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03 de fevereiro
O DOM PROFÉTICO NO TEMPO DO FIM

OBJETIVO DO PROJETO
Nosso objetivo nesta série de estudos é apresentar as doutrinas bíblicas que se tornaram
distintivas dos adventistas do sétimo dia, como eles entenderam e aceitaram as mesmas, e qual a
relação do ministério profético de Ellen White com aquele grupo de pioneiros e as doutrinas.
INTRODUÇÃO
Desde que o homem se afastou de Deus a comunicação entre o céu e a terra não foi mais a
mesma e a medida que o tempo foi passando ela ficou cada vez mais distante, não por falta da
iniciativa divina (Gn 3:8), mas por causa da natureza do homem que se tornava cada dia mais
pecaminosa e como consequência, mas distante de Deus (Is 59:2). Desse modo foi necessário
Deus criar meios para continuar falando com suas criaturas, dentre esses meios Deus chamou
algumas pessoas para serem seus porta-vozes, os profetas (Am 3:7). Sempre que o Senhor
precisou realizar um grande feito na terra Ele levantou um profeta. Quando Deus precisou
levantar um povo ele chamou Abraão. Quando resolveu libertar o povo de Israel do Egito Ele
chamou Moisés...Quando Ele levantou um movimento para o tempo do fim, Ele deu a este
movimento este dom como registrado em Apocalipse 12:17.
II. COMO TUDO COMEÇOU
A Bíblia diz que “tudo … era muito bom” (Gn 1:31). Deus se comunicava face a face com o ser
humano (cf. Gn 3:8; 2:16-17), Porém o pecado ocasionou mudanças no homem e no mundo
natural.
o Mudanças no mundo natural.
Depois da sua transgressão, Adão a princípio imaginou-se a entrar para uma condição mais
elevada de existência. Mas logo o pensamento de seu pecado o encheu de terror. O ar, que até ali
havia sido de uma temperatura amena e uniforme, parecia resfriar o culpado casal”.1
o Relação entre Deus e o ser humano é afetada
“Entretanto, o grande Legislador estava para tornar conhecidas a Adão e Eva as consequências
de sua transgressão. Manifestou-se no jardim a presença divina. Em sua inocência e santidade

1
(Patriarcas e profetas, 29)
eles tinham alegremente recebido a aproximação de seu Criador; mas agora fugiram
aterrorizados, e procuraram esconder-se nos mais profundos recessos do jardim”. 2
o Mudanças básicas na mente do homem transformaram o processo de comunicação entre
Deus e a raça humana:
Não mais comunhão face a face com Deus (Êx 33:20; Is 59:2)
Conhecimento do pecado e seus resultados (Gn 3:16-23)
Medo (Gn 3:8-10)
Morte e decadência (Gn 2:17; 4; Ec 9:5, 6)
Auto-defesa (Gn 3:10-13)
Pensamento corrompido (2 Co 11:3)
Alienados, duros de coração (Ef 4:18; Jr 17:9)
Inclinação da carne (Rm 8:6-7; 1 Jo 2:16)
III.SOLUÇÃO DIVINA PARA SUPERAR AS BARREIRAS DE COMUNICAÇÃO
o Deus tomou a iniciativa.
o A restauração poderia ser realizada apenas com base na escolha pessoal do homem.
Para que isso aconteça, o homem deveria receber instruções sobre o Criador amoroso e
Seu poder para redimir todos os que O aceitam.
Através dos séculos o Senhor tem usado uma variedade de métodos para manter contato
com os homens, a fim de instruí-los em Sua vontade.
IV. DEUS SE REVELA A HUMANIDADE POR DOIS MEIOS BÁSICOS:
o Revelação geral
Natureza (Rm 1:20; At 14:15-17; Sl 19:1-3)
Muitas das questões fundamentais sobre Deus não podem ser respondidas pelo estudo da
natureza.
Consciência (Rm 1:20)
História – “Muitos incluem a história como uma modalidade de revelação geral. As
Escrituras apresentam Deus como Senhor tanto da natureza quanto da história” (veja Dn
2:21)3.
o Revelação especial

2
Idem
3
(Peter M. van Bemmelen, “Revelação e Inspiração,” em Tratado de Teologia Adventista do Sétimo Dia [Tatuí, SP:
CPB, 2011], 33)
“Enquanto a revelação geral é universal, acessível a todos os seres humanos em todos os
lugares, a revelação especial é dirigida a todos os seres humanos, embora não seja
imediatamente acessível a todos”4.
Anjos (Hb 1:14; Gn 19:15; Nm 22:31-35; Mt 1:18-25; Lk 1:11-20, 26-38)
Urim e Tumim (Êx 28:30; Lv 8:8; Nm 27:21; 1 Sm 28:6; Ed 2:63)
Sonhos (Gn 41:1-7; Dn 2, 4; Mt 1:20; cf. 1 Sm 28:6)
Voz vinda do céu (Mt 3:17; 17:5; Jo 12:28)
Profetas (Am 3:7; 2 Cr 36:15)
Sagradas Escrituras - Bíblia
V. RAZÕES PARA A ESCOLHA DOS PROFETAS
Seres humanos escolhidos para alcançar outros seres humanos
Jesus Cristo – Deus Homem
Representantes da presença de Deus
Acessibilidade de instrução (Dt 30:11-14)
Intermediários (face a face)
Demonstração de intimidade com Deus (Dn 9:23; 10:11)
Testar a atitude do povo
União do divino com o humano
Preparo da Bíblia
“Através deste canal—o dom profético—Deus tem ... misericordiosamente levantado a
cortina que separa Seu mundo de luz do nosso mundo de trevas”. 5 O objetivo do dom
profético é fornecer um meio de comunicação entre Deus e a humanidade (veja Am 3: 7).
VI. O DOM DE PROFECIA NOS ÚLTIMOS DIAS
Ap 12 – visão geral da história desde o nascimento de Cristo até os eventos finais,
incluindo alusões ao conflito original no céu.
Ap 12:17 – “E o dragão irou-se contra a mulher, e foi fazer guerra ao remanescente da
sua semente, os que guardam os mandamentos de Deus, e têm o testemunho de Jesus
Cristo”.
Ap 19:10 – “[...] o testemunho de Jesus é o espírito de profecia”.

4
(Tratado de Teologia, 35)
5
(A. G. Daniells, The Abiding Gift of Prophecy, 15)
Apocalipse 19:10 Apocalipse 22:8, 9
E eu, João, sou aquele que vi e ouvi estas
coisas. E, havendo-as ouvido e visto, prostrei-
E eu lancei-me a seus pés para o adorar; me aos pés do anjo que mas mostrava para o
adorar.
mas ele disse-me: Olha não faças tal; E disse-me: Olha, não faças tal;
sou teu conservo, e de teus irmãos, Porque eu sou teu conservo, e de teus irmãos,
que têm o testemunho de Jesus. os profetas,
Adora a Deus e dos que guardam as palavras deste livro.
Adora a Deus.

“Será visto que as duas expressões – ‘irmãos que têm o testemunho de Jesus’ [Apocalipse 19:10]
e ‘teus irmãos, os profetas’ [Apocalipse 22: 9] – significam uma só e a mesma coisa. Isso está em
harmonia com a expressão, ‘O testemunho de Jesus é o espírito de profecia’”.
“O que João agora indica claramente em Apocalipse 12:17 é que assim como Jesus comunicou
sua revelação à igreja de seus dias por meio do ministério profético, ele o fará nos últimos dias
da história da terra. Como Jesus estará com seu remanescente do tempo do fim até o fim, eles são
caracterizados por sua obediência a ele (cf. Ap. 14:12) e sua fidelidade ao seu testemunho
revelado por meio da voz profética em seu meio.”.6
“Embora por diversos anos, a expressão ‘o testemunho de Jesus’ (Ap 12:17) tenha sido usada
como sinônimo para a ‘fé de Jesus’, surgiu uma nova interpretação na década de 1850. Agora o
‘testemunho de Jesus’ estava associado com o dom profético manifesto no ministério e nos
escritos de Ellen G. White (cf. Ap 19:10). Essa interpretação se tornou um sinal indicador da
igreja remanescente de Apocalipse 12:17 e foi integrada à proclamação missionária da Igreja
Adventista do Sétimo Dia. … Os pioneiros adventistas associaram o ‘testemunho de Jesus’ não
apenas ao testemunho que os cristãos dão quando testificam de seu Salvador, porém mais
especificamente ao testemunho do próprio Jesus, o testemunho que Ele deu em Sua própria vida

6
(Ranko Stefanovic, Revelation of Jesus Christ: A Commentary on the Book of Revelation [Berrien Springs, MI:
Andrews University Press, 2009], 404).
enquanto esteve na Terra e continua a dar através dos séculos e através de Seus servos, os
profetas.
VII. CONCLUSÃO
Portanto, aqueles que têm o testemunho de Jesus são os profetas, os receptáculos do espírito da
profecia que manifestam o dom espiritual concedido à igreja até o fim do tempo. Quando as
Escrituras descrevem, em Apocalipse 12:17, a igreja remanescente dotada com o testemunho de
Jesus, elas a caracterizam também dotada com o dom do espírito da profecia, um dom que na
Bíblia é exercido pelos profetas. Ao longo dos anos, os adventistas do sétimo dia creem que o
dom de profecia se manifestou entre eles na obra de Ellen G. White”.7

Pr. Gerson Rodrigues


Professor no SALT FADBA
Diretor do Centro White FADBA

7
(Hans K. LaRondelle, “O Remanescente e as Três Mensagens Angélicas,” em Tratado de Teologia [Tatuí: CPB,
2011], 980, 982, 983).
03 Março
O DOM PROFÉTICO E ELLEN G. WHITE

INTRODUÇÃO

O Espírito de Profecia passou cada teste das Sagradas Escrituras. Ele tem sido provado
verdadeiro, à luz da Palavra de Deus. Na verdade, E. White magnifica a luz dada pelos antigos
profetas fazendo as suas palavras mais claras e compreensivas em relação a uma especial
aplicação para o nosso tempo. Diz a serva do Senhor: "O Espírito Santo é o autor das Escrituras e
do Espírito de Profecia" 1 . Ela também afirma que "a Bíblia deve ser o vosso conselheiro.
Estudai-a e os Testemunhos que Deus tem dado, pois eles nunca contradizem Sua palavra." 2
II. O ESPÍRITO SANTO É O AUTOR DA BÍBLIA E DOS TESTEMUNHOS.
Visto que o Espírito Santo é o autor de ambos, da Bíblia e do Espírito de Profecia, estou seguro
que concordareis que o propósito primário de ambos é o de dirigir homens e mulheres ao nosso
Salvador que é a luz e a salvação do mundo. “Foi o dom profético que produziu a própria Bíblia.
No período pós bíblico, ele não deve superar as Escrituras ou acrescentar algo a elas, uma vez
que o cânon sagrado já está completo.”3
Desde que falsos profetas dizem que profetizam pelo Senhor (veja Jr 23:9-40; Mt 7:22-23), todo
profeta que se levanta no período pós bíblico deve ser testado biblicamente se sua mensagem é
de Deus ou não.
A Bíblia apresenta alguns testes, ou linhas-mestras que nos auxiliam a distinguir o verdadeiro e
genuíno profeta daquele que é falso.

1. Fala em concordância com profetas inspirados anteriores


Isa 8:20 - “À lei e ao testemunho: se não falarem segundo esta palavra, é porque não há
luz neles”.
Os profetas podem ampliar a luz dada anteriormente, mas não contradizer (Jr 25: 1; cf. Is
32: 9-14).
Jeremias apelou aos profetas anteriores argumentando a veracidade de sua mensagem
contra a de Hananias, um falso profeta (Jr 28: 1-16).
1
Mensagens Escolhidas, Vol. 3, pág. 30
2
Idem, pág.32
3
(Nisto Cremos [CPB, 2017],)
2. Predições cumpridas (Dt 18: 21-22; Jr 28: 9)
“Embora predizer o futuro não seja a principal tarefa de um profeta verdadeiro, deve-se
dar atenção às suas predições”4
Numerosos exemplos de profecias cumpridas de escritores da Bíblia nos mostra a
importância deste fenômeno na vida de um verdadeiro profeta.
Porém é possível ser enganado se apenas este teste for usado––Predição não é a
principal obra do profeta. Falsos profetas podem fazer previsões corretas (Dt 13: 1-3).
As previsões de verdadeiros profetas às vezes não se cumprem (se são condicionais).
Na Bíblia encontramos dois tipos de profecias: Profecia condicional e incondicional
(Jr 18:7-10)
A profecia condicional depende das respostas humanas.
Um exemplo claro deste tipo de profecias encontra-se no livro do profeta Jonas que
profetizou a destruição de Nínive, porém o povo de Nínive se converteu e a profecia
não se cumpriu.
A profecia incondicional é independente das respostas humanas.5
A exemplo deste tipo de profecia encontra-se a volta de Jesus. Ela acontecerá esteja as
pessoas esperando ou não, queiram elas ou não, Jesus voltará.
3. Profetas conhecidos por seus frutos (Mt 7:15, 20)
Qual é a tendência da vida do profeta (não os eventos isolados bons ou ruins)? (cf.
Abraão, Moisés, etc).
Qual é a influência do profeta sobre as pessoas quando sua mensagem é ouvida?
Apenas uma vida correta, no entanto, não prova ser um profeta verdadeiro. A
evidência cumulativa deve ser examinada.
A sua mensagem conduz o povo para o bem
4. Aponta para Cristo, como Deus que veio em carne (1 Jo 4: 2)
Mensagens cristocêntricas, mostrando uma compreensão do plano de salvação.
III.FUNÇÃO DO DOM PROFÉTICO PÓS CANÔNICO (OU SEJA, NO PERÍODO PÓS
BÍBLICO)

4
(George E. Rice, “Dons Espirituais”, em Tratado de Teologia, 698).
5
Para uma explicação mais detalhada sobre este tema, veja a declaração aprovada e votada pela Comissão Executiva
da Conferência Geral dos Adventistas do Sétimo Dia, na sessão do Concílio Anual no Rio de Janeiro, Brasil, 12 de
outubro de 1986 (http://www.centrowhite.org.br/metodos-de-estudo-da-biblia/); e Tratado de Teologia, 694.
Exaltar a Escritura
Explicar e Esclarecer a Escritura
3. Contextualizar a Escritura
Reprovar e Advertir a Igreja
Proteger de Erro Doutrinário 6.
IV.COMO É DEFINIDO O DOM PROFÉTICO NO MINISTÉRIO DE ELLEN WHITE E SUA
RELAÇÃO COM A BÍBLIA?
A crença fundamental no. 18 dos adventistas do sétimo dia afirma:
O Dom de Profecia – As Escrituras revelam que um dos dons do Espírito Santo é a profecia.
Esse dom é uma característica da igreja remanescente e nós cremos que ele foi manifestado no
ministério de Ellen G. White. Seus escritos falam com autoridade profética e proveem consolo,
orientação, instrução e correção para a igreja. Eles também tornam claro que a Bíblia é a norma
pela qual deve ser provado todo ensino e experiência (Nm 12:6; 2Cr 20:20; Am 3:7; Jl 2:28, 29;
At 2:14-21; 2Tm 3:16, 17; Hb 1:1-3; Ap 12:17; 19:10; 22:8, 9).7
Embora aceitemos o dom profético de Ellen White e reconhecemos a benção que tem sido seus
escritos para a nossa prosperidade espiritual, os adventistas “apoiam plenamente o princípio da
Reforma, sola scriptura, a Bíblia como seu próprio interprete e a Bíblia, sozinha, como base de
todas as doutrinas. Os fundadores da igreja desenvolveram suas crenças fundamentais por meio
do estudo da Bíblia; não receberam tais doutrinas através das visões de Ellen White. Seu
principal papel durante o desenvolvimento das doutrinas da igreja foi orientar a compreensão da
Bíblia e confirmar as conclusões às quais se chegava pelo estudo da Bíblia” 8
Em relação as doutrinas bíblicas aceitas pelos pioneiros adventistas, Tiago White declarou,
“Deve ser aqui entendido que todas essas visões [besta de dois chifres, santuário, hora de
começar o sábado, e o período do estabelecimento do reino de Deus na Terra] como aceito pelo
corpo de observadores do sábado, foram compreendidos a partir das Escrituras antes de a Sra.
White ter qualquer ponto de vista em relação a eles. Esses sentimentos são fundados sobre as
Escrituras como sua única base.”9

6
George E. Rice, “Dons Espirituais,” em Tratado de Teologia, 695-697
7
(Manual da Igreja [CPB, ], 172; Nisto Cremos).
8
(Nisto Cremos)
9
(J[ames] W[hite], “A Test,” Review and Herald, 16 de outubro de 1855, p. 61).
“A Igreja Adventista desenvolve sua teologia tomando por base, exclusivamente, os
ensinamentos bíblicos. Os pilares do adventismo são aspectos fundamentais e gerais das
Escrituras. Esses pilares são: a doutrina do santuário; a imortalidade condicional do homem; a lei
de Deus, incluindo o sábado; e as três mensagens angélicas. Esses princípios gerais estabelecem
os fundamentos macro-hermenêuticos sobre os quais o adventismo interpreta as Escrituras,
constrói sua teologia, desenvolve sua identidade como igreja e concebe sua missão global.” 10
Esta harmonia entre a Bíblia como nossa regra de fé e prática, e um profeta que aceita a Palavra
de Deus relatada nas Escrituras, reconhece que a Bíblia é nossa fonte doutrinária, defende essas
doutrinas e as obedece, é fundamental para um entendimento equilibrado deste tema.
V.CONCLUSÃO
Ellen White escreveu em 1890, “Não devem os testemunhos da irmã White ser postos na
dianteira. A Palavra de Deus é a norma infalível. Não devem os Testemunhos substituir a
Palavra... E nunca queremos que alma nenhuma faça prevalecer os Testemunhos sobre a
Bíblia”11.
“Os testemunhos não estão destinados a comunicar nova luz; e sim a imprimir fortemente na
mente as verdades da inspiração que já foram reveladas. … pelos Testemunhos Deus tem
facilitado a compreensão de importantes verdades já reveladas, e posto estas diante de Seu povo
pelo meio que Ele próprio escolheu, a fim de despertar e impressionar com elas a sua mente, para
que todos fiquem sem desculpa.”12
Nosso objetivo, portanto, é demonstrar como nossos pioneiros entenderam e aceitaram as
doutrinas bíblicas, e o papel do dom profético nesta experiência dinâmica.

