a ela
peculiares (art. 176, parágrafo único).
Quanto à extensão, o art. 177 do CTN revela que a isenção não se aplica às taxas e às
contribuições de melhoria, bem como aos tributos instituídos posteriormente à sua concessão.
Ainda, em face do princípio da segurança jurídica, determinou o legislador infraconstitucional
que, salvo se concedida por prazo certo e em função de determinadas condições, a isenção
pode ser revogada ou modificada por lei, a qualquer tempo, observado o disposto no inciso
Neste ponto, faz-se necessário trazer ao seu conhecimento temas consagrados pela doutrina
e pela jurisprudência.
3535
Art. 104. Entram em vigor no primeiro dia do exercício seguinte àquele em que ocorra a sua publicação os
dispositivos de lei, referentes a impostos sobre o patrimônio ou a renda: III - que extinguem ou reduzem isenções,
salvo se a lei dispuser de maneira mais favorável ao contribuinte, e observado o disposto no artigo 178.
111
A matéria, regulada pelo art. 177 do CTN, remete o leitor ao conceito de isenção onerosa,
aquela que, para o seu proveito, exige do contribuinte o preenchimento de condições impostas
pelo próprio Fisco, nos termos da legislação vigente.
condição onerosa, não podem ser livremente suprimidas” - súmula 544), esse que vem sendo
adotado pelo STJ36, Corte que revela o princípio constitucional da segurança jurídica como a
Desde logo, observa-se que a solução da controvérsia passa, diretamente, pelo princípio
constitucional da segurança jurídica, estampado, entre outros, no art. 5º, XXXVI, da
Constituição Federal, segundo o qual "a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato
jurídico perfeito e a coisa julgada".
Como assinalado, embora o art. 178 do CTN e a Súmula 544 do STF tratem de uma regra
a ser observada nas isenções concedidas sob condições onerosas, veiculam, em verdade,
norma derivada diretamente do princípio constitucional da segurança jurídica, daí porque
servem ao reforço da conclusão pela necessidade de manutenção dos termos fixados no
benefício fiscal cuja concessão se dá mediante o preenchimento de condições onerosas.
No que diz respeito ao procedimento administrativo, prescreve o art. 179 do CTN que a
isenção, quando não concedida em caráter geral, é efetivada, em cada caso, por despacho da
36 Disponível em:
https://ww2.stj.jus.br/processo/revista/documento/mediado/?componente=ITA&sequencial=1785404&num_registr
o=201200366684&data=20190226&formato=PDF.
112
E, ainda detalha a lei:
O art. 151, III, da CF determina que é vedado à União “instituir isenções de tributos da
competência dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios”. O texto da Constituição,
Neste ponto, vale ressaltar, trata-se de uma limitação ao poder de tributar conferido à União,
pessoa jurídica de direito público interno, essa que, por respeito à unidade federativa, não está
No entanto, não se pode confundir a figura da União, inserida no contexto interno, com
aquela figura que ostenta na expressão de sua soberania, como sujeito de direito internacional
público.
Nessa segunda condição, diversamente, a regra do art. 151, inciso III da CF não alcança, não
Na realidade, a cláusula de vedação inscrita no art. 151, III, da Constituição – que proíbe
a concessão de isenções tributárias heterônomas – é inoponível ao Estado Federal
Brasileiro (vale dizer, no plano das relações institucionais domésticas que se estabelecem
entre as pessoas políticas de direito público interno.
1) CF/88 permite que a União conceda, por meio de lei complementar, isenção do ICMS
incidente nas operações com serviços e outros produtos destinados ao exterior (essa hipótese
não tem utilidade, pois a EC 42/03 tornou imune ao ICMS as operações que destinem quaisquer
mercadorias para o exterior e sobre os serviços prestados a destinatário no exterior).
Neste ponto, é importante trazer uma discussão acerca das gratuidades estabelecidas
referentes aos atos praticados pelos Oficiais de Registro Civil das Pessoas Naturais.
ônus seria suportado apenas pelos particulares, quanto a este último ponto, o STF já teve a
oportunidade e se manifestou pela constitucionalidade na norma (ADI 1800 e ADC 5).
114
QUADRO SINÓPTICO
115
plurianuais, diretrizes orçamentárias e
orçamentos. (IV) a matéria reservada à lei
complementar; e, finalmente, não serão
objeto de delegação os atos de
competência exclusiva do Congresso
Nacional, os de competência privativa da
Câmara dos Deputados ou do Senado
Federal (art. 68, CF).
• Medidas provisórias
São vias normativas extraordinárias. Medida
provisória que implique instituição ou
majoração de impostos, exceto os
previstos nos arts. 153, I, II, IV, V, e 154,
II, só produzirá efeitos no exercício
financeiro seguinte se houver sido
convertida em lei até o último dia daquele
em que foi editada.
• Decretos legislativos
Os decretos legislativos têm destaque ante
a aprovação de convenções internacionais,
momento no qual deve-se criar óbice à
dupla tributação do imposto sobre a renda
ou, como ainda destaca Harada (2017),
“para estatuir isenções recíprocas de
impostos federais, estaduais e municipais
em determinadas circunstâncias”.
• Resoluções
Espécie normativa produzida
exclusivamente pelo Congresso Nacional
(ou por cada uma de suas Casas), tem
importância no Direito Tributário nas
situações reguladas pelo art. 155 da CF
• Tratados e convenções internacionais
116
Consoante o teor do art. 98 do CTN, os
tratados e as convenções internacionais
possuem o poder de revogar ou modificar
a legislação tributária interna e possui
importância no ordenamento jurídico ao
ponto de que deverão ser observados pela
legislação que lhes sobrevenha.
• Decretos
118
Princípio da anterioridade (art. 150, III, b, CF)
Exceções: empréstimos compulsórios
II; IE; IOF; IEG; IPI; Contribuições sociais; CIDE
combustíveis (a alíquota da contribuição poderá
ser: reduzida e restabelecida); ICMS
combustíveis/lubrificantes poderão ser reduzidas e
restabelecidas.
