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AO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DE TRINDADE-GOIÁS

Processo nº XXXXXXX
FULANO DE TAL, brasileiro, casado, motorista, portador do CI/RG nº XXX SSP/GO, inscrito
no CPF/MF sob o nº XXX, endereço eletrô nico XXX, residente e domiciliado na Rua XXX,
Goiâ nia/GO, por sua procuradora infra-assinada (procuraçã o anexa), vem respeitosamente
perante este Juízo, com fulcro no art. 343 do Có digo de Processo Civil e artigo 31 da lei
9099/95, apresentar
CONTESTAÇÃO C/C PEDIDO CONTRAPOSTO
na açã o de indenizaçã o por danos materiais e morais proposta por FULANA DE TAL,
brasileira, casada, administradora, portadora da CI/RG de n.º XXX, e regularmente inscrita
no CPF/MF sob o n.º XXX, residente e domiciliada na XXX, Trindade/GO, pelas razõ es e
fundamentos a seguir expostas.
1. DA REALIDADE FÁTICA
Ajuizou a requerente a presente demanda na tentativa de ver ressarcidos danos
ocasionados a seu veículo apó s colisã o com o veículo do requerido, alegando esta culpa
exclusiva do requerido na colisã o dos carros.
Narra a promovente, falaciosamente, que na data de 22/05/2020, por volta das 20:30
horas, trafegava com seu veículo GM/Prima, de cor Preta, de Placa XXX,
ano/modelo2015/2015, pela rodovia GO-060, entre o Município de Trindade e Santa
Bá rbara de Goiá s e que em determinado trecho da rodovia seu carro supostamente sofreu
uma pane e perdeu velocidade, e, nã o percebendo o promovido a reduçã o de velocidade do
veículo da autora, o veículo do requerido colidiu de forma violenta na traseira do veículo da
requerente.
Tal narrativa, entretanto, nã o condiz com a realidade dos fatos. O requerido é motorista
profissional, experiente, responsá vel, bem avaliado pelos usuá rios de aplicativos de
transporte de passageiros (uber, 99pop) e sempre dirigiu com as devidas cautelas,
respeitando a legislaçã o de trâ nsito.
O que ocorreu de fato no dia do acidente, Excelência, conforme faz prova boletim de
ocorrência anexo e demais documentos acostados a esta contestaçã o é que o promovido
trafegava pela GO-060, sentido Trindade - Santa Barbara de Goiá s, quando a requerente
que estava à frente do veículo do requerido fez uma frenagem brusca e mesmo o
promovido dirigindo dentro do limite de velocidade permitido e mantendo uma distâ ncia
segura a colisã o foi inevitá vel.
É importante salientar que esse trecho da rodovia nã o possui acostamento nem iluminaçã o.
O requerido nã o tinha para onde “jogar” seu veículo de forma segura.
Vejamos:
A pista possui três faixas: duas no sentido Trindade - Santa Barbara de Goiá s e uma no
sentido contrá rio.
Se o requerido desviasse o carro para direita, bateria na barreira de ferro que tem na
rodovia porque ela, frisa-se, nã o possui acostamento. Se ele desviasse o carro para
esquerda certamente iria colidir lateralmente com os inú meros caminhõ es que trafegavam
por aquela rodovia ou qualquer outro automó vel que estava na pista de trâ nsito rá pido ou
até mesmo poderia forçar que algum desses veículos invadisse a faixa de sentido contrá rio
o que provocaria um acidente com colisã o frontal. O que, sem dú vida alguma, resultaria em
um acidente com vítimas fatais.
A negligência e imprudência da requerente nã o deixou alternativa ao requerido. A colisã o
traseira foi o menor dos danos dentre os muitos outros que poderiam acontecer. Frear um
veículo de cor escura, abruptamente, em uma rodovia sem iluminaçã o e de alta velocidade
é de uma irresponsabilidade sem precedentes.
Se o requerido nã o estivesse a uma distâ ncia segura e dentro do limite de velocidade, neste
momento, nã o estaríamos aqui discutindo apenas danos materiais. Vidas teriam sido
ceifadas também.
A prova cabal que o requerido estava dentro do limite de velocidade é que ele trafegava
pela faixa da direita, que, como todos sabem, é a faixa de “trâ nsito lento”.
Ademais, a alegaçã o da requerente que seu veículo sofreu uma “pane” na parte elétrica e foi
perdendo velocidade é uma inverdade, pois, apó s o acidente e a vistoria da seguradora no
local do ocorrido, seu veículo nã o necessitou ser rebocado e ela foi embora nele dirigindo-o
normalmente.
Ao contrá rio do carro do requerido que ficou muito mais danificado, pois ao frear para
evitar a colisã o com o carro da autora, desencadeou-se um “engavetamento” e um terceiro
veículo que estava atrá s do carro do requerido colidiu em sua traseira e em razã o disso o
carro do requerido teve avarias na parte frontal, traseira e mecâ nica (radiador perfurado) e
necessitou de um guincho para ser retirado do local do acidente.
Conforme faz prova mídia em formato de vídeo encaminhado para a secretaria deste
Douto Juizado, apó s o acidente a seguradora foi acionada e o vistoriador do seguro esteve
no local, ligou o carro da requerente, andou alguns metros e este funcionou
PERFEITAMENTE.
