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EAD UNITINS / EDUCON – DIREITO TRIBUTÁRIO - ADMINISTRAÇÃO

Direito Tributário

3º PERÍODO

Aline Martins Coelho


Graziela Reis
José Kasuo Otsuka

PALMAS-TO/ 2006

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sidade
iver do
Un

To
Fundaçã

cantins
Tecnologia em educação continuada

Fundação Universidade do Tocantins

Reitor: Humberto Luiz Falcão Coelho


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Coordenação Geral - Tocantins: Eugênio Leone Neto

Equipe Pedagógica – Unitins

Coordenação do Curso: Claudemir Andreaci


Conteúdos da Disciplina: Aline Martins Coelho, Graziela Reis, José Kasuo
Otsuka

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Apresentação

Caros alunos,
Muitos conceitos e definições que vamos apresentar na disciplina
que estudaremos – Direito Tributário – ser-nos-ão familiares, já que todos nós,
de alguma forma, contribuímos com o Fisco.
Para tanto, elegemos oito temas, que farão parte do nosso programa, a
fim de compreendermos o sistema Tributário Nacional. Veremos o conteúdo de
forma geral, uma vez que o Direito Tributário é ciência complexa que exige
mais tempo de estudo.
No tema 01 daremos a visão inicial do Direito Tributário, algumas
definições importantes para o conhecimento da matéria, tais como o conceito e
a natureza jurídica desse direito. Conheceremos, ainda, como funciona a
atividade financeira do Estado, observando a relação receita-despesa e gestão.
A partir daí, veremos a definição de tributo, como surge a obrigação
tributária e quais os limites do poder de tributar. Veremos, também, quais os
princípios que regem o Direito Tributário, bem como as normas vigentes, e sua
forma de interpretação e aplicação. Do tema 02 ao tema 04, trataremos dessas
questões.
No tema 05, conheceremos as espécies tributárias que estão previstas
em nosso ordenamento jurídico. Nos temas 06 e 07, veremos como surge a
obrigação tributária, o crédito tributário, e como é feita a cobrança desse crédito
pelo poder público.
Para finalizar nosso estudo, conheceremos as espécies de impostos
previstos na nossa Carta Magna, mais presentes em nosso dia-a-dia.
Ao final de cada tema, você encontrará as atividades e as referências
bibliográficas em que se baseia àquele tema em particular, além da bibliografia
básica que você encontrou no plano de ensino. Caso alguns temas estudados
lhe chamem mais a atenção, você terá à sua disposição uma fonte para
consulta mais aprofundada.

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PLANO DE ENSINO

DIREITO TRIBUTÁRIO

Ementa
Introdução ao Direito Tributário. Teoria da Imposição Tributária. Princípios
constitucionais tributários. Normas de Direito Tributário. Espécies Tributárias.
Obrigação Tributária. Crédito Tributário. Prescrição e decadência. Tributos em
espécie.

Objetivos
Conhecer o Sistema Tributário Nacional.
Compreender como é o processo de criação, formação, constituição e
cobrança de um tributo.
Conhecer quais são as espécies de tributo e quais são os impostos previstos
em nosso ordenamento.

Programa

1. O Direito Tributário
Necessidades individuais
Serviço Público
Atividade financeira do Estado
Receita pública
Despesa pública
Gestão
Definição e conceito do Direito Tributário (natureza jurídica, autonomia)
Fontes do direito tributário

2. Teoria da imposição tributária


O Tributo – definição
Nascimento da obrigação tributária
Hipóteses de incidência tributária
Poder de tributar
Sistema tributário nacional
Competência tributária
Limitações ao poder de tributar
Isenções e imunidades

3. Princípios constitucionais tributários


Princípios gerais
Expressos (federativo, legalidade, anterioridade, irretroatividade,
isonomia, vedação ao confisco)
Implícitos
Formais

4. Normas de Direito Tributário


Normas de vigência
Aplicação das normas tributárias
Meios de interpretação das normas tributárias
Hierarquia das normas tributárias

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5. Espécies tributárias
Imposto
Taxa
Contribuição de melhoria
Contribuições especiais
Empréstimo compulsório

6. Obrigação Tributária
Conceito
Sujeitos
Elementos

7. Crédito Tributário
Lançamento
Suspensão
Exclusão
Extinção (pagamento, compensação, transação, remissão, prescrição,
decadência)
Limites da obrigação tributária

8. Impostos em espécie
Impostos da União
Impostos Estaduais
Impostos Municipais

Bibliografia Básica
AMARO, Luciano. Direito Tributário Brasileiro. 10 ed. São Paulo: Saraiva, 2004.
FABRETTI, Laudio C. e FABRETTI, Dilene R. Direito Tributário para os cursos
de administração e ciências contábeis. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2004.
ICHIARA, Yoshiaki. Direito Tributário. 13. ed. São Paulo, Atlas, 2004.

Bibliografia complementar
BORGES, Humberto Bonavides. Planejamento Tributário: IPI, ICMS, ISS e IR.
São Paulo: Atlas, 2002.
CASSONE, Vittorio. Interpretação no Direito Tributário: teoria e prática. São
Paulo: Atlas, 2004.

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Sumário
Tema 01 - O Direito Tributário ........................................................08
Conceito.............................................................................................08
Autonomia do Direito Tributário..........................................................11
Fontes do Direito Tributário................................................................12
Atividade financeira do Estado...........................................................13
Despesa pública.................................................................................14
Receita pública ..................................................................................17

Tema 02 - Teoria da imposição tributária .....................................21


O Tributo – definição .........................................................................21
O Tributo: de seu nascimento à sua extinção ...................................22
Hipóteses de incidência tributária ......................................................22
Poder de tributar ................................................................................23
Sistema tributário nacional ................................................................24
Competência tributária.......................................................................24
Limitações ao poder de tributar .........................................................25

Tema 03 - Princípios constitucionais tributários..........................27


Princípios Constitucionais Tributários................................................27
Fundamentos.....................................................................................29
Princípios Expressos.........................................................................29

Tema 04 - Normas de Direito Tributário.........................................33


A Legislação Tributária .....................................................................33
Meios de interpretação das normas tributárias..................................36
Vigências das normas tributárias.......................................................37

Tema 05 - Espécies tributárias.......................................................41


O Tributo ...........................................................................................41
Imposto..............................................................................................43
Taxa...................................................................................................44
Contribuição de melhoria...................................................................47
Contribuições especiais......................................................................51
Empréstimo compulsório....................................................................51

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Tema 06 - Obrigação Tributária......................................................54


Sujeitos..............................................................................................56
O objeto ou a prestação.....................................................................57

Tema 07 - Crédito Tributário...........................................................59


Lançamento.......................................................................................60
Suspensão.........................................................................................64
Exclusão............................................................................................66
Extinção.............................................................................................67

Tema 08 - Impostos em espécie.....................................................72


Impostos federais..............................................................................72
Impostos Estaduais...........................................................................78
Impostos Municipais..........................................................................80

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Tema 01

O Direito do Tributário

Objetivos
Apresentar o conceito e definição de Direito Tributário e as fontes para
composição da legislação tributária.
Estudar o ramo do direito (Direito Financeiro) de que o Estado dispõe para
proporcionar recursos econômicos para o custeio de seu funcionamento, em
específico a atividade financeira em seus elementos: receita pública
(arrecadação) e o gasto de dinheiro visando a uma finalidade pública (despesa
pública).

Introdução
Diferente dos empresários, dos comerciantes e dos trabalhadores que
têm nos empreendimentos (industrial, agropastoril, transportes etc.) as suas
fontes de renda para suprir as necessidades, o Estado não possui uma
atividade lucrativa. Nem uma fonte de renda, como no caso dos trabalhadores,
mas exige-se do Estado que desenvolva atividades para atender as
necessidades coletivas, como a segurança pública, saúde, saneamento básico,
educação, infra-estrutura etc. Para realizar essas atividades, o Estado possui
instrumentos para arrecadar dinheiro, ou seja, impostos, taxas, contribuições
de melhoria, que devem ocorrer observando a garantia constitucional de
proteção do direito patrimonial do particular (art.5°, XXII, da CF). Essa conduta
encontra-se inserido no direito tributário. O funcionamento do Estado conduz,
necessariamente, à existência de uma atividade financeira consistente na
obtenção de recursos, na sua gestão e, ao final, na sua aplicação
(Bastos,1997/1), em despesa, receita, orçamento e crédito público.

Conceito
O Estado, na atividade tributária, detém poderes, impositiva e
coercitivamente, para arrecadar recursos financeiros, isto é, independe da
vontade individual da pessoa que deverá recolher (pagar) os tributos. E essa
pessoa no direito tributário é denominada contribuinte.

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Mas a atividade decorrente desses poderes encontra restrição em um


dos princípios fundamentais sobre o qual se alicerça o Direito, ou seja a
propriedade privada. Assim, não poderá o Estado atuar de forma arbitraria ou
em desrespeito à legalidade, devendo agir nos estritos limites autorizados pela
Constituição e pelas leis. Com isso, garante-se o direito que todos possuem de
dispor, usar e gozar o seu patrimônio e de ser indenizado na eventualidade de
dano sofrido por terceiros, mas o Estado tem a faculdade e o direito de exigir
prestações pecuniárias (tributos) que resultará em sacrifício de parcela desse
patrimônio.
“Direito Tributário é, por assim dizer, o direito que disciplina o processo
de retirada compulsória, pelo Estado, da parcela de riquezas de seus súditos,
mediante a observância dos princípios reveladores do Estado de Direito. É a
disciplina jurídica que estuda as relações entre o fisco e o contribuinte
“(HARADA, 2005/311). O fisco é a personificação do Estado enquanto
arrecadador de tributos; e, como já explicado, contribuinte é o particular
enquanto devedor desses tributos.
O tributo será estudado nos próximos temas quando se trabalhara com
maior propriedade, mas para o momento é interessante conhecer o que é
tributo e a sua classificação. Como se encontra disposto no artigo 3° do Código
Tributário Nacional: “Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em
moeda ou cujo valor se possa exprimir, que não constitua sanção de ato
ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa
plenamente vinculada”.
A classificação de tributos nos é fornecida pela Constituição Federal:
1. impostos (art. 145,I)
2. taxas (art. 145, II)
3. contribuição de melhoria (art 145, III)
4. empréstimos compulsórios (art. 148)
5. contribuições sociais (art. 149)
a. intervenção no domínio econômico
b. interesses das categorias profissionais ou econômicas.
Portanto, tributo é o gênero enquanto são espécies os impostos, taxas,
contribuição de melhoria, empréstimos compulsórios e contribuições sociais.

Características da atividade tributária.


Javier Sainz Moreno citado por BASTOS,1997/96, apresenta quatro
características, que considera fundamentais para a atividade tributária:
• O tributo tem a finalidade principal de obter recursos
financeiros, mas há também outros objetivos:

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o Econômicos, ex. proteção do mercado nacional contra


os produtos estrangeiros com o Imposto de
Importação.
o Social
Ex.: melhor distribuição de rendas com a
progessividade de alíquotas do imposto sobre
rendas (IR).
Ex.: desenvolvimento de regiões com os
incentivos fiscais
• O tributo é privativo do Estado
o União, Estados, Distrito Federal e Municípios
o Instituição pelo Poder Legislativo
• O tributo funda-se no poder de império do Estado
o Exceção: recursos que vêm ao Estado por meio de
doações, legados, etc. que se disciplinam pelas
normas do direito privado.
• O tributo deve atender a despesas gerais do Estado.
o Ao tributo é vedado sua vinculação a despesas
específicas (art. 167, IV, CF)
Exceção:
• Recursos destinados a manutenção e
desenvolvimento do ensino (art. 212,
CF).
• autorização para abertura de créditos
suplementares e contratação de
operações de crédito, ainda que por
antecipação de receita, nos termos da
lei (art. 165, § 8° CF).
• É permitida a vinculação de receitas
próprias geradas pelos impostos a que
se referem os arts. 155 e 156, e dos
recursos de que tratam os arts. 157,
158 e 159, I, a e b, e II, para a
prestação de garantia ou
contragarantia à União e para
pagamento de débitos para com esta.
(art. 167 § 4°, CF).

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Autonomia do Direito Tributário


O Direito Tributário volta-se para a receita pública, que trata de um dos
objetos do Direito Financeiro, o ramo do direito que disciplina toda a atividade
financeira do Estado.
Com isso e aparentemente, o Direito Tributário se comportaria como
parte do Direito Financeiro, mas a autonomia se revela por possuir princípios
próprios, não aplicáveis aos demais ramos do direito, tais como:
• Princípio da imunidade genérica
o É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e
aos Municípios, instituir impostos sobre:
Templos de qualquer culto (art. 150, VI, ‘b’, CF)
Patrimônio, renda ou sérvios dos partidos
políticos, inclusive suas fundações, das
entidades sindicais dos trabalhadores, das
instituições de educação e de assistência
social sem fins lucrativos, atendidos os
requisitos da lei (art. 150, VI, ‘c’, CF).
Livros, jornais, periódicos e o papel destinado a
sua impressão (art. 150, VI,’d’, CF).
• Principio da discriminação de rendas tributárias
o Trata da atribuição que a Constituição Federal
estabelece a cada uma das entidades políticas (União,
Estados, Distrito Federal e Municípios), de forma
privativa. Evitando, assim, que ocorra a bitributação
(contribuinte obrigado ao mesmo imposto instituído por
duas ou mais entidades políticas).
• Princípio da imunidade recíproca
o É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e
aos Municípios instituir impostos sobre patrimônio,
renda ou serviços, uns do outros (art. 150, VI, ‘a’, CF)
• Princípio da capacidade contributiva
o Sempre que possível, os impostos terão caráter
pessoal e serão graduados segundo a capacidade
econômica do contribuinte. Faculta à administração
tributária, especialmente para conferir efetividade a
esses objetivos, identificar, respeitados os direitos
individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os
rendimentos e as atividades econômicas do
contribuinte (art. 145, § 1°, CF).
• Princípio da vedação de efeitos confiscatórios.

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o É vedado utilizar tributo com efeito de confisco (art.


150, IV).
A par desses princípios, também contribuem para a autonomia do ramo
de Direito Tributário a “sólida doutrina que cuida do fenômeno tributário,
cadeira de Direito Tributário nas Faculdades de Direito e jurisprudência
especializada” (HARADA,2005/312).

Fontes do Direito Tributário


Fonte significa origem, início, causa. Em direito, as fontes se dividem
em fontes materiais e fontes formais; nos estudos que estamos desenvolvendo,
trabalharemos com as fontes formais, pois é o conjunto das normas que
formam o Direito Tributário.
As mais importantes fontes formais do Direito Tributário estão na
Constituição Federal, não só porque se encontram em posição hierárquica
superior, mas também porque expressam princípios tributários.
Assim são fontes formais:
• Leis Complementares: não são superiores as leis ordinárias,;
mas, para sua aprovação, exige-se um quorum especial, ou
seja, maioria absoluta (art. 69, CF). Entende-se como quorum
por maioria absoluta quando, para a aprovação de projeto de
lei, são exigidos os votos da maioria dos parlamentares que
compõem o parlamento.
• Leis Ordinárias: propostas legislativas para cuja aprovação
basta a maioria simples. Maioria simples: quando, para
aprovação de projeto de lei, exigem-se os votos da maioria dos
parlamentares presentes.
• Leis Delegadas: serão elaboradas pelo Presidente da
República, que deverá solicitar a delegação ao Congresso
Nacional (art. 68, CF).
• Medidas Provisórias: o Presidente da República, em caso de
relevância e urgência, poderá adotar medidas provisórias, com
força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso
Nacional (art. 62, CF).
• Decretos Legislativos: expedidos pelo Congresso Nacional.
• Resoluções: atos normativos da competência do Congresso
Nacional, bem como de cada uma e suas casas (Câmara
Federal e Senado Federal)
• Tratados e Convenções Internacionais: revogam ou
modificam a legislação tributária interna, e serão observados
pela que lhes sobrevenha (art. 98 da Lei n° 5.172/1966)

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• Decretos: editados exclusivamente pelo Chefe do Poder


Executivo (Presidente da República, Governador de Estado e
Prefeitos Municipais), com a finalidade de regulamentar a lei.

Atividade Financeira do Estado,


O Estado tem como finalidade precípua a realização do bem comum.
Para alcançá-lo, desenvolve diversas atividades, como a segurança pública, a
proteção do País, a prestação jurisdicional, prestação de serviços públicos, etc.
E essas atividades geram custos. O Estado, somente com o seu
patrimônio, não possui condições de implementá-las, daí a necessidade de
uma atividade para obtenção de recursos, utilizando de métodos exclusivos, ou
seja, atos coercitivos.
Portanto, “a atividade financeira do Estado é toda aquela marcada ou
pela realização de uma receita ou pela administração do produto arrecadado
ou, ainda, pela realização de um dispêndio ou investimento. É o conjunto das
atividades que têm por objeto o dinheiro”. (BASTOS, 1997/2).
Para Alberto Deodato, citado por HARADA, 2005/34, a atividade
financeira do Estado “é a procura de meios para satisfazer às necessidades
públicas”.
O próprio HARADA conceitua a atividade financeira do Estado “como
sendo a atuação estatal voltada para obter, gerir e aplicar os recursos
financeiros necessários à consecução das finalidades do Estado que, em
última análise, se resumem na realização do bem comum”. (2005/34).

Características da Atividade Financeira


A atividade financeira do Estado apresenta algumas características:
• Presença constante de uma pessoa jurídica de direito
público. A União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios
e as suas respectivas autarquias, ausente a pessoa jurídica de
direito público, não se caracteriza atividade financeira do
Estado, excluindo como atividade financeira do Estado o
serviço ou função pública desenvolvida por pessoa de direito
privado.
• Conteúdo monetário. A atividade financeira do Estado só tem
objetivo de arrecadar dinheiro.
• Atividade de conteúdo econômico. O objeto é a captação,
guarda e dispêndio dos recursos públicos, não se confundindo
com a questão da geração de bens e serviços, que é objeto do
Direito Econômico.
• A instrumentalidade da atividade financeira. A atividade
financeira é o meio de que o Estado dispõe para atingir sua

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finalidade que é o bem comum, pois para suprir as


necessidades coletivas (segurança pública, educação, saúde,
etc.) pois os custos são elevados.

Serviços Públicos
Serviços públicos são aqueles prestados pelo Estado ou por quem faça
suas vezes, como a pessoa de direito privado que, por concessão ou
permissão, encontra-se nas funções de prestação de serviço público, que o
administrado possa usufruir diretamente.
Assim, serviço público é aquele que se encontra sob o regime do direito
público, o regime administrativo, disciplinado pelos princípios da supremacia e
da indisponibilidade do interesse público. Esses princípios informam que o
interesse individual sucumbe diante do interesse da coletividade.

Despesa Pública
Despesa pública para Aliomar Baleeiro, citado por HARADA, 2005,/50,
significa duas coisas: “em primeiro lugar, designa o conjunto dos dispêndios do
Estado, ou de outra pessoa de direito público, para o funcionamento dos
serviços públicos”, podendo, também, significar “a aplicação de certa quantia,
em dinheiro, por parte da autoridade ou agente público competente, dentro
duma autorização legislativa, para execução de fim a cargo do governo”.
Deve-se ressaltar que despesa pública sempre deverá estar vinculado
a uma finalidade de interesse coletivo ou público, que cabe ao Estado
satisfazer.
A despesa pública assume papel de importância dentro de um plano de
governo, pois sempre estará integrada às metas planejadas e colocada no
orçamento, sob o crivo do Poder Legislativo. Com a análise das despesas
consignadas (dotação orçamentária) pode-se identificar o plano de governo.
Não havendo previsão de dotação orçamentária (despesa) o Estado
não poderá executar suas atividades, embora haja suficiência de recursos
financeiros: toda despesa pública se regrará de acordo com as normas
constitucionais e legais vigentes. Por isso, o Estado realiza as despesas
públicas e, posteriormente, buscará meios de obtenção de recursos para
executá-las.

Classificação das Despesas Públicas


Para as despesas públicas não existe uma classificação com rigor
científico. Ocorrem várias classificações em função da periodicidade:
• Ordinárias: aquelas rotineiras, e, portanto, renovadas a cada
orçamento. Ex. folha de pagamento, investimento, saúde,
segurança pública, etc.

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• Extraordinárias: destinadas a atender serviços não rotineiros.


