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Leia a bio ☺
Published: 2022
Source: https://www.wattpad.com
Introdução
Reescrito
☠
Os marinheiros do galeão tentavam inutilmente consertar o mastro
quebrado e erguer as velas, mas tudo o que conseguiam era receber mais
gritos raivosos de seu comandante enfurecido.
Passadas cinco horas à deriva, torcendo para que nenhum outro navio
pirata os abordasse e lhes tirasse aquilo que tinham de mais importante -
suas vidas -, eles foram resgatados por uma embarcação pertencente à
alguns comerciantes que estavam vindo de Nabuco.
- Essa embarcação está sendo confiscada pela Marinha Real - O
governador disse para o capitão do navio mercante. Em seguida ele girou
para o comandante do galeão: - Siga aqueles bastardos.
- Eu sinto senhor, mas não podemos fazer isso.
- Como não? Eles levaram o meu filho!
- Eu vi senhor, acredite, eu também não gosto da situação. Mas não
estamos em condições de fazer isso. Este navio não possui força de fogo
suficiente para uma tentativa de resgate, com todo respeito seria burrice. - O
governador pensou um pouco melhor, ouvindo as palavras do comandante: -
Precisamos levar o galeão para a Coréia e consertá-lo. Em breve irá receber
um pedido de resgate, precisamos estar preparados.
A muito contragosto o governador assentiu e a rota foi marcada de volta
para casa.
Sentado próximo à popa, Jisung observava mais uma vez o rastro de
espuma na água, que o navio deixava para trás, assim como seu irmão que
honrosamente se entregou em seu lugar. Ele estava se sentindo
envergonhado e com o coração cheio de culpa, por ter visto seu irmão ser
arrastado pelo pirata e não ter feito nada para tentar ajudá-lo.
Com lágrimas cortando seu rosto amargamente, ele prometeu a si mesmo
que nunca mais se esconderia atrás do manto da covardia, quando seu irmão
necessitasse de sua ajuda.
☠
Após ser deixado por longos dias preso naquele porão úmido, frio, cheio
de ratos e baratas, Jimin já não se importava tanto com o fato de estar com
suas vestes sujas, fedendo e com o cabelo engordurado. Como ele sempre
havia dito para seu irmão, os piratas eram Alfas e Betas grosseiros, sem a
mínima noção de como tratar um Ômega. As únicas vezes em que era
permitido sair do porão era para fazer suas necessidades, e nos dias em que
o Capitão acordava de bom humor e o deixava passear pelo convés, sempre
sendo vigiado por um Alfa.
Jimin estava furioso pelo tratamento que estava recebendo, se pudesse,
chutaria o traseiro de cada um deles. Até mesmo suas refeições ele era
obrigado a fazer naquele espaço imundo. Ao menos não o deixaram com
fome, o navegador sempre levava alguma coisa para o Ômega comer e
beber. Mas naquele dia em particular, passou-se a manhã, a tarde se foi e
logo veio o anoitecer, e Taehyung não desceu para trazer sua comida.
Imaginou que tinha sido esquecido alí embaixo, sozinho na escuridão.
Chegou até a desejar ver o rosto de um deles novamente, mas mudou de
ideia quando um Alfa abriu o alçapão que dava acesso e entrou com um
único pulo, ignorando a escada. Logo em seguida um outro pirata pulou
atrás.
Quando os Alfas chegaram perto suficiente para poder serem vistos com
clareza, sem saber o porque exatamente, Jimin suspirou aliviado por um
deles ser o mesmo Alfa chamado Hoseok, que o movia pelo navio. Já o
outro, era aquele que tinha uma cicatriz no olho direito. Jimin não tinha
gostado muito desse.
- Vocês já pediram o resgate? - Jimin arriscou perguntar.
- Calado! - O da cicatriz respondeu pronto para acertá-lo, mas foi
impedido pelo outro. - Qual o seu problema?
- O Capitão disse que ele é nosso convidado. - O da cicatriz revirou os
olhos - Ainda não - Hoseok enfim respondeu ao Ômega. - O Capitão quer
falar com você novamente.
Jimin assentiu e seguiu os Alfas, mantendo a cabeça baixa. Foi guiado
novamente até a cabine do Capitão e quando chegou na porta, travou antes
de entrar, recebendo um "incentivo" em forma de empurrão, do Alfa da
cicatriz.
A porta foi fechada e ele se viu novamente sozinho com o líder dos
piratas. O cheiro de refeição levou sua atenção até a mesa. A comida estava
com uma aparência ótima. Para a sua surpresa, Capitão Jeon se levantou e
puxou uma cadeira para ele. Com receio, Jimin se aproximou e sentou-se
nela.
- Acredito que nós começamos com o pé esquerdo - Jeon disse, sentando-
se do outro lado. - Peço desculpas pelas instalações em que foi acomodado.
Por favor, sirva-se à vontade.
Jimin podia sentir a falsidade saindo de suas palavras. Estava com fome,
mas o medo e a ansiedade que sentia, o fizeram rejeitar.
- Estamos indo para a Coréia? Quando vai pedir meu resgate?
- Não. E não haverá pedido de resgate. - Jeon foi direto, tomando um
gole de sua bebida.
- Eu não entendo... o que vai fazer comigo? Por favor, liberte-me.
- Você é valioso demais para ser libertado assim. Não. Tenho outros
planos para você.
- Que tipo de planos?
O Capitão sorriu tomando mais um pouco da bebida. Ele se levantou e
foi até uma das estantes, quando voltou, colocou o pedaço do mapa na
frente do loiro. Jimin observou o fragmento, vendo as mesmas figuras que
brilhavam em tom prateado. Sem entender, ele ergueu o rosto até olhar o
Alfa, esperando que ele lhe explicasse o que queria com aquilo.
- Você vai me dizer o que está escrito nesse fragmento.
- Eu não sei. Não entendo essa escrita - Jeon o estudou com um olhar
desconfiado. - Estou falando a verdade.
- Então traduza. Meu navegador dispõe de uma grande quantidade de
livros, que podem ajudar nessa questão. Vou chamá-lo aqui.
Uma rápido pensamento se passou pela cabeça de Jimin e ele fez as
contas mentalmente. Ele nunca tinha visto aquelas figuras antes,
aparentemente era o único que conseguia enxergá-las. Se a lenda for
verdadeira aquele fragmento era muito valioso, existiam mais seis e
ninguém fazia ideia de onde. Aquele Alfa queria que ele traduzisse de
qualquer jeito e com certeza iria exigir isso com as outras seis partes. Isso
significava que iria ter de ficar na companhia daqueles piratas por um longo
período de tempo, anos, ou talvez para sempre, caso não encontrassem as
outras partes. O Capitão parecia irredutível quanto à isso.
- Não - Jimin disse. Jeon cessou os passos e olhou para trás antes de
chegar na porta. Ele havia escutado sua negativa, mas ficou em silêncio,
dando alguns segundos para o Ômega mudar de ideia. Não sabia se era
coragem ou loucura, mas Jimin estava decidido a não se entregar tão
facilmente. - Eu não vou me juntar à sua tripulação, eu sinto muito sr. jeon.
Quero que me leve de volta para o meu pai, por favor. Encontre outra
pessoa para esta missão.
O Capitão respirou fundo e continuou parado no umbral.
- Apenas Ômegas lúpus podem enxergar as escrituras e não há outro
disponível no momento - Jeon articulou, tentando não perder a calma e
assustar o único que podia lhe ajudar a encontrar o Imperium. - Não estou
pedindo para se juntar à minha tripulação, quero apenas que traduza este
pedaço do mapa.
- Eu entendo que precisa da minha ajuda mas receio que não vou poder
ajudar. Eu tenho uma vida na Coréia. Estou de casamento marcado e meu
noivo está me aguardando - Jimin tentou comovê-lo mesmo sabendo que
isso não adiantaria de muita coisa. Capitão Jeon era um pirata frio e
impiedoso, como todos diziam.
- Eu não me importo com a sua vida na Coréia. Então sugiro que se sente
naquela cadeira e faça o que estou mandando.
- Ou o que, hm? - Jimin andou alguns passos na direção dele. A cabeça
erguida, perigosamente o desafiando. - Conheço meus direitos, Alfa. Sou
livre e você não pode me obrigar a fazer nada.
Jeon ergueu as sobrancelhas, verdadeiramente confuso com aquilo.
Nunca tinha visto um Ômega tão corajoso, todos os que conheceu eram
bastante submissos e medrosos, mas Jimin parecia ser diferente.
Talvez fosse assim por ser um lúpus, ele não sabia explicar. Mas algo
naquela teimosia lhe chamou atenção. O jeito com que o loiro lhe desafiava,
de alguma forma atraía o seu lobo.
- Você é muito corajoso, Ômega - O Capitão reconheceu, se aproximando
a passos lentos. - Até Alfas temem em falar comigo desta maneira.
- Bom... - Jimin engoliu em seco com a aproximação do pirata. - Eu não
sou um de seus Alfas.
Jeon continuou com seus passos vagarosos e só parou quando seu corpo
ficou rente ao do mais baixo. Era incrível a sensação de calor que Jimin
sentiu com o Capitão tão próximo à si. Seu coração batia rápido mas por
incrível que pareça não era medo.
- Você perguntou o que eu farei caso não me obedeça... - Capitão Jeon
questionou em baixo tom. Seus dedos tocaram a pele do Ômega com
suavidade e Jimin quase fechou os olhos se entregando ao toque, quando
repentinamente sentiu aquela mão apertando seu braço e o puxando para sí
com força. - Vou te mostrar o que acontece com os que me desafiam,
Ômega.
Jeon então saiu da cabine com passos pesados, arrastando o Ômega
consigo. Todos que estavam no convés, trabalhando ou conversando,
pararam de fazer suas atividades para assistir a cena que se desenrolava.
- Preparem a prancha! - O Capitão ordenou aos seus Alfas.
Sem entender como as coisas haviam chegado naquela situação, os
piratas apenas assentiram e obedeceram seu Capitão. Todos ficaram
eufóricos, loucos para ver pela primeira vez, um Ômega caminhar pela
famigerada prancha e virar comida de tubarões.
Jeon pegou uma corda e amarrou as mãos do Ômega de frente ao seu
corpo e quando a prancha foi encaixada na lateral do navio, ele o fez subir
na viga de madeira e subiu logo atrás.
Jimin se encontrava encurralado, sendo forçado a dar passos para trás, em
direção a outra extremidade da prancha, conforme Jeon se aproximava
apontando a espada afiada em sua direção.
- Sua última chance, Ômega - O Capitão afirmou alto, para que todos
ouvissem. - Me dê o que eu quero ou estes serão seus últimos momentos
com vida.
Era uma decisão arriscada, sem dúvida. Mas Jimin raramente se esquece
de algo quando escuta. Sempre soube por seu irmão que os piratas possuem
um código. Eles eram foras da lei, bastardos cruéis e sanguinários, mas
haviam aqueles que levavam a honra de sua palavra muito à sério, e o
Capitão Jeon parecia ser um desses Alfas.
- Você não vai fazer isto. - Jimin arriscou, quase na ponta da prancha.
- Como pode ter tanta certeza disso? - O Capitão questionou arqueando
uma sobrancelha.
Os piratas apenas observavam atentos aquela conversa. Um Ômega
amarrado e caminhando sobre a prancha, sob ameaça do Capitão era sem
dúvidas a melhor coisa que eles veriam em anos. E tudo ficava melhor
quando este Ômega, o desafiava diante de todos.
Tentando não tremer mais do que seu corpo já estava, Jimin puxou uma
grande quantidade de oxigênio e o liberou aos poucos.
- Você não mata Ômegas inocentes.
Continua...
Obrigada pelo mimo 😍❤❤ Jen_jennii
[4] Ilha de Folsom
Reescrito
☠
Por um momento, Jimin sentiu que os olhos pretos do Alfa, ficaram mais
escuros e tenebrosos. Ele viu a linha da sua mandíbula ser tensionada e
engoliu em seco, temendo realmente ter passado dos limites. Mas para a sua
surpresa, o Capitão de repente riu soprado e guardou sua espada. Ele olhou
para sua tripulação logo atrás, que assistiam a tudo atentamente.
— Eu não mato Ômegas inocentes... — Jeon repetiu as palavras que
havia dito para Jimin horas atrás. Ele riu mais alto dessa vez, diante da
própria ironia. — Não, não mato.
O Capitão voltou a olhar o Ômega na beira da prancha, quase caindo no
oceano, tentando ao máximo manter-se em equilíbrio. Ele o observou por
apenas alguns segundos, que para Jimin pareceram horas, com seus olhos
profundos e misteriosos.
O Alfa pensava em algo que fizesse com que aquele Ômega abusado o
obedecesse, sem ser necessário usar de violência. Uma ideia brilhou em sua
mente e ele sorriu grande. Caminhou despreocupado até o Ômega,
agarrando seu braço novamente e o puxando de volta para a segurança do
navio. Jimin estava com tanto medo, que seu corpo demorou para reagir e
ele quase caiu tropeçando nos próprios pés.
— Acabei de ter uma ideia muito melhor — Os olhos do Capitão
brilhavam e Jimin não tinha certeza do porque. Mas de uma coisa ele sabia,
a expressão no rosto dele o estava assustando. — Taehyung, mude o curso
outra vez. Vamos para a Ilha de Folsom.
Jimin não fazia ideia do que aquele nome significava, mas ficou confuso
ao ver o sorriso ganhar forma no rosto dos Alfas e Betas da tripulação.
Aquela Ilha parecia ser algo bom, visto que todos ficaram felizes em saber
que estavam indo para lá. O que Jeon estava pretendendo?
— Finalmente! — A timoneira bateu no leme entusiasmada.
Com o auxílio do navegador sobre qual direção tomar, ela girou o leme
rapidamente o máximo permitido para a estibordo, fazendo o navio fazer
uma curva rápida para a direita. Os piratas trabalhavam com gosto,
passando pelo convés, puxando cordas e manuseando as velas com bastante
esforço físico. Não pareciam cansados enquanto vibravam pelo destino
escolhido pelo Capitão.
Jimin estava sentado em um pequeno caixote de madeira, enquanto
observava a tudo sem compreender o motivo de tanta alegria. Um pirata
passou ao seu lado e ele puxou o tecido de sua camisa para chamar sua
atenção:
— Com licença, senhor — O Alfa girou para vê-lo. —, mas o que é a
Ilha de Folsom ?
— Ele me chamou de senhor, vocês ouviram isso? Estou começando a
gostar desse Ômega — O Alfa riu mostrando alguns dentes podres e voltou
sua atenção ao loiro: — Folsom é o paraíso, garoto.
Jimin permaneceu sem entender o que aquilo significava. Seus olhos
percorreram pelo andar inferior do navio e o mesmo piso em que estava,
procurando pelo Capitão Jeon. Mas não o encontrou. Supôs que ele voltou
para a sua cabine em algum momento quando os piratas correram para
levantar mais velas e aumentar a velocidade.
Jimin então permaneceu sentado quieto em seu caixote, enquanto
observava os Alfas trabalharem.
☠
Algumas horas depois e Jimin ouviu a ordem para soltarem a âncora,
vinda do Capitão. Ele se levantou esperando pelo que iria acontecer. O
navio ancorou a certa distância da costa e os piratas rapidamente desceram
alguns botes para levá-los até a margem. Logo ele se viu descendo pelas
cordas novamente, dessa vez sendo ajudado pelo próprio Capitão.
Quando chegaram no litoral, Jimin pode finalmente entender porque a
tripulação havia ficado tão animada em ir para aquela Ilha. O lugar era uma
grande festa ao ar livre repleta de sodomia. Haviam algumas tendas
espalhadas pela praia, onde se podia ouvir gemidos e gritos de prazer. De
longe ele viu algumas construções e foi levado justamente na mesma
direção.
Mesmo nas ruas, ele via Ômegas e até mesmo Betas, machos e fêmeas
circulando usando apenas suas vestes íntimas. Jimin tentava manter sua
cabeça baixa e o olhar longe daquela vulgaridade toda.
O Capitão parou diante de um casarão, cujas paredes pintadas de amarelo
estavam quase totalmente cheias de musgo e marcas da chuva. Logo na
entrada, uma bela Ômega de cabelo ruivo e cacheado recebeu Jeon,
abraçando-o de lado. Outros surgiram e ficaram cada um com um membro
da tripulação.
— Capitão... — A prostituta disse com voz melodiosa. — Faz muito
tempo desde que o vimos por aqui— A Ômega não se importou em vê-lo
acompanhado do garoto loirinho ao seu lado, na verdade, ela já imaginou
que Jeon o trouxe para participar da festa. Ela levou as mãos até os botões
de sua camisa tentando abri-los, mas o Alfa a impediu.
— Ainda não, Rubi. Mais tarde... — Jeon piscou para a ruiva, que
afastou as mãos dele. — Quero falar com Long Vane.
— Ele está lá em cima, em seu escritório — Ela apontou para o alto, no
segundo andar. — Pode subir, segunda porta à direita.
Jeon anuiu e passou entre os prostitutos e clientes bêbados, levando Jimin
junto consigo. Alguns estavam quase transando nas mesas e sofás do
prostíbulo, sem se importar se estavam sendo observados.
Jimin estava sentindo seu rosto pegar fogo, se Jeon não estivesse o
segurando tão firmemente ele já teria saído correndo daquele lugar. O
Ômega ficou aliviado quando o Capitão abriu a porta indicada pela
prostituta e finalmente se viu longe de toda aquela depravação.
— Capitão Jeon! — Um Alfa alto e bastante velho se levantou de uma
poltrona para recebê-lo. — Quanta honra tê-lo novamente em meu humilde
bordel. Temos novos Ômegas se está interessado em descansar os dias
difíceis no mar. — Seus olhos desceram pelo corpo de Jimin e ele inspirou
fundo.
— Talvez depois... agora estou mais interessado em negociar — Jeon
empurrou o Ômega para frente, ele tropeçou até chegar perto do homem
velho, que o amparou antes de cair. Assustado, Jimin se desvencilhou de
suas mãos e voltou a se esconder atrás do Capitão. Jeon sorriu. — Roubei
este Ômega durante uma de minhas investidas. Ele é novo, muito belo e
perfeitamente educado. E o melhor de tudo, ainda é puro. Estou disposto a
vendê-lo pelo valor certo.
Jimin arregalou os olhos sem querer acreditar no que acabara de ouvir.
Ele se afastou do velho dando alguns passos para trás, mas quase gritou
assustado quando teve o braço agarrado por Jeon novamente e ser lançado
outra vez nos braços do velho dono do estabelecimento.
O Capitão Jeon não pretendia vender Jimin de verdade. Sua intenção era
causar grande pavor no Ômega, diante da ameaça de ser vendido para o
bordel. Ele supôs que, para Jimin, ser entregue à prostituição seria muito
pior do que pular de uma prancha direto para o oceano. E estava certo.
— Hmmm... — O velho sorriu enquanto passava suas mãos imundas
pelo corpo do Ômega. — Eu o quero, Jeon, e quero agora. Pago o que você
quiser, mas por favor, venda-o para mim. Diga o valor e eu pago na hora.
— Não! — Jimin gritou mas foi ignorado pelo Capitão. Ele empurrava
suas mãos contra o peito do velho, tentando afastá-lo de si. — Por favor
Jeon?!
O Capitão continuou ignorando enquanto Jimin implorava por sua ajuda.
— Mil moedas de prata. — Jeon lançou seu preço com voz calma.
— Sim! — O velho aceitou a proposta de imediato.
— Não! — Jimin gritou de volta, curvando o corpo para trás, afastando-
se enquanto o velho tentava lhe beijar. — Por favor! Eu faço! Vou decifrar o
frag-... — Foi interrompido pela mão do Capitão que cobriu sua boca antes
que falasse demais.
— Vai me obedecer sem exceções? — Desesperado, Jimin balançou a
cabeça positivamente. Jeon suspirou e olhou para o velho: — Solte-o.
Sem questionar, o velho tirou seus braços do Ômega que caiu tropeçando
para trás, apoiado pelo Capitão.
— O que houve? — O velho questionou desesperado.
— Negócio cancelado. — Jeon afirmou saindo do escritório e levando
Jimin consigo. Eles desceram as escadas e no andar térreo, o Capitão
chamou um dos Alfas para segui-lo, pouco se importando se ele estava
acompanhado. — Hoseok. Tudo já foi resolvido.
Quando chegaram na margem onde os botes estavam presos, Jeon sacou
uma faca do seu cinto e cortou as amarras que prendiam as mãos do Ômega.
Jimin ofegou, massageando seus pulsos.
— Leve-o de volta ao Black Swan.
— Sim, senhor.
— Espera! — Jimin pediu agarrando o braço do Capitão, mas soltou
imediatamente quando este franziu o cenho. — Você ia mesmo me vender
para aquele velho?
Jeon suspirou estudando-o por alguns segundos, mas não respondeu.
Como havia dito, ele não matava Ômegas inocentes, tão pouco os venderia
para um bordel. Além do mais, Jimin era o único que pode ler as runas nos
fragmentos do Imperium. O Capitão voltou sua atenção a Hoseok:
— Diga ao restante da tripulação que ficou no navio, que se alguém
encostar um dedo nele contra a sua vontade, eu corto seu pau fora com uma
faca cega.
Hoseok engoliu em seco assentindo. Ele ajudou Jimin a subir em um dos
barcos e o levou para o navio. Enquanto o Capitão voltava para o centro da
Ilha de Folsom.
Continua...
Fanart linda da Usagii-Chanie muito obrigada pelo presente 😍❤
Reescrito
☠
O pequeno bote seguia com Jimin e Hoseok na direção do Black Swan. O
Ômega não ousava olhar para trás nem uma vez sequer. Estava torcendo
que o Capitão decidisse zarpar assim que voltasse para o navio.
Aquela Ilha era medonha e Jimin ainda podia sentir os toques daquele
Alfa velho pelo seu corpo, e o cheiro de alguma bebida barata que exalava
de suas vestes. Nunca mais, em toda a sua vida, ele iria querer voltar para lá
um dia. Ele olhou para o pirata que remava sem parar, almejando chegar
logo no navio para enfim poder voltar para a sua diversão que foi
interrompida.
— Quanto tempo vamos ficar? — Jimin quebrou o silêncio.
— Não sei. Depende do Capitão.
— E quanto tempo ele costuma demorar aqui?
— Três à quatro dias mais ou menos. Ele passa mais quando está em seu
período de rut.
— Há muitos Alfas na tripulação... — Jimin pensou consigo mesmo. —
Vocês sempre vem aqui quando... estão... você sabe.
— Se o Alfa tiver a sorte de estarmos próximos à Ilha, sim. Caso
contrário, ele ficará trancado no porão enquanto agoniza sozinho.
— E o... — Jimin limpou a garganta. — O Capitão Jeon também?
— Não. O Capitão é diferente. Ele é um lúpus, não pode ficar sozinho.
Na última vez ele quase... por isso a cada seis meses nós viemos aqui.
Jimin engoliu em seco sentindo um arrepio percorrer todo o seu corpo,
imaginando o quão intenso poderia ser o cio de um Alfa lúpus. Lembrou-se
de quando havia ficado preso no porão, a tortura que foi ficar durante
algumas horas. Pensou nos Alfas que tiveram que ficar lá durante seus dias
de rut. Isso era uma coisa horrível, e Jimin sentiu vontade de vomitar.
Quando chegaram bem próximos ao navio, Hoseok o ajudou a subir
encaixando os pés em uma espécie de escada feita com a corda. Mas ele
permaneceu no barco ávido para voltar a ilha, e mandou Jimin subir
sozinho.
— Eu não consigo sozinho. Vou cair.
O pirata revirou os olhos e esticou os braços para frente.
— Eu vou te agarrar se você cair. Continua, é só subir.
Ainda com bastante medo, Jimin continuou seguindo seu caminho.
Quando estava quase lá em cima, ele olhou para baixo e para seu desespero,
o pirata já estava se afastando com o bote na direção da Ilha.
— Céus... — Jimin sussurrou. — Ei! Você disse q-...
— Sobe logo! — Hoseok gritou quando viu o Ômega hesitar.
— Eu vou cair! — Jimin fechou os olhos e travou suas mãos e pés na
escada.
— Você não vai cair! — Hoseok gritou de volta, mas o Ômega
permanecia parado com os olhos fechados. — Se você não começar a subir
agora mesmo eu subo aí e te derrubo!
Jimin não levou aquelas palavras à sério, ele sabia que aquele pirata não
teria coragem de fazer isso depois da ameaça que seu Capitão fez na praia.
Mas já estava ficando sem forças para se segurar e muito em breve ele iria
cair.
Sentiu duas mãos agarrarem seus antebraços e quando olhou para cima, o
navegador estava lhe segurando com firmeza, com metade do corpo
debruçado para o lado de fora do navio.
— Vem! — Taehyung indicou.
— E-eu tenho medo.
— Estou segurando você — O navegador afirmou ainda com calma. —
Não vou soltar. Sobe.
Taehyung puxou seus braços para cima, impulsionando-o a subir e o
Ômega seguiu seu chamado. Ele ergueu um pé e depois o outro, logo já
estava no topo de sua subida.
Jimin colocou as mãos nos ombros do navegador para se equilibrar
enquanto o outro envolveu sua cintura e o puxou para dentro do navio.
— Obrigado.
— Você confiou em mim — Taehyung o estudou com sua expressão
calma. — Não gosta de piratas, mas confiou em mim.
— Eu não... — Jimin negaria o fato de não gostar de piratas, por
educação. Mas o navegador parecia ser gentil e merecia sua sinceridade. —
Não. Desculpa.
— Tudo bem, nossa fama não é das melhores — Taehyung sorriu sem
graça. — Com o tempo você vai perceber que sempre ajudamos uns aos
outros e somos todos fiéis ao Capitão.
— Bom, pelo menos alguns eu já sei que são bons homens. — Disse se
referindo ao Beta.
Taehyung sorriu assentindo. Ele o estudou enquanto Jimin observava a
Ilha de Folsom pouco distante.
— Sei o que aconteceu lá — Chamou sua atenção e Jimin girou para fitá-
lo. — Está se perguntando se o Capitão faria mesmo aquilo, não é?
— E faria?
— Não. — Taehyung respondeu sem nenhuma hesitação.
Jimin suspirou olhando para a Ilha mais uma vez.
— Ele é um bom Alfa?
— O que seria um bom Alfa para você, Jimin?
Em outra ocasião Jimin responderia que são aqueles que possuem boa
família, um ótimo trabalho e uma posição respeitada na sociedade. Mas ao
conhecer aqueles piratas, tão brutos e ignorantes, mas ao mesmo tempo,
leais uns aos outros, ele lembrou novamente das histórias que seu irmão
mais novo lhe contava, concordando mentalmente que afinal de contas, eles
eram realmente Alfas e Betas valentes e corajosos. Diferente de alguns
amigos do seu pai, que só frequentavam a sua casa mediante algum
interesse financeiro, ou em seus filhos.
Taehyung não insistiu naquilo, ele já sabia que o Ômega havia chegado à
uma conclusão por si só. Ele então girou e caminhou em direção à
passagem que os levaria ao porão.
— Vem.
— Espera... Taehyung, certo? — O navegador olhou para trás e
confirmou: — Por favor, não me deixe naquele lugar escuro. Lá é frio e
nojento. Úmido. Há ratos e insetos por todos os lados.
Taehyung estudou o Ômega sabendo que sozinho, ele não poderia fazer
muita coisa que prejudicasse o navio. Mas também não podia deixá-lo livre,
sem o conhecimento do Capitão. Ele olhou na direção da Ilha, imaginando
que neste momento Jeon estaria bastante ocupado para resolver essa
questão. Taehyung então girou na direção contrária ao porão, seguindo até a
frente da embarcação.
— Vamos falar com Namjoon. — Afirmou passando por Jimin, que o
seguiu de imediato.
Ao passo que se aproximavam, Jimin notou que dois homens estavam
sentados bem próximos, na proa do navio, enquanto tomavam vinho. Eles
riam e conversavam baixo, divertindo-se entre eles.
— Com licença, senhor — Taehyung se aproximou do contramestre: —,
onde devo colocar o Ômega? Ele não quer ficar no porão.
Namjoon suspirou irritado, por ter seu momento com o médico da
tripulação interrompido.
Ele se dirigiu ao Ômega:
— Pensa que está em seu castelo, alteza? — Jimin não respondeu. — Se
está insatisfeito com as acomodações no porão de carga, posso eu mesmo
amarrá-lo do lado de fora do navio se preferir.
Namjoon relaxou o corpo quando sentiu a mão do médico que lhe fazia
companhia naquela noite, pousar suave em sua coxa.
— Vamos ter calma. Jimin, sente-se ao meu lado — Seokjin pediu com
semblante sereno, sorrindo pouco, mas simpático. O Ômega hesitou,
olhando para Namjoon com o canto dos olhos. — Não tenha medo,
ninguém vai machucar você.
Jimin viu que o médico não apresentava nenhuma ameaça para ele,
parecia estar falando a verdade. Ele então resolveu ceder e se sentou em um
caixote ao seu lado.
— Meu nome é Seokjin. — Ele se apresentou, sorrindo calmo — Está
com fome? — Jimin assentiu. — Tae, pede pro Junbuu preparar alguma
coisa para ele comer. Uma sopa talvez.
Taehyung assentiu e foi em busca do cozinheiro.
Quando o médico segurou nas mãos de Jimin, notou como seus pulsos
estavam arroxeados e maltratados.
— Como Jungkook permitiu que fizessem isso? — O médico questionou
incrédulo. — Que absurdo.
— Está falando do seu Capitão, Jin. — Namjoon o lembrou.
— E daí? Sou mais velho que ele. — Seokjin suspirou, examinando os
braços do Ômega. — É um inconsequente. Ele está com marcas nos braços
também...
— E você queria que o Capitão o deixasse livre pelo navio?
— Claro que não, olhe para ele. — O médico respondeu fingindo
preocupação: — Que Ômega feroz, a tripulação corre grande perigo. Ui,
que medo.
Jimin tentou segurar o riso mas não conseguiu, enquanto Namjoon
comprimiu os lábios revirando os olhos.
— O Capitão não vai gostar nada disso.
— Depois eu me entendo com ele. — Seokjin respondeu totalmente
despreocupado. — Seja útil e me arranje algumas gazes.
Namjoon respirou fundo e saiu a procura do que o médico lhe pediu.
— Vocês se parecem um pouco — Jimin comentou, depois que o Alfa e
sua presença intimidadora se retiraram.
— Quem?
— Você e o Capitão Jeon.
— Ah, sim — Seokjin sorriu, assentindo. —, nós somos meio irmãos.
Minha mãe teve um caso com um pirata conhecido como Jeon, o estripador.
Ela engravidou dele e meu pai jurou matar a criança assim que ela nascesse.
Com medo, minha mãe entregou o Jungkook para que uma família de
pescadores o criasse em segredo. Ela sempre me levava para visitar meu
irmão às escondidas. Mas quando completou quatorze anos, Jungkook se
juntou a uma tripulação pirata e só voltou quando se tornou Capitão do
Black Swan. Nossa mãe já tinha falecido e como eu não queria mais viver
ao lado de um pai alcoólatra e abusivo, me juntei ao meu irmão.
— E o que aconteceu com o pai dele?
— Foi preso e condenado à forca — Nesse momento, Namjoon retornou
e entregou as gazes para o médico. — É o destino que aguarda muitos
piratas.
— Vocês não tem medo?
— Não. — O Alfa que respondeu — Essa é a vida que escolhemos, e
todos estamos cientes dos perigos que nos rodeiam. É até excitante.
— Eu nunca vivi nenhum tipo de aventura na minha vida, apenas nas
leituras de alguns livros — Jimin esticou as mãos para que o médico
passasse a gaze pelos pulsos — Estava voltando para a Coréia e ia me casar
na semana que vem.
— Casar? — Seokjin questionou surpreso, já que o Ômega lhe parecia
ser bastante jovem — Quantos anos tem?
— Tenho dezenove.
— Céus! — Seokjin olhou para o contramestre com incredulidade. — É
por isso que desisti da sociedade "civilizada" — disse fazendo duas aspas
com os dedos —, obrigam os filhos a se casarem em troca de contratos
lucrativos ou status.
Taehyung chegou com um prato de sopa e uma colher. Ele a entregou
para o Ômega e assim que inalou o cheiro da comida, Jimin sentiu seu
estômago roncar.
— Obrigado. — A sopa estava com uma aparência muito boa e o sabor
ainda melhor.
Assim que ele terminou de comer, Seokjin tratou de encontrar um novo
lugar para Jimin dormir. Não podia deixá-lo voltar para o porão e muito
menos acomodá-lo nas cobertas inferiores com dezenas de Alfas e mais
alguns Betas.
Seokjin então resolveu tomar uma atitude que muito provavelmente não
agradaria o seu irmão. Ele permitiu que Jimin dormisse em um pequeno
colchão no chão, dentro da cabine do próprio Capitão.
Continua...
SunyeJK
Vidaalheia
NaomiTzuno24
[6] A Fuga
Reescrito
☠
— Tem certeza que não tem problema? — Jimin perguntou vendo
Sebastian arrumar um colchão no cantinho da cabine do Capitão. Entre a
parede e uma estante.
— Não. Mas vou ter de trancar a porta. Me desculpe por isso.
— Tudo bem — Não estava tudo bem de fato, ele estava com medo e
sentindo falta do irmão e do pai. Mas ficou aliviado em saber que não iria
ter de ficar nem mais um minuto naquele porão imundo. — Mas e se
alguém… se... e se eu...
Ele estava com medo de que algum pirata invadisse a cabine e lhe
tomasse a força. Mas teve medo de ofender o médico e não conseguiu
concluir a sua frase.
— Vou deixar um Alfa de confiança protegendo a entrada — Jimin
abaixou a cabeça envergonhado. — Não se sinta mal. É compreensível que
você esteja com medo, mas como eu lhe falei antes, ninguém aqui vai
machucar você — Ele entregou um cobertor ao Ômega e se dirigiu a saída.
— Qualquer coisa pode chamá-lo — Disse, apontando para o Alfa da
cicatriz —, seu nome é Yoongi. Ele tem essa cara fechada mas não morde.
O Alfa lançou um olhar que pareceu bastante ameaçador, mas Sebastian
passou despreocupado e fechou a porta logo depois.
Jimin suspirou frustrado ao ouvir o barulho da chave girando na
fechadura. Com as mãos na cintura ele estudou tudo ao seu redor. Ele jogou
o cobertor no colchão mas antes de se deitar, olhou para a enorme cama do
Capitão, pensando consigo mesmo em como deve ser confortável dormir
nela. Seus pensamentos foram além, quando ele imaginou seu corpo sendo
abraçado pelos braços fortes do Alfa lúpus.
— Céus... — Tomou um longo suspiro tentando afastar aqueles
pensamentos.
Mas que culpa ele tinha, o Capitão era realmente um Alfa muito atraente.
Gostava de como a linha de sua mandíbula ficava marcada quando ele o
desafiava. Sentia coisas estranhas em seu baixo ventre, coisas que o deixava
envergonhado. Ele se aproximou da cama do Capitão e passou a palma
sobre o tecido macio de seda. O cheiro do Alfa estava espalhado por todo
lugar. Jimin fechou os olhos e inalou um intenso aroma de rosas. Fato que
contrastava bastante em um Alfa com a personalidade como a do Capitão
Jeon.
Jimin piscou confuso ao sentir como seu lobo ficou atraído pelo aroma
do Alfa. Embora não fosse de sua vontade, seu corpo estava se
comportando de modo estranho. Pelo fato de ser um Ômega, nunca lhe foi
permitido saber nada sobre esse assunto, e ele ficou sem entender porque o
cheiro do Alfa lúpus atiçava seu lobo, quando o próprio Jimin desejava
estar longe do Capitão.
Afastou-se rapidamente com medo de algo que nem ao menos sabia.
Talvez o Capitão aparecesse repentinamente e dessa vez, não teria nenhum
pudor em fazê-lo caminhar naquela maldita prancha novamente. Seus olhos
se voltaram para as estantes com livros e outros objetos. Estudou
rapidamente alguns títulos e seguiu mexendo nas coisas do Alfa, como uma
criança curiosa.
Encontrou um punhal com um cisne entalhado no cabo com as iniciais do
Capitão. Era óbvio a quem pertencia o objeto, mas como estava jogado por
ali, talvez Jeon não precisasse tanto, ao contrário do Ômega que se sentia
ainda mais indefeso entre tantos piratas. Ele então decidiu escondê-lo na
bainha de sua calça, mais tarde possivelmente ajudaria em uma fuga.
Depois de passar um bom tempo vasculhando as coisas do Capitão, ele
finalmente se cansou e decidiu dormir um pouco.
Ao contrário do que Seokjin imaginou, o Capitão retornou ao Black
Swan na mesma noite daquele dia. Jeon não voltou para a Ilha na intenção
de se divertir com os prostitutos. Ele queria mais informações sobre os
outros seis fragmentos. Não havia melhor lugar do que onde piratas
bêbados se encontram e deixam a língua solta enquanto lindos Ômegas e
Betas lhe fazem delirar.
Assim que se dirigiu à cabine, estranhou o Alfa espadachim parado de
frente à porta. Yoongi o entregou as chaves e deu de ombros, saindo de sua
posição e descendo para as cobertas inferiores, a fim de descansar.
Jeon sabia que era necessário proteger o fragmento do Imperium, mas
não era tão necessário deixar um Alfa de guarda protegendo-o. Aquilo era
no mínimo estranho. Ele girou a chave, abriu a porta e entrou. A primeira
coisa que lhe chamou a atenção foi um cheiro doce e intenso de jasmim. Ele
sabia que era o mesmo cheiro do Ômega sequestrado, mas não era possível
que depois de tantas horas que o garoto passou por sua cabine, o cheiro
ainda permanecesse impregnado.
Seus olhos passaram pelo cômodo e ele logo viu o motivo daquilo estar
acontecendo. O bendito Ômega estava dormindo no cantinho. Ele se
aproximou irritado, pronto para acordá-lo e o mandar de volta para o porão.
Mas quando viu seu rostinho angelical, dormindo sereno enquanto seu peito
movia com a respiração calma e lenta, ele mudou de ideia.
Seu corpo era tão pequenino e indefeso comparado ao seu. Aquele lugar
parecia desconfortável e fazia frio. O Capitão imediatamente sentiu vontade
de abraçá-lo e esquentar seu corpo daquele frio. Maldito lúpus que se sentiu
atraído pelo lobo do menor.
Sem querer ele rosnou furioso consigo mesmo e acabou acordando o
garoto que dormia tranquilamente. Jimin abriu os olhos e a primeira coisa
que viu foi uma criatura enorme de pé, diante de si. Ele se assustou levando
a mão automaticamente ao cabo da lâmina escondida em sua roupa. Estava
pronto para puxar o punhal quando ouviu a voz do Capitão:
— Calma, sou eu, Ômega — Jeon retornou alguns passos para trás,
constrangido por ser pego no flagra admirando-o enquanto ele dormia. — O
que está fazendo aqui?
— Seokjin disse que eu podia dormir aqui. O porão de carga está repleto
de insetos e ratos.
— E você? — Jeon se aproximou novamente e se agachou ao lado dele,
deixando seus rostos tão próximos que o hálito quente que saía de sua boca
enquanto falava, dançava na franja loirinha do Ômega. — Achou mais
seguro ficar aqui comigo?
— Eu... — Jimin umedeceu os lábios e suspirou, sentindo calor de
repente. Jeon estava muito perto. — Eu acho que entre dormir no porão ou
na cabine do Capitão, a escolha é bem óbvia — Ele se recompôs, passando
a mão em sua franja e jogando seu cabelo para trás.
— Mas eu não me lembro de tê-lo convidado para dormir comigo — Seu
tom se tornou provocante e ele sorriu de lado, assistindo o Ômega corar.
— E-eu não... — Jimin embaraçou-se com as palavras e piscou
lentamente, tomando o controle de sua vergonha. — Ora! Eu não vim com
essa intenção de... de deitar-me em sua cama — Disse a última frase em
tom tão baixo que se o outro não fosse um Alfa lúpus, não teria escutado.
O sorriso do Capitão se alargou ainda mais e ele riu divertido. Em
seguida ficou sério, mordendo o lábio enquanto o fitava de maneira intensa.
— Eu não estava me referindo à isso. — De repente, Jimin sentiu que
todo o sangue do seu corpo se concentrou no rosto.
— Foi para isso que voltou?! — Jimin rosnou. — Para importunar-me ?!
Deveria ter ficado com aquela moça de cabelo vermelho!
Jeon suspirou. Ele se levantou e passou a caminhar pela cabine.
— Não. Tenho coisas mais importantes para fazer. — Ele fitou o Ômega
enquanto mexia dentro de um baú. — Amanhã partiremos para Nabuco.
Jimin sentiu um frio percorrer sua espinha. Não sabia em que direção
essa ilha ficava, mas sabia que era o maior centro comercial de toda a costa
asiática e que viagens até seu pólo eram extremamente longas. Sua tensão
implicava no fato de que, a partir do dia seguinte, ele ficaria ainda mais
longe da sua família e do seu lar.
Com os pensamentos elaborando uma fuga, tentou manter-se calmo para
não despertar a atenção do Capitão. Mas quando este virou-se, caminhando
em sua direção, a frustração ficou estampada em seu semblante ao notar que
ele trazia consigo uma corda.
— Me dê as suas mãos. — Jeon ordenou com firmeza.
Jimin escondeu as mãos atrás das costas, negando-se a obedecê-lo.
— Por favor... — Jimin insistiu, fazendo um biquinho inocente, tentando
sensibilizá-lo. — Meus pulsos estão doloridos.
Jeon hesitou. Era quase uma tortura levar aquilo adiante com aquele
olhar tão fofo. Se não tivesse cuidado, o Ômega iria dobrá-lo facilmente.
— Não amarrarei tão forte — Jeon prometeu, mas Jimin não se moveu.
— Se não fizer o que estou mandando será pior.
Jimin suspirou irritado e juntou as mãos na frente de seu corpo. Assistiu
o Capitão dar um nó fraco, porém firme, ao redor de seus pulsos. Depois,
ele prendeu a outra extremidade da corda em um pedaço de metal que fazia
parte da armação do navio.
— Ainda não confio em você o suficiente, para dormir no mesmo
cômodo com você estando livre — Jeon se explicou — Poderia me matar.
Jimin não respondeu. Apenas virou o rosto, inconformado com a
situação. Entretanto, ele ficou dividido com a ação do Alfa e no fundo
estava agradecido por não ter amarrado tão forte. Aquele nó não estava
machucando.
Seus planos não estavam de todo perdido. Ele ainda possuía o punhal
guardado em suas vestes. Ele se deitou no colchão e esperou Jeon fazer o
mesmo em sua cama. Jimmy esperou por longas horas e quando finalmente
teve a certeza de que o Capitão havia adormecido completamente, ele se
sentou, pegou o punhal e com uma certa dificuldade por estar amarrado, ele
conseguiu cortar a corda que o prendia. Em seguida, ele foi até as estantes,
onde tinha visto uma corrente com duas fechaduras e caminhou sem fazer
nenhum ruído até chegar rente a cama onde o Alfa dormia em seu sono
pesado.
Cauteloso, ele puxou os braços do Capitão até suas mãos ficarem em
cima de sua cabeça e prendeu seus pulsos na corrente, através da cabeceira
da cama, que para a sua sorte, era feita de metal. Ele pretendia amarrar
alguma mordaça para que ele não gritasse pelo ao auxílio dos piratas, mas
quando Jimin concluiu seu pensamento, viu os olhos do pirata abertos e
olhando confuso para si.
Assustado, Jimin se afastou rapidamente dando alguns passos para trás.
Instintivamente, Jeon puxou seus braços, mas por motivos óbvios ele não
conseguiu movê-los. Quando entendeu a situação em que se encontrava ele
fechou os olhos, tomando uma respiração profunda.
— Desculpa. — Jimin murmurou. — Também não confio em você.
Ao ver o que o Ômega pretendia, o Capitão cerrou os punhos e puxou as
correntes violentamente, fazendo um certo barulho incômodo com os
metais. Jimin travou o corpo com medo de que ele iria conseguir se soltar,
mas relaxou quando viu que ele permanecia muito bem preso. O Capitão
lançou-lhe um olhar mortal e rosnou tão ameaçadoramente, que o Ômega
mesmo sendo um lúpus, sentiu seu corpo todo tremer e as pernas ficaram
bambas de medo.
Antes que desistisse da fuga, Jimin seguiu nas pontas dos pés, ignorando
os protestos do Capitão e abriu a porta. Ele espiou o lado de fora e todo o
convés, até ter certeza de que nenhum membro da tripulação estivesse por
alí. Na certa, estavam todos dormindo, com exceção dos que ficaram na Ilha
de Folsom, divertindo-se entre as dezenas de bares e prostíbulos.
Jimin então subiu pela escada feita com corda. Sem perceber, deixou o
punhal caiu no chão do convés. Quando desceu no bote que provavelmente
Jeon havia voltado com ele e, para a sua sorte, o deixou ainda na água
amarrado ao navio, ele soltou o nó fraco e livrou a pequena embarcação.
Com muito esforço, ele conseguiu remar de volta para a margem.
Quando se viu na praia, não sabia qual passo seguir. Ele não podia fugir
naquele bote em pleno mar aberto, seria loucura. Desesperado, ele olhou ao
seu redor vendo alguns pescadores trabalharem, mas não podia pedir ajuda
para eles. Mais ao lado haviam alguns piratas em um círculo, conversando
em baixo tom. Diferente dos demais frequentadores daquela Ilha, eles
pareciam sóbrios.
Jimin viu que era a sua melhor opção no momento e seguiu até onde eles
estavam.
— Com licença, senhores — A voz doce do Ômega chamou a atenção
deles. — Eu fui sequestrado e agora estou perdido nesta Ilha. Sei que são
piratas e nesse exato momento estão pensando em quais coisas horríveis os
senhores podem fazer comigo — Ele fez uma pausa estudando suas
expressões, e continuou: — Meu pai é um Alfa muito importante e influente
na sociedade coreana. Se me levarem para casa em segurança, eu prometo
que serão muito bem recompensados.
Eles eram piratas, assim como a tripulação do Black Swan. Mas Jimin
apostava que eles não sabiam que ele era um Ômega lúpus, e que muito
menos tinham alguma informação sobre os fragmentos do Imperium. Logo,
Jimin considerou que a oportunidade dos piratas conseguirem um resgate
com ele seria a melhor opção para os criminosos.
Os piratas se entreolharam e se comunicaram em linguagem muda.
Assentiram entre si e logo concordaram em levar Jimin consigo.
Assim, o Ômega conseguiu um transporte para tirá-lo daquele lugar
horrível e levá-lo para casa.
Ou, era o que ele imaginava.
Continua...
[7] O Leilão
Reescrito
☠
A grade da cabeceira da cama já estava curvada para frente, de tanto que
o Capitão puxava as correntes que o prendia. Ele transbordava ódio e suas
unhas já estavam machucando suas palmas, devido a força com que seus
punhos se travaram. Ele poderia gritar e pedir ajuda a tripulação. Mas seria
muito humilhante admitir que fôra preso por um Ômega. Alfas já eram
bastante orgulhosos, sendo lúpus então, as emoções se tornavam mais
intensas.
Depois de muito esforço, ele finalmente conseguiu romper a grade e
erguer o corpo da cama. Ele caminhou até sua estante, implorando
mentalmente que o Ômega não tenha sido tão atrevido a ponto de levar a
chave dos grilhões. Suspirou aliviado quando a viu no mesmo lugar onde
tinha deixado. Logo ele se livrou das correntes e ignorou a dor em seus
pulsos. A pele estava bastante avermelhada e machucada devido ao esforço
que fez para se ver livre.
Assim que saiu da cabine, o sol já havia nascido e a tripulação já
trabalhava pelo convés.
- Bom dia, Capitão - Scott falou quando o viu.
- Bom dia o caralho! - Jeon passou por ele como um furacão e se
debruçou ao lado do navio, examinando a Ilha, agora pela manhã pouco
movimentada.
O Capitão estava furioso, quase a ponto de matar um. Ai daquele que se
atrevesse a ficar em seu caminho naquele momento.
- O que houve? - Seokjin perguntou trazendo consigo uma xícara de café.
- O que houve?! - Jeon perguntou entredentes, virando para encarar o
irmão: - A sua ideia estúpida de ontem à noite fez a porra do Ômega fugir!
Logo, uma pequena aglomeração se juntou ao redor deles. Todos
interessados em assistir aquela discussão entre os irmãos.
- A culpa não é minha se você o assustou, tratando-lhe com grosseria -
Seokjin o enfrentou. - Ele estava com você quando isso aconteceu. E saiba
que ele sempre irá fugir se continuar agindo feito um idiota!
Jeon acertou uma tapa forte na mão do médico que segurava a xícara e o
objeto voou longe, fazendo o mais velho se assustar.
Neste momento, Namjoon apareceu com uma enorme cara de sono,
caminhando tranquilamente pelo convés superior. Ele parou ao lado da
timoneira, que também assistia a discussão matinal.
- O que está acontecendo?
- Briga entre irmãos - Ela respondeu. - Parece que o nosso Ômega lúpus
fugiu.
- Merda - Namjoon correu até as escadas e desceu, seguindo ligeiro até
onde o médico discutia com o Capitão. - Precisamos encontrar aquele
desgraçado. Não podemos gastar nosso precioso tempo com discussões.
O Capitão engoliu a raiva que estava sentindo naquele momento e
ignorou as atitudes do seu irmão. Ele se voltou para a tripulação:
- O que estão esperando? Vão procurá-lo! - Ordenou com sua voz de
comando apontando para a Ilha.
Todos então se puseram a descer as cordas com os botes e rapidamente
chegaram na praia. Eles procuraram o Ômega por toda a extensão de
Folsom, mas não encontraram nem sinal do loirinho. Porém, obtiveram uma
valiosa informação dos pescadores que estavam por alí.
