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CARREIRAS

JURÍDICAS

CARREIRAS JURÍDICAS

DIREITO TRIBUTÁRIO

CAPÍTULO 3
Recado para você que está assistindo às videoaulas

Prezado aluno, a princípio, estamos trazendo algumas informações relevantes para você
que está assistindo às nossas videoaulas e complementará os estudos através do conteúdo do
nosso CERS Book. Portanto, você deve estar atento que:

O CERS book foi desenvolvido para complementar a aula do professor e te dar um suporte
nas revisões!

Um mesmo capítulo pode servir para mais de uma aula, contendo dois ou mais temas,
razão pela qual pode ser eventualmente repetido;

A ordem dos capítulos não necessariamente é igual à das aulas, então não estranhe se o
capítulo 03 vier na aula 01, por exemplo. Isto acontece porque a metodologia do CERS é baseada

no estudo dos principais temas mais recorrentes na sua prova de concurso público, por isso,
nem todos os assuntos apresentados seguem a ordem natural, seja doutrinária ou legislativa;

Esperamos que goste do conteúdo!

1
Assim, os assuntos de Direito Tributário estão distribuídos da seguinte forma:

CAPÍTULOS

Capítulo 1 – Tributos 


Capítulo 2 – PARTE 1 - O Estado e o poder de tributar. PARTE 2 -

Sistema Tributário Nacional

Capítulo 3 (você está aqui!) – Competência Tributária 

Capítulo 4 – PARTE 1 - Legislação Tributária. PARTE 2 - Obrigação



Tributária
Capítulo 5 – Responsabilidade Tributária 
Capítulo 6 – Crédito Tributário 

Capítulo 7 – Suspensão do Crédito Tributário 

Capítulo 8 – Extinção do Crédito Tributário 

Capítulo 9 – Exclusão do Crédito Tributário 

Capítulo 10 – Garantias e Privilégios do Crédito Tributário 


Capítulo 11 – Administração Tributária 

Capítulo 12 – Disposições Finais e Transitórias do CTN 


Capítulo 13 – Processo administrativo fiscal 
Capítulo 14 – Processo judicial tributário. Ações de iniciativa do fisco.

Ações de iniciativa do contribuinte
Capítulo 15 – Tributação internacional 
Capítulo 16 – Aspectos tributários da Lei de Responsabilidade Fiscal 
Capítulo 17 – Aspectos tributários da Lei de Diretrizes Orçamentárias 
Capítulo 18 – Aspectos tributários da Lei n° 4.320 
Capítulo 19 – Ilícito tributário. Ilícito e sanção. Ilícito administrativo

tributário. Ilícito penal tributário
Capítulo 20 – Sistema integrado de pagamento de impostos e

SIMPLES Nacional
Capítulo 21 – Lei Complementar n.º 116/2003 

2
SOBRE ESTE CAPÍTULO

Neste terceiro capítulo exploraremos a competência tributária, seus fundamentos,


peculiaridades e pontos mais recorrentes em concursos públicos à luz da melhor doutrina, da
legislação pátria e jurisprudência mais recente.

Ao operador do Direito é indispensável o conhecimento acerca do Direito Tributário e de


todo o conjunto das leis reguladoras da arrecadação dos tributos (taxas, impostos e contribuição
de melhoria), bem como de sua fiscalização, considerando as relações entre o fisco e as pessoas
sujeitas a imposições tributárias de qualquer espécie.

Atente que esta disciplina é especialmente exigida em certames para Procuradoria


Estadual, com recorrência relevante também em provas para a Magistratura Estadual, Federal
seguidos por Ministério Público e Defensoria Pública.

No Direito Tributário você deve privilegiar o estudo da Lei Seca, sendo certo que o
Examinador tem predileção por disposições objetivas da letra da lei. Todavia, não deve-se olvidar
da doutrina, especialmente quanto às questões conceituais, e da jurisprudência relativa aos
diversos temas que abrangem o plexo de relações jurídicas entre Estado e contribuinte.

3
SUMÁRIO

DIREITO TRIBUTÁRIO .............................................................................................................................. 5

Capítulo 3 .................................................................................................................................................. 5

3. Competência Tributária ................................................................................................................... 5

3.1 Competência ........................................................................................................................................................... 5

3.1.1 Competência para legislar em matéria tributária ................................................................................... 6

3.1.2 Competência tributária ....................................................................................................................................... 7

3.1.3 Repartição da competência tributária ....................................................................................................... 11

3.1.4 Classificação da competência tributária ................................................................................................... 14

3.1.4.1.1 Competência privativa ............................................................................................................................. 14

3.1.4.1.2 Competência comum ............................................................................................................................... 15

3.1.4.1.3 Competência residual ou remanescente ......................................................................................... 15

3.1.4.1.4 Competência cumulativa ........................................................................................................................ 15

3.1.4.1.5 Competência extraordinária .................................................................................................................. 16

3.1.4.1.6 Bitributação x Bis in idem ...................................................................................................................... 16

QUADRO SINÓPTICO ............................................................................................................................ 17

QUESTÕES COMENTADAS ................................................................................................................... 18

GABARITO ............................................................................................................................................... 31

QUESTÃO DESAFIO ................................................................................................................................ 32

GABARITO QUESTÃO DESAFIO ........................................................................................................... 33

LEGISLAÇÃO COMPILADA .................................................................................................................... 35

JURISPRUDÊNCIA................................................................................................................................... 36

MAPA MENTAL ...................................................................................................................................... 37

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................................................... 38

4
DIREITO TRIBUTÁRIO

Capítulo 3

Neste terceiro capítulo exploraremos a competência tributária, seus fundamentos,


peculiaridades e pontos mais recorrentes em concursos públicos à luz da melhor doutrina, da
legislação pátria e jurisprudência mais recente.

3. Competência Tributária

3.1 Competência

Para iniciar o estudo deste tópico, é necessário que você entenda a diferença entre dois

institutos:

1. A competência para legislar em matéria tributária e

2. A competência tributária.

A competência para legislar sobre direito tributário é o poder constitucionalmente atribuído


para editar leis que versem sobre tributos e relações jurídicas a eles pertinentes.

Por outro lado, a competência tributária é o poder constitucionalmente atribuído para

instituir tributos – isto é, para que o ente federativo possa criar tributos.

COMPETÊNCIA PARA
• Poder para editar leis que versem sobre
LEGISLAR SOBRE DIREITO
tributos e relações jurídicas a eles pertinentes
TRIBUTÁRIO

COMPETÊNCIA • Poder para instituir tributos – isto é, para que


TRIBUTÁRIA o ente federativo possa criar tributos.

