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LIDERANÇA CRISTÃ

Data: 23/09/2020
Obs.: Aula baseada no material de autoria do Rev. Sérgio Lima (Instituto Reformado de São Paulo)

Alguns perigos para o líder

“Quando um homem se torna melhor, compreende cada vez mais claramente o mal que ainda existe
em si. Quando um homem se torna pior, percebe cada vez menos a sua própria maldade”.
C. S. Lewis

O líder espiritual enfrenta perigos muito sutis 1. Osvald Sanders diz que “o líder não está
imune às tentações da carne; contudo os perigos mais graves, contra os quais convém resguardar-
se, são os que expõem o Reino do Senhor Deus ao escárnio”.2

1) O Perigo do orgulho (Pv. 6:16,17; 11:2; 16:5,18; 29:13)


O simples fato de alguém ter sido elevado à posição de líder, com a proeminência que isto
lhe confere, tende a engendrar [criar] um orgulho e uma autoglorificação secreta que, se não forem
podados, o desqualificarão para o serviço a Deus. (cf. Pv 16:5; I Ts 2:6; Mc 12:38-40; Gl 5:26).

Três Testes por meio dos quais podemos descobrir se estamos sucumbindo [entregando-nos] ao
orgulho:
1) Inveja: Como reagimos quando uma pessoa foi selecionada para ocupar o cargo ou posição que
desejávamos?
2) Sinceridade: Como é que nos sentimos quando os outros dizem algumas verdades sobre nós?
3) Crítica: Aceitamos as críticas que nos são feitas?

Cuidado para não buscar títulos e altas posições, desejando o reconhecimento público. Esta
busca por posição acaba por cegar os líderes.

2) O Perigo da Popularidade (I Co 3:4-6,9 – Culto à personalidade)


A aceitação de lisonjas [bajulação, adulação] tão servis da parte do líder é evidência destas
mesmas fraquezas (imaturidade e carnalidade). Não é errado ser amado por aqueles a quem
1 Os perigos que estudaremos aqui foram extraídos de Robert A Orr. Liderança que Realiza. Asas do Socorro: 1
Anápolis. 2000, p. 373.
2 J. Oswald Sanders. Liderança Espiritual. Mundo Cristão: São Paulo: 1991, p.21.
servimos; contudo; sempre há o perigo de a devoção se desviar do Mestre para o servo. Segundo I
Ts. 5:12,13, devemos tomar cuidado para que a estima não degenere em adulação. O líder mais bem
sucedido é aquele que desvia o afeto de seus seguidores para Cristo, ao invés de para si mesmos.

Consequências quando sucumbimos à popularidade:


1a Solidão espiritual.
2a Fracassos morais.
3ª. Expectativas fora da realidade.
4a Distorção da nossa visão das pessoas.
5a Customização [personalização, particularização] da Teologia da igreja.
6ª. Adulação [puxa-saquismo] mútua.
7a Líder faz tudo sozinho (indispensabilidade) - não consegue delegar.

3) O Perigo da Suposta Infalibilidade (I Co 10:12)


Espiritualidade não pressupõe infalibilidade. O fato de sermos líderes, e sermos conduzidos
pelo Espírito Santo, sem dúvida significa que cometeremos menos erros; mas isto não quer dizer
que seremos infalíveis.
Precisamos ter a disposição para aceitar quando erramos; aceitar também, as críticas vindas
de outros irmãos. Isto sem dúvida, não diminui, mas aumenta a nossa influência como líderes.

4) O Perigo da impulsividade
Pedro, é um bom exemplo de líder impulsivo (Mt 26:51-52). Pedro tinha uma personalidade
“impulsiva” [impetuosa, incontida]; era dotado de temperamento rapidamente explosivo (pavio curto).

5) O Perigo de não saber lidar com a oposição


Penso que seja impossível exercer a liderança, sem que se encontre pelo caminho pessoas
difíceis e que nos façam oposição. (cf. Neemias, exemplo, Ne 2.18-19).

6) O Perigo da Desmotivação Ministerial.


