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DIREITO APLICADO À ADMINISTRAÇÃO

Conteúdo: Direito: Noções Fundamentais (Sociedade, Estado, Normas de Conduta


etc), Direito Público e Privado e Fontes do Direito

1. DIREITO
No estudo do Direito Administrativo/Direito Aplicado à Administração há de se partir,
necessariamente, da noção geral do Direito, tronco de onde se ramificam todos os
ramos da Ciência Jurídica.

O termo direito deriva do latim directum. O vocábulo, etimologicamente, significa


que é reto e que não se desvia, seguindo em uma só direção, entendendo-se tudo
aquilo que é conforme a razão, a justiça e a equidade. O direito representa a
conformidade com a regra, ou, por outra com a retidão, com a linha reta do dever.

O Direito, objetivamente considerado, é o conjunto de normas ou regras de conduta


coercitivamente impostas pelo poder estatal.

O Direito se traduz em princípios de conduta social, tendentes a realizar a justiça. E,


se classifica em Direito Positivo (norma agendi) e Direito Subjetivo (facultas
agendi).

Quando esses princípios são sustentados em afirmações teóricas formam a Ciência


Jurídica, em cuja cúpula está a Filosofia do Direito; quando esses mesmos princípios
são concretizados em norma jurídica, temos o Direito Positivo, expresso na
Legislação. É o que se chama de norma agendi.

A sistematização desses princípios, em normas legais, constitui a ordem jurídica, ou


seja, o sistema legal adotado para assegurar a existência do Estado e a coexistência
pacífica dos indivíduos na comunidade.

Deste modo o Direito Positivo é tido como o conjunto de normas impostas pelo
Estado com o objetivo de garantir as condições necessárias ao convívio em
sociedade, de forma a perpetuar a justiça. Ou seja, é o conjunto de normas
jurídicas impostas coercitivamente pelo Estado, visando conciliar os interesses
individuais com o da coletividade.

Direito Subjetivo é a faculdade jurídica do titular do direito de exigir de outrem um


determinado comportamento de dar, fazer ou não fazer alguma coisa. É facultas
agendi.

Em fim, se entende o Direito como o complexo orgânico, de que se derivam todas as


normas e obrigações, para serem cumpridas pelos homens, compondo o conjunto
de deveres, aos quais não se pode fugir, sem que se sinta a ação coercitiva da
força social organizada, ou seja do Estado.

Em seu sentido objetivo, propriamente, o direito, a que se diz de norma agendi


(norma obrigatória), apresenta-se como um complexo orgânico, cujo conteúdo é
constituído pela soma de preceitos, regras e leis, com as respectivas sanções, que
regem as relações do homem, vivendo em sociedade.

A característica dominante do Direito está na coação social. Por tanto, a coação é o


meio de que se utiliza a própria sociedade para fazer respeitar os deveres jurídicos,
que ela mesmo institui, a fim de manter a harmonia dos interesses gerais e implantar
a ordem jurídica, ou seja, as normas legais adotadas pelo sistema legal implantado
como forma de assegurar a existência do Estado e a coexistência pacífica dos
indivíduos na comunidade.

1.1. Sociedade e Estado


É uma característica da natureza humana conviver em sociedade. A sociedade é o
modo natural de o ser humano viver.

O homem sempre buscou viver em sociedade, por sua natureza o impele a viver em
comum com seus semelhantes. A busca de objetivos comuns leva o homem a unir-
se (associar-se) a outros homens. Sua natureza é social. Mas, para a vida em
comunidade, para a vida em sociedade impõe-se a subordinação do arbítrio
individual as necessidade da própria sociedade. Se assim não o fosse, teríamos a
luta de cada um contra cada um e de todos contra todos, ou seja, a insegurança,
absolutamente prejudicial a todos os componentes do grupo social.
Qualquer que seja a sociedade é tida como uma união estável, duradoura, onde se
conjugam esforços na busca de um bem comum.

Essas sociedades não só obedecem a uma ordem, estão sujeitas as regras, como
também perseguem um fim, um mesmo objetivo é almejado por seus membros. A
sociedade, o Estado ou mesmo, outras formas associativas (a família, a empresa, a
igreja, o clube, partidos políticos), são resultantes de uma atuação humana voltada
ao atingimento de um fim comum almejado por todos.

Desta forma quando ocorre a conjugação da vontade humana mais a existência de


um objetivo comum e, ainda, uma ordem que se expressa através de normas,
estaremos diante de uma modalidade qualquer de sociedade. Como por exemplo,
na sociedade conjugal, na sociedade mercantil, na sociedade civil sem fins
lucrativos, em um club, em um partido político etc, existem esforços comuns para o
alcance de um objetivo almejado por todos os membros.

