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Capítulo 5 – DA PROVIDÊNCIA

■ Parágrafo 1º

■ A extensão da providência de Deus

Há um verdadeiro Deus que decretou todas as coisas. A CFW parte desse ponto
para nos dizer como Deus decretou todas as coisas.

Deus, o grande Criador providencialmente sustenta todas as coisas, ou, como a


carta aos Hebreus diz: “sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder” (Hb
1.3). O sustento da criação por Deus não é um programa básico de manutenção. Ele
“sustenta, dirige, dispõe e governa” sua criação – todas as suas criaturas, as ações delas
e todas as partes dessa criação. Hodge diz: “Deus tem um contínuo controle de todas as
suas criaturas e de todas as ações delas”.

É explicitamente ensinado na Escritura: “e por ele toda as coisas subsistem” (Cl


1.17). “Ele sustenta todas as coisas pela palavra de seu poder” (Hb 1.3). “Nele vivemos
e nos movemos e temos nossa existência” (At 17.28). “Bendizei a nosso Deus... que
sustenta nossa alma com vida” (Sl 66.8; 63,8; 36.6).

● Exemplos: → Esse absoluto controle sobre as nações é retratado de forma


muito vívida nos sonhos enviados ao rei Nabucodonosor e explicados pelo profeta
Daniel (Dn 4.26 - ... o Céu domina). → Paulo pregando aos céticos em Atenas,
relembra-lhes que Deus “é quem a todos dá vida, respiração e tudo mais” e quem fixa
“os tempos previamente estabelecidos e os limites da sua habitação” (At 17.25-28). →
Essa providência perfeita é a mensagem de Deus comunicada a um Jó bastante quieto
após tolamente exigir uma entrevista com seu Criador (Jó 38-41). → Jesus lembrou aos
seus discípulos: todas as coisas estão sob controle de Deus, “desde a maior até a
menor”. Todas as coisas estão debaixo da direção de Deus, seja um pardal que cai do
céu ou um fio de cabelo que caia da nossa cabeça (Mt 10.29-31).

■ A bondade da providência

Podemos confiar em Deus. Toda a providência de Deus é “mui sábia e santa”


(Pv 15.3; Sl 104.24; 145.17), porque está em perfeita harmonia com “sua infalível
presciência” (At 15.18; Sl 94.8-11) e “o livre e imutável conselho de sua própria
vontade” (Ef 1.11).

■ A glória da providência de Deus

Saber que podemos confiar na providência de Deus é reconfortante. A razão de


Jesus falar de seu cuidado pelo pardal era assegurar o seu cuidado para conosco.

A providência de Deus trabalha para o louvor de sua própria glória em meio a


seu povo na terra e entre os poderes do próprio céu (Ef 3.10). Deus está dirigindo “todas
as criaturas, todas as ações delas e todas as coisas” para a sua glória. Se queremos que
Deus cresça e nós diminuamos, então fazemos bem em meditar a respeito de sua
providência, sua mão sobre nossas vidas e sua obra em seus santos do passado.

● Exemplos: → Pense no profeta Isaías, que aprendeu a reconhecer a glória da


sabedoria de Deus ao observar o caminho pelo qual Deus mantém um cavalo correndo
livre sem tropeçar, ou um rebanho de gado que desce para casa sem confusão (Is 63.13-
14). → Lembre-se de José, que exaltou a glória do poder de Deus ao refletir sobre como
o Senhor transformou uma triste tentativa de destruir um irmão em salvação para toda a
família (Gn 45.7). → Reflita sobre Paulo, que indagou sobre a glória da justiça de Deus
em punir o Faraó, e sobre a bondade de Deus em salvar os egoístas israelitas (Rm 9.17).
→ Nunca se esqueça do salmista, que conhecia por si mesmo a glória da misericórdia
de Deus. Por isso, ele cantou sobre a “muita bondade” de Deus (Sl 145.7).

■ Parágrafos 2º e 3º

■ A causa primária

A perfeita providência de Deus (sua organização e cuidado de todas as coisas no


tempo) é a realização de sua perfeita predestinação (seu plano e ordenamento de todas
as coisas na eternidade). Portanto, como o parágrafo 2º do capítulo 5 afirma: “em
relação à presciência e ao decreto de Deus”, “todas as coisas acontecem imutável e
infalivelmente”.