Há várias razões ou fatores que podem causar a preguiça, a procrastinação e a falta de
motivação:
1. Uma visão obscura, propósitos, objetivos, alvos subjetivos;
2. A vocação ministerial que se tornou nebulosa ou fora de foco para a vida da pessoa;
3. Depressão ou ira “enterrada”;
4. Autopiedade;
5. Doença física, fadiga ou estresse;
6. Problemas emocionais não resolvidos;
7. Medo do fracasso;
8. Desgosto por uma tarefa ou projeto em especial;
9. Medo ou incapacidade de tomar decisões sábias ou de resolver problemas;
10. A obra ou tarefa parece amedrontadora demais.

Para suplantar esse perigo (da Desmotivação Ministerial), a pessoa precisa:


1. Identificar a causa da preguiça ou da procrastinação (medo, visão obscurecida, etc.);
2. Orar no sentido de fortalecer-se pelas fraquezas, seguindo o exemplo de Paulo (II Co
12.10);
3. Prestar contas a alguém que possa ajudá-lo a vencer o problema da letargia [inércia,
preguiça];

4. Confiar em Deus para ajudá-lo a vencer a fraqueza.

7) O Perigo da cobiça (I Tm 6: 5-10, 17-19)


Muitos líderes começaram bem, mas foram dominados pelo perigo de transformar seu
chamado e talentos dados por Deus na perseguição às riquezas. Muitos abandonam seus ministérios
porque o dinheiro se tornou mais importante que o chamado.

Três perguntas de avaliação:


1a) Você realiza seu papel de liderança porque é pago?
2a) Você exercita sua liderança porque sente-se melhor que os outros?
3a) Você realiza seu papel de liderança como profissão?

8) O Perigo do sentimento de fracasso e inadequação3 (Mq. 7:8-9)


A liderança faz exigências pesadas às pessoas que a abraçam com seriedade. Mas não com
pouca frequência, os líderes sofrem de um sentimento de fracasso e inadequação.
Sabemos que Deus não usa super-homens em sua obra, mas pessoas comuns que também
tem fraquezas e limitações. (Gideão. Juízes 6:15 – Moisés – Ex. 3:11 – Jeremias – Jr 1:6)

Para neutralizar este perigo (do sentimento de fracasso e inadequação):


1o) Humilhe-se perante Deus (I Pe 5:5-6);
2o) Tenha convicção de que está realizando a vontade de Deus;

3 Sugiro a leitura do cap. 3 do livro de Pastoreando a Igreja de Joseph M. Stowell pp. 71-93.
3o) Creia que Deus equipará você para o trabalho (Ef 4:7-16);
4o) Desenvolva comunhão com outros líderes;
5o) Encoraje e seja encorajado;
6o) Às vezes o fracasso ocorre pelo fato de termos estabelecidos alvos e padrões elevados e
irreais. “O fracasso não é fracasso, a não ser que não aprenda com ele” (cf. Pv. 24;16).

09) O Perigo das tentações sexuais.


Este perigo existia nos tempos bíblicos, mas também continua existindo em nossos dias.
Davi, Sansão, Salomão caíram nesta armadilha, e temos muitos exemplos contemporâneos.

10) O Perigo da inversão de prioridades.


“O maior perigo que você corre é deixar as coisas urgentes tumultuarem as importantes”
Charles E. Hummel.

A seguinte relação de prioridades, enumeradas por Erwin Lutzer 4, ajuda a escolher as muitas
opções que confrontam a todos nós no ministério.
1o) Orar é mais importante do que pregar
Quando Erwin Lutzer diz que “orar é mais importante do que pregar”, não está querendo
dizer que devemos gastar mais tempo em oração do que em estudo, embora possa haver ocasiões
quando isso será mais proveitoso. O que ele quer dizer é que devemos manter nosso tempo para a
oração ainda mais protegido do que o tempo para estudo. Quando formos obrigados a escolher, a
oração deve ter a prioridade.
2o) Pregar é mais importante do que administrar
Muitos líderes gastam tanto tempo administrando a igreja, fazendo boletins, presidindo
reuniões e realizando outras atividades, que acabam por tomar seu tempo para o estudo e a
meditação. Estas atividades são necessárias, mas não devem ocupar todo nosso tempo, pois estarão
nos desviando de nossa vocação. (Atos 6:4; Ef. 4:11-12; 2 Tm 2:1,2; 4:1,2). Sabemos que é o
ministério da Palavra que propicia maior impacto. Normalmente, a igreja pode tolerar a
administração frágil, se tiver uma pregação eficaz. Não há nada mais trágico do que as pessoas irem
à igreja e retornarem a seus lares sem o alimento espiritual.
3o) A família é mais importante do que a igreja
Como pastores, recebemos nossa afirmação da congregação. Nossos sucessos e fracassos
são conhecidos de muitas pessoas. O resultado é que nos sentimos vulneráveis à pressão da opinião

