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Presidente Bernardes, 150 – Jd Flamboyant, Campinas, SP – Cep
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Revisão: Paulo Sérgio Pimenta Pinheiro Junior


Editoração: MELL Assessoria e Consultoria Editorial
Editor: Edino Melo
edinomelo@gmail.com

Lodos, Elcio e Lodos, Jaqueline. Intimidade com


Jesus. Campinas: Editora Novo Caminho, 2017.

_____________________________

1-Treinamento. 2- Cura. 3-Avivamento.


DEDICATÓRIA

Para nossas mães; Ruth Flora Lodos e Eunice de Moraes Kauffman,


duas mulheres que com suas diferentes personalidades e jeitos, nos
amaram e nos apoiaram desde sempre.
O amor que vocês demonstram por Jesus, ao longo de todas estas
décadas, inspira todos os que convivem com vocês.
SUMÁRIO

Introdução
O paradigma da noiva, 7

Capítulo 1
Desejo por Intimidade, 13

Capítulo 2
Tesouros Escondidos, 19

Capítulo 3
Revelação da Identidade da Noiva, 29

Capítulo 4
Restauração da Noiva nos últimos dias, 33

Capítulo 5
Tempo de Buscar Intimidade com Cristo, 45

Capítulo 6
Chamados para uma Resposta Radical, 67

Capítulo 7
Restaurando o Altar, 89

Capítulo 8
Igreja: Noiva Intercessora, 101

Capítulo 9
Crescendo em Intimidade, através dos dons do ministério, 119

Capítulo 10
Intimidade, Nosso Destino Final, 135
O PARADIGMA DA NOIVA!

“Jesus eu quero mais intimidade. Preciso de revelação. Quan-


to mais profundo eu te conhecer maior será a adoração que eu te
darei. Conhecer-te e te amar é a mais perfeita adoração entre Você,
eu e o Pai.” Jackie Lodos

“Ali estava eu, na frente do altar. Ao olhar em volta entendi


que estava em um cenário de casamento, vi que a igreja estava
enfeitada com flores. Vai haver um casamento hoje — pensei.
Comecei a observar e procurar pessoas conhecidas. De quem
seria este casamento? Por que estaria eu aqui na frente? — Refleti
novamente. De repente senti um impulso e olhei para mim. Que
surpresa! Eu estava vestida de noiva. Eu era a Noiva. É o meu
casamento! — Pensei.
Sinto-me agora totalmente consciente de mim mesma.
Olhando mais uma vez para mim uma preocupação vem à minha
mente; meu vestido. Meu vestido é tão simples. Tão singelo. Em
meio a essas considerações, sou atraída por ondas de intensidade
e paixão que vinham da porta de entrada. E vejo este homem! Oh
este homem! Ele era belo; resplandecia gloria e beleza por todos os
ângulos, esplendorosamente vestido com um traje champanhe. Ele
começa a andar em minha direção.
Nunca havia visto alguém tão belo, tão maravilhoso. Não
podia tirar meus olhos dele, tudo nele era fascinante tudo nele
atraia para Ele mesmo. Sua presença enchia aquele ambiente com
beleza, e uma luz quase que ofuscante, mas que ao mesmo tempo
transmitia tranquilidade e paz. A própria paz emanava dele. Que
homem extraordinário... Ele é o meu noivo, entendi. Agora meu
vestido de noiva tão simples, fazia sentido, era perfeito para a
ocasião, pois a beleza irradiava dele, e embelezava tudo com muita
intensidade. Fazia-me bela, resplandecente, perfeita para Ele. Ele
meu noivo, e todo brilho e beleza do casamento emanava Dele.”
Este foi um sonho que eu (Jackie) tive em um período em
que o Senhor estava enfatizando para nós o que passamos a chamar
de “Paradigma de Noiva”, que significa, ver nosso relacionamento
com Deus e suas ações em nossas vidas, a partir da ótica, isto é, do
ponto de vista da identidade de “Noiva de Cristo”.
Que sonho interessante! Por semanas toda vez que me
lembrava sentia emoções explodindo dentro de mim, mas não
entendia muito e não fazia sentido porque eu já era casada.
Somente algumas semanas mais tarde que a revelação que mudou
minha vida de devoção a Jesus pra sempre, invadiu minha vida;
O meu Salvador e Senhor, o Rei do meu coração também é o meu
Noivo!
A essência da mensagem do Noivo é a revelação das emoções
de Jesus por nós e Seu compromisso conosco como nosso Noivo
Deus e nossa resposta totalmente devota a Ele e a Sua vontade.
O paradigma da noiva refere-se a ter uma perspectiva de
noiva com relação ao reino. Paradigma se refere a perspectiva ou
visão de alguém. Vemos o reino através dos olhos de Noiva com
fiel e pleno amor. Focando na beleza e na afeição de Jesus e em
como estes valores, são comunicados ao povo de Deus.
Jesus foi o primeiro a introduzir o paradigma da noiva para
8
a Igreja. Jesus se referiu a Si mesmo como um Noivo (Mt 9:15);
Ele comparou o reino com Seu Pai organizando um casamento
para Ele (Mt 22:2); Ele descreveu ministério como aqueles que
o encontram como um Noivo (Mt 25:1); E Ele irá retornar em
resposta as orações de Sua Igreja clamando em sua identidade de
noiva (Ap 22:17).
A mensagem do Noivo é o chamado para Intimidade com
Deus. Somos chamados a experimentar as emoções de Deus, Seus
segredos e compromissos conosco como o nosso Deus Noivo, e a
responder com amor sincero em obediência à Sua vontade.
Jesus falou de intimidade com Deus nos chamando para
habitarmos Nele, como um ramo se liga a uma videira (Jo 15).
O Espírito nos revela as profundezas do coração de Deus (Suas
emoções, desejos e pensamentos sobre nós), para que possamos
conhecer um pouco da vastidão do amor de Deus e aproveitar
intimidade ativa com Deus.
O Espírito sonda todas as coisas, até mesmo as coisas mais
profundas de Deus (…) Nós, porém, (...) recebemos o Espírito (…)
para que entendamos as coisas que Deus nos tem dado gratuitamente.
(1 Co 2:10-12)
Amados, nós podemos conhecer Jesus e sermos conhecidos
por Ele da mesma forma que Ele e o Pai conhecem um ao outro.
Não devemos concordar com menos porque Jesus não concordará
com menos. Não podemos ficar satisfeitos apenas com um
ministério dinâmico, quando também podemos conhecer Deus da
forma como Jesus insiste aqui (Jo. 10:14-15).
Jesus deseja parceria conosco. Ele compartilha o seu poder
e o Seu coração conosco porque Ele quer que estejamos com Ele
onde Ele está, trabalhando em parceria com Ele no seu reino e
governando a Terra para sempre. Ele disse:
E eu dei-lhes a glória que a mim me deste…24 Pai, aqueles que
me deste quero que, onde eu estiver, também eles estejam comigo,
9
para que vejam a minha glória…(Jo 17:22-24)
Jesus deseja intimidade conosco. Ele quer confiar os segredos
do Seu coração à Sua Noiva. Jesus o Noivo é cheio de intensas
afeições pela sua Noiva. Ele tem desejo por Seu povo. Deus nos
ama da mesma forma que Deus ama a Si próprio (Jo 15:9; 17:23).
Jesus sente a mesma intensidade de amor por nós que o pai sente
por Ele. Ele nos ama com seu “tudo” e Ele deseja isso de nós. Como
o Pai me amou, também eu vos amei a vós; permanecei no meu
amor. (Jo 15:9)
Jesus deseja preeminência em nossa vida; nossa escolha
de tê-lo em primeiro lugar em tudo. Ele quer que o primeiro
mandamento esteja em primeiro lugar nas nossas vidas. Ele deseja
exclusividade e abandono no nosso amor por Ele. Um homem
não se casa com sua esposa por misericórdia, mas deseja seu amor
exclusivo e sua parceria. Há alegria na entrega total ao sentirmos o
poder de amar incondicionalmente. Ter algo pelo que morrer nos
dá algo para viver (Mc 12:30). Jesus abandonou tudo para salvar
e estabelecer um relacionamento eterno com Seu povo. Ele busca
esta mesma forma de amor sincero de Sua Noiva (Fl 2:6-8). Isto
tudo são os desdobramentos do paradigma da noiva.
Jesus deseja e espera ternamente pelo amor do Seu povo,
suas respostas e escolhas sinceras por Ele (Sl 45:10-11). Quando
negamos a nós mesmos, fazemos isso por amor. O coração
apaixonado que entende a sua identidade de Noiva é expresso
em dar “tudo” a Jesus. Quando um homem pede uma mulher em
casamento, ele está pedindo que ela deixe a casa do seu pai e deixe
tudo que interfere.
Ouve, filha, e olha, e inclina os teus ouvidos; esquece-te do
teu povo e da casa do teu pai. 11 Então o rei se afeiçoará da tua
formosura... (Sl 45:10-11)
Casamento é muito diferente de um relacionamento de pai e
filho, porque no casamento há uma parceria mutua de duas pessoas
10
trazendo tudo o que tem para o relacionamento. Não trazemos
nossa justiça própria, recebemos a Dele, e ao invés disso, trazemos
nosso amor voluntário. Jesus nos chamou para isso quando Ele
disse, “Pegue sua cruz”, e “Esquece seu pai e a sua mãe”. Ele estava
falando como Noivo Deus clamando por amor leal. Em tomar a
nossa cruz, começamos a jornada de nos tornarmos um com Ele
sob o mesmo jugo em amor. Não há nada que mova mais o coração
de Jesus do que isso. Quando negamos a nós mesmos por causa
do nosso amor por Ele, isso o move profundamente, porque assim
é a personalidade Dele e é dessa forma que Ele nos ama. Ele é o
Cordeiro que entregou tudo em Seu amor sacrificial por sua noiva
(Lc 14:26-33).
O coração da Noiva deseja andar no poder que lhe permite
dar as afeições mais profundas do seu coração a Jesus (Mt 22:37).
O Espírito Santo está restaurando o primeiro mandamento ao
primeiro lugar no Corpo de Cristo. O amor não se satisfaz até
que haja reciprocidade. Pense na pessoa que você ama mais. Você
nunca será satisfeito, até que você tenha a capacidade para amá-la
totalmente. Jesus nos dá o poder para sermos apaixonados, porque
Ele é um Deus apaixonado e somos criados na Sua imagem.
Neste processo, o Senhor tem nos levado para um novo lugar
nele. Os olhos do nosso entendimento têm sido abertos como
nunca antes. A presença manifesta de Deus tem se tornado o desejo
mais profundo do nosso coração. Conhecer Jesus em intimidade
tem sido nosso alimento. E Ele tem respondido ao nosso clamor
desesperado. O Pai deseja comunhão. O noivo deseja intimidade.
Ele responde ao coração apaixonado.

11
Capítulo 1

DESEJO POR INTIMIDADE

Em Gênesis, capítulo 5, há quatro versículos que falam de Enoque.


No versículo 24 está escrito: “Andou Enoque com Deus, e já não
era, porque Deus o tomou para si”. É muito interessante analisar
um pouco a vida de Enoque, pois creio que Deus deixou aqui uma
tremenda revelação e uma importante chave para compreendermos
o Seu processo de formação para as nossas vidas.
Enoque foi exatamente da sétima geração depois de Adão
(veja Jd 1.14). Ele foi contemporâneo de Adão. Quando Enoque
nasceu, Adão tinha 627 anos (Adão viveu 930 anos). Com 65 anos
de idade, Enoque gerou a Matusalém. “Andou Enoque com Deus;
e depois que gerou a Matusalém, viveu trezentos anos; e teve filhos
e filhas” (Gn 5.22). Antes da Queda, Adão andava com Deus, mas
depois da Queda a primeira vez que a palavra menciona sobre
alguém andando com Deus é aqui, referindo-se a Enoque.
Exatamente na sétima geração depois de Adão, um homem
chamado Enoque andou com Deus por mais de 300 anos. Lembre-
se que sete é o número perfeito de Deus. É o número que representa
Deus na Bíblia. Sete gerações depois, Deus está nos revelando que
mesmo depois da Queda, o homem ainda poderia andar com Ele,
como foi no Éden.
Essa história nos faz pensar em algo muito interessante. Aqui
está Enoque, um homem, que no almoço familiar de domingo,
comia sua macarronada tendo Adão sentado na ponta da mesa.
Vamos tentar imaginar a cena. Depois da macarronada, os dois
se sentam na varanda para tomar um cafezinho, e começam a
conversar, o ano é o de 856. Adão começa a relatar para Enoque
como eram seus encontros com Deus, como 800 anos atrás Deus
aparecia a ele todos os dias ao cair da tarde, lágrimas correm dos
seus olhos... de repente ele para e pergunta a Enoque:
— ‘Por favor, fale: como está Deus agora? Quais são os Seus
planos? Fale para mim. Deus mencionou meu nome para você?’
Adão recordava do Éden, mas quem estava andando com Deus no
dia-a-dia e tinha intimidade com Ele, era Enoque.
Pode ocorrer o mesmo conosco. Podemos ter tido uma
tremenda experiência com Deus no nosso encontro com Cristo,
podemos ter andado um pouco com Deus e experimentado Sua
manifestação em nossas vidas. Podemos até ter testemunhos
maravilhosos de como o Senhor nos curou, de como recebemos
uma grande unção do Espírito Santo. De como Ele nos chamou
e desenvolveu o nosso ministério. Podemos ter visões de anjos
para relatar. Ou de como, certo dia, dez anos atrás ou um mês
atrás, o Senhor falou conosco de uma forma clara, aparecendo em
nosso quarto numa coluna de fogo. Podemos ter tudo isto, mas
se não estivermos andando com Deus hoje, seremos como Adão
conversando com Enoque. Um tem lembranças, o outro tem a
presença constante de Deus em sua vida. Adão morreu com 930
anos, Enoque não morreu até agora, ele foi tomado por Deus.
Enoque fala da Igreja que descobriu sua identidade de Noiva.
Que deseja andar em intimidade com Jesus. Esta Igreja-Noiva
deseja caminhar com seu Deus Noivo e anseia por ser levada para
estar com Ele por toda a eternidade.
Amado Jesus, eu estou pronto. Vem Senhor, quero caminhar
14
contigo como Enoque, em intimidade. Quero ser levado por ti.
Sou tua Igreja, sou tua Noiva apaixonada. Tenho saudade de ti.
Sadu Sundar Singh, ao comentar sobre o terrível tempo
em que esteve na prisão, no Tibete, disse: “A presença de Cristo
transformou minha prisão num abençoado céu. Como será
então no céu de verdade?” (Sadu Sundar Singh, Cyrila J. Davaey
[Waynesboro. GA: STL Books], 1980, p. 101-02).

1. formados na intimidade

Quando Jesus chamou 12 homens comuns, cheios de


religiosidade e preconceitos raciais, e determinou ensinar- lhes os
Seus caminhos, o que Jesus fez? Jesus os trouxe para perto Dele.
Jesus os chamou para viver com Ele. Durante cerca de três anos
e meio aqueles homens foram íntimos de Jesus. Eles andavam
juntos, trabalhavam juntos, comiam juntos, se divertiam juntos,
enfim, eles viviam juntos. Aqueles 12 homens tiveram o privilégio
de ter intimidade com o Deus encarnado, Jesus. Dessa forma, Jesus
pôde treiná-los em todos os aspectos e de todas as formas. A isto
Jesus deu o nome de ‘discipulado’, e nos mandou repetir o mesmo
processo (veja Mateus. 28.18-20).
Acredito profundamente que isto nos revela o propósito
de Deus para nossas vidas. O chamado Dele não é apenas para
aprendermos teoricamente a respeito Dele e de Sua vontade.
Ele nos chama para andarmos com Ele, para entrarmos na sua
intimidade e sermos transformados. Em Cristo, Ele nos chama
novamente para “caminharmos no jardim com Ele ao entardecer”.
Tudo que Deus está fazendo em sua vida neste momento
tem um único objetivo: trazê-lo para perto Dele. Toda revelação
que precisamos, toda instrução para nossa vida e trabalho, todo
poder e autoridade, tudo isto está em Deus. Sua Palavra nos aponta
15
o caminho, nos dá a chave, mas é em Deus que estão todas as
coisas. É em Jesus que tudo subsiste, nele habita toda plenitude
(veja Colossenses 1.17,19). Portanto, não é por intermédio de
uma fórmula ou imitando um método, ainda que seja bíblico,
que experimentaremos o ‘avivamento’, mas sim por meio de um
relacionamento pessoal e íntimo com Ele.
Ajuda-nos Senhor a termos o coração da noiva que diz:
“Busquei o amado da minha alma, busquei-o, e não o achei.
Levantar-me-ei, pois, e rodearei a cidade, pelas ruas e pelas praças;
buscarei o amado da minha alma.” (Ct.3:1,2).
Toda revelação que precisamos, toda instrução para nossa
vida e trabalho, todo poder e autoridade, tudo isto está em Deus.

2. o mapa para a intimidade com deus

Procure imaginar por um momento que você tem certeza


que no meio de uma montanha há um castelo soterrado, e que
no meio desse castelo existe uma sala de tesouro com todo tipo
de riquezas. Você recebe um mapa acurado desse tesouro e vai
em direção ao seu descobrimento. Ao seguir o mapa, encontra
corredores e salas com coisas preciosas. Você toma posse dessas
coisas, mas obviamente não para por aí, pois sabe que à sua espera
está uma sala repleta do mais maravilhoso tesouro, que fará de você
a pessoa mais rica da Terra. Você, então, prossegue no caminho até
encontrar a verdadeira sala do tesouro.
Pois bem, a Palavra de Deus é essa grande montanha; o mapa,
são os dons do ministério; através deles, podemos identificar os
caminhos e decodificar os segredos para chegarmos à sala real.
Nessa busca, o Espírito Santo é nosso companheiro constante que
nos conduz. Quando caminhamos pela Palavra, encontramos coisas
maravilhosas. A primeira preciosidade é a nossa salvação. Depois
16
vêm outras coisas preciosas; bênçãos, milagres, dons especiais etc.
Mas, amados, não podemos parar nessas coisas, ainda que elas
sejam pedras preciosas de grande valor. Temos de encontrar a sala
do tesouro, onde a grande e total riqueza e plenitude nos espera – o
próprio Deus.
Quando descobri que o propósito número um de Deus
com a revelação da sua Palavra não era me livrar do inferno, nem
mostrar o caminho para eu ser abençoado, mas sim o de se fazer
conhecido a mim, meu relacionamento com a Bíblia jamais foi o
mesmo.
Sei que tenho promessas maravilhosas na Palavra para todas
as áreas da minha vida. Sei que tenho direção e orientação para a
minha vida conjugal, para a criação dos meus filhos e para o meu
relacionamento com outros. Sei que tenho na Palavra a revelação
de como viver uma vida no poder e na unção de Deus. Tudo isso é
maravilhoso, e faz parte do propósito de Deus em nos revelar Sua
Palavra, pois ela é absolutamente completa. Mas acima de tudo
isso, agora eu sei que por intermédio da Bíblia, a Palavra inspirada
pelo Espírito Santo, eu posso encontrar o caminho da restauração,
que me conduzirá à sala do tesouro, o lugar do trono, onde está a
maior riqueza: a intimidade com Deus.
Este tesouro é para mim. Este tesouro é para você. É para
todos os filhos de Deus. É a nossa herança. Que trágico é que
tantos param pela metade do caminho. Contentam-se com joias
menores. Mas eu estou determinado, eu quero a pérola de grande
valor. Eu quero Jesus. Quero conhecê-lo em profunda intimidade!
E você? O que você está buscando? Qual é o desejo do teu coração?

17
Capítulo 2

TESOUROS ESCONDIDOS

Certamente o SENHOR não fará nada, sem primeiro revelar seu


conselho secreto e plano confidencial, aos seus servos, os homens ins-
pirados (Amós 3.7 — versão do autor ).
Se você estivesse sentado nos muros da cidade de Ur
observando os portões da cidade exatamente naquele dia especial,
veria centenas de pessoas que saíam e entravam. Eram pessoas com
animais e cargas, uns indo para outras regiões, outros voltando de
longas viagens e de aventuras, pois essa cidade foi uma metrópole
e um grande entroncamento comercial e migratório.
Pois bem, em meio a todo esse movimento, você avistaria
Abraão e sua família; mochila nas costas, animais carregados,
saindo da cidade. Vendo-o nesse dia, lá de cima do muro de Ur
dos Caldeus, não haveria meio de saber que esse homem, dentre
tantos outros que chegavam e partiam, carregava nos seus ombros
o destino da humanidade. Somente sabemos disto porque Deus o
revelou para nós.
Percebemos, com isso, que não existem na Bíblia apenas
‘histórias’. Tudo que está na Palavra tem sentido, tem segredos
ocultos de Deus para o tempo certo. ‘Deus vem à terra com todo
o seu mistério, e tudo o que precisamos saber sobre Ele e seus
caminhos, tudo o que precisamos para sair daqui para a eternidade,
tudo o que a raça humana precisa para sentar-se à direita de Deus,
Ele esconde tudo isto, dentro da história humana.” (Dr. Noel
Wordrof). Paulo entendeu bem esse princípio quando declarou
que o evangelho era um segredo guardado desde a fundação dos
séculos.
Agora, veja que tremendo: Aonde o evangelho estava
guardado? No coração de Deus? É claro que sim. Nos céus?
Certamente que sim. Mas, aonde mais? Bem, estava escondido nas
Escrituras Sagradas. Deus, no momento certo revelou (descobriu)
a ‘homens inspirados’.
Vamos observar isso com um pouco mais de profundidade,
para estabelecermos uma base na qual poderemos seguir no
restante deste livro. Veja o que Deus revelou a Jó, no final de seus
questionamentos quanto à obra que Deus estava fazendo em sua
vida:
“Na verdade, a prata tem suas minas, e o ouro, que se refina, o
seu lugar. O ferro tira-se da terra, e da pedra se funde o cobre.
Os homens põem termo à escuridão e até aos últimos confins
procuram as pedras ocultas nas trevas e na densa escuridão.
Abrem entrada para minas longe da habitação dos homens
esquecidos dos transeuntes; e, assim, longe deles, dependurados,
oscilam de um lado para outro.
Da terra procede o pão, mas embaixo é revolvida como por
fogo. Nas suas pedras se encontra safira, e há pó que contém ouro.
Essa vereda, a ave de rapina a ignora, e jamais a viram os
olhos do falcão. Nunca a pisaram feras majestosas, nem o leãozinho
passou por ela.
Estende o homem a mão contra o rochedo e revolve os montes
desde as suas raízes.
Abre canais nas pedras, e os seus olhos veem tudo o que há de
mais precioso.
20
Tapa os veios de água, e nem uma gota sai deles, e traz à luz o
que estava escondido (Jó 28.1-11).
Essa passagem nos revela que as coisas preciosas da terra
estão ocultas, longe da superfície. Para encontrá-las, o homem
precisa abrir minas, quebrar rochas, criar novos caminhos. O pão,
que é necessidade básica, é produzido na superfície, mas a riqueza
está embaixo da terra, muitas vezes no meio do fogo.
Da mesma forma, o pão espiritual, isto é, as nossas
necessidades básicas, as bênçãos que precisamos, nós encontramos
muitas vezes no meio do fogo. O pão, que é necessidade básica,
é produzido na superfície, mas a riqueza está embaixo da terra,
superfície da palavra, mas o ouro e a prata espiritual, a safira e tudo
o que é precioso para o nosso crescimento espiritual precisa ser
buscado, cavado e minado na Palavra de Deus.
Todos os segredos para experimentarmos uma vida de
intimidade com Deus, e profundo avivamento, estão contidos
nas Escrituras Sagradas; e cabe a nós, usando as ferramentas que
o próprio Deus nos deu, abrirmos caminhos e cavarmos até que
cheguemos aos tesouros escondidos.
No livro de Salmos está escrito: “A intimidade (segredo) do
SENHOR é para os que o temem” (25.14). A palavra segredo vem de
uma palavra hebraica que poderia ser traduzida como “Conselho
secreto, plano confidencial”. Uma versão ampliada desse versículo
poderia ser: O conselho secreto e o plano confidencial do Senhor
são para aqueles que o temem.
No livro de Amós está: “Certamente, o SENHOR Deus não
fará cousa alguma, sem primeiro revelar o seu segredo aos seus
servos, os profetas” (3.7). No dicionário de Strong está escrito que a
palavra profeta (‘nabiy’ no hebraico) pode também ter o significado
de ‘Homem Inspirado’. Portanto essa passagem de Amós também
poderia ter esta tradução: “Certamente o Senhor não fará nada,
sem primeiro revelar seu Conselho Secreto e seu Plano Confidencial,
21
aos seus servos, homens inspirados”.
Deus, em seu conselho secreto, isto é, na reunião sagrada
do Pai, do Filho e do Espírito Santo, determinou todas as coisas.
Estabeleceu princípios para todas as coisas no universo. Deus tem
tudo planejado, mas Ele mantém o Seu plano no seu conselho
secreto, especialmente para que o inimigo não possa atrapalhá-lo.
O livro de Romanos declara: “...conforme a revelação do mistério
guardado em silêncio nos tempos eternos [mantido em segredo]”
(16.25).
Ao mesmo tempo, Deus deseja revelar os Seus planos e pro-
pósitos aos seus ‘homens inspirados’ (profetas), pois é por inter-
médio do homem que Ele cumprirá o seus desígnios. Mas, como
Deus pode esconder seus planos do inimigo e revelá-los a homens
inspirados?
Deus faz isto, escondendo os seus segredos na história hu-
mana. Então, Ele os identifica a seus ungidos, através de revelação.
Deixe-me explicar melhor, pois a compreensão deste princípio é a
chave para a continuidade dessas revelações:
Deus coloca no amor entre dois jovens, no nascimento de
uma criança, na imigração de uma família, no nome de uma cidade,
os seus segredos para o destino da humanidade. Então, o que Ele
faz? Identifica para nós em sua Palavra, através da revelação do
Espírito Santo.
Já vimos um exemplo desse princípio em operação no
chamado de Abraão no começo deste capítulo. Vamos ver outro
exemplo dessa verdade:
Quando Jesus entrou na sinagoga, em um sábado ensolarado,
em Nazaré, tudo parecia absolutamente normal. Era um sábado,
como muitos outros, em que os membros daquela congregação se
reuniam para ler as Escrituras e orar. Entre eles estava o carpinteiro,
filho de José. Aquela era a ‘igreja’ que ele costumava ir, ali estavam
seus amigos, seus parentes. Ele se levantou como de costume (veja
22
Lucas 4.16), abriu as Escrituras para ler, como de costume, abriu
em Isaías e leu: “O Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que
me ungiu para evangelizar os pobres; enviou-me para proclamar
libertação aos cativos e restauração da vista aos cegos, para pôr em
liberdade os oprimidos, e apregoar o ano aceitável do Senhor” (Lc
4.18,19). Ele fechou o livro e disse: “Hoje, se cumpriu a Escritura que
acabais de ouvir” (v. 21).
Aleluia! Isto é mesmo fantástico! Isaías escreveu esse texto
cerca de 800 anos antes de Cristo. A Escritura estava registrada, já
havia sido lida milhares de vezes, mas no momento certo o segredo
que estava escondido nela foi revelado. O mistério de Deus, oculto
nessa declaração, foi descortinado. Agora sabemos que Isaías fala-
va a respeito de Jesus Cristo de Nazaré, o Filho de Deus, que veio
para evangelizar os pobres, dar vista aos cegos, pôr em liberdade os
oprimidos e proclamar o ano aceitável do Senhor.
Quando entendermos que este princípio se aplica à toda a
Escritura, não iremos mais apenas ‘ler a Bíblia’, iremos comer a
Palavra de Deus:
“Filho do homem... come este rolo, vai e fala à casa de Israel.
Então, abri a boca, e ele me deu a comer o rolo. E me disse: Filho do
homem, dá de comer ao teu ventre, e enche as tuas entranhas deste
rolo que eu te dou. Eu o comi, e na boca me era doce como o mel”
(Ez 3.1-3).
Tudo que você precisa para discernir os tempos, para enten-
der os princípios estabelecidos por Deus, para viver em Intimida-
de com Jesus e para produzir o verdadeiro avivamento na terra,
está ao seu alcance: “Não está nos céus, para dizeres: Quem subirá
por nós aos céus, que no-lo traga e no-lo faça ouvir para que o cum-
pramos? Nem está além do mar, para dizeres: Quem passará por nós
além do mar, que no-lo traga e no-lo faça ouvir, para que o cumpra-
mos? Pois esta palavra (revelação) está mui perto de ti, na tua boca e
no teu coração para a cumprires” (Dt 30.12-14; cf. Rm 10.8).
23
Neste mesmo processo, Deus deixa princípios fundamentais
usando palavras e frases específicas, que são repetidas várias vezes
nas Escrituras e que ficam como que ocultas aos nossos olhos, até
que o Espírito Santo as destaca para nós. Por exemplo: muito tempo
atrás, a revelação de salvação pela graça tinha sido esquecida. Deus,
no tempo certo levanta Martinho Lutero que descobre a frase na
Bíblia: “O justo viverá pela fé” (Rm 1.17). Através desta frase a vida
de Lutero foi revolucionada. Ele e outros reformadores passaram a
ver a Teologia da Graça de Deus em toda a Bíblia.
Este mesmo processo se repete constantemente à medida que
Deus vai restaurando a Igreja. Neste momento Deus tem “grifado”
para nós em Sua Palavra a frase: “O Espírito e a Noiva dizem vem.”
(Ap 22.17). Da mesma forma, através deste “Rhema” de Deus
em Sua Palavra, temos sido levados a ver em toda as Escrituras,
o projeto de Deus, de preparar uma Noiva para Seu filho. Nossos
olhos estão se abrindo para entender que nossa identidade é a
de “Noiva de Cristo”. Apaixonada por Ele, à espera das Bodas do
Cordeiro.