- Capitão - Hoseok se dirigiu ao Jeon -, não o encontramos mas os
pescadores o viram seguir para um outro navio.
- Que navio?
- Eles disseram que em sua bandeira havia o desenho de dois punhos
esqueléticos cruzados.
Tempos atrás, quando trabalhou por navios mercantes, o Capitão cruzou
com uma embarcação que continha o mesmo símbolo informado pelo
pirata, ele o reconheceu de imediato. Jeon sentiu uma fúria intensa tomar
seu peito, ele caminhou até a beira do navio e respirou fundo encarando o
horizonte, para logo em seguida informar:
- Já sei para onde eles foram.
☠
Antes...
Jimin seguiu os piratas até os botes, depois foi levado para o navio que
também estava ancorado, mas em outra parte da Ilha. Ao entrar na
embarcação, Jimin foi colocado um tempo a esperar. Logo depois, ele foi
recebido por uma Alfa, ela era a Capitã do navio e o guiou para dentro de
sua cabine. Ela o tratou com bastante cordialidade, o que deixou o Ômega
mais a vontade.
- Não tenho palavras para agradecer a senhora pelo que está fazendo por
mim - Jimin exprimiu, suspirando aliviado, imaginando que estava sendo
levado de volta para a Coréia.
- Não precisa agradecer meu querido - A mulher lhe dirigiu um enorme
sorriso - Tenho um filho Ômega na sua idade, sei que seus pais devem estar
muito preocupados. Principalmente a sua mãe.
- Eu não tenho mais uma mãe. Infelizmente ela faleceu no parto do meu
irmão... - Jimin lamentou. - Mas com certeza ele e meu pai devem estar
muito preocupados comigo.
- Eu sinto muito a sua perda - Ela fez um breve silêncio em respeito. -
Não se preocupe, em breve você estará de volta junto com a sua família.
Agora coma, criança, pois você me parece bem fraquinho.
- Obrigado. - Ele pegou uma porção de comida e levou a boca.
- Isso, agora você deve estar com sede, hm? - Ela serviu um cálice com
suco de uva e ofereceu ao menino. - Agora beba um pouco, para ajudar na
digestão.
- Muito obrigado - Jimin aceitou o copo. - A senhora é muito gentil.
Ela sorriu.
- Sim. Mas beba - Ele assentiu virando o cálice, tomando do conteúdo. -
Isso, beba tudo.
Após o jantar, a Capitã fez questão de acomodá-lo em sua própria cabine.
Jimin ficou encantado em descobrir que nem todos os piratas eram uns mal
educados e grosseiros. Assim que entrou no cômodo, viu a cama da mulher
que também era de casal e automaticamente sentiu um tremor ao lembrar-se
do Capitão Jeon que havia acorrentado à cama.
- Vou deixar que fique com a minha cabine - Ela informou, gentil. - Pode
passear pelo convés se quiser, mas sugiro que fique aqui e descanse, logo
nós estaremos chegando na Coréia...
De repente, as palavras da Alfa tornaram-se distantes e Jimin se sentiu
tonto. Sua visão foi ficando turva rapidamente e suas pernas fraquejaram.
Em questão de segundos ele perdeu a consciência e só não caiu no chão
porque a Capitã o segurou.
Assim que acordou, Jimin se viu dentro de uma espécie de gaiola de
ferro. Sua boca estava seca, ele sentiu a cabeça doer conforme erguia o
corpo do chão duro e se sentava do jeito mais confortável que conseguiu.
Junto com ele haviam mais nove Ômegas presos no mesmo espaço
pequeno. Estava vestido com uma única túnica branca e seus pertences
foram recolhidos pelos guardas.
Desesperado, ele segurou as barras de ferro com força e gritou por ajuda.
- Para de gritar, porra! - Um Ômega grunhiu colocando as mãos nos
ouvidos.
- Não adianta, garoto - Outra Ômega se dirigiu à Jimin: - Estamos presos
no subsolo de Nabuco. Ninguém nunca irá nos encontrar, eles estão
ocupados demais tratando de seus negócios lá em cima.
- O que vão fazer conosco?
- Você não percebeu ainda? - O Ômega que havia se irritado com seus
gritos voltou-se para encará-lo: - Estamos na Boca do Inferno, garoto.
- Que lugar é esse?
O Ômega rolou os olhos, irritado.
- É onde ocorrem leilões clandestinos e coisas são vendidas ou trocadas
entre criminosos da pior espécie.
Jimin finalmente compreendeu a lastimável situação em que se
encontrava. Ele fechou os olhos lamentando ter fugido do Capitão Jeon. O
punhal já não estava consigo e com certeza aquele lugar estava bem
protegido. Seria impossível escapar. Ele olhou a sua volta em busca de
algum plano maluco que o ajudasse a fugir, mas suspirou derrotado ao ver
vários Alfas fortemente armados surgirem através de uma porta.
- Todos vocês, escutem com atenção - Um dos Alfas disse com sua voz
de comando. Todos os Ômegas sentiram-se incomodados menos Jimin, que
era um lúpus. A voz especial de um Alfa comum não fazia efeito algum
sobre si. - Quero que me sigam quietinhos e obedientes, quem ousar me
desobedecer eu não terei compaixão.
Com bastante medo da ameaça, os Ômegas seguiram-no submissos por
um extenso e estreito corredor, úmido e escuro, até serem deixados em uma
pequena sala, todos agrupados e sentados no chão. Os Alfas amarraram seus
tornozelos e pulsos com cordas e vendaram seus olhos. Um a um, os
Ômegas eram levados até uma outra sala que eles não faziam ideia de onde
ficava e para o que servia. Eles só sabiam que todos aqueles que eram
levados, jamais retornavam para contar história.
Quando chegou na vez de Jimin, ele sentiu seu corpo ser erguido do chão
e instintivamente tentou lutar. O Alfa que o segurava acertou seu abdômen
com um soco que o fez curvar o corpo para frente e perder todo o ar.
- Seu imbecil do caralho! - O Alfa estava pronto para disparar um chute
em sua direção, mas foi interrompido por outro.
- Pare com essa merda. O sr. Coal quer os Ômegas vivos e sem
ferimentos, seu idiota.
O Alfa rosnou praguejando alguma coisa e ergueu Jimin novamente,
levando-o para a mesma sala em que os demais estavam. Ele foi posto
curvado para a frente, com sua barriga apoiada em uma espécie de mesa de
madeira. Por estar com os olhos vendados ele não sabia, mas estava de
costas para dezenas de homens e mulheres, todos Alfas e ávidos para
comprar um Ômega, para tê-lo como um escravo.
O Alfa que o trouxe para aquele lugar saiu e Jimin ouviu o som de passos
se aproximar de onde foi deixado. Logo, a voz de um outro Alfa foi ouvida:
- Senhoras e senhores, o que lhes trago agora é um Ômega loiro, com
uma bela educação e ainda intocado - Um coral ansioso se fez ouvir e ele
percebeu que havia mais pessoas alí. De repente, o Alfa levantou a barra de
sua túnica, deixando seu corpo exposto para ser exibido aos possíveis
compradores. Ele passou a mão pela sua pele e acertou uma tapa fazendo
Jimin tremer de pavor. - Dêem seus preços!
- Doze mil moedas de prata! - Um único lance foi sugerido e ninguém
ousou contestar o valor.
- Dou-lhe uma. Dou-lhe duas... - O leiloeiro ambicioso ainda tentou
receber um valor mais alto, mas ninguém parecia querer cobrir. - Dou-lhe
três! Vendido para o cavalheiro de preto.
Continua...
[8] Desejos
Reescrito
☠
Reescrito
☠
A tripulação estava em grande parte reunida na praia. Eles estavam
montando um acampamento com algumas tendas a mando do próprio Jeon.
— Estou lhe dizendo, Capitão — Dahyun, a mecânica do navio afirmou.
— Fez a escolha certa decidindo limpar o casco do navio.
Jeon assentiu, sentado em sua cadeira. Jimin estava ao seu lado. O
Capitão havia decidido que a partir daquele dia, o garoto não sairia debaixo
do seu nariz.
— E o tempo que vamos gastar fazendo isso? — Sven questionou já
pensando no trabalho que eles teriam.
— Será compensado com velocidade — Dahyun respondeu.
— Ela tem razão — Jungkook afirmou. — Preparem-se para trazer o
Black Swan até a praia.
O próprio Capitão se juntou à tripulação para ajudá-los com todo o
trabalho literalmente pesado. Eles conseguiram levar o navio à praia e
amarraram várias cordas em árvores para que mantivesse a embarcação em
linha reta e apoiada por diversas vigas de madeira.
Jungkook se distraiu puxando as cordas apenas por alguns segundos e de
repente o loirinho não estava mais ao seu lado. Buscou ligeiro com os olhos
pela praia, vendo-o na margem na companhia do navegador.
— Taehyung — Jeon gritou —, traga o Ômega de volta!
Ele não viu quando Taehyung comprimiu os lábios, frustrado. O
navegador estava ajudando Jimin a colher lembrancinhas pela areia. O
Ômega levantou triste, já pronto para obedecer a ordem, pois não queria ser
amarrado as árvores como foi ameaçado algum tempo atrás.
— Deixa de ser chato. O menino só está pegando conchinhas — Seokjin
passou pelo Capitão e caminhou na direção da beira mar, fazendo sinal para
que Jimin e Taehyung continuassem lá.
Jeon suspirou e indicou para que Yoongi ficasse de olho neles. O pirata
não se aproximou tanto e ficou sentado em um montante de areia um pouco
mais atrás.
— Olha só essa aqui. — O médico encontrou uma na cor rosa bebê, com
alguns tons coloridos. Ele a entregou para Jimin.
— Nossa, que linda. — o Ômega pegou examinando em suas mãos.
Ele ia devolver mas Seokjin negou, dizendo:
— É sua.
— Obrigado.
— Deixa eu limpar para você — Seokjin ofereceu e Jimin a entregou no
mesmo instante. — Ela vai ficar com a cor muito mais viva e bonita quando
eu terminar.
Taehyung foi se afastando lentamente até ficar sentado ao lado de
Yoongi. O Alfa espadachim lhe contava algumas de suas histórias, da época
em que era um caçador de recompensas e recebia para caçar piratas, em
particular. Jimin olhou para trás e viu o navegador bastante entretido com o
Alfa.
Seokjin era um Beta que, ao seu ver, era bastante maduro, pelo menos em
comparação a pouca idade que Jimin possuía. Ele arriscou que o médico
teria no mínimo trinta anos, e talvez pudesse ajudá-lo com algumas
dúvidas...
— Sr. Seokjin? — Jimin o chamou baixo.
— Eu não sou tão velho. — O médico sorriu com um falso ultraje,
jogando uma conchinha nele. — Tire esse senhor ou me chame apenas de
Jin.
— Jin — Corrigiu-se e o outro assentiu. — Você já sentiu coisas
estranhas no seu corpo?
— Estranhas como? — Jimin não respondeu, mas desviou o olhar para o
mar. — Precisa ser mais específico.
— Eu não sei bem como explicar, mas foi como se o meu lobo tivesse
despertado um certo interesse incomum por um cheiro em específico.
O Ômega respirava lentamente, tentando conter um pouco de sua timidez
ao tratar daquele assunto.
— Um cheiro específico? — Jimin balançou a cabeça positivamente. —
De quê? — ele não respondeu com palavras, mas sua olhadela rápida na
direção em que o Capitão estava junto da tripulação deu uma certa ideia
para o médico compreender — Está falando sobre o aroma do Jungkook?
— Sim… — Respondeu baixinho, quase num sussurro.
— Entendi — Seokjin murmurou para si mesmo. — Mas me conta, o que
seu lobo sentiu?
— Foi como se... — Jimin olhou para trás e novamente, notou que
Yoongi e Taehyung mantinham-se conversando entre si. — Um calor,
sabe?
Seokjin era um Beta, logo não possuía o gene lobo em seu interior. No
entanto, ele compreendeu sobre o que o Ômega estava falando, devido aos
anos de estudos dedicados à medicina das classes. Mas ele teria que ir
devagar com aquilo, explicar com calma. Jimin nunca esteve sozinho com
um Alfa que não fosse o seu pai, era deveras inexperiente quando se tratava
do desejo dos lobos.
— Todos os Alfas e Ômegas estão propícios a sentir isso, Jimin. Saiba
que é completamente normal. Não precisa ficar envergonhado. São coisas
dos lobos...
— O nome disso é tesão. — Ouviram a voz do navegador logo atrás.
— Você estava ouvindo?! — Jimin questionou envergonhado. Ele estava
falando baixo para evitar esse tipo de situação.
— Na verdade foi ele que ouviu — Taehyung respondeu apontando para
Yoongi —, e estava me contando.
— Céus... mas vocês dois heim! — Seokjin os repreendeu com as mãos
na cintura.
— Então é por isso que ele estava na cabine do Capitão naquela noite...
— Yoongi refletiu, lançando um olhar divertido. — Seu safadinho.
Jimin cobriu o rosto com as duas mãos e se jogou de costas na areia.
— Para com isso — Taehyung riu acertando uma tapa no Alfa. — Está
constrangendo o menino.
— Não é nada disso que vocês estão pensando! — Jimin ergueu as costas
do chão, ainda vermelho como um tomate.
— Mas e se for, o que é que tem?
— É pecado — Jimin abraçou o próprio corpo — Eu tenho um noivo.
Os três piratas entreolharam-se, compartilhando do mesmo pensamento
sobre um possível caso entre aquele Ômega e o Capitão Jeon. Não seria
impossível, visto que já ouviram muitas histórias sobre piratas que se
apaixonaram e largaram a vida no mar, para viver ao lado de seus maridos
ou esposas.
Eles ouviram a voz do cozinheiro Junbuu chamando à todos, informando
que o jantar estava pronto.
— Siga seu coração, Jimin — Seokjin comentou ajudando o Ômega a
levantar. — E lembre-se que amar não é pecado.
☠
Duas tendas foram montadas para que os piratas fizessem suas refeições.
Na companhia do Capitão apenas permaneceram seu irmão Seokjin, o
contramestre, e é claro, o próprio Jimin. Eles conversavam sobre o possível
fragmento que poderia estar naquela ilha.
Enquanto esteve em um bordel de Folsom, Jeon obteve essa informação
de uma prostituta, mas não sabia exatamente em qual local estava. O
Capitão desconfiava que poderia estar no leilão, mas quando foi resgatar o
Ômega não ouviu nenhuma conversa sobre isso.
Logo, só restava uma opção: a Fortaleza do Capitão Fenn Barba-Ruiva.
Barba-Ruiva era um pirata conhecido por sua crueldade, em destruir
completamente e matar toda a tripulação dos navios em que fazia os seus
saques. Ele decidiu abandonar os mares quando tomou o controle da Ilha de
Nabuco para si, maior centro comercial da costa asiática, posteriormente
tornando-se o maior centro de contrabando. Todos os piratas escolhiam
aquele lugar para trocar seus saques de maneira clandestina.
— Precisamos entrar naquela Fortaleza de qualquer jeito — Jungkook
articulou.
Jimin apenas comia sua refeição ouvindo a conversa.
— Nós podemos simplesmente invadir aquilo, Capitão.
— Eu sei, Namjoon. Mas esta não é a minha intenção.
— E no que está pensando? Bater na porta dele e pedir por favor? —
Seokjin questionou revirando os olhos.
— Jin tem razão, nós podemos invadir.
— Vocês não estão entendendo. Eu não pretendo invadir — Jeon olhou
para o médico —, muito menos pedir por favor. Nós vamos oferecer um
tributo e quando estivermos lá dentro, iremos roubá-lo.
— Isso é muito arriscado...
— Mais do que tentar invadir e soar um alarme?
— Olha, só... — Seokjin sorriu com diversão, olhando para Namjoon. —
Meu irmão usando o cérebro invés dos músculos.
Jimin cobriu a boca com a mão, tentando esconder o riso junto ao médico
e o contramestre. Ele desceu a mão pelo pescoço e só então descobriu que
algo estava lhe faltando.
— Não... — O Ômega sussurrou, passando os dedos pela região cervical
como se esperasse o item perdido reaparecer. — Meu colar. Eu o perdi.
— Tudo bem, Jimin. Depois você pode comprar outro — Seokjin tentou
tranquilizá-lo.
— Mas esse era muito importante para mim — Jimin suspirou baixando
os olhos para esconder as lágrimas. — Eu me sentia perto da minha família
com ele...
— Oh, Jimin — Seokjin o abraçou de lado —, eu sinto muito.
— Não sei por que essa comoção toda — Namjoon rolou os olhos
mordendo um pedaço de carne. — É só a porcaria de um colar.
Jimin se perguntou o que havia feito para aquele Alfa, para que ele o
tratasse tão friamente desde o primeiro contato que teve com o mesmo.
Estava ciente que Namjoon é um pirata, e os piratas geralmente são rudes
em seu tratamento para com as outras pessoas. Mas os outros tripulantes do
Black Swan também são, e mesmo assim, tratam o Ômega com o mínimo
de respeito e educação. Principalmente Taehyung e Seokjin.
Até mesmo o alfa da cicatriz havia se tornado menos grosseiro.
— Eu já estou satisfeito — Jimin limpou os olhos com as costas das
mãos e afastou o prato. — Eu posso me recolher agora?
— Amanhã discutiremos melhor sobre o plano da Fortaleza — Jeon falou
para Namjoon e em seguida se levantou mirando o Ômega — Vamos.
Seokjin permaneceu sentado, olhando para o contramestre até ele
perceber e ficar incomodado com isso.
— O quê? — Namjoon indagou sem entender.
— Sua sensibilidade me comove — Seokjin ironizou e se levantou,
deixando um Namjoon confuso para trás.
☠
Jimin esperava em pé em um canto, enquanto o Capitão preparava uma
cama para eles dormirem. Assim que ele terminou, o Ômega seguiu até a
cama e sentou na borda.
Para a sua decepção, Jungkook voltou-se para ele segurando uma corda.
— Não, Jeon. Por favor — Jimin suspirou frustrado. — Você não precisa
fazer isso, eu não vou fazer nada. Eu sou muito grato por ter me salvado de
um destino horrível naquele leilão. Mesmo que tenha me tirado da minha
família, eu não seria capaz de fazer uma coisa dessas. Não vou tentar matá-
lo, por favor acredite nisso.
— Tudo bem — O Capitão cruzou os braços, estudando-o. — Acredito
em você. Mas pode tentar fugir outra vez.
— Ah, não. Eu não vou — Jimin riu pensativo. — Não depois do que
aconteceu. Eu não conheço nada fora dos limites da Coréia. Posso ser
capturado por outros piratas ou coisa pior. Eu já aprendi minha lição.
— Prefiro não arriscar — Jeon se aproximou para agarrar seu braço, mas
Jimin segurou o seu primeiro, pegando-o de surpresa.
— Escute-me, por favor — Jimin mantinha a cabeça erguida e os olhos
encarando profundamente o rosto do Capitão. Jeon olhou para seus lábios
enquanto aquelas palavras eram ditas e em seguida mirou em seus olhos
intensos e tão azuis quanto o mar. — Eu estou lhe dando a minha palavra de
que não tentarei fugir novamente.
Sem perder o contato visual, as mãos de Jimin seguiram até as do Alfa.
Jeon hesitou, mas logo depois ele cedeu e o Ômega conseguiu tirar a corda
das suas mãos.
— Tudo bem. — Jungkook respirou profundamente, se afastando. —
Mas se voc-...
— Eu já sei, você já disse — Jimin o interrompeu. — Se eu tentar fugir
outra vez, vai me deixar amarrado no alto de um coqueiro.
O Capitão assentiu e caminhou pela tenda pensando no que fazer em
seguida. Não foi impressão sua, aquele Ômega acabara de tomar o controle
da situação. Aquilo nunca aconteceu antes. Algo o incomodava.
— Deite-se e durma — Jeon apontou para a cama. — Preciso sair.
Jimin levantou os olhos para contestá-lo mas apenas encontrou a tenda
vazia. Ele vestiu uma roupa mais leve e se deitou na cama improvisada.
Continua...
[10] A Escolha Certa
Reescrito
☠
Jungkook saiu da tenda sentindo-se perturbado com seus desejos e
pensamentos. Sempre foi um Alfa livre desse tipo de sentimento, teve um
Ômega em que havia se apaixonado mas não chegou a ser tão profundo
quanto o que estava despertando pelo garoto loirinho. Depois disso,
conheceu outros Ômegas e nenhum nunca lhe despertou o mínimo interesse
que não fosse apenas dominar seu corpo, apenas pela necessidade carnal.
Mas quando olha para Jimin, quando sentia o cheiro de jasmim, o modo
como ele o desafiava e a sua personalidade, Conrad sente que vai muito
mais além disso. Aquele Ômega não mexe apenas com seu lobo, mas
também com sua mente e coração
Aquilo o deixava muito confuso.
— Porra! — Jeon chutou um punhado de areia no alto de uma pequena
colina.
— Joga na mãe! — Alguém gritou e ele franziu o cenho ao ouvir uma
voz sair da parte baixa.
Jeon fez a volta na pequena colina e quando chegou lá embaixo, viu
Seokjin passar as mãos no cabelo, sacudindo a cabeça pra tirar o excesso de
terra que havia caído quando Jungkook chutou o montinho de areia.
O Capitão riu com a cena.
— Não vi você aí, Seokjin. Me desculpe.
— Eu devia fazer você comer essa areia — O mais velho bufou irritado.
— O que veio fazer aqui sozinho?
— Estou limpando essa conchinha para o Jimin e pensando no enigma do
fragmento e você, com o que está irritado? — Ele franziu o cenho — Cadê
o Jimin ?
— Na tenda, dormindo — Jeon respirou fundo. Sabia que podia confiar
em seu irmão qualquer coisa e apenas dele, Jungkook não escondia nada. —
Ele conseguiu fazer com que eu o deixasse livre, Jin. Eu não o prendi e não
mandei ninguém ficar de olho nele — Confessou irritado.
— Jungkook, você só está agindo com o coração. Tudo bem deixar isso
acontecer — Seokjin viu o irmão suspirar confuso. — Você acha que ele
pode tentar te fazer algum mal ou fugir outra vez?
— Eu não tenho certeza — Jeon passou as mãos pelo cabelo e fitou o
irmão. — Que merda está acontecendo comigo?
— Acho que você já sabe o que é.
— O médico sorriu. — Só precisa se deixar sentir.
— Isso não é bom — Jeon afirmou encarando o oceano completamente
escuro. — Estou ficando fraco e manipulável.
— Por que você é tão cabeça dura? — Seokjin suspirou. Ele examinou a
concha rosa e quando ficou satisfeito quanto à sua aparência, ele a entregou
para o Alfa — Pode entregar ao Jimin?
O Capitão pegou a pequena concha e viu o médico seguir de volta para o
acampamento.
Assim que ele também voltou para a sua tenda, percebeu que o Ômega
ainda estava acordado, sentado na cama enquanto lia um livro.
— Eu encontrei este exemplar por aqui, estava sem sono e resolvi ler um
pouco — Jimin se explicou, envergonhado por ter mexido nas coisas do
Capitão novamente.
Jeon ponderou antes de indicar:
— Taehyung possui uma vasta coleção de livros. Pode pegar mais com
ele se quiser.
— Ah, obrigado — Jimin sorriu e guardou o livro.
O Ômega ficou pensativo desde que o Capitão Jeon o deixou sozinho, ele
refletiu sobre as coisas estranhas que seu lobo sentiu na cabine do Capitão,
e a conversa que teve com Seokjin.
Após uma boa leitura, Jimin sentiu que estava pronto para dormir. Mas o
Capitão começou a andar de um lado para o outro, como se estivesse
querendo fazer alguma coisa, e isso chamou a atenção do pequeno.
— Precisa de algo? — Jimin perguntou observando-o dar as suas voltas.
Jeon parou e olhou para ele. Caminhou na direção da cama possuindo
algo em sua mão direita.
— Sei que não é a mesma coisa e não possui o mesmo valor sentimental
para você — Jeon disse, entregando-lhe o objeto. — Mas pode usar este por
enquanto.
O que Jimin recebeu em suas mãos foi um lindo colar feito com pérolas,
com a concha rosa que ganhou de Seokjin como pingente.
— Que lindo... — Jimin suspirou observando o objeto. — Você que fez?
— Sim. Sei que não vai substituir o da sua família, e não precisa usar se
não quiser-... — Disse firme, tentando não parecer interessado na opinião
do Ômega.
— Eu adorei — Jimin o interrompeu com suavidade. — Muito obrigado.
É realmente muito lindo.
Jimin entregou o colar nas mãos do Alfa e ficou de costas. Jungkook não
entendeu o que ele pretendia a princípio, mas logo soube que a intenção
dele era que o próprio Capitão o ajudasse a colocar o acessório.
Jeon pegou o objeto e com cuidado, o prendeu no pescoço do Ômega.
Jimin passou os dedos pelas pérolas, virou-se de frente para ele e
perguntou:
— E então, como ficou?
— Ficou bom — Jeon confirmou em voz alta e pensou: “Céus, ele
conseguiu ficar ainda mais belo”.— Deite-se no canto. Eu vou dormir na
ponta.
Jimin olhou para a cama e depois para o Alfa. Ele engoliu em seco.
— Vamos dormir na mesma cama?
— Você quer dormir no chão? — Jimin negou com a cabeça. — Eu
também não.
O Ômega desviou o olhar envergonhado e tomou um longo suspiro. Ele
subiu no colchão, engatinhou até o cantinho e se deitou de costas para o
Capitão. Jungkook retirou a parte mais pesada de suas roupas e fez o
mesmo. Ambos adormeceram de costas um para o outro.
☠
Jimin acordou sentindo o cheiro de rosas presente, mas Jeon não estava
mais alí. Ele se levantou e vestiu suas roupas, saiu da tenda e viu que os
piratas já estavam no trabalho da limpeza do casco do navio.
Jimin seguiu até a tenda que ficava a cozinha improvisada, para fazer seu
desjejum. Ele entrou e viu Seokjin ainda sentado em uma cadeira.
— Bom dia — disse o médico, pegando um prato e o entregando ao
Ômega. — Guardei um pouco para você.
— Obrigado.
Enquanto comiam, Seokjin notou o novo item que ele estava usando em
seu pescoço.
— Que lindo — Afirmou apontando para o colar.
— Foi o Capitão Jeon que me deu. Ele mesmo o fez — Jimin informou,
mordendo o lábio com um sorriso.
— Vejo que gostou bastante.
— Foi muito gentil da parte dele.
Seokjin o estudou mas não disse mais nada, deixando o Ômega comer
tranquilamente. Ao terminar, Jimin chamou o mais velho para uma nova
conversa:
— Jin, há algo que está me preocupando muito. Então eu pensei que você
pudesse me ajudar.
— Sim, pode dizer. O que eu puder fazer para ajudar, eu farei.
Jimin assentiu, suspirando aliviado.
— Bom, como você sabe eu nunca me entreguei à um Alfa... — Ele se
referia à conotação sexual. — Meu primeiro heat foi aos quatorze anos e
desde então eu venho tomando um chá para que eu não sinta nada durante
esse período... Hoseok me contou como os Alfas da tripulação passam seus
ruts e eu não quero ficar trancado no porão.
— Entendo. Qual chá você costuma tomar?
— É o chá de uma flor de nome nenúfar.
— Creio que não temos dela conosco — Seokjin afirmou pensativo. —
Mas estamos em Nabuco, com certeza no centro do comércio deve ter. Vou
pedir ao Tae que leve você para comprar algumas.
— Mas e o Capitão?
— Não se preocupe, vamos falar com ele.
— Eu nem sei como te agradecer.
— Não precisa agradecer. Eu sou o médico da tripulação e minha função
é cuidar das pessoas — Ele segurou na mão do mais novo. — E é claro,
faço muito gosto em ajudá-lo.
Jimin sorriu agradecido e o seguiu na procura pelo navegador. Assim que
encontraram Taehyung, eles foram ter com o Capitão, que, neste momento,
conversava com alguns piratas sobre o plano para obter o fragmento.
— Jungkook — Seokjin o chamou um pouco mais afastado, com Jimin e
Taehyung ao seu lado. — poderia vir aqui um instante?
O Capitão assentiu e se aproximou deles.
— O que quer?
— Jimin precisa ir ao centro da cidade comprar algumas coisas, eu pedi
para que Taehyung o acompanhe.
— Do que ele precisa? Posso ordenar que alguém da tripulação faça isso.
— Não é bem assim... é um assunto particular. Coisa de Ômegas...
O Capitão estudou Jimin, que mantinha o olhar baixo, envergonhado. Ele
suspirou assentindo, não queria se aprofundar naquele conversa já
imaginando o que poderia ser.
— Tudo bem — Jeon girou para os piratas logo atrás deles — Hoseok e
Yoongi, acompanhem eles até a cidade.
Os dois assentiram e se juntaram à Taehyung e Jimin, onde partiram para
as compras no comércio local.
— Belo colar — Seokjin afirmou e seu irmão o olhou surpreso. — Não
sabia que tinha esse dom para joalheria.
— Junbuu está com dor nas costas — Jeon mudou de assunto — Por que
não vai dar uma olhada nisso?
— Meu irmãozinho está ficando com o coração mole... — Seokjin
piscou, vendo o outro revirar os olhos.
Jungkook resmungou algo e logo em seguida saiu irritado, voltando a
reunir-se com Namjoon e outros bucaneiros.
☠
Jimin caminhava um pouco mais na frente, observando todas as
barraquinhas de uma feira no centro da praça comercial de Nabuco.
Taehyung seguia logo atrás, com ambos os Alfas ao seu lado.
— Eu comprei para você — Hoseok abriu a palma e mostrou ao
navegador uma bússola dourada.
— Uau! — Taehyung a pegou e observou o objeto, com os olhos cheios
de encanto. — Obrigado, Hoseok!
— Tae — Yoongi chamou sua atenção: — Hoje a noite depois do jantar,
você gostaria de tomar um pouco de tequila comigo? Você poderia me
ensinar como navegar observando as estrelas.
— Com certeza! — Taehyung respondeu de imediato.
Hoseok fitou o outro Alfa com um olhar irritado. Ambos trocavam
olhares ameaçadores ao passo que tentavam chamar a atenção do
navegador. Distraídos, eles não notaram quando Jimin acabou se afastando
um pouco mais e rapidamente, já o haviam perdido de vista.
— Cadê o Jimin? — Taehyung questionou cessando seus passos.
— Merda! — Hoseok rosnou e acusou o espadachim: — A culpa é sua
que fica nos distraindo com essa conversa idiota sobre estrelas.
— Você que fica babando feito um cachorrinho olhando para o Tae, em
vez de prestar atenção no Ômega!
— Parem os dois! — Taehyung deliberou. — Vamos nos separar e
procurar. Se voltarmos para o acampamento sem ele, o Capitão vai fazer
picadinho de nós três.
Os Alfas concordaram e cada um seguiu por um caminho diferente.
Jimin estava tão distraído com tantas flores, frutas, ervas, legumes e
outras diversidades, que saiu caminhando na frente e se afastou demais dos
outros sem a intenção. A certa distância, ele pôde ver alguns oficiais da
Marinha Real entrando em uma taberna. Claro que eles ainda não faziam
ideia sobre o seu sequestro, mas se o vissem desacompanhado, sem dúvida
iriam querer saber o que o filho do governador fazia sozinho por Nabuco.
Jimin estava realizando a compra das flores em uma barraca, com as
moedas que recebeu de Seokjin. A vendedora muito gentil lhe entregou
uma cestinha com as flores e sem pensar duas vezes, ele tentou se misturar
entre os muitos transeuntes, para que sua presença não fosse notada pelos
oficiais. Ele entrou em uma viela entre dois prédios e encostou-se na parede
respirando profundamente.
Jimin parou para pensar e ficou sem entender por que estava se
escondendo dos oficiais. Essa era a sua chance de buscar ajuda e finalmente
ser levado para casa. Com certeza eles o levariam para o governador são e
salvo, não havia motivos para temer. Mas então por que suas pernas não
acompanharam o mesmo raciocínio lógico e ele permaneceu alí parado?
Jimin não queria pensar nisso, mas seu coração já tinha a resposta. Ele
nunca concordou com o que a sociedade estipulou aos Ômegas. Sempre
fingiu muito bem ser um Ômega submisso como seu pai ensinou, como a
maioria das pessoas esperam.
Naquela época, casamentos arranjados estavam em seu apogeu. Os
nobres buscavam as melhores famílias para casarem seus filhos Ômegas
com Alfas respeitados e de posição elevada na sociedade. Assim como os
Alfas que procuravam o melhor acordo econômico e um belo Ômega para
garantir seus descendentes.
Do mesmo modo se deu com a família Park. Mas Jimin nunca quis se
casar com o Comodoro Choi. Aceitou o noivado por ser um Ômega
recatado e obediente. Ele, escondeu durante toda a vida sua verdadeira
natureza astuta e sagaz. Sua família e a sociedade pareciam não querer
saber mas Jimin tinha suas próprias vontades.
Embora estivesse sob a custódia do Capitão Jeon, ele se sentia mais livre
conhecendo um novo mundo na companhia dos piratas, do que jamais foi
na Coréia, preso entre aulas de como ser um bom Ômega.
“Estou ficando louco” — Jimin pensou consigo mesmo.
Estudou o lado em que os oficiais haviam passado, mas não os viu.
Quando julgou ser seguro sair de seu esconderijo, Jimin seguiu na direção
contrária. Quase derrubou a cestinha de flores quando sentiu uma mão
segurar seu braço.
— Por onde esteve? — Era Hoseok. O Alfa parecia bravo e aliviado ao
mesmo tempo.
— Comprando flores — Jimin respondeu levantando a cesta e o pirata
assentiu, soltando seu braço.
— Não se afaste novamente. Vamos encontrar os outros e voltar para o
acampamento.
Jimin o seguiu sempre olhando para trás, preocupado se tinha sido notado
pelos oficiais. Como não viu nenhuma movimentação diferente, ele julgou
que realmente havia passado despercebido.
Continua...
[11] Fenn Barba-Ruiva
Reescrito
☠
No momento em que chegaram no acampamento, Hoseok, Taehyung e
Yoongi juntaram-se aos demais bucaneiros na organização para o encontro
com o Fenn, enquanto Jimin rumou sozinho para a tenda do Capitão. Eles
entregariam dois baús cheios de moedas de prata, na intenção de distrair o
ex pirata, a fim de roubar o fragmento do Imperium que desconfiam estar
em seu poder.
É certo que a tripulação do Black Swan poderia simplesmente invadir a
fortaleza e tomar o pergaminho na base da brutalidade. Eles poderiam pelo
menos tentar. Mas não seria uma boa ideia. Havia muito em jogo no caso de
atacar abertamente, o Alfa que gerencia todo o comércio ilegal e que
favorece centenas de piratas. Barba-Ruiva tinha a força de seus piratas o
protegendo, assim como outras tripulações que lhe serviam. Não por
lealdade, mas pelo interesse de receber uma parte maior nos lucros obtidos
com o contrabando. E querendo ou não, Barba-Ruiva fez a Ilha de Nabuco
ser o que é hoje.
Jimin entrou na tenda que estava dividindo com o Capitão. Jeon se
preparava em particular, verificando se as suas duas pistolas possuíam
pólvora e chumbo o suficiente. Além das suas adagas e o punhal que Jimin
havia encontrado no navio.
— Encontrou o que estava procurando? — Jungkook perguntou,
terminando de abotoar sua camisa.
— Sim — Jimin colocou a cestinha em cima da mesa à vista do pirata e
se sentou na cama, sentindo-se ansioso.
— Flores? — Jeon olhou para o Ômega, e este balançou a cabeça
positivamente, à respeito da sua pergunta. Ele notou seu comportamento
inquieto, mas não comentou. — Deixarei Sully, Gary, Dominick e Bill Lee
de guarda.
Jimin suspirou irritado.
— Eu ví oficiais da Marinha Real no centro da cidade — O Ômega
afirmou com a cabeça erguida.
Se o Capitão ainda não confiava nele, então Jimin o faria ver o quanto
estava sendo ridículo.
— E por que voltou? — Jeon estava estranhamente calmo.
— Porque ao contrário do que você pensa, eu tenho palavra — Jimin se
levantou e ficou próximo ao pirata. — Eu te fiz uma promessa. Disse que
não tentaria fugir, e não o fiz — Ele suspirou decepcionado, voltando a
sentar na cama. — Talvez devesse ter fugido, assim você ficaria satisfeito
por estar certo.
Jungkook possuía seu semblante despreocupado. Ele se aproximou do
Ômega que mantinha a cabeça baixa, colocou os dedos em seu queixo e
ergueu seu rosto com delicadeza.
— São corsários — Jeon afirmou e o garoto franziu o cenho. — Eles
saqueiam, matam, sequestram, estupram... São como piratas, Jimin. Mas
diferente de nós, eles estão protegidos sob a lei, porque fazem isso à mando
de alguém muito maior.
— Está dizendo que eles podem fazer o que querem e não serão
julgados?
— Se estiverem à mando de alguém, sim — Jeon fez uma pausa
observando as feições do mais jovem. Jimin parecia estar realmente por
fora de como funcionava as leis de seu próprio mundo. — Como reis e
governadores.
Jimin curvou as sobrancelhas, com uma expressão irritada pela ofensa
que tomou sendo dirigida diretamente ao seu pai.
— Por acaso está insinuando que o meu pai pode ter participação nisso?
— Não estou insinuando nada — O Capitão afirmou calmo e adicionou:
— Estou afirmando.
Jimin se levantou repentinamente, fazendo o Alfa dar um passo para trás.
Choque desenhava sua expressão quando apontou um dedo no rosto do
Capitão.
— O meu pai é um Alfa honrado! Nunca mais repita esse tipo de coisa.
Jungkook ficou pasmo com a reação dele. Nenhum de seus Alfas teria
coragem de falar com ele desta maneira. Se fosse qualquer outra pessoa,
Jeon quebraria seu dedo por tamanha insolência. Novamente, ele sentiu-se
confuso e girou dando as costas para o Ômega.
— Não ordenei que ficassem aqui para impedi-lo de fugir — O Capitão
admitiu, caminhando até a entrada da tenda. — Ficarão para protegê-lo.
Sem esperar a resposta do Ômega, ele saiu ao encontro dos outros
bucaneiros, a fim de colocar o plano para roubar o possível fragmento em
prática. Mesmo que ele tivesse ficado, Jimin não teria uma resposta pronta
para aquilo. O Capitão Jeon realmente o surpreendia de todas as formas.
☠
A tripulação seguiu por um caminho alternativo, querendo evitar chamar
atenção dos demais habitantes e comerciantes pelas ruas. A trilha entre os
enormes rochedos era sinuosa e escura. Haviam também muitas árvores e
vegetação crescida, impedindo que a luz do luar iluminasse o caminho. Os
piratas só puderam enxergar o que havia em sua frente, devido as inúmeras
tochas que levaram justamente por causa da escuridão que acercava naquela
época do ano.
Ao chegarem diante da enorme porta dupla que dava passagem à
Fortaleza, eles estranharam o fato de que não havia um pirata sequer,
cuidando da aproximação de algum intruso. Só o que ouviram foram gritos
de horror vindos do lado de dentro e também as vozes de inúmeros homens
e mulheres, eufóricos com algum espetáculo medonho que acontecia no
interior do Forte.
À mando do Capitão Jeon, um dos piratas seguiu até a porta e bateu forte
na madeira. Um farfalhar em um arbusto foi ouvido por Jungkook e
automaticamente, ele sacou uma de suas pistolas, apontando na direção do
barulho.
Jimin se levantou de imediato, com os braços erguidos.
— Oi. — O Ômega sorriu amarelo.
O Capitão respirou fundo guardando a sua arma. Ele se aproximou do
menino e o puxou pelo cotovelo.
— O que pensa que está fazendo aqui? — Jeon perguntou tentando ser
paciente.
— Como você iria saber qual fragmento é o verdadeiro se não consegue
enxergar o que tem escrito? — Jimin perguntou, astuto.
Jungkook não o queria naquela investida por motivos óbvios, mas ele
teve que reconhecer que Jimin estava certo. Ele soltou o cotovelo do garoto
e o fitou com seriedade.
— Certo — Jeon retirou o próprio punhal do seu cinto e o colocou no de
Jimin, escondendo-o com o tecido da camisa. — Fique perto de mim. Não
fale com ninguém, muito menos olhe para alguém. Faça apenas o que eu
mandar. Você entendeu?
— Posso respirar pelo menos?
— Jimin, você me entendeu? — Jeon perguntou novamente, com menos
paciência dessa vez. O garoto apenas assentiu.
Finalmente uma das portas foi aberta e um Alfa barbudo e com tranças
no cabelo apareceu. Seus olhos seguiram dos baús para a tripulação.
— O que querem?
— Fizemos um grande saque próximo à costa coreana — Namjoon
articulou. — Viemos oferecer um tributo.
— Você aparece com toda uma tripulação em nossa porta e espera que o
Capitão Fenn os deixe entrar? — O Alfa sorriu exibindo seus dentes
amarelados e a falta de alguns deles. — É mais burro do que imaginei.
— Diga à ele que Jeon Jungkook está aqui.
O Alfa que estava na porta murchou o sorriso e engoliu em seco ao ver o
dono daquela voz, um pouco mais atrás entre os outros Alfas e Betas. Ele
não conseguiu ver o Ômega, já que Jimin estava atrás de Jeon.
— Desculpe senhor — O homem abriu a porta com a cabeça baixa. —
Eu não sabia que se tratava da tripulação do Black Swan. Podem entrar, se
houver algo que eu possa fazer para-...
Jungkook entrou no Forte junto a sua tripulação, sem se incomodar em
ouvir o que aquele infeliz estava falando. Jimin fez como o Capitão havia
lhe dito e não saiu de perto dele, principalmente quando adentravam mais a
fundo e ele pôde ver a quantidade de Alfas mal encarados que circulavam
por ali.
Logo, eles puderam identificar o motivo de toda a gritaria ouvida do lado
de fora. No centro da Fortaleza, haviam vários Alfas e Betas,
ridicularizando um homem cujo corpo estava erguido e crucificado no
centro do lugar. Ele estava todo machucado, com uma fratura exposta
horrível em seu braço esquerdo, diversas lacerações pelo corpo e também
queimaduras nos pés.
Jimin, que estava colado às costas do Capitão, observou aquela cena com
grande choque em seus olhos. Sentiu imenso medo e pavor, seu coração
começou a bater descompassado e tão alto, que o próprio Jeon podia ouvir.
Jungkook encontrou a mãozinha do Ômega e a segurou com firmeza.
— Capitão Jeon Jungkook — Todos ouviram a voz estridente de um Alfa
mais velho, corpulento e de aparência assustadora. Ele tinha uma longa e
grossa barba cor de cobre, seus cabelos chegavam até os olhos e se
emaranhavam lateralmente junto a barba. — A que devo a honra da sua
ilustre visita?
— Barba-Ruiva — Jungkook deu um passo à frente, sem largar a mão de
Jimin. — Trouxemos tributos de um grande saque feito há algumas
semanas.
— Eu estou muito surpreso com este ato, mas satisfeito que finalmente
tenha reconhecido a minha soberania. Prata é algo de muito valor — Com
um gesto de cabeça, Fenn passou uma ordem silenciosa e seus Alfas logo
assentiram, recolhendo os baús cheios de prata. Sorriu quando viu um par
de olhos azuis espiá-lo detrás do Capitão Jeon. — Vejo que carrega algo
ainda mais valioso consigo.
Fenn se aproximou ignorando o olhar ameaçador do Capitão Jeon na sua
direção, atento a qualquer coisa que pretendesse fazer. Barba-Ruiva ergueu
a mão na direção do rosto do Ômega, mas Jeon o deteve:
— Não o toque.
Barba-Ruiva hesitou a poucos centímetros da bochecha de Jimin, mas
então abaixou a mão. Ele deu dois passos para trás.
— Eu o quero.
— Não — Jeon rosnou. Fenn curvou as sobrancelhas. — Ele é meu.
Barba-Ruiva soltou uma enorme gargalhada, tão alta e sombria que quase
abalou as estruturas da Fortaleza.
— Quando eu me tornei o que sou, você ainda mijava nas calças, garoto
— A tripulação de Fenn riu e ele caminhou até chegar próximo da cruz
onde o outro Alfa agonizava. — Isto é o que acontece com quem ousa
desobedecer minhas ordens — Jimin sentiu uma terrível sensação se
apoderar do seu corpo. Seu coração mais parecia que iria saltar pela boca,
apenas com o fato de imaginar Jungkook no lugar daquele Alfa. O Capitão
Fenn girou a cabeça encarando Jeon: — Entregue-me o Ômega.
Jungkook estava pronto para negá-lo outra vez, mas Jimin foi mais
rápido e soltou-se de sua mão, dando alguns passos na direção do Fenn.
— Na verdade, sr. Barba-Ruiva... — Jimin podia sentir o olhar de
Jungkook queimando de raiva logo atrás dele. — Eu sempre quis conhecer
um Forte. O senhor faria a bondade de me mostrar?
Fenn sorriu ardiloso. Ele se colocou diante do Ômega e como se fosse
um cavalheiro, ofereceu sua mão para que Jimin segurasse.
— Oh — Fenn exprimiu, enfeitiçado com a beleza do Ômega. — Eu terei
enorme prazer em mostrá-lo.
Jimin apoiou a sua mão, na enorme palma do Fenn. Com isto, Jeon sacou
sua pistola e apontou na cabeça do Barba-Ruiva, mas no mesmo instante,
centenas de armas e espadas foram empunhadas em sua direção.
Desesperado, Jimin olhou para o Capitão e negou, sibilando com os lábios
para que ele não fizesse nada. Assim como os piratas do Black Swan.
— E então, o que vai fazer Capitão Jeon? — O Barba-Ruiva questionou.
— Capitão — Jeon ouviu a voz de seu contramestre e levou os olhos até
ele.
Cautelosamente, Namjoon inclinou a cabeça para o lado e Jeon viu que
escondido na escuridão e sem que ninguém o notasse, estava o mais temido
espadachim da época. O ex caçador de piratas, Min Yoongi, observando a
tudo sem expor sua presença.
Jungkook suspirou e abaixou sua pistola. Mesmo sabendo o perigo que
Jimin estava correndo, ele confiava nas habilidades do espadachim. Sabia
que conseguiria tirá-lo da Fortaleza e levá-lo de volta a tripulação.
— Caolho — Barba-Ruiva rosnou e uma criatura pequena surgiu entre os
Alfas. Ele era um Beta e usava um tampão em um de seus olhos: —
Acompanhe o Capitão Jeon e sua tripulação para fora da Fortaleza.
Barba-Ruiva girou com o Ômega e o levou para as dependências do
Forte. Jungkook assistia a cena enquanto segurava-se para não enfiar um
disparo no centro da cabeça do Fenn.
Caolho começou a pular e rir feito uma hiena. Mesmo diante a olhares
ameaçadores dos piratas do Black Swan, ele seguiu trotando estranhamente
animado e seguindo a ordem de seu Capitão.
Continua...
[12] O Segundo Fragmento
Reescrito
☠
Assim como Jimin imaginou, Barba-Ruiva não lhe mostrou nenhuma
parte do interior da Fortaleza, que não fosse o caminho até seu cômodo
particular. Seguindo através de corredores pouco iluminados, ele tentou
memorizar com precisão as direções tomadas pelo Alfa:
Vinte passos ao norte até entrarem em uma grande construção, próxima
de uma torre com diversas avarias causadas por canhões. Logo na entrada
subiram uma escadaria. Na bifurcação viraram a esquerda. Depois direita e
esquerda novamente, até encontrarem outras escadas. Quando chegaram ao
que parecia ser o último andar, seguiram por um longo corredor até a última
porta.
— Pensei que ia me mostrar o Forte, Capitão. — O Ômega comentou,
dando passos para dentro do quarto.
O cômodo era espaçoso e iluminado por um candelabro que estava
disposto no centro de uma mesa, entre garrafas vazias e vários papéis
espalhados, alguns castiçais nas duas mesas de cabeceira ao lado de uma
enorme cama, e em cima da cômoda, onde também havia uma pequena arca
de madeira, com jóias e alguns objetos de ouro incrustados com pedras
preciosas. Cortinas leves em tons de areia adornavam algumas portas que
estavam trancadas, e que davam acesso a uma varanda.
Ainda parado próximo a porta e obstruindo a passagem, o velho pirata já
havia retirado seu casaco, abriu alguns botões da camisa encardida e agora,
desfazia-se de seu cinto, enquanto o Ômega circulava pelo quarto.
Jimin observou nas paredes algumas pinturas contando a história daquele
Forte. Seguindo uma por uma, ele atentou-se a um quadro na parede atrás
da cama, com um pedaço de papel emoldurado. Era um dos fragmentos do
mapa, o Ômega podia ver com clareza as runas brilhando em tons
prateados.
O ruído de uma corrente próximo às estantes e alguns baús logo chamou
a atenção de Jimin, ele ficou horrorizado ao ver uma dúzia de Ômegas,
machos e fêmeas, acorrentados ao chão no canto do quarto.
Tentando pensar em um plano rápido para escapar das garras do Fenn, ele
virou-se para encará-lo e quando mal fez isso, recebeu um forte golpe no
rosto com as costas das mãos de pirata ruivo. Jimin caiu no chão
ligeiramente desorientado, sentindo uma forte dor em seu couro cabeludo
quando Barba-Ruiva agarrou seu cabelo e o arrastou, jogando-o na cama.
— Tenho uma ideia muito melhor! — O pirata sorriu, com seus grandes
olhos que transbordavam insanidade.
Ao passo que Jimin se recuperava da leve tontura, sua visão foi clareando
aos poucos e focando no Alfa logo acima dele, que ávido por possuí-lo
tentava despir suas vestes. Barba-Ruiva rasgou uma parte de sua roupa na
altura da clavícula e Jimin tentou segurar a ânsia de vômito quando sentiu o
pirata explorar seu corpo, e aquela barba e cabelo arranhando sua pele.
