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Capítulo 1
Olá, aluno!
Bem-vindo ao estudo para o Exame de Ordem. Preparamos todo esse material para você
não só com muito carinho, mas também com muita métrica e especificidade, garantindo que
você terá em mãos um conteúdo direcionado e distribuído de forma inteligente.
Para isso, estamos constantemente analisando o histórico de provas anteriores com fins
de entender como a Banca costuma cobrar os assuntos do edital. Afinal, queremos que sua
atenção esteja focada nos assuntos que lhe trarão maior aproveitamento, pois o tempo é
escasso e o cronograma é extenso. Conte conosco para otimizar seu estudo sempre!
estrutura do PDF Ad Verum foi feita em capítulos, de modo que você possa consultar
especificamente os assuntos que estiver estudando no dia ou na semana. Ao final de cada
capítulo você tem a oportunidade de revisar, praticar, identificar erros e aprofundar o assunto
com a leitura de jurisprudência selecionada.
E mesmo você gostando muito de tudo isso, acreditamos que o PDF sempre pode ser
a gente!
Racionalizar a preparação dos nossos alunos é mais que um objetivo para Ad Verum,
trata-se de uma obsessão. Sem mais delongas, partiremos agora para o estudo da disciplina.
Bons estudos
1
Abordaremos os assuntos da disciplina de Direito Tributário da seguinte forma:
RECORRÊNCIA DA DISCIPLINA
Como dito, sabemos que estudar de forma direcionada, com base nos assuntos
objetivamente mais recorrentes, é essencial. Afinal, uma separação planejada pode fazer toda
diferença. Pensando nisso, através de estudo realizado pelo nosso setor de inteligência com
base nas últimas provas, trouxemos os temas mais abordados nessa disciplina!
Benefícios fiscais
8%
Crédito Tributário
15%
Tributo
38%
Princípios tributários
Vigência, aplicação, interpretação e integração da lei tributária
Tributo
Crédito Tributário
Benefícios fiscais
Imunidade
Responsabilidade Tributária
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CAPÍTULOS
Capítulo 4 – Impostos
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SUMÁRIO
DIREITO TRIBUTÁRIO, Capítulo 1....................................................................................................... 7
4
1.7.2.1.4 Competência cumulativa........................................................................................................................... 58
GABARITO ............................................................................................................................................ 74
JURISPRUDÊNCIA.................................................................................................................................. 83
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E ai, OABeiro! Tudo certinho?
A apostila de número 01 do nosso curso de Direito Tributário tratará sobre Teria Geral do
1- “Teoria Geral do Direito Tributário” não teve recorrência nos últimos anos no Exame de
Ordem! No entanto, como já dizia o famoso ditado: “O seguro morreu de velho!” Por isso,
achamos conveniente adicionar este assunto às apostilas de Direito Tributário, para que o
máximo de conteúdo fosse abordado e visto por você 😊
Ordem, estando presente 2 VEZES nos últimos 3 anos! Mas, isso não significa que devemos
deixar esse assunto “de lado”, não é mesmo?
Aqui, a banca costuma seguir o seu padrão: Apresentar um caso hipotético, pelo qual a resposta
é respaldada na legislação vigente. Por isso, recomendamos a leitura atenta da letra seca da lei
Ademais, adicionamos questões de outros concursos públicos para que você pudesse assimilar
ainda mais o conteúdo visto e praticar, dada a importância desses assuntos não só no EOU, mas
também nas mais diversas carreiras jurídicas.
Vamos juntos!
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DIREITO TRIBUTÁRIO
Capítulo 1
23), “a tributação não é um fim em si mesmo, mas um meio que possibilita ao Estado o
cumprimento de suas funções”.
Sobre a mesma linha de pensamento de Borba (2017), Leandro Paulsen (2014) ressalta o
quão é grande o sentido da tributação quando se a percebe como via de efetivação, de
materialização dos direitos fundamentais e sociais. Nesse toar, afirma o citado autor: “não há
poder do povo que, expresso pela figura do Estado, persegue a captação de recursos essenciais
para a concretização dos fins pretendidos pelo próprio corpo coletivo.
quando se anunciou, de forma minuciosa, ainda nos primeiros dispositivos do texto, os direitos
fundamentais e sociais. Dada a importância do SER na construção da Lei Maior, o sistema
tributário nacional imbuiu-se em valores humanos, os quais norteiam a tributação em todas as
tributos, são a fonte principal de recursos do Estado e, por sua dimensão, tratam-se da via mais
importante para o custeio dos fins constitucionais (PAULSEN, 2014). Aliás, a importância do
tributo para a organização da sociedade, conforme revela a história, já foi diversas vezes
documentada. No artigo 13 da Declaração francesa dos Direitos do Homem e do Cidadão
de 1789, por exemplo, manifestou-se que “para a manutenção da força pública e para as
despesas de administração é indispensável uma contribuição comum que deve ser dividida entre
os cidadãos de acordo com suas possibilidades”. Não em sentido diverso, a Declaração
Americana dos Direitos e Deveres do Homem (1948), no artigo 36, trouxe o seguinte texto:
“toda pessoa tem o dever de pagar os impostos estabelecidos pela lei para a manutenção dos
serviços públicos”.
Ante o tema ora abordado, faz-se necessário dar destaque as palavras de Kiyoshi Harada (2017):
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1.2 Conceito de Tributo
o texto do Código Tributário Nacional (art. 3º, CTN) trata-se de: “toda prestação pecuniária
compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de
ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada”.
Prestações pecuniárias são expressas em moeda e, talvez, quanto à essa característica, não
De acordo com o art. 156 do CTN, extinguem o crédito tributário: (I) o pagamento; (II) a
compensação; (III) a transação; (IV) a remissão; (V) a prescrição e a decadência; (VI) a conversão
(X) a decisão judicial passada em julgado e, finalmente, a (XI) a dação em pagamento em bens
imóveis, na forma e condições estabelecidas em lei, que foi incluída pela Lei Complementar nº
104/2001.
A permissão contemplada pela reforma promovida em 2001 põe fim à polêmica que envolvia
a possibilidade do pagamento em dinheiro como a única forma de adimplir a obrigação
tributária. Com o novo texto, que permite a dação em pagamento em bens imóveis, reforça-se
a ideia de que além do pagamento em moeda, o adimplemento poderá ocorrer por outra via,
afinal, trata-se o tributo de prestação pecuniária em moeda, “ou cujo valor nela se possa
1
Questão 5 e 11
9
exprimir”, afastando-se de uma vez, portanto, entendimento diverso, aquele que restringe as
formas de adimplemento por estrita interpretação do conceito de tributo.
No âmbito federal, o art. 4º da Lei nº 13.259/2016, com redação dada pela pela Lei nº
13.313, de 2016, regula a dação em pagamento prevista no art. 156 do CTN.
No que diz respeito à regulação do tema, aliás, o STF, no julgamento da ADI nº 1.917, em
26/04/20072, fixou a tese de que a regulação da matéria “dação em pagamento por bens
móveis” por lei local fere frontalmente o texto do art. 37, XXI, da CF, que consagra o Princípio
da Licitação.
Por outro lado, quanto à produção de lei local que visa a regulação do previsto no art. 156,
inciso XI, do CTN, o Supremo Tribunal decidiu que é constitucional, tendo em vista que, “se o
estado pode mais, até mesmo anistiar, e, portanto, abrir mão de seu crédito, ele pode menos,
admitir uma forma de pagamento, que, no caso, sequer compele a Fazenda a recebê-lo, porque
exige aceitação por parte do orçamento” (voto do Min. Moreira Alves, na ADI nº 2.405-1 Rio
do elemento volitivo. Em outras palavras, diz-se que a vontade não é instituto necessário para
o nascimento da prestação tributária, existindo a obrigação sob qualquer circunstância, desde
que prevista no texto da lei. Como assevera Hugo de Brito Machado Segundo (2017), “não se
trata de obrigação contratual, decorrente da vontade, (ex voluntate), mas de obrigação que
decorre diretamente da lei, ou da incidência da lei sobre o fato, considerado em sua pura
facticidade”.
nasce para o contribuinte o dever de pagar o tributo. Neste ponto, aliás, vale trazer a observação
do supracitado autor: “isso faz com que a capacidade tributária passiva (capacidade para ser
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Disponível em: http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=AC&docID=481954
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Disponível em: http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=AC&docID=347580
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contribuinte ou responsável pelo tributo) independa da capacidade civil (CTN, art. 126). Daí
serem devidos tributos mesmo por pessoas físicas incapazes, ou por pessoas jurídicas
A ressalva trazida no texto do art. 3º do CTN diz respeito à vedação da inclusão do ato ilícito
como hipótese de incidência de tributo. De outra forma, permite-se dizer que não é possível
conferir ao tributo a natureza sancionatória, punitiva. Ora, o tributo é a expressão do Poder de
Tributar do Estado e não a expressão do ius puniedi. Decerto, é possível punir o sujeito pelo
descumprimento de obrigações tributárias (por exemplo, através da multa), mas não pode o
tributo ser cobrado em face do desrespeito à lei. De outro modo, conforme leciona Eduardo
Moreira Lima Rodrigues de Castro (CASTRO; LUSTOZA; GOUVÊA, 2019, p. 36), é possível dizer
que a hipótese de incidência deve estar associada uma conduta lícita (aspecto material da regra
matriz de incidência) que, ao ser praticada pelo sujeito, conceberá a obrigação de pagar o
tributo. Contudo, no plano dos fatos, como assevera o mencionado autor, “a situação prevista
em lei pode decorrer de uma atividade ilícita” (CASTRO; LUSTOZA; GOUVÊA, 2019, p. 36).
Em face da definição do art. 3º do CTN tratada neste tópico, merece destaque a observação
feita por Hugo de Brito Machado Segundo (2017) ao abordar a tributação ante as atividades
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O entendimento do autor se coaduna ao posicionamento do Supremo Tribunal Federal (STF),
consagrado em diversos precedentes:
A jurisprudência da Corte, à luz do art. 118 do Código Tributário Nacional,
assentou entendimento de ser possível a tributação de renda obtida em razão de
atividade ilícita, visto que a definição legal do fato gerador é interpretada com
abstração da validade jurídica do ato efetivamente praticado, bem como da
natureza do seu objeto ou dos seus efeitos. Princípio do non olet. Vide o HC nº
77.530/RS, Primeira Turma, Relator o Ministro Sepúlveda Pertence, DJ de 18/9/98.
(HC 94240, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, Primeira Turma, julgado em
23/08/2011, DJe-196 DIVULG 11-10-2011 PUBLIC 13-10-2011 EMENT VOL-02606-
01 PP-00026 RT v. 101, n. 917, 2012, p. 584-597)
(vide tópico de jurisprudência deste capítulo)
Como já afirmado, a multa fiscal é aplicada por resposta ao descumprimento da lei fiscal e,
por se tratar de via de repressão do Estado, não constitui o caminho ordinário de arrecadação.
A multa fiscal – que representa uma tutela inibitória da atuação contra legem, uma resposta ao
agente violador da ordem – trata-se de receita pública que apenas se soma às demais receitas
derivadas, como o tributo, esse que, de fato, é a principal fonte de arrecadação do Estado.
De outro lado, mais um instituto se avizinha aos anteriores – a multa e o tributo: o preço
público.
econômica, por mero cumprimento de pacto contratual. Diversamente o instituto ora apreciado,
o tributo não representa uma remuneração contratual, isto é, não é prestação associada a um
tributo. Sobre dessa diferenciação entre tributo e preço público, já se posicionou o Supremo
Tribunal Federal, pois foi levada à Corte a discussão quanto à natureza do pedágio. Nos autos
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da ADI 8004, o Tribunal, por unanimidade e nos termos do voto do Relator MIN. TEORI
ZAVASCKI, julgou improcedente a ação direta. No seu voto, o ministro Relator pontuou:
[...] Já os que sustentam tratar-se de preço público, com natureza contratual, o fazem com
base nas seguintes considerações: (a) a inclusão no texto constitucional apenas esclarece
que, apesar de não incidir tributo sobre o tráfego de pessoas ou bens, pode,
excepcionalmente, ser cobrado o pedágio, espécie jurídica diferenciada; (b) não existir
compulsoriedade na utilização de rodovias; e (c) a cobrança se dá em virtude da utilização
efetiva do serviço, não sendo devida com base no seu oferecimento potencial (Ricardo
Lobo Torres. Tratado de direito constitucional tributário. 3. ed. Rio de Janeiro: Renovar,
2005, p. 486. Igualmente: Sacha Calmon Navarro Coêlho. Comentários à Constituição de
1988: sistema tributário. 9. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2005, p. 308-309).
A discussão doutrinária a respeito do tema foi, de alguma forma, contaminada pela figura
do denominado “selo-pedágio”, prevista na Lei 7.712/88, que a 2ª Turma do Supremo
Tribunal Federal, com toda a razão, considerou tratar-se de taxa (RE 181475/RS, 2ª Turma,
rel. Min. Carlos Velloso, j. 04/05/1999, DJ de 25/06/1999).
[...]
Tratava-se, portanto, de uma exação compulsória a todos os usuários de rodovias federais,
por meio de um pagamento renovável mensalmente (art. 3º do Decreto 97.532/89),
independentemente da frequência de uso das rodovias. Era cobrada antecipadamente,
como contrapartida a um serviço específico ou divisível, prestado ao contribuinte ou posto
à sua disposição. Há, como se percebe, profundas diferenças entre o “selo-pedágio”,
previsto na Lei de 1988, e o pedágio, tal como hoje está disciplinado. Esse último somente
é cobrado se, quando e cada vez que houver efetivo uso da rodovia, o que não ocorria
com o “selo-pedágio”, que era exigido em valor fixo, independentemente do número de
vezes que o contribuinte fazia uso das estradas durante o mês. Essas profundas diferenças
entre um e outro indicam, sem dúvida, que a decisão da 2ª Turma do STF no RE 181475
(tratando de “selopedágio”) não pode servir de paradigma na definição da natureza jurídica
do pedágio.
[...]
Na verdade, o enquadramento do pedágio como espécie tributária (taxa) ou não (preço
público) independe de sua localização topológica no texto constitucional, mas sim do
preenchimento ou não dos requisitos previstos no art. 3º do Código Tributário Nacional,
que delimita o conceito de tributo
[...]
E, a despeito dos debates na doutrina e na jurisprudência, é irrelevante também, para a
definição da natureza jurídica do pedágio, a existência ou não de via alternativa gratuita
para o usuário trafegar. Essa condição não está estabelecida na Constituição. É certo que
a cobrança de pedágio pode importar, indiretamente, em forma de limitar o tráfego de
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ADI 800, Relator(a): Min. TEORI ZAVASCKI, Tribunal Pleno, julgado em 11/06/2014, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-125 DIVULG
27-06-2014 PUBLIC 01-07-2014. Link: http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=6274991
13
pessoas. Todavia, essa mesma restrição, e em grau ainda mais severo, se verifica quando,
por insuficiência de recursos, o Estado não constrói rodovias ou não conserva
adequadamente as que existem. Consciente dessa realidade, a Constituição Federal
autorizou a cobrança de pedágio em rodovias conservadas pelo Poder Público, inobstante
a limitação de tráfego que tal cobrança possa eventualmente acarretar. Assim, a
contrapartida de oferecimento de via alternativa gratuita como condição para a cobrança
de pedágio não é uma exigência constitucional. Ela, ademais, não está sequer prevista em
lei ordinária. A Lei 8.987/95, que regulamenta a concessão e permissão de serviços
públicos, nunca impôs tal exigência. Pelo contrário, nos termos do seu art. 9º, § 1º (alterado
pela Lei 9.648/98), “a tarifa não será subordinada à legislação específica anterior e somente
nos casos expressamente previstos em lei, sua cobrança poderá ser condicionada à
existência de serviço público alternativo e gratuito para o usuário”.
[...]
Segundo a jurisprudência firmada nessa Corte, o elemento nuclear para identificar e
distinguir taxa e preço público é o da compulsoriedade, presente na primeira e ausente
na segunda espécie, como faz certo, aliás, a Súmula 545: “Preços de serviços públicos e
taxas não se confundem, porque estas, diferentemente daqueles, são compulsórias e têm
sua cobrança condicionada à prévia autorização orçamentária, em relação à lei que as
instituiu”
[...]
Em suma, no atual estágio normativo constitucional, o pedágio cobrado pela efetiva
utilização de rodovias não tem natureza tributária, mas sim de preço público, não estando,
consequentemente, sujeita ao princípio da legalidade estrita.
A origem do tributo é apenas uma: a lei. Trata-se da única via que legitima o Poder de
Tributar e a Competência Tributária. É a lei a fonte principal do Direito Tributário, sendo ela o
nascedouro dos direitos, deveres e todas as garantias dos sujeitos (passivo e ativo) da relação
jurídico tributária.
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ponto, destaca o autor: “tal ideia, no direito norte-americano, é manifestada no brocardo “no
taxation without representation” (não haverá cobrança de tributos sem representação)”.
A cobrança, por se tratar de ato administrativo vinculado a ser praticado pela autoridade,
não está associado a elementos subjetivos, como conveniência e oportunidade. Tal característica
reflete para o Estado como uma atividade obrigatória e, mais do que isso, que deve atender, a
todos os requisitos previstos em lei. É admissível dizer, portanto, que a atividade de cobrança
não possui qualquer traço da discricionariedade, já que afasta por completo a possibilidade de
permitir ao agente público (a autoridade) fundamentar-se na impressão subjetiva, eivada de
(2014):
A plena vinculação a que se refere o art. 3º tem, ainda, outra implicação. Ocorrido o fato
gerador da obrigação tributária, a autoridade administrativa tem o dever de apurá-lo, de
constituir o crédito tributário, através do lançamento, e de exigir o cumprimento da
obrigação pelo contribuinte. (...) Além disso, a plena vinculação significa que a autoridade
está adstrita ao fiel cumprimento da legislação tributária, incluindo todos os atos
regulamentares, como instruções normativas e portarias.
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Havendo dúvida sobre a exatidão dos elementos em que se baseou o lançamento, a exigência não
pode prosperar, por força do disposto no art. 112 do CTN. O imposto, por definição (CTN. art. 3º),
não pode ser usado como sanção. Recurso provido. Número do Processo: 10305.002295/96-11.
Contribuinte: ALBER CONSULTORIA LTDA. Tipo do Recurso: RECURSO VOLUNTARIO. Data da Sessão:
13/04/1999. Relator(a): Maria Ilca Castro Lemos Diniz. Nº Acórdão. 107-05597.
Ao ingressar neste tópico, faz-se necessário destacar: a essência dos tributos não é definida
pelo apelido (ou nome) conferido pelo legislador nem tão pouco pela destinação do seu produto
definida pela lei. Decerto, os rótulos não marcam a natureza do tributo, tanto assim o é que o
próprio legislador, no art. 4º do CTN, revelou.
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De acordo com o art. 4º do CTN, a natureza jurídica específica do tributo é determinada pelo
fato gerador da respectiva obrigação, sendo irrelevantes para qualificá-la: (I) a denominação
e demais características formais adotadas pela lei; (II) a destinação legal do produto da sua
arrecadação.5
tributos tão somente os impostos, as taxas e as contribuições de melhoria (art. 5º, CTN). Em
face do limitado rol definido pela teoria, a distinção entre as três espécies era facilmente
identificada pelo fato gerador, motivo pelo qual o teor do art. 4º do CTN deu destaque a tal
elemento. Dissertando sobre o assunto, Hugo de Brito Machado Segundo (2017) explica que,
por exemplo, “caso a lei institua tributo, e o batize de taxa, será preciso verificar-lhe o fato
gerador, e a base de cálculo, a fim de que se determine se realmente é de uma taxa que se
trata” e, diante desse caso hipotético, ainda afirma o autor: “se não for, será preciso verificar se
foram atendidos os requisitos para a instituição da espécie tributária diversa, que sob o rótulo
de taxa fora instituída”. Neste ponto, Segundo (2017) anuncia o quão é essencial a análise
Acerca da destinação do produto arrecadado, Segundo (2017) destaca que o teor do inciso
II do art. 4º do CTN somente se restringe aos impostos, às taxas e às contribuições de melhoria.
Tal fato se explica pelo texto da constituição, já que o constituinte optou por tornar um
diferencial das contribuições e dos empréstimos compulsórios a destinação legal do produto da
arrecadação, conforme se depreende da leitura dos arts. 148, 149, 177 e 195 da CF/88. Apesar
desse detalhe, anuncia o citado autor que ainda há outros requisitos de observação necessária
5
Vide questão 03 e 07 do material
17
para a efetiva caracterização dos tributos daquelas espécies. Sobre essa observação, aliás, o
autor destaca (SEGUNDO, 2017):
Não será o simples fato de ter seus recursos destinados a uma atividade social,
ou interventiva, por exemplo, que fará do tributo uma “contribuição”, sendo
necessário que seja exigido de um grupo específico, que pelo menos
indiretamente esteja relacionado com a atividade custeada pela contribuição etc.
Colocando-se à frente do teor do inciso II do art. 4º do CTN, ainda que se caminhe na linha
tênue entre o Direito Tributário e o Direito Financeiro, importa trazer algumas notas importantes
para o estudo da matéria tributária: as breves considerações sobre o ingresso público.
Ingresso público é aquilo que é planejado para agregar o patrimônio público, os cofres
públicos. Conforme indica a doutrina, o ingresso público se divide em duas famílias: ingresso
público permanente e ingresso público temporário.
No que diz respeito ao tributo, em regra, ele se classifica como ingresso público permanente
(conhecido como receitas públicas) e, excepcionalmente, como ingresso público temporário
(ou mero fluxo de caixa), assim então considerado quando deve ser restituído ao contribuinte.
No que diz respeito à regularidade ou relativa periodicidade, Kiyoshi Harada (2017) relata
em sua obra que, para alguns autores, as receitas públicas podem ser classificadas em
extraordinárias e ordinárias. Conforme o citado autor, as extraordinárias “são aquelas auferidas
empréstimo compulsório, tributo de competência da União que pode ser instituído diante do
surgimento de despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de guerra externa
ou sua iminência, nos termos do art. 148, II, da CF. Neste ponto, destaca Harada (2017): “esses
impostos não servem como fontes perenes de receitas, pois, por terem caráter de contingente,
devem ser, gradativamente, suprimidos assim que cessadas as causas de sua criação”.
De outro lado, coloca-se as receitas ordinárias, assim conhecidas aquelas “que ingressam
com regularidade, por meio do normal desenvolvimento da atividade financeira do Estado”
(HARADA, 2017). Diferentemente das primeiras, as receitas ordinárias tem como característica
18
principal a regularidade e a permanência, e constituem as receitas destinadas ao provimento da
atividade comum (rotineira) do Estado, essas associadas às despesas públicas.
Quanto à origem, Kiyoshi Harada (2017) pontua que a receita pode ser classificada em
originária, quando é concebida diante da exploração da atividade econômica pelo Estado e
Ante a classificação acima, importa destacar que a primeira receita definida (a originária)
surge em relações de acordo, ou quando o Estado se põe diante de relação contraprestacional,
por contrato. Como bem define Harada (2017), as receitas originárias advêm da atividade estatal
outra face, receita derivada é aquela que nasce na expressão do poder de império, da
supremacia do interesse público sobre o privado, seja quando expressa o poder de punir, seja
quando expressa o poder de tributar. Trata-se esse tipo também como um ingresso definitivo,
sendo, portanto, considerado como receita. Neste grupo, estão as multas e os tributos (neste
grupo, apenas quatro das cinco espécies de tributos). Aliás, neste ponto, merece destaque o
pecuniárias, sejam aquelas aplicadas por autoridades administrativas (pela lei nº 4.320/64,
considera-se “outras receitas correntes”), sejam as determinadas no âmbito do Poder Judiciário.
Temporários Empréstimos
compulsórios - por via empréstimo
empréstimos compulsório -
compulsórios natureza de tributo
Segundo Leandro Paulsen (2014), os tributos constituem a principal receita do Estado e são
reconhecidos como receita (a) derivada porque representam a fração oriunda do patrimônio
privado e (b) compulsória, uma vez que tem sua arrecadação fundamentada na lei e não
depende da expressão da vontade do sujeito passivo (contribuinte) para a legitimação do direito
ao crédito de titularidade do Estado.
Por sua natureza, o tributo é instrumento de arrecadação, sendo essa a sua face que mais
se destaca: a geração de recursos para o Estado (eis a conhecida função fiscal). Os tributos
que se limitam a essa função são conhecidos como tributos fiscais, porque constituem meras
Por outro lado, como ressalta Leandro Paulsen (2014), em alguns casos os tributos
extrapolam o papel de arrecadar, alcançando outros aspectos externos que, então pretendidos
celebrando, assim, uma função extra, além daquela tradicional (a arrecadatória): a função
20
extrafiscal. Em face desse caráter diferenciado, é possível atribuir à cobrança impacto sobre o
comportamento dos contribuintes que, por consequência, provocam repercussões no âmbito da
economia, no mercado financeiro e outras áreas. A título de exemplo de tributos com essa
característica, tem-se o Imposto sobre Importação (II) e o Imposto sobre Exportação (IE), esses
que, por previsão constitucional, podem ter suas alíquotas modificadas por ato do Poder
executivo (decreto), assim como o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e o Imposto sobre
Leandro Paulsen (2014), em sua obra, elenca algumas situações nas quais é marcante a
função extrafiscal dos tributos apresentada no texto da Constituição Federal. A seguir, segue a
Função Extrafiscal 6
Previsão legal
6
Questão 04
21
Na determinação de tratamento diferenciado e favorecido
art. 146, III, d, CF/88
às microempresas e às empresas de pequeno porte
Nas exceções às anterioridades de exercício e/ou
nonagesimal mínima e nas atenuações à legalidade
relativamente a impostos capazes de atuar como
reguladores da produção de bens (IPI), do comércio art. 151, I, CF/88
internacional (II e IE) e da demanda monetária (IOF),
atribuindo-se ao Executivo prerrogativas para a ágil
alteração da legislação respectiva
Por fim, porém não menos importante, destaca-se a terceira função: a função parafiscal. Os
tributos com esta função têm como fim o custeio do Estado paralelo, composto por entes que
prestam atividade destinada à população, atendendo aos interesses coletivos. Nos dizeres de
Harada (2017):
A doutrina aponta uma série de teorias que explicam a existência das espécies de tributos.
Na literatura, encontram-se as teorias bipartida, tripartida, tetrapartida e, finalmente, a
pentapartida. O nome atribuído a cada teoria, como se verá nos tópicos a seguir, revela o
número de tributos reconhecidos por cada autor, considerando os critérios próprios, dotados
22
Dualista ou Bipartida os tributos dividem-se em: impostos e taxas
Tripartida ou Tricotômica os tributos dividem-se em: impostos, taxas e
contribuição de melhoria. Adotada pelo CTN.
Quadripartida ou Tetrapartida impostos, taxas, contribuições e
empréstimos compulsórios
Pentapartidaou Quinquipartida impostos, taxas, contribuições de melhoria,
contribuições especiais e empréstimos
compulsórios. Adotada pela CRFB e pelo STF.
Segundo Alfredo Augusto Becker (FALCÃO; GUERRA; ALMEIDA, 2015), existem apenas duas
os impostos estão associados a um qualquer fato (lícito), desde que dissociado daquele
reservado às taxas. Se coadunando a essa teoria, o autor Geraldo Ataliba refere que as duas
espécies, então reconhecidas pela teoria dualista ou bipartida, dividem-se entre as vinculadas,
(quando associadas a uma prestação estatal) e as não vinculadas, sendo, portanto, as taxas as
7
Para alguns autores, o teor do art. 4º do CTN lastreia essa corrente de pensamento (texto do caput do artigo: “a natureza jurídica
específica do tributo é determinada pelo fato gerador da respectiva obrigação, sendo irrelevantes para qualificá-la (...)”
23
Teoria
Bipartida ou
Dualista
Impostos Taxas
Diante do teor dos arts. 145, 148, 148 e 149-A, a constituição de 1988 prevê cinco espécies
de tributos. Apesar de constante no texto constitucional, entende-se que a divisão atual das
espécies de tributos se trata de uma inovação, pois, ao longo da história, promoveu-se uma
mudança significativa no arranjo do sistema tributário.
A teoria dualista, tema deste tópico, abre a discussão acerca da destinação da receita dos
impostos, os fins atribuídos aos valores auferidos na atividade arrecadatória do estado. Diante
da observação de despesas que não são atribuídas às políticas públicas, essas cujo destinatário
não se trata de toda a sociedade, mas de parte dela, nasce a taxa, espécie de tributo cuja
função é o custeio de atividades públicas que favorecem grupos específicos da população,
sujeitos destinatários de serviços que somente lhes beneficiam. Seja a taxa de serviço seja a
taxa de polícia, sempre há o fim da retribuição ao erário pela oferta desses que atingem apenas
a alguns. Ante a natureza dessa espécie, as taxas surgem como uma resposta ao questionamento
acerca da destinação de verbas públicas e constituem tributos associados à retributividade,
delimitado serviço ou atividade prestada pelo poder público que, por sua vez, guarda as
seguintes características: é um serviço divisível, uti singuli ou singularizável.
O fato que tipifica, que autoriza a cobrança de taxa é a própria atividade pelo poder público
destinada a um grupo de pessoas. Contrapondo-se a essa espécie, o imposto, que se trata do
outro tributo reconhecido pela Teoria Dualista, não tem caráter contraprestacional,
diferentemente da taxa, que constitui retribuição por algo que foi ofertado pelo Estado. Aqui,
toma-se destaque pelas diferenças: a taxa é retributiva, o imposto é contributivo. Sobre o
24
O produto da taxa visa a custear a atividade estatal, não podendo ter destinação
desvinculada da mesma. Sendo as taxas cobradas em razão de um serviço ou do
exercício do poder de polícia, está clara a intenção do Constituinte no sentido de
que tal implique o custeio de tais atividades estatais. As taxas, diferentemente dos
impostos, são tributos com finalidade específica a determinar o destino do seu
produto. Não se lhes aplica o art. 167, IV, da CF; pelo contrário, a destinação ao
custeio da atividade que lhe enseja a cobrança é essencial, podendo estar
explicitamente determinada na lei instituidora. Ainda que não haja a vinculação
expressa do produto da arrecadação, será ela presumida. O que não se pode
admitir, pois revelaria a extrapolação da norma constitucional de competência, é
a determinação legal de aplicação em outra atividade ou em benefício de terceiros.
Nas taxas, portanto, há dupla vinculação: o fato gerador é vinculado à atividade
estatal e, também, necessariamente, o produto da arrecadação terá de ser
vinculado à atividade que justifica a instituição do tributo. O STF, aliás, já
decidiu que “a vinculação das taxas judiciárias e dos emolumentos a entidades
privadas ou mesmo a serviços públicos diversos daqueles a que tais recursos se
destinam subverte a finalidade institucional do tributo”.
Por fim, é preciso destacar que as taxas, em razão do seu fato gerador e do seu
cunho sinalagmático, não se prestam ao cumprimento de funções extrafiscais.
[grifo nosso]
Segundo o teor do art. 77 do CTN, “as taxas cobradas pela União, pelos Estados, pelo Distrito
Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, têm como fato gerador
o exercício regular do poder de polícia, ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço público
parágrafo único do citado dispositivo, “a taxa não pode ter base de cálculo ou fato gerador
idênticos aos que correspondam a imposto nem ser calculada em função do capital das
empresas”. 8
8
Questão 10
25
Seguindo o teor do art, 78 do Código Tributário Nacional (CTN), trata-se de poder de
nos limites da lei aplicável, com observância do processo legal e, tratando-se de atividade que
a lei tenha como discricionária, sem abuso ou desvio de poder”.
26
A outra espécie elencada neste tópico, qual seja, o imposto, tem a capacidade econômica
como o lastro condutor da sua regulação e, por isso, sempre que possível, os impostos terão
Como decorrência de o imposto ter por fato gerador uma riqueza do contribuinte,
o montante devido terá de ser dimensionado, necessariamente, com referência a
tais riquezas. Assim é que, tributada a propriedade, a base de cálculo é o seu valor
venal; tributada a circulação de mercadorias, o valor da operação.
Ainda, importa expor que, havendo viabilidade, a pessoalidade é obrigatória, tendo em vista
a efetivação do princípio da isonomia.
Decerto, como se sabe, ante a relação entre o Estado e o contribuinte, valores constitucionais
deverão ser estritamente observados, sem que seja olvidado um dos bens mais preciosos
registrado na Constituição Cidadã: a dignidade da pessoa humana. No exercício da exação dos
impostos, as riquezas reveladas pelo sujeito (contribuinte) constituirão o critério essencial para
a definição da possibilidade, da capacidade de contribuir (teoria do sacrifício).
Victor Saldanha Priebe (2016), considerando os ensinamentos de José Maurício Conti, revela:
Adiante, e partindo para o conceito de capacidade contributiva, este é
entendido como o princípio que define a tributação ao cidadão “de acordo
com a sua capacidade contributiva, ou seja, segundo a sua capacidade de
realizar a contribuição. Desta forma, cada contribuinte arca com um ônus
tributário mais elevado quanto maior for a sua capacidade de suportar este
ônus” (CONTI, 1997, p.29).
Nesta esteira apareceram ao longo do tempo “diversas correntes
entendem que o princípio da capacidade contributiva traz implícito o
conceito de igualdade de sacrifício; a adoção do princípio da capacidade
27
contributiva implica uma tributação que imponha aos contribuintes um
igual sacrifício” (CONTI, 1997, p. 31).
[...] pela teoria do sacrifício, pode se dizer que “o objetivo final da
tributação é a igualdade de sacrifício entre os contribuintes” (CONTI,
1997, p. 81), sendo através disto que se deu início a um
“(...)desenvolvimento e aperfeiçoamento dos estudos sobre a tributação
segundo a capacidade contributiva. A fim de que os indivíduos fossem
tributados segundo sua capacidade contributiva, havia a necessidade de se
determinar como se poderia exercer o poder de tributar de modo a fazer
com que se respeitasse a capacidade econômica dos contribuintes” (CONTI,
1997, p. 81). [grifo nosso]
Os impostos são, por definição legal do art. 16 do CTN, tributo cuja obrigação tem por fato
gerador uma situação independente de qualquer atividade estatal específica, relativa ao
(...) são as normas de competência dos artigos 153, 155 e 156, que indicam bases
econômicas relacionadas exclusivamente aos contribuintes, como a aquisição de
renda, a circulação de mercadorias, a propriedade predial e territorial urbana. Os
fatos geradores de impostos, portanto, serão situações relacionadas ao
contribuinte, e não ao Estado (...)
Dito isso, vê-se que os impostos se tratam de tributos não vinculados que incidem sobre as
De outro lado, os impostos são tributos cujo produto não pode ser previamente
afetado a determinado órgão, fundo ou despesa, nos termos do art. 167, IV, da
CF, salvo as exceções expressas na própria Constituição, como a necessária
aplicação de percentuais em atividades voltadas aos serviços de saúde e à
educação e a possibilidade de afetação à administração tributária. RICARDO LOBO
TORRES refere tal proibição como “princípio da não afetação”. A destinação dos
9
Questão 08
28
impostos será feita não por critérios estabelecidos pela lei instituidora do tributo,
mas conforme determinar a lei orçamentária anual. [grifo nosso]
Quanto aos predicados dos impostos, considerando o que já foi até aqui explicitado, é
fins genéricos do Estado; (2) para que o ente federativo possa cobrar, não há uma
contraprestação destinada ao contribuinte sujeito passivo, assim, basta a ocorrência do fato
16 do CTN). De acordo com Bruna Estima Borba (2017, p. 30), “o pagamento do IRPF, por
exemplo, não está relacionado, ligado, vinculado ou condicionado a benefícios específicos
públicos, seja na área da saúde, educação ou transporte; (3) a receita auferida na exação do
imposto não possui vinculação. Conforme predetermina a Constituição Federal, não há uma
distributiva das receitas. Contudo, ressalta-se que é, na verdade, uma liberdade condicionada,
relativa, porque há limites estipulados no orçamento.
A Constituição Federal não cria tributos, apenas atribui competência para que os entes
políticos o façam. Quanto à competência para a instituição dos impostos, vê-se no texto da
Constituição Federal de 1988, de forma enumerada, a delimitação para cada ente, de forma
privativa.
29
Conforme determina o art. 147 da Constituição Federal, competem à União, em Território
Logo de início, entende-se que os impostos previstos na CF são taxativos, contudo, está
consagrado na Constituição Cidadã que a União possui a competência tributária residual para
a instituição de impostos (art. 154, I, da CF), a qual depende de lei complementar. Conforme
desenhou o constituinte, além da competência residual, à União se atribuiu a competência
extraordinária, essa reservada à criação impostos extraordinários em caso guerra externa ou
30
Município e Distrito Federal Estado e o Distrito Federal
União (arts. 153, CF)
(art. 156 e 147, CF) (arts. 155 e 147, CF)
•IPTU - propriedade predial e •ITCMD - transmissão causa •II - Importação de produtos
territorial urbana; mortis e doação, de quaisquer estrangeiros (extrafiscal)
•ITBI - transmissão "inter bens ou direitos; •IE - exportação, para o
vivos", a qualquer título, por •ICMS - operações relativas à exterior, de produtos
ato oneroso, de bens imóveis, circulação de mercadorias e nacionais ou nacionalizados
por natureza ou acessão física, sobre prestações de serviços (extrafiscal);
e de direitos reais sobre de transporte interestadual e •IR - renda e proventos de
imóveis, exceto os de intermunicipal e de qualquer natureza (fiscal);
garantia, bem como cessão de comunicação, ainda que as •IPI - produtos industrializados
direitos a sua aquisição; operações e as prestações se (extrafiscal);
•ISS - serviços de qualquer iniciem no exterior;
•IOF - operações de crédito,
natureza (não compreendidos •IPVA - propriedade de câmbio e seguro, ou relativas
no art. 155, II, definidos em lei veículos automotores. a títulos ou valores mobiliários
complementar) (extrafiscal);
•ITR - propriedade territorial
rural (fiscal);
•IGF - grandes fortunas (nos
termos de lei complementar)
(fiscal)
31
IMPOSTOS DA UNIÃO (ARTS. 153 E 154, CF)
II - importação de produtos É facultado ao Poder Executivo, atendidas as condições e os limites estabelecidos em lei, alterar as alíquotas dos impostos
estrangeiros
IE - exportação (para o exterior, É facultado ao Poder Executivo, atendidas as condições e os limites estabelecidos em lei, alterar as alíquotas dos impostos
de produtos nacionais ou
nacionalizados)
IR - renda e proventos de será informado pelos critérios da generalidade, da universalidade e da progressividade, na forma da lei
qualquer natureza
É facultado ao Poder Executivo, I - será seletivo, em função da essencialidade do produto;
atendidas as condições e os II - será não-cumulativo, compensando-se o que for devido em cada operação com o
limites estabelecidos em lei, montante cobrado nas anteriores;
IPI - produtos industrializados
alterar as alíquotas dos impostos III - não incidirá sobre produtos industrializados destinados ao exterior.
IV - terá reduzido seu impacto sobre a aquisição de bens de capital pelo contribuinte do
imposto, na forma da lei.
É facultado ao Poder Executivo, O ouro, quando definido em lei como ativo financeiro ou instrumento cambial, sujeita-se
atendidas as condições e os exclusivamente à incidência do imposto de que trata o inciso V do "caput" deste artigo,
IOF - operações de crédito,
limites estabelecidos em lei, devido na operação de origem; a alíquota mínima será de um por cento, assegurada a
câmbio e seguro, ou relativas a
alterar as alíquotas dos impostos transferência do montante da arrecadação nos seguintes termos:
títulos ou valores mobiliários
I - trinta por cento para o Estado, o Distrito Federal ou o Território, conforme a origem;
II - setenta por cento para o Município de origem.
I - será progressivo e terá suas alíquotas fixadas de forma a desestimular a manutenção de propriedades improdutivas;
II - não incidirá sobre pequenas glebas rurais, definidas em lei, quando as explore o proprietário que não possua outro imóvel;
ITR - propriedade territorial rural
III - será fiscalizado e cobrado pelos Municípios que assim optarem, na forma da lei, desde que não implique redução do
imposto ou qualquer outra forma de renúncia fiscal.
IGF - grandes fortunas (nos
termos de lei complementar)
32
IEG – imposto extraordinário de na iminência ou no caso de guerra externa, impostos extraordinários, compreendidos ou não em sua competência tributária, os
guerra quais serão suprimidos, gradativamente, cessadas as causas de sua criação.
mediante lei complementar, impostos não previstos no artigo 153 da CF, desde que sejam não-cumulativos e não tenham fato
Competência residual
gerador ou base de cálculo próprios dos discriminados nesta Constituição;
I - relativamente a bens imóveis e respectivos direitos, compete ao Estado da situação do bem, ou ao Distrito Federal
II - relativamente a bens móveis, títulos e créditos, compete ao Estado onde se processar o inventário ou arrolamento, ou tiver
ITCMD - transmissão causa mortis
domicílio o doador, ou ao Distrito Federal;
e doação, de quaisquer bens ou
III - terá competência para sua instituição regulada por lei complementar:
direitos;
a) se o doador tiver domicilio ou residência no exterior;
b) se o de cujus possuía bens, era residente ou domiciliado ou teve o seu inventário processado no exterior;
IV - terá suas alíquotas máximas fixadas pelo Senado Federal;
I - será não-cumulativo, compensando-se o que for devido em cada operação
relativa à circulação de mercadorias ou prestação de serviços com o montante
cobrado nas anteriores pelo mesmo ou outro Estado ou pelo Distrito Federal;
ICMS - operações relativas à
II - a isenção ou não-incidência, salvo determinação em contrário da legislação:
circulação de mercadorias e sobre
a) não implicará crédito para compensação com o montante devido nas
prestações de serviços de
operações ou prestações seguintes;
transporte interestadual e
b) acarretará a anulação do crédito relativo às operações anteriores;
intermunicipal e de comunicação,
III - poderá ser seletivo, em função da essencialidade das mercadorias e dos
ainda que as operações e as
serviços;
prestações se iniciem no
IV - resolução do Senado Federal, de iniciativa do Presidente da República ou
exterior;
de um terço dos Senadores, aprovada pela maioria absoluta de seus membros,
estabelecerá as alíquotas aplicáveis às operações e prestações, interestaduais e
de exportação;
V - é facultado ao Senado Federal:
33
a) estabelecer alíquotas mínimas nas operações internas, mediante resolução de
iniciativa de um terço e aprovada pela maioria absoluta de seus membros;
b) fixar alíquotas máximas nas mesmas operações para resolver conflito
específico que envolva interesse de Estados, mediante resolução de iniciativa da
maioria absoluta e aprovada por dois terços de seus membros;
VI - salvo deliberação em contrário dos Estados e do Distrito Federal, nos
termos do disposto no inciso XII, "g", as alíquotas internas, nas operações
relativas à circulação de mercadorias e nas prestações de serviços, não poderão
ser inferiores às previstas para as operações interestaduais;
VII - nas operações e prestações que destinem bens e serviços a consumidor
final, contribuinte ou não do imposto, localizado em outro Estado, adotar-se-á
a alíquota interestadual e caberá ao Estado de localização do destinatário o
imposto correspondente à diferença entre a alíquota interna do Estado
destinatário e a alíquota interestadual;
VIII - a responsabilidade pelo recolhimento do imposto correspondente à
diferença entre a alíquota interna e a interestadual de que trata o inciso VII
será atribuída:
a) ao destinatário, quando este for contribuinte do imposto;
b) ao remetente, quando o destinatário não for contribuinte do imposto;
IX - incidirá também:
a) sobre a entrada de bem ou mercadoria importados do exterior por pessoa
física ou jurídica, ainda que não seja contribuinte habitual do imposto, qualquer
que seja a sua finalidade, assim como sobre o serviço prestado no exterior,
cabendo o imposto ao Estado onde estiver situado o domicílio ou o
estabelecimento do destinatário da mercadoria, bem ou serviço;
b) sobre o valor total da operação, quando mercadorias forem fornecidas com
serviços não compreendidos na competência tributária dos Municípios;
X - não incidirá:
34
a) sobre operações que destinem mercadorias para o exterior, nem sobre
serviços prestados a destinatários no exterior, assegurada a manutenção e o
aproveitamento do montante do imposto cobrado nas operações e prestações
anteriores;
b) sobre operações que destinem a outros Estados petróleo, inclusive
lubrificantes, combustíveis líquidos e gasosos dele derivados, e energia elétrica;
c) sobre o ouro, nas hipóteses definidas no art. 153, § 5º;
d) nas prestações de serviço de comunicação nas modalidades de radiodifusão
sonora e de sons e imagens de recepção livre e gratuita;
XI - não compreenderá, em sua base de cálculo, o montante do imposto sobre
produtos industrializados, quando a operação, realizada entre contribuintes e
relativa a produto destinado à industrialização ou à comercialização, configure
fato gerador dos dois impostos;
XII - cabe à lei complementar:
a) definir seus contribuintes;
b) dispor sobre substituição tributária;
c) disciplinar o regime de compensação do imposto;
d) fixar, para efeito de sua cobrança e definição do estabelecimento
responsável, o local das operações relativas à circulação de mercadorias e das
prestações de serviços;
e) excluir da incidência do imposto, nas exportações para o exterior, serviços e
outros produtos além dos mencionados no inciso X, "a" ICMS (combustíveis)
f) prever casos de manutenção de crédito, relativamente à remessa para outro § 4º Na hipótese do inciso XII, h , observar-
Estado e exportação para o exterior, de serviços e de mercadorias; se-á o seguinte:
g) regular a forma como, mediante deliberação dos Estados e do Distrito I - nas operações com os lubrificantes e
Federal, isenções, incentivos e benefícios fiscais serão concedidos e revogados. combustíveis derivados de petróleo, o
imposto caberá ao Estado onde ocorrer o
consumo;
35
h) definir os combustíveis e lubrificantes sobre os quais o imposto incidirá uma II - nas operações interestaduais, entre
única vez, qualquer que seja a sua finalidade, hipótese em que não se aplicará contribuintes, com gás natural e seus
o disposto no inciso X, b; derivados, e lubrificantes e combustíveis não
i) fixar a base de cálculo, de modo que o montante do imposto a integre, incluídos no inciso I deste parágrafo, o
também na importação do exterior de bem, mercadoria ou serviço. imposto será repartido entre os Estados de
origem e de destino, mantendo-se a mesma
proporcionalidade que ocorre nas operações
com as demais mercadorias;
III - nas operações interestaduais com gás
natural e seus derivados, e lubrificantes e
combustíveis não incluídos no inciso I deste
parágrafo, destinadas a não contribuinte, o
imposto caberá ao Estado de origem;
IV - as alíquotas do imposto serão definidas
mediante deliberação dos Estados e Distrito
Federal, nos termos do § 2º, XII, g ,
observando-se o seguinte:
a) serão uniformes em todo o território
nacional, podendo ser diferenciadas por
produto;
b) poderão ser específicas, por unidade de
medida adotada, ou ad valorem , incidindo
sobre o valor da operação ou sobre o
preço que o produto ou seu similar
alcançaria em uma venda em condições de
livre concorrência
36
c) poderão ser reduzidas e restabelecidas,
não se lhes aplicando o disposto no art. 150,
III, b (Princípio da anterioridade anual)
§ 5º As regras necessárias à aplicação do
disposto no § 4º, inclusive as relativas à
apuração e à destinação do imposto, serão
estabelecidas mediante deliberação dos
Estados e do Distrito Federal, nos termos do
§ 2º, XII, g .
IPVA - propriedade de veículos
I - terá alíquotas mínimas fixadas pelo Senado Federal;
automotores.
II - poderá ter alíquotas diferenciadas em função do tipo e utilização.
37
Abaixo, a divisão dos impostos segundo sua origem. Como já exposto antes, ordinários são
aqueles previstos nos incisos que delimitam as competências de cada ente federativo. Enquanto
os extraordinários são aqueles previstos em condições atípicas.
IPTU
MUNICÍPIO ITBI
ISS
IPVA
ESTADO ICMS
ORDINÁRIOS
ITCMD
II
IE
IMPOSTOS
IR
UNIÃO
IOF
ITR
IGF
EXTRAORDINÁRIOS EXTRAORDINÁRIO DE
UNIÃO
(art. 154, II, CF) GUERRA
RESIDUAIS
UNIÃO
(art. 154, I, CF)
38
Nos autos do julgamento da AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE 2.211-AM10, o Min.
GILMAR MENDES destacou que ao considerar no cálculo da taxa judiciária a base de cálculo
própria de imposto (CTN, arts. 33 e 38), a lei do estado do Amazonas contraria a norma prevista
no § 2º do art. 145 da CF/88, sendo, portanto, inconstitucional. Afirmou o então Ministro Relator
do caso: “no que diz respeito à utilização da base de cálculo própria de imposto como base de
cálculo de taxa judiciária, este Supremo Tribunal Federal já se manifestou pela impossibilidade
de tal pretensão. Nesse sentido, os seguintes precedentes: Rp 1.074, Rel. Min. Djaci Falcão,
Tribunal Pleno, DJ 7.12.1984; ADI-MC 1.889, Rel. Min. Nelson Jobim, Tribunal Pleno, DJ
14.11.2002”.
Opondo-se à Teoria dualista ou bipartida, Sacha Calmon elenca três distintas espécies de
tributos: os impostos, as taxas e as contribuições de melhoria. Eis a Teoria Tripartida.
Teoria
tripartida
Contribuições
Impostos Taxas
de melhoria
Para os adeptos da teoria em estudo, os impostos são aqueles tributos cuja exigência não
está associada (vinculada) a uma prestação estatal em benefício do contribuinte. Noutro lado,
10
Disponível em: http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=751060053
39
considera-se o tributo como taxa ou contribuição de melhoria quando a esse se atrela o direito
de crédito (a exação) à uma ação estatal promovida em prol do contribuinte, sendo a taxa
apesar de também estar vinculada a uma atuação estatal, reserva-se aos casos em que, ante a
realização de obra pública seja gerada uma valorização do imóvel do contribuinte (FALCÃO;
Para a teoria apreciada neste tópico, assim como a taxa, a contribuição de melhoria constitui
tributo contraprestacional (extremamente vinculado), pois tem seu fundamento na
Taxa
Contribuição de melhoria
por toda a sociedade igualmente, mas, especialmente, por aqueles a quem a obra aproveite”.
Dito isso, ante a descrição consagrada pela doutrina, é possível considerar que essa contribuição
de melhoria cria óbice ao enriquecimento sem causa, já que uma das condições para a exação
é a existência da valorização de imóvel do próprio sujeito passivo da relação jurídica que passa
a existir.
No que diz respeito a essa terceira espécie então observada pela Teoria Tripartida, destaca-
40
III, da CF) das quais decorram a valorização imobiliária. Neste ponto, importa observar as
palavras de Leandro Paulsen (2014): “pressupondo tanto a atividade do Estado (realização de
Sob o entendimento do SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA (STJ), destaca-se que, como já dito
antes, o fato gerador do tributo é a valorização imobiliária decorrente da obra pública e,
constituição da prova que revele a efetiva valorização imobiliária decorrente de obra pública,
não cabe a cobrança da Contribuição de Melhoria, porque sequer poderá a valorização não ser
presumida11.
Como se aponta na lei e na doutrina, não há uma alíquota a ser aplicada. A lei instituidora
da contribuição de melhoria define uma parcela do custo da obra que será rateada pelos imóveis
situados na zona beneficiada. Assim, como ressalta Paulsen (2014), o produto da arrecadação
Ante o exposto, encerra-se a teoria tripartite, na qual abarcam-se as três espécies acima
definidas (impostos, taxas e contribuições de melhoria) e foi fundamento para a construção
do art. 5º do CTN (“os tributos são impostos, taxas e contribuições de melhoria).
11
Disponível em:
https://ww2.stj.jus.br/processo/revista/documento/mediado/?componente=ITA&sequencial=1657194&num_registro=2017021019
28&data=20171219&formato=PDF
41
Segundo o art. 81 do CTN, na definição do valor a ser atribuído à contribuição de melhoria, o
sujeito ativo deverá encontrar dois tetos, ou limitações. Vejamos o teor do dispositivo: “a
contribuição de melhoria cobrada pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos
Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, é instituída para fazer face ao custo de
obras públicas de que decorra valorização imobiliária, tendo como limite total a despesa
realizada e como limite individual o acréscimo de valor que da obra resultar para cada
imóvel beneficiado”.
então reconhecidas como espécies independentes de tributo pela Teoria Pentapartite, à qual
se filia a doutrina dominante e o STF12 (RE 146.733-9/SP).
pensamento, defendida por Ricardo Lobo Torres, divide-se os tributos em: impostos, taxas,
contribuições e empréstimos compulsórios.
12
Disponível em: http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=AC&docID=210152
42
Teoria
Pentapartida
A dimensão final traz, portanto, tributos que incidem sobre riquezas reveladas e são
associados a sete fins específicos (arts. 148 e 149, CF). Observando as características das últimas
espécies estudadas, é possível esquematizar da seguinte forma, considerando, especificamente,
Guerra externa
Empréstimos
Fins emergenciais Calamidade pública
Compulsórios (art. 148, CF)
Relevante
interesse público
Empréstimo
compulsório
A União, mediante lei complementar, poderá instituir empréstimos
(art. 148, CF/88) compulsórios
O fato gerador será definido na lei que instituir o empréstimo e, como visto no texto do
art. 15, parágrafo único, do CTN, a lei fixará duas informações essenciais: (1) o prazo do
empréstimo e (2) as condições de seu resgate. Ou seja, os empréstimos compulsórios são
tributos restituíveis, aliás, o STF tem entendido que a restituição deve ser feita na mesma
espécie em que recolhido o tributo.
44
Reforçando o que foi dito sobre os empréstimos compulsórios, importa destacar o
ensinamento de Leandro Paulsen (2014):
Os empréstimos compulsórios são tributos cujo critério de validação constitucional
está na sua finalidade: gerar recursos para fazer frente a uma situação de
calamidade ou guerra externa ou para investimento nacional relevante e urgente,
conforme se extrai do art. 148 da CF.
O tipo de fato gerador não é especificado pelo texto constitucional, podendo ser
vinculado ou não vinculado. Assim, e.g., tanto o consumo de energia elétrica ou a
propriedade de aeronave ou embarcação, quanto o serviço de dedetização
obrigatória que vise minorar ou erradicar a propagação de epidemia podem ser
fatos geradores.
Mas o traço efetivamente peculiar e exclusivo dos empréstimos compulsórios é
a promessa de devolução, sem a qual não se caracteriza tal espécie tributária.
De outro lado, estão as contribuições especiais, que possuem outros quatro fins diferentes
daqueles atribuídos aos empréstimos compulsórios. Essa espécie de tributo possui receita
capacidade colaborativa e o ente federativo não é vinculado a uma contraprestação para ter o
direito de tributar (ausente, por isso, o caráter contraprestacional). Com relação ao destino das
receitas auferidas na exação, entre esses três tributos, diferencia-se os impostos das
45
contribuições especiais e empréstimos compulsórios, afinal, esses dois últimos possuem receita
afetada, diferentemente do primeiro (receita desafetada, segundo a ordem do art. 167, IV, CF).
Incidente em casos
Tributos de receita Ausência da
de revelação de
afetada contraprestação
riqueza
Empréstimos
Impostos Impostos
compulsórios
Contribuições Contribuições
especiais especiais
46
Neste ponto, toma destaque o ensinamento de Leandro Pausen (2014), especificamente
47
especial solidariedade por ele estabelecida como se aplicável fosse a outras
espécies ou subespécies das contribuições.
compulsórios são, por seus fins, tributos eventuais (não habituais) e, por isso, não se confundem
com as contribuições especiais, porque essas são não eventuais, consideradas habituais
Quanto aos fins, diz-se que as contribuições especiais se dividem em grupos. No primeiro,
essa espécie de tributo está associada à construção do Estado social através das políticas sociais
(lazer, educação, saúde, assistência, previdência, etc). Nesse grupo, colocam-se as contribuições
sociais. No segundo grupo, alocam-se as Contribuições de Intervenção no Domínio
Econômico (CIDE), caso no qual o Estado age controlando a livre iniciativa, em busca do
equilíbrio do mercado. Já o terceiro fim ou objetivo das contribuições especiais, que aparta
outro grupo, nasce pela necessidade de manutenção dos conselhos, as entidades de classe, que
contribuem com o controle e regulação do exercício da profissão (os conselhos profissionais
como, por exemplo: CRN, CRM, CRO). Por último, porém não menos importante, está a COSIP
(ou CIP) - contribuição para o custeio do serviço de iluminação pública – que, por sua própria
denominação já expõe o fim a que se propõe a exação: financiamento do serviço de iluminação
pública (veja a seguir o quadro resumo que traz o teor dos arts. 149 e 149-A de forma
esquematizada).
48
CONTRIBUIÇÕES ESPECIAIS13 (ARTS. 149 e 149-A, CF)
Compete Observado o disposto nos arts. 146, III (lei complementar para estabelecer
exclusivamente à União normas gerais em matéria de legislação tributária), e 150, I e III (princípio da
Instituir: legalidade e princípio da anterioridade anual e nonagesimal), e sem prejuízo
1. contribuições sociais; do previsto no art. 195, § 6º (§ 6º As contribuições sociais de que trata este artigo
2. de intervenção no domínio só poderão ser exigidas após decorridos noventa dias da data da publicação da
econômico (CIDE); e lei que as houver instituído ou modificado, não se lhes aplicando o disposto no
3. interesse das categorias art. 150, III, "b".)
profissionais ou econômicas
Contribuição de intervenção no I - não incidirão sobre as receitas decorrentes de exportação;
domínio econômico (CIDE) II - incidirão também sobre a importação de produtos estrangeiros ou serviços;
III - poderão ter alíquotas:
a) ad valorem, tendo por base o faturamento, a receita bruta ou o valor da
operação e, no caso de importação, o valor aduaneiro;
b) específica, tendo por base a unidade de medida adotada.
A pessoa natural destinatária das operações de importação poderá ser equiparada a pessoa jurídica, na forma da lei.
A lei definirá as hipóteses em que as contribuições incidirão uma única vez.
1. instituirão contribuição, cobrada de seus servidores, para o custeio, em benefício destes, do regime previdenciário
de que trata o art. 40 (regime próprio de previdência social dos servidores titulares de cargos efetivos), cuja alíquota
Os Estados, o Distrito não será inferior à da contribuição dos servidores titulares de cargos efetivos da União;
Federal e os Municípios 2. poderão instituir contribuição, na forma das respectivas leis, para o custeio do serviço de iluminação pública, observado
o disposto no art. 150, I e III (princípio da legalidade e princípio da anterioridade anual e nonagesimal) - sendo
facultada a cobrança dessa contribuição na fatura de consumo de energia elétrica.
13
Questão 6 e 12
49
1.6 Classificação dos tributos
A classificação atribuída pela doutrina foi assim constituída em face da forma de cobrança
dos tributos. A tributação indireta implica na repercussão tributária, fenômeno pelo qual o
impacto da tributação, o ônus, recai sobre o sujeito não envolvido diretamente na relação
jurídico tributária principal, pessoa à qual se apelida como contribuinte de fato, não sendo
essa, portanto, o contribuinte legal (de iure, de direito), aquele definido por lei como
responsável pelo recolhimento do tributo.
De outro lado, está o tributo direto, aquele cuja exação lança o ônus, o dever de adimplir
sobre o sujeito previsto na lei, o mesmo o que pratica o fato tipificado na lei, não havendo a
observância, portanto, da repercussão tributária, instituto próprio da tributação indireta,
presente, por exemplo, no IPI, ISS e ICMS.
Os tributos reais são aqueles cobrados ante a desconsideração dos aspectos subjetivos do
contribuinte, considerando somente a importância da res, da coisa. de outra forma, diz-se que
na exação de tributos reais, valora-se o elemento que traduz a riqueza, sem apreciar as
características pessoais do sujeito passivo. De outro lado, põe-se os tributos pessoais, esses
que, para a cobrança, a quantificação do crédito tributário, deve-se considerar os valores
Kiyoshi Harada (2017) afirma que os impostos pessoais são aqueles que consideram “as
qualidades individuais do contribuinte, sua capacidade contributiva para a dosagem do aspecto
50
quantitativo do tributo”. De outro lado, são os impostos reais (ou de natureza real) aqueles
Segundo a ordem do art. 145, § 1º, da CF, sempre que possível, os impostos terão caráter
“Seletivo é o imposto que tem alíquota diferente para cada tipo de objeto
de sua incidência, seja renda, uma operação ou um produto. Com ele,
busca-se, além da arrecadação, uma alteração na atividade econômica,
estimulando, ou desestimulando, seja a atividade produtiva, seja o
consumo” (Hugo de Brito Machado, Comentários ao Código Tributário
Nacional, São Paulo: Atlas, 2003, v. 1, p. 262). Não se deve confundir,
portanto, seletividade com essencialidade. A primeira diz respeito à
diferenciação no gravame, de modo a “selecionar” produtos, rendimentos,
atividades ou serviços. A segunda, por sua vez, é um dos critérios dessa
seleção, adotado, no caso, para o IPI. Mas a seletividade, em tese, pode
ocorrer à luz de outros critérios, como acontece em relação ao IPTU.
51
Como exemplo de tributo seletivo, é possível citar o ICMS, então regido pela ordem do art.
155, inciso II e art. 155, § 2º, inciso III, o qual poderá ser seletivo, e o IPI que, conforme a regra
Determina o teor do art. 155 da CF que recai sobre os Estados e o Distrito Federal a
competência para instituir impostos sobre operações relativas à circulação de mercadorias e
com o texto daquele dispositivo, poderá o ICMS obedecer ao Princípio da Seletividade, tendo
em vista a função da essencialidade das mercadorias e dos serviços relacionados ao tributo (art.
Por outro lado, a progressividade é fenômeno que permite o aumento da carga tributária
sobre hipóteses de incidência de mesma natureza, mas que revelam condições distintas. Como
exemplo de tributos progressivos, tem-se o IPTU e o ITR. Ainda, é possível observar a
progressividade no ITCMD e no IR, esses que tem o fenômeno como resposta ao acúmulo de
riquezas, já que quanto maior a base de cálculo, maior a alíquota, indicando uma
progressividade fiscal. Sobre o tema, ensina Hugo de Brito Machado Segundo (2017):
52
paga sensivelmente mais, considerando-se a chamada utilidade marginal
da riqueza.
Vale, neste ponto, destacar o ensinamento de Harada (2017), que distingue a progressividade
Imposto progressivo é aquele que exige uma alíquota maior à medida que o
valor tributável vai aumentando. Diz-se que a progressão é simples quando cada
alíquota maior se aplica por inteiro a toda matéria tributável. Já a progressividade
graduada é aquela em que cada alíquota maior é calculada, tão somente, sobre
a parcela do valor compreendida entre o limite inferior e o superior, de sorte a
exigir a aplicação de tantas alíquotas quantas sejam as parcelas de valor para,
afinal, serem somados todos os valores parciais, obtendo-se o montante do
imposto a pagar. É o caso, por exemplo, do imposto sobre a renda devido por
pessoas físicas, cuja legislação adotou uma tabela prática de progressividade para
facilitar os cálculos.
1.7 Competência
Para iniciar o estudo deste tópico, é necessário fazer uma distinção entre dois institutos: (1)
a competência para legislar em matéria tributária e (2) a competência tributária.
Luciano Amaro (2014, p. 115), essa aptidão pertence a todos os entes da federação - União,
Estados, Distrito Federal e Municípios – e deve ser exercida dentro dos limites constitucionais,
respeitando os critérios de partilha de competência então consagrados pela Lei Maior. Tratando
sobre o assunto, o mencionado autor revela que a citada competência abarca “um amplo poder
53
político no que respeita a decisões sobre a própria criação do tributo e sobre a amplitude da
incidência, não obstante o legislador esteja submetido a vários balizamentos (...)” (AMARO, 2014,
P. 116).
Por fim, antes de dar continuidade à matéria objeto do tópico, ainda se expõe a distinção
entre “Poder de Tributar”, estudada no primeiro tópico deste material, e “competência tributária”.
A expressão “poder de tributar” atrela-se à imagem da soberania do Estado, à formação do
estado federado e, porque diz respeito a uma percepção macro, ampla, em nada se confunde
com o conceito de “competência tributária”, esse o qual se traduz no aspecto material,
específico, na efetiva repartição do poder a cada unidade componente da estrutura federada. A
competência tributária, portanto, diz respeito à delimitação da titularidade de cada Ente que, na
expressão de autonomia, poderá instituir tributos.
Ainda, importa destacar que, ante a inexistência de lei federal sobre normas gerais, prescreve
gerais, prevê o texto constitucional a suspensão da eficácia da lei estadual, no que lhe for
contrário (art. 24, § 4º, CF/88).
Conforme preceitua Luciano Amaro (2014, p. 122), a “Constituição não cria tributos; ela
outorga competência tributária, ou seja, atribui aptidão para criar tributos”. E, para a expressão
dessa competência a via formal é uma só: a lei. Por esse motivo, o Código Tributário Nacional
54
(CTN), o art. 6º revela que a competência tributária abarca a competência legislativa. Apreciando
esse assunto, o citado autor afirma (AMARO, 2014, p. 122):
Parágrafo único. Os tributos cuja receita seja distribuída, no todo ou em parte, a outras pessoas
jurídicas de direito público pertencerá à competência legislativa daquela a que tenham sido
atribuídos.
plenamente vinculada (art. 3º, CTN), no entanto, é necessário destacar que o exercício da
competência tributária é facultativo, podendo o destinatário da competência exercê-la total ou
55
inscrito no art. 145, caput.14 Neste ponto, aliás, é importante descortinar que a instituição do
tributo e a cobrança desse são exercícios praticados em momentos distintos na linha do tempo,
prevê-la no art. 7º do CTN, o legislador criou óbice ao ente federativo para que esse não
transfira ou delegue a competência a terceiros. Contudo, o referido dispositivo possibilita a
do art. 7º do CTN, Hugo de Brito Machado Segundo (2017), ao citar Hugo de Brito Machado,
destaca que se trata de uma autorização legislativa para a delegação de meras funções
administrativas.
poder de tributar, essas que, nas palavras do autor, “decorrem do regime federativo e dos
princípios adotados pela Constituição e das garantias individuais expressa ou implicitamente por
ela asseguradas”.
apropriação dessa por outros entes da federação. Tal qualidade da competência é registrada
pelo legislador no art. 8º do CTN que traz o seguinte texto: “o não-exercício da competência
14
Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes tributos [...]
56
tributária não a defere a pessoa jurídica de direito público diversa daquela a que a
Constituição a tenha atribuído” (SEGUNDO, 2017).
Ainda tratando dos predicados da competência tributária, registra a doutrina que o instituto
é inalterável, contudo, ressalva-se que a inalterabilidade diz respeito à imutabilidade em face
irrenunciabilidade. Como dito antes, a competência é instituto que, conforme a vontade, pode
ou não ser exercido (facultatividade), no entanto, jamais poderá ser renunciado pelo Ente
Federativo.
É assim considerada aquela que atinge a todos os Entes da federação. A título de exemplo,
Regulada nos artigos 154, I, e 195, § 4º, da CF, a competência deste tipo somente se reserva
à União, que tem permissão do constituinte para criar tributos ante circunstâncias não previstas
no texto da Lei Maior (MINARDI, 2018).
Prevista no art. 147 da CF, essa confere à União a possibilidade de instituir impostos federais
e estaduais dentro dos Territórios Federais, assim como os impostos municipais, caso não sejam
os citados Territórios divididos em Municípios. Ainda, reserva-se a competência cumulativa ao
Distrito Federal, por ter sido autorizado pelo constituinte para a criar impostos municipais e
estaduais (MINARDI, 2018).
Por último, mas não menos importante, apresenta-se a competência extraordinária, revelada
no artigo 154, II, da Constituição Federal. Esse instituto previsto na Lei Maior permite à União,
por meio de Lei Ordinária (ou ainda instituto normativo com força de lei), a criação do IOF -
Imposto Extraordinário de Guerra. De acordo com Josiane Minardi (2018, p. 54), a “Constituição
Federal permite expressamente que a União institua Imposto Extraordinário de Guerra
proporcionando ampla liberdade na escolha do fato gerador, trata-se, pois, de uma permissão
expressa de bitributação e de bis in idem”.
58
QUESTÕES COMENTADAS
Questão 1
Comentário:
Como já observado neste material, o conceito de tributo consta no art. 3º do CTN mas não está
previsto na Constituição Federal. Para a resolução da questão, vale a leitura minuciosa do art.
146 da CF/88, a seguir exposto:
Art. 146. Cabe à lei complementar:
I - dispor sobre conflitos de competência, em matéria tributária, entre a União, os Estados, o
Distrito Federal e os Municípios;
II - regular as limitações constitucionais ao poder de tributar;
III - estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre:
59
a) definição de tributos e de suas espécies, bem como, em relação aos impostos discriminados
nesta Constituição, a dos respectivos fatos geradores, bases de cálculo e contribuintes;
b) obrigação, lançamento, crédito, prescrição e decadência tributários;
c) adequado tratamento tributário ao ato cooperativo praticado pelas sociedades cooperativas.
d) definição de tratamento diferenciado e favorecido para as microempresas e para as
empresas de pequeno porte, inclusive regimes especiais ou simplificados no caso do imposto
previsto no art. 155, II, das contribuições previstas no art. 195, I e §§ 12 e 13, e da contribuição
a que se refere o art. 239. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)
Parágrafo único. A lei complementar de que trata o inciso III, d, também poderá instituir um
regime único de arrecadação dos impostos e contribuições da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios, observado que: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de
19.12.2003)
I - será opcional para o contribuinte; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)
II - poderão ser estabelecidas condições de enquadramento diferenciadas por Estado; (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)
III - o recolhimento será unificado e centralizado e a distribuição da parcela de recursos
pertencentes aos respectivos entes federados será imediata, vedada qualquer retenção ou
condicionamento; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)
IV - a arrecadação, a fiscalização e a cobrança poderão ser compartilhadas pelos entes
federados, adotado cadastro nacional único de contribuintes. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 42, de 19.12.2003)
Questão 2
60
B) o serviço de iluminação pública é divisível e inespecífico e, portanto, não preenche os
requisitos exigidos pela Constituição para a cobrança de taxas de serviço, tal qual entendeu o
Constituição Federal.
D) o serviço público individual compulsório é aquele que deve ser colocado em prática pelo
Estado, cujo custeio se dá através da cobrança de taxa, sendo a caracterização desta equivalente
Comentário:
A) A instituição de taxas é de competência comum da União, Estados, Distrito Federal e
Municípios.
B) Súmula Vinculante 41 - O serviço de iluminação pública não pode ser remunerado mediante
confunde com um imposto, porque sua receita se destina a finalidade específica, nem com uma
taxa, por não exigir a contraprestação individualizada de um serviço ao contribuinte. IV — Exação
inconstitucional, uma vez que seu fato gerador tem caráter inespecífico e indivisível. [AI 479.587
AgR, rel. min. Joaquim Barbosa, 2ª T, j. 3-3-2009, DJE 53 de 20-3-2009.]
61
É assente nesta colenda Corte que as taxas de iluminação pública e de limpeza pública se
referem a atividades estatais que se traduzem em prestação de utilidades inespecíficas,
D) Serviço individual Compulsório: são serviços específicos e divisíveis cobrados mediante taxa.
Questão 3
do tributo
B) é determinada pelo fato gerador da respectiva obrigação, sendo ainda relevante para
qualificá-la a destinação legal do produto da sua arrecadação.
D) é determinada pelo fato gerador da respectiva obrigação, sendo irrelevantes para qualificá-
la a denominação e demais características formais adotadas pela lei.
Comentário:
A solução da questão está no texto do art. 4º do CTN:
62
Art. 4º A natureza jurídica específica do tributo é determinada pelo fato gerador da respectiva
obrigação, sendo irrelevantes para qualificá-la:
Questão 4
princípio tributário da anterioridade, como ocorre nos casos dos impostos sobre importação e
sobre exportação. Nesses casos, a exceção é justificada pela necessidade de ajuste do tributo
A) parafiscal.
B) parafiscal e extrafiscal.
C) extrafiscal.
D) exclusivamente fiscal.
Comentário:
A EXTRAFISCALIDADE é a característica do tributo que responde à necessidade da exceção ao
63
Questão 5
domínio econômico
Comentário:
Para a resolução da questão, é necessária a apreciação do conteúdo dos seguintes dispositivos
da Constituição Federal:
I e III, e sem prejuízo do previsto no art. 195, § 6º, relativamente às contribuições a que alude o
dispositivo.
64
III - poderão ter alíquotas: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001)
2001)
b) específica, tendo por base a unidade de medida adotada. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 33, de 2001)
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
direitos;
Questão 6
C) são cobrados mediante atividade administrativa, a qual pode ser vinculada ou discricionária.
D) podem incidir sobre bens e rendimentos decorrentes de atos ilícitos, embora não possam
E) têm por fato gerador uma situação jurídica abstrata, não sendo possível vincular um tributo
a qualquer atividade estatal específica.
65
Comentário:
A leitura do art. 3º do CTN é essencial para a questão, assim como a revisão do conteúdo já
apresentado neste capítulo no tópico 1.2:
Art. 3º Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa
exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade
administrativa plenamente vinculada.
Importante destacar que a alternativa “D” tenta confundir o conceito de tributo com o de
imposto, ao trazer o teor do art. 16 do CTN no seu corpo. Observando o conteúdo do art. 16 e
do art. 77, ambos do CTN, vê-se que o segundo dispositivo confirma o equívoco (ou a confusão)
Art. 77. As taxas cobradas pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios,
no âmbito de suas respectivas atribuições, têm como fato gerador o exercício regular do
Parágrafo único. A taxa não pode ter base de cálculo ou fato gerador idênticos aos que
Art. 16. Imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação independente
de qualquer atividade estatal específica, relativa ao contribuinte.
Questão 7
66
Certo
Errado
Comentário:
A solução da questão está no art. 4º do CTN:
Art. 4º A natureza jurídica específica do tributo é determinada pelo fato gerador da respectiva
obrigação, sendo irrelevantes para qualificá-la:
Questão 8
O imposto é espécie tributária caracterizada por indicar fato ou situação fática relativa ao
Certo
Errado
Comentário:
Resposta no art. 16 do CTN:
67
Art. 16. Imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação independente
de qualquer atividade estatal específica, relativa ao contribuinte.
Questão 9
Certo
Errado
Comentário:
Diante desta questão, reforça-se o que já foi dito outrora: (...) a manifestação de vontade,
portanto, não importa na relação jurídica tributária, quando nasce para o contribuinte o dever
de pagar o tributo. Neste ponto, aliás, importa trazer a observação do supracitado autor: “isso
faz com que a capacidade tributária passiva (capacidade para ser contribuinte ou responsável
pelo tributo) independa da capacidade civil (CTN, art. 126). Daí serem devidos tributos mesmo
por pessoas físicas incapazes, ou por pessoas jurídicas constituídas de forma irregular, por
exemplo” (SEGUNDO, 2017).
Questão 10
68
D) a taxa é um tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação independente de
qualquer atividade estatal específica.
E) a contribuição de melhoria pressupõe a utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos
específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos à sua disposição.
Comentário:
A) Como já visto em momentos anteriores, o tributo relacionado ao exercício do poder de polícia
é a TAXA.
B) Art. 16, CTN. Imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação
independente de qualquer atividade estatal específica, relativa ao contribuinte.
C) Art. 81, CTN. A CONTRIBUIÇÃO DE MELHORIA cobrada pela União, pelos Estados, pelo Distrito
Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, é instituída para fazer
face ao custo de obras públicas de que decorra VALORIZAÇÃO IMOBILIÁRIA, tendo como limite
total a despesa realizada e como limite individual o acréscimo de valor que da obra resultar
para cada imóvel beneficiado.
D) Art. 16, CTN. IMPOSTO é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação
independente de qualquer atividade estatal específica, relativa ao contribuinte.
E) Art. 77, CTN. As TAXAS cobradas pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos
Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, têm como fato gerador o exercício regular
do poder de polícia, ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço público específico e divisível,
prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição. Parágrafo único. A taxa não pode ter base
de cálculo ou fato gerador idênticos aos que correspondam a imposto nem ser calculada em
função do capital das empresas.
Questão 11
69
D) instituição por lei
E) natureza não vinculada
Comentário:
Vale revisar o conceito de tributo do art. 3º do CTN: Art. 3º Tributo é toda prestação pecuniária
compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato
ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada.
