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JOSÉ PESSOA

E
FERNANDO MARTINEZ

MAN UAL
DOS CANDIDATOS AO
BAPTISMO

2ª EDIÇÃO
BREVE CONSIDERAÇÃO:

Este manual foi elaborado pelos pastores JOSÉ PESSOA e FERNANDO


MARTINEZ. Como forma de conservar esta ilustre obra, Informatizou-se este
manual que tem no seu conteúdo algumas notas complementares para auxiliar o
professor na compreensão das matérias em análise.

Os textos escritos em clareado que se encontram nas páginas 8 não fazem parte do
manual original, foram inseridos para auxiliar o professor a complementar as matérias
em estudo.

Na página 7, estão inceridos os livros do Antigo e Novos Testamento com as suas


divisões. Estes não fazem parte do manual original, mas achamos conveniente inserí-los
porque os Candidatos ao Baptismo já aprenderam na classe anterior, isto é, na Triagem.
Apenas vão rever o que aprenderam antes.

Obrigado

Professor Gabriel Dimande 1


ÍNDICE DAS ABREVIATURAS DA BÍBLIA
USADAS NESTA OBRA

ANTIGO TESTAMENTO

Gn Génesis Ecl Eclesiates


Êx Êxodo Ct Cantares de Salomão
Lv Levítico Is Isaías
Nm Números Jr Jeremias
Dt Deuteronómio Lm Lamentação de Jeremias
Js Josué Ez Ezequiel
Jz Juizes Dn Daniel
Rt Rute Os Oseas
1 Sm 1 Samuel Jl Joel
2 Sm 2 Samuel Am Amós
1 Rs 1 Reis Ob Obadias
2 Rs 2 Reis Jn Jonas
1 Cr 1 Crónicas Mq Miquéas
2 Cr 2 Crónicas Na Naum
Esd Esdras Hab Habacuc
Ne Neemias Sf Sofonias
Est Ester Ag Ageu
Job Job Zc Zacarias
Sl Salmos Ml Malaquias
Pr Provérbios

NOVO TESTAMENTO

Mt 1 Tm 1 Timóteo
Mateus
Mr 2 Tm 2 Timóteo
Marcos
Lc Tt Tito
Lucas
Jo Fm Filemon
João
Act Hb Hebreus
Actos
Rm Tg Tiago
Romanos
1 Co 1 Pd 1 Pedro
1 Coríntios
2 Co 2 Pd 2 Pedro
2 Coríntios
Gl I Jo 1 João
Gálatas
Ef 2 Jo 2 João
Efésios
Fl 3 Jo 3 João
Filipenses
Cl Jd Judas
Colossenses
1 Ts Ap Apocalipse
1 Tessalonicenses
2 Ts 2 Tessalonicenses

Professor Gabriel Dimande 2


PREFÁCIO

ESGOTOU-SE há alguns anos a primeira edição deste livro recebido, aliás, com
bastante interesse, particularmente no ceio das Assembleias de Deus em Portugal, e
também no estrangeiro, onde trabalham muitos dos nossos compatriotas que professam
a fé evangélica.
Com o aumento constante de pessoas que aderem ao cristianismo bíblico, torna-se
mister uma nova edição do presente trabalho, o qual se encontra escrito de maneira
simples e concisa para se evitar a consulta de manuais doutrinários pouco acessíveis aos
nossos convertidos.
Sobretudo os candidatos ao baptismo receberão ajuda espiritual na obtenção de
conhecimentos fundamentais para sua vida cristã ao lerem e estudarem o conteúdo de
Manual dos Candidatos ao Baptismo.
Tendo outrossim em mente as heresias e falsos cultos que proliferam na nossa pátria,
procuramos esclarecer o leitor acerca de algumas dessas crenças espúrias “para que não
sejam vencidos por Satanás; porque não ignoramos os seus ardis” (2 Cor 2:10, 11).
Entendemos ainda que o crente de confissão pentecostal necessita inteirar-se da razão
por que assim é chamado, e como nasceu e se propagou através do mundo esse
Movimento do Espírito Santo.
Manual dos Candidatos ao Baptismo não se destina apenas aos neófitos, mas também
a inúmeros cristãos já membros de igrejas locais, os quais muito terão a aprender (ou a
reaprender) com a sua leitura.

OS AUTORES

Lisboa, Março de 1987

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INTRODUÇÃO

QUEM se arrepende verdadeiramente dos seus pecados e os confessa ao Senhor,


colocando sua fé na pessoa e obra expiatória de Cristo efectuada no calvário, beneficia
da salvação, que é fruto da graça de Deus (Is 1:16 / Lc 24:46, 47 / Act 3:19 / Rm 5:1,
10:9, 10 / Ef 2:8, 9 / Jo 5:13).
A pessoa que crê de coração em Jesus, recebendo-o como salvador, nasce de novo, isto
é, torna-se filho de Deus, passando a ser, por consequência, nova criatura em Cristo (Jo
1:11-13; 3:3-7 / 2 Cor 5:17).
Para o baptismo, e o consequente ingresso do crente como membro da igreja local, não
se exige outra condição do que a mencionada na Bíblia “... a conversão à Deus e a fé em
nosso Senhor Jesus Cristo” (Act 20:21).
Claro que quem deseja baptizar-se deverá estar convertido ao Senhor e não meramente
convencido da verdade do Cristianismo. É que o convencido pode gostar da fé Cristã,
mas não a pratica; a pessoa convertida, todavia, sujeita-se voluntária e alegremente a
Jesus, seu salvador e Senhor, obedecendo-lhe em tudo (Jo 14:15, 23 / 15:14 / I Jo 2:3-
6).
Desde que o novo convertido produza frutos de arrependimento, desde que apresente
evidências concretas da salvação, deverá solicitar o baptismo, o qual é uma das
ordenanças deixadas pelo Senhor à sua Igreja (Mt 3:7, 8 / 28:17-20 / Mr 16:15, 16).
Na Cristandade há diversos grupos religiosos que baptizam as pessoas sem estarem
convertidas, sem demonstrarem a salvação mediante uma vida transformada pelo poder
do evangelho. Ora isso é bastante prejudicial à Igreja e contrário à Palavra de Deus.
Qualquer indivíduo que assiste a um culto evangélico pela primeira vez, e, num
momento de emoção, revele o desejo de se tornar membro dessa igreja, é baptizado nas
águas de imediato ou pouco tempo depois.
Não se cuida de saber se tal pessoa viveu durante anos na idolatria ou em práticas
ocultas (como o Espiritismo); não se liga importância ao facto de ter acaso professado
ensinos heréticos como, por exemplo, os das “Testemunhas de Jeová”, ou seguido
religiões não cristas, como o Hinduísmo, o Budismo, o Islamismo...
Quem baptiza precipitadamente meros simpatizantes do Evangelho, os quais ignoram os
rudimentos da Fé Cristã, ou, até, permanecem na imoralidade e corrupção, assume uma
tremenda responsabilidade diante de Deus.

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Como argumento de que o baptismo não deve ser recusado a quem o pede, pois é o
Espírito Santo que faz o obra nos corações, proporciona-se a multidão de inconversos a
sua admissão na Igreja sem qualquer experiência de salvação. Para as estatísticas de
determinados grupos o que conta é a quantidade e não a qualidade dos “ discípulos”...
Em certos meios eclesiásticos, o povo em massa era outrora forçado a baptizar-se (“crés
ou morres”); agora dão-se todas as facilidades aos novos cristãos, apresentando-se-lhes
um caminho cada vez mais largo, em vez do apertado, do estreito que conduz à vida (Mt
7:13, 14 / 16:24, 25). Isso é um crasso erro que muitos já estão a pagar carro.
Resumindo, entendemos ser uma grande imprudência baptizar quem ignore as verdades
fundamentais da Escritura Sagrada ou dê mau testemunho do Evangelho. Só se deve
ministrar o baptismo aos crentes que hajam morrido para o pecado e ressuscitado para
uma nova vida em Cristo (Rm 6:2-11).
II
SSíínntteessee D
Doouuttrriinnáárriiaa
1. DEUS (Deus Pai)
A imensidão do Universo, a sua maravilhosa beleza, a perfeita ordem existente nos
cosmos revelam que um Criador, um Legislador sábio e Todo-Poderoso fez do nada
todas as coisas. Esse Ser supremo (Causa das causas) é Deus.
O salmista David escreveu inspirado pelo Espírito Santo: “Os céus manifestam a glória
de Deus e o firmamento anuncia a obra das suas mãos” (Sl 19:1).
Ensina a Bíblia que Deus é Espírito infinito e perfeito, eterno e imutável; que é
omnipotente, omnipresente e omnisciente, ele é santidade, rectidão, justiça, amor,
bondade, sabedoria e verdade (Dt 18:13 / 32:4 / I Sm 2:3 / Sl 90:2 / 119:137 / 139:1-12 /
Is 6:3 / Ml 3:6 / Jo 3:16 / I Jo 4:8).
Deus criou os Céus e a Terra, o Universo.
Todas as coisas visíveis e invisíveis saíram das mãos do Senhor. Ele dirige e governa a
criação pela Sua sábia e santa providência (Gn 1:1 / Sl 8:3 / Act 14:15 / Cl 1:16 / Hb
1:2, 3).
A existência do único Deus vivo e verdadeiro está definido nas Escrituras, as quais
revelam que Ele subsiste nas pessoas do Pai, Filho e Espírito Santo (Dt 6:4 / Mt 3:16, 17
/ 28:19 / 2 Cor 13:13 / I Tm 2:15 / I Jo 5:7, 20).
Ensina a Bíblia Sagrada que Deus preparou um plano através do qual o homem poderá
salvar-se. Esse plano inclui Jesus, o qual morreu no calvário pelos pecados da

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humanidade e ressuscitou para a nossa justificação (Jo 3:16 / Rm 4:24, 25 / I Cor 15:1-
4).
2. JESUS (Deus Filho)
Nasceu há quase vinte séculos, na terra de Israel, a personagem mais extraordinária de
todos os tempos, a qual mudou o curso da História, inclusive a própria Era que se
designa pelo Seu nome. Trata-se do Senhor Jesus Cristo.
Quem é, afinal, Jesus? Quando o Senhor perguntou aos seus discípulos quem pensavam
ser Ele, ouviu do apóstolo Pedro a seguinte confissão: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus
vivo” (Mt 16:16).
A Bíblia revela a Divindade de Cristo (Jo 1:1-3 / 5:17-18 / 10:30-38 / 14:9 / 20:27, 28 /
Rm 9:5 / Fl 2:5, 6 / Cl 2:9 / Tt 2:13 / Hb 1:1-8 / 2 Pd 1:1 / 1 Jo 5:20). Jesus é
efectivamente o Filho de Deus (Mt 16:16 / Jo 1:18, 34).
A fim de concretizar a nossa eterna salvação, o Verbo (Segunda Pessoa da Trindade)
encarnou, sendo concebido da virgem Maria por um milagre de Deus. Na pessoa de
Jesus consubstanciam-se duas naturezas: a humana e a divina (Mt 1:18, 21-23 / Jo 1:1,
14 / Gl 4:4, 5 / Fl 2:5-8 / 1 Tm 3:16 / 1 Pd 2:22).
As Escrituras Sagradas dão testemunho do nascimento virginal de Jesus, da Sua vida
perfeita (sem pecado) e dos milagres por Ele operados (Is 7:14 / Mt 1:23 / Lc 1:30-35 /
Jo 8:46 / Act 2:22 / 10:38 / 1 Pd 2:22).
O sacrifico expiatório do Senhor Jesus, consumado no Gólgota, foi efectuado pelos
pecados de toda humanidade, sendo o mesmo a base única de salvação. Cristo teria de
verter o Seu sangue em lugar do ser humano, pois de outra maneira não haveria
remissão de pecados (Rm 5:6-11 / 1 Cor 15:3 / Hb 9:11-22).
Jesus, o Cordeiro de Deus, o santo e imaculado, sacrificou-se na ara do Calvário,
mostrando Deus assim que ninguém receberá a vida eterna pelos seus méritos e actos. O
pecador é salvo pela graça divina, mediante a fé na pessoa e obra de Cristo (Jo 1:29 / 1
Pd 1:18, 19 / 3:24, 25 / 6:23 / Ef 2:8, 9).
Ele morreu e foi sepultado, mas ressurgiu ao terceiro dia dentre os mortos (Lc 24:1-6 / 1
Cor 15:3-5). A ressurreição corpórea de Jesus prova a Sua Divindade. Todos os
fundadores de religiões, como por exemplo: Buda, Zoroastes e Maomé, morreram e
seus corpos jazem no túmulo.
Quanto a Jesus Cristo, apesar de violentamente morto numa cruz, sepultado e o Seu
corpo guardado por agentes de autoridade, não continuou inerte no sepulcro. Ele

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ressuscitou e esteve quarenta dias com os Seus discípulos (dando-lhes as últimas
instruções) antes de ascender ao Céu.
Aí se encontra à dextra de Deus Pai, onde intercede por nós, como único Advogado e
Mediador, prometendo voltar um dia a fim de buscar Sua Igreja, e, mais tarde, julgar os
vivos e os mortos (Mt 27:57-66 / 28:1-7 / Lc 24:46-52 / Act 1:1-11 / 10:42 / 17:30-31 /
Cl 3:1 / 1 Tm 2:5 / 1 Jo 2:1, 2).
Se Ele ficasse na sepultura, não podíamos desfrutar a certeza da vida eterna nem a
vitória sobre a morte, e estaríamos perdidos (1 Cor 15:17, 18). Seríamos, nesse caso, as
mais miseráveis de todas as criaturas, como o são hoje os seguidores das religiões que
não têm Cristo como fundamento da esperança eterna (1 Cor 15:19). Graças a Deus que
Jesus ressuscitou, está vivo e intercede pelo seu povo (Act 2:31, 32 / 1 Cor 15:4-8, 20-
23 / Hb 7:25).
Cristo promete estar connosco todos os dias até a consumação dos séculos (Mt 28:20).
Aonde se encontrarem duas ou três pessoas reunidas no Seu nome, Jesus estará no meio
delas (Mt 18:20). E isso é possível por intermédio do Espírito Santo.
3. O ESPÍRITO SANTO (Deus Espírito Santo)
O Espírito Santo (Uma das pessoas da Trindade Divina), revela, glorifica e dá
testemunho de Cristo, guiando-nos em toda verdade. Ele convence as pessoas do
pecado, regenerando as que se arrependem e crêem em Jesus (Mt 28:19 / Jo 3:5, 6 /
14:26 / 15:26 / 16:7, 8, 13, 14 / Tt 3:5, 6).
É através do Espírito Santo que Jesus está presente na Igreja e habita no crente (Mt
18:20 / Gl 2:20 / Rm 8:9, 10 / 1 Cor 6:19 / 2 Tm 1:14). O Espírito dá-nos a certeza da
salvação (Rm 8:16), santifica-nos (1 Cor 6:11 / 1 Pd 1:2) e ajuda-nos (Rm 8:26).
Na Bíblia, o Espírito Santo é designado também por Espírito de Deus (Rm 8:9, 14),
consolador (Jo 14:16, 26 / 15:26 / 16:7), Espírito de Cristo (Rm 8:9), Espírito de
Verdade (Jo 14:17 / 15:26 / 16:13), etc.
As Escrituras falam do fruto do Espírito (Gl 5:22 / Ef 5:9) e dos dons do Espírito. Vede
os capítulos 12 e 14 da 1ª Epístola aos Coríntios. O enchimento e baptismo no Espírito
Santo são grandes necessidades na vida do cristão (Lc 24:49 / Act 1:4, 5, 8 / 2:1-4 / 6:1-
3 / 7:55 / Ef 5:18).
A plenitude do Espírito Santo não se destinou apenas aos crentes no dia de Pentecostes,
no início da era cristã. Essa promessa é extensiva a todas as pessoas que se convertem
ao Senhor (Mt 3:11 / Act 2:38, 39).

