Você está na página 1de 7

Predestinação e Eleição

Introdução

Hoje começamos a explorar a Soteriologia, que é o estudo sobre a Salvação, e vamos falar da
Predestinação (Decretos) e da Eleição. Antes de tudo, é bom destacar a diferença entre esses
dois termos. A Predestinação (Decretos) diz respeito do decreto de Deus em que ele
preordenou todas as coisas antes da fundação do mundo. A Eleição sendo um decreto de Deus
diz respeito ao fato de que Deus escolheu dentre toda a humanidade pecadora, alguns para
demonstrar misericórdia por meio da salvação.

A teologia reformada dá ênfase especial para o atributo da soberania de Deus, que diz que
Deus tem a autoridade, a liberdade, a sabedoria e o poder legitimo para cumprir tudo o que
Ele pretende que aconteça. E, portanto, tudo o que Ele pretende que aconteça, acontece.
Nesse estudo nós poderemos ver o atributo da Soberania de forma pratica, portanto
começaremos falando sobre a predestinação.

Predestinação (Decretos) – o que é?

A Predestinação, também conhecida como Decreto Divino, pode ser definida como o propósito
ou plano de Deus, justo, sábio e santo, pelo qual eternamente, ele determina todas as coisas
que vão acontecer. São desígnios preestabelecidos, perfeitos e imutáveis, pelos quais Ele
governa soberanamente toda a história e concretiza Sua vontade.

"Nele também fomos feitos herança, predestinados segundo o propósito daquele que faz todas
as coisas conforme o conselho da sua vontade," (Ef 1;11)

Predestinação (Decretos) – Características

Eterno: Deus é eterno, isso significa que ele não está sob o domínio do tempo, Deus não é
contido pela sua criação pois é eterno, da mesma forma sua vontade é eterna e existe desde
sempre. Tudo que ele predestinou foi antes da criação do mundo. A vontade divina é revelada
desde a criação e ao longo da história, mas essa vontade existe desde sempre, assim como a
sua execução foi planejada desde o início. A vontade e os decretos de Deus são eternos porque
vêm da natureza divina, que é eterna.

"O conselho do Senhor permanece para sempre; os intentos do seu coração, de geração em
geração." (Sm 33;11).

Imutáveis: O homem pode mudar e, muitas vezes, alterar seus planos por diversas razões.
Muitas vezes, planejamos comprar uma casa, um carro ou até mesmo fazer uma viagem, e
estamos certos de que queremos isso. Mas, em algum momento, mudamos de ideia ao sermos
confrontados pelos preços ou por oportunidades mais convenientes. Mas em Deus, isso não
acontece. Ele não está em dúvida, confuso ou à espera de uma oportunidade melhor. Por isso,
Ele não tem necessidade de mudar o Seu decreto. Ele é o Deus imutável.
"Deus não é homem, para que minta; nem filho do homem, para que se arrependa. Porventura,
tendo ele prometido, não o fará? Ou, tendo falado, não o cumprirá?" (Nm 29;19)

Eficaz: Quando se diz que o decreto de Deus é eficaz, não quer dizer que Deus vai descer no
mundo e aplicar a sua vontade a qualquer custo, e tambem não significa que em alguma hora
a vontade de Deus vai acontecer. A verdade é que a vontade de Deus e o que ele decretou, já
está em vigor desde antes da criação do mundo e até agora tudo tem ocorrido de forma eficaz,
exatamente como Deus preordenou, e Deus faz isso de forma que não tire a liberdade de
ninguém e não altere a condição natural das coisas.

"Assim será a palavra que sair da minha boca: não voltará para mim vazia, mas fará o que me
apraz e prosperará naquilo para que a designei." (Is 55;11)

Predestinação (Decretos) – Distinção da vontade de Deus

As coisas encobertas pertencem ao Senhor nosso Deus, porém as reveladas nos pertencem a
nós e a nossos filhos para sempre, para que cumpramos todas as palavras desta lei. (Dt 29:29)
Quando geralmente falamos da vontade de Deus temos em mente a vontade decretiva, e
quando as pessoas perguntam “Qual é a vontade de Deus para a minha vida?” nós precisamos
lembra-las que a bíblia usa essa expressão de várias formas diferentes.