Questão 12
Comentário:
70
C) A compulsoriedade é uma das características do tributo. Predicado esse que afasta o elemento
volitivo.
D) As contribuições previdenciárias podem ser instituídas pelos três entes da federação
(municípios, estados e União). Constituição Federal: art. 149 [...] § 1º A União, os Estados, o
Distrito Federal e os Municípios instituirão, por meio de lei, contribuições para custeio de regime
próprio de previdência social, cobradas dos servidores ativos, dos aposentados e dos
pensionistas, que poderão ter alíquotas progressivas de acordo com o valor da base de
contribuição ou dos proventos de aposentadoria e de pensões.
E) Art. 149, CF/88. Compete exclusivamente à União instituir contribuições sociais, de intervenção
no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas, como
instrumento de sua atuação nas respectivas áreas, observado o disposto nos arts. 146, III, e 150,
I e III, e sem prejuízo do previsto no art. 195, § 6º, relativamente às contribuições a que alude o
dispositivo. [...] § 3º A pessoa natural destinatária das operações de importação poderá ser
equiparada a pessoa jurídica, na forma da lei.
Questão 13
(XXIII EXAME DE ORDEM – FGV – 2019) O Distrito Federal instituiu, por lei distrital, a
contribuição para o custeio do serviço de iluminação pública. Um contribuinte insurgiu-se
judicialmente contra tal cobrança, alegando que a instituição pelo Distrito Federal seria
inconstitucional.
A) O contribuinte tem razão, uma vez que, em virtude das peculiaridades do Distrito Federal, é
a União o ente federado competente pela instituição da contribuição para o custeio do serviço
de iluminação pública na capital federal.
B) O contribuinte tem razão, uma vez que, em virtude das peculiaridades do Distrito Federal, é
o Estado de Goiás o responsável pela instituição da contribuição para o custeio do serviço de
iluminação pública na capital federal.
C) O contribuinte não tem razão, pois o Distrito Federal possui delegação de capacidade
tributária ativa feita pela União para a cobrança da contribuição para o custeio do serviço de
iluminação pública.
D) O contribuinte não tem razão, pois o Distrito Federal pode instituir a contribuição para o
custeio do serviço de iluminação pública, assim como os Municípios.
71
Comentário:
CF Art. 149-A Os Municípios e o Distrito Federal poderão instituir contribuição, na forma das
respectivas leis, para o custeio do serviço de iluminação pública, observado o disposto no art.
150, I e III.
Parágrafo único. É facultada a cobrança da contribuição a que se refere o caput, na fatura de
consumo de energia elétrica.
Questão 14
(XX EXAME DE ORDEM – FGV – 2016) Determinado ente da Federação instituiu um tributo
incidente sobre a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a
qualquer título, à pessoa física que preste serviço a empregador privado, ainda que sem vínculo
empregatício, com o objetivo de financiar a seguridade social. Em sintonia com a CRFB/88,
assinale a opção que indica o ente da federação competente para a instituição do tributo
descrito e o nome do tributo em questão.
A) Estados-membros e o Distrito Federal. Contribuição previdenciária.
B) União. Contribuição social.
C) União. Imposto sobre a renda.
D) Todos os entes da Federação. Contribuições sociais.
Comentário:
CF/88:
72
Questão 15
(XIX EXAME DE ORDEM – FGV – 2016) O Estado X, visando aumentar a sua arrecadação,
instituiu novo imposto, não previsto na Constituição Federal.
A) O Estado X pode instituir imposto, mediante lei complementar, desde que previsto na
Constituição Estadual.
B) Para exercer a competência residual do Estado X, é necessária lei de iniciativa do Governador
do Estado.
C) O Estado X não pode instituir o imposto novo, tendo em vista que a competência residual
para a instituição de novos impostos é somente da União.
D) É vedada à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, a instituição de impostos
não previstos na Constituição Federal.
Comentário:
CF, Art. 154. A União poderá instituir:
I - mediante lei complementar, impostos não previstos no artigo anterior, desde que sejam não-
cumulativos e não tenham fato gerador ou base de cálculo próprios dos discriminados nesta
Constituição;
73
GABARITO
Questão 1 - A
Questão 2 - D
Questão 3 - D
Questão 4 - C
Questão 5- A
Questão 6 - D
Questão 7- Errada
Questão 8 - Certo
Questão 9 - Errado
Questão 10 - E
Questão 11 - E
Questão 12 - E
Questão 13 - D
Questão 14 - B
Questão 15 - C
74
QUESTÃO DESAFIO
75
GABARITO DA QUESTÃO DESAFIO
É toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir,
que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade
administrativa plenamente vinculada. Conforme interpretação do STF, os emolumentos têm
natureza de Taxa, portanto, tributo.
Você deve ter abordado necessariamente os seguintes itens em sua resposta:
toda prestação pecuniária compulsória
A doutrina é rica em definições de tributo. A título de exemplo, Luciano Amaro define tributo
como «a prestação pecuniária não sancionatória de ato ilícito, instituída em lei e devida ao
Estado ou a entidades não estatais de fins de interesse público''. A Lei n. 5.172166 (batizada de
"Código Tributário Nacional" pelo Ato Complementar n. 36/67), que, com o advento da
Constituição de 1967, assumiu a eficácia de lei complementar, define tributo nos seguintes
termos: "Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa
exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade
administrativa plenamente vinculada" (art. 39). Esse conceito quis explicitar: a) o caráter
pecuniário da prestação tributária (como prestação em moeda); b) a compulsoriedade dessa
prestação, idéia com a qual o Código Tributário Nacional buscou evidenciar que o dever jurídico
de prestar o tributo é imposto pela lei, abstraída a vontade das partes que vão ocupar os pólos
ativo e passivo da obrigação tributária, opondo-se, dessa forma, a compulsoriedade do tributo
à voluntariedade de outras prestações pecuniárias; c) a natureza não sancionatória de ilicitude,
Amaro, Luciano Direito tributário brasileiro / Luciano Arnaro. - 12. ed. rev. e atual. - São Paulo :
Saraiva, 2006. COBRANÇA DE TRIBUTOS. LEGITIMIDADE. 1. Apelação interposta contra sentença
proferida em ação declaratória de inexistência de débito que julgou improcedentes os pedidos
deduzidos pela instituição financeira, consistentes em cancelar o registro de veículo e a cobrança
de IPVA, DPVAT e multas ao automóvel adquirido mediante contrato de financiamento com
alienação fiduciária contraído mediante fraude. 2. A instituição financeira, ao não envidar a
cautela necessária a respeito da conferência de dados e documentos do consumidor, concorreu
para a fraude, e deve ser responsabilizada pelos danos dela decorrentes, permanecendo
responsável pelo pagamento dos tributos e demais despesas referentes ao veículo.
Improcedente o pedido de cancelamento do registro e suspensão das cobranças de IPVA, DPVAT
e multas. 3. Nos termos do art. 118 , I , do CTN , para fins de incidência do tributo, é irrelevante
se o negócio jurídico que caracteriza o fato gerador é válido ou inválido, de modo que a
cobrança do IPVA e demais despesas decorrentes da aquisição e utilização do veículo mostra-
76
se legítima. 4. Apelação conhecida e desprovida. TJ-DF - 07093687320178070018 DF 0709368-
73.2017.8.07.0018 (TJ-DF))
77
privados: estão vinculados a serviço público; são fixadas unilateralmente pelo Poder Público,
independentemente da vontade dos particulares. Também não podem ser enquadrados dentre
os chamados preços públicos, que são caracterizáveis como remuneração de serviços prestados
pelo Estado, mas serviços que não são, por assim dizer, típicos do Estado. Considera-se, a
propósito, o escólio de Gilberto de Ulhôa Canto, que traça diferença entre preços públicos e
taxas: o que contribui para caracterizar um serviço prestado como sendo remunerável por taxa
é a natureza da atividade de que se trate, sob o prisma da sua inerência às funções do Estado;
comprovada essa inerência, a compulsoriedade do pagamento da respectiva contrapartida será
conseqüência, e não característica diferencial, do mesmo modo que a configuração de um
serviço como remunerável por preço público será determinada pelo seu não enquadramento
entre as atividades intrinsecamente vinculadas às funções do Estado, sendo a opcionalidade do
pagamento um efeito dessa natureza, e não o fator de sua qualificação". E, após transcrever os
artigos 77 e 79 do Código Tributário Nacional, acrescenta: "A simples leitura de tais dispositivos
já esclarece que não poderia ser outro o caráter das custas, que não o de taxas vinculadas a um
determinado serviço público: 1) de utilização efetiva, isto é, quando o contribuinte recorre de
fato à prestação jurisdicional, registrária ou notarial; 2) específica, porque essa prestação pode
ser vislumbrada como uma unidade; e 3) divisível, eis que a prestação individualiza-se frente aos
jurisdicionados. A reforçar essa qualificação registre-se que tais custas são fixadas
unilateralmente pelo Poder Público e que não há uma relação contratual entre o Estado e o
cidadão a justificar sua cobrança. Não se pode falar, por outro lado, em pagamento voluntário
se o particular, sempre que necessita de serviço, depende do pagamento de custas para obtê-
lo (ressalvadas as hipóteses de isenção nos casos de carência de recurso do jurisdicionado)".
Também nesse sentido, entre outras, existe a decisão exarada na Adin 1.378-ES: "A
Jurisprudência do Supremo Tribunal Federal firmou orientação no sentido de que as custas
judiciais e os emolumentos concernentes aos serviços notariais e registrais possuem natureza
tributária, qualificando-se como taxas remuneratórias de serviços públicos, sujeitando-se, em
conseqüência, quer no que concerne à sua instituição e majoração, quer no que se refere à sua
exigibilidade, ao regime jurídico constitucional pertinente a essa especial modalidade de tributo
vinculado, notadamente aos princípios fundamentais que proclamam, dentre outras, as garantias
essenciais da reserva de competência impositiva da legalidade, da isonomia e da anterioridade".
Tratando-se de taxa, o valor cobrado deve estar diretamente relacionado com o custo do serviço
prestado. Tal pressuposto vem estampado na lei federal nº 10.169/00, a qual fixou as regras
gerais para cobrança de emolumentos, e que estabelece em seu artigo 1º que "o valor fixado
para os emolumentos deverá corresponder ao efetivo custo e à adequação e suficiente
remuneração dos serviços prestados". E sendo assim, deve ser aplicado aos casos de sua
78
exigibilidade o princípio da isonomia, pelo qual um usuário não pode pagar pelo serviço
prestado a outrem, sendo vedado qualquer forma de compensação entre contribuintes. De outra
parte, as imunidades concedidas aos entes públicos referem-se somente aos impostos, não
abrangendo as taxas. O artigo 1º do Decreto-lei 1.537/77 não foi recepcionado pela Constituição
Federal de 1988, uma vez que afronta diretamente o princípio federativo, ao instituir isenção
sobre tributo estadual. A União somente pode estabelecer regras gerais sobre os emolumentos
devidos a título de prestação de serviço público, o que foi feito pela Lei 10.169/00, mas jamais
está autorizada a decretar isenções sobre tributo estadual. Nesse sentido: "À União, ao Estado-
membro e ao Distrito Federal é conferida competência para legislar concorrentemente sobre
custas do serviços forenses, restringindo-se a competência da União, no âmbito dessa legislação
concorrente, ao estabelecimento de normas gerais, certo que, inexistindo tais normas gerais, os
Estados exercerão a competência legislativa plena, para atender a suas peculiaridades". ( Adin
1624/MG, 08.05.03). A lei estadual de nº 11.331/02 estabeleceu isenção à União apenas quanto
ao pagamento das parcelas dos emolumentos destinados ao Estado, à Carteira de Previdência
das Serventias não Oficializadas da Justiça do Estado, ao custeio dos atos gratuitos de registro
civil e ao Fundo Especial de Despesa do Tribunal de Justiça, mas não a isentou quanto ao
pagamento da remuneração dos serviços das serventias extrajudiciais prestados. Como foi
decidido na Adin nº 2.301-2, RS, citando a lição de Roque Antonio Carraza: "as leis isentivas não
devem se ocupar de hipóteses estranhas à regra matriz do tributo, somente podendo alcançar
fatos que, em princípio, estão dentro do campo tributário da pessoa política que as edita. Só se
pode isentar o que se pode tributar. Quando não há incidência possível (porque a Constituição
não a admite), não há espaço para a isenção". Ensina Cretella Junior que a "isenção é feita, na
respectiva esfera, por lei estadual, lei municipal ou lei distrital; na área da União, por lei federal.
Cada pessoa política tem competência para instituir isenção de tributo, em sua própria área. O
contrário seria invasão indébita ou usurpação de competência de uma pessoa política na área
de outra" (Comentários à Constituição Brasileira de 1988, vol. VII/3587, 1993, Forense
Universitária). Portanto, o parecer que me permito, respeitosamente, submeter ao elevado exame
de Vossa Excelência é no sentido de ser negado provimento ao recurso, para manter a decisão
proferida pelo MM. Juiz de Direito Corregedor Permanente do Oficial de Registro de Imóveis,
Títulos e Documentos e Civil de Pessoa Jurídica da Comarca de Votuporanga, que indeferiu a
pretensão da apelante. Sub censura. São Paulo, 17 de junho de 2004. FÁTIMA VILAS BOAS CRUZ,
Juíza Auxiliar da Corregedoria CONCLUSÃO Em 18 de junho de 2004, faço estes autos conclusos
ao Desembargador JOSÉ MÁRIO ANTONIO CARDINALE, DD. Corregedor Geral da Justiça. Eu,
(Rosa Maria Maia) Escrevente, subscrevi. Proc. CG nº 382/2004 Aprovo o parecer da Mma. Juíza
Auxiliar da Corregedoria e por seus fundamentos, que adoto, nego provimento ao recurso.
79
Publique-se. São Paulo, 25/06/04. JOSÉ MÁRIO ANTONIO CARDINALE Corregedor Geral da
Justiça Legislação citada: DECRETO-LEI Nº 1.537, DE 13 DE ABRIL DE 1977 Isenta do pagamento
de custas e emolumentos a pratica de quaisquer atos, pelos Ofícios e Cartórios de Registro de
Imóveis, de Registro de Títulos e Documentos e de Notas, relativos às solicitações feitas pela
União. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA , no uso da atribuição que lhe confere o § 1º do artigo 2º
do Ato Institucional nº 5, de 13 de dezembro de 1968, tendo em vista o artigo 182 da
Constituição e o disposto no Ato Complementar nº 102, de 1º de abril de 1977, DECRETA: Art
1º - É isenta a União do pagamento de custas e emolumentos aos Ofícios e Cartórios de Registro
de Imóveis, com relação às transcrições, inscrições, averbações e fornecimento de certidões
relativas a quaisquer imóveis de sua propriedade ou de seu interesse, ou que por ela venham a
ser adquiridos. Art 2º - É isenta a União, igualmente, do pagamento de custas e emolumentos
quanto às transcrições, averbações e fornecimento de certidões pelos Ofícios e Cartórios de
Registros de Títulos e Documentos, bem como quanto ao fornecimento de certidões de
escrituras pelos Cartórios de Notas. Art 3º - A isenção de que tratam os artigos anteriores
estende-se à prática dos mesmos atos, relativamente a imóveis vinculados ao Fundo Rotativo
Habitacional de Brasília (FRHB). Art 4º - Este Decreto-lei entra em vigor na data de sua
publicação, revogadas as disposições em contrário. Brasília, 13 de abril de 1977; 156º da
Independência e 89º da República. ERNESTO GEISEL Armando Falcão Mário Henrique Simonsen
Disponível no Site da ARPEN SP
http://www.arpensp.org.br/?pG=X19leGliZV9ub3RpY2lhcw==&in=MTUxMg==
80
LEGISLAÇÃO COMPILADA
Código Tributário Nacional: arts. 3º, 4º, 5º, 11, 10 e 9º, incisos I e III
Lei nº 4320/1964: art. 9
Dação em pagamento
Capacidade
Extrafiscalidade
Constituição Federal: arts. 170, III, e 182, § 4º, II; art. 151, I; art. 146, III, c, e art. 174,
§ 2º; art. 146, III, d; art. 151, I
Constituição Federal: arts. 145, 147, 148, 149 e 149-A, 153, 154, 155, 156
Código Tributário Nacional: arts. 5, 77, 78, 79,
Competência
Súmula:
Código Tributário Nacional: arts. 6º a 15
Impostos
Taxas
Contribuição de melhoria
Empréstimos Compulsórios
Contribuições
82
JURISPRUDÊNCIA
Conceito de tributo
EMENTA Habeas corpus. Penal. Processual penal. Crime contra a ordem tributária. Artigo 1º, inciso I, da
Lei nº 8.137/90. Desclassificação para tipo previsto no art. 2º, inciso I, da indigitada lei. Questão não
analisada pelo Superior Tribunal de Justiça. Supressão de instância. Inadmissibilidade. Precedentes.
Alegada atipicidade da conduta baseada na circunstância de que os valores movimentados nas contas
bancárias do paciente seriam provenientes de contravenção penal. Artigo 58 do Decreto-Lei nº 6.259/44
- Jogo do Bicho. Possibilidade jurídica de tributação sobre valores oriundos de prática ou atividade ilícita.
83
Princípio do Direito Tributário do non olet. Precedente. Ordem parcialmente conhecida e denegada. 1.
A pretendida desclassificação do tipo previsto no art. 1º, inciso I, para art. 2º, inciso I, da Lei nº 8.137/90
não foi analisada pelo Superior Tribunal de Justiça. Com efeito sua análise neste ensejo configuraria, na
linha de precedentes, verdadeira supressão de instância, o que não se admite. 2. A jurisprudência da
Corte, à luz do art. 118 do Código Tributário Nacional, assentou entendimento de ser possível a tributação
de renda obtida em razão de atividade ilícita, visto que a definição legal do fato gerador é interpretada
com abstração da validade jurídica do ato efetivamente praticado, bem como da natureza do seu objeto
ou dos seus efeitos. Princípio do non olet. Vide o HC nº 77.530/RS, Primeira Turma, Relator o Ministro
Sepúlveda Pertence, DJ de 18/9/98. 3. Ordem parcialmente conhecida e denegada. (HC 94240,
Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, Primeira Turma, julgado em 23/08/2011, DJe-196 DIVULG 11-10-2011
PUBLIC 13-10-2011 EMENT VOL-02606-01 PP-00026 RT v. 101, n. 917, 2012, p. 584-597)
EMENTA: Sonegação fiscal de lucro advindo de atividade criminosa: "non olet". Drogas: tráfico de drogas,
envolvendo sociedades comerciais organizadas, com lucros vultosos subtraídos à contabilização regular
das empresas e subtraídos à declaração de rendimentos: caracterização, em tese, de crime de sonegação
fiscal, a acarretar a competência da Justiça Federal e atrair pela conexão, o tráfico de entorpecentes:
irrelevância da origem ilícita, mesmo quando criminal, da renda subtraída à tributação. A exoneração
tributária dos resultados econômicos de fato criminoso - antes de ser corolário do princípio da
moralidade - constitui violação do princípio de isonomia fiscal, de manifesta inspiração ética. (HC 77530,
Relator(a): Min. SEPÚLVEDA PERTENCE, Primeira Turma, julgado em 25/08/1998, DJ 18-09-1998 PP-
00007 EMENT VOL-01923-03 PP-00522)
Dação em pagamento
EMENTA: Ação direta de inconstitucionalidade: medida cautelar: L. estadual (RS) 11.475, de 28 de abril
de 2000, que introduz alterações em leis estaduais (6.537/73 e 9.298/91) que regulam o procedimento
fiscal administrativo do Estado e a cobrança judicial de créditos inscritos em dívida ativa da fazenda
pública estadual, bem como prevê a dação em pagamento como modalidade de extinção de crédito
tributário. I - Extinção de crédito tributário criação de nova modalidade (dação em pagamento) por lei
84
estadual: possibilidade do Estado-membro estabelecer regras específicas de quitação de seus próprios
créditos tributários. Alteração do entendimento firmado na ADInMC 1917-DF, 18.12.98, Marco Aurélio,
DJ 19.09.2003: conseqüente ausência de plausibilidade da alegação de ofensa ao art. 146, III, b, da
Constituição Federal, que reserva à lei complementar o estabelecimento de normas gerais reguladoras
dos modos de extinção e suspensão da exigibilidade de crédito tributário. II - Extinção do crédito
tributário: moratória e transação: implausibilidade da alegação de ofensa dos artigos 150, § 6º e 155, §
2º, XII, g, da CF, por não se tratar de favores fiscais. III - Independência e Separação dos Poderes: processo
legislativo: iniciativa das leis: competência privativa do Chefe do Executivo. Plausibilidade da alegação de
inconstitucionalidade de expressões e dispositivos da lei estadual questionada, de iniciativa parlamentar,
que dispõem sobre criação, estruturação e atribuições de órgãos específicos da Administração Pública,
criação de cargos e funções públicos e estabelecimento de rotinas e procedimentos administrativos, que
são de iniciativa reservada ao Chefe do Poder Executivo (CF, art. 61, § 1º, II, e), bem como dos que
invadem competência privativa do Chefe do Executivo (CF, art. 84, II). Conseqüente deferimento da
suspensão cautelar da eficácia de expressões e dispositivos da lei questionada. IV - Participação dos
Municípios na arrecadação de tributos estaduais. 1. IPVA - Interpretação conforme, sem redução de texto,
para suspensão da eficácia da aplicação do § 3º do art. 114, introduzido na L. 6.537/73 pela L.
11.475/2000, com relação ao IPVA, tendo em vista que, ao dispor que "na data da efetivação do
respectivo registro no órgão competente deverá ser creditado, à conta dos municípios, 25% do montante
do crédito tributário extinto", interfere no sistema constitucional de repartição do produto da arrecadação
do IPVA (50%). 2. Deferimento da suspensão cautelar do § 3º do art. 4º da L. 11.475/2000 ("Os títulos
recebidos referentes às parcelas pertencentes aos municípios, previstas no inciso IV do art. 158 da
Constituição Federal, serão convertidos em moeda, corrente nacional e repassados a esses, pela Secretaria
da Fazenda, no dia do resgate dos certificados"), pois a norma deixa ao Estado a possibilidade de
somente repassar aos Municípios os 25% do ICMS só quando do vencimento final do título, que
eventualmente pode ter sido negociado. V - Precatório e cessão de crédito tributário: plausibilidade da
alegação de ofensa ao art. 100, da CF, pelos arts. 5º e seu parágrafo único e 6º, ambos da lei impugnada,
que concedem permissão para pessoas físicas cederem a pessoas jurídicas créditos contra o Estado
decorrentes de sentença judicial, bem como admitem a utilização destes precatórios na compensação
dos tributos: deferimento da suspensão cautelar dos mencionados preceitos legais. VI - Licitação (CF, art.
37, XXI) - não ofende o dispositivo constitucional o art. 129 da L. 6.537/73 c/ a red. L. 11.475/00 - que
autoriza a alienação dos bens objetos de dação por valor nunca inferior ao que foi recebido e prevê a
aquisição de tais bens por município, mediante o pagamento em prestações a serem descontadas das
quotas de participação do ICMS. VII - Demais dispositivos cuja suspensão cautelar foi indeferida. (ADI
2405 MC, Relator(a): Min. CARLOS BRITTO, Relator(a) p/ Acórdão: Min. SEPÚLVEDA PERTENCE, Tribunal
Pleno, julgado em 06/11/2002, DJ 17-02-2006 PP-00054 EMENT VOL-02221-01 PP-00071 LEXSTF v. 28,
n. 327, 2006, p. 14-56)
85
Taxa
Súmula Vinculante 41 - O serviço de iluminação pública não pode ser remunerado mediante
taxa. (Data de Aprovação: Sessão Plenária de 11/03/2015)
Súmula 665 - É constitucional a taxa de fiscalização dos mercados de títulos e valores mobiliários
instituída pela Lei 7.940/1989.
Súmula 545 - Preços de serviços públicos e taxas não se confundem, porque estas,
diferentemente daqueles, são compulsórias e têm sua cobrança condicionada à prévia
autorização orçamentária, em relação à lei que as instituiu.
86
Valor da taxa deve estar relacionado com o custo do serviço que as motiva: EMENTA Recurso
Extraordinário. Taxa de Licença para Localização, Funcionamento e Instalação (TLIF). Base de
cálculo. Número de empregados. Dado insuficiente para aferir o efetivo Poder de Polícia. Artigo
6º da Lei nº 9.670/83. Inconstitucionalidade. Jurisprudência pacífica da Corte. 1. A taxa é um
tributo contraprestacional (vinculado) usado na remuneração de uma atividade específica, seja
serviço ou exercício do poder de polícia e, por isso, não se atém a signos presuntivos de riqueza.
As taxas comprometem-se tão somente com o custo do serviço específico e divisível que as
motiva, ou com a atividade de polícia desenvolvida. 2. A base de cálculo proposta no art. 6º da
Lei nº 9.670/83 atinente à taxa de polícia se desvincula do maior ou menor trabalho ou atividade
que o Poder Público se vê obrigado a desempenhar em decorrência da força econômica do
contribuinte. O que se leva em conta, pois, não é a efetiva atividade do Poder Público, mas,
simplesmente, um dado objetivo, meramente estimativo ou presuntivo de um ônus à
Administração Pública. 3. No tocante à base de cálculo questionada nos autos, é de se notar
que, no RE 88.327/SP, Rel. Min. Décio Miranda (DJ 28/9/79), o Tribunal Pleno já havia assentado
a ilegitimidade de taxas cobradas em razão do número de empregados. Essa jurisprudência vem
sendo mantida de forma mansa e pacífica. 4. Recurso extraordinário não provido. (RE 554951,
Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, Primeira Turma, julgado em 15/10/2013, ACÓRDÃO ELETRÔNICO
DJe-227 DIVULG 18-11-2013 PUBLIC 19-11-2013)
87
Taxa de limpeza pública: DIREITO TRIBUTÁRIO. TAXA DE LIMPEZA PÚBLICA. LOGRADOUROS
88
cálculo do tributo não é justificativa para a inconstitucionalidade, desde que sejam estipulados
limites mínimo e máximo, além de uma alíquota razoável. A fixação de custas judiciais sem limite
máximo ofende o princípio da inafastabilidade da jurisdição (CRFB, art. 5º, XXXV). Precedentes.
2. A vinculação das taxas judiciárias e dos emolumentos a entidades privadas ou mesmo a
serviços públicos diversos daqueles a que tais recursos se destinam subverte a finalidade
institucional do tributo. Precedentes. 3. Compete exclusivamente ao STF estabelecer o valor das
89
nº 903, Rel. Min. Thompson Flores, DJ de 28/6/74. 3. Recurso extraordinário do qual se conhece,
mas ao qual, no mérito, se nega provimento. (RE 789218 RG, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI,
julgado em 17/04/2014, PROCESSO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-148
DIVULG 31-07-2014 PUBLIC 01-08-2014)15
A despesa com porte de remessa e retorno não se enquadra no conceito de taxa judiciária,
uma vez que as custas dos serviços forenses se dividem em taxa judiciária e custas em
sentido estrito. Precedente: AI 309.883 ED, rel. min. Moreira Alves, Primeira Turma, DJ de
14-6-2002. O porte de remessa e retorno é típica despesa de um serviço postal, prestado
por empresa pública monopolística e, assim, remunerado mediante tarifas ou preço
público. Precedente: AI 351.360 QO, rel. min. Sepúlveda Pertence, Primeira Turma, DJ de
7-6-2002. O art. 511 do CPC dispensa o recolhimento dessa despesa processual por parte
do INSS, pois se trata de norma válida editada pela União, a quem compete dispor sobre
as receitas públicas oriundas da prestação do serviço público postal.
[RE 594.116, rel. min. Edson Fachin, j. 3-12-2015, P, DJE de 5-4-2016, Tema 135.]
15
Disponível em: http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=6316090
90
[RE 789.218 RG, rel. min. Dias Toffoli, j. 17-4-2014, P, DJE de 1º-8-2014, Tema 721.]
(...) a Corte entende como específicos e divisíveis os serviços públicos de coleta, remoção
e tratamento ou destinação de lixo ou resíduos provenientes de imóveis, desde que essas
atividades sejam completamente dissociadas de outros serviços públicos de limpeza
realizados em benefício da população em geral (uti universi) e de forma indivisível, tais
como os de conservação e limpeza de logradouros e bens públicos (praças, calçadas, vias,
ruas, bueiros). Decorre daí que as taxas cobradas em razão exclusivamente dos serviços
públicos de coleta, remoção e tratamento ou destinação de lixo ou resíduos provenientes
de imóveis são constitucionais, ao passo que é inconstitucional a cobrança de valores
tidos como taxa em razão de serviços de conservação e limpeza de logradouros e bens
públicos.
[RE 576.321 QO-RG, voto do rel. min. Ricardo Lewandowski, j. 4-12-2008, P, DJE de 13-2-
2009, Tema 146.]
Princípio da legalidade tributária e lei que delega a fixação do valor da taxa para ato
infralegal, desde que respeitados os parâmetros máximos: EMENTA Recurso extraordinário.
Repercussão geral. Tributário. Princípio da legalidade. Taxa cobrada em razão do exercício do
poder de polícia. Anotação de Responsabilidade Técnica (ART). Lei nº 6.994/82. Aspecto
quantitativo. Delegação a ato normativo infralegal da atribuição de fixar o valor do tributo em
proporção razoável com os custos da atuação estatal. Teto prescrito em lei. Diálogo com o
91
regulamento em termos de subordinação, de desenvolvimento e de complementariedade.
Constitucionalidade. 1. Na jurisprudência atual da Corte, o princípio da reserva de lei não é
absoluto. Caminha-se para uma legalidade suficiente, sendo que sua maior ou menor abertura
depende da natureza e da estrutura do tributo a que se aplica. No tocante às taxas cobradas
em razão do exercício do poder de polícia, por força da ausência de exauriente e minuciosa
definição legal dos serviços compreendidos, admite-se o especial diálogo da lei com os
regulamentos na fixação do aspecto quantitativo da regra matriz de incidência. A lei
autorizadora, em todo caso, deve ser legitimamente justificada e o diálogo com o regulamento
deve-se dar em termos de subordinação, desenvolvimento e complementariedade.. 2. No RE nº
343.446/SC, alguns critérios foram firmados para aferir a constitucionalidade da norma
regulamentar.“a) a delegação pode ser retirada daquele que a recebeu, a qualquer momento,
por decisão do Congresso; b) o Congresso fixa standards ou padrões que limitam a ação do
delegado; c) razoabilidade da delegação”. 3. A razão autorizadora da delegação dessa atribuição
anexa à competência tributária está justamente na maior capacidade de a Administração Pública,
por estar estreitamente ligada à atividade estatal direcionada a contribuinte, conhecer da
realidade e dela extrair elementos para complementar o aspecto quantitativo da taxa, visando
encontrar, com maior grau de proximidade (quando comparado com o legislador), a razoável
equivalência do valor da exação com os custos que ela pretende ressarcir. 4. A taxa devida pela
anotação de responsabilidade técnica, na forma do art. 2º, parágrafo único, da Lei nº 6.994/82,
insere-se nesse contexto. Os elementos essenciais da exação podem ser encontrados nas leis
de regência (Lei nº 6.496/77 e Lei nº 6.994/82). Foi no tocante ao aspecto quantitativo que se
prescreveu o teto sob o qual o regulamento do CONFEA poderá transitar para se fixar o valor
da taxa, visando otimizar a justiça comutativa. 5. As diversas resoluções editadas pelo CONFEA,
sob a vigência da Lei nº 6.994/82, parecem estar condizentes com a otimização da justiça
comutativa. Em geral, esses atos normativos, utilizando-se da tributação fixa, assentam um valor
fixo de taxa relativa à ART para cada classe do valor de contrato – valor empregado como um
critério de incidência da exação, como elemento sintomático do maior ou do menor exercício
do poder de polícia, e não como base de cálculo. 6. Não cabe ao CONFEA realizar a atualização
monetária do teto de 5 MVR em questão em patamares superiores aos permitidos em lei, ainda
que se constate que os custos a serem financiados pela taxa relativa à ART ultrapassam tal
limite, sob pena de ofensa ao art. 150, I, da CF/88. 7. Em suma, o art. 2º, parágrafo único, da Lei
nº 6.994/82 estabeleceu diálogo com o regulamento em termos de subordinação (ao prescrever
o teto legal da taxa referente à ART), de desenvolvimento (da justiça comutativa) e de
complementariedade (ao deixar um valoroso espaço para o regulamento complementar o
aspecto quantitativo da regra matriz da taxa cobrada em razão do exercício do poder de polícia).
92
O Poder Legislativo não está abdicando de sua competência de legislar sobre a matéria
tributária. A qualquer momento, pode o Parlamento deliberar de maneira diversa, firmando
novos critérios políticos ou outros paradigmas a serem observados pelo regulamento. 8. Negado
provimento ao recurso extraordinário.
(RE 838284, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, Tribunal Pleno, julgado em 19/10/2016, PROCESSO
ELETRÔNICO DJe-215 DIVULG 21-09-2017 PUBLIC 22-09-2017)
Contribuição de melhoria
93
QUADRO SINÓTICO
Características do Tributo:
• prestação pecuniária compulsória
• em moeda ou cujo valor nela se possa
exprimir
1.2 CONCEITO DE TRIBUTO
• não constitui sanção de ato ilícito
• instituída em lei
• cobrada mediante atividade
administrativa plenamente vinculada
94
Art. 4º, CTN: a natureza jurídica específica do
tributo é determinada pelo fato gerador da
respectiva obrigação, sendo irrelevantes
para qualificá-la: (I) a denominação e demais
características formais adotadas pela lei; (II)
a destinação legal do produto da sua
arrecadação.
1.3 NATUREZA JURÍDICA DO
TRIBUTO No que diz respeito ao tributo, em regra, ele
se classifica como ingresso público
permanente (conhecido como receitas
públicas) e, excepcionalmente, como
ingresso público temporário (ou mero fluxo
de caixa), assim então considerado quando
deve ser restituído ao contribuinte (ex.
empréstimo compulsório).
A função genérica é a captação dos recursos
financeiros: função fiscal.
Utiliza-se o tributo como meio para
promover mudança comportamental dentro
1.4 FUNÇÃO DOS TRIBUTOS
da sociedade, seja de forma positiva, seja de
forma negativa (evitando condutas) com fins
econômicos ou mesmo sociais: função
extrafiscal.
95
• produto da arrecadação terá de ser
vinculado à atividade que justifica a
instituição do tributo
Impostos
• sempre que possível, os impostos terão
caráter pessoal e serão graduados
segundo a capacidade econômica do
contribuinte,;
• teoria do sacrifício: “o objetivo final da
tributação é a igualdade de sacrifício
entre os contribuintes” (CONTI, 1997, p.
81),
• fato gerador uma situação
independente de qualquer atividade
estatal específica,
• arrecadação não vinculada
• MUNICÍPIOS: IPTU, ITBI, ISS
• ESTADOS E DF: ITCMD, ICMS, IPVA
• UNIÃO: II, IE, IR, IPI, IOF, ITR, IGF
Contribuições de melhoria
• tributo contraprestacional;
• fato gerador misto: realização das obras
públicas e valorização imobiliária;
• limite total e limite individual
respeitados na cobrança;
96
• característica peculiar: o ressarcimento, a
restitutividade
• para atender a despesas extraordinárias,
decorrentes de calamidade pública, de
guerra externa ou sua iminência; e, no
caso de investimento público de caráter
urgente e de relevante interesse
nacional, observado o princípio da
anterioridade anual.
• fato gerador será definido na lei que
instituir
• a lei fixará duas informações essenciais:
(1) o prazo do empréstimo e (2) as
condições de seu resgate
Contribuições especiais
• Fins a) sociais, b) de intervenção no
domínio econômico, c) do interesse de
categorias profissionais ou econômicas e d)
de iluminação pública
• Referibilidade
1.6 CLASSIFICAÇÃO DOS TRIBUTOS
1.6.1 TRIBUTOS DIRETOS E INDIRETOS Diretos: impactos sobre o sujeito
considerado o contribuinte legal
Indiretos: repercussão tributária. Ônus sobre
o contribuinte de fato
1.6.2 TRIBUTOS REAIS E PESSOAIS Os tributos reais são aqueles cobrados ante
a desconsideração dos aspectos subjetivos
do contribuinte, mas somente o valor da res,
da coisa. Os tributos pessoais, de forma
diversa, consideram parâmetros, aspectos
subjetivos do contribuinte na cobrança
promovida pelo Estado.
97
1.6.3 TRIBUTOS SELETIVOS E Progressividade para os impostos envolve
PROGRESSIVOS dois distintos conceitos: a progressividade
simples e a progressividade graduada.
1.7 COMPETÊNCIA
1.7.1 COMPETÊNCIA PARA LEGISLAR EM De acordo com o inciso I do art. 24 da CF/88,
MATÉRIA TRIBUTÁRIA compete à União, aos Estados e ao Distrito
Federal legislar concorrentemente sobre
direito tributário. No âmbito da legislação
concorrente, a competência da União limitar-
se-á a estabelecer normas gerais (§ 1º), não
constituindo essa, contudo, óbice para a
competência suplementar dos Estados (§
2º).
98
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99
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALEXANDRE, Ricardo. Direito tributário. 11ª ed. rev., atual. e ampl. Salvador: Editora JusPodvm,
2017.
AMARO, Luciano. Direito tributário brasileiro. 20ª ed. São Paulo: Saraiva, 2014.
BORBA, Bruna Estima. Imposto de renda das pessoas físicas. Belo Horizonte: Editora D’Plácido,
2017.
CASTRO, Eduardo Moreira Lima Rodrigues de. Teoria Geral do Tributo. In CASTRO, Eduardo M.
L. Rodrigues de; LUSTOZA, Helton Kramer; GOUVÊA, Marcus de Freitas. Tributos em espécie.
Salvador: Editora JusPodvm, 2019. Cap. 2.
CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Base de cálculo da taxa municipal de fiscalização e
funcionamento. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/2fd5d41ec6cfab47e32164d
5624269b1>. Acesso em: 06/01/2020.
____________. Princípio da legalidade tributária e lei que delega a fixação do valor da taxa
para ato infralegal, desde que respeitados os parâmetros máximos. Buscador Dizer o Direito,
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<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/bc9c8c705927bf419147ab7
491c54896>. Acesso em: 06/01/2020.
____________. Regra da anterioridade nonagesimal e lei de conversão da MP. Buscador Dizer o
Direito, Manaus. Disponível em:
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/fd45ebc1e1d76bc1fe0ba93
3e60e9957>. Acesso em: 06/01/2020
_____________. Valor da taxa deve estar relacionado com o custo do serviço que as motiva.
Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/13384ffc9d8bdb21c53c6f72
d46f7866>. Acesso em: 06/01/2020
FALCÃO, Joaquim; GUERRA, Sérgio; ALMEIDA, Rafael (org.). Direito Constitucional Tributário.
Rio de Janeiro: Editora FGV, 2015.
HARADA, Kiyoshi. Direito financeiro e tributário. 26. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Atlas,
2017.
MAZZA, Alexandre. Manual de Direito Tributário. 4ª ed. São Paulo: Saraiva, 2018.
MINARDI, Josiani. Manual de Direito Tributário. 5ª ed. rev., atual. e ampl. Salvador: Editora
JusPodvm, 2018.
100
PAULSEN, Leandro. Curso de Direito Tributário. 6ª ed. Porto Alegre: Livraria do advogado
editora, 2014.
PRIEBE, Victor Saldanha. Capacidade contributiva e progressividade comoprincípios tributários
que facilitam a implementação dajustiça fiscal. RTRIB. V.131 Nov – Dez, 2016. Disponível em:
http://www.mpsp.mp.br/portal/page/portal/documentacao_e_divulgacao/doc_biblioteca/bibli_se
rvicos_produtos/bibli_boletim/bibli_bol_2006/RTFPub_n.131.04.PDF. Acesso em: 10/01/2020.
SEGUNDO, Hugo de Brito Machado. Código Tributário Nacional: anotações à Constituição, ao
Código Tributário Nacional e às Leis Complementares 87/1996 e 116/2003. 6ª ed. rev., atual. e
ampl. São Paulo: Atlas, 2017.
101
Capítulo 2
SUMÁRIO
1
2.4.6 Princípio da não limitação ao tráfego de pessoas e ressalva do pedágio (Princípio da
liberdade de locomoção) .......................................................................................................................................... 42
GABARITO ............................................................................................................................................ 74
JURISPRUDÊNCIA................................................................................................................................ 80
2
E ai, OABeiro! Tudo certinho?
A apostila de número 02 do nosso curso de Direito Tributário tratará sobre Fontes do Direito
Aqui, a banca costuma seguir o seu padrão: Apresentar um caso hipotético, pelo qual a resposta
é respaldada na legislação vigente. Por isso, recomendamos a leitura atenta da letra seca da lei
e entendimentos jurisprudenciais, e sempre em companhia de alguma doutrina à sua escolha.
Vamos juntos!
3
DIREITO TRIBUTÁRIO
Capítulo 2
2.1 Fontes
As fontes materiais (ou fontes reais) constituem os fatos relacionados à exação. São os
fenômenos (ou coisas) do mundo real que autorizam a cobrança dos tributos. No mundo
tangível, essas fontes representam as riquezas ou os bens previstos pelo legislador e, quando
existentes na forma da lei, fazem nascer o direito à cobrança praticada pelo Estado (o Fisco).
Nas palavras da Kiyoshi Harada (2017):
4
Fonte real, portanto, é o pressuposto de fato que compõe a norma jurídica
definidora do fato gerador da obrigação tributária. É, como diz o art. 114 do
CTN, a situação definida em lei como necessária e suficiente a sua ocorrência. A
situação é sempre um fato, descrito de forma abstrata e genérica na norma legal,
que, uma vez ocorrido em concreto opera-se o fenômeno da subsunção do fato
à hipótese legal prevista, isto é, gera a obrigação de pagar tributo.
5
2.3.1.2 Leis complementares
6
Segundo o texto da Lei Maior, cabe à lei complementar:
Dispor sobre conflitos de competência, em matéria tributária, entre a União, os Estados, o Distrito Federal
Art. 146, inciso I
e os Municípios
Estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre definição de tributos
e de suas espécies, bem como, em relação aos impostos discriminados nesta Constituição, a dos respectivos Art. 146, inciso III, a
Estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre obrigação, lançamento,
Art. 146, inciso III, b
crédito, prescrição e decadência tributários;2
Estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre adequado tratamento
Art. 146, inciso III, c
tributário ao ato cooperativo praticado pelas sociedades cooperativas.
inclusive regimes especiais ou simplificados no caso do imposto previsto no art. 155, II (ICMS), das
2
Questão 02
7
contribuições previstas no art. 195, I (contribuições sociais do empregador) e §§ 12 e 13, e da contribuição
Quanto à lei complementar de que trata o art. 146, inciso III, d, essa também poderá instituir um regime
único de arrecadação dos impostos e contribuições da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios (SIMPLES NACIONAL)
II - poderão ser estabelecidas condições de enquadramento diferenciadas por Estado Art. 146, parágrafo
ou condicionamento
8
I - para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de guerra externa ou sua
iminência;
Instituição, pela União, de impostos sobre grandes fortunas Art. 153, VII
A União poderá instituir, mediante lei complementar, impostos não previstos no artigo 153 da CF, desde
que sejam não-cumulativos e não tenham fato gerador ou base de cálculo próprios dos discriminados Art. 154
nesta Constituição3
No que diz respeito ao imposto sobre transmissão causa mortis e doação, de quaisquer bens ou direitos
(ITCMD):
terá competência para sua instituição regulada por lei complementar: (a) se o doador tiver domicilio ou Art. 155, § 1º, III
residência no exterior; (b) se o de cujus possuía bens, era residente ou domiciliado ou teve o seu
3
Questão 01
9
b) dispor sobre substituição tributária;
d) fixar, para efeito de sua cobrança e definição do estabelecimento responsável, o local das operações
e) excluir da incidência do imposto, nas exportações para o exterior, serviços e outros produtos além dos
mencionados no inciso X, "a"
f) prever casos de manutenção de crédito, relativamente à remessa para outro Estado e exportação para
o exterior, de serviços e de mercadorias;
g) regular a forma como, mediante deliberação dos Estados e do Distrito Federal, isenções, incentivos e
benefícios fiscais serão concedidos e revogados.
h) definir os combustíveis e lubrificantes sobre os quais o imposto incidirá uma única vez, qualquer que
seja a sua finalidade, hipótese em que não se aplicará o disposto no inciso X, b;
i) fixar a base de cálculo, de modo que o montante do imposto a integre, também na importação do
exterior de bem, mercadoria ou serviço.
Compete aos Municípios instituir impostos sobre serviços de qualquer natureza (ISS), não compreendidos
Art. 156, III
no art. 155, II, definidos em lei complementar.
10
No que diz respeito ao ISS, cabe à lei complementar:
III - regular a forma e as condições como isenções, incentivos e benefícios fiscais serão concedidos e
revogados.
A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei,
mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, e das seguintes contribuições sociais: a lei poderá instituir outras fontes destinadas a garantir
art. 195, § 4
a manutenção ou expansão da seguridade social, obedecido o disposto no art. 154, I (“art.. 154, I - mediante
lei complementar, impostos não previstos no artigo anterior, desde que sejam não-cumulativos e não
tenham fato gerador ou base de cálculo próprios dos discriminados nesta Constituição”).4
4
Questão 07
11
No que diz respeito à expressão “normas gerais” constante no caput do art. 146 da CF, o STF já
se pronunciou no seguinte sentido:
observância de normas gerais em matéria tributária é imperativo de segurança
jurídica, na medida em que é necessário assegurar tratamento centralizado a
alguns temas para que seja possível estabilizar legitimamente expectativas. Neste
contexto, "gerais" não significa "genéricas", mas sim "aptas a vincular todos os
entes federados e os administrados”. [RE 433.352 AgR, rel. min. Joaquim Barbosa,
j. 20-4-2010, 2ª T, DJE de 28-5-2010.]
Diferentemente das leis complementares que exigem quorum de maioria absoluta (art. 69,
CF), as leis ordinárias requerem para a sua aprovação a maioria simples e constituem a via
comum para tratar de matéria tributária.
Como asseverado por Harada (2017), “a constituição não cria tributos, apenas outorga
competência impositiva”, sendo assim, as leis ordinárias - então produzidas pelos entes
federativos – representam as vias preferenciais de instituição de tributos, enquanto se revelam
as leis complementares, por expressa previsão no texto da Lei Maior, como as vias excepcionais
de criação de tributos.
Previsão legal
Instituição de tributos por lei complementar
(CF/88)
12
União poderá instituir impostos não previstos no artigo 153 da CF
art. 154, I
(competência residual)
Contribuições sociais que constituirão outras fontes destinadas a garantir art. 195, § 4 c/c
a manutenção ou expansão da seguridade social art. 154, I
As leis delegadas, por sua natureza, se distinguem das leis ordinárias por sua origem, ou
melhor, pelo rito processual que lhes concebe. Conforme leciona Harada (2017), as leis
delegadas encontram-se na mesma posição hierárquica que as leis ordinárias, só que aquelas
somente são produzidas pelo chefe do Executivo mediante a solicitação e a efetiva delegação
ao Congresso Nacional. Prevê a Lei Maior que o citado pré-requisito, qual seja, a delegação ao
Presidente da República, terá a forma de resolução do Congresso Nacional, que especificará seu
conteúdo e os termos de seu exercício. Ainda segundo o art. 68 da CF, se a resolução determinar
a apreciação do projeto pelo Congresso Nacional, este a fará em votação única, vedada
qualquer emenda.
Quanto à matéria, essas leis não podem versar sobre (I) organização do Poder Judiciário e
do Ministério Público, a carreira e a garantia de seus membros; (II) nacionalidade, cidadania,
direitos individuais, políticos e eleitorais; (III) planos plurianuais, diretrizes orçamentárias e
orçamentos. (IV) a matéria reservada à lei complementar; e, finalmente, não serão objeto de
delegação os atos de competência exclusiva do Congresso Nacional, os de competência privativa
da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal (art. 68, CF).
Consoante o texto do art. 62 da CF, as medidas provisórias (MP) são vias normativas
extraordinárias. Tal definição se dá porque que somente em caso de relevância e urgência, está
autorizado o Presidente da República a adotar medidas provisórias, com força de lei, desde que
sejam essas submetidas, de imediato, ao Congresso Nacional.
Como se não bastasse se tratar de fonte formal reservada a situações específicas – essas
marcadas por imperiosa necessidade do Estado, é vedado às Medidas Provisórias as seguintes
matérias: (1) nacionalidade, cidadania, direitos políticos, partidos políticos e direito eleitoral; (2)
direito penal, processual penal e processual civil; (3) organização do Poder Judiciário e do
Ministério Público, a carreira e a garantia de seus membros; (4) planos plurianuais, diretrizes
13
orçamentárias, orçamento e créditos adicionais e suplementares, ressalvado o previsto no art.
167, § 3º; (5) que vise a detenção ou sequestro de bens, de poupança popular ou qualquer
outro ativo financeiro; (6) reservada a lei complementar; e, finalmente, aquela (7) já disciplinada
em projeto de lei aprovado pelo Congresso Nacional e pendente de sanção ou veto do
Presidente da República.
No que tange à matéria de Direito Tributário, determinou o constituinte: medida provisória
que implique instituição ou majoração de impostos, exceto os previstos nos arts. 153, I, II,
IV, V, e 154, II, só produzirá efeitos no exercício financeiro seguinte se houver sido convertida
em lei até o último dia daquele em que foi editada. De forma esquematizada, são a exceção à
regra da anterioridade na MP os seguintes tributos:
Sobre essa espécie de fonte formal, importa destacar o ensinamento de Harada (2017):
No âmbito do Direito Tributário, o mencionado autor revela que os decretos legislativos tem
destaque ante a aprovação de convenções internacionais, momento no qual deve-se criar óbice
à dupla tributação do imposto sobre a renda ou, como ainda destaca Harada (2017), “para
estatuir isenções recíprocas de impostos federais, estaduais e municipais em determinadas
circunstâncias”.
2.3.1.7 Resoluções
Espécie normativa produzida exclusivamente pelo Congresso Nacional (ou por cada uma de
suas Casas), tem importância no Direito Tributário nas seguintes situações reguladas pelo art.
155 da CF:
15
2.3.1.8 Tratados e convenções internacionais
No que diz respeito aos tratados e às convenções internacionais, essas fontes normativas
tomam destaque porque hierarquicamente põem-se acima das leis ordinárias no direito interno
e traduzem-se como as vias de uniformização das normas tributárias ante a internacionalização
da economia (HARADA, 2017).
Consoante o teor do art. 98 do CTN, os tratados e as convenções internacionais possuem o
poder de revogar ou modificar a legislação tributária interna e possui importância no
ordenamento jurídico ao ponto de que deverão ser observados pela legislação que lhes
sobrevenha.
Apreciando o conteúdo do §2º do art. 5º da CF, que determina que os direitos e garantias
expressos na Constituição “não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela
adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte”,
Harada (2017) revela que os direitos do contribuinte, ao serem consagrados em tratado ou
convenção internacional, recebem proteção de texto constitucional, qualidade essa que impede
que a legislação infraconstitucional modifique-os. Ainda tratando sobre a matéria, o mencionado
autor afirma:
Esses tratados e convenções, firmados pelo Presidente da República como Chefe
de Estado (art. 84, VII, da CF), depois de aprovados pelo Congresso Nacional (art.
49, I, da CF), através de Decreto Legislativo (art. 59, VI, da CF), passam a obrigar
os Estados signatários produzindo seus efeitos no âmbito interno após sua
promulgação por Decreto do Presidente da República.
Inúmeros são os tratados e Convenções firmados pelo Brasil para evitar a dupla
tributação do imposto sobre a renda.
Outros, são firmados para isentar de impostos federais, estaduais e municipais,
por exemplo, a Convenção de Viena sobre as relações consulares.
A EC no 45/2004 inseriu o § 3o ao art. 5o da CF prescrevendo que “os tratados e
convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada
Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos
respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais”.
Essa disposição acrescida, se interpretada literalmente, poderá conduzir à
equivocada conclusão de que tratados e convenções que cuidam de outras
matérias têm o status de lei ordinária geral, e que a norma do art. 98 do CTN não
foi recepcionada pela Carta Política de 1988. Uma interpretação que leva a tal
conclusão estaria negando a própria função harmonizadora dos tratados e
convenções.
16
Entretanto, o § 3o acrescido pela EC no 45/04 tem a virtude de afastar a incidência
da parte final do inciso LXVII, do art. 5º da CF, que ressalva a prisão por
inadimplemento da obrigação alimentícia e por violação do encargo de fiel
depositário, após o advento do Pacto de San José da Costa Rica aprovado pelo
Decreto Legislativo no 27, de 26 de maio de 1992, e promulgado pelo Decreto no
678, de 6 de novembro de 1992. De fato, o STF já decidiu que é ilícita a prisão
civil de depositário infiel em face da insubsistência da previsão constitucional e
das normas subalternas em face da interpretação do art. 5º, LXVII e §§ 1º, 2º e 3o,
da CF à luz do art. 7º, § 7º, da Convenção Americana de Direitos Humanos (Pacto
de San José da Costa Rica).
2.3.1.9 Decretos
O tema aqui observado tem sua regra esculpida nos arts. 49, inciso V e 84, inciso IV, da CF
e art. 99 do CTN. Como se sabe, os decretos constituem atos normativos de competência do
Representante Máximo do Poder Executivo e tem como objetivo a regulação de matéria de lei,
com o fim de garantir o cumprimento da regra instituída pelo Poder Legislativo. Por essa
limitação, o texto do decreto não poderá, de forma alguma, ultrapassar ou mesmo limitar as
normas então determinadas pela lei (HARADA, 2017).
Sobre o uso do decreto no âmbito tributário, Paulsen (2014) afirma que mesmo o Princípio
da Legalidade Estrita abriga exceções, hipóteses essas nas quais o Executivo está autorizado a
alterar alíquotas de tributos como, por exemplo, IPI e IOF, desde que sob a condição de
17
obedecer as regras impostas pela lei, as quais deverão desenhar os limites e as condições para
o exercício do Poder de Tributar do Estado.
CF, Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional: (...) V - sustar os atos normativos
do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites de delegação
legislativa; (...)
CTN, Art. 99. O conteúdo e o alcance dos decretos restringem-se aos das leis em função das
quais sejam expedidos, determinados com observância das regras de interpretação estabelecidas
nesta Lei.
complementares, desde que esses versem - no todo ou em parte - sobre tributos e relações
jurídicas a eles pertinentes. Neste ponto, importante destacar as palavras do Ministro Ari
Pargendler sobre o tema, quando relator no julgamento dos Embargos de declaração no RESP
nº 85.409-SP:
18
Tributário. ICMS. Pagamento. Fixação de prazo através de decreto. No
sistema do Código Tributário Nacional (art. 96), a expressão "legislação
tributária" caracteriza um gênero, do qual a lei e o decreto são espécies;
atribuindo a "legislação tributária" força para fixar o tempo do pagamento
dos tributos, o artigo 160 autorizou que isso se fizesse, indiferentemente,
por quaisquer de suas espécies, respeitada, por obvio, a hierarquia existente
entre elas (v.g., um prazo fixado por lei não pode ser alterado por decreto).
Embargos de declaração rejeitados. (EDcl no REsp 85.409/SP, Rel. Ministro
ARI PARGENDLER, SEGUNDA TURMA, julgado em 13/12/1996, DJ
03/02/1997, p. 694)
De acordo com Hugo de Brito Machado Segundo (2017), a expressão “leis” do art. 96 do
CTN envolve não apenas o produto do Poder Legislativo – leis ordinárias e complementares -
dos entes da federação (estados, municípios e União), mas também outras fontes normativas,
Neste ponto, destaca-se a observação de Hugo de Brito Machado Segundo (2017) sobre as
II - Impostos sobre a
Importação
20
CTN: O Poder Executivo pode, nas condições e nos limites
ITBI - Imposto sobre resolução do Senado Federal, que distinguirá, para efeito de
Operações de
Crédito, Câmbio e
21
combustível deverá atender aos seguintes requisitos: a alíquota da
§ 4º, I, b)
Prescreve a lei que a modificação da base de cálculo, quando tornar a exação mais onerosa,
é equiparada à majoração do tributo. Por outro lado, destaca o código tributário que, diante
da hipótese prevista no inciso II do art. 97 do CTN, não constitui majoração de tributo a mera
atualização do valor monetário da respectiva base de cálculo do tributo (art. 97, §§ 1º e 2º).
No que tange ao sistema de normas tributárias, define o CTN que constituem normas
complementares das leis, dos tratados e das convenções internacionais e dos decretos: (I) os
atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas; (II) as decisões dos órgãos
singulares ou coletivos de jurisdição administrativa, a que a lei atribua eficácia normativa; (III) as
práticas reiteradamente observadas pelas autoridades administrativas; (IV) os convênios que
entre si celebrem a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios. Ainda revela o código
que a observância das citadas normas exclui: (a) a imposição de penalidades, (b) a cobrança
Normas
complementares
22
2.3.2.1 Vigência da Legislação Tributária
Quanto à vigência da legislação tributária, declara o art. 101 do CTN que, considerando o
espaço e o tempo, a vigência da legislação tributária rege-se pelas disposições legais aplicáveis
Quanto à força normativa da legislação tributária produzida pelos Estados, Distrito Federal e
Municípios, o art. 102 do CTN prevê que no País, fora dos respectivos territórios, vigora a
legislação nos limites em que lhe reconheçam extraterritorialidade os convênios de que os entes
participem, ou do que disponham o CTN ou outras leis de normas gerais expedidas pela União.
A seguir, o tempo para o início da vigência, conforme prescrito pelos arts. 103 e 104, do CTN:
23
2.3.2.2 Aplicação da Legislação Tributária
Segundo o CTN, a legislação tributária possui força para aplicação imediata aos fatos
geradores futuros e aos pendentes (incluindo nesse segundo grupo aqueles casos cuja
ocorrência do fato tenha tido início, mas não esteja completa nos termos do artigo 116).
Ainda no que diz respeito à aplicação no tempo, o CTN determina que lei se aplica a ato ou
fato pretérito em qualquer caso, quando seja ela expressamente interpretativa, excluída a
aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; e, na hipótese de se tratar de
ato não definitivamente julgado: (a) quando deixe de defini-lo como infração; b) quando deixe
de tratá-lo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido
fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; e, finalmente, c) quando
lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática.
Nos termos do art. 108, ante a ausência de disposição expressa, a autoridade competente
para aplicar a legislação tributária utilizará sucessivamente, na seguinte ordem:
Analogia
A equidade
Ressalva o CTN que o uso da analogia não poderá resultar na exigência de tributo não
previsto em lei, sob pena de violação ao próprio princípio da legalidade estrita. De outro lado,
prevê-se no código que o emprego da equidade não poderá resultar na dispensa do pagamento
de tributo devido (art. 108). De forma esquematizada, podemos apresentar:
24
exigência de
Analogia tributo não
previsto em lei
dispensa do
Equidade pagamento de
tributo devido
institutos, conceitos e formas, mas não para definição dos respectivos efeitos tributários. Ainda
sobre assunto, o art. 110 fixa o seguinte:
tributária deve ocorrer nos seguintes casos: (I) na suspensão ou exclusão do crédito tributário;
(II) na outorga de isenção; (III) na dispensa do cumprimento de obrigações tributárias
acessórias.
Na suspensão ou exclusão do
crédito tributário
Na dispensa do cumprimento
de obrigações tributárias
acessórias.
De outra forma, orienta o CTN que ante a lei tributária que define infrações, ou lhe comina
penalidades, deve o intérprete entender da maneira mais favorável ao acusado, em caso de
dúvida quanto: (I) à capitulação legal do fato; (II) à natureza ou às circunstâncias materiais
25
do fato, ou à natureza ou extensão dos seus efeitos; (III) à autoria, imputabilidade, ou
punibilidade;(IV) à natureza da penalidade aplicável, ou à sua graduação.
À natureza ou às circunstâncias
materiais do fato, ou à natureza
ou extensão dos seus efeitos
Interpretação mais favorável ao
acusado
À autoria, imputabilidade, ou
punibilidade
À natureza da penalidade
aplicável, ou à sua graduação.
As fontes formais secundárias são aquelas anunciadas pelo art. 100 do Código Tributário
Nacional (CTN) como normas complementares, essas entendidas como instrumento que
acompanham, completam as leis, os tratados e as convenções internacionais e os decretos. De
26
2.4 Princípios do Direito Tributário
Federal, decerto não estão, de forma exaustiva, previstas no art. 150 da CF, mas se apresentam,
implícita ou explicitamente em diversos pontos da Lei Maior.
invasão do Estado sobre a propriedade privada a partir da exação não autorizada pelos
particulares. A norma ora estudada é, portanto, um sinal da resistência, uma via do controle da
força estatal. Sobre a história desse princípio no direito brasileiro e o que de fato ele representa,
destaca Harada (2017):
27
campo de reserva legal. Finalmente, outra questão diretamente ligada ao
princípio da legalidade, pouco lembrada pelos estudiosos, é a que diz
respeito à repetição de indébito. Para nós, o verdadeiro fundamento da
repetição de indébito não repousa na parêmia de Pompônio, o princípio
do locupletamento indevido, mas no princípio da estrita legalidade que
impõe a reposição do solvens no statu quo ante sempre que constatado o
pagamento sem fundamento na lei. Com esse posicionamento, resolvem-
se as dificuldades hoje enfrentadas nesse campo. O sujeito passivo que
efetuar pagamento de tributo sem base legal – não praticou o fato típico;
a base de cálculo não corresponde à previsão legal; a alíquota aplicada é
maior que aquela estatuída em lei etc. – terá direito à repetição
independentemente de ter suportado ou não o respectivo encargo
financeiro. O problema do consumidor que, de fato, assumiu o ônus
financeiro, pelo fenômeno da repercussão, é matéria de natureza privada
que não interessa à Fazenda Pública, a qual não pode nem deve posicionar-
se como tutora do contribuinte econômico, principalmente se o direito
comum já prevê sua solução.
Previsão na Constituição:
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
28
Previsão no CTN:
II - a majoração de tributos, ou sua redução, ressalvado o disposto nos artigos 21, 26, 39, 57 e
65;
§ 2º Não constitui majoração de tributo, para os fins do disposto no inciso II deste artigo, a
Como explanado por Harada (2017), a legalidade anunciada pela constituição como limitação
ao Poder de Tributar não se resume de forma restrita à definição da lei como via de instituição
e aumento de tributo, tal como foi visto na ADI 1.709, onde a Corte Máxima declarou que a
instituição dos emolumentos cartorários pelo tribunal de justiça afronta o princípio da reserva
legal porque somente a lei pode criar, majorar ou reduzir os valores das taxas judiciárias (ADI
29
convenção coletiva, a empregados não filiados ao sindicado beneficiário da exação” (ARE
1.018.459 RG, voto do rel. min. Gilmar Mendes, j. 23-2-2017, P, DJE de 10-3-2017, Tema 935).
Mas também a legalidade apresenta a lei como meio regulatório de outras situações. Em
outras palavras, a força normativa do princípio expandiu no ordenamento, e a sua ratio vai além
Como exemplo, tem-se o julgamento da ADI 2.304, sob a relatoria do min. Dias Toffoli, que
Da mesma forma, fixou a Corte Máxima o entendimento de que a lei não será a única via
para a definição de valores da exação, desde que haja lei prévia não apenas possibilitando o
uso de norma complementar tributária, mas que fixe os limites da cobrança. Vejamos:
patrimônio ao Estado tempo para se programar em face da obrigação tributária que deverá
adimplir. O princípio da anterioridade tributária, anunciado pelo art. 150, III, alíneas b e c,
determina que sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União,
aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios cobrar tributos (1) no mesmo exercício
financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou e (2) antes de
decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou
aumentou. Conforme aduz Hugo de Brito Machado Segundo (2017) trata-se a norma ora
estudada de instituto coberto pela proteção conferida pelo art. 60, § 4º, IV, da CF: a imutabilidade
em face do poder reformador constitucional. Vejamos o que diz o citado autor:
Tendo em vista o disposto no art. 60, § 4º, IV, da CF/88, que veda a edição
de emendas constitucionais tendentes a abolir direitos e garantias
individuais, e considerando que o rol dos direitos e garantias individuais
31
não se exaure no art. 5º da CF/88, o STF tem arestos nos quais considera
o princípio da anterioridade da lei tributária como integrante do chamado
núcleo imodificável da CF/88. “O princípio da anterioridade da lei tributária
– imune, até mesmo, ao próprio poder de reforma constitucional
titularizado pelo Congresso Nacional (RTJ 151/755-756) – representa um
dos direitos fundamentais mais relevantes outorgados ao universo dos
contribuintes pela Carta da República, além de traduzir, na concreção do
seu alcance, uma expressiva limitação ao poder impositivo do Estado. Por
tal motivo, não constitui demasia insistir na asserção de que o princípio da
anterioridade das leis tributárias – que se aplica, por inteiro, ao IPTU (RT
278/556) – reflete, em seus aspectos essenciais, uma das expressões
fundamentais em que se apoiam os direitos básicos proclamados em favor
dos contribuintes” (Pet. 1.466, Rel. Min. Celso de Mello, j. em 25/8/1998, DJ
de 2/9/1998, p. 33). A propósito, o entendimento de que emendas não
podem afastar a aplicação do princípio da anterioridade foi manifestado
pelo STF no julgamento da validade do IPMF, instituído com autorização
na EC 3/93 (Pleno, ADI 939/DF, Rel.M in. Sydney Sanches, j. 15/12/1993, m.
v., DJ de 18/3/1994, p. 5165, RTJ 151-3/755).
Antes da apreciação das faces do princípio da anterioridade, faz-se necessário destacar que
a regra da CF/46, a exação somente poderia ser instituída (ou mesmo aumentada) se houvesse
prévia autorização orçamentária. Sendo assim, ao Estado, restava a necessidade da previsão na
lei de orçamento para que pudesse exercer, de fato, o poder de tributar no ano financeiro, seja
para instituir, seja para majorar tributos. Revogado pela emenda constitucional nº 18 de 1965,
o princípio da anualidade, como dito, não foi consagrado pela Constituição de 1988 (HARADA,
2017).
daquela outra norma da CF de 1946, que ao ente federativo é permitida a criação e a majoração
de tributos, desde que a cobrança, de fato, ocorra no exercício seguinte àquele no qual foi
publicada a lei que instituiu ou aumentou. Nas palavras de Harada (2017), “de fato, o Estado
tem a faculdade de criar novos tributos ou majorar os existentes quando quiser, mas sua
32
cobrança fica diferida para o exercício seguinte ao da publicação da lei”. Como dito antes, a
norma ora estudada confere segurança ao contribuinte, que poderá planejar-se ante a exação
que se iniciará ou será majorada. Por outro lado, no que diz respeito aos índices de correção
monetária, fixou o STF, no julgamento do RE 234002 AgR, que aqueles não se confundem com
No pensamento de Leandro Paulsen (2014), defendendo uma ideia diferente daquela trazida
por muitos autores, a anterioridade não se trata de um princípio, mas sim de regras, de uma
verdadeira garantia constitucional que permite o “conhecimento antecipado da lei tributária
mais gravosa”. Dissertando sobre o assunto, o mencionado autor profere o que ensina
Humberto Ávila:
De outro lado, reforçando o seu posicionamento que é divergente de outros autores - mas
se coaduna ao que defende Harada (2017) - Leandro Paulsen (2014) afirma que a anterioridade
nonagesimal “garante ao contribuinte o interstício de 90 dias entre a publicação da lei
instituidora ou majoradora do tributo e sua incidência apta a gerar obrigações tributárias”.
Conforme pontua Paulsen (2014), tanto a anterioridade de exercício quanto a anterioridade
Contudo, destacam-se as exceções anunciadas na constituição (arts. 150, § 1º, 177, § 4º, e 195,
§ 6º).
é vedado à União, aos Estados, ao Distrito é vedado à União, aos Estados, ao Distrito
Federal e aos Municípios cobrar tributos antes Federal e aos Municípios cobrar tributos no
33
de decorridos noventa dias da data em que mesmo exercício financeiro em que haja
haja sido publicada a lei que os instituiu ou sido publicada a lei que os instituiu ou
aumentou, observado o disposto na alínea b. aumentou:
Exceções: Exceções:
iminência (art. 150, III, b, art. 150, § 1º, art. 148, sua iminência (art. 150, III, b, art. 150, § 1º,
I, CF) art. 148, I, CF)
nacionais ou nacionalizados (art. 150, III, b, art. produtos nacionais ou nacionalizados (art.
150, § 1º, art. 153, II, CF) 150, III, b, art. 150, § 1º, art. 153, II, CF)
34
IR - renda e proventos de qualquer natureza IPI - produtos industrializados (art. 150, III,
(art. 150, III, b, art. 150, § 1º, art. 153, III, CF) b, art. 150, § 1º, art. 153, IV, CF)
35
Neste ponto, cabe a exposição de algumas teses fixadas pelo Supremo Tribunal Federal.
Vejamos:
Precedentes recentes de ambas as Turmas desta CORTE estabelecem que se aplica o princípio da
anterioridade tributária, geral e nonagesimal, nas hipóteses de redução ou de supressão de benefícios
ou de incentivos fiscais, haja vista que tais situações configuram majoração indireta de tributos. (RE
564225 AgR-EDv-AgR, Relator(a): Min. ALEXANDRE DE MORAES, Tribunal Pleno, julgado em 20/11/2019,
ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-264 DIVULG 03-12-2019 PUBLIC 04-12-2019)
A contribuição ao PIS só pode ser exigida, na forma estabelecida pelo art. 2º da EC 17/1997, após
decorridos noventa dias da data da publicação da referida emenda constitucional. 2. Recurso
extraordinário a que se dá provimento, com o reconhecimento da repercussão geral do tema e a
reafirmação da jurisprudência sobre a matéria. (RE 848353 RG, Relator(a): Min. TEORI ZAVASCKI, julgado
em 12/05/2016, PROCESSO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-105 DIVULG 20-05-2016
PUBLIC 23-05-2016 )
SÚMULA VINCULANTE 50 - Norma legal que altera o prazo de recolhimento de obrigação tributária
não se sujeita ao princípio da anterioridade.5
O princípio da isonomia, anunciado no art. 150, II, da CF, registra no ordenamento jurídico
pátrio que é vedado aos entes da federação - União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos
Municípios - estabelecer tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação
equivalente, sendo proibida qualquer distinção em razão de ocupação profissional ou função
5
Questão 06
36
por eles exercida, independentemente da denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou
direitos. Em outras palavras, o constituinte, carregando o espírito do princípio da igualdade (art.
5º, CF) ao âmbito do Direito Tributário, consagrou nos termos da Constituição a proibição do
tratamento desigual entre iguais, condenando qualquer possibilidade da prática de
determinados é possível, desde que essas condições favoráveis criadas não levem a um efeito
negativo, denominado desigualdade jurídica formal, isto é, quando a lei trata de forma desigual
pessoas que se inserem em condições iguais (HARADA, 2017).
Sobre esse tema, Leandro Paulsen (2014) destaca que duas justificativas autorizam os entes
da federação promoverem o tratamento distinto entre sujeitos. São elas: (a) razões de
capacidade contributiva; (b) razões extrafiscais. Segundo o mencionado autor, a capacidade
contributiva é, de fato, a principal razão que fundamenta o agir diferente, já que essa está
intimamente associada ao conceito de justiça fiscal (vide art. 145, § 1º, CF). De ouro lado,
assevera o autor “apenas excepcionalmente é que se poderá admitir tratamento diferenciado
37
Art. 182. A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder
38
no caso do imposto previsto no art. 155, II, das contribuições previstas no
A irretroatividade tributária esculpida no art. 150, III, a, da Constituição de 1988, que tem
seus pilares sobre o princípio da legalidade e o da segurança jurídica, estabelece que é vedada
a cobrança de tributos sobre fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que
os houver instituído ou aumentado. O teor da Lei Maior representa, em verdade, uma garantia
aos sujeitos, porque confere proteção além do direito adquirido e ao ato jurídico perfeito,
impedindo a imposição de regra mais gravosa sobre o contribuinte (PAULSEN, 2014). Nas
palavras de Hugo de Brito Machado Segundo (2017):
39
Tanto é assim que o art. 150, III, da CF/88, se refere à lei que instituir ou
majorar tributos. A redução de tributos ou de penalidades, ou a sua
extinção ou dispensa, estas podem ocorrer retroativamente (v. g., remissão,
anistia etc.). Nesse sentido é o entendimento do STF, hoje cristalizado na
Súmula 654, que dispõe: “A garantia da irretroatividade da lei, prevista no
art. 5º, XXXVI, da Constituição da República, não é invocável pela entidade
estatal que a tenha editado.”
Como bem pontua Paulsen (2014) ao tratar sobre o assunto, diferentemente de outros
princípios, esse não comporta atenuação ou exceção no texto constitucional. De acordo com o
autor, a lei que institui ou majora tributos deve ter caráter prospectivo, sendo inadmissível a
retroação de seus efeitos. Em outras palavras, fixa-se: a lei tributária que carrega maior
onerosidade não atinge atos passados, anteriores à sua vigência. Aliás, sequer a retroatividade
imprópria, admitida no direito alemão, é aceita no Brasil (PAULSEN, 2014)
Quanto à aplicação da lei, aliás, como já exposto neste capítulo, o art. 105 do CTN determina
que a legislação tributária deverá ser aplicada imediatamente aos fatos geradores futuros e aos
pendentes, assim entendidos aqueles cuja ocorrência tenha tido início mas não esteja completa
nos termos do artigo 116. Considerando o teor do art. 106 do código tributário, é possível
40
Quando seja
expressamente
interpretativa, excluída a
Em qualquer caso
aplicação de penalidade à
infração dos dispositivos
interpretados
O confisco trata-se da carga tributária excessiva, onerosa ao ponto de por em risco o próprio
contribuinte, seus direitos e garantias constitucionais (PAULSEN, 2014). O princípio do não
confisco, em um primeiro olhar, reflete a ideia da proteção a um dos direitos fundamentais: a
propriedade. Contudo, mais do que isso, revela também um comprometimento do Estado com
Anunciado no art. 150, IV, da CF, o não confisco tem sua raiz em outros princípios como o
da capacidade contributiva e, sob a visão do Supremo Tribunal Federal, deve essa norma ser
observada não apenas na exação (na cobrança de tributos), mas também na aplicação de
41
há abusividade da multa punitiva, quando arbitrada acima do montante de 100% do valor do
tributo, sendo essa considerada arbitrária (AI 851.038 AgR, rel. min. Roberto Barroso, j. 10-2-
2015, 1ª T, DJE de 12-3-2015). Como registra o próprio STF, a multa punitiva é aplicada em face
de prática contrária à lei, no descumprimento voluntário da obrigação tributária, consistindo,
portanto, uma sanção cujo fim é coibir a prática de ilícitos de natureza tributária. Sendo assim,
a multa carrega forte caráter pedagógico, cujo objetivo é promover o desestímulo ao desrespeito
princípio do não confisco, a Corte também tem se pronunciado sobre a necessidade da limitação
na aplicação da multa moratória, já que essa, por sua natureza, também tem o objetivo de
“sancionar o contribuinte que não cumpre suas obrigações tributárias, prestigiando a conduta
daqueles que pagam em dia seus tributos aos cofres públicos”. Decerto, como preceitua o STF,
para que a sanção cumpra sua “função de desencorajar a elisão fiscal, de um lado não pode ser
pífia, mas, de outro, não pode ter um importe que lhe confira característica confiscatória,
inviabilizando inclusive o recolhimento de futuros tributos”. De acordo com a jurisprudência da
Suprema Corte, não é confiscatória a multa moratória no importe de 20%. (RE 582.461, rel.
min. Gilmar Mendes, j. 18-5-2011, P, DJE de 18-8-2011, Tema 214).
Como preceitua Hugo de Brito Machado Segundo (2017), o princípio ora apreciado decorre
princípio federativo, não sendo permitido que a tributação crie óbice, barreiras ante a necessidade
do trânsito de pessoas ou bens no âmbito do Estado Federal – ou haveria uma violação ao
42
próprio direito de ir e vir, garantido pela Constituição. Por outro lado, ressalva Machado
Segundo (2017):
utilização de vias conservadas pelo Poder Público. Como se extrai do teor da Lei Maior, o
pedágio coloca-se como uma exceção à regra do 150, contudo, há a necessidade de se destacar
aqui que, conforme interpretação do STF, não constitui o pedágio um tributo, porque esse, na
visão da Corte, trata-se de preço público, motivo pelo qual, inclusive, sua instituição não está
limitada ou condicionada ao princípio da legalidade estrita do direito tributário6.