Pr. Gerson Rodrigues


Professor no SALT FADBA
Diretor do Centro White FADBA

10
(Fernando Canale [professor emérito da Universidade Andrews], Entrevista publicada originalmente na edição de
julho-agosto da revista Ministério [http://www.revistaadventista.com.br/blog/2018/08/03/de-volta-as-raizes/]).
11
(carta 12, 1890; Evangelismo, 256)
12
T 5:665 (1889)
7 de abril
AS ESCRITURAS E AS DOUTRINAS

INTRODUÇÃO
“Os Adventistas do Sétimo Dia aceitam a Bíblia como seu único credo e mantém certas
crenças fundamentais como sendo o ensino das Escrituras Sagradas.” 1 “As Escrituras
Sagradas, o Antigo e o Novo Testamentos, são a Palavra de Deus escrita, dada por inspiração
divina. Os autores inspirados falaram e escreveram ao serem movidos pelo Espírito Santo.
Nesta Palavra, Deus transmitiu à humanidade o conhecimento necessário para a salvação. As
Escrituras Sagradas são a revelação infalível, suprema e repleta de autoridade de sua vontade.
Constituem o padrão de caráter, a prova da experiência, o revelador definitivo de doutrinas e
o registro fidedigno dos atos de Deus na história (Sl 119:105; Pv 30:5, 6; Is 8:20; Jo 17:17;
1Ts 2:13; 2Tm 3:16, 17; Hb 4:12; 2Pe 1:20, 21).” 2 Portanto, a IASD crê que a Bíblia é nosso
único credo e regra de fé e prática. 3
II.MOVIMENTO MILERITA
Guilherme Miller, líder do movimento milerita, cria na Bíblia como a única regra de fé e
prática, e ensinava a primazia da Bíblia em questões doutrinarias. Portanto, o movimento
milerita era fundamentado em um sério estudo das Escrituras, embora seus líderes não
compreenderam todos os pormenores das profecias. Miller desenvolveu algumas regras de
interpretação da Bíblia que demonstram quão importante era a Bíblia e o estudo da mesma. 4
II.OS PRIMEIROS SABATISTAS ADVENTISTAS
Os pioneiros adventistas entendiam que embora o que eles pregassem era uma mensagem
impopular, eles continuaram pregando pois eles tinham a certeza de que a mensagem era
bíblica e não invenção humana. Eles também se preocupavam em explicar de forma clara
aquilo que eles criam, pois era uma verdade presente para o tempo do fim. “Nossa força está

1
(Manual da Igreja, edição revisada na Assembleia da Associação Geral de 2015, trad. Ranieri Sales [Tatuí, SP:
CPB, 2016], 166).
2
(Manual da Igreja, 166).
3
Manual da Igreja/Nisto Cremos (2017),
4
(para conhecer estas regras, veja “Regras de Interpretação da Bíblia (Guilherme Miller)”
http://www.centrowhite.org.br/pesquisa/pioneiros-adventistas/materiais-mileritas/regras-de-interpretacao-da-biblia-
guilherme-miller/
na proclamação de proposições claramente definidas, sustentadas pela palavra de Deus
tomada em seu sentido óbvio”.5
“Essas características distintas de nossa fé religiosa [Segunda Vinda e o sábado do sétimo
dia] são impopulares. Temos plena consciência de que existe muito preconceito no mundo
religioso contra muitas de nossas opiniões sobre a verdade bíblica. Isso, no entanto, existe
principalmente por falta de informações sobre nossas reais posições e, provavelmente, em
algum grau, por falta de inteligência e piedade por parte de alguns que representaram nossas
opiniões. Que Deus nos ajude a superar este preconceito por uma defesa clara e inteligente da
verdade, no espírito de humildade e amor, que deve encontrar o seu caminho no coração das
pessoas. ”6
“É verdade que nós diferimos em alguns aspectos de outros grupos religiosos do tempo
presente, e [comparado] com a maioria deles nós [somos] muito diferentes. Mas nós não
diferimos dos outros por escolha. Não gostamos de ser diferentes pelo fato de ser estranho.
Não; nós escolhemos estar em harmonia, se possível, com nossos semelhantes, especialmente
com aqueles que veneram Deus e sua palavra. Acreditamos que seja um pecado diferir dos
outros, a menos que haja boas razões [para isso]. Nós não cremos naquilo que cremos por
causa de vantagens nesta vida. … Por que, então, nós cremos desta forma? É por respeito
para com a Bíblia que amamos, e o Deus da Bíblia que nós veneramos, que acreditamos da
maneira que cremos, e somos o que somos. O princípio que rege a nossa fé e prática, como
adventistas do sétimo dia, é o nosso respeito pelo grande Deus, sua palavra viva, e a
recompensa do galardão.”7
Embora a denominação adventista do sétimo dia seja “jovem em anos, a conclusão não deve
ser formada às pressas de que este povo tem inventado novas doutrinas. Não há novas
verdades na Bíblia. Nós não despontamos como representantes de novos princípios e
doutrinas … Em vez disso, nós estamos diante de vocês como um povo apresentando certas
verdades antigas que foram perdidas de vista e pisadas”8 e também desprezadas.

5
(J[ames] W[hite], “Seventh-day Adventists—Our Relation to Other Religious Bodies,” Sinais dos Tempos, 11 de
fevereiro de 1875, 116).
6
(James White, Our Faith and Hope.—No. 1. Sermons on the Coming and Kingdom of Our Lord Jesus Christ
[Battle Creek, MI: 1870], p. 3)
7
(James White, Bible Adventism, 11-12).
8
(John Andrews, sermão pregado na dedicação do Tabernáculo de Battle Creek, 20 de abril de 1879).
“A bíblia é a perfeita e completa revelação. Ela é nossa única regra de fé e prática.” 9
“Quando afirmamos estar na Bíblia e somente a Bíblia, nós [nos] comprometemos para
receber, de forma inequívoca e plenamente, tudo o que a Bíblia ensina.”10
III.COMO ELLEN WHITE DESCREVE A BÍBLIA
“As verdades da Palavra de Deus não são expressões de mero sentimento, mas os
pronunciamentos do Altíssimo.11
“Recomendo-vos, caro leitor, a Palavra de Deus como regra de vossa fé e prática. Por essa
Palavra seremos julgados. Nela Deus prometeu dar visões nos ‘últimos dias’; não para uma
nova regra de fé, mas para conforto do Seu povo e para corrigir os que se desviam da verdade
bíblica.”12
“A Bíblia, e a Bíblia tão-só, deve ser nosso credo, o único laço de união; todos os que se
submeterem a essa Santa Palavra estarão em harmonia entre si.” 13
“Devemos estudar para descobrir a melhor maneira de começar a rememoração das
experiências desde o início de nosso trabalho, ocasião em que nos separamos das igrejas e
prosseguimos passo a passo na luz que Deus nos concedia. Depois disso, assumimos a
posição de que a Bíblia, e somente a Bíblia, deveria ser o nosso guia; e jamais devemos
afastar-nos dessa posição.” 14
“Pois esta (a Escritura) explicitamente declara ser ela mesma a norma pela qual todo ensino e
experiência devem ser aferidos”.15
“Em nosso tempo ... há necessidade de uma volta ao grande princípio protestante − a Bíblia,
e a Bíblia só, como regra de fé e prática” 16
“Mas Deus terá sobre a Terra um povo que mantenha a Bíblia e a Bíblia só, como norma de
todas as doutrinas e base de todas as reformas. As opiniões de homens ilustres, as
declarações da ciência, os credos e decisões dos concílios eclesiásticos, tão numerosos e
discordantes como são as igrejas que representam, a voz da maioria – nenhuma destas coisas,

9
[James White], A Word to the “Little Flock”, Maio 1847, 13.
10
[James White],“Do We Discard the Bible by Endorsing he Visions?,” Review and Herald, 13 de janeiro de 1863,
52.
11
(Review and Herald, 10 de Novembro de 1904; Mente, Caráter e Personalidade, vol. 1, p. 98).
12
[Ellen G. White, A Sketch of the Christian Experience and Views of Ellen G. White (Saratoga Springs, NY:
James White, 1851), 64; em Primeiros Escritos, 78.1].
13
(RH, 15 de Dezembro de 1885; Mensagens Escolhidas, vol. 1, p. 416).
14
(Carta 105, 1903; Outro Poder, 96.2)
15
(Grande Conflito, “Introdução”)
16
(Grande Conflito, 204)
nem todas em conjunto, deveriam considerar-se como prova, em favor ou contra qualquer
ponto de fé religiosa”17
Em 1909, em sua última declaração aos líderes da igreja oficialmente reunidos em
assembleia, Ellen White afirmou, “Irmãos e irmãs, eu lhes recomendo este Livro. [A
Bíblia]”.18
Portanto, aceitamos Ellen White como uma mensageira do Senhor, chamada para o
ministério profético, pois ela claramente declarava a sua aceitação da Bíblia, como a
autoridade final em questões de fé e prática, e como uma “luz menor” ela invariavelmente
dirigia seus leitores às Escrituras, a “luz maior”19.
Em 1868, Uriah Smith escreveu, “A Bíblia pode nos fazer sábios para a salvação, … As
visões propõem invadir este campo, erigir um novo padrão e nos dar uma outra regra de fé e
prática? De forma alguma. Pelo contrário, eles estão sempre em harmonia com a palavra, e
sempre se referem a isso como teste e padrão.” 20.
“Dessa forma, fica patente que há uma diferença de função entre os escritos de Ellen White
e a Bíblia. Ellen White não teve o propósito de estabelecer verdades doutrinárias, e sua
autoridade não pode ser utilizada nesse sentido. Seus escritos tinham a intenção de levar os
adventistas de volta à Bíblia21, a qual ensina que o ‘dom de profecia’ continuaria até o fim do
tempo (Rm 12:6; 1Co 12:10, 28; Ef 4:8, 11-16; Ap 10:11). Assim, em vez de estarem
negando o princípio sola Scriptura, os adventistas aceitam o ministério de Ellen White
exatamente por causa do princípio sola Scriptura. E, se o objetivo dela era exaltar a Bíblia,
não honramos seu legado abandonando o estudo bíblico profundo.”.22
IV CONCLUSÃO
Seus escritos tendo um papel subordinado ao da Escritura, visam:
(1) Dar uma mais clara compreensão da Bíblia.
(2) Exaltá-la.
(3) Atrair as mentes a ela.

17
(Grande Conflito, 594)
18
(Arthur White, Mulher de Visão, 503).
19
(Evangelismo, 257)
20
(The Visions of Mrs. E. G. White: A Manifestation of Spiritual Gifts According to the Scriptures [Battle Creek,
MI: 1868], 13)
21
(Mensagens Escolhidas, v. 3, p. 30)
22
(Isaac Malheiros, “A Exclusividade da Bíblia,” Revista Adventista, abril 2017, 19)
(4) Chamar atenção para as verdades negligenciadas.
(5) Fixar verdades inspiradas já reveladas.
(6) Depositar e impressionar as mentes.
(7) Trazer o povo de volta à Bíblia.
(8) Chamar a atenção para os princípios bíblicos.
(9) Aplicar os princípios bíblicos à vida prática.
Portanto finalizamos com uma das mais belas frases escritas por Ellen White em relação a seus
escritos e a Bíblia: “Os Testemunhos não têm por fim diminuir o valor da Palavra de Deus, e sim
exaltá-la e atrair para ela as mentes, para que a bela singeleza da verdade possa impressionar a
todos.” (Testemunhos para a Igreja, 2:605 [1871]).

Pr. Gerson Rodrigues


Professor no SALT FADBA
Diretor do Centro White FADBA
5 de maio
Segunda Vinda

INTRODUÇÃO
“Aceitando a autoridade normativa da Bíblia, os primeiros adventistas começaram a
desenvolver um sistema doutrinário baseado nos princípios hermenêuticos da sola Scriptura
(exclusividade das Escrituras) e da tota Scriptura (totalidade das Escrituras).” 1 Embora eles
fossem acusados de seguidores de Ellen White e não da Bíblia, acusados de que as doutrinas
distintivas que eles aceitavam vieram de Ellen White, e não eram bíblicas, eles não se
deixavam desanimar por conta das acusações, pois eles tinham uma certeza, conforme
afirmado por Tiago White, um dos co-fundadores da IASD, “O princípio governante de
nossa fé e prática, como adventistas do sétimo dia, é nosso respeito pelo grande Deus, sua
palavra viva e a recompensa prometida” 2
II.AS DOUTRINAS DA IASD SÃO BASEADAS NA BÍBLIA
A Bíblia é e deve continuar sendo o juiz supremo em todas as coisas, incluindo o que
dizemos, escrevemos e fazemos.
As 28 Crenças Fundamentais dos Adventistas do Sétimo Dia desempenham um papel
fundamental na formação de nossa identidade adventista.
Cada doutrina revela pelo menos uma faceta de nosso maravilhoso Deus. Nosso Senhor é
o Deus de amor, verdade e justiça.
A sã doutrina deve refletir os princípios e ensinamentos bíblicos. Existe uma unidade
coerente entre doutrina e ética. Um não pode existir sem o outro, porque juntos formam
uma vida cristã orgânica e harmoniosa.
A verdadeira religião é prática. Os cristãos vivos não podem viver isolados, criar uma
ilha segura para si mesmos e se encerrar em um gueto.
A verdade sempre culmina em ação, e a verdade em Jesus une. Não se pode separar Jesus
de Seu ensino. Afirmar: “Eu admiro Jesus, mas não concordo com o que ele diz”, é uma
contradição em si. Podemos realmente conhecer e amar Jesus apenas com base na

1
(“Prefácio à edição em língua portuguesa,” in Tratado de Teologia, xi).
2
(James White, Our Faith and Hope [Battle Creek, MI: 1870], p. 7). Importância das doutrinas (baseado em
Jiří Moskala, “Doctrines Do Matter,” Seminary Newsletter, Outono 2017)
revelação de Deus—no que Ele faz e diz. A pessoa de Cristo e seu ensino sempre andam
de mãos dadas.
Entender a pessoa de Cristo por meio de seu ensino é o fundamento da doutrina, e a
doutrina realmente importa.
III.OS MILERITAS E A SEGUNDA VINDA
O movimento milerita anunciava a volta de Jesus como o cumprimento da profecia de tempo
de Daniel 8:14. Miller aplicou o princípio dia/ano para interpretar a profecia.“Os que
advogam esse princípio hermenêutico argumentam que os períodos de tempo proféticos
interligados às profecias apocalípticas das Escrituras devem ser interpretados não como dias
literais, mas sim como dias simbólicos que representam o mesmo número de anos literais.
Assim, por exemplo, as 70 semanas de Daniel 9:24-27 são normalmente interpretadas como
490 anos; os 1.260 dias de Apocalipse 11:3 e 12:6 (cf. Dn 7:25; Ap 11:2; 12:14; 13:5) como
1.260 anos; os 1.290 dias de Daniel 12:11 como 1.290 anos; os 1.335 dias de Daniel 12:12
como 1.335 anos; e as 2.300 tardes e manhãs de Daniel 8:141 como 2.300 anos3. Portanto os
estudos de Miller das profecias de Daniel o levaram a concluir que a “purificação do
santuário” anunciada em Daniel 8:14 se referia ao retorno do Senhor, que culminaria com a
purificação da Terra do pecado, e que os 2300 anos findariam em 1843/1844. Após alguns
ajustes Miller e os mileritas acreditaram que Jesus retornaria à Terra em 22 de outubro de
1844. Desde que isso não aconteceu eles enfrentaram o que é denominado de “o Grande
Desapontamento.”
No entanto os mileritas deixaram um legado sobre a crença da segunda vinda de Jesus. Assim
como os mileritas eles continuaram crendo naquilo que era biblicamente correto:
Evento aconteceria breve (Ap 22:20).
Evento pessoal, literal e visível (At 1:11; Mt 26:64; Mc 13:26; Ap 1:7).
Pré–milenialismo – Milênio ocorre após Segunda Vinda (Ap 19-20).
o Salvos serão ressuscitados (Ap 20:4-6; 1 Ts 4:16-18; 1 Co 15:14-19).
o Ímpios morrerão e ressuscitarão na segunda ressurreição após o milênio (Ap 6:16;
18:8; 19:2, 20, 21; 20:5).
o Nenhuma promessa de conversão total do mundo (universalismo).