Decretiva: A vontade decretiva de Deus e a vontade pela qual Ele soberanamente faz
acontecer tudo o que quer. As vezes é chamada de “a vontade absoluta de Deus” ou “a
vontade soberana de Deus”, mas normalmente falamos “Vontade Decretiva”. Ou seja, quando
Deus decreta soberanamente que algo vai acontecer, tal evento deve acontecer, a bíblia
frequentemente fala sobreo determinado conselho de Deus. Quando Deus decretou, dede a
eternidade, que Cristo teria que morrer em uma cruz em Jerusalém, tal evento certamente
teria que acontecer.

Ele acontece pelo determinado conselho de Deus ou vontade de Deus. É sobre isso que nos
referimos quando falamos de vontade decretiva, essa vontade que Deus faz se concretizar
pelo poder absoluto da sua soberania. É irresistível, tem que acontecer. Quando Deus chama
ao mundo a existência, ele vem a existência, ele não pode não começar! Essa é a vontade
decretiva de Deus

Preceptiva: Nós vemos que a vontade decretiva não pode ser resistida, já a vontade
preceptiva, não só pode ser resistida por nós, como é resistida frequentemente. A vontade
preceptiva de Deus pode ser resumida em sua lei moral, é uma referencia a seus
mandamentos, “Essa é a vontade de Deus: Não terás outros deuses diante de mim”. Agora
quando as pessoas perguntam: “Como posso saber a vontade de Deus para a minha vida?”
devemos perguntar de volta: “A qual vontade você se refere?”, existe uma vontade de Deus
oculta a nós, e nós não conseguimos ler a mente de Deus para saber o que precisamos fazer
em uma situação especifica, isso beira o misticismo quando precisamos saber se “Deus quer
que eu use a camisa branca ou a azul?”, ou “Deus quer que eu vá de ônibus ou de uber?”.

Tudo que podemos fazer é ler a palavra de Deus, e tudo que a bíblia faz é nos dar sua palavra
revelada, isso é o suficiente para passarmos o resto das nossas vidas buscando compreender
aquilo que o próprio Deus revelou nesse livro. Não perca seu tempo tentando entender coisas
que não são reveladas a nós, leia as escrituras!

Predestinação (Decretos) – O que abrange?


A História: Os decretos de Deus abrangem a história, o Senhor determinou os tempos, de
ascensão a queda de todos os povos e tambem as regiões especificas que os mesmos
deveriam ocupar "De um só fez ele todos os povos da terra, para que povoassem toda a face
da terra, tendo determinado os tempos previamente estabelecidos e os limites da sua
habitação." (At 17;26).

Ele decretou os atos cruéis da Assíria "Aí da Assíria, a vara da minha ira, pois a minha
indignação está neles. Eu o enviei contra uma nação ímpia e contra o povo da minha ira o
mandei, para que lhe saqueasse os despojos e lhe tomasse o que é presa, e o pisoteasse como
a lama das ruas." (Is 10;5,6), e a queda desses impérios por não reconhecer que era só um
instrumento nas mãos de Deus (Is 10;12-15).

Ele decretou a destruição das nações por meio dos babilônios (Sf 3;8) e planejou a restauração
de Jerusalém por meio de Ciro (Is 44;24-28 / 46;11).

As ações de Herodes, Pôncio Pilatos, dos gentios e do povo de Israel no trato com Jesus foram
predeterminadas por Deus "Porque verdadeiramente se ajuntaram, nesta cidade, contra o teu
santo Servo Jesus, ao qual ungiste, Herodes e Pôncio Pilatos, com gentios e gente de Israel,
para fazerem tudo o que a tua mão e o teu propósito predeterminaram." (At 4;27,28). O
Senhor tambem decretou que a história termine com a sujeição completa de todo universo a
Cristo (Ef 1;9,10). As profecias do AT e os ensinos do NT acerca do futuro nada mais são que
revelações dos decretos de Deus referentes à história do universo.

O Governo humano: Ainda que os diversos países sejam governados por homens e sistemas
legais injustos, reconhecemos que os decretos de Deus abrangem tambem o governo humano,
não havendo nenhuma autoridade política que não tenha sido estabelecida por Ele "Que toda
alma esteja sujeita às autoridades superiores; porque não há autoridade que não proceda de
Deus; e as autoridades que existem foram por ele instituídas." (Rm 13;1). Foi Deus quem deu
autoridade e poder a faraó (Rm 9;17), a Ciro (Is 41;2-4 / 45;1-7) e a Pilatos (Jo 19;10,11), tudo
com o objetivo de por meio deles cumprir seus decretos.