Princípio da isonomia O princípio da isonomia, anunciado no art. 150, II,
da CF, registra no ordenamento jurídico pátrio que
é vedado aos entes da federação - União, aos
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios -
estabelecer tratamento desigual entre
contribuintes que se encontrem em situação
equivalente, sendo proibida qualquer distinção em
razão de ocupação profissional ou função por eles
exercida, independentemente da denominação
jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos.
Princípio da irretroatividade A irretroatividade tributária esculpida no art. 150,
tributária III, a, da Constituição de 1988, que tem seus pilares
sobre o princípio da legalidade e o da segurança
jurídica, estabelece que é vedada a cobrança de
tributos sobre fatos geradores ocorridos antes do
início da vigência da lei que os houver instituído
ou aumentado.
Princípio da vedação ao confisco O confisco trata-se da carga tributária excessiva,
onerosa ao ponto de pôr em risco o próprio
contribuinte, seus direitos e garantias
constitucionais (PAULSEN, 2014).
Princípio da não limitação ao O texto do art. 150, V da CF veda a imposição de
tráfego de pessoas e ressalva do limitações ao tráfego de pessoas ou bens, por
pedágio meio de tributos interestaduais ou intermunicipais,
por qualquer dos entes da federação.
119
Princípio da uniformidade de O inciso I do art. 151 da Constituição Federal
tributo federal em todo o declara a norma da uniformidade geográfica do
território nacional ou tratamento tributário deferido pela União.
uniformidade geográfica do Fundamentando-se na unidade política do Estado
tratamento tributário deferido Federal Brasileiro, o constituinte declarou naquele
pela União dispositivo que é vedado à União “instituir
tributo que não seja uniforme em todo o
território nacional ou, ainda, que implique
distinção ou preferência em relação a Estado, ao
Distrito Federal ou a Município em detrimento
de outro”. O constituinte acrescenta que é
“admitida a concessão de incentivos fiscais
destinados a promover o equilíbrio do
desenvolvimento socioeconômico entre as
diferentes regiões do País”.
Princípio da não diferenciação O princípio da não diferenciação tributária,
tributária declarado pelo constituinte no art. 152, determina
que é vedado aos Estados, ao Distrito Federal e
aos Municípios estabelecer diferença tributária
entre bens e serviços, de qualquer natureza, em
razão de sua procedência ou destino. De forma
direta, objetiva, o teor da Lei Maior anuncia a
intenção de barrar a guerra fiscal entre os
membros da federação.
Princípio do non olet O princípio do non olet invoca a valoração de
outro princípio: a isonomia. Tributar rendimentos
provenientes de atos ilícitos impede a promoção
de tratamento diferenciado entre sujeitos
envolvidos em atividades ilícitas e aqueles que
agem sob a ordem da lei.
Princípio da capacidade O princípio da capacidade contributiva revela o
contributiva espírito do Estado Social. O sujeito, parte
integrante da coletividade, deve contribuir para o
120
bem-estar da comunidade. E, dentre múltiplas
possibilidades, constitui como uma das formas de
colaborar o próprio tributo, esse que representa,
sob certo olhar, uma fração da propriedade
privada entregue em nome do corpo coletivo.
IMUNIDADE
Imunidade recíproca
A imunidade recíproca constitui aquela prevista no art. 150, VI, a, da CF, que afasta a
possibilidade da tributação exercida por qualquer dos entes da federação sobre os
demais no que diz respeito aos impostos. A imunidade conferida aos entes da federação
é extensiva às autarquias e às fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, ante
o patrimônio, a renda e os serviços, vinculados a suas finalidades essenciais ou às
delas decorrentes.
A Corte Máxima, que tem estendido o benefício da imunidade tributária às empresas
públicas e sociedades de economia mista em caso específico, qual seja, a prestação de
serviço público (obrigatório e exclusivo do Estado). Vejamos:
As empresas públicas e sociedades de economia mista delegatárias de serviços públicos
de prestação obrigatória e exclusiva do Estado são beneficiárias da imunidade tributária.
É extensível às empresas públicas e às sociedades de economia mista prestadoras de
serviços públicos, notadamente quando prestados com cunho essencial e exclusivo.
Imunidade dos templos religiosos
À luz do texto constitucional, a imunidade a impostos alcança os templos de qualquer
culto, expressando o constituinte a vontade de não obstar, através da tributação, a
manifestação da fé.
Imunidade dos partidos, sindicatos, entidades educacionais e assistenciais
Consoante o texto da Constituição (art. 150, IV, c, CF), é vedado à União, aos Estados, ao
Distrito Federal e aos Municípios instituir impostos sobre patrimônio, renda ou serviços
dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos
trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins
lucrativos, atendidos os requisitos da lei.
Imunidade de imprensa
No art. 150, inciso VI, alínea d, determinou o constituinte que, sem prejuízo de outras
garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal
121
e aos Municípios instituir impostos sobre livros, jornais, periódicos e o papel destinado
à sua impressão.
(vide quadro exposto no tópico. Importante observar a posição do STF quanto à matéria)
Imunidade dos fonogramas
No art. 150, inciso VI, alínea “e”, o constituinte determinou que, sem prejuízo de
outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito
Federal e aos Municípios instituir impostos sobre fonogramas e videofonogramas
musicais produzidos no Brasil contendo obras musicais ou literomusicais de autores
brasileiros e/ou obras em geral interpretadas por artistas brasileiros bem como os
suportes materiais ou arquivos digitais que os contenham, salvo na etapa de
replicação industrial de mídias ópticas de leitura a laser.
ISENÇÃO
Isenção é a “exclusão, por lei, de parcela de hipótese de incidência, ou suporte fático da
norma de tributação, sendo objeto da isenção a parcela que a lei retira dos fatos que
realizam a hipótese de incidência da regra de tributação” (Machado, 1998, p. 153). A
isenção onerosa é aquela que, para o seu proveito, exige do contribuinte o
preenchimento de condições impostas pelo próprio Fisco, nos termos da legislação
vigente. O STF, sobre o tema, já sumulou entendimento: “isenções tributárias concedidas,
sob condição onerosa, não podem ser livremente suprimidas” - súmula 544.