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O baptismo no Espírito Santo evidencia-se pelo sinal inicial de falar em línguas
estranhas, conforme o Espírito concede que se expresse (Mr 16:17 / Act 2:4 / 10:44-46 /
19:6). Mediante esse baptismo o crente é revestido de poder espiritual para poder ser
uma fiel e ousada testemunha de Jesus (Act 1:8 / 4:31).
Escreveu um pensador cristão que o baptismo no Espírito Santo é:
a) Um revestimento de poder (Act 1:8 / Ef 3:16)
b) Um enchimento de amor (Rm 5:5)
c) Um enchimento de alegria (Act 2:46 / 13:52)
d) Um enchimento de sabedoria (Jo 14:26 / 1 Jo 2:27).
4. AS ESCRITURAS SAGRADAS
Cerca de quarenta homens de Deus, num período de 1600 anos (1500 a.C. a 100 d.C),
escreveram por inspiração divina os 66 livros que constituem a Bíblia, 39 dos quais
pertencem ao Velho Testamento e 27 ao Novo.

Nome e divisão dos livros da Bíblia


Velho Testamento – 39 Livros
PENTATEUCO (5 Livros) POÉTICOS (5 Livros)
Génesis Job
Êxodo Salmos
Levítico Provérbios
Números Eclesiastes
Deuteronómio Cantares de Salomão
HISTÓRICOS (12 Livros) PROFETAS MAIORES (5 Livros)
Josué Isaías
Juízes Jeremias
Rute Lamentações de Jeremias
I Samuel Ezequiel
II Samuel Daniel
I Reis PROFETAS MENORES (12 Livros)
II Reis Oséias Obadias Zacarias
I Crónicas Joel Jonas Malaquias
II Crónicas Amós Miquéas
Esdras Sofonias Naúm
Neemias Ester Ageu Habacuc

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Novo Testamento – 27 Livros

EVANGELHOS (4 Livros) EPÍSTOLAS GERAIS (8 Livros)


Mateus Hebreus
Tiago
Marcos I Pedro
Lucas II Pedro
I João
João II João
HISTÓRICO (1 Livro) III João
Judas
Actos dos Apóstolos REVELAÇÃO (1 Livro)
EPÍSTOLAS PAULINAS (13 Livros) Apocalipse
Romanos I Tessalonicenses I Coríntios Tito
II Tessalonicenses II Coríntios I Timóteo
Gálatas II Timóteo Efésios
Filipenses Filémon Colossenses

As versões católicas da Bíblia incluem, no Antigo Testamento, 7 livros apócrifos, os


quais não são dignos de confiança em matéria de fé. A Igreja Católica Romana
considerou-os apenas canónicos no ano de 1546 d.C., durante o Concilio de Trento.
São eles:
Tobias Judite Sabedoria de Salomão Baruque I Macabeus II Macabeus
Eclesiástico (Não confundir com o livro canónico de Eclesiastes)
Esses livros, chamados deuterecanónicos pelos católicos romanos, são fruto da tradição
humana, devendo por isso ser rejeitados. É que a Escritura adverte que nada deve
acrescentar-se ou omitir-se à Palavra de Deus (Dt 12:32 / Pr 30:5, 6 / Ap 22:17, 19).

Entre outras razões, os Judeus nunca admitiram os apócrifos no cânon sagrado do Velho
Testamento. O Senhor Jesus Cristo e os Apóstolos jamais mencionaram esses livros. A
Igreja dos primeiros séculos nunca atribuiu canonicidade aos apócrifos. Nos livros
pretensamente deuterocanónicos há erros históricos, contradições, ficção e lendas, não
se coadunado o seu ensino com a doutrina bíblica.
É bom frisar-se que a tradição religiosa não possui o mesmo valor das Sagradas
Escrituras (Mt 15:3, 6-9 / Cl 2:8).

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As Bíblias católicas têm livros cujos nomes diferem daqueles empregados nas edições
evangélicas. Essa diferença não tem grande importância. Entretanto, como os
protestantes usam também Bíblias de edição católicas, é bom que se dê um quadro
explicativo, que os auxilie no manejo das diferentes edições:

BÍBLIA PROTESTANTE BÍBLIA


CATÓLICA
1, 2 Samuel 1, 2 Reis
1, 2 Reis 3, 4 Reis
1, 2 Crónicas 1, 2 Paralipômenos
Esdras, Neemias 1, 2 Esdras
Lamentações de Jeremias Trenos

Como se vê, é simples questão de nomes, mais ou menos apropriados, segundo o


critério das autoridades que dirigem as edições, e para todos eles há justificativas
históricas e tradicionais.
Notam-se também variações na numeração dos Salmos. Vejamos essas variações num
quadro. Assim:

BÍBLIA CATÓLICA BÍBLIA PROTESTANTE


Sl 9,10 Sl 9
Sl 11-113 Sl 10-112
Sl 114,115 Sl 113
Sl 116 Sl 114,115
Sl 117-146 Sl 116-145
Sl 147 Sl 146,147
Sl 148-150 Sl 148-150

Conclusão: Cancelados os livros apócrifos, as Bíblias católicas e protestantes são


substancialmente idênticas. Basta conferí-las. Aparecem naturalmente variações na
linguagem e até mesmo de sentido, o que é inevitável, em qualquer obra de tradução. A
causa às vezes, está na diferença de competência do tradutor, outras vezes nas variações
das fontes originais.

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Os nossos 39 livros do Antigo Testamento, os católicos chamam protocanônicos. Os
que chamamos apócrifos, eles chamam deuterocanônicos. Os que chamamos
pseudoepigráficos, eles chamam apócrifos. (Os evangélicos chamam de
pseudoepigráficos a um grupo de livros espúrios, nuca reconhecidos pela Igreja
Católica. A esses, essa Igreja chama apócrifos.)
Obs: As informações desta página foram extraídas do manual “Curso de
Aperfeiçoamento de Professores da Escola Dominical” (CAPED), (Edição nº (...), pag.
(...)
Línguas usadas nos Escritos Bíblicos
Originalmente o Antigo Testamento foi escrito no idioma hebraico e o Novo
Testamento no grego, encontrando-se a Bíblia agora traduzida em mais de 1800 línguas
e dialectos.
Esclarece-se o leitor que as citações bíblicas constantes neste livro foram extraídas da
versão de João Ferreira de Almeida, a mais conhecida e divulgada entre os cristãos
evangélicos e portuguêses.
5. ANJOS E DEMÓNIOS

ANJOS
OS ANJOS (mensageiros) são seres espirituais, destituídos portanto de corpo físico,
criados por Deus (Cl 1:16 / Hb 1:4-7, 14) antes da formação do homem, e “ enviados a
favor daqueles que hão-de herdar a salvação”. Em casos especiais podem tomar a forma
humana surgindo assim visivelmente (Gn 18:1-16 / 19:1-5 / Jo 20:11, 12 / Hb 13:2).
São numerosos, existindo várias categorias: anjos propriamente ditos, arcanjos (anjos
principais), serafins e querubins (Mt 4:11 / 28:2-7 / Dn 10:13, 21 / Jd v9 / Ap 12:7 / Is
6:2-7 / Gn 3:24 / Sl 80:1 / 99:1).
Muitas pessoas cultuam os anjos, prática condenada pelas Escrituras Sagradas, visto os
mesmos serem criaturas de Deus (Cl 2:18 / Ap 19:10 / 22:8, 9).
A Bíblia ensina que eles são entes santos (Mt 25:31 / Mr 8:38 / Ap 14:10), poderosos e
obedientes ao Criador (Sl 103:20 / 1 Pd 3:22), e que procuram sempre fazer a vontade
de Deus (Mt 13:39, 41, 49 / Mr 13:27).
No Evangelho segundo Lucas 16:22 notamos que os seres angelicós acompanham os
crentes fiéis ao partirem deste mundo.
O Senhor usou-os no cumprimento de determinadas missões (Gn 3:24 / 19:1, 12, 13 /
Mt 28:1-6 / Mr 1:13 / Lc 1:26-35 / Act 5:19, 20 / 12:6-11 / 27:23, 24).

Professor Gabriel Dimande 11


Eles não possuem sexo (Lc 20:34-36). Os anjos virão com Jesus na Sua segunda vinda
(Mt 16:27 / 24:31 / 25:31) e colaborarão no castigo dos réprobos (condenados) (2 Tm
1:7, 8).

DEMÓNIOS
Quanto aos demónios, os mesmos são espíritos maus (Ef 6:12) que procuram habitar no
homem (Mt 12:43-45). Trata-se de anjos caídos, alguns dos quais (talvez os mais
perigosos) encontra-se em prisão (2 Pd 2:4 / Jd v6) a aguardar o dia do julgamento.

O seu chefe é Satanás, também chamado Diabo, Lúcifer, Tentador, Maligno, Serpente,
etc. Há quem imagine possuir ele características semelhantes à Divindade, como a
omnisciência e a omnipresença, mas isso é um crasso erro. Só Deus tem esses atributos.
Por exemplo, sobre a suposta omnipresença do Diabo, ele apenas pode estar
simultaneamente em inúmeros lugares através dos espíritos malignos, que são os seus
agentes.
Satanás e os demónios estão irremediavelmente condenados ao inferno, lugar aliás
preparado para os tais (Mt 25:41 / Ap 20:10).
Não convém dar lugar ao Diabo (Ef 4:27) nem desafiar ou insultar desnecessariamente
os demónios nos cultos (como alguns fazem), atitude que, no mínimo, prejudica a Obra
de Deus e perturba as reuniões evangélicas. A Palavra do Senhor aconselha, isso sim, a
resistir a Satanás com firmeza da fé (Tg 4:7 / 1 Pd 5:8, 9).
6. O HOMEM
O motivo principal da existência da raça humana é a glória de Deus (Is 43:7). Deus, que
é amor, deseja amar e ser amado pelos entes que criou (1 Jo 4:7-19), para que os tais se
alegrem n’Ele (Sl 9:1, 2 / 32:1).
As Escrituras revelam que o homem é um ser constituído de natureza tríplice: corpo,
alma e espírito (Lc 1:46, 47 / 1 Ts 5:23 / Hb 4:12), ou: matéria e espírito.
Podemos assemelhar-nos, em figura, a um edifício com cave, rés-do-chão, e primeiro
andar. A cave é o corpo – parte inferior do homem. O rés-do-chão é a alma, e o primeiro
andar, o espirito.
O espirito é, consequentemente, a parte mais elevada da criatura humana. Mediante a
alma temos comunhão com as outras pessoas. Por intermédio do espírito comungamos
com Deus, sendo a alma o elemento intermédio entre o corpo e o espírito.

Professor Gabriel Dimande 12


Deus criou o homem inocente, bom, sem pecado. Fê-lo à Sua imagem moral e
semelhança espiritual, mas ele transgrediu o mandamento divino, rebelando-se contra o
Criador por sugestão do Diabo. Procedendo desse modo, incorreu não só na sua morte
física, como também na espiritual e eterna.
Por esse acto de rebelião, os nossos primeiros pais (Adão e Eva) caíram do seu estado
de graça, corrompendo-se, de maneira que toda raça humana veio a ser afectada pelo
pecado (Sl 51:5 / Rm 3:23 / 5:12-21).
Tornámo-nos assim, por natureza, filhos da ira, escravos do pecado e sujeitos à
condenação eterna, a não ser que o Senhor Jesus Cristo nos salve de semelhante estado
(Jo 8:34, 36 / Rm 6:23 / Ef 2:3 / 1 Ts 1:10).
7. PECADO E SALVAÇÃO
Se o pecado não fosse uma triste realidade seria desnecessária a salvação consumada
por Jesus no Calvário.
Pecar é rebelar-se contra o Criador, é transgredir a Lei de Deus, é desobedecer à Sua
vontade, é não crer n’Ele (Jo 16:9 / Rm 5:14, 19 / 8:7). É obvio que se peca através de
pensamentos, palavras e acções.
“Toda iniquidade é pecado” (1 Jo 5:17) e, como declara a Bíblia, as iniquidades do
homem fazem divisão entre ele e Deus (Is 59:2), interrompendo portanto a sua
comunhão com o Todo-Poderoso (Pr 15:29).
O pecado torna-nos culpados diante de Deus (Rm 3:19 / Tg 2:10), e coloca-nos sob a
Sua justa ira (Rm 1:18 / 2:5).
A Bíblia fornece inúmeros exemplos de pecados. Poder-se-á verificar listas de pecados
em Mr 7:21, 22 / Rm 1:29-31 / Gl 5:19-21 / Ef 5:3-5 / Cl 3:5-9, etc.
Deus abomina o pecado (Jr 44:2-4). O pecado “gera a morte” (Tg 1:15) e a escravidão
espiritual (Jo 8:34). O Senhor, todavia, “quer que todos os homens se salvem e venham
ao conhecimento da verdade” (1 Tm 2:3, 4).
A salvação significa, em termos genéricos, livramento de determinado perigo. A
salvação espiritual e eterna procede do amor divino, sendo um acto pelo qual Deus, em
Cristo, liberta o homem do seu estado actual de pecado. É, também, um dom gratuito de
Deus (Jo 3:16 / Rm 6:23).
O ser humano não se salva por praticar obras meritórias ou confiar nos santos, mas por
arrepender-se dos seus pecados, por confessá-los a Deus e depositar a sua fé em Cristo.
As boas obras devem ser fruto natural de uma vida regenerada pelo Espírito Santo, e
não o meio de salvação (Lc 24:46, 47 / Ef 2:8-10 / Tt 3:5-7 / Tg 2:17, 26).