1. companheiro de busca

Deus está nos convidando para entrarmos nessa caminhada


de busca dos seus segredos para este tempo e esta hora, esta é uma
jornada maravilhosa que produzirá coisas extraordinárias em
nossas vidas.
Quando aceitamos esse convite de Deus em nossa jornada
pela sua Palavra em busca de seus segredos, Ele não nos deixa
sozinhos. Temos da parte do próprio Deus, um companheiro que
nos conduz, que ilumina o caminho. Que mostra a direção certa a
seguir. Este companheiro é o querido Espírito Santo de Deus.
É o Espírito Santo quem opera em nós através das Escrituras,
24
nos revelando os segredos do Pai. “...as cousas de Deus, ninguém
as conhece, senão o Espírito de Deus” (1Co 2.11). Os princípios
de Deus, escondidos no cotidiano do seu povo nas Escrituras,
são decodificados para nós através do Espírito Santo. “...quando
vier, porém, o Espírito da verdade, ele vos guiará a toda a verdade;
porque não falará por si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido, e
vos anunciará (revelará) as cousas que hão de vir. Ele me glorificará
porque há de receber do que é meu, e vo-lo há de anunciar [revelar]”
(Jo 16.13,14).
Observe que o Espírito Santo opera em cada um de nós, que
somos filhos de Deus, nascidos de novo em Cristo Jesus, para nos
guiar a toda verdade, e para nos revelar os segredos do coração do
Pai, que na realidade estão ocultos nas Escrituras Sagradas.

2. escola de homens inspirados

Deus deseja nos ensinar os Seus caminhos. O ‘revelar-se’


faz parte da própria natureza de Deus. Ele quer revelar os Seus
mistérios a seus homens inspirados. No Antigo Testamento,
homens como Samuel, Elias e Eliseu, tinham ‘escolas de profetas’
(veja 1Samuel 19.20; 1Reis 2.3).
Eles separavam um grupo de pessoas e os treinavam, para
transformá-los em ‘homens inspirados’ [profetas] de Deus. Creio
que aqui temos um modelo de como Deus deseja trabalhar em nós.
Ele nos chama para ‘sua escola de profetas’, para que nos tornemos
pessoas inspiradas, e então sermos qualificados para recebermos
suas revelações.
Desde os meus tempos de criança na escola até os últimos
anos de universidade e pós-graduação, duas coisas básicas que eu
sempre queria saber quando me matriculava em um curso eram:
qual o método que será usado no curso, e quem será o professor.
25
Creio que a maioria das pessoas é como eu. Quando somos es-
tudantes, é importante para nós termos informações sobre quem
estará ensinando; suas qualificações, sua experiência etc., pois
grande parte do valor de um curso tem relação com a pessoa que
o ensina. É importante também sabermos como vamos aprender,
que tipo de testes teremos de enfrentar, qual a metodologia que
será aplicada no curso.
Bem, se Deus tem uma escola, e se todos estamos matricu-
lados nela, quem é o professor? Qual é a metodologia? E qual é o
material didático?

3. ele nos ensinará os seus caminhos

Já vimos, no primeiro ponto, que o Espírito Santo veio para


desvendar os segredos de Deus para nós, isto é, Ele veio para ser o
companheiro (paracleto) que nos ensina os caminhos do Pai. Em
João 14.26, Jesus relata: “...mas o Consolador, o Espírito Santo, a
quem o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as cousas
e vos fará lembrar de tudo o que vos tenho dito”. A palavra ensinar
usada por Jesus nesse versículo é a palavra grega didasko (daí vem
a nossa palavra didática). Essa palavra era usada especificamente
para definir as atribuições do professor; didasko é “aquele que dá
instrução”. Portanto, o Espírito Santo foi enviado com o propósito
de nos instruir, de ser nosso didasko, nosso mestre.
Essa mesma palavra é aplicada diversas vezes ao próprio Se-
nhor Jesus, e em uma das passagens que ocorre é em João. Nicode-
mos diz para Jesus: “Rabi, sabemos que és Mestre vindo da parte de
Deus...” (3.2). Aqui a palavra ‘mestre’ é a mesma palavra didasko
(aquele que ensina; professor). Também observamos neste versí-
culo outra palavra importante: Rabi. Esta palavra é hebraica, e era
um “título de respeito, ela era aplicada aos professores” (Comen-
26
tário Bíblico – Strong). Jesus recebeu esse título diversas vezes nos
evangelhos. Ele é o nosso Rabi. O nosso mestre (didasko) vindo da
parte de Deus.
Então descobrimos que não somente o Espírito Santo é nosso
instrutor, mas que também o próprio Senhor Jesus está envolvido
nesse processo de ser nosso didasko. Agora, Deus Pai também se
revela como nosso didasko.
Quando estudamos o Antigo Testamento, descobrimos que
Deus se revela como aquele que ensina. Nos Salmos lemos: “Bom e
reto é o SENHOR, por isso ensina o caminho aos pecadores” (25:8).
A palavra ensinar aqui é yarah, no hebraico. Ela tem significado
semelhante à palavra grega didasko. Literalmente, yarah significa;
‘apontar o caminho, direcionar para o alvo’, essa palavra aparece
80 vezes no Antigo Testamento, referindo-se ao fato de que o
Senhor é aquele que nos ensina, apontando o caminho. Outro fato
interessante é que dessa palavra deriva a palavra Torah, que é uma
das mais importantes do Antigo Testamento; Torah é a ‘Lei’, é o
ensino de Deus, é o material didático do professor.
Descobrimos, em resposta à nossa pergunta “Quem é o
professor da escola de Deus?”, que tanto o Espírito Santo, quanto
Jesus e o próprio Deus Pai, recebem o mesmo título na Bíblia;
“Professores (mestres) do seu povo”. A verdade é que aprender os
princípios do Reino é algo tão importante que a própria Trindade
está envolvida nisso. Deus Pai, Deus Filho e Deus o Espírito Santo
estão engajados no processo de nos ensinar os Seus caminhos.
Deus tem uma escola, em que todos os nascidos de novo
estão automaticamente matriculados, e o Professor dessa escola
é a própria Trindade. Oh Deus, ensina-nos o caminho do
relacionamento intimo contigo. Ensina-nos a te amar, a te desejar,
ensina-nos a viver como as cinco virgens prudentes; Preparadas
com as lamparinas acesas à espera do Noivo.

27
Capítulo 3

REVELAÇÃO DA IDENTIDADE DA NOIVA

A primeira pessoa, no Novo Testamento, a identificar os seguidores


de Cristo, isto é, a Igreja, como ‘Noiva’, foi o precursor João Batista
(Jo.3:29); ele disse: “a noiva pertence ao noivo”, referindo-se a
Cristo e sua Igreja. A segunda pessoa a fazer isto, foi o próprio
Senhor Jesus, ao identificar-se como o noivo (Mat. 9:15; 25:10).
A partir daí as epistolas Paulinas, e João, em Apocalipse,
expandem nesta revelação. Paulo descreve seu trabalho e zelo
apostólico, como o que trabalhou como amigo do noivo para
apresentar a Igreja “como virgem pura a um só esposo, que é
Cristo” (2 Cor. 11:2).
Quando Paulo está ensinando sobre a união conjugal e sobre
os deveres espirituais dos esposos e esposas, ele fala da união de
Cristo e da igreja, como exemplo, e quando ele sita o texto de
Gêneses sobre casamento, ele conclui dizendo: ‘Grande é este
mistério, mas eu me refiro a Cristo e à igreja” (Ef. 5:32), isto é, o
mistério não é o casamento nas relações humanas, o mistério é o
casamento na relação entre a Igreja e Jesus Cristo.
Em Apocalipse, João descreve a Igreja no ápice da sua
maturidade, quando ela está desprendida da terra, desejando mais
Jesus, do qualquer outra coisa, neste estágio, ela é chamada de
‘Noiva’ (Ap. 22:17).
Sabemos que, como Igreja de Cristo, temos várias identidades
no Novo Testamento, mas é primariamente na identidade de
Noiva que vamos entrar na eternidade, para reinar com Cristo
para sempre; este momento é descrito como “O casamento do
Cordeiro”: “Alegremo-nos, exultemos e demos-lhe a glória, porque
é chegado o casamento do cordeiro, cuja esposa a si mesma já se
preparou” (Ap.19:7).
Por isto o Espírito Santo trabalha na vida da Igreja hoje,
para ressaltar e revelar aspectos da sua Identidade como noiva,
como nunca antes na história. Pois, é especialmente a Igreja da
geração do retorno de Jesus, que precisará ter a plena revelação e
entendimento desta verdade.

1. processo de restauração

Ao estudarmos os movimentos de Deus ao longo da história,


percebemos que, em cada época há uma ênfase de revelação
diferente. Com Martinho Lutero, quinhentos anos atrás, Deus
trabalhou a base da nossa fé; restaurando a justificação pela graça,
no que ficou conhecido na história, como reforma protestante.
No século dezoito, Deus levantou dois movimentos; os
Moravianos e os Metodistas. Os Moravianos, iniciaram uma
reunião de oração na Alemanha, que continuou initerruptamente,
24 horas por dia, 7 dias por semana, por 120 anos, dando origem ao
movimento missionário moderno. Na Inglaterra, sob a influência
destes mesmos Moravianos, Deus levantou John Wesley, que deu
origem a um grande mover de santificação, que ficou conhecido
como o avivamento metodista. Já tínhamos a justificação pela graça
estabelecida, então o Senhor acrescentou e restaurou a santificação
na Igreja.
30
Já no começo do século 20, sobre essas verdades restauradas
o Senhor acrescentou a manifestação dos charismas (dons), o que
entrou para a História como a restauração do Pentecostes, ou
mover pentecostal.
Ainda no século 20, de uma forma tremendamente acelerada,
demonstrando que Deus tem pressa, o Senhor restaurou o louvor,
restaurou a Igreja como comunidade, restaurou os cinco dons do
ministério (apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e mestres
— veja Efésios 4). E no final do século 20, e já entrando no 21, o
Senhor tem restaurado o discipulado, com a visão de ganhar com
responsabilidade, de consolidar e de treinar.
Chegamos então aos nossos dias, com a Igreja consolidada
nestas verdades e agora, sendo preparada pelo Espírito Santo, para
entrar mais e mais profundamente no entendimento e revelação
da sua identidade como Noiva de Cristo.
No próximo estágio, a percepção e clareza da Igreja como
Noiva de Cristo crescerá aceleradamente, pois o Espírito de Cristo
está descortinando mais e mais esta verdade para o corpo de Cristo.

2. verdade teológica

A descrição da Igreja como Noiva de Cristo não é apenas


uma metáfora, mas sim uma verdade teológica. Deixe-me explicar
isto de uma forma um pouco mais detalhada.
Metáfora é uma figura de linguagem, isto é, algo que você
usa para ilustrar ou definir melhor uma pessoa, uma verdade ou
mesmo um princípio. Deus usa muitas metáforas em sua palavra,
pois elas nos ajudam a entender melhor as coisas que o Senhor está
nos comunicando.
Em João 15, Jesus disse que o Pai é o viticultor, que Ele é a
videira verdadeira e que nós somos as varas. Isso é uma metáfora;
31
Jesus não é literalmente uma videira, isto é somente uma figura de
linguagem, que nos ajuda a entender o princípio de a nossa vida
depender de o estarmos ligados a Cristo. Quando Paulo diz em uma
de suas epístolas que somos vasos de barro e que há um tesouro
dentro de nós, ele está também usando uma figura de linguagem,
para ilustrar o fato de que nós não temos nenhum valor fora de
Cristo, que é o verdadeiro tesouro que vive dentro de nós.
A Bíblia usa várias metáforas para definir a Igreja; somos um
edifício, somos um corpo e Cristo é a cabeça, somos ovelhas que
estão no aprisco, etc... Estas figuras de linguagem são muito úteis
para nos ajudarem a entender muitos aspectos de quem somos em
Jesus Cristo.
Mas quando a Bíblia diz que Deus é nosso Pai, ela não está
usando uma metáfora; Deus literalmente é nosso Pai. Este é um
dos nomes pelo qual Ele atende; Deus Pai, ou mesmo Pai Celestial,
Jesus o chamou de Aba, que quer dizer ‘Papai’, e Paulo diz que
nós também podemos chamá-lo de Aba. A paternidade de Deus
é uma verdade teológica, e quando estudamos e recebemos mais
revelações desta realidade, nossas vidas são transformadas.
Da mesma forma que Deus Pai não está na categoria de
metáfora, Jesus o noivo também não está. Então a identidade da
igreja como noiva também deve ser vista e estudada como verdade
teológica.
Ser noiva de Cristo faz parte da nossa identidade espiritual
no reino de Deus, assim como o ser filho de Deus. Entender isto, é
de vital importância para nosso crescimento, pois vamos olhar para
este assunto com mais dedicação e diligência. É crucial entender
que existe uma “Teologia de Jesus-Noivo e da Igreja-Noiva” no
Novo Testamento.

32
Capítulo 4

RESTAURAÇÃO DA NOIVA NOS ÚLTIMOS DIAS

Desde a queda no Éden, Deus trabalha para trazer a raça humana


de volta para Ele. Tudo que Deus fez na história tem haver com
a realidade de que Ele iria redimir e preparar um povo, vindo de
todas as tribos, povos e nações, para ser a ‘esposa do cordeiro’ no
final das eras. O apóstolo Paulo resume isto, quando fala da sua
própria motivação ministerial: “Pois tenho ciúmes de vocês, com
ciúmes de Deus. Pois eu noivei vocês a um marido, para que eu
apresente vocês como virgem pura a Cristo.” (2 Cor.11:2 – versão
do autor).
Assim, a maneira correta de ler e estudar a Bíblia é a de
vê-la como uma revelação linear e continua, onde todas as coisas
estão inter-relacionadas. Do ponto de vista teológico (ponto de
vista de Deus) a própria história humana precisa ser vista assim.
No livro de Gálatas, observamos essa revelação em uma frase:
“...vindo, porém, a plenitude do tempo, Deus enviou seu Filho, nascido
de mulher, nascido sob a lei...” (Gl 4.4). A palavra ‘plenitude’ aqui,
é a palavra pleroma no grego. Em uma definição mais profunda,
pleroma significa ‘o final de um período predeterminado, onde
tudo está completo’. O Dicionário Bíblico de Nelson define pleroma
como algo que “sugere a soberania de Deus determinando eventos
33
no espaço e tempo”. Portanto Gálatas 4.4 está nos dizendo que: “no
final de uma sequência de eventos no espaço e no tempo, quando as
coisas estavam completas, Deus enviou seu Filho ao mundo”.
Quando olhamos a História da humanidade no período
anterior à vinda de Jesus, percebemos que o mundo realmente foi
preparado para aquele momento. Podemos dizer que as principais
culturas que antecederam a vinda de Jesus contribuíram na
preparação do mundo para a chegada do Salvador e a inauguração
do Reino pleno de Deus entre os homens.
Não temos espaço, neste livro, para examinar esse assunto
de forma mais completa, embora ele seja fascinante e importante
para identificarmos o trabalhar de Deus no mundo, mas vamos
procurar resumir a contribuição de cada povo envolvido.
O império grego, representado na pessoa de Alexandre, o
Grande, que aos 25 anos de idade já havia conquistado o mundo.
Em cada cidade conquistada por Alexandre, ele estabelecia centros
de aprendizado da cultura grega, e em pouco tempo a maneira de
pensar grega e principalmente a língua grega estavam espalhadas
pelo mundo. O mundo, então, tinha uma cultura e uma língua
comum, o grego.
Quando vieram os romanos, que foi o império seguinte, eles
dominaram o mundo com sua força e tecnologia militar avançada.
Exatamente no período que Jesus nasceu, o império romano estava
no seu apogeu. Eles tinham implantado em todo o império a ‘pax
romana’, isto é, paz em todo o império no controle dos poderosos
centuriões romanos.
Na época em que Jesus veio ao mundo, portanto, pela
primeira vez, depois de séculos de guerras e conquistas, o mundo
estava vivendo um período de completa paz, sob o controle romano.
Eles desenvolveram também duas coisas muito importantes:
abriram estradas seguras e bem delineadas por todo o império e
desenvolveram um meio de comunicação (correio) muito eficiente.
34
No primeiro século da nossa era, haviam grandes cidades no
mundo, que poderiam ser comparadas às cidades modernas, que
eram centros de desenvolvimento, e existia uma língua comum,
que era o grego. Podia-se viajar de cidade a cidade com segurança.
Estava tudo preparado para a chegada do evangelho e também
para sua subsequente difusão pelos apóstolos.
Além disto, Deus usou a diáspora judaica para preparar o
recebimento da mensagem. Quando Jesus veio, havia uma colônia
judaica, e obviamente uma sinagoga, em cada cidade importante
do mundo, isto ocorreu porque, durante o cativeiro babilônio,
muitos judeus, para escapar das perseguições, fugiram para outras
cidades, onde se estabeleceram e suas comunidades floresceram.
Outro fato interessante é que no período da vinda de Jesus,
havia em todas as comunidades judaicas do mundo uma forte
expectativa messiânica. Em todas as comunidades da época,
de Alexandria a Roma, o assunto que ocupava a literatura, as
pregações nas sinagogas e as conversas em volta da mesa, era um
só: “O Messias está vindo”. É triste constatar que, apesar disso, eles
rejeitaram o ‘Messias’ quando Ele veio, mas o que é relevante aqui
é que com isso, não somente os judeus, mas todas as pessoas que
tinham algum contato com eles, sabiam que eles estavam à espera
do ‘Meshiach’ (Messias). Isso produziu certa expectativa em todo
o mundo.
Em resumo, podemos dizer os gregos produziram a cultura, e
a língua, os romanos produziram a paz e a segurança, e finalmente
os judeus espalharam o conceito ‘da vinda do Messias’.
Da mesma forma que Deus preparou o mundo, trabalhando
até com reinos pagãos, para que na plenitude dos tempos Ele
pudesse enviar Seu Filho ao mundo, Ele também está trabalhando
atualmente com o mundo. Deus está preparando todas as coisas;
o mundo à nossa volta e também a Igreja, para que Ele possa,
“na plenitude dos tempos”, enviar o Seu Filho novamente. Se
35
pudéssemos adaptar Gálatas 4:4 aos dias atuais, ficaria assim: “No
final de uma sequência de eventos, no espaço e no tempo, onde as
coisas estarão completas, Deus enviará novamente Seu Filho ao
mundo”.
Assim como Israel teve papel central no desenrolar do
propósito de Deus, nós também, a Igreja, temos hoje um papel
central no desencadear de eventos que culminarão com a
manifestação do ‘avivamento pleno de Deus’, isto é, Jesus Cristo
vindo novamente buscar sua Noiva.
Da mesma forma que Deus levantou homens e mulheres
no meio do Seu povo, para serem instrumentos no gerar dos seus
propósitos, Ele hoje está contando com você e comigo para que o
Seu propósito seja estabelecido.
Temos indicações na Palavra de Deus, que o processo
que Ele usou no Antigo Testamento, que culminou com a
primeira vinda de Jesus, estabeleceu um parâmetro para nós, que
estamos vivendo no processo de produzir eventos históricos que
culminarão na segunda vinda de Jesus. O que temos de fazer hoje
é, na dependência do Espírito Santo, identificar esses parâmetros,
que estão como que escondidas na Palavra de Deus, e então aplicá-
las à nossa realidade.

1. reforma e restauração

Já aprendemos que a Bíblia contém princípios que nos


mostram como realizar os propósitos de Deus na terra hoje.
Em cada evento da Palavra de Deus, podemos identificar algo
relevante para nós. Olhamos para a vida de José, como um tipo
de Cristo. Olhamos para a saída do Egito, a peregrinação no
deserto, e a entrada na Terra Prometida, como modelos completos
da jornada da Igreja. Olhamos para o Livro de Cantares e vemos
36
a jornada da Noiva, de um amor sincero, mas imaturo, para um
amor comprometido e maduro.
Neste livro, vamos concentrar a nossa atenção no período
da reconstrução do Segundo Templo, pois descobrimos ali um
modelo que está diretamente relacionado com a preparação final
da Noiva, para receber o Noivo Jesus, e entrar em seu destino
eterno.
Efésios nos mostra que a Igreja que Jesus virá buscar é uma
noiva “gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem cousa semelhante,
porém santa e sem defeito.” (Ef. 5.27). Para descobrirmos mais do
propósito de Deus para este tempo, vamos olhar para um período
histórico na vida de Israel que é profético para os nossos dias;
estou me referindo ao último período da história de Israel, no
Antigo Testamento, quando o Segundo Templo foi reconstruído
em Jerusalém.
Estaremos estudando o final do período do cativeiro babilô-
nico, em que parte do povo de Deus voltou para a Terra Prometida
e restaurou a cidade de Jerusalém e o Templo. Foi um período de
reforma e restauração. Todo avivamento na história, foi precedido
de ‘reforma’ e ‘restauração’.
O que Deus fez, nesse período da história de Israel, é tão
importante para os Seus planos eternos, que temos oito livros do
Antigo Testamento envolvidos nesse processo: Isaías, Jeremias,
Daniel, Ageu, Zacarias, Esdras, Neemias e Ester. Se a reforma e a
restauração de Jerusalém e do Templo não tivessem acontecido,
Deus não poderia ter enviado o Seu Filho, pois o ministério de
Jesus, e especificamente Sua morte redentora, estavam relacionados
com a cidade de Jerusalém e com o Templo.
Da mesma forma hoje, para que Jesus volte novamente,
precisamos primeiro passar por ‘reforma’ e ‘restauração’, para que
a Igreja esteja pronta. Por isso, é tão importante descobrirmos as
revelações que Deus tem para nós, por intermédio desses eventos
37
na história de Israel.
Nos livros de Esdras e Neemias temos o relato dos
acontecimentos históricos relacionados à volta dos remanescentes
da Babilônia, e com a reconstrução do Templo e dos muros de
Jerusalém. Em Ageu e Zacarias, temos os dois profetas, que foram
usados por Deus nesse período. Eles trouxeram revelações para
aquele momento, mas também, por intermédio de suas profecias,
encontramos a chave que liga aquele período ao que Deus está
fazendo hoje. Encontramos a ligação entre Israel, chamado de
Esposa de Jeová, pelos profetas Oséias e Jeremias, com a Igreja, a
Noiva do Cordeiro.
Nesses dois livros, podemos identificar os personagens
históricos, e o que eles realmente representam. Todas as profecias
do livro de Ageu são dirigidas a Zorobabel e a Josué. Da mesma
forma, nos primeiros capítulos de Zacarias, observamos profecias
dirigidas a essas duas pessoas. Quem eram eles? E, qual a
importância deles no que Deus está fazendo hoje, no mundo?