5
Conforme preceitua Luciano Amaro (2014, p. 115), essa aptidão pertence a todos os entes

da federação - União, Estados, Distrito Federal e Municípios – e deve ser exercida dentro dos
limites constitucionais, respeitando os critérios de partilha de competência então consagrados

pela Lei Maior. Tratando sobre o assunto, o mencionado autor revela que a citada competência
abarca “um amplo poder político no que respeita a decisões sobre a própria criação do tributo

e sobre a amplitude da incidência, não obstante o legislador esteja submetido a vários


balizamentos (...)” (AMARO, 2014, P. 116).

Por fim, antes de dar continuidade à matéria objeto do tópico, ainda se expõe a distinção

entre “Poder de Tributar”, que você já estudou anteriormente, e “competência tributária”.

A expressão “poder de tributar” atrela-se à imagem da soberania do Estado, à formação do


estado federado e, porque diz respeito a uma percepção macro, ampla, em nada se confunde

com o conceito de “competência tributária”.

Tal conceito se traduz no aspecto material, específico, na efetiva repartição do poder a cada
unidade componente da estrutura federada. A competência tributária, portanto, diz respeito à

delimitação da titularidade de cada Ente que, na expressão de autonomia, poderá instituir


tributos.

Além disso, atente que competência tributária e capacidade tributária ativa são conceitos

nitidamente distintos, apesar de serem inter-relacionados. Como você já viu, a competência


significa a aptidão de legislar sobre tributos, enquanto a capacidade ativa é a habilitação para

administrar tributos.

3.1.1 Competência para legislar em matéria tributária

A competência para legislar em matéria tributária é observada no art. 24 da Constituição

Federal. De acordo com o inciso I do citado dispositivo, compete à União, aos Estados e ao
Distrito Federal legislar concorrentemente sobre direito tributário, financeiro, penitenciário,

econômico e urbanístico (art. 24, I, CF/88).

6
Conforme determina a Lei Maior, no âmbito da legislação concorrente, a competência da

União limitar-se-á a estabelecer normas gerais (§ 1º), não constituindo essa, contudo, óbice
para a competência suplementar dos Estados (§ 2º). É a chamada repartição vertical de

competências.

Atente que, ante a inexistência de lei federal sobre normas gerais, prescreve o § 3º do art.
24 da CF/88 que os Estados exercerão a competência legislativa plena, para atender a suas

peculiaridades.

Foi o que aconteceu com a competência dos Estados e DF para editar leis acerca do IPVC
(inexiste norma geral da União sobre o tema). Contudo, havendo a superveniência de lei federal

sobre normas gerais, prevê o texto constitucional a suspensão (não revogação) da eficácia da
lei estadual, no que lhe for contrário (art. 24, § 4º, CF/88).

O Código Tributário Nacional é legislação ordinária editada sob a égide da Constituição

anterior. Desde 15.03.1967 o CTN tem força de lei complementar. Com o advento da CF/88, o
CTN foi por ela recepcionado, não deixando de ser ordinária, mas com status de lei

complementar.

Não olvide que muitas matérias no âmbito do Direito Tributário devem ser reguladas por
meio de lei complementar, como é o caso do conflito de competência, das limitações

constitucionais ao poder de tributar, etc.

3.1.2 Competência tributária

Conforme preceitua Luciano Amaro (2014, p. 122), a “Constituição não cria tributos; ela

outorga competência tributária, ou seja, atribui aptidão para criar tributos”. E, para a expressão
dessa competência a via formal é uma só: a lei.

Por esse motivo, o Código Tributário Nacional (CTN), o art. 6º revela que a competência

tributária abarca a competência legislativa. Veja:

7
Art. 6º A atribuição constitucional de competência tributária compreende a competência
legislativa plena1, ressalvadas as limitações contidas na Constituição Federal, nas
Constituições dos Estados e nas Leis Orgânicas do Distrito Federal e dos Municípios, e
observado o disposto nesta Lei.

Parágrafo único. Os tributos cuja receita seja distribuída, no todo ou em parte, a outras
pessoas jurídicas de direito público pertencerá à competência legislativa daquela a que
tenham sido atribuídos.

Como visto anteriormente, o tributo é prestação cobrada mediante atividade administrativa


plenamente vinculada (art. 3º, CTN), no entanto, é necessário destacar que o exercício da
competência tributária é facultativo, podendo o destinatário da competência exercê-la total ou

parcialmente (AMARO, 2014, p. 123), conforme se depreende do texto da Constituição Federal


inscrito no art. 145, caput.2

Neste ponto, aliás, é importante descortinar que a instituição do tributo e a cobrança desse
são exercícios praticados em momentos distintos na linha do tempo, um seguido do outro, em

cumprimento ao Princípio da Legalidade e da Anterioridade.

Nos termos da Lei de Responsabilidade Fiscal, é proibida a realização de transferências


voluntárias para os entes federados que deixem de instituir impostos de sua competência (art.

11, parágrafo único, da LRF).

Entenda que isso ocorre porque é requisito essencial da responsabilidade fiscal a instituição,
previsão e efetiva arrecadação de todos os tributos economicamente viáveis da competência

constitucional do ente da federação.

Uma segunda característica marcante da competência tributária que você deve fixar é a
indelegabilidade.

Ao prevê-la no art. 7º do CTN, o legislador criou óbice ao ente federativo para que esse não

transfira ou delegue a competência a terceiros. Contudo, o referido dispositivo possibilita a


delegação do exercício das funções de arrecadar ou fiscalizar tributos (que é a chamada

1
Vide questão 6
2
Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes tributos [...]
8
capacidade tributária ativa – parcela meramente administrativa da competência tributária), ou

de executar leis, serviços, atos ou decisões administrativas em matéria tributária, conferida por
uma pessoa jurídica de direito público a outra, nos termos do §3º do artigo 18 da Constituição 3.

Sobre o teor do art. 7º do CTN, Hugo de Brito Machado Segundo (2017), ao citar Hugo de

Brito Machado, destaca que se trata de uma autorização legislativa para a delegação de meras
funções administrativas.

Kiyoshi Harada (2017) revela que o Princípio da Indelegabilidade da Competência

Tributária, assim como o da Tipicidade, é princípio constitucional implícito e está entre as


limitações ao poder de tributar, essas que, nas palavras do autor, “decorrem do regime

federativo e dos princípios adotados pela Constituição e das garantias individuais expressa ou
implicitamente por ela asseguradas”.

Outra característica da competência tributária é a incaducidade. De acordo com a doutrina,

a inércia ante a competência tributária – isto é, a ausência do seu exercício – não permite a
apropriação dessa por outros entes da federação. Entende?

Tal qualidade da competência é registrada pelo legislador no art. 8º do CTN que traz o

seguinte texto: “o não-exercício da competência tributária não a defere a pessoa jurídica de


direito público diversa daquela a que a Constituição a tenha atribuído” (SEGUNDO, 2017).

