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PROJUDI - Processo: 0013680-49.2023.8.16.0188 - Ref. mov. 16.

1 - Assinado digitalmente por Luiz Henrique Vianna Silva:16731


10/11/2023: DEFERIDO O PEDIDO. Arq: Decisão

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PARANÁ
COMARCA DA REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA - FORO CENTRAL DE CURITIBA
VARA DA INFÂNCIA E DA JUVENTUDE E ADOÇÃO DE CURITIBA - PROJUDI
Rua da Glória, 290 - 6º. andar - Centro Cívico - Curitiba/PR - CEP: 80.030-060 - Fone: (41) 3250-1704 - E-mail: ctba-47vj-s@tjpr.
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Autos nº. 0013680-49.2023.8.16.0188

Processo: 0013680-49.2023.8.16.0188
Classe Processual: Cumprimento Provisório de Decisão
Assunto Principal: Adoção de Criança
Valor da Causa: R$0,01
Exequente(s): MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ
Executado(s): nada consta

1. Trata-se de Cumprimento Provisório de Decisão autuado em favor do infante GAEL


PYETRO DA SILVEIRA BARBOSA, nascido em 13/08/2021, filho de Raiane da Silveira
Carlos e Gabriel Aparecido Ferreira Barbosa, acolhido institucionalmente desde 13/08/2021,
atualmente no Lar Antônia, visando a sua colocação em família substituta.

Instado, o Ministério Público requereu o início dos procedimentos para a colocação do


infante em família substituta na modalidade de adoção (mov. 11.1).

É o relato. Decido.

2. O artigo 101, incisos VII e IX, do Estatuto da Criança e do Adolescente, preconiza que
verificadas quaisquer das hipóteses previstas no artigo 98, a autoridade competente poderá
determinar, dentre outras, as medidas de acolhimento institucional e colocação em família
substituta.

O artigo 157 do Estatuto da Criança e do Adolescente, em sua parte final, dispõe que
decretada a suspensão do poder familiar, ficará a criança ou adolescente confiada a pessoa
idônea, mediante termo de responsabilidade. Na suspensão do poder familiar, como se vê, não
é legalmente imperativo o acolhimento institucional da criança ou adolescente, mas tão
somente sua entrega à pessoa idônea, dando, assim, à autoridade judiciária, o juízo de
oportunidade e conveniência em favor do melhor interesse do protegido.

Nesta linha, a melhor pessoa idônea a quem pode ser confiada a criança ou
adolescente é aquela inscrita no Cadastro de Adotantes deste Juízo, pois, além de ter a
idoneidade reconhecida e declarada judicialmente – pois submetida a procedimento para
habilitação à adoção –, deverá ser aquela a adotar o protegido (pretensão prática final desta
ação).
PROJUDI - Processo: 0013680-49.2023.8.16.0188 - Ref. mov. 16.1 - Assinado digitalmente por Luiz Henrique Vianna Silva:16731
10/11/2023: DEFERIDO O PEDIDO. Arq: Decisão

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
Com feito, não basta que Gael esteja com seus direitos resguardados na unidade de
acolhimento, é necessário que a ele seja garantido, também, o direito à convivência familiar e
comunitária.

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Outrossim, é certo que os danos ao infante serão irreparáveis se permanecer em
acolhimento por ainda mais tempo, considerando que está institucionalizado desde o
nascimento, inexistindo perspectivas de reintegração familiar segura até o momento.

Sobre o tema, inclusive, já se manifestou o Eminente Desembargador Sergio Kreuz no


“Manual de Acolhimento Familiar da Corregedoria-Geral da Justiça do Paraná” :

Há diversos estudos científicos que demonstram os danos, em especial de


desenvolvimento psíquico, social e até mesmo motor, de crianças e
adolescentes que permanecem por muito tempo em acolhimentos
institucionais. O melhor a fazer, sem dúvida, é um esforço para que
permaneçam o menor tempo possível nos acolhimentos, com ênfase na
substituição do modelo de acolhimentos institucionais pelos familiares.

Ademais, não se deve olvidar que a Lei n.º 8.069/90 dispõe expressamente, em seu
artigo 163, que caberá ao juiz, no caso de notória inviabilidade de manutenção do poder
familiar, dirigir esforços para preparar a criança ou o adolescente com vistas à colocação em
família substituta.

Na mesma linha é o Enunciado n.º 1 do Fórum Nacional de Promotores da Infância e


Adolescência. Vejamos:

Enunciado n.º 01 – É possível a colocação de criança ou adolescente em


família substituta após a antecipação de tutela em ação de destituição do
poder familiar, constatada improvável a reintegração familiar, lastreada em
estudo técnico, por meio de concessão de guarda provisória a pessoa
devidamente cadastrada.

Ainda nessa toada, o Enunciado n.º 673 da IX Jornada de Direito Civil:

Enunciado n.º 673 - Art. 1.635: Na ação de destituição do poder familiar de


criança ou adolescente que se encontre institucionalizada, promovida pelo
Ministério Público, é recomendável que o juiz, a título de tutela antecipada,
conceda a guarda provisória a quem esteja habilitado a adotá-lo, segundo
o perfil eleito pelo candidato à adoção.

3. Destarte, considerando a situação narrada e a fim de garantir ao protegido o direito à


convivência familiar e comunitária, bem assim a fim de evitar que a institucionalização por
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período prolongado lhe cause prejuízos irreparáveis, cadastre-se a criança no Sistema Projudi
e no Sistema Nacional de Adoção – SNA, mantendo o cadastro suspenso para fins de consulta
prévia no cadastro local e demais diligências relacionadas à caracterização do protegido,
conforme disposto no artigo 50, § 8º, do Estatuto da Criança e do Adolescente e no artigo 500,

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do Código de Normas do Foro Judicial do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná.

4. Remetam-se os autos ao Lar Antônia, solicitando, no prazo de 05 (cinco) dias, a


apresentação de relatório de caracterização de GAEL PYETRO DA SILVEIRA BARBOSA,
devendo contemplar, além de outras informações que a equipe técnica julgar pertinentes, fotos
atualizadas do infante.

5. Após, remetam-se os autos ao Núcleo Integrado de Apoio Psicossocial para a


apresentação de laudo de indicação para adoção da criança, no prazo de 10 (dez) dias.

6. Em seguida, abra-se vista ao Ministério Público.

7. Comunique-se às equipes técnicas da UAI e do NIAPVIJ de que todas as


informações relativas ao acolhimento institucional do protegido, inclusive eventuais
requerimentos para alvarás e/ou viagens, deverão ser exclusivamente encaminhados e
acostados nos presentes autos.

8. Intimações e diligências necessárias.

Curitiba, 10 de novembro de 2023.

Luiz Henrique Vianna Silva

Juiz de Direito Substituto

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