Outra classificação se fundamenta nas despesas que se limita a criar
utilidades e despesas:
• Produtivas: criam utilidades por meio da atuação estatal. EX.
atividade policial.
• Reprodutivas: aquelas “que se traduzem no aumento da
quantidade dos bens de produção duradouros, despesas que
representam investimento econômico em capital fixo,
compreendido o capital humano (saúde, instrução e educação).
Ora, aumentando o capital fixo ao dispor da economia do país,
é claro que aumenta a respectiva capacidade produtora. Assim,
sucede quando o Estado constrói edifícios para os serviços
públicos, rasga estradas, lança pontes, irriga ou defende
terrenos, difunde instrução, cuida da saúde dos cidadãos
capazes...” José Joaquim Teixeira Ribeiro, citado por BASTOS,
1997/30.
• Improdutivas, corresponde às despesas inúteis.

Finalmente, tem-se a classificação decorrente da Lei n° 4.320, de


17.03.1964, que em seu artigo 12 divide em:
• DESPESAS CORRENTES
o Despesas de Custeio: dotações para manutenção de
serviços anteriormente criados, inclusive as destinadas
a atender a obras de conservação e adaptação de
bens imóveis (§ 1°)
o Transferências Correntes: dotações para despesas
as quais não corresponda contraprestação direta em
bens ou serviços, inclusive para contribuições e
subvenções destinadas a atender à manifestação de
outras entidades de direito público ou privado. (§ 2°)
• DESPESAS DE CAPITAL
o Investimentos: dotações para o planejamento e a
execução de obras, inclusive as destinadas à aquisição
de imóveis considerados necessários à realização
destas últimas, bem como para os programas especiais
de trabalho, aquisição de instalações, equipamentos e
material permanente e constituição ou aumento do
capital de empresas que não sejam de caráter
comercial ou financeiro. (§ 4°).
o Inversões Financeiras: dotações destinadas a (§ 5°):

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aquisição de imóveis, ou de bens de capital já


em utilização (inc, I).
aquisição de títulos representativos do
capital de empresas ou entidades de
qualquer espécie, já constituídas, quando a
operação não importe aumento do capital
(inc. II).
constituição ou aumento do capital de
entidades ou empresas que visem a objetivos
comerciais ou financeiros, inclusive operações
bancárias ou de seguros (inc. III).
o Transferências de Capital: dotações para
investimentos ou inversões financeiras que outras
pessoas de direito público ou privado devam realizar,
independentemente de contraprestação direta em bens
ou serviços, constituindo essas transferências auxílios
ou contribuições, segundo derivem diretamente da Lei
de Orçamento ou de lei especialmente anterior, bem
como as dotações para amortização da dívida pública.
(§ 6°).

Gestão das Despesas Públicas


O art. 167, inc. II, da CF, proíbe a realização de despesa ou a
assunção de obrigações que excedam os créditos (previsão) orçamentários ou
adicionais. A constituição também proíbe, sem autorização legislativa, a
abertura de crédito suplementar ou especial e sem indicação dos recursos
correspondentes (inc. V), e a transposição, o remanejamento ou a transferência
de recursos de uma categoria de programação para outra ou de um órgão para
outro. (inc. VI).
O procedimento para gestão das despesas públicas se encontra
disposto na Lei n° 4.320/1964, do art. 58 ao 70, o artigo 60, dispõe que é
proibida a despesa sem prévio empenho, que “consiste na reserva de recursos
na dotação inicial ou no saldo existente para garantir a fornecedores,
executores de obras ou prestadores de serviços pelo fornecimento de
materiais, execução de obras ou prestação de serviços. Segundo a Lei n.
4.320, o empenho de despesa é o ato emanado de autoridade competente que
cria para o Estado (União, Estados ou Municípios) obrigação de pagamento,
pendente, ou não, de implemento de condição (art.58). Materializa-se pela
emissão de um documento denominado nota de empenho, que indicará o
nome do credor, a especificação e a importância da despesa, bem como a

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dedução desta do saldo da dotação própria (art. 61)”, (José Afonso da Silva,
citado por BASTOS, 1997/32 e 33).
A liquidação, nos termos do art. 63, consiste na verificação do direito
adquirido pelo credor, tendo por base os títulos e documentos comprobatórios
do respectivo crédito, quando se apurará:
• a origem e o objeto do que se deve pagar (inc. I)
• a importância exata a pagar (inc. II)
• a quem se deve pagar a importância, para extinguir a
obrigação: (inc. III).
A terceira etapa é a ordem de pagamento, que se encontra disposta no
art. 64: despacho exarado por autoridade competente, determinando que a
despesa seja paga. E, finalmente a quarta e última etapa consiste no
pagamento que se encontra disciplinado pelo art., 65, mas, o pagamento da
despesa só será efetuado quando ordenado após sua regular liquidação (art.
62).
O art. 100 e seus parágrafos da CF determinam um rito especial para
os pagamentos devidos pela Fazenda Federal, Estadual ou Municipal.
Em virtude de sentença judiciária, far-se-ão exclusivamente na ordem
cronológica de apresentação dos precatórios e à conta dos créditos
respectivos, proibida a designação de casos ou de pessoas nas dotações
orçamentárias e nos créditos adicionais abertos para este fim, exceto os
créditos de natureza alimentar. Nesses casos, o processamento da gestão da
despesa pública não obedecerá a Lei n° 4.320/1964.

Receitas Públicas
As despesas públicas têm de ser satisfeitas com a receita, pois receita
pública é ingresso de dinheiro ao patrimônio do Estado para atendimento de
seus objetivos. Para Alberto Deodato, citado por HARADA, 2005/59, “é o
capital arrecadado, coercitivamente, do povo, tomado por empréstimo ou
produzido pela renda dos seus bens ou pela sua atividade, de que o Estado
dispõe para fazer face às despesas públicas”.

Classificação
As receitas públicas podem se classificar, quanto a sua regularidade,
em:
• ordinária, ingressa nos cofres públicos de forma regular e
rotineira, em função da atividade financeira desenvolvida pelo
Estado.
• Extraordinária, ingressa nos cofres públicos em caráter
excepcional e temporário. Ex. o empréstimo compulsório que a
União pode instituir (art. 148, da CF) para:

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o para atender a despesas extraordinárias, decorrentes


de calamidade pública, de guerra externa ou sua
iminência (inc. I).
o no caso de investimento público de caráter urgente e
de relevante interesse nacional (inc. II)
Cessados os motivos que ensejaram a instituição do empréstimo
compulsório, eles devem ser suprimidos, portando são transitórios, daí o
caráter de receita pública extraordinária.
A classificação quanto à origem:
• originária: ocorre devido à exploração da atividade econômica
pelo próprio Estado, sob o regime do direito privado.
• derivada: advém do constrangimento legal na exigência da
receita. Ex.tributos, o confisco, as penas pecuniárias, etc.
Jèze, citado por HARADA, 2005/60, baseou sua classificação na
divisão dos serviços públicos:
• Os serviços administrativos de interesse geral, que provocam
despesa; mas não produzem quaisquer receitas (impostos).
• Serviços administrativos de interesse geral: mas que
aproveitam mais a alguns, havendo tributação especial (taxas).
• Serviços industriais e comerciais de fim financeiro em regime
de livre concorrência (preços).
• Explorações comerciais ou industriais destinadas à obtenção
do maior proveito fiscal possível em regime de monopólio
(preço-imposto).
E, como na despesa pública, a Lei n° 4.320, de 17.03.1964, traz em
seu artigo 11 e parágrafos a classificação de receitas públicas:
• RECEITAS CORRENTES
o Receita tributária
Impostos
Taxas
Contribuição de melhoria
o Receita Patrimonial
Receitas imobiliárias
Receitas de valores Mobiliários
Participações e Dividendos
Outras Receitas Patrimoniais
o Receita Industrial
Receita de serviços industriais
Outras receitas industriais
o Receita de contribuições
o Receita agropecuária

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o Receita de serviços
o Transferências correntes
Multas
Cobrança da Dívida Ativa
o Outras receitas correntes
• RECEITAS DE CAPITAL
o Operações de Crédito
o Alienação de Bens Móveis e Imóveis
o Amortização de Empréstimos Concedidos
o Transferências de Capital
o Outras Receitas de Capital

Síntese da Aula
Nesta aula, foi apresentado o ramo do direito que disciplina o sistema
tributário nacional, sua conceituação, as fontes de que utiliza para a formação
da legislação tributária e os princípios inerentes e próprios, qualificando como
direito autônomo, do Direito Tributário.
Trabalhou-se, também, com o Direito Financeiro, conceituando-o,
destacando suas funções como ramo do direito a incumbir-se da parte
financeira do Estado: despesa pública, gestão do dinheiro público e a receita
pública.

Atividades
1 – Analisando o presente tema, aponte características do Direito
Tributário e do Direito Financeiro, de forma a diferenciá-los como disciplinas
autônomas da Ciência do Direito.

2 - O que se entende por dotação orçamentária?


a) É a forma de obtenção de recursos.
b) É a forma como o Estado se obriga ao pagamento de
dívidas.
c) É a previsão de despesa pública.
d) É o mesmo que receita pública.
e) N.D.A.

3 – O instrumento legal por meio do qual o Estado, na execução da


receita pública, demonstra poder assumir uma obrigação, é denominado por:
a) Empenho
b) Receita Pública
c) Despesa Pública
d) Serviço Público
e) Dotação orçamentária
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Comentários das Atividades


Questão 01: Comentário: o Direito Tributário tem finalidades e objetivos
diferentes do Direito Financeiro, pois este disciplina a forma de obter, gerir e
aplicar os recursos públicos, enquanto que o primeiro tem a tarefa de retirar,
compulsoriamente, parcela das riquezas dos contribuintes. Pelas
características, o aluno apropriar-se-á de conhecimento suficiente para não
confundir entre esses dois ramos do direito.

Questão 02: Em direito público não há como dispor dos recursos públicos
como no direito privado, em que a pessoa jurídica de direito privado realiza
seus projetos de acordo com o planejamento econômico-financeiro que dispõe;
enquanto que a execução dos recursos públicos há uma necessidade de
previsão de despesa, sem o qual o Estado não poderá dispor dos recursos
financeiros, ainda que excedentes.

Questão 03: o Estado, na gestão dos recursos públicos, deverá obedecer aos
ditames da lei, que gerará um procedimento administrativo que culmina com o
pagamento. Nesse processo, vários documentos (instrumentos), sem os quais
ou na ausência de um deles implicará a impossibilidade do Estado se obrigar
ao pagamento. O estudo dessas fases fará com que o aluno estabeleça
relação entre as mesmas, e da importância para o direito público.

Referências
BASTOS, Celso Ribeiro. Curso de Direito Financeiro e de Direito Tributário. 5.
Ed., São Paulo: Saraiva. 1997..
HARADA, Kiyoshi. Direito Financeiro e Tributário. 14. Ed. rev. e ampl., São
Paulo: Atlas, 2005.

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Tema 02

Teoria da Imposição Tributária

Objetivos
Conhecer o sistema tributário nacional, a partir da definição de
tributo e desde o nascimento da obrigação tributária. Saber identificar a
hipótese de incidência tributária. Identificar o poder de tributar do Estado
com suas limitações e competências.

Introdução
Uma vez delineados a definição e conceito do direito tributário no tema
anterior, passemos a conhecer a Teoria da imposição tributária. Para tanto,
abordaremos as várias definições de tributo e conheceremos como se dá a
hipótese de incidência tributária.
Analisaremos o sistema tributário nacional e como se estabelece o
Poder de Tributar e de que forma são estabelecidas as competências
tributárias.
Por derradeiro, abordaremos as limitações ao poder de tributar: suas
isenções e imunidades.

Definição de tributo
O art. 3.º do Código Tributário Nacional (Lei nº 5. 172, de 25 de
Outubro de 1966) define o tributo:

Art. 3º Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo


valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito,
instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente
vinculada.

De igual modo, a própria Constituição Federal traz a noção básica de


sua definição:
“Tributo é a relação jurídica que se estabelece entre o fisco e o
contribuinte, tendo por base a lei, em moeda igualitária e decorrente de um fato
lícito qualquer”.

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O Tributo: de seu nascimento a sua extinção


O vocábulo tributo indica vários sentidos, tais como “quantia em
dinheiro”; “prestação correspondente ao dever jurídico do sujeito passivo”;
“direito subjetivo de que é titular o sujeito ativo”; “sinônimo de relação jurídica
tributária”; tributo como norma jurídica tributária”; “tributo como norma, fato e
relação jurídica”.
O tributo investe contra a liberdade e a propriedade das pessoas.
Tributo é uma obrigação “ex lege”, em moeda, não se constitui em sanção por
ato ilícito e tem, normalmente, por sujeito ativo, uma pessoa política e como
sujeito passivo, qualquer pessoa apontada pela lei como entidade tributante.
Segundo o consagrado tributarista Becker (Teoria Geral do Direito
Tributário, p. 237, 1963) citado em Carvalho, p.17, 1993, “ O tributo é o objeto
daquela prestação que satisfaz aquele dever”. O que se percebe, portanto, que
o tributo representa a prestação que devemos ao Estado, por meio de seus
entes.
Para que incida sua cobrança, deve haver uma competência tributária,
ou seja, uma autorização constitucional para que determinada entidade
tributante o institua. Deste modo, os Estados, Distrito Federal e os Municípios
só poderão instituir sejam impostos, sejam taxas ou sejam contribuições de
melhorias, se houver previsão constitucional nesse sentido, autorizando a
incidência.
Além dessa autorização constitucional, deve haver a edição de uma
lei, aprovada pelo Poder Legislativo, na qual o sujeito ativo ou entidade
tributante (União, Estados, Distrito Federal ou Municípios) defina o fato gerador
do tributo (hipótese de incidência), a sua base de cálculo, a alíquota, os
contribuintes, etc.

Hipótese de Incidência
Até agora, falamos sobre as hipóteses para que existam os tributos;
mas, para que haja a real incidência, faz-se necessário que ocorra o fato
gerador do tributo, ou seja, aquela hipótese de incidência prevista na lei,
abstratamente, deve ocorrer na realidade dos fatos.
A hipótese de incidência tributária é o fato descrito em lei que,
acontecido, faz nascer a relação jurídica, que tem por objeto a dívida tributária.
Ou seja: é o fato descrito em lei que, ao ocorrer na prática, faz nascer o dever
de pagar o tributo. Está no mundo abstrato das leis, trata-se de fato hipotético
ou o tipo tributário. Distingue-se, portanto, do fato imponível do tributo. Este
diz respeito ao fato concreto, que está no mundo fenomênico: é o fato típico
tributário.

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O Código Tributário Nacional chama a hipótese de incidência tributária


e o fato imponível do tributo, como sendo, indistintamente, o FATO GERADOR
DO TRIBUTO.
Art. 144, CTN: O lançamento reporta-se à data da ocorrência do fato
gerador da obrigação e rege-se pela lei então vigente, ainda que
posteriormente modificada ou revogada.§ 1º Aplica-se ao lançamento a
legislação que, posteriormente à ocorrência do fato gerador da obrigação,
tenha instituído novos critérios de apuração ou processos de fiscalização,
ampliado os poderes de investigação das autoridades administrativas, ou
outorgado ao crédito maiores garantias ou privilégios, exceto, neste último
caso, para o efeito de atribuir responsabilidade tributária a terceiros.§ 2º O
disposto neste artigo não se aplica aos impostos lançados por períodos certos
de tempo, desde que a respectiva lei fixe expressamente a data em que o fato
gerador se considera ocorrido. Base de cálculo: é
a dimensão legal
da materialidade do
tributo. Deve
guardar uma
Poder de tributar correlação lógica
com a hipótese de
Trata-se de exercício de soberania estatal, significando atividade típica incidência, sob
pena do tributo não
do Estado, do mesmo modo que a justiça, a atividade legislativa, a
poder ser
administrativa, etc. Todavia, só poderá ocorrer a tributação se tiver havido validamente
exigido.
previsão legal para tanto. Alíquota: é o
critério apontado
Para muitos, apesar do poder de tributar, a relação tributária, muito
em lei,
mais do que relação de poder, é uma relação jurídica, com direitos e normalmente
expresso em
obrigações de ambas as partes. Desta forma, o direito tributário cuida também porcentagem, que
conjugado à base
de regras de limitação a este poder de tributar, com a finalidade de ordenar a
de cálculo, permite
relação jurídica fisco-contribuinte. que se chegue à
quantia devida pelo
A exigência do tributo só poderá ocorrer depois que a entidade contribuinte a título
de tributo. A
tributante tomar conhecimento da ocorrência do fato gerador, identificar o
alíquota pode ser
contribuinte e quantificar o valor do tributo. Para tanto, deverá se valer da base progressiva:
quanto maior a
de cálculo e da alíquota dos tributos. base de cálculo,
maior a alíquota.
Tal atividade é chamada de lançamento. E o tributo lançado
Desta forma, quem
denomina-se crédito tributário. ganha mais, no
imposto de renda,
Para a extinção do crédito tributário, após lançado, resta o pagamento, por exemplo, paga
mais.
momento em que se dará sua extinção, salvo hipóteses em que ocorram a
“quantum
suspensão (moratória, depósito, etc) ou exclusão (isenção ou anistia). debeatur” - o
quanto devido:
quantia devida pelo
contribuinte à título
Ex.: avião que chega com um objeto, uma mercadoria estrangeira que
de tributo.
entre no território nacional. O lançamento do imposto de importação é o
despacho aduaneiro da mercadoria estrangeira.

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Sistema Tributário Nacional


O sistema tributário nacional constitui-se do conjunto de princípios
constitucionais que informam as normas fundamentais e gerais do direito
tributário. Teremos um tema específico – tema 06 – dedicado a esta matéria.
Por ora, estudaremos a classificação jurídica do tributo, especificamente, as
competências tributárias.

Classificação jurídica do tributo


O tributo é gênero, do qual o imposto, a taxa e a contribuição de
melhoria são espécies.
O Brasil é um estado federal, sendo a União e os Estados-membros
entes autônomos. O art. 145 da Constituição Federal autoriza que a União,
Estados, Distrito Federal e Municípios criem impostos, taxas e contribuição de
melhoria.
Os empréstimos compulsórios, os impostos extraordinários, as
contribuições parafiscais são tributos, mas tributos que, de acordo com suas
hipóteses de incidência, podem ser reconduzidos a uma das três modalidades
(imposto, taxa ou contribuição). Os empréstimos compulsórios são tributos
restituíveis, e podem se revestir de imposto,taxa e, excepcionalmente, como
contribuição de melhoria. Os impostos extraordinários são sempre impostos.
Tais espécies tributárias serão vistas com maior detalhamento no tema
05. Importa compreendermos, por ora, como se distinguem as competências
tributárias.
Existem, por conseguinte, leis tributárias federais, ditadas pela União;
leis tributárias estaduais (leis editadas pelos estados-membros); leis tributárias
distritais (Distrito Federal) e leis tributárias municipais (município). Entre tais
leis tributárias não há hierarquia, pois encontram fundamento de validade na
Constituição Federal. Distinguem-se pelo âmbito de incidência e definem a
competência tributária.

Competência Tributária
O poder tributário não é absoluto, ilimitado. De acordo com a
competência para tributar, é imposta uma limitação. Vimos que a atribuição de
competência para tributar corresponde à divisão do poder de tributar pelos
entes estatais componentes da federação.
É importante dizer que o espírito federativo foi preservado de tal
maneira que a Constituição Federal não permite que a União conceda isenções
em tributos estaduais. ART. 151, III, CF

Art. 151. Suspendem a exigibilidade do crédito


tributário: (...)III - as reclamações e os recursos,
nos termos das leis reguladoras do processo
tributário administrativo; (...)
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Assim, só quem tem poder para tributar tem poder para isentar.

Diferença entre competência para tributar e capacidade tributária:

Competência para tributar: capacidade de legislar sobre o tema


Capacidade tributária: corresponde ao poder de ser sujeito da
relação jurídica tributária.

Você sabia que a pessoa jurídica sem poder legislativo, como as


autarquias e os conselhos de fiscalização profissional – OAB, CRM etc, podem
cobrar contribuições sociais ??!

Limitações ao poder de tributar: isenções e imunidades


Imunidades tributárias são vedações ao poder de tributar certas
pessoas (subjetivas) ou certos bens (objetivas) e, às vezes, umas e outras.
Trata-se de impedimento constitucional
absoluto à incidência da norma tributária, uma vez que restringe o
campo tributário da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.

A isenção tributária corresponde à dispensa de pagamento do tributo


por expressa disposição legal.

Imunidade tributária: matéria típica do texto


constitucional Isenção tributária: versada em lei ordinária.

Síntese da Aula
Nesta aula, estudamos as definições de tributo, vimos como se dá o
nascimento da obrigação tributária e suas hipóteses de incidência. Tomamos
conhecimento que o Sistema Tributário Nacional é composto por princípios que
estabelecem as competências tributárias e impõem limitações ao poder de
tributar. Aprendemos a distinção entre isenção e imunidade tributária.

Atividades

1- O que você entende por divisão de competência tributária?