Isenção heterônoma
O art. 151, III, da CF determina que é vedado à União “instituir isenções de tributos da
competência dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios”. O texto da
Constituição, portanto, veda a isenção heterônoma.
122
QUESTÕES COMENTADAS
Questão 1
correto afirmar:
financeiro em que for editada, para que a nova norma possa ser aplicada no ano seguinte.
tributária.
C) Há tributos que podem ser majorados sem precisar observar o principio da anterioridade
anual, todavia essas exceções se aplicam apenas a alguns impostos federais.
E) A majoração da base de cálculo do Imposto Sobre Propriedade Territorial Urbana (IPTU) deve
respeitar o princípio da anterioridade nonagesimal.
Comentário:
sua conversão em lei até o último dia do exercício financeiro em que for editada para que
a nova norma possa ser aplicada no ano seguinte. Nesse sentido, veja:
Art. 62, §2º, da CF: Medida provisória que implique instituição ou majoração de impostos,
exceto os previstos nos arts. 153, I, II, IV, V, e 154, II, só produzirá efeitos no exercício
123
financeiro seguinte se houver sido convertida em lei até o último dia daquele em que foi
editada.
pelo que não atrai a incidência da anterioridade nonagesimal prevista no art. 150, III, “c”,
da Carta Política. Precedentes do STF: RE 584.100 Repercussão Geral, Rel. Ministra Ellen
Gracie, Tribunal Pleno, julgado em 25.11.2009; ADI 2.673, Rel. Ministra Ellen Gracie, Tribunal
Pleno, julgado em 03.10.2002; AI 783.509 AgR, Rel. Ministro Ricardo Lewandowski, Primeira
Turma, julgado em 19.10.2010; AI 780.210 AgR, Rel. Ministra Cármen Lúcia, Primeira Turma,
julgado em 14.6.2011, DJe de 29.7.2011.
Por fim, errada a letra E. A majoração da base de cálculo do Imposto Sobre Propriedade
Territorial Urbana (IPTU) não deve respeitar o princípio da anterioridade nonagesimal.
Questão 2
124
mais de 50 pessoas. O templo religioso Y, com sede no município B, realiza suas celebrações
em imóvel de sua propriedade e com capacidade para presença máxima 100 pessoas. O templo
religioso Y foi notificado do lançamento com a cobrança da referida taxa.
A) Os templos de qualquer culto são imunes, portanto não devem pagar a taxa instituída pelo
município B.
B) A taxa é inconstitucional, uma vez que o município B não é competente para a instituição de
Comentário:
Você sabe que os entes federativos possuem o poder de tributar por meio de taxas em
Deste modo, é vedado apenas cobrança da espécie tributária imposto, não se proibindo a
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União,
125
b) templos de qualquer culto.
Questão 3
(VUNESP - 2019 - TJ-RJ - Juiz Substituto) Assinale a alternativa que está em conformidade
com as súmulas do Supremo Tribunal Federal.
C) Decisão que declara indevida a cobrança do imposto em determinado exercício não faz coisa
julgada em relação aos posteriores.
E) Norma legal que altera o prazo de recolhimento da obrigação tributária também se sujeita
ao princípio da anterioridade
Comentário:
Vejamos.
A letra A é incorreta. Nos termos da súmula 69 do STF, a Constituição estadual não pode
estabelecer limite para o aumento de tributos municipais.
Incorreta a letra B nos termos da súmula 573 do STF. Não constitui fato gerador do imposto
O gabarito da questão é a letra C. A Súmula 239 do STF dispõe que "Decisão que declara
indevida a cobrança do imposto em determinado exercício não faz coisa julgada em relação
aos posteriores".
126
Incorreta a letra D. Súmula 329 do STF: O Imposto de Transmissão “Inter Vivos” não incide
Por fim, errada a assertiva, já que a Súmula Vinculante 50 aponta que "Norma legal que
altera o prazo de recolhimento de obrigação tributária não se sujeita ao princípio da
anterioridade".
Questão 4
tributos antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que os
instituiu ou aumentou aplica-se, entre outros, aos seguintes tributos:
previdenciárias.
Comentário:
Elas estão previstas no §1º do mesmo dispositivo. São elas: empréstimos compulsórios
127
pública, de guerra externa ou sua iminência), imposto de importação (II), imposto de
exportação (IE), imposto de renda (IR), IOF, imposto extraordinário de guerra (IEG) e a
fixação da base de cálculo do IPVA e IPTU.
Incorreta a letra A. Conforme visto, não se aplica à fixação da base de cálculo do IPTU e
IPVA. Quanto aos impostos extraordinários, o princípio apenas não se aplica ao caso dos
instituídos no caso de iminência de guerra externa (art. 154, I, CF).
A assertiva C está errada. Você já sabe que o princípio não se aplica aos empréstimos
compulsórios (fundados em despesas extraordinária decorrente de calamidade pública ou
a aplicação do princípio.
Letra D incorreta posto que não se aplica aos empréstimos compulsórios, ao IPI e ao IOF.
Pelos mesmos argumentos expostos, incorreta a letra E. O princípio não se aplica a nenhum
desses tributos.
Questão 5
(VUNESP - 2019 - TJ-RO - Juiz de Direito Substituto) Instituição de ensino superior, sem fins
lucrativos, deixa de recolher os impostos sobre a renda, sobre o patrimônio e sobre os serviços
prestados, sob o entendimento de ser imune à essa tributação, nos termos da Constituição
Federal. A referida instituição mantém escrituração de suas receitas e despesas em livros
aluguel de prédios comerciais ocupados com a sede administrativa da instituição e com salas
128
de aulas. O auditor fiscal responsável pela auditoria considerou inusual o fato de o valor do
aluguel pago por metro quadrado estar muito acima da média para a região e também o fato
de a instituição ser locatária desses imóveis apesar de ser proprietária de outros imóveis na
A) caso o auditor fiscal municipal entenda indevida a manutenção da imunidade tributária por
parte da instituição, ele poderá lançar os impostos municipais que entenda devidos e também
B) apenas as instituições de ensino infantil são imunes à cobrança de impostos, de maneira que
é equivocado o entendimento da administração da instituição que levou ao não recolhimento
C) caso o Fisco constate que o pagamento do aluguel em valor muito superior ao preço de
mercado foi utilizado para a distribuição disfarçada de lucros, poderá considerar como
E) instituições superiores de ensino, por serem imunes à cobrança de tributos, não estão
obrigadas à manutenção de escrituração contábil, de maneira que o Fisco não teria poder de
exigir tais documentos, caso a instituição se negasse a apresentá-los.