Jimin não tentou lutar contra, até porque seria um gasto inútil de sua
preciosa energia, já que sua força não se comparava à de um Alfa enorme
como Barba-Ruiva. Com certa dificuldade, ele conseguiu levar a mão até o
punhal posto por Jungkook e com um gesto totalmente instintivo, ele enfiou
a lâmina na lateral do pescoço do Fenn.
O pirata caiu em cima do corpo de Jimin, quase sufocando-o, mas livrou-
se da agonia quando o pirata deslizou para o lado. Barba-Ruiva levou a mão
ao pescoço e puxou a arma atirando-a para o chão, tentando controlar a
perda do sangue pressionando a mão no pescoço. Jimin se assustou quando
viu a quantidade de sangue que tinha nele e em cima do colchão. O Alfa
fazia barulhos horripilantes, se engasgando com o próprio sangue.
Jimin sobressaltou o corpo quando um Alfa entrou no quarto. Yoongi
olhou para o corpo de Barba-Ruiva enquanto via sua vida se esvaindo. Ele
olhou para o Ômega e depois para o pirata novamente, que continuava
lutando para sobreviver.
— E-eu matei um Alfa... — Jimin gaguejou com a voz trêmula e os olhos
bem abertos — Eu vou ser condenado à forca. E-eu o matei...
Yoongi agarrou o punhal no chão e se voltou para o Ômega que
permanecia em uma espécie de choque, murmurando coisas como “eu o
matei”.
— Ele ainda está vivo. — Yoongi o informou, apontando para Barba-
Ruiva que movia sua boca tentando chamar seus Alfas, mas tudo o que
conseguia articular eram murmúrios inaudíveis.
— Mas ele vai morrer e a culpa será minha. Eu que-... — Antes que
Jimin pudesse terminar, ele viu Yoongi cravar sua katana exatamente no
coração do Fenn.
Yoongi repetiu o mesmo processo pelo menos três vezes, com gestos
rápidos, até o corpo de Barba-Ruiva ficar imóvel em cima da cama.
— Pronto. Eu, o matei. — Ele agarrou o braço de Jimin e o puxou da
cama. Mas ficou surpreso quando o menino fez força contrária e escapou do
seu aperto.
— É uma parte do mapa — Jimin apontou para o papel emoldurado. —
Um fragmento do Imperium.
O Alfa subiu na cama e com um soco forte quebrou o vidro que protegia
o papel, pegou o fragmento e o guardou em seu bolso. Ele desceu
novamente com um rápido pulo, e franziu o cenho quando Jimin puxou seu
braço e apontou para os demais Ômegas presos por correntes.
— Não podemos deixá-los aqui. — Jimin apontou para os demais
Ômegas presos por correntes.
— Não dá tempo, precisamos ir agora! — Yoongi agarrou o braço de
Jimin novamente e o Ômega tentou lutar contra — Oh, merda!
Com um gesto rápido ele ergueu o corpo de Jimin e o jogou em seu
ombro, saindo apressadamente do quarto e ignorando os protestos do
garoto. Eles encontraram três Alfas pelo longo corredor. Os piratas logo
tentaram atacá-los mas Yoongi, que ainda empunhava sua katana, decepou a
cabeça do primeiro, se abaixou para desviar de um golpe e ao mesmo tempo
passou a lâmina de sua katana abrindo a barriga do segundo adversário.
Quando o terceiro surgiu na sua frente, teve o coração transpassado pela
lâmina do espadachim.
Jimin se agarrou a ele e manteve os olhos fechados durante a luta. Yoongi
continuou seguindo e desceu pelas escadas. Eles ouviram passos e outros
inimigos se aproximando, mas o Alfa não passou pelo mesmo caminho que
o Jimin havia feito na companhia de Barba-Ruiva.
— Ponha-me no chão! — Jimin exigiu.
Ao chegarem em uma janela, Yoongi o desceu do ombro mas apenas para
abraçar seu corpo firmemente pela cintura e pular da janela segurando uma
corda. Automaticamente, Jimin se agarrou no pescoço dele e fechou os
olhos durante o tempo em que ficaram no ar, até seus pés encontrarem o
chão firme.
Antes que pudesse se recuperar do breve passeio, Yoongi segurou em seu
pulso e o puxou levando-o consigo. Guiado pela adrenalina, Jimin apenas o
seguiu enquanto corriam escondidos na escuridão da noite. Passaram por
uma abertura que provavelmente pertencia à um dos diversos canhões que
protegiam o Forte e seguiram embrenhados entre as rochas e arvoredos.
☠
— Acalme-se Capitão — Namjoon tentava impedi-lo de iniciar um
ataque suicida ao Forte. — Não podemos fazer isso agora. Você viu, há
muitas tripulações lá dentro.
— Dane-se! — Jeon rugiu. — Ele levou o meu Ômega diante dos meus
olhos!
Meu.
Os membros da tripulação se entreolharam, mas não tiveram coragem de
falar coisa alguma.
Neste ínterim, Seokjin os encontrou quase totalmente sem fôlego, a
mecânica estava com ele e igualmente cansada. Suas mãos estavam sujas de
sangue mas ele não parecia estar ferido.
— Aconteceu uma coisa no acampamento, vocês precisam ver! — O
médico informou e a tripulação o seguiu pelo mesmo caminho em que
vieram. Jungkook se viu obrigado a fazer o mesmo.
Assim que chegaram na praia, todas as tendas estavam destruídas e havia
sinal de luta por todo lugar. Os corpos de Sully, Gary, Dominick e Bill Lee,
estavam sem vida e espalhados pelo chão. Tomado por uma postura
enfurecida, o Capitão Jeon virou-se para voltar ao Forte mas foi impedido
pelo irmão, que se colocou na frente dele.
— Não faz isso. Eles estão com o Jimin. Você sabe o que aquele louco
pode fazer com ele se tentar fazer essa loucura que estou pensando.
— Eu nunca deveria ter permitido que ele ficasse naquele lugar! —
Jungkook rosnou frustrado e irritado.
— Para começo de conversa, aquele Ômega nunca deveria ter deixado o
porão de carga — Namjoon articulou. — Ele está nos causando muitos
problemas. E se o Yoongi não conseguir tirá-lo de lá? Vamos perder o
tradutor e nunca vamos conseguir encontrar outro assim tão facilmente.
Seokjin o fitou indignado e disse:
— Com licença, mas o problema não é este. Mesmo que Jimin não fosse
um Ômega lúpus, não iríamos deixá-lo entregue às torturas daquele lugar.
— É claro que não — O contramestre riu zombeteiro. — O Capitão já
está caído de quatro pelo Ômega. Olhe pelas decisões que ele está tomando.
Onde já se viu, deixá-lo passear por Nabuco para comprar flores!
Os olhos de Jeon tornaram-se mais escuros do que a própria noite. Ele
girou na direção do contramestre, parando a poucos centímetros dele.
— Se está insatisfeito com as coisas, Namjoon, tome-me a capitania. —
Jeon disse calmo, porém, as suas palavras saíram com frieza.
O contramestre engoliu em seco desviando o olhar para o chão, antes de
responder:
— Sabe que eu nunca faria isso, Capitão. Eu o acompanho há sete longos
anos. Sou leal à você.
— Então não abra sua boca pra falar merda — Jungkook girou para
perguntar a tripulação: — Mais alguém está insatisfeito com a minha
liderança e queira tomá-la de mim?
Nenhum pirata teve a coragem de se manifestar. Mesmo que até certo
ponto eles estivessem concordando com o contramestre. O Capitão Jeon
realmente estava ficando mais amolecido. Em outros tempos, ele manteria o
Ômega preso e não iria admitir qualquer ato de insubordinação de sua parte.
Mas Jimin parecia fazer o que quer e quando queria, e isso era algo novo
para eles.
— Preparem seus corpos. — Jeon finalmente ordenou se referindo aos
mortos e caminhou para o que sobrou de sua tenda.
Ele parou na metade do caminho quando ouviu a timoneira falar:
— São eles!
O Capitão virou-se para olhar na direção apontada por Chaerin e suspirou
com grande alívio quando viu Yoongi trazendo Jimin consigo. Ele não
esperou que ambos se aproximassem e seguiu a passos rápidos em sua
direção. Seus olhos desceram pelo corpo de Jimin e ele curvou as
sobrancelhas quando viu parte das vestes dele rasgadas, e a parte superior
do corpo quase todo coberto por sangue.
— Não é dele — Yoongi afirmou ao ver a preocupação no olhar do
Capitão. — Barba-Ruiva está morto.
Jeon olhou confuso para o espadachim e depois para Jimin. O Ômega
estava com os olhos arregalados e as pupilas dilatadas. Ele respirava
ofegante e parecia estar com os pensamentos em outro lugar.
— Céus! — ouviram a voz de Seokjin quando ele se aproximou, e
segurou a mão de Jimin. Ele tentou levá-lo consigo mas encontrou
dificuldades. Jungkook estava segurando os ombros do menor, enquanto
passava os olhos pelo seu corpo em busca de algum ferimento — Capitão?
— Chamou pela primeira vez mas foi ignorado. Seokjin insistiu: —
Jungkook?
— Sim?
— Deixe-o ir, preciso examiná-lo para ter certeza se está bem. — Com
cuidado, Jeon retirou as mãos do ombros do Ômega, deixando que Seokjin
o levasse consigo.
— Que merda foi que aconteceu? — o Capitão se voltou ao Alfa
espadachim.
— Encontrei o Barba-Ruiva jogado na cama, sangrando através de um
ferimento no pescoço — Ele levou a mão até a área citada e mostrou. —
Jimin o acertou bem aqui. Com o seu punhal. — Acrescentou, entregando a
arma ao verdadeiro dono.
— Ele conseguiu golpear o Barba-Ruiva? — Namjoon questionou
surpreso. — Um Alfa quase duas vezes maior que ele?
Yoongi assentiu.
— Ele é perigoso, estou lhes falando... — Namjoon tentou insistir mas se
calou ao ver o olhar que Jeon o lançou. Ele suspirou derrotado e saiu em
busca do que fazer.
— Levem o Black Swan à água. Vamos zarpar imediatamente.
— Agora? — Sven perguntou.
— Não. Vamos esperar que toda as tripulações comandadas pelo Barba-
Ruiva descubram que o infeliz foi assassinado e venham aqui nos dizimar.
— Sven engoliu em seco diante do sarcasmo vindo do Capitão.
Ele e os demais bucaneiros se juntaram a árdua tarefa de levar o navio de
volta às águas.
Continua...
[13] Triângulo da Morte
Reescrito
☠
Algumas horas depois de zarpar da Ilha de Nabuco, o Black Swan seguia
seu curso a lenta velocidade. A tripulação seguia em direção à um novo
possível local onde o terceiro fragmento do Imperium se encontrava. Pelo
menos assim era como Hoseok havia dito.
Todos estavam cansados devido aos fatos ocorridos na Ilha. Junbuu levou
Taehyung consigo para abastecer o navio enquanto a tripulação estava no
Forte de Barba-Ruiva, e enquanto isso, os demais bucaneiros levaram um
longo tempo até conseguirem levar o navio ao mar, logo mereciam um
descanso.
Após o funeral dos quatro bravos piratas que perderam suas vidas em
represália do Barba-Ruiva, sendo seus corpos lançados ao mar, alguns
preferiram dormir e descansar e outros permaneceram no convés inferior,
bebendo e conversando.
Seokjin ajudou o Ômega a limpar o sangue de Barba-Ruiba que estava
em seu corpo, e depois disso não queria deixá-lo sozinho, Jimin estava bem
fisicamente, mas seu emocional estava abalado pelas mortes violentas que
presenciou. Um pouco mais tarde ele se recolheu na cabine do Capitão e
sem pensar em mais nada, deitou na cama dele.
Jeon decidiu descansar um pouco depois e assim que entrou na cabine,
viu o Ômega deitado em sua cama. Nunca havia dito que ele poderia ficar
alí, o pequeno colchão ao qual foi destinado à ele, ainda estava no cantinho
do quarto. Jimin estava de costas, mas ele sabia que o Ômega não estava
dormindo, podia ouvir seus fungados e soluços baixos. Jeon não sabia o que
dizer, nunca teve que consolar alguém antes, então optou por deixá-lo
quieto na dele, guardou suas armas, tirou suas roupas pesadas e subiu na
cama, deitando na ponta de costas para o Ômega.
O Capitão fechou os olhos tentando ignorar os ruídos baixos do outro,
mas falhou miseravelmente. Não pelo barulhinho que Jimin fazia, mas
aquilo estava lhe incomodando de um outro jeito. Era quase como uma
tortura ouvi-lo chorar.
— Pare de chorar e durma. — Jeon disse sem jeito, mas com uma voz
suave.
— Não consigo. — Jimin respondeu baixinho.
— Não foi culpa sua. Ele atacou você. Estava apenas se defendendo.
Ambos estavam conversando ainda de costas um para o outro. Jimin
ficou um tempo sem responder, e então confessou em um sussurro:
— Eu estou com medo.
— Do que você tem medo? — Jungkook virou o corpo e ficou de frente
para ele.
— Sempre que eu fecho os olhos eu vejo Barba-Ruiva em cima de mim,
e todo aquele sangue... — Jimin fez uma pausa. O choro intensificou e os
soluços ficaram mais altos. — Eles virão atrás de mim e vão fazer comigo o
mesmo que fizeram com aquele pirata que estava na cruz...
A voz de Jimin falhou e ele parou de falar, dando lugar ao choro
intensivo. O Capitão então fez algo que nunca imaginava que faria, nem em
uma centena de anos. Ele se aproximou um pouco mais do corpo do Ômega
e o abraçou, encaixando seu corpo no dele. Jimin se assustou com o ato
repentino e deixou o corpo rígido. Os olhos arregalados e seu coração
acelerou, mas ele não tentou se afastar, e se acalmou a medida que
Jungkook sussurrava na altura de seu ouvido:
— Está seguro comigo, Jimin. Não vou deixar ninguém machucar você
— Conforme ia sentindo o cheiro suave de rosas que exalava do Capitão,
ele relaxou o corpo e parou de chorar, passando a respirar mais calmamente.
— Feche os olhos.
Jimin sentiu suas pálpebras pesarem, ele estava com sono mas não estava
conseguindo dormir. Assim que fechou os olhos, ele se aninhou um pouco
mais dentro do abraço do Alfa, e o calor que sentia de seu corpo assim
como seu cheiro, o deram uma sensação de estar protegido. O Ômega
conseguiu adormecer quando finalmente sentiu que estava no lugar mais
seguro do mundo; entre os braços do Capitão Jeon.
☠
Quando abriu os olhos na manhã seguinte, Jimin teve o pensamento de
que o Alfa já havia se levantado para dar início as suas obrigações daquele
dia. Mas ele sentiu um peso na lateral do seu corpo e notou que se tratava
do braço do Capitão, que ainda permanecia abraçado à ele na mesma
posição que ficaram na noite anterior. Jimmy sorriu suspirando e continuou
onde estava. O abraço do Capitão era quente e seu aroma natural de rosas o
deixava sereno. Era bom estar alí.
Por um breve momento desejou não sair daquela cama nunca mais, mas a
vida ainda continuava lá fora e logo um pirata bateu na porta para saber
quais seriam as ordens de seu Capitão. Jeon acordou e abriu os olhos. O
Ômega fingiu que ainda estava dormindo, enquanto ele se levantava com
cuidado para não acordá-lo.
— O vento está forte, Capitão. — Taehyung o recebeu informando sobre
as boas condições do tempo.
Todos estavam ansiosos por estarem em posse do segundo fragmento. A
ansiedade era grande, eles sentiam que estavam cada vez mais próximos de
encontrar o tesouro de Francis Bonny. Jeon caminhou pelo convés até
chegar na proa e observou o horizonte à frente. Haviam apenas água e o
imenso azul céu. Logo atrás, a tripulação aguardava ansiosa pela sua
próxima ordem.
— Subam todas as velas! — Jeon comandou.
— Vocês ouviram o Capitão. — Namjoon acrescentou logo depois: —
Ao trabalho!
Os tripulantes vibraram e correram cada um a sua função. Aqueles pirata
nunca trabalharam com tanta vontade como naquele dia.
— Manejem os cabos! — O contramestre ditava ordens ao lado do
Capitão.
— Todas as auxiliares à barlavento!
Os piratas seguiam correndo de um lado para o outro. Jimmy apareceu no
convés superior e ficou observando lá de cima o vai e vem deles. Para o
Ômega, tudo parecia uma enorme confusão e ele não estava entendendo
nada. Mas os Alfas e Betas sabiam exatamente o que estavam fazendo,
nenhum esbarrava no outro.
— Segurem a retranca da gávea!
A embarcação logo ganhou velocidade e os bucaneiros gritaram e
vibraram entre si, conforme o Black Swan avançava a caminho do
horizonte. Estavam seguindo em direção ao Triângulo da Morte, mas
ninguém pareceu se importar com este detalhe. Eles apenas queriam
encontrar a terceira parte do mapa. Estavam julgando-se invencíveis.
— Chaerin — o Capitão chamou a Alfa enquanto subia até onde Jimin
estava. — Assuma o leme.
— Sim, senhor.
O Capitão se apoiou na grade de proteção, ao lado do Ômega. Com a
velocidade atingida, o vento batia e espalhava os cabelos de ambos. Jeon
achou aquela cena adorável, Jimin ainda estava com sinais de sono no rosto,
as bochechas levemente avermelhadas e os fios bagunçados. Já o Ômega
sorriu ao ver como o Capitão ficava diferente com suas madeixas negras
livres ao vento. Jimin possuía um pedaço de pergaminho em sua mão, que
ele logo tratou de entregar ao Capitão.
— O que é isto? — Jeon perguntou, recebendo o pergaminho.
— A tradução do segundo fragmento.
Jeon abriu e leu em voz alta:
— Quando a derradeira luz. — Ele olhou para o Ômega que deu de
ombros, sem entender o que aquilo significava — O que isso quer dizer?
— Eu acredito que só vamos obter respostas concretas quando
encontrarmos todos as outras cinco partes.
Jungkook assentiu e desceu para a cabine, reunindo-se com seu
contramestre e logo depois, contando aos demais membros da tripulação
sobre a nova parte traduzida. Como esperado, ninguém soube identificar ou
dar sentido àquelas palavras.
Durante os dias de viagem, eles seguiam na mesma velocidade, só
diminuindo temporariamente durante a noite, para evitar colisões acidentais
com outras embarcações.
Demoraram cerca de um mês até chegarem próximos ao misterioso
Triângulo da Morte, onde muitas coisas misteriosas e inexplicáveis
aconteciam à todos que ousavam passar por aquela região. Como a maioria
imaginou, o primeiro desagrado que ocorreu foi uma repentina tempestade
que apareceu, aumentando ainda mais a força do vento, que,
consequentemente, arrastava o navio em sua direção.
— Tempestade pela proa à bombordo. — Chaerin informou em voz alta.
— Estamos indo na direção dela a mais de dez nós — Namjoon virou-se
para o Capitão: — Capitão?
— Diminuam as velas! — Jungkook ordenou.
Os piratas voltaram ao trabalho temendo a forte mudança no tempo. O
vento estava extremamente forte, causando ondas enormes, tão gigantescas
que se atingissem o navio, corria o risco de destruí-lo.
— Protejam as escotilhas!
— Soltem a âncora e segurem firme!
Os esforços da tripulação pareciam estar cada vez mais inúteis. As ondas
e os ventos empurravam o Black Swan e faziam com que ele quase virasse
sobre o mar bravo.
Jimin estava dormindo na cabine do Capitão quando foi acordado pelo
movimento brusco do navio, sendo lançado para fora da cama e indo parar
no canto da parede. Ele sentiu seu braço doer fortemente e se levantou com
dificuldade. Perguntou-se se estavam sofrendo algum ataque e decidiu sair
para entender o que ocorria do lado de fora. Ele se assustou ao ver a
escuridão que cercava o navio e a sua volta. Ainda era dia, mas a
tempestade estava tão forte que deixava o clima sombrio.
Jimin tentou voltar para a cabine mas uma grande onda bateu contra a
embarcação e o lançou ao chão alguns passos a frente.
— Cortem os cabos! — Ouviu Namjoon gritar antes que uma segunda
onda, dessa vez muito maior, o atingisse arrastando com força e lançando-o
para fora do navio.
— JIMIN! — Jeon gritou soltando as cordas e correu na mesma direção
onde o garoto foi lançado. Sem pensar duas vezes, ele pulou atrás do
Ômega fazendo o restante da tripulação ficar abismada.
O navio logo foi seguindo o curso do vento, e sem as velas para
atrapalhar a sua direção, o Black Swan se viu longe da perigosa agitação.
Os tripulantes desceram botes e procuraram durante horas pelo Capitão
Jeon e o Ômega, mas não havia nenhum sinal deles.
Continua...
[14] Náufragos
Reescrito
☠
Em meio as gigantescas ondas avassaladoras, a forte tempestade
desempenhava o papel de antagonista, no dia mais assustador da vida de
Jeon Jungkook. Não que o Capitão do Black Swan nunca tenha presenciado
uma tempestade desta magnitude. Ele já viu e esteve em muito piores. Mas
em nenhuma delas havia um Ômega em que ele estivera tão ligado. Jeon
nunca teve tanto medo de perder alguém, quando viu Jimin ser lançado para
fora da embarcação.
Naquele momento ele não se importou com coisa alguma. Ele só agiu
com seus instintos, sem se importar com o que aconteceria consigo mesmo.
Jimin estava caindo, ele precisava salvá-lo.
Jeon procurou em todas as direções, mas não o vira. Na certa, as
correntes marítimas estavam puxando o Ômega para o fundo do oceano. Ele
então inspirou uma grande quantidade de oxigênio e submergiu. Um par de
olhos vermelhos procurava pela escuridão das águas, fazendo-o enxergar
muito melhor do que se estivesse com seus olhos "normais". Ele viu o
Ômega balançando seus braços enquanto tentava subir, mas a força da água
estava elevada e as correntes puxavam-no para o fundo. Jimin estava quase
perdendo a consciência quando o Alfa nadou até ele e o agarrou, levando
ambos de volta a superfície.
O Black Swan estava sendo afastado gradativamente, enquanto as ondas
levavam os dois que ficaram para trás, em outra direção. Jungkook
obviamente não tinha força física para seguir a embarcação a nado, muito
menos levando um passageiro consigo. Jimin estava fraco demais para
nadar sozinho, e o próprio Jeon também estava perdendo suas forças. Mas
ele aguentou. Ele se agarrou ao Ômega e manteve-se emergido a maior
quantidade de tempo que conseguira.
Tentou nadar e encontrar algum pedaço de terra, para que pudesse
naufragar. Jimin estava agarrado ao seu pescoço, tentando respirar em meio
as ondas que eram jogadas sobre ambos, ele não sabia exatamente o que
havia acontecido, mas estava aliviado por não estar sozinho.
Muitas foram as vezes que os dois foram puxados, empurrados ou
simplesmente afogados pelas ondas que ainda se formavam. Uma última,
antes da tempestade se afastar, caiu sobre eles com tanta força que os
separou, lançando-os para lados contrários. Jimin perdeu a consciência, mas
Jeon logo o agarrou novamente e nadou levando ambos em uma direção, na
qual ele rezou mentalmente para que encontrassem terra firme.
Após longos momentos sem saber qual seria seus destinos, o universo
finalmente pareceu conspirar a seu favor e logo Jeon viu uma pequena faixa
de terra ao longe. Ele estava terrivelmente fatigado, seus músculos estavam
doloridos, seu corpo todo pedia para se entregar ao cansaço, mas ele
continuou nadando até conseguir colocar Jimin deitado em terra firme. E
apenas quando se certificou de que o Ômega ainda estava respirando, ele
caiu ao seu lado e deixou que a escuridão tomasse conta de sua consciência.
Enquanto isso, os Alfas e Betas do navio tentavam se recuperar da forte
tempestade que os apanhou. Duas das velas haviam sido destruídas, eles
perderam alguns botes, mas nada se comparava a terrível perda. O
sentimento entre a tripulação estava dividido. Alguns estavam de luto,
enquanto outros acreditavam fielmente que seu Capitão havia sobrevivido,
e com ele o pequeno Ômega.
— O que faremos agora, senhor?
Com a ausência do Capitão, era o contramestre quem assumiria o
comando.
— Vamos continuar seguindo a rota para o Triângulo da Morte. —
Namjoon decidiu.
— Espera! — Seokjin protestou. — Devíamos ficar um pouco mais e
procurar por eles!
— Não há mais nada que possa ser feito, Jin.
— Quê? Você acha que eles morreram?!
— Óbvio que não. O Capitão é experiente e muito forte, ele com certeza
pode sobreviver. É um lúpus.
— Jimin também é lúpus. — Taehyung adicionou — E ele é igualmente
forte.
Namjoon soltou uma gargalhada.
— Pff. Você só pode estar brincando. — Seu sorriso murchou quando viu
que ambos os Betas continuavam sérios — O Capitão tem grandes chances
de sobreviver se aquele peso morto não estiver com ele.
— Do que está falando?! — O médico ficou perplexo com a fala do Alfa
— Pare de dizer tais absurdos! Tomara que Jimin também esteja vivo, e nós
vamos continuar com as buscas sim!
O contramestre suspirou irritado.
— Não é você quem decide isso.
— Então é isso o que você faria se fosse eu no lugar do Jimin?
— É claro que não! Você é diferente, você é-...
— Eu sou o irmão do Capitão! — Seokjin o interrompeu — Eu q-...
— Estamos a bordo do Black Swan, aqui você é apenas o médico da
tripulação. — Namjoon tomou a fala por cima do Beta — Eu sou o
contramestre, seu superior! Você me deve obediência.
Outros piratas entraram naquela discussão e ela foi se tornando mais
calorosa e violenta. Um tiro foi disparado para o alto e automaticamente
todos pararam de falar.
— Por que não fazemos uma votação? — Hoseok, o autor do disparo,
supôs, guardando sua pistola.
— Muito bem. Quem quer permanecer aqui, procurando pelo Capitão e
pelo Ômega? — Namjoon questionou. Alguns poucos ergueram as mãos —
Quem prefere seguir o curso estipulado pelo próprio Capitão, encontrar o
terceiro fragmento e alegrá-lo com esta boa notícia quando o
encontrarmos?
Não foi preciso muito esforço para saber que a segunda opção
prevaleceu. Seokjin negou com a cabeça e seguiu com Taehyung para
dentro da cabine. Não havia dúvidas de que pelo menos a maioria da
tripulação era fiel ao Capitão Jeon, mas eles sabiam que nesses casos, era
perda de tempo e recursos ficar parado em um mesmo lugar, durante dias e
até semanas procurando por algo que jamais encontrariam por alí. Mas para
os piratas, Seokjin e Taehyung estavam agindo pelo emocional. Afinal, era
o irmão de um e o amigo de ambos que havia desaparecido.
☠
Jimin acordou alguns minutos depois. Abriu os olhos vagarosamente e a
primeira coisa que ele viu foi a imensidão azul do céu, sem nenhuma
nuvem sequer. Ele sentou-se e olhou ao seu redor, para se situar. O coração
acelerou e medo definiu suas feições, quando viu o Capitão ainda
desacordado ao seu lado. Ele o examinou e teve a certeza de que ainda
estava com vida, desse modo, respirou aliviado e procurou por alguma coisa
que pudesse protegê-lo do sol.
Não havia nada que pudesse ajudá-lo a criar algum tipo de guarda-sol na
praia. Jimin então pegou o punhal que estava preso no cinto do Alfa e
seguiu na direção em que levava para uma densa floresta que tomava conta
da pequena ilha. Ainda no começo ele encontrou grandes folhas de palmeira
e com ajuda da lâmina, partiu alguns ramos e os levou para a beira da praia.
Jimin os posicionou de modo que fizesse sombra no rosto do Alfa, pelo
menos. Ele não queria deixá-lo alí sozinho, mas ao mesmo tempo, sentiu a
necessidade de explorar aquele lugar. Ele queria ter certeza de que estavam
seguros, então agarrou nas mãos do Alfa e tentou arrastá-lo da margem até
o início da floresta, onde o sol não conseguia alcançar, mas seu corpo era
demasiado grande, e Jimin mesmo que fosse um Ômega lúpus, não
conseguiria levá-lo sozinho. Ele bufou frustrado e cansado pela tentativa em
vão, recolocou as folhas de palmeira para protegê-lo dos raios solares e com
muito cuidado retirou as armas que ainda estavam em posse dele; duas
pistolas e aquela adaga.
Jimin não sabia como manuseá-las, no período em que estivesse ausente
alguém poderia aparecer e tomar posse delas, então o Ômega achou
prudente guardá-las em uma espécie de esconderijo, dentro de uma árvore
com um buraco oco. Ele seguiu para dentro da mata, empunhando apenas a
adaga.
Quando Jungkook abriu os olhos, ele não entendeu o que estava acima de
sua cabeça e instintivamente se levantou, derrubando sem querer a pequena
cabaninha que Jimin fez para que ele não fosse queimado pelo sol. Ele
procurou pelo Ômega e fechou os olhos respirando profundamente quando
não o viu em parte alguma. Passou as mãos pelo torso e logo se preocupou
quando não encontrou as armas.
Diversas situações passaram pela sua cabeça e a pior de todas estava
prevalecendo: Algum navio pirata apareceu e levou Jimin. O medo que
sentiu não era pela sua situação, mas pela do Ômega. Buscou algum indício
de que o levasse a certeza daquele pensamento, e logo descartou essa
possibilidade quando viu pegadas pequenas sobre a areia. Ele as seguiu e
entendeu que elas pertenciam ao Ômega, e que aparentemente só tinham os
dois alí.
— Ah, você acordou. — Jeon ouviu a voz do Ômega e soltou todo o ar
preso em seus pulmões, quando o viu sorrir seguindo com pressa em sua
direção.
Em suas mãos haviam algumas frutas. Jeon também notou que o punhal
estava preso no cós da roupa do Ômega.
— Você está machucado? — O Capitão perguntou.
— Não. Eu estou bem.
— Onde estão minhas armas?
— Eu as guardei em segurança. — Jimin girou o corpo apontando para a
árvore seca — Estão bem alí.
O Capitão passou por ele e procurou pelas duas pistolas. Ambas estavam
em perfeito estado devido a mecânica dos objetos, e ele as guardou nos
coldres de sua vestimenta. Jimin retirou o punhal de seu cinto e também o
entregou.
— Vou verificar se estamos apenas nós dois aqui. — Jeon determinou.
— Estamos.
— Como você sabe?
— Bom, eu fiz uma ronda pela floresta. Demorou um pouco mas acho
que consegui cobrir toda a extensão — O Capitão arqueou as sobrancelhas.
— Eu também encontrei uma pequena fonte de água que podemos beber,
tamb-...
— Você andou por aí sozinho?
— Sim?
— VOCÊ FICOU MALUCO?! — O Alfa gritou fazendo Jimin
sobressaltar e deixar as frutas caírem no chão. — Poderia ter se machucado!
Poderia ter encontrado algum outro náufrago nessa maldita floresta e ele
teria feito de você a presa perfeita!
— E o que eu deveria ter feito?! — Jimin gritou de volta. — Ficado na
praia velando seu corpo sem saber o que nos aguardava lá na floresta?!
Você estava desacordado e eu estava com medo e com fome, mesmo assim
eu tomei coragem para ver se esse lugar estava seguro para nós dois! Se
tinha comida, água...
— Você deveria ter ficado perto de mim.
— Mas você estava desacordado.
— NÃO IMPORTA! — Jimin se assustou outra vez com o grito dele —
Eu pulei daquele navio para salvar a sua vida e você simplesmente se
embrenha na floresta desconhecida sozinho e arrisca a sua vida assim?!!
— Então que não tivesse pulado! — O Ômega agiu ligeiro quando girou
sobre os calcanhares e correu na direção da floresta.
Continua...
[15] Sob as Estrelas - Parte 1
Reescrito
☠
Jeon ficou tentado a ir atrás dele, mas estava muito irritado e sabia que se
fosse, aquela discussão poderia se tornar algo pior. O garoto havia dito que
não encontrou mais ninguém naquela floresta, então o Alfa julgou que se
tivesse de ter acontecido alguma coisa, já teria acontecido enquanto ele
estava desacordado. Ele explorou toda a circunferência da Ilha, constatando
que não era tão grande quanto parecia, pois logo ele estava de volta ao
ponto inicial de partida.
O Capitão se sentou no chão e observou o oceano, se perguntando onde
estaria sua tripulação e se alguém iria encontrá-los. Viu algumas folhas de
palmeira largadas onde ele estava deitado momentos antes e marcas na
areia, como se alguém tivesse tentado arrastá-lo. As frutas espalhadas pelo
chão estavam em quantidade suficiente para cerca de duas pessoas. Foi
então que o Alfa fechou seus olhos e refletiu:
— Merda.
Tomando um longo suspiro, ele se colocou de pé novamente e rumou
para a floresta, procurando pelo Ômega. Quando o encontrou, Jimin estava
sentado embaixo de uma enorme raiz, abraçando as pernas dobradas e o
queixo apoiado nos joelhos. Seu olhar estava distante. Ele havia notado a
presença do Alfa, mas preferiu fingir não se importar.
— Estava te procurando. — Jungkook tentou iniciar uma conversa mas o
Ômega continuava ignorando sua presença — Daqui a pouco vai escurecer,
precisamos voltar a praia. — A única resposta que obteve foi um suspiro.
Aquilo estava o irritando, mas entendia que o Ômega tinha motivos para
estar chateado — Jimin... desculpa por ter falado com você daquele jeito.
— Novamente sem resposta, Jungkook insistiu: — Fala alguma coisa.
Jimin virou o rosto para finalmente encará-lo. Seus olhos estavam
levemente avermelhados, indicando que estava chorando.
— Eu sei que sou fraco e não deveria ter andado sozinho... mas você
estava desacordado e eu não sabia quando ou até mesmo se iria acordar. Eu
tinha de ter certeza que estávamos sozinhos aqui, encontrar água e comida
para você, já que parecia tão esgotado fisicamente. E eu também estava
com fome.
Jeon fechou os olhos. O peso da culpa caindo em cima dele como uma
baleia cachalote. Desde o momento em que Jimin subiu a bordo do navio, a
última coisa que ele demonstrou foi fraqueza, e o Capitão sabia muito bem
disso, ele era a prova da valentia do Ômega. Seu próprio lobo Alfa sentiu-se
enormemente atraído pelo do pequeno lúpus, desde o primeiro momento
que ele o enfrentou.
Com o passar das semanas, a convivência fez com que o Alfa observasse
mais daquele garoto loirinho, e entendesse que ele era muito mais do que
um objeto de troca para obter qualquer lucro. Jimin era inteligente, astuto e
tinha um sorriso que valia mais do que o ouro que Jungkook pretendia
surrupiar do pai dele.
— Você não é fraco, Jimin. Nunca foi. Desde a primeira vez que coloquei
os olhos em você eu senti a sua força. Aquilo me assustou mas ao mesmo
tempo me deixou fascinado... — Jeon se agachou e sentou-se ao lado do
Ômega. — Eu que sou um covarde, que me escondo por trás do medo de...
— Sua voz falhou.
Nem por todos os anos em que viveu pelos mares, o Capitão tinha visto
um azul tão bonito e intenso quanto os olhos do Ômega, que o encarava
esperando por suas palavras. As folhas nas árvores balançavam suavemente
quando uma delicada brisa atravessou a parte da floresta em que estavam. O
cheiro de rosas espalhou-se intenso com o vento, à medida que o lobo do
Alfa agitava-se e o coração de Jungkook batia forte.
Jeon estava tão próximo do mais novo, que podia notar o leve aroma de
jasmim que provinha do Ômega. Ignorar este fato era inevitável, o Capitão
sabia perfeitamente bem o que estava sentindo. Já não se importava com o
pedido de resgate, e no fundo, sentiu até medo de quando essa aventura
chegasse ao fim e eles encontrassem o Imperium, onde Jimin voltaria para
casa e seria entregue ao seu noivo.
— De? — Jimin o incentivou.
O Alfa estava completamente perdido naquele sentimento. Estava tão
claro como a luz do dia, e negar, seria loucura. Poucas coisas na vida
assustaram o Capitão Jeon, e uma delas estava sentado bem diante dele.
Jungkook então respirou fundo aquele aroma de jasmim e observou os
traços delicados no rosto do Ômega, para então confessar:
— De aceitar que estou apaixonado por você.
Jimin esperava qualquer outra coisa menos aquilo. Jeon o encarava
intensamente, enquanto o Ômega não conseguia manter o olhar fixo nele
por muito tempo. Jimin olhava para o Alfa e logo desviava para qualquer
outra direção, sem saber ao certo como reagir.
— E-eu não sei o que dizer...
— Tudo bem, não precisa. — Jeon afirmou, sorrindo pequeno. —
Desculpe por ter gritado com você.
Jimin o encarou surpreso. Nunca, durante o tempo em que permaneceu
com aquele pirata, o Ômega iria se imaginar escutando o que acabara de
ouvir. O tão famoso e terrível Capitão Jeon lhe pedindo desculpas.
Jungkook olhou para cima, o céu podia ser visto minimamente através
dos galhos de algumas árvores mais altas. Pela luz fosca que preenchia a
clareira, ele tinha uma certa noção de quanto tempo faltava para que a noite
chegasse, e com ela, os perigos que a escuridão oculta.
— Quero que fique com isto. — Disse o Alfa, entregando uma pistola ao
mais novo.
Jimin o olhou surpreso.
— Eu não sei como usar.
— Eu te ensino. — Jeon levantou e estendeu a mão para ele. Jimin
aceitou e logo também ficou de pé.
— Não acho que seja uma boa ideia. — O Ômega ponderou enquanto
manuseava a pistola.
— Por que não?
— Porque da próxima vez que gritar comigo daquele jeito, eu vou usar
isto em você. — Disse, exibindo a arma e saiu caminhando em direção à
praia.
Jungkook ergueu as sobrancelhas chocado com aquela afirmação e riu
soprado, seguindo o garoto até a praia.
☠
—... E então você aperta o gatilho. — O Alfa ensinava enquanto Jimin
mirava em um alvo invisível — Mas não podemos treinar sua precisão
ainda, só temos cinco disparos em cada uma.
— Entendi. — Jimin suspirou olhando para o céu — Se chover estaremos
bem encrencados.
— Não acho que vai chover hoje. Mas precisamos de um abrigo, nunca
se sabe nos dias seguintes. Há meses em que muitas tempestades assolam
esse lugar. — Meses. A palavra despertou medo no Ômega, ele tentou não
demonstrar isso, mas Jeon percebeu — Mas é claro, vamos ser resgatados
antes disso.
Jimin estudou as feições do Capitão, ele parecia realmente exausto, as
pálpebras pesadas e as olheiras profundas. Imaginou que ele deve ter gasto
muita energia e força física para conseguir levá-los até aquela praia. Talvez
o Alfa estivesse certo em ter ficado bravo quando ele decidiu desbravar a
ilha sozinho. O Capitão precisava de descanso.
— Vamos dormir? Amanhã à gente vê isso de abrigo. — Jimin sugeriu.
Seus olhos correram o local procurando pela melhor opção para passar a
noite — Podemos dormir embaixo daquela árvore.
Jungkook assentiu e olhou na direção em que o Ômega apontou. Entre as
árvores que se encontrava no início da floresta, haviam algumas palmeiras
baixas com um tronco fino e resistente, e as folhas bem volumosas, onde
eles podiam se abrigar do sereno ou da chuva caso o tempo mudasse de
repente.
Jimin se ocupou a grama crescida embaixo da vegetação e ficou deitado
de costas, com as mãos sobre o abdômen. Jungkook fez o mesmo bem ao
lado.
O loiro começou a sentir-se um pouco inquieto, mais uma vez dormindo
ao lado daquele Alfa e sentindo seu aroma tão de perto. O Ômega entendeu
que não conseguiria dormir com os meneios de seu lobo dentro de si. Ele
respirou fundo e mudou de posição, agora ficando de lado, de costas para
Jungkook e de frente para o oceano.
Jimin tentou se concentrar no cheiro da brisa marítima, no barulho das
ondas do mar e o som do vento batendo nas folhas das árvores.
Pode não ter chovido, mas Jeon viu como o Ômega estava inquieto e
encolhendo-se, tentando se proteger do frio que aumentou no início da
madrugada.
— Você está com frio. Eu posso esquenta-lo... — O Capitão comentou,
observando a reação do Ômega conforme chegava mais perto dele.
Jeon se posicionou atrás do mais novo, com o peito colado nas costas do
loiro, e contornou o braço em volta da cintura dele, para mantê-los o mais
próximos possível e esquentar um ao outro com o calor de seus corpos.
Com a aproximação, Jimin sentiu os batimentos acelerar, e logo em seguida
diminuírem aos poucos. Dentro do abraço do Alfa, ele adormeceu
tranquilamente, se sentindo confortável e seguro.
Assim que o sol apontou no horizonte, Jeon foi o primeiro a acordar. O ar
gélido da alvorada furtigava na pele do Ômega, fazendo-o encolher-se em
seu corpo, sentindo a falta do abraço que lhe aqueceu na noite anterior.
Jungkook retirou seu casaco e o depositou cobrindo o pequeno corpo que
tremeluzia sob o frio. Foi ligeiro em colher algumas frutas, se alimentou e
deixou algumas protegidas por folhas, para o Ômega.
O Capitão viu que aquele espaço onde eles dormiram poderia servir de
base para um ótimo abrigo. Era plano, estava cercado por algumas árvores e
dava vista ao mar, onde eles poderiam espectar qualquer embarcação que se
aproximasse. Ele adentrou na floresta tendo o cuidado de não se distanciar
demais e começou com os trabalhos. Coletou galhos de várias árvores e as
empilhou próximo de onde seria o abrigo, sentou-se no chão e começou a
criar várias estacas e varas resistentes.
— O que está fazendo? — Ouviu a voz cheia de sono do Ômega. Jimin
ainda estava deitado, olhando para ele com curiosidade.
Jungkook sorriu e mostrou as madeiras, troncos, estacas e varas de todos
os tamanhos e espessuras.
— Estou fazendo a armação do nosso abrigo. — Jeon apontou para o
lugar onde havia deixado as frutas — São suas.
O Ômega agradeceu e se alimentou à medida que ainda despertava do
seu sono. Enquanto observava o Alfa trabalhar, Jimin pensou com mais
clareza na confissão de Jeon no dia anterior, e com isso, sentiu como seu
lobo agitou-se quando as palavras ditas pelo Capitão ressoaram pelos seus
pensamentos mais uma vez.
Lembrou-se da conversa que teve com Seokjin na praia da Ilha de
Nabuco, de como os lobos se comportam de acordo com seus desejos. E
embora o médico tenha lhe dito que aquilo era algo normal, isso ainda o
deixava um pouco assustado, pois Jimin nunca havia passado por nada
parecido antes.
E mesmo tão confuso, naquele momento o Ômega perguntou-se
mentalmente se o seu noivo também estava apaixonado por ele. Se o lobo
do Comodoro Choi vibrava sempre que sentia seu aroma, porque, da parte
do Ômega, nunca aconteceu dele sentir-se atraído pela essência do oficial
da Marinha. Ao contrário do que sempre acontecia ao sentir o intrínseco
cheiro de rosas do Capitão, e de como Jimin se sentiu estimado pelo que ele
é, não pelo que seu pai poderia oferecer.
Enquanto isso, o Capitão permanecia concentrado em sua atividade, sem
fazer ideia dos pensamentos que invadiram a cabeça do Ômega logo pela
manhã. E era incrível como o Alfa parecia saber exatamente o que estava
fazendo. Tudo parecia muito bem feito, aquele abrigo ficaria muito seguro e
Jimin também quis ajudar em algo.
— O que posso fazer para ajudar?
— Vamos precisar de cipós para preparar a estrutura. — Jeon pegou o
punhal e o entregou para ele — Você vai precisar disso para cortar. Eu vou
limpar o terreno.
Jimin anuiu e foi procurar pelos cipós.
Enquanto isso, o Alfa retirava galhos secos e pedras para deixar o chão
mais plano. Ele também fez uma espécie de calha ao redor de onde seria
construído o abrigo, para impedir entrada de água no caso de dias chuvosos.
— Aqui estão. — Jimin voltou, colocando alguns ramos que conseguiu,
no chão — É o suficiente?
— Acredito que sim. Se não, depois pegaremos mais.
O Ômega viu Jeon fincando as estacas no chão, parecia ser um trabalho
fácil mas quando ele pegou uma das estacas para ajudá-lo, viu que
precisava de bastante força para fazer a madeira adentrar na areia o
suficiente, para permanecer firme e sem risco de desabar a armação.
— Fica em pé, porcaria! — Jimin bradou enfurecido. Jungkook riu
enquanto o menino brigava com a vara.
— Deixa que eu faço isso. Por que você não vai passando os cipós entres
elas? — Jimin largou as estacas e colocou-se a fazer o que o Alfa indicou
— Tenta fazer os nós bem firmes.
— Sim senhor, Capitão! — Jimin falou com voz firme e em tom de
brincadeira.
Jungkook sorriu e ambos continuaram seus serviços.
Na parte da tarde já haviam duas paredes erguidas. Eles então decidiram
fazer uma pausa para descansar. Jeon pegou uma das estacas e prendeu o
punhal na ponta, criando uma espécie de lança aperfeiçoada.
— Não podemos sobreviver apenas com essas frutas. — Jungkook
articulou — Tenta encontrar troncos e galhos secos para fazermos uma
fogueira. Eu vou tentar pescar alguma coisa.
A medida que o Alfa tirava sua camisa, exibia um peitoral cheio de
cicatrizes e algumas tatuagens que seguiam até os braços, o Ômega
observou atentamente cada desenho, perguntando-se o que eles poderiam
significar. Ele engoliu em seco ao notar que o Alfa estava lhe encarando,
enquanto o mais novo lhe observava. Jimin corou desviando o olhar, e
saiu pela beirada da floresta coletando os materiais necessários.
Em alguns minutos de pesca o Alfa conseguiu alguns peixes e os limpou
antes de levá-los ao acampamento, já que estripá-los na frente do Ômega
não seria o ato mais cavalheiro do mundo. Com a ajuda de duas pedras e
folhas secas, Jeon conseguiu criar fogo e o alimentou com os galhos. Logo
as chamas cresceram tomando conta das madeiras mais grossas. Eles
assaram os peixes e comeram até ficarem satisfeitos.
— Eu nunca comi um peixe tão bom quanto esse. — Jimin falou com
sinceridade — Queria poder comer isso quando voltar para casa.
Quando voltar para casa. Aquela frase inquietou o Alfa mas ele não
demonstrou.
— Até isso eles controlam?
— Se você quer saber, eu só posso respirar se meu pai permitir. — Jimin
riu sem graça, abaixando a cabeça — E assim será quando eu me casar. Fui
educado para ser assim.
— Não precisa voltar se não quiser.
Jimin ergueu o rosto e o fitou por alguns segundos. Jeon estava sério e
olhava-o de volta como se esperasse por uma resposta, mas o Ômega ainda
não sabia como reagir a tantas emoções recentes.
— Vamos voltar ao trabalho? — Jimin se levantou e voltou à construção,
sendo acompanhado pelo outro.
Continua...
[16] Sob as Estrelas - Parte 2
Reescrito
☠
Logo após duas semanas, toda a estrutura do abrigo já estava
devidamente pronta. Eles cobriram as paredes com argila que encontraram
próximo a margem do lago. Jimin construiu uma cama grande e
confortável, na medida do possível. Ele utilizou vários ramos e camadas de
folhas largas. A única coisa que restava era o teto. Este, que o Alfa já estava
trabalhando em adicionar. Ele o construiu com uma certa inclinação, para
que a água da chuva pudesse escorrer sem o perigo de criar poças em cima
e consequentemente, goteiras dentro do abrigo. Entretanto, as folhas de
palmeira estavam deslizando, algumas caindo ou ficando fora do lugar.
— Fica aí, inferno! — O Alfa resmungou e Jimin teve que fazer um
grande esforço para não rir.
O Ômega estava sentado em um tronco, próximo à fogueira que eles
mantinham acesa para se aquecer do frio.
— Como você se tornou Capitão do Black Swan? — Desde o princípio,
Jimin imaginou que os capitães de navios pirata eram todos muito mais
velhos do que Jungkook aparentava ser.
— Eu morei com uma família de pescadores durante um tempo na
Coréia. Eles eram bons, mas eu estava cansado de levar uma vida de
fugitivo, me escondendo de todos sem ter cometido crime algum. Consegui
uma vaga em um navio mercante e comecei a trabalhar nele, fazendo alguns
serviços como limpar o convés, carregar caixas, ajudar na cozinha, fazer
entregas... essas coisas que todo grumete de quatorze anos faz. — Jimin
assentiu, embora não estivesse familiarizado com aquilo — Certo dia, a
embarcação foi atacada por um outro navio, sendo ele cheio de piratas. O
Capitão deles era bastante cruel e impiedoso, ele mandou que matasse a
todos mesmo que o comandante tivesse se rendido.
— Nossa, que bárbaro. Isso me lembra um pouco o Barba-Ruiva.
— Eu me escondi atrás de uma escotilha mas ele me viu. O próprio
Capitão. Eu implorei para que ele não me matasse e que me aceitasse em
sua tripulação. Não era exatamente o que eu queria, mas era o necessário
para sobreviver naquele momento.
— E ele aceitou obviamente. — Jimin supôs e o Alfa assentiu.
— Mas a partir daí as coisas ficaram ainda piores. O Capitão era muito
sanguinário. Enquanto a tripulação queria ir em busca de tesouros e saques,
ele só queria encontrar mais vítimas para matar. Ele gostava de amarrar ao
mastro os oficiais da Marinha que capturava, cortava suas línguas e os
faziam comê-la na frente de todos.
Jimin colocou a mão na boca e automaticamente, sentiu vontade de
vomitar.
— Que horror.
