Você está na página 1de 223

Catequese Permanente

Orione Silva
Solange Maria do Carmo

Evangelização Fundamental

Módulo 3

O ESPÍRITO NOS SUSTENTA

Roteiros de encontros
para crianças de 8 a 11 anos

1
Introdução
Nossa proposta para o módulo 3 é levar os catequizandos a fazerem a experi-
ência do discipulado, passo fundamental para o amadurecimento da fé em Cristo.
No módulo anterior, apresentamos a boa-nova de Jesus e falamos da necessi-
dade de crer, buscando sempre uma fé amadurecida e comprometida com ele.
Um dos sinais desse compromisso é tornar-se discípulo do Senhor. Não basta
crer; é preciso seguir Jesus. Vamos, pois, mostrar a importância do chamado que
Jesus faz a todos, convidando as pessoas de fé ao seguimento de Jesus e ao com-
promisso com seu Reino. Falaremos da missão do discípulo que consiste em viver e
promover os princípios e valores da vida, participando assim da construção do Rei-
no de Deus.
Para nos sustentar nessa missão, Deus nos envia o Espírito Santo. É funda-
mental entender o sentido do envio do Espirito Santo e em que consiste viver no
Espírito. O módulo 3 está centrado na pessoa do Espírito Santo, da mesma forma
que o módulo 2 centrou-se na pessoa de Cristo, e o módulo 1, na pessoa de Deus
Pai. Com isso, estamos conduzindo os catequizandos a fazerem as experiências
fundamentais da fé – a experiência do Pai, que nos criou e nos amou desde o prin-
cípio; do Filho, que deu sua vida por nós e nos salvou; e do Espírito Santo, que nos
sustenta na caminhada da fé, no seguimento de Jesus Cristo. Nunca podemos es-
quecer que nossa fé é trinitária.
Supomos que no módulo 3 os catequizandos já tenham no mínimo dez anos
de idade e, portanto, já saibam ler com mais facilidade. Por isso, propomos que os
textos sejam proclamados diretamente na Bíblia. No final do módulo 2, cada cate-
quizando deve ter recebido a Bíblia Sagrada. Agora, devem levá-la aos encontros,
para já irem aprendendo a manuseá-la.
Sugerimos usar a Bíblia da CNBB, tradução que é usada também nas liturgi-
as. Vai ser preciso um pouco de paciência, mas será muito importante para eles essa
familiaridade com a Bíblia O catequista ajudará à turma a encontrar o texto bíblico.
Não é preciso dar todos os detalhes de uma só vez. As crianças vão aprendendo aos
poucos, à medida que forem utilizando a Bíblia nos encontros.
O catequista deverá também ter a Bíblia. Não vamos mais transcrever aqui os
textos, apenas citá-los como referência. Se o catequista perceber que a turma ainda
tem muita dificuldade de acompanhar os textos na Bíblia, deve avaliar o melhor
modo de ensinar-lhes o manuseio da mesma. Porém, mesmo que as crianças ainda
não consigam ler na Bíblia, propomos que o catequista proclame os textos, lendo-
2
os diretamente da Bíblia. E insistimos que é importante já ir ensinando às crianças a
manusear a Bíblia, aprendendo a localizar os livros, capítulos, versículos, familiari-
zando-se, enfim, com os textos da Sagrada Escritura. Aos poucos, as crianças
aprendem e desenvolvem a habilidade de localizar os textos. Com isso, aprendem
algo muito importante que é o uso correto da Bíblia Sagrada.
No final do módulo 3, faremos a entrega de um crucifixo, que recorda à tur-
ma o compromisso de ser discípulo, iluminado pelo Espírito Santo. Esse símbolo
vai ajudar a lembrar que a missão do Espírito Santo é nos capacitar para o segui-
mento de Jesus. Com a força do Espírito, Jesus cumpriu sua missão, dando por nós
a vida na cruz. Com a força desse mesmo Espírito, cada um de nós deve seguir sua
missão, conforme Jesus pediu:”Quem quiser me seguir tome sua cruz e venha após
mim”. (Mt 16,24) Costuma-se usar o crucifixo como uma espécie de jóia ou de
enfeite, pendurado no pescoço. Queremos mostrar que o crucifixo é mais que isso:
é sinal de que somos discípulos de Jesus, na força do Espírito Santo.
Que Deus ilumine o trabalho de todos os catequistas e derrame seu Espírito
abundantemente, para que este ano seja de muita motivação na catequese. O cate-
quista, ao falar do discipulado, deve mostrar não somente com palavras, mas tam-
bém com o seu testemunho, a alegria de seguir Jesus.
Boa sorte!
Os autores

3
Primeira Etapa
O chamado a ser discípulo

Todo cristão é chamado a ser discípulo. Nessa primeira etapa, vamos mostrar
Jesus chamando os seus discípulos. Ele sempre estava cercado de grande multidão.
Mas, do meio dessa multidão, vão surgindo pessoas de boa vontade e de fé que dão
um passo a mais. Vão além da simples curiosidade a respeito de Jesus e querem
segui-lo, fazendo o que ele faz, vivendo como ele vive. Esses são os discípulos de
Jesus.
A experiência do discipulado é de fundamental importância no processo de
iniciação da fé. Não basta conhecer Jesus, nem mesmo aceitar os seus ensinamen-
tos. Jesus nos desafia a segui-lo, comprometendo-nos com o seu Reino.
Nessa primeira etapa, vamos mostrar algumas características do discípulo de
Cristo e os requisitos iniciais para quem deseja seguir Jesus.
Nosso objetivo é bem claro. Queremos que os catequizandos comecem a en-
tender que a fé nos leva ao compromisso com Jesus. O compromisso cristão faz
parte da identidade das pessoas de fé. A catequese cristã só é autêntica quando mo-
tiva ao compromisso, mostrando que o chamado de Cristo nos desafia sempre a dar
um passo adiante em nossa caminhada de fé. Podemos dizer, recordando a última
etapa do módulo anterior, que uma fé que não nos leve ao discipulado, ou seja, ao
seguimento de Cristo, não é uma fé madura.

4
1º Encontro
JESUS CHAMA DISCÍPULOS

1. ACOLHIDA E ORAÇÃO INICIAL


− Acolher a turma com simpatia. Sugerimos fazer crachás com os nomes de cada

criança. À medida que forem chegando, o catequista vai colocando os crachás. Is-
so ajuda a guardar o nome de cada um. Os crachás devem ser usados até que to-
dos já saibam o nome de cada colega. Se a turma é toda conhecida, os crachás são
dispensáveis.
− Mais uma vez, vamos sugerir também fazer um cartaz contendo o nome, data de

nascimento e de batismo de cada catequizando. Esse cartaz pode ser exposto em


todos os encontros. Ele ajuda a controlar a presença da turma, vendo quem faltou.
Ajuda também a mostrar que a turma é um grupo, uma equipe que deve ser unida,
e lembra as datas importantes que devem sempre ser comemoradas: o aniversário
natalício e o aniversário de batismo. Insistimos mais uma vez que a comemoração
dessas datas pode se tornar importante momento para alguma atividade extra,
como fazer uma festinha para os catequizandos, visitá-los em casa, com a turma
toda, estreitando os laços com a família, o que é sempre importante.
− Como vamos falar neste módulo do seguimento, talvez o catequista já queira fa-

zer um cartaz que sugira essa idéia: um caminho com uma cruz ao fim. Cada cri-
ança recebe um bonequinho de papel, escreve seu nome e cola no caminho.
− Veja modelo abaixo:

5
− Cantar músicas animadas. No final do livro, há uma lista de sugestões, gravadas
no CD anexo a este livro. O catequista poderá usar também músicas dos CDs an-
teriores. Será bom até para recordar os temas já trabalhados.
− Depois desse momento de animação, todos podem se cumprimentar, desejando
paz e perseverança aos companheiros de turma.
− Sossegar a turma para rezar. Fazer o Sinal da Cruz.
− Motivar: Neste ano, temos muitas coisas interessantes para aprender em nossos
enc
− ontros. Deus vai nos falar da importância de sermos pessoas comprometidas com
Jesus. No ano passado, já vimos como foi a vida de Cristo, o que ele nos ensinou,
como triunfou sobre a morte. Já vimos também como é fundamental ter fé, mas
não uma fé qualquer. Queremos ter fé madura. E essa fé madura nos lança um
grande desafio: o desafio de nos comprometer com Jesus e de nos tornar discípu-
los dele. Ele vai nos ajudar, enviando sobre nós o Espírito Santo, força que nos
sustenta. Tudo isso, nós vamos entender durante este ano de catequese. Vamos,
então, rezar, pedindo que Deus nos ajude ao longo de nossa caminhada.
− Cantar. Sugerimos a música 1.
− Fazer preces espontâneas. Cada um pode pedir a Deus aquilo que achar mais im-
portante para começar o ano com bastante ânimo. A resposta pode ser: “Venha
6
nos ajudar, Senhor!”. O catequista pode começar as preces:
• Precisamos, Senhor, de muito ânimo, no começo de mais um ano. Por isso, pe-
dimos.
• Precisamos ser uma turma muito unida, Senhor. Por isso, pedimos. Etc.
− Pode-se encerrar a oração, cantando. Sugerimos a música 3.

2. O QUE A BÍBLIA DIZ


Motivação
Vamos ouvir um texto que mostra Jesus chamando algumas pessoas para se-
gui-lo e oferecendo a elas uma proposta de vida nova. Esses foram os primeiros
discípulos de Jesus. Esse mesmo chamado e essa mesma proposta também se diri-
gem a nós.

Texto: Mc 1,14-20
Ajudar a turma a localizar o texto na Bíblia.

Partilha
• Quem tinha sido preso? Vocês se lembram quem foi João Batista?
• Para onde Jesus foi, depois que João foi preso?
• O que Jesus proclamava?
• De acordo com esse texto, como foi o chamado dos primeiros discípulos de
Jesus?
• Vamos lembrar o nome dos quatro primeiros discípulos que Jesus chamou?

Aprofundamento
− Só para recordar, João Batista é aquele que veio antes de Cristo e começou a
pregar ao povo, convidando todos à conversão e batizando os que queriam mu-
dar de vida. Foi ele quem batizou Jesus. Pouco tempo depois que Jesus foi bati-
zado, João Batista foi morto. A missão de Jesus começa depois da morte de Jo-
ão Bastista. Ele começa a anunciar a boa-nova de Deus, ou seja, as coisas que
Deus queria ensinar ao povo. Mas ele sabia que sozinho não daria conta dessa
missão. Então, ele já começa chamando discípulos.
− Os primeiros discípulos chamados estavam à beira-mar, chegando da pescaria,
com suas barcas e redes. Jesus os chama. Eles imediatamente deixam para trás
as barcas e redes e se põem a seguir Jesus, empolgados com a proposta de se-
rem pescadores de gente para o Reino de Deus e não apenas de peixes.
− Poderíamos nos perguntar: Por que tanta pressa de seguir Jesus? É que Jesus
7
lhes oferecia uma proposta de vida muito interessante. Vamos compreender es-
sa proposta?
Expor as 3 frases que resumem a proposta de Jesus. Podem ser expostas em faixas,
cartaz, álbum seriado ou mesmo num quadro, de preferência uma de cada vez,
enquanto se vai explicando.

O Reino de Deus está próximo!

Convertam-se!

Creiam no Evangelho!
− Explicar as frases:
a) O Reino de Deus está próximo: As pessoas daquele tempo viviam sonhan-
do com a chegada do Reino de Deus e esperando sua realização. O Reino de
Deus seria aquele tempo em que o próprio Deus haveria de reinar no mun-
do, trazendo paz e prosperidade como nunca se tinha visto. O povo estava
acostumado com reis maus e opressores e esperava que o próprio Deus o vi-
esse socorrer, como rei poderoso e cheio de bondade. Quando Jesus anunci-
ava a chegada desse reino tão sonhado, dizendo que ele estava próximo, es-
sa era uma proposta irresistível. As pessoas seguiam Jesus, porque queriam
participar desse reino.
b) Convertam-se: Converter significa mudar de vida. O povo estava levando
uma vida ruim. O que as pessoas mais queriam era uma chance de mudar de
vida, de conquistar uma vida melhor. Era justamente essa oportunidade que
Jesus oferecia. Por isso, as pessoas o seguiam imediatamente, aproveitando
a oportunidade de transformar a vida para melhor.
c) Creiam no evangelho: O evangelho eram os ensinamentos de Jesus. Esses
ensinamentos novos e cheios de sabedoria eram um caminho seguro para o
povo encontrar a felicidade. O povo, que vivia procurando um jeito de ser
mais feliz, percebeu logo que o evangelho que Jesus pregava era um cami-
nho seguro para a felicidade. Daí aquela urgência de seguir Jesus.
− Conferir, debatendo com a turma, se as propostas de Jesus são válidas para os
tempos atuais:
• Reino de Deus: Será que existe no coração das pessoas o desejo do socorro de
Deus? Se ficar claro que Deus quer socorrer seu povo, inaugurando um tempo
de paz, essa proposta agradaria ao mundo de hoje? Agradaria a você?
• Conversão: O sonho de conquistar uma vida melhor, o desejo de mudar de vi-

8
da, de crescer, de melhorar – as pessoas hoje ainda possuem essas idéias? Vo-
cê possui?
• Evangelho: As pessoas de hoje ainda precisam de um caminho seguro para a
felicidade? A proposta de Jesus de oferecer um caminho seguro para o povo
ser feliz seria importante para nós hoje? Agradaria as pessoas? Agradaria vo-
cê?
− Pedro, André, Tiago, João e tantas outras pessoas foram atrás de Jesus. Eles se
tornaram discípulos porque compreenderam a proposta de Jesus e acreditaram
nela. Eles entenderam que poderiam viver melhor guiando suas vidas pelos ca-
minhos que Jesus ensinava.

3. ATIVIDADE
Sugestão 1
- Recordar que as pessoas seguiam Jesus porque ele ensinava coisas impor-
tantes para a realização humana. Jesus propunha um caminho de felicidade.
Esse convite de Cristo é sempre atual, porque em todos os tempos – hoje
também – as pessoas querem conquistar a felicidade e a realização. Por isso,
o chamado de Jesus é sempre atual e hoje se dirige a todos nós.
- Fazer um debate sobre as razões que temos para seguir Jesus hoje. O que Je-
sus nos oferece? O que encontramos em seus ensinamentos? Por que vale a
pena seguir Jesus hoje? Quais os valores ensinados por Jesus que nos aju-
dam a viver melhor?
- Encontrar, no caça-palavras seguinte, palavras que expressem os ensina-
mentos de Jesus que ainda hoje nos motivam a segui-lo. Encontradas as pa-
lavras, recordar brevemente esses ensinamentos de Jesus que podem nos
ajudar a viver melhor. Sugerimos ao catequista fazer um cartaz com essas
palavras. Isso ajuda a fixar as idéias.

Sugestão 2
- Outra idéia é contar histórias concretas de pessoas que “deixaram tudo para
seguir Jesus” e foram muito felizes nessa escolha. Que tal lembrar a história
de alguns santos: São Francisco de Assis, Santo Inácio e outros mais conhe-
cidos na região? Pode-se lembrar de histórias de vida de pessoas que se des-
tacaram pela fé, mesmo que não tenham sido declaradas santas pela Igreja.
Os exemplos devem ser, contudo, verdadeiros e eloqüentes – sem exageros
lendários, como o de Santo Antônio pregando para os peixes, etc – de modo
a motivar as crianças ao seguimento de Cristo.
9
Conclusão
As pessoas se deixam conquistar por Jesus, porque vêem nele uma chance de
viver melhor, de serem mais felizes, de terem mais paz. Isso aconteceu com os pri-
meiros discípulos de Jesus, acontece ainda com pessoas do nosso tempo que tam-
bém se tornam discípulos e pode acontecer conosco. Jesus continua a nos chamar.
Cabe a cada um dar sua resposta. Quem se dispõe a seguir Jesus encontra um cami-
nho seguro, com ensinamentos muito úteis à nossa vida. Ele é fonte de vida e de
vida plena. Por isso, vale a pena qualquer esforço para segui-lo.

4. ORAÇÃO FINAL E ENCERRAMENTO


− Motivar: Jesus está oferecendo hoje a você a mesma proposta que ele sempre
ofereceu aos seus discípulos: o socorro e a força de Deus, a chance de uma vida
melhor, um caminho seguro e garantido para a felicidade. Se você aceita essa
proposta, então você já começa a ser mais feliz e sua vida já passa a ter um sen-
tido novo e melhor.
− Convidar a turma a dar sua resposta, fazendo preces. Cada um pode dizer es-
10
pontaneamente: “Jesus, eu quero te seguir!” ou “ Jesus, eu aceito o convite para
ser seu discípulo!”. Após cada prece, todos respondem: “Quero te seguir, Je-
sus!”. A resposta poderá também ser cantada. Confira a música número 15, no
CD Pré-evangelização 1.
− Motivar a turma para o próximo encontro. Encerrar cantando à vontade.

Dicas para o catequista


− O Evangelho de Marcos insiste no seguimento de Jesus e na iniciativa de deixar

tudo para abraçar sua proposta. Marcos está escrevendo para uma comunidade
no ano 70. Não é mais o grupo dos seguidores de Jesus que são os destinatários
do seu texto. Quem acolhe a boa-nova anunciada por Marcos é a segunda gera-
ção de cristãos: aqueles que se converteram por meio da pregação dos discípu-
los. A preocupação de Marcos é que esse novo grupo de cristãos seja tão decidi-
do e corajoso quanto o grupo dos primeiros cristãos. Por isso ele insiste tanto na
pressa, no deixar tudo, na urgência do Reino, no despojamento total dos segui-
dores de Jesus. Marcos quer mostrar que Jesus tem pressa de chamar, pois seu
Reino é urgente. E os discípulos têm pressa de responder, pois a proposta é tão
boa que não se pode perder tempo. Continuando a leitura dos Evangelhos, a
gente vai ver que os discípulos seguiam Jesus, mas certamente não abandonaram
a profissão, nem a casa, nem a família. Apenas colocaram o Reino de Deus co-
mo prioridade máxima, acima da profissão, da família, de tudo. É isso que Mar-
cos quer mostrar aos seus leitores: a importância de seguir Jesus e se comprome-
ter com ele.
− E hoje? Será que para seguir Jesus é preciso deixar tudo e ir para um convento

ou um mosteiro, ou coisa semelhante? É claro que ir para um mosteiro ou con-


vento continua sendo uma boa coisa para quem tem esse chamado específico de
viver uma vida comunitária, na total dedicação ao Reino de Deus. Mas não é só
quem escolhe a vida religiosa ou sacerdotal que é seguidor de Jesus. Assim co-
mo Jesus chamou seus discípulos, chama cada um de nós, chama você catequis-
ta. E nós podemos segui-lo, mesmo sem abandonar nossa vida, nossa casa, nos-
sos amigos. Talvez aí esteja o maior desafio de hoje. Ser cristão autêntico, se-
guidor de Jesus, no meio do mundo: colocar o Reino de Deus como prioridade
máxima de nossa vida.

11
2º Encontro
O DISCÍPULO AMA A JESUS

1. ACOLHIDA E ORAÇÃO INICIAL


− Acolher a turma com alegria e otimismo. Fazer momento de animação, cantan-
do músicas apropriadas. Sugerimos a música 2.
− Criar clima de silêncio para conversar com Deus.
− Motivar: Jesus chamou muitos discípulos para segui-lo e ajudá-lo na constru-
ção de um mundo melhor, mais justo e fraterno. Nós somos também chamados
por Jesus e queremos contribuir na construção desse mundo melhor. Vamos pe-
dir a Deus que nos ajude e nos dê muita força para sempre sermos seguidores de
Jesus. Vamos colocar a mão no ombro de quem está ao nosso lado e fazer uma
prece. Todos repetem comigo: “Ó Deus de amor, nós queremos seguir Jesus.
Nós queremos ser discípulos dele. Venha nos dar força e coragem para seguir
seu Filho e viver como ele nos ensinou. Venha nos animar na hora do cansaço.
Venha nos alegrar na hora da tristeza. Venha nos fortalecer na hora da preguiça.
Venha nos encorajar diante dos obstáculos. Nós contamos com sua força e sua
benção. Amém!”
− Cantar algo apropriado.

2. O QUE A BÍBLIA DIZ


12
Motivação
Vimos no encontro passado que Jesus chamou alguns discípulos. E não somen-
te aqueles, mas chamou ainda muitos outros. Mas, para seguir Jesus, a pessoa pre-
cisa ser forte, ter determinação, vontade firme, fé madura. Precisa ter principalmen-
te muito amor no coração. É o que veremos hoje. Vamos conferir um texto bíblico
que mostra Jesus conversando com Pedro, perguntando se ele realmente tem amor
em seu coração.

Texto: Jo 21,15-19
Ajudar a turma a localizar o texto na Bíblia.

Partilha
• Com qual discípulo Jesus está conversando no texto?
• O que Jesus pergunta a Pedro?
• Por quantas vezes ele faz a mesma pergunta?
• Como Pedro responde a Jesus?
• Por que será que Jesus insiste tanto em saber se Pedro o ama de verdade?

Aprofundamento
− Para ser discípulo de Cristo, comprometido com ele, é preciso ter muito amor.
Quem não tem amor não persevera no seguimento de Jesus. Antes, porém, de
entendermos melhor a importância do amor para quem quer seguir Jesus, vamos
compreender essa conversa de Jesus com Pedro.
− Quem era Pedro? No encontro anterior, vimos Jesus chamando um certo Simão,
irmão de André. Os dois estavam pescando. Simão foi um dos primeiros a ser
chamados por Jesus e a aceitar o desafio de segui-lo. Ele era um homem sim-
ples, mas tinha personalidade forte. Tinha firmeza e decisão. Por isso, Jesus lhe
deu o nome de Pedro. Ele passou a ser conhecido como Simão Pedro ou sim-
plesmente Pedro. A palavra Pedro vem de pedra mesmo. Ao chamar Simão de
Pedro, Jesus quis dizer que ele era firme como uma pedra. Naquele tempo, era
muito comum trocar o nome da pessoa, quando ela mudava de vida. O novo
nome significava a vida nova que a pessoa se propunha a levar (Sobre a mudan-
ça do nome de Pedro, confira Mt 16,13-20).
− Jesus confiava muito em Pedro, porque ele era firme e decidido. Tinha muita fé
e seguia os ensinamentos cristãos com muita convicção. Mas, de vez em quan-
do, Pedro fracassava e fazia algo estranho. Isso mostrava que, lá no fundo, ele
ainda continuava sendo um homem fraco. Vamos ver alguns exemplos.
13
− Quando Jesus anunciou que ia ser condenado à morte e ia passar, portanto, por
muitos sofrimentos, Pedro protestou e não concordou (cf. Mt 16,21-23). Pedro
não entendia que, no seguimento de Jesus, às vezes enfrentamos algum sofri-
mento. Ele queria ser discípulo, mas sem sofrer. Jesus o corrigiu duramente e
mostrou que quem quer ser discípulo deve estar preparado para tudo. Até mes-
mo para enfrentar dificuldades. Afinal, as dificuldades fazem parte da vida!
− Em outra ocasião, quando Jesus foi preso, Pedro arrancou uma espada e, num
ato de violência, cortou a orelha de um soldado (cf. Jo 18,10-11). Jesus, mais
uma vez, repreendeu Pedro, alertando-o para não usar de violência. Jesus sem-
pre pregou contra a violência e Pedro sabia disso. Mas, na hora do aperto, as
fraquezas de Pedro apareciam de novo. Ele tinha fé, mas perdia o controle. Je-
sus tinha de corrigi-lo sempre.
− Em outra cena muito conhecida, Pedro nega Jesus por três vezes. Jesus tinha
sido preso e estava sendo interrogado. Alguém perguntou a Pedro se ele conhe-
cia Jesus e ele negou três vezes, com medo de ser condenado junto com Cristo
(cf. Mt 26,69-75). Depois disso, Jesus saiu, passou perto de Pedro e olhou para
ele. Pedro se arrependeu de ter negado Jesus. Era a fraqueza de novo, atrapa-
lhando a vida daquele discípulo.
− Então, depois de ressuscitado, Jesus aparece a Pedro, como acabamos de ler no
texto bíblico. Agora Jesus quer saber de Pedro não se ele tem fé, mas se ele tem
amor de verdade. Já sabemos como a fé é importante. Mas o amor completa a
fé, dando uma motivação ainda maior para a pessoa seguir Jesus. Então, o dis-
cípulo, além de ter uma fé bem esclarecida e madura, precisa ter muito amor.
− A fé supõe uma série de atitudes e decisões: acreditar, comprometer-se, buscar
a Deus, servir a ele. Já o amor é o afeto que nos liga a Cristo e à missão que ele
nos dá. Quem não tem esse afeto desanima mais facilmente e por qualquer ra-
zão deixa de seguir Jesus. Por isso o amor é tão importante. Ele dá força e mo-
tivação para a gente ser sempre fiel a Jesus, mesmo quando se torna difícil ser
discípulo do Senhor.

3. ATIVIDADE
Sugestão
- Expor um crucifixo sobre pequeno altar. Colocar a turma em volta do altar.
Pedir que contemplem o crucifixo, pensando no que ele representa para nós.
- Cada um pode dizer espontanemante o que o crucifixo representa em sua
vida.
- O catequista pode auxiliar, lembrando que Jesus deu sua vida na cruz por
14
amor. O crucifixo é um sinal do amor de Jesus. Por causa desse grande
amor, ele foi fiel até o fim, em sua missão. Só quem ama persevera. Por isso
mesmo, Jesus, depois de demonstrar o seu amor, insistiu com Pedro para
que ele confirmasse também seu amor a Cristo. Hoje, Jesus pergunta a nós o
mesmo que perguntou a Pedro. E espera de nós uma resposta decidida.
- Colocar sobre o altar três velas apagadas. Explicar que a pessoa sem amor é
como uma vela apagada, que não ilumina nada. A qualquer dificuldade, a
pessoa sem amor desiste de seguir Jesus e deixa a luz de sua fé se apagar.
- Convidar a turma para renovar o amor a Jesus. O catequista vai perguntar
por três vezes se as crianças amam a Jesus de verdade. A cada resposta,
acender uma vela e cantar um breve refrão. Sugerimos a música 14 do CD
Pré-evangelização 1.
• Catequista: Em nome de Jesus, eu pergunto a cada um que aqui está:
Você ama Jesus de verdade, de todo o seu coração?
• Todos: Sim! (Acender a primeira vela.)
• Catequista: Mais uma vez, eu insisto: Você ama Jesus, com todas as su-
as forças, com todo o seu entusiasmo?
• Todos: Sim! (Acender a segunda vela.)
• Catequista: Pela terceira vez, como fez Jesus, eu pergunto: Você ama a
Jesus, a ponto de não abandoná-lo por nada deste mundo?
• Todos: Sim! (Acender a terceira vela.)
- Todos estendem a mão para o crucifixo, cercado de velas acesas e repetem
com o catequista: “Jesus, nós o amamos de todo o nosso coração. Queremos
seguir seus passos, como bons discípulos do Senhor. Aumente, Senhor, nos-
sa fé e confirme o nosso amor. Amém!”.
- Que tal cantar a música 13?

Conclusão
A fé nos faz aceitar Jesus, crer em seus ensinamentos, aderir a ele de coração.
Mas o amor dá condições para essa fé desabrochar sempre mais. E quando vêm as
dificuldades no caminho da fé, é por causa do amor que a gente persevera. Não é à
toa que Jesus afirma: “Quem me ama guarda as minhas palavras” (cf. Jo 14,23a). E,
logo depois, Jesus diz: “Quem não me ama não guarda as minhas palavras” (cf. Jo
14,24a). Não basta ter fé. É preciso ter amor, para ser um discípulo fiel. Nas horas
em que a fé se enfraquece, é o amor que nos sustenta no seguimento de Cristo.

15
4. ORAÇÃO FINAL E ENCERRAMENTO
− Cantar a música 4 ou outra à escolha.
− Motivar a oração: Vamos encerrar nosso encontro agradecendo a Jesus por ter
nos chamado para ser seus discípulos. Cada um pode fazer uma prece espontâ-
nea. Após cada prece, todos repetirão: “Obrigado, Senhor!”
− Encerrar cantando músicas animadas.

Dicas para o catequista


− Ao ouvir de Pedro a resposta de que o amava, Jesus sempre diz a mesma fra-

se: “apascenta as minhas ovelhas”. Pedro recebe de Jesus a tarefa de cuidar


do seu rebanho, ou seja, a sua comunidade de fé. Apesar de no começo do
cristianismo a Igreja possuir vários tipos de organização e não um modelo
único como hoje, parece que Marcos já está destacando para sua comunidade
a importância de Pedro como líder dos cristãos. Pedro tem um papel de des-
taque no grupo dos discípulos. Ele sempre toma a iniciativa, ele sempre se
adianta aos outros. E, nos Atos dos Apóstolos, a gente vai ver que ele tem um
destaque na comunidade nascente. Até Paulo, quando se converte, dá logo
jeito de ir conhecer Pedro e falar com ele. Pedro era uma figura importante
nesse cenário. Não é à toa que a Igreja diz que ele foi o primeiro papa: aquele
que assumiu a liderança dos cristãos quando a Igreja nasceu.
− O final do texto que lemos hoje é complexo. João fala que antes Pedro punha

o cinto na cintura e saía pra todo canto sem pedir satisfação a ninguém. Colo-
car o cinto é estar pronto para viajar, para sair de casa. É estar paramentado
para botar o pé na estrada. Antes, Pedro se arrumava e tomava o destino que
queria. A partir do momento em que ele recebe a missão de apascentar o re-
banho de Jesus, ou seja, sua Igreja, ele não é mais dono de seu nariz. Ele não
faz mais o que quer. Ele agora deve ouvir o que Deus lhe diz e se deixar guiar
pelo Espírito Santo. A partir de então, Pedro vai se levantar para ir até onde
não quer. E o Evangelista João explica que essa expressão se refere à morte
de Pedro. Pedro não decide mais sozinho a sua vida. Ela pertence a Jesus e
por causa dele vai entregar sua vida, vai ser martirizado em nome da fé. Eis
mais uma conseqüência do seguimento de Cristo.

16
3º Encontro
O DISCÍPULO MANTÉM SUA DISPOSIÇÃO

1. ACOLHIDA E ORAÇÃO INICIAL


− Acolher a turma com simpatia. Fazer animação, cantando músicas apropriadas.
− Criar clima de oração.
− Motivar a turma para a oração: “Mais uma vez nos reunimos para acolher a
Palavra de Deus e atender o chamado que Jesus nos faz. Vamos começar nosso
encontro dizendo a Jesus que estamos contentes de estar aqui na presença dele.
Cada um poderá dizer uma prece de agradecimento ou louvor. Depois todos di-
remos: “Obrigado, Senhor!”.
− Cantar. Sugerimos a música 16.

2. O QUE A BÍBLIA DIZ


Motivação
Vamos ler na Bíblia um texto que fala da disposição que o discípulo precisa
ter. Ser discípulo é uma missão que a pessoa de fé assume. Missão supõe compro-
misso e muita disposição. É o que veremos.

Texto: Lc 9,57-62
Ajudar a turma a localizar o texto na Bíblia.
Deixar a partilha para depois do aprofundamento.
17
Aprofundamento
− O texto à primeira vista nos assusta. Jesus parece exigir demais. Mas vamos

entender melhor o que Deus quer nos dizer sobre os compromissos e disposições
de quem quer seguir a Cristo.
Sugerimos usar cartazes para explicar o texto. Pode-se fazer um álbum seriado
com três cartazes, conforme o modelo seguinte.
− Primeiro cartaz:

O discípulo de Jesus precisa ter

ESPÍRITO DE SACRIFÍCIO

“As raposas têm tocas e os pássaros do céu têm ni-


nhos; mas o Filho do Homem não tem onde reclinar
a cabeça”

− Espírito de sacrifício é a capacidade de enfrentar situações difíceis, sem desani-


mar. Quem não tem essa qualidade desanima logo na primeira dificuldade. Se-
guir Jesus pode nos levar a ter de enfrentar tarefas que vão exigir de nós algum
esforço. Por isso, Jesus explica a quem quer segui-lo que a vida do discípulo não
é marcada pela busca da facilidade. O discípulo de Cristo busca o que é bom. E
nem sempre o que é bom é o mais fácil. Esse é o sentido do versículo “As rapo-
sas têm tocas e os pássaros do céu têm ninhos; mas o Filho do Homem não tem
onde reclinar a cabeça”. Raposas e pássaros não precisam se sacrificar muito.
Vivem do que têm. O Filho do Homem é Jesus mesmo – é o Deus feito homem.
Não ter onde reclinar a cabeça significa levar uma vida às vezes dura e difícil.
Jesus passou por muitas dificuldades e se manteve sempre firme. Não é que o
discípulo vai encontrar somente dificuldades. Há muita coisa boa no seguimento
de Cristo. Muitas alegrias e realizações. Mas há também certas dificuldades
quem o cristão precisa enfrentar, sem perder a alegria, mantendo-se firme na fé.
Quem não tem espírito de sacrifício desanima logo e não consegue seguir Jesus
por muito tempo. A lei do menor esforço não combina com o discípulo de Jesus.
− Segundo cartaz:

18
O discípulo de Jesus precisa ter

PRONTIDÃO

“Deixa que os mortos enterrem os seus mortos; mas tu


vai e anuncia o Reino de Deus”.

− Convidado a seguir Jesus, alguém deu essa desculpa: primeiro, vou enterrar meu
pai; depois eu te sigo. Que significa uma desculpa assim? A gente precisa ter
prontidão. Não podemos deixar para depois, ficar adiando a nossa decisão de se-
guir a Cristo. Prontidão é começar já; não deixar para amanhã nossa decisão de
nos comprometer com Jesus. Ao ler o texto, a gente fica assustado. Dá a impres-
são de que o pai do sujeito já estava morto e Jesus não queria que ele acompa-
nhasse o velório. Mas não é isso. Se já estava morto, o filho não somente podia
como devia enterrar o pai. Mas não precisava tornar-se discípulo somente depois
disso. Já podia se comprometer. Mas vamos imaginar que o pai do sujeito não
estava morto, talvez nem doente. Hoje em dia acontece a mesma coisa. Convi-
dadas a seguir Jesus ou a assumir algum compromisso de fé, as pessoas dão des-
culpas para adiar sua resposta: depois que meu pai morrer eu me comprometo,
porque agora tenho de cuidar dele. Ora, pode-se cuidar do pai e ser discípulo de
Cristo ao mesmo tempo. Uma coisa não impede a outra. Aliás, cuidar do pai já é
sinal de discipulado. Outros dizem: Depois que eu me aposentar, vou me com-
prometer mais; ou: depois que meus filhos crescerem, ou: depois que eu me
formar etc. E, com desculpas de todo tipo, vamos adiando a nossa resposta ao
chamado que Jesus nos faz.
− A resposta de Jesus parece quase sem sentido. Deixar que os mortos enterrem os
mortos? Mas são os vivos que enterram os mortos. O que Jesus quer dizer é que
a pessoa chamada não deve arranjar desculpas para fugir do convite para ser dis-
cípulo. Para seguir Jesus, é preciso ter prontidão.
− Terceiro cartaz:

19
O discípulo de Jesus precisa ter

PERSEVERANÇA

“Quem põe a mão no arado e olha para trás não está


apto para o Reino de Deus”.

− Nesse terceiro caso, a pessoa convidada a seguir Jesus quer primeiro despedir-se
de sua família. Parece não haver nada de errado nisso. Mas, se isso for mais uma
desculpa do tipo “primeiro vou consultar minha família”, pode não funcionar.
No tempo de Cristo, às vezes a própria família ficava contra aqueles que queri-
am seguir Jesus. Então, se a pessoa quer seguir Jesus, a família não pode ser um
obstáculo.
− Por isso, Jesus responde com um ditado popular que significa: Quem põe a mão
no arado precisa olhar para a frente e não para trás.
Se a turma não souber o que é um arado, explicar: O arado é um instru-
mento usado para preparar a terra para o plantio. O agricultor usa o ara-
do para revolver a terra, coisa que hoje em dia é feita por modernos trato-
res. O arado é puxado por uma junta de bois ou por um cavalo. O agricul-
tor, ao usar o arado, precisa olhar sempre para a frente, para conduzi-lo
no trilho certo. É mais ou menos como o motorista que precisa também
sempre olhar em frente para conduzir o carro pela estrada.
− Olhar para a frente nos leva a pensar no futuro, a perseverar. Olhar para trás po-
de nos levar a desistir e abandonar o caminho de Cristo. Muita gente ainda usa a
família como desculpa para não seguir Jesus. Dizem: tenho família grande, não
tenho tempo; ou: tenho filhos pequenos, não posso agora; ou: meu marido não
gosta que eu saia de casa, não posso ir à Igreja. E por aí vão surgindo as descul-
pas mais variadas. E as pessoas vão deixando de seguir Jesus.

Partilha:
• Quais as três características que a gente precisa ter para seguir Jesus, de
acordo com o que acabamos de ver?
• O que é ter espírito de sacrifício?
• O que significa ter prontidão?
• O que significa ser perseverante?
• Você conhece casos de desculpas que a gente costuma dar para adiar
20
nossos compromissos com Jesus ou deles fugir?

3. ATIVIDADE
Sugestão
− O encontro de hoje está nos mostrando a importância de manter a disposi-
ção para seguir Jesus. Manter a disposição é não desanimar, estar sempre
atento e pronto, não deixar para depois o que se deve fazer hoje. Sem dispo-
sição, a gente não vai muito longe.
− Convidar a turma para ouvir uma história que fala sobre disposição. No ca-
so, a história fala da disposição do cachorro que corre atrás de sua caça. Mas
dessa história podemos tirar conclusões importantes.

O CACHORRO E A LEBRE
Certa vez, um jovem monge, intrigado com o baixo índice de perseve-
rança dos jovens de seu convento, procurou o superior da casa para conversar so-
bre o assunto e esclarecer alguns pontos. Foi chegando e entrando logo no assunto,
sem muitos rodeios. Disse-lhe:
- Mestre, tenho pensado muito e não encontro uma resposta para meus
questionamentos. Por que acolhemos tantos candidatos à vida religiosa e tão pou-
cos continuam seu caminho? Pouco a pouco vão desanimando e, ao final do traje-
to, chegam poucos. Por que acontece isso? Será tão difícil assim o caminho do Se-
nhor?
Respondeu o bom mestre: - Vou lhe contar uma coisa, meu filho. Certa
vez, um cachorro passeava distraidamente pelo caminho perto da floresta, quando
viu uma lebre passar rapidamente de uma moita para outra. Sentiu seu cheiro, ar-
repiou-se todinho e saiu correndo à procura de sua caça. E foi aquela correria. Ao
ouvir os latidos, os cachorros da redondeza também levantaram a orelhas, aguça-
ram o faro e começaram a procurar a presa. E saía cachorro de todo quintal, na
maior barulheira. À frente, a lebre corria desesperadamente procurando um escon-
derijo. Atrás, o cachorro que viu a lebre perseguia sua caça com furor. Atrás dele,
outro cachorro que vinha ver o que acontecia, outro e mais outro. Todos curiosos à
procura do motivo de tamanho alvoroço. E entravam pela mata, passavam córre-
gos, saltavam pelas moitas... Até que alguns começaram a desistir. Afinal, para
que tanto esforço e tanta correria?, começaram a pensar. Mas o cachorro que viu a
lebre continuou implacável sua perseguição. Ele sentiu o cheiro, viu a caça, sentiu
o efeito de sua presença. Sabia que era real e não um fruto de sua imaginação.
Então, o velho monge disse ao irmão mais novo: - Assim acontece aqui
no mosteiro. Só quem viu Jesus, num encontro pessoal e definitivo, só quem sentiu
o efeito de sua presença, só quem percebeu seu perfume é que persevera. Esse é o
cachorro que viu a lebre. Os demais vão no agito do barulho do outro que persegue
21
seu ideal. Mas só aquele que tem a clareza de seus objetivos continua perseveran-
te, sem desanimar.

Questões para debate:


- O que você achou dessa história?
- Por que os cachorros desanimaram?
- Por que o cachorro que viu a lebre não desanimou?
- Você concorda que só persevera quem de fato conhece Jesus e faz a experiên-
cia da sua presença?
- Que lição essa história nos ensina?

Conclusão
Essa história de cachorros pode nos ajudar a entender também um pouco mais
sobre a nossa vida de discípulos de Cristo. Durante a caçada, alguns cães vão desa-
nimando. E param de correr. Mas o cachorro que viu a lebre tem certeza do que
está fazendo. Porque viu, ele está motivado. Por isso mantém sua disposição e vai
até o fim. Aqui está o segredo da disposição. Ela acontece quando a gente está mo-
tivado, quando tem certeza do que está fazendo. No seguimento de Cristo, alguns
desistem. Lembram-se de Judas – o discípulo que desistiu e abandonou Jesus, até
traindo-o? Só quem tem muita disposição consegue seguir Jesus até o fim, sem
desanimar.

4. ORAÇÃO FINAL E ENCERRAMENTO


− Vamos pedir a Jesus que nos ajude a perseverar sempre. Em forma de ladainha,
cada um pode fazer sua prece e todos dirão em seguida: “ Ajude-nos, Senhor!”
• Na hora do desânimo,
• na hora da dor,
• na hora do cansaço,
• na hora da preguiça,
• na hora do sofrimento...
− Cantar. Sugerimos a música 6 ou 13.
− Motivar a turma para o próximo encontro.

Dicas para o catequista


− Para melhor embasamento, vamos explicar melhor essas três cenas do Evange-
lho de Lucas. O evangelista Lucas narra a trajetória de Jesus como uma grande
viagem: de Nazaré, onde Jesus começa sua missão, a Jerusalém, onde Jesus vai
22
morrer. Nesse caminho, Jesus vai experimentando a rejeição de alguns (cf Lc
4,16-30: rejeição dos seus parentes na sua terra natal; Lc 9,51-56: rejeição dos
samaritanos). O autor do terceiro Evangelho quer mostrar o risco e a urgência
do seguimento.
− No primeiro caso, o fato de não ter onde repousar a cabeça mostra a solidão de
Jesus. Na sua viagem rumo ao Pai, por mais que ele tenha discípulos, ele está
só; não tem segurança, nem apoio. Lucas está nos ensinando que o ser humano,
como Jesus, é mesmo um ser solitário. Por mais que a gente tenha apoio e ami-
gos, cada um deve estar cheio de coragem para enfrentar sua própria vida. Nin-
guém pode fazê-lo por nós.
− No segundo caso - enterrar os mortos -, Jesus se refere a um compromisso da
mais alta grandeza entre os judeus: a obrigação de enterrar os pais (cf. 2Rs 9,10;
Jr 16,4). Lucas quer mostrar que o reino de Deus e o seguimento de Jesus é um
compromisso que supera todos os outros.
− No terceiro caso - despedir-se dos parentes -, Lucas quer lembrar a radicalidade
do chamado de Jesus. Eliseu, quando decidiu seguir Elias, primeiro foi se des-
pedir de seus parentes. (cf. 1Rs 19,19-21) Jesus – o novo Elias – tem uma pro-
posta ainda mais urgente que a de Elias. Não dá para adiar a resposta.
− A expressão Filho do Homem aparece várias vezes nos Evangelhos. Esse é o
único título que os evangelistas dizem que Jesus dá a si mesmo. Essa é uma ex-
pressão rica de significados e para compreendê-la seria preciso aprofundar um
pouco sobre o Livro de Daniel, onde esse termo aparece pela primeira vez. Mas
não vamos nos preocupar com isso. Por enquanto, basta saber que o Filho do
Homem é Jesus, ou seja, ele é um ser humano como nós, com necessidades
iguais às nossas e sujeito aos mesmos sofrimentos.

23
4º Encontro
O DISCÍPULO CULTIVA A COMUNHÃO

1. ACOLHIDA E ORAÇÃO INICIAL


− Receber a turma com alegria. Fazer momento de animação, cantando à vontade.
Sugerimos as músicas 1 ou 2. O catequista escolhe a que for mais conveniente.
− Criar clima de oração.
− Motivar: Vamos iniciar nosso encontro, colocando-nos na presença de Jesus.
Ele nos chama, do jeito que somos, para segui-lo como verdadeiros discípulos.
A ele vamos entregar nossa vida, na certeza de que enche nosso coração de for-
ça e alegria para vivermos bem unidos a ele.
− Cantar a música 17, suavemente, em clima de oração.
− Estando a turma em silêncio, refletir: Coloque a mão em seu coração, feche
seus olhos e pense em Jesus. Ele está aqui junto de mim, junto de você. Ele está
nos chamando e dizendo: “Venham e sigam-me. Eu conto com vocês!”. Colo-
que nas mãos de Jesus todas as suas preocupações, dificuldades, tudo o que in-
comoda você. Entregue a Jesus todas as coisas que o preocupam para que seu
coração esteja livre para seguir Jesus.
− Fazer preces espontâneas, entregando a Jesus as dificuldades, fraquezas, preo-
cupações, etc. A resposta pode ser: “Recebe, Senhor, nossa vida”. O catequista
começa:
• Recebe, Senhor, minha preocupação com a família.
• Recebe, Senhor, nossa caminhada na fé.

24
• Recebe, Senhor, o medo de desanimar no caminho.
• Recebe, Senhor, os doentes de nossas famílias. Etc.
− Cantar a música 17 ou outra para concluir.

2. O QUE A BÍBLIA DIZ


Motivação
O discípulo precisa sempre estar unido a Cristo. Isso é viver em comunhão. O
texto que agora vamos ler mostra uma bonita comparação que Jesus fez para nos
lembrar a importância dessa união.

Texto: Jo 15,1-17
Ajudar a turma a localizar o texto na Bíblia.

Partilha
• De acordo com o texto, qual a condição para que o ramo da árvore dê fruto?
O que isso significa para nós?
• O que acontece com os ramos que se separam do tronco? O que isso signifi-
ca para nós?
• Como Jesus quer que seja a nossa alegria? E o que devemos fazer para ter a
alegria completa?
• Jesus nos chama de servos ou de amigos? Qual a diferença?

Aprofundamento
− Nesse texto, Jesus faz uma comparação. Como os galhos de uma árvore preci-
sam estar unidos ao tronco, os discípulos precisam viver unidos a Jesus. Ele é o
tronco, nós somos os ramos. Quem se afasta de Cristo torna-se como um galho
seco e sem vida que já não serve para mais nada. Se o discípulo se afasta de
Cristo, perde sua fé, sua motivação, seu espírito de sacrifício, sua prontidão. E
acaba não perseverando no caminho de Jesus.
− Sem Jesus, nada podemos fazer, pois é ele quem nos ajuda a vencer nossas fra-
quezas. Ele é quem nos chama, é a ele que seguimos. E é ele quem nos dá força
nessa caminhada de fé. Nele encontramos a motivação para perseverar na fé,
como bons discípulos do Senhor.
− Jesus ainda fala da alegria de Deus quando olha para nós e vê que estamos fa-
zendo o bem, ou seja, produzindo bons frutos, vivendo unidos a Cristo e tam-
bém aos nossos irmãos. Vivendo assim, teremos a alegria completa.
− Jesus explica também que nos quer não como servos ou escravos, mas como
25
amigos. O servo faz as coisas por obrigação. Os amigos fazem as coisas por
amor, porque gostam de fazer o que agrada a Deus e é bom para nossa vida.
Não seguimos a Cristo por obrigação, mas porque somos amigos de Jesus. Nele
cremos e confiamos. Ele deu a vida por nós. Nós também, num gesto de amor,
nos doamos a ele.
− Jesus termina dizendo que escolheu cada um de nós para produzir frutos bons,
ou seja, para fazer o bem, de acordo com o que ele mesmo nos ensina. Isso é ser
discípulo de Jesus. Isso é viver em comunhão com ele. E também com as de-
mais pessoas, pois todos somos amigos do mesmo Deus. Sem essa união, não
seremos bons discípulos, pois unidos sempre podemos muito mais.

3. ATIVIDADE
Sugestão
− Expor galhos secos. Pode-se convidar a turma a ficar de pé em círculo. Colocar
os galhos secos no meio da roda ou expor de outro modo.
− Refletir:
• Que significam os galhos secos? Jesus comparou as pessoas que se afastam
dele com um monte de galhos secos. Isto porque, quando nós nos afastamos de
Jesus, viramos galho seco. Nossa vida começa a secar. Nossa fé vai secando,
vai morrendo. Nossa paz, nossa alegria, nosso entusiasmo, nossa força – tudo
vai secando, vai morrendo. Há pessoas que estão vivendo assim. Parecem estar
vivas, mas por dentro estão secas: sem alegria, sem paz, sem motivação para
mais nada. O galho seca porque se separa do tronco. Nós secamos quando nos
afastamos de Jesus.
• Para que servem os galhos secos? O próprio Jesus disse: O galho depois que
seca só serve para ser queimado no fogo. Não tem mais nenhuma utilidade. O
fogo vem e destrói completamente aquilo que, na verdade, já estava destruído
porque se afastou do tronco.
− O fogo simboliza aquilo que destrói. O galho seco não tem como se defender do

fogo destruidor. Estando seco, fica sem defesa e acaba queimado. Na vida tam-
bém isso acontece. Quando a gente se afasta de Jesus e deixa nossa vida secar, a
gente fica sem defesa. Qualquer coisa nos destrói como o fogo destrói o galho
seco. Muitas pessoas pelo mundo afora se sentem destruídas, aniquiladas, redu-
zidas a nada, porque ficaram sem defesa e sem força diante da vida, porque per-
deram a união com Jesus.
− Explicar a importância de viver unido a Jesus: Quem vive unido a Jesus, em

comunhão com ele, tem uma vida tão forte e abençoada que nada a pode destru-
26
ir. Ainda que essa pessoa atravesse dificuldades, ela não será reduzida a cinzas,
porque a força de Jesus faz a gente vencer tudo o que ameaça nossa vida. O fogo
pode até queimar o galho verde, mas dificilmente o destrói. Ele brota de novo, o
que não acontece com o galho seco. Do mesmo modo, nada destrói quem vive
unido a Jesus. A vida do discípulo de Jesus é cheia de frutos, ou seja, cheia de
bons resultados. Sem Jesus, nada podemos fazer. Mas com ele nossa vida ganha
outro sentido. Por isso é que o discípulo precisa estar sempre em comunhão com
Jesus.
− Expor o painel , conforme modelo:

EU SOU O TRONCO; VOCÊS SÃO OS RAMOS.

J
E
S
U
S

− Distribuir os galhos de papel com a turma, um para cada pessoa. Pedir que cada
um escreva no galho o seu nome.
− Convidar a turma para completar o painel, colando os galhos no tronco, para
simbolizar o desejo de viver unido a Jesus, como verdadeiro discípulo.
− Enquanto isso, cantar a música 6.

Conclusão
Jesus é o tronco. Nós somos os galhos. O tronco sem os galhos fica incomple-
to. Os galhos sem o tronco não sobrevivem. Jesus precisa de nós como o tronco
precisa dos galhos. Nós precisamos de Jesus como os galhos precisam do tronco.
Jesus nos dá firmeza e força. Ele garante nossa vida. É por isso que nós o seguimos
e nos fazemos seus discípulos. Cultivar a comunhão é fazer todo o esforço possível
para viver unido a Cristo e aos irmãos. Essa é outra característica do discípulo de
Jesus.

27
4. ORAÇÃO FINAL E ENCERRAMENTO
− Cantar a música 13.
− De mãos dadas, rezar o Pai Nosso pedindo a Deus Pai a força necessária para
permanecer sempre em união com Jesus.
− Motivar para o próximo encontro.