3
.” (Alberto R. Timm, “Simbolização em Miniatura e o Princípio ‘Dia-Ano’ de Interpretação Profética,” Parousia:
Revista do SALT/UNASP, Engenheiro Coelho, v. 3, n. 1, Jul/Dez. 2004, 33)
o Um amor por Jesus e um sincero desejo de Seu retorno.
Durante esse período a maior parte dos evangélicos protestantes americanos acreditavam
no pós-milenialismo, ou seja, acreditava que o milênio ocorreria antes da volta de Jesus.
Por conta de sua reconversão a Deus e ao cristianismo em 1816, Miller afirmou, “Parecia
que poderia existir um Ser tão bom e compassivo capaz de expiar nossas transgressões, e
assim salvar-nos de sofrer a penalidade do pecado. Imediatamente senti o quão amável tal
Ser deveria ser, e imaginei que eu poderia lançar-me aos seus braços, e confiar na
misericórdia de um Ser como esse. Eu vi que a Bíblia apresentava um Salvador que eu
precisava; ... e em Jesus eu encontrei um amigo. O Salvador se tornou para mim o primeiro
entre dez mil4.
Mesmo após o desapontamento de outubro de 1844, Miller continuou firme na crença e
esperança do retorno de Jesus até a sua morte em 1849. “Eu tenho esperado por esta bem
aventurada esperança, e na expectativa das coisas gloriosas que Deus falou de Sião. Sim, e
mesmo que eu tenha sido desapontado por duas vezes, não estou desanimado ou
desencorajado. Deus tem sido comigo em espírito e tem me confortado… Irmãos, fiquem
firmes; não deixe que ninguém tome a tua coroa. Eu fixei minha mente em outro tempo, e
aqui estou e ficarei até que Deus me dê mais luz – e isto é Hoje, e Hoje e Hoje, até o dia em
que Ele virá”5. Em 1849, Miller disse ao seu amigo Himes, “Diga a eles (os irmãos crentes)
que nós estamos certos. A vinda do Senhor está se aproximando; mas eles devem ser
pacientes e esperá-lo.”6
IV.O MOVIMENTO MILERITA SE FRAGMENTOU APÓS 1844.
1. Alguns passaram a crer que Jesus tinha retornado de forma espiritual. Isto não é bíblico, e
nunca foi aceito pelos nossos pioneiros adventistas do sétimo dia.
2. Outros, especialmente os líderes mileritas, continuaram crendo na iminente volta de
Jesus, mas continuaram marcando outras datas para este evento.
3. Os sabatistas entenderam, por volta de 1845-1846 que (a) a profecia se cumpriu em 1844,
porém ela não se referia a purificação da Terra pelo fogo do retorno de Jesus, mas
indicava a purificação do santuário celestial (A questão do santuário foi entendida após

4
(Sylvester Bliss, Memoirs of William Miller [Boston, 1853], 66-67)
5
(Midnight Cry, Dec. 5, 1844, 179-180)
6
(Joshua V. Himes, “Visit to Father Miller,” Advent Herald, 29/Dez/1849, 176).
um processo de muito estudo individual e em grupo por volta de 1846.). (b) Biblicamente
é declarado que ninguém sabe o dia e a hora do retorno de Jesus (Mt 24:36; Mc 13:32).
Portanto, não mais “tempo definido”
1. “O poderoso anjo do Apocalipse 10, com um pé sobre o mar e o outro sobre a terra,
[…] declara que não haverá mais tempo; do qual entendemos que todos os períodos
proféticos terminaram; e que, desde então, não há eventos a serem marcados por um
tempo profético definido”7.
2.“Somos adventistas do sétimo dia; mas um adventista não é necessariamente um
fixador de tempo. Pelo cumprimento da profecia e pelos sinais dos tempos, cremos no
breve advento de nosso Senhor; mas não definimos o tempo; não nos apegamos a
nenhum futuro, tempo definido. O grande movimento do Segundo Advento nos trouxe ao
tempo de espera pelo advento de Cristo, que é o tempo especial de vigilância e oração,
em vista da proximidade desse evento. Provavelmente nenhum texto das Escrituras
expressa tão plenamente nossa posição real quanto as palavras de nosso Senhor: ‘vigiai e
orai; porque não sabeis quando chegará o tempo.’ Marcos 13:33” 8.
Durante este período Ellen White teve algumas visões, não para determinar ou adicionar
doutrinas novas, mas para confirmar o ensinamento bíblico sobre a volta de Jesus.
a. Dez 1844 – Visão do Clamor da Meia Noite
Ela via uma luz que iluminava o grupo
O anjo explicou que isto era o clamor da meia noite, ou seja, o movimento de
outubro de 1844 era um movimento genuíno e foi guiado por Deus, embora os
líderes do movimento não entenderam alguns detalhes da profecia.
b. Primavera de 1845 – visão da Nova Terra
Esta visão claramente concordava com o ensinamento bíblico de um Céu e
Nova Terra literais (Ap 21, 22) e era contra a ideia espiritualizada na qual pregava
que Jesus tinha retornado em 1844 de forma espiritual.
c. Antes de outubro de 1845 – numa visão foi mostrado que o tempo de angústia
deveria ocorrer antes da Segunda Vinda.

7
(“The Hour of His Judgment is Come,” RH, 29/Jan/1857, 104)
8
(James White, Bible Adventism, 13)
Alguns, inclusive Tiago White, criam que Jesus voltaria em outubro de
1845.
O fato de que o derramamento das pragas e o tempo de angústia
ocorreriam no futuro, mostrou que a Volta de Jesus não ocorreria em 1845.
V.ELLEN WHITE ESCREVEU BASTANTE SOBRE A RELEVÂNCIA DA CRENÇA
BÍBLICA DA VOLTA DE JESUS.
a. “A compreensão da esperança da segunda vinda de Cristo é a chave que abre toda a história
futura e explica todas as lições do futuro” 9. “A segunda vinda do Filho do homem deve ser o
tema maravilhoso a ser mantido perante o público. Este assunto não deve ser omitido de
nossos sermões”10.
b. Ellen White escreveu bastante confirmando o que a Bíblia declara, “ninguém sabe o dia
nem a hora.” (Mt 24:36)
1851 – “Queridos Irmãos: O Senhor mostrou-me que a mensagem do terceiro anjo
deve ser proclamada para os filhos dispersos de Deus, e que não deve ser
ancorada em tempo fixo, pois o tempo nunca mais vai ser um teste” 11
Aqueles que pregam tempo definido, gratificam o adversário das almas e não
trabalham da maneira correta.12
“Deus pôs sob o Seu domínio os tempos e as estações. [...] Não nos é dado saber o
tempo definido, nem do derramamento do Espírito Santo, nem da vinda de
Cristo.13
“Deus não nos revelou o tempo em que esta mensagem será concluída, ou quando
terá fim o tempo de graça. As coisas reveladas aceitaremos para nós e nossos
filhos; não busquemos, porém, saber aquilo que foi mantido em segredo nos
concílios do Todo-poderoso. … Satanás estará pronto a dar a todo aquele que não
esteja diariamente aprendendo de Jesus, uma mensagem especial de sua própria
criação, a fim de neutralizar o efeito da maravilhosa verdade para este tempo. [...]
Não há, porém, nenhum mandamento para ninguém pesquisar as Escrituras a fim
de verificar, se possível, quando terminará o tempo da graça. Deus não tem tal

9
(Carta 218, 1906; Ev 220.2).
10
(Manuscrito 39, 1893; cf. Carta 131, 1900; Ev 220.4)
11
(RH Extra, 21 de julho de 1851; cf. Primeiros Escritos, 75).
12
(RH, 20 de outubro de 1885; 16 de agosto de1887; cf Testemunhos para a Igreja, v. 4, p. 307)
13
(RH, 22 de Março de 1892; Evangelismo 221.1)
mensagem para quaisquer lábios mortais. Ele não quer que nenhuma língua
mortal declare aquilo que Ele ocultou em Seus secretos concílios.” 14
“O povo não terá outra mensagem sobre um tempo definido. Depois desse
período de tempo (Ap 10:4-6), estendendo-se de 1842 a 1844, não pode haver um
traçado definido do tempo profético. A contagem mais longa vai até o outono de
1844.”15
VI.CONCLUSÃO
“Sob a direção do dom de profecia, a obra de Ellen Harmon, desde janeiro de 1845 até a
primavera de 1846 – totalizando quase dezoito meses– centralizou-se aos ‘crentes’ na
iminente vinda de Cristo, aqueles com os quais se havia associado anteriormente. No período
intermediário decorrido entre o término dos 2.300 dias (em 22 de outubro de 1844) e o
momento em que compreenderam a razão do desapontamento bem como da natureza do
evento ocorrido, houve perigo de que os crentes se deixassem levar por ideias errôneas ou
desistissem completamente de sua experiência passada. A mensagem que ela lhes deu foi: “O
movimento passado era de Deus. Mantenham firme a sua fé. O Senhor ainda tem uma obra
para Seu povo. Estudem a Bíblia. Examinem a palavra e encontrarão a luz”16.
“Essa instrução está em harmonia com o propósito do Senhor. Ele sempre planejou que, no
momento certo, a mensagem especial para Seu povo devesse vir à luz através de Sua Palavra,
e, então, o dom de profecia viria ‘secundariamente,’ a fim de confirmar e edificar os
crentes.”17
Portanto, a Bíblia é clara sobre a mensagem da volta de Jesus, a necessidade de pregarmos
sobre o tema, e que não cabe a nós estar interessados em saber o dia, a hora, o ano. Qualquer
mensagem que estiver pregando período de tempo ou data para a lei dominical, fechamento
da porta da graça, tempo de angústia, dia ou ano da volta de Jesus, não tem apoio bíblico, e
logo deve ser rejeitado.
Nossos pioneiros entenderam isto, após o desapontamento, e Ellen White confirmou esta
mensagem bíblica várias vezes.

14
(RH, 9/Out/1894; Mensagens Escolhidas, v. 1, p. 191)
15
(Manuscrito 59, 1900; Eventos Finais, 36)
16
308 [1879]; Grande Conflito, 457)
17
(John Loughborough, O Grande Movimento Adventista, 214)
Mas uma vez, fica claro, que em termos desta doutrina, Ellen White não se apresentou como
uma nova luz, ou adicionou algo doutrinário além do que a Bíblia declara, mas ela enfatizou
diversas vezes o que a Bíblia afirma. O objetivo do dom profético sempre foi de nos alertar a
prestarmos atenção no que as Escrituras afirmam e não nos afastarmos da mensagem bíblica.

Pr. Gerson Rodrigues


Professor no SALT FADBA
Diretor do Centro White FADBA
02 de junho

SANTUÁRIO CELESTIAL

I. INTRODUÇÃO

A doutrina do santuário é a doutrina adventista que de fato a difere de todas as outras


denominações, contudo nem sempre é bem compreendida pelos de fora e muitas vezes também
pelos de dentro do próprio movimento adventista. A senhora White escreveu que “O espírito dos
crentes devia ser dirigido ao santuário celeste, onde Cristo entrara para fazer expiação por Seu
povo”.1
O adventista deve se debruçar diante desta doutrina porque ela é capaz de levar aqueles que a
compreende a entender melhor as demais doutrinas que compõem a fé adventista, “A compreensão
correta do ministério do santuário celestial constitui o alicerce da nossa fé”.2

II. INTERPRETAÇÃO EQUIVICADA DO QUE SERIA O SANTUÁRIO.

Em Daniel 8:14, encontra-se aquele famoso texto “O santuário será purificado”, mas o que isso
significa? Será purificado de quê?
O historicismo era o método proeminente de interpretação profética bíblica corrente nos Estados
Unidos durante o início do século XIX, foi por meio desta ferramenta que os mileritas e os pioneiros
adventistas sabatistas (mais tarde ficaram conhecidos como a IASD) identificaram o papado como
o chifre pequeno de Daniel 7:25. Eles viram as principais profecias do tempo de Daniel e
Apocalipse como uma apresentação da história desde os tempos dos profetas Daniel ou João até a
Segunda Vinda de Jesus.
Os mileritas entendiam as profecias de Daniel 8 e 9 particularmente relevantes. Desse modo, eles
se debruçaram nestes capítulos e identificaram o início das setenta semanas de Daniel 9: 24-27
como o ano 457 a.C., segundo o livro de Esdras 7:11-26, onde saiu o decreto promulgado pelo rei
Artaxerxes, e conectaram esta data de início aos 2300 dias de Daniel 8:14.
Seguindo o método historicista, eles entenderam que um dia representava um ano. Sendo assim,
eles concluíram que as setenta semanas ou 490 dias se estenderam desde o decreto para restaurar,

1
Mensagens Escolhidas v.1pág.67
2
Evangelismo, 221
e reconstruir Jerusalém em (457 a.C.) até os eventos relacionados com o batismo (27, d.C) e morte
de Cristo (31 d.C.) e o início da Igreja Cristã com a morte de Estevão (34 d.C.). Os 2300 dias de
Daniel 8:14, tiveram o mesmo início (457 a.C.), eles o estenderam para “por volta do ano de 1843”.
Em 1º de janeiro de 1843, Miller escreveu que estava “totalmente convencido de que em algum
momento entre 21 de março de 1843 e 21 de março de 1844, de acordo com o modo judaico de
cálculo do tempo, Jesus retornaria como cumprimento da profecia de Dn. 8:14.3
Miller entendia que o santuário representava a Terra (baseado em Is. 60:13; Ap. 20:6) e a igreja (1
Cor. 3:16-17; 2 Cor. 6:16; Efe 2:21-22).4
A conclusão de Miller em Daniel 8:14 era que tanto a terra como a igreja precisavam ser
purificadas. Como essa purificação aconteceria? Segundo a carta de Pedro, com fogo, (2 Ped. 3:7)
e isso só aconteceria com a volta de Jesus (Mt. 13:41-43, 49, 50; 2 Ts. 1:7-10; Sl. 46:6-10; 97:3;
Is. 66:15-16).

III. UMA NOVA LUZ NA INTERPRETAÇÃO

Algum tempo depois, após passado o período de março/abril de 1844, os mileritas entenderam que
o dia da expiação daquele ano, de acordo com o calendário judaico caraíta, seria no dia 22 de
outubro de 1844. Essa conclusão veio após um sermão pregado por Samuel Snow em agosto de
1844.
Os caraítas, uma corrente do judaísmo, consideravam o início do ano judaico com o aparecimento
da lua nova mais próxima do amadurecimento da colheita da cevada (Lv 23:9-14), que na Palestina
ocorreu em abril de 1844. A adoção do calendário caraíta tornou-se significativa para os mileritas
durante o verão e o outono [do hemisfério norte] de 1844, uma vez que o décimo dia do sétimo
mês foi colocado em outubro em vez de setembro.
Os mileritas sabiam que a maioria dos judeus celebrava o Yom Kippur em 23 de setembro de 1844.
Mas os mileritas escolheram seguir o cálculo caraíta mais obscuro, mas baseado na Bíblia.5

3
William Miller, “Synopsis of Miller’s Views,” Signs of the Times, 25 de Janeiro de 1843, 147.
4
Miller, “On the Cleansing of the Sanctuary” (1842), 4-7; em 1844 and the Rise of Sabbatarian Adventism,
72-73.
5
See [Sylvester Bliss], “The Seventh Month Movement.” Advent Shield and Review, January 1845, 273
278; citado em Merlin D. Burt, “Historical Background, Interconnected Development and Integration of the
Doctrines of the Sanctuary, the Sabbath, and Ellen G. White's Role in Sabbatarian Adventism from 1844 to
1849,” Ph.D. dissertation, Andrews University, 2002, p. 30.
Miller não ficou muito entusiasmado com a data, mas quando o momento foi se aproximando e ele
via o fervor do grupo, ele também aceitou a data. Porém ela passou, e o movimento enfrentou o
grande desapontamento.
Apesar da decepção Miller nunca permitiu que a sua fé vacilasse. Sua fé não estava baseada nos
feitos de Deus, no que pode fazer, mas, em quem Deus é.
Quantas vezes por bem menos que um desapontamento dessa expressão permitimos que nossa fé
vacile? Nossa fé semelhante à de Miller e dos nossos pioneiros precisam estar baseadas no que
Deus é, e não no que ele faz.

IV. NOVA LUZ SOBRE O SANTUÁRIO

6
Hiram Edson (1806 – 1882) era um leigo (posteriormente ordenado) que morava numa fazenda
em Port Gibson, Nova York. Tendo sido um respeitado metodista, em 1843 aceitou a mensagem
da iminente volta de Cristo, e sua casa tornou-se o centro adventista da localidade para um grupo
de crentes que o tinham como o seu líder, dentre este grupo havia alguns que estavam intimamente
associados a Edson, em seus esforços em favor da causa milerita, o médico Dr. Franklin B. Hahn
e Owen R. L. Crosier.
Ao chegar a dia 22 de outubro de 1844, um grupo de crentes estavam reunidos em sua casa
aguardando o glorioso aparecimento de Cristo. Falando a respeito dessa experiência, o próprio
Edson declara: “Esperamos pela vinda do Senhor, até que no relógio soaram 12 batidas à meia-
noite. O dia havia passado, e o nosso desapontamento tornou-se uma certeza. Nossas mais claras
esperanças e expectativas se desfizeram, e um tal espírito de pranto nos sobreveio como nunca
havíamos experimentado antes. Choramos e choramos até o alvorecer”.
Após sido desapontados amargamente, muitos dos crentes que estiveram reunidos na casa de Edson
retornaram para os seus desolados lares. Aos que permaneceram, Hiram Edson convidou a irem
até o celeiro, em meio a fria neblina do alvorecer do dia 23 de outubro, para realizarem um círculo
de oração. Após fecharem a porta, o grupo continuou orando até que tiveram a plena convicção de
que suas orações haviam sido aceitas e de que haveriam de receber luz adicional a respeito do seu
desapontamento.