— Conforme os anos passavam ele se parecia cada vez mais com um
monstro. A própria tripulação o temia, mas não era por respeito, era medo
de acabar sendo torturado por ele. Alguns se opuseram à sua tirania
absurda, mas outros o apoiavam fielmente e uma grande briga se formou.
Muitos foram os mortos, alguns desertaram e acreditaram que aquele era o
fim. O Capitão havia enlouquecido de vez e começou a matar todos que
estavam à sua frente, até mesmo seus aliados. Ele estava completamente
insano.
— Nossa. Ele era tão forte assim?
— Ele era um Alfa lúpus. — Jimin se perguntou se todos os capitães do
Black Swan pertenceram a classe de lúpus, mas ficou calado esperando
Jungkook continuar: — Eu passei cinco anos seguindo suas ordens e
loucuras, fazendo coisas terríveis e cruéis à mando dele. Mas já estava
cansado de tudo isso e o estopim foi o assassinato dos meus companheiros
bem diante dos meus olhos.
— Você o matou?
— Sim. Decepei sua mão que segurava a espada e o joguei para fora do
navio. Ele foi puxado pela água e foi destruído pelo fundo da embarcação.
— E então você tomou a capitania ?
— Não. A tripulação que me escolheu.
Jimin não fez mais perguntas, e por alguns minutos apenas refletiu. A
história de Jeon era triste e sua vida foi extremamente difícil. Tendo que
fugir de seu próprio país, para que o marido de sua mãe não o matasse. Teve
que sobreviver sozinho pelos mares, fazendo coisas terríveis e sendo
atacado, lutando e quase morrendo nas mãos de outros piratas sanguinários
e cruéis. Ele era realmente um Alfa muito forte, não apenas fisicamente.
Passou por tantas dificuldades e mesmo assim não se tornou alguém como
seus mestres foram. Ele tinha traços gentis, era justo. E o Ômega o
admirava.
— Eu juro que vou destruir tudo se esse caralho continuar caindo! —
Jimin foi tirado de seus pensamentos ao ouvir os resmungos do Alfa.
— É claro que vão cair — Jimin constatou o óbvio, tentando segurar o
riso — O telhado está inclinado, precisa nivelar isso.
— Vou ter que desmontar e fazer tudo de novo. — O Capitão afirmou
revirando os olhos e Jimin mordeu os lábios, tentando não rir.
O Alfa puxava as varas com fúria, enquanto as folhas de palmeira caíam
uma a uma.
— Calma, Jeon... — Alguns risos escapavam — Assim vai derrubar tudo
em cima de você.
Mas o Capitão ignorou o aviso do Ômega. Passara dias se dedicando
àquela armação, para que ficasse perfeita e os protegesse da água da chuva.
Mas pelo visto o abrigo não queria cooperar consigo, e todo o trabalho que
teve foi em vão.
— É isso que você queria seu filho da puta?! — Jeon indagou ao abrigo
enquanto tirava o telhado com raiva.
Toda a estrutura cedeu e acabou caindo por cima dele, que se
desequilibrou e caiu junto no chão. Dessa vez, Jimin não conseguiu segurar
o riso e gargalhou alto, e riu ainda mais quando viu a cabeça do Alfa surgir
entre as folhagens, cipós e varas.
— Para de rir! — Jeon exigiu, mas acabou que também já estava rindo da
própria desgraça. Jimin colocou as mãos na barriga, não estava conseguindo
parar de rir. Haviam pequenos galhos e folhas presas no cabelo do Alfa —
Ah, não vai parar?
Capitão Jeon se levantou avançando contra ele, mas Jimin agiu rápido e
correu pela praia. Pensou que o Alfa teria desistido mas quando olhou para
trás, sentiu um frio na barriga quando viu o Jungkook logo atrás correndo
na sua direção. Jimin tentou apressar as passadas mas logo sentiu dois
braços o agarrar pela cintura e ser levado ao chão. Tentou se levantar mas o
Alfa se colocou em cima dele e o imobilizou, prendendo suas mãos contra a
areia.
— Para de rir! — Jeon exigiu mas o Ômega negou com a cabeça e
continuou rindo — O que eu faço com você?
Na posição em que estava, a única opção do Ômega era esperar pelo que
Jeon iria fazer. Por um momento, o Capitão apenas ficou o encarando,
observando seus traços, cada característica do seu rosto. Jimin era
verdadeiramente o Ômega mais lindo que ele já viu.
Os olhos do Capitão desceram até seus lábios, e ele desejou provar
daquela boca e descobrir se ela é tão macia e gostosa quanto aparenta ser.
Aquela era a oportunidade perfeita. Jungkook umedeceu os lábios se
aproximando lentamente.
— O que está fazendo? — O Ômega franziu o cenho, confuso.
Jeon parou a poucos centímetros do rosto dele.
— Eu quero te beijar, Jimin. — A afirmação saiu mais como um pedido.
Jimin abriu a boca para responder mas se embaralhou com as próprias
palavras, sentindo as bochechas corar. Ele queria dizer, sim. Que também
desejava aquilo, mas apenas o encarava de volta, envergonhado.
Isso posto, Jimin apenas fechou os olhos e esperou, até sentir os lábios do
Alfa serem pressionados contra os seus. O mesmo valor queimou dentro
deles outra vez. Jimin sentiu coisas estranhas em seu estômago, enquanto a
língua do Alfa explorava sua boca. Jeon o libertou e desceu as mãos até
acomodá-las na curva da cintura dele.
O Ômega não sabia ao certo o que fazer com suas mãos agora livres, e
apenas tocou sobre os ombros do Capitão, com suavidade. Jungkook abriu
os olhos para observá-lo e lá estava ele novamente, com seus olhos ainda
fechados, a boca ligeiramente avermelhada enquanto esperava por mais
daquele contato. Jeon logo cuidou de juntar suas bocas novamente e dar
início a um novo beijo.
Jungkook sentiu o sangue pulsar pela sua região íntima e interrompeu o
beijo repentinamente. Jimin abriu os olhos confuso, sem entender o motivo
dele ter parado com algo que estava tão bom.
— Precisamos terminar o abrigo. — Jungkook indicou saindo de cima
dele com pressa e ofegante.
Jimin ergueu as costas do chão mas permaneceu sentado, observando o
Alfa se afastar sem olhar para trás. Ele tomou um logo suspiro e cobriu a
boca com uma mão, tentando conter um enorme sorriso de genuína
felicidade.
Continua...
[17] Sob as Estrelas - Parte 3
Reescrito
☠
Jeon estava distraído quando um soco quase acertou sua mandíbula.
Graças aos seus reflexos, ele conseguiu interceptar o punho do Ômega com
sua mão.
— Muito bem! — Jungkook o elogiou.
Estava ensinando o garoto a lutar há pelo menos três dias, e essa tinha
sido a primeira vez que o pequeno quase conseguiu lhe atingir.
— Não foi nada bem, ainda não consegui te acertar um soco. — Jimin
lamentou — E estou cansado, suado e com fome.
— Vamos fazer uma pausa então. Você pode tomar banho quando quiser,
estamos cercados por água, eu vou pe-... — O Alfa parou de falar
repentinamente e girou a atenção ele — Espera, por que você quer me bater
?
— Oh... não é bem assim, não quero agredi-lo, eu só... bom, eu só queria
conseguir acertar uma única vez.
— Jimin, você foi criado a vida toda como se fosse um boneco de
porcelana. Eu estou há mais de dez anos no mar, claro que-... — Jeon parou
de falar ao notar o olhar cabisbaixo do Ômega. O que ele estava falando era
de fato verdade, mas não iria lhe custar nada falar alguma coisa que
realmente o motivaria. Ele cerrou o punho que havia interceptado o golpe
de Jimin, atrás das costas, fazendo com que sua palma fosse pressionada
com força pelos dedos — Além do mais, seu soco foi bem forte. A minha
mão está doendo até agora.
Jimin mordeu o lábio, desconfiado.
— Só está falando isso para que eu me sinta melhor.
— Então veja você mesmo. — Jeon abriu a mão mostrando sua palma
avermelhada.
O Ômega a encarou perplexo e um sorriso logo apareceu em suas feições.
— Uau... quer dizer, desculpa. Não quis bater tão forte. Estava
empolgado...
— Não se preocupe. — O Capitão apontou para a água — Tome seu
banho.
— Mas só tenho essas roupas, a noite faz bastante frio mesmo com o
abrigo.
— Então tire-as.
Choque rasgou o rosto de Jimin.
— Não vou me despir na sua frente!
— Pode ficar apenas com as íntimas. — A expressão no rosto do Ômega
permanecia a mesma — Jimin, eu já vi tudo. Você estava bastante exposto
naquele leilão.
— M-mas é diferente… o que está fazendo ?! — Questionou pasmo
quando o Alfa começou a despir-se.
— Não é óbvio? — Jungkook retirou a camisa de botões e a jogou no
chão — Estou tirando a minha roupa para dar um mergulho.
De uma só vez, ele abaixou as calças juntamente com a peça íntima. O
Ômega ficou mais vermelho que um tomate, e imediatamente ele cobriu o
rosto com as mãos.
— Pelos céus, Jeon! Vista-se!
— Só se você tirar a roupa também.
— Não! Vista pelo menos a roupa debaixo que eu... e-eu tiro.
Jungkook riu divertido, balançando a cabeça. Ele fez o que Jimin pediu e
cobriu suas partes íntimas.
— Pronto.
— Está coberto?
— Sim.
— Jeon, se você estiver ment-...
— Vai logo. — o Alfa interrompeu.
Jimin abriu uma pequena brecha entre o indicador e o dedo médio, para
espiar se o Alfa realmente havia cumprido com sua palavra. Ele abaixou as
mãos quando o viu vestido com apenas sua roupa íntima. Jungkook sabia
que se ficasse olhando, ele nunca teria coragem de tirar a roupa na sua
frente, então se ocupou pegando sua lança enquanto fingia verificar se o
punhal estava bem posto na arma que usaria para pescar.
Jimin respirou fundo e tirou primeiro as suas calças, em seguida se livrou
da camisa, dobrou-as direitinho e as empilhou em cima de uma pedra.
Quando ele se voltou para o Alfa, viu que Jungkook já estava dentro do
mar, com a água mais ou menos cobrindo metade de suas coxas.
“E, que coxas...” — Jimin pensou.
Eram bem desenhadas, assim como todo o corpo do Alfa. Ele não era
exageradamente musculoso, mas seu corpo era bastante definido. Ele
poderia ficar o dia inteiro alí, assistindo o Capitão fincar sua lança na água,
e pescando seus peixes para as próximas refeições. Mas a maré estava
branda, Jimin aproveitaria para banhar-se com calma e se refrescar. O dia
estava bastante quente.
Jimin caminhou devagar até que as pequenas ondas, vez ou outra,
cobrisse seus pés por completo. Ele viu que dentro da cesta feita com o
material da própria floresta, já estava com peixes suficiente para os dois e
um pensamento divertido lhe veio a mente.
Jungkook estava parado feito uma estátua, com o braço que empunhava a
lança erguido, pronto para lançar a arma e capturar um peixe azarado que
passe pela sua mira. Subitamente, Jimin se lançou exatamente onde alguns
peixes estavam. Ele causou uma grande movimentação na água, fazendo
com que todos os peixes fugissem para longe.
— Você tá espantando os peixes. — O Capitão tentou repreender de uma
forma séria, mas logo sorriu ao ouvir a risada do Ômega.
— Já tem o bastante. — Jimin explicou, apontando para a cesta — Por
que quer pescar tantos ? Quer fazer um banquete? — Jungkook colocou as
mãos na cintura e só agora percebeu o quanto já havia pescado. Assustou-se
quando um jato de água foi lançado em sua direção — Vamos nos divertir,
só um pouquinho...
Jungkook fechou os olhos e passou a mão no rosto. Novamente, outro
jato de água foi lançado nele.
— Jimin-ssi... — Em meio a um sorriso ele limpou o rosto outra vez,
jogando a lança na areia e virou-se para o Ômega: — É melhor você fugir...
Jimin soltou um gritinho quando o Alfa mergulhou na sua direção, e
então apressou-se na tentativa de fugir dele. Enquanto tentava correr dentro
da água, ele lançava mais água para trás, tentando atrapalhar a vista do
Capitão. Sua estratégia não funcionou por muito tempo, e logo Jungkook
conseguiu alcançá-lo. Ele o agarrou pela cintura e o ergueu, jogando seu
corpo na água mais ao fundo. Jimin submergiu, demorando para aparecer. O
Alfa não se preocupou, pois sabia que ele estava brincando, só não esperava
que o Ômega iria aparecer bem diante dele.
Quando emergiu, Jimin apoiou as mãos em seus ombros e o afundou na
água, fugindo outra vez. Jeon voltou a persegui-lo, enquanto Jimin lançava
mais água como da primeira vez. Eles permaneceram durante um bom
tempo brincando e se divertindo na água, até que ficaram cansados e a fome
se fez presente.
Jimin ficou com a tarefa de buscar mais lenha e galhos secos, enquanto
Jungkook limpava os peixes, retirando suas escamas e vísceras. Após a
refeição, eles se colocaram a terminar de construir a enorme fogueira que
serviria como sinal, para quando alguma embarcação fosse avistada e eles
pudessem ser socorridos. Estavam perdidos naquela ilha há quase três
semanas, mas a esperança de serem resgatados continuava forte no coração
do Ômega. O Capitão parecia mais realista, acreditava que nunca seriam
encontrados, mas demonstrava seu otimismo pelo garoto.
À noite logo após o jantar, Jimin sentou-se em um pequeno tapete
esverdeado, onde pequenas graminhas faziam fronteira com a areia da
praia. Haviam algumas nuvens no céu, mas ainda nenhum sinal de chuva.
Os únicos pontos que iluminavam aquela noite, eram as estrelas.
Jimin passos atrás de si, e perguntou quando o Alfa se sentou ao seu lado:
— O que você acha que eles estão fazendo?
— Minha tripulação? — Jimin assentiu — Pelo que conheço do meu
contramestre, eles estão procurando o terceiro fragmento.
— Mas depois disso eles tentarão encontrá-lo, certo? Você é o Capitão
deles.
— Claro. — Jungkook sorriu ao afirmar, mas por dentro ele duvidava
disso. Haviam alguns membros totalmente fiéis à ele, mas ele também sabia
que se tratando de piratas, a riqueza em ouro e prata valia muito mais que a
lealdade — Mas eu não me importo em ficar perdido nessa ilha para
sempre, se você estiver comigo.
O Alfa apoiou ambas as mãos atrás da nuca e deitou no chão de frente
para o céu. Jimin refletiu suas palavras mas ficou em silêncio, logo fazendo
o mesmo movimento, e também deitou-se sobre o chão gramado.
— Incrível como o céu está lindo hoje. — Jimin afirmou cortando a
quietude — Cheio de estrelas.
— Taehyung disse que quando o céu está assim, é porque a lua voltará a
iluminar a noite.
Jimin assentiu. Seus olhos varreram pela vasta imensidão escura do
firmamento, mas ainda não tinha visto nem sinal da lua. O tempo se
estendeu na completa calmaria. Estava tudo tão quieto, que os únicos sons
que Jimin escutava eram o barulho das ondas beijando a praia, e seus
próprios pensamentos. Ele fechou os olhos e pôde ouvir a voz do seu pai,
quando anunciou que arranjara um marido para ele, quando tinha apenas
quinze anos:
“ — Filho, este é o Comodoro da Marinha Real, Choi Seunghyun. —
Jimin fitou o oficial com curiosidade, não fazia ideia do porque estavam
sendo apresentados. Logo, seu pai fez questão de explicar: — Eu o escolhi
como seu noivo, e a partir de hoje ele lhe fará visitas para cortejá-lo. Para
que assim se conheçam melhor.
O homem que era visivelmente bem mais velho do que Jimin, se
aproximou tomando sua mão e beijando as costas dela, afirmou:
— Com todo respeito, sr. Park, mas seu filho é ainda mais belo do que
imaginei.
Jimin queria apenas livrar a sua não daquele desconhecido e correr
para trancar-se no quarto. Ele sabia que esse momento iria chegar um dia,
mas não imaginou que seria tão cedo. Mal fazia um ano em que tivera seu
primeiro heat, e seu pai já estava lhe empurrando um casamento.
Conquanto ele não quisesse isso com todas as suas forças, Jimin apenas
reprimiu esse sentimento e sorriu cumprimentando o Comodoro.
— É uma honra conhecê-lo, Sr. Choi. ”
Embora não fosse tão experiente de vida, Jimin sabia exatamente o que
estava sentindo. O receio sempre o fizera temer seus próprios sentimentos,
mas durante o tempo em que conviveu com o Capitão Jeon, ele os
expressou tão naturalmente que aquilo o assustou um pouco.
Seu destino já estava selado, desse modo, ele não poderia se interessar
por nenhum outro Alfa. Ele pertencia ao Comodoro e sempre teve medo de
se impor contra isso. Mas, não mais. Jimin estava farto de reprimir seus
verdadeiros sentimentos.
Se mesmo o Capitão, que também parecia ir contra a corrente,
camuflando suas emoções por trás de uma máscara dura, baixou sua guarda
e confessou a ele seus sentimentos. Jimin devia ao Alfa, a mesma atitude.
Ele abriu os olhos e notou que Jeon permanecia concentrado, observando as
estrelas. E após longos minutos em silêncio, o Ômega tomou um longo
suspiro e o chamou:
— Jungkook?
Aquela foi a primeira vez que Jimin o chamou pelo seu primeiro nome. O
Alfa franziu o cenho e o fitou com curiosidade.
— Sim?
— Eu sinto o mesmo.
— O que quer dizer com isso? — Jeon indagou, desconfiado.
Jimin pousou sua mão no peito do Alfa, exatamente acima do coração.
Ele podia senti-lo bater tão rápido, assim como o seu estava.
— E-eu ainda não sei direito, mas… acho que eu sinto o mesmo que
você. — Jungkook o encarou ainda confuso, sem entender onde o Ômega
queria chegar com aquilo, até que o mesmo continuou: — Eu acho que
também estou apaixonado por você.
A pequena mão de Jimin subiu do peito, até se encaixar no rosto do Alfa.
Ele se aproximou até encostar suavemente seus lábios nos dele. Jungkook
aprofundou o beijo conforme curvava o seu corpo para frente, ficando
acima do de Jimin. Ele continuou beijando-o enquanto retirava cada
botãozinho de sua camisa, deixando seu peito e abdômen completamente
expostos.
— Você tem certeza? — Jungkook perguntou, interrompendo o beijo.
Jimmy assentiu balançando a cabeça positivamente. Ele estava com o
rosto corado, mas manteve o contato visual com o pirata. Todo o sangue do
Alfa parecia querer se concentrar em seu pênis, e ele o sentiu ficar
completamente ereto sob o tecido de suas calças. Jeon mirou seus lábios
novamente, dessa vez com mais voracidade. Ele deixou sua boca seguindo
caminho pela linha da mandíbula e pescoço, enquanto Jimin inclinava a
cabeça para trás, dando-lhe mais acesso a sua área cervical.
Descendo um pouco mais, o Alfa deteve-se em seu peito, a língua
explorava a área fazendo o Ômega ofegar, curvando as costas para obter
mais daquele contato. Jungkook sentiu uma das mãos do Ômega explorar
seus cabelos com os dedos, indicando que ele estava gostando daquilo. Os
dedos do Alfa prenderam-se no cós de suas calças, e com cuidado, ele as
puxou para baixo juntamente com sua roupa íntima.
O pênis de Jimin também estava rígido e melado por seu pré-semen,
assim como seu ânus lambuzado pela sua doce e particular lubrificação, que
escorria conforme ficava cada vez mais excitado, ao toques de Jungkook. O
Alfa acomodou-se no meio das pernas dele e admirou por alguns segundos,
a forma de um Ômega sendo tocado pela primeira vez.
Jimin deixou que um gemido escapasse de sua garganta, no instante em
que o Alfa tomou sua ereção entre os lábios e a chupou com vontade, se
deliciando com aquele delicado sabor. Jungkook abriu a boca e acomodou
todo o falo, chupando e lambendo enquanto seu dedo já inteiramente úmido
pelo lubrificante, seguia explorando a área anal do Ômega.
Jeon pressionava o seu indicador, fazendo círculos ao redor. Até que, sem
aviso, seu dedo deslizou para dentro e Jimin mordeu o lábio tentando conter
um outro gemido. Jungkook sentiu que seu pênis ficou ainda mais rígido
ouvindo o pequeno gemer tímido daquele jeito. Um segundo dedo deslizou
para dentro, e o Ômega dessa vez moveu os quadris, sentindo seu interior
ser massageado pelos dedos longos do Capitão. Jimin estava extremamente
excitado, seu corpo não parava de expelir seu fluído natural e ele movia os
quadris necessitando de mais contato. Ele queria que o Alfa fosse mais
fundo, e Jeon também já não estava aguentando vê-lo se contorcer. Ele
precisava preenchê-lo completamente antes que o Ômega gozasse.
Jeon retirou os dedos de dentro dele, e o Ômega choramingou em
protesto, o Alfa foi ligeiro quando abriu a calça e expôs para fora o seu
pênis que também já estava encharcado pelo seu líquido pré seminal. O
Alfa abriu e espalhou as coxas do loirinho um pouco mais, encaixou a ponta
do seu membro no ânus do Ômega e curvou o corpo para frente até estar
com o rosto rente ao de Jimin, o suficiente para sentir sua respiração
ofegante tocar suas faces. Ele manteve o peso do seu corpo sobre os
antebraços e moveu os quadris para penetrá-lo.
Vagarosamente, Jeon ia tomando mais da cavidade do Ômega. Obrigando
suas paredes internas a dilatarem-se para receber seu membro. Jimin fechou
os olhos com força, e seus dedos agarraram a grama ao seu lado.
— Oh… céus... — O Ômega choramingou e mordeu o lábio com força.
Assim que acomodou-se inteiramente dentro do corpo do Ômega,
Jungkook permaneceu imóvel por um tempo. Ele sabia que Jimin estava
sentindo um certo incômodo inicial, aquela era a sua primeira vez e
machucá-lo era a última coisa que ele queria na vida.
Com cuidado, Jeon inclinou o corpo ainda mais, até que seus abdômens
estivessem encostados um no outro. Jungkook depositou diversos beijos
pela derme do Ômega, ao passo que acariciava seu rosto e movia as mãos
entre os fios loiros, que tornaram-se úmidos com o suor.
— Vai passar, meu amor... — Jeon sussurrou em seu ouvido e logo
depois chupou o lóbulo de sua orelha — Não vou me mover até que diga
que eu posso.
Jimin abriu a boca e ofegou, deixando que alguns gemidos escapassem.
Seu corpo reagia positivamente aos toques do Alfa, sua pele se arrepiava a
cada contato quente e úmido que a língua de Jungkook proporcionava, ao
morder levemente e chupar cada centímetro da pele que cobria sua delicada
clavícula.
Sendo um lúpus, Jimin também possuía o gene mais forte, e com isso,
seu interior se adaptou com mais facilidade. A dor que sentia foi sendo
substituída por uma nova sensação. Seu pênis se contraiu quando o Capitão
beijou e em seguida, chupou a curva de sua mandíbula. O corpo de Jimin
moldou-se as suas necessidades, ele sentiu seu ventre contrair-se a medida
que ansiava por mais de seus toques.
— Jungkook… — Jimin murmurou baixinho.
Ao ouvi-lo chamar seu nome, o Alfa mostrou-lhe toda a sua atenção:
— Sim, meu coração — Capitão Jeon respondeu, deixando um simples
beijinho em sua bochecha. Timidamente, Jimin arriscou mover os quadris e
olhou diretamente nos olhos do Alfa, com um mudo pedido para que Jeon
se movesse dentro dele — Posso fazer isso?
Jimin mordeu o lábio e assentiu. Jeon moveu seu quadril lentamente
saindo de dentro dele, no momento seguinte ele deslizou penetrando-o
novamente. Jeon estava atento as expressões feitas pelo pequeno Ômega,
ele sentia o quanto o corpo menor necessitava mais daquilo e investiu outra
vez, agora com mais intensidade. Jimin gemeu quando sentiu o membro do
Alfa entrar mais fundo em seu canal e tocar em seu ponto mais sensível.
Seu corpo movia juntamente com o do Ômega, a medida que investia
gradativamente mais febril.
Jeon beijava seu pescoço e chupava sua pele delicada com avidez. Aquilo
com certeza deixaria marcas. Quando Jimin abriu os olhos, a primeira coisa
que ele viu foi a lua. Gigantesca, ela reinava sobre o firmamento cercada
por diversas estrelas. Ambas testemunhando a união entre um Alfa e um
Ômega. As mãos de Jimin deslizavam pelos braços de Jungkook, e se
acomodaram entre seus torsos. Ele sentiu cada músculo abdominal do Alfa
contraírem-se, a medida que Jeon movimentava seu corpo sobre o dele.
O Capitão uniu suas bocas novamente, beijando-o com mais afinco e
desejo. O Ômega apertou suas pernas ao redor dos quadris de Jeon quando
sentiu um formigamento surgir em seu baixo ventre, sendo seguido por
contrações em sua musculatura anal. Ele gemeu ofegante contra os lábios
do Alfa, e logo estava explodindo de prazer, enquanto seu falo expulsava
todo o seu gozo entre seus corpos. Ao sentir que as paredes do Ômega se
contraíram ao redor de seu pênis, Jeon sentiu que ele havia tido o seu
primeiro orgasmo, e que depois daquilo não conseguiria aguentar por muito
tempo. Alcançou seu ápice pouco tempo depois, preenchendo o corpo do
Ômega com seu fluído quente.
Jimin desatou as pernas que ainda cercava os quadris do Alfa e sentiu seu
corpo amolecer sob o dele. Jeon sentiu o mesmo mas não deixou que todo o
peso do seu corpo caísse sobre ele, em razão disso, ao se retirar do corpo do
Ômega ele deslizou para o lado e fechou os olhos. Por alguns segundos,
eles ouviram apenas o barulho do mar mesclando-se ao som de suas
respirações arfantes. Jungkook puxou Jimin com cuidado, e deitou a cabeça
dele em seu peito, passando os braços ao redor de seu corpo e o pequeno
Ômega se aninhou no quentinho do Capitão.
— Como você está? — Jeon perguntou.
— Incrivelmente bem. — Jimin suspirou ao receber um beijo no topo de
sua cabeça.
— De todas as coisas boas que já aconteceram na minha vida, você, de
longe, é a melhor delas.
Jimin deslizava a ponta dos dedinhos sobre a pele do Alfa. Seu peito
estava suado, causando um pequeno brilho devido a luz da lua. O Ômega
ponderou sobre o que acabara de acontecer e sobre seus futuro, enquanto
observava o peitoral do Alfa subir e descer com sua respiração calma.
— Eu quero ir com você, Jungkook. — Jimin exprimiu — Quando nos
resgatarem, eu quero ir com você. Seja lá para onde for, eu quero ficar com
você.
Jeon inspirou profundamente. Seu abraço se tornou mais forte ao redor
do pequeno quando respondeu:
— Eu jamais deixaria você ir à algum lugar sem mim.
Continua...
[18] Marinha Real
Reescrito
☠
A tripulação do Black Swan — salvo algumas exceções —, festejava
sobre o convés bebendo tequila e cantando enquanto riam alto. Eles
estavam sob a posse do terceiro fragmento, que estava escondido dentro de
uma caverna, onde alguns animais furiosos faziam morada.
— Devo restabelecer o curso para procurarmos o Capitão, senhor? —
Taehyung inquiriu ao contramestre.
— É claro. — Seokjin respondeu no lugar de Namjoon — Nem precisa
perguntar.
— Na verdade, eu estive pensando... — O contramestre articulou com
cuidado — Escute, nós já estamos com três partes do mapa. O Capitão com
certeza pode aguentar mais um pouco, enquanto damos uma passada rápida
em outro lugar.
— Você esqueceu de mencionar o Jimin. — Taehyung o lembrou.
— Não precisamos dele.
— Suponho que você saiba o que está escrito aí. — Seokjin apontou para
o mapa, e assim como esperado o Alfa não soube responder — Foi o que
pensei.
— Se você escutar o que tenho para falar talvez entenda meu raciocínio.
— Namjoon disse, ficando irritado.
Seokjin riu alto.
— Você deixou de raciocinar há um bom tempo, só que ainda não
percebeu.
Namjoon revirou os olhos.
— Você vai me deixar falar?
— Fale, superior. — Seokjin respondeu, irônico.
— Você não vai esquecer isso, não é? — O médico permaneceu calado,
esperando que o Alfa contasse sobre seus planos — O Ômega é coreano,
então já temos um ponto de partida para procurar outro lúpus e o raptar para
usá-lo em nosso favor.
— Boa sorte procurando um Ômega lúpus por toda a Coréia, enquanto é
caçado pela Marinha Real.
— Talvez não precisamos fazer isto. Havia outro com ele, no dia em que
sequestramos Park Jimin. Era loiro assim como ele, só que um ou dois anos
mais jovem. Provavelmente irmãos.
— Esquece. — Eles ouviram a voz de Yoongi, que até então escutava
calado toda a conversa — O garoto com certeza não era um lúpus. Assim
que me viu ele se encolheu todo e começou a chorar.
— Isso não quer dizer nada.
— Como não?! Namjoon, pelos céus! Você não está querendo voltar até a
Coréia, quando toda a Marinha deve estar nos caçando a procura do filho do
governador, querendo encontrar outro Ômega lúpus para ler essa porcaria
de mapa!
— Sim, é justamente isso o que vamos fazer. — Namjoon rugiu
voltando-se para o navegador:— Ajuste o curso para a Coréia. Vamos
encontrar um outro lúpus e mostrar ao Capitão que não precisamos daquele
garoto — o Beta hesitou — Insubordinação, Taehyung?
— Não, senhor. Só não estou certo se a tripulação concorda com isso.
— Mas eu estou. Trocar o nosso tradutor vai ser para o bem do Capitão.
Um que não consiga manipulá-lo tão facilmente. E que fique devidamente
preso no porão.
Seokjin e Taehyung trocaram olhares chocados, enquanto Namjoon
voltou para a cabine do Capitão. Chaerin, a timoneira, levava o navio de
volta à Coréia, e naquela mesma noite, o médico foi em busca de obter
ajuda com o navegador.
— Precisamos fazer alguma coisa. — Taehyung observava o outro Beta
mover-se de um lado para o outro, quando ele parou de supetão: — Eu já
sei. Vamos prendê-lo em algum lugar, e tomar o comando no navio.
— Você está falando sobre prender um Alfa do porte do Namjoon? —
Taehyung questionou — Nós dois?
— Não. — Seokjin disfarçou apontando na direção da popa — Dois
Alfas.
O navegador olhou para trás e viu Hoseok e Yoongi próximos na traseira
da embarcação. Cada um parecia fazer suas atividades ignorando a presença
um do outro.
— Isso é insubordinação. — Taehyung negou com a cabeça — Nunca
vão fazer isso.
— Vão, se você pedir.
— Serão expulsos da tripulação. Eles não vão ajudar.
— Eles vão, e você sabe. — Seokjin se aproximou e falou mais baixo: —
Eles fazem tudo o que você quer.
— Você quer que eu me aproveite deles?!
— Uhm... É por um bem maior...
— Mas eu vou ter de recompensar eles depois, de algum jeito...
— Você gosta que eu sei.
Taehyung lançou um olhar chocado, mas logo deu lugar à um sorriso
devasso quando respondeu:
— Eu adoro.
Seokjin aguardou na proa, e alguns minutos depois o navegador voltou
informando que os Alfas já haviam conseguido dominar o contramestre.
— Eles querem saber onde exatamente devem deixá-lo.
Seokjin voltou-se para o Beta:
— Diga para eles trancá-lo no porão de carga, já que ele considera
aquelas acomodações tão boas para um Ômega.
— Onde está o imediato? — Eles ouviram Junbuu questionou.
— Neste momento ele se encontra incapacitado. — Seokjin respondeu
alto para toda a tripulação ouvir: — Eu estou assumindo o controle do
Black Swan, alguém tem algo contra? — Ninguém se manifestou —
Chaerin, dê meia volta e quando Taehyung voltar, siga suas orientações.
Nós iremos voltar para o Triângulo da Morte e resgatar o Capitão e o
Jimin.
☠
Em algum momento, Jimin adormeceu sobre o peito do Capitão Jeon.
Quando abriu os olhos naquela manhã, ele franziu o cenho confuso ao notar
que estava deitado sobre a cama improvisada, dentro do abrigo. A medida
que se levantava, ele também percebeu que já estava completamente
vestido, e seu corpo estava limpo do líquido expelido por ambos. Ele sorriu
aí constatar o óbvio; Jungkook o pegou em seus braços e o trouxe para
dentro da cabana. Ele até mesmo teve o zelo de limpá-lo, utilizando água e
um lenço. Jeon o fez com extremo cuidado, para que não acordasse o
Ômega.
Jimin sentiu um certo incômodo em seus quadris e no meio de suas
pernas. Corou quando lembrou-se do que fizeram na noite anterior,
perguntando-se onde o Alfa estava. Ele viu que ao seu lado estavam
algumas frutas, e assim deduziu que seriam para ele. Jimin as comeu com
muito gosto. No momento em que saiu do abrigo, quase perdeu as forças
nas pernas, quando viu o Comodoro Choi de pé, diante dele, e alguns
marinheiros desembarcando na praia.
— Jungkook... — Jimin murmurou baixo pensando no que poderia ter
acontecido ao Alfa.
Choi estudou o Ômega de cima a baixo. As marcas em seu pescoço eram
visíveis, assim como o cheiro do Capitão Jeon que estava impregnado em
seu corpo.
— Você não sabe o quanto eu estou feliz em te ver, Jimin. Pensei que o
perderia para sempre. — Choi tentou segurar na mão dele, mas o Ômega se
afastou depressa — Não precisa ter medo, vou levá-lo à salvo de volta para
seu pai.
— Eu não quero.
Choi franziu o cenho.
— Como não? Vejo que foi violentado por aquele porco imun-...
Foi interrompido pelo Ômega:
— Está enganado! Ele não me forçou a nada. Foi eu quem quis me
entregar a ele.
O Alfa piscou lentamente respirando fundo.
— Vamos. — Tentou segurar a mão dele outra vez, mas Jimin afastou-se
ainda mais, indo para trás.
— Eu já disse que não vou a lugar algum com você!
— Não tem escolha, Jimin, você é um Ômega. Seu pai ordenou que o
levasse de volta.
Enquanto o oficial tentava convencer Jimin, alguns marinheiros surgiram
da floresta, com o Capitão Jeon preso por correntes, em seu domínio.
— Ora, mas se não é o tão famigerado Capitão Jeon Jungkook. — O
Comodoro sorriu em sua vitória — Não me parece tão ameaçador como
dizem.
— Jungkook! — Jimin tentou correr ao seu encontro, mas foi impedido
por uma grande mão agarrando seu braço.
— Nos deixe em paz! — o Ômega rugiu.
— Você escolhe, Jimin; ou vem comigo de boa vontade, ou eu mato esse
criminoso aqui mesmo e levo você de qualquer jeito para aquele navio.
— Tudo bem! Eu vou com você, mas não o mate por favor!
Choi ficou enfurecido ao ver toda aquela preocupação do seu noivo, para
com aquele pirata. Ele soltou o braço de Jimin e estendeu a mão para que
ele a segurasse. Mas o Ômega apenas passou por ele com passos pesados,
seguindo até os botes. O Comodoro virou-se para os seus subordinados:
— Levem o Capitão Jeon sob custódia, e mostrem à ele o seu devido
lugar.
Os marinheiros assentiram e logo após alguns minutos, todos estavam à
bordo do galeão coreano.
Jimin foi deixado trancado em um camarote, sem saber ao certo o que
estava sendo feito com o Capitão Jeon. Mas ele sentia que não seria boa
coisa. A porta do quarto foi aberta, exibindo a figura do Comodoro.
— O que estão fazendo com ele? — O Ômega se colocou de pé para
enfrentá-lo.
— Mostrando seu verdadeiro lugar na sociedade. — Seus olhos
estudaram as marcas em seu pescoço novamente — Eu vou ignorar o fato
de ter se comportado como uma meretriz, e manter isso em segredo para
que o nome da sua família não caia em desonra... — O Alfa mal terminou
de falar e logo recebeu um soco forte no nariz, fazendo um filete de sangue
escorrer.
Outros golpes teriam sido desferidos contra seu rosto, mas o Alfa se
recuperou do ataque repentino e interceptou ambas as mãos do Ômega. Ele
o empurrou contra a parede e o prendeu lá.
— Solte-me! — Jimin tentou avançar o corpo para frente, mas não
conseguiu sair de sua prisão. Ele rosnou em fúria: — Maldito!
— Se fizer isso novamente eu não vou me conter em lhe aplicar um
corretivo!
— Meu pai o mataria! — Jimin tinha razão, seu pai nunca permitiria
nenhum tipo de agressão física contra seus filhos, e isso fez o Alfa conter
sua vontade de devolver-lhe o soco. — Nunca me casarei com você!
— Não é você quem escolhe isso, o acordo já foi selado. Eu vou levá-lo
de volta à Coréia e nós iremos nos casar. Eu farei com que veja aquele
bastardo ser enforcado e você nunca mais verá a cor do mar novamente,
nem sequer entrará em um navio. — Choi praticamente estava cuspindo as
palavras no rosto de Jimin — Você será um bom Ômega, obediente e
submisso. Me dará muitos herdeiros… e aquele maldito pirata não vai
salvar você.
O Alfa sentiu uma dor alucinante percorrer entre suas pernas, quando
Jimin o golpeou fortemente com o joelho. Choi o largou, curvando o corpo
enquanto rosnava sentindo que aquela joelhada poderia tê-lo deixado
estéril. Jimin agarrou um vaso de cerâmica que estava em cima de uma
cômoda e o atingiu, fazendo o Alfa cair no chão, completamente zonzo.
— Eu o salvarei! — O Ômega rosnou, pegando as chaves e uma pistola
que estavam com o Comodoro.
Continua...
[19] O Resgate
Reescrito
☠
O galeão da Marinha seguia seu curso à toda a velocidade, de volta à
Coréia. Os marinheiros trabalhavam no convés alheios ao que acontecia nos
compartimentos inferiores. Enquanto isso, Jimin seguia sorrateiro,
segurando a pistola do Comodoro. Ele caminhava pé ante pé, sabendo que
se algum oficial percebesse o que estava tentando fazer, ele não teria chance
sozinho contra todos. Afinal, Jungkook lhe assegurou que aquelas pistolas
só carregavam munição suficiente para cinco disparos.
Haviam muitas portas, as quais o Ômega não sabia o que iria encontrar
do outro lado. Com bastante cautela, ele tentou ouvir algum ruído por trás
da madeira de cada uma, a medida que seguia procurando pelo Capitão.
Lembrou do tempo em que permaneceu como prisioneiro do Black Swan,
logo imaginando que Jungkook seria levado para o mesmo compartimento
em que ficou preso. Ele abriu uma escotilha e desceu a escada que dava
acesso ao porão de carga. Havia uma espécie de cela de metal, acoplada à
madeira da embarcação. Logo ele viu o Capitão dentro, preso a correntes e
com o rosto machucado, coberto por sangue. Seu coração se encheu de
angústia quando o viu com os olhos fechados.
— O que faz aqui? — Ouviu a voz de um Alfa que mantinha guarda —
O Comodoro Choi não vai ficar satisfeito em vê-lo aqui, senhor. Por favor,
volte para o seu quarto.
Jimin sacou a sua arma e apontou diretamente para o Alfa. Ele segurava
firme, tentando não tremer, e mantinha um olhar ameaçador, esperando que
o oficial o levasse a sério.
— Segure no cabo da sua arma com dois dedos, e a jogue com cuidado
na minha direção. — O Ômega impôs.
Ele mantinha as costas eretas e os olhos atentos a cada movimento do
Alfa. Como Jungkook havia lhe ensinado na ilha.
— Senhor, abaixe essa arma com cuidado, vai acabar se machucando...
— O Alfa tentou distrair Jimin, levando a mão vagarosamente até seu
coldre, mas o Ômega percebeu seu movimento e pressionou o dedo no
gatilho.
— Pare agora mesmo, Alfa! Não me faça atirar em você.
O guarda parou, mas ainda manteve sua mão próxima da pistola.
— Sr. Park, não vai querer fazer isso...
— Não me chame assim. A partir de hoje meu nome é Jeon Jimin, um
dos piratas da tripulação do Black Swan — Ele avançou dois passos. — E
você será um homem morto se não fizer o que estou mandando
imediatamente.
O Alfa negou com a cabeça arquitetando um plano para tomar a pistola
dele. Jimin nunca havia disparado uma arma antes, mas sabia que seria
impossível de errar aquela distância tão curta.
Ignorando suas ordens, o oficial levou a mão ao cabo de sua pistola, mas
o Ômega estava atento à todos os seus movimentos e apertou o gatilho. O
sangue espirrou forte quando a mão do Alfa foi atingida, deixando um
buraco no lugar.
— Arghh!! — O guarda rosnou segurando a mão ferida — Seu pequeno
maldito!
Outro disparo foi efetuado, e o corpo do Alfa foi levado ao chão. Sem
perder tempo, Jimin correu até a cela e passou a chave na fechadura, em
seguida ele libertou o Capitão das correntes.
— Jimin? — Capitão Jeon ergueu a cabeça com dificuldade.
— Estou aqui, vim salvar você. — Um sorriso desenhou a face do Alfa,
cheio de orgulho.
Jimin passou o braço do alfa em seu próprio ombro, e o apoiou
segurando firme em sua cintura.
— Precisamos-...
— Não tão rápido. — Alguns marinheiros que haviam escutado os
disparos, surgiram através do buraco da escotilha. Todos empunhando suas
armas apontadas diretamente para os outros dois.
A alegria dos marujos durou apenas alguns segundos, até a embarcação
balançar fortemente e todos serem lançados ao chão. Ao lado do galeão,
estava o Black Swan e seus vinte canhões apontados em sua direção.
— Fogo! — Hoseok, o atirador da tripulação, rugiu e uma nova saraivada
de canhões foi lançada contra a embarcação da Marinha.
— Onde está o Comodoro?! — O tenente Jo questionou com fúria para si
mesmo, ao ver que os marinheiros manuseavam os poucos canhões que a
embarcação dispunha. Eram apenas dez.
— Se o Capitão e Jimin estiverem aí podemos acertar eles. — Taehyung
alertou o médico.
Seokjin comprimiu os lábios com medo e voltou-se ao atirador:
— Hoseok?
— Jimin deve estar nos camarotes superiores e o Capitão com certeza no
porão. — Ele sorriu convencido e piscou para o médico — Sei o que estou
fazendo.
O navio da Marinha tentou inutilmente atacar de volta, mas os canhões
estavam mal posicionados e apenas alguns acertaram o Black Swan,
causando pouco estrago. Ao contrário do galeão, que seguia com diversas
avarias graves, principalmente na popa.
Enquanto isso, no porão da embarcação da Marinha, os oficiais, Jimin e o
Capitão Jeon trocavam disparos. Jungkook pegou a arma do sentinela
jogado no chão, e conseguiu derrubar dois.
Mais dois oficiais desceram pelas escadas, e logo atrás deles uma katana
surgiu, e transpassou o corpo de ambos. Yoongi passou seus olhos elo porão
e sorriu quando viu Jimin ajudando seu Capitão a ficar de pé. Eles seguiram
subindo até chegar no piso superior, onde piratas e marinheiros lutavam
com suas espadas, adagas e machados.
— Estamos com eles! — Yoongi gritou para os bucaneiros — Podemos
voltar!
Os piratas assentiram. Seokjin foi claro quando ordenou que, assim que
resgatassem Jimin e o Capitão, retornassem ao Black Swan imediatamente.
Assim que o último Alfa atravessou as pranchas dispostas entre as
embarcações, o Comodoro Choi surgiu através da porta de um dos
camarotes. Ele mantinha uma mão na cabeça, exatamente onde Jimin o
acertou com o objeto de porcelana.
— Quais suas ordens, Capitão? — Hoseok questionou.
Antes que o Alfa respondesse, Choi disparou com sua pistola e um
bucaneiro foi atingido, tendo o corpo lançado para trás.
— Sven! — O médico correndo ao seu socorro — Dahyun, Taehyung,
me ajudem!
Ambos os Betas seguiram para auxiliá-lo.
— Afundem o galeão! — O Capitão Jeon rosnou, encarando o Comodoro
diretamente nos olhos.
Mais quarenta tiros de canhões foram disparados, criando mais buracos e
destruindo a armação do galeão. Os marinheiros desesperados diante do
naufrágio iminente, baixavam os botes para tentar salvar suas vidas.
O Comodoro Choi rosnava de ódio, boiando em seu pequeno barquinho,
enquanto observava o navio pirata se afastar gradativamente. Naquele dia,
ele descobriu pessoalmente que atacar o Black Swan não era tão fácil
quanto pensava.
Após estabilizar o bucaneiro atingido pela arma de fogo, o médico se
colocou a cuidar dos ferimentos do Capitão. Ele fez um breve resumo sobre
tudo o que se passou em sua ausência, à pedido do próprio Alfa.
— Você vai matá-lo? — Seokjin perguntou a respeito das atitudes
tomadas pelo contramestre.
— Eu devia fazê-lo andar na prancha! — o Beta não disse nada, mas seu
irmão percebeu a preocupação em suas feições — Mas ainda estou
pensando no que fazer com ele.
Seokjin não conteve um suspiro de alívio. O contramestre estava agindo
de maneira egoísta nos últimos dias, mas o Beta possuía sentimentos fortes
por ele, e sabia que, de fato, Namjoon não era essa pessoa na qual estava se
comportando.
☠
Jimin abriu a pequena porta que dava acesso ao porão de carga e desceu a
escada com cuidado. Ouvira alguns membros da tripulação comentarem que
o imediato estava preso há vários dias no porão. E no último deles, ninguém
ainda tinha ido lá para alimentá-lo.
Jimin levou consigo uma caneca com água. Ele se aproximou lentamente,
sendo acompanhado pelo olhar severo do Alfa.
— Eu trouxe para você. — Jimin mostrou o copo de longe, com receio de
se aproximar.
— Então você sobreviveu. — Namjoon falou com amargura, ignorando o
gesto bondoso do Ômega.
— Sim. — Jimin respondeu firme — E voltei para ficar.
O Alfa franziu o cenho.
— O que disse?
— Você ouviu — Arriscou um outro passo. — Jungkook e eu estamos
juntos.
Namjoon balançou a cabeça em negação.
— Não acredito que ele fez isso.
— O que eu fiz para você? — Namjoon não respondeu, ele parecia
refletir sobre alguma coisa — Você se apaixonou por ele?
— Não fale bobagens!
— Então me diz por que você me odeia tanto?
— Eu não odeio você! — O Alfa bufou irritado — Inferno... você acha
que foi o primeiro Ômega por quem ele se apaixonou?
— Eu... — Jimin não soube o que responder.
Namjoon moveu os braços e o barulho do metal batendo um no outro
chamou a atenção do Ômega.
— Claro que não sabe. Ficou na ilha brincando de casinha, pensa que
conhece ele e agora quer brincar de pirata. Quando se cansar, vai voltar
correndo para o papai e trair o Capitão.
— Eu não sei de quem você está falando, mas eu não sou assim.
— O inferno que não!
— Você não me conhece. Não pode me condenar sem que eu tenha
cometido crime algum. Eu não sei o que esse Ômega fez à ele-...
— Traição. — Namjoon o interrompeu — Todos sabem que trazer um
Ômega a bordo trás má sorte. Está no próprio código pirata. Mas, mesmo
assim, ele o trouxe para a tripulação. O resultado disso? O Capitão quase foi
morto.
— O que o Ômega fez exatamente?
Namjoon suspirou movendo os braços outra vez.
— Ele o traiu. Armou uma emboscada para ele, e o entregou a Marinha.
Fui eu quem o salvou. Eu quem ficou ao seu lado, enquanto ele passava
dias bebendo sem ligar para nada. Eu quem o trouxe de volta.
Saber disso realmente foi um choque para Jimin. Nunca imaginou que
Jungkook havia se apaixonado, e pior, traído pelo Ômega que amava. Agora
ele entendia a preocupação do contramestre. Entretanto, Jimin não deu
motivos para que desconfiasse dele.
— Então ele não o amava. — Jimin afirmou, se referindo ao Ômega —
Eu ataquei o Comodoro, atirei contra um oficial da Marinha para salvar a
vida do Jungkook. Agora com certeza serei considerado um traídor da
Coroa. Eu abdiquei do meu nome, da minha vida com a minha família para
ficar ao lado dele, e em troca disso tudo você acha que eu simplesmente o
trairia?
Namjoon o fitou mas não respondeu. Jimin então continuou:
— Não pensei que fosse tão burro. Sinceramente? Jin merece bem mais...
— O que disse?! — Rosnou furioso usando sua voz de comando, e é
claro, não fez efeito algum sobre o Ômega. Namjoon respirou fundo —
Maldito lúpus...
— Essas correntes realmente machucam muito. — Jimin articulou
enquanto se afastava e logo em seguida, trazia consigo um pequeno caixote
— Se eu te soltar, você vai tentar me machucar?
— Não usaria minha força contra você. Não sou covarde.
Jimin colocou o pequeno caixote de madeira na frente do Alfa e o usou
para poder alcançar as correntes que prendiam os pulsos de Namjoon, em
um lugar mais alto. Quando sentiu-se livre, o Alfa o fitou surpreso e ao
mesmo tempo desconfiado. Ele esticou o corpo sentindo as mesmas dores
que o Ômega sentiu quando ficou em seu lugar.
— Obrigado. — Namjoon massageou os pulsos e sentou em um canto do
porão. Ele pegou a caneca que Jimin trouxe e bebeu toda a água. Ele
realmente estava com sede. — Não precisa se preocupar se vou fazer
alguma coisa contra você. O Capitão vai me expulsar da tripulação, tenho
certeza disso.
Jimin pensou em dizer alguma coisa, mas não encontrou nada que
pudesse falar. Ele apenas achou melhor deixá-lo sozinho com seus
pensamentos.