Comentário:
A resolução deste quesito exige que você entenda o alcance da imunidade de instituições
sem fins lucrativos, bem como das atribuições da fiscalização. A esse respeito, leia o art.
150, VI, c, CF, art. 14 e 116, parágrafo único, CTN.
129
A imunidade de partidos políticos, sindicatos de trabalhadores, instituições de educação e
assistência social sem fins lucrativos, está prevista no art. 150, VI, c, CF. Note-se que a CF
prevê que para isso devem ser atendidos os requisitos da lei.
Tais requisitos estão dispostos principalmente (mas não exclusivamente) no art. 14, do CTN,
que dispõe que para assegurar a imunidade, as entidades não podem distribuir patrimônio
e renda, devem aplicar integralmente os recursos no país, bem como manter a escrituração
contábil.
Letra A incorreta. O fiscal municipal não tem atribuição para efetuar lançamento dos
impostos federais.
Errada a letra D. O STF entende de modo diferente, tendo editado a Súmula Vinculante 52:
"Ainda quando alugado a terceiros, permanece imune ao IPTU o imóvel pertencente a
qualquer das entidades referidas pelo art. 150, VI, "c", da Constituição Federal, desde que
o valor dos aluguéis seja aplicado nas atividades para as quais tais entidades foram
constituídas."
A letra E, por fim, está incorreta. A imunidade diz respeito apenas às obrigações tributárias
principais. As obrigações acessórias, como a escrituração contábil, não estão são afastadas
pela imunidade. Ademais, conforme já explicado, o art. 14, III, CTN, prevê como requisito
(CESPE - 2019 - TJ-SC - Juiz Substituto) A respeito de imunidade tributária e isenção tributária,
é correto afirmar que
da norma tributária.
C) a isenção é criada diretamente pela Constituição Federal de 1988, sendo uma norma negativa
de competência tributária.
Comentário:
Para responder essa questão você precisa saber o conceito de imunidade tributária.
Vejamos o que ensina Ricardo Alexandre:
Isenção: Consiste na dispensa legal do pagamento do tributo. Assim, o ente político tem
131
A letra A está incorreta. A isenção não corresponde a uma hipótese de não incidência da
norma tributária, mas sim a uma hipótese de não exercício da competência tributária pelo
ente político.
A assertiva B está correta. A imunidade, que sempre é prevista na CF, verifica-se no âmbito
A alternativa C está errada. A afirmação refere-se à imunidade, estando incorreta por tratar
de isenção.
Por fim, incorreta a letra E. Não confunda a imunidade com a alíquota zero, na qual o ente
tributante tem competência para criar o tributo (tanto que o faz), e o fato gerador ocorre
no mundo concreto, mas a obrigação tributária dele decorrente, por uma questão de
cálculo, é nula.
Questão 7
(CESPE - 2019 - TJ-SC - Juiz Substituto) Determinada lei tributária prevê o valor do teto para
a cobrança de uma taxa de fiscalização, permitindo que ato do Poder Executivo fixe o valor
específico do tributo e autorizando o ministro da Economia a corrigir monetariamente, a partir
A) a delegação do ato infralegal para a fixação do valor da taxa ou determinação dos critérios
B) os índices de correção monetária da taxa podem ser atualizados por ato do Poder Executivo,
ainda que em percentual superior aos índices de correção monetária legalmente previstos.
132
C) a fixação do valor da taxa por ato normativo infralegal, se em proporção razoável com os
custos da atuação estatal, é permitida, devendo sua correção monetária ser atualizada em
percentual não superior aos índices legalmente previstos.
D) o Poder Executivo tem permissão legal para fixar discricionariamente o valor da correção
Comentário:
Para responder essa questão, é necessário que você conheça jurisprudência do STF sobre
o princípio da legalidade e atualização monetária de valores de taxas. Vejamos as
alternativas.
A letra A está incorreta, posto que não é inconstitucional, já que não se trata de aumento
de tributo sem lei, mas de recomposição de perdas inflacionárias.
legalmente previstos.
monetária de acordo com critérios pré-fixados não representa aumento do tributo, mas
apenas recomposição inflacionária. O STF já se pronunciou sobre o tema em sede de
repercussão geral:
Tese de repercussão geral no RE 838284: Não viola a legalidade tributária a lei que,
prescrevendo o teto, possibilita o ato normativo infralegal fixar o valor de taxa em
proporção razoável com os custos da atuação estatal, valor esse que não pode ser
atualizado por ato do próprio conselho de fiscalização em percentual superior aos índices
133
A assertiva E está incorreta. Conforme já explicado, não há inconstitucionalidade, conforme
entendimento do STF.
Questão 8
(CESPE - 2019 - TJ-SC - Juiz Substituto) O § 1.º do art. 145 da Constituição Federal de 1988
dispõe que “Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo
a capacidade econômica do contribuinte, facultado à administração tributária, especialmente
para conferir efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos
termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte”.
E) princípio da benignidade.
Comentário:
Para responder essa questão você deve conhecer o princípio da capacidade contributiva.
com o o princípio da capacidade contributiva, o primeiro está previsto o art. 150, II, CF.
A letra C está incorreta. O princípio da irretroatividade tributária está previsto no art. 150,
III, a, da Carta Maior.
134
Errada a letra D. O princípio da não cumulatividade é previsto constitucionalmente em
especial para o ICMS e IPI. Não se trata de um princípio aplicado a todos os tributos.
Por derradeiro, incorreta a letra E. Não há previsão explícita desse princípio na CF.
Questão 9
(FCC - 2019 - DPE-SP - Defensor Público) Acerca do regime dos princípios tributários,
III. o princípio da anterioridade da lei tributária, implícito na Constituição Federal de 1988, veda
a cobrança de tributos cujos fatos geradores ocorreram antes do início da vigência da lei que
os criou ou aumentou.