6
o relato dessa experiência foi adaptado de Alberto Timm, História da Igreja Adventista do Sétimo Dia,
apostila para estudos em religião, p. 33-35
Após o desjejum, Edson convidou um de seus amigos, que Loughborough identifica como sendo
O.R.L. Crosier7, para irem encorajar alguns amigos mileritas desapontados. Talvez para ganhar
tempo, ambos tomaram um atalho que passavam em meio a um milharal. Enquanto atravessavam
o milharal, Edson nos declara: “Detive-me em meio ao campo. O céu parecia abrir-se ante meus
olhos, e eu vi distinta e claramente que em lugar de nosso Sumo Sacerdote sair do Lugar
Santíssimo, do santuário celestial, para vir a Terra (em 22 de outubro), Ele pela primeira vez entrava
nesse dia no segundo compartimento desse santuário; e que Ele tinha uma obra para realizar no
Santíssimo antes de vir à Terra”.8 Edson acrescenta que sua mente logo voltou-se para a experiência
registrada em Apocalipse 10.
A esperança no iminente advento de Cristo fora para os mileritas “doce como o mel”; porém esta
esperança, tornou-se amarga para eles por ocasião do grande desapontamento (versos 9 e 10).
Porém Edson compreendeu que este não era ainda o fim, pois o verso 11 acrescenta: “É necessário
que ainda profetizes a respeito de muitos povos, nações, línguas e reis”.
Durante os meses seguintes, ou seja, no inverno de 1844/1845, Hiram Edson, O. R. L. Crosier e F.
B. Hahn dedicaram-se ao estudo intensivo da Bíblia. Atenção especial foi dada ao livro de Hebreus,
salientando os capítulos 8 e 9, que falam do santuário terrestre como uma “sombra das coisas
celestes”, uma “figura do verdadeiro”, que é um “exemplo do verdadeiro serviço”. “O completo
sistema mosaico de tipos e cerimonias tornou-se a área central de estudo, juntamente com suas
antitípicas realidades cristãs. E o diagrama profético de Daniel e Apocalipse, relacionado com os
últimos tempos, foram igualmente objeto de diligente revisão”9.
Em abril de 1845 foram lançadas algumas cópias do panfleto “The Day Dawn (O amanhecer do
dia), ” que provavelmente já era por eles editado irregularmente em Canandaigua, Nova York. Este
é considerado o primeiro artigo escrito por Crosier sobre o santuário.
No dia 07 de fevereiro de 1846, um artigo mais amplo e mais detalhado de Crosier sobre o
santuário, foi publicado com o título um tanto ambíguo: “A Lei de Moisés”, no periódico Day- Star
Extra (Estrela do dia extra).
Os pontos mais importantes podem ser sumarizados como segue:
1. Um santuário real, literal, existe no céu.

7
John N. Loughborough, The Great Second Advent Movement, p. 193
8
C. M. Maxwel, História do Adventismo, p. 50
9
L.E. Froom, Prophetic Faith of Our Fathers, vol. 4, p. 886
2. No dia 22 de outubro de 1844, Cristo passou do primeiro compartimento deste santuário para o
segundo (o Lugar Santíssimo).
3. Antes de Seu retorno à Terra, Cristo tem uma obra a fazer no lugar santíssimo, que difere da
que Ele estivera realizando desde a Sua ascensão.
4. O ritual do santuário hebraico era uma completa representação visual do plano da salvação, com
cada tipo tendo o seu antítipo.
5. O verdadeiro propósito do Dia da Expiação (que iniciou para os cristãos no dia 22 de outubro e
1844) é preparar um povo purificado.
6. A purificação de Cristo do Santuário celestial também envolve a purificação dos corações de
Seu povo.
7. O tipológico “bode emissário” não representa a Cristo, mas a Satanás.
8. Como o “autor do pecado”, Satanás receberá a culpa final pelos pecados que ele levou Israel (o
povo de Deus) a cometer.
9. A expiação pelo pecado não iniciou até que Cristo entrou no santuário celestial após a Sua
ressurreição.
Foi provavelmente no final de 1845, ou durante o ano seguinte, que José Bates familiarizou-se com
ideias de Croiser.
O estudo particular, a troca de correspondência com Edson, bem como uma visita pessoal a Port
Gibson, levaram-no a aceitar a nova luz sobre o santuário. Assim, essa verdade fundamental sobre
o santuário, como uma sólida explicação para o desapontamento de 1844, começou a difundir-se
gradativamente.

V. AS DOUTRINAS ADVENTISTAS SEMPRE FORAM FUNDAMENTADAS NO


ESTUDO DA BÍBLIA.

Dois pontos importantes:


1. Os artigos escritos, não foram baseados na visão/insight de Hiram Edson, mas após um extenso
estudo da Bíblia, eles foram publicados demonstrando o pensamento bíblico e não de homens.
2. A experiência de Hiram Edson foi importante, mas enquanto eles não tiveram essa doutrina
esclarecida e baseada unicamente na Palavra de Deus, eles não publicaram.
3. Ellen White só escreveu sobre o assunto depois que nossos pioneiros tinham lido, comparado
com a Bíblia, e entendido o que tinha ocorrido em 1844. Mais uma vez, repete-se a mesma ordem:
Estudo da Bíblia, entendimento da doutrina, e depois a visão para confirmar que eles estavam
corretos na interpretação bíblica.
As visões não vieram para iniciar a descoberta desta antiga doutrina relatada na Bíblia, mas só
depois que eles estavam firmes na plataforma bíblica, Deus confirmou através das visões. Vários
pioneiros adventistas do sétimo dia começaram a escrever artigos, todos baseados na Bíblia.10

VI. DECLARAÇÕES DE ELLEN WHITE11

 “O Senhor me mostrou em visão, mais de um ano atrás, que o irmão Crosier tinha a luz
verdadeira, sobre a purificação do Santuário, e que era sua vontade, que o irmão Crosier escrevesse
a ideia que ele apresentou no Day-Star, Extra, 7 de fevereiro de 1846.”12.
 “O assunto do santuário foi a chave que desvendou o mistério do desapontamento de 1844.
Revelou um conjunto completo de verdades, ligadas harmoniosamente entre si e mostrando que a
mão de Deus dirigira o grande movimento do advento e apontara novos deveres ao trazer a lume a
posição e obra de Seu povo. … A luz proveniente do santuário iluminou o passado, o presente e o
futuro.”13
 “A compreensão correta do ministério do santuário celestial constitui o alicerce da nossa fé.” 14
 “À medida que os grandes pilares da fé foram apresentados, deles testificou o Espírito Santo,
especialmente no tocante às verdades do santuário. Repetidamente o Espírito Santo corroborou de
maneira assinalada a pregação desta doutrina.”15
 Ela também alerta para o que irá acontecer no futuro: “Futuramente surgirão enganos de toda
espécie, … O inimigo introduzirá doutrinas falsas, tais como a de que não existe um santuário. Este
é um dos pontos em que alguns se apartarão da fé”16

10
sobre o santuário (veja Alberto R. Timm, “The Sanctuary and the Three Angel’s Messages,” Ph.D. diss.,
1995, 435–439 (publicado em português, O santuário e as três mensagens angélicas: fatores integrativos no
desenvolvimento das doutrinas adventistas; Paul A. Gordon, Sanctuary, 1844, and the Pioneers
[Washington, DC: Review and Herald, 1983])
11
Para uma síntese do assunto veja, Alberto Timm, Reconhecendo as realidades celestiais: percepções de
Ellen White sobre o santuário,” Adventist World: fevereiro, 2013. p. 24-25.
12
EGW, em A Word to the “Little Flock”, 1847
13
EGW, Grande Conflito, 423 [1884, 1888, 1911]
14
Carta 208, 1906; Ev 221
15
(Evangelismo, 224)
16
Review and Herald, 25/Maio/1905 par. 28; Ev 224
VII. OS ADVENTISTAS SÃO ACUSADOS DE DIMINUIR O SACRÍFICIO DE CRISTO

Alguns acusam os adventistas de diminuir o sacrifício de Jesus na cruz, por causa da mensagem da
purificação do santuário. Mas, isso reflete um entendimento equivocado da mensagem adventista.
A IASD advoga os seguintes pontos:
1. A morte de Cristo na Cruz é o ponto focal da história sagrada. Entretanto, a atividade de Cristo
não terminou na cruz, pois Ele novamente foi chamado à vida, subiu ao Céu, para que lá, de acordo
com o Novo Testamento, iniciasse um serviço celestial.
2. Os adventistas do sétimo dia não limitam a atividade salvífica de Cristo e Sua vida terrena.
Através das Escrituras Sagradas reconhecem uma ligação entre a morte de Jesus e Sua ressurreição
e ainda Sua atividade no santuário celestial em benefício dos crentes e do mundo.
“A Bíblia indica um relacionamento muito grande entre a cruz de Cristo, Sua morte e o serviço do
santuário celestial.
1. Dan 9:24 – inauguração do santuário celestial.
2. Heb. 7 – ministério celestial de Cristo. “Não há contradição entre o ministério celestial de Cristo
e a Sua morte na cruz; porque, na cruz, Ele fez expiação, e no santuário celestial realiza a
intercessão.”17

VIII. CONCLUSÃO

“Após realizar na terra a obra para a qual veio (Jo. 17:4, 5; 19:30), Cristo foi ‘assunto ao céu’ (At.
1:11) a fim de “salvar totalmente os que por Ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder
por eles” (Hb 7:25), até Sua segunda vinda, quando aparecerá, não para tratar com o pecado, mas
para salvar os “que O aguardam para a salvação” (Hb. 9:28). Entre esses dois pontos, a cruz e o
glorioso retorno, o Senhor Jesus Cristo atua como sacerdote real no santuário, o ‘verdadeiro
tabernáculo que o Senhor erigiu, não o homem’ (Hb. 8:2), como advogado (I Jo. 2:1) e intercessor
daqueles que nEle creem (Rm. 8:34).
Na condição de nosso sumo sacerdote, Cristo está ministrando os benefícios de Seu sacrifício em
favor daqueles que dEle se aproxima, um ministério tão essencial à nossa salvação quanto Sua
morte expiatória.”18 Portanto Cristo deu início ao seu ministério no santuário celestial no dia 22 de

17
Gerhard F. Hasel, “Santuário: Uma Doutrina Singular, ” entrevista, Decisão, julho de 1982, 13
18
Angel Rodriguez, “Santuário,” Tratado de Teologia, 421
19 Patriarca e profetas. 256
outubro de 1844. Neste dia, ele começou o juízo investigativo que segundo (Pedro 4:17) começa
pela casa de Deus. Neste dia Ellen White afirma que “...pela virtude do sangue expiatório de Cristo,
os pecados de todo o verdadeiro arrependido serão eliminados dos livros do Céu. Assim o
santuário estará livre ou purificado, do registo de pecado.19

IX. APELO

Que o juízo investigativo não possa trazer preocupação para você que se encontra aqui nesta noite,
mas que possa trazer esperança, tendo em vista que o juízo divino é para trazer recompensa aos
seus fiéis e levá-los para passar mil anos com ele no céu.

Pr. Gerson Rodrigues


Professor no SALT FADBA
Diretor do Centro White FADBA

Pr. Luciano Ferreira


Departamental de Publicações e Espírito de Profecia
07 de julho
INTERPRETAÇÃO PROFÉTICA APOCALÍPTICA

I. INTRODUÇÃO

Os capítulos 2, 7, 8, 9:24-27; 10-12 do livro de Daniel foram fundamentais na sistematização da


mensagem milerita. Cristo exortou que o livro de Daniel seja cuidadosamente estudado (Mt.24:15)
como parte de Seu ensino sobre os eventos vindouros.
Os Mileritas pregavam que Daniel foi escrito no 6° século a.C. os pioneiros adventistas do sétimo
dia sempre creram como os mileritas em relação a data. Todavia os cristãos liberais acreditam que
Daniel foi escrito no II século a.C., e, portanto, as profecias de Daniel já tinham sido cumpridas
(Babilônia e Medo-Pérsia), para eles o autor não tinha como prever o futuro, e foi escrito no período
da Grécia. “Nessa ótica, o livro seria decorrente da opressão do rei selêucida Antíoco Epifânio (c.
175-164 a.C.), que invadiu a Judeia, proibiu a religião judaica, decretou a adoração a Zeus com
sacrifícios impuros no templo, proibiu a guarda do sábado e das festas e iniciou uma carnificina de
milhares de homens, mulheres, idosos, crianças e bebês [Ver 2 Macabeus 5 e 6].” 1

II. OS PIONEIROS ADVENTISTAS DO SÉTIMO DIA E ESTUDIOSOS


CONSERVADORES, SUSTENTAM QUE O PROFETA DANIEL COMPÔS O LIVRO NO
SÉCULO VI A.C.

Há pelo menos três motivos básicos que sustentam esta tese e que o livro de fato revela profecias
preditivas, são elas:
1. O próprio livro reivindica (Dan. 7: 1, 2, 15; 8: 1; 9: 2; 10: 2; 12: 4, 5).
“A visão do capítulo 7 Acontece no primeiro ano do rei Belsazar, a do capítulo 8, no terceiro ano
do mesmo reinado (551 a.E.C.)”.2
Não são apenas os teólogos adventistas que creem que o livro de Daniel foi escrito no 6° século
a.C., “No primeiro ano de Dario, o rei do qual já foi tratado em Daniel 5:31 e no capítulo 6; é
diferenciado aqui de Dario Histaspes, que chegou ao trono em 522 a.C. e é mencionado em Esdras

1
Diogo Cavalcanti, “A singularidade de Daniel, ” 19 de outubro de 2015,
[https://noticias.adventistas.org/pt/coluna/diogo-cavalcanti/a-singularidade-de-daniel/#_edn1]
2
Jacques B. Doukham, Segredos de Daniel, 121
4:24 e seguintes, Ageu e Zacarias. Filho de Assuero, ou Xerxer, na sua forma grega, um nome que
ocorre em Esdras 4:6 e no livro de Ester, mas pertence a um rei do século quinto (486-465/4)”.3
2. Apenas alguém que viveu no século VI a.C. poderia ter conhecido alguns dos fatos históricos
encontrados no livro, concordando com essa visão o comentário Bíblico Adventista diz: “Somente
um homem do 6° século (a.C.), familiarizado com a cultura babilônica, poderia informar alguns
dos fatos históricos encontrados no livro. O conhecimento desses fatos se perdeu depois do 6°
século a.C., pois não foi registrado em outra literatura antiga posterior”.4
3. O livro de Daniel foi escrito em duas línguas, hebraico e caldeu, “A partir do capítulo 2:4. e até
7:28, o texto original está escrito em aramaico e não em hebraico.” 5. Isso é natural se foi escrito na
época de Daniel, pois este “estava vivendo o exílio babilônico, onde se falava caldeu/aramaico,
que conhecia as duas línguas”.6

III. OS MILERITAS INTERPRETAVAM AS PROFECIAS BASEADOS NA


INTERPRETAÇÃO HISTORICISTA.

Antes da época de Guilherme Miller (1782-1849), quase todos os comentaristas protestantes que
estudavam os livros apocalípticos utilizavam o método historicista de interpretação de profecia. “O
historicismo reconhece que o cumprimento das profecias de Daniel ocorre dentro do fluxo da
história, desde o tempo do profeta até o estabelecimento do reino de Deus, [...] e identifica o
anticristo com o papado, cujo poder e influência se estendem desde a Idade Média até o fim do
mundo.”7
Contrário ao preterismo que ensina que a maioria das predições bíblicas foram cumpridas na
mesma geração em que foram dadas. Preterismo é a “modalidade de interpretação profética que
coloca inteiramente no passado o cumprimento de profecias bíblicas apocalípticas, principalmente

3
Daniel, Introdução e comentário (Joyce G. Baldwin)
4
Comentário Bíblico Adventista, 819
vs. versículos
5
Sociedade Bíblica do Brasil, Bíblia de Estudo Almeida Revista e Atualizada (Sociedade Bíblica do Brasil,
1999).
6
Norman R. Gulley, Systematic Theology: The Church and the Last Things (Berrien Springs, MI: Andrews
University Press, 2016), 9.
7
Elias Brasil de Souza, O Livro de Daniel: Uma Profecia para o Nosso Tempo (CPB, 2019), 11-12. Livro
auxiliar para a Lição da Escola Sabatina, 1o trimestre 2020.
as encontradas nos livros de Daniel e Apocalipse.” 8 O preterismo equipara o anticristo a Antíoco
IV Epifânio (c. 175-164 a.C.).
Contrário ao futurismo que aponta para o cumprimento das profecias para o futuro e acredita que
o anticristo será um governante mundial que aparecerá no futuro e que se levantará no final da
história.
“Os adventistas do sétimo dia adotaram a visão historicista, não simplesmente por causa de uma
suposta tradição herdada dos reformadores, mas porque um estudo cuidadoso confirmou que a
visão historicista flui naturalmente do próprio livro de Daniel.”9

IV. MILLER ADVOGAVA QUE O TEMPO PROFÉTICO NO LIVRO DE DANIEL


DEVERIA SER ENTENDIDO COM O PRINCÍPIO DIA/ANO.

