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Texto: Ef 5.

25-27

Maridos, ame cada um a sua mulher, assim como Cristo amou a igreja e entregou-se
por ela para santificá-la, tendo-a purificado pelo lavar da água mediante a palavra, e
para apresentá-la a si mesmo como igreja gloriosa, sem mancha nem ruga ou coisa
semelhante, mas santa e inculpável.

NVI

Há um ar de desapontamento com a Igreja em nosso país. 


Ouço vozes esmorecidas e vejo olhares que não brilham mais. É o desencanto com a
Noiva.
Noto que a desilusão vem pela tristeza ao ver cenários onde o louvor e a pregação se
transformam em fonte de lucro e não conseqüência de corações transbordantes. Pela
proliferação de igrejas cada vez mais cheias, porém aparentemente tão vazias, menos
comprometidas com a Palavra, sem sêde de santidade e paixão pelos perdidos. Segue
pela tênue linha que por vezes parece não distinguir muito bem Igreja e mundo,
especialmente quando o binômio interesse e finanças se apresenta,  e ainda pela
dificuldade em identificar a Igreja de Cristo em meio aos movimentos religiosos.
O desencanto faz o povo  olhar para o passado e relembrar os velhos tempos. Comenta-
se sobre os pastores à antiga  e  dias  quando a Igreja ainda via simplesmente na Palavra
razão suficiente para o santo ajuntamento. Tempos quando o constrangimento por ser
crente era resultado da discriminação, porém jamais identificação com o injusto e o
desonesto.  Por fim suspira-se desanimado. 
“Admiro o vosso Cristo, abomino o vosso cristianismo”.
Gandhi

7 pecados capitais da igreja contemporânea: hipocrisia, legalismo, ganância, ênfase no


diabo, orgulho e arrogância, proselitismo e suicídio intelectual.
Ricardo Agreste

O que é igreja? Igreja é a comunidade daqueles que foram alcançados pela graça
salvadora de Cristo.
O Pr. Ricardo Agreste afirma o seguinte: “a igreja é uma comunidade de agraciados,
limitados e imperfeitos, mas, que a cada dia, são trabalhados e lapidados por Deus
através do seu imenso amor”.

RENOVANDO O AMOR PELA IGREJA

Por que amar a igreja?

1. Cristo ama a igreja (v. 25)


Maridos, ame cada um a sua mulher, assim como Cristo amou a igreja e
entregou-se por ela
No Antigo Testamento a aliança graciosa que Deus fez com o seu povo de Israel
muitas vezes foi mencionada como sendo um contrato de casamento. No Novo
Testamento, Jesus é comparado ao noivo e a igreja é chamada de noiva (2 Co
11.13; Ap 19.6-9; 21.2,9).
Quando observamos a relação de Jesus com os seus discípulos, um fato fica
muito patente aos olhos: o amor que Cristo cultivava pelos seus seguidores.
“Ora, antes da festa da páscoa, sabendo Jesus que era chegada a sua hora de
passar deste mundo para o pai, tendo amado os seus que estavam no mundo,
amou-os até o fim”. (Jo 13.1).
O amor de Cristo pelos seus foi tão radical a ponto dele entregar a sua vida por
eles. Foi um amor ágape, ou seja, divino, sacrificial.
Jesus não morreu pela igreja porque ela merecia ou por constrangimento, mas
unicamente motivado pelo seu amor.
João 3.16 afirma: “Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu
Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida
eterna”.
Jesus ama você, independentemente do que você tenha feito ou sido; Ele te ama.
Deus o ama como você é. Se pensa que seu amor por você seria maior se sua fé
também fosse, não é verdade. Se acha que seu amor seria mais profundo se seus
pensamentos também fossem assim, novo erro. Não confunda o amor de Deus
com o amor humano. O amor humano sempre aumenta com o desempenho do
outro e diminui com os erros. Isso não acontece com o amor de Deus. Ele o ama
exatamente como você é. Citando o autor favorito de minha esposa:
O amor de Deus nunca cessa. Nunca. Mesmo que o rejeitemos, ignoremos,
desprezemos ou lhe desobedeçamos. Ele não muda. Nosso mal não diminui seu
amor. Nossa bondade não pode aumentá-lo. Nossa fé não pode conquistá-lo
tanto quanto nossa estupidez pode comprometê-lo. Deus não nos amará menos
se falharmos ou formos bem-sucedidos. O amor de Deus nunca cessa.
Max Lucado