Dicas para o catequista


− Por falar em comunhão, vale lembrar ao catequista a importância da comu-
nhão com a catequese paroquial e – por que não? – diocesana. O catequista
não é um galho separado da Igreja Paroquial que é a árvore. Sem o apoio
dos outros catequistas e sem a orientação da coordenação paroquial e dioce-
sana, o catequista vai perdendo as forças, como um galho separado da árvo-
re. O CELAM, no Manual de Catequética, insiste na importância da organi-
zação paroquial e diocesana da catequese. Seria bom conferir CELAM, Ma-
nual de Catequética. São Paulo: Paulus, 2007. p. 252-256.
− Para manter a comunhão com Deus e com a Igreja, nada melhor que a for-
mação contínua e permanente. Essa história de achar que já se está pronto,
evangelizado, convertido não está com nada. Cada dia, todos nós precisa-
mos nos formar mais e melhor para ser discípulos de Jesus. O Manual de
Catequética diz: “Assim como toda pessoa precisa de educação permanente
ao longo da vida, também o crente precisa de educação na fé em todas e em
cada uma das etapas de sua existência. Por isso a catequese é concebida
como processo de iniciação, crescimento e amadurecimento na fé que
acompanha os catequizandos em todos os momentos e etapas de sua vida”
(p. 163). Essa advertência vale também para o catequista e não só para o ca-
tequizando.

28
5º Encontro
O DISCÍPULO É COERENTE COM SUA FÉ

1. ACOLHIDA E ORAÇÃO INICIAL


− Receber a turma alegremente. Cantar músicas animadas, à escolha.
− Criar clima de oração.
− Motivar: Hoje, vamos refletir sobre a coerência da fé. Dizer que a gente tem fé,
que ama a Deus, e não fazer o que ele nos ensina não parece uma coisa muito
bacana. Mais que dizer, é preciso fazer a vontade de Deus. Vai ser muito bom o
nosso encontro. Vamos então começar, bem animados, cantando. Sugerimos a
música 17.
− Silenciar a turma para rezar: Vamos agora ficar bem sossegados e caladinhos.
Cada um assentado em seu lugar, coloque a mão sobre seu coração, feche seus
olhos e pense em Deus que te ama e te chama para ser discípulo de Jesus. Ser
discípulo de Jesus é muito bom. Comprometer nossa vida com a proposta de Je-
sus é muito importante. Então, peça a Deus que te dê força – como deu pra Ma-
ria, mãe de Jesus – e te ajude a aceitar de coração o convite que ele te faz. Va-
mos cantar a música número 11.
− Encerrar rezando a Ave Maria.

2. O QUE A BÍBLIA DIZ


29
Motivação
Vamos conferir um texto bíblico no qual Jesus mostra a importância de ser
coerente. É a parábola dos dois filhos. Uma qualidade muito importante para seguir
Jesus é ser coerente, sincero nos propósitos.

Texto: Mt 21,28-32
Ajudar a turma a localizar o texto na Bíblia.

Partilha
• Qual dos dois filhos da parábola foi sincero?
• Qual mentiu para o pai?
• Qual agradou mais ao pai?
• O que significa, diante disso, ser coerente?
• Por que Jesus critica os sacertotes e anciãos e elogia os publicanos e prosti-
tutas?

Aprofundamento
− O pai convidando os filhos para o trabalho representa Deus convidando cada
um de nós para ser discípulo. O primeiro filho convidado disse a verdade: Não
quero! Faltava-lhe vontade para ir trabalhar. Mas depois, pensando melhor, ele
acabou indo para o trabalho, mesmo contra a sua vontade inicial. Nem sempre
a gente faz exatamente o que tem vontade de fazer. Pode ser preciso agir pelo
bom senso, contrariando a própria vontade. Para ser coerentes, em muitos ca-
sos, vamos ter que contrariar nossa própria vontade.
− O outro filho convidado ao trabalho foi logo dizendo sim. Mas como realmente
não foi trabalhar, entendemos que o seu sim não era sincero, era só da boca pra
fora. Ele disse, mas não fez o que prometeu. Isso é falta de coerência.
− Por isso, o pai ficou mais satisfeito com o filho que foi sincero e, mesmo con-
tra a vontade, fez o esforço de ir ajudá-lo em seus trabalhos.
− Disso, nós tiramos algumas conclusões:
• Quem quer seguir Jesus tem uma missão, uma tarefa a cumprir. Do mesmo
modo que o pai da parábola chamou os filhos, Deus nos chama.
• Não adianta responder sim e ficar parado, sem fazer nada. O Reino de Deus
não se faz com pessoas que apenas dizem sim, mas com pessoas que se dis-
põem a realizar gestos concretos, a fazer o bem como Jesus ensinou.
• Nem sempre a gente tem vontade, à primeira vista, de fazer tudo o que Jesus
ensinou. Muitas vezes, a vontade nos leva a outros caminhos. Mas quem
30
quer seguir Jesus deve estar disposto a contrariar a própria vontade, fazendo
o que é preciso e não o que tem vontade. No fim das contas, a gente fica fe-
liz de fazer o que é bom, ainda que no começo a gente não quisesse fazer. O
discípulo de Jesus não pode olhar apenas a sua vontade. Deve olhar o que é
bom e o que faz o Reino de Deus crescer.
• Ser coerente é ser sincero em tudo. Quando a gente diz uma coisa e faz ou-
tra, está faltando coerência, sinceridade.
• Com isso, Jesus criticou as pessoas do seu tempo que diziam muito e faziam
pouco ou nada. E afirmou que muitos pecadores – publicanos e prostitutas –
estariam em primeiro lugar no Reino de Deus, ou seja, acolheriam primeiro
o chamado de Cristo. De fato, muitas pessoas que aparentemente tinham má
vontade de fazer o que era correto, ao receberem o chamado de Jesus, mu-
daram de idéia e tornaram-se discípulos coerentes e fiéis a Jesus. E muitos
que viviam dizendo coisas bonitas não acolheram o chamado de Cristo.

3. ATIVIDADE
Sugestão
− Explicar que nem sempre o que a gente quer é o melhor. Uma coisa é o que eu
tenho vontade de fazer. Outra coisa é o que eu preciso fazer, mesmo contra a
minha vontade, porque sei que é para o meu bem e para o bem dos outros. Ser
coerente é fazer o bem, ainda que isso exija lutar contra a própria vontade.
− Dividir a turma em grupos: três ou quatro catequizandos, no máximo. Pedir que
cada grupo imagine uma situação em que a gente, para fazer o bem, precisa ir
contra a nossa vontade.
− Cada grupo pode contar uma história ou apresentar seu trabalho de outro modo,
fazendo uma dramatização ou um cartaz. Para isso, o catequista deverá levar
material necessário.

Conclusão
Ser coerente não é fazer apenas o que a gente quer. Nossa vontade pode nos
levar a fazer coisas que não são tão boas quanto pensamos. Ser coerente é fazer o
bem. Muitas vezes, isso vai exigir de nós lutar contra a própria vontade. É que a
nossa vontade é influenciada por nosso estado de espírito, nosso humor, nossa fra-
queza. Às vezes, não queremos algo porque estamos cansados ou com preguiça ou
desanimados ou irritados. Quando estamos sob influência dessas fraquezas, corre-
mos o risco de nos enganar. Por isso, não podemos olhar apenas nossa vontade.
Precisamos nos perguntar o que realmente é bom e necessário. E aplicar os nossos
31
esforços para fazer o bem, mesmo que para isso a gente precise empreender grande
esforço, lutando contra nossa indisposição. Para seguir Jesus, é preciso ter essa ca-
pacidade. Costumamos dizer que o discípulo, para ser coerente, precisa se pergun-
tar não exatamente qual é a sua vontade, mas qual a vontade de Deus, ou seja, o que
é bom. É claro que, na maioria das vezes, nossa vontade coincide com a vontade de
Deus, pois Deus quer sempre o melhor para nós. E nós também queremos o que é
bom. Mas podemos nos enganar sobre o que realmente é bom. Por isso, rezamos no
Pai Nosso, dizendo a Deus: “Seja feita a vossa vontade, assim na terra como no
céu”. Isso é ser coerente.

4. ORAÇÃO FINAL E ENCERRAMENTO


− Para encerrar nosso encontro, vamos cantar a música número 8. Jesus nos con-
vidou para ser seus discípulos, mas nós somos fracos e às vezes desistimos de
seguir seus caminhos e fazer o que ele nos ensinou. Vamos pedir que ele nos
ajude enviando seu Espírito sobre nós.
− Depois de cantar, rezar bem forte, repetindo com o catequista: Jesus, apesar de
nossas fraquezas, nós queremos te seguir. Apesar de nossas incoerências, não
queremos desistir. Apesar de nosso desânimo, nós queremos prosseguir no seu
caminho, que é o caminho do bem e da paz. Venha nos ajudar, Senhor. Amém!
− Repetir a música anterior.

Dicas para o catequista


− O Evangelho de Mateus foi escrito por volta do ano 80. Uma época em que o
judaísmo nascente se organizava e o farisaísmo ganhava forças. Os rabinos ju-
deus achavam-se o máximo por conhecer a Lei de Deus, dada a Moisés no de-
serto – a Torá. E pensavam: “Somos a verdadeira religião. Somos o povo eleito
e escolhido por Deus”. E mais: “Nós dissemos sim ao chamado de Deus, mas
muita gente por aí não vive segundo a Lei de Deus, especialmente os pagãos –
os estrangeiros ou gentios”. Mateus não se conformava com isso. Sua comuni-
dade era formada por cristãos vindos do judaísmo e ele não queria que os cris-
tãos de sua comunidade agissem da mesma forma que os fariseus. Mateus ob-
servava que muitos gentios faziam a vontade de Deus ainda mais que muitos
judeus, mestres e doutores da Lei, que na sua autossuficiência não acolhiam Je-
sus, o enviado de Deus. Por isso, Mateus está sempre mostrando o conflito de
Jesus com os fariseus e dizendo que muita coisa diferente vai acontecer no Rei-
no de Deus. Quem pensa que já está salvo pode ter uma surpresa e quem parece
não fazer a vontade de Deus pode se arrepender e ser seu verdadeiro seguidor. É
32
o caso dos publicanos – que eram mal vistos porque cobravam impostos para o
domínio estrangeiro – Roma – e as prostitutas, discriminadas por sua má condu-
ta.
− Outra coisa importante é compreender bem essa questão do dizer e do fazer.
Sempre a gente diz mais do que faz Isso é bem normal. Acontece com todo
mundo, até com os mais santos! O importante é não ser incoerente. Uma coisa é
ser incoerente, outra coisa é não conseguir fazer tudo o que se consegue dizer
ou prometer. A gente se propõe a fazer só o bem, mas nem sempre dá conta.
Entra aí a fraqueza humana, tema que já estudamos no módulo 1. Mas é bom
lembrar: isso não nos justifica ou nos dá licença para ser incoerentes. Quando a
gente promete algo ou faz um propósito, ele deve ser sincero. Se não for possí-
vel cumpri-lo, isso é outro papo. Fora disso seria hipocrisia!

33
6º Encontro
O DISCÍPULO VALORIZA OS DONS DE DEUS

1. ACOLHIDA E ORAÇÃO INICIAL


− Acolher alegremente a turma. Convidar para cantar músicas animadas.
− Sossegar a turma, preparando-a para rezar. Todos em roda, colocar a mão sobre
o coração, fechar os olhos e pensar só em Deus que nos ama e nos chama para
ser discípulos de Jesus. Depois, colocar a mão direita sobre o ombro do amigo
ao lado e rezar: Jesus, abençoa esse meu amigo. Dá a ele força e coragem para
te seguir e ser seu discípulo. Ajuda-o quando a fraqueza chegar. Anima-o quan-
do a preguiça invadir seu coração. E abençoa toda a sua vida para que ele te
ama e te sirva todos os dias de sua vida. Amém!

2. O QUE A BÍBLIA DIZ


Motivação
No encontro anterior, refletimos sobre a importância da coerência. Nossos
propósitos diante de Deus e das pessoas devem ser sinceros e puros. Mas não basta
também só ter a boa intenção de fazer o bem. É preciso muito mais. É preciso valo-
rizar os dons que Deus nos deu, colocando-os a serviço de todos. Quem quer seguir
Jesus deve também valorizar seus talentos, os dons que recebe de Deus. Não pode
ficar de braços cruzados. Presisa ter empenho, dedicação. É o que veremos no texto
bíblico de hoje: a parábola dos talentos. Há coisas que são preciosas e não devem
ser tratadas com descuido. Vamos entender isso?
34
Texto: Mt 25,14-30
Ajudar a turma a localizar o texto na Bíblia.

Partilha
• Lembrando que talento aqui significa uma boa quantia de dinheiro, o que
você achou da atitude daquele que enterrou no chão o dinheiro recebido?
• E o que você achou da atitude dos outros dois?
• Que lição a gente tira dessa parábola?
Aprofundamento
− Convidar a turma para entender melhor o texto lido. Explicar o seguinte:
• O Talento: Um talento é uma quantia enorme de dinheiro. Equivale a mais ou
menos 35 kg de ouro. Segundo a Bíblia da CNBB (5ª edição), um talento corres-
ponderia hoje a mais ou menos cinco milhões de dólares Seria como ganhar na
loteria. No texto que ouvimos, o talento representa os dons que Deus nos conce-
de, ou seja, tudo aquilo que vem de Deus para dar melhor sentido à nossa vida.
• O Senhor que distribui seus bens: Significa o próprio Deus que reparte conos-
co seus dons. Todos nós recebemos de Deus muita coisa boa, muitos dons, como
os empregados da parábola.
• O número de talentos: Cada um recebeu um certo tanto, de acordo com sua ca-
pacidade. Isso significa que cada um de nós é cheio de dons e qualidades. Mas
não temos as mesmas capacidades. Isso não significa que um tem mais valor que
o outro ou que mereça mais atenção que o outro. Significa apenas que somos di-
ferentes uns dos outros. Mas todos recebemos de Deus a ajuda necessária para
viver e ser felizes. Esses talentos representam essa ajuda de Deus. A Bíblia quer
mostrar que, apesar das diferenças que existem entre as pessoas, todos podem
contar com a ajuda de Deus.
• Os servos dedicados: São os que multiplicam seus talentos. Eles valorizam a
ajuda que Deus lhes deu e se esforçam para aumentar ainda mais seus dons. Re-
presentam aqueles discípulos que se esforçam para fazer crescer suas qualidades
e multiplicar aquilo que possuem de bom. Com esse esforço, vem o resultado
positivo: as coisas boas ou talentos vão se multiplicando, se desenvolvendo e,
com isso, é toda a pessoa que se desenvolve. Esses servos são dedicados porque
sabem que estão lidando com dons preciosos, coisas de valor que não podem ser
tratadas de qualquer forma. Cuidar de coisas preciosas exige empenho, dedica-
ção, responsabilidade.
• O servo descuidado: Ele é medroso e não sabe o que fazer com as coisas boas

35
que possui. Por causa do medo, negligencia seus talentos, seus dons. Enterra os
dons que recebeu. Não porque esses dons sejam poucos – um único talento já é
muita coisa. Mas porque ele tem medo de arriscar, de investir. E tem preguiça:
não se empenha, não faz nenhum esforço para cuidar do dom que recebeu. Este
servo não se desenvolve nunca. Ele tem tudo para se desenvolver. Mas não valo-
riza os seus dons. Representa o discípulo desanimado que não se esforça para
multiplicar o que tem de bom. Ou acha que não tem nada de bom.
• Enterrar os talentos: Significa não valorizar as coisas boas que a gente possui
– as qualidades, os dons, a força de Deus – e deixar tudo isso paralisado, sem
produzir nenhum resultado. É a gente não se esforçar para se desenvolver e cres-
cer na fé e na bondade de coração. É não querer se aperfeiçoar, não querer cres-
cer.
• O resultado do esforço: O Senhor disse a cada um dos servos esforçados:
“Muito bem, servo bom e fiel. Como você foi fiel no pouco, eu lhe confiarei
muito. Venha participar da minha alegria”. Isso significa:
 O discípulo que se esforça merece a aprovação de Deus. Deus valoriza e
aplaude aqueles que querem se desenvolver.
 Deus multiplica os dons de quem se esforça. Quem se esforça para ser fiel no
pouco merece muito, porque sabe dar valor às coisas de Deus. O esforço é o
único meio de transformar o pouco em muito. O esforço traz o desenvolvi-
mento. Faz a gente melhorar em todos os sentidos.
 O esforçado participa da alegria de Deus, porque a maior alegria é a gente se
esforçar e ver nossos dons se multiplicando.
• O resultado do comodismo: O Senhor disse ao último servo: “Servo mau e
preguiçoso! Se você me acha tão exigente, devia ao menos ter depositado meu
dinheiro no banco, para que na volta eu recebesse com juros o que é meu. Tirem
dele este talento e dêem ao que tem dez. Quanto a este servo inútil, afastem-no
de mim”. Isto quer dizer:
 Deus não acha a menor graça da pessoa preguiçosa que nunca se esforça para
melhorar e se desenvolver, porque essa é uma atitude que não leva a nada.
 Cada um precisa se esforçar para crescer. Ainda que seja pequeno o esforço,
ele é importante. Cada um faz o que pode. O que não vale é não fazer nada.
 Quem não se esforça perde o que tem. Não porque Deus tira. Mas porque é
uma coisa natural. Quem não vai para a frente acaba voltando para trás.
Quem não melhora, é claro, piora. Quem não cresce, é claro, diminui, pois
todo mundo está crescendo. Assim é a vida.
 O discípulo comodista acaba se afastando de Deus. Não é Deus que se afasta
36
dele. É ele que se afasta de Deus.
− Essa história é um incentivo para que cada um de nós procure se esforçar para
se desenvolver ao máximo: desenvolver-se na fé, na bondade, na paciência, na
caridade, na disposição de fazer o bem, na simpatia com as pessoas, em tudo.
Todas as coisas boas são talentos que Deus nos dá. E se nos dá é para a nossa
felicidade. Por isso, o discípulo de Jesus busca sempre o seu crescimento. É o
que Deus nos ensina.

3. ATIVIDADE
Sugestão
− Estamos falando de dons de Deus. Que queremos dizer com isso? Os dons de
Deus são coisas especiais que temos em nossa vida, das quais devemos cuidar
com especial carinho e atenção. Quem tem fé vê essas coisas como um dom de
Deus, um sinal da bondade de Deus em nossa vida. Quem pensa assim aprende
a dar valor a certas coisas que fazem parte de nossa existência e contam com a
nosas dedicação.
− Procurar no caça-palavras coisas que são importantes em nossa vida, que exi-
gem cuidado e dedicação.

37
Conclusão
O discípulo reconhece que Deus nos dá muitos dons. Sem Deus não seríamos
ninguém. Tudo o que temos e somos é graça de Deus. Por isso, essas coisas são tão
valiosas. Delas cuidamos com muito carinho e dedicação, porque são preciosas.
São os talentos que cada um possui. Para seguir Jesus, precisamos entender a preci-
osidade de seus dons e não podemos enterrar os talentos, ou seja, tratar com desca-
so as coisas preciosas que fazem parte de nossa vida. Tratar as coisas da vida como
se não tivessem valor é quase uma irresponsabilidade. É falta de juízo. Essa atitude
não combina com a nossa fé.

4. ORAÇÃO FINAL E ENCERRAMENTO


− Cantar. Sugerimos a música 4.
− Todos juntos, dar as mãos e rezar o Pai Nosso.
− Motivar a turma para o próximo encontro.

Dicas para o catequista


38
- Não seria bom que o encontro tomasse um tom moralista, cujo foco do texto
fosse a irresponsabilidade daquele que recebeu um talento ou seu não-
esforço para multiplicar seus dons. Preferimos tomar o texto pelo seu lado
positivo: Deus dá muitos dons a todos; ninguém fica sem eles.
- Outra coisa que gostaríamos de evitar é o tom catastrófico do final do relato:
o senhor, irado com o empregado mau, toma-lhe o dom que tinha e o dá
àquele que já tinha muitos. Vale a pena lembrar que esse texto faz parte do
discurso escatológico de Mateus (capítulos 24 e 25), cuja linguagem apoca-
líptica quer não amedrontar, mas dar esperança e incentivar a caminhada.
Na literatura apocalíptica, é importante mostrar que Deus tem o controle da
situação e vai agir reestabelecendo a ordem das coisas que foi alterada pelo
mal. Por isso o autor sempre coloca Deus como autor de tudo, às vezes até
da punição, da vingança, do castigo. É só um jeito de dizer que Deus não es-
tá alheio à nossa realidade e que ele vai nos dar forças para vencer todo mal
e construir seu reino. Não se deixe, o catequista, impressionar por essa lin-
guagem. Guarde apenas que Deus é bom, dá a todos muitos dons, e quem
não multiplica seus talentos se arrepende mais à frente dessa decisão. E to-
me esta parábola como um incentivo para se dedicar cada vez mais ao traba-
lho da catequese, multiplicando os dons que Deus lhe deu.

39
7º Encontro
O DISCÍPULO PRIORIZA AS COISAS DE DEUS

1. ACOLHIDA E ORAÇÃO INICIAL


- Acolher a turma com animação.
- Cantar músicas apropriadas para acolhida.
- Convidar a turma para silenciar e rezar: Vamos rezar a Deus, nosso Pai querido,
com toda a confiança de que ele está sempre conosco nos animando e cuidando
de nós. Cada um pode pedir a Deus que cuide de sua vida, de sua família, de
seus amigos, etc. Vamos fazer nossas preces. Depois de cada pedido, vamos can-
tar o refrão da música 17.
- Se quiser, cantar ao final a música toda.

2. O QUE A BÍBLIA DIZ


Motivação
O bom discípulo é aquele que entende que as coisas de Deus são preciosas,
são verdadeiro tesouro e devem ser buscadas com alegria e determinação. Devem
estar em primeiro lugar em nossa vida. O texto que leremos hoje nos mostra isso.

40
Texto: Mt 6,19-34
Ajudar a turma a localizar o texto na Bíblia.
Partilha
- O que vocês acharam mais interessante nesse texto? Que mensagem gostari-
am de destacar?
- O que você entende com a frase: “Onde estiver o teu tesouro, aí estará tam-
bém o teu coração?”
- O que você entende com a expressão: “Não podeis servir a Deus e ao di-
nheiro?”
- O que o texto nos fala sobre as preocupações da vida?
- De acordo com o texto, confiar em Deus ajuda a vencer as preocupações.
Por isso, quem busca a Deus em primeiro lugar se preocupa menos. Você
concorda com isso? Explique sua opinião.

Aprofundamento
− Esse é um texto que fala de confiança. Só quem confia no Senhor é capaz de

buscar primeiro o Reino de Deus e deixar que o resto aconteça da forma como
for possível. Só quem confia em Deus prioriza seu Reino e acredita que tudo
mais vai ser encaminhado para o bem.
− Vamos entender esse texto começando pelo seu final. Jesus diz: “Buscai em

primeiro lugar o Reino de Deus e sua justiça, e todas essas coisas vos serão da-
das por acréscimo.” A expressão “o Reino de Deus e sua justiça” representa aqui
todas as coisas de Deus, ou seja, tudo o que Jesus nos ensinou. Para ser discípu-
los, precisamos colocar como prioridade em nossa vida as coisas de Deus, vi-
vendo a vida do modo como Jesus ensina.
− Agora, voltemos ao começo do texto, onde Jesus fala que não podemos servir a

dois senhores: a Deus e ao dinheiro. É muito comum as pessoas se preocuparem


tanto com o dinheiro, ou seja, com os bens e as necessidades materiais, que não
têm mais tempo e disposição para fazer o que agrada a Deus. E mais: muita gen-
te até faz o que desagrada a Deus e é errado, por causa do dinheiro. Quanta gente
se deixa corromper e faz loucuras só para ganhar um pouco mais de dinheiro!
Dizem até que dinheiro e poder corrompem as pessoas.
− Jesus não quer dizer que o dinheiro e os bens materiais são desnecessários ou

ruins. Precisamos também deles. Mas o Reino de Deus deve vir sempre em pri-
meiro lugar. Os bens materiais são um acréscimo, ou seja, algo a mais de que
necessitamos para viver. Mas não são os bens materiais que vão garantir nossa
felicidade. É conhecido, certamente, o ditado que diz que o dinheiro não compra
41
a felicidade. Até porque a felicidade está além das coisas que se podem comprar.
− Por isso, Jesus aconselha a não ajuntar tesouros aqui na terra, mas no céu. Aqui,
a traça e a ferrugem destroem os tesouros e os ladrões assaltam e roubam. Jesus
se refere certamente aos bens materiais que muitos vão acumulando como se o
acúmulo de bens fosse o tesouro que devemos buscar. Mas, não. Nosso tesouro
deve ser ajuntado no céu. Que significa isso? Que devemos nos ocupar das coi-
sas do alto (cf. Cl 3,1-2 ), ou seja, buscar o que é digno e nobre, as coisas inspi-
radas por Deus, ensinadas por Jesus. Pois, onde estiver o nosso tesouro, aí estará
o nosso coração. De fato, colocamos nosso afeto, nosso coração, naquilo que
julgamos ser precioso, como um tesouro. Corremos atrás do que é mais impor-
tante para nós e a essas coisas nos dedicamos com mais atenção. Então, o bom
discípulo é aquele que prioriza as coisas de Deus, que busca primeiro as coisas
de Deus.
− Jesus não quer dizer que é para rejeitar as coisas do mundo, nem está dizendo
que o mundo é mau. Mas é preciso entender que, nessa vida, algumas coisas têm
mais valor que outras. E importante saber priorizar; buscar primeiro o que tem
mais valor, o que é mais importante.
− Em seguida, Jesus diz coisas bem poéticas, para nos inspirar uma atitude de con-
fiança e desapego. Cita os pássaros do céu e os lírios do campo que não se preo-
cupam com nada e parecem estar sempre felizes. Claro que se trata de uma com-
paração apenas. Nossa vida é bem mais complexa do que a vida de um simples
pássaro ou de um lírio que cresce no campo. Jesus sabe disso. Por outro lado, as
preocupações exageradas não vão nos ajudar em nada. Quanto mais a gente se
preocupa com as urgências desse mundo, mais infelizes somos. A comparação
que Jesus faz é somente para nos ensinar a vencer as preocupações. Não signifi-
ca que vamos cruzar os braços e ficar esperando que Deus nos dê tudo pronto.
Mas vamos trabalhar, lutar, enfrentar a vida sempre com tranqüilidade, sereni-
dade e paz. Isso é próprio de quem ama e segue Jesus.
− Quem vive para ajuntar bens materiais, quem acha que seu tesouro é o dinheiro e
o que ele pode comprar não se torna um bom seguidor de Cristo, porque vai
achar que é bobagem ser discípulo. Realmente, as coisas que Jesus nos ensina
não rendem dinheiro, mas trazem um tipo de felicidade que só quem tem fé
compreende. Só o seguidor de Cristo encontra nele e em seus ensinamentos o
verdadeiro tesouro pelo qual qualquer esforço vale a pena.

42
3. ATIVIDADE
Sugestão 1
− O Evangelho de Mateus nos traz uma parábola, composta de um só versículo,

mas que completa o nosso raciocínio sobre o tesouro. Vamos conhecê-la e en-
tendê-la melhor.
− Ler com a turma Mt 13,44. Podem procurar o texto na Bíblia.

− Fazer um debate em grupos. Depois, fazer um plenário. Para ajudar, podem ser

feitas algumas perguntas, tais como:


• O que entendemos com essa pequena parábola? Como ela completa o ensi-
namento sobre a confiança em Deus?
• O que significaria para nós “vender os bens” para adquirir o tesouro?
• O que você venderia ou de que abriria mão para conquistar um tesouro mai-
or?
• E o que você não venderia nem trocaria por nada nesse mundo, porque tem
para você um valor especial?
− Se a turma quiser, após o debate, pode-se preparar uma encenação sobre a confi-

ança em Deus e a certeza de que ele é nosso tesouro.

Sugestão 2
− Entregar à turma a oração abaixo em forma de criptograma. Pedir que decifrem

o que está escrito, com a ajuda da seguinte legenda:

a b c d e f g h i j l m n o p q r s t u v z
1 2 3 4 5 6 7 8 9 # $ % & * ( ) + § = ] [ {

§5&8*+,
%9&81 [941 5§=1 5% §]1§ %1*§.
3*%* ]% 2*% 49§39(]$*,
)]5+* 3*$*31+ * §5] +59&* 139%1 45 =]4*,
)]5+* 3*&691+ &* §5&8*+, 1(5§1+ 45 =]4*,
)]5+* 2]§31+ §]1 [*&=145 3*%* * %5] =]4*.
§59 )]5 * §5&8*+ 5§=á #]&=* 45 %9%,
)]5 %5 1%1 5 %5 41 6*+ç1§ &5§=5 31%9&8*.
1%5%!

43
- Ao final, a oração será a seguinte:

Senhor,
Minha vida está em suas mãos.
Como um bom discípulo,
quero colocar o seu Reino acima de tudo,
quero confiar no Senhor, apesar de tudo,
quero buscar sua vontade como o meu tudo.
Sei que o Senhor está junto de mim,
que me ama e me dá forças neste caminho.
Amém!

− Cantar a música 15, que nos faz pensar o que é o verdadeiro tesouro. A música
apenas questiona, sem dar respostas prontas. Cada um precisa encontrar a sua
resposta a esta pergunta: O que é o seu tesouro? Em que ou onde você coloca o
seu coração?

Conclusão
Confiar sempre em Deus vai exigir de nós uma atitude de desprendimento
que dê ao nosso coração a capacidade de amar a Deus sobre todas as coisas e buscar
primeiro as coisas de seu Reino, vivenciando os ensinamentos de Cristo. No fundo,
Deus é o nosso grande tesouro. Não vale a pena trocá-lo por nada. E tudo o que
vem de Deus é tão precioso que deve merecer atenção prioritária de nossa parte. O
bom discípulo é aquele que pode dizer, com segurança: Deus é tudo para mim.

4. ORAÇÃO FINAL E ENCERRAMENTO


− Convidar a turma para rezar juntos a oração acima, a da atividade.
− Depois, dar as mãos e rezar o Pai Nosso, oração na qual pedimos que venha
a nós o Reino de Deus e nos comprometemos a construí-lo.
− Encerrar cantando algo bem animado.

Dicas para o catequista


− O tema de hoje é bastante polêmico – colocar as coisas de Deus como prio-
ridade, sem nenhum interesse –, especialmente quando se vê vigorando por
aí a Teologia da Prosperidade, tão em voga em algumas denominações cris-
tãs, e não ausente também na pregação de alguns católicos. A Teologia da
44
Prosperidade é uma nova versão da Teologia da Retribuição, que está muito
presente no At e passa a ser questionada pelos Escritos Sapienciais, que são
textos mais novos do At, especialmente o Livro de Jó, do Eclesiastes ou
Qohélet, e o Livro da Sabedoria. Pensava-se que Deus premiava os bons
com prosperidade – riquezas, prole numerosa – descendência, e longevidade
– muitos anos de vida. Assim, quem morria novo, ficava doente, não tinha
filhos ou era pobre passava a ser visto como maldito, não abençoado por
Deus. A Teologia da Retribuição foi questionada por Jó que, mesmo sendo
um homem íntegro, bom, piedoso, perde tudo o que tem, inclusive a saúde,
sem ter feito nada para merecer isso. O que preocupa o autor sagrado é o se-
guinte: Será possível uma religião desinteressada, uma religião na qual o
homem busque a Deus pelo próprio Deus e não por aquilo que lucra nessa
relação? Jó vai dizer que sim, pois mesmo no fundo do poço continua fiel a
Deus.
− O grande sinal de que a Teologia da Retribuição foi vencida é Jesus de Na-
zaré pendurado no madeiro: assassinado jovem, sem descendência, sem ri-
quezas. O maldito em pessoa, que se torna bênção para toda a humanidade.
Nele percebemos que é possível amar a Deus desinteressadamente, sem
querer nada em troca. Apenas amá-lo, nada mais!
− A Teologia da Retribuição que hoje vigora ensina que Deus retribui o justo,
especialmente se este colabora financeiramente com a Igreja da qual partici-
pa. Infelizmente, até na Igreja Católica isso se encontra, como pano de fun-
do, por exemplo, da motivação para o dízimo. Não se entrega o dízimo por-
que Deus vai nos abençoar, mas porque temos consciência de que somos
Igreja e que nossa comunidade só sobreviverá se cada um colaborar. E a
bênção de Deus independe disso. Deus é o pai de Jesus Cristo, que faz cho-
ver sobre justos e injustos, faz o sol nascer para bons e maus (cf. Mt 5,45).

45
8º Encontro
CELEBRAÇÃO

PREPARAÇÃO
− Preparar um altar: mesa, toalha, flores, velas, fósforos.
− Levar um crucifixo que deverá estar desde o começo no centro do altar. Diante
dele, deverá haver uma cestinha para o rito da entrega.
− Levar uma bacia com água e toalha para o rito da purificação. A bacia deverá
ficar diante do altar, bom seria numa cadeira ou mesinha menor.
− Levar os corações e canetas para o rito do compromisso – um coração para cada
pessoa.
− Preparar as faixas. Uma já deverá estar fixada no começo da celebração:
“VENHAM PARTICIPAR DE MINHA ALEGRIA”. A outra entrará depois:
“FOMOS CONQUISTADOS POR JESUS
NÃO O DEIXAREMOS NUNCA MAIS.”
− Fita crepe para colar as faixas.
− Preparar uma boa confraternização. Apesar de ser um pouco trabalhosa, a con-
fraternização incentiva muito o entusiasmo e a perseverança da turma.
− Aproveitar a oportunidade para motivar os faltosos.

1. RITOS INICIAIS

46
C − Acolher a turma com alegria. Saudar a todos.
− Motivar a celebração, dizendo: Durante os encontros dessa etapa, nós
refletimos sobre o chamado para sermos discípulos de Jesus. Jesus pas-
sou pelo mundo fazendo o bem. Sua vida encantou a tantos que onde Ele
ia uma imensa multidão o seguia. Hoje somos convidados a nos unir a
essa multidão. Também nós nos encantamos com a vida de Jesus e que-
remos segui-lo por toda a vida. Como chamou a tantos, ele hoje também
nos convida: VENHAM PARTICIPAR DE MINHA ALEGRIA. Inicie-
mos nossa celebração, cantando animados. Música 1.
D − Estamos reunidos para festejar o chamado que Jesus nos faz e para dar a
ele nossa resposta. Com alegria, iniciemos nossa celebração em nome do
Pai, do Filho e do Espírito Santo.
T − Amém!
D − Jesus hoje tem um convite muito especial para fazer a cada um de vocês.
É um convite antigo que Jesus deseja renovar para todos nós. Vamos ler
juntos a faixa exposta aqui na frente.
T − VENHAM PARTICIPAR DE MINHA ALEGRIA!
D − Este é o convite de Jesus. Ele deseja que participemos de sua vida, do
que ele tem de melhor. Nesta celebração, você é convidado a dar a sua
resposta a este convite de Jesus. Afinal, você deseja participar da alegria
de Jesus? Pense nisto no silêncio do seu coração. (Momento de silêncio).
− Em resposta ao convite que Jesus nos faz, vamos receber uma faixa com
palavras que Jesus gostaria que brotassem do fundo dos nossos corações.

(Entrar duas pessoas trazendo a faixa: FOMOS CONQUISTADOS POR


JESUS. NÃO O DEIXAREMOS NUNCA MAIS. Enquanto isso, cantar a
música 16. As pessoas sustentam a faixa na frente, enquanto o dirigente
conduz breve reflexão. Depois é bom colar a faixa perto da outra).

− Essa é a resposta que Jesus quer ouvir de nós, brotada com alegria e
sinceridade do fundo de cada coração. Vamos ler juntos:
T − FOMOS CONQUISTADOS POR JESUS. NÃO O DEIXAREMOS
NUNCA MAIS.

47
D − Jesus entrou em nossa vida como nosso grande amigo. Nosso maior ami-
go. Veio ao mundo por nós. Viveu por nós. Morreu por nós. Só pensou
em nós. Só queria nos conquistar e nos ver participando de sua alegria.
Jesus interessou -se por nós e continua a nos oferecer sua amizade e seu
socorro. Ele nos disse: vocês não são meus servos, meus escravos; vocês
são meus amigos. E é como amigos e seguidores de Jesus que nós nos
colocamos diante dele e lhe entregamos nossa vida, rezando juntos:

T − Ó bom Jesus, sua presença em nossa vida deu novo sentido à nossa exis-
tência, novo rumo aos nossos passos, novo ânimo ao nosso coração. E é
por isso, Jesus, que nós queremos permanecer para sempre unidos ao Se-
nhor, participando de sua alegria, seguindo seus ensinamentos, crescendo
e nos desenvolvendo amparados em seu socorro. Aceite, Jesus, nossa vi-
da e conserve os nossos corações repletos de seu amor. Amém!

2. RITO DA PALAVRA
C − Convidar a turma para ouvir atentamente um texto do Evangelho.
− Comentar: O texto que agora vamos ouvir mostra o convite que Jesus

nos faz e a resposta que ele deseja receber. (Antes pode-se cantar uma
música. Sugerimos a 3).
L − Proclamar Lc 14,15-24 (Ler na Bíblia)
D − Comentar brevemente o Evangelho: O dono da festa, neste Evangelho,
representa Jesus que nos convida a participar do seu banquete. O banque-
te é o sinal da alegria daqueles que vivem em Deus. O empregado que sai
à procura dos convidados representa a Igreja que vive convidando o povo
todo para comparecer ao banquete do Senhor. Somos nós catequistas e
tantas outras pessoas que se esforçam para mostrar às pessoas como é
bom participar da alegria do Senhor. Os convidados que dispensam o
convite são aqueles que não se interessam pelas coisas de Deus. Inven-
tam qualquer desculpa para não atender ao chamado de Jesus. Não têm
tempo para Deus. Fazem pouco caso do convite. Os outros que vão ao
banquete são aqueles que têm um coração de discípulo. Compreendem o
convite e se alegram por poderem participar da festa com Jesus e se tor-
narem participantes da alegria de Deus. Esses são os que se deixam con-
quistar por Jesus. E quando experimentam a verdadeira alegria de Jesus,
não o deixam nunca mais.

48
3. RITO DA PURIFICAÇÃO
C − Para podermos participar plenamente da alegria de Jesus, como verdadei-
ros discípulos, precisamos purificar nosso coração de algum sentimento
estranho que ainda nele houver. Pode ser que a gente ainda tenha algum
comodismo, algum desânimo, alguma desconfiança, enfim, alguma fra-
queza que nos esteja impedindo de participar melhor das coisas de Deus.
Vamos pensar um pouco, num instante de silêncio, nas coisas que mais
nos atrapalham na hora de seguir Jesus. (Momento de silêncio).
D − Com o nosso coração humilde e sincero, peçamos a Jesus que nos liberte
de tudo o que nos atrapalha e impede de segui-lo com mais decisão. En-
quanto cantamos, cada um é convidado a vir à frente e purificar-se de su-
as fraquezas, lavando as mãos. O gesto de lavar as mãos simboliza o de-
sejo de nos purificar. Quanto mais puro estiver nosso coração, mais in-
tensamente poderemos participar das alegrias do Senhor.
(Colocar na frente bacia com água e toalha. Enquanto a turma se purifi-
ca, cantar a música 8).

4. RITO DE ENTREGA
C − Agora que mostramos a Jesus nosso desejo de ter um coração de discípu-
lo, puro e liberto, para segui-lo, podemos expressar nosso compromisso
com ele. Esse compromisso é nossa resposta pessoal ao convite de Jesus.
(Dar a cada pessoa um pequeno coração e lápis ou caneta e pedir que
em silêncio cada um escreva sua resposta pessoal ao convite de Jesus,
dizendo se deseja participar de sua alegria. Quando todos terminarem,
convidá-los a ir ao altar e colocar o coração com a resposta na cesti-
nha que está aos pés do crucifixo. Mostrar que esse é um gesto de com-
promisso com Jesus. Enquanto isso, cantar a música 6).
D − Erguer a cesta para o alto e convidar a turma para estender suas mãos e
rezar juntos: Aceite, Jesus, nosso compromisso. Aceite cada um de nós
como seu discípulo. E dê-nos a alegria de poder estar sempre com o Se-
nhor e de contar com sua presença sempre junto de nós. Amém!

5. RITOS FINAIS
C − Convidar a turma a agradecer a Jesus por podermos participar de seu
banquete. Fazer preces espontâneas de louvor. Depois de cada prece, res-
ponder: “Nós te louvamos, Jesus”.

49
D − Erguer os braços e rezar: Nós te louvamos, Jesus, e te bendizemos pela
tua infinita bondade revelada por meio desse convite tão importante que
nos fizeste. Pedimos que tua força sempre nos acompanhe, para seguir-
mos decididos teus ensinamentos, e que tua alegria sempre brilhe em
nossa vida. Amém!
C − Motivar a turma para a próxima etapa em que se fará um estudo sobre a
missão do discípulo de Jesus. Veremos como o mundo precisa de pesso-
as de fé, capazes de comunicar a alegria de Jesus, e como os discípulos
de Jesus são importantes para o mundo.

D − Dar a bênção final:


− O Senhor esteja conosco.
T − Ele está no meio de nós.
D − Abençoe-nos o Deus todo poderoso e cheio de misericórdia: o Pai, o Fi-
lho e o Espírito Santo.
T − Amém!
− Fazer confraternização, conforme combinado.

50
Segunda Etapa
A missão do discípulo
Depois de refletir sobre o chamado, vamos compreeender a missão do discí-
pulo. Afinal, somos chamados para quê? Vimos na primeira etapa qualidades im-
portantes que o discípulo de Cristo precisa ter. Mas, por que e para que ele precisa
dessas qualidades?
Ao falar da missão do discípulo de Jesus, vamos tentar trazer a reflexão para
bem perto da realidade das crianças, para não dar a impressão de que missão é uma
coisa distante e difícil.
Na verdade, ser missionário e ser cristão é quase a mesma coisa. Pode ser que
as crianças tenham a idéia de que ser missionário é sair pelo mundo afora pregando
a Palavra de Deus – uma idéia boa, mas inviável para muitos. Na verdade, esta é
apenas uma forma de missão. É preciso mostrar como podemos ser missionários de
diversas formas, em nosso ambiente.
Outro problema que precisa ser enfrentado é o grande número de pessoas que
se dizem cristãs e católicas, mas não assumem nenhuma missão, vivendo de braços
cruzados, sem nenhum compromisso com o Reino de Deus. Costumam ser chama-
dos de católicos relaxados ou católicos só de nome. Na verdade, talvez nem deves-
se ser tida como católica a pessoa que não tem consciência e não assume a sua mis-
são.
Sugerimos, para ajudar a fixar os temas, que o catequista faça um painel com
o título “A MISSÃO DO DISCÍPULO É” e prepare sete faixas, cada uma com o
tema de um encontro. A cada encontro, propomos colar no painel a faixa tema. No
final, teremos um painel assim:
A MISSÃO DO DISCÍPULO É:
1. Promover a vida plena
2. Combater as opressões
3. Superar as desigualdades
4. Cultivar o senso crítico
5. Superar a indiferença
6. Testemunhar a fé
7. Ser fiel à Palavra

51
1º Encontro
PROMOVER A VIDA PLENA

1. ACOLHIDA E ORAÇÃO INICIAL


- Receber a turma com entusiasmo e atenção. Fazer momento de animação,
cantando músicas à escolha.
- Criar clima de silêncio para rezar.
- Motivar: Estamos aqui porque somos chamados por Jesus. Ele nos convida a ser
seus discípulos, vivendo sempre em união com ele, segundo seus ensinamentos,
participando de sua vida. Nesta etapa, nós vamos conhecer melhor a missão de
Jesus e a nossa missão. Por isso, vamos começar nosso encontro, renovando nossa
disposição de seguir Jesus.
- Cantar a música 13.
- Erguer as mãos e repetir: Aqui estamos, Jesus, prontos para te seguir. Queremos
responder com amor e disposição ao chamado que o Senhor nos faz. Queremos
renovar nosso firme propósito de ser discípulos, assumindo com alegria a mesma
missão que o Senhor realizou. Como o Senhor foi luz no mundo, assim também
queremos iluminar o mundo com nossa presença e nossa fé. Venha, Jesus, nos
fortalecer e abençoar para cumprirmos com amor o compromisso que fizemos
com o Senhor. Amém!

52
2. O QUE A BÍBLIA DIZ
Motivação
Vamos ouvir um texto muito bonito do Evangelho de João que compara Jesus
com um pastor que cuida com carinho de suas ovelhas.

Texto: Jo 10,7-16
Ajudar a turma a localizar o texto na Bíblia.

Partilha
• Jesus se apresenta, nesse texto, usando duas expressões. Ele diz ser a porta
das ovelhas e o pastor das ovelhas. O que cada expressão significa?
• Jesus compara o pastor e o ladrão. Como cada um age em relação às ove-
lhas?
• Quem são as ovelhas que merecem tanta atenção do pastor?

Aprofundamento
− O texto faz uma comparação entre o pastor, o ladrão e o mercenário ou assalari-

ado. O pastor é o que cuida das ovelhas. É capaz até de se arriscar e dar a vida
pelo bem do rebanho. Quer o bem de cada ovelha. Seu principal objetivo é que
as ovelhas tenham vida em abundância, isto é, vivam bem. O ladrão e o merce-
nário são interesseiros. Pensam só em si e exploram as ovelhas. O ladrão quer
mesmo o mal das ovelhas: vem para roubar, matar e destruir. O mercenário, isto
é, aquele que trabalha por dinheiro, foge na hora do perigo, não se arrisca, é co-
varde. As ovelhas não devem confiar nele.
− Essas ovelhas somos nós. Cabe a nós distinguir, na vida, quem é pastor, quem é

ladrão e quem é mercenário, ou seja, quem está preocupado de fato com a nossa
vida, quem apenas quer nos explorar, como um ladrão, e quem não é digno de
confiança por ter outros interesses, como um mercenário.
− A missão de Jesus, sua principal preocupação, fica clara: é promover a vida do

povo, que é o seu rebanho. Jesus dá a vida para que as pessoas tenham vida em
plenitude.
− A comparação do povo com um rebanho de ovelhas também é significativa. O

povo às vezes se parece com um rebanho que precisa de cuidados. Para socorrer
e conduzir esse povo, só mesmo um bom pastor como Jesus, que defende a vida
e a dignidade de suas ovelhas. No tempo de Jesus, e ainda hoje, havia ladrões e
mercenários explorando o povo. A missão de Jesus será chamar a atenção para a

53
dignidade do povo, mostrando que a pessoa deve merecer todo respeito e aten-
ção. Deve ser mesmo o centro de tudo.
− Jesus também é a porta pela qual as ovelhas devem passar. Ao dizer isso, Jesus
lembra que é o caminho, a verdade e a vida. Passando por esse caminho, que é
Cristo, encontramos a vida plena. É o que Jesus deseja promover. E os discípu-
los de Jesus têm essa mesma missão: lutar pela vida em plenitude, cuidar da vida
em todos os sentidos e em toda a sua extensão, agir como pastores e não como
quem mata, rouba e destrói a vida ou como quem foge nas horas em que a vida
mais precisa de cuidados.
− Aqui está um dos primeiros aspectos da missão do discípulo: promover a vida
em plenitude.

3. ATIVIDADE
Sugestão
- Dividir a turma em quatro grupos. Repartir um texto, dos que seguem abaixo, para
cada grupo. Ou pedir que procurem os textos na Bíblia. Cada grupo deverá ler o
texto atentamente para compreender como Jesus se preocupa, acima de tudo, com
a vida das pessoas. Para Jesus, a pessoa humana vale mais que tudo, mais que a
própria lei. Em cada texto, há também “ladrões e mercenários”: são aqueles que
colocam a pessoa humana em segundo plano. Cada grupo lerá o texto e refletirá
sobre ele, a partir da questão proposta.
- Depois, faz-se uma partilha, cada grupo comentando o seu texto e mostrando
como Jesus foi pastor naquela circunstância.

1º Texto: Mc 3,1-12: VENHA PARA O MEIO


Certa vez, num dia de sábado, entrou Jesus na sinagoga e achava-se ali um
homem que tinha a mão seca, isto é, paralisada, imóvel. As autoridades ficaram
observando, para ver se Jesus curaria aquele homem, já que a lei proibia realizar
curas em dia de sábado. Jesus disse ao homem: “Venha para o meio”. Então, per-
guntou a todos: “É permitido fazer o bem ou o mal no sábado? Salvar uma vida ou
matar?” Mas todos se calaram. Então, triste com a dureza de seus corações, Jesus
disse ao homem: “Estenda sua mão!” Ele a estendeu e a mão ficou curada. Entre-
tanto, saindo dali, as autoridades começaram a planejar um modo de acabar com
Jesus, porque ele havia desrespeitado a lei.

Questão: Comparar a atitude de Jesus com a atitude das autoridades que estavam
na sinagoga e ver como cada qual trata a vida humana, representada pelo homem da
54
mão atrofiada. Qual é a preocupação de Jesus? Qual é a preocupação das autorida-
des?

2º Texto: Lc 14,1-6: SE O BOI CAIR NUM POÇO...


Jesus entrou, num sábado, na casa de um fariseu importante para uma refei-
ção. Todos o observavam. Havia ali um homem que sofria de hidropisia. Jesus diri-
giu-se aos doutores da lei e aos fariseus: “É permitido ou não fazer curas no dia de
sábado?” Eles nada disseram. Então Jesus, tomando o homem pela mão, curou-o e
ele foi embora. Depois, dirigindo-se a eles, disse: “Qual de vós, se ficar sabendo
que um jumento ou um boi tiver caído num poço, em dia de sábado, não o retira
imediatamente, ainda que seja sábado?” E eles nada lhe podiam responder.

Questão: Comparar a atitude de Jesus com a atitude dos fariseus e ver como cada
qual trata a vida humana, representada aqui pelo homem doente. Quem vale mais
para Jesus: o homem ou o boi? Quem vale mais para os fariseus: o boi ou o
homem?

3º Texto: Mt 20,29-34: A MULTIDÃO QUERIA QUE SE CALASSEM.


Ao sair de Jericó, uma grande multidão seguiu Jesus. Dois cegos, sentados à
beira do caminho, ouvindo dizer que Jesus passava, começaram a gritar: “Senhor,
Filho de Deus, tem piedade de nós!” A multidão, porém, os repreendia para que se
calassem. Mas eles gritavam ainda mais forte: “Senhor, filho de Davi, tem piedade
de nós!” Jesus parou, chamou-os e perguntou-lhes: “Que vocês querem que eu fa-
ça?” Eles responderam: “Senhor, que nossos olhos se abram!” Jesus, cheio de com-
paixão, tocou-lhes os olhos. Imediatamente, reabriram a vista e puseram-se a segui-
lo.

Questão: Comparar a atitude de Jesus com a atitude da multidão e ver como cada
qual trata a vida humana representada pelos cegos. Como a multidão reagiu aos
gritos dos cegos pedindo socorro? Como Jesus reagiu?

4º Texto: Mt 15,1-8: NEM MESMO LAVAM AS MÃOS...


Alguns fariseus e escribas de Jerusalém – que eram grandes conhecedores da
lei – vieram um dia ter com Jesus e lhe perguntaram: “Por que os seus discípulos
não respeitam a tradição dos antigos que manda lavar as mãos antes de comer?”
Jesus respondeu: “E vocês, por que não respeitam os preceitos de Deus e os trocam
55
por suas tradições? Deus disse: honra pai e mãe e não os desprezes por nada. Mas
vocês dizem: Quem oferecer a Deus os seus bens fica dispensado de socorrer pai e
mãe. Assim, por causa das tradições e costumes, vocês anulam a Palavra de Deus.
Hipócritas! Vocês honram a Deus com os lábios, mas seus corações estão longe de
Deus”.