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Jesus é o autor da salvação, a qual se recebe nesta vida, por fé, no acto da conversão,
continuando por toda a eternidade (Jo 3:15, 16, 18, 36 / 5:24 / 10:27-29). Cristo salva-
nos da culpa, penalidade e poder do pecado; livra-nos da ira futura e da morte eterna (Is
53:6 / Jo 3:36 / Rm 5:1 / 1 Jo 1:7-9 / Ap 20:6).
A salvação implica uma transformação espiritual e sobrenatural, processada na alma
humana, e reflectida na vida do crente (Jo 3:3-7 / 2 Cor 5:17 / Ef 4:22-32).
O testemunho directo do Espírito de Deus é a evidência eterna da salvação; e a
evidência externa consiste numa vida justa e santa (Rm 8:16 / Ef 4:24).
Na sua presciência e omnisciência, Deus sabe quem se converterá, todavia isso não
significa que escolha de antemão as pessoas que se irão salvar. Por outro lado, o Criador
não predestina alguém para a condenação eterna. O homem, dotado de livre arbítrio, de
poder de opção, decidirá se deseja ou não aceitar a graça de Deus.
Deus predestinou (destinou de antemão) o meio através do qual a criatura humana é
salva: destinou antecipadamente o plano de salvação. Ele predestinou que os pecadores,
arrependidos e convertidos, fossem adoptados filhos de Deus, em Cristo.
O crente tem, em vida, a certeza da salvação (Jo 3:16, 18, 36 / 5:24 / Rm 8:1 / 1 Jo
5:13).
O Senhor prometeu guardar os Seus filhos (Mt 28:20 / Jo 10:27-29 / Rm 8:35-39 / 1 Cor
1:8), mas estes terão de manter-se fiéis a Ele, visto a perseverança ser condicional (Hb
6:4-6 / 10:26-30 / 2 Pd 1:10 / 2:21).
8. SANTIFICAÇÃO
SEPARAÇÃO, consagração, dedicação, purificação, e serviço são os ingredientes da
santificação, “sem a qual ninguém verá o Senhor”, como no-lo adverte a Bíblia.
Santificação é obra do Espírito Santo que torna puro o coração do crente, habilitando-o
a antegozar as bênçãos espirituais, e, no porvir, a felicidade eterna. Santidade é
sinónimo de separação. Quem se santifica afasta-se cada vês mais do mundo de pecado,
e das suas seduções para se consagrar a Deus (1 Cor 4:1-3 / Tg 4:4 / 1 Jo 2:15-17).
Para tal, é indispensável que o cristão leia com regularidade a Bíblia, ore ao Senhor e
esteja espiritualmente vigilante. Quanto mais ele vive em comunhão com Deus, maior
horror sente pelo pecado e mais se separa das coisas pecaminosas. O Criador é santo e
requer dos Seus filhos que o sejam também (Hb 12:14 / 1 Pd 1:15, 16).
Santificação implica limpeza de toda a imundície (2 Cr 29:5, 15), separação do pecado
(2 Cor 6:17 / 1 Ts 4:3), dedicação e consagração a Deus (Nm 8:17 / Mt 6:24 / Rm 12:1).

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Obtén-se a santificação pela fé na Palavra de Deus (Jo 15:2 / Ef 5:26), no sangue de
Jesus Cristo (Hb 10:10,29) e pela obra do Espírito Santo na nossa vida (Gl 5:16-25 / 1
Pd 1:2).
A santificação é instantânea na altura da conversão (1 Cor 6:10, 11) e ao mesmo tempo
progressiva, esforçando-se o crente, com a ajuda de Deus, para ser cada dia mais
perfeito e santo no seu viver (2 Cor 7:1).
9. ORAÇÃO E CURA DIVINA

ORAÇÃO
JESUS não ensinou o crente a rezar, mas a orar. Rezar é proferir mecanicamente
orações decoradas. Orar é falar de forma espontânea com Deus, é manter comunhão
com o Pai celestial.
O cristão deverá sentir necessidade de dependência divina e de orar com regularidade. A
oração parte de um desejo santo existente no coração dos filhos de Deus, sendo a
expressão de uma vida genuinamente crista, e não de mera religiosidade.
O verdadeiro cristão sente imensa alegria em orar, e aquele que não o faz encontra-se
espiritualmente em perigo. A oração é a arma poderosa colocada por Deus em nossas
mãos a fim de combatermos a tentação. A mesma poderá ser silenciosa ou audível,
particular ou pública.
Orar é adorar a Deus em espírito e em verdade; é agradecer-lhe as bênçãos recebidas,
em especial a salvação; é viver em Cristo e ouvir a Sua voz; é interceder pelo nosso
semelhante. Orar ao Senhor é privilégio e dever de todo o crente (1 Tm 2:8); é a
aproximação da alma humana, até Deus, numa comunhão espiritual (Hb 4:16 / 10:19-
22).
A oração tem como alvos principais:
a) Adorar e louvar a Deus por seus incontáveis benefícios (Sl 103:1, 2 / 108:1-4 /
Fl 4:6).
b) Rogar ao Senhor pelas nossas necessidades (Mt 6:11 / Jo 15:7 / 1 Jo 5:14).
c) Interceder pelo próximo (1 Sm 12:13 / Ef 3:14-17). A oração terá de ser dirigida
a Deus Pai, em nome de Jesus Cristo (Jo 14:13, 14); deve ser feita no poder do
Espírito Santo (Rm 8:26 / Ef 6:18) e com o entendimento (1 Cor 14:15).

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CURA DIVINA
Quanto a cura divina, a mesma é prometida nas Escrituras Sagradas (Sl 103:3 / Mr
16:18 / Tg 5:14, 15). A cura das enfermidades foi providenciada na expiação de Cristo,
sendo por isso privilégio de todos os crentes (Is 53:4, 5 / Mt 8:17 / 1 Pd 2:24). O próprio
Jesus sempre atendia os que vinham a Ele com fé (Mt 4:23, 24 / 8:16, 17 / 12:15 / 14:36
/ Lc 6:19).
É Deus quem sara (Ex 15:26), e o dom de cura é-nos concedido pelo Espírito Santo (1
Cor 12:9). Não devemos censurar o crente que busca auxílio na medicina, quando a sua
fé é insuficiente para alcançar o milagre da cura. Além disso convém não esquecer o
aspecto da soberania de Deus.
O mais importante é pôr a confiança no Senhor em qualquer caso de doença, quer a cura
se obenha pela fé, quer através da medicina.
Não se deve olvidar o facto de que, na Bíblia, a salvação e a cura andam de mãos dadas,
como se poderá verificar pela leitura de citações como estas: Salmos 103:3 / Jeremias
17:14 / Marcos 2:5, 11.
10. A SEGUNDA VINDA DE CRISTO
Desde há séculos, os cristãos têm aguardado com ansiedade a segunda Vinda de Jesus,
uma das mais belas e consoladoras doutrinas das Escrituras (2 Tm 4:8 / Tt 2:13 / Ap
22:12, 17, 20).
Ninguém sabe exactamente quando o Senhor virá (Mt 24:36-39). A Bíblia menciona,
contudo, sinais anunciadores do Seu Advento, como guerras, fomes pestes, terramotos,
perplexidade do povo ante coisas espantosas, falsos profetas, perseguições ao povo de
Deus, ampla difusão do Evangelho, frieza espiritual, corrupção geral da humanidade,
etc. (Mt 24:1-14 / Lc 21:25-27).
Para melhor se compreender a próxima Vinda de Cristo, consideremos as duas fases do
mesmo evento:
1. Primeira Fase
Incluirá a ressurreição dos crentes e o arrebatamento da igreja.
Jesus aparecerá nos ares, ao som da última trombeta, ressuscitando os crentes que
morreram em Cristo. Os tais levantar-se-ão das sepulturas, recebendo, num ápice, um
corpo imortal, incorruptível, glorioso. Trata-se da Primeira Ressurreição.

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Os cristãos fiéis, que estiverem vivos nessa altura, serão transformados e revestidos de
imertalidade e incorruptibilidade; juntamente com os ressuscitados, serão transladados
até se encontrarem com o Senhor nos ares (1 Cor 15:51-53 / 1 Ts 4:15-17).
Após o arrebatamento celebrar-se-ão, no Céu, as chamadas Bodas do Cordeiro,
recebendo Deus louvor pela eterna salvação. Entretanto o Anticristo manifestar-se-á no
mundo durante a Grande Tribulação (2 Ts 2:3-12 / Ap 13:11-18 / 19:6-9).
2. Segunda Fase
Na segunda fase Cristo virá à Terra, com poder e grande glória, acompanhado de todos
os remidos e dos próprios anjos, para se assentar no trono de David e governar as
nações.
Jesus virá nas nuvens, e todo o olho O verá. Satanás será preso por mil anos,
estabelecendo-se o Milénio, após o qual esperimentará um pouco de liberdade,
aproveitando-a para enganar as nações. Entretanto é lançado para sempre no Inferno.
Ocorrerá, também, a ressurreição dos ímpios, denominada Segunda Ressurreição,
seguindo-se o julgamento final, a condenação eterna dos mesmos, a recompensa dos
justos e a criação de novos Céus e nova Terra onde habitará a justiça. (Mt 24:30, 31 /
25:31-34, 41 / Lc 1:32, 33 / 2 Pd 3:13 / Ap 1:7, 8 / 12:7-12 / 20:1-15 / 21:1-8).
IIII
O
Orrddeennaannççaass
e Cerimónias
O SENHOR JESUS CRISTO deixou à Sua Igreja apenas duas ordenanças, a que alguns
chamam “sacramentos”: o Baptismo e a Ceia do Senhor.
1. BAPTISMO
Trata-se de uma ordenança de iniciação na igreja local e o selo da fé. O baptismo por
imersão é um tipo ou figura da morte do “ velho homem” e a ressureição do “ novo
homem” para se andar em novidade de vida (Rm 6:4-6 / 2 Cor 5:17 / Ef 4:22-24 / Cl
2:12).
O baptismo é a manifestação visível, externa e, digamos, material da “lavagem (interior)
da regeneração e da renovação do Espírito Santo” (Tt 3:5). É , em súmula, um símbolo
da regeneração ou novo nascimento (Jo 3:3).
A água do baptismo não tem valor sacramental, isto é, não transmite graça, nem
santifica o objecto desse acto. Por exemplo, o Senhor Jesus Cristo foi baptizado (apesar
de puro e sem pecado) no rio Jordão (Mt 3:13-17); o mordomo-mor da rainha Candace
recebeu o baptismo num lago existente numa região deserta (Act 8:36-39); o carcereiro

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de Filipos e sua família foram baptizados certamente no edifício da prisão (Act 16:33,
34). O elemento “água” simboliza, ao lavar-se o corpo, a purificação espiritual da alma.
Devem ser baptizados apenas os seguidores do Senhor Jesus, os que se arrepedem dos
seus pecados e crêem n’Ele, os que recebem de bom grado a Palavra de Deus (Mr
16:15, 16 / Act 2:38 / 8:12, 13, 36-39).
É necessário que o candidato possua um testemunho claro e sincero da sua fé em Cristo
antes de se sujeitar ao baptismo. Ele precisa de dar frutos de salvação (Mr 16:16 / Act
8:36-39 / Cl 2:12).
Disse alguém: “Baptizar uma pessoa que nunca se tornou verdadeiramente cristã é a
mesma coisa que vestirmos um indivíduo com o uniforme e declararmos ser um
soldado, apesar de ele nunca se haver alistado no exército para receber o seu
treinamento e instrução”.
As crianças antes de atingirem a idade da razão estão naturalmente dispensadas do
baptismo “ porque das tais é o Reino dos Céus” (Mt 19:13-15). Via de regra elas não se
encontram em condições de se arrependerem, em situação de confessarem os pecados e
colocarem sua fé em Cristo. Com certeza a redenção de Cristo abrange esses inocentes
até à altura de poderem escolher entre o bem e o mal.
O baptismo é celebrado em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, em obediência à
ordem do Senhor (Mt 28:19), e não em “nome de Jesus” como alguns erradamente
praticam. As expressões contidas nos Actos dos Apóstolos 2:38 / 8:16 / 10:48 e 19:5 (
“em nome de Jesus Cristo”, “em nome do Senhor” e “em nome do Senhor Jesus”) não
constituem fórmula batismal alguma, até porque todas elas são distintas.
Quando o escritor dos Actos descreve, numa perspectiva histórica, a génesis e
desenvolvimento da Igreja do Senhor Jesus Cristo, usa as referidas expressões apenas
para significar que os novos convertidos eram baptizados segundo o rito cristão (“em
Cristo”), e não segundo Moisés ou João Baptista, por exemplo.
Baptizados “em nome de Jesus” quer dizer ( de acordo com o original grego) baptizados
“sobre o nome de Jesus”, isto é, sobre a autoridade de Messias. Em resumo, os novos
crentes sujeitavam-se ao baptismo instruído por Cristo, reconhecendo-O publicamente
como o Senhor das suas vidas.
A aspersão, como forma de baptismo, era ignorada na Igreja Primitiva. O vocábulo
grego “bapto” significa imersão, mergulho. A análise dos seguintes textos bíblicos
mostra que o baptismo por imersão era celebrado pelos primitivos cristãos: Mt 3:16 /
Mr 1:9, 10 / Jo 3:23 / Act 8:36-39 / Rm 6:3-5 / Cl 2:12.