E, supondo que o veículo da requerente realmente estivesse sofrendo uma pane,
percebendo tal problema a obrigaçã o da requerente era de ligar o “pisca alerta” para deixar
os demais motoristas de sobreaviso.
Nenhum carro anda ou para sozinho. A realidade é que a requerente agiu com negligência e
imprudência. No momento do acidente a luz de freio foi acionada o que nã o deixa dú vidas
que ela se confundiu nos comandos do veículo, pisando no freio acreditando ser a
embreagem, talvez pela falta de costume de dirigir veículos automá ticos, e por isso o carro
dela parou repentinamente o que resultou no acidente em questã o.
Reitera-se que o trecho da rodovia onde o acidente ocorreu nã o tinha iluminaçã o nem
acostamento (fotos anexas) além de ser um local onde praticamente nã o há sinal de rede de
telefone/internet.
O requerido juntamente com sua família aguardou por horas até a chegada de um guincho
para retirá -los dali. E a requerente, por sua vez, como se nã o bastasse ocasionar o acidente,
deixou o local sem prestar nenhum tipo de assistência ao requerido e os demais envolvidos.
Todos os fatos aqui relatados pelo promovido podem ser também confirmados pelo
boletim de ocorrência (anexo) feito pelo Sr FULANO DE TAL, condutor do 3º veículo
envolvido no acidente, um VW FOX placa NWP-XXX, que, em razã o da conduta desidiosa da
autora, também teve prejuízos.
Por todas essas irrefutá veis razõ es nã o merece prosperar o pedido inicial.
2. DO MÉRITO
2.1 DA CULPA EXCLUSIVA DA REQUERENTE. DA INEXISTÊ NCIA DO DEVER DE INDENIZAR
OS DANOS MATERIAIS E MORAIS. DA NEGLIGÊ NCIA E IMPRUDÊ NCIA DA AUTORA AO
CONDUZIR O VEÍCULO E DA ASSUNÇÃ O DO RISCO DE COLISÕ ES. DA MÁ -FÉ AUTORAL E
DA TENTATIVA DE ENRIQUECIMENTO ILÍCITO.
Conforme acima alegado, constata-se culpa ú nica e exclusiva da requerente, eis que dirigiu
de forma completamente incompatível com a via, sem observar os cuidados indispensá veis
à segurança de trâ nsito. Foi negligente e imprudente, ao fazer uma frenagem abrupta em
uma rodovia de alta velocidade, mal iluminada, sem acostamento e com intenso fluxo de
veículos.
O requerido, ao contrá rio, sabiamente evitou que esse acidente terminasse em uma
tragédia.
A alegaçã o de pane no veículo nã o merece prosperar por ser uma grande inverdade.
Observa-se pelo vídeo anexo que apó s o acidente a seguradora foi acionada e o vistoriador
do seguro esteve no local, ligou o carro da requerente, andou alguns metros e este
funcionou normalmente e nã o necessitou de ser guinchado, tanto que a requerente foi
embora em seu pró prio veículo.
Ademais, na ficha de orçamento acostada à inicial nã o possui, dentre os itens relacionados,
gastos com a parte mecâ nica ou elétrica. As avarias no carro da requerente se resumem tã o
somente a parte de lanternagem e pintura. Entã o, como um carro que sofreu uma “pane”
nã o precisou de conserto nesse sentido e voltou a funcionar normalmente logo apó s o
acidente?
Contesta-se, ainda, a conclusã o do laudo da vistoria da seguradora que, segunda ela:
“CONFORME CONDUTORES TODOS TRAFEGAVA PELA GO-060 NO SENTIDO APROXIMADO
LESTE / OESTE COM VE-A A FRENTE DE VE-B E VE-B A FRENTE DE VE-C, TODOS NO
PERÍMETRO RURAL DE TRINDADE - GO. AS COLISÕ ES OCORRERAM NO MOMENTO EM
QUE VE-A TEVE UMA PANE EM SEU VEÍCULO, VE-B NÃ O PERCEBENDO A REDUÇÃ O DE
VELOCIDADE DE VE-A VEIO A COLIDIR COM O MESMO (PI1) E VE-C QUE VINHA LOGO
ATRÁ S DE VE-B VEIO A COLIDIR COM O MESMO (PI2), CAUSANDO AVARIAS EM TODOS OS
VEÍCULOS E NÃ O HOUVE VÍTIMAS. CONFORME VISTORIA REALIZADA NO LOCAL,
VESTÍGIOS ENCONTRADOS, ANALISE DE AVARIAS E ARTIGOS 28 E 192 DA LEI 13.290/16,
CONCLUO QUE CONDUTOR DE VE-B (TERCEIRO) E O CAUSADOR DO EVENTO COM VE-A
(ASSOCIADA) E VE-C (TERCEIRO) E O CAUSADOR DO EVENTO COM VE-B".
Ora, primeiro deve-se ser levado em consideraçã o que a demandante é cliente desta
seguradora o que gera dú vidas quanto a imparcialidade do laudo. E se o pró prio vistoriador
que esteve no local, ligou o carro da requerente, dirigiu por alguns metros e viu que ele
funcionava normalmente, qual o embasamento para concluir que o veículo sofreu uma
suposta pane que deu causa a reduçã o de velocidade? Isso é, no mínimo, contraditó rio.
