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14/08/2022 15:37 A Vida Conjugal e o Autoconhecimento.

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AMOR

A Vida Conjugal e o Autoconhecimento.    


By CLACI MARIA STRIEDER — agosto 10, 2022 — Updated: agosto 10, 2022

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Historicamente, o casamento é um arranjo cultural, visto como possibilidade de


manutenção dos relacionamentos entre grupos sociais, associado ao cristianismo,

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que passou por diferentes adaptações no decorrer dos anos. Hoje ainda é movido por
romantismo e algumas crenças nos induzem a pensar que sempre teremos alguém ao
nosso lado. Em termos gerais, a visão conjugal do casamento é que ele envolve a união
de dois seres por toda a vida, pelos atos de amor e pelos filhos que esse amor traz.
Inicialmente, todos os melhores sonhos são projetados nele e os envolvidos têm como
propósito uma vida em conjunto. Mas C. G. Jung nos alertou: “Como relacionamento
psíquico o matrimônio é algo complicado, sendo constituído por uma série de dados
subjetivos e objetivos que em parte são de natureza muito heterogênea” JUNG, O/C 17,
par. 324). E complementou: “Não existe nenhum relacionamento psíquico entre dois
seres humanos, se ambos se encontrarem em estado inconsciente” (JUNG, O/C 17,
par. 325). Também não existem receitas prontas que resolvam questões relacionadas
ao conteúdo psíquico que envolve a vida conjugal. Para tanto, o caminho mais
assertivo é promover o autoconhecimento de cada cônjuge, que possibilita tornar
conscientes os conteúdos inconscientes, favorecendo assim o encontro de indivíduos
para viverem o enlace matrimonial. 

Segundo diferentes estudos, existem muitos rituais e vários simbolismos para


celebrarmos a cerimônia do casamento, com troca de votos e alianças: para os
amantes da natureza a melhor opção é a Cerimônia das Areias. O Ritual da Árvore,
simboliza o cultivo do amor, da prosperidade e da fertilidade. Já a Cerimônia dos
Balões, envolve mensagens em balões que são soltos e sobem aos céus com as
intenções para o casal. O rito da Caixa de Vinho é interessante, pois representa uma
melhor qualidade do casamento com o passar do tempo.  A Cerimônia Judaica da
Quebra de Taças, envolve o equilíbrio entre os momentos felizes e tristes que serão
enfrentados pelo casal. Na cultura japonesa, a Cerimônia do Darumá-san incentiva a
disciplina, a coragem, a dedicação e a paciência. Na tradição oriental, San-san-kudo
(três-nove), o número três significa boa sorte e o número nove simboliza a aspiração
à máxima boa sorte. Também existe o Ritual da Lavagem dos Pés, enfatizando
respeito, humildade, carinho, serviço e amor ao próximo. Por fim, o Rito das Velas,
que representa a união de duas famílias e a criação de uma nova.

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Mesmo com as diferentes possibilidades de cerimônias, ainda predomina o


tradicional casamento na igreja e ele começa com a famosa Marcha Nupcial (Felix
Mendelssohn) ou mesmo a Ave Maria (Franz Schubert), desperta emoções no casal e
nos convidados, refletindo um mundo de promessas e de felicidade. A cerimônia
idealizada por muitos envolve grandes investimentos, principalmente de tempo e de
dinheiro. O processo criativo toma conta da concretização do evento, com diferentes
formas de expressões artísticas: registro fotográfico, vídeo, músicas, decoração,
convites, transporte, costura do vestido de noiva, noivo, dama de honra, pajem,
testemunhas/ padrinhos, preparo de alimentos para a recepção dos convidados,
viagem da lua de mel e outros mais.