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Pelo baptismo o crente fica em condições de se tornar membro da igreja local, tendo
privilégios e deveres proporcionados pela mesma, em especial o de promover a difusão
do Evangelho.
Nos primórdios da Igreja os convertidos ao Evangelho costumavam ser logo baptizados,
não necessitando de esperar qualquer tipo de prova. No caso dos judeus que aderiam ao
Cristianismo, eles possuíam um bom conhecimento das Escrituras do Velho
Testamento. Nessa época, quando judeus e gentios optavam por Cristo, sujeitavam-se a
perseguições, espoliações de bens e até ao martírio. Só mesmo pessoas salvas estariam
dispostas a carregar diariamente a sua cruz (Lc 9:23).
É conveniente que os candidatos ao baptismo sejam bem preparados para este
importante acto, se possível numa classe de catecúmenos onde aprenderão as doutrinas
fundamentais da Bíblia. Seria ideal se cada crente se inteirasse do conteúdo do presente
Manual.
2. CEIA DO SENHOR
Também designada na Bíblia por “partir do pão” (Act 2:42 / 20:7), a Ceia do Senhor foi
instituída por Senhor Jesus Cristo, que ordenou a sua observância em memória d’Ele
(Mt 26:26-30 / Lc 22:19 / 1 Cor 11:23-26). Os seus elementos são o pão e o vinho, que
representam o corpo e o sangue de Cristo.
A Ceia do Senhor celebra-se na Igreja, em todo o mundo, em recordação da morte
expiatória de Jesus Cristo e da esperança do Seu próximo advento (1 Cor 11:26).
Simboliza, portanto, um facto ocorrido no passado – a morte de Jesus no Calvário, e um
evento futuro – a segunda vinda do Salvador.
Apenas os crentes baptizados e em plena comunhão com a Igreja devem participar na
Ceia do Senhor, examinando-se primeiro a si mesmos para o fazerem de forma
consciente e digna (1 Cor 11:28, 29). O membro que, com fundamento, se considera
indigno de participar na Ceia do terá que buscar o perdão divino, confessar
publicamente a sua falta (se for caso disso) e renovar a sua consagração a Deus. Feito
isto poderá tomar a Ceia do Senhor com toda a Assembleia.
Há quem administre a Ceia a qualquer pessoa, em qualquer condição moral ou situação
espiritual alegando-se ser Deus quem faz a obra nos corações. Semelhante prática
(como a de baptizar indivíduos não convertidos e sem o mínimo de preparação para o
baptismo) tem levado muitas igrejas para à derrota espiritual.
A Ceia do Senhor não é sacramento pois não confere graça espiritual. Tem apenas
carácter de ordenança. Como acima se acentua, é símbolo de realidades espirituais e

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memorial da morte de Cristo. Os fiéis devem participar do pão e do vinho (Mt 26:27 /
Mr 14:23 / 1 Cor 11:25-28).
O “dogma” da transubstanciação é alheio às Sagradas Escrituras. As palavras de Jesus
“isto é o meu corpo” e “isto é o meu sangue” (Mt 26:26-28) são expressões figurativas
como as constantes dos textos bíblicos de Jo 6:35, 63 / 10:9 / 14:6 / 15:1 / 1 Cor 10:4,
etc.
A palavra “Missa”, que não se encontra na Bíblia, aparece pela primeira vez nos fins do
século IV nos escritos de Ambrósio. Nas igrejas cristãs não há altares, sacerdotes ou
sacrifícios. O sacrifício de Jesus foi único e não poderá repetir-se (Rm 6:9, 10 / Hb 7:26,
27 / 9:25-28 / 10:10-14, 18 / 1 Pd 3:18).
Se na missa está Cristo com o Seu sangue, o “sacrifício” não é evidentimente incruento;
e se o é, não tem qualquer valor, porque “sem derramamento de sangue não há remissão
de pecados” (Hb 9:22). E impossível demostrar, pela Palavra de Deus, que a Missa
serve de meio para obter graças em benefício de fiéis vivos e defuntos, ou que pode
ajudar as almas a sair dum pretenso Purgatório.
CERIMÓNIAS
É costume celebrar, na igreja, algumas cerimónias embora na Bíblia Sagrada não se
achem quaisquer regra para tal. A apresentação de crianças ao Senhor, o matrimónio e o
funeral são as mais comuns.
1. APRESENTAÇÃO DE CRIANÇAS
É uma cerimónia simples, na qual os pais cristãos dedicam ou consagram publicamente
os seus filhos ao Senhor, solicitando a bênção divina para os tais. Ao mesmo tempo os
progenitores manifestam o desejo de educarem os filhos de acordo com a Escritura
Sagrada e de, chegada a idade própria, aconselhá-los a receberem Jesus Cristo como seu
Salvador pessoal. Farãp também um voto solene de manterem as suas vidas num alto
padrão espiritual de fidelidade a Deus, de modo a serem um exemplo para os filhos.
A dedicação das crianças a Deus fazia-se muitos séculos antes do nascimento de Jesus,
entre o povo israelita, acto esse adoptado pela igreja de Deus.
Jesus concedeu o privilégio de lhe apresentarem as crianças, para Ele abençoá-las,
quando disse aos discípulos: “Deixai vir os meninos a mim” (Mr 10:13-16). O salmista
declara que “os filhos são herança do Senhor” (Sl 127:3), pelo que devemos dedicá-los
à Deus (1 Sm 1:28).

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2. CASAMENTO
DEUS Instituiu o casamento (Gn 2:18-24), o qual foi confirmado pelo Senhor Jesus (Mt
19:5, 6 / Jo 2:1, 2). O matrimónio é honroso para todos e constitui uma bênção quando
contraído sinceramente (Pr 18:22 / Hb 13:4). Todo o crente deve respeitar e apreciar o
matrimónio.
O costume evangélico de solenizar a união matrimonial com um culto, visa reconhecer
o senhorio de Deus, bem como solicitar as bênçãos divinas para o novo lar a ser
estabalecido.
Efectuamos nos nossos templos a cerimónia religiosa dos casamentos já legalizados
pelas autoridades civís, desde que os mesmos hajam sido celebrados de acordo com o
ensino da Palavra de Deus (Mt 5:31, 32 / 1 Cor 7:39).
3. FUNERAL
Normalmente a cerimónia fúnebre realiza-se em duas fases. A primeira ocorre na
residencia do defunto, na casa mortuária ou no templo, a qual deverá ser breve: uma
leitura bíblica de esperança e conforto para os perentes do falecido, um momento de
oração, e, se for conveniente, um hino apropriado.
A segunda fase poderá ser no cemitério, onde há sempre uma boa opurtunidade de
pregar o Evangelho aos familiares e amigos do finado que assistem à cerimónia
religiosa do sepultamento (Act 8:2).
Em algumas igrejas é usual efectuar-se um culto de memória, que constitui excelente
ensejo para evangelizar os parentes e amigos do extinto.
Os nossos entes-queridos, que morreram na fé em Cristo, estão na presença de Deus,
descansando dos seus trabalhos (Sl 116:15 / Ap 14:12, 13) e aguardando o dia glorioso
da ressurreição (Jo 6:39, 40 / 11:23-26 / 1 Ts 4:15-17 / Ap 20:6).
Assim, deve-se evitar cenas de histerismo ou o clamor de pessoas desesperados e
inconformadas que não tem qualquer esperança (1 Ts 4:13, 14, 18). É natural o choro e
a tristeza pela separação temporária dos familiares e amigos crentes, visto sermos
humanos. A morte, contudo, não nos deve aterrorizar, uma vez que o Senhor Jesus
Cristo nos garante completa vitória sobre ela (1 Cor 15:51-58).

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IIIIII
A
A IIggrreejjaa

No sentido mais genérico do termo, a Igreja não é o edifício aonde os fiéis se reúnem
para cultuar o Senhor, nem uma confissão ou denominação cristã, nem tão-pouco o
reino dos céus.
Igreja, no grego (língua do Novo Testamento), é ekklesia, e significa “chamados para
fora”. Os primitivos cristãos entendiam ser a igreja uma assembléia de pessoas
convertidas a Deus que se congregavam a fim de prestarem culto ao Senhor de acordo
com o ensino neotestamentário.
A Igreja é, simultaneamente, um organismo vivo e uma organização, pois externa a vida
de Cristo em cada um dos seus membros regenerados, devendo os tais agir de per si em
prol da comunidade em que estão inceridos (Gl 2:20 / Cl 3:3 / Rm 12:4, 5 / 1 Cor 12:12-
27).
Numa igreja local, os seus membros organizam-se para, além da adoração ao Criador,
manter o ensino bíblico, incluindo a disciplina e as ordenanças do baptismo e a Ceia do
senhor.
Os que pertencem á igreja são chamados de irmãos (Rm 14:10 / 1 Pd 3:8), crentes (Gl
3:22), santos (Rm 1:7), eleitos (Cl 3:13), discípulos (Jo 13:35 / Act 21:16) e cristãos
(Act 11:26 / 1 Pd 4:16).

Por sua vez a Igreja é denominada na Bíblia templo de Deus (1 Cor 3:16), edifício de
Deus (1 Cor 3:9), rebanho (Jo 10:16), lavoura de Deus (1 Cor 3:9), morada de Deus (Ef
2:22), casa de Deus (1 Tm 3:15), etc.
Na sua dimensão universal, a Igreja é o corpo místico de Cristo (1 Cor 12:27 / Ef 1:22,
23 / Cl 1:24), a esposa do Cordeiro (2 Cor 11:2 / Ap 19:7 / 21:9). Jesus é a Cabeça (Ef
5:23 / Cl 1:18) e a pedra fundamental da Igreja (Ef 2:20 / 1 Pd 2:4-6).
Usa-se vulgarmente a palavra Igreja para o lugar de culto todavia será mais correcto
chamar-se Casa de Oração ou Templo (Mt 21:12, 13). Os crentes, que residem na
mesma área geográfica, necessitam de organizar-se para se constituírem numa igreja
local (Mt 18:17 / Act 8:1 / 9:31).
Os principais objectivos de uma igreja local são:
a) Adorar a Deus em espírito e em verdade (Jo 4:23, 24 / Cl 3:16), que é o seu
culto espiritual.

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b) Instruir devidamente o povo na doutrina bíblica para crescimento espiritual,
santidade e amor a Deus e ao próximo (Jo 13:34 / 2 Cor 7:1 / 2 Tm 3:16, 17 / 2
Pd 3:18), que é a sua educação e cultura espiritual.
c) Difundir o Evangelho por todo o mundo (Mr 16:15 / Act 1:8), tarefa realizada
mediante o testemunho de uma vida fiel, pela pregação da Palavra de Deus,
oração intercessória e ofertas missionárias, que é o seu serviço e ministério
espiritual.
A missão mais importante da igreja local é anunciar o Evangelho a toda a gente (Mt
28:19, 20 / Mr 16:15, 16).
A totalidade dos crentes salvos constitui a Assembléia ou Igreja Universal, à qual
pertencem os remidos pelo sacrifício de Cristo, tanto os que vivem na Terra como os
que já partiram para a presença de Deus (Hb 12:23).
1. SUSTENTO DA IGREJA
A igreja não carece de dinheiro para comprar a salvação das almas nem pagar as
bênçãos que provêm de Deus (Is 55:1 / Mr 10:8). Contudo, são precisos fundos para as
despesas do culto e da proclamação do Evangelho (1 Cor 9:13, 14 / 1 Tm 5:17, 18).
Os cristãos evangélicos não cobram qualquer importância pela celebração da eucaristia,
baptizados, casamentos, funerais, etc., nem recebem ajuda financeira do Governo. São
os próprios membros da igreja que, dedicada e voluntariamente, contribuem para
satisfação das necessidades relativas à evangelização e baneficiência, por exemplo.
A fim de se alcançar tal alvo, Deus instituiu o dízimo, ou seja, a décima parte dos
nossos proventos ou rendas. É um privilégio o cristão cooperar dessa forma, costume
aliás que remota aos tempos de Abraão. Assim, quem ganha dez entrega
voluntariamente uma parte o culto divino; quem aufere cem entrega dez; e quem recebe
mil, entrega cem. O dízimo, por consequência, é uma prática equitativa, pois ricos e
pobres contribuem na mesma proporção.
De acordo com a Bíblia, o dizimista é grandemente abençoado pelo Senhor (Ml 3:10-12
/ 2 Cr 31:6,10).
É impossível dissociarmos o culto a Deus das nossas dádivas para sustento desse
mesmo culto e pregação da boa nova, até porque, no fundo, não somos donos de coisa
alguma, mas apenas administradores dos bens concedidos pelo Criador. O crente pode e
deve contribuir alegremente (2 Cor 9:7) com ofertas alçadas, que são dádivas a Deus
pela nossa gratidão e amor a Ele.

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As ofertas voluntárias para manutenção da Obra do Senhor, incluindo o dízimo,
praticam-se em todo o tempo da história bíblica, desde o período dos patriarcas e da Lei
de Moisés, passando pela Igreja Apostólica (Gn 14:18-20 / Hb 7:1-4 / Gn 28:22 / Lv
27:30-34 / Ml 3:8-10 / Mt 23:23 / 1 Cor 9:13, 14 / 16:1, 2 / 2 Cor 9:7, 8 / Fl 4:15-19).
A igreja local necessita de ter o seu tesoureiro e a comissão revisora de contas. Em
grandes assembléias é indispensável a existência de um contabilista ou gurda-livros que
lerá, periodicamente, o respectivo movimento financeiro para aprovação do mesmo.
2. GOVERNO DA IGREJA
A autoridade suprema da igreja é o Espírito Santo que capacita, com os Seus dons,
pessoas idóneas para a diregirem e administrarem. As autoridades espirituais que o
Senhor coloca na igreja não formam qualquer hierarquia. São simples servidores (Ef
4:11, 12).
O ministro da palavra que preside é o pastor, termo sinónimo de bispo, presbítero ou
ancião. A igreja local é espiritualmente governada pelos anciãos, os quais são presididos
por um deles reconhecido e aceite pela assembléia como seu pastor.
Aquele que tem o dom e ministério de evengelizar e ganhar almas para Cristo é o
evangelista, e o ensinador ou professor da Bíblia é denominado por vezes, nas
Escrituras Sagradas, doutor ou mestre.
Os que o Senhor chama para irem a outras terras evangelizar e fundar igrejas são os
missionários (Evangelistas) ou em casos especiais, apóstolos. Há, outrossim, os
diáconos e as diaconizas a fim de zelarem pelas coisas temporais da igreja, tratarem da
baneficiência, visitar os enfermos, cuidarem dos orfãos e das viúvas desamparadas, etc.
Alguêm disse que “os diáconos são servos de três mesas: a mesa do Senhor, a mesa do
pastor e a mesa dos pobres”.
Tanto os presbíteros como os diáconos devem ser separados de entre os fiéis, com bom
testemunho e edoneidade, e cheio do Espírito Santo. Os mesmos – que não podem ser
neófitos – necessitam estar à prova durante algum tempo (Act 6:1-6 / 1 Tm 3:1-13 / Tt
1:5-9). É dever de todo membro respeitar e obedecer aos servos de Deus que exercem o
seu ministério na igreja (1 Ts 5:12, 13 / 1 Tm 5:17, 18 / Hb 13:17).
Em cada igreja local, e segundo a sua dimensão, haverá um Ministério composto de
anciãos, evangelistas e ( em certos casos) diáconos. O referido corpo ministerial será
responsável pela direcção espiritual e material da igreja. Deverá reunir-se com
frequência para solucionar os assuntos pendentes, levando as decisões à reunião
administrativa da igreja para aprovação ou não.

