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Texto: Tenham entre vocês o mesmo modo de pensar de Cristo Jesus, que, mesmo
existindo na forma de Deus, não considerou o ser igual a Deus algo que deveria ser
retido a qualquer custo. Pelo contrário, ele se esvaziou, assumindo a forma de servo,
tornando-se semelhante aos seres humanos. E reconhecido em figura humana, ele se
humilhou, tornando-se obediente até a morte, e morte de Cruz. Por isso Deus
também Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo o
nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo
da terra, e toda a língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para a glória de Deus
Pai. – Fl 2.5-11
Introdução
- Ser discípulo de Cristo, este é o tema que tem norteado nossas pregações
dominicais. Vimos nos dois últimos domingos O chamado para seguir os passos de
Jesus e o preço de seguir os passos de Jesus. Hoje seguiremos os passos de Cristo na
encarnação.
- Esta passagem que lemos de Filipenses é umas das mais importantes sobre a
doutrina da encarnação de Cristo. E aqui, como em todos as suas cartas, Paulo fala
uma ligação entre a doutrina e vida prática.
- Apesar de não ser uma carta como a de Coríntios, escrita para resolver diversos
problemas na igreja, por isto que a carta de Filipenses é considerada como uma
carta de gratidão, o contexto nos mostra que Paulo trata na carta um problema
prático na vida igreja, o indicativo é que havia um problema de unidade.
- Ora, a unidade é uma das marcas de que estamos seguindo os passos de Jesus e que
somos seus discípulos. Veja João 17.20-23.
- E aqui já nos fica uma lição, os males da igreja só serão curados quando está olhar,
seguir e imitar os passos de Jesus em tudo.
- O texto que nos lemos nos indica que não existe uma área na vida humana que
Cristo não seja o nosso exemplo. A única coisa que não podemos imitar a Cristo é
em seus atos redentivos. Mas no geral, com o auxilio do Santo Espirito de Deus,
podemos sim imitar nosso mestre.
- Essa não é uma tarefa fácil, meus amigos. Significa desafiar nossa própria
natureza, desvencilhar-nos das amarras do egoísmo e abraçar uma nova maneira de
viver. É um chamado para sermos imitadores de Cristo na forma como pensamos,
agimos e nos relacionamos com o mundo ao nosso redor.
- Veja que o texto de Filipenses É um convite para uma vida transformada, onde a
encarnação de Cristo se torna a fonte de inspiração para nossas escolhas,
relacionamentos e missão no mundo. À medida que abraçamos essa jornada,
seremos capacitados pelo Espírito Santo a refletir a imagem de Cristo em todos os
aspectos de nossas vidas.
- Note outro ponto importante na nossa jornada seguindo os passos de Jesus: A
Cruz.
- A cruz é o marco mais alto da demonstração do amor de Deus pelo seu povo. É a
medida máxima da seriedade do nosso pecado e da nossa segurança que nosso
problema foi resolvido e em Cristo podemos desfrutar da salvação.
- Por isto, a Cruz serve também como padrão do nosso comportamento, é isto que o
texto nos indica. Veja, Paulo fala: Tenham entre vocês o mesmo modo de pensar de
Cristo Jesus, em seguida ele nos conduz a cruz como o padrão, veja o versículo 8.
- Não podemos seguir os passos de Jesus na sua encarnação sem olhar para a Cruz.
- Ele nos desafia a ter humildade em nossas vidas, assim como Cristo teve. O
versículo nos revela que Jesus, sendo Deus, não considerou Sua posição divina como
algo a ser segurado firmemente ou usado para Seu próprio benefício. Ao contrário,
Ele se esvaziou de Si mesmo, colocando de lado Sua glória e privilégios, a fim de se
tornar um servo.
- Veja, o verso 5 diz que a nossa atitude ao seguir os passos de Jesus é de ter o mesmo
pensamento que teve Jesus, e que atitude, pensamento e sentimento é este?
- Este exemplo é a sua humilhação, ou, o que na teologia chamamos da doutrina do
auto esvaziamento de Cristo. Porém precisamos compreender corretamente o que
foi este auto esvaziamento.
- Paulo está nos mostrando que Cristo abriu mão voluntariamente dos seus direitos
(v.6). Ao ler este texto, não pensem que Cristo em algum momento deixou de ser
Deus ou que a natureza divina ficou parcialmente inoperante nele. Não. Em todo o
seu tempo aqui na terra Cristo permaneceu sendo plenamente Deus e plenamente
homem.