Os pioneiros adventistas do sétimo dia aceitaram essa interpretação e seguiram pregando da mesma
forma. “Ao estudarmos o livro de Daniel, também devemos ter em mente que o tempo profético é
medido de acordo com o princípio do dia/ano. Ou seja, um dia na profecia geralmente equivale a
um ano no tempo histórico real. Assim, por exemplo, a profecia das 2.300 tardes e manhãs deve
ser entendida como se referindo a 2.300 anos (Dn. 8:14). Semelhantemente, a profecia das 70
semanas deve ser entendida como sendo 490 anos (Dn. 9:24-27). ” Esta visão está baseada no livro
de Números 14:34. Essa escala de tempo parece correta por algumas razões:
1. Já que as visões são simbólicas, os tempos indicados também devem ser simbólicos;
2. Visto que os eventos descritos nas visões se desdobram por longos períodos de tempo, e mesmo
até o “tempo do fim” em alguns casos, os períodos relacionados a essas profecias devem ser
interpretadas da mesma forma;
3. O princípio do dia/ano é confirmado em Daniel. Um exemplo claro é a profecia das 70 semanas,
que se estendeu dos dias do rei Artaxerxes até a vinda do Messias. Portanto, o modo mais evidente
e correto de entender os períodos proféticos apresentados em Daniel, é interpretá-los de acordo
com o princípio do dia/ano.” 10

8
Tratado de Teologia, XXVII.
9
Souza, O Livro de Daniel, 12.
10
Elias Brasil de Souza, Lição da Escola Sabatina, 1º trimestre 2020, quarta-feira, 1/Jan/2020.
https://mais.cpb.com.br/licao/da-leitura-a-compreensao/
V. MILLER ACREDITAVA E PREGAVA A PROFECIA DOS QUATRO REINOS E OS
REINOS DIVIDIDOS [DAN 2 E 7] QUE SURGIRIAM NO MUNDO, A PARTIR DA
ÉPOCA DO PROFETA DANIEL E IRIAM ATÉ O FIM DE TODOS OS REINOS
TERRENOS.11

1. Os quatro reinos foram: Babilônia, Medo-Pérsia, Grécia, Roma, e os 10 reinos divididos


do império romano ocidental.
Ponta pequena – poder papal que cresceria entre os 10 reinos representado pelos pés da estátua.
A pedra que destrói a imagem e enche a terra = Reino eterno de Cristo.
1260 dias = 1260 anos = 538—1798.12
Dan 8:14 – 2300 dias = 2300 anos = 457—1843/1844.

VI. MILLER ACEITAVA QUE NO LIVRO DE DANIEL, DEUS USOU A REPETIÇÃO


COMO FERRAMENTA DIDÁTICA PARA ESCLARECER A PROFECIA.

“Existem quatro ciclos proféticos, que são repetições de uma estrutura básica geral. No fim, essa
estrutura mostra a suprema soberania de Deus. Embora cada grande esboço profético transmita
uma perspectiva distinta, juntos eles abrangem o mesmo período histórico, estendendo-se desde o
tempo do profeta até o fim, como mostra o diagrama a seguir”13:
Daniel 2 Daniel 7 Daniel 8, 9 Daniel 10-12
Babilônia Babilônia
Média-Pérsia Média-Pérsia Média-Pérsia Média-Pérsia
Grécia Grécia Grécia Grécia
Roma Roma Roma Roma
O reino de Deus é O juízo celestial que Purificação do Miguel Se levanta
estabelecido conduz à Nova Terra Santuário

11
William Miller, Signs of the Times, 15 de abril de 1841, p. 9; citado em P. G. Damsteegt, Foundations of
the Seventh-day Adventist Message and Mission, 22.
12
P. G. Damsteegt, Foundations, 22-24.
13
Elias Brasil de Souza, Lição da Escola Sabatina, 1o trimestre 2020, segunda-feira, 30/Dez/2019.
https://mais.cpb.com.br/licao/da-leitura-a-compreensao/
VII. COMO ELLEN WHITE INTERPRETAVA O LIVRO DE DANIEL
1.Ellen Harmon (White) teve sua primeira visão após o desapontamento de 1844. Nessa visão não
foi apresentado o que aconteceu como cumprimento profético dos 2300 anos, mas algo importante
foi mostrado:
Dezembro de 1844 – Visão do Clamor da Meia Noite
a. A luz que iluminava o grupo, o anjo explicou que isto era o clamor da meia noite, ou seja, a
mensagem a profecia dos 2.300 anos pregado pelos mileritas, que era conhecido como o clamor da
meia-noite.
b. “Enquanto eu estava orando junto ao altar da família, o Espírito Santo me sobreveio, e pareceu-
me estar subindo mais e mais alto da escura Terra. Voltei-me para ver o povo do advento no mundo,
mas não o pude achar, quando uma voz me disse: ‘Olha novamente, e olha um pouco mais para
cima. ’ Com isto olhei mais para o alto e vi um caminho reto e estreito, levantado em lugar elevado
do mundo. O povo do advento estava nesse caminho, a viajar para a cidade que se achava na sua
extremidade mais afastada. Tinham uma luz brilhante colocada por trás deles no começo do
caminho, a qual um anjo me disse ser o “clamor da meia-noite”. Essa luz brilhava em toda
extensão do caminho, e proporcionava claridade para seus pés, para que assim não tropeçassem.
Se conservavam o olhar fixo em Jesus, que Se achava precisamente diante deles, guiando-os
para a cidade, estavam seguros.”14
1. Ellen White não inventou ou levou os adventistas a aceitarem a profecia das 2.300 tardes e
manhãs, mas ela foi um instrumento importante para anunciar a importância dessas mensagens
proféticas e alertar que o povo do advento deve continuar pregando esta mensagem pois ela é
bíblica. Mais uma vez, vemos Deus usando o dom profético para nos guiar de volta à Palavra de
Deus como nossa regra de fé e fonte das interpretações proféticas e doutrinas adventistas.
a. O livro O Grande Conflito, capítulo 18, “Uma Profecia Muito Significativa” – apresenta a
posição de Miller em vários pontos da profecia relacionada aos 2300 dias/anos (Dn. 8:14; 9:24-
27).
2. O livro de Daniel é um dos livros do Antigo Testamento mais citados por Ellen White, tanto a
parte histórica, quanto as profecias ali relatadas (veja por exemplo, Grande Conflito, 325-328, 405,
410; Desejado te Todas as Nações, 233-235; Profetas e Reis, 698, 699).15

14
Ellen G. White, Primeiros Escritos, 14.
15
Daniel, Livro de, ” em Enciclopédia Ellen G. White, p. 813.
Ela também incentiva fortemente o estudo conjunto de Daniel e Apocalipse.16 “Os ministros devem
apresentar a firme palavra da profecia como o fundamento da fé dos adventistas do sétimo dia.
As profecias de Daniel e Apocalipse devem ser cuidadosamente estudadas e, em ligação com elas,
as palavras: ‘Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo. ’ João 1:29.”17 “A cada nação
que tem subido ao cenário da atividade, tem sido permitido que ocupasse seu lugar na Terra, para
que se pudesse ver se ela cumpriria o propósito ‘do Vigia e Santo’. A profecia delineou o
levantamento e queda dos grandes impérios mundiais — Babilônia, Média-Pérsia, Grécia e Roma.
Com cada um destes, assim como com nações de menos poder, tem-se repetido a história. Cada
qual teve seu período de prova, e cada qual fracassou; esmaeceu sua glória, passou-se-lhe o poder
e o lugar foi ocupado por outra nação.”18
Ellen White entendia que o método mais seguro de interpretação profética é o historicismo “As
profecias apresentam uma sucessão de acontecimentos que nos levam ao início do juízo. Isto se
observa especialmente no livro de Daniel. Entretanto, a parte de sua profecia que se refere aos
últimos dias, Daniel teve ordem de fechar e selar, até ‘o tempo do fim.’ Não poderia, antes que
alcançássemos o tempo do juízo, ser proclamada uma mensagem relativa ao mesmo juízo e baseada
no cumprimento daquelas profecias. Mas, no tempo do fim, diz o profeta, ‘muitos correrão de uma
parte para outra, e a Ciência se multiplicará.’” (Daniel 12:4).19

VIII. CONCLUSÃO

Deus é soberano, e a profecia é relevante e traz uma mensagem para nós hoje – “A história que o
grande Eu Sou assinalou em Sua Palavra, unindo-se cada elo aos demais na cadeia profética, desde
a eternidade no passado até à eternidade no futuro, diz-nos onde nos achamos hoje, no
prosseguimento dos séculos, e o que se poderá esperar no tempo vindouro. Tudo o que a profecia
predisse como devendo acontecer, até à presente época, tem-se traçado nas páginas da História, e
podemos estar certos de que tudo que ainda deve vir se cumprirá em sua ordem.”.20

16
Testemunhos para Ministros, 112; Evangelismo, 363; Atos dos Apóstolos, 585.
17
Obreiros Evangélicos 148.1; Evangelismo 196.
18
Educação 176.7
19
Grande Conflito, 355.
20
Educação 178.3
IX. APELO

Deus espera que seu povo viva baseado no “assim diz o senhor”. No entanto, é necessário estudar
e para que possamos interpretar as escrituras de acordo com o que o Senhor revelou. Meu apelo
hoje é que você como adventista do sétimo dia, que um dia fora conhecido como povo da Bíblia
faça valer a luz que o Senhor te concedeu.

Pr. Gerson Rodrigues


Professor no SALT FADBA
Diretor do Centro White FADBA

Pr. Luciano Ferreira


Departamental de Publicações e Espírito de Profecia
4 de agosto
SÁBADO/LEI DE DEUS
I. INTRODUÇÃO

O sábado é o quarto mandamento da Lei de Deus descrita em Êxodo 20:1-17. Este dia foi criado
por Deus ainda nos primeiros capítulos do livro de Gênesis, num mundo ainda sem pecado. Este
mandamento segundo Ezequiel 20:12,20 deveria ser um sinal entre Deus e seu povo no mundo pós
pecado, o que o levaria a lembrar do seu Deus como seu criador e como seu redentor (Dt.5:12-15).
Porém este mandamento seria alvo dos ataques do inimigo como profetizou Daniel (Dn. 7:25). Mas
o Senhor levantaria um povo no final dos tempos para restaurar esta e outras verdades que tinham
sido lançadas no esquecimento (Ap. 12:17; 14:12).
Como Adventistas cremos que toda lei de Deus permanece em vigar e que nem um dos
mandamentos da sua lei deve ser deixado de lado porque segundo Tiago “Pois qualquer que guarda
toda a lei, mas tropeça em um só ponto, se torna culpado de todos” (Tg. 2:10)

II. A OBSERVÂNCIA DO SÁBADO NA AMÉRICA DO NORTE

1
A observância do sábado penetrou na América por Stephen Mumford, que “emigrou da Inglaterra
em 1664 e organizou, em Rhode Island, em 1671, a primeira igreja batista do sétimo dia na
América”. Porém a Associação Geral dos batistas do sétimo dia, só foi organizada em 1801, com
1.031 membros registrados. “Seu periódico denominacional, The Seventh-day Baptist Register (O
Registro Batista do Sétimo Dia), que iniciou em março de 1840, tornou-se o Sabbath Recorder
(Registrador do sábado), em junho de 1844. Em 1843 eles estavam profundamente envolvidos com
a ameaça de nova legislação dominical”2
O referido periódico, em seus editoriais, publicou alguns apelos em favor da observância do
sábado, que não foram bem aceitos pelas igrejas observadoras do domingo, bem como pelos
mileritas em geral, o que levou os líderes e editores dos jornais adventistas a depreciar essa agitação
entre os batistas em favor do sábado.3

1
Adaptado de Alberto Timm, História da Igreja Adventista do Sétimo Dia, apostila para estudos em
religião, p. 37-41.
2
L. E. Froom, Prophetic Faith of Our Fathers, vol.4, p. 942
3
Idem, p. 944
III. O INGRESSO – O SÁBADO É ACEITO NO MEIO ADVENTISTA

Foi em meio a um pequeno grupo de desapontados mileritas da América, que esta fusão se tornou
significativa. Frederico Wheeler (1811 – 1910), um jovem ministro itinerante metodista-adventista
[porque cria no advento de Cristo] de Hillsboro, New Hampshire, ao celebrar uma santa ceia num
domingo pela manhã do início de 1844, em Washington, no mesmo estado, afirmou: “Todo aquele
que confessa sua comunhão com Cristo num serviço como este, deveria estar disposto a obedecer
a Deus e a guardar os Seus mandamentos em todas as coisas”. Presente nesta reunião estava uma
viúva de meia idade, que era batista do sétimo dia, chamada Raquel Oakes (1809 – 1868). Esta
senhora viera a Washington, New Hampshire, para ficar junto de sua filha Raquel Delight Oakes,
que era professora. Ante a declaração do pastor Wheeler, a senhora Oakes quase levantou-se, mas
conteve-se.
“Pouco depois, ao visitar a família de Daniel Farnsworth, o pastor Wheeler encontrou-se com essa
senhora e soube que era a Sra. Raquel Oakes, mãe da jovem professora Raquel Delight Oakes.
Direta em sua palavra Raquel repreendeu o pastor Wheeler por ter falado dos Dez mandamentos
sendo que ele próprio não os guardava”.4 O pastor Wheeler ficou espantado com as palavras da
senhora Oakes. Ao retornar para casa ele continuou pensando nisto. Orou sobre o assunto, estudou
sua Bíblia e, finalmente, convenceu-se de que o sábado era o verdadeiro dia de guarda. E, “durante
esse mesmo inverno, possivelmente em 16 de março de 1844, ele tomou sua decisão de observar o
sétimo dia como o sábado. Assim foi que Frederico Wheeler, um metodista- adventista-milerita,
de Hillsboro, New Hampshire, tornou-se o primeiro ministro adventista observador do sábado na
América do Norte”.
O trabalho de Raquel Oakes influenciou outras pessoas a guardarem o sábado, e um pequeno grupo
de adventistas sabatistas começou a se formar em Washington, New Hampshire. Em agosto de
1844, Tomas M. Preble, que anteriormente fora pastor da igreja batista da comunhão livre, tornou-
se o segundo pastor adventista observador do sábado na América do Norte.
No dia 28 de fevereiro de 1845, Preble publicou um artigo sobre o sábado no periódico The Hope
of Israel (A esperança de israel). No mês seguinte ele publicou uma versão ampliada dos seus
pontos de vista sobre o sábado, num folheto que trazia como título “Tract, Showing that the Seventh

4
História de Nossa Igreja, p. 186.
Day Should Be Observed As The Sabbath” (Folheto Demonstrando que o Sétimo Dia Deveria Ser
Observado Como o Sábado”). Três anos depois, Preble abandonou a crença no sábado e voltou a
guardar o domingo. Este folheto levou à conversão várias famílias em Paris, Maine. Entre elas
estava a de Edward Andrews (pai de J.N.Andrews), a família Stowell, a família de Cyprian Stevens,
incluindo as duas jovens que posteriormente se tornaram as esposas de J. N. Andrews e Uriah
Smith”5
Após ler o artigo de Preble publicado no The Hope of Israe (A esperança de Israel 28/fev. /1845),
José Bates dedicou-se ao estudo da Bíblia, e em março de 1845, ele decidiu percorrer 220
quilômetros a fim de se encontrar pessoalmente com Frederico Wheeler, em Hillsboro. Chegando
de surpresa na casa de Wheeler, às dez horas da noite, Bates acordou a família, e passou o resto da
noite estudando com Wheeler. “Na manhã seguinte, Bates e Wheeler seguiram para Washington e
conversaram sobre o sábado até́ o meio-dia,com alguns dos Farnsworth sob um bosque de bordos.
Depois Bates retornou a seu lar em Fairhaven, Massachusetts. No caminho, ele lutou consigo
mesmo, tentando imaginar os efeitos que a sua decisão de mudar o dia de guarda teria sobre seus
vizinhos, familiares e amigos. Em seus ouvidos soavam constantemente as palavras: “Que te
importa? Quanto a ti, segue- me.” “Cruzando a ponte entre New Bedford e Fairhaven, Bates fez
seu primeiro converso de um de seus amigos adventistas. “Quais são as novas, Capitão Bates?”
perguntou Tiago Madison Monroe Hall. “As novas”, respondeu o capitão, “são que o sétimo dia é
o sábado do Senhor nosso Deus.” Hall observou o próximo sétimo dia como seu dia de repouso”.