Professor Gabriel Dimande 24


O Pastor que preside dirigirá as reuniões do Ministério, excepto quando se trate da
eleição do pastor, cabendo então a presidência a um dos anciãos mais antigos e idóneos.
Além dos oficiais já mencionados, há ainda os superintendentes e professores da Escola
Dominical, e os secretários ou dirigentes dos vários departamentos da igreja, tais como
Missão, Beneficiência, Literatura, Rádio, Visitação ,etc., estando todos sob
responsabilidade espiritual do Ministério.
Para assuntos de natureza legal e representativa perante as autoridades do País, será
eleita, no Ministério, uma Junta Administrativa constituída por um presidente (e vice-
presidente quando se justificar), um secretário, um tesoureiro, e dois vogais. Para os
efeitos legais haverá um livro de actas e respectivos livros de contas.
3. DISCIPLINA DA IGREJA
A disciplina da Igreja é uma intencificação do cuidado espiritual. Não se trata de um
castigo, e muito menos de um acto de vingança. A mesma deverá ter uma função
posetiva. A disciplina é medicina de prevenção. Destina-se a disciplina a preparar o
terreno espiritual, eliminando as ervas daninhas para que a igreja seja jardim de Deus.
Uma igreja sem disciplina é como um jardim sem jardineiro. Cada igreja local tem
princípios que regem o bom andamento da sua vida espiritual e material, estando os
respectivos membros sujeitos à disciplina – admoestação, suspensão (disciplina
temporária) e esclusão (Mt 18:15-17 / Rm 16:17 / 1 Cor 5:1-13 / 2 Ts 3:6, 14 / Tt 3:10).
Se um membro cometer qualquer falta que prejudique as normas santas que a igreja se
esforça por manter, o mesmo será convidado a comparecer ante o Ministério ou o pastor
e outro ancião (Mt 18:15-17 / 1 Cor 6:1-5). A reunião visará corrigir a falta, restaurar o
culpado, salvaguardar o testemunho da igreja e proteger os demais membros da
corrupção (Mt 6:14, 15 / 1 Cor 5:5, 7 / 2 Cor 7:8, 9 / Gl 6:1). Caso o faltoso se recuse a
comparecer, o Ministério (ou Presbitério) pronunciar-se-á depois de ouvidas as
testemunhas. Se reconhecer o seu pecado, e, arrependido, solicitar perdão à igreja, será
perdoado (Mt 18:21, 22, 23).
As medidas disciplinares destinam-se a submeter à prova a sinceridade do seu
arrependimento, e dar tempo a que os demais membros da igreja e os próprios
incrédulos ( que do acto tiveram conhecimento) verifiquem a sua restauração em Cristo,
antes de desfrutar outra vez dos privilégios da igreja (1 Cor 5:9-11 / 2 Ts 3:14, 15).
Durante o período de disciplina, que entendemos ser conforme a gravidade da falta
cometida, o culpado ficará privado dos privilégios correspondentes a um membro
activo, podendo todavia assistir os cultos. Se o transgressor não se humilhar perante

Professor Gabriel Dimande 25


Deus e a igreja, confessando o seu pecado, terá de ser excluído, e se a sua presença nos
cultos for causa de escândalo, ser-lhe-á negada a entrada nos mesmos (1 Cor 5:13).
Um membro não deverá ausentar-se intencionalmente da congregação, sem motivo
justificado, por tempo prolongado (Hb 10:25). Cada igreja possuirá o livro de registo de
membros onde conste a situação de cada um. Aos tais será passado o respectivo cartão
de membro. Em caso de mudança de residência, a transferência processar-se-á por carta
firmada pelo pastor, ou carta de recomendação se a ausência for temporária (Act 18:27 /
Rm 16:1, 2).
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V
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Deevveerreess ee PPrriivviillééggiiooss
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Crriissttããoo

Todos os crentes, filiados numa igreja local, tem obrigações relativamente a Deus, à
igreja e ao próximo.
Os dez mandamentos da Lei de Deus que estão exarados no capítulo 20 de Êxedo,
versículo 3 a 17, resumem-se a dois, como ensinou Jesus: “O primeiro de todos os
mandamentos é: Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor. Amarás, pois, ao
Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu
entendimento, e de todas as tuas forças: este é o primeiro mandamento. O segundo
semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Não há outro
mandamento maior do que este” (Mr 12:29-31).
O crente deve tudo ao Senhor: corpo, espírito e vida. No primeiro mandamento, que
corresponde aos quatro mandamentos iniciais do Decálogo (Êx. 20:3-11), mostra-se ao
homem os seus deveres para com o Criador: reconhecer um só Deus verdadeiro e
eterno; respeitar o santo Nome do Senhor, não O invocando levianamente; descansar
um dia por semana (o domingo), e “amar a Deus sobre todas as coisas”.
No segundo mandamento, que sintetiza os últimos seis do Decálogo (Êx. 20:12-17), o
crente aprende os seus deveres para com o próximo: honrar os pais e obedecer-lhes;
rerspeitar a integridade física das outras pessoas; manter a pureza de coração no falar e
nos costumes, ser honesto, trabalhador e diligente; dizer sempre a verdade; contentar-se
com o que tem; respeitar a casa do semelhante e tudo quanto a ele pertence. Enfim,
“amar o próximo como a si mesmo”.
Em virtude de termos mencionado o domingo como o dia de descanso, entendemos ser
conveniente esclarecer porquê não observar o sábado.

Professor Gabriel Dimande 26


A Bíblia declara que os cristãos ( em especial os gentios) estão isentos de guarda de
dias, meses, tempos, anos (Gl 4:9-11). Ninguém nos deverá julgar porcausa dos
sábados, “que são sombras das coisas futuras” (Cl 2:16, 17).
O sábado, no seu aspecto cerimonial, como dia fixo, é especialmente para o “povo de
israel” (Êx. 31:13-17 / Ez 20:12, 20). Trata-se de um preceito local e não universal. Só
num país tão pequeno como israel é viável a observância do sábado, como dia certo.
Na magna assembleia de jerusalém, os cristãos gentos não foram obrigados a observar o
dia de sábado, mas apenas o estipulado em Actos dos Apóstolos 15:19, 20, 28, 29. Eis
algumas razões porque guardamos o domingo:
a) Em parte nenhuma do Novo Testamento é determinada a guarda do sábado (Rm
14:5, 6).
b) No Novo Testamento, os apóstolos citam todos mandamentos gravados nas
tábuas da Lei (Êx 20:3-17), excepto o sábado.
c) A observância do domingo (primeiro dia da semana; dia do Senhor), pelos
primitivos cristãos, é uma realidade (Jo 20:19, 26 / Act 20:6, 7 / 1 Cor 16:1, 2).
d) Ocorreram factos importantes no domingo (Mt 28:1-10 / Mr 16:9-13 / Jo 20:19,
26 / Act 20:7 / Ap 1:10).
e) Barnabé, Inácio, Justino Mártir, Ireneu, Clemente, etc., Pais da igreja, que
viveram nos dois primeiros séculos da era Cristã, escreveram que os cristãos
guardavam o domingo como “dia do Senhor”.
1. DEVERES PARA COM A IGREJA
O cristão precisa ter a sua vida consagrada ao Senhor, sendo um exemplo para os outros
(1 Cor 6:9-11 / 2 Pd 1:4-8). Ele aprende a ganhar almas para o reino de Deus (Pr 11:30 /
Act 8:4); estima, respeita e sustenta o seu pastor (1 Cor 9:12-14 / 1 Ts 5:12, 13 / Hb
13:7, 17); supre as necessidades da Obra do Senhor com dízimos e ofertas (Ml 3:10 / 2
Cor 9:5-8).
É sua obrigação e privilégio: assistir regular e pontualmente aos cultos; dedicar o dia de
domingo ao Senhor; fomentar a reverência na Casa de Oração; evitar conversar nos
cultos, não entrar ou sair durante o serviço divino (salvo motivo de força maior) e
conservar as crianças sossegadas (Ecl 5:1 / Mt 21:13 / Act 2:42 / 20:7).
Manter-se em comunhão com a sua igreja, não falar mal dela, nem depreciar os seus
ensinos é dever moral dos respectivos membros.

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Em vez disso, o crente envolver-se-á, voluntariamente e alegremente, nas diversas
actividades da mesma (Ef 4:1-3 / 11:16 / Fl 2:14-16 / 1 Tm 6:3-5 / 2 Tm 3:10 / 1 Pd 2:1
/ Jd 10-12).
Os filhos de Deus dão bom testemunho perante o mundo (1 Pd 2:11-15 / 1 Ts 5:22),
amam os seus próprios inimigos (Mt 5:43-48), esforçam-se para comunicar o Evangelho
aos incrédulos e oram por eles a fim de se reconciliarem com Deus (2 Cor 5:17, 19 / 1
Tm 2:1-8).
2. DEVERES PARA COM OS OUTROS CRENTES
Quanto aos deveres do crente para com seus irmãos em Cristo, ele visita os enfermos,
socorre os necessitados, consola os tristes e esforça-se por manter a boa harmonia entre
todos (Mt 25:34-40 / Gl 2:10 / 1 Ts 5:14 / Hb 12:13-14 / Tg 1:27 / 2:14-17 / 1 Jo 3:17-
18).
Também ora pelos seus irmãos que sabe estarem em falta, procurando encaminhá-los
com espírito de mansidão (Gl 6:1-2 / Tg 5:16); não é maldizente nem murmurador (Pr
26:22-23 / 1 Cor 10:10); afasta-se de todo aquele que promove dissensões e divisões
(Rm 16:17 / 2 Ts 3:6, 13-15).
Jamais prejudicará o semelhante em qualquer negócio, divisão de herança e partilhas de
águas. Não mudará marcos, não invejará o rico nem explorará o pobre, e usará balanças
e medidas justas. Detestará a avareza, a usura ou o suborno (Êx 22:25 / Lv 19:35-36 / Dt
19:14 / Is 33:15, 16 / 1 Tm 6:6-10 / Hb 13:5).
Um seguidor de Jesus não oprime o seu irmão, não é racista, nem confia nas riquezas
(Sl 62:10 / Act 10:34, 35 / 17:26 / 1 Cor 12:13 / 1 Ts 4:6 / 1 Tm 6:7-10). Ele vive no
mundo como se não estivesse no mundo, isto é, sem participar da sua corrupção (Jo
15:18, 19 / Tg 1:27).
Ele pratica a equidade nos negócios, não pede exageradamente ao vender, nem oferece
menos do que é justo quando compra (Pr 20:10, 14 / Rm 12:17).
Dentro do possível, é imperioso evitar as dívidas por intermédio do trabalho onesto e da
poupança. Se o cristão estiver já endividado, não descansará até tudo ser pago, o que
fará com gratidão a quem lhe emprestou ou vendeu a crédito (Dt 15:7, 8 / Sl 37:21 / Hab
2:6 / Rm 13:8).
3. DEVERES PARA COM A FAMÍLIA
A unidade básica da sociedade é o lar, e a sua desintegração seria a ruína da sociedade.
O lar é anterior ao governo, á escola e à igreja.

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Deus instituiu o casamento (Gn 2:24 / Mr 10:6), o qual é santo e venerado (Hb 13:4),
monogâmico (Mr 10:7-8) e indissolúvel (Mt 19:4-6). Está escrito na Bíblia que só a
morte ou a infidelidade conjugal o podem dissolver (Mt 5:31, 32 / 19:9 / 1 Cor 7:39).
O casal cristão terá de cuidar do lar e educar os filhos com carinho e firmeza (1 Sm 3:13
/ Pr 19:18 / 29:15, 17 / Ef 6:4). É preciso tornar o lar um oásis espiritual aonde exista
harmonia, paz, fidelidade e amor.
Relativamente aos cônjuges, é privilégio do marido amar, honrar, acarinhar a esposa,
ser-lhe fiel e viver em plena comunhão com ela (Mt 19:5, 6 / Ef 5:25, 28-31 / 1 Pd 3:7).
Sempre que possível ele auxiliará a companheira nos trabalhos domésticos,
particularmente na criação dos filhos e na doença.
A mulher deverá respeitar o marido, ser-lhe fiel e sujeitar-se a ele em amor (Ef 5:22-24,
33). Convém que a mesma seja prudente, casta, amorosa para com o esposo, boa dona
de casa (Tt 2:4, 5 / 1 Pd 3:1-6).
É imperioso que os progenitores tenham uma vida cristã exemplar para bem orientarem
os filhos, os quais geralmente emitam os pais em muitos aspectos (Pr 22:6 / Ef 6:4 / 2
Tm 3:14, 15).
Os pais necessitam amar seus filhos e educá-los no caminho do Senhor, sendo
conveniente levá-los aos cultos e à Escola Dominical, e orar com eles e por eles. Claro
que também os filhos são exortados na Palavra de Deus, a honrar os pais e a obedecer-
lhes (Êx 20:12 / Ef 6:1-3 / Cl 3:20).
É uma bênção quando toda a família serve a Deus, e a prática do culto doméstico se
torna uma realidade (Dt 4:8, 9 / 6:6, 7 / 11:19 / Js 24:15).

4. DEVERES PARA CONSIGO PRÓPRIO


O crente deve glorificar a Deus no seu corpo e espírito, os quais Lhe pertencem (1 Cor
6:20). Por esse facto não pode enveredar, entre outras coisas, pelo caminho do
mundanismo.
Mundanismo é a esfera de influências negativas que nos envolvem e precionam,
prejudicando a nossa fé, embotando a nossa sensibilidade espiritual, enfraquecendo a
nossa visão de Deus, desviando-nos do centro da vontade divina. Essa a razão porque a
Bíblia nos exorta a não amarmos o mundo (Tg 4:4 / 1 Jo 2:15-17), nem a conformarmo-
nos com o mesmo (Rm 12:2).
O mundo - sejam ideias, princípios ou costumes – pode conduzir-nos ao materialismo,
ao secularismo ou ao mundanismo propriamente dito com todas as suas vaidades,

Professor Gabriel Dimande 29


diversões nocivas, modas imorais ou contrárias aos ensinos específicos da Sagrada
Escritura. O mundanismo significa, em última instância, quebra dos votos de fidelidade
a Deus e à Igreja de Cristo.
Há situações que afectam directa ou indirectamente a vida cristã e o bom nome dos
servos de Deus. A Bíblia fala de pecados e de embaraços (Rm 14:23 / Hb 12:1 / Tg
4:17), e embora determinadas coisas em si não sejam pecaminosas, convertem-se regra
geral em autênticas armadilhas para a nossa vida espiritual. São embaraços prejudiciais
à plena comunhão do crente com o Senhor e à sua actividade na igreja.
A arte em si não é condenável, mas sim a imoralidade, a violência e o vício exibidos
com frequência no cinema, por exemplo, para não falarmos já do modo desprezível
como as coisas sagradas costumam ser tratadas em certos meios de diversão.
Não é consentâneo à pureza da doutrina cristã e à simplicidade do Evangelho a
preocupação excessiva com sua aparência exterior, com a beleza física, sobretudo
através de pinturas, adornos sem qualquer utilidade prática, trajos provocantes ou
luxuosos, etc., desprezando-se as virtudes morais que ornam a alma, descurando-se a
fidelidade devida so Senhor, o qual é Santo e deseja um povo santificado.
Devemos ser modestos, simples, decentes, naturais, evitando a vaidade e o espírito de
ostentação. No dizer do apóstolo Pedro, o enfeite não deverá incidir sobre o exterior,
mas no coração, “no incorruptível trajo de um espírito manso e quieto que é precioso
diante de Deus”. O “travesti” e o falso conceito do unissexo continua a predominar nos
dias atuais, sendo afinal o homem e a mulher dotados pelo Criador de “características
que lhe são peculiares e únicas, tanto no sentido físico como no psicológico”, como
alguém escreveu (Dt 22:5 / 1 Cor 6:20 / 11:14, 15 / 2 Cor 5:17 / 1 Tm 2:9, 10 / 1 Pd
1:15-19 / 3:1-16).
Importa que o crente seja simples, modesto, equilibrado e, sobretudo, espiritual. Em
tudo precisa de moderação, amor, respeito para com a consciência de outrem. Nas
palavras e actos ele deverá ter em conta a comunidade espiritual a que pertence (igreja
local), pugnando pela unidade na doutrina, nos sentimentos, no serviço, nos objectivos.
É impróprio do cristão o emprego de linguagem obscena e a leitura de revistas
pornográficas, bem assim a ida a bailes e clubes nocturnos, pois Jesus quer que sejamos
“ o sal da terra e a luz do mundo” (Mt 5:13-16). A Bíblia exorta a abstermo-nos de
“toda a aparência do mal” (1 Ts 5:22). Há coisas muito graves que o crente não deve
praticar, como o aborto, o homicídio, o suicídio, a homosexualidade, as relações sexuais