2. Cristo santifica a igreja (v. 26)


para santificá-la, tendo-a purificado pelo lavar da água mediante a palavra
A frase “tendo-a purificado pelo lavar da água” talvez seja uma alusão ao banho
que a noiva tomava imediatamente antes dos casamentos judaicos e gregos.
A purificação é uma referência a purificação ou limpeza inicial do pecado e da
culpa que a pessoa recebe quando se arrepende e crê em Jesus como seu único e
suficiente Senhor e Salvador.
A “lavagem de água” é uma referência ao batismo, enquanto que “palavra”
indica que o batismo não é uma cerimônia mágica que purifica pecados, mas que
precisa de uma palavra de explicação que define o seu sentido, para expressar as
promessas de purificação e nova vida no Espírito que ele simboliza. Ou seja, a
verdadeira purificação vem mediante a palavra de Deus. Cristo orou pelos seus
discípulos dizendo; “Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade” (Jo
17.17). Portanto, o significado da passagem é: “quando o significado do batismo
é explicado a, é entendido por e é aplicado pelo prisma da operação do Espírito
Santo às mentes e corações daqueles que são batizados, o propósito da morte de
Cristo é consumado e os crentes são santificados e purificados”. William
Hendriksen
A santificação é o processo pelo qual Deus separa a igreja para Ele e para o seu
serviço, e esta é tornada santa no caráter e na conduta pelo poder do Espírito
Santo que nela habita.
A igreja não é perfeita ainda (militante X triunfante), mas ela está caminhando
rumo ao alvo de ser semelhante a Cristo, o seu noivo.
Deus o ama como você é, mas se recusa a deixá-lo desse jeito. Ele quer que
você seja simplesmente como Jesus.
Max Lucado
A igreja é um lugar de restauração, onde aprendemos não apenas quem somos,
mas a quem pertencemos e o que podemos nos tornar.

3. Cristo glorifica a igreja (v. 27)


e para apresentá-la a si mesmo como igreja gloriosa, sem mancha nem ruga ou
coisa semelhante, mas santa e inculpável
A igreja é agora essencialmente “a noiva de Cristo”. Mas, ela ainda não se
manifestou em toda a sua beleza. As bodas acontecerão no futuro.
Quais os costumes nupciais no contexto judaico:
- Primeiro, havia o compromisso. Os votos do matrimônio eram pronunciados e
aceitos na presença de testemunhas, e a bênção de Deus era invocada sobre a
união. A partir desse dia o noivo e a noiva eram legalmente esposo e esposa (2
Co 11.2).
- Em seguida vinha o intervalo entre o compromisso e a festa nupcial. O noivo
poderia escolher este período para efetuar o pagamento do dote ao pai da noiva,
caso ainda não tivesse feito (Gn 34.12).
- Então vinha a preparação e a procissão, prelúdio da festa nupcial. A noiva se
preparava e se adornava. O noivo também se apresentava com o seu melhor
traje, e, acompanhado de seus amigos, que cantavam e conduziam tochas, se
dirigia à casa da sua amada.
- Ele recebia a noiva e a conduzia, com um retorno processional, ao lugar onde
se realizará a festa nupcial.
- Finalmente, chega o grande momento: a festa nupcial, incluindo o banquete
nupcial. As festividades podiam durar sete, e até mesmo quatorze dias (Mt 22.1-
14).
Na cultura judaica antiga o noivo era a figura principal no casamento:
- Era ele quem pagava o dote pela noiva.
- Era ele que era aguardado pela noiva.
- Era ele quem buscava a noiva para a sua casa.

A relação de amor entre Cristo e a sua igreja é comparada com a relação entre o
esposo e a sua esposa (Jo 3.29; 2 Co 11.2; Ap 19.7; 21.2). Apocalipse descrê o quadro
da igreja glorificada “ataviada como noiva adornada para o seu esposo” e as futuras
“bodas do Cordeiro” (Ap 19.6-9; 21.2,9).

A igreja está comprometida com Cristo. Cristo pagou o dote por ela. Ele
comprou aquela que é e será a sua esposa.

Samuel Stone canta:

“Para ser sua santa esposa

Ele do céu desceu e a buscou;

E por sua vida Ele morreu

E com seu próprio sangue a comprou”.