Vindo ao encontro, podemos perceber que até hoje recebemos influências de muitas
gerações e também dos escritos da Bíblia Sagrada, que trazem a ideia de que Deus
criou a mulher para ser a companheira do homem: “Não é bom que o homem esteja
só; far-lhe-ei uma ajudadora idônea para ele (Gênesis 2:18). É transmitido pela igreja
que o propósito de Deus para o casamento é gerar filhos. Da mesma forma, que o
casamento deve durar para sempre, até que a morte separe o casal. E quantas mortes
em vida ocorrem na vida conjugal? Morte da confiança, do respeito, do
companheirismo, contrapondo as promessas matrimoniais: “Prometo ser fiel na
alegria e na tristeza, na saúde e na doença, amando-lhe e respeitando-lhe por todos
os dias da minha vida.” Não é algo fácil de se cumprir, principalmente no mundo
imediatista e descartável em que vivemos! Martha Medeiros, com a crônica
Promessas Matrimoniais, traz valiosas reflexões, que são diferentes das promessas
tradicionais: “Promete fazer da passagem dos anos uma via de amadurecimento e não
uma via de cobranças por sonhos idealizados que não chegaram a se concretizar? […]
Promete que fará sexo sem pudores, que fará filhos por amor e por vontade, e não
porque é o que esperam de você, e que os educará para serem independentes e bem
informados sobre a realidade que os aguarda? […]

Promete que a palavra liberdade seguirá tendo a mesma importância que sempre teve
na sua vida, que você saberá responsabilizar-se por si mesmo sem ficar escravizado
pelo outro e que saberá lidar com sua própria solidão, que casamento algum
elimina?”

Legalmente, para se efetivar um casamento, não basta a cerimônia religiosa. Segundo


determinação do código civil, o casamento é a união entre duas pessoas, que

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estabelecem comunhão plena de vida, com base na igualdade de direitos e deveres. É


realizado em Cartório de Registro Civil, por um juiz de paz, na presença de
testemunhas. Tanto no casamento religioso, como no civil, é necessário um
representante para oficializar a união. Isso nos remete à Himeneu, a divindade que
preside casamentos. Na mitologia, a deusa Hera rege casamentos, porém Himeneu,
filho de Apolo com Afrodite, é o deus grego do casamento. Segundo a revista A Mente
é Maravilhosa, o mito de Himeneu apresenta um ato de bravura, reconhecido por
todos. Ele foi capturado por piratas junto com um grupo de mulheres, que não
perceberam que ele era um homem. Foram colocados em cativeiro num navio e
Himeneu acalma as mulheres apavoradas e elas confiam na sua habilidade. Ao
anoitecer, ele percebeu que os piratas haviam bebido demais, então escapa e aniquila
todos os sequestradores, liberta as mulheres e as leva para suas famílias. A partir
disso, ele passou a presidir muitos dos casamentos como eterno agradecimento pelo
seu ato de bravura e sugeriu-se que havia uma conexão entre esta divindade e o
hímen, até pouco tempo muito valorizado no ato do casamento por diferentes
culturas com padrões machistas, pregando a dominação do gênero masculino sobre o
feminino. 

Muitos filmes traduzem luzes e sombras sobre casamento. Entre tantos que
apresentam essa temática, podemos citar: O Casamento dos Meus Sonhos, que
envolve um evento romântico inesquecível. Cinco Anos de Noivado, apresenta
noivado longo, com cerimônia diurna. A despedida de solteiro comparece em Noivas
em Guerra e Casamento Grego ocorre em cerimônia gigantesca.  Mamma Mia, por sua
vez, inspira noivos praianos. E para descontrair e rir muito, Missão Madrinha de
Casamento. A crença que o amor envolve duas metades que se unem e se completam é
um dos padrões enraizados e fonte de muitas inquietações e sofrimentos. Neste
sentido, Jung nos deixou reflexões: “Para tornar-se consciente de mim mesmo, devo
poder distinguir-me dos outros. Apenas onde existe essa distinção, pode aparecer um
relacionamento” (JUNG, O/C 17, par. 326). Da mesma forma, orientou-nos sobre a
importância de trazer conteúdos inconscientes para a luz da consciência: “Quanto
maior for a extensão da inconsciência, tanto menor se tratará de uma escolha livre no
casamento; de modo subjetivo isto se faz notar pela coação do destino, claramente
perceptível em toda a pessoa apaixonada” (JUNG, O/C 17, par. 327). No começo do
relacionamento projetamos e vivemos muitos sonhos, mesmo assim adaptar-se ao
mundo do outro é algo desafiador. Guiados pela liberdade da escolha ou pelo destino,
sempre temos tempo de ressignificarmos velhos padrões.