A) I e II.
B) I e III.
C) I e IV.
D) III e IV.
E) II e III.
135
Comentário:
A resolução desse quesito exige que você domine os princípios constitucionais tributários.
A alternativa I está correta, conforme disposto no art. 145, §1º, que prevê que os "os
impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica do
contribuinte".
Assertiva II também está correta. Você sabe que o princípio da igualdade tributária está
expressamente previsto no art. 150, II, CF, e remete à noção de igualdade material, uma
vez que prevê a vedação de "tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem
em situação equivalente".
A assertiva III está incorreta. O princípio não é implícito, e está previsto no art. 150, III, b,
da Carta Magna.
Incorreta também a assertiva IV. O princípio não é implícito, e está previsto no art. 150, IV,
CF.
Questão 10
(TRF - 2ª Região - 2018 - TRF - 2ª REGIÃO - Juiz Federal Substituto) À luz da jurisprudência
atual do STF sobre a extensão do reconhecimento da imunidade tributária recíproca às empresas
A) a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) não goza de imunidade tributária recíproca
ao exercer atividades em regime de concorrência com a iniciativa privada.
B) empresa estatal que presta serviços de saúde exclusivamente pelo SUS, não tendo por
finalidade a obtenção de lucro, goza da imunidade tributária recíproca.
136
C) empresa estatal que presta serviço público de abastecimento de água e tratamento de esgoto,
em regime de monopólio, goza de imunidade tributária recíproca, ainda que distribua lucros ao
ente controlador.
D) a Casa da Moeda do Brasil (CMB) não goza de imunidade tributária recíproca, pois também
E) caso a empresa estatal assuma o tipo societário de sociedade de economia mista, não poderá
gozar da imunidade tributária recíproca, em razão da presença de sócios privados em seu
quadro societário.
Comentário:
pelos Correios. STF. Plenário. RE 627051/PE, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 12/11/2014
(Info 767).
Correta a letra B. O STF entende que a prestação de serviços de saúde por sociedade de
economia mista corresponde à própria atuação do Estado, desde que a empresa não tenha
finalidade lucrativa, fazendo jus à imunidade recíproca (tema 115 - repercussão geral).
A assertiva C está errada. O STF entende que a imunidade tributária recíproca é aplicável
às autarquias e empresas públicas que prestem inequívoco serviço público, desde que,
entre outros requisitos constitucionais e legais, não distribuam lucros ou resultados direta
delegação da execução de serviço público, mediante outorga legal, não implica alteração
do regime jurídico de direito público (RE 610517/RJ).
A assertiva E, por fim, está incorreta. A imunidade tributária recíproca pode ser estendida
Questão 11
(CESPE - 2018 - Polícia Federal - Delegado de Polícia Federal) A empresa XZY Ltda.,
contribuinte do ICMS, pagava mensalmente esse tributo a determinado estado da Federação,
no dia 15 de cada mês. No dia 30/6/2017, esse estado editou ato normativo que alterava a data
do pagamento do referido tributo para o dia 10 de cada mês, entrando tal ato em vigor no dia
1.º/7/2017. Sem saber da alteração, a empresa XZY Ltda. pagou o tributo no dia 15/7/2017, o
que acarretou multa e juros de mora pelo pagamento com atraso.
a antecipação do prazo para o pagamento do ICMS só poderia ter sido feita por lei e somente
Certo
Errado
Comentário:
Este quesito exige que você conheça os princípios constitucionais tributários, de modo
138
Deste modo, a questão não trata de majoração ou instituição de tributo, o que permite o
Estado fazer a alteração por meio de Ato normativo, mesmo porque, o artigo 97 do CTN
não traz em seu rol a exigência de que somente por lei possa ser alterada a data de
vencimento de um tributo, uma vez que isso não configura sua majoração.
No que tange ao Princípio da Anterioridade, o art. 150, III, “b" da Lei Maior estabelece que,
é vedado aos Entes Federados cobrarem tributos no mesmo exercício financeiro em que
foi editada a lei que o instituiu ou majorou. Portanto, o Ato Normativo do Estado não
instituiu e nem majorou o ICMS, apenas alterou a data do seu vencimento, portanto, não
Questão 12
(CESPE - 2018 - Polícia Federal - Delegado de Polícia Federal) Acerca de crédito tributário,
Os estados e os municípios estão imunes à instituição de contribuições sociais, pela União, sobre
os seus serviços.
Certo
Errado
Comentário:
A assertiva está incorreta. A imunidade reciproca refere-se apenas aos impostos. A esse
respeito, leia o que dispõe a Constituição:
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União,
139
Não olvide que as imunidades tributárias estão estabelecidas na Constituição Federal e são
cláusulas pétreas.
Questão 13
(CONSULPLAN - 2018 - TJ-MG - Juiz de Direito Substituto) Assinale a alternativa que retrata
B) Norma legal que altera o prazo de recolhimento de obrigação tributária não se sujeita ao
princípio da anterioridade.
D) No tocante à base de cálculo, o ISSQN incide apenas sobre a taxa de agenciamento quando
o serviço prestado por sociedade empresária de trabalho temporário for de intermediação, não
podendo englobar os valores dos salários e encargos sociais dos trabalhadores por ela
contratados, independentemente do fornecimento de mão de obra.
Comentário:
A assertiva A está incorreta nos termos da Súmula Vinculante 41 que dispõe: "O serviço de
iluminação pública não pode ser remunerado mediante taxa".
Correto o que se afirma na letra B, sendo, deste modo, o gabarito da questão. Esta é a
literalidade do enunciado 50 da súmula vinculante.
sobre Serviços de Qualquer Natureza – ISS sobre operações de locação de bens móveis.
140
A alternativa D está errada. Nos termos da Súmula 524, STJ: No tocante à base de cálculo,
o ISSQN incide apenas sobre a taxa de agenciamento quando o serviço prestado por
sociedade empresária de trabalho temporário for de intermediação, devendo, entretanto,
englobar também os valores dos salários e encargos sociais dos trabalhadores por ela
contratados nas hipóteses de fornecimento de mão de obra.