Professor Gabriel Dimande 30


antes e fora do casamento, a idolatria, a bruxaria, a avareza, o roubo, etc. (Êx 20:13-17 /
Mt 5:27-32 / Rm 1:27 / 1 Cor 6:9-11, 15-17 / Gl 5:16-21 / Cl 3:1-10 / 1 Ts 4:1-7).
O crente não malbarata o seu dinheiro com a lotaria e outras formas de jogo de azar.
Muito menos frequenta casinos e lugares congéneros originadores de tanta miséria
naqueles que pretendem ganhar a vida por esse meio, em vez de fazé-lo com “o suor do
seu rosto”, com o trabalho honesto (Gn 3:19 / Is 55:2). Ele não se associa com ímpios
em negócios (Sociedades comerciais, por exemplo), e jamais contrai matrimónio com
alguém que não professe a mesma fé (Êx 34:12-16 / Esd 9:1-3 / 1 Cor 7:39 / 2 Cor 6:14-
18).
A Palavra de Deus ensina a abstenção do sangue, da carne sufocada e dos alimentos
sacrificados aos ídolos (Act 15:19, 20, 28, 29 / 21:25), tendo-se em vista especialmente
a consciência do semelhante e o amor cristão. Não nos devemos esquecer que a
liberdade cristã precisa de estar condicionada à consciência dos nossos irmãos em Cristo
(Rm 14:1-23 / 1 Cor 8:1-13 / 10:23-33).
O cristão deve evitar drogas, álcool, tabaco e tudo aquilo que nos vicie e prejudique a
saúde, até porque o nosso corpo é o templo do Espírito Santo (1 Cor 3:16, 17 / 6:19, 20 /
2 Cor 6:16). A alimentação precisa ser cuidada e sóbria, evitando-se a glutonaria e a
embriaguez (Lc 21:34 / Rm 13:13 / Gl 5:21 / 1 Pd 4:3).
É imperativo vigiar a vida física e a espiritual. Ler e estudar a Bíblia e orar cada dia é
uma necessidade premente (Mt 26:34 / Act 17:11 / 1 Ts 5:17 / 1 Tm 2:8 / 2 Tm 2:15 /
3:14-16 / Tg 5:16). Quanto ao corpo, importa manté-lo saudável, asseado e nutrido.
O cristão será com certeza pacífico, moderado, solícito, trabalhador, bom visinho e
cumpridor dos deveres sociais. Terá de ser um cidadão patriota exemplar, respeitador
das leis do país. Por conseguinte, casará perante as autoredades civís, registará os seus
filhos, pagará os impostos e contribuições e não defraudará o Estado comprando ou
vendendo mercadaria de contrabando. Cumprirá o serviço militar na idade própria, será
eleitor e denunciará o mal social (Mt 5:9 / Rm 13:1-7 / Ef 4:28 / 5:11 / 1 Tm 2:1-4 / 1
Pd 2:11-17).
SUPERSTIÇÃO
Não queremos terminar este capítulo sem dizer algo acerca de superstições e crendices.
Superstição é um sentimento religioso – fruto da ignorância – que provoca forte
cegueira espiritual induzindo as pessoas a confiar em coisas absurdas e a receá-las.
Ser supersticioso é admitir a viabilidade da matéria, fazer algo por si mesma, atribuindo
virtudes a objectos e crendo que os irracionais ( por exemplo o grito das aves) podem

Professor Gabriel Dimande 31


adivinhar. A superstição produz medo e confiança vã. Os supersticiosos acreditam ser
possível antever o futuro por meio de sonhos, cartas de jogar, exame das linhas da
palma da mão, etc., dando crédito, portanto, aos cartomantes e quiromantes. Crêem,
também, na sorte e azar de certos números como o treze, temem a sexta-feira, o
quebranto de outras tolices.
Todo o indivíduo atreito a crendices admite a existência de fantasmas e lobisomens;
aceita como certa a leitura da sina; acredita nos oróscopos, nas figas, nas ferraduras; crê
nos bentinhos ou escapulário, etc. A crendice é um pesado fardo que muitos novos
convertidos ao Evangelho trazem do mundo, podendo ser libertos desse mal pela eficaz
operação de Deus nas suas vidas.
5. PRIVILÉGIOS DOS MEMBROS
Como membro da igreja local, o cristão beneficia do ministério puro da Palavra de
Deus, toma parte na Ceia do Senhor (Act 2:41, 42 / 20:20, 27 / 1 Cor 11:23-32) e é
visitado pelo pastor ou presbítero, sobretudo quando estiver doente e o solicitar (Tg
5:14).
O membro da igreja pode e deve participar nas diversas actividades da sua congregação,
assistindo aos cultos de natureza administrativa e exercendo o seu voto ou aprovando
qualquer medida apresentada, quando for caso disso.
É prerrogativa sua ser nomeado para ocupar um cargo na igreja (se tiver qualificações
para tal), vir a ser separado para o ministério de tempo integral, etc. (Act 9:15 / 13:2, 3 /
1 Tm 3:8-13).
É privilégio do crente ser “nova criatura “ em Cristo (2 Cor 5:17), viver em “novidade
de vida” (Rm 6:14), pensar nas “coisas de Cima” (Cl 3:1-3), actuar como “sal e luz” do
mundo (Mt 5:13-16).
V
V
H
HEER
REESSIIA
ASS

Heresias são doutrinas contrárias à fé cristã, portanto condenadas pela Palavra de Deus.
Os Apóstolos, nas suas epístolas, avisam-nos para termos cuidado com ensinos erróneos
(2 Tm 4:3, 4 / 2 Pd 2:1, 2). Previnem-nos igualmente que nos últimos dias aparecerão
doutrinas de demónios (1 Tm 4:1). Jesus também predisse o surgimento de falsos
profetas e falsos cristos (Mt 7:15 / 24:4, 5, 11).
Esses pretensos mestres e profetas, que se levantam como guias espirituais vindos da
parte de Deus, proclamam-se fundadores de religiões, operam prodígios e enganam o

Professor Gabriel Dimande 32


povo. Numerosos falsos cristos já se manifestaram e outros surgirão ainda em nome de
Deus (alguns manuseando a própria Bíblia), procurando com palavras melífluas enganar
os incautos (Mt 24:23, 24).
O cristão necessita precaver-se contra os divulgadores de crenças espúrias e perniciosas,
não esquecendo que o Diabo pode transformar-se inclusivamente em anjo de luz para
ludibriar as pessoas (2 Cor 11:14).
A revista “Novas de Alegria” publicou um artigo intitulado “Método para descobrir
Doutrinas Falças”, que achamos oportuno reproduzir. Lê-se no mesmo:
1) Tem (a organização religiosa em causa) alguma revelação ou documento ao
lado da Bíblia a que dê idêntico valor?
Se tiver, é bem claro que se trata de uma doutrina falça, pois só a Bíblia é a palavra de
Deus.
2) Nega a Divindade de Cristo, ou entende ser uma questão problemática?
Sendo assim, não passa de uma doutrina falça. A pergunta dominante é: “Que pensais
vós de Cristo? De quem é Filho?”
3) Coloca a cruz de Cristo no centro?
Regra geral, as seitas falças ligam importância às coisas secundárias, deixando de lado o
grande problema do pecado e como ficar livre do mesmo. Isso é um erro crasso, um erro
fatal. Se a cruz ocupar o devido lugar nas nossas vidas, tudo o mais harmoniza-se por si
próprio.
4) A salvação é inteiramente de graça?
Há duas classes de religiões no mundo, embora tenham inúmeros nomes. A Verdadeira
religião é edificada sobre a graça de Deus revelada em Cristo; e a falça alicerça-se sobre
o homem e no que ele pode fazer ou acrescentar à Obra de Cristo.
5) Dá lugar ao Espírito Santo?
Uma religião sem lugar para o Espírito Santo não é realista. Apenas o Espírito Santo
pode vivificar o Evangelho no coração humano, e sem Ele toda a doutrina (verdadeira
ou falsa) não passa de simples filosofia. O Espírito Santo só vivifica aquilo que é
verdadeiro e glorifica ao Senhor Jesus. É Ele quem convece do pecado, da justiça e do
juízo.
Usando estes cinco pontos a respeito de qualquer doutrina, verificar-se-á de imediato se
a mesma é verdadeira ou falsa. Posto isto, apresentamos sinteticamente alguns grupos e
movimentos religiosos da Cristandade eivados de heresias, dos quais o Catolocismo
Romano é, de longe, o mais importante.

Professor Gabriel Dimande 33


1. CATOLOCISMO ROMANO
A Igreja Católica Romana considera-se verdadeira, mas o facto é que apostatou da fé,
desviando-se dos ensinos da Palavra de Deus. Sobrepondo à Bíblia as tradições
humanas, a partir do século III da Era Cristã, a mesma tornou-se uma igreja repleta de
erros.
O Romanismo assumiu a sua forma mais definida no término de século IV, e desde
então encheu-se de crendices, superstições, inovações doutrinárias e tradições de
homens até ao dia de hoje.
Estes são alguns dos seus ensinamentos erróneos:
Infalibilidade papal, confissão auricular, culto dos santos, transubstanciação das
espécias na Missa, existência do Limbo e do Purgatório, celibato clerial, oração pelos
mortos, canonicidade daquilo que consideramos livros apócrifos, autoridade divina da
Tradição, imagens destinadas a culto, hierarquia sacerdotal, sete sacramentos, salvação
praticamente atravez das boas obras, etc.
2. MODERNISMO
O Modernismo ou Nova Teologia é uma corrente ligada ao alto criticismo das
Escrituras Sagradas encontrada em várias igrejas, incluindo a Católica Romana, a qual
tem corroído os alicerces da fé.
Vejamos algumas heresias propagadas pelo Modernismo Teológico:
Deus não é um ser pessoal, mas uma energia infinita e eterna; Cristo era um homem tão
bom que os seus seguidores o tamaram por um deus; os milagres de Jesus não passam
de exageros fabulosos, de facto explicáveis por causas naturais.
Os adeptos da Teologia Liberal, além de outros ensinos falsos, dizem que Jesus não
nasceu de uma virgem, nem ressuscitou dos mortos; que o pecado não existe; que a
morte de Cristo não tem qualquer valor expiatório; que todas as pessoas são filhos de
Deus, não havendo portanto castigo eterno.
3. ESPIRITISMO
A origem do Espiritismo (que alguns pensam não ser uma religião) remota a tempos
muito recuados, quando o homem primitivo cultuava os mortos, assim como as plantas,
os animais, as pedras, os astros, etc., em tudo vendo “espíritos”. Por isso tal prática é
condenada já no Antigo Testamento (Lv 20:27 / Dt 18:10-14 / Is 8:19, 20).
Em meados do século XIX inicia-se, nos Estados Unidos da América do Norte, o
chamado Espiritismo modeno, quando as jovens Margaret e Katie acreditam ouvir
pancadas misteriosas de um defunto, com quem procuram manter contacto.

Professor Gabriel Dimande 34


De acordo com o francês Léon Rivail, mais conhecido por Allan Kardec, o “Espiritismo
é a doutrina baseada na existência, manifestações e ensino dos espíritos”.
As sessões espíritas efectuam-se, regra geral, numa sala escura, com os presentes de
mãos dadas, sobre uma mesa de “pé-de-galo”. O “médium”, afastado dos assistentes,
procura, assim, atrair os espíritos a fim de interrogá-los e receber “mensagens”.
Os Espiritistas negam a Divindade de Jesus, a personalidade do Espírito Santo, a queda
de Adão, a eficácia da Obra expiatória da Cirsto, a existência do Diabo e do Inferno, a
ressureição dos mortos, etc. Acreditam na reencarnação, pensando que após sucessivas
existências o ser humano atinge o estado da perfeição.
4. O RUSSELISMO
“TESTEMUNHAS DE JEOVÁ” é a designação que os seguidores de Carlos Russell
adoptaram em 1922, em Cedar Point, nos Estados Unidos. O Russelismo, contudo,
nasceu no último quartel do século passado.
Russell, arvorando-se em profeta, fixou várias datas anunciando o fim do mundo, mas
tal nunca aconteceu...
Os chamados “Testemunhas de Jeová” declaram ser pecado adorar Cristo, ridicularizam
a crença da Santíssima Trindade, a ressureição corporal de Cristo, a existência do
Inferno e a personalidade do Espírito Santo.
Afirmam mais: a Segunda Vinda de Cristo consumou-se no ano de 1914; o Juízo Divino
principiou em 1918: a Primeira ressureição já se efectuou; no Céu só entrarão 144 mil
pessoas. Há muitas outras heresias aceites pelos russelistas que seria ocioso anunciar.
Eles condenam a transfusão de sangue ( nem que seja para salvar a vida dos familiares),
a prática do comércio, a celebração das festas de aniversário (incluíndo o Natal), e o
jurar (mesmo no Tribunal), o saudar a bandeira da Pátria, votar nas eleições locais ou
nacionais, etc.
5. SABATISMO
O fazendeiro americano, Guilherme Miller, começou a pregar, no ano de 1831, que
Jesus Cristo regressaria à Terra em 1843, depois em 1844, etc., originando deste modo o
“Adventismo” ou “Sabatismo”. Uma mulher, de nome Ellen White, colaborou
decisivamente na formação deste grupo religioso, sobretudo atravez das suas “visões” e
“revelações”.
Mencionamos, para elucidação do leitor, uma lista parcial dos erros em que laboram:
Não existe Inferno. As almas permanecem inconscientes, depois da morte, até aos mil
anos em que Satanás e os seus seguidores estarão na Terra. O Sábado é o dia de guarda;

Professor Gabriel Dimande 35


todos os que cultuam Deus, no domingo, têm o sinal da Besta e serão condenados. Para
se alcançar a salvação é necessário observar a Lei de Moisés, pois a mesma nunca foi
revogada. Os pecadores serão castigados com o Diabo, durante o período de mil anos, e
depois destruídos para sempre.
Ensinam ainda: A obra de expiação não se completou com a ascensão de Cristo no Céu,
mas só no ano de 1844 quando Ele entrou no “santuário” a fim de purificá-lo mediante
o Seu sangue. Os ímpios não ressuscitam. Em Outubro de 1844 principiou, nos céus, o
“Juízo investigativo”, isto é, o apuramento dos mortos e dos vivos que são dignos da
vida eterna.
Os Adventistas do Sétimo Dia abstêm-se de certos alimentos, sobretudo por razões
religiosas, e muitos exigem dos fiéis que sigam o regime vegetariano.
6. MORMONISMO
O Mormonismo, que se organizou no ano de 1830, teve sua arigem nos Estados Unidos,
designando-se por “Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias”.
Os Mórmones rejeitam a Bíblia Sagrada como única regra de fé e prática. Possuem a
sua própria “bíblia”, chamada “Livro de Mórmon”, escrita possivelmente pelo seu
fundador José Smith. Brigham Young, sucessor de Smith, teve nada menos de 17
mulheres e 56 filhos, pois os Mórmones ensinaram e praticaram durante muito tempo a
poligamia.
Damos, a seguir, esta pequena amostra das suas doutrinas:
Deus não é Espírito, mas um ser pessoal, de forma determinada, com partes corporais e
paixões espirituais. O Pai e o Filho são homens perfeitos, possuindo cada um deles um
corpo tangível. Jesus é filho de Adão-Deus e de Maria, não sendo concebido pelo
Espírito Santo. A queda de Adão trouxe resultados benéficos para a humanidade. A
salvação é fruto da obediência às ordenanças e mandamentos da igreja Mórmon. Os
pregadores Mórmones falecidos estão agora a anunciar o evangelho aos mortos. Um
Mórmon vivo deverá ser batizado em lugar de defuntos que não se batizaram.
7. CIENTISMO CRISTÃO
No ano de 1866, Mary Patterson deu uma queda no gelo, acidente que se tornou ponto
fulcral na sua vida. Três dias depois, mediante a leitura do capítulo 9 de Mateus, disse
hever sido sarada. Isso levou-a a analizar todos os relatos de cura na Bíblia. O resultado
desse estudo foi o que ela apelidou de “a ciência de Cristo”, também conhecida por
Ciência Cristã.

