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Tribunal de Justiça de Pernambuco

PJe - Processo Judicial Eletrônico

21/06/2023

Número: 0002823-21.2023.8.17.4001
Documentos
Id. Data Documento Tipo
136018041 18/06/2023 Decisão Decisão
11:11
PODER JUDICIÁRIO
ESTADO DE PERNAMBUCO
Plantão Judiciário da Capital
DIA 18/06/2023

DECISÃO SOBRE MEDIDA PROTETIVA

NPU/tombo: 0002823-21.2023.8.17.4001
REPRESENTADO: João Gustavo Morais da Silva
OFENDIDA: Rosilene da Silva Ferreira

Trata-se de cautelar por medidas protetivas da chamada Lei Maria da Penha, apresentada em
regime de plantão, onde a ofendida aduz, quando ouvida pela autoridade policial, que foi vítima
de violência doméstica perpetrada pelo autuado. Requereu medidas protetivas.

Como é de curial sabença, em crimes envolvendo violência doméstica e familiar, devido à


natureza da infração, a narrativa da vítima possui valor especial, pois tais delitos são
geralmente praticados no recinto privado e sem a presença de quaisquer outras testemunhas,
conforme precedentes do STF e STJ. Trazemos à lume os seguintes julgados que evidenciam o
direito ora em dicção:

SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA RHC 108350 / RN - 2019/0044247-5


Relator(a) Ministro RIBEIRO DANTAS (1181) Órgão Julgador T5 - QUINTA TURMA
Data do Julgamento 26/03/2019 Data da Publicação/Fonte DJe 01/04/2019 JPL vol. 87 p. 172
PENAL E PROCESSO PENAL. RECURSO EM HABEAS CORPUS AMEAÇAS NO ÂMBITO
DA LEI MARIA DA PENHA. VIOLÊNCIA PSÍQUICA. SALVAGUARDA PELA LEI N.
11.343/2006. PALAVRA DA VÍTIMA. ESPECIAL RELEVÂNCIA.
(…) A decisão, hígida, não carece de reparação, demonstrada a necessidade das medidas
protetivas em virtude do sofrimento psíquico impingido à vítima, destacados o medo e o desejo de
se ver protegida do recorrente, que estaria agredindo-a psicologicamente. Nesse viés, realça-se
que a Lei Maria da Penha é destinada também à salvaguarda da integridade psíquica e moral da
mulher. (…) "A palavra da vítima, em harmonia com os demais elementos presentes nos
autos possui relevante valor probatório, especialmente em crimes que envolvem violência
doméstica e familiar contra a mulher" (HC 461.478/PE, Rel. Ministra LAURITA VAZ, SEXTA
TURMA, DJe 12/12/2018) (….).

SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA


RHC 102859 / PE RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS 2018/0234647-9
Relator(a) Ministra LAURITA VAZ (1120) Órgão Julgador T6 - SEXTA TURMA
Data do Julgamento 06/11/2018 Data da Publicação/Fonte DJe 23/11/2018
RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. PROCESSO PENAL. LEI MARIA DA
PENHA. MEDIDAS PROTETIVAS. FUNDAMENTAÇÃO. PALAVRA DA VÍTIMA.
RELEVÂNCIA. INEXISTÊNCIA DE RISCO PARA A OFENDIDA. EXAME FÁTICO
PROBATÓRIO, INCABÍVEL EM HABEAS CORPUS. RECURSO DESPROVIDO. (….)

Assinado eletronicamente por: PATRICIA XAVIER DE FIGUEIREDO LIMA - 18/06/2023 11:11:33 Num. 136018041 - Pág. 1
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Demonstrada pelas instâncias ordinárias, com expressa menção à situação concreta - supostas
agressões psicológicas praticadas por seu ex-companheiro(…) A jurisprudência deste Tribunal
Superior tem entendido que, em casos de violência doméstica, a palavra da vítima
tem especial relevância, pois ocorre frequentemente em situações de clandestinidade.

Diante das palavras da vítima no presente feito, denoto que se faz necessária a
aplicação de medidas protetivas. As medidas protetivas estão previstas nos artigos 22 e
seguintes, da Lei Maria da Penha, vejamos:

Art. 22. Constatada a prática de violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos desta
Lei, o juiz poderá aplicar, de imediato, ao agressor, em conjunto ou separadamente, as seguintes
medidas protetivas de urgência, entre outras:
I - suspensão da posse ou restrição do porte de armas, com comunicação ao órgão competente,
nos termos da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003 ;
II - afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendida;
III - proibição de determinadas condutas, entre as quais:
a) aproximação da ofendida, de seus familiares e das testemunhas, fixando o limite mínimo de
distância entre estes e o agressor;
b) contato com a ofendida, seus familiares e testemunhas por qualquer meio de comunicação;
c) freqüentação de determinados lugares a fim de preservar a integridade física e psicológica da
ofendida;
IV - restrição ou suspensão de visitas aos dependentes menores, ouvida a equipe de atendimento
multidisciplinar ou serviço similar;
V - prestação de alimentos provisionais ou provisórios.
§ 1º As medidas referidas neste artigo não impedem a aplicação de outras previstas na legislação
em vigor, sempre que a segurança da ofendida ou as circunstâncias o exigirem, devendo a
providência ser comunicada ao Ministério Público.
§ 2º Na hipótese de aplicação do inciso I, encontrando-se o agressor nas condições mencionadas
no caput e incisos do art. 6º da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003, o juiz comunicará ao
respectivo órgão, corporação ou instituição as medidas protetivas de urgência concedidas e
determinará a restrição do porte de armas, ficando o superior imediato do agressor responsável
pelo cumprimento da determinação judicial, sob pena de incorrer nos crimes de prevaricação ou
de desobediência, conforme o caso.
§ 3º Para garantir a efetividade das medidas protetivas de urgência, poderá o juiz requisitar, a
qualquer momento, auxílio da força policial.
§ 4º Aplica-se às hipóteses previstas neste artigo, no que couber, o disposto no caput e nos §§ 5º
e 6º do art. 461 da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 (Código de Processo Civil).

Art. 23. Poderá o juiz, quando necessário, sem prejuízo de outras medidas:
I - encaminhar a ofendida e seus dependentes a programa oficial ou comunitário de proteção ou
de atendimento;
II - determinar a recondução da ofendida e a de seus dependentes ao respectivo domicílio, após
afastamento do agressor;
III - determinar o afastamento da ofendida do lar, sem prejuízo dos direitos relativos a bens,
guarda dos filhos e alimentos;
IV - determinar a separação de corpos.
V - determinar a matrícula dos dependentes da ofendida em instituição de educação básica mais
próxima do seu domicílio, ou a transferência deles para essa instituição, independentemente da
existência de vaga. (Incluído pela Lei nº 13.882, de 2019)

Art. 24. Para a proteção patrimonial dos bens da sociedade conjugal ou daqueles de propriedade
particular da mulher, o juiz poderá determinar, liminarmente, as seguintes medidas, entre outras:
I - restituição de bens indevidamente subtraídos pelo agressor à ofendida;

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II - proibição temporária para a celebração de atos e contratos de compra, venda e locação de
propriedade em comum, salvo expressa autorização judicial;
III - suspensão das procurações conferidas pela ofendida ao agressor;
IV - prestação de caução provisória, mediante depósito judicial, por perdas e danos materiais
decorrentes da prática de violência doméstica e familiar contra a ofendida.
Parágrafo único. Deverá o juiz oficiar ao cartório competente para os fins previstos nos incisos II e
III deste artigo.

Assim, visando garantir a integridade física e psíquica da vítima, determino as seguintes


medidas protetivas:

1) Suspensão da posse ou porte de armas, acaso o autuado o tenha;

2) Afastamento imediato do lar, do local de convivência da ofendida;

3) Proibição de aproximação da ofendida e os filhos menores que estiver em sua guarda.


Eventual direito de visitas e contato de eventuais filhos em comum do autuado e vítima deverão
ser perquiridos na Vara de Família;

4) Proibição de frequentar o local de trabalho ou de estudo da vítima e

5) Proibição de manter contato com a vítima, seus familiares, por qualquer meio de comunicação.

6) Para o cumprimento do afastamento do lar e do afastamento da vítima, assim como das


medidas cautelares listadas acima, determino o limite de 500 m (quinhentos metros) de distância,
entre o autuado e a ofendida.

Qualquer outra medida, inclusive as de natureza patrimonial, como alimentos, deverá ser
verificada diretamente no juízo natural ou juízo cível, posto que, em sede de plantão, não há
elementos para se perquirir tais desideratos.

O autuado deverá ser intimado da presente medida protetiva e que o descumprimento poderá
importar em crime e decretação da prisão preventiva. Expedientes com urgência a serem
cumpridos pelos Oficiais de Justiça de Plantão.

Expeçam-se os competentes expedientes, sendo certo que a presente decisão tem força de
mandado, que assinado pelo autuado, já servirá de termo de compromisso.

Recife, 18 de junho de 2023.

PATRÍCIA XAVIER DE FIGUEIRÊDO LIMA


- Juíza de Direito Plantonista -

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