— Quem o libertou? — Assustou-se ao ouvir a voz de jungkook
repentinamente.
O Capitão se aproximou devagar, com uma expressão desconfiada no
rosto, a espera de uma explicação.
— Foi eu. — Jimin confessou — Desculpa... eu só…
— Tudo bem. — Jungkook lançou-lhe um sorriso — Taehyung está
esperando para decifrar o terceiro fragmento.
Jimin assentiu subindo a procura do Beta. Deixando ambos os Alfas para
conversarem à sós.
Continua...
Reescrito
☠
O Capitão se aproximou do contramestre calmamente, e sentou-se no
caixote que o Ômega havia utilizado para soltá-lo.
— Respeitarei sua decisão seja qual for. — Namjoon falou.
Ele não tentou se justificar ou implorar por clemência. Sabia que havia
cometido uma falta grave, mas a sua consciência estava tranquila.
— É até engraçado você falar isso, já que estamos nessa situação
justamente porque você não respeitou minha decisão. — O contramestre
anuiu sobre o que foi a grande ironia em suas palavras — Você acha que eu
sou o mesmo de cinco anos atrás.
— Esse Ômega...
— Jimin não é Sungjae.
— Não. Seu poder de persuasão é muito maior. — Jungkook riu
balançando a cabeça em negação — Mas creio que não há nada que eu
possa falar que o faça enxergar isso. Afinal, é sua vontade.
— Minha vontade, meu caro contramestre, foi expusá-lo desse navio
desde o primeiro momento em que soube de suas façanhas imbecis.
— Entendo completamente. — Namjoon se levantou, pronto para deixar
o navio.
— No entanto — ele parou ao ouvir o Capitão —, a tripulação decidiu
que você merecia uma segunda chance… e eu também. Por tudo o que
passamos juntos.
O Contramestre ergueu as sobrancelhas completamente surpreso. Motins
era algo considerado imperdoável entre tripulações pirata, e por isso,
receber uma segunda chance do Capitão significava que Jungkook possui
grande confiança nele. Namjoon sentiu-se imensamente grato, e nunca teve
tanta certeza de que escolheu seguir o Alfa certo. Prometeu a si mesmo que
nunca mais decepcionaria o Capitão Jeon novamente, enquanto pertencesse
àquela tripulação.
— Obrigado, Capitão.
— Mas no segundo em que eu perceber que é uma ameaça para o meu
Ômega, você vai implorar para ser expulso.
O olhar sombrio que o Capitão lhe dirigiu, fez todas as células do Alfa
congelarem.
— Compreendo. — Namjoon disse, engolindo em seco.
— Vamos voltar lá para cima. Temos uma questão importante a ser
discutida.
Namjoon assentiu, respirando tranquilo. O mar era a sua casa e a
tripulação do Black Swan sua família. Ele não teria nenhum outro lugar
para ir, e muito menos queria deixar seu lar, entre seus companheiros.
— Então, o que faremos a seguir? — Sven questionou.
Todos estavam na cabine do Capitão, em torno de sua mesa, enquanto
examinavam os mapas dispostos sobre ela.
— Iluminar a entrada. — Taehyung leu em voz alta, a tradução do
terceiro fragmento — Eu sugiro que...
— Como você consegue saber onde devemos ir? — Sven o interrompeu
— Está sempre bêbado.
— Ora, que conversa! Não estou bêbado...
— Estou sentindo o cheiro de rum daqui.
— Por que você não cala sua boca? — Hoseok se dirigiu a Sven —
Deixe ele falar.
Taehyung o lançou um sorriso agradecido e voltou à sua reflexão:
— Como eu estava dizendo, eu sugiro que devemos direcionar nosso
curso à linha dos comerciantes. Como não sabemos onde estão os demais
fragmentos, pelo menos nós podemos fazer alguns saques. Nosso estoque
de prata está quase vazio.
— Claro. O Capit-... — Sven interrompeu o que seria uma crítica pelos
gastos exagerados que Jungkook fez, para libertar Jimin do leilão e no
tributo à Fenn Barba-Ruiva, mas o Capitão lançou-lhe um olhar tão sombrio
que o pirata engasgou com sua língua e fechou o boca no mesmo segundo.
— Diga, Sven. — Jeon se aproximou do Alfa.
— Eu ia falar que concordo com o nosso navegador.
— Vou falar com Chaerin. — Taehyung disse saindo da cabine.
— Namjoon — O Capitão se voltou para o contramestre — No próximo
saque eu quero que leve Jimin consigo.
— Mas ele não sabe-...
— Leve-o.
Namjoon comprimiu os lábios, mas nada fez além de concordar com a
ordem recebida.
☠
A taça que estava na mão do governador Park Shinsung trincou, até partir
em dezenas de pedaços de vidro. O sangue escorreu por seu antebraço,
pingando no chão. O Comodoro acabara de lhe contar sua falha tentativa de
resgatar o filho dele. Ao seu lado, estava o oficial que recebeu um tiro na
mão, do próprio Jimin.
— Ele disse que agora é um pirata. — o Alfa informou — Que pertence a
tripulação do Black Swan e... e que seu nome é Jeon Jimin.
— Ele o seduziu! — Park rosnou, atirando no chão os cacos que restaram
em sua palma — Jimin nunca faria algo assim.
— Saia. — Choi ordenou ao outro oficial e ele se retirou — Seu próprio
filho disse que se entregou àquele patife. Nessas condições eu acredito que
não tenho outra escolha, a não ser cancelar o contrato.
— Está dizendo que meu filho não é digno de você? — fúria exalava das
feições do governador — É muita audácia da sua parte.
— Ele se entregou à outro Alfa, Senhor.
— Então eu sugiro que você procure outro emprego. Porque no momento
em que desistir desse casamento e manchar a honra do meu filho, você será
expulso da Marinha.
— Ele não me quer. — Choi ainda tentou insistir.
Ele era um Alfa que mantinha o mesmo pensamento arcaico que a
maioria das pessoas de sua época. Para ele, um Ômega deve comparecer ao
leito de núpcias ainda intocado. Mas Jimin além de ter entregue seu corpo a
um outro Alfa, fez questão de mostrar o quanto estava orgulhoso daquele
comportamento. Casar-se com um Ômega assim, era de extrema
humilhação para o Comodoro.
— Jimin é um Ômega, ele não tem esse poder de escolha e nós dois
sabemos disso. Ele vai se casar com você, eu responderei por ele diante do
padre. Agora vá e encontre um jeito de conseguir trazê-lo de volta.
O Comodoro assentiu e saiu do gabinete, deixando o governador sozinho.
☠
Jimin estava sentado na proa do Black Swan conversando com o médico
da tripulação. Após cuidar dos machucados do seu irmão, Seokjin ouvia
feliz o depoimento do Ômega, sobre suas façanhas ao salvar Jungkook e
também, os momentos em que ficou perdido na ilha com o Capitão Jeon.
— Pirata Jeon Jimin, hm? Quem diria.
— Eu não sei porque disse isso. Eu nem sei como eu fiz aquilo tudo... —
O Ômega respondeu sorrindo nervoso — Minhas mãos ainda estão
tremendo, veja.
— Você foi muito forte. Salvou o nosso Capitão — Seokjin o elogiou —
Parece que agora você é um pirata, não é?
O Ômega sorriu um pouco ruborizado, e ficou pensativo com a pergunta.
Ele não se enganou a respeito dos piratas, eles eram sim Alfas e Betas
cruéis e dispostos a tudo para obter riquezas. Contudo, ele tinha que admitir
que aquela tripulação se distinguia das demais em alguns aspectos.
— Eu acho que é isso... — Jimin sorriu incerto, mordendo o lábio
inferior. — Sabe, pode parecer um pouco precipitado, mas é como se eu
estivesse começando a viver agora.
Jimin não tinha dúvidas do quanto amava o seu pai e também o irmão,
entendia que tudo o que seu pai fez foi na intenção de que tivessem uma
boa vida. Mas Jimin nunca se sentiu ele mesmo sempre que fazia de tudo
para agradar o governador. Aquele Jimin era apenas uma peça que se movia
de acordo com o que a sociedade exigia, e isso o deixava infeliz, embora
escondesse tão bem. Agora, estava se sentindo livre pela primeira vez, para
ser quem ele realmente era.
— E eu estou muito orgulhoso. — Ambos olharam na direção daquela
voz, e viram Jungkook se aproximar.
Neste momento, Namjoon também se aproximava da proa, e quando
Seokjin o viu de longe, se levantou no mesmo instante. O Beta ainda estava
chateado pelo comportamento prepotente do Alfa de semanas atrás. Ele se
levantou no mesmo instante em que o Namjoon se juntou a eles.
— Tenho coisas importantes a fazer, com licença. — Seokjin saiu sem
dirigir ao menos um olhar ao contramestre.
Namjoon olhou para seu Capitão e o mesmo deu de ombros.
— Você que lute.
O contramestre logo tratou de rumar para outro canto, ajudando alguns
bucaneiros pelo convés inferior.
— Então, Jeon Jimin... — o Capitão se aproximou do Ômega e o abraçou
quando uma rajada de vento forte os cortou — Está muito frio aqui fora, por
que não vem me fazer companhia em nossa cabine?
— Estava pensando em algo...
— Conte-me.
Jimin desceu da mureta e encarou o Alfa de frente.
— Na noite em que fui levado pelo Barba-Ruiva até os aposentos dele.
Eu vi Ômegas presos em seu quarto. Eu queria soltá-lo mas Yoongi me
levou para fora com ele...
— Embora seja um excelente espadachim, ele não seria capaz de salvar
todos vocês. Assim que os soltasse, eles seriam capturados novamente.
— Mas eles estão presos e sabe-se lá os tipos de torturas que estão
fazendo... eu quero salvá-los, Jungkook.
— Estamos muito longe de Nabuco. A tripulação já decidiu que vamos
passar pela rota dos comerciantes. — Jimin suspirou com tristeza — Mas
assim que possível nós vamos voltar à Nabuco, e vamos libertá-los.
— Está falando sério?
— Eu lhe dou a minha palavra.
— Obrigado. — Jimin abraçou o próprio corpo, protegendo-se do vento
gelado.
— Está frio. Vamos entrar.
— Ah, o Tae vai me mostrar como navegar seguindo as constelações.
Jungkook olhou para cima, o céu estava bastante estrelado. Ele então
retirou seu casaco e o encaixou nas costas do Ômega.
— Tudo bem. Mas fique com isso.
Jimin assentiu e o mais velho entrou.
Ele apertou o manto negro em volta do seu corpo, e inalou o aroma
natural do Capitão que provinha dele. Era quentinho e cheirava a rosas.
Taehyung, juntamente com Yoongi se juntaram à ele e juntos aprenderam
com o Beta, noções de orientação e navegação sem o auxílio de uma
bússola.
☠
Na manhã seguinte, Sven enxergou um navio mercante através da lente
de sua luneta, no alto do mastro. Ele desceu eufórico e logo comunicou ao
restante da tripulação.
— Vamos interceptá-los pela lateral. Se eles tentarem alguma coisa,
conhecerão o fundo do Pacífico. — Jeon comandou.
Os piratas assentiram e conduziram as velas e mastros à bombordo. A
experiente timoneira, girou o leme com habilidade e com extrema rapidez
eles se aproximaram da embarcação mercante. Ao verem a aproximação do
navio de velas negras, os tripulantes do navio mercante subiram bandeiras
brancas, simbolizando sua rendição imediata. Assim, o Black Swan pôde se
aproximar, sem a necessidade de descerem os botes. Pranchas foram
dispostas através das duas embarcações, para levar os piratas até o outro
lado.
Jimin seguiu na frente junto ao Contramestre. Alguns minutos antes,
Namjoon havia lhe ensinado como falar com a tripulação e render todos os
Alfas, desde os grumetes ao comandante. Jungkook também fôra junto
dessa vez, para ver como o Ômega iria se sair em seu primeiro saque.
Com a cabeça, Namjoon fez sinal para que o Ômega começasse.
Jimin engoliu em seco.
— B-boa tarde... — ele disse em voz baixa — Meu nome é-...
— O quê?! — um dos Alfas rendidos questionou forçando a audição.
— Não estou ouvindo nada. — um Beta adicionou.
— Fale mais alto. — Namjoon indiciou e o Ômega assentiu.
— Meu nome é Jimin! Eu quero as... as… eu...
— Você atirou contra um oficial da Marinha. — Namjoon o lembrou —
Vamos, fale o que ensinei.
— Eu estou nervoso... — Jimin tentou engolir o nervosismo e suspirou,
começando mais uma vez: — M-meu nome é Jimin. Eu-...
— Isso nós já ouvimos. — um Beta rendido disse com um tom de riso —
Difícil vai ser saber o que a gracinha deseja se não p-parar de g-g-gaguejar
— ele gaguejou forçadamente para imitar o Ômega, arrancando risos dos
demais tripulantes.
— É — um Alfa concordou, entrando na brincadeira — F-fala logo d-d-
de uma vez.
E todos os tripulantes da embarcação mercante caíram outra vez em uma
gargalhada irritante. Eles pararam de rir ao verem o Capitão Jeon, que ainda
estava sobre uma das pranchas, descer as escadas até o convés da
embarcação.
Jungkook se dirigiu ao Ômega e acariciou sua face, ignorando todos que
os assistiam.
— Por que você não volta ao Black Swan, meu coração? — ele indagou
com voz suave e um sorriso terno. — Ajude Taehyung a encontrar aquilo
que procuramos, entre os pergaminhos que iremos mandar.
Jimin suspirou assentindo e retornou ao Black Swan. Assim que ele
atravessou a prancha completamente e sumiu das vistas de Jungkook, o
Capitão levou a mão as duas adagas presas em seu cinto e voltou-se aos
Alfas e Betas que estavam zombando do seu Ômega.
A tripulação do Black Swan ignorou os gritos de desespero que os Alfas
e Betas da embarcação mercante exprimiam, enquanto levavam as cargas de
valor. Eles tentavam manter suas bocas fechadas, outros tossiam
engasgados com o próprio sangue, gemendo de dor. O chão, estava repleto
com dezenas de dentes que foram arrancados de forma violenta pelo
Capitão jeon.
— Terminamos, Capitão. — Hoseok informou, ignorando as lamúrias
vindas dos rendidos.
Jungkook limpou as lâminas de suas adagas que estavam sujas de sangue,
na roupa de um dos Alfas e assentiu.
— Obrigado pela cooperação e não deixem de sorrir. — disse
ironicamente, e logo após subiu nas pranchas para deixar o navio e retornar
ao Black Swan.
Continua...
[21] Sempiterno
Reescrito
☠
O governador estava em sua mesa conferindo alguns papéis, no que
deveria ser seu trabalho, mas se perguntassem para ele o que estava escrito
naqueles documentos, ele não saberia responder. Seus pensamentos estavam
todos voltados ao seu filho primogênito. Jimin sempre foi um Ômega
responsável e obediente, assim como lhe foi ensinado. Se nesse meio tempo
alguma coisa tinha mudado, tudo era culpa do maldito Jeon Jungkook. Ele
havia seduzido o seu filho, e o levado a renegar sua família.
Mas isso era algo que Park Shinsung não deixaria passar barato. Estava
prestes a quebrar outro copo, quando foi interrompido ao ouvir batidas na
porta.
— Entre. — Ele disse. O Comodoro Choi entrou e não estava sozinho.
Ele trouxe consigo um homem de aparência vil, e o primeiro pensamento
que o governador teve era que se tratava de um criminoso — Do que se
trata?
— Encontrei a pessoa que é capaz de trazer o seu filho de volta. — Choi
informou.
Os olhos do governador estudaram a tal pessoa, que vestia na parte
superior do corpo um capuz conectado às vestes, que apresentavam forro
azul ao longo do tronco. Ao redor da cintura havia uma faixa vermelha
presa, bem como um cinto com dois coldres de pistola e uma katana. Ele
usava botas marrons que se estendiam até o joelho, com calças escuras.
O Alfa era um lúpus e parecia não dar tanta importância ao governador,
mais do que dava ao seu gabinete. Ele observava cada centímetro do
cômodo.
— E quem é esta pessoa?
— Jackson Wang. Ele é um notável caçador de recompensas. — Choi o
apresentou.
— Terá seu peso em ouro se trouxer o meu filho sem nenhuma arranhão.
— Trago a cabeça do Capitão Jeon — Jackson se dirigiu ao governador
—, se me permitir agir livremente sem ter a Marinha Real interferindo nos
meus negócios.
— Se me trouxer a cabeça daquele bastardo, poderá até mesmo chutar o
traseiro da rainha se quiser.
Jackson sorriu sem mostrar os dentes.
— Temos um acordo, então.
— Choi, leve a Marinha para auxiliá-lo.
— Não quero os cães a me atrapalhar. — Jackson afirmou saindo do
gabinete despreocupado.
— Tsc, maldito! Tem certeza que este Alfa é confiável? — Park
perguntou.
— Sua fama é respeitada.
— Tudo bem, que seja. Mas leve a Marinha junto.
— Sim, senhor.
— Papai? — A reunião entre os Alfas foi interrompida, por um par de
olhos azuis que espiava por uma brecha na porta.
— Jisung, entre meu anjinho.
— Desculpe, não quis atrapalhar. — o Ômega disse quando olhou para o
Comodoro.
— Não atrapalha. — Choi sorriu respeitoso — Vou cuidar para que a
missão seja iniciada, com licença.
— Então, filho, aconteceu alguma coisa?
— Eu só queria saber se encontraram o Jimin.
— Ele foi encontrado, mas infelizmente está sendo forçado a viver entre
os piratas. Não conseguimos trazê-lo de volta mas não se preocupe, logo ele
estará entre nós.
— A culpa é toda minha. — Jisung afirmou com seus olhos cheios de
lágrimas — O pirata da cicatriz ia me levar, mas o Jimin interveio e eu não
fiz nada para ajudar.
— Você não podia fazer nada meu anjinho, não se culpe. — ele abraçou o
Ômega e depositou um beijo no topo de sua cabeça — Hoje a noite darei
um jantar para lhe apresentar um Alfa, que eu mesmo escolhi para ser o seu
futuro marido.
— Mas, já?
— Nunca é cedo demais para prevenir o futuro de um Ômega com um
bom Alfa.
— Mas eu só tenho dezessete anos, meu pai.
— Não se preocupe meu pequeno, não vai se casar antes que complete
seus dezoito anos. É apenas uma apresentação, assim como fiz com o Jimin.
Agora ande, vá procurar a sua roupa mais bonita e se arrume para receber
seu futuro noivo.
— Sim, senhor. — Jisung tentou forçar um sorriso mas seus olhos não
conseguiram mentir com a mesma habilidade, e ele rumou tristonho a
seguir a ordem de seu pai.
☠
O cheiro de comida boa estava invadindo cada compartimento do Black
Swan. Na cozinha, Jimin cantarolava enquanto ajudava Junbuu a descascar
batatas, na companhia de Taehyung, Hoseok, Scott e Sven.
— Está deixando a batata toda ir embora junto com as cascas, Sven, seu
inútil. — Junbuu repreendeu o Alfa.
— Faz melhor, então.
— Você está brincando, não é? — Hoseok riu.
— Chupa meu pau, você também!
— Olhem como fala — Scott os repreendeu — O Ômega do Capitão está
aqui.
— Tudo bem, Scott. — Jimin respondeu fazendo uma pausa em sua
cantoria, mas logo retornou.
— Por que está tão feliz? — Taehyung questionou, assim que Jimin
começou a cantar uma outra música.
— Ah, é que... sabe... hoje é o meu aniversário...
— Não, não. Parem o que estão fazendo. — Taehyung se levantou,
largando a faca e uma batata na mesa — Precisamos comemorar.
— Não precisa... — Jimin respondeu tímido quando todos os olhares se
voltaram para si.
— Como não? — Seokjin, que havia escutado o fim da conversa ao
entrar na cozinha, indagou — Não é todos os dias que um mocinho
completa vinte anos.
— Tragam o rum! — Taehyung bradou se dirigindo aos piratas.
E todos seguiram para buscar as bebidas no porão.
— O Capitão sabe? — Seokjin perguntou, e Jimin negou com a cabeça
— Por que não contou?
— Ah, eu nem pensei nisso...
Seokjin sorriu balançando a cabeça.
— Vem, vamos subir. — o médico segurou na mão do Ômega e o levou
para cima.
No convés, eles se juntaram aos demais tripulantes. Todos estavam com
copos e garrafas nas mãos, mas ninguém ainda havia bebido uma gota
sequer, esperando pelo aniversariante.
— Toma, primeiro você. — Taehyung entregou ao Ômega um copo com
um pouco de rum dentro.
O lúpus hesitou.
— Eu nunca bebi. Quer dizer, meu pai me permitia tomar um pouco de
vinho em ocasiões especiais...
— Jimin, não enrola e toma só um gole.
— Tudo bem, mas só um pouco...
— Claro, só um pouco.
Taehyung e Hoseok trocaram olhares divertidos.
Tomado por uma imensa coragem, mediante ao apoio prestado por todos
os Alfas e Betas que o olhava ansiosos, Jimin levou o copo até a boca e
bebeu apenas um pouco. Ele tossiu enquanto uma careta desenhava em seu
rosto.
Os piratas gritaram erguendo seus copos e tomaram suas bebidas logo em
seguida.
— Vai ter que esvaziar o copo. — Taehyung indicou.
Jimin lançou-lhe um olhar de “você não pode estar falando sério” e
Taehyung lhe devolveu outro que poderia ser lido como “ah, eu estou sim”.
Logo, o Ômega não só havia esvaziado apenas um copo, mas dois, três,
quatro... Por conseguinte, ele estava com uma garrafa em suas mãos,
enquanto dançava com Scott. A tripulação cantava e bebia alegremente, não
notando quando a porta da cabine do Capitão foi aberta, e dois Alfas se
aproximavam da aglomeração.
— O que está acontecendo aqui? — Jeon perguntou ao irmão.
— Estamos comemorando o aniversário do Jimin. — Seokjin respondeu.
Jungkook franziu o cenho com aquela informação e seus olhos seguiram
até Ômega, que dessa vez, dançava com Dahyun.
— Eu sou o próximo a dançar com o loirinho! — Sven gritou animado, e
quando deu por si, Jungkook estava bem ao seu lado olhando-o com um
semblante sério — Com todo o respeito, Capitão.
De repente, Jimin largou a mecânica e girou, seguindo cantando entre os
Alfas Betas. Sorrindo até chegar à mureta e subir, equilibrando-se em cima
dela.
— Uhm humhumhum... — Ele cantarolou — Eu sou um pirata... — Ele
ergueu a mão que segurava a garrafa e cantou mais alto: — Bebei amigos,
yo-ho!
— Yo-ho! — os piratas responderam, todos cantando animados e
bebendo.
— Jimin! — O Capitão exclamou e o seguiu. Ele o segurou pela cintura e
o desceu, para que o pequeno não se desequilibrasse e acabasse caindo no
mar — Acho que já bebeu demais. — disse retirando a garrafa de sua posse.
Jimin encaixou as duas mãos no rosto do Alfa e o observou por algum
tempo, com certa atenção.
— Alguém já disse que você parece um coelho fofinho? — a tripulação
riu. Até mesmo Namjoon não conseguiu se conter. Ele puxou a garrafa de
volta e desvencilhou-se dos braços do Capitão. — Eu sou bandido do mar.
Ninguém diz o que eu tenho que fazer. Sou um pirata fora da lei!
Jimin levou a garrafa até a boca e tomou mais um pouco de rum.
— É isso aí, Jimin! — Taehyung ergueu o punho e quando o Capitão o
olhou ferozmente, ele abaixou a mão, sorrindo amarelo.
O Ômega mal conseguia se manter de pé, de tão ébrio que estava. Jeon
tomou a garrafa de suas mãos mais uma vez e bebeu todo o conteúdo de
dentro. Jimin cambaleou alguns passos em sua direção e tomou a garrafa de
volta. Ele tropeçou e foi amparado pelo Capitão. Mas quando foi beber,
notou que a garrafa já estava vazia.
— Por que acabou com o rum, Jungkookie?
— Você está bêbado demais. — Jungkook o afirmou.
— Que nada, eu estou bem. Posso perfeitam-... — Jimin conteve sua fala
ao ver o cozinheiro se aproximar da popa com uma bacia e despejar o
conteúdo de dentro no mar — O que é isso, Junbuu?
— Tripas de peixe.
O sangue fugiu do rosto de Jimin e ele foi ficando pálido, com uma
expressão nauseada. Logo, ele estava colocando tudo o que havia comido e
bebido para fora. Debruçado sobre a mureta, ele vomitava pelo tempo que
pareceu uma eternidade, apoiado pelo Capitão. Quando finalmente
terminou, Jeon o ajudou a caminhar até a cabine.
Na privacidade do cômodo, ele o deitou em sua cama enquanto o Ômega
resmungava, gemendo baixinho. Estava todo suado e com uma terrível
sensação de mal estar. Munido de um balde com água e uma pequena
toalha, Jungkook limpou o rosto do Ômega e após abrir alguns botões de
sua camisa, o loiro conseguiu respirar com mais facilidade.
— Eu nunca mais vou beber daquele jeito. — Jimin lamentou.
Jungkook sorriu, olhando-o com ternura.
— Descanse um pouco. Depois eu volto para trazer algo para você
comer.
Jimin não teve forças para contestar, pois logo suas pálpebras foram
ficando pesadas e em seguida, ele caiu em sono profundo.
☠
Naquele mesmo dia, durante a noite, Jimin abriu os olhos e estava se
sentindo muito melhor. Ele ergueu o corpo apoiando-se em ambos os
cotovelos e viu que o Capitão estava sentado na cama, observando-o.
— Quanto tempo eu dormi?
— Bastante. Já é noite. — Jimin ergueu as sobrancelhas surpreso e
quando notou uma bandeja com comida em cima da cama, destinada para
ele, foi quando percebeu o quanto estava sentindo o corpo fraco. — Trouxe
para você.
— Obrigado.
Jimin se alimentou sentindo-se muito melhor. A comida de Junbuu era
realmente deliciosa e fazia qualquer um recuperar sua energia.
— Quero te mostrar uma coisa. Vem comigo. — Jimin franziu o cenho
sorrindo com curiosidade, mas logo se levantou da cama e seguiu seus
passos.
O Capitão segurou em sua mão e o guiou para fora da cabine. Jimin
notou que o convés estava completamente vazio. Apenas o silêncio estava
ao seu redor, conforme seguia os passos do Alfa.
Quando chegaram a um certo ponto, Jungkook o ajudou a subir pelos
mastaréus. O vento suave batia no rosto de Jimin e espalhava vários fios de
seu cabelo a medida que entravam dentro da cesta do mastro. Ele sentiu os
braços do Alfa abraçarem-no firmemente, aquecendo seu corpo no frio que
os atingia.
Assim que Jimin finalmente olhou ao seu redor, ele teve a sensação de
que estava flutuando entre as estrelas. Elas iluminavam o céu noturno, com
milhares de pontinhos luminosos pelo firmamento. A luz da lua tocava na
escuridão do mar, e a água brilhava como se eles realmente estivessem no
centro do universo. Ele abriu a boca mas permaneceu mudo, incapaz de
falar qualquer coisa. Ele já havia contemplado o céu a noite, mas nunca
tinha o visto daquele ângulo.
— Você é muito mais belo do que todas elas juntas. — Jungkook disse se
referindo as estrelas e Jimin virou o rosto para fitá-lo nos olhos.
Por um momento, o Ômega se perdeu na escuridão daquelas olhos negros
e profundos, mas foi guiado pelo sorriso de Jungkook e seus olhos
desceram até os lábios do Alfa.
— Você já se sentiu completamente cheio de... — subiu os olhos até os
do Alfa novamente — Eu não sei como explicar...
Jungkook sorriu assentindo.
— É exatamente como eu me sinto quando estou com você.
Jimin levou uma das mãos até o rosto do mais alto e fechou os olhos a
medida que ele se aproximava, e juntava seus lábios suavemente. Eles
ficaram durante toda a noite juntos na na cesta do mastro, sendo observados
pelas estrelas que testemunhavam o sentimento mais puro desabrochar no
coração de dois lúpus.
Continua...
[22] Sem Escolha
Reescrito
☠
O Black Swan seguia pelas rotas comerciais nos mares da Oceania. Não
possuíam informações sobre os demais fragmentos do Imperium, e seu
plano atual seria continuar saqueando navios mercantes e seguir para as
Índias.
Os golfinhos da costa australiana recebia o Black Swan com pulinhos
divertidos e curiosos, a medida que apostava corrida com a embarcação.
Jimin estava debruçado na mureta enquanto sorria encantado, apontando
para eles e mostrando para o navegador. O Beta já estava acostumado com
aquilo devido aos anos de navegação, mas mostrou-se extasiado a cada vez
que o loirinho lhe apontava um dos golfinhos.
— Olha aquele lá! — O Ômega estava tão encantado com os golfinhos,
que quase sentiu vontade de pular no mar e ir nadar com eles. — Você viu o
pulo que ele deu?
— Eles estão brincando com você.
— Olá, senhores golfinhos! — Jimin os saudou, acenando com a mão.
Do outro lado da embarcação, Jeon o observava com um sorriso bobo no
rosto. Era realmente adorável ouvir os risos do Ômega, enquanto este
admirava algo tão bobo para ele quanto simples golfinhos.
— Olha lá — Hoseok cutucou o espadachim com o cotovelo. — o
Capitão bobão.
Yoongi riu.
— Ele vai te jogar para fora do navio.
— Ele não está ouvindo.
— Ele é um lúpus — Yoongi se levantou revirando os olhos. — É claro
que ele ouviu — E saiu, deixando o outro Alfa paranóico.
Um pequeno alvoroço se formou no convés inferior chamando a atenção
do Capitão. Jungkook olhou para baixo e viu Scott acompanhando seu
irmão, Sven, passando pela escotilha que os levava mais abaixo e sumindo
de suas vistas. Um pouco depois, Scott retornou subindo pelas escadas a
procura do Capitão. Ele o viu falando com Chaerin e Dahyun, logo
rumando em sua direção.
— O leme ficou travado do nada — Chaerin, a alfa responsável pelo
timão resmungou.
— Capitão — Scott chegou interrompendo a conversa. — Sven entrou
em seu rut.
— Verifique isso — Jeon disse para a mecânica e girou para o outro Alfa:
— Prenda-o no porão.
— Mas Capitão…
— Você quer que eu desenhe? — Scott balançou a cabeça temendo
insistir no assunto. Jungkook voltou sua atenção à mecânica: — Quando
encontrar uma solução para isso me comunique. Enquanto isso vou mandar
baixar as velas.
Dahyun assentiu. Ela e Jungkook tomaram rumos diferentes, com Scott
seguindo no encalço do lúpus. O Capitão se voltou a tripulação e ordenou
que descessem as velas, pelo tempo em que a mecânica encontraria a
solução para o problema com o leme.
— A presença do Ômega e seu cheiro, são como uma tortura para o
pobre Sven — Scott insistiu.
Jungkook cessou seus passos e olhou para o bucaneiro como se estivesse
pensando em uma alternativa para aliviar o sofrimento do irmão dele.
Estava óbvio para o próprio Scott que o Capitão não poderia fazer nada, a
não ser que cedesse o Ômega para saciar o desespero carnal de Sven em seu
rut anual.
Mas é claro, isso era algo que Jungkook jamais o faria.
— Parece que nosso estimado bucaneiro terá dias difíceis, então —
Jungkook disse e seguiu o olhar de Scott, que alternava entre ele e o
Ômega. Jeon seguiu até o espadachim no convés logo abaixo — Yoongi,
não deixe Jimin passar para as cobertas inferiores.
Scott fitou o Capitão com amargura enquanto ele se afastava. Ele não
ousou pedir, mas seu desejo era claro que o Ômega fosse entregue ao seu
irmão. Despreocupado, Jungkook voltou a sua cabine sabendo que o Alfa
não iria conseguir passar pelo espadachim se tentasse levar Jimin consigo.
☠
Noite do jantar na casa do governador…
— Onde está Jisung? — Park Shinsung questionou a uma das criadas.
— Em seu quarto, senhor.
— Mande-o vir imediatamente. Nossos convidados já estão chegando —
a mulher assentiu e seguiu a cumprir a ordem.
A mulher bateu na porta de Jisung mas não obteve resposta. Ela então
entrou em seu quarto, vendo o garoto sentado mirando o próprio reflexo no
espelho.
— Está muito lindo, senhor — distraído, o pequeno Ômega apenas
suspirou — Seu pai o chama no salão de jantar.
A mulher sentiu pena quando ele girou para fitá-la. Não havia
maquiagem, jóias caras ou roupas bonitas, que escondesse o semblante
abatido do Ômega, que sentia-se como se estivesse indo para o abate.
Ele a seguiu até encontrar com seu pai.
— Mais belo do que qualquer arranjo de flores. — Shinsung recebeu o
filho, beijando o topo de sua cabeça e cochichou em seu ouvido: — Sorria
mais, assim parece que está indo para um funeral.
Mas era exatamente assim que o Ômega se sentia. Não querendo
contrariar seu pai, ele sorriu um pouco mais.
— Mais — o mais velho exigiu, colocando dois dedos em sua bochecha e
forçando um sorriso mais aberto no rosto do filho — Mostre seus dentes.
Assim.
Jisung abaixou a cabeça para que seu pai não visse seus olhos
lacrimejarem. Seus pensamentos se voltaram ao seu irmão mais velho, e ele
desejou fortemente que pelo menos ele estivesse ali para segurar sua não.
Mas Jimin não estava e ele precisava ser forte. Devia isso à ele, que se
entregou bravamente em seu lugar
Ao ouvir as vozes dos convidados se aproximando pelo salão, ele cerrou
os punhos e engoliu o choro.
“Posso fazer isso” — pensou consigo mesmo. “sorria, Jisung”.
Um Alfa alto e de aparência bonita se aproximou do governador. Ele
possuía uma expressão séria mas quando seus olhos desceram até o Ômega,
ele suavizou, sorrindo para ele.
— Seu filho é realmente lindo — O Alfa elogiou e o governante sorriu
orgulhoso e cheio de si.
Eles se acomodaram cada um em suas cadeiras. O governador na
extremidade da mesa, Jisung ao seu lado, Choi no outro e o Tenente Jo ao
lado de Jisung.
— Tenho ótimas notícias para o senhor, governador. — Choi afirmou —
Partiremos em nossa missão ao amanhecer.
— Ótimo.
A conversa seguia-se animada durante o jantar. Pelo menos entre os
Alfas, pois o Ômega parecia mais como uma decoração. Parado e bonito.
Não ousava falar sem que alguém se dirigisse à ele.
— Confesso que por um momento imaginei que o fato dele ser pelo
menos vinte anos mais jovem, você talvez não ficasse interessado nele. —
Comentou o governador como se seu filho fosse uma mercadoria e não
estivesse alí, ouvindo tudo.
A resposta que veio do Tenente, quase fez Jisung vomitar:
— Ômegas são como as frutas, quanto mais jovens melhores, em minha
opinião.
O Comodoro riu.
— Que conversa estranha. Você come frutas verdes, Jo? — e voltou-se
para o governador — Com todo respeito, senhor.
O governador fez um gesto com a mão indicando que estava tudo bem,
enquanto tomava de seu vinho.
— Eu discordo. Prefiro as frutas maduras — Shinsung admitiu e o
Comodoro levantou seu cálice concordando.
— E você, Jisung — Choi finalmente se dirigiu ao Ômega —, precisa
ficar maduro rapidamente, para meu amigo apressadinho poder colhê-lo.
— Não sou uma fruta, sr. Choi. Sou um ser humano. Se o sr. Jo está
interessado em uma, pode simplesmente adquiri-la no mercado da cidade.
— Touché. — O Comodoro olhou para seu amigo e sorriu — Suas
comparações não agradaram seu noivo.
O governador deu de ombros, mas aquela resposta não agradou o
Tenente. Ele desceu a mão por baixo da mesa e agarrou a coxa do Ômega,
com bastante força capaz de deixar uma marca. Jisung sobressaltou
assustado e olhou para o Tenente com os olhos arregalados.
— Nada como uma boa mão firme para educar nossos Ômegas.
— Está insinuando que meu filho não foi bem educado, Tenente? — o
governador indagou ofendido — E o que quis dizer com mão firme?
Pretende agredir meu filho? Não vou admitir isso.
— Não, nada disso senhor. — O Tenente intensificou o aperto na coxa do
Ômega e Jisung engoliu um chiado doloroso, seus olhos já estavam
lacrimejando outra vez — Pretendo tratar seu Ômega com a maior
delicadeza possível.
— Fico feliz em ouvir isso — Park Shinsung suspirou aliviado, sem
imaginar o mal que aquele Tenente fazia ao seu filho naquele momento —
Meus filhos são os meus maiores tesouros. Minha intenção é acima de tudo,
que eles sejam felizes e bem tratados.
— Ele com certeza será muito bem tratado. — o Tenente subiu a mão até
estar próxima a virilha do Ômega e apertou novamente — Serei muito
gentil e cordial com minha frutinha.
O governador assentiu satisfeito e logo voltou a atenção ao Ômega, que
estava explicitamente incomodado com algo.
— Está se sentindo bem, filho?
— Papai… — O menino soluçou e engoliu tentando prender o choro.
Quando o governador se levantou de sua cadeira caminhando preocupado
até o Ômega, o Tenente Jo o livrou de seu aperto asqueroso.
— Filho, você está pálido.
— Eu não estou me sentindo bem. — Jisung confessou — Posso tomar
um pouco de ar lá fora?
Sua voz estava trêmula e ele mantinha a cabeça baixa e a mão na boca,
para continuar segurando o choro e a imensa vontade de vomitar.
— Claro meu filho, tenho certeza de que o Tenente não se incomodará
com isto. — Jo assentiu e Park Shinsung ajudou o filho a se levantar,
puxando sua cadeira para trás — Quer que eu o acompanhe?
— Não… — Jisung esquivou-se de seu pai e correu em direção a entrada
principal.
Parado na varanda, o Ômega liberou o ar que estava preso em seus
pulmões e com ele algumas lágrimas desceram. Um barulho de metal
raspando chamou sua atenção, e ele olhou para o lado. Havia um Alfa
sentado próximo à uma coluna, afiando a lâmina da sua katana com uma
pedra, fitando-o com olhos castanhos e profundos. Sua expressão estava
entre surpreso e curioso.
A troca de olhares foi rápida. Jisung ouviu passos logo atrás e pensando
se tratar do seu pai, ele correu na direção do jardim para se esconder. Mas
foi o Tenente Jo que saiu em sua busca.
— Jackson — o Tenente se dirigiu ao Alfa que afiava sua katana — viu
um Ômega passar por aqui?
— Não.
— Tsc... Esteja pronto, partiremos ao amanhecer. — Jo voltou-se para
dentro.
Jackson olhou na direção ao jardim mas não viu nem sinal do Ômega.
Ele então voltou a tarefa de aprimorar sua arma.
Continua...
[23] Impacto das Ações
Reescrito
☠
Na manhã seguinte, porto estava bastante movimentado, por marinheiros
que seguiam carregando provisões para a longa viagem que fariam e
também alguns mercadores que comercializavam por ali. Jackson convocou
alguns dos melhores capangas que conhecia para acompanhá-lo. Eram os
piores criminosos da região; ladrões e assassinos. Alfas de aparência vil e
com modos rudes. Mas o caçador não estava preocupado com isso, já que
os mercenários eram capazes de fazer qualquer coisa mediante pagamento
em prata.
Os Alfas levavam barris cheios de bebidas para dentro da embarcação.
Estavam abertamente felizes e satisfeitos por enfim voltarem a encher seus
bolsos. Um dos que carregavam as provisões esbarrou no Tenente Jo, quase
lançando-o ao chão.
— Olha por onde anda, marginal! — o Tenente resmungou enfurecido.
A resposta veio através de um rosnado animalesco e uma cuspida no seu
sapato lustroso.
— Porco fardado! — rugiu o bandoleiro.
Outros Alfas do bando riram da cena.
— Por que esses sujeitos precisam ir conosco? — um oficial questionou
ao Comodoro. — Eles não tem modos. Parecem animais.
— São peças descartáveis, Siwon — O Comodoro respondeu
calmamente e acenou com a cabeça para o caçador, que estava examinando
seus pertences do outro lado. — São eles que farão todo trabalho pesado, e
felizmente morrerão em nome da causa. E toda a glória ficará para nós.
O oficial riu assentindo.
— Captei a vossa mensagem.
☠
Como em todos os dias, desde que se juntou oficialmente à tripulação,
Jimin desceu até o convés inferior e seguiu até a passagem que levava à
cozinha para ajudar Junbuu. Na porta, ele encontrou o Alfa espadachim, e
obteve certa dificuldade para poder passar pelo mesmo.
— Não pode passar, loirinho — Yoongi afirmou pela segunda vez. —
Não insista.
— Mas por que não?
— É, por que não? — Scott se aproximou de ambos e cruzou os braços.
— Por que o Capitão não deixa ele descer?
— Como assim? — Jimin questionou confuso, mas Yoongi não lhe deu
atenção e girou para o outro Alfa:
— É uma ordem. Tudo o que você precisa fazer é obedecer.
— E o Sven que se dane! Se fosse o Capitão aposto que iríamos atracar
em algum porto... — Jimin se aproveitou da pequena discussão entre os
Alfas e tentou passar de fininho, mas Yoongi esticou o braço e o puxou de
volta, enquanto ainda fitando os olhos furiosos de Scott. — Ah, quer sabe?
Foda-se.
Yoongi e Jimin observaram o Alfa voltar para a coberta superior, pisando
duro. O Ômega então se voltou para Yoongi:
— Eu poderia passar por você, mas não quero. — Yoongi riu
desacreditado, mas nada falou, e Jimin saiu atrás de Scott.
O Ômega encontrou-o mexendo nos caixotes do convés. Parecia estar
furioso, então Jimin permaneceu afastado alguns passos e o chamou
cuidadoso:
— Scott?
O Alfa ergueu os olhos para fitá-lo. Por mais que estivesse chateado com
a situação, sabia que Jimin não era culpado de nada, quando ouviu chamá-
lo com um tom de voz tão doce e viu seu olhar curioso, ele respirou fundo
tentando afastar a raiva, para não tratá-lo com a grosseria que não merece.
— Sim?
— Você sabe por que o Capitão não quer que eu desça para as cobertas
inferiores?
— Sei — Scott largou as ferramentas que estavam dentro do caixote e
girou para encará-lo. — Meu irmão está em seu período de rut. Sua
presença neste navio é como uma tortura para ele. O coitado está neste
momento sentindo seu cheiro doce, e o desejando mais do que tudo. Ele
está sofrendo, Jimin.
— M-mas Scott, eu sou do Capitão. — Jimin respondeu, constrangido.
— Não posso… você sabe…
— Mas não estou vendo nenhuma marca em você.
— No meu coração eu pertenço à ele. É como eu desejo, não preciso de
uma marca para provar isso.
— Escute, não me entenda mal. Eu não quero que Sven o estupre. Mas
você poderia dar uma mãozinha à ele, se é que me entende…
Jimin abriu a boca e ergueu as sobrancelhas indignado com a proposta.
Ele não soube o que responder. Mas não conseguia enxergar a diferença.
Para ele, em todo o caso, ainda seria como um abuso.
— Scott! — A voz do Capitão soou como um estrondo do convés
superior.
O Alfa sentiu seu corpo paralisar. Foi como se sua vida estivesse
passando diante dos seus olhos. Lentamente, ele girou para encará-lo.
— Sim, Capitão?
— Quando eu pedi para que me trouxesse as ferramentas, estava me
referindo para hoje mesmo, não na semana que vem.
— Estou indo. — Scott voltou-se para a caixa e erguendo-a do chão,
seguiu para as escadas.
Jungkook, que estava com um semblante sério no rosto, levou o olhar até
o Ômega e suavizou as feições, sorrindo e piscando com um olho. Jimin
mordeu o lábio e sorriu de volta. Mas quando o Capitão lhe deu as costas,
logo o que Scott havia dito começou a incomodá-lo fortemente.
Mesmo que não fosse sua intenção, ele estava contribuindo para o
sofrimento do pobre bucaneiro. Então se tivesse algo que Jimin pudesse
fazer, ele o faria. Ele passou os olhos pelo convés, ponderando no que
poderia ser feito, mas não conseguiu pensar em nada que ajudasse de fato.
Mas quando viu Taehyung observando algum lugar distante com sua luneta,
ele logo seguiu em direção à ele.
O navegador é inteligente, logo saberia o que fazer.
— O que tanto vê de interessante? — O Ômega questionou se colocando
ao lado dele.
— Veja você mesmo. — Taehyung sorriu entregando o objeto ao outro.
Jimin pegou a luneta e elevou com curiosidade. Ele viu uma grande faixa
de terra ao longe e outras pequenas ao seu redor.
— Por que não podemos ancorar?
— Porque essas terras são um pouco... bem, há muitos animais estranhos
e não catalogados por aqui. Essas ilhas estão repletas de criaturas mortais, o
que se sabe é que ninguém que tenha ido até lá voltou vivo para contar as
histórias.
— Se ninguém voltou, como sabem dos perigos que tem lá?
Taehyung olhou para ele e sorriu dando de ombros.
— Você é inteligente. Mas é o que dizem, sabe?
— Sim… uhm, eu preciso da sua ajuda.
— Pode falar.
— O Sven está trancado no porão...
— Eu sei. É o que acontece com todos os Alfas da tripulação quando
entram em no período do rut. Bem, alguns...
— Sim, o Capitão… já explicaram isso.
— Namjoon, Yoongi e Hoseok também não passam por isso sozinhos. Jin
ajuda nosso contramestre. E eu… — Taehyung umedeceu os lábios. — Eu
tenho trabalho em dobro.
— Oh… eu não quero ofender mas, nesse período particular de um alfa,
eu pensei que apenas um Ômega era capaz de…
— Satisfazê-los? — Jimin assentiu, envergonhado. — Não ofendeu. Você
tem razão em parte... eu não sei o Jin, mas eu dou conta, sabe?
— Sim...
— Você é muito adorável. — Taehyung riu da expressão envergonhada
do Ômega. — Mas não entendi no que você quer a minha ajuda
exatamente.
— Scott contou que a minha presença é como uma tortura para o Sven.
Então eu pensei que você soubesse de alguma coisa que pudesse ser feita…
mas agora que vi aquelas ilhas, talvez eu possa descer um bote e ficar por lá
esses dias.
— É muito nobre da sua parte. Entendo que queira ajudar e eu mesmo o
levaria e ficaria com você lá, mas só se o Capitão deixar. E eu acho difícil
que ele permita isso.
— Podemos ir escondidos.
O Beta comprimiu os lábios.
— Sinto muito, Jiminie. Mas sem a permissão do Capitão, eu não posso
fazer nada.
Jimin suspirou derrotado, mas entendia a situação do Beta. Até admirava
sua lealdade. Ele o deixou a observar as terras envoltas de mistérios e
seguiu cabisbaixo pelo convés. Jimin olhou para os botes e as grossas
cordas que o prendiam nas laterais do navio, pensando consigo mesmo que
não precisava da ajuda de ninguém. Olhou para os lados e quando percebeu
que ninguém estava por perto, tentou libertar os botes. Bufou irritado depois
de longos minutos na tentativa frustrada de desfazer os malditos nós.
Estavam muito firmes.
— O que está aprontando? — Ouviu a voz do contramestre e quase teve
um ataque cardíaco.
— Eu só estava conferindo se os nós estavam firmes.
— Mentira — Namjoon se aproximou vagarosamente, e Jimin retrocedeu
alguns passos. — Fale o que está fazendo, Ômega.
Ele viu que Jimin estava com medo e parou cruzando os braços,
esperando pela resposta. De repente, algo passou pela cabeça do Ômega;
Namjoon nunca gostou dele, então seria possível obter a sua ajuda se ele
contasse sobre sua verdadeira intenção. Era isso, ou o Alfa recorreria ao
Capitão, na intento de obter sua confiança outra vez.
— Eu estava tentando descer um dos botes e acampar em uma daquelas
ilhas até que o rut do Sven passasse. — falou firme, com o rosto erguido.
Namjoon ficou calado durante alguns segundos, estudando as feições do
Ômega. Algum tempo depois, ele articulou:
— E ia fazer isso escondido do Capitão, eu suponho.
— Ele não se mostrou muito preocupado com a situação do Sven.
— Não é apenas ele. Ninguém liga. Por que você se importa?
— Porque é desumano! Se eu desembarcar ajude um pouco no
sofrimento dele, então eu preciso fazer isso.
Namjoon o estudou desconfiado. O Ômega estava apenas com uma
pequena faca em sua posse, era muita inocência da sua parte pensar que
estaria seguro se fosse sozinho para aquelas ilhas, portando apenas uma
simples adaga. Mas havia sinceridade em suas palavras.
— Vá em frente. Estamos ancorados.
Jimin o olhou surpreso.
— Não vai mesmo me impedir?
— Não.
Desconfiado, o Ômega se voltou para as cordas, com o contramestre
ainda observando com seus braços cruzados.
Novamente ele não conseguiu desatar os nós.
— Será que você poderia me ajudar? — Jimin perguntou receoso e
pronto para receber um sonoro não.
Mas o Alfa revirou os olhos e Jimin se afastou rapidamente, saindo de
seu caminho quando ele se colocou a desfazer os nós que prendiam o bote,
e o desceu devagar.
— Desça e espere por mim. Vou buscar algumas coisas que iremos
precisar.
Jimin o olhou confuso mas antes que a pergunta saísse de sua garganta, o
Alfa se afastou e desceu para as cobertas inferiores. Jimin então olhou para
os lados, e como ninguém o observava, ele desceu e se acomodou no
barquinho, aguardando o Alfa assim como ele havia lhe dito. Um tempo
depois, Namjoon apareceu lá no alto e desceu pelas cordas trazendo consigo
algumas provisões.
— Você também vai? — Jimin perguntou surpreso e o Alfa confirmou,
balançando a cabeça.