No que diz respeito ao princípio aqui apreciado, importa apreciar o que diz Harada (2017):
6 Ementa: TRIBUTÁRIO E CONSTITUCIONAL. PEDÁGIO. NATUREZA JURÍDICA DE PREÇO PÚBLICO. DECRETO 34.417/92, DO ESTADO DO RIO
GRANDE DO SUL. CONSTITUCIONALIDADE. 1. O pedágio cobrado pela efetiva utilização de rodovias conservadas pelo Poder Público, cuja
cobrança está autorizada pelo inciso V, parte final, do art. 150 da Constituição de 1988, não tem natureza jurídica de taxa, mas sim de
preço público, não estando a sua instituição, consequentemente, sujeita ao princípio da legalidade estrita. 2. Ação direta de
inconstitucionalidade julgada improcedente. (ADI 800, Relator(a): Min. TEORI ZAVASCKI, Tribunal Pleno, julgado em 11/06/2014, ACÓRDÃO
ELETRÔNICO DJe-125 DIVULG 27-06-2014 PUBLIC 01-07-2014)
43
2.4.7 Princípio da uniformidade de tributo federal em todo o território
Federal Brasileiro, o constituinte declarou naquele dispositivo que é vedado à União “instituir
tributo que não seja uniforme em todo o território nacional ou, ainda, que implique
federal não significa que não possa haver discriminações, isto é, que todos devem pagar
exatamente igual”, isso porque ainda no mesmo texto, atenuando a rigidez da norma,
certamente porque observa outros pilares fundamentais – inclusive aqueles anunciados como
objetivos da República Federativa do Brasil (exemplo: art. 3º, incisos I, II e III, da CF) – o
constituinte acrescenta que é “admitida a concessão de incentivos fiscais destinados a
1988: a justiça social e dignidade humana. Ainda no mesmo julgamento, é possível destacar
uma importante consideração do Ministro Luiz Fux sobre o princípio esculpido no art. 151, I, da
CF/88:
Com efeito, a própria parte final do art. 151, I, da CRFB/88 excepciona ao princípio
da uniformidade da tributação os incentivos fiscais destinados à promoção do
desenvolvimento socioeconômico das diferentes regiões. Nesse aspecto, deve-se
interpretar o referido dispositivo como um reconhecimento de que existem áreas
geográficas no país que se distinguem entre si em termos econômicos e
7 Disponível em: [RE 592.145, rel. p/ o ac. min. Marco Aurélio, j. 5-4-2017, P, DJE de 1º-2-2018, Tema 80.
http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=14274800
44
sociais, o que, à luz do postulado da Isonomia, impõe um tratamento
diferenciado por parte da legislação, com vistas à redução dessas
desigualdades. Esse mandamento, ademais, não se restringe à diferenciação entre
as “regiões” propriamente ditas, de modo a permitir apenas distinções entre
Estados integrantes das regiões Norte, Sul, Nordeste, Sudeste e Centro oeste. Na
verdade, quando a Constituição se refere a “regiões” está também autorizando o
tratamento diferenciado entre Estados que, embora integrem a mesma região,
possuem peculiaridades geográficas, sociais e/ou econômicas, que impedem a sua
comparação.
Saindo do texto do art. 151 da Constituição Federal, que consagrou limitações ao poder de
tributar exclusivamente à União, chega-se ao art. 152, que prevê norma destinada aos demais
entes da federação.
O princípio da não diferenciação tributária, declarado pelo constituinte no art. 152, determina
que é vedado aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios estabelecer diferença
tributária entre bens e serviços, de qualquer natureza, em razão de sua procedência ou
destino. De forma direta, objetiva, o teor da Lei Maior anuncia a intenção de barrar a guerra
fiscal entre os membros da federação.
Tomando como fundamento o princípio objeto de estudo deste tópico, o Supremo Tribunal
Federal tem construído diversos precedentes em sede de controle concentrado de
45
o Superior Tribunal de Justiça, no HC 7.444/RS declarou que é plenamente possível “a tributação
sobre rendimentos auferidos de atividade ilícita, seja de natureza civil ou penal”, afinal, “o
pagamento de tributo não é uma sanção, mas uma arrecadação decorrente de renda ou lucro
percebidos”, ainda que esses tenham sido contraídos ante atos ilícitos.
Ainda, de acordo com o art. 118 do Código Tributário Nacional a definição legal do fato
gerador é interpretada com abstração da validade jurídica dos atos efetivamente praticados
pelos contribuintes, responsáveis ou terceiros, bem como da natureza do seu objeto ou dos
seus efeitos (STJ: REsp 182.563/RJ, 5ª Turma, Rel. Min José Arnaldo da Fonseca, DJU de
23/11/1998).
(2007/0114885-0), a Corte seguiu o voto do MINISTRO FELIX FISCHER que, transcrevendo o voto
do Min. Sepúlveda Pertence no HC 77.530/RS asseverou:
8 Disponível em:
https://ww2.stj.jus.br/processo/revista/documento/mediado/?componente=ITA&sequencial=741458&num_registro=200701148850&data=2008
0218&formato=PDF. Precedentes: STJ: REsp 182.563/RJ, 5ª Turma, Rel. Min José Arnaldo da Fonseca, DJU de 23/11/1998; STJ: HC 7.444/RS, 5ª
Turma, Rel. Min. Edson Vidigal, DJ de 03.08.1998; STF: HC 77.530/RS, Primeira Turma, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, DJU de 18/09/1998; STJ:
REsp 182.563/RJ, 5ª Turma, Rel. Min José Arnaldo da Fonseca, DJU de 23/11/1998.
46
Direito urna concepção ética diversa, mas sim porque o aspecto que interessa
considerar para a tributação é o aspecto econômico do fato gerador ou a sua
aptidão a servir de índice de capacidade contributiva." E recorda, com Hensel, a
célebre resposta de Vespasiano - non olet, ou seja, o dinheiro não tem cheiro - à
objeção feita ao imposto que instituíra sobre as cloacas ou mictórios públicos,
ironicamente chamados monumenta Vespasiani, para acentuar - ob. cit., p. 91,
nota 77: "Claro está que, na sua versão atual as expressões perderam o conteúdo
cínico da anedota, para se penetrarem de alto sentido ético, qual o de procurar
atingir isônomamente a capacidade econômica do contribuinte sem preconceitos
falsos ou ingênuos pruridos de sentimentalismo piegas quanto à licitude da
atividade que constitua o fato gerador do tributo"
possibilidades, constitui como uma das formas de colaborar o próprio tributo, esse que
representa, sob certo olhar, uma fração da propriedade privada entregue em nome do corpo
coletivo. Contudo, a medida da extração da propriedade privada deve ser exatamente aquela
suportável pelo contribuinte, isto é, a fração que lhe cabe entregar ao Estado deve, ao mesmo
tempo, ser suficiente para o fim a que se destina e, ainda, alcançar valor que não imponha ao
47
econômica do contribuinte, devendo guardar vinculação ao custo da atividade do
estado, há outros enfoques sob os quais pode ser considerada a capacidade
contributiva relativamente a tal espécie tributária. O princípio da capacidade
contributiva poderá atuar, por exemplo, mesmo nos tributos com fato gerador
vinculado, fundamentando eventual isenção para contribuintes que não revelem
qualquer capacidade para contribuir.
De acordo com Leandro Paulsen (2014), o princípio da capacidade contributiva pode ser
expresso de diversas formas - institutos do Direito Tributário -, são elas: a) imunidade; b)
ultrapassa o limite previsto na faixa de valores sobre os quais se incide a alíquota inferior.
48
fundamental de tributação aplicável a todas as espécies tributárias, ainda que
de modo distinto conforme as características de cada qual. (grifo nosso)
Aliomar Baleeiro, realizada por Misabel Abreu Machado Derzi assim argumenta acerca da
aplicação do que tratou do princípio da progressividade – como exemplo no IPTU - da seguinte
forma:
(PAULSEN, 2014). De acordo com Leandro Paulsen (2014), o teor da Lei Maior institui verdadeira
“regra negativa de competência especifica”, sentido que se aproxima do pensamento de Luciano
Amaro (2014, p.176), para o qual a imunidade “configura simples técnica legislativa por meio da
qual o constituinte exclui do campo tributável determinadas situações sobre as quais ele não
quer que incida este ou aquele gravame fiscal”.
10 Porque se trata de tema bastante debatido no Poder Judiciário, sugere-se que o aluno não deixe de observar a jurisprudência trazida ao
final deste material.
49
Diferenciando a imunidade da isenção, institutos comumente confundidos, Leandro Paulsen
(2014) revela que a primeira, prevista pela Constituição Federal, trata-se de instituto que afasta
a competência do legislador ante a hipótese descrita no próprio texto constitucional. Por outro
lado, o segundo instituto, denominado isenção, constitui a dispensa do pagamento, isto é, uma
liberação da obrigação tributária, que recai sobre determinados sujeitos, em situações definidas
por parte do ente federativo e devidamente previstas pela lei.
Não incidirão sobre as receitas decorrentes de exportação (art. 149, § 2º, I, CF)
11
Questão 10
50
São isentas de contribuição para a seguridade social as entidades beneficentes de
assistência social que atendam às exigências estabelecidas em lei (art. 195, § 7º, da CF).
A imunidade recíproca constitui aquela prevista no art. 150, VI, a, da CF, que afasta a
possibilidade da tributação exercida por qualquer dos entes da federação sobre os demais no
que diz respeito aos impostos. Apesar dessa previsão constitucional, Harada (2017) ressalta o
seguinte:
Seguindo o texto na sua integralidade, no julgamento da ADI 2.024 o STF declarou que o
princípio da imunidade tributária recíproca (CF, art. 150, VI, a) não pode ser invocado na hipótese
12 Art. 9º É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: IV - cobrar imposto sobre: a) o patrimônio, a renda ou os serviços
uns dos outros; b) templos de qualquer culto; c) o patrimônio, a renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades
sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, observados os requisitos fixados na Seção
II deste Capítulo; d) papel destinado exclusivamente à impressão de jornais, periódicos e livros.§ 1º O disposto no inciso IV não exclui a
atribuição, por lei, às entidades nele referidas, da condição de responsáveis pelos tributos que lhes caiba reter na fonte, e não as dispensa
da prática de atos, previstos em lei, assecuratórios do cumprimento de obrigações tributárias por terceiros.
51
incide o imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) sobre bem público cedido a pessoa jurídica
de direito privado, sendo essa a devedora e, portando, não beneficiária da imunidade.
No que diz respeito ao tema ora estudado, faz-se necessário destacar o posicionamento da
Corte Máxima, que tem estendido o benefício da imunidade tributária às empresas públicas e
sociedades de economia mista em caso específico, qual seja, a prestação de serviço público
2. A imunidade tributária recíproca (art. 150, VI, ‘a’, da CRFB/88) é extensível às empresas
públicas e às sociedades de economia mista prestadoras de serviços públicos,
notadamente quando prestados com cunho essencial e exclusivo. (...) In casu, trata-se
de sociedade de economia mista que executa serviço público de modo exclusivo, com
capital social fechado e quase que integralmente titularizado pelo Estado do Ceará
(99,9996%), sem indicação de qualquer risco de quebra do equilíbrio concorrencial ou de
52
livre-iniciativa, mercê da ausência de comprovação de que a COGERH concorra com
outras entidades no campo de sua atuação. (ACO 2149 AgR, Relator(a): Min. LUIZ FUX,
imunidade conferida pela Constituição, motivo este que não levou a Corte a não admitir a
extensão do benefício à maçonaria, afinal, em suas lojas não se professa qualquer religião (RE
562.351). No que diz respeito à finalidade dos templos, essa que condiciona o reconhecimento
da imunidade, a Corte Máxima fixou o entendimento no sentido de que “não cabe à entidade
religiosa demonstrar que utiliza o bem de acordo com suas finalidades institucionais. Ao
contrário, compete à administração tributária demonstrar a eventual tredestinação do bem
gravado pela imunidade” (ARE 800.395 AgR).
Sobre a abrangência da imunidade prevista no art. 150, VI, b, da CF, o STF já se posicionou,
indicando que o instituto declarado pela Constituição não deve alcançar “somente os prédios
exação promovida pelo município, afastando a cobrança do IPTU sobre imóveis de propriedade
das igrejas que, por sua vez, encontram-se alugados.
Por fim, ainda merece destaque a imunidade que atinge os cemitérios, pois entende a Corte
Suprema que esses se tratam de verdadeiras extensões de entidades de cunho religioso e,
justamente por isso, devem ser abrangidos pela garantia contemplada no art. 150 da
Constituição do Brasil. Sendo assim, para o STF, não cabe a incidência de IPTU em relação aos
cemitérios.
53
2.5.3 Imunidade dos partidos, sindicatos, entidades educacionais e
assistenciais 13
Consoante o texto da Constituição (art. 150, IV, c, CF), é vedado à União, aos Estados, ao
Distrito Federal e aos Municípios instituir impostos sobre patrimônio, renda ou serviços dos
partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das
instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da
lei. Conforme leciona Paulsen (2014), “embora refira os impostos “sobre” “patrimônio, renda ou
serviços”, deve-se considerar a interpretação do STF no sentido de que restam abrangidos todos
requisitos: (I) não distribuição de qualquer parcela de seu patrimônio ou de suas rendas, a
qualquer título; (II) aplicação integral, no País, dos recursos na manutenção dos objetivos
a suspensão da aplicação do benefício pela autoridade competente. Ainda, prescreve a lei que
os serviços a que se refere a alínea c do inciso IV do artigo 9º14 são exclusivamente, os
diretamente relacionados com os objetivos institucionais das entidades de que trata este artigo,
previstos nos respectivos estatutos ou atos constitutivos.
13
Questão 09
14 (...) o patrimônio, a renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das
instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, observados os requisitos fixados na Seção II deste Capítulo
54
Súmula Vinculante 52 - Ainda quando alugado a terceiros, permanece imune ao IPTU o
imóvel pertencente a qualquer das entidades referidas pelo art. 150, VI, "c", da Constituição
Federal, desde que o valor dos aluguéis seja aplicado nas atividades para as quais tais
entidades foram constituídas
No art. 150, inciso VI, alínea d, determinou o constituinte que, sem prejuízo de outras
garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos
Municípios instituir impostos sobre livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua
impressão.15 De acordo com o entendimento do STF, consagrado no julgamento do RE 221.239
sob a relatoria da Min. Ellen Gracie, a imunidade tributária esculpida no mencionado dispositivo
educação”. Na ocasião da decisão, ainda revelou a Corte que “o constituinte, ao instituir esta
benesse, não fez ressalvas quanto ao valor artístico ou didático, à relevância das informações
divulgadas ou à qualidade cultural de uma publicação” (RE 221.239, rel. min. Ellen Gracie, j. 25-
5-2004, 2ª T, DJ de 6-8-2004.] = RE 179.893, rel. min. Menezes Direito, j. 15-4-2008, 1ª T, DJE
de 30-5-2008).
Sobre a imunidade definida no art. 150, inciso VI, alínea d da Constituição Cidadã, é
importante observar a jurisprudência que já tocou a matéria, de forma esquematizada,
15
Vide questão 08
55
alcança componentes eletrônicos, quando destinados, exclusivamente, a integrar a unidade
didática com fascículos periódicos impressos - RE 595.676, rel. min. Marco Aurélio, j. 8-3-
2017, P, DJE de 18-12-2017, Tema 259
livro eletrônico (e-book), inclusive aos suportes exclusivamente utilizados para fixá-lo. - RE
330.817, rel. min. Dias Toffoli, j. 8-3-2017, P, DJE de 31-8-2017, Tema 593.
"Álbum de figurinhas" (...) por força de um juízo subjetivo acerca da qualidade cultural ou
Papel: filmes destinados à produção de capas de livros. CF, art. 150, VI, d. Material
assimilável a papel, utilizado no processo de impressão de livros e que se integra no
produto final – capas de livros sem capa dura – está abrangido pela imunidade do art.
150, VI, d. Interpretação dos precedentes do STF, pelo seu Plenário, nos RE 174.476/SP, RE
190.761/SP, rel. min. Francisco Rezek, e RE 203.859/SP e RE 204.234/RS, rel. min. Maurício
apostilas, veículo de transmissão de cultura simplificado - RE 183.403, rel. min. Marco Aurélio,
j. 7-11-2000, 2ª T, DJ de 4-5-2001.
O fato de as edições das listas telefônicas veicularem anúncios e publicidade não afasta o
Não se aplica
56
não pode ser interpretada de modo amplo e irrestrito. Inexiste imunidade relativa a tributos
não abrange os serviços prestados por empresas que fazem a distribuição, o transporte ou
a entrega de livros, jornais, periódicos e do papel destinado a sua impressão. Precedentes. O
STF possui entendimento no sentido de que a imunidade em discussão deve ser interpretada
restritivamente. [RE 530.121 AgR, rel. min. Ricardo Lewandowski, j. 9-11-2010, 1ª T, DJE de
29-3-2011.] = RE 630.462 AgR, rel. min. Ayres Britto, j. 7-2-2012, 2ª T, DJE de 7-3-2012
Encartes de propaganda distribuídos com jornais e periódicos. ISS. Art. 150, VI, d, da
prestado e ao lucro líquido obtido - RE 213.094, rel. min. Ilmar Galvão, j. 3-8-1999, 1ª T, DJ
de 15-10-1999.
No art. 150, inciso VI, alínea “e”, o constituinte determinou que, sem prejuízo de outras
garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos
Municípios instituir impostos sobre fonogramas e videofonogramas musicais produzidos no
Brasil contendo obras musicais ou literomusicais de autores brasileiros e/ou obras em geral
57
interpretadas por artistas brasileiros bem como os suportes materiais ou arquivos digitais
que os contenham, salvo na etapa de replicação industrial de mídias ópticas de leitura a
laser.
75/2013, Leandro Paulsen (2014) revela o valor do novo texto para a sociedade:
(...)
2.6 Isenção
Sob o olhar de Luciano Amaro (2014), a isenção reside em momento bem delimitado, aquele
Como bem ensina Amaro (2014, p. 177), a isenção é expressa quando, no exercício do poder
de tributar, o ente da federação, mediante lei, manifesta a sua vontade de não expor
determinadas situações à exação, afastando delas a incidência do tributo.
58
É importante considerar que, embora haja a referência, no texto constitucional, à
isenção e à não incidência, trata-se de imunidades inconfundíveis com as
desonerações infraconstitucionais. Elevadas a normas constitucionais proibitivas
de tributação, deixam de ser simples isenções ou não incidências, assumindo
verdadeiro caráter de imunidade. Tecnicamente falando, a isenção é benefício
fiscal que pressupõe a existência da competência tributária e seu exercício.
Tendo sido instituído determinado tributo, surge a isenção como um modo de
desonerar determinado contribuinte ou operação. A isenção tem como fonte
a lei, tal qual a norma instituidora do tributo. A não incidência, por sua vez, é
simples consequência do fato de determinada situação não se enquadrar na
hipótese de incidência (também chamada regra matriz de incidência tributária).
Por vezes, contudo, o legislador torna expressa a não incidência, modelando ou
restringindo a própria norma de incidência.
Indo em sentido contrário a boa parte da doutrina, optou o legislador por declarar no CTN
que são hipótese de exclusão do crédito tributário (a) a isenção e a (b) anistia. Ainda, destaca
o art. 175, parágrafo único, do Código que a exclusão do crédito tributário não dispensa o
cumprimento das obrigações acessórias dependentes da obrigação principal cujo crédito seja
excluído, ou dela consequente.
No que diz respeito à isenção, o legislador fixou no art. 176 que o citado benefício, ainda
quando previsto em contrato, é sempre decorrente de lei que especifique as condições e
requisitos exigidos para a sua concessão, os tributos a que se aplica e, sendo caso, o prazo de
sua duração. Quanto ao alcance da isenção, registra-se na lei que a isenção pode ser restrita a
determinada região do território da entidade tributante, em função de condições a ela
Quanto à extensão, o art. 177 do CTN revela que a isenção não se aplica às taxas e às
contribuições de melhoria, bem como aos tributos instituídos posteriormente à sua concessão.
Ainda, em face do princípio da segurança jurídica, determinou o legislador infraconstitucional
que, salvo se concedida por prazo certo e em função de determinadas condições, a isenção
59
pode ser revogada ou modificada por lei, a qualquer tempo, observado o disposto no inciso
III do art. 10416 (art. 178, CTN).
Neste ponto, faz-se necessário trazer temas consagrados pela doutrina e pela jurisprudência.
A matéria, regulada pelo art. 177 do CTN, remete o leitor ao conceito de isenção onerosa,
aquela que, para o seu proveito, exige do contribuinte o preenchimento de condições impostas
pelo próprio Fisco, nos termos da legislação vigente. O STF, sobre o tema, já sumulou
entendimento (“isenções tributárias concedidas, sob condição onerosa, não podem ser
livremente suprimidas” - súmula 544), esse que vem sendo adotado pelo STJ17, Corte que revela
o princípio constitucional da segurança jurídica como a base fundamental para a condição de
suas decisões:
16 Art. 104. Entram em vigor no primeiro dia do exercício seguinte àquele em que ocorra a sua publicação os dispositivos de lei, referentes a
impostos sobre o patrimônio ou a renda: III - que extinguem ou reduzem isenções, salvo se a lei dispuser de maneira mais favorável ao
contribuinte, e observado o disposto no artigo 178.
17 Disponível em:
https://ww2.stj.jus.br/processo/revista/documento/mediado/?componente=ITA&sequencial=1785404&num_registro=201200366684&data=201
90226&formato=PDF.
60
No que diz respeito ao procedimento administrativo, prescreve o art. 179 do CTN que a
isenção, quando não concedida em caráter geral, é efetivada, em cada caso, por despacho da
O art. 151, III, da CF determina que é vedado à União “instituir isenções de tributos da
poder de tributar conferido à União, pessoa jurídica de direito público interno, essa que, por
respeito à unidade federativa, não está autorizada a conceder benefício de isenção ao sujeito
passivo da relação jurídico-tributária estabelecida, seja com o estado, seja com o município.
No entanto, não se pode confundir a figura da União, inserida no contexto interno, com
aquela figura que ostenta na expressão de sua soberania, como sujeito de direito internacional
público. Nessa segunda condição, diversamente, a regra do art. 151, inciso III da CF não alcança,
não constituindo óbice, portanto, à celebração de tratados internacionais que abranjam matéria
61
unidades meramente federadas – o monopólio da soberania e da personalidade
internacional.
Na realidade, a cláusula de vedação inscrita no art. 151, III, da Constituição – que
proíbe a concessão de isenções tributárias heterônomas – é inoponível ao Estado
Federal Brasileiro (vale dizer, no plano das relações institucionais domésticas que
se estabelecem entre as pessoas políticas de direito público interno.
62
QUESTÕES COMENTADAS
Questão 1
(XXVIII EXAME DE ORDEM – FGV - 2019) A União, por meio de lei ordinária, instituiu nova
contribuição social (nova fonte de custeio) para financiamento da seguridade social. Para tanto,
adotou, além da não cumulatividade, fato gerador e base de cálculo distintos dos discriminados
na Constituição da República.
A referida lei foi publicada em 1º de outubro de 2018, com entrada em vigor em 1º de fevereiro
de 2019, determinando, como data de vencimento da contribuição, o dia 1º de março de 2019.
A pessoa jurídica XYZ não realizou o pagamento, razão pela qual, em 10 de março de 2019, foi
aconselhada, por seu(sua) advogado(a), a propor uma ação Declaratória de Inexistência de
contribuição.
Comentário:
CF, art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta,
nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do
DF e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: § 4º A lei poderá instituir outras
fontes destinadas a garantir a manutenção ou expansão da seguridade social, obedecido o
63
CF, art. 154. A União poderá instituir: I - mediante LC [lei complementar], impostos não previstos
no artigo anterior, desde que sejam (1) não-cumulativos e (2) não tenham fato gerador ou base
Questão 2
(XXXI EXAME DE ORDEM – FGV – 2020) Uma lei ordinária federal tratava de direitos do
beneficiário de pensão previdenciária e também previa norma que ampliava, para 10 anos, o
prazo decadencial para o lançamento dos créditos tributários referentes a uma contribuição
previdenciária federal.
Comentário:
De acordo com art. 146, inciso III, alínea b da CF:
64
Logo, para ampliar o prazo decadencial para créditos tributários é matéria reservada à Lei
Complementar não à Lei Ordinária.
Questão 3
(XXVI EXAME DE ORDEM – FGV - 2018) Em março de 2016, o Município X publicou lei
instituindo novos critérios de apuração e ampliando os poderes de investigação das autoridades
administrativas. Com base nessa nova orientação, em outubro do mesmo ano, o fisco municipal
verificou a ausência de declaração e recolhimento de valores do Imposto Sobre Serviços de
Qualquer Natureza - ISSQN devidos pela pessoa jurídica Y, referentes ao ano-calendário 2014;
diante dessa constatação, lavrou auto de infração para cobrança dos valores inadimplidos.
afirmativa correta.
B) É inaplicável, pois o fisco somente poderia lavrar o auto de infração com base nos critérios
de apuração previstos em lei vigente no momento da ocorrência do fato gerador.
C) É aplicável, pois a legislação que institui novos critérios de apuração e amplia poderes de
investigação das autoridades administrativas aplica-se aos lançamentos referentes a fatos
Comentário:
Art. 144. O lançamento reporta-se à data da ocorrência do fato gerador da obrigação e rege-
se pela lei então vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada.
Questão 4
(XX EXAME DE ORDEM – FGV - 2016) O Estado Alfa institui, por meio de lei complementar,
uma taxa pela prestação de serviço público específico e divisível. Posteriormente a alíquota e a
base de cálculo da taxa vêm a ser modificadas por meio de lei ordinária, que as mantém em
patamares compatíveis com a natureza do tributo e do serviço público prestado.
A) integralmente inválida, pois lei ordinária não pode alterar lei complementar.
D) integralmente válida, pois a matéria por ela disciplinada não é constitucionalmente reservada
à lei complementar.
Comentário:
O Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes
tributos:
II – taxas [a instituição e modificação de taxas não foi reservada à lei complementar], em razão
do exercício do poder de polícia ou pela utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos
66
1.Contribuições Social-previdenciárias Residuais (art. 195, § 4º, CF c/c art. 154, I, CF).
2. Empréstimos Compulsórios (art. 148, I e II, CF);
Questão 5
(XXIX EXAME DE ORDEM – FGV - 2019) O Chefe do Executivo do Município X editou o Decreto
123, em que corrige o valor venal dos imóveis para efeito de cobrança do Imposto Predial e
Territorial Urbano (IPTU), de acordo com os índices inflacionários anuais de correção monetária.
A) fere o princípio da legalidade, pois a majoração da base de cálculo somente pode ser
realizada por meio de lei em sentido formal.
B) está de acordo com o princípio da legalidade, pois a majoração da base de cálculo do IPTU
dispensa a edição de lei em sentido formal.
C) está de acordo com o princípio da legalidade, pois a atualização monetária da base de cálculo
do IPTU pode ser realizada por meio de decreto.
D) fere o princípio da legalidade, pois a atualização monetária da base de cálculo do IPTU não
dispensa a edição de lei em sentido formal.
Comentário:
A atualização monetária (visando atualizar a perda inflacionária) da base de cálculo de tributo é
uma exceção ao princípio da legalidade.
Súmula nº 160 do STJ: É defeso, ao município, atualizar o IPTU, mediante decreto,
em percentual superior ao índice oficial de correção monetária.
O STF entende que os entes federados, em função da competência legiferante concorrente
sobre direito financeiro (art. 24, I, CF), podem se utilizar de índices locais para a correção de
seus tributos. O STJ, de outro modo, possui o entendimento acima exposto.
67
O entendimento sumulado acima procede, pois a atualização monetária da base de
cálculo não aumenta o tributo, mas apenas atualiza a perda inflacionária que sofreu. Caso
essa atualização seja além do índice oficial, em tese, estaria ultrapassando o limite da mera
perda inflacionária e, assim, aumentando, de fato, o valor do tributo. Nesse caso, haveria a
necessidade de lei para majorar a base de cálculo (art. 150, § 1º, CF e art. 97, § 2º, CTN).
Complementando:
CF, art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União,
aos Estados, ao DF e aos Municípios:
I - exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça;
CTN, art. 97. Somente a lei pode estabelecer:
II - a majoração de tributos, ou sua redução, ressalvado o disposto nos artigos 21, 26, 39, 57
e 65;
§ 2º Não constitui majoração de tributo, para os fins do disposto no inciso II deste artigo,
a atualização do valor monetário da respectiva base de cálculo.
Questão 6
(XXIX EXAME DE ORDEM – FGV – 2019) O Município X, na tentativa de fazer com que os cofres
municipais pudessem receber determinado tributo com mais celeridade, publicou, em maio de
2017, uma lei que alterava a data de recolhimento daquela exação. A lei dispunha que os efeitos
das suas determinações seriam imediatos.
A) Segundo a Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (LINDB), a lei é válida, mas
apenas poderia entrar em vigor 45 (quarenta e cinco) dias após a sua publicação.
C) A lei é constitucional, uma vez que, nessa hipótese, não se sujeita ao princípio da
anterioridade.
D) A lei é válida, mas só poderia vigorar 90 (noventa) dias após a sua publicação.
68
Comentário:
A lei é constitucional, uma vez que, nessa hipótese, não se sujeita ao princípio da anterioridade".
Quem respondeu com base só no art. 150, III, “b” e “c” da CF, errou a questão, pois a súmula
vinculante 50 dispõe que:
norma legal que altera o prazo de recolhimento de obrigação tributária não se sujeita ao
princípio da anterioridade.
Questão 7
(XXVIII EXAME DE ORDEM – FGV - 2019) A União, por meio de lei ordinária, instituiu nova
contribuição social (nova fonte de custeio) para financiamento da seguridade social. Para tanto,
adotou, além da não cumulatividade, fato gerador e base de cálculo distintos dos discriminados
na Constituição da República.
A referida lei foi publicada em 1º de outubro de 2018, com entrada em vigor em 1º de fevereiro
A pessoa jurídica XYZ não realizou o pagamento, razão pela qual, em 10 de março de 2019, foi
aconselhada, por seu(sua) advogado(a), a propor uma ação Declaratória de Inexistência de
Assinale a opção que indica o fundamento que poderá ser alegado para contestar a nova
contribuição.
69
Comentário:
CF, art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta,
nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do
DF e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: § 4º A lei poderá instituir outras
fontes destinadas a garantir a manutenção ou expansão da seguridade social, obedecido o
disposto no art. 154, I.
O § supra fala em "lei". Seria o caso de uma LO [lei ordinária]? NÃO.
CF, art. 154. A União poderá instituir: I - mediante LC [lei complementar], impostos não
previstos no artigo anterior, desde que sejam (1) não-cumulativos e (2) não tenham fato
gerador ou base de cálculo próprios dos discriminados nesta Constituição;
Questão 8
(XXVIII EXAME DE ORDEM – FGV - 2019) O Estado Y lavrou auto de infração em face da pessoa
A) Há imunidade tributária em relação aos livros eletrônicos; por outro lado, é incorreta a
C) É correta a cobrança do ICMS, uma vez que a imunidade tributária somente abrange o papel
D) É correta a cobrança do ICMS, uma vez que a imunidade tributária somente abrange o papel
70
Comentário:
CF, art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União,
aos Estados, ao DF e aos Municípios: VI - instituir impostos sobre: d) livros, jornais, periódicos
e o papel destinado a sua impressão.
A imunidade da alínea d do inciso VI do art. 150 da CF alcança componentes
eletrônicos destinados, exclusivamente, a integrar unidade didática com fascículos. (STF, RE
595676/RJ, Rel. Min. Marco Aurélio, Plenário, 08.03.2017).
A imunidade tributária constante do art. 150, VI, d, da CF/88 aplica-se ao livro eletrônico (e-
book), inclusive aos suportes exclusivamente utilizados para fixá-lo. (STF, RE 330817/RJ, Rel.
Min. Dias Toffoli, Plenário, 08.03.2017).
CTN, art. 113. A obrigação tributária é principal ou acessória. § 2º A obrigação
acessória decorre da legislação tributária e tem por objeto as prestações, positivas ou negativas,
nela previstas no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos tributos. § 3º A obrigação
acessória, pelo simples fato da sua inobservância, converte-se em obrigação principal
relativamente à penalidade pecuniária.
CTN, art. 194, § único. A legislação a que se refere este artigo aplica-se às pessoas naturais ou
jurídicas, contribuintes ou não, inclusive às que gozem de imunidade tributária ou de isenção
de caráter pessoal.
Os deveres instrumentais, previstos na legislação tributária, ostentam caráter autônomo em
relação à regra matriz de incidência do tributo, uma vez que vinculam, inclusive, as pessoas
físicas ou jurídicas que gozem de imunidade ou outro benefício fiscal, ex vi dos arts. 175, §
único, e 194, § único, do CTN (STJ - REsp nº 1.116.792 - PB, Ministro Luiz Fux, 1ª Seção,
j. 24.11.2010 - recurso repetitivo).
Questão 9
(XXIII EXAME DE ORDEM – FGV - 2017) O reitor de uma faculdade privada sem fins lucrativos
fisco, que negou a pretendida imunidade tributária, sob o argumento de que a instituição de
ensino privada auferia lucros.
71
A) O fisco agiu corretamente, pois a imunidade tributária apenas alcança instituições de ensino
que não sejam superavitárias.
B) O fisco agiu corretamente, pois a imunidade tributária apenas alcança instituições públicas
de ensino.
C) O fisco não agiu corretamente, pois não há impedimento à distribuição de lucro pelo
estabelecimento de ensino imune.
D) O fisco não agiu corretamente, pois, para que seja concedida tal imunidade, a instituição não
precisa ser deficitária, desde que o superávit seja revertido para suas finalidades.
Comentário:
CF, art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União,
aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
VI - instituir impostos sobre:
[...]
c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades
sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins
lucrativos, atendidos os requisitos da lei;
[...]
§ 4º As vedações expressas no inciso VI, alíneas "b" e "c", compreendem somente o patrimônio,
a renda e os serviços, relacionados com as finalidades essenciais das entidades nelas
mencionadas.
Questão 10
(XXII EXAME DE ORDEM – FGV - 2017) O Município X instituiu taxa a ser cobrada,
exclusivamente, sobre o serviço público de coleta, remoção e tratamento de lixo e resíduos
provenientes de imóveis. A igreja ABC, com sede no Município X, foi notificada da cobrança da
A) As Igrejas são imunes; portanto, não devem pagar a taxa instituída pelo Município X.
72
B) A taxa é inconstitucional, pois não é específica e divisível.
C) A taxa é inconstitucional, uma vez que os Municípios não são competentes para a instituição
de taxas de serviço público.
Comentário:
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos
SV 19: A taxa cobrada exclusivamente em razão dos serviços públicos de coleta, remoção e
tratamento ou destinação de lixo ou resíduos provenientes de imóveis não viola o artigo 145,
II, da Constituição Federal.
Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes
tributos:
II - taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, efetiva ou potencial, de
73
GABARITO
Questão 1 – A
Questão 2 - B
Questão 3 - C
Questão 4 - D
Questão 5 - C
Questão 6 - C
Questão 7 - A
Questão 8 - B
Questão 9 - D
Questão 10 - D
74
QUESTÃO DESAFIO
75
GABARITO DA QUESTÃO DESAFIO
De acordo com o STF: “Não se pode aplicar a imunidade tributária recíproca se o bem está
desvinculado de finalidade estatal”. STF. Plenário. RE 434251/RJ, rel. orig. Min. Joaquim Barbosa,
red. p/ o ac. Min. Cármen Lúcia, julgado em 19/4/2017. A INFRAERO (empresa pública federal)
celebrou contrato de concessão de uso de imóvel com uma empresa privada por meio da qual
esta última poderia explorar comercialmente um imóvel pertencente à INFRAERO. Vale ressaltar
que esta empresa é uma concessionária de automóveis. A empresa privada queria deixar de
pagar IPTU alegando que o imóvel gozaria de imunidade tributária. O STF não aceitou a tese e
afirmou que não incide a imunidade neste caso. A atividade desenvolvida pela empresa tem por
finalidade gerar lucro.
A atividade exercida pela empresa é alheia.
No em epígrafe julgado pelo STF, se fosse reconhecida a imunidade neste caso, isso geraria, como efeito
colateral, uma vantagem competitiva artificial em favor da empresa, que teria um ganho em relação aos
seus concorrentes. Afinal, a retirada de um custo permite o aumento do lucro ou a formação de preços
menores, o que provoca desequilíbrio das relações de mercado. O STF considerou que a atividade
exercida pela empresa é alheia à administração aeroportuária, já que explora comércio de veículos
automotores, peças, acessórios, oficina mecânica, reparos, pintura de quaisquer veículos e outras
atividades correlatas ao ramo automobilístico. Dessa forma, a atividade desenvolvida pela empresa tem
por finalidade gerar lucro, não sendo destinada à filantropia ou à benemerência. Além disso, o contrato
firmado prevê que a responsabilidade pelo pagamento de tributos municipais recai sobre o
concessionário. Por isso, dificilmente seria possível concordar que a tributação implica surpresa ao
contribuinte, que leva em conta a carga tributária em suas previsões de custo.
76
LEGISLAÇÃO COMPILADA
Legalidade tributária
Legislação tributária
Lei complementar
Constituição Federal: art. 146, 148, 153, inciso VII,154, 155, § 1º, III, 155, § 2º, XII, 156,
III, 156, § 3º, incisos I a III, 195, § 4º
Lei delegada
Resoluções
Constituição Federal: art. 155, § 1º, IV, art. 155, § 2º, IV, art. 155, § 2º, V
77
Normas gerais de Direito Tributário: a Legislação Tributária
Código Tributário Nacional: art. 96, 97
Princípio da isonomia
Constituição Federal: art. 150, I, II, 170, III, e 182, § 4º, II, 146, III, c, c/c o art. 174, §
2º, 146, III, d, 195, § 9º.
78
Imunidade
Constituição Federal: art. 5º, XXXIV, art. 150, art. 149, art. 195
Imunidade recíproca
Constituição Federal: art. 150, VI, a.
Imunidade de imprensa
Constituição Federal: art. 150, inciso VI, alínea d
Súmula: 657, STF
Isenção
Código Tributário Nacional: art. 175, parágrafo único e arts. 176, 177, 178, 179
Constituição Federal: art. 151, III
Súmula: 544, STF
79
JURISPRUDÊNCIA
Legislação tributária
STJ: Tributário. ICMS. Pagamento. Fixação de prazo através de decreto. No sistema do Código
Tributário Nacional (art. 96), a expressão "legislação tributária" caracteriza um gênero, do
qual a lei e o decreto são espécies; atribuindo a "legislação tributária" força para fixar o tempo
do pagamento dos tributos, o artigo 160 autorizou que isso se fizesse, indiferentemente, por
quaisquer de suas espécies, respeitada, por obvio, a hierarquia existente entre elas (v.g., um
prazo fixado por lei não pode ser alterado por decreto). Embargos de declaração rejeitados.
(EDcl no REsp 85.409/SP, Rel. Ministro ARI PARGENDLER, SEGUNDA TURMA, julgado em
13/12/1996, DJ 03/02/1997, p. 694)
STF: [...] 2. Natureza jurídica do Código Tributário Nacional – O Código Tributário Nacional –
CTN (Lei nº 5.172/66) foi editado como lei ordinária, eis que a Constituição vigente à época não
exigia a edição de lei complementar (CF/46). Entretanto, diz-se que o CTN tem status de lei
complementar, pois foi recepcionado pela CF/88, e seu conteúdo, hoje, por força do art. 146 da
CF/88, somente pode ser alterado por lei complementar. Esse é o entendimento da doutrina
(Hugo de Brito Machado, Curso de Direito Tributário, 21. ed., São Paulo: Malheiros, 2002, p. 73),
e da jurisprudência (STJ, 1a T., REsp 625.193/RO, Rel. Min. Luiz Fux, j. em 15/2/2005, v. u., DJ de
21/3/2005, p. 250).
80
STF: Imunidade. Art. 150, VI, c, da CF. (...) Com o advento da Constituição de 1988, o constituinte
dedicou uma seção específica às "limitações do poder de tributar" (art. 146, II, CF) e nela fez
constar a imunidade das instituições de assistência social. Mesmo com a referência expressa ao
termo "lei", não há mais como sustentar que inexiste reserva de lei complementar. No que se
refere aos impostos, o maior rigor do quórum qualificado para a aprovação dessa importante
regulamentação se justifica para se dar maior estabilidade à disciplina do tema e dificultar sua
modificação, estabelecendo regras nacionalmente uniformes e rígidas. A necessidade de lei
complementar para disciplinar as limitações ao poder de tributar não impede que o
constituinte selecione matérias passíveis de alteração de forma menos rígida, permitindo
uma adaptação mais fácil do sistema às modificações fáticas e contextuais, com o propósito
de velar melhor pelas finalidades constitucionais. Nos precedentes da Corte, prevalece a
preocupação em respaldar normas de lei ordinária direcionadas a evitar que falsas instituições
de assistência e educação sejam favorecidas pela imunidade. É necessário reconhecer um espaço
de atuação para o legislador ordinário no trato da matéria. A orientação prevalecente no recente
julgamento das ADI 2.028/DF, ADI 2.036/DF, ADI 2.228/DF e ADI 2.621/DF é no sentido de que
os artigos de lei ordinária que dispõem sobre o modo beneficente (no caso de assistência e
educação) de atuação das entidades acobertadas pela imunidade, especialmente aqueles que
criaram contrapartidas a serem observadas pelas entidades, padecem de vício formal, por invadir
competência reservada a lei complementar. Os aspectos procedimentais necessários à verificação
do atendimento das finalidades constitucionais da regra de imunidade, tais como as referentes
à certificação, à fiscalização e ao controle administrativo, continuam passíveis de definição por
lei ordinária. [ADI 1.802, rel. min. Dias Toffoli, j. 12-4-2018, P, DJE de 3-5-2018.]
STF: (...) o art. 55 da Lei 8.212, de 1991, prevê requisitos para o exercício da imunidade tributária,
versada no § 7º do art. 195 da Carta da República, que revelam verdadeiras condições prévias
ao aludido direito e, por isso, deve ser reconhecida a inconstitucionalidade formal desse
dispositivo no que extrapola o definido no art. 14 do CTN, por violação ao art. 146, II, da CF.
Os requisitos legais exigidos na parte final do mencionado § 7º, enquanto não editada nova lei
complementar sobre a matéria, são somente aqueles do aludido art. 14 do Código. [RE 566.622,
voto do rel. min. Marco Aurélio, j. 23-2-2017, P, DJE de 1º-3-2017, Tema 32.] Vide RE 636.941,
rel. min. Luiz Fux, j. 13-2-2014, P, DJE de 4-4-2014, Tema 432
81
de tributar reservadas à lei complementar, até então carente de formal edição. (...) A Suprema
Corte, guardiã da CF, indicia que somente se exige lei complementar para a definição dos seus
limites objetivos (materiais), e não para a fixação das normas de constituição e de
funcionamento das entidades imunes (aspectos formais ou subjetivos), os quais podem ser
veiculados por lei ordinária, como sói ocorrer com o art. 55 da Lei 8.212/1991, que pode
estabelecer requisitos formais para o gozo da imunidade sem caracterizar ofensa ao art. 146, II,
da CF, ex vi dos incisos I e II (...). [RE 636.941, rel. min. Luiz Fux, j. 13-2-2014, P, DJE de 4-4-2014,
Tema 432.] Vide RE 566.622, rel. min. Marco Aurélio, j. 23-2-2017, P, DJE de 1º-3-2017, Tema 32
82
fixas, com base na natureza do serviço, não compreendida a importância paga a título de
remuneração do próprio labor. Ressaltou ser necessária a edição de diploma legal com o mesmo
status de lei complementar de índole nacional para revogar ou dispor de maneira diversa sobre
a tributação dos serviços desenvolvidos pelas sociedades de profissionais em tela. Logo, é
incabível lei municipal instituidora de ISSQN dispor de modo divergente sobre a base de cálculo
do tributo, por ofensa direta ao art. 146, III, a, da Constituição Federal (CF). No caso do código
tributário municipal, a base de cálculo do ISSQN é específica (fixa ou per capita) apenas nas
hipóteses em que a execução da atividade-fim não ocorra com participação de pessoa jurídica
ou de pessoa física inabilitada ao exercício da advocacia. Ademais, utilizou-se, como base de
cálculo, a importância paga a título de remuneração pelo trabalho do próprio contribuinte. Por
conseguinte, reduziu-se o âmbito de incidência e contrariou-se o comando da norma prevista
no art. 9º, §§ 1º e 3º, do Decreto-Lei 406/1968, por instrumento legislativo inadequado editado
por ente federativo incompetente. [RE 940.769, rel. min. Edson Fachin, j. 24-4-2019, P,
Informativo 938, Tema 918.]
STF: O Plenário do STF, ao julgar o RE 396.266, de relatoria do min. Carlos Velloso, reconheceu
a constitucionalidade da contribuição para o Sebrae [Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e
Pequenas Empresas]. (...) O tributo em questão destina-se a viabilizar a promoção do
desenvolvimento das micros e pequenas empresas e deve, portanto, ser enquadrado na classe
das contribuições de intervenção no domínio econômico, e não nas das contribuições sociais.
Essa constatação afasta a incidência do disposto no art. 240 e também a do art. 195, § 4º, ambos
da CF. Conforme reiteradamente decidiu o STF, o fato de a contribuição de intervenção no
domínio econômico sujeitar-se ao art. 146, III, a, não leva à conclusão de que o tributo deva ser
instituído mediante lei complementar. Vale dizer, tais contribuições sujeitam-se, sim, às normas
gerais estabelecidas pela legislação complementar em matéria tributária, mas não é de se exigir
que elas próprias sejam veiculadas apenas por meio de lei complementar. [RE 635.682, voto do
rel. min. Gilmar Mendes, j. 25-4-2013, P, DJE de 24-5-2013, Tema 227.]
STF: (...) a Constituição Federal não reservou à lei complementar o tratamento das
modalidades de extinção e suspensão dos créditos tributários, a exceção da prescrição e
decadência, previstos no art. 146, III, b, da CF. (...) A partir dessa ideia, e considerando também
que as modalidades de extinção de crédito tributário, estabelecidas pelo CTN (art. 156), não
formam um rol exaustivo, tem-se a possibilidade de previsão em lei estadual de extinção do
credito por dação em pagamento de bens moveis. [ADI 2.405, voto do rel. min. Alexandre de
Moraes, j. 20-9-2019, P, DJE de 3-10-2019.]
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STF: Na ausência da lei a que se refere o art. 146, III, c, da Constituição, que estabelece que
lei complementar disporá sobre o adequado tratamento do ato cooperativo, os Estados-
Membros podem exercer sua competência residual de forma plena, inclusive instituindo
isenção de tributos estaduais para operações entre cooperativas, como fez o art. 16 da Lei
Estadual 11.829/2002. Todavia, a norma deve receber interpretação conforme para excluir do
seu alcance o ICMS, uma vez que, nos termos do art. 155, § 2º, XII, g, da Constituição da
República, as isenções, os incentivos e os benefícios fiscais relativos a esse imposto dependem
de prévia deliberação conjunta dos Estados e do Distrito Federal. [ADI 2.811, rel. min. Rosa
Weber, j. 25-10-2019, P, DJE de 7-11-2019.]
STF: Ação direta de inconstitucionalidade ajuizada contra o art. 13, § 3º, da LC 123/2006, que
isentou as microempresas e as empresas de pequeno porte optantes pelo Regime Especial
Unificado de Arrecadação de Tributos e Contribuições devidos pelas Microempresas e Empresas
de Pequeno Porte – Simples Nacional ("Supersimples"). (...) A isenção concedida não viola o art.
146, III, d, da Constituição, pois a lista de tributos prevista no texto legal que define o campo
de reserva da lei complementar é exemplificativa, e não taxativa. Leitura do art. 146, III, d,
juntamente com o art. 170, IX, da Constituição. O fomento da micro e da pequena empresa foi
elevado à condição de princípio constitucional, de modo a orientar todos os entes federados a
conferir tratamento favorecido aos empreendedores que contam com menos recursos para fazer
frente à concorrência. Por tal motivo, a literalidade da complexa legislação tributária deve ceder
à interpretação mais adequada e harmônica com a finalidade de assegurar equivalência de
condições para as empresas de menor porte. Risco à autonomia sindical afastado, na medida
em que o benefício em exame poderá tanto elevar o número de empresas a patamar superior
ao da faixa de isenção quanto fomentar a atividade econômica e o consumo para as empresas
de médio ou de grande porte, ao incentivar a regularização de empreendimentos. [ADI 4.033,
rel. min. Joaquim Barbosa, j. 15-9-2010, P, DJE de 7-2-2011.]
STF: O Simples Nacional surgiu da premente necessidade de se fazer com que o sistema
tributário nacional concretizasse as diretrizes constitucionais do favorecimento às microempresas
e às empresas de pequeno porte. A LC 123, de 14-12-2006, em consonância com as diretrizes
traçadas pelos arts. 146, III, d, e parágrafo único; 170, IX; e 179 da CF, visa à simplificação e à
redução das obrigações dessas empresas, conferindo a elas um tratamento jurídico diferenciado,
o qual guarda, ainda, perfeita consonância com os princípios da capacidade contributiva e da
isonomia. Ausência de afronta ao princípio da isonomia tributária. O regime foi criado para
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diferenciar, em iguais condições, os empreendedores com menor capacidade contributiva e
menor poder econômico, sendo desarrazoado que, nesse universo de contribuintes, se
favoreçam aqueles em débito com os fiscos pertinentes, os quais participariam do mercado com
uma vantagem competitiva em relação àqueles que cumprem pontualmente com suas
obrigações. A condicionante do inciso V do art. 17 da LC 123/2006 não se caracteriza, a priori,
como fator de desequilíbrio concorrencial, pois se constitui em exigência imposta a todas as
pequenas e microempresas (MPE), bem como a todos os microempreendedores individuais
(MEI), devendo ser contextualizada, por representar, também, forma indireta de se reprovar a
infração das leis fiscais e de se garantir a neutralidade, com enfoque na livre concorrência. A
presente hipótese não se confunde com aquelas fixadas nas Súmulas 70, 323 e 547 do STF,
porquanto a espécie não se caracteriza como meio ilícito de coação a pagamento de tributo
nem como restrição desproporcional e desarrazoada ao exercício da atividade econômica. Não
se trata, na espécie, de forma de cobrança indireta de tributo, mas de requisito para fins de
fruição a regime tributário diferenciado e facultativo. [RE 627.543, rel. min. Dias Toffoli, j. 30-10-
2013, P, DJE de 29-10-2014, Tema 363.]
Princípio da anterioridade
STF: Lei - aplicação no tempo - tributo - irretroatividade. Lei regedora de tributo há de ser
editada em certo exercício, para observância no subsequente. [RE 188.083, rel. min. Marco
Aurélio, j. 5-8-2015, DJE 209 de 20-10-2015.]
STF: Nesse sentido, verifica-se que a atual jurisprudência é firme no sentido de que as garantias
de irretroatividade e de anterioridade no âmbito tributário possuem caráter substancial. Logo, é
o critério material da hipótese tributária que deve ser levado em conta para fins de
resguardo das garantias individuais do contribuinte. (...) Também colhe-se da jurisprudência
as razões de decidir do RE 183.130, de relatoria para acórdão do Ministro Teori Zavascki, no
qual o Pleno desta Corte assentou a ilegitimidade da aplicação retroativa da majoração de
alíquota incidente sobre o lucro proveniente de operações incentivadas ocorridas no passado,
ainda que no mesmo exercício financeiro, no âmbito do Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ).
[RE 188.083, rel. min. Marco Aurélio, j. 5-8-2015, DJE 209 de 20-10-2015.]
85
PRECEDENTES. 1. A contribuição ao PIS só pode ser exigida, na forma estabelecida pelo art. 2º
da EC 17/1997, após decorridos noventa dias da data da publicação da referida emenda
constitucional. 2. Recurso extraordinário a que se dá provimento, com o reconhecimento da
repercussão geral do tema e a reafirmação da jurisprudência sobre a matéria. (RE 848353 RG,
Relator(a): Min. TEORI ZAVASCKI, julgado em 12/05/2016, PROCESSO ELETRÔNICO
REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-105 DIVULG 20-05-2016 PUBLIC 23-05-2016 )
STF: Promovido aumento indireto do ICMS por meio da revogação de benefício fiscal, surge o
dever de observância ao princípio da anterioridade, geral e nonagesimal, constante das alíneas
b e c do inciso III do art. 150 da Carta. Precedente – ADI 2.325 MC/DF, de minha relatoria,
julgada em 23 de setembro de 2004. [RE 564.225 AgR, rel. min. Marco Aurélio, j. 2-9-2014, 1ª T,
DJE de 18-11-2014.] = RE 1.099.076 AgR-AgR-segundo, rel. min. Dias Toffoli, j. 9-4-2018, 2ª T,
DJE de 27-4-2018 ≠ RE 617.389 AgR, rel. min. Ricardo Lewandowski, j. 8-5-2012, 2ª T, DJE de
22-5-2012
STF: A revisão ou revogação de benefício fiscal, por se tratar de questão vinculada à política
econômica que pode ser revista pelo Estado a qualquer momento, não está adstrita à
observância das regras de anterioridade tributária previstas na Constituição. [RE 617.389 AgR,
86
rel. min. Ricardo Lewandowski, j. 8-5-2012, 2ª T, DJE de 22-5-2012.] ≠ RE 564.225 AgR, rel. min.
Marco Aurélio, j. 2-9-2014, 1ª T, DJE de 18-11-2014
STF: Lei 4.454/2017 do Estado do Amazonas. Instituição de adicional nas alíquotas do ICMS,
destinado à criação de fundo estadual de combate à pobreza (art. 82 do ADCT). (...) Cobrança
do tributo dentro do mesmo exercício financeiro no qual foi publicada a lei que o instituiu.
Caracterização de ofensa ao princípio da anterioridade tributária (art. 150, III, b, da CF). (...) A
instituição do adicional de alíquota de ICMS, facultada pelo art. 82, § 1º, do ADCT, não configura
hipótese de relativização do referido princípio.[ADI 5.733, rel. min. Alexandre de Moraes, j. 20-
9-2019, P, DJE de 3-10-2019.]
STF: Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços - Decretos 39.596 e 39.697, de 1999,
do Estado do Rio Grande do Sul - Revogação de benefício fiscal - Princípio da Anterioridade -
Dever de observância - Precedentes. Promovido aumento indireto do Imposto Sobre Circulação
de Mercadorias e Serviços - ICMS por meio da revogação de benefício fiscal, surge o dever de
observância ao Princípio da Anterioridade, geral e nonagesimal, constante das alíneas "b" e "c"
do inciso III do artigo 150, da Carta. Precedente - Medida Cautelar na Ação Direta de
Inconstitucionalidade nº 2.325/DF, de minha relatoria, julgada em 23 de setembro de 2004.
Multa - Agravo - Artigo 557, § 2º, do Código de Processo Civil. Surgindo do exame do agravo
o caráter manifestamente infundado, impõe-se a aplicação da multa prevista no § 2º do artigo
557 do Código de Processo Civil. [RE 564.225 AgR, rel. Marco Aurélio, 1ª T, j. 2-9-2014, DJE 226
de 18-11-2014.]
87
Princípio da Irretroatividade
STF: O litígio constitucional posto se traduz em um confronto entre o direito ao sigilo bancário
e o dever de pagar tributos, ambos referidos a um mesmo cidadão e de caráter constituinte no
que se refere à comunidade política, à luz da finalidade precípua da tributação de realizar a
igualdade em seu duplo compromisso, a autonomia individual e o autogoverno coletivo. Do
ponto de vista da autonomia individual, o sigilo bancário é uma das expressões do direito de
personalidade que se traduz em ter suas atividades e informações bancárias livres de ingerências
ou ofensas, qualificadas como arbitrárias ou ilegais, de quem quer que seja, inclusive do Estado
ou da própria instituição financeira. Entende-se que a igualdade é satisfeita no plano do
autogoverno coletivo por meio do pagamento de tributos, na medida da capacidade
contributiva do contribuinte, por sua vez vinculado a um Estado soberano comprometido com
a satisfação das necessidades coletivas de seu povo. Verifica-se que o Poder Legislativo não
desbordou dos parâmetros constitucionais, ao exercer sua relativa liberdade de conformação da
ordem jurídica, na medida em que estabeleceu requisitos objetivos para a requisição de
informação pela administração tributária às instituições financeiras, assim como manteve o sigilo
dos dados a respeito das transações financeiras do contribuinte, observando-se um translado
do dever de sigilo da esfera bancária para a fiscal. A alteração na ordem jurídica promovida
pela Lei 10.174/2001 não atrai a aplicação do princípio da irretroatividade das leis
tributárias, uma vez que aquela se encerra na atribuição de competência administrativa à
Secretaria da Receita Federal, o que evidencia o caráter instrumental da norma em questão.
Aplica-se, portanto, o art. 144, § 1º, do CTN19. Fixação de tese em relação ao item a do Tema
225 da sistemática da repercussão geral: “O art. 6º da LC 105/2001 não ofende o direito ao
sigilo bancário, pois realiza a igualdade em relação aos cidadãos, por meio do princípio da
capacidade contributiva, bem como estabelece requisitos objetivos e o translado do dever de
sigilo da esfera bancária para a fiscal”. Fixação de tese em relação ao item b do Tema 225 da
sistemática da repercussão geral: “A Lei 10.174/2001 não atrai a aplicação do princípio da
irretroatividade das leis tributárias, tendo em vista o caráter instrumental da norma, nos termos
do art. 144, § 1º, do CTN.” [RE 601.314, rel. min. Edson Fachin, j. 24-2-2016, P, DJE de 16-9-2016,
Tema 225.] Vide RE 1.058.429-AgR, rel. min. Alexandre de Moraes, j. 20-2-2018, 1ª T, DJE de 6-
3-2018
19
Questão 03
88
ALEGAÇÃO DE VIOLAÇÃO AO ART. 93, IX, DA CF/88. INOCORRÊNCIA. ACÓRDÃO RECORRIDO
EM CONSONÂNCIA COM A JURISPRUDÊNCIA DO STF, FIRMADA SOB REPERCUSSÃO GERAL (RE
601.314, REL. MIN. EDSON FACHIN, TEMA 225). OFENSA CONSTITUCIONAL MERAMENTE
REFLEXA. REAPRECIAÇÃO DE PROVAS. INADMISSIBILIDADE. SÚMULA 279 DO STF. 1. A
obrigação do recorrente em apresentar formal e motivadamente a preliminar de repercussão
geral, que demonstre sob o ponto de vista econômico, político, social ou jurídico, a relevância
da questão constitucional debatida que ultrapasse os interesses subjetivos da causa, conforme
exigência constitucional e legal (art. 102, § 3º, da CF/88, c/c art. 1.035, § 2º, do CPC/2015), não
se confunde com meras invocações desacompanhadas de sólidos fundamentos no sentido de
que o tema controvertido é portador de ampla repercussão e de suma importância para o
cenário econômico, político, social ou jurídico, ou que não interessa única e simplesmente às
partes envolvidas na lide, muito menos ainda divagações de que a jurisprudência do Supremo
Tribunal Federal é incontroversa no tocante à causa debatida, entre outras de igual patamar
argumentativo. 2. Em relação à suscitada ofensa ao art. 93, IX, da Carta Magna, o Juízo de
origem não destoou do entendimento firmado por esta CORTE no julgamento do AI 791.292-
QO-RG/PE (Rel. Min. GILMAR MENDES, Tema 339). 3. Quanto à alegação de afronta à ampla
defesa e ao direito de ação, o apelo extraordinário não tem chances de êxito, pois esta CORTE,
no julgamento do ARE 748.371-RG/MT (Rel. Min. GILMAR MENDES, Tema 660), rejeitou a
repercussão geral da alegada violação ao direito adquirido, ao ato jurídico perfeito, à coisa
julgada ou aos princípios da legalidade, do contraditório, da ampla defesa e do devido processo
legal, quando se mostrar imprescindível o exame de normas de natureza infraconstitucional. 4.
O Plenário do SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, na análise do RE 601.314 (Rel. Min. EDSON
FACHIN, Tema 225, DJe de 16/9/2016), fixou tese no sentido de que: (a) o art. 6º da Lei
Complementar 105/2001 não ofende o direito ao sigilo bancário, pois realiza a igualdade em
relação aos cidadãos, por meio do princípio da capacidade contributiva, bem como estabelece
requisitos objetivos e o translado do dever de sigilo da esfera bancária para a fiscal; e (b) a Lei
10.174/2001 não atrai a aplicação do princípio da irretroatividade das leis tributárias, tendo
em vista o caráter instrumental da norma, nos termos do artigo 144, § 1º, do CTN. 5. O
aresto impugnado, com fundamento na legislação ordinária e no substrato fático constante dos
autos, deu parcial provimento ao apelo defensivo para reconhecer a incidência da atenuante da
confissão espontânea (art. 65, III, d), reduzindo-lhe as penas em 1/6 (um sexto), a resultar o
quantum definitivo de 2 (dois) anos e 6 (seis) meses de reclusão e 12 (doze) dias-multa. Trata-
se, portanto, de matéria situada no contexto normativo infraconstitucional. Inviável, ademais, o
reexame de provas em sede de recurso extraordinário, conforme Súmula 279 (Para simples
reexame de prova não cabe recurso extraordinário). 6. Agravo interno a que se nega provimento.
89
(ARE 1183604 AgR, Relator(a): Min. ALEXANDRE DE MORAES, Primeira Turma, julgado em
06/05/2019, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-102 DIVULG 15-05-2019 PUBLIC 16-05-2019)
STF: No RE 183.130, rel. p/ o ac. min. Teori Zavascki, o Plenário desta Corte assentou que a
utilização do imposto de renda com conotação extrafiscal afasta a incidência da Súmula
584 do STF. O fato gerador se consolida no momento em que ocorre cada operação de
exportação incentivada pela redução da alíquota do imposto de renda, à luz da
extrafiscalidade da tributação na espécie. É inconstitucional a aplicação retroativa do art.
1º, I, da Lei 7.988/1989, que majorou a alíquota incidente sobre o lucro proveniente de
operações incentivadas ocorridas no passado, ainda que no mesmo ano-base. (...) Recurso
extraordinário a que se dá provimento, reafirmando a jurisprudência desta Corte, em sede de
repercussão geral, para reformar o acórdão recorrido e declarar a inconstitucionalidade,
incidental e com os efeitos da repercussão geral, do art. 1º, I, da Lei 7.988/1989, uma vez que a
majoração de alíquota de 6% para 18%, a qual se reflete na base de cálculo do imposto de
renda pessoa jurídica incidente sobre o lucro das operações incentivadas no ano-base de 1989,
ofende os princípios da irretroatividade e da segurança jurídica. [RE 592.396, rel. min. Edson
Fachin, j. 3-12-2015, P, DJE de 28-3-2016, Tema 168.]
STF: Imposto de renda. Apuração semestral. Lei 7.450/1985 e DL 2.341/1987. Apuração anual.
DL 2.354/1987. Irretroatividade. A Corte possui firme entendimento no sentido de que viola
o princípio da irretroatividade a introdução de mudanças na sistemática de apuração do
tributo capazes de majorá-lo, se o período de apuração estava encerrado. [ARE 660.173 AgR,
rel. min. Dias Toffoli, j. 5-11-2013, 1ª T, DJE de 28-11-2013.]
STF: EMENTA Habeas corpus. Penal. Processual penal. Crime contra a ordem tributária. Artigo
1º, inciso I, da Lei nº 8.137/90. Desclassificação para tipo previsto no art. 2º, inciso I, da indigitada
lei. Questão não analisada pelo Superior Tribunal de Justiça. Supressão de instância.
Inadmissibilidade. Precedentes. Alegada atipicidade da conduta baseada na circunstância de que
os valores movimentados nas contas bancárias do paciente seriam provenientes de contravenção
penal. Artigo 58 do Decreto-Lei nº 6.259/44 - Jogo do Bicho. Possibilidade jurídica de tributação
sobre valores oriundos de prática ou atividade ilícita. Princípio do Direito Tributário do non
olet. Precedente. Ordem parcialmente conhecida e denegada. 1. A pretendida desclassificação
do tipo previsto no art. 1º, inciso I, para art. 2º, inciso I, da Lei nº 8.137/90 não foi analisada
90
pelo Superior Tribunal de Justiça. Com efeito sua análise neste ensejo configuraria, na linha de
precedentes, verdadeira supressão de instância, o que não se admite. 2. A jurisprudência da
Corte, à luz do art. 118 do Código Tributário Nacional, assentou entendimento de ser
possível a tributação de renda obtida em razão de atividade ilícita, visto que a definição
legal do fato gerador é interpretada com abstração da validade jurídica do ato efetivamente
praticado, bem como da natureza do seu objeto ou dos seus efeitos. Princípio do non olet.
Vide o HC nº 77.530/RS, Primeira Turma, Relator o Ministro Sepúlveda Pertence, DJ de 18/9/98.
3. Ordem parcialmente conhecida e denegada. (HC 94240, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI,
Primeira Turma, julgado em 23/08/2011, DJe-196 DIVULG 11-10-2011 PUBLIC 13-10-2011
EMENT VOL-02606-01 PP-00026 RT v. 101, n. 917, 2012, p. 584-597) Disponível em:
http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=AC&docID=628534
STF: EMENTA: Sonegação fiscal de lucro advindo de atividade criminosa: "non olet". Drogas:
tráfico de drogas, envolvendo sociedades comerciais organizadas, com lucros vultosos
subtraídos à contabilização regular das empresas e subtraídos à declaração de rendimentos:
caracterização, em tese, de crime de sonegação fiscal, a acarretar a competência da Justiça
Federal e atrair pela conexão, o tráfico de entorpecentes: irrelevância da origem ilícita, mesmo
quando criminal, da renda subtraída à tributação. A exoneração tributária dos resultados
econômicos de fato criminoso - antes de ser corolário do princípio da moralidade - constitui
violação do princípio de isonomia fiscal, de manifesta inspiração ética. (HC 77530, Relator(a):
Min. SEPÚLVEDA PERTENCE, Primeira Turma, julgado em 25/08/1998, DJ 18-09-1998 PP-00007
EMENT VOL-01923-03 PP-00522)20.
STJ: PENAL. HABEAS CORPUS. ART. 1º, I, DA LEI Nº 8.137/90. SONEGAÇÃO FISCAL DE LUCRO
ADVINDO DE ATIVIDADES ILÍCITAS. "NON OLET". Segundo a orientação jurisprudencial
firmada nesta Corte e no Pretório Excelso, é possível a tributação sobre rendimentos
auferidos de atividade ilícita, seja de natureza civil ou penal; o pagamento de tributo não é
uma sanção (art. 4º do CTN - "que não constitui sanção por ato ilícito"), mas uma
arrecadação decorrente de renda ou lucro percebidos, mesmo que obtidos de forma ilícita
(STJ: HC 7.444/RS, 5ª Turma, Rel. Min. Edson Vidigal, DJ de 03.08.1998). A exoneração tributária
dos resultados econômicos de fato criminoso - antes de ser corolário do princípio da
moralidade - constitui violação do princípio de isonomia fiscal, de manifesta inspiração ética
(STF: HC 77.530/RS, Primeira Turma, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, DJU de 18/09/1998). Ainda,
de acordo com o art. 118 do Código Tributário Nacional a definição legal do fato gerador é
91
interpretada com abstração da validade jurídica dos atos efetivamente praticados pelos
contribuintes, responsáveis ou terceiros, bem como da natureza do seu objeto ou dos seus
efeitos (STJ: REsp 182.563/RJ, 5ª Turma, Rel. Min José Arnaldo da Fonseca, DJU de 23/11/1998).
Habeas corpus denegado. (HC 83.292/SP, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, julgado
em 28/11/2007, DJ 18/02/2008, p. 48)
Princípio da legalidade
STF: A instituição dos emolumentos cartorários pelo tribunal de justiça afronta o princípio da
reserva legal. Somente a lei pode criar, majorar ou reduzir os valores das taxas judiciárias.
[ADI 1.709, rel. min. Maurício Corrêa, j. 10-2-2000, P, DJ de 31-3-2000.]
STF: (...) a contribuição confederativa, à luz do disposto no art. 8º, IV, da Carta Magna, por não
se revestir de caráter tributário, somente pode ser cobrada pelas entidades sindicais de seus
respectivos filiados. Esse mesmo raciocínio aplica-se às contribuições assistenciais que, em razão
da sua natureza jurídica não tributária, não podem ser exigidas indistintamente de todos aqueles
que participem das categorias econômicas ou profissionais, ou das profissões liberais, mas tão
somente dos empregados filiados ao sindicato respectivo. (...) ainda que a Constituição
reconheça, em seu art. 7º, XXVI, a força das convenções e acordos coletivos de trabalho, com
92
base nos princípios constitucionais da livre associação ou sindicalização, é impossível a cobrança
de contribuição assistencial dos empregados não filiados ao sindicato. (...) Finalmente, consigno
que, por violação ao princípio da legalidade tributária, é manifesta a inconstitucionalidade da
instituição de nova contribuição compulsória, por meio de acordo ou convenção coletiva, a
empregados não filiados ao sindicado beneficiário da exação. [ARE 1.018.459 RG, voto do rel.
min. Gilmar Mendes, j. 23-2-2017, P, DJE de 10-3-2017, Tema 935.]
STF: Não viola a legalidade tributária a lei que, prescrevendo o teto, possibilita ao ato normativo
infralegal fixar o valor de taxa em proporção razoável com os custos da atuação estatal, valor
esse que não pode ser atualizado por ato do próprio conselho de fiscalização em percentual
superior aos índices de correção monetária legalmente previstos. [RE 838.284, voto do rel. min.
Dias Toffoli, j. 19-10-2016, P, DJE de 22-9-2017, Tema 829.] Vide RE 704.292, rel. min. Dias Toffoli,
j. 19-10-2016, P, DJE de 3-8-2017, Tema 540
STF: Respeita o princípio da legalidade a lei que disciplina os elementos essenciais determinantes
para o reconhecimento da contribuição de interesse de categoria econômica como tal e deixa
um espaço de complementação para o regulamento. A lei autorizadora, em todo caso, deve ser
legitimamente justificada, e o diálogo com o regulamento deve-se dar em termos de
subordinação, desenvolvimento e complementariedade. A Lei 11.000/2004, que autoriza os
conselhos de fiscalização de profissões regulamentadas a fixar as anuidades devidas por pessoas
físicas ou jurídicas, não estabeleceu expectativas, criando uma situação de instabilidade
institucional ao deixar ao puro arbítrio do administrador o estabelecimento do valor da exação
– afinal, não há previsão legal de qualquer limite máximo para a fixação do valor da anuidade.
O grau de indeterminação com que os dispositivos da Lei 11.000/2004 operaram provocou a
degradação da reserva legal (art. 150, I, da CF/1988). Isso porque a remessa ao ato infralegal
não pode resultar em desapoderamento do legislador para tratar de elementos tributários
essenciais. Para o respeito do princípio da legalidade, seria essencial que a lei (em sentido
estrito) prescrevesse o limite máximo do valor da exação, ou os critérios para encontrá-lo, o que
não ocorreu. Não cabe aos conselhos de fiscalização de profissões regulamentadas realizar
atualização monetária em patamares superiores aos permitidos em lei, sob pena de ofensa ao
art. 150, I, da CF/1988. [RE 704.292, rel. min. Dias Toffoli, j. 19-10-2016, P, DJE de 3-8-2017, Tema
540.]
STF: É inconstitucional, por ofensa ao princípio da legalidade tributária, lei que delega aos
conselhos de fiscalização de profissões regulamentadas a competência de fixar ou majorar, sem
93
parâmetro legal, o valor das contribuições de interesse das categorias profissionais e
econômicas, usualmente cobradas sob o título de anuidades, vedada, ademais, a atualização
desse valor pelos conselhos em percentual superior aos índices legalmente previstos. [RE
704.292, voto do rel. min. Dias Toffoli, j. 19-10-2016, P, DJE de 3-8-2017, Tema 540.] Vide RE
838.284, rel. min. Dias Toffoli, j. 19-10-2016, P, DJE de 22-9-2017, Tema 829
STF: ICMS. Regime de apuração. Estimativa. Decreto. Impropriedade. A criação de nova maneira
de recolhimento do tributo, partindo-se de estimativa considerado o mês anterior, deve ocorrer
mediante lei no sentido formal e material, descabendo, para tal fim, a edição de decreto, a
revelar o extravasamento do poder regulamentador do Executivo.
[RE 632.265, rel. min. Marco Aurélio, j. 18-6-2015, P, DJE de 5-10-2015, Tema 830.]
STF: É inconstitucional a majoração do IPTU sem edição de lei em sentido formal, vedada a
atualização, por ato do Executivo, em percentual superior aos índices oficiais.
[RE 648.245, rel. min. Gilmar Mendes, j. 1º-8-2013, P, DJE de 24-2-2014, Tema 211.]
STF: O pedágio cobrado pela efetiva utilização de rodovias conservadas pelo poder público,
cuja cobrança está autorizada pelo inciso V, parte final, do art. 150 da Constituição de 1988, não
tem natureza jurídica de taxa, mas, sim, de preço público, não estando a sua instituição,
consequentemente, sujeita ao princípio da legalidade estrita. [ADI 800, rel. min. Teori Zavascki,
j. 11-6-2014, P, DJE de 1º-7-2014.]
94
tributo em questão, no caso, o IPVA. Não-incidência do princípio da anterioridade tributária. 6.
Vencida a tese de que a redução ou supressão de desconto previsto em lei implica, automática
e aritmeticamente, aumento do valor do tributo devido. 7. Medida cautelar indeferida. (ADI 4016
MC, Relator(a): Min. GILMAR MENDES, Tribunal Pleno, julgado em 01/08/2008, DJe-075 DIVULG
23-04-2009 PUBLIC 24-04-2009 EMENT VOL-02357-01 PP-00047 RDDT n. 165, 2009, p. 187-193)
Princípio da Isonomia
STF: A lei complementar estadual que isenta os membros do Ministério Público do pagamento
de custas judiciais, notariais, cartorárias e quaisquer taxas ou emolumentos fere o disposto no
art. 150, II, da Constituição do Brasil. O Texto Constitucional consagra o princípio da igualdade
de tratamento aos contribuintes. [ADI 3.260, rel. min. Eros Grau, j. 29-3-2007, P, DJ de 29-6-
2007.]
= ADI 3.334, rel. min. Ricardo Lewandowski, j. 17-3-2011, P, DJE de 5-4-2011
STF: Emenda constitucional (EC 41/2003, art. 4º, parágrafo único, I e II). Servidor público.
Vencimentos. Proventos de aposentadoria e pensões. Sujeição à incidência de contribuição
previdenciária. Bases de cálculo diferenciadas. Arbitrariedade. Tratamento discriminatório entre
servidores e pensionistas da União, de um lado, e servidores e pensionistas dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios, de outro. Ofensa ao princípio constitucional da isonomia
tributária, que é particularização do princípio fundamental da igualdade. [ADI 3.105, rel. min.
95
Cezar Peluso, j. 18-8-2004, P, DJ de 18-2-2005.] = ADI 3.188, rel. min. Ayres Britto, j. 18-10-2006,
P, DJ de 17-11-2006
STF: Ao instituir incentivos fiscais a empresas que contratam empregados com mais de quarenta
anos, a Assembleia Legislativa paulista usou o caráter extrafiscal que pode ser conferido aos
tributos, para estimular conduta por parte do contribuinte, sem violar os princípios da igualdade
e da isonomia. Procede a alegação de inconstitucionalidade do item 1 do § 2º do art. 1º da Lei
9.085, de 17-2-1995, do Estado de São Paulo, por violação ao disposto no art. 155, § 2º, XII, g,
da CF. Em diversas ocasiões, este Supremo Tribunal já se manifestou no sentido de que isenções
de ICMS dependem de deliberações dos Estados e do Distrito Federal, não sendo possível a
concessão unilateral de benefícios fiscais. Precedentes: ADI 1.557 MC (DJ de 31-8-2001), ADI
2.439 MC (DJ de 14-9-2001) e ADI 1.467 MC (DJ de 14-3-1997). Ante a declaração de
inconstitucionalidade do incentivo dado ao ICMS, o disposto no § 3º do art. 1º desta lei deverá
ter sua aplicação restrita ao IPVA. [ADI 1.276, rel. min. Ellen Gracie, j. 28-8-2002, P, DJ de 29-11-
2002.]
