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Para onde vai a história e por quê? E se nada está fazendo com que o padrão da
história se desenvolva como se dese volve? São perguntas com que se
defrontam todas as pessoas que pensam, afetando de modo decisivo todo o
estilo de vida delas. A resposta do cristianismo é que Deus tem um plano que
inclui tudo o que ocorre e que ele está atuando neste momento, concretizando
seu piano.
De nição
Podemos de nir o plano de Deus (que muitas vezes é designado como seus
decretos) como sua decisão eterna no eternidade passada, tornando certa a
concretização de todas as coisas que virão a acontecer. Existem analogias
que, embora necessariamente insu cientes, podem nos ajudar a compreender
esse conceito. O plano de Deus é como os planos da arquiteta, desenhados
primeiro em sua mente e depois no papel, de acordo com a intenção e o desejo
dela, e só posteriormente executados em estr tura concreta. Ou pode-se pensar
em Deus como um general que elabora com cuidado um plano de batalha a ser
executado por seu exército.
Preordenar e predestinar
Vamos usar o termo preordenar em sentido mais amplo, ou seja, em referência às
decisões divinas a respeito de quaisquer questões no âmbito da história cósmica.
"Prede tinar" cará reservado para a questão da salvação ou condenação
eterna. Dentro da predestinação, "eleição" será usado para designar o ato
positivo de Deus ao escolher indivíduos, nações ou grupos para que tenham vida
e comunhão eterna com ele, enquanto "reprovação" será usado para designar a
predestinação negativa ou o ato de Deus escolher alguns para sofrer condenação
ou perdição eterna.
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Antigo Testamento
1. Para os autores do Antigo Testamento, era praticamente inconcebível que
alguma coisa pudesse acontecer à parte da vontade e da obra de Deus.
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5. Na literatura sapiencial e nos profetas a ideia de um propósito divino
abrangente é proeminente. Desde o início, por toda a eternidade, Deus tem
um plano abrangente que comporta toda a realidade e se estende até os
menores detalhes da vida. "O SENHOR fez todas as cousas para determinados
ns e até o perverso, para o dia da calamidade" (Pv 16.4; cf. 3.19,20; Jó 38,
especialmente v. 4; Is 40.12; Jr 10.12,13). Nós, humanos, talvez nem sempre
compreendamos quando Deus executa seu propósito em nossa vida. Essa foi a
experiência de Jó ao longo do livro que leva seu nome; ela é articulada
especialmente em 42.3: "Quem é aquele, como disseste, que sem
conhecimento encobre o conselho? Na verdade, falei do que não entendia;
cousas maravilhosas demais para mim, cousas que eu não conhecia".
Portanto, segundo o entender do crente veterotestamentário, Deus criara o
inundo, dirigia a história e tudo isso era apenas a concretização do plano
preparado na eternidade, estando relacionado com sua intenção de ter
comunhão com seu povo.
Novo Testamento
1. Jesus. O plano e o propósito de Deus é também proeminente no Novo
Testamento. Jesus a rmou que Deus havia planejado não apenas os eventos
grandes e complexos, tais como a queda e destruição de Jerusalém (Lc
21.20-22), mas também detalhes, como a apostasia e a traição de Judas e a
delidade dos demais discípulos (Mt 26.24; Mc 14.21; Lc 22.22; Jo 17.12;
18.9). O cumprimento do plano de Deus e da profecia do Antigo Testamento é
um tema proeminente nos escritos de Mateus (1.22; 2.15, 23; 4.14; 8.17; 12.17;
13.35; 21.4; 26.56) e João (12.38; 19.24, 28, 36). Embora os críticos possam
objetar, alegando que algumas dessas profecias foram cumpridas por pessoas
que as conheciam e poderiam ter interesse em vê-las cumpridas (e.g., Jesus
cumpriu SI 69.21 ao dizer "Tenho sede" [Jo 19.28]), é notável que outras
profecias tenham sido cumpridas por pessoas que não tinham desejo de
cumpri-las e, provavelmente, nem as con eciam, tais como os soldados
romanos que lançaram sortes sobre a túnica de Jesus e não quebraram
nenhum de seus ossos.3Mesmo quando não havia nenhuma profecia
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especí ca a cumprir, Jesus transmitia um senso de necessidade quanto aos
eventos futuros. Por exemplo, ele disse aos discípulos: "Quando, porém,
ouvirdes falar de guerras e rumores de guerras, não vos assusteis; é necessário
assim acontecer, mas ainda não é o m [...] é necessário que o evangelho seja
pregado a todas as nações" (Mc 13.7,10).
3. Paulo. É nos escritos de Paulo que o plano divino de acordo com o qual tudo
acontece torna-se mais explícito. Tudo que ocorre acontece por escolha de
Deus e de acordo com sua vontade (ICo 12.18; 15.38; Cl 1.19). A própria sorte
das nações é determinada por ele (At 17.26). A obra redentora de Deus
desenvolve-se de acordo com seus propósitos (G1 3.8; 4.4,5). A escolha de
indivíduos e nações para si e os acontecimentos conseqüentes são obras
soberanas de Deus (Rm 9 —11). Pode-se muito bem usar a gura do oleiro e
do barro, que Paulo emprega em uma referência um tanto especí ca e limitada
(Rm 9.20-23), e vê-la como expressão de toda sua loso a de história. Paulo
entende que "todas as cousas" que acontecem são parte da vontade de Deus
para seus lhos (Ef 1.11,12). Assim, Paulo diz que "todas as cousas cooperam
para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo
o seu propósito" (Rm 8.28), seu propósito sendo o de que sejamos "conformes
à imagem de seu Filho" (v. 29).