— Essas ilhas são perigosas para um Ômega sozinho.
— Você se preocupa comigo…
— Não se iluda. Você é o único Ômega lúpus que temos no momento.
Não seria inteligente da minha parte deixá-lo se matar, quando dependemos
de você para decifrar o mapa.
Jimin suspirou entristecido. Ele ficou quieto, observando Namjoon pegar
dois remos e levá-los na direção das ilhas.
Continua...
Obg Mxltixbabe pela arte linda ❤
[24] Clandestino Inesperado
Reescrito
☠
O capítulo possui TENTATIVA de estupro.
Vou deixar isso aqui ⚠ pra marcar quando começa e quando
termina a cena ❤
Boa leitura:
☠
Dias após zarpar da baía coreana, a frota da Marinha Real seguia com
uma mínima ideia de onde seus inimigos poderiam estar. A última
localização exata que tinham, era próximo da ilha onde Jimin fôra
encontrado. Ao ser deixado boiando à deriva, o Comodoro tinha apenas a
certeza de que o Black Swan seguiu navegando para o sul.
— Estamos à toda velocidade, senhor.
— Ótimo — respondeu o Comodoro. — Onde está o caçador ?
— Acredito que em seus aposentos.
— Excelente. Não lhes passem qualquer informação sobre localizações
ou nossos planos. E fiquem de olho naqueles selvagens.
— Sim, senhor.
Choi estava obviamente se referindo aos bandoleiros contratados por
Jackson. A eles foram atribuídas as acomodações do porão de carga, onde
dormiam em redes no aperto dividido com os suprimentos. É claro que
esses Alfas não permaneciam todo o tempo no abafado do porão, e subiam
para os pisos superiores, onde bebiam e farreavam vulgarmente, para
infortúnio dos marinheiros. Ninguém era capaz de controlá-los a não ser o
próprio Jackson, e este não se importava com o bem estar dos oficiais da
Marinha, deixando com que aqueles Alfas bárbaros fizessem o que bem
entendessem.
Durante o jantar, um dos oficiais teve a coragem de exigir do caçador um
posicionamento mais firme sobre os Alfas criminosos.
— Você trouxe um zoológico para dentro do nosso navio. Bestas
imundas! — o marinheiro acusou, enquanto o caçador comia
tranquilamente. — Controle-os.
Os Alfas bandoleiros rosnaram mas na presença de Jackson, nada fizeram
além de proferir ameaças e xingamentos.
— Agora entendo porque não conseguiu recuperar seu Ômega,
Comodoro Choi — O caçador afirmou em tom de zombação. — Seus Alfas
são fracos, deveriam estar em casa assando biscoitos e fazendo bordados.
Os bandoleiros gritaram e deram altas gargalhadas, zombando dos
marinheiros, enquanto estes ameaçavam inutilmente jogá-los ao mar.
— E você acha que sua vida é melhor que a nossa, caçador ? — Jo se
pronunciou. — Nós somos os verdadeiros afortunados. Choi e eu vamos
nos casar com os filhos do governador. Ômegas no qual você nunca terá a
chance nem de olhar, sequer. Continue na companhia desses bastardos
imundos, que nós ficamos com nossas beldades.
— Pobres Ômegas... aposto que eles possuem mais virilidade do que
vocês dois teriam em dez vidas — Jackson se levantou e caminhou até a
mesa em que os oficiais estavam. Temerosos, alguns logo sacaram suas
pistolas, e o caçador parou com um sorriso debochado e as mãos erguidas.
— Se precisar de um Alfa de verdade na sua noite de núpcias, ajudarei com
enorme prazer.
Jogando seu prato e caneca em uma das bacias, o caçador foi o primeiro a
se retirar da cozinha, deixando para trás o Tenente Jo quase borbulhando de
raiva. Ele passou um tempo pelo convés, observando o céu noturno e cheio
de estrelas, e logo depois recolheu-se em seus aposentos.
Assim que deitou em sua cama, lembrou-se do Ômega loirinho que o
fitou com aqueles olhos assustados e saiu correndo, sumindo entre os
jardins. No mesmo instante, afastou o pensamento estranho e aleatório,
fechou os olhos e adormeceu. Mas não demorou muito até ser desperto
ouvindo uma voz muito estranhamente presente. Ele abriu os olhos de
modo repentino e apontou a sua pistola na direção da porta. Jackson riu de
si mesmo, acreditando que se tratava de um pesadelo e quando estava
prestes a voltar a dormir, ouviu a voz e o que ela dizia, agora com mais
clareza:
— Não! Eu não quero me casar... não!
Era a voz de um Ômega jovem e se seus sentidos não estivessem
enganados, ele estava embaixo de seu leito.
Jackson desceu da cama e agachou-se para espiar debaixo dela. Como ele
havia desconfiado, realmente havia um Ômega embaixo da sua cama, e não
era qualquer Ômega, era o loirinho que vira na casa do governador. Ele
guardou a pistola e foi até a beirada da cama, segurou os pés do Ômega e o
puxou para fora do seu esconderijo. Com o movimento brusco, Jisung abriu
os olhos assustado e ficou ainda mais apavorado quando viu aquele Alfa
intimidador olhando-o com os braços cruzados.
— O que está fazendo aqui? — O menino permaneceu calado, todo
encolhido e morrendo de medo. — Vamos, explique-se.
— M-meu pai diz que não devo falar com estranhos. — Foi o que disse,
encolhendo os ombros.
O Alfa revirou os olhos.
— Você é Park Alguma Coisa e eu sou Jackson Wang. Estamos
apresentados. Agora diga-me, o que estava fazendo embaixo da minha
cama? Não sou tão paciente quanto aparento.
— Jisung.
— O quê?
— Meu nome é Jisung.
— Certo, Jisung. Mas ainda estou esperando uma explicação.
O menino se levantou, segurando uma bolsa.
— Eu fugi de casa, para encontrar meu irmão e ficar com ele.
— E pretendia fazer isso escondido embaixo da minha cama. Como iria
se alimentar? — Jackson olhou para a sacola na posse do Ômega e com um
puxão brusco tomou-a dele. — Pão, alguns biscoitos, um pouco de água...
— Foi listando as poucas coisas que tinha dentro. — Acha que ia
sobreviver com apenas isto durante semanas no mar? É muito inocente,
garoto.
— Não. Isso foi o que consegui trazer comigo escondido.
— E o que iria comer quando acabasse suas provisões? Os ratos que
conseguisse capturar embaixo da cama? — Jisung apenas comprimiu os
lábios e abaixou a cabeça— Vou levá-lo para seu noivo.
— Não! Por favor, deixe-me ficar escondido.
Jackson entendia o motivo dele ter fugido, qualquer um o faria se fosse
noivo do Tenente Jo ou do Comodoro. Seja lá qual fosse o seu noivo, eram
duas lástima.
Mas ele não tinha nada a ver com isso. Durante toda a vida ele viveu
como um lobo solitário, agindo de acordo com suas próprias vontades e
fazendo diversos tipos de coisas para garantir sua sobrevivência. Para
manter-se vivo durante todo esse tempo, o caçador aprendeu a não tomar as
dores de ninguém. Ele não se importava com ninguém além de si mesmo.
Então sem nenhum peso na consciência, ele se encaminhou até a porta e a
abriu.
— Vamos.
— Por favor?
— Você vai sair sozinho ou prefere que eu o coloque para fora?
Seu olhar era irredutível e não havia nada que Jisung pudesse fazer.
Chegara o fim de sua jornada. Eles voltariam a Coréia e quando seu pai
soubesse de seu comportamento vergonhoso, o manteria trancafiado em seu
quarto até chegar o dia de sua sentença; o casamento com Tenente Jo.
Com os ombros caídos, ele saiu do cômodo passando pelo Alfa e sendo
seguido de perto pelo mesmo. No mesmo corredor, Jackson bateu na porta
do primeiro quarto em que vira, e foi justamente o do Tenente Jo.
— O que-... Jisung? — o Tenente olhou o Ômega com espanto e voltou a
atenção para o caçador. — O que está fazendo com meu noivo?
— Ele estava escondido no meu quarto.
— Por que? Como ele conseguiu entrar no navio?
— Pergunte isso à ele... se me der licença eu pretendo dormir ainda hoje.
— Jackson girou sobre os calcanhares e voltou para seus aposentos, sem ao
menos olhar para trás.
Ele fechou sua porta e dormiria o sono dos justos. Sem nenhum remorso.
Jo escancarou a porta e apontou para dentro do quarto.
— Entre — O Ômega suspirou e fez o que o Tenente havia mandado.
Após alguns passos para o interior do cômodo, ele ouviu a porta ser fechada
e ficou parado ao ouvir os passos do Alfa logo atrás. — Então, o que faz no
navio? Ah, não precisa responder, eu já sei. Estava tão ansioso quanto eu
para nos vermos, não é mesmo?
Jisung não respondeu, ao invés, fez uma outra pergunta por cima:
— Vai me levar de volta à Coréia?
— Não… — O Tenente foi direto, devorando o corpo do Ômega com os
olhos. — Confesso que essa maldita viagem vai me sair melhor do que eu
previa. Deite-se na cama.
— Estou sem sono.
O Alfa sorriu e inspirou profundamente, o leve cheiro de lavanda do
Ômega.
— Obedeça seu noivo. — Derin ordenou com voz calma e paciente, mas
com um certo tom de comando — Deite-se.
⚠
Sem ter o mínimo conhecimento sobre o que o Alfa pretendia, Jisung
sentou-se primeiramente e aos poucos foi inclinando as costas, até estar
completamente deitado sobre o colchão. Alarmou-se quando o Jo subiu na
cama e tentou erguer corpo, mas o Alfa espalmou em seu peito, fazendo-o
se deitar outra vez, ao passo que ficava de vez sobre dele.
— O que está fazendo? — Jisung questionou ficando assustado com
aquela investida do Tenente.
Já sentia medo dele desde seu comportamento completamente repulsivo
durante o jantar na casa do governador. Agora temia que ele fizesse algo
pior, dessa vez, não teria ninguém para auxiliá-lo.
— Shhh... — O Tenente inclinou o corpo para frente, até manter o
Ômega encaixado entre seus braços. E mesmo que Jisung o empurrasse
fortemente, Jo permaneceu no mesmo lugar, mantendo-o sob seu domínio.
— É um presente dos deuses.
— Por favor, não...
— Fique quieto — Ordenou Jo, calando-o com um dedo em seus lábios.
— Vamos nos casar de qualquer jeito, eu tenho esse direito. Não quero
esperar até que um padre diga quando posso tocar em meu Ômega... quando
posso fazê-lo agora.
— Eu não quero. — Jisung tentou impor-se com mais ímpeto contra o
Alfa, acertando alguns golpes contra ele.
Sem nenhum esforço, Derin bloqueou seus ataques. Estava exalando
fúria e tentava inutilmente encondê-la, quando rosnou cada palavra:
— Tsc, tsc, tsc... se lutar vai ser pior. — Ele fechou os olhos e inspirou
outra vez o aroma de lavanda, e os abriu novamente quando ouvir o Ômega
fungar baixinho — Ah, meu querido, pode chorar. Assim eu fico mais
excitado...
Quando o Tenente curvou o rosto para frente no intuito de beijá-lo,
Jisung virou o rosto para o lado, tentando ao máximo fugir de sua investida.
O Tenente mal teve tempo para repreendê-lo, quando ouviu batidas em sua
porta.
— Quem é? — Derin rugiu cheio de ira.
— Sou eu, senhor, Diwon — o oficial identificou-se e continuou logo em
seguida: — Interceptamos uma embarcação mercante, eles dizem ter sido
abordados por um navio pirata de velas negras, e juram que foram a
tripulação do Black Swan. Senhor, eles... eles estão todos sem os dentes.
— Diga ao Choi que já estou indo.
— Sim, senhor.
Derin bufou frustrado e voltou sua atenção ao Ômega.
— Eles nos interromperam meu querido, mas eu logo irei retornar para
continuarmos de onde paramos — Ele aproximou os lábios do seu ouvido e
avisou: — Estamos cercados pelo oceano, não há nenhum lugar que possa
ir. Quando eu voltar, espero que você ainda esteja deitado do mesmo modo
em que o deixei. Se eu voltar aqui e não encontrá-lo em minha cama, vou
fazer com que se arrependa... você entendeu, minha frutinha?
O Ômega apenas assentiu balançando a cabeça, mantendo os olhos
fechados. Jo sorriu satisfeito e saiu de cima dele, saindo do cômodo em
seguida. Jisung permaneceu parado na mesma posição em que estava, até
que sua respiração foi se tornando mais calma, a medida que seus
pensamentos retornavam para o lugar. O choro se tornou mais alto e os
soluços quase incontroláveis. Ele se sentou na cama e colocou as mãos
contra a boca, tentando se recompor.
⚠
“O que Jimin faria ?” — questionou-se mentalmente.
A resposta veio logo a seguir com suas ações. Ele se levantou e seguiu
sorrateiro até a porta, com medo de que a qualquer momento o Tenente Jo o
encontrasse fora da cama. Quando abriu a porta e espiou o corredor,
suspirou aliviado ao notar que estava completamente vazio.
Sem pensar direito no que estava fazendo, ele seguiu pé ante pé até o
quarto do caçador, já que foi o único Alfa em que o menino não notou
nenhum tipo de olhar depravado sobre o corpo dele. Decidido a barganhar
pelo auxílio de Jackson, Jisung bateu em sua porta algumas vezes mas não
obtendo resposta, resolveu girar a maçaneta e entrar.
— Sr. Jackson? — Chamou baixinho, e logo descobriu segundos após,
que o Alfa dono daquele quarto não estava lá.
Jisung encostou a porta novamente. Ainda sem saber o que fazer, ele
olhou ao seu redor e resolveu se sentar no chão, no cantinho entre a parede
e uma cômoda. Ainda chorando silenciosamente, ele aguardou por seja lá
qual for o Alfa que entrasse naquele cômodo.
Continua...
Eu vou começar a deixar a posição atual das embarcações principais,
só pra vocês terem uma certa ideia de onde eles estão, caso alguém
esteja perdido quanto à isso.
Sempre que eles mudarem de posição, ou surgir outra embarcação
principal, eu volto com o mapinha pra atualizar.
Frota da Marinha Real - X azul.
Black Swan - X preto.
Imagino quem alguém esteja se perguntando como a tripulação sabia
que era o terceiro fragmento quando encontraram na caverna.
Bom, eles não sabiam kkksj conseguiram o pergaminho através de
informações que Hoseok obteve de que havia um dos fragmentos no
Triângulo da Morte.
Julgaram ser o certo apenas pelos riscos disformes e figuras
parecidas com os demais fragmentos que eles já possuíam.
E deram sorte.
Foi apenas isso.
[25] Animais Fantásticos
Reescrito
☠
Com os olhos inchados de tanto ter chorado, e a marca das lágrimas secas
sobre as bochechas, Jisung sobressaltou ao ouvir a porta ser aberta. Ele se
encolheu ainda mais no cantinho de seu esconderijo, temendo ser o Alfa
Tenente que veio a sua procura. Estava com a cabeça baixa quando ouviu os
passos se aproximarem, e o sujeito parar próximo a ele.
“Será que ele não me viu?” — perguntou-se. Tomado por um pouco de
coragem, o Ômega ergueu a cabeça e seu coração quase pulou para fora do
peito, quando viu o Alfa caçador o encarando com os braços cruzados e um
semblante sério.
— Você de novo. — Jackson proferiu.
Jisung suspirou cansado.
— Não me leve de volta para ele.
— Eu não me importo com seus dramas, Ômega. Agora levante-se, antes
que eu perca o último resquício de paciência que me resta.
— Por favor, eu imploro sr. Jackson — O Ômega se colocou de joelhos e
juntou as mãozinhas, em uma atitude completamente desesperada ele pediu
enquanto voltava a chorar pesadamente: — Faço o que o senhor quiser...
deixe-me escondido aqui ou apenas me mate, mas não me faça voltar para
ele
Jackson ficou surpreso com aquelas palavras tão pesadas, para serem
ditas pela boca de um Ômega tão jovem. O que poderia ter acontecido de
tão grave, para que aquele pequeno estivesse tão desesperado a ponto de
preferir a morte.
— Tudo bem, apenas pare de chorar. — O Alfa suspirou.
— Vai me deixar ficar?
— Pare de chorar e levante-se desse chão sujo — Jisung fez como ele
disse, ficando de pé e limpando suas vestes. — Sente-se na cama.
Aquelas palavras despertaram medo no Ômega e ele voltou alguns passos
para trás, encostando-se na parede.
— Prefiro ficar em pé.
— Que seja — Jackson deu de ombros e puxou uma cadeira para sentar-
se de frente para o Ômega. — Agora conte, por que prefere ficar no meu
quarto ao invés de ser entregue ao seu noivo?
— Ele me quer em sua cama. Quer fazer coisas com o meu corpo, contra
a minha vontade. Ele tentou fazer isso mas um oficial apareceu chamando
ele e mencionou algo sobre o Black Swan e marujos sem dentes.
O caçador franziu o cenho confuso, mas logo se levantou e caminhou até
a porta.
— Espere! — o Ômega pediu. — Você vai chamá-lo?
— Não. Espere aqui, eu já volto.
— Mas e se ele aparecer aqui?
— Apenas eu tenho a chave — Jackson hesitou, apontando para a cama.
— Pode descansar na minha cama... ou no chão se achar mais confortável.
Antes que o Ômega pudesse agradecer, a porta foi trancada, deixando-o
sozinho.
☠
Reescrito
☠
Os marinheiros que circulavam trabalhando pelo convés, eram castigados
pelo calor vindo dos raios do sol. A temperatura estava fortemente elevada,
deixando o tempo seco e difícil para respirar. Eles olhavam com caras feias
para os Alfas bandoleiros, enquanto estes, continuavam com sua exibição
de grosseria e imundice.
— Onde está o meu Ômega? — Jo rosnou exacerbado assim que viu o
Comodoro Choi conversando com o caçador.
— Do que está falando? — Choi indagou.
— Jisung não conseguiu se conter de saudade, e se escondeu no navio
para me ver — Jo mentiu, explicando ao seu superior. — Ele estava com
este infeliz. Eu o deixei no meu quarto e agora ele não está mais lá.
— Está no meu quarto. — Jackson admitiu.
— Espera... Park Jisung está a bordo deste navio? — Choi perguntou
ainda sem entender a situação e o Tenente assentiu — Temos que voltar.
— Estamos muito longe. Isso atrasaria a missão em dias, semanas, talvez
até meses. Sou seu noivo, ele ficará sob a minha guarda. Traga-me ele aqui,
caçador, ou então eu o buscarei à força.
— Você não vai querer fazer isso. — Jackson sorriu de canto, pousando a
mão no cabo de sua katana.
— Devolva o Ômega ao Tenente, sr. Wang. Sua missão é apenas resgatar
Park Jimin, e trazer a cabeça do Capitão Jeon.
— Para esse porco o molestar?
— Jo? — o Comodoro olhou chocado para o seu amigo.
— Ele é o meu noivo.
— Então é verdade? O que tem na cabeça Jo?!
— Ah! Que se dane as doutrinas do clero. Nós vamos nos casar!
— Não se você estiver morto. — Jackson acrescentou.
— Está vendo — O Tenente apontou para o caçador. — Veja o tipo de
gente que você arrumou.
— É o tipo de gente que fará com que tenhamos êxito em nossa missão.
Jo revirou os olhos colérico e voltou-se ao caçador:
— Por que atrapalha os meus planos? Você não é nada dele!
Jackson deu de ombros.
— Sei lá. Não fui com sua cara.
— E o que nos garante que você não vai fazer nada com ele?
— Eu não preciso forçar um Ômega para que ele se deite em minha
cama. Eles o fazem por vontade própria.
— Deixe-nos à sós, Jo. — O Comodoro pediu
— Mas, Choi-...
— Agora.
O Tenente lançou um último olhar ameaçador para Jackson, e se retirou a
mando de seu superior.
— Vou permitir que o Ômega fique aos seus cuidados, mas apenas com
uma condição.
— Não me lembro de ter pedido sua permissão.
— Certo, apenas me escute... aqueles Alfas estão deixando esse navio
com cheiro de algum animal morto. Isso não se diz respeito apenas à nós da
Marinha, mas a todos que estão a bordo. Todos sabemos o que acontece
quando uma moléstia se abate sobre a tripulação de um navio.
— Tudo bem, darei um jeito nisso.
— Obrigado. Faça sua parte e eu manterei o Tenente Jo longe do Ômega.
— Ora, não consegue nem controlar seu próprio Ômega, vai conseguir
manter aquele porco na linha... — Jackson comentou rindo do Comodoro e
se voltou aos bandoleiros: — Limpem o convés, seus bastardos!
Em menos de um segundo, os Alfas pararam o que estavam fazendo e
correram para pegar baldes e esfregões, para limpar a própria porqueira que
haviam deixado por lá.
Jisung estava lendo um pequeno livro de bolso, quando escutou o
sapateado dos marujos no piso logo acima. Ele ignorou o barulho repentino
e voltou a sua leitura. Ouviu um outro barulho, dessa vez na porta, e pensou
que se tratava do caçador, mas logo fortes golpes na madeira fizeram seu
coração acelerar e o medo começar a dominá-lo.
— Sei que está aí, Jisung — Era a voz do Tenente Jo. — Abra a porta e
eu prometo que não vou machucá-lo.
O Ômega arregalou os olhos, suando frio. Sua respiração tornou-se
acelerada e o coração ameaçava saltar para fora do peito a cada segundo
que se passava. Ele não acreditou nas palavras mentirosas daquele Alfa,
mas temia que o Tenente conseguisse derrubar a porta. Houve um minuto
de silêncio, e com a ausência de resposta, o Alfa socou a madeira,
enfurecido.
— N-não tenho a chave. — Dominado pelo pavor, o Ômega respondeu.
— Tudo bem... eu vou te dar uma chance, Jisung. Assim que aquele
maldito abrir a porta, venha para o meu quarto. Estarei esperando
ansiosamente.
☠
— Assim que eu sair, você vai correndo, sobe no bote e rema de volta
para o Black Swan. — Namjoon falou apontando na direção da praia.
Sem dar tempo ao Ômega de responder, ele saiu embrenhando-se entre as
árvores rasteiras, contornando os nativos daquela ilha. Sentiu uma picada
no pescoço e acertou uma tapa no irritante mosquito, que não tinha nada de
mosquito. Ao invés, ele puxou um pequeno espinho da derme atingida, a
visão tornou-se escurecida e ele desmaiou. Os dois Alfas que estavam
procurando pelos piratas, se aproximaram de seu corpo largado no chão, e o
estudaram.
— Ele é grande. — Um deles observou em voz alta, passando a língua
entre os lábios.
O outro, por sua vez, apertou as coxas de Namjoon e sorriu com bom
humor.
— E tem muita carne. Vai dar uma bela de uma refeição.
Passos foram ouvidos e mais dos nativos se juntaram à eles.
— Tinrey já tem tudo pronto para o ritual e vocês aqui brincando com a
comida!
— Estávamos estudando as proporções.
— Cadê o outro?
— Uh… — Os nativos entreolharam-se hesitantes. — Ainda não o
encontramos, Bilong.
— Suas bestas quadradas! Vão atrás dele! — Os dois assentiram diversas
vezes com a cabeça, pegaram suas lanças e correram. Bilong voltou-se para
os demais que o acompanhava: — Vamos levá-lo pra aldeia.
☠
Cinco botes se aproximaram da margem, cada um com oito piratas. Eles
foram arrastados e presos em suportes fixos no chão, para que não fossem
levados pelas ondas.
— Não acho que eles estejam aqui — Jared comentou. — Não vejo
nenhum barco por perto, além dos nossos.
— E de quem você acha que são essas pegadas? — Chaerin questionou
apontando para o chão.
— E são muitas — Hoseok acrescentou. — Mais do que apenas dois
pares.
Estavam analisando as pegadas na areia, que levavam a várias direções.
Sendo a principal delas a floresta logo a frente.
— Eles devem ter fugido juntos. — Billy pensou em voz alta e todos os
olhares se dirigiram à Jungkook.
O lúpus abriu a boca para responder aquela afirmação, mas o som alto de
um tambor, com intervalo de dois segundos entre cada batida, o
interrompeu. O som misterioso foi acompanhando por um longo e profundo
toque de flauta feita de bambu, chamando a atenção dele e dos demais.
— Merda! Não, não... — Taehyung andou de um lado para o outro,
olhando na direção das árvores. — Não pode ser.
— O que foi?
— Este toque... — O Beta parou para escutar um pouco mais, analisando
algo em sua mente para obter certeza. — É como descrito nos livros sobre
ritos tribais.
— Por que você leria livros sobre esse tipo de coisa? — Jared indagou.
Taehyung o ignorou e correu agitado até o Capitão.
— São os Kangaroo.
— Que diabos é isso? — o lúpus questionou confuso.
— Um tipo de povo que costumava viver nas terras de Kwanza. Os livros
falam sobre sua total extinção mas agora sabemos porque nunca mais foram
vistos. Estavam vivendo por estas ilhas... Isso é fascinante!
— Provavelmente Namjoon e Jimin foram capturados por eles. Vamos.
— Jeon girou na direção da floresta sendo seguido pelos outros piratas.
— Esperem, vocês precisam saber de duas coisas... — Taehyung
chamou.— Eles são um povo extremamente violento.
— E a outra?
— Eles praticam antropofagia.
— Que merda isso quer dizer? — Jared indagou furioso.
— Eles comem carne humana em parte de um ritual para obter o 'poder'
de seu inimigo.
— E você só diz isso agora?! — Jeon indagou cheio de espanto —
Vamos! Matem todos que entrarem em seu caminho!
O Capitão disparou com pressa para dentro da floresta, sendo seguido
pelos piratas. Yoongi puxou sua katana e fez uma breve dancinha antes de
correr com um enorme sorriso na mesma direção que os demais.
— Credo — Hoseok afirmou. — Esse cara é um sanguinário.
— Eu gosto. — Taehyung comentou ao lado dele.
— Sério? — O Beta assentiu. Hoseok sacou duas das seis pistolas que
portava — Pois hoje eu acordei com vontade de matar! — e correu,
embrenhando-se na mata.
☠
Namjoon estava sentado sobre uma enorme pilha de madeira, com as
mãos amarradas nas costas, presas à um mastro fincado no chão. Ele
despertou quando recebeu uma forte tapa no rosto, e franziu o cenho
quando viu Jimin olhando apreensivo para si.
— O que está fazendo aqui?! — Namjoon questionou furioso e surpreso.
— Eu mandei você correr para praia, entrar no bote e fugir para o Black
Swan!
— Você não manda em mim — Namjoon revirou os olhos enquanto
Jimin tentava cortar as cordar. — Eu vim aqui te salvar seu mal agradecido!
— Cala a boca!
— Cala a boca já morreu, quem manda na minha boca sou eu! —
Namjoon revirou os olhos diante da resposta infantil, enquanto o Ômega
continuava a sua tentativa de libertar o pirata, sem ver o olhar espantado
que o contramestre lançou para algo que surgiu por cima de seus ombros.
Uma sombra apontou atrás de Jimin e no mesmo instante ele sentiu uma
forte dor na região da cabeça, desmaiando logo em seguida.
— Esse aqui a gente pode comer duas vezes. — disse um Alfa nativo da
ilha.
— Pare de inventar coisas e me ajude a amarrá-lo.
Quando acordou, Jimin estava igualmente amarrado sobre uma pira de
madeira ao lado do Alfa.
— Está feliz agora? — Namjoon questionou quando viu o outro
despertar.
— Não. Mas vou ficar assim que ouvir um obrigado seu.
— Porra! — Rosnou.
— Caralho! — Jimin gritou de volta, usando o mesmo tom — Também
sei rosnar!
Namjoon o olhou boquiaberto e no mesmo instante começou a rir.
— O que foi? — O Ômega questionou confuso com aquela reação.
— É realmente uma merda que vamos morrer logo quando eu comecei a
gostar de você.
— Sério? — Os olhos do Ômega brilharam. Namjoon assentiu. — Agora
eu posso morrer feliz. — um nativo se aproximou com mais alguns galhos
secos e os jogou na pira que Jimin estava — Não! Retiro o que disse! Não
vou morrer feliz! Não estou nada feliz! — ele começou a se debater
desesperado, tentando soltar os pulsos.
— Obrigado — Ele parou de lutar ao ouvir o Alfa falar ao seu lado,
calmamente. — Foi uma honra ter navegado com você no Black Swan.
Vários outros nativos surgiram entre passagens e arvores. Alfas, Betas e
Ômegas, e se posicionaram em dois grupos lado a lado e de frente as piras,
com um espaço aberto. Eles começaram a jogar várias folhas de ervas no
chão, e um Alfa velho surgiu no meio deles, se colocando no centro de
todos.
— Uliá, uliá! — O velho exclamou. Estava todo coberto por um tipo de
pó branco e seu cabelo era enorme e chegava até os calcanhares —
Coungshit u boreaul crueaul!
— Iiiiiiiiiiiiiiiihhhhh! — Os nativos gritaram e em seguida começaram a
bater os pés no chão, fazendo barulho com a língua batendo no lábio
superior.
— Junpiyja, burik, aterú! — O velho nativo exclamou erguendo os dois
braços para o céu. — Chisp, jah foks, ku coungshit Kangaroo!
Três crianças, uma Alfa, uma Beta e um Ômega, surgiram na multidão e
caminharam até ele
A Alfa o entregou um filhote de canguru contido por cordas.
A Beta, uma pequena lâmina bastante afiada.
E o Ômega, levou consigo um pequeno recipiente de barro.
Os três saíram deixando o mais Alfa velho sozinho novamente. Os
nativos fizeram silêncio. O homem velho fechou os olhos e murmurou
algumas palavras, em um tom inaudível e muito rapidamente, no antigo
idioma Kangaroo. Em seguida, ele pegou a lâmina, rasgou a gargante do
pobre animal indefeso e despejou todo o sangue no recipiente trazido pela
criança Ômega.
— Iiiiiiiiiiiiiiiihhhhh! — Os nativos gritaram outra vez, batendo os pés
no chão e fazendo o mesmo barulho de antes com suas línguas.
O velho Alfa encheu as mãos em forma de concha com o sangue do
canguru, e passou no rosto. Ele pegou galhos de algumas ervas e separou
em duas porções, uma em cada mão, mergulhou no sangue e começou a
ungir os nativos com aquele sangue. Em seguida, ele começou a dançar,
girar e pular ao redor das duas piras, com seu povo fazendo cada vez mais
barulho, com seus pés e línguas.
Continua...
[27] O Quarto Fragmento
Reescrito
☠
Após todo o ritual dançante, os nativos fizeram silêncio outra vez. O
xamã jogou cada porção de ervas aos pés das piras de cada sacrifício.
Assustado, Jimin automaticamente chutou a parcela que estava próxima
dele. O velho Alfa o olhou com uma expressão muito brava e assustadora,
pegou os ramos e os colocou de volta, dessa vez, em um lugar onde o
Ômega não pudesse alcançar.
O velho, ainda de costas para os nativos, pegou duas pedras e criou fogo
a partir delas, em algumas palhas que estavam no chão. Ele acendeu um
pedaço de madeira e entregou a tocha à um de seus Alfas. Quando o xamã
girou, ficando de frente ao seu povo, ele caminhou até eles, que logo
abriram caminho para que pudesse passar e ficar no centro novamente.
Porém, ele cessou os passos quando viu uma criatura parada do outro lado,
na beira da floresta. Um Alfa estava parado de frente para eles, e uma de
suas mãos empunhava uma longa katana. Linda, afiada e mortal.
— A gente vai viver! — Jimin gritou quando viu Yoongi, e sorriu. O
nativo que segurava a tocha, a largou no chão e empunhou uma arma,
correndo na direção do xamã para protegê-lo. O fogo bateu em alguns
gravetos na pilha em que Jimin estava e ele logo lamentou: — A gente vai
morrer!
Pensando que estavam na vantagem, os Kangaroo correram afoitos na
direção de Yoongi, e então os piratas da tripulação pularam entre as árvores
e a luta se iniciou. Jungkook surgiu por trás de Jimin e usando uma de suas
adagas, ele cortou as amarras que o prendia, e do outro lado, Chaerin fez o
mesmo com Namjoon.
— Quantas vezes eu vou precisar te salvar, hm? — Jimin o abraçou com
força, inalando seu forte cheiro de rosas e o alívio percorrendo todo seu
corpo. Jeon separou o abraço e o encarou com um semblante sério. —
Quando voltarmos para o Black Swan a gente vai ter uma longa conversa.
— Como é bom te ver! — O Ômega exprimiu, ignorando o fato de que
levaria uma grande bronca por ter "fugido" do navio sem que o Capitão
soubesse.
— Hora de treinar tiro ao alvo, coração — Jeon retirou suas duas pistolas
de seu cinto e as entregou ao menor. — Como eu te ensinei... — Jimin
empunhou as pistolas e Jungkook que estava atrás dele, ergueu a mão do
Ômega, apontou para um nativo que se aproximava segurando uma lança e
apertou o gatilho, levando o inimigo ao chão. — Apontar e atirar. Fácil,
não?
Jimin assentiu e logo disparou contra outro nativo que vinha correndo a
esquerda.
Namjoon recuperou suas armas com a ajuda da Alfa, e Jimin se juntou à
eles, deixando Jungkook menos preocupado e podendo agir livremente,
enquanto manuseava com bastante habilidade suas duas adagas. Do outro
lado da batalha, Yoongi deixava uma pilha de corpos pelo chão, conforme
brandia sua katana e dilacerava a carne dos nativos.
Uma figura branca, meio acinzentada chamou sua atenção ao lado, e ele
viu que se tratava do velho xamã que estava dançando momentos atrás. O
xamã estava parado, com os braços esticados para os lados e ambos os
olhos fechados. O espadachim se aproximou com cautela, com o cenho
franzido se perguntando o que aconteceu com aquela criatura estranha, para
ficar parada daquele jeito.
Devagar, Yoongi inclinou o rosto para frente até estar bastante próximo
do rosto dele, e de repente, o xamã esbugalhou os olhos e gritou:
— Aaaaaaaaahhhh!
O corpo do pirata sobressaltou e ele gritou de volta:
— Aaaaaahh! — Yoongi girou sua katana e cortou-lhe o pescoço.
A cabeça do xamã caiu no chão, com seus olhos e boca ainda bem
abertos.
Yoongi notou que havia uma pequena bolsa de pele presa no torso do
velho, ele se agachou e recolheu o pedaço de pergaminho que ele guardava
dentro. Um nativo se aproximou por trás do pirata com um machado nas
mãos, pronto para acertar suas costas, mas um tiro o acertou no meio das
sobrancelhas e ele caiu por terra. Sem entender, Yoongi ergueu os olhos e
viu Hoseok carregado com suas seis pistolas. O atirador sorriu para ele e
piscou.
— Você me deve uma.
Yoongi levantou-se rapidamente e lançou a ponta de sua katana alguns
milímetros acima do ombro do outro Alfa, e atravessou com a lâmina o
coração do inimigo que estava atrás de Hoseok. O espadachim sorriu,
piscando de volta.
— Não mais.
Jimin atirava em todos os nativos que se aproximavam. Seu sangue
estava fervendo e seus sentidos mais aguçados. Ouviu passos apressados
atrás de si e logo girou para disparar contra um outro Alfa. Quando
descobriu que a pólvora das duas pistolas havia acabado, ele não se
assustou, ao invés, soltou um rosnado enfurecido. Estudou os arredores e
viu Jungkook lutando contra alguns nativos, Jimin correu até ele e
desembainhou sua espada. Quando girou para frente para procurar um novo
inimigo, eis que o Alfa que segurava a tocha surgiu, Jimin deu dois passos
para frente, transpassando a espada em sua barriga.
Um som alto e retumbante surgiu das colinas mais distantes, e a
tripulação soube que mais daqueles nativos iriam surgir.
— Voltem para a praia! — Jeon gritou, segurou na mão de Jimin e o
puxou consigo, correndo na direção em que citou.
Na margem, eles encontraram Taehyung, Jared, Billy e Dahyun. Assim
que viram os nativos surgirem da mata correndo com pressa, eles cortaram
as cordas que prendiam os botes e com ajuda dos que acabaram de chegar,
os empurraram de volta à água. Alguns nativos apareceram com flechas e
começaram a disparar contra a tripulação. Yoongi conseguiu interceptá-las
com sua katana, e Jungkook com suas duas adagas.
Desse modo ainda seria difícil que todos embarcassem nos botes, mas
Hoseok sacou duas pistolas que ainda continham pólvora e disparou rápido
e certeiro contra os nativos, eles deram as costas e voltaram correndo para
se esconder na floresta. A tripulação finalmente entrou nos botes e remaram
de volta para o navio. Enquanto se aproximavam do Black Swan, Yoongi
lembrou-se do pedaço de papel e o mostrou para Jimin.
— Loirinho, esse seria um dos fragmentos ?
Jimin estudou o pergaminho e rapidamente assentiu.
— Sim, eu posso ver as runas.
Os Alfas e Betas entreolharam-se, vibrando pela conquista inesperada.
Já no navio, os bucaneiros subiram a âncora e com o leme livre de
qualquer impedimento, eles seguiram continuando sua viagem, rumando
para o Oceano Índico.
Jungkook estava conversando com seu contramestre, sozinhos na proa, e
após o repreender severamente, ele seguiu até sua cabine. Assim que abriu a
porta e entrou, ouviu sem querer um trecho da conversa entre o Ômega e
seu navegador:
— ... E aí eu girei e atirei nele, e salvei a vida da Chaerin! — Jimin
contava empolgado ao beta.
— Taehyung, deixe-nos à sós.
O Beta assentiu e imediatamente se retirou da cabine.
— Sua espada... — Jimin entregou a arma ao Capitão, sorrindo amarelo.
— Antes que você comece, eu devo informar que Namjoon não teve culpa
alguma no que aconteceu. Ele me acompanhou porque ficou preocupado
com minha segurança.
— Admiro sua sinceridade. Quan-...
— E acrescento em meu favor — Jimin o interrompeu com cuidado —,
que só fiz isso porque estava preocupado com um Alfa da tripulação.
— Quem falou para você que eu me importo com o rut do Sven ou de
qualquer outro Alfa aqui?
— Ninguém, mas ele estava sofrendo.
— Dane-se o Sven! Ninguém liga para um Alfa em seu rut. Ele é um
pirata, Jimin! Já passou por coisas bem piores. Ele aguenta.
— Ele é um ser humano. E não precisa falar desse jeito. Eu percebo que
errei...
— Não, você não percebeu ainda. Fica criando argumentos para refutar
tudo o que eu falo — Dessa vez o Ômega permaneceu calado. — Se você
pertence realmente a essa tripulação precisa entender que quem dá as
ordens por aqui sou eu. Você não pode fazer tudo o que lhe der na telha sem
o meu consentimento, Jimin.
— É mesmo? E se eu não quiser? E se eu achar que suas ordens são frias
e cruéis?, se eu não obedecer, vai fazer o que ? Me vender para um bordel?
Ou me fazer andar na prancha? Porque se fizer isso de novo eu mesmo
pulo!
Jimin sobressaltou quando teve um braço agarrado e foi puxado de forma
brusca, até bater contra o peito do Alfa. As mãos de Jungkook desceram até
a cintura dele e encaixaram com força controlada.
Jeon o estudava com uma expressão colérica, sua mandíbula tratava e a
respiração pesada passavam uma impressão completamente diferente de
seus olhos. Ah, as orbes negras e misteriosas do Capitão Jeon. Jungkook o
fitava com desejo. Jimin podia ver, e quase perdeu-se dentro daquela
galáxia escura e profunda, que eram aqueles olhos.
— Que vai fazer? — O Ômega lúpus insistiu, com os lábios entreabertos,
em um sopro de voz.
— Vou amarrá-lo em minha cama e domá-lo até que me obedeça. —
Jimin arquejou e fechou os olhos, esperando ser tomado pelos lábios do
Capitão.
— Capitão — uma voz surgiu na porta. Era o Alfa Billy — o Scott
acordou.
Jimin sobressaltou abrindo os olhos, e assim como Jungkook, ele olhou
para a porta. O Capitão pegou uma de duas adagas e lançou na porta. Só
não acertou Billy, porque este, arregalou os olhos e fechou-a rapidamente.
— Para o inferno com Scott! — o Capitão rugiu.
Jimin levou a mão a boca tentando conter o riso.
— Ah — Foi até a mesa do Alfa e lhe entregou a próxima tradução que
encontraram. — E o vermelho escarlate. É a tradução deste.
Jungkook segurou o fragmento e o olhou confuso.
— Isso fica cada vez mais estranho. — Disse, e o Ômega concordou.
Continua...
[28] Caminho das Índias
Reescrito
☠
Jisung estava sentado na beirada da cama do caçador, próximo a
cabeceira. Seus pensamentos estavam longe e quando a porta foi aberta,
olhou assustado na direção, pensando ser o Tenente Jo. O caçador viu o
menino desviar o olhar, se aproximou e colocou um prato em cima da mesa.
Quando ele se sentou na cama, mesmo que na outra ponta, o Ômega se
levantou imediatamente e se afastou um pouco mais.
- Touxe para você. - Jackson disse, apontando para o prato.
- Uhum... obrigado.
- Quê que foi agora? Já disse que não vou entregá-lo aquele Tenente.
- Ele veio aqui me procurar. Disse que está me esperando e que quando
você abrisse a porta, eu deveria ir para o quarto dele.
- Você acabou se tornando um problema meu, e agora está sob a minha
proteção. Ele não vai tocar em você - Ele apontou para a mesa novamente. -
Coma.
O Ômega assentiu e sentou na cadeira. Ele olhou para a comida em seu
prato; carne e alguns legumes. Estavam com uma boa aparência, mas para
ele, ainda faltava algo alí.
- Onde estão os talheres?
- Como é?
- Não dá para comer assim.
Incrédulo, Jackson piscou duas vezes antes de se levantar, sentar em
outra cadeira e puxar o prato para si. Era só o que faltava, aquele Ômega até
pouco tempo atrás estava com um saco de pano velho com alguns poucos
biscoitos, pão e água, que mal conseguia sustentá-lo por alguns dias, caso
soubesse racionalizar. Agora estava se recusando a comer simplesmente
porque não tinha talheres.
- Então não coma - O Alfa pegou um pedaço de carne com a mão e
mordeu. - É bom que não fico sem a refeição que abri mão para você. Já
que sua educação não permite que coma feito um animal.
- Me desculpe, por favor, não quis ofendê-lo. Não acho que seja um
animal. Talvez tenha modos um pouco rudes... - Jackson parou de mastigar
e o olhou ainda mais incrédulo. - Desculpe. Uh, mas você me disse que
abriu mão da sua refeição, eu não entendi.
- As provisões foram calculadas para a exata quantidade de Alfas que
estão a bordo deste navio. Assim como os demais que nos acompanham na
frota. Ninguém contava que um Ômega fosse invadir a embarcação.
- E não vão parar para abastecer?
- Segundo o Comodoro, não. Ele quer velocidade máxima na busca pelo
seu noivo fujão. Aliás, você e seu irmão tem isso em comum, não?
Jisung abaixou o olhar, sorrindo constrangido.
- Eu estou muito agradecido sr. Jackson, foi muito gentil e atencioso da
sua parte compartilhar de seu alimento comigo - Seus olhos desceram para
a comida no prato, e ele que sentia-se fraco por estar se alimentando tão mal
há pelo menos três dias, apontou para outro pedaço de carne e perguntou: -
Posso?
Jackson assentiu. Jisung levou a mãozinha hesitante até a porção, pegou-
a e levou até a boca, mordendo com delicadeza a pontinha da carne.
☠
- Como ganhou essa cicatriz? - Jimin questionou ao Alfa espadachim.
Após a manutenção do leme, semanas se passaram e os piratas estavam
navegando pelo Oceano Índico, e da cesta situada no mastro central, já era
possível enxergar através de uma luneta, o cume dos altos picos de Sri
Lanka.
Os dias de viagem estavam muito mais cansativos depois da aventura na
ilha dos Kangaroo. Scott se recuperava lentamente, aos olhos do médico,
que pouco podia fazer com os recursos limitados que possui. Sua esperança
era finalmente chegar no grandioso reino das Índias, e adquirir as ervas e
utensílios necessários para ajudar o Alfa que perdeu parte de sua perna.
Além do tédio que cercava a tripulação, estavam os dias extremamente
quentes. A única alternativa para tomar banho era soltar a âncora e
mergulhar no mar, já que a água potável armazenada no navio, só era
utilizada para beber e fazer as refeições.
- Ah, foi o Capitão - Yoongi respondeu simples. - Estava tentando
capturá-lo para receber a recompensa e acabei me juntando à ele no fim das
contas. Mas eu também deixei uma na bochecha dele, mas é pequena.
- Tão pequena que nem dá para ver. - Scott zombou. Ele estava sentado
no convés próximo a proa junto aos demais, e Seokjin trocava as faixas de
seu coto.
- Igual o seu pau. - Yoongi respondeu.
- Woooh! - Os piratas exclamaram em um coral e começaram a rir.
- Poderia ter ficado sem essa, né. - Seokjin indicou.
- E você Tae - Jimim continuou com suas perguntas -, como se juntou a
tripulação?
- Não foi nada de interessante como lutas e espadas. O Capitão apenas
me salvou de ser brutalmente espancado após eu ter ganho uma aposta
honestamente.
- E você Hoseok?
- Eu já era da tripulação do Alma Negra.
- O antigo Capitão do Black Swan? - o Alfa confirmou - Chaerin?
A timoneira riu soprado.
- Eu só queria uma carona até o Japão, mas estou aqui até hoje.
- E você e seu irmão, Scott?
- Também éramos da tripulação antiga. Nós, Hoseok, o contramestre e
Jared.
- E você, Billy?
- Ah, essa é até engraçada... eu era um dos que queria bater no Taehyung
- ele se voltou ao navegador. - E você não ganhou honestamente.
- Se você diz. - O Beta deu de ombros.
Jimin ignorou o pequeno desentendimento e girou para a mecânica:
- Dahyun?
- Eu só queria um emprego.
- E você, Junbuu? Não me parece alguém que estaria em uma tripulação
pirata.
- Tá me chamando de velho, garoto? Quer sair no braço comigo? Te
mostro o ancião.
- Não, desculpa - Jimin tentou não rir. - Não foi isso o que quis dizer.
- Hm. Bem, eu era cozinheiro no palácio da família Real.
- Uau, sério? - Billy questionou surpreso.
- Não, eu fui a bailarina principal da corte... é óbvio! Mas os demais
criados não gostaram de trabalhar comigo e eu fui demitido. Então eu soube
que um jovem Capitão estava procurando membros para sua tripulação e o
procurei, oferecendo meus serviços como cozinheiro.
- Nossa. - Jimin suspirou olhando o restante dos piratas.
Seria apenas mais uma tripulação. Piratas que saqueavam e matavam
friamente. Que não tinham escrúpulos para conseguir o que almejam,
cheios de ambições, com seus porões repletos de riquezas, e baús enterrados
contendo mais de seus roubos, espalhados pelos mais diversos lugares.
Mas também eram Alfas e Betas que possuíam uma história muito antes
de se tornarem piratas. Eram pessoas comuns, com sonhos e objetivos, que
por algum desígnio do destino, hoje levam a vida desbravando mares,
empunhando suas espadas em busca de tesouros e aventuras. Ninguém
nasce pirata, torna-se um. E o pequeno lúpus estava seguindo pelo mesmo
caminho.
Jimin apoiou as costas no parapeito do navio e suspirou pensativo,
observando a tripulação discutindo ainda sobre as histórias de cada um. Seu
olhar desviou para o pavimento que cobria todo o chão do convés, a
madeira ainda estava embolorada, e o odor característico ainda era forte e
estava presente em todos os compartimentos, principalmente no interior da
embarcação.
Jimin ainda observou a estrutura que mantinha a estabilidade e dava
velocidade a embarcação, ele não entendia muito bem como todas aquelas
vergas e mastros funcionavam, ou como cada cabo mantinha as velas na
posição ordenada pelo Capitão, mas ele sabia obviamente que elas tinham
uma função grande naquele navio, assim como cada membro da tripulação,
assim como ele próprio.
O Ômega saiu de seus pensamentos quando ouviu o barulho que os
piratas estavam fazendo, eles jogavam cartas para passar o tempo, já que
não tinham mais nada para fazer, a não ser ficar olhando um para a cara do
outro. Após vencer pela terceira vez seguida, Seokjin se levantou do caixote
e desceu para as coberturas inferiores, a fim de cuidar da perna do pirata,
que cicatrizava lentamente.
— Entra no lugar dele, Jimin. — Jared chamou o Ômega, para que ele
ocupasse o espaço deixado pelo médico.
O tédio estava consumindo o Ômega, assistir os piratas jogando era um
ótimo jeito de passar o tempo, mas se juntar à partida parecia mais
divertido, era uma proposta tentadora. Mas o sol escaldante fez o Ômega
desistir, e ele decidiu se recolher na cabine.
— Fica para a próxima. — Jimin se levantou e rumou para o camarote do
Capitão.
Assim que abriu a porta, ele viu o pirata sentado em sua mesa, anotando
algumas observações no livro de registro. Seu casaco preto estava apoiado
nas costas da cadeira, e Jeon estava vestido apenas com uma camisa da
mesma cor, com as mangas dobradas na altura do cotovelo e alguns botões
abertos, mostrando parte do peitoral e algumas tatuagens. Ao lado do livro,
estava um cálice com um pouco de licor.
O Capitão olhou em sua direção com um breve sorriso, e logo voltou a
fazer suas anotações.
- Ainda está muito quente lá fora? - questionou sem tirar os olhos dos
livros.
- Como o inferno. - o Ômega lamentou jogando as costas sobre o
colchão.
Jungkook sorriu novamente e negou com a cabeça. Jimin, que estava
olhando diretamente para o teto amadeirado, estudou algumas teias de
aranha que se estendiam até o canto das paredes.