Questão: Comparar a atitude de Jesus e seus discípulos com a atitude dos escribas
e fariseus. Que é mais importante para Jesus? Que é mais importante para os
fariseus? Que é menos importante para Jesus? Que é menos importante para os
fariseus?

Conclusão
− Fazer uma síntese do debate, com o auxílio do quadro abaixo:

1o 2o
A VIDA AMEAÇADA É A PESSOA VALE MAIS
PRIORIDADE QUE QUALQUER OUTRA
ABSOLUTA COISA

Pessoa

3o Vida 4o

É PRECISO PROMOVER É PRECISO ESQUECER AS


A VIDA E NÃO COISAS
SUFOCÁ-LA BANAIS E OCUPAR-SE
DAS MAIS IMPORTANTES.
- Explicar:
Jesus veio promover a vida. Para ele, a pessoa está no centro de tudo. Deve
ocupar o centro das atenções. Para que a pessoa seja de fato valorizada, quatro
princípios são especialmente importantes:
1o) A vida ameaçada é prioridade absoluta: Jesus vê o homem doente (mão seca)
perdido no meio da multidão. E o chama para o meio. Jesus o coloca em posição de
destaque. É preciso dar atenção urgente e prioritária àquele que está sofrendo ou
passando por necessidades urgentes. A sociedade costuma marginalizar. Em vez de
dizer “vem para o meio”, diz “vai para longe”.

56
2o) A pessoa vale mais que qualquer outra coisa: Os fariseus violavam a lei para
socorrer o boi ou o jumento. Mas não permitiam que se fugisse da lei para socorrer
uma pessoa doente. Parece, então, que o jumento ou o boi valem mais que a vida de
uma pessoa. Muitas pessoas são assim: preocupam-se muito menos com a vida dos
outros do que com outras coisas.
3o) É preciso promover a vida e não sufocá-la: A multidão ouve os cegos
gritando, pedindo socorro. Irrita-se e pede que se calem. Jesus se aproxima e os
ouve. A multidão sufoca os clamores dos cegos. Jesus os promove. Hoje há
também essa tendência de abafar a voz das pessoas sofridas. Quando isso acontece,
não há interesse em promover a vida.
4o) Esquecer as coisas banais, ocupar-se das mais importantes: Os fariseus se
preocupam com a limpeza das mãos. Mas se esquecem da limpeza do coração. São
capazes de censurar Jesus por seus discípulos se esquecerem de lavar as mãos. Mas
nem se importam de desprezar e abandonar seus próprios pais. O grande perigo, o
grande disfarce, é a gente se perder em questões desnecessárias e superficiais, para
não enfrentar o que realmente é importante.
- Enfim, Jesus nos mostra como ele promoveu a vida e como nós também devemos
promovê-la. Essa é a missão de Cristo. E dos cristãos. Seguir Jesus vai exigir de
nós atitudes coerentes em favor da vida.

4. ORAÇÃO FINAL E ENCERRAMENTO


- Expor o painel com o tema da etapa: “A MISSÃO DO DISCÍPULO É”. Colar a
primeira faixa: “PROMOVER A VIDA PLENA”.
- Convidar a turma para lembrar as pessoas que têm sua vida ameaçada e
prejudicada pelos “ladrões e mercenários” dos dias de hoje, todos aqueles que têm
sua vida estragada pela ação de tantas coisas prejudiciais. Cada um poderá dizer
que pessoa e situação deseja lembrar. O catequista pode iniciar, dizendo algo
como: “Quero lembrar as crianças sem família” ou “Quero lembrar os doentes
que se encontram nas filas de hospitais”, etc.
- Depois de lembrar essas realidades, dar as mãos e rezar: Ó bom Jesus, nosso
mestre e pastor, desperte em nossos corações, e nos corações de todas as pessoas,
um profundo desejo de ajudar a socorrer aqueles que têm sua vida ameaçada. Que
nós sejamos, para esses irmãos, incentivo, força e socorro, e que possamos
promover a vida como o Senhor nos ensinou. Ensine-nos a ser, ó bom Jesus,
pastores de nossos irmãos. Amém!
- Motivar a turma para o próximo encontro.

57
- Pedir que para o próximo encontro cada um procure trazer figuras, fotos,
reportagens que mostram os vários tipos de opressão que as pessoas sofrem e as
várias realidades em que a vida fica ameaçada: desempregados, presidiários,
pessoas sem teto, crianças sem lar, etc.
- Encerrar, cantando músicas animadas, à escolha.

Dicas para o catequista


- Vamos aprofundar algumas questões que aparecem nos textos bíblicos acima, pois
as crianças podem fazer perguntas e o catequista precisa saber explicar melhor:
1º) O descanso sabático: A lei do descanso no sábado era rigorosa. Não se podia
fazer quase nada! Até a distância a ser percorrida no dia era definida: um
quilômetro e meio. Mas, como acidentes acontecem também em dia de sábado, foi
criado um costume de socorrer o animal acidentado. Assim, percebe-se que, para
salvar o animal, era comum descumprir a lei do descanso no sábado. No entanto,
para salvar o doente havia restrições. É isso que Jesus critica.
2º) A hidropisia: É uma doença que se caracteriza pela acumulação anormal de
líquidos nos tecidos ou em determinadas cavidades do corpo (especialmente na
barriga). O membro afectado começa a inchar, outros membros são atingidos e fi-
nalmente todo o corpo. Pode ser causada por perturbações do coração, do fígado,
dos rins, do baço, etc.
3º) O corbam: Algumas Bíblias, ao falar da oferta dos bens feita a Deus, mantêm a
palavra corbam. Entre os antigos, havia um costume de consagrar bens e objetos à
divindade. No judaísmo, esse nome corbam passou a significar o tesouro do Tem-
plo de Jerusalém. A Lei farisaica permitia consagrar os bens pessoais ao Templo,
mas mantendo a renda por eles gerada. A partir dessa consagração, esses bens não
podiam mais ser usados para fins fora da religião (profanos). Os bens pessoais se
tornavam intocáveis, permitindo aos filhos fugirem da responsabilidade de cuidar
dos pais idosos, já que não podiam vender seus bens para socorrê-los. Jesus critica
a hipocrisia dessa consagração. Segundo Lv 20,9 e Dt 5,16, o dever primeiro dos
filhos é honrar os pais e deles cuidar com zelo.
4º) Filho de Davi: a expressão Filho de Davi aparece várias vezes na Bíblia. Ela
vem de uma antiga promessa feita a Davi em 2Sm7,12: “Suscitarei um descendente
para te suceder”. A partir dessa promessa, uma corrente do judaísmo ficou na ex-
pectativa do messias: um rei que viria da família de Davi para libertar sua gente do
domínio estrangeiro e construir de novo o reino de Davi, uma nação independente.
Por várias vezes, o povo chama Jesus de filho de Davi. Observe , porém, que os
evangelistas fazem questão de mostrar que Jesus ignora esse título e não responde
58
quando é invocado com esse nome. Jesus não é o messias davídico. Ele é um mes-
sias diferente: não veio restabelecer o reino de Israel, mas veio construir o Reino de
Deus.

59
2º Encontro
COMBATER AS OPRESSÕES

1. ACOLHIDA E ORAÇÃO INICIAL


- Preparar com cuidado o ambiente. Receber a turma com disposição. Fazer
momento de animação, cantando à vontade.
- Sossegar a turma, criando clima de oração.
- Motivar: Vamos nos colocar diante de Deus, para mais um encontro. Estamos
aqui para ouvir a Palavra de Deus e viver seus ensinamentos em nossa vida.
Somos seguidores de Jesus Cristo e devemos estar atentos a tudo o que ele –
mestre e pastor – tem a nos dizer. É com o coração aberto e bem disposto que
iniciamos este encontro, sabendo que o próprio Jesus está aqui presente junto de
nós.
- Cantar a música 7.
- Convidar a turma para fazer preces espontâneas, entregando a vida a Jesus, que é
nosso pastor, pedindo a ele que venha cuidar de cada um da turma. A resposta
poderá ser: “Venha cuidar de nós, ó bom pastor!” O catequista poderá iniciar e
sugerir algo como: “Quero te entregar, Jesus, a minha vida, para que o Senhor
cuide de mim” ou “Quero te entregar minhas fraquezas, para que o Senhor seja a
minha força”, etc.
- Depois que a turma tiver feito suas preces, rezar juntos: Receba, Jesus, em suas
mãos, a vida de cada um de nós: alegrias e tristezas, fracassos e vitórias, forças e
60
fraquezas. Venha cuidar de nossa vida como um pastor, que guarda com carinho
suas ovelhas. Amém!

2. O QUE BÍBLIA DIZ


Motivação
Vimos, no encontro passado, como a vida humana às vezes é tratada com
descaso. Vimos Jesus mostrando sua preocupação com a vida plena e com as
necessidades das pessoas. Hoje vamos refletir sobre um dos principais problemas
que estraga a vida: a opressão. O que é a opressão? Como ela acontece? É o que
veremos a seguir.

Texto: Mt 20,20-28
Ajudar a turma a localizar o texto na Bíblia.

Partilha
• Quem eram os filhos de Zebedeu? (Confira o 1º encontro da 1ª etapa ou Mc
1,19).
• O que a mãe deles foi pedir a Jesus?
• O que significava esse pedido?
• O que Jesus achou desse pedido? Como reagiu? O que explicou?

Aprofundamento
− A mãe de Tiago e João, a mulher de Zebedeu, queria que Jesus desse um
jeitinho para que seus dois filhos tivessem privilégios e ocupassem os pri-
meiros lugares, as posições mais importantes no Reino de Deus. Eles faziam
parte do grupo dos doze apóstolos que seguiam Jesus. Mas queriam ocupar
alguma posição de destaque. Queriam ser importantes, adquirir algum posto
especial que lhes desse poder e influência sobre os demais.
− Isso gerou uma tensão no grupo dos doze. Os outros não gostaram nem um
pouco da pretensão dos filhos de Zebedeu. Por que Tiago e João tinham que
ter privilégios? Por que deviam ocupar lugar de destaque? Seriam eles me-
lhores que os demais? E surgiu muita discussão.
− Jesus resolve a questão explicando primeiramente que os apóstolos vão be-
ber do mesmo cálice que o próprio Cristo vai beber. Essa expressão “beber
o cálice” tem um sentido todo especial. Faz lembrar o sofrimento de Cristo,
ao dar a sua vida, num gesto de desapego e de serviço. Desse gesto, todos
podem participar, pois todos podem dar a vida em favor do outro. Se os fi-
61
lhos de Zebedeu quiserem se destacar pela coragem em dar a vida e servir,
como fez Jesus, isso eles podem fazer. Mas não devem querer privilégios
sobre os demais, como se quisessem dominar os outros.
− Jesus explica ainda que entre os seus seguidores não deve nunca haver a
pretensão de uns dominarem os outros. Para deixar mais claro, Jesus com-
para com os “chefes das nações” e os “grandes” que usavam de força para
dominar e oprimir o povo. E frisa que entre os cristãos não deve ser assim.
Quem quiser ser o maior, quem quiser se destacar, deve fazê-lo pela capaci-
dade de servir, de ajudar, de promover a vida. Nunca de oprimir.
− Jesus dá o seu próprio exemplo, quando afirma que o Filho do Homem veio
para servir e não para ser servido. Lembre-se: o Filho do Homem é Jesus!
Essa frase tornou-se famosa e é um lema para todos os que querem seguir
Jesus.
− E o que isso tem a ver com a missão dos discípulos? A missão de quem se-
gue Jesus é combater o espírito de opressão. O cristão deve ser um humilde
servidor e não um explorador. Deve se colocar diante da vida e das pessoas
como quem está aí para servir e não para ser servido, para promover a vida
e não para oprimir.
− Por causa dessa mania que as pessoas têm de levar vantagem em tudo, de
dominar, de passar os outros para trás, de ser maiores e mais importantes, de
disputar sempre os primeiros e melhores lugares é que existe a opressão.
Até entre os discípulos de Jesus – naquele pequeno grupo de doze apóstolos
– havia essa tolice de querer ser mais que os outros. E isso é um perigo.
Quem resolve levar vantagem em tudo esquece o valor da vida dos outros e
não se importa mais com ninguém. Então, o mundo começa a sofrer pela
opressão.

3. ATIVIDADE
Sugestão
- Convidar a turma para refletir sobre as várias formas de opressão com as quais
convivemos.
- Cantar a música no 5. Refletir sobre a letra dessa música. Sugerimos expor a letra
em um cartaz ou repartir cópias para a turma. A letra dessa música se baseia no
texto lido em Mt 25,31-46. Pode-se conferir esse outro texto com a turma, se
parecer oportuno.
- Dividir a turma em grupos – sugerimos 4 grupos. Distribuir com os grupos caneta,
pincel e papel para confecção de painel. Distribuir também figuras e fotografias
62
que sirvam para ilustrar o problema da opressão, além das que a turma trouxe,
conforme combinado no encontro anterior.
- Pedir que vejam qual é a mensagem principal dessa música; que pesquisem entre
si e vejam que outras formas de opressão encontramos na sociedade atual; que,
enfim, coloquem tudo isso num painel criativo, com frases, mensagens e fotos.
Deve ser um painel contra a opressão. Cada grupo vai usar toda a sua criatividade,
imaginando que esse painel seja uma propaganda contra a opressão e o desprezo
pela vida dos outros.
- Cada grupo apresentará o seu painel e, em seguida, pode-se fazer um debate sobre
o assunto com a orientação do catequista. Conversar sobre:
• As várias formas de opressão presentes na sociedade atual.
• As conseqüências dessa opressão para a vida das pessoas.
• A questão do desprezo pelo outro, como foi colocado na música.
• Como a vida que Jesus quer promover está ameaçada e destruída.
• Por que “entre nós” não deve ser assim.
• Como podemos combater as opressões. Etc.

Conclusão
Estamos vendo todas essas coisas para perceber justamente como a vida das
pessoas – principal preocupação de Jesus – anda ameaçada por tanta coisa que
oprime, maltrata e faz sofrer. Há muita gente disputando vantagens e, por isso, cau-
sando a opressão. Precisa haver gente que promova a vida! Tudo isso nos faz pen-
sar em como é importante e necessária no mundo a presença de Jesus, o bom pas-
tor, com seus ensinamentos. Se as pessoas pensassem mais em servir e ajudar, a
vida seria muito melhor. O ditado diz que quem não vive para servir não serve para
viver. Nós que tentamos seguir Jesus devemos fazer a nossa escolha e viver para
servir. O importante na vida não é passar os outros para trás para ocupar o primeiro
lugar. Importante é caminharmos juntos e vivermos em paz, para que todos reali-
zem seus ideais. Hoje se fala muito em ser competitivo. Para quem tem fé, ser
competitivo é dar o melhor de si, conquistando seu espaço no mundo, mas sem
passar os outros para trás e sem impedi-los de crescer também.

4. ORAÇÃO FINAL E ENCERRAMENTO


- Apresentar o painel com o tema da etapa e a faixa do encontro anterior. Fixar a
faixa com o tema desse encontro: COMBATER AS OPRESSÕES.
- Refletir: Às vezes, e até com certa freqüência, nós oprimimos nossos irmãos.
Somos opressores, quando maltratamos as pessoas. Somos opressores, quando
63
desprezamos os outros, quando os desvalorizamos, discriminamos e os afastamos
de nós. Somos opressores, quando passamos os outros para trás e nos julgamos
mais valiosos e importantes que os nossos irmãos. Até com nossas palavras mal
faladas oprimimos nossos irmãos. Por isso, podíamos agora pedir perdão por
todas as vezes que por nossa causa alguém sofreu alguma opressão.
- Cantar a música 17 ou outra apropriada.
- Colocar a mão no coração e rezar juntos: Perdoe, Senhor, nossas faltas e ajude-
nos a promover a vida dos irmãos, vivendo em união com eles, procurando servi-
los com amor e socorrê-los nas necessidades, tratando-os sempre com bondade e
misericórdia. Que o seu perdão nos dê força e nos sustente. Amém!
- Motivar a turma para o próximo encontro. Encerrar, cantando com entusiasmo.

Dicas para o catequista


- Por que os filhos de Zebedeu pedem os primeiros lugares ao lado de Jesus?
Acontece que, como vimos no encontro anterior, algumas pessoas achavam que
Jesus era o messias davídico que viria restaurar o reino de Israel, tomando o poder
das mãos dos romanos e estabelecendo um novo governo. Esse novo governo, no
qual Jesus seria o rei, devia ter uma vaguinha para seus amigos. Era isso que os
filhos de Zebedeu, por meio de sua mãe, pediam a Jesus: o privilégio dos grandes.
Parece estranho que entre os doze apóstolos haja duas figuras tão interesseiras
quanto os filhos de Zebedeu: Tiago e João. Mas não há nada de estranho nisso.
Mesmo os discípulos não tinham compreendido bem quem era Jesus e sua
proposta. É perfeitamente normal que eles só venham a entender isso ao longo do
caminho com o mestre. Afinal, faz parte da pedagogia catequética de Jesus ajudar
os seus a compreenderem pouco a pouco a opção que fizeram.
- Hoje se fala muito da importância da competitividade. Isso pode ter um bom
sentido, se a entendermos como a necessidade de nos superarmos sempre,
buscando o nosso crescimento pessoal, contanto que, para crescer, a gente não
tenha que prejudicar os outros. Ser competitivo é dar o melhor de si. Não é viver
disputando espaço com os outros em tudo. No mundo, há espaço para todos. Ou
pelo menos deveria haver. O importante é superar a si próprio mais que aos
outros. Nesse sentido, a boa competitividade gera crescimento e não competição.

64
3º Encontro
SUPERAR AS DESIGUALDADES

1. ACOLHIDA E ORAÇÃO INICIAL


- Acolher todos os catequizandos com simpatia e atenção. Cantar músicas animadas
à escolha.
- Sossegar a turma para rezar.
- Dar as mãos e invocar a presença de Deus, rezando o Pai Nosso.
- Motivar: Existe no mundo muita opressão, porque as pessoas se recusam a viver
em união. Cada um quer ser mais que os outros e, por isso, passa os outros para
trás e se esquece do valor que cada um possui. Mas entre nós não deve ser assim.
Devemos estar a serviço dos outros, tratando-os com sinceridade, bondade e,
principalmente, gratuidade. Quando somos unidos, somos vencedores. E
vencemos toda forma de opressão.
- Cantar a música 5.
- Colocar a mão no ombro do companheiro e rezar pedindo a Deus que aumente na
turma a união entre todos. Repetir com o catequista: Senhor Jesus, venha nos
ensinar a viver em união. Afaste de nós todo sentimento e toda atitude que possa
causar divisão e opressão. Que nenhum de nós seja interesseiro a ponto de
prejudicar os outros para levar vantagem. Faça, Senhor, que brote em nossos

65
corações o verdadeiro propósito de servir a todos, cultivando o respeito, a
amizade e a admiração por todo irmão. Amém!

2. O QUE A BÍBLIA DIZ


Motivação
A opressão existente no mundo faz surgir enorme desigualdade entre as
pessoas. A desigualdade é uma ferida que machuca a sociedade e faz muita gente
sofrer. Vamos hoje ouvir um texto bíblico que é uma espécie de protesto contra
toda forma de desigualdade social.

Texto: Lc 16,19-31
Ajudar a turma a localizar o texto na Bíblia.

Partilha
• Na parábola que o texto conta, qual a diferença da vida do rico e do pobre?
Como cada um vivia?
• De acordo com a parábola, o que aconteceu depois que ambos morreram?
• Por que o rico, depois de morto, queria voltar à terra?
• Qual o sentido da resposta atribuída a Abraão, que teria dito: “Eles têm
Moisés e os Profetas. Que os escutem!”?

Aprofundamento
− Em primeiro lugar, é preciso dizer que o objetivo desse texto não é falar de céu e

inferno como parece à primeira vista. Sobre isso, sabemos que o céu é a situação
de felicidade eterna junto de Deus e dos irmãos, enquanto o inferno seria a
situação oposta: a infelicidade eterna da pessoa que na vida sempre recusa Deus
e os irmãos. É a própria pessoa quem escolhe se deseja a felicidade ou a
infelicidade. Essa escolha tem de ser feita ainda nesse mundo, pela fé e pela
valorização da vida humana.
− Mas o texto quer chamar a atenção para o problema da desigualdade e para as

conseqüências que isso trás. É terrível a desigualdade entre as pessoas, como nos
mostra essa história do pobre e do rico. Essa situação é uma forma de opressão.
Uns têm tudo. Outros, nada. E falta solidariedade para equilibrar a situação.
− A pessoa que se isola nas suas comodidades, como fez em vida o rico, e vive no

maior egoísmo, só curtindo a vida, sem querer saber de ninguém – essa pessoa
corre sério risco de ver sua vida frustada e de cair em grande tormento. Quem

66
favorece a desigualdade não é feliz. Mais cedo ou mais tarde, colherá a
infelicidade. Essa é a grande mensagem desse texto.
− O pobre oprimido e sofredor, ao contrário do rico, encontra consolo no seio de
Abraão, ou seja na fé de seus antepassados. Mas quem se isola no seu egoísmo
corre o risco de se afastar de Deus. Longe dos irmãos e de Deus, não pode haver
felicidade nem nessa vida, nem na outra. Portanto, a desigualdade só traz
infelicidade. É isso que o Evangelho quer nos mostrar.
− Para acabar com tanta desigualdade, é preciso ouvir e praticar a Palavra de
Deus. Por meio de sua palavra, Deus nos ensina a vencer o egoísmo e a
opressão. “Moisés e os Profetas” é uma expressão usada para lembrar os grandes
pregadores da Palavra de Deus. Não é preciso que um morto volte à vida para
dizer que a desigualdade é um mal enorme na sociedade. A Palavra de Deus –
pregada por tanta gente – deixa isso bem claro. É só ter bom senso.
− O Evangelho mostra ainda o desejo de Deus e nosso também de que se faça a
justiça. E não só na eternidade, mas já começando agora.

3. ATIVIDADE
Sugestão 1
- Convidar a turma para refletir sobre as desigualdades sociais mais visíveis no
mundo de hoje.
- Dividir a turma em grupos. Sugerimos 5 grupos. Cada grupo vai refletir sobre um
dos cinco aspectos abaixo, para ver que tipo de desigualdade se encontra em cada
situação analisada. Sugerimos analisar as seguintes situações:
a) Saúde: Diferença entre o rico doente e o pobre doente, problemas dos hospi-
tais, falta de vagas, negligência no atendimento, dificuldade de comprar remé-
dios, planos de saúde, etc.
b) Moradia: Favelas e condomínios, moradores de rua, sem-teto, etc.
c) Infância: Diferença entre a criança pobre e a criança rica, meninos de rua,
trabalho infantil, exploração da infância; do outro lado, como vivem as crian-
ças ricas: cursos extras, clube, lazer, etc.
d) Justiça: Diferença entre criminoso pobre e criminoso rico, situação carcerária,
violência policial, direitos humanos, etc.
e) Trabalho: Pessoas que ganham milhões (artistas, modelos, políticos, empre-
sários, investidores, etc) e outras desempregadas, com salários baixos, sem
terra para trabalhar, etc.
- Pode-se fazer um sorteio para ver qual grupo vai refletir sobre cada tema. Depois
será feito um plenário. Cada grupo deverá expor para à turma como anda a
67
situação de desigualdade em relação ao assunto que analisou. O catequista anima
o debate, ajudando a turma a olhar para essas situações de desigualdade com
senso crítico, identificando a opressão que está por trás de cada desigualdade.
Ressaltar ainda, se for o caso, outras formas de desigualdade que não apareceram
nos trabalhos dos grupos. É muito importante que a turma aprenda a ver os
conflitos que a opressão tem causado na sociedade e no mundo.

Sugestão 2
- Se o catequista achar que o debate acima está muito difícil para a turma, pode
simplificar os temas propostos nos debates e fazer com a turma a palavra cruzada,
recordando os encontros anteriores. Veja modelo abaixo:

1. Dia em que a Lei dos judeus proibia trabalhar.


2. Atitude do rico que não o permite ser solidário com o pobre Lázaro
3. Titulo dado a Jesus, que cuida de nós, suas ovelhas.
68
4. O que a avareza produz.
5. Sinônimo de avareza.
6. Pessoas apegadas à Lei judaica, que implicavam com Jesus porque ele curava no
sábado.
7. Aquele que pedia socorro ao rico.
8. O que nós somos em relação a Jesus, bom pastor.
9. Aquele que só vem para matar e roubar as ovelhas.
10. Um dos filhos de Zebedeu que pediu a Jesus o primeiro lugar.
11. O que Jesus veio trazer para suas ovelhas.
12. Aquele que foge e abandona as ovelhas quando vê o perigo.
13. Atitude que Jesus condena e que é contrária ao serviço.

Conclusão
Diante de um mundo tão ferido pela desigualdade, precisamos lembrar que
Jesus veio promover a vida. Se a vida se encontra em situação de tamanho despre-
zo, isso é sinal de que os povos ainda não aprenderam com Jesus a respeitar e de-
fender o valor que a vida tem. A desigualdade só gera tormento e conflito. E deixa
as pessoas com a sensação de não valerem nada. É preciso promover a vida, come-
çando por nós mesmos. Cada um de nós precisa respeitar o outro como pessoa de
valor; precisa interessar-se pelos outros, por suas necessidades e urgências; precisa
deixar de pensar só em si, em suas vantagens e privilégios; precisa deixar de opri-
mir, porque muitas vezes nós mesmos oprimimos e incentivamos a desigualdade
em casa, na escola e em tantos lugares. Jesus nos ensina a ser diferentes para que o
mundo comece a ser diferente e a vida seja tratada com mais amor.

4. ORAÇÃO FINAL E ENCERRAMENTO


− Expor o painel e a faixa com o tema desse encontro: SUPERAR AS

DESIGUALDADES. Recordar os encontros anteriores dessa etapa, lembrando


sempre a missão do discípulo de Jesus.
− Convidar a turma para fazer preces espontâneas por todas as pessoas que sofrem

pela desigualdade. A resposta poderá ser: “Senhor, atendei a nossa prece!”


Pode-se usar a forma: “Por todas as pessoas que não têm casa para morar, nós
vos pedimos, Senhor.”
− Repetir juntos: Deus de amor, atenda as nossas preces e desperte em cada pessoa

que sofre a coragem de lutar para defender sua vida e sua dignidade; ajude-nos,
Senhor, a construir a paz e a justiça, lutando contra toda opressão, a começar por

69
nós mesmos. Que saibamos servir a todos, reconhecendo o valor de cada um e
nos unindo para promover a vida. Amém!
− Encerrar, cantando com ânimo.

Dicas para o catequista


- A expressão “seio de Abraão” que aparece no texto de hoje não é corriqueira e
pode gerar dúvidas. O que ela significa? Ela designa a comunhão plena com os
antepassados e o gozo da paz que eles certamente experimentam. Abraão é o
grande pai da fé, o patriarca de Israel. Ser levado pelos anjos ao seio de Abraão,
ou seja, para junto dele, significa viver em comunhão e paz com todas as pessoas
de fé que nos precederam.
- Outra expressão estranha aos nossos ouvidos é o termo “região dos mortos”.
Quando as pessoas morriam, assim como hoje, todas eram enterradas. Então,
pensava-se que havia debaixo da terra uma “região dos mortos”, um lugar onde os
mortos ficavam. É o que muitos chamam de xeol. O xeol ainda não tem nada a ver
com o céu, o inferno ou o purgatório da escatologia cristã. É apenas um lugar
onde os mortos se encontram. Com o passar do tempo, porém, a crença na
imortalidade da alma e na ressurreição dos mortos foi ganhando forma. Passou-se,
então, a entender que o xeol não podia igualar todo mundo: bons e maus.
Formulou-se, pouco a pouco, a crença na ressurreição dos mortos. No tempo de
Jesus, os fariseus – aqueles que são os responsáveis pelo estudo da Torá, a Lei de
Deus – acreditavam que os mortos ressuscitam, mas os saduceus – os sacerdotes
do templo – rejeitavam essa doutrina. Vemos nesse texto que a “região dos
mortos” já é entendida como um lugar de tormentos, ou seja, um lugar onde não
se experimenta a felicidade da comunhão com os antepassados, mas uma
experiência de solidão e abandono.
- Outra coisa importante é explicar a expressão “um grande abismo” que se
encontra no v. 26. Há um grande abismo entre o “seio de Abraão” e o “lugar dos
mortos”. Esse texto é uma bela parábola. Aparece aqui mais uma imagem
importante para indicar a total necessidade de se fazerem escolhas certas e
coerentes com a fé, enquanto se vive. A escatologia cristã entende que a vida
eterna é continuidade da vida, um prolongamento das escolhas que são feitas no
dia-a-dia. Dizer que há um longo abismo entre o lugar onde Lázaro está e o lugar
onde o rico está significa dizer que há uma enorme distância entre essas duas
figuras. A primeira – Lázaro, que quer dizer mendigo, necessitado, pobre,
desvalido – simboliza o povo de Deus, sofrido, oprimido, sem vez e sem voz. A
segunda figura, o rico – que nem tem nome, pois o opressor não merece ser
70
nomeado – é o símbolo daqueles que perseguem e oprimem o povo de Deus, seja
com perseguição real ou com indiferença. Assim, é fácil entender que há um
enorme abismo entre os dois. O rico, acostumado a ser servido, quer que Lázaro
saia de sua posição junto de Abraão para refrescar sua sede – símbolo de sua
consciência que arde e queima por ignorar o sofrimento dos irmãos. Mas o rico é
que deve sair de sua postura de explorador e se colocar a serviço dos mais pobres,
pois o que refresca a gente não é uma porção de água que o pobre nos oferece,
mas nossa própria atitude de conversão e fé, que nos leva a viver de forma
diferente.
- Outra coisa importante é o pedido que o rico fez a Abraão para que Lázaro
voltasse para avisar aos seus irmãos sobre a sorte que os esperava. A resposta de
Abraão é definitiva. Não! Eles já têm Moisés e os Profetas, ou seja a Palavra de
Deus, que os alerta. Se não ouvem essa palavra, por que acreditariam em um
morto? Fica bem evidenciada a importância de ouvir e acolher a Palavra de Deus
e tudo o que ela nos ensina. Não cabe aos mortos anunciar a Palavra de Deus; essa
é uma tarefa dos vivos.

71
4º Encontro
CULTIVAR O SENSO CRÍTICO

1. ACOLHIDA E ORAÇÃO INICIAL


- Receber a turma com disposição. Fazer instante de animação, escolhendo músicas
apropriadas e ao gosto da turma.
- Criar clima de concentração para rezar.
- Fazer o Sinal da Cruz e convidar a turma para cantar a música 16.
- Rezar junto com o catequista: Senhor, nós somos seus discípulos. Nós queremos
te seguir e viver como o Senhor nos ensinou, promovendo a vida, combatendo as
opressões e injustiças, superando todas as desigualdades e colocando a vida
humana acima de todas as coisas. Venha nos ajudar, Senhor. Amém!

2. O QUE A BÍBLIA DIZ


Motivação
Vamos ouvir hoje um texto interessante do Evangelho de Mateus. É a
parábola da rede que, quando lançada ao mar, apanha todo tipo de peixes. O
pescador precisa ter bom senso para separar os peixes.

Texto: Mt 13,47-50
Ajudar a turma a localizar o texto na Bíblia.
Partilha
72
• Com que Jesus compara o Reino de Deus?
• A rede lançada ao mar faz por si própria uma seleção do que vai apanhar?
• A quem compete a tarefa de selecionar os paixes?
• O que faz o pescador quando retira a rede do mar?

Aprofundamento
- O pescador precisa ter senso crítico. O senso crítico é a capacidade de avaliar a
situação e tomar decisões coerentes. No caso do pescador da parábola, trata-se
de avaliar qual peixe é bom e qual não é bom e de saber que destino dar aos
peixes, o que fazer com eles: os peixes bons são guardados em um cesto e os
demais são devolvidos ao mar, ou jogados fora, segundo o texto. O pescador
bem treinado saberá qual peixe serve para o consumo e qual não serve. Essa
capacidade de avaliar a situação é o que chamamos de senso crítico.
- Na vida do seguidor de Cristo, o senso crítico é muito importante. Trata-se de
avaliar o mundo que nos cerca e ver o que é bom e o que não é. Trata-se de saber
escolher o que é bom e jogar fora o que não presta. Nem todos os peixes
apanhados pela rede são bons para o consumo. Nem tudo o que a gente encontra
pela vida afora é próprio e bom para o nosso consumo também. Quem tem senso
crítico é esperto, tem bom senso, sabe distinguir entre o que é útil e o
prejudicial.
- A parábola termina falando do fim do mundo, quando os anjos ajudarão a
separar os maus dos justos e lançarão os maus na fornalha de fogo, onde haverá
choro e ranger de dentes. Por trás dessa linguagem dramática e quase
assustadora, existem algumas curiosidades interessantes. A preocupação do
texto não é descrever o fim do mundo nem falar dele. Jesus quer mostrar o
seguinte:
- Nesse mundo, não há como separar os justos dos bons. Uns e outros precisam
aprender a conviver. A idéia de um mundo somente bom, do qual o mal possa
ser banido, é pura ilusão. Portanto, vamos usar o senso crítico para conviver com
o mal e as injustiças de modo prudente, sem nos deixar levar pelo que não é bom
para nós. A tarefa do discípulo não é acabar com o mal no mundo, mas aprender
a sobreviver no caminho de Cristo, apesar de todo o mal. Para isso, precisamos
ter bom senso.
- A fornalha de fogo onde haverá choro e ranger de dentes e onde será lançado o
mal, segundo a parábola, também não é necessariamente uma imagem do
inferno. O texto bíblico apenas quer mostrar que o mal não traz um bom futuro.
Não é prudente aventurar-se pelo caminho do mal, porque nesse caminho não
73
existe um futuro promissor. Jesus quer nos alertar para o risco de a gente,
perdendo o bom senso, iludir-se com o mal e depois arrepender-ser por causa
das consequências. Como o pescador esperto joga fora ou devolve ao mar os
peixes que não servem para o consumo, precisamos ter o bom senso de saber o
que fazer com o mal. Se o pescador insistisse, suponhamos, em vender o peixe
ruim, não daria certo. Ninguém iria comprar e ele teria grande prejuízo. Além do
mais, ninguém confiaria mais no seu produto. Do mesmo modo, não é prudente
nem dá certo aventurar-se por maus caminhos.
- Por fim, a tarefa de separar o bem e o mal, ou os maus dos justos, julgando o
mal e condenando-o à fogueira compete aos anjos. Os anjos aqui representam
mensageiros ou enviados de Deus. Ao dizer que a tarefa de julgar e punir o mal
é feita por anjos, o texto quer dizer que isso não nos compete. Ter senso crítico
não significa que podemos julgar e condenar as pessoas porque fazem o mal ou
coisas que não são justas. Devemos saber distinguir as coisas, sem cair na
tentação de querer banir o mal do mundo. É porque bem e mal às vezes andam
muito próximos. Não somos juízes do mundo. Apenas devemos conviver nesse
mundo com sabedoria e prudência. Isso é senso crítico.
- Mas,então, não é lícito combater o mal? Não é esta também a missão do
discípulo? Depende da forma como se entende. O bom discípulo primeiro
combate o mal que há em sua própria vida. Sempre devemos combater o mal
que há e sempre haverá em nós. Também, com o seu testemunho, o bom
discípulo deve incentivar outras pessoas a fazerem a opção pelo bem. Nossa
missão é gerar uma corrente a favor do bem e não uma guerra contra o mal.
Dessa forma, a gente promove o evangelho de Cristo, sem cair no perigo de
julgar e condenar os outros e sem gerar formas de extremismo e intolerância.

3. ATIVIDADE
Sugestão
- Dividir a turma em grupos para conversar sobre a questão do senso crítico.
Sugerimos 7 grupos pequenos.
- Cada grupo vai receber um desenho que ilustra um tipo de pessoa que não tem
senso crítico, ou seja, não sabe analisar com profundidade as coisas que o cercam,
não têm pensamento próprio, nem sabem diferenciar o bom do ruim. O grupo
deverá entender o desenho e ver qual a mensagem que ele passa, ou seja, que tipo
de pessoa alienada está sendo retratada no desenho.

74
- Depois de analisar bem o desenho, cada grupo o apresenta e diz o que ele significa
com relação ao senso crítico. O catequista esclarece melhor, se for necessário,
falando dos vários tipos de alienação.
- Depois da explicação de cada quadro, sugerimos fixá-lo num painel, colando
debaixo uma faixa com o tipo de alienação expresso no desenho. Essas faixas
poderão ser levadas prontas pelo catequista. São elas:

IMPRUDENTE INGÊNUO MASSIFICADO DESINTERESSADO

SUPERFICIAL ILUDIDO INDIFERENTE

Os desenhos são os seguintes:

IMPRUDENTE: Mergulha de cabeça


em qualquer coisa ou situação, sem
olhar onde vai cair. Acaba caindo na
boca do perigo. Sem perceber,
envolve-se em grandes encrencas.

INGÊNUO: Aceita tudo sem


questionar. Para ele qualquer coisa
está sempre certa. Nunca pensa.
Nunca reflete. Aceita passivamente o
que lhe dizem: Não tem opinião
formada a respeito de nada. Julga-se
de cabeça aberta, mas na verdade é
um bobão.

75
MASSIFICADO: É igual a todo
mundo. Segue a onda, a moda, a
turma. Passa tranqüilamente por um
funil que acaba igualando todo
mundo. Parece mais um robô feito em
série, que só sabe fazer e pensar
aquilo que todo mundo faz e pensa.
Não tem criatividade nem
originalidade.

DESINTERESSADO: Foge da
realidade. Não está nem aí! Só se
importa com o seu mundo. Que se
dane o resto e toda a realidade do
mundo. É como o avestruz que se
sente seguro escondendo a cabeça na
moita. O desinteressado faz de conta
que não crê e fica por isso mesmo.
Vive fazendo de conta.

SUPERFICIAL: Só enxerga a
superfície, a aparência. Nunca vê a
raiz dos problemas. Aliás, nem
imagina que os problemas tenham
raiz. Olha a realidade e percebe coisas
estranhas, mas nem imagina nem quer
imaginar a causa de tudo isso. Fica
boiando na superfície.

76
ILUDIDO: Olha só uma parte da
realidade e acha que já sabe tudo e
que tudo é maravilhoso. Fica
encantado facilmente com qualquer
coisa e nem se importa com o que
existe por trás. Às vezes até sabe que
por trás a coisa não é tão bonita. Mas
pensa: se pela frente tudo é
encantador, por que eu deveria olhar o
outro lado?

INDIFERENTE: Deixa-se guiar por


qualquer um. Segue qualquer idéia.
Para ele tanto faz. Qualquer caminho
é bom. O importante é caminhar.
Adora viver em turmas que pensam
do mesmo modo. Como são cegos
guiando cegos, acabam caindo todos
no buraco. Aí é que vão olhar direito
onde caíram.

- Terminando de montar o painel, cada um poderá dar uma olhada para ver com que
tipo se identifica. Conversar informalmente sobre esse vários tipos. Dar exemplos
concretos de acordo com a turma.

Conclusão
O discípulo de Jesus sabe olhar o mundo e enxergar as coisas com esperteza e
profundidade. Tem senso crítico, não é um bobão. Isso é ser livre diante do mundo.
É como andar por entre pedras sem se ferir. Não precisamos deixar de andar por
existirem pedras. Podemos muito bem andar sem nos ferir. Basta olhar onde pisa-
mos. A pessoa consciente sabe onde pisa. A pessoa alienada é que sai pisando a
torto e a direito, sem se dar conta do que pode acontecer. Como o pescador que
separa os peixes bons dos ruins, como discípulos de Jesus também separamos com
cuidado as coisas que promovem a vida daquelas que a ferem e a comprometem.

77
4. ORAÇÃO FINAL E ENCERRAMENTO
- Expor o painel com o tema dessa etapa e dos encontros anteriores. Fixar o tema
desse encontro: CULTIVAR O SENSO CRÍTICO.
- Lembrar Maria – mãe de Jesus – que foi uma pessoa livre diante de Deus e do
mundo. Ela soube dizer sim a Deus, escolhendo um caminho que não era de rosas,
mas trazia profunda realização. Seu exemplo nos dá coragem para escolher
prosseguir por caminhos difíceis e tortuosos e para enfrentar desafios que a vida
nos apresenta.
- Cantar a música 11.
- Repetir juntos: Ó Jesus, nós sonhamos com um mundo novo e, desde já,
queremos escolher as coisas que vão nos ajudar a realizar esse sonho. Dê-nos
sabedoria para enxergar a vida para além das aparências e coragem para fazer
escolhas seguras e conscientes, ainda que tenhamos de enfrentar conflitos.
Queremos imitar o exemplo de Maria que disse sim sem ter medo das
conseqüências de sua escolha. E assim, Senhor, seremos livres. Amém!
- Cantar a música 11 de novo ou outra à escolha.
- Motivar para o próximo encontro. Encerrar, cantando músicas animadas.

Dicas para o catequista


- O texto do Evangelho de Mateus falou sobre a fornalha ardente ou geena, onde
serão lançados os maus, e onde há choro e ranger de dentes. O que é a geena? A
geena era o grande lixão da cidade, onde tudo o que não prestava era jogado fora,
inclusive os corpos de pessoas condenadas, pois entendia-se que elas não
mereciam sepultura. Essa imagem é usada pelos evangelistas para falar da
responsabilidade de nossas escolhas e da justiça de Deus. Essa linguagem
dramática do texto não deve amendrontar. Já falamos anteriormente sobre essas
passagens meio apocalípticas. Elas não querem incutir medo, mas esperança e
ânimo no povo que sofre. É só um jeito de escrever, de expressar verdades que
vão além das imagens. Logo, seria muito importante não dar tanto valor a essas
expressões fortes, quando for ler o texto com a turma. Atenha-se, o catequista, ao
aprofundamento sugerido.
- Lembre-se o catequista que a finalidade última da catequese é o amadurecimento
na fé (cf. Manual de Catequética, p. 106). Esta maturidade não é conquistada com
a Teologia do Medo, mas com a confiança plena em Deus que nos ama e nos
chama a servi-lo.

78
5º Encontro
SUPERAR A INDIFERENÇA

1. ACOLHIDA E ORAÇÃO INICIAL


- Receber a turma com renovado entusiasmo. Cantar músicas animadas para
descontrair e motivar a turma.
- Sossegar a turma para rezar.
- Motivar: Quantas vezes nós deixamos de fazer alguma coisa boa que poderíamos
ter feito! Perdemos uma oportunidade. Podíamos ter falado, mas nos calamos;
podíamos ter ajudado, mas nos negamos; podíamos ter nos calado, mas gritamos;
podíamos ter participado, mas nos acomodamos; podíamos ter nos esforçado,
mas nos acovardamos. Há muita coisa boa que às vezes deixamos de fazer.
- Fazer preces espontâneas, pedindo perdão a Deus pelo bem que deixamos de
fazer. Cada um poderá se lembrar ou imaginar alguma situação em que deixou de
fazer o bem e pedir perdão. Sugerimos preces do seguinte modo: “Perdão,
Senhor, pelas vezes que deixei de ajudar as pessoas”; “Perdão, Senhor, pelas
vezes que fui egoísta”; “Perdão, pelas vezes em que não fiz o bem”; etc. A
resposta pode ser: “Renove-me, Senhor, com o seu perdão”.
- Encerrar, cantando a música 8 ou outra à escolha.
79
2. O QUE A BÍBLIA DIZ
Motivação
Vamos ouvir um pequeno texto bíblico, que mostra a compaixão de Jesus
pelo povo que sofre. Diante da necessidade das pessoas, Jesus não foge ao
compromisso, não finge que não está vendo, mas, ao contrário, se compadece, não
fica indiferente.

Texto: Mt 9,35-38
Ajudar a turma a localizar o texto na Bíblia.

Partilha
• Esse texto traz um breve resumo do que Jesus fazia. Vamos lembrar como
Jesus cumpria sua missão: o que ele fazia em benefício do povo?
• O que fez Jesus sentir compaixão pelo povo?
• O que você entende por compaixão?
• O que você entendeu com a última frase de Jesus “A colheita é grande, mas
os operários são poucos”?

Aprofundamento
- A colheita é grande! Os trabalhadores são poucos. Jesus precisa de mais
gente para ajudar, precisa de mais discípulos. Mas não serve qualquer um.
Precisa ser alguém capaz de sentir compaixão. Jesus se refere ao imenso
trabalho que vê pela frente. Esse trabalho consiste em levar a todos os povos
a boa-nova do Reino de Deus, palavras de conforto e gestos de transforma-
ção.
- Jesus olha para a multidão e se sente tocado por um sentimento de compai-
xão. Essa palavra é muito importante. Vamos entendê-la melhor. Ela é for-
mada por duas palavras: com e paixão. Paixão quer dizer sofrimento. E o
“com” dá a idéia de sofrer junto com os outros. Ter compaixão é saber so-
frer junto com os outros. Ou, em outras palavras, entender o sofrimento dos
outros, importar-se com a dor alheia, colocar-se no lugar dos outros. Essa
atitude é necessária para quem quer seguir Jesus.
- O contrário disso é a indiferença. Ser indiferente é nem ligar para a situação
dos outros. É pensar só em si e os outros que se danem. Ser indiferente é ser
egoísta ao extremo, pensar somente no próprio bem e fazer pouco caso das
necessidades dos demais.
80
- Jesus não precisa de pessoas indiferentes. Ele precisa de pessoas que tenham
compaixão. Que se importem consigo e com os demais. Que busquem o
bem não somente para si, mas para todos. Essas pessoas é que são capazes
de agir e transformar o mundo para melhor. O indiferente fica de braços
cruzados. Quem tem compaixão não fica parado. Coloca-se a serviço do
bem de todos, como um operário do Reino de Deus, como um trabalhador
numa grande colheita.

3. ATIVIDADE
Sugestão 1
- Convidar a turma para refletir sobre um poema que fala da indiferença e suas
conseqüências. Explicar o contexto do poema: o autor – Bertold Brecht – viveu no
tempo da Segunda Guerra Mundial. O poema fala desse tempo. Os exércitos em
guerra iam prendendo as pessoas que, sem defesa, eram levadas para os campos
de concentração. Lá eram torturadas e sofriam às vezes até a morte. Nesse
ambiente, havia ainda a indiferença.
- Dividir a turma em grupos pequenos. Sugerimos grupos de 3 a 4 pessoas, no
máximo.
- Dar a cada um o poema com as questões. Pedir que reflitam sobre o poema e
debatam as questões. No fim, fazer plenário.

A INDIFERENÇA
Bertold Brecht
Primeiro vieram levar os judeus e eu não me incomodei, porque não era ju-
deu.
Depois levaram os comunistas e eu também não me importei. Não era comu-
nista.
Levaram os liberais e também dei de ombros. Nunca fui liberal.
Em seguida os católicos, e eu era protestante.
Quando vieram me buscar não havia mais ninguém para protestar.

Questões para debate:


− Por que razão a pessoa da qual o texto fala não se importou, nas diversas
vezes em que teve a oportunidade de se importar e tentar fazer alguma coi-
sa?

81
− Qual foi a conseqüência de sua indiferença diante dos problemas dos ou-
tros?
− Por que razão ele deixou passar da hora?
− Que lições a gente pode tirar a partir desse poema?

Sugestão 2
- Fazer um “você decide”, contando a história seguinte e deixando que a tur-
ma decida o final.
Marcos e seu irmão caçula
Marcos tem quatorze anos. É um garoto
superinteligente e bastante genioso. Tem
grande facilidade nos estudos, principalmen-
te em matemática. Já está concluindo o en-
sino fundamental. Agora, resolveu aprender
a tocar violão. Quando chega da escola, vai
para o seu quarto, liga o instrumento e toca
horas sem fim. Nessas horas, não gosta que
ninguém o interrompa. Nem mesmo seu
irmão menor – o Julinho, de onze anos –
que, ao contrário de Marcos, tem muita difi-
culdade na escola. Este ano, a mãe prometeu
passar as férias no sítio, se os meninos pas-
sarem de ano.

82
Amanhã, vai ser a prova final de matemáti-
ca. Julinho está preocupado. Em seu quarto,
tenta concentrar-se nos estudos, mas não
consegue entender nada daqueles problemas
e números complicados. O pior é que ele
precisa de vinte e cinco pontos numa prova
que vale trinta. E ele não costuma tirar nota
boa de matemática. Desesperado, Julinho
grita pelo seu irmão. Em casa, só mesmo
Marcos poderia ajudá-lo. Mas Marcos está
em seu quarto, tocando violão. Ele ouve o
irmão gritando, pedindo ajuda nos estudos.
Fica nervoso e pensa: “Será que não se pode
tocar violão sossegado nessa casa? Por aca-
so eu sou culpado de meu irmão ir mal na
escola?” Mas Julinho continua chamando. E
a mãe, ouvindo os gritos abafados pelo som
do violão, grita também: “Ajuda ele, Mar-
cos!” Marcos fica sem saber como agir.
• Interromper a história e ver o que a turma decide: Será que Marcos deve
continuar tocando o seu violão e ignorar os pedidos do irmão caçula? Ou se-
rá que ele deve parar um pouco e ajudar o irmão nos estudos? O que vocês
decidem? Fazer a votação. Apresentar o final da história escolhido pela
turma. Mas depois apresentar também o outro final para comparar.

A) Marcos ajuda seu irmão:


Os gritos do caçula tocaram o coração de
Marcos. Ele pensou consigo: “Não custa
nada ajudar. Depois, eu treino o meu vio-
lão.” De fato, Marcos sabia matemática me-
lhor que todo mundo. Deixou então seu vio-
lão e foi ajudar o irmão nos problemas de
matemática. E, naquela tarde, Marcos não
tocou violão, nem brincou. Passou todo o
tempo ajudando o irmão mais novo nos es-
tudos.

83
No dia seguinte, Julinho levantou-se bem
cedo e foi correndo para a escola. Estava
preocupado, mas confiante, pois seu irmão
havia lhe ensinado muitas coisas. Ele preci-
sava de muitos pontos para passar de ano.
Quando entregou a prova para a professora,
seu coração estava aflito. A professora cor-
reu os olhos pela prova e disse surpresa:
“Parabéns, Julinho, vai dar para tirar quase
trinta pontos. Assim, você passa de ano!”
Quando os garotos chegaram da escola, foi
uma grande festa. Julinho estava muito con-
tente por ter passado de ano. Marcos tam-
bém estava feliz por ter ajudado seu irmão.
Os pais dos garotos ficaram satisfeitos com
o resultado

Vieram, então, as férias. E a família toda foi


passear no sítio. O sítio era encantador, um
grande sonho para os meninos. Lá podiam
brincar à vontade, longe do barulho da cida-
de. E felizes por haverem passado de ano.