Justifique.
Comentário: Para responder revise, na apostila e doutrina indicada, a matéria
sobre competências tributárias. Uma dica: a Constituição Federal de 1988 é
quem define tais competências.

2- Distinga isenção tributária de imunidade tributária.


Comentário: Revise a matéria sobre as limitações ao poder de tributar.
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3- Assinale a opção incorreta.

a) A hipótese de incidência tributária é o fato descrito em lei


que acontecido faz nascer a relação jurídica, que tem por objeto a dívida
tributária.

b) O art. 145 da Constituição Federal autoriza que a União,


Estados, Distrito Federal e Municípios criem impostos, taxas e contribuição de
melhoria.

c) Base de cálculo: é a dimensão legal da materialidade do


tributo. Deve guardar uma correlação lógica com a hipótese de incidência, sob
pena do tributo não poder ser validamente exigido.

d) A exigência do tributo poderá ocorrer antes que a entidade


tributante identifique o contribuinte e quantifique o valor do tributo, mas depois
que tome conhecimento da ocorrência do fato gerador.

Comentário: Leia na apostila e doutrinas indicadas o que se refere à


lançamento e responda.

No caso da questão n° 02, observe os artigos 267 e 269 do CPC,


considerando as hipóteses em que a decisão será proferida sem o julgamento
do mérito (art. 267) e quando ocorrerá com o julgamento do mérito (art. 269).
Resposta: 1, 2, 2, 2, 1, 1, 1, 2, 1

Referências
MACHADO, Hugo de Brito. Curso de Direito Tributário. 26ª ed. rev. atual. e
amp. São Paulo: Malheiros, 2005.
SABBAG, Eduardo de Moraes. Elementos do Direito. Direito Tributário. 7ª ed.
São Paulo: Prima Cursos Preparatórios, 2004.

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Tema 03

Princípios Constitucionais tributários

Objetivos
Compreender os princípios constitucionais que orientam o direito
tributário, de forma a entender como pode se dá a atividade financeira estatal
no que se refere à tributação, conhecendo quais os limites e condições
impostos pela Lei Maior para essa atividade.

Introdução
No presente tema apresentaremos os princípios fundamentais que
informam a Constituição Federal no que tange ao poder de tributar do Estado, Princípios são linhas
ou seja, apresentaremos as orientações que compõem as normas, servindo de diretivas que
informam e iluminam
critérios para sua exata incidência e correta interpretação. a compreensão de
segmentos
normativos,
Princípios Constitucionais Tributários imprimindo-lhes um
caráter de unidade
A Constituição Federal traz, no art. 150, a previsão de alguns dos relativa e servindo de
fator de agregação
princípios constitucionais tributários, que são a anterioridade, irretroatividade, num dado feixe de
legalidade e isonomia. Esses são os comumente chamados princípios normas.
(CARVALHO, PÁG.
constitucionais tributários, fazendo parte à limitação do poder de tributar (o 90,1993).
Estado Democrático impõe que o poder de tributar não seja ilimitado, soberano
e incondicional).
Todavia, os princípios regedores da tributação devem mirar-se nos
princípios fundamentais da Constituição brasileira: art.1.º a 4.º: Tais princípios
são os definidores da Estrutura do Estado, com função ordenadora e
funcionando como critério de interpretação e integração, dando coerência ao
sistema.
Daí decorre que:
1 – república: é a forma de governo ( coisa do povo e para o
povo);
2 – federativa: é a forma de Estado
Descentralização política fixada na Constituição ou repartição
constitucional de competências, determinando que os impostos da união são
os do art. 153, os dos estados, do art.155, e os do município, do art. 156;

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Participação das ordens jurídicas parciais na vontade criadora da


ordem jurídica nacional;
Possibilidade de autoconstituição;
Existência de constituições locais.

3 – estado democrático de direito: a democracia, como realização de


valores (igualdade, liberdade e dignidade da pessoa humana), é mais
abrangente que o mero Estado de direito. O Brasil erigiu, como princípio
fundamental, o Estado Democrático de Direito.

O Estado Democrático de Direito é informado por alguns princípios: da


constitucionalidade, da legalidade, da igualdade, da segurança jurídica, da
justiça social etc.

Passemos à análise dos princípios preconizados pelo Sistema


Tributário Nacional:

Princípios Gerais: há muitos princípios gerais, válidos, que influem na


relação jurídico-tributária, valendo destacar:

Princípio da Certeza do Direito: trata-se de princípio implícito. Situa-


se no dever-ser. O juiz, ao sentenciar, por exemplo, não retrata um juízo de
probabilidade, mas de certeza.

Princípio da Segurança Jurídica: significa um sentimento que


tranqüiliza os cidadãos, no sentido de que a disciplina jurídica seja conhecida e
a aplicação das normas seja efetivada.

Princípio da Igualdade: está contido no art. 5.º,I da Constituição


Federal e significa que “todos são iguais perante alei, sem distinção de
qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes
no país a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança
e à propriedade.

Princípio da Legalidade: Também explícito no art. 5.º, II, da


Constituição Federal: “Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de
fazer alguma coisa senão em virtude de lei”.

Princípio da irretroatividade das leis: “As leis não podem retroagir


alcançando o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada”.
Também explícito no art. 5.º, XXXVI, da Constituição Federal.

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Podemos citar ainda princípios como a Universalidade da Jurisdição


(art. 5.º, XXXV, CF) ; o princípio que consagra o direito da ampla defesa e o
devido processo legal (art.5.º, LV, da CF) ; o princípio de isonomia dos entes
federados: princípio implícito decorrente da federação e da autonomia dos
municípios; o princípio que afirma o direito de propriedade (art.5.º, XXII e XXIV,
da CF) ; o princípio da liberdade de trabalho: as leis sobre tributo não podem
tolher o livre exercício do trabalho; o princípio que prestigia o direito de petição
(art. 5.º, XXXIV, “a” e “b”, da CF); o princípio da supremacia do interesse
público ao do particular (princípio implícito) e o princípio da indisponibilidade
dos interesses públicos (princípio implícito).

Fundamentos:
São os valores primordiais do Estado:
• SOBERANIA.
O Poder de Tributar advém da soberania do Estado.
• CIDADANIA
Respeito à vontade popular (Teoria do tributo consentido)
• DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA
Vedam-se tributos confiscatórios, a questão da isonomia tributária,
capacidade contributiva, etc.
• OS VALORES SOCIAIS DO TRABALHO E DA LIVRE
INICIATIVA
O tributo há de respeitar a economia de mercado, o princípio do
confisco e os valores sociais do trabalho.
(ART. 170, CF)
• PLURALISMO POLÍTICO
Para ser resguardado é oferecida imunidade aos partidos políticos,
entidades sindicais, etc
(ART. 150, VI, “C” )

O princípio é ciência valorativa. A Constituição Federal de 1988


consagrou as principais diretrizes do Direito Tributário, estabelecendo as regras
básicas regentes da relação do Estado/fisco com o particular contribuinte, e
definindo as espécies tributárias, as limitações ao poder de tributar, a
distribuição de competências tributárias e a repartição das receitas tributárias.
Desta forma, além dos princípios gerais supracitados,o texto constitucional
elaborou regras básicas especiais relacionadas à proteção do contribuinte e à
limitação ao poder de tributar:
A Constituição Federal consagrou como princípios expressos, os
seguintes princípios constitucionais tributários:

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1 – Princípio da reserva legal tributária ou da legalidade estrita


(ART. 150,I CF)
Significa que só à lei cabe instituir impostos, definir o fato gerador e
estabelecer prazos e condições de pagamento. Por este princípio, a majoração
do tributo é privativa da lei, formalmente elaborada.

2 – Princípio da igualdade tributária


(ART. 150,II CF)
Os tributos federais, estaduais e municipais deverão ser uniformes em
toda a circunscrição de sua incidência, apresentando idêntica base de cálculo,
vedando que contribuintes na mesma situação recebam tratamento
diferenciado por parte do Estado.

3 – Princípio da irretroatividade tributária


(ART.150,III, a CF)
A Constituição brasileira consagra, como princípio protetivo do
contribuinte, a impossibilidade da cobrança de tributos sobre fatos geradores
ocorridos antes do início da vigência da lei instituidora ou que o tenha
majorado. É norma imprescindível à garantia da segurança jurídica do
contribuinte.

4 –Princípio da anterioridade
( ART.150,III,b)
Consagra que, em regra, tributo algum poderá ser cobrado no mesmo
exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou
aumentou, tendo por finalidade evitar a surpresa do contribuinte em relação a
uma nova cobrança ou um valor maior, não previsto em seu orçamento
doméstico. Assegura, ainda, a possibilidade do contribuinte programar-se
contra a ingerência estatal em sua propriedade, preservando a segurança
jurídica.

5 –Princípio da vedação ao confisco


Confisco: latim
“confiscatio”, de (ART.150,IV, CF)
“confiscare”: É ato de
Há confisco sempre que o proprietário de um bem o perde em
apreensão ou
adjudicação ao fisco, benefício do Poder Público, sem justa indenização. A Constituição brasileira
sem indenização, de
bens pertencentes a veda a utilização do poder de tributar estatal com a finalidade confiscatória. Isto
outrem, em decisão
decorre da natureza jurídica dos tributos, que não se assemelha à sanção
judicial ou decisão
administrativa, com base patrimonial imposta pelo Estado pela prática de atos ilícitos.
em lei” (MORAES, 2003,
p. 1715,). 6 –Princípio da ilimitabilidade do tráfego de pessoas ou de bens
(ART.150,V, CF)

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Este princípio prevê a liberdade de locomoção no território nacional em


tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, nele
permanecer ou dele sair com seus bens. A Constituição pretende evitar que o
Poder Público utilize-se da criação de tributos para atingir, reflexamente, a
liberdade de deslocamento pessoal e o patrimônio do indivíduo, prevendo a
vedação de cobrança de tributos interestaduais ou intermunicipais como forma
de estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou de bens.

7- Princípio da capacidade contributiva


(ART. 145, §1.º, da CF)
Os impostos podem ser de caráter real ou pessoal, dependendo da
preocupação em atender às condições pessoais do contribuinte. Os impostos
de caráter real, também denominados de objetivos, são aqueles cuja instituição
se dá unicamente em função da matéria tributável. Exemplo: IPVA (impostos
sobre a propriedade de veículos automotores) e impostos imobiliários.
Os impostos de caráter pessoal ou subjetivos, diferentemente, devem
ser definidos levando-se em conta as características particulares dos
contribuintes, adequando-se a sua capacidade econômica. Exemplo: imposto
de renda.

8 – Princípio da razoabilidade
(ART. 5.º, LIV, da CF)
É o princípio que exige proporcionalidade, justiça e adequação entre os
meios utilizados pelo Poder Público no exercício de suas atividades –
administrativas e legislativas – e os fins por ele almejados.

9 – Princípio da uniformidade
(ART.151, da CF)I
Este princípio veda que a União institua tributo que não seja uniforme
em todo o território nacional ou que implique distinção ou preferência em
relação a estado, ao Distrito Federal ou a Município. O art. 151, I reforça a
igualdade federativa pretendida pelo art. 19,III. Evita guerras tributárias.

Síntese do Tema
Apresentar os princípios norteadores do direito tributário, princípios
gerais e especiais, implícitos ou expressos, que orientam e limitam a atividade
tributária do Estado.

Atividades
1 – O que se entende por princípios constitucionais tributários ?

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Comentários: Atente-se ao conceito geral de princípios e à previsão


especial no texto constitucional de princípios voltados para o poder de tributar
do Estado, limitando-o e impondo condições. Lembre-se das previsões
constitucionais na Carta de 1988 sobre o tema.

2 – Discorra sobre o princípio da reserva legal tributária.


Comentários: Observe as definições no texto e a norma pertinente, na
Constituição Federal..

3 – O chefe do Poder Executivo municipal mandou mensagem ao


Poder Legislativo local, alterando o valor das multas para os casos de
inadimplência do imposto sobre serviços (ISS), de 10% do valor devido para
100%, o que foi aprovado e entrou em vigor. Como o objetivo de incremento da
arrecadação não foi atingido, o secretário de fazenda baixou decreto alterando
a data de recolhimento do ISS do dia 20 para o dia 2 do mês subseqüente ao
período de apuração.

Diante da situação hipotética apresentada acima, julgue os itens a seguir:


a) É vedado o caráter confiscatório estabelecido pela legislação
municipal quando aumentou a percentagem de multa.
b) A alteração da data de recolhimento de tributo por decreto não
ofende o princípio da legalidade tributária.

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Tema 04

Normas de Direito Tributário

Objetivo
Apresentar a vigência, a aplicação e os métodos de interpretação das
normas tributária.

Introdução
O Estado tem, necessariamente, que desenvolver uma atividade
financeira na obtenção de recursos, para atender às necessidades gerais
(prestação de serviços públicos, manutenção da ordem interna, construção de
estradas etc.). Esses recursos vêm para o Estado por meio dos tributos; como
esses podem ser exigidos do particular e do próprio ente estatal estabelece
uma legislação tributária. Nesta aula veremos como vigem as normas
tributárias, como e quando devem ser aplicadas, enfim estaremos trabalhando
com a legislação tributária.

Legislação Tributária
O próprio Código Tributário Nacional (CTN), no artigo 96, define a
legislação tributária: A expressão “legislação tributária” compreende as
leis, os tratados e as convenções internacionais, os decretos e as normas
complementares que versem, no todo ou em parte, sobre tributos e
relações jurídicas a eles pertinentes.
E sobre esses institutos será desenvolvido o presente tópico.

Leis
As leis têm origem no Poder Legislativo. Aquelas que dependem de
quorum qualificado para sua aprovação são conhecidas por leis
complementares; as que dependem de maioria simples são as leis ordinárias,
sendo estas fontes por excelência do Direito Tributário, à medida que criam e
majoram os tributos (HARADA, 2005/467).
O campo de abrangência das leis encontra-se delimitado pelo art. 97
do CTN:
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EAD UNITINS / EDUCON – DIREITO TRIBUTÁRIO - ADMINISTRAÇÃO

• a instituição de tributos ou a sua extinção;


• o aumento dos tributos ou mesmo a sua redução;
• definição do fato gerador da obrigação principal;
• fixação de alíquotas do tributo e da sua base de cálculo;
• hipóteses de exclusão, suspensão e extinção de créditos tributários;
• dispensa ou redução de penalidades;
• cominação de penalidades.

Tratados e Convenções Internacionais


São normas que o Brasil convencionou adotar e que conferem ao
contribuinte o direito protetivo em nível constitucional, face ao que preceitua o §
2° do art. 5° da CF: “os direitos e garantias expressos nessa Constituição
não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela
adotados, ou dos tratados internacional em que a República Federativa
do Brasil seja parte”.
Os tratados e convenções internacionais revogam ou modificam a
legislação tributária interna, e serão observados pela que lhes sobrevenha (art.
98, CTN). Mas não prevalece contra disposição constitucional, sob pena de
ferir-se o art. 4°, inc. I da CF, que trata do princípio da independência nacional,
no que tange às relações internacionais.

Decretos
Normas expedidas pelo Poder Executivo cujo conteúdo e alcance
estão restritos aos das leis em função das quais sejam expedidos (art. 99 do
CTN). O decreto regula o que a lei deixou ao encargo do Poder Executivo
realizar, como: obrigações tributárias acessórias; prazos de recolhimento para
tributo; etc.

Normas Complementares
As normas complementares não podem ser confundidas com leis
complementares: pois as normas são os atos normativos expedidos pelas
autoridades administrativas; as decisões dos órgãos singulares ou coletivos de
jurisdição administrativa, a que a lei atribua eficácia normativa; as práticas
reiteradamente observadas pelas autoridades administrativas, e os convênios
que entre si celebram a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
(art. 100, I, II, III e IV, do CTN).
A observância das normas complementares exclui a imposição de
penalidades, a cobrança de juros de mora e a atualização do valor monetário
da base de cálculo do tributo (art. 100, parágrafo único, do CTN).
Aplicação das Normas

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EAD UNITINS / EDUCON – DIREITO TRIBUTÁRIO - ADMINISTRAÇÃO

As normas tributárias aplicam-se imediatamente aos fatos geradores


futuros e aos pendentes (art. 105, do CTN). A lei ao entrar em vigor tem
eficácia imediata sobre as relações nela previstas e que ocorram a partir da
data da lei, isto é, presentes e futuras, consumadas ou iniciadas. Mas em
matéria tributária, tem o princípio da anterioridade e o princípio da
nonagesimidade, estudados no tema 03: o primeiro determina que a cobrança
do tributo está vinculada a cada exercício (anual) financeiro (art. 150, III, ‘a’, da
CF); o segundo impõe à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos
Municípios que se abstenham da exigência de tributo, antes de decorrer o
prazo de 90 dias da data em que haja sido publicada a lei que o instituiu ou
aumentou (art. 150, III, ‘c’, da CF).
Para os fatos geradores pendentes, aqueles iniciados na vigência de
uma lei e se consumados na de outra, o art. 116 do CTN estabelece condições,
para considerar ocorrido o fato gerador e existentes os seus efeitos:
• tratando-se de situação de fato, desde o momento em que se
verifiquem as circunstancias materiais necessárias a que produzam os efeitos
que, normalmente, lhe são próprios (inc. I).
• tratando-se da situação jurídica, desde o momento em que esteja
definitivamente constituída, nos termos de direito aplicável (inc. II).

Será melhor compreendido uma situação jurídica pendente, com o


exemplo de Ruy Barbosa Nogueira, citado por HARADA, 2005/471: que se
refere ao caso de herança cujos bens estejam penhorados, hipótese em que o
aplicador deve ir ao Direito Civil e ao Direito Processual Civil para corretamente
aplicar a lei tributária. Se a algum dos herdeiros é atribuída a propriedade do
bem litigioso, o imposto somente será exigível quando a sentença a ele
favorável passar em julgado. Nos termos do art. 1.784 do CC, a transmissão se
opera na data do falecimento do de cujus, inclusive o direito de ação. Pendente
essa situação jurídica, o imposto só será exigível quando a sentença atribuir o
quinhão ao herdeiro. A legislação a ser aplicada será a que estava vigente na
data do falecimento. Assim, a base de cálculo ou valor e a alíquota deverão ser
as vigentes na data do falecimento e não do pagamento.
A retroatividade da legislação tributária é tratada pelo art. 106 do CTN,
ao dispor que a lei é aplicada a ato ou fato pretérito, nas seguintes condições:
• em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa,
excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados
(inc. I).
• tratando-se de ato não definitivamente julgado:
• quando deixe de defini-lo como infração (inc. II, a).

35
EAD UNITINS / EDUCON – DIREITO TRIBUTÁRIO - ADMINISTRAÇÃO

• quando deixe de tratá-lo como contrário a qualquer exigência


de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e
não tenha implicado falta de pagamento de tributo (inc. II, b).
• quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista
na lei vigente ao tempo da sua prática (inc. II, c).

Interpretação das Normas Tributárias


Interpretar a lei é conhecer o seu verdadeiro significado e alcance.
Como diz Heidegger, citado por NOGUEIRA, 1995/86, “chamamos
interpretação ao desenvolvimento do compreender”.
Na interpretação podem ser utilizados os métodos:
• gramatical, literal ou léxico.
• Lógico-sistemático
• Teleológico
• Histórico ou genético.

Interpretação Gramatical, Literal ou Léxico.


É aquela realizada com o estudo dos vocábulos, buscando o seu
sentido de acordo com as leis gramaticais. A interpretação gramatical tende a
ser mais restrita, a partir do momento em que se exige do intérprete que se
mantenha as expressões contidas nas palavras da lei.
Em matéria tributária esse método de interpretação não permite que
ocorra ampliação dos conceitos, por meio de deduções, analogia ou induções.
O próprio Código Tributário Nacional, em seu artigo 111, dispõe que
deve ser interpretada literalmente a legislação tributária que disponha sobre:
• Suspensão ou exclusão do crédito tributário (inc.I).
• Outorga de isenção (inc. II).
• Dispensa do cumprimento de obrigações tributárias acessórias
(inc. III).
A suspensão ou exclusão do crédito tributário, a outorga de isenção e a
dispensa do cumprimento de obrigações tributárias acessórias são situações
especificadas e disciplinadas, não comportam qualquer ampliação e só podem
decorrer de texto expresso da lei.

Interpretação Lógico-sistemática
As normas jurídicas pertencem a um sistema organizado, por isso o
intérprete não deve limitar-se a verificar somente o texto de uma disposição,
mas pesquisar em todo o sistema do direito, em matéria tributária, o Direito
Tributário, em seu código, seus regulamentos, para localizar os dispositivos
relacionados ou correlacionados.