STF: O princípio da isonomia, refletido no sistema constitucional tributário (art. 5º c/c art. 150,
II, CRFB/1988) não se resume ao tratamento igualitário em toda e qualquer situação jurídica,
mas, também, na implementação de medidas com o escopo de minorar os fatores
discriminatórios existentes, impondo, por vezes, tratamento desigual em circunstâncias
específicas e que militam em prol da igualdade. A isonomia sob o ângulo da desigualação
reclama correlação lógica entre o fator de discrímen e a desequiparação procedida que justifique
os interesses protegidos na Constituição (adequada correlação valorativa). (...) O cerne da
controvérsia sub examine consiste em suposta violação aos princípios da isonomia e do livre
acesso à justiça pela Portaria 655/1993 do Ministério da Fazenda que, ao dispor sobre o
parcelamento de débitos inerentes à Cofins (LC 70/1991), veda-o aqueles contribuintes que
ingressaram em juízo e implementaram o depósito judicial do montante controvertido (...) A
concessão de parcelamento apenas aos contribuintes que não ingressaram em juízo ou aos que
ajuizaram ações, mas não implementaram o depósito do crédito tributário controvertido, e a
exceção aos contribuintes que ingressaram em juízo e realizaram o depósito judicial, não revela
discriminação inconstitucional, porquanto obedece a todos os aspectos essenciais à observância
da isonomia na utilização de critérios de desigualação. O discrímen adotado pela Portaria
655/1993 aplica-se indistintamente a todos os contribuintes que optaram pela realização do
depósito judicial. Ademais, diz respeito apenas aos valores objeto dos respectivos depósitos, e
não aos contribuintes depositantes, além de guardar estrita pertinência lógica com o objetivo
96
pretendido pela norma. O critério de desigualação está em consonância com os interesses
protegidos pela CF, porquanto prestigia a racionalização na cobrança do crédito público,
consubstanciando solução administrativa que evita o ajuizamento de demandas desnecessárias
e estimula o contribuinte em situação irregular ao cumprimento de suas obrigações. (...) Os
contribuintes que efetuaram depósitos em juízo de valores relativos a débitos da Cofins se
equiparam aqueles que adimpliram as suas obrigações, efetuando o pagamento do crédito
tributário, porquanto o montante depositado fica condicionado ao resultado final da ação. (...)
Forçoso concluir que hipótese encartada neste ato normativo secundário não configura violação
ao princípio da isonomia, pois distingue duas situações completamente diferentes: a do
contribuinte que voluntariamente efetuou o depósito judicial do débito, ficando imune aos
consectários legais decorrentes da mora, e a do contribuinte que se quedou inerte em relação
aos débitos que possuía com o Fisco. (...) Tese firmada na Repercussão Geral: "Não viola o
princípio da isonomia e o livre acesso à jurisdição a restrição de ingresso no parcelamento de
dívida relativa à Cofins, instituída pela Portaria 655/1993, dos contribuintes que questionaram o
tributo em juízo com depósito judicial dos débitos tributários." [RE 640.905, rel. min. Luiz Fux, j.
15-12-2016, P, DJE de 1º-2-2018, Tema 573.]
STF: Sistema "Simples". Art. 9º da Lei 9.317/1996. Ofensa ao princípio da isonomia. Inocorrência.
[RE 476.106 AgR, rel. min. Gilmar Mendes, j. 1º-4-2008, 2ª T, DJE de 25-4-2008.]
STF: A isenção fiscal decorre do implemento da política fiscal e econômica, pelo Estado, tendo
em vista o interesse social. É ato discricionário que escapa ao controle do Poder Judiciário e
envolve juízo de conveniência e oportunidade do Poder Executivo. O termo inicial de vigência
da isenção, fixada a partir da data da expedição da guia de importação, não infringe o princípio
da isonomia tributária, nem desloca a data da ocorrência do fato gerador do tributo, porque a
isenção diz respeito à exclusão do crédito tributário, enquanto o fato gerador tem pertinência
com o nascimento da obrigação tributária. [AI 151.855 AgR, rel. min. Paulo Brossard, j. 24-5-
1994, 2ª T, DJ de 2-12-1994.]
97
Princípio da uniformidade de tributo federal em todo o território
nacional ou uniformidade geográfica do tratamento tributário
deferido pela União
STF: O Decreto 420/1992 estabeleceu alíquotas diferenciadas – incentivo fiscal – visando dar
concreção ao preceito veiculado pelo art. 3º da Constituição, ao objetivo da redução das
desigualdades regionais e de desenvolvimento nacional. Autoriza-o o art. 151, I, da Constituição.
(...) A concessão do benefício da isenção fiscal é ato discricionário, fundado em juízo de
conveniência e oportunidade do poder público, cujo controle é vedado ao Judiciário.
[AI 630.997 AgR, rel. min. Eros Grau, j. 24-4-2007, 2ª T, DJ de 18-5-2007.]
STF: A Constituição, na parte final do art. 151, I, admite a "concessão de incentivos fiscais
destinados a promover o equilíbrio do desenvolvimento socioeconômico entre as diferentes
regiões do país". A concessão de isenção é ato discricionário, por meio do qual o Poder
Executivo, fundado em juízo de conveniência e oportunidade, implementa suas políticas fiscais
e econômicas, e, portanto, a análise de seu mérito escapa ao controle do Poder Judiciário.
Precedentes: RE 149.659 e AI 138.344 AgR. Não é possível ao Poder Judiciário estender isenção
a contribuintes não contemplados pela lei, a título de isonomia (RE 159.026). [RE 344.331, rel.
min. Ellen Gracie, j. 11-2-2003, 1ª T, DJ de 14-3-2003.]
98
reflexo da própria soberania nacional e da unidade política e econômica da República. [ADI
5.472, rel. min. Edson Fachin, j. 1º-8-2018, P, DJE de 14-8-2018.]
STF: A aplicação da multa moratória tem o objetivo de sancionar o contribuinte que não cumpre
suas obrigações tributárias, prestigiando a conduta daqueles que pagam em dia seus tributos
aos cofres públicos. Assim, para que a multa moratória cumpra sua função de desencorajar a
elisão fiscal, de um lado não pode ser pífia, mas, de outro, não pode ter um importe que lhe
confira característica confiscatória, inviabilizando inclusive o recolhimento de futuros tributos. O
acórdão recorrido encontra amparo na jurisprudência desta Suprema Corte, segundo a qual não
é confiscatória a multa moratória no importe de 20%. [RE 582.461, rel. min. Gilmar Mendes, j.
18-5-2011, P, DJE de 18-8-2011, Tema 214.]
99
STF: O entendimento desta Corte é no sentido de que a abusividade da multa punitiva apenas
se revela naquelas arbitradas acima do montante de 100% do valor do tributo. [AI 851.038 AgR,
rel. min. Roberto Barroso, j. 10-2-2015, 1ª T, DJE de 12-3-2015.]
STF: A multa punitiva é aplicada em situações nas quais se verifica o descumprimento voluntário
da obrigação tributária prevista na legislação pertinente. Trata-se da sanção prevista para coibir
a prática de ilícitos tributários. Nessas circunstâncias, conferindo especial relevo ao caráter
pedagógico da sanção, que visa desestimular a burla à atuação da administração tributária, deve
ser reconhecida a possibilidade de aplicação da multa em percentuais mais rigorosos. Nesses
casos, a Corte vem adotando como limite o valor devido pela obrigação principal. [RE 602.686
AgR-segundo, rel. min. Roberto Barroso, j. 9-12-2014, 1ª T, DJE de 5-2-2015.] Vide RE 523.471
AgR, rel. min. Joaquim Barbosa, j. 6-4-2010, 2ª T, DJE de 23-4-2010
STF: (...) O STF, em casos análogos, decidiu que a instituição de alíquotas progressivas para a
contribuição previdenciária dos servidores públicos ofende o princípio da vedação de utilização
de qualquer tributo com efeito confiscatório, nos termos do art. 150, IV, da Constituição da
República. [AI 701.192 AgR, voto da rel. min. Cármen Lúcia, j. 19-5-2009, 1ª T, DJE de 26-6-
2009.] = AI 676.442 AgR, rel. min. Ricardo Lewandowski, j. 19-10-2010, 1ª T, DJE de 16-11-2010
100
inc. III, da Constituição. 4. Recurso extraordinário conhecido e provido. (RE 229096,
Relator(a): Min. ILMAR GALVÃO, Relator(a) p/ Acórdão: Min. CÁRMEN LÚCIA, Tribunal Pleno,
julgado em 16/08/2007, DJe-065 DIVULG 10-04-2008 PUBLIC 11-04-2008 EMENT VOL-02314-
05 PP-00985 RTJ VOL-00204-02 PP-00858 RJTJRS v. 45, n. 275, 2010, p. 29-42)
101
referente à instituição das contribuições sociais de interesse profissional para aqueles conselhos
previstos no art. 3º da Lei 12.514/11. 8. No tocante à legalidade tributária estrita, reputa-se ser
adequada e suficiente a determinação do mandamento tributário no bojo da lei impugnada, por
meio da fixação de tetos aos critérios materiais das hipóteses de incidência das contribuições
profissionais, à luz da chave analítica formada pelas categorias da praticabilidade e da
parafiscalidade. Doutrina. 9. Ações Diretas de Inconstitucionalidade improcedentes. (ADI 4697,
Relator(a): Min. EDSON FACHIN, Tribunal Pleno, julgado em 06/10/2016, PROCESSO
ELETRÔNICO DJe-063 DIVULG 29-03-2017 PUBLIC 30-03-2017)
Imunidade
102
do art. 85, §§ 2º e 3º, do CPC/2015. 5. Agravo interno a que se nega provimento. (RE 897104
AgR, Relator(a): Min. ROBERTO BARROSO, Primeira Turma, julgado em 27/10/2017, ACÓRDÃO
ELETRÔNICO DJe-283 DIVULG 07-12-2017 PUBLIC 11-12-2017)
103
STF: IPTU – BEM PÚBLICO – CESSÃO – PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PRIVADO. Incide o
imposto Predial e Territorial Urbano considerado bem público cedido a pessoa jurídica de direito
privado, sendo esta a devedora. (RE 601720, Relator(a): Min. EDSON FACHIN, Relator(a) p/
Acórdão: Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 19/04/2017, PROCESSO
ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-200 DIVULG 04-09-2017 PUBLIC 05-09-2017)
104
culto, bens e serviços de partidos políticos, instituições de educação e de assistência social,
desde que as suas rendas sejam aplicadas integralmente no país para os respectivos fins. 2. As
CF/1967 e CF/1969 (Emenda Constitucional 1/1969) reiteraram a imunidade no disposto no art.
19, III, "c", verbis: É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios (...) instituir
imposto sobre (...) o patrimônio, a renda ou os serviços dos partidos políticos e de instituições
de educação ou de assistência social, observados os requisitos da lei. 3. A CF/1988 traçou
arquétipo com contornos ainda mais claros, verbis: Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias
asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
(...) VI. instituir impostos sobre: (...) c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos,
inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação
e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei;(...) § 4º. As vedações
expressas no inciso VI, alíneas "b" e "c", compreendem somente o patrimônio, a renda e os
serviços, relacionados com as finalidades essenciais das entidades nelas mencionadas; Art. 195.
A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos
da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: (...) § 7º. São isentas de
contribuição para a seguridade social as entidades beneficentes de assistência social que
atendam às exigências estabelecidas em lei. [RE 636.941, rel. min. Luiz Fux, P, j. 13-2-2014, DJE
67 de 4-4-2014.]
STF: Está em jogo definir se a imunidade prevista na alínea a do inciso VI do art. 150 da CF
alcança, ou não, bem imóvel de propriedade da União cedido a empresa privada que explora
atividade econômica. (...) Mostra-se inequívoco ser o imóvel da União empregado, por particular,
em atividade de fins exclusivamente privados e com intuito lucrativo. Não há base a justificar o
gozo de imunidade nos termos assentados pelo Tribunal de origem. (...) Fixo a seguinte tese:
“Incide o IPTU considerado imóvel de pessoa jurídica de direito público cedido a pessoa jurídica
de direito privado, devedora do tributo. [RE 601.720, voto do rel. p/ o ac. min. Marco Aurélio, j.
19-4-2017, P, DJE de 5-9-2017, Tema 437.]
STF: (...) cumpre definir se, à luz do art. 150, VI, a, da CF, a imunidade tributária recíproca alcança,
ou não, sociedade de economia mista arrendatária de terreno localizado em área portuária
pertencente à União. (...) Mostra-se inequívoco ser o imóvel da União empregado em atividade
de sociedade de economia mista que atua no mercado com fins lucrativos. Não há base a
justificar o gozo de imunidade nos termos pretendidos. (...) Fixo a seguinte tese: “Incide o IPTU
considerado imóvel de pessoa jurídica de direito público arrendado a pessoa jurídica de direito
105
privado, devedora do tributo.” [RE 594.015, voto do rel. min. Marco Aurélio, j. 6-4-2017, P, DJE
de 25-8-2017, Tema 385.]
STF: IPTU. Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT). Imunidade recíproca (art. 150, VI,
a, da CF). Perfilhando a cisão estabelecida entre prestadoras de serviço público e exploradoras
de atividade econômica, a Corte sempre concebeu a ECT como uma empresa prestadora de
serviços públicos de prestação obrigatória e exclusiva do Estado. A imunidade recíproca prevista
no art. 150, VI, a, da Constituição alcança o IPTU que incidiria sobre os imóveis de propriedade
da ECT e por ela utilizados. Não se pode estabelecer, a priori, nenhuma distinção entre os
imóveis afetados ao serviço postal e aqueles afetados à atividade econômica. Na dúvida
suscitada pela apreciação de um caso concreto, acerca, por exemplo, de quais imóveis estariam
afetados ao serviço público e quais não, não se pode sacrificar a imunidade tributária do
patrimônio da empresa pública, sob pena de se frustrar a integração nacional. As presunções
sobre o enquadramento originariamente conferido devem militar a favor do contribuinte. Caso
já lhe tenha sido deferido o status de imune, o afastamento dessa imunidade só pode ocorrer
mediante a constituição de prova em contrário produzida pela administração tributária.
[RE 773.992, rel. min. Dias Toffoli, j. 15-10-2014, P, DJE de 19-2-2015, Tema 644.]
STF: A imunidade tributária recíproca não exonera o sucessor das obrigações tributárias relativas
aos fatos jurídicos tributários ocorridos antes da sucessão (aplicação "retroativa" da imunidade
tributária). [RE 599.176, rel. min. Joaquim Barbosa, j. 5-6-2014, P, DJE de 30-10-2014, Tema 224.]
106
STF: A questão suscitada neste recurso versa sobre a possibilidade de extensão da imunidade
tributária recíproca, nos termos do art. 150, VI, a, da CF, à Empresa Brasileira de Infraestrutura
Aeroportuária (INFRAERO), na qualidade de empresa pública prestadora de serviço público. Esta
Corte possui jurisprudência firmada no sentido de que a Infraero faz jus à imunidade recíproca
prevista no art. 150, VI, a, da CF. [ARE 638.315 RG, voto do rel. min. Cezar Peluso, j. 9-6-2011, P,
DJE de 31-8-2011, Tema 412.]
STF: As sociedades de economia mista prestadoras de ações e serviços de saúde, cujo capital
social seja majoritariamente estatal, gozam da imunidade tributária prevista na alínea a do inciso
VI do art. 150 da CF. [RE 580.264, rel. p/ o ac. min. Ayres Britto, j. 16-12-2010, P, DJE de 6-10-
2011, Tema 115.]
STF: As Caixas de Assistências dos Advogados prestam serviço público delegado, possuem status
jurídico de ente público e não exploram atividades econômicas em sentido estrito com intuito
lucrativo. A Caixa de Assistência dos Advogados de Minas Gerais encontra-se tutelada pela
imunidade recíproca prevista no art. 150, VI, a, do Texto Constitucional, tendo em vista a
impossibilidade de se conceder tratamento tributário diferenciado a órgãos da OAB, de acordo
com as finalidades que lhe são atribuídas por lei. [RE 405.267, rel. min. Edson Fachin, j. 6-9-2018,
P, DJE de 18-10-2018.] Vide RE 259.976 AgR, rel. min. Joaquim Barbosa, j. 23-3-2010, 2ª T, DJE
de 30-4-2010.
STF: Escola da Magistratura do Rio Grande do Norte. CPMF. Movimentação financeira. (...) A
Escola da Magistratura do Rio Grande do Norte, criada por meio da Resolução TJ 5/1988, é
considerada órgão desconcentrado do Poder Judiciário, na forma do art. 42 da Lei estadual
6.370/1993. Caracteriza-se como ente de natureza pública, sem personalidade jurídica própria,
e, portanto, compõe o próprio Estado do Rio Grande do Norte, dentro do corpo do Poder
Judiciário local. (...) O STF, ao delinear os contornos da denominada imunidade recíproca,
estampada no art. 150, VI, inciso a, da Constituição Federal, firmou jurisprudência no sentido de
sua inaplicabilidade às contribuições sociais, porque a regra negativa de competência tributária
se destina exclusivamente à instituição e à cobrança de impostos. (...) Contudo, a própria Lei
9.311/1996, que instituiu a contribuição, afastou sua cobrança em relação aos entes federados,
instituindo hipótese legal de não incidência tributária (art. 3º, inciso I). [ACO 602, rel. min. Dias
Toffoli, j. 6-6-2018, P, DJE de 6-8-2018.]
107
STF: O STF consolidou o entendimento de que não cabe à entidade religiosa demonstrar que
utiliza o bem de acordo com suas finalidades institucionais. Ao contrário, compete à
administração tributária demonstrar a eventual tredestinação do bem gravado pela imunidade.
[ARE 800.395 AgR, rel. min. Roberto Barroso, j. 28-10-2014, 1ª T, DJE de 14-11-2014.]
STF: A imunidade tributária conferida pelo art. 150, VI, b, é restrita aos templos de qualquer
culto religioso, não se aplicando à maçonaria, em cujas lojas não se professa qualquer religião.
[RE 562.351, rel. min. Ricardo Lewandowski, j. 4-9-2012, 1ª T, DJE de 14-12-2012.]
STF: Recurso extraordinário. Constitucional. Imunidade tributária. IPTU. Art. 150, VI, b, CF/1988.
Cemitério. Extensão de entidade de cunho religioso. Os cemitérios que consubstanciam
extensões de entidades de cunho religioso estão abrangidos pela garantia contemplada no art.
150 da Constituição do Brasil. Impossibilidade da incidência de IPTU em relação a eles. A
imunidade aos tributos de que gozam os templos de qualquer culto é projetada a partir da
interpretação da totalidade que o texto da Constituição é, sobretudo do disposto nos arts. 5º,
VI; 19, I; e 150, VI, b. As áreas da incidência e da imunidade tributária são antípodas. [RE 578.562,
rel. min. Eros Grau, j. 21-5-2008, P, DJE de 12-9-2008.]
STF: Instituição religiosa. IPTU sobre imóveis de sua propriedade que se encontram alugados. A
imunidade prevista no art. 150, VI, b, da CF deve abranger não somente os prédios destinados
ao culto, mas, também, o patrimônio, a renda e os serviços "relacionados com as finalidades
essenciais das entidades nelas mencionadas". O § 4º do dispositivo constitucional serve de vetor
interpretativo das alíneas b e c do inciso VI do art. 150 da CF. Equiparação entre as hipóteses
das alíneas referidas. [RE 325.822, rel. p/ o ac. min. Gilmar Mendes, j. 18-12-2002, P, DJ de 14-
5-2004.] = ARE 658.080 AgR, rel. min. Luiz Fux, j. 13-12-2011, 1ª T, DJE de 15-2-2012 = AI
690.712 AgR, rel. min. Ricardo Lewandowski, j. 23-6-2009, 1ª T, DJE de 14-8-2009 = AI 651.138
AgR, rel. min. Eros Grau, j. 26-6-2007, 2ª T, DJ de 17-8-2007
STF: Imunidade. Artigo 150, VI, c, da CF. (...) Com o advento da Constituição de 1988, o
constituinte dedicou uma seção específica às ‘limitações do poder de tributar’ (art. 146, II, CF) e
nela fez constar a imunidade das instituições de assistência social. Mesmo com a referência
expressa ao termo ‘lei’, não há mais como sustentar que inexiste reserva de lei complementar.
108
No que se refere aos impostos, o maior rigor do quórum qualificado para a aprovação dessa
importante regulamentação se justifica para se dar maior estabilidade à disciplina do tema e
dificultar sua modificação, estabelecendo regras nacionalmente uniformes e rígidas. A
necessidade de lei complementar para disciplinar as limitações ao poder de tributar não impede
que o constituinte selecione matérias passíveis de alteração de forma menos rígida, permitindo
uma adaptação mais fácil do sistema às modificações fáticas e contextuais, com o propósito de
velar melhor pelas finalidades constitucionais. Nos precedentes da Corte, prevalece a
preocupação em respaldar normas de lei ordinária direcionadas a evitar que falsas instituições
de assistência e educação sejam favorecidas pela imunidade. É necessário reconhecer um espaço
de atuação para o legislador ordinário no trato da matéria. A orientação prevalecente no recente
julgamento das ADIs 2.028/DF, 2.036/DF, 2.228/DF e 2.621/DF é no sentido de que os artigos
de lei ordinária que dispõem sobre o modo beneficente (no caso de assistência e educação) de
atuação das entidades acobertadas pela imunidade, especialmente aqueles que criaram
contrapartidas a serem observadas pelas entidades, padecem de vício formal, por invadir
competência reservada a lei complementar. Os aspectos procedimentais necessários à verificação
do atendimento das finalidades constitucionais da regra de imunidade, tais como as referentes
à certificação, à fiscalização e ao controle administrativo, continuam passíveis de definição por
lei ordinária. [ADI 1.802, rel. min. Dias Toffoli, j. 12-4-2018, P, DJE de 3-5-2018.]
STF: Imunidade do art. 150, VI, c, CF. Entidade beneficente de assistência social. ICMS. Aquisição
de insumos e produtos no mercado interno na qualidade de contribuinte de fato. Beneplácito
reconhecido ao contribuinte de direito. Repercussão econômica. Irrelevância. (...) "A imunidade
tributária subjetiva aplica-se a seus beneficiários na posição de contribuinte de direito, mas não
na de simples contribuinte de fato, sendo irrelevante para a verificação da existência do
beneplácito constitucional a repercussão econômica do tributo envolvido." [RE 608.872, rel. min.
Dias Toffoli, j. 23-2-2017, P, DJE de 27-9-2017, Tema 342.]
Imunidade de imprensa
STF: A imunidade prevista no art. 150, VI, da CF alcança componentes eletrônicos, quando
destinados, exclusivamente, a integrar a unidade didática com fascículos periódicos impressos.
[RE 595.676, rel. min. Marco Aurélio, j. 8-3-2017, P, DJE de 18-12-2017, Tema 259.] Vide RE
330.817, rel. min. Dias Toffoli, j. 8-3-2017, P, DJE de 31-8-2017, Tema 593
109
STF: A imunidade tributária constante do art. 150, VI, d, da CF/1988 aplica-se ao livro eletrônico
(e-book), inclusive aos suportes exclusivamente utilizados para fixá-lo. [RE 330.817, rel. min. Dias
Toffoli, j. 8-3-2017, P, DJE de 31-8-2017, Tema 593.] Vide RE 595.676, rel. min. Marco Aurélio, j.
8-3-2017, P, DJE de 18-12-2017, Tema 259
STF: A regra imunizante constante do art. 150, VI, d, da CF não pode ser interpretada de modo
amplo e irrestrito. Inexiste imunidade relativa a tributos incidentes sobre a importação de tintas
e chapas de gravação destinadas à publicação de jornal. [AI 735.816 AgR, rel. min. Alexandre de
Moraes, j. 23-3-2018, 1ª T, DJE de 11-4-2018.]
STF: A imunidade tributária prevista no art. 150, VI, d, da CF não abrange os serviços prestados
por empresas que fazem a distribuição, o transporte ou a entrega de livros, jornais, periódicos
e do papel destinado a sua impressão. Precedentes. O STF possui entendimento no sentido de
que a imunidade em discussão deve ser interpretada restritivamente. [RE 530.121 AgR, rel. min.
Ricardo Lewandowski, j. 9-11-2010, 1ª T, DJE de 29-3-2011.] = RE 630.462 AgR, rel. min. Ayres
Britto, j. 7-2-2012, 2ª T, DJE de 7-3-2012
110
STF: Papel: filmes destinados à produção de capas de livros. CF, art. 150, VI, d. Material
assimilável a papel, utilizado no processo de impressão de livros e que se integra no produto
final – capas de livros sem capa dura – está abrangido pela imunidade do art. 150, VI, d.
Interpretação dos precedentes do STF, pelo seu Plenário, nos RE 174.476/SP, RE 190.761/SP, rel.
min. Francisco Rezek, e RE 203.859/SP e RE 204.234/RS, rel. min. Maurício Corrêa. [RE 392.221,
rel. min. Carlos Velloso, j. 18-5-2004, 2ª T, DJ de 11-6-2004.] = AI 597.746 AgR, rel. min.
Sepúlveda Pertence, j. 14-11-2006, 1ª T, DJ de 7-12-2006
STF: O preceito da alínea d do inciso VI do art. 150 da Carta da República alcança as chamadas
apostilas, veículo de transmissão de cultura simplificado. [RE 183.403, rel. min. Marco Aurélio, j.
7-11-2000, 2ª T, DJ de 4-5-2001.]
STF: Encartes de propaganda distribuídos com jornais e periódicos. ISS. Art. 150, VI, d, da
Constituição. Veículo publicitário que, em face de sua natureza propagandística, de exclusiva
índole comercial, não pode ser considerado como destinado à cultura e à educação, razão pela
qual não está abrangido pela imunidade de impostos prevista no dispositivo constitucional sob
referência, a qual, ademais, não se estenderia, de qualquer forma, às empresas por eles
responsáveis, no que concerne à renda bruta auferida pelo serviço prestado e ao lucro líquido
obtido. [RE 213.094, rel. min. Ilmar Galvão, j. 3-8-1999, 1ª T, DJ de 15-10-1999.]
STF: O fato de as edições das listas telefônicas veicularem anúncios e publicidade não afasta o
benefício constitucional da imunidade. A inserção visa a permitir a divulgação das informações
necessárias ao serviço público a custo zero para os assinantes, consubstanciando acessório que
segue a sorte do principal. [RE 199.183, rel. min. Marco Aurélio, j. 17-4-1998, 2ª T, DJ de 12-6-
1998.] = AI 663.747 AgR, rel. min. Joaquim Barbosa, j. 6-4-2010, 2ª T, DJE de 30-4-2010.
Isenção onerosa
111
TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO. TERMINAIS MÓVEIS. TELEFONIA CELULAR. ZONA
FRANCA DE MANAUS. TECNOLOGIA DIGITAL. POSTERIOR RECLASSIFICAÇÃO. BEM DE
INFORMÁTICA. BENEFÍCIO FISCAL. CONCESSÃO SOB CONDIÇÃO ONEROSA. REVOGAÇÃO.
IMPOSSIBILIDADE. 1. À luz do art. 5º, XXXVI, da Constituição Federal, os benefícios fiscais
concedidos por prazo certo e em função de determinadas condições não podem ser
revogados ou modificados por legislação superveniente, sob pena de violação do direito
adquirido e do princípio constitucional da segurança jurídica. 2. Mutatis mutandis: "Isenções
tributárias concedidas, sob condição onerosa, não podem ser livremente suprimidas"
(Súmula 544 do STF). 3. Hipótese em que, mediante resolução do Conselho de Administração
da SUFRAMA, foi concedido à fabricante de terminais portáteis de telefonia celular incentivo
fiscal de redução de alíquota de imposto de importação (art. 7º, § 4º, do DL n. 288/1967), sem
especificação da tecnologia a ser utilizada e em momento anterior à definição dos celulares
digitais como bens de informática. 4. A aprovação do projeto se realizou, naquela época (1993),
com o conceito legal até então admitido para terminais móveis de telefonia celular. A
terminologia tecnológica, ainda que revista, não permite a revogação nem a modificação
posterior do benefício, sob pena de violação da segurança jurídica e do direito adquirido da
contribuinte. 5. Nos termos do o § 7º, inciso II, "c", do art. 7º do DL n. 288/1967, "a redução do
Imposto sobre Importação, de que trata este artigo, somente será deferida a produtos
industrializados previstos em projeto aprovado pelo Conselho de Administração da Suframa que
objetiva a incorporação de tecnologias de produtos e de processos de produção compatíveis
com o estado da arte e da técnica". A eventual incorporação de novas tecnologias, portanto,
está prevista para o período do benefício de redução de alíquota do imposto de importação,
de tal sorte que não se pode aceitar a evolução tecnológica do produto, ou do seu fabrico,
como argumento válido para a revisão do benefício. 6. Recurso da Fazenda Nacional não
provido. (REsp 1310341/AM, Rel. Ministro GURGEL DE FARIA, PRIMEIRA TURMA, julgado em
13/12/2018, REPDJe 26/02/2019, DJe 25/02/2019)
Súmulas do STF
Súmula Vinculante 52 - Ainda quando alugado a terceiros, permanece imune ao IPTU o imóvel
pertencente a qualquer das entidades referidas pelo art. 150, VI, "c", da Constituição Federal,
desde que o valor dos aluguéis seja aplicado nas atividades para as quais tais entidades foram
constituídas
112
Súmula Vinculante 50 - Norma legal que altera o prazo de recolhimento de obrigação tributária
não se sujeita ao princípio da anterioridade.
Súmula 117 - A lei estadual pode fazer variar a alíquota do imposto de vendas e consignações
em razão da espécie do produto.
Súmula 323 - É inadmissível a apreensão de mercadorias como meio coercitivo para pagamento
de tributos
Súmula 544 - Isenções tributárias concedidas, sob condição onerosa, não podem ser livremente
suprimidas.
Súmula 584 - Ao imposto de renda calculado sobre os rendimentos do ano-base, aplica-se a lei vigente
no exercício financeiro em que deve ser apresentada a declaração.
Súmula 574 - Sem lei estadual que a estabeleça, é ilegítima a cobrança do imposto de circulação
de mercadorias sobre o fornecimento de alimentação e bebidas em restaurante ou
estabelecimento similar.
Súmula 324 - A imunidade do art. 31, V, da Constituição Federal não compreende as taxas.
Súmula 657 - A imunidade prevista no art. 150, VI, "d", da Constituição Federal abrange os
filmes e papéis fotográficos necessários à publicação de jornais e periódicos.
113
Súmula 591 - A imunidade ou a isenção tributária do comprador não se estende ao produtor,
contribuinte do imposto sobre produtos industrializados.
Súmula 730 - A imunidade tributária conferida a instituições de assistência social sem fins
lucrativos pelo art. 150, VI, "c", da Constituição, somente alcança as entidades fechadas de
previdência social privada se não houver contribuição dos beneficiários.
Súmulas STJ
114
QUADRO SINÓTICO
115
individuais, políticos e eleitorais; (III) planos
plurianuais, diretrizes orçamentárias e
orçamentos. (IV) a matéria reservada à lei
complementar; e, finalmente, não serão
objeto de delegação os atos de
competência exclusiva do Congresso
Nacional, os de competência privativa da
Câmara dos Deputados ou do Senado
Federal (art. 68, CF).
• Medidas provisórias
São vias normativas extraordinárias. Medida
provisória que implique instituição ou
majoração de impostos, exceto os
previstos nos arts. 153, I, II, IV, V, e 154,
II, só produzirá efeitos no exercício
financeiro seguinte se houver sido
convertida em lei até o último dia daquele
em que foi editada.
• Decretos legislativos
Os decretos legislativos tem destaque ante
a aprovação de convenções internacionais,
momento no qual deve-se criar óbice à
dupla tributação do imposto sobre a renda
ou, como ainda destaca Harada (2017),
“para estatuir isenções recíprocas de
impostos federais, estaduais e municipais
em determinadas circunstâncias”.
• Resoluções
Espécie normativa produzida
exclusivamente pelo Congresso Nacional
(ou por cada uma de suas Casas), tem
importância no Direito Tributário nas
situações reguladas pelo art. 155 da CF
• Tratados e convenções internacionais
116
Consoante o teor do art. 98 do CTN, os
tratados e as convenções internacionais
possuem o poder de revogar ou modificar
a legislação tributária interna e possui
importância no ordenamento jurídico ao
ponto de que deverão ser observados pela
legislação que lhes sobrevenha.
• Decretos
117
alcance de seus institutos, conceitos e
formas, mas não para definição dos
respectivos efeitos tributários.
1. os atos normativos expedidos pelas
autoridades administrativas;
2. as decisões dos órgãos singulares ou
coletivos de jurisdição administrativa, a que a lei
1.4 FONTES FORMAIS
atribua eficácia normativa;
SECUNDÁRIAS
3. as práticas reiteradamente observadas pelas
autoridades administrativas;
4. os convênios que entre si celebrem a União,
os Estados, o Distrito Federal e os Municípios.
1.4 PRINCÍPIOS DO DIREITO TRIBUTÁRIO
118
II; IE; IOF; IEG; IPI; Contribuições sociais; CIDE
combustíveis (a alíquota da contribuição poderá
ser: reduzida e restabelecida); ICMS
combustíveis/lubrificantes poderão ser reduzidas e
restabelecidas.
119
nacional ou uniformidade Federal Brasileiro, o constituinte declarou naquele
geográfica do tratamento dispositivo que é vedado à União “instituir
tributo que não seja uniforme em todo o
tributário deferido pela
território nacional ou, ainda, que implique
União
distinção ou preferência em relação a Estado,
ao Distrito Federal ou a Município em
detrimento de outro”. O constituinte acrescenta
que é “admitida a concessão de incentivos
fiscais destinados a promover o equilíbrio do
desenvolvimento socioeconômico entre as
diferentes regiões do País”.
120
1.5.1 Imunidade recíproca
121
patrimônio, renda ou serviços dos partidos
políticos, inclusive suas fundações, das
entidades sindicais dos trabalhadores, das
instituições de educação e de assistência social,
sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da
lei.
1.5.4 Imunidade de imprensa
122
Isenção é a “exclusão, por lei, de parcela de
hipótese de incidência, ou suporte fático da norma
de tributação, sendo objeto da isenção a parcela
que a lei retira dos fatos que realizam a hipótese
de incidência da regra de tributação” (Machado,
1998, p. 153). A isenção onerosa é aquela que,
para o seu proveito, exige do contribuinte o
preenchimento de condições impostas pelo
próprio Fisco, nos termos da legislação vigente. O
STF, sobre o tema, já sumulou entendimento:
“isenções tributárias concedidas, sob condição
onerosa, não podem ser livremente suprimidas” -
súmula 544.
1.6.1 Isenção heterônoma
O art. 151, III, da CF determina que é vedado à
União “instituir isenções de tributos da
competência dos Estados, do Distrito Federal ou
dos Municípios”. O texto da Constituição, portanto,
veda a isenção heterônoma.
123
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124
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AMARO, Luciano. Direito Tributário. Brasileiro. 20ª ed. São Paulo: Saraiva, 2014
HARADA, Kiyoshi. Direito financeiro e tributário. 26. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Atlas,
2017.
PAULSEN, Leandro. Curso de Direito Tributário. 6ª ed. Porto Alegre: Livraria do advogado
editora, 2014.
SCHOUERI, Luís Eduardo. Direito Tributário. 8ª ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2018.
SEGUNDO, Hugo de Brito Machado. Código Tributário Nacional: anotações à Constituição, ao
Código Tributário Nacional e às Leis Complementares 87/1996 e 116/2003. 6ª ed. rev., atual. e
ampl. São Paulo: Atlas, 2017.
MACHADO, Hugo de Brito. Curso de Direito Tributário, 13. ed., São Paulo: Malheiros, 1998.
125
Capítulo 3
SUMÁRIO
DIREITO TRIBUTÁRIO, Capítulo 3 .........................................................................................................................4
GABARITO ....................................................................................................................................................................... 76
1
LEGISLAÇÃO COMPILADA ................................................................................................................. 80
JURISPRUDÊNCIA.................................................................................................................................. 84
2
E ai, OABeiro! Tudo certinho?
cada tema.
menos uma questão sobre este assunto nas provas anteriores! Assim, é extremamente
importante que você o estude com carinho e dedicação! As questões de 06 a 10 versam sobre
o referido assunto!
Aqui, a banca costuma seguir o seu padrão: Apresentar um caso hipotético, pelo qual a
resposta é respaldada na legislação vigente. Por isso, recomendamos a leitura atenta da letra
seca da lei e entendimentos jurisprudenciais, e sempre em companhia de alguma doutrina à
sua escolha.
Vamos juntos!
3
DIREITO TRIBUTÁRIO
Capítulo 3
Para o Direito Civil, obrigação é uma relação jurídica de caráter transitório estabelecida
entre devedor e credor, e cujo objeto consiste em uma prestação pessoal e econômica,
positiva ou negativa, devida pelo primeiro ao segundo, garantindo-se o adimplemento através
do seu patrimônio (GONÇALVES, 2017). O mesmo ocorre no Direito Tributário, pois a relação
jurídico-tributária é evidentemente obrigacional.
1
Questão 1 deste capítulo.
4
Conforme exposto no capítulo 2 deste material, o artigo 96 do Código Tributário Nacional
integra no conceito de legislação tributária a lei em sentido estrito, os tratados e
O §3º do art. 113 do CTN estabelece que “a obrigação acessória, pelo simples fato da
sua inobservância, converte-se em obrigação principal relativamente à penalidade pecuniária”.
escriturar livros fiscais, recebe uma multa, que não extingue a obrigação acessória originária –
a de escrituração). Em resumo, o descumprimento da obrigação acessória apenas dá origem a
uma principal (a penalidade pecuniária), sem excluir a primeira.
Tributos
Principal Decorre da lei
Penalidades pecuniárias
Obrigação
tributária Prestações positivas ou
Acessória Decorre da legislação tributária negativas não
patrimoniais
5
Insta salientar que o surgimento de uma obrigação tributária está condicionado ao
preenchimento de dois requisitos, quais sejam, a ocorrência de um fato gerador e a existência
de vínculo jurídico entre duas partes (sujeitos da relação tributária). Adiante, breves
considerações sobre ambos os tópicos.
Segundo Kiyoshi Harada (2018), costuma-se definir fato gerador como “uma situação
abstrata, descrita na lei, a qual, uma vez ocorrida em concreto enseja o nascimento da
obrigação tributária”. O autor destaca, contudo, uma rejeição de parte dos doutrinadores à
nomenclatura adotada pelo Código Tributário Nacional:
Essa expressão fato gerador, empregada pelo CTN, tem merecido violentas críticas por
certos setores da doutrina, sob a alegação de que nada gera, a não ser confusão na
mente dos juristas. Por isso, preferem a expressão hipótese de incidência ou hipótese
tributária para designar a descrição legislativa de um fato, e a expressão fato imponível
ou fato jurídico-tributário ou ainda hipótese de incidência realizada para designar aquele
fato concreto, localizado no tempo e no espaço.
entender a expressão “fato gerador” sob dois aspectos: de partida, um abstrato, referente a
uma previsão normativa de uma situação que, se ocorresse, ensejaria a incidência de uma
obrigação; em segundo lugar, um concreto, que consiste na efetiva ocorrência – realidade
posse de bem imóvel por natureza ou por acessão física, como definido na lei civil, localizado
na zona urbana do Município”; se um determinado sujeito, na prática, adquire um imóvel
urbano, está configurado o fato gerador concreto desse imposto, o que implica a criação de
uma obrigação tributária principal de pagamento do tributo. Em termos técnicos, um
6
O art. 114 do CTN prevê que o fato gerador da obrigação principal “é a situação
definida em lei como necessária e suficiente à sua ocorrência”.
De seu turno, o art. 115 do CTN define como fato gerador da obrigação acessória
“qualquer situação que, na forma da legislação aplicável, impõe a prática ou a abstenção de
ato que não configure obrigação principal”. Em síntese, as obrigações acessórias se destinam
a facilitar o cumprimento – e comprová-lo – das principais.
Código Civil, “considera-se condição a cláusula que, derivando exclusivamente da vontade das
partes, subordina o efeito do negócio jurídico a evento futuro e incerto”. No Direito Tributário
isso também acontece: para se definir o momento em que o fato gerador se reputa
aperfeiçoado, o CTN também classifica as condições em suspensivas e resolutivas/resolutórias:
7
Condições suspensivas: há efeitos a partir da ocorrência de um fato. Salvo
disposição de lei em contrário, a eficácia surge somente com o implemento da
condição (“A” e “B” celebram um negócio estabelecendo que “A” doará um imóvel a
“B” se este se casar. Neste caso hipotético, o fato gerador do ITCMD2 ocorrerá
apenas com a tal doação – que depende do efetivo casamento de “B”). Inciso I do
art. 117 do CTN;
Condições resolutivas: seu implemento acarreta a resolução do ato ou negócio
jurídico celebrado. Salvo disposição de lei em contrário, os atos ou negócios
jurídicos com condição resolutória reputam-se perfeitos e acabados desde o
momento da prática do ato ou da celebração do negócio (exemplo: no mesmo
acordo, “A” estipula a devolução do imóvel caso “B” desfaça seu casamento. Neste
caso, o negócio jurídico produz efeitos até o eventual divórcio de “B”, mas o fato
gerador do ITCMD já é considerado perfeito desde a doação do imóvel –
independentemente da condição resolutiva se concretizar ou não). Inciso II do art.
117 do CTN.
Consoante os ensinamentos de Ricardo Alexandre (2017, p. 341-344), existem três meios para
se “fugir” das obrigações tributárias, sendo estes a evasão, a elusão e a elisão:
(1) Evasão fiscal: é uma conduta ilícita em que o sujeito passivo, geralmente após a
ocorrência do fato gerador, pratica atos que visam a evitar o conhecimento, pela
autoridade fiscal, do nascimento da obrigação tributária (o fato gerador ocorre, mas
o contribuinte o esconde do Fisco). Exemplo: fraudar notas fiscais;
(2) Elisão fiscal: é a prática, pelo sujeito passivo, de ato ou celebração de negócio
legalmente previsto, com o intuito de obter isenção, não incidência ou incidência
menos onerosa de determinada obrigação tributária. Tende a ocorrer antes da
verificação do fato gerador. Resumidamente, trata-se de um planejamento
tributário lícito. Exemplo: ao declarar renda para fins de IRPF, o contribuinte pode
escolher entre o modelo completo (há abatimento dos rendimentos tributáveis de
determinadas despesas, nos termos da lei tributária) e o simplificado (o contribuinte
2
Imposto sobre a Transmissão Causa Mortis e Doação.
8
substitui as deduções que lhe seriam cabíveis por uma dedução-padrão de 20%),
ainda que o segundo modelo implique redução no valor do imposto a ser
recolhido;
(3) Elusão fiscal/elisão ineficaz: para adquirir isenção, não incidência ou incidência
menos onerosa de uma obrigação tributária, o sujeito se utiliza de uma forma
artificiosa e abusiva de ato ou negócio jurídico, conferindo-lhe uma falsa aparência
de licitude. Ocorre tanto antes quanto depois do fato gerador, e se trata de
hipótese de simulação de negócio jurídico. Exemplo: “A” e “B” constituem
sociedade de forma simulada, com o único objetivo de se beneficiarem da
imunidade contida no art. 156, §2º, inciso I, da CF/1988 e, consequentemente, não
serem obrigados ao recolhimento do imposto incidente sobre transmissão onerosa
de bem imóvel (ITBI).
O parágrafo único do artigo 116 do Código Tributário Nacional consagra a norma geral
de antielisão fiscal, de acordo com a qual “a autoridade administrativa poderá desconsiderar
atos ou negócios jurídicos praticados com a finalidade de dissimular a ocorrência do fato
objetivo evitar a elusão fiscal (elisão ineficaz), mas não pode desconstituir determinado
negócio jurídico, apenas desconsiderá-lo (o negócio não perde a eficácia). No exemplo de
elusão acima citado, o Fisco não pode extinguir a sociedade criada entre “A” e “B”, mas lhe é
permitido considerar a imunidade como não caracterizada (em virtude da simulação) e efetuar
dispositivo faz expressa menção à necessidade complementação por lei, por ora inexistente,
de modo que a norma prevista no art. 116, parágrafo único, do CTN ainda não pode ser
9
TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO. PREJUÍZOS FISCAIS.
COMPENSAÇÃO. EMPRESA INCORPORADORA. VEDAÇÃO DO ART. 33 DO DECRETO-LEI
2.341/1987 (...) O titular da competência tributária pode através de normatização
adequada excluir as zonas de não-incidência para impedir a utilização da elisão
tributária. Não há o que a doutrina chamou de poder geral da Administração
tributária para desconstituir atos e negócios jurídicos (a chamada norma geral
antielisão) já que o art. 116, parágrafo único, do CTN é norma de eficácia limitada,
carente de lei para produzir efeitos (...) (grifo nosso) (STJ, AgInt nos EDcl no REsp
1.725.911/SP, Rel. Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, julgado em 12/02/2019,
DJe 11/03/2019).
O artigo 118 do Código Tributário Nacional preconiza que a definição legal do fato
gerador é interpretada abstraindo-se a validade jurídica dos atos efetivamente praticados
pelos contribuintes, responsáveis, ou terceiros, bem como a natureza de seu objeto, ou dos
efeitos dos fatos efetivamente ocorridos. Logo, para o Direito Tributário, a capacidade
tributária independe, por exemplo, da capacidade civil das pessoas naturais (a priori, um
sujeito absolutamente incapaz no âmbito do Direito Civil pode figurar como contribuinte,
bastando a ocorrência dos fatos geradores normativamente prescritos). Aliás, a origem do fato
gerador também é irrelevante, podendo derivar até mesmo de atividades ilícitas; trata-se do
princípio da pecunia non olet, sustentado pelo Supremo Tribunal Federal:
Para fins de fixação da regra matriz de incidência da obrigação tributária, o fato gerador
pode ser analisado por meio de cinco critérios, assim elencados (PAVANI, 2011):
10
Critério material: refere-se a aspectos substanciais do fato ou conjunto de fatos
que servem de suporte à hipótese de incidência tributária. É a descrição do fato em
si;
Critério temporal: estabelece o momento em que se considera praticado o fato
gerador;
Critério espacial: determina o local de ocorrência do fato gerador. Através deste
critério é definida a limitação territorial do alcance da legislação tributária.
O fato gerador da obrigação tributária não pode ser considerado como um negócio jurídico,
pois a vontade do agente é irrelevante para fins tributários. Por essa razão, diz-se que o fato
Dispõe o art. 119 do CTN que o sujeito ativo da obrigação “é a pessoa jurídica de direito
público, titular da competência para exigir o seu cumprimento”. Pode ser classificado em
direto (ente tributante com competência tributária – União, Estados, Municípios ou Distrito
Federal) e indireto (outra pessoa jurídica de direito público a quem tenha sido delegada a
capacidade ativa. O sujeito ativo indireto jamais possui competência tributária).
O art. 120 do CTN prevê uma hipótese de modificação superveniente de sujeito ativo:
“salvo disposição de lei em contrário, a pessoa jurídica de direito público, que se constituir
pelo desmembramento territorial de outra, subroga-se nos direitos desta, cuja legislação
11
tributária aplicará até que entre em vigor a sua própria”. Trata-se da extraterritorialidade da
legislação tributária. Desse modo, a título exemplificativo, na hipótese de desmembramento
de uma parcela territorial do Estado “A” para a criação do Estado “B”, este poderá adotar as
normas daquele até o advento de suas próprias, a fim de evitar lacunas legislativas e
insegurança jurídica.
Segundo o art. 121 do CTN, “sujeito passivo da obrigação principal é a pessoa obrigada
e direta com a situação que constituir o respectivo fato gerador – parágrafo único, inciso I,
do art. 121 do CTN) e responsável (sujeito passivo indireto, não possui a condição de
contribuinte, mas sua obrigação decorre de disposição expressa de lei – parágrafo único,
Existe uma classificação econômica do contribuinte em “de direito” e “de fato”, sendo
legal de pagar o tributo), mas arca com o ônus fiscal (POSSAS, 2018). Exemplo: no caso dos
tributos indiretos, definidos como aqueles em que o ônus do tributo é repassado ao
adquirente da mercadoria, produto, serviço etc., como o ICMS, o sujeito que compra a
mercadoria (consumidor) arca com o ônus referente ao aludido imposto – através da inclusão
do tributo no valor total da compra –, e por isso é chamado de contribuinte (de fato), mas a
12
como sujeito passivo “a pessoa obrigada às prestações que constituam o seu objeto”.
devida à Fazenda Pública. Nesse sentir, não pode o locador de um imóvel, por exemplo,
transferir a titularidade da obrigação de pagar IPTU ao locatário (pois a obrigação está
Preceitua o Código Civil, em seu artigo 264, que há solidariedade quando na mesma
obrigação concorre mais de um credor ou devedor, cada um com direito, ou obrigado, à
dívida toda. No Direito Tributário, não há solidariedade ativa, porquanto na relação jurídico-
(1) As pessoas com interesse comum na situação que constitua o fato gerador da
obrigação principal (solidariedade de fato. Exemplo: dois proprietários de um mesmo imóvel,
que devem o IPTU em sua integralidade, pois ambos causaram a ocorrência do fato gerador);
13
(2) As pessoas expressamente designadas por lei (solidariedade de direito. Exemplo:
na importação de bens, a transportadora é solidariamente obrigada ao pagamento do tributo,
No que tange aos efeitos da solidariedade, dispõe o art. 125 do CTN da seguinte
forma:
14
A delegação de capacidade tributária ativa pode ser revogada a qualquer tempo, por ato
unilateral da entidade competente. Inteligência do art. 7º do Código Tributário Nacional.
De seu turno, o art. 126 do CTN aduz que a capacidade tributária passiva independe:
2017).
Leandro Paulsen (2017) ensina que domicílio tributário “é o local em que o contribuinte
receberá notificações e intimações com efeito legal. É extremamente relevante, pois o art. 23,
inciso II, do Decreto n. 70.235/72, por exemplo, considera realizada a intimação ‘por via postal,
telegráfica ou por qualquer outro meio ou via, com prova de recebimento no domicílio
tributário eleito pelo sujeito passivo’”.
15
Contudo, se o sujeito passivo deixar de eleger seu domicílio tributário, aplicam-se as
regras dos incisos I, II e III do artigo 127 do Código Tributário Nacional, quais sejam:
Quanto às pessoas naturais, será domicílio tributário sua residência habitual ou,
sendo esta incerta ou desconhecida, o centro habitual de sua atividade;
No que tange às pessoas jurídicas de direito privado ou firmas individuais, será
o lugar de sua sede, ou, em relação aos atos ou fatos que derem origem à
obrigação, o de cada estabelecimento (o domicílio se vincula ao local em que os
fatos se deram, se o caso);
Em relação às pessoas jurídicas de direito público, será qualquer de suas
repartições no território da entidade tributante.
Não sendo possível a aplicação das regras acima discriminadas ou na hipótese de recusa
administrativa do local eleito, considera-se como domicílio tributário do sujeito passivo o
lugar da situação dos bens ou da ocorrência dos atos ou fatos que deram origem à
obrigação (§1º do art. 127 do CTN)3. Frise-se que a lógica do legislador, em matéria de
domicílio tributário, é semelhante à adotada pelo Código de Processo Civil.
legal.
CUIDADO! O responsável deve ter algum vínculo com o fato gerador da obrigação
tributária, ainda que indireto e não pessoal.
Quanto aos efeitos da responsabilidade, esta pode ser subsidiária (é a regra, salvo
disposição de lei em contrário), solidária (depende de previsão legal, a teor do art. 124,
inciso I, do CTN) ou pessoal (exclusiva – a obrigação se dirige somente ao responsável –,
3
Questão 05
16
A responsabilidade por substituição, segundo Eduardo Sabbag (2017), é fixada pela lei
antes da ocorrência do fato gerador. Não há uma alteração subjetiva, uma vez que o
17
SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA “PARA FRENTE”
toda a cadeia, antes da mas sua parcela do tributo mas sua parcela do tributo
ocorrência de fatos geradores) já foi paga pela substituta já foi paga pela substituta
mas não paga o tributo (o rural, mas contribuinte em paga o tributo correspondente
18
operação tributada) é dotada de legitimidade definitiva, não cabendo qualquer restituição ou
complementação do imposto pago, salvo na hipótese de sua não realização final. Entretanto, a
que o contribuinte tem direito, na sistemática da substituição tributária “para frente” em que
há pagamento a maior, à diferença entre o valor recolhido antecipadamente e o efetivamente
Ademais, na hipótese de o fato gerador acabar por não ocorrer, o art. 150, § 7º, da
subjetiva, tendo em vista que a obrigação tributária surge com um sujeito passivo, mas, por
um evento descrito em lei, outra pessoa passa a ocupar o polo passivo.
19
Feitas tais ponderações, é importante mencionar que o Código Tributário Nacional
divide as hipóteses de responsabilidade em três categorias: responsabilidade dos sucessores,
condição.
De partida, o art. 129 do CTN prevê que as normas sobre responsabilidade dos
(1) Sucessão imobiliária (art. 130 do CTN). Possui responsabilidade solidária (STJ, AgInt
no AREsp 942.940/RJ, julgado em 15/08/2017) o adquirente de bens imóveis no que
tange aos impostos cujo fato gerador seja sua propriedade, domínio útil ou posse
(exemplo: IPTU), bem como às contribuições de melhoria e às taxas pela prestação
de serviços referentes aos imóveis adquiridos.
4
Por ora, entenda-se constituição do crédito tributário como o procedimento pelo qual a autoridade tributária estabelece vínculo
jurídico com o sujeito passivo de uma obrigação e adquire o direito de exigir seu cumprimento.
20
Tal regra não se aplica aos imóveis adquiridos por meio de hasta pública,
uma vez que o valor arrecadado com o leilão de bens penhorados visa
justamente a satisfazer do crédito do Poder Público; eventuais débitos
tributários pendentes sobre um imóvel devem incluídos em seu valor de
arrematação e se consideram quitados com a aquisição do bem ao
arrematante, ainda que o preço alcançado no leilão acabe por ser inferior
ao do débito tributário. Nesse sentido, a propósito, já se posicionou o
Superior Tribunal de Justiça:
21
(2) Responsabilidade pessoal do adquirente ou remitente5, pelos tributos relacionados
aos bens adquiridos ou remidos (art. 131, inciso I, do CTN). Na concepção de
Eduardo Sabbag (2017), esse dispositivo se refere apenas a bens imóveis,
considerando-se que os imóveis são abrangidos pelo artigo anterior. Ademais,
diferentemente da regra aplicável à sucessão imobiliário, aqui não há qualquer
exceção legal à regra de responsabilidade.
(3) Responsabilidade pessoal do sucessor a qualquer título e do cônjuge meeiro, pelos
tributos devidos pelo de cujus até a data da partilha ou adjudicação (art. 131,
inciso II, do CTN). Observe-se que a responsabilidade pelas dívidas tributárias se
limita ao montante adquirido em decorrência da sucessão. Exemplo: um sucessor
único recebe a quantia de R$ 100.000,00 (cem mil reais) a título de herança, e
responde por todas as obrigações tributárias pendentes do de cujus até esse valor,
ainda que a totalidade das dívidas por ele contraídas até o momento de sua morte
o ultrapassem.
(4) Responsabilidade pessoal do espólio, pelos tributos devidos pelo de cujus até a
data da abertura da sucessão (art. 131, inciso III, do CTN). Embora o CTN o trate
como tal, o espólio não é uma pessoa física ou jurídica, mas a integralidade dos
bens e direitos incorporados ao patrimônio do de cujus. Note-se que a diferença
em relação à hipótese anterior se dá quanto ao momento em que se finda a
responsabilidade.
5
Entenda-se remitente como aquele que efetua o resgate de um bem penhorado por meio do pagamento ou consignação da
importância atualizada dívida (remição – art. 826 do CPC).
22
• É contribuinte das obrigações pode ele contraídas até o
De cujus
momento de sua morte.
(5) Sucessão empresarial (art. 132 do CTN)6. Nos casos de reorganizações societárias
(fusão, transformação ou incorporação de uma pessoa jurídica de direito privado a
outra), as sucessoras respondem pessoalmente pelos tributos devidos pelas
sucedidas até a data do ato. O mesmo se aplica nos casos de extinção de pessoas
jurídicas de direito privado, quando a exploração da respectiva atividade seja
continuada por qualquer sócio remanescente, ou seu espólio, sob a mesma ou
outra razão social, ou sob firma individual.
CUIDADO! Para fins de aplicação desse artigo, é irrelevante a manutenção
da forma da pessoa jurídica extinta (tanto a razão social quanto a categoria
de empresa podem ser alterados), bastando que a atividade realizada pelo
sócio remanescente permaneça a mesma, ainda que a extinção tenha
ocorrido de modo irregular ou fraudulento (art. 126, inciso III, do CTN);
Súmula nº 554/STJ: “Na hipótese de sucessão empresarial, a
responsabilidade da sucessora abrange não apenas os tributos devidos pela
sucedida, mas também as multas moratórias ou punitivas referentes a fatos
geradores ocorridos até a data da sucessão”.
(6) Sucessão comercial (art. 133 do CTN). Não obstante a aparente similaridade entre
esta hipótese e a anterior, as consequências, para fins de responsabilidade, são
diversas. De fato, a pessoa natural ou jurídica de direito privado que adquire de
outra fundo de comércio7 ou estabelecimento8 (sob a mesma ou outra razão social)
6
Questão 04
7
“Conjunto de bens, materiais ou imateriais, agregados pelo empresário para a consecução de suas atividades. Designa a
universalidade harmônica de bens, utilizada na realização da atividade comercial. Exemplo: uma loja possui, como ‘fundo de
comércio’: prateleiras, balcões, máquinas, o ponto, a clientela, a marca etc.” (SABBAG, 2017).
8
“Identificação da unidade fisicamente autônoma, na qual uma pessoa física ou jurídica realiza suas atividades comerciais.
Significa a parte, a fração, e não a ‘totalidade de bens’ (típica do fundo de comércio)” (SABBAG, 2017).
23
responde pelos tributos relacionados ao que foi adquirido e devidos até a data do
ato: integralmente (segundo a parcela majoritária da doutrina, o termo equivale a
“pessoalmente”, embora haja divergências) se o alienante cessar a exploração do
comércio, indústria ou atividade; subsidiariamente, se o alienante continuar a
atividade comercial ou iniciar uma nova em 06 (seis) meses.
De acordo com os §§ 1º e 2º do ar. 132 do CTN, essa regra não se aplica
nas hipóteses de alienação em processo de falência ou de recuperação
judicial (no segundo caso, tratando-se de filial ou unidade produtiva
isolada), ou se o adquirente for: sócio da sociedade falida ou em
recuperação judicial, ou sociedade controlada pelo devedor falido ou em
recuperação judicial; parente, em linha reta ou colateral até o 4 o (quarto)
grau, consanguíneo ou afim, do devedor falido ou em recuperação judicial
ou de qualquer de seus sócios, ou; identificado como agente do falido ou
do devedor em recuperação judicial com o objetivo de fraudar a sucessão
tributária.
Nas hipóteses do art. 134 do CTN, os terceiros responsáveis atuam de forma regular,
mas respondem de forma solidária, independentemente de dolo, com o contribuinte
incapaz de cumprir a obrigação principal no que concerne aos atos em que intervierem ou
9
Vide as questões 1 e 2 deste capítulo.
24
Em matéria de multas, a solidariedade só é aplicável às penalidades pecuniárias de
caráter moratório (decorrentes de atraso no pagamento do tributo). Inteligência do art. 134,
De outra banda, nos casos estampados no art. 135 do CTN, os terceiros responsáveis
atuam de forma irregular, violando a lei, o contrato social ou o estatuto, de modo que
sua responsabilidade não é apenas solidária, mas pessoal (o terceiro responde sozinho, com
Aduz o artigo 136 do Código Tributário Nacional que “salvo disposição de lei em
contrário, a responsabilidade por infrações da legislação tributária independe da intenção do
o Direito Tributário consagra uma teoria civilista, qual seja, a Teoria da Responsabilidade
Objetiva.
As pessoas designadas como pessoalmente responsáveis por infrações são as que as
cometeram, tendo com elas relação direta e pessoal. Seriam, portanto, contribuintes da
multa, ainda que o Código Tributário Nacional não utilize essa palavra (é apenas uma
questão de nomenclatura).
De acordo com o art. 137 do CTN10, há responsabilidade pessoal do agente11:
(1) quanto às infrações definidas por lei como crimes ou contravenções, salvo quando
praticadas no exercício regular de administração, mandato, função, cargo ou
emprego, ou no cumprimento de ordem expressa emitida por quem de direito
(excludentes);
(2) quanto às infrações em cuja definição o dolo específico do agente seja
imprescindível (quando não se configura a infração sem a intenção do agente). A
10
Questão 03
11
Saliente-se a adoção do termo “agente”, própria do Direito Penal, o que evidencia a vinculação do tema com a ocorrência de
infrações.
25
existência de dolo é irrelevante para fins de ocorrência de fato gerador e
cobrança de tributo, mas é obrigatória para que se constitua uma penalidade
por infrações;
(3) quanto às infrações que decorram direta e exclusivamente de dolo específico: das
pessoas referidas nos arts. 134 e 135 do CTN, quando a infração for direcionada
contra as pessoas a elas relacionadas. Assim, por exemplo, os pais são pessoalmente
responsáveis pelos atos cometidos por seus filhos menores (art. 134, inciso I, do
CTN).12
3.2.3.1. Denúncia espontânea
O agente pode confessar os ilícitos por ele cometidos através de uma “denúncia
espontânea de infrações”, medida de política tributária destinada a atrair os sujeitos passivos
de uma infração e proceder a uma comunicação formal ao agente, uma eventual denúncia
não produzirá efeitos. Inteligência do artigo 138 do Código Tributário Nacional.
Nas lições de Kiyoshi Hirada (2018), crédito tributário é a obrigação dotada de liquidez e
O art. 139 do CTN prevê que o crédito tributário decorre da obrigação principal
(pagamento de tributo ou prestação pecuniária) e tem a mesma natureza desta (seria ilógico,
12
Questão 02
26
por exemplo, uma obrigação de pagar IPTU gerar um crédito tributário referente a IPVA). Não
obstante, o legislador explicita a autonomia da obrigação no art. 140 do CTN, ao dispor que
“as circunstâncias que modificam o crédito tributário, sua extensão ou seus efeitos, ou as
garantias ou os privilégios a ele atribuídos, ou que excluem sua exigibilidade não afetam a
obrigação tributária que lhe deu origem”. Assim, ainda que um determinado crédito, por
qualquer razão, deixe de existir, a obrigação remanesce.
Uma vez constituído, o crédito pode ser dispensado somente nas hipóteses previstas
pelo Código Tributário Nacional, a teor de seu artigo 141. A ideia é preservar ao máximo o
interesse da autoridade tributária, tendo o legislador estipulado, inclusive, a responsabilidade
Fisco.
obrigação tributária, de forma a torna-la certa e líquida. Para tanto, utiliza-se um mecanismo
denominado lançamento, que consiste, conforme o artigo 142 do Código Tributário Nacional,
no “procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da
do Recurso Especial nº 250.306/DF, Rel. Min. Garcia Vieira, 1ª Turma, julgado em 06/06/2000,
DJU 01/08/2000.
27
O artigo 144 do CTN reforça o conceito de ultratividade no Direito Tributário, ao
preconizar que “o lançamento reporta-se à data da ocorrência do fato gerador da obrigação e
rege-se pela lei então vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada”. Ressalte-se
ainda que o mesmo vale, salvo disposição de lei em contrário, para a conversão em moeda
Prevê o §1º do art. 144 do CTN que é aplicada a legislação que, após a ocorrência
do fato gerador, institua novos critérios de apuração ou processos de
fiscalização, amplie os poderes de investigação das autoridades administrativas
ou outorgue ao crédito maiores garantias ou privilégios (exceto, neste último
caso, para o efeito de atribuir responsabilidade tributária a terceiros);
A exceção à aplicabilidade do art. 144 do CTN se dá quanto aos impostos
lançados por tempo determinado, contanto que a lei fixe expressamente a data
(2) recurso de ofício; (3) iniciativa de ofício da autoridade administrativa, nos casos previstos
no artigo 149 do CTN. Observe-se que na terceira hipótese não é necessário um prévio
processo administrativo, basta a autoridade notar um erro para corrigi-lo.
Por sua vez, preceitua o art. 146 do CTN que “a modificação introduzida, de ofício ou em
consequência de decisão administrativa ou judicial, nos critérios jurídicos adotados pela
28
fato gerador de julho/2020, por exemplo, pode corrigi-lo, mas não tem o direito de fazê-lo em
relação a um fato datado de janeiro/2020.
homologação.
Previsto pelo art. 149 do CTN, o lançamento de ofício, também chamado de direto,
envolve nenhuma ou mínima participação do sujeito passivo. Nessa modalidade, a própria
autoridade administrativa utiliza os dados de que dispõe a respeito do sujeito passivo,
O lançamento de ofício, de acordo com os incisos do art. 149 do CTN, dá-se quando:
29
(9) Demonstrada, no lançamento anterior, a ocorrência de fraude ou falta funcional da
autoridade que o efetuou, ou omissão, pela mesma autoridade, de ato ou
formalidade especial.
Enfim, de acordo com o parágrafo único do artigo 149 do Código Tributário Nacional, a
revisão do lançamento pode ser iniciada somente enquanto não extinto o direito da Fazenda
Pública (o prazo para que a Fazenda constitua o crédito tributário, ou seja, realize o
fato, ao passo que a análise da matéria de direito para fixação do tributo fica a cargo da
autoridade administrativa (ALEXANDRE, 2017, p. 451-454).
(1) Por iniciativa do próprio declarante, quando este tiver por intuito reduzir ou
excluir um tributo, contanto que seja demonstrado o erro e a alteração ocorra
antes da notificação de lançamento (CUIDADO! Nenhum desses requisitos é exigido
declara uma base de cálculo de R$ 100.000,00 (cem mil reais), quando o correto
seria apenas R$ 10.000,00 (dez mil reais) e é capaz de comprovar não possuir o
30
Se liga, OABeeiro! Sempre que o cálculo do tributo tiver por base, ou tome em consideração,
o valor ou preço de bens, direitos, serviços ou atos jurídicos, e o sujeito passivo ou terceiro
arbitramento, consagrada pelo art. 148 do CTN. Não é uma modalidade de lançamento
propriamente dita, mas mera apuração do consequente normativo, qual seja, o arbitramento
Previsto pelo art. 150 do CTN, o lançamento por homologação, também chamado de
autolançamento, incide sobre os tributos cuja legislação correspondente atribua ao sujeito
fraude ou simulação. O prazo para que o pagamento seja homologado é fixado por lei; sendo
omissa, adotar-se-á o prazo de 05 (cinco) anos, a contar da data do fato gerador (§ 4º do art.
150 do CTN).
31
Súmula nº 436/STJ: “A entrega de declaração pelo contribuinte reconhecendo débito
fiscal constitui o crédito tributário, dispensada qualquer outra providência por parte do fisco”.
Lançamento por • Art. 150 do CTN. O sujeito passivo realiza a atividade por
homologação conta própria, e o Poder Público apenas a chancela.
A constituição do crédito tem como principal efeito tornar líquida, certa e exigível a
obrigação tributária. Contudo, o art. 151 do CTN estabelece um rol taxativo (devido à
necessidade de interpretação literal da legislação sobre suspensão, a teor do art. 111, inciso
I, do CTN) de hipóteses em que a possibilidade de promoção de atos de cobrança por parte
da autoridade tributária fica suspensa, quais sejam: (i) moratória; (ii) depósito do montante
integral do crédito tributário; (iii) reclamações e recursos, nos termos das leis reguladoras do
processo tributário administrativo; (iv) medida liminar em mandado de segurança; (v) medida
liminar ou tutela antecipada, em outras espécies de ação judicial; (vi) parcelamento.
32
não impede o lançamento (que é um procedimento meramente constitutivo de crédito
tributário), mas obsta a exigibilidade (cobrança do crédito constituído pelo lançamento).
(1) MORATÓRIA
Sendo de caráter geral, a moratória pode ser autônoma (concedida pela entidade
política competente para a instituição do tributo – art. 152, inciso I, “a”, do CTN) ou
heterônoma (a União concede moratória de tributo de competência de outro ente – art. 152,
inciso I, “b”, do CTN), embora haja discussão acerca da (in)constitucionalidade desta última,
em razão da autonomia dos entes federativos.
13
Questão 07
33
Concedida pelo ente
Autônoma competente para instituir o
Genérica tributo
(caráter geral) Concedida pela União para
Moratória Heterônoma tributos de competência de
outros entes
Específica
(caráter individual)
Consoante o art. 153 do CTN, a lei que conceder moratória em caráter geral ou autorizar
sua concessão em caráter individual deverá especificar, sem prejuízo de outros requisitos: o
prazo de duração do favor; as condições da concessão do favor em caráter individual; os
tributos a que se aplica (se o caso); o número de prestações e seus vencimentos, dentro do
prazo de duração do benefício, podendo atribuir a fixação de uns e de outros à autoridade
administrativa, para cada hipótese de concessão em caráter individual (se o caso); as garantias
que devem ser fornecidas pelo beneficiado no caso de concessão em caráter individual (se o
caso).
Salvo disposição de lei em contrário, a moratória se estende apenas aos créditos já
lançados ou em fase de lançamento, ex vi do art. 153 do CTN. O mesmo artigo prevê, ainda,
que o benefício não aproveita aos casos de dolo, fraude ou simulação do sujeito passivo
ou do terceiro em benefício daquele, uma vez que o legislador visa a beneficiar somente o
sujeito passivo de boa-fé que passa por dificuldades quanto ao pagamento do tributo.
A concessão de moratória em caráter individual não gera direito adquirido, podendo
ser revogada de ofício sempre que constatado que o beneficiado não satisfazia ou deixou de
satisfazer as condições previstas em lei, ou que ele não cumpria ou deixou de cumprir os
requisitos para a concessão do favor (observe-se que há certa atecnia no emprego do termo
“revogação”, haja vista que, do ponto de vista do Direito Administrativo, haveria uma
34
Segundo o parágrafo único do art. 155 do CTN, nos casos de aplicação de
penalidade, o tempo decorrido entre a concessão da moratória e sua revogação não
fazer isso é através do depósito do montante integral do crédito tributário – não o que o
sujeito passivo entende como correto, mas o efetivamente exigido pela Administração
poderá ser levantado por ele com os respectivos acréscimos legais. O levantamento deve
ocorrer ainda que o depositante possua outros créditos tributários em aberto perante o
mesmo sujeito ativo. Entretanto, caso se entenda pela regularidade do lançamento, o importe
depositado será convertido em renda (destinado definitivamente aos cofres públicos), o que
35
configura causa de extinção do crédito tributário (pois o valor já foi pago). Por fim, havendo
extinção do processo sem julgamento de mérito, o valor depositado também será convertido
2. A Primeira Seção, por ocasião do julgamento do EREsp 227.835/SP, Rel. Min. Teori Albino
Zavascki, consolidou o entendimento de que os depósitos judiciais realizados com o objetivo de
suspender a exigibilidade do crédito tributário somente poderão ser levantados pelo contribuinte nos
casos em que ele, na questão de mérito na qual se discute a exigibilidade das respectivas exações, se
consagrar vencedor. Nessa esteira, concluiu-se que, nas hipóteses em que o processo vier a ser extinto
sem julgamento de mérito, os depósitos judiciais deverão ser convertidos em renda da União (STJ,
AgRg no Ag 1300823/DF, Rel. Ministro Benedito Gonçalves, Primeira Turma, julgado em
24/05/2011, DJe 27/05/2011).
36
PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AÇÃO CAUTELAR. SUSPENSÃO DA
EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. VIOLAÇÃO AO ART. 535 DO CPC.
OCORRÊNCIA. (...) 2. Já decidiu o STJ que, muito embora a penhora e a Medida Cautelar de caução
possam ensejar a expedição da certidão positiva de débitos com efeitos de negativa (art. 206, do
CTN), não são elas meio apto a suspender a exigibilidade do crédito tributário, pois não previstas no
art. 151 do CTN. Precedentes: REsp. 1.307.961/ MT, Rel. Ministro Castro Meira, DJE 12.09.2012;
AgRg no REsp 1.331.172/SC, Rel. Ministro Napoleão Nunes Maia Filho, Primeira Turma, julgado
em 22.10.2013, DJE 22.11.2013(...) (STJ, AgRg no REsp 1.504.009/BA, Rel. Min. Herman
Benjamin, Segunda Turma, julgado em 19/03/2015, DJe 06/04/2015).
lançamento que julgar indevido, em obediência aos direitos constitucionais à ampla defesa e
ao contraditório. Em primeira instância, a impugnação é chamada de reclamação. Sendo parte
previstos em lei, têm efeito suspensivo, impedindo, até a decisão final do processo, a
realização de qualquer ato de cobrança ou a inclusão do nome do reclamante ou obrigado no
rol de inadimplentes.
defesa disponíveis às mais abastadas), à garantia da ampla defesa e do contraditório (art. 5º,
37
inciso LV, da CF/1988), e à garantia de direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de
direitos ou contra a ilegalidade e abuso de poder (art. 5º, inciso XXXIV, “a”, da CF/1988).
Assevera o artigo 7º, inciso III, da Lei nº 12.016/2009 que o mandado de segurança
consiste em ação constitucional em que o juiz, ao despachar a inicial, ordena a suspensão do
ato que deu motivo ao pedido, quando relevante seu fundamento, com o fito de coibir
irregularidades e ilegalidades decorrentes de abuso de poder.
Não é necessário que exista crédito constituído para que a ação seja ajuizada, nem que
tenha ocorrido fato gerador, pois a Carta Magna proíbe que se exclua da apreciação do Poder
Judiciário a lesão e a ameaça de lesão a direito. Logo, a suspensão da exigibilidade pode ser
preventiva.
CUIDADO! Ao conceder a liminar, não pode o juiz expedir ordem impedindo a
38
ação (liquidez e certeza do direito) ou pela perda do prazo decadencial para impetração
(cento em vinte dias, a contar da ciência do ato impugnado – art. 23 da Lei nº 12.016/2009).
(6) PARCELAMENTO
específica (§ 3º)14 ou, na omissão do legislador, as regras do ente político atrelado ao devedor
(§ 4º).
O Superior Tribunal de Justiça, em 2018, posicionou-se pela impossibilidade de
flexibilização do princípio da legalidade: “as condições para a concessão de
parcelamento tributário devem estrita observância ao princípio da legalidade, e não
há autorização para que os atos infralegais tratem de condições não previstas na lei
de regência do benefício” (STJ, REsp 1.739.641/RS, Rel. Min. Gurgel de Faria, Primeira
Turma, julgado em 21/06/2018) (Info 629).
CUIDADO! Os entes federados têm liberdade para estabelecer seus próprios prazos de
parcelamento, mas estes jamais poderão ser inferiores ao concedido pela lei federal
específica. Inteligência do art. 155-A, § 4º, parte final, do CTN.
14
Questão 06
39
Não confundir parcelamento com moratória parcelada. As diferenças entre os
institutos podem ser assim esquematizadas:
O artigo 156 do Código Tributário Nacional elenca um rol taxativo de situações que
(iii) transação; (iv) remissão; (v) prescrição e decadência; (vi) conversão de depósito em renda;
(vii) pagamento antecipado e a homologação do lançamento; (viii) consignação em
em lei15.
15
Questão 10
40
A verificação das causas acima elencadas afeta somente o crédito tributário (obrigação
principal), não implicando extinção das obrigações acessórias. Nesse sentido, Eduardo Sabbag
(2017) ensina: “quanto à extinção das obrigações, isso só pode ocorrer no que tange à
obrigação principal, pois das obrigações acessórias o CTN não tratou, já que sua extinção se
opera pela implementação das prestações a que elas se referem, sejam positivas ou
negativas”.
(1) PAGAMENTO
Causa mais natural de extinção das obrigações. No Direito Tributário, a multa é sempre
cumulativa, ou seja, a imposição de uma penalidade não elide o pagamento integral do
crédito tributário (art. 157 do CTN). Não há a opção de pagar o tributo OU multa.