Ainda tratando dos predicados da competência tributária, registra a doutrina que o instituto

é inalterável, contudo, preste atenção, ressalva-se que a inalterabilidade diz respeito à


imutabilidade em face de ordem de lei infraconstitucional.

Assim, por meio de Emenda Constitucional é possível a alteração da competência.

Compreendeu? A título de exemplo, para que fique mais claro pra você, vejamos a Emenda
Constitucional nº 39/2002, que trouxe ao ordenamento jurídico a Contribuição para Custeio do

Serviço de Iluminação Pública (COSIP), ao acrescentar o texto do art. 149-A na Lei Maior4.

3
Vide questão 3
4
Vide questão 2
9
Além das características citadas, Roque Carrazza (2019) ensina que a privatividade ou

exclusividade significa que as pessoas políticas possuem faixas tributárias privativas.

Deste modo, segundo o autor:

"A competência outorgada a um ente político priva ou exclui os demais da mesma


atribuição. Tal afirmativa vale, inclusive, para os tributos vinculados a uma atuação estatal,
uma vez que, em relação a eles, o exercício da competência tributária depende do prévio
exercício da competência administrativa – prestação de serviço público ou exercício do
poder de polícia, ou, ainda, realização de obra pública de que decorra valorização
imobiliária, nos termos do art. 145, II e III, CR –, não havendo falar-se, portanto, em
competência concorrente, na medida em que apenas uma única pessoa está legitimada a
exigir o tributo correspondente no caso concreto".

Em sentido diverso, Paulo de Barros Carvalho entende que a competência tributária ostenta
somente os atributos da indelegabilidade, irrenunciabilidade e incaducabilidade.

No que diz respeito à privatividade, o autor entende insustentável sua indicação como

característica da competência tributária, diante da competência tributária extraordinária


outorgada à União.

Também leciona que a inalterabilidade não se verifica, pois frequentemente altera-se o

recorte de competências na Constituição da República. Esclarece, ainda, que, quanto à

facultatividade, conquanto seja a regra geral, há a exceção do ICMS5.

Por fim, tem-se a quinta e última característica da competência tributária: a


irrenunciabilidade. Como dito antes, a competência é instituto que, conforme a vontade, pode

5
Vide questão 8
10
ou não ser exercido (facultatividade), no entanto, jamais poderá ser renunciado pelo Ente

Federativo.

CARACTERÍSTICAS DA
COMPETÊNCIA
TRIBUTÁRIA

INDELEGABILIDADE INCADUCIDADE INALTERABILIDADE IRRENUNCIABILIDADE FACULTATIVIDADE

3.1.3 Repartição da competência tributária

É importante que você compreenda a estrutura de repartição de competências tributárias

entre os entes federativos, de maneira a visualizar de modo mais claro qual o conjunto de
atribuições deferido a cada ente.

Comecemos apontando os critérios utilizados para tanto. Para impostos, taxas e contribuição

de melhoria, a Constituição adotou o critério das materialidades para efetuar a repartição.

Quantos aos impostos, a Lei Maior define competências expressas e enumeradas nos seus
arts. 153, 155 e 156, distribuindo as materialidades entre as pessoas políticas.

No que diz respeito às competências residual e extraordinária em matéria de impostos


atribuídas à União, a Constitucional não aponta materialidades, mas apenas pressupostos a
serem atendidos para o seu exercício, dispostos no art. 154, CR.

Art. 154. A União poderá instituir:

I - mediante lei complementar, impostos não previstos no artigo anterior, desde que sejam
não-cumulativos e não tenham fato gerador ou base de cálculo próprios dos discriminados
nesta Constituição;

11
II - na iminência ou no caso de guerra externa, impostos extraordinários, compreendidos
ou não em sua competência tributária, os quais serão suprimidos, gradativamente,
cessadas as causas de sua criação.

As competências relativas às taxas também estão expressas na Constituição, art. 145, II, mas

não são enumeradas posto que seria impraticável o texto fundamental arrolar todas as atividades
de polícia administrativa e todos os serviços públicos específicos e divisíveis, realizáveis pelas

pessoas políticas passíveis de ensejar a instituição dessas espécies tributárias6.

É por esse motivo para as taxas a Constituição traz as regras-matrizes de incidência e impõe
o exercício da competência administrativa como exigência prévia para o exercício da

competência tributária.

Em igual sentido, no que tange à contribuição de melhoria, o enunciado de sua regra-


matriz dispensa qualquer enumeração, posto que a realização de qualquer obra pública que

provoque o incremento de valor imobiliário já autoriza sua instituição.

Regina Helena Costa aponta que a disciplina constitucional do empréstimo compulsório,


por sua vez, não aponta materialidades, mas pressupostos para a exigência desse tributo de

cabimento excepcional, quais sejam, calamidade pública, guerra externa, ou sua iminência, e
investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional, nos termos do art.

148, II.

Já quanto às contribuições, o teor do art. 149 demonstra que, em relação a esses tributos,
o legislador constituinte adotou o critério finalístico, posto que aponta apenas finalidades que

legitimam sua instituição.

Agora que você compreendeu estas importantes noções, vamos avançar para as atribuições
outorgadas a cada um dos entes políticos no âmbito tributário.

A princípio, compete à União compete, ordinariamente, a instituição de sete impostos, já

analisados no capítulo anterior, quais sejam, Importação, Exportação, Renda e Proventos,

6
Vide questão 5
12
Produtos Industrializados7, Operações Financeiras, Propriedade Rural e Grandes Fortunas, além

das competências residual e extraordinária previstas nos arts. 153 e 154, I e II, da Constituição.

Quanto às atividades de polícia administrativa, serviços públicos específicos e divisíveis e


obras públicas das quais decorra valorização imobiliária que executar, cabe-lhe, respectivamente,

a instituição de taxas e contribuição de melhoria.

Além disso, está autorizada a instituir empréstimos compulsórios e contribuições sociais, de


intervenção no domínio econômico e de interesse de categorias profissionais ou econômicas.

Nos termos do art. 147, primeira parte, CR, competem à União, em Território Federal, os
impostos estaduais e, se o Território não for dividido em Municípios, cumulativamente, os

impostos municipais. A norma, presentemente, não encontra aplicação, diante da inexistência

de Territórios Federais

Os Estados-membros possuem competência para instituir três impostos: Transmissão Causa

Mortis e Doação de Quaisquer Bens ou Direitos; Operações relativas à Circulação de Mercadorias


e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação;
e Propriedade de Veículos Automotores8.

Assim como a União, em relação às atividades de polícia administrativa, serviços públicos


específicos e divisíveis, e obras públicas que acarretem valorização imobiliária que vierem a
promover, compete-lhes, respectivamente, a instituição de taxas e contribuição de melhoria.

7
Vide questão 9
8
Vide questão 4
13
Ainda, uma única modalidade de contribuição está autorizada a esses entes: a contribuição

social cobrada de seus servidores, para o custeio, em benefício destes, do regime previdenciário
de que trata o art. 40, nos termos art. 149, § 1º, da Lei Maior.

Aos Municípios competem três impostos, a saber, Propriedade Predial e Territorial Urbana;

Transmissão Inter Vivos de Bens Imóveis; e Serviços de Qualquer Natureza9).

Ainda, os Municípios estão legitimados a instituir a contribuição para o custeio do serviço


de iluminação pública prevista no art. 149-A, da Constituição Federal, figura introduzida pela EC

n. 39, de 2002.

Por fim, em relação ao Distrito Federal, é fundamental que você entenda que ele conjuga
as competências tributárias dos Estados-membros, por ser a eles equiparados, e dos

Municípios, uma vez vedada a divisão de seu território.

Por esse motivo, está autorizado a instituir seis impostos, as taxas e contribuição de melhoria
pertinentes à sua atuação, a contribuição para o custeio de regime previdenciário de seus

servidores, e a contribuição para o custeio do serviço de iluminação pública.

3.1.4 Classificação da competência tributária

3.1.4.1.1 Competência privativa

Trata-se daquela definida pela Constituição e que limita, com exclusividade, a um

determinado ente político a instituição de um tributo (MINARDI, 2018).

A CF/88 atribui competência privativa a instituição dos seguintes tributos: impostos,


contribuições e empréstimos compulsórios.

Os impostos são de competência privativa dos entes respectivos. As contribuições especiais


de competência privativa da União, exceto as previdenciárias, que vimos em tópico anterior. A
contribuição para custeio da iluminação pública é de competência privativa dos municípios e

do DF. Os empréstimos compulsórios são de competência privativa da União.

9
Vide questão 10
14
3.1.4.1.2 Competência comum

É assim considerada aquela que atinge a todos os Entes da federação. A título de exemplo,

tem-se: as contribuições de melhoria e as taxas (MINARDI, 2018).

O ente que prestar o serviço público específico e divisível ou exercer o poder de polícia é o
competente para a cobrança da taxa. Da mesma forma, o ente que realizar a obra pública da

qual decorra valorização imobiliária para o particular terá competência para a instituição da
contribuição de melhoria.

3.1.4.1.3 Competência residual ou remanescente

Regulada nos artigos 154, I, e 195, § 4º, da CF, a competência deste tipo somente se reserva

à União10, que tem permissão do constituinte para criar tributos ante circunstâncias não previstas
no texto da Lei Maior (MINARDI, 2018).

Segundo a doutrina mais recente, a competência residual para criar impostos é da União,

mas a competência residual para criar taxas e contribuições de melhoria é dos estados-membros
e do DF.

3.1.4.1.4 Competência cumulativa

Prevista no art. 147 da CF, essa confere à União a possibilidade de instituir impostos federais
e estaduais dentro dos Territórios Federais, assim como os impostos municipais, caso não sejam

os citados Territórios divididos em Municípios.

Ainda, reserva-se a competência cumulativa ao Distrito Federal, por ter sido autorizado pelo
constituinte para a criar impostos municipais e estaduais (MINARDI, 2018).

10
Vide questões 1 e 7
15
3.1.4.1.5 Competência extraordinária

Por último, mas não menos importante, apresenta-se a competência extraordinária, revelada

no artigo 154, II, da Constituição Federal. Esse instituto previsto na Lei Maior permite à União,
por meio de Lei Ordinária (ou ainda instituto normativo com força de lei), a criação do IOF -

Imposto Extraordinário de Guerra.

De acordo com Josiane Minardi (2018, p. 54), a “Constituição Federal permite expressamente
que a União institua Imposto Extraordinário de Guerra proporcionando ampla liberdade na

escolha do fato gerador, trata-se, pois, de uma permissão expressa de bitributação e de bis in
idem”.

3.1.4.1.6 Bitributação x Bis in idem

Ocorre bis in idem quando o mesmo ente tributante edita diversas leis instituindo múltiplas

exigências tributárias decorrentes do mesmo fato gerador. No nosso ordenamento


constitucional tributário não há uma vedação expressa ao bis in idem, mas devem ser observadas
as restrições constitucionais dos arts. 154, I, e 195, §4º (II e IPI importação, PIS e COFINS são

admitidas).

Já a bitributação ocorre quando entes tributantes diversos exigem do mesmo sujeito passivo
tributos decorrentes do mesmo fato gerador. Nesse caso, o conflito é sempre aparente e a

bitributação é, na maioria dos casos, ilegítima. Há, contudo, dois casos admitidos:

A. É possível que a União institua, na iminência ou no caso de guerra externa, impostos


extraordinários, compreendidos ou não em sua competência tributária;

B. É possível que Estados-nações distintos tributem o mesmo fato gerador, como é o

caso de países diversos que tributam a mesma renda. Nesse caso, a única
possibilidade de elidir a dupla incidência é a celebração de tratado internacional.

16
QUADRO SINÓPTICO

COMPETÊNCIA

De acordo com o inciso I do art. 24 da CF/88,


compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal
legislar concorrentemente sobre direito tributário.

COMPETÊNCIA PARA LEGISLAR


No âmbito da legislação concorrente, a competência
EM MATÉRIA TRIBUTÁRIA
da União limitar-se-á a estabelecer normas gerais (§
1º), não constituindo essa, contudo, óbice para a
competência suplementar dos Estados (§ 2º).

Competência tributária é o poder


constitucionalmente atribuído para instituir
tributos.

São características da competência tributária:


COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA
(1) indelegabilidade;
(2) incaducabilidade;
(3) inalterabilidade;
(4) irrenunciabilidade;
(5) facultatividade.
• Competência privativa
• Competência comum
CLASSIFICAÇÃO DA
• Competência residual ou remanescente
COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA
• Competência cumulativa
• Competência extraordinária

17
QUESTÕES COMENTADAS

Questão 1

(FCC - 2019 - TJ-AL - Juiz Substituto) A Constituição do Estado de Alagoas estabelece que os

Municípios têm competência para instituir o imposto sobre vendas a varejo de combustíveis
líquidos e gasosos, exceto sobre o óleo diesel, determina que esse imposto compete ao

Município em que se completa sua venda a varejo e ainda estabelece que o referido imposto
não exclui a incidência concomitante do ICMS sobre as mesmas operações. Por sua vez, a Lei
Orgânica do Município de Maceió estabelece que compete ao Município instituir o imposto

sobre vendas a varejo de combustíveis líquidos ou gasosos, exceto sobre o óleo diesel, quando
o negócio se completar no território do Município de Maceió, que sua incidência não exclui a

incidência do ICMS sobre a mesma operação e que suas alíquotas não poderão ultrapassar os
limites superiores estabelecidos em lei complementar federal. De acordo com a Constituição

Federal, os

A) Municípios têm competência para instituir esse imposto em seus territórios, embora sua
incidência esteja suspensa até que seja editada a lei complementar estabelecendo os limites

máximos para as alíquotas aplicáveis.