2. zorobabel e josué

A Bíblia identifica Zorobabel para nós como o governador de


Judá, naquela época. Ele era filho de Sealtiel, e neto de Jeoaquim,
o rei de Judá que foi para o cativeiro (veja 1Crônicas 3.17).
Zorobabel era, portanto, descendente de Davi, e o sucessor legal
do rei Jeoaquim ao trono. Josué, por sua vez, é identificado como o
sumo sacerdote, o líder espiritual do povo naquele período.
O nome ‘Zorobabel’ é a junção de dois nomes; ‘zarab’ e
‘babel’ou ‘balau’. O nome ‘zarab’ significa sair, escapar, e ‘babel’
significa confusão ou caos. Então literalmente o nome Zorobabel
significa; ‘escapar ou sair da confusão’. Josué, no original é
‘Yehowshu’ e significa; ‘Jeová-salvou’, o nome de Jesus vem da
38
mesma raiz dessa palavra.
Profeticamente, portanto, os nomes, Zorobabel e Josué
significam: “escapou (ou saiu) da confusão (caos) e foi salvo por
Jeová”. Percebemos aqui como essas duas figuras são importantes
tanto no plano de reforma de Deus para aqueles dias, quanto na
revelação dos propósitos de Deus em nossos dias. Zorobabel e
Josué são figuras da “Igreja do final dos tempos”.
Ao olharmos a profecia dada a Zacarias, referente a Zorobabel
e Josué descobrimos uma chave muito especial para “destrancar”
os segredos de Deus para nós.
“Ouve, pois, Josué, sumo sacerdote, tu e os teus companheiros
que se assentam diante de ti, porque são homens de presságio; eis
que eu farei vir o meu servo, o Renovo’. Porque eis aqui a pedra que
pus diante de Josué; sobre esta pedra única estão sete olhos; eis que
eu lavrarei a sua escultura, diz o SENHOR dos Exércitos, e tirarei a
iniquidade desta terra, num só dia.
Naquele dia, diz o SENHOR dos Exércitos, cada um de vós
convidará ao seu próximo para debaixo da vide e para debaixo da
figueira”. (Zacarias 3.8-10)
Esta profecia está claramente falando de Jesus Cristo; Ele
é o “Renovo”, Ele é a pedra única onde estão sete olhos (veja
Apocalipse 5.6). Por meio do Seu sacrifício na cruz, a iniquidade
do mundo foi tirada em um só dia. A última frase dessa profecia se
refere à Igreja; pois depois da obra de Jesus, entrar debaixo da vide
e debaixo da figueira é receber o evangelho, é ser parte da Igreja,
que é composta de judeus e gentios.
Nessa palavra profética de encorajamento para o sumo
sacerdote Josué, Deus traz uma tremenda revelação sobre a vinda
de Jesus Cristo. O que o Senhor faz também é ligar essa figura
histórica ‘Josué’ ao Messias, mostrando a relevância profética da
vida desse homem e também desse período.
Ao meditar sobre esse texto, algumas perguntas vieram à
39
minha mente: Porque em um contexto de encorajamento profético
para o sumo sacerdote Josué, Deus faz uma revelação tão clara
sobre Jesus e a Igreja? Em que aspecto prático essa revelação estaria
estimulando ou direcionando Josué? Ou será que Deus tinha um
propósito muito maior do que isso?
Bem, vamos examinar a profecia dada a Zorobabel,
na sequência do livro de Zacarias. Aqui também Deus fala
profeticamente em relação a Seu plano futuro.
“Tornou o anjo que falava comigo e me despertou, como a
um homem que é despertado do seu sono, e me perguntou: Que
vês? Respondi: olho, e eis um candelabro todo de ouro, e um vaso de
azeite em cima com as suas sete lâmpadas e sete tubos, um para cada
uma das lâmpadas que estão em cima do candelabro de azeite, e a
outra à sua esquerda. Então, perguntei ao anjo que falava comigo:
meu Senhor, que é isto? Respondeu-me o anjo que falava comigo:
Não sabes tu que é isto? Respondi: não, meu senhor.
Prosseguiu ele e me disse: Esta é a palavra do SENHOR a
Zorobabel: Não por força nem por poder, mas pelo meu Espírito,
diz o SENHOR dos Exércitos. Quem és tu, ó grande monte? Diante
de Zorobabel serás uma campina; porque ele colocará a pedra de
remate, em meio a aclamações: Haja graça e graça para ela!...
Prossegui e lhe perguntei: que são as duas oliveiras à direita e
à esquerda do candelabro?
Tornando a falar-lhe, perguntei: que são aqueles dois raminhos
de oliveira, que estão junto aso dois tubos de ouro, que vertem de si
azeite dourado?
Ele me respondeu: Não sabes que é isto? Eu disse: Não, meu
senhor.
Então ele disse: São os dois ungidos, que assistem junto ao
Senhor de toda a terra” (Zc 4.1-7,11-14).
No versículo 2, o anjo pergunta a Zacarias: Que vês? A
resposta dele foi: vejo um candelabro de ouro e sete lâmpadas e
40
sete tubos. Ele também vê duas oliveiras, uma à direita do vaso de
azeite e outra à esquerda. Zacarias não consegue identificar a visão,
e pergunta: meu Senhor, que é isto? A resposta do anjo é: “Esta é
a palavra do Senhor a Zorobabel, não por força ou por poder, mas
pelo meu Espírito”.
Creio que essa resposta, não satisfez a Zacarias. Tudo bem,
ele recebeu a revelação que essa era uma palavra para Zorobabel,
mas qual o significado dessas coisas. Na verdade, Deus não explica,
nem para ele nem para Zorobabel, o significado. Isso fica como um
mistério na Bíblia.
Mas Deus revela o significado dessa visão no último livro
da Bíblia. Em Apocalipse está escrito: “Quanto ao mistério das sete
estrelas que viste na minha mão direita, e aos candeeiros de ouro, as
sete estrelas são os anjos das sete igrejas, e os sete candeeiros são as
sete igrejas” (1.20). Em seguida a este versículo, Deus começa a dar
uma mensagem para cada uma dessas sete igrejas. Cada uma delas
representa as diferentes qualidades de igreja, mas em conjunto elas
representam todo o corpo de Cristo.
Temos aqui a revelação do que Zacarias viu e não entendeu,
e na verdade nem poderia entender, pois apesar de ser uma
mensagem para o Zorobabel histórico, era também uma chave
para nós, a Noiva de Jesus Cristo. Apocalipse nos revela que o
candeeiro de ouro é a Igreja. Zacarias viu a “igreja”. No versículo
3 e 11, Zacarias vê as duas oliveiras, ele também não entende o
seu significado. Mais uma vez, é em Apocalipse que encontramos
a chave para essa visão. Apocalipse 11.3,4: “Darei às minhas duas
testemunhas que profetizem por mil duzentos e sessenta dias, vestidas
de pano de saco. São estas, as duas oliveiras e os dois candeeiros que
se acham em pé diante do Senhor da terra” (paralelo com Zacarias
4.14). Em todas as interpretações aplicadas a Apocalipse 11:3,4,
uma coisa é comum; as duas testemunhas representam o final dos
tempos. Zacarias viu a Igreja e viu o final dos tempos. Mas esta
41
era uma mensagem para Zorobabel, e a conclusão da mensagem
é: “Não por força nem por poder, mas pelo meu Espírito”. (Zc 4.6).
O Senhor deixou registrado na sua Palavra que a Igreja seria
estabelecida na dispensação do Espírito Santo. A obra que Deus nos
chamou a fazer neste mundo não depende da nossa força natural,
pois também nossa luta não é contra a carne e o sangue, mas sim
contra as hostes espirituais da maldade nos lugares celestiais. Não
é por força nem por poder, mas na força e unção do Espírito Santo
de Deus que nos tornaremos a Noiva sem mancha e nem ruga que
Jesus virá buscar.
Voltando às perguntas com respeito a Josué e também
Zorobabel; qual o motivo que, em um contexto de encorajamento
a esses homens, para aquele trabalho específico, Deus trouxe
revelações tão claras sobre Jesus e a Igreja no final dos tempos?
Creio que a resposta é a seguinte: o Senhor fez essas
revelações para serem como chaves em Sua palavra, para que
olhemos, hoje, aquela época, e compreendamos que a “reforma”
feita por Zorobabel e Josué foi um modelo deixado por Deus para
nós. Ali temos chaves espirituais, que precisamos aplicar em nosso
contexto de preparação como Noiva de Cristo.
Naquele momento, Deus estava restaurando Israel sua
‘esposa’. Hoje Deus está restaurando a igreja a ‘noiva do Cordeiro’.
Os princípios vivenciados naquele período, serão os mesmos que
devem ser aplicados hoje em nossas vidas. Assim como aquela
reforma foi necessária para a primeira vinda, também hoje,
semelhante reforma está em processo em nossas vidas, para que
sejamos a Igreja gloriosa, sem mancha e nem ruga, descrita no
livro de Efésios, e a segunda vinda de Jesus possa ocorrer.

42
3. restaurando e construindo o edifício

Sem o “Templo” e a cidade de “Jerusalém” Jesus não poderia


ter vindo, pois muitas profecias no Antigo Testamento sobre Jesus
tinham relação com o Templo e com Jerusalém. Tudo que vemos,
portanto, em Ageu, Zacarias, Esdras, Neemias e em todos os outros
textos relacionados à reconstrução do Templo e à restauração da
cidade, fazem parte de um plano bem maior de Deus.
A reconstrução do Templo teve início por volta do ano 530
a.C. (antes de Cristo), esse processo de reforma terminou com a
reconstrução dos muros no governo de Neemias e Esdras, cerca
de 430 a.C. Esse período de reforma durou, portanto, quase 100
anos. Apesar de tudo isto ter acontecido mais de 400 anos antes da
primeira vinda de Cristo, Deus já estava trabalhando no processo
de preparar todas as coisas para a vinda do nosso Senhor Jesus.
O mesmo processo está em desenvolvimento nos dias atuais;
vivemos em um período de reforma. Se olharmos para trás, para os
últimos 100 anos, veremos um verdadeiro processo de restauração
em andamento. Podemos ver que Deus está reconstruindo o seu
edifício (a Igreja), acrescentando andar sobre andar. Tivemos o
andar da restauração do valor da Palavra. Depois tivemos o andar
da restauração do ‘Pentecostes’ e dos dons do Espírito Santo. A isso
Deus acrescentou o andar da restauração da fé. Depois o andar da
restauração da adoração. O andar da restauração dos cinco dons
do ministério, especialmente do profético e apostólico. O andar da
manifestação das diferentes “unções” de Deus. Temos tido o andar
da restauração da ‘visão’ e do ‘governo’. E agora estamos vendo este
maravilhoso andar da restauração da identidade da Igreja como
Noiva apaixonada de Cristo, que como Sulamita, declara: “Eu sou
do meu amado, e o meu amado é meu.” (Ct 6.3).
Deixe-me abrir um parêntese para dizer que é importante
percebermos que Deus está construindo um edifício, e não um
43
‘sítio arqueológico’. Em um sítio arqueológico, vemos casas, umas
sobre as outras, são camadas de casas, de épocas diferentes, uma
esmagando a outra. Mas num edifício é diferente, um andar é
colocado sobre o outro, de forma organizada e interligada, todos
os andares fazem parte da mesma estrutura, e o andar de cima é
apoiado pelo andar de baixo. No edifício há uma interligação de
dependência. Outra característica do edifício é que seus andares são
interligados por escadas ou elevadores. Num edifício, podemos nos
mover do último para o primeiro andar, sem dificuldade alguma.
Um andar depende do outro, e somente juntos e interligados é que
realmente constituem um verdadeiro edifício.
O ‘Templo’ (Igreja) está sendo reconstruído, na forma de
um edifício, os muros (reino) estão sendo restaurados, pois para
que a segunda vinda de Jesus possa acontecer, é preciso haver um
templo totalmente restaurado (Igreja edificada e madura) e muros
totalmente restabelecidos (padrão do Reino restabelecido).
Paulo fala claramente que nós, a Igreja, a Noiva de Cristo,
somos hoje o templo de Deus; “Não sabeis que sois templo de Deus
e que no Espírito de Deus habita em vós” (2 Cor:3:16). Sabemos
também que Jesus virá para uma igreja; “sem mancha e sem ruga”.
Assim como o templo precisou ser reconstruído, e para isto houve
necessidade de purificação, restauração e transformação daquela
geração, nós também precisamos passar pelo mesmo processo,
por isto Deus ligou aquele período da história bíblica com os
acontecimentos espirituais na vida da Igreja, ao se aproximar o
final desta era.

44
Capítulo 5

TEMPO DE VIVER COMO NOIVA


APAIXONADA POR JESUS

Uma das maiores batalhas, para qualquer geração, é a de entender


o tempo histórico em que ela está inserida. Para nós especialmente,
vivendo em um mundo profundamente influenciado pela ótica
cosmológica do existencialismo, onde a perspectiva da realidade é
cíclica e não linear, o desafio é ainda maior.
A visão cosmológica bíblica, isto é a maneira que a Palavra
de Deus vê e trabalha em relação ao tempo e à história humana —
presente, passada e futura — é linear. Em outras palavras: a história
que Deus está escrevendo tem começo, meio e fim. O mundo, e
a raça humana nele, tem um início planejado por Deus, teve um
momento histórico crucial, com a encarnação do Filho de Deus,
e terá um capítulo final, com a segunda intervenção presencial do
Filho de Deus.
Já a visão cosmológica do presente século acredita que tudo
é cíclico, isto é, um círculo interminável. Nada tem propósito, tudo
continuará girando continuamente, a menos que uma tragédia
nuclear, ou um grande aquecimento global, acabe com a vida no
planeta.
Esta cosmologia foi introduzida ao mundo através de pen-
sadores gregos, mas se tornou universal na cultura ocidental com
filósofos como Hegel, Immanuel Kant e Karl Marx. Hoje é aceita
pelos pensadores e formadores de opinião por toda a terra. A cul-
tura assimilou esta visão como um dogma, como uma religião.
Este é um dos nossos maiores desafios: viver em um mundo
existencialista, que nos cerca com esta visão cíclica equivocada, o
tempo todo, mantendo a nossa mente e coração alinhados com a
perspectiva linear, que vem do trono de Deus. É urgente e necessário,
mais do que nunca que pratiquemos Romanos 12:2; “Não vos
moldeis ao modo de pensar deste mundo, mas sede transformados
pela renovação do vosso entendimento, então experimentareis, o
bom, agradável e perfeito projeto de Deus” (Versão dos autores).
Sim, Deus tem um projeto, e Ele trabalha nos tempos e nas
estações. Precisamos entender que o tempo da preparação final da
Noiva do Cordeiro é chegado, que é tempo de acumular o óleo da
intimidade, pois a meia noite está chegando, e logo a voz do Noivo
será ouvida.
É tempo de viver com foco, de viver uma vida linear,
olhando para Jesus, autor e consumador da nossa fé. Como disse
o apóstolo Pedro: “Se sabemos que todas estas coisas irão acontecer
(se acreditamos no projeto linear de Deus), vivamos uma vida
separada e consagrada” (2 Pe 3:11 — acréscimo dos autores).

1. “não veio ainda o tempo”

No livro de Ageu temos uma palavra de Deus que contém


profundas revelações sobre essa questão do tempo, veja:
“No segundo ano do rei Dario, no sexto mês, no primeiro dia
do mês, veio a palavra do SENHOR, por intermédio do profeta Ageu,
a Zorobabel, filho de Salatiel, governador de Judá, e a Josué, filho de
Jozadaque, o sumo sacerdote, dizendo:
46
Assim fala o SENHOR dos Exércitos: Este povo diz: Não
veio ainda o tempo, o tempo em que a casa do SENHOR deve ser
edificada.
Veio, pois, a palavra do SENHOR, por intermédio do profeta
Ageu, dizendo:
Acaso, é tempo de habitardes vós em casas apaineladas,
enquanto esta casa permanece em ruínas?” (Ag 1:1-4).
Percebemos aqui que o povo estava completamente fora
de sintonia com o tempo de Deus, eles diziam: ‘não veio ainda o
tempo...’, enquanto na verdade o ‘tempo do Senhor’ era exatamente
aquele. Não há nada mais triste do que ver o povo de Deus vivendo
fora da perspectiva de Deus.
Quando observo à minha volta, percebo a mesma falta de
sintonia ocorrer hoje com milhares de pessoas e muitos ministérios
e igrejas. Deus está se movendo poderosamente e com urgência. É
tempo de reforma, é tempo de preparação para o “avivamento”.
É tempo de buscarmos a face de Deus e não somente suas mãos.
É tempo de nos apaixonarmos por Jesus. De contemplarmos sua
beleza. De desejarmos sua presença manifesta. Está chegando
o tempo do nosso casamento eterno com Ele. Esta é a Hora da
Noiva. O tempo é agora, mas muitos estão apenas levando uma
vida cristã normal, dizendo ou agindo como se “o tempo ainda não
tivesse chegado”.
O povo nos dias de Zorobabel e Josué vivia exatamente
no tempo do Senhor para a restauração, e ainda assim eles não
perceberam isto. E o mais incrível é que havia sinais evidentes de
que aquele era o tempo do Senhor, assim como atualmente temos
sinais claros dentro e fora da Igreja.
Nesses versículos de Ageu, está registrado o tempo histórico
em que esta profecia foi liberada: “Era o segundo ano do rei
Dario, no sexto mês, no primeiro dia do mês” (v. 1). Esta precisão
é importante, para entendermos a relevância do que Deus está
47
falando. Dario reinou na Babilônia de 521- 486 a.C. Antes dele
reinou Cambises, filho de Ciro, de 539- 530 a.C. Grande parte do
povo que estava em Jerusalém no tempo de Dario tinha vindo da
Babilônia no tempo de Ciro. A respeito de Ciro, Esdras declara:
“No primeiro ano de Ciro, rei da Pérsia, para que se cumprisse
a palavra do SENHOR, por boca de Jeremias, despertou o SENHOR
o espírito de Ciro, rei da Pérsia, o qual fez passar pregão por todo o
seu reino, como também por escrito, dizendo:
Assim diz Ciro, rei da Pérsia: O SENHOR, Deus dos céus, me
deu todos os reinos da terra e me encarregou de lhe edificar uma
casa em Jerusalém de Judá.
Quem dentre vós é, de todo o seu povo, seja seu Deus com ele,
e suba a Jerusalém de Judá e edifique a Casa do SENHOR, Deus de
Israel; ele é o Deus que habita em Jerusalém.
Todo aquele que restar em alguns lugares em que habita,
os homens desse lugar o ajudarão com prata, ouro, bens e gados,
afora as dádivas voluntárias para a Casa de Deus, a qual está em
Jerusalém (Ed 1.1-4).
Do primeiro ano de Ciro ao segundo ano do rei Dario, há
um período de 20 anos. O rei Ciro, 20 anos antes havia declarado
que o próprio Deus dos céus o havia encarregado de reconstruir
o templo em Jerusalém, e a Bíblia ainda afirma que isso foi em
cumprimento à profecia de Jeremias. Todo o povo tinha pleno
conhecimento disso, pois muitos só estavam em Jerusalém por
causa desse edito de Ciro. Mas, ainda assim, diziam: ainda não é o
tempo.
E sabe, ainda tem mais, no livro de Isaías, temos uma profecia
sobre Ciro: “...que digo de Ciro: Ele é meu pastor e cumprirá tudo o
que me apraz; que digo também de Jerusalém: Será edificada; e do
templo: Será fundado. Assim diz o SENHOR ao seu ungido, a Ciro, a
quem tomo pela mão direita, para abater as nações ante a sua face; e
para descingir os lombos dos reis, e para abrir diante dele as portas,
48
que não se fecharão.
Eu irei adiante de ti, endireitarei os caminhos tortuosos,
quebrarei as portas de bronze e despedaçarei as trancas de ferro; dar-
te-ei os tesouros escondidos e as riquezas encobertas, para que saibas
que eu sou o SENHOR, o Deus de Israel, que te chama pelo teu nome
(Isaías 44:28–45:3).
O profeta Isaías viveu no ano de 740 a 680 a.C., portanto
ele profetizou sobre Ciro, mais ou menos 150 anos antes de
Ciro nascer, e não somente sobre Ciro, mas no mesmo contexto
de tempo, sobre a restauração de Jerusalém e a reconstrução do
templo.
Observe, Deus dá uma profecia, quando o templo ainda
está em pé, que ele seria reconstruído. Ele fala de um rei chamado
Ciro que viria e realizaria isto. Depois, Deus levanta Jeremias e
lhe concede uma revelação exata do tempo da restauração (veja
Jeremias 25.11,12).
Quando esse rei, Ciro, vem, seu primeiro ato foi um edito
(lei) ordenando a reconstrução do templo que Nabucodonosor
tinha destruído e liberando a volta do povo para Jerusalém. Ele
simplesmente confirma tudo o que Isaías tinha dito sobre ele. Ele
diz: ‘Eu vou construir um templo para Deus em Jerusalém’. Mas,
mesmo assim, o povo dizia: ...não veio ainda o tempo, o tempo em
que a casa do Senhor deva ser edificada.
Meu Senhor! Quanta cegueira espiritual! Que incrível falta
de sensibilidade para com o tempo de Deus!
Mas e nós? E quanto a você e eu? Observe quantos “Ciros”
o Senhor tem levantado em nossos dias. Quantas profecias têm
se cumprido. Mas, nós continuamos a viver a nossa vida, como
se estivéssemos em um ‘tempo normal’ como se nada estivesse
acontecendo. Meu irmão, é hora de acordar! É hora de alinhar o
seu tempo com o tempo do Senhor!
Estamos vivendo no terceiro milênio. As profecias bíblicas
49
estão se cumprindo uma a uma, bem diante dos nossos olhos, mas
nós continuamos vivendo a nossa vida cristã confortável, como se
tivéssemos todo o tempo do mundo. Como povo de Deus, vivemos
ainda na mentalidade do ‘cativeiro’ (mentalidade babilônica), que
sempre vai dizer: “O tempo ainda não chegou!”

2. tempo oportuno

No livro de Ageu, na frase: “...Não veio ainda o tempo, o


tempo em que a casa do Senhor deve ser edificada” (1.2), a palavra
tempo é a palavra hebraica “`et”, ela aparece cerca de 290 vezes
no Antigo Testamento, e pode ser traduzida simplesmente como
‘período de tempo’, mas o “Dicionário Expositivo Vine” aponta que
também significa: Tempo determinado, estação (época) de tempo
ou tempo oportuno. Então, o que o povo estava realmente dizendo
era: “ainda não é o tempo determinado ou o tempo oportuno” para
reconstruir a casa do Senhor.
A palavra equivalente a “èt” no grego (Novo Testamento) é
Kairos. Um dos lugares mais interessantes que essa palavra é usada
no Novo Testamento é em Atos:
“Arrependei-vos, pois, e convertei-vos para serem cancelados
os vossos pecados, a fim de que, da presença do Senhor, venham
tempos de refrigério, e que envie ele o Cristo, que já vos foi designado,
Jesus, ao qual é necessário que o céu receba até aos tempos da
restauração de todas as cousas, de que Deus falou por boca dos seus
santos profetas desde a antiguidade” (3.19-21).
Observamos, nesta passagem, que a palavra “tempo” aparece
duas vezes. Na primeira vez (tempos de refrigério), a palavra
grega é Kairos. Na segunda vez (tempos da restauração), a palavra
grega é Cronos. Há uma forte distinção entre essas duas palavras
no grego. “Cronos”, que é a palavra mais comum para tempo,
50
simplesmente significa ‘tempo normal’, ou ‘um espaço de tempo’,
daí vem a palavra ‘cronológico’. Já a palavra “Kairos” não se refere
a um ‘simples espaço de tempo’, ou a um tempo cronológico, mas
sim a “tempo oportuno”. Na verdade, existem várias traduções
possíveis para Kairos.
Wuest, um tradutor do Novo Testamento bastante literalista,
usa as seguintes frases para traduzir “Kairos”: ‘fazendo-época’ (veja
Atos 3.19); ‘significante e estratégico período’ (veja Atos 12.1);
‘tempo ou época estratégica’ (Atos 19.23). Usando essas definições,
podemos dizer que Atos 3.19 está relatando que o arrependimento
e a conversão criam épocas significantes, o período estratégico
para Deus se mover pelo Seu Espírito. Não sei quanto a você,
mas eu estou pronto para um “avivamento que faça época” (The
River of God, Dutch Sheets, p. 155). “Fazer época” literalmente
significa ‘fazer história’ ou ‘marcar a história’. “Época” expressa ‘um
período de tempo caracterizado por um evento de momento ou
por mudança’ e também ‘um ponto fixo de tempo a partir do qual
anos sucessivos são numerados’ (“Dicionário Webster”).
Veja um exemplo para ilustrar essas complicadas definições
de línguas originais e dicionários. Quando falamos hoje de “Dia
D”, qualquer conhecedor da história vai saber que nos referimos ao
dia em que países aliados fizeram uma ação coordenada, nas praias
de Normandia, na França, determinando o começo da vitória final
contra a Alemanha. Embora a Segunda Guerra mundial só tenha
terminado quase um ano depois, seis de Junho de 1944, é celebrado
como o dia mais importante para o a vitória dos aliados e o final da
guerra, o dia D.
É exatamente isto que Deus nos revela em Atos 3.19. Nós
podemos ‘fazer época’, ‘criar um tempo oportuno’, ‘marcar a
história’. Nosso chamado não é apenas para viver o ‘cronos’ mas
para participar do ‘kairos’ de Deus.
Paulo elogia a igreja de Tessalônica, pela habilidade que
51
tinham de discernir os tempos (Cronos) e as épocas (Kairos). Nos
evangelhos, Jesus repreende os fariseus pela falta de habilidade deles
de discernir os ‘sinais dos tempos’ — Kairos — (veja Mateus 16.3).
Ele também revela a causa básica da destruição de Jerusalém: “...
não reconheceste a oportunidade [o tempo, Kairos] da tua visitação”
(Lucas 19:44).
Hoje, amados irmãos, vivemos um tempo muito especial de
Deus. Ele está cumprindo todas as suas promessas para a geração
final de crentes; Ele está com os ‘céus abertos’ sobre a Igreja. Este
é o Kairos da nossa visitação, ainda assim, muitos de nós não
reconhecemos isso. O Senhor tem enviado ‘ondas’ e mais ‘ondas’
de unções, com o propósito de nos despertar do sono, nos tirar da
Babilônia (mentalidade de cativeiro) e nos colocar no processo de
“restauração do Templo”, que é o despertamento para entrarmos
em nossa plena identidade de Noiva de Jesus Cristo.
É hora de sairmos do estado espiritual que sempre diz:
“ainda não é o tempo”, e entrarmos em uma nova dimensão de
Kairos para nossa vida. Vamos declarar como Davi: “Já é tempo,
SENHOR, para intervires...” (Sl 119.126).
Vamos ter de olhar para outra palavra grega, pois ela é
importante para continuarmos ‘cavando’ na Palavra de Deus, e
descobrindo os seus tesouros para nós.
Voltando a Atos, observamos que a palavra tempo (Kairos)
está colocada em conexão a outra palavra: “refrigério”: “...a fim
de que, da presença do Senhor, venham tempos de refrigério”
(3.20). Pois bem, a palavra ‘refrigério’ é a palavra anapsique; que
é a conjunção de ‘ana’ com ‘psique’. De acordo com Strong, ‘ana’
significa; “repetição e intensidade”. “Psique” é ‘soprar, ou refrescar
com ar frio’, portanto anapsique traz o significado das duas palavras
juntas. Veja alguns desses significados: “refrescar com um sopro”;
“recuperar força”; “reviver por ar fresco”; “restauração”.
O que o Senhor está nos dizendo? Ele está dizendo que
52
nossa resposta ao Espírito Santo (arrependimento) vai produzir
uma época, um tempo oportuno, vai marcar a história da nossa
existência com um recuperar de forças, com um soprar intensivo
para reviver (avivar). Trará um mover crescente de restauração.
Há mais um fator muito importante nesse processo criativo
do Kairos e anapsique. É preciso aproveitar o momento, aproveitar
o tempo oportuno. Paulo nos admoesta para ‘redimir’ o tempo:
“Portanto, vede prudentemente como andais, não como néscios
e sim como sábios, remindo o tempo, porque os dias são maus. Por
esta razão, não vos torneis insensatos, mas procurai compreender
qual a vontade do Senhor (Ef 5.15-17);
“Portai-vos com sabedoria para com os que são de fora;
aproveitai as oportunidades” (Cl 4.5).
Redimir é exagorazo, e significa: “possuir ou comprar”.
Paulo está dizendo: “Compre o tempo oportuno que vai marcar
sua história”. Dutch diz: “Oportunidades precisam ser compradas.
Elas custam alguma coisa – tempo, energia, habilidade, dinheiro,
nossa própria vida. Se nós não gastarmos o que for necessário para
comprá-las, oportunidades podem ser perdidas” (The River of
God, p. 158).
No ano de 1995, eu havia mudado da cidade de Maringá,
no Estado do Paraná, para a cidade de São Paulo. Em Maringá,
eu ajudava a pastorear uma igreja com mais de 1.500 membros
e também tínhamos um ministério chamado “Ministério Nova
Unção”; o pastor Cilas Kauffmann, meu sogro, que tem uma
extraordinária unção de Deus em sua vida, viajava constantemente
para ministrar às igrejas em todo o Brasil, e eu ficava em Maringá
cuidando da igreja. Quando me mudei para São Paulo, com minha
família, entrei em um período de forte jejum e oração para buscar
a direção de Deus para a minha vida. Eu buscava com intensidade
uma revelação sobre meu ministério pessoal. Foi num desses
dias de oração que recebi um telefonema do meu sogro. Ele me
53
disse: “Pastor Elcio, eu não vou viajar para Goiânia, não estou me
sentindo muito bem, e não irei’. Respondi: “Ok! Quer que eu ligue
e cancele com os pastores?” Ele disse: “Não! Eu orei e o Senhor
me disse que é para você ir no meu lugar!”. Respondi um pouco
enganosamente: “Está bem, vou orar sobre o assunto”. Desliguei
o telefone e entrei em guerra comigo mesmo e com Deus. Dizia
para mim mesmo: “Eu não vou!”. Depois orei: “Senhor, eles estão
esperando o pastor Cilas Kauffman, que já esteve ali diversas vezes,
e que foi poderosamente usado em milagres e grande manifestação
de unção do Espírito Santo! Senhor, o Senhor sabe que eu não
posso ir, isso não tem lógica! O pastor Cilas é o pastor Cilas!
Depois de argumentos e mais argumentos, finalmente o Senhor
me respondeu: “Você irá!”, não deixando nenhuma margem para
contra argumentação. Tudo que eu podia fazer era obedecer em fé.
Cheguei à cidade de Goianina, uma pequena cidade que fica
perto de Goiânia, capital do Estado de Goiás, e a primeira coisa
que vi foi uma faixa pendurada bem na entrada da cidade: “Grande
cruzada de milagres, com o pastor Cilas Kauffmann – milagres,
curas e unção do Espírito Santo’. Cheguei à casa do pastor, e antes
de me cumprimentar ele perguntou: ‘E o pastor Cilas, não vem?’
Se eu não tivesse viajado mil quilômetros de carro, eu teria feito a
volta e retornado de imediato.
Foram três dias de cruzada, no primeiro dia, o Senhor se
manifestou de forma poderosa, muitas pessoas receberam milagres
instantâneos. No segundo dia, os milagres continuaram a acontecer
na mesma proporção. Quando estávamos finalizando a reunião, eu
percebi um menino se aproximando de mim. Eu perguntei: “Qual
é o seu problema? Ele respondeu: “Se Deus cura e faz milagres às
pessoas, será que Ele pode fazer crescer também?” Impulsionado
pelo Espírito Santo, eu respondi: “É claro que pode, meu filho!”.
Então ele me disse: “Então, ore por mim, pastor, pois eu não cresço’.
Chamei a mãe daquele menino, pelo microfone, e ela veio à frente,
54
perguntei a ela qual era o problema do menino. Ela relatou que ele
tinha uma séria enfermidade que o impedia de ter o crescimento
normal. Ela disse que ele estava em tratamento médico havia mais
de um ano e que não crescera sequer meio centímetro durante esse
período. O menino estava com 14 anos, mas pelo tamanho que
víamos, parecia ter somente oito ou nove anos. Pedi que ele tirasse
os sapatos, e o encostei na parede da frente do púlpito e marquei
sua altura com uma caneta.
Quando eu estava fazendo isto, outras duas crianças,
acompanhadas dos seus pais, vieram à frente com o mesmo
problema, fiz a mesma coisa com elas, marquei a altura dos três na
parede. Então, fiz uma declaração de fé; vou orar por eles, e amanhã,
que é o último dia da cruzada, nós vamos medi-los novamente, e
de hoje para amanhã, eles vão crescer significativamente. Depois
disso, orei por eles declarando um milagre de crescimento
acelerado.
Na noite seguinte, a igreja estava superlotada, muitos curiosos
para ver o que iria acontecer. Chamei os meninos à frente, e fiz
a mesma coisa, tirei seus sapatos e os levei para suas respectivas
marcas. O primeiro deles tinha crescido quase três centímetros e
os outros dois meninos dois centímetros. Foi glorioso o que Deus
fez no restante daquela reunião, pois o nível de fé foi elevado depois
desses milagres.
Bem, foram nesses dias de cruzadas, quando eu estava
jejuando e orando pelas reuniões, que o Senhor começou a falar
comigo e a responder à oração que eu havia feito lá em São Paulo.
Deus me revelou que aquela viagem tinha o propósito de marcar
minha vida para o tipo de ministério que Ele estava me concedendo.
Por que eu estou relatando esta minha pequena experiência?
Se eu não tivesse aproveitado esse tempo oportuno do Senhor, e
tivesse ficado em São Paulo, eu não teria vivenciado essas coisas
maravilhosas que experimentei no Senhor.
55
O meu arrependimento (mudança de direção) e a minha
obediência ao Espírito Santo, criaram um Kairos (tempo oportuno),
para que Deus trouxesse um recuperar de forças, um soprar
intensivo de avivamento, um mover crescente, uma experiência de
restauração para a minha vida.