Diferentemente do que ocorre no Direito Civil quanto às obrigações periódicas, no
tributário), e vencimento do crédito ocorre trinta dias após a data em que se considera o
sujeito passivo notificado do lançamento (art. 160 CTN – regra que não se aplica ao
lançamento por homologação, pois nesse caso o pagamento é antecipado, não havendo
notificação de lançamento e incumbindo à legislação tributária estabelecer o prazo de
41
Malgrado a possibilidade de incidência dos juros e multa de mora no dia seguinte
ao do vencimento do débito, as legislações têm previsto que tal hipótese se aplica
apenas às penalidades pecuniárias, incidindo os juros de mora, por outro lado,
somente a partir do primeiro dia do mês seguinte ao vencimento do débito.
Salvo disposição da lei em contrário, os juros de mora são calculados de forma não
capitalizada, em 1% ao mês (§1º do art. 161 do CTN).
Prevê o art. 162 do CTN que o pagamento pode ser feito em moeda corrente, cheque,
vale postal, estampilha, papel selado ou por processo mecânico. Vale ressaltar, entretanto, que
montante insuficiente para quitação de tudo o que deve. Para se definir quais débitos serão
(i) Primeiramente, dá-se preferência aos créditos em que o sujeito passivo é devedor na
condição de contribuinte (obrigação própria) sobre os decorrentes de
responsabilidade tributária (sem relação direta e pessoal);
(ii) Não resolvida a questão com base no primeiro critério, priorizam-se as
contribuições de melhoria, depois as taxas, e enfim os impostos. É uma ordem
inversa do grau de retributividade (do mais retributivo para o menos retributivo);
(iii) Se as duas primeiras regras não solucionarem o problema, adota-se o critério de
ordem crescente dos prazos de prescrição (quita-se o tributo que prescreveria
mais rápido);
(iv) Como critério de desempate, não servindo as anteriores, decide-se a imputação em
benefício dos créditos de valor mais elevado (ordem decrescente dos montantes).
42
Se um pagamento é considerado indevido ou maior que o devido, o montante pago a
título de tributo deve ser parcial ou integralmente restituído. No ponto, preconiza o art. 165
A teor do art. 166 do CTN, a restituição de tributos indiretos pode ser feita apenas em
duas hipóteses:
43
Quando o contribuinte de direito estiver expressamente autorizado pelo
contribuinte de fato a receber a restituição.
Havendo pagamento a maior de tributo, os juros e multas de mora eventualmente
exigidos indevidamente também serão restituídos, proporcionalmente, salvo as penalidades
pecuniárias referentes a infrações de caráter formal não prejudicadas pela causa da restituição.
Inteligência do art. 167 do CTN.
Conforme o art. 168 do CTN, assim como o direito de cobrar, o de pleitear a restituição se
extingue em 05 (cinco) anos, contados a partir das seguintes datas:
Se a restituição decorrer de cobrança ou pagamento espontâneo de tributo
indevido ou excessivo, da data da extinção do crédito tributário (extinção não
contenciosa do crédito);
Nas demais hipóteses do art. 165 do CTN, da data em que se tornar definitiva a
decisão administrativa ou passar em julgado a decisão judicial que tenha reformado,
anulado, revogado ou rescindido a decisão condenatória (extinção contenciosa do
crédito).
Nos casos em que a Fazenda Pública é notadamente contrária ao pleito que o obrigado
deseja formular, é possível a este ajuizar a ação de repetição de indébito mesmo sem anterior
pleito administrativo, no prazo de cinco (5) anos. No entanto, se optar por formular o pedido
inicialmente na via administrativa e este vier a ser indeferido, prescreve em dois (2) anos a
recomeça a correr, por dois anos e meio, a partir do ato interruptivo, mas não fica
reduzida aquém de cinco anos, embora o titular do direito a interrompa durante a
44
Sem prévio processo administrativo: 05 anos
Prazos
prescricionais na Com prévio processo administrativo: 02 anos em
repetição de favor do obrigado (apara anular a decisão)
indébito
Após o ajuizamento da ação judicial pelo
obrigado: 02 anos e meio em favor da Fazenda
(para cobrar o tributo)
(2) COMPENSAÇÃO
Instituto que se configura na hipótese de duas ou mais pessoas serem, ao mesmo tempo,
credoras e devedoras umas das outras. As duas obrigações extinguem-se até o ponto em que
Súmula nº 212/STJ: “A compensação de créditos tributários não pode ser deferida em ação
cautelar ou por medida liminar cautelar ou antecipatória”.
Súmula nº 213/STJ: “O mandado de segurança constitui ação adequada para a declaração do
direito à compensação tributária”.
45
Súmula nº 464/STJ: “A regra de imputação de pagamentos estabelecida no art. 354 do
Código Civil não se aplica às hipóteses de compensação tributária”.
o art. 168 do CTN nem o da execução de título judicial contra a Fazenda Pública”.
(3) TRANSAÇÃO
(4) REMISSÃO
patrimônio público, pode ser concedida apenas com fundamento em lei específica (art. 150,
§6º, da CF/1988).
A lei pode autorizar a remissão parcial ou total do crédito tributário, atendendo, nos
termos do art. 172 CTN:
O despacho que concede remissão não gera direito adquirido, sendo aplicável a regra
do art. 155 do CTN:
A concessão da remissão pode ser “revogada” de ofício, sempre que se apure que o
beneficiário não satisfazia ou deixou de satisfazer as condições, ou não cumpria ou
deixou de cumprir os requisitos para a concessão do favor;
46
No caso de revogação, será cobrado o crédito acrescido de juros de mora: com
penalidade, nos casos de dolo ou simulação do beneficiado, ou de terceiro em
benefício daquele; sem penalidade, nos demais casos.
Segundo o parágrafo único do art. 155 do CTN, nos casos de aplicação de
penalidade, o tempo decorrido entre a concessão da moratória e sua revogação não
se computa para efeito da prescrição do direito à cobrança do crédito; no caso de
não aplicação de penalidade, a revogação só pode ocorrer antes de prescrito o
referido direito.
O texto legal não restringe a possibilidade de concessão de remissão apenas para
créditos relativos a tributos, podendo abranger também valores referentes a penalidades
pecuniárias e juros.
(5 e 6) DECADÊNCIA e PRESCRIÇÃO
Dispõe o artigo 17316 do Código Tributário Nacional que “o direito de a Fazenda Pública
constituir o crédito tributário extingue-se após 05 (cinco) anos”, a contar de diferentes datas,
16
Questão 08
47
1º dia do exercício seguinte àquele em que o
Termo inicial do prazo de decadência do direito Regra geral lançamento poderia ter sido efetuado (art. 173, inciso I,
do CTN)
Data em que se tornar definitiva a decisão que houver
Interrupção da
anulado, por vício formal, o lançamento efetuado (art.
decadência
173, inciso II, do CTN)
Antecipação de Data do ato tendente a lançar o tributo (art 173,
contagem parágrafo único, do CTN)
de lançar
prazo legalmente estipulado, a ação de execução fiscal para obter a satisfação coativa do
crédito tributário.
O art. 174 do CTN estipula que o prazo de prescrição é de 05 (cinco) anos, contados a
partir da data da constituição definitiva do crédito tributário (lançamento).
Segundo o parágrafo único do artigo 174 do Código Tributário Nacional, existem as seguintes
Protesto judicial;
Qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor;
Qualquer ato inequívoco, ainda que extrajudicial, que importe em reconhecimento
do débito pelo devedor (confissão de dívida).
Nos três primeiros casos, a interrupção se dá em decorrência de ato praticado na seara
judicial; na última, pode ocorrer em sede administrativa.
Nos casos de suspensão do prazo prescricional, o prazo fica sem fluir durante o tempo
em que durar a respectiva causa e, cessada esta, volta ao seu curso apenas pelo que lhe
48
faltava. O Código Tributário Nacional não prevê expressamente as hipóteses de suspensão da
fluência do prazo prescricional, mas são admitidas, atualmente, cinco situações:
a extinção definitiva.
É o meio processual cabível para que o sujeito passivo exerça seu direito de pagar e
obter a quitação do tributo quando tal providência é impedida por fato imputável ao credor.
49
Subordinação do recebimento ao cumprimento de exigências administrativas sem
fundamento legal;
Exigência, por mais de uma pessoa jurídica de direito público, de tributo idêntico
sobre um mesmo fato gerador (tentativa de bitributação).
O consignante deposita apenas o valor que entende como devido; julgada procedente
a consignação, extingue-se o crédito tributário (não há suspensão, porque o sujeito passivo
não impugna o valor depositado em consignação). Inteligência do art. 164, § 2º, do CTN.
como “a definitiva na órbita administrativa, que não mais possa ser objeto de ação anulatória”,
ex vi do artigo 156, inciso IX, do Código Tributário Nacional.
meio da entrega de um bem imóvel (e jamais móvel!) de igual valor. Inteligência do artigo
156, inciso XI, do Código Tributário Nacional.
50
Suspensão Extinção Exclusão
(1) ISENÇÃO
É a dispensa legal do pagamento de tributo. Os arts. 150, §6º, da CF/1988 c/c 176 do
CTN impõem que a concessão de isenção seja feita por intermédio de lei específica, ainda
que prevista em contrato17, sendo incabível sua instituição via ato infralegal.
Nessa toada, o Superior Tribunal de Justiça já se manifestou em favor da
impossibilidade de flexibilização do princípio da legalidade tributária em matéria de isenção,
17
“A menção à ‘isenção prevista em contrato’ visa a disciplinar os casos em que governos que tentam atrair investimento para o
seu território fazem um acordo com empresas, segundo o qual o Poder Público se compromete a conceder benefícios fiscais para
as entidades que se instalem em seu território. O pacto, por si só, não tem o condão de efetivamente isentar a entidade que cumpra
sua parte, pois a isenção necessariamente decorre de lei, como exige o princípio da indisponibilidade do patrimônio público”
(ALEXANDRE, 2017, p. 572-573).
51
CUIDADO! Não confundir isenção com não incidência, pois nesta o fato gerador sequer
Preceitua o art. 178 do CTN que a isenção pode ser revogada ou modificada por lei, a
qualquer tempo, observado o disposto no inciso III do art. 104 do referido códex
(anterioridade). A exceção se dá nos casos em que o benefício é concedido por prazo certo e
suprimidas”.
Assim como os demais benefícios fiscais, a isenção pode ser concedida em caráter geral
(objetivo, atinge a generalidade dos obrigados, sem necessidade de comprovação, por parte
destes, de alguma característica pessoal especial. Exemplo: isenção do Imposto de Renda
52
As isenções heterônomas são vedadas pelo artigo 151, inciso III, da Constituição Federal, de
acordo com o qual “é vedado à União instituir isenções de tributos da competência dos
Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios”. Pelo princípio da simetria, a norma deve ser
(2) ANISTIA
É o perdão legal das infrações, tendo como consequência a vedação ao lançamento das
respectivas penalidades pecuniárias (ALEXANDRE, 2017, p. 576). Segundo o art. 180 do CTN, o
benefício somente pode abranger as infrações cometidas antes da vigência da lei que a
concede, sem exceção. Há dois marcos temporais que delimitam a anistia: o benefício pode
ser concedido somente após o cometimento da infração (sob pena de servir de incentivo à
prática de atos ilícitos) e antes do lançamento da penalidade pecuniária (se o crédito já está
53
A determinada região do território da entidade tributante, em função de condições
a ela peculiares;
Sob condição do pagamento de tributo no prazo fixado pela lei que a conceder, ou
cuja fixação seja atribuída pela mesma lei à autoridade administrativa.
Enfim, o art. 182 do CTN estabelece que a isenção concedida em caráter limitado é
efetivada, em cada caso, por despacho da autoridade administrativa, mediante requerimento
do interessado, e não gera direito adquirido. Por ser similar aos benefícios concedidos em
caráter individual, também são adotadas as regras de revogação do art. 155 do mesmo
diploma.
alguns são dotados de particularidades que podem causar maior risco de não recebimento da
prestação ao ente tributante, tornando imperiosa a instituição de medidas específicas.
Ressalve-se apenas que o parágrafo único do art. 183 do CTN aponta que “a natureza das
garantias atribuídas ao crédito tributário não altera a natureza deste nem a da obrigação
(1) De partida, segundo o art. 184 do CTN, todos os bens e rendas do sujeito passivo,
seu espólio ou sua massa falida respondem pelo pagamento do crédito
tributário (sem prejuízo dos privilégios especiais sobre determinados bens),
inclusive os gravados por ônus real ou cláusula de inalienabilidade e
impenhorabilidade. A única exceção diz respeito nos bens definidos pela lei
54
(especificamente, o artigo 833 do Código de Processo Civil) como absolutamente
impenhoráveis.
(2) De seu turno, o art. 185 do CTN aponta a presunção de fraude à execução fiscal
quando o devedor tributário, a partir da data de inscrição do débito em Dívida
Ativa, promove a alienação ou oneração de seus bens ou rendas ( caput), salvo se
tem reservado patrimônio suficiente para quitar a integralidade do débito (parágrafo
único).
CUIDADO! O Superior Tribunal de Justiça, no julgamento do Recurso Especial
nº 1.141.990/PR, paradigma do Tema Repetitivo 290, firmou o entendimento
de que a Súmula nº 375/STJ (“o reconhecimento da fraude à execução
depende do registro da penhora do bem alienado ou da prova de má-fé do
terceiro adquirente”) não é aplicável às execuções fiscais:
1. A lei especial prevalece sobre a lei geral (lex specialis derrogat lex generalis), por isso
que a Súmula n.º 375 do Egrégio STJ não se aplica às execuções fiscais. (...) 3. A Lei
Complementar n.º 118, de 9 de fevereiro de 2005, alterou o artigo 185, do CTN, que
passou a ostentar o seguinte teor: "Art. 185. Presume-se fraudulenta a alienação ou
oneração de bens ou rendas, ou seu começo, por sujeito passivo em débito para com a
Fazenda Pública, por crédito tributário regularmente inscrito como dívida ativa. Parágrafo
único. O disposto neste artigo não se aplica na hipótese de terem sido reservados, pelo
devedor, bens ou rendas suficientes ao total pagamento da dívida inscrita." 4.
Consectariamente, a alienação efetivada antes da entrada em vigor da LC n.º 118/2005
(09.06.2005) presumia-se em fraude à execução se o negócio jurídico sucedesse a
citação válida do devedor; posteriormente à 09.06.2005, consideram-se fraudulentas as
alienações efetuadas pelo devedor fiscal após a inscrição do crédito tributário na dívida
ativa. 5. A diferença de tratamento entre a fraude civil e a fraude fiscal justifica-se pelo
fato de que, na primeira hipótese, afronta-se interesse privado, ao passo que, na
segunda, interesse público, porquanto o recolhimento dos tributos serve à satisfação das
necessidades coletivas (...) (STJ, REsp 1.141.990/PR, Rel. Min. Luiz Fux, Primeira Seção,
julgado em 10/11/2010, DJe 19/11/2010).
(3) A terceira garantia se refere ao art. 185-A do CTN, que estabelece que caso o
(4) Por derradeiro, os artigos 191 a 193 do CTN aduzem que a prova de quitação de
tributos (certidão negativa) é requisito para a extinção das obrigações do falido,
56
Em prosseguimento, os privilégios asseguram a superioridade do crédito tributário sobre
os demais. Deveras, o art. 186 do CTN define que o crédito tributário possui preferência quase
O parágrafo único do art. 186 do CTN discorre sobre regras específicas no que tange aos
processos de falência. Neles, ainda há outros créditos que preferem ao de natureza
tributária, quais sejam: créditos extraconcursais18 (art. 84 da Lei nº 11.101/2005),
importâncias passíveis de restituição e créditos com garantia real (no limite do valor do
bem gravado). Ademais, a multa tributária prefere apenas aos créditos subordinados
(quirografários, são os últimos a serem pagos em caso de insolvência).
(§2º).
CUIDADO! Na falência, a preferência dos créditos decorrentes da legislação do trabalho
pode ser limitada por lei (art. 186, parágrafo único, inciso II, do CTN).
18
São extraconcursais os créditos referentes aos credores da massa falida. Tratando-se do falido em si, os créditos são concursais.
57
Ordem de preferência em processos de falência (arts. 186, parágrafo único, do CTN
c/c 83 da Lei nº 11.101/2005 – Lei de Falência e Recuperação Judicial):
Por derradeiro, consoante o art. 187 do CTN, a execução fiscal não é sujeita a concurso
19
Entenda-se pro rata como “proporcionalmente”.
58
QUADRO SINÓTICO
59
119, CTN).
Sujeito direto (tem competência E capacidade
tributária ativa) e indireto (tem apenas capacidade
tributária ativa).
Extraterritorialidade da legislação tributária (art.
120 do CTN).
É a pessoa obrigada ao pagamento de tributo ou
penalidade pecuniária. Art. 121, CTN.
3.1.2.2. Sujeito passivo o Obrigação principal: contribuinte (de fato ou
(arts. 121-123, CTN) de direito) ou responsável.
o Obrigação acessória: pessoa obrigada às
prestações que constituam o seu objeto.
Não há solidariedade ativa.
Solidariedade passiva: de fato (pessoas com
interesse comum na situação que constitua o fato
gerador da obrigação principal) e de direito
(pessoas expressamente designadas por lei). Art.
124, CTN.
Sem benefício de ordem.
3.1.2.3. Solidariedade Efeitos da solidariedade (art. 125, CTN):
(arts. 124-125, CTN) o Salvo disposição de lei em contrário, o
pagamento realizado por um dos obrigados
aproveita aos demais;
o A isenção ou remissão de crédito exonera
todos os obrigados, salvo se o benefício for
específico a um dos devedores;
o A interrupção da prescrição em relação a um
dos obrigados se estende aos demais.
Capacidade ativa: ente federado ou outra pessoa
jurídica de direito público, por delegação revogável
a qualquer tempo.
3.1.2.4. Capacidade tributária
Capacidade passiva (art. 126, CTN): independe
(art. 126, CTN)
o da capacidade civil das pessoas naturais;
o de achar-se a pessoa natural sujeita a
medidas que importem privação ou limitação do
60
exercício de atividades civis, comerciais ou
profissionais, ou da administração direta de seus
bens ou negócios;
o de estar a pessoa jurídica regularmente
constituída, bastando que configure uma unidade
econômica ou profissional.
Regra geral: o sujeito passivo pode escolher seu
domicílio tributário, ressalvada a possibilidade de a
autoridade administrativa recusar o local eleito, na
hipótese de este dificultar ou impossibilitar a
arrecadação ou a fiscalização do tributo.
Regras para o caso de omissão do sujeito
passivo:
o Quanto às pessoas naturais, será domicílio
tributário sua residência habitual ou, sendo esta
incerta ou desconhecida, o centro habitual de sua
atividade;
3.1.3. Domicílio tributário o No que tange às pessoas jurídicas de direito
(art. 127, CTN) privado ou firmas individuais, será o lugar de sua
sede, ou, em relação aos atos ou fatos que derem
origem à obrigação, o de cada estabelecimento (o
domicílio se vincula ao local em que os fatos se
deram, se o caso);
o Em relação às pessoas jurídicas de direito
público, será qualquer de suas repartições no
território da entidade tributante.
Recusa da autoridade ou impossibilidade de
adoção das regras acima: lugar da situação dos
bens ou da ocorrência dos atos ou fatos que
deram origem à obrigação.
61
(arts. 129-133, CTN) bens móveis; causa mortis; comercial; empresarial.
Dos pais, pelos tributos devidos por seus filhos
menores; dos tutores e curadores, pelos tributos
devidos por seus tutelados ou curatelados; dos
administradores de bens de terceiros, pelos tributos
devidos por estes; do inventariante, pelos tributos
3.2.2. Responsabilidade de terceiros devidos pelo espólio; do síndico e o comissário,
(arts. 134-135, CTN) pelos tributos devidos pela massa falida ou pelo
concordatário; dos tabeliães, escrivães e demais
serventuários de ofício, pelos tributos devidos sobre
os atos praticados por eles, ou perante eles, em
razão do seu ofício; dos sócios, no caso de
liquidação de sociedade de pessoas.
3.2.3. Responsabilidade por infrações Responsabilidade pessoal do agente,
(arts. 136-137, CTN) independentemente de dolo.
Exclui a responsabilidade por infrações, contanto
3.2.3.1. Denúncia espontânea
que realizada antes de comunicação formal por
(art. 138, CTN)
parte da autoridade tributária.
62
cabível.
Lançamento por declaração: há um misto de
atuação das partes na realização do procedimento,
dele participando tanto o Fisco quanto o sujeito
passivo da obrigação tributária. Decerto, a
elaboração de declarações e sua entrega à
Administração Fazendária são obrigações acessórias
referentes ao fornecimento de matéria de fato, ao
passo que a análise da matéria de direito para
fixação do tributo fica a cargo da autoridade
administrativa.
Lançamento por homologação: a
responsabilidade de identificar a ocorrência do fato
gerador e calcular o tributo é transferida ao sujeito
passivo, que efetua o pagamento antecipado do
tributo, sem qualquer participação da autoridade
fiscal. Assim, o crédito é extinto sob condição
resolutória da homologação, feita pela
Administração após análise do procedimento
realizado.
63
administrativa irreformável, assim entendida a
definitiva na órbita administrativa, que não mais
possa ser objeto de ação anulatória; (x) decisão
judicial passada em julgado; (xi) dação em
pagamento em bens imóveis, na forma e
condições estabelecidas em lei.
64
pessoas jurídicas de direito privado. Inteligência do
art. 190 do CTN.
o Também há preferência absoluta crédito
tributário vencido ou vincendo a cargo do de cujus
ou de seu espólio sobre os habilitados em
inventário ou arrolamento, ou a outros encargos
do monte.
65
QUESTÕES COMENTADAS
QUESTÃO 1
(XXX EXAME DE ORDEM – FGV - 2019) A sociedade empresária ABC Ltda. foi autuada pelo
Fisco do Estado Z apenas pelo descumprimento de uma determinada obrigação tributária
acessória, referente à fiscalização do ICMS prevista em lei estadual (mas sem deixar de
recolher o tributo devido). Inconformada, realiza a impugnação administrativa por meio do
auto de infração. Antes que sobreviesse a decisão administrativa da impugnação, outra lei
estadual extingue a previsão da obrigação acessória que havia sido descumprida.
Diante desse cenário, assinale a afirmativa correta.
A) A lei estadual não é instrumento normativo hábil para extinguir a previsão dessa obrigação
tributária acessória referente ao ICMS, em virtude do caráter nacional desse tributo.
B) O julgamento administrativo, nesse caso, deverá levar em consideração apenas a legislação
tributária vigente na época do fato gerador.
C) Não é possível a extinção dos efeitos da infração a essa obrigação tributária acessória após
a lavratura do respectivo auto de infração.
D) A superveniência da extinção da previsão dessa obrigação acessória, desde que não tenha
havido fraude, nem ausência de pagamento de tributo, constitui hipótese de aplicação da
legislação tributária a ato pretérito.
Comentário
CTN, art. 106. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito: [...] II - tratando-se de ato não
definitivamente julgado: [...] b) quando deixe de tratá-lo como contrário a qualquer exigência
de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de
pagamento de tributo; [...]
66
QUESTÃO 2
(XXVIII EXAME DE ORDEM – FGV 2019) Pedro tem três anos de idade e é proprietário de um
apartamento. Em janeiro deste ano, o Fisco notificou Pedro para o pagamento do Imposto
Predial e Territorial Urbano (IPTU), por meio do envio do carnê de cobrança ao seu endereço.
Os pais de Pedro, recebendo a correspondência, decidiram não pagar o tributo, mesmo
possuindo recursos suficientes para tanto.
Diante da impossibilidade de cumprimento da obrigação por Pedro, assinale a afirmativa
correta.
A) Os pais de Pedro devem pagar o tributo, na qualidade de substitutos tributários.
B) O Fisco deverá aguardar Pedro completar 18 anos para iniciar o processo de execução da
dívida.
C) Os pais de Pedro responderão pelo pagamento do tributo, uma vez que são responsáveis
tributários na condição de terceiros.
D) O Fisco deve cobrar o tributo dos pais de Pedro, já que são contribuintes do IPTU.
Comentário
QUESTÃO 3
(XXVII EOU FGV 2018) A pessoa jurídica Sigma teve lavrado contra si um auto de infração. A
autuação fiscal lhe impôs multa pela falta de exibição de notas fiscais durante um
determinado período. Após ser citada em sede de execução fiscal, a pessoa jurídica Sigma
alegou, em embargos à execução, que não apresentou as notas fiscais porque elas haviam
67
sido furtadas por seu antigo gerente geral, que, com elas, praticara ilícito criminal, tendo sido,
por isso, condenado na esfera penal por sonegação fiscal e furto daquelas notas.
Com base nessa narrativa, no que tange ao pagamento da multa tributária, assinale a
afirmativa correta.
C) O antigo gerente não pode ser responsabilizado na esfera cível/tributária, por já ter sido
condenado na esfera penal.
D) O caso é de responsabilidade solidária, por ter a empresa nomeado o antigo gerente para
cargo de tamanha confiança.
Comentário
68
QUESTÃO 4
(XXV EXAME DE ORDEM – FGV - 2018) A pessoa jurídica XXX é devedora de Contribuição
Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), além de multa de ofício e de juros moratórios (taxa Selic),
relativamente ao exercício de 2014. O referido crédito tributário foi devidamente constituído
por meio de lançamento de ofício, e sua exigibilidade se encontra suspensa por força de
recurso administrativo. No ano de 2015, a pessoa jurídica XXX foi incorporada pela pessoa
jurídica ZZZ.
Sobre a responsabilidade tributária da pessoa jurídica ZZZ, no tocante ao crédito tributário
constituído contra XXX, assinale a afirmativa correta.
A) A incorporadora ZZZ é responsável apenas pelo pagamento da CSLL e dos juros moratórios
(taxa Selic).
B) A incorporadora ZZZ é integralmente responsável tanto pelo pagamento da CSLL quanto
pelo pagamento da multa e dos juros moratórios.
C) A incorporadora ZZZ é responsável apenas pelo tributo, uma vez que, em razão da
suspensão da exigibilidade, não é responsável pelo pagamento das multas e dos demais
acréscimos legais.
D) A incorporadora ZZZ é responsável apenas pela CSLL e pela multa, não sendo responsável
pelo pagamento dos juros moratórios.
Comentário
Art. 132 CTN e Súmula 554 STJ: Na hipótese de sucessão empresarial, a responsabilidade da
sucessora abrange não apenas os tributos devidos pela sucedida, mas também as multas
moratórias ou punitivas referentes a fatos geradores ocorridos até a data da sucessão. (Súmula
554, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 09/12/2015, DJ 15/12/2015) O novo enunciado dispõe que,
em casos de sucessão empresarial (cisão, fusão, incorporação, transformação ou alienação),
todo o passivo tributário, incluindo-se aí as multas punitivas e moratórias, fica sob a
responsabilidade da empresa sucessora.
69
QUESTÃO 5
(XXIV EXAME DE ORDEM – FGV - 2017) Considere que Luís é um andarilho civilmente capaz
que não elegeu nenhum lugar como seu domicílio tributário, não tem domicílio civil, nem
residência fixa, e não desempenha habitualmente atividades em endereço certo.
A partir da hipótese apresentada, de acordo com o Código Tributário Nacional e no silêncio
de legislação específica, assinale a afirmativa correta.
A) Luís nunca terá domicílio tributário.
B) O domicílio tributário de Luís será o lugar da situação de seus bens ou da ocorrência do
fato gerador.
C) O domicílio tributário de Luís será, necessariamente, a sede da entidade tributante.
D) O domicílio tributário de Luís será a residência de seus parentes mais próximos ou o lugar
da situação dos bens de Luís.
Comentário
I - quanto às pessoas naturais, a sua residência habitual, ou, sendo esta incerta ou
desconhecida, o centro habitual de sua atividade;
II - quanto às pessoas jurídicas de direito privado ou às firmas individuais, o lugar da sua sede,
ou, em relação aos atos ou fatos que derem origem à obrigação, o de cada estabelecimento;
III - quanto às pessoas jurídicas de direito público, qualquer de suas repartições no território
da entidade tributante.
§ 1º Quando não couber a aplicação das regras fixadas em qualquer dos incisos deste
anterior.
70
QUESTÃO 6
(XXXI EXAME DE ORDEM – FGV -2020) Uma sociedade empresária em recuperação judicial
requereu, perante a Secretaria Estadual de Fazenda do Estado X, o parcelamento de suas
dívidas tributárias estaduais. O Estado X dispunha de uma lei geral de parcelamento tributário,
mas não de uma lei específica para parcelamento de débitos tributários de devedor em
recuperação judicial.
Diante desse cenário, assinale a afirmativa correta.
A) O parcelamento não pode ser concedido caso inexista lei específica estadual que disponha
sobre as condições de parcelamento dos créditos tributários do devedor em recuperação
judicial.
B) O prazo de parcelamento a ser concedido ao devedor em recuperação judicial quanto a tais
débitos para com o Estado X não pode ser inferior ao concedido por lei federal específica de
parcelamento dos créditos tributários do devedor em recuperação judicial.
C) O parcelamento do crédito tributário exclui a incidência de juros, em regra, no caso de
devedor em recuperação judicial.
D) O parcelamento do crédito tributário exclui a incidência de multas, em regra, no caso de
devedor em recuperação judicia
Comentário
Federação ao devedor em recuperação judicial, não podendo, neste caso, ser o prazo de
71
QUESTÃO 7
(XXX EXAME DE ORDEM – FGV 2019) No final do ano de 2018, o Município X foi
gravemente afetado por fortes chuvas que causaram grandes estragos na localidade. Em razão
disso, a Assembleia Legislativa do Estado Y, em que está localizado o Município X, aprovou lei
estadual ordinária concedendo moratória quanto ao pagamento do Imposto Predial e
Territorial Urbano (IPTU) do ano subsequente, em favor de todos os contribuintes desse
imposto situados no Município X.
Diante desse cenário, assinale a afirmativa correta.
Comentário
Moratória: Significa dilação de prazo para pagamento do tributo, podendo ser concedida
genericamente por lei (forma direta) ou por ato adm. declaratório do cumprimento dos
jurídica de direito público competente para instituir o tributo a que se refira; [...]
CF, art. 156. Compete aos Municípios instituir impostos sobre: I - propriedade predial e
QUESTÃO 8
(XXIX EXAME DE ORDEM – FGV - 2019) A Fazenda Pública apurou que fato gerador,
ocorrido em 12/10/2007, referente a um imposto sujeito a lançamento por declaração, não
havia sido comunicado pelo contribuinte ao Fisco. Por isso, efetuou o lançamento de ofício do
tributo em 05/11/2012, tendo sido o contribuinte notificado desse lançamento em 09/11/2012,
72
para pagamento em 30 dias. Não sendo a dívida paga, nem tendo o contribuinte impugnado
o lançamento, a Fazenda Pública inscreveu, em 05/10/2017, o débito em dívida ativa, tendo
ajuizado a ação de execução fiscal em 08/01/2018.
Diante desse cenário, assinale a afirmativa correta.
A) A cobrança é indevida, pois o crédito tributário foi extinto pelo decurso do prazo
decadencial.
B) A cobrança é indevida, pois já teria se consumado o prazo prescricional para propor a ação
de execução fiscal.
C) A cobrança é devida, pois a inscrição em dívida ativa do crédito tributário, em 05/10/2017,
suspendeu, por 180 dias, a contagem do prazo prescricional para propositura da ação de
execução fiscal.
D) A cobrança é devida, pois não transcorreram mais de 10 anos entre a ocorrência do fato
gerador (12/10/2007) e a inscrição em dívida ativa do crédito tributário (05/10/2017).
Comentário
tributário.
CTN, art. 173. O direito de a FP constituir o crédito tributário extingue-se após 5 anos [prazo
decadencial], contados:
I - do 1º dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado;
CTN, art. 174. A ação para a cobrança do crédito tributário prescreve em 5 anos, contados da
data da sua constituição definitiva
A prescrição quinquenal para a cobrança dos tributos sujeitos a lançamento de ofício é
contada da data de sua constituição definitiva, ou seja, quando já não caiba recurso adm. ou
73
QUESTÃO 9
(XXVIII EXAME DE ORDEM – FGV - 2019) O médico João da Silva está há 4 (quatro) anos
sem pagar a anuidade cobrada pelo Conselho Regional de Medicina (CRM). Diante desse
cenário, o CRM poderá
A) inscrever o débito em dívida ativa de natureza tributária, depois promovendo a competente
ação de execução fiscal, regida pela Lei nº 6.830/80, para cobrança.
B) promover a competente ação de execução fiscal regida pela Lei nº 6.830/80, sem
necessidade de inscrição em dívida ativa, por serem as certidões de inadimplemento de
anuidades expedidas pelos conselhos profissionais dotadas de natureza de título executivo
extrajudicial.
C) promover a competente ação de cobrança das anuidades, regida pelo Código de Processo
Civil, a partir da comprovação do não pagamento das anuidades em atraso.
D) promover a competente ação de execução das anuidades, regida pelo Código de Processo
Civil, por serem as certidões de inadimplemento de anuidades expedidas pelos conselhos
profissionais dotadas de natureza de título executivo extrajudicial.
Comentário
Depois do LANÇAMENTO fica instituído o CRÉDITO TRIBUTÁRIO, aqui acaba a cobrança pelas
vias administrativas, se esta não for paga, o sujeito ativo (ente federativo competente)
inscreverá esse débito em DÍVIDA ATIVA, inscrevendo-o no CADASTRO DE DÍVIDA ATIVA, que
QUESTÃO 10
(XXVII EXAME DE ORDEM – FGV - 2018) A sociedade empresária ABC, atuante na área de
prestação de serviços de limpeza, em dificuldades financeiras, não estava conseguindo realizar
o pagamento dos tributos federais. Diante disso, ela se ofereceu à Administração Pública
Federal para realizar o pagamento dos tributos mediante prestação direta de serviços de
limpeza em prédios públicos ou, alternativamente, transferir para o Fisco um imóvel de sua
propriedade.
A respeito desse cenário, assinale a afirmativa correta.
74
A) As propostas são inadmissíveis, pois os tributos somente podem ser pagos em dinheiro.
B) As propostas são admissíveis, em razão do princípio da menor onerosidade para o devedor
(favor debitoris).
C) A proposta de transferência de imóvel do contribuinte para a Fazenda Pública Federal para
pagamento de tributo é admissível por expressa permissão legal.
D) A proposta de prestação direta de serviços para pagamento de tributo é admissível, em
circunstâncias excepcionais, como forma subsidiária de garantia do recebimento do crédito
pela Fazenda Pública.
Comentário
75
GABARITO
Questão 1 – D
Questão 2 – C
Questão 3 – A
Questão 4 – B
Questão 5 – B
Questão 6 – B
Questão 7 – C
Questão 8 – C
Questão 9 – A
Questão 10 – C
76
QUESTÃO DESAFIO
77
GABARITO DA QUESTÃO DESAFIO
Excluem o crédito tributário a isenção e a anistia (CTN, art. 175,I e II).A isenção exclui o
crédito e impede a incidência da norma de tributação; a anistia se refere só às
penalidades vindas do inadimplemento do crédito por parte do contribuinte(o crédito
permanece; a exclusão é só da penalidade).
Você deve ter abordado necessariamente os seguintes itens em sua resposta:
Art. 175 do CTN
Questões referentes ao crédito tributário têm tido alta incidência nas provas preambulares do
MPSC; logo, entre as prováveis perguntas que o examinador fará, é alta a probabilidade de
haver algo relacionado ao tema. E, neste ano, a aposta do Diego é que apareça algo sobre a
exclusão do crédito tributário. As hipóteses de exclusão estão no art. 175 do CTN, que assim
dispõe: Art. 175. Excluem o crédito tributário: I - a isenção; II - a anistia. Parágrafo único. A
exclusão do crédito tributário não dispensa o cumprimento das obrigações acessórias
dependentes da obrigação principal cujo crédito seja excluído, ou dela consequente.
Isenção
A inversão do ônus da prova não pode gerar para a parte a prova impossível ou
excessivamente difícil de se realizar (prova diabólica). Continua inaplicável a negociação A
isenção é a dispensa do pagamento do tributo que impede a incidência da norma de
tributação. Note que o fato gerador ocorre normalmente, mas não alcança a etapa de
lançamento do crédito. A concessão da isenção deve se dar por meio de lei específica,
conforme prevê o art. 150, § 6º, da CRFB: Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias
asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos
Municípios: § 6º Qualquer subsídio ou isenção, redução de base de cálculo, concessão de
crédito presumido, anistia ou remissão, relativos a impostos, taxas ou contribuições, só poderá
ser concedido mediante lei específica, federal, estadual ou municipal, que regule
exclusivamente as matérias acima enumeradas ou o correspondente tributo ou contribuição,
sem prejuízo do disposto no art. 155, § 2.º, XII, g. (Redação dada pela Emenda Constitucional
nº 3, de 1993).
Anistia
78
qualificação, sejam praticados com dolo, fraude ou simulação pelo sujeito passivo ou por
terceiro em benefício daquele; II - salvo disposição em contrário, às infrações resultantes de
conluio entre duas ou mais pessoas naturais ou jurídicas".
79
LEGISLAÇÃO COMPILADA
Capacidade tributária
Domicílio tributário
Fato gerador
80
Código Tributário Nacional: 183-193.
Súmula: 497 e 560, do STJ.
Obrigação tributária
Responsabilidade tributária
Solidariedade tributária
81
É inconstitucional a exigência de depósito ou arrolamento prévios de dinheiro ou bens para
admissibilidade de recurso administrativo.
Isenções tributárias concedidas sob condição onerosa não podem ser livremente suprimidas.
Cabe a restituição do tributo pago indevidamente, quando reconhecido por decisão que o
contribuinte ‘de jure’ não recuperou do contribuinte ‘de facto’ o ‘quantum’ respectivo.
82
A decretação da indisponibilidade de bens e direitos, na forma do art. 185-A do CTN,
pressupõe o exaurimento das diligências na busca por bens penhoráveis, o qual fica
caracterizado quando infrutíferos o pedido de constrição sobre ativos financeiros e a
expedição de ofícios aos registros públicos do domicílio do executado, ao Denatran ou Detran.
83
JURISPRUDÊNCIA
STJ, AgRg no AREsp 248.264/RS, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, Segunda
Turma, julgado em 27/11/2012, DJe 05/12/2012
STJ, REsp 1.141.990/PR, Rel. Min. Luiz Fux, Primeira Seção, julgado em
10/11/2010, DJe 19/11/2010 (Tema Repetitivo 290)
84
com a Fazenda Pública, por crédito tributário regularmente inscrito como dívida ativa.
Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica na hipótese de terem sido reservados,
pelo devedor, bens ou rendas suficientes ao total pagamento da dívida inscrita." 4.
Consectariamente, a alienação efetivada antes da entrada em vigor da LC n.º 118/2005
(09.06.2005) presumia-se em fraude à execução se o negócio jurídico sucedesse a citação
válida do devedor; posteriormente à 09.06.2005, consideram-se fraudulentas as alienações
efetuadas pelo devedor fiscal após a inscrição do crédito tributário na dívida ativa. 5. A
diferença de tratamento entre a fraude civil e a fraude fiscal justifica-se pelo fato de que, na
primeira hipótese, afronta-se interesse privado, ao passo que, na segunda, interesse público,
porquanto o recolhimento dos tributos serve à satisfação das necessidades coletivas (...)
STJ, AgInt no REsp 1.184.039/MG, Rel. Min. Regina Helena Costa, Primeira
Turma, julgado em 28/03/2017, DJe 04/04/2017
STJ, AgInt nos EDcl no REsp 1.725.911/SP, Rel. Ministro Herman Benjamin,
Segunda Turma, julgado em 12/02/2019, DJe 11/03/2019
85
TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO. PREJUÍZOS FISCAIS. COMPENSAÇÃO.
EMPRESA INCORPORADORA. VEDAÇÃO DO ART. 33 DO DECRETO-LEI 2.341/1987. (...) Nesse
sentido, os entes federativos são livres para editar as normas que melhor lhes convirem,
respeitados tão-somente as balizas constitucionais. A regra do art. 33 do Decreto-lei 2.341/87
foi editada nesse diapasão: para vedar a compensação de prejuízos fiscais nas operações de
transformações da pessoa jurídica. Depreende-se de tal proceder que o objetivo foi impedir a
elisão tributária, pois muitas empresas viram a reorganização societária como instrumento de
planejamento tributário e passaram a se reorganizar com o único intuito da economia de
tributos. Passou a ser um negócio vantajoso incorporar ou fundir a empresa deficitária como
forma de reduzir a carga tributária. O titular da competência tributária pode através de
normatização adequada excluir as zonas de não-incidência para impedir a utilização da elisão
tributária. Não há o que a doutrina chamou de poder geral da Administração tributária para
desconstituir atos e negócios jurídicos (a chamada norma geral antielisão) já que o art. 116,
parágrafo único, do CTN é norma de eficácia limitada, carente de lei para produzir efeitos.
Portanto, considerada a autorização para a compensação de prejuízos fiscais como forma de
benefício fiscal, livremente suprimível pelos entes federativos no exercício da competência
tributária, é perfeitamente válida a regra do art. 33 do Decreto-lei 2.341/87 e demais regras
posteriores de igual teor" (...).
EMENTA: Habeas corpus. Penal. Processual penal. Crime contra a ordem tributária. Artigo 1º,
inciso I, da Lei nº 8.137/90. Desclassificação para tipo previsto no art. 2º, inciso I, da indigitada
lei. Questão não analisada pelo Superior Tribunal de Justiça. Supressão de instância.
Inadmissibilidade. Precedentes. Alegada atipicidade da conduta baseada na circunstância de
que os valores movimentados nas contas bancárias do paciente seriam provenientes de
contravenção penal. Artigo 58 do Decreto-Lei nº 6.259/44 - Jogo do Bicho. Possibilidade
jurídica de tributação sobre valores oriundos de prática ou atividade ilícita. Princípio do Direito
Tributário do non olet. Precedente. Ordem parcialmente conhecida e denegada. 1. A
pretendida desclassificação do tipo previsto no art. 1º, inciso I, para art. 2º, inciso I, da Lei nº
8.137/90 não foi analisada pelo Superior Tribunal de Justiça. Com efeito sua análise neste
ensejo configuraria, na linha de precedentes, verdadeira supressão de instância, o que não se
86
admite. 2. A jurisprudência da Corte, à luz do art. 118 do Código Tributário Nacional, assentou
entendimento de ser possível a tributação de renda obtida em razão de atividade ilícita, visto
que a definição legal do fato gerador é interpretada com abstração da validade jurídica do ato
efetivamente praticado, bem como da natureza do seu objeto ou dos seus efeitos. Princípio
do non olet. Vide o HC nº 77.530/RS, Primeira Turma, Relator o Ministro Sepúlveda Pertence,
DJ de 18/9/98. 3. Ordem parcialmente conhecida e denegada.
Responsabilidade tributária
STF, ADI 1.851/AL, Rel. Min. Ilmar Galvão, Tribunal Pleno, julgado em
08/05/2002, DJ 22/11/2002
87
valeria por despojar-se o instituto das vantagens que determinaram a sua concepção e
adoção, como a redução, a um só tempo, da máquina-fiscal e da evasão fiscal a dimensões
mínimas, propiciando, portanto, maior comodidade, economia, eficiência e celeridade às
atividades de tributação e arrecadação. Ação conhecida apenas em parte e, nessa parte,
julgada improcedente.
88
STJ, AgInt no AREsp 1.076.860/SP, Rel. Min. Herman Benjamin, Segunda Turma,
julgado em 28/11/2017, DJe 19/12/2017
STJ, AgInt no AREsp 942.940/RJ, Rel. Min. Herman Benjamin, Segunda Turma,
julgado em 15/08/2017, DJe 12/09/2017
90
CTN está inserida ao lado de outros dispositivos (arts. 129 a 133 do CTN), que veiculam
distintas hipóteses de responsabilidade por sucessão, e localizada no mesmo capítulo do CTN
que trata da responsabilidade tributária de terceiros (arts. 134 e 135) e da responsabilidade
por infração (arts. 136 a 138). O que há em comum a todos os casos de responsabilidade
tributária previstos no CTN é o fim a que ordinariamente se destinam, no sentido de propiciar
maior praticidade e segurança ao crédito fiscal, em reforço à garantia de cumprimento da
obrigação com a tônica de proteção do erário. O STJ tem entendido que os arts. 132 e 133 do
CTN consagram responsabilidade tributária solidária, por sucessão, e o art. 135 ventila
hipótese de responsabilidade de caráter solidário, por transferência. 10. Interpretação
sistemática do art. 130 com os demais dispositivos que tratam da responsabilidade tributária
no CTN corrobora a conclusão de que a sub-rogação ali prevista tem caráter solidário, aditivo,
cumulativo, reforçativo e não excludente da responsabilidade do alienante, cabendo ao credor
escolher o acervo patrimonial que melhor satisfaça o débito cobrado a partir dos vínculos
distintos (...).
STJ, REsp 1.156.668/DF, Rel. Min. Luiz Fux, Primeira Seção, julgado em
24/11/2010, DJe 10/12/2010 (Tema Repetitivo 378)
91
TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ART. 543-C, DO CPC.
CAUÇÃO E EXPEDIÇÃO DA CPD-EN. POSSIBILIDADE. SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE DO
SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE. SÚMULA 112/STJ. VIOLAÇÃO AO ART. 535, II, DO CPC, NÃO
CONFIGURADA. MULTA. ART. 538 DO CPC. EXCLUSÃO. 1. A fiança bancária não é equiparável
executivos) encontra-se taxativamente prevista no art. 151 do CTN, sendo certo que a
prestação de caução, mediante o oferecimento de fiança bancária, ainda que no montante
integral do valor devido, não ostenta o efeito de suspender a exigibilidade do crédito
Código Civil, verbis: "Art. 827. O fiador demandado pelo pagamento da dívida tem direito a
exigir, até a contestação da lide, que sejam primeiro executados os bens do devedor." "Art.
835. O fiador poderá exonerar-se da fiança que tiver assinado sem limitação de tempo,
sempre que lhe convier, ficando obrigado por todos os efeitos da fiança, durante sessenta dias
após a notificação do credor." 5. O contribuinte pode, após o vencimento da sua obrigação e
antes da execução, garantir o juízo de forma antecipada, para o fim de obter certidão positiva
com efeito de negativa. (...) 12. Recurso especial parcialmente provido, apenas para afastar a
92
multa imposta com base no art. 538, § único do CPC. Acórdão submetido ao regime do art.
543-C do CPC e da Resolução STJ 08/2008.
STJ, AgRg no REsp 1.504.009/BA, Rel. Min. Herman Benjamin, Segunda Turma,
julgado em 19/03/2015, DJe 06/04/2015
STJ, AgInt no REsp 1.471.847/SP, Rel. Min. Benedito Gonçalves, Primeira Turma,
julgado em 27/11/2018, DJe 07/12/2018
93
STJ, REsp 1.739.641/RS, Rel. Min. Gurgel de Faria, Primeira Turma, julgado em
21/06/2018) (Info 629)
94
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95
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALEXANDRE, Ricardo. Direito tributário. 11ª ed. rev., atual. e ampl. Salvador: Juspodivm, 2017.
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro, volume 2: teoria geral das obrigações.
14 ed. São Paulo: Saraiva, 2017.
PAULSEN, Leandro. Curso de direito tributário completo. 8ª ed. rev., atual. e ampl. São Paulo:
Saraiva, 2017.
PAVANI, Vanessa Roda. A regra matriz de incidência tributária . Âmbito jurídico, 2011.
Disponível em: <https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-tributario/a-regra-matriz-de-
incidencia-tributaria>. Acesso em 29 fev. 2020.
POSSAS, Fernando Lima. Sujeitos ativo e passivo da obrigação tributária. Jusbrasil, 2018.
Disponível em: <https://fpossas.jusbrasil.com.br/artigos/519675093/sujeitos-ativo-e-passivo-da-
obrigacao-tributaria>. Acesso em 29 fev. 2020.
SABBAG, Eduardo. Manual de direito tributário. 9ª ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Saraiva,
2017.
96
Capítulo 4
SUMÁRIO
DIREITO TRIBUTÁRIO, Capítulo 4......................................................................................................... 4
1
LEGISLAÇÃO COMPILADA ................................................................................................................. 106
JURISPRUDÊNCIA................................................................................................................................ 112
2
E ai, OABeiro! Como vai?
Impostos.
estando presente apenas 9 VEZES nos últimos 3 anos! As questões 08 a 10 versam sobre o
referido assunto! Dê uma atençãozinha a este assunto, certo? 😉
Vamos juntos!
3
DIREITO TRIBUTÁRIO
Capítulo 4
4. Impostos previstos na Constituição Federal de 1988
19881, “é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação independente de
qualquer atividade estatal específica, relativa ao contribuinte”, a teor do artigo 16 do Código
Tributário Nacional.
a não vinculação de seu fato gerador a uma determinada ação por parte do Estado. Nessa
esteira, Eduardo Sabbag (2017) define imposto como um tributo unilateral, ou seja, sem
caráter contraprestacional, mas meramente contributivo.
Em adição, o artigo 167, inciso IV, da Constituição Federal de 1988 consagra um segundo
aspecto inerente aos impostos, consistente na vedação, em regra, ao atrelamento da
(...)
1
Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes tributos: I - impostos; (...)
4
A ideia do legislador é de, através da arrecadação desse tributo, financiar atividades
gerais e indivisíveis do Estado (uti universi) que não podem ser custeadas por meio de taxas.
Nas palavras de Luís Eduardo Schoueri (2018): “Eis o espaço dos impostos: valor cobrado de
toda a coletividade para cobrir gastos que não se imputam a um ou outro contribuinte,
individualmente”.
Quanto ao fato gerador, impostos são não vinculados; quanto à destinação do produto de
Outro contorno a se destacar sobre essa espécie de tributo diz respeito ao § 1º do art.
145 da CF/1988, ao dispor que os impostos terão, sempre que possível, caráter pessoal,
levando em consideração as particularidades e a capacidade contributiva de cada
contribuinte:
§ 1º Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo
a capacidade econômica do contribuinte, facultado à administração tributária,
especialmente para conferir efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os
direitos individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades
econômicas do contribuinte.
2
Vide questão 04 deste material
5
(1) Imposto de Importação (II);
(2) Imposto de Exportação (IE);
(5) Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguro, e sobre Operações Relativas
a Títulos e Valores Mobiliários (IOF);
Definido pelo artigo 153, inciso I, da Constituição Federal de 1988, segundo o qual “
O fato gerador deste imposto, nos moldes do art. 19 do CTN, é a entrada dos produtos
estrangeiros no território nacional. Embora o Código Tributário Nacional não especifique esse
conceito de entrada, o art. 23 do Decreto nº 37/1966 aponta como elemento temporal do fato
A base de cálculo, por sua vez, varia de acordo com os tipos de alíquota e produto, a
saber:
conforme padronização prevista pela Tarifa Externa Comum – TEC). Artigo 20, inciso
I, do Código Tributário Nacional;
(2) Se a alíquota for ad valorem, isto é, um percentual fixado em lei, é o preço normal
que o produto, ou seu similar, alcançaria, ao tempo da importação, em uma venda
em condições de livre concorrência, para entrega no porto ou lugar de entrada do
6
produto no País. Em outras palavras, é o valor aduaneiro da mercadoria, definido de
acordo com as normas do Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio – GAAT (artigo 20,
Valor normal do
Base de cálculo Alíquota ad valorem
produto
Valor da
Produto leiloado
arrematação
7
O Imposto de Importação está sujeito ao princípio da legalidade, sendo inconstitucional
a alteração de sua base de cálculo sem atuação positiva do legislador. Observe-se que o art.
21 do CTN, que prevê que “o Poder Executivo pode, nas condições e nos limites estabelecidos
Contudo, vale destacar que o Imposto de Importação é sujeito a uma legalidade flexível,
tendo em vista que o art. 153, § 1º, da CF/1988 autoriza a alteração de alíquota pelo Poder
base de cálculo) de um imposto por Medida Provisória, pois mesmo sendo este um ato
emanado pelo Poder Executivo, a espécie legislativa prevista no artigo 62 da Constituição
Federal de 1988 possui força de lei. Logo, contanto que a Medida Provisória siga o devido
processo legislativo constitucional e seja convertida em lei, inexiste qualquer afronta ao
princípio da legalidade.
8
Por conseguinte, na hipótese de edição de uma lei instituindo ou aumentando tributo
relacionado à importação de produtos estrangeiros, é permitido à União cobrá-lo de forma
conversão em lei, devido à expressa autorização pelo constituinte, no artigo 62, § 2º, da
CF/1988: “medida provisória que implique instituição ou majoração de impostos, exceto os
previstos nos arts. 153, I, II, IV, V, e 154, II, só produzirá efeitos no exercício financeiro
seguinte se houver sido convertida em lei até o último dia daquele em que foi editada”.
Definido pelo artigo 153, inciso II, da CF/1988, segundo o qual “compete à União instituir
9
norma não foi recepcionada pela Constituição Federal de 1988, que veda, em seu artigo
167, inciso IV, a vinculação de receita de impostos. Logo, em uma eventual questão de
O Imposto de Exportação não recai sobre produto estrangeiro que entra em território
nacional para simples trânsito ou participação em feira, pois nesses casos não há o propósito
imposto, define como marco temporal do fato gerador a data de registro da exportação no
Sistema Integrado de Comércio Exterior (SISCOMEX). Inteligência do artigo 213 do Decreto nº
10
(2) Se a alíquota for ad valorem, é o preço normal que o produto, ou seu similar,
alcançaria, ao tempo da exportação, em condições de livre concorrência. Artigo 24,
nacional”.
Tal como ocorre com o tributo visto anteriormente, o Imposto de Exportação legalidade
flexível, sendo inconstitucional a alteração de sua base de cálculo sem atuação positiva do
legislador. Observe-se que o art. 26 do CTN, que prevê que “o Poder Executivo pode, nas
conflito material entre as normas. Novamente, entretanto, o art. 153, § 1º, da CF/1988 autoriza
11
a alteração de alíquota pelo Poder Executivo, através de Decreto ou Portaria do Ministro da
Fazenda.
previstas no artigo 150, inciso III, “b” e “c”, da Constituição Federal de 1988. Logo, na hipótese
de edição de uma lei instituindo ou aumentando tributo relacionado à exportação de
produtos nacionais ou nacionalizados, é permitido à União cobrá-lo de forma imediata,
Definido pelo art. 153, inciso III, da CF/1988, segundo o qual “compete à União instituir
impostos sobre renda e proventos de qualquer natureza”, o Imposto sobre a Renda e
Proventos de Qualquer Natureza, mais conhecido apenas como Imposto de Renda (IR), tem
incontestável função fiscal, incidindo sobre o acréscimo patrimonial das pessoas físicas (IRPF)
e jurídicas (IRPJ). Quanto aos termos que dão nome ao tributo, Paulsen (2017) explica que a
renda é o acréscimo patrimonial produto do capital ou do trabalho (exemplos: aluguel e
12
salários, respectivamente), ao passo que proventos são os acréscimos que não se enquadram
no conceito de renda (exemplos: loteria e pensões).
13
Sonegação fiscal de lucro advindo de atividade criminosa: "non olet". Drogas: tráfico de
drogas, envolvendo sociedades comerciais organizadas, com lucros vultosos subtraídos à
contabilização regular das empresas e subtraídos à declaração de rendimentos:
caracterização, em tese, de crime de sonegação fiscal, a acarretar a competência da
Justiça Federal e atrair pela conexão, o tráfico de entorpecentes: irrelevância da origem
ilícita, mesmo quando criminal, da renda subtraída à tributação. A exoneração tributária
dos resultados econômicos de fato criminoso - antes de ser corolário do princípio da
moralidade - constitui violação do princípio de isonomia fiscal, de manifesta inspiração
ética (STF, HC 77.530-4/RS, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, Primeira Turma, julgado em
25/08/1998, DJ 18/09/1998).
exterior deverão ser regradas por meio de lei ordinária, como indica o § 2º do art. 43 do
CTN: “Na hipótese de receita ou de rendimento oriundos do exterior, a lei estabelecerá as
condições e o momento em que se dará sua disponibilidade, para fins de incidência do
previstos nesse dispositivo, socorre-se à explicação de Ricardo Alexandre (2017, p. 662), abaixo
sintetizada:
14
requisitos previstos no art. 530 do RIR/1999. O contribuinte aplica um percentual
sobre o valor de sua receita bruta, obtendo assim um valor fiscal aproximado;
Real
Arbitrado
15
O Imposto de Renda está sujeito à anterioridade tributária comum, mas é uma
exceção à noventena. Desse modo, a única restrição é a impossibilidade de produção de
dezembro, de uma lei prevendo a majoração do Imposto de Renda, nada impede a cobrança
do tributo – já nos ditames da nova legislação – no início do exercício financeiro seguinte,
§ 1º A vedação do inciso III, b, não se aplica aos tributos previstos nos arts. 148, I, 153, I,
II, IV e V; e 154, II; e a vedação do inciso III, c (noventena), não se aplica aos tributos
previstos nos arts. 148, I, 153, I, II, III (Imposto de Renda) e V; e 154, II, nem à fixação
da base de cálculo dos impostos previstos nos arts. 155, III, e 156, I.
maior a base de cálculo, maior a alíquota a ser exigida pela autoridade fiscal.
16
Se liga, OABeiro! Os Tribunais Superiores já consolidaram o entendimento de que verbas
Súmula nº 498/STJ: “Não incide imposto de renda sobre a indenização por danos
morais”.
ainda que decorrentes de acordo coletivo”. Observe-se tal indenização consiste em uma
contraprestação devida pelo empregador em decorrência do trabalho desempenhado pelo
empregado, enquadrando-se, portanto, no conceito de renda estabelecido pelo artigo 43,
Especial nº 1.459.779/MA, que tramitou sob o rito dos recursos repetitivos e serviu de
paradigma do Tema 881, decidiu pela incidência do Imposto de Renda sobre o 1/3
17
pacífica quanto à incidência do imposto de renda sobre o adicional (1/3) de férias
gozadas. (...) 2. A conclusão acerca da natureza do terço constitucional de férias gozadas
nos julgamentos da Pet 7.296/PE e do REsp 1.230.957/RS, por si só, não infirma a
hipótese de incidência do imposto de renda, cujo fato gerador não está relacionado com
a composição do salário de contribuição para fins previdenciários ou com a
habitualidade de percepção dessa verba, mas, sim, com a existência, ou não, de
acréscimo patrimonial, que, como visto, é patente quando do recebimento do adicional
de férias gozadas (STJ, REsp 1.459.779/MA, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, Rel. Min.
Benedito Gonçalves, Primeira Seção, julgado em 22/04/2015, DJe 18/11/2015).
Importante não confundir a verba supracitada com o pagamento de férias não gozadas
por necessidade do serviço e a indenização de férias proporcionais, que não constituem base
de cálculo do imposto, a teor das Súmulas nº 125/STJ (“o pagamento de férias não gozadas
por necessidade do serviço não está sujeito à incidência do Imposto de Renda”) e 386/STJ
(“são isentas de imposto de renda as indenizações de férias proporcionais e o respectivo
adicional”), respectivamente.
Enfim, ainda sob a mesma ótima, o Superior Tribunal de Justiça também julgou que a
verba recebida a título de lucros cessantes também incide na base de cálculo do Imposto de
Renda. A respeito, confira-se:
18
Por derradeiro, o art. 158, inciso I, da CF/1988 estabelece que a totalidade do produto
da arrecadação do Imposto de Renda Recolhido na Fonte (IRRF) pertence aos Municípios.
Definido pelo artigo 153, inciso IV, da Constituição Federal de 1988, segundo o qual
“compete à União instituir impostos sobre produtos industrializados”, o IPI se presta a tributar
operações que envolvam produtos atingidos por um processo de industrialização. O parágrafo
renovação e o recondicionamento. Para fins desse imposto, a industrialização não precisa estar
finalizada, bastando sua versão incompleta, parcial ou intermediária (artigo 3º do Decreto nº
7.212/2010).
O fato gerador deste imposto está previsto nos incisos do artigo 46 do Código
Tributário Nacional:
comerciante ou arrematante;
(3) A arrematação de produtos apreendidos ou abandonados e levados a leilão.
19
ato, ou, em sua ausência, o preço corrente da mercadoria no mercado atacadista da
praça do remetente;
20
Seletividade: o IPI deve ter suas alíquotas estabelecidas de acordo com a
essencialidade do produto industrializado. Assim, um produto considerado como
maior tributação. Com base nesse princípio é possível concluir pelo notório interesse
estatal em regular o mercado, tendo o Imposto sobre Produtos Industrializados
1988 que o IPI será “não cumulativo, compensando-se o que for devido em cada
operação com o montante cobrado nas anteriores”. O intuito de tal princípio é
estão sujeitos a uma nova incidência do IPI quando de sua saída do estabelecimento
importador na operação de revenda, mesmo que não tenham sofrido industrialização no
Brasil” (STJ – EREsp 1.403.532/SC, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, Rel. para o acórdão
Min. Mauro Campbell Marques, Corte Especial, j. 14.10.2015).
21
O IPI é uma exceção à anterioridade tributária comum, mas está sujeito à noventena.
Desse modo, a única restrição é a impossibilidade de produção de efeitos de lei instituindo ou
majorando o tributo antes de decorridos noventa dias da data de sua publicação, não
importando, porém, o exercício financeiro (exemplo: na hipótese de publicação, em janeiro, de
uma lei prevendo a majoração do Imposto sobre Produtos Industrializados, nada impede a
cobrança do tributo – já nos ditames da nova legislação – no mês de maio do mesmo
exercício). Nesse sentir, vide o artigo 150, § 1º, parte final, da Constituição Federal de 1988:
conversão em lei, devido à expressa autorização pelo constituinte, no artigo 62, § 2º, da
Constituição Federal de 1988: “medida provisória que implique instituição ou majoração de
impostos, exceto os previstos nos arts. 153, I, II, IV, V, e 154, II, só produzirá efeitos no
exercício financeiro seguinte se houver sido convertida em lei até o último dia daquele em
que foi editada”.
22
Os livros, jornais e periódicos e o papel destinado a sua impressão (artigo 150,
inciso VI, “d”, da Constituição Federal de 1988);
723.651/PR, ao qual se atribuiu repercussão geral (Tema 643), fixou a seguinte tese: “incide o
IPI em importação de veículos automotores por pessoa natural, ainda que não desempenhe
atividade empresarial, e o faça para uso próprio” (STF, RE 723.651/PR, Rel. Min. Marco Aurélio,
Plenário, julgado em 03 e 04/02/2016).
23
operação passível de incidência da exação é aquela decorrente da saída do produto
industrializado do estabelecimento do fabricante e que se aperfeiçoa com a transferência
da propriedade do bem, porquanto somente quando há a efetiva entrega do produto ao
adquirente a operação é dotada de relevância econômica capaz de ser oferecida à
tributação. 3. Na hipótese em que ocorre o roubo/furto da mercadoria após a sua saída
do estabelecimento do fabricante, a operação mercantil não se concretiza, inexistindo
proveito econômico para o fabricante sobre o qual deve incidir o tributo. Ou seja, não se
configura o evento ensejador de incidência do IPI, não gerando, por conseguinte, a
obrigação tributária respectiva. (...) (STJ, EREsp 734.403/RS, Rel. Min. Napoleão Nunes
Maia Filho, Primeira Seção, julgado em 14/11/2018, DJe 21/11/2018).
Definido pelo artigo 153, inciso V, da Constituição Federal de 1988, segundo o qual
“compete à União instituir impostos sobre operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas
a títulos ou valores mobiliários”, o IOF, comumente conhecido pela locução “Imposto sobre
Operações Financeiras”, possui função extrafiscal, uma vez que objetiva regular o
funcionamento do mercado financeiro.
norma não foi recepcionada pela Constituição Federal de 1988, que veda, em seu artigo
167, IV, a vinculação de receita de impostos. Logo, em uma eventual questão de concurso, o
24
as operações de crédito não necessariamente estão associadas a instituições
financeiras. Com efeito, assim indicam as alíneas do artigo 2º, inciso I, do Decreto n
º 6.306/2007:
predeterminados”.
Operações relativas a títulos ou valores mobiliários: englobam todos os
3
Especificamente sobre a incidência de IOF sobre as operações de factoring, vide decisão proferida pelo STF, por unanimidade,
no julgamento da Medida Cautelar em Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 1.763 (STF, ADI 1.763 MC, Rel. Min. Sepúlveda
Pertence, Tribunal Pleno, julgado em 20/08/1998).
25
(2) Quanto às operações de câmbio, é a entrega ou disponibilização da moeda
nacional ou estrangeira (ou documento que a represente), em valor correspondente
cobranças sejam motivadas por fatos geradores aparentemente diversos; havendo emissão,
transmissão, pagamento ou resgate em uma operação de crédito, o IOF deverá incidir
26
FEDERAL. O saque em conta de poupança, por não conter promessa de prestação futura
e, ainda, porque não se reveste de propriedade circulatória, tampouco configurando
título destinado a assegurar a disponibilidade de valores mobiliários, não pode ser tido
por compreendido no conceito de operação de crédito ou de operação relativa a títulos
ou valores mobiliários, não se prestando, por isso, para ser definido como hipótese de
incidência do IOF, previsto no art. 153, V, da Carta Magna. Recurso conhecido e
improvido; com declaração de inconstitucionalidade do dispositivo legal sob enfoque
(STF, RE 232.467/SP, Rel. Min. Ilmar Galvão, Tribunal Pleno, julgado em 29/09/1999).
Em igual sentido já definiu a Súmula nº 185/STJ: “nos depósitos judiciais, não incide o
Imposto sobre Operações Financeiras”.
A base de cálculo do IOF, estabelecida pelo art. 64 do CTN, também depende do tipo de
operação financeira:
4
Entenda-se ágio como a diferença de cotação (valor) entre moedas distintas.
27
Valor entregue ou posto à disposição (crédito e câmbio)
IOF Contribuinte Qualquer das partes na operação tributada, nos termos da lei
Observe-se que o art. 65 do CTN, que prevê que “o Poder Executivo pode, nas condições e
nos limites estabelecidos em lei, alterar as alíquotas ou as bases de cálculo do imposto, a fim
de ajustá-lo aos objetivos da monetária”, é anterior à Constituição Federal de 1988, e não foi
recepcionado por ela por manifesto conflito material entre as normas. Contudo, vale destacar
que o tributo é sujeito a uma legalidade flexível, tendo em vista que o artigo 153, § 1º, da
28
CF/1988 autoriza a alteração de alíquota pelo Poder Executivo, através de Decreto ou Portaria
do Ministro da Fazenda.
Também é importante ressaltar que o IOF, consoante dito no início deste tópico, tem
como finalidade viabilizar um controle sobre o mercado financeiro. Tendo em vista o caráter
regulatório do tributo (extrafiscal), a Constituição Federal classifica esse imposto uma exceção
às anterioridades previstas no artigo 150, inciso III, “b” e “c”, da Constituição Federal de 1988.
exercício financeiro seguinte se houver sido convertida em lei até o último dia daquele em
que foi editada”.
29
Se utilizado especificamente como ativo financeiro ou instrumento cambial (em outros
termos, quando destinado ao mercado financeiro ou à execução da política cambial do país; é
o ouro usado como moeda), está sujeito exclusivamente à incidência do Imposto sobre as
Operações Financeiras (IOF-Ouro).
Tal hipótese não é prevista somente por legislação infraconstitucional, estando presente,
também, no texto da própria Constituição Federal de 1988, em seu artigo 153, § 5º, primeira
I - trinta por cento para o Estado, o Distrito Federal ou o Território, conforme a origem;
E a ideia de imunidade é reforçada pelo constituinte no art. 155, § 2ª, inciso X, “c”, da
CF/1988
(...)
30
X - não incidirá:
(...)
Note-se ainda que o § 5º do art. 153 da CF/88 estabeleceu outras duas regras
importantes: (1) a definição de uma alíquota mínima de 1% (um por cento) sobre a base de
cálculo; (2) a repartição constitucional de receitas derivadas do IOF-Ouro; embora figure
como arrecadadora, a União deve transferir o montante adquirido aos entes federativos
relacionados com a origem (local de extração) do ouro tributado, na proporção de 70%
(setenta por cento) ao Estado, Distrito Federal ou Território, e 30% (trinta por cento) ao
Município envolvido.
Aquisiçao
Fato gerador
Desembaraço aduaneiro
Alíquota Mínimo de 1%
31
financeira. De outra banda, podem ser exigidos II, IE, IPI e ICMS, conforme as circunstâncias de
cada caso.
Definido pelo artigo 153, inciso VI, da Constituição Federal de 1988, segundo o qual
“compete à União instituir impostos sobre propriedade territorial rural”, o ITR atua como um
instrumento de garantia da função social da propriedade.
A propriedade rural, segundo o art. 186 da CF/1988, deve ser racional e adequada,
preservar os recursos naturais e o meio ambiente, respeitar as relações de trabalho, e atender
punir o descumprimento à função social rural com a sanção de desapropriação para fins de
reforma agrária.
Em virtude de sua nítida função extrafiscal, o ITR sempre foi imposto vocacionado a se
revestir da condição de veículo auxiliar do disciplinamento estatal da propriedade rural. É
considerado um importante instrumento de política agrária, nessa medida, de combate
aos latifúndios improdutivos, fomentando, assim, a reforma agrária e a consequente
redistribuição de terras no país. O que se quer com tal exação não são “proprietários”,
mas “proprietários assíduos e produtivos, em prol da nação” (SABBAG, 2017).
Para tanto, a Emenda Constitucional nº 42/2003 fixou como atributo deste imposto a
progressividade, ensejando a incidência de alíquotas proporcionais à base de cálculo. Desse
modo, o proprietário com baixo rendimento ou que não logra êxito em dar destinação
econômica a seu imóvel rural recebe maior oneração do que o disposto a desempenhar
atividades produtivas. Nesse sentido, o artigo 153, § 4º, inciso I, da Constituição Federal de
1988 prevê que o ITR “será progressivo e terá suas alíquotas fixadas de forma a desestimular a
manutenção de propriedades improdutivas”.
32
O fato gerador do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural, a teor do art. 29 do
CTN, é a propriedade, o domínio útil ou a posse de imóvel rural. Em regra, adota-se o critério
destinado a atividades rurais fica sujeito ao ITR ainda que se encontre em uma zona urbana.
do Tema 174, no qual o Superior Tribunal de Justiça fixou a seguinte tese jurídica: "Não
incide IPTU, mas ITR, sobre imóvel localizado na área urbana do Município, desde que
comprovadamente utilizado em exploração extrativa, vegetal, agrícola, pecuária ou
agroindustrial (art. 15 do DL 57/1966)". Ressalte-se que a questão ainda é controversa, tendo
5
Sobre zonas urbanas, vide o subcapítulo referente ao IPTU, mais adiante.
6
Disponível em: http://normas.receita.fazenda.gov.br/sijut2consulta/link.action?visao=anotado&idAto=96796. Acesso em 18 fev.
2020.
33
Caso seja confrontado com uma questão acerca do fato gerador do ITR, até o término da
controvérsia, o candidato deverá adotar como regra geral o critério de localização, e incluir o
de destinação econômica como uma exceção, especialmente diante do precedente do
zona urbana do Município, enquadrando-se como rural toda a área que se encontrar fora
dela; (2) dentro dos limites da área urbana municipal, passa-se a avaliar as características e
atividades exercidas nos imóveis, sendo rurais os utilizados para fins de exploração extrativa,
vegetal, agrícola, pecuária ou agroindustrial.
A base de cálculo do ITR, tal como preconiza o art. 30 do CTN, é o valor fundiário, que
deve ser entendido como o valor do terreno (“terra nua”), excluindo-se eventuais construções
e benfeitorias.
que adquire o imóvel por enfiteuse ou aforamento) ou seu possuidor a qualquer título.
Inteligência do art. 31 do CTN.
34
Propriedade, domínio útil ou posse de
Fato gerador
imóvel localizado fora da área urbana
Proprietário, titular de domínio útil ou
ITR Contribuinte
possuidor a qualquer título do imóvel
Base de
Valor fundiário
cálculo
Em que pese sua função extrafiscal, o ITR está sujeito ao princípio da legalidade estrita
(nem mesmo as alíquotas podem ser alteradas por mero ato do Poder Executivo). Outrossim,
condicionada ao escorrimento dos prazos estampados no artigo 150, inciso III, “b” e “c”, da
Constituição Federal de 1988.
A regra presente no artigo 153, § 4º, inciso II, da Constituição Federal de 1988, incluído
pela Emenda Constitucional nº 42/2003, é dotada de nítido caráter social e visa a proteger o
pequeno proprietário rural: “§ 4º O imposto previsto no inciso VI do caput: II - não incidirá
sobre pequenas glebas rurais, definidas em lei, quando as explore o proprietário que não
possua outro imóvel”.
35
Da redação desse dispositivo conclui-se que têm imunidade tributária as propriedades
rurais que preenchem três requisitos, quais sejam: (1) a condição de pequena gleba rural; (2) a
urbanos).
CUIDADO! O artigo 2º, parágrafo único, incisos I, II e III, da Lei nº 9.393/1996 previa
que o ITR não incidiria sobre “pequenas glebas rurais, quando as explorasse, só ou com sua
família, o proprietário que não possuísse outro imóvel”. Com o advento da Emenda
Constitucional nº 42/2003 e a instituição da imunidade tributária, o requisito concernente à
Um último tópico a ser destacado sobre este imposto diz respeito à sua parafiscalidade,
federal o transferir aos Estados, ao Distrito Federal ou aos Municípios o encargo de arrecadar
impostos federais, sendo-lhes devido o direito de retenção do importe arrecadado.
E essa delegação foi expressamente autorizada pelo constituinte, que previu a hipótese
(...)
36
§ 4º O imposto previsto no inciso VI do caput:
(...)
III - será fiscalizado e cobrado pelos Municípios que assim optarem, na forma da lei,
desde que não implique redução do imposto ou qualquer outra forma de renúncia
fiscal.
(...)
A hipótese acima relatada perfaz uma delegação de capacidade tributária ativa. Não
confundir com competência tributária, que é definida pela Constituição Federal e, no caso em
Definido pelo artigo 153, inciso VII, da Constituição Federal de 1988, segundo o qual “
compete à União instituir impostos sobre grandes fortunas, nos termos de lei complementar”.
No entanto, a União, até o presente momento, não exerceu tal competência, de forma que o
tributo, consequentemente, não foi efetivamente instituído.
De todo modo, oportuno mencionar que para a criação do Imposto sobre Grandes
Fortunas basta a edição da aludida lei complementar, a qualquer tempo (considerando-se que
a competência tributária é incaducável).
7
Vide Questões 01 e 02 desse material
37
4.2. Impostos estaduais e distritais
constituinte nos incisos do artigo 155 da Constituição Federal de 1988, sendo 03 (três) ao
total:
O imposto sobre as transmissões em geral já era previsto pelo artigo 23, inciso I, da
título não oneroso permaneceram a cargo dos Estados, através do denominado Imposto sobre
a Transmissão Causa Mortis e Doação (ITCMD); ao revés, as transmissões inter vivos e
onerosas de bens imóveis passaram à competência exclusiva dos Municípios, com a criação do
Imposto sobre a Transmissão de Bens Imóveis (ITBI) (SABBAG, 2017). A propósito, as
Feita tal consideração inicial, passa-se à análise do ITCMD, mencionado no artigo 155,
inciso I, da Constituição Federal de 1988, segundo o qual “compete aos Estados e ao Distrito
Federal instituir impostos sobre transmissão causa mortis e doação, de quaisquer bens ou
direitos”. Em um primeiro momento, há de se fazer duas observações acerca da incidência
deste imposto de função fiscal: (1) o ITCMD tem o condão de atingir dois tipos de
transmissões, quais sejam, causa mortis (inclusive por morte presumida, de acordo com o
Supremo Tribunal Federal – Súmula nº 331/STF) e as realizadas inter vivos, mas a título não
oneroso (doação, por liberalidade das partes); (2) respeitado o primeiro requisito, são
38
O fato gerador desse imposto, a teor do artigo 35 do Código Tributário Nacional, pode
ser:
(2) A transmissão, a qualquer título, de direitos reais sobre imóveis, exceto os direitos
reais de garantia9;
(3) A cessão dos direitos relativos às transmissões acima citadas.
desloca de um prédio e se junta a outro – art. 1.250 do CC), não se tornará contribuinte do
imposto; no entanto, caso ocorra a transmissão desse bem imóvel por meio de doação ou
A transferência de bens pode se dar de três formas: tratando-se de bens móveis, pela
tradição; se imóveis, pelo registro imobiliário; e independentemente da natureza do bem, em
caso de morte, pela abertura da sucessão (artigos 1.226, 1.227 e 1.784, todos do Código
Civil).
