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Exposição de João 14

Introdução
O grande pastor e pregador, Dr. Martyn lloyd Jones, durante o ano de 1951
começa uma série de pregações baseadas no capítulo 14 do evangelho de
João. O seu grande objetivo a partir das palavras do próprio Jesus aos seus
discípulos, era de alguma forma consolar, encorajar e oferecer a esperança
que somente o evangelho pode nos dar.

Apesar de fazer somente 6 anos desde o fim da segunda guerra mundial, não
só a população da Inglaterra, onde Lloyd Jones morava e pastoreava, mas toda
a Europa ainda sofria com a lembrança de um dos mais terríveis períodos de
guerra em toda história da humanidade e também experimentavam os
desdobramentos e tudo o que a guerra deixou.

A Europa experimentava na pele uma crise econômica, uma grande crise


social, a tristeza por tudo e por todas as vidas que foram tiradas, mais acima de
tudo ainda pairava no ar uma certa insegurança nos corações dos homens e
mulheres que se perguntavam se algum dia, ou em algum momento poderiam
experimentar viver com um coração tranquilo novamente.

Mesmo depois de 6 anos do fim da guerra os corações permaneciam ansiosos,


preocupados e sem saber se poderiam se agarram a qualquer tipo de
esperança em relação ao futuro.

O Dr. Lloyd Jones percebeu que quando a primeira guerra mundial terminou as
pessoas pensaram que poderiam novamente respirar aliviadas e seguir
tranquilos com as suas vidas, mas quando a segunda guerra terminou não
aconteceu a mesma coisa, ninguém respirou aliviado, ninguém imaginou que
finalmente haveriam anos de paz e de tranquilidade.

As pessoas continuaram ansiosas, preocupadas e temerosas, não sabiam o


que futuro reservava e ao mesmo tempo não podiam dormir tranquilas porquê
de repente uma nova guerra poderia surgir, uma nova crise poderia explodir
diante dos seus olhos, um outro momento de instabilidade poderia vir e tirar a
paz que as pessoas começam a acreditar que poderia existir.
É por isso que o pregador Lloyd Jones, sobe ao púlpito da capela de sua igreja
e começa uma serie de pregações baseadas no texto do capítulo 14 do
evangelho de João.

Se nós olharmos para os nossos dias, guardadas as devidas proporções, nós


também nos fazemos as mesmas perguntas que eles no passado. Quando
será que toda essa crise do Corona vírus vai passar? Quando eu vou poder
voltar a minha rotina normalmente? Quando será que eu poderei voltar a
escola, a faculdade? Será que vai ser ainda esse ano? Quando é que a minha
igreja vai abrir novamente? E ainda que todas essas perguntas sejam
respondidas, resta ainda lidar com fato de que nós temos que enfrentar os
efeitos “colaterais” de todos problemas que essa doença causou.

Pessoas morreram, famílias estão chorando, alguns perderam o emprego,


outros tiveram que fechar os seus negócios, falasse ja a muito tempo em crise
política, crise econômica e crise social, e tudo isso, que já existe a muito
tempo, só se agravou com essa doença nesse ano de 2020.

A pergunta que Dr. Lloyd Jones buscou responder naquele período pós-guerra
é ainda a mesma para nós hoje e agora. Será que diante de tudo isso, dos
problemas externos e dos problemas internos, como tristeza, depressão,
desesperança, nós ainda podemos ter um coração tranquilo? É possível viver
com paz no coração mesmo diante de todas as dificuldades que nós vivemos?

No início do capítulo 14 de João, o Senhor Jesus faz uma verdadeira pausa na


sua caminhada até morte na cruz, faz uma pausa na sua missão e na sua
angustia pessoal, para que pudesse dar ouvidos e responder a angustia que
tomou o coração dos seus discípulos.

Era até plausível que os discípulos estivessem assim preocupados, tristes e


tomados pela angustia. Pouco tempo antes o próprio Jesus já havia alertado
eles que estava chegando o momento de sua morte e de sua partida para junto
do pai.

O lugar para onde Jesus estava indo os seus discípulos não podem seguir.
Além disso, a preocupação e tristeza só aumenta quando Jesus alerta que
entre eles havia alguém que haveria de trai-lo. Os discípulos veem cada vez
mais Jesus com um semblante sério e enquanto estava a mesa, o texto bíblico
diz que ele se angustiou em Espírito.

Essa série de situações, essa preocupação em relação ao futuro e a angustia


ao saber que não poderiam seguir o homem com quem caminharam todos
esses anos foi suficiente para tirar deles a paz e deixá-los tristes e agitados,
mas Jesus dando atenção a cada um deles e percebendo o que se passava no
coração dos seus discípulos, a quem ele amava, os consola e encoraja a não
ficarem tristes e não se preocuparem, mas buscarem seu descanso no Senhor.

Talvez seja aqui mesmo que esteja nossa primeira luz de esperança em Jesus.
Veja que apesar de tudo que Jesus vivia externa e internamente, mesmo
sabendo que estava próximo o momento mais crucial em todo o seu ministério
terreno, a morte na cruz, já sabendo que Pedro e todos os outros não estariam
ali junto dele, angustiando-se em espirito e sabendo que a hora de beber do
cálice da ira de Deus por nós era iminente, Jesus para tudo para oferecer suas
palavras de consolo, esperança e compaixão aos discípulos que ele amava.

Olhe para os evangelhos e vejam que Jesus nunca este alheio ao sofrimento
de quem quer que fosse. Ele jamais ignorou um caso de sofrimento. Ele nunca
passou apressado quando homens e mulheres estavam angustiados. Foi assim
com o cego na entrada de jerico, foi assim com o ladrão da cruz onde jesus
dizia eu não se preocupasse pois ele estaria com cristo no paraíso no mesmo
dia.

Jesus conhece o nosso coração, mesmo quando ninguém sabe o que passa
por ele. Mesmo quando nós não conseguimos nem por em palavras o que
passa dentro de nós. Para Jesus, naquele exato momento, os problemas, a
tristeza e a angustia dos seus discípulos não eram pequenas demais que ele
não pudesse para para oferecer suas palavras de orientação e de esperança.

Muito menos os nossos. É um erro pensar que Jesus não nos ouve. É um erro
pensar que ele não se importa. É um erro muito maior imaginar que ele não
tem nada a nos oferecer e que ele não pode, mesmo em meio a tribulação, nos
proporcionar a paz e o coração tranquilo que todos nós tanto desejamos nessa
vida e nesse tempo.
É da boca do próprio Jesus que saem as palavras de vida eterna. É dele
mesmo que teria milhares de razões para estar preocupado e até desesperado
que vem a paz que excede o entendimento humano e a paz que nós
precisamos hoje. É dele que tem poder sobre a terra e o mar, sobre a vida e a
morte que saem as palavras “ não se perturbe o coração de vocês”.

Eu não sei o que nesse dia tem roubado sua paz, tem trazido angustia e
tristeza ao seu coração e falta de esperança em relação ao futuro. Talvez seja
uma doença, talvez as notícias em relação ao nosso país, talvez alguma crise
familiar ou mesmo o pecado que tanto nos assedia e não só tira paz, mas
destrói a comunhão com Deus e uma vida de santidade.

Seja qual for a situação em que você se encontra hoje, saiba que as mesmas
palavras que ressoaram nos corações daqueles primeiros discípulos e que
fizeram toda a diferença na vida de cada um deles são as mesmas que são
ditas para nós agora. Isso porque elas foram ditas pelo mesmo Jesus que um
dia se entregou e uma vez por todas resolveu o problema do pecado, da morte,
da tristeza e da angustia e da falta de esperança para todo aquele que nele
crer. Por que Cristo morreu e ressuscitou nós podemos declarar junto com o
autor da carta aos Hebreus que diz no capítulo 4, versículo 15 e 16....

Porque não temos sumo sacerdote que não possa se compadecer das nossas
fraquezas; pelo contrário, ele foi tentado em todas as coisas, à nossa
semelhança, mas sem pecado.
Portanto, aproximemo-nos do trono da graça com confiança, a fim de
recebermos misericórdia e encontrarmos graça para ajuda em momento
oportuno.

Como nesses dias difíceis nós podemos ter um coração tranquilo? Comece se
entregando a Jesus, não só de palavras, não da boca pra fora e nem mesmo
através de obras, mas de todo o seu coração, com a toda sua força e com todo
o seu entendimento, com tudo o que você tem. E assim a paz de Cristo
inundará o seu coração. E assim o coração tranquilo tomara o lugar da mente
confusa e do coração angustiado. E assim, você e eu teremos não só uma vida
melhor, mas muito mais do que isso, teremos uma vida e uma eternidade com
Cristo.
2- Creiam em Deus

O caminho para um coração tranquilo e em paz nesses dias de crise são


possíveis não só porque Jesus se importa e se apresenta para nós a fim de
nos consolar e encorajar. Não só por ele ser quem é, mas também porque o
segredo para o coração tranquilo, ele mesmo diz, reside em nós crermos em
Deus e em Jesus.

Perceba que Jesus, completamente diferente de muito que é dito ensinado hoje
em dia, não diz que o segredo, que a chave para paz e um coração tranquilo
em meio as tribulações, está nos próprios discípulos.

Ele não diz que os seus seguidores devem ter força de vontade, devem buscar
as respostas em si mesmos, devem levantar e dar a volta por cima, muito pelo
contrário, Jesus apresenta a solução para a angustia e incerteza dos seus
discípulos encorajando eles a em meio as tribulações olharem para o Cristo e
crerem que ele suficientemente poderoso e capaz de proporcionar tudo o que
eles precisavam para continuar as suas vidas.

A orientação de Jesus em primeiro lugar não é para que seus seguidores


encarem de frente e com coragem seus problemas e os enfrente sem medo,
mas antes de tudo nós assim como aqueles discípulos somos chamados por
Cristo a conhecer e entender quem Deus é. A crer não na existência de um
Deus que cria o mundo, mas está alheio a tudo que ele criou. Somos
chamados por Cristo a crer num Deus que governa todo o mundo e que tem
controle sobre cada aspecto da sua criação.

Um Deus que ama os filhos a ponto de enviar o próprio Jesus como


instrumento da sua reconciliação dele com o mundo e com pessoas
completamente perdidas.
O que Jesus estava dizendo naquele momento e também nesse exato
momento é que a fé em Jesus é o único remédio para um coração conturbado.

Irmãos que nesses dias difíceis você possa se agarrar a certeza que vem pela
fé que o caminho que Jesus encorajou os seus discípulos a seguir não é um
salto no escuro e muito menos uma busca por força interior, mas é Confiar em
Deus e no seu Filho, é crer, confessar e descansar no seu poder, na sua
sabedoria, na sua providência, no seu amor e também na sua salvação.

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