Além disso, se realmente a requerente notou que havia algum problema com a direçã o, mas
continuou a trafegar na via sem sinalizar o que estava ocorrendo, ela assumiu o risco do
evento danoso.
É certo que grande parte da doutrina e jurisprudência registra que, no tocante a acidentes
de trâ nsito, existe a presunçã o de culpa à quele que colide na traseira do veículo a sua
frente. Defende-se que quem trafega atrá s é culpado pelo sinistro, pois é dever guardar
distâ ncia razoá vel e segura do veículo que segue a sua frente, na diretriz do art. 29 do
Có digo de Trâ nsito Brasileiro.
No caso em liça, nã o há culpa a ser atribuída ao réu. Esse nã o poderia prever a repentina
parada do veículo da autora no meio da via.
De outro bordo, o pró prio Có digo de Trâ nsito Brasileiro estabelece que é vedada a
frenagem brusca, quando assim disciplina:
Art. 42 – Nenhum condutor deverá frear bruscamente seu veículo, salvo por razões
de segurança.
Em consonâ ncia com o magistério de Arnaldo Rizzardo, lançando comentá rios acerca da
disposiçã o legal cima descrita, esse leciona que:
Muitos acidentes decorrem da frenagem brusca e repentina do veículo que trafega à frente, a
qual, por ser totalmente impressiva, não dá temo e condições para que o motorista que vem
atrás para o veículo, ou desvie para evitar o choque.
(...)
Na colisão por trás, embora a presunção de culpa seja daquele que bate, pois deve sempre
manter certa distância de segurança (art. 29, II), sabe que esse princípio é relativo, afastando-
se a culpa se demonstrado que o veículo da frente agiu de forma imprudente e com manobra
desnecessária, situação comum da freada repentina (como já referido no item 5.2.)
Isso ocorre pelo fato de que, parando o motorista o veículo repentinamente, ou de inopino,
não pode pretender se beneficiar da presunção de culpa daquele que o abalroa por trás...
Sabe-se, mais, que a doutrina pátria aponta três elementos básicos da
responsabilidade civil, quais sejam: a conduta humana, o dano ou prejuízo e o nexo
causal entre os dois primeiros elementos.
O primeiro elemento da responsabilidade civil é a conduta humana. Essa pode ser positiva
ou negativa. Tem por nú cleo uma açã o voluntá ria que resulte da liberdade de escolha do
agente, com discernimento necessá rio para ter consciência daquilo que faz. Nesse sentido,
seria inadmissível imputar ao agente a prá tica de um ato involuntá rio.
Cumpre ressaltar, porém, que a voluntariedade da conduta humana nã o traduz
necessariamente a intençã o de causar o dano. Ao revés disso, a consciência daquilo que se
faz o conhecimento dos atos materiais que se estar praticando, nã o exigindo,
necessariamente, a consciência subjetiva da ilicitude do ato.
O segundo elemento é o dano ou prejuízo, o qual traduz uma lesã o a um interesse jurídico
material ou moral. A ocorrência desse elemento é requisito indispensá vel à configuraçã o da
responsabilidade.
Nesse sentido é a liçã o de Sérgio Cavalieri Filho, citado pelo doutrinador Pablo Stolze
Gagliano, em sua obra" Novo Curso de Direito Civil ":
O dano é, sem dúvida, o grande vilão da responsabilidade civil. Não haveria que se falar em
indenização, nem em ressarcimento, se não houvesse o dano. Pode haver responsabilidade
sem culpa, mas não pode haver responsabilidade sem dano...
O ú ltimo elemento, essencial da responsabilidade civil, é o nexo de causalidade. É um elo
etioló gico, um liame que une a conduta do agente ao dano. Todavia, somente se
responsabilizará alguém cujo comportamento positivo ou negativo tenha dado causa ao
prejuízo. É dizer, sem a relaçã o de causalidade nã o existe a obrigaçã o de indenizar.
Nesse exato enfoque, convém ressaltar as liçõ es de Sílvio de Salvo Venosa:
O conceito de nexo causal, nexo etiológico ou relação de causalidade deriva das leis naturais.
É o liame que une a conduta do agente ao dano. É por meio do exame da relação causal que se
conclui quem foi o causador do dano. Trata-se de elemento indispensável. A responsabilidade
objetiva dispensa a culpa, mas nunca dispensará o nexo causal. Se a vítima, que experimentou
um dano, não identificar o nexo causal que leva o ato danoso ao responsável, não há como ser
ressarcida. Nem sempre é fácil, no caso concreto, estabelecer a relação de causa e efeito...
Também por esse prisma é o entendimento do saudoso professor Orlando Gomes:
Nexo causal. Para o ato ilícito ser fonte da obrigação de indenizar é preciso uma relação de
causa e efeito entre o ato (fato) e o dano. A essa relação chama-se de nexo causal.
Se o dever de indenizar o prejuízo causado é a sanção imposta pela lei a quem comente ato
ilícito, necessário se torna eu o dano seja consequência da conduta de quem o produziu.