4 LUTZER, Erwin. De Pastor Para Pastor. Editora Vida. 2001. São Paulo: SP. p. 129-143.
pública. Isso explica a forte tentação por atender às expectativas da congregação, colocando-as
acima das necessidades da esposa e dos filhos.
4o) Ser fiel é mais importante do que competir
Os membros de nossa congregação nos comparam com os pregadores dos programas
televisivos ou com os pastores mais famosos. Se nos concentrarmos neles, logo estaremos
insatisfeitos com nosso trabalho. Saberemos que conseguimos vencer o espírito de comparação
quando formos capazes de nos alegrar com o êxito. Quando estivermos satisfeitos com nossa
pequena parte na Obra de Deus, teremos um senso de satisfação e realização.
5o) Amar é mais importante do que ser hábil
O amor em si não nos qualifica para liderar ou pastorear uma congregação, mas Paulo nos
diz que devemos nos concentrar primeiro no amor. Nem mesmo o melhor ensino bíblico será capaz
de transformar vidas, se não tiver sido filtrado através de uma personalidade repleta de amor.
Quando atacamos rigidamente o pecado, raramente motivamos a congregação à santidade. No
entanto, quando pregamos com mansidão e amor, o Espírito Santo abranda os corações
empedernidos. Não podemos nos cansar de dizer: “sem amor, nada somos”.

Considere, caro líder, seus compromissos e pergunte-se, “o que posso mudar para viver de
acordo com as prioridades do Senhor?” Corte tudo o que não corresponde às elevadas prioridades.
Agindo assim, provavelmente, descobriremos que estamos realizando muito mais do que antes.
Quando buscamos em primeiro lugar o Seu reino e a Sua justiça, nossa produtividade não tem fim.
Apenas quando tivermos realizado o essencial, damos a Deus a chance de acrescentar ao nosso
ministério outras questões que anteriormente eram a nossa primeira preocupação. Se as nossas
prioridades não forem corretas, nosso ministério também não o será.

11) O Perigo ao criticar pessoas


O líder é alguém responsável por ver coisas erradas e sente-se na obrigação de corrigi-las.
Para evitar desgastes desnecessários, o líder precisa ter sabedoria ao fazer suas críticas. John
Alexander, nos dá algumas dicas para criticar com sabedoria.

1o. Ore. (A oração abre caminhos);


2o, Seja direto. Mt. 18:15. Não use tabelas, não mande recados. Fale diretamente com a pessoa.
3o. Faça em particular. “… entre Ti e Ele só “. Criticar uma pessoa na frente de outras é falta de
educação.
4o. Não faça crítica com raiva (Pv 25:11). Pois tal causará uma reação exagerada.
5o. Seja honesto. Nada é mais frustrante do que uma crítica desonesta.
6o. Lance mão de todos os fatos. Não distorça a verdade. Lembre-se de que há sempre dois lados a
serem considerados.
7o. Fale a verdade em amor. (Ef. 4-15). O verdadeiro amor ameniza o impacto da crítica.
8o. Cultive o direito de ser ouvido: Para fazer uma crítica é preciso que alguém ouça. Esse “ouvir”
significa que o outro confia em você. Essa confiança não é imposta, mas conquistada.
9o. Verifique os motivos: Qual o motivo verdadeiro? Está você querendo se vingar?
10o. Ofereça alternativas. Ao criticar, ofereça alternativas de soluções.

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