IV. AS PRIMEIRAS PUBLICAÇÕES ADVENTISTA SOBRE O SÁBADO

Em agosto de 1846, Bates publicou um tratado de 48 páginas sobre o sábado, intitulado “O Sábado
do Sétimo Dia, um Sinal Perpétuo”, distribuído gratuitamente. Neste tratado, Bates trabalha sete
pontos muito relevante sobre este mandamento.
1.Reestabelece o sábado com base na criação bíblica (Gen. 2; cf. Êxo. 16) e 10 mandamentos (Êxo.
20)
2.Sinal perpétuo (Exo. 31; Isa 66; Heb. 4)
3.Costume de Jesus (Lu.c 4:16, 31)

5
SDA Encyclopedia, p. 1144
4.Milagres (Mat. 12:1-13; Luc 13:10-17; João 5:5-17; etc.)
5.O sábado foi feito para todos e não apenas para os judeus (Mar 2:27-28; Isa 56:1-7)
6.Rom.14:5,6 – dias cerimoniais
7.Col. 2:14, 16 – sábados cerimoniais
Este tratado levou um considerável número de pessoas a aceitarem o sábado, entre os quais estavam
Thiago e Ellen White, os quais o leram logo após o seu casamento em 30 de agosto de 1846.
“No outono [hemisfério norte] de 1846, começamos a observar o sábado bíblico, a ensiná-lo e
defendê-lo”6. Em 1847, Bates e os Whites eram praticamente os únicos a “publicamente ensinarem
o sábado”7. No ano seguinte, Bates publica uma segunda edição do seu tratado sobre o sábado, no
qual ele enfatiza o lugar da terceira mensagem angélica no movimento sabatistas.8
1. Remanescente e os 10 mandamentos (Apo 12:17; 11:19).
2. Batalha dos últimos dias que inclui os 10 mandamentos (Apoc. 12:17-14:14). 3) Restauração
do sábado (Isa 58). 4) Identificação da marca da besta (Dan. 7:25; Apoc. 14:9-11).
Em 30/Maio/1847 no panfleto A Word to the “Little Flock” (Uma palavra para o “pequeno
rebanho”), a primeira publicação conjunta com artigos dos três co-fundadores da IASD (Tiago
White, Ellen G. White, e José Bates), destacou a importância escatológica do sábado: 1) Apocalipse
14:12 – parte da terceira mensagem angélica9 2) Apoc. 11:19 – templo/santuário de Deus é aberto
no céu (Arca da aliança contém os 10 Mandamentos).

V. ELLEN WHITE E O SÁBADO

“Tiago e Ellen White assumiram sua posição baseados puramente nas evidências escriturísticas às
quais tiveram a atenção dirigida pelo folheto de Bates. “Então, no primeiro sábado de abril de 1847,
sete meses depois de haverem começado a guardar e ensinar o sábado do sétimo dia, o Senhor
deu à Sra. White em Topsham, Maine, uma visão na qual se acentuava a importância do
sábado. Ela viu as tábuas da lei na arca, no santuário celestial, e um halo de luz circundando o
quarto mandamento.10

6
Ellen White, Testemunhos para a Igreja, 1:75.
7
James White, Life Incidents, 269
8
SDA Encyclopedia, p. 133.
9
WLF 11.
10
Depositários das Publicações de Ellen G. White, Março, 1963, in Primeiros Escritos xxi (Ver Primeiros
Escritos 32-35 o relato dessa visão).
Uma vez mais fica claro que em relação a doutrinas, as visões eram dadas após os pioneiros terem
estudado o assunto na Bíblia, entenderem a importância da doutrina, aceitarem a mesma, e então a
visão confirmava que eles estavam corretos. A crença deles não foi baseada em visões, mas as
visões davam ânimo àquele pequeno grupo a continuar estudando diligentemente a Bíblia e
encontrar o plano de Deus para a vida deles.
Ellen White destaca alguns pontos bíblicos importantes em relação ao sábado11:
 “O sétimo dia é um memorial da criação, de valor eterno e ordenado a toda a humanidade” (Gen
2:1-3).
 “É não apenas um dia de descanso/repouso (DTN, 281), mas também de regozijo, e grandes
bênçãos estão envolvidos na observância do sábado”.12
 “Jesus é o criador do sábado, e, portanto, esse dia Lhe pertence, e além do mais esse dia aponta
para Cristo como o criador e santificador”.13
 “Um sinal do poder criador e redentor”.14
 “O sábado se tornará progressivamente mais significativo à medida que o mundo se aproximar
da Segunda Vinda de Cristo”.15
1. Característica da igreja remanescente (Apoc. 12:17; 14:12).
2. Foco principal do “selo de Deus” (Apoc. 7:1-3; 14:1-5).
3. Antítese da “marca da besta” (Apoc. 14:9-12)
“Mediante os dois grandes erros — a imortalidade da alma e a santidade do domingo — Satanás
há de enredar o povo em suas malhas. Enquanto o primeiro lança o fundamento do espiritismo, o
último cria um laço de simpatia com Roma. Os protestantes dos Estados Unidos serão os primeiros
a estender as mãos através do abismo para apanhar a mão do espiritismo; estender-se-ão por sobre
o abismo para dar mãos ao poder romano; e, sob a influência desta tríplice união, este país seguirá
as pegadas de Roma, desprezando os direitos da consciência.”16
É importante salientar que a Bíblia não ensina salvação pela guarda do sábado 17, e nem Ellen White
prega isso.

11
Baseado em Enciclopédia Ellen G. White, 1258-1260.
12
DTN, 769; Testemunhos para a Igreja, vol. 6, p. 349.
13
DTN, 288-289
14
Êx 31:13; 20:11; Educação, 250
15
Primeiros Escritos, 33
16
GC 588
17
Adaptado de Alberto Timm, entrevista, Ministério Set/Out 1998, 5.
 Salvação unicamente pela graça mediante a fé. “Ef. 2:8 – “Porque pela graça sois salvos, por
meio da fé”
 Salvação sem qualquer mérito humano. Rm. 3:28 (cf. 4:6) – “concluímos, pois, que o homem é
justificado pela fé sem as obras da lei” Ef. 2:8-10 – “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé;
e isto não vem de vós, é dom de Deus; não vem das obras, para que ninguém se glorie. Porque
somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus antes preparou para que
andássemos nelas”.
Obter a salvação pela observância do sábado – IMPOSSÍVEL, Porém, salvos pela graça divina,
somos colocados em conformidade com a vontade de Deus expressa no Decálogo (Mat. 7:21; Rom.
3:31). Nesse sentido, a observância do sábado é apenas um fruto da salvação e não uma condição
para a salvação (João 14:15; 15:1-5).

VI. CONCLUSÃO

“A lei revela o pecado e a ira de Deus (Rm. 4:15). Não há justiça na lei (Gl. 2:16; 3:10). Como um
espelho, a lei apenas aponta a seriedade de nosso problema, mas não oferece solução. Ela nos deixa
com nossa sentença (Gl. 3:1-3). O uso farisaico da lei a colocava em competição com Cristo. Qual,
então, é o propósito da lei?
1. Ela reflete o caráter de Deus.
2. Por meio dela o pecado se torna conhecido (Rm. 7:7).
3. Ela conduz o homem a Cristo, nossa única esperança (Rm. 3:28).
4. Ela age como guia moral. Assim, a lei nos conduz continuamente ao evangelho para a salvação,
e o evangelho nos conduz à lei para a obediência.
Lutero cria que Deus tem duas palavras ao homem: uma na lei, a outra no evangelho. Calvino
discordava: ‘Deus tem apenas uma palavra ao homem: o evangelho.’ O que é a lei? O reformador
respondia: ‘A lei é a face séria do evangelho.’ A graça não anula a lei, apenas nos dá uma nova
motivação para a obediência. A graça nos diz que devemos amar a Deus. A lei nos ensina como
fazê-lo.”18

18
Amim Rodor, Encontros com Deus, MM 2014; 29/nov/2014
VII. APELO

Como adventista do sétimo dia, eu te convido a guardar o sábado, não porque é bom para família
apesar de ser. Não porque é bom para a saúde, apesar de ser, mas porque assim diz o Senhor.

Pr. Gerson Rodrigues


Professor no SALT FADBA
Diretor do Centro White FADBA

Pr. Luciano Ferreira


Departamental de Publicações e Espírito de Profecia
01 de setembro

O REMANESCENTE PROFÉTICO
APOCALIPSE 12:17
I. INTRODUÇÃO

Deus sempre chamou um remanescente; isso fica bem claro desde o Antigo Testamento.
Quando Adão teve filhos e filhas, Deus conservou Sete como seu remanescente do qual veio a
descendência de Noé. Quando Deus enviou o dilúvio, mais uma vez através de Noé, Deus
conservou o seu remanescente. Quando os filhos de Noé se rebelaram, Deus conservou, Sem
como seu remanescente, do qual veio a descendência de Abrão e assim sucessivamente. No
final da história, neste tempo em que estamos vivendo, Deus também tem um povo
remanescente do qual creio que nós fazemos parte, com base no texto a ser estudado.

II. A IRA DO DRAGÃO CONTRA A MULHER

O dragão que é uma referência a Satanás (Ap. 12:9), está irado com a mulher, que se refere à
igreja (Ef. 5:23-32). Esta ira se dá, porque a mulher tem duas características específicas: ela
“guarda os Mandamentos de Deus e tem a fé em Jesus” (Ap. 12:17). “Por não poder mais atacar
diretamente o Filho de Deus, o dragão tenta atingir o Filho por meio da mãe, perseguindo a
mãe do filho varão, a igreja”1
Não se trata de qualquer igreja, mas uma igreja (um povo) bem definida, onde o Senhor revelou
que esta mulher surgiria depois dos 1260 anos, ou seja, baseado em Apocalipse (Ap. 12:13-16),
o surgimento dessa mulher seria após o ano de 1798. Quando olhamos para história, notamos
que no décimo nono século surge o movimento milerita em seguida a mulher que guarda os
mandamentos e que tem o testemunho de Jesus, que é o Espírito de Profecia (Ap. 19:10)

III. IDENTIDADE PROFÉTICA DO REMANESCENTE

Não temos apenas uma identidade profética, mas uma data profética (Dn 8:14), uma certidão
de nascimento (Ap 10:10) uma identidade (Ap 12:17) e uma mensagem (Ap 14:6-12); “Infeliz
é o povo que perde a memória de suas origens, e a Igreja Adventista do Sétimo Dia não pode
esquecer sua história. É olhando para o passado, que a igreja do presente renova sua confiança,
na certeza de que o Movimento Adventista não é um movimento de feitura humana, mas que

1
CBASD vol.7, 898
foi provocado pela ação de Deus, num cumprimento incontestável das profecias dos livros de
Daniel e Apocalipse.”2
“O fato de ser identificado como restante ou remanescente, revela que os mandamentos de Deus
são um ponto de forte controvérsia na luta entre o dragão e a igreja.”3

IV. GUARDA OS MANDAMENTOS DE DEUS

“A lei de Deus denuncia o ciúme, a inveja, o ódio, a malignidade, a vingança, a concupiscência


e a ambição que emergem da alma, mas não encontraram expressão em ato exterior, porque
faltou ocasião, e não vontade. Essas emoções pecaminosas serão tomadas em conta no dia em
que “Deus há de trazer a juízo toda a obra, e até tudo o que está encoberto, quer seja bom, quer
seja mau”. (Eclesiastes 12:14).”4
Como Adventistas do Sétimo Dia, cremos que fomos chamados por Deus para restaurar
verdades que, apesar de não serem novas, estavam esquecidas. Daniel deixa isso claro quando
diz: “...e deitou por terra a verdade; e o que fez prosperou” (Dn. 8.12). Porém Isaías relata que
“Os teus filhos edificarão as antigas ruínas; levantarás os fundamentos de muitas gerações e
serás chamado reparador de brechas...” (Is. 58.12). O comentário bíblico Adventista, aplica este
texto da seguinte maneira: “Nos v. 6 a 10, apresenta-se o modo como se devia reconstruir as
‘antigas ruínas’. Isso devia ser feito mediante um reavivamento da religião prática. O v. 13
indica onde se deve começar a reforma.”5
Apesar da luz que possuímos, podemos correr o sério risco de sermos tão culpados quanto a
quebra dos mandamentos, senão até mais dos que as demais denominações. Vamos analisar
alguns textos:
“Não odiar o próximo” (1Jo 3:15) “... ‘odiar’ é sinônimo de ‘não amar’. A ausência de amor
indica a presença do ódio. Aos olhos de Deus não há terreno neutro.”6 Portanto não odiar é
mandamento, doutra forma é transgressão dos seis últimos mandamentos da lei do Senhor.
“O poder de condenação da lei de Deus estende-se não só às coisas que praticamos, mas às
coisas que deixamos de praticar. Não nos devemos justificar ao omitirmos a prática das coisas
que Deus requer. Devemos não só cessar de fazer o mal, mas também aprender a fazer o bem.” 7

2
A mão de Deus ao leme, pág. 4
3
Idem
4
Mensagem Escolhida V. 1. 217
5
CBASD, vol. 3, pág.326
6
CBASD, vol 7, 721
7
ME, vol.1, pág. 220.
“É a incredulidade, a mundanidade, a falta de consagração e a contenda entre o professo povo
de Deus que nos têm detido neste mundo de pecado e dor por tantos anos”.8
Ademais, João diz que “Todo aquele que odeia a seu irmão é assassino; ora, vós sabeis que todo
assassino não tem a vida eterna permanente em si”. (1Jo. 3:15). Quando olhamos para esses
textos concluímos que odiar o irmão é quebra do sexto mandamento da lei de Deus.
Um segundo ponto que vale a pena ser analisado é a teoria de que a oferta não é um mandamento
de Deus. Ora, como não é um mandamento de Deus se o profeta Malaquias diz que quem não
oferta rouba a Deus? (Ml 3.8). Para o profeta, não ofertar é quebra direta ao oitavo mandamento
que diz: “Não furtarás.” (Êx. 20:15)
“A lei de Deus, como é apresentada nas Escrituras, é ampla em suas reivindicações. Cada um
de seus princípios é santo, justo e bom. A lei coloca os homens sob obrigação a Deus; alcança
os pensamentos e a sensibilidade; e produzirá convicção de pecado em todo aquele que tenha
ciência de ter transgredido suas reivindicações. Se a lei alcançasse apenas a conduta exterior,
os homens não seriam culpados em seus maus pensamentos, desejos e desígnios. Mas a lei
requer que a própria alma seja pura e a mente santa, para que os pensamentos e a sensibilidade
estejam de acordo com a norma de amor e justiça.”9

V. TEM O TESTEMUNHO DE JESUS

O livro de Apocalipse diz que, “Nesse texto, o ‘testemunho de Jesus’ é definido como o ‘espírito
da profecia’, significando que Jesus testemunha à igreja mediante a mensagem profética.
Portanto, os Adventistas do Sétimo Dia interpretam assim esta passagem e creem que o
remanescente se distingue pela manifestação do dom de profecia. Acreditam que o ‘testemunho
de Jesus’ é aquilo que Jesus testemunha a Seu povo por intermédio do dom profético”10.
Como a senhora White via seu ministério, tem muito a ensinar o povo remanescente que crê no
seu dom. “Por que não tenho eu reivindicado ser profetisa? — Porque nestes dias muitos que
ousadamente pretendem ser profetas são um opróbrio à causa de Cristo; e porque meu trabalho
inclui muito mais do que a palavra “profeta” significa.”11
Outro ponto que merece muito estudo e equilíbrio é como se consideram os escritos da senhora
White. Certo dia fui pregar numa de nossas igrejas, e ao terminar a mensagem, uma irmã que
já frequenta a igreja há um bom tempo, comentou sobre duas coisas que a impedem de ser
batizada. Ela não crê que a irmã White é o espírito de Profecia. Depois de respirar fundo eu

8
Evangelismo, pág. 696.
9
Mensagem Escolhida vol. 1, pág. 211
10
CBASD, vol.7, 899
11
Mensagens escolhidas vol.1, pag.33
disse a irmã adventista, que a irmã White não é o espírito de profecia, mas segundo o comentário
bíblico adventista: “o ‘testemunho de Jesus’ é aquilo que Jesus testemunha a Seu povo por
intermédio do dom profético”12,ou seja a própria Bíblia é o Espírito de Profecia. Ela também
não crê que os livros de Ellen White são iguais a Bíblia. Eu respirei fundo e disse: “Nem eu
creio irmã”. Os adventistas creem que os escritos da senhora White foram inspirados pelo
mesmo Espírito que inspirou os profetas da Bíblia e com o mesmo grau de inspiração, mas não
são iguais à bíblia.
Vejamos como a irmã White via seus escritos:
“A Bíblia é a única regra de fé e doutrina.” 13
“O Senhor deseja que estudeis a Bíblia. Ele não deu alguma luz adicional para tomar o lugar de
Sua Palavra. Esta luz deve conduzir as mentes confusas a Sua Palavra...”14
“Pouca atenção é dada à Bíblia, e o Senhor deu uma luz menor para guiar homens e mulheres
à luz maior”.15
“Os homens poderão apresentar um ardil após o outro, e o inimigo procurará desviar as almas
da verdade, mas todos os que creem que o Senhor tem falado por intermédio da irmã White, e
lhe tem dado uma mensagem, estarão livres dos muitos enganos que surgirão nestes últimos
dias.”16
“Cedo, em minha juventude, foi-me perguntado várias vezes: Sois uma profetisa? Tenho
respondido sempre: Sou a mensageira do Senhor. Sei que muitos me têm chamado profetisa,
porém eu não tenho feito nenhuma reclamação desse título”.17

V. O REMANESCENTE SEGUNDO ELLEN WHITE

“Os adventistas do sétimo dia foram escolhidos por Deus como um povo peculiar, separado do
mundo. Com a grande talhadeira da verdade Ele os cortou da pedreira do mundo, e os ligou a
Si. Tornou-os representantes Seus, e os chamou para serem embaixadores Seus na obra final de
salvação. O maior tesouro da verdade já confiado a mortais, as mais solenes e terríveis

12
CBASD, vol.7, 899
13
Fundamentos da Educação crista, 126
14
Carta 130,1901
15
Review and Herald, 20 de janeiro de 1903. (Citado em O Colportor-Evangelista, pág. 125.)