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Ainda se preserva o romantismo nos relacionamentos e as músicas revelam esse


aspecto, como Velha Infância, canção de Tribalistas, traduzindo uma grande paixão
que envolve a fase inicial do casamento: “Seus olhos, meu clarão, me guiam dentro da
escuridão, seus pés me abrem o caminho, eu sigo e nunca me sinto só”. Da mesma
forma, Roberto Carlos expressa pela voz o simbolismo do amor: “Eu tenho tanto pra
lhe falar, mas com palavras não sei dizer, como é grande o meu amor por você”.
Grandes nomes eternizam a música Eu Sei Que Vou Te Amar, enaltecendo o amor e
projetando nele uma vida inteira: “Eu sei que vou te amar, por toda a minha vida eu
vou te amar (…) Eu sei que vou sofrer, a eterna desventura de viver, à espera de viver
ao lado teu, por toda a minha vida. E Roupa Nova, com Linda Demais, exalta as
expectativas no outro: Vem fazer diferente, o que mais ninguém faz. Faz parte de
mim, me inventa outra vez. Vem conquistar meu mundo, dividir o que é seu. Mil
beijos de amor em muitos lençóis, só eu e você. O tempo passa, a paixão inicial
também e a vida se encarrega de mostrar outros aspectos do relacionamento.

Nem sempre as adaptações ao casamento ocorrem como o esperado e os problemas


comparecem. Jung já dizia: “O não-querer-ver e a projeção dos próprios erros estão
no início da maioria das brigas e são a mais forte garantia de que a injustiça, a
hostilidade e a perseguição não morrerão tão cedo. Ao nos mantermos inconscientes
sobre nós mesmos, também não vemos nossos próprios conflitos” (JUNG, Sobre o
amor, p.55). Simbolicamente complementou: “Percebemos o cisco no olho do outro e
não vemos a viga de madeira em nosso próprio olho” (JUNG, O/C 18/2, par.1803s).
Provérbios e ditados populares também apresentam essas questões sobre casamento,
muitas vezes de forma divertida, ao mesmo tempo expressando projeções e
frustrações: “O casamento é uma fortaleza sitiada; os que estão de fora querem entrar
à viva força e os que estão dentro gostariam bastante de sair dela”; “Casamento de
imposição é de curta duração”; “Casamento é loteria”; “O amor faz passar o tempo, e
o tempo faz passar o amor”. “Em briga de marido e mulher ninguém mete a colher”.
Será? É preocupante o número crescente de violência que ocorre na convivência
conjugal, muitas vezes expressada por agressão física, abuso sexual, controle,
humilhação, intimidação, coerção ou manipulação, envolvendo violência psicológica,
patrimonial e moral, resultando até em mortes, vitimizando muito mais as mulheres,
conforme nos mostram as estatísticas e afetando a vida psíquica dos filhos.

Segundo Jung, depois de algum tempo, geralmente após anos de convívio, o


relacionamento se transforma e as crises comparecem: “A paixão muda de aspecto e

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passa a ser dever, o querer transformar-se inexoravelmente em obrigação; as voltas


