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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA __ª VARA

CÍVEL DA COMARCA DE PALMAS/PR.

Autos nº 000.00.000000-0
Autora: Maria Paulo
Réu: Jorge Gente Boa

Jorge Gente Boa, qualificado nos autos da ação supra identificado, que lhe
promove Maria Paulo, igualmente qualificada, vem, respeitosamente, à presença de
Vossa Excelência, apresentar, CONTESTAÇÃO, o que faz nos termos que segue:

1 - PRELIMINARMENTE

1.1 - Ilegitimidade Passiva ad causam

Que, a autora atribui a responsabilidade pelos danos causados em seu


veículo no acidente registrado na data de 10/10/2011, por volta das 06:00 horas, de
acordo com o Boletim de Ocorrência, acostado às fls. 007, no entanto nenhuma razão
detém para sustentar o seu pleito, eis que a requerida NÃO detinha a propriedade do
veículo Honda CIVIC causador do acidente em tela, é importante destacar que o
condutor, cônjuge da autora, transitava sem os cuidados indispensáveis à segurança no
trânsito, como veremos adiante, pelos quais o único e verdadeiro fim da presente causa
será a IMPROCEDÊNCIA por ilegitimidade da requerida para figurar no polo passivo
da demanda. Todavia e apenas para argumentar, poderia o requerente, por uma questão
de cautela, que não se vislumbra no processo, ter ajuizado o seu pleito, inclusive, contra
o condutor, para evitar o esvaziamento do objeto do seu intento. Assim sendo e ausente
tal providência o seu natural desfecho será o arquivamento do feito, o que espera, seja
declarada em regular sentença, condenando-se à autora a arcar com as custas de estilo e
honorários advocatícios, estes fixados consoante facultados pelo art. 20, parágrafo 3º,
letras "a" a "c" e seu parágrafo 4º do CPC.

2 - DOS FATOS
VERIDIANE CONCI – OAB/SC 000
RODRIGO PAULO DALL AGNOL – OAB/SC 000
YNARA CAROLINE PASSINI – OAB/ 000
Rua Sem Nome, 222, Quilombo - SC – FONE 0000-0000
A autora alega que na data de 10/10/2011, o veículo Honda CIVIC
conduzido por seu marido o Sr. João Paulo, envolveu-se em acidente de trânsito,
quando trafegava nas proximidades do trevo de acesso a BR-280, quando teve seu
veículo abalroado pelo veículo VW Gol, Placa MCL2219, de propriedade do réu.

Que a culpa pelo acidente foi exclusiva do réu.

Que do acidente resultou danos no veículo da autora e morte de seu marido


e dois filhos.

Juntou documentos.

3 - DO DIREITO

3.1 - Culpa exclusiva do condutor do veículo da autora, por trafegar em alta


velocidade e sem sinalização adequada

Excelência, primeiramente, deve-se ressaltar que a colisão ao contrário do


afirmada pela autora, não se deu em razão de o réu ter abalroado no veículo do cônjuge
da autora, pelo contrário, a colisão ocorreu em razão da velocidade excessiva
empregada e pela falta de sinalização, pelo condutor do veículo da autora.

O réu assim afirma:

“Que o condutor do veículo Honda CIVIC trafegava no sentido


Abelardo Luz/SC a Palmas/PR, que próximo do trevo de acesso a BR-
280, quando se encontrou com o veículo do cônjuge da autora que
transitava em alta velocidade e com falta de sinalização sendo que no
momento do acidente a via encontrava-se coberta por uma neblina,
exigindo assim que o veículo deveria estar com as luzes ligadas, e que o
réu tentou desviar para evitar o acidente, mas não conseguiu, conforme
consta na perícia em anexo(fls.08)”.

Já a autora assim afirma:

“Que seu cônjuge e seus dois filhos transitavam de Palmas sentido


Clevelândia para se encontrarem com a autora, quando nas
proximidades do trevo de acesso a BR-280, teve seu veículo abalroado
pelo veículo do réu, que transitava com negligência e imprudência, e
que tentou desviar, mas não teve como evitar e nada mais alegou(fls.
08)”.

Pelo depoimento dos que estavam presentes na colisão, resta claro que o
veículo do réu não trafegava com negligência e imprudência, mas sim que o veículo do
cônjuge da autora que estava em velocidade incompatível com o local e com falta de
sinalização e que não teve tempo de desviar do veículo do réu, e que acabou colidindo.

VERIDIANE CONCI – OAB/SC 000


RODRIGO PAULO DALL AGNOL – OAB/SC 000
YNARA CAROLINE PASSINI – OAB/ 000
Rua Sem Nome, 222, Quilombo - SC – FONE 0000-0000
O fato de a colisão ter ocorrido em local de forte neblina contribuiu para o
evento, bem como, a velocidade imprimida pelo condutor do veículo da autora, e a falta
de luz quando a situação exigia, fatores estes preponderantes.

Tanto que nas declarações prestadas pela autora, sequer alega que o
condutor do veículo VW/Gol estivesse negligente e imprudente, pelo contrário, o
depoimento do réu é claro quando afirma que abalroou com o veículo da autora.

Assim, deve ser afastada a tese da inicial, sendo considerado o condutor do


veículo Honda CIVIC culpado pela colisão, em razão de trafegar em velocidade
excessiva e sem observar as cautelas necessárias, quando se trafega em vias com visão
difícil causada pela neblina.

4- DOS DANOS CAUSADOS AO VEÍCULO DO RÉU

Como se observa do laudo da PM, o veículo do réu também sofreu danos


com a colisão na caixa de ferramentas.

Para o conserto foi gasto um total de R$14.000,00, conforme recibo em


anexo.

Em caso de condenação, referido valor deverá ser levado em consideração


para fins de apurar o quantum cada parte deve pagar.

5 - DA FUNDAMENTAÇÃO JURÍDICA

Oportuno rememorar, com a devida vênia, o teor do Art. 83 da Lei nº 5.108,


de 21 de setembro de 1966, que expressamente dispõe:

"Art. 83. É dever de todo condutor de veículo:


I - Dirigir com atenção e os cuidados indispensáveis à
segurança do trânsito.
(...)
XXII - nas estradas, sob chuvas, neblina ou cerração, manter
acesas as luzes externas do veículo.
XXIII - Transitar em velocidade compatível com a segurança:
c) quando houver má visibilidade;’’

Ao lado disso, convém observar o que preceitua o art. 89, inciso XVI, do
mencionado dispositivo legal:

"Art. 89. É proibido a todo condutor de veículo:


(...)
XVI - Transitar em velocidade superior à permitida para o
local."
VERIDIANE CONCI – OAB/SC 000
RODRIGO PAULO DALL AGNOL – OAB/SC 000
YNARA CAROLINE PASSINI – OAB/ 000
Rua Sem Nome, 222, Quilombo - SC – FONE 0000-0000
Sabe-se que todo condutor de veículo deve dirigir com a cautela devida
(direção defensiva). O Código de Trânsito Brasileiro, em seu art. 28, estabelece que:

‘’Art. 29. O condutor deverá, a todo momento, ter domínio de


seu veículo, dirigindo-o com atenção e cuidados indispensáveis
à segurança do trânsito’’.

Ao exigir do motorista domínio de seu veículo, o texto de lei mencionado


exige que este esteja atento a toda e qualquer condição adversa que implique em
eventual risco à segurança de tráfego, adotando a cautela necessária à sua própria
segurança, especialmente à segurança de terceiros. Tal procedimento, entretanto, não foi
observado pelo requerente.

6 - DO PEDIDO DE PAGAMENTO DE PENSÃO MENSAL

6-1 - Do Cálculo – Restauração do status quo ante

Os autores pleiteiam uma pensão mensal equivalente a 02 (dois) salários


mínimos, desde a data do evento até a data em que a vítima completaria 70 anos de
idade.

Como é cediço, toda indenizatória objetiva restaurar o status quo ante.


Repugna a lei que o acidente seja erigido em fator gerador de enriquecimento indevido.
O ilícito, mesmo quando tenha intensa repercussão moral ou patrimonial, deve se limitar
à manutenção da situação financeira anterior, sendo imperativo, para tanto, a
comprovação da dependência econômica que os autores tinham em face da vítima.

Neste sentido, conduz-se necessariamente à investigação da situação


patrimonial dos autores em período anterior à morte da vítima.

6.2 - Abatimento dos Gastos da Vítima

Conforme já relatado, o quantum indenizatório deve ser fixado de molde a


suprir a falta de disponibilidade financeira em razão do falecimento do companheiro e
pai dos autores. Esta falta de disponibilidade deve se ater aos valores que eram
dispendidos na mantença dos familiares supérstites. Qualquer pensionamento a maior
será considerado enriquecimento ilícito.