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EAD UNITINS / EDUCON – DIREITO TRIBUTÁRIO - ADMINISTRAÇÃO

Nunca se interpreta uma lei isoladamente; mas o conjunto de normas


que têm reflexos sobre o fato examinado.

Interpretação Teleológica
Na interpretação teleológica busca-se compreender a finalidade ou a
função da lei, assim o Direito Tributário tem por objetivo regular ou disciplinar a
tributação com o objetivo de obter receitas para o Estado. O imposto é o
veículo utilizado para captação de riquezas; a taxa é uma contraprestação de
serviços públicos; a contribuição de melhoria decorre da valorização imobiliária
e da obra pública, etc.

Interpretação Histórica ou Genética


A interpretação histórica ou -genética revela ao intérprete os elementos
circunstanciais que se envolveram na elaboração de uma lei. Busca-se
conhecer qual era o pensamento (vontade) do legislador e os fatos
(circunstâncias sociais) que deram origem à criação do texto, dentro do
panorama do sistema.

Jurisprudência, Doutrina e Direito Comparado


O intérprete da norma tributária não deve cingir-se apenas aos
métodos ou meios de interpretação apresentados, embora específicos,
devendo buscar outras formas de interpretação para melhor entendimento e
compreensão da voluntas legis non legislatoris (vontade objetivada na lei). E
para tanto deve utilizar da Jurisprudência, que são as decisões semelhantes
reiteradamente afirmadas pelos nossos tribunais; a Doutrina na qual os nossos
escritores jurídicos lançam as suas opiniões, e o Direito Comparado para
verificar as soluções que as legislações estrangeiras dispuseram para fatos
semelhantes aos encontrados no Brasil.

Vigência das Normas Tributárias


Antes de iniciarmos o estudo da vigência das normas tributárias, é
necessário diferenciarmos vigência de eficácia. A primeira configura qualidade
daquilo que está em vigor, enquanto que a segunda diz respeito à incidência da
norma legal sobre o fato concreto, A eficácia depende da vigência de uma lei,
mas esta nem sempre pressupõe possibilidade de sua aplicação imediata, por
depender, por exemplo, de uma regulamentação.
A vigência das normas tributárias vem disciplinada nos artigos 101 a
104 do Código Tributário Nacional em que encontramos a seguinte disposição:
‘a vigência, no tempo e no espaço, da legislação tributária rege-se pelas
disposições legais aplicáveis às normas jurídicas em geral (art. 101)’.

37
EAD UNITINS / EDUCON – DIREITO TRIBUTÁRIO - ADMINISTRAÇÃO

Vigência no Tempo
A vigência no tempo significa o momento em que a norma tributária
passa a existir na ordem jurídica, e esse momento é a publicação da norma.
O disposto no art. 101 do CTN faz remissão, na questão da vigência
das normas tributárias no tempo, às disposições contidas na Lei de Introdução
ao Código Civil (Decreto-Lei n° 4.657, de 04.09.1942), em que prescreve seu
artigo 1°: “salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o
país quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada”, quando a lei
começa a produzir seus efeitos. E, “nos Estados estrangeiros, a
obrigatoriedade da lei brasileira, quando admitida, se inicia três meses
depois de oficialmente publicada” ( § 2°).
Mas a própria Lei de Introdução ao Código Civil permite que leis
disponham em contrário, quando podem determinar vigência imediata ou
mediata, quando a própria lei dispuser, por exemplo: esta lei entre em vigor na
data de sua publicação (imediata); esta lei entrará em vigor 100 dias da data de
sua publicação (mediata), ou, ainda, esta lei entrará em vigor em 1° de janeiro
de 1917 (mediata).
O Código Tributário Nacional trata, no artigo 103, a questão da
vigência de sua legislação. Salvo em disposição em contrário, entram em vigor:
• Os atos normativos expedidos pelas autoridades
administrativas, na data da sua publicação (inc. I).
• As decisões dos órgãos singulares ou coletivos de jurisdição
administrativas, quanto a seus efeitos normativos, 30 (trinta) dias após a data
da sua publicação (inc. II).
• Os convênios que entre si celebrem a União, os Estados, o
Distrito Federal e os Municípios, na data neles prevista (inc. III).

Mas especificamente aos impostos sobre o patrimônio ou a renda, o


Código Tributário Nacional reservou regra especial e diferente: “entram em
vigor no primeiro dia do exercício seguinte àquele em que ocorra a sua
publicação os dispositivos da lei, referentes a impostos sobre o
patrimônio ou rendas (art. 104):
• Que instituem ou majoram tais tributos (inc. I)
• Que definem novas hipóteses de incidência (inc. II)
• Que extinguem ou reduzem isenções, salvo se a lei dispuser
de maneira mais favorável ao contribuinte (inc. III)
Não se aplica o disposto no artigo 104 do CTN quanto a isenção, que
pode ser revogada ou modificada por lei, a qualquer tempo, salvo se concedida
por prazo certo e em função de determinadas condições (art. 178 do CTN).
Portanto, aplica-se a regra geral do artigo 1° da Lei de Introdução ao
Código Civil, desde que não haja disposição específica na norma.

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EAD UNITINS / EDUCON – DIREITO TRIBUTÁRIO - ADMINISTRAÇÃO

O Código Tributário Nacional não trata com regras específicas a


questão da revogação (extinção) da lei. Para tanto, deverá ser observado o
disposto no artigo 2° da Lei de Introdução ao Código Civil: “não se destinando
à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou
revogue”. E a revogação da lei poderá ocorrer:
• Quando a lei nova expressamente o declare (revogação
expressa) (§ 1°)
• Quando a lei anterior seja incompatível com a lei nova
(revogação tácita) (§ 1°)
• Quando a lei nova regula inteiramente a matéria de que tratava
a lei anterior (revogação tácita) (§ 1°)

A lei revogada não volta à vigência no caso da lei que a revogou ser
revogada, como regra geral, é o que determina o art. 2°, § 3°, da Lei de
Introdução ao Código Civil: “salvo disposição em contrário, a lei revogada
não se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência”. Portanto, a
revogação da lei nova não restabelece a eficácia da lei anteriormente por ela
revogada, a menos que haja disposição expressa no sentido.
A revogação de uma lei somente pode ocorrer por uma outra lei. O
decreto, a resolução e mesmo a portaria não podem revogar uma lei.

Vigência no Espaço
A norma tributária vigora no âmbito do território da pessoa jurídica de
direito público interno (União, Estados, Distrito Federal e Municípios) que a
criou, em que produzirá seus efeitos, como regra geral. Mas,
excepcionalmente, o Código Tributário Nacional prevê, no artigo 102, a
vigência extraterritorial da lei tributária: “a legislação tributária dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios vigora, no País, fora dos seus
respectivos territórios, nos limites em que reconheçam
extraterritorialidade os convênios de que participem, ou do que
disponham esta ou outras leis de normas gerais expedidas pela União”,
assim, haverá a incidência de extraterritorialidade da legislação tributária:
• Por força de tratados ou convenções firmados pela União
• Por força de convênios firmados entre Estados ou entre
Municípios.

Síntese da Aula
Conhecimento e análise das normas tributárias que compõem o
sistema tributário nacional: lei, decreto, tratados e convenções internacionais;
trabalhou o aspecto de exigência ou validade dessas normas: momento,

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alcance no tempo e no espaço, a eficácia; e os diversos meios de interpretação


da norma jurídica tributária.

Atividades

1 – Dentre os meios utilizados para interpretar a norma tributária, qual


se utiliza de fatos e momentos que a sociedade enfrentava quando da
elaboração da norma?
a) Interpretação teleológica
b) Interpretação literal
c) Interpretação lógico-sistemática
d) Interpretação histórica

2 – Quanto a sua aplicação, o que entende por retroatividade da norma


tributária?
Comentários sobre as atividades:
Questão 01: O direito busca na interpretação identificar a vontade do legislador
ao criar a lei, qual a necessidade a suprir e, como toda norma jurídica, qual
relação social que esta sendo regulada. E, para tanto, há vários métodos de
interpretação, uns identificando o momento ou época em que a lei foi criada,
buscando conhecer sua aplicação àquela sociedade; outro busca o sentido das
palavras; outro trabalha a norma dentro de um contexto do sistema legal etc. E
a utilização de um método interpretativo não exclui um outro, ao contrário se
complementam. Enfim, a importância da interpretação se reveste em uma
aplicação da norma de forma equânime e justa.

Questão 02: a aplicação de qualquer norma jurídica compreende a eficácia e


vigência da mesma, pois somente presentes estas características a norma
passa a ser exigida de todos; mas uma questão sempre ressalta quando uma
lei nova passa a vigorar: como regular as relações ocorridas antes da edição
da lei, discute-se assim se aos fatos passados a lei nova irá alcançá-los
(retroatividade) como regra ou prevalece, como regra, a irretroatividade da lei
nova.

Referências
BASTOS, Celso Ribeiro. Curso de Direito Financeiro e de Direito Tributário. 5.
ed., São Paulo: Saraiva. 1997.
HARADA, Kiyoshi. Direito Financeiro e Tributário. 14. ed., rev. e ampl. São
Paulo: Atlas, 2005.

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EAD UNITINS / EDUCON – DIREITO TRIBUTÁRIO - ADMINISTRAÇÃO

Tema 05

As Espécies tributárias

Objetivos
Compreender o que é tributo.
Conhecer as espécies tributárias existentes em nosso ordenamento, bem como
suas definições.

Introdução
Caros alunos,
Até agora tivemos uma noção geral do Direito Tributário, bem como
dos princípios que regem este ramo do direito. Aprendemos, também, que o
Estado detém o poder de tributar, quando estudamos o tema 02 da nossa
apostila. Mas você já se perguntou o que vem a ser tributo? E os impostos, o
que são? Quando as taxas podem ser cobradas?
Estas e outras indagações nós responderemos neste tema.

O Tributo
Tributo é um tipo de receita derivada, cobrada pelo Estado no uso de
seu poder soberano, nos limites legais, para custeio das despesas ínsitas ao
desempenho das suas atividades. De acordo com o artigo 3º, do Código
Tributário Nacional,
Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo
valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída
em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada.
Então, podemos afirmar que o tributo é um ônus compulsório, criado e
gerido pelo Estado, que visa a custear os serviços públicos. Ou seja, se o
contribuinte não paga o tributo, sofre uma sanção, uma vez que o Estado
possui força coercitiva para exigi-lo.
Dentro dessa definição, podemos retirar os elementos fundamentais do
tributo.
Vamos conhecê-los?
a) O tributo é uma prestação pecuniária: isto significa que ele
possui um preço. Cada tributo é calculado pela forma determinada em lei, mas
41
EAD UNITINS / EDUCON – DIREITO TRIBUTÁRIO - ADMINISTRAÇÃO

sempre em valores monetários. Por exemplo, o imposto de renda possui uma


alíquota máxima de 27,5% sobre a renda do contribuinte. Machado (2003, p.
57) ensina que a prestação pecuniária serve para:
Assegurar ao Estado os meios financeiros de que necessita para a
consecução de seus objetivos. (...) Não há mais nos sistemas tributários
modernos o tributo em natureza, pago em serviços ou em bens diversos do
dinheiro.
b) O tributo é compulsório: a compulsoriedade se refere ao fato de o
tributo ser imposto ao contribuinte. Ele não tem vontade. O animus do
contribuinte não é considerado.
A compulsoriedade da prestação tributária caracteriza-se pela ausência
do elemento vontade no suporte fático da incidência da norma de tributação. O
dever de pagar o tributo nasce independentemente da vontade. (MACHADO,
2003, p. 58).
c) O tributo não pode ser instituído sobre ato ilícito. O tributo incide
sobre algo lícito. E o ilícito pode gerar uma multa, ou uma indenização, ou uma
pena na esfera penal, mas nunca um tributo. Machado afirma que:
O tributo se distingue da penalidade exatamente porque esta tem como
hipótese de incidência um ato ilícito, enquanto a hipótese de incidência do
tributo é sempre algo lícito.
Por exemplo, sobre a movimentação financeira incide o IOF – imposto
sobre operações de crédito, câmbio e seguro e sobre operações relativas a
títulos e valores mobiliários. Se um traficante de entorpecentes faz uma
movimentação do dinheiro arrecadado com a venda de drogas, incide o
imposto. Mas não sobre o tráfico em si, e sim sobre essa movimentação
econômica; não é o tráfico em si que gerou o tributo.
d) O tributo só pode ser cobrado se existir uma lei que o crie. Não
sendo instituído por lei, não pode ser cobrado o tributo. Esta regra advém do
princípio da legalidade, que estudamos no tema 03 desta apostila. E o próprio
artigo 150, I, da Constituição Federal, determina que “nenhum tributo será
exigido sem que a lei o estabeleça”.

Mas qual é a lei capaz de instituir o tributo?

A Constituição Federal determina que somente nos casos previstos por


ela, será a lei complementar. Para todas as outras situações, será a lei
ordinária. Necessário ressaltar que a lei deve informar todos os elementos
necessários à caracterização do tributo, principalmente indicando o fato
gerador do mesmo, bem como dizer quem deve, a quem deve, quanto deve e
quando deve pagar o tributo instituído.

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EAD UNITINS / EDUCON – DIREITO TRIBUTÁRIO - ADMINISTRAÇÃO

Há casos em que o legislador opta por traçar maiores detalhes do


tributo por meio de decreto. Observe que, neste caso, o tributo foi instituído por
lei, e apenas regulamentado por decreto. Este jamais poderá criar um tributo,
pode apenas regulamentá-lo.
e) O Tributo é cobrado mediante atividade administrativa plenamente
vinculada. Para entendermos esta parte de nosso conceito, precisamos antes
entender o que é atividade administrativa vinculada. Machado (2003, p. 62) diz
que atividade vinculada:
É aquela em cujo desempenho a autoridade administrativa não goza
de liberdade para apreciar a conveniência nem a oportunidade de agir. A lei
não estabelece apenas um fim a ser alcançado, a forma a ser observada e a
competência da autoridade para agir. Estabelece, além disto, o momento, vale
dizer, o quando agir, e o conteúdo mesmo da atividade. Não deixa margem à
apreciação da autoridade, que fica inteiramente vinculada ao comando legal.
A lei traça todas as diretrizes de como a administração pública deve
proceder para a cobrança do tributo. Ela não deve deixar margem à
discricionariedade do administrador, ou seja, ele não pode preencher com seu
juízo pessoal a indeterminação normativa, porque esse juízo é subjetivo e se
reflete de forma diferente em cada caso. E a cobrança do tributo deve ser
objetiva, igual para todos os contribuintes, uma vez que vigora em nosso
ordenamento o princípio da igualdade tributária, por nós estudado no tema 03
desta apostila.
Cada tributo pode possuir funções diferentes. Se ele tiver função fiscal,
ele servirá para gerar receita para o Estado. No caso da função extrafiscal, o
Estado não está visando à receita em si, e sim corrigindo distorções, buscando
igualdade entre regiões etc. O IPTU, por exemplo, é extrafiscal quando é
calculado pela progressividade, visando ao cumprimento da função social da
propriedade, prevista na Constituição Federal, art. 5º XXIII. Por fim, temos a
função parafiscal, que é paralela, ou seja, órgãos não necessariamente
públicos, exercem função de colaboração com o Estado e em benefício da
população.
Tributo é gênero, do qual retiramos cinco espécies, a saber: imposto,
taxa, contribuição de melhoria, contribuições sociais e empréstimo compulsório.
Veremos, agora, cada espécie de tributo, especificamente.

O Imposto
1. Definição
O imposto é a contribuição de todos os membros da sociedade ou de
uma parte deles para as despesas do Governo. Ele não traz para o contribuinte
uma contraprestação didática. O art. 16 do CTN define imposto como sendo

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EAD UNITINS / EDUCON – DIREITO TRIBUTÁRIO - ADMINISTRAÇÃO

um “tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação independente de
qualquer atividade estatal específica, relativa ao contribuinte”.
É o mesmo que dizer que o imposto é não vinculado, ou seja,
independe de uma atividade estatal específica para existir. Assim, o Imposto
sobre a propriedade territorial rural – ITR – é independente da existência do
Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – INCRA. E, ainda,
quando o Estado faz a cobrança do ITR, ele leva em consideração a
propriedade ou a posse do imóvel rural pelo contribuinte, como determina a lei.
Cada imposto possui um fato gerador diferente, e nenhum coincide. E
é o fato gerador que determina a obrigação de pagar o imposto.
Todos os impostos estão previstos na Constituição Federal e ela
determina que somente a União tem competência para criar novos impostos,
com fato gerador e base de cálculo inéditos.

2. Classificação dos impostos


Podemos classificar os impostos em federais, estaduais e municiais,
considerando-se, para tanto, o ente estatal competente para instituir o imposto.
São impostos federais: o imposto de importação (II), o imposto de
exportação (IE), o imposto sobre a renda e proventos de qualquer natureza
(IR), o imposto sobre os produtos industrializados (IPI), o imposto sobre
operações de crédito, câmbio e seguro e sobre operações relativas a valores
mobiliários (IOF), o imposto sobre a propriedade territorial rural (ITR), o imposto
sobre grandes fortunas (IGF) e os impostos extraordinários.
São impostos estaduais: o imposto sobre heranças e doações (ITCD),
o imposto sobre operações relativas à circulação de mercadorias e prestações
de serviços (ICMS) e o imposto sobre a propriedade de veículos automotores
(IPVA).
São impostos municipais: o imposto sobre a propriedade predial e
territorial urbana (IPTU), o imposto sobre a transmissão inter vivos de bens
imóveis e direitos a ele relativos (ITBI) e o imposto sobre serviços de qualquer
natureza (ISS).
Não vamos relacioná-los aqui, uma vez que os estudaremos
especificamente no tema 08 desta apostila.

A Taxa
A taxa pressupõe um serviço prestado pelo Estado ao pagador, isto é,
a taxa é um tributo contraprestacional, ainda que essa advenha do efetivo
exercício do poder de polícia, conforme determina o art. 77 do CTN. Vale
lembrar que esta não é opinião unânime da doutrina. Machado (2005, p. 421)
não concorda com essa característica da taxa, uma vez que afirma:

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EAD UNITINS / EDUCON – DIREITO TRIBUTÁRIO - ADMINISTRAÇÃO

Não nos parece que exista necessariamente uma correlação entre o


valor da taxa cobrada e o valor do serviço prestado ou posto à disposição do
contribuinte, ou ainda da vantagem que o Estado lhe proporcione.
Ainda assim, defenderemos a idéia de que a taxa pressupõe uma
contraprestação, ainda que o Estado não a proporcione efetivamente. Isto
porque o artigo 77 do CTN determina três situações possíveis para o
cabimento da taxa: o exercício regular do poder de polícia; a utilização efetiva
de serviço público específico e divisível; e a utilização potencial de serviço
público específico e divisível.
As taxas cobradas pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou
pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, têm como fato
gerador o exercício regular do poder de polícia, ou a utilização, efetiva ou
potencial, de serviço público específico e divisível, prestado ao contribuinte ou
posto à sua disposição (grifos nossos).
Nesse mesmo sentido, Verli (2004, p. 45) determina que “taxa é tributo
vinculado ao desempenho da atividade estatal referida ao contribuinte”. A taxa
pressupõe sempre uma contraprestação do Estado, como ocorre em um
negócio bilateral: o indivíduo paga o preço, e o Estado devolve um benefício ao
contribuinte da taxa.
A taxa pressupõe o serviço; mas, algumas vezes, não há serviço ou
benefício direto. Ex: licença para porte de arma, utilização efetiva ou potencial
do serviço público etc. um exemplo dessa utilização se dá com a taxa de água:
o contribuinte não precisa usar, por exemplo, se tiver cisterna, mas aquele
serviço está à disposição, então mesmo que não haja o uso efetivo do serviço
de água, a taxa será cobrada. O serviço público deve ser específico e divisível.
Ex: iluminação pública não pode ser dividida pelas pessoas que a desfrutam. O
STF já embargou a cobrança em alguns lugares.
A taxa é diferente da tarifa. Esta só paga quem usa, quando usa. Ela
não necessita de lei para ser instituída e é paga por quem usa.A taxa, por sua
vez, só pode ser cobrada se houver lei que a instituiu. Ex: taxa é a parte fixa da
conta de luz, paga de qualquer jeito, tarifa é a parte móvel, que varia conforme
o uso.