- Veja, antes da encarnação Jesus antes da sua encarnação sempre foi coigual a Deus,
coeterno e consubstancial com o Pai e com o Espírito Santo.
- Ele sempre foi revestido de glória e majestade, ele é o criador de todas as coisas,
visíveis e invisíveis, ele é aquele que sempre foi adorado pelos anjos. Quando Paulo
fala que “mesmo existindo (ou subsistindo) na forma de Deus”, ele está afirmando
que a natureza divina em Cristo jamais foi alterada na encarnação.
- A palavra “subsistindo”, descreve aquilo que é essencial e que não pode ser
mudado; aquilo que possui uma forma inalienável. Descreve características inatas,
imutáveis e inalteráveis. Assim, pois, Paulo começa dizendo que Jesus é Deus em
forma essencial, inalterável e imutável.
- Veja, Paulo está afirmando que Cristo sempre foi e continuará sendo Deus por
natureza.
- Mas Por qual razão o apóstolo dos gentios teria inserido esta afirmação na carta
aos crentes de Filipos?
- E aqui temos uma palavra chave para entendermos isto: Modo de pensar,
sentimento ou atitude.
- Por exemplo, podemos estar conscientes de que uma atitude boa precisa ser
praticada sem, contudo, apresentarmos qualquer vontade de realizá-la. Não é isto
que Paulo está dizendo, pois é preciso haver não só a consciência, mas a vontade de
fazer o bem. E não somente isso, pois o bem que se deseja deve ser realizado
conscientemente.
- Para ficar mais claro olhemos para Romanos 7.15-24. A experiência do homem
miserável é aquela que jamais corresponde com a vontade e a consciência do que é
bom. Assim, quando Paulo instrui a igreja de Filipos, ao usar o termo grego para
sentimento ou modo de pensar, ele tem em vista não uma mera atitude qualquer,
mas uma atitude especifica e que sempre vem acompanhada de uma consciência de
que o que será realizado é o bem que deseja.
- Cristo não se fez homem porque queria ser homem. A ideia de que “o homem
sempre quis ser Deus, mas só Deus quis ser homem” só em parte está correta. Cristo
não é como Zeus, por exemplo, uma divindade que nutre inveja doentia dos homens.
- Em rigor, Cristo não desejou se tornar homem, mas, sim, servo. Ele não invejou a
vida dos homens, mas desejou ser servo do Senhor. O problema é que para ser servo
do Senhor era necessário, em primeiro lugar, ser homem. Ou seja, a humilhação de
Cristo não é a mera encarnação, mas a obediência, o serviço.
- A encarnação é apenas a condição para alcançar a “forma de servo”, pois, para ser
servo, é preciso antes ser homem, um ser de carne e osso. Por isso, o esvaziamento
não cabe ao homem, pois ele já é por natureza esvaziado de glória.
- A questão é que, para Cristo se tornar servo, ele precisou preencher o único
requisito fundamental para assumir a forma de servo: ser homem.
- Em contrapartida, não é pelo fato de o homem ser homem que todos os homens já
tenham em si a forma de servo. A “forma de homem” está em todos os homens por
natureza, mas a “forma de servo” o homem só alcança através da obediência a Deus.
Todos os servos são homens, mas nem todos os homens são servos.
- Se, por um lado, Adão tentou ser como Deus, por outro, Cristo, sendo Deus, se fez
homem. Perceba a profundidade disto: Cristo não se despojou de algo; ele
simplesmente se despojou de si mesmo, entregou-se a si mesmo, e não seus atributos.
- O “esvaziamento” é uma metáfora. Jesus não deixou de ser Deus, mesmo porque a
humilhação de Cristo está no fato de que a encarnação e a cruz foram enfrentadas
por aquele que permanece sendo Deus, e que durante todo o processo nunca deixou
de ser Deus.
- Outra verdade que notamos neste texto é que Jesus não pensou em si mesmo; Ele
pensou nos outros. Ele abriu mão de Sua glória, desceu das alturas e usou os Seus
privilégios para abençoar os outros.
- Jesus usou seus privilégios celestes para o bem dos outros. A Bíblia diz que Ele
andou por toda parte, fazendo o bem e curando a todos os oprimidos do diabo (At
10.38).
- Veja, Paulo não está aqui nos oferecendo apenas um debate teológico técnico acerca
da Pessoa de Cristo; em vez disso, ele está fazendo um uso prático da encarnação de
Cristo para enfatizar a grande lição da humildade como fator essencial para a
unidade. Cristo se humilhou, e nós também devemos fazê-lo.
- Jesus despojou a si próprio, não de Sua natureza divina, visto que isso seria
impossível, mas das glórias e das prerrogativas da divindade. Isso não significa que
Ele trocou a Sua natureza (ou forma) divina pela natureza (ou forma) de um
escravo: significa que Ele demonstrou a natureza (ou forma) de Deus na natureza
(ou forma) de um escravo.
- Dai vem um questionamento: Será que haveria pessoas em Filipos que deveriam
doar, ceder, tornarem-se humildes, mas que declarariam: “Não se pode exigir isso
de mim. Isso é demais para minha boa vontade!’?
- Será que qualquer um deles, Paulo ou os filipenses, ainda poderia reivindicar
quaisquer direitos no serviço a esse Jesus? “Esvaziar-se”, renunciar, tornar-se
pequeno — será que ainda seria difícil agir assim após ouvir acerca desse Jesus e da
forma que Ele abriu mão do que tinha: passando da forma divina para a figura de
escravo?
a) Sua relação de privilegio diante da Lei Divina (Jo 1.29; 2 Co 5.1; Gl 3.13; 1 Pe2.24)
- Por fim, Paulo nos leva a refletir sobre o amor sacrificial de Cristo, que o levou a
dar sua própria vida como resgate por muitos.
- A cruz de Cristo é a maior expressão do amor de Deus por nós e a mais intensa
expressão da ira de Deus sobre o pecado. O pecado é horrendo aos olhos de Deus. A
santa justiça de Deus exige a punição do pecado. O salário do pecado é a morte.
- Então, Deus num ato incompreensível de eterno amor, puniu o nosso pecado em
Seu próprio Filho, para poupar-nos da morte eterna.
- Na cruz, Jesus bebeu sozinho o cálice amargo da ira de Deus contra o pecado. Na
cruz, Jesus foi desamparado para sermos aceitos. Ele não desceu da cruz para
podermos subir ao céu. Ele se fez maldição na cruz para sermos benditos de Deus.
Ele morreu a nossa morte para vivermos a Sua vida.
- Esse amor nos desafia a amar uns aos outros da mesma maneira, a nos doar sem
reservas e a buscar o bem-estar dos outros acima do nosso próprio.
- Veja o amor sacrificial de Cristo. Ele não apenas assumiu a nossa forma humana,
mas também suportou o sofrimento e a morte na cruz por nós. Jesus nos amou de
tal maneira que entregou Sua própria vida para nos reconciliar com Deus.
- Esse amor sacrificial deve nos motivar a amar e servir uns aos outros, colocando
as necessidades dos outros acima das nossas e buscando o bem-estar do próximo.
- Além disto, no versículo 8, Paulo nos lembra que Cristo Se humilhou a ponto de Se
tornar obediente até a morte, e morte de cruz. Aqui, encontramos mais uma lição: a
obediência exemplar de Cristo.
- Ele não apenas assumiu a forma humana, mas também viveu uma vida de total
obediência ao Pai. Sua obediência foi testada e provada em cada momento, até o
ponto de enfrentar a morte de cruz.
- Seguir os passos de Cristo na encarnação não é uma tarefa fácil, mas é escolha
transformadora que nos leva a uma vida de propósito, significado e impacto eterno.
Requer que deixemos de lado nossas ambições egoístas, nossos desejos de grandeza
pessoal e nosso orgulho desenfreado. É um chamado para nos tornarmos servos de
Deus e dos outros, dispostos a sacrificar nossa vontade em obediência ao Pai.
- Que, ao deixarmos este lugar hoje, não sejamos apenas ouvintes da Palavra, mas
praticantes dela. Que possamos aplicar as verdades que aprendemos sobre a
humildade, o esvaziamento e a obediência de Cristo em todas as áreas de nossas
vidas. Que nossas palavras e ações sejam guiadas pelo amor sacrificial e pela busca
do bem-estar do próximo.
- Lembremo-nos sempre de que não estamos sozinhos nesta jornada. O Espírito
Santo habita em nós, capacitando-nos e fortalecendo-nos a cada passo do caminho.
Podemos confiar em Sua direção, conforto e poder.
- Que possamos ser uma igreja que se levanta e responde ao chamado de seguir os
passos de Cristo na encarnação. Que possamos ser uma comunidade de crentes que
brilham com o amor e a graça de Jesus em um mundo que anseia por esperança e
redenção.