3. fora de sintonia

No tempo de Zorobabel e Josué, havia, basicamente, dois


grupos de pessoas no meio do povo de Israel. O primeiro grupo
era constituído daqueles que não deixaram a Babilônia. Já o
segundo grupo era constituído dos que deixaram a Babilônia,
seguindo a visão da restauração, mas que continuaram a viver com
a mentalidade babilônica estando em Jerusalém.
Vamos analisar um pouco o primeiro grupo, os que não
deixaram a Babilônia. Vale lembrar que eles já estavam lá por 70
anos, praticamente uma inteira geração. Muitos casaram, tiveram
filhos, seus filhos tiveram filhos; outros morreram e estavam
enterrados em cemitérios criados para os judeus na cidade; enfim
eles estavam todos bem adaptados ao cativeiro.
Um montou uma lojinha de frutas chamada “Casa Sião”,
que havia se transformado na poderosa rede: “Hipermercados
Sião”. Outro começou a negociar com pedras preciosas, e seu filho
tinha agora uma joalheria na “Babilônia Bulevar”, o shopping mais
badalado da cidade. Outro era funcionário público de carreira
na RFB (Receita Federal da Babilônia), e faltavam somente
quatro anos para se aposentar. Outro acabara de se casar e de
financiar um pequeno apartamento pela CEB (Caixa Econômica
da Babilônia), outro estava esperando sair o último modelo da
Charrete conversível da BMW (Babilônia Motor World) etc... Veja
bem, havia até base bíblica para o que eles faziam, Deus havia dito:
56
“Assim diz o SENHOR dos Exércitos, o Deus de Israel, a todos
os exilados que eu deportei de Jerusalém para a Babilônia:
Edificai casas e habitai nelas; plantai pomares e comei o seu
fruto. Tomai esposas e gerai filhos e filhas, tomai esposas para vossos
filhos e dai vossas filhas a maridos, para que tenham filhos e filhas;
multiplicai- vos aí e não vos diminuais. Procurai a paz da cidade
para onde vos desterrei e orai por ela ao SENHOR; porque na sua
paz vós tereis paz” (Jr 29.4-7).
Houve, portanto um período Cronos, para permanecer e
prosperar na Babilônia, mas agora o Senhor estava levantando
uma voz profética para criar um “momento oportuno” (Kairos),
para que o Seu povo deixasse a Babilônia (cativeiro) e voltasse a
Sião, o lugar do seu destino. Mas, a maioria optou por ficar no
comodismo da velha Babilônia, na revelação antiga, e perdeu o
momento de Deus, e por consequência perdeu o seu destino.
Atualmente, na Igreja, temos também esse mesmo tipo
de pessoas. Deus está chamando a Igreja para fora da Babilônia
(mundo), para que ela produza um tempo de reforma radical e
experimente a manifestação do Seu reino, mas muitos querem
ficar e ser abençoados na Babilônia. Muitos permanecem em ondas
que já passaram, e oram: “Senhor, faz-me prosperar na Babilônia”,
enquanto o mover do Espírito está chamando a Igreja para um
tempo de oração que deve dizer: “Senhor, tira de mim o amor pela
Babilônia, e me concede mentalidade de Reforma! Conduza-me a
Jerusalém, a um posicionamento em meu ser, que entende que aqui
não é meu lar, não é o lugar onde todas minhas necessidades serão
supridas”!
O segundo grupo de pessoas são os que, deixaram a Babilônia,
estão em Sião, mas continuam a viver na “mentalidade babilônica”.
São os remanescentes, que voltaram a Jerusalém, mas que foram
cuidar dos seus próprios negócios. Novamente, um abriu uma
mercearia, com as economias que trouxe da Babilônia. Outro
57
abriu uma loja de charrete importada, e se tornou revendedor
exclusivo da BMW (Babilônia Motor World) para toda a Palestina.
Outro comprou uma casa de um árabe que estava meio falido, e
ocupou-se em um grande projeto de reforma da propriedade, etc,
etc... (acredito que deu para entender o quadro).
Para estes, Deus enviou a seguinte mensagem: “Acaso, é
tempo de habitardes vós em casas apaineladas, enquanto esta casa
permanece em ruínas?” (Ag 1.4).
Eles estavam no lugar certo, Jerusalém, no entanto, fora de
sintonia com o tempo (Kairos) de Deus. Uma pessoa pode estar
vivendo no meio de um grande mover de Deus, pode-se ser
membro de uma poderosa igreja, até ser parte de um ministério
que tem sido instrumento para produzir grandiosos moveres de
Deus, pode ser um pastor ou um líder dedicado, mas se estiver fora
de sintonia do tempo de Deus, toda percepção da realidade ficará
comprometida.
Veja bem, o que era certo e desejável em tempos babilônicos
normais (tempos de cativeiro), passa a ser errado e fora de lugar
em tempos de restauração e reforma. Todo o estilo de vida daquele
povo estava errado, pois eles estavam fora de sintonia com o
“momento de Deus”. Estavam aplicando a filosofia do cativeiro em
tempos de restauração.
Hoje, estamos vivendo tempos da restauração da Igreja como
adoradora apaixonada pelo seu noivo. A busca desta Igreja-Noiva
deve ser a de conhecer em intimidade o coração do seu Noivo.
Enquanto muitos ainda estão focados neles mesmos, Deus está
dizendo: “É chegada a Hora da Noiva se preparar para se encontrar
com o seu Noivo, para iniciarem o seu romance eterno”.
É como se um próspero homem de negócios dirigisse
seu carro último tipo em uma estrada, em direção à sua casa
de praia. Tranquilo, ele dirige devagar; apreciando a vista à sua
volta, e ouvindo música no CD do seu carro. Exatamente nesse
58
momento, a estação de rádio anuncia que um temporal está a
caminho, e atingirá a estrada em dez minutos, e que todos devem
imediatamente sair da estrada e procurar abrigo.
Esse homem de negócios próspero é um servo de Deus, ele
está dirigindo o seu carro novo, uma bênção que o Senhor lhe
concedeu. Está feliz, indo à sua casa de praia, outra bênção do
Senhor, e programou um ótimo final de semana, ele está cantando
descontraído, acompanhando a música de adoração que toca no
som de seu carro. Enquanto isso, o momento se aproxima em que
ele vai enfrentar um grande temporal, e sua própria vida estará em
perigo. Mas ele não sabe disso, pois está fora de sintonia com o
Kairos, com o momento dramático que está por vir.
Vejo muitas pessoas e até mesmo igrejas agindo da mesma
maneira. Seguem a mesma estrutura, vivem de revelações antigas,
que se tornaram tradições. Constroem seus próprios ministérios
“abençoados” em nome de revelações que tiveram no passado,
enquanto o Senhor continua se movendo, executando seus planos
finais, enviando verdadeiras tempestades ao mundo, abalando as
estruturas das nações e despertando um povo, com espírito de
precursor, como foi João Batista, que esteja treinado para ouvir a
voz do Noivo, e se regozijar nela.
Precisamos acordar para o que realmente Deus está fazendo.
Necessitamos, com urgência, estar em sintonia com o Kairos
de Deus. Se uma pessoa, que estivesse dormindo por dez anos,
acordasse hoje, ela praticamente não reconheceria o mundo em
que vivemos.
O Deus que não se abala, está abalando tudo o mais. Ele
é o Deus eterno. “Ele é quem muda o tempo e as estações” (Dn.
2:20,21). E a Igreja? O que Deus está fazendo na Igreja? Com
certeza, Ele também está trazendo revelações sobre revelações,
descortinando os segredos de Sua Palavra, para que o Seu povo
não fique ‘espiritualmente obsoleto’ (irrelevante para a sua época),
59
e para que entremos em sintonia com o que Ele está fazendo no
momento. Não podemos parar no mover ou na revelação que o
Senhor nos concedeu ontem, pois Ele acrescenta mais e mais, para
que entremos plenamente dentro do Seu propósito para a Noiva
do Seu filho.
Para nós, a mensagem do Senhor é a mesma: “Acaso, é tempo
de habitardes vós em casas apaineladas, (cuidarmos dos nossos
próprios negócios) enquanto esta casa [do Senhor] (estabelecimento
do Reino de Deus) permanece em ruínas?” (Ag 1:4).
A consequência desse estilo de vida fora de sintonia é
trágica. Para o primeiro grupo, os que ficaram na Babilônia,
foi, literalmente, o desaparecimento. Depois de alguns anos, o
Império Babilônico começou a entrar em decadência, sofreu
sucessivas invasões, culminando com a destruição total da cidade
da Babilônia, atualmente o que resta dessa imponente cidade são
apenas ruínas, perto de Bagdá, no Iraque.
Permanecer na Babilônia fora do tempo, por causa da
provisão recebida em tempos de cativeiro e por causa de uma
revelação antiga, significa sair totalmente fora do propósito do
Senhor e perder a própria razão da existência, pois Israel existia
para cumprir os propósitos do Senhor, assim como a Igreja.
Esse fenômeno tem acontecido vez após vez na história da
Igreja. Muitos movimentos de reforma e avivamento nasceram
com grande força, mas depois desapareceram, porque seus líderes
se limitaram somente a uma revelação e se adaptaram ao estilo de
vida da Babilônia. Aliás, esta é a estratégia número um do Diabo
para matar os moveres de Deus.
Com certeza a iluminação da Igreja para o paradigma da
Noiva, é algo que Deus está fazendo em toda a Terra. Mesmo que
isto seja um conceito novo para você, abra o seu coração, consulte
genuinamente o Espírito Santo de Deus, saia da sua zona de
conforto e responda à voz do Senhor.
60
Ele nos chama para deixarmos a Babilônia para trás,
para subirmos a Jerusalém, pois temos um grande trabalho de
reconstrução (reforma) para fazer, para que o propósito final de
nosso Rei seja estabelecido na Terra. Para que Ele possa, enviar
Jesus, “...ao qual é necessário que o céu receba até aos tempos da
restauração de todas as cousas, de que Deus falou por boca dos seus
santos profetas desde a antiguidade” (At 3:21).
Vamos analisar agora o segundo grupo, os que saíram da
Babilônia, mas continuaram no mesmo estilo de vida. Para o
segundo grupo, os que foram para Jerusalém, mas viviam ainda na
mentalidade do cativeiro, de certa forma a consequência também
foi igualmente trágica. Para esse grupo, Deus diz:
“Considerai o vosso passado. Tendes semeado muito e recolhido
pouco; comeis, mas não chega para fartar-vos; bebeis, mas não dá
para saciar-vos; vesti-vos, mas ninguém se aquece; e o que recebe
salário, recebe-o para pô-lo num saquitel furado...
Esperastes o muito, e eis que veio a ser pouco, e esse pouco,
quando o trouxestes para casa, eu com um assopro o dissipei. Por
quê? Diz o SENHOR dos Exércitos; por causa da minha casa, que
permanece em ruínas, ao passo que cada um de vós corre por causa
da sua própria casa.
Por isso, os céus sobre vós retêm o seu orvalho, e a terra, os
seus frutos.
Fiz vir a seca sobre a terra e sobre os montes; sobre o cereal,
sobre o vinho, sobre o azeite e sobre o que a terra produz, como
também sobre os homens, sobre os animais e sobre todo trabalho das
mãos” (Ag 1:5,6; 9-11).
Eles investiam tudo que tinham nos seus sonhos pessoais, e
oravam para que a bênção de Deus viesse sobre o que eles estavam
fazendo. Eles colocavam seu tempo, suas finanças, suas energias,
seus talentos e tudo mais, com o objetivo de construir algo sólido
e duradouro para si mesmos.
61
O coração deles estava no melhor carro, na melhor casa, nas
melhores roupas, até mesmo sua vida “cristã” baseava-se nisso.
As conferências mais populares ensinavam como descobrir os
segredos de Deus para a prosperidade pessoal em tempos de crise:
“Qual a última moda no império? Já que estamos vivendo aqui,
vamos prosperar e viver bem, com a bênção de Deus”. Esta era a
sua filosofia de vida.
Veja bem, é muito importante realmente entender este ponto.
De certa forma, tudo isso pode ser correto e legítimo por certo
período de tempo. Mas quando Deus traz novos tempos, desejar
e priorizar isso torna-se errado. A percepção errada do tempo de
Deus nos coloca na posição de fazer tudo errado.
Deus chamou o “remanescente de Israel”, depois de anos de
cativeiro, para que eles fossem instrumento de restauração. O que
devia ocupar o centro de suas vidas, e todas as outras áreas, era
o chamado para reconstruir o templo e restaurar os muros, pois
isso é o que justificava a sua existência como povo de Deus. Ao
invés disso, eles trouxeram a Babilônia (mentalidade) a Jerusalém.
Eles estavam em um tempo de restauração, mas viviam o estilo de
vida do cativeiro. Deveriam estabelecer algo ali, que possibilitaria
a vinda do Messias, e tudo em que pensavam era nos projetos
pessoais.
Com grande dor no coração, percebo que isto descreve
precisamente o quadro de centenas de pessoas que conheço. Vivem
em tempos de “moveres”, “unções” e “reforma”’ de Deus para que
o mundo e a Igreja estejam preparados para a manifestação final
do Rei dos reis, mas buscam apenas sua realização pessoal. Não é
difícil, até mesmo identificar igrejas e ministérios edificados com
essa mesma mentalidade. A mentalidade da igreja do cativeiro
busca:
A. Apenas bênçãos pessoais;
B. Cristianismo centralizado nas suas próprias necessidades;
62
C. Mínimo compromisso com o Reino de Deus;
D. Estilo de vida identificado com a moda do momento.

A resposta de Deus é radical. Por duas vezes, Ele disse:


“Considerai o vosso passado” (v. 5,7); E então Ele declara: “Tendes
semeado muito e recolhido pouco; comeis, mas não chega para
fartar- vos... não dá para saciar-vos... o que recebe salário”... tem
necessidades (v. 6), “Esperastes o muito, e... veio a ser pouco” (v. 9), o
Senhor fez “vir a seca sobre a terra e sobre os montes; sobre o cereal...
sobre tudo o que a terra produz, como também sobre os homens...”
(v. 11).
Muitas coisas que atribuímos a circunstâncias naturais da
vida e até mesmo atribuímos ao diabo, na verdade têm sido trazidas
pelo próprio Senhor. São consequências da nossa percepção errada
“do tempo (Kairos) do Senhor”.
Enquanto a Igreja está ainda buscando viver bem na
Babilônia, isto é, neste mundo que jaz no maligno, Deus está
dizendo que o tempo chegou. Agora é a hora para “reconstruirmos
o templo” e “restaurarmos Jerusalém”, para que o Rei possa vir.
É hora de buscarmos conhecer intimamente nosso noivo
Jesus, e de sermos transformados de glória em glória à medida que
olhamos para Ele (2 Cor. 3:18). Quando contemplamos a glória
do Senhor, somos transformados, nos apaixonamos mais por
Jesus, e passamos a desejar mais do que qualquer outra coisa, o
seu retorno; “Antes que refresque o dia e caiam as sombras, volta,
amado meu.” (Ct. 2:17)

4. buscai ao senhor com intensidade

A resposta adequada está no chamado de Deus para aquela


geração: “Subi ao monte, trazei madeira e edificai a casa; dela me
63
agradarei e serei glorificado, diz o SENHOR” (Ag 1:8). Subir ao
monte significa “entrar na presença do Senhor”. Significa deixar
a mentalidade do nível natural (Babilônia) e entrar em uma nova
mentalidade que vem de cima, a mentalidade do Reino: “...se fostes
ressuscitados juntamente com Cristo, buscais as cousas que lá do
alto, onde Cristo vive, assentado à direita de Deus” (Cl 3:1).
Buscar as coisas que são do alto significa buscar intimidade
com Deus. Buscar a face de Deus, como Moisés no monte, que
recebeu muitas bênçãos e promessas, mas que buscou mesmo o
ver e conhecer o próprio Deus.
Esta é uma das razões do porque o Espírito Santo está
inspirando salas de oração, com a visão de funcionarem 24 horas
por dia 7 dias por semana; Com isto, Deus está convidando sua
Igreja para subir ao monte da sua presença.
Subir ao monte também significa transformação. Foi no
monte que Jesus foi transfigurado (transformado — metanoia, no
grego) na presença dos discípulos (veja Mateus 17:2). Ali Jesus
representou a Igreja, que é o seu corpo. É no monte da oração que
experimentamos transformação.
O convite do Senhor de “subir ao monte” é o convite para
termos um estilo de vida de adoradores. O povo que Jesus está
vindo buscar é essencialmente um povo adorador. Um povo que
descobriu que seu destino, sua realização e sua plenitude na vida
está no monte, na presença de Deus.
É vivendo em busca da Sua face, isto é, subindo ao monte,
que recebemos matéria-prima para construirmos nossa vida
com propósito e destino. É lá que somos transformados. É lá
que descobrimos nosso destino divino: ser noiva, que vive em
intimidade relacional com seu noivo, Jesus Cristo.
Quando falamos de transformação, é importante perguntar:
em que somos transformados? A resposta é: quando contempla-
mos a glória do Senhor, somos transformados de glória em glória,
64
na Sua própria imagem (veja 2 Coríntios 3:18). E à medida que
isso acontece, mais e mais o que o Senhor quer que sejamos, nós
seremos. Teremos uma identificação com Deus; o que Ele deseja,
nós desejaremos; o que Ele faz, nós faremos; o que Ele ama, nós
amaremos; e com o que Ele Se aborrece nós também nos abor-
receremos. E o Seu tempo (Kairos) será também o nosso tempo
(Kairos). Estas são as madeiras (matéria-prima) que precisamos
para construir o Seu templo. É em nosso estilo de vida de Noiva
que busca intimidade com o noivo, que nos identificaremos com o
Senhor, assim teremos todos os recursos necessários para realizar-
mos a Sua obra de “reforma” e vermos a manifestação do seu reino.
Não sei quanto a você, querido irmão, mas descobri que o
lugar do meu destino é o monte do Senhor. Buscar sua presença é
a atividade diária mais relevante e importante que eu posso fazer.
Estou aprendendo que eu não “gasto tempo” diário com o Senhor,
como costumamos pensar e dizer, na verdade, eu “invisto tempo”
diário com o Senhor, pois estar no monte é o tempo mais útil e
produtivo que posso ter.

65
Capítulo 6

CHAMADOS PARA UMA RESPOSTA RADICAL

Charles Finney, certa vez, depois de uma reunião de avivamento, foi


visitar uma fábrica para conhecer as suas máquinas. Todos os traba-
lhadores que lá estavam sabiam quem ele era. Uma jovem senhora
que estava trabalhando em uma das máquinas viu Finney, e fez um
comentário rude a respeito dele para uma colega de trabalho. As
duas começaram a rir. Finney parou, e sem dizer nada, apenas olhou
para ela com profundo pesar.
A linha da costura da jovem quebrou e ela parou de trabalhar.
Ela ficou tão perturbada que não conseguia colocar a linha de volta
na agulha para voltar ao serviço. Tentou se acalmar olhando pela
janela. Mas por mais que ela procurasse se controlar, não conseguia,
finalmente ela sentou-se e começou a chorar.
Finney, então, aproximou-se e falou com ela. Imediatamente ela
demonstrou profundo arrependimento. Esse sentimento se espalhou
por toda a fábrica como fogo, e em pouco tempo todos os três mil fun-
cionários daquele lugar estavam sob a profunda convicção de pecado.
O dono da fábrica interrompeu o trabalho para que Finney dirigis-
se uma reunião de oração. Tanto o proprietário do estabelecimento
quanto todos os seus funcionários se converteram ao Senhor (extraído
do livro How to experience revival, Charles G. Finney, p. 7).
A repreensão do Senhor ao comentário jocoso daquela
mulher, relativo a Finney, produziu nela profunda convicção de
arrependimento. Ao perceberem isso, os demais foram tocados e o
avivamento se espalhou.
A convicção e o arrependimento são elementos fundamentais
no processo de Deus em reforma e avivamento. Sem convicção e
arrependimento não nos tornaremos a Igreja sem mancha e sem
ruga que Jesus virá buscar. Observamos o Senhor revelar isso
enfaticamente nos livros de Ageu e Zacarias.

1. porcos no altar

No final da quarta palavra profética a Ageu, Deus diz: “...


considerai tudo o que está acontecendo desde aquele dia. Antes de
pordes pedra sobre pedra no templo do SENHOR” (Ag 2:15). Antes
de iniciar-se o processo de reforma, é necessário olhar para trás e
“considerar tudo”, isto é, fazer profundas reflexões sobre o nosso
estilo de vida, sobre os nossos padrões, sobre os nossos conceitos
de certo e errado. “Considerar tudo” significa reavaliar tudo em
nossas vidas.
Por que é tão importante fazermos essa reflexão, essa
consideração?
É importante, pois se não vivermos de acordo com os padrões
de Deus, até mesmo o nosso culto ou nosso trabalho ministerial
não será aceito por Ele. E não é só o fato de não ser aceito, Deus
fala claramente que se em nosso estilo de vida estivermos vivendo
deliberadamente em pecado, o que tentarmos fazer para Ele fará
mal a Ele. Veja o que Deus fala por intermédio de Ageu:
“...assim é toda a obra das suas mãos, e o que ali oferecem:
tudo é imundo” (Ag 2:14b).
Tudo que queriam fazer para o Senhor, até mesmo as ofertas
68
para a purificação dos pecados, Deus chamou de “imundo”. A
palavra “imundo” é tame no hebraico; e é a mesma palavra usada
para qualificar os animais impuros ou “imundos” que não podiam
ser levados ao altar do sacrifício nem sequer serem tocados pelo
povo de Deus. O “Comentário de Vine” define essa palavra como
sendo um “termo técnico que demonstra o estado de ser impróprio
para a cerimônia”.
Em outras palavras, o que Deus está dizendo é que a obra e o
sacrifício deles, apesar de terem os elementos cerimônias corretos,
da perspectiva de Deus, eram “imundos” (tame). É como se eles
estivessem levando um cordeiro para o sacrifício da tarde, mas em
vez de cordeiro, o que Deus estava vendo era um porco no altar.
Da perspectiva deles, eles estavam fazendo tudo de acordo com as
regras: O animal era escolhido conforme a lei, puro e imaculado
(cordeiro), e o ritual (culto) era feito corretamente, mas por causa
de seu estilo de vida errado, para Deus o animal era impuro, como
se fosse um porco no altar do sacrifício, não somente desagradava
a Deus, mas era abominável, fazia mal a Ele.
O que Deus nos revela aqui é que se o nosso estilo de vida
for impuro, tudo que fizermos, mesmo que seja “ritualisticamente
correto”, será também impuro. E Ele, que é puro e santo em todos os
seus caminhos, não aceitará isso. Nós podemos cantar as músicas
certas, fazer as orações corretas e dar nossos dízimos e ofertas
corretamente. Podemos estar falando e cantando sobre a Noiva
Apaixonada, podemos estar envolvidos no ministério; pregar
a outros, orar por enfermos e ministrar a “unção”, podemos até
multiplicar discípulos, mas se em nosso estilo de vida, vivermos de
modo contrário aos padrões de santidade e pureza, estabelecidos
por Deus, tudo que fizermos para Deus será como um “porco no
altar do sacrifício”.
No início da palavra a Ageu, Deus deixou isso muito claro.
Ele perguntou aos sacerdotes a respeito da lei:
69
“Assim diz o SENHOR dos Exércitos: Pergunta, agora, aos
sacerdotes a respeito da lei: Se alguém leva carne santa na orla de
sua veste, e ela vier a tocar no pão, ou no cozinhado, ou no vinho, ou
no azeite, ou em qualquer outro mantimento, ficará isto santificado?
Responderam os sacerdotes: Não.” (Ageu 2:11 e 12)
Então, perguntou Ageu: “Se alguém, que se tinha tornado
impuro pelo contato com um corpo morto tocar nalguma destas
cousas, ficará ela imunda? Responderam os sacerdotes: Ficará
imunda” (Ag. 2:13).
Deus nos revela que se o nosso estilo de vida for impuro,
tudo que fizermos, mesmo que seja “ritualisticamente correto”
será também impuro Então, prosseguiu Ageu: “Assim é este povo, e
assim esta nação perante mim, diz o SENHOR; assim é toda a obra
das suas mãos, e o que ali oferecem: tudo é imundo” (Ag 2:14).
Um pedaço de carne santa tirada do altar não purifica as
outras coisas somente pelo contato, mas de outro lado, se uma
pessoa estiver impura, ela contamina tudo o que tocar. Isso quer
dizer o seguinte: a pureza de um elemento que nós carregamos
não purifica automaticamente aquilo que toca, mas a impureza
que houver em nossas vidas contamina tudo o mais que tocarmos
ou fizermos.
Se houver impureza em nossas vidas, tudo que fizermos,
inclusive as nossas atividades para Deus, serão também impuras.
Não podemos ter uma “vida impura” e um “louvor puro” ao
mesmo tempo. Ainda que as palavras do nosso louvor sejam:
“Santo, santo, santo, é o SENHOR dos Exércitos” ou “Ao Rei dos
reis consagro, tudo o que sou...” ou ainda “Estou apaixonado, estou
apaixonado, por ti Jesus...”, isto soará impuro aos ouvidos de Deus,
se estivermos levando uma vida impura.
Não podemos ter uma “vida impura” e um ministério puro.
Ainda que eu esteja no púlpito pregando todos os dias, orando
pelas pessoas, aconselhando e ministrando, se meu estilo de vida
70
for impuro, todo esse ativismo ministerial, estará sendo tame
(sacrifício tecnicamente impróprio ou impuro) ao Senhor.
Por isso, é importante voltarmos ao nosso ponto inicial,
Deus diz: “...considerai tudo... antes de pordes pedra sobre pedra no
templo do SENHOR” (Ag 2.15). Antes de iniciarmos o processo
de restauração e reforma para a manifestação do avivamento,
precisamos considerar tudo, refletir sobre o nosso estilo de vida,
sobre o nosso padrão, do que é certo e do que é errado.
Antes de alterarmos os métodos e as técnicas na tentativa de
produzirmos intimidade com Deus e de atrairmos sua presença
manifesta, precisamos alterar os nossos corações, o nosso estilo
de vida. Então, somente então, poderemos começar a colocar
“pedras” no templo do Senhor. Ou como diz Tommy Teiney: “...
restaurar a casa caída de Davi, para que Deus a venha encher com
a Sua glória”.