Deste modo, quando o serviço prestado é de mero agenciamento, o ISS incide somente
sobre a remuneração pelo agenciamento de serviços. Por outro lado, quando a agenciadora
é a própria responsável pelo fornecimento da mão-de-obra, o ISS incide também sobre os
Questão 14
(UEG - 2018 - PC-GO - Delegado de Polícia) O sistema tributário nacional é integrado por um
conjunto de princípios e regras que limitam o exercício do poder de tributar do Estado. Acerca
do exercício da competência tributária verifica-se que
A) a anterioridade aplicável ao direito penal tem igual aplicação na seara tributária, sendo vedada
qualquer alteração na legislação tributária, ainda que não corresponda a aumento do tributo.
B) é vedada a cobrança de tributos antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido
publicada lei que os instituiu, aumentou ou reduziu.
Comentário:
CTN. Art. 105. A legislação tributária aplica-se imediatamente aos fatos geradores futuros
e aos pendentes, assim entendidos aqueles cuja ocorrência tenha tido início mas não esteja
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União,
aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou
aumentou;
A letra C está correta. Nas palavras do professor Ricardo Alexandre: " É interessante
perceber que o legislador constituinte originário, ao proibir os entes federados de instituir
impostos sobre os templos de qualquer culto ( CF, art. 150 , VI, b), disse menos do que
efetivamente queria dizer (...) Se a imunidade fosse tão somente do templo, estaria
142
A assertiva D está incorreta. Ricardo Alexandre aponta que a pena de perdimento de bens
foi recepcionada pela CF, notadamente pelo art. 5º, XLVI, b. Portanto, não há que se
confundir possibilidade de aplicação de pena de perdimento com tributo confiscatório. O
tributo não é sanção por ato ilícito (CTN, art. 3º). A pena de perdimento tem, como a
própria designação demonstra, caráter punitivo.
A Constituição dispõe:
Art. 150. [...] é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
Questão 15
(TRF - 3ª REGIÃO - 2018 - TRF - 3ª REGIÃO - Juiz Federal Substituto) Considerando que
dentre as limitações constitucionais ao poder de tributar insere-se a vedação ao uso do tributo
A) O Poder Executivo pode criar multas em percentuais que excedam o valor do tributo cobrado,
visto que a imposição de multa tem o duplo objetivo de educar o contribuinte e de ressarcir o
Poder Público.
B) A multa correspondente a 90% do valor do tributo devido não tem caráter confiscatório.
Comentário:
Esta questão exige que você domine a jurisprudência do STF sobre a vedação do confisco
aplicado às multas tributárias.
143
O gabarito da questão é a letra B. O Supremo Tribunal Federal já se manifestou que o
princípio da vedação do confisco (Art. 150, IV, CF) se aplica às multas tributárias. No
entanto, o parâmetro utilizado é que o valor da multa não pode ultrapassar o valor do
próprio tributo, ou seja, 100%. (v. ARE 1058987). Logo, multa de 90% não viola o referido
princípio.
Questão 16
CORRETA.
B) Norma legal que altera o prazo de recolhimento da obrigação tributária se sujeita ao princípio
da anterioridade, por se tratar de verdadeira garantia reconhecida ao sujeito passivo da
obrigação.
D) Entidade de assistência social, sem fins lucrativos, que aluga imóvel a terceiros, não deixa de
ser imune ao IPTU, desde que o valor dos aluguéis seja aplicado nas atividades para as quais
tais entidades foram constituídas.
144
Comentário:
a salvo a autonomia política; e c) a desoneração não deve ter como efeito colateral
relevante a quebra dos princípios da livre concorrência e do livre exercício de atividade
Errada a letra B nos termos da Súmula Vinculante 50 que dispõe: Norma legal que altera
decorre diretamente da CF. Além disso, os requisitos da imunidade tributária devem estar
previstos em Lei Complementar.
A assertiva E está incorreta. O informativo 846 do STF dispõe protesto das certidões de
dívida ativa constitui mecanismo constitucional e legítimo por não restringir de forma
desproporcional quaisquer direitos fundamentais garantidos aos contribuintes e, assim,
não constituir sanção política. (STF. Plenãrio. ADI 5135/DF, Rel. Min. Roberto Barroso,
julgado em 3 e 9/11/2016.
145
Questão 17
(FCC - 2018 - DPE-AP - Defensor Público) À luz das normas constitucionais sobre as limitações
A) a multa moratória, embora não seja tributo, não pode ter um importe que lhe confira
característica confiscatória, inviabilizando inclusive o recolhimento de futuros tributos.
B) o imposto sobre grandes fortunas, caso instituído por lei complementar federal, poderá
C) a taxa judiciária, devida em razão do acionamento do serviço prestado pelo Poder Judiciário,
poderá ter sua alíquota majorada por Decreto editado pelo Governador, observado o limite
máximo fixado em lei, dada sua natureza de preço público.
D) a prestação de serviços públicos pelos Municípios aos Estados e à União não poderá ser
tributada por meio de taxa, tendo em vista o princípio da imunidade recíproca, que decorre do
princípio federativo.
mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que as instituiu ou aumentou.
Comentário:
Vide: "A desproporção entre o desrespeito à norma tributária e sua consequência jurídica,
a multa, evidencia o caráter confiscatório desta, atentando contra o patrimônio do
146
Errada a letra B. O artigo 150, IV, da CF, ao vedar o efeito confiscatório dos tributos, não
faz qualquer ressalva quanto ao IGF. Igualmente, não há qualquer disposição específica
acerca do tema nos artigos 153 e seguintes da CF.
Assertiva C incorreta. O STF entende que "As custas, a taxa judiciária e os emolumentos
08.11.2002).
Incorreta a letra D. O art. 150, VI, a, da CF, veda aos entes federados "instituir impostos
sobre o patrimônio, renda ou serviços uns dos outros". Assim, a imunidade recíproca é
adstrita à instituição de impostos, não sendo vedado aos entes federados cobrar outras
espécies tributárias uns dos outros.