da caminhada, que antes estavam cheias de surpresas e descobertas, agora nada mais
são do que rotina. O vinho acabou de fermentar e começa a clarear. Desenvolvem-se
tendências conservadoras, se tudo está em ordem. Em vez de se olhar para frente,
muitas vezes, sem querer, se olha agora para o passado; principia-se a prestar contas
sobre a maneira pela qual a vida se desenvolveu até o momento” (JUNG, O/C 17,
par.331a). Outro aspecto importante que precisamos ressignificar é que, com o
casamento não passamos a ser uma unidade, que pensa, sente e age da mesma forma.
A relação se fortalece quando respeitamos as diferenças. As insatisfações comparecem
quando vemos no outro todos os aspectos que não vemos em nós e não sabemos lidar
com eles. O relacionamento conjugal requer que estejamos cada vez mais conscientes
das nossas luzes e sombras, como orientou Jung: “Raras vezes, ou até mesmo nunca,
um matrimônio se desenvolve tranquilo e sem crises, até atingir o relacionamento
individual. Não é possível tornar-se consciente sem passar por sofrimentos” (JUNG,
O/C 17, par. 331). E quando os cônjuges estão conscientes, analogicamente iluminam
um ao outro, possibilitando transformações e integrações de conteúdos psíquicos.

Somos únicos, integrais e ao mesmo tempo sedentos de amor e de reconhecimento. E


o casamento também envolve o amor e reconhecimento! Tamanha é a sua
importância que o simbolismo do amor comparece em diferentes expressões escritas,
como a de Fernando Pessoa, no poema O Amor: “O amor, quando se revela, não se
sabe revelar. Sabe bem olhar p’ra ela, mas não lhe sabe falar. Quem quer dizer o que
sente, não sabe o que há de dizer”. Igualmente, O Poeminha Amoroso, de Cora
Coralina, traduz o amor: “Este é um poema de amor, tão meigo, tão terno, tão teu… É
uma oferenda aos teus momentos de luta e de brisa e de céu…E eu, quero te servir a
poesia, numa concha azul do mar ou numa cesta de flores do campo”. Do mesmo
modo, As Sem-Razões do Amor, de Carlos Drummond de Andrade, expressam um
estado de graça: “Eu te amo porque te amo. Amor é estado de graça e com amor não se
paga”. E ainda, em Amar é Mudar a Alma de Casa, Mário Quintana enfatiza a
confiança, tão necessária para viver o amor: “Amar, é aquilo que embasa, é ter
comprometimento. Amar é voar sem asa, e porque amar é acolhimento, amar é mudar
a alma de casa”.

O casamento envolve um exercício contínuo de confiança. De acordo com Waldemar


Magaldi Filho, no seu artigo Casamento e Psicologia Junguiana: “[…] Confiança
depende de um constante fiar com o outro, tecendo juntos a trama da vida, que é feita

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pelos fios da alegria, da tristeza, do prazer, da dor, do medo e da fé, fazendo laços e
nós harmoniosos e desfazendo os patológicos”. Projetamos no nosso cônjuge alguns
dos nossos aspectos sombrios, que muitas vezes são as causas das desavenças. Ao
mesmo tempo, em função das influências externas, usamos máscaras – denominadas
personas – para nos apresentarmos de forma mais favorável, porém muitas vezes
envolvidas por medo das dificuldades e medo de nos entregarmos ao amor. O medo da
intimidade e a perda da privacidade são fatores que assustam os indivíduos,
dificultando a verdadeira entrega ao relacionamento. De forma similar, a falta de uma
comunicação mais assertiva é causa de muitos embates. Somos tomados por
inúmeras atividades, vivemos apressados e não temos mais tempo para
estabelecermos um diálogo saudável.

Apesar dos padrões tradicionais, historicamente os relacionamentos conjugais


mudaram de roupagem e novas formas de vivermos o amor comparecem. Nas esferas
políticas o casamento homoafetivo já é amplamente discutido e a pluralidade deve ser
contemplada e respeitada. Independente das escolhas, somos livres para optarmos
pela vida conjugal, que envolve alegrias e desafios, principalmente no aprendizado e
no exercício da paciência, do respeito, da compreensão e do amor. E quando a
convivência se tornar inviável e todas as possibilidades de viver em harmonia
conjugal forem esgotadas, a melhor saída é a separação. Não é saudável arrastar pela
vida inteira uma escolha que não foi bem-sucedida.