2. é necessária uma nova roupagem

A necessidade de descobrirmos e colocarmos em prática


estes princípios, de purificação e santificação, é tão fundamental
para a obra que Deus está fazendo, de preparar-nos para o romance
eterno com Seu filho, que temos em outro texto profético uma
revelação ainda mais clara e profunda.
Deus dá uma visão ao profeta Zacarias sobre Josué, o
sumo sacerdote. Nessa visão, Deus revela todos os mecanismos
necessários para que possamos entrar na dinâmica da reforma que
Ele está fazendo, e experimentarmos o despertamento que nos
conduzirá ao propósito de Deus de nos tornar a Noiva sem mácula
e sem ruga que Jesus virá buscar. Leiamos a passagem com atenção:
“Deus me mostrou o sumo sacerdote Josué, o qual estava
diante do Anjo do SENHOR, e Satanás estava à mão direita dele,
71
para se lhe opor.
Mas o SENHOR disse a Satanás: O SENHOR te repreende, ó
Satanás, sim, o SENHOR, que escolheu a Jerusalém, te repreende;
não é este um tição tirado do fogo?
Ora, Josué, trajado de vestes sujas, estava diante do Anjo.
Tomou este a palavra e disse aos que estavam diante dele:
Tirai-lhe as vestes sujas. A Josué disse: Eis que tenho feito que passe
de ti a tua iniquidade e te vestirei de finos trajes.
E disse eu: ponham-lhe um turbante limpo sobre a cabeça.
Puseram-lhe, pois, sobre a cabeça um turbante limpo e o vestiram
com trajes próprios; e o Anjo do SENHOR estava ali, protestou a
Josué e disse:
Assim diz o SENHOR dos Exércitos: Se andares nos meus
caminhos, e observares os meus preceitos, também tu julgarás a
minha casa e guardarás os meus átrios, e te darei livre acesso entre
estes que aqui se encontram.
Ouve, pois, Josué, sumo sacerdote, tu e os teus companheiros
que se assentam diante de ti, porque são homens de presságio; eis que
eu farei vir o meu servo, o Renovo.
Porque eis aqui a pedra que pus diante de Josué; sobre esta
pedra única estão sete olhos; eis que eu lavrarei a sua escultura, diz
o SENHOR dos Exércitos, e tirarei a iniquidade desta terra, num só
dia.
Naquele dia, diz o SENHOR dos Exércitos, cada um de vós
convidará ao seu próximo para debaixo da vide e para debaixo da
figueira” (Zc 3:1-10)
O conteúdo dessa passagem é tão importante para
entendermos o que Deus está fazendo na Igreja atualmente, que
quero caminhar com você passo a passo aqui. Em primeiro lugar,
vamos definir alguns pontos nessa visão profética. Ainda que
alguma coisa pareça repetitiva, é essencial deixarmos as bases
bem claras, para que possamos ter o panorama completo do que o
72
Senhor deixou para nós, escondido nessa “profecia histórica”.
A visão de Zacarias começa com o sumo sacerdote Josué.
Ele é fundamental nessa revelação. Já sabemos quem foi o sumo
sacerdote Josué; ele era o sumo sacerdote, que voltou para
Jerusalém com os remanescentes da Babilônia, e o responsável pela
vida religiosa do povo. Sabemos, também, que Josué é uma figura
clara da Igreja. Ele e Zorobabel representam a Igreja em tempos
de reforma, portanto, eles claramente representam a Igreja dos
dias atuais. Neste aspecto, enquanto Zorobabel representa a unção
governamental da Igreja, Josué representa a unção sacerdotal da
Igreja Noiva, que busca a intimidade com Jesus (veja 1Pedro 2.9).
Voltando ao texto de Zacarias, a segunda pessoa que aparece
ali é o “Anjo do Senhor”. É importante entender que o “Anjo do
Senhor” no Antigo Testamento é um nome que se refere ao próprio
Senhor Jesus (veja Gênesis 16.9-13; Êxodo 3.2-6; Juízes 6.11s.),
Matthew Henry em seu comentário diz: “Ele estava diante do Anjo
do Senhor, isto é, diante de Cristo, o Senhor dos Anjos, a quem até
mesmo os sumo sacerdotes da ordem de Arão prestavam contas”.
Havia também outros anjos prestando assistência ao “Anjo
do Senhor”. Para nossa surpresa, lá estava também Satanás, para
fazer oposição a Josué (Igreja). E é claro, o próprio Zacarias, que
interage na visão, representando a “unção profética” restaurada na
Igreja em tempos de avivamento e restauração.
Agora que já delineamos o que cada participante dessa visão
representa, vamos entrar em seu conteúdo. Lembre- se de que
quando mencionarmos Josué, na verdade nos referimos à Igreja
(você e eu): “Acaso não sabeis que vosso corpo é santuário do Espírito
Santo, que está em vós, o qual tendes da parte de Deus, e que não
sois de vós mesmos? Porque fostes comprados por preço. Agora, pois,
glorificai a Deus no vosso corpo” (1Co 6.19,20), e quando falarmos
do “Anjo do Senhor”, estaremos falando de Jesus Cristo.
Deus começa mostrando a Zacarias o sumo sacerdote Josué,
73
que estava diante do Anjo do Senhor. A surpresa é que Satanás
também estava lá, junto a Ele, à sua mão direita, para lhe fazer
oposição. O termo “mão direita” na Bíblia traz uma conotação de
autoridade. A Palavra diz que Satanás estava ao lado de Josué, em
uma posição de autoridade.
Na continuação da visão (v. 2), o Senhor repreende Satanás,
mas a primeira pergunta que temos de fazer é: como é que Satanás
poderia estar lá, do lado de Josué, em uma posição de autoridade,
na presença do Senhor? O que propiciou o acesso de Satanás
àquele lugar?
A resposta está no versículo 3: “Josué, trajado de vestes sujas,
estava diante do Anjo”. A contaminação na vida do sumo sacerdote
Josué concedeu a Satanás acesso à sua vida, e não somente isso,
mas também posição de autoridade, para lhe fazer oposição. E veja
bem, mesmo quando Josué estava na presença do Senhor, Satanás
estava lá. Porque Satanás tinha uma posição de autoridade sobre
Josué, onde quer que Josué fosse, Satanás poderia ir também.
Quando levamos uma vida dupla diante do Senhor,
permitindo que sujeiras permaneçam em nossa vida, Satanás
tem autoridade para nos fazer oposição, a Bíblia nos revela que
o inimigo procura estabelecer fortalezas em nossas vidas (veja
2Coríntios 10.4,5). Essas fortalezas podem se tornar áreas de
acesso, para ele em nossa vida.
Até mesmo nossa vida de comunhão com Deus sofre
interferência. Você sabe de uma coisa, a contaminação na vida
da Igreja pode estar trazendo a presença indesejada de Satanás a
Jesus. Que quadro terrível este: o noivo recebendo sua noiva para
um tempo de comunhão e intimidade e bem lá, ao lado da noiva, o
acusador estragando e impedindo esta plena comunhão.
A Bíblia nos revela que havia contaminação na família do
sacerdote Josué. No livro do escriba Esdras, que é uma figura
do ministério de ensino na igreja, ele descobre que: “O povo de
74
Israel, os sacerdotes, e os levitas não se separaram dos povos de
outras terras com as suas abominações, isto é, dos cananeus, dos
heteus, dos ferezeus, dos jebuseus, dos amonitas, dos moabitas, dos
egípcios e dos amorreus, pois tomaram das suas filhas para si e para
seus filhos, e, assim, se misturou a linhagem santa com os povos
dessas terras, e até os príncipes e magistrados foram os primeiros
nesta transgressão” (Ed. 9:1,2). Esdras, a partir daí, começa um
movimento de purificação.
No capítulo 10 de Esdras lemos: “...e o concluíram no dia
primeiro dia do primeiro mês, a respeito de todos os homens que
casaram com mulheres estrangeiras. Acharam-se dentre os filhos dos
sacerdotes estes, que casaram com mulheres estrangeiras: dos filhos
de Jesué, filho de Jozadaque, e seus irmãos: Maaséias, Eliezer, Jaribe
e Gedalias” (Ed. 10:17,18).
Josué e sua família eram da família sacerdotal, da linhagem
santa. Eles, mais do que outros, deviam manter-se santos, separados
para Deus. Mas ao invés disso, seguiram o fluir da onda da sua
época, e fizeram o mesmo que os outros estavam fazendo.
Se isso continuasse assim, a consequência seria trágica.
Imagine que o neto ou bisneto de Josué um dia seria o sumo
sacerdote do povo de Deus. Mas esse neto ou bisneto, teria sido o
fruto de uma união do filho de Josué com uma moabita ou uma
jebuzéia, que tinha como deus a Baal, Asterote etc..., como Deus
poderia ter um sumo sacerdote que o representasse diante do
povo, impuro na sua própria origem? Tudo que Deus tinha feito
desde Abraão até aquele momento estava comprometido por causa
da desobediência e impureza de Josué e sua família.
Nossa posição atualmente é a mesma. Quando
comprometemos nossa linhagem real, nosso chamado sacerdotal,
e fazemos aliança com as moabitas modernas (aliança com o
mundo), comprometemos todo o plano de Deus com a sua Igreja,
pois Jesus Cristo não virá buscar um povo que seja meio santo e
75
meio moabita. Ele virá buscar uma noiva pura, sem mancha e sem
ruga (veja Efésios 5.27).

2.1. finos trajes em lugar de roupas sujas

A situação espiritual de Josué era caótica, mas, o Senhor


interveio. Ele diz aos anjos que estavam diante dele: “Tirai- lhe
as vestes sujas. A Josué disse: Eis que tenho feito que passe a tua
iniquidade e te vestirei de finos trajes” (Zc 3.4).
Pela lei de Moisés a roupa do sumo sacerdote deveria ser
para glória e beleza (veja Êxodo 28.2), “mas a roupa de Josué era
uma vergonha e reprovação para ele, ainda assim ele estava diante
do Anjo do Senhor; ele não tinha linho limpo para ministrar e
para desempenhar as obrigações da sua posição” (Comentário
Bíblico — Matthew Henry).
A palavra “vestes”, da frase “vestes sujas” é beged no hebraico,
que significa mais do que simples roupas. Ela quer dizer “manto”
ou “cobertura”. O manto ou a cobertura de Josué estava sujo, por
isso ele não tinha autoridade sobre Satanás. Mas o Senhor vem e
tira essa cobertura imprópria e purifica Josué (“...tenho feito que
passe de ti a tua iniquidade”), e o veste de “finos trajes”.
Precisamos nos aprofundar um pouco mais aqui, para
analisar mais de perto a expressão: “Finos Trajes” — no hebraico, é
a palavra machalatsah. A raiz dessa palavra é chalats, que significa
equipar para a batalha, fortalecer, ou traje de guerra. Machalatsah
é uma roupa fina, ou roupa real, mas que também tem a função de
equipar para a guerra.
É exatamente isso que o Senhor está fazendo com a Sua
Igreja neste tempo de reforma; Ele está tirando o manto do pecado,
o peso da nossa iniquidade e nos revestindo de um fino traje real,
que estabelece nossa posição de autoridade no Reino.
76
Vem Jesus, queremos sua intervenção em nossas vidas.
Remove todo manto de pecado. Purifica-nos com seu sangue. Dá-
nos uma roupa nova de santidade, pois desejamos, ter intimidade
contigo, sem nenhum impedimento.

2.2. pisando na serpente

Perceba que Satanás nem aparece mais na visão, pois, a essa


altura, ele já não podia mais ficar à mão direita de Josué. Sabe
por que Zacarias não viu mais Satanás? Porque, agora, com Josué
restaurado, Satanás estava em uma posição que não dava para ser
notado, ele estava sob os pés de Josué. Em uma vida purificada,
revestida de trajes reais e com sua autoridade restabelecida,
Satanás não tem lugar. Na verdade, ele nem chega perto, pois sabe
que se aproximar-se, será puxado, como um ímã, para debaixo dos
nossos pés.
A cabeça da serpente já foi esmagada por nosso Noivo, o Rei
Jesus. Cabe a nós, por intermédio de uma vida purificada, mantê-
la no lugar próprio, bem debaixo dos nossos pés.

2.3. uma coroa de santidade

Depois dessa visão maravilhosa, o próprio profeta Zacarias


não consegue se conter e diz: “...ponham-lhe um turbante limpo
sobre a cabeça” (v. 5). Nesta passagem temos dois princípios
importantes. Primeiro, o próprio turbante. Esse turbante era a
“mitra” que o sumo sacerdote deveria usar para entrar no santuário
(veja Êxodo 28.36-38). A glória e o complemento da vestimenta do
sumo sacerdote eram a mitra com a coroa sagrada sobre ela, e uma
lâmina de ouro puro, onde estava gravado: “santidade ao Senhor”.
77
Essa mitra representa a restauração total da autoridade da Igreja.
Nossa autoridade está ligada à consagração de nossas vidas
ao Senhor. Não há autoridade sem consagração. A mitra é sempre
acompanhada da coroa, mas também da lâmina de ouro (pureza)
que diz: “santidade ao Senhor”. A santificação é a coroa que
estabelece nossa autoridade no mundo espiritual.
O segundo princípio está na “interação” do profeta
Zacarias. Aqui está ele diante do Senhor e seus anjos, tendo uma
visão maravilhosa. Mas em vez de assistir, ou receber essa visão
passivamente, ele interfere e interage na visão: “E disse eu: ponham-
lhe um turbante...”. Como já vimos, Zacarias representa a unção
profética, que é restaurada em tempos de reforma.
Nosso chamado hoje, como Igreja, é para entrarmos em
um novo nível de mover profético, onde não somente vamos
responder passivamente, como canais vazios, mas vamos interagir
com o Senhor, na obra que Ele está fazendo. Nessa passagem
bíblica é como se o próprio Senhor tivesse deixado algo para
Zacarias estabelecer. Era o mover natural que um sumo sacerdote
restaurado recebesse a sua mitra, mas foi o profeta que declarou
isto.
Nós, nestes dias de reforma, somos chamados para sermos
uma “igreja profética” que esteja tão alinhada com o Senhor, que não
somente reaja a seus moveres, mas que estabeleça “profeticamente”
o passo seguinte.

2.4. mudança de direção

Até agora, em todo esse processo, Josué estava passivo.


Ele apenas assistia à maravilhosa obra que o Senhor realizava
nele. Mas então, depois da limpeza e purificação inicial, Josué é
chamado para a ação. Para obter e consolidar os resultados do
78
processo de restauração, ele precisava fazer algo: “Se andares nos
meus caminhos e observares os meus preceitos...” (v. 7). A palavra
“andar” aqui, de acordo com Strong, pode significar, “direção de
vida ou comportamento”. O desafio para Josué era: agora que você
foi purificado e restaurado à sua posição original, faça com que seu
estilo de vida seja diferente, viva de acordo com a minha Palavra.
Mude a direção da sua vida.
O conceito neotestamentário que define claramente isso é
o que chamamos de “processo de arrependimento”. A restauração
do “processo de arrependimento” na vida da Igreja está no
centro do projeto de reforma de Deus, para nos preparar para o
“avivamento”. Podemos dizer que o “processo de reforma” começa
com o “processo de arrependimento”.
Vamos voltar um pouco para a passagem de Atos, que já
estudamos no capítulo três: “Arrependei-vos, pois, e convertei-vos
para serem cancelados os vossos pecados, a fim de que, da presença
do Senhor venham tempos de refrigério, e que envie ele o Cristo, que
já vos foi designado, Jesus” (At 3.19,20).
Arrependimento e conversão estão no epicentro da
purificação e da vinda de tempos de refrigério. Como vimos no
capítulo três, Kairos é o tempo oportuno e Anapsique é o refrigério
ou o soprar de uma nova vida para finalmente chegar o “avivamento
pleno” — Jesus.
Arrependimento é a palavra grega metanoia, e o sentido
literal dela é: “conhecendo depois” (meta é “depois”, e noeo é
“conhecer”). Isto é, metanoia é um novo conhecimento que vem
a nós depois de um conhecimento anterior. É uma mudança de
mente. Outra palavra grega que podemos usar para entender
bem esse conceito é a própria palavra “revelação” (apokalupsis –
Kalipsis significa cobrir; apo significa tirar). Apokalipsis se refere a
Deus tirando o véu da mente humana para revelar informações e
conhecimentos, da perspectiva divina.
79
Conversão é a palavra grega epistrefo. Significa “voltar”
ou “retornar” e seguir uma nova direção. Observe que epistrefo
(retornar) vem depois de metanoia; um conhecimento que vem
depois, ou uma revelação. Conversão é o resultado da revelação e
arrependimento.
Resumindo todos esses conceitos, podemos dizer que o
homem precisa de revelação (apokalipsis) que produzirá um novo
entendimento dos caminhos de Deus (metanoia) para que possa
retornar (epistrefo) e seguir os caminhos de Deus.
Vamos voltar agora para o nosso texto básico, e aplicar isso
na vida do sacerdote Josué. Em primeiro lugar, o Senhor o traz à
Sua presença e revela (apokalipsis) o seu estado; na presença do
Senhor das luzes sempre teremos revelação. Depois o Senhor faz
uma mudança no seu estado, vestindo-o de “roupas novas”, ele
recebe um novo conhecimento (metanoia/arrependimento). Aí,
então, ele é chamado para retornar (epistrefo/conversão) e seguir
uma nova direção.
Isso é um processo radical, que precisa acontecer sempre
em nossas vidas, para experimentarmos crescimento contínuo
em direção ao nosso destino, que é o de sermos a Noiva pura do
Cordeiro.
O preço para Josué foi muito alto. Mas o verdadeiro discípulo
convertido não mede os custos; ele simplesmente caminha
determinado a corrigir todas as áreas de sua vida, com o fim de,
agradar Jesus, pois ele deseja, mais do que a própria vida, estar em
comunhão com Ele.
Ao observarmos o livro de Esdras novamente, vamos
descobrir que depois de constatado o pecado do povo, dos
sacerdotes e dos levitas, de terem se casado com mulheres
estrangeiras, a decisão foi radical: mandar embora as mulheres
com seus filhos.
“Enquanto Esdras orava e fazia confissão, chorando prostrado
80
diante da Casa de Deus, ajuntou-se a ele de Israel mui grande
congregação de homens, de mulheres e de crianças; pois o povo
chorava com grande choro.
Então, Secanias, filho de Jeiel, um dos filhos de Elão, tomou a
palavra e disse a Esdras: Nós temos transgredido contra o nosso Deus,
casando com mulheres estrangeiras, dos povos de outras terras, mas,
no tocante a isto, ainda há esperança para Israel.
Agora, pois, façamos aliança com o nosso Deus, de que
despediremos todas as mulheres e os seus filhos, segundo o conselho
do Senhor e o dos que tremem ao mandado do nosso Deus; e faça-se
segundo a lei.
Levanta-te, pois esta cousa é de tua incumbência, e nós
seremos contigo; sê forte e age.
Então, Esdras se levantou e ajuramentou os principais
sacerdotes, os levitas e todo o Israel, de que fariam segundo esta
palavra. E eles juraram.” (Ed 10:1-5).
Já lemos anteriormente que os filhos de Josué estavam
incluídos no meio dos que tinham se casado com mulheres
estrangeiras. Agora, vamos procurar visualizar o panorama ou
podemos dizer o drama na família de Josué. Aqui está o sumo
sacerdote Josué, com seus irmãos, com seus filhos e suas noras. Ele
tem netos, talvez alguns bisnetos, sobrinhos e sobrinhas. Mas chega
o momento do “epistrefo — conversão”, de seguir uma nova direção
com o Senhor. Seus filhos têm de despedir (mandar embora) suas
esposas, filhos e filhas.
Por mais que me esforce, não consigo imaginar essa terrível
situação, o nível de tristeza e sofrimento na vida daquele “vovô”
e de sua família. O nível de sacrifício exigido de Josué e de todo
Israel para que a santidade fosse restaurada e a presença de Deus
se manifestar foi algo muito grande. Mas tudo isso foi necessário
para que eles experimentassem a restauração.
O Senhor está chamando a todos nós para um novo nível de
81
revelação e relacionamento com Ele. Ele quer trazer-nos para um
novo lugar de intimidade com Ele, como jamais sonhamos. Este é
o tempo de andarmos com Deus de forma nova e real. Mas para
que esse desejo do coração de Deus se realize, nós precisamos ser
radicais. Precisamos fazer sacrifícios, como o sacerdote Josué foi
capaz de fazer.
Noiva, desperta. Seja como as cinco virgens preparadas, pois
o seu Noivo já vem. “Esta é a voz do meu amado; ei-lo aí, que já
vem saltando sobre os montes, pulando sobre os outeiros.” (Ct 2.8).
A própria existência do povo de Deus estava comprometida,
e por conseguinte a própria vinda do Messias, pois se eles
continuassem assim, misturando-se com os outros povos, em breve
seriam absolvidos pelas outras culturas. Por isso, era necessário
um processo radical de “arrependimento” e “conversão”.
Meu irmão, se em sua vida há coisas que são resultado de
alianças com o mundo, busque de Deus uma revelação (tirar o
véu), arrependa-se (tenha um novo entendimento dos caminhos
de Deus) e converta-se (volte a seguir os caminhos do Senhor),
pois Deus está no processo de restaurar Josué (sua Igreja). E
neste tempo de “reforma”, só sobreviverão espiritualmente os que
estiverem dispostos a vivenciar esse processo, que culmina na
tomada de uma nova e radical direção de separação e consagração
ao Senhor, sem medir os custos.
Estes se tornarão instrumentos do Senhor nesta última
geração. Estes, verão o Senhor, O Rei dos Reis, o Noivo apaixonado,
que busca por sua noiva purificada e comprometida.
Eu estou pronto Senhor, a mandar embora tudo que na
minha vida esteja impedindo a minha intimidade contigo. Estou
pronto a qualquer sacrifício para que tua glória me envolva e se
manifeste no mundo por meu intermédio. Estou pronto para ti,
querido Noivo.

82
2.5. livre acesso

O preço é alto, mas a recompensa é infinitamente mais


alta. O Senhor promete a Josué: “Se andares nos meus caminhos
e observares os meus preceitos, também tu julgarás a minha casa
e guardarás os meus átrios, e te darei livre acesso entre estes que
aqui se encontram” (v. 7). Ao nos posicionarmos, como Josué se
posicionou, em arrependimento e retorno, experimentaremos
estas três coisas: 1) Julgar a casa. 2) Guardar os átrios. 3) Livre
acesso.
Estas três coisas falam da restauração completa do ofício
sacerdotal na vida de Josué. Pois o sumo sacerdote era uma espécie
de juiz, era o guarda espiritual do átrio e tinha acesso à presença
de Deus, operando como intermediário entre Deus e o povo. Josué
recebeu a promessa de que, depois de passar pelo processo de
arrependimento e conversão, não ficaria nenhuma marca em seu
ministério, nenhuma restrição, muito ao contrário, ele seria até
mesmo elevado para a um novo nível.
Nos dois primeiros pontos, Josué tem a restauração normal
de suas funções sacerdotais. Mas no terceiro ponto o Senhor diz:
“te darei livre acesso entre estes que aqui se encontram”. Veja bem,
Josué estava ali, com os anjos, na presença do Senhor Jesus. E a
promessa que ele recebeu foi: você terá livre acesso a este lugar, isto
é, você poderá entrar e sair daqui todas as vezes que quiser. Vamos
analisar esses três pontos detalhadamente:
1) Somos colocados em uma posição de autoridade para
julgar: “Ou não sabeis que os santos hão de julgar o mundo?... Não
sabeis que havemos de julgar os próprios anjos? Quanto mais as
cousas desta vida!” (1Co 6.2,3).
Com toda a certeza, o Senhor está trazendo julgamento para
este mundo caído, que tem rejeitado o seu caminho de salvação.
Mas, para julgar o mundo, primeiro o Senhor tem de julgar a
83
sua própria casa. Na justiça perfeita de Deus, Ele julga todos da
mesma forma. Por isso, duas coisas têm acontecido. Primeiro,
em certo nível, a própria Igreja tem sido julgada e muitas vezes
reprovada; pois quando a Igreja passa a viver nos padrões do
mundo, automaticamente ela passa a ser condenada com o mundo.
Segundo, por amor a Seu povo, Deus tem retardado o julgamento
do próprio mundo, até que Seu povo seja trazido para um novo
nível, acima dos padrões do mundo.
Como Igreja, passamos pelo processo de arrependimento e
conversão, e é exatamente isso que está acontecendo, estamos sendo
elevados acima do mundo. Deixamos de viver no nível da “relativa
moralidade” do mundo, e adquirimos a capacidade espiritual de
discernir corretamente (julgar) o certo e o errado, então passamos
a viver de acordo com os padrões da Palavra de Deus.
O Dr. Micheal Brown, um dos lideres do Avivamento
de Pensacola, nos Estados Unidos, pregando na conferência
“Mission to London”, afirmou que, se não houver avivamento, a
cada geração que passa o padrão de moralidade da Igreja cai um
pouco mais. De tal forma que, aquilo que seria impensável para
uma geração anterior de crentes, passa a ser um padrão normal
de comportamento para a próxima geração. É por isso que
precisamos receber essa capacidade e autoridade para julgarmos a
nós mesmos, para não sermos mais enganados com o baixo nível
moral do mundo.
Precisamos ter discernimento (senso de julgamento) para
tirar a Babilônia (caminhos do mundo) de dentro da Igreja.
Quando esse processo for concluído, Deus então poderá cumprir
Sua Palavra, e julgar o mundo sem destruir a Igreja.
2) Somos colocados como guardas no átrio do Senhor. Essa
promessa revela um novo nível de autoridade para ganharmos
vidas para Jesus. O “átrio” na constituição do Tabernáculo era o
lugar onde ficava o altar do sacrifício. Todos tinham de passar pelo
84
átrio para oferecer sacrifício. O próprio sumo sacerdote, antes de
entrar no “lugar santo” e no “santo dos santos”, oferecia sacrifício
no átrio. O átrio então nos fala de Jesus, nosso Salvador. Ele foi
sacrificado no átrio (fora da presença de Deus). O livro de Hebreus
nos ensina claramente sobre isso. Em Hebreus, lemos: “Ora, depois
de tudo isto assim preparado, continuamente entram no primeiro
tabernáculo os sacerdotes, para realizar os serviços sagrados; mas,
no segundo, o sumo sacerdote, ele sozinho, uma vez por ano, não
sem sangue, que oferece por si e pelos pecados de ignorância do
povo; querendo com isto dar a entender o Espírito Santo que ainda
o caminho do Santo Lugar não se manifestou, enquanto o primeiro
tabernáculo continua erguido” (9:6-8).
E ainda em Hebreus, lemos:
“Quando, porém, veio Cristo como sumo sacerdote dos bens já
realizados, mediante o maior e mais perfeito tabernáculo, não feito
por mãos, quer dizer, não desta criação, não por meio de sangue de
bodes e de bezerros, mas pelo seu próprio sangue, entrou no Santo
dos Santos, uma vez por todas, tendo obtido eterna redenção.
Portanto, se o sangue de bodes e de touros e a cinza de uma
novilha, aspergidos sobre os contaminados, os santifica, quanto
à purificação da carne, muito mais o sangue de Cristo, que, pelo
Espírito eterno, a si mesmo se ofereceu sem mácula a Deus, purificará
a nossa consciência de obras mortas para servirmos ao Deus vivo!”
(9:11-14).
Ser guarda do átrio significa ter “autoridade evangelística”
especial. A Igreja da reforma tem autoridade no átrio. Ela tem
unção especial para conduzir as pessoas ao lugar do sacrifício, isto
é, para a cruz.
À medida que você entra no processo de arrependimento
e conversão, um novo nível de autoridade é estabelecido em sua
vida, você começa a ver seus parentes e amigos, pelos quais tem
orado por muito tempo, virem aos pés de Jesus, e é você, o guarda
85
do átrio, que os conduz ao altar.
3) Como se isto já não fosse suficiente, ainda recebemos um
novo nível de relacionamento com o Senhor. Ele promete “acesso
livre” à sua presença e às regiões espirituais. À medida que você
vive a metanoia e o epistrefo (arrependimento e conversão), você se
torna puro de mãos e limpo de coração, tendo caminho totalmente
aberto ao monte do Senhor.
A Igreja, através da revelação (apokalipsis), terá um novo
entendimento dos caminhos de Deus (metanoia) e retornará para
seguir estes caminhos (epistrefo). Esse processo produzirá um
tempo oportuno (Kairos) de reforma, produzirá a igreja madura
dos últimos dias, profetizada no Novo Testamento.
Neste tempo de reforma, a Igreja-Noiva não entrará, depois
de grande esforço e “guerra espiritual”, na presença de Deus. Ela
habitará, permanecerá lá. “Josué (Igreja) terá livre acesso entre
estes que aqui se encontram.”
Livre acesso significa também “sem impedimento”. Satanás,
que no começo da visão estava à mão direita de Josué para se lhe
opor, não terá mais direito, ele não poderá mais estar no caminho
de Josué, para impedir seu acesso ao trono, pois Josué recebeu “livre
acesso”. À medida que você entra no processo de arrependimento e
conversão, um novo nível de autoridade é estabelecido em sua vida
nas regiões celestiais.
Estes são os dias que estamos vivendo! Este é o seu e o meu
destino! Aleluia! Chega de bloqueio! Chega de impedimento!
Chega de guerra espiritual para entrar na presença do Senhor!
Nosso lugar é lá! O véu do templo já foi rasgado! Temos livre
acesso! Canal aberto 24 horas por dia! Ele nos chama de Noiva,
pois deseja este nível constante de intimidade conosco.
Venham, meus irmãos, vamos viver juntos a maior aventura
que um ser humano pode viver! Vamos correr com Deus! Vamos
cavalgar com Ele! É tempo de vivermos como a noiva profética
86
do livro de cantares, que diz: ‘o meu amado é meu e eu sou
dele...’ (Ct.2:16a). Vamos estabelecer com Ele a visão! Chega de
mediocridade! Chega de Babilônia! É tempo de restauração! É
tempo de reforma! É tempo de avivamento!
Ele está nos chamando para esta jornada maravilhosa. O
Senhor diz para a igreja do avivamento: “Vem comigo do Líbano,
minha esposa, vem comigo do Líbano” (Ct.4:8).