A assertiva E está errada. O art. 150, III, b, prevê a anterioridade geral ou anterioridade de
exercício financeiro, não havendo qualquer ressalva, no texto constitucional, acerca da sua
não aplicação às taxas em razão do poder de polícia, como há, por exemplo, com relação
aos Impostos de Importação, Exportação e sobre Produtos Industrializados (art. 150, §1º,
CF).
Questão 18
C) O princípio da irretroatividade aplica-se a todo tributo; o da anterioridade, por sua vez, admite
exceções.
147
D) O princípio da irretroatividade se aplica apenas aos impostos e às taxas; o da anterioridade
Comentário:
Letra B incorreta. O erro está em uma sutileza em relação a alternativa anterior. Aqui se
afirma que todos os tributos devem se submeter aos princípios da anterioridade e
A letra C está correta, posto que todos os tributos devem observar o princípio da
irretroatividade (art. 150, III, “a", CF). Mas, nem todos os tributos devem observar o princípio
Errada a letra D. O Art. 150, III, “a", da CF se aplica a todos os tributos, e não apenas aos
impostos e às taxas. Além disso, há impostos que são exceções ao princípio da
anterioridade.
Questão 19
(VUNESP - 2017 - TJ-SP - Juiz Substituto) A lei referida no parágrafo 7° do artigo 195 da
Constituição Federal que estabelece os requisitos para o reconhecimento da imunidade para a
148
seguridade social das entidades beneficentes de assistência social, segundo o julgamento do
Comentário:
Logo, por ser uma lei ordinária, viola o artigo 146, inciso II, da CF/88, tendo em vista, que
o dispositivo em questão dispõe que cabe a Lei Complementar regular as limitações
Questão 20
149
B) As imunidades e isenções não se distinguem a partir da fonte formal da qual emanam.
Comentário:
Letra A incorreta. A isenção configura mera dispensa legal do pagamento do tributo, com
base no exercício da competência tributária, e não no plano de sua definição, isto é, com
A assertiva B está incorreta. De fato, existe distinção entre a imunidade e a isenção, no que
diz respeito à fonte formal da qual emanam: a imunidade procede da CF/88, e a isenção,
da lei.
A letra C é o gabarito da questão. As isenções podem ser técnicas ou políticas. São técnicas
quando reconhecidas ante a ausência da capacidade contributiva da pessoa. São políticas
quando acabam por beneficiar pessoas que possuem capacidade contributiva, em razão
de outras finalidades.
150
GABARITO
Questão 1 – A
Questão 2 - C
Questão 3 - C
Questão 4 - B
Questão 5 - C
Questão 6 - B
Questão 7 - C
Questão 8 - A
Questão 9 - A
Questão 10 - B
Questão 11 - Errado
Questão 12 - Errado
Questão 13 - B
Questão 14 - C
Questão 15 - B
Questão 16 - D
Questão 17 - A
Questão 18 - C
Questão 19 - A
Questão 20 – ALTERNATIVA
151
QUESTÃO DESAFIO
152
GABARITO QUESTÃO DESAFIO
De acordo com a Súmula Vinculante 50, norma legal que altera o prazo de recolhimento de
mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou. A
intenção desse princípio é evitar que a aplicação de normas aumente a carga tributária de forma
imediata.
O Supremo Tribunal Federal entendeu que a norma que se restringe a mudar o prazo para
pagamento de tributo, mesmo antecipando-o, não agrava a situação do contribuinte e por isso
não deve obedecer o referido princípio (STF, 1.ª T., RE-AgR 274.949/SC, Rel. Min. Sydney Sanches,
j. 13.11.2001, DJ 01.02.2002.).
Súmula Vinculante 50
A antiga Súmula 669 do STF se tornou a Súmula Vinculante 50 e afirma que a norma que altera
o prazo de recolhimento de obrigação tributária não se sujeita ao princípio da anterioridade.
O autor Ricardo Alexandre comenta (ALEXANDRE, Ricardo. Direito Tributário. 12. ed. Salvador:
Juspodivm, 2018. p. 167-167.): “Digna de destaque, portanto, a ampla facilidade de que desfruta
o Estado para alterar o prazo de pagamento dos tributos, além de poder fazê-lo por ato
infralegal (não se sujeita à legalidade), não precisa obedecer a qualquer prazo para que a
cobrança seja feita na nova data fixada (não se submete à anterioridade do exercício e à
noventena). ”
153
LEGISLAÇÃO COMPILADA
LEGALIDADE TRIBUTÁRIA
LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA
LEI COMPLEMENTAR
Constituição Federal: art. 146, 148, 153, inciso VII,154, 155, § 1º, III, 155, § 2º, XII, 156, III, 156,
§ 3º, incisos I a III, 195, § 4º
LEI DELEGADA
RESOLUÇÕES
Constituição Federal: art. 155, § 1º, IV, art. 155, § 2º, IV, art. 155, § 2º, V
154
NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO: A LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA
Código Tributário Nacional: art. 101, 102, 103, I, II, III, 104
Constituição Federal: art. 150, III, alíneas b e c, art. 150, § 1º, art. 148, I, art. 153, I, II, III, IV,
V, 154, II, 155, III, 156, I, 155, § 4º, IV, c, 195, § 6º, 195, I a IV, art. 177, § 4º, I, b
PRINCÍPIO DA ISONOMIA
Constituição Federal: art. 150, I, II, 170, III, e 182, § 4º, II, 146, III, c, c/c o art. 174, § 2º, 146,
III, d, 195, § 9º.
155
Constituição Federal: art. 150, IV.
IMUNIDADE
Constituição Federal: art. 5º, XXXIV, art. 150, art. 149, art. 195
IMUNIDADE RECÍPROCA
ASSISTENCIAIS
IMUNIDADE DE IMPRENSA
ISENÇÃO
Código Tributário Nacional: art. 175, parágrafo único e arts. 176, 177, 178, 179
Constituição Federal: art. 151, III
Súmula: 544, STF
156
Quanto aos assuntos tratados neste capítulo, é indispensável que você dedique especial atenção para a
os dispositivos legais que tratam temas, sendo os dispositivos mais recorrentes e importantes ao
entendimento da matéria compilados acima. Em especial, considerando a recorrência em concursos
públicos, o art. 150 da Carta Maior merece atenta leitura, posto que suas disposições são muito bem
quistas por bancas examinadoras.