Suspirou enquanto brincava com o tecido de seda que cobria a cama,
entre os dedos. Em seguida, ele ficou deitado de lado, com um braço
curvado e apoiando a cabeça com sua mão, observando o Capitão. Sentado
naquela posição, o Alfa parecia ainda mais imponente.
Mesmo que tenha várias marcas e cicatrizes que ganhou ao longo da
vida, isso não o deixava menos bonito, era muito pelo contrário. De certa
forma, aquilo o deixava ainda mais atraente, aos olhos de Jimin. Mas não
era apenas o físico que chamava a atenção do Ômega, como um líder,
Jungkook transborda confiança e sua bravura é incomparável.
Jimin respirou fundo, assistindo o Alfa em sua concentração. O aroma de
rosas do Capitão se sobressaia ao cheiro salgado de salitre, que mesmo com
as janelas fechadas, estava presente naquele cômodo. Jimin enrolou o dedo
no lençol, sentindo seu lobo ficando mais febril. Jungkook pegou o cálice e
tomou mais um pouco de sua bebida.
- Capitão Jeon?
- Hm?
- Eu estou entediado.
Jungkook ergueu os olhos e viu o Ômega deitado na cama olhando para
si. Seu olhar era ansioso e estava com o lábio inferior entre os dentes. O
Alfa fechou o diário no mesmo instante e se levantou para ir até ele. Jeon
subiu na cama e se colocou em cima do Ômega, mas logo Jimin girou
ambos, mudando suas posições e ficou sentando sobre ele, com uma perna
de cada lado.
O ato foi totalmente inesperado e pegou o Alfa de surpresa, mas ele
gostou.
- Você está suado. - Jimin comentou.
- Então tire as minhas roupas.
Jimin sorriu corando, mas levou os dedos até o primeiro botão.
- Você é sempre assim, tão direto?
- Apenas quando eu quero alguma coisa. - As mãos do Capitão subiam
pelos quadris do Ômega, enquanto tinha seu torso completamente exposto.
As mãos de Jimin foram deslizando sobre o abdômen do Capitão,
sentindo as curvas de sua musculatura abdominal. Ele inclinou o corpo para
frente e beijou os lábios do Alfa.
Jungkook subiu as mãos dos quadris até as costas de Jimin. Ele o abraçou
enquanto correspondia ao beijo e novamente mudou as posições em que se
encontravam até então. Rosnou frustrado ao mover o quadril para frente, e
sentir a barreira imposta por suas roupas.
- Calma. - Jimin riu da pressa dele enquanto removia suas roupas de
baixo.
- Não era você que estava entediado? - Jungkook questionou, chupando a
região de seu pescoço a medida que o penetrava.
Jimin apenas ofegou ao sentir a rigidez dentro dele. E gemeu. Gemeu
ainda mais alto quando as investidas tornaram-se mais fortes. Subitamente,
um pensamento se apoderou dos pensamentos do Ômega e ele tentou
enxergar a porta por cima do ombro do Alfa.
- Acho que não fechei a porta... - constatou ao passo que ofegava
recebendo mais profundamente, o pênis do Alfa em seu interior.
- E daí? - Jungkook parou com os movimentos e o fitou.
- E se alguém entrar aqui e pegar a gente?
Jungkook sorriu ardiloso, também ofegante. Juntando o calor
insuportável com o fato do que estavam fazendo, seu cabelo estava todo
encharcado de suor.
- Eles com certeza já ouviram seus gemidos.
Jimin arregalou os olhos, completamente ruborizado. O Alfa aproveitou o
segundo de distração e moveu o quadril para frente novamente,
preenchendo-o completamente de uma só vez. E o Ômega gemeu alto mais
uma vez, e desesperado, levou as mãos a boca para contê-los.
Jeon achava aquela atitude muito adorável, embora adorasse ouvir a voz
do Ômega gemendo e gritando seu nome. Após ambos desmancharem-se
em seus orgasmos, permaneceram abraçados no calor de seu leito.
Continua...
Mapa atual das localizações:
Marinha Real - X azul
Black Swan - X preto
[29] Velho Conhecido
Reescrito
☠
Quando Jimin abriu os olhos na tarde do mesmo dia, ele viu o Capitão já
todo vestido enquanto mexia em suas coisas. Ele esticou o corpo
vagarosamente e cheio de preguiça notando que ainda estava sem suas
roupas, mas que Jungkook teve o cuidado de cobri-lo com uma manta. E em
silêncio, ficou admirando os movimentos do Capitão, até que o mesmo
percebeu que ele já havia despertado do seu breve cochilo.
— Nós vamos ancorar em algumas horas. Não vai arrumar suas coisas?
Jimin deu de ombros.
— Eu não tenho nada. Só essas roupas que o Tae me emprestou, e que
mesmo assim ficaram um pouquinho grandes em mim.
Jungkook o estudou por um tempo, ponderando alguma coisa que
guardou para si mesmo e fechou a gaveta da mesa na qual estava mexendo.
Ele caminhou até o Ômega e beijou sua cabeça.
— Eu já volto.
No lado de fora, os bucaneiros já estavam no trabalho de preparar o navio
para ancorar no Porto de Chenbuk. Manuseando cabos e baixando algumas
velas. O Capitão se juntou ao seu contramestre e a timoneira, já que a
mesma seria responsável por manobrar a embarcação, assim que chegassem
no cais.
Não demorou muito para que o Ômega também saísse da cabine,
sentindo a brisa fresca do entardecer. Estava bastante ansioso para conhecer
o tão famoso Império das Índias.
— Hey, Jiminie. — Hoseok o chamou. Ele estava encostado na lateral à
estibordo, junto com Taehyung, Yoongi, Seokjin e Scott.
O Ômega se aproximou. Todos estavam sorrindo, ele então sorriu de
volta.
— Como estão?
— Nós estamos bem — Yoongi respondeu trocando olhares entre seus
companheiros, e estes assentiram. Em seguida, ele fitou o Ômega e piscou
com um olho. — Mas você deve estar bem melhor, sim?
— Não entendi. — Jimin respondeu sorrindo nervoso.
— Seu botão está fora do lugar. — Seokjin apontou para a camisa torta
do Ômega.
— Oh. — Jimin rapidamente se colocou a consertar o erro.
— E seu cabelo está bagunçado. — Taehyung acrescentou.
A essa altura, ele mal conseguia se conter com o Ômega ruborizado.
Assim como os outros, que o fitavam com seus olhares divertidos.
— Ah, foi o vento. — Jimin explicou, tentando pentear com os dedos.
— Claro — Yoongi articulou. — Porque o vento não assobia... ele geme.
— E essas marquinhas — Taehyung acrescentou apontando para sua área
cervical. — Vento mais violento, esse...
O Ômega arregalou os olhos, completamente constrangido e vermelho.
Levou as mãos até a clavícula, abriu a boca para dizer alguma coisa, mas
sua garganta não foi tão rápida quanto os pensamentos.
— Já chega, parem — Dessa vez foi Seokjin, arrumando sua postura
relaxada. — O menino vai explodir de tão vermelho que está.
Mesmo com o pedido do médico, os outros três continuaram com seus
olhares significativos para o Ômega, que rapidamente deu meia volta e
sorriu para Dahyun, caminhando até ela. A Beta olhava distraída em uma
certa direção, onde a timoneira guiava atentamente a embarcação. Jimin
seguiu o mesmo olhar e logo entendeu a situação.
— Vai falar com ela.
Dahyun suspirou triste e o fitou.
— Sem chances, Jimin — Deu de ombros. — Não sou uma Ômega. Sou
uma simples Beta.
— E o que isso tem a ver? O Tae é um Beta também, e tem dois Alfas
disputando ele.
— Ah, Taehyung é o Taehyung, né? Eu, sou apenas eu.
— Você é Dahyun! Linda, atenciosa e super inteligente. Você
simplesmente faz a coisa toda funcionar. Se não fosse por você, este navio
nem estaria aqui agora.
— Você é tão gentil, Jimin. Obrigada — Ela apontou para algo acima dos
ombros dele. — Já estamos chegando.
Jimin olhou para trás e viu de longe, o navio se aproximando do porto
gradativamente.
☠
Embora a temperatura ainda estivesse alta, o calor não era algo que
Jisung poderia reclamar naquele momento. Passava a maior parte do tempo
trancado no camarote do caçador, lendo um livro que o mesmo lhe
emprestou.
Não era tão envolvente quanto os romances que costumava devorar em
sua casa, mas o enredo lhe chamou a atenção, por se tratar da história de um
indivíduo que queria chegar à Lua, para provar que existe uma civilização
que vê a Terra como sua própria Lua.
Poucas vezes na semana, Jisung saía para tomar um pouco de sol. Certo
dia, estava sentado próximo a proa, onde em tempos remotos costumava
passar suas tardes na companhia do seu irmão, quando faziam longas
viagens marítimas. Tomou um susto quando Jackson, que sempre mantinha
uma guarda silenciosa ao lado dele, se aproximou repentinamente.
O caçador comprimiu os lábios, não era tão visível, mas ele ficava
incomodado com o fato do Ômega sempre se assustar quando ele se
aproximava. O Alfa entendia seus motivos, mas não estava satisfeito com
aquilo. Sua intenção era realmente proteger aquele Ômega, mesmo que não
fosse receber nada em troca. Aquela situação era algo que precisava ser
tirado a limpo.
— Você tem medo de mim? — Jisung apenas assentiu balançando a
cabeça. — Você sabe o que eu sou?
— Um caçador de recompensas.
— Exato. E sabe quais coisas eu faço?
Jisung acabou ficando sem resposta. Poderia saber o que ele era, mas o
que ele realmente fazia, não. Possuía apenas uma vaga informação de que
em sua maioria, seus alvos eram piratas.
— Não exatamente.
— Pessoas me pagam para capturar outras, em sua maioria são Alfas,
Betas e até mesmo Ômegas considerados traidores da Coroa. Eu mato
quando preciso, para atingir meu objetivo. Posso fazer qualquer coisa que
me solicitam — Ele se aproximou do Ômega, com cautela. — Mas se tem
uma coisa que eu jamais faria é machucar você. Nem que me pagassem.
Não precisa ter medo de mim, estou disposto a protegê-lo até que seja
entregue ao seu pai.
— Ah — tudo estava muito bonito até Jisung ouvir a última afirmação.
— Claro... você vai me levar de volta para casa.
— Pensei que gostasse do seu pai.
— Eu o amo. Quem não gosta do próprio pai?
— Eu.
— Por que não? — Jisung parecia chocado.
Jackson desviou a atenção e respirou fundo, observando o horizonte a ser
alcançado pelo galeão. Algumas poucas memórias onde esteve na
companhia de seu pai, lhe encheram a mente.
Lembranças de como aprendeu a usar a espada, e de quando o viu pela
última vez. Era doloroso, e o Alfa tentava não pensar muito nos fantasmas
do seu passado. Mas Jisung o encarava aguardando ansioso por uma
resposta.
Jackson relaxou a postura, apoiando seu antebraço no parapeito da
embarcação, ele girou para o Ômega, e então respondeu:
— Para começar, ele foi um pirata.
— Eu iria adorar se tivesse um pai pirata. Teria mais liberdade.
— Liberdade, é? Você me parece muito novo para isso.
— Onde você estava quando tinha a minha idade?
— Pelo mundo.
— Então pronto — Jackson sorriu quando o pequeno cruzou os braços
decidido. — Posso não ter tanta experiência de vida, mas sei o que quero.
— E o que você quer?
— Ser livre.
— Hm... Só não se torne um pirata, se não vou ter que caçar você.
Mesmo que o aviso parecesse sério, havia traços de humor nas
expressões do Alfa. Jisung desviou o olhar, sorrindo. Ele interpretou a fala
do caçador como algo normal, uma simples forma de descontrair.
O medo que sentia dele foi se tornando algo mais distante, à medida que
seu lobo se habituava ao aroma natural de menta que provinha do Alfa
caçador, e assim, Jisung começou a ficar mais à vontade perto dele, e
passou a vê-lo mais como um protetor.
— Posso ficar aqui fora mais um pouco? É entediante ficar lá dentro.
Gosto de ver o mar.
— Mas não tem nada aqui para ver. Apenas céu e água.
— Céu e água? — Jisung riu olhando ao redor. — Há um mundo inteiro
a conhecer. Cheio de vida.
Jackson não deu muita importância. Já viajou grandes distâncias e
atravessou muitas fronteiras, não tinha nada que o Alfa não tenha visto. Já
estava acostumado às coisas do mundo e, para ele, não havia nada de
interessante nisso.
— Fique um pouco e depois volte para o quarto. Aqui está a chave,
tranque bem a porta e só abra quando ouvir minha voz. Vou falar com o
comandante.
O Ômega assentiu e permaneceu pela proa, entre alguns marinheiros que
trabalhavam para manter as velas na direção correta. O navio estava veloz,
e uma brisa forte espalhou os cabelos do Ômega.
Jisung olhou à sua frente e observou o céu, não havia nenhum pássaro
sobrevoando acima dele, apenas algumas nuvens com formatos divertidos.
O mar estava calmo e lindo, com seus diversos tons variando entre o azul e
o verde, além do brilho forte sol que refletia as ondas.
Assim como Jackson o instruiu, Jisung voltou para a coberta inferior logo
quando a temperatura ambiente se tornou mais agradável. Enquanto descia
pelas escadas que dava acesso ao corredor dos camarotes, seu corpo
paralisou assim que ele ouviu uma voz atrás de si:
— Ora se não é um cabritinho perdido.
Jisung olhou para trás e correu ao constatar aquilo que seus ouvidos
avisaram, e seu coração mais temia. Ele correu tentando chegar até a porta
do quarto, mas o Tenente Jo o alcançou antes disso e o agarrou com um
braço, usando a mão livre para impedi-lo de gritar.
— Eu te dei uma chance, Ômega. Mas parece que você gosta quando as
coisas se tornam um pouco mais violentas.
— Solte-o. — A voz de Jackson ecoou pelo corredor.
Jo girou para dar de cara com o caçador, que se aproximava com passos
decididos, e com a mão segurando o cabo da arma.
— Não se meta nisso, caçador. Ele é meu noivo!
— Não me faça matá-lo aqui, Alfa. — Jo engoliu em seco diante da
grave ameaça.
Com relutância, o Tenente foi soltando o Ômega aos poucos, até que este
se viu completamente livre e correu até entrar no camarote de Jackson.
— Isso não vai ficar assim, caçador. — Jo avisou, passando por ele
enquanto rosnava de ódio.
☠
Logo após longas semanas de viagem, o Black Swan finalmente ancorou
no Porto de Chenbuk. Conforme a tripulação desembarcava, eles já
encontravam alguns mercadores oferecendo seus produtos locais. A mistura
de cheiros era forte e intensa. Diversos tipos de ervas, temperos e
especiarias, expostos para todos que entravam e saíam daquela cidade
através do porto.
Em sua maioria, a tripulação seguiu pelas ruas da cidade já conhecida por
eles, a caminho do bar onde quem chegava de suas longas viagens, entrava
para beber e descansar. Jimin não sabia exatamente para onde olhar. As ruas
pareciam um enorme mercado a céu aberto, com tantos artigos expostos em
tendas. Tecidos, roupas e diversos acessórios, tudo muito bonito e colorido.
— Pode comprar o que você quiser. — Disse o Capitão, ao observar o
olhar encantado de Jimin.
— Sério? — O Capitão assentiu.
— Eu também vou. — Taehyung se colocou ao lado dele, e Jimin sorriu
empolgado.
— Dahyun, quer vir com a gente?
— Quero sim. — ela se colocou do outro lado de Jimin.
E após alguns requisitos impostos pelo Capitão, os três seguiram para
suas as compras. Jimin sentia o tecido leve de algumas echarpes com os
dedos, enquanto ponderava sobre qual cor deveria levar.
— Por que não leva todas? — Taehyung lhe perguntou.
— Ah, eu não quero exceder...
— O Capitão disse para você comprar o que quiser, não foi ? Então, ele
que pague.
— Eu acho que ele tem razão. — Dahyun opinou.
Jimin olhou para os dois Betas, e eles sorriram dando de ombros.
— Tae? — Também examinando os tecidos, o navegador murmurou algo
para que Jimin continuasse: — O que você acha sobre relacionamento entre
Alfas e Betas?
Dahyun logo o fitou, querendo que Jimin percebesse que ela não queria
espalhar esse assunto. Mas Taehyung a surpreendeu, mostrando que
também já havia notado seu interesse na timoneira.
— Eu estava me perguntando quando você ia tomar coragem para falar
com ela. — Taehyung argumentou.
— Não é tão fácil...
— Complicado que não é. Você só precisa colocar para fora, a Beta que
existe em você.
— Será?
— Ele tem razão. Chaerin vai ser uma boba se não enxergar isso.
— Obrigada meninos, eu estava mesmo precisando ouvir isso.
Jimin amarrou uma echarpe lilás elegantemente em torno do pescoço da
Beta.
— Esse ficou lindo em você.
Os três seguiram entrando mais a fundo do mercado popular e bastante
movimentado. Nele, haviam muitas tendas vendendo de tudo um pouco,
desde pescados frescos, artigos em pele de grandes felinos, tecidos
coloridos, enfeites simples em madeira e outros mais sofisticados, de ouro
com pedras preciosas. Muitas lembranças da cidadela e outros produtos do
artesanato local.
A grande variedade de itens fazia do mercado, o melhor destino para
viajantes que querem encontrar um pouco de tudo no mesmo lugar. Jimin
sentiu-se em um mundo totalmente novo, entre uma diversidade de coisas
pouco familiares, mas que de certa forma o atraiu bastante.
— Melhor a gente ir — Comunicou Taehyung. — Daqui a pouco o
Capitão aparece com toda a tripulação te procurando.
Os três seguiram para a estalagem que sempre costumavam ir quando
ancoravam em Chenbuk.
De longe, podia-se ouvir a algazarra dos clientes bêbados dentro da
taverna. Por fora, o local era uma grande construção com vários andares,
que ofereciam quartos para que os viajantes pudessem descansar, mediante
o pagamento de uma taxa diária. No térreo, havia um grande salão
iluminado por velas e várias tochas, com longas mesas de madeira ocupadas
não somente por viajantes, mas também por moradores locais. O espaço
tinha um forte cheiro de curry e também dos vários tipos de bebidas que ali
eram servidas.
A maioria dos bucaneiros estavam por ali, espalhados pelas mesas,
enquanto aguardavam serem servidos. Avistando Namjoon sentado sozinho
em uma das mesas, os três se aproximaram dele e ocuparam os lugares
vazios.
— Onde está o Jin? — Dahyun perguntou.
— Saiu com Sven e Scott em busca de um entalhador. Ele vai usar uma
perna de pau.
Uma Ômega parou na mesa e após receber os pedidos, ela se retirou para
buscá-los. Jimin girou os olhos pelo local, admirando a arquitetura
enquanto esperava a Ômega trazer as bebidas. No canto esquerdo que dava
acesso ao estoque, ele viu algo que chamou sua atenção. Jungkook estava
conversando com um Ômega moreno. Eles pareciam estar discutindo.
— Nam, você sabe quem é aquele que está falando com o Jungkook?
O Alfa franziu o cenho curioso e quando olhou na direção em que Jimim
apontou, sua expressão mudou de curioso para colérico.
— Maldito desgraçado — O contramestre socou a mesa e voltou a
atenção para o loiro: — Foi ele que traiu o Capitão, Jimin.
Jimin encarou o contramestre e arqueou as sobrancelhas completamente
surpreso. Ele olhou novamente na direção em que o Capitão Jeon estava
com o outro Ômega, se perguntando sobre o que aqueles dois poderiam
estar conversando.
Continua...
Reescrito
☠
Todos os que estavam no interior da taverna, presenciaram Jungkook
agarrar o braço de um dos Ômegas que servia as mesas e arrastá-lo sem
modos para os fundos do estabelecimento. Mas ninguém nada fez para
ajudar. O Ômega sentiu uma forte dor nas costas quando foi jogado com
brutalidade contra a parede, no beco atrás do bar.
- Se arrependeu o caralho! - Jungkook rosnou e o Ômega se encolheu
ainda mais.
- Me arrependi! Eu juro! - Sungjae choramingou sentindo o aperto nos
braços. - Aaii, você vai quebrar os meus braços!
- Eu deveria quebrar seu pescoço!
- Eu não queria fazer isso, e-eu fui obrigado. Por favor?! Tá
machucando!
Jungkook o lançou contra um monte de lixo que os funcionários da
taverna jogavam ali, para serem incinerados. Sungjae se levantou com
dificuldade, massageando os braços doloridos.
- Eu deveria matá-lo.
- Se serve de alguma coisa, eu não recebi nem uma única moeda pelo que
fiz. Ele também me traiu. Passei dias trancado naquele porão imundo com a
tripulação dele fazendo coisas horríveis comigo. Eu já paguei muito caro,
Jungkook, por favor não me mate.
- De quem você está falando?
- Dele, é claro, o Capitão Alma Negra.
- Ele está morto. Não acredito em você.
- Você pode não acreditar, mas ele está bem vivo e sabe que você não
morreu. Ele o quer de volta, está procurando pelo Black Swan.
"Então o maldito sobreviveu" - Jungkook pensou consigo mesmo.
Na ausência de resposta, Sungjae continuou:
- Ele esteve aqui há oito meses.
- E para onde ele foi?
- Eu não sei bem, mas ouvi rumores de que iria desbravar o Mar
Tenebroso - Jungkook permaneceu em silêncio, ponderando sobre as
chances de encontrá-lo. - Você ficou bem mais forte, em todos os sentidos,
não é o mesmo de cinco anos atrás... Mas e então, eu te dei essas
informações, você vai me matar assim mesmo?
Jungkook o encarou, sério. Sungjae não significava mais nada para ele,
sempre sentiu vontade de se vingar pela tradição, sonhava com a chance de
encontrar o maldito Ômega e rasgar a sua garganta bem lentamente. Quase
foi executado por causa dele.
Mas agora que finalmente o encontrou, toda a raiva que sentiu um dia já
não existia mais, e sabendo do sofrimento que o Ômega passou nas mãos de
Bloodthirsty, decidiu que pouparia sua vida, pelo castigo que já havia
recebido.
- Não entre no meu caminho - Joeon avisou, passando por ele e entrando
no bar novamente.
Na mesa, todos pareciam distraídos enquanto bebiam e conversavam
alegremente. Apenas Jimin que ainda olhava na direção que o Capitão havia
saído com o Ômega. Quando Jeon reapareceu, suspirou aliviado ao passo
que ele se aproximava.
- Taehyung, o quanto você conhece sobre o Mar Tenebroso? - Jeon
perguntou.
- Pouca coisa... sei que é bastante turbulento, cheio de tempestades,
monstros e criaturas estranhas. Também dizem que há um enorme
penhasco, que já levou inúmeras embarcações ao abismo profundo.
Sungjae surgiu pela porta dos fundos, sendo repreendido pelo dono do
bar, pegou uma bandeja com algumas bebidas e voltou a servir os clientes.
- Você não o matou? - Namjoon questionou surpreso. - Porra, Capitão!
Deveria pelo menos ter dado uma boa lição nele.
- Ele já foi castigado o suficiente.
- Não por você, que foi o traído na coisa toda.
- Sungjae não significa nada para mim e não vou perder meu tempo com
ele agora - Jeon e girou para o Beta: - Quero que me mostre nos mapas,
todos os pontos que você conhece.
O navegador assentiu e se levantou, sendo acompanhado pelo Capitão
para um dos quartos. Além de taberna, o local possuía também um primeiro
andar, com cômodos para abrigar os que estavam longe de casa.
Jimin ainda estava calado, observando o contramestre murmurando
irritado o quanto o Capitão havia amolecido, e que se fosse em outra época,
teria feito Sungjae pagar.
- Vão querer mais alguma coisa? - A voz do Ômega em questão, fez
Namjoon levantar em um sobressaltou cheio de ira.
- Vou. Quero esganar esse seu pescocinho cheio de veneno!
O Ômega tomou um susto e voltou alguns passos. Quando ergueu o olhar
e viu de quem se tratava, ele sorriu curvando os ombros.
- Oi, Namjoon. Há quanto tempo, não?
- Seu pequeno maldito do caralho! Filho da puta...
- Tá, eu já sei - Sungjae o interrompeu. - Você me odeia, quer me matar...
"você traiu o Capitão"... - Disse, tentando imitar a voz de Namjoon. - Mas
veja, são mágoas passadas. O próprio Capitão já me perdoou.
- Mas eu não.
Sungjae suspirou, largando a bandeja em cima de uma mesa e fazendo
bico com seu olhar prostrado em falsa lamentação.
- Tudo bem, vá em frente. Vingue-se por ele. O que eu posso fazer contra
um Alfa do seu tamanho? Pode me bater, só não me mate por favor.
Namjoon olhou para o Ômega, magro e com os ombros encolhidos. Por
mais que sentisse muita raiva daquele rapaz, não seria capaz de agredi-lo
tanto quanto sua raiva desejava.
- Maldito! - Namjoon rugiu saindo com ira e descontando nas cadeiras e
mesas pelo caminho que passava.
Assim que ele sumiu de suas vistas, Sungjae sorriu vitorioso, pensando
no quão fácil era enganar um Alfa, apenas se fazendo de pobre coitado e
indefeso.
- Namjoon, espera! - Jimin se levantou para ir atrás do Alfa, mas parou
ao ouvir a voz de Sungjae:
- Oh... você é o namoradinho dele? Que houve com o médico, morreu?
- O Jim está muito bem. E não, eu não sou namorado do Namjoon.
Somos amigos.
- Ah... - Sungjae cruzou os braços, examinando o outro Ômega dos pés à
cabeça. - Acho que não o conheço. Ainda não fomos apresentados. Sou
Yook Sungjae e você?
- Jeon Jimin.
O sorriso no rosto do Ômega mais velho se desfez. Ele estudou o loiro a
sua frente, era bastante bonito, não podia negar. Mas lhe parecia bastante
novo, e Sungjae viu a oportunidade perfeita para entrar na mente dele.
- Ah, você é o novo Ômegazinho do Capitão. Sabia que fui o primeiro
amor da vida dele? Eu tinha mais ou menos a sua idade.
- Eu sei muito bem quem você é. Um traidor repugnante.
Sungjae fez sua experiente cara de inocente, levando uma mão até o
peito.
- Você é um Ômega, deveria entender mais do que qualquer outro, o
quanto sofremos nas mãos de Alfas opressores.
- Sua sedução barata não funciona comigo - Jimin cruzou os braços e
sentenciou: - Quero você longe do Capitão.
A expressão de Sungjae mudou na mesma hora de surpresa, para um riso
debochado.
- Cuidado bebê, ciúme mata.
- Não, o que mata é isso aqui - Jimin puxou o punhal que o Capitão lhe
deu, e o manuseou calmamente. Sungjae engoliu em seco, dando mais um
passo para trás. - E se você cogitar em fazer algum mal contra o meu Alfa,
vou fazê-lo desejar a morte.
Jimin estava falando sério, mas seu timbre doce, calmo, e a aparência
angelical, fizeram com que Sungjae apostasse que ele não seria capaz de
matar uma mosca.
- Você se parece comigo quando tinha sua idade. Eu também era assim, a
cadelinha do Capitão.
A resposta foi tão rápida que Sungjae só percebeu o que havia
acontecido, quando se recuperou. Jimin o esbofeteou tão fortemente, que o
fez cair para o lado da mesa.
Chocado, Sungjae levou a mão trêmula a face que ardia avermelhada
com a marca da mãozinha de Jimin. Deixando-se levar pela aparência, só
agora Sungjae percebeu o quão pesada era a mão de um Ômega lúpus.
- Não me compare a você, seu vadio. Fique longe do meu Alfa, está
avisado - Jimin girou nos calcanhares deixando Sungjae massageando a
bochecha.
- Você não me conhece, garoto. - Sungjae murmurou para si mesmo.
Bastante enraivecido, ele pensou em um jeito de se vingar do tapa que
recebeu, mas pouca coisa podia fazer contra um Ômega lúpus, quando ele
próprio apenas um comum. Mesmo sentindo a ardência no rosto, ele sorriu,
pois havia conseguido provocar o mais novo.
Talvez, se ele continuasse com suas provocações, conseguiria plantar a
desconfiança em seu coração e mostrar para ele que seu poder de sedução é
tão grande, que seria capaz de conquistar o Capitão Jeon outra vez.
Sungjae o viu descer as escadas conversando com o Beta navegador, e se
aproximou como uma cobra sorrateira.
- Capitão - Sungjae o chamou com voz suave. - Tenho mais informações
sobre o Alma Negra, se quiser eu posso compartilhá-las com você.
- Por que você faria isso?
Sungjae deu de ombros.
- Eu só quero me redimir.
Jungkook o estudou sabendo que suas intenções não eram boas, pelos
meses que passou se relacionando com aquele Ômega, Jeon o conhecia o
bastante para saber que ele não fazia nada de graça.
Principalmente se levado em conta o motivo que fez Sungjae deixar a
tripulação. Ele definitivamente não era confiável, mas precisava das
informações. Caso o Capitão percebesse o mínimo resquício de mentira,
poderia ele mesmo cortar fora a língua do Ômega.
-Tudo bem. Esteja aqui quando o bar fechar. Taehyung, avise a
tripulação.
Sungjae evitou revirar os olhos, mantendo sua expressão calma e sonsa.
Ele queria ficar à sós com o Capitão, e agora teria de bancar o bonzinho na
frente de todos. Mas não tinha problema, ele conseguiria. Iria enganar a
todos como sempre fez. É a sua marca registrada.
Estava tão feliz como não esteve em meses. Não imaginava o quão
sortudo ele era. Conseguiu encontrar o Capitão outra vez, era a sua chance
de se reerguer e sair daquela vida miserável.
Com certeza o Alfa havia feito grandes saques e aquilo seria sua porta de
entrada para uma vida mais digna. Talvez esse comportamento não o
tornasse um santo, mas foi desse jeito que o Ômega conseguiu sobreviver
sozinho no mundo.
Sungjae foi abandonado na porta de uma igreja assim que seus pais
descobriram que seu filho era um Ômega, passou grande parte da infância
passando por lares adotivos e sofrendo violência por parte daqueles que
prometeram cuidar de si. Não mais suportando todo aquele sofrimento sem
fim, o Ômega decidiu viver sozinho, e ele perambulou pelas ruas, passou
fome e frio, até conseguir uma carona até a Ilha de Nabuco e ser recrutado
por uma Alfa para trabalhar para si, vendendo o próprio corpo.
E foi quando ele conheceu o Capitão Jeon, na época, um simples
bucaneiro pertencente a tripulação do terrível Paul Bloodthirsty.
Sungjae era um Ômega muito belo, seria fácil seduzir o Capitão Jeon
novamente, em sua opinião. Mas para isso, precisava de uma roupa nova e
alguns acessórios, e claro, ele merecia alguns mimos. Ele trocou o avental
de trabalho por uma bolsa e saiu até o mercado para fazer suas compras.
Coincidência ou não, ele encontrou Jimin conversando com Sebastian e
um Alfa já conhecido que andava mancando, usando uma perna de pau.
Assim que se aproximou, ouviu pouco sobre a conversa deles:
- Com o tempo você se acostuma. - Sven animou o irmão.
- Nossa, Scott, o que houve com sua perna? - Sungjae chegou, já se
intrometendo na conversa.
- Não é da sua conta, chispa daqui.
- Grosso.- O Ômega revirou os olhos - Teria sido melhor se tivesse
morrido.
- Sungjae, sai daqui - Seokjin falou sem paciência. - Vai procurar o que
fazer antes que Jungkook te veja dando sopa por aí, e dê o que você merece.
- Meu queridinho, nós já nos encontramos. Inclusive, marcamos de nos
ver hoje à noite quando o bar fechar.
- Como é?! - Jimin indagou.
Sungjae sorriu, erguendo uma sobrancelha.
- É isso mesmo que você ouviu - com o nariz em pé, ele girou a atenção
para Seokjin. - O Capitão não conseguiu se vingar de mim, na verdade ele
nem me encostou um dedo sequer. Deve ter se lembrado dos momentos
bons que tivemos. Sentiu falta de ter um Ômega de verdade em sua cama...
Ele parou de falar quando Jimin avançou contra ele, mas o Beta se
colocou entre ambos.
- Não caia nas provocações dele.
- Não são provocações e você sabe disso, Seokjin. São apenas fatos. Eu
pintei bolinha com o Capitão, fiz ele se apaixonar por mim, coitado. Fui o
primeiro amor da vida dele, e todos sabem que ninguém esquece o primeiro
amor. Mesmo com esse daí, ele ainda não conseguiu me tirar da memória,
me viu e já quer me foder. Eu vou levar uma coleira preta para combinar
com as roupas negras...
Seokjin não conseguiu conter o lúpus quando este se desvencilhou de
seus braços e avançou contra o outro Ômega. Sungjae não esperava ter o
corpo lançado para trás, quando o Jimin se jogou contra ele.
Sungjae gritou tentando se defender como pôde, enquanto Jimin segurou
fortemente em seu cabelo enquanto desferia golpes em seu rosto.
- Céus! - Seokjin exclamou, e um círculo de curiosos se formou ao redor
dos Ômegas, que brigavam no meio da rua. - Sven, para de rir e ajuda a
separar!
- O quê? Deixe-o apanhar. Quebra a cara dele Jimin! Isso! Uma de
esquerda agora!
Sungjae choramingava com gritos e pedidos de socorro, mas ninguém
teve coragem de se aproximar do lúpus raivoso. Ainda mais quando ele
estava com seus olhos em tons prata, e sacou um punhal, erguendo-o para
apunhalar o peito de Sungjae. Seokjin, que tentava tirar Jimin de cima dele,
conseguiu interceptar o golpe antes que o lúpus conseguisse acertá-lo. Ele
agarrou o pulso que segurava a lâmina poucos centímetros do peito de Max.
- Sven, se não me ajudar agora mesmo o próximo a apanhar vai ser você!
- Tsc, mas que merda! - O Alfa revirou os olhos e o ajudou a retirar Jimin
de cima do Ômega.
Sungjae estava completamente machucado. O rosto começando a inchar
e ferido nos lábios, nariz, e o sangue escorrendo de alguns pontos. Com
dificuldade, ele se levantou e saiu correndo tropeçando pelos cantos.
- Jimin, se acalma. É exatamente isso o que ele quer! Que você perca o
controle - O Ômega ainda respirava pesadamente e o sangue circulava em
seu corpo como a lava de um vulcão. - Eu entendo que você é muito jovem,
e pela criação que teve não conhece muito da vida, é normal que se sinta
inseguro, mas o Jungkook te ama...
- Eu sei que ele me ama, Jin! Disso eu nunca duvidei. E não me sinto
inseguro. - Jimim puxou os braços de Sven que ainda o segurava e guardou
o punhal. - O que me irritou foi aquele vagabundo ficar falando do
Jungkook daquele jeito. Ele o fez sofrer e ainda fica zombando dele! Que
ódio! Maldito! Eu quero matar ele!
- Jimin, acalme-se! Respira fundo. - Aos poucos, a respiração do Ômega
foi se normalizando e ele ficou calmo novamente - Menino? Eu concordo
com Sven que esses foram tapas muito, mas muito bem merecidos. Mas não
manche sua alma matando aquela peste. Faça melhor. Mostre à ele que nada
que ele diga te afeta, e muito menos afeta o Jungkook. Mostre o quanto
vocês dois estão ótimos juntos, e que ele foi apenas uma simples farpa que
espetou o dedo do meu irmão, mas que já foi jogado no lixo há muito
tempo.
Jimin assentiu, e eles encontraram com Taehyung, que os informou sobre
a reunião contada de mal jeito por Sungjae.
Continua.
Mapa atual:
Frota Marinha Real - X azul.
Black Swan - X preto.
Caso alguém desconheça essa informação, o Mar Tenebroso é como
era conhecido o nosso Oceano Atlântico.
[31] O Reencontro
Reescrito
☠
Quando a noite chegou, o movimento dentro do bar aumentou ainda
mais. Muitos Alfas que não tinham dinheiro suficiente para pagar um
profissional do sexo, tentavam aquecer seus corpos com o calor das bebidas
alcoólicas.
Apenas quando a maioria já havia ido embora, os membros da tripulação
se reuniram em algumas mesas próximas. Não todos, pois alguns acabaram
se embebedando e não estavam em condições de estarem em uma reunião.
Muitos dos clientes eram também hóspedes do lugar, desse modo não era
possível expulsá-los com o fechamento da taverna. Sungjae estava com um
véu cobrindo parte da face, deixando apenas os olhos de fora. E quando viu
que Jimin não estava presente, logo tratou de se sentar de frente para
Jungkook e retirar o tecido que escondia seus machucados e hematomas.
— Nossa, o que aconteceu com seu rosto? — Taehyung questionou sem
disfarçar a cara de riso, já sabendo o que havia acontecido.
— Posso falar logo de uma vez? — Sungjae indagou fingindo voz de
choro, para que o Capitão ficasse com pena. — Eu só quero voltar para o
meu cantinho e esquecer dessa agressão covarde.
— Não teve nada de covarde, Jimin também é um Ômega. — Disse
Sven.
— Um lúpus. — Sungjae acrescentou. — Você esqueceu disso, ele tem
mais força do que eu.
— Para de drama Sungjae, todos já sabemos que você mereceu. —
Seokjin disse já sem paciência.
— Sem falar que o Jimin ainda vivia sob as asas do pai até praticamente
ontem, gente. É um neném. — Chaerin articulou — E você pelo que sei,
não passa de uma ratazana velha que já passou pelos piores esgotos do
mundo.
— Se fosse eu, teria rasgado a garganta dele. — Yoongi disse
calmamente.
— Eu não vim aqui para ser humilhado. — Sungjae se levantou fazendo
drama.
Ele não estava sentido por falarem com ele daquele jeito, já lhe falaram
coisas piores. Sua intenção era apenas que o Capitão o defendesse.
— Sente-se. — Jeon ordenou friamente — Deixem ele falar de uma vez.
Todos se calaram e deixaram que Sungjae contasse tudo o que sabia
sobre Alma Negra e sua tripulação. Não foi bem uma defesa, mas Jungkook
estava alí por causa dele, mandou que todos se calassem apenas para ouvi-
lo falar.
Sungjae respirou fundo, com um sorriso campeão no rosto, e quando
abriu a boca para falar, o olhar do Capitão se dirigiu as escadas quando
Jimin apareceu, descendo-as. Assim como Jungkook, a tripulação também
observou o Ômega descer cada degrau, se aproximar e sentar de lado, no
colo do Capitão. Ele cruzou os braços em seu pescoço, ignorando
totalmente a presença de Sungjae, que estava com seus olhos em chamas.
— Jungkook eu estou cansado, vou dormir porque amanhã quero acordar
bem disposto para comprar mais algumas coisas. — Jimim falou, com voz
mansa — Boa noite, meu amor.
Percebendo com o canto dos olhos que Sungjae pretendia falar alguma
coisa, Jungkook ergueu a mão para que ele ficasse quieto. Ele abraçou o
loiro pela cintura e o beijou. E não foi um simples beijo. Ele foi quente e
demorado. Ninguém ousou interromper.
— Boa noite, meu coração. Daqui a pouco eu subo. — Jeon disse,
deixando mais alguns beijinhos nos lábios do Ômega.
— Estou te esperando em nossa cama. — Jimin abraçou o Capitão uma
última vez, se levantou e deu um "tchauzinho" para Taehyung, Seokjin e
Dahyun, que estavam sentados um ao lado do outro.
O silêncio permaneceu até que o Ômega lúpus subisse as escadas e
entrasse em seu quarto.
— Caralho. — Chaerin articulou abanando-se com uma das mãos — Está
quente aqui ou sou apenas eu ?
Após esconder o rosto novamente, por baixo do véu, Sungjae continha
seus rosnados, e quase havia esquecido as coisas que iria contar.
☠
Alguns dias haviam se passado e a tripulação permanecia na busca de
alguma informação sobre algum dos fragmentos. Era possível que Sungjae
soubesse de algo, mas ninguém confiava nele o suficiente para fazer
perguntas sobre. Sem falar que, após a noite da reunião, ele andou evitando
à todos.
Após a Frota de navios da Marinha Real ancorar no Porto do mesmo
Reino que o Black Swan se encontrava, com o total de quatro embarcações,
os marinheiros foram alojados em albergues simples, enquanto os oficiais
acomodaram-se nas melhores instalações da cidade. Jisung ganhou um
quarto só para ele, para que as pessoas não falassem de sua honra. Mas
Jackson alojou-se em um quarto ao lado do dele.
— Já que vou voltar para Gaeul, eu gostaria de pelo menos levar algumas
lembranças da Nidras — O Ômega disse, enquanto fazia seu desjejum na
companhia dos oficiais. — Já que é o senhor que está no comando, sr. Choi,
eu gostaria de ter sua permissão para sair e conhecer o mercado.
— Claro, Jisung — O Comodoro respondeu com um sorriso. — Mas
deverá ser escoltado para sua própria segurança.
— Eu o levarei. — Como era de se esperar, o caçador se ofereceu.
— Certo. — Choi confirmou, e seu amigo Jo não disfarçou o incômodo,
saindo do salão quase levando algumas cadeiras junto.
Um pouco mais tarde, enquanto caminhavam pelas ruas, Jisung
encontrou uma tenda onde uma senhora vendia flores. Sentiu o cheiro de
jasmim e logo se lembrou de Jimin.
— Sinto tanta falta do meu irmão.
— Logo vocês vão se ver.
— Espero que sim. — Jisung olhou para o Alfa e sorriu, seu olhar desceu
para algo que ele carregava sobre o peito e só agora pôde ser visto, porque
ele estava com a camisa desabotoada. Jisung franziu o cenho, curioso — O
que é isso, sr. Jackson?
— Não precisa me chamar assim, não sou Senhor de nada... foi minha
mãe que me deu, pediu para que eu guardasse com cuidado, mas tenho
certeza que pertenceu ao estrume do meu pai. Deveria ter me livrado disso
há muito tempo.
— É uma lua? É muito bonito.
O Alfa acionou algo em seu pingente, e mais três luas, cada uma em sua
fase surgiram formando um círculo maior.
— A lua e suas quatro faces. — Jisung olhou encantado para o objeto
pendurado no pescoço do Alfa.
Nunca tinha visto algo tão bonito quanto aquela jóia. Com a prévia
autorização do caçador, Jisung tocou no objeto e passou os dedos sobre o
formato do pingente de prata.
Do outro lado da rua estava Jimin, que, após sair em companhia de
Taehyung e Dahyun, perdeu-se de ambos pelas ruas tão parecidas do grande
mercado. Não fazia ideia que a poucos metros de onde estava, o seu querido
irmão mais novo estudava um lindo objeto cheio de encanto.
Os irmãos, que foram violentamente separados há meses desde o assalto
do Black Swan ao galeão da Marinha, sempre mantiveram os seus corações
na esperança de se encontrarem novamente. Mesmo com o passar do tempo,
e com as diversas situações assustadoras nas quais os Ômegas passaram,
eles nunca deixaram de pensar e de se preocupar um com o outro.
Em todos os momentos terríveis desejaram fortemente poder segurar a
mão um do outro, mas ao invés, tiveram que lidar com a saudade que a cada
dia que se passava, apertava ainda mais. Mas eles tinham certeza de que um
dia eles iriam se reencontrar, disso nunca duvidaram. Só não imaginavam
que este dia havia chegado.
Quando Jimin girou para seguir seu caminho, viu um casal do outro lado
e de frente um para o outro. Seus olhos naturalmente puxados se abriram
quando ele viu que o garoto loiro ao lado do Alfa, era o seu irmão, Jisung.
Seus batimentos aceleraram à medida que ele atravessava a rua caminhando
na direção em que o mais novo estava.
Se seus olhos poderiam tê-lo enganado, o olfato lhe deu a única certeza
de que precisava, quando o aroma de lavanda, o doce cheiro do seu irmão,
foi captado por Jimin.
— Jisung... — o Ômega ouviu uma voz conhecida e franziu o cenho,
quando olhou para trás, ele viu seu irmão parado a apenas alguns passos.
Por um momento Jisung pensou que estava vendo coisas, que era apenas
uma ilusão provocada pela sua cabeça, pelo fato de ter sentido o cheiro de
jasmim em uma floricultura momentos atrás. Porém, assim que viu o sorriso
de Jimin aumentar, o mais novo correu ao seu encontro, ignorando o Alfa
ao seu lado.
— Jimin! — Os Ômegas se abraçaram fortemente, com um desejo de
suprir toda a saudade que sentiram um do outro. — Me perdoa, me perdoa
por favor!
— Eu senti tanto sua falta! Por que está pedindo perdão, meu pequeno?
— Porque eu fui um covarde que não fiz nada quando você foi levado.
Ambos estavam chorando, mas ao invés de secar as próprias lágrimas,
Jimin passou os dedos suavemente pelas bochechas úmidas do mais novo.
— Não fale coisas bobas! — O repreendeu como sempre fazia. Jisung
sorriu, sentia falta até mesmo das censuras do irmão mais velho. — Não se
desculpe por isso, faria aquilo quantas vezes fossem preciso. Eu sempre vou
te proteger! Mas o q-...
Jimin parou de falar quando sentiu o cano gelado de uma pistola, ser
pressionado contra sua têmpora. Sua mão estava no cabo do punhal, mas
chegou tarde demais.
— Tire sua mão daí. — Jackson ordenou, e o Ômega ergueu as mãos. —
Me acompanhe e não faça nenhuma gracinha. — ele girou para Jisung: — E
se você fugir eu aperto esse gatilho.
Jackson agarrou o punhal de Jimin e o guardou sob sua posse. Ele puxou
o cinto de tecido que prendia sua camisa e amarrou as mãos do Ômega
lúpus atrás das costas.
— Por favor, Jackson, deixe-nos ir. — o Ômega mais jovem pediu.
— Quem é você? — Jimin perguntou.
— Calem a boca. — Jackson encostou a pistola nas costas de Jimin. —
Não chamem atenção de ninguém. Andem.
Ao passarem pelas instalações onde a tripulação do Black Swan estava,
Jimin olhou para as janelas esperando ver algum deles, e desejando
desesperadamente poder gritar por ajuda. A única pessoa que o viu fôra
Sungjae, e este sorriu ao vê-lo amarrado sendo conduzido forçadamente por
um Alfa armado.
As pessoas nas ruas já estavam acostumadas a cena corriqueira onde
caçadores passavam com seus capturados, levando-os para as autoridades
locais. Mas este não era o destino de Jackson. Ele o levou diretamente para
onde estava alojado. Aproveitou que os oficiais estavam na casa do
Imperador Tossif, e assim não teve problemas ao subir com os Ômegas
diretamente para o seu quarto.
— Eu sei que você é uma pessoa boa. — Jisung tentou mais uma vez. —
Por favor, deixe-nos fugir.
— O que pretende? — Jimin, sem saber ao certo o que estava
acontecendo e como seu irmão estava com aquele desconhecido, girou para
o mais novo. — Quem é este Alfa, Jisung? E o que você está fazendo aqui,
com ele?
— Ele é um caçador, Jimin. Nosso pai o contratou para encontrá-lo e o
levar de volta para casa.
O lúpus abriu a boca chocado, mas não articulou uma única palavra.
— Preciso fazer algumas coisas, mas eu volto logo. — Jackson avisou —
E nada de gritos, ou quem vai aparecer aqui são os oficiais da Marinha, e eu
sei que vocês dois não gostam deles.
O Alfa saiu do quarto, trancando a porta e deixando os irmãos sozinhos,
por hora.
Continua...
[32] Ao Seu Favor
Reescrito
☠
Jimin aguardou durante algum tempo até ter a certeza de que o caçador
realmente havia ido embora, para pedir ao irmão que ele tentasse desatar os
nós que prendiam suas mãos.
— Tá muito apertado. — Jisung desistiu após passar vários minutos
tentando desfazer o nó que o caçador fez com o cinto. — Desculpa, não
consigo.
— Tudo bem.
— Ah! Seu aniversário! Eu pensei em você o dia todo e dormi no seu
quarto, para me sentir pertinho de você.
— Me dá um abraço! Eu não consigo.
Jisung sorriu e envolveu o irmão com seus braços, abraçando-o apertado.
— Eu tive tanto medo de nunca mais te ver.
— Eu também. Aconteceram tantas coisas comigo...
Jimin contou para seu irmão, todas as aventuras em que ele havia
passado. Desde a última vez que o viu, até o presente momento.
— Como eles são? Os piratas.
— Como eu sempre te falei, são bárbaros e cruéis. Eu vi coisas que... —
Jimin lembrou-se do homem crucificado no Forte de Nabuco, os Ômega
presos no quarto de Barba-Ruiva, os que seriam vendidos no leilão e outras
coisas. —... mas também há Alfas e Betas bons. Como o Capitão Jeon e sua
tripulação.
— Eu não sei, Jimin. Aquele Alfa da cicatriz me pareceu muito mau.
— Ah, ele me dá medo as vezes, também — Jimin confessou —, mas é
apenas o jeitinho dele.
— Jeitinho? Eu tive pesadelos com ele.
— É sério, depois que você conhece cada um deles, percebe como são de
verdade. — Jisung deu de ombros, mas para ele, o Alfa da cicatriz ainda era
muito assustador — E esse tal caçador, ele não te fez nenhum mal, não é ?
— Não, não. Ele me protegeu do Tenente Jo.
— Acho que sei quem ele é. Amigo do Comodoro ? — o mais novo
assentiu — Por que ele precisou proteger você do Tenente ?
— O papai escolheu ele para ser meu noivo. Ele tentou me tomar à força.
— notando o semblante chocado do irmão, Jisung apressou-se em explicar:
— Mas eu estou bem, ele não conseguiu... e então o Jackson vem me
protegendo esse tempo todo.
— Nosso pai sabe disso?
— Não. Aconteceu no navio.