B) Estados têm competência suplementar para instituir esse imposto em seus territórios, caso
os Municípios não o façam, podendo o valor efetivamente pago ser escriturado como crédito

do ICMS, no mesmo período de apuração, quando a aquisição for feita por contribuinte desse
imposto.

C) Municípios têm competência para instituir esse imposto em seus territórios, o qual incidirá

apenas uma vez sobre combustíveis derivados de petróleo adquiridos em operação


interestadual.

D) Municípios não têm competência para instituir esse imposto em seus territórios.

18
E) Municípios têm competência para instituir esse imposto em seus territórios, que incidirá,

inclusive, sobre vendas de óleo diesel.

Comentário:

A resolução desse quesito necessita que você conheça a competência tributária dos entes,

especialmente em relação aos municípios.

As assertivas A, C e E estão incorretas. A competência residual, ou seja, a de instituir


outros impostos que não sejam da competência dos entes, como você viu, é prerrogativa

exclusiva da União. Deste modo, não pode o ente municipal instituir novo imposto fora
de sua competência tributária.

Incorreta a letra B. Como dito, a competência residual é prerrogativa exclusiva da União.

Deste modo, o ente estadual não pode instituir novo imposto fora de sua competência
tributária.

A letra D é o gabarito da questão. O Imposto sobre Vendas a Varejo de Combustíveis

Líquidos e Gasosos (IVVC) é um extinto imposto brasileiro. Se tratava de um imposto que


apenas os municípios tinham competência para instituí-lo.

Com o advento da Constituição Federal de 1988, a competência residual passou a ser

prerrogativa exclusiva da União. Nesse sentido, observe:

Art. 154. A União poderá instituir:

I - mediante lei complementar, impostos não previstos no artigo anterior, desde que
sejam não-cumulativos e não tenham fato gerador ou base de cálculo próprios dos

discriminados nesta Constituição;

Portanto, como o IVVC não existe mais, a sua instituição pelo município em questão seria
exercício de competência residual, exclusiva da União Federal.

19
Questão 2

(FCC - 2019 - TJ-AL - Juiz Substituto) Prefeito Municipal Aristóbulo ajuizou Ação Direta de
Inconstitucionalidade contra lei de iniciativa do Poder Legislativo Municipal que acrescentou

artigo ao Código Tributário Municipal, concedendo isenção do pagamento da Contribuição para


o Custeio do Serviço de Iluminação Pública (COSIP) às unidades consumidoras dos órgãos da

Administração direta e indireta do Município, situado no Estado de Alagoas. À luz da disciplina


constitucional pertinente e da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, trata-se de ato

A) inconstitucional, pois ocorre vício formal de iniciativa, uma vez que cria despesa sem a

correspondente previsão de custeio para a Administração Municipal.

B) inconstitucional, pois significa alteração de tributo sem lei que o estabeleça.

C) constitucional, diante do reconhecimento da natureza tributária da COSIP, bem como da


competência concorrente para iniciar processo legislativo em matéria tributária.

D) inconstitucional, porquanto caracteriza usurpação da competência tributária da União.

E) inconstitucional, porquanto a isenção da taxa viola a Constituição Estadual de Alagoas, bem


como a Constituição Federal.

Comentário:

A assertiva A está errada. A esse respeito, leia a Tese 682 da Repercussão Geral: Inexiste,
na Constituição Federal de 1988, reserva de iniciativa para leis de natureza tributária,
inclusive para as que concedem renúncia fiscal (STF. Plenário. ARE 743.480/MG, rel. Min.

Gilmar Mendes, DJe 20.10.2013).

Incorreta a assertiva B posto que a lei de iniciativa parlamentar, descrita pela questão, dá
integral cumprimento aos princípios da legalidade e irretroatividade.

O gabarito da questão é a letra C. A questão trata de iniciativa de lei em matéria tributária


que, de acordo com o STF, é geral, não havendo, pois, reserva de iniciativa do Poder
20
Executivo. Ressalta-se que a regra prevista no art. 61, §1º, II, "b" - iniciativa privativa do

Presidente da República em matéria tributária- refere-se apenas aos Territórios, portanto


não se aplica ao caso (ARE 743.480/MG). A competência concorrente a que se refere a

questão é entre os Poderes Legislativo e Executivo. Os dois possuem a iniciativa da lei


que concede a isenção do pagamento do COSIP. Deste modo, a lei é constitucional, uma

vez que a iniciativa de lei de natureza tributária é concorrente entre Poder Executivo e
Legislativo.

A letra D está incorreta. A competência é dos Municípios e do Distrito Federal, conforme

previsto pelo art. 149-A, caput, da Constituição Federal.

A assertiva E está incorreta. Esta isenção, além de se afigurar dentro da competência


tributária do município, dá integral cumprimento à imunidade recíproca, nos termos do

art. 150, VI, ‘a’, da Constituição Federal.

Questão 3

(VUNESP - 2018 - TJ-SP - Juiz Substituto) Com relação à competência tributária e aos

princípios e limitações constitucionais ao poder de tributar, é correto afirmar:

A) a Constituição prevê a progressividade não só para o Imposto de Renda mas também para
o Imposto Territorial Rural e para o Imposto sobre a Propriedade Territorial Urbana, e, com

relação a estes, acrescentou previsão de confisco na hipótese de não cumprimento da função


social da propriedade.

B) o Supremo Tribunal Federal tem adotado entendimento no sentido de que, embora o confisco

seja conceito jurídico indeterminado, o princípio da vedação do confisco deve ser utilizado para
limitar o percentual de multa imposta ao contribuinte.

C) a competência tributária, nela compreendidas a competência legislativa para instituir e


majorar tributos e a competência para fiscalizá-los e arrecadá-los, é indelegável, não recebidas
pela atual Constituição as normas que dispunham em sentido contrário.

21
D) o princípio da anterioridade, tal como previsto no texto constitucional vigente, impede que

qualquer imposto seja cobrado no mesmo exercício em que haja sido publicada a lei que o
instituiu ou aumentou e antes de decorridos noventa dias da data daquela publicação.

Comentário:

Errada a assertiva A. Embora o descumprimento da função social do imóvel urbano seja


sancionado pela Constituição, não o é por meio de confisco, mas, sim, de desapropriação,

conforme dispõe o art. 182, §4º, III.

Correta a letra B. O STF entende inconstitucional a multa que supere 100% o valor do
tributo devido, por violação ao princípio do não-confisco (STF. 1ª Turma. RE 833.106/GO,

rel. Min. Marco Aurélio, j. 25.11.2014).

Errada a assertiva C. A competência para fiscalização e arrecadação de tributos é chamada


de capacidade tributária, e ela é delegável, ao contrário da competência tributária (art. 7º,

CTN).