84
B) Marcos não ajuda seu irmão:
Marcos, irritado com a gritaria do irmão,
aumentou ainda mais o volume de seu vio-
lão e pôs-se a cantar de toda altura. O som
do violão atrapalha mais ainda os estudos do
irmão mais novo. Mas Marcos, irritado,
pensa consigo: “O problema não é meu. O
Julinho que preste mais atenção nas aulas.
Ninguém mandou nascer burro. Não sou
professor particular de ninguém”. No outro
quarto, Julinho se desespera. O tempo passa
e ele não consegue aprender nada. Como ele
vai tirar os vinte e cinco pontos de matemá-
tica, dos quais precisa para passar de ano? E
Julinho se põe a chorar, sem saber o que
fazer.
No dia seguinte, os garotos vão para a esco-
la. Marcos tinha prova de história; Julinho,
de matemática. Julinho pegou a prova,
olhou e não entendeu nada. Rabiscou algu-
mas questões e entregou a prova para a pro-
fessora. Sabia que não ia dar para passar de
ano. A professora olhou para Julinho e dis-
se: “Olhe, Julinho, não fique triste. Ainda
temos a recuperação e você ainda pode ten-
tar.”
Julinho chegou em casa chorando. Havia
ficado de recuperação. Marcos tirou trinta
de história e passou direto. Chegou todo
orgulhoso, exibindo sua boa nota. Mas sua
mãe lhe disse: “Na escola, você tirou nota
boa, Marcos. Mas em casa, você não foi um
bom irmão. Se você tivesse ajudado seu
irmão nos estudos, talvez ele também tives-
se passado. Será que você não pode pensar
nos outros ao menos um pouquinho? Não é
egoísmo demais de sua parte?”
85
E naquelas férias ninguém foi viajar. Pas-
seio no sítio, nem pensar. É que Julinho, de
recuperação, precisava aproveitar todo o
tempo para estudar. Um colega de Julinho
se ofereceu para ajudá-lo. Vinha todos os
dias para lhe ensinar matemática. E Marcos
ficava amuado, diante da televisão. Ficou
com um remorso enorme de não ter ajudado
o irmão. Perdeu o passeio no sítio, que era o
que ele mais queria. E ainda por cima não
podia tocar seu violão. É que a mãe o proi-
biu de tocar violão pelo mês inteiro, para
não fazer barulho e atrapalhar os estudos do
irmão.

Questões para debate:


• Quais foram as conseqüências da indiferença de Marcos às necessidades de
seu irmão?
• E quais foram as vantagens, quando ele ajudou o irmão mais novo?
• Que lição a gente tira dessa história?
• Vamos tentar lembrar outros exemplos de indiferença que podem acontecer
na vida da gente?

Conclusão
Nós estamos no mundo como se fôssemos passageiros de um único barco. Se
o barco furar, não importa onde seja o buraco, todos afundamos. Por isso, todos
devem se preocupar com a segurança do barco. Nenhum problema é exclusivamen-
te do outro. Somos todos irmãos na fé e vivemos como um único corpo. A dor que
dói no irmão fatalmente vai doer em mim, embora de forma diferente. Por isso, é
importante a gente se sensibilizar com os problemas dos outros, ainda que aparen-
temente não nos atinjam. Isso se chama compaixão. E é o contrário daquela atitude
fria e insensível que se chama indiferença. O pior mal do mundo de hoje pode ser a
indiferença. E, com certeza, o pior defeito do cristão, do discípulo de Jesus, é tam-
bém a indiferença. Se não vencermos essa frieza comodista, jamais poderemos falar
que somos discípulos de Jesus.

4. ORAÇÃO FINAL E ENCERRAMENTO


86
- Expor o painel com os temas anteriores. Acrescentar a faixa com o tema desse
encontro: SUPERAR A INDIFERENÇA.
- Em preces espontâneas, renovar o compromisso com Jesus, lembrando que ele
nos chama para uma missão importante. Num mundo marcado pela indiferença e
pelo descaso, precisamos ser sinal de solidariedade e interesse para com todos,
sem distinção. Cada um poderá pensar naquilo que mais precisa renovar para ser
fiel a Jesus e expressar seu compromisso de forma simples como: “Quero renovar
meu compromisso de praticar o bem”; “Quero renovar meu compromisso de
praticar a Palavra de Deus”; “...de viver melhor em casa, de ler a Bíblia, de ser
solidário, de ser mais amigo”, etc. A resposta poderá ser algo como: “Abençoe
nosso compromisso, Senhor”.
- Rezar juntos, de mãos dadas: - Abençoe, Senhor, estes simples compromissos que
renovamos. Com sua ajuda, queremos assumir nossa missão cristã diante do
mundo. Que esses nossos compromissos possam ajudar o mundo a ser melhor.
Amém!
- Cantar a música 6.
- Motivar a turma para o próximo.
- Encerrar à vontade.

Dicas para o catequista


- O Documento 80 da CNBB, Evangelização e missão profética da Igreja, alerta os
fiéis para que fiquem atentos à cultura do individualismo e indiferença que se
instaurou em nossa sociedade. E afirma: “A moda tem como tendência a
indiferença pelo bem público, a propensão a ‘cada um por si’, a ascensão dos
particularismos e dos interesses corporativistas, a desagregação do senso do dever
ou da dívida em relação ao conjunto da sociedade” (CNBB, Evangelização e
missão profética da Igreja: novos desafios – Documento 80. São Paulo: Paulinas,
2005. p. 42-43). Vale a pena ler o texto todo!
- Ao falar da missão do cristão, é sempre bom tomar cuidado para não colocar a
solidariedade ou o compromisso com o outro como um fardo, um peso, uma
obrigação a ser cumprida. Como se a fé pudesse ser de outra forma que não
comprometida, solidária. Não é isso. A fé cristã ou é fé comprometida ou não é
cristã. Para nós cristãos, fé e vida ou fé e obras são uma coisa só: uma unidade,
como Deus é uno. Ser solidário ou promover a dignidade humana não é um
imperativo moral que se depreende da fé, como um dever, uma obrigação que se
impõe. Não! É o único jeito possível de ser cristão: solidário com os necessitados,
cheio de compaixão com os sofredores, como foi Jesus de Nazaré.
87
6º Encontro
TESTEMUNHAR A FÉ

1. ACOLHIDA E ORAÇÃO INICIAL


- Acolher a todos com alegria e disposição, num clima de descontração. Iniciar
cantando músicas apropriadas, à escolha.
- Silenciar para rezar.
- Cantar a música 18.
- Motivar: Jesus nos convidou para ser seus discípulos e nós dissemos sim a ele.
Agora nossa missão é ser luz no mundo e sal na terra. Um mundo sem luz não é
nada bom. Uma comida sem sal é algo desagradável e não anima a comer. Um
pouco de sal dá sabor aos pratos e torna-os mais apetitosos. Essa é nossa missão:
dar sabor ao mundo, ajudar para que a vida das pessoas seja mais agradável, mais
saborosa, mais gostosa de se viver. E isso não é tão difícil assim. Basta um pouco
de amor, uma pitada de solidariedade, um punhado de sensibilidade... e nada de
indiferença. A indiferença é um veneno... Ela estraga o sabor de tudo. Ela
deteriora toda relação. Ela tira da vida toda beleza e todo prazer.
- Convidar a turma para fazer preces espontâneas, dizendo a Jesus por que quer ser
sal no mundo, ajudando a temperar a vida com amor e solidariedade. A resposta
88
pode ser: “Ajude-nos, Jesus”. O catequista oriente a turma para fazer as preces.
Podem ser preces simples e diretas, assim: “Quero amar mais as pessoas, Jesus,”;
“Quero ser mais solidário, Jesus”; “Quero ajudar os necessitados, Jesus”; etc.
- Encerrar rezando juntos: Jesus, nós somos seus discípulos e queremos ter um
coração bom e misericordioso como o seu. Venha nos ajudar, Jesus. Amém!

2. O QUE A BÍBLIA DIZ


Motivação
O texto que vamos ouvir é um trecho de uma carta enviada ao jovem
Timóteo. Timóteo é incentivado a ser coerente com sua fé, para dar um bom
testemunho diante do povo.

Texto: 1Tm 4,12-16


Ajudar a turma a localizar o texto na Bíblia.

Partilha
• Cada um poderá dizer qual dos conselhos dados a Timóteo parece mais

importante hoje para alguém com a mesma idade da turma.


• Para você, o que é testemunhar a fé?

• Por que é importante dar um bom testemunho?

Aprofundamento
− Frisar que o discípulo de Cristo precisa dar o testemunho de sua fé. Dar teste-

munho é viver, na prática, de acordo com os ensinamentos de Jesus. Não adianta


acreditar em Cristo e achar bonito o que ele ensina, se a gente não colocar isso
em prática. Seria um sentimento vazio, sem atitude. Nem seria fé cristã.
− Timóteo é convidado a ser coerente e dar um bom testemunho de sua fé. Uma

vez que ele assumiu uma missão, que se dedique a ela com todo empenho, de
forma harmoniosa, reta e coerente. Tudo nele deve ser verdadeiro, deve estar de
acordo com seus princípios, até o modo de falar e de viver.
− Nosso jeito de viver reflete nossos princípios. Os princípios são os nossos valo-

res: aquilo que a gente acha importante, aquilo em que a gente acredita. Esses
princípios iluminam nosso jeito de ser. E isso, sem forçar ou constranger, mas
num clima de liberdade e autenticidade.
− Se alguém diz que é cristão, então, deve viver como cristão. Se diz que defende

a vida, deve viver como quem valoriza a vida. Isso é ser coerente. Quem não é
coerente parece um produto falso. É como um presente caro embrulhado em pa-
89
pel jornal. Ou uma caixa vazia embrulhada em folhas de ouro. Não tem lógica.
Ser coerente é ser a gente mesmo na mais profunda verdade do nosso ser. E
mesmo sendo jovem, é preciso ser coerente, porque isso não é só coisa de gente
adulta.

3. ATIVIDADE
Sugestão 1
- Distribuir com a turma o caça-palavras: um para cada pessoa.
- Pedir que encontrem 15 palavras que indicam qualidades necessárias numa pessoa
coerente, para que ela dê um bom testemunho de sua fé.

S P I R D F G H Q J K A B E R T O P
Q M N E W R T Y U E N G A J A D O T
S L F A D F G D E S L I G A D O W H
X I O L B N M L S I N C E R O K S J
Z C R I D E O L T S T A Q V W R T F
I Z M S D C Z X I V B I M E P Y N S
N P A T Q L E G O C E N T R I C O O
T E D A W I L R N T P D L D M W X L
E W O Y D V F G A H J I K A A P N I
R P Z X E R C O D V B F N D T R E D
E K H O N E S T O T Y E M E U O W A
S F R W G Q F I R G H R P I R F D R
S X B V A P T M W D S E D R O U W I
A Q I D E A L I S T A N E O T N Z O
D P Y M A N B S C X Z T R Y Q D Y W
O Y Q R D Y P T A L I E N A D O I Y
K E J G O F Z A C O N F I A V E L X

- Terminada a atividade, pode-se montar um painel com o título “GENTE


COERENTE”, colando as palavras encontradas no caça-palavras e fazendo em
seguida um debate. Talvez seja necessário explicar o sentido de cada qualidade.
Compreendidas as qualidades. Cada um poderá dizer, por exemplo, qual
qualidade mais admira em alguém de sua idade e por quê. Pode-se questionar
ainda qual defeito é mais desagradável nas pessoas, qual mais atrapalha sua
coerência, mas sem citar nomes, é claro. O importante é incentivar a turma a
conversar livremente, colocando suas idéias para fora. (O catequista não se
90
assuste se as turmas nem mostrarem muita coerência. Mas, com bom humor e sem
moralismo, poderá mostrar certas incoerências lamentáveis.)

Sugestão 2
- Dividir a turma em grupos e distribuir o texto seguinte, que contém uma
história inacabada. A tarefa de cada grupo será criar um final para a história,
lembrando sempre a necessidade de se dar um bom testemunho de fé. Feito
o trabalho, cada grupo apresenta o final que criou para a história. Pode-se
fazer um debate em seguida sobre a importância de dar um bom testemunho
de fé.

91
CARLOS E SUA BÍBLIA
Carlos e seus amigos foram acampar. Eles gostam de fazer trilhas e curtem
esportes ao ar livre. Cada um levou seus pertences e material de esporte. O
instrutor da escola estava junto, é claro.
Carlos era um garoto de fé e colocou na mochila também uma Bíblia que
havia ganhado de presente. Ele tinha o costume de ler a Bíblia toda noite, antes de
dormir. No acampamento, todos brincavam e se divertiam muito. E à noite, já
cansados, caíam no sono. Mas Carlos, antes de dormir, sempre dava uma rezadinha
e lia a Bíblia. Os colegas nem perceberam que Carlos ficava acordado rezando um
pouquinho.
Durante o acampamento, muita coisa aconteceu. Imprevistos acontecem
nessas aventuras. A primeira delas foi que, num passeio, Jardel – amigo de Carlos
e dos outros da turma – torceu o tornozelo e ficou pra trás, mancando e quase não
dando conta da trilha. Carlos não duvidou. Atrasou o passo e caminhou com o
colega machucado. E foi até bacana, porque eles tiveram altos papos pelo caminho.
A amizade entre eles ficou ainda mais forte.
Noutra noite, foi a vez de Marcelo se dar mal. Ele tomou sol demais, não se
protegeu e ficou todo vermelho, feito um pimentão. Carlos tinha uma pomada e foi
lá prestar solidariedade, emprestando-a ao colega. Marcelo se sentiu aliviado e
dormiu bem. Logo de madrugada, todo mundo saiu para novas aventuras e Marcelo
também já conseguia ir: estava bem melhor.
Numa noite dessas, o instrutor, cansado de tanta aventura, dormiu bem
cedo, e a turma resolveu ficar tocando violão e cantando até mais tarde. Carlos
tocava muito bem e seus amigos acompanhavam com outros instrumentos. Todos
estavam animados, cantando e dançando junto da fogueira, tomando um caldo
quente por causa da noite fria, quando o Juca – um provocador – encontrou uma
Bíblia no meio das coisas da turma e resolveu fazer a maior gozação: “Onde já se
viu? Quem é o maricas que veio acampar e trouxe uma Bíblia? Será que está com
medo do lobo-mau no meio da floresta? Ou tem medo de lobisomem?”. E jogava a
Bíblia pra lá e pra cá, passando-a de mão em mão, com o maior descaso. E Juca
insistia: “Isso não é coisa de homem. É coisa de mulher: ficar rezando e lendo a
Bíblia pra Papai do Céu proteger a gente...”
Diante daquela cena, Carlos ferveu de raiva e de indignação. Ele era boa
gente, mas tinha o sangue quente. Pensou: “Onde já se viu isso: desprezar a fé dos
outros e fazer pouco caso da Palavra de Deus? Ah, não! Desta vez Juca tinha
passado dos limites”. Carlos ficou sem saber o que fazer: teve vontade de reagir,
pegar a Bíblia e ainda dar uns socos na cara de Juca. Mas resolveu pensar melhor:
enfrentar a gozação de todo mundo também não seria fácil, afinal Juca já tinha
contaminado a turma com aquela brincadeira de mau gosto. E enquanto Carlos
pensava o que fazer, Juca continuava provocando, fazendo a maior xacota com a
Bíblia na mão. Juca era mesmo um provocador...
(Agora é com vocês: continuem 92 a história, de modo que Carlos possa dar
um bom testemunho de sua fé)
- Debater com a turma:
• Vocês já passaram por situações em que tiveram vergonha de dar
testemunho, mostrando que têm fé em Deus?
• Como podemos lidar com isso?
• Como podemos e devemos dar testemunho de que somos cristãos? Qual
testemunho o mundo espera de pessoas como nós, de nossa idade?

Conclusão
Para seguir Jesus, não podemos ter vergonha de dar um bom testemunho. E
ninguém deve ter vergonha de fazer o que é bom, de colocar em prática os ensi-
namentos de Jesus, de confiar em Deus, de ler a Bíblia, etc. O testemunho é a vi-
vência sincera e coerente da nossa fé. Quem tem fé de verdade adquire um modo
especial de viver: pratica o bem, cultiva a vida de oração, age com caridade, é so-
lidário, usa o bom senso. Isso tudo faz que o discípulo de Cristo se destaque pelo
seu modo de agir. Se a pessoa de fé age de qualquer modo, sem levar em conta o
que Jesus ensina, suas ações desastradas acabam sendo um contratestemunho. É o
mesmo que acreditar em algo, mas praticar o oposto. Dar bom testemunho não
significa que vamos agir com perfeição, porque não somos perfeitos. Mas vamos
agir com esforço e boa vontade: com retidão. Assim o discípulo de Jesus vive sua
fé.

4. ORAÇÃO FINAL E ENCERRAMENTO


- Expor o cartaz com os temas dos encontros anteriores. Colar a faixa com o tema
desse encontro: TESTEMUNHAR A FÉ.
- Cantar. Sugerimos a música 13.
- Convidar a turma a fazer preces espontâneas pedindo a Jesus que abençoe o
trabalho e a vida de tantas pessoas no mundo que estão empenhadas em fazer o
bem. São pessoas felizes, porque descobriram a alegria de viver. Mas precisam
da força de Jesus para continuarem servindo sempre sem se cansar. A resposta
pode ser: “Dai força aos vossos servos, Senhor”. Sugerimos orações assim: “Dai
força, Senhor, àqueles que ajudam as crianças de rua”; “Dai força, Senhor, aos
que ajudam os doentes”; etc.
- Encerrar, repetindo a música anterior ou cantando outra apropriada à escolha.

Dicas para o catequista


- O texto da Bíblia que foi lido neste encontro é tirado da Carta a Timóteo. Essa

93
carta, assim como outras (a outra a Timóteo, a carta a Tito, a carta aos Efésios, aos
Colossesses e a segunda aos Tessalonicenses), é popularmente atribuída a Paulo, o
grande apóstolo das nações. Estudos mais recentes, no entanto, fazem pensar em
outra possibilidade. Parece que esses escritos são bem mais tardios – de um tempo
posterior a Paulo – e eles seriam então uma pseudoepigrafia. Mas o que é isso?
Pseudo quer dizer falso e grafia quer dizer escrita. Escrita falsa. Mas não falsa no
sentido moral. Mas no sentido de que foi feita com um pseudônimo. Um nome
falso que a pessoa adotou (Quem já leu o grande poeta português, Fernando Pessoa,
sabe que ele escrevu sua obra usando vários pseudônimos: Álvaro de Campos,
Alberto Caieiro, Ricardo Reis). Na Bíblia, são inúmeros os casos de
pseudoepigrafia: os salmos de Davi, os provérbios de Salomão e outros. Naquele
tempo, era muito comum um autor escrever um texto e, para dar credibilidade aos
escritos ou para homenagear alguém importante, colocava essa pessoa como autora.
E isso era muito bem visto. Não havia essa questão dos direitos autorais como hoje!
Ninguém entendia isso como trapaça ou plágio. Era um jeito de fazer o texto
circular com mais facilidade.
- Não pense o catequista que o fato de um texto ser uma pseudoepigrafia tira dele o
seu valor. Ao contrário: isso só mostra a riqueza da literatura bíblica; os costumes
dos escritores – que eram bem diferentes dos nossos; a presença de Deus no meio
da história humana; a inspiração de Deus, que respeita os costumes dos povos e se
insere na cultura do povo, etc. Se por acaso alguém perguntar quem escreveu essa
carta a Timóteo, o catequista explique: “Dizem que foi o apóstolo Paulo, mas não
dá pra saber certinho quem escreveu cada texto da Bíblia. Se não foi ele, foi alguém
bem ligado a ele: um discípulo seu, um secretário, alguém que conhecia bem o
pensamento paulino”. E basta!

94
7º Encontro
SER FIEL À PALAVRA

1. ACOLHIDA E ORAÇÃO INICIAL


- Receber a turma sempre com zelo e atenção. Fazer momento de animação.
- Sossegar a turma para rezar.
- Cantar a música 16.
- Motivar: Estamos felizes, porque estamos juntos, no mesmo caminho, na mesma
missão. Somos chamados a ser discípulos de Jesus, promovendo a vida. Essa
missão só é possível se vivermos realmente unidos. Uma pessoa sozinha não
consegue melhorar o mundo. Mas muitas pessoas unidas conseguem alguma
coisa. E fica mais fácil construir o reino de Deus.
- Dar as mãos e rezar juntos, repetindo com o catequista: - Senhor Deus, abençoe
no mundo inteiro as pessoas de bem que lutam em defesa da vida; ilumine os que
testemunham a fé e não desistem diante das dificuldades; fortaleça e inspire os
que anunciam a sua palavra. Que sejamos unidos, formando a grande corrente do
bem. Amém.

2. O QUE A BÍBLIA DIZ


Motivação
95
Vamos ouvir um texto que fala da importância de construirmos nossa vida
sobre a rocha que é para nós a Palavra de Deus. É a parábola da casa sobre a rocha.

Texto: Mt 7,24-27
Ajudar a turma a localizar o texto na Bíblia.

Partilha
• Como um homem sensato constrói a sua casa?
• E o insensato, como ergue sua casa?
• O que acontece quando vem a chuva, o vento e a enchente?
• Com quem Jesus compara o homem sensato? E o insensato?

Aprofundamento
- O discípulo de Cristo precisa ser fiel à Palavra de Deus. O amor à Palavra
de Deus e o cuidado em observá-la são características de quem decide se-
guir Jesus. Afinal, Jesus veio ao mundo para nos ensinar a Palavra de Deus.
Querer segui-lo sem observar seus ensinamentos não faz o menor sentido.
- Na parábola, Jesus mostra que a pessoa que ouve a sua Palavra e a coloca
em prática é semelhante a uma pessoa prudente que, ao erguer sua casa,
procura construir sobre base sólida. Ao contrário, quem não dá atenção à
Palavra de Deus é como uma pessoa insensata que constrói sua casa de
qualquer modo, sem cuidar da base. Constrói até sobre a areia – o que dá a
exata dimensão da falta de bom senso. Onde já se viu erguer uma casa sem
base, sobre a areia?
- Se, para construir uma casa, devemos tomar certos cuidados, muito mais
devemos ficar atentos ao construir a nossa vida. O objetivo de Jesus não é
ensinar como se constrói uma casa. Para isso, a gente contrata um bom pe-
dreiro. O que Jesus quer mostrar é que se para construir uma simples casa é
necessário tomar alguns cuidados básicos, muito mais cuidado devemos ter
na construção de nossa vida, do nosso futuro, da nossa felicidade.
- Para essa construção, que é muito mais complexa e exigente do que erguer
uma casa, a base sólida, que dá firmeza a tudo, é justamente a Palavra de
Deus. Por isso, o discípulo deve sempre ser atento e fiel ao que Deus nos fa-
la por meio das Sagradas Escrituras. A atenção à Palavra de Deus faz parte
da missão do discípulo de Jesus. Ele mesmo disse: “Quem me ama guarda
minha Palavra” (cf. Jo 14,15.21).

96
3. ATIVIDADE
Sugestão
- Convidar a turma para comprovar a força transformadora da Palavra de Deus,
refletindo sobre alguns testemunhos.
- Dividir a turma em grupos. Sugerimos 5 grupos.
- Dar a cada grupo um texto com um testemunho de transformação incentivada pela
reflexão da Palavra de Deus. Pedir que o grupo leia e comente.
- Fazer plenário. Cada grupo comenta com toda a turma o testemunho, explicando
por que a Palavra de Deus foi importante no testemunho analisado e qual foi a
transformação por ela gerada
- Eis algumas sugestões de testemunhos:

Vida Chata
Marieta era uma dessas chatas de carteira. Cuidava da mãe já velha e de um
sobrinho ainda criança, abandonado pela mãe. Mas Marieta era o terror da família.
Gritava com a mãe doente. Sacudia o garoto. Xingava e reclamava o tempo todo.
Quando o dia amanhecia, já pulava da cama azeda e destilava seu veneno. E assim
era o tempo todo.
No trabalho, era dificil suportá-la. Quando chegava ao escritório, todos fazi-
am cara feia. Para ela, nada servia. Reclamava de tudo e de todos; por qualquer
coisa ficava de mal e brigava sem desculpas. Era fingida e crítica ao extremo, cau-
sando, com seus comentários maldosos, rivalidade e inimizade entre todo mundo.
Por tudo isso, Marieta era uma pessoa detestada. Em sua casa, sua mãe e seu
sobrinho ficavam tristes de vê-la tão agressiva e cruel. No trabalho, os companhei-
ros se afastavam e a isolavam para evitar encrencas. Ela não tinha amigos. Era infe-
liz.
Um dia, porém, conta Marieta, "fui convidada para participar de um grupo de
pessoas que se reuniam uma vez por semana para refletir a Palavra de Deus. Achei
péssima idéia. Mas, como estava precisando fazer alguma coisa, decidi ir à primeira
reunião. Pensei que as pessoas do grupo fossem me detestar, tamanha era a minha
chatice. Me sentia a pessoa mais estranha desse mundo. Para minha surpresa, no
entanto, fui muito bem acolhida. Quando vi, estava entre pessoas simpáticas que
me acolhiam e compreendiam, apesar do que eu era. Gostei e comecei a participar
toda semana. Com o passar do tempo, a Palavra de Deus começou a produzir uma
mudança no meu jeito de ser e de encarar a vida. Comecei a perder aquela raiva que
trazia guardada dentro de mim. Libertei-me dos sentimentos de mágoa e de inveja e
97
comecei a me sentir uma pessoa normal. Hoje vivo bem com a minha família. Con-
sigo dar carinho para o meu sobrinho que, mesmo com suas trapalhadas, é um garo-
to adorável. E me sinto amiga de todas as pessoas, inclusive no meu trabalho. Mi-
nha vida deixou de ser chata, graças à luz da Palavra de Deus que me mostrou coi-
sas importantes que eu nunca havia percebido. Até hoje freqüento o grupo de refle-
xão. Toda semana”.

Família Maluca
Quando Pedro e Cláudia se casaram, tudo era uma grande paixão. Ela mesma
conta: "Vivíamos unidos e sem nenhum problema. Parecia que nunca iríamos pas-
sar por dificuldades. Pedro era excelente marido, dedicado à casa. Tudo ia muito
bem".
Com o tempo, porém, a vida caiu na rotina e tudo se complicou. Pedro come-
çou a beber e já não parava em casa. Vivia pelos botecos, gastando dinheiro na
maior bagunça. Os filhos – dois até então – iam crescendo sem a presença e o apoio
do pai. Quando ele chegava tonto, queria mais era agredir os filhos.
"Sem saber o que fazer" – diz Cláudia – "me vi perdida e comecei a acompa-
nhar o marido em suas bagunças. Ele ia para o bar, eu ia atrás. Deixava os filhos
trancados em casa. Ele aprontava na rua. Eu também. Não queria ficar para trás. E,
assim, nossa vida virou um infemo. Nossos filhos adoeceram e começaram a ter
problemas na escola. Mas nós não ligávamos e continuávamos naquela loucura".
Muitos amigos convidavam Cláudia insistentemente para ir ao Grupo de Ora-
ção da Comunidade, para ver se ela caía em si e percebia as loucuras que andava
fazendo. Com muito custo, ela aceitou.
"O Grupo de Oração" – ela diz – "foi para mim o encontro com a Palavra de
Deus. Percebi logo que do jeito que eu vivia ia acabar perdendo minha família.
Tomei uma decisão. Se não podia consertar meu marido, pelo menos ia cuidar de
mim e dos filhos. Passei a ficar mais em casa e a acompanhar de perto meus filhos.
Deixei de lado minhas bagunças e acertei a vida. Logo meus filhos foram melho-
rando na escola e eu senti que podia ajudá-los muito se desse a eles mais carinho.
Com o tempo, meu marido começou a sentir minha mudança e pediu ajuda para ele
mudar também. Convidei-o para ir ao Grupo de Oração comigo e com os filhos. No
princípio, ele não aceitou. Mas, com muito jeito, eu ia convidando e rezando por
ele. Certo dia, ele ficou em casa e resolveu nos acompanhar até a Igreja. Era o co-
meço de sua mudança."
Pedro entrou para o Grupo de Oração e encontrou na Palavra de Deus força
para renovar sua vida. A partir de então, sua vida começou a ganhar novo sentido.
98
Hoje, essa família vive em paz. Os filhos crescem felizes. E o casal vive unido, um
cuidando do outro com amor. É o próprio Pedro quem afirma: "Nada disso teria
acontecido, e eu iria acabar me perdendo e perdendo a mulher e os filhos, se não
encontrasse a força da Palavra de Deus".

Saindo da Prisão
Rosivaldo era um adolescente rebelde, de família complicada cujos pais se
odiavam, apesar de não serem separados. Seus irmãos mais velhos eram de caráter
frágil e logo se envolveram em encrencas. Não sabendo o que fazer da vida, Rosi-
valdo começou a beber, usar drogas e acompanhar uma turma da pesada. Logo tor-
nou-se líder da turma e era temido por todos na cidade. Os próprios pais e irmãos o
temiam.
Aos poucos, Rosivaldo foi se envolvendo em vários crimes. Roubava para
manter o vício das drogas, já que não trabalhava. Foi preso, mas, como era primá-
rio, logo foi solto. Ainda em liberdade condicional, foi pego roubando uma moto.
Passou a responder a dois processos. Depois, foi responsável, juntamente com ou-
tros colegas, pela overdose de um dos companheiros. O rapaz morreu e eles oculta-
ram o cadáver numa represa. Rosivaldo foi preso e ficou anos na cadeia.
Ninguém dava nada por Rosivaldo. Mas, estando preso, a Pastoral Carcerária
foi visitá-lo e apresentou-lhe a Palavra de Deus. Deram-lhe uma Bíblia de presente.
Na solidão e no vazio da prisão, Rosivaldo começou a meditar sobre a Pala-
vra de Deus. Os amigos da Pastoral Carcerária o visitavam sempre e o acompanha-
vam. Aos poucos, foi surgindo em seu coração um desejo de renovar-se.
"Quando lia a Palavra de Deus"- diz Rosivaldo – "eu sentia brotar de dentro
de mim um homem novo. Dava uma vontade enorme de mudar de vida e ser dife-
rente. Agora, sabia que Deus me amava e que sua força me ajudava a viver em
paz”.
Com o tempo, Rosivaldo cumpriu sua pena. Ao sair da prisão, estava decidi-
do a mudar de vida. A Palavra de Deus o havia transformado. Mudou para São Pau-
lo onde conheceu um grupo de pessoas que trabalhavam com a recuperação de jo-
vens drogados. Ingressou nesse grupo para adquirir experiência com esse trabalho.
Foi um tempo de muito amadurecimento.
Hoje, Rosivaldo voltou para sua cidade natal, para junto de sua família, e
fundou um grupo de voluntários que trabalham na assistência dos presos e droga-
dos. É um outro Rosivaldo, todo mundo sabe disso. Do seu passado confuso, só
ficou a recordação.
"Hoje" – diz Rosivaldo – "sou um outro homem. E quero trabalhar para aju-
99
dar a tantos jovens que são vítimas das drogas e da violência. Quero levar a eles a
mesma força da Palavra de Deus que me libertou".

Aprendiz de Solidariedade
Ana era uma pessoa comum. Casada com um marido comum, levava vida
normal. Tinha quatro filhos e cuidava deles como uma mãe normal. Via televisão,
seguia novelas e, nas horas vagas, falava da vida alheia como qualquer pessoa nor-
mal. Nos fins de semana, passeava ou dormia de dia. Era uma vida comum.
Mas grande mudança começou a acontecer na vida de Ana, quando ela come-
çou a se interessar pela Palavra de Deus. Mudou para a vizinhança um grupo de
missionários que visitavam as famílias, pregando a Palavra, e começaram a reunir o
povo para rezar.
Era o que faltava. No convívio com a Palavra, Ana foi descobrindo dentro de
si todo um potencial que ficava guardado inutilmente. E foi percebendo quanta coi-
sa a mais poderia fazer, além da vida normal que já levava. Entendeu logo a beleza
dos ensinamentos de Jesus e o valor da pessoa humana. E se apaixonou por essa
causa.
Ela mesma conta: “Percebi quanta coisa boa eu podia fazer pelas pessoas e
resolvi não ficar parada”.
Ana tornou-se um ponto de referência na comunidade. Pobres, doentes, afli-
tos e desamparados, todos a procuravam em busca de auxílio. E não saíam decepci-
onados. Passou a cuidar de dois irmãos com problemas mentais que davam o maior
trabalho. Mas sua paciência era maior. Pegou para criar sua sobrinha adolescente
que tinha ficado grávida e por isso havia sido expulsa de casa. Olhou a sobrinha e o
bebê quando nasceu. Tornou-se madrinha de uns dez afilhados, por causa do apoio
e do acolhimento que a todos dispensava.
Nos fins de semana, ia fazer mutirão para ajudar a construir casa para quem
estava sem teto, A comunidade toda se reunia e trabalhava de graça para construir
moradia para as famílias necessitadas. E a casa dela mesma ainda estava inacabada.
Eram pobres ajudando pobres.
A casa de Ana virou casa de todos. Quem vai à cidade passa lá para dormir,
para comer ou descansar. E tem lugar para todos. E mais: no dia da compra do mês,
ela reparte um pouco com cada vizinho: um sabonete para um, um pouco de feijão
para outro. E assim vai.
Ana não pára mais. Corre o tempo todo para ajudar a todos. Aprendeu, com a
Palavra de Deus, o valor da solidariedade.
Ela mesma afirma: "Minha vida hoje é mais agitada. Mas é muito melhor que
100
antes. Compreendi o valor das pessoas e aprendi a pensar nos outros mais que em
mim. Sou grata a Deus, pois ele tem abençoado sem medidas a mim e à minha fa-
mília”.

Melhorando as condições de vida


"Nosso bairro vivia abandonado. Era quase uma favela. Ninguém olhava por
nós" – diz orgulhoso seu João – "mas agora a coisa mudou."
O bairro de seu João é a Vila Nova, um loteamento que a Prefeitura abriu na
periferia da cidade. Mas só abriu o loteamento, vendeu os terrenos e mais nada. O
povo foi, construiu seus barracões e começou a viver ali em péssimas condições.
As ruas estavam esburacadas. Não havia luz. Não havia água. Não havia es-
goto. As senhoras buscavam água, de lata na cabeça, numa mina distante. À noite, o
lugar ficava perigoso. Não havendo luz, muita gente se aproveitava para aprontar
confusão. Havia roubos e assaltos. As crianças adoeciam por causa da sujeira do
lugar e, ainda por cima, um empresário conhecido na cidade vinha com um cami-
nhão de lixo e jogava descaradamente na entrada da Vila. Os ratos foram se ajun-
tando. E o mau cheiro era insuportável. Mas a comunidade estava dividida. O povo
ficava reclamando, mas ninguém tomava providências.
Certo dia, um dos moradores reuniu o povo para rezar e meditar a Palavra de
Deus. No começo, só um grupinho participou. Mas a Palavra foi unindo o grupo e
outros foram chegando. Foram surgindo lideranças, uns iam animando os outros.
Iluminado pela Palavra, o povo começou a perceber seus problemas. E resolveu se
organizar para buscar soluções. Então, começou a mudança. Seu João liderava o
grupo e todos punham a mão na massa.
Foram ao prefeito e pediram providências. Foram à câmara dos vereadores e
pediram mais atenção com o bairro, cobrando seus direitos. Denunciaram o empre-
sário e o impediram de jogar lixo no bairro. E fizeram toda uma mobilização até
que suas vozes fossem ouvidas. E partiram todos juntos para melhorar as condições
da Vila Nova.
Fez um ano que o grupo começou sua luta. As ruas do bairro já estão calça-
das. Todos têm água dentro de casa. O lixo desapareceu e com ele os ratos e o mau
cheiro. Hoje vão inaugurar a iluminação. E o próximo passo será melhorar algumas
casas que estão sem condições.
Seu João continua firme coordenando o grupo. E diz estar satisfeito em medi-
tar a Palavra de Deus. É essa reunião que dá força e motiva a gente a se organizar."

101
- Debatidos os testemunhos em grupos, pode-se fazer um plenário e conversar
sobre outras experiências importantes do catequista e da turma.

Conclusão
A Palavra de Deus, quando acolhida, compreendida e assumida, transforma
tudo: a pessoa, a família, a comunidade, os relacionamentos e muito mais. A Pala-
vra conscientiza as pessoas, despertando novo jeito de ver a vida, muda a forma de
pensar e de agir. Daí a importância de pregar a Palavra de Deus. É uma das manei-
ras mais profundas de se engajar na luta por uma vida melhor. É claro que não se
trata de sair por aí de qualquer jeito, pregando aos quatro ventos e enchendo a paci-
ência de todo mundo. Há mil maneiras de pregar a palavra: falar uma coisa acertada
e profunda com um companheiro; assumir sua fé diante dos outros, sem se enver-
gonhar; pregar por atos dentro de casa, praticando primeiro, para depois falar; man-
dar uma mensagem especial para uma pessoa num momento especial de sua vida;
participar de atividades e grupos que refletem a Palavra, entre eles a catequese; in-
centivar a participação de outros; etc. Mas é preciso evitar falar da boca pra fora,
falar e não praticar, falar até se passar por chato, falar para dar moral nos outros. A
Palavra de Deus, pela dignidade que possui, precisa ser bem falada. Eis uma coisa
que todos podemos fazer. E já será uma autêntica contribuição na promoção da
vida.

4. ORAÇÃO FINAL E ENCERRAMENTO


- Expor o painel com os temas anteriores. Fixar o tema desse encontro: SER FIEL
À PALAVRA.
- Convidar a turma para se comprometer com a Palavra de Deus. O catequista
pergunta e todos respondem.
− Você aceita em sua vida a luz e a força da Palavra de Deus?
− Você promete se esforçar para compreender cada vez melhor a Palavra de
Deus?
− Você promete se esforçar para aproveitar as chances que surgirem e anun-
ciar a palavra de Deus?
- Fazer um propósito coletivo, rezando com o catequista: Nós cremos, Senhor, na
importância da sua Palavra para iluminar e transformar o mundo, renovando a
vida das pessoas. E trazê-la em nossa mente e em nosso coração a fim de partilhar
sua riqueza com as pessoas que nos cercam. Para isso contamos com a sua força.
Amém.
- Pode-se encerrar, cantando. Sugerimos a música 7.
102
- Combinar o próximo encontro que será uma celebração. Que tal fazer uma
confraternização no final?

Dicas para o catequista


- Aproveitemos esse encontro que fala sobre a importãncia de acolher a Palavra de
Deus e praticá-la para refletir sobre a importância da Bíblia na catequese. A
catequese tem como objetivo primeiro iniciar as pessoas no caminho da fé. Sua
função primeira não é preparar para a Primeira Comunhão, nem para a Crisma,
mas ajudar cada pessoa – crianças, jovens e adultos – a fazer sua experiência de
fé, ou seja, a perceber como Deus lhe fala em Jesus Cristo, o seu Filho. Se é
assim, a Bíblia é algo muito importante nesse processo, pois ela nos mostra a
experiência que o povo do Antigo e Novo Testamento fez com Deus. A Bíblia
revela como o povo entendeu que Deus foi lhe falando e guiando em todas as
etapas de sua vida. Ora, se Deus falou e guiou seu povo, essa experiência nos
interessa – e muito! – pois ele também continua falando a nós e nos guiando hoje.
- O catequista já deve ter percebido a centralidade que a Bíblia tem nessa coleção
de catequese. Todo o encontro se desenvolve a partir de um texto bíblico. A
Bíblia é a motivação para a gente pensar nossa vida e readministrá-la conforme o
que Deus ensina. Vamos assim conhecendo Jesus Cristo, por meio de quem Deus
nos fala; vamos assumindo os valores importantes que ele nos ensina e rejeitando
os contravalores que ele critica e supera.

103
8º Encontro
CELEBRAÇÃO

PREPARAÇÃO
- Fazer uma faixa: “A MESSE É GRANDE, OS OPERÁRIOS SÃO POUCOS”.
- Levar um painel conforme modelo, com o desenho esboçado do discípulo de
Jesus. Esse painel deverá estar exposto deste o início da celebração.

104
- Preparar as plaquetas que serão fixadas no painel, na hora do momento
penitencial. São elas:

DESINTERESSE MEDO

COMODISMO FALTA DE
INFORMAÇÃO

CONFORMISMO SUPERFICIALIDADE

INDIFERENÇA PESSIMISMO

ALIENAÇÃO EGOÍSMO

- Levar fita crepe para fixar essas plaquetas, lembrando que, no Rito do
Compromisso, elas serão retiradas do painel, descobrindo novamente o desenho.
- Preparar um altar com uma Bíblia ao centro, entre duas velas.
- Levar a oração do compromisso – uma para cada pessoa. Sugerimos que essa
oração seja feita em um cartãozinho elegante e seja dada à turma como recordação
do compromisso que fizeram.
- Preparar confraternização, conforme combinado com a turma no encontro
anterior.

1. RITOS INICIAIS
C - Cumprimentar a turma, acolhendo a todos.
- Comentar: Durante esta etapa, tivemos a oportunidade de refletir sobre a missão
que o discípulo de Jesus é chamado a assumir. Podemos sentir a preocupação
de Jesus com a vida das pessoas e perceber como essa preocupação deve marcar
nossa vida hoje. Vivemos num mundo que nem sempre valoriza a vida. Nossa
missão é ser diferentes, traduzindo no mundo de hoje o jeito de Jesus. Jesus
está nos chamando. Com alegria, vamos dizer nosso sim.
- Convidar a turma a ficar de pé e iniciar a celebração cantando. Sugerimos a
música 1.
D - Depois de refletir sobre nossa missão, Jesus nos convida a assumir nossa tarefa
de cristãos no mundo. Com esse propósito, iniciemos nossa celebração em
nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.

105
T - Amém!
D - Que o sonho de Jesus de promover a vida, o amor de Deus Pai que a criou e a
força do Espírito Santo que a sustenta estejam com todos vocês.
T - Bendito seja Deus que nos reuniu no amor de Cristo.
D - Deus hoje nos reuniu para nos fazer um convite muito especial. Ele nos chama
a assumir, com entusiasmo, nossa missão no mundo. Ele nos mostrou como
anda o mundo, como precisa de luz, e espera que a gente aceite a proposta de
ser operários na construção do Reino, porque há muito a ser feito e poucos
operários para se dedicar ao Reino.
- Convidar para entrar a faixa: A MESSE É GRANDE, OS OPERÁRIOS SÃO
POUCOS. Expor e ler a faixa com a turma.
- Explicar: Messe quer dizer colheita. Há muito o que colher, mas poucos são os
trabalhadores. Assim é no mundo. Há muito o que fazer pela promoção da vida.
Mas não são tantos assim que estão dispostos a entrar nessa luta. É perigoso,
então, que se perca no mundo a dignidade da vida. É para entrar nesse time dos
que vivem o Evangelho e defendem a vida que Jesus nos chama. É para isso
que ele precisa de nós.
- Cantar a música 6.

2. MOMENTO PENITENCIAL
C - Deus precisa de nós. Ele conta conosco no seu time de discípulos para
construir um mundo mais fraterno onde a vida seja valorizada. Mas nós somos
fracos e temos medo de assumir nossa missão. Somos indecisos e relaxados.
Tudo isso nos enche de incertezas. E ficamos sem definir nossa posição de
cristãos diante do mundo. Por isso, vamos fazer um momento de silêncio e
pensar nas fraquezas que nos impedem de assumir com firmeza nossa missão.
- Convidar para entrar as plaquetas com as fraquezas: DESINTERESSE,
COMODISMO, CONFORMISMO, INDIFERENÇA, ALIENAÇÃO, MEDO,
FALTA DE INFORMAÇÃO, SUPERFICIALIDADE, PESSIMISMO,
EGOÍSMO. Essas faixas deverão entrar e ser coladas, com fita crepe, no
painel “CRISTÃO NO MUNDO DE HOJE”, tapando a pessoa desenhada no
painel. Esse painel deverá estar exposto desde o começo da celebração. É
importante colar com fita crepe, porque essas plaquetas depois serão tiradas.

106
D - Assim está o cristão no mundo de hoje. Tapado e sufocado por inúmeras
fraquezas que o fazem praticamente desaparecer (Ler as plaquetas já
fixadas). O mundo vai girando, a vida vai passando, as coisas vão
acontecendo e onde estão os cristãos com a sua fé? Foram sufocados e
imobilizados por um sem fim de preconceitos e fraquezas.
- Convidar a turma para pedir perdão por tantos preconceitos e fraquezas. Dar
um instante de silêncio. Cantar a música 8 ou 17.
- Oremos: Deus, nosso Pai, que por meio de Jesus e de seus discípulos quereis
levar o mundo à sua plenitude, libertai os nossos corações de todas as
fraquezas que nos impedem de testemunhar nossa fé diante do mundo e
confirmai-nos em nossa missão de defender a vida. Isso vos pedimos, por
nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que reina convosco e caminha
conosco, na força do Espírito Santo.
T - Amém!

3. RITO DA PALAVRA
C - Convidar a turma para ouvir a Palavra.
- Motivar: O pequeno texto que vamos ouvir nos traz a grande mensagem de
Jesus para seus discípulos no mundo de hoje. São duas pequenas parábolas,
que mostram a força do Reino de Deus, com o qual nos comprometemos ao
nos tornar discípulos de Jesus. Ouçamos com atenção.
Pode-se fazer uma entrada solene com a Bíblia,
enquanto se canta algo apropriado.

L - Leitura do Evangelho de Jesus Cristo narrado por Mateus (Mt 13,31-33).


Ajudar a turma a localizar o texto na Bíblia.

Depois da leitura, pode-se fazer breve partilha do texto, dando a cada um a


oportunidade de dizer o que mais lhe chamou a atenção ou qual mensagem gos-
taria de destacar.

107
D - Concluir: Essas duas parábolas, bem pequenas, nos trazem uma grande
mensagem, para nos incentivar no seguimento de Cristo. O Reino de Deus é
como uma pequena semente, mas com grande capacidade de crescimento. A
pequena semente, se lançada na terra e bem cuidada, nasce, cresce e produz
muitos frutos. Quem vai lançar a semente? Quem dela vai cuidar? Aí entramos
nós na história. Os discípulos de Jesus são chamados a lançar a semente do
Reino e dela cuidar com carinho, não se importando se a semente é grande ou
pequena, mas pensando no que ela pode produzir se bem cuidada. O discípulo
age ainda como um pouco de fermento que transforma toda a massa. De modo
discreto, humilde e simples, somos todos chamados a ser como o fermento na
massa, ou seja, como uma força que transforma, apesar de muitas vezes parecer
pequena e insuficiente diante da grandeza das dificuldades que vemos diante de
nós. Eis a missão do discípulo de Jesus. Para isso, precisamos guardar no
coração tudo o que aprendemos nessa etapa, que nos mostrou o que precisamos
fazer para cumprir nossa missão.
Sugerimos expor o cartaz com os temas da etapa
e recordar brevemente cada tema.

4. MOMENTO DO COMPROMISSO
C - Convidar a turma a fazer preces espontâneas, pedindo a Jesus que liberte cada
um das fraquezas que nos atrapalham em nossa missão. Sugerimos o seguinte:
cada um espontaneamente vai à frente, retira uma plaqueta do painel e reza
pedindo a Jesus a libertação da fraqueza escrita na plaqueta. Depois de cada
prece, pode-se cantar ou rezar algum refrão.
- No final, comentar: O cristão no mundo de hoje precisa se libertar de suas
fraquezas para poder ser visto no mundo, agindo e atuando como operário do
Reino. Assim somos nós. Não podemos ficar escondidos atrás de fraquezas e
preconceitos. Precisamos aparecer, com sensibilidade e prontidão, para dar
uma contribuição na messe de Deus. Por isso, agora somos convidados a
expressar nosso compromisso com essa tarefa que Jesus nos confia.
- Explicar: Cada um vai receber uma oração de compromisso que expressa
nosso propósito de assumir de verdade nossa missão. Então, cada um virá à
frente e com a mão direita sobre a Bíblia, em forma de juramento, vai ler sua
oração, expressando seu compromisso de discípulo de Jesus.
Um catequista segura a Bíblia aberta, se possível entre duas velas que podem
ser seguradas por duas pessoas da turma; um a um, todos fazem seu
juramento. Enquanto isso, cantar. Sugerimos as músicas 11, 13, 18.
108
ORAÇÃO DO COMPROMISSO
Eu me comprometo, Jesus, com a missão que o
Senhor me confia. Prometo acolher sua Palavra e seguir
seu exemplo, defendendo a vida e lutando por um
mundo melhor. Para isso, conto com a sua ajuda.
Amém!

- Obs.: Seria bom que essa oração fosse feita em um cartãozinho elegante que cada
um levasse como recordação e guardasse em lugar estratégico, por exemplo,
dentro de sua Bíblia, para recordar o compromisso assumido.

5. RITOS FINAIS
D - Oremos: (Estender as mãos sobre a turma e rezar) Deus Pai misericordioso,
pelo poder de Jesus, guiai esses vossos filhos em sua missão. Fortalecei sua fé e
animai seu compromisso, para que sejam no mundo uma presença marcante em
favor da vida e no trabalho do vosso Reino. Assim seja!
C - Motivar a turma para a próxima etapa, explicando: Já vencemos duas etapas
este ano. Na primeira, vimos como é importante ser discípulo de Jesus. Na
segunda, que encerramos hoje, vimos como é a missão do discípulo. Na
próxima, vamos refletir sobre o Espírito Santo que é a força de Deus para o
discípulo que assume sua missão. Sem essa força, não podemos nada.
- Cantar música animada para encerrar. Sugerimos a 4 ou a 11 – esta é boa para
lembrar a presença de Maria que sempre foi fiel à sua missão.
D - Dar a Bênção Final.
- O Senhor esteja conosco!
T - Ele está no meio de nós.
D - O Deus que vos confiou tão nobre missão vos acompanhe e
ilumine em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
T - Amém!
D - Vamos em paz e o Senhor nos acompanhe.
T - Graças a Deus!
- Fazer confraternização, conforme tiver sido combinado.

109
Terceira Etapa
A força que nos sustenta
Depois de falar do chamado, na primeira etapa, e da missão do discípulo, na
segunda etapa, vamos falar da força que nos sustenta nessa missão.
Quando estava entre os discípulos, Jesus prometeu enviar o Espírito Santo,
para ser o grande defensor ou a grande força na vida de seus seguidores.
Na terceira etapa, vamos conhecer melhor o Espírito Santo, compreendendo
como ele age em nós e nos sustenta em nossa missão.
A vinda do Espírito Santo, relatada por Lucas em Atos dos Apóstolos com o
evento do Pentecostes, marcou o início da missão dos apóstolos.
Os evangelistas contam que, depois da morte de Jesus, os discípulos fizeram
uma rica experiência de fé e perceberam que Jesus está vivo. Deus se manifestou a
eles por meio de seu Filho ressuscitado, e eles creram e deram testemunho dessa fé
a todos os que buscaram o caminho de Cristo.
Tendo confirmado os discípulos na fé, Jesus ressuscitado dá a seus seguidores
o Espírito Santo. Ele não está mais fisicamente presente, mas não quer ficar ausente
ou distante. Ele já havia prometido continuar sempre presente junto de seu povo,
agindo pelo Espírito Santo. O Espírito é, pois, a presença espiritual de Deus em
nós.
No catecismo antigo, à pergunta “onde está Deus?”, respondíamos que Deus
está no céu, na terra e em toda a parte. Esta resposta continua sendo verdadeira.
Mas gostaríamos de trazer o mistério da presença de Deus para mais perto de nós,
mostrando que ele habita em nossos corações.
Com efeito, ao dizer que Deus está no céu, na terra e em toda a parte, acaba-
mos por situar o mistério de Deus, de modo genérico, bem distante de nós. Dizer
que Deus está no céu é afirmar o óbvio. E equivale a dizer que ele está distante, já
que nós não estamos no céu. Dizer que ele está na terra é bastante vago, tão grande
é a terra. Dizer que ele está em toda a parte é bastante genérico e dispersivo.
Queremos que as crianças entendam que Deus habita em nosso coração. Pau-
lo afirma que somos templo do Espírito Santo (cf. 1Cor 13,16) E o próprio Jesus
diz: “Se alguém me ama... nós viremos a ele e faremos nele nossa morada” (cf. Jo
14,23). Esse é o mistério do Espírito Santo. Por ele, Deus habita em nós.
Com isso, queremos ajudar as crianças a superar algumas crendices populares
que são alimentadas pelo desconhecimento de que Deus habita em nós, o que é o
mesmo que dizer que, pela falta de fé no Espírito Santo, nos deixamos enganar por
muitas ilusões.
110
1º Encontro
A ASCENSÃO DE JESUS

1. ACOLHIDA E ORAÇÃO INICIAL


− Preparar ambiente aconchegante. Receber a turma com alegria.