8
Considere-se acessão física, ou natural, como formação de ilhas, aluvião, avulsão e abandono de álveo, ex vi do art. 1.248 CC.
9
São direitos reais de garantia o penhor, a hipoteca e a anticrese (art. 1.225, incisos VIII, IX e X, do CC).
39
O parágrafo único do art. 35 do CTN ainda estabelece que “nas transmissões causa
mortis, ocorrem tantos fatos geradores distintos quantos sejam os herdeiros ou legatários”.
Logo, havendo pluralidade de herdeiros ou legatários, cada divisão dos bens do de cujus
deve ser considerada individualmente, incidindo o imposto sobre cada uma delas.
A base de cálculo do ITCMD, por sua vez, é o valor venal dos bens ou direitos
transmitidos. Inteligência do art. 38 do CTN.
Enfim, o art. 42 do CTN indica como contribuinte qualquer das partes envolvidas nas
operações tributadas. Em geral, o contribuinte tende a ser o adquirente dos bens ou direitos
em questão.
estampados no artigo 150, inciso III, “b” e “c”, da Constituição Federal de 1988.
40
O ITCMD está sujeito ao princípio da legalidade estrita, e suas alíquotas máximas são
fixadas pelo Senado Federal, conforme o artigo 39 do Código Tributário Nacional.
sentido, as súmulas nº 113 (“o imposto de transmissão causa mortis é calculado sobre o valor
dos bens na data da avaliação”) e 114 (“o imposto de transmissão causa mortis não é exigível
pessoais, não admitem alíquotas progressivas – salvo o ITR e o IPTU, haja vista expressa
previsão constitucional específica em relação a eles (SABBAG, 2017). Esta era a posição
adotada pelo Supremo Tribunal Federal, que assim decidiu no julgamento do Recurso
Extraordinário nº 234.105/SP, referente ao ITBI:
41
preço da venda. II. - R.E. conhecido e provido (STF, RE 23.4105/SP, Rel. Min. Carlos
Velloso, Tribunal Pleno, julgado em 08/04/1999, DJ 31/03/2000).
ITCMD, o que sugere uma possível futura mudança de jurisprudência quanto ao ITBI, tendo
em vista as diversas semelhanças entre os dois impostos.
42
IMPOSSIBILIDADE. AGRAVO REGIMENTAL AO QUAL SE NEGA PROVIMENTO. 1. O critério
de grau de parentesco e respectivas presunções da proximidade afetiva, familiar,
sanguínea, de dependência econômica com o de cujus ou com o doador, não guarda
pertinência com o princípio da capacidade contributiva. 2. Agravo regimental a que se
nega provimento (STF, RE 602.256 AgR, Rel. Min. Edson Fachin, Primeira Turma, julgado
em 16/02/2016, DJe 01/03/2016).
A fim de evitar conflitos, o artigo 155, § 1º, da Constituição Federal de 1988 fixou três
Enquanto essa lei não é editada, os Estados definem a competência por lei própria,
ressalvada a aplicação do art. 41 do CTN: “O imposto compete ao Estado da
43
REGRAS DE COMPETÊNCIA (ART. 155, § 1º, DA CF/1988)
Local do Local do
inventário ou domicílio do
arrolamento doador
operacional da pessoa jurídica adquirente, nos dois anos anteriores e nos dois
subsequentes à aquisição, decorrer dessas categorias de transação.
de dois anos antes dela, a caracterização dessa preponderância será apurada com
base nos três primeiros anos seguintes à data de aquisição (§ 2º do art. 37 do
CTN).
44
4.2.2. Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS)
Definido pelo artigo 155, inciso II10, da Constituição Federal de 1988, segundo o qual
“compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre operações relativas à
Seu fato gerador, de acordo com os arts. 2º da Lei Complementar nº 87/1996 c/c 155, §
(1) A circulação de mercadorias. Paulsen (2017) ensina que o termo “circulação” envolve
a transferência da titularidade jurídica de um bem, e não seu mero transporte físico.
integralização de capital).
Em razão desse conceito de circulação, o Superior Tribunal de Justiça editou
10
Vide questão 05 e 06 e 08 deste material.
45
firmou a seguinte tese: “ICMS não incide sobre alienação de salvados de
sinistros pelas seguradoras”. A partir dessa decisão, também foi editada a
11
O entendimento da Corte não se alterou no decorrer do tempo. A título exemplificativo, confira-se recente julgado: STF, ADI
1.601/UF, Rel. Min. Cármen Lúcia, Tribunal Pleno, julgado em 13/09/2019, DJe 30/09/2019.
46
CF É O DAS RELAÇÕES DAS ENTIDADES FEDERADAS ENTRE SI. NÃO TEM POR OBJETO A
UNIÃO QUANDO ESTA SE APRESENTA NA ORDEM EXTERNA. NÃO INCIDÊNCIA SOBRE A
PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE TRANSPORTE AÉREO, DE PASSAGEIROS -
INTERMUNICIPAL, INTERESTADUAL E INTERNACIONAL. INCONSTITUCIONALIDADE DA
EXIGÊNCIA DO ICMS NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE TRANSPORTE AÉREO
INTERNACIONAL DE CARGAS PELAS EMPRESAS AÉREAS NACIONAIS, ENQUANTO
PERSISTIREM OS CONVÊNIOS DE ISENÇÃO DE EMPRESAS ESTRANGEIRAS. AÇÃO
JULGADA, PARCIALMENTE PROCEDENTE (ADI 1600, Rel. Min. Sydney Sanches, Rel. p/
Acórdão: Min. Nelson Jobim, Tribunal Pleno, julgado em 26/11/2001, DJ 20/06/2003).
47
CF/1988), e as de entrada destinadas à comercialização e à industrialização
são isentas (art. 3º, inciso III, da LC 87/1996) de ICMS.
Finalidade de
Incide ICMS
consumo
Entrada no Estado-
membro adquirente Finalidade de
Petróleo, Não incide ICMS
combustíveis comercialização ou
(isenção)
derivados e industrialização
energia elétrica
Saída do Estado- Não incide ICMS
membro adquirente (imunidade)
48
nº 350/STJ: “O ICMS não incide sobre o serviço de habilitação de telefone
celular”.
49
(6) A entrada de bem ou mercadoria importados do exterior por pessoa física ou
jurídica, ainda que não seja contribuinte habitual do imposto, qualquer que seja a
sua finalidade, assim como sobre o serviço prestado no exterior, cabendo o imposto
ao Estado onde estiver situado o domicílio ou o estabelecimento do destinatário da
título de exemplificação:
o Súmula nº 155/STJ: “O ICMS incide na importação de aeronave, por pessoa
50
155, II, da CF/88, e incide sobre operações relativas à circulação de mercadorias e sobre
prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação,
ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior. 2. A alínea “a” do inciso
IX do § 2º do art. 155 da Constituição Federal, na redação da EC 33/2001, faz incidir o
ICMS na entrada de bem ou mercadoria importados do exterior, somente se de fato
houver circulação de mercadoria, caracterizada pela transferência do domínio (compra e
venda) (...). 4. Deveras, não incide o ICMS na operação de arrendamento mercantil
internacional, salvo na hipótese de antecipação da opção de compra, quando
configurada a transferência da titularidade do bem. Consectariamente, se não houver
aquisição de mercadoria, mas mera posse decorrente do arrendamento, não se pode
cogitar de circulação econômica (...) (STF, RE 540.829/SP, Rel. Min. Gilmar Mendes, Rel. p/
Acórdão: Min. Luiz Fux, Tribunal Pleno, julgado em 11/09/2014, DJe 18/11/2014)
caput, é “qualquer pessoa, física ou jurídica, que realize, com habitualidade ou em volume
que caracterize intuito comercial, operações de circulação de mercadoria ou prestações de
51
O ICMS admite a figura do responsável tributário, que ocorre principalmente por meio da
substituição progressiva (“para frente”)12 (arts. 121, parágrafo único, inciso II, do CTN c/c 150, §
7º, da CF/1988). É o caso, por exemplo, do recolhimento integral – referente a toda a cadeia
87/1996, variando conforme o fato gerador. Em um breve resumo das regras gerais, pode-se
dizer que a base de cálculo é:
12
Sobre responsabilidade tributária, vide o capítulo 3 deste material.
52
Operações de circulação de mercadorias
Serviços de comunicação
Importações
Serviço prestado ou de prestação iniciada no exterior
Base de
Valor da mercadoria ou preço do serviço
cálculo
150, inciso III, “b” e “c”, da CF/1988. Seu lançamento se dá por homologação.
cada Estado define sua própria alíquota, contanto que respeitado o mínimo estabelecido em
Resolução do Senado Federal.
De acordo com o art. 155, § 2º, inciso VI, da CF/1988, é facultado ao Senado Federal:
(a) estabelecer alíquotas mínimas nas operações internas, mediante resolução de iniciativa de
um terço e aprovada pela maioria absoluta de seus membros; (b) fixar alíquotas máximas nas
mesmas operações para resolver conflito específico que envolva interesse de Estados,
mediante resolução de iniciativa da maioria absoluta e aprovada por dois terços de seus
membros.
localizado em outro Estado, deve ser adotada a alíquota interestadual, cabendo ao Estado-
membro em que localizado o destinatário o imposto correspondente à diferença entre a
alíquota interna do Estado destinatário e a alíquota interestadual. Nesse caso, a
responsabilidade pelo recolhimento do imposto correspondente a essa diferença é atribuída
ao destinatário – ou ao remetente, quando o destinatário não figura como contribuinte do
Tal como ocorre com o IPI, o ICMS tem como características a não cumulatividade
(compensa-se o que for devido em cada operação relativa à circulação de mercadorias ou
prestação de serviços com o montante cobrado nas anteriores – art. 155, § 2º, inciso I, da
54
CF/1988) e a seletividade (alíquotas distintas em razão da essencialidade das mercadorias e
serviços – art. 155, § 2º, inciso III, da CF/1988). Todavia, especificamente no caso do ICMS, a
Além das disposições constitucionais comuns a todos os impostos, o art. 155, § 2º, inciso
X, da CF/1988 estabelece que são imunes ao ICMS: (a) as operações que destinem
inclusive lubrificantes, combustíveis líquidos e gasosos dele derivados, e energia elétrica; (c) o
ouro, quando definido em lei como ativo financeiro ou instrumento cambial; (d) as prestações
Sobre o ICMS também incide uma regra de repartição de receita tributária: segundo o
art. 158, inciso I, da CF/1988 25% do produto da arrecadação do imposto pertence aos
Municípios.
(1) O primeiro imbróglio diz respeito à incidência do ICMS na base de cálculo de PIS e
COFINS.
(pessoas jurídicas que não integram o Simples Nacional) que, embora possuam finalidades
distintas, têm bases de cálculo similares: a receita bruta auferida pelos contribuintes.
55
A Receita Federal, considerando o termo receita em sentido amplo, sempre efetuou a
cobrança das aludidas contribuições sobre a totalidade dos montantes auferidos pelas pessoas
jurídicas em razão deste imposto é repassado aos cofres públicos – consequentemente, não
perfazendo faturamento. A propósito, assim se posicionou a Corte em 2014:
13
“Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante
recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições
sociais: I – dos empregadores, incidente sobre a folha de salários, o faturamento e o lucro”.
56
Malgrado o teor da decisão acima, o debate sobre a matéria, que já perdura há mais de
vinte anos, tornou a ganhar relevância com a interposição do Recurso Extraordinário nº
do Superior Tribunal de Justiça14, bem como pela tese de que o valor do ICMS, ao compor o
preço das mercadorias e serviços oferecidos pelas pessoas jurídicas, integra sua receita bruta.
Resta pendente apenas a modulação dos efeitos deste decisum, após oposição de
Embargos de Declaração pela Fazenda Nacional, em que se visa discutir o alcance da tese
firmada pelo STF (no sentido de a proibição à incidência recair sobre a totalidade do ICMS
14
Súmula nº 68/STJ: “A parcela relativa ao ICM inclui-se na base de cálculo do Pis”. Súmula nº 94/STJ: “A parcela relativa ao
ICMS inclui-se na base de cálculo do Finsocial”.
57
destacado em nota fiscal ou somente sobre o montante efetivamente repassado aos cofres
públicos em função de tal tributo) e a possibilidade, ou não, de restituição dos valores
(2) Enfim, a segunda discussão a ser comentada se refere à inclusão da Tarifa de Uso
do Sistema de Transmissão de Energia Elétrica (TUST) e da Tarifa do Uso do Sistema de
Resumidamente, a energia elétrica passa por diferentes etapas de cadeia produtiva entre
as usinas hidrelétricas ou eólicas e os imóveis dos consumidores finais: de partida, há uma
elétrica ao destinatário final, qual seja, o consumidor), e não sobre serviços acessórios ou
suplementares – ainda que estes sejam imprescindíveis à entrega do produto consumido.
Nessa linha, o Superior Tribunal de Justiça tinha como pacífica a posição de que
nenhuma das tarifas poderia compor a base de cálculo do ICMS, porquanto inexistente o fato
gerador do imposto até o momento da saída da energia elétrica do estabelecimento do
1. O Tribunal a quo confirmou sentença que reconheceu a não incidência do ICMS sobre
Tarifa de Uso do Sistema de Transmissão (TUST) ou Distribuição (TUSD). 2. O STJ possui
entendimento consolidado de que a Tarifa de Utilização do Sistema de Distribuição -
TUSD não integra a base de cálculo do ICMS sobre o consumo de energia elétrica,
uma vez que o fato gerador ocorre apenas no momento em que a energia sai do
estabelecimento fornecedor e é efetivamente consumida. Assim, tarifa cobrada na fase
anterior do sistema de distribuição não compõe o valor da operação de saída da
58
mercadoria entregue ao consumidor (...) 3. Não se desconhece respeitável orientação
em sentido contrário, recentemente adotada pela Primeira Turma, por apertada
maioria, vencidos os Ministros Napoleão Nunes Maia Filho e Regina Helena Costa (REsp
1.163.020/RS, Rel. Ministro Gurgel de Faria, Primeira Turma, DJe 27/3/2017). 4.
Sucede que, uma vez preservado o arcabouço normativo sobre o qual se consolidou a
jurisprudência do STJ e ausente significativa mudança no contexto fático que deu origem
aos precedentes, não parece recomendável essa guinada, em atenção aos princípios da
segurança jurídica, da proteção da confiança e da isonomia (art. 927, § 4°, do CPC/2015).
(...) (Sem grifos no original) (STJ, REsp nº 1.680.759/MS, Rel. Min. Herman Benjamin,
Segunda Turma, julgado em 21/09/2017, DJe 09/10/2017).
Definido pelo artigo 155, inciso III,15 da Constituição Federal de 1988, segundo o qual
“compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre propriedade de veículos
automotores”, o IPVA, tributo de função fiscal recepcionado pela CF/1988 por meio do art.
34, § 3º, do ADCT, não é mencionado pelo Código Tributário Nacional, uma vez que sua
criação se dera somente em 1985, com vistas a substituir a “TRU – Taxa Rodoviária Única”
(SABBAG, 2017).
Em tese, cabe à lei complementar estabelecer as normas gerais sobre este imposto (art.
146, inciso III, “a”, da CF/1988). No entanto, em razão de sua inexistência, incumbe aos Estados
e ao Distrito Federal o exercício da competência legislativa plena, autorizada pelo art. 24, § 3º,
da CF/1988.
disposição constitucional supramencionada. Sobre esta definição, duas observações devem ser
feitas:
15
Vide questão 07 desse material
59
Apenas a propriedade (demonstrada pelo documento de licenciamento ou pelo
Certificado de Registro de Veículo) é considerada para fins deste imposto, não se
“todo veículo a motor de propulsão que circula por seus próprios meios, e que serve
normalmente para o transporte viário de pessoas e coisas, ou para a tração viária de veículos
utilizados para transporte de pessoas e coisas. O termo compreende os veículos conectados a
uma linha elétrica e que não circulam sobre trilhos (ônibus elétrico)”.
se equiparam a bens públicos federais, haja vista não trafegarem em território pertencente
aos Estados ou Distrito Federal, mas à União (espaço aéreo – art. 48, caput e inciso V, da
CF/198816).
Em razão da distinção entre esses conceitos, bem como do fato de que as aeronaves não
16
Art. 48. Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção do Presidente da República, não exigida esta para o especificado nos arts.
49, 51 e 52, dispor sobre todas as matérias de competência da União, especialmente sobre: V - limites do território nacional,
espaço aéreo e marítimo e bens do domínio da União.
60
COM APLICAÇÃO DE MULTA. I – A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal firmou-
se no sentido de que a propriedade de aeronaves não está incluída no âmbito de
incidência do Imposto de Propriedade de Veículos Automotores – IPVA. II – Agravo
regimental a que se nega provimento, com aplicação da multa prevista no art. 1.021, §
4°, do CPC.
(STF, ARE 1.208.340 AgR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, Segunda Turma, julgado em
30/08/2019, DJe 05/09/2019).
Embora não exista uma norma nacional definindo o momento de ocorrência do fato
gerador, as leis estaduais geralmente o fixam como a data da primeira aquisição do veículo
novo pelo usuário (ou do desembaraço aduaneiro, para veículos importados) e, após, o dia 1º
de janeiro de cada exercício financeiro subsequente.
A base de cálculo é o valor venal (de mercado, a ser consultado através da Tabela FIPE).
art. 134 do Código de Trânsito Brasileiro – CTB, não abrange o IPVA incidente sobre o veículo
automotor, no que se refere ao período posterior à sua alienação”
61
Fato gerador Propriedade de veículo automotor
Base de
Valor venal do veículo
cálculo
O lançamento se dá de ofício.
Este imposto também está sujeito às anterioridades, com uma exceção: a noventena
não se aplica à fixação da base de cálculo (e somente isso!) do IPVA. Nesse sentir, vide o
§ 1º A vedação do inciso III, b, não se aplica aos tributos previstos nos arts. 148, I, 153, I,
II, IV e V; e 154, II; e a vedação do inciso III, c (noventena), não se aplica aos tributos
previstos nos arts. 148, I, 153, I, II, III e V; e 154, II, nem à fixação da base de cálculo dos
impostos previstos nos arts. 155, III (IPVA), e 156, I.
Com o advento da Emenda Constitucional 42/2003, o art. art. 155, § 6º, inciso II, da
CF/1988 passou a determinar que o IPVA poderá ter alíquotas diferenciadas em função do
62
tipo e utilização do veículo. Assim, podem ser estipuladas alíquotas diferentes para veículos
utilitários e de passeio; de igual modo, também são menores as para veículos de aluguel (táxi)
Enfim, sobre o IPVA também incide uma regra de repartição de receita tributária:
segundo o art. 158, inciso III, da CF/1988, os Municípios fazem jus a 50% do produto da
arrecadação do imposto sobre veículos automotores licenciados em seu território.
Frise-se que estes impostos também são regulados pelo Distrito Federal, em decorrência
da competência tributária cumulativa que lhe é atribuída pelos artigos 32, § 1º c/c 147, parte
final, ambos da Constituição Federal de 1988.
(IPTU)
Definido pelo artigo 156, inciso I, da Constituição Federal de 1988, segundo o qual
“compete aos Municípios instituir impostos sobre propriedade predial e territorial urbana”, o
IPTU é o imposto real que se opõe ao ITR em questão de campo de incidência.
63
Com efeito, o art. 32 do CTN17 estabelece como fato gerador do Imposto sobre a
Propriedade Predial e Territorial Urbana (também denominado Imposto Predial e Territorial
urbana. No ponto, a Súmula nº 626/STJ: “A incidência do IPTU sobre imóvel situado em área
considerada pela lei local como urbanizável ou de expansão urbana não está condicionada à
exploração extrativa vegetal, agrícola, pecuária e agroindustrial. Assim, para que incida o IPTU,
17
Vide questão 10 desse material
64
o imóvel a ser analisado precisa se localizar em zona urbana e não se prestar à realização de
atividade rural (requisitos cumulativos).
diferentemente do que ocorre no ITR, para fins de cálculo do IPTU devem ser considerados
não apenas os terrenos, como também as eventuais construções edificadas na propriedade.
CUIDADO! O valor dos móveis não integra a base de cálculo, ex vi do parágrafo único do art.
33 do CTN.
seu possuidor a qualquer título (art. 34 do CTN). Respeitadas estas opções, cabe à lei
municipal especificar o sujeito passivo do imposto (Súmula nº 399/STJ)
Eduardo Sabbag (2017) leciona que, para fins de IPTU, não é suficiente a mera posse de
imóvel urbano, sendo imprescindível a presença do animus domini (“intenção de ser dono”).
Logo, os locatários e comodatários – que mantêm a posse direta de um bem de forma
Tribunal de Justiça:
18
No exemplo fornecido, o locador permaneceria como sujeito passivo perante o Fisco, sem prejuízo de eventual ajuizamento de
uma ação de repetição de indébito em face do locatário inadimplente.
66
responsabilidade pelo pagamento de tributos, não podem ser opostas à Fazenda Pública, para
modificar a definição legal do sujeito passivo das obrigações tributárias correspondentes”.
IPTU. Nesse sentir, vide o artigo 150, § 1º, parte final, da Constituição Federal de 1988:
§ 1º A vedação do inciso III, b, não se aplica aos tributos previstos nos arts. 148, I, 153, I,
II, IV e V; e 154, II; e a vedação do inciso III, c (noventena), não se aplica aos tributos
previstos nos arts. 148, I, 153, I, II, III e V; e 154, II, nem à fixação da base de cálculo dos
impostos previstos nos arts. 155, III, e 156, I (IPTU).
67
Progressividade em razão do valor do imóvel (art. 156, § 1º, inciso I, da CF/1988).
O objetivo aqui é o de tornar a incidência tributária mais isonômica, pois há uma
presunção que os imóveis mais valiosos pertencem a sujeitos com maior capacidade
contributiva;
§ 4º É facultado ao Poder Público municipal, mediante lei específica para área incluída
no plano diretor, exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do solo urbano não
edificado, subutilizado ou não utilizado, que promova seu adequado aproveitamento,
sob pena, sucessivamente, de:
(...)
As alíquotas ainda podem variam de acordo com a localização e o uso do imóvel (art.
156, § 1º, inciso II, da CF/88 – não se trata de progressividade, mas mera variação de
alíquota).
progressivas de IPTU em período anterior à Emenda nº 29/2000, ainda que amparadas por
legislação municipal, com exceção da progressividade no tempo. No ponto, a Súmula nº
668/STF: "é inconstitucional a lei municipal que tenha estabelecido, antes da Emenda
68
Constitucional 29/2000, alíquotas progressivas para o IPTU, salvo se destinada a assegurar o
cumprimento da função social da propriedade urbana".
69
4.3.2. Imposto sobre a Transmissão de Bens Imóveis (ITBI)
Definido pelo artigo 156, inciso II19, da Constituição Federal de 1988, segundo o qual “
compete aos Municípios instituir impostos sobre transmissão ‘inter vivos’, a qualquer título,
por ato oneroso, de bens imóveis, por natureza ou acessão física, e de direitos reais sobre
imóveis, exceto os de garantia, bem como cessão de direitos a sua aquisição”. Em um primeiro
oneroso (as derivadas de morte e as não onerosas, do ponto de vista tributário, são objeto do
ITCMD); (b) são tributados apenas bens e direitos reais sobre imóveis (diferentemente do
ITCMD, em que também são abrangidos os móveis).
O fato gerador deste imposto, a teor do artigo 35 do Código Tributário Nacional, pode
ser:
(2) A transmissão, a qualquer título, de direitos reais sobre imóveis, exceto os direitos
reais de garantia;
CUIDADO! O ITBI, tal como o ITCMD, não incide sobre transmissões originárias, como
usucapião e acessão.
A transferência de imóveis se dá pelo registro imobiliário (art. 1.227 do CC), motivo pelo
19
Vide questão 08 desse material.
70
chamado de Imposto sobre a Transmissão Inter Vivos) antes desse momento. Sobre o tema,
confira-se decisão do Supremo Tribunal Federal:
De seu turno, base de cálculo do ITBI, é o valor venal dos bens ou direitos transmitidos.
Inteligência do art. 38 do CTN.
71
Súmula nº 110/STF: “o Imposto de Transmissão Inter Vivos não incide sobre a
construção, ou parte dela, realizada pelo adquirente, mas sobre o que tiver sido construído ao
de efeitos de uma lei editada com o fito de instituir ou majorar o Imposto sobre a
Transmissão Causa Mortis e Doação está condicionada ao escorrimento dos prazos
estampados no artigo 150, inciso III, “b” e “c”, da Constituição Federal de 1988.
O ITCMD está sujeito ao princípio da legalidade estrita, e suas alíquotas máximas são
72
O Supremo Tribunal Federal não admite a fixação de alíquotas progressivas do ITBI,
a teor do julgamento do Recurso Extraordinário nº 234.105/SP e da Súmula nº 656/STF,
quanto ao ITCMD20.
De modo diverso do que ocorre com o ITCMD, o artigo 156, § 2º, inciso II, da
Constituição Federal estabelece uma única regra de competência: em todos os casos, é
competente para a instituição do ITBI o Município da situação do bem.
imunidade, pois a regra em voga foi replicada pelo artigo 156, § 2º, inciso I, da Constituição
Federal de 1988 (imunidade nos eventos societários), que ainda incluiu as hipóteses de cisão
20
Vide o acórdão prolatado no julgamento do Recurso Extraordinário nº 562.045/RS, mencionado no subcapítulo 4.2.1. deste
material.
73
A exceção se dá caso a pessoa jurídica adquirente tenha como atividade preponderante
a venda ou locação de propriedade imobiliária ou a cessão de direitos relativos à sua
jurídica adquirente, nos dois anos anteriores e nos dois subsequentes à aquisição, decorrer
dessas categorias de transação.
de dois anos antes dela, a caracterização dessa preponderância será apurada com base nos
três primeiros anos seguintes à data de aquisição (§ 2º do art. 37 do CTN).
O artigo 184, § 5º, da Constituição Federal de 1988 prevê uma segunda limitação o
poder de tributar, qual seja, a imunidade nas transferências decorrentes de reforma agrária:
Definido pelo art. 156, inciso III, da CF/1988, segundo o qual “compete aos Municípios
instituir impostos sobre serviços de qualquer natureza, não compreendidos no art. 155, II,
definidos em lei complementar”. Não há qualquer menção ao ISS – também conhecido como
ISSQN – no Código Tributário Nacional, cabendo à lei complementar (no caso, a LC 116/2003)
geradores do ICMS).
CUIDADO! A referida lista anexa é taxativa, mas os Tribunais Superiores admitem uma
74
O fato gerador desse imposto de função fiscal pode ser, conforme o art. 1º da LC
116/2003:
(1) A prestação de serviços constantes da lista anexa da lei complementar, ainda que
esses não se constituam como atividade preponderante do prestador;
21
“§ 3º Em relação ao imposto previsto no inciso III do caput deste artigo, cabe à lei complementar: (...) II - excluir da sua
incidência exportações de serviços para o exterior”.
75
Súmula nº 156/STJ: “A prestação de serviço de composição gráfica,
personalizada e sob encomenda, ainda que envolva fornecimento de
(3) Havendo prestação de serviços não inscritos na lista anexa da Lei Complementar nº
116/2003, incide somente o ICMS.
76
diretores e membros de conselhos consultivo ou fiscal de sociedades e fundações; (4) os
sócios-gerentes e os gerentes-delegados.
406/1968, sob pena de ofensa direta ao art. 146, inciso III, “a”, da CF/1988. Em
consequência, a Corte declarou a inconstitucionalidade dos dispositivos presentes
nas leis municipais e firmou a seguinte tese: “é inconstitucional lei municipal que
estabelece impeditivos à submissão de sociedades profissionais de advogados ao
regime de tributação fixa em bases anuais na forma estabelecida por lei nacional”:
22
“Art. 9º. A base de cálculo do imposto é o preço do serviço.
§1º. Quando de tratar de prestação de serviços sob a forma de trabalho pessoal do próprio contribuinte, o imposto será calculado,
por meio de alíquotas fixas ou variáveis, em função da natureza do serviço ou fatores pertinentes, nestes não compreendida a
importância paga a título de remuneração do próprio trabalho.
(…)
§ 3° Quando os serviços a que se referem os itens 1, 4, 8, 25, 52, 88, 89, 90, 91 e 92 da lista anexa forem prestados por sociedades,
estas ficarão sujeitas ao imposto na forma do § 1°, calculado em relação a cada profissional habilitado, sócio, empregado ou não,
que preste serviços em nome da sociedade, embora assumindo responsabilidade pessoal, nos termos da lei aplicável”.
23
Arts. 20, §4º, inciso II, da Lei Complementar 07/1973 c/c 49, inciso IV, §§3º e 4º, do Decreto 15.416/2006 (revogados).
77
COMPLEMENTAR NACIONAL. SOCIEDADE DE PROFISSIONAIS. ADVOGADOS.
COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA DE MUNICÍPIO. REGIME DE TRIBUTAÇÃO FIXA. NATUREZA
DO SERVIÇO. REMUNERAÇÃO DO LABOR. DECRETO-LEI 405-1968. RECEPÇÃO. LEI
COMPLEMENTAR 7/1973 DO MUNICÍPIO DE PORTO ALEGRE. CONFLITO LEGISLATIVO.
ISONOMIA TRIBUTÁRIA. 1. A jurisprudência do STF se firmou no sentido da recepção do
Decreto-Lei 406/1968 pela ordem constitucional vigente com status de lei complementar
nacional, assim como pela compatibilidade material da prevalência do cálculo do
imposto por meio de alíquotas fixas, com base na natureza do serviço, não
compreendendo a importância paga a título de remuneração do próprio labor.
Precedente: RE 220.323, de relatoria do Ministro Carlos Velloso, Tribunal Pleno, DJ
18.05.2001. 2. É inconstitucional lei municipal que disponha de modo divergente ao DL
46/1968 sobre base de cálculo do ISSQN, por ofensa direta ao art. 146, III, “a”, da
Constituição da República. 3. Reduziu-se o âmbito de incidência e contrariou-se o
comando da norma prevista no art. 9º, §§1º e 3º, do Decreto-Lei 406/1968, por meio do
código tributário porto-alegrense. Logo, há inconstitucionalidade formal em razão da
inadequação de instrumento legislativo editado por ente federativo incompetente, nos
termos do art. 146, III, “a”, do Texto Constitucional (...) (STF, RE 940.769/RS, Rel. Min.
Edson Fachin, Tribunal Pleno, julgado em 24/04/2019, DJe 12/09/2019) (Tema 918)
78
O lançamento do ISS se dá por homologação.
Por derradeiro, a fim de completar o estudo dos pontos mais relevantes concernentes ao
Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza, outras duas célebres posições jurisprudenciais
I – mediante lei complementar, impostos não previstos no artigo anterior, desde que
sejam não-cumulativos e não tenham fato gerador ou base de cálculo próprios dos
discriminados nesta Constituição;
faculdade de o ente federativo de âmbito federal (e apenas ele – não há simetria nesta norma;
somente a União ostenta a prerrogativa de exercer a competência tributária em comento)
instituir impostos não previstos na Carta Magna.
primeira;
Impossibilidade de adoção de base de cálculo ou fato gerador próprios os
produção de efeitos de uma lei editada com o fito de instituir ou majorar impostos residuais
está condicionada ao escorrimento dos prazos estampados no artigo 150, inciso III, “b” e “c”,
da Constituição Federal de 1988.
União deve repassar aos Estados e ao Distrito Federal um percentual fixo – 20% (vinte por
cento) – sobre o total arrecadado a título de imposto residual durante o exercício financeiro.
Inteligência do inciso II do artigo 157 da Constituição Federal de 1988
das causas de sua criação), ao término do qual deve ocorrer sua supressão, de forma
gradual, em até cinco anos (art. 76 do CTN). Em termos mais simples, o referido tributo é
criado por motivos de guerra e deve durar somente o tempo necessário; cessado o conflito
que gerou sua instituição, o imposto deve ser, aos poucos, extinto.
ente federativo (exemplo: é permitido à União instituir um IPTU guerra e exigi-lo ao mesmo
tempo em que o Município realiza a cobrança do IPTU tradicional).
Constitui uma exceção às anterioridades previstas no artigo 150, inciso III, “b” e “c”, da
efeitos no exercício financeiro seguinte se houver sido convertida em lei até o último dia
daquele em que foi editada”.
82
QUADRO SINÓTICO
Não vinculação.
Não afetação.
CTN.
Legalidade flexível. Art. 153, § 1º, da CF.
e $ 1º, da CF.
83
Função predominante: extrafiscal.
CTN.
Base de cálculo: (1) quantidade de mercadoria
por unidade de medida (alíquota específica); (2)
Legalidade estrita.
Lançamento: por homologação.
84
Repartição de receita tributária: 100% do IRRF
(obrigatórias).
24
Vide questão 03 deste material
85
mobiliários). Art. 63 do CTN.
e $ 1º, da CF.
IOF-Ouro: aplicável para ouro usado como ativo
31 do CTN.
Legalidade estrita.
Lançamento: por homologação.
86
Sujeição às anterioridades. Art. 150, III, “b” e “c”,
da CF.
Princípio: progressividade.
5.1.7. Imposto sobre Grandes Fortunas Depende de edição de lei complementar, por ora
(IGF) inexistente.
87
mercadorias; (2) serviços de transporte
da CF.
Princípios: não cumulatividade (obrigatória) e
seletividade (opcional).
88
Imunidades: (1) operações que destinem
89
Município. Art. 32 do CTN.
Legalidade estrita.
Lançamento: de ofício.
do valor do imóvel.
90
da CF.
Competência residual.
5.4. Impostos residuais
Dependem de lei complementar.
91
Princípio: não cumulatividade.
Constituição Federal.
Repartição de receita tributária: a União deve
repassar aos Estados e ao Distrito Federal um
da CF.
§ 1º, da CF.
92
QUESTÕES COMENTADAS
QUESTÃO 1
(XXVII EXAME DE ORDEM – FGV - 2018) O Município M resolve ele mesmo fiscalizar e
cobrar o Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR) dos imóveis rurais localizados em
seu território.
Acerca desse cenário, assinale a afirmativa correta.
A) O ITR não pode ser fiscalizado e cobrado pelo Município M, por se tratar de tributo de
competência da União.
B) O Município M poderá optar, na forma da lei, por fiscalizar e cobrar diretamente o ITR.
C) A fiscalização e a cobrança do ITR pelo Município M autorizam-no a reter 50% do produto
D) A partir da opção por fiscalizar e cobrar o ITR, o Município M passa a ter competência para
alterar as alíquotas do imposto, inclusive para sua redução.
Comentário
O município M poderá optar, na forma da lei, por fiscalizar e cobrar diretamente o imposto,
93
III - será fiscalizado e cobrado pelos Municípios que assim optarem, na forma da lei, desde
que não implique redução do imposto ou qualquer outra forma de renúncia fiscal.
QUESTÃO 2
desse fato, o Município M recebeu 50% (cinquenta por cento) do produto do imposto da
União sobre a propriedade rural, relativo aos imóveis nele situados.
Diante dessa situação, sobre a fiscalização e a cobrança do ITR pelo Município M, assinale a
afirmativa correta.
pertence ao Município.
D) São possíveis, porém, nesse caso, 25% (vinte e cinco por cento) do produto da arrecadação
do imposto pertence ao Município.
Comentário
De acordo com o art. 153, 4o, III, da Constituição, o ITR será fiscalizado e cobrado pelos
Municípios que assim optarem, na forma da lei, desde que não implique redução do imposto
ou qualquer outra forma de renúncia fiscal.
94
Nesse caso, o município faz jus à totalidade das receitas arrecadadas com esse imposto em
seu território, com base no art. 158, II, da Constituição, não tem direito apenas à 50%. A
QUESTÃO 3
Importação (II), das taxas exigidas para a entrada do produto no país e dos encargos cambiais
efetivamente pagos pelo laboratório.
A) É ilegal, pois, além dos acréscimos, a base de cálculo está sendo de 150% do preço
corrente do equipamento no mercado atacadista da praça do remetente.
C) É ilegal, pois a base de cálculo está incluindo o montante correspondente às taxas exigidas
para a entrada do produto no país.
D) É ilegal, pois a base de cálculo está incluindo o montante correspondente aos encargos
cambiais efetivamente pagos pelo laboratório.
Comentário
95
I - no caso do inciso I do artigo anterior, O PREÇO NORMAL, como definido no inciso II
QUESTÃO 4
(XX EXAME DE ORDEM – FGV - 2016) O Chefe do Poder Executivo da União, acreditando ser
esta a melhor estratégia econômica para estimular o mercado interno brasileiro, decide reduzir
a alíquota do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) sobre alguns produtos. Neste
cenário, você é consultado sobre os parâmetros constitucionais dirigidos àquele imposto.
Assim, você afirmaria que, a respeito do IPI, o Art. 153, § 3º, da CRFB/88, estabelece que
contribuinte do imposto.
Comentário
96
II - será não-cumulativo, compensando-se o que for devido em cada operação com o
montante cobrado nas anteriores; (B)
QUESTÃO 5
serviço de transporte público coletivo de passageiros, opera a linha de ônibus 123, que inicia
seu trajeto no Município X e completa seu percurso no Município Y, ambos localizados no
Estado Z.
Sobre a prestação onerosa desse serviço de transporte, deve incidir
Comentário
97
QUESTÃO 6
(XXX EXAME DE ORDEM – FGV - 2019) O Estado Y concedeu, em 2018, por iniciativa própria
e isoladamente, mediante uma lei ordinária estadual, isenção fiscal do Imposto sobre
A) É suficiente lei ordinária estadual para a concessão de tal isenção de ICMS, por se tratar de
tributo de competência estadual.
B) Ainda que se trate de tributo de competência estadual, somente por lei estadual
ICMS pelo Estado deve ser precedida de deliberação dos Estados e do Distrito Federal
(CONFAZ).
Comentário
CF, art. 155. Compete aos Estados e ao DF instituir impostos sobre: [...] II - operações
relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte
interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as prestações
se iniciem no exterior [ICMS]; [...] § 2º O imposto previsto no inciso II [ICMS] atenderá ao
seguinte: [...] XII - cabe à LC: [...] g) regular a forma como, mediante deliberação dos
Estados e do DF, isenções, incentivos e benefícios fiscais serão concedidos e revogados.
98
QUESTÃO 7
(XXX EXAME DE ORDEM – FGV - 2019) Projeto de Resolução do Senado Federal pretende
fixar nacionalmente as alíquotas mínimas do Imposto sobre a Propriedade de Veículos
que terá de elaborar parecer sobre o tema, consulta você sobre sua opinião jurídica acerca
desse projeto de Resolução.
A) O Senado, por ser órgão do Poder Legislativo da União, não possui competência
constitucional para, por Resolução, dispor sobre o tema, por se tratar de ingerência indevida
C) A fixação de alíquota mínima de tributo, por mera Resolução do Senado, viola o princípio
da legalidade tributária.
D) Resolução do Senado poderia tratar do tema, desde que ratificada por ao menos dois
terços dos membros do Conselho Nacional de Política Fazendária (CONFAZ).
Comentário
CF, art. 155. Compete aos Estados e ao DF instituir impostos sobre: [...] III - propriedade de
veículos automotores [IPVA]. § 6º O imposto previsto no inciso III [IPVA]: I - terá alíquotas
mínimas fixadas pelo SF; [...]
A CF visa evitar que os Estados façam guerra fiscal, por isso, no caso do IPVA, dá competência
ao SF (representante dos Estados) para fixar as alíquotas mínimas, já que seria fácil para o
proprietário levar o bem para outro Estado da federação e lá fazer o licenciamento desse
veículo.
99
QUESTÃO 8
(XXXI EXAME DE ORDEM – FGV - 2020) Maria dos Santos, querendo constituir hipoteca
sobre imóvel de sua propriedade em garantia de empréstimo bancário a ser por ela contraído,
vai a um tabelionato para lavrar a escritura pública da referida garantia real. Ali, é informada
que o Município Z, onde se situa o bem, cobra o Imposto de Transmissão de Bens Imóveis
(ITBI) sobre a constituição de direitos reais de garantia.
A) É possível tal cobrança, pois a constituição de direito real de garantia sobre bens imóveis,
D) Não é possível exigir ITBI sobre direitos reais de garantia sobre imóveis
Comentário
Constituição Federal:
II - transmissão "inter vivos", a qualquer título, por ato oneroso, de bens imóveis, por natureza
ou acessão física, e de direitos reais sobre imóveis, exceto os de garantia, bem como cessão
de direitos a sua aquisição.
100
QUESTÃO 9
serviço de transporte público coletivo de passageiros, opera a linha de ônibus 123, que inicia
seu trajeto no Município X e completa seu percurso no Município Y, ambos localizados no
Estado Z.
Sobre a prestação onerosa desse serviço de transporte, deve incidir
Comentário
Fonte CF
Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre:
QUESTÃO 10
(XXVII EXAME DE ORDEM – FGV - 2018) Em dezembro de 2017, João adquiriu o domínio útil
de um terreno de marinha. No ano de 2018, foi surpreendido com a chegada de duas
notificações: uma da Secretaria de Patrimônio da União (SPU), para pagamento do foro anual
à União; outra do Município, contendo a cobrança do IPTU do imóvel.
101
Acerca desse cenário, assinale a afirmativa correta.
A) A cobrança do IPTU é devida, pois o titular do domínio útil também é contribuinte do IPTU.
B) A dupla cobrança é indevida, pois, tratando-se do mesmo imóvel, a base de cálculo e o
fato gerador do foro anual e do IPTU seriam idênticos, configurando um bis in idem vedado
em matéria tributária.
Comentário
CTN Art. 32. O imposto, de competência dos Municípios, sobre a propriedade predial e
territorial urbana tem como fato gerador a propriedade, o domínio útil ou a posse de bem
imóvel por natureza ou por acessão física, como definido na lei civil, localizado na zona
urbana do Município.
102
GABARITO
Questão 1 – B
Questão 2 – C
Questão 3 – A
Questão 4 – D
Questão 5 – D
Questão 6 – D
Questão 7 – B
Questão 8 – D
Questão 9 – D
Questão 10 – A
103
QUESTÃO DESAFIO
104
GABARITO DA QUESTÃO DESAFIO
O fato gerador do tributo é definido pelo art. 19 do Código Tributário Nacional nos seguintes
termos: "Art. 19. O imposto, de competência da União, sobre a importação de produtos
estrangeiros tem como fato gerador a entrada destes no território nacional". O Regulamento
Aduaneiro (Decreto 6.759, de 5 de fevereiro de 2009), em seu art. 72, afirma que o fato
gerador do imposto de importação é a entrada de mercadoria estrangeira no território
aduaneiro. Como o território aduaneiro compreende todo o território nacional (RA, art. 2º), a
disposição regulamentar encontra-se perfeitamente dentro dos limites legais, apesar de
aparentemente restringir a incidência do imposto às mercadorias, enquanto o texto do CTN se
refere a produtos.
Exige-se também a entrada econômica.
Segundo Ricardo Alexandre: “É preciso esclarecer, ainda, o que vem a ser "entrada no
território nacional'', para fins de incidência do imposto. Embora não esteja explícito nos artigos
citados, prevalece na doutrina e na jurisprudência o entendimento de que o simples ingresso
físico do produto estrangeiro no território nacional não é suficiente para configurar o fato
gerador do tributo, sendo necessária a incorporação do bem à economia interna. Ou seja,
exige-se, como regra, que a entrada, além de física, seja também econômica, voltada à
industrialização, comércio, uso ou consumo do produto no território nacional”.
105
LEGISLAÇÃO COMPILADA
Anterioridade
Constituição Federal: 62, § 2º; 150, inciso III, “b” e “c”, e § 1º.
Imposto de Exportação
Constituição Federal: 62, § 2º; 150, inciso III, “b” e “c”, e § 1º; 153, inciso II e § 1º.
Decreto nº 6.759/2009: 213.
Imposto de Importação
Constituição Federal: 62, § 2º; 150, inciso III, “b” e “c”, e § 1º; 153, inciso I e § 1º.
Súmulas
106
o STF: 32 (vinculante); 48 (vinculante).
Constituição Federal: 150, inciso III, “b” e “c”, e § 1º; 153, inciso VI e § 4º; 158; 184;
186.
Constituição Federal: 150, § 1º, parte final; 156, inciso I e § 1º; 182, § 4º, inciso II.
Súmulas
o STF: 668.
Constituição Federal: 150, inciso III, “b” e “c”, § 1º e § 2º, inciso I; 153, inciso III.
Código Tributário Nacional: 35; 36; 37; 38; 39; 40; 41; 42.
Constituição Federal: 150, inciso III, “b” e “c”; 156, inciso II e § 2º; 184, § 5º.
Constituição Federal: 62, § 2º; 150, inciso III, “b” e “c”, e § 1º 153, inciso V e §§ 1º e
5º; 155, § 2ª, inciso X, “c”.
Decreto nº 6.306/2007: 2º, inciso I; 36; 37; 38.
Súmulas
o STF: 664.
o STJ: 185.
Constituição Federal: 150, inciso III, “b” e “c”; 156, inciso III e § 3º.
108
Decreto-lei nº 406/1968: 9º, §§ 1º e 3º.
Lei Complementar nº 116/2003: 1º; 2º; 3º; 5º; 7º.
Súmulas
o STF: 31 (Vinculante).
Impostos extraordinários
Constituição Federal: 62, § 2º; 150, inciso III, “b” e “c”, § 1º; 154, inciso II.
Impostos residuais
Legalidade flexível
Medida provisória
109
Súmula Vinculante 48, STF
do desembaraço aduaneiro.
O imposto de transmissão causa mortis é calculado sobre o valor dos bens na data da
avaliação.
É inconstitucional a lei que estabelece alíquotas progressivas para o ITBI com base no valor
venal do imóvel.
imposto nas operações de crédito, câmbio e seguros – IOF, sobre saques efetuados em
caderneta de poupança.
O pagamento de férias não gozadas por necessidade do serviço não está sujeito à incidência
do Imposto de Renda
110
Súmula 166, STJ
Não constitui fato gerador do ICMS o simples deslocamento de mercadoria de um para outro
Na importação de veículo por pessoa física, destinado a uso próprio, incide o ICMS.
Cabe à legislação municipal estabelecer o sujeito passivo do IPTU (Imposto Predial e Territorial
Urbano).
O locatário não possui legitimidade ativa para discutir a relação jurídico-tributária de IPTU e
de taxas referentes ao imóvel alugado nem para repetir indébito desses tributos.
A incidência do IPTU sobre imóvel situado em área considerada pela lei local como
urbanizável ou de expansão urbana não está condicionada à existência dos melhoramentos
elencados no art. 32, § 1º, do CTN.
111
JURISPRUDÊNCIA
STF, ARE 1.213.482/RS AgR, Rel. Min. Edson Fachin, Segunda Turma, julgado
em 13/12/2019, DJe 19/02/2020
gerador da incidência de ICMS, sendo irrelevante, para tanto, que matriz e filial estejam
sediadas em Estados distintos da Federação. Precedentes. 2. A jurisprudência deste Supremo
concreto. 3. Agravo regimental a que se nega provimento, com aplicação de multa, nos
termos do art. 1.021, §4º, do CPC. Majoração de honorários na forma do artigo 85, § 11, CPC,
observados os limites dos §§ 2º e 3º do mesmo dispositivo.
112
RECURSO EXTRAORDINÁRIO. MATÉRIA CONSTITUCIONAL COM REPERCUSSÃO GERAL
RECONHECIDA. TRIBUTÁRIO. ICMS. INCIDÊNCIA. SEGURADORAS. VENDA DE VEÍCULOS
PROVIDO. 1. O art. 7º, § 1º, item 4, da Lei paulista 6.374, de 1.3.89, previu a incidência de
ICMS sobre as operações de vendas, por seguradoras, de veículos envolvidos em sinistros. 2.
STF, ADI 1.600/UF, Rel. Min. Sydney Sanches, Rel. p/ Acórdão: Min. Nelson
INSTITUIÇÃO. ARTS. 150, II; 155, § 2º, VII 'A', E INCISO VIII, CF. CONCEITOS DE PASSAGEIRO E
DE DESTINATÁRIO DO SERVIÇO. FATO GERADOR. OCORRÊNCIA. ALÍQUOTAS PARA
ENTRE SI. NÃO TEM POR OBJETO A UNIÃO QUANDO ESTA SE APRESENTA NA ORDEM
EXTERNA. NÃO INCIDÊNCIA SOBRE A PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE TRANSPORTE AÉREO, DE
113
STF, ADI 2.669/DF, Rel. Min. Nelson Jobim, Rel. p/ Acórdão: Min. Marco
Aurélio, Tribunal Pleno, julgado em 05/02/2014, DJe 06/08/2014
STF, ADI 1.601/UF, Rel. Min. Cármen Lúcia, Tribunal Pleno, julgado em
a instituição de benefícios fiscais relativos ao ICMS só pode ser realizada com base em
convênio interestadual” (ADI n. 4481, Relator o Ministro Roberto Barroso, Pleno, DJe
19.5.2015). Inconstitucionalidade formal não configurada. 2. Pelo decidido por este Supremo
redução e unificação das alíquotas internas estaduais no patamar de 12% a incidir apenas
sobre o transporte intermunicipal (interno) de cargas e mala postal, nos termos do art. 155,
julgamento do RE 572.020 (Rel. Min. MARCO AURÉLIO, Rel. p/ acórdão Min. LUIZ FUX, DJe de
13/10/2014), assentou que o ICMS não incide sobre serviços preparatórios aos de
continuado, das condições materiais para que ocorra a comunicação entre o usuário e terceiro,
o que atrai a incidência do ICMS. 3. Fica aprovada a seguinte tese de repercussão geral: “O
empresas concessionárias desse serviço público não é tributável por meio do ICMS. 2. As
águas em estado natural são bens públicos e só podem ser exploradas por particulares
STF, RE 540.829/SP, Rel. Min. Gilmar Mendes, Rel. p/ Acórdão: Min. Luiz Fux,
Tribunal Pleno, julgado em 11/09/2014, DJe 18/11/2014 (Tema 297)
115
Ementa: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL E TRIBUTÁRIO. ICMS. ENTRADA DE
MERCADORIA IMPORTADA DO EXTERIOR. ART. 155, II, CF/88. OPERAÇÃO DE
II, da CF/88, e incide sobre operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações
de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as
assentado que o imposto não é sobre a entrada de bem ou mercadoria importada, senão
sobre essas entradas desde que elas sejam atinentes a operações relativas à circulação desses
provimento.
09/11/2005, DJ 15/08/2006
116
artigo 110 do Código Tributário Nacional ressalva a impossibilidade de a lei tributária alterar a
definição, o conteúdo e o alcance de consagrados institutos, conceitos e formas de direito
ampliou o conceito de receita bruta para envolver a totalidade das receitas auferidas por
pessoas jurídicas, independentemente da atividade por elas desenvolvidas e da classificação
contábil adotada.
escrituração da parcela ainda a se compensar do ICMS, não se incluir todo ele na definição de
faturamento aproveitado por este Supremo Tribunal Federal. O ICMS não compõe a base de
cálculo para incidência do PIS e da COFINS. 4. Se o art. 3º, § 2º, inc. I, in fine, da Lei n.
117
parcial decorrente do regime de não cumulatividade em determinado momento da dinâmica
das operações. 5. Recurso provido para excluir o ICMS da base de cálculo da contribuição ao
PIS e da COFINS.
STJ, REsp nº 1.680.759/MS, Rel. Min. Herman Benjamin, Segunda Turma, julgado
consumo de energia elétrica, uma vez que o fato gerador ocorre apenas no momento em que
a energia sai do estabelecimento fornecedor e é efetivamente consumida. Assim, tarifa
cobrada na fase anterior do sistema de distribuição não compõe o valor da operação de saída
da mercadoria entregue ao consumidor (AgRg na SLS 2.103/PI, Rel. Ministro Francisco Falcão,
Corte Especial, DJe 20/5/2016; AgRg no AREsp 845.353/SC, Rel. Ministro Humberto Martins,
Segunda Turma, DJe 13/4/2016; AgRg no REsp 1.075.223/MG, Rel. Ministra Eliana Calmon,
Segunda Turma, DJe 11/6/2013; AgRg no REsp 1.014.552/MG, Rel. Ministro Mauro Campbell
Marques, Segunda Turma, DJe 18/3/2013; AgRg nos EDcl no REsp 1.041.442/RN, Rel. Ministro
Luiz Fux, Primeira Turma, DJe 29/9/2010). 3. Não se desconhece respeitável orientação em
sentido contrário, recentemente adotada pela Primeira Turma, por apertada maioria, vencidos
os Ministros Napoleão Nunes Maia Filho e Regina Helena Costa (REsp 1.163.020/RS, Rel.
Ministro Gurgel de Faria, Primeira Turma, DJe 27/3/2017). 4. Sucede que, uma vez preservado
o arcabouço normativo sobre o qual se consolidou a jurisprudência do STJ e ausente
significativa mudança no contexto fático que deu origem aos precedentes, não parece
118
jurisprudencial quando a tese sustentada já foi afastada no exame do Recurso Especial pela
alínea "a" do permissivo constitucional. 6. Recurso Especial parcialmente conhecido e, nessa
STF, ARE 1.208.340 AgR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, Segunda Turma,
julgado em 30/08/2019, DJe 05/09/2019
STJ, REsp 1.327.539/DF, Rel. Min. Humberto Martins, Segunda Turma, julgado
em 14/08/2012, DJe 20/08/2012
119
domini é apta a gerar a exação predial urbana, o que não ocorre com o condomínio, in casu,
que apenas possui a qualidade de administrador de bens de terceiros. 4. "Não é qualquer
posse que deseja ver tributada. Não é a posse direta do locatário, do comodatário, do
arrendatário de terreno, do administrador de bem de terceiro, do usuário ou habitador (uso e
(in Curso de Direito Tributário, Coodenador Ives Gandra da Silva Martins, 8ª Edição - Imposto
Predial e Territorial Urbano, p.736/737). Recurso especial improvido.
STJ, REsp 1.736.428/RS, Rel. Min. Herman Benjamin, Segunda Turma, julgado
em 17/05/2018, DJe 21/11/2018
o proprietário do imóvel, o titular do domínio útil, ou seu possuidor a qualquer título. Sendo
certo que este último volta-se apenas para as situações em que há posse ad usucapionem e
não para o não para o caso de posse indireta exercida pelo locatário. Nem mesmo o contrato
consoante dispõe o art. 123 do CTN. Nesse sentido: REsp 757.897/RJ, Rel. Ministro TEORI
ALBINO ZAVASCKI, PRIMEIRA TURMA, julgado em 21/02/2006, DJ 06/03/2006, p. 220) Assim, a
em consonância com o entendimento do STJ no sentido de que por força do art. 123 do CTN,
salvo disposições de lei em contrário, as convenções particulares, relativas à responsabilidade
pelo pagamento de tributos, não podem ser opostas à Fazenda Pública, para modificar a
120
STF, RE 602347/RG, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 22/10/2009, DJe
20/11/2009
STF, ARE 934.912/MG AgR-ED, Rel. Min. Rosa Weber, Primeira Turma, julgado
em 24/04/2019, DJe 06/05/2019
arts. 328 do Regimento Interno do STF e 1.036 a 1.040 do Código de Processo Civil de 2015.
Precedentes. 3. Embargos de declaração acolhidos para, concedendo-lhes excepcionais efeitos
121
STJ, REsp 1.112.646/SP, Rel. Min. Herman Benjamin, Primeira Seção, julgado em
26/08/2009, DJe 28/08/2009 (Tema 174)
sobre imóvel localizado na área urbana do Município, desde que comprovadamente utilizado
em exploração extrativa, vegetal, agrícola, pecuária ou agroindustrial (art. 15 do DL 57/1966).
2. Recurso Especial provido. Acórdão sujeito ao regime do art. 543-C do CPC e da Resolução
8/2008 do STJ.
Sonegação fiscal de lucro advindo de atividade criminosa: "non olet". Drogas: tráfico de
drogas, envolvendo sociedades comerciais organizadas, com lucros vultosos subtraídos à
STF, REsp 1459779/MA, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, Rel. p/ Acórdão
Min. Benedito Gonçalves, Primeira Seção, julgado em 22/04/2015, DJe 18/11/2015 (Tema
881)
no AREsp 450.899/MS, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, DJe
122
11/03/2014; AgRg no AREsp 367.144/MG, Rel. Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, DJe
28/02/2014; AgRg no REsp 1.112.877/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, Primeira Turma, DJe
03/12/2010; REsp 891.794/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, Primeira Turma, DJe
30/03/2009; entre outros. 2. A conclusão acerca da natureza do terço constitucional de férias
gozadas nos julgamentos da Pet 7.296/PE e do REsp 1.230.957/RS, por si só, não infirma a
hipótese de incidência do imposto de renda, cujo fato gerador não está relacionado com a
IMPOSTO DE RENDA. 1. A alegada ofensa ao art. 535 do Código de Processo Civil foi
apresentada de forma genérica pela recorrente, tendo em vista que não demonstrou, de
maneira clara e específica, a ocorrência de omissão no julgado, atraindo, assim, o enunciado
cumprimento de decisão judicial, são tributáveis pelo imposto de renda e sujeitam a fonte
pagadora à retenção do imposto por ocasião do pagamento. 3. Recurso especial conhecido
STF, RE 562.045, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, Rel. p/ Acórdão: Min. Cármen
Lúcia, Tribunal Pleno, julgado em 06/02/2013 (Repercussão geral)
123
DOAÇÃO DE BENS E DIREITOS. CONSTITUCIONALIDADE. ART. 145, § 1º, DA CONSTITUIÇÃO
DA REPÚBLICA. PRINCÍPIO DA IGUALDADE MATERIAL TRIBUTÁRIA. OBSERVÂNCIA DA
STF, RE 602.256 AgR, Rel. Min. Edson Fachin, Primeira Turma, julgado em
STF, ARE 93.4091 AgR, Rel. Min. Roberto Barroso, Primeira Turma, julgado em
18/11/2016, DJe 05/12/2016
CPC/2015. 3. Agravo interno a que se nega provimento, com aplicação da multa prevista no
art. 1.021, §4º, do CPC/2015.
124
Município de São Paulo, SP. I. - Imposto de transmissão de imóveis, inter vivos - ITBI: alíquotas
progressivas: a Constituição Federal não autoriza a progressividade das alíquotas, realizando-
STF, ARE 1.037.372 AgR, Rel. Min. Celso de Mello, Segunda Turma, julgado em
24/05/2019, DJe 24/06/2019
STF, ADI 1.763 MC, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, Tribunal Pleno, julgado em
20/08/1998, DJ 26/09/2003
EMENTA: IOF: incidência sobre operações de factoring (L. 9.532/97, art. 58): aparente
125
substantivar negócio relativo a títulos e valores mobiliários, igualmente susceptível de ser
STF, RE 232.467, Rel. Min. Ilmar Galvão, Tribunal Pleno, julgado em 29/09/1999,
DJ 12/05/2000
FEDERAL. O saque em conta de poupança, por não conter promessa de prestação futura e,
ainda, porque não se reveste de propriedade circulatória, tampouco configurando título
destinado a assegurar a disponibilidade de valores mobiliários, não pode ser tido por
compreendido no conceito de operação de crédito ou de operação relativa a títulos ou
valores mobiliários, não se prestando, por isso, para ser definido como hipótese de incidência
do IOF, previsto no art. 153, V, da Carta Magna. Recurso conhecido e improvido; com
STJ, EREsp 1.403.532/SC, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, Rel. p/ Acórdão
Min. Mauro Campbell Marques, Primeira Seção, julgado em 14/10/2015, DJe 18/12/2015
(Tema 912)
RIPI/2010 (DECRETO N. 7.212/2010). 1. Seja pela combinação dos artigos 46, II e 51, parágrafo
único do CTN - que compõem o fato gerador, seja pela combinação do art. 51, II, do CTN, art.
4º, I, da Lei n. 4.502/64, art. 79, da Medida Provisória n. 2.158-35/2001 e art. 13, da Lei n.
11.281/2006 - que definem a sujeição passiva, nenhum deles até então afastados por
51, II, do CTN. 3. Interpretação que não ocasiona a ocorrência de bis in idem, dupla tributação
ou bitributação, porque a lei elenca dois fatos geradores distintos, o desembaraço aduaneiro
não onera a cadeia além do razoável, pois o importador na primeira operação apenas acumula
a condição de contribuinte de fato e de direito em razão da territorialidade, já que o
estabelecimento industrial produtor estrangeiro não pode ser eleito pela lei nacional brasileira
como contribuinte de direito do IPI (os limites da soberania tributária o impedem), sendo que
apenas sobre o valor agregado. 4. Precedentes: REsp. n. 1.386.686 - SC, Segunda Turma, Rel.
Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 17.09.2013; e REsp. n. 1.385.952 - SC, Segunda
Turma, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 03.09.2013. Superado o entendimento
contrário veiculado nos EREsp. nº 1.411749-PR, Primeira Seção, Rel. Min. Sérgio Kukina, Rel.
p/acórdão Min. Ari Pargendler, julgado em 11.06.2014; e no REsp. n. 841.269 - BA, Primeira
Turma, Rel. Min. Francisco Falcão, julgado em 28.11.2006. 5. Tese julgada para efeito do art.
543-C, do CPC: "os produtos importados estão sujeitos a uma nova incidência do IPI quando
de sua saída do estabelecimento importador na operação de revenda, mesmo que não
tenham sofrido industrialização no Brasil". 6. Embargos de divergência em Recurso especial
não providos. Acórdão submetido ao regime do art. 543-C do CPC e da Resolução STJ
08/2008.
127
STF, RE 723.651/PR, Rel. Min. Marco Aurélio, Tribunal Pleno, julgado em
04/02/2016, DJe 05/08/2016 (Tema 643)
STJ, EREsp 734.403/RS, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, Primeira Seção,
mercantil não se concretiza, inexistindo proveito econômico para o fabricante sobre o qual
deve incidir o tributo. Ou seja, não se configura o evento ensejador de incidência do IPI, não
Rel. Min. SÉRGIO KUKINA, DJe 17.8.2016; REsp. 1.203.236/RJ, Rel. Min. HERMAN BENJAMIN,
DJe 30.8.2012. 4. Embargos de Divergência da Contribuinte providos, para julgar procedentes
os Embargos à Execução, e, por conseguinte, desconstituir o crédito tributário.
128
Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza
STF, RE 651.703/PR ED-terceiros, Rel. Min. LUIZ FUX, Tribunal Pleno, julgado
submetidas ao IOF, razão pela qual a eventual imposição também do imposto sobre serviços
às últimas implicaria dupla tributação. 2. A objetivação do controle difuso de
constitucionalidade não permite a ampliação pela tese jurídica final do espectro da questão
constitucional identificada na manifestação do Relator que reconhece a repercussão geral,
porquanto tal atitude inviabilizaria o exercício do contraditório pelas partes e terceiros
interessados. 3. Tese: “As operadoras de planos de saúde realizam prestação de serviço sujeita
ao Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza - ISSQN, previsto no art. 156, III, da
pelos itens 4.22 e 4.23 da lista anexa à Lei Complementar nº 116/03, em sede de repercussão
geral, e com base nas premissas assentadas por esta Corte no julgamento dos RE´s 547.245 e
592.905.
129
STF, RE 651.703/PR ED-terceiros, Rel. Min. LUIZ FUX, Tribunal Pleno, julgado
em 28/02/2019, DJe 07/05/2019
DIREITO TRIBUTÁRIO. INCIDÊNCIA DE ISS SOBRE MONTAGEM DE PNEUS. Incide ISS - e não
ICMS - sobre o serviço de montagem de pneus, ainda que a sociedade empresária também
Tributário. Imposto Sobre Serviços (ISS). Não incidência sobre locação de bens móveis. Filmes
cinematográficos, videoteipes, cartuchos para video games e assemelhados. Súmula Vinculante
n. 31. Art. 156, inciso III, da Constituição Federal.
prevalência do cálculo do imposto por meio de alíquotas fixas, com base na natureza do
serviço, não compreendendo a importância paga a título de remuneração do próprio labor.
base de cálculo do ISSQN, por ofensa direta ao art. 146, III, “a”, da Constituição da República.
3. Reduziu-se o âmbito de incidência e contrariou-se o comando da norma prevista no art. 9º,
§§1º e 3º, do Decreto-Lei 406/1968, por meio do código tributário porto-alegrense. Logo, há
130
inconstitucionalidade formal em razão da inadequação de instrumento legislativo editado por
ente federativo incompetente, nos termos do art. 146, III, “a”, do Texto Constitucional. 4.
advogados ao regime de tributação fixa em bases anuais na forma estabelecida por lei
nacional.” 5. Recurso extraordinário a que dá provimento, com a declaração incidental de
inconstitucionalidade dos arts. 20, §4º, II, da Lei Complementar 7/73, e 49, IV, §§3º e 4º, do
Decreto 15.416/2006, ambos editados pelo Município de Porto Alegre.
131
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132
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALEXANDRE, Ricardo. Direito tributário. 11ª ed. rev., atual. e ampl. Salvador: Juspodivm, 2017.
PAULSEN, Leandro. Curso de direito tributário completo. 8ª ed. rev., atual. e ampl. São Paulo:
Saraiva, 2017.
SABBAG, Eduardo. Código Tributário Nacional comentado. 2ª ed. rev., atual. e ampl. Rio de
Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2018.
______. Manual de direito tributário. 9ª ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Saraiva, 2017.
SCHOUERI, Luís Eduardo. Direito tributário. 8ª ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Saraiva
Educação, 2018.
133
Capítulo 5
SUMÁRIO
GABARITO ............................................................................................................................................ 43
LEGISLAÇÃO COMPILADA ................................................................................................................. 49
JURISPRUDÊNCIA.................................................................................................................................. 52
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................................................... 63
E ai, OABeiro! Tudo certinho?
Aqui, a banca costuma seguir o seu padrão: Apresentar um caso hipotético, pelo qual a
resposta é respaldada na legislação vigente. Por isso, recomendamos a leitura atenta da letra
Adicionamos também questões de outros concursos públicos para que você possa assimilar
ainda mais o conteúdo e praticar o assunto visto 😊
Vamos juntos!
DIREITO TRIBUTÁRIO
Capítulo 5
5.1. Taxas
Consoante o artigo 145, inciso II, da Constituição Federal de 1988 1, a taxa é uma espécie
tributária instituída pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios, “em razão do exercício
do poder de polícia2 ou pela utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e
divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos à sua disposição”.
Por esse motivo, é necessária uma relação direta e harmônica entre o serviço prestado –
ou posto à disposição – e o valor exigido aos contribuintes3, como bem assevera Leandro
Paulsen (2017):
1
Questão 02
2
Vide a questão 5 deste capítulo.
3
Vide a questão 3 deste capítulo.
atividade seu fato gerador, por certo que o montante devido tem de estar relacionado a
isso, e não a uma revelação de riqueza do contribuinte, que desborda do foco da taxa.
Enfim, esse tributo é de competência comum de todos os entes federados, nos limites
de suas atribuições, sendo-lhes facultada a delegação da capacidade tributária ativa.
Considera-se competente a entidade política que presta o serviço ou exerce o poder de
polícia, salientando-se que, em virtude do art. 25, § 1º, da CF/1988, os Estados têm – ainda
que o art. 145 da CF/1988 não faça tal ressalva – competência material residual, podendo
prestar os serviços não atribuídos expressamente aos demais entes federados (ALEXANDRE,
2017, p. 62-63).
O fato gerador das taxas, de acordo com o artigo 77, caput, do Código Tributário
Nacional, é o exercício regular do poder de polícia, ou a utilização, efetiva ou potencial, de
serviço público específico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição4. Para
4
Vide a questão 4 deste capítulo.
compreender o alcance do tributo, é imprescindível destrinchar os termos adotados pelo
legislador:
Note-se que o Código Tributário Nacional flexibiliza o conceito de utilização para fins de
caracterização do fato gerador das taxas, aduzindo que os serviços públicos se consideram
5
Vide a questão 5 deste capítulo.
utilizados pelo contribuinte: efetivamente, quando por usufruídos a qualquer título;
potencialmente, quando, sendo de uso compulsório, sejam postos à sua disposição mediante
atividade administrativa em efetivo funcionamento6. Art. 79, inciso I, “a” e “b”, do CTN.
custas, taxa judiciária e emolumentos – como taxas de serviço. Para que haja sua cobrança, é
imprescindível a razoabilidade entre o serviço exigido e o valor a ser pago pelo contribuinte,
sob pena de ofensa aos princípios da vedação ao confisco e do acesso à jurisdição. Nessa
6
Vide as questões 4 e 5 deste capítulo.
CUIDADO! É inconstitucional a exigência de taxas relativas a serviços considerados pela
Carta Magna como públicos, gratuitos e essenciais (exemplos: saúde, educação e segurança
pública).
Federal”7.
7
Vide as questões1, 3 e 4 deste capítulo.
atualmente, por meio de contribuição (COSIP), espécie tributária a ser estudada no próximo
capítulo deste material.
A base de cálculo das taxas é o custo da ação estatal que dá origem à obrigação (poder
de polícia ou serviço específico e divisível). Imperioso relembrar que tanto a base de cálculo
quanto o fato gerador dessa espécie tributária devem ser diferente dos aplicados aos
impostos (artigo 77, parágrafo único, do Código Tributário Nacional), haja vista a inexistência
de autorização constitucional ao bis in idem nessa hipótese, sem se olvidar da função distinta
dos dois tributos (enquanto o imposto é não possui qualquer vinculação, a taxa, por ser
dotada de referibilidade, deve guardar relação direta com a atividade estatal que lhe dá
causa)8. No ponto, destaca-se a elucidação oferecida por Eduardo Sabbag (2017):
Nesse passo, a base imponível se mostra como ordem de medida dimensional (ou
dimensória) do aspecto material da hipótese de incidência, vale dizer, do próprio fato
gerador, dando-lhe a exata expressão econômica. Desse modo, a sua possível
inadequação pode representar uma distorção do fato gerador, desnaturando o próprio
tributo, que pode, por exemplo, travestir-se de imposto Y e ser, de fato, um imposto Z;
ou, até mesmo, mostrar-se como tributo X e ser, de verdade, um tributo Y. Segundo
Paulo de Barros Carvalho, “acaso o legislador mencione a existência de taxa, mas eleja
base de cálculo mensurada de fato estranho a qualquer atividade do Poder Público,
então a espécie tributária será outra, naturalmente um imposto”. Nesse compasso,
entende-se que, em nenhuma hipótese, pode subsistir imposto com base de cálculo
de taxa, ou taxa com base de cálculo de imposto, sob pena de termos um tributo pelo
outro, dando ensejo ao intitulado “imposto disfarçado”.
uma taxa que adota como base de cálculo o valor de um veículo automotor (considerando-se
que este é a base do IPVA, imposto estadual).
8
Vide a questão 3 deste capítulo.
Súmula nº 595/STF: ”É inconstitucional a taxa municipal de conservação de estradas
de rodagem cuja base de cálculo seja idêntica à do imposto territorial rural”.
Súmula nº 124/STJ: “A taxa de melhoramento dos portos tem base de cálculo
diversa do Imposto de Importação, sendo legítima a sua cobrança sobre a
importação de mercadorias de países signatários do GATT, da ALALC ou ALADI”.
O artigo 77, parágrafo único, parte final, do Código Tributário Nacional estipula uma
segunda restrição à base de cálculo das taxas, prevendo que esse tributo não pode ser
calculado em função do capital social das empresas 10, tendo em vista que este não reflete
diretamente a atividade estatal originadora da tributação.
9
Vide a questão 4 deste capítulo.
10
Vide a questão 5 deste capítulo.
Exercício regular do poder de polícia
Fato gerador
Utilização, efetiva ou potencial, de serviço
público específico e divisível, prestado ao
contribuinte ou posto à sua disposição
Convém mencionar que as taxas dependem de lei ordinária. Nada impede, porém, a
instituição ou majoração (inclusive por meio de alterações em base de cálculo) de uma taxa
por Medida Provisória, pois mesmo sendo este um ato emanado pelo Poder Executivo, a
espécie legislativa prevista no artigo 62 da Constituição Federal de 1988 possui força de lei.
Logo, contanto que a Medida Provisória siga o devido processo legislativo constitucional e
seja convertida em lei, inexiste qualquer afronta ao princípio da legalidade.
(...)
(...)
b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou
aumentou; (anterioridade tributária)
c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que os
instituiu ou aumentou, observado o disposto na alínea b; (anterioridade
nonagesimal/noventena)
A teor do artigo 163, inciso II, do Código Tributário Nacional, havendo imputação em
pagamento (ocorre quando um determinado sujeito passivo possui perante o mesmo sujeito
ativo mais de um débito, e oferece para pagamento montante insuficiente para a quitação de
tudo o que deve), a taxa ocupa a posição intermediária na ordem de adimplemento dos
débitos fiscais, preferindo somente aos impostos, por ter caráter mais retributivo que estes.
De seu turno, o art. 177, inciso I, do CTN11 prevê que, diferentemente do que ocorre com
os impostos, a isenção não é extensiva às taxas, salvo disposição legal em contrário. A
norma se justifica pelo caráter contraprestacional destas últimas, uma vez que uma política
11
Questão 01
5.1.4. Taxas e tarifas
de ato bilateral e voluntário (contrato) entre as partes envolvidas 12. Porquanto não configura
espécie de tributo, destinando-se unicamente a complementar o orçamento, é alheio a
princípios constitucionais aplicáveis ao Direito Tributário, tais como a legalidade e as
anterioridades.
Sua distinção conceitual das taxas é reforçada pela Súmula nº 545/STF, que assim
dispõe: “preços de serviços públicos e taxas não se confundem, porque estas, diferentemente
daquelas, são compulsórias e têm sua cobrança condicionada à prévia autorização
12
Vide a questão 6 deste capítulo.
Taxa Preço público
Para parte da doutrina, tarifa é espécie do gênero preço público, e consiste, segundo
Eduardo Sabbag (2017), no “preço de venda do bem, exigido por empresas prestacionistas de
serviços públicos (concessionárias e permissionárias), como se comuns vendedoras fossem.
Assim, a contrapartida dos serviços públicos poderá se dar por meio de uma taxa ou de uma
tarifa, excetuados aqueles considerados ‘essenciais’, que avocarão com exclusivismo as taxas”.
A doutrina majoritária considerada preço público e tarifa como sinônimos.
tarifária de tal serviço. Na ocasião, a Senhora Ministra Relatora Ellen Gracie exortou, ao proferir
seu voto, que o adicional presente nas contas de água fornecida pela CAESB não correspondia
ser adotado, para a repetição de indébito dos valores exigidos a título de fornecimento de
água e de esgoto, o prazo prescricional do Código Civil – e não do Código Tributário
(2) A segunda discussão se refere às cobranças de pedágio. Nos autos da Ação Direta
uma vez que livre tráfego por determinados pontos das rodovias está condicionado a seu
pagamento. Não obstante, o Tribunal refuta esse argumento, levando em consideração que o
título gratuito não desconstitui a natureza jurídica de tarifa atinente aos pedágios:
O Plenário sublinhou que seria irrelevante também, para a definição da natureza jurídica
do pedágio, a existência, ou não, de via alternativa gratuita para o usuário trafegar.
Reconheceu que a cobrança de pedágio poderia, indiretamente, limitar o tráfego de
pessoas. Observou, todavia, que essa restrição seria agravada quando, por insuficiência
de recursos, o Estado não construísse rodovias ou não conservasse adequadamente as
existentes. Ponderou que, diante dessa realidade, a Constituição autorizara a cobrança
de pedágio em rodovias conservadas pelo Poder Público, inobstante a limitação de
tráfego que essa cobrança pudesse eventualmente acarretar. Registrou, assim, que a
contrapartida de oferecimento de via alternativa gratuita como condição para a cobrança
de pedágio não seria uma exigência constitucional, tampouco estaria prevista em lei
ordinária. Consignou que o elemento nuclear para identificar e distinguir taxa e preço
público seria o da compulsoriedade, presente na primeira e ausente na segunda espécie
(Info 750 – ADI: pedágio e preço público – 3).