Para amar precisamos nos desarmar da possessividade, da desconfiança, dos


preconceitos, do egoísmo e outros aspectos sombrios que dificultam os
relacionamentos. Para tanto, o autoconhecimento é fundamental, pois possibilita
tornarmos conscientes os conteúdos inconscientes que nos atravessam. A partir do
momento que somos mais conscientes das nossas luzes e sombras e ressignificarmos
os aspectos doentios, convivermos com o outro se torna mais fácil.  Precisamos
entender que nos unirmos ao outro não significa abrirmos mão do que somos. Como
disse Jung: “Mesmo o melhor casamento não é capaz de apagar as diferenças
individuais e tornar os estados dos esposos absolutamente idênticos” (JUNG, O/C 17,
par. 331b). Assim, estaremos mais preparados para vivermos a união conjugal, que
enlaça a integração de opostos, favorecendo o encontro de indivíduos conscientes que
se abraçam e se entrelaçam na vivência do amor, ingrediente indispensável na vida
conjugal.

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Claci Maria Strieder – Membro Analista em Formação

Waldemar Magaldi Filho – Analista Didata

Fontes de Referência:

ANDRADE, C. D. As sem-razões do amor. Poema publicado na obra Corpo, 1984.

BÍBLIA Sagrada. São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993.

BRAGA, Roberto Carlos. Como é grande o meu amor por você. Álbum Roberto Carlos
em Ritmo de Aventura. CBS, 1967.

CORALINA, C. O Poeminha amoroso.

Poeminha amoroso - Cora Coralina

JUNG, C. G. Civilização em transição. Petrópolis. Vozes: 2013.

__________ O desenvolvimento da personalidade. Petrópolis. Vozes: 2013.

__________ Sobre o amor [tradução de Inês A. Lohbauer]. Aparecida, SP: Ideias &
Letras, 2005.

MAGALDI FILHO, Waldemar.: Artigo Casamento e Psicologia Junguiana

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https://www.ijep.com.br/index.php/artigos/show/casamento-e-a-psicologia-
junguiana.

MEDEIROS, Martha. Crônica promessas matrimoniais, 2003.  


https://www.pensador.com/frase/MjA4Nzg/.

MORAES, V. de & JOBIM, A. C. Eu sei que vou te amar, 1958.

https://www.letras.mus.br/tom-jobim/49040/.

QUINTANA, M. Amar é mudar a alma de casa.

Amar É Mudar A Alma De Casa | Poema de Mário Quintana com narração de Mu…
Mu…

PESSOA, F. Presságio. 1928.

Poesia da Semana: Presságio (Fernando Pessoa)

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REVISTA – A mente é maravilhosa. Mito de Himeneu.


https://amenteemaravilhosa.com.br/o-mito-de-himeneu/

ROUPA NOVA. Linda demais. RCA, 1985.

TRIBALISTAS. Velha Infância. Rio de Janeiro. Phonomotor Records,

EMI, 2002.

carl gustav jung psicologia analítica psicologia junguiana relacionamentos

Claci Maria Strieder

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ATUALIDADES

Barbies, Ursos e Mitologias Gays


By GABRIEL ANDRADE — agosto 10, 2022 — Updated: agosto 13, 2022  Nenhum comentário  10 Mins Read

Barbies, ursos, pocs, twinkies, twunks, lontras, discretos, pintosas e mais. A profusão
de tribos que a comunidade gay (aqui só o G do LGBTQIA+ mesmo) usa para se
classificar pode ser um tanto estranha para quem a observa de fora. Trata-se de uma
tipologia que varia, tanto geograficamente quanto com o tempo, mas que sempre
marca a diferença entre corpos e comportamentos. Mas o que há por traz desse afã
classificatório? Esse artigo busca entender, a luz da psicologia junguiana, porque esse
sistema de tribos existe na comunidade gay e como isso repercute na psique desses
homens.