Por fim, incorreta a assertiva D. O princípio se aplica a tributos em geral, e não


exclusivamente a impostos e, além disso, existem diversas exceções, como os impostos de

importação e exportação.

Questão 4

(VUNESP - 2018 - TJ-SP - Juiz Substituto) Com relação à operação de importação por não

contribuinte, é correto afirmar que, segundo a jurisprudência consolidada do Supremo Tribunal


Federal, a EC n° 33/2001

A) criou nova competência tributária para estender o campo de incidência do ICMS à operação

de importação de bem por não contribuinte e convalidou a legislação anterior sobre a matéria,
válida portanto a tributação a partir de sua vigência.

22
B) criou nova competência tributária para estender o campo de incidência do ICMS à operação

de importação de bem por não contribuinte e convalidou a legislação anterior sobre a matéria,
válida portanto a tributação fundada em legislação local já existente sobre a matéria.

C) não criou nova competência para a ampliação do campo de incidência do imposto, mas

apenas corroborou o entendimento da Corte no sentido da validade da tributação pelo ICMS


antes do advento da Emenda.

D) criou nova competência tributária para estender o campo de incidência do ICMS à operação

de importação de bem por não contribuinte, cuja tributação há de ter fundamento de validade
em lei complementar de normas gerais e legislação local supervenientes.

Comentário:

O gabarito da questão é a letra D. O STF, ao analisar o RE 1158224, entendeu que apesar


de o Supremo Tribunal Federal, nos Recursos Extraordinários nº 474.267/RS e nº

439.796/PR, relatados pelo então ministro Joaquim Barbosa, ter julgado constitucional a
incidência do imposto em operação de importação de bem destinado a pessoa não

dedicada habitualmente ao comércio ou à prestação de serviços de transporte interestadual


ou intermunicipal e de comunicação – não contribuinte – depois do advento da Emenda
Constitucional nº 33, de 2001, para que o ICMS incida na esfera dos Estados é necessário

a edição de lei local não só posterior à edição da EC 33/2011, mas ambém posterior à LC
114/02, que modificou o inciso I do § 1º do art. 2º da Lei Complementar 87/96, que passou

a ter a seguinte redação: O imposto incide também “sobre a entrada de mercadoria ou


bem importados do exterior, por pessoa física ou jurídica, ainda que não seja contribuinte

habitual do imposto, qualquer que seja a sua finalidade".

Leia a ementa do julgado:

“AGRAVO INTERNO. RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL E TRIBUTÁRIO.


APLICAÇÃO DO TEMA 171 DA REPERCUSSÃO GERAL. INCIDÊNCIA DO ICMS NOS TERMOS
AUTORIZADOS PELA EC 33/2001. RECURSOS PROVIDOS. 1. O acórdão recorrido está em
dissonância com a jurisprudência desta CORTE que, no julgamento do RE 439.796-RG (Rel.

23
Min. JOAQUIM BARBOSA, Tema 171), fixou a orientação de que, “após a Emenda

Constitucional 33/2001, é constitucional a incidência de ICMS sobre operações de


importação efetuadas por pessoa, física ou jurídica, que não se dedica habitualmente ao

comércio ou à prestação de serviços". 2. A EC 33/2001 autorizou a incidência de ICMS


sobre operações de importação efetuadas por pessoa física ou jurídica que não se dedica

habitualmente ao comércio ou prestação de serviços (Tema 171). 3. Tributo constitucional


e legalmente devido com base na Lei Estadual 11.001/2001, cuja eficácia teve início após

a edição da LC 114/2002. 4. Agravo interno a que se dá provimento, para dar provimento


ao Recurso Extraordinário." (RE 1158224 AgR, Relator(a): MARCO AURÉLIO, Relator(a) p/
Acórdão: ALEXANDRE DE MORAES, Primeira Turma, julgado em 07/05/2019, PROCESSO

ELETRÔNICO DJe-177 DIVULG 14-08-2019 PUBLIC 15-08-2019).

Questão 5

(CESPE - 2017 - TJ-PR - Juiz Substituto) O município de Curitiba – PR instituiu, por lei ordinária,
taxa de coleta e remoção de lixo para os imóveis urbanos situados em seu território,
estabelecendo como base de cálculo do tributo a área construída do imóvel, que, multiplicada

pelo valor de R$ 2, resultaria no valor do tributo devido pelo contribuinte. Acerca dessa situação
hipotética e dos preceitos constitucionais pertinentes ao poder de tributar, assinale a opção

correta.

A) A utilização da área construída do imóvel como parte da base de cálculo do tributo em


questão, por também compor a base de cálculo do IPTU, torna inconstitucional a instituição do

mencionado tributo.

B) A restrição constitucional para que haja identidade da base de cálculo atinge apenas as
contribuições, e não as taxas, sendo, portanto, constitucional o tributo em questão.

C) O serviço de coleta e remoção de lixo em questão pode adotar um dos elementos de base
de cálculo de impostos, desde que não haja identidade completa e o valor pago pelo
contribuinte seja proporcional ao serviço que lhe é prestado.

24
D) A coleta e remoção de lixo é serviço público inespecífico e indivisível, por beneficiar toda a

coletividade, sendo, portanto, inconstitucional a instituição da referida taxa.

Comentário:

Incorreto o previsto na letra A. Não é inconstitucional porque é possível adotar um ou

mais elementos da base de cálculo do IPTU, desde que não haja identidade das bases de
cálculo. Vide comentário da alternativa C.

Está errada a assertiva B. A Constituição é expressa em seu art. 145, §2º, ao dizer que as

taxas não terão base de cálculo própria de impostos. No caso apresentado, o tributo é
constitucional por outro motivo, qual seja a não identidade das bases de cálculo, uma

vez que foi adotada apenas um dos elementos da base de cálculo do IPTU.

O gabarito da questão é a letra C. A Suprema Corte entende que a base de cálculo de


taxas não pode ter identidade completa com a base de cálculo de impostos. Todavia, é

possível que a base de cálculo das taxas adote um ou mais elementos da base de cálculo
dos impostos. É o que determina a Súmula Vinculante nº 29: “É constitucional a adoção,

no cálculo do valor de taxa, de um ou mais elementos da base de cálculo própria de


determinado imposto, desde que não haja integral identidade entre uma base e outra."

Por derradeiro, incorreta a assertiva D. A remoção de liso é serviço público específico e

divisível e, deste modo, pode ser instituída taxa nesse caso. É específico porque possível
de destacar em unidade de autônoma de intervenção (art. 79, II, CTN). É divisível porque
suscetível de utilização separadamente por cada usuário (art. 79, III, CTN).