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Agora precisamos compilar, dessas referências bíblicas numerosas e variadas,
algumas características gerais do plano de Deus. Isso nos permitirá compreender
de modo mais completo como é esse plano e o que podemos esperar de Deus.
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Deus não teve de criar. Ele precisava agir com amor e santidade em tudo
quanto zesse, mas não se exigia que criasse. Livremente, por razões que nos
são desconhecidas, ele resolveu criar.
4. O propósito do plano de Deus é Sua glória. Paulo indica que Deus nos
escolheu em Cristo e nos destinou "segundo o beneplácito de sua vontade,
para louvor da glória de sua graça" (Ef 1.5,6). O que Deus faz, ele o faz por
amor ao seu próprio nome (Is 48.11; Ez 20.9). Jesus disse que seus seguidores
deveriam permitir que suas luzes brilhassem de modo que os outros
pudessem ver suas boas obras e glori car o Pai no céu (Mt 5.16; cf. Jo 15.8).
Isso não signi ca que não haja motivações secundárias por trás do plano de
Deus e das ações dele resultantes. Ele providenciou os meios de salvação
para consumar seu amor pela humanidade e sua preocupação com seu bem-
estar. Isso, porém, não é o m último, mas apenas um meio para atingir o
grande m, a glória da própria pessoa de Deus.
5. O plano de Deus inclui tudo. Isso está implícito na grande variedade de itens
mencionados na Bíblia como partes do plano de Deus. Além disso, entretanto,
há declarações explícitas sobre a amplitude do plano de Deus. Paulo fala de
Deus como aquele que "faz todas as cousas conforme o conselho da sua
vontade" (Ef 1.11). O salmista diz: "ao teu dispor estão todas as cousas" (SI
119.91). Se todos os ns fazem parte do plano de Deus, assim também todos
os meios. E apesar de às vezes carmos inclinados a pensar em áreas
sagradas e áreas seculares da vida, do ponto de vista de Deus tal divisão não
existe. Não há áreas que estejam fora de sua consideração e decisão.
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7. O plano de Deus diz respeito ao que Ele decidiu e faz, não ao que Ele é.
Diz respeito a suas decisões quanto ao que deve fazer, não a seus atributos
pessoais. Deus não precisa escolher ser amoroso ou poderoso; aliás, ele não
poderia fazer outra escolha. Portanto, as decisões de Deus dizem respeito a
objetos, eventos e processos externos à sua natureza divina, não ao que é ou
ao que se revela em sua pessoa.
8. O plano de Deus diz respeito ao que Deus faz, garantindo que façamos
livremente o que planejou. Isso também envolve a vontade e a ação humana,
mas apenas de forma secundária, ou seja, como um meio para alcançar seus
propósitos ou como conseqüência de ações por ele praticadas. Note que,
aqui, a função de Deus é decidir que certas coisas ocorrerão em nossa vida,
não dar ordens para que atuemos de determinada forma. O plano de Deus não
nos força a agir de maneira especí ca, mas assegura que vamos agir
livremente daquela forma. Portanto, embora o plano de Deus diga respeito
principalmente ao que Deus faz, também inclui os atos humanos. Jesus
observou, por exemplo, que a reação dos indivíduos à sua mensagem era
conseqüência da decisão do Pai (Jo 6.37, 44; cf. 17.2, 6, 9). Lucas disse em
Aios 13.48 que "creram todos os que haviam sido destinados para a vida
eterna".
9. O plano de Deus inclui boas obras é até as más obras. Os maus atos dos
indivíduos, que são contrários à lei e aos propósitos morais de Deus, também
são vistos nas Escrituras como parte do plano de Deus, como obras
preordenadas por ele. A traição, a condenação e a cruci cação de Jesus são
um exemplo destacado disso (Lc 22.22; At 2.23; 4.27,28).
10. O plano de Deus em seus aspectos especí cos não muda. Deus não muda
de idéia nem altera suas decisões a respeito de determinações especí cas.
Isso pode parecer estranho quando pensamos na suposta alteração de seus
propósitos em *relação a Nínive (Jn) e seu aparente arrependimento por ter
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criado os seres humanos (Gn 6.6). A declaração em Gênesis 6.6, porém, deve
ser entendida como um antropomor smo e o anúncio da destruição iminente,
feito por Jonas, deve ser visto como um alerta usado para concretizar o
verdadeiro plano de Deus para Nínive. Precisamos ter em mente que a
constância é um dos atributos da grandeza de Deus.