(...)
Indispensável é a conexão causal. Se o dano provém de outra circunstância, ainda que pela
atitude culposa do agente tivesse de ocorrer, este não se torna responsável, uma vez que não
relação de causa e efeito...
E é o caso em ensejo, Excelência. A causa do evento (colisã o) foi unicamente da autora. Essa
foi quem fez uma parada brusca, repentina, em desacordo inclusive com o Có digo Brasileira
de Trâ nsito. Por isso, houve culpabilidade exclusiva dessa, pois nã o existe o nexo de
causalidade quanto ao comportamento atribuído ao réu.
Sobre a culpa exclusiva, oportuna se faz, aqui, a transcriçã o das valiosas consideraçõ es
tecidas por Rui Stoco:
O evento danoso pode resultar de culpa exclusiva ou concorrente da vítima. A culpa exclusiva
é causa de isenção da responsabilidade, por ausência do nexo causal. Concorrendo a culpa da
vítima com a do agente causador do dano, a sua responsabilidade é mitigada, segundo o
critério estabelecido no art. 945 do Código Civil, ou seja, a indenização será fixada tendo-se
em conta a gravidade da culpa da vítima em confronto com a do autor do dano. Assim, a
culpa da vítima quando contribui para a eclosão do evento, sem ser a sua causa exclusiva,
influi na indenização, ensejando a repartição proporcional dos prejuízos sofridos...
A verdade, Excelência, é que a requerente se assenta confortavelmente na presunçã o de
culpa do condutor que colidi com a traseira do veículo que esta a frente sem levar em
consideraçã o que essa PRESUNÇÃO DE CULPA É RELATIVA, conforme entendimentos
jurisprudenciais abaixo:
EMENTA: APELAÇÃ O CÍVEL - ACIDENTE DE TRÂ NSITO - AÇÃ O INDENIZATÓ RIA - COLISÃ O
TRASEIRA - PRESUNÇÃ O DE CULPA ELIDIDA - FREADA BRUSCA. A presunção de culpa do
condutor do veículo que colide contra a parte traseira do automóvel que trafegava
em sua frente é relativa, podendo ser elidida pela demonstraçã o de outros fatores, tais
como a freada brusca repentina. Nã o se extraindo do conjunto probató rio dos autos a
aferiçã o da culpa do motorista do ô nibus pertencente à Ré pelo acidente noticiado nos
autos, impõ e-se a confirmaçã o da improcedência do pedido inicial. (TJ-MG - AC:
10000190536813001 MG, Relator: Marcos Henrique Caldeira Brant, Data de Julgamento:
14/08/2019, Data de Publicaçã o: 20/08/2019). Grifamos.
APELAÇÃ O CÍVEL - ACIDENTE DE TRÂ NSITO - COLISÃ O PELA TRASEIRA - FREADA
BRUSCA - Ô NUS DA PROVA - DANOS MATERIAIS E MORAIS - IMPROCEDÊ NCIA DO PEDIDO.
1. A culpa do condutor de veículo que colide na parte traseira de outro é presumida,
devendo ser afastada quando comprovado que o acidente se deu por culpa exclusiva
da vítima ou de terceiro, caso fortuito ou força maior, hipóteses excludentes da
responsabilidade. 2. Age com imprudência e negligência o motorista que freia
repentinamente seu veículo em rodovia federal provocando abalroamento em sua
porção traseira, devendo ser julgado improcedente o pedido de indenização. (TJ-MG -
AC: 10145100023103001 MG, Relator: Maurílio Gabriel, Data de Julgamento: 12/09/0017,
Câ maras Cíveis / 15ª CÂ MARA CÍVEL, Data de Publicaçã o: 22/09/2017). Grifamos.
RECURSO INOMINADO. RESPONSABILIDADE CIVIL. AÇÃ O INDENIZATÓ RIA DE DANOS
MATERIAIS. ACIDENTE DE TRÂNSITO. TERCEIRO QUE FREIA DE FORMA BRUSCA. RÉU
QUE AGE COM NEGLIGÊNCIA AO APAGAR O AUTOMÓVEL, FICANDO PARADO NA
RODOVIA. AUTOR QUE NÃO CONSEGUE EVITAR A COLISÃO NA TRASEIRA DO RÉU.
PRESUNÇÃO DE CULPA DE QUEM COLIDE NA TRASEIRA AFASTADA. DEVER DE
INDENIZAR CONFIGURADO. SENTENÇA MANTIDA. Narra a autora que, em 09/07/2017,
enquanto se deslocava com seu automó vel pela RS 331, se envolveu em um acidente de
trâ nsito. Aduz que um terceiro veículo freou, fazendo com que o réu parasse seu carro na
rodovia. Afirma que freou, mas como seu automó vel nã o possuía freio ABS, nã o conseguiu
parar a tempo, nã o tendo conseguido evitar a colisã o na traseira do réu. Pugna a reparaçã o
pelos danos materiais suportados. O réu, na contestaçã o, aduziu que a culpa pelo
abalroamento era exclusiva do autor, por nã o ter resguardado a distâ ncia mínima do
veículo automotor do requerido. Afirma que teve que arcar com despesas decorrentes do
acidente, no importe de R$1.510,00 (mil quinhentos e dez reais). Formulou pedido
contraposto, pleiteando a condenaçã o do autor ao pagamento de R$1.510,00 (mil
quinhentos e dez reais), a título de danos materiais. Sentença que julgou procedente a açã o
e improcedente o... pedido contraposto, condenando a parte recorrente ao pagamento de
R$5.264,00 (cinco mil duzentos e sessenta e quatro reais), a título de danos materiais.