Questão 6

(VUNESP - 2016 - TJ-RJ - Juiz Substituto) É correto afirmar que a

25
A) isenção, que é sempre decorrente de lei, não pode ser restrita a determinada região do

território da entidade tributante, em função de condições a ela peculiares, por ofensa ao


princípio da isonomia.

B) o objeto da obrigação principal é o pagamento do tributo, enquanto que o da acessória é o

pagamento da penalidade pecuniária.

C) lei pode autorizar que a autoridade administrativa conceda, por despacho fundamentado,
remissão total ou parcial do crédito tributário objetivando a terminação de litígio e consequente

exclusão do crédito correspondente.

D) competência tributária está inserida no âmbito da competência legislativa plena.

E) responsabilidade dos pais pelos tributos devidos por seus filhos menores é de caráter pessoal.

Comentário:

A alternativa que responde corretamente ao questionado no âmbito do assunto deste


capítulo é a letra D. Nos exatos termos do art. 6º, do CTN: "Art. 6º. - A atribuição
constitucional de competência tributária a compreende a competência legislativa plena,

ressalvadas as limitações contidas na Constituição Federal, nas Constituições dos Estados


e nas Leis Orgânicas do Distrito Federal e dos Municípios, e observado o disposto nesta

Lei".

Questão 7

(VUNESP - 2015 - TJ-SP - Juiz Substituto) Considerando o disposto no art. 24 da Constituição

Federal, ao tratar da competência concorrente da União, Estados e Municípios, em matéria


tributária, é correto afirmar que

A) a norma jurídica editada por um ente federativo no âmbito de sua competência tributária
exige que os demais entes federativos respeitem sua incidência, dentro dos respectivos limites
geográficos estaduais.

26
B) a lei geral federal prevalece em relação às leis estaduais e estas prevalecem em relação às

leis municipais, nos termos das Constituições Estaduais.

C) a competência residual tributária quanto aos impostos é da União, observado o disposto no


art. 154, I, da Constituição Federal.

D) na ausência de normas gerais federais, os Estados têm competência para legislar em matéria
tributária, e, na ausência de leis federais e estaduais, os Municípios têm a referida competência,
o que se denomina competência concorrente cumulativa.

Comentário:

A assertiva A está incorreta. Nem sempre há essa exigência, conforme prevê a


Constituição:

Art. 24 § 4º A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da

lei estadual, no que lhe for contrário

Errada a assertiva B. Não há prevalência, mas há uma reserva de competência.

O gabarito da questão é a letra C. Nesse sentido, a Carta Maior:

Art. 154. A União poderá instituir:

I - mediante lei complementar, impostos não previstos no artigo anterior, desde que

sejam não-cumulativos e não tenham fato gerador ou base de cálculo próprios dos
discriminados nesta Constituição

A letra D está incorreta. Essa prerrogativa não é extensível aos municípios, posto que eles

não possuem competência concorrente, nos termos do art. 24 caput.

Art. 24 § 3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a


competência legislativa plena, para atender a suas peculiaridades.

Questão 8
27
(FCC - 2018 - MPE-PB - Promotor de Justiça Substituto) O Sistema Tributário Nacional,

disciplinado no texto da Constituição Federal, atribui competência às diferentes pessoas jurídicas


de direito público interno para instituir impostos e para legislar sobre os impostos de sua

competência. De acordo com o texto constitucional,

A) as operações com mercadorias feitas de ouro, inclusive o ouro em barra, utilizado como
instrumento cambial, estão no campo de incidência do ICMS.

B) as transmissões causa mortis, bem como as transmissões por doação, de direitos, de bens
móveis e de bens imóveis, excluída a transmissão dos direitos relativos aos bens imóveis, estão
sujeitas à incidência do ITCMD.

C) o aumento da base de cálculo e da alíquota do IPVA não estão sujeitos ao princípio da


anterioridade nonagesimal (noventena).

D) o IPVA incide sobre a propriedade de veículos, devendo suas alíquotas máxima e mínima

serem fixadas pelo Senado Federal.

E) as prestações de serviços de comunicação e o fornecimento de mercadorias com serviços


não compreendidos na competência tributária dos Municípios estão sujeitos à incidência do
ICMS.

Comentário:

Incorreta a letra A. O outro enquanto ativo financeiro ou instrumento cambial está sujeito
apenas ao IOF, conforme art. 153, §5º, da Carta Maior.

Errada a letra B posto que a Constituição prevê que o ITCMD inclui transmissão dos
direitos relativos aos bens imóveis, conforme art. 155, I.

Incorreto o que se afirma na assertiva C. Apenas a base de cálculo do IPVA é exceção à

anterioridade nonagesimal, conforme art. 150, §1º, da CRFB/88.

28
Assertiva D incorreta. Apenas as alíquotas mínimas do IPVA serão fixadas pelo Senado

Federal, segundo dispõe o Art. 155, §6º da Lei Maior.

O gabarito da questão é a letra E. Nos termos do art. 155, II, CF, o serviço de comunicação
é fato gerador do ICMS. Por sua vez, o inciso IX, do art. 155, §2º, dispõe o ICMS incide

sobre o total das operações quando mercadorias forem fornecidas com serviços não
compreendidos na competência do ISS municipal.

Questão 9

(FCC - 2018 - DPE-RS - Defensor Público) Considerando-se as competências tributárias


previstas na Constituição Federal, é autorizada:

A) à União a instituição de impostos sobre produtos industrializados.

B) aos Estados e ao Distrito Federal a instituição de impostos sobre operações de câmbio.

C) à União a instituição de impostos sobre a propriedade de veículos automotores.

D) aos Municípios a instituição de impostos sobre circulação de mercadorias.

E) aos Estados e ao Distrito Federal a instituição de imposto sobre grandes fortunas.

Comentário:

A resolução desta questão passa pelo conhecimento da letra de lei acerca das
competências tributárias.

A alternativa correta é a letra A. Nesse sentido, vejamos o disposto na Constituição:

Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre:

IV - produtos industrializados;
29
Incorreta a letra B. O IOF é de competência da União.

Letra C errada. O IPVA é de competência dos Estados e DF.

Incorreta a letra D. O ICMS é de competência dos Estados e DF.

Letra E incorreta. IGF é de competência da União.

Questão 10

(MPE-SC - 2016 - MPE-SC - Promotor de Justiça - Matutina) Segundo o artigo 156, III, da

Constituição Federal, compete exclusivamente aos Municípios instituir impostos sobre serviços
de qualquer natureza.

( ) CERTO

( ) ERRADO

Comentário:

A assertiva está incorreta. O equívoco está na palavra "exclusivamente", posto que o

Distrito Federal também pode instituir o ISS, conforme previsto no art. 147, da CF.

Art. 147. Competem à União, em Território Federal, os impostos estaduais e, se o Território


não for dividido em Municípios, cumulativamente, os impostos municipais; ao Distrito

Federal cabem os impostos municipais.