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Casou-se por três vezes. Durante os últimos anos de vida sempre negou a realidade da
doença e da morte, todavia morreu em 1910, com 89 anos... Chamava-se nessa altura
Mary Baker Eddy. Organizou a sua primeira “igreja” em 1879, sendo ainda hoje
conhecida como igreja-mãe de todas as outras disseminadas pelo mundo. Essa
comunidade é dirigida por cinco pessoas, que a governam de acordo com o “Manual da
Igreja”, livro escrito por Eddy.
A Ciência Cristã diz ser a Bíblia fundamental para os seus ensinos, mas apenas
interpretada à luz dos diverso escritos de Mary Eddy, como “Ciência e Saúde”, que lhe
foi transmitido por uma pretensa inspiração divina, verbal e directa...
Este sistema, no entanto, envolve mais do que cura física. O aspecto mais perigoso da
pseudofilosofia da “Ciência Cristã” é a maneira como destorce o ensino das Escrituras
Sagradas. Vejamos, nas linhas que se seguem, alguns exemplos.
Os adeptos de semelhante grupo não realizam cerimónias de casamento e funeral; não
celebram o baptismo nem a eucaristia; não oram – reconhecem só o poder do
magnetismo pessoal, do hipnotismo, do mesmerismo. Afirmam que o Julgamento Final
não existe; que a “Ciência Cristã” é a segunda Vinda de Cristo; que o pecado é produto
da imaginação humana, pois Deus fez tudo bom, e ainda hoje é Ele quem cria todas as
coisas boas; que receber Cristo como nosso Substituto é desnecessário, visto à fé na
própria obra de Cristo o homem terá de acrescentar a sua própria obra de salvação.
Sobre a expiação realizada por Jesus no Calvário, dizem que, como o pecado, a doença
e a morte são efeitos de um erro, Cristo veio para destruir a crença dos homens no
pecado. Declaram outrossim, que Jesus não morreu, permanecendo inclusivamente vivo
dentro do sepulcro.
Todas estas teorias, como é evidente, estão em manifesta contradição com o ensino
bíblico e apostólico.
8. MOONISMO
Moonismo é o sistema religioso fundado pelo coreano Sun Myung Moon, em 1954,
geralmente conhecido por “Unificação”. Moon, nascido em 1920, afirma que aos 16
anos de idade Jesus lhe apareceu, dizendo haver sido escolhido para uma grande missão,
na qual colaboraria com ele. Sun Moon é tratado frequentemente por Senhor (grafado
com letra maiúscula), e considerado superior a Cristo!
No prefácio do livro “Os Princípios Divinos” (considerada por esta estranha religião
cem vezes mais poderoso que a Bíblia!!) está escrito que Sun Moon organizou um
grupo na Coreia, possuindo muitas dessas pessoas “dons” espirituais, como

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“clarividência, clauriaudiência ou percepção de fogo espiritual, electricidade ou odores
espirituais; e que alguns ouvem música celestual em transe, e outros escrevem
automaticamente em línguas que nunca aprenderam”
A seita em causa penetrou em Portugal no ano 1972, tendo alguns centros aonde
submetem os novos aderentes a uma disciplina rígida e lavagem de cérebro. Eis algumas
das numerosas heresias mencionadas em “Os Princípios Divinos”, o livro “sagrado” da
seita:
1) Deus possui em si mesmo a característica dual masculina e feminina.
2) Jesus não cumpriu a sua missão pelo facto de morrer numa cruz.
3) Satanás venceu Jesus ao crucificá-lo
4) Cristo era um homem como os outros, sendo um grande erro pensar ser ele
Deus.
5) Toda humanidade será restaurada para Deus, formando trindades com o novo
“Messias”, que é Sun Moon.
6) Foi o corpo espiritual de Jesus que ressuscitou e não o físico.
7) A Idade do Novo Testamento acabou e o Plano da Idade do Testamento
Completo principiou no ano de 1960, quando se efectuou o casamento do
Cordeiro profetizado no capítulo 20 de Apocalipse.
O cristão, que aceita a Bíblia Sagrada como sua regra de fé e comportamento, horroriza-
se com crenças deste quilate, muitas das quais não citamos aqui dado o seu grau de
blasfémia. Os adeptos de Moon, porém, usam palavras bonitas e atitudes simpáticas a
fim de seduzirem os incautos.
Cuidado, pois – advertiu o Senhor Jesus Cristo – com os “ falsos profetas, que vêm até
vós vestidos como ovelhas, mas interiormente são lobos devoradores” (Mt 7:15).
9. MENINOS DE DEUS
Em 1968 surgiu nos Estados Unidos o grupo religioso “Os Meninos de Deus”, fundado
por David Moisés Berg. Esse indivíduo criou uma série de comunas ou colónias, a fim
de os seus adeptos aí viverem “separados” do mundo. Radicaram-se em Portugal em
1972.
Nessas comunas ensinam que a juventude deve revoltar-se contra os progenitores,
sistemas de educação pública, governos e até contra a própria igreja local. Encontram,
via de regra, forte oposição pelo facto de aliciarem os jovens, levando-os a
abandonarem o lar para viverem juntos nessas comunas. Aí recebem novos nomes e
cortam relações com a família.

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São constrangidos a ceder tudo quanto possuem e a deixar, inclusive, que a sua
correspondência seja censurada pelos novos superiores! Em virtude disso, têm sido
movidos processos nos tribunais contra a organização de os “Meninos de Deus” por
parte de pais desesperados, os quais acusam os adeptos dessa religião de raptarem os
filhos, efectuando neles uma lavagem cerebral.
Moisés Berg, que se comunica com os seus seguidores por intermédio de folhetos a que
chama “Mo Cartas”, tem profetizado inúmeros acontecimentos (Cataclismo originado
pelo cometa Kohoutek, em 1973; ocupação dos Estados Unidos pelos comunistas, em
1972, etc.), os quais não se verificaram... trata-se de mais um falso profeta referido na
Bíblia.
Os “Meninos de Deus” desprezam os ensinos fundamentais das Sagradas Escrituras,
obedecendo rigorosamente às ordens do seu fundador, o qual tem o descaramento de
reivindicar várias profecias que de direito pertencem ao Senhor Jesus Cristo. Acreditam
também que o número 144 000, citado no Apocalipse, diz respeito a eles, e declaram ser
as únicas pessoas no mundo que vivem absolutamente como os crentes da Primitiva
Igreja...
10. REMA
Pelo facto desse agrupamento carismático, com determinadas características
neognosticistas, ter aparecido recentemente em Portugal e vários dos seus ensinos
estarem envoltos num manto cristianismo pietista (não conseguindo muitos cristãos
sinceros descortinar autênticas heresias que só os prejudicam espiritualmente),
decidimos incluir neste capítulo o presente texto, mais extenso que os precedentes, no
qual se omitem, todavia, outras doutrinas e práticas estranhas à Palavra de Deus.
O apóstolo João (1ª Epístola), como também Paulo (1ª Epístola a Timóteo e
Colossenses), combateram o gnosticismo que penetrou na Igreja Primitiva, causando
inúmeros males aos cristãos daquela época. Pois, agora, temos aí essa mesma filosofia
religiosa, desenterrada do sepulcro dos séculos, com uma nova roupagem.
Paulo previne-nos relativamente ao gnosticismo do seu tempo, a essa pseudociência ou
conhecimento: “Ó Timóteo, guarda o depósito que te foi confiado, tendo horror aos
clamores vãos e profanos e às oposições da falsamente chamada ciência, a qual
professando-a alguns, se desviaram da fé” 91 Tm 6:20, 21). Solene aviso bem
necessário para os nossos dias!
Há alguns anos, surge nos Estados Unidos o moderno Movimento Carismático ou
Neopentecostalismo, o qual deu grande ênfase ao louvor divino, à pregação do

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pensamento positivo, aos direitos do homem em Cristo, etc. Entretanto, verdades
fundamentais das Escrituras Sagradas foram lamentavelmente relegadas para um plano
secundário, como por exemplo a justiça de Deus, a condenação eterna, a depravação
humana, a mensagem da cruz. No nosso país essa crença é conhecida por “Maná”
Como noutras religiões, há aspectos positivos no grupo em causa, e muitos dos seus
dirigentes no mundo são pessoas sinceras e zelosas na divulgação daquilo que
aprenderam. Existem, porém, graves erros doutrinários, tremendas heresias que afetam
os alicerces multiseculares da Fé Cristã.
Número significativo de jovens, com pouca experiência e escasso conhecimento das
Escrituras, estão a ser iludidos com os processos usados nas manifestações culturais,
particularmente no que concerne à doutrina da fé e da prosperidade.
Vejamos alguns dos seus erros doutrinários:
I - Anunciam um “evangelho triunfalista, no qual não existe derrota ou fracasso.
Isso, porém, não corresponde à verdade da experiência cristã dos nossos dias nem dos
tempos apostólicos. Jesus padeceu e foi desprezado, como a Bíblia mostra em inúmeros
lugares. O apóstolo Paulo fala de perseguição, de fome, de nudez e de outros
sofrimentos, como parte da cruz que o crente deve carregar diariamente (2 Cor 11:23-37
/ Lc 9:23).
Tiago foi morto à espada; Epafrodito esteve doente, quase à morte; Timóteo sofria de
estômago; Paulo tinha um espinho na carne (Act 12:1, 2 / Fl 2:25-27 / 1 Tm 5:23 / 2 Cor
12:7-10). Será que esses homens de Deus falharam? Só há uma resposta: Deus é
Soberano! O Senhor corrige a quem ama. O sofrimento pode ser um meio usado por
Deus para nos tornar humildes, para revelar o Seu poder em nós e santificar-nos. Somos
também chamados a participar dos sofrimentos de Cristo, a fim de alcançarmos a Sua
glória (Fl 1:29 / Rm 8:17).
A Bíblia ensina que Jesus morreu pelos nossos pecados, e pelas Suas pisaduras fomos
sarados. Cremos no poder da oração e na cura divina. Cremos que a fé é o único meio
de apropriarmos as promessas do Senhor às nossas necessidades. Mas as promessas de
Deus são sempre condicionais. Como disse Jesus: “Se vós estiverdes em mim, e as
minhas palavras estiverem em vós, pedireis tudo o que quiserdes, e vos será feito” (Jo
15:7). Estar em Cristo é possuir o Seu Espírito e em tudo ser dirigido por Ele – até nas
petições...

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Não devemos pedir o que não é da vontade de Senhor. Exigir que Deus faça tudo o que
Lhe pedimos só pode ser um acto de fé (confiança em Deus) quando Lhe rogamos algo
pelo Seu Espírito Santo, de acordo com a Sua vontade; de contrário é presunção...
II – Defendem, de forma destorcida, a doutrina da prosperidade.
Partindo das premissas de que todo o Bem provém de Deus e que todo Mal ou
sofrimento provém do Diabo, esse grupo crê e propaga com afinco e prosperidade
material para todo o crente que tem fé. Dizem que ser rico e próspero nas coisas
materiais é ser abençoado por Deus e possuir muita fé e virtude; ser pobre é um defeito,
uma deficiência na fé – um pecado.
Cremos que a doutrina da prosperidade é bíblica até ao ponto em que não colocamos de
parte a soberania de Deus. O Criador promete abençoar o crente em todo sentido, desde
que ele esteja no centro da vontade divina. Mas prosperidade não significa apenas o
acúmulo de bens materiais. As maiores bênçãos são espirituais.
O Evangelho fala-nos de um homem que tinha muitos tesouros, contudo não era rico
para com Deus (Lc 12:21). Prosperidade e bênção pode até significar despojar-se dos
bens materiais e dá-los aos pobres, como no caso do mancebo rico (Mr 10:21).
Deus tem um plano diferente para cada pessoa. Condicionar a Escritura Sagrada a um
determinado plano fixo, a uma programação como se faz com os computadores, é
limitar Aquele que tem todo o poder no Céu e na Terra, e negar-Lhe a Sua soberania.
Deus age como quer.
Prosperidade é, em última análise, fazer a vontade de Deus, seja com muita ou pouca
abundância material (Lc 12:15). Jesus só nos promete o pão de cada dia e isso basta-nos
(Mt 6:11). Veja-se, também, a advertência do apóstolo Paulo na sua 1ª Epístola a
Timóteo 6:6-11.
Joe Magliato, no seu livro O Evangelho de Wall Street, escreve: “Nós temos sido
vítimas da nossa cultura. A obsessão americana com o sucesso, estratagemas vários e o
prazer, têm criado um Evangelho americanizado – um Evangelho pervertido que ensina:
‘E sereis conhecidos pelos vossos Cadillacs’. Quando estivermos perante a Trindade
Divina, as nossas possessões nem chegarão a um montão de feijões, e o fruto que Jesus
procurará será o resultado da nossa obediência À Sua vontade. Jesus é o senhor. Eu não
posso fazé-Lo meu servo”.
III – Fazem uma absurda destrinça entre “Confissão Positiva” e “Confissão
Negativa”