Inconformado com a sentença, o recorrente alega que somente freou por causa da
frenagem brusca e repentina do veículo da frente. Afirma que o presente caso se trata de
uma hipó tese de engavetamento, onde a responsabilidade seria de quem bate a sua frente,
sendo que seu carro seria um corpo neutro . Sustenta que a tese de que se encontrava
parado sobre a rodovia é descabida. Aduz que o abalroamento ocorreu por culpa exclusiva
do autor, que nã o guardou distâ ncia segura entre os automó veis. Por fim, pugna pelo
ressarcimento de R$1.510,00 (mil quinhentos e dez reais), referente ao acionamento do
seguro. Antes de mais nada, importante referir que o presente caso nã o se trata de uma
hipó tese de engavetamento, tendo em vista que essa modalidade de acidente de trâ nsito
ocorre quando sã o envolvidos diversos veículos, com colisõ es traseiras e dianteiras. In
casu, tem-se que o acidente ora discutido decorreu de uma frenagem brusca de um terceiro
veículo, provavelmente para desviar dos buracos (conforme imagens carreadas), havendo
apenas uma colisã o. Como é sabido, nã o há presunçã o absoluta de culpa do condutor que
colide na... traseira de outro veículo, pois, pode ser elidida em razã o de circunstâ ncias que
afastem a responsabilidade daquele condutor. Frisa-se, o que deve ser reconhecido no
presente caso. Isso porque, analisando o conjunto probató rio, tem-se que um terceiro
veículo, que nã o integra a demanda, freou de forma inesperada, a fim de desviar de buracos
na rodovia. No entanto, ao conseguir evitar a colisã o, o veículo do réu, além de nã o ter ido
para o acostamento ou ter desviado, ficou parado na rodovia, por ter apagado o automó vel
(como se denota da pró pria comunicaçã o do réu no Boletim de Ocorrência, carreado à fl.
40). Importante consignar que, embora o réu tenha apagado o veículo e,
consequentemente, parado na rodovia, este foi negligente na conduçã o do automó vel, pois
nã o adotou as medidas necessá rias para que diminuísse a velocidade com cautela e fosse
para o acostamento, podendo, dessa forma, evitar a colisã o. Dessa forma, a sentença de
procedência da açã o e improcedência do pedido contraposto merece ser mantida por seus
pró prios fundamentos, com fulcro no art. 46 da Lei n.º 9.099/1995. RECURSO IMPROVIDO.
(Recurso Cível Nº 71007469109, Terceira Turma Recursal Cível, Turmas Recursais,
Relator: Fabio Vieira Heerdt, Julgado em 27/09/2018). (TJ-RS - Recurso Cível:
71007469109 RS, Relator: Fabio Vieira Heerdt, Data de Julgamento: 27/09/2018, Terceira
Turma Recursal Cível, Data de Publicaçã o: Diá rio da Justiça do dia 02/10/2018). Grifamos.
APELAÇÃO CÍVEL. RESPONSABILIDADE CIVIL EM ACIDENTE DE TRÂNSITO. COLISÃO
TRASEIRA. FREADA BRUSCA. PRESUNÇÃO DE CULPA NÃO ELIDIDA. SENTENÇA DE
IMPROCEDÊNCIA RATIFICADA. PRECEDENTES. O conjunto probató rio nã o arreda a
presunçã o de culpa daquele que colide atrá s do veículo que segue à frente. Do contexto dos
autos resultou patente que nã o era previsível a sú bita parada do automó vel conduzido pela
vítima fatal, companheiro da autora, e, assim, restou nã o elidida a culpa da parte
demandante pelo acidente, bem como incomprovada a responsabilidade do réu, que, na
espécie, nã o teve seu agir subsumido ao disposto no art. 186 do CC. APELAÇÃ O
IMPROVIDA.. (Apelaçã o Cível Nº 70067772293, Décima Segunda Câ mara Cível, Tribunal de
Justiça do RS, Relator: Guinther Spode, Julgado em 16/06/2016). (TJ-RS - AC:
70067772293 RS, Relator: Guinther Spode, Data de Julgamento: 16/06/2016, Décima
Segunda Câ mara Cível, Data de Publicaçã o: Diá rio da Justiça do dia 20/06/2016). Grifamos.
Assim sendo, resta evidente que os danos materiais e morais sofridos pela autora nã o
podem ser reputados ao requerido, vez que em momento algum agiu o requerido de forma
a contribuir para o infortú nio. Ao contrá rio, ele evitou o pior.
Notoriamente, quando se fala em danos materiais e morais é necessá rio que haja um ato
ilícito a ser reputado ao agente causador do dano, para que entã o se desencadeie a
obrigaçã o de indenizar por tais danos. No caso em questã o, nã o resta dú vida que o agente
causador do dano foi a requerente, a suposta vítima da lide em questã o.