1. Tipos de taxa
O primeiro tipo de taxa é o cobrado por meio do poder de polícia,
sendo este definido pelo artigo 78 do CTN:
Considera-se poder de polícia atividade da administração pública que,
limitando ou disciplinando direito, interêsse (sic) ou liberdade, regula a prática
de ato ou abstenção de fato, em razão de intêresse (sic) público concernente à
segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do
mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão

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ou autorização do Poder Público, à tranqüilidade pública ou ao respeito à


propriedade e aos direitos individuais ou coletivos.
Parágrafo único. Considera-se regular o exercício do poder de polícia
quando desempenhado pelo órgão competente nos limites da lei aplicável, com
observância do processo legal e, tratando-se de atividade que a lei tenha como
discricionária, sem abuso ou desvio de poder.
O poder de polícia é poder do Estado e deve por ele ser administrado,
sempre no interesse da sociedade, de acordo com a legislação pertinente.
Desse modo, muitas taxas instituídas por meio do poder de polícia foram
descaracterizadas pelo Poder Judiciário (quando provocado) por não haver
legislação regulamentadora ou por não ocorrer a efetiva fiscalização do serviço
prestado pelo poder público. Observe o que determina a jurisprudência abaixo:
Disso resulta que, corolário indispensável à cobrança da taxa de
licença de funcionamento é a efetiva contraprestação do serviço, realizada por
força do poder de polícia da municipalidade. Não pode, portanto, sem o
exercício da fiscalização, cobrar, anualmente, a taxa de funcionamento (RT,
701:90, 1° TACSP, citado por Chimenti, 2005, p. 88).
O poder público deve exercer a fiscalização ou a utilização do poder de
polícia de maneira efetiva para cobrar a taxa. São exemplos de taxa cobradas
pelo poder de polícia, a taxa instituída sobre a fiscalização de elevadores, a
taxa para licença de localização de estabelecimento comercial, entre outras.
O segundo tipo de taxa é a utilização efetiva de serviço público
específico e divisível. Ora, este tipo de taxa pressupõe uma contraprestação do
Estado a partir de serviço oferecido possível de ser individualizado. Por este
motivo é que a taxa de iluminação pública foi descaracterizada, já que não é
possível individualizar o consumo de iluminação pública por pessoa.
O artigo 79 define:
Art. 79. Os serviços públicos a que se refere o artigo 77 consideram-se:
I - utilizados pelo contribuinte;
a) efetivamente, quando por ele usufruídos a qualquer título;
b) potencialmente, quando, sendo de utilização compulsória, sejam
postos à sua disposição mediante atividade administrativa em efetivo
funcionamento;
II - específicos, quando possam ser destacados em unidades
autônomas de intervenção, de unidade, ou de necessidades públicas;
III - divisíveis, quando suscetíveis de utilização, separadamente, por
parte de cada um dos seus usuários.
Embora possamos separar a prestação de serviços efetiva da
potencial, na prática, isto não costuma ocorrer. A taxa de fornecimento de
água, por exemplo, é cobrada efetivamente sobre o consumo, ou
potencialmente quando a água encanada é colocada à disposição do

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contribuinte, mas este não utiliza. E a sua não utilização não o isenta do
pagamento da taxa. Deste modo entendemos que o serviço público que
provoca o surgimento do fato gerador da taxa tem que ser relativo ao
contribuinte individual e não à coletividade.
2. Fato Gerador
O fato gerador da taxa é a atividade estatal específica, ofertada ao
contribuinte. E, de acordo com os tipos de taxa que acabamos de ver, o fato
gerador será o efetivo exercício do poder de polícia, ou a atividade estatal
prestada efetiva ou potencialmente.
A taxa envolve uma bilateralidade de relação jurídica, em que o
contribuinte paga pelo serviço oferecido pelo poder público por meio do poder
de polícia ou do oferecimento de um serviço específico e divisível.
A taxa é, portanto, um tributo que tem como fato gerador o exercício
regular do poder de polícia, ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço
público específico e divisível prestado ao contribuinte ou posto à sua
disposição. Ela pode ser instituída pela União, pelos Estados, pelo Distrito
Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições,
tampouco pode ter base de cálculo ou fato gerador idênticos ao do imposto,
nem ser calculada em função do capital das empresas.
O fato gerador da taxa é a atividade estatal específica em relação ao
contribuinte. E não importa se a atividade prestada pelo Estado advém do
poder de polícia ou de um serviço público efetiva ou potencialmente utilizado
pelo contribuinte, já que ambas as situações estão previstas no Código
Tributário Nacional.
A base de cálculo da taxa não poderá ser a mesma utilizada no
imposto, conforme determinação expressa do artigo 145, § 2° da Constituição
Federal: “as taxas não poderão ter base de cálculo própria de impostos”.
Ademais, Machado (2005, p. 421) afirma que “o fato gerador é
determinante dos critérios de determinação do valor respectivo” e a base de
cálculo e a alíquota da taxa são meros aspectos desse fato gerador, assim
como ocorre nos impostos. Apesar disso, a base de cálculo da taxa, quando
existir, não poderá ser a mesma de imposto.

Contribuição de melhoria
A contribuição de melhoria não é definida pelo CTN. Este traz apenas
os elementos necessários para a instituição da contribuição. Entretanto, alguns
doutrinadores estabeleceram, a partir dos elementos do artigo 81 do CTN, uma
definição. Podemos dizer então que a contribuição de melhoria é um tributo
aplicado sobre a valorização do imóvel particular, em decorrência de uma obra
pública realizada. Machado (2005, p. 432) conceitua contribuição de melhoria

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como sendo “um tributo vinculado, cujo fato gerador é a valorização de imóvel
do contribuinte, decorrente de obra pública”.

Mas por que a contribuição é um tributo vinculado?

Ora, dissemos que a contribuição é um tributo vinculado porque


ele está ligado à uma obra pública que o beneficie. Só poderá ser instituída a
contribuição de melhoria, se houver uma obra pública anterior que provocou a
valorização do imóvel particular.
A contribuição de melhoria é um dos tributos mais justos, uma vez
que o contribuinte mesmo fiscaliza. A melhoria é anterior à contribuição, por
isso a justiça dessa espécie. Neste sentido, Machado (2005, p. 432) afirma
que:
É possível, porém, formularmos outro conceito de contribuição de
melhoria, levando em consideração a sua finalidade específica, como
instrumento de realização do ideal de justiça. Todos devem contribuir para o
atendimento das necessidades públicas, na medida da capacidade econômica
de cada um. Para tanto, o Poder Público arrecada os tributos e aplica os
recursos correspondentes. Nestas aplicações são incluídos os investimentos
em obras públicas, e destas muita vez decorre valorização de imóveis. Não é
justo, então, que o proprietário do imóvel valorizado em decorrência da obra
pública aufira sozinho essa vantagem para a qual contribuiu toda a sociedade.
Por isso, o proprietário do imóvel cujo valor foi acrescido é chamado a pagar a
contribuição de melhoria, com a qual de certa forma repõe no Tesouro Público,
o valor ou parte do valor aplicado na obra.
Isso porque a sua propriedade sofre acréscimo econômico pela
obra feita pelo Estado. Se não houvesse a contribuição, haveria
enriquecimento indevido pelo proprietário. Há que se verificar se a obra trouxe
realmente valorização aos imóveis. É essa valorização de melhoria que
caracteriza a contribuição de melhoria. Então, podemos dizer que a
contribuição de melhoria é um tributo destinado a impedir a injusta distribuição
dos benefícios decorrentes de obras públicas.

1. Elementos da contribuição de melhoria


Os artigos 81 e 82, do CTN, trazem os elementos necessários para a
instituição da contribuição de melhoria. Vamos observá-los:
Art. 81. A contribuição de melhoria cobrada pela União, pelos Estados,
pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas
atribuições, é instituída para fazer face ao custo de obras públicas de que
decorra valorização imobiliária, tendo como limite total a despesa realizada e

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como limite individual o acréscimo de valor que da obra resultar para cada
imóvel beneficiado.
Art. 82. A lei relativa à contribuição de melhoria observará os seguintes
requisitos mínimos:
I - publicação prévia dos seguintes elementos:
a) memorial descritivo do projeto;
b) orçamento do custo da obra;
c) determinação da parcela do custo da obra a ser financiada pela
contribuição;
d) delimitação da zona beneficiada;
e) determinação do fator de absorção do benefício da valorização para
toda a zona ou para cada uma das áreas diferenciadas, nela contidas;
II - fixação de prazo não inferior a 30 (trinta) dias, para impugnação
pelos interessados, de qualquer dos elementos referidos no inciso anterior;
III - regulamentação do processo administrativo de instrução e
julgamento da impugnação a que se refere o inciso anterior, sem prejuízo da
sua apreciação judicial.
§ 1º A contribuição relativa a cada imóvel será determinada pelo rateio
da parcela do custo da obra a que se refere a alínea c, do inciso I, pelos
imóveis situados na zona beneficiada em função dos respectivos fatores
individuais de valorização.
§ 2º Por ocasião do respectivo lançamento, cada contribuinte deverá
ser notificado do montante da contribuição, da forma e dos prazos de seu
pagamento e dos elementos que integram o respectivo cálculo.

A contribuição de melhoria só poderá ser instituída pela União, pelos


Estados ou pelos Municípios, já que decorre da construção de uma obra
pública.
A lei estabelece, também, um limite da cobrança, que é o valor total da
obra (limite total) e o acréscimo percebido na valorização do imóvel particular
(limite individual).
A contribuição de melhoria deve ser instituída, obrigatoriamente, por
lei. E nessa lei deve constar: o memorial descritivo do projeto; o orçamento do
custo da obra; a determinação da parcela do custo da obra que será financiada
pela contribuição; a delimitação geográfica da zona beneficiada pela obra; e a
determinação do fator de absorção do benefício da valorização para toda a
zona ou para cada uma das áreas diferenciadas, nela contidas. Esta lei
também deverá fixar um prazo de pelo menos tinta dias para que as pessoas
interessadas tomem conhecimento e possa impugnar qualquer dos elementos
citados acima. Isto porque a contribuição de melhoria é direcionada ao
particular. E, por fim, a lei deverá prever a regulamentação dos processos

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administrativos de instrução e julgamento que por ventura surgirem, no caso do


inciso II.
Ademais, a lei determinará o valor da contribuição relativa a cada
imóvel, que será fixada pela divisão do custo da obra pelo número de imóveis
situados na zona beneficiada em função dos respectivos fatores individuais de
valorização, conforme determina o § 1º do artigo 82 do CTN. Cada contribuinte
deverá ser notificado do montante da contribuição, da forma e dos prazos de
seu pagamento e dos elementos que integram o respectivo cálculo, após o
lançamento do tributo (art. 82, § 2º, CTN).

2. Fato Gerador
Conforme ensina Machado (2005, p. 433), o fato gerador da
contribuição de melhoria “é a valorização do imóvel do qual o contribuinte é
proprietário, ou enfiteuta, desde que essa valorização seja decorrente de obra
pública”. Observem bem que a obra que valorizou o imóvel particular deve ser
pública. Ainda assim, o Decreto-lei 195/1967, no artigo 2° determina quais são
as obras públicas que ensejam a incidência de contribuição de melhoria.
Vamos transcrevê-lo aqui a título de esclarecimento, pois, embora seja um
tributo justo e de caráter social, não é muito utilizado, devido à dificuldade de
se determinar a zona realmente beneficiada com a obra pública.
Art 2º Será devida a Contribuição de Melhoria, no caso de valorização
de imóveis de propriedade privada, em virtude de qualquer das seguintes obras
públicas:
I - abertura, alargamento, pavimentação, iluminação, arborização,
esgotos pluviais e outros melhoramentos de praças e vias públicas;
II - construção e ampliação de parques, campos de desportos, pontes,
túneis e viadutos;
III - construção ou ampliação de sistemas de trânsito rápido inclusive
tôdas as obras e edificações necessárias ao funcionamento do sistema;
IV - serviços e obras de abastecimento de água potável, esgotos,
instalações de redes elétricas, telefônicas, transportes e comunicações em
geral ou de suprimento de gás, funiculares, ascensores e instalações de
comodidade pública;
V - proteção contra secas, inundações, erosão, ressacas, e de
saneamento de drenagem em geral, diques, cais, desobstrução de barras,
portos e canais, retificação e regularização de cursos d’água e irrigação;
VI - construção de estradas de ferro e construção, pavimentação e
melhoramento de estradas de rodagem;
VII - construção de aeródromos e aeroportos e seus acessos;
VIII - aterros e realizações de embelezamento em geral, inclusive
desapropriações em desenvolvimento de plano de aspecto paisagístico.

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Contribuições sociais
As contribuições sociais são também chamadas de contribuições
especiais ou parafiscais. A nossa Carta Magna, nos artigos 149 e 195
estabelece a existência de três tipos de contribuições sociais: as de
intervenção sobre o domínio econômico; as de interesse de categorias
profissionais ou econômicas; e as contribuições de seguridade social.
As contribuições de intervenção no domínio econômico são aquelas
destinadas a interferir no poder econômico, como o próprio nome diz. Ela
possui, então, função extrafiscal, já que o objetivo principal não é a
arrecadação em si, e sim, a intervenção econômica. Machado (2005, p. 79) diz
que essa contribuição “possui função tipicamente extrafiscal, função de
intervenção no domínio econômico, e os recursos com a mesma arrecadados
devem ser destinados especificamente ao financiamento da atividade
interventiva”. São exemplos de contribuições de intervenção no domínio
econômico a CIDE-Combustível, a CIDE-Remessas para o exterior etc.
As contribuições de interesse de categorias profissionais ou
econômicas são aquelas instituídas em favor de categorias profissionais ou
econômicas, “vale dizer, por sua vinculação a entidades representativas desses
segmentos sociais” (MACHADO, 2005, p. 79). Podemos citar como exemplo as
contribuições pagas à OAB pelos advogados; ao CREA pelos engenheiros,
arquitetos e demais profissionais ligados a este; ao CRM pelos médicos etc.
Por fim, as contribuições de seguridade social, que se vinculam à
finalidade dos recursos gerados por ela, ou seja, são ligadas à seguridade
social, e todo o produto arrecadado é vinculado, devendo ser aplicado em
atividades promovidas pelo órgão estatal responsável pela seguridade social.
Aqui, os exemplos são o PIS (Contribuição para o Programa de Integração
Social e para o Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público) e a
COFINS (Contribuição para Financiamento da Seguridade Social).
Como a contribuição de melhoria, as contribuições sociais só podem
ser instituídas mediante lei e pela União, pelos Estados ou pelos Municípios,
nos limites de sua competência.

Empréstimo Compulsório
O empréstimo compulsório é extremamente polêmico. Muitos
doutrinadores defendem a idéia de ele não ser um tributo. Até o próprio STF
teve esse entendimento, e o consagrou na Súmula 418, afirmando que o
empréstimo compulsório nada mais é que um “contrato coativo”. Ora, mesmo
com esse entendimento dado pelo STF, a doutrina majoritária diz tratar-se de
tributo, e a própria constituição federal de 1988 coloca o empréstimo
compulsório no rol dos tributos integrantes de nosso Sistema Tributário
Nacional. Ademais, o empréstimo compulsório tem caáter obrigatório, é

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EAD UNITINS / EDUCON – DIREITO TRIBUTÁRIO - ADMINISTRAÇÃO

instituído por lei e o contribuinte não tem a opção de não pagar. Sendo assim,
não há que se discutir quanto a idéia do empréstimo compulsório ser um
tributo.
Sabbag (2005, 82) determina que:
Tal tributo não se respalda em acordo de vontade (contratualidade),
mas em algo obrigatório (compulsório), consoante os ditames legais, haja vista
a obrigação ser ex lege (e não ex voluntate). Assim, o empréstimo compulsório
é considerado “tributo”, fruindo total autonomia com relação às demais
espécies tributárias, com as quais não se confunde, na medida em que possui
traço distintivo genuíno: a restituibilidade.
O artigo 148 da constituição federal determina as únicas hipóteses de
incidência de empréstimo compulsório. É importante lembrar que se trata de
um artigo taxativo, ou seja, ele estabelece todas as possibilidades, não
podendo ser instituído empréstimo compulsório fora desses casos.

Vamos conhecê-los?

Art. 148. A União, mediante lei complementar, poderá instituir


empréstimos compulsórios:
I - para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade
pública, de guerra externa ou sua iminência;
II - no caso de investimento público de caráter urgente e de relevante
interesse nacional, observado o disposto no art. 150, III, "b".
Parágrafo único. A aplicação dos recursos provenientes de empréstimo
compulsório será vinculada à despesa que fundamentou sua instituição.
O empréstimo compulsório é um tributo vinculado, já que o parágrafo
único determina que a aplicação dos recursos por ele arrecadados ficam
vinculados à despesa que fundamentou sua instituição.
Poderemos ter um empréstimo compulsório instituído, por exemplo, em
caso de surgir um furacão “Vilma” que arrase com uma determinada cidade ou
região; ou em caso de ocorrer uma guerra em que o Brasil faça parte etc.

Síntese do tema
Neste tema, conhecemos as espécies de tributo previstas em nosso
ordenamento, suas definições e incidências.
Vimos que as contribuições sociais são diferentes da contribuição de
melhoria, apesar de ambas possuírem destinação vinculada.
Vimos, também, que há divergência doutrinária quanto à natureza do
empréstimo compulsório, mas que a maioria da doutrina, e nós, concordamos,
trata de uma espécie de tributo, devido a sua obrigatoriedade.

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EAD UNITINS / EDUCON – DIREITO TRIBUTÁRIO - ADMINISTRAÇÃO

Atividades

01. De acordo com a nossa constituição federal de 1988, são espécies


de tributos:
a) Taxa, contribuição de melhoria e COFINS.
b) Imposto, taxa, contribuição de melhoria, contribuições sociais
e empréstimo compulsório.
c) Somente o empréstimo compulsório.
d) Somente alguns tipos de impostos são considerados tributos.

02. Sobre o empréstimo compulsório, é INCORRETO afirmar que:


a) Trata-se de um artigo taxativo, ou seja, ele estabelece todas as
possibilidades, não podendo ser instituído empréstimo compulsório fora desses
casos.
b) O empréstimo compulsório poderá ser instituído no caso de o
Brasil participar de uma guerra contra o Paraguai, por exemplo.
c) O empréstimo compulsório não é considerado um tributo, por
determinação expressa do STF.
d) O empréstimo compulsório é um tributo vinculado, já que a
aplicação dos recursos por ele arrecadados fica vinculada à despesa que
fundamentou sua instituição.

Comentários sobre as atividades


Na questão 01, você, aluno, deverá observar o que estudamos neste
tema. Aqui tratamos de todas as espécies tributárias previstas em nosso
ordenamento. Lembre-se que a COFINS é um tipo de contribuição social, e não
espécie de tributo. E o empréstimo compulsório não é o único tipo de tributo
previsto em nosso ordenamento, tampouco o imposto. Resposta correta: letra
b.
Já na questão 02, lembre-se que o empréstimo compulsório é um
tributo, por determinação da nossa constituição federal, apesar de o STF
entender o contrário. Ainda, as possibilidades de instituição do empréstimo
compulsório estão expressamente descritas no artigo constitucional. Resposta
correta: letra c.

Referências
NUNES, Elpídio Donizetti. Curso Didático de Direito Processual Civil. Belo
Horizonte: Del Rey, 2004.
TEODORO JR., Humberto. Curso de Direito Processual Civil – Teoria Geral do
Direito Processual Civil e Processo de conhecimento. Rio de Janeiro: Forense,
2005. 1 v.
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EAD UNITINS / EDUCON – DIREITO TRIBUTÁRIO - ADMINISTRAÇÃO

Tema 06

Obrigação tributária

Objetivo
Definir a relação jurídico-tributária, destacando os elementos
estruturais da obrigação tributária: a lei, o fato, os sujeitos e o objeto.

Introdução
O homem vive em sociedade e, como decorrência dessas relações
sociais o ordenamento jurídico lhe impõe deveres. Dentre eles, dá-se a
incidência da norma tributária numa relação humana, criando entre o Estado e
o indivíduo efeitos jurídico-tributários. Passaremos ao estudo de tais relações,
compreendendo os seus elementos.

Relação jurídico-tributária: é a que se forma pela incidência da norma tributária


em uma relação humana, criando entre o Estado e o indivíduo efeitos jurídico-
tributários.
O Estado terá o direito de exigir o pagamento de tributos e nessa condição será
o sujeito ativo da relação jurídico-tributário.
O particular ou contribuinte terá o dever de prestar tal pagamento, e será então,
o sujeito passivo da relação.

Como conceito de obrigação, em geral, temos que é o vínculo abstrato


de conteúdo patrimonial pelo qual alguém – o sujeito passivo – está adstrito a
dar, a fazer ou a não fazer ou a suportar algo em relação a outrem – sujeito
ativo.
A obrigação tributária é uma relação entre o fisco e o contribuinte, pela
qual, o Poder Público exige uma prestação do contribuinte, prevista na lei
descritiva do fato .