16
Mensagens Escolhidas, vol. 3, págs. 83 e 84.
17
Mensagem Escolhida V. 1.
advertências que Deus já enviou aos homens, foram confiadas a este povo, a fim de serem
transmitidas ao mundo.”18
Deus tem um povo distinto, uma igreja na Terra, inferior a nenhuma outra, mas a todas superior
em suas facilidades para ensinar a verdade, para vindicar a Lei de Deus. 19

VI. CONCLUSÃO

A palavra que aparece como restante em (Ap.12:17), também poderia ser traduzida como
“remanescente, o resto, o resto das coisas, aquilo que ainda permanece”20. Se há um momento
em que é honroso ser reconhecido como resto é neste momento, mas como citado acima: Deus
tem um povo distinto de todos, isso não o faz melhor, mas diferente, no entanto, ser diferente
muitas vezes tem um preço a ser pago. Não são raras as vezes em que essas diferenças os
excluem, os leva a serem taxados de cafona, fundamentalistas e tantos outros adjetivos. Todavia
quando uma floresta é destruída pelo fogo, tudo se torna cinza, até que finalmente surge um
broto verde. Entretanto, este broto verde ao olhar para os lados pode ser tentado a se questionar-
porque apenas eu sou verde. Por que apenas eu tenho que guardar o sábado? Por que apenas eu
preciso trancar minha faculdade por não poder estudar aos sábados? Por que apenas eu não
posso trabalhar no sábado? Por que apenas eu não posso comer pizza de calabresa? Este broto
verde, que Deus confiou a missão de tornar a floresta que está em cinzas, numa floresta verde,
corre o sério risco de desejar ser cinza, mas o Senhor vai continuar conservando na terra um
remanescente fiel o qual Pedro diz: “Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa,
povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos
chamou das trevas para a sua maravilhosa luz” (1Pe. 2:9).

VII. APELO

Deus deseja que seu povo seja semelhante a um broto verde com a missão de levar vida a uma
floresta que ainda está morta. Para tanto, Ele convida Seu povo a olhar para dentro de si, a fim
de analisar se a sua vida está mais parecida com cinzas ou com o broto verde. Se porventura há
alguém aqui que ao olhar para si, notar muita coisa semelhante a floresta em cinzas, o convite
do Senhor hoje é que o seu povo remanescente permita que Ele lhe preencha com a Sua Vida e

18
Eventos Finais
19
Testemunhos Para Ministros, págs. 50, 58 e 59.
20
Strong, J. (2002). Léxico Hebraico, Aramaico e Grego de Strong. Sociedade Bíblica do Brasil.
seja verde para que através deste povo, Ele possa dar nova cor àquilo que está cinza, possa dar
vida àquilo que está morto.

Pastor Luciano Ferreira


Departamental de Publicações e Espírito de Profecia
Associação Bahia-ULB
06 de outubro

AS TRÊS MENSAGENS ANGÉLICAS

APOCALIPSE 14:6-12

I. INTRODUÇÃO

As três mensagens angélicas são as últimas mensagens de advertência do Senhor a um


mundo a perecer, e precisam ser comunicadas com urgência, por isso a figura do anjo
voando. Também precisam ser dadas a toda criatura, por isso o anjo está no meio do céu.
Precisam ser dadas com fidelidade, porque a mensagem do evangelho é eterna. Ademais,
para muitos estudiosos da Bíblia, as três mensagens angélicas de Apocalipse 14
provavelmente sejam o conjunto mais rico e abrangente dos vislumbres doutrinários no
livro de Apocalipse, e até mesmo em toda a Bíblia.1
“Satanás está constantemente buscando lançar sua sombra infernal em torno dessas
mensagens, de modo que o povo remanescente de Deus não distinga claramente sua
importância, seu tempo e lugar; elas vivem, porém, e devem exercer sua força sobre nossa
experiência religiosa enquanto o tempo durar.”2

II. A MENSAGEM DO PRIMEIRO ANJO.

Essa mensagem começou a ser pregada por Guilherme Miller no início do movimento
milerita, quando, depois de aprofundado estudo das profecias de Daniel, ele concluiu que
Jesus voltaria entre o período de março de 1843 a março de 1844.
O primeiro anjo tem uma missão específica, levar os olhos do povo para o juízo e a
verdadeira adoração, que está atrelada ao dia de sábado.
A primeira parte da mensagem diz: “Temei a Deus e dai-lhe glória. O Comentário Bíblico
Adventista diz que “‘temer’, ‘reverenciar’, é usado aqui não no sentido de ter medo de
Deus, mas de se achegar a Ele com reverência e respeito”3. Desse modo, há uma ênfase
na mensagem para o tempo do fim de que se deve olhar para Deus com mais respeito. O
Tratado de Teologia Adventista amplia dizendo: “Moisés empregou muitas vezes o verbo
‘temer a Deus’ no sentido de obedecer aos Seus mandamentos com um coração cheio de
amor a Deus e à Sua obra de livramento (Dt 5:29; 6:2; 8:6; 13:4) 4. Entretanto, na Bíblia

1
https://www.revistaadventista.com.br/da-redacao/destaques/arautos-do-juizo-final/
2
Mensagem Escolhidas vol. 2, pág. 117
3
Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia, vol.7, pág. 915
4
Tratado de Teologia, pág. 986
de Estudo Andrews, diz que este temer a Deus não se refere apenas ao respeito, mas quem
não respeita, precisa ter medo de Deus.5
Na conclusão da primeira parte, o anjo fala sobre a chegada do juízo. Mas que juízo seria
esse? Os adventistas do sétimo dia entendem que este juízo começou em 1844 e é
representado, em tipo, pela purificação do santuário terrestre.6 Sendo assim, se faz
necessário pregar que o juízo não virá quando Jesus voltar, mas quando Jesus voltar todas
as coisas já terão sido julgadas.
A segunda parte da primeira mensagem tem a ver com adoração. O apelo do primeiro
anjo para temer a Deus e adorá-lO como Criador do céu e da terra na hora do juízo
celestial associa o juízo com a criação, “e adorai Aquele que fez o céu, e a Terra, e o mar,
e as fontes das águas (Ap 14:7)”. O primeiro ponto a ser analisado nesta segunda parte é
o verbo adorar. Este verbo aparece no Novo Testamento 60 vezes e todas as vezes que é
traduzido como adorar, ou seus cognatos, faz-se referência a adoração a uma divindade
que nem sempre é o próprio Deus, mas sempre no contexto de adoração.
Hoje tem se tornado comum adorar qualquer coisa: sorvete, novela, celulares etc., mas o
texto diz que a adoração só deve ser dirigida “Àquele que fez o céu a terra o mar e as
fontes das águas”. Se o verbo adorar se tornar algo comum, corre-se o sério risco de estar
na presença do Senhor sem o verdadeiro sentido de adoração, porque esta expressão já
não consegue impactar os corações.
Segundo ponto interessante a ser analisado é a última parte do texto que diz: “fez o céu,
e a terra, e o mar e as fontes das águas” (Ap 14:7). João está transportando seus leitores
para o livro de Êxodo 20:11, o texto que faz parte dos dez mandamentos e especificamente
ao quarto mandamento, o sábado. O chamado para adorar a Deus como criador de todas
as coisas implica que se dê a devida atenção ao memorial da criação divina, o sábado.
Portanto, “Na crise final, os habitantes da Terra serão chamados a fazer uma escolha,
semelhante à dos três hebreus em Babilônia, entre a adoração ao Deus verdadeiro ou a
falsos deuses (Dn 3). A mensagem do primeiro anjo tem o objetivo de preparar as pessoas
para a escolha correta e a permanecerem firmes no momento crucial”.7 “Temer a Deus
significa interesse pelo que é bom, justo e reto. Observar os mandamentos não só quando
estiver em público, mas também quando estiver na privacidade do lar.”8

5
Bíblia de Estudo Andrews, pág.1667
6
Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia, vol.7, pág. 916
7
Idem
8
Secretos del Apocalipsis, pág. 128.
III. A MENSAGEM DO SEGUNDO ANJO

“Caiu, caiu a grande Babilônia”. Os verbos conjugados no passado têm o objetivo de


indicar a queda inevitável. Os profetas hebreus consideravam que um evento predito era
tão certo que o anunciava no passado.
Esta mensagem foi pregada pela primeira vez também com o movimento milerita, no
verão de 1844, e entendia-se como Babilônia todo movimento evangélico que não havia
aderido a mensagem do primeiro anjo. Todavia, esta mensagem foi pregada de maneira
tímida. Nota-se que, das três mensagens, esta é a única que não vem com a ênfase “em
grande voz”, no entanto, quando esta mensagem é repetida no capítulo 18:2, o texto diz
que este anjo “exclamou com potente voz”, mostrando que esta mensagem, que pregada,
a princípio, de maneira tímida, será pregada com potente voz. “A mensagem terá cada
vez mais relevância à medida que o fim se aproxima e chegará ao cumprimento completo
com
a união dos vários elementos religiosos sob a liderança de Satanás.”9 Babilônia
apocalíptica, símbolo do cristianismo apostatado, tem sua origem numa aliança dos pode-
res eclesiástico e político, a fim de consolidar o controle religioso sobre as políticas
públicas.10
A queda de Babilônia deveria advertir cada um de nós acerca do que nosso próprio
orgulho pode fazer conosco.11 Outrossim, é que as vezes o povo de Deus até sai de
Babilônia, mas Babilônia não sai deles e, apesar de viver em Jerusalém, o coração
continua em Babilônia.
Deus deseja não apenas tirar o seu povo de Babilônia, mas libertá-lo de Babilônia. Por
isso o apelo do anjo de Apocalipse 18, “Retirai-vos dela, povo meu, para não serdes
cúmplices em seus pecados e para não participardes dos seus flagelos. ” (Ap. 18:4)
IV. A MENSAGEM DO TERCEIRO ANJO

“Diz-se que o terceiro anjo ‘segue’ os dois primeiros. Não obstante, a mensagem dele
forma uma unidade inquebrável com as mensagens do primeiro e do segundo anjos.
Embora tenhamos aqui uma ordem sequencial irreversível, todos os três continuam a voar
como um tríplice mensagem unificada”.12 Enquanto a primeira e a segunda mensagem
angélica foram pregadas até 1844, a terceira se estende até nossos dias, e será pregada até

9
Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia, vol.7, pág. 917
10
Tratado de Teologia Adventista do Sétimo dia, pág. 970.
11
Secretos del Apocalipsis, pág.131
12
Tratado de Teologia Adventista, pág. 971
o final da história. No entanto, o foco muda para a responsabilidade individual na última
crise.13 Dentre muitos assuntos existentes na mensagem do terceiro anjo, para Doukhan,
a adoração está em destaque. O verbo adorar é significativo. O primeiro anjo o usa no
contexto da adoração ao Criador (Ap 14:7). A besta, sem negociação, busca ser adorada
no lugar do Criador.14 “A solene advertência do terceiro anjo constitui um mandado
específico para a igreja do tempo do fim. Ela autoriza a igreja a enfrentar as reivindicações
totalitárias do anticristo (a ‘besta’ de Ap 13) e adverte contra a imposição da “marca da
besta” em todos os habitantes da Terra.15
A mensagem do terceiro anjo é muito ampla e envolve também a mensagem de saúde.
“A reforma de saúde está tão intimamente relacionada com a terceira mensagem angélica,
como o braço ao corpo; mas o braço não pode tomar o lugar do corpo... O Senhor tem
enviado Sua mensagem ao mundo em livros que contêm a verdade para os últimos dias”.16
Para o povo de Deus estar mais bem preparado na crise final é inevitável viver os
princípios de saúde. “Vários me escreveram, indagando se a mensagem da justificação
pela fé é a mensagem do terceiro anjo, e tenho respondido: ‘É a mensagem do terceiro
anjo, em verdade.’”17
O terceiro anjo anuncia a mais terrível ameaça já dirigida aos mortais. Sendo uma
mensagem indissoluvelmente unida, o claro propósito da tríplice advertência de
Apocalipse 14:6-12 é preparar os habitantes da Terra para o segundo advento de Cristo,
mas encerra com uma mensagem de esperança.18 “Aqui está a perseverança dos santos,
os que guardam os mandamentos de Deus e a fé em Jesus.” (Ap 14:12). Ao dizer ele estas
palavras, aponta para o santuário celeste,19 onde nosso Salvador intercede por nós e que
em breve voltará para buscar os seus santos para finalmente morar com ele para toda
eternidade.

V. COMO ELLEN WHITE VIA AS TRÊS MENSAGENS ANGÉLICAS

Ela descreve as três mensagens como três passos que conduzem as pessoas a plataforma
sólida e inamovível da verdade presente.20 Ela também entende que “Em sentido especial

13
Bíblia de Estudo Andrews, pág. 1668
14
Secretos del Apocalipsis, pág.132
15
Tratado de Teologia 971
16
Colportor Evangelista, pág. 138.
17
The Review and Herald, 1 de Abril de 1890.
18
Tratado de Teologia, pág. 971
19
Primeiros Escritos, pág. 254
20
Enciclopédia Ellen White, pág. 1341
foram os adventistas do sétimo dia postos no mundo como vigias e portadores de luz. A
eles foi confiada a última mensagem de advertência a um mundo a perecer. Sobre eles
incide maravilhosa luz da Palavra de Deus. Confiou-se lhes uma obra da mais solene
importância: a proclamação da primeira, segunda e terceira mensagens angélicas.”21

VI. CONCLUSÃO

Concluo convicto de que Deus não chamou os adventistas do sétimo dia para pregar que
Deus é amor somente. Deus não os chamou para pregar apenas que Deus tem um
propósito na vida das pessoas. Creio piamente que tudo isso precisa e deve ser pregado,
mas sem negligenciar a verdade presente. A mensagem precisa ser completa. Deus te ama
e por isso ele, além de morrer por você, subiu ao céu e hoje atua como teu intercessor no
santuário celestial. Se a mensagem dos Adventistas do Sétimo Dia se limita apenas a mais
uma mensagem evangélica, o movimento adventista será apenas mais um entre mais de
45.000 existentes.

VII. APELO

Que possamos permitir que o Senhor derrame Seu Espírito sobre nossa vida diariamente,
com o objetivo de sermos reavivados para a missão, a fim de que este evangelho do reino
possa ser pregado a todas as pessoas para testemunha a todas as nações e então possamos
ver o Senhor com poder e grande glória. Amém!

21
Evangelismo, pág. 119
03 de novembro

JUSTIFICAÇÃO PELA FÉ
ROMANOS 3:28
I. INTRODUÇÃO

Quando os Adventistas do Sétimo Dia ouvem o tema da justificação pela fé, logo a sua mente
é transportada para a conhecida Conferência de Minneapolis em 1888, e com os principais
personagens que participaram naquela conferência (A. T. Jones, E. J. Waggoner, G. I. Butler,
U. Smith, e Ellen G. White). Nesta inesquecível reunião Jones e Waggoner trouxeram uma
mensagem que foi intitulada como a “mensagem mais preciosa”.

II. CONTEXTO E COMPREENSÃO ANTES DE 1888.

Antes de 1888, os pioneiros tinham entendido a fé de Jesus, de Apocalipse 14:12, como os


preceitos e doutrinas ensinados por Cristo e sua vida fiel dele neste mundo, ao obedecer à lei
de Deus. Ter a fé de Jesus era seguir o exemplo de Jesus na obediência aos mandamentos de
Deus1. Quando os jovens Jones e Waggoner chegaram com uma mensagem que apesar de não
ser nova, desafiava a compreensão dos pioneiros inclusive do presidente da conferência geral
na época, então o palco do discursão estava formado.
O clima de conflito e desunião impediu aos delegados presentes na conferência obter a bênção
confirmada e proclamada por Ellen G. White depois da conferência de Mineápolis.

III. A MENSAGEM MAIS PRECIOSA DOS JOVENS PREGADORES

Quando Waggoner iniciou sua defesa a primeira coisa que ele fez foi mostrar que Cristo era
Deus. “Aqui nós encontramos o Pai falando do Filho como Deus, e dizendo-lhe: ‘Tu lançaste
os fundamentos da terra, e os Céus são obras de tuas mãos’. Quando o próprio Pai concede esta
honra ao Filho, quem é o homem para retirá-lo? Com isto nós podemos ter um testemunho
direto em relação à divindade de Cristo e o fato que Ele é o criador de todas as coisas”2
Depois de defender a divindade de Cristo eles colocam sua compreensão naquilo que se propôs
a defender, a justificação apenas pela fé. “O caso então é definido assim:
1. A lei de Deus é perfeita justiça, e todos aqueles que entrarão no reino dos Céus necessitam
estar em perfeita conformidade com ela;

1
J. N. Andrews (1970, p. 134-135, tradução livre) apresenta no livro, As Três Mensagens de Apocalipse 14:6-
12
2
WAGGONER; JOSEPH, 1999, p. 22, tradução livre.
2. Entretanto, a lei de Deus não tem uma partícula de justiça para conceder a nenhum ser
humano, pois todos são pecadores e estão impossibilitados de conformar-se com seus
requerimentos. Independente de quão diligentemente ou zelosamente alguém aja, nada que faça
alcançará a totalidade dos requerimentos da lei. Estes são muito altos para que possa alcançar;
não pode obter justiça pela lei”.3 Na compreensão dos Jovens a lei é a demonstração da justiça
de Deus, mas não tem nenhuma condição de justificar, apenas a fé no salvador o pode fazer.
Fé, para Waggoner, é mais do que uma mera crença; é uma fé́ viva que pelos méritos de Jesus
dar poder ao cristão para que ele possa obter vitória sobre o pecado. É uma fé que faz o cristão
ser justo, cumpridor da lei.
Quantas vezes o povo de Deus professa manifestar fé no Salvador, mas não estão dispostos a
dar um passo que lhes traga desconforto em prol da causa do mestre.