A explicaçã o do que é ato ilícito pode ser encontrada no Có digo Civil em seu artigo 186,
senã o vejamos:
Art. 186. Aquele que por açã o ou omissã o voluntá ria, negligência ou imprudência, violar
direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
A culpa exclusiva da vítima elide o dever de indenizar, porque impede o nexo causal,
conforme se pode auferir pela dicçã o do artigo 945 do Có digo Civil.
Pelo exposto, resta sobejamente comprovada a culpa exclusiva da requerente, nã o havendo
de prosperar o pedido inicial, nã o havendo de se falar em indenizaçã o em danos morais e
materiais por parte do requerido.
Portanto, tendo por base o Có digo de Trâ nsito Brasileiro e a jurisprudência pá tria, requer o
contestante que a demanda seja julgada de forma TOTALMENTE IMPROCEDENTE e a
autora condenada nas penas previstas para os litigantes de má -fé (artigos 79 e 80, II e III e
81 do CPC/15) em decorrência dos fatos e razõ es de direito elencadas nesta contestaçã o.
3. DO PEDIDO CONTRAPOSTO
3.1 DO DANO MATERIAL- DANO EMERGENTE E LUCROS CESSANTES.
Uma vez comprovada culpa exclusiva da requerente na colisã o dos veículos, lança-se mã o,
na presente, do pedido contraposto, procedimento autorizado pelo artigo 31 da lei
9099/95.
A comprovada falta de atençã o e total imprudência, nã o respeitando as regras mais
comezinhas de direçã o defensiva, tã o propalada nestes tempos de insegurança no trâ nsito
e vigência do Có digo de Trâ nsito, demonstram a total responsabilidade no acidente por
parte da requerente.
Assim, posto o caso à luz da jurisprudência pá tria, evidenciado está que em decorrência do
ato imprudente praticado pela requerente resultaram prejuízos ao requerido, emergindo,
desta forma, o seu dever de indenizar pelos danos cometidos, em virtude da comprovaçã o
de sua exclusiva culpa.
Sabe-se que todo condutor de veículo deve dirigir com a cautela devida (direção defensiva).
O CÓ DIGO DE TRÂ NSITO BRASILEIRO, em seu art. 28, estabelece que o condutor deverá , a
todo momento, ter domínio de seu veículo, dirigindo-o com atençã o e cuidados
indispensá veis à segurança do trâ nsito.
Ao exigir do motorista domínio de seu veículo, o texto de lei mencionado exige que este
esteja atento a toda e qualquer condiçã o adversa que implique em eventual risco à
segurança de trá fego, adotando a cautela necessá ria à sua pró pria segurança,
especialmente à segurança de terceiros. Tal procedimento, entretanto, não foi
observado pela requerente.
Em decorrência do acidente o veículo do requerido sofreu prejuízos de grande monta,
conforme se vê pela ficha de orçamento em anexo, totalizando em um montante de R$
5.580,00 (cinco mil quinhentos e oitenta reais).
Insta frisar que, o automó vel do requerido é sua ferramenta de trabalho e em razã o do
acidente permaneceu parado para reparos entre os dias 23/05/2020 a 28/05/2020, ou
seja, seis dias, o que representa um prejuízo de R$ 800,00 (oitocentos reais) em média,
tendo em vista que tal veículo é seu ú nico meio de subsistência, deixando de auferir
rendimentos.
Segue prints dos dias em que o requerido deixou de trabalhar (23/05 à 28/05) e também
da média de renda semanal:
[.....]
O pedido principal referente à reparaçã o dos danos no veículo do requerido, e este se
tratando de veículo de transporte de passageiro – uber/99pop - traz implícita a
condenaçã o de lucros cessantes, devendo estes ser aferidos de acordo com a tabela da
URBS, ou entã o ser apurado em liquidaçã o de sentença, e este pedido encontra respaldo no
art. 402 do Có digo Civil.
Nesta linha de raciocínio, cumpre destacar entendimento jurisprudencial acerca do
assunto:
CIVIL. ACIDENTE DE TRÂ NSITO. ABALROAMENTO DE VEÍCULOS. PODERES
INSTRUTÓ RIOS DO JUIZ (LEI N. 9099/95). EVIDÊ NCIAS SUFICIENTES A AMPARAR A
DINÂ MICA APRESENTADA PELA PARTE REQUERENTE. RECURSO IMPROVIDO. I. Rejeitada
a preliminar de cerceamento de defesa. No microssistema dos juizados especiais, a
produçã o de provas, inclusive as de natureza documental, bem como a apresentaçã o de
defesa devem, via de regra, concentrar-se na audiência de instruçã o e julgamento
(princípio da concentraçã o - Lei 9.099/95, art. 33). Assim, preclusa a oportunidade de
contradita da testemunha, quando nã o oposta a tempo e modo. II. Mérito: A. Versõ es
antagô nicas acerca da dinâ mica do acidente. O requerente alega que transitava pela Via
Eixo Monumental, sentido rodoviá ria, quando foi abalroado na parte posterior (pelo
veículo do requerido), o que causou o giro no pró prio eixo e a subida no canteiro lateral.