30
GABARITO

Questão 1 - D

Questão 2 - C

Questão 3 - B

Questão 4 - D

Questão 5 - C

Questão 6 - D

Questão 7 - C

Questão 8 - E

Questão 9 - A

Questão 10 - Errado

31
QUESTÃO DESAFIO

Segundo a Constituição Federal e o Código Tributário Nacional, é


vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios
cobrar impostos sobre o patrimônio, a renda ou serviços dos
partidos políticos.

A aplicação de tal imunidade é condicionada à observância de


alguns requisitos. Qual providência a autoridade competente pode
tomar na falta de cumprimento das exigências?

Responda em até 5 linhas

32
GABARITO QUESTÃO DESAFIO

O art. 14 do CTN traz requisitos que condicionam a aplicação da imunidade em questão. O

não cumprimento de tais exigências pode ocasionar a suspensão da aplicação do benefício


por parte da autoridade competente, conforme §1º do mesmo artigo.

Você deve ter abordado necessariamente os seguintes itens em sua resposta:

 Suspensão da aplicação do benefício

O artigo 9 do CTN dispõe sobre benefícios fiscais de algumas instituições, entre elas os
Partidos Políticos, na alínea c do inciso IV. Na constituição Federal tal previsão se encontra no

art. 150, VI, c, e está sujeita a regulamentação.

Sobre tal regulamentação o autor Ricardo Alexandre explica (ALEXANDRE, Ricardo. Direito
Tributário. 12. ed. Salvador: Juspodivm, 2018. p. 230-230): “O fato de a norma constitucional

depender de regulamentação legal não pode levar à conclusão de que o benefício previsto seja
uma isenção e não uma imunidade. O que acontece neste caso é que a imunidade foi estipulada

em norma constitucional de eficácia limitada, mas, editada a norma que a Constituição reclama,
o não pagamento de impostos sobre o patrimônio, renda e serviços decorrerá da eficácia que
a lei regulamentadora conferiu à norma constitucional. Assim, é lícito afirmar que a

regulamentação torna possível a aplicação da imunidade prevista.”.

Para que tal benefício seja aplicado, o art. 14 traz os seguintes requisitos: não distribuírem
qualquer parcela de seu patrimônio ou de suas rendas, a qualquer título; aplicarem

integralmente, no País, os seus recursos na manutenção dos seus objetivos institucionais; e


manterem escrituração de suas receitas e despesas em livros revestidos de formalidades capazes

de assegurar sua exatidão.

Porém, no caso de não aplicação desses requisitos, o mesmo artigo prevê a suspensão
do benefício.

33
 Art. 14, §1º do CTN

É o parágrafo 1º do art. 14, do Código Tributário Nacional quem afirma que cabe a
autoridade competente suspender a aplicação do benefício na falta de cumprimento dos

requisitos dispostos nos incisos do artigo.

O autor Ricardo Alexandre comenta (ALEXANDRE, Ricardo. Direito Tributário. 12. ed.
Salvador: Juspodivm, 2018. p. 230-230): “Se a entidade deixar de cumprir qualquer dos requisitos,

a autoridade competente pode suspender a aplicação do benefício, conforme prevê o § 1º do


mesmo art. 14 do CTN. Apesar da existência de opiniões divergentes, prevalece no âmbito do

Supremo Tribunal Federal o entendimento de que milita em favor da entidade imune a


presunção de que seu patrimônio, renda e serviços encontram-se vinculados às suas finalidades

essenciais.”.

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LEGISLAÇÃO COMPILADA

COMPETÊNCIA

 Constituição Federal: Arts. 24, 145, 148, 149, 149-A, 153, 154, 195
 Código Tributário Nacional: Arts. 6º a 15
 Lei de Responsabilidade Fiscal: Art. 11

Os artigos acima elencados são as principais disposições legais do ordenamento jurídico


pátrio que tratam da competência tributária. Sua recorrência, em especial do art. 154, é grande

em concursos públicos, sendo certo que seu conteúdo estará presente em questões sobre o
tema. Deste modo, é fundamental que você se familiarize com o que dispõe a letra de lei e,

portanto, não dispense a leitura dos diplomas citados.

35
JURISPRUDÊNCIA

COMPETÊNCIA

 (STF, 2.ª T., RE-AgR 191.703/SP, Rei. Min. Néri da Silveira, j. 19.03.2001, OJ 12.04.2002, p. 63)
Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores - IPVA. 3. Competência legislativa plena da
unidade da federação, à falta de normas gerais editadas pela União. Art. 24, § 3.0, da Constituição
Federal. Precedentes"

Comentário:

Este julgado apresenta relevante recorrência em concursos públicos. Quando o CTN foi editado, a Constituição
Federal então vigente (CF/1946) não previa a existência de um Imposto sobre a Propriedade de Veículos
Automotores. Consequentemente, o Código não trouxe as regras gerais sobre tal imposto, cuja previsão
constitucional apenas surgiu com o advento da Emenda Constitucional 27/1985.

O problema é que o art. 146, III, a, da CF/1988 afirma caber à lei complementar estabelecer normas gerais em
matéria de legislação tributária, especialmente sobre definição de tributos e de suas espécies, bem como, em
relação aos impostos discriminados na Constituição, a dos respectivos fatos geradores, bases de cálculo e
contribuintes. Diante da ausência de norma geral da União sobre IPVA, cada Estado exerceu a competência
legislativa plena, com base no art. 24, § 3.º , da atual CF.

Ricardo Alexandre aponta que alguns autores defenderam a inconstitucionalidade de todas as leis estaduais
instituidoras do IPVA (exercício de competência tributária) em face da ausência de normas gerais editada pela
União (falta de exercício da competência para legislar sobre direito tributário). O Supremo Tribunal Federal deu
razão aos Estados, conforme sei pode verificar no julgado supracitado.

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MAPA MENTAL

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALEXANDRE, Ricardo. Direito tributário - 11. ed. - Salvador. JusPodivm, 2017.

AMARO, Luciano. Direito tributário brasileiro. 20ª ed. São Paulo: Saraiva, 2014.

CARRAZZA, Roque. Curso de Direito Constitucional Tributário. 32. ed. Juspodivm. Salvador: 2019.

CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de direito tributário. 29ª Edição. São Paulo: 2017.

COSTA, Regina Helena. Curso de direito tributário. – 8ª ed. – São Paulo: Saraiva Educação, 2018.

HARADA, Kiyoshi. Direito financeiro e tributário. 26. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Atlas, 2017.

MACHADO, Hugo de Brito. Código Tributário Nacional: anotações à Constituição, ao Código Tributário Nacional e
às Leis Complementares 87/1996 e 116/2003. 6ª ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Atlas, 2017.

MINARDI, Josiani. Manual de Direito Tributário. 5ª ed. rev., atual. e ampl. Salvador: Editora JusPodvm, 2018.

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