2. Exemplo: Israel não queria Deus. Quando Paulo diz que Deus conheceu de
antemão o povo de Israel, ele não se refere apenas a um conhecimento prévio
de Deus. Aliás, ca claro que a escolha que Deus faz de Israel não foi feita de
acordo com um conhecimento prévio de uma resposta favorável da parte do
povo. Se Deus tivesse previsto tal resposta, certamente estaria errado.
Observe que em Romanos 11.2 Paulo a rma: "Deus não rejeitou o seu povo, a
quem de antemão conheceu", seguindo-se uma discussão sobre a
incredulidade de Israel. Com certeza, nessa passagem, presciência deve
signi car mais que conhecimento prévio. Em Atos 2.23, a presciência está
vinculada à vontade de Deus. Além disso, em IPedro 1, lemos que os eleitos
são escolhidos de acordo com a presciência de Deus (v. 2) e que Cristo era
pré-conhecido antes da fundação do mundo (v. 20). Insinuar que presciência,
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aqui, signi ca nada mais que conhecimento prévio é praticamente privar esses
versículos de todo e qualquer signi cado real. Precisamos concluir que o
termo presciência, conforme empregado em Romanos 8.29, transmite a idéia
de disposição favorável ou seleção, bem como conhecimento prévio.
Liberdade Humana
Que signi ca dizer que sou livre?
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4. Minha liberdade, portanto, existe dentro dessas limitações. Por conseguinte,
minha liberdade deve ser compreendida como minha capacidade de escolher
entre várias opções de acordo com o que sou.
5. E o que sou é uma conseqüência da decisão e da atividade de Deus. Deus
está no controle de todas as circunstâncias que regem minha situação de vida.
Ele pode empregar (ou permitir que sejam empregados) fatores que farão com
que determinadas opções sejam atraentes para mim. Por meio de todos os
fatores que atuaram na minha vida no passado, ele me in uenciou para que eu
fosse o tipo de pessoa que sou agora. Aliás, ele afetou o que aconteceu ao
desejar que eu fosse a pessoa a ser trazida à existência.
2. Erro dos arminianos. Mas outros diriam que a liberdade humana só existe se
ambas as perguntas puderem ser respondidas a rmativamente; ou seja, se o
indivíduo não apenas pudesse fazer outra escolha, mas também pudesse ter o
desejo de fazer outra escolha. Segundo entendem, liberdade signi ca
espontaneidade total, escolha aleatória. Destacaríamos para eles que, no que
diz respeito a decisões e ações humanas, nada é completamente espontâneo
ou aleatório. Há uma medida de ‘previsibilidade' no comportamento humano; e
quanto mais conhecemos o indivíduo, mais temos condições de prever suas
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reações. Por exemplo, um amigo chegado ou parente pode dizer: "Sabia que
você ia falar isso". Se concluirmos que liberdade signi ca escolha aleatória, a
liberdade humana é uma impossibilidade prática. Mas se liberdade signi ca
capacidade de escolher entre opções, a liberdade humana existe e é
compatível com o fato de Deus garantir nossas decisões e ações. Deve-se
notar que se a certeza do que ocorrerá é incompatível com a liberdade, a
presciência de Deus, como os arminianos a entendem, apresenta tantas
di cu dades para a liberdade humana quanto a preordenação divina. Pois se
Deus sabe o que vou fazer, deve haver alguma certeza de que eu o farei. Se
não houvesse certeza, Deus não teria como sabê-lo; ele poderia cometer erros
(eu poderia agir de modo diferente do que ele espera). Mas se o que vou fazer
é certo, então com certeza vou fazê-lo, quer eu saiba quer não o que vou fazer.
Vai acontecer! Mas nesse caso será que sou livre? No entender daqueles cuja
de nição de liberdade exige a implicação de que não pode haver certeza de
que determinado fato ocorrerá, presume-se que eu não sou livre. Para eles, a
presciência divina é tão incompatível com a liberdade humana quanto a
preordenação.
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Vontade de Deus: o que lhe agrada e o que decide.
1. Entenda: A primeira (agrada) é intenção geral de Deus, os valores com que se
agrada. A última (decide) é a intenção especí ca em dada situação, o que ele
decide que deve de fato acontecer. Há ocasiões, muitas delas, em que Deus
deseja permitir e, portanto, faz com que ocorra, o que ele na realidade não
quer. É o caso do pecado. Deus não deseja que o pecado ocorra. Há ocasiões,
no entanto, em que ele simplesmente diz: "que seja", permitindo que o homem
escolha livremente uma conduta pecaminosa.Por exemplo, o pecado é
universalmente proibido, mas, ao que parece, Deus quer que ele ocorra. Com
certeza, as Escrituras proíbem o homicídio, mas execução de Jesus foi, ao que
parece, desejada por Deus (Lc 22.22; At 2.23). Além disso, é dito que Deus não
deseja que ninguém pereça (2Pe 3.9), mas, ao que parece, na realidade ele não
quer que todos sejam salvos, já que nem todos serão salvos.
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Deus já escolheu (elegeu) os que serão salvos e os que não serão, que
diferença faz se nós (ou qualquer outra pessoa) procurarmos propagar o
evangelho? Nada pode mudar o fato de que os eleitos serão salvos e os não
eleitos não serão.
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