Desse modo, ele, o Senhor, tem pleno domínio sobre o reino dos homens e o dá a quem ele
quer movendo o coração dos governantes de acordo com seus propósitos às vezes misterioso,
mas sempre justo. "Como ribeiros de águas assim é o coração do rei na mão do Senhor, que o
inclina a todo o seu querer." (Pv 21;1)

Cada indivíduo: Deus age livremente e como bem entende na vida de todo e qualquer
indivíduo, sempre com o objetivo de realizar seus propósitos. Ele fez Sansão se interessar por
uma moça filisteia a sim de cumprir seus planos contra os inimigos de Israel (Jz 14;1-4). Ele
impediu que os filhos de Eli ouvissem os conselhos de seu pai, pois Deus queria mata-los (1Sm
2;25), ele tambem decretou a traição de Judas revelando-a de antemão na escritura e usando
o falso discípulo para cumprir as profecias sobre a rejeição e morte do messias "Irmãos,
convinha que se cumprisse a Escritura que o Espírito Santo predisse pela boca de Davi, acerca
de Judas, que serviu de guia àqueles que prenderam a Jesus." (Atos 1:16)

Ele tambem decretou as pessoas que serão salvas e as que ele deixaria que se perdesse por
seus próprios pecados "21 Ou não tem o oleiro poder sobre o barro, para do mesmo barro
fazer um vaso para honra e outro para desonra? 22 E que direis se Deus, querendo mostrar a
sua ira e dar a conhecer o seu poder, suportou com muita paciência os vasos de ira, preparados
para a perdição” (Rm 9;21,22). Essa decisão foi tomada antes dos tempos eternos (Ef 1;4,5)
com base em sua própria determinação e graça, não com base em méritos pessoais (2Tm 1;9).
Não cabe ao homem questionar a Deus, apenas confiar nele (Rm 9;14,15).

Eleição – o que é?

Eleição é o ato de Deus, antes da criação, ao escolher algumas pessoas para a salvação, não
com base em méritos humanos, mas simplesmente de acordo com Sua vontade soberana e
beneplácito. No NT nós vemos diversas passagens falando da eleição, como (Ef 1;1-6 / 1Ts
1;4,5 / 2Ts 2;13), por exemplo quando Paulo e Barnabé começaram a pregar aos gentios em
Antioquia da Pisídia, Lucas escreve "E os gentios, ouvindo isso, alegraram-se e glorificavam a
palavra do Senhor; e creram todos quantos estavam ordenados para a vida eterna." (At 13;48),
perceba como Lucas apresenta a eleição de maneira tão natural, me parece que isso era
normal quando o evangelho era pregado. Quantos creram? “Creram todos que haviam sido
designados para a vida eterna”. Quando a palavra é pregada ela sempre cumpre seu objetivo,
para a salvação ou condenação.

Eleição – Como a bíblia nos apresenta?

Como consolo: É comum vermos os escritores de NT apresentarem a doutrina da eleição como


um consolo para os Cristãos, quando Paulo garante aos Romanos que "28 Sabemos que todas
as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados
segundo o seu propósito. (Rm 8;28), ele coloca a obra da eleição divina como um motivo pelo
qual podemos ter certeza dessa verdade, ele explica nos versículos seguintes “29 Porquanto
aos que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de
seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos. 30 E aos que predestinou, a
esses também chamou; e aos que chamou, a esses também justificou; e aos que justificou, a
esses também glorificou." (Rm 8;29,30). O propósito de Paulo é explicar que Deus sempre agiu
para o bem daqueles que Ele chamou. Quando Paulo olha para o passado distante, antes da
criação do mundo ele vê que Deus já conhecia e predestinou seu povo para ser semelhante a
Cristo, quando olha para o passado recente, descobre que Deus chamou e justificou seu povo
que Ele tinha predestinado, e depois, ao olhar para o futuro quando Cristo voltar, ele vê que
Deus determinou dar corpos perfeitos e glorificados para aqueles que creem em Cristo. De
eternidade a eternidade, Deus tem agido pensando no bem do seu povo. Paulo argumenta
que já que Deus sempre agiu para nosso bem e agirá tambem assim no futuro, então será
que ele não está agindo para o nosso bem agora, nessas circunstancias atuais? Sendo assim a
eleição é percebida como um consolo para os Cristãos em meio aos acontecimentos da vida
diária.