Na verdade, são múltiplas as sociedades. Há as que visam fins comerciais, outras,


fins religiosos, outras, ainda, fins de benemerência; porém, existe uma dentre elas
que tem como finalidade um espectro extremamente amplo de objetivos, que,
globalmente considerados, formam o BEM COMUM.

Trata-se, no fundo, de uma sociedade que é mais abrangente de todas. Uma


sociedade que visa propiciar condições para que o homem viva com outros homens,
além de ter condições, inclusive, de criar outras sociedade dentro dela mesma. A
esta sociedade abrangente, de fins variáveis, conforme os tempos e sempre
voltados ao bem de todos, dá-se o nome de Estado. É a sociedade política, ou seja,
o Estado um grupamento de indivíduos, estabelecidos ou fixados em um território
determinado e submetidos à autoridade de um poder público soberano, que lhe dá
autoridade orgânica.

O Estado é a expressão jurídica mais perfeita da sociedade, mostrando-se também


a organização política de uma nação, ou de um povo.
Esse poder do estado, o poder estatal, encontra-se institucionalizado e expressa-se
através de autoridades que, pelo fato de ocuparem determinados postos na
sociedade, têm a capacidade de editar normas cuja obediência é forçosa. São por
tanto, legitimados a editar as normas. Manifestando-se, desta forma a coação
estatal da norma.

Essas normas voltam-se tanto para a constituição do Estado, quanto para a


definição dos direitos e deveres dos próprios indivíduos.

O Estado, ao fazer uso da estrutura adequada para o alcance de suas finalidades,


para o BEM COMUM, dá origem a um tipo de poder, que é o poder público.

1.2. Estado, Poder e Direito


O poder é um instrumento indispensável para que o Estado atinja as suas
finalidades, o BEM COMUM, sendo expressão do caráter superior deste ente. É por
esta razão que o poder estatal confere o seu atributo da soberania, consistente no
fato de formalmente não existir outro poder mais forte do que ele.

Podem existir os poderes de outros Estados que se igualam formalmente, mas,


dentro do mesmo Estado, todos os poderes têm que ser exercidos na conformidade
com a ordem jurídica existente. O poder exercido em oposição à ordem jurídica
torna-se um poder ilícito; seus atos são criminosos e, em conseqüência, perseguidos
e punidos pelo Estado, por que são contrária a própria existência da sociedade.

Na própria criação/constituição/institucionalização do Estado já se tem à


manifestação do Poder. A esse poder que constitui o Estado dá-se o nome de
Poder Constituinte. Manifesta-se na promulgação da Constituição, norma superior
dentro do ordenamento jurídico estatal, onde se estabelece as funções fundamentais
mediante as quais o Estado atingirá os seus fins: função legislativa, função executiva
e função judiciária ou jurisdicional, assim como estabelece os órgãos que
desempenharão: o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.

Este fenômeno chama-se de institucionalização do poder. É a própria Constituição


que institui e reconhece os poderes existentes no Estado e necessários ao
funcionamento normal do Estado. Estes são os poderes constituídos, na verdade se
constituem em instrumento de que se vale o Estado para atingir o bem comum,
sua finalidade maior.

2. DIREITO PÚBLICO E DIREITO PRIVADO


O Direito se divide em dois grandes ramos, quais sejam: direito público e direito
privado. Ou seja, a ordem jurídica, compõe-se tanto de regras de direito público
como de regras de direito privado. O principal critério de diferenciação entre estas
regras é a idéia do poder público – constituem-se regras de direito público aquelas
que organizam politicamente a sociedade e que conferem não só aos órgãos como
aos particulares poderes determinados que têm em vista tal organização; dizem-se
de direito privado as regras em que falta este caráter distintivo.

2.1. Direito Público


O direito público, por sua vez se divide em: Direito Público Interno (é referente às
relações internas do Estado) e Direito Público Externo (é referente às relações dos
Estados entre si).

O Direito Público interno regula, principalmente, a organização e competência


(atribuições) do Estado, ou seja, todos os interesses estatais e sociais. Ou seja,
direito público interno trata primordialmente dos interesses do Estado e da
Sociedade, e somente em alguns casos da conduta individual dos membros da
sociedade. Subdivide-se em:
 Direito Constitucional;
 Direito Administrativo;
 Direito Tributário;
 Direito Penal ou Criminal;
 Direito Processual ou Judiciário (civil ou criminal);
 Direito do Trabalho;
 Direito Eleitoral;
 Direito Municipal;

Com efeito, correspondem ao direito público aquelas matérias com as quais a


sociedade atua frente ao indivíduo, exigindo-lhe sua subordinação.
O Direito Público Externo trata das relações entre os Estados Soberanos (os países)
e as atividades individuais no plano internacional. São exemplos de Direito Público
Externo o Direito Nuclear, Direito Espacial e as Regras referentes à Diplomacia.