Não se pode olvidar, MM. Juiz, que do rendimento líquido auferido pela
vítima, parte era gasta com a sua própria manutenção. Nesse sentido, a doutrina e a
jurisprudência soam uníssonas no mesmo sentido, qual seja:

"A pensão visa a subsistência dos que viviam às expensas da


vítima, e deve ser calculada com base na remuneração mensal
auferida pelo extinto, descontadas as parcelas gastas com sua
própria subsistência e status profissional. Da renda bruta são
VERIDIANE CONCI – OAB/SC 000
RODRIGO PAULO DALL AGNOL – OAB/SC 000
YNARA CAROLINE PASSINI – OAB/ 000
Rua Sem Nome, 222, Quilombo - SC – FONE 0000-0000
abatidas as despesas pessoais com alimentação, vestuário,
saúde e outras, geralmente calculadas em um terço da
remuneração." (Arnaldo Marmitt, Perdas e Danos, pág. 80, ed.
Aide, 2ª ed., 1992).’’

Igualmente:

"A indenização sob forma de pensão, é calculada com base na


renda auferida pela vítima, descontando-se sempre 1/3, porque
se ela estivesse viva estaria despendendo pelo menos 1/3 de seus
ganhos em sua própria manutenção. Os seus descendentes,
ascendentes, esposa ou concubina (os que dela recebiam
alimentos, ou de qualquer forma estavam legitimados a receber
pensão) estariam recebendo somente 2/3 de renda." (Carlos
Roberto Gonçalves, Responsabilidade Civil, pág. 199).

As decisões do Egrégio TA/PR, seguem no mesmo sentido:

"RESPONSABILIDADE CIVIL – ACIDENTE DE


TRÂNSITO – MORTE – Comprovada a dependência
econômica dos autores, é devido o pagamento de pensão mensal
a quem a vítima devia alimentos, correspondente a duração
provável de sua vida (65 anos) e calculada sobre a média salarial
comprovada, sendo razoável a sua fixação em 2/3 desse valor."
(TA/PR – apelação cível 0077419800 – Curitiba – Juiz
Domingos Ramina – terceira Câmara Cível - J. 22/8/95 - Ac.
6180 – Public.: 1/9/95).

"RESPONSABILIDADE CIVIL. ACIDENTE DE


TRÂNSITO COM MORTE. Pensão devida àqueles que a
vítima devia alimentos. Fixação através de pensão mensal
estipulada em 2/3 do salário da vítima, em favor dos seus
dependentes." (TA/PR – Apelação Cível 57895200 – Curitiba –
Juiz Bonejos Demchuk – Sexta Câmara Cível – j. 21/2/94 – Ac.
2525 – Public.: 18/3/94).

Como visto nas decisões anteriores, é devido o pagamento de pensão mensal


a quem a vítima devia alimentos, correspondente a duração provável de sua vida (65
anos) e calculada sobre a média salarial comprovada, daí impede-se a concessão de
qualquer indenização aos familiares da vítima, em razão da mesma, como demonstrado
na inicial, ter quando da ocorrência do acidente (65 anos) completos.

7 - DO PEDIDO

Face ao exposto, requer se digne Vossa Excelência:

VERIDIANE CONCI – OAB/SC 000


RODRIGO PAULO DALL AGNOL – OAB/SC 000
YNARA CAROLINE PASSINI – OAB/ 000
Rua Sem Nome, 222, Quilombo - SC – FONE 0000-0000
a) Seja deferida as matérias preliminares acima expostos, julgando-se
extinto o processo sem julgamento do mérito, ante as manifestas
ilegitimidade ad causam ativa e inépcia da petição inicial;

b) No mérito, requer seja julgada totalmente improcedente a reclamação


feita pela Sra. Maria Paulo, porque foi o condutor do veículo Honda CIVIC
quem agiu com culpa, ao trafegar com excesso de velocidade e não ter
previsto o resultado, caracterizando a sua IMPRUDÊNCIA;

c) Requer a produção das provas em direito admitidas, sem exceção de uma


só, notadamente o depoimento pessoal do autor, sob pena de confesso e
oitiva de testemunhas, tudo em função do princípio constitucional do
contraditório processual.

Nestes Termos;
Pede deferimento.

Quilombo/SC, 20 de Outubro de 2011.

VERIDIANE CONCI
OAB/000

RODRIGO PAULO DALL AGNOL


OAB/000

YANARA CAROLINE PASSINI


OAB/000

VERIDIANE CONCI – OAB/SC 000


RODRIGO PAULO DALL AGNOL – OAB/SC 000
YNARA CAROLINE PASSINI – OAB/ 000
Rua Sem Nome, 222, Quilombo - SC – FONE 0000-0000

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