Quando Cristo voltar Ele apresentará a igreja a si mesmo gloriosa (uma alusão
ao belo vestido da noiva). Glória é o brilho e manifestação do ser divino. No grande dia
do encontro de Cristo com a igreja, a verdadeira natureza desta se tornará aparente. Na
terra, frequentemente ela apresenta-se manchada e feita, desprezada e perseguida.
Porém no último dia, ela será vista como ela é: a noiva de Cristo, “sem mácula, sem
ruga, sem qualquer deformação”, santa e sem defeito, bela e gloriosa. Cristo continua
trabalhando na igreja com este fim como noivo que trabalha para embelezá-la a fim de
apresentá-la a si mesmo.

O Dr. Martyn Lloyd-Jones escreveu: “Poderei expressar o fato assim? O especialista em


beleza terá colocado o seu toque final na igreja, a massagem terá sido tão perfeita que
não sobrará uma única ruga. Ela parecerá jovem, e na flor da juventude, com cor nas
faces, e a pele perfeita, sem qualquer manchas ou rugas. E permanecerá assim para todo
o sempre”.

Para refletir e praticar:

1. Amamos a Deus e aos filhos de Deus?

2. Que valor temos dado a igreja?


3. Você já faz parte da igreja de Cristo, por meio do arrependimento e da fé no
Salvador?

4. Cristo chama você para participar do maior e melhor de todos os projetos: segui-
lo e fazer parte da sua igreja, a noiva que Ele tem embelezado para o grande dia
do Casamento.

Conclusão

A noiva estava linda

Em momentos assim é preciso lembrar que Jesus jamais perdeu o absoluto controle


sobre a história da Igreja. Jamais foi surpreendido por coisa alguma em todos estes anos.
Jamais deixou de ser Senhor. Apesar das fortes cores de desalento a Noiva está sendo
conduzida ao altar e o dia de brilho há de chegar.
Um amigo fez recentemente uma comparação entre a Igreja, a Noiva, e nossas noivas,
nossas esposas. Levou-me a pensar no dia de meu casamento. Foi em 9 de dezembro de
1989. Já namorava Rossana há 4 anos e, apaixonados, chegamos ao grande dia. Apesar
do amor e alegria pelo dia chegado tudo parecia fadado ao fracasso absoluto. As flores
foram encomendadas erroneamente, a ornamentação do templo parecia jamais ter fim, o
vestido apresentou defeitos de última hora, a maquilagem transcorria em um quarto
apertado e com incrível agitação. A noiva chorou pelos desencontros do dia. O andar de
cima da casa de meu sogro onde ela se arrumava tornou-se, aos meus olhos, em um
pátio de guerra. Pessoas entrando e saindo apressadas, faces carregadas de ansiedade e
um tom sempre apocalíptico a cada nova notícia. Ao longo dos anos percebi que os
casamentos são parecidos neste ponto. A balbúrdia que cerca a noiva antecedendo seu
momento de brilho é emblemática. Aos olhos do passante que vê a agitação sem fim,
nada parece ter esperança.
Fui para a  cerimônia esperando o pior. Jamais seria possível contornar todos os
imprevistos, e  o impensado  poderia acontecer: a noiva não estaria pronta! Enquanto
pensava nisto, ali no altar, eis que ela chega. Estava linda, uma verdadeira princesa. O
rosto sorridente, o caminhar lento e seguro, o vestido alvo como a neve, simplesmente
perfeita . A música, a ornamentação, as palavras, tudo se encaixava. Que milagre
poderia transformar um dia de caos em um momento de brilho tão belo?
As horas de luta, as lágrimas derramadas, os desencontros e desalento foram
rapidamente esquecidos e um só pensamento pairava naquele saguão: a Noiva estava
linda.
Talvez vivamos hoje dias melancólicos ao visualizar a Igreja quando manchas e mazelas
tentam levar nossa esperança para o cativeiro da desilusão crônica. A casa está
desarrumada, o vestido da Noiva não nos parece branco, há graves rumores de que ela
não ficará pronta.
É, porém, em momentos assim que Deus intervém. Lava as vestes do Seu povo,
levanta o caído, renova o profeta, purifica  a Igreja  e nos dá sonhos de alegria.
Chegará o dia, e não tarda, que seremos tomados por Jesus. Neste dia há de se dizer: Eis
o Noivo, é o Senhor que conduz a Igreja. Jamais a deixou só. Como é fiel!
E creio que todos nós também   pensaremos, extremamente admirados: Eis a Noiva,
como está linda!
“Regozijemo-nos, e exultemos, e demos-lhe a glória;
porque são chegadas as bodas do Cordeiro,
e já a sua noiva se preparou” (Apocalipse 19:7)

Pr. Ronaldo Lidório

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