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EAD UNITINS / EDUCON – DIREITO TRIBUTÁRIO - ADMINISTRAÇÃO

Obrigação Tributária, conforme definido no Código Tributário Nacional:

Art. 113. A obrigação tributária é principal ou acessória.


§ 1º A obrigação principal surge com a ocorrência do fato
gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade
pecuniária e extingue-se juntamente com o crédito dela
decorrente.
§ 2º A obrigação acessória decorrente da legislação tributária
e tem por objeto as prestações, positivas ou negativas, nela
previstas no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos
tributos.
§ 3º A obrigação acessória, pelo simples fato da sua
inobservância, converte-se em obrigação principal
relativamente à penalidade pecuniária.

De acordo com a lei, percebemos que a obrigação tributária poderá ser


principal, ou seja, surgir com o fato gerador e ter por objeto o pagamento de
tributo ou penalidade pecuniária e extingue-se com o crédito dela decorrente.

A obrigação tributária acessória decorre da legislação tributária e tem


por objeto as prestações, positivas ou negativas, nela previstas, no interesse
da arrecadação ou da fiscalização de tributos.

Para identificarmos os elementos constitutivos da relação obrigacional,


devemos nos atentar a dois critérios:
1 - os sujeitos – ativo e passivo – da relação;
2 – o critério quantitativo, indicador dos fatores que, conjugados,
exprimem o valor pecuniário da dívida (base de cálculo e alíquota).

Passemos a analisar cada um dos elementos fundamentais:

O primeiro elemento estrutural da obrigação tributária é a lei. Deve o


tributo ser instituído por lei que defina os seus elementos essenciais, como fato
gerador, alíquotas, contribuintes etc.

A obrigação tributária é “ex lege”, ou seja, decorre da lei:


não há tributo sem lei anterior que o defina.

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EAD UNITINS / EDUCON – DIREITO TRIBUTÁRIO - ADMINISTRAÇÃO

O segundo elemento estrutural da relação jurídico-tributária: o fato


gerador.

Fato Gerador, segundo o Código Tributário Nacional:


Art. 114. Fato gerador da obrigação principal é a situação
definida em lei como necessária e suficiente à sua ocorrência.
Art. 115. Fato gerador da obrigação acessória é qualquer
situação que, na forma da legislação aplicável, impõe a prática ou a
abstenção de ato que não configure obrigação principal.

Você se recorda que, no tema 02, discorremos sobre o fato gerador.


Vale especificar agora que o fato gerador integral compreende o elemento
objetivo ( aquela situação descrita na lei), o elemento quantificativo (base de
cálculo e alíquota), os aspectos subjetivos ( sujeitos ativo e passivo), além dos
elementos espacial – lugar onde se realiza o fato - e temporal – momento de
ocorrência.

Vamos recordar o que é fato imponível??

Fato imponível: é o fato acontecido no mundo em que vivemos e que


realiza o fato descrito abstratamente na lei e por ela é considerado apto a
desencadear obrigações tributárias.

0s sujeitos
O sujeito ativo da obrigação tributária é a pessoa jurídica de direito
público titular da competência para exigir o seu cumprimento.
A competência para exigir tributo é atribuída pela Constituição Federal
à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios. Tais pessoas
jurídicas de direito público podem delegar algumas atribuições, como a
arrecadação, a fiscalização, etc, a outras pessoas, como autarquias ou outros
órgãos paraestatais ou profissionais.
Atente-se que a competência para instituir tributo não pode ser
delegada (apenas para arrecadá-los ou para fiscalizar tal arrecadação).

Sobre o sujeito ativo o CTN assim dispõe:

Art. 119. Sujeito ativo da obrigação é a pessoa jurídica de


direito público, titular da competência para exigir o seu cumprimento.
Art. 120. Salvo disposição de lei em contrário, a pessoa
jurídica de direito público, que se constituir pelo desmembramento
territorial de outra, subroga-se nos direitos desta, cuja legislação
tributária aplicará até que entre em vigor a sua própria

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EAD UNITINS / EDUCON – DIREITO TRIBUTÁRIO - ADMINISTRAÇÃO

O sujeito passivo da obrigação principal é a pessoa obrigada ao


pagamento de tributo ou de penalidade pecuniária e diz-se contribuinte, quando
tenha relação pessoal e direta com a situação que constitua o respectivo fato
gerador.
O próprio CTN bem define o sujeito passivo da obrigação:

Art. 121. Sujeito passivo da obrigação principal é a pessoa obrigada


ao pagamento de tributo ou penalidade pecuniária.
Parágrafo único. O sujeito passivo da obrigação principal diz-se:
I - contribuinte, quando tenha relação pessoal e direta com a
situação que constitua o respectivo fato gerador;
II - responsável, quando, sem revestir a condição de contribuinte,
sua obrigação decorra de disposição expressa de lei.
Art. 122. Sujeito passivo da obrigação acessória é a pessoa
obrigada às prestações que constituam o seu objeto.

O responsável pelo tributo pode ser pessoa diferente do contribuinte: Como observamos,
o contribuinte é
diz-se responsável quando, sem revestir a condição de contribuinte, sua sujeito passivo da
relação jurídico-
obrigação decorra de disposição de lei. tributária e significa
que tem relação
pessoal e direta
O objeto ou a prestação com a situação
descrita na norma,
O objeto da obrigação tributária é a prestação a que se obriga o sujeito que constitui o
respectivo fato
passivo. A prestação será o pagamento de uma soma pecuniária, no caso de
gerador.
obrigação principal. Poderá ainda ser o cumprimento, se dá por “algo que em
moeda se possa exprimir”. Ex.: imóvel, jóias etc. Dependerá, no entanto, da
aceitação dessa forma de pagamento por parte do fisco.

CURIOSIDADES:

Maneiras de se pagar o tributo:


1 – em moeda: no Brasil.
2 – em serviços: na Europa, até final da Idade Média, eram chamados
de “corvéias”: o vassalo servindo ao senhor feudal.
3 – em espécie: imposto sobre o quinto do ouro ( pagamento que houve
no Brasil império)

Síntese do Tema
Apresentar os elementos que compreendem a obrigação tributária,
bem como conceituá-la, segundo a doutrina indicada, e defini-la, conforme o
próprio Código Tributário Nacional o faz.

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EAD UNITINS / EDUCON – DIREITO TRIBUTÁRIO - ADMINISTRAÇÃO

Atividades

1 –Por que se afirma que a obrigação tributária é uma obrigação “ex


lege” ?
Comentários: Leia o texto da apostila sobre o primeiro elemento da
obrigação tributária e lembre-se das previsões constitucionais na Carta de 1988
sobre o tema.

2 – Discorra sobre o princípio da reserva legal tributária.


Comentários: Observe as definições no texto e a norma pertinente, na
Constituição Federal.

3 – É correto afirmar:

I - A obrigação tributária é principal ou acessória.

II – Fato gerador da obrigação acessória é qualquer situação que,


na forma da legislação aplicável, impõe a prática ou a abstenção de ato que
não configure obrigação principal.
III - . Sujeito ativo da obrigação é a pessoa jurídica de direito
público, titular da competência para exigir o seu cumprimento.

A) ( ) todas as assertivas estão corretas.


B) ( ) somente I e II estão corretas.
C) ( ) somente I e III estão corretas.
D) ( ) somente II e III estão corretas.

Comentários: Para responder à questão você deverá se valer das


normas do Código Tributário Nacional pertinentes aos temas enfocadas na
atividade. Fato gerador da obrigação acessória é qualquer situação que, na
forma da legislação aplicável, impõe a prática ou a abstenção de ato que não
configure obrigação principal.

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Tema 07

Crédito tributário

Objetivos
Compreender o que é o crédito tributário.
Conhecer as hipóteses de lançamento, suspensão e exclusão do crédito
tributário.

Introdução
Caros alunos:
Já conhecemos os princípios gerais do Direito Tributário, bem como as
espécies de tributo e as obrigações tributárias existentes.
Mas da existência do tributo decorre uma obrigação e, a partir daí, é
que perguntamos: quem tem direito a esse crédito? Quem faz o lançamento do
crédito? Como ele é cobrado?
É sobre esse assunto que trataremos neste tema.

Definição
Crédito tributário é um direito subjetivo e o portador desse direito é o
sujeito ativo da relação jurídica tributária. Para Sabbag (2005, p. 197), “o
crédito tributário representa o momento de exigibilidade da relação jurídico-
tributária”. O tributo gera uma obrigação tributária, ou seja, um dever do sujeito
passivo de pagar o valor correspondente a ele. Mas o simples fato de existir
uma obrigação tributária não dá direito ao Estado de exigir esse pagamento.
Para isso, é necessário ocorrer o lançamento do crédito tributário. Isto é, tem
que existir o crédito, mas não somente ele. Deve ocorrer, portanto, o
lançamento. Neste sentido, Machado (2005, p. 180) ensina que:
Em face da obrigação tributária o Estado ainda não
pode exigir o pagamento do tributo. (...) Pode, isto,
sim,tanto diante de uma obrigação tributária principal como
diante de uma obrigação acessória descumprida, que por
isto fez nascer uma obrigação principal (CTN, art. 113, §
3º), fazer um lançamento, constituir um crédito a seu favor.
Só então poderá exigir o objeto da prestação obrigacional,
isto é, o pagamento.

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EAD UNITINS / EDUCON – DIREITO TRIBUTÁRIO - ADMINISTRAÇÃO

Podemos dizer então, que o crédito tributário é constituído a partir do


lançamento, já que o sujeito ativo só pode cobrar o crédito após o lançamento
do mesmo.
1. O lançamento
O lançamento consiste num procedimento administrativo vinculado,
privativo da autoridade administrativa. Ele verifica a ocorrência do fato gerador,
identifica o sujeito passivo da obrigação tributária, determina a matéria
tributável, aponta o montante do crédito e aplica, se for o caso, a penalidade
cabível (art. 142, CTN). E o artigo 144 do CTN determina que a legislação
aplicável ao lançamento é a vigente à época da data da ocorrência do fato
gerador, mesmo que a lei tenha sido revogada ou modificada posteriormente. A
legislação nova só será aplicada se tiver instituído novos critérios de apuração
ou processo de fiscalização, ampliados os poderes de investigação das
autoridades administrativas, ou outorgado ao crédito maiores garantias ou
privilégios, exceto, neste último caso, para o efeito de atribuir responsabilidade
tributária a terceiros. É evidente que, ressalvada a exceção, em nenhum dos
casos a nova legislação terá introduzido alterações na essência da obrigação
tributária e por isso é aplicável.
Sabbag (2005, p. 198) ensina que o lançamento “é o ato documental
de cobrança, por meio do qual se declara a obrigação tributária nascida do fato
gerador”.

E qual é a natureza jurídica do lançamento?

O lançamento declara a obrigação tributária que nasceu a partir do fato


gerador. A natureza jurídica do lançamento é declaratória. Apesar disso, há
doutrinadores que pensam diferente e afirmam que a natureza do lançamento é
constitutiva, uma vez que ele constitui a obrigação tributária. Não nos parece
acertado esse raciocínio, já que ele exclui o auto-lançamento e o lançamento
por homologação, que são também modalidades do lançamento.

Mas de que forma ocorre o lançamento?

O lançamento ocorrerá de maneira diversa, dependendo da


modalidade aplicada ao tributo que se quer cobrar. Vamos conhecer então as
modalidades de lançamento existentes.
a) Lançamento de ofício
O lançamento de ofício, também chamado lançamento direto, “é aquele
em que o Fisco, dispondo de dados suficientes para efetuar a cobrança,
realiza-o, dispensando o auxílio do contribuinte” (SABBAG, 2005, p. 199). O

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EAD UNITINS / EDUCON – DIREITO TRIBUTÁRIO - ADMINISTRAÇÃO

Fisco é a autoridade administrativa que, verificando a ocorrência do fato


gerador, efetua o lançamento de ofício.
O IPTU (Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana),
devido pelo proprietário de imóvel urbano e o IPVA (Imposto sobre a
Propriedade de Veículo Automotor) são exemplos de tributos na modalidade
“lançamento direto”.
As hipóteses de lançamento de ofício estão previstas no artigo 149 do
CTN, que determina: “O lançamento é efetuado e revisto de ofício pela
autoridade administrativa nos seguintes casos”. Vamos conhecer estes casos?
I – Quando a lei assim o determine: se há a previsão legal, deve
assim ser efetuada.
II – Quando a declaração não seja prestada, por quem de direito,
no prazo e na forma da legislação tributária: a legislação correspondente ao
tributo que se quer cobrar, estabelece um prazo e uma forma específica para o
cumprimento desta obrigação, uma vez que vimos que a legislação tributária
deve ser clara e específica. Se o contribuinte não cumprir esse prazo legal,
nem a forma prescrita em lei, o lançamento deverá ser feito de ofício.
III – Quando a pessoa legalmente obrigada, embora tenha
prestado declaração nos termos do inciso anterior, deixe de atender, no prazo
e na forma da legislação tributária, a pedido de esclarecimento formulado pela
autoridade administrativa, recuse-se a prestá-lo ou não o preste
satisfatoriamente, a juízo daquela autoridade: pode ocorrer do contribuinte ter
prestado a declaração do tributo devido em tempo hábil e na forma legal.
Ocorre, porém, casos em que a administração o convoca para prestar algum
esclarecimento sobre sua declaração. Nesse caso, se o contribuinte não
atender ao chamado, ou atender de forma incorreta, o lançamento do tributo
também será de ofício.
IV – Quando se comprove falsidade, erro ou omissão quanto a
qualquer elemento definido na legislação tributária como sendo de declaração
obrigatória: este inciso é bem claro: se o contribuinte prestar declaração falsa,
ou errada, ou omitir informações, o lançamento também ocorrerá de ofício. É
importante lembrar que a falsidade, o erro e a omissão devem corresponder a
uma exigência legal, isto é, a algum elemento que deve ser declarado
obrigatoriamente por lei.
V – Quando se comprove omissão ou inexatidão, por parte da
pessoa legalmente obrigada, no exercício da atividade a que se refere o artigo
seguinte: o artigo seguinte trata do lançamento por homologação, que
estudaremos mais adiante. Nesse caso, o pagamento do crédito tributário é
feito antes do lançamento. Caso a administração comprove a omissão ou a
inexatidão (pagamento com valor equivocado) desse pagamento, o lançamento
será feito de ofício.

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VI – Quando se comprove ação ou omissão do sujeito passivo, ou


de terceiro legalmente obrigado, que dê lugar à aplicação de penalidade
pecuniária: se a ação ou omissão do sujeito passivo da relação jurídica
tributária incidir em uma penalidade tributária, dá ensejo também ao
lançamento de ofício.
VII – Quando se comprove que o sujeito passivo, ou terceiro em
benefício daquele, agiu com dolo, fraude ou simulação: ora, o dolo, a fraude e a
simulação são tipos não permitidos em nosso ordenamento, em qualquer
relação jurídica existente. No Direito Tributário não poderia ser diferente.
Assim, se o contribuinte age com dolo, fraude ou simulação, o lançamento
ocorrerá de ofício.
VIII – Quando deva ser apreciado fato não conhecido ou não
provado por ocasião do lançamento anterior: se no lançamento anterior a este
existir fato que não foi devidamente provado ou conhecido, o lançamento
também ocorrerá de ofício.
IX – Quando se comprove que, no lançamento anterior, ocorreu
fraude ou falta funcional da autoridade que o efetuou, ou omissão, pela mesma
autoridade, de ato ou formalidade especial: o lançamento também será de
ofício se no lançamento anterior tiver ocorrido fraude ou alguma falta funcional
ou omissão por parte da autoridade que o efetuaram.
Observem que em todos os casos, exceto o do inciso I, o lançamento
de ofício parece ter caráter punitivo. Mas não é, pois o lançamento de ofício
não é uma pena, tampouco os atos relacionados nesses incisos são descritos
como crimes tributários. E o lançamento de ofício não exclui a aplicação da
pena nos casos em que a mesma puder ser aplicada.
b) Lançamento Misto
É também conhecido como “lançamento por declaração”. Como o
próprio nome diz, é aquela em que o contribuinte “declara” as informações
necessárias ao lançamento. Como ensina Sabbag (2005, p. 199):
É aquele representado pela ação conjugada entre o Fisco e o
contribuinte, restando àquele o trabalho privativo de lançar.
Nesse caso, o contribuinte vai prestar as informações no prazo
estabelecido pela lei à administração responsável pela cobrança do tributo. É o
que ocorre no ITR (Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural). O
proprietário de terras rurais se dirige à Delegacia da Receita Federal e presta
todas as informações necessárias ao lançamento do imposto. Isto não impede
a administração de fiscalizar essas informações, uma vez que elas são
declaratórias (não exigem comprovação pelo contribuinte).
c) Lançamento por homologação
O lançamento por homologação ou “autolançamento” é aquele em que
o contribuinte antecipa o pagamento, ficando extinto o crédito sob uma

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condição resolutiva, já que depende da homologação desse ato pela


administração.
Para Sabbag (2005, p. 199), o autolançamento ocorre quando “o
contribuinte auxilia ostensivamente a Fazenda Pública na atividade do
lançamento, cabendo ao Fisco, no entanto, realizá-lo de modo privativo,
homologando-o, isto é, conferindo sua exatidão”.
Um bom exemplo de lançamento por homologação é o IR (Imposto de
renda), tão presente em nosso dia-a-dia. Nesse caso, o contribuinte paga o
valor correspondente ao imposto de renda devido e, posteriormente, a Receita
Federal homologa o pagamento efetuado, de acordo com a declaração
prestada, e após análise da mesma. Isto porque o Fisco não fica obrigado a
homologar o pagamento feito, já que nem todos os contribuintes o fazem da
maneira correta. Mas não pode também o contribuinte, por isso, ficar
dependente da administração pública, que pode fazer o lançamento um dia, um
ano ou mais, depois do pagamento feito. Para resolver esse impasse, o nosso
ordenamento estabeleceu um prazo decadencial, que é de cinco anos,
contados a partir do fato gerador.

Decadência é a perda de um direito em razão do seu titular não


exercê-lo dentro do prazo estipulado por lei ou por convenção.

Infelizmente, o nosso mesmo ordenamento não foi específico neste


ponto, o que gerou enormes discussões a respeito do prazo decadencial. Até
que o STJ colocou fim a essa discussão e, aplicando o artigo 173, I do CTN,
determinou que o prazo decadencial da constituição do crédito tributário é de
cinco anos, contados a partir do primeiro dia do exercício seguinte àquele em
que o lançamento poderia ter sido efetuado, o que perfaz um total de dez anos.
Assim, tomemos o seguinte exemplo: um determinado fato gerador de
um dado tributo ocorreu em 01-01-2000. Contamos cinco anos e chegaremos
ao dia 01-01-2005. Essa data é o dia em que o lançamento por homologação
poderia ter sido efetuado, não é mesmo? Então, de acordo com o STJ, o prazo
decadencial começa a contar a partir do exercício seguinte, ou seja, não é a
partir do dia 02-01-2005 e, sim, a partir do dia 01-01-2006. De tal modo que,
contando mais cinco anos, o prazo decadencial terminará somente em 01-01-
2011! Na prática, a administração pública possuirá dez anos para a
constituição do crédito tributário.

O artigo 141 do CTN determina que o crédito tributário, uma vez


lançado, só poderá ser suspenso, extinto ou excluído. Veremos a partir de
agora, quando cada uma dessas hipóteses irá ocorrer.

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2. Suspensão do crédito tributário


A suspensão do crédito tributário poderá ocorrer pela moratória; pelo
depósito do valor integral; pela existência de reclamações ou de recursos
administrativos; pela concessão de liminar em mandado de segurança; pela
concessão da tutela antecipada em outras ações; ou pelo parcelamento.
Vamos entender uma a um?
a) Moratória
De acordo com Machado (2005, p. 191),

Moratória significa prorrogação concedida pelo credor, ao devedor, do


prazo do pagamento da dívida, de uma única vez ou parceladamente.
No Direito Tributário também é assim. Moratória é a prorrogação do
prazo para pagamento do crédito tributário, com ou sem parcelamento.
A moratória deve ser sempre concedida por lei, podendo o contribuinte
pagar o tributo em uma única parcela, porém, com prazo maior. O
parcelamento do crédito tributário por meio da mora também é permitido,
embora dependa de legislação específica.

Quando a moratória é concedida?