Como motivo para louvar a Deus: Paulo diz "5 nos predestinou para ele, para a adoção de
filhos, por meio de Jesus Cristo, segundo o beneplácito de sua vontade, 6 para louvor da glória
da sua graça, que ele nos concedeu gratuitamente no Amado," (Ef 1;5,6). Em 1Ts 1;2-4, o
motivo pelo qual Paulo pode dar graças a Deus pelos Cristãos Tessalônicos é o fato de ele
saber que Deus é responsável pela salvação deles, e de fato os escolheu para serem salvos.
Isso fica ainda mais claro quando lemos "Mas nós devemos sempre dar graças a Deus por vós,
irmãos amados pelo Senhor, porque Deus vos escolheu desde o princípio para a salvação, pela
santificação do Espírito e fé na verdade," (2Ts 2;13), Paulo sentia o dever de dar graças a Deus
pelos Cristãos em Tessalônica, pois sabia que a razão da salvação deles era o fato de Deus tê-
los escolhido. Portanto, era adequado para Paulo agradecer a Deus por eles em vez de
elogia-los por sua fé salvadora. Quando compreendemos assim a doutrina da eleição,
aumenta nosso louvor a Deus pela salvação e reduz a tendência de nos orgulharmos,
reconhecendo que nossa salvação não é mérito de nossas ações ou esforços.

Como um incentivo ao evangelismo: Paulo diz "Por esta razão, tudo suporto por amor dos
eleitos, para que também eles alcancem a salvação que está em Cristo Jesus, com eterna
glória." 2Tm 2;10, ele sabe que Deus escolheu algumas pessoas para serem salvas, e vê isso
como um incentivo para pregar o evangelho, mesmo que isso signifique passar por um grande
sofrimento. A eleição é a garantia para Paulo de que haverá algum sucesso para o seu
evangelismo, porque ele sabe que algumas pessoas para as quais ele fala serão os eleitos que
crerão no evangelho e serão salvos. É como se alguém nos convidasse para pescar e dissesse
“Garanto que você pegara alguns peixes – eles estão à sua espera”.

Eleição – A Reprovação

Se a eleição é a escolha de Deus de demonstrar sua graça aos pecadores, a reprovação, por
outro lado, é a escolha de Deus demonstrar sua justiça aos pecadores. A reprovação consiste
na decisão soberana de Deus, anterior à criação, de preterir algumas pessoas, decidindo
castiga-los por seus pecados, manifestando por meio dessa atitude sua justiça. Por vários
motivos, a doutrina da reprovação é o ensino da escritura mais difícil de ser aceito dentre
todos, porque lida com muitas consequências terríveis e eternas para os seres humanos
criados à imagem de Deus. O Senhor nos dá amor pelos nossos companheiros humanos, e ele
ordena esse amor, isso nos faz recuar diante dessa doutrina. É natural que seja desagradável e
temeroso refletir sobre ela, é algo que não gostaríamos de acreditar, e não acreditaríamos, se
as escrituras não nos ensinassem isso claramente.