Finalmente, o STF asseverou que não se confundem as figuras do pedágio (tarifa) e do “selo-
pedágio” (reconhecido como taxa):
A Corte realçou que essa discussão teria sido contaminada pela figura do denominado
“selo-pedágio”, prevista na Lei 7.712/1988, reconhecido como taxa pelo STF. Lembrou,
porém, que essa exação seria compulsória a todos os usuários de rodovias federais, por
meio de pagamento renovável mensalmente, independentemente da frequência de uso,
cobrada antecipadamente, como contrapartida a serviço específico ou divisível, prestado
ao contribuinte ou posto à sua disposição. Consignou haver profundas diferenças entre
o citado “selo-pedágio” e o pedágio, na forma em que atualmente disciplinado.
Asseverou que esse último somente seria cobrado se, quando e cada vez que houvesse
efetivo uso da rodovia, o que não ocorreria com o “selo-pedágio”, que seria exigido em
valor fixo, independentemente do número de vezes que o contribuinte fizesse uso das
estradas durante o mês (...) (Info 750 – ADI: pedágio e preço público – 2).
Art. 81. A contribuição de melhoria cobrada pela União, pelos Estados, pelo Distrito
Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, é instituída para
fazer face ao custo de obras públicas de que decorra valorização imobiliária, tendo como
limite total a despesa realizada e como limite individual o acréscimo de valor que da
obra resultar para cada imóvel beneficiado13.
É tributo vinculado, pois sua cobrança depende de uma atuação estatal específica,
qual seja, a realização de uma obra pública que tenha como consequência um
expressa menção ao fato de que “é instituída para fazer face ao custo de obras
públicas de que decorra valorização imobiliária”. Conclui-se que esse tributo visa
a garantir a justiça fiscal, impondo a indenização, por parte do proprietário do
13
Vide a questão 8 deste capítulo.
federal que houver realizado as referidas obras (art. 13 do DL nº
195/1967)14.
Possui dois parâmetros máximos quanto ao montante a ser exigido pela autoridade
tributária: como limite individual, o acréscimo de valor que da obra resultar para
obra pública)15.
14
Vide a questão 10 deste capítulo.
15
Vide a questão 9 deste capítulo.
16
Vide a questão 10 deste capítulo.
CUIDADO! Para a parte majoritária da doutrina, não basta a mera valorização imobiliária,
pois esta precisa derivar de algumas obras públicas específicas, elencadas no rol taxativo do
contribuição de melhoria:
contribuição de melhoria não pode ser cobrada para a realização de obras futuras. Nada
impede, entretanto, a publicação do edital de cobrança de obras públicas ainda em fase de
(...) 2. Ainda que afastasse tais óbices, ressalto ser cediço que o fato gerador do tributo
em análise é a valorização imobiliária decorrente da obra pública, a qual deve ser
comprovada, não se podendo falar nem mesmo em presunção. 3. Assim, não existindo
prova da efetiva valorização imobiliária decorrente de obra pública, e levando-se em
conta que a valorização não pode ser presumida, não cabe a cobrança da Contribuição
17
Vide a questão 10 deste capítulo.
de Melhoria. (STJ, REsp 1.698.570/PR, Rel. Min. Herman Benjamin, Segunda Turma,
julgado em 21/11/2017, DJe 19/12/2017).
CUIDADO! Ainda que não configure base de cálculo, o custo da obra é limite global do
tributo, conforme destacado anteriormente (art. 81 do CTN).
A fixação do importe a ser pago por cada contribuinte é feita a partir do rateio da
parcela do custo total da obra pelos imóveis localizados na zona beneficiada, considerando
bem (art. 5º do DL nº 195/1967). O § 3º desse artigo prevê que “é nula a cláusula do contrato
de locação que atribua ao locatário o pagamento, no todo ou em parte, da contribuição de
Vale observar que há certa atecnia no termo empregado pelo decreto-lei, tendo em
vista que o art. 123 do CTN estabelece que as convenções particulares, salvo disposição de lei
em contrário, não podem modificar a definição legal de sujeito passivo da obrigação
tributária devida à Fazenda Pública, mas não menciona qualquer restrição à eficácia do
acordo entre os particulares nele envolvidos. Assim, a existência de uma cláusula contratual
privada modificando sujeito passivo de obrigação principal tributária não produz efeitos
18
Vide a questão 8 deste capítulo.
19
Vide a questão 10 deste capítulo.
perante o Fisco, mas ainda é plenamente válida entre as partes. Em consequência, seria mais
adequado substituir a palavra “nula” por “ineficaz”. De todo modo, ao enfrentar uma questão
A instituição de contribuições de melhoria deve se dar por lei ordinária específica, que
estabelece critérios mais rígidos que os aplicáveis às taxas, o que justifica a escassa utilização
entendimento de que a cada obra executada deve ser editada uma lei correspondente:
devendo constar, no mínimo, (1) a delimitação das áreas beneficiadas e a relação dos imóveis
nelas compreendidos; (2) o memorial descritivo do projeto; (3) o orçamento total ou parcial
do custo das obras; (4) a determinação da parcela do custo das obras a ser ressarcida pela
contribuição, com o correspondente plano de rateio entre os imóveis beneficiados (artigo 5º,
inciso I, do Decreto-Lei nº 195/1967).
Após a publicação do edital, deve ser oferecido prazo não inferior a 30 (trinta) dias para
(...)
(...)
b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou
aumentou; (anterioridade tributária)
20
Vide a questão 8 deste capítulo.
c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que os
instituiu ou aumentou, observado o disposto na alínea b; (anterioridade
nonagesimal/noventena)
A teor do artigo 163, inciso II, do Código Tributário Nacional, havendo imputação em
pagamento (ocorre quando um determinado sujeito passivo possui perante o mesmo sujeito
ativo mais de um débito, e oferece para pagamento montante insuficiente para a quitação de
tudo o que deve), a contribuição de melhoria ocupa a primeira posição na ordem de
adimplemento dos débitos fiscais, preferindo tanto às taxas quanto aos impostos, por ter
caráter mais retributivo que as demais espécies tributárias.
De seu turno, o art. 177, inciso I, do CTN prevê que, diferentemente do que ocorre com
os impostos, a isenção não é extensiva às contribuições de melhoria, salvo disposição legal
em contrário. A norma se justifica pelo caráter contraprestacional destas últimas, uma vez que
uma política isentante a elas relativa implicaria prejuízos ao patrimônio público (considerando-
se que as contribuições de melhoria visam a compensar os custos das obras públicas), que é
indisponível.
econômica não pode ser deduzida do valor da indenização a ser paga pelo Poder Público ao
expropriado, devendo o Estado recorrer à cobrança de contribuição de melhoria; sendo a
valorização imobiliária específica/especial (“a obra pública tem a aptidão de beneficiar tão
somente um ou alguns proprietários” – SABBAG, 2017), deve ser aplicada a compensação da
mais-valia (abatimento do valor a ser pago a título de indenização), prevista no art. 27 do
Decreto-Lei nº 3.365/1941.
5.1. TAXAS
Jurisprudência do STJ
o Valorização imobiliária geral: deve ser
5.2.4. Contribuição de melhoria e compensada através da contribuição de melhoria;
desapropriação o Valorização específica: deve ser aplicada a
compensação da mais-valia (abatimento do valor a
ser pago a título de indenização).
QUESTÕES COMENTADAS
Questão 1
(XXVI EXAME DE ORDEM – FGV – 2018) José, preocupado com o meio ambiente, faz uso de
um processo caseiro de transformação do lixo orgânico em adubo, bem como separa o lixo
inorgânico, destinando-o à reciclagem. Por isso, sempre que os caminhões que prestam o
serviço público de coleta de lixo passam por sua casa, não encontram lixo a ser recolhido.
José, então, se insurge contra a cobrança da taxa municipal de coleta de lixo proveniente de
imóveis, alegando que, como não faz uso do serviço, a cobrança em relação a ele é indevida.
Comentário:
Questão 2
(XXIV EXAME DE ORDEM – FGV - 2017) O Município X instituiu taxa a ser cobrada,
A) As Igrejas são imunes; portanto, não devem pagar a taxa instituída pelo Município X.
C) A taxa é inconstitucional, uma vez que os Municípios não são competentes para a
instituição de taxas de serviço público.
Comentário:
SV 19: A taxa cobrada exclusivamente em razão dos serviços públicos de coleta, remoção e
tratamento ou destinação de lixo ou resíduos provenientes de imóveis não viola o artigo 145,
Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes
tributos:
A) ilegal, porque a coleta, remoção e destinação do lixo doméstico não podem ser
considerados como serviço público específico e divisível.
B) ilegal, porque sua base de cálculo utiliza elemento idêntico ao do IPTU, qual seja, a
metragem da área construída ou a testada do imóvel.
D) ilegal, porque não possui correspondência precisa com o valor despendido na prestação do
serviço.
E) legal, porque foi instituída em razão do exercício regular de poder de polícia, concernente à
atividade da Administração Pública que regula ato de interesse público referente à higiene.
Comentário:
O serviço de coleta de lixo domiciliar é considerado constitucional pela Súmula
Vinculante nº 19/STF, in verbis: “a taxa cobrada exclusivamente em razão dos serviços
públicos de coleta, remoção e tratamento ou destinação de lixo ou resíduos provenientes de
imóveis não viola o artigo 145, II, da Constituição Federal”. Aliás, para fins de incidência de
taxa, o serviço deve ser específico e divisível.
(...) Cabe destacar, por relevante, no que concerne à questão da compatibilidade, ou não, com o
texto da Carta da República, da taxa de coleta de lixo domiciliar que utiliza a área do imóvel como elemento
definidor do seu valor, que essa controvérsia jurídica já foi dirimida por ambas as Turmas do Supremo Tribunal
Federal “(...) 5. O Supremo Tribunal Federal firmou o entendimento no sentido da constitucionalidade da
utilização da área do imóvel como base de cálculo da taxa de coleta de lixo domiciliar. Incidência da Súmula
Vinculante 29. 6. Agravos regimentais não providos.” (RE 901.412 AgR/BA, Rel. Min. Dias Toffoli) (...) 2. A
jurisprudência do Supremo Tribunal Federal consolidou-se no sentido da constitucionalidade da cobrança de taxa
de coleta de lixo domiciliar, com base de cálculo atrelada à área do imóvel. 3. Agravo interno a que se nega
provimento. (STF, RE 1.165.562/SP, Rel. Min. Celso de Mello, dec. Monocrática, julgado em 20/11/2018, DJe
27/11/2018).
Por fim, saliente-se que a metragem não corresponde à base de cálculo do IPTU, ex vi do
artigo 33 do Código Tributário Nacional: “A base do cálculo do imposto é o valor venal do
imóvel”
Questão 4
I. As taxas podem ser instituídas ora em razão do exercício regular do Poder de Polícia ora em
razão da prestação de serviços públicos específicos e divisíveis.
II. É permitida a instituição de taxas mesmo nos casos em que o serviço público seja apenas
colocado à disposição do contribuinte, desde que específico e divisível e de utilização
compulsória.
III. É vedada a cobrança de taxa exclusivamente em razão dos serviços públicos de coleta,
remoção e tratamento ou destinação de lixo ou resíduos provenientes de imóveis por violar os
critérios da especificidade e divisibilidade.
A) I, II e IV, apenas.
C) I, II e III, Apenas.
D) I e II, apenas.
Comentário:
A afirmativa “I” está correta, conforme a redação do art. 77, caput, do CTN: “as taxas cobradas
pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas
respectivas atribuições, têm como fato gerador o exercício regular do poder de polícia, ou a
utilização, efetiva ou potencial, de serviço público específico e divisível, prestado ao
contribuinte ou posto à sua disposição”.
III - divisíveis, quando suscetíveis de utilização, separadamente, por parte de cada um dos seus
usuários.
A afirmativa “III” está errada, pois o serviço de coleta de lixo domiciliar é considerado
pelo Supremo Tribunal Federal como específico e divisível, ensejando a incidência de taxa.
Nesse sentir, aliás, a Súmula Vinculante nº 19/STF: “a taxa cobrada exclusivamente em razão
dos serviços públicos de coleta, remoção e tratamento ou destinação de lixo ou resíduos
provenientes de imóveis não viola o artigo 145, II, da Constituição Federal”.
A) Podem ser instituídas em razão do exercício regular do poder de polícia pela Administração
Pública;
B) Podem ser calculadas em razão do capital social das empresas, não podendo, contudo,
possuir base de cálculo ou fato gerador idênticos aos que correspondam a imposto;
C) Podem incidir sobre a utilização potencial de serviço público específico e divisível, assim
compreendido o serviço que, sendo de utilização compulsória, é posto à disposição dos
contribuintes mediante atividade administrativa em efetivo funcionamento;
D) Na hipótese de taxa pela utilização de serviço público, somente podem incidir sobre
aqueles serviços específicos e divisíveis, assim entendidos os que possam ser destacados em
unidades autônomas de intervenção, de utilidade ou de necessidades públicas e,
concomitantemente, suscetíveis de utilização, separadamente, por parte de cada um dos seus
usuários.
Comentário:
A alternativa “A” está correta e deriva do art. 77, caput, do CTN: “as taxas cobradas pela
União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas
atribuições, têm como fato gerador o exercício regular do poder de polícia, ou a utilização,
efetiva ou potencial, de serviço público específico e divisível, prestado ao contribuinte ou
posto à sua disposição”.
A assertiva incorreta é a “B”, uma vez que o art. 77, parágrafo único, do CTN veda tanto
a adoção de base de cálculo ou fato gerador idênticos aos dos impostos quanto a realização
de cálculo de taxas em função do capital de empresas.
No que concerne à alternativa “C”, de fato, as taxas podem ser exigidas em razão de
utilização meramente potencial de serviços públicos. A respeito, confira-se o art. 79, inciso I,
“b”, do CTN:
Art. 79. Os serviços públicos a que se refere o artigo 77 consideram-se:
(...)
A afirmativa “D”, por derradeiro, reflete a literalidade do art. 79, incisos II e III, do CTN:
(...)
III - divisíveis, quando suscetíveis de utilização, separadamente, por parte de cada um dos seus
usuários.
Questão 6
(MP – 2019 – MPE-SC – PROMOTOR DE JUSTIÇA) A tarifa não é cobrada do sujeito que não
utilizar, de forma individualizada e efetiva, o serviço cujo custo deve ser suportado por este
valor.
( ) Certo ( ) Errado
Comentário:
O item está correto. Segundo Eduardo Sabbag (2017), a tarifa é “preço de venda do
bem, exigido por empresas prestacionistas de serviços públicos (concessionárias e
permissionárias), como se comuns vendedoras fossem”. Diferentemente das taxas, que têm
como fato gerador serviços públicos utilizados efetiva ou potencialmente, as tarifas podem
(XXII EXAME DE ORDEM – FGV - 2017) O Município Alfa realizou obras nas praças públicas
de determinado bairro, incluindo iluminação e arborização. Tais obras acarretaram a
valorização imobiliária de dezenas de residências daquela região. Em decorrência disso, o
município instituiu contribuição de melhoria. Sobre a contribuição em questão, segundo o
CTN, assinale a afirmativa correta.
A) É inválida, pois deveria ter sido instituída pelo Estado Beta, onde está localizado o
Município Alfa.
B) É válida, porque foi instituída para fazer face ao custo de obra pública da qual decorre a
valorização imobiliária.
C) É válida, mas poderia ter sido instituída independentemente da valorização dos imóveis dos
contribuintes.
D) É inválida, porque deveria ter, como limite individual, o valor global da despesa realizada
pelo Poder Público na obra e não a valorização de cada imóvel.
Comentário:
Art. 81. A contribuição de melhoria cobrada pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou
pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, é instituída para fazer face ao
custo de obras públicas de que decorra valorização imobiliária, tendo como limite total a
despesa realizada e como limite individual o acréscimo de valor que da obra resultar para
cada imóvel beneficiado.
Art. 145, CF. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os
seguintes tributos:
Questão 8
B) é instituída para fazer face ao custo de obras públicas de que decorra desvalorização
imobiliária.
C) a contribuição relativa a cada imóvel será determinada pelo rateio da parcela do custo total
da obra, pelos imóveis situados na cidade em função dos respectivos fatores individuais de
valorização.
D) tem como limite total a despesa realizada e como limite individual o acréscimo de valor
que da obra resultar para cada imóvel beneficiado.
E) a lei que criar contribuição de melhoria deverá fixar prazo não inferior a 60 (sessenta) dias
para impugnação pelos interessados da delimitação da zona beneficiada.
Comentário:
A contribuição de melhoria é um tributo de competência comum da União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios, é instituída para fazer face ao custo de obras públicas de
que decorra valorização imobiliária e tem como limites: total, a despesa realizada; individual, o
acréscimo de valor que da obra resultar para cada imóvel beneficiado (artigos 145, inciso III,
da Constituição Federal de 1988 c/c 81 do Código Tributário Nacional). A contribuição relativa
a cada imóvel será determinada pelo rateio da parcela do custo total da obra, pelos imóveis
situados na zona beneficiada (e não na cidade inteira – artigo 82, § 1º, do Código Tributário
Nacional), em função dos respectivos fatores individuais de valorização. Ademais, a lei que
criar contribuição de melhoria deverá fixar prazo não inferior a 30 (trinta) dias para
impugnação pelos interessados da delimitação da zona beneficiada (artigo 82, inciso II, do
Código Tributário Nacional).
Questão 9
A) R$ 40.000,00.
B) R$ 38.000,00.
C) R$ 37.000,00.
D) R$ 35.000,00.
E) R$ 30.000,00.
Comentário:
De acordo com o art. 81 do CTN, a contribuição de melhoria possui dois parâmetros
máximos quanto ao montante a ser exigido pela autoridade tributária: como limite individual,
o acréscimo de valor que da obra resultar para cada imóvel beneficiado, e como limite global,
o total da despesa realizada. Em tese, é possível exigir de cada contribuinte o correspondente
à valorização do imóvel de sua propriedade (limite individual - in casu, R$40.000,00). Contudo,
esse importe máximo não é aplicável à hipótese do enunciado.
Deveras, é preciso considerar que há 100 (cem) contribuintes, sendo que R$ 40.000,00 X
100 = R$ 4.000.000,00. Observe-se que o resultado da multiplicação ultrapassa o valor total
da obra (limite global), qual seja, R$ 3.500.000,00.
Tendo em vista que a questão aponta que o rateio da contribuição de melhoria se deu
de forma igual a todos os proprietários de imóveis valorizados, basta dividir o total da obra
pela quantidade de contribuintes (R$ 3.500.000,00 / 100 = R$ 35.000,00). Desse modo, o
tributo equivale ao limite global e é inferior ao individual.
Questão 10
Comentário:
A) Correta, a teor do artigo 9º do Decreto-Lei nº 195/1967.
B) Correta, nos termos do artigo 5º, caput e § 3º, do Decreto-Lei nº 195/1967. Observe-
se que seria mais apropriado afirmar que a cláusula é ineficaz, mas o termo “nula” é adotado
pelo decreto.
Questão 1 – D
Questão 2 – D
Questão 3 – C
Questão 4 – D
Questão 5 – B
Questão 6 – Certo
Questão 7 – B
Questão 8 – D
Questão 9 – D
Questão 10 – D
QUESTÃO DESAFIO
O STF tem posição firmada no sentido de que as taxas não podem utilizar como critério
definidor da base de cálculo o tipo de atividade exercida pelo sujeito passivo. De outro
lado, tem-se por possível a adoção da área ocupada pelo estabelecimento comercial como
critério definidor da base de cálculo.
Você deve ter abordado necessariamente os seguintes itens em sua resposta:
Tipo de atividade - impossibilidade
Por outro lado, a Suprema Corte tem posição firmada no sentido de que a área ocupada pelo
estabelecimento pode ser levada em conta na fixação de base de cálculo de taxa de
localização, pois se correlaciona com o custo da atividade desempenhada pelo Poder Público,
ensejadora da exação tributária. Nesse sentido: "DIREITO TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL
EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO. TAXA DE LICENÇA PARA LOCALIZAÇÃO DE
ESTABELECIMENTO. CONSTITUCIONALIDADE. BASE DE CÁLCULO. PROPORCIONALIDADE COM
O CUSTO DA ATIVIDADE ESTATAL DE FISCALIZAÇÃO. PRECEDENTES. 1. Nos termos da
jurisprudência da Corte, a taxa de renovação de licença de funcionamento é constitucional,
desde que haja o efetivo exercício do poder de polícia, o qual é demonstrado pela mera
existência de órgão administrativo que possua estrutura e competência para a realização da
atividade de fiscalização. 2. A base de cálculo da taxa de fiscalização e funcionamento fundada
na área de fiscalização é constitucional, na medida em que traduz o custo da atividade estatal
de fiscalização. Quando a Constituição se refere às taxas, o faz no sentido de que o tributo
não incida sobre a prestação, mas em razão da prestação de serviço pelo Estado. A área
ocupada pelo estabelecimento comercial revela-se apta a refletir o custo aproximado da
atividade estatal de fiscalização. 3. Agravo regimental a que se nega provimento. (RE 856185
AgR, Relator(a): Min. ROBERTO BARROSO, Primeira Turma, julgado em 04/08/2015, ACÓRDÃO
ELETRÔNICO DJe-190 DIVULG 23-09-2015 PUBLIC 24-09-2015)" O SENHOR MINISTRO LUÍS
ROBERTO BARROSO (RELATOR): 1. Trata-se de agravo regimental cujo objeto é decisão
monocrática que conheceu do agravo para negar-lhe provimento, pelos seguintes
fundamentos: “Trata-se de agravo cujo objeto é decisão que julgou prejudicado o recurso
extraordinário interposto contra acórdão da Primeira Câmara Cível do Tribunal de Justiça do
Paraná, assim ementado (fls. 215): ‘APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO TRIBUTÁRIO. DECLARATÓRIA DE
INEXIGIBILIDADE DE CRÉDITO TRIBUTÁRIO C/C REPETIÇÃO DO INDÉBITO. TAXA DE
FISCALIZAÇÃO E FUNCIONAMENTO. LEGALIDADE DA COBRANÇA FACE AO PODER DE
POLÍCIA. PRECEDENTES DO STJ E STF. RECURSO DESPROVIDO’. Os embargos declaratórios
opostos foram parcialmente acolhidos (fls. 241/5). O recurso extraordinário busca fundamento
no 102, III , a, da Constituição. A parte recorrente alega violação aos arts. 5º, Supremo Tribunal
Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que
institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. RE 856185 AGR / PR XXXV e
LV; 93, IX; e 145, II e § 2º, da Carta. Sustenta, em síntese, que: (i) o acórdão recorrido revelou-
se omisso quanto às questões constitucionais alegadas, o que deu ensejo a violação dos
princípios da inafastabilidade de jurisdição, do contraditório e da ampla defesa; (ii) que
inexiste exercício regular do poder de polícia e utilização efetiva ou potencial do serviço
público prestado a legitimar a cobrança da taxa de fiscalização e funcionamento; e (iii) a base
de cálculo da taxa em questão não se refere ao custo de uma atividade estatal específica. A
decisão agravada negou seguimento ao recurso sob o seguinte fundamento: o entendimento
do acórdão recorrido sobre a constitucionalidade da referida taxa, diante do efetivo exercício
do poder de licença e fiscalização do Município de Ponta Grossa, está em conformidade com
a decisão do Supremo Tribunal Federal, proferida no RE 588.322. Em sede agravo, a parte
argumenta que o recurso aborda questões constitucionais que não foram discutidas no RE
588.322. A pretensão não merece acolhida. Inicialmente, há que se esclarecer que o recurso foi
declarado prejudicado ante à identidade da matéria com o decidido no RE 588.322, julgado
sob a relatoria do Ministro Gilmar Mendes. Na oportunidade, o Plenário desta Corte assentou
que a taxa de renovação de licença de funcionamento é constitucional desde que haja o
efetivo exercício do poder de polícia, o qual é demonstrado pela mera existência de órgão
administrativo que possua estrutura e competência para a realização da atividade de
fiscalização. Não tendo sido interposto recurso de agravo quanto a este tópico, restou
preclusa a questão. Ademais, cumpre destacar que o Supremo Tribunal Federal assentou a
ausência de repercussão geral da controvérsia referente à violação aos princípios do
contraditório, da ampla defesa e da inafastabilidade de jurisdição, quando o julgamento da
causa depender de prévia análise da adequada aplicação de normas infraconstitucionais (ARE
748.371-RG, Rel. Min. Gilmar Mendes). RE 856185 AGR / PR XXXV e LV; 93, IX; e 145, II e § 2º,
da Carta. Sustenta, em síntese, que: (i) o acórdão recorrido revelou-se omisso quanto às
questões constitucionais alegadas, o que deu ensejo a violação dos princípios da
inafastabilidade de jurisdição, do contraditório e da ampla defesa; (ii) que inexiste exercício
regular do poder de polícia e utilização efetiva ou potencial do serviço público prestado a
legitimar a cobrança da taxa de fiscalização e funcionamento; e (iii) a base de cálculo da taxa
em questão não se refere ao custo de uma atividade estatal específica. A decisão agravada
negou seguimento ao recurso sob o seguinte fundamento: o entendimento do acórdão
recorrido sobre a constitucionalidade da referida taxa, diante do efetivo exercício do poder de
licença e fiscalização do Município de Ponta Grossa, está em conformidade com a decisão do
Supremo Tribunal Federal, proferida no RE 588.322. Em sede agravo, a parte argumenta que o
recurso aborda questões constitucionais que não foram discutidas no RE 588.322. A pretensão
não merece acolhida. Inicialmente, há que se esclarecer que o recurso foi declarado
prejudicado ante à identidade da matéria com o decidido no RE 588.322, julgado sob a
relatoria do Ministro Gilmar Mendes. Na oportunidade, o Plenário desta Corte assentou que a
taxa de renovação de licença de funcionamento é constitucional desde que haja o efetivo
exercício do poder de polícia, o qual é demonstrado pela mera existência de órgão
administrativo que possua estrutura e competência para a realização da atividade de
fiscalização. Não tendo sido interposto recurso de agravo quanto a este tópico, restou
preclusa a questão. Ademais, cumpre destacar que o Supremo Tribunal Federal assentou a
ausência de repercussão geral da controvérsia referente à violação aos princípios do
contraditório, da ampla defesa e da inafastabilidade de jurisdição, quando o julgamento da
causa depender de prévia análise da adequada aplicação de normas infraconstitucionais (ARE
748.371-RG, Rel. Min. Gilmar Mendes). RE 856185 AGR / PR Quanto à alegação de ofensa ao
art. 93, IX, da Constituição, o plenário deste Tribunal já assentou o entendimento de que as
decisões judiciais não precisam ser necessariamente analíticas, bastando que contenham
fundamentos suficientes para justificar suas conclusões (AI 791.292-QO-RG, Rel. Min. Gilmar
Mendes). Particularmente sobre a base de cálculo da taxa de fiscalização e funcionamento do
Município de Ponta Grossa/PR, observo que o Tribunal de origem consignou expressamente
no acórdão que julgou os embargos declaratórios o seguinte (fls. 244): ‘A exigência da taxa
em discussão é feita por estabelecimento, com um valor determinado em função da área
ocupada, tomada isoladamente, e isso nada mais é do que um critério de aferição da
intensidade, da frequência, da extensão e dos custos do serviço de fiscalização que é de
interesse da coletividade […]’. Este me parece ser um critério adequado para determinar a base
de cálculo da taxa de fiscalização e funcionamento. Isso porque a área ocupada pelo
estabelecimento comercial reflete a área que será fiscalizada pela autoridade administrativa e,
consequentemente, traduz o custo da atividade estatal de fiscalização. Revela-se, portanto,
como um parâmetro que quantifica a extensão do fato gerador da taxa. Nesse sentido,
confira-se a ementa do AI 812.563-AgR, julgado sob a relatoria da Ministra Cármen Lúcia.
LEGISLAÇÃO COMPILADA
Contribuições de melhoria
Código Tributário Nacional: 81; 82; 163, inciso II; 177, inciso I.
Constituição Federal: 5º, inciso XXIV; 145, inciso III; 150, inciso III, “b” e “c”.
Decreto-Lei nº 195/1967: 1º; 2º; 3º; 5º; 9º.
Decreto-Lei nº 3.365/1941: 27.
Taxas
A cobrança de taxa de matrícula nas universidades públicas viola o disposto no art. 206, IV, da
Constituição Federal.
Preços de serviços públicos e taxas não se confundem, porque estas, diferentemente daquelas,
são compulsórias e têm sua cobrança condicionada à prévia autorização orçamentária, em
relação à lei que as instituiu.
Viola a garantia constitucional de acesso à jurisdição a taxa judiciária calculada sem limite
sobre o valor da causa.
Súmula nº 124, STJ
A taxa de melhoramento dos portos tem base de cálculo diversa do Imposto de Importação,
sendo legítima a sua cobrança sobre a importação de mercadorias de países signatários do
GATT, da ALALC ou ALADI.
Contribuições de melhoria
STJ, REsp 1.698.570/PR, Rel. Min. Herman Benjamin, Segunda Turma, julgado
em 21/11/2017, DJe 19/12/2017
STF, RE 982.415/SP AgR, Rel. Min. Luís Roberto Barroso, Primeira Turma,
julgado em 11/11/2016, DJe 12/12/2016
STJ, REsp 1676246/SC, Rel. Min. Herman Benjamin, Segunda Turma, julgado em
05/09/2017, DJe 13/09/2017
STJ, REsp 1.682.157/SC, Rel. Min. Gurgel de Faria, Primeira Turma, julgado em
07/05/2019, DJe 24/05/2019
Taxas
STF, RE 789.218/MG RG, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 17/04/2014, DJe
01/08/2014 (Tema 721)
STF, RE 201.630/DF AgR, Rel. Min. Ellen Gracie, Primeira Turma, julgado em
11/06/2002, DJ 02/08/2002
STF, REsp 782.270/MS, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, Primeira Turma, julgado
em 18/10/2005, DJ 07/11/2005
STF, REsp 1.113.403/RJ, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, Primeira Seção, julgado em
09/09/2009, DJe 15/09/2009 (Temas Repetitivos 153, 154 e 155)
STF, AI 784.175/DF AgR, Rel. Min. Rosa Weber, Primeira Turma, julgado em
05/02/2013, DJe 26/02/2013
STJ, AgInt no REsp 1.824.784/RJ, Rel. Min. Francisco Falcão, Segunda Turma,
julgado em 05/03/2020, DJe 10/03/2020
STF, ADI 800/RS, Rel. Min. Teori Zavascki, Tribunal Pleno, julgado em
11/06/2014, DJe 01/07/2014
O pedágio cobrado pela efetiva utilização de rodovias não tem natureza tributária,
mas de preço público, consequentemente, não está sujeito ao princípio da legalidade estrita.
Com base nesse entendimento, o Plenário julgou improcedente pedido formulado em ação
direta ajuizada contra o Decreto 34.417/1992, do Estado do Rio Grande do Sul, que autoriza a
cobrança de pedágio em rodovia estadual. O Tribunal recordou que a Constituição autoriza a
cobrança de pedágio (“Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte,
é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: …V - estabelecer
limitações ao tráfego de pessoas ou bens, por meio de tributos interestaduais ou
intermunicipais, ressalvada a cobrança de pedágio pela utilização de vias conservadas pelo
Poder Público”). Rememorou que essa norma reproduziria, em linhas gerais, regra semelhante
contida nas Constituições de 1946 e 1967. Ressalvou, contudo, que a EC 1/1969 não repetira a
parte final dessa disposição (“Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos
Municípios: ... II - estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou mercadorias, por meio de
tributos interestaduais ou intermunicipais”). Ressaltou que a falta de referência à cobrança de
pedágio, no regime constitucional precedente despertara a controvérsia a respeito da natureza
dessa exação — se tributária ou não tributária —, divergência que persistiria, especialmente no
âmbito doutrinário. Afirmou que os defensores da natureza tributária, da subespécie taxa, o
fariam sob os seguintes fundamentos: a) a referência ao pedágio, nas limitações
constitucionais ao poder de tributar; b) o pagamento de um serviço específico ou divisível,
prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição; e c) a impossibilidade de remunerar
serviços públicos por meio outro que não o de taxa. Aludiu, entretanto, que os defensores da
natureza contratual da exação como preço público o fariam com base nas seguintes
considerações: a) a inclusão no texto constitucional apenas esclareceria que, apesar de não
incidir tributo sobre o tráfego de pessoas ou bens, poderia, excepcionalmente, ser cobrado o
pedágio, espécie jurídica diferenciada; b) a ausência de compulsoriedade na utilização de
rodovias; e c) a cobrança se daria em virtude da utilização efetiva do serviço, e não seria
devida com base no seu oferecimento potencial (Info 750 – ADI: pedágio e preço público –
1).
A Corte realçou que essa discussão teria sido contaminada pela figura do
denominado “selo-pedágio”, prevista na Lei 7.712/1988, reconhecido como taxa pelo STF.
Lembrou, porém, que essa exação seria compulsória a todos os usuários de rodovias federais,
por meio de pagamento renovável mensalmente, independentemente da frequência de uso,
cobrada antecipadamente, como contrapartida a serviço específico ou divisível, prestado ao
contribuinte ou posto à sua disposição. Consignou haver profundas diferenças entre o citado
“selo-pedágio” e o pedágio, na forma em que atualmente disciplinado. Asseverou que esse
último somente seria cobrado se, quando e cada vez que houvesse efetivo uso da rodovia, o
que não ocorreria com o “selo-pedágio”, que seria exigido em valor fixo, independentemente
do número de vezes que o contribuinte fizesse uso das estradas durante o mês. Destacou que
o enquadramento do pedágio como taxa ou preço público independeria de sua localização
topológica no texto constitucional, mas seria relacionado ao preenchimento, ou não, dos
requisitos previstos no art. 3º do CTN (“Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em
moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída
em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada”) (Info 750 – ADI:
pedágio e preço público – 2).
O Plenário sublinhou que seria irrelevante também, para a definição da natureza
jurídica do pedágio, a existência, ou não, de via alternativa gratuita para o usuário trafegar.
Reconheceu que a cobrança de pedágio poderia, indiretamente, limitar o tráfego de pessoas.
Observou, todavia, que essa restrição seria agravada quando, por insuficiência de recursos, o
Estado não construísse rodovias ou não conservasse adequadamente as existentes. Ponderou
que, diante dessa realidade, a Constituição autorizara a cobrança de pedágio em rodovias
conservadas pelo Poder Público, inobstante a limitação de tráfego que essa cobrança pudesse
eventualmente acarretar. Registrou, assim, que a contrapartida de oferecimento de via
alternativa gratuita como condição para a cobrança de pedágio não seria uma exigência
constitucional, tampouco estaria prevista em lei ordinária. Consignou que o elemento nuclear
para identificar e distinguir taxa e preço público seria o da compulsoriedade, presente na
primeira e ausente na segunda espécie. Nesse sentido, mencionou o Enunciado 545 da
Súmula do STF (“Preços de serviços públicos e taxas não se confundem, porque estas,
diferentemente daqueles, são compulsórias e têm sua cobrança condicionada à prévia
autorização orçamentária, em relação à lei que as instituiu”) (Info 750 – ADI: pedágio e preço
público – 3).
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALEXANDRE, Ricardo. Direito tributário. 11ª ed. rev., atual. e ampl. Salvador: Juspodivm, 2017.
JARDIM, Eduardo Marcial Ferreira. Dicionário de direito tributário. São Paulo: Noeses, 2011.
PAULSEN, Leandro. Curso de direito tributário completo. 8ª ed. rev., atual. e ampl. São Paulo:
Saraiva, 2017.
SABBAG, Eduardo. Manual de direito tributário. 9ª ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Saraiva,
2017.
SCHOUERI, Luís Eduardo. Direito tributário. 8ª ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Saraiva
Educação, 2018.
Capítulo 6
SUMÁRIO
Capítulo 6 ................................................................................................................................................ 3
GABARITO ............................................................................................................................................ 48
JURISPRUDÊNCIA................................................................................................................................ 53
1
E ai, OABeiro! Tudo certinho?
2- “Contribuições Especiais” não teve recorrência nos últimos anos no Exame de Ordem! No
entanto, como já dizia o famoso ditado: “O seguro morreu de velho!” Então, mãos à obra! A
questão 03 a 07 Trata sobre o referido tema!
Aqui, a banca costuma seguir o seu padrão: Apresentar um caso hipotético, pelo qual a
resposta é respaldada na legislação vigente. Por isso, recomendamos a leitura atenta da letra
seca da lei e entendimentos jurisprudenciais, e sempre em companhia de alguma doutrina à
sua escolha.
Adicionamos também questões de outros concursos públicos para que você possa assimilar
ainda mais o conteúdo e praticar o assunto visto 😊
Vamos juntos!
2
DIREITO TRIBUTÁRIO
Capítulo 6
(2017) ensina que o Supremo Tribunal Federal adotava a teoria coativista, que os classificava
como contratos forçados. No ponto, preconiza a Súmula nº 418/STF, aprovada em 1964: “o
empréstimo compulsório não é tributo, e sua arrecadação não está sujeita à exigência
constitucional da prévia autorização orçamentária”.
Contudo, esse verbete sumular foi superado com o advento da Constituição Federal
de 1969 (ou CF/1967 com EC 01/69, para os que assim defendem), conforme já exortou o
Supremo Tribunal Federal:
EMENTA: [...] 2. No caso, o Superior Tribunal de Justiça consignou caber à Primeira Seção
o processamento e o julgamento de feitos relativos a tributos de modo geral, impostos,
taxas, contribuições e empréstimos compulsórios, à luz de seu regimento interno e das
3
normas processuais de regência. [...] (grifo nosso) (STF, ARE 732.840/DF AgR, Rel. Min.
Dias Toffoli, Segunda Turma, julgado em 24/02/2017, DJe 16/03/2017).
Atenção, OABeiro! O disposto no art. 148 do CTN geralmente é cobrado quando a questão
las! 😉
1
Vide questões 01 e 02 deste material
4
Sua instituição pressupõe a ocorrência de situação de relevância e urgência, tendo a
Carta Magna estabelecido duas hipóteses fáticas aptas a ensejar a incidência do tributo
(vinculação):
ou sua iminência;
CUIDADO! Não basta a ocorrência de calamidade ou guerra; a absoluta
Observe-se que o constituinte não fixou quaisquer fatos geradores ao tributo, limitando-
O empréstimo compulsório pode ser instituído somente nos casos excepcionais previstos de
forma expressa pelo art. 148 da CF/1988. Embora o inciso III do art. 15 do CTN consagre um
terceiro pressuposto fático, qual seja, a “conjuntura que exija a absorção temporária de poder
diferentemente do que ocorre com outras espécies tributárias, sua criação jamais poderá ser
chancelada através de Medida Provisória, a teor do art. 62, § 1º, inciso III, da CF/1988:
2
Vide a questão 8 deste capítulo.
5
Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar
medidas provisórias, com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso
Nacional.
§ 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria:
III - reservada a lei complementar;
constitucionais do tributo3:
máxima do Estado;
De outro lado, se o empréstimo for motivado por investimento público urgente e
relevante ao interesse nacional, sujeita-se a ambas as anterioridades, pois nesse
caso a urgência é inegável, mas a situação permite o decorrer de prazo suficiente
para evitar surpresas ao contribuinte.
CUIDADO! Embora o art. 148 da CF/1988 faça menção somente a seu art. 150, inciso III,
“b” (anterioridade anual/comum), a regra de sujeição também abrange a noventena, uma vez
que a redação do § 1º do artigo 150 da Carta Magna inclui nas hipóteses de exceção apenas
os empréstimos compulsórios destinados a atender despesas extraordinárias decorrentes de
§ 1º A vedação do inciso III, b (anterioridade anual), não se aplica aos tributos previstos
nos arts. 148, I, 153, I, II, IV e V; e 154, II; e a vedação do inciso III, c (noventena), não
se aplica aos tributos previstos nos arts. 148, I, 153, I, II, III e V; e 154, II, nem à fixação
da base de cálculo dos impostos previstos nos arts. 155, III, e 156, I.
3
Vide a questão 9 deste capítulo.
6
Despesas extraordinárias decorrentes Investimento público de caráter
de calamidade pública, de guerra urgente e de relevante interesse
externa ou sua iminência nacional
4
Vide a questão 10 deste capítulo.
7
vulgar do vocábulo empregado. Portanto, não e empréstimo compulsório, mas tributo, a
imposição de prestação pecuniária para receber, no futuro, quotas do Fundo Nacional de
Desenvolvimento: conclusão unânime a respeito [...] (STF, RE 121.336/CE, Rel. Min.
Sepúlveda Pertence, Tribunal Pleno, julgado em 11/10/1990, DJ 26/06/1992).
Se liga OABeiro! Preparei esse quadrinho para você memorizar as principais características do
empréstimo compulsório!
8
6.2. Contribuições
a edição da Emenda Constitucional nº 39/2002, foi adicionado à Carta Magna o art. 149-A,
que consagra uma quarta espécie de contribuição, qual seja, a de custeio do serviço de
Há ainda uma subclassificação, pois as contribuições sociais podem ser divididas em: (1)
de seguridade social; (2) outras contribuições sociais (residuais).
De seguridade social
Sociais
Residuais
Contribuições De Intervenção no
especiais Domínio Econômico (CIDE)
Corportativas
De Custeio do Serviço de
Ilumunação Pública (COSIP)
5
Vide a questão 6 deste capítulo.
9
Em regra, a competência para instituir contribuições pertence exclusivamente à União.
No entanto, há duas exceções6:
contribuições sociais são vinculadas indiretamente, tal como os impostos; as demais não têm
vinculação9. Sobre o tópico, o professor elucida:
a seguinte tabela:
6
Vide as questões 4 e 10 deste capítulo.
7
Vide as questões 1 e 4 deste material.
8
Vide as questões 4 e 7 deste capítulo.
9
A doutrina não é unânime quanto a essa divisão.
10
Empréstimo compulsório Vinculado Afetado
Social: Vinculada indiretamente
Contribuição especial Afetada
Demais: Não vinculadas
Destinadas a financiar direitos sociais (educação, saúde, lazer, moradia, etc.), podem ser
10
Vide as questões 3 e 8 deste capítulo.
11
Vide a questão 7 deste capítulo.
11
O § 1º do art. 149 da CF/1988 prevê uma hipótese excepcional de competência: de fato,
compete a cada ente político instituir, por lei ordinária, contribuições para custeio de
Estados e o Distrito Federal, dos estaduais; os Municípios e o Distrito Federal, dos municipais).
servidores municipais e estaduais: esta não poderia ser inferior à devida pelos titulares de
cargos efetivos da União. Atualmente, com o advento da Emenda Constitucional nº 103/2019,
não há qualquer restrição nesse sentido 12.
A EC 103/2019 incluiu ainda três parágrafos ao art. 149 da CF/1988, com o fito de reger
a tributação em caso de déficit atuarial:
12
Vide a questão 1 deste material.
12
o o lucro.
Os exemplos mais famosos de contribuições podem ser visualizados nessas fontes de custeio
13
Incide sobre folha de salário ou
rendimentos de trabalho
Contribuições sociais de seguridade social
Importador e equiparado
14
As contribuições sociais de seguridade social devem observância obrigatória à
noventena, mas são uma exceção à anterioridade anual. Inteligência do § 6º do art. 195 da
CF/1988.
15
como fonte adicional de financiamento a contribuição social do salário-educação, recolhida
pelas empresas na forma da lei”).
complementar.
às contribuições sociais:
Constituinte Derivado Reformador (Emenda Constitucional – não confundir com lei!) pode
instituir contribuição social com vinculação de apenas parte do produto da arrecadação. A
16
6.2.2.1. Contribuição Previdenciária Patronal (CPP)
Nos termos do art. 195, inciso I, “a”, da Constituição Federal de 1988, são contribuintes
o empregador, a empresa e o legalmente equiparado. O fato gerador da CPP, por sua vez, é
É necessário, ainda, observar o disposto no art. 195 do Decreto nº 3.048/1999, que trata,
17
sua natureza estrutural remete ao inafastável caráter remuneratório, integrando
parcela salarial cujo ônus é do empregador, sendo irrelevante a inexistência da
efetiva prestação laboral no período, porquanto mantido o vínculo de trabalho, o
que atrai a incidência tributária sobre as indigitadas verbas. 4. A recorrente defende
tese de que a ausência de efetiva prestação de serviço ou de efetivo tempo à disposição
do empregador justificaria a não incidência da contribuição, ou seja, qualquer
afastamento do empregado justificaria o não pagamento da exação. 5. Tal premissa não
encontra amparo na jurisprudência do STJ, pois há hipóteses em que ocorre o
afastamento do empregado e ainda assim é devida a incidência tributária, tal como
ocorre quanto ao salário-maternidade e as férias gozadas. 6. O parâmetro para
incidência da contribuição previdenciária é o caráter salarial da verba. A não
incidência ocorre nas verbas de natureza indenizatória (Sem grifos no original) (STJ,
REsp 1.455.089/RS, Rel. Min. Humberto Martins, Segunda Turma, julgado em 16/09/2014,
DJe 23/09/2014).
Seguindo a mesma premissa, insta salientar que o STJ fixou cinco seis teses jurídicas no
julgamento do Recurso Especial nº 1.230.957/RS, paradigma dos Temas Repetitivos 478, 479,
(1) "Não incide contribuição previdenciária sobre os valores pagos a título de aviso
prévio indenizado, por não se tratar de verba salarial”;
(2) “A importância paga a título de terço constitucional de férias possui natureza
indenizatória/compensatória, e não constitui ganho habitual do empregado, razão
pela qual sobre ela não é possível a incidência de contribuição previdenciária (a
cargo da empresa)”.
(3) “No que se refere ao adicional de férias relativo às férias indenizadas, a não
incidência de contribuição previdenciária decorre de expressa previsão legal”.
(4) “Sobre a importância paga pelo empregador ao empregado durante os primeiros
quinze dias de afastamento por motivo de doença não incide a contribuição
previdenciária, por não se enquadrar na hipótese de incidência da exação, que exige
verba de natureza remuneratória”.
(5) “O salário-maternidade possui natureza salarial e integra, consequentemente, a base
de cálculo da contribuição previdenciária”.
(6) “O salário-paternidade deve ser tributado, por se tratar de licença remunerada
prevista constitucionalmente, não se incluindo no rol dos benefícios previdenciários".
18
6.2.2.2. Contribuição para Financiamento da Seguridade Social
(COFINS)
social.
totalidade das receitas auferidas pela pessoa jurídica, sendo irrelevante o tipo de atividade por
ela exercida e a classificação contábil adotada para essas receitas, observadas as exclusões
lhe são equiparadas pela legislação atinente ao Imposto de Renda, salvo as microempresas e
as empresas de pequeno porte adeptas ao Simples Nacional (art. 195, inciso I, da CF/1988 e
Finalmente, sua base de cálculo é o total das receitas auferidas no mês pela pessoa
jurídica, com alíquota fixa de 7,6% (art. 1º e 2º da Lei nº 10.833/2003, e art. 195, inciso I, “b”,
da CF/1988). Insta observar, contudo, que o § 3º do art. 1º da mesma lei lista as receitas que
não integram a base supramencionada:
13
Entenda-se debêntures como títulos de créditos representativos de contratos de mútuo.
20
O Programa de Integração Social (PIS) e a Contribuição para Financiamento da Seguridade
Social (COFINS) são contribuições sociais voltadas aos contribuintes jurídicos (pessoas jurídicas
que não integram o Simples Nacional) que, embora possuam finalidades distintas14, têm bases
de cálculo similares: a receita bruta auferida pelos contribuintes.
confira-se STF, RE 390.840-5/MG, Rel. Min. Marco Aurélio, Tribunal Pleno, julgado em
09/11/2005, DJ 15/08/2006.
A partir dessa premissa, a incidência de ICMS na base de cálculo das contribuições sociais
haveria de ser inconstitucional, tendo em vista que o valor adquirido pelas pessoas jurídicas
em razão deste imposto é repassado aos cofres públicos – consequentemente, não perfazendo
faturamento.
O debate sobre a matéria, que já perdura há mais de vinte anos, tornou a ganhar relevância
aplicabilidade das Súmulas nº 68 e 94, ambas do Superior Tribunal de Justiça16, bem como
pela tese de que o valor do ICMS, ao compor o preço das mercadorias e serviços oferecidos
14
Sobre contribuições, vide o capítulo 7 deste material.
15
“Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante
recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições
sociais: I – dos empregadores, incidente sobre a folha de salários, o faturamento e o lucro”.
16
Súmula nº 68/STJ: “A parcela relativa ao ICM inclui-se na base de cálculo do Pis”. Súmula nº 94/STJ: “A parcela relativa ao
ICMS inclui-se na base de cálculo do Finsocial”.
21
O Supremo Tribunal Federal reconheceu a existência de repercussão geral (Tema 69) e
proferiu acórdão em 2017, reiterando a posição de que o imposto estadual não se incorpora
do empregado na vida e no desenvolvimento das empresas; o PASEP, por outro lado, tem
como finalidade a constituição do patrimônio do servidor público.
O artigo 239 da Constituição Federal de 1988, com a redação dada pela Emenda
Constitucional nº 103/2019, vincula ainda mais a destinação do produto arrecadado,
asseverando que as contribuições recolhidas em razão de ambos os programas devem
financiar, nos termos da lei, o seguro-desemprego e o abono salarial, sem prejuízo de outras
ações da previdência social.
Para fins de definição da regra-matriz desses tributos, Eduardo Sabbag (2017) diferencia
três tipos de contribuição ao PIS/PASEP, de acordo com o contribuinte:
PIS/PASEP devidos pelas pessoas jurídicas e equiparados: têm como fato gerador e
base de cálculo o faturamento mensal;
PIS/PASEP devidos pelas entidades sem fins lucrativos: têm como fato gerador o
pagamento de verba salarial, e como base de cálculo a folha de pagamento;
22
PIS/PASEP devidos pelas pessoas jurídicas de direito público: têm como fato
gerador a arrecadação de receitas ou transferências correntes e de receitas de
capital, e como base de cálculo o valor das receitas ou transferências correntes e
de receitas de capital recebidas.
vi do artigo 195, inciso I, “c”, da Constituição Federal de 1988. As normas aplicáveis à CSLL no
que tange a apuração e pagamento são iguais às fixadas para o Imposto de Renda das
Pessoas Jurídicas – IRPJ.
7.689/1988).
devem recolher tanto a CSLL quanto o IRPJ da mesma forma (art. 9.430/1996). Desse modo,
uma pessoa jurídica que optar por efetuar o pagamento do Imposto de Renda através do
lucro presumido, por exemplo, não poderá utilizar outro tipo de lucro para fins de cálculo do
valor devido a título de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido.
23
A base de cálculo do Imposto de Renda é o montante, real, arbitrado ou presumido,
da renda ou dos proventos tributáveis, ex vi do art. 44 do CTN. À diferenciação dos
termos previstos nesse dispositivo, socorre-se à explicação de Ricardo Alexandre (2017, p.
662), assim sintetizada:
Lucro real: é o lucro líquido calculado pelo contribuinte, já considerados todos
os abatimentos legalmente autorizados;
Lucro presumido: o contribuinte aplica um percentual sobre o valor de sua
receita bruta, obtendo assim um valor fiscal aproximado;
Lucro arbitrado: aplicado em caso de impossibilidade de cálculo do lucro real e
não preenchimento dos pressupostos necessários à adoção do lucro presumido
(por exemplo, quando o contribuinte descumpre a obrigação de escriturar livros
fiscais). A apuração da base de cálculo é realizada mediante critérios
estabelecidos em lei, sendo o mais recorrente a simples aplicação de um
percentual sobre a receita bruta.
estar sujeito à reserva de lei complementar, pode se dar por meio de lei ordinária ou medida
provisória.
De acordo com a doutrina majoritária, para se instituir uma CIDE – que tem função
extrafiscal –, a União deve delimitar o domínio econômico em que vai atuar, justificar sua
atuação e, a partir das razões apresentadas, traçar uma finalidade ao produto da arrecadação.
É importante frisar, ainda, que os sujeitos passivos da contribuição precisam estar atrelados ao
17
Vide a questão 2 deste capítulo.
24
Não incidem sobre receitas decorrentes de exportação (não confundir com a
importação, em que há incidência da CIDE). Incisos I e II.
o Na importação, a pessoa natural destinatária das operações de importação
poderá ser equiparada a pessoa jurídica, na forma da lei (§ 3º do art. 149 da
CF/1988).
tributos.
(CIDE-Combustíveis). Insta salientar que o § 4º do art. 177 da CF/1988 elenca alguns requisitos
a serem observados pela lei instituidora de CIDE-Combustíveis:
Sociais Autônomos, devidas ao Sistema “S” – entidades, geralmente de direito privado, não
integrantes da Administração Pública, mas realizadoras de atividades de interesse público,
138.284-8/CE, Rel. Min. Carlos Velloso, Tribunal Pleno, julgado em 01/07/1992, DJ 28/08/1992).
Na mesma toada, quase uma década depois, manifestou-se o Superior Tribunal de Justiça:
26
6.2.4. Contribuições corporativas
Futuro advogado, as contribuições devidas à OAB não são consideradas tributos 18! A ideia é
proteger a independência da Ordem dos Advogados do Brasil perante o Estado. Essa é a
De todo modo, com a devida ressalva quanto à OAB, merecem destaque essas
contribuições corporativas para o custeio das entidades de fiscalização do exercício de
profissões regulamentadas.
18
Vide a questão 5 deste capítulo.
27
Ricardo Alexandre (2017, p. 106) ensina que determinadas atividades profissionais são de
notório interesse público, o que legitima a possibilidade de o Estado criar tributos destinados
19
Vide a questão 5 deste capítulo.
28
não pode ser atingido por nova lei que impõe limitação de anuidades para o
ajuizamento da execução fiscal [...] (STJ, REsp 1.404.796/SP, Rel. Min. Mauro Campbell
Marques, Primeira Seção, julgado em 26/03/2014, DJe 09/04/2014).
ofensa ao princípio da legalidade tributária, da lei que delega aos conselhos de fiscalização de
profissões regulamentadas a competência de fixar ou majorar, sem parâmetro legal, o valor
legalmente previstos:
Outro exemplo usualmente adotado pela doutrina era o das contribuições sindicais. Não
obstante, com a Reforma Trabalhista, estabelecida pela Lei nº 13.467/2017, houve uma
20
Vide a questão 5 deste capítulo.
29
alteração nos artigos 578 e 579 da CLT, que passaram a exigir prévia e expressa autorização
dos filiados para o desconto dessas contribuições21.
21
Vide a questão 5 deste capítulo.
30
Haja vista que a compulsoriedade é aspecto essencial à definição de tributo, pode-se
dizer que a contribuição social foi destituída de sua natureza tributária.
Enfim, vale ressaltar que nenhuma dessas contribuições se confunde com a contribuição
confederativa (art. 8º, inciso IV, in fine, da CF/1988), que jamais possuiu natureza de tributo,
Art. 8º, inciso IV, da CF/1988: “a assembleia geral fixará a contribuição que, em se
tratando de categoria profissional, será descontada em folha, para custeio do
sistema confederativo da representação sindical respectiva, independentemente da
contribuição prevista em lei”;
Súmula Vinculante nº 40/STF: “a contribuição confederativa de que trata o art. 8º,
IV, da Constituição Federal, só é exigível dos filiados ao sindicato respectivo”.
22
Vide a questão 7 deste capítulo.
31
QUADRO SINÓTICO
32
Art. 15, parágrafo único, do CTN.
6.2. CONTRIBUIÇÕES
33
Contribuições sociais de seguridade social:
o Quatro fontes de custeio: (1) do
empregador, da empresa e da entidade e ela
equiparada, sobre a folha de salários e demais
rendimentos de trabalho, sobre receita e
faturamento, e sobre lucro; (2) do trabalhador e
dos demais segurados da previdência social, não
incidindo cobre aposentadoria e pensão
concedidos pelo RGPS; (3) receita de concursos de
prognósticos; (4) importador ou legalmente
equiparado.
o Alíquotas diferenciadas em razão da
atividade econômica, da utilização intensiva de
mão de obra, do porte da empresa ou da condição
estrutural do mercado de trabalho. É possível a
diferenciação de bases de cálculo em contribuições
devidas sobre faturamento, receita ou lucro, mas
nunca sobre folha de salário ou rendimentos de
trabalho.
o Sujeição à noventena, mas exceção à
anterioridade anual. Art. 195, § 6º, da CF.
o Imunidade às entidades beneficentes de
assistência social. § 7º do art. 195 da CF.
o Dependem de lei ordinária.
Contribuições sociais residuais:
o Dependem de lei complementar.
o Não incidem sobre receitas decorrentes de
exportação.
o Suas alíquotas podem ser: (1) ad valorem,
tendo por base o faturamento, a receita bruta ou o
valor da operação. No caso da importação, a base
sempre é o valor aduaneiro. Art. 149, III, “a”, da CF;
(2) específicas, tendo por base a unidade de
medida adotada. Art. 149, III, “b”, da CF.
EC pode instituir contribuição social com
34
vinculação de apenas parte do produto da
arrecadação. Jurisprudência do STF.
CPP, COFINS, PIS/PASEP e CSLL.
Tributos extrafiscais.
Dependem de lei ordinária.
Não incidem sobre receitas decorrentes de
exportação (não confundir com a importação, em
que há incidência da CIDE). Art. 149, I e II, da CF.
Suas alíquotas podem ser: (1) ad valorem,
tendo por base o faturamento, a receita bruta ou o
valor da operação. No caso da importação, a base
sempre é o valor aduaneiro. Art. 149, III, “a”, da CF;
(2) específicas, tendo por base a unidade de
medida adotada. Art. 149, III, “b”, da CF.
CIDE-Combustíveis (art. 177, § 4º, da CF):
6.2.3. Contribuições de intervenção no o A alíquota pode ser diferenciada por
domínio econômico (CIDE) produto ou uso, e sua redução ou
restabelecimento podem ser feitos por ato do
Poder Executivo (exceção à legalidade tributária),
sem sujeição à anterioridade anual (inciso I);
o O produto da arrecadação deve ser
destinado a três finalidades, quais sejam (inciso II):
(1) o pagamento de subsídios a preços ou
transporte de álcool combustível, gás natural e
seus derivados e derivados de petróleo; (2) o
financiamento de projetos ambientais relacionados
com a indústria do petróleo e do gás; (3) o
financiamento de programas de infraestrutura de
transportes.
São contribuições destinadas a garantir o
interesse de uma categoria profissional ou
econômica. Exemplos: anuidades devidas a
6.2.4. Contribuições corporativas
entidades de classe, como CRM, CREA e CRP, entre
outros.
As contribuições devidas à OAB não são
35
consideradas tributos. Jurisprudência do STF e STJ.
Aos Conselhos é vedada a execução judicial de
dívidas referentes a anuidades inferiores a 04
(quatro) vezes o valor cobrado anualmente da
pessoa física ou jurídica inadimplente (art. 8º da Lei
nº 12.514/2011). Essa regra é inaplicável às
execuções já em curso no momento de entrada em
vigor dessa lei. Jurisprudência do STJ.
Inconstitucionalidade da lei que delega aos
conselhos de fiscalização de profissões
regulamentadas a competência de fixar ou majorar,
sem parâmetro legal, o valor das contribuições de
interesse das categorias profissionais e econômicas.
Em igual sentido, é irregular a atualização das
anuidades pelos conselhos em percentual superior
aos índices legalmente previstos. Jurisprudência do
STF.
Contribuições sindicais e confederativas não são
tributos. Jurisprudência do STF e Súmula Vinculante
nº 40/STF.
Surgiu para substituir a Taxa de Iluminação
Pública (TIP), que foi rechaçada pela Súmula
Vinculante nº 41/STF.
Sua instituição compete aos Municípios (e ao
Distrito Federal, que detém competência
6.2.5. Contribuições de custeio do
cumulativa).
serviço de iluminação pública (COSIP)
Pode ser inserida diretamente na fatura de
consumo de energia elétrica, a fim de facilitar sua
cobrança e arrecadação. Art. 149-A, parágrafo
único, da CF.
36
QUESTÕES COMENTADAS
QUESTÃO 1
(XXX EXAME DE ORDEM – FGV - 2019) A União, diante de grave desastre natural que atingiu
todos os estados da Região Norte, e considerando ainda a severa crise econômica e financeira
do país, edita Medida Provisória, que institui Empréstimo Compulsório, para que as medidas
cabíveis e necessárias à reorganização das localidades atingidas sejam adotadas.
B) O Empréstimo Compulsório deve ser instituído por meio de Lei Complementar, sendo
vedado pela CRFB/88 que Medida Provisória trate desse assunto.
Comentário
37
QUESTÃO 2
(XIII EXAME DE ORDEM – FGV - 2014) José recebeu auto de infração pelo inadimplemento
de determinado tributo instituído por lei ordinária. José contesta a exigência fiscal sob o
argumento, correto, de que o tributo em questão deveria ter sido instituído por lei
complementar.
A partir da hipótese apresentada, assinale a opção que indica o tributo exigido no referido
auto de infração.
A) Contribuição de Interesse de Categoria Profissional.
B) Contribuição de Melhoria.
C) Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico.
D) Empréstimo Compulsório.
Comentário
Fundamento: CF/88, Art. 148. A União, mediante lei complementar, poderá instituir
empréstimos compulsórios:
I - para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de guerra
externa ou sua iminência;
II - no caso de investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional,
observado o disposto no art. 150, III, "b".
QUESTÃO 3
(VUNESP – 2018 – TJ/SP – JUIZ SUBSTITUTO) Com relação às contribuições sociais, pode-se
afirmar:
A) constituem espécie de tributo e diferem dos impostos pela destinação do produto da
arrecadação.
B) de acordo com o entendimento do STF, a lei pode instituir contribuição social com a
vinculação apenas de parte do produto da arrecadação.
C) têm natureza parafiscal e a elas não se aplicam as normas gerais de direito tributário.
38
D) em decorrência da mitigação do princípio da legalidade pela própria Constituição, a elas
não se aplica a reserva da lei.
Comentário
QUESTÃO 4
39
Nacional, desde que essas obras acarretem o incremento organizado do processo de
urbanização da região em que a obra venha a ser realizada.
B) especiais para a modernização dos órgãos estaduais de segurança podem ser instituídas
pelos Estados e pelo Distrito Federal.
C) para o custeio dos regimes previdenciários estatutários próprios da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios, em benefício dos servidores titulares de cargos efetivos
dessas pessoas jurídicas de direito público, podem ser por elas instituídas.
D) extraordinárias para o reforço da segurança das fronteiras, podem ser instituídas
exclusivamente pela União, na iminência ou no caso de guerra externa, sem prejuízo da
instituição dos impostos extraordinários constitucionalmente previstos.
E) para o custeio do serviço de iluminação pública, na forma das respectivas leis, podem ser
instituídas pelos Estados, pelo Distrito Federal e pelos Municípios.
Comentário
A) “A contribuição de melhoria cobrada pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou
pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, é instituída para fazer face ao
custo de obras públicas de que decorra valorização imobiliária, tendo como limite total a
despesa realizada e como limite individual o acréscimo de valor que da obra resultar para
cada imóvel beneficiado”. Art. 81 do CTN.
B) As contribuições especiais, salvo as destinadas ao custeio do regime previdenciário dos
servidores públicos federais, estaduais e municipais, bem como as de custeio do serviço de
iluminação pública, são de competência exclusiva da União. Inteligência dos arts. 149, § 1º e
149-A, ambos da CF/1988.
C) Alternativa correta, em função do art. 149, § 1º, da CF/1988.
D) Não existe no ordenamento jurídico a figura da contribuição extraordinária. A Carta Magna
prevê somente o imposto extraordinário.
E) O custeio do serviço de iluminação pública é realizado através de contribuição (COSIP), que
é de competência municipal (art. 149-A da CF/1988).
40
QUESTÃO 5
(IBFC – 2018 – TRF 2ª REGIÃO – JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO) Acerca das contribuições
sociais de interesse de categorias profissionais e econômicas, à luz da jurisprudência atual dos
Tribunais Superiores, assinale a alternativa correta:
A) nos termos da Lei n° 12.514/2011, os Conselhos Regionais de Fiscalização Profissional não
executarão judicialmente dívidas referentes a anuidades inferiores a 4 (quatro) vezes o valor
cobrado anualmente da pessoa física ou jurídica inadimplente, devendo tal vedação ser
aplicada às execuções já em curso no momento de entrada em vigor da referida lei.
B) os Conselhos Regionais de Fiscalização Profissional podem livremente fixar o valor de suas
anuidades, independentemente de parâmetro legal, em razão das peculiaridades da natureza
jurídica de tais Conselhos.
C) as anuidades da OAB possuem natureza tributária, devendo ser cobradas mediante
processo de execução fiscal.
D) a contribuição ao SEBRAE é qualificada, pelo Supremo Tribunal Federal, como tendo
natureza de contribuição de intervenção no domínio econômico — CIDE, e não como
contribuição social de interesse de categorias profissionais e econômicas.
E) a contribuição sindical, prevista na atual redação dos arts. 578 e 579 da CLT, apresenta
natureza tributária, em razão de seu caráter compulsório, devendo ser cobrada por execução
fiscal.
Comentário
A) Art. 8º da Lei nº 12.514/11: “os Conselhos não executarão judicialmente dívidas referentes a
anuidades inferiores a 4 (quatro) vezes o valor cobrado anualmente da pessoa física ou
jurídica inadimplente”. Contudo, esse dispositivo não se aplica às execuções já em curso no
momento de entrada em vigor da lei (Tema Repetitivo 696, do STJ).
B) Ao julgar o Recurso Extraordinário nº 704.292/PR, paradigma do Tema 540 de Repercussão
Geral, o Supremo Tribunal Federal fixou a seguinte tese: “é inconstitucional, por ofensa ao
princípio da legalidade tributária, lei que delega aos conselhos de fiscalização de profissões
regulamentadas a competência de fixar ou majorar, sem parâmetro legal, o valor das
contribuições de interesse das categorias profissionais e econômicas, usualmente cobradas sob
o título de anuidades, vedada, ademais, a atualização desse valor pelos conselhos em
percentual superior aos índices legalmente previstos”.
41
C) Segundo a jurisprudência majoritária, a OAB realiza um serviço público independente, de
modo que os créditos decorrentes da relação travada entre o órgão de classe e os causídicos
não têm natureza tributária. A título exemplificativo, confira-se: STF, RE 999.557/PR, Rel. Min.
Luiz Fux, julgado em 14/06/2018, DJe 18/06/2018.
D) É a alternativa correta, conforme entendimento exarado pelo STF no julgamento do
Recurso Extraordinário nº 389.016/SC:
EMENTA: Contribuição em favor do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas - SEBRAE:
constitucionalidade reconhecida pelo plenário do STF, ao julgar o RE 396.266, Velloso, DJ 27.2.2004,
quando se afastou a necessidade de lei complementar para a sua instituição e, ainda - tendo em vista
tratar-se de contribuição social de intervenção no domínio econômico -, entendeu-se ser inexigível a
vinculação direta do contribuinte ou a possibilidade de que ele se beneficie com a aplicação dos recursos
por ela arrecadados, mas sim a observância dos princípios gerais da atividade econômica (STF, RE
389016/SC AgR, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, Primeira Turma, julgado em 30/06/2004, DJ 13/08/2004).
E) Até 2017, a alternativa seria correta. No entanto, a Reforma Trabalhista, estabelecida pela
Lei nº 13.467/2017, alterou os artigos 578 e 579 da CLT, que passaram a exigir prévia e
expressa autorização dos filiados para o desconto dessas contribuições. A retirada da
compulsoriedade da exação foi defendida pelo Supremo Tribunal Federal em 2018, com o
julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 5.794/DF. Consequentemente, a
contribuição sindical deixou de possuir natureza tributária (tendo em vista que o tributo é uma
prestação essencialmente compulsória).
QUESTÃO 6
42
Comentário:
O custeio do serviço de iluminação pública deve se dar por contribuição, que é tributo
afetado (vinculado quanto à destinação do produto arrecadado). Inteligência do art. 149-A da
CF/1988. Aliás, segundo a Súmula Vinculante nº 41, a remuneração do serviço de iluminação
pública não pode se dar por meio de taxa.
QUESTÃO 7
Comentário:
43
impostos, não atingindo as contribuições (art. 150, inciso VI, “c”, da CF/1988).D) A cobrança da
contribuição em 1º de janeiro de 2017 atende à anterioridade anual/comum, mas contraria a
noventena, à qual a COSIP também se sujeita. Inteligência do art. 150, inciso III, “b” e “c”, da
CF/1988.
E) As contribuições para o custeio do serviço de iluminação pública se enquadram no campo
de competência dos Municípios e do Distrito Federal, a teor do art. 149-A, caput, da CF/1988.
44
QUESTÃO 8
(PUC/PR – 2010 – COPEL – ADVOGADO JÚNIOR) Via de regra, os tributos são criados por lei
ordinária. Todavia, há tributos que podem ser criados por Lei Complementar. São eles:
A) Empréstimo compulsório, Imposto sobre grandes fortunas, Imposto residual e Contribuições
sociais.
B) Empréstimo compulsório, Imposto de importação, Imposto de exportação e Imposto sobre
propriedade territorial rural.
C) Imposto sobre produtos industrializados, Imposto sobre operações de crédito, Imposto
sobre grandes fortunas e Imposto residual.
D) Imposto sobre produtos industrializados, Imposto extraordinário, Imposto residual e
Contribuições sociais residuais.
E) Empréstimo compulsório, Imposto sobre grandes fortunas, Imposto residual e Contribuições
sociais residuais.
Comentário:
São tributos instituídos por lei complementar o empréstimo compulsório (art. 148, caput, da
CF/1988), o Imposto sobre Grandes Fortunas (art. 153, inciso VII, da CF/1988), o imposto
residual (art. 154, inciso I, da CF/1988) e as contribuições sociais residuais (194, § 4º c/c 154,
inciso I, ambos da CF/1988).
QUESTÃO 9
45
Comentário:
QUESTÃO 10
Comentário:
46
D) A assertiva está correta, decorrendo a figura da restituição do parágrafo único do art. 15 do
CTN.
47
GABARITO
Questão 1 – B
Questão 2 – D
Questão 3 – A
Questão 4 – C
Questão 5 – D
Questão 6 – B
Questão 7 – B
Questão 8 – E
Questão 9 – Errado
Questão 10 – D
48
QUESTÃO DESAFIO
49
GABARITO DA QUESTÃO DESAFIO
termo “isenção”, trata-se de uma verdadeira imunidade, tendo em vista que o benefício é
consagrado pela própria Constituição Federal.
50
LEGISLAÇÃO COMPILADA
Empréstimos compulsórios
Contribuições
A contribuição confederativa de que trata o art. 8º, IV, da Constituição Federal, só é exigível
dos filiados ao sindicato respectivo.
O empréstimo compulsório não é tributo, e sua arrecadação não está sujeita à exigência
constitucional da prévia autorização orçamentária.
51
Súmula nº 659/STF
52
JURISPRUDÊNCIA
Empréstimos compulsórios
STF, ARE 732.840/DF AgR, Rel. Min. Dias Toffoli, Segunda Turma, julgado em
24/02/2017, DJe 16/03/2017
EMENTA Agravo regimental no agravo recurso extraordinário com agravo. Inovação recursal.
Inadmissibilidade. Empréstimo compulsório sobre consumo de energia elétrica. Obrigações ao
portador. Competência para processamento e julgamento do feito no âmbito do Superior
Tribunal de Justiça. Matéria decidida à luz da legislação infraconstitucional (em especial do
RISTJ). Ofensa constitucional indireta. 1. Não se admite, no agravo regimental, a inovação de
53
fundamentos. 2. No caso, o Superior Tribunal de Justiça consignou caber à Primeira Seção o
processamento e o julgamento de feitos relativos a tributos de modo geral, impostos, taxas,
contribuições e empréstimos compulsórios, à luz de seu regimento interno e das normas
processuais de regência. Inviável na via extraordinária o reexame de questões relativas à
competência interna de outros tribunais, dada a natureza infraconstitucional da controvérsia. 3.
Agravo regimental ao qual se nega provimento. 4. Majoração da verba honorária em valor
equivalente a 10% (dez por cento) do total daquela já fixada (art. 85, §§ 2º, 3º e 11, do CPC),
observada a eventual concessão do benefício da gratuidade da justiça.
Contribuições
STJ, REsp 662.911/RJ, Rel. Min. Luiz Fux, Primeira Turma, julgado em
14/12/2004, DJ 28/02/2005
STF, RE 389.016/SC AgR, Rel.: Min. Sepúlveda Pertence, Primeira Turma, julgado
em 30/06/2004, DJ 13/08/2004
STJ, REsp 1.455.089/RS, Rel. Min. Humberto Martins, Segunda Turma, julgado
em 16/09/2014, DJe 23/09/2014
STJ, REsp 1.230.957/RS, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, Primeira Seção,
julgado em 26/02/2014, DJe 18/03/2014 (Temas Repetitivos 478, 479, 737, 738, 739 e
740)
56
PROCESSUAL CIVIL. RECURSOS ESPECIAIS. TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA A
CARGO DA EMPRESA. REGIME GERAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL. DISCUSSÃO A RESPEITO DA
INCIDÊNCIA OU NÃO SOBRE AS SEGUINTES VERBAS: TERÇO CONSTITUCIONAL DE FÉRIAS;
SALÁRIO MATERNIDADE; SALÁRIO PATERNIDADE; AVISO PRÉVIO INDENIZADO; IMPORTÂNCIA
PAGA NOS QUINZE DIAS QUE ANTECEDEM O AUXÍLIO-DOENÇA. 1. Recurso especial de
HIDRO JET EQUIPAMENTOS HIDRÁULICOS LTDA. [...] 1.2 Terço constitucional de férias. No que
se refere ao adicional de férias relativo às férias indenizadas, a não incidência de contribuição
previdenciária decorre de expressa previsão legal (art. 28, § 9º, "d", da Lei 8.212/91 - redação
dada pela Lei 9.528/97). Em relação ao adicional de férias concernente às férias gozadas, tal
importância possui natureza indenizatória/compensatória, e não constitui ganho habitual do
empregado, razão pela qual sobre ela não é possível a incidência de contribuição
previdenciária (a cargo da empresa). A Primeira Seção/STJ, no julgamento do AgRg nos EREsp
957.719/SC (Rel. Min. Cesar Asfor Rocha, DJe de 16.11.2010), ratificando entendimento das
Turmas de Direito Público deste Tribunal, adotou a seguinte orientação: "Jurisprudência das
Turmas que compõem a Primeira Seção desta Corte consolidada no sentido de afastar a
contribuição previdenciária do terço de férias também de empregados celetistas contratados
por empresas privadas". 1.3 Salário maternidade. O salário maternidade tem natureza salarial e
a transferência do encargo à Previdência Social (pela Lei 6.136/74) não tem o condão de
mudar sua natureza. Nos termos do art. 3º da Lei 8.212/91, "a Previdência Social tem por fim
assegurar aos seus beneficiários meios indispensáveis de manutenção, por motivo de
incapacidade, idade avançada, tempo de serviço, desemprego involuntário, encargos de família
e reclusão ou morte daqueles de quem dependiam economicamente". O fato de não haver
prestação de trabalho durante o período de afastamento da segurada empregada, associado à
circunstância de a maternidade ser amparada por um benefício previdenciário, não autoriza
conclusão no sentido de que o valor recebido tenha natureza indenizatória ou compensatória,
ou seja, em razão de uma contingência (maternidade), paga-se à segurada empregada
benefício previdenciário correspondente ao seu salário, possuindo a verba evidente natureza
salarial. Não é por outra razão que, atualmente, o art. 28, § 2º, da Lei 8.212/91 dispõe
expressamente que o salário maternidade é considerado salário de contribuição. Nesse
contexto, a incidência de contribuição previdenciária sobre o salário maternidade, no Regime
Geral da Previdência Social, decorre de expressa previsão legal. Sem embargo das posições em
sentido contrário, não há indício de incompatibilidade entre a incidência da contribuição
previdenciária sobre o salário maternidade e a Constituição Federal. A Constituição Federal,
em seus termos, assegura a igualdade entre homens e mulheres em direitos e obrigações (art.