Primeiramente, é necessário dizer que essa tipologia não é de forma alguma


universal. Como dito anteriormente, ela é variável, tal qual as gírias, dependem do
local e mudam com o tempo. Nesse sentido se assemelham muito com as tribos
adolescentes. Mas enquanto as tribos adolescentes se organizam em torno,

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geralmente, de interesses comuns como músicas e hobbies, a tipologia gay é


marcadamente focada em corpos e comportamentos. Há título de exemplo podemos
falar de algumas classificações comuns nesse mundo: barbies são gays com corpos
malhados, podendo ser mais ou menos masculinos, ursos são gays geralmente gordos
e peludos e mais masculinos, lontras são peludos como ursos mas magros, discretos
evitam transparecer qualquer traço de feminilidade enquanto uma pintosa será tudo
menos masculina. Há também as classificações que marcam diferenças
socioeconômicas e etárias, mas essas surgem dentro de um contexto de chacota e
dificilmente alguém quer ser entendido como uma bicha pão-com-ovo (de baixa
renda) ou uma cacura (um gay mais velho).

 Para quem não está familiarizado com esses termos essa taxonomia pode muito bem
causar um bocado de estranhamento, mas talvez o estranhamento seja uma
abordagem interessante para o fenômeno, afinal, por que seria interessante
classificar pessoas dessa maneira? Afinal, é estranho que um grupo que já é
marginalizado queira entre seus pares gerar mais categorias e eventual
(re)marginalização. Também é estranho porque entre heterossexuais não existe de
maneira tão patente esse fenômeno. É interessante notar aqui que também existe tal
fenômeno entre mulheres lésbicas, mas em menor grau.

A primeira explicação possível para tal fenômeno seria sociológica. Essa classificação
faz parte de um jogo de desejo, valor e pertencimento. O que faz bastante sentido, mas
não parece bastar, afinal, esses jogos não são exclusividade da comunidade gay. Deve
haver algo específico nas vivências gays que favoreçam o surgimento dessas
classificações

Talvez a primeira pista resida na natureza dessas classificações: são iminentemente


superficiais, focadas em aspectos visuais e padrões de comportamento, e são,
obviamente, coletivas como qualquer classificação social seria. Podemos imaginar
então que essas classificações se ordenam dentro do reino da persona. Mas seria
razoável imaginar essas categorias como personas?
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Em Os Arquétipos do Inconsciente Coletivo Jung diz que “Exagerando um pouco,


poderíamos até dizer que a persona é o que não se é realmente, mas sim aquilo que os
outros e a própria pessoa acham que se é.” (JUNG, 2014, §221) Nesse sentido, as
classificações das tribos gays funcionam como personas, estando pautadas
essencialmente naquilo que pode ser visto pelos outros, o corpo e uma postura mais
masculina ou feminina. Em outro trecho Jung diz que “A persona é uma aparência,
uma realidade bidimensional, como se poderia designá-la ironicamente.” (JUNG,
2015, §246). Considerando a natureza quase caricata de uma classificação como
barbie ou urso, poderíamos dizer que essas classificações se aproximam do conceito
de persona.

Mas observemos outra definição para persona, dessa vez do livro Tipos Psicológicos:
“A persona é, pois, um complexo funcional que surgiu por razões de adaptação ou de
necessária comodidade, mas que não é idêntico à individualidade.” (JUNG, 2013,
§735).  Podemos dizer que as classificações das quais estamos tratando se enquadram
nessa definição? Afinal tais classificações adaptam alguém a sociedade? A sociedade
em geral com certeza não, mas definitivamente podem servir para se navegar dentro
da comunidade gay. Obviamente, uma persona só faz sentido dentre aqueles que
reconhecem aquele “personagem”, então apenas entre quem entende o que é um
twink, fara sentido ser ou não ser um twink.  