“Mas tem passagens que falam sobre isso?” Com certeza! Judas fala sobre algumas pessoas
com esse destino Judas v4. Além disso nós vemos com muita clareza a justiça e a graça de
Deus quando Paulo começa a falar sobre isso em Rm 9;10-13, ele fala de eleição e reprovação
ao mesmo tempo, vamos ler ("10 E não somente esta, mas também Rebeca, ao conceber de
um só, de Isaque, nosso pai. 11 Porque, não tendo eles ainda nascido, nem tendo feito bem ou
mal (para que o propósito de Deus, segundo a eleição, ficasse firme, não por causa das obras,
mas por aquele que chama), 12 foi-lhe dito a ela: O mais velho será servo do mais moço. 13
Como está escrito: Amei Jacó e aborreci Esaú."), Paulo está dizendo aqui que Deus decidiu
redimir Jacó, mas não Esaú, dois irmãos com o mesmo sangue, gêmeos, mas Deus antes da
fundação do mundo, antes de nascerem ou terem a oportunidade de fazer o bem ou o mal,
Deus já havia declarado estender sua misericórdia para um e reter para outro. Paulo no v.14
continua fazendo uma pergunta retorica adiantando o questionamento dos ouvintes, e ele
mesmo responde essa pergunta “Que diremos pois? que há injustiça da parte de Deus? De
maneira nenhuma”, e no v.15 ele usa um ensino do AT a respeito desse assunto “Pois diz a
Moisés: Compadecer-me-ei de quem me compadecer, e terei misericórdia de quem eu tiver
misericórdia”. R.C. Sproul diz: “Quando Deus considerou uma raça de seres humanos caídos e
corrompidos em rebelião contra Ele, decretou que concederia misericórdia para alguns e justiça
para outros. Esaú recebeu justiça, Jacó recebeu misericórdia, mas nenhum dos dois recebeu
injustiça.”

Temos que lembrar que há diferenças importantes entre a eleição e a reprovação no modo
como elas são apresentadas na bíblia. A eleição para a salvação é vista como causa de grande
alegria e louvor a Deus, que é digno de louvor e recebe todo credito pela nossa salvação, Deus
age de forma ativa na salvação, mas para a reprovação e condenação Deus age de forma
passiva pois na reprovação Deus não se alegra "Dize-lhes: Vivo eu, diz o SENHOR Deus, que não
tenho prazer na morte do ímpio, mas em que o ímpio se converta do seu caminho e viva.
Convertei-vos, convertei-vos dos vossos maus caminhos; pois, por que razão morrereis, ó casa
de Israel?" (Ez 33;11), a culpa pela condenação dos pecadores é unicamente do homem ou
anjos que se rebelaram, nunca do próprio Deus (Jo 3;18,19), eu gosto do exemplo que o
Nicodemos usa, ele diz: “Deus não precisa fazer esforço algum para que o homem seja
condenado, Deus simplesmente o deixa seguir seus próprios desejos.” O fim comum do homem
sem a intervenção de Deus é o inferno.

Equívocos quanto a essas doutrinas

Então Deus é o autor do pecado? Deus é soberano sobre toas as coisas, e desde a eternidade
ele decretou tudo que existe, inclusive a queda do homem e a entrada do pecado no mundo,
porém Deus sendo quem Ele é, fez isso de uma maneira que nós não compreendemos, usando
como causa secundária, a decisão das suas criaturas, e isso foi exatamente o que Deus havia
decretado desde a eternidade.

Como Deus pode ser Senhor absoluto e ao mesmo tempo nós não podemos culpa-lo pelo mal
nem pelo pecado? Essa é uma questão que a bíblia não nos explica “Ninguém, sendo tentado,
diga: De Deus sou tentado; porque Deus não pode ser tentado pelo mal, e a ninguém tenta.
Mas cada um é tentado, quando atraído e engodado pela sua própria concupiscência (Tg 1;13-
14), nós não podemos cair no extremo de culpar a Deus pelo pecado, pois ele entrou no
mundo pela livre escolha dos seres humanos, e não podemos dizer por outro lado que Deus
não sabia ou simplesmente permitiu a entrada do mal e do pecado no mundo contra sua
vontade. De fato, isso é um mistério para nós, a Soberania de Deus e a responsabilidade
humana são doutrinas difíceis, porem elas são claras nas escrituras, não sendo uma
contradição, mas uma tensão de duas verdades inquestionáveis que nós não compreendemos
por completo.

Então um eleito pode viver em pecado e mesmo assim vai ser salvo? Essa afirmação me
lembra Rm 6;2, quando Paulo fala: “se morremos para o pecado, como continuaremos vivendo
nele?” esse é um problema que frequentemente é esclarecido nas escrituras. O apostolo Paulo
diz "Mas nós devemos sempre dar graças a Deus por vós, irmãos amados pelo Senhor, porque
Deus vos escolheu desde o princípio para a salvação, pela santificação do Espírito e fé na
verdade." (2Ts 2;13), onde não há verdade e santificação não existe eleição, você só pode
pensar que foi eleito por Deus se você olhar para sua vida e ver sinais de santidade, de
confiança e de descanso na verdade de Deus. Quem é eleito vai querer e buscar a santidade,
mesmo que se arrastando em suas limitações. De outra maneira, percebemos o relato de At
27, onde era certo que Paulo e os demais seriam salvos do naufrágio, mas era igualmente
certo que para serem salvos eles precisariam se mantes a bordo e se alimentarem
regularmente, da mesma forma não podemos viver de qualquer maneira, devemos nos
esforçar para fazer boas obras e viver em santidade, essa é a maior evidencia da eleição,
desejo de santificação.