Por sua vez, a parte requerida afirma que o requerente saiu do retorno, e ao realizar a
transposiçã o de faixa abalroou a quina esquerda de seu veículo (Ford/Fiesta). B. Por ser o
juiz o destinatá rio das provas, a ele incumbe a valoraçã o do acervo probató rio, a partir do
qual as partes buscam fortalecer suas versõ es. Nessa linha de raciocínio, é livre o ó rgã o
julgador à aná lise das provas, devendo adotar, desde que devidamente fundamentada, a
decisã o que reputar a mais justa e equâ nime, em atençã o aos fins sociais da lei e à s
exigências do bem comum, conforme determina o artigo 6º da Lei n. 9.099/95. C. A
conclusã o jurídica na origem, a par das provas documentais (fotos, croquis, boletim de
ocorrência), fundou-se também na prova testemunhal produzida em audiência: Com efeito,
a testemunha Fernando, arrolado pelo demandante, em seu depoimento asseverou: que
presenciou o acidente e relata que conduzia seu veículo no sentido eixo monumental
ministérios, que foi ultrapassado por um Fiesta vermelho e logo a frente houve um
acidente, que o veículo do requerente estava no canteiro e o outro mais a frente, o veículo
do requerido passou por seu veículo acima da velocidade da via (reconhecido pelo
requerido que estava acima da velocidade da via), o que veículo do réu bateu na quina
posterior do veiculo do requerente que rodou e parou no canteiro da câ mara legislativa,
para tentar evitar uma colisã o traseira o requerido lançou o carro para o lado quando
ocasionou a colisã o, que o requerente saiu do retorno mas no momento da colisã o já se
encontrava uns 300 metros do retorno, que o retorno fica na altura do museu do índio e a
colisã o ocorre pró ximo à Câ mara Legislativa do Distrito Federal. D. Comprovado que a
causa determinante do sinistro foi a conduta negligente do motorista do veículo
Ford/Fiesta que, ao transitar em desatençã o à s condiçõ es de trâ nsito reinantes, nã o
guardou a distâ ncia regulamentar e de segurança do veículo à frente (inciso II do artigo 29
do Có digo de Trâ nsito), vindo a colidir a quina posterior do veículo que o precedia (do
requerente), a ponto de projetá -lo ao canteiro lateral, tudo a subsidiar a obrigaçã o de
compor todos os danos a que dera causa ( CC, Artigo 186). E. Por conseguinte, insubsistente
a tese de culpa exclusiva do requerente. Patente, pois, a culpa exclusiva da parte recorrente.
F. Em relação aos lucros cessantes, incontroverso que o recorrido utiliza o veículo
como meio de auferir renda (transporte de passageiros por aplicativo - UBER - Id
14088389/91), e que este ficou parado para conserto em decorrência do acidente de
trânsito que ocorreu por culpa do recorrente (9 dias - Id14088391). Desse modo, ele
faz jus à respectiva indenização, cuja quantia foi balizada de acordo com as má ximas da
experiência comum e da razoabilidade (Lei n. 9099/95, Arts. 5º e 6º). III. Recurso
conhecido e improvido. Sentença confirmada por seus pró prios fundamentos (Lei
9.099/95, Art. 46). Condenado o recorrente ao pagamento das custas processuais e dos
honorá rios advocatícios, fixados em 10% do valor da condenaçã o (Lei n. 9099/95, Art. 55).
(TJ-DF 07132050420198070007 DF 0713205-04.2019.8.07.0007, Relator: FERNANDO
ANTONIO TAVERNARD LIMA, Data de Julgamento: 25/05/2020, Terceira Turma Recursal,
Data de Publicaçã o: Publicado no DJE: 05/06/2020. Pá g.: Sem Pá gina Cadastrada.).
Grifamos.
O dano emergente corresponde ao prejuízo imediato e mensurá vel. Já o dano material é o
prejuízo financeiro efetivamente sofrido pela vítima, causando diminuiçã o do seu
patrimô nio. Esse dano pode ser de duas naturezas: o que efetivamente o lesado perdeu,
dano emergente, e o que razoavelmente deixou de ganhar, lucro cessante.
Pelo exposto, requer a condenaçã o da requerente em relaçã o aos danos materiais sofridos
pelo requerido, tanto em relaçã o aos danos emergentes como lucros cessantes, o que perfaz
um total de R$ 6.380,00 (seis mil trezentos e oitenta reais).
3.2 DO DANO MORAL
Como elucidado na narraçã o fá tica o requerido juntamente com sua família aguardou por
horas até a chegada de um guincho para retirá -los do local do acidente enquanto a
requerente, responsá vel pelo sinistro, deixou o local sem prestar nenhum tipo de
assistência ao requerido e os demais envolvidos.
Naquele dia o requerido estava a caminho de Sã o Luiz dos Montes Belos-GO, para passar o
fim de semana na chá cara de sua sogra, juntamente com seus familiares. Mas o fim de
semana em família foi frustrado pelo ocorrido.
Além do efetivo prejuízo financeiro, o abalo psicoló gico no caso em questã o é latente. O
local do acidente é ermo, escuro e perigoso. Depois da vistoria do seguro a requerente foi
embora em seu carro (o mesmo que ela afirma ter sofrido pane e ter parado de funcionar
sozinho) deixando o requerido com sua família abandonados à pró pria sorte.