− Motivar a turma para esta terceira etapa que hoje se inicia, mostrando que ela será

uma ocasião de estudar e compreender melhor o Espírito Santo e sua importância


em nossa vida. Recapitular as etapas anteriores: na primeira etapa, vimos o
chamado que Jesus nos faz para sermos seus discípulos e compreendemos o que é
ser discípulo de Jesus. Na segunda etapa, estudamos qual é e como é a missão do
discípulo de Jesus. Agora, neste terceiro momento, vamos refletir sobre o Espírito
Santo, que é força de Deus para quem assume sua missão e quer desempenhá-la
com eficiência.
− Fazer momento de animação, cantando músicas apropriadas. No final do livro, há

uma série de sugestões.


− Concentrar a turma para rezar.

− Motivar a turma para a oração: Vamos iniciar nossa oração, lembrando a

importância de estarmos unidos. A alegria de Deus é ver o seu povo unido na fé e


na missão, dando um testemunho de amizade e entrosamento.
− Cantar. Sugerimos a música 2.

− Fazer preces espontâneas, pedindo a Jesus que afaste da turma tudo o que possa

111
provocar desânimo e desunião. A resposta poderá ser: “Fazei de nós, Senhor, um
povo unido”.
− Desejar a paz aos colegas, dando-lhes um abraço ou um aperto de mão.
− Cantar a música 1 ou outra à escolha.

2. O QUE A BÍBLIA DIZ


Motivação
Vamos ouvir, agora, um texto dos Atos dos Apóstolos que narra a ascensão
de Jesus. Ascensão significa subida. Lucas conta que Jesus ressuscitado se despediu
dos seus discípulos, voltando definitivamente para junto do Pai e deixando com
seus seguidores a tarefa de continuar a construção do Reino que ele começou.
Vamos ver a reação dos discípulos a tudo isso.

Texto: At 1,1-11
Ajudar a turma a localizar o texto na Bíblia.
Partilha
• O autor do livro dos Atos dos Apóstolos é Lucas. O primeiro livro de Lucas,
de que ele fala aqui é o seu Evangelho. Segundo Lucas, de que ele tratou em
seu primeiro livro?
• Segundo Lucas, por quantos dias Jesus apareceu aos apóstolos depois de
sua ressurreição?
• Que ordem Jesus deu aos apóstolos, ao tomar a refeição com eles?
• De que promessa Jesus está falando?
• Os apóstolos receberiam o Espírito Santo para quê?
• Depois da ascensão, apareceram dois homens de branco. O que eles disse-
ram aos apóstolos? O que significa isso?

Aprofundamento
− Explicar melhor o seguinte:

• Ascensão é uma palavra que a gente usa para indicar a ida de Jesus para o céu.
Mas como é esse negócio de ir para o céu?
• Depois da morte de Jesus, os discípulos ficaram bem confusos, sem saber o
que fazer da vida. Então, para explicar à comunidade que Jesus estava vivo,
mesmo não podendo ser visto, Lucas, o autor do Livro dos Atos dos Apóstolos,
escreveu esse relato da ascenção.
• Ao dizer que Jesus subiu ao céu, Lucas quer dizer que os discípulos não podem
vê-lo, mas podem sentir sua força e sua presença. Jesus havia morrido, mas não
112
havia abandonado seus amigos. Era hora de reagir e esquecer a tristeza. Então,
Lucas fala que foi preciso um tempo – quarenta dias – para os seguidores de
Jesus compreenderem que não estavam sozinhos.
• Mas por que quarenta dias? Quarenta dias na Bíblia quer dizer um tempo sufi-
ciente para a pessoa amadurecer e repensar a vida. Tempo suficiente para o lu-
to e para criar força para recomeçar. Tempo para se recuperar de uma doença e
começar de novo a trabalhar. Tempo para esquecer a tristeza e abrir de novo o
coração para a alegria. Então, depois de quarenta dias, continuar triste e sem
fazer nada era tolice. Era preciso esquecer a tristeza e reagir.
• Jesus havia morrido, mas estava vivo junto deles, mesmo que eles não pudes-
sem vê-lo. Então, era preciso continuar a obra de Jesus: o Reino de Deus. Era
preciso continuar o que ele havia começado, afinal os discípulos são continua-
dores da obra do mestre. Não adiantava ficarem parados.
• Para isso, era preciso que eles ficassem unidos em Jerusalém, onde Jesus tinha
morrido. Lá onde eles tiveram tristeza tão grande, também teriam uma alegria
imensa. Eles superariam a desilusão e ficariam cheios da força de Deus, o Es-
pírito Santo, para continuar a obra de Jesus.
• Mas os discípulos não tinham entendido ainda que missão era essa. Eles acha-
ram que Jesus ia restaurar o Reino de Israel, ou seja, que a partir de então o
mundo deles seria uma maravilha, com a implantação definitiva do Reino de
Deus. Jesus vai explicar que a coisa não é assim tão fácil. Eles ainda vão suar
muito a camisa para ver o Reino acontecer. Tem muita água para rolar debaixo
da ponte. Tem muita peleja, muito esforço, muita luta para vencer as coisas
ruins e fazer esse mundo parecido com o Reino de Deus. Para ajudá-los a cons-
truir esse mundo bom, Jesus promete uma força especial: o Espírito Santo.
• A partir do relato da ascensão, uma coisa fica muito clara: Jesus havia concluí-
do sua missão no mundo. Agora era a vez de os discípulos assumirem sua tare-
fa. Jesus veio e fez o que devia fazer: nasceu entre nós, ensinou o caminho da
salvação, pregou a Palavra de Deus, foi fiel até o fim, morrendo na cruz, res-
suscitou vitorioso e voltou para junto de Deus. Com sua ascensão, era como se
Jesus dissesse aos seus discípulos: “Eu cumpri minha missão. Agora cumpram
a missão de vocês”.
• Até aquele momento, os discípulos ficavam admirando Jesus agir. Agora era
hora de colocar a mão na massa. Não adiantava mais ficar ali parados, olhando
para o céu. Jesus não estaria mais presente, de modo humano, como antes. Mas
sua presença viva continuava no coração de todos os seus amigos. É uma pre-
sença estranha, pois ela se dá na ausência. Então, eles entenderam: era hora de
113
agir.
• Iniciava-se o tempo da Igreja, isto é, aquele tempo em que os seguidores de Je-
sus, espalhados pelo mundo inteiro, se encarregariam de anunciar o nome e o
Reino de Jesus. Esse tempo começou com os primeiros discípulos e continua
conosco, que somos hoje os seguidores de Jesus. Cada discípulo é chamado a
dar sua contribuição para a construção do Reino de Jesus, já iniciado, mas não
totalmente realizado.
• É isso o que Jesus quis dizer, quando afirmou: “Vocês serão minhas testemu-
nhas... até os confins do mundo”. E, para o sucesso dessa missão, Jesus relem-
brou a antiga promessa do Pai que em breve se cumpriria: o Espírito Santo
viria em socorro dos discípulos, para lhes dar força e capacitá-los para a mis-
são.
− Podem-se resumir estas idéias, com o auxílio do seguinte cartaz:

NÃO PODEMOS FICAR PARADOS!

Ascensão Tempo da Igreja Parusia


 
Ida de Jesus Missão dos Volta vitoriosa
para o Pai cristãos de Jesus

Força do Espírito • Fim de todo mal;
Santo • Realização total do
Reino de Deus

− Depois de tudo isso, o que é importante realçar? O cristão tem, diante do mundo,
uma tarefa muito especial, confiada por Jesus. Por causa dessa tarefa, vai precisar
de muita força. E não poderá viver de qualquer jeito, muito menos ficar parado,
de braços cruzados, vendo o tempo passar em vão. O cristão deve se destacar pela
sua ação no mundo, fazendo que o mundo fique cada vez mais semelhante ao
mundo sonhado por Jesus.

3. ATIVIDADE
Sugestão
- Sugerimos uma palavra cruzada, para ajudar a fixar alguns conceitos. Re-
114
partir o diagrama que deve ser preenchido – um para cada criança. O cate-
quista lê cada questão e cada um preenche o diagrama. No final, conferir tu-
do.
- Questões:
1. O que os apóstolos se tornaram depois da ressurreição de Jesus.
(TESTEMUNHAS)
2. Pessoas que fizeram a experiência com Jesus ressuscitado e receberam
dele a tarefa de dar testemunho de sua ressurreição. (APÓSTOLOS)
3. Autor que escreveu o livro dos Atos dos Apóstolos e também um Evan-
gelho. (LUCAS)
4. Aquele que seria enviado sobre os apóstolos, para lhes dar força e cora-
gem para sua missão. (ESPÍRITO SANTO)
5. Número de dias, segundo Lucas, suficiente para os discípulos superarem
o luto e fazerem a experiência do Ressuscitado. (QUARENTA)
6. Cidade onde os apóstolos deveriam esperar o cumprimento da promessa
do Pai e receber o Espírito Santo. (JERUSALÉM)
7. Nome dado à tarefa que os apóstolos receberam de Jesus de ser teste-
munhas da fé por todo o mundo. (MISSÃO)
8. Primeiro nome do livro em que foi narrada a ascensão de Cristo.
(ATOS)

Conclusão
Para entendermos a importância do Espírito Santo em nossa vida de discípu-
115
los de Jesus, precisamos entender o sentido da ascensão de Cristo. Jesus cumpriu
sua missão e nos confiou uma tarefa importante. Ele não ficaria humanamente pre-
sente entre nós para sempre. Depois de ressuscitado, ele voltou para junto do Pai.
Mas sua ascensão não foi para se ausentar. Ele se tornou presente, de modo espiri-
tual, por meio do Espírito Santo. Podemos lembrar sua promessa: “Eis que eu esta-
rei sempre com vocês todos os dias, até o fim dos tempos” (cf. Mt 28,20) Só que
sua presença é diferente. Não está mais entre nós como estava com o grupo dos
doze apóstolos, caminhando, ceando com eles. Mas essa presença espiritual não é
menos importante, de modo algum. Em tudo o que fazemos, em todos os momen-
tos, temos uma certeza: Jesus está na glória de Deus e, ao mesmo tempo, está sem-
pre conosco, presente espiritualmente em nossos corações.

4. ORAÇÃO FINAL E ENCERRAMENTO


− Cantar a música 4.

− Convidar a turma para fazer preces espontâneas, pedindo a Jesus aquilo que é

mais necessário para praticarmos nossa fé, vencendo o comodismo. Cada um


poderá fazer sua prece, sem refrão intermediário.
− Para encerrar as preces, cantar a música 18.

− Rezar juntos, de mãos dadas: Queremos, Jesus, praticar com alegria nossa fé,

enquanto esperamos a realização total do seu Reino. Com a sua ajuda, já


queremos ir destruindo, pelo nosso testemunho, o mal que tanto fere a vida, e que
será, um dia, derrotado para sempre. Amém!
− Motivar a turma para o próximo encontro.

− Encerrar, cantando à vontade.

Dicas para o catequista


− Se surgirem perguntas sobre o fim do mundo, ou a Parusia, explicar que a fé

cristã ensina que esse mundo terá um dia, não se sabe quando, não exatamente um
fim, mas uma transformação completa e total. O mal vai acabar definitivamente,
em todas as suas formas, e o bem será totalmente vitorioso. Haverá, então, a
realização total do Reino de Deus anunciado por Jesus. Portanto, em vez de falar
em fim do mundo, é mais acertado falar em fim do mal ou “fim dos tempos”,
expressão que indica o fim do tempo do mal no mundo. Disso não se deve ter
medo. O fim do mal será, antes de mais nada, uma vitória a ser comemorada. De
acordo com a fé da Igreja, essa transformação ocorrerá no dia em que Jesus voltar
vitorioso, para inaugurar de forma plena e definitiva o Reino que ele mesmo
fundou e que nós estamos construindo. A isso chamamos Parusia: a volta de Jesus
116
para de vez inaugurar o seu Reino de amor. Não sabemos, porém, quando nem
como se dará essa volta de Jesus. Ele mesmo disse no Evangelho que esse
momento seria inesperado e que ninguém sabe nem o dia, nem a hora. De vez em
quando, surgem pessoas marcando datas para o fim do mundo. Mas essas datas
passam e o mundo continua. Não devemos, pois, nos preocupar com o fim do
mundo, ou fim dos tempos. Nosso objetivo deve ser viver bem a nossa vida,
enquanto estamos neste mundo.
− Hoje em dia, fala-se muito sobre o futuro do nosso planeta, com o aquecimento
global, efeito estufa e outros fenômenos que ameaçam a vida na Terra. Mas isso
não significa ainda o fim do planeta ou o fim do mundo. A ciência estuda esses
fenômenos, sem uma resposta clara para as indagações sobre o futuro do nosso
planeta. De toda forma, preservar a natureza, não poluir, consumir menos para
gastar menos energia, etc são coisas valiosas e fundamentais. Mas não vamos nos
deixar impressionar por previsões catastróficas que anunciam o fim do mundo
para breve por causa das catástrofes naturais que têm acontecido.
− Façamos também alguns comentários sobre o texto de Lucas, que é muito denso e
tem muitos pontos a ser esclarecidos, para que o catequista esteja sempre bem
informado.
• A restauração do reino de Israel: Os judeus viviam na expectativa
messiânica: esperavam um messias que tirasse sua nação do domínio
estrangeiro, tornando-a um reino livre. Segundo os evangelistas, até mesmo
os discípulos de Jesus pensavam que ele fosse esse messias que tinha vindo
governar o povo em nome de Deus. É por isso que Lucas diz que eles
perguntaram a Jesus: “É agora que vais restaurar o reino de Israel?” Eles
não entenderam que Jesus era um messias bem diferente do esperado.
• O número quarenta: Esse número tem sentido teológico e não
quantitativo. Ele significa o tempo suficiente para se amadurecer uma idéia.
Note que o povo ficou quarenta anos no deserto, até estar pronto para entrar
na Terra Prometida; Elias caminhou quarenta dias sustentado pelo pão que
os anjos lhe serviram, até criar coragem para enfrentar de novo seus
inimigos; Jesus ficou quarenta dias no deserto sendo tentado, até se sentir
pronto para assumir sua missão. Os discípulos levaram quarenta dias para
fazer a experiência da ressurreição e entender que Jesus está vivo. Logo, o
número é algo teológico, denso de significado e não uma marca de dias,
meses ou anos no calendário.
• A expressão “sereis batizados no Espírito Santo”: O batismo de João
Batista era feito na água. O mergulho significava a morte para a vida velha e
117
a conversão que traz a vida nova: um rito de iniciação no grupo dos batistas.
Jesus promete batizar com o Espírito Santo, que é fogo. Uma expressão
forte apenas para dizer que Jesus é muito mais que João Batista e que a vida
nova que se tem nele nem se compara com algo já experimentado antes. O
Espírito Santo anima, capacita, ilumina todo aquele que se torna seguidor de
Jesus. Alguns movimentos religiosos costumam usar a expressão “batismo
no Espírito Santo” para significar a renovação do fervor no coração da
pessoa que estava um pouco afastada de sua vivência religiosa. Mas não
devemos pensar que o “batismo no Espírito” seja hoje para nós um outro
batismo diferente do sacramento que um dia recebemos. Todos nós, quando
fomos batizados, já recebemos a semente da fé e o dom do Espírito Santo.
Pode ser que alguém cuide mal dessa semente e um dia passe por um
verdadeiro despertar religioso, redescobrindo a força do Espírito que habita
em seu coração. Não se trata, como se vê, de um novo sacramento, mas da
renovação e da redescoberta do que estava esquecido.
• Os “homens de branco”: não é a primeira vez que aparecem homens de
branco nos relatos bíblicos acerca da ressurreição. Em Mc 16,15, um jovem
de branco comunica às mulheres que Jesus está vivo; em Lc 24,5, dois
homens de vestes brilhantes interpelam as mulheres no sepulcro; em Mt
28,2-3, é um anjo que está vestido de branco e comunica a boa-nova da
ressurreição; em Jo 20,12-13 dois anjos vestidos de branco perguntam a
Madalena: “Por que choras?”. Esses homens são personagens literários,
criados pelo autor, para transmitir alguma mensagem importante: uma
mensagem que o ser humano não seria capaz de descobrir sozinho. Por
vezes, os autores bíblicos usam esse recurso, dizendo que anjos foram
enviados (a Maria, a José, etc). É o mesmo sentido: são mensageiros de
Deus.
• A subida para o céu e a nuvem: durante muito tempo se pensou que o céu
fosse um lugar, bem ali acima das nuvens. E acima das nuvens estava o
trono de Deus, de onde ele governa todas as coisas. Era essa a cosmovisão
predominante. No tempo em que a Bíblia foi escrita, isso ainda era mais
visível. É só abrir o Apocalipse (cap. 4) e veremos que João viu o céu se
abrir e, lá no alto, o trono de Deus com uma maravilhosa liturgia celeste
acontecendo. É isso que está na cabeça de Lucas: Jesus veio do céu (lá em
cima) e para lá deve voltar. Por isso ele sobe para o céu e uma nuvem o
oculta. Mas é importante saber que esta é uma linguagem figurada. Não
devemos pensar que Jesus subiu como um foguete espacial. O céu não está
118
acima das nuvens, nem está lá o trono de Deus (os astronautas já
exploraram o espaço e não viram o céu lá). Até porque o céu não é um
lugar. É algo mais existencial. Então, o que significa a subida de Jesus para
o céu? Significa que, a partir de então, Jesus está em outra dimensão – que
não a nossa – e que os discípulos devem conviver com sua presença viva,
mas espiritual e não física, assim como nós o experimentamos hoje.

119
2º Encontro
A PROMESSA DO ESPÍRITO SANTO

1. ACOLHIDA E ORAÇÃO INICIAL


− Receber a turma com simpatia e ânimo. Fazer momento de animação, cantando à

vontade.
− Sossegar a turma para rezar.

− Cantar a música 2.

− Fazer preces espontâneas, cada um entregando a Deus a vida do companheiro da

direita. Espontaneamente, a começar do catequista, cada um fará uma prece a


Deus pela pessoa a sua direita, entregando a Deus sua vida e pedindo por ela.
− Rezar o Pai-Nosso, de mãos dadas.

− Repetir a música anterior ou cantar outra à escolha.

2. O QUE A BÍBLIA DIZ


Motivação
Vamos ouvir um trecho do Evangelho de João que mostra Jesus se
despedindo dos seus discípulos e prometendo-lhes uma ajuda muito especial. É a
ajuda de que eles precisavam para ter sucesso em sua missão.

Texto: Jo 14,12-18
Ajudar a turma a localizar o texto na Bíblia.

120
Partilha
• Segundo João, quem crê em Jesus fará o quê?
• Quem ama Jesus faz o quê?
• O que o Pai dará a quem amar Jesus?
• Quem é esse defensor que Jesus prometeu?

Aprofundamento
− Vamos entender melhor o que este texto nos diz. Antes de sua ascensão, Jesus se

despede dos apóstolos, fazendo algumas recomendações e uma promessa muito


importante.
Sugerimos ao catequista usar um quadro como este
para o aprofundamento e para a atividade. A primeira coluna será preenhida
com faixas que explicam o texto bíblico. A segunda coluna será preenchida com
faixas que explicam a oração que invoca o Espírito Santo.

JESUS PROMETE NÓS PEDIMOS

O catequista irá explicando o Evangelho servindo-se de faixas, na ordem em que


se encontram, dialogando com a turma, como sugerem os passos abaixo.

− Que disse Jesus a respeito da pessoa que crê? (Colar a primeira faixa: QUEM
CRÊ EM MIM REALIZARÁ MINHAS OBRAS.) Jesus afirma que quem nele
crer realizará suas obras e até mesmo obras maiores do que as que Jesus realizou.
Tudo o que Jesus fez foi de grande importância para renovar a vida das pessoas.
Toda a obra de Jesus consistiu em propor um jeito novo de viver, um mundo
novo. Então, Jesus está nos desafiando a fazer o mesmo que ele fez, a viver como
ele viveu. Se agirmos como Jesus agia, nossas obras contribuirão para melhorar o

121
mundo, trazendo mais alegria e sentido à vida, renovando toda a face da terra.
Jesus nos dá até mesmo plena liberdade de fazer coisas maiores do que as que ele
fez, se conseguirmos, evidentemente. Isso porque a gente deve sempre se esforçar
para agir da melhor maneira possível, buscando sempre superar-se. Há um ditado
que diz: “O bom mestre é aquele cujos discípulos o superam”. Não temos essa
pretensão, mas Jesus não se importará se alguém o superar...
− Que disse Jesus a respeito da pessoa que o ama? (Colar a segunda faixa: QUEM
ME AMA GUARDARÁ MEUS ENSINAMENTOS.) Só quem ama Jesus
profundamente é capaz de guardar seus ensinamentos. Quem não tem amor acaba
se esquecendo das coisas que Jesus ensinou. Por isso precisamos manter acesa a
chama do amor em nosso coração. Os mandamentos de Jesus são os mais
preciosos que podemos encontrar. Devemos guardá-los como quem guarda um
tesouro, com cuidado e amor.
− Quem Jesus promete que Deus vai nos enviar? (Colar a terceira faixa: O PAI
VOS DARÁ OUTRO DEFENSOR) Enquanto estava com os seus discípulos,
Jesus mesmo era o defensor deles. Jesus os animava e encorajava. Mas,
terminando sua missão e subindo ao céu, Jesus vai mandar outro defensor, que
ficará para sempre com os apóstolos. Será alguém que vai animar e consolar,
fortalecer e motivar os seguidores de Jesus em sua missão.
− Depois, Jesus explica que o defensor é o Espírito da verdade. Que quer dizer
isso? (Colar a quarta faixa: É O ESPÍRITO DA VERDADE) O Espírito Santo é
chamado "Espírito da Verdade" porque nos guia no caminho da verdade. Que
caminho é esse? É o caminho ensinado por Jesus. Jesus nos ensinou um caminho
que nos conduz com segurança à vida plena. Esse é o caminho verdadeiro que
toda pessoa deve seguir para ser feliz. Os outros caminhos são enganosos. Dão a
impressão de nos conduzir à felicidade, mas acabam destruindo nossa vida. Jesus
disse: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida”. (cf. Jo 14,6) Pois bem: o Espírito
Santo nos guia nesse caminho verdadeiro que é Jesus. Ele nos dá força para trilhar
o caminho de Jesus, porque não basta saber o caminho; é preciso ter força para
caminhar. Assim, o Espírito da verdade nos conduz e nos sustenta no caminho da
verdade.
− Jesus promete que não ficaremos órfãos. (Colar a quinta faixa: NÃO VOS
DEIXAREI ÓRFÃOS) Que significa isso? Ficar órfão é ficar abandonado, sentir-
se só. Isso não é bom para nós. Quem se sente sozinho acaba desanimando. Para
que isso não aconteça conosco, Jesus promete não nos deixar órfãos. Teremos
sempre a companhia do Espírito Santo. Esse Espírito encherá o nosso coração de
consolo e conforto de modo que não nos sentiremos abandonados, mas teremos a
122
certeza da constante presença de Deus junto de nós.
− No final o cartaz ficará assim:

JESUS PROMETE NÓS PEDIMOS


QUEM CRÊ EM MIM
REALIZARÁ
MINHAS OBRAS
QUEM ME AMA GUARDARÁ
MEUS ENSINAMENTOS

O PAI VOS DARÁ OUTRO


DEFENSOR

É O ESPÍRITO
DA VERDADE

NÃO VOS DEIXAREI ÓRFÃOS

O lado direito do cartaz, por enquanto fica em branco.


Na atividade ele será preenchido.
− Concluir: Vemos, então, como é a promessa de Jesus acerca do Espírito Santo
que deve nos assistir em nossa vida. O Espírito Santo é alguém muito especial
para nós. É uma presença marcante que nos sustenta, nos guia no caminho da
verdade, não nos deixa sozinhos. Com essa ajuda, seremos fiéis aos ensinamentos
de Jesus e realizaremos suas obras, para renovar o mundo. Essa é a promessa.
Jesus nos dá uma missão importante e a força para o cumprimento dessa missão.

3. ATIVIDADE
Sugestão
− Explicar para a turma que a Igreja costuma rezar uma oração bonita, pedindo a

Jesus que cumpra em nós a promessa de enviar o Espírito Santo.


− Distribuir a oração, uma folha para cada pessoa.

− Pedir que leiam com atenção:

123
ORAÇÃO AO ESPÍRITO SANTO
D − Vinde, Espírito Santo,
T − Enchei os corações dos vossos fiéis e acendei neles o fogo do vosso
amor.
D − Enviai vosso Espírito e tudo será criado
T − E renovareis a face da terra.
D − Oremos:
T − Ó Deus, que iluminais os corações dos vossos fiéis com a luz do
Espírito Santo, fazei que apreciemos retamente todas as coisas,
segundo o mesmo Espírito, e gozemos sempre de sua consolação.
Por Cristo, nosso Senhor. Amém!

− Convidar a turma para compreender melhor esta oração. Explicar que devemos
entender as coisas que rezamos, senão pareceremos papagaios que falam sem
saber o quê. Nessa oração, pedimos justamente o que Jesus prometeu no
Evangelho que acabamos de meditar.

O catequista pegará, então, as faixas com os pedidos feitos na oração e irá


comentar esses pedidos, mostrando a relação deles com o que Jesus prometeu no
Evangelho. Comentará cada pedido de uma vez e o colará à direita da faixa que
indica a promessa de Jesus relativa a esse pedido. Poderá ver se a turma consegue
descobrir, com a ajuda de seu comentário, a que promessa se refere cada pedido.
Para isso, seguir os passos abaixo:

− Mostrar a primeira faixa: QUE O ESPÍRITO SANTO ENCHA OS NOSSOS


CORAÇÕES. Nós rezamos: "Vinde, Espírito Santo, enchei os corações dos
vossos fiéis". Por que pedimos que o Espírito Santo encha nossos corações? Sem
dúvida, é porque ninguém pode viver com o coração vazio. Se vivermos com o
coração vazio, nos sentiremos sós e abandonados. Se nos sentirmos abandonados,
ficaremos desanimados. Se ficarmos desanimados, nossa missão estará correndo
sério risco de dar em nada. Sozinhos, sem o Espírito de Deus, nada
conseguiremos. Vejamos, agora, em que faixa está a promessa de Jesus de que
não ficaríamos sozinhos, abandonados, de coração vazio. (Deixar que a turma
descubra). Colar essa faixa no painel, à direita da que diz: NÃO VOS DEIXAREI
ÓRFÃOS.
− Mostrar a segunda faixa: QUE O ESPÍRITO SANTO ACENDA EM NÓS O

124
FOGO DO AMOR. Nós pedimos na oração: "Acendei em nós o fogo do vosso
amor". Precisamos, de fato, de muito amor, para seguir Jesus e seus
ensinamentos. O amor é o combustível que mantém acesa a chama da nossa fé.
Sem amor, caímos na frieza e no descaso pelas coisas de Deus. O amor nos ajuda
a manter a fidelidade àquilo que Jesus ensinou. Vejamos que faixa nos mostra
isso. (Deixar que descubram). Colar essa faixa no painel, à direita da que diz:
QUEM ME AMA GUARDARÁ MEUS ENSINAMENTOS.
− Mostrar a terceira faixa: QUE O ESPÍRITO SANTO RENOVE A FACE DA
TERRA. É o terceiro pedido que fazemos na oração: que o Espírito renove a face
da terra. Esse é um desejo de Deus. Tudo o que Deus quer é renovar o mundo, as
pessoas, para que haja mundo novo, novos corações, nova vida, enfim. Mas Deus
não renova o mundo sem a nossa contribuição. Ele quer que ajudemos, com
nossas obras, nesse processo de busca da vida nova. Por isso, quando pedimos a
renovação do mundo, estamos também nos comprometendo a realizar obras que
promovam esta renovação. Vejamos em que faixa Jesus se refere a isso. (Deixar
que descubram). Colar essa faixa no painel, à direita da que diz: QUEM CRÊ EM
MIM REALIZARÁ MINHAS OBRAS.
− Mostrar a quarta faixa: QUE O ESPÍRITO SANTO NOS AJUDE A APRECIAR
RETAMENTE TODAS AS COISAS. Apreciar determinada coisa é saber avaliar
se ela é boa ou ruim, verdadeira ou falsa, útil ou desnecessária. Quem não sabe
apreciar retamente as coisas da vida acaba confundindo gato com lebre. Pensa que
uma coisa é boa, quando faz vê que não presta. Pensa que uma coisa é ruim, deixa
de fazer e era uma coisa boa. Muita gente vive assim. E acaba seguindo por
caminhos falsos e se afastando cada vez mais do caminho verdadeiro que nos
conduz à vida plena. Por isso, pedimos que o Espírito nos ajude a apreciar, a
avaliar corretamente, dentre as coisas que nos cercam, quais são as verdadeiras e
úteis, que nos ajudarão a viver melhor, e quais são as falsas e enganosas, que
poderão nos atrapalhar. Vejamos, então, em que faixa está a promessa de Jesus de
nos ajudar a encontrar o caminho verdadeiro e o jeito melhor de viver. (Deixar
que descubram). Colar essa faixa no painel, à direita da que diz: É O ESPÍRITO
DA VERDADE.
− Mostrar a quinta faixa: QUE O ESPÍRITO SANTO NOS TRAGA A
CONSOLAÇÃO DE DEUS. A consolação de Deus é aquele sustento, aquela
força de que precisamos a todo instante. Sem essa força, ficamos desamparados e
não damos conta de nossa missão. Na vida agitada que levamos, precisamos
contar com um apoio todo especial vindo de Deus. Vejamos em que faixa Jesus
promete esse apoio. (Deixar que descubram). Colar essa faixa no painel, à direita
125
da que diz: O PAI VOS DARÁ OUTRO DEFENSOR.

No fim da atividade, o cartaz estará, portanto, assim:

JESUS PROMETE NÓS PEDIMOS


QUEM CRÊ EM MIM QUE O ESPÍRITO SANTO
REALIZARÁ RENOVE
MINHAS OBRAS A FACE DA TERRA
QUEM ME AMA GUARDARÁ QUE O ESPÍRITO SANTO
MEUS ENSINAMENTOS ACENDA EM
NÓS O FOGO DO AMOR
O PAI VOS DARÁ OUTRO QUE O ESPÍRITO SANTO
DEFENSOR NOS TRAGA A CONSOLAÇÃO
DE DEUS
É O ESPÍRITO DA VERDADE QUE O ESPÍRITO SANTO NOS
AJUDE A
APRECIAR RETAMENTE TODAS
AS COISAS
NÃO VOS DEIXAREI ÓRFÃOS QUE O ESPÍRITO SANTO
ENCHA
OS NOSSOS CORAÇÕES

Conclusão
Nós pedimos, nessa oração, exatamente aquilo que Jesus prometeu. Ao se
despedir de seus discípulos, ele fala da missão que terão – de realizar suas obras,
renovando a face da terra – e da força necessária para isso: a força do amor, a força
da verdade, a presença e o sustento de Deus, agindo em nós por meio do seu Espíri-
to. Já começamos a entender, portanto, qual é a importância do Espírito Santo em
nossa vida. Ele é quem sustenta o discípulo em sua caminhada, mantendo acesa a
chama do amor, guiando no caminho da verdade, sustentando e preenchendo a vida
do discípulo, renovando, enfim, junto de nós, a face da terra.

4. ORAÇÃO FINAL E ENCERRAMENTO


− Cantar a música 9.

− Rezar juntos a Oração ao Espírito Santo.

126
− Pedir que levem para casa, e rezem, a Oração ao Espírito Santo, trazendo-a para
os encontros seguintes.
− Fazer as motivações de sempre e encerrar, à vontade.

Dicas para o catequista


- Algumas Bíblias trazem a palavra Paráclito, em vez de defensor. Quem é o
paráclito? Esse é um termo que vem do campo jurídico. Paráclito quer dizer
advogado de defesa. No Antigo Testamento, os profetas falam do Goel: o
defensor dos pobres nas causas jurídicas. Pois bem! Esse defensor é o Espírito
Santo, o Espírito da verdade, o Consolador, a terceira pessoa da Santíssima
Trindade.
- O DNC, número 264, ao falar sobre o perfil do catequista, afirma que este é
“pessoa de espiritualidade, que quer crescer em santidade”. Por isso, “o catequista
coloca-se na escola do mestre e faz com Ele uma experiência de vida e de fé.
Alimenta-se das inspirações do Espírito Santo para transmitir a mensagem com
coragem, entusiasmo e ardor”. Vale a pena os catequistas meditarem sobre essa
afirmação do Diretório Nacional da Catequese. Será que de fato nossos
catequistas têm buscado acolher essa ação do Espírito em suas vidas?

127
3º Encontro
O CUMPRIMENTO DA PROMESSA

1. ACOLHIDA E ORAÇÃO INICIAL


− Receber a turma com simpatia e dedicação. Fazer momento de animação.

− Sossegar a turma, criando clima de oração.

− Fazer o Sinal da Cruz. Motivar: Mais uma vez estamos reunidos em nome de

Deus, que é Pai – que nos criou e nos ama, que é Filho – Jesus Cristo, que deu
sua vida por nós e nos chama a ser seus discípulos, e que é Espírito Santo, que
nos defende e anima na caminhada para cumprir a missão de Jesus. Vamos a ele
entregar nossa vida com confiança. (Fazer breve momento de silêncio).
− Convidar para rezar a Oração ao Espírito Santo.

− Cantar a música 9 ou outra à escolha.

2. O QUE A BÍBLIA DIZ


Motivação
No encontro anterior, vimos Jesus prometendo aos discípulos o Espírito
Santo. Hoje veremos como essa promessa se cumpriu.

Texto: At 2,1-13
Ajudar a turma a localizar o texto na Bíblia.

128
Partilha
• O que aconteceu no dia de Pentecostes? Como Lucas narra?
• O que mais chamou a sua atenção nessa narrativa?

Aprofundamento
- Depois de falar da despedida de Jesus e da missão que ele deu aos seus dis-
cípulos de continuar a construção do seu Reino, Lucas, que escreveu os Atos
dos Apóstolos, vai falar para os seguidores de Jesus que eles não estão sozi-
nhos nessa difícil missão. Então, ele escreve uma narrativa interessante sobre
o dia de Pentecostes, para mostrar que Jesus cumpriu a promessa de enviar o
Espírito Santo.
- Pentecostes era uma festa que os judeus realizavam em Jerusalém, cinqüenta
dias após a festa da Páscoa, para comemorar o dia em que Moisés recebeu de
Deus a Lei e fez com ele uma aliança.
- Era dia de Pentecostes. Os seguidores de Jesus já estavam conscientes de que
a missão de Jesus continuava através deles. Mas eles estavam ainda com
medo e não tinham forças para agir conforme Jesus tinha mandado. Estavam
reunidos, trancados em casa, só rezando para Deus ajudá-los.
- Então, o Espírito Santo se manifestou. Eles se sentiram renovados e fortale-
cidos e começaram sua pregação, diante de todo o povo reunido para a festa.
E começaram com sucesso, sendo compreendidos por pessoas de nações e
costumes tão diferenciados.
- A partir de então, a festa de Pentecostes, para os cristãos, ficou sendo a co-
memoração da vinda do Espírito Santo sobre os apóstolos e o início efetivo
da missão da Igreja. É quase como se fosse o aniversário da Igreja.
- Para falar do Espírito Santo, Lucas usa muitos símbolos: vento, fogo, lín-
guas, barulho, etc. Ele quer mostrar a força do Espírito Santo se manifestndo
na vida dos discípulos. Para isso, faz comparações preciosas. É o que vamos
ver na atividade a seguir.

3. ATIVIDADE
Sugestão
− Convidar a turma para compreender melhor os símbolos da manifestação do

Espírito Santo.
− O catequista deverá fazer uma explicação desses símbolos, usando para isso um

painel que será montado enquanto se faz a explicação. Depois de montado, o


painel deverá ficar assim:
129
COMO O ESPÍRITO SANTO AGE EM NÓS

BARULHO VENTO
Poder Vida
 
UNIÃO
PREDISPOSIÇÃO
 
Fervor Compreensão
FOGO LÍNGUAS

− Para a montagem do painel, observar os seguintes passos:


o
1 passo:
− Fixar o cartaz com os dizeres: COMO O ESPÍRITO SANTO AGE EM NÓS.

− Explicar: O texto que acabamos de ler nos mostra a ação do Espírito Santo na

vida dos discípulos. Para nos fazer entender como ele age com poder, Lucas usa
vários símbolos. São imagens e figuras que nos comunicam a mensagem de Deus.
O autor desse texto não fez uma reportagem do dia de Pentecostes. Não quis
contar, como faz um repórter, os detalhes do acontecimento. O que Lucas
pretendeu foi, sem dúvida, nos ajudar a compreender como o Espírito Santo age
em nossa vida. Vamos, pois, ver o sentido de cada símbolo que apareceu no texto.
o
2 passo:
− Colar, no centro do cartaz, a faixa: UNIÃO / PREDISPOSIÇÃO.

− Explicar: a primeira coisa que o texto nos diz é que os discípulos estavam

reunidos no mesmo lugar, quando chegou o dia de Pentecostes. E não estavam


reunidos à toa. Essa união dos discípulos significa que eles estavam predispostos
a receber o Espírito Santo para cumprir a missão que Jesus lhes havia dado. O
Espírito Santo não se manifesta a um povo desunido, disperso e indisposto.
Primeiro, Deus quer saber se estamos preparados para assumir nossa missão, se
estamos dispostos a formar um povo de irmãos, conforme é a vontade de Deus.
Depois, ele nos dá o Espírito Santo que vai nos capacitar para essa missão. Se
Deus manifestasse o Espírito em um povo desunido e indisposto, seria como dar a
uma criança um presente de valor que ela não sabe usar. A criança pegaria o
130
presente e, não sabendo o que fazer com ele, acabaria jogando-o fora ou
deixando-o abandonado em um canto. É por isso que Deus nos pede um sinal de
que vamos valorizar o Espírito que recebemos. Esse sinal é a nossa união, que
manifesta nossa disposição de realizar as obras de Jesus.
o
3 passo:
− Colar, conforme o modelo, a faixa: BARULHO.

− Explicar: O texto diz que, quando o Espírito Santo se manifestou, houve um

grande barulho. Parecia uma verdadeira tempestade, que se fez ouvir por toda a
parte. Que significa isso? Será que houve mesmo uma tempestade, com raios e
trovões? Qual o sentido desse barulhão todo?
− Colar a faixa: PODER.

− Explicar: No texto, esse barulho significa o poder de Deus em ação. Para mostrar

como é grande o poder de Deus, a Bíblia o compara a uma força que mexe até
com a natureza, como fazem as grandes tempestades. Isso significa que, a partir
daquele momento, o poder de Deus passava a agir de modo admirável na vida dos
discípulos. Com efeito, eles andavam meio fracos e desanimados. Mas a força do
Espírito haveria de despertar neles uma coragem nova. E foi isso que aconteceu.
Os discípulos saíram pregando a Palavra de Deus. Mas, quando eles agiam, não
era só com a força deles mesmos, mas com a força e o poder do próprio Deus.
Esse é o sentido do barulho.
o
4 passo:
− Colar a faixa: VENTO.

− Explicar: A Bíblia diz que, além do barulho, ouviu-se um vento forte que soprava

com força em toda a região. Que significa esse vento?


− Colar a faixa: VIDA.

− Explicar: O vento na Bíblia é sinal de vida. É o sopro de Deus que nos dá a vida.

Para viver, precisamos do ar que respiramos. O Espírito Santo vai ser para nós tão
importante como esse ar sem o qual ninguém pode viver. Esse é o sentido do
vento. O Espírito Santo chegou para trazer vida nova para os discípulos de Jesus.
Veio, em meio ao vento, como quem quisesse soprar para longe as coisas velhas e
nos dar vida nova. Os discípulos puderam começar, a partir de então, uma vida
nova, como nunca tinham experimentado antes.
o
5 passo:
− Colar a faixa: FOGO.

131
− Explicar: O texto fala que apareceram chamas de fogo que se repartiram e
pousaram sobre cada um dos discípulos. Que significa esse fogo? Será que houve
como que um incêndio? Terá esse fogo queimado a cabeça dos discípulos? Nada
disso.
− Colar a faixa: FERVOR.
− Explicar: O fogo significa a capacidade do Espírito Santo de aquecer nossos
corações. O fogo tem essa propriedade de aquecer, de acabar com o frio. O
Espírito Santo se manifesta para acabar com a frieza dos nossos corações,
acendendo neles o fogo do amor. Algumas pessoas costumam viver com extrema
frieza. Tratamos os outros com frieza. Trabalhamos com frieza. Estudamos com
frieza. Vivemos sem entusiasmo, sem garra, sem disposição. O discípulo de Jesus
não pode ser assim. Precisa se encher de amor pelo que faz, precisa ter fervor, que
é aquele entusiasmo que o Espírito nos dá. Ter fervor é deixar o nosso coração
"ferver" mesmo de amor pelas coisas de Deus. É esse o sentido do fogo, que o
Espírito nos traz.
o
6 passo:
− Colar a faixa: LÍNGUAS.

− Explicar: Outro símbolo da manifestação do Espírito que o texto nos mostrou

foram as línguas. Os discípulos, cheios do Espírito Santo, começaram a pregar a


Palavra de Deus. E todas as pessoas que os ouviam compreendiam perfeitamente
o que queriam dizer, mesmo pessoas de outras nações e de línguas estrangeiras.
Que significa isso? Será que, de repente, todo mundo começou a falar novos
idiomas? Não parece ser isto.
− Colar a faixa: COMPREENSÃO.

− Explicar: O que terá acontecido, na verdade, foi uma facilidade imensa de

compreensão entre as pessoas. O Espírito Santo trouxe aos discípulos uma


linguagem nova. Não era um novo idioma que todos pudessem compreender. Era
a linguagem do amor. Essa linguagem é compreensível a todas as pessoas,
mesmo aos estrangeiros que falam idiomas diferentes. De fato, há dois tipos de
linguagem. Há aquele que usamos quando de nossa boca saem palavras que
ofendem, que magoam, que machucam as pessoas e causam desunião,
rivalidades, desgostos, separações. Essa linguagem é difícil de compreender.
Ninguém a entende. E há aquele tipo que usamos quando de nossa boca saem
palavras que unem, palavras que comunicam amor, atenção, amizade, respeito e
produzem a união entre as pessoas, gerando compreensão. Essa é a linguagem
nova que o Espírito nos ensina. Os discípulos, com essa nova linguagem do amor,
132
conseguiram se fazer entender por todos, até por pessoas estrangeiras, porque a
linguagem do amor é universal. Falar em outras línguas é, pois, a capacidade que
o Espírito nos dá de usar nossa fala não para desunir e ofender as pessoas, não
para comunicar ódio ou revolta ou indignação, mas para unir as pessoas,
comunicando amor, paz e todo tipo de sentimento positivo. Esse é o sentido das
línguas.
− Terminada a montagem do painel, fazer um breve resumo de tudo o que foi dito,
dando uma visão de conjunto de toda a ação do Espírito Santo nos discípulos e
em nós. Frisar que o Espírito age quando estamos unidos e predispostos,
trazendo-nos o poder de Deus, conduzindo-nos a uma vida nova, aquecendo
nosso coração com o fogo que nos afervora e nos ensinando a nova linguagem do
amor, que proporciona uma compreensão geral entre as pessoas.

Conclusão
O texto fala que os discípulos ficaram tão empolgados com a presença do Es-
pírito Santo que muitos pensaram que eles estivessem "embriagados de vinho do-
ce". Mas, não! Eles se embriagaram do Espírito Santo. As pessoas costumam se
embriagar de álcool, ou de ódio, ou de violência. Quando estão assim, deixam-se
conduzir por essas coisas e sentimentos negativos. Os discípulos, no entanto, esta-
vam cheios do Espírito de Deus e por ele se deixaram conduzir. Essa é a santa em-
briaguez daqueles que se abrem à ação do Espírito Santo. Essa embriaguez todos
nós podemos ter. O grande convite de Deus é que deixemos o Espírito Santo agir
em nós, como agiu na vida dos discípulos, a ponto até de nos sentirmos assim "em-
briagados" de uma força tão especial.

4. ORAÇÃO FINAL E ENCERRAMENTO


− Convidar a turma para rezar, motivando as pessoas a pedirem a manifestação do

Espírito Santo em suas vidas.


− Cantar a música 9.

− Depois da música, fazer um momento de oração como segue:

• Vamos rezar, pedindo a Deus que manifeste em nós o seu poder, como mani-
festou na vida dos discípulos. Que o poder de Deus venha ser a força que nos
guia nas horas difíceis, a força que nos anima e nos dá coragem para caminhar.
Cada um pode em silêncio pedir que o Espírito Santo traga o poder de Deus
para agir em sua vida.
• Cantar o refrão da música.
• Vamos rezar também, pedindo que o Espírito Santo nos dê uma vida nova. Fe-

133
che seus olhos, pense um pouco em sua vida e veja quanta coisa velha precisa
ser renovada. O Espírito Santo quer renovar sua vida, soprando para longe tudo
o que é velho e desnecessário e trazendo vida nova. Em silêncio, peça a ele que
renove sua vida.
• Cantar o refrão da música.
• Vamos pedir ainda que o Espírito santo acenda em nossos corações o fogo do
amor. Ponha a mão em seu coração e peça com fé que o Espírito Santo faça
descer sobre você o fogo do amor, da alegria, do entusiasmo, para tirar de você
toda frieza, todo desânimo e encher você de fervor.
• Cantar o refrão da música.
• Enfim, vamos pedir que o Espírito Santo nos ensine a compreensão, a lingua-
gem nova do amor, para que entre nós exista união e entendimento, conforme é
a vontade de Deus. Coloque a mão no ombro de quem está ao seu lado e juntos
vamos rezar pedindo ao Espírito a união e a compreensão. Que nossas pala-
vras, nossos gestos, nossas atitudes apenas comuniquem amor e paz aos nossos
irmãos.
• Cantar o refrão da música, encerrando a oração.
− Encerrar, cantando à vontade.

Dicas para o catequista


- Lucas cria em At 2 um relato literário, com fins teológicos. Cada detalhe, cada
símbolo está intimamente ligado à narrativa da entrega dos mandamentos a
Moisés em Ex 19. O Pentecostes era a festa da entrega da Lei ao povo e da
conseqüente aliança feita entre Deus e sua gente. Lucas está relendo Ex 19, sob a
ótica de Jr 31. Deus havia libertado o povo do Egito (libertação material – Ex 12-
14). Mas isso não bastava. Ele precisa libertar sua gente também do egoísmo, que
gera escravidão e opressão (como no Egito). Esse é o sentido da Lei: ela é um
dom libertador, mas não de uma libertação de algo exterior – o Egito –, mas de
algo interior, no coração. Em Jr 31,31-34, Deus promete mandar um espírito
novo, que escreve as leis no coração e não em tábuas. Lucas quer mostrar à sua
comunidade que esse momento chegou: acabou o pentecostes antigo da lei
exterior – em tábuas; chegou o novo pentecostes, da lei interior – no coração
humano. Então, Lucas usa os mesmos símbolos antigos: trovões, relâmpagos,
línguas de fogo ou chamas, vento.
- Bom, a aliança de Deus é para todos os povos, mas no AT vemos que só Israel
ouviu a voz do Senhor e aceitou sua proposta. Lucas torna a lembrar a
universalidade da aliança: ela é para todos. Se no Pentecostes antigo só Israel
134
entendeu o que o Senhor dizia por meio de Moisés, no novo pentecostes todos os
povos ouvem e entendem o que o que Deus diz por meio dos discípulos. Por isso
em At 2,4, os apóstolos falam sua língua materna, mas todos entendem. É bom
não confundir essa expressão lucana com a glossolalia. No próximo encontro,
falaremos brevemente sobre o isso.

135
4º Encontro
O ESPÍRITO SANTO É PARA TODOS

1. ACOLHIDA E ORAÇÃO INICIAL


− Receber a turma alegremente. Fazer momento de animação.

− Motivar a turma para rezar. Colocar a mão no ombro do companheiro da direita e,

em silêncio, rezar invocando para ele a força do Espírito Santo.


− De mãos dadas, rezar a Oração ao Espírito Santo.

− Cantar a música 9 ou 10.

2. O QUE A BÍBLIA DIZ


Motivação
Depois da vinda do Espírito Santo, Pedro e os demais apóstolos ganharam
força e coragem e começaram a pregar a Palavra de Deus. Eles pregavam com tanta
fé e ardor que as pessoas que os ouviam ficavam com o coração tocado e cheias de
comoção. Certa vez, depois de uma dessas pregações, algumas pessoas foram
procurar os apóstolos e perguntaram-lhes o que deviam fazer. Vamos ver o que
Pedro vai lhes dizer sobre isso.

Texto: At 2,37-41
136
Ajudar a turma a localizar o texto na Bíblia.

Partilha
• Como o povo se sentiu ao ouvir a pregação de Pedro?
• O que perguntaram?
• Como Pedro lhes respondeu?
• De acordo com esse texto, Deus envia o Espírito Santo para quem?

Aprofundamento
− Montar um painel explicativo, para que a turma compreenda que o Espírito Santo

é para todos, mas há um processo pelo qual nos abrimos à sua ação. Sugerimos o
seguinte painel:

− Para montar o painel, seguir os passos abaixo:


o
1 passo:
− Explicar que o Espírito Santo é para todos, mas a gente precisa se abrir para

acolher sua presença. Deus não obriga ninguém a receber o Espírito. Apenas o
oferece, como um presente que a gente deve aceitar, para o nosso próprio bem. O
texto que nós ouvimos nos mostra como podemos nos abrir à ação do Espírito
Santo. Existe um processo através do qual a gente se abre para receber a força do
Espírito.
− Fixar o cartaz, tendo ao centro o desenho de uma pessoa. Colar na parte superior a

faixa: DOM DO ESPÍRITO.


− Explicar: O Espírito é um dom de Deus para todos nós. Um presente. Já sabemos

137
como ele age em nós, que efeito tem sua ação em nossa vida. Agora vamos ver o
que devemos fazer para receber esse Espírito. Quando os apóstolos pregaram, o
povo perguntou: “Que devemos fazer?” Convém a gente também se perguntar:
Que devemos fazer para receber o dom de Deus e fazer nossa aliança com ele?
o
2 passo:
− Colar embaixo, conforme o modelo, a faixa: COMOÇÃO.

− Explicar: Ao ouvir a pregação dos discípulos, as pessoas ficaram, como diz o

texto, comovidas – ou compungidas – no íntimo de seu coração. Que significa


ficar comovido? É ficar emocionado, é sentir-se tocado lá no fundo pela
mensagem de Deus. Quando ouvimos alguma coisa que não nos toca, reagimos
com indiferença. Mas quando ouvimos um assunto que nos agrada ou nos
emociona, ficamos atentos e nos sentimos tocados profundamente pelo que
ouvimos. Foi o que aconteceu com o povo. Ao ouvir Pedro falando como Deus
amava o povo, como Jesus havia dado a sua vida para salvar cada pessoa, até
morrendo na cruz e depois ressuscitando e ainda dando seu Espírito Santo para
animar o povo, todos ficaram emocionados. Surgiu neles uma profunda comoção.
Caíram em si. Perceberam a grandeza do amor de Deus, manifestado em Jesus.
Esse foi o primeiro passo para receberem a promessa de Deus. Para nós também,
esse será o primeiro passo. Precisamos nos deixar tocar pela mensagem de Deus.
Se ouvirmos com indiferença o que Deus nos diz, nos afastaremos cada vez mais
de suas promessas. Não é com indiferença que devemos acolher o dom de Deus,
mas com comoção, deixando-nos sensibilizar pela bondade infinita de Deus.
o
3 passo:
− Colar a faixa: QUESTIONAMENTO.

− Explicar: Cheios de comoção, indagaram de Pedro o que devia ser feito. As

pessoas estavam cheias de questionamentos, de perguntas. Diante de tudo o que


os apóstolos pregaram, o povo vai então questionar a própria vida. Quando a
gente começa a questionar a vida, isso é sinal de que alguma coisa foi despertada
dentro de nós. Alguma coisa que estava dormindo acordou e provocou dúvidas e
questionamentos. Isso é muito importante. Questionar a própria vida significa
olhar para dentro de si mesmo para ver como andam as coisas. O que vai bem? O
que vai mal? Que sentido tem a minha vida? Para onde estou caminhando? Que
pretendo? Que devo fazer? São perguntas que todos nós costumamos nos fazer.
Quando não questionamos nada, corremos o risco de estar meio mortos. O
questionamento significa que a pessoa acordou para a vida, abriu os olhos para a
138
realidade sua e do mundo. Esse é o segundo passo para quem quer receber o dom
de Deus. O Espírito nos dará vida nova. Mas precisamos nos perguntar que vida
nova queremos, o que precisa ser renovado. Se ficarmos dormindo no ponto ou
empurrando o tempo com a barriga, deixando que a vida passe sem que a gente se
dê conta, o Espírito de Deus não agirá em nós.
o
4 passo:
− Colar a fixa: ARREPENDIMENTO.

− Explicar: Depois do questionamento, vem o arrependimento. É o terceiro passo.

Pedro disse: "Arrependam-se". Que sentido tem isso? Arrepender é sentir que do
jeito que está não dá para continuar. É perceber os pontos fracos nos quais será
preciso mexer, para melhorar as coisas. O povo, tendo sentido e experimentado o
imenso amor de Deus, parou e pensou: não podemos continuar assim como temos
vivido. Precisamos consertar nossa vida, superando os erros. Quem percebe os
seus pontos fracos, mas, mesmo assim, pretende continuar do jeito que está não
precisa do Espírito Santo. Já que não quer mudar nada, para que precisaria da
força de Deus? Por isso, o arrependimento é importante. Ele nos leva a perceber,
com alegria, que muitas coisas podem melhorar com a ajuda do Espírito Santo.
o
5 passo:
− Colar a faixa: FÉ.

− Explicar: Pedro disse ao povo: "Cada um seja batizado em nome de Jesus Cristo".

Esse batismo é um sinal da fé, do compromisso com Jesus Cristo. Ser batizado
em nome de Jesus significa acreditar em Jesus, crer no que ele ensinou e assumir
um compromisso com ele. Isso é fé. Sem ela, nada se faz em nossa vida. Sem ela,
não recebemos o Espírito Santo. A fé não significa apenas crer em alguma coisa.
Muito mais que isso, a fé é aceitar Jesus em nossas vidas, deixando que ele guie
nossos passos em seus caminhos, sendo o Senhor de nossas vidas. O dom de
Deus é para quem acredita e se compromete. Sem isso, de que serviria o Espírito
Santo?
o
6 passo:
− Colar a faixa: CONVERSÃO.

− Explicar: Depois de falar do arrependimento e da fé, Pedro fala da conversão,

quando diz: "Cada um seja batizado para a remissão dos pecados". Que é a
remissão dos pecados? É afastar os pecados de nossa vida. É nos desviar de tudo
aquilo que pode atrapalhar nossa vida. É desejar profundamente mudar o rumo
139
das coisas, para adquirir uma vida nova. Isso é conversão. E é o passo decisivo
para recebermos o Espírito Santo. Se não tivermos essa coragem de abandonar a
vida velha – nossos vícios, nossas falhas, nossos pecados – então, para que
receberíamos o dom de Deus? O Espírito só pode agir em nós, se de fato
quisermos uma vida nova.

Conclusão
Esse é o processo para quem quer receber o Espírito santo. Primeiro nos sen-
timos tocados pela mensagem de Jesus e nos despertamos. Então, começamos a
questionar nossa vida, para ver o que devemos fazer, o que devemos mudar. De-
pois, vem o arrependimento e percebemos quanta coisa precisa melhorar. Começa-
mos a sentir aversão a tudo quanto nos prejudica. Aí, vem a fé que é a adesão since-
ra a Jesus, pois se sabe que ele é o único capaz de nos salvar. Então, nos converte-
mos e decidimos buscar uma vida nova. Deus, olhando a disposição do nosso cora-
ção, vai, então, nos ajudar, enviando-nos o Espírito Santo, conforme é sua promes-
sa. O texto que lemos mostra, que em um só dia, muitas pessoas passaram por esse
processo e aderiram a Jesus, recebendo o Espírito Santo. Somos hoje convidados a
nos juntar a essa multidão de pessoas que buscam a vida nova. O Espírito Santo é
para nós. Para todos nós. Basta mostrarmos nossa disposição de recebê-lo.

3. ATIVIDADE
- Dividir a turma em grupos.
- Repartir com os grupos a história “Um bebê e um defunto”.
- Pedir que cada grupo leia e responda as questões que seguem.

Um bebê e um defunto
Certa vez, numa cidadezinha do interior, morreu um distinto senhor.
Um velório é sempre uma situação de constrangimento. Quem é parente do morto
chora. E quem não quer chorar fica procurando um ponto para fixar os olhos ou
fica revirando a memória, procurando algo pra falar: algo que não seja engraçado,
pois a hora é de tristeza; algo que não seja tão triste, pois basta a tristeza da morte.
Não se pode chamar a atenção, nem se pode ficar escondido. Não se pode rir e
talvez também não se deva chorar. É uma situação difícil. Em suma, não se tem o
que dizer.
Pois bem! Nesse clima pesado, entra na sala uma jovem com o filhinho
nos braços. O jovem mocinho estava na dura fase em que as crianças resolvem
descobrir o mundo, nos seus mínimos detalhes. Entrou solene no colo da mãe,
140
sorridente, na certeza de que ali havia um universo a ser descoberto. A jovem mãe
distribuía rápidos sorrisos aos quatro cantos da sala, doida para mostrar a todos a
esperteza de seu princepezinho que trazia ao colo. Nunca encontrara platéia tão
atenta e predisposta.
Num cenário em que qualquer mosquito chamava a atenção, soou es-
trondosa a entrada dos dois. Tão logo foi entrando, a criança avistou na parede
uns quadros de santos. De um lado, o “Coração de Jesus”. Do outro, o “Coração
de Maria”. E entre ambos uma pomba grande, no meio de umas flores, represen-
tando o Espírito Santo.
A mãe, contente com o achado, atraía os olhares para si, preparando-se
para exibir a vastidão dos conhecimentos religiosos de seu pequeno sábio. E,
cheia de vaidade, arriscou: “Que é que o nenem tá vendo naquele quadro?”, per-
guntou a mãe apontando para a imagem do “Coração de Jesus”. A criança de
pronto respondeu: “Papai do Céu!” A mãe retornou: “E do outro lado?”. A criança
estava com a resposta pronta: “Mamãe do Céu!” Todos vibravam com a majesta-
de daquele bebê sabido. Animada, a mãe voltou à carga e mandou bala: “E ali no
meio, entre Mamãe do Céu e Papai do Céu, que é que o nenem tá vendo?” A cri-
ança fez cara de gaiata e não querendo se dar por achada, soltou de uma vez: “É a
cocó botando no ninho!” Foi uma debandada geral. Como não se podia rir ali di-
ante do morto, as pessoas saíram da sala às pressas sufocando o riso, e foram gar-
galhar gostoso nos quartos e na rua – pois o riso é mais gostoso na razão inversa
de sua conveniência. Quem tivesse ficado na sala teria notado que o próprio de-
funto, na sua frieza cadavérica, mal podia controlar seu constrangimento. E ria-se,
no íntimo, satisfeito.

Questões:
• O que você achou dessa história?
• O garoto tão sabido conhecia Papai do Céu e Mamãe do Céu, mas não co-
nhecia o símbolo do Espírito Santo? Por que será?
• Para você também o Espírito santo é o deus desconhecido?
• Por que o Espírito Santo é simbolizado por uma pomba? (cf. as dicas para o
catequista)

4. ORAÇÃO FINAL E ENCERRAMENTO


− Cantar a música 10.

141
− Fazer preces espontâneas. Cada um poderá invocar o Espírito Santo e lhe pedir
aquela atitude que é mais necessária em sua vida, para seguir Jesus. A resposta
poderá ser algo como: “Venha, Espírito Santo, nos iluminar”. Sugerimos preces
assim: “Venha, Espírito Santo, nos dar coragem para seguir Jesus”; “Venha,
Espírito Santo, aumentar a nossa fé”; etc.
− Repetir, se for oportuno, a música anterior.
− Fazer as motivações finais e encerrar, com bastante animação.

Dicas para o catequista


- Vamos continuar a reflexão do encontro anterior. Voltemos ao fenômeno da
glossolalia – falar línguas diversas –, presente em 1Cor 12,10. O falar em línguas
de At 2,4 (encontro anterior) não se refere ao mesmo fenômeno citado em 1 Cor
12. Em 1Cor, Paulo está orientando a comunidade sobre alguns dons
extraordinários que ela costumava cultivar e que, aliás, estava causando certo
tumulto por falta de regras para o seu uso. É um fenômeno pouco conhecido e só
aparece na Bíblia nesta Carta aos Coríntios (capítulos 12 a 14). Não tem nada a
ver com o relato lucano de Pentecostes, uma criação literária muito bem
articulada com o objetivo de mostrar aos seus ouvintes que o novo povo de Deus
é composto por todos os povos que ouvem e acolhem em seus corações a lei de
Deus, que é um dom e não uma obrigação.
- Outra coisa: não é raro hoje em dia a gente ouvir a expressão Novo Pentecostes.
Originalmente ela aparece para indicar a renovação que o Concílio Vaticano II
provocou na Igreja. Outras vezes, é usada para indicar o fenômeno do surgimento
da RCC (Renovação Carismática Católica – que muito valoriza o fenômeno do
Pentecostes e a ação do Espírito Santo nos fiéis). Apesar de não ser esta última a
sua raiz primeira, nada impede que assim seja usada. Mas é bom lembrar: a
renovação da Igreja vai muito além da RCC. Esse movimento pode ser para
alguns um sinal dessa renovação, mas esta extrapola seus limites. Deus age muito
além dos limites de um movimento ou denominação.
- Para simbolizar o Espírito Santo, quase sempre, usa-se a imagem de uma pomba.
Esse imaginário vem dos Evangelhos que relatam, no batismo de Jesus, a descida
do Espírito Santo sobre ele em forma de pomba (cf. Mc 1,9-10; Mt 3,13-17; Lc
3,21-22). Mas o Espírito Santo não é pomba certamente. De onde vem esta
imagem? São várias as possibilidades. Vejamos duas delas. A primeira
possibilidade é resgatar um símbolo do Antigo Testamento, a pomba do fim do
dilúvio, que anunciou o fim do mal e a recriação do mundo por meio das águas.
Alguns estudiosos entendem que, quando Marcos e os outros evangelistas
142
sinópticos relatam que a pomba desceu sobre Jesus no batismo, estão fazendo um
resgate dessa imagem do dilúvio: acabou o tempo do mal, do afastamento de
Deus, da ignorância religiosa, da não-prática da aliança; em Cristo, o mundo é
recriado, religado a Deus para viver sua aliança com ele. É isso que a pomba do
batismo significa: Jesus é o novo Noé, aquele que é totalmente obediente a Deus,
em quem Deus recria o mundo. Logo, o texto seria uma espécie de um midraxe e
não quer dizer que uma pomba desceu mesmo sobre Jesus. Outra possibilidade é
entender a pomba apenas como uma analogia: do mesmo modo que uma pomba
desce e pousa, o Espírito desceu e pousou sobre os apóstolos. Não é que o
Espírito tenha assumido a forma de uma pomba para descer. É que ele desceu
como uma pomba ou um pássaro qualquer desce, ou, talvez disséssemos hoje,
como um avião desce e pousa no solo. E aí teríamos o avião como símbolo do
Espírito Santo. A intenção do autor não seria, então, dizer que o Espírito Santo
assumiu forma de uma pomba, mas frisar a idéia de que Jesus é cheio do Espírito,
ou seja, é o enviado de Deus.

143
5º Encontro
O ESPÍRITO SANTO NOS ILUMINA

1. ACOLHIDA E ORAÇÃO INICIAL


− Acolher a turma com entusiasmo. Fazer a animação da turma, cantando músicas

apropriadas.
− Sossegar a turma para rezar. Cantar a música 9.

− Cantar bem animado. Ao final da música, cantar o refrão e ir rezando. Assim:

• Colocar a mão na cabeça e pedir a luz do Espírito Santo para nossa mente.
Cantar o refrão.
• Colocar a mão no coração e pedir a luz do Espírito Santo para nosso coração,
sentimento, afetos. Cantar o refrão.
• Colocar a mão no ombro do amigo ao lado direito e pedir a luz do Espírito
Santo para ele. Cantar o refrão.
• Fazer o mesmo com o da esquerda.
• Ao final, erguer os braços e cantar bem forte para encerrar.

2. O QUE A BÍBLIA DIZ


Motivação
Jesus, antes de enviar aos seus seguidores o Espírito Santo, explicou como o
Espírito haveria de iluminar suas vidas. Vamos compreender isso.
144
Texto: Mt 10,16-20
Ajudar a turma a localizar o texto na Bíblia.

Partilha
- Ver o que a turma entendeu do texto e o que cada um gostaria de destacar. Em
seguida, o catequista explica melhor as expressões do texto, como segue.

Aprofundamento
- Que significa ser enviado por Jesus “como ovelhas no meio de lobos”? A ove-
lha é o símbolo da mansidão. O lobo é o símbolo da violência. O discípulo de
Jesus convive com um mundo às vezes violento e enfrenta situações difíceis e
contraditórias. Ele é enviado a pacificar um mundo marcado pela maldade, pe-
la violência, pela vingança e coisas assim. Mas o seguidor de Cristo irá a esse
mundo como uma ovelha, ou seja, cheio de mansidão, paciência e tolerância. O
discípulo não usará as armas da força. Usará apenas a força de sua fé. Sua arma
é a não-violência. E ainda que no mundo haja violência, a pessoa de fé não
adotará este tipo de conduta. Continuará usando de mansidão. Essa mansidão
será o remédio contra a violência. Ao contrário, se as pessoas de bem, olhando
a violência do mundo, resolverem agir assim também, o mundo ficará ainda
mais cruel. Mais uma razão para manter a mansidão, mesmo quando convive-
mos com a violência.
- Que significa ser “prudentes como as serpentes, mas simples como as pom-
bas”? Convivendo em ambientes nem sempre fáceis, será preciso conciliar,
prudência e simplicidade. A serpente – simbolizando a prudência – é um ani-
mal rápido e sempre atento. Está sempre de olho, pronta a se defender. E sabe
dar o bote certeiro. A pomba – simbolizando a simplicidade – é ave mansa e
caseira, fácil de ser conquistada. Torna-se familiar sem muita desconfiança. O
desafio do seguidor de Cristo é conciliar essas duas características: ser pruden-
te, rápido, estar sempre atento e de olho vivo, para não ser pego em alguma ci-
lada e, ao mesmo tempo, ser simples, manso, confiante, de fácil acesso, aberto
para acolher a todos. Ou seja, ser manso não significa ser bobo e desprevinido.
Podemos ser mansos de coração, mas sempre atentos para não cairmos em al-
guma cilada.
- Que significa ser levado aos tribunais, por causa de Jesus? É o lado difícil de
seguir Jesus: incompreensões, críticas, perseguições, sofrimentos, dificuldades.
O mundo nos observa, avalia, julga e até condena. Jesus está preparando seus
145
discípulos para que sejam fiéis e firmes, quando enfrentarem momentos de
provação por causa da fé. Em nosso caso, pode ser que alguém nos critique por
causa de nossa fé. Precisamos estar seguros, para enfrentarmos essa situação
com naturalidade, sem desistir dos nossos valores cristãos. Que os outros pen-
sem como quiserem. E até nos julguem, se quiserem. Mas que nós sejamos
firmes na fé.
- Que significa “será inspirado em seus corações o que vocês deverão dizer”? A
pessoa que vive e segue Jesus guiada pelo Espírito Santo é uma pessoa inspira-
da, iluminada. Isso porque Deus, pelo Espírito, está presente em seu coração.
Essa pessoa terá a garantia da sabedoria e da força divina para agir divinamente
em cada situação. Ser iluminado pelo Espírito Santo significa saber agir, com
sabedoria divina, em todas as situações da vida. Porque se sabe que há enorme
diferença entre agir com sabedoria divina e agir simplesmente pelo primeiro
pensamento que nos vem à mente. A pessoa de fé não deve agir pelo primeiro
impulso. Deve pensar em como Deus inspira suas ações.

- Debater essa questão: Qual seria mesmo a diferença entre agir com sabedoria
divina, ou seja, iluminado pelo Espírito Santo, e agir pelo primeiro pensamento
que nos vem à mente? Ver se a turma consegue dar exemplos práticos.

3. ATIVIDADE
- Procurar no caça-palavras, termos que expressem qualidades que o discípulo de
Jesus deve ter para enfrentar os momentos mais difíceis de sua missão.

146
- A turma pode completar, sugerindo outras atitudes importantes para quem quer
seguir Jesus.

Conclusão
O Espírito Santo nos ilumina. Isso significa que ele nos ajuda a cultivar al-
gumas atitudes que são fundamentais no seguimento de Cristo. Seguir Jesus não é
mera diversão, não é uma brincadeira. É um compromisso sério. Jesus mesmo disse
que quem quiser segui-lo deve estar disposto a tomar a sua cruz. Pois é. O discípulo
de Jesus precisa então de alumas qualidades e atitudes para perseverar nas horas
mais difíceis. É nessas horas que mais precisamos da inspiração do Espírito Santo.

4. ORAÇÃO FINAL E ENCERRAMENTO


- Fazer preces espontâneas, em forma de ladainha, invocando a luz do Espírito
Santo, para os momentos mais difíceis da vida. A resposta poderá ser: “Que o
Espírito Santo nos ilumine!” Sugerimos:
• Quando enfrentarmos dificuldades.

147
• Quando estivermos sofrendo.
• Quando formos incompreendidos.
• Nos momentos de decisão.
• Quando estivermos em nossa família, etc.
- Rezar juntos a Oração ao Espírito Santo.
- Motivar a turma a viver e agir com sabedoria divina diante de cada situação.
- Fazer as motivações de costume.
- Encerrar com bastante animação. Cantar se for oportuno.

Dicas para o catequista


- Estamos falando de mansidão e serenidade para crianças de uma faixa etária em
que costumam predominar sentimentos de irritação, nervosismo, raiva, vingança e
coisas afins. Crianças dessa idade ainda geralmente não desenvolveram essa
capacidade de colocar a reflexão a serviço das emoções. Costumam agir,
primariamente, dando vasão à primeira emoção que sentem. Por isso, se irritam
com mais frequência, brigam mais, discutem mais.
- Por isso mesmo, é importante ensinar a essas crianças que as emoções são boas,
mas precisam se expressar com racionalidade, ou seja, precisamos refletir antes
de explodir em emoções descontroladas. O que equilibra as emoções são os
pensamentos ponderados.
- Para nos deixarmos guiar pelo Espírito Santo, precisamos acionar nossa
capacidade de pensar, de refletir, de ponderar as coisas, não deixando que as
explosões emocionais dominem nosso jeito de ser.
- O catequista precisa ir ensinando isso na prática. Certamente, lidará com
explosões próprias dessa idade. Deve, então, ajudar as crianças a pensar de um
modo positivo, inteligente e equilibrado, harmonizando as emoções com essa luz
que o Espírito nos dá, quando deixamos que ele aja em nós. No fundo, a ação do
Espírito Santo acontece de modo mais decisivo, quando damos uma ajuda,
colocando nosso pensamento para funcionar, usando nossa capacidade de refletir
antes de explodir. Só assim conseguimos continuar sendo “ovelhas”, sem nos
tornar como “lobos” ferozes.

148
6º Encontro
SOMOS TEMPLO DO SENHOR

1. ACOLHIDA E ORAÇÃO INICIAL


- Receber a turma com alegria. Fazer momento de animação.
- Sossegar a turma para rezar.
- Fazer o Sinal da Cruz.
- Cantar a música 10.
- Motivar: Vamos, com confiança, pedir a Deus o Espírito Santo. Ele renova
nosso coração; ele transforma nossa vida; ele vai nos ajudar a ser autênticos
discípulos de Jesus, cristãos convictos. Feche seus olhos, abaixe sua cabeça e
converse com Jesus. Peça a ele o Espírito Santo. Peça a ele sua força, sua luz. E
ele vai te ajudar na caminhada. (Breve silêncio.)
- Incentivar a turma a fazer preces espontâneas, pedindo a presença do Espírito
Santo em seu coração. O catequista sugere orações simples e brevess, tais
como: Senhor, ilumina minha vida com seu Espírito Santo: Senhor, enche
minha vida com seu Espírito santo; Senhor, que seu Espírito me dê força e
coragem em todos os momentos da minha vida, etc.
- Repetir a música anterior ou cantar outra à escolha.

149
2. O QUE A BÍBLIA DIZ
Motivação
Queremos entender hoje a importância da fé no Espírito Santo. Por ele, Deus
habita em nós. Deus em sua totalidade, em todo o seu mistério, em toda a sua
grandeza habita em nosso coração. Vamos ouvir um texto em que Jesus promete
isso.

Texto: Jo 14,19-28
Ajudar a turma a localizar o texto na Bíblia.

Partilha
• Qual o sentido da frase de Cristo “ainda um pouco de tempo e o mundo não
me verá”? Por que ele disse isso?
• O que Jesus promete a quem o ama e guarda sua palavra?
• Por que os discípulos não precisam ficar com medo ou com o coração per-
turbado?

Aprofundamento
- Antigamente, quando se perguntava onde está Deus, a gente aprendia a res-
ponder: Deus está no céu, na terra e em toda parte. Essa resposta continua
sendo verdadeira. Mas pode ser aprofundada. É o que queremos hoje fazer.
- Ao dizer que Deus está no céu, na terra e em toda a parte, acabamos colo-
cando Deus longe de nós. Se ele está no céu, parece estar longe, porque nós
não estamos no céu. Se ele está na terra, tudo bem. Mas como a terra é tão
grande, a gente fica sem entender direito onde exatamente Deus está. Se ele
está em toda parte, ótimo. Mas isso ainda não nos ajuda a compreender um
dos aspectos mais bonitos e profundos de nossa fé: Deus habita em nosso
coração. Ele está no céu, na terra, em toda parte, mas principalmente em
nosso coração.
- É o que Jesus promete no texto que ouvimos: “Se alguém me ama... nós vi-
remos a ele e faremos nele nossa morada”. Nós, quem? Jesus e o Pai. Mas
como eles poderiam ficar conosco, em nosso coração e morar em nós? Por
meio do seu Espírito, o paráclito prometido, o defensor que ficará sempre
conosco como prometeu Jesus.
- Por isso, o apóstolo Paulo afirma que somos “Templo do Espírito Santo”.
(cf. 1Cor 13,16) E, quando diz isso, Paulo quer mostrar que o Espírito Santo
é na verdade a presença de Deus em nós, presença espiritual que santifica
150
nossa vida. Não é somente uma parte de Deus, mas todo o mistério de Deus,
toda a grandeza de Deus que está em nós – o Deus uno e trino: Pai, Filho e
Espírito Santo.
- Aqui está algo que é mais que um simples detalhe. Nosso Deus é plural: um
só Deus em três pessoas. É o que chamamos de Santíssima Trindade: o Pai,
o Filho e o Espírito Santo. Esse Deus foi se manifestando aos poucos ao seu
povo amado. Deus Pai se manifestou principalmente nos tempos do Antigo
Testamento, reunindo o povo, a partir de Abraão; libertando o povo da es-
cravidão; ensinando o povo a crer em um só Deus. Depois, o Filho de Deus
veio ao mundo, fez-se gente como nós e deu-se a conhecer. Os Evangelhos
nos contam um pouco de sua vida. Tendo cumprido sua missão, Jesus envia
o Espírito Santo para acompanhar seu povo. Com o envio do Espírito Santo,
Deus se entregou por inteiro a nós. Agora, onde está Deus? Jesus quer que a
gente guarde isso: Deus está em nosso coração. Deus em sua totalidade, em
todo o seu mistério, habita em nós.
- Sabemos que Deus é poderoso e misericordioso. Sabemos que não há nada
nem ninguém acima de Deus. Nós o amamos acima de todas as coisas. Sa-
bemos que ele é santo e glorioso. E todo esse mistério habita em nós.
- Crer no Espírito Santo é crer nessa presença espiritual de Deus em nós. O
Espírito não é apenas uma força, ou uma luz, ou um sopro qualquer. Ele é o
próprio Deus habitando em nosso coração. E, se Deus habita em nós, não há
nenhuma outra força maior que essa para guiar nossa vida. Aquele que é
mais forte que tudo e que todos está sempre conosco, fez sua morada em
nosso coração. Quem crê no Espírito Santo não crê apenas que Deus existe.
Mais que isso, crê que ele existe e habita em nós.
- Essa fé tem consequências bem práticas, como veremos a seguir.

3. ATIVIDADE
Sugestão
- Explicar: Há no meio do povo uma série de crendices e superstições que
mostram falta de fé na presença de Deus em nós, falta de fé no Espírito Santo e
falta de conhecimento da vida e da religião. Dividir a turma em grupos e
repartir um texto para cada. Pedir que leiam e vejam qual é a crendice que aí se
percebe e quais os riscos que a gente corre ao acreditar mais em superstições do
que em Deus.
- Depois, cada grupo conta o caso e comenta. O catequista aprofunda o tema.

151
Menino doente
Uma senhora bem simples, certa vez, procurou o padre, com uma criança ao
colo, e lhe pediu: “Padre, benze o meu menino, porque ele pegou um encosto!”
O padre indagou: “Um encosto? Mas o que é isso? Alguém encostou-se
nele?”
A senhora explicou: “É, padre. Uma coisa ruim encostou nele. Olhe como ele
está”.
De fato, o menino estava prostrado no colo da mãe. Pálido, estava com a pele
quase cinza. Sua testa ardia em febre. Sua respiração estava rápida e ofegante.
Parecia muito mal.
O padre perguntou: “A senhora já levou esse menino a um médico, para
examinar?”
A senhora respondeu: “Não. Eu já levei em três benzedores. Mas não
melhorou. O senhor é o quarto que eu procuro. Passe nele uma reza bem forte que
ele melhora”.
O padre então combinou com a senhora: “Vamos fazer uma rápida oração e
correr com o seu menino para o hospital, porque ele parece muito mal”.
E assim fez. Rezou rapidamente e chamou um táxi. A mulher ficou assustada.
Ao chegar ao hospital, veio logo uma equipe de emergência. Corre daqui e dali e
veio logo o diagnóstico: o menino estava com pneumonia dupla. E foi uma correria
para salvar o menino, porque seus pulmões já estavam muito tomados pela doença.
Enquanto a mãe procurava benzedores, as bactérias se multiplicavam nos pulmões
da criança. Por sorte, ele escapou.

Loja vendendo mal


Certa vez, um lojista procurou um padre para benzer sua loja. E foi logo
explicando: “Eu queria que o senhor benzesse minha loja, porque o negócio não
está fácil. Estou vendendo quase nada”.
O padre indagou: “Mas o senhor acha que é por falta de bênção que os
negócios vão mal? Não haveria outras razões?”
O camarada insistiu: “Não, padre. O problema é uma vizinha que está
olhando com olho gordo para a minha loja. Todo dia ela passa em frente à loja e
olha para mim com uma cara feia, que até dá medo. Ela colocou mau-olhado em
meus negócios.”
O padre visitou a loja e fez lá uma oração. Mas explicou ao lojista que não
existe olhar, por mais feio que seja, capaz de atrapalhar os negócios de alguém. No
fundo, o problema não era somente daquela loja. É que em certas fazes o comécio
152
fica mais fraco, noutras vende mais. Isso é normal. O comerciante precisava ser
criativo e ter paciência, procurando melhorar o seu negócio, oferecendo melhores
produtos.
Fazendo isso, o sujeito passou a vender mais.

Carro com defeito


Um distinto senhor, com cara de boa pinta, procurou o padre e pediu que
benzesse o seu carro.
O padre comentou: “Comprou carro novo, hein?”
O senhor retrucou: “Antes fosse. Mas é carro velho mesmo”.
O padre perguntou: “Mas por que o senhor quer que o padre benza o carro?”
- É que ele está dando muito defeito. Não sai da oficina, seu padre. Como sei
que muita gente tem inveja de mim, acho que é isso que está atrapalhando o carro”.
O padre olhou preocupado. Onde já se viu pensar que a inveja de alguém
possa estragar um carro, provocando defeitos mecânicos?
Foram juntos conferir o tal veículo. Era um veículo importado, muito caro e
bonito, mas velho e muito usado.
O padre então explicou: “Meu caro, é normal que um carro com essa idade dê
muitos defeitos. E sendo um carro caro, o conserto sempre fica caro também. Não é
a inveja dos outros que está causando tantos defeitos. É o tempo de uso mesmo. O
negócio é arranjar um bom mecânico. Ou trocar por um modelo mais novo”.

Vida amarrada
A pobre senhora, muito simples e triste, procurou o padre, pedindo ajuda.
Conversando, o padre percebeu, pelos sintomas, que a senhora devia estar doente,
provavelmente com algum tipo de depressão – doença muito comum que precisa de
tratamento médico.
Mas a senhora dizia: “Seu padre, minha vida está amarrada. Nada dá certo.
Nem dormir estou conseguindo. Fico triste e chorando pela casa afora o dia inteiro.
Ouço vozes me atormentando. Estou sem forças para viver. Com certeza, alguém
está amarrando minha vida”.
O padre orientou a senhora a procurar logo ajuda médica. Mas ela ouviu pelo
rádio um programa que dizia: “Você que está triste, cansado da vida; você que está
com depressão; você que está desempregado; você que está com dificuldades nos
negócios ou na vida amorosa, venha que nós vamos fazer uma oração forte e você
ficará curado, em nome de Jesus!”
A senhora achou aquilo interessante e, em vez de ir ao médico, foi procurar
153
oração forte. Andou por várias igrejas, cada uma oferecendo algum tipo de reza
forte. Muitas cobravam um bom dinheiro para fazer as orações fortes.
No fim das contas, a senhora se viu sem dinheiro e ainda doente. E voltou ao
padre. Havia gastado muito e estava mais doente que antes. O padre rezou por ela,
mas repetiu o conselho dizendo que procurasse ajuda médica. Sem ter outra saída,
ela foi consultar-se. E com um simples remedinho, bem barato, ela ficou boa em
questão de dias.

Conclusão
Quem crê no Espírito Santo não fica pensando que existam outros espíritos
ou outras forças ocultas que possam nos prejudicar. Nenhum outro espírito vai en-
costar-se em nós ou invadir a nossa vida, causando-nos algum mal; nenhum olhar,
por mais ameaçador que pareça, pode atrapalhar nossos negócios; nenhuma energia
oculta, nada tem mais força que o próprio Deus que habita em nós. Então, quando
damos atenção a estas coisas, é porque não entendemos ainda a grandeza e o valor
da presença de Deus em nós. A fé no Espírito Santo nos ajuda a superar todas essas
crendices e superstições.

4. ORAÇÃO FINAL E ENCERRAMENTO


- Cantar a música 8.
- Motivar: O Espírito Santo é uma força que restaura, que renova, que
transforma. Restaurar é consertar o que está estragado; é corrigir o que precisa
ser mudado; é dar um brilho novo àquilo que está desgastado; é fortalecer
aquilo que está enfraquecido. Pense, então, em sua vida: naquilo que está
enfraquecido, nas coisas que estão estragadas, desgastadas, que precisam ser
mudadas, renovadas. O Espírito Santo quer restaurar você, para que tudo em
sua vida seja novo e tenha o brilho das coisas de Deus.
- Convidar a turma a fazer preces espontâneas, entregando-se a Deus e pedindo
ao Espírito Santo que venha restaurar aquilo que precisa ser renovado. A
resposta poderá ser: “Renove nossa vida, ó Espírito Santo”. Sugerimos preces
assim:
• Eu te entrego, Senhor, minhas fraquezas e peço que seu Espírito me renove;
• Eu te entrego, Senhor, minha família e peço que seu Espírito a renove;
• Eu te entrego, Senhor, minha dificuldade de perdoar e peço que seu Espírito
me renove;
• Eu te entrego, Senhor, os jovens doentes e peço que seu Espírito os renove; etc.
- Repetir a música anterior.
154
- Encerrar, de forma animada.

Dicas para o catequista


- Sempre é bom frisar que o Espírito santo não é uma força, nem uma energia
cósmica diluída na criação, nem uma enrgia positiva que vem do pensamento. É
Deus-conosco. É Deus em nós, vivo em nosso coração, nos animando e
sustentando na caminhada. Parece oportuno esclarecer melhor essa idéia do
Espírito Santo como uma energia cósmica presente na criação. Isso é panteísmo e
não cristianismo. O panteísmo é uma crença que pensa assim: “Tudo é Deus e
Deus é tudo”. É preciso tomar cuidado: há muito panteísmo diluído por aí com
casca de cristianismo. Mas nosso Deus não é uma energia, nem uma força: nosso
Deus é uma pessoa com quem a gente entra em relação: Pai, Filho e Espírito
Santo. É o mistério da Santíssima Trindade: podemos experimentar essa relação,
mas não podemos abarcar a totalidade de seu significado. Podemos ser abraçados
por esse mistério, envolvidos por ele, mas não podemos apreendê-lo, destrinchá-
lo.
- As questões de superstição que foram trazidas nas histórias do encontro de hoje
devem ser tratadas com muita cautela. São questões delicadas, que envolvem a fé
do povo e isso merece respeito. Mas não seria razoável deixar de orientar desde
cedo os catequizandos, evitando que eles cultivem crendices que, no fundo,
entram em contradição com nossa fé católica.

155
7º Encontro
TRAZEMOS UM TESOURO EM VASO DE BARRO

1. ACOLHIDA E ORAÇÃO INICIAL


- Acolher a turma com simpatia. Fazer momento de animação.
- Acalmar a turma para o momento de oração.
- Fazer o Sinal da Cruz, lembrando que nos reunimos em nome de Deus uno e
trino: Pai, Filho e Espírito Santo
- Rezar a Oração ao Espírito Santo.
- Cantar a música 18 ou outra apropriada.

2. O QUE A BÍBLIA DIZ


Motivação
A presença de Deus em nós é um grande tesouro. Em nossa fraqueza, temos
dificuldade de entender como esse Deus tão grande e maravilhoso habita em nós,
que somos tão fracos e pecadores. O apóstolo Paulo encontrou uma expressão
bonita para falar disso. Ele disse que nós trazemos um tesouro em vaso de barro.

Texto: 2Cor 4,7-15


Ajudar a turma a localizar o texto na Bíblia.

156
Partilha
• O que significa esse tesouro de que Paulo fala?
• O que significa o vaso de barro?
• O que Paulo quer dizer com essa frase: “Trazemos um tesouro em vaso de
barro?”
• Por que Paulo afirma que nós somos afligidos, postos em apuros, persegui-
dos, mas sempre vencemos tudo? Que força age em nós?

Aprofundamento
- Antes desse texto, no versículo 6, Paulo falou da glória divina e da luz que
brilham em nosso coração. Paulo está encantado com o mistério de Deus,
que se fez presente na vida dele, e fez dele um apóstolo do Senhor, um dis-
cípulo de Cristo. Ele sabe que nem merece tanta honra, nem tem força para
levar adiante sozinho essa missão.
- E é por isso que ele diz que traz um imenso tesouro em vaso de barro. O te-
souro é a grandeza da presença de Deus. O vaso de barro representa o seu
coração, frágil e cheio de limitações, a sua vida cheia de fraquezas.
- Essa expressão de Paulo nos ajuda a entender a presença de Deus em nós.
Deus é o tesouro. Nós somos os vasos de barro. A qualidade do vaso não
muda o valor do tesouro. Se o tesouro fosse, suponhamos, um anel de ouro,
poderíamos guardá-lo numa gaveta, ou em um cofre de ouro, ou no bolso, e
ele teria sempre o mesmo valor. Claro que no cofre estaria mais bem guar-
dado. Mas o valor seria o mesmo. Da mesma forma, Deus quis ficar presen-
te em nossa vida, habitando em nosso coração, mesmo conhecendo nossa
fragilidade, mesmo sabendo que somos como vasos de barro.
- O mistério de Deus permanece o mesmo. E nós nos sentimos mais respon-
sáveis por cuidar desse mistério, sabendo que somos fracos. A fraqueza
humana faz que passemos por muitas provações, como diz Paulo. Mas em
todas elas podemos nos considerar vencedores, porque o próprio Deus habi-
ta em nós e nos dá força.
- E, sabendo que esse tesouro habita em nós, não presisamos temer nada.
Ainda que sejamos afligidos, não seremos vencidos. Ainda que sejamos
postos em apuros, não perderemos a esperança. Ainda que sejamos perse-
guidos, não seremos desamparados. Essa é a certeza que a fé nos traz. Por
isso, é tão importante crer no Espírito Santo.
- Quem nele não crê, quando passa por alguma provação, sente-se inseguro e
acha que está com alguma energia negativa ou algum encosto. Quem não
157
crê na presença de Deus, acha que está ameaçado por energias negativas e
coisas assim, que está com a vida amarrada ou amaldiçoada por forças ocul-
tas. Para quem tem fé, isso não existe. Deus – que é maior que tudo e mais
forte que todos –, estando conosco, não permite que nenhuma outra força
oculta nos ameace. Por isso, a fé no Espírito Santo é o melhor remédio para
a gente superar inseguranças, crendices e superstições.

3. ATIVIDADE
Sugestão 1
- Convidar a turma para decifrar algumas frases bíblicas num criptograma.
Elas mostram como Deus está sempre conosco e a confiança que nele de-
vemos ter.
- Dividir a turma em 5 grupos. Cada grupo vai decifrar uma frase.
- Terminando a tarefa, o grupo retorna para um plenário. Cada um diz a frase
que encontrou, em que lugar da Bíblia ela se encontra, e o que ela significa.

a b c d e f g h i j l m n o p q r s t u v z
1 2 3 4 5 6 7 8 9 # $ % & * ( ) + § = ] [ {
Sl 22,1: * §5&8*+ 5 * %5] (1§=*+, &141 %5 61$=1.
a b c d e f g h i j l m n o p q r s t u v z
1 2 3 4 5 6 7 8 9 # $ % & * ( ) + § = ] [ {
Sl 22,4: §5 5] =9[5+ )]5 1&41+ (*+ [1$5 5§3]+*, &ã* =5%5+59 &5&8]% %1$,
(*9§ 3*%97* 5§=1§.
a b c d e f g h i j l m n o p q r s t u v z
1 2 3 4 5 6 7 8 9 # $ % & * ( ) + § = ] [ {
Rm 8,26: * 5§(9+9=* [5% 5% §*3*++* 45 &*§§1 6+1)]5{1.
a b c d e f g h i j l m n o p q r s t u v z
1 2 3 4 5 6 7 8 9 # $ % & * ( ) + § = ] [ {
Rm 8,31: §5 45]§ 5 (*+ &ó§, )]5% §5+1 3*&=+1 &*§?
a b c d e f g h i j l m n o p q r s t u v z
1 2 3 4 5 6 7 8 9 # $ % & * ( ) + § = ] [ {
Rm 8,37: 5% =]4* 9§§*, §*%*§ %19§ )]5 [5&354*+5§, 7+1ç1§ 1)]5$5 )]5 &*§
1%*].

- As frases são as seguintes:


• Sl 22,1: O Senhor é o meu pastor, nada me falta.
158
• Sl 22,4: Se eu tiver que andar por vale escuro, não temerei nenhum mal,
pois comigo estás.
• Rm 8,26: O Espírito vem em socorro de nossa fraqueza.
• Rm 8,31: Se Deus é por nós, quem será contra nós?
• Rm 8,37: Em tudo isso, somos mais que vencedores, graças àquele que
nos amou.

Sugestão 2
− Convidar a turma para refletir sobre um texto que vai ajudar a compreender a

preciosidade desse tesouro que trazemos em nosso coração e o risco de desprezá-


lo.
− Dividir a turma em grupos e repartir o texto “A POBRE PEREGRINA”. Pedir

que leiam e respondam as questões no final, debatendo-as no grupo.

A Pobre Peregrina
Há muitos e muitos anos, numa terra distante daqui, viveu uma pobre pere-
grina. A pobre mulher, como se a pobreza não lhe bastasse, ainda tinha uma perna
torta. Naqueles tempos difíceis de crise, a pobre peregrina percorria a região, com o
seu passo manco, andando de casa em casa, trazendo às costas o seu costumeiro
sacolão de bugigangas e cantando sua canção:
"A pobre peregrina, que tem a perna torta, batendo de porta em porta, pedin-
do caridade".
E assim era ela conhecida pela canção que nunca parava de gritar pelas estra-
das e ruas.
E ela nunca parava de andar à cata de suas esmolas. Uma esmola que se ga-
nha é sempre uma pequena porção de ilusão para enganar o pobre. Um pedacinho
microscópico de pão mofado, alguns centavos de dinheiro, uma peça de roupa en-
velhecida, restos e sobras – tudo isso ela ia guardando no seu sacolão, enquanto
cantava sua canção.
Um dia, porém, a vida reservou para a pobre peregrina uma dessas surpresas
que dificilmente a vida sabe dar. Esmolando a esmo, encontrou ela um desses fa-
zendeiros solteirões com mais de sessenta, podre de rico, sem herdeiros e, vejam
só, à beira da morte. O bom senhor compadeceu-se da pobre peregrina e, tocado no
íntimo por um profundo senso de caridade, resolveu doar à peregrina os seus per-
tences, reservando a si somente o que pudesse levar para o túmulo.
A pobre peregrina pasmou-se de júbilo e nesse dia cantou mais alto ainda sua
159
canção, pulando de alegria ao pensar que teria tudo o que sempre sonhara: fazendas
aqui e ali, gado, dinheiro à beça, empregados. Pegou o documento de doação das
mãos trêmulas do velhote, meteu-o no sacolão onde deviam ir todas as esmolas e se
mandou. Foi correndo contar a novidade para os seus colegas pedintes.
Qual não foi, porém, sua decepção diante da triste reação dos colegas: "Que é
isso, peregrina? Como é fácil enganar você! Então, você pensa que esse papel vale
alguma coisa? Você acha que alguém no mundo lhe daria tanta coisa de graça? Que
bobice! Você não ganhou foi nada. Além de ser feia e de ter a perna torta, você é
triste de boba. E ainda pensa que ficou rica..." E caíram na risada.
A pobre mulher duvidou de si mesma. Olhou bem para os colegas, olhou bem
para si e pensou: "É mesmo! Como pude ser tão boba assim? Onde já se viu alguém
dar de esmola fazendas, carros, bois, dinheiro? Sou boba mesmo. Preciso cair na
real e arranjar comida para o almoço, que papel não enche a barriga".
Desiludida, a pobre peregrina olhou tristonha para o documento em suas
mãos, meteu-o de novo no fundo do sacolão e pôs-se a cantar novamente sua triste
canção pelas ruas da cidade, certa de que havia se enganado. Tudo fora um sonho.
E, assim, a vida foi em frente.
Muitos anos depois, já velha e cansada, a peregrina veio a passar por momen-
tos de grande crise. As esmolas já não davam para sustentá-la. Foi num desses
momentos que ela parou à beira da estrada, abriu o sacolão e começou a tirar de lá
um montão de coisas, para ver se achava algo para comer. Lata velha, chinelo arre-
bentado, papéis amassados, lenço rasgado, tanta coisa inútil e, no fundo do sacolão,
encontrou ela aquele velho papel de doação, amassado e amarelado pelo tempo.
Uma leve esperança iluminou, então, sua mente. "Quem sabe, pensou cautelosa, se
esse papel não vale pelo menos alguma coisinha, mesmo que não valer tanto as-
sim... só para matar um pouco essa fome..."
Meio receosa, a peregrina ajuntou a trouxa e foi parar no cartório da cidade. E
quase não acreditou quando lhe disseram que, de fato, o documento era verdadeiro.
Sim, tudo aquilo era seu. Ela era a dona legítima de toda aquela fortuna.
Correu então para tomar posse de tudo. Comprou roupas novas, lenço novo,
dentadura nova, renovou-se por completo, por dentro e por fora. Vida nova, muito
dinheiro, muita fama, tudo do bom e do melhor.
Só que, ironia do destino, já estando velha, a pobre peregrina logo veio a fa-
lecer e pouco gozou de sua riqueza.
Questões:
• Por que a pobre peregrina não soube aproveitar em vida a riqueza que tinha es-

160
condida em sua sacola? Por que ela não valorizou o presente que havia recebi-
do?
• Que conseqüências isso provocou em sua vida?
• Na opinião do grupo, que semelhanças há entre o papel da perigrina e o tesouro
citado por Paulo?
• Onde foi que a peregrina errou?
• Que lições a gente poderia tirar dessa história?
− Fazer um plenário onde cada grupo exponha suas conclusões sobre o texto.

Conclusão
Já conhecemos o amor de Deus nosso Pai, que nos criou para a vida plena. Já
refletimos também sobre seu Filho Jesus Cristo, que veio ao mundo para nos reve-
lar o caminho da Salvação. Agora, no fim desses encontros, estamos conhecendo o
Espírito Santo, que nos foi enviado por Deus Pai e por Jesus, para nos sustentar em
nossa vida, enquanto caminhamos na estrada de Jesus. Não bastava Deus ter nos
criado para a felicidade: era preciso que nos mostrasse, de forma mais clara, o ca-
minho para ser feliz. Jesus veio mostrar esse caminho. No entanto, não bastava
mostrar o caminho, se não tivéssemos força para caminhar. O Espírito Santo veio
nos dar essa força. Temos, então, as três pessoas divinas: o Pai, O Filho e o Espírito
Santo, fazendo de tudo pela nossa salvação. Esse é o tesouro que trazemos em va-
sos de barro. Mas, tomando consciência de seu valor, saberemos tomar posse da
vida nova que ele nos proporciona. Deus se desdobra por causa de nós. Bom seria
se nos desdobrássemos para corresponder a esse amor de Deus. O primeiro passo é
nos conscientizar do imenso valor da presença de Deus em nós.

4. ORAÇÃO FINAL E ENCERRAMENTO


- Convidar a turma para um momento de agradecimento. Cada um poderá
espontaneamente fazer a Deus uma prece de agradecimento por todo o seu
amor. A resposta poderá ser: “Obrigado, Senhor, por seu amor.”
- Encerrar a oração, cantando. Sugerimos a música 12 ou 15.
- Motivar a turma para o próximo encontro que será uma celebração. Combinar
detalhes, ver como se fará a confraternização de costume.
- Encerrar à vontade.

Dicas para o catequista


- Estamos tratando de um tema muito complexo e muito importante: a presença do
161
Espírito Santo na nossa vida e o mistério da Santíssima Trindade. Nós cristãos
nem sempre conhecemos a fundo esse mistério. A Trindade é só um detalhe, uma
coisa de menor importância na fé do povo. Tem até um teólogo famoso que disse
que se, por acaso, um dia, a Igreja dclarasse que Deus é só uno e não trino, não
faria diferença alguma para a maioria dos cristãos. Ele intitulou esse abandono do
Deus trino de “Exílio da Trindade”. É só lembrar a história do bebê e do defundo,
utilizada na atividade do quarto encontro. O Espírito Santo é um Deus
desconhecido e Jesus – o Filho – virou Papai do Céu. Já não se distinguem as
pessoas da Trindade. Aliás, quase nunca se sabe que elas existem.
- Coma desculpa de que a Santíssima Trindade é um mistério, ignora-se por
completo algo que é fundamental na nossa fé: nosso Deus é uno e trino: Pai, Filho
e Espírito Santo. Mas será que o mistério é algo que se deve ignorar? É algo
impossível de compreender? É um enigma não decifrável? Não é bem assim.
Mistério vem de um verbo grego que quer dizer algo que está velado, mas pode
ser aberto; algo que está oculto, mas vai se dando a conhecer. É como o mar: não
dá para abarcá-lo, nem para explicá-lo. Nada o esgota. Mas é possível mergulhar
nele, explorar sua grandeza e maravilhar-se com suas riquezas inesgotáveis.
Ignorar a Trindade é ignorar Deus. Algo absolutamente impensável para um
cristão de fato.

162
8º Encontro
CELEBRAÇÃO

PREPARAÇÃO
- Preparar uma faixa, com os dizeres: "VINDE, ESPÍRITO SANTO".
- Levar bacia com água e ramo para aspersão.
- Levar velas para a súplica da luz. Confira atentamente a letra “C” do no 3.
- Preparar um altar apropriado.
- Escolher leitor e treinar com ele.
- Organizar a confraternização.

1. RITOS INICIAIS

163
C − Acolher a turma, cumprimentando a todos.
− Motivar a celebração, dizendo: Hoje, estamos reunidos, como os discípu-

los no dia de Pentecostes, para pedir a Deus que nos envie o Espírito
Santo. Já conhecemos o Espírito Santo e sabemos de sua importância em
nossa vida. Deus prometeu que daria o Espírito Santo a todos. Por isso,
com muita confiança, vamos suplicar a Deus que cumpra em nós sua
promessa. Iniciemos nossa celebração, cantando. Sugerimos a música 2.
D − Como os discípulos estavam reunidos no dia de Pentecostes, nós estamos

aqui reunidos em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.


T − Amém!

D − A paz de Jesus, nosso Salvador, o amor de Deus e a força do Espírito

Santo estejam com todos vocês!


T − Bendito seja Deus que nos reuniu no amor de Cristo!

D - Deus nos reuniu nessa celebração, porque quer dar o Espírito Santo a
todos nós. A promessa de Deus é para todos. Mas é necessário que a
gente sinta a importância do Espírito em nossa vida, para desejá-lo de
todo o nosso coração. Por isso, em nome de Deus, eu lhes pergunto:
• Vocês desejam receber o Espírito Santo de Deus?
• Recebendo o Espírito, vocês prometem se esforçar para testemunhar o
nome de Jesus?
• Vocês desejam a vida nova que o Espírito Santo quer lhes dar?
• Vocês estão convencidos da importância do Espírito Santo em suas
vidas?
- Então, vamos receber uma faixa que expressa esse nosso desejo de
receber o Espírito Santo. Enquanto isso, vamos cantar animados.
(Sugerimos a música 9.)
(Enquanto se canta, alguém entra com a faixa
"VINDE, ESPÍRITO SANTO" e a fixa em lugar bem visível)
- Convidar a turma para estender as mãos na direção da faixa e rezar:
Senhor, nosso Deus, seja fiel à sua promessa e envie-nos o Espírito
Santo, tão necessário em nossa vida. Nós precisamos, Senhor, de sua
força para vivermos a nossa fé. Sem o seu Espírito Santo, sempre falta
alguma coisa em nossa vida. Por isso, lhe pedimos que o seu Espírito
Santo venha habitar em nós, para fazer de nós um povo forte e santo.
Amém!

164
2. RITO DA PALAVRA
C - Convidar a turma para se sentar e acolher a Palavra de Deus.
- Introduzir a primeira leitura, dizendo: Certa vez, o Apóstolo Paulo foi
à cidade de Éfeso e lá encontrou alguns discípulos que nunca tinham
ouvido falar do Espírito Santo. Vamos ver o que aconteceu.
L - Leitura do Livro dos Atos dos Apóstolos. (At 19,1-7)
Sugerimos ler o texto na Bíblia.

C − Como esses discípulos de Éfeso, muita gente não conhece o Espírito


Santo. Mas Deus quer dá-lo a todos. Basta que o peçamos confiantes. É
isso que o Evangelho vai nos mostrar. Vamos ficar de pé e acolher o
Evangelho, cantando. (Sugerimos a música 3.)

D - O Senhor esteja conosco!


T - Ele está no meio de nós!
D - Evangelho de Jesus Cristo segundoLucas.
T - Glória a vós, Senhor!
D - Proclamar: Lc 11,9-13.
Sugerimos ler o texto na Bíblia.

165
D - Se for oportuno, promover a partilha dos textos, vendo que mensagem
cada um gostaria de ressaltar.
- Comentar os pontos abaixo, concluindo:
• Os discípulos, em Éfeso, ainda não conheciam o Espírito Santo. Já
haviam se convertido, recebendo o batismo de conversão realizado por
João Batista. Mas isso não era suficiente. Precisavam ainda receber,
em nome de Jesus, a força do Espírito Santo, que faria daqueles ho-
mens verdadeiras testemunhas de Jesus. Isso nos mostra que não basta
nos convertermos, deixando de fazer o mal. Jesus espera de nós muito
mais. E, quando nos envia seu Espírito, é para fazer de nós discípulos
fortes, corajosos e animados, dispostos a seguir Jesus e a construir o
seu Reino.
• O Espírito Santo é o dom mais importante que Deus tem para nos dar.
Como um pai que supre as necessidades de seus filhos, Deus, em sua
bondade, sabe que nossa maior necessidade é o Espírito Santo, que
nos fortalece e ilumina. Por isso, no Evangelho, Jesus nos ensina a pe-
dir a Deus a força de seu Espírito. Pedir o Espírito Santo significa que-
rer de Deus aquela força especial que nos sustentará em nossa missão
de seguidores de Jesus. Isso é mais importante que qualquer outra coi-
sa que a gente desejaria pedir.

166
3. RITO DA INVOCAÇÃO DO ESPÍRITO SANTO
Invocação
C − Convidar a turma para invocar o Espírito Santo.
− Motivar: Jesus disse que devemos pedir o Espírito Santo. É importante

pedir, para que fique claro que nós o queremos. Ninguém pede aquilo
que não quer. Portanto, quem quiser receber o Espírito Santo precisa pe-
di-lo a Deus com fé e insistência. Vamos, pois, rezar uns pelos outros,
para que todos tenham o Espírito.
− Explicar como será feita a oração: as pessoas formarão duplas. De cada

dupla, um vai se ajoelhar e o outro vai impor as mãos sobre sua cabeça e
rezar invocando o Espírito Santo, como Paulo fez em Éfeso.
− Depois, fazer o revezamento: quem estava de pé se ajoelha e quem esta-

va de joelhos se levanta e impõe as mãos, rezando da mesma forma, pelo


colega. Pode ser feita a oração repetindo com o catequista: Ó bom Jesus,
que nos ensinastes a suplicar ao Pai a força do Espírito Santo, para que
Ele nos acompanhasse por toda a vida, olhai com misericórdia para esse
vosso filho e enviai sobre ele o Espírito Santo. Que ele possa vencer suas
fraquezas e se sentir cheio de coragem e ânimo para seguir em frente na
sua missão. E iluminado pelo Espírito Santo, persevere na fé. Amém!
− Ficar de pé e cantar. Sugerimos a música 9 ou 10.

− Terminado o canto, convidar a turma para pedir o Espírito Santo para as

demais pessoas que dele necessitam. Explicar: Não devemos querer o


Espírito Santo só para nós. Devemos pedi-lo também para os outros: para
as famílias, para aqueles que sofrem, para toda a Igreja. Com fé, rezemos
e peçamos a Deus que envie o Espírito Santo e renove a face da terra.

Depois de cada prece, todos respondem: “Envia teu Espírito, Senhor, e


renova a face da terra”. Essa resposta pode ser cantada – este ou outro
refrão.

- D: Vamos pedir o Espírito Santo, em primeiro lugar, para nossas famílias.


Nossa casa deve ser um templo do Espírito Santo. Pense, então, em seus
familiares. Lembre-se, agora, de todos aqueles que moram com você na mesma
casa. E peça a Deus que derrame sobre eles também o Espírito Santo. Peça a
Deus essa força do Espírito, para iluminar e renovar a vida de toda a sua
família.

167
- T: Envia teu Espírito, Senhor, e renova a face da terra.
- D: Vamos pedir o Espírito Santo também para todas as pessoas que estão
sofrendo, por algum motivo. Talvez você tenha parentes, amigos, vizinhos
passando por dificuldades, aflições. Essas pessoas precisam mais do que nunca
da força do Espírito Santo. Peça a Deus que ilumine e fortaleça a todos os que
sofrem, enviando-lhes o Espírito Santo.
- T: Envia teu Espírito, Senhor, e renova a face da terra.
- D: Vamos rezar também por aqueles que estão com o coração vazio, sem Deus,
afastados da Igreja e da fé. Lembremo-nos dos que se cansaram de seguir Jesus
e abandonaram a caminhada. Faltou-lhes força e disposição. Precisam desse
dom de Deus. Pense em tantas pessoas que já se cansaram e desistiram de
acreditar e peça para elas o Espírito Santo.
- T: Envia teu Espírito, Senhor, e renova a face da terra.
- D: Rezemos, ainda, pela Igreja. Ela precisa muito do Espírito Santo. Pense em
sua comunidade, em nossa paróquia. Peça o Espírito Santo para o nosso Papa, o
nosso Bispo, os nossos padres, os religiosos e consagrados. Peça a luz do
Espírito também para os leigos que se dedicam aos trabalhos da Igreja. A Igreja
precisa dessa força para prosseguir na caminhada.
- T: Envia teu Espírito, Senhor, e renova a face da terra.
Acrescentar outras preces, conforme desejar.

Aspersão
C - Terminadas as preces, convidar a turma a se ajoelhar e explicar: Agora
que já invocamos o Espírito Santo para nós e para todos aqueles que o
desejarem, seremos aspergidos com a água, que simboliza a vida nova
que o Espírito Santo quer nos dar. O Espírito de Deus nos purifica tal
como a água que lava e limpa toda a sujeira. Com o Espírito Santo em
nossa vida, seremos novas criaturas.

168
D - Estando todos ajoelhados, o dirigente, erguendo os braços, faz uma
oração sobre a água, dizendo: Ó Deus de amor, que nos prometestes,
desde o começo dos tempos, a força do Espírito Santo, para nos
capacitar a seguir os passos de Jesus, fazei que esta água, com a qual
seremos aspergidos, possa representar a vida nova que o vosso Espírito
nos dá. E que cada um, recebendo com amor o Espírito Santo, possa se
sentir renovado, purificado, animado e fortalecido pelo vosso dom
celeste. Isso vos pedimos por Cristo nosso Senhor, que vive e reina
convosco e caminha conosco, na unidade do Espírito Santo. Amém!
Terminada a oração, o dirigente asperge a turma. Enquanto isso, todos
cantam. Sugerimos a música 16 ou 18.

D - Terminada a aspersão, o dirigente convida a turma a ficar de pé e a


estender as mãos para o altar, rezando a seguinte oração: Recebei,
Senhor, em vossas mãos, todas as dificuldades que encontramos em
nossa caminhada. Iluminai, com a vossa luz, os nossos passos e
animai-nos com o vosso Espírito Santo para que essas dificuldades não
nos sejam ocasião de queda mas, sim, motivo de lutar e vencer
confiantes no vosso auxílio. Amém!
- Convidar para rezar o Pai-Nosso, dizendo: Vamos, de mãos dadas,
pedir a Deus, nosso Pai, que olhe sempre por nós e nos mantenha
sempre unidos e animados, pelo Espírito Santo.
- T: Pai nosso...

4. RITOS FINAIS
- D: Oremos: Senhor nosso Deus, conservai o dom do Espírito em nossa vida, para
que assim fortalecidos possamos perseverar na fé e alcançar a salvação
prometida. Por Cristo, nosso Senhor.
− T: Amém!

Dar os avisos necessários e fazer as motivações de costume.

Bêncão final
- D: O Senhor esteja conosco!
- T: Ele está no meio de nós!
- D: Que o Deus misericordioso, que nos dá o Espírito Santo, permaneça
sempre conosco, nos acompanhe e nos guarde.
- T: Amém!
169
- D: Que Jesus, nosso Salvador, nos inspire os passos e nos mostre o caminho
que devemos seguir.
- T: Amém!
- D: Que o Espírito Santo prometido fortaleça a todos nós e nos ajude a
superar as fraquezas, a crescer na fortaleza e na sabedoria.
- T: Amém!
- D: Abençoe-nos o Deus todo poderoso, o Pai, o Filho e o Espírito Santo.
- T: Amém!
- Cantar. Sugerimos a música 15.
Fazer a confraternização, conforme tiver sido combinado.

170
Quarta Etapa
Os dons do Espírito Santo
Para ser fiéis à tradição, ao falar do Espírito Santo, não poderíamos deixar de
falar dos setes dons. Criou-se o costume de falar na catequese de sete qualidades
especiais que o Espírito Santo nos proporciona. Essa tradição se baseia em Is 11,1-
9, especialmente no versículo 2. Neste texto, Isaías anuncia que um galho novo vai
brotar do tronco da família de Jessé. Ele fala evidentemente de uma pessoa, de um
grande líder que deveria surgir nessa família de descendência davídica. Sobre esse
líder pousaria o espírito do Senhor, espírito de sabedoria e compreensão, espírito de
prudência e valentia, espírito de conhecimento e temor do Senhor. Observe o cate-
quista que as Bíblias traduzem como o “espírito” e não o “Espírito”. Trata-se, pois,
do sopro de vida, do respiro que faz viver, e não ainda do Espírito Santo, que no
Antigo Testamento não aparece como pessoa divina, é claro. Essa nomeação é bem
posterior, nos primeiros séculos da Era Cristã.
Mais tarde, este texto serviu de base para a compreensão do ministério de
Cristo, entendido como o grande líder cheio dessas qualidades messiânicas. E, mais
tardiamente ainda, surgiu a interpretação que vê nessas qualidades dons que o Espí-
rito Santo concede a cada cristão. Então, todos os discípulos de Cristo, cheios do
Espírito Santo, devem ter esses dons.
O texto de Isaías cita nominalmente apenas seis dons, mas deixa espaço para
se falar de outros. A Tradição da Igreja acrescentou o dom da piedade, para compor
um grupo de sete dons, aproveitando o simbolismo do número sete, que representa
a totalidade, a perfeição.
A palavra dom tem, porém, muitos sentidos. É usada para falar de nossas ca-
pacidades humanas: dom para música, dom para arte etc. Mesmo na Bíblia, vamos
encontrar essa idéia. Paulo fala, por exemplo: “Temos dons diferentes, conforme a
graça que nos foi conferida”. Um tem o dom da profecia, outro tem o dom de ensi-
nar, etc. Cada um exerça os dons que possui (cf. Rm 12,6-8). Nesse caso, ele está
falando das capacidades de cada um. Da mesma forma, ele diz: “Há diversidade de
dons, mas um só Espírito” (cf. 1Cor 12,4-11). A idéia fundamental é que Deus dá a
cada um, por meio do Espírito Santo, capacidades e talentos para exercer determi-
nadas funções ou ministérios para o bem de toda a comunidade.
Quando falamos, porém, dos sete dons do Espírito Santo, o enfoque é outro.
Aqui falamos de sete qualidades que todo cristão deve cultivar para ser um bom
discípulo. E não são qualidades que Deus nos dá, sem mais. São dons que o discí-
pulo cultiva, com esforço e dedicação. Isso precisa ficar claro: o discípulo de Cristo
1
precisa cultivar esse conjunto de qualidades espirituais: sabedoria, inteligência,
conselho, fortaleza, conhecimento, piedade e temor de Deus. Em cada encontro
dessa etapa, vamos falar de um desses dons. Lembramos que não há um consenso
sobre o sentido de cada dom, surgindo diversas interpretações. Procuramos nos ater
ao sentido mais próximo possível dos termos originais.
Sugerimos que a cada encontro, para ajudar na fixação do tema, o catequista
faça uma faixa com o sentido daquele dom. O cartaz deve ser assim:

DONS DO ESPÍRITO SANTO


Sabedoria: a arte de viver em comunhão com Deus
Inteligência: a arte de distinguir o bem e o mal
Conselho: a arte de saber escolher o bem
Fortaleza: a arte de não desanimar
Ciência: a arte de conhecer mais além
Piedade: a arte de adorar a Deus
Temor do Senhor: a arte de reconhecer que Deus é Deus

2
1º Encontro
O DOM DA SABEDORIA

1. ACOLHIDA E ORAÇÃO INICIAL


- Acolher a todos com disposição. Animar a turma, cantando com entusiasmo.
- Criar clima de silêncio para conversar com Deus.
- Rezar a oração ao Espírito Santo.
- Cantar a música 10.
- Fazer um momento de silêncio. Cada um poderá pedir a força do Espírito Santo
para superar aquela fraqueza que mais o incomoda.
- Encerar, repetindo juntos: Deus de amor, fortaleça nossos corações, com a
presença do seu Espírito. Que ele faça de nós pessoas livres e fiéis, dispostas a
renunciar às fraquezas, para crescer cada vez mais como seus discípulos. Amém!

2. O QUE A BÍBLIA DIZ


Motivação
Hoje, vamos começar a compreender os chamados dons do Espírito Santo.
Esses dons são qualidades que a pessoa precisa cultivar para ser um bom discípulo
de Cristo. O texto que vamos ouvir fala do dom da sabedoria. Vamos compreender
o que é ser sábio.

3
Texto: Is 55,6-11
Ajudar a turma a localizar o texto na Bíblia.
Partilha
• Que mensagem desse texto você gostaria de destacar?
• Por que é importante o malvado abandonar o seu caminho e voltar para o
Senhor?
• Existe diferença entre o caminho do malvado ou do perverso e o caminho de
Deus?
• Como é a comparação que o texto faz entre a chuva e a Palavra de Deus?

Aprofundamento
- Expor o cartaz com o título: DONS DO ESPÍRITO SANTO. Explicar que a
cada encontro vamos colar uma faixa com o significado de um dom até
completar os sete dons.
- Primeiro dom: a sabedoria. Sabedoria é a arte de saber viver bem. Quem é
sábio escolhe viver em comunhão com Deus, viver mergulhado no seu amor
sem fim. Afastar-se de Deus e de seus caminhos seria insensatez. Afastar-se de
quem nos ama é tolice. É falta de sabedoria. Por isso, o texto que ouvimos
insiste que é preciso procurar o Senhor, viver em seus caminhos, seguir sua
Palavra, experimentar o seu amor. O malvado ou perverso é aquele que
afastou-se dos caminhos de Deus. Não quer saber do amor que ele dia e noite
lhe oferece. A estes, o texto faz um convite: que se voltem para o Senhor.
Voltar-se para o Senhor é sabedoria. Pois é nos caminhos de Deus que vamos
encontrar a verdadeira vida.
- O sábio é aquele que se ajusta às coisas de Deus: ajusta-se à sua Palavra, aos
seus ensinamentos, ao caminho que ele nos propõe. Deixa-se amar por Deus.
Por isso, na linguagem bíblica, ser sábio e ser justo é a mesma coisa. O sábio
vive na justiça, porque decidiu ajustar-se a Deus. Conhece o seu amor e nele
vive, pois é um discípulo de Jesus.
- Sabedoria, então, é o dom de ajustar-se a Deus, de deixar-se amar por ele, de
caminhar nas estradas do Senhor, de seguir a Palavra de Deus, porque ela é
palavra de sabedoria. Esse dom a gente precisa sempre cultivar.
- Quem não cultiva a sabedoria torna-se insensato, afasta-se dos caminhos do
Senhor e se entrega ao que é malvado e perverso, conforme nos disse Isaías. O
discípulo de Jesus não pode ser assim. Ele abre o coração para acolher todo
amor que Deus lhe oferece e coloca sua vida nas mãos de Deus.
- Colar a faixa: Sabedoria: a arte de viver em comunhão com Deus
4
3. ATIVIDADE
Sugestão
- Contar a história seguinte. Usar a criatividade. Que tal fazer um álbum seriado
com ilustrações?

O CABOCLO E O MISSIONÁRIO
Certa vez, um missionário, em visita a uma cidade, pregava ao povo. E
explicava que era preciso cada um entregar a Deus sua vida, para viver totalmente
unido a Deus. E dizia que a pessoa sábia e inteligente entregava tudo a Deus, para
que Deus estivesse sempre presente em sua vida, o tempo todo. O missionário,
então, lançou um desafio: Quem quisesse mesmo ter o dom da sabedoria deveria
entregar toda a sua vida a Deus. Só assim Deus estaria com essa pessoa o tempo
todo.
No final da pregação, um caboclo, matuto lá da roça, muito interessado no
assunto, foi à sacristia e disse ao missionário que aceitava o desafio e queria
entregar a Deus toda a sua vida, para pertencer totalmente a Deus e viver unido a
ele o tempo todo. O missionário elogiou a sabedoria daquele caboclo e o convidou
para fazer uma oração, entregando a vida a Deus.
Os dois se ajoelharam diante do altar e, ajudado pelo missionário, o caboclo
rezou uma oração entregando a Deus toda a sua vida e prometendo viver para
sempre unido a Deus. Terminada a oração, o missionário explicou ao caboclo que
Deus estaria sempre com ele, cuidando de tudo.
O caboclo, então, se despediu, dizendo: "Boa noite, seu reverendo. Preciso ir
logo embora, porque minha mulher, a esta hora, já deve estar preocupada". O
missionário lhe disse: "Ah! O Senhor tem mulher?” “Tenho, sim, senhor,” – disse o
caboclo. “Então, é preciso entregar a mulher para Deus", retrucou o missionário O
caboclo se assustou: "Mas a mulher é minha e eu preciso dela”. O missionário
explicou: "Se você quer entregar sua vida a Deus, precisa oferecer a ele tudo o que
você possui, inclusive sua mulher. Senão, não vale". E não houve jeito. Os dois
voltaram ao altar, ajoelharam-se e o caboclo rezou, entregando a Deus sua mulher.
Já ia saindo de novo o caboclo, quando disse: "Agora, vou-me embora, seu
missionário, pois os meninos já devem estar quase dormindo". "Meninos?" –
perguntou o missionário – "Você tem meninos?" O caboclo se assustou e disse:
"Tenho, sim. São quatro meninos muito bons. São a coisa mais preciosa que eu
tenho". O missionário completou: "Pois, então, é preciso entregar a Deus os seus
filhos. Deus vai querer os seus meninos também". O caboclo ficou preocupado,
5
pois estava entregando a Deus, além da sua mulher, os seus meninos. Mas não
houve jeito. Os dois voltaram ao altar, ajoelharam-se e o caboclo entregou a Deus
seus quatro filhos.
E assim foi acontecendo. O caboclo, a cada vez, se lembrava de que possuía
algo mais: casa, campo, cavalos, galinhas, negócios, muita coisa, enfim. E tudo isso
precisava ser entregue a Deus. Até a roupa do corpo ele entregou a Deus naquele
dia. Não reservou nada para si.
No final, o caboclo se apavorou e perguntou: "E agora, seu missionário, que
vou fazer? Tudo o que eu tinha, entreguei para Deus: mulher, filhos, casa, roça,
meus animais, meus objetos, minha roupa. Agora não tenho mais nada. Que vou
fazer?"
O missionário, então, explicou: "Calma! Você entregou tudo a Deus. Mas
Deus vai te emprestar tudo isso. Agora, tudo o que você possui não é seu. É de
Deus. Mas Deus te empresta sua mulher, seus filhos, seus animais, sua casa, sua
roupa, tudo. Mas é só emprestado. Por isso, você deve tratar a mulher, os filhos e
todas as coisas, lembrando sempre que são de Deus. A mulher não é sua, os filhos
não são seus, a casa não é sua. Tudo é emprestado e precisa ser cuidado com muito
amor, porque Deus vai ficar olhando se você cuidará de tudo com carinho".
O caboclo, então, compreendeu logo o que significava entregar a vida a Deus.
E voltou para a casa disposto a cuidar de suas coisas, sabendo que tudo pertencia a
Deus. Ele apenas cuidava daquilo que Deus lhe havia emprestado para a sua
felicidade. Essa era a verdadeira sabedoria.

- Terminando de contar a história, debater:


• Que mensagem podemos tirar dessa história?
• O que terá mudado na vida do caboclo, depois que ele entregou tudo a
Deus?
• Existe diferença entre cuidar das coisas pensando que são nossas e cuidar
delas sabendo que são de Deus?

Conclusão
O que o caboclo fez foi ajustar-se a Deus, para viver na mais íntima união
com ele. A partir daquele dia, não só ele pertenceria totalmente a Deus, mas tudo o
que fazia parte de sua vida também seria totalmente de Deus. E Deus seria o seu
Senhor: sua alegria, seu tudo, aquele que lhe emprestaria tudo o que fosse
necessário para viver. Isso é sabedoria: o dom de ser e viver justamente de acordo
com Deus, exatamente e totalmente unido a Deus em tudo.
6
4. ORAÇÃO FINAL E ENCERRAMENTO
- Cantar música à escolha. Que tal a 7?
- Fazer preces, pedindo a Deus o dom da sabedoria. A resposta poderá ser: "Dai-
nos, Senhor, a verdadeira sabedoria."
• Fazei, Senhor, que vivamos sempre em vossa presença, em todos os momentos.
• Que a gente nunca se afaste dos vossos caminhos, nem se esqueça do vosso amor.
• Que a luz do vosso Espírito nos socorra e nos ilumine sempre.
• Que a nossa verdadeira alegria seja viver em união com o Senhor.
(Outras preces espontâneas)
- Encerrar, rezando o Pai-Nosso, de mãos dadas.
- Motivar a turma para o próximo encontro.
- Encerrar de forma animada.

Dicas para o catequista


- O texto de Isaías trouxe uma palavra pouco conhecida: oráculo. O que era um
oráculo? Na Antigüidade, o oráculo era uma palavra pronunciada por um
representante dos deuses, que era feita por meio de interpretação de sinais diversos,
como leitura de mãos, astros, animais, árvores, fogo, fumaça, etc. Famoso é o
oráculo de Delfos, dirigido a Sócrates: “Conhece-te a ti mesmo!”. No caso do
oráculo bíblico, essa expressão é usada para designar uma palavra dirigida ao povo
em nome de Javé, que se comunica com o profeta – que é um homem de Deus, um
sábio que vive em comunhão com ele –, por meio dos mais diversos sinais.
- Aproveitemos que esses encontros trazem textos bíblicos mais simples – cartas
paulinas ou pseudopaulinas – para refletirmos um pouco sobre pontos importantes
de alguns documentos da Igreja, especialmente o Manual de Catequética. A
catequese é a arte de comunicar a boa-nova da salvação ao mundo. Deus, em sua
bondade e sabedoria, quis revelar-se a si mesmo e dar a conhecer o mistério de sua
vontade (Dei Verbum 2). E ele tem sido um exímio pedagogo. Revelou-se de
muitos modos e maneiras no Antigo Testamento, até revelar-se definitivamente por
meio de seu Filho Jesus. Hoje continua se revelando por meio das Sagradas
Escrituras, da Igreja, dos acontecimentos históricos (cf. Manual de Catequética, p.
15). Sábio é aquele que percebe em tudo a comunicação de Deus e vive em
comunhão com ele.

7
2º Encontro
O DOM DA INTELIGÊNCIA

1. ACOLHIDA E ORAÇÃO INICIAL


- Receber a turma com paciência e dedicação. Fazer momento de animação.
- Cantar a música 6 ou outra à escolha.
- Fazer espontaneamente uma oração de entrega. O catequista faz breve
motivação, enquanto a turma fica em silêncio. Depois, convida cada um a
dizer o que deseja entregar a Deus – a esse Deus que, habitando em nosso
coração, é a verdadeira sabedoria que nos ilumina. A resposta poderá ser:
"Recebe, Senhor, nossa vida."
- Encerrar repetindo a música anterior ou cantando outra à vontade.

2. O QUE A BÍBLIA DIZ


Motivação
Vamos hoje refletir sobre o dom da inteligência ou do entendimento. Para nos
ajudar, vamos ver o que diz um texto de Paulo, em sua carta aos Gálatas.

Texto: Gl 5,13-26
Ajudar a turma a localizar o texto na Bíblia.
Partilha
8
• Paulo faz uma comparação entre as obras da carne e as obras do Espírito.
Quando fala da carne, Paulo quer se referir às coisas ligadas à fraqueza
humana. Quando fala do Espírito, Paulo quer se referir às coisas inspiradas
por Deus. Em resumo, obras da carne são coisas más e obras do Espírito são
coisas boas. Entendendo isso, vamos lembrar algumas obras da carne
citadas por Paulo e algumas obras do Espírito?
• Como podemos entender o versículo que diz: “Não façais da liberdade um
pretexto para servirdes à carne?”

Aprofundamento
- Expor o cartaz com os dons.
- Segundo dom: inteligência. O inteligente é aquele que distingue o bem do
mal. Não é ingênuo nem malicioso. É esperto e entende o sentido de cada
coisa. Sabe que nem tudo convém a um discípulo de Jesus. Percebe o que o
aproxima do amor de Deus e o que o separa dele.
- O texto bíblico que ouvimos fala de carne e espírito: duas palavras
importantes nesse texto. Viver segundo a carne é deixar-se levar pelas
fraquezas humanas. Viver segundo o Espírito é deixar-se guiar pelos
ensinamentos divinos. Nossas fraquezas nos levam a fazer o mal, como já
sabemos. Mas o Espírito Santo nos incentiva a fazer o bem.
- O que nos ajuda a distinguir essas coisas é o dom da inteligência ou do
entendimento. Esse dom consiste na arte de discernir os caminhos da vida,
vendo além das aparências. Quem é inteligente distingue entre o bem e o
mal. Sabe que nem tudo é a mesma coisa. Há caminhos que levam à vida e
há os que levam à morte.
- É desse tipo de inteligência que estamos falando, ao refletir sobre os dons
do Espírito Santo. Quem se deixa guiar pelo Espírito cultiva essa
capacidade de entender a diferença entre as obras da carne e as obras do
Espírito, como nos disse o apóstolo Paulo.
- Colar a faixa: Inteligência: a arte de distinguir o bem e o mal.

3. ATIVIDADE
Sugestão
- Brincar de caça-palavras. Dividir a turma em duplas. Dar a cada dupla um
caça-palavras. Pedir que encontrem os frutos da carne e os frutos do
Espírito.

9
- Quando encontrarem, pode-se fazer um debate, colocando os frutos em um
cartaz, comentando cada um. Pode-se pensar em outros frutos da carne e do
Espírito, além desses citados por Paulo.

Conclusão
O entendimento ou a inteligência nos ajudam a discernir entre o que produz o
bem e o que produz o mal. Esse dom é chamado também de discernimento. Para o
discípulo de Jesus, é fundamental saber discernir, ou seja, saber separar o bom do
prejudicial. Quem não cultiva esse dom mistura as coisas e se complica, não
percebendo o quanto certas coisas prejudicam a vida.

4. ORAÇÃO FINAL E ENCERRAMENTO


- Cantar a música 9 ou outra, invocando o Espírito Santo.
10
- Fazer preces, pedindo a Deus o dom do entendimento. A resposta poderá ser:
"Que a luz do seu Espírito brilhe em nossos corações."
• Quando estivermos à beira de grandes decisões.
• Quando estivermos inseguros, com medo de agir.
• Quando estivermos na dúvida, sem saber o que fazer.
• Quando nos sentirmos cercados, por perigos e aflições.
(Outras preces espontâneas)
- Encerrar, rezando a oração ao Espírito Santo.
- Motivar a turma para o próximo encontro.
- Encerrar de forma animada.

Dicas para o catequista


- Talvez fosse bom lembrar que a palavra inteligência é comumente usada em outro
sentido, para falar das capacidades racionais e emocionais de cada pessoa,
capacidades que tornam a pessoa mais propensa a esta ou àquela atividade, que a
fazem ter mais facilidade para esta ou outra tarefa. Ao falar dos dons do Espírito,
não estamos falando desse tipo de inteligência, mas do bom senso diante das coisas.
Psicólogos e estudiosos da mente humana teriam muito a dizer sobre as
inteligências humanas, que ensejam capacidades para a arte, para a matemática,
para o esporte. Mas nós estamos falando de um bom senso que todos devem
cultivar, independente das facilidades ou dificuldades emocionais ou racionais que
cada um tem.
- Na Bíblia, a palavra carne tem diversos sentidos. O mais comum é o sentido desse
texto paulino que, ao falar da carne, algo oposto ao Espírito Santo, refere-se à
fraqueza humana, ou seja, à ambição humana egoísta.
- Algumas Bíblias trazem, na lista de pecados da carne, a palavra fornicação:
expressão pouco conhecida para a maioria, mas freqüente no Novo Testamento,
que quer dizer imoralidade ou vida sexual desregrada, que visa só o prazer.
- Por que Deus se revela ao ser humano? Porque, na sua imensa misericórdia, quer
se dar a conhecer ao ser humano, para que este – na sua liberdade – saiba distinguir
o bem e o mal, e assim ser feliz. Como disse o apóstolo, “que a liberdade não seja
um pretexto para sevirdes à carne!” (Gl 5,13). O Manual de Catequética lembra
algo muito importante: “A revelação é entendida como o diálogo entre Deus e a
humanidade, cujo ponto culminante é Jesus Cristo. [...] O ser humano entra em
contato com um Deus pessoal. Não somente conhece verdades acerca de Deus
como, principalmente, conhece a Deus mesmo” (Manual de Catequética, p. 16).

11
Conhecendo a Deus, fica mais fácil distinguir o bem do mal, ou seja, cultivar o
dom da inteligência.

12
3º Encontro
O DOM DO CONSELHO

1. ACOLHIDA E ORAÇÃO INICIAL


- Receber a turma em ambiente acolhedor. Fazer animação.
- Criar clima de silêncio para conversar com Deus.
- Fazer o Sinal da Cruz.
- Invocar o Espírito Santo, cantando música à escolha.
- Fazer instante de silêncio, para que cada um reze, em seu coração, pedindo
ao Espírito Santo que o fortaleça, naquilo que mais achar necessário.
- Encerrar, rezando a oração ao Espírito Santo.

2. O QUE A BÍBLIA DIZ


Motivação
Hoje, vamos falar sobre o dom do conselho, que consiste em saber tomar
decisões sensatas. Quem tem o dom do conselho se alegra sempre em viver no
Senhor, planejando sua vida de acordo com os ensinamentos divinos. Vamos ouvir
um texto que nos incentiva a iso.

Texto: Fl 4,4-9
Ajudar a turma a localizar o texto na Bíblia.
Partilha
13
• Segundo o texto, qual deve ser a nossa fonte maior de alegria?
• Com o que devemos nos ocupar, para termos essa alegria?

Aprofundamento
- Expor o painel dos encontros anteriores com os dons do Espírito Santo.
- O dom do conselho é a arte de deliberar, de tomar decisões, de fazer planos.
Quem tem esse dom certamente é inteligente. Sabe quais caminhos levam a
Deus e toma a decisão certa de seguir esses caminhos, nos quais
encontramos a segurança que Deus nos dá.
- Quem possui o dom do conselho não vacila na hora de escolher entre o bem
e o mal. Não tem dúvidas de que o bem será sempre a escolha mais acertada
para a sua vida. Esse dom nos ajuda a escolher sempre o que mais nos
aproxima do Senhor nosso Deus, para vivermos sempre em comuhão com
ele.
- Por isso, o texto que ouvimos nos convida a nos alegrar no Senhor. Quem
tem o dom do conselho sabe que a verdadeira alegria só se encontra no
Senhor. Fora dele, não há alegria duradoura. Alegrar-se no Senhor é sentir-
se contente e realizado por poder seguir o caminho seguro que Jesus nos
aponta.
- Em momentos de dúvida, de insegurança, quando temos que tomar alguma
decisão importante, uma coisa é certa: para o discípulo de Jesus, todas as
decisões devem levar aos caminhos do Senhor, em quem encontramos nossa
alegria.
- Paulo completa convidando-nos a entregar ao Senhor, em todas as ocasiões,
nossos pedidos, em orações e súplicas, sempre com um sentimento de
gratidão. É o Senhor que nos orienta em todos os momentos de nossa vida e
nos aponta o caminho. Em todas as ocasiões, nosso caminho é Jesus. Quem
cultiva o dom do conselho não pode se esquecer disso.
- Quando assim agimos, a paz de Deus sempre estará conosco. Isso nos dá
tranquilidade e segurança para tomarmos decisões na vida. Se sempre
decidimos de acordo com os ensinamentos do Senhor, sua paz estará
sempre em nosso coração. Por isso, o dom do conselho nos ajuda a manter a
paz e a serenidade mesmo nas horas mais difíceis, pois confiamos no
caminho que seguimos e no Deus em quem depositamos nossa esperança.
- Enfim, quem cultiva o dom do conselho ocupa-se com tudo o que é nobre,
verdadeiro, digno, justo, puro, amável. Ao planejar a nossa vida, essas

14
coisas devem merecer sempre toda a prioridade. Não vamos nos ocupar com
o que é mau ou indigno ou injusto.
- Usamos a palavra conselho com o sentido de orientação que alguém dá a
outro. Quando estamos em apuros, procuramos uma pessoa de nossa
confiança que nos dê um conselho, ou seja, que nos ajude a tomar a decisão
mais sensata, de acordo com o que ensina o Senhor nosso Deus. Quem
cultiva o dom do conselho sabe orientar-se e ainda sabe ajudar os outros a
se orientarem também, buscando sempre o que é nobre, digno e justo;
buscando sempre alegrar-se no Senhor, pois fora dele não há alegria
verdadeira.
- Colar a faixa: Conselho: a arte de saber escolher o bem.

3. ATIVIDADE
Sugestão 1
- Repartir com a turma os labirintos, conforme o modelo.
- Explicar como se faz a atividade, encontrando o caminho, mas sempre evitando
o que não convém ao cristão.
- No final, partilhar sobre o que convêm ou não ao cristão, deixando que a turma
se expresse. Aproveitar para frisar a mensagem do encontro.

15
Sugestão 2
- Comentar: O encontro de hoje nos sugere que é preciso ter inteligência e
prudência para tomar decisões sensatas: é o dom do conselho. Quando estamos
diante de uma dessas encruzilhadas da vida, precisamos saber que rumo tomar,
escolhendo sempre o caminho seguro e verdadeiro, escolhendo as coisas nobres e
boas. O conselho nos ajuda a tomar decisões prudentes, vencendo a insegurança e
aquela dúvida cruel de nunca saber o que fazer. A pessoa que vive no Espírito
conhece naturalmente o que é de Deus e vê logo o que não é, sem precisar entrar
em pânico.
- Questionar: Mas será que as pessoas costumam superar suas dúvidas com
facilidade? O que as pessoas costumam fazer na hora de tomar decisões
importantes?
- Dividir a turma em grupos e repartir a história em quadrinhos: "SONSINHO".
Pedir que interpretem a história e tirem suas conclusões.

16
17
- Perguntas para o trabalho em grupo:
• Sonsinho não sabe tomar decisões. O que falta a ele, para que aprenda a decidir
com segurança?
• Você já passou por situações semelhantes em que precisava tomar alguma decisão
e se sentia perdido?
• Qual é o risco que a pessoa corre se der ouvidos a tantas propostas vazias, na hora
de decidir?
• Vamos comentar cada uma das propostas feitas a Sonsinho e ver o perigo de cada
uma e qual delas é a verdadeira e correta?

- Terminado o trabalho em grupo, fazer um debate, comentando a história.


Conversar sobre a insegurança que as pessoas sentem na hora de tomar decisões e
as atitudes extravagantes que costumam tomar nesses horas. Conversar sobre as
várias propostas oferecidas a SONSINHO, comentando o sentido delas.
- Debater a seguinte questão: Por que a melhor resposta está sempre dentro do
nosso coração e não em coisas ou práticas exteriores?

Conclusão
- Quando a pessoa está cheia de Deus, vivendo na mais profunda sintonia com ele,
ajustada com ele, guiada pelo Espírito de Deusa, então, essa pessoa terá o dom, a
qualidade do conselho. O conselho é o dom de saber decidir, de saber escolher, de
saber se orientar, decidindo o rumo da vida, com segurança e inteligência, sem se
escorar em discursos e modismos vazios e exteriores. Quem está cheio do Espírito
Santo já interiorizou o que é de Deus e já sabe discernir o que não é. Por isso, não
precisa vacilar. A gente reza para se fortalecer e lê a Bíblia para aprofundar o
conhecimento da Palavra e dos ensinamentos de Deus. Mas, na hora de tomar
decisões, a melhor resposta é aquela que está dentro do nosso coração, lá onde o
Espírito ilumina e age. A pessoa que tem o conselho sabe olhar para dentro de si e
escolher o melhor caminho, com naturalidade. Se essa pessoa vive em Deus, só po-
derá tomar decisões inspiradas por Deus. Mas é sempre a pessoa, em sua liberdade,
que vai decidir. O Espírito inspira. Mas não decide por nós.

4. ORAÇÃO FINAL E ENCERRAMENTO


- Cantar a música 14.
- Fazer preces, pedindo o dom do conselho. A resposta poderá ser: "Ajude-nos,
Senhor, a agir com serenidade".

18
• Quando a vida nos trouxer chateações.
• Quando as pessoas parecerem nos ofender.
• Quando os acontecimentos nos deixarem agitados.
• Quando estivermos para perder o controle das coisas.
• Quando estivermos desgastados e tristes.
(Outras preces espontâneas.)
- Motivar o próximo encontro.
- Encerrar, cantando à vontade.

Dicas para o catequista


- O texto de hoje traz a seguinte expressão “o Senhor está próximo!” Mas como?
Próximo do nosso coração, próximo de nós? Seria isso? Bom, podemos interpretar
assim, mas não é esse o sentido original do texto. Naquele tempo, pensava-se que o
Senhor estava próximo no sentido de que se aguardava para breve a volta de Jesus
glorioso. O apóstolo Paulo, grande catequista dos pagãos, na Primeira Carta aos
Tessalonicenses, dá a entender que esperava essa vinda para tão breve que ela o
pegaria ainda vivo. As primeiras comunidades cristãs viveram nesse expectativa da
volta de Cristo – a Parusia. Só com o tempo foi-se entendendo que essa volta não
era algo para já. A fé cristã ensina que Jesus vai voltar para transformar esse mundo
injusto, mas não se sabe quando.
- Se é assim, podemos nos peguntar: “Como Paulo pode se enganar tanto?”
Acontece que o catequista ou evangelizador não está isento de equívocos. Cada um
só compreende aquilo que é possível compreender no seu momento histórico, e
nada mais! E isso não dimimui em nada a dignidade desse anúncio. Paulo pode ter
se enganado quanto ao tempo, mas seus conselhos foram importantes para o povo
que ele evangelizou e ainda hoje são muito importantes para nós. Corajosamente
ele anunciou a Palavra de Deus. Assim como Paulo, também “o catequista possui a
Palavra de Deus em sua boca e em seu coração... Ele é profeta, pois comunica a
Palavra de Deus, faz ecoar no hoje de sua comunidade a mesma palavra
pronunciada no passado, fazendo-a compreensível a seus irmãos. A catequese, de
fato, faz ressoar a Palavra de Deus aos homens e mulheres de hoje” (Manual de
Catequética, p. 18).

19
4º Encontro
O DOM DA FORTALEZA

1. ACOLHIDA E ORAÇÃO INICIAL


- Receber a turma com disposição. Fazer momento de animação.
- Criar clima de concentração.
- Motivar: Estamos refletindo sobre os dons do Espírito Santo, que são qualidades
que todo seguidor de Jesus deve cultivar em seu coração. Num minutinho de
silêncio, vamos pedir a Jesus que nos ajude a cultivar dentro de nós só o que é
nobre, bom e justo. Só o que é digno de um seguidor de Jesus.
- Cantar a música 14.
- Rezar a oração ao Espírito Santo.

2. O que a Bíblia diz


Motivação
No texto de hoje, ouviremos um conselho do apóstolo Paulo, que pede ao
povo firmeza e perseverança em sua fé. Vamos aproveitar esse texto para refletir

20
sobre o dom da fortaleza, que consiste em ser firme, enfrentando a vida sem
desanimar.

Texto: Fl l,27-30
Ajudar a turma a localizar o texto na Bíblia.
Partilha
• Paulo escreveu este texto para a comunidade dos filipenses. Vamos recordar
que coisas Paulo pede a eles?
• Como os filipenses devem viver?
• Como devem se comportar diante dos adversários?
• Além de crer em Cristo, que outra graça foi concedida aos filipenses?

Aprofundamento
- Expor o cartaz com os dons do Espírito Santo.
- O dom da fortaleza é a arte de ser firme nas decisões, de não vacilar nos
caminhos que a gente escolhe. Quem cultiva o dom do conselho sabe tomar
decisões sensatas. Mas, se faltar a fortaleza, a pessoa toma a decisão certa e
depois desanima. Por isso, o discípulo de Cristo precisa ser forte nesse
sentido. Precisa ter perseverança, capacidade de fazer o que Paulo pede aos
filipenses: que vivam de modo digno do evangelho de Cristo, lutando
juntos, com uma só alma, firmes no mesmo espírito.
- Paulo fala também dos adversários. Não vamos ficar imaginando que as
pessoas estão todas contra nós e são adversários que a gente tem que vencer.
Não é isso! Os adversários que precisam ser vencidos são os obstáculos de
nossa caminhada, que devem ser superados com coragem e determinação,
ou seja, com fortaleza.
- Pode ser que, nessa luta constante para ser fiel a Cristo, a gente passe por
algumas provações e tenha até que sofrer por alguma razão. Mas nem
mesmo o sofrimento deve nos levar a desisir do que sabemos que é bom e
justo. Grandes conquistas exigem muito sacrifício, muita luta e esforço. E
toda luta traz algum sofrimento. Mas é um sofrimento que nos leva a um
resultado vitorioso.
- É como o atleta que se esforça para superar os seus limites, aceitando até
certos sofrimentos, porque deseja alcançar uma vitória. Os sacrifícios que o
atleta faz o tornam mais forte para alcançar a vitória. Sacrifícios e
sofrimentos só fazem sentido se existe alguma vitória a alcançar. Se não
existe, é bobagem sofrer. Mas, se existe, é bobagem desanimar.
21
- Paulo termina dizendo que continua engajado na luta e pede que os cristãos
também continuem firmes na luta. Que luta é essa? É a tarefa que Paulo
assumiu de levar adiante o evangelho de Cristo. É a missão de ser cristão. É
a responsabilidade de ser discípulo de Jesus. Dessa luta, nunca devemos
fugir. Por isso, precisamos cultivar a fortaleza.
- Nenhum de nós é um super-homem. Ninguém é todo-poderoso. Por isso
mesmo, é muito importante cultivar aquela firmeza que nos capacita a lutar
pelas coisas importantes da vida. Quem não luta também não vence, não
cresce.
- Está certo que lutar exige esforço. É preciso sacrificar-se, suportar desafios,
vencer limites, resistir ao desânimo e ao cansaço, sem entregar os pontos.
Isso nem sempre será agradável, à primeira vista. Mas trará resultados
satisfatórios.
- A fortaleza nos ajuda a compreender que devemos fazer na vida não apenas
as coisas de que gostamos, ou as coisas fáceis e agradáveis.
Freqüentemente, precisaremos fazer coisas que exigem esforço e sacrifício.
São as cruzes e tarefas de cada dia. Quem tem o dom da fortaleza faz as
coisas não por serem agradáveis e fáceis, mas pelo valor que elas têm. Essa
é a firmeza que nos ajuda a vencer na vida.
- Colar a faixa: Fortaleza: a arte de não desanimar.

3. ATIVIDADE
Sugestão
- Convidar a turma para refletir sobre um texto que mostra o valor e a importância
do dom da fortaleza.
- Dividir a turma em grupos e repartir o texto MARATONA NA FLORESTA.
- Pedir que leiam e tirem suas conclusões.

MARATONA NA FLORESTA
Ia haver um campeonato na floresta: a primeira grande maratona dos bichos
de toda a região. A bicharada logo se envolveu nos preparativos, treinando sem
parar. O vencedor ficaria famoso, além de receber milhões em prêmios.
O coelho contratou um treinador especial. O porco-espinho melhorou sua
dieta, a fim de perder umas gordurinhas. O gato-do-mato foi se tratar de uma
contusão. O esquilo entrou para a academia. Todos malhando, sem perder tempo,
de olho na vitória.

22
O bicho-preguiça ficou sabendo de toda a movimentação. E foi se pendurar
num galho bem alto, enfunado e na maior preguiça. Ele nunca havia ganhado uma
competição. Os bichos o criticavam, porque ele não era muito de suar o pelo. Só
gostava de fazer coisas fáceis. Precisando de algum esforço, não era com ele. Não
era à toa que o chamavam de bicho-preguiça.
O guarda da floresta, preocupado com o sumiço do bicho-preguiça, foi
procurá-lo e, encontrando-o, ouviu suas queixas:
- É sempre assim. Eu nunca venço uma competição. Sempre chego em último
lugar. Todos riem de mim. Não consigo nada na vida. Sou o bicho mais azarado
dessa floresta.
E desfiando sua eterna ladainha de reclamações, prometia nunca mais
aparecer pra nimguém, tão frustrado estava.
Com bons modos, o guarda da floresta tentou ajudar:
- Quem sabe se você se esforçasse um pouco mais... e treinasse... e
melhorasse a forma física. Isso exigiria algum sacrifício, mas poderia trazer bons
resultados. Afinal, você é talentoso e capaz. Só precisa acreditar e batalhar.
Então, ficou combinado. No dia seguinte, chegaram à floresta novos
equipamentos e professores especializados para treinar o bicho-preguiça. Ele entrou
sério num regime para fortalecer as pernas, passou a levantar-se bem cedinho para
treinar e a dormir somente à noite – coisa que ele fazia o dia inteiro. Matriculou-se
na academia de ginástica e suou o pelo por meses seguidos. Todos estavam
surpresos com tanto esforço e já respeitavam o novo adversário.
No dia da corrida, não houve pra ninguém. O bicho-preguiça, já sem
preguiça, arrancou de uma só vez e deixou para trás a bicharada. Até o coelho, seu
mais temido adversário, teve de se contentar com um modesto segundo lugar. A
floresta inteira aplaudiu aquela vitória. E o bicho-preguiça voltou para sua toca, não
mais como um azarado, mas como um campeão. E dizia:
- Foi cansativo, mas valeu a pena!

Debater o texto:
• Que mensagem cada grupo gostaria de destacar.
• Que conclusão poderíamos tirar para a vida, a partir desse texto.
• Que vantagem o dom da fortaleza pode nos trazer.

Conclusão
Quem só se dispõe a fazer o que é fácil corre o risco de se sentir frustrado na
vida, pois a vida tem coisas excelentes que não são fáceis. E, para conquistá-las, é
23
preciso esforçar-se. O esforço é cansativo, mas vale a pena. A pessoa que vive no
Espírito e cultiva uma espiritualidade profunda assume a vida por inteiro, no que
tem de agradável e de exigente. A gente festeja o lado divertido da vida e se
desdobra na hora de vencer os desafios. Tudo isso contribui para sermos
vencedores, um povo digno da fé que assumiu. Esse é o dom da fortaleza. Por esse
dom, somos capazes de enfrentar barreiras, transpor limites, suportar dificuldades e,
no fim, conquistar a vitória. Essa qualidade não pode faltar na vida do cristão.

4. ORAÇÃO FINAL E ENCERRAMENTO


- Cantar música à escolha.
- Fazer preces, pedindo ao Espírito Santo o dom da fortaleza. A resposta poderá ser:
''Dai-nos, Senhor, coragem de lutar".
• Para não desanimarmos diante das dificuldades.
• Para não nos sentirmos fracassados.
• Para enfrentarmos a vida de cabeça erguida.
• Para carregarmos a cruz de cada dia.
• Para vencermos as barreiras e limites.
• Para permanecermos sempre fiéis.
(Outras preces espontâneas.)
- Encerrar, cantando à vontade.

Dicas para o catequista


- Ao falar do dom da fortaleza, voltamos a uma preocupação recorrente: os
problemas da vida e a força necesária para enfrentá-los. Infelizmente, não é tão raro
ouvir notícias de que esse ou aquele catequista, ministro ou evangelizador
abandonou sua fé católica e mudou-se para uma igreja onde lhe prometeram cura,
prosperidade, benção para a família (diante do alcoolismo do marido ou do vício
das drogas do filho), milagres e portentos em geral. É bem compreensível que a
gente seja tentado a desistir de lutar. De fato, às vezes a vida é muito dura com
alguns. E torna-se um ato heróico resistir. Diante de tantos problemas, gostaríamos
de soluções mágicas. Mas elas não vêm , simplesmente porque não existem. E não
é por falta de fé. Ao contrário, falta de fé é abandonar a luta e buscar vida sem
sofrimento. É exatamente a fé que nos dá forças para enfrentar as crises da vida. De
novo o problema da Teologia da Prosperidade, totalmente contrária ao dom da
fortaleza: bem ao gosto da lei do menor esforço!

24
5º Encontro
O DOM DA CIÊNCIA

1. ACOLHIDA E ORAÇÃO INICIAL


- Receber a turma com simpatia e dedicação. Fazer momento dê animação.
- Sossegar a turma para rezar.
- Fazer o Sinal da Cruz.
- Dar as mãos e rezar o Pai Nosso, invocando a presença de Deus Pai.
- Rezar uns pelos outros. Colocar a mão direita no ombro do companheiro e
invocar para ele a presença do Espírito Santo, rezando junto com o
catequista: Senhor, abençoa e fortalece esse meu irmão, para que ele saiba
escolher o seu caminho e ficar firme na sua decisão de te seguir. Amém!
- Cantar música apropriada.

2. O QUE A BÍBLIA DIZ


Motivação
Vamos hoje ouvir um texto que nos fala da necessidade de enxergar as coisas
com profundidade. É o dom da ciência, como o chamamos. O Espírito Santo nos
ajuda a ver, além das aparências, o sentido bom e profundo que cada coisa possui.
Ouçamos com atenção.

25
Texto: Ef 3,14-21
Ajudar a turma a localizar o texto na Bíblia.
Partilha
• Diante de quem Paulo dobra os joelhos? Por quê?
• O que significa ser robustecido por meio do Espírito Santo?
• Segundo o texto, em que nós devemos estar sempre enraizados e firmados?
• Quem é que tem o poder de realizar em nós mais do que podemos pedir ou
pensar?

Aprofundamento
- Colar o cartaz com os dons do Espírito Santo.
- Esse texto bíblico nos ajuda a refletir sobre o dom da ciência ou do
conhecimento. A ciência é a arte de conhecer as coisas a fundo; é o dom de
ser profundo.
- Quem cultiva o dom da ciência ou do conhecimento desenvolve a
capacidade de perceber a vida em todo o seu sentido e em toda a sua
profundidade. Compreende o sentido das coisas. Nada lhe passa
despercebido. Nada é em vão. Cada fato, cada acontecimento tem um
significado, traz uma lição. A vida é uma escola e cada oportunidade é uma
prova. Na escola da vida, vamos aprendendo a enxergar as coisas com
profundidade.
- Quem cultiva o conhecimento experimenta o amor de Deus em todas as
situações, mesmo nas mais difíceis. Está convencido de que a vida tem
muita coisa estranha mesmo, mas, como discípulo de Jesus, não desiste de
entender os mistérios da vida e achar um sentido para tudo.
- O conhecimento nos ajuda a ser humildes, pois quem é profundo é humilde.
Sabe que, por mais que ele conheça as coisas, sempre haverá um desafio
novo a conhecer. Mas, certo da presença e do amor de Deus, quem cultiva o
dom do conhecimento aceita os desafios da vida, como uma oportunidade
de crescimento e realização.
- Quem não tem esse dom é superficial, age com superficialidade. Vê
somente as aparências das coisas e dos acontecimentos e não compreende o
sentido da vida. Por isso, a Palavra de Deus nos incentiva a olhar a vida
com profundidade. Vamos conferir o que ela nos diz.
• Dobro os joelhos diante do Pai, de quem recebe o nome toda
paternidade no céu e na terra. Paulo quer dizer que se curva

26
humildemente diante de Deus, pois tudo vem dele. Saber que tudo
vem de Deus e que ele é Senhor de tudo é um modo profundo de
entender a vida.
• Que, por sua graça, segundo a riqueza de sua glória, sejais
robustecidos, por meio do seu Espírito, quanto ao homem interior.
Paulo está desejando que o Espírito Santo de Deus nos fortaleça
interiormente, nos dê forte vida interior. Ter a vida interior
robustecida nos ajuda a olhar com profundidade tudo o que nos cerca.
Ter vida interior é não ser uma pessoa vazia e superficial.
• Que estejais enraizados e bem firmados no amor. Estar firme no
amor é condição para olhar a vida com tranquilidade, sabendo que
tudo concorre para o nosso bem. Em tudo e em todas as situacões, o
amor vence o medo.
• Assim estareis capacitados a entender qual a largura, o
comprimento, a altura, a profundidade... Isso é o mesmo que
conhecer as coisas de modo mais completo, observando por todos os
ângulos. Olhar a vida por todos os lados e analisar em profundidade o
que nos cerca.
• Conhecereis também o amor de Cristo, que ultrapassa todo
conhecimento, e sereis repletos da plenitude de Deus. Quem cultiva o
dom da ciência conhece até aquilo que ultrapassa todo conhecimento
humano e fica repleto da plenitude de Deus. Há certas coisas que
nenhuma ciência humana pode desvendar, que só pela fé podemos
compreender.
• Àquele que tem o poder de realizar mais que tudo que possamos
pensar, a ele a glória para sempre. Quem cultiva o dom do
conhecimento sabe que Deus pode realizar mais do que nós podemos
imagimar. Por isso, a pessoa de fé se coloca com humildade diante de
Deus e lhe dá glória, porque ele nos revela a vida em profundidade.
Em todos os momentos e em todas as circunstâncias, a gente dá
glória a Deus porque vê em tudo sua presença amorosa.
- Colar a faixa: Ciência: a arte de conhecer mais além.

3. ATIVIDADE
Sugestão 1

27
- Conversar com a turma sobre o que significa perceber as coisas com
profundidade e com superficialidade. Dar exemplos de superficialidade.
Sugerimos alguns. O catequista esteja atento às necessidades da turma.
- Exemplo 1: Quando a gente vê notícias de enchentes no mundo inteiro, a
gente fica se perguntando: Por que tanta chuva, meu Deus? Por que Deus
não manda só a chuva de que a gente precisa para irrigar a terra e manter as
fontes? E parece que as enchentes são culpa de Deus que, irado com nossas
faltas, manda lá do céu uma forte chuva para nos castigar. Mas não é isso!
Tem chovido muito, é fato! Mas parece que a quantidade de chuva de hoje
não é tão diferente do passado. A diferença é que antes os rios eram fundos
e cabiam muita água; as matas nativas protegiam as montanhas das chuvas e
elas não desmoronavam sobre as casas; os bueiros eram limpos e não
viviam entupidos por causa do lixo, dando vazão para a água. Então, as
enchentes eram mais raras. Agora os rios ficaram rasos por causa do
chamado assoreamento – acúmulo de areia no fundo dos rios – que é
provocado pelo desmatamenteo e pela atividade mineradora. As matas
nativas forma derrubadas e os morros desmoronam, os bueiros estão cheios
de sacolas plásticas e outras materiais que não deixam a água escoar. Não
tendo para onde ir, as águas invadem as ruas e casas. Ser superficial é culpar
Deus pelas desgraças. Ser profundo é buscar os motivos reais dos
acontecimentos.
- Exemplo 2: Quando falamos em preservar a natureza, em meio ambiente, a
gente logo vai pensando no lixo que se acumula, na necessidade urgente de
reciclar materiais, na coleta seletiva, etc. Mas dificicilmente se pensa no
consumismo, que é a fonte geradora de poluição do planeta. Quanto mais a
gente consome, mais as indústrias produzem, mais energia é gasta, mais
poluentes para o ar, para os rios, mais lixo, etc. Não adianta fazer coleta
seletiva do lixo, se a gente não decidir consumir menos. Antes de comprar é
preciso pensar nisso. Ser profundo é saber que é preciso ir mais além na
origem dos problemas.
- Exemplo 3: Quando vemos crianças e adultos pedindo esmola nos
semáforos e pelo meio da rua, muitas vezes pensamos: “Por que os adultos
não trabalham e as crianças não estão na escola?” A resposta é imediata:
“Porque são preguiçosos e querem viver sem trabalhar”. A resposta parece
correta e é bem verdade que tem muita gente vagabundeando e vivendo da
mendicagem por aí. Mas o problema é bem maior. A maioria dessa gente
que está pedindo é gente que nunca teve boas oportunidades. Nunca teve
28
uma família bacana para educar e ensinar os valores, nunca teve proteção e
amparo da sociedade, nunca pode freqüentar boas escolas, foi exilada de
suas terras – como alguns índios e ribeirinhos – pela invasão de fazendeiros,
saiu da roça para tentar a vida na cidade e foi parar nas favelas e hoje não
tem qualificação para enfrentar o mercado de trabalho, etc. Quem tem o
dom da ciência não se conforma com uma explicação superficial. Sabe que
o problema tem raízes mais profundas e por isso procura ver mais além.
- Exemplo 4: Quando a gente tem um colega implicante e que só sabe
perturbar a turma, a gente vai logo concluindo que essa pessoa é chata e
deve ser excluída do grupo de amigos. Mas pode não ser bem assim. Nem
todo mundo tem a mesma facilidade para fazer amigos; nem todo mundo
tem uma família legal que incentiva os filhos a se comportarem bem e a
serem amigáveis; nem todo mundo foi criado com amor e carinho para
também distribuir amor e carinho para os outros. Quem tem o dom da
ciência procura compreender os outros, pois sabe que as questões
existenciais são mais profundas. Não é inteligente julgar pelas aparências.
- Exemplo 5: Quando um colega não vai bem na escola ou é uma pessoa com
uma necessidade especial, a gente costuma logo rotular; “Fulano é burro.
Não aprende!” Ou “É um idiota, um deficiente”. Mas não é bem assim. A
gente é lento para umas coisas e rápido para outras. Quem não tem
facilidade para matemática pode ser um gênio na computação; quem não lê
nem escreve de forma tão correta pode ser um ótimo músico ou um
excelente administrador; quem não tem facilidade para aprender línguas –
inglês, espanhol, etc – pode ser um excelente desenhista ou um ótimo
orador, capaz de vender até um pedaço do Céu. Cada um tem inteligência
para uma coisa. Ser profundo é saber enxergar mais além. É ver, para além
das limitações de cada um, as capacidades e dons que todos têm.
- Exemplo 6: Quando a gente está passando por dificuldades, vai logo
pensando: “Como a vida é ruim! Como Deus pode fazer isso comigo! Por
que a vida tem tanta coisa esquisita? Por que minha vida é tão sofrida?” E a
gente costuma concluir que a vida é só sofrimento e só vê o lado ruim das
coisas. Mas não é bem assim: a vida tem pelejas, mas tem alegrias. Todo
mal, quando enfrentado de frente, pode gerar benefícios incontáveis. O
esforço de estudar hoje pode gerar sucesso amanhã; uma perda de alguém
querido pode nos ensinar a amar e a aproveitar melhor nosso pouco tempo
com quem a gente ama, sem se perder em coisas passageiras; uma doença
enfrentada com cabeça erguida pode gerar fortaleza e coragem diante dos
29
desfios da vida, etc. É preciso olhar a vida com mais profundidade. Quem é
cheio do dom da ciência não se deixa enganar pela aparência dos fatos.

- Para concluir, sugerimos mostrar o quadro abaixo de frente e perguntar o


que a turma está vendo no desenho. Virar o quadro e mostrar que, com um
olhar mais atento, a gente descobre novos detalhes.
- Que conclusões podemos tirar com a observação desse desenho? O que ele
nos ensina sobre como devemos olhar a vida ao nosso redor?

Sugestão 2
- Convidar a turma para compreender melhor, por meio de um texto, o que é
o dom do conhecimento ou da ciência. Dividir a turma em grupos e repartir
o texto seguinte.
- Pedir que leiam atentamente a história e respondam as questões propostas.
Depois, fazer um debate.

O MENDIGO E O DIAMANTE
Numa pequena cidade do interior havia um pobre mendigo. Fazia o que todo
mendigo faz: dormia nas calçadas, pedia pão e roupas velhas, que é o que todo
mundo dá. Ganhava essas coisas e as colocava dentro de sua sacola. Nos dias

30
bonitos de sol, ele se sentava na praça, estendia sua roupa no chão para secar.
Pegava o pão velho e amassava-o com uma pedra que ele trazia no saco. Feito o
trabalho, comia como se fosse uma farinha. Era um mendigo que não incomodava a
ninguém, até gostava de conversar e brincar com algumas crianças.
Assim levava a vida. Quando ele demorava para aparecer, o povo sentia falta.
Ele, porém, mais cedo ou mais tarde sempre chegava.
Porém, num dia muito frio, o mendigo não apareceu. Estava morto! Foi
achado no começo da rua principal. O povo correu para ver o homem morto. Do
lado dele estava a sacola e mais nada.
O povo, cheio de dó, ajeitou o enterro e o levou ao cemitério.
Um jovem curioso revirou a sacola e gostou da pedra que o mendigo usava
para amassar o pão velho. Levou-a para sua casa. Ao lavá-la, descobriu que era
uma pedra preciosa: Um diamante. Todo o dinheiro da cidade não dava para
comprá-la.

Questões:
• Qual é a grande lição desse texto?
• Por que o mendigo não descobriu, nunca enxergou o valor da pedra que
trazia consigo como algo inútil e desprezível?
• De acordo com esse texto, por que é importante saber enxergar as coisas
com profundidade?
• Qual a grande diferença entre o mendigo e o jovem curioso?
• Quais foram as consequências da atitude do jovem curioso e do mendigo
superficial?
• Há coisas para as quais a gente olha e logo faz careta. Mas se analisássemos
com mais cuidado, veríamos o lado bom dessas coisas. Você saberia dar um
exemplo disso? Já aconteceu com você?

Conclusão
O dom do conhecimento faz ver as coisas com profundidade. Isso gera
otimismo, porque a gente enxerga que tudo tem o lado bom, tudo tem um valor. É
como a pedra do mendigo que, ao ser atentamente analisada, mostra logo sua
preciosidade. Quando nos falta essa profundidade ao olhar as coisas, temos um
certo tipo de cegueira. Vemos tudo de um modo superficial. A superficialidade gera
o falso juízo das coisas e das pessoas. As coisas, quando são mal vistas, parecem
não ter explicação ou vemos apenas uma explicação que não é a verdadeira. Tudo
depende do modo de olhar, do ponto de vista. Até a vida é assim! A gente costuma
31
ser pessimista e pensar: “A vida é ruim, o mundo é mau, as pessoas não prestam,
nada tem sentido”. Não estaria a ruindade da vida mais no nosso modo de ver as
coisas do que propriamente na realidade dessas coisas? O Espírito Santo, agindo
em nós, ajuda-nos a descobrir o lado precioso e bom da vida. Quem tem esse dom,
quem cultiva essa qualidade fica sempre de bem com a vida. Sabe que Deus o ama
e exerga sempre a vida sob a ótica da fé

4. ORAÇÃO FINAL E ENCERRAMENTO


- Convidar a turma para entregar a Deus todas as coisas que parecem ruins, para
que ele venha nos ajudar a ver o lado bom dessas coisas.
- Cantar música apropriada.
- Fazer preces, pedindo o dom da ciência. A resposta poderá ser: "Ilumine os nossos
olhos, para enxergarmos o valor da vida."
• Nós te entregamos, Senhor, aquelas coisas que parecem não ter nenhum sentido
em nossas vidas.
• Nós te entregamos o nosso cansaço, que parece nos fazer desanimar.
• Nós te entregamos as coisas tristes, cuja existência a gente não compreende.
• Nós te entregamos nossos fracassos, que parecem não ajudar em nada.
• Nós te entregamos cada obstáculo do caminho, que parece querer nos impedir de
caminhar.
- Repetir juntos: Receba, Senhor, em suas mãos, nossas dúvidas e nossos medos, as
coisas que nós compreendemos e as coisas que ainda não compreendemos com pro-
fundidade. Ajude-nos a olhar a vida com otimismo e profundidade, para
percebermos em tudo o seu amor. Amém!
- Motivar a turma para o próximo encontro.
- Encerrar, cantando à vontade.

Dicas para o catequista


- Conhecer as coisas mais a fundo não é tarefa das mais fáceis. É muito comum a
gente se enganar e “confundir alhos com bugalhos”. Também para evitar esse mal,
alerta a Igreja, é preciso empenhar-se na formação. A formação dos catequistas,
insistimos, é muito importante. Ela pode ajudar a conhecer mais a fundo não só o
Deus vivo, a quem servimos, e a sua Palavra – a Bíblia, mas também a realidade
que nos cerca – tão complexa e cheia de desafios!
- O Manual de Catequética lembra as três principais dimensões da formação do
catequista: o ser – que se refere à “dimensão humana e cristã do catequista, sua
maturidade, sua vida de fé, sua participação na celebração da comunidade cristã,
32
sua espiritualidade, seu testemunho de vida, sua consciência e sua projeção
apostólica” (p. 138); o saber – “que se refere ao conhecimento da mensagem e dos
destinatários e seu contexto” (p. 138), tendo como ponto central a formação bíblica
e o fazer – que se refere às condições necessárias “para comunicar a mensagem,
isto é, para exercer o papel de educador do ser humano e de sua própria vida” (p.
140).

33
6º Encontro
O DOM DA PIEDADE

1. ACOLHIDA E ORAÇÃO INICIAL


- Receber a turma com disposição. Fazer a animação de costume.
- Criar clima favorável para rezar.
- Fazer o Sinal da Cruz.
- Cantar à escolha.
- Fazer preces espontâneas, invocando o Espírito Santo, pedindo que venha
iluminar as pessoas que mais necessitam de sua graça e de seus dons. A resposta
poderá ser: "Venha, Espírito Santo, nos iluminar".
- Encerrar, rezando juntos a oração ao Espírito Santo.

2. O QUE A BÍBLIA DIZ


Motivação
No texto de hoje, vamos ouvir bonitos conselhos que nos ajudam a viver
melhor. O autor da Carta aos Efésios lembra que nós somos filhos da luz e não das
trevas. E é assim que devemos viver: na luz do amor de Deus.

Texto: Ef 5,6-20
Ajudar a turma a localizar o texto na Bíblia.
Partilha
34
• Por que a gente não deve se deixar iludir com palavras fúteis, isto é, vazias?
• O que significa proceder como filhos da luz?
• O que são as obras estéreis das trevas? O que fazer diante delas?
• Quais os conselhos que Paulo dá, no fim do texto, para quem quer levar a
sério as coisas de Deus?

Aprofundamento
- Colar o cartaz com os dons do Espírito Santo.
- Esse texto nos ajuda a compreender o dom da piedade, que é a arte de
adorar a Deus como convém, dando a ele o culto que lhe é devido. Quem é
piedoso é reverente, ou seja, é respeitoso com as coisas de Deus. Leva Deus
a sério. Sabe que não é inteligente ignorar a sua presença nem o seu amor.
- Quem é piedoso acolhe o amor que Deus lhe dispensa e corresponde a esse
amor generoso. Por isso, leva a sério as coisas de Deus. Como bom
discípulo, não se descuida de sua espiritualidade, da vida de oração, da
leitura e da vivência da Palavra de Deus.
- Quem cultiva o dom da piedade gasta tempo com Deus. Sabe que o amor
exige tempo, dedicação, cuidado. Não ignora as coisas de Deus. Ao
contrário, dá prioridade a elas.
- Por isso, o texto nos diz:
• Não se deixe iludir por palavras vazias. Quem é piedoso não se ilude
com coisas vazias, pois tem a Palavra de Deus que nunca nos ilude. Iludir
é o mesmo que enganar. Deus nunca nos engana. Com sua palavra de
sabedoria sempre nos orienta e mostra o caminho da vida. Mas há tantas
palavras enganadoras sendo ditas por tanta gente! Quem é piedoso não
confia nelas, mas ouve a Palavra de Deus.
• Não seja cúmplice de quem anda dizendo coisas vazias. Ser cúmplice é
começar a dizer e a fazer coisas vazias também. O bom discípulo,
piedoso, não entra na turma de quem vive uma vida vazia. Ao contrário,
ele procede como filho da luz, ou seja, ele procura em suas ações deixar-
se guiar pela luz divina.
• O piedoso também, porque valoriza as coisas de Deus e leva tudo a sério,
fica sempre atento ao seu modo de proceder, pois sente prazer em
proceder de modo que agrade a Deus. O piedoso foge daquilo que causa
descontrole – o texto fala do vinho ou de outras bebidas que causam

35
embriaguês. Além disso, quem tem piedade reza com fé, entoando
salmos, hinos e cânticos espirituais, sempre rendendo graças ao Senhor.
- Colar a faixa: Piedade: a arte de adorar a Deus.

3. ATIVIDADE
Sugestão
• Convidar a turma para fixar melhor o tema, resolvendo uma palavra
cruzada. Entregar a cada criança um diagrama, tendo ao centro a palavra
PIEDADE. No mesmo papel, colocar as sete frases abaixo, baseadas no
texto bíblico. A palavra que completa o diagrama é a mesma que preenche a
lacuna da frase correspondente. Cada um deve, portanto, completar cada
frase com uma palavra que caiba no diagrama, preenchendo assim a palavra
cruzada.

1. Ninguém vos iluda com _____________________ fúteis.


2. Procedei como ________________ da luz.
3. O fruto da luz é toda espécie de bondade, de justiça e de ____________.
4. Procurai ____________________bem qual é a vontade do Senhor.
5. Entoai juntos ______________, hinos e cânticos espirituais.
6. Não vos embrigueis com vinho, pois isso leva ao ________________.
7. Rendei graças a ___________que é Pai.
36
Conclusão
Ser piedoso é ser dedicado a Deus. Ele nos ama tanto e nos trata com tanta
bondade. O bom discípulo deve responder a esse amor, tratando Deus com carinho
e devoção. Sem essa dedicação, o discípulo se perde na frieza do seu proceder.
Portanto o piedoso procura ser um bom filho do Deus, que é para nós um bom pai.
Ele se dedica às coisas de Deus com carinho, por amor. Essa qualidade o discípulo
precisa cultivar.

4. ORAÇÃO FINAL E ENCERRAMENTO


- Cantar música à escolha.
- Convidar a turma para rezar, pedindo a Deus o dom da piedade, o dom de viver
como filho da luz, adorando a ele sempre e colocando-o em primeiro lugar na nossa
vida.
- Rezar com o catequista: Senhor, queremos te amar e te adorar em todos os
momentos da nossa vida. Queremos reconhecer seu grande amor por nós e te
agradecer por isso. Queremos viver como verdadeiros filhos da luz e eliminar toda
treva de nossa vida. Amém!
- Dar o abraço da paz no irmão, como sinal do firme propósito de acolher a todos
com simpatia.
- Cantar.
- Motivar para o próximo encontro.
- Encerrar, cantando à vontade.

Dicas para o catequista


- Na atualidade, para alguns, parece estar fora de moda a piedade. Ela tomou
feições de tolice e ignorância religiosa. Esse negócio de ficar rezando não parece
mais bem-visto. Mas não é bem assim. A piedade é algo que o catequista deve
cultivar e incentivar na turma. Não uma piedade tosca e medieval – é claro! Mas
uma piedade contemporânea e propícia para o nosso tempo. A piedade nos ajuda a
viver como filhos de Deus – dando a ele o culto que lhe é devido. Cultuar a Deus
não está fora de moda! Importa, porém, encontrar uma piedade – ou espiritualidade
– adequada para o momento. Cada um se esforce para descobrir sua espiritualidade
cristã, vivendo a verdadeira piedade.
- O Diretório Geral da Catequese afirma que o catequista deve ser “pessoa de
espiritualidade, que quer crescer em santidade”. E mais: “A verdadeira formação
alimenta a espiritualidade do próprio catequista, de maneira que sua ação nasça do
testemunho de sua própria vida” (n. 264). Isso é piedade!
37
7º ENCONTRO
O DOM DO TEMOR DO SENHOR

1. ACOLHIDA E ORAÇÃO INICIAL


- Receber a turma com disposição. Fazer momento de animação.
- Fazer o Sinal da Cruz.
- Convidar para cantar a música 17.
- Motivar: Meus amigos, vamos fazer bastante silêncio para conversar com Deus.
Cada um coloque a mão em seu coração, feche seus olhos e, em silêncio, entregue
sua vida com confiança nas mãos de Deus, que te ama tanto. Quem tem os dons do
Espírito Santo sabe que Deus é fiel e bom e não o abandona; por isso, confia nele e
caminha sempre em sua presença como um verdadeiro filho da luz.
Com confiança vamos rezar o Pai Nosso.
- Cantar de novo a música 17 ou outra.

2. O QUE A BÍBLIA DIZ


Motivação
Vamos entender hoje o que significa o temor do Senhor, um dom que nos
ajuda a tratar a Deus sempre com o devido respeito e consideração, pois ele é Deus
e nós somos suas criaturas. Vamos ouvir alguns conselhos dados a Timóteo, um
discípulo dedicado do Senhor.

38
Texto: 2Tm 1,6-14
Ajudar a turma a localizar o texto na Bíblia.

Partilha
• Que exortação, isto é, que conselho Paulo dá a Timóteo logo no começo do
texto?
• O que significa dizer que “Deus não nos deu um espírito de covardia, mas
de força, de amor e de moderação”?
• De que Timóteo não deve se envergonhar?
• Que força devia sustentar Timóteo, para que ele fosse capaz de sofrer pelo
evangelho, como Paulo estava sofrendo, estando até mesmo preso?
• Quem constituiu Paulo pregador, apóstolo e mestre? De quem é o plano
salvífico de que Paulo fala?
• Paulo está suportando muitos sofrimentos – está preso! – mas diz que não se
envergonha. De onde ele tira esta força toda?
• Qual é o precioso bem que Timóteo deve guardar?

Aprofundamento
- Colar a faixa com os dons do Espírito Santo.
- Timóteo tornou-se um discípulo de Jesus pela imposição das mãos de Paulo.
O gesto de impor as mãos significava que Paulo passava a Timóteo uma
missão muito importante. Essa missão é importante porque é dada por Deus.
Timóteo tem, portanto, um precioso bem que a ele foi confiado pelo próprio
Deus: a missão de ser um discípulo de Cristo e colaborar no plano salvífico
de Deus.
- Paulo quer chamar a atenção de Timóteo, lembrando o seu compromisso
com Deus. Deus o chamou, deu a ele uma missão. Ele não deve se
envergonhar, nem se acovardar. Deve, em tudo, esforçar-se para ser fiel a
Deus. Esse sentimento é o que chamamos de temor do Senhor.
- O temor de Deus é a arte de reconhecer que Deus é Deus e nós somos
criaturas; Deus é santo e nós somos cheios de limitações e fragilidades.
Apesar de tudo, Deus, em sua grandeza, tem um imenso amor por nós e nos
confia coisas maravilhosas. Por isso, nos sentimos honrados diante de Deus.
Apesar de nossa fragilidade, Deus nos valoriza muito. Isso é motivo de
honra, de glória, de muito respeito para com esse Deus tão bom.

39
- O temor de Deus nos livra da arrogância de pensar que a gente é muita
coisa. Tudo o que temos e somos vem da bondade de Deus, nosso Pai. O
discípulo não pode ser arrogante. Tudo o que ele realiza é por graça divina.
Por essa graça, Timóteo recebeu de Deus uma missão muito especial e
digna. Ele precisa, então, ser fiel e corresponder à confiança que Deus nele
depositou.
- O temor de Deus significa um sentimento de grande consideração, tão
grande que nos leva a não querer desagradar a Deus. Quem teme a Deus faz
de tudo para corresponder ao seu amor.
- Fique claro, porém, que temor aqui não significa ter medo de Deus. Quando
existe medo, não existe amor (cf. 1Jo 4, 18). Deus não quer que tenhamos
medo dele. O que ele espera de nós é uma atitude de grande consideração
por tudo o que ele representa para nós.
- Colar a faixa: Temor do Senhor: a arte de reconhecer que Deus é Deus.
- Mostrar o cartaz completo. Relembrar cada dom e seu significado.

3. ATIVIDADE
Sugestão
- Convidar a turma para decifrar algumas frases criptografadas sobre o temor
do Senhor. Dividir a turma em duplas ou grupos maiores. Dar a cada grupo
um criptograma, pedir que decifre a frase e reflita sobre o seu sentido.

a b c d e f g h i j l m n o p q r s t u v z
1 2 3 4 5 6 7 8 9 # $ % & * ( ) + § = ] [ {
1. 1(*§§1[1-§5 45 =*4*§ * =5%*+ 5 (5$*§ 1(*§=*$*§ +51$9{1[1%-§5
&]%5+*§*§ (+*4979*§ 5 §9&19§.
a b c d e f g h i j l m n o p q r s t u v z
1 2 3 4 5 6 7 8 9 # $ % & * ( ) + § = ] [ {
2. 1 97+5#1 §5 3*&§*$941[1 5 1&41[1 &* =5%*+ 4* §5&8*+ 5, 3*% 1
1#]41 4* 5§(9+9=* §1&=*, 3+5§391 5% &]%5+*.
a b c d e f g h i j l m n o p q r s t u v z
1 2 3 4 5 6 7 8 9 # $ % & * ( ) + § = ] [ {
3. 3*%(5&5=+14*§ &* =5%*+ 4* §5&8*+, (+*3]+1%*§ 3*&[5&35+ 1§
(5§§*1§, §5&4* §5%(+5 =+1&§(1+5&=5§ (1+1 45]§.
a b c d e f g h i j l m n o p q r s t u v z
1 2 3 4 5 6 7 8 9 # $ % & * ( ) + § = ] [ {

40
4. (]+969)]5%*-&*§ 45 =*41 %1&381 4* 3*+(* 5 4* 5§(í+9=*,
3*%($5=1&4* 1 &*§§1 §1&=96931ç1*, &* =5%*+ 45 45]§.
a b c d e f g h i j l m n o p q r s t u v z
1 2 3 4 5 6 7 8 9 # $ % & * ( ) + § = ] [ {
5. #1 )]5 5&=+1%*§ &1 (*§§5 45 ]% +59&* 9&121$1[5$, §5#1%*§
7+1=*§. 5 1§§9% §9+[1%*§ 1 45]§ 45 %*4* 1 17+141+-$85, 3*%
(954145 5 =5%*+.

Frases:
1. Apossava-se de todos o temor e pelos apóstolos realizavam-se numerosos
prodígios e sinais. (At 2,43)
2. A Igreja se consolidava e andava no temor do Senhor e, com a ajuda do
Espírito Santo, crescia em número. (At 9, 31)
3. Compenetrados no temor do Senhor, procuramos convencer as pessoas,
sendo sempre transparentes para Deus. (2Cor 5,11)
4. Purifiquemo-nos de toda mancha do corpo e do espírito, completando a nossa
santificação, no temor de Deus. (2Cor 7,1)
5. Já que entramos na posse de um reino inabalável, sejamos gratos. E assim
sirvamos a Deus de modo a agradar-lhe, com piedade e temor. (Hb 12,28)

- Depois, fazer um plenário. Cada grupo apresenta e comenta sua frase.

Conclusão
Esses dons – todos eles – são qualidades que precisamos cultivar. Todos nós
devemos ter todos eles e não só um ou outro. Eles não são apenas resultado da obra
de Deus em nós, não são propriamente presentes de Deus. São também resultado do
esforço que cada um precisa fazer para cultivar aquelas qualidades que devem
caracterizar a vida do cristão. Se queremos viver no Espírito, como discípulos de
Jesus, firmes em nossa missão, então nossa vida precisa mostrar que somos pessoas
de espiritualidade e fé e que essa fé produz em nós um jeito novo de viver. Os sete
dons são o jeito novo do cristão, as características daquele que crê e se torna
discípulo de Jesus.

4. ORAÇÃO FINAL E ENCERRAMENTO


- Cantar.

41
- Fazer preces espontâneas. Cada um poderá pedir a Deus aquela qualidade
que achar mais urgente em sua vida. A resposta poderá ser: "Senhor, atendei
a nossa prece."
- Repetir juntos: Venha renovar, Senhor, nossa vida, colocando em nosso
coração o ardente desejo e o firme propósito de cultivar esses dons sobre os
quais refletimos. Que eles brilhem em nossa vida e iluminem nossa
caminhada, para vivermos a vida nova que seu Espírito quer nos dar.
Amém!
- Cantar a música 13 ou16, renovando o propósito de seguir em frente, na
fidelidade a Deus.
- Motivar a turma para o próximo encontro, que será uma celebração, para
encerramento da etapa e do ano. Combinar os detalhes.
- Encerrar à vontade.

Dicas para o catequista


- Chegando ao final de mais um módulo, vale a pena insistir no que diz o Manual
de Catequética: “A catequese básica não basta para formar cristãos adultos na fé. É
necessário, sem dúvida alguma, uma catequese permanente, que desenvolva em
profundidade e em extensão a fé inicial” (p.110). Trabalhe, pois, o catequista, com
sua turma essa idéia da continuação da catequese. A vida continua; a catequese
também. Sempre. Não há fim. Ninguém se forma. Ninguém está pronto!
- E não é só a formação da criança que deve continuar. A do catequista também, é
claro, e para isso as paróquias e dioceses devem contribuir oferecendo essa
formação continuada! Veja o que diz o DNC: “Nas diversas intâncias da catequese
– paróquia, diocese, regional e nacional – deve haver projetos que motivem os
catequistas a assumirem um processo permanente de formação” (n. 257).

42
8º Encontro
CELEBRAÇÃO

PREPARAÇÃO
- Preparar o painel para o rito de súplica dos dons. Confira sugestão.
- Providenciar um cartão de natal para cada catequizando.
- Preparar a confraternização de encerramento do ano.

1. RITOS INICIAIS
- C: Cumprimentar e acolher a todos.
- Motivar a celebração: Hoje estamos encerrando mais um módulo da nossa
catequese. Durante este ano, refletimos sobre nossa vocação de discípulos de Jesus
e sobre a força do Espírito Santo que nos acompanha e nos sustenta. Iluminados
pelo Espírito de Deus, vamos caminhando com firmeza; nossa vida vai se
renovando e a fé vai produzindo seus frutos em nossos corações. Nessa celebração,
vamos pedir a Deus que continue nos fortalecendo pelo seu Espírito, para prosse-
guirmos com perseverança nos caminhos de Deus. Vamos ficar de pé e iniciar,
cantando. (Música à escolha.)
D - Estamos reunidos em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
T -Amém!
D - Que o amor de Deus, nosso Pai, a paz de Jesus e a força do Espírito Santo
estejam com todos vocês.
T - Bendito seja Deus que nos reuniu no amor de Cristo.
43
D - Deus nos reuniu, mais uma vez, e hoje nos convida a abrir o coração para
acolher sua presença e sua paz. Vamos iniciar nossa celebração, invocando para o
nosso irmão essa presença de Deus. Que Deus, pela força de seu Espírito, venha
agir em cada coração.
(Colocar a mão direita no ombro do companheiro e repetir:)
- "Ó Deus de amor, ilumine com seu Espírito o coração deste irmão. Ajude-o a
cultivar uma espiritualidade profunda, pela prática dos dons que o Espírito nos traz.
Renove sua vida e o sustente na fé, para que seja perseverante e viva sempre na sua
paz. Amém!

- Cantar a música 9, invocando a presença do Espírito Santo.


C - Convidar a turma para um momento de louvor: Depois de invocar a presença do
Espírito Santo, vamos fazer um instante de louvor. Cada um vai pensar naquilo por
que deseja agradecer a Deus. Durante todo esse ano em que estivemos juntos, Deus
fez muitas coisas boas e importantes para nós. Certamente, pudemos aprender
coisas úteis para a nossa vida. Por isso, vamos agora agradecer.
(Fazer preces espontâneas de louvor, sem resposta intercalada.)
- Cantar música à escolha.

D - Oremos: Deus, nosso Pai, nós te louvamos e te agradecemos por todas as


maravilhas que o Senhor realiza em nosso favor. Agradecemos pela salvação que
Jesus nos trouxe e pela força que o Espírito nos dá. Abençoe a todos nós e ajude-
nos a viver para sempre em comunhão com o Senhor. Amém!

2. RITO DA PALAVRA
- Convidar a turma para se sentar e escutar a Palavra.
- Comentar: Vamos ouvir uma leitura que fala sobre os dons de Deus que
acompanham aquele que crê.
L - Leitura do Livro de Isaías (Is 11,1-9)
Ler na Bíblia
C - Esta leitura nos fala que um broto novo vai surgir do tronco seco. Esta é uma
bonita imagem para nos falar da esperança. Em meio a tanta descrença, a tanta
violência, a tanta coisa ruim, ainda há esperança. Esperança de que podemos ser um
povo que leva Deus a sério e vive cheio do seu Espírito, esperança de que um
mundo novo e bom é possível, pela força da presença de Deus. Basta ter um
coração simples, aberto e receptivo à obra do Espírito de Deus em nós. Vamos
44
acolher, agora, o evangelho. Ele nos mostra como Jesus se alegra com as pessoas de
coração simples que compreenderam e aceitaram a vida nova proposta por Deus.
Vamos ficar de pé e aclamar o Evangelho, cantando. (Música à escolha)

D - Q Senhor esteja convosco!


T - Ele está no meio de nós!
D - Evangelho de Jesus Cristo, narrado por Lucas (Lc 10,21)
Ler na Bíblia
D - Fazer breve reflexão, baseada nos seguintes pontos:
• Depois de conhecermos os dons e a vida nova do Espírito, não podemos mais
ignorar essa realidade e viver como pessoas sem fé. Nós nos tornamos discípulos de
Cristo, para viver sua vida nova, revestindo-nos das qualidades que ele, pelo
Espírito, nos ajuda a cultivar: dons que todos nós devemos ter.
• Quem tem um coração simples e aberto entende logo a vantagem de se cultivar
esse jeito novo que o Espírito nos traz. É por isso que, no Evangelho, Jesus se
alegra com aquelas pessoas que, na sua simplicidade, souberam acolher a men-
sagem de vida nova levada pelos discípulos.
• Jesus espera que o nosso coração seja também simples e aberto, para que seu
Espírito Santo possa agir em nós, multiplicando qualidades e produzindo frutos.
Essa é a vontade de Deus. E é motivo de crescimento para todos nós.

3. RITO PARA SÚPLICA DOS DONS


C - Depois de ouvir a Palavra de Deus, vamos agora rezar pedindo a ele que nos dê
essas qualidades, que são dons do Espírito Santo, e que nos ajude a fazer um grande
esforço para cultivá-las em toda a nossa vida. Vamos suplicar a Deus que renove
nossa vida com esses dons, afastando de nós aquelas fraquezas que muitas vezes
têm nos impedido de cultivar os dons do Espírito. Que Ele nos perdoe pelas vezes
que não cultivamos essa vida nova e nos ajude a conquistá-la, com a força do
Espírito. (Fixar um painel, o mesmo usado na quarta etapa, onde os dons serão
colados, um a um, enquanto se reza.)
Se for manter essas faixas, será preciso refazer os comentários. Como assim?
D - Vamos fixar, primeiramente, o dom da Sabedoria. (Alguém entra e fixa esse
dom no painel.) A sabedoria é a arte de viver em comunhão com Deus, o dom de
ser justo, de se ajustar a Deus, de viver em sintonia e intimidade com Deus. Pelas
vezes que não cultivamos esse dom, peçamos perdão.
T - Cantar refrão penitencial. (Repetir o mesmo refrão depois das reflexões
seguintes.)
45
D - Vamos fixar, agora, o dom do Entendimento. O entendimento é a arte de
distinguir o bem e o mal, de ser prudente, discernindo, de acordo com a luz de Deus
que brilha em nosso interior, o que é bom e o que não é. Pelas vezes que não culti-
vamos esse dom, peçamos perdão.
T - Canto.
D - Vamos colar o dom do Conselho. O Conselho é a arte de saber escolher o bem,
de escolher Deus e seus caminhos. Não basta só saber o que é bom. É preciso fazer
opção pelo bem, sempre. Pelas vezes que não escolhemos os caminhos do Senhor,
peçamos perdão.
T - Canto.
D - Vamos colocar no painel o dom da Fortaleza. Ela é a arte de não desanimar
diante das dificuldades da vida. Pelas vezes que nos deixamos dominar pela
fraqueza e desistimos de lutar pelo que é bom e justo, procurando o caminho mais
fácil, peçamos perdão.
T - Canto.
D - Vamos colar o dom da Ciência. A ciência é a arte de conhecer mais além, o
dom de ser profundo e não ficar na superficialidade das coisas. Pelas vezes que não
fomos profundos, que ficamos na superficialidade, e, por isso, julgamos mal as
coisas e as pessoas, peçamos perdão.
T - Canto.
D - Vamos fixar o dom da Piedade. A piedade é a arte de adorar a Deus, de viver
como filho que dá culto a seu Pai, a quem ama de todo coração. Ser piedoso é
cultivar uma espiritualidade profunda, capaz de nos fazer viver sempre mais em
comunhão com Deus. Pelas vezes que não fomos piedosos, não rezamos, não
cultivamos nossa espiritualidade, peçamos perdão.
T - Canto.
D - Vamos, enfim, fixar o Temor de Deus. É a arte de reconhecer que Deus é Deus
e que nós somos suas criaturas. É cultivar, então, a fidelidade que brota não do
medo, mas do amor. Quem tem esse dom reconhece o amor de Deus e o ama
também. Pelas vezes que tivemos medo de Deus e não confiamos no seu amor,
peçamos perdão.
T - Canto.
C - Diante de nós estão estas qualidades que Deus quer, pelo seu Espírito, colocar
em nossa vida. Esses dons podem renovar toda a nossa vida, à medida que os prati-
carmos. Há muita coisa em nosso coração que precisa ser mudada, para que esses
dons possam crescer em nós e frutificar. Juntos, vamos pedir a Deus que renove
nossa vida, pela força dos seus dons.
46
T - Cantar a música 8.
D - Convidar a turma para estender as mãos para o alto e rezar, suplicando a Deus
os dons do Espírito. Repetir com o catequista: Manda sobre nós, Senhor, teu
espírito de amor: Espírito de sabedoria, inteligência, conselho, fortaleza, ciência,
piedade e temor do Senhor. Assim, seremos verdadeiros discípulos, comprometidos
com a missão de Jesus Cristo. Amém!
- Cantar a música 10.
- Encerrar rezando juntos a oração ao Espírito Santo.

4. RITOS FINAIS
D - Oremos: Deus nosso Pai, que cada um de nós se sinta fortalecido pelos dons do
Espírito em nossa vida; que nossa vida se renove por esses dons, para seguirmos
em frente, com firmeza e perseverança, nos passos de Jesus. Amém!

C - Avisos:
• Entregar o cartão de Natal.
• Desejar boas férias e feliz retorno à catequese no ano que vem.
• Motivar a perseverança.

D - Bênção final:
- O Senhor esteja com vocês!
- Ele está no meio de nós!
D - Que o Deus todo poderoso abençoe a todos nós, Ele que é Pai, Filho e Espírito
Santo.
T- Amém!
- Fazer a confraternização conforme combinado.

47
Celebração de Entrega
Sugerimos fazer, no encerramento do ano catequético, uma grande celebração
envolvendo todas as turmas da catequese, com a participação da comunidade.
Nessa celebração, faz-se a entrega de um símbolo que represente a caminhada
da turma nesse ano.
Para os que estão concluindo com proveito o módulo 3, sugerimos que se en-
tregue um crucifixo. Pode ser um broche, um cordão, uma pequena imagem do cru-
cificado – como parecer melhor.
O crucifixo é o símbolo do discípulo de Cristo. E foi isso que estudamos du-
rante todo esse ano. Como Cristo foi fiel à sua missão até o fim, dando sua vida na
cruz, os catequizandos sejam incentivados a serem fiéis à sua missão de discípulos
do Senhor. Olhando o crucifixo, renovem a cada dia o compromisso com Jesus e
recordem que nessa caminhada são sempre guiados pelo Espírito Santo.
Não colocaremos aqui um roteiro para a celebração. Cada paróquia ou comu-
nidade prepare uma bonita celebração. Depois do Rito da Palavra, ou em outro
momento oportuno, cada turma é chamada à frente e recebe o seu símbolo: os que
estiverem concluindo o módulo 1 recebem a oração do Pai Nosso; os que estiverem
concluindo o módulo 2 recebem a Bíblia Sagrada; os que estiverem concluindo o
módulo 3 recebem um crucifixo. E boa sorte a todos!

48
Músicas
1. MAIS UMA VEZ
- Mais uma vez, / Estamos reunidos com muita alegria. / Hoje é um novo
encontro é um novo dia / Existe muita coisa para acontecer.
- E é tão bom! / A gente reza e canta, louva e agradece, / Deus vem ao nosso
encontro e tudo acontece / E todo o mundo fica muito mais feliz.
- Meu irmão, vamos lá! / Toma logo a minha mão. / Que a paz, a paz, esteja
no teu coração. (2x)

2. SEJA BEM-VINDO
- Seja bem-vindo em nome do Senhor. / Seja bem-vindo você que tem amor. /
Seja bem-vindo entre nós meu amigo, meu irmão. / Tenha sempre Jesus no
coração.
- Venha com Deus, em nome da paz. / Venha com fé, em nome do Senhor. /
Venha com força, com coragem, com alegria, meu irmão. / Tenha sempre
Jesus no coração.
Obs.: Repetir, substituindo “meu amigo” pelo nome de cada pessoa.
Trocar “meu irmão” por “minha irmã” conforme o caso.

3. UM REI PREPAROU UM BANQUETE


- Um rei preparou um banquete, pra alegria de todo o seu povo. (bis) Veio o
pobre, veio o rico; / Veio o cego, veio o surdo; / Veio o santo e o pecador; /
Todos foram convidados pro banquete do Senhor.
- No banquete do Senhor, / O alimento é a Palavra, / Que sustenta nossa vida
/ Ah, meu Deus / E nos faz todos irmãos. (bis)
- No banquete da santa Palavra, todos nós nos tornamso iguais. (bis) Vem o
pobre, vem o rico; / Vem o cego, vem o surdo; / Vem o santo e o pecador; /
Todos somos convidados pro banquete do Senhor.

4. VENCEREMOS
- Venceremos, pois Deus é por nós. / Fique firme, amigo, meu irmão. / Deus
que é bom te acompanhará, / Confortando o teu coração.
- Ele irá à tua frente, pra te guiar. / Estará atrás de ti, pra te proteger. / Andará
bem ao teu lado, pra te amparar. / Ficará bem junto a ti, pra te
fortalecer.(2x)
- Deus que é bom te iluminará...
49
- Deus que é bom te abençoará...
- Deus que é bom te fortalecerá, etc.

5. ENTRE VÓS NÃO DEVE SER ASSIM


- Afastai-vos de mim / Vós que oprimis / Os mais fracos, os pequenos e os
pobres. / Porque quando oprimis / os mais pequeninos / É a mim que estais
oprimindo.
- Estive com fome e não me destes de comer. / Estive com sede e não me des-
tes de beber.// Eu era forasteiro, peregrino e sem abrigo. / E vós não me aco-
lhestes. / Estive abandonado, na miséria e rejeitado. / E vós não me socor-
restes. // Estive doente e não me ajudastes. / Estive preso e não me visitas-
tes.
- Os chefes das nações as oprimem. / Os fortes exploram os mais fracos. /
Mas entre vós não deve ser assim.

6. ENVIAI, Ó SENHOR
- Enviai, ó Senhor, / muitos operários / Para a vossa messe / Pois a messe é
grande, / E os operários / nem sempre são tantos.
- Confirmai, ó Senhor, / Vossos operários / Dai-lhes vossa força / Pra que eles
não se cansem. / Pois o caminho é longo. / O caminho é longo.
- E quem põe a mão no arado e olha para trás. Não está ainda pronto para o
reino de Deus. / As raposas têm suas tocas e os pássaros seus ninhos. Mas
quem segue a Jesus carrega uma cruz.

7. EU TENHO FÉ
- Eu tenho fé (2x) / Eu sinto a presença de Jesus. / Eu creio que ele está junto de
mim. / Eu tenho fé. (bis)
- O Senhor apareceu em minha vida / Como um sol que veio me iluminar /
Trouxe paz, trouxe amor, trouxe alegria / Veio pra ficar. / E hoje eu creio que
Jesus está comigo / Sua força não me deixa vacilar. / Ele é o sol que aquece toda
a minha vida. / Nele eu posso confiar.

8. SOMOS FRACOS
- Somos fracos, mas não estamos sós. / O Espírito de Deus habita em nosso
coração. Ele é o prometido de Deus Pai, / Ele é o enviado de Jesus. / Ele é a
nossa força, ele é a nossa luz, / E por isso não estamos sós.

50
- R.: Oh! Vem, Espírito de Deus. (3x) / Consolador, libertador, / Oh! Vem,
guiar o povo teu.

9. MANDA TEU ESPÍRITO


- Manda teu Espírito, Senhor! / Manda teu Espírito de amor.
- Revigora nossas forças pra servir / Recupera nosso coração pra amar. / Co-
loca os teus dons em nossos corações / E acende em nós o fogo do amor.

10. O ESPÍRITO DE DEUS


- O Espírito de Deus / Ilumina a nossa vida. (bis)
- R.: Ele traz a paz / É fonte de luz / O Espírito de Deus nos encoraja a seguir
Jesus.
- O Espírito de Deus / Nos sustenta a cada dia. (bis)
- O Espírito de Deus / Reaviva a nossa fé. (bis)
- O Espírito de Deus / Revigora os nossos passos. (bis)

11. DEUS CHAMOU MARIA


- Deus chamou Maria e ela logo disse sim. / Hoje Deus te chama e o que tu
tens pra lhe dizer?
- Como poderemos vos servir? (2x)
- Foi de um modo assim que Maria respondeu / E hoje nós também assim
vamos dizer.
- Deus chamou Maria... / Eis aqui os servos do Senhor. (2x)
- Deus chamou Maria... / Faça-se em nós vossa vontade. (2x)
- Deus chamou Maria... / Que alegria poder vos servir. (2x)

12. VEM E SEGUE-ME


- R.: Vem e segue-me (3x) / Disse o Senhor. (bis)
- Jesus andava à beira-mar / Quando viu Simão Pedro e André, seu irmão. /
Ele olhou em seus olhos e, então, chamou / Venham comigo e eu farei de
vocês / Pescadores de pessoas para o Reino de Deus.
- Jesus hoje passa por aqui / Ele sabe quem nós somos, vê o nosso coração. /
E, olhando em nossos olhos ele, então, nos chama. / “Venham comigo e eu
farei de vocês / Pescadores de pessoas para o Reino de Deus”.

13. SER DISCÍPULO DE CRISTO


51
- Ser discípulo de Cristo / É uma questão de muito amor / É uma questão de
muita fé. / É preciso esforçar-se / E vencer toda barreira / Pra viver unido ao
Senhor.
- Jesus, filho do Deus vivo. / Tende piedade de nós. / Nós queremos vos
seguir / Na alegria e na dor / Nós queremos ser discípulos do Senhor. (bis)

14. ALEGRAI-VOS SEMPRE NO SENHOR


- Alegrai-vos sempre no Senhor (4x)
- Que o vosso coração esteja sempre / Repleto da mais pura alegria / Que a
bondade seja o vosso ornamento / E vos acompanhe noite e dia. // Tudo o
que é nobre / Tudo o que é justo / Tudo o que é puro e louvável / Ocupe os
vossos corações / E a paz de Deus em vós será profunda.
- Que o vosso coração não se inquiete / Nem com a dor, nem com a amargura
mais sofrida / A Deus apresentai as vossas preces / Sua graça brilhará em
vossa vida. // Tudo o que é nobre... etc.

15. UM TESOURO
- Um tesouro / Pode ser bem simples sem complicação. / Pode estar pertinho,
bem à sua mão. / Quem o encontrar começa ser feliz. / Um tesouro / Não está
nas nuvens, não está no ar. / Não é nas montanhas que é prá procurar. / É
preciso muita fé prá descobrir.
- R.: O seu tesouro, / Onde está o seu tesouro? / O que é o seu tesouro? / Será
que ele tem valor?}(2x)
- Um tesouro / Não é uma jóia que eu achei primeiro, / Nem uma quantia
enorme de dinheiro. / Nada disso faz a gente ser melhor. / Um tesouro / Não é
um montão de pedras preciosas, / Nem um prato cheio de coisas gostosas. /
Só quem tem amor é que vai encontrar.
- Um tesouro / Não é pra guardar, mas é pra repartir. / Não é pra somar, mas é
pra dividir. / Não é só pra mim, mas é pra todos nós. / Um tesouro / Quando a
gente encontra, a gente dá valor / Porque a gente acaba descobrindo o amor /
Que é o maior tesouro que se pode achar.

16. JESUS, TU ME CHAMASTE


- Jesus, tu me chamaste, aqui estou / Eu ouvi a tua voz e eis-me aqui. / Com o
coração contente e confiante / Eu me ponho na presença do Senhor.
- Quero te acolher (3x) E por isso estou aqui. / Quero te acolher (3x), ó meu
52
Jesus.
- Quero te adorar (3x) E por isso estou aqui. / Quero te adorar (3x), ó meu
Jesus.
- Quero te seguir...
- Quero te amar...
- Quero te servir...

17. CUIDA DE NÓS


- R.: Cuida de nós, Senhor, com misericórdia, ternura e amor. (2x)
- Recebe, Senhor, nossas fraquezas e renova nossa vida com amor. (2x)
- Recebe, Senhor, nossos pecados...
- Recebe, Senhor, as nossas dores...

18. EU SOU O SAL DA TERRA


- R.: Eu sou o sal da terra. / Eu sou a luz do mundo. / Pra melhorar o mundo / Eu
preciso ser bom. / Eu sou o sal da terra. / Eu sou a luz do mundo. / Eu vou fazer
o bem / Como Jesus me ensinou.
- Onde houver discórdia, levo a amizade, / Pouco a pouco, todo o mundo vai se
transformar.
- Onde houver tristeza, levo a alegria...
- Onde houver rancor, levo o perdão...
- Onde houver maldade, levo a bondade...
- Onde houver desprezo, levo o carinho...
- Onde houver desânimo, levo a coragem...
- Onde houver intrigas, levo o amor...

53

Você também pode gostar