No mundo de Deus, ele é o arquiteto e o mestre de obras, e nenhum detalhe será


mudado já que “todas as coisas acontecem”. Como Pedro lembrou às multidões de
Jerusalém, essa presciência e esse decreto se estendem por todas as coisas. Até mesmo a
prisão e execução do próprio Filho de Deus se deram “pelo determinado desígnio e
presciência de Deus” (At 2.23). Deus é a causa primária. Ele é o executor de sua própria
vontade.

■ Causas secundárias: necessárias, livres, contingentes

Deus não precisa da ajuda de ninguém. Em outras palavras, ele poderia


permanecer como a única causa de todos os efeitos. Mas ele não fez assim. Em sua
sábia providência ele escolheu governar o mundo com padrões e regularidades (Gn
8.22), onde alguns eventos ou ações causam outros eventos e ações.

Deus ordenou que todas as coisas aconteçam de acordo com o que poderíamos
chamar de “a natureza das causas secundárias”. De nossa perspectiva, essas causas e
seus efeitos aparecem de várias formas. Algumas causas são necessárias, algumas livres,
algumas contingentes. Esses três tipos de causas são ilustrados dentro da própria
Escritura.

● Exemplos: → Primeiro, como nos lembra Jeremias, Deus nos deu o sol para a
luz do dia e a lua e as estrelas para a luz da noite. Esses são meios ou causas
necessárias para a iluminação de nosso mundo, enquanto ele existir (Jr 31.35). →
Segundo, conforme nos lembra Êxodo 21 ou Deuteronômio 19, podia ocorrer que um
homem sem intenção matasse outro em Israel. Se isso acontecesse, ele tinha alguma
liberdade de meios para preservar a própria vida; algumas formas de aumentar suas
chances de sobreviver. Ele poderia, por exemplo, fugir para uma das cidades de refúgio
(compare Êx 21.13 com Dt 19.5). → Terceiro, podemos nos lembrar das palavras do
profeta Miqueias, que disse ao rei Acabe que este morreria na batalha. Conforme
Miqueias explicou às pessoas a sua volta, a contingência da morte de Acabe seria o
meio para estabelecer se Miqueias falava ou não em nome de Deus. Se morresse o
rei, então o profeta estaria falando a verdade (1Rs 22.28.34). se não, ele seria um
mentiroso.

É importante entender que Deus tinha decretado definitivamente qual seria o


resultado de cada um desses três eventos. Mas ele também decidiu que o funcionamento
do sistema solar seria uma causa necessária para a luz na terra. Ele resolveu que os
homens seriam salvos ou se perderiam por suas escolhas de uma cidade de refúgio (uma
causa livre). Também decretou que a integridade de Miqueias como profeta dependeria
da morte de Acabe (uma causa contingente).

É claro que Deus pode fazer tudo isso sem a concorrência ou o conhecimento
das pessoas. Na verdade, essa foi uma das mensagens de Isaías para a Assíria: que Deus
pode tornar exércitos instrumentos seus. Ele pode usá-los para realizar tarefas que
passam longe das intenções dos próprios comandantes deles (Is 10.6-7).

■ Providência ordinária e menos ordinária

Ordinariamente, Deus usa vários “meios” para efetuar sua vontade soberana.
Seja enviando chuva à terra ou pregadores ao seu povo, os propósitos deles são
alcançados por diversos meios (Is 55.10). Ele é aquele que faz o céu e a terra
conspirarem juntos para produzir o grão, o vinho e o azeite que apreciamos (Os 2.21-
22).

Entretanto, Deus não está limitado à “providência ordinária”. Ele pode – e às


vezes o faz – subverter todas as presunções comuns acerca de sua obra no mundo. Deus
é livre em sua obra, conforme nos lembra o parágrafo 3º, e vemos isso nas páginas da
história sagrada. Ele é “livre para operar” fora dos parâmetros normais.

Deus também pode operar acima dos meios normais. O que quer dizer que ele
pode romper as limitações convencionais e subverter as verdades aceitas. Ele pôde dar
um filho à já idosa Sara, muito depois de ela ter perdido sua capacidade de gerar filhos
(Rm 4.19-20). Deus pode operar contra os meios normais também. Por isso nos dias de
Eliseu ele fez com que um machado de ferro flutuasse sobre a água (2Rs 6.6). Nos dias
de Daniel ele fez com que três homens ficassem ilesos mesmo lançados em uma
fornalha tão quente que matou aqueles que se aproximaram dela (Dn 3.27).

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