87
Capítulo 7

RESTAURANDO O ALTAR

Uma característica clara que a Noiva de Cristo precisa ter é pureza.


A Bíblia se refere a nós por muitas vezes como “virgens puras”
reservadas para o Noivo. A restauração da identidade da Igreja
como Noiva traz também a restauração da visão e desejo por
santidade.
“Houve um tempo em que se um pregador quisesse ser
popular e atrair as pessoas, ele tinha de ter muito cuidado para não
usar a palavra ‘santificação’ em suas mensagens. Mas está chegando
a hora, em que meu povo será atraído de todas as direções e até
viajará grandes distâncias apenas para ouvir uma única mensagem
sobre santificação.”
Com esta palavra profética, o pastor Colin Dye concluiu a
sua mensagem na grande reunião de reavivamento, promovida
pelo Kensington Temple, London City Church, no grande teatro
“Royal Albert Hall”, em Londres. Ali, sentado na plataforma, eu
pude ver o quebrantamento no rosto de cinco mil pessoas que lá
estavam. Comecei a pensar em todo o processo de preparação que
tínhamos passado para chegarmos a essa reunião; nas mais de duas
mil pessoas que oraram e jejuaram por ela, nos 70 dias intensivos
de 24 horas de oração, na própria preparação especial do pastor
Colin, de 40 dias de consagração. Com certeza, essa palavra tinha
saído do coração de Deus.
Enquanto os milagres ainda aconteciam, e todos nós
estávamos envolvidos em ministrar às pessoas, no meu coração
ainda ecoavam as palavras do pastor Colin de que a santificação é
a base de todo o processo de restauração que Deus está trazendo
para a Sua igreja. Foi neste contexto que o Senhor me fez lembrar
de uma passagem no livro de Esdras, e me direcionou ao conteúdo
deste capítulo.
Esdras foi um escriba ungido, era versado na lei (ele
representa a restauração do ministério de ensino), que subiu a
Jerusalém com o segundo grupo de remanescentes:
“Esdras, filho de Seraías... este Esdras subiu da Babilônia.
Ele era escriba versado na lei de Moisés, dada pelo SENHOR, Deus
de Israel; e, segundo a boa mão do SENHOR, seu Deus, que estava
sobre ele, o rei lhe concedeu tudo quanto lhe pedira” (Ed 7:1,5,6).
O livro de Esdras é uma espécie de continuação histórica do
livro de 2 Crônicas. Os primeiros versículos do livro de Esdras são
praticamente uma repetição dos últimos versículos de 2 Crônicas.
Depois de Esdras, é o livro de Neemias que continua o relato
histórico.
Esdras começa com o decreto de Ciro, ordenando a
reconstrução do templo em Jerusalém, em cumprimento à palavra
de Jeremias. Depois ele relata como Ciro devolveu os utensílios do
templo que tinham sido levados à Babilônia por Nabucodonosor.
No capítulo 2 de Esdras, temos a relação dos cabeças de famílias
que foram para Jerusalém, com Zorobabel, Josué e Neemias. No
capítulo 3, observamos o início do processo da restauração, e é
aqui que vamos parar um pouco. Leia comigo:
“Em chegando o sétimo mês, e estando os filhos de Israel já
nas cidades, ajuntou-se o povo, como um só homem, em Jerusalém.
Levantou-se Josué, filho de Jozadaque, e seus irmãos, sacerdotes, e
90
Zorobabel, filho de Sealtiel, e seus irmãos e edificaram o altar do
Deus de Israel, para sobre ele oferecerem holocaustos, como está
escrito na lei de Moisés, homem de Deus.
Firmaram o altar sobre as suas bases; e, ainda que estavam sob
o terror dos povos de outras terras, ofereceram sobre ele holocaustos
ao SENHOR, de manhã e à tarde.
Celebraram a Festa dos Tabernáculos, como está escrito, e
ofereceram holocaustos diários, segundo o número ordenado para
cada dia” (Ed 3:1-4).
O que observamos nesses versículos são as primeiras coisas
que eles foram guiados a fazer quando chegaram a Jerusalém.
Antes de fazer qualquer outra coisa em relação à obra de reforma,
eles edificaram um altar ao Senhor.

1. edificar o altar

Veja bem, o processo natural e lógico das coisas teria sido


primeiro restaurar todo o templo (átrio, lugar santo e lugar
santo dos santos), e, depois então, iniciar as atividades religiosas
relacionadas ao templo. Bem vamos dizer que eles não restaurassem
todo o templo, mas pelo menos o “átrio”, para poderem ter algum
espaço digno, para poderem fazer alguma coisa. Mas, não foi isso
que aconteceu, a Bíblia nos revela que a primeira coisa que eles
fizeram, foi edificar um altar a Deus. Antes de iniciar qualquer
trabalho de reforma ou restauração, eles “edificaram um altar”.
A maneira como eu vejo esse quadro é a seguinte: Aqui
estão eles, no meio dos escombros e de toda espécie de sujeira, no
lugar onde outrora fora o templo de Salomão. O panorama é tão
caótico que eles nem sabem por onde começar. Então, o Senhor os
direciona a, antes de fazer qualquer outra coisa, edificar um altar.
Posso imaginar Zorobabel, com um grupo de homens,
91
limpando um quadrado grande na região onde seria o átrio do
templo, e edificando um altar ao Senhor. Aqui estão eles: ao redor,
um caos, sujeira, mato e animais indesejados. No centro, um altar
ao Senhor, onde eles sacrificariam continuamente, de manhã e à
tarde.
Para mim, esse é um quadro poderoso. Em meio ao caos de
nossa vida, em meio a toda desordem e falta de beleza, qual é a
primeira coisa que temos de fazer? Edificar um altar ao Senhor.
O Senhor não nos manda primeiro organizar nossas vidas para
depois irmos a Ele. O Senhor nos chama para edificarmos um
altar, mesmo que pareça não haver o menor espaço para isso. O
segredo não é ter tudo organizado e construído para depois fazer
o altar. É agora mesmo, no meio dessa confusão, que Deus está lhe
chamando para edificar um altar para Ele. A reforma de Deus, na
minha vida ou na sua vida, na vida da Igreja ou na vida de uma
nação, começa pela edificação do altar.
Creio ser por esta razão que estamos vendo por toda a terra,
servos de Deus estabelecendo Salas de oração e adoração continua.
O Espírito Santo está inspirando a Noiva de Jesus a se posicionar
em frente ao altar da adoração.

2. do que nos fala o altar?

Podemos falar de “altar” por várias perspectivas. Podemos


fazer um estudo profundo sobre os diversos tipos de altar e seus
diversos usos no Antigo Testamento, mas em tudo que estudarmos
sobre o “altar”, a revelação básica é que é nele que a “santificação”
acontece. A própria palavra “santificação” tem dois significados:
pureza e consagração (separação) a Deus, o que nos faz retornar
ao “altar” que é o lugar da “consagração”.
Um dos elementos centrais de toda a atividade religiosa do
92
Antigo Testamento era o sacrifício feito no altar, pois por intermédio
dele todos eram santificados. Sem passar pelo altar, que ficava no
átrio, ninguém poderia ir a lugar algum. Os sacerdotes tinham de
passar pelo altar, para entrarem no lugar santo, e o próprio sumo
sacerdote tinha de passar pelo altar, para entrar no lugar santo dos
santos.
Da mesma forma atualmente, não iremos a lugar nenhum
com Deus sem antes passarmos pelo altar. Não podemos viver
com Deus, sem uma vida no altar. Para chegarmos ao lugar santo
dos santos precisamos passar pelo átrio, parar no altar e fazer o
sacrifício.
A palavra “altar”, no Antigo Testamento, literalmente
significa “o lugar da matança ou do sacrifício”. O “Dicionário de
Vine” define altar como sendo o “lugar elevado onde o sacrifício
era feito”. Nós temos de ir a esse lugar elevado onde o sacrifício
precisa ser realizado. Antes de qualquer coisa que façamos, o altar
precisa ser restaurado. Antes da implantação dos métodos, dos
princípios, das estratégias, precisamos chegar ao lugar elevado da
santificação e fazermos ali o nosso sacrifício.
Mas, o que significa realmente para nós atualmente ir ao
lugar elevado e ali edificar um altar? Não estamos mais na Velha
aliança, para precisarmos fazer rituais.
Bem Deus nos dá uma chave, quando fala sobre altar e seu
significado espiritual.
Quando o Senhor estava falando especificamente a Moisés
sobre altares, Ele disse:
“Um altar de terra me farás e sobre ele sacrificarás os teus
holocaustos, as tuas ofertas pacíficas, as tuas ovelhas e os teus bois;
em todo lugar onde eu fizer celebrar a memória do meu nome, virei
a ti e te abençoarei.
Se me levantares um altar de pedras, não o farás de pedras
lavradas; pois, se sobre ele manejares a tua ferramenta, profaná-lo-
93
ás (Ex. 20:24,25).
O altar, de uso comum, era construído de tijolo ou de barro.
Nesse altar, normalmente, eram oferecidos os sacrifícios. Mas
nessa instrução sobre altares, Deus introduz a Moisés a revelação
do “altar de pedra”. Ele revela a Moisés que se fizesse um altar de
pedra, ele não poderia moldar esse altar, ou seja, trabalhar essa
pedra.
Fiz uma exaustiva pesquisa sobre altares no Antigo
Testamento, e descobri que Moisés nunca estabeleceu nenhum
altar de pedra. A única vez que Moisés se refere a altar de pedra é
em Deuteronômio, quando ele deu instruções ao povo, a respeito
do que eles deveriam fazer quando entrassem na Terra Prometida:
“Ali, edificarás um altar ao SENHOR, teu Deus, altar de pedras,
sobre as quais não manejarás instrumento de ferro” (Ex. 27:5).
Quando o povo se estabeleceu na Terra Prometida, eles
obedeceram esta palavra de Moisés:
“Então, Josué edificou um altar ao SENHOR, Deus de Israel,
no monte Ebal, como Moisés, servo do SENHOR, ordenara aos
filhos de Israel, segundo o que está escrito no livro da lei de Moisés,
a saber, um altar de pedras toscas, sobre o qual se não manejara
instrumento de ferro; sobre ele ofereceram holocaustos ao SENHOR
e apresentaram ofertas pacíficas (Js. 8:30,31).
É interessante pensar no propósito de Deus, em dar essas
instruções a Moisés sobre o altar de pedra, sendo que Moisés
jamais estabeleceu um. É também interessante pensarmos: por que
Moisés teria dado essas direções tão claras ao povo, sobre o altar de
pedra, na entrada da Terra Prometida?
A resposta só pode ser uma: Moisés obedeceu a direção de
Deus e assim estabeleceu um ato profético de alta significância na
história de Israel e da própria humanidade. Esse altar de pedra
não era um altar para uso comum no Antigo Testamento, pois
ele representa Cristo, a pedra que foi cortada sem auxílio, ou seja,
94
participação de mãos humanas, veja: “Quando estavas olhando,
uma pedra foi cortada sem auxílio de mãos, feriu a estátua nos pés
de ferro e de barro e os esmiuçou” (Dn. 2:34).
O altar da antiga aliança, é feito de tijolo (terra), de madeira,
ou até de bronze, esses altares representam a dedicação religiosa
dos homens. Mas o altar para entrar na Terra Prometida foi o
altar de pedra – Jesus, que é uma pedra que não foi moldada pelo
homem. Não é fruto da habilidade religiosa do homem, mas vem
direto de Deus. Foi esse o ato profético ordenado por Moisés e
executado por Josué e o povo na entrada da Terra Prometida. Eles
declararam com isto: Yeshua Hamashia, Jesus Cristo, é o altar de
pedra. Ele é a porta de entrada para a Terra Prometida:
“Eu sou a porta. Se alguém entrar por mim, será salvo; entrará,
e sairá, e achará pastagem” (Jo. 10:9).
Depois dessa chave, é fácil entendermos o texto de Hebreus,
que diz:
“Possuímos um altar do qual não têm direito de comer os que
ministram no tabernáculo” (Hb. 13:10).
A versão da Bíblia Viva deste versículo diz:
“Temos um altar — a cruz onde Cristo foi sacrificado — onde
aqueles que continuam buscando salvação obedecendo leis judaicas
não podem ser ajudados”.
Esse altar, foi dado por Deus. Somos convocados a ir até Ele;
“...a pedra que vive, rejeitada, sim, pelos homens, mas para
com Deus eleita e preciosa” (1Pe 2:4). Pois “Cristo Jesus, a pedra
angular; no qual todo o edifício (você e eu), bem ajustado [edificado
sobre a rocha e unidos entre si], cresce para santuário [templo santo]
dedicado ao Senhor, no qual também vós juntamente estais sendo
edificados para habitação de Deus no Espírito” (Ef 2:20-22).
Jesus Cristo, é o altar de pedra — Yeshua Hamashia —
edificado e entronizado em nossos corações. Vir para o altar, é
vir para Ele. É estar consagrado e totalmente separado para Ele. É
95
viver, como disse o apóstolo Paulo: “por Ele e para Ele”. É ser dele
e estar morto com a vida escondida Nele. É colocá-lo em primeiro
lugar em todas as áreas possíveis e imagináveis e em todos os
minutos e segundos de nossas vidas.
Ele é o “Alfa” e o “Ômega”, Ele é antes de todas as coisas e a
conclusão de tudo. Nele vivemos, por Ele existimos. Nele somos
salvos, redimidos, perdoados, restaurados e santificados. Ele é o
altar no qual nossas vidas devem ser sacrificadas.

3. é o altar que santifica a oferta

Em Mateus, quando Jesus repreendeu os escribas e fariseus,


sobre tradições que eles haviam criado que eram contrárias a
princípios da Palavra de Deus, Jesus ensina algo que nos traz uma
tremenda revelação sobre o altar. Ele diz:
“E dizeis: Quem jurar pelo altar, isso é nada; quem, porém,
jurar pela oferta que está sobre o altar fica obrigado pelo que jurou.
Cegos! Pois qual é maior: a oferta ou o altar que santifica a oferta?”
(Mt 23:18,19).
O Senhor Jesus diz nesta passagem que eles haviam invertido
totalmente os valores. Ensinavam que a oferta era mais importante
que o altar, quando na verdade é o altar que dá valor à oferta. A
oferta fora do altar é apenas um pedaço de carne, um animal morto,
algo sem importância ou valor, mas no altar aquilo é transformado,
é santificado, pois é o altar que santifica a oferta.
Jesus revela algo revolucionário para as nossas vidas e para
a nossa ideia do que seja a santificação. Ele nos diz que o que
santifica nossas vidas, não é o que fazemos. Nós não podemos,
santificarmos a nós mesmos. A santificação não está em nós,
está em Jesus. É em nosso contato com o altar (Jesus) que nos
é transmitida a santificação. A santificação jamais será uma
96
conquista humana. Ela nos é dada gratuitamente pelo amado, à
medida que entregamos nossas vidas a Ele. Ela nos é transferida
de modo sobrenatural quando derramamos nossas vidas no altar
— Cristo.
Se refletirmos, um pouco, nossa “teologia” nessa área tem
sido um pouco parecida com a dos escribas e fariseus. Pensamos
que “santificação” é o processo em que nós deixamos certas
práticas; em que nós oramos mais, em que nós jejuamos mais, ou
em que nós lemos mais a Bíblia. Observe a ênfase no “nós”. Nessa
teologia “escribática” e “farisaica” o “nós” está no centro, o “nós”
está entronizado. De modo invariável, essa posição nos conduz
ao “legalismo” ou à “religiosidade”, em que criamos “regras” que
determinam o nosso nível de santificação. Veja o que Deus fala
sobre isto:
“Ninguém, pois, vos julgue por causa de comida e bebida,
ou dia de festa, ou lua nova, ou sábados, porque tudo isso tem sido
sombra das cousas que haviam de vir; porém o corpo é de Cristo.
Ninguém se faça árbitro contra vós outros, pretextando
humildade e culto dos anjos, baseando- se em visões, enfatuado, sem
motivo algum, na sua mente carnal, e não retendo a cabeça, da qual
todo o corpo, suprido e bem vinculado por suas juntas e ligamentos,
cresce o crescimento que procede de Deus.
Se morrestes com Cristo para os rudimentos do mundo, por
que, como se vivêsseis no mundo, vos sujeitais a ordenanças: não
manuseies isto, não proves aquilo, não toques aquilo outro? Segundo
os preceitos e doutrinas dos homens? Pois que todas estas cousas,
com o uso, se destroem. Tais cousas, com efeito, têm aparência de
sabedoria, como culto de si mesmo, e de falsa humildade, e de rigor
ascético; todavia, não têm valor algum contra a sensualidade” (Cl
2:16-23).
A conclusão desta passagem relata que, o aparente ascetismo,
a separação de coisas externas pelo esforço humano, em vez de
97
ser benéfica ou até mesmo um pouco positiva é na verdade a
“satisfação da carne”. Isto ocorre porque, agindo assim, o homem
imagina que está santificando-se e isto o coloca como o deus da
sua vida. Leva- o a pensar que ele não precisa do altar.
E quanto mais nos afundamos nessa “santificação humanista”,
mais nos afastamos do altar, até o ponto de a cruz não ser mais
“única” para a salvação, mas à cruz acrescentamos nossos esforços
pessoais e religiosos.
Veja bem, é muito importante entender isto. A oração, o
jejum, o estudo da Palavra, são de importância fundamental e
têm o seu lugar, mas em si mesmos eles não são a santificação.
Apontam para a santificação, conduzem à santificação, mas o que
quero dizer é que, não é o ato de orar durante cinco horas, ou ler
30 capítulos da Bíblia que o santifica, mas sim encontrar Jesus por
intermédio dessas coisas que o santifica!
Não é a obra! Não é o que você faz! Não é a oferta que
santifica o altar, ou que santifica a si mesma. É o altar, Jesus Cristo,
que santifica a oferta. É o fato de estarmos nele, o contato com Ele,
que nos faz santificados. Jesus é o altar. Nós somos a oferta (veja
Romanos 12:1). Por isso Pedro, inspirado pelo Espírito Santo, nos
convida a chegarmos “...para ele, a pedra que vive” (1Pe 2.4a).
Ele não força uma religião cheia de regras sobre a nossa vida.
Ele não quer simplesmente mudar nossos hábitos e nossos desejos.
Não! Ele, na verdade, ao transformar-nos em “santos”, transferindo
Sua própria santidade para nós, transforma tudo em nossa vida,
faz de nós, novas criaturas, então nossos hábitos e desejos mudarão
em função dessa nova identidade que Ele transferirá a nós.
Perceba que tudo que vimos neste capítulo nos liga com o
princípio de que Jesus é o Deus-Noivo que nos chama para Ele.
Nós somos a Igreja-Noiva chamada para se desprender de tudo
mais e viver em relacionamento com Ele. Esta intimidade vai
desencadear um processo de purificação em nossas vidas, pois é
98
Ele, o altar, quem nos santifica. Quanto mais estivermos buscando
a Ele, quanto mais estivermos nele, mais purificados seremos. E
quanto mais purificados formos, mais Dele teremos. Que processo
maravilhoso! Senhor isso é tudo que queremos!

99
Capítulo 8

IGREJA: NOIVA INTERCESSORA

“Eu vos dou a chave desta cidade em vossas mãos. Vocês verão a
minha glória neste lugar, milhares de pessoas virão e se converterão!
Eu já confiei a outros, mas agora é o vosso tempo! Por causa das
vossas orações Eu estou fazendo isto. Organizem mais grupos de
intercessão, intensifiquem as orações pela cidade. Saiam e orem
nos portais principais da cidade, estabelecendo autoridade em
meu nome!”
Esta é parte de uma palavra profética que o Senhor nos deu
na cidade de Maringá, Paraná, no ano de 1993. Eu pastoreava a
igreja, com o pastor Cilas Kauffmann e uma equipe de pastores-
intercessores. Depois de alguns anos de oração pela cidade, quando
estávamos no meio de uma conferência de “guerra espiritual” na
igreja, o Senhor nos concedeu essa palavra profética.
Foi maravilhoso, mas, na época eu não conseguia entender,
“se o Senhor já nos deu a chave da cidade em resposta a anos de
oração, por que temos de intensificar ainda mais as orações? No
meu entendimento, eu achava que quando o Senhor dá a resposta,
que quando Ele dá uma palavra profética, pronto, já está feito,
precisamos só esperar o cumprimento.
De qualquer forma, obedecemos ao Senhor, e organizamos
grupos de intercessão que cobriram todos os pontos principais
da cidade, e o resultado foi extraordinário. Em pouco tempo,
o Senhor abriu uma porta no maior cinema da cidade, para
fazermos reuniões de Segunda-feira. Nesse lugar, centenas de
pessoas entregaram suas vidas a Jesus. Víamos curas e milagres
extraordinários, em todas as reuniões.
Foi ali, que no final de uma das reuniões, o Senhor me mandou
orar por todas as pessoas que tinham problema de visão; muitos
foram instantaneamente curados, e uma menina cega enxergou
pela primeira vez. Ali, também, o Senhor me mandou orar por
pessoas que tinham problemas de varizes. Quando eu falei isso no
microfone, dezenas de pessoas ficaram em pé, e em seus próprios
lugares, o Senhor curou todas elas, muitas testificaram que suas
veias inchadas tinham “murchado” e voltado ao normal em um
instante. A cada segunda-feira víamos a glória do Senhor naquele
lugar. Pessoas recebiam milagres maravilhosos e principalmente a
salvação, à medida que o evangelho era pregado.
Este foi um tempo maravilhoso que marcou a minha vida.
Mas com minha mente inquisitiva de teólogo, eu continuava com
a questão: Por que precisamos continuar orando depois que o
Senhor dera a resposta?
Recentemente, quando o Senhor começou a ministrar essas
revelações para este tempo de reforma, e me levou a Daniel, é
que tive a resposta a essa questão. Daniel viveu todo o processo
histórico do cativeiro babilônio: desde a ida do povo de Deus para
a Babilônia até o final deste período. Ele estava entre os primeiros,
dos da casa real, que foram levados à Babilônia:
“No ano terceiro do reinado de Jeoaquim, rei de Judá, veio
Nabucodonosor, rei da Babilônia, a Jerusalém e a sitiou. O Senhor
lhe entregou nas mãos a Jeoaquim, rei de Judá, e alguns dos utensílios
da Casa de Deus; a estes, levou-os para a terra de Sinear, para a casa
do seu deus, e os pôs na casa do tesouro do seu deus.
102
Disse o rei a Aspenaz, chefe dos seus eunucos, que trouxesse
alguns dos filhos de Israel, tanto da linhagem real como dos nobres,
jovens sem nenhum defeito, de boa aparência, instruídos em toda
a sabedoria, doutos em ciência, versados no conhecimento e que
fossem competentes para assistirem no palácio do rei e lhes ensinasse
a cultura e a língua dos caldeus.
Determinou-lhes o rei a ração diária, das finas iguarias da
mesa real e do vinho que ele bebia, e que assim fossem mantidos
por três anos, ao cabo dos quais assistiriam diante do rei. Entre eles,
se achavam, os filhos de Judá, Daniel, Hananias, Misael e Azarias”
(Dn 1:1-6).
Durante toda a vida de Daniel na Babilônia, percebemos
três fatos que foram a marca desse homem de Deus. Em primeiro
lugar, ele estava na Babilônia, mas não permitiu que a Babilônia
estivesse nele:
“Resolveu Daniel, firmemente, não contaminar-se com as
finas iguarias do rei, nem com o vinho que ele bebia; então, pediu ao
chefe dos eunucos que lhe permitisse não contaminar-se” (Dn 1:8).
Em outras palavras, ele não se contaminou com o estilo de
vida do mundo (Babilônia).
Em segundo lugar, ele não se conformou com aquela situação
de cativeiro. Daniel passou, pelo menos, por cinco imperadores,
muitas vezes ele mereceu a simpatia desses homens, e teve grande
autoridade política no império. Se fosse uma pessoa conformada,
sua vida teria sido muito boa abençoada na Babilônia, mas ele
nunca cedeu em seu coração, pois ele sabia que o cativeiro não
era o lugar do seu destino. Por isso, durante toda sua vida ele
intercedeu para que aquela situação fosse mudada.
Mesmo em tempos difíceis, ele não cedeu às pressões do
inimigo, pois a motivação da sua vida era a de ver Jerusalém
restaurada: “Daniel, pois, quando soube que a escritura estava
assinada, entrou em sua casa e, em cima, no seu quarto, onde havia
103
janelas abertas da banda de Jerusalém, três vezes no dia, se punha de
joelhos, e orava, e dava graças, diante do seu Deus, como costumava
fazer” (Dn 6:10).
Em terceiro lugar, descobrimos que Daniel não desistiu,
enquanto não viu a manifestação de suas orações. Ele foi um
homem que persistiu até produzir o resultado. E foi nesse aspecto
da vida de Daniel, que o Senhor respondeu às minhas questões.
Em todo o livro de Daniel, temos várias estratégias para uma
vida de intercessão eficiente. Mas vamos nos concentrar em Daniel,
capítulo 9, pois aqui temos algumas chaves fundamentais para nos
tornarmos instrumentos de reforma de Deus, nesse processo de
saída da Babilônia e restauração do templo e de Jerusalém.