É talvez seja esse o ponto central desse artigo: tais classificações, por pior que sejam,
estão de alguma maneira servindo para que indivíduos transitem dentro da
comunidade gay. Esses personagens estão na realidade pautando maneiras de se ser
gay, dando imagens a vivências múltiplas do que é ser um homossexual masculino.
Obviamente categorias não possuem a complexidade nem a potência de personas
mais antigas e elaboradas como personas profissionais, por exemplo, nem tão pouco
costumam ser de tamanha importância para o indivíduo quanto essas. Mas não
deixam de pautar as subjetividades e ordenar vivências. Contudo o leitor há de
perguntar, não são essas classificações muito pobres e superficiais? E uma resposta
sincera seria sim, são. Mas há uma razão para essa superficialidade: a escassez de
narrativas de vida homossexuais nas quais se pautar. Poderíamos até dizer, uma
escassez de mitologia que dê conta dessas subjetividades.

E aqui entra o segundo ponto desse artigo: de onde homens homossexuais estão
retirando material para entender a própria vivência relacional?  Primeiramente a

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maioria dos homossexuais adultos de hoje não teve contato com histórias de vida de
outros homossexuais enquanto cresciam, já deixando um vácuo de referências do que
é ser gay. Já na mídia até pouco tempo era quase inexistente na mídia de amplo
alcance narrativas sobre personagens homossexuais (sejam homens ou mulheres). Os
poucos personagens homossexuais que surgiam costumavam ser vilões ou estar em
algum tipo de papel cômico, geralmente jocoso. Havia poucas representações
saudáveis possíveis para um homem gay nessas narrativas. Mesmo em produções que
tratavam de questões LGBTQIA+ as narrativas não costumavam ser mais favoráveis,
visto que, por muito tempo, quase todas tratavam mais dos aspectos trágicos dessas
condições, e, por melhor que o filme seja, é difícil imaginar uma vida a dois feliz com
O Segredo de Brokeback Mountain como horizonte. E se nessas duas instâncias o
material já é pobre, não há nem o que se dizer em relação a disponibilidade de
material mitológico e literário acerca do tema.

              Essa aridez narrativa pode ter sido uma das forças motrizes para o surgimento
dessas classificações. Na ausência de boas histórias com bons personagens, foi
surgindo uma plêiade de estereótipos mais ou menos caricatos para tentar dar conta
de subjetividades que não se encontravam representadas facilmente. Obviamente,
isso tem um custo psíquico para os indivíduos que passam a se identificar com esses
papéis, como lembra Jung:

              “Essas identificações com o papel social são fontes abundantes de neuroses. O
homem jamais conseguirá desembaraçar-se de si mesmo, em benefício de uma
personalidade artificial. A simples tentativa de fazê- lo desencadeia, em todos os
casos habituais, reações inconscientes: caprichos, afetos, angústias, ideias
obsessivas, fraquezas, vícios etc. O “homem forte” no contexto social é,
frequentemente, uma criança na “vida particular”, no tocante a seus estados de
espírito. Sua disciplina pública (particularmente exigida dos outros) fraqueja
lamentavelmente no lar e a “alegria profissional” que ostenta mostra em casa um
rosto melancólico. Quanto à sua moral pública “sem mácula”, tem um aspecto
estranho atrás da máscara – e não falemos de atos, mas só de fantasias: suas
mulheres teriam muitas coisas para contar. Quanto ao seu abnegado altruísmo, a
opinião dos filhos é outra.” (JUNG, 2015, §307)

              Que poderíamos então imaginar de um homem gay que chegue na análise
identificado com um desses personagens? Que neuroses estariam ocultas por trás dos

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14/08/2022 15:37 A Vida Conjugal e o Autoconhecimento.     - Blog do IJEP

esforços para ser uma barbie? O que ocultaria um orgulho exagerado em ser um urso?
A que custos ocorre a performance necessária para ser entendido como discreto?
Certamente, cada caso precisa de atenção própria e estender generalizações talvez só
nos leve de volta para a superficialidade que essas classificações trazem a princípio.
De qualquer forma, uma das funções da análise nesses casos seria alargar os
horizontes imaginais da experiência do que é ser um homem gay. Para além dos
estereótipos postos, quem é o indivíduo por trás da máscara? A pessoa que existe por
trás de um desses personagens bidimensionais necessariamente será muito mais
interessante do que qualquer classificação da conta, mas talvez ela não tenha boas
maneiras de contar a sua história para si própria.