157
JURISPRUDÊNCIA
PRINCÍPIOS
Comentário:
Em respeito ao princípio do paralelismo das formas, nos pontos em que a Constituição exige lei para a instituição
ou para a majoração de tributos, também a exige, implicitamente, para a respectiva extinção.
O julgamento da ADI 2.304, sob a relatoria do min. Dias Toffoli, que reforçou o posicionamento da Corte no sentido
de que sobre delegação legislativa, há um movimento pela flexibilização do Princípio da Legalidade, mas que
preserva o entendimento de que “o legislador deve estabelecer um desenho mínimo que evite o arbítrio”.
[RE 592.145, rel. p/ o ac. min. Marco Aurélio, j. 5-4-2017, P, DJE de 1º-2-2018, Tema 80].
Com efeito, a própria parte final do art. 151, I, da CRFB/88 excepciona ao princípio da uniformidade
da tributação os incentivos fiscais destinados à promoção do desenvolvimento sócio-econômico das
diferentes regiões. Nesse aspecto, deve-se interpretar o referido dispositivo como um reconhecimento
de que existem áreas geográficas no país que se distinguem entre si em termos econômicos e sociais,
o que, à luz do postulado da Isonomia, impõe um tratamento diferenciado por parte da legislação,
com vistas à redução dessas desigualdades. Esse mandamento, ademais, não se restringe à
diferenciação entre as “regiões” propriamente ditas, de modo a permitir apenas distinções entre
Estados integrantes das regiões Norte, Sul, Nordeste, Sudeste e Centro oeste. Na verdade, quando a
Constituição se refere a “regiões” está também autorizando o tratamento diferenciado entre Estados
158
que, embora integrem a mesma região, possuem peculiaridades geográficas, sociais e/ou econômicas,
que impedem a sua comparação.
Comentário:
No julgamento do RE 592145/SP, o Ministro Edson Fachin, fundamentando seu voto no ensinamento do professor
Luís Eduardo Schoueri, destacou que, ante a norma do art. 151, inciso I da CF, a relativização da uniformidade do
tratamento tributário é fenômeno que se justifica em face da necessidade, do desejo do constituinte pela redução
das desigualdades regionais e aquelas finalidades que serviram de lastro da construção da Constituição Cidadã
de 1988: a justiça social e dignidade humana.
IMUNIDADE
(RE 897104 AgR, Relator(a): Min. ROBERTO BARROSO, Primeira Turma, julgado em 27/10/2017,
ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-283 DIVULG 07-12-2017 PUBLIC 11-12-2017)
As empresas públicas e sociedades de economia mista delegatárias de serviços públicos de prestação
obrigatória e exclusiva do Estado são beneficiárias da imunidade tributária recíproca prevista no art.
150, VI, a, da Constituição Federal. (...) A exigência de contraprestação pelos serviços públicos prestados,
mediante o pagamento de tarifas, não constitui óbice à incidência da imunidade recíproca sobre
determinada sociedade de economia mista.
(ACO 2149 AgR, Relator(a): Min. LUIZ FUX, Primeira Turma, julgado em 29/09/2017, PROCESSO
ELETRÔNICO DJe-238 DIVULG 18-10-2017 PUBLIC 19-10-2017).
A imunidade tributária recíproca (art. 150, VI, ‘a’, da CRFB/88) é extensível às empresas públicas e às
sociedades de economia mista prestadoras de serviços públicos, notadamente quando prestados com
cunho essencial e exclusivo. (...) In casu, trata-se de sociedade de economia mista que executa serviço
público de modo exclusivo, com capital social fechado e quase que integralmente titularizado pelo
Estado do Ceará (99,9996%), sem indicação de qualquer risco de quebra do equilíbrio concorrencial
ou de livre-iniciativa, mercê da ausência de comprovação de que a COGERH concorra com outras
entidades no campo de sua atuação.
Comentário:
A Corte Máxima tem estendido o benefício da imunidade tributária às empresas públicas e sociedades de
economia mista em caso específico, qual seja, a prestação de serviço público (obrigatório e exclusivo do Estado).
159
Segundo o STF, a imunidade recíproca se estende à Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (mesmo no que
concerne às atividades exercidas fora do âmbito do serviço postal e do correio aéreo nacional), por se tratar de
empresa pública prestadora de serviço público de prestação obrigatória e exclusiva do Estado
160
MAPA MENTAL
161
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALEXANDRE, Ricardo. Direito Tributário. 11. ed. rev., atual. e ampl. Salvador: Juspodvm, 2017.
AMARO, Luciano. Direito Tributário. Brasileiro. 20ª ed. São Paulo: Saraiva, 2014.
HARADA, Kiyoshi. Direito financeiro e tributário. 26. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Atlas, 2017.
JUCÁ, Francisco Pedro. Fundamentos Da Obrigação Tributária: Algumas Reflexões. Lex Magister.
Disponível em:
<http://lex.com.br/doutrina_26929822_FUNDAMENTOS_DA_OBRIGACAO_TRIBUTARIA_ALGUMAS_REFLEX
OES.aspx#:~:text=%22No%20exerc%C3%ADcio%20de%20sua%20soberania,ou%20uma%20parcela%20d
esta.%22.&text=Justifica%2Dse%20o%20poder%20de,se%20adote%20do%20pr%C3%B3prio%20Estado.
>. Acesso em: 08 de outubro de 2020.
MACHADO, Hugo de Brito. Curso de Direito Tributário. 13. ed., São Paulo: Malheiros, 1998.
PAULSEN, Leandro. Curso de Direito Tributário. 6ª ed. Porto Alegre: Livraria do advogado editora, 2014.
SCHOUERI, Luís Eduardo. Direito Tributário. 8ª ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2018.
SEGUNDO, Hugo de Brito Machado. Código Tributário Nacional: anotações à Constituição, ao Código
Tributário Nacional e às Leis Complementares 87/1996 e 116/2003. 6ª ed. rev., atual. e ampl. São Paulo:
Atlas, 2017.
TORRES, Ricardo Lobo. Curso de direito financeiro e tributário. Imprenta: Rio de Janeiro, 2006.
162