1. restaurando o entendimento

O capítulo 9 do livro de Daniel começa com uma descoberta


que ele faz, depois de anos de oração e busca. Essa descoberta é
muito importante para nós. Ele diz:
“No primeiro ano de Dario, filho de Assuero, da linhagem
dos medos, o qual foi constituído rei sobre o reino dos caldeus, no
primeiro ano do seu reinado, eu, Daniel, entendi, pelos livros, que o
número de anos, de que falara o SENHOR ao profeta Jeremias, que
haviam de durar as assolações de Jerusalém, era de setenta anos (Dn
9:1,2).
A palavra chave aqui é entender, ele diz, eu Daniel ‘entendi’.
Essa palavra é a palavra ‘bene’ no hebraico, e era uma palavra de uso
comum. Ela significa literalmente; “compreensão intelectual” ou
“distinguir mentalmente”; ela denota o exercício mental de separar
informações e chegar a uma conclusão através das faculdades
mentais, isto é, da inteligência.
Isto nos revela que Deus não está no processo de anular nossas
104
faculdades mentais para que possamos ter revelações espirituais,
mas sim, Ele opera em nós, aguçando nossa compreensão
intelectual, nossa inteligência, usando-a para que entendamos seus
propósitos.
Muitas pessoas ensinam um total divórcio entre as faculdades
mentais e a revelação espiritual, que vem de Deus, através de nosso
espírito. Como se houvesse uma dicotomia (oposição) irreversível
em nosso ser. Esse anular da inteligência para poder “fluir na
revelação espiritual” é mais “nova era” do que propriamente um
conceito bíblico.
Acho que preciso ser um pouco “técnico” aqui, para que
você entenda melhor esse princípio. Mais ou menos quatro séculos
antes de Cristo, floresceu na Grécia pagã um grupo de homens
pensadores, eles eram chamados de filósofos, que eram versados
nas mais diversas ciências de sua época, e em muitos casos à
frente do conhecimento científico de sua própria época. Dentre
esses “homens-filósofos”, houve um, chamado Platão, que foi um
matemático, médico, escritor e pensador. Platão, que também era
discípulo de Sócrates, desenvolveu um conceito filosófico em que,
em seu entendimento do universo, toda realidade foi dividida
em duas partes: Para ele havia a realidade material e a realidade
espiritual.
Essas duas realidades não podiam se misturar, na verdade,
para Platão, eram opostas uma à outra. A matéria, era uma
expressão imperfeita ou defeituosa, da realidade espiritual. Vamos
simplificar um pouco mais: Para Platão, toda matéria é imperfeita e
falha, pois é uma expressão ou um reflexo do mundo perfeito, que é
imaterial, ou seja, espiritual. Ele dizia que tudo que temos aqui, em
nosso mundo físico, inclusive nós mesmos, é uma manifestação
imperfeita e existiria de uma forma perfeita no outro mundo, que
algumas vezes ele também chamava de “mundo das ideias”.
Simplificando mais ainda esse conceito, seria como dizer que
105
toda matéria é “má” e todo espírito ou espiritual é “bom”. Só mais
uma coisa sobre Platão, lembre-se que ele vivia em uma sociedade
pagã, onde o conceito da “divindade” era completamente distorcido.
Os gregos acreditavam num “panteão” de deuses (bons e maus)
que viviam no “Olimpo” e que de lá, caprichosamente intervinham
no mundo material. É nesse contexto que Platão desenvolve a sua
filosofia.
À medida que a cultura e a língua grega se espalharam
no mundo, através do império de Alexandre, o grande, esses
conceitos filosóficos também se espalharam. Os que adotavam
essa visão foram chamados de “gnósticos”. Na verdade, isso virou
praticamente uma religião, o “gnosticismo”. No primeiro século
d.C. (depois de Cristo) esses ensinos fervilhavam nas escolas
gregas, espalhadas por praticamente todas as cidades do mundo.
Bem no princípio do cristianismo, o diabo tentou infiltrar-
se na Igreja, por intermédio desse conceito distorcido. Alguns
escritores afirmam que Simão, o mago de Samaria, que se converteu,
mas que tentou comprar os dons do Espírito Santo (veja Atos 8.9-
13), teria sido o primeiro gnóstico cristão.
De qualquer forma, sabemos que o “gnosticismo” foi um
problema que teve de ser tratado desde cedo na Igreja. Esses
“gnósticos-cristãos” aceitavam Jesus como Messias, mas negavam
que Ele tinha vindo em carne. Eles diziam que Jesus teve um corpo
“aparente”, pois se Jesus era o perfeito salvador, Ele não poderia
ter sido matéria, pois a matéria é imperfeita. O texto de 1 João é
um claro combate bíblico a essa doutrina diabólica, João diz: “O
que era desde o princípio, o que temos ouvido, o que temos visto
com os nossos próprios olhos, o que contemplamos, e as nossas mãos
apalparam, com respeito ao Verbo da vida” (1:1). Perceba, Jesus é o
Verbo da vida, é o que era desde o princípio, mas Ele é também o
que temos ouvido, o que temos visto, e o que temos tocado, isto é,
Ele veio em carne.
106
Mais combativamente ainda, João declara: “Nisto reconheceis
o Espírito de Deus: todo espírito que confessa que Jesus Cristo veio em
carne é de Deus; e todo espírito que não confessa a Jesus não procede
de Deus; pelo contrário, este é o espírito do anticristo, a respeito do
qual tendes ouvido que vem e, presentemente, já está no mundo”
(1Jo 4:2,3). Observe que a própria natureza do anticristo é a de
negar que Jesus veio em carne. O Diabo sabia que se conseguisse
fazer isso, ele anularia toda obra redentora de Jesus.
O “gnosticismo” foi mantido fora do pensamento cristão
por vários séculos, embora o Diabo tenha continuado tentando,
criando diferentes tipos de “seitas gnósticas”. Muitos líderes da
Igreja, nos primeiros séculos, passaram toda a sua vida combatendo
essa doutrina diabólica. Mas no sexto século, um advogado que
já havia estudado e participado de várias religiões e seitas se
converteu, tornando-se logo uma figura proeminente, ao escrever
diversos livros teológicos. Seu nome era Agostinho. Em seus livros,
Agostinho não adotou o gnosticismo propriamente dito, mas ele
usou o conceito platônico de matéria e espírito.
Durante a sua vida, Agostinho foi rejeitado pela corrente
principal da Igreja e até mesmo acusado de “gnóstico”. Na verdade,
Agostinho morreu condenado. Mas, mais ou menos um século
depois, Roma restaurou os ensinos de Agostinho, passando a
usá-los em suas escolas teológicas. Depois de mais algum tempo,
o próprio Agostinho foi canonizado, passando a ser chamado
“Santo Agostinho”. Finalmente essa doutrina falsa do ‘anticristo’
conseguiu firmar um pé dentro da Igreja institucionalizada.
Desde então, esse conceito “gnóstico” vem e vai no
pensamento teológico da Igreja. Nem mesmo os reformadores
conseguiram livrar-se dele. Atualmente, infiltrado quase que como
um conceito bíblico original, está essa ideia de que a matéria é má
por natureza e o espírito é bom, por natureza. Ou que o nosso
“espírito” é perfeito e que nosso corpo e alma são impedimentos
107
para a obra de Deus. Chegou-se, portanto, à definição meio
platônica, de que essencialmente nós somos um “espírito”, que
temos uma “alma” e que habitamos em um “corpo”.
Na verdade, o ensino bíblico é que somos: espírito, alma e
corpo. Quando Deus nos salva e nos redime em Jesus Cristo, em
primeiro lugar Ele nos salva através da morte física de Jesus na
cruz, em segundo lugar, Ele salva e redime todo nosso ser, não
somente parte dele. Em Cristo, nosso corpo é santificado, nossa
alma é renovada e nosso espírito recriado. Todo meu ser é trazido
de volta para Deus: “...tudo o que há em mim (corpo, alma e espírito)
bendiga ao seu santo nome” (Sl 103.1)
Na Palavra o homem restaurado tem seu espírito recriado e
sua mente renovada, para ser usado plenamente pelo Senhor:
“Transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que
experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus”
(Rm. 12:2).
Na verdade, à medida que crescemos espiritualmente, nossa
inteligência não diminui, mas sim é aguçada pelo Espírito Santo
que em nós opera.
“Disto também falamos, não em palavras ensinadas pela
sabedoria humana, mas ensinadas pelo Espírito, conferindo cousas
espirituais com espirituais. Ora, o homem natural não aceita as cousas
do Espírito de Deus, porque lhe são loucura; e não pode entendê-las,
porque elas se discernem espiritualmente. Porém o homem espiritual
julga todas as cousas, mas ele mesmo não é julgado por ninguém.
Pois quem conheceu a mente do Senhor, que o possa instruir? Nós,
porém, temos a mente de Cristo” (1Co 2:13-16).
Observe que, neste texto, há uma cooperação entre o espírito
e a mente, na compreensão das coisas. O homem espiritual discerne
bem todas as coisas, ele julga todas as coisas, não pelo anular de
sua mente, mas aguçando-a. Recebemos o Espírito de Cristo, e
também a mente de Cristo.
108
Deus nos criou seres inteligentes. O pecado afetou nossas
faculdades mentais (alma), mas também afetou nosso espírito
e corpo. Quando somos restaurados em Cristo, não é só nosso
espírito que é restaurado, mas todo o nosso ser: corpo, alma e
espírito. A nossa inteligência restaurada tem sim a capacidade de
entender e processar as coisas de Deus, como fez Daniel, pois em
nós opera conjuntamente o Espírito e a mente de Cristo.
Veja bem, Daniel buscou uma revelação do Senhor para
aquele momento; mas ele não se fechou em uma “redoma de
espiritualidade”, ele não foi para uma caverna escura e ficou ali até
Deus enviar a “revelação”. Apesar de Daniel ser um dos profetas
mais espirituais e sensíveis de toda a Bíblia, aqui está ele; com a
Palavra aberta diante dos seus olhos:
“Eu, Daniel, entendi, pelos livros, que o número de anos, de que
falara o SENHOR ao profeta Jeremias... era de setenta anos... Setenta
semanas estão determinadas sobre o teu povo e sobre a tua santa
cidade, para fazer cessar a transgressão, para dar fim aos pecados,
para expiar a iniquidade, para trazer a justiça eterna, para selar a
visão e a profecia e para ungir o santo dos santos. Sabe e entende:
desde a saída da ordem para restaurar e para edificar Jerusalém até
ao ungido, ao Príncipe, sete semanas e sessenta e duas semanas...
Depois das sessenta e duas semanas, será morto o Ungido e já não
estará... e até ao fim haverá guerra; desolações são determinadas
(Dn. 9:2,24-26).
A palavra “desolações” usada por Daniel, é a palavra hebraica
Chorbath, que é exatamente a mesma palavra que Jeremias usa em
sua profecia: “Toda esta terra virá a ser um deserto (chorbath) e um
espanto; estas nações servirão ao rei da Babilônia setenta anos” (Jr
25.11). Quando Daniel escreveu as palavras iniciais do capítulo 9,
ele tinha o livro, ou os pergaminhos, de Jeremias aberto na sua
frente.
Nosso Deus é o ser mais inteligente que existe no universo.
109
O quociente de inteligência de Deus é imensurável. Ele nos deixou
o Seu livro, a Bíblia. Como este livro é fruto desse ser inteligente,
temos de entender que a Escritura é o livro mais profundo e ao
mesmo tempo mais claro que jamais foi escrito. Nenhum homem,
nenhum grupo de sábios ou cientistas, nenhum conjunto de
computadores ultramodernos, conseguiria produzir um livro como
a Palavra de Deus. E ainda assim, ela contém tal clareza, que até
crianças conseguem desfrutar dela. Ela tem todas as informações
necessárias para sabermos os caminhos eternos de Deus.
Quando esse Deus inteligente nos salva, Ele recria o nosso
espírito, e restaura a nossa inteligência, transferindo para nós a
Sua própria mente. Cabe a nós, como seres restaurados, abrirmos
a Sua Palavra e nos dedicarmos a estudá-la, passando tempo com
ela, na dependência do Espírito Santo, pois Ele deseja nos dar
entendimento em todos os Seus planos.
Se examinarmos os evangelhos, descobriremos que Jesus
Cristo foi um profundo conhecedor das Escrituras. A frase:
“para que se cumprisse o que fora dito...”, é presença constante
nas páginas dos evangelhos. Jesus venceu o Diabo no deserto,
citando versículos bíblicos. Jesus validou seu ministério diante dos
homens, citando versículos bíblicos. Jesus realizou a obra do Pai, e
descobriu sua própria identidade, através da Palavra de Deus.
Uma das maiores heresias que se pode dizer a respeito de
Jesus é afirmar que durante toda sua vida Ele viveu escondido no
deserto, ligado à seita obscura e mística dos “essênios”. Não, Jesus
foi o Carpinteiro de Nazaré, Ele tinha uma casa, irmãos e irmãs, Ele
ia à sinagoga todos os sábados. Jesus teve uma vida absolutamente
normal, até o início do Seu ministério. Ele conhecia a Palavra, Ele
estudava a Palavra, Ele usava a Palavra. E é importante observar,
Jesus era um homem inteligente. Ele mencionava a Bíblia com
frequência. Ele ensinava com autoridade, maravilhava os próprios
doutores da Sua época.
110
A Igreja restaurada é uma Noiva adulta, pronta para
o casamento, que flui na revelação, mas com maturidade e
entendimento. Não é uma Igreja levada por qualquer vento de
doutrina emocional, não é uma Igreja imatura. A Igreja que Deus
está levantando, que será um instrumento para o avivamento,
não é uma Igreja que usa interpretações ridículas, baseadas em
revelações obscuras, e informações distorcidas, para amedrontar o
povo e para enriquecer ministérios.
Não, amados irmãos! A Igreja que o Senhor está realmente
buscando é uma Igreja madura. É uma Igreja profética sim, como
foi Daniel, espiritual sim, como Daniel, mas também inteligente,
como Daniel. Uma Igreja que vai à caverna, ou monte de oração,
mas leva um farolete e a Bíblia junto.

2. revelação para a gestação

Daniel tem o entendimento, a compreensão intelectual. O


apokalipsis (tirar o véu) em sua mente. Em oração, ele estudou o
livro do profeta Jeremias, e calculou o tempo. Ele descobriu que eles
estavam vivendo exatamente no tempo da restauração, profetizado
pelo Senhor, por intermédio de Jeremias.
É importante entendermos bem esse panorama. Daniel
ora e jejua, para ter uma resposta do Senhor. Ele sentia o peso da
intercessão intensificar. Então, o Senhor o dirige a examinar os
registros proféticos do seu contemporâneo, o profeta Jeremias. Ao
estudar as profecias, ele encontra esse texto, em que está escrito que
o tempo da desolação seria de “setenta anos”. Então ele começou
a calcular. Ele sabia que o cativeiro babilônico tinha começado
no terceiro ano do reinado de Jeoaquim, rei de Judá. Como ele
poderia esquecer desse ano? Aquela viagem humilhante, ele e
seus amigos príncipes de Israel levados acorrentados à Babilônia.
111
Longos dias de sol, dentro de uma jaula, sem comida e sem bebida.
Como esqueceria a chegada na grande cidade da Babilônia. A
humilhação da marcha triunfal pela cidade, onde ele e seus amigos
eram o ‘troféu’ dos conquistadores. Certamente, ele sabia quando
tudo começou.
Então, ele calculou ano após ano, reino após reino. Ele
consultou o calendário babilônico. Comparou com o calendário
hebraico, voltou a ler Jeremias. E, finalmente, ele não teve dúvida
alguma: aquele ano, o primeiro ano de Dario, filho de Assuero, era
o septuagésimo ano do cativeiro. Por conseguinte, deveria ser o
ano do início do processo de libertação do povo de Israel.
Aleluia! Que revelação fantástica para aquele homem
de Deus, depois de tantos anos de oração e perseverança! Que
tremenda descoberta! Que recompensa maravilhosa para todos os
anos de espera e consagração!
Bem! Sabe o que eu faria se estivesse no lugar de Daniel?
Provavelmente, em primeiro lugar eu faria uma grande celebração.
Depois escreveria um livro sobre o assunto, talvez o título seria:
‘Este É o Ano!’. Talvez alugaria o maior anfiteatro da Babilônia, e
começaria reuniões de “avivamento”, para espalhar aquela revelação
a todas as pessoas, e é claro isso daria um grande impulso no meu
ministério profético, afinal de contas, quando Deus nos dá uma
revelação desse nível, Ele também quer nos promover... Será?
Mas, é claro, antes de qualquer uma dessas coisas, eu pegaria
minha família e tiraria umas longas férias, afinal de contas eu
já sabia o que Deus iria fazer, aquele seria o ano da restauração.
Talvez quando eu estivesse nas praias tropicais das “Bahamas
babilônicas” leria nos jornais sobre o início da volta de Israel
para Jerusalém, pois é claro: Se Deus falou, Ele se encarregaria de
cumprir sozinho... Será?
Mas, o fato é, Daniel não fez nada disso! Muito ao contrário,
depois dessa revelação, ele intensificou suas orações:
112
“Voltei o rosto ao Senhor Deus, para buscá-Lo com oração e
súplicas, com jejum, pano de saco e cinza” (Dn 9:3)
Aqui, exatamente nessa parte da passagem, percebi que
Daniel tinha uma revelação que eu não possuía, e que, com certeza,
muita gente que conheço também não possui. A descoberta,
através da profecia de Jeremias, do plano e propósito de Deus,
não foi o ponto final da busca de Daniel. Na verdade, foi o ponto
fundamental. Quando ele teve a revelação do que Deus faria, ele
começou a agir com base nessa revelação.
Aqui está a chave da Intercessão, pois interceder é basicamente
descobrir o que Deus falou, e trazer de volta para Deus. Como
Mike Bickle ensina: ‘Deus fala e move o nosso coração. Nós
pegamos a palavra que Deus falou, e falamos de volta para Deus,
quando fazemos isto, o coração de Deus se move, então ele libera
o sobrenatural.
Quantos de nós buscamos o Senhor até recebermos uma
revelação e quando a recebemos paramos de buscá-Lo. Pensamos:
“Bem, agora que eu já sei qual é o plano perfeito de Deus, é só
esperar e Ele cumprirá a Sua palavra na minha vida”. Quantos de
nós recebemos palavras proféticas específicas, de grandes homens
de Deus, e simplesmente cruzamos os braços, esperando o Senhor
cumprir Sua palavra.
Vamos tentar descobrir por que Daniel agiu desse modo, e o
que Daniel sabia que nós também precisamos saber.

3. daniel conhecia o principio bíblico


da intercessão

Com certeza, Daniel, como estudante da lei e dos profetas,


já havia estudado o livro de Isaías (Isaías viveu mais ou menos
150 anos antes de Daniel). Naturalmente, Daniel conhecia essa
113
passagem:
“Sobre os teus muros, ó Jerusalém, pus guardas, que todo o
dia e toda a noite jamais se calarão; vós, os que fareis lembrado o
SENHOR, não descanseis, nem deis a ele descanso até que restabeleça
Jerusalém e a ponha por objeto de louvor na terra” (Is. 62:6,7).
Nestes versículos, observamos uma das principais chaves
do nosso chamado para realizar a obra de Deus aqui na Terra. Na
verdade, cada frase desse texto tem uma revelação especial, mas
vou me concentrar e chamar a sua atenção para as frases: “...vós
os que fareis lembrado o SENHOR, não descanseis, nem deis a ele
descanso até que restabeleça...”. Veja bem, o próprio Senhor, nos
convoca para lembrá-lo. A palavra usada, no original hebraico,
é zakar, que literalmente significa “relembrar”. O que temos de
“relembrar” ao Senhor?
É claro que só podemos relembrar alguém, de algo que esse
alguém já sabia ou já tenha falado, portanto, quando o Senhor
diz, nesse versículo, que não devemos descansar, nem dar a
Ele descanso, mas continuar relembrando-o, até vermos a sua
promessa cumprida, Ele está nos dando a essência da intercessão.
Você pode pensar: Mas por que Deus faz isto? Por que
precisamos relembrar Deus? Será que Ele promete, e depois
esquece, e então precisa ser lembrado pelo ser humano?
Não, meus amados! Deus não esquece nenhuma de Suas
promessas! Na verdade, existem dois princípios que acompanham
essa revelação de Isaías: o primeiro é que Deus nos chama para
participarmos de Sua obra. Participar significa sermos parceiros de
Deus. Como filhos de Deus, não estamos no mundo apenas como
simples espectadores da obra divina. Na verdade, somos agentes
dela veja: “Havendo, pois, o SENHOR Deus formado da terra todos
os animais do campo e todas as aves dos céus, trouxe-os ao homem,
para ver como este lhes chamaria; e o nome que o homem desse a
todos os animais viventes, esse seria o nome deles” (Gn 2.19).
114
Somos instrumentos pelos quais o Senhor realiza a Sua
obra. E muitas vezes somos os próprios personagens da história
divina, como Daniel, que ocupou a posição de primeiro-ministro
da Babilônia, e influenciou profundamente o rei Dario, na posição
positiva que ele teve em relação ao povo de Deus (veja Daniel 6:25-
28).
O Senhor não quer somente revelar-lhe o que Ele está
realizando à sua volta, aí em sua família, na sua cidade, e nesta
geração. Ele quer também envolvê-lo no que Ele está empreendendo,
usá-lo em seu projeto de salvação desta geração. Assim como tudo
que aconteceu na vida de Daniel estava no propósito do Senhor
para que ele fosse instrumento gerador da restauração, assim
também é com você. O Senhor estava em todas as circunstâncias
de sua vida, até mesmo no momento da “cova dos leões”, e Ele está
com você, agora mesmo, no meio desse deserto, pois é aí, como
foi com Daniel, que Ele lhe revelará não somente Sua direção, mas
especialmente Sua Glória.
O segundo princípio é que Deus nada faz na terra antes que
primeiro seja produzido por alguém através da intercessão. Até
mesmo no processo da criação; antes do mundo ser formado, o
Espírito Santo “pairava” (incubava) sobre a face das águas (veja
Gênesis 1.1). É muito importante entendermos esse princípio,
para gerarmos o processo de reforma e trazer o “avivamento” aos
dias atuais.
Tudo que Deus faz tem de ser gerado. Interceder é gerar,
dar à luz, para Deus. Recebemos revelação quando, como Noiva,
entramos em intimidade com nosso Deus, em adoração. Essa
revelação é a semente que é plantada em nosso espírito, ou útero
espiritual, quando “agonizamos em oração”, estamos no processo
de “gestação espiritual”. A manifestação da promessa é o resultado
final, é o parto.
A palavra intercessão no hebraico é paga, a Septuaginta;
115
tradução grega do Antigo Testamento, usa a palavra eutugchano
para esse termo. Eutugchano é a palavra para “intercessão”
no Novo Testamento (veja Romanos 8.34). A raiz da palavra
eutugchano é teocho ou tikto, que significa produzir como uma
mãe, engravidar, dar à luz ou ainda produzir semente. Em resumo,
a palavra “interceder”, no grego, vem da raiz da palavra usada para
“engravidar” ou “dar à luz”.
Em 1 Samuel 4.19, a nora de Eli dá à luz. A Bíblia fala que ela
“ajoelhou-se” para dar à luz, esta era a posição tradicional para se
ter um bebê, na cultura hebraica da época, as palavras “ajoelhar-
se para dar à luz”, são kara e yalad no hebraico. Na Septuaginta
(Antigo Testamento Grego) foi usada a palavra tinkenein para
traduzir o termo yalad. Agora tinkenei’ vem da palavra tikto, que
é a raiz da palavra “intercessão”, como já analisamos no parágrafo
anterior. A conclusão é que, de acordo com os termos originais
da Bíblia, o mesmo processo da gravidez natural (yalad — tikto),
acontece na intercessão. Isto é, a intercessão é uma gravidez
espiritual. Recebemos uma revelação (semente) e por causa dessa
revelação, vem uma incumbência de intercessão (tikto).
Quando Elias subiu ao monte Carmelo para interceder
para que voltasse a chover, depois de mais de três anos de seca,
ele “encurvado para a terra, meteu o rosto entre os joelhos” (1Rs
18.42), alguns estudiosos afirmam que essa posição descreve
exatamente a posição que a mulher hebreia ficava para dar à luz.
O apóstolo Paulo é totalmente explícito nessa revelação,
quando ele diz:
“meus filhos, por quem, de novo, sofro as dores de parto, até
ser Cristo formado em vós” (Gl 4:19).
Espero que, mesmo com toda essa complicação de palavras
gregas e hebraicas, tenha ficado claro que existe uma interligação
entre os termos “intercessão” e “engravidar” ou “dar à luz”.
Interceder é o processo de “gestar” a semente, que foi plantada
116
em nós pelo Espírito Santo. O processo de intercessão pode ser
chamado de “gestação espiritual”.
Voltando ao livro de Daniel, capítulo 9, o que percebemos é
que Daniel conhecia esse principio. Ele recebeu a revelação como
uma semente, esta revelação produz algo nele (o engravidou da
promessa) e, por conseguinte, ele entrou no processo de gestação
espiritual, e, finalmente, em trabalho de parto, até dar à luz a
promessa de Deus.
Nestes dias de restauração da noiva, Deus está levantando
um exército de intercessores que vivam nesse nível. É tempo
de intimidade com o Senhor. É tempo de ‘engravidarmos das
promessas’ de restauração e avivamento e intercedermos até
vermos a manifestação de todas elas.

117
Capítulo 9

CRESCENDO EM INTIMIDADE ATRAVÉS


DOS DONS DO MINISTÉRIO

Normalmente pensamos em nossa jornada de crescimento em


Intimidade com Cristo como sendo algo que trilhamos sozinhos;
visualizamos a estrada da Intimidade como um caminho solitário,
que vamos percorrer por nós mesmos.
Mas este não é o plano de Deus. Somos parte do corpo de
Cristo, e em muitos aspectos dependemos uns dos outros para
crescermos espiritualmente. Este é um dos propósitos principais
dos dons do ministério, que recebemos de Deus. O principal texto
bíblico nesta área é claro em nos mostrar isso:
“E ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para
profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres,
com vistas ao aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do seu
serviço, para a edificação do corpo de Cristo, até que todos cheguemos
à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, à perfeita
varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo, para que
não mais sejamos como meninos, agitados de um lado para outro
e levados ao redor por todo vento de doutrina, pela artimanha dos
homens, pela astúcia com que induzem ao erro.
Mas, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo
naquele que é a cabeça, Cristo, de quem todo o corpo, bem ajustado
e consolidado pelo auxílio de toda junta, segundo a justa cooperação
de cada parte, efetua o seu próprio aumento para a edificação de si
mesmo em amor (Ef. 4:11-16).
Temos neste texto a lista dos cinco dons ministeriais,
fundamentais, para o funcionamento da Igreja; Apóstolos,
profetas, evangelistas, pastores e mestres. E então temos uma lista
de propósitos, para estes dons. Na parte final desta lista lemos:
“até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento
do Filho de Deus, à perfeita varonilidade, à medida da estatura da
plenitude de Cristo”.
O Pleno experimentar de Jesus vem através da nossa vida
em comunidade, recebendo uns dos outros, quando os dons
ministeriais são exercidos.
É no balanço entre gastarmos tempo sozinhos no lugar secreto
e gastarmos tempo convivendo uns com os outros, no contexto
da igreja local, onde os dons ministeriais são manifestados, que
desfrutamos do nosso maior crescimento em maturidade, isto é,
ficamos mais parecidos com Cristo.
Na reconstrução do templo debaixo de Zorobabel e Josué, o
modelo que estamos olhando neste livro, vemos a presença destes
cinco dons de ministérios, mesmo que no Velho Testamento eles
ainda não tinham esta nomeclatura.
Descobrimos a tipologia dos cinco dons de ministério,
manifesta em seis pessoas diferentes. Vamos perceber aqui, que
cada um deles desempenhou um papel fundamental na restauração
que se processou naqueles dias: Na figura de Zorobabel, o apóstolo;
em Ageu e Zacarias temos os profetas; na viagem de Neemias da
Babilônia a Jerusalém, a tipificação do ministério do evangelista.
Em Josué, o pastor; e em Esdras, o mestre.

120
1. zorobabel — o apóstolo

Como já observamos desde o início deste livro, Zorobabel é


uma figura da própria igreja da reforma. Mas podemos identificar,
também, algumas características em Zorobabel, que apontam para
uma “unção” específica. A unção apostólica. No livro de Zacarias,
capítulo 4, vemos referências a Zorobabel, que têm um paralelo
muito grande com Efésios 2:20,22:
“Esta é a palavra do SENHOR a Zorobabel: Não por força nem
por poder, mas pelo meu Espírito, diz o SENHOR dos Exércitos. Quem
és tu, ó grande monte? Diante de Zorobabel serás uma campina;
porque ele colocará a pedra de remate, em meio a aclamações: Haja
graça e graça para ela!
Novamente, me veio a palavra do SENHOR, dizendo: As mãos
de Zorobabel lançaram os fundamentos desta casa, elas mesmas a
acabarão, para que saibais que o SENHOR dos Exércitos é quem me
enviou a vós outros.
Pois quem despreza os dias dos humildes começos, esse alegrar-
se-á vendo o prumo na mão de Zorobabel. Aqueles sete olhos são os
olhos do SENHOR, que percorrem toda a terra” (Zc 4:6-10).
Vejamos agora o texto do livro aos Efésios:
“Edificados sobre o fundamento dos apóstolos e profetas,
sendo ele mesmo, Cristo Jesus, a pedra angular; no qual todo edifício,
bem ajustado, cresce para santuário dedicado ao Senhor, no qual
vós juntamente estais sendo edificados para habitação de Deus em
Espírito” (Ef. 2:20-22).
No texto de Zacarias, Zorobabel é quem coloca a pedra
de remate. Isto é feito no contexto da graça de Deus sendo
manifestada. As mãos de Zorobabel lançaram os fundamentos da
casa do Senhor. E ele tem “prumos” em suas mãos.
“Pedra de remate”, nesta passagem, deveria ser traduzida
como “pedra de angular”, pois é a mesma palavra hebraica (eben)
121
usada em Isaías: “Eis que eu assentei em Sião uma pedra, pedra já
provada, pedra preciosa, angular, solidamente assentada; aquele que
crer não foge” (28:16).
Este versículo é citado por Pedro, como se aplicando a Jesus:
“Pois isso está na Escritura: Eis que ponho em Sião uma pedra
angular, eleita e preciosa; e quem nela crer não será, de modo algum,
envergonhado” (1Pe 2:6).
Zorobabel, portanto, tem a unção para revelar Jesus, a pedra
angular. Ele tem a unção também para firmar os fundamentos da
casa de Deus. E finalmente, a passagem mencionada nos revela que
ele tem a “unção de correção e direção”; ele tem o prumo em suas
mãos. Todas essas características são identificadas no ministério
apostólico do Novo Testamento, como podemos observar no texto
de Efésios.
“Zorobabel é a Igreja da reforma.” Ele é a Igreja que Deus
está levantando atualmente. E essa “Igreja Zorobabel” é uma Igreja
apostólica.
É importante reforçar que Deus não está apenas levantando
pessoas com o “dom de ministério apostólico”, Ele está estabelecendo
uma “Igreja apostólica”. É de mentalidade e identidade que estamos
falando. Essa Igreja apostólica estabelece Jesus como a “pedra
angular”, tem o prumo em suas mãos, isto é, anda alinhada com a
Palavra de Deus, e tem a manifestação dos sinais apostólicos.
Mas entenda bem, ser Igreja apostólica não significa ter
estrutura “eclesiástica” apostólica, isto é, ter um líder que é
considerado apóstolo, e que tem autoridade de governo sobre
todos os outros. Ser Igreja apostólica é ter todos os membros da
Igreja operando na “unção apostólica”.
Quando a Igreja é verdadeiramente apostólica, Jesus ocupa
sempre o centro. As pessoas, que receberam e exercem o dom
apostólico, sabem que existem para preparar e levar a Noiva para
o Noivo, sabem que são os principais e maiores servos de todos. O
122
apóstolo Paulo, entendeu isto com absoluta clareza, ele diz:
“Parece-me que Deus nos colocou a nós, os apóstolos, em
último lugar, como condenados à morte. Viemos a ser um espetáculo
para o mundo, tanto diante dos anjos como de homens” ( 1 Co 4:9
); que nós apóstolos, sejamos considerados pelos homens como
“escravos de todos” (1 Co 4:1).
O apóstolo é aquele que está crescendo constantemente em
Intimidade com o Cristo, e que como amigo do noivo, para usar
uma expressão usada por João Batista (Jo. 3:29), serve a Noiva,
exaltando e embelezando a pessoa do Noivo para ela.
Assim foram os apóstolos do Novo Testamento, e também
assim se toram todos os que genuinamente são levantados como
apóstolos, nesta última hora.

2. ageu e zacarias – os profetas

Uma Igreja que esteja vivendo no mover de reforma de Deus


tem de ser uma Igreja profética. Observe que não basta apenas ter
a manifestação de “profetas”, mas é necessário ser profético, ter a
visão e a direção profética: “...edificados sobre o fundamento dos
apóstolos e profetas, sendo ele mesmo, Cristo Jesus, a pedra angular;
no qual todo o edifício, bem ajustado, cresce para santuário dedicado
ao Senhor, no qual vós juntamente estais sendo edificados para
habitação de Deus no Espírito” (Ef 2:20-22).
Veja bem, Cristo é a pedra angular, o altar de pedra como
já observamos, mas os “apóstolos” e “profetas” são o fundamento
no qual a Igreja é edificada. Nessa passagem, Paulo não está se
referindo a ele, a Pedro ou a João, ele não está falando de pessoas,
mas do “ministério”. É no ministério apostólico e profético que a
Igreja é fundamentada.
A importância do ministério profético na vida da Igreja
123
não é tanto para prever o futuro. Esse elemento de “revelação do
futuro” está presente no profético, mas é importante saber que o
“profético” existe prioritariamente para edificar, exortar e consolar
(veja 1Coríntios 14.3). E é exatamente nesses aspectos que está a
grande necessidade do profético em dias de reforma e restauração.
Isto é firmemente demonstrado nas circunstâncias da
reconstrução do templo, nosso protótipo de reforma, nos dias
de Zorobabel e Josué. No livro de Esdras, capítulo 1, eles deixam
a Babilônia, em função do decreto de Ciro. Quando chegam a
Jerusalém, eles restabelecem o altar (veja Esdras 3.1), e depois
iniciam a reconstrução do templo (veja Esdras 3.8).
Mas no capítulo 4 de Esdras, percebemos que o inimigo
levantou forte oposição contra aquele trabalho. O inimigo sempre
se oporá à reforma de Deus. Frente a essa oposição do inimigo, o que
é que o povo de Deus fez? Eles interromperam a obra. E à medida
que o tempo passava eles foram perdendo a visão, começaram
então a cuidar dos seus próprios interesses e se esqueceram da casa
de Deus. Por dezesseis anos, a obra ficou parada e completamente
abandonada.
Então Deus levanta Ageu e Zacarias, no ministério profético.
Eles revelam palavras proféticas de repreensão, encorajamento
e promessas. Suas profecias foram dirigidas ao povo, a Zorobabel
e a Josué. Por causa dessas palavras, a visão foi restaurada, e eles
encorajados reiniciam a obra:
“Então, Ageu, o enviado do SENHOR, falou ao povo,
segundo a mensagem do SENHOR, dizendo: Eu sou convosco, diz
o SENHOR. O SENHOR despertou o espírito de Zorobabel, filho de
Salatiel, governador de Judá, e o espírito de Josué, filho de Jozadaque,
sumo sacerdote, e o espírito do resto de todo o povo; eles vieram e se
puseram ao trabalho na Casa do SENHOR dos Exércitos, seu Deus
(Ag. 1:13,14).
“Ora, os profetas Ageu e Zacarias, filho de Ido, profetizaram
124
aos judeus que estavam em Judá e em Jerusalém, em nome do Deus
de Israel, cujo Espírito estava com eles.
Então, se dispuseram Zorobabel, filho de Sealtiel, e Jesua,
filho de Jozadaque, e começaram a edificar a Casa de Deus, a qual
está em Jerusalém; e, com eles, os referidos profetas de Deus, que os
ajudavam (Ed. 5:1,2).
Eles começaram a reconstruir o templo no segundo ano
de Dario e o terminaram no sexto ano de Dario. Deus havia
prometido, profeticamente, que Zorobabel iria iniciar e terminar a
reconstrução do templo:
“As mãos de Zorobabel lançaram os fundamentos desta casa,
elas mesmas a acabarão, para que saibais que o SENHOR dos
Exércitos é quem me enviou a vós outros” (Zc 4.9).
A unção profética ativou a unção apostólica na vida de
Zorobabel, e capacitados de modo sobrenatural pelo Senhor,
realizaram essa obra: “O SENHOR despertou o espírito de
Zorobabel... de Josué... e de todo o povo” (Ag 1:13,14). A palavra
“despertar” aqui significa: ‘acordar e tirar do ordinário, do natural’.
Por intermédio da ministração profética, o Senhor os conduziu a
um novo nível de despertamento, acima do nível natural.
À medida que nos movermos na “visão profética”, seremos
elevados para novos níveis de realização, acima do nível natural,
isto é, no nível sobrenatural onde Deus está.
O profético, então, vem para corrigir o curso, para ativar
a missão que o Senhor nos entregou. Esta talvez seja a principal
função do ministério profético: ativação das promessas de Deus e
da missão que recebemos de Deus.

125
3. neemias – o ministério do evangelista

Evangelista é o que prega o evangelho, o que proclama a


Palavra de Deus. No Antigo Testamento, observamos pessoas e
situações que tipificam esse dom.
Noé, por exemplo, anunciou durante 100 anos a vinda do
Dilúvio. No caso de Neemias, não podemos identificar sua missão
principal como tipologia do “evangelista”, talvez ele seja mais um
tipo de “apóstolo” do qualquer outra hipótese, mas temos uma
passagem na ida de Neemias a Jerusalém, que claramente tipifica
o evangelista.
No pedido que Neemias faz ao rei Artaxerxes, para ir a
Jerusalém para reedificar os muros, ele diz:
“E ainda disse eu ao rei: Se ao rei parece bem, dêem-se-
me cartas para os governadores dalém do Eufrates, para que me
permitam passar e entrar em Judá, como também carta para Asafe,
guarda das matas do rei, para que me dê madeira para as vigas das
portas da cidadela do templo, para os muros da cidade e para a casa
em que deverei alojar-me. E o rei mas deu, porque a boa mão do
meu Deus era comigo.
Então, fui aos governadores dalém do Eufrates, e lhes entreguei
as cartas do rei; ora, o rei tinha enviado comigo oficiais do exército
e cavaleiros (Ne 2:7-10).
Nesta passagem, observamos que ele foi ao mundo
(governadores dalém do Eufrates, guarda das matas) com uma
mensagem específica (cartas do rei). É interessante notar que de
todos os líderes que subiram da Babilônia, Neemias foi o único
que fez isso; ele foi o único que subiu com cartas. Ele tinha uma
mensagem específica do rei em suas mãos, e não hesitou em entregá-
la às pessoas. Isso, para mim, é uma “tipologia” do ministério do
evangelista; que sempre se preocupa em ter uma mensagem do Rei
em suas mãos para entregá-la ao mundo.
126
Depois de chegar a Jerusalém, e por três dias fazer um
reconhecimento da situação, Neemias reúne os líderes da cidade
e diz:
Estais vendo a miséria em que estamos, Jerusalém assolada,
e as suas portas, queimadas; vinde, pois, reedifiquemos os muros de
Jerusalém e deixemos de ser opróbrio.
E lhes declarei como a boa mão do meu Deus estivera
comigo e também as palavras que o rei me falara. Então, disseram:
Disponhamo-nos, e edifiquemos. E fortaleceram as mãos para a boa
obra (Ne 2:17,18).
Mais uma vez, observamos uma tipologia do “evangelista”. Ele
vê a condição de miséria e então “declara” (proclama); primeiro seu
testemunho pessoal (como a mão do meu Deus estivera comigo), e
segundo as palavras do rei (de modo figurado, o evangelho).
O termo “evangelista” vem da palavra grega evanghelistes,
literalmente significa “pregador do evangelho”. Além da lista de
dons de ministério em Efésios 4.11, esse termo aparece mais duas
vezes no Novo Testamento; em Atos 21:8, referindo-se a Felipe
como um “evangelista” e em 2 Timóteo 4:5, onde Paulo recomenda
que Timóteo fizesse a obra de um evangelista.
Entendemos pelo significado do termo e pelo seu uso
no Novo Testamento, que “evangelista” é aquele que tem como
ministério principal o “anunciar do evangelho aos perdidos”.
Se observarmos a história da Igreja, vamos descobrir
inúmeras pessoas que marcaram o mundo através desse ministério.
Homens como João Wesley, D. L. Moody, Charles G. Finney,
Spurgeon e muitos outros que revolucionaram o mundo. A estes,
podemos acrescentar nomes contemporâneos como Billy Graham,
T. L. Osborn, Oral Roberts, para citar apenas alguns. Todos eles
foram tremendos instrumentos nas mãos do Senhor, para, através
do ministério evangelístico, trazerem um grande avivamento de
conversão de almas.
127
Quando pensamos, portanto, na restauração do ministério
evangelístico, não queremos dizer, que nestes últimos dias o
Senhor estará levantando mais Finneys, Wesleys e Billy Grahams.
Por mais que homens como eles sejam bem-vindos em qualquer
época da História, não é exatamente isto o que está acontecendo.
Na verdade, o Senhor está restaurando a “unção do evangelista”
em todo o corpo de Cristo.
A Igreja apaixonada necessariamente tem de ser uma Igreja
proclamadora. Tem de ser uma Igreja que tenha consciência de que
possui “uma carta do rei” (mensagem do evangelho), e que precisa
proclamá-la ao mundo. A Igreja Noiva que ama o seu Noivo,
automaticamente ama também o que ele ama. Jesus é apaixonado
pelas almas perdidas deste mundo, portanto, esta deve ser também
a nossa paixão.
Um fato muito interessante sobre o termo “evangelista” é
que em todo o Novo Testamento, a única pessoa que recebe esse
“título” é Filipe. Ele não era “apóstolo”, nem fazia parte do círculo
de liderança pastoral da igreja de Jerusalém. Ele era um dos
diáconos da igreja. Veja bem, aqui está esse irmão, que é dedicado
ao serviço diaconal da igreja; então vem a perseguição, e ele tem de
fugir da cidade. Ele vai a Samaria e lá começa a pregar o evangelho.
Grandes sinais e maravilhas acontecem, e o resultado foi a
conversão de uma grande multidão. Este é o registro da primeira
“cruzada” evangelística do Novo Testamento. No livro de Atos,
esse mesmo Filipe está residindo em Cesaréia, e é chamado de “o
evangelista” (21:8). Aí está o modelo de “evangelista” que temos no
Novo Testamento. Ele não é uma “grande estrela”, não é o centro
das atenções, ele é apenas “Filipe, o evangelista”. Um membro do
corpo enviado para ganhar almas.
Atualmente, sem que percebamos, existem milhares de
“Filipes” sendo levantados por Deus no mundo. Deus está
preparando um exército de ganhadores. Pessoas comuns, que
128
amam o Senhor, e que têm um ardor em seus corações pelas almas
perdidas. Isto me faz lembrar uma história, que ouvi alguns anos
atrás, de um pastor chinês. Falava sobre o crescimento da Igreja
na China, e ele relatou o seguinte testemunho: havia uma menina
crente, que morava em uma vila onde todos trabalhavam em uma
grande mina de carvão. O trabalho dela na mina era ficar em uma
cabina do lado de fora, e tocar o sinal em horas específicas, como
almoço, intervalo do café da tarde, e final de expediente. Todos
os dias ela à mina com seu pai e seus irmãos. Eles entravam na
mina para trabalhar e ela ficava na cabina, sempre prestando muita
atenção no relógio, para tocar o sinal na hora certa. Um dia, no
meio da tarde, ela ouviu uma voz, que dizia: “toque o sinal agora”.
Ela ficou muito assustada, pois sabia que não era a hora certa de
tocar o sinal, e se ela fizesse isso, todos os trabalhadores sairiam da
mina, e ela estaria em sérios problemas. Mas a voz era insistente,
e depois de algum tempo, ela tocou o sinal. Todos os milhares de
trabalhadores saíram e ficaram no grande pátio fora da montanha.
Um minuto depois, aconteceu um grande terremoto e a mina
desmoronou. Todas aquelas vidas foram salvas. Então eles se
reuniram ao redor da cabina daquela menina, e alguns começaram
a se curvar diante dela. Sem saber o que fazer, ela correu para sua
casa e chamou sua mãe, que era uma líder de célula. Imediatamente,
sua mãe foi com ela até a mina. Ela pregou o evangelho para aqueles
milhares de trabalhadores, e todos se converteram. Aleluia! Essa
mãe e sua filha tipificam os “Filipes” que Deus está levantando em
todo o mundo.
Talvez nunca vejamos seus nomes em cartazes ou em
livros, mas eles estão aí. Nos campos, nas cidades, nas favelas,
nos hospitais, nas prisões, nos campos missionários. A Igreja dos
últimos dias, certamente estará visualizando um grande exército de
“Filipes” marchando por toda a Terra. Ganhando e consolidando
vidas para Jesus.
129
4. josué – o pastor

Josué é o sacerdócio restaurado no tempo da reforma.


Representa o cuidado com o povo no relacionamento com Deus.
Neste sentido, ele é uma figura do ministério pastoral. O termo
“pastor” foi instituído entre os evangélicos como um título.
Praticamente, todas as pessoas que estão no ministério ou já são
“pastores” ou desejam se tornar ou, ao menos, serem chamados
de “pastores”. Mas quando estamos falando do “dom ministerial
pastoral”, concedido por Cristo, estamos falando de algo
completamente diferente.
Neste sentido nunca se precisou tanto de “pastores” quanto
nos dias atuais. Há muitas pessoas dirigindo igrejas e ministérios,
mas, na verdade, existem poucos pastores.
Muitas pessoas têm um ministério genuíno, mas estão no
lugar errado. Pessoas, por exemplo, que são evangelistas, e que
deveriam estar lá nas ruas, ganhando almas, estão trancadas nos
gabinetes pastorais, para ganharem reconhecimento e sustento.
Outros, por exemplo, com chamado apostólico para o corpo de
Cristo, estão trabalhando anos a fio, construindo uma igreja local,
para terem uma base de sustento, e assim poderíamos citar muitos e
muitos exemplos de pessoas ocupando “cargos pastorais” enquanto
seu verdadeiro chamado está muito longe desse ministério. O
resultado é frustração para o povo e para o ministro. De outro,
vemos aqueles que na verdade não têm chamado algum, mas que
por uma circunstância (influência, prosperidade material, política,
sobrenome) receberam o “título” de pastores. Nestes casos, o
resultado é devastador para o corpo de Cristo: “Muitos pastores
destruíram a minha vinha e pisaram o meu quinhão; a porção que
era o meu prazer, tornaram-na em deserto” (Jr 12.10).
Mas, nestes dias de reforma, em primeiro lugar, Deus está
trazendo correção (o prumo está na mão de Zorobabel):
130
“Ai dos pastores que destroem e dispersam as ovelhas do
meu pasto! – diz o SENHOR. Portanto, assim diz o SENHOR,
o Deus de Israel, contra os pastores que apascentam o meu povo:
Vós dispersastes as minhas ovelhas, e as afugentastes, e delas não
cuidastes; mas eu cuidarei em vos castigar a maldade das vossas
ações, diz o SENHOR” (Jr 23:1,2).
O Senhor esta trazendo restauração ao ministério pastoral:
“Dar-vos-ei pastores segundo o meu coração, que vos
apascentem com conhecimento e com inteligência” (Jr 3:15).
A geração de pastores, que o Senhor está levantando,
não está atrás de títulos ou reconhecimento humano, mas sim
interessada em edificar vidas, consolidando-as no Reino de Deus.
Essa geração está sendo formada por pessoas de todos os níveis
sociais, econômicos e culturais.
Um dos aspectos importantes da figura de Josué como
pastor, é que ele era também o Sacerdote. Por isto o vemos diante
do Senhor com roupas sacerdotais, na visão de Zacarias capítulo
4. O sacerdote é aquele que vem diante de Deus para adorar e para
interceder pelo povo, e também para ouvir de Deus e levar para o
povo.
Deus está mais e mais revelando aos pastores em nossos dias,
que o lugar deles é no altar, buscando a presença de Deus. Estes
homens e mulheres de Deus estão entendendo que o tempo no
lugar secreto ou na sala de oração é um tempo investido, fazendo
a coisa primária e mais importante dos seus ministérios pastorais:
adorar e interceder. E que é deste lugar que todas as suas atividades
pastorais fluem com efetividade.

131
5. esdras – o mestre

A tipificação da importância do ministério do Mestre para


que a Igreja seja, realmente, restaurada e reformada, está na
pessoa de Esdras. Esdras vai a Jerusalém com o segundo grupo
de remanescentes, quando Artaxerxes era rei na Babilônia, e a
reconstrução do templo já havia sido concluída. Ele é identificado
como escriba, versado na lei de Moisés. Esse servo de Deus teve
uma visão ao subir a Jerusalém:
“Esdras tinha disposto o coração para buscar a lei do SENHOR,
e para a cumprir, e para ensinar em Israel e seus estatutos e os seus
juízos” (Ed 7:10).
“E disseram a Esdras, o escriba, que trouxesse o livro da lei de
Moisés, que o SENHOR tinha prescrito a Israel. Esdras, o sacerdote,
trouxe a lei perante a congregação, tanto de homens como de
mulheres e de todos os que eram capazes de entender o que ouviam
(Ne 8:1,2).
Foi sob o “ministério de ensino” de Esdras que a reforma
realmente aconteceu. Pois eles restauraram o templo e o serviço
religioso no templo, mas o estilo de vida deles continuava o
mesmo. Foi somente quando Esdras (ensino) chegou que houve
uma mudança radical no estilo de vida, eles abandonaram os
relacionamentos errados e fizeram uma nova aliança com o Senhor
(veja Esdras 9 e 10).
É importante ressaltar, realmente, que o que restaurou o povo
de Deus, permitindo que eles continuassem dentro do seu destino
como nação, foi a “reforma” de Esdras e não a reconstrução física
do templo, por mais que ela tenha sido importante. Foi com Esdras
que eles abandonaram os casamentos ilícitos e fizeram uma total
purificação nas famílias de Israel, restaurando a identidade que já
estava sendo perdida.
Antes de Esdras, o ministério profético estava lá (Ageu
132
e Zacarias), o ministério apostólico estava lá (Zorobabel),
o ministério pastoral estava lá (Josué). Mas nenhum desses
ministérios era capaz de produzir o que o ministério de ensino
(Esdras) produziu.
Nada, no corpo de Cristo, substitui o ensino ungido da
Palavra de Deus. É no estabelecimento desse ministério, que está
o verdadeiro enraizamento da reforma. Reforma, sem ensino, é
como construir uma casa sobre a areia, não resiste ao tempo (veja
Mateus 7:26,27). A Igreja que está sendo edificada, nos dias atuais,
resistirá a todos os ataques; ela é a Igreja que ama o ensino da
Palavra.
“Não cesses de falar deste livro da lei; antes, medita nele dia
e noite, para que tenhas cuidado de fazer segundo tudo quanto
nele está escrito; então, farás prosperar o teu caminho e serás bem-
sucedido” (Js 1:8).

133
Capítulo 10

INTIMIDADE; NOSSO DESTINO FINAL

O amor de Deus pelo seu povo é declarado, muitas e muitas vezes


na Bíblia. Jesus, em uma das suas últimas palavras na terra, antes
de sua morte e ressurreição, fala com Deus Pai sobre este profundo
amor:
“Não rogo somente por estes, mas também por aqueles que
vierem a crer em mim, por intermédio da sua palavra... Para que
o mundo conheça que tu me enviaste e os amaste, como também
amaste a mim.” (Jo 17:20, 23).
Jesus conclui sua oração declarando que Ele nos fez conhecer
o nome do Pai Celestial, para que o mesmo amor que existe na
relação do Pai e Jesus esteja também em nós, suas palavras foram:
“Eu lhes fiz conhecer o teu nome e ainda o farei conhecer, a
fim de que o amor com que me amaste esteja neles, e eu neles esteja”
(Jo 17:28).
Jesus pagou o preço por nosso pecado na cruz, removendo
nossa natureza pecaminosa, e nos fazendo uma nova criatura, para
que ele pudesse ter Intimidade conosco. Para podermos ser um
com Ele.
A concretização desta união intima entre Deus Filho e seu
povo, acontecerá de uma forma plena, quando Ele romper os céus
135
e voltar novamente. Neste dia, seremos fisicamente transformados
na mesma natureza de Cristo, e aquilo que hoje só acontece
em parte, acontecerá plenamente; nossa união espiritual com
nosso Redentor. A Bíblia descreve este dia, como sendo o dia do
“Casamento do Cordeiro”.
O que é maravilhoso, é que já somos, mesmo ainda estando
aqui na terra ‘a Noiva de Jesus’, e que o crescer em intimidade com
Ele já é uma possiblidade. Mais do que isso, é o que arde no coração
de Jesus. Ele expressa claramente que ama e deseja ter intimidade
conosco.
Paulo descreve esta realidade de forma muito clara e
profunda. Já citamos este verso no capítulo 4, mas convém olhar
novamente para ele, com um pouco mais de detalhes:
“Pois tenho ciúmes de vocês, com ciúmes de Deus. Pois eu
noivei vocês a um marido, para que eu apresente vocês como virgem
pura a Cristo.” (2 Co 11:2 – versão do autor).

1. noivei vocês com um marido

Você é aquele que Ele deseja. O coração ardente do Deus


eterno, queima de paixão e desejo por você. Ele quer você como
parceiro íntimo, para sempre. Ele tem uma santa obsessão por
você. Ele deixou sua forma de Deus para vir aqui, buscar você.
O desejo de Jesus por você é visto claramente no fato de que Ele
escolheu você como eterna companheira e recebeu você como sua
Noiva.
Isto nos convida a reinterpretarmos nossas vidas de uma
forma totalmente diferente; à luz desta santa obsessão. Isto redefine
tudo sobre nós: Vemos a Paixão de Deus e seu desejo, e vemos
a nós mesmos como uma virgem, e uma noiva desejada. Nossa
imagem de Deus e nossa imagem de nós mesmos muda quando
136
vemos estas duas verdades.
Se começarmos a ver a nós mesmos e a nossos irmãos,
nossos companheiros de fé, a partir desta ótica, passaremos a viver
e a processar todas as coisas de uma forma radicalmente diferente.
Somos dele, e Ele é nosso. Seu amor por nós é perfeito
e imutável. Somos trazidos para seu reino, para vivermos em
Intimidade com Ele, e isto deveria ser a única coisa que importa.

2. para que apresente vocês como virgem


pura a cristo

Paulo está aqui descrevendo nossa nova natureza em Cristo


Jesus; em Cristo somos feitos novas criaturas, as coisas velhas já
passaram; tudo se fez novo (2 Co 5:17).
Esta é uma verdade legal, declarando como aparecemos
diante da corte de Deus. Legalmente somos declarados virgem
pura, pelo dom da justificação. Isto aconteceu instantaneamente
no dia em que nascemos de novo. Isto é uma dádiva gratuita de
Deus.
Esta justificação não pode ser melhorada. Ela já é total e
perfeita, pois vem a nós pelo sangue de Jesus derramado na cruz; o
perfeito sacrifício; Não importa o que tenhamos sido no passado;
ao entrarmos em relacionamento com Deus, através dos méritos
de Jesus Cristo, somos feitos puros; nosso velho homem com seus
feitos morre, e em seu lugar, renasce um novo homem, re-criado
em Cristo Jesus.
Tudo que poderia impedir as afeições de Deus por nós, e
tudo que poderia atrair a ira de Deus contra nós, é removido. Toda
questão legal que poderia impedir Deus de nos receber é removida.
“E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura, as coisas
antigas já passaram, eis que se fizeram novas.”
137
Ora, tudo provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo
por meio de Cristo e nos deu o ministério da reconciliação, a sabe,
que Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não
imputando aos homens as suas transgressões, e nos confiou a palavra
de reconciliação” (2 Co 5:17-21).

3. livres do medo de rejeição

Estas duas verdades, vistas no ponto 1 e 2, são fundamentais


para nossas vidas, pois elas desarmam uma das nossas emoções
mais poderosas, que é, medo de rejeição tanto da parte de Deus
como de pessoas. Medo é uma poderosa força destrutiva.
Nossa identidade espiritual é a de amados de Deus.
Descobrimos com isto que não somos mais escravos do pecado que
lutam para amar a Deus, mas sim que somos pessoas que amam a
Deus com sinceridade, mas que ainda batalham um pouco com o
pecado.
Ao aceitarmos esta verdade bíblica de que somos verdadei-
ramente a “noiva de Jesus Cristo”, chamados e destinados para In-
timidade com Ele, e que isto não depende das nossas realizações
passadas, presentes ou futuras, ficamos livres do medo de rejeição,
e viveremos a vida feliz e plena que Jesus deseja para nós: “Tenho
vos dito estas coisas para que a minha alegria permaneça em vocês,
e a vossa alegria seja completa.” (Jo 15:11).

conclusão

O chamado para Intimidade com Jesus e a identidade de


Noiva do cordeiro, são duas faces da mesma moeda. Estas duas
realidades, já estão em operação em nossas vidas, e também se
138
manifestarão plenamente na era que está por vir.
Intimidade e nosso destino como Noiva de Cristo não podem
ser separados. A preparação da Noiva é o óleo da intimidade.
Quando você cresce em intimidade com Jesus, você começa
a acumular óleo que vai iluminar a lamparina da sua alma. É
necessário que a chama do fogo do Senhor esteja acessa em nossos
corações.
A igreja, na parábola de Jesus em Mateus 25, era composta
de 10 virgens; cinco sábias, cultivavam em sua jornada o óleo da
Intimidade, as outras cinco, eram tolas, que não tinham nenhum
óleo acumulado, seus depósitos estavam vazios. Quando o Noivo
chegou, somente as que tinham o óleo da intimidade, entraram
para o a consumação do casamento.
Priorizar sua vida, para acumular óleo de Intimidade, é a
decisão mais sabia e de maior valor que você pode tomar. Nada é
tão digno do uso do seu tempo diário, como o cultivar do óleo da
Intimidade.
Quero te dar os parabéns por ter chegado ao final deste
livro. Isto já mostra que você está com desejo, com fome por mais
Intimidade com Jesus. Quero recomendar que você não pare aqui.
Continue buscando, continue investindo seu tempo para acumular
óleo; leia e medite na Bíblia, gaste tempo diário no lugar secreto,
participe ativamente da vida da sua igreja local e use os dons que o
Senhor te deu para servi-lo.
Temos também mais alguns recursos que irão te ajudar
nesta caminhada. Confira nosso site: www.paixaoporjesus.com,
lá você vai encontrar muitos recursos que te ajudarão a crescer em
Intimidade e na Identidade de Noiva de Cristo.

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