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Dizem haver na Confissão dois aspectos: o positivo e o negativo. O reconhecimento do
pecado, da pobreza, da enfermidade, etc., é designado confissão negativa. O
reconhecimento ou aceitação de situações desejáveis é apelidado de confissão positiva.
De acordo com esta teoria, o cristão que opta pela confissão positiva evitará coisas
desagradáveis como a doença, a pobreza e outras situações do género. Por exemplo o
indivíduo só estará enfermo se confessar esse facto...
Eles asseveram que Deus deseja que o crente possua o melhor automóvel, traje a roupa
mais cara, tenha a vivenda mais luxuosa e assim por diante. Ensinam, portanto, que se
alguém quer dinheiro deverá confessar ou afirmar que o possui, apesar de o não ter; o
mesmo deverá ser feito em relação a uma casa, a um automóvel, etc. Insistem que a
palavra falada, proferida reiteradamente, terminará por resultar em fé que trará a ansiada
bênção.
Quando dizem que admitir a fraqueza espiritual, as necessidades financeiras e a doença
significa ficar completamente derrotado, isso é ir contra o ensino geral das Escrituras. A
Bíblia contradiz semelhante teoria. Vejamos alguns exemplos:
Josafat venceu o inimigo após reconhecer a sua incapacidade (2 Cr 20:1-23); Paulo
escreve que quando estava fraco então era forte (2 Cor 12:9, 10); Cristo multiplicou os
pães e os peixes quando os discípulos confessaram não haver comida sufisciente para a
multidão (Lc 9:12-17); os apóstolos conseguiram uma grande pesca só depois de
admitirem o seu fracasso (Jo 21:3-6).
Nem sempre afirmações verbais positivas produzem bons resultados, e afirmações
negativas produzem maus resultados. A Bíblia ensina que todo o homem deverá
confessar os seus pecados a Deus (1 Jo 1:9); que todos devemos confessar (reconhecer)
o Senhor Jesus diante dos homens (Mt 10:32 / Rm 10:9, 10); que o crente deve manter-
se fiel à fé que confessa possuir (Hb 4:14 / 10:32).
IV – Sustentam que não se deve orar por bênçãos prometidas por Deus
A Palavra de Deus, todavia, ensina a oração perseverante (Lc 11:5-10 / 18:1-8 / Rm
12:12). Deve orar-se pelo pão quotidiano (Mt 6:11), pela sabedoria (Tg 1:5), pelo
Espírito Santo (Lc 11:13). A Bíblia aconselha a orar sem cessar ( 1 Ts 5:17). A oração
deverá ser feita de harmonia com a vontade de Deus (1 Jo 5:14, 15). É necessário
entender a vontade do Senhor (Ef 5:17). Sem dúvida que a vontade divina tem
prioridade quanto aos planos e desejos do cristão (Tg 4:15). Por isso é importante que
digamos como os crentes da Igreja Primitiva: “Faça-se a vontade do Senhor” (Act
21:14).

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Consideremos ainda algo sobre a vontade de Deus que, como se sabe, é Soberano.
David tinha as melhores intenções quando expressou o desejo de edificar um templo ao
Senhor; porém, isso não era a Sua vontade (1 Cr 17:1-4). Nem sempre aquilo que
desejamos é a vontade de Deus (Tg 4:3). O Senhor Jesus, no Getsémani, rogou que o
Seu cálice fosse removido, mas o Pai não atendeu a esse desejo (Lc 22:42).
A Sagrada Escritura mostra que o crente, por vezes, não sabe o que há-de pedir como
convém, sendo necessário o Espírito Santo interceder por ele (Rm 8:26, 27).
V – Estabelecem distinção entre “logos” e “rema”
Muitos dirigentes desse Movimento fazem distinção entre os vocábulos logos e rema,
que afinal são expressões sinónimas na Bíblia. Os termos gregos “rema” e “logos”
significam palavra. Eles objectam que “logos” refere-se à palavra escrita, enquanto
“rema” aplica-se àquilo que é falado presentemente pela fé. Segundo tal ponto de vista,
tudo quanto for dito ou falado pela fé torna-se inspirado (!!) e recebe ou toma sobre si o
poder criativo de Deus.
Os versículos das Sagradas Escrituras são escolhidos, por vezes, ignorando-se o seu
contexto ou analogia da fé, que tais religiosos advogam declarar pela fé. Neste tipo de
aplicação do chamado princípio rema, eles preocupam-se mais em fazer a Palavra de
Deus dizer aquilo que de facto querem, do que tornarem-se naquilo que a Palavra de
Deus quer que sejam.
É muito importante evitar-se toda e qualquer forma de existencialismo cristão, que
conciste em isolar textos bíblicos do respectivo contexto, ou classificar alguns deles
como eternos e outros apenas para certos tempos. Ao apreciarmos qualquer doutrina é
conveniente saber se a mesma está em harmonia com o sentido geral das Escrituras.
Qualquer ensino que não se fundamenta numa consideração global da verdade bíblica
trará graves prejuízos à causa de Cristo. Isso até pode ser muitas vezes mais nocivo do
que pontos de vista que rejeitam completamente a Bíblia.
Algumas pessoas aceitarão facilmente algo como verdadeiro, desde que esteja
mencionado na Palavra de Deus, ainda que semelhante ensino seja extremista na sua
indevida ênfase, ou que contradiga outros princípios bíblicos. É um facto que a Bíblia
inclui grandes verdades como a cura divina, a provisão em suprir necessidades, a fé e a
aoutoridade do crente, etc. A mesma ensina, também, que a mente disciplinada é um
factor importante na vida cristã victoriosa. Estas verdades, porém, devem ser sempre
consideradas à luz do ensino total das Escrituras.

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Quando se observa os esforços de quem promove a doutrina da confissão positiva,
torna-se evidente que tal mensagem atrai principalmente os cristãos que vivem numa
sociedade abastada. Esses “mestres” advogam um elitismo espiritual, o qual leva os
seus seguidores a afirmarem: “Nós acreditamos nas mesmas coisas que vocês, com a
diferença de praticarmos aquilo em que acreditamos”.
A prova ou exame prático de uma crença faz-se averiguando se se aplica ou não
universalmente. Pergunta-se: semelhante ensino tem razão de ser entre quem vive numa
sociedade próspera? Ou terá, também, aplicação concreta entre os refugiados no
mundo? Qual a aplicação prática desta teoria nos crentes a apodrecerem nas prisões por
causa da sua fé? Os nossos irmãos, que são mártires ou que sofrem grandes torturas por
amor de Cristo às mãos de ditadores cruéis e sem princípios, devem acaso ser
considerados crentes de segunda classe?!
A verdade das Escrituras tem aplicação universal. A mesma é eficiente nos bairros
degradados como nos prósperos. Produz bons resultados na selva e na cidade; e é tão
eficaz no estrangeiro como na nossa pátria. A Palavra do Senhor é tão eficaz entre os
povos mais carecidos como entre os mais ricos.
A análise do fruto de um trabalho poderá ainda ser feito para se saber se determinado
“mestre” ou ensino vem de Deus ou do homem: “Pelos seu frutos os conhecereis” (Mt
7:20).
V
VII
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Muunnddoo

O termo “pentecostal” deriva de Pentecostes que, no idioma grego do Novo


Testamento, significa “quinquagésimo dia”, e é uma festa observada pelos israelitas
cinquenta dias depois da Páscoa. A referida festividade era conhecida também, há
muitos séculos, pelos nomes de Festa das Semanas, Festa das Primícias e Festa das
Colheitas (Êx 23:14, 16 / 34:22).
Após a ascensão de Cristo, o Espírito Santo desceu sobre os discípulos, no dia de
Pentecostes, os quais foram batizados no Espírito Santo falando línguas estranhas (Act
2:1-4). Os cristãos que aceitam o baptismo no Espírito Santo e respectivos dons
espirituais de acordo com o Novo Testamento (ver Actos e 1ª Epístola aos Coríntios),
são apelidados de pentecostais ou carismáticos.
Os pentecostais constituem um movimento de renovação espiritual, que procura
despertar os crentes para a santificação e vida abundante na evangelização do mundo

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por meio do anúncio intrépido do Evangelho acompanhado da salvação dos perdidos e
confirmado com os sinais da grande Comissão de Jesus (Mr 15:16-20).
Esta obra não é recente, pois manifesta-se praticamente desde a Igreja Primitiva nas
mais diversas regiões da Terra. Assim, já no século II, Ireneu e Tertuliano testificaram
da operação dos dons espirituias, como o da profecia e das línguas estranhas.
De acordo com a “Enciclopédia Britânica (vol. 22, pg. 283, Ed. 1944), a glossolalia
(dom espiritual que possibilita falar qualquer idioma sem o ter aprendido) reapareceu
nos avivamentos cristãos de todas as épocas.” Citamos alguns grupos mais recentes:
Valdenses, Albigenses, Anabatistas, Zuinglianos, Huguenotes, Quacres, Irvingitas,
convertidos de Wesley e Whitefield, etc.
Nos alvores do século XX havia em todo o mundo, especialmente nos países de fala
inglesa, um forte e influente movimento em prol da santificação da vida dos crentes no
seio de quase todas as confissões evangélicas. Os historiadores são unânimes em admitir
que tal facto abriu caminho ao moderno movimento carismático que é uma realidade
universal dentro do evangelismo fiel aos princípios neotestamentários.
Em 1900 iniciou-se na localidade de Morhead, Estado norte-americano de Minessota,
um despertamento de características pentecostais entre cristãos suecos. A 1 de Janeiro
de 1901, na cidade de Topeka, Kansas, na Escola Bíblica Betel, onde se estudava a
pessoa e obra do Espírito Santo, vários alunos “falaram línguas”. Operou-se, então, um
reavivamento que alastrou como fogo, dando origem às Assembléias de Deus.
Entretanto, em 1906, na Rua Azusa, Los Angeles (California), muitos cristãos
receberam o baptismo no Espírito Santo, de modo que o Movimento Pentecostal
expandiu-se, consideravelmente, repercurtindo-se quase ao mesmo tempo em diversas
nações. Nos dias actuais, a grande família pentecostal no mundo, está computada em
largas dezenas de milhões de membros.
Os pentecostais realizam a sua Conferência Mundial cada três anos, ora num ora noutro
continente, efectuando-se também periodicamente na Europa a Conferência Pentecostal
(PEK). Portugal recebeu a PEK, em Lisboa, em Julho de 1987. Apartir dessa altura
passou a denominar-se, oficialmente, Comunhão Europeia Pentecostal. A renovação
carismática penetrou praticamente em todas as denominações protestantes, e não só,
estando a cumprir-se assim a promessa bíblica de Joel 2:28, 29.
Numa época caracterizada pelo secularismo, racionalismo e materialismo, Deus tem
levantado um povo fervoroso, dinâmico e revestido do poder do Espírito Santo que

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proclama o Evangelho a toda criatura, em obediência ao mandamento do Senhor Jesus
Cristo (Mr 16:15 / Act 1:8).
Apesar da nossa ênfase evangelística, não descuramos o aspecto social, pois mantemos,
em numerosos países, orfanatos, casas de repouso, hospitais, clínicas de recuperação de
drogados, universidades, etc.
V
VIIII
A
Ass N
Noossssaass C
Crreennççaass

Os ensinos básicos da fé cristã, originalmente expostos nas páginas da Bíblia, são


bastante claros. Com o decorrer dos tempos, porém, surgiram no seio da Igreja ideias
heterodoxas que faziam perigar a fé simples dos seguidores do Senhor Jesus Cristo e,
até, a existência da própria comunidade cristã. No intuito de se evitar semelhantes
males, os dirigentes espirituais resolveram proteger a doutrina correcta com definições
completas e pormenorizadas. Nasceram, desta forma, os credos, os quais apresentam
também alguns incovenientes.
Quando um assentimento formal a essas declarações dogmáticas substitui a fé viva, ou o
tal “credo” se torna objecto da nossa crença em detrimento da Palavra de Deus, a Igreja
é, naturalmente prejudicada. É pena que não possamos dispensar credos ou declarações
de fé, mas a confusão teológica reinante na actualidade constrange-nos a isso. Posto
isto, apresentamos de modo sucinto as nossas crenças fundamentais:
1. Cremos na inspiração plena e verbal da Escritura Sagrada, infalível depositária
da revelação divina e única regra de fé e comportamento.
2. Cremos num único Deus infinito, eternamente subsistente nas pessoas do Pai,
Filho e Espírito Santo.
3. Cremos na divindade de Jesus, no Seu miraculoso nascimento virginal, na Sua
perfeita humanidade e vida imaculada, nos seus milagres, na Sua morte
Substituinte e expiatória, ressurreição e ascenção ao Céu onde intercede por nós
como Sumo - Sacerdote e único Mediador.
4. Cremos na pecaminosidade do homem que o destituiu da glória divina e que
apenas o arrependimento e a fé na Obra redentora de Cristo o poderá restaurar.
5. Cremos na salvação presente e completa, na eterna justificação da alma e no
perdão dos pecados, recebida graciosamente de Deus pela fé no sacrifício vicário
de Jesus Cristo. Cremos na necessidade das boas obras agradáveis a Deus, como
evidência de uma fé viva em Cristo.

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6. Cremos na possibilidade de viver santamente por via do sacrifício de Cristo e
mediante o poder regenerador e santificador da pessoa divina do Espírito Santo.
7. Cremos no baptismo efectuado por imerssão em nome do Pai, do Filho e do
Espírito Santo, e reservados às pessoas convertidas ao Evangelho que entendem
o significado dessa ordenança de Jesus.
8. Cremos na Ceia do Senhor como memorial do sacrifício consumado no Gólgota
simbolizando o pão e o vinho, respectivamente, o corpo e o sangue de Cristo.
9. Cremos no baptismo do Espírito Santo, com evidência inicial de falar em outras
línguas.
10. Cremos na actualidade dos dons espirituais distribuidos pelo Espírito Santo à
Igreja para a sua edificação.
11. Cremos na cura divina como parte da expiação de Jesus efectuada no Calvário,
bênçãos que o crente poderá apropriar pela fé.
12. Cremos na vinda de Cristo, antes do Milénio, em duas fases distintas: primeira
- invisível ao mundo, para arrebatar a Sua Igreja fiel antes da Grande Tribulação;
sugunda – visível e corporal, com Sua Igreja glorificada, a fim de reinar na
Terra durante mil anos.
13. Cremos na ressurreição corpórea dos mortos, tanto dos justos como dos
injustos.
14. Cremos no juízo vindouro: vida eterna de gozo e bem-aventurança para os
santos, e de condenação perpétua para os ímpios.

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