              Para esses indivíduos a análise talvez possa ser um lugar para reverter essa
aridez de narrativas. Mesmo que não tenhamos uma ampla disponibilidade de
narrativas mitológicas sobre homossexualidade masculina elas existem. E para
muitos casos será útil valer-se desses mitos para encontrar formas mais
interessantes de se imaginar gay. Talvez a parceria entre Gilgamesh e Enkidu possa
ensejar uma discussão sobre dinâmicas de casal. Ou talvez o caso de Ossaim
seduzindo Oxóssi possa ajudar numa discussão sobre as consequências de se mudar
para a casa do namorado. Certamente, o rapto de Ganimedes por Zeus também poderá
dizer algo sobre a condição de homens gays. As incursões amorosas de Apolo com
seus parceiros masculinos, no entanto, provavelmente só renderão ampliações para
cenários menos favoráveis.

Mas se na mitologia não encontrarmos algo que nos seja interessante a produção
cultural dos últimos tem proporcionado novos personagens (agora mais complexos e
menos abjetos) que também podem ajudar num processo de se reinventar gay.
Recentemente, a série Heartstopper, adaptada do quadrinho de mesmo nome, traz o
retrato de um amor adolescente entre dois rapazes, algo impensável há uma década
num programa de TV. O filme Me Chame Pelo Seu Nome trata do tema do primeiro
amor (e da primeira decepção amorosa). Filmes como De Repente Califórnia e
Delicada Atração mostram casais gays que se formam, mesmo perante adversidades.
Weekend relata o relacionamento efêmero, mas intenso entre dois homens ao longo
de um fim de semana. E mesmo numa série humor, o relacionamento de Mitchell e
Cameron de Modern Family talvez ajude alguém a se entender como parte de um
casal. Obviamente os filmes de abordagem mais trágica e de crítica social como
Brokeback Mountain, Filadélfia, Garotos de Programa e Maurice também podem ser

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14/08/2022 15:37 A Vida Conjugal e o Autoconhecimento.     - Blog do IJEP

muito interessantes no contexto da análise, mas é sem dúvida um alívio que não
tenhamos apenas filmes tristes.

Certamente há muito mais nesse curioso hábito classificatório do que esse artigo da
conta. Mas espero que esse possa ajudar analistas, analisandos e curiosos a expandir
um pouco suas visões sobre a questão das identidades gays. A verdade é que não existe
um jeito só de se ser homossexual (como não existe um jeito só de se ser
heterossexual) e é necessário abandonar classificações e papéis que absorvemos em
nossa trajetória, tenham elas vindo de uma sociedade heteronormativa ou de dentro
da própria comunidade LGBTQIA+. Tais classificações, afinal, acabam por limitar as
experiências e subjetividades do indivíduo. As temáticas LGBTQIA+ praticamente
inexistem na obra junguiana, e nem poderia ser diferente, seria absolutamente
anacrônico esperar o contrário. Mas isso não significa de maneira alguma que a
clínica junguiana não tenha muito a oferecer aos homossexuais. Na análise podemos
buscar formas de existir que sejam não só mais saudáveis, mas que também estejam
em maior consonância com o Self e o processo de individuação da pessoa.

Gabriel Andrade – Analista em Formação pelo IJEP

Waldemar Magali  – Analista Didata

Bibliografia

JUNG, C. G. O Eu e o Inconsciente. 27.ed. Petrópolis, Vozes, 2015

______. Os Arquétipos e o Inconsciente Coletivo. 11.ed. Petrópolis, Vozes, 2014

______. Tipos Psicológicos. 7.ed. Petrópolis, Vozes, 2013

Barbies, Ursos e Mitologias Gays

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carl gustav jung Homossexualidade LGBTQIA+ psicologia analítica psicologia junguiana

Gabriel Andrade

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