2.2. Direito Privado


O objeto do Direito Privado são os interesses dos particulares, de modo a assegurar
a coexistência dos indivíduos na sociedade e a fruição de seus bens, tanto nas
relações entre os particulares, como nas relações do particular com a administração,
ou seja, com o Estado.

No entanto, apesar da regra geral do Direito Privado de existir a possibilidade de


transigências, como acontece nas questões patrimoniais em que os interessados
podem ceder, renunciar, desistir, existem exceções. Mesmo sendo matéria do direito
privado, também existem normas irrenunciáveis, são direitos indisponíveis, como por
exemplo, nos casos de pátrio poder, do direito a vida, à liberdade, à honra e todos
os casos em que existem interesses de menores de idade.

O Direito privado abrange, como ramos principais, sobretudo, o direito civil e o direito
comercial, o primeiro refere-se às relações jurídicas decorrentes da vida civil, e o
segundo é referente às relações jurídicas derivadas do comércio.

O direito comercial no campo internacional é dito Direito Privado Internacional ou


ainda Direito de navegação.

3. FONTES DO DIREITO
O direito nasce de fontes escritas e não escritas. No primeiro caso temos as leis
(legislação como um todo – inclusive a constituição e a Medida Provisória), da
jurisprudência, doutrina, usos e costumes, princípios gerais de direitos.

3.1. Fontes do Direito Administrativo


As fontes do Direito Administrativo, também se classificam em escritas e não
escritas.
a) escritas:
Lei: como fonte primária, a Lei é a matéria que lhe dá corpo e forma ao direito
administrativo, sendo geradora de direitos e obrigações, impondo-se tanto a conduta
humana como a ação estatal, inclusive ao próprio legislador, pois os membros do
poder legislativo também estão sujeitos a força da lei. A lei a que nos referimos é no
sentido amplo (Lato sensu), ou seja, abrange todo o sistema do processo legislativo
brasileiro, compreendendo: a Constituição (mais poderosa e eficaz de todas as leis,
constituindo-se no padrão de algumas leis e na origem dos direitos fundamentais),
as Lei ordinárias, as Emendas a Constituição, as Leis Complementares, as Leis
Delegadas, as Medidas Provisórias, assim como, os Decretos (Decorrente do Poder
Regulamentar), as Instruções (Ato ministeriais baixados para boa execução das leis,
decretos e regulamentos, dirigidos a agentes da Administração) e os tratados, entre
outros dispositivos que tratam pelo seu objeto do Direito Administrativo (lembre-se
que não é fonte do direito administrativo toda e qualquer lei, mas tão só as que
regem os órgãos, os agentes e as atividades públicas, sendo dos âmbitos federal,
estadual ou municipal, em razão do federalismo.

b) não escritas
Jurisprudência: Como fonte do Direito Administrativo entende-se como o conjunto
de decisões reiteradas num mesmo sentido, proferida pelos Tribunais, Juizes e
órgãos de natureza contenciosa, emitidos em relação a casos concretos, obrigando
no Brasil, os órgãos e tribunais inferiores.
Princípios: São proposições fundamentais que se encontram na base de toda
legislação, formando seu sistema teórico, sendo aplicáveis, no caso do Direito
Administrativo, por cima da Lei, informando superiormente toda a atividade legal e
administrativa, independentemente de estar ou não contida na Lei. A obediência dos
princípios, encontra embasamento no art. 37 da Constituição Federal. A
inobservância dos princípios é mais grave que o descumprimento de quaisquer
norma jurídica.

“Art. 37 - A administração pública direta, indireta ou fundacional, de qualquer dos Poderes da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e, também, ao seguinte:” ....

Costumes: Costume é a reiteração uniforme de comportamento tido como obrigação


pela consciência popular, surge espontaneamente da atividade administrativa. No
Direito Administrativo, é fonte quer quando preenche as omissões da Lei, quer
quando serve à sua interpretação e incidência. Sua importância reside na deficiência
da legislação, para preencher as lacunas do texto legal. As Leis baixadas, todavia,
contra os costumes acabam transformando-se em letras mortas. A simples rotina
administrativa não se confunde com o costume, não sendo, por isso, fontes do
Direito Administrativo.
Praxes Administrativa: É a reiteração do mesmo entendimento e interpretação, no
silêncio da Lei, tendo influência secundária na formação do direito. Vale como
elemento para justificar o procedimento de autoridade na fundação de suas
decisões.
Doutrina: É o elemento construtivo da Ciência Jurídica que se manifesta através da
opinião dos doutos, dos estudiosos sobre a questão.

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