IV. A MENSAGEM MAIS PRECIOSA NA BÍBLIA

A carta aos romanos é de toda a Bíblia aquela que melhor define este tema. No capítulo 1, Paulo
começa dizendo que os gentios são culpados (1:18–32). Depois ele continua seu discurso agora
afirmando que os judeus também são culpados (2:1–3:8). Então, ele conclui seu pensamento
dizendo que todos são culpados (3:9–20). Mas graças a Deus que Paulo não encerra seu discurso
aqui, mas ele conclui dizendo que Por meio da fé, Deus pode salvar a todos que desejarem ser
salvos e aceitar o seu convite de graça (3:21–31).
Nestes três primeiros capítulos o Senhor coloca todas as pessoas na mesma condição. Não há
rico nem pobre. Não há branco nem preto. Não há intelectual ou iletrado. Para o apostolo todos
são pecadores, e por isso ninguém é digno da graça de Deus (Rm. 3:23).
Embora esta seção da carta aos romanos seja contundente, mostra que ninguém pode ser salvo
a não ser pelo nome de Jesus (At 4:12), que a justificação pela fé independe das obras da lei,
ela de maneira nenhuma exclui a necessidade de obediência a lei de Deus. O apostolo termina
esta seção com uma retórica perfeita. “Anulamos, pois, a lei pela fé? Não, de maneira nenhuma!
Antes, confirmamos a lei.” (Rm. 3:31). A carta aos efésios apesar de exaltar a salvação pela
graça, em nenhum momento exclui as boas obras, “Porque pela graça sois salvos, mediante a
fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie. Pois somos
feitura dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para
que andássemos nelas” (Ef. 2:8-10).

3
WAGGONER; JOSEPH, 1999, p. 63
“Embora as boas obras não salvem ninguém, é impossível que a pessoa seja salva sem as boas
obas, porque a fé que justifica sempre produz boas obras, como fruto consequente.”4

V. A MENSAGEM MAIS PRECIOSA NA VISÃO DE ELLEN WHITE

A certeza da salvação pela fé através de Cristo: “Ela apresentava a justificação pela fé no


fiador.... Entretanto essa fé não libera o homem do cumprimento da lei, mas, “Ela convidava o
povo para receber a justiça de Cristo, que se manifesta na obediência a todos os mandamentos
de Deus”5
Mas, conquanto seja justificado por virtude dos méritos de Cristo, não é ele livre para praticar
a injustiça. A fé opera por amor e purifica a alma. A fé desabrocha e floresce e traz uma colheita
de fruto precioso. Onde há fé, aparecem as boas obras.6
O mesmo Deus que salva, também transforma. Deus chama as pessoas como estão, mas as
chama para transformar. É a graça que transforma.

VI. CONCLUSÃO

Portanto, Ellen White enfatiza a dinâmica cooperativa entre Deus e o homem no plano da
salvação, formando ‘uma coparticipação em que todo o poder é de Deus e toda glória pertence
a Deus. A responsabilidade recai sobre nós [...] O poder divino e a atuação humana combinados
serão um êxito total, pois a justiça de Cristo cumpre tudo”’7

VII. APELO

A história da Conferência Geral de Minneápolis, em 1888, deve ser estudada e compreendida


pelos adventistas do sétimo dia. Mas a vida de Jesus deve ser o ponto de unidade no estudo
desta mensagem. A grande necessidade para nós hoje é de verdadeiro arrependimento,
obediência e estudo da Palavra de Deus. Convido você querido irmão e irmã a viver o
arrependimento individual, reforma, conformidade com os escritos inspirados e uma prática e
obediência unicamente pela fé em Jesus Cristo, são as maneiras do povo de Deus hoje, alcançar
a experiência oferecida à igreja em Minneápolis.

Deseja você fazer parte desse povo que guarda os mandamentos de deus e fé em Jesus?

4
Enciclopédia Ellen White, pág. 1020
5
(WHITE, 2002, p. 92).
6
Mensagem Escolhida V. 1.
7
Fé e Obras, pág. 27
Pastor Luciano Ferreira

Departamental de Publicações e Espírito de Profecia

Associação Bahia-ULB
01 de dezembro
O GRANDE CONFLITO
APOCALIPSE 12:7-12
I. INTRODUÇÃO

Dispersas através das páginas do Antigo Testamento e do Novo Testamento, encontram-se


muitas referências e alusões a uma incessante guerra entre Deus e Satanás, entre o bem e o mal,
tanto em nível pessoal quanto cósmico. Essa guerra teve seu início ainda no céu quando um
anjo perfeito permitiu que o orgulho o derrubasse da posição mais exaltada do céu.

Sendo expulso do céu, o inimigo de Deus e dos seus filhos agora tenta a qualquer custo ferir o
Filho de Deus por meio dos seus filhos, além de tentar manchar o caráter de Deus. Mas Cristo
veio a este mundo para salvar o pecador e ademais reivindicar o caráter de Deus.

II. O CONFLITO NO CÉU.

Segundo o livro do profeta Ezequiel, o “grande conflito” começou no céu quando um anjo que
fora criado perfeito se corrompeu. “Tu eras querubim da guarda ungido, e te estabeleci;
permanecias no monte santo de Deus, no brilho das pedras andavas. Perfeito eras nos teus
caminhos, desde o dia em que foste criado até que se achou iniquidade em ti. Elevou-se o teu
coração por causa da tua formosura, corrompeste a tua sabedoria por causa do teu resplendor;
lancei-te por terra, diante dos reis te pus, para que te contemplem.” (Ez. 28:14,15,17).
Corroborando com este pensamento a Ellen diz: “Lúcifer no Céu, antes de sua rebelião foi um
elevado e exaltado anjo, o primeiro em honra depois do amado Filho de Deus. Seu semblante,
como o dos outros anjos, era suave e exprimia felicidade. A testa era alta e larga, demonstrando
grande inteligência. Sua forma era perfeita, o porte nobre e majestoso. Uma luz especial
resplandecia de seu semblante e brilhava ao seu redor, mais viva do que ao redor dos outros
anjos.1
Houve um momento no céu diferente de todos os outros existente até ali. Momento de extrema
alegria e felicidade para todos os anjos, mas de muita inveja e ciúme para aquele que deveria
liderar os cânticos de louvor e adoração. Cristo é apresentado como o unigênito do Pai e único
digno de perscrutar os desígnios de Deus, e o qual seria o agente da criação da terra. “Os anjos
alegremente reconheceram a supremacia de Cristo, e, prostrando-se diante dEle, extravasaram

1 História da Redenção, pág.13


seu amor e adoração. Lúcifer curvou-se com eles; mas em seu coração havia um conflito
estranho, violento. A verdade, a justiça e a lealdade estavam a lutar contra a inveja e o ciúme”. 2
Isaías diz que o orgulho e a inveja só cresciam no coração de lúcifer. “Tu dizias no teu coração:
Eu subirei ao céu; acima das estrelas de Deus, exaltarei o meu trono e no monte da congregação
me assentarei, nas extremidades do Norte; subirei acima das mais altas nuvens e serei
semelhante ao Altíssimo” (Is. 14:13-14).
Além de alimentar o sentimento de ciúme e inveja em seu coração, Lúcifer começa a espalhar
seu sentimento, contaminando outros anjos com o seu vírus letal da inveja e orgulho. “Deixando
seu lugar na presença imediata do Pai, Lúcifer saiu a difundir o espírito de descontentamento
entre os anjos.... Começou a insinuar dúvidas com respeito às leis que governavam os seres
celestiais.... A exaltação do Filho de Deus à igualdade com o Pai, foi representada como sendo
uma injustiça a Lúcifer, o qual, pretendia, ter também direito à reverência e à honra. “Toda a
hoste celestial foi convocada para comparecer perante o Pai, a fim de que, cada caso ficasse
decidido. Satanás ousadamente fez saber sua insatisfação por ter sido Cristo preferido a ele.
Permaneceu orgulhoso e instando que devia ser igual a Deus, introduzido a conferenciar com
o Pai e entender Seus propósitos3. Deus informa a satanás que isso não era possível, apenas o
seu Filho seria dado este privilégio. Satanás então declara guerra contra o governo de Deus e
sua lei “Declarou então que estava preparado para resistir à autoridade de Cristo e defender seu
lugar no Céu pelo poder da força, força contra força.”4 Ao se rebelar contra o legislador do céu
e suas decisões, ele estava se rebelando contra a sua lei e por trás da vontade expressa do
Legislador está Seu caráter. Ao questionar a lei de Deus, Lúcifer questionou não apenas a lei,
mas o caráter do Criador.5 Apesar de toda rebelião e difamação contra o Senhor da parte de
Lúcifer, o Senhor buscava salvar sua amada criatura. “Um compassivo Criador, sentindo terna
piedade por Lúcifer e seus seguidores, procurava fazê-los retroceder do abismo de ruína em que
estavam prestes a imergir”6.
Quantas vezes este espírito que cegou o coração deste anjo é manifestado em nosso meio?
Precisamos lutar diariamente com poder do Espírito contra o vírus do orgulho, egoísmo e da
inveja. Caso contrário seremos vencidos tal qual aconteceu com este anjo. Ademais não apenas

2
Patriarca e profetas, pág. 11
3
História da Redenção, 18.
4
Idem
5
Tratado de Teologia 1077
6 Patriarca e profetas,14-15
seremos vencidos como contaminaremos outras pessoas, assim como ele contaminou uma terça
parte dos anjos.

III. O CONFLITO NA TERRA

O Senhor, diversas vezes, tentou alcançar sua criatura, mas sem sucesso até que “Houve peleja
no céu. Miguel e os seus anjos pelejaram contra o dragão. Também pelejaram o dragão e seus
anjos; todavia, não prevaleceram; nem mais se achou no céu o lugar deles. E foi expulso o
grande dragão, a antiga serpente, que se chama diabo e Satanás, o sedutor de todo o mundo,
sim, foi atirado para a terra, e, com ele, os seus anjos” (Ap 12:7-9). Talvez você esteja se
perguntando, porque Deus não destruiu satanás e terminaria logo com toda esta rebelião, não
sendo necessário estende-se a terra. Os habitantes do Céu, e dos outros mundos, ...não poderiam
ter visto então a justiça de Deus na destruição de Satanás. Houvesse ele sido imediatamente
destruído, e alguns teriam servido a Deus pelo temor em vez de o fazer pelo amor. 7
Ao chegar na terra, satanás idealizou implantar o seu reino aqui, para alcançar o seu objetivo
ele precisava vencer o santo casal que Deus confiou o governo deste mundo (Gn. 1:28b), e
usurpar o seu governo.
O astuto inimigo vai para sua investida contra o santo casal que não fora deixado desavisado.
Deus enviou anjos para advertir o santo casal Contaram-lhes que Satanás os buscaria para lhes
fazer mal, e que era necessário estarem alerta, porque podiam entrar em contato com o inimigo
caído. Mas, que não podia causar-lhes dano enquanto rendessem obediência aos mandamentos
de Deus, e que, se necessário, todos os anjos do Céu viriam em seu auxílio antes que ele pudesse
de alguma maneira prejudicá-los.8 Houvesse o casal confiado em Deus, teria sido poupado da
queda e como consequência do sofrimento que sucederia esta decisão. O inimigo só poderia ter
acesso a eles apenas na árvore do conhecimento do bem e do mal.9 Tudo quanto poderia ser
feito para poupar a queda do homem foi providenciado pelo amado Criador. Mas a mulher
desobedeceu a ordem do seu Criador ao se aproximar da arvore, da única arvore da qual havia
dito que não deveria se aproximar.
Quando Eva se aproxima da arvore a serpente possuído por Satanás começa conversar com a
mulher. Ela deveria estranhar uma serpente falando. Deus não havia dado a esta, este dom. Mas

7
Idem

8
História da Redenção, pág. 32-33

9
Idem
quando as pessoas se afastam de Deus elas perdem a sua sanidade, isso fica claro na parábola
do filho pródigo quando o texto diz: “Então, caindo em si” (Lc. 15:17), mostrando que o jovem
que havia abandonado os conselhos do pai, escolhe viver os seus próprios caminhos. Toda vez
que alguém escolhe se afastar dos planos do Senhor para sua vida ela não tem mais controle
dela, porque se torna presa inevitável de Satanás. Eva não deveria continuar a conversa, mas o
pecado é atraente e desejável. Depois de ouvir a serpente Eva finalmente rouba uma
prerrogativa divina. “Vendo a mulher que a árvore era boa para se comer, agradável aos olhos
e árvore desejável para dar entendimento, tomou-lhe do fruto e comeu e deu também ao marido,
e ele comeu (Gn. 3:6). Note a frase “vendo a mulher que a arvore era boa”. Até ali só Deus
definia o que era bom. Isso é claro na criação (Gn. 1:4). Quando a mulher arroga para si uma
prerrogativa divina, ela atrai problemas para seu relacionamento com Deus. Problemas para sua
família e problemas para sua descendência. Podemos notar outro exemplo em (Gn. 6:2). “vendo
os filhos de Deus que as filhas dos homens eram formosas. A palavra aqui traduzida como
formosa é a mesma palavra que foi traduzida como boa. Mais uma vez fica evidente que
escolher o que é bom para si, só atrai Problemas para o relacionamento com Deus, Problemas
para família e problemas para sua descendência. Me permita te fazer uma pergunta. Quem
define o que é bom para sua vida? Quem define o que é bom para sua família”. Todas as
decisões da nossa vida e da nossa família precisam estar em harmonia com a palavra de Deus.
Deus, e tão somente Deus, por meio da sua palavra deve definir o que é bom para nossa vida.

IV. A SOLUÇÃO PARA O CONFLITO

Quando o santo casal caiu em pecado, Satanás pensou ter alcançado a tão sonhada vitória
definitiva, mas o que ele não contava é com o plano de salvação que já havia sido planejado
desde a fundação do mundo (Ap. 13:8). O texto ainda diz que o Cordeiro que foi morto desde
a fundação do mundo. Quando João coloca no passado o que ainda estava no futuro, como a
morte de Jesus, ele esta dizendo que a despeito do que acontecesse Cristo morreria pela raça
humana, Cristo morreria por mim e por você.
Apenas Cristo poderia redimir o homem da sua posição pós pecado. O amor divino havia
concebido um plano pelo qual a humanidade poderia ser remida. A lei de Deus, quebrantada,
exigia a vida do pecador. Em todo o Universo não havia senão um Ser que, em favor do homem,
poderia satisfazer as suas reivindicações. Visto que a lei divina é tão sagrada como o próprio
Deus, unicamente um Ser igual a Deus poderia fazer expiação por sua transgressão.... Foi,
contudo, uma luta, mesmo para o Rei do Universo, entregar Seu Filho para morrer pela raça
culposa. Mas “Deus amou o mundo de tal maneira que deu Seu Filho unigênito, para que todo
aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”.10
Olhando para este texto podemos imaginar como foi difícil para o Pai entregar Seu filho. O
texto mostra que ele não queria entregar Seu filho, mas o fez porque era necessário. Há muita
coisa na nossa vida que não queremos fazer. Renunciar a coisas que não gostaríamos de
renunciar. Mas têm coisas que é necessário fazer ou mesmo deixar de fazer.
Você conhece a história da encarnação e vida de Cristo até o monte Getsêmani. No Getsêmani
o filho de Deus encontra-se sozinho “Contemplai-O considerando o preço a ser pago pela alma
humana. Em Sua agonia, apega-Se ao solo frio, como a impedir de ser levado para longe de
Deus. O enregelante orvalho da noite cai-Lhe sobre o corpo curvado, mas não atenta para isso.
De Seus pálidos lábios irrompe o amargo brado: ‘Meu Pai, se é possível, passe de Mim este
cálice.’ Mas mesmo então acrescenta: ‘Todavia não como Eu quero, mas como Tu queres’”.
(Mateus 26:39).11 Assim como o Pai não queria entregar o filho, o filho por sua vez não queria
passar pelo que o aguardava, mas ele fez porque era necessário.

V. O GRANDE CONFLITO TERMINOU

O apóstolo João no último livro da Bíblia diz: “Eis o tabernáculo de Deus com os homens. Deus
habitará com eles. Eles serão povos de Deus, e Deus mesmo estará com eles. E lhes enxugará
dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor,
porque as primeiras coisas passaram” (Ap. 21:3-4). Este texto nos coloca em posição melhor
do que tivera Adão e Eva antes do pecado. No Éden, Deus chega na virada do dia como
visitante, mas no mundo recriado, Deus habitará conosco, não o teremos como visitante, mas
conosco todo tempo. Quando este momento chegar então poderemos dizer: “O grande conflito
terminou. Pecado e pecadores não mais existem. O Universo inteiro está purificado. Uma única
palpitação de harmonioso júbilo vibra por toda a vasta criação. DAquele que tudo criou emanam
vida, luz e alegria por todos os domínios do espaço infinito. Desde o minúsculo átomo até ao
maior dos mundos, todas as coisas, animadas e inanimadas, em sua serena beleza e perfeito
gozo, declaram que Deus é amor”12

10 Patriarca e profetas, 33

11
O Desejado de Todas as Nações

12
Grande Conflito
VII. APELO

O senhor convida seus filhos a se unirem na vida eterna que ele promete. Mas não será uma
vida eterna neste mundo de pecado, sofrimento e dor. Mas em um mundo onde não haverá
morte, nem luto, nem pranto nem dor porque tudo isso será passado.

Pastor Luciano Ferreira

Departamental de Publicações e Espírito de Profecia

Associação Bahia-ULB

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