A conduta praticada pela requerente ultrapassou os limites do mero dissabor. Sua conduta
desatenta e perigosa colocou em risco a vida de vá rias pessoas, até de sua pró pria família.
O susto no momento do ocorrido, o medo de ficar em um local ermo, sem segurança e sem
assistência ocasionaram forte abalo psicoló gico ao requerido e seus familiares.
E somado a estes fatos temos o prejuízo financeiro de uma pessoa com poucos recursos e
que ficou sem sua ú nica ferramenta de trabalho para garantir seu sustento e de seus
dependentes.
Sem dú vida alguma Excelência tal situaçã o extrapola o mero dissabor e faz jus a uma
indenizaçã o pelo dano moral causado.
Como ninguém tem o direito de causar sofrimento a outrem, impunemente, a dor
representada pelos transtornos, humilhaçõ es e constrangimentos podem ser perfeitamente
enfeixados como danos morais, que, por sua vez, nã o podem deixar de ter uma reparaçã o
jurídica.
A funçã o de reparabilidade do dano moral restou consagrada na Constituiçã o Federal em
seu artigo 5º, incisos V e X.
Com efeito, dispõ em os artigos 186 e 927 do Có digo Civil, que:
“Art. 186: Aquele que por açã o ou omissã o voluntá ria, negligência ou imprudência, violar
direito ou causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.”
“Art. 927: Aquele que, por ato ilícito (arts 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado
a repará -lo.”
É inegá vel que a autora, efetivamente, realizou conduta lesiva contra o réu.
Desse modo, estes dispositivos volvidos asseguram cristalinamente o direito da
preservaçã o da dignidade humana, da intimidade, da intangibilidade dos direitos da
personalidade.
Assim, a reparaçã o, nesses casos, reside no pagamento de uma soma pecuniá ria, arbitrada
pelo consenso do juiz, que possibilite ao lesionador uma penalizaçã o e consequentemente
compense os dissabores sofridos pela vítima e repare sua dor íntima, em virtude de açã o
ilícita do causador do dano.
O E. STF tem proclamado que “a indenizaçã o, a título de dano moral, nã o exige
comprovaçã o de prejuízo” (RT 614/236), por ser esta uma consequência irrecusá vel do
fato e um “direito subjetivo da pessoa ofendida” (RT 124/299).
Ante ao ato ilícito da requerente que deu causa ao sinistro, resta configurado seu dever de
ressarcir e indenizar, em razã o da clara afronta aos preceitos constitucionais contidos ao
artigo 5º, X, XLI; além da afronta aos artigos 186 e 927 do Có digo Civil Brasileiro. Logo,
requer seja imputada indenizaçã o no importe EDUCATIVO, REPRESSIVO, PUNITIVO, de
forma EXEMPLAR à reclamante, inclusive levando-se em conta a gravidade da ocorrência,
para que se arbitre indenizaçã o à título de danos morais no montante de R$ 5.000,00 (cinco
mil reais).
4. DOS PEDIDOS
Diante do exposto, requer:
i. A concessã o da Assistência Judiciá ria Gratuita ao requerido, nos termos do art.98 do
Có digo de Processo Civil, por ser pobre na acepçã o jurídica do termo;
ii. A TOTAL IMPROCEDÊ NCIA do pedido inicial de condenaçã o a título de danos
materiais e morais, formulados pela requerente, de acordo com os fatos e
fundamentos expostos;
iii. A intimaçã o da requerente para que querendo responda ao pedido contraposto;
iv. A condenaçã o da requerente no pedido contraposto, e ao final seja julgada a
procedência dos pedidos de indenizaçã o pelo dano material suportado na quantia de
R$ 6.380,00 (seis mil trezentos e oitenta reais) e danos morais no importe de R$
5.000,00 (cinco mil reais) totalizando a soma de R$ 11.380,00 (onze mil trezentos e
oitenta reais) corrigidos monetariamente e acrescidos de juros legais desde a data do
acidente (Sú mula 54, do STJ), até a data do efetivo pagamento;
v. A condenaçã o da autora nas penas previstas para os litigantes de má -fé (artigos 79 e
80, II e III e 81 do CPC/15) em decorrência dos fatos e razõ es de direito elencadas
nesta contestaçã o;
vi. A condenaçã o da reclamante ao pagamento de custas e honorá rios advocatícios, caso a
segunda instâ ncia seja alcançada;
vii. Por oportuno, requer que todas as intimaçõ es sejam feitas em nome da advogada
Danielly Dias Araujo, OAB/GO 37.650, sob pena de nulidade (artigo 272, § 2º do CPC).
Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidas e cabíveis à
espécie, especialmente pelos documentos acostados.
O requerido informa que encaminhou para o e-mail
(secjuizado.trindade@tjgo.jus.br) deste Douto Juizado arquivo de mídia (vídeo) e
requer a juntada dele a esta contestação por ser prova fundamental ao deslinde da
ação.
Termos em que,
Pede deferimento.
Goiâ nia, 28 de julho de 2020.
Danielly Dias Araujo
OAB/GO 37.650

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