— Eu vou matar esse desgraçado! — Jimin rosnou imaginando diversas
formas de como torturar um Alfa — Mas ainda não entendi como ele
deixou você viajar sozinho no meio de tantos Alfas.
— Então... — Jisung sorriu amarelo — Ele não sabe. Eu fugi para te
encontrar e ficar com você. Mas agora nós vamos ser levados de volta...
Jimin admirou o irmão em silêncio por um tempo. Jisung sempre foi
medroso e chorão. Mesmo que sua vontade de viver uma aventura fosse
gigantesca, se um pirata bater o pé no chão ele se encolhe todo. E no
entanto, ele estava alí. Havia fugido sozinho e estava disposto a continuar
para levar uma vida livre, sem as obrigações matrimoniais impostas pelo
pai.
— Não se preocupe, não voltaremos para casa nem tão cedo.
— Mas como...?
— Vamos fugir daqui. Procura por uma garrafa de vidro, um espelho,
qualquer coisa cortante.
Jisung anuiu e se levantou a procura de algum objeto que pudesse cortar
as amarras do irmão. Ele vasculhou nas coisas do caçador, nas gavetas e
baús. No banheiro, ele encontrou um espelho sobre a pia.
— Pega aquele castiçal, enrola um pano para não fazer barulho e joga
nele. Mas fica longe pra não se machucar. — Jimin o instruiu e seu irmão
fez assim como ele disse.
O barulho do vidro se quebrando foi abafado pelo tecido de uma roupa, e
com cuidado, Jisung pegou um dos pedaços que se espalharam. Jimin virou
de costas e o mais novo começou a cortar o pano como podia. Assim que a
porta foi aberta, ele se assustou e deixou o caco de vidro cair no colchão.
— Que estão fazendo? — O caçador perguntou, olhando desconfiado.
— Nada. Nadinha. Só conversando sobre coisas de irmãos. — O mais
jovem disse, tentando disfarçar. Jackson estudou o Ômega lúpus que a essa
altura, já havia escondido o pedaço de vidro entre as mãos — Já vai nos
levar de volta?
— Não. Ainda falta matar o Capitão Jeon.
Mesmo sabendo que era esse o trabalho do caçador, Jisung não pôde
deixar de fitá-lo em choque. Já o seu irmão, começou a rir alto.
— Jimin?!
— O quê? Ué, foi engraçado. — deu de ombros — Esse palhaço
realmente acha que vai conseguir matar o Capitão.
Jackson ergueu os olhos para encará-lo, e Jisung temeu que ele pudesse
fazer algo contra seu irmão, quando este se aproximou de ambos. O Alfa
curvou o corpo até ter o rosto próximo ao do lúpus. Havia um pequeno
sorriso em seu rosto.
— Não só vou matar, como entregarei o resto do corpo aos cães. Porque
seu papai só quer a cabeça. — Instintivamente, Jackson fechou os olhos
quando Jimin cuspiu em seu rosto. Com paciência, o caçador passou a mão
no rosto e o limpou — O Comodoro vai ficar muito feliz em vê-lo.
Já sem nenhum traço do sorriso de alguns segundos atrás, Jackson
agarrou o braço de Jimin e o levou para fora do quarto. Jisung tentou ir
atrás mas a porta foi trancada antes que ele pudesse sair.
Jackson bateu na porta do Comodoro, assim que ele abriu, o caçador
nada disse quando empurrou o Ômega para dentro. Choi olhou para o
Jimin, que caiu no chão de seu quarto, e novamente para o caçador, sem
entender.
— Aí está o seu Ômega. — E voltou para seu próprio quarto.
Choi ficou aturdido por alguns segundos, mas logo fechou a porta e girou
para encarar Jimin, que já estava de pé. Ele se aproximou do Ômega e o
atingiu com uma tapa no rosto, fazendo-o tropeçar para o lado.
— Isto foi por ter quebrado um vaso na minha cabeça.
— Pena que foi o vaso que quebrou. — Jimin afirmou, agora com uma
das maçãs do rosto avermelhada — Onde está sua dignidade, Comodoro?
Mesmo depois de tudo ainda cruza oceanos atrás de mim.
— Como se eu quisesse me casar com um Ômega desonrado. Seu pai
ameaçou tomar minha posição na Marinha se eu não me casar com você.
— E você é um covarde que não sabe se impor.
— Pense o que quiser, Jimin. Seu pai é poderoso suficiente para acabar
comigo. Você é belo, posso me casar com você, mesmo que não seja mais
puro, ainda vou sair ganhando tendo você como meu esposo. Isso, se não
pegou nenhuma doença com aquele pirata. — Jimin tentou chutá-lo no
meio das pernas, mas o Comodoro agarrou seu joelho — Agora estou
preparado.
— Pode conseguir um outro emprego, talvez possa trabalhar testando a
durabilidade dos vasos usando sua cabeça.
— Eu poderia até soltá-lo, mas só por causa dessa gracinha você vai
permanecer assim. — Jimin deu de ombros, sem se importar — Por que não
se salva agora, hm? Hum... Vou contar a bela novidade ao Jo.
Assim que o Alfa saiu do quarto, Jimin moveu o pedaço do espelho com
cuidado, tentando terminar de cortar o tecido que o pendia.
Enquanto isso, no quarto ao lado, Jisung estava sentado de costas para o
caçador, como um ato de protesto, depois de ter insistido para ele ajudar
quando Jackson voltou ao cômodo, e ter seus pedidos negados friamente.
A princípio Jackson não se importou, até achou fofa aquela atitude. O
deixaria quieto em seu pequeno momento de fúria, mas reparou que
algumas coisas estavam fora do lugar.
— Você mexeu nas minhas coisas? — ele indagou mas Jisung não
respondeu — Lembra de quando eu falei que minha paciência é quase
inexistente?
— Hum, humhum... Hum, hum, humhum... — o Ômega começou a
cantarolar, ainda o ignorando.
— O mar não é lugar para Ômegas.
— O lugar de um Ômega é onde ele quiser. O Jimin estava feliz com o
Capitão Jeon. Eles se apaixonaram e estavam caçando o Imperium juntos.
Mas você tinha q-...
— Imperium?
— Tesouro do Francis Bonny, nunca ouviu falar?
— Já... mas sobre caçar o Imperium, isso é mentira. Ninguém jamais
conseguiu decifrar um fragmento sequer.
— Mas acontece que o Jimin é um Ômega lúpus, o único que consegue
ler as runas.
— Espera um instante. — Jackson saiu do cômodo deixando um Ômega
confuso para trás.
E quando ele entrou no quarto do Comodoro, quem se encontrou confuso
foi ele, quando viu Jimin livre de suas amarras.
— Larga esse vidro. — o Alfa ordenou, mas seu tom era calmo. Jimin
negou, ficando em posição de defesa — Okay, já sei como sua mente
funciona, então vamos pular a parte em que eu pego minha espada e vou até
seu irmãozinho e-...
Ele parou de falar no mesmo instante em que Jimin jogou a parte do
espelho no chão.
— Bom garoto, agora venha comigo. — Jimin hesitou por um momento,
mas quando o viu entrar no quarto em que estava com Jisung, ele correu
para encontrar o irmão novamente.
— Ele te machucou? — Jimin perguntou examinando o menor.
— Não, eu já te disse. Ele não faria nada para me machucar. Ele mesmo
prometeu.
Jimin olhou para o Alfa sentindo-se um tolo por ter caído em sua
manipulação. Jackson foi até suas coisas e tirou de dentro um pergaminho,
abriu-o e mostrou para o lúpus.
— O que tem escrito aqui?
Aquele era de fato um dos fragmentos. As pupilas de Jimin dilataram-se,
assim como sempre acontecia quando lia uma daquelas escritas brilhantes.
— Nada.
Jackson riu baixinho.
— Não precisa mentir, seu irmão já me contou.
Jimin olhou para seu irmão, apenas para confirmar, e Jisung murmurou a
palavra “desculpa” com os lábios sem produzir som.
— Não entendo o idioma.
— Imaginei que não. É a língua morta dos seus antepassados Ômega
lúpus. Mas como sabemos, você conseguiu traduzir as outras partes com
ajuda dos livros.
— Por que ficou interessado no tesouro? Você não é um pirata.
— Não é no tesouro que estou interessado.
— É em quê, então?
Jackson hesitou, mudando de assunto.
— Vamos fazer uma visita a tripulação do Black Swan. Tenho um
proposta irrecusável para seu Capitão.
Continua...
Eu tô reescrevendo os capítulos usando os textos que eu já editei pro
livro físico, e algumas leitoras me alertaram sobre erros na hora de
mudar os nomes. Se acontecer de aparecer algum nome “estranho” por
exemplo, Sebastian, Noah, Victor... Pode me avisar que eu volto pra
corrigir ❤
[33] Uma Possível Aliança
Reescrito
☠
Taehyung e Dahyun estavam feito loucos procurando Jimin pelo
mercado. No momento em que compravam suas próprias coisas, o Ômega
se afastou tão encantado com os acessórios, que acabou se perdendo de
ambos.
- Achou ele? - Taehyung perguntou a mulher.
- Não.
- O Capitão vai matar a gente e jogar nossos pedacinhos aos tubarões.
- Talvez ele voltou para hospedaria.
- Você acha?
- Só tem um jeito de saber...
Com os semblantes preocupados mas cheios de esperança, eles voltaram
para o Open Chenbuk bar. E no momento em que chegaram, viram que a
tripulação se encontrava alvoroçada.
- Sim, Capitão, eu mesmo fui verificar. - Jared disse com certeza na voz -
São três galeões e um nau.
- Fodeu... - Taehyung cochichou para a Beta. Eles estavam ouvindo a
conversa atrás de uma coluna.
- Não subam as velas ainda, na certa eles não perceberam. Eles devem
estar atrás do Jimin, vamos ter de ir embora. Não chamem atenção. -
girando na direção em que os Betas estavam escondidos, o Capitão
perguntou: - Onde está o Jimin?
Sorrindo nervosos, os Betas saíram de seu esconderijo.
- Ele-... - Dahyun começou mas foi interrompida por Taehyung.
- Está no mercado ainda.
- Sozinho? Vocês ficaram malucos? Vão lá e o tragam de volta. Não é
mais seguro ele ficar sozinho por aí.
Dahyun puxou o navegador para o lado de fora.
- Por que você não disse a verdade?
- Você não viu a cara dele? Fiquei com medo... vamos falar com Yoongi,
ele já foi um caçador, deve saber como encontrá-lo.
Sem outra opção, a Beta apenas concordou e o seguiu.
☠
Sungjae aproveitou que não tinha clientes para limpar as mesas do bar,
quando dois Betas surgiram o cercando.
- Jarsa quer as moedas dele, Ômega. - um deles exigiu.
- Eu vou pagar.
- Quando?! - o outro Beta questionou dando um empurrão na mesa que o
Ômega limpava.
- Eu não sei, não tenho o dinheiro agora mas posso conseguir...
- Meu ovo que você vai conseguir. Já fazem três meses e nada das
moedas.
- Parece que você vai ter que pagar de outro jeito.
Sem aviso, o Beta agarrou Sungjae enquanto o arrastava para os fundos
do bar.
- NÃO! - o Ômega gritou tão alto que teve a sensação de que sua
garganta havia se rasgado.
- Que vocês estão fazendo?! - Uma voz furiosa surgiu descendo as
escadas - Mas que merda é essa?
Scott desceu com cuidado, mancando em sua perna de pau, já segurando
uma pistola em sua mão.
- Ele está nos devendo, já que não tem moedas, vai pagar com o próprio
corpo.
- Não! Isso não!! - O Ômega chorou desesperado.
- Tivesse pensado nisso antes de ter ido pedir fundos ao Jarsa.
- Não vai forçá-lo à isso. - Scott avisou.
- Não se mete perna de pau.
Scott apontou a pistola na direção deles e iniciou a contagem:
- Um... dois... - antes que chegasse no três, os dois Betas saíram em
disparada, fugindo para salvar suas vidas.
- Obrigado. - Sungjae suspirou mais do que aliviado.
- Não fiz isso por você. O Capitão não tolera estupros na tripulação, e se
eu presencio um e não faça nada para ajudar, é como se eu fosse cúmplice.
O Alfa expressou uma careta de dor e conteve um chiado, guardou a
pistola e subiu com dificuldade, voltando para o seu quarto mancando ainda
mais. Poucos minutos depois, Sungjae surgiu na porta do cômodo,
segurando uma pequena cumbuca.
- Chispa daqui. - o Alfa disse assim que o viu.
- Eu só vim agradecer pelo que fez por mim.
- Qual a parte do chispa daqui, você não entendeu?
- Está sentindo dores em sua perna amputada, não é? - mesmo com o
olhar ameaçador do Alfa, Sungjae insistiu - O Capitão Alma Negra também
sentia no braço que ele perdeu a mão. Eu fazia massagens e ele se sentia
melhor. Deixe-me ajudá-lo.
- Apenas porque você de repente ficou muito bonzinho... Sei bem como
você é seu putinho. Suma daqui.
- Você já foi forçado por vários Alfas no porão imundo de um navio
durante dias? Porque eu já, e não iria suportar se fizessem isso comigo de
novo. Mas você não deixou isso acontecer e acredite, eu estou muito grato.
Deixe-me fazer isso.
Scott estudou a cumbuca na mão do Ômega, e o mesmo parado no
umbral. Com um gesto de cabeça, mandou que ele se aproximasse.
- Se você fizer qualquer merda que piore o estado dela, não importa que
você seja um Ômega, eu vou te bater.
Sungjae lembrou-se da surra que levou do Ômega, sabendo que seria
muito pior se fosse de um Alfa. Ele engoliu em seco.
- Mensagem recebida.
Scott estava sentado na cama e com muito cuidado, ele retirou o encaixe
da perna de madeira com uma expressão terrível de dor. O Ômega se
aproximou, e sentou sobre os calcanhares diante do Alfa.
A perna de Scott, mais precisamente, o ponto em que foi cauterizada,
estava quase completamente cicatrizada, mas com uma aparência
avermelhada devido ao uso da perna de pau.
- Nossa, você não acha que deveria deixar que se cure completamente
antes de andar com essa coisa? - Sungjae perguntou, apontando para a perna
de madeira.
- Você é médico por acaso? Seokjin disse que posso usar.
- Aposto que ele disse para você não exagerar no uso como tem feito. -
Scott rosnou irritado, e o Ômega ergueu as mãos - Tudo bem, você que
sabe. A perna é sua, ou o que sobrou dela...
- Faz logo essa merda!
- Está bem, calma... Não precisa gritar.
Sungjae afundou a ponta dos dedos em uma mistura de ervas e espalhou
pelas palmas. Com cuidado, ele levou as mãos até a área inchada e Scott
gritou de dor assim que ele fez contato com sua perna. O Ômega se
encolheu, protegendo-se com os braços e já esperando pela agressão. Mas o
Scott tomou algumas Respirações profundas e mandou que ele continuasse.
A medida que Sungjae movimentava suas mãos com bastante leveza pela
área dolorida, a mistura ia penetrando na carne do pirata e o alívio
começava a surgir.
Sungjae estudou as expressões do Alfa, e este, mesmo alguns minutos
após o Ômega passar a mistura em sua perna, já não estava sentindo tanta
dor, e respirava calmamente com o alívio recebido. Sungjae colheu mais um
pouco da mistura espalhada pelas palmas e agora, moveu as mãos
embebidas pelo óleo sobre a coxa do pirata, onde a dor se estendia um
pouco mais acima. Ele deslizou as mãos para dentro da coxa e apertou
suavemente. Sungjae continuou a massagem fazendo círculos com as
pontas dos dedos.
Scott respirou fundo, enquanto o Ômega continuava deslizando a mão na
parte debaixo da coxa, pressionando os músculos. O Alfa fechou os olhos,
completamente perdido naquele bálsamo. As mãos de Sungjae, ainda
úmidas com o óleo feito a partir de algumas ervas e sementes, subiu um
pouco mais e enquanto apertava a coxa do pirata, seus olhos seguiram até o
membro do Alfa, e então percebeu que ele estava com uma modesta ereção
e parou a massagem.
Scott abriu os olhos, confuso com a parada repentina, e quando notou que
Sungjae percebeu seu vacilo, ele e o empurrou
- Acabou. Agora pode ir. - virou o rosto, fingindo reparar alguma coisa
em sua perna de madeira, mas na verdade ele estava irritado consigo mesmo
e constrangido.
Mas o Ômega não saiu, ele observou Scott, pensando na reação dele.
Ainda grato pelo que fez, ele resolveu contar o que tinha visto mais cedo
pela janela.
- Eu vi um caçador levar o Ômega que está com o Capitão.
- Não minta.
- Não estou. Também tinha um outro garoto de cabelo loiro.
Scott franziu o cenho e neste ínterim, seu irmão apareceu no quarto.
- Temos problemas. - seus olhos seguiram até Sungjae - Que ele faz aqui?
- Ele disse que viu um caçador levar o Jimin.
- Bom, então vamos descer porque é exatamente sobre isso que estamos
discutindo lá embaixo.
O Capitão rugia de raiva quando Taehyung e Dahyun voltaram sem
Jimin. Yoongi os fez contar para ele que o Ômega havia desaparecido.
- A Marinha está aqui, Jimin desaparecido... O que mais de pior pode
acontecer? - indagou retórico.
- Sungjae diz saber onde ele está. - Sven afirmou, ajudando seu irmão a
descer as escadas, com o Ômega logo atrás.
- E vocês acreditam nesse vadio mentiroso? - Chaerin indagou revirando
os olhos.
- Ele disse que viu Jackson Wang levar Jimin e um garoto também loiro.
Sungjae não conhecia o Jimin, não sabia que ele tem um irmão.
- Como você sabe que esse caçador é o Jackson? - Yoongi perguntou,
desconfiado.
- E quem não conhece Hack Wang? O lendário caçador de recompensas.
- E não é que o miserável apareceu por essas bandas... - O espadachim
riu, pensativo.
- Você parece muito animado com isso. - Taehyung constatou.
- Somos amigos.
- Seu amigo sequestrou o Jimin.
- É o trabalho dele. - deu de ombros - E o meu é pegar o loirinho de
volta.
- Você viu para onde ele os levou ? - Jungkook perguntou para o Ômega.
- Entraram no mesmo prédio que os oficiais da Marinha estão.
Uma pequena comoção se iniciou entre a tripulação, enquanto Yoongi
refletia sozinho sobre o cenário. O espadachim passou anos de sua vida
como um caçador, até foi treinado no mesmo local que Jackson e orientado
por um mentor em comum.
Sempre foram ensinados a pensar em todas as possibilidades e estar um
passo a frente do seu inimigo. Apesar de vez ou outra prestarem serviços
aos oficiais, os caçadores não possuíam um vínculo de lealdade com a
Marinha, e eles não confiavam integralmente nas forças armadas da Coréia.
Neste caso, Yoongi sabia que Jackson usaria a situação ao seu favor, para
obter alguma vantagem com a situação e não ser passado para trás, pela
Marinha.
- Vamos ataca-los - Jungkook afirmou. - Quero que coloquem aquela
construção abaixo!
- Talvez tenhamos outras opções - Yoongi argumentou. - Jackson é um
caçador, sabe que não se pode confiar inteiramente na Marinha. Eles são
corruptos.
- Onde você quer chegar com isso? - Namjoon inquiriu.
- Se eu estivesse em seu lugar - Yoongi explicou, se referindo ao caçador
-, buscaria analisar quais opções eu teria. Comprar uma briga com os piratas
ou com a Marinha?
- Continue - o Capitão consentiu.
- A pesar de serem os nossos principais alvos, não se pode negar que os
caçadores e piratas tem muita coisa em comum. Ambos cometem crimes
para atingir seus objetivos - Yoongi voltou a explicação. - Bom, o que eu
quero dizer é que há uma chance do Jackson nos procurar em busca de uma
melhor proposta.
- Confesso que eu prefiro estar ao lado de um caçador, do que de um cão
sarnento da Marinha. - Billy cuspiu no chão. - O que vamos fazer, Capitão?
- Se Yoongi estiver certo, o caçador não vai querer fazer isso aqui na
cidade, onde pode ser visto pelos oficias - Jungkook ponderou. - Voltemos
ao Black Swan, se o caçador não aparecer com meu Ômega, então pegamos
nossas armas e vamos invadir o albergue.
☠
Quando a tripulação chegou no Black Swan, tudo estava calmo à
primeira vista. O navio se encontrava estranhamente silencioso demais.
Fazendo sinal para seguirem sorrateiros, Jungkook foi o primeiro a cruzar a
rampa e subir na embarcação. Ele levou a mão à sua arma e a ergueu no
segundo em que notou três silhuetas próximas ao mastro da proa.
Namjoon foi o próximo seguido de Yoongi e os demais. O espadachim
estava certo em sua aposta, Jackson realmente procurou a tripulação muito
provavelmente em busca de um pagamento maior.
- Mas que demora, Min Yoongi. - O caçador comentou. Jimin e Jisung
estavam sentados dividindo um caixote ao lado dele - Ficou muito lerdo
depois que se juntou à esses piratas.
- Ah seu desgraçado. - o espadachim se aproximou do caçador e o
cumprimentou - Pode ir, loirinho.
Jimin não pensou duas vezes quando se levantou e segurando na mão do
irmão, seguiu para perto de Jungkook. Jisung ainda olhou para trás, e viu o
caçador olhando para si.
- Você está bem? - Jeon perguntou e Jimin assentiu. Ele voltou sua
atenção ao Alfa: - O que veio fazer aqui?
- Vim oferecer a minha ajuda para encontrar o Imperium.
Até mesmo Yoongi olhou surpreso para ele.
- Como você sabe? - O espadachim perguntou se referindo ao tesouro.
- Deram com a língua nos dentes - Jackson revelou olhando para Jisung,
e este abaixou a cabeça com as sobrancelhas curvadas.
- O que o faz pensar que precisamos de sua ajuda? - O contramestre
perguntou.
- Ele tem uma parte do mapa. - Jimin os alertou.
- E nós, quatro. - Hoseok afirmou - Não precisamos dele. Podemos
simplesmente matá-lo e tomar o fragmento.
- Cale a boca. - Yoongi disse revirando os olhos.
- Vocês podem ter todas as sete partes do mapa, Jeon - O caçador
articulou. Ele puxou o pingente que usava em seu colar e exibiu à todos -
Mas sem isso aqui vocês não vão conseguir nada.
- O que é isso? - Yoongi questionou.
- Era do meu pai. Minha mãe me entregou antes de morrer e pediu para
que guardasse em segurança.
- E por que a bugiganga do teu pai pode ajudar? - Jared perguntou rindo.
- Porque eu sou filho de Francis Bonny.
Continua...
Obrigada As_Ideia pelo edit lindo ❤❤
[34] Interesses em Comum
Reescrito
☠
Reescrito
☠
Hoseok, Dahyun e outros Alfas saíram do último galeão, levando consigo
o último resquício de pólvora e fazendo uma linha passando pelo convés até
a popa. Yoongi e Jackson também já haviam voltado para o Black Swan, os
últimos que faltavam eram o Capitão, seu contramestre e também o
bucaneiro Scott.
O nau da Marinha zarpou na direção em que o Black Swan estava, ao
mesmo tempo em que Scott chegava trazendo consigo algo inesperado.
— Pensei que estava vindo com uma perna só! — Seokjin bradou pela
demora do pirata, e logo percebeu que a piada não caía mais bem se o
relacionado fosse ele — Desculpa Scott, eu esqueci...
— Tudo bem. Onde está o Capitão?
— Ainda não voltou. — Billy quem respondeu. — O que devemos
fazer?
— Pergunte ao contramestre.
— Seu idiota — Billy revirou os olhos diante da pergunta estúpida de
Sven — Namjoon está com o Capitão.
— O que essa serpente está fazendo aqui? — Seokjin perguntou
preferindo-se a Sungjae.
— Aquilo alí não é um nau? — Scott ignorou sua pergunta fazendo todos
olharem na mesma direção.
— Preparem os canhões! — Hoseok gritou.
— Merda! — Seokjin forçou a visão — Esperem, deixem os canhões
onde eles estão. É o Capitão, ele que está conduzindo. Namjoon também
está junto.
— O que ele pretende? O plano não era este. — Chaerin indagou.
— Não sei. Mas levantem a âncora e as velas. — Seokjin se colocou na
frente da rampa, impedindo o Ômega de passar — Você não vai entrar aqui.
— Ele está sendo ameaçado. — Scott argumentou.
— E quem disse que isso é problema nosso?
— Seokjin — Hoseok que o chamou — A Marinha está se aproximando.
O Beta saiu de sua posição e seguiu Hoseok até as muretas laterais,
vendo vários marinheiros rumando para os galeões. Scott aproveitou sua
distração e puxou o Ômega para dentro do navio.
— O Capitão está fazendo gestos estranhos. — Billy disse olhando
confuso.
Seokjin pegou a luneta para enxergá-lo com mais clareza, e logo
entendeu o que Jungkook estava dizendo.
— Ele disse para seguirmos com o plano. Ele vai levar o nau.
— Em que sentido devemos apontar os canhões?
— Não é necessário. — Hoseok pegou uma de suas pistolas e apontou na
direção do primeiro galeão. Ele fechou um olho para ajudar na mira precisa,
e aguardou.
Os marinheiros subiam um atrás do outro, ignorando o caminho feito
com pólvora que levava até o porão de carga, cheio dela e de álcool. Eles
estavam mais preocupados em levantar as velas e impedir a fuga dos
piratas.
— Vai logo, Hoseok. — Dahyun o apressou.
— Calma, deixa ficar mais cheio deles. — O Alfa mantinha a mesma
posição fixa. Parado como uma estátua, o olho atento em seu alvo, sem ao
menos piscar.
Quando os marinheiros conseguiram içar todas as velas, Hoseok disparou
no primeiro galeão, e repetiu o ato mais duas vezes nos dois seguintes. O
disparo atingiu a ponta da linha de pólvora e as faíscas foram seguindo o
caminho até descer para o porão de carga.
O que se teve a seguir foi uma enorme explosão, seguindo de mais duas.
Os corpos de vários Alfas foram lançados no ar juntamente aos pedaços das
embarcações, conforme uma grande bola de fogo se alastrava e destruía as
armações que restaram nos navios.
À medida que se afastavam do cais, os piratas dispararam ofensas contra
a Marinha e gritavam eufóricos com o feito. O barulho fez com que Jimin
saísse da cabine para ver o que estava acontecendo.
— Onde está o Capitão?
— Conduzindo o nau. — Seokjin respondeu.
Jimin viu a embarcação logo a frente e respirou aliviado. Seus olhos
varreram pela extensão do Black Swan e ele viu o outro Ômega parado ao
lado de Scott.
— O que ele está fazendo aqui?
— Scott?!! — Seokjin indagou incrédulo — Eu disse que ele não ia
entrar!
— Você não é o Capitão e muito menos o contramestre.
— Ah, vai tomar no seu cu! Tirem ele o do navio. — O Beta ordenou
para Billy e Sven.
Mas Scott se colocou na frente do Ômega.
— Não. Eu preciso dele.
— Para quê?
— Estou sentindo fortes dores na perna e ele passou uma mistura que
causa um enorme alívio.
— Eu posso muito bem fazer isso.
— Só que não fez.
— Eu não sabia. Você não me disse nada.
— Também não disse nada para o Ômega, mas ele percebeu e cuidou de
mim. — Sungjae mantinha a cabeça baixa, evitando que Seokjin visse seu
rosto, já que o Ômega tinha o dom de irritar qualquer um que apenas
olhasse para ele.
— O que você acha, Jimin?
— Eu não sei... — Jimin olhou para o cais e novamente para o Beta —
Está muito longe para ele voltar nadando.
— Vamos entregar um bote e pronto. — Billy disse simples.
— E ficar com um faltando? — Seokjin perguntou rindo incrédulo. — Só
na sua cabeça mesmo.
— Então vamos deixar ele aqui até o Capitão voltar.
— Jimin bateu com a cabeça? — Jared perguntou — Esse Ômega é uma
escória! Vamos jogá-lo no mar e pronto.
— Não.
— Mas por que não? É tão simples!
— Porque apesar de tudo, ele é um ser humano.
— Para mim ele não passa de um lixo.
— Jimin, o que está fazendo? — Jisung surgiu na porta da cabine,
olhando curioso a movimentação pelo convés.
— Estamos decidindo sobre o que fazer agora.
— Hm... E já decidiram? Não quero ficar aqui sozinho.
Jimin olhou para Seokjin e o Beta anuiu.
— Tudo bem, vou ficar aí com você. — Jimin olhou uma última vez para
Sungjae que ainda mantinha a cabeça baixa, e seguiu para a cabine.
☠
Logo após estarem a uma boa distância em milhas náuticas, o Capitão
guiou o navio à bombordo, se aproximando do Black Swan com cuidado até
estarem próximos o suficiente para encaixar uma prancha que os conduzisse
para o outro lado. Ele atravessou pela viga de madeira, enquanto Namjoon
assumia o timão.
— Você muda os planos de repente, sem dizer nada... — Seokjin o
recebeu com uma repreensão — Imagina se não tivesse dado certo,
estaríamos todos tomando no meio do-...
— Mas deu. — Jungkook o interrompeu descendo e finalmente pisando
no chão do convés — Onde está meu Ômega?
— Na cabine com o irmão. — o Capitão se dirigiu a esta direção, mas foi
impedido pelo médico — Temos um problema.
Jungkook girou para fitá-lo.
— O quê?
— Ele. — Seokjin apontou para o Ômega junto à Scott.
— O que ele está fazendo aqui?
— Aah, essa é a pergunta que não quer calar. — Seokjin riu sem graça —
Pergunte ao Scott, foi ele que teve essa brilhante ideia.
Jungkook cruzou os braços e caminhou parando de frente ao Alfa.
— Estou esperando.
— Preciso dele para ajudar a curar a minha perna. Ele entende dessas
misturas curativas. Ele faz as dores sumirem.
— Já temos um médico na tripulação. Seokjin não pode fazer isso?
— Se pode não fez.
— Eu estava ocupado cuidando da minha vida. Você é um Alfa adulto,
Scott. Eu não vou ficar segurando na sua mão. — Seokjin se defendeu —
Se você ou qualquer um da tripulação estiver sentindo alguma coisa, devem
vir à mim. Ainda não possuo o dom da clarividência para adivinhar o que
você está sentindo, e muito menos fico prestando atenção no que você faz
ou deixa de fazer.
— Nossa, Seokjin. — Billy riu.
— É isso mesmo, Billy. Agora esse idiota vai ficar jogando a culpa em
mim, quando já é bastante visível quais são suas verdadeiras intenções aqui.
— Não entendi o que você quis dizer. — Scott pareceu confuso.
— Ah, vai bancar o sonso agora? Você quer um Ômega pra garantir o
próximo rut do seu irmão e o seu próprio.
Sungjae olhou confuso e assustado para o Alfa.
— É claro que não! Escute a merda que você está falando! Eu n-...
— Calem-se os dois. Estou pensando. — disse o Capitão, e a discussão
parou no mesmo instante — O que Jimin acha disso?
— Ele disse para esperar você decidir.
— Okay, esperem aqui. Eu já volto.
Seokjin e Scott voltaram a discutir enquanto o Capitão entrava na cabine,
a fim de conversar com Jimin antes de tomar uma decisão.
— Jungkook! — o Ômega se levantou e o abraçou assim que o viu —
Graças que está bem.
Jisung se levantou com as postura ereta, fitou o Capitão e logo se
apresentou:
— Sou Park Jisung, senhor.
— Olá, Jisung. Seja bem vindo... Pode, hm, se sentar. — O Ômega
assentiu e voltou a sentar na cama — Preciso falar com você.
— Sobre o Sungjae? — Jimin adivinhou.
— Sim. Scott diz que precisa dele. O que para mim é apenas uma
desculpa para mantê-lo por perto.
— Você acha que Scott planeja algo?
— Não. Confio em cada membro da tripulação. O que quero dizer é que
ele está interessado no Ômega. Sungjae é muito lindo... — Jimin arqueou
uma sobrancelha e o Alfa logo adicionou: — Não tanto quanto você.
Jimin não se conteve e riu.
— Acho bom... mas enfim, o que você pretende fazer com ele?
— Não podemos desperdiçar um bote com ele. A única solução é jogá-lo
no mar. Ele sabe nadar...
— Jungkook?? — Jimin o interrompeu — Estamos muito longe, ele vai
morrer antes mesmo de chegar na margem.
Jeon o fitou confuso, com o cenho franzido.
— Você está com pena dele?
— Não... estou... só um pouco... — Jimin ergueu o olhar para ele, e o
Alfa continuava com a mesma expressão confusa — Eu sou mesmo
patético, não é?
Jungkook encaixou ambas as mãos no rosto do Ômega, fazendo-o erguer
a cabeça e olhar diretamente para ele, sem chance de desviar o rosto.
— Você está se tornando cada vez mais forte e valente. Não tem nada de
patético. — ficou alguns momentos em silêncio, admirando-o — És tão
lindo por fora, quanto por dentro. Está se tornando um verdadeiro pirata, e
mesmo assim não deixa de sentir compaixão pelos outros. Você nunca para
de me surpreender.
— Então você vai deixá-lo ficar?
— Vou, até atracarmos em outro lugar. Então deixaremos ele lá e
seguiremos nossa viagem.
Jimin assentiu, abraçando-o pela cintura.
— Você também não para de me surpreender. — ele se colocou na ponta
dos pés e beijou os lábios do Alfa.
— Hum hum... — Jisung pigarreou, fazendo com que os lúpus não
deixassem o beijo se tornar mais profundo.
— Vou falar para os outros o que decidi. — Jungkook afirmou saindo da
cabine.
Ainda no convés, os piratas discutiam a respeito da situação de Sungjae.
Todos desejavam sua expulsão imediata, com exceção de Scott e seu irmão,
que permanecia ao seu lado em qualquer ocasião.
Possivelmente pela circunstância em que se encontra, ninguém poderia
dizer, mas o Ômega em questão sentiu-se profundamente arrependido de ter
causado tanto alvoroço assim que reencontrou sua antiga tripulação.
Se soubesse que as coisas terminariam desse jeito, jamais teria destratado
o Ômega do próprio Capitão. E se pudesse voltar um pouco mais no
passado, jamais teria feito a infeliz escolha de trair aquele que lhe deu a
mão, em um dos piores momentos de sua vida.
Quando o Capitão abriu a porta da cabine, todos os olhares se voltaram
para ele. O Alfa caminhou encarando nos olhos de cada um, sabendo o que
sua tripulação desejava ouvir. As mãos de alguns piratas estavam quase
coçando para pegar a prancha e encaixá-la na lateral da embarcação.
— E então, Jungkook? — Seokjin perguntou quebrando o suspense.
— O Ômega fica até ancorarmos em outro porto.
O Beta respondeu profundamente negando com a cabeça, e rolando os
olhos.
— Obrigado, Capitão. — Scott agradeceu.
— Mas não o quero livre pelo navio. Prenda-o no porão de carga.
— Não! — pela primeira vez Sungjae expressou algo, gritando
desesperado — No porão, não! Por favor, não! Não quero ficar no porão!
— Agora vai querer escolher o lugar que vai ficar. — Billy disse, e
perguntou com tom de zombação: — Não quer ficar na cabine do Capitão?
— Eu não quero ficar no porão, por favor? — O Ômega o ignorou
girando para Scott — Fico em qualquer lugar. Posso dormir no convés.
— A noite faz muito frio, você ficaria doente. — Seokjin informou.
— Não tem problema, eu aguento. Só não quero ir pro porão.
Seokjin olhou para seu irmão, esperando que ele se pronunciasse.
Jungkook rolou os olhos.
— Deixem-no aí mesmo. — lançou a mão na direção do convés — Mas
acorrente um de seus pés, não quero ele andando livremente pelo navio,
quando pode tentar alguma façanha idiota.
— Sim, Capitão. — Scott assentiu e procurou por uma corrente.
Seokjin cruzou os braços e caminhou até o Ômega.
— Se você ficar doente não vou deixar que passe nenhuma moléstia para
os membros da tripulação. — avisou com um semblante sério — Eu mesmo
vou atirar você para fora deste navio.
Sungjae engoliu em seco quando o Beta se afastou, e foi procurar o lugar
mais confortável do convés para dormir.
Continua...
[36] Novas Rotas
Reescrito
☠
Ainda na cabine, Jimin mostrava ao seu irmão as traduções que ele e
Taehyung já haviam feito, e também terminava de decifrar a quinta parte
encontrada. Eles estavam sentados, com livros e pergaminhos espalhados
pela cama, já que na mesa estavam o Capitão e seu navegador traçando
rotas pelo oceano desconhecido.
- Caminho ao Imperium.
- Elas são tão estranhas. - Jisung observou, juntando as partes - Isso seria
uma profecia?
Jimin parou de escrever e fitou seu irmão com ar entusiasmado.
- Jisung! - o mais novo arregalou os olhos sem entender - Eu nunca tinha
pensado nisso. Tae, você por acaso tem livros que falam sobre profecias?
- Acho que devo ter algum exemplar. Deve estar pelo porão de carga, vou
buscar para você.
- Não precisa, deixa que eu vou. Você está ocupado.
Jimin se ausentou por um tempo, enquanto seu irmão permanecia
distraído com as escrituras, abrindo bem os olhos para tentar enxergar
alguma runa. Mas, por ser um Ômega comum, ele não conseguiu.
- Eu acho que aquele pingente é a chave de alguma coisa
- Ou será parte do tesouro?
Jisung permanecia mexendo nos livros, fingindo estar alheio ao seu
redor, porém, ele estava atento a conversa sobre o caçador. Tão distraído,
que quando seu irmão abriu a porta, ele levou um susto.
- Eu não quero ele no mesmo navio que você. - afirmou Jimin ao captar
parte da conversa, se referindo ao caçador. Ele carregava dois livros consigo
- ele quer te matar, não vou conseguir dormir tranquilo sabendo que a
qualquer momento ele pode entrar aqui e tentar fazer alguma coisa.
- Não tenho medo dele. - Jungkook afirmou despreocupado, marcando
alguns pontos no mapa.
- Houve relatos de uma criatura gigantesca, que puxou embarcações para
o fundo do oceano nessa área aqui. - Taehyung indicou algo, e Jimin se
aproximou, espiando os mapas mas não estava entendendo quase nada.
- E se isso tudo for apenas parte do grande plano dele? - Jimin
questionou.
Jisung não acreditava nessa possibilidade. Queria poder falar que o
caçador era sim, digno de confiança. Que ele era um Alfa que não quebrava
sua palavra quando prometia algo. Mas sempre foi criado para se manter
calado, então calado ele permaneceu.
Jungkook parou o que estava fazendo e ergueu o olhar lentamente para
encarar Jimin, com um sorriso divertido.
- Você fica tão sexy quando está preocupado comigo.
O rosto do Ômega corou.
- Jungkook! Eu não... - Jimin viu pela visão periférica que o Beta tentava
não rir - Eu só... não quero ele no Black Swan. Manda ele para o nau, por
favor?
- Particularmente eu prefiro ficar de olho nos meus inimigos. - Jeon
largou a lupa em cima da mesa e segurou o Ômega pelo queixo de maneira
carinhosa, erguendo seu rosto e contemplou sua beleza em silêncio. Em
seguida, ele suspirou e disse: - Vou mandá-lo junto à alguns membros da
tripulação para ficar com o Namjoon no nau. Está bom assim?
- Está ótimo.
- Vou fazer isso agora mesmo. - Jungkook deixou um simples selinho nos
lábios dele e se retirou da cabine.
- Será que se você pedir pra ele sapatear no convés, ele sapateia? -
Taehyung questionou.
- Para com isso! - Jimin riu jogando um rolo de pergaminho no Beta.
☠
- Nós combinamos que Namjoon irá assumir o controle do nau. -
Jungkook informou a sua tripulação. Estavam todos os bucaneiros reunidos
no convés - Preciso que alguns de vocês vão com ele.
Algumas mãos ergueram-se e com um aceno do Capitão, eles seguiram
para a outra embarcação. Jeon ainda estudou a artilharia do Black Swan e
seguiu até onde seu atirador estava.
- Hoseok, preciso que esteja lá. O nau é composto por poucos canhões,
ele precisa de alguém com a precisão perfeita.
- Sim, Capitão.
- Você também. - Jungkook informou ao caçador. - Quero que fique no
nau.
- Não sou da sua tripulação. - Jackson afirmou despreocupado, sem
seguir a ordem.
- Eu não perguntei. Estou falando que você vai ficar no nau. - Jeon deu as
costas para falar com Chaerin, sobre manter o curso próximo a embarcação
ao lado.
Jackson deu de ombros e se levantou para trocar de navio. De qualquer
modo, ele não se importava em qual embarcação ele iria navegar, e se
mudar de navio o deixasse livre de qualquer chateação, então que seja.
- Vamos, Scott? - Sven chamou seu irmão.
- Prefiro ficar aqui.
- Então eu também vou ficar.
- Eu vou com o Namjoon. - Seokjin informou ao Capitão. - Gostei da
ideia de afastar o caçador de você, mas também não vou dormir tranquilo
sabendo que Jackson está no mesmo navio que o meu Joonie.
- Tudo bem, mas tenha cuidado. - Jungkook avisou.
O médico anuiu e pediu para o navegador:
- Fique de olho naquele Ômega por mim. Ele é traiçoeiro.
- Pode deixar.
Seokjin seria o último a atravessar para o outro lado, quando se
aproximou da passarela, ele ouviu sem querer a conversa entre alguns
piratas:
- Sabe o que é pior do que ter um Ômega à bordo quando se está no rut? -
esperou que os outros respondessem, mas como ficaram calados, Scott
mesmo disse: - Ter três Ômegas.
Os piratas concordaram.
- Então é só vocês falarem com o Scott - Seokjin afirmou com sarcasmo,
subindo na rampa. Os piratas o olharam confusos, e ele explicou: - Você
pode disponibilizar aquele belo ser acorrentado na escotilha da proa. Já que
Ômegas só servem para dar uma "mãozinha" para os Alfas em seu período
de necessidade, não é mesmo Scott?
- Você deve ser a pessoa que mais guarda rancor no mundo. - Scott
revirou os olhos - Não sei como Namjoon te aguenta.
- Se você fala suas merdas depois aguente as consequências. E no caso
do Namjoon, ele é um Alfa muito diferente de você, e é por este motivo que
é você quem está sozinho.
Sem querer dar mais corda para a discussão, Scott ficou calado e virou o
rosto comprimindo os lábios, esperando o Beta atravessar a viga de
madeira.
- Cara chato da porra. - Scott resmungou ao ver que o médico já estava
na outra embarcação.
- Mas pior que é verdade, Scott. E agora que você perdeu seu pé e parte
da perna, nenhum Ômega vai se interessar por você. - Jared ponderou.
- Ele pode pagar seus idiotas. - Sven argumentou - Folsom está aí para
isso.
- Mas vai custar muito caro. Se eu fosse um prostituto não me deitaria
com alguém faltando uma perna.
Scott apenas ouvia a conversa sem expor sua opinião. Ele olhou na
direção de Sungjae pensando em como um Ômega tão desonesto como ele,
poderia ser tão bonito, e ter as mãos tão macias. Ele viu o irmão de Jimin
caminhar passando a mão nas bordas dos muros de proteção do navio.
Jisung estava com o olhar atento na outra embarcação. Vez ou outra se
colocava na ponta dos pés, tentando enxergar mais além do que apenas as
partes superiores do nau.
- Está procurando pelo caçador?
Jisung ouviu a voz de um Ômega logo atrás de si, e quando girou o
corpo, viu Sungjae sentado no chão com uma corrente presa em seu
tornozelo.
- Não - Jisung respondeu - Só estava contando os canhões. Eles tem
apenas cinco.
- Me engana que eu finjo que acredito. - Sungjae sorriu balançando a
cabeça - Sei que está louco para se jogar nos braços dele. Mas não te julgo,
até eu ficaria. Ele é muito gostoso.
- Desculpe mas essa conversa não é muito apropriada.
- Deixe de ser bobo, menino. Se quer ficar perto dele, por que não vai
para o outro navio?
- Eu não posso... - Jisung o olhou pensativo, estudando o pé dele preso na
escotilha - Por que eles prenderam você?
- Porque eles não confiam em mim.
- Você é perigoso?
- Olha para mim e fala se eu sou. - Sungjae sorriu como se a pergunta do
outro fosse tola.
- Eu não sei. Não devemos temer apenas os grandes e fortes. As rosas são
lindas e delicadas, mesmo assim podem te machucar com seus espinhos. Já
ouviu falar que não se deve julgar um livro pela capa? - Sungjae piscou sem
resposta e apenas negou com a cabeça - Então, você pode ter a aparência de
alguém indefeso, quando na verdade pode significar um perigo mortal para
todos.
Sungjae piscou mais algumas vezes, aturdido e com as sobrancelhas
erguidas. Ele riu soprado e suspirou.
- Você é bem esperto.
- Gosto de ler livros sobre piratas.
- E quem disse que piratas são espertos?
- Você também não.
Sungjae o olhou chocado.
- Eu enganei um dos maiores, sabia? É claro que sou esperto e muito
astuto.
- Se realmente fosse inteligente não estaria nessa situação.
- Eh... - Sungjae permaneceu com a boca aberta, mas não encontrou
nenhum argumento que pudesse refutar a afirmação do Ômega mais novo.
- Estou faminto. - após algum tempo de silêncio, Jisung afirmou - Se me
der licença, vou voltar para a cabine do Capitão.
Sungjae foi deixado sozinho na escuridão da noite, enquanto a tripulação
se reunia para a última refeição do dia. Sem escolha, ele permaneceu preso
a escotilha da proa, torcendo para que Scott não esquecesse de que ele
também precisa se alimentar.
Um pouco mais tarde, foi Jimin quem pegou um prato e o levou até
Ômega preso na frente da embarcação. Embora estivesse com muita fome,
Sungjae ficou algum tempo olhando para o alimento, estudado sua
aparência e procurando por algum sinal de que estivesse adulterado.
- Eu não envenenei sua comida. - Jimin falou, cruzando os braços - Se
fosse te matar, não seria desse jeito. Sabia que só está aqui porque eu
permiti.
- Não preciso da sua compaixão. - disse irritado.
- Ah, não? A temperatura da água deve estar muito agradável com esse
clima frio. - Jimin falou com sarcasmo - Vamos ver, então, até onde você
chega com esses seus braços finos.
Jimin tirou a chave do bolso e inclinou o corpo para soltar as correntes.
- Não! - Ele parou, erguendo uma sobrancelha e esperando que Sungjae
continuasse. O Ômega mais velho respirou profundamente e engoliu o
orgulho - Obrigado por me deixar ficar.
- Quando eu vim parar no Black Swan, fui deixado preso no porão de
carga. Você deveria ser mais agradecido.
- Pois eu prefiro que você me mate, do que entrar no porão de um navio
outra vez.
- O que eles fizeram com você no porão do Alma Negra, pode ser feito
em qualquer lugar. Até mesmo aqui na proa. O problema não é o lugar no
navio, Sungjae, são os tipos de Alfas que estão a bordo. Nenhum pirata do
Black Swan forçaria você a se deitar com eles. Pense nisso, vai ficar doente
aqui fora e eu não vou impedir Seokjin de fazer o que ele prometeu.
Assim que Jimin deu as costas, Sungjae olhou para o seu prato e
confiando na palavra dele, comeu o que lhe foi servido.
Continua...
É assim que eu imagino o Black Swan, só que com mais canhões:
Atualização dos personagens porque me perguntaram como eu
imagino o Scott. Bom, quando criei os irmãos Scott e Sven me baseei
em Sam e Dean de Supernatural :3
Então:
Scott - alfa
(Bucaneiro)
Sven - alfa
(Bucaneiro)
E os outros:
Jared - alfa
(Bucaneiro)
Billy - alfa
(Bucaneiro)
[37] Péssima Ideia
Reescrito
☠
Todos os dias pela manhã, Jisung acordava, fazia seu desjejum e subia até
o convés superior só para ver o caçador passar e falar com Namjoon, que
assumira o leme e o controle da outra embarcação. Ficou tão acostumado a
presença do Alfa, que estava sentindo falta de sua companhia.
O Black Swan de repente não lhe parecia mais tão interessante, se o
aroma de menta não estivesse presente. Sempre que via o menino, Jackson
acenava em sua direção, mas logo desaparecia de suas vistas, ocupando-se
com um trabalho qualquer pelo nau.
— Feliz aniversário meu amor! — Sobressaltou o corpo assustado
quando recebeu um abraço surpreso do irmão. Jisung girou para encará-lo.
— Ah, oi... obrigado.
Jimin o estudou, curioso a respeito da sua reação pouco empolgada, e o
interesse no navio ao lado. Jisung sempre quis estar em um navio pirata, e
quando finalmente pôde conhecer, estava mais interessante em um navio de
cunho mercante.
— Nunca pensei que acharia um navio comercial tão interessante. Mais
do que um navio pirata. — Jimin brincou.
— Não estou interessado no nau… é só que... Eu acho que seria mais
vantajoso se estivéssemos todos juntos. O porão do Black Swan é grande,
caberia as cargas do nau facilmente. Desse modo não seria necessário
dividir a tripulação.
— Seria vantajoso para o caçador que quer matar meu alfa. Não, Jisung.
Sei que você confia nele, e eu também acho que ele não faria nada que
fosse prejudicar você. Mas com o Jungkook é diferente.
— Eu entendo. — Jisung forçou um sorriso.
Ele realmente compreendia o medo do seu irmão. Tinha maturidade
suficiente para entender que ele estava certo em querer proteger seu Alfa,
mas isso não significa que também não queira proteger o seu.
Mesmo que ainda não tivesse certeza, é como ele sentia. Era confuso.
Queria estar perto do caçador. Preferiu ficar calado, do que decepcionar seu
irmão contando que estava interessado no Alfa que, provavelmente, iria
matar a pessoa que ele ama.
— Desculpa, não tenho nada de especial que posso fazer para o seu dia.
Mas tem alguma coisa que você gostaria de fazer, que esteja ao meu
alