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A Harpa Cristã é o hinário oficial das Assembleias de Deus, mas também de

outras denominações. Sua primeira versão foi lançada em 1922, em Recife


(PE). Inicialmente foi elaborado pelo missionário Samuel Nyström, mas passou
por algumas mudanças até o modelo atual, com 640 hinos. Ela está quase
completando o seu centenário, já são 98 anos, mas ela nunca sai de moda.
Pois, por detrás desses hinos têm grandes histórias, conhecidas ou não por
nós. 
Para te ajudar a conhecer mais sobre essas histórias, escolhemos seis
louvores bem conhecidos, para entendermos o que seus compositores
passavam no momento em que as escreveram. 
Deus Velará por Ti (04-HC) – Este hino surgiu após uma experiência de
cuidado de Deus para com uma família de um pastor batista que era pregador
itinerante nos Estados Unidos. 
O pastor Walter Stillman Martin, então com seus 42 anos, preparava-se para
ministrar à noite em uma igreja na cidade de Lestershire, em Nova Iorque.
Quando sua esposa, a canadense Civilla Durfee Martin, que estava enferma e
acamada já havia alguns dias, apresentou uma piora em seu estado de saúde. 
“Diante daquele quadro, Martin não pensou duas vezes: decidiu ligar para a
igreja que o convidara para informar que, infelizmente, não seria mais possível
atender ao convite, pois precisava ficar em casa para cuidar da sua esposa.
Porém, quando se dirigia resoluto ao telefone, seu filho de 9 anos lhe disse:
“Pai, você não acha que se Deus quer que o senhor pregue hoje, Ele cuidará
de mamãe enquanto o senhor estiver ausente?” Martin sentiu naquele
momento que Deus estava usando o seu filho e manteve o compromisso. Ele
orou pela sua esposa – que experimentou uma melhora – e, à tarde, saiu para
o culto. Conta Martin que, naquela noite, o culto mostrou-se “especialmente
abençoado por Deus” e “muitas pessoas professaram a Cristo como Salvador
como resultado do sermão”. Então, ao voltar para casa, encontrou sua esposa
já restabelecida e, nas mãos do seu filho, uma poesia que Deus dera à Civilla
naquela tarde, com base nas palavras que o menino dissera a seu pai. O título
da poesia era God Will Take Care of You (“Deus cuidará de ti”)” (DANIEL,
Silas. A história dos hinos que amamos. Rio de Janeiro: CPAD, p. 21,
2012). 
E assim, naquela mesma noite, o pastor Martin compôs, em poucos minutos,
uma melodia para a poesia que sua esposa havia feito. “Deus Velará Por Ti” é
o número 4 da Harpa Cristã.
A Fonte Transbordante (456 – HC) – Este hino é o testemunho impactante de
um homem que experimentou a graça salvadora de Jesus. O nome dele é
Fredrik Arvid Blom, que mesmo tendo nascido em um lar luterano, não
conhecia Jesus. Ele tornou-se marinheiro e quando migrou para os Estados
Unidos, em 1890, aceitou a Cristo, por meio do evangelismo feito pelo Exército
da Salvação de Chicago, no estado de Illions. Neste grupo, ele conheceu sua
esposa, e logo depois, casaram-se, mas dois anos após ela morreria.
Com a morte dela, ele deixou o Exército da Salvação, mesmo sendo já um
oficial e foi estudar Teologia em Chicago. Passou a congregar na Missão do
Pacto, hoje conhecida como Igreja Evangélica do Pacto.  E em 1905, foi
ordenado a pastor. Três anos depois, Blom casaria com Hanna Maria
Lindstrom. 
Quando tudo parecia estar bem, Blom começou a se esfriar na fé e também se
envolveu com militantes do Partido Comunista dos Estados Unidos. Por
influencia desses colegas, abandonou o pastorado, se desviou da fé e passou
a beber. Também se envolveu com coisas erradas e foi parar na prisão. 
“Eu me afastei de Deus e tornei-me amargurado comigo mesmo e com o
mundo, e, não menos importante, com meus colegas ministros, que olharam
para mim com suspeita porque eu era membro do Partido Comunista”, contava
Blom. Sua esposa ainda conseguiria, pela Justiça americana, dissolver o
casamento e ficar com a guarda das filhas Viola e Ruth, ainda muito pequenas.
Lá na prisão, sozinho e arrependido de seus erros, Blom buscou a Deus e
encontrou o caudal do Seu amor mais uma vez, aquela “fonte transbordante,
mais profunda que o mar”, sobre a qual escreveria. Ele ficou preso por alguns
meses, saindo da prisão em 1917 e recebendo o apoio de seus antigos irmãos
em Cristo do Exército da Salvação, que o ajudaram a abandonar o vício do
álcool. No mesmo ano, ele escreveu o hino He The Pearly Gates Will
Open (“Ele os Portões Celestiais Abrirá”), o nosso A Fonte Transbordante, que
fala de como Deus lhe abriu a Sua porta e o reconciliou”. (Daniel, p. 69-70)
Porque Ele vive (545-HC) – No ano de 1968, houve uma grande mobilização
estudantil na Europa, trazendo uma onda de liberalismo social no Ocidente. Foi
vivendo essa época que o casal de músicos cristãos William James Gaither e
Gloria Gaither escreveram esse hino, no original “Because He Lives”. 
(...) Também era o fim dos anos de 1960, quando nosso país estava passando
por algumas grandes turbulências com o crescimento da cultura das drogas e
com a teoria de que ‘Deus está morto’ avançando no país; era também o pico
da Guerra do Vietnã e minha esposa Gloria estava esperando o nosso filhinho
Benjy. Lembro que pensávamos naquele tempo: ‘Irmão, este é realmente um
pobre tempo para trazer uma criança ao mundo’. Às vezes, ficávamos muito
desanimados com todas essas coisas. E então Benjy veio. Nós já tínhamos
duas garotas as quais amávamos muito, mas esse foi o nosso primeiro filho
homem, e então esta mensagem veio a nós: ‘Quão doce é segurar nosso
recém-nascido filho e sentir o orgulho e a alegria que ele proporciona, mas
melhor ainda é a garantia de que esta criança poderá enfrentar estes dias de
incerteza porque Cristo vive!’. E essa verdade animou-nos a declarar ‘Porque
Cristo vive, nós podemos enfrentar o amanhã e mantermo-nos de cabeça
erguida e cheios da esperança que dá significado à vida das pessoas.” (Daniel,
p. 117)
Quão Bondoso Amigo é Cristo (126-HC) –  Esta bela poesia foi escrita pelo
irlandês, Joseph Scriven. Aos 25 anos, Scriven se preparava para casar com
uma boa moça, quando aconteceu uma grande tragédia: na véspera do seu
casamento, sua noiva morreu afogada. O rapaz ficou em desespero e mesmo
se dizendo cristão, ainda não tinha se convertido sinceramente. Com a perda,
ele voltou-se para Jesus e encontrou o consolo que precisava. 
Passado um tempo, Scriven resolveu mudar-se para o Canadá, ali trabalhou
como professor e conheceu uma jovem, por quem se apaixonou. Em pouco
tempo, ficaram noivos. Mas outra tragédia aconteceu: sua noiva Eliza foi
acometida de pneumonia e morreu dias antes do casamento. Novamente ele
entrou em depressão e só conseguiu sair dessa depois de encontrar consolo
em Jesus. 
Depois disso, Scriven resolveu não mais se casar e dedicar sua vida e seu
dinheiro a ajudar aos pobres e necessitados. 
A história do hino “Quão bondoso amigo é Cristo” se dá justamente nessa nova
fase da vida de Scriven. Nessa época, mais precisamente em 1855, ele
recebera uma carta de sua mãe, que ainda residia em Dublin, dizendo que
estava muito enferma e se sentindo só. Dizia ela que precisava muito da
presença do filho, de quem sentia muitas saudades. O problema é que,
naqueles dias, Scriven estava também enfermo e sem condições de enfrentar
uma longa viagem pelo mar até a Irlanda. Portanto, orou a Deus e logo se
lembrou de como Ele o consolara perfeitamente nos momentos mais tristes de
sua vida. Sentiu, então, que deveria escrever uma carta para sua mãe
explicando as razões pelas quais não poderia ir, mas, sobretudo, dizendo a ela
que não se preocupasse, porque Jesus, o Amigo fiel, que nunca o deixara só,
poderia, se sua mãe cresse, também confortá-la perfeitamente naquela
situação. (...) As primeiras linhas dessa poesia são bem próximas da versão
em português que ganharia depois: “Que Amigo temos em Jesus, / Todos os
nossos pecados e dores suportou! / Que privilégio podermos levar / Tudo a
Deus em oração”. (p.75)
Firme nas promessas (107-HC) – A autoria deste hino é de um homem que
foi curado por Deus, milagrosamente. Depois de ser desenganado pelos
médicos, ele mostrou a certeza em acreditar nas promessas de Deus. Aos 38
anos, ele precisou abandonar sua carreira como professor. Pois, estava com
uma doença grave no coração. Mas foi depois dessa notícia, que ele
escreveu Standind On The Promisses. 
“Sua saúde estava em estado grave e os médicos não puderam fazer nada por
ele. Então, Carter voltou-se para Deus pedindo socorro e cura. Ele se ajoelhou
e fez uma promessa a Deus dizendo que, se o curasse ou não, a partir daquele
dia, ele estava consagrando a sua vida para sempre ao serviço do Senhor. (...)
Ao longo dos meses seguintes, a sua força voltou e seu coração estava
completamente curado.” (p. 81)  
Após a cura, ele viveu mais 42 anos, e dedicou-se a quatro áreas: a pregação
do Evangelho, a obra social, a publicação de livros evangélicos e a composição
de hinos. 
Sossegai (578-HC) – Este hino nasceu após duas tragédias que aconteceram
com a família da jovem Mary Ann Baker, a compositora de Master, Th e
Tempest is Raging, conhecido no Brasil como “Mestre, o Mar se Revolta” ou
“Sossegai”. 
A jovem nasceu em Loami, Illinois (EUA), em 27 de dezembro de 1831. Sua
família (pais e irmãos) eram cristãos da Igreja Batista. Tinham poucas
condições financeiras, mas era uma família muito feliz e unida. A primeira
tragédia foi a morte dos pais de Mary, que tinham tuberculose. Os três irmãos
órfãos foram viver sozinhos, cada um buscando um emprego, mas firmes com
Jesus.
E como se não bastasse, veio outra tragédia, o irmão também teve
tuberculose. Mary e sua irmã tentaram salvá-lo enviando para outro estado,
mas não resistiu.  Com ajuda, ela e a irmã conseguiram trazer o corpo do irmão
para ser enterrado. 
“Foi logo depois dessa experiência triste e avassaladora, que o professor
Horatio Richmond Palmer, da Igreja Batista onde congregavam, solicitou a
Mary que preparasse alguns hinos para serem cantados nos domingos pela
manhã, na Escola Bíblica Dominical. A proposta, segundo Palmer, era que os
hinos escolhidos fizessem referência aos temas das lições da Escola Bíblica
daquela semana. Conta Mary, conforme registro de Rufin, que seu coração foi
tocado por Deus quando viu que uma das lições tinha por tema “Cristo
Acalmando a Tempestade”. Diz ela que, ao ler o conteúdo da lição, percebeu
que “essa lição expressava tão vividamente a minha experiência, que esse hino
[Master, The Tempest is Raging] foi o resultado”. Ao mostrar ao professor
Palmer a poesia que fizera sobre o tema daquela lição e baseado na sua
experiência de quase “naufrágio”, ele não apenas ficou maravilhado com a letra
como, imediatamente, compôs a música para o hino.” (p.65)

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