O artigo 152 do CTN determina que a moratória será concedida em


caráter geral ou individual. Essa determinação é a própria classificação da
moratória. Então teremos assim:
Moratória em caráter geral: é aquela em que não há necessidade de
despacho da autoridade administrativa e possui dois tipos, a saber: a moratória
autonômica e a heterônoma. A primeira é aquela concedida pelo detentor da
competência tributária respectiva. Por exemplo, a isenção da taxa de
transferência e emplacamento de veículos automotivos, concedida algumas
vezes no estado do Tocantins. A moratória Heterônoma ocorrerá quando a
União a conceder sobre tributos que são de competência dos Estados ou dos
Municípios. Nesse caso, a União deverá conceder, simultaneamente, moratória
de seus tributos também, bem como das obrigações de direito privado.
Acertadamente, porém, nossa carta magna determinou, expressamente no
artigo 151, III, a proibição deste tipo de moratória, uma vez que fere totalmente
o princípio federativo, que está inserido no rol dos direitos e garantias
fundamentais.
Moratória em caráter individual: é aquela “cujo direito ao favor será
reconhecido por despacho da autoridade administrativa, desde que autorizada
por lei” (SABBAG, 2005, p. 218). Esta lei deve ser promulgada pela autoridade
competente para a instituição do crédito tributário. Deste modo, não pode a

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União promulgar uma lei que autorize a concessão de moratória individual na


cobrança do IPTU do município de Palmas, por exemplo.
A moratória será concedida somente para os créditos definitivamente
constituídos ou que tenham o lançamento iniciado antes da data da lei ou do
despacho que a concedeu. Esta é a regra. Mas a lei determinou uma exceção,
quando utilizou a expressão “salvo disposição em contrário”. O legislador teve
a preocupação de incluir a possibilidade de se conceder a moratória também
para os tributos cujo lançamento se dá por homologação, onde o fato gerador e
o pagamento do crédito já ocorreram, mas o lançamento, privativo da
administração, ainda não aconteceu.
b) Depósito do montante integral
Esta modalidade de suspensão do crédito tributário é mais comum
judicialmente, embora também seja permitida em caso de processo
administrativo tributário.
O depósito pode ser feito também para liberar uma mercadoria
apreendida devido ao não-pagamento do crédito tributário do IE (imposto de
exportação), ou para evitar a correção monetária, por exemplo.
c) Reclamações e Recursos administrativos
As reclamações e os recursos administrativos são hoje muito utilizados
por tributaristas em casos particulares, já que não possuem custas processuais
e podem servir de prova em processo judicial posterior, além de concederem a
moratória. Tratam-se de peças processuais semelhantes às judiciais por nós
tão conhecidas, soque na esfera administrativa.
d) Concessão de Liminar em mandado de segurança
A medida liminar será sempre concedida pelo juiz, caso haja relevante
fundamento do pedido e ineficácia na medida, caso a mesma não seja deferida
de imediato. E o mandado de segurança deverá ser utilizado sempre que a
autoridade coatora agir com abuso de poder, por ação ou omissão, contra
direito liquido e certo. É um remédio constitucional. Este tipo de ação, uma vez
deferida judicialmente, suspende o crédito tributário.
e) Concessão de tutela antecipada em outras ações judiciais
Este tipo de suspensão do crédito tributário é semelhante ao anterior.
Em outras ações que não o mandado de segurança com pedido de liminar, o
contribuinte poderá se utilizar da tutela antecipada, que também é um
instrumento de concessão de direito antecipadamente. A diferença da mesma
para a liminar é que, na tutela antecipada, os pressupostos são a
verossimilhança da alegação, em face de uma prova inequívoca e o receio de
dano irreparável caso a tutela não seja antecipada. Esse “receio de dano
irreparável” deve ser fundamentado.

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3. Exclusão do Crédito Tributário


A exclusão ocorre sempre antes do lançamento e após o surgimento
da obrigação tributária. Mas a exclusão do crédito tributário não implica
exclusão automática das obrigações acessórias, ainda que dependam da
obrigação principal. Existem duas situações em que o crédito tributário será
excluído: quando houver isenção ou quando houver anistia. Vamos conhecê-
los?
a) Isenção

Para Sabbag (2005, p. 226), a isenção:


É o instituto concedido de forma geral ou específica, mediante lei,
afastando a tributação que seria exigida do sujeito passivo.
A isenção se dirige a tributos e é concedida por motivos sócio-
econômicos ou políticos. Ela só será concedida por lei, podendo ser geral ou
específica. A isenção é geral quando se dirige a um grupo de pessoas com
características em comum ou a todas as pessoas. E será específica quando
depender de reconhecimento individual pela autoridade competente.
A isenção pode ser concedida a uma determinada região do país,
quando o objetivo é o desenvolvimento daquela região. Daí o caráter sócio-
econômico da isenção.
A lei deve determinar, expressamente, a quem se dirige a isenção, por
quanto tempo ela durará, a qual tributo ela se aplica, quais as condições para a
sua concessão e os requisitos da mesma (art. 177 do CTN).
A isenção pode ser revogada, lembrando que o princípio da
anterioridade deve ser observado quando a mesma não tiver prazo certo.
b) Anistia
Está prevista nos artigos 180 a 182 do CTN. A anistia é a “exclusão do
crédito tributário, consistente no perdão legal das penalidades pecuniárias
antes da constituição do crédito tributário” (SABBAG, 2005, p. 229).
A anistia também será instituída por lei. Porém, seus efeitos serão
retroativos, já que abrangem exclusivamente as infrações cometidas
anteriormente à lei que a concedeu. Diferente da isenção, que sempre se
concede para tributos posteriores à lei que a instituiu. Observe, falamos aqui
em infrações e não em tributos. A anistia, então, se dirige exclusivamente a
infrações.
A anistia também pode ser concedida em caráter geral (a todos); ou de
forma limitada. Nesse caso, ela ocorrerá nas seguintes hipóteses (SABBAG,
2005, p. 229):
I – anistia concedida à infração relativa a um determinado tributo;

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EAD UNITINS / EDUCON – DIREITO TRIBUTÁRIO - ADMINISTRAÇÃO

II – anistia concedida a uma infração punida com pena pecuniária,


até o limite determinado pela lei, conjugada ou não com as penas de outra
natureza;
III – anistia concedida a determinada região territorial da entidade
tributante, em função de condições a ela peculiares; e
IV – anistia concedida à condição do pagamento de tributo no
prazo legal que concedeu o favor pela autoridade administrativa.
No caso da anistia, as obrigações acessórias também não estão
automaticamente excluídas, em detrimento da exclusão da obrigação principal.
Deve o contribuinte cumprir as obrigações acessórias que não forem
expressamente extintas pela anistia.
Sabbag (2005, p. 227) estabelece um quadro comparativo,
relacionando as diferenças existentes entre a isenção e anistia. Observe:

ISENÇÃO ANISTIA
Se dirige a TRIBUTO. Se dirige a INFRAÇÃO
(multa).
Abrange fato gerador posterior à Abrange fato gerador anterior
lei (princípio da irretroatividade). a lei.
O motivo é sócio-econômico ou O motivo é retirar a situação
político. de impontualidade do inadimplente
da obrigação.

3. Extinção do Crédito Tributário


A extinção do crédito tributário é o ato de extinguir, de cessar. É o fim
da obrigação tributária. E esta se dá de diversas formas. O artigo 156 do CTN
relaciona essas diversas possibilidades, a saber: pelo pagamento; pela
compensação; pela transação; pela remissão; pela prescrição e decadência;
pela conversão do depósito em renda; pelo pagamento antecipado e a
homologação do lançamento; pela consignação em pagamento; por decisão
administrativa irreformável; por decisão judicial transitada em julgado; e pela
dação em pagamento de bens imóveis.
Como já vimos a homologação do crédito tributário anteriormente
(neste mesmo tema), não vamos relacioná-lo novamente neste item. Vamos
estudá-las a seguir.
a) Pelo pagamento

O pagamento é a forma mais comum para se extinguir um crédito, seja


ele tributário ou não. É a regra, inclusive para o Direito Tributário. Ainda assim,
deve estar previsto em lei.

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EAD UNITINS / EDUCON – DIREITO TRIBUTÁRIO - ADMINISTRAÇÃO

Machado (2005, p. 202) afirma que o pagamento “é a entrega ao


sujeito ativo, pelo sujeito passivo ou por qualquer outra pessoa em seu nome,
da quantia correspondente ao objeto do crédito tributário”.
Apesar do pagamento ser a regra de extinção de qualquer crédito, bem
como do tributário, o CTN, nos artigos 157 a 163 estabeleceu diversas regras,
sejam elas tão somente para não deixar dúvidas, quanto para diferenciar o
crédito tributário dos créditos privados.
A começar pelo artigo 157, que diz que o fato de existir uma
penalidade sobre o sujeito passivo, não o exime de pagar o crédito tributário
devido. “Cometida uma infração, o valor da penalidade respectiva é somado ao
valor do tributo acaso devido. Não há substituição do tributo pela multa. Os dois
se somam” (MACHADO, 2005, p. 202).
Outra regra estabelecida, agora pelo artigo 158, é a de que o fato de o
contribuinte ter pago uma parcela do tributo, não pressupõe o pagamento de
todas as outras. Ainda, que o fato de o contribuinte ter pago um tributo, não
pressupõe o pagamento de outros tributos, tampouco do mesmo tributo em
exercício anterior: cada quitação se refere àquele valor e tributo
correspondente. E isso é bom para o contribuinte, uma vez que o Fisco não
pode se recusar a receber o pagamento de um tributo alegando haver débito
referente a outro tributo ou ao mesmo em relação a exercício anterior, porque
cada crédito tributário é único.
O artigo 159, por sua vez, determina que o crédito tributário deverá ser
pago na repartição competente do domicílio do contribuinte (sujeito passivo),
salvo por determinação diversa expressa em lei. Também não deve o
contribuinte ficar esperando ser cobrado pelo Fisco. Ele deve tomar a iniciativa
de pagar, independente de aviso prévio, já que o tributo e todas as suas
especificações e peculiaridades estão previstas na lei, que é pública e todos
têm o dever de a conhecer.

Mas quando o contribuinte deverá pagar o tributo?

O tempo do pagamento está previsto na lei que instituiu o tributo


correspondente ao crédito que se quer pagar. Do mesmo modo, a legislação
específica pode conceder descontos pelo pagamento antecipado,como
podemos observar, por exemplo, no IPVA do estado do Tocantins. Se a lei for
omissa, o pagamento deverá ocorrer no prazo máximo de trinta dias, contados
a partir da data da notificação do lançamento.
b) Compensação
Quando o contribuinte for credor da Fazenda Pública, ele poderá
solicitar a compensação, que nada mais é do que um “encontro de contas”
(MACHADO, 2005, p. 212). A lei deverá prever a possibilidade de

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EAD UNITINS / EDUCON – DIREITO TRIBUTÁRIO - ADMINISTRAÇÃO

compensação de crédito tributário, deixando claro que a compensação não fica


a bel prazer do contribuinte. Ainda, somente poderá ser objeto de
compensação os créditos líquidos e certos, vencidos e vincendos, do sujeito
passivo contra a Fazenda Pública, excluindo-se, por determinação legal,
aqueles créditos provenientes de aproveitamento de tributo ou que sejam
objeto de contestação judicial pelo sujeito passivo, antes do trânsito em julgado
da sentença.
c) Transação

A transação é um acordo, em que as partes estabelecem concessões


recíprocas para pôr fim ao litígio. O artigo 171 do CTN determina que:
A lei pode facultar, nas condições que estabeleça, aos sujeitos ativo e
passivo da obrigação tributária celebrar transação que, mediante concessões
mútuas, importe em determinação de litígio e conseqüente extinção de crédito
tributário.
Também depende de lei que autorize previamente a transação.
d) Remissão

A remissão (com dois “s”) é o perdão da dívida pelo credor. Como


ensina Sabbag (2005, p. 242), “é a liberação graciosa (unilateral) da dívida pelo
fisco”.
Remição (com “ç”) significa “remir”, ou seja, resgatar o bem onerado
por dívida.
e) Prescrição e Decadência

A prescrição é a perda do direito de ação. A decadência, por sua vez, é


a perda do próprio direito. A prescrição aqui será a perda do direito de ação
para cobrar o crédito tributário, em decorrência do não-exercício desse direito
no prazo legal de cinco anos, contados a partir da data do lançamento. A
decadência implica, inclusive, não-lançamento, uma vez que é a perda do
próprio direito, ou seja, a perda do direito de lançar o crédito tributário.
A decadência pode ser declarada de ofício pelo juiz. A prescrição deve
ser argüida pela parte interessada.
f) Conversão do depósito em renda

O depósito poderá ser administrativo ou judicial, e a realização do


mesmo suspende a exigibilidade do crédito tributário, conforme vimos na
suspensão (item 2). Se o devedor for vencido, o valor depositado é convertido
em renda, que paga o crédito tributário e, conseqüentemente, o exclui.
g) Consignação em pagamento

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Essa modalidade de extinção do crédito tributário depende de uma


Ação Consignatória, que irá, ao final, extingui-lo. Mas somente poderá ser
utilizada no caso de recusa ou subordinação do recebimento ao pagamento de
outro tributo ou uma penalidade, ou cumprimento de obrigação acessória;
subordinação do recebimento ao cumprimento de exigências administrativas
que não possuam fundamento legal; ou exigência por mais de um ente público,
de tributo idêntico, sobre mesmo fato gerador. Esta última refere-se à
bitributação, expressamente proibida pelo nosso ordenamento.
h) Decisão administrativa irreformável e decisão judicial transitada
em julgado

São situações semelhantes, uma vez que ambas ocorrem quando não
couber mais nenhum recurso contra a decisão proferida. Entretanto, as
decisões deverão ser favoráveis ao contribuinte, determinando a extinção do
crédito tributário.
i) Dação em pagamento

A dação em pagamento consiste no ato de “dar em pagamento algo


em substituição à pecúnia” (SABBAG, 2005, p. 248). O CTN só admitiu essa
modalidade para bens imóveis, ou seja, o contribuinte somente poderá
extinguir o crédito tributário se substituir o valor a ser pago por um bem imóvel.
Entretanto, esta modalidade ainda depende de lei autorizativa que a discipline.

Síntese do Tema
Nesta aula conhecemos o que vem a ser o crédito tributário, bem como
o que seja lançamento e suas modalidades.
Vimos também os casos de suspensão, de extinção e de exclusão do
crédito tributário.

Atividades

01. Sobre o lançamento, analise as seguintes proposições:


I – São modalidades de lançamento: o de ofício, o misto e o por
homologação.
II – O lançamento consiste num procedimento administrativo
vinculado, privativo da autoridade administrativa. Sua natureza é declaratória.
III – O lançamento verifica a ocorrência do fato gerador, identifica
o sujeito passivo da obrigação tributária, determina a matéria tributável, aponta
o montante do crédito e aplica, se for o caso, a penalidade cabível.
IV – O lançamento é o ato documental de cobrança, por meio do
qual se declara a obrigação tributária nascida do fato gerador.
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EAD UNITINS / EDUCON – DIREITO TRIBUTÁRIO - ADMINISTRAÇÃO

Agora, marque a alternativa CORRETA:


e) Todas as proposições são verdadeiras.
f) Somente a proposição I é verdadeira.
g) As proposições II e III são verdadeiras.
h) As proposições II e IV são verdadeiras.

02. São modalidades de extinção do crédito tributário:


a) pagamento, compensação, transação e anistia.
b) pagamento somente.
c) a anistia e a isenção.
d) o pagamento, a compensação, a dação em pagamento e a
transação.

Comentários das atividades


Na questão 01, você, aluno, deverá observar a definição de
lançamento, bem como a natureza jurídica do mesmo, tão trabalhada por nós.
Não se esqueça de que o lançamento identifica o fato gerador e o sujeito
passivo, além de possuir três modalidades, a saber: o de ofício, o misto e o por
homologação. Resposta correta: letra a.
Já na questão 02, lembre-se que as modalidades de extinção do
crédito tributário estão previstas no artigo 156 do CTN e são onze: pelo
pagamento; pela compensação; pela transação; pela remissão; pela prescrição
e decadência; pela conversão do depósito em renda; pelo pagamento
antecipado e a homologação do lançamento; pela consignação em pagamento;
por decisão administrativa irreformável; por decisão judicial transitada em
julgado; e pela dação em pagamento de bens imóveis. Observe, portanto, que
nem todas as modalidades estarão dispostos nas alternativas do exercício, pois
o objetivo não é saber quais são todas e sim algumas modalidades de
extinção. Resposta correta: letra d.

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EAD UNITINS / EDUCON – DIREITO TRIBUTÁRIO - ADMINISTRAÇÃO

Tema 08

Impostos em espécie

Objetivos

• Compreender o que vem a ser a resposta do réu;


• Conhecer os tipos de resposta do réu e diferenciá-los;
• Compreender o fenômeno da Revelia.

Objetivos
Conhecer quais são os impostos da União, dos Estados e dos
Municípios, bem como suas características principais.

Introdução
Caros alunos,
Para finalizar nossa apostila de Direito Tributário, vamos estudar os
impostos em espécie. Mas por que escolher os impostos?
Ora, os impostos estão presentes em nossa vida de maneira mais
clara. Tanto assim que costumamos confundir tributo com imposto, como se
fossem a mesma coisa. E já sabemos que não é. Ademais, os impostos estão
elencados, taxativamente, na constituição federal, não podendo existir nenhum
outro imposto além dos lá relacionados. Se fôssemos estudar as taxas, por
exemplo, teríamos que ter outra apostila só para relacioná-las a todas.
Neste tema, trabalharemos o assunto numa sistemática diferente.
Como já conhecemos os institutos do tributo (fato gerador, alíquota, base de
cálculo etc), vamos trabalhar cada um dos impostos de maneira semelhante,
em forma de quadro, de tal modo que todos os impostos aqui relacionados
terão as mesmas informações.

Impostos Federais
De acordo com o artigo 153 da Constituição Federal, são impostos da
união: o imposto sobre a importação de produtos estrangeiros (II); o imposto
sobre a exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou nacionalizados
(IE); o imposto sobre a renda e proventos de qualquer natureza (IR); o imposto
sobre produtos industrializados (IPI); o imposto sobre operações de crédito,
câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores mobiliários (IOF); o imposto
72
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sobre a propriedade territorial rural (ITR); e o imposto sobre grandes fortunas


(IGF), dependente de lei complementar. Vejamos cada um especificamente:

1. Imposto sobre a importação de produtos estrangeiros (II)


Competência: a competência para instituir esse imposto é da União,
nos termos do artigo 153, I, da CF. Isto por se tratar de um imposto que
relaciona o Brasil com outros países, e o ente público que representa o país
perante o exterior é a União, de tal modo que não poderíamos tê-lo instituído
pelo Estado do Maranhão, por exemplo.
Função: o imposto de importação possui função extrafiscal, já que
serve, primeiramente, como instrumento de proteção da indústria nacional. A
arrecadação ocorre, mas não é a função principal do II.
Fato gerador: o artigo 19 do CTN determina que o fato gerador desse
imposto é a entrada de produtos estrangeiros no território nacional. No mesmo
sentido, Sabbag (2005, p. 377) determina que o fato gerador do II é a “entrada
real ou ficta do produto estrangeiro no território nacional”. No caso da
mercadoria ser devolvida, não incidirá o II somente nas seguintes hipóteses: se
ocorrer o retorno da mercadoria enviada em consignação, e não vendida no
prazo autorizado; se houver devolução de mercadoria por motivo de defeito
técnico, para reparo ou substituição; se houver retorno da mercadoria
provocada por modificações na sistemática de importação no país importador;
se houver devolução da mercadoria por motivo de guerra ou de calamidade
pública; ou em caso de devolução da mercadoria por outros fatores alheios à
vontade do exportador.
Base de cálculo: para o II, a base de cálculo será determinada: a) pela
quantidade de mercadoria: esta será determinada pela TAB (tarifa aduaneira
do Brasil), que é uma unidade de medida e somente incidirá sobre alíquotas
específicas, ou seja, “aquela alíquota que prevê importâncias fixas, aplicáveis
em relação aos modos de apresentação do produto importado” (SABBAG,
2005, p. 378); b) pela expressão monetária do produto importado: quando a
alíquota incidir sobre o valor aduaneiro do produto importado, a base de cálculo
será esta, fixada pela GATT (Acordo Geral sobre Tarifas Aduaneiras e
Comércio); ou c) pelo preço da arrematação do bem adquirido em licitação.
Observem que se o importador for conhecido, ele deve ser chamado a pagar a
diferença, no caso de arrematação por valor inferior ao do real, caso o valor
pago pelo arrematador não seja suficiente para cobrir os direitos pelo valor
calculado. Esta determinação serve para evitar fraudes por parte do
importador, que “abandona” a mercadoria, na intenção da mesma ser levada a
leilão e, conseqüentemente, pagar menos imposto, já que, geralmente, o valor
da arrematação é inferior ao valor real do produto.

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Alíquota: na base de cálculo, a alíquota será específica, quando a


mesma for expressa em quantia determinada; ou ad valorem, quando indica
somente a porcentagem a ser calculada sobre o valor do bem.
Contribuinte: o contribuinte será o importador, ou a pessoa equiparada
a ele, por meio de lei. No caso de produtos apreendidos ou abandonados, o
contribuinte será o arrematante deles.
Lançamento: o lançamento é por homologação, como bem determina a
legislação vigente. Apesar disso, alguns autores afirmam ter sido esse um erro
grosseiro do legislador, já que o lançamento do II deveria ser por declaração,
no momento do despacho aduaneiro, em que o sujeito passivo presta ao Fisco
as informações necessárias ao lançamento.
Considerações especiais: aqui, vamos definir alguns temos do II. a)
território aduaneiro: é a área onde o II pode ser exigido, que é todo o território
nacional. b) “Drawback”: é um incentivo fiscal concedido para a importação de
produtos ou matérias que objetivam a sua posterior exportação, após
beneficiadas por industrias nacionais. É uma facilitação de importação de
alguns produtos visando à exportação de outros de maior valor.

3. Imposto sobre a renda e proventos de qualquer natureza (IR)


Competência: a competência para instituir esse imposto é da União,
nos termos do artigo 153, III, da CF.
Função: o imposto de renda possui função fiscal, já que o seu objetivo
principal é a arrecadação. E é o imposto que mais arrecada no país, figurando
como a principal fonte de renda tributária. Possui, portanto, enorme importância
para o orçamento nacional.
Fato gerador: o fato gerador do IR:
É a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica de renda, assim
entendido o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos; e de
proventos de qualquer natureza, assim entendidos os acréscimos patrimoniais
não compreendidos no conceito de renda (MACHADO, 2005, p. 313).
Podemos dizer, então, que o fato gerador do IR é o acréscimo
patrimonial, uma vez que não há renda, nem provento, com disponibilidade
efetiva ou potencial, se não houver acréscimo no patrimônio do contribuinte.
Base de cálculo: a base de cálculo do IR é o montante real da renda ou
dos proventos tributáveis. A base de cálculo aqui é variável, porque dependerá
do perfil do contribuinte. Por exemplo, se for pessoa jurídica, a base de cálculo
será o lucro, que poderá ser o real, o presumido ou o arbitrado. Ou, se pessoa
física, incidirá, em regra, sobre o rendimento bruto mensal percebido.
Alíquota: para a pessoa jurídica, a alíquota é de 30%, em regra. Já
para a pessoa física, a alíquota é progressiva, mas existem apenas duas, além
da faixa de isenção: uma de 15% e outra de 27,5%. Importante observar, neste

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caso, que o cálculo será feito também de forma progressiva. Veja o exemplo:
um contribuinte possui um salário mensal de R$ 3.000,00. Vamos considerar
um arredondamento, para facilitar a compreensão, mas as faixas de valores
são determinadas por lei. Até o montante de R$ 1.300,00 não incide o IR, por
corresponder à faixa de isenção. De R$ 1.300,00 até R$ 2.500,00 aplica-se a
alíquota de 15%. E acima de R$ 2.500,00, aplica-se a alíquota de 27,5%. De tal
modo que temos:

Até R$ 1.300,00 – 0.
De R$ 1.301,00 até R$ 2.500,00 – 15% = R$ 1.199,00 x 15% = R$ 179,85
De R$ 2.501,00 a R$ 3.000,00 – 27,5% = R$ 499,00 x 27,5% = R$ 137,22
Total do IR devido pelo contribuinte = R$ 317,07

Contribuinte: é a pessoa física ou pessoa jurídica capaz de exercer


direitos e contrair obrigações, que possui renda.
Lançamento: o lançamento do IR é declaratório. Aliás, o IR se
configura como o exemplo mais comum dessa modalidade de lançamento. Mas
observe que, nos casos de IR retido na fonte – o que ocorre com os servidores
públicos em geral – o lançamento se dá por homologação.

4. Imposto sobre produtos industrializados (IPI)


Competência: a competência para instituir esse imposto é da União,
nos termos do artigo 153, IV, da CF.
Função: o IPI, assim como o II e o IE, possui função extrafiscal, já que
se trata de um imposto seletivo, em função da essencialidade do produto. A
pretensão do legislador é a de tributar pesadamente aqueles produtos
considerados supérfluos ou desaconselháveis, tais como o cigarro, a cerveja,
os perfumes etc., com o objetivo de desestimular o consumo. Mas na prática
isso não acontece. Veja o caso do cigarro, por exemplo. Cerca de 70% do seu
preço corresponde a tributos, dentre os quais a maior parte pertence ao IPI.
Ainda assim, é um produto relativamente barato, e a maioria da população tem
condições de comprá-lo. Com isso, o Estado acaba gastando mais dinheiro
com campanhas anti-tabagismo, bem como com tratamentos de doenças
graves provocadas pelo consumo de cigarro. Mesmo com função extrafiscal, o
IPI pertence ao rol dos impostos de grande arrecadação, ao lado do IR.
Fato gerador: é fato gerador o produto industrializado.

Mas o que é produto industrializado?

Todos nós temos em nossa mente uma idéia do que seja produto
industrializado, que nada mais é do que o produto que foi beneficiado pelas

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mãos humanas. Assim, a televisão, o rádio, o tecido, o automóvel, o


computador, o pão, o leite de caixinha etc. são produtos industrializados.
Mesmo assim, a legislação tributária determinou que, para os efeitos desse
imposto, produto industrializado é “aquele que tenha sido submetido a qualquer
operação que lhe modifique a natureza ou a finalidade, ou o aperfeiçoe para o
consumo” (MACHADO, 2005, p. 328).
Base de cálculo: a base de cálculo depende da hipótese de incidência,
isto é, depende do produto industrializado de que se quer calcular o IPI
correspondente. Caso o produto industrializado seja importado, a alíquota será
a mesma do II, mas a base de cálculo será o valor do produto mais o valor do II
sobre ele incidido. É cumulativo, portanto.
Alíquota: por se tratar de um tributo seletivo, a alíquota é variável,
dependendo da essencialidade do produto. O valor da alíquota está
estabelecido na TIPI (tabela de incidência sobre produtos industrializados), que
é uma tabela criada por lei para classificar os produtos de acordo com a sua
essencialidade. A alíquota, nesta tabela, varia de 0% a 365,63% (alíquota do
cigarro).
Contribuinte: será o importador; o industrial; o comerciante de produtos
sujeitos ao IPI, que os forneça aos industriais; e o arrematante de produtos
apreendidos ou abandonados, levados a leilão. Ou quem a eles se
equipararem.
Lançamento: o lançamento é por homologação, já que o contribuinte
paga antes e declara o valor pago posteriormente ao Fisco.

5. Imposto sobre operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a


títulos ou valores mobiliários (IOF)
Competência: a competência para instituir esse imposto é da União,
nos termos do artigo 153, V, da CF.
Função: possui função extrafiscal, visando a ter maior controle
econômico do país. É um instrumento de manipulação da política de crédito,
câmbio, seguro, títulos e valores mobiliários.
Fato gerador: são várias as hipóteses de incidência do IOF, de tal
modo que o termo “operações financeiras” se torna bem vago. O IOF incide
sobre a efetivação de uma operação de crédito, colocando o valor efetivamente
ou à disposição do destinatário; a efetivação de uma operação de câmbio, a
partir da entrega da moeda nacional ou estrangeira; sobre a efetivação de uma
operação de seguro, a partir da emissão da apólice ou documento equivalente;
ou sobre a emissão de transmissão, pagamento ou resgate de títulos e valores
mobiliários, na forma da lei aplicável (art. 63 do CTN).
Base de cálculo: a base de cálculo está prevista no artigo 64 do CTN e
corresponde: a) ao montante da obrigação, no caso das operações de crédito;

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b) ao montante do valor em moeda nacional, quanto às operações de câmbio;


c) ao montante do prêmio, com relação ao seguro; d) o valor nominal mais o
ágil, se houver, se for emissão de títulos e valores mobiliários; e) o valor
nominal ou o preço ou o valor da cotação em Bolsa, se for transmissão de
títulos e valores mobiliários; ou o preço, se for pagamento do resgate de títulos
e valores mobiliários.
Alíquota: a alíquota o IOF é a única que pode ser alterada por ato do
Poder Executivo, contrariando os princípios da anterioridade e da legalidade.
Mas é importante você observar que não fere a Constituição, uma vez que
essa alteração de alíquota está prevista na lei maior. Trata-se, portanto, de um
imposto flexível. Mas essa alteração não fica a bel prazer do Poder Executivo,
já que a lei regulamentadora do IOF determina um teto, ou alíquota-limite, valor
este que não poderá ser ultrapassado por ato do poder executivo.
Contribuinte: é qualquer pessoa que efetuar uma operação monetária,
prevista no rol deste imposto (crédito, câmbio, seguro, títulos e valores
mobiliários).
Lançamento: o lançamento é feito por homologação. Ora, isso é
facilmente observado ao retirarmos um extrato de nossa conta bancária, lá
constando o valor pago de IOF, em cima da movimentação de crédito que
fazemos ao efetuar um saque, ou uma transferência de crédito etc.

6. Imposto sobre a propriedade territorial rural (ITR)


Competência: a competência para instituir esse imposto é da União,
nos termos do artigo 153, III, da CF.
Função: a função do ITR é extrafiscal, já que o objetivo deste imposto é
de averiguar se o exercício da função social da propriedade (princípio
constitucional) está sendo cumprido pelo proprietário ou possuidor do imóvel
rural.
Fato gerador: o fato gerador é o domínio útil ou a posse de imóvel rural
por natureza, localizado fora da zona urbana do município (art. 1° da lei
9.393/96)
Base de cálculo: é o valor fundiário do imóvel, que nada mais é que o
valor da terra nua, devendo-se desconsiderar todas as benfeitorias nela
existentes.
Alíquota: A lei 9.393/96 traz em anexo a tabela das alíquotas aplicáveis
para o cálculo do ITR. Aliás, este é de difícil acerto, necessitando, por isso, de
conhecimento especializado, já que as alíquotas aplicáveis são progressivas,
de acordo com a boa ou má utilização do imóvel rural.
Contribuinte: o contribuinte é o proprietário ou possuidor de imóvel rural

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Lançamento: o lançamento é por homologação, já que a apuração e o


pagamento do ITR deve ser feito pelo contribuinte independentemente de
prévio aviso da administração pública.

7. Imposto sobre grandes fortunas (IGF)


Este imposto depende de lei complementar para ser cobrado, o que,
até hoje, não foi feito. Isto porque o poder público não possui interesse em
tipificá-lo, já que a mensuração de uma grande fortuna é difícil. O possuidor de
grandes fortunas pagaria quantas vezes esse imposto? Por tudo isso é que o
legislador preferiu não regulamentá-lo a partir de lei complementar.

Impostos Estaduais

1. Imposto sobre a transmissão “causa mortis” e doação de quaisquer


bens ou direitos (ITCMD)
Competência: a competência para instituir esse imposto é dos Estados,
nos termos do artigo 155, I, da CF.
Função: possui função fiscal.
Fato gerador: na doação, o fato gerador ocorre com a efetiva doação
do bem. Já na transmissão causa mortis, se dá com a transmissão dos bens do
de cujus para os herdeiros. Essa transmissão ocorre no momento da morte.
Aqui há uma peculiaridade: como há necessidade legal da abertura de
inventário para apuração dos bens deixados e dos herdeiros, bem como
apuração do montante correspondente a cada um, o UTCMD será calculado e
recolhido durante o processo de inventário, e não no momento da morte.
Base de cálculo: será fixada pela legislação estadual correspondente.
Em regra, é o valor de mercado do bem que será transmitido, podendo ser
menor que esse valor, mas nunca maior, para que não ocorra enriquecimento
ilícito por parte do sujeito ativo do ITCMD.
Alíquota: cada Estado fixa sua alíquota, de modo que ela pode variar
de um Estado para outro. Mas há uma alíquota máxima, fixada pelo Senado
Federal, através de resolução, da qual nenhum Estado poderá ultrapassar.
Contribuinte: é o legatário ou o herdeiro, no caso da transmissão causa
mortis; e o doador ou o donatário, no caso da doação.
Lançamento: é, em regra, declaratório.

2. Imposto sobre operações relativas à circulação de mercadorias e sobre


prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de
comunicação (ICMS)
Competência: a competência para instituir esse imposto é dos Estados,
nos termos do artigo 155, II, da CF.

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Função: também possui função fiscal e corresponde à maior fonte de


arrecadação dos estados brasileiros (gera muita receita).
Fato gerador: de acordo com o artigo 2º da LC nº 87/96, o ICMS incide
sobre: a) operações relativas à circulação de mercadorias, inclusive o
fornecimento de alimentação e bebidas em bares, restaurantes e
estabelecimentos similares; b) prestações de serviço de transporte
interestadual e intermunicipal, por qualquer via, tanto de pessoas, quanto de
mercadorias, bens, ou valores; c) prestações onerosas de serviços de
comunicação, por qualquer meio, inclusive a geração, a emissão, a recepção, a
transmissão, a retransmissão, a repetição e a ampliação de comunicação de
qualquer natureza; d) o fornecimento de mercadorias com prestação de
serviços não compreendidos no âmbito da competência tributária dos
Municípios; e e) o fornecimento de mercadorias com prestação de serviços
sujeita ao imposto sobre serviços, de competência dos municípios, quando a lei
assim determinar expressamente. Esses são os principais fatores de incidência
do ICMS. Mas a lei relaciona muitos outros de que não trataremos aqui.
Base de cálculo: em regra, a base de cálculo do ICMS é o valor da
operação relativa à circulação de mercadoria, ou o preço do serviço prestado.
Alíquota: a alíquota do ICMS pode ser: a) interna: quando fixada pelo
próprio Estado; b) interestaduais: quando são fixadas pelo Senado Federal; e
c) de exportação: também fixadas pelo Senado Federal.
Contribuinte: a regra geral: o contribuinte é o consumidor final.
Lançamento: o lançamento se dá por homologação.

3. Imposto sobre a propriedade de veículos automotores (IPVA)


Competência: a competência para instituir esse imposto é dos Estados,
nos termos do artigo 155, III, da CF.
Função: também possui função fiscal, ou seja, de arrecadação. Mas
possui um caráter extrafiscal, uma vez que determina alíquota diferenciada em
razão do ano do veículo, do modelo, do tipo de combustível etc.
Fato gerador: o fato gerador é a propriedade do veículo automotor.
Base de cálculo: a base de cálculo é o valor do veículo, levando-se em
considração os mesmos fatores da alíquota (marca, modelo e ano de
fabricação do veículo).
Alíquota: em regra, é estipulada sobre o valor do veículo,
considerando-se a marca, o modelo, e o ano de fabricação do veículo, mas em
todos os estados, é fixa.
Contribuinte: se o fato gerador é a propriedade do veículo, o
contribuinte é o proprietário dele. Não pode ser o possuidor nem o detentor.
Lançamento: o lançamento é feito de ofício. Aliás, o IPVA é exemplo
clássico desta modalidade de lançamento, por nós estudado no tema anterior.

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Impostos Municipais
1. Imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana (IPTU)
Competência: a competência para instituir esse imposto é dos
Municípios, nos termos do artigo 156, I, da CF.
Função: em alguns municípios esse imposto terá função meramente
fiscal. Em outros, porém, a função é extrafiscal, uma vez que visa a obrigar o
proprietário a cumprir a função social da propriedade, por meio da aplicação da
alíquota progressiva.
Fato gerador: o fato gerador do IPTU é semelhante ao do ITR: é a
propriedade, a posse ou o domínio útil de bem imóvel por natureza, localizado
na zona urbana do município. Note-se que o que diferencia os dois impostos é
que este incide sobre o imóvel urbano, enquanto o ITR incide sobre o imóvel
rural.
Base de cálculo: a base de cálculo é o valor venal do imóvel, ou seja, o
valor que o imóvel alcançaria se fosse posto à venda, em condições normais.
Alíquota: por se tratar de imposto municipal, cada município institui sua
própria alíquota, sendo que não existe nenhuma limitação constitucional ou
legal, de ordem federal. Importante ressaltar a importância da alíquota
progressiva como forma de garantir o cumprimento da função social da
propriedade, que é princípio constitucional, embora o STF tenha se
manifestado contrário a essa progressividade. Ademais, a maioria da doutrina
não concorda com o posicionamento do STF, uma vez que a progressividade
do IPTU não fere, de nenhuma maneira, a constituição federal, já que ela visa a
um bem maior, que é o bem social. Um bom exemplo da necessidade da
progressividade do IPTU: a quantidade de terrenos vagos no plano diretor da
cidade de Palmas, que por não ter ainda uma legislação que institua uma real
progressividade do IPTU, obriga as pessoas menos favorecidas a morarem
afastadas do centro da cidade, mesmo Palmas sendo ainda uma cidade
pequena, onde esse tipo de problema pode e deve ser evitado.
Contribuinte: é o proprietário ou possuidor do imóvel urbano.
Lançamento: o lançamento é feito de ofício pela administração
municipal.

2. Imposto sobre a transmissão “inter vivos” de bens imóveis, por ato


oneroso (ITBI)
Competência: a competência para instituir esse imposto é dos
Municípios, nos termos do artigo 156, II, da CF.
Função: é predominantemente fiscal.

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Fato gerador: o fato gerador é a transmissão onerosa, ou seja, paga,


de bens imóveis e de direitos reais sobre bens imóveis, exceto os de garantia.
Importante lembrar que essa transmissão deve se dar entre vivos (inter vivos).
Base de cálculo: semelhante ao ITCMD, a base de cálculo é o valor
venal do bem ou do direito transmitido.
Alíquota: a alíquota é fixada pela legislação do Município. E varia de
um para outro, já que não possui um limite estabelecido por lei federal.
Contribuinte: pode ser qualquer das partes da transmissão do bem,
dependendo da legislação municipal correspondente.
Lançamento: o lançamento do ITBI é declaratório.

3. Imposto sobre serviços de qualquer natureza (ISS)


Competência: a competência para instituir esse imposto é dos
Municípios, nos termos do artigo 156, III, da CF.
Função: a função também é fiscal.
Fato gerador: é residual, uma vez que o artigo 156, III da CF determina
que o ISS corresponde aos serviços de qualquer natureza que não
pertencerem ao rol da competência estadual. Na prática, corresponde ao ISS
tudo aquilo onde não incidir ICMS.
Base de cálculo: o artigo 7º da LC nº 116/2003 determina que a base
de cálculo do ISS é o valor bruto do serviço. É o preço. Assim, sobre os
serviços prestados gratuitamente, não incide ISS.
Alíquota: pode ser fixa, quando dirigida aos profissionais liberais, que
efetuam o pagamento do ISS de tempos em tempos; ou proporcional, que, aí
sim, é uma alíquota aplicada sobre o preço do serviço.
Contribuinte: é o prestador do serviço.
Lançamento: a regra geral é por homologação, podendo ser objeto de
lançamento de ofício (art. 150, CTN).

Síntese do Tema
Neste tema conhecemos as espécies de impostos federais, estaduais e
municipais.
Devemos lembrar sempre que os dizeres a respeito dos impostos
estaduais e municipais são a regra geral, a base, que, muitas vezes está
alicerçado em lei. Mas há casos em que esses impostos serão cobrados de
maneira diversa da descrita aqui. Isso porque são de competência estadual ou
municipal e, portanto, podem variar de estado para estado, ou de município
para município.

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Atividades
01. Caro aluno. Agora que você já conheceu as espécies de impostos,
considere o exemplo abaixo:
Você agora já formou no curso de Administração e contábeis da
UNITINS e é um bem-sucedido profissional. Recebe um salário mensal de R$
10.000,00.
Acontece que você tem que pagar impostos. E muitos impostos (sem
prejuízo das taxas e contribuições que já estudamos, é claro). Mas vamos
considerar somente o Imposto de renda, que, no seu caso, vem retido na fonte,
já que você é empregado de uma grande empresa multinacional.
Considerando os limites da alíquota do IR:
Até R$ 1.300,00 – 0;
De R$ 1.301,00 a R$ a 2.500,00 – 15%;
Acima de R$ 2.501,00 – 27,5%.
Calcule o valor mensal retido na fonte de seu salário.
Depois, some os valores mensais para averiguar o valor real que
você paga anualmente para o Fisco, uma vez que o IR é imposto anual, e não
mensal, como às vezes acreditamos ser.

Comentários às atividades
Nesta questão, você, aluno, deverá observar o exemplo trabalhado
neste tema, quando aprendemos a calcular o imposto de renda (IR). Lembre-se
que a alíquota só é aplicada na faixa salarial correspondente. E o valor mensal
deve ser somado 12 vezes, para achar o valor pago de IR anualmente.

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