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Revista de Jovens e Adultos da

Convenção Batista Fluminense


Edição 81

AtoSda
Igreja
Primitiva
Estudando Atos e os
relatos da igreja primitiva
Pr. Erik Mendonça
Revista evangélica trimestral da Convenção Batista
Fluminense.
O intuito desta revista é servir de material de edu-
cação cristã acerca do que é ensinado na Palavra
de Deus, pela leitura e interpretação dos escrito-
res destas lições.
Esta revista não é um manual para a vida cristã,
mas um material de auxílio educacional. Antes de
tudo leia a Bíblia, que é a Palavra de Deus.

Publicada pela Convenção Batista Fluminense,


produzida pelo Departamento de Educação Cristã,
juntamente com o Departamento de Comunicação.

(21) 9 9600-6132 | contato@batistafluminense.org.br


Rodovia BR-101, KM 267 - Praça Cruzeiro, Rio Bonito/RJ
(CEP 28.800-000)
Sumário
7 Primeiras Palavras

14 Palavra do Redator

16 Apresentação

21 Lição 1 Informando e Contextualizando

32 Lição 2 Lucas e Teófilo

41 Lição 3 A Ascenção de Jesus

50 Lição 4 A Formação dos Apóstolos

59 Lição 5 Promessa e Realização

67 Lição 6 A Importância da Pregação da


Palavra

75 Lição 7 A Igreja em Atos

83 Lição 8 Características das Primeiras


Igrejas

91 Lição 9 O Diaconato

99 Lição 10 Quem foi Estevão

107 Lição 11 Paulo: Conversão e Chamado

116 Lição 12 A Chegada dos Gentios

124 Lição 13 A Missão da Igreja e a Igreja em


Missão

133 Ficha Técnica


PrimeirasPrimeiras
PalavrasPalavras

Pr. Amilton Ribeiro Vargas


Diretor Executivo da CBF
Ovelha do Pr. Jônatas
Soares

Esforço, Animo,
o Senhor Adiante
Conosco
“E chamou Moisés a Josué, e lhe disse aos olhos
de todo o Israel: Esforça-te e anima-te; porque
com este povo entrarás na terra que o Senhor
jurou a teus pais lhes dar; e tu os farás herdá-la.
O Senhor, pois, é aquele que vai adiante de ti;
ele será contigo, não te deixará, nem te desam-
parará; não temas, nem te espantes.”
(Deuteronômio 31:7,8)
Esta e uma mensagem maravilhosa de Deus e

7
Primeiras Palavras

serve como orientação fundamental para estar-


mos preparados no enfretamento de novos de-
safios. É um recado de Deus com um ensino que
nos prepara para enfrentar os obstáculos que a
vida nos impõe no dia a dia. O texto ressalta o va-
lor da coragem e da confiança, o que não signifi-
ca deixar de ter medo, mas ir em frente, mesmo
com medo, sem retroceder, pois o Senhor está
sempre presente, indo adiante de nós, como o
próprio Senhor Jesus nos prometeu dizendo: “E
eu estarei sempre com vocês, até o fim dos tem-
pos”. (Mateus 28:20b)
Este ensinamento tem destacada relevância
em nossas vidas cotidianas, dando-nos a certeza
de que nunca estaremos sós, Ele nos dá perfeita
paz, nos anima e encoraja, como Ele nos ensinou:
“Tenho-vos dito isto, para que em mim tenhais
paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom
ânimo, eu venci o mundo.” (João16:33), logo de-
vemos ter em mente que o Senhor dos Exércitos
está sempre conosco e jamais nos abandonará
em nossas batalhas.
O texto é como um lembrete constante de que,
8
Primeiras Palavras

assim como Deus guiou o seu povo em conquis-


tas miraculosas, Ele também guia nossos passos.
Isso nos incentiva a confiar em Seu plano, seguin-
do em frente com coragem e vigor, sejam quais
fossem as circunstâncias.
Os bons resultados que alcançamos e as vitó-
rias que experimentamos não são apenas con-
sequência de nossos esforços, mas também da
suprema ação de Deus em nossa história. A pro-
messa de que o Senhor nunca nos deixará nem
nos abandonará traz um encorajamento especial,
mesmo nos momentos em que a adversidade for
grande, em meio às lutas e triunfos, a presença
e companhia constante de Deus é a âncora que
nos dá segurança e nos sustenta.
Estamos iniciando um novo ano, precisamos
lembrar de olhar para o futuro com a mesma con-
fiança. Assim como o povo de Israel enfrentou o
deserto, atravessou o Mar Vermelho e teve que lu-
tar como se fossem para salvar suas próprias vidas
e de suas famílias, para chegar à Terra Prometida,
de igual modo, nós também podemos encarar o
desconhecido com esperança e fé renovada. O
9
Primeiras Palavras

Senhor que nos guiou no passado continuará a


nos conduzir neste ano que se inicia, proporcio-
nando-nos coragem para superar desafios e ex-
perimentar as vitórias que Ele nos concede. Que
possamos abraçar o futuro com esperança e co-
ragem, sabendo que o Senhor é nosso soberano
e constante companheiro de jornada.

10
Palavra do Redator
Palavra do Redator

Pr. Samuel Pinheiro


Diretor do Departamento
de Educação Cristã da
CBF e Coordenador
Acadêmico da FABERJ

Caros leitores,
É com imensa satisfação que apresentamos a
revista para o segundo trimestre de 2024. Este
material foi cuidadosamente preparado para pro-
porcionar uma jornada enriquecedora no estudo
do livro de Atos.
A alegria que sentimos ao apresentar este con-
teúdo reflete o comprometimento da nossa equi-
pe em fornecer recursos que inspirem e fortale-
çam sua fé.
O livro de Atos, que será o foco deste trimes-
tre, é uma narrativa fascinante dos primórdios da
igreja cristã, repleta de ensinamentos e inspira-
ção. Prepare-se para uma exploração profunda e
transformadora.

14
Palavra do Redator

Nossos agradecimentos especiais ao Pr. Erick


Mendonça por sua instrumentalidade nesta edi-
ção. Sua dedicação e sabedoria contribuíram sig-
nificativamente para a qualidade deste material.
Expressamos nossa gratidão ao Pr. Luciano
Cozendey, cuja contribuição notável se estendeu
à revista do primeiro trimestre de 2024. Seu com-
prometimento é uma bênção para todos nós.
Agradecemos a Deus por mais uma oportuni-
dade de sermos usados como instrumentos de
bênção nas vidas daqueles que estudam e apli-
cam os ensinamentos contidos nestas páginas.
Um caloroso agradecimento à nossa equipe de
trabalho, cuja paixão pelo serviço ao Senhor se
reflete no cuidado dedicado à criação desta re-
vista.
E, claro, agradecemos a você, nosso valioso lei-
tor e irmão, por escolher este material. Sua parti-
cipação ativa é fundamental na construção desse
processo educativo. Que esta revista continue a
ser uma fonte de edificação em sua jornada es-
piritual.
Com gratidão e bênçãos,
Pr. Samuel Pinheiro Almeida
15
Apresentação
Apresentação

Quem escreveu

Pr. Erik Mendonça


Tem 35 anos, casado com Erika Willeman, e
pai do Enzo e da Ellis. Pastor Presidente da Igreja
Batista Memorial em Teresópolis – RJ. Graduado
em Teologia pelo Seminário Teológico Batista
em Duque de Caxias e Unigranrio. Pós graduado
em Ciências da Religião com ênfase no Ensino
Religioso (Unigranrio). Graduado em Liderança
Avançada pelo Instituto Haggai. Professor
de Teologia e Liderança em Universidades e
Seminários há 10 anos. Membro da Academia
Evangélica de Letras do Brasil (AELB). Membro
do Conselho da Convenção Batista Fluminense.
Atual Presidente Ordem dos Pastores Batistas
do Brasil – Subseção Caxiense.

16
Informando e Contextualizando – Lição 1

Lição 1
Texto Base: Atos 1.1-5

Informando e
Contextualizando
Objetivo – Ao final desta lição você terá aprendido
sobre o contexto histórico do livro e suas principais
características, ênfases e teologia.

Atos dos Apóstolos é a segunda parte da


obra de Lucas. Como sabemos, Lucas escreve o
Evangelho de
Leitura Diária Lucas, como
SEG Mateus 9.35-38 uma primeira
TER Romanos 1.8-15 carta enviada
QUA Gálatas 3.6-14 ao seu amigo
QUI Filipenses 1.5-11 Teófilo e temos
SEX 2 Tessalonicenses 2-14-17 esta segunda
SÁB 1 Pedro 4.12-19
carta com o tí-
DOM Apocalipse 14.6-12
tulo “Atos dos
21
Voltar para o sumário
Informando e Contextualizando – Lição 1

Apóstolos”.

A narrativa é linda e inspiradora, e apresenta


os primeiros caminhos da fé cristã, logo após a
ascensão de Jesus ao céu.

Vemos nessa trajetória escrita por Lucas um


caminho da própria promessa de Jesus, onde
seus discípulos seriam revestidos com o poder
do Espírito Santo, e este Evangelho, o poder de
Deus para transformação de vidas, alcançando
novas culturas e nações. Afinal, este evangelho
chegou até nós. Somos a prova viva de que esta
promessa bíblica se cumpriu.

Precisamos esmiuçar este texto rico em deta-


lhes para compreender que “Atos” não são ape-
nas eventos históricos que tem um valor impres-
sionante, mas, detalhes que expressam a vontade
e os planos de Deus para aquelas igrejas primiti-
vas, assim como para as igrejas dos nossos dias
e para a fé pessoal de cada crente.
22
Informando e Contextualizando – Lição 1

1. Ênfases do livro
Este livro nos transporta para um coração vi-
brante e pulsante da igreja primitiva, você tam-
bém sente isso? Ao ler cada versículo somos di-
recionados para uma igreja que é intensa e tem
uma obra clara a ser realizada. A missão é parte
do dia a dia e, por isso, o testemunho transforma-
dor do evangelho, a vitalidade dos discípulos e a
obra constante do Espírito Santo impulsiona igre-
jas para a missão de ir por todo mundo pregando
o evangelho.
Alguns aspectos são importantes para serem
destacados no livro, como o início da igreja, a
atuação do Espírito Santo, assim como as estru-
turas que vão auxiliar a Igreja no cumprimento
da sua missão em meio às perseguições, como
a instituição do diaconato, a conversão de Paulo,
a chegada de novos discípulos, a expansão da
Igreja e a conversão dos gentios.
Dentre essas ênfases, logo no início do livro,
Lucas destaca a atuação constante e contínua do
23
Informando e Contextualizando – Lição 1

Espírito Santo na vida dos Apóstolos e na expan-


são da igreja. Em Atos 2, a descida do Espírito
capacita-os para testemunhar e proclamar com
poder a obra salvadora de Jesus Cristo.
O Espírito Santo é presença real e vital ao lon-
go de todo escrito lucano. Ele tanto guia como
potencializa os discípulos a pregarem as Boas
Novas de salvação, e também capacita e dá di-
reção às igrejas. Sem Ele, a igreja não avançaria;
o servo de Deus não vence os dias maus. Você
tem buscado intimidade com o Espírito Santo?
Essa presença é fundamental para outra ênfa-
se que destacamos: o testemunho sobre Cristo.
Lucas cita em Atos 1.8 que os discípulos foram
comissionados a serem testemunhas não só ali
em Jerusalém, onde já estavam acostumados a
viver, conheciam as pessoas e os costumes, mas
para irem até as proximidades e aos confins da
terra. Que testemunho era esse? Eles estavam
testemunhando o sacrifício de Jesus, ou seja, Sua
morte, Sua entrega pelos nossos pecados, mas
24
Informando e Contextualizando – Lição 1

também Sua ressurreição dentro os mortos. Sua


morte e ressurreição são fundamentos para a sal-
vação da humanidade.
Sendo assim, tanto o testemunho como o Espírito
Santo são ênfases centrais e dão base para todo
o livro, pois é por meio desses fundamentos que
o povo avança na missão de ir a todo mundo, for-
mando novos discípulos e batizando-os, plantan-
do novas igrejas, fazendo missões, resistindo às
perseguições e transformando vidas até os nos-
sos dias.

2. Contexto do livro
Ao analisar qualquer contexto histórico, é fun-
damental reunir informações para compreender
Atos dos Apóstolos. O livro não é uma retrospec-
tiva histórica de Lucas a Teófilo; ele relata even-
tos centrais da missão dos discípulos de Jesus
em meio a desafios.
Dentre as ênfases, o processo de acesso dos
gentios ao evangelho e conversão de muitos mar-
25
Informando e Contextualizando – Lição 1

cam os relatos de Lucas em Atos, destacando as


missões lideradas por Paulo. Passagens como a
visão de Pedro em Jope e a conversão de Cornélio
evidenciam o contexto multicultural do livro.
No contexto social, o culto ao imperador gera-
va perseguição aos cristãos, que se recusavam a
adorá-lo, resultando muitas vezes em persegui-
ção. A prática da comunidade cristã primitiva de
compartilhar recursos, descrita em Atos 2.42-47,
reflete uma economia solidária.
Além disso, a influência helenista é evidente em
interações como as de Paulo em Atenas, confron-
tando filósofos epicuristas e estoicos. A contex-
tualização do discurso do Evangelho para alcan-
çar mais vidas sem perder a essência da doutrina
é notável.
Por exemplo, Paulo no Areópago (At 17) apre-
senta o Senhor desafiando as religiões de mis-
tério, enfatizando a salvação por meio da fé em
Jesus Cristo.
O texto de Lucas em Atos dos Apóstolos está
26
Informando e Contextualizando – Lição 1

totalmente ligado ao contexto ao qual os perso-


nagens estavam inseridos. Essa compreensão
enriquece a leitura do livro, permitindo que os
leitores apreciem a complexidade e a profundi-
dade das interações entre o Evangelho e o con-
texto histórico.
Finalmente, é importante reconhecer que toda
expansão do evangelho, tanto naquela época
quanto nos dias atuais e futuros, só foi possível
pelo poder e atuação constante do Espírito Santo
na vida dos crentes em Jesus.

3. Abordagem teológica do livro


Além das ênfases e do contexto histórico, te-
mos alguns princípios teológicos contidos no tex-
to.
Sabemos que teologia é o estudo (logia) sobre
Deus (Teo), sendo assim, podemos analisar como
Deus se manifesta e se revela dentro deste livro
pela perspectiva de Lucas.
Atos é considerado o livro histórico do Novo
27
Informando e Contextualizando – Lição 1

Testamento, que também é um documento teo-


lógico de Lucas para Teófilo. É um relato sobre
como Deus se revelou por meio de Cristo e pelo
Espírito Santo e se manifestou entre os eventos
após a ressurreição de Cristo, as igrejas, discípu-
los e perseguições.
Esse dinamismo do próprio Deus em se revelar
e inspirar Lucas, orientou a igreja no passar dos
séculos sobre sua obra e missão.
Nós, aqueles que temos em mãos o livro, so-
mos desafiados a viver essa fé dinâmica que nos
envolve na missão de Deus em resgatar vidas e,
por meio dos atos contínuos do Espírito Santo,
manter a Igreja sob a vontade de Deus, sempre
olhando para cima, de onde vem o socorro, como
fez Estêvão. Essa é uma mensagem de encoraja-
mento para todos os que creem.
Quando vamos lendo e avançando no texto de
Atos, percebemos a simplicidade da vida cristã.
Essa simplicidade é manifestada, vivida e experi-
mentada por meio de outro tema central na teo-
28
Informando e Contextualizando – Lição 1

logia deste lindo texto: o Reino de Deus.


Jesus pregou, anunciou, viveu o Reino de Deus,
o Seu próprio Reino. A manifestação desse Reino
traz para o cotidiano a clareza dos mandamentos
de Jesus em contraponto ao sistema que já es-
tava estabelecido nas religiões e sociedade da-
quele tempo. A mensagem de salvação era para
aquele tempo, para os séculos seguintes, e tam-
bém para o nosso tempo. E sendo assim, o Reino
tem uma proposta que é a transformação de vi-
das e estruturas.
Atos dos Apóstolos, além de ser uma fonte his-
tórica das primeiras igrejas e experiências do dia
a dia dos discípulos, Atos nos inspira e ensina
como viver nos nossos dias como servos e como
igreja, sem separar um do outro.
Estamos neste mundo, mas não pertencemos
a ele. A proclamação do Reino de Deus é central
em nossa Teologia (revelação), desdobra na nos-
sa Missiologia (forma de fazer missões) e inspira
para uma Eclesiologia (igreja) cristocêntrica.
29
Informando e Contextualizando – Lição 1

Conclusão
Agora que já temos um panorama geral com ên-
fases, contexto e teologia, precisamos entender
que a centralidade do livro é a expansão do tes-
temunho de Jesus por meio das Igrejas, Missões,
vidas e até mesmo as perseguições e martírios.
Isso só é possível pelo poder do Espírito Santo.

A mensagem de Lucas enviada à Teófilo des-


taca a importância da comunidade cristã em tes-
temunhar por meio de Atos os ensinos de Jesus
feitos por meio dos apóstolos.

Atos que venceram a barreira do tempo, pois


foram inspirados por Deus. Louvado seja Deus
por Sua obra redentora. Nele somos desafiados
a fazer parte desta missão como proclamadores
do Reino Eterno, por mais que soframos persegui-
ções. O evangelho é para Judeus e Gentios. Para
que todos saibam que Jesus Cristo é o Senhor,
para a glória de Deus Pai.
30
Informando e Contextualizando – Lição 1

Para pensar e agir

1. Perceba que um olhar detalhista, como o de

Lucas, nos fez enxergar tantos detalhes impor-

tantes do livro de Atos. Você tem sido detalhista

anotando e testemunhando as suas experiências

com Deus?

2. Como servo do Senhor, você tem limitado

o testemunho da obra de salvação de Jesus so-

mente a sua “Jerusalém”?

3. Analisando Atos como um todo, percebemos

como Deus cuida dos seus em cada detalhe. O

que hoje você gostaria de apresentar a Deus para

que a sua fé e serviço cristão não pare no meio

do caminho? Apresente a Ele agora mesmo.


31
Lucas e Teófilo – Lição 2

Lição 2
Texto Base: Atos 1.1-2

Lucas e Teófilo
Objetivo – Ao final desta lição você saberá informa-
ções relevantes sobre o autor do livro, Lucas, e tam-
bém sobre o destinatário do livro, Teófilo.

Lucas, autor dos livros Evangelho segundo


Lucas e Atos dos Apóstolos, é reconhecido como
excelente historiador e observador pelos deta-
lhes sensíveis em seus escritos, proporcionan-
do compreensão
Leitura Diária
vívida dos eventos
SEG Romanos 15.1-13
TER João 6.35-40 iniciais da Igreja.
QUA 1 João 1.8-10 Médico dedicado
QUI Atos 10.34-43 e fiel seguidor de
SEX Colossenses 1.19-20 Jesus, seus escri-
SÁB João 1.6-16
tos são precisos
DOM Atos 1.6-11
e inspirados pelo
32
Voltar para o sumário
Lucas e Teófilo – Lição 2

Espírito Santo, revelando o início da Igreja, as per-


seguições e as missões de Paulo. Sua visão úni-
ca abrange tanto judeus quanto gentios, enrique-
cendo nossa compreensão histórica e a tradição
cristã ao longo dos séculos, ao oferecer história,
teologia, eclesiologia, missiologia e a ação cons-
tante do Espírito Santo.

1. Lucas, o autor
Lucas é amigo de Paulo, como evidenciado
pelo uso do pronome “nós” em sua escrita, in-
dicando momentos em que esteve com ele. Na
segunda carta a Teófilo, destaca-se a conexão
entre o evangelho e a Igreja primitiva, atribuída
ao Espírito Santo desde Pentecostes. Essa ên-
fase pneumatológica é central, diferenciando-se
do Evangelho Segundo Lucas. Embora limitadas,
as informações sobre Lucas no Novo Testamento
ressaltam sua importância, embora sejam menos
detalhadas em comparação com outros autores
como alguns profetas, Paulo ou João.
Nome: Quando analisamos o Novo Testamento,
vamos ver Lucas sendo chamado pelo nome em
33
Lucas e Teófilo – Lição 2

apenas três textos. São eles: Cl 4.14, 2 Tm 4.11 e


Fm 1.24.

Nacionalidade: Ele estava ligado à cidade de


Antioquia, hoje território que pertence a Síria, mas
que na época era um poderoso centro para os
helênicos, ali na Ásia menor. À época, era a 3º
maior cidade do mundo, segundo especialistas.
Sendo assim, Lucas é o único autor de origem
gentílica do Novo Testamento.

Profissão: Lucas era médico. Ele é menciona-


do por Paulo em Cl 4.14. Essa é a única referência
direta à sua profissão nas Escrituras.

Datação dos escritos de Lucas: A data exata e


o local de escrita de Atos dos Apóstolos não são
definitivamente conhecidos, mas muitos estudio-
sos acreditam que foi escrito em algum momen-
to durante a década de 60 d.C., e possivelmente
em Roma.
34
Lucas e Teófilo – Lição 2

2. Teologia Lucana
Lucas, inspirado pelo Espírito Santo, tinha um
claro propósito teológico em Atos dos Apóstolos.
Ele buscava oferecer um relato ordenado e con-
fiável dos eventos após a ascensão de Jesus,
enfatizando a continuidade da obra redento-
ra através dos apóstolos e do poder do Espírito
Santo. Assim, a obra é tanto Missiológica (estudo
da Missão) quanto Pneumatológica (estudo do
Espírito Santo).
A visão de Lucas sobre Jesus, sua Igreja e sua
continuidade fortalece a fé cristã, proporcionan-
do uma base sólida para a história do cristianis-
mo e suas teologias. Ele retrata Jesus como o
Salvador acessível a todas as pessoas, indepen-
dentemente de sua posição social, gênero ou
origem étnica. Exemplos disso são a parábola do
Bom Samaritano e a visita de Jesus à casa de
Zaqueu, que refletem essa ênfase.
Lucas revela seu propósito em Lc 1.3-4, decla-
rando que investigou tudo cuidadosamente des-
de o início para que Teófilo conhecesse a certeza
35
Lucas e Teófilo – Lição 2

das coisas que havia aprendido. No Evangelho


segundo Lucas, ele expressa seu propósito em
Lc 1.1-4.
Um tema recorrente nos escritos de Lucas é o
acesso dos gentios ao Reino de Deus, destacan-
do seu papel significativo na obra redentora de
Deus e como o Evangelho transcende fronteiras
culturais e étnicas. Isso é evidente em várias pas-
sagens de Atos dos Apóstolos.
Lucas dedica uma parte significativa de Atos
às viagens missionárias de Paulo e à expansão
do Evangelho para além das fronteiras judaicas,
destacando a importância da evangelização e da
missão.
A empatia de Lucas transparece em suas nar-
rativas, especialmente ao enfatizar o cuidado de
Jesus pelos marginalizados e o papel dos gen-
tios na obra de Deus. Suas histórias refletem uma
sensibilidade única em relação à compaixão e ao
amor divino.
Como igreja no séc. XXI, somos testemunhas
do contínuo trabalho do Espírito Santo, conven-
36
Lucas e Teófilo – Lição 2

cendo os homens de seu pecado e impulsionan-


do a missão da Igreja. O ide continua, assim como
o Espírito Santo continua levando os homens ao
arrependimento.

3. Teófilo, o amigo de Lucas,


receptor da carta
A identidade de Teófilo, mencionado por Lucas
em suas obras, permanece enigmática, pois as
Escrituras não oferecem muitos detalhes específi-
cos sobre ele. Sabemos que Lucas dedica tanto o
“Evangelho de Lucas” quanto “Atos dos Apóstolos”
a Teófilo, chamando-o de “excelentíssimo Teófilo”
(Lc 1.3; At 1.1). A palavra grega “Theophilus” signifi-
ca “amigo de Deus” ou “aquele que ama a Deus”.
Existem várias teorias sobre a identidade de
Teófilo. Primeiro, podemos considerá-lo como
uma pessoa. Se assim for, Lucas fornece uma base
relevante e fiel sobre a vida de Jesus, os eventos
ao seu redor e a formação da Igreja e sua missão
no poder do Espírito Santo. Alguns estudiosos
sugerem que Teófilo pode ter sido um patrono
ou benfeitor de Lucas, pois na sociedade anti-
37
Lucas e Teófilo – Lição 2

ga, os patronos frequentemente financiavam ou


apoiavam escritores e artistas. Alternativamente,
Teófilo poderia ter sido um convertido gentio ou
alguém interessado no cristianismo entre os não
judeus.
Outra possibilidade é tratar Teófilo como um
título honorífico ou um símbolo teológico, repre-
sentando aqueles que amam a Deus. Nesse caso,
Lucas estaria escrevendo para um público mais
amplo, expressando afeto e respeito por aque-
les que buscam se aprofundar na fé e no conhe-
cimento.
Embora a identidade precisa de Teófilo perma-
neça envolta em mistério, o importante é reco-
nhecer que, seja um indivíduo real, um patrono,
um título honorífico ou um símbolo teológico, a
dedicatória a Teófilo reflete a intenção de Lucas
de comunicar a mensagem cristã de forma aces-
sível e benéfica para seus leitores, tanto na épo-
ca quanto ao longo dos séculos.

38
Lucas e Teófilo – Lição 2

Conclusão
Lucas se destaca não apenas como um médi-
co e discípulo fiel, mas também como um escritor
habilidoso e um historiador meticuloso. Sua capa-
cidade de articular a mensagem cristã de manei-
ra clara e envolvente, ao mesmo tempo em que
apresenta uma narrativa detalhada dos eventos,
é uma marca distintiva de sua contribuição para
as Escrituras.

Lucas termina a segunda carta a Teófilo, o livro


de Atos dos Apóstolos, de maneira notável e qua-
se abrupta, com Paulo preso em Roma, aguardan-
do julgamento. Lucas deixa a narrativa em aberto,
sugerindo que a missão da igreja e a propagação
do Evangelho continuam. Essa conclusão aber-
ta serve como um lembrete de que a história da
igreja não é limitada aos eventos registrados, mas
continua por meio das gerações. E era verdade,
pois chegou até nós. Louvado seja o Senhor por
isso.
39
Lucas e Teófilo – Lição 2

Para pensar e agir

1. Lucas esteve com a sua vida pronta para ser-


vir a Deus e escrever aquilo que foi revelado pelo
Senhor. E você, está pronto para servir ao Senhor
com aquilo que tem de melhor?

2. O olhar de Lucas para os eventos que outros


evangelistas também relataram são cercados de
detalhes que demonstram a sensibilidade do au-
tor. E você, quão detalhista é para as experiências
diárias que Deus permite você viver com Ele?

3. Que carta maravilhosa Lucas escreveu para


Teófilo. Tenho certeza de que mudou a forma de
seu amigo enxergar a fé em Jesus. Já pensou
em escrever uma carta para alguém que você
ama? Conte nesta carta as suas experiências com
Jesus, e como você se importa com esta pessoa.
Testemunhe compaixão e graça.
40
A Ascenção de Jesus – Lição 3

Lição 3
Texto Base: Atos 1.9-11

A Ascenção de
Jesus
Objetivo – Ao final desta lição você entenderá como
foi a transição entre a ressurreição e ascensão de
Jesus, preparando o caminho para a vinda do Espírito
Santo.

A ascensão de Jesus é um marco tanto históri-


co quanto espiritual.
Leitura Diária É histórico pois en-
SEG João 3.3-8 cerra um ciclo da vida
TER Romanos 7.4 terrena de Jesus, que
QUA Filipenses 2.5-8 agora está à destra do
QUI Gálatas 4.4-5 Pai no céu (At 2.33; Ef
SEX Hebreus 2.14-15 1.20-21), e aguarda a or-
SÁB 1 Pedro 1.3-4
dem para a Sua segun-
DOM Marcos 10.15
da vinda, como prome-
41
Voltar para o sumário
A Ascenção de Jesus – Lição 3

tido (Mt 24.36-44).

Também é espiritual quando abre a possibili-


dade para a descida do Espírito Santo, como es-
crito por João, que Ele (Jesus) não nos deixaria
órfãos, mas enviaria o consolador, e para isso Ele
precisava ir (Jo 16.7).

Este evento não é isolado. Ele é único e com-


põe uma sequência narrativa, onde Lucas o faz
de maneira segmentada por meio das suas perí-
copes (parágrafos ou blocos), portanto, precisa-
-se de uma grande atenção para que entenda-
mos todo o texto dos Evangelhos bem como o
livro histórico de Atos dos Apóstolos.

Percebe-se em Atos que a ênfase continua na


pessoa de Jesus Cristo, mas sob a perspectiva de
relembrar Suas ações, promessas e ordenanças
por meio do poder do Espírito Santo. Ele é quem
tem o poder de nos fazer lembrar tudo aquilo que
Jesus havia ensinado.
42
A Ascenção de Jesus – Lição 3

1. Morte, Ressurreição, Ascensão


Estes três eventos (a morte de Jesus, Sua res-
surreição ao terceiro dia e Sua ascensão ao céu),
logo após ter passado 40 dias com seus discípu-
los, estão intimamente ligados um ao outro. Sem
morte, não haveria ressurreição e nem ascensão.
O fato de Jesus ter morrido e vencido a morte,
por si só, já seria importante para compreender-
mos Seu poder e soberania. Entretanto, ao as-
cender aos céus, após ter passado 40 dias com
os seus discípulos logo após sua ressurreição,
faz-se cumprir aquilo que Ele mesmo havia pro-
metido. Isto é, a Sua palavra sendo confirmada.
Lucas, de forma minuciosa, faz com que Atos
dos Apóstolos seja uma continuidade daquilo
que ele narra no evangelho. No último capítulo
do evangelho, (Lc 24), o autor fala sobre a res-
surreição, o resgate dos discípulos que estavam
retornando a Emaús, e em seguida, Jesus reapa-
rece aos seus discípulos e encerra dizendo: Ele
os levou para Betânia e em seguida, despedin-
do-se deles, foi elevado ao céu.
43
A Ascenção de Jesus – Lição 3

Quando Lucas inicia Atos, ele já faz um breve re-


sumo de como havia concluído o Evangelho, po-
rém com uma grande ênfase na obra do Espírito
Santo (At 1.1-05), e no verso 6, já começa apresen-
tar a ascensão com mais detalhes que não havia
narrado no evangelho.

Na ascensão narrada por Lucas em Atos perce-


bemos a ênfase pneumatológica (At 1.5), a pers-
pectiva escatológica (At 1.6), a soberania divina
(At 1.7), e a natureza missiológica da Igreja (At 1.8).

Sendo assim, é fundamental para a sã doutrina


que a morte, a ressurreição e a ascensão posi-
cionem a Igreja à viver sob o senhorio de Cristo
e Sua palavra, e para andar conforme a direção
do Espírito Santo, que nos dá o poder para cum-
prirmos a missão que Deus nos confiou para o
resgate dos perdidos.

A ascensão sela o término do ministério terre-


no de Jesus, mas é a introdução de um tempo
em que seríamos dependentes do seu Espírito.
44
A Ascenção de Jesus – Lição 3

2. Da humilhação à exaltação
Quando olhamos para a ascensão, vemos a
exaltação do Cristo que passou por todas as fa-
ses da vida humana, exceto cometer pecado, fa-
zendo isso por nós, como diz Paulo em 2 Co 5.21
(leia).
É vital para a nossa compreensão teológica que
a exaltação de Cristo é parte da obra de reden-
ção da humanidade. Paulo inclusive cita em Fp 2
que “...Todo joelho se dobrará e toda língua con-
fessará...”. Para tanto, Cristo já está em uma posi-
ção de governo e por isso Ele não apenas morre
e ressuscita para nos salvar, mas Sua ascensão e
posição à destra de Deus o põe como Senhor.
Isso faz diferença e impacto, inclusive, na nossa
estrutura litúrgica. Nossos cultos são cristocêntri-
cos (centrados em Cristo) Nossa adoração está
condicionada aos dois estados de Cristo. Cada
vez mais, clamamos por um resgate a este tema
que é fundamental para a nossa fé.
Paulo foi o autor bíblico que mais falou sobre a
Exaltação de Cristo. Ele traz também uma condi-
ção que os salvos herdam em Cristo, como cita-
do em Ef 2.4-7 (leia).
45
A Ascenção de Jesus – Lição 3

Esta condição traz uma temática também esca-


tológica, que há vitória sobre o mal, que também
está ligada aos que O seguem: nEle somos mais
do que vencedores!
Assim como ascensão introduz um novo tem-
po para os cristãos na terra, que é a presença do
Espírito Santo na festa de Pentecostes, ela tam-
bém faz o prelúdio da restauração de todas as
coisas, como afirma C.S Lewis.
Assim como Ele ascendeu e é exaltado, a es-
perança dos filhos de Deus é que alcancemos o
último estágio da condição do salvo: a glorifica-
ção.

3. Presença constante de Cristo


Entre a ascensão e segunda vinda, onde Cristo
está?
Como já citamos em referências anteriores,
Ele está à destra de Deus, mas enviou o Espírito
Santo.
A Sua presença nos condiciona para a missão
de ir a todo mundo.
Em Mt 28.20, Ele diz que “estaria conosco to-
46
A Ascenção de Jesus – Lição 3

dos os dias até a consumação dos séculos.” Ele


nos comissionou para isso. Reparou que o ato de
ascender ao céu é posterior a sua ordenança de
sermos testemunhas da Sua obra “até os confins
da terra” (At 1.8)? Esta é uma condição que nós
precisaremos experimentar, durante a missão, até
que Ele venha.
Precisamos falar mais sobre isso: JESUS
VOLTARÁ!
Estamos em missão e Ele conosco por meio do
Espírito Santo. As primeiras igrejas, os primeiros
cristãos viviam sob esta esperança. Lendo Atos
dos Apóstolos percebemos que eles aguarda-
vam a segunda vinda de Jesus com muito fervor.
Podemos considerar a partida de Jesus em Sua
ascensão não como uma despedida, mas como
uma mudança de natureza, como afirma John
Owen. Neste caso, a presença de Jesus com a
Sua Igreja após a ascensão muda de natureza.
Ele sai de uma realidade condicionante ao seu
corpo físico, para então se colocar em uma reali-
dade transcendente. Sendo assim, Sua presença
permanece constante, até porque um dos Seus
atributos que compõem a nossa teologia é a oni-
47
A Ascenção de Jesus – Lição 3

presença.
Ao ascender ao céu, Jesus também assume
uma outra condição, a de intercessor junto ao Pai.
Veja o que está escrito em Hb 7.24-28, destacan-
do o versículo 25.
A ascensão faz parte da vida da Igreja. Após a
ascensão, que é precedida pela morte e ressurrei-
ção, Jesus é reconhecido como nosso Salvador,
mediador entre Deus e os homens e intercessor
junto ao Pai.

Conclusão
Você viu que a ascensão é uma abordagem
teológica que revela muitos pontos importantes
sobre a natureza de Jesus e a forma que Deus
tem de cumprir Suas promessas. Desde Sua hu-
milhação tornando-se humano, até Sua ascensão,
Jesus deu todo o caminho que precisamos per-
correr como servos e Igreja.
Sua condição atual aquece o nosso coração
de fé para seguir firme na missão, pois Ele mes-
mo enviou o Espírito Santo para estar conosco,
nos fazendo lembrar sobre Ele mesmo e sobre a
compreensão da Sua Palavra.
48
A Ascenção de Jesus – Lição 3

Essa palavra também nos faz olhar para o céu.


Sim! Olhemos mais para aquilo que a Palavra de
Deus nos garante. É de lá mesmo que Ele voltará.
A ascensão é mais profunda do que achamos. É
mais real do que um fato do passado. É histórico,
mas é espiritual. Ele nos põe na missão. Agora é
conosco, sua Igreja. E eu quero completar a mis-
são que Ele me chamou. E você? Comecemos
exaltando o Seu Santo nome.

Para pensar e agir


1. Cada fase na nossa caminhada com Deus é
importante, assim como percebemos que a as-
censão é primordial para a história da salvação.
Em qual fase você se encontra hoje?
2. Não menospreze os sinais da vinda de Cristo.
Você reconhece, à luz da Bíblia, esses sinais?
3. Todas as promessas estão se cumprindo, uma
a uma. Ele prometeu que estaria conosco todos os
dias até a consumação dos séculos. Como você
deve viver neste mundo, diante desta realidade?
49
A Formação dos Apóstolos – Lição 4

Lição 4
Texto Base: Atos 1.12-25

A Formação dos
Apóstolos
Objetivo – Ao final desta lição você terá entendido
como foi a formação dos discípulos e como foi a che-
gada de Matias para compor o número de Apóstolos.
Entenderemos também a importância de tomar deci-
sões sob a direção do Senhor.

A escolha de um discípulo para substituir Judas


Leitura Diária
Iscariotes após a sua
morte (Mt 27:3-5) cha-
SEG Mateus 28.18-20
TER 2 Timóteo 2.1-3 mou a atenção de
QUA Efésios 4.11-13 Lucas a ponto de nar-
QUI Lucas 14.26-27 rar para Teófilo estas
SEX 1 Coríntios 11.1-3 informações. Ser um
SÁB Lucas 4.18-19
discípulo de Jesus é
DOM Mateus 5.14-16
uma honra eterna. Só
50
Voltar para o sumário
A Formação dos Apóstolos – Lição 4

de sermos chamados por Ele já é um presente;


entretanto, estes homens foram chamados para
andar com Ele. Imagina ver seus milagres, abra-
çar Jesus, comer com Ele, ouvir Sua voz suave...
Que presente os doze discípulos tiveram.
Porém, Judas quis algo a mais. Infelizmente,
como narrado em Lc 22.1-6 e 47-48, seu coração
foi entregue à cobiça e ele entregou Jesus para
aqueles que o prenderiam e levariam à cruz.
Após a traição, Mateus narra que Judas tira a
própria vida, e durante este período o grupo dos
chamados por Jesus fica com o número de 11 dis-
cípulos. É neste cenário que Matias é escolhido.
Vamos então entender este processo?

1. O processo de escolha
A escolha dos discípulos de Jesus não foi algo
aleatório. Este chamado é simples, mas extraor-
dinário. Não foram os poderosos os chamados
por Jesus, mas homens que estavam trabalhan-
do em alguma área da sociedade. Homens co-
muns, com falhas, mas escolhidos após a oração
que Jesus fez ao Pai, como Lucas registra em Lc
51
A Formação dos Apóstolos – Lição 4

6.12-13 (leia).
Jesus orou para chamar cada um deles, um
exemplo que nos dá para cada decisão que te-
mos que tomar, escolhas que precisamos fazer.
Sempre me perguntei: por que 12, e não 11 após-
tolos?
Certamente, Jesus teve mais do que 12 discí-
pulos. Lucas mesmo, o escritor de Lucas e Atos,
não era um dos 12. Alguns comentaristas bíblicos
dizem até que Lucas poderia ser um dos 2 discí-
pulos que estavam indo para Emaús no dia que
Jesus ressuscitou, ao 3º dia. As mulheres que fo-
ram citadas por Lucas e pelos demais evangelis-
tas, não foram contadas entre os doze. Quando
Jesus envia os setenta e dois (Lc 10.1-24), estes
são chamados de discípulos.
Entretanto, o número 12 sempre teve uma gran-
de importância e significado para os hebreus/ju-
deus. A escolha de 12 e não 11 está intimamente
ligada à ideia das 12 tribos, que tiveram 12 líderes
ou patriarcas, e nesta condição, o Messias, com
a nova aliança, com 12 discípulos/apóstolos, con-
tinua a tratar a restauração de Israel e não isolar
da história a já passada das 12 tribos e seus pa-
52
A Formação dos Apóstolos – Lição 4

triarcas.
A Igreja, o novo Israel, o povo de Deus, é o sím-
bolo desta restauração.
A nação estava organizada desta forma, 12 é
um número significativo. E neste novo Israel, to-
dos estavam congregados, homens, mulheres,
crianças, judeus, gentios.
Para isso, era fundamental a escolha de um
novo apóstolo para compor o número que Jesus
havia separado para esta importante missão, ou
seja, eram muitos discípulos seguidores, porém
apenas doze foram escolhidos para serem após-
tolos.

2. A escolha de Matias
A narrativa de Lucas falando sobre a escolha
de Matias parece passar em segundo plano na
escolha dos 12. De fato, nunca mais lemos ou ou-
vimos falar de Matias, mas isso não tira de nós a
importância que este texto tem para a tradição
cristã.
A escolha de Matias é pós-ascensão de Jesus,
e não durante os 40 dias. Jesus poderia ter esco-
lhido mais um enquanto estava ali. Jesus é per-
53
A Formação dos Apóstolos – Lição 4

feito em tudo que faz e sua Palavra não falha.


Nenhum dos Seus planos pode ser frustrado. O
tempo pertence a Ele. E neste caso, o tempo da
escolha era após a sua ascensão.
Havia ali José chamado Barsabás conhecido
como Justo e Matias, como diz Lucas em At 1.23.
Para tal, Pedro diz que o escolhido devia ser um
discípulo que estava desde o início do ministério
de Jesus, quando João o batiza, e deveria ser
testemunha da ressurreição (At 1.21-22).
Percebemos que Pedro põe os critérios exatos
para a escolha neste substituto de Judas.
Já haviam dois homens ali, mas como escolher
um deles apenas? Mais uma vez aprendemos...
Fórmula e forma: oração e ação, assim como Jesus
fez. Jesus orou e escolheu a dedo, um por um.
Agora eles tinham dois, onde só havia uma vaga
a ser preenchida.
Fórmula: Ter andado com Jesus desde o início,
ver Sua ressurreição e ser fruto de oração. Jesus
já havia mostrado a fórmula, que deu certo, então
era inegociável, eles precisavam orar para esco-
lher. Mas e a forma? Como fazer?
Forma: Jesus já havia ascendido aos céus. Eles
54
A Formação dos Apóstolos – Lição 4

deveriam então escolher, e a forma foi por meio


da sorte. Você sabe o que era a escolha por sor-
te?
Uma informação importante que você precisa
ter é que sorte no contexto bíblico não tem a ver
com loteria aleatória ou uma loteria arbitrária.
“Tirar sorte” era feito por meio de métodos es-
pecíficos, com uso de pedras ou peças marca-
das, que eram lançadas dentro de um recipiente
e em seguida era visto a posição que havia fica-
do no recipiente; ou eram colocados dentro do
recipiente e retirado dele aquele que era o esco-
lhido.
Por exemplo: imagine você colocando dentro
de uma lata duas pedras. Uma delas está marca-
da com uma tinta de alguma cor. Sem ver dentro
da lata, você balança e retira da lata uma pedra.
Sendo retirada a pedra marcada com a tinta, a sua
escolha será um “sim” para algo, e a não pinta-
da com a tinta será o seu “não” para tal decisão.
Conseguiu compreender? Muitas decisões, após
uma oração a Deus eram tomadas desta manei-
ra, pois era uma tradição entre os judeus, veja Pv
16.33.
55
A Formação dos Apóstolos – Lição 4

No caso de Matias, era como se o próprio Deus,


após a oração estivesse escolhendo para eles,
aquele que seria o substituto de Judas Iscariotes.

3. Um chamado para todos


Ser um discípulo é uma benção. Ele nos esco-
lheu, não pelo nosso mérito, mas por graça do
Senhor. Os apóstolos também foram assim, e do
próprio Senhor receberam aquela missão úni-
ca de dar sequência ao início da Igreja na terra.
Missão dada a estes 12 e incluindo Paulo como
cita Lucas mais à frente, como vamos tratar nas
próximas lições.
Após a morte do último apóstolo, este chama-
do se encerra a um homem especificamente, e
a Igreja continua esta missão de ser apostólica,
como diz os nossos Princípios Batistas da CBB. A
apostolicidade da Igreja é fruto deste chamado.
Jesus a formou, assim como chamou aos doze, e
deu a missão de anunciar as boas-novas, inves-
tindo-os de autoridade para ensinar e proclamar
Sua verdade ao mundo.
Os apóstolos foram chamados para participa-
rem ativamente da missão de Jesus em formar
56
A Formação dos Apóstolos – Lição 4

Sua igreja. Os discípulos foram comissionados


para proclamar, tendo autoridade sobre espíritos
contrários à obra de salvação, a curar e fazer dis-
cípulos. Essa responsabilidade assumida fez com
que o Reino de Deus expandisse de forma que o
Senhor acrescentava todos os dias aqueles que
iam sendo salvos, com a Igreja caindo na graça
do povo.
O chamado dos discípulos é de transformação
e engajamento na obra. A missão continua. Deus
tem confiado a missão de fazer discípulos a você!

Conclusão
Percebemos que em cada chamado de Jesus
há uma particularidade. Na vida de Matias tam-
bém foi assim. Aprendemos neste chamado a
dependência dos apóstolos em procurar fazer a
vontade de Deus na escolha. A oração foi um
ponto crucial para que a vontade de Deus fosse
estabelecida.
57
A Formação dos Apóstolos – Lição 4

Para pensar e agir


1. Somos chamados para sermos seguidores
de Jesus. Este é um chamado universal para to-
dos os salvos. Você é um genuíno seguidor de
Jesus, ou a sua maior referência é um líder políti-
co, ou institucional, ou até mesmo um influencia-
dor das redes sociais?
2. Perceba que Matias e José Barsabas estive-
ram com Jesus em todos os momentos, desde o
batismo até a ressurreição. Andar com Jesus é
estar com Ele em todos os momentos, sejam eles
bons ou ruins. Andar com Jesus é um presente.
Não deixe Jesus pelas suas frustrações pessoais.
Jesus sempre está perto para nos consolar e aju-
dar nos processos da nossa vida. Você tem cum-
prido a determinação de Jesus de segurar o ara-
do e não olhar para trás?
3. Qual a importância da oração em suas deci-
sões? Antes de tomar a decisão você ora; ou você
apenas ora consagrando a decisão que você já
tomou?
58
Promessa e Realização – Lição 5

Lição 5
Texto Base: Atos 2.1-13

Promessa e
Realização
Objetivo – Ao final desta lição teremos aprendido o
que foi e como foi o processo entre a promessa e a
realização do tempo da habitação do Espírito Santo
na vida da Igreja registrado em Atos dos Apóstolos.

Lucas, em Atos dos Apóstolos, registra uma ex-


periência duradoura e impactante. O livro descre-
Leitura Diária ve a descida do
SEG Judas 1.20-21
Espírito Santo
TER 1 Pedro 2.4-5 durante a
QUA Efésios 2.19-22 festa de
QUI 2 Tessalonicenses 2.16-17 Pentecostes,
SEX Gálatas 6.1-5 marcando um
SÁB Efésios 4.11-16 novo capítu-
DOM Hebreus 3.1-6
lo poucos dias
59
Voltar para o sumário
Promessa e Realização – Lição 5

após a ascensão de Jesus ao céu.


A descida do Espírito Santo é vital para a rea-
lização da obra de salvação na história, pois Ele
quem nos convence do pecado, da justiça e do
juízo; assim como na missão que a igreja tem, de
fazer discípulos de todas as nações.
Sem o Espírito Santo não há arrependimento.
Sem o Espírito Santo não há entendimento das
Escrituras, a Palavra de Deus. Se não há arrepen-
dimento e entendimento da Palavra, então não há
fé no Senhor. Dependemos totalmente do Espírito
Santo, tanto como servos, individualmente nes-
te mundo com as nossas lutas contra o pecado
e o inimigo das nossas almas e para consolo e
conforto nas nossas necessidades; quanto como
Igreja no cumprir a missão de fazer discípulos.

1. A promessa
A vida e obra de Jesus Cristo, junto à podero-
sa manifestação do Espírito, são temas centrais
no Novo Testamento. A descida do Espírito Santo
marca o início da Igreja cristã e inaugura um novo
período, em que Jesus não está mais fisicamente
60
Promessa e Realização – Lição 5

presente com os discípulos. Agora, eles contam


com a intervenção divina, por meio do Espírito,
nas direções e decisões da Igreja.
Em Lc 24.49, a promessa de serem revestidos
do poder do alto e Jo 14.15-27, sobre o envio do
Consolador pelo Pai, são cumpridas na vida da
Igreja, conforme At 2. Reconhecemos o Espírito
Santo como Deus, o que é fundamental para nos-
sa teologia trinitária. A descida do Espírito não
é Sua criação, pois Ele é Deus. A promessa de
Jesus não era para a Sua criação, mas para a Sua
manifestação, atuação e habitação de manei-
ra permanente na vida de pessoas, da Igreja, na
história.
Em Lucas 4:1, nota-se que o Espírito Santo acom-
panhou Jesus em Seu ministério, guiando-O ao
deserto após o batismo. Para compreender Sua
atuação na história, é vital reconhecer Sua pre-
sença e atuação nos atributos, não apenas nos
dias atuais, mas também no Antigo Testamento.
Por exemplo, podemos ler 2 Cr 20.14-18. Nesse
texto do AT, o Espírito Santo estava ali, revelan-
do e capacitando, mesmo que sua habitação não
61
Promessa e Realização – Lição 5

fosse permanente no AT. Neste sentido, a pro-


messa do Espírito Santo tanto é feita no Antigo
Testamento como no Novo. Veja Is 44.3, Ez 39.29,
Jl 2.28-32 e Zc 12.10

2. A realização
Jesus já havia anunciado o Consolador antes
da Sua partida. Junto a esta promessa, havia o
plano divino em capacitar a Igreja para a missão,
o consolo do Senhor para as nossas necessida-
des, o convencimento dos nossos pecados para
o nosso arrependimento, a nossa transformação
de vida e santificação.
Deus escolheu um momento significativo, du-
rante a Festa de Pentecostes, para cumprir Sua
promessa, reunindo judeus de aproximadamen-
te 15 nações em Jerusalém. Essa festa, também
chamada de “Festa da Colheita,” era uma das
três festas fixas no calendário da cultura judai-
ca (cf. Êx 23.14-17; 34.18-23). O termo “Festa de
Pentecostes” se refere ao período de cinquenta
dias após a Páscoa judaica. Durante esse evento,
uma evidência da atuação do Espírito Santo foi a
62
Promessa e Realização – Lição 5

compreensão mútua das vozes, superando a bar-


reira linguística. Em contraste com a dispersão de
idiomas em Babel (Gn 11.1-9), o Pentecostes reve-
la a comunhão estabelecida pelo Espírito Santo,
proporcionando unidade mesmo na diversidade
linguística.
Deus utiliza a linguagem para se comunicar
universalmente, como evidenciado no relato de
Lucas sobre o evento de glossolalia. A palavra
grega “glossolalia” (Glossa = Língua + Lalia = o
ato de falar) se traduz como “o ato de falar lín-
guas”. João Filson Soren, autor de “A doutrina do
Espírito Santo”, descreve o dom de línguas como
um milagre divino em que o Espírito Santo con-
cede a alguns crentes a capacidade de falar em
idiomas não aprendidos naturalmente, visando
testemunhar de Jesus Cristo aos descrentes.
Esse dom é evidente em Atos 2, onde pessoas
de diferentes lugares creem nas Boas Novas de
Jesus. Outro exemplo ocorre em Atos 10.46, na
casa de Cornélio, onde Pedro e seus companhei-
ros entendem e são edificados ao ouvir aqueles
que glorificam a Deus.
63
Promessa e Realização – Lição 5

3. O Espírito Santo é Deus


A Pneumatologia, ramo da Teologia Sistemática,
estuda a doutrina do Espírito Santo (Pneuma =
Espírito + Logia = Estudo). Conforme a Declaração
Batista Doutrinária, que guia nossa teologia, reco-
nhecemos o Espírito Santo como Deus. Além de
Sua manifestação em Pentecostes, Ele é cocria-
dor, junto com o Pai e o Filho, de todas as coisas,
incluindo o homem (Gn 1.2; Gn 1.26).
Quando a própria Bíblia afirma que a Palavra
revelada está pronta de forma que não podemos
acrescentar nada dela (Ap 22.18-19), precisamos
entender que esta obra foi feita pelo Espírito Santo
usando homens ao longo dos séculos, em três
línguas diferentes: hebraico, aramaico, grego.
O Espírito Santo habita no homem, iluminando-
-o para compreender a Palavra revelada, confor-
me narrado em Atos 2. Sua obra inclui convencer
o homem de sua natureza pecaminosa (Jo 16.7-11)
e regenerá-lo, tornando-o consciente da obra de
Cristo por meio da Palavra (Jo 15.26).
O Espírito atua para efetivar o caráter de Cristo
64
Promessa e Realização – Lição 5

na vida diária do homem, consolando-o perma-


nentemente (Jo 14.16). Na edificação da igreja (Hb
3.4), Ele concede dons espirituais para servir a
Deus, cumprindo o chamado de Jesus para to-
dos os que creem nele (Mt 28.19-20).
Ele nos chama para a santidade, assim como
Ele foi na terra e ainda é, e o Espírito Santo nos
mostra aquilo que deve ser feito diariamente para
a nossa santificação (1 Pe 1.15-16).

Conclusão
A descida do Espírito Santo não é apenas um
evento que aconteceu na história. A atuação
constante do Espírito nos filhos de Deus é a for-
ma pela qual Deus designou para estar conosco
nos últimos dias, após a ressurreição e ascensão
de Cristo.
Deus está em missão de resgate da Sua cria-
ção e o Espírito Santo tem atuado no convenci-
mento de muitas e muitas vidas, assim como tem
usado muitas vidas para esta missão.
A missão é de Deus e Ele nos convida a partici-
65
Promessa e Realização – Lição 5

par. Que privilégio nosso! Ele nos reveste com o


poder vindo do céu para, em nome dEle, sermos
suas testemunhas na nossa família, vizinhança,
bairro, cidade, estado, país, até os confins da ter-
ra.
Em você habita o Espírito Santo do Senhor, já
parou para pensar nesta verdade?
Gosto de pensar que Deus em sua revelação
na história já falou por meio de homens e pela sua
própria criação, também esteve conosco através
do seu Filho Jesus, e agora habita em nós e nos
usa para a glória do Seu nome.

Para pensar e agir


1. Qual a importância que você dá ao Espírito
Santo e a sua relação diária com Ele?
2. Você consegue numerar, pelo menos, 5 pon-
tos da sua vida que Deus já mudou, e 5 que o
Espírito Santo ainda vai te ajudar a mudar?
3. Sobre dons espirituais, você conhece as listas
de dons espirituais narradas no Novo Testamento.
Você consegue identificar pelo menos um dom
que Deus já lhe concedeu?
66
A Importância da Pregação da Palavra – Lição 6

Lição 6
Texto Base: Atos 2.14-41

A Importância da
Pregação da Palavra
Objetivo – Ao final desta lição você entenderá qual
deve ser a centralidade da pregação e sua importân-
cia para a vida da igreja e no cumprimento do Ide de
Jesus.

A passagem narrada por Lucas, com a prega-


ção de Pedro e sua inspiração pelo Espírito Santo,
Leitura Diária nos motiva como ser-
SEG Marcos 5.1-20
vos do Senhor a per-
TER Apocalipse 12.11 severar na fidelida-
QUA 1 João 5.6-12 de da pregação da
QUI Filipenses 1.27-30 Palavra sobre Jesus.
SEX Romanos 10.14-15 Essa pregação se-
SÁB 2 Timóteo 3.16-17 gue a descida do
DOM Mateus 24.11-14
Espírito Santo (Lc 2.1-
67
Voltar para o sumário
A Importância da Pregação da Palavra – Lição 6

13), destacando sua conexão entre as ênfases


Pneumatológica e Missiológica do livro de Atos
dos Apóstolos. A mensagem é uma manifestação
do Espírito tanto no pregador quanto no ouvinte,
impactando o ide, o ensino, a mensagem de Boas
Novas do Reino e a transformação de vidas.

1. O Espírito Santo na pregação


Na última lição, discutimos a descida do Espírito
Santo, marcando um novo tempo para a Igreja. Ele
convence os corações de sua natureza pecami-
nosa (Jo 16.7-11), transformando-os em servos de
Jesus. Um sinal crucial do Espírito Santo em At 2
foi a capacidade de entender diferentes idiomas
pelos presentes na Festa de Pentecostes. Além
disso, muitos espectadores, inicialmente zom-
bando e pensando que estavam bêbados, foram
convencidos pela pregação de Pedro e se con-
verteram, sendo batizados.
O Espírito Santo é Deus, é só Deus tem o po-
der de sondar corações, por Seu atributo de onis-
ciência. Pedro não tinha esse poder de sondar
os intentos do coração humano, como homem
68
A Importância da Pregação da Palavra – Lição 6

algum no nosso tempo também pode fazer, por


mais sábio ou eloquente que seja.
Para atuar no coração humano por meio da pre-
gação, somente o poder do Espírito Santo para
tocar, mover e transformar aquele que ouve e crê.
Em At 2.14-41 vemos uma primeira atuação do
Espírito Santo convertendo vidas e movendo co-
rações em grande número de pessoas na história
da Igreja, e Lucas faz questão de destacar esse
número expressivo.
Em At 4.1-22, ele também cita que Pedro e João
pregavam e ensinavam ao povo, “e Pedro, cheio
do Espírito Santo” (v. 8), falava às autoridades.
A pregação no NT é impensável sem a orien-
tação do Espírito Santo. Quem prega deve ser
guiado por Ele. Mesmo sendo eloquente ou do-
minando técnicas de comunicação, sem a atua-
ção do Espírito, as palavras podem ser instrutivas,
mas não provocarão uma verdadeira mudança na
vida dos ouvintes. Esse é o ponto destacado por
Lucas em Atos dos Apóstolos.
69
A Importância da Pregação da Palavra – Lição 6

2. A centralidade da pregação em
Jesus
A pregação tanto é a dependência da atuação
do Espírito Santo na vida de quem prega, quanto
a necessidade da centralidade da pregação na
vida e obra de Jesus. Nunca podemos esquecer
o cerne da nossa missão, descrita em Mt 28.19-
20. Analise o texto e veja:
1º Fazer discípulos de Jesus é a nossa missão;
2º O batismo é um passo para aqueles que en-
tenderam o que é ser discípulo, e por serem discí-
pulos obedecem à primeira ordenança de Jesus,
o batismo, em nome do Pai, do Filho e do Espírito
Santo;
3º Precisamos ensinar sobre as ordenanças
que Jesus passou para os seus discípulos;
4º Jesus prometeu que estaria conosco na mis-
são de discipular, batizar e ensinar.
Nossa missão fundamental é levar Jesus a todos
os povos. Assim como os apóstolos, nossa pre-
gação deve enfatizar a vida e as obras de Jesus.
Lucas, em At 1.8, destaca a abrangência geográ-
70
A Importância da Pregação da Palavra – Lição 6

fica dessa missão, desde Jerusalém até os con-


fins da terra. Pedro cumpre essa missão em At 2,
diante de uma multidão de diversas nações. Ao
longo de Atos, vemos o evangelho alcançando
novos povos, graças a circunstâncias específicas
que serão exploradas nas próximas lições.
Para cumprir essa missão, adaptamos nossa
mensagem, mantendo-a centrada em Jesus e
em sua doutrina, como Paulo fez em Atenas ao
utilizar o contexto idólatra da cidade como intro-
dução ao seu discurso (At 17.16-34). A proclama-
ção da mensagem bíblica é responsabilidade de
todos nós chamados por Deus para essa tarefa.
Devemos nos preparar e servir com excelência
ao Senhor.
Precisamos de servos obedientes, íntegros e
fiéis para semear a salvação nos corações. O
Espírito Santo opera a transformação através do
arrependimento e da confissão, mas é nossa boca
e nossa vida que Ele usa para isso.
Imagina a alegria de Filipe em ser usado pelo
Senhor em Samaria e ver conversões e batismos?!
(At 8.4-8)
71
A Importância da Pregação da Palavra – Lição 6

3. A importância do testemunho
Em Atos dos Apóstolos, Lucas registra tanto a
vida ministerial quanto a pessoal dos apóstolos,
mostrando que essas esferas se entrelaçam sem
distinção clara. Você compartilha dessa percep-
ção? Não há dualidade entre falar e agir, entre vi-
ver o que se prega e pregar o que se vive.
É crucial notar que, mesmo sendo um grande
pregador, se o seu testemunho não refletir essa
grandeza, sua fé e a de outros podem esfriar, e
você pode se afastar da missão que Deus lhe con-
fiou. Infelizmente, a mídia tende a destacar mais
os erros do que os acertos dos crentes. Você já
observou isso?
Desde criança, aprendi uma lição valiosa: é pos-
sível construir uma torre de cartas com muito es-
forço e dedicação ao longo do tempo, mas basta
um deslize para que ela desmorone em segun-
dos. Vivemos dias assim, e isso não é novidade.
Essa é a natureza da vida.
No livro de Lucas já havia este alerta: “A quem
muito foi dado, muito será exigido; e a quem muito
foi confiado, muito mais será pedido”. (Lc 12.48b).
Paulo faz uma orientação aos Coríntios, dizen-
72
A Importância da Pregação da Palavra – Lição 6

do que “Assim, aquele que julga estar firme, cui-


de-se para que não caia!” (I Co 10.12).
O testemunho pessoal é essencial para todo
servo de Jesus, mas aqueles que pregam a
Palavra devem dedicar-se à sua preservação por
amor a Cristo. Tanto o testemunho de Cristo como
o pessoal são de grande importância. A autenti-
cidade da mensagem e do testemunho pessoal
dos crentes e da Igreja primitiva atraiu a graça
do povo. Estejamos atentos a esse tema crucial
narrado por Lucas em Atos dos Apóstolos, onde
pregação e testemunho se unem.

Conclusão
Quando olhamos para Atos dos Apóstolos per-
cebemos que as pregações de Pedro, João, Paulo
e tantos outros fizeram a diferença e geraram uma
transformação genuína na vida de muitos servos,
pois era uma pregação cristocêntrica e movida
pelo poder do Espírito Santo.
Este é o caminho mais natural e saudável para
que nossos púlpitos, e onde quer que nossas vo-
zes e vidas alcancem, gerem a proclamação do
Reino de Deus.
73
A Importância da Pregação da Palavra – Lição 6

Um Reino que prega o Amor de Deus por meio


do Seu único Filho, onde o Espírito Santo nos ilu-
mina por meio da Palavra do Senhor aquilo que
precisa ser ensinada para fazer discípulos de to-
das as nações.
Para essa sublime missão, o Senhor prometeu
que estaria conosco todos os dias. Aleluia!
Avancemos na pregação genuína da Palavra
do Senhor.

Para pensar e agir


1. Quando você se prepara para pregar ou en-
sinar a Palavra do Senhor a alguém, você ora pe-
dindo a direção do Senhor?
2. Aprendemos que a pregação sem Cristo
pode ser qualquer coisa, menos a pregação do
Reino. Você acha que a exposição nas mídias tem
colaborado para uma descentralização da verda-
deira mensagem do evangelho?
3. Qual a importância que você dá para o teste-
munho cristão em comparação com a pregação?
O testemunho pessoal realmente pesa na hora
de ouvir um pregador?
74
A Igreja em Atos – Lição 7

Lição 7
Texto Base: Atos 2.42-47

A Igreja em Atos
Objetivo – Ao concluir esta lição você entenderá
como que a igreja primitiva desenvolveu caracterís-
ticas fundamentais, se tornando um parâmetro para
as novas igrejas que haveriam de surgir.

Atos dos Apóstolos é o livro histórico do Novo


Testamento. Portanto, este livro inspirado pelo
Senhor nos permite, sob a ótica de Lucas, per-
ceber os primeiros
Leitura Diária
passos daquela que
SEG Atos 17.24-25
chamamos Igreja
TER Efésios 2.15-22
Mateus 16.18
Primitiva.
QUA
QUI Romanos 12.4-5 Como foi formada
SEX 1 Pedro 2.9-10 esta igreja no seu
SÁB Hebreus 10.19-25
início? Quais eram
DOM 1 Coríntios 12.14-20
as ênfases dadas
75
Voltar para o sumário
A Igreja em Atos – Lição 7

pelos apóstolos?
É de suma importância que estudemos seu iní-
cio para analisar o que temos feito, e para onde
devemos ir como igreja do Senhor. Nesta lição
daremos atenção a esta temática. Que Deus nos
ensine a amar a sua igreja todos os dias.

1. O Espírito Santo e a igreja


Após a manifestação permanente do Espírito
Santo na igreja primitiva, durante sua missão de
espalhar o Evangelho, algumas características
distintas surgiram. É crucial entender que a mis-
são da igreja e a presença do Espírito Santo estão
intrinsecamente ligadas. Uma igreja sem missão
não está cumprindo seu propósito, assim como
uma igreja sem a atuação do Espírito Santo não
pode ser considerada como tal.
Para capacitar a igreja a cumprir sua missão,
o Espírito Santo concedeu dons espirituais, for-
talecendo o corpo da igreja e mantendo-o uni-
do e firme no ensino de Jesus. Esses dons ca-
pacitam os servos do Senhor para o serviço,
como destacado por Paulo ao afirmar que “a
76
A Igreja em Atos – Lição 7

manifestação do Espírito é concedida a cada


um visando a um fim proveitoso” (1 Co 12.7).
Dependemos do Senhor, que opera através do
Seu Espírito. Como vimos na última lição, como a
igreja pode pregar a Palavra e gerar transforma-
ção sem a obra do Espírito Santo? Desde prega-
ção até investimento em missões, tudo é guiado
pela Palavra iluminada pelo Espírito Santo. Jesus
prometeu aos discípulos poder para testemunhar
antes de ascender ao céu, mas apenas quando o
Espírito Santo descesse sobre eles, capacitando-
-os para a missão global a partir de Jerusalém (At
1.8). Embora cada discípulo tenha suas próprias
características pessoais e físicas, a capacitação
divina impulsionou a missão, tornando-a eficaz
ao longo dos tempos.

2. Comunhão – Unidade – Oração


O Espírito Santo gera a unidade e a comunhão
da igreja.
O termo grego para a comunhão citado em At
2.42 é Koinonia (κοινωνία). Este termo está liga-
do não só à comunhão espiritual da Igreja, mas
77
A Igreja em Atos – Lição 7

também à partilha de recursos, para que não hou-


vesse desigualdade no corpo. Imagine pessoas
com múltiplas diferenças entre si (famílias diferen-
tes, variadas classes sociais, históricos de vida,
conceito e estilo de vida distintos), mas que são
como membros de um mesmo corpo?! Somente
uma igreja movida pelo poder do Espírito para
seguir de mãos dadas, em unidade, para o cum-
primento da missão.
A igreja é também esta “casa” (oikos) onde se
reúnem para adoração. Lucas relata um local fixo
(templo), um ponto de referência, mas também
cita as casas, onde havia diariamente “o partir do
pão”. Em ambos, todos se esmeravam em preser-
var e perseverar na doutrina ensinada pelos após-
tolos e na comunhão, como cita Paulo a Timóteo
falando sobre a “casa de Deus” (1 Tm 3.15).
Cada casa servia às pessoas e promovia o pro-
pósito dos apóstolos e dos líderes da segunda
geração de cristãos, guiados pelo Espírito Santo.
Em At 2.42, vemos a comunhão unida por pro-
pósitos e amor, alimentada pela vitalidade espi-
ritual. A oração era fundamental para discernir a
78
A Igreja em Atos – Lição 7

vontade de Deus e encorajar os crentes, mesmo


diante da perseguição. Era o elo entre a vontade
divina e a prática diária da igreja. Uma igreja sau-
dável cresce unida na missão de amar, servir e
cuidar uns dos outros, reconhecendo a total de-
pendência de Deus e de Sua Palavra.

3. Etimologia “igreja”
O termo mais utilizado para definir “Igreja” no
Novo Testamento é Ekklésia (ἐκκλησία) que sig-
nifica “Ek” = “fora de”; “kaleo” = “chamar” ou “con-
vocar”. Sendo assim, temos a tradução literal para:
“chamados para fora”. Esta expressão sempre
foi muito bem aceita pela tradição e história da
Igreja, até mesmo pela sua natureza missiológi-
ca, que faz todo o sentido ao estudarmos Atos
dos Apóstolos.
Podemos analisar a etimologia e chegar a esta
conclusão diante de estudos teológicos ou análi-
ses exegéticas, entretanto, a Igreja é referenciada
no Novo Testamento com muitos outros nomes e
expressões, como por exemplo, Corpo de Cristo,
Noiva de Cristo, Esposa de Cristo, entre outras.
79
A Igreja em Atos – Lição 7

A igreja no Novo Testamento liderada pelos


apóstolos inaugura um novo tempo, e esta igre-
ja nos ensinará muitas coisas que farão sentido
para dizer, de fato, como devemos viver aqui e
agora.
O termo do Antigo Testamento que foi traduzi-
do do hebraico para o grego na Septuaginta, que
traz a ideia de Igreja é Qahal (‫ )לָהָק‬que significa
“assembleia” ou “congregação”. Esta expressão
no AT é utilizada para se referir à assembleia do
povo de Deus (Dt 9.10), assembleia de profetas (1
Sm 19.20).
Lucas, sendo grego, provavelmente teve acesso
à Septuaginta, uma tradução do Antigo Testamento
feita durante o período helenístico por 72 sábios
de Israel a pedido do rei do Egito. Paulo também
faz referências à Septuaginta em suas cartas. A
palavra “igreja”, usada por Lucas em Atos, incor-
pora o sentido de “ser igreja”, tanto é chamada
para fora (ekklésia), quanto como uma assembleia
para tomar decisões importantes (Qahal). Outra
prova do uso constante da Septuaginta nas pri-
meiras comunidades cristãs é o uso da palavra
80
A Igreja em Atos – Lição 7

DÓXA que significa “opinião”, mas que foi traduzi-


do na Septuaginta e ganhou mais um significado
passado a ser traduzido como “glória”, conforme
afirma o site da Sociedade Bíblica do Brasil .
1

Conclusão
Precisamos olhar as expressões citadas de ma-
neira figurada, e não literal, senão limitaremos a
Igreja a um espaço físico e temporal. A igreja tan-
to é física, pois é formada por pessoas, mas é de
caráter espiritual, pois é o corpo de Cristo.
A igreja é organismo vivo impulsionada para
cumprir a missão que Jesus deixou para ela. Além
disso, ela promove um ambiente de adoração
onde o povo de Deus se reúne para render gló-
rias ao seu Santo nome.
Jesus fundou a igreja! Amemos aquilo que
Jesus criou. Zelemos por aquilo que Jesus pôs
diante de nós e carrega a marca de ser compa-
rado ao Seu corpo, sendo Ele mesmo a cabeça

1 www.sbb.org.br/historia-da-biblia-sagrada/historia-da-tra-
ducao-da-biblia
81
A Igreja em Atos – Lição 7

(Cl 1.18).

Para pensar e agir

1. Juntos somos a igreja do Senhor. Que privi-

légio! Qual o valor que você tem dado para a sua

comunhão com esta Igreja?

2. Percebemos que a Igreja era igreja dentro e

fora das quatro paredes do templo. Como é com

você e sua igreja? O que pode ser feito para que

esta dupla ação para uma só missão, ande mais

equilibrada?

3. Qual é o seu papel nesta missão movida pelo

Espírito Santo, já que tomos nós recebemos de

Deus, pelo menos um dom para edificação e ca-

pacitação da Sua Igreja?


82
Características das Primeiras Igrejas – Lição 8

Lição 8
Texto Base: At 2.42-47 e 4.32-35

Características das
Primeiras Igrejas
Objetivo – Ao final desta lição, entenderemos quais
foram as principais características das igrejas que
mais chamaram a atenção de Lucas e qual a influên-
cia destas para as igrejas dos nossos dias.

O surgimento das primeiras igrejas traz para


nós, sob o olhar de Lucas, muitos detalhes que
Leitura Diária nos impressionam. A
SEG João 10.07-11
pergunta que sempre
TER Efésios 3.14-21 fiz foi: “Como conse-
QUA Romanos 5.17-21 guiram viver assim?”
QUI Salmos 37.07-11 A resposta sempre foi
SEX Provérbio 3.9-10 simples: “Porque eram
SÁB Mateus 6.33 movidos pelo Espírito
DOM Filipenses 4.12-13
Santo e tinham o foco
83
Voltar para o sumário
Características das Primeiras Igrejas – Lição 8

no Reino de Deus.”
O Reino de Deus é um tema central para a fé
cristã. Jesus inaugura este Reino, anuncia este
Reino, é o Rei deste Reino e nos chama para ele.
A igreja faz parte deste Reino, o Reino de Deus.
Acessamos este Reino sendo salvos por Jesus e
atuando, servindo por meio da sua igreja.
Sendo assim, entendemos que a igreja mani-
festa o Reino do Senhor. E este Reino tem carac-
terísticas e formas de ser que precisam ser pon-
tuadas e destacadas nos nossos dias.

1. A centralidade do ensino bíblico


O texto de Atos 2.42 diz que aqueles que re-
ceberam a Palavra de Salvação adentraram
neste Reino e “perseveravam na doutrina dos
Apóstolos”. O que me chamou a atenção, inicial-
mente, nesta declaração de Lucas à Teófilo foi
a palavra “PERSEVERAVAM”. Perseverar signi-
fica “não desistir”, segundo o nosso dicionário.
Perseverar é continuar, é permanecer. O antôni-
mo de perseverar é renunciar, abandonar.
84
Características das Primeiras Igrejas – Lição 8

Para aqueles dias da Igreja primitiva, podemos


citar a mudança de estrutura religiosa como ob-
jeto que levava pessoas a desistir e não perse-
verar na doutrina. Ao invés de ter o foco na apli-
cação das Leis, agora os que estavam entrando
no Reino percebiam que a Lei era mais profunda,
pois Jesus deu o verdadeiro sentido a todas elas.
Uma nova cultura e tradição estavam sendo im-
plantadas. Os apóstolos propunham mudanças
de vida, modo de pensar e formas de viver a fé.
Assim como naqueles dias, somos resistentes a
grandes mudanças.
Outro ponto importante a ser considerado era a
perseguição para quem estava seguindo os prin-
cípios de Jesus, pois ela fez com que muitos tives-
sem que abandonar suas casas, indo para outras
cidades e províncias. Esta também foi uma das
formas de Deus avançar na missão de alcançar
outros povos, mas inicialmente alguns deixaram
a fé.
Perseverar era a vitória inicial destacada por
Lucas, mas eles perseveraram no ensino, que é
de fundamental importância para o avanço da
85
Características das Primeiras Igrejas – Lição 8

Igreja. Temos muitas maneiras de perseverar no


ensino nos nossos dias. O avanço tecnológico
nas últimas décadas permite que hoje tenhamos
o meio digital não só como auxílio, mas sim como
o meio pelo qual a informação chega até nós.
Muitas igrejas hoje já criaram formas de incluir
não só nos cultos, mas nas aulas de EBD e em
diversos ensinos, sistemas que dão acesso a de-
ficientes visuais e auditivos, salas de acesso a
PCD, até mesmo salas inclusivas com cores e vo-
lumes de áudio específicos e definidos, entre ou-
tras adaptações para pessoas atípicas, autistas
ou com qualquer outra neurodiversidade, como
a dislexia, TDAH, síndrome de Tourette, discal-
culia, disgrafia, etc. Jesus nos mandou cumprir o
ide para estes também.
O ensino é fundamental para a fé. Paulo já dis-
se em Rm 10.17: “De sorte que a fé é pelo ouvir, e
o ouvir pela palavra de Deus”. Os meios conven-
cionais ainda são as maneiras mais usadas em
nossas comunidades. A EBD é uma escola para a
vida e fazemos parte dela. Louvado seja Deus por
esta bela e assertiva forma de se passar o ensino
86
Características das Primeiras Igrejas – Lição 8

da Palavra. Perseveremos, mas sempre olhando


para as demandas deste tempo para que alguns
não fiquem no meio do caminho.

2. Amor e solidariedade
A comunhão solidária foi outra característi-
ca marcante nas primeiras comunidades cristãs,
seguindo o padrão daqueles que estavam em
Jerusalém. At 4.32 afirma que “eram um só cora-
ção e uma só alma”. Aqueles servos do Senhor
estavam sendo amorosos e solidários uns com
os outros. Leia At 4.32-35. O que era de um, tor-
nava-se de todos. A comunhão estava estabele-
cida e era a forma de ser igreja. Mas para isso, o
texto também diz que havia testemunho da res-
surreição do Senhor Jesus, e por isso também
abundante graça sobre eles. Graça, amor e so-
lidariedade caminham juntos na perspectiva de
Lucas.
O amor-solidariedade é marca da Igreja cristo-
cêntrica focada no ensino e na missão. Lucas res-
salta que não havia necessitados entre eles. Os
apóstolos tiveram o compromisso e a responsa-
87
Características das Primeiras Igrejas – Lição 8

bilidade de gerir todo aquele recurso conforme a


necessidade de cada um, a ponto de não darem
mais conta e ter que instituir os diáconos neste
processo, para dar atenção aos necessitados.

3. Adoração e oração
Se olharmos o que Lucas narra pouco antes
deste fato, em At 4.23-31 (leia), Pedro e João são
soltos e, quando eles contam para aquelas pes-
soas que formavam a Igreja o que havia aconte-
cido, eles então têm duas atitudes.
As duas ações foram ADORAÇÃO E ORAÇÃO.
Esta igreja adorava a Deus e orava constante-
mente, mesmo em meio às lutas e perseguições.
Essa comunhão, que gerava adoração, oração,
ensino e serviço cristão, foi tão intensa que caí-
ram na graça do povo (At 2.47a).
Lucas dá mais um detalhe importante em sua
narrativa: o crescimento numérico desta igreja
veio depois de tudo aquilo que foi citado anterior-
mente. A ordem não foi invertida. Em alguns ca-
sos, percebemos que a busca desenfreada pelo
crescimento faz com que a igreja perca o foco
88
Características das Primeiras Igrejas – Lição 8

essencial de sua existência na sua plantação, a


saber: o ensino da Palavra (doutrina nos apósto-
los), a comunhão, o partir do pão, as orações, o
temor, o desejo de estar juntos, ter tudo em co-
mum, unidade mesmo na nossa diversidade.
Somos diferentes, mas membros uns dos ou-
tros no Senhor, servindo no templo, nas casas,
participando com alegres refeições e singeleza
de coração, com louvor a Deus. Caindo na graça
do povo dando bom testemunho e sendo pro-
vas vivas daquilo que Jesus fez e faz em nós e
por meio de nós. Aí sim, Deus dá o crescimento,
acrescentando dia a dia aqueles que estão sendo
salvos (obra e atuação do Espírito Santo), como
narra At 2.42-47. Sejamos essa igreja.

Conclusão
Não podemos negar: a Igreja primitiva e os atos
dos apóstolos escolhidos por Jesus nos inspi-
ram. Somos a continuidade desta missão. Somos
a Igreja do Senhor.
A comunhão desta Igreja, a pregação como a
de Pedro e Paulo, as constantes orações no tem-
89
Características das Primeiras Igrejas – Lição 8

plo e nas casas, o partir do pão, a perseverança


na doutrina, uma liderança servidora, os irmãos
não passando necessidade, o foco na missão, a
atuação e dependência do Espírito Santo, os ba-
tismos, a resistência às perseguições e a igre-
ja com tudo isso caindo na graça do povo, são
exemplos claros de como Jesus é o fundador e
cabeça da Igreja.
Essas características não cessaram. Busquemos
viver desta forma. Somos a Igreja do Senhor, jun-
tos, no mesmo propósito, e contando com o mes-
mo Deus, orientados pelo mesmo Cristo e no po-
der do mesmo Espírito.

Para pensar e agir


1. O que falta para sermos esta igreja, ao me-
nos com estas características citadas na lição?
2. Olhando para a sua igreja. Poderíamos citar
todas, mas qual é a característica que você mais
admira na sua igreja?
3. Agora, olhando para você. Dentre as carac-
terísticas indicadas na nossa lição de hoje, qual
delas você mais tem praticado? E qual delas você
precisa melhorar?
90
O Diaconato – Lição 9

Lição 9
Texto Base: Atos 6.1-7

O Diaconato
Objetivo – Ao final desta lição entenderemos como
foi o chamado dos diáconos na igreja primitiva e quais
os pré-requisitos para ser um diácono segundo diz
as escrituras.

Lucas registra em Atos dos Apóstolos, entre


os capítulos 1 e 6, como o Senhor fez a igreja
crescer caindo na graça de todo o povo, e como
as suas característi-
Leitura Diária
cas e demandas fo-
SEG Mateus 23.11-12
TER Marcos 10.42-45
ram se multiplicando
QUA Mateus 10.24 no decorrer dos dias.
QUI Hebreus 6.10 Imagine uma comuni-
SEX Josué 24.15 dade que foi formada
SÁB Mateus 6.24
por 12 discípulos, mul-
DOM Lucas 12.35-38
tiplicada para mais de
91
Voltar para o sumário
O Diaconato – Lição 9

70, depois para 3000, e não parava de crescer!


Imagine o quanto de cuidado pastoral esta igreja
estava demandando! Certamente, os Apóstolos
não estavam mais dando conta de toda esta de-
manda e Deus, mais uma vez, encaminhou ho-
mens fiéis a Ele para que o Reino continuasse
avançando. O diaconato estava sendo inaugura-
do. Vamos entender como foi a necessidade da
igreja, o caminho trilhado e como se dá o diaco-
nato nos nossos dias.

1. Da necessidade, para o
ministério
Lucas registra que a igreja enfrentava proble-
mas na distribuição de alimentos para os neces-
sitados. As mesas precisavam ser supridas, e os
helenistas começaram a questionar os hebreus
sobre essa questão. A solução foi rápida: esco-
lher sete homens cheios do Espírito Santo e sa-
bedoria para cuidar dessa missão de servir às
mesas.
A preocupação dos Apóstolos era manter o foco
na eficiência daquilo que a igreja realizava, tanto
92
O Diaconato – Lição 9

internamente quanto externamente. Era uma de-


manda tanto para os fiéis como para a socieda-
de que admirava a atuação da igreja em amor e
serviço.
Esses apóstolos, cuja responsabilidade era a
pregação da Palavra e a oração, agora estavam
sendo confrontados com a necessidade de ad-
ministrar a distribuição de recursos.
O que poderia ter sido um problema capaz de
provocar uma debandada na primeira igreja e tra-
zer má fama à sociedade, tornou-se, nas mãos
do Senhor, um ministério poderoso: o Diaconato.
Este ministério foi estabelecido devido à neces-
sidade de excelência no serviço. A reputação
dos serviços diaconais poderia se espalhar rapi-
damente se uma família não recebesse o apoio
adequado, levando novamente à pressão sobre
os apóstolos.
Mais uma vez, percebemos a natureza da igre-
ja, intrínseca em cada ação nesta chamada Igreja
primitiva: os diáconos precisavam ser cheios do
Espírito Santo para cumprir sua missão.
93
O Diaconato – Lição 9

2. Quem eram os diáconos


A escolha destes primeiros diáconos também
nos faz perceber princípios importantes para a
escolha de líderes até mesmo nos nossos dias,
seguindo um padrão bíblico. Atos 6.3 afirma que
estes homens precisavam viver sob o domínio
do Senhor em sua soberania. Eles deveriam ser
“cheios do Espírito Santo”.
Qual era a aparência destes homens? Qual era
a classe social destes homens? Não sabemos.
Porém, sabemos que eram cheios do Espírito
Santo. Quais são os fatores principais para a es-
colha de líderes nos nossos dias?
Estamos tão escassos de servos que estão dis-
poníveis para liderarem em áreas específicas nas
nossas igrejas, que os critérios nem sempre são
observados com zelo e rigor. Entretanto, olhemos
com misericórdia aqueles que Deus tem enviado
para servir. Homens e mulheres que estão dis-
poníveis para o Senhor, sempre são aqueles que
Deus usa e capacita.
A exigência citada pelos apóstolos era perti-
94
O Diaconato – Lição 9

nente. O líder precisa ser espiritual, ter sabedo-


ria, integridade e discernimento. Para isso, a ha-
bitação do Espírito é fundamental, pois somente
o regenerado é cheio do Espírito Santo.
Os primeiros diáconos foram: Estevão, Filipe,
Prócoro, Nicanor, Timão, Pármenas e Nicolau (At
6.5). Quando estes homens são reconhecidos
como cheios do Espírito Santo, os Apóstolos im-
põem as mãos sobre eles e os consagram ao
Senhor para a nobre missão de servir às mesas (At
6.6). Esta ação também faz parte do modo como
a igreja passa a escolher e consagrar os seus lí-
deres.
Esta imposição de mãos por aqueles que já
eram líderes ungidos pelo Senhor, também re-
presentava a autoridade divina sobre estes que
agora estavam encarregados de tais funções no
Reino de Deus. Esta solenidade selava o reco-
nhecimento público da soberania e capacitação
do Senhor sobre aqueles que estivessem sujei-
tos a Ela.
Assim como estes primeiros vocacionados ao
diaconato foram reconhecidos pela própria co-
95
O Diaconato – Lição 9

munidade, segundo o seu testemunho, sigamos


então com este padrão bíblico para dar continui-
dade à obra do Senhor nos nossos dias.

3. O diaconato nos nossos dias


O diácono é aquele que serve às mesas. Temos
as mesas dos necessitados, a mesa da Ceia do
Senhor e a mesa sobre os cuidados pastorais (pois
não temos mais os apóstolos, como tínhamos na
igreja primitiva).
Precisamos então aprofundar a nossa com-
preensão para aplicarmos nos nossos dias as de-
mandas que temos para o diaconato. Entretanto,
conforme a Igreja foi avançando, Paulo também
deu orientações para o exercício deste ofício, as-
sim como orientou aos pastores, como descrito
em 1 Timóteo 3.8-13 (leia). Este é o padrão do dia-
conato para os nossos dias. Lucas relata a neces-
sidade do início, quais foram as primeiras deman-
das da igreja primitiva, como foram as escolhas,
como os apóstolos ordenavam; porém a igreja
de hoje precisa dar sequência ao padrão bíblico
para o diaconato, pastoreio, ou qualquer outra
96
O Diaconato – Lição 9

função de liderança, sem abrir mão daquilo que


o próprio Deus determinou. Somos a continuida-
de da Igreja do Senhor no séc. XXI, porém usa-
mos a mesma Palavra e servimos o mesmo Deus
do primeiro século.
Mais do que estar escalado para cumprir uma
função na igreja, o diácono está sempre atento
às necessidades, e quem dá essa capacitação e
visão apuradas é o Senhor. Que as mesas sejam
supridas nos nossos dias, e que você seja esse
servo obediente e fiel ao chamado que Deus lhe
fez.

Conclusão
O que é servir? Só o diácono que serve? Somos
chamados de servos do Senhor não é em vão.
Esta é a vocação de todo Cristão: SERVIR. Leia
João 12.26 e Marcos 10. O servo não sabe viver
sem servir; quando deixa de servir, já deixou de
ser servo.
Antes de concluirmos esta lição, ore agora pe-
los diáconos que servem na sua igreja. Ore pe-
dindo por sabedoria, saúde e vigorpara exerce-
97
O Diaconato – Lição 9

rem com excelência esta missão confiada pelo

Senhor.

Para pensar e agir

1. Onde você pode servir na sua igreja? Você

consegue perceber hoje alguma demanda que

precisa ser suprida por você?

2. De acordo com a Palavra de Deus, todos so-

mos servos do Senhor. Entretanto, alguns na sua

igreja foram chamados ao diaconato. Eles são ofi-

ciais na sua igreja. Segundo a nossa doutrina, re-

conhecemos os pastores e os diáconos como os

oficiais de uma Igreja Batista. Você poderia nesta

semana honrar um destes oficiais?

98
Quem foi Estevão – Lição 10

Lição 10
Texto Base: Atos 6.8-15 – 7.1-60 – 8.1

Quem foi Estevão


Objetivo – Ao final desta lição, teremos conhecimen-
to dos motivos que levaram os primeiros cristãos a
serem perseguidos. Analisaremos também por que
a vida e morte de Estêvão foram tão relevantes para
a Igreja.

A morte de Estêvão foi um marco na história da


Igreja, por isso é necessário citá-la e estudá-la.
Embora os textos base
Leitura Diária da nossa lição sejam
SEG 2 Coríntios 4.8-9 longos, é necessário
TER Mateus 5.10 lê-los, pois se interli-
QUA Salmos 119.86 gam e fornecem as re-
QUI 2 Timóteo 3.12 ferências necessárias
SEX Mateus 5.44-45 para entender o cerne
SÁB Tiago 5.10-11
das perseguições aos
DOM Apocalipse 2.10
cristãos e suas conse-
99
Voltar para o sumário
Quem foi Estevão – Lição 10

quências.
Lucas descreve Estêvão como um homem cheio
de fé e do Espírito Santo, que além de ser um diá-
cono, era um pregador da Palavra, anunciando-a
com grande coragem. Ele foi questionado pelas
autoridades religiosas da época e acabou sendo
interrogado e levado à morte.

1. As perseguições
As perseguições levaram muitos irmãos nos-
sos à morte. Para chegarmos até aqui, muita gen-
te pagou o preço com a própria vida para que o
evangelho alcançasse os confins da terra. Deus,
em seu infinito poder e soberania, disse que de-
veríamos levar o evangelho a todos os povos,
línguas e nações. Esse é o nosso “Ide por todo o
mundo”.
As perseguições no séc. I impulsionaram a ex-
pansão da Igreja para diversas nações, que se
mostrou resiliente, mantendo-se fiel à doutrina e
guiada pelo Espírito Santo. O poder consolador
do Espírito estava sempre presente, encorajan-
do e orientando os cristãos após cada persegui-
100
Quem foi Estevão – Lição 10

ção. Enfrentando a oposição da cúpula religiosa


judaica, os seguidores de Jesus desafiaram as
tradições estabelecidas, gerando hostilidade e
ameaças. Sua fé confrontava interpretações da
Lei e rituais, mas eles perseveravam, guiados pe-
los ensinamentos dos apóstolos (leia At 4.1-3 e
5.17-18).
Já os romanos perseguiram os cristãos politi-
camente, vendo o cristianismo como ameaça à
adoração do imperador. Temiam que o cresci-
mento dos seguidores de Jesus causasse insta-
bilidade social e política. A recusa em adorar o
imperador resultou em perseguição, como a si-
tuação com Herodes em At 12.1-4 e a dispersão
registrada por Lucas em At 8.1-3. Essas adversi-
dades forjaram uma fé resiliente, como narrado
na dispersão judaico-cristã em At 11.19-21, onde a
mão do Senhor os sustentou, convertendo mui-
tos ao Senhor Jesus. Além dos relatos bíblicos,
autores como Tácito, Plínio (que pediu ajuda a
Tajano para lidar com cristãos em sua jurisdição),
e Suetônio também destacaram as perseguições
aos cristãos, documentando os eventos durante
101
Quem foi Estevão – Lição 10

os reinados de Nero (que culpou os cristãos de


incendiar Roma), e Cláudio (que expulsou os cris-
tãos de Roma por causa de seus ensinamentos.
Muitos outros escritores, além do NT, narraram
histórias de como nossos irmãos em Cristo sofre-
ram por amor a Jesus e ao seu Reino.

2. Estêvão, o mártir
Estêvão era um dos diáconos escolhidos para
a missão de servir os necessitados. A Bíblia diz
que ele era um homem de boa reputação e sa-
bedoria (At 6.3), cheio de fé e do Espírito Santo
(At 6.5), cheio de graça e poder, e fazia prodígios
e grandes sinais entre o povo (At 6.8).
A morte de Estêvão, narrada em At. 7, impulsio-
nou a fé de muitos homens e mulheres ao redor
do mundo. Encarar a morte com convicção na
eternidade e na providência divina é um exemplo
para nossa própria fé. Sua autenticidade trans-
cendeu as fronteiras do tempo, inspirando até os
dias de hoje. A vivência autêntica da fé, mesmo
em adversidades, tem um impacto profundo em
indivíduos, famílias e comunidades.
102
Quem foi Estevão – Lição 10

Jesus disse que devemos ser sal e luz neste


mundo. Precisamos então carregar nossa cruz e
segui-lo diariamente. Estêvão, o primeiro mártir
narrado nas Escrituras, traz essa forma de vida
para reflexão.

Percebeu que Estêvão era cheio do Espírito


Santo e de sabedoria? Ele foi um dos sete diáco-
nos escolhidos para servir. Pontuemos na expe-
riência de Estêvão que:

a) Ser cheio do Espírito Santo não te imuniza


da morte, mas te leva para a cruz;

b) Ter sabedoria não te livra de debates onde


a sua fé será desafiada;

c) Mesmo sendo conhecedor da lei judaica,


Estêvão não negociou sua fé em Jesus.

Lucas também cita alguns outros martírios,


como o de Tiago, irmão de João (At 12.1-2), assim
como o de Pedro.
103
Quem foi Estevão – Lição 10

3. Perseguição e a provação da fé
Em um mundo globalizado, a informação circula
rapidamente. No Brasil, nossa diversidade cultu-
ral cria oportunidades missionárias transculturais
internas. Apesar de uma crescente aceitação da
Palavra de Deus, alguns irmãos enfrentam perse-
guição severa em campos missionários. Nossas
convicções são testadas regularmente. Embora o
Brasil não enfrente perseguições como em países
fechados ao evangelho, nosso desafio é manter
a fidelidade aos princípios do Senhor.
A vida de Estêvão e dos mártires não se trata
apenas da morte, mas sim da resistência e per-
severança na fé genuína.
Pergunto a você algo que já me foi indagado
uma vez: “O que você faria se seu filho estives-
se prestes a ser decapitado, e a única forma de
livrá-lo fosse negar a sua fé e blasfemar contra o
Espírito Santo?” O que você faria? Paulo traz es-
tas palavras aos Romanos (8.26-29).
Esta consciência fazia parte do cotidiano dos
104
Quem foi Estevão – Lição 10

cristãos do séc. I diante das aflições e persegui-


ções, “porque para mim o viver é Cristo e o mor-
rer é lucro” (Fp 1.21).

Conclusão
Conforme registrado por Lucas em Atos, as per-
seguições não foram apenas eventos históricos.
Elas custaram vidas. Essas histórias atravessam os
séculos e chegam até os nossos dias. No Brasil,
talvez tenhamos um pouco de dificuldade para
entender a intensidade dessas perseguições,
pois não vivemos essa realidade. Entretanto, em
todo o mundo, temos irmãos em Cristo sofrendo,
ou até mesmo sendo levados à morte.
A vida de Estêvão nos inspira a perseverar com
nossa fé no Senhor, a viver o cristianismo de for-
ma que entreguemos totalmente nossas vidas à
causa do Reino. Nosso tempo, habilidades, dons,
recursos, propriedades, TUDO precisa estar a
serviço do Senhor. Nossa pregação não deve ser
negociada; deve ser genuína e fiel.
105
Quem foi Estevão – Lição 10

Que as adversidades que você enfrenta hoje

não o impeçam de cumprir a missão que Deus

tem para você. Como disse Paulo: “Já estamos

crucificados com Cristo” (Gl 2.20).

Para pensar e agir

1. Qual foi a maior perseguição que você en-

frentou por ser cristão?

2. Como você reage quando alguém desafia o

que você pensa sobre Jesus e sua Igreja?

3. Não sei qual foi sua resposta à pergunta so-

bre o que faria se seu filho estivesse para ser mor-

to. Mas gostaria de desafiá-lo, se possível junto

com sua classe, a orar pelos nossos irmãos em

Cristo espalhados pelo mundo que sofrem per-

seguições por exercerem sua fé.


106
Paulo: Conversão e Chamado – Lição 11

Lição 11
Texto Base: Atos 8.1-3 – 9.1-9

Paulo: Conversão e
Chamado
Objetivo – Ao final desta lição, entenderemos como
foi o processo de Deus na vida de Paulo, desde suas
perseguições até o início de sua caminhada missio-
nária.

Lucas é o autor bíblico que narra a trajetória de


transformação na vida de Saulo de Tarso. É extraor-
Leitura Diária dinário aqui-
SEG 1 Coríntios 1.26-31
lo que Deus
TER Efésios 1.18-20 realiza na vida
QUA Filipenses 3.12-16 desse homem.
QUI 2 Tessalonicenses 2.14-17 Sua trajetória
SEX Hebreus 3.1 é importante
SÁB 1 Pedro 5.8-11 e impactante
DOM 2 Pedro 1.10-15
para o que ve-
107
Voltar para o sumário
Paulo: Conversão e Chamado – Lição 11

mos no Novo Testamento. Paulo é o último após-


tolo chamado para este santo ministério. Mesmo
sendo o último a ser escolhido e chamado, ele
se torna um dos mais influentes deles, com sua
capacidade de interlocução e desenvolvimento
de temas centrais da fé, que foram sistematiza-
dos pela história e tradição da igreja. Vejamos
como foi essa jornada narrada por Lucas no livro
de Atos dos Apóstolos.

1. Saulo, o perseguidor
Saulo era conhecido como um opositor da fé
cristã. Os textos que indicamos como base para
a nossa lição relatam os primeiros momentos de
Saulo, citado por Lucas no livro de Atos, como
um perseguidor da igreja (Fp 3.6).
Ele participou de maneira ativa na morte do
diácono Estêvão. Saulo era um fariseu zeloso da
cultura e tradição que seguia (Gl 1.14). Ele recebeu
uma educação religiosa muito consistente, o que
o tornou um líder influente e respeitado entre os
judeus (At 22.3).
Sua erudição o levou a acreditar firmemente em
108
Paulo: Conversão e Chamado – Lição 11

sua missão de conter o avanço do cristianismo. As


perseguições que conduziu refletem a intensida-
de da hostilidade dos fariseus contra os seguido-
res de Jesus. Saulo estava imerso no farisaísmo
e no Sinédrio, a alta corte judaica que lidava com
questões de fé. Em Fp 3.5, ele se descreve como
“fariseu, filho de fariseus”, evidenciando sua forte
ligação com a escola farisaica e sua adesão rígi-
da à lei mosaica e à ortodoxia judaica.
O Sinédrio desempenhou um papel crucial na
perseguição aos seguidores do Caminho, e Saulo
era um respeitado membro desse conselho. Em
At 5.34-40, durante o julgamento dos apóstolos
judeus, seu mestre, Gamaliel, destacou-se pela
erudição e sabedoria. Mesmo em meio à perse-
guição, Gamaliel aconselhou cautela aos líderes,
lembrando que movimentos messiânicos ante-
riores haviam surgido e desaparecido. Ele suge-
riu que, se o movimento fosse humano, fracassa-
ria como outros. Seu conselho foi seguido, e os
apóstolos foram libertados.
109
Paulo: Conversão e Chamado – Lição 11

2. A transformação
O texto de At 9 narra a transformação de Saulo,
que impactou não apenas sua própria vida, mas
também os passos dos apóstolos e a missão da
igreja. A história de Paulo, relatada por Lucas, é
um testemunho poderoso do poder transforma-
dor de Deus. Ele passou de perseguidor a per-
seguido após sua conversão. Em At 9.1-9 temos a
descrição da conversão de Saulo. Leia o texto e
reflita sobre questões relevantes para nós hoje:
a) Saulo achava que estava certo, pois estava
convicto do que estava fazendo contra os cris-
tãos (povo do Caminho) (At 9.1);
b) Saulo estava legalmente habilitado, huma-
namente falando, para realizar as perseguições
em nome da fé (At 9.2);
c) Deus intervém na história de pessoas que
humanamente seriam as mais difíceis de se con-
verterem, pois para Deus nada é impossível (Atos
9.3);
d) Jesus foi claro e objetivo ao dizer a Saulo
onde ele estava errando (At 9.4-5);
110
Paulo: Conversão e Chamado – Lição 11

e) Saulo não sabia quem era Jesus, mas sabia


que tinha poder a ponto de chamá-lo de Senhor
(At 9.5);
f) Saulo teve que se submeter ao comando de
Jesus (At 9.6);
g) Saulo estava impossibilitado de realizar qual-
quer ação pessoal inicialmente, sendo inclusive
conduzido daquele lugar (At 9.6-8);
h) Seu chamado fez com que a Glória de Deus
fosse notada por aqueles que o acompanhavam,
tendo a oportunidade de ouvir a voz do Senhor
(At 9.7);
i) Saulo, em seus primeiros passos após o pró-
prio Senhor pará-lo, precisou de ajuda na cami-
nhada, necessitando ser carregado (At 9.8);
j) Saulo ficou três dias sem ver, comer e beber.
Teve tempo para analisar seu próprio caminho
trilhado até ali e tudo o que tinha experimentado
no caminho a Damasco. Literalmente, Saulo NÃO
virou apóstolo da noite para o dia (At 9.9).
111
Paulo: Conversão e Chamado – Lição 11

3. Paulo, o apóstolo
Após chegar em Damasco, como o Senhor havia
prometido, alguém é enviado para visitar Saulo. O
escolhido foi um discípulo chamado Ananias. Este
discípulo disse a Saulo quais eram os propósitos
do Senhor na vida dele, já que o próprio Senhor
havia ordenado que assim o fizesse; como tam-
bém realizasse a cura em sua vista e o deixasse
são (At 9.10-19).
Após a experiência em Damasco, Saulo se pre-
para nas regiões da Arábia (Gl 1.15-24), discernin-
do sua missão como apóstolo dos gentios. Ele
imediatamente vai às sinagogas proclamar Jesus,
causando desconfiança e medo entre os discí-
pulos, pois ele era conhecido como perseguidor
(At 9.20-22). Isso também enfurece os judeus,
que tentam matá-lo (At 9.23-25). Em sua chega-
da a Jerusalém, Saulo enfrenta desconfiança,
mas Barnabé, de Chipre, o apoia. Esta experiên-
cia molda seu ministério. Devido à perseguição,
ele é enviado a Cesareia e, em seguida, a Tarso,
sua cidade natal, para evitar o perigo de morte
(At 9.26-30).
112
Paulo: Conversão e Chamado – Lição 11

Ananias, Barnabé e os discípulos auxiliaram


Saulo nessa nova fase de sua vida, agora como
pregador do evangelho de Jesus, discipulando-
-o para que seguisse no caminho. Em Atos 13.1,
Saulo reaparece como quem fazia parte da igreja
que se reunia em Antioquia, sendo reconhecido
como mestre.
A partir deste capítulo, Saulo é referido como
Paulo por Lucas (At 13.9a). É importante esclare-
cer que Deus não mudou o nome de Saulo para
Paulo, como fez com Abrão, Sarai, Jacó e Simão.
Saulo, sendo judeu/hebreu, recebeu esse nome
de seus pais (Fp 3.5). Mas como seu pai era ci-
dadão romano, ele também possuía a cidadania
romana e o nome latino, Paulo. Enquanto atua-
va dentro da estrutura religiosa judaica, o nome
Saulo era mais apropriado. Porém, ao iniciar seu
ministério apostólico entre os gentios, adotou o
nome Paulo para se adaptar aos lugares onde
pregaria, como declarado em 1 Co 9.19-23. Isso
também ajudava a dissociá-lo de seu passado
como perseguidor.
113
Paulo: Conversão e Chamado – Lição 11

Conclusão

A vida de Paulo é inspiradora! Um testemunho

vivo do agir de Deus na vida do homem. Sua vida

também é um alerta para que a religiosidade não

ponha escamas em nossos olhos, de forma que

interpretemos errado a Palavra do Senhor. Os ser-

vos do Senhor Jesus nunca tiveram característi-

cas de perseguidores, mas sempre de persegui-

dos. O chamado de Paulo marca um novo tempo

na igreja, onde, por meio dele, há uma potenciali-

dade para a pregação aos gentios. Paulo experi-

mentou essa transformação radical, uma mensa-

gem que anima nossa vida ao ponto de crermos

em uma jornada de fé e esperança, onde Deus

está no controle de nossas vidas, cuidando de

cada detalhe, assim como fez com Paulo através

da vida de Ananias e Barnabé.


114
Paulo: Conversão e Chamado – Lição 11

Para pensar e agir

1. Quem são os “Ananias” ou “Barnabés” na sua

caminhada? (Pessoas que Deus enviou para se-

rem bênçãos no cuidado na sua jornada).

2. Você consegue listar três pessoas que pa-

recem muito difíceis para a aceitação da mensa-

gem do Senhor? Ore por elas agora. Deus fez na

vida de Saulo. Ele é poderoso para transformar

vidas e histórias.

3. Creio no processo de discipulado na vida da-

queles que estão chegando à fé em Jesus. Saulo

é prova viva disso. Seu ministério foi lapidado no

processo. Ele não se tornou apóstolo e missio-

nário da noite para o dia, literalmente. Invista em

fazer discípulos.
115
A Chegada dos Gentios – Lição 12

Lição 12
Texto Base: Atos 10.44-48 – 11.1-18 – 15

A Chegada dos
Gentios
Objetivo – Ao final desta lição, entenderemos como
foi a chegada dos gentios na igreja primitiva e quais
implicações decorreram dessa ação.

Lucas registra em Atos dos Apóstolos a inclu-


são dos gentios no processo do Reino de Deus,
que até então era
Leitura Diária composto por judeus.
SEG Romanos 3.21-26 Este fato representou
TER Efésios 2.8-9 uma grande mudança
QUA Hebreus 4.14-16 para que o evangelho
QUI Romanos 6.14-18 alcançasse pessoas
SEX 2 Coríntios 10.1 de “todas as nações”,
SÁB Gálatas 5.22-26
conforme Jesus mes-
DOM Atos 16.30-31
mo instruiu os apósto-
116
Voltar para o sumário
A Chegada dos Gentios – Lição 12

los a fazerem.
É importante ressaltar que esse processo não
foi simples nem fácil. A chegada dos gentios ge-
rou grande revolta entre os judeus, a ponto de
ser convocada uma reunião, um verdadeiro con-
cílio em Jerusalém, para determinar como seriam
os próximos passos. Vejamos a seguir como foi
o desdobramento deste momento marcante na
vida da Igreja.

1. Quem eram os gentios?


O termo para se referir aos gentios no mundo
bíblico é do hebraico ”‫”יוג‬, que em latim é “genti-
lis” que significa “POVO” ou NAÇÃO”. Este termo
é encontrado em Isaías 60.3, que trata da reden-
ção também dos gentios por meio do Messias.
Quando analisamos os textos do Antigo
Testamento, percebemos que havia uma distin-
ção/separação entre judeus e gentios, mas um
projeto de redenção já estava escrito por Deus
para formar um só povo. Pois havia o “Povo de
Deus”, descendentes de Abraão, Isaque e Jacó
(Gn 17.4-5); e havia os outros povos ou nações
117
A Chegada dos Gentios – Lição 12

(gentilis), ou seja, aqueles que não vinham desta


descendência direta.
Esta tensão entre os hebreus/judeus e os gen-
tios percorre toda a narrativa do Antigo Testamento
e parte do Novo Testamento. A diferença, além
de uma perspectiva genealógica, era também
uma questão de diferença cultural, ética e reli-
giosa. Estes conflitos e divergências fizeram com
que, muitas vezes, estes “dois povos” entrassem
em conflitos e guerras, aumentando ainda mais
o desgaste entre eles. Quando olhamos os livros
de 2 Reis e 2 Crônicas, constatamos que estes
duelos ficam mais acirrados e constantes.
No Novo Testamento, nos primeiros livros (evan-
gelhos) até Atos dos Apóstolos, este termo “gen-
tios” se refere às nações não judaicas, seguin-
do a mesma ideia do Antigo Testamento. O livro
de Atos então faz esta transição de inserção dos
gentios como também “povo de Deus”. Não foi
uma ideia de fácil aceitação, como veremos mais
à frente, porém o próprio Jesus, por vezes, já ha-
via indicado em textos específicos como Ele agia
com os povos diferentes dos judeus. Isaías e Joel
118
A Chegada dos Gentios – Lição 12

também profetizaram sobre os Gentios e a salva-


ção que viria sobre eles. (Leia — Is 49.6; Jl 2.32)

2. A inclusão dos gentios

A ordem de Jesus em Mateus 28.19 incluía os

gentios. Neste plano, Paulo seria um personagem

importante e fundamental para que houvesse, a

partir de então, apenas um só povo. Paulo mes-

mo relata de forma detalhada qual era a situação

dos gentios antes de Jesus (Ef 2.11-22).

A chegada dos gentios na igreja primitiva re-

vela o poder de unidade em meio à diversidade

que o evangelho tem. O poder de Deus estava

ao alcance de todos, e Lucas estava disposto a

mostrar em palavras para Teófilo, em sua segun-

da carta, como foi o início de tudo e como foram

tratados os próximos passos.


119
A Chegada dos Gentios – Lição 12

3. O concílio de Jerusalém
As palavras de Pedro em Atos 10.34-35 revelam
a importância daquilo que Deus estava falando no
coração dos apóstolos em submissão a Jesus. A
experiência de Pedro em Jope (At 10) revela a von-
tade do Senhor sobre os gentios. Entretanto, essa
transição não foi fácil. Além de Pedro, Paulo se
tornou o grande pregador aos gentios, o apósto-
lo. Ele, no decorrer de suas viagens missionárias,
deixa nítida a sua relevância para este “povo”. As
epístolas aos Romanos e Gálatas destacam esta
universalidade do evangelho para a salvação de
todo aquele que crer (Gl 3.28-29).
Um evento de extrema relevância para a chega-
da dos gentios foi o Concílio de Jerusalém, regis-
trado em Atos 15, afirmando aquilo que já estava
sendo pregado, mas agora estava sendo siste-
matizado por meio das declarações, sobretudo
de Paulo e Barnabé, Pedro e Tiago. Em Atos 15.11,
Pedro afirma: “Mas cremos que seremos salvos
pela graça do Senhor Jesus Cristo, como eles
120
A Chegada dos Gentios – Lição 12

também”. Ou seja, a salvação é pela graça, de


forma que a circuncisão não seria uma condição
para que os gentios que estavam se converten-
do participassem ativamente da igreja do Senhor,
impondo-lhes jugo que os apóstolos não haviam
imposto sobre eles. A Lei mosaica não seria co-
locada em vigor sobre os gentios.
Em Apocalipse 7.9, João registra a sua visão es-
catológica onde todas as nações, tribos, povos e
línguas se reuniam diante do trono de Deus. Esse
texto reafirma a evidência do evangelho na vida
dos gentios conduzindo-os à salvação, pela gra-
ça de Jesus Cristo, nosso Senhor.
A forma de decidirem como lidariam com os
gentios convertidos em relação à Lei Mosaica tam-
bém foi de extrema importância para a sequência
da igreja, chegando até os nossos dias. Tiago foi
um líder moderador que deliberou sobre aque-
le tema com discernimento, sabedoria, diálogo
e dependência do Espírito Santo. Este concílio
de Jerusalém deixou um legado importante para
121
A Chegada dos Gentios – Lição 12

a história da igreja, onde depois, muitos outros


concílios foram realizados.

Conclusão
A inclusão e vida dos gentios no Reino de Deus
é, sobretudo, uma história de transformação ge-
nuína por intermédio do Senhor. Diante desta
experiência, declaramos que Deus é soberano
sobre todas as culturas, línguas e povos. Ele é
Senhor. Deus se revela na história e, por meio de
sua Palavra, assim como sua revelação especial,
Jesus de Nazaré, revela o seu plano redentor. A
salvação chegou até nós. Imagina que a salvação
ficasse restrita a um povo? O que seria de nós?
A fé em Jesus, sua graça e compaixão, estão à
disposição de todos os povos, línguas e nações.
Pedro, Barnabé, Paulo e também outros foram fer-
ramentas, canais do fluir do Espírito Santo para
que a missão de Jesus fosse realizada. Sigamos
o exemplo dos apóstolos na manifestação do po-
der de Deus a quem precisa de salvação.
122
A Chegada dos Gentios – Lição 12

Para pensar e agir

1. Imagina o quanto foi difícil para os Apóstolos

e outros judeus-cristãos entenderem que os gen-

tios agora fariam parte da mesma família da fé!

Fazendo uma análise da sua realidade, respon-

da para si: quem são os “gentios” que você tem

dificuldade de inserir na família da fé?

2. Como vimos com Paulo, que era persegui-

dor da Igreja, olhamos para pessoas e julgamos

que elas seriam resistentes ao evangelho a pon-

to de não ir nelas pregar e testemunhar a gra-

ça de Jesus. Existem grupos em nossas cidades

que precisam ser alcançados. Eles são alvos da

graça de Jesus. Consegue identificar este grupo

no seu bairro? Elabore um projeto para alcançar

este grupo. Deus quer usar você e a sua igreja.


123
A Missão da Igreja e a Igreja em Missão – Lição 13

Lição 13
Texto Base: Atos 13.1-3 – 15.36-41 – 18.24-28

A Missão da Igreja e
a Igreja em Missão
Objetivo – Ao final desta lição, entenderemos qual é
a missão da igreja, como a igreja primitiva se tornou
missionária e como essa missão implica na prática
da igreja nos nossos dias.

Missão e Missões são temas centrais em Atos


dos Apóstolos. Lucas narra que Jesus deixou uma
Leitura Diária missão para todos os
SEG Mateus 28-18-20
crentes (Lc 24.36-49)
TER Isaías 61.1-3 e enviou o Espírito
QUA Lucas 10.1-2 Santo para capacitá-
QUI Romanos 10.13-15 -los (At 1.8). A igreja
SEX Marcos 3.13-19 executa essa missão
SÁB Isaías 6.8 diariamente, usando
DOM Atos 1.8
os dons do Espírito
124
Voltar para o sumário
A Missão da Igreja e a Igreja em Missão – Lição 13

Santo e se dedicando à adoração, cuidado mútuo


e evangelização. A partir de Atos 13, Lucas deta-
lha as três viagens missionárias de Paulo, ape-
sar das perseguições e prisões. Vamos analisar
os pontos destacados por Lucas que impactam
nossas igrejas.

1. A primeira viagem missionária


Lucas registra três viagens missionárias de
Paulo a partir de At 13.4. Nestas viagens, Paulo,
geralmente acompanhado, planta, exorta e forta-
lece igrejas, enfrentando também prisões e per-
seguições intensas. Na primeira viagem, Paulo
e Barnabé vão a Selêucia e, em seguida, à ilha
de Chipre. Em uma parada, ele tem contato com
Sérgio Paulo, um senador, sendo então chamado
por seu nome romano, Paulo (At 13.9). Ao chegar
a uma cidade, sua prática era pregar na sinagoga,
dirigindo-se primeiramente aos judeus, mas ao
serem rejeitados, voltava-se para os gentios, que
o admiravam (At 13.46-52; Rm 1.16). Seu discurso
em Antioquia da Pisídia marca uma nova fase de
pregação, enfrentando oposição crescente que
125
A Missão da Igreja e a Igreja em Missão – Lição 13

os força a sair imediatamente da cidade (At 14.1-


7).

Em Listra (At 14.8-13), o povo, ainda pouco fami-


liarizado com tais sinais, os confundiu com deu-
ses e tentaram adorá-los, mas Paulo e Barnabé
recusaram, deixando claro que eram apenas ho-
mens, servos de Deus. Mesmo assim, Paulo foi
apedrejado (At 14.19-20), mas sobreviveu e segui-
ram para Derbe.

Após passarem por muitas cidades e realiza-


rem sinais em nome do Senhor para a salvação
do povo, retornaram a Listra, Icônio e Antioquia
(At 14.22). Lucas encerra a narrativa da primeira
viagem missionária relatando que, ao retornarem
da viagem, Paulo e Barnabé começaram a ordenar
presbíteros nas igrejas, orientados pelo Senhor
por meio de oração e jejum (At 14.23). Preocupar-
se em servir a igreja local e fortalecer sua lide-
rança tornou-se um marco na vida ministerial de
Paulo.
126
A Missão da Igreja e a Igreja em Missão – Lição 13

2. A segunda viagem missionária


A segunda viagem foi mais longa, pois suas ca-
racterísticas foram diferentes.
Depois de relatar à igreja, Paulo permane-
ceu com os discípulos por um tempo entre suas
viagens, enfrentando alguns problemas, como
questões sobre os costumes mosaicos, indo a
Jerusalém para resolver isso. Pedro e Tiago to-
maram decisões que impactaram as próximas
missões aos gentios (At 15.12-21). Então, Paulo su-
geriu a Barnabé que revisitassem as cidades ante-
riores. Ao discordarem sobre levar João Marcos,
seguiram caminhos separados. Barnabé foi para
Chipre com João Marcos, enquanto Paulo e Silas
visitaram as igrejas anteriores (At 15.38-41). Em
Listra, Paulo conheceu Timóteo, filho de mãe ju-
dia e pai grego, a quem circuncidou para facilitar
seu acesso a comunidades judaicas, e o levou
consigo na viagem (At 16.1-5).
Em Trôade, Paulo teve uma visão sobre a
Macedônia e seguiu para lá (At 16.9-12). Ali co-
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A Missão da Igreja e a Igreja em Missão – Lição 13

nheceram Lídia, mulher temente a Deus. Paulo e


seus companheiros de viagem foram para a casa
dela, após convite (At 16.14-15).
Após encontrarem uma jovem que estava pos-
suída, Paulo expulsou o espírito que estava nela.
Por esse motivo, foram presos pelo dono da moça,
pois o espírito de adivinhação que estava nela
gerava lucro para o dono (At 16.16-19).
Sendo então açoitados, Paulo e Silas também
foram presos. Mas Paulo e Silas não deixaram de
adorar ao Senhor. Lucas registra que eles ado-
ravam próximos à meia-noite naquela prisão, e
quando adoravam, um terremoto aconteceu, as
portas da prisão se abriram, mas ninguém fugiu
(At 16.23-26).
Paulo e Silas pregaram ao carcereiro, que se
entregou a Cristo. Os magistrados os soltaram por
serem cidadãos romanos, e então encontraram
outros discípulos na casa de Lídia para seguirem
viagem.
Em Tessalônica, pregaram por três semanas,
128
A Missão da Igreja e a Igreja em Missão – Lição 13

convertendo muitos tementes a Deus. Em Beréia,


também houve conversões, mas Paulo saiu devi-
do às ameaças dos judeus. Silas e Timóteo ficaram
lá, enquanto Paulo seguiu sozinho para Atenas
(At 17.1-5). Além de pregar na sinagoga, foi ao mer-
cado e ao Aerópago, onde falou sobre o “Deus
desconhecido”, apresentando o único Deus aos
ouvintes. Depois, foram para Corinto, conhecen-
do Áquila e Priscila, fazedores de tendas. Paulo
ensinou na sinagoga, pregou na cidade e escre-
veu as cartas aos Tessalonicenses (I e II) duran-
te um ano e seis meses (At 18.9-11). Após esse
período, Paulo foi para a Síria, levando Priscila e
Áquila, deixando-os em Éfeso. Raspou a cabe-
ça por um voto ao Senhor (At 18.18), seguiu para
Cesareia, Jerusalém, Antioquia, Galácia e Frígia,
fortalecendo os discípulos.

3. A terceira viagem missionária


Paulo parte mais uma vez para a Galácia, indo
até Éfeso onde Áquila e Priscila tinham ficado
na segunda viagem. Ali conheceram Apolo, que
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A Missão da Igreja e a Igreja em Missão – Lição 13

era douto e eloquente, um grande pregador que,


logo em seguida, após ter recebido instruções
de Priscila e Áquila, seguiu para Corinto.
A chegada de Paulo a Éfeso foi importante, pois
os que ali estavam haviam recebido apenas o ba-
tismo de João Batista e não sabiam nada sobre
o Espírito Santo. Paulo então, impondo as mãos
sobre eles, fez com que o Espírito Santo viesse
sobre eles também (At 19.06).
Apesar de pregar para eles, o coração duro do
povo levou Paulo a mudar de local, indo para a
escola de Tirano. Ele permaneceu lá por 2 anos,
conforme At 19.10, e sua mensagem alcançou
toda a Ásia. Durante um longo período em Éfeso,
Paulo decidiu ir a Jerusalém em sua terceira mis-
são, acompanhado por Timóteo, Tito, Erasto,
Gaio, Aristarco e Epafras. Neste período, igrejas
foram estabelecidas em Colossos, Laodicéia e
Hierápolis, além de Trôade. Em Éfeso, Paulo en-
frentou provações, lutando contra feras, doenças,
perigos de morte e acusações. Mesmo assim, ele
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A Missão da Igreja e a Igreja em Missão – Lição 13

sempre buscou refúgio em Deus, que o consolou


e animou (At 20.19; 1 Co 15.32; 2 Co 1.9; 2 Co 11.23;
Rm. 16.4; At 27.27-44; At 23.11). Após sobreviver a
um naufrágio e a uma picada de víbora na ilha
de Malta (At 28.1-6), Paulo curou o pai de Públio
e outros na ilha antes de chegar a Roma. Lá, ele
continuou pregando mesmo com um povo com
o coração endurecido.
Lucas então encerra narrando que Paulo ficou
em sua própria residência morando e atendendo
todos aqueles que o procuravam, de forma que
anunciava o Reino de Deus com ousadia e ensi-
nava sobre o Senhor Jesus Cristo. Mas fazia isso
sem impedimento algum (At 28.31).

Conclusão
Atos dos Apóstolos, narrado por Lucas, é uma
história de fé detalhada, desde a ascensão de
Jesus até as jornadas e desafios de Paulo. Apesar
do fechamento abrupto em Atos 28.31, há uma
continuidade evidente. Nós, como parte dessa
131
A Missão da Igreja e a Igreja em Missão – Lição 13

história, somos a continuação da missão da igre-

ja! Você já considerou esse convite do Senhor

para sua vida? Que Deus o abençoe enquanto

você cumpre a missão de pregar o evangelho

pelo mundo, capacitado por Seu poder.

Para pensar e agir

1. Você já teve a experiência de ter feito uma

viagem missionária?

2. Qual foi o momento da sua vida cristã em

que você mais se sentiu pressionado ou perse-

guido? Narre para a sua classe.

3. Vamos supor que você fosse convidado para

narrar a sua versão, ou seja, o seu testemunho,

sendo a sequência de Atos 29. O que você es-

creveria neste capítulo de testemunho de vida

com Deus?
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Ficha Técnica
Ficha Técnica

Revista de Educação Cristã da Convenção


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