5º, I). O art. 7º, XX, da CF/88 assegura proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante
57
incentivos específicos, nos termos da lei. No que se refere ao salário maternidade, por opção
do legislador infraconstitucional, a transferência do ônus referente ao pagamento dos salários,
durante o período de afastamento, constitui incentivo suficiente para assegurar a proteção ao
mercado de trabalho da mulher. Não é dado ao Poder Judiciário, a título de interpretação,
atuar como legislador positivo, a fim estabelecer política protetiva mais ampla e, desse modo,
desincumbir o empregador do ônus referente à contribuição previdenciária incidente sobre o
salário maternidade, quando não foi esta a política legislativa. [...] 1.4 Salário paternidade. O
salário paternidade refere-se ao valor recebido pelo empregado durante os cinco dias de
afastamento em razão do nascimento de filho (art. 7º, XIX, da CF/88, c/c o art. 473, III, da CLT
e o art. 10, § 1º, do ADCT). Ao contrário do que ocorre com o salário maternidade, o salário
paternidade constitui ônus da empresa, ou seja, não se trata de benefício previdenciário.
Desse modo, em se tratando de verba de natureza salarial, é legítima a incidência de
contribuição previdenciária sobre o salário paternidade. Ressalte-se que "o salário-paternidade
deve ser tributado, por se tratar de licença remunerada prevista constitucionalmente, não se
incluindo no rol dos benefícios previdenciários" (AgRg nos EDcl no REsp 1.098.218/SP, 2ª
Turma, Rel. Min. Herman Benjamin, DJe de 9.11.2009) [...] 2.2 Aviso prévio indenizado. A
despeito da atual moldura legislativa (Lei 9.528/97 e Decreto 6.727/2009), as importâncias
pagas a título de indenização, que não correspondam a serviços prestados nem a tempo à
disposição do empregador, não ensejam a incidência de contribuição previdenciária. A CLT
estabelece que, em se tratando de contrato de trabalho por prazo indeterminado, a parte que,
sem justo motivo, quiser a sua rescisão, deverá comunicar a outra a sua intenção com a
devida antecedência. Não concedido o aviso prévio pelo empregador, nasce para o
empregado o direito aos salários correspondentes ao prazo do aviso, garantida sempre a
integração desse período no seu tempo de serviço (art. 487, § 1º, da CLT). Desse modo, o
pagamento decorrente da falta de aviso prévio, isto é, o aviso prévio indenizado, visa a
reparar o dano causado ao trabalhador que não fora alertado sobre a futura rescisão
contratual com a antecedência mínima estipulada na Constituição Federal (atualmente
regulamentada pela Lei 12.506/2011). Dessarte, não há como se conferir à referida verba o
caráter remuneratório pretendido pela Fazenda Nacional, por não retribuir o trabalho, mas sim
reparar um dano. Ressalte-se que, "se o aviso prévio é indenizado, no período que lhe
corresponderia o empregado não presta trabalho algum, nem fica à disposição do
empregador. Assim, por ser ela estranha à hipótese de incidência, é irrelevante a circunstância
de não haver previsão legal de isenção em relação a tal verba" (REsp 1.221.665/PR, 1ª Turma,
Rel. Min. Teori Albino Zavascki, DJe de 23.2.2011). A corroborar a tese sobre a natureza
indenizatória do aviso prévio indenizado, destacam-se, na doutrina, as lições de Maurício
58
Godinho Delgado e Amauri Mascaro Nascimento. [...] 2.3 Importância paga nos quinze dias
que antecedem o auxílio- doença. No que se refere ao segurado empregado, durante os
primeiros quinze dias consecutivos ao do afastamento da atividade por motivo de doença,
incumbe ao empregador efetuar o pagamento do seu salário integral (art. 60, § 3º, da Lei
8.213/91 com redação dada pela Lei 9.876/99). Não obstante nesse período haja o pagamento
efetuado pelo empregador, a importância paga não é destinada a retribuir o trabalho,
sobretudo porque no intervalo dos quinze dias consecutivos ocorre a interrupção do contrato
de trabalho, ou seja, nenhum serviço é prestado pelo empregado. Nesse contexto, a
orientação das Turmas que integram a Primeira Seção/STJ firmou-se no sentido de que sobre
a importância paga pelo empregador ao empregado durante os primeiros quinze dias de
afastamento por motivo de doença não incide a contribuição previdenciária, por não se
enquadrar na hipótese de incidência da exação, que exige verba de natureza remuneratória.
Nesse sentido: AgRg no REsp 1.100.424/PR, 2ª Turma, Rel. Min. Herman Benjamin, DJe
18.3.2010; AgRg no REsp 1074103/SP, 2ª Turma, Rel. Min. Castro Meira, DJe 16.4.2009; AgRg
no REsp 957.719/SC, 1ª Turma, Rel. Min. Luiz Fux, DJe 2.12.2009; REsp 836.531/SC, 1ª Turma,
Rel. Min. Teori Albino Zavascki, DJ de 17.8.2006. 2.4 Terço constitucional de férias. O tema foi
exaustivamente enfrentado no recurso especial da empresa (contribuinte), levando em
consideração os argumentos apresentados pela Fazenda Nacional em todas as suas
manifestações. Por tal razão, no ponto, fica prejudicado o recurso especial da Fazenda
Nacional [...].
Ementa: Direito previdenciário. Recurso Extraordinário com repercussão geral. Regime próprio
dos Servidores públicos. Não incidência de contribuições previdenciárias sobre parcelas não
incorporáveis à aposentadoria. 1. O regime previdenciário próprio, aplicável aos servidores
públicos, rege-se pelas normas expressas do art. 40 da Constituição, e por dois vetores
sistêmicos: (a) o caráter contributivo; e (b) o princípio da solidariedade. 2. A leitura dos §§ 3º e
12 do art. 40, c/c o § 11 do art. 201 da CF, deixa claro que somente devem figurar como base
de cálculo da contribuição previdenciária as remunerações/ganhos habituais que tenham
“repercussão em benefícios”. Como consequência, ficam excluídas as verbas que não se
incorporam à aposentadoria. 3. Ademais, a dimensão contributiva do sistema é incompatível
com a cobrança de contribuição previdenciária sem que se confira ao segurado qualquer
benefício, efetivo ou potencial. 4. Por fim, não é possível invocar o princípio da solidariedade
para inovar no tocante à regra que estabelece a base econômica do tributo. 5. À luz das
59
premissas estabelecidas, é fixada em repercussão geral a seguinte tese: “Não incide
contribuição previdenciária sobre verba não incorporável aos proventos de aposentadoria do
servidor público, tais como ‘terço de férias’, ‘serviços extraordinários’, ‘adicional noturno’ e
‘adicional de insalubridade.” 6. Provimento parcial do recurso extraordinário, para determinar a
restituição das parcelas não prescritas.
60
princípio da não cumulatividade aplicado ao ICMS há de atentar ao disposto no art. 155, § 2º,
inc. I, da Constituição da República, cumprindo-se o princípio da não cumulatividade a cada
operação. 3. O regime da não cumulatividade impõe concluir, conquanto se tenha a
escrituração da parcela ainda a se compensar do ICMS, não se incluir todo ele na definição de
faturamento aproveitado por este Supremo Tribunal Federal. O ICMS não compõe a base de
cálculo para incidência do PIS e da COFINS. 4. Se o art. 3º, § 2º, inc. I, in fine, da Lei n.
9.718/1998 excluiu da base de cálculo daquelas contribuições sociais o ICMS transferido
integralmente para os Estados, deve ser enfatizado que não há como se excluir a transferência
parcial decorrente do regime de não cumulatividade em determinado momento da dinâmica
das operações. 5. Recurso provido para excluir o ICMS da base de cálculo da contribuição ao
PIS e da COFINS.
STF, RE 999.557/PR, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 14/06/2018, DJe 18/06/2018
STJ, REsp 1.404.796/SP, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, Primeira Seção,
julgado em 26/03/2014, DJe 09/04/2014 (Tema Repetitivo 696)
STF, ADI 5.794/DF, Rel. Min. Edson Fachin, Rel. p/ Acórdão: Min. Luiz Fux,
Tribunal Pleno, julgado em 29/06/2018, DJe 23/04/2019) (Info 908)
São compatíveis com a Constituição Federal (CF) os dispositivos da Lei 13.467/2017 (Reforma
Trabalhista) que extinguiram a obrigatoriedade da contribuição sindical e condicionaram o seu
pagamento à prévia e expressa autorização dos filiados. Com base nesse entendimento, o
Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF), por maioria, julgou improcedentes os pedidos
64
formulados em ações diretas de inconstitucionalidade, e procedente o pedido apresentado em
ação declaratória de constitucionalidade, para reconhecer a constitucionalidade do art. 1º da
Lei 13.467/2017, que alterou a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). No âmbito formal, o
STF entendeu que a Lei 13.467/2017 não contempla normas gerais de direito tributário [CF,
art. 146, III, “a” (1)], dispensada a edição de lei complementar para tratar sobre matéria relativa
a contribuições. Também não se aplica ao caso a exigência de lei específica prevista no art.
150, § 6º (2), da CF, pois a norma impugnada não disciplinou nenhum dos benefícios fiscais
nele mencionados, quais sejam, subsídio ou isenção, redução de base de cálculo, concessão
de crédito presumido, anistia ou remissão. Sob o ângulo material, o Tribunal asseverou que a
Constituição assegura a livre associação profissional ou sindical, de modo que ninguém é
obrigado a filiar-se ou a manter-se filiado a sindicato [CF, art. 8º, V (3)]. O princípio
constitucional da liberdade sindical garante tanto ao trabalhador quanto ao empregador a
liberdade de se associar a uma organização sindical, passando a contribuir voluntariamente
com essa representação. Ressaltou que a contribuição sindical não foi constitucionalizada no
texto magno. Ao contrário, não há qualquer comando ao legislador infraconstitucional que
determine a sua compulsoriedade. A Constituição não criou, vetou ou obrigou a sua
instituição legal. Compete à União, por meio de lei ordinária, instituir, extinguir ou modificar a
natureza de contribuições [CF, art. 149 (4)]. Por sua vez, a CF previu que a assembleia geral
fixará a contribuição que, em se tratando de categoria profissional, será descontada em folha,
para custeio do sistema confederativo da representação sindical respectiva,
independentemente da contribuição prevista em lei [CF, art. 8º, IV (5)]. A parte final do
dispositivo deixa claro que a contribuição sindical, na forma da lei, é subsidiária como fonte de
custeio em relação à contribuição confederativa, instituída em assembleia geral [...].
65
66
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67
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALEXANDRE, Ricardo. Direito tributário. 11ª ed. rev., atual. e ampl. Salvador: Juspodivm, 2017.
PAULSEN, Leandro. Curso de direito tributário completo. 8ª ed. rev., atual. e ampl. São Paulo:
Saraiva, 2017.
SABBAG, Eduardo. Manual de direito tributário. 9ª ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Saraiva,
2017.
68
Capítulo 7
SUMÁRIO
DIREITO TRIBUTÁRIO, Capítulo 7....................................................................................................... 3
7.1.1. Fiscalização.....................................................................................................................................................4
GABARITO ............................................................................................................................................ 67
JURISPRUDÊNCIA.................................................................................................................................. 73
Tributária e Processo Tributário, matéria que já foi objeto de várias questões no Exame de
Ordem ao decorrer desses anos! De acordo com a nossa equipe de inteligência, esse assunto
esteve presente apenas 8 VEZES nos últimos 3 anos, sendo considerado um assunto de
altíssima relevância!
Aqui, a banca costuma seguir o seu padrão: Apresentar um caso hipotético, pelo qual a
resposta é respaldada na legislação vigente. Por isso, recomendamos a leitura atenta da letra
seca da lei e entendimentos jurisprudenciais, e sempre em companhia de alguma doutrina à
sua escolha.
Lembre-se: A resolução de questões é a chave para a aprovação!
Vamos juntos!
DIREITO TRIBUTÁRIO
Capítulo 7
A administração tributária pode ser vista sob dois aspectos: como sujeito e como
atividade. Pela primeira perspectiva, corresponde aos órgãos e entidades da Administração
Pública dotados de competências e atribuições voltadas ao controle das obrigações fiscais,
tributos federais, salvo as contribuições sociais incidentes sobre folha de pagamento e sobre o
trabalho autônomo, que competem ao Instituto Nacional de Seguro Social (INSS); aos demais
quando for o caso, os atos tendentes a deflagrar a cobrança coativa e expedir as certidões
comprobatórias da situação fiscal do sujeito passivo”. É necessário recordar que a atividade
7.1.1. Fiscalização
quer sejam principais, quer sejam acessórias. São atos decorrenciais da faculdade outorgada
pela Constituição Federal às pessoas políticas, quanto à instituição de tributos”. Pode ser
Entenda-se legislação tributária como o conjunto de leis (em sentido estrito), tratados e
convenções internacionais (acordos bilaterais ou multilaterais de vontade capazes de produzir
atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas; (2) decisões dos órgãos
singulares ou coletivos de jurisdição administrativa, a que a lei atribua eficácia normativa; (3)
práticas reiteradamente observadas pelas autoridades administrativas; (4) convênios que entre
si celebrem os entes federativos), nos termos dos artigos 96 e 100, ambos do Código
Tributário Nacional.
TODAS as pessoas, naturais ou jurídicas, estão sujeitas à fiscalização, mesmo que não
sejam contribuintes. A norma expressa no parágrafo único do art. 194 do CTN é razoável
Segundo o art. 195 do CTN, “para os efeitos da legislação tributária, não têm aplicação
da Constituição Federal de 1988, in verbis: “sempre que possível, os impostos terão caráter
pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte, facultado à
197 do CTN, que prevê que após a devida intimação escrita, terceiros podem ser obrigados a
prestar informações à autoridade tributária sobre bens, negócios ou atividades do investigado,
no interesse da fiscalização. O artigo elenca um rol exemplificativo desses terceiros:
Os tabeliães, escrivães e demais serventuários de ofício;
Os bancos, casas bancárias, Caixas Econômicas e demais instituições financeiras;
As empresas de administração de bens;
Os corretores, leiloeiros e despachantes oficiais;
Os inventariantes;
Os síndicos, comissários e liquidatários;
Quaisquer outras entidades ou pessoas que a lei designe, em razão de seu cargo,
ofício, função, ministério, atividade ou profissão.
O inciso II do art. 197 do CTN, ao mencionar os bancos, casas bancárias, Caixas Econômicas e
demais instituições financeiras, faria referência, a princípio, à quebra de sigilo bancário, que
depende, em regra, de ordem judicial.
Art. 6º. As autoridades e os agentes fiscais tributários da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios somente poderão examinar documentos, livros e registros de instituições financeiras, inclusive os
referentes a contas de depósitos e aplicações financeiras, quando houver processo administrativo instaurado ou
procedimento fiscal em curso e tais exames sejam considerados indispensáveis pela autoridade administrativa
competente. 1
1
Questão 1
Muito se discutiu acerca da inconstitucionalidade da lei, ocasionando o Recurso
Extraordinário nº 601.314/SP, julgado pelo Supremo Tribunal Federal em 2016 (Tema 225 de
(1) “O art. 6º da Lei Complementar 105/01 não ofende o direito ao sigilo bancário,
pois realiza a igualdade em relação aos cidadãos, por meio do princípio da capacidade
contributiva, bem como estabelece requisitos objetivos e o translado do dever de sigilo da
CTN”.
A Corte se manifestou pela constitucionalidade do artigo 6º da Lei Complementar nº
105/2001, sob o argumento de que a requisição direta de informações bancárias pela
autoridade fiscalizatória não representa uma quebra de sigilo bancária (e, portanto, de
direito fundamental), mas uma mera transferência do sigilo das instituições financeiras ao
Fisco:
1.055.941/SP RG, Rel. Min. Dias Toffoli, afetação em 12/04/2018, DJe 30/04/2018.
Havendo qualquer desembaraço – ainda que não se configure fato definido em lei como
contribuinte, não é possível o ingresso dos agentes fiscais em seu âmbito domiciliar (aqui
se incluindo os escritórios) sem prévia ordem judicial, pois a inviolabilidade de domicílio é
um direito resguardado pela Constituição Federal (artigo 5º, inciso XI - “a casa é asilo
inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador,
salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por
determinação judicial”) como postulado de reserva constitucional de jurisdição. Nesse
sentido, já se pronunciou o Supremo Tribunal Federal:
EMENTA: Prova: alegação de ilicitude da prova obtida mediante apreensão de
documentos por agentes fiscais, em escritório de empresa - compreendido no alcance
da garantia constitucional da inviolabilidade do domicílio - e de contaminação das
provas daquela derivadas: tese substancialmente correta, prejudicada no caso,
entretanto, pela ausência de demonstração concreta de que os fiscais não estavam
autorizados a entrar ou permanecer no escritório da empresa, o que não se extrai do
acórdão recorrido. 1. Conforme o art. 5º, XI, da Constituição - afora as exceções nele
taxativamente previstas ("em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar
socorro") só a "determinação judicial" autoriza, e durante o dia, a entrada de alguém –
autoridade ou não – no domicílio de outrem, sem o consentimento do morador. 2. Em
consequência, o poder fiscalizador da administração tributária perdeu, em favor do
reforço da garantia constitucional do domicílio, a prerrogativa da autoexecutoriedade,
condicionado, pois, o ingresso dos agentes fiscais em dependência domiciliar do
contribuinte, sempre que necessário vencer a oposição do morador, passou a depender
de autorização judicial prévia. 3. Mas, é um dado elementar da incidência da garantia
constitucional do domicílio o não consentimento do morador ao questionado ingresso
de terceiro: malgrado a ausência da autorização judicial, só a entrada invito domino a
ofende (STF, RE 331.303/PR AgR, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, Primeira Turma, julgado
em 10/02/2004, DJ 12/03/2004).
Fiscalização de todas as
pessoas, ainda que não
contribuintes
Vedação às limitações ao
Possibilidade de fiscalização de livros
poder fiscalizatório da
comerciais, inclusive os de escrituração
autoridade
opcional
Poderes de administrativa
fiscalização
das Prestação de informação Não alcança as informações referentes a
autoridades por terceiros (ainda que fatos sobre os quais o informante esteja
fiscais sem prévia ordem obrigado a observar segredo em razão de
judicial), mediante cargo, ofício, função, ministério, atividade
intimação escrita ou profissão
Primeiramente, o art. 196 do CTN prevê que “a autoridade administrativa que proceder
ou presidir a quaisquer diligências de fiscalização lavrará os termos necessários para que se
Determina a data inicial para contagem do prazo máximo para conclusão das
diligências;
Antecipa a contagem do prazo decadencial (art. 173, parágrafo único, do CTN – “o
direito a que se refere este artigo (constituição do crédito tributário) extingue-se
definitivamente com o decurso do prazo nele previsto, contado da data em que
tenha sido iniciada a constituição do crédito tributário pela notificação, ao sujeito
passivo, de qualquer medida preparatória indispensável ao lançamento”);
Afasta a espontaneidade do sujeito passivo (em outros termos, impede a denúncia
espontânea de infração prevista no art. 138 do CTN).
Ademais, sem prejuízo do disposto na legislação criminal, a autoridade administrativa
tem o dever de manter em sigilo a informação obtida em razão do ofício sobre a situação
econômica ou financeira do sujeito passivo ou de terceiros e sobre a natureza e o estado de
seus negócios ou atividades (art. 198 do CTN). Trata-se do sigilo fiscal. Há algumas situações,
entretanto, em que há somente a transferência desse sigilo a outros órgãos (a exemplo da
de informações relativas a (1) representações fiscais para fins penais, (2) inscrições na Dívida
Ativa da Fazenda Pública, e (3) parcelamento ou moratória.
O art. 199 do CTN autoriza ainda a prestação mútua de informações entre as Fazendas
dos entes federativos. Em adição, o parágrafo único desse artigo prevê a “Fazenda Pública da
União, na forma estabelecida em tratados, acordos ou convênios, poderá permutar
2
Questão 4
informações com Estados estrangeiros no interesse da arrecadação e da fiscalização de
tributos”.
Segundo Eduardo Sabbag (2017), dívida ativa é o crédito público, a dizer, todos os
valores (tributários ou não) devidos à Fazenda Pública. O Código Tributário Nacional trata
apenas dos créditos de natureza tributária. Decorrido o prazo para pagamento do tributo,
formaliza-se a inscrição do crédito, após controle de legalidade de sua constituição pelos
procuradores das Fazendas (PAULSEN, 2017). Nesse vértice, o art. 201 do CTN traz uma
definição legal: “constitui dívida ativa tributária a proveniente de crédito dessa natureza,
regularmente inscrita na repartição administrativa competente, depois de esgotado o prazo
fixado, para pagamento, pela lei ou por decisão final proferida em processo regular”.
O art. 204 do CTN preconiza que a dívida regularmente inscrita materializa prova pré-
constituída do crédito, que passa a gozar de presunção de certeza e liquidez. Frise-se que
tal presunção é relativa, podendo ser ilidida por prova inequívoca apresentada pelo sujeito
3
Questão 3
O parágrafo único do artigo 201 do CTN informa ainda que os juros de mora acrescidos
ao valor da dívida não excluem a liquidez do crédito tributário, pois consistem em mera
dos Temas Repetitivos 103 e 1044, cristalizou o entendimento de que se a execução foi
ajuizada apenas contra a pessoa jurídica, mas o nome do sócio consta da certidão de
dívida ativa (CDA), a ele incumbe o ônus da prova da inexistência de sua responsabilidade
(em outros termos, o sócio deve provar que não houve a prática de atos com excesso de
poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos).
Ressalve-se apenas que a oposição deve ser dar por embargos à execução, sendo
incabível, in casu, a exceção de pré-executividade, uma vez que o afastamento da
4
Teses: “Se a execução foi ajuizada apenas contra a pessoa jurídica, mas o nome do sócio consta da CDA, a ele incumbe o ônus
da prova de que não ficou caracterizada nenhuma das circunstâncias previstas no art. 135 do CTN, ou seja, não houve a prática de
atos 'com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos'. A exceção de pré-executividade é admissível na
execução fiscal relativamente às matérias conhecíveis de ofício que não demandem dilação probatória”.
possam ser conhecidas de ofício pelo magistrado, como as condições da ação, os
pressupostos processuais, a decadência, a prescrição, entre outras. 3. Contudo, no caso
concreto, como bem observado pelas instâncias ordinárias, o exame da responsabilidade
dos representantes da empresa executada requer dilação probatória, razão pela qual a
matéria de defesa deve ser aduzida na via própria (embargos à execução), e não por
meio do incidente em comento. 4. Recurso especial desprovido. Acórdão sujeito à
sistemática prevista no art. 543-C do CPC, c/c a Resolução 8/2008 - Presidência/STJ (STJ,
REsp 1.104.900/ES, Rel. Min. Denise Arruda, Primeira Seção, julgado em 25/03/2009, DJe
01/04/2009).
[...] 2. Conforme assentado em precedentes da Seção, inclusive sob o regime do art. 543-
C do CPC (REsp 1104900, Min. Denise Arruda, sessão de 25.03.09), não cabe exceção de
pré-executividade em execução fiscal promovida contra sócio que figura como
responsável na Certidão de Dívida Ativa - CDA. É que a presunção de legitimidade
assegurada à CDA impõe ao executado que figura no título executivo o ônus de
demonstrar a inexistência de sua responsabilidade tributária, demonstração essa que, por
demandar prova, deve ser promovida no âmbito dos embargos à execução [...] (STJ, REsp
1.110.925/SP, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, Primeira Seção, julgado em 22/04/2009,
DJe 04/05/2009).
A ação de execução se dar apenas após a expedição da Certidão de Dívida Ativa (CDA)
autenticada pela autoridade competente, em que devem constar (requisitos),
obrigatoriamente, a teor do art. 202 do CTN:
O nome do devedor e, sendo caso, o dos corresponsáveis, bem como, sempre que
possível, o domicílio ou a residência de um e de outros;
A quantia devida e a maneira de calcular os juros de mora acrescidos;
o CUIDADO! O Código Tributário Nacional exige somente a indicação do
valor e devido e dos índices aplicáveis aos encargos moratórios. Desse
modo, diferentemente do que ocorre nas execuções civis, nas fiscais não é
obrigatório apresentar o cálculo discriminado do débito. Sobre o tema,
vide a Súmula nº 559/STJ: “Em ações de execução fiscal, é desnecessária a
instrução da petição inicial com o demonstrativo de cálculo do débito, por
tratar-se de requisito não previsto no art. 6º da Lei n. 6.830/1980”.
Origem e natureza do crédito, mencionada especificamente a disposição da lei em
que seja fundado;
A data em que foi inscrita;
Sendo caso, o número do processo administrativo de que se originar o crédito;
A indicação do livro e da folha da inscrição.
A inscrição suspende a prescrição do crédito tributário por 180 (cento e oitenta dias),
ou até a distribuição da execução fiscal, se esta ocorrer antes de findo aquele prazo.
Inteligência do art. 2º, § 3º, da Lei nº 6.830/1980 (Lei de Execução Fiscal)5.
Conforme o art. 203 do CTN, a existência de erros ou omissão dos requisitos estabelecidos
acarreta a nulidade da inscrição e do processo de cobrança dela decorrente. No entanto, a
nulidade pode ser sanada até a decisão de primeira instância (entenda-se como a decisão
A princípio, qualquer erro pode ser corrigido, salvo o sujeito passivo da execução.
Nesse sentir, a Súmula nº 392/STJ: “A Fazenda Pública pode substituir a certidão de dívida
ativa (CDA) até a prolação da sentença de embargos, quando se tratar de correção de erro
5
Questão 02
6
Vide a questão 9 deste capítulo.
1.279.899/MG, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, Primeira Turma, julgado em
18/02/2014, DJe 11/03/2014).
Percebe-se por esse decisum que o simples erro material na indicação do CPF do
executado pode ser corrigido normalmente, contanto que os demais dados da qualificação
Segundo o Superior Tribunal de Justiça, a Certidão da Dívida Ativa (CDA) é dispensada para
créditos de Seguridade Social constituídos por força de sentença trabalhista. O Tribunal
entendeu que “a sentença da justiça laboral que condena o empregador a uma obrigação de
caráter trabalhista e, por consequência, reconhece a existência do fato gerador da obrigação
tributária, insere-se na categoria geral de sentença proferida no processo civil que reconhece a
existência de obrigação de fazer, não fazer, entregar coisa ou pagar quantia” (Informativo 618).
É possível o protesto de Certidão de Dívida Ativa (CDA) [...] Dada a natureza bifronte
do protesto - o qual representa, de um lado, instrumento para constituir o devedor em
mora e provar a inadimplência e, de outro, modalidade alternativa para cobrança de
dívida -, não é dado ao Poder Judiciário substituir-se à Administração para eleger, sob o
enfoque da necessidade (utilidade ou conveniência), as políticas públicas para
recuperação, no âmbito extrajudicial, da dívida ativa da Fazenda Pública. A manifestação
sobre essa relevante matéria, com base na valoração da necessidade e pertinência
desse instrumento extrajudicial de cobrança de dívida, carece de legitimação por
romper com os princípios da independência dos poderes (art. 2º da CF) e da
imparcialidade. Quanto aos argumentos de que o ordenamento jurídico (Lei 6.830/1980)
já instituiu mecanismo para a recuperação do crédito fiscal e de que o sujeito passivo
não participou da constituição do crédito, estes são falaciosos. A Lei das Execuções
Fiscais disciplina exclusivamente a cobrança judicial da dívida ativa e não autoriza, por si,
a conclusão de que veda, em caráter permanente, a instituição ou utilização de
mecanismos de cobrança extrajudicial [...] Outrossim, a possibilidade do protesto da
CDA não implica ofensa aos princípios do contraditório e do devido processo legal,
pois subsiste, para todo e qualquer efeito, o controle jurisdicional, mediante
provocação da parte interessada, em relação à higidez do título levado a protesto.
[...] (STJ, REsp 1.126.515/PR, Rel. Min. Herman Benjamin, Segunda Turma, julgado em
03/12/2013, DJe 16/12/2013 – Info 533).
7
Art. 161. “O crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da
falta, sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis e da aplicação de quaisquer medidas de garantia previstas nesta Lei ou
em lei tributária”.
desproporcional quaisquer direitos fundamentais garantidos aos contribuintes e, assim, não
constituir sanção política”. Entre outros argumentos, a Corte salientou a inexistência de
de negativa (CPEN), pois nesta o sujeito passivo possui débitos em aberto, mas ainda está em
situação regular perante o Fisco; é expedida nos casos de existência de créditos vincendos,
Art. 206, CTN. “Tem os mesmos efeitos previstos no artigo anterior a certidão de
que conste a existência de créditos não vencidos, em curso de cobrança executiva em que
tenha sido efetivada a penhora, ou cuja exigibilidade esteja suspensa”.
8
“Em resumo, a Corte Suprema pautou-se nas seguintes orientações intelectivas, na esteira da aceitabilidade do protesto das
CDAs: [...] 5. não há qualquer incompatibilidade entre o protesto da CDA e a cobrança judicial prevista na LEF. Pelo contrário,
são formas complementares. Frustrada a cobrança em uma via (o protesto), a outra poderá ser acionada (o executivo fiscal). Sem
contar que, em relação à cobrança de créditos de pequeno valor, o protesto será, reiteradas vezes, a única via possível” (SABBAG,
2017).
• Inexistência de débitos.
Certidão negativa
• O contribuinte está em situação regular com o Fisco.
O art. 205 do CTN estabelece que a certidão negativa é expedida mediante requerimento
do interessado, no prazo de 10 (dez) dias a partir da data da entrada do requerimento na
necessária. No entanto, é necessário ter certa cautela quanto ao tema: o Supremo Tribunal
Federal já decidiu que o impedimento total às atividades empresariais por motivos de
existência de débitos em aberto perante o Fisco é inconstitucional:
A propósito, os empecilhos causados pela existência de débitos fiscais é tão visível que o
débitos em aberto perante o Fisco (o inverso – filial devedora e matriz adimplente – também
se aplica), pois as empresas possuem CNPJ distintos:
É comum a Administração Tributária demorar certo tempo para ajuizar uma execução fiscal.
Nesse caso, com o fito de evitar a expedição de certidões positivas de débito (que poderiam
impedir alguns atos jurídicos, vale lembrar), é lícito ao contribuinte oferecer caução antes
mesmo da execução existir. Foi o que decidiu a Primeira Seção do Supremo Tribunal de
forma antecipada, para o fim de obter certidão positiva com efeito de negativa".
O art. 207 do CTN estipula que ainda que não haja disposição legal permissiva, é
Enfim, prevê o art. 208 do CTN que o servidor público que tiver expedido certidão
negativa que contenha erro contra a Fazenda Pública por dolo ou fraude se torna
pessoalmente responsável pelo crédito tributário e pelos juros de mora acrescidos, sem
prejuízo das eventuais sanções penais e administrativas (funcionais) cabíveis.
próprios atos (matéria de Direito Administrativo), e o judicial, destinado a resolver litígios entre
contribuintes e a autoridade fiscal (matéria de Direito Processual) (CARVALHO, 2015). Cátia
Cristina de Oliveira Bethonico (2010) diferencia as figuras por suas finalidades: “por isso a ação
fiscal é diferente do processo judicial. No primeiro, busca-se o pronunciamento de uma
autoridade, que deve decidir ou homologar determinado ato, e no segundo, busca-se a
sentença”.
apenas o tributário – são definidos pela Lei nº 9.784/1999 (Lei do Processo Administrativo
Federal). Embora o diploma se refira ao âmbito da Administração Pública Federal direta e
indireta, a essência das normas nele expressas deve ser observada e reger os procedimentos
realizados por todos os entes federativos, porquanto refletem princípios constitucionais.
Ser tratado com respeito pelas autoridades e servidores, que deverão facilitar o
exercício de seus direitos e o cumprimento de suas obrigações;
Ter ciência da tramitação dos processos administrativos em que tenha a condição
de interessado, ter vista dos autos, obter cópias de documentos neles contidos e
conhecer as decisões proferidas;
Formular alegações e apresentar documentos antes da decisão, os quais serão
objeto de consideração pelo órgão competente;
Fazer-se assistir, facultativamente, por advogado, salvo quando obrigatória a
representação, por força de lei.
Ao administrado também são atribuídos deveres (art. 4º):
Expor os fatos conforme a verdade;
Proceder com lealdade, urbanidade e boa-fé;
Não agir de modo temerário;
Prestar as informações que lhe forem solicitadas e colaborar para o esclarecimento
dos fatos.
No mais, os arts. 9º 9e 10 informam os legitimados a intervir no processo administrativo
na qualidade de terceiros interessados; os arts. 11 a 17, por sua vez, fixam regras de
competência.
procedimentos.
De todo modo, a fim de ajudar o candidato, o próximo tópico deste material objetiva
A Lei nº 9.784/1999, salvo no que tange aos princípios constitucionais, explícitos e implícitos,
anteriormente citados, é aplicada de forma subsidiária.
9
Questão 6
A regra disposta no artigo 146, inciso III, da Constituição Federal de 1988, que impõe a
O PAF segue o princípio documental – deve ser escrito (art. 7º, inciso I, do Decreto nº
70.235/1972). Segundo Harada (2018), inicia-se com o lançamento. Decorrido o prazo para
pagamento do tributo e verificada a inércia do sujeito passivo da obrigação tributária, a
A exigibilidade do crédito tributário é suspensa (art. 151, inciso III, do CTN – a suspensão
se mantém até o julgamento definitivo da celeuma no âmbito administrativo) e o contribuinte
adquire o prazo de 30 (trinta) dias, a contar da data da intimação da exigência, para
administrativas. Contudo, uma vez que a duração razoável do processo foi elevada pela
Emenda Constitucional nº 45/2004 ao patamar de cláusula pétrea (art. 5º, inciso LXXVIII, da
CF/1988), o Superior Tribunal de Justiça entendeu, no julgamento dos Temas Repetitivos 269
e 270, por adotar o prazo de 360 (trezentos e sessenta) dias instituído pelo art. 24 da Lei nº
11.457/2007:
CUIDADO! Ainda que o prazo não seja cumprido, não existe prescrição intercorrente
(trezentos e sessenta) dias para verificar o aproveitamento do crédito de IPI, passa a incidir,
automaticamente, correção monetária sobre o valor devido. A respeito, confira-se:
Decreto nº 70.235/1972.
Finalmente, na superveniência de uma decisão anulando, por vício formal, o lançamento,
o prazo decadencial de 05 (cinco) anos para a constituição do crédito tributário deve ser
devolvido integralmente em favor da Fazenda Pública, nos moldes do artigo 173, inciso II,
do Código Tributário Nacional.
Em igual sentido, vide a Súmula nº 2/CARF: “O CARF não é competente para se pronunciar
Não tem o condão de suspender o prazo para recolhimento de tributo retido na fonte
ou autolançado, nem para apresentação de declaração de rendimentos, mas impede a
Recurso ao CARF
Impugnação Suspensão da Decisão de 1º grau
(30 dias) ou à CSRF
(30 dias) exigibilidade pelas Turmas da DRJ
(15 dias)
De acordo com Kiyoshi Harada (2018), o processo judicial tributário se presta a proteger
o contribuinte de eventuais arbitrariedades perpetradas pelo Poder Público. Isso porque
Para garantir ao sujeito passivo uma solução imparcial e justa de suas controvérsias,
invalidando eventuais excessos cometidos pela administração fiscal, existe o Poder
Judiciário, independente e equidistante dos interesses em confronto. Cabe ao Judiciário
dirimir conflitos tributários pela aplicação do direito positivo, por meio de processo
judicial tributário, de natureza trilateral, isto é, formado pela relação jurídica que se
estabelece entre as partes e o juízo e entre este e as partes.
XXXV, da Constituição Federal de 1988 (“a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário
lesão ou ameaça a direito”) e elevado ao patamar de cláusula pétrea (art. 60, § 4º, inciso I, da
CF/1988).
Danilo Botelho de Carvalho (2015) aduz que o processo judicial fiscal pode ter natureza
declaratória (ao julgar a existência, ou não, da relação jurídico-tributária), constitutiva negativa
(ao anular um débito fiscal), condenatória (ao impor a repetição de indébito) ou mandamental
(no caso do mandato de segurança), mas não constitutiva (haja vista que esta é própria do
processo administrativo).
Ambas as partes podem propor ações judiciais fiscais, sendo necessária uma divisão:
Ativa da Fazenda Pública só é admissível nos seguintes casos: (1) execução; (2) mandado de
segurança; (3) ação de repetição de indébito; (4) ação anulatória do ato declarativo da dívida.
De partida, convém destacar que a execução fiscal se aplica tanto a débitos tributários
quanto não-tributários (neste segundo caso, pode-se citar como exemplo uma ação ajuizada
10
Questão 07
O principal diploma legal sobre o tema é a Lei de Execução Fiscal (LEF – Lei nº Lei nº
6.830/80). Subsidiariamente, porém, aplica-se o Código de Processo Civil (art. 1º da LEF).
15 da Lei nº 5.010/1966. Todavia, essa norma foi revogada pelo art. 114 da Lei nº
13.043/2014.
CUIDADO! De acordo com o art. 75 da Lei nº 13.043/2014, a revogação não tem efeitos
retroativos. Logo, as execuções fiscais federais ajuizadas na Justiça Estadual antes da vigência
dessa lei mantêm seu andamento processual normal.
A Lei de Execução Fiscal, em seu artigo 4º, permite que o procedimento seja movido não
apenas em face do devedor, mas também contra alguns terceiros, quais sejam: (1) o devedor;
(2) o fiador; (3) o espólio; (4) a massa; (5) o responsável, nos termos da lei, por dívidas,
tributárias ou não, de pessoas físicas ou pessoas jurídicas de direito privado; (6) os sucessores
a qualquer título.
somente (1) o Juiz a quem é dirigida; (2) o pedido; (3) o requerimento para citação; (4) a
Certidão da Dívida Ativa, sendo o valor da causa o valor nela constante, acrescido dos
Aliás, diferentemente do que ocorre nas demais ações judiciais, na execução fiscal não é
necessário indicar, já na petição inicial, o CPF, RG ou CNPJ do executado (esses dados podem
ser confirmados e informados posteriormente, quando houver certeza sobre sua exatidão).
Súmula nº 558/STJ: “Em ações de execução fiscal, a petição inicial não pode ser
indeferida sob o argumento da falta de indicação do CPF e/ou RG ou CNPJ da parte
executada”.
A inicial é deferida por meio de despacho, em que deve constar ordem para: (1) citação;
(2) penhora (na hipótese de não houver pagamento ou garantia à execução); (3) arresto (se o
executado não tiver domicílio ou dele se ocultar); (4) registro da penhora ou do arresto,
A ordem de penhora não é automática; ao ser citado, o executado deve receber o prazo
de 05 (cinco) dias para efetuar o pagamento da dívida (valor principal + juros, multa e
Tal como exige o constituinte, a ação de execução fiscal permite ao executado o direito
ao contraditório e à ampla defesa. O mecanismo adequado para sua manifestação nos autos
consiste nos embargos à execução, que devem ser opostos no prazo de 30 (trinta) dias,
contados a partir da data: (1) do depósito; (2) da juntada da prova da fiança bancária ou do
seguro garantia; (3) da intimação da penhora11 (e não da juntada do mandado de intimação,
como prevê o Código de Processo Civil). Inteligência do art. 16 da Lei de Execução Fiscal.
11
Vide a questão 9 deste capítulo.
C DO CPC. [...] 3. O termo inicial para a oposição dos Embargos à Execução Fiscal é a
data da efetiva intimação da penhora, e não a da juntada aos autos do mandado
cumprido. 4. Recurso Especial parcialmente conhecido e, nessa parte, não provido.
Acórdão sujeito ao regime do art. 543-C do CPC e da Resolução 8/2008 do STJ (STJ,
REsp 1.112.416/MG, Rel. Min. Herman Benjamin, Primeira Seção, julgado em 27/05/2009,
DJe 09/09/2009).
ex vi do art. 16, § 1º, da LEF. Contudo, o Superior Tribunal de Justiça definiu recentemente
que essa imposição não se aplica ao devedor não possui patrimônio suficiente para garantir
[...] 5. Nessa linha de interpretação, deve ser afastada a exigência da garantia do juízo
para a oposição de embargos à execução fiscal, caso comprovado inequivocadamente
que o devedor não possui patrimônio para garantia do crédito exequendo. 6. Nada
impede que, no curso do processo de embargos à execução, a Fazenda Nacional
diligencie à procura de bens de propriedade do embargante aptos à penhora,
garantindo-se posteriormente a execução. [...]
A Primeira Turma destacou que a simples concessão de gratuidade judiciária não implica
tal benefício, sendo indispensável a efetiva incapacidade econômica e patrimonial de cumprir a
Primeira Seção, julgado em 09/12/2009, DJe 01/02/2010, paradigma do Tema Repetitivo 262),
a execução fiscal admite a exceção de pré-executividade para a arguição de questões que
devam ser conhecidas de ofício pelo juiz, como as atinentes à liquidez do título executivo, aos
probatória”.
Após os embargos à execução, a Fazenda Pública deve ser intimada para oferecer
impugnação no prazo de 30 (trinta) dias (todas as intimações à Fazenda devem ser feitas
exclusivamente documental. Neste caso, o juiz deve proferir sentença no prazo de 30 (trinta)
dias. Art. 17 da LEF.
infringentes e de declaração.
12
Vide a questão 9 deste capítulo.
13
Vide a questão 9 deste capítulo.
A propósito, a norma expressa pela Lei de Execução Fiscal afasta até mesmo a
impetração de mandado de segurança em face da sentença, conforme tese jurídica fixada
recentemente pelo Superior Tribunal de Justiça: “não é cabível mandado de segurança contra
decisão proferida em execução fiscal no contexto do art. 34 da Lei 6.830/80" (STJ, IAC no RMS
53.720/SP, Rel. Min. Sérgio Kukina, Primeira Seção, julgado em 10/04/2019, DJe 20/05/2019 –
Tema IAC 3). Outrossim, já definiu o Supremo Tribunal Federal no julgamento do Tema 408
(AI 637.975/SP AgR, Rel. Min. Joaquim Barbosa, Segunda Turma, julgado em 20/04/2010, DJe
28/05/2010): "é compatível com a Constituição o art. 34 da Lei 6.830/1980, que afirma
incabível apelação em casos de execução fiscal cujo valor seja inferior a 50 ORTN".
suspenso enquanto não for localizado o devedor ou encontrados bens sobre os quais possa
recair a penhora. Todavia, decorrido o prazo máximo de 01 (um) ano nessa situação, tem-se o
14
Vide a questão 9 deste capítulo.
7.2.2.2. Medida cautelar fiscal
Sem domicílio certo que intenta se ausentar ou alienar bens que possui, ou deixa de
pagar a obrigação no prazo fixado;
Tendo domicílio certo, ausenta-se ou tenta se ausentar, visando a elidir o
adimplemento da obrigação;
Caindo em insolvência, aliena ou tenta alienar bens;
Contrai ou tenta contrair dívidas que comprometam a liquidez do seu
patrimônio;
Notificado pela Fazenda Pública para que proceda ao recolhimento do crédito
fiscal: (1) deixa de pagá-lo no prazo legal, salvo se suspensa sua exigibilidade; (2)
põe ou tenta por seus bens em nome de terceiros;
Possui débitos, inscritos ou não em Dívida Ativa, que somados ultrapassem 30%
(trinta por cento) do seu patrimônio conhecido;
Aliena bens ou direitos sem proceder à devida comunicação ao órgão da Fazenda
Pública competente, quando exigível em virtude de lei;
Tem sua inscrição no cadastro de contribuintes declarada inapta, pelo órgão
fazendário;
Pratica outros atos que dificultem ou impeçam a satisfação do crédito.
Uma primeira consequência da decretação da medida cautelar fiscal é a imediata
indisponibilidade dos bens do requerido, até o limite da satisfação da obrigação. Sendo o
devedor uma pessoa jurídica, a indisponibilidade atinge apenas os bens do ativo permanente
e, se o caso, os do acionista controlador e dos responsáveis por fazer a empresa cumprir suas
A petição inicial proposta pela Fazenda Pública precisa indicar: (1) o Juiz a quem é
dirigida; (2) a qualificação e o endereço, se conhecido, do requerido; (3) as provas que serão
produzidas; (4) o requerimento para citação.
Tal como exige o constituinte, a medida cautelar fiscal também permite ao requerido o
direito ao contraditório e à ampla defesa. O mecanismo adequado para sua manifestação nos
autos é a contestação, que pode ser apresentada no prazo de 15 (quinze) dias, contados a
partir da juntada aos autos do mandado de citação ou de execução da medida, sob pena de o
Havendo revelia, o juiz deve julgar definitivamente a medida em 10 (dez) dias; sendo o
requerido contestante, é designada audiência de instrução e julgamento. Em todo caso, da
sentença cabe recurso de apelação. Arts. 9º e 17 da Lei nº 8.297/1992.
cautelar não impede a Fazenda Pública de intentar a execução judicial, nem influi no
julgamento desta (uma vez que não faz coisa julgada em relação a ela), salvo se o Juiz, no
15
Vide a questão 10 deste capítulo.
16
Vide a questão 10 deste capítulo.
7.2.2.3. Mandado de segurança
6.830/1980. Sobre o tema, confira-se também: STJ, IAC no RMS 53.720/SP, Rel. Min. Sérgio
Kukina, Primeira Seção, julgado em 10/04/2019, DJe 20/05/2019 – Tema IAC 3.
que o writ é julgado com prioridade sobre os demais feitos. O prazo para impetração também
é curto, limitando-se a 120 (cento e vinte dias), contados da ciência, pelo interessado, do ato
caução; (2) de decisão judicial da qual caiba recurso com efeito suspensivo; (3) de decisão
judicial transitada em julgado.
Prevê o art. 7º da Lei nº 12.016/2009 que o juiz, ao despachar a inicial, deve ordenar:
do Ministério Público, que manifesta sua opinião no prazo improrrogável de 10 (dez) dias.
Conclusos os autos, o juiz precisa proferir decisão no prazo de 30 (trinta) dias, cabendo
título de tributo deve ser parcial ou integralmente restituído. No ponto, preconiza o art.
165 do CTN que a restituição se dá nos seguintes casos:
Cobrança ou pagamento espontâneo de tributo indevido ou maior que o devido em
face da legislação tributária aplicável, ou da natureza ou circunstâncias materiais do fato
gerador efetivamente ocorrido;
Erro na edificação do sujeito passivo, na determinação da alíquota aplicável, no
cálculo do montante do débito ou na elaboração ou conferência de qualquer documento
relativo ao pagamento;
Reforma, anulação, revogação ou rescisão de decisão condenatória.
A teor do art. 166 do CTN, a restituição de tributos indiretos pode ser feita apenas em
duas hipóteses:
Quando o contribuinte de direito comprovar que não transferiu o encargo
financeiro do tributo;
Quando o contribuinte de direito estiver expressamente autorizado pelo
contribuinte de fato a receber a restituição.
Havendo pagamento a maior de tributo, os juros e multas de mora eventualmente
pleito administrativo, no prazo de cinco (5) anos. No entanto, se optar por formular o pedido
inicialmente na via administrativa e este vier a ser indeferido, prescreve em dois (2) anos a
prazo prescricional é interrompido pelo início da ação judicial, recomeçando pela metade
(dois anos e meio) a partir da intimação válida da Fazenda Pública.
Prazos
prescricionais na Com prévio processo administrativo: 02 anos em
repetição de favor do obrigado (apara anular a decisão)
indébito
Após o ajuizamento da ação judicial pelo
obrigado: 02 anos e meio em favor da Fazenda
(para cobrar o tributo)
Preceitua a Súmula nº 461/STJ, “o contribuinte pode optar por receber, por meio de
precatório ou por compensação, o indébito tributário certificado por sentença declaratória
17
Vide a questão 9 deste capítulo.
transitada em julgado”. Para tanto, é necessário que haja autorização legal do ente
tributante, conforme precedente do Supremo Tribunal de Justiça:
o ‘quantum’ respectivo”.
Pode ser proposta a qualquer tempo a partir do momento em que lançado o crédito –
arts. 105, inciso III e 103, inciso III, ambos da Constituição Federal de 1988.
7.2.2.6. Ação declaratória de inexistência de relação jurídica
Pode ser processada pelo rito ordinário ou sumário (de acordo com o valor atribuído à
causa), independentemente de depósito do valor exigido pelo Fisco – vale salientar, contudo,
que o depósito integral suspende a exigibilidade do crédito tributário, ex vi do art. 151, inciso
II, do CTN). Também é permitida sua cumulação a com repetição de indébito em um único
feito, para fins de economia processual.
consequência, é possível o julgamento antecipado da lide (art. 355 do CPC), bem como os
recursos tradicionais: agravos de instrumento contra decisões e apelação em face da sentença,
além de recursos especial e extraordinário, nas hipóteses dos arts. 105, inciso III e 103, inciso
III, ambos da Constituição Federal de 1988.
É prevista pelo art. 164 do CTN, que preconiza que o valor do crédito tributário pode ser
consignado judicialmente em caso de:
devido. Realizado o depósito, é fornecido prazo para que a Fazenda Pública manifeste recusa
ou aceite a proposta do requerente.
Embora o artigo 539, § 1º, do Código de Processo Civil defina o prazo de 10 (dez) dias para a
intimação pessoal”.
Presidente da República;
A Mesa do Senado Federal;
A Mesa da Câmara dos Deputados;
A Mesa de Assembleia Legislativa ou da Câmara Legislativa do Distrito
Federal;
O Governador de Estado ou do Distrito Federal;
O Procurador-Geral da República;
O Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil;
Partido político com representação no Congresso Nacional;
Confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional.
Ressalte-se que há uma presunção iuris tantum (relativa) de constitucionalidade, que
pode ser infirmada pela declaração em sentido contrário pelo órgão jurisdicional competente.
Em sua dimensão prática, o princípio se traduz em 02 (duas) regras de observância necessária
pelo intérprete e aplicador do direito: (1) não sendo evidente a inconstitucionalidade, havendo
dúvida ou a possibilidade de razoavelmente se considerar a norma como válida, deve o órgão
competente abster-se da declaração de inconstitucionalidade; (2) havendo alguma
vigor.
QUESTÃO 1
(XXIX EXAME DE ORDEM – FGV - 2019) A União lavrou auto de infração para a cobrança de
créditos de Imposto sobre a Renda, devidos pela pessoa jurídica PJ. A cobrança foi baseada
no exame, considerado indispensável por parte da autoridade administrativa, de documentos,
livros e registros de instituições financeiras, incluindo os referentes a contas de depósitos e
aplicações financeiras de titularidade da pessoa jurídica PJ, após a regular instauração de
processo administrativo.
Não houve, neste caso, qualquer autorização do Poder Judiciário. Sobre a possibilidade do
exame de documentos, livros e registros de instituições financeiras pelos agentes fiscais
tributários, assinale a afirmativa correta.
Comentário
CTN, art. 196. A autoridade adm. que proceder ou presidir a quaisquer diligências de
fiscalização lavrará os termos necessários para que se documente o início do
procedimento, na forma da legislação aplicável, que fixará prazo máximo para a conclusão
daquelas.
§ único. Os termos a que se refere este artigo serão lavrados, sempre que possível, em um dos
livros fiscais exibidos; quando lavrados em separado deles se entregará, à pessoa sujeita à
fiscalização, cópia autenticada pela autoridade a que se refere este artigo.
LC nº 105/01, art. 6º. As autoridades e os agentes fiscais tributários da União, dos Estados,
do DF e dos Municípios somente poderão examinar documentos, livros e registros de
instituições financeiras, inclusive os referentes a contas de depósitos e aplicações
financeiras, quando houver processo adm. instaurado ou procedimento fiscal em curso e
tais exames sejam considerados indispensáveis pela autoridade adm. competente.
§ único. O resultado dos exames, as informações e os documentos a que se refere este
artigo serão conservados em sigilo, observada a legislação tributária.
QUESTÃO 2
(XXIX EOU – FGV - 2019) A Fazenda Pública apurou que fato gerador, ocorrido em
12/10/2007, referente a um imposto sujeito a lançamento por declaração, não havia sido
comunicado pelo contribuinte ao Fisco. Por isso, efetuou o lançamento de ofício do tributo
em 05/11/2012, tendo sido o contribuinte notificado desse lançamento em 09/11/2012, para
pagamento em 30 dias. Não sendo a dívida paga, nem tendo o contribuinte impugnado o
lançamento, a Fazenda Pública inscreveu, em 05/10/2017, o débito em dívida ativa, tendo
ajuizado a ação de execução fiscal em 08/01/2018.
Diante desse cenário, assinale a afirmativa correta.
A) A cobrança é indevida, pois o crédito tributário foi extinto pelo decurso do prazo
decadencial.
B) A cobrança é indevida, pois já teria se consumado o prazo prescricional para propor a ação
de execução fiscal.
C) A cobrança é devida, pois a inscrição em dívida ativa do crédito tributário, em 05/10/2017,
suspendeu, por 180 dias, a contagem do prazo prescricional para propositura da ação de
execução fiscal.
D) A cobrança é devida, pois não transcorreram mais de 10 anos entre a ocorrência do fato
gerador (12/10/2007) e a inscrição em dívida ativa do crédito tributário (05/10/2017).
Comentário
Lei nº 6.830/80, art. 2º, § 3º - A inscrição, que se constitui no ato de controle adm. da
legalidade, será feita pelo órgão competente para apurar a liquidez e certeza do crédito
e suspenderá a prescrição, para todos os efeitos de direito, por 180 dias, ou até a
distribuição da execução fiscal, se esta ocorrer antes de findo aquele prazo.
Todavia, como a LEF aplica-se a créditos tributários e não tributários (§ 2º, art. 2º, LEF) e os
casos de suspensão de prescrição de crédito tributário apenas podem ser previstos em LC
nacional, o STJ entende que essa regra acima apenas se aproveita aos créditos não-
tributários (REsp 249262, 1ª T, j. 18.05.2000).
CF, art. 146. Cabe à LC:
III - estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre:
b) obrigação, lançamento, crédito, prescrição e decadência tributários;
QUESTÃO 3
(XXVIII EXAME DE ORDEM – FGV - 2019) O médico João da Silva está há 4 (quatro) anos
sem pagar a anuidade cobrada pelo Conselho Regional de Medicina (CRM). Diante desse
cenário, o CRM poderá
A) inscrever o débito em dívida ativa de natureza tributária, depois promovendo a competente
ação de execução fiscal, regida pela Lei nº 6.830/80, para cobrança.
B) promover a competente ação de execução fiscal regida pela Lei nº 6.830/80, sem
necessidade de inscrição em dívida ativa, por serem as certidões de inadimplemento de
anuidades expedidas pelos conselhos profissionais dotadas de natureza de título executivo
extrajudicial.
C) promover a competente ação de cobrança das anuidades, regida pelo Código de Processo
Civil, a partir da comprovação do não pagamento das anuidades em atraso.
D) promover a competente ação de execução das anuidades, regida pelo Código de Processo
Civil, por serem as certidões de inadimplemento de anuidades expedidas pelos conselhos
profissionais dotadas de natureza de título executivo extrajudicial.
Comentário
Depois do LANÇAMENTO fica instituído o CRÉDITO TRIBUTÁRIO, aqui acaba a cobrança pelas
vias administrativas, se esta não for paga, o sujeito ativo (ente federativo competente)
inscreverá esse débito em DÍVIDA ATIVA, inscrevendo-o no CADASTRO DE DÍVIDA ATIVA, que
o possibilitará de promover a EXECUÇÃO FISCAL.
QUESTÃO 4
(XXVI EXAME DE ORDEM – FGV - 2018) João, empresário, inconformado com a notificação
de que a Administração Pública Fazendária teria acesso às informações de sua movimentação
bancária para instruir processo administrativo fiscal, decidiu procurar o Escritório Alfa de
advocacia para uma consulta a respeito do caso. João busca saber se a medida configura
quebra de sigilo fiscal e se o procedimento da Administração Pública está correto.
Com base na hipótese apresentada, assinale a opção que indica a orientação a ser dada pelo
Escritório Alfa, considerando a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (STF) acerca do
acesso a dados bancários sigilosos pela Administração Pública Fazendária.
A) Não se trata de quebra de sigilo, mas de transferência de sigilo para finalidades de
natureza eminentemente fiscal, pois a legislação aplicável garante a preservação da
confidencialidade dos dados, vedado seu repasse a terceiros estranhos ao próprio Estado, sob
pena de responsabilização dos agentes que eventualmente pratiquem essa infração.
B) A imediata notificação do contribuinte é mera liberalidade da Administração Fazendária,
sendo ao contribuinte facultada, tão somente, a extração da decisão final da Administração
Fazendária.
C) Tal uso de dados ofende o direito ao sigilo bancário, porque macula o princípio da
igualdade e o princípio da capacidade contributiva.
D) É inconstitucional a quebra de sigilo, pois a legislação aplicável garante a preservação da
confidencialidade dos dados, vedado seu repasse a terceiros, inclusive aos integrantes da
Administração Pública Fazendária.
Comentário
CTN Art. 198. Sem prejuízo do disposto na legislação criminal, é vedada a divulgação, por
parte da Fazenda Pública ou de seus servidores, de informação obtida em razão do ofício
sobre a situação econômica ou financeira do sujeito passivo ou de terceiros e sobre a
natureza e o estado de seus negócios ou atividades.
§ 1o Excetuam-se do disposto neste artigo, além dos casos previstos no art. 199, os seguintes:
QUESTÃO 5
(XXVII EXAME DE ORDEM – FGV - 2018) A União concedeu isenção de Imposto sobre a
Renda aos portadores da doença Beta. João e Maria são portadores da referida doença, sendo
João servidor público do Estado ABC e Maria, servidora pública do Município XYZ. Em razão
de retenção indevida do tributo, João e Maria desejam propor ação de restituição de Imposto
sobre a Renda retido na fonte.
Com base nesse relato, assinale a afirmativa correta.
A) João e Maria devem ajuizar ação em face da União, sendo a competência da Justiça
Federal.
B) João deve ajuizar ação em face do Estado ABC, enquanto Maria deve ajuizar ação em face
do Município XYZ, sendo a competência da Justiça Estadual.
C) João deve ajuizar ação em face da União e do Estado ABC e Maria, em face da União e do
Município XYZ, sendo a competência da Justiça Federal.
D) João e Maria devem ajuizar ação em face do respectivo ente empregador, sendo a
competência da Justiça Federal, tendo em vista o interesse da União.
Comentário
O imposto de renda retido na fonte é apropriado integralmente pela entidade política à qual
se vincula aquele servidor público, então é uma repartição da receita. Cada servidor público
deve ajuizar ação perante o ente político competente (Estado e Município), conforme
estabelece a Súmula 447 do STJ e a competência é da justiça estadual.
Súmula 447 - Os Estados e o Distrito Federal são partes legítimas na ação de restituição de
imposto de renda retido na fonte proposta por seus servidores. (Súmula 447, PRIMEIRA
SEÇÃO, julgado em 28/04/2010, DJe 13/05/2010)
QUESTÃO 6
(XXVI EXAME DE ORDEM – FGV - 2018) Em execução fiscal ajuizada pela União, a
contribuinte ABC ofereceu seguro-garantia para garantir a execução, correspondente ao valor
da dívida, acrescido de juros, multa de mora e encargos indicados na Certidão de Dívida Ativa.
Por meio de publicação no órgão oficial, a União foi instada a se manifestar quanto à garantia
oferecida pela executada, deixando de se manifestar no prazo que lhe foi assinalado.
Nos termos do art. 9º, II, da Lei de Execuções Fiscais, é possível que o executado ofereça
seguro garantia. No entanto, nos termos do art. 25 dessa mesma lei o representante da
Fazenda Pública deve ser intimado pessoalmente.
QUESTÃO 7
(XXI EXAME DE ORDEM – FGV - 2016) João deixou de pagar o Imposto de Importação sobre
mercadoria trazida do exterior, sendo notificado pelo fisco federal. Ao receber a notificação,
logo impugnou administrativamente a cobrança. Percebendo que seu recurso administrativo
demoraria longo tempo para ser apreciado e querendo resolver a questão o mais rápido
possível, propõe ação anulatória para discutir matéria idêntica àquela demandada
administrativamente.
Comentário
QUESTÃO 8
(XIX EXAME DE ORDEM – FGV - 2016) João foi citado, em execução fiscal, para pagamento
do Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (“IPTU”) relativo ao imóvel em
que reside e do qual é proprietário. Ocorre que o contribuinte pretende impugnar tal
cobrança por meio de embargos à execução.
Tendo em vista a disciplina da Lei nº 6.830/80, tais embargos poderão ser apresentados no
prazo de 30 dias, contados a partir
B) da sua citação.
Comentário
L6830: Dispõe sobre a cobrança judicial da Dívida Ativa da Fazenda Pública, e dá outras
providências.
I - do depósito;
QUESTÃO 9
Comentário
QUESTÃO 10
Comentário
Questão 1 – B
Questão 2 – B
Questão 3 – A
Questão 4 – A
Questão 5 – B
Questão 6 – D
Questão 7 – D
Questão 8 – C
Questão 9 – A
Questão 10 – D
QUESTÃO DESAFIO
Conforme podemos extrair do CTN, as autoridades fiscais possuem dois deveres, o dever
de documentar o início do procedimento e o dever de manter sigilo..
Você deve ter abordado necessariamente os seguintes itens em sua resposta:
Dever de documentar o início do procedimento
Esse entendimento é extraído do seguinte excerto do CTN. CTN Art. 196. “A autoridade
administrativa que proceder ou presidir a quaisquer diligências de fiscalização lavrará os
termos necessários para que se documente o início do procedimento, na forma da legislação
aplicável, que fixará prazo máximo para a conclusão daquelas.”. Sobre o assunto segue lição
de Ricardo Alexandre . “A atividade de fiscalização modifica o ambiente de funcionamento da
empresa. Trata-se de um “mal necessário” que não pode se eternizar. É por conta disso que a
legislação de cada ente federado deverá prever o prazo máximo para conclusão das
diligências, apesar de possibilidade de prorrogação. Como há prazo para o término do
procedimento, é necessário que se documente o seu começo, o que tradicionalmente é feito
por intermédio da lavratura do termo de Início de Fiscalização”.
Dever de manter sigilo
As autoridades fiscais têm obrigação de manter sigilo das informações que possuem acesso
em virtude de suas atribuições. Sobre isso Ricardo Alexandre enuncia “Consoante analisado, as
criminal.”. CTN Art. 198. “Sem prejuízo do disposto na legislação criminal, é vedada a
divulgação, por parte da Fazenda Pública ou de seus servidores, de informação obtida em
Súmula 383/STF
A prescrição em favor da Fazenda Pública recomeça a correr, por dois anos e meio, a partir do
ato interruptivo, mas não fica reduzida aquém de cinco anos, embora o titular do direito a
interrompa durante a primeira metade do prazo.
Súmula nº 439/STF
Súmula nº 546/STF
Cabe a restituição do tributo pago indevidamente, quando reconhecido por decisão que o
contribuinte ‘de jure’ não recuperou do contribuinte ‘de facto’ o ‘quantum’ respectivo.
Súmula nº 162/STJ
Súmula nº 188/STJ
Súmula nº 392/STJ
A Fazenda Pública pode substituir a certidão de dívida ativa (CDA) até a prolação da sentença
de embargos, quando se tratar de correção de erro material ou formal, vedada a modificação
do sujeito passivo da execução.
Súmula nº 393/STJ
Súmula 411/STJ
Súmula nº 460/STJ
Súmula nº 461/STJ
O contribuinte pode optar por receber, por meio de precatório ou por compensação, o
indébito tributário certificado por sentença declaratória transitada em julgado.
Súmula nº 523/STJ
Em ações de execução fiscal, a petição inicial não pode ser indeferida sob o argumento da
falta de indicação do CPF e/ou RG ou CNPJ da parte executada.
Súmula nº 559/STJ
Súmula nº 2/CARF
Administração tributária
STJ, HC 422.473/SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, Sexta Turma, julgado em
20/03/2018, DJe 27/03/2018
STF, RE 1.055.941/SP RG, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 12/04/2018, DJe
30/04/2018 (Tema 990)
EMENTA CONSTITUCIONAL. PROCESSUAL PENAL. COMPARTILHAMENTO COM O MINISTÉRIO
PÚBLICO, PARA FINS PENAIS, DOS DADOS BANCÁRIOS E FISCAIS DO CONTRIBUINTE,
OBTIDOS PELO FISCO NO LEGÍTIMO EXERCÍCIO DE SEU DEVER DE FISCALIZAR, SEM A
INTERMEDIAÇÃO DO PODER JUDICIÁRIO. TRANSFERÊNCIA DE INFORMAÇÕES EM FACE DA
PROTEÇÃO CONSTITUCIONAL DA INTIMIDADE E DO SIGILO DE DADOS. ART. 5º, INCISOS X E
XII, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. QUESTÃO EMINENTEMENTE CONSTITUCIONAL. MATÉRIA
PASSÍVEL DE REPETIÇÃO EM INÚMEROS PROCESSOS, A REPERCUTIR NA ESFERA DO
INTERESSE PÚBLICO. TEMA COM REPERCUSSÃO GERAL.
STF, RE 331.303/PR AgR, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, Primeira Turma, julgado
em 10/02/2004, DJ 12/03/2004
EMENTA: Prova: alegação de ilicitude da prova obtida mediante apreensão de documentos por
agentes fiscais, em escritório de empresa - compreendido no alcance da garantia
constitucional da inviolabilidade do domicílio - e de contaminação das provas daquela
derivadas: tese substancialmente correta, prejudicada no caso, entretanto, pela ausência de
demonstração concreta de que os fiscais não estavam autorizados a entrar ou permanecer no
escritório da empresa, o que não se extrai do acórdão recorrido. 1. Conforme o art. 5º, XI, da
Constituição - afora as exceções nele taxativamente previstas ("em caso de flagrante delito ou
desastre, ou para prestar socorro") só a "determinação judicial" autoriza, e durante o dia, a
entrada de alguém - autoridade ou não - no domicílio de outrem, sem o consentimento do
morador. 2. Em consequência, o poder fiscalizador da administração tributária perdeu, em
favor do reforço da garantia constitucional do domicílio, a prerrogativa da autoexecutoriedade,
condicionado, pois, o ingresso dos agentes fiscais em dependência domiciliar do contribuinte,
sempre que necessário vencer a oposição do morador, passou a depender de autorização
judicial prévia. 3. Mas, é um dado elementar da incidência da garantia constitucional do
domicílio o não consentimento do morador ao questionado ingresso de terceiro: malgrado a
ausência da autorização judicial, só a entrada invito domino a ofende.
STJ, REsp 1.104.900/ES, Rel. Min. Denise Arruda, Primeira Seção, julgado em
25/03/2009, DJe 01/04/2009 (Temas Repetitivos 103 e 104)
STJ, REsp 1.110.925/SP, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, Primeira Seção, julgado
em 22/04/2009, DJe 04/05/2009 (Tema Repetitivo 108)
RECURSO ESPECIAL. TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. OFENSA AO ART. 535, II DO CPC NÃO
CARACTERIZADA. EXECUÇÃO FISCAL. SUBSTITUIÇÃO DAS CDA''S COM ALTERAÇÃO DO CPF
DO EXECUTADO. HOMONÍMIA. MODIFICAÇÃO DO SUJEITO PASSIVO. SÚMULA 392 DO STJ.
RECURSO ESPECIAL PARCIALMENTE CONHECIDO E, NESSA PARTE, DESPROVIDO. 1. Inexiste
ofensa ao art. 535, II do CPC quando o Tribunal a quo aprecia fundamentadamente a
controvérsia, mas conclui em sentido diverso do pretendido pela parte. 2. Em princípio, a
indicação equivocada do CPF do executado constitui simples erro material, passível de
correção, na forma do art. 2o., § 8o. da Lei 6.830/80, porque, de ordinário, não modifica a
pessoa executada, se os demais dados, como nome, endereço e número do processo
administrativo estão indicados corretamente; assim, é possível sua alteração até a prolação da
sentença. 3. A hipótese, contudo, é diversa, por cuidar-se de homônimos, ou seja, o erro na
indicação do CPF acabou por incluir no processo executivo pessoa diversa daquela, em tese,
efetivamente devedora do imposto, a qual, inclusive, sofreu bloqueio indevido de dinheiro
depositado em sua conta corrente; destarte, em caso de homonímia, só é possível verificar
quem é o real executado através do CPF. 4. No caso concreto, tem aplicação o enunciado 392
da Súmula desta Corte, segundo o qual a Fazenda Pública pode substituir a certidão de dívida
ativa (CDA) até a prolação da sentença de embargos, quando se tratar de correção de erro
material ou formal, vedada a modificação do sujeito passivo da execução. 5. Recurso Especial
parcialmente conhecido e, nessa parte, desprovido.
STJ, REsp 1.591.141/SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, Terceira Turma,
julgado em 05/12/2017, DJe 18/12/2017
STJ, REsp 1.126.515/PR, Rel. Min. Herman Benjamin, Segunda Turma, julgado
em 03/12/2013, DJe 16/12/2013 (Info 533)
É possível o protesto de Certidão de Dívida Ativa (CDA) [...] Dada a natureza bifronte do
protesto - o qual representa, de um lado, instrumento para constituir o devedor em mora e
provar a inadimplência e, de outro, modalidade alternativa para cobrança de dívida -, não é
dado ao Poder Judiciário substituir-se à Administração para eleger, sob o enfoque da
necessidade (utilidade ou conveniência), as políticas públicas para recuperação, no âmbito
extrajudicial, da dívida ativa da Fazenda Pública. A manifestação sobre essa relevante matéria,
com base na valoração da necessidade e pertinência desse instrumento extrajudicial de
cobrança de dívida, carece de legitimação por romper com os princípios da independência dos
poderes (art. 2º da CF) e da imparcialidade. Quanto aos argumentos de que o ordenamento
jurídico (Lei 6.830/1980) já instituiu mecanismo para a recuperação do crédito fiscal e de que
o sujeito passivo não participou da constituição do crédito, estes são falaciosos. A Lei das
Execuções Fiscais disciplina exclusivamente a cobrança judicial da dívida ativa e não autoriza,
por si, a conclusão de que veda, em caráter permanente, a instituição ou utilização de
mecanismos de cobrança extrajudicial. [...] A inscrição em dívida ativa, de onde se origina a
posterior extração da Certidão que poderá ser levada a protesto, decorre ou do exaurimento
da instância administrativa (na qual foi possível impugnar o lançamento e interpor recursos
administrativos) ou de documento de confissão de dívida, apresentado pelo próprio devedor
(como o DCTF, a GIA e o Termo de Confissão para adesão ao parcelamento). O sujeito
passivo, portanto, não pode alegar que houve "surpresa" ou "abuso de poder" na extração da
CDA, uma vez que esta pressupõe sua participação na apuração do débito [...] Outrossim, a
possibilidade do protesto da CDA não implica ofensa aos princípios do contraditório e do
devido processo legal, pois subsiste, para todo e qualquer efeito, o controle jurisdicional,
mediante provocação da parte interessada, em relação à higidez do título levado a protesto.
STF, ADI 5.135/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, Tribunal Pleno, julgado em
09/11/2016, DJe 07/02/2018
Ementa: Direito tributário. Ação direta de inconstitucionalidade. Lei nº 9.492/1997, art. 1º,
parágrafo único. Inclusão das certidões de dívida ativa no rol de títulos sujeitos a protesto.
Constitucionalidade [...] Somente pode ser considerada “sanção política” vedada pelo STF (cf.
Súmulas nº 70, 323 e 547) a medida coercitiva do recolhimento do crédito tributário que
restrinja direitos fundamentais dos contribuintes devedores de forma desproporcional e
irrazoável, o que não ocorre no caso do protesto de CDAs. 3.1. Em primeiro lugar, não há
efetiva restrição a direitos fundamentais dos contribuintes. De um lado, inexiste afronta ao
devido processo legal, uma vez que (i) o fato de a execução fiscal ser o instrumento típico
para a cobrança judicial da Dívida Ativa não exclui mecanismos extrajudiciais, como o protesto
de CDA, e (ii) o protesto não impede o devedor de acessar o Poder Judiciário para discutir a
validade do crédito. De outro lado, a publicidade que é conferida ao débito tributário pelo
protesto não representa embaraço à livre iniciativa e à liberdade profissional, pois não
compromete diretamente a organização e a condução das atividades societárias
(diferentemente das hipóteses de interdição de estabelecimento, apreensão de mercadorias,
etc). Eventual restrição à linha de crédito comercial da empresa seria, quando muito, uma
decorrência indireta do instrumento, que, porém, não pode ser imputada ao Fisco, mas aos
próprios atores do mercado creditício. 3.2. Em segundo lugar, o dispositivo legal impugnado
não viola o princípio da proporcionalidade. A medida é adequada, pois confere maior
publicidade ao descumprimento das obrigações tributárias e serve como importante
mecanismo extrajudicial de cobrança, que estimula a adimplência, incrementa a arrecadação e
promove a justiça fiscal. A medida é necessária, pois permite alcançar os fins pretendidos de
modo menos gravoso para o contribuinte (já que não envolve penhora, custas, honorários,
etc.) e mais eficiente para a arrecadação tributária em relação ao executivo fiscal (que
apresenta alto custo, reduzido índice de recuperação dos créditos públicos e contribui para o
congestionamento do Poder Judiciário). A medida é proporcional em sentido estrito, uma vez
que os eventuais custos do protesto de CDA (limitações creditícias) são compensados
largamente pelos seus benefícios, a saber: (i) a maior eficiência e economicidade na
recuperação dos créditos tributários, (ii) a garantia da livre concorrência, evitando-se que
agentes possam extrair vantagens competitivas indevidas da sonegação de tributos, e (iii) o
alívio da sobrecarga de processos do Judiciário, em prol da razoável duração do processo [...]
Fixação da seguinte tese: “O protesto das Certidões de Dívida Ativa constitui mecanismo
constitucional e legítimo, por não restringir de forma desproporcional quaisquer direitos
fundamentais garantidos aos contribuintes e, assim, não constituir sanção política”.
STJ, REsp 1824839/SP, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA,
julgado em 27/08/2019, DJe 11/10/2019
STF, RE 399.037/ES AgR, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, Primeira Turma, julgado
em 26/09/2006, DJ 20/10/2006
Certidão negativa de débito: indeferimento: não pode a Fazenda Pública impor penalidades
que inviabilizem o exercício da atividade empresarial, no intuito de recolher tributos atrasados.
Precedentes.
STF, RMS 32.055/DF AgR-terceiro, Rel. Min. Gilmar Mendes, Segunda Turma,
julgado em 06/08/2019, DJe 16/08/2019
Processo tributário
STJ, REsp 1.138.206/RS, Rel. Min. Luiz Fux, Primeira Seção, julgado em
09/08/2010, DJe 01/09/2010 (Temas Repetitivos 269 e 270)
STJ, REsp 1.112.416/MG, Rel. Min. Herman Benjamin, Primeira Seção, julgado
em 27/05/2009, DJe 09/09/2009
PROCESSUAL CIVIL. NULIDADE DO ACÓRDÃO POR FALTA DE MOTIVAÇÃO. ARTS. 131, 165 E
458, II, DO CPC. NÃO-OCORRÊNCIA. VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC. DEFICIÊNCIA NA
FUNDAMENTAÇÃO. SÚMULA 284/STF. TERMO A QUO DO PRAZO PARA EMBARGOS À
EXECUÇÃO FISCAL. GARANTIA DO JUÍZO MEDIANTE PENHORA. JUNTADA DO MANDADO.
RECURSO REPETITIVO. ART. 543-C DO CPC. 1. Não há nulidade no julgamento se a
fundamentação, embora concisa, for suficiente para a solução da demanda. 2. Não se conhece
de Recurso Especial em relação a ofensa ao art. 535 do CPC quando a parte não aponta, de
forma clara, o vício em que teria incorrido o acórdão impugnado. Aplicação, por analogia, da
Súmula 284/STF. 3. O termo inicial para a oposição dos Embargos à Execução Fiscal é a data
da efetiva intimação da penhora, e não a da juntada aos autos do mandado cumprido. 4.
Recurso Especial parcialmente conhecido e, nessa parte, não provido. Acórdão sujeito ao
regime do art. 543-C do CPC e da Resolução 8/2008 do STJ.
STJ, REsp 1.487.772/SE, Rel. Min. Gurgel De Faria, Primeira Turma, julgado em
28/05/2019, DJe 12/06/2019
STJ, REsp 1.136.144/RJ, Rel. Min. Luiz Fux, Primeira Seção, julgado em
09/12/2009, DJe 01/02/2010 (Tema Repetitivo 262)
STJ, IAC no RMS 53.720/SP, Rel. Min. Sérgio Kukina, Primeira Seção, julgado em
10/04/2019, DJe 20/05/2019 (Tema IAC 3)
STJ, AgRg no AREsp 502.344/RS, Rel. Min. Herman Benjamin, Segunda Turma,
julgado em 05/08/2014, DJe 13/10/2014
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS