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PODER JUDICIÁRIO
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15/03/2024, 17:26 Jurisprudência - PJe
1. A Lei nº 11.340/2006 (Lei Maria da Penha) é taxativa, em seu art. 5º, no sentido de definir
que, para fins de aplicação da Lei n. 11.340/2006, configura violência doméstica contra mulher
somente a conduta baseada na relação de gênero, isto é, atos de agressão motivados não
apenas por questões pessoais, mas refletindo a posição cultural da subordinação da mulher
ao homem ou pretendida sobreposição do homem sobre a mulher. Em razão disso, para a
decretação de medidas protetivas de urgência, previstas na Lei nº 11.340/06, não basta a
simples alegação de suposta violência (física, moral ou psicológica), deve haver indícios
suficientes de violência ou de ameaça praticada em face da mulher e motivada por questões
de gênero.
– “Art. 5º. Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica e familiar contra a mulher
qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico,
sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial:
II - no âmbito da família, compreendida como a comunidade formada por indivíduos que são ou
se consideram aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade expressa;
III - em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a
ofendida, independentemente de coabitação.
– DO STJ. "A jurisprudência da Terceira Seção deste Superior Tribunal de Justiça consolidou-se
no sentido de que, para a aplicação da Lei 11.340/2006, não é suficiente que a violência seja
praticada contra a mulher e numa relação familiar, doméstica ou de afetividade, mas também
há necessidade de demonstração da sua situação de vulnerabilidade ou hipossuficiência, numa
perspectiva de gênero" (AgRg no REsp 1430724/RJ, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS
MOURA, SEXTA TURMA, julgado em 17/03/2015, DJe 24/03/2015).”
(AgRg no AREsp 1022313/DF, Rel. Ministro ANTONIO SALDANHA PALHEIRO, SEXTA TURMA,
julgado em 6/6/2017, DJe 13/6/2017).
– No caso sub oculi não restou demonstrado violência motivada por questões de gênero e nem
tão pouco de relação de vulnerabilidade, na verdade trata-se de um desentendimento
familiar de origem patrimonial ocasionada pela separação do casal, cuja ação de divórcio
litigioso tramita na 4ª Vara de Família da Comarca de Campina Grande. A recorrente não
relatou a existência de violência física e psicológica em razão de sua condição de mulher, mas
a existência de supostas ameaças quanto ao patrimônio das empresas que o casal,
aparentemente, diante dos áudios e mensagens anexadas aos autos, administravam juntos.
– Do TJSP. “O juízo a quo, por estar próximo dos fatos, é o mais apto a sopesar a necessidade de
restrição de direitos do agressor para a prevalência da segurança da vítima “.
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– Dessa feita, nenhuma censura merece o decisório ora recorrido, que deve ser mantido pelos
seus próprios e jurídicos fundamentos. Ressalto, outrossim, que nada impede que
posteriormente, caso surjam novos fatos, seja formulado outro pedido de imposição de
medidas protetivas ao juízo de primeiro grau.
ACORDA a Câmara Especializada Criminal do Egrégio Tribunal de Justiça da Paraíba, à unanimidade, negar provimento
ao recurso, mantendo na íntegra a decisão de primeiro grau, nos termos do voto do relator, em harmonia com o parecer
da Procuradoria de Justiça .
PODER JUDICIÁRIO
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15/03/2024, 17:26 Jurisprudência - PJe
1. A Lei nº 11.340/2006 (Lei Maria da Penha) é taxativa, em seu art. 5º, no sentido de definir
que, para fins de aplicação da Lei n. 11.340/2006, configura violência doméstica contra mulher
somente a conduta baseada na relação de gênero, isto é, atos de agressão motivados não
apenas por questões pessoais, mas refletindo a posição cultural da subordinação da mulher
ao homem ou pretendida sobreposição do homem sobre a mulher. Em razão disso, para a
decretação de medidas protetivas de urgência, previstas na Lei nº 11.340/06, não basta a
simples alegação de suposta violência (física, moral ou psicológica), deve haver indícios
suficientes de violência ou de ameaça praticada em face da mulher e motivada por questões
de gênero.
– “Art. 5º. Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica e familiar contra a mulher
qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico,
sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial:
II - no âmbito da família, compreendida como a comunidade formada por indivíduos que são ou
se consideram aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade expressa;
III - em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a
ofendida, independentemente de coabitação.
– DO STJ. "A jurisprudência da Terceira Seção deste Superior Tribunal de Justiça consolidou-se
no sentido de que, para a aplicação da Lei 11.340/2006, não é suficiente que a violência seja
praticada contra a mulher e numa relação familiar, doméstica ou de afetividade, mas também
há necessidade de demonstração da sua situação de vulnerabilidade ou hipossuficiência, numa
perspectiva de gênero" (AgRg no REsp 1430724/RJ, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS
MOURA, SEXTA TURMA, julgado em 17/03/2015, DJe 24/03/2015).”
(AgRg no AREsp 1022313/DF, Rel. Ministro ANTONIO SALDANHA PALHEIRO, SEXTA TURMA,
julgado em 6/6/2017, DJe 13/6/2017).
– No caso sub oculi não restou demonstrado violência motivada por questões de gênero e nem
tão pouco de relação de vulnerabilidade, na verdade trata-se de um desentendimento
familiar de origem patrimonial ocasionada pela separação do casal, cuja ação de divórcio
litigioso tramita na 4ª Vara de Família da Comarca de Campina Grande. A recorrente não
relatou a existência de violência física e psicológica em razão de sua condição de mulher, mas
a existência de supostas ameaças quanto ao patrimônio das empresas que o casal,
aparentemente, diante dos áudios e mensagens anexadas aos autos, administravam juntos.
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– Do TJSP. “O juízo a quo, por estar próximo dos fatos, é o mais apto a sopesar a necessidade de
restrição de direitos do agressor para a prevalência da segurança da vítima “.
– Dessa feita, nenhuma censura merece o decisório ora recorrido, que deve ser mantido pelos
seus próprios e jurídicos fundamentos. Ressalto, outrossim, que nada impede que
posteriormente, caso surjam novos fatos, seja formulado outro pedido de imposição de
medidas protetivas ao juízo de primeiro grau.
ACORDA a Câmara Especializada Criminal do Egrégio Tribunal de Justiça da Paraíba, à unanimidade, negar provimento
ao recurso, mantendo na íntegra a decisão de primeiro grau, nos termos do voto do relator, em harmonia com o parecer
da Procuradoria de Justiça .
RELATÓRIO
Cuida-se de Agravo de Instrumento, com pedido cautelar, interposto por Pollyana Patricia Chaves Silva contra a decisão
proferida pela MM. Juíza da Vara de Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher da Comarca de Campina Grande, que
indeferiu o pedido de medidas protetivas de urgência em favor da agravante.
Na peça de ingresso, a agravante narra que foi casada por 16 (dezesseis) anos com Luiz André Pereira da Silva, e que
desde a separação de fato do casal, há aproximadamente 06 (seis) meses, vem sofrendo diversos tipos de violência, como
patrimonial e psicológica.
Propugna que requereu medidas protetivas de urgência por se sentir amedrontada pelo agravado e temer que ele atente
contra a sua vida e de sua filha, mas que o Juízo a quo indeferiu o pleito aduzindo que não existem provas suficientes da
prática de alguma modalidade de violência contra a vítima.
Verbera que o requerido vem agindo de forma destemperada, ameaçando-a para que lhe dê parte de suas empresas,
invadindo-as, e que além de constranger funcionários e clientes, afirma que ela terá que pagar pensão, caso queira que
ele pare de frequentar o ambiente.
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Expõe que existem inúmeras provas nos autos de que a recorrente vem sofrendo violência psicológica, e que a questão
patrimonial é apenas uma das motivações, sendo inevitável “a intervenção do Estado no caso concreto para coibir mais
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atitudes danosas advindas do réu contra a ofendida e suas funcionárias”
Ao final requer o “provimento do presente recurso para reformar a decisão atacada e determinar imediatamente a
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concessão de medidas protetivas de urgência, a fim de proteger a integridade física e moral da vítima”
Os autos foram, inicialmente, distribuídos ao Des. Oswaldo Trigueiro do Valle Filho, o qual entendeu que a competência
para conhecer do recurso era da Câmara Criminal, por verificar que o processo trata de matéria de natureza jurídica
criminal (Num. 18343064). Em sequência o feito foi redistribuído a esta Relatoria (Num. 18370310 - Pág. 1).
Em contrarrazões, o agravado aduz que “inexiste elementos suficientes quanto à situação de violência doméstica que
venha a justificar a imposição das medidas protetivas em favor da Agravante”; que “os litigantes sequer residem na mesma
comarca, enquanto a Agravante reside em Campina Grande – PB, o Agravado reside na comarca de Monteiro – PB, uma
distância de quase 180 km”, bem como que “as conversas extraídas do aplicativo de mensagens WhatsApp e áudios
cortados e fora do real contexto”, não são hábeis a comprovar a existência de violência doméstica e sua relação direta com
a suposta autoria (Num. 22642374).
A Procuradoria de Justiça, por meio de parecer do Procurador de Justiça Joaci Juvino da Costa Silva, opinou pelo
desprovimento do Agravo de Instrumento (Num. 22784856).
É o relatório.
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A recorrente insurge-se contra a decisão proferida pela MM. Juíza da Vara de Violência Doméstica e Familiar Contra a
Mulher da Comarca de Campina Grande, Dra. Rosimeire Ventura Leite, que indeferiu o pedido de medidas protetivas de
urgência em seu favor.
Após ponderar sobre a situação, vejo que razão não lhe assiste.
Pollyana Patrícia Chaves Silva requereu medidas protetivas alegando que que foi casada por 16 (dezesseis) anos com
Luiz André Pereira da Silva, e que desde a separação de fato do casal, há aproximadamente 06 (seis) meses, vem sofrendo
diversos tipos de violência, como patrimonial e psicológica.
Segundo a sua narrativa, o requerido vem agindo de forma destemperada, ameaçando-a para que lhe dê parte de suas
empresas, invadindo-as, e que além de constranger funcionários e clientes, afirma que ela terá que pagar pensão, caso
queira que ele pare de frequentar o ambiente.
Expõe que existem inúmeras provas nos autos de que a recorrente vem sofrendo violência psicológica, e que a questão
patrimonial é apenas uma das motivações, sendo inevitável “a intervenção do Estado no caso concreto para coibir mais
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atitudes danosas advindas do réu contra a ofendida e suas funcionárias”
A ação de divórcio litigioso do casal tramita na 4ª Vara de Família da Comarca de Campina Grande.
“Vistos.
Com o advento da Lei nº 11.340/06, a violência contra a mulher passou a ser cuidada sob nova
ótica. A partir daí os crimes cometidos com violência física, psicológica, sexual, patrimonial e
moral (art. 7º) contra a mulher recebem proteção especial.
As medidas protetivas que obrigam o agressor são meios de assegurar a integridade física e
mental da vítima de tais abusos. Estão elas previstas no art. 22 da Lei nº 11.340/06.
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Os elementos coligidos aos autos até o momento não comprovam, porém, a prática de
qualquer das modalidades de violência previstas no art. 7º da Lei 11.340/06, que tenha sido
efetivada pelo suposto agressor contra a requerente.
Ora, pela leitura das peças encaminhadas pela autoridade policial, extrai-se que a ocorrência
da prática imputada, em tese, foge da urgente e necessária proteção, por ora, quanto às
medidas protetivas, posto que as alegações da suposta vítima, neste momento, não são
suficientes para justificar a excepcionalidade do instituto cautelar.
Por estas razões, INDEFIRO o requerimento, por não vislumbrar situação de violência
doméstica que enseje a aplicação de medida protetiva. Resguardada a possibilidade de
reapreciação em sendo apresentados novos elementos “.
No caso em exame, este juízo indeferiu o pleito por não vislumbrar, até o momento, a
prática de qualquer das modalidades de violência previstas no art. 7º da Lei 11.340/06. A
narrativa do pedido se refere unicamente aos problemas envolvendo o negócio que o ex-
casal possui e não de ameaças concretas à integridade física da agravante.
Ademais, ressalto que o pedido de reapreciação da decisão formulado pela agravante já foi
analisado e mantido o indeferimento, sendo este o entendimento do juízo.
Pois bem (!), conforme exposto no decisum impugnado, a Lei nº 11.340/2006 (Lei Maria da Penha) criou mecanismos para
coibir e prevenir a violência doméstica e familiar contra a mulher, estabelecendo em seu art. 5º as hipóteses que
configuram violência doméstica e familiar contra a mulher, in verbis:
“Art. 5º. Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica e familiar contra a mulher
qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico,
sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial:
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II - no âmbito da família, compreendida como a comunidade formada por indivíduos que são ou
se consideram aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade expressa;
III - em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a
ofendida, independentemente de coabitação.
Constata-se, da simples leitura do referido dispositivo, que este é taxativo no sentido de definir que, para fins de aplicação
da Lei n. 11.340/2006, configura violência doméstica contra mulher somente a conduta baseada na relação de gênero,
isto é, atos de agressão motivados não apenas por questões pessoais, mas refletindo a posição cultural da subordinação
da mulher ao homem ou pretendida sobreposição do homem sobre a mulher.
Em razão disso, para a decretação de medidas protetivas de urgência, previstas na Lei nº 11.340/06, não basta a simples
alegação de suposta violência (física, moral ou psicológica), deve haver indícios suficientes de violência ou de ameaça
praticada em face da mulher e motivada por questões de gênero.
Neste sentir, consolidou-se a jurisprudência das Quinta e Sexta Turmas do Superior Tribunal de Justiça:
1. "A jurisprudência desta Corte Superior de Justiça orienta-se no sentido de que para que a
competência dos Juizados Especiais de Violência Doméstica seja firmada, não basta que o
crime seja praticado contra mulher no âmbito doméstico ou familiar, exigindo-se que a
motivação do acusado seja de gênero, ou que a vulnerabilidade da ofendida seja
decorrente da sua condição de mulher. Precedentes" (AgRg no AREsp 1020280/DF, Rel.
Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, DJe 31/8/2018).
2. Diante da conclusão da instância ordinária de que o delito não foi motivado por questões
de gênero ou em face da situação de vulnerabilidade da vítima por ser do sexo feminino, para
se chegar a conclusão diversa do julgado seria necessário o revolvimento do acervo fático-
probatório, procedimento sabidamente inviável na instância especial. A referida vedação
encontra respaldo no enunciado n. 7 da Súmula desta Corte, verbis: "A pretensão de simples
reexame de prova não enseja recurso especial".
(AgRg no REsp 1858438/GO, Rel. Ministro JOEL ILAN PACIORNIK, QUINTA TURMA, julgado em
18/08/2020, DJe 24/08/2020)
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2. No caso dos autos, o Tribunal de origem, soberano na análise dos elementos fático-
probatórios da lide, entendeu que não haveria elementos suficientes para configuração da
motivação de gênero nos atos do agravado, e que não teria ficado caracterizado o estado de
vulnerabilidade do sexo oposto.
3. Desse modo, para que fosse possível a análise das pretensões recursais, seria
imprescindível o reexame das provas constantes dos autos, o que é vedado ante o que
preceitua a Súmula 7/STJ.
(AgRg no AREsp 1022313/DF, Rel. Ministro ANTONIO SALDANHA PALHEIRO, SEXTA TURMA,
julgado em 6/6/2017, DJe 13/6/2017).
Assim, no caso sub oculi, entendo que agiu com acerto a magistrada primeva ao indeferir o requerimento de medidas
protetivas de urgência, porquanto não restou demonstrado violência motivada por questões de gênero e nem tão pouco
de relação de vulnerabilidade, em verdade trata-se de um desentendimento familiar de origem patrimonial ocasionada
pela separação do casal, cuja ação de divórcio litigioso tramita na 4ª Vara de Família da Comarca de Campina Grande.
A recorrente não relatou a existência de violência física e psicológica em razão de sua condição de mulher, mas a
existência de supostas ameaças quanto ao patrimônio das empresas que o casal, aparentemente, diante dos áudios e
mensagens anexadas aos autos, administravam juntos.
Decerto que, em situações de urgência relacionadas à violência doméstica e familiar contra a mulher, deve o juízo da
causa sopesar a necessidade de restrição de direitos do agressor em vista da segurança da vítima, que sempre deve
prevalecer.
E o juízo primevo, por encontrar-se próximo dos fatos, é o mais apto a realizar essa operação. É ele quem deve determinar
quais medidas protetivas devem ser aplicadas, seu prazo de duração e a possibilidade de modificação ou revogação.
À instância recursal cabe a alteração apenas em situações excepcionalíssimas de flagrante ilegalidade ou indevido abuso
na restrição de direitos do agressor, o que não é a hipótese dos autos.
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Dessa feita, nenhuma censura merece o decisório ora recorrido, que deve ser mantido pelos seus próprios e jurídicos
fundamentos.
Ressalto, outrossim, que nada impede que posteriormente, caso surjam novos fatos, seja formulado outro pedido de
imposição de medidas protetivas ao juízo de primeiro grau.
2. DISPOSITIVO
Ante o exposto, nego provimento ao recurso, mantendo íntegra a decisão de primeiro grau, em harmonia com o parecer
da Procuradoria de Justiça.
É como voto.
Presidiu a sessão o Excelentíssimo Senhor Desembargador Ricardo Vital de Almeida, Presidente da Câmara Criminal.
Participaram do julgamento os Excelentíssimos Senhores Desembargadores Ricardo Vital de Almeida, relator, Joás de
Brito Pereira Filho (1º vogal) e Márcio Murilo da Cunha Ramos (2º vogal).
Acompanhou a sessão virtual o Excelentíssimo Senhor Amadeus Lopes Ferreira, Promotor de Justiça convocado.
Sessão Virtual da Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba, iniciada em 04 de dezembro de 2023 e
encerrada em 05 de dezembro de 2023.
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RELATOR
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