Aplicações práticas
Paz em meio ao sofrimento: Se nós cremos que o Deus soberano está no controle de todas as
coisas e tem as rédeas do mundo em suas mãos, nós podemos descansar no Senhor e no
entendimento de que os pensamentos de Deus são maiores que os nossos, podemos tambem
descansar e ter paz em tempos difíceis, pois sabemos que o Deus que está no controle de
tudo, nos ama e faz com que toda as coisas cooperem para o bem daqueles que o amam
(Romanos 8:28), não iremos perecer na dor e na luta, a providencia de Deus assegura que em
tudo que acontece Ele está trabalhando em prol do nosso bem final como disse Jonh Piper:
“Não apenas Deus governa todos os afazeres dos homens; e não apenas sua providência às
vezes é dura, mas também em todas as suas obras os seus propósitos são para o bem e a maior
felicidade de seu povo.” Portanto fiquemos alegres e calmos nesses dias de grande agitação,
porque a vitória pertence a Deus, e nenhum proposito que ele queira realizar pode ser
frustrado.

Certeza da Salvação: Os v.29 e 30 de Rm 8 explicam o propósito de Deus, mostrando ser ele


um plano da graça soberana e salvadora, “Pois aqueles que de antemão conheceu, também os
predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito
entre muitos irmãos. E aos que predestinou, também chamou; aos que chamou, também
justificou; aos que justificou, também glorificou.” nós podemos esperar com expectativa essa
gloria futura como uma certeza garantida. Vejamos o que o Pr John MacArthur diz: “Se você
pudesse perder sua salvação, você com certeza perderia, se ela dependesse de você, você iria
perder. Se a minha salvação dependesse de mim, eu a perderia. Eu não tenho o poder de
segurar e manter minha salvação.” E ainda diz “A razão pela qual os cristãos chegam ao céu
não é porque eles mantiveram sua salvação, mas porque Cristo a segura. Ele irá conduzir
muitos filhos à glória. Se Cristo não mantivesse minha salvação, eu nunca chegaria lá.”
Portanto maravilhemo-nos com a nossa salvação, que Deus comprou e operou com poder
soberano, sendo assim, não pertencemos a nós mesmos pois fomos comprados pelo Senhor.

Os mistérios de Deus devem nos levar ao louvor: Ao observarmos o Cap 11 de Romanos nós
vemos Paulo construindo seus argumentos a respeito dos mistérios de Deus, ele falo sobre a
eleição, sobre como a desobediência dos Judeus cooperou para que os gentios recebessem
misericórdia de Deus, e fala tambem de como a misericórdia de Deus pelos gentios vai
cooperar para que os Judeus tambem recebam essa misericórdia, ele fala de coisas
maravilhosas, mas no v.32 ele chega no limite do raciocínio, ele bate no teto a respeito do que
o homem consegue saber sobre Deus. E qual é a reação de Paulo? Quando Paulo chega no seu
limite, ele se vê admirado e rompe em louvor a Deus no v.33-36, Quando Paulo conclui seu
argumento e se vê incapaz de continuar falando dos mistérios de Deus, e ele louva, pois sabe
que os juízos de Deus são insondáveis, ele se depara com a profundidade da riqueza, da
sabedoria e do conhecimento de Deus, e quão inescrutáveis (impenetrável, incompreensível,
insondável) são os seus caminhos!

“Ó profundidade da riqueza, tanto da sabedoria como do conhecimento de Deus! Quão


insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis, os seus caminhos! Quem, pois, conheceu a
mente de Senhor? Ou quem foi o seu conselheiro? Ou quem primeiro deu a ele para que lhe
venha a ser restituído? Porque dele, e por meio dele, e para ele são todas as coisas. A ele, pois
a glória eternamente. Amém!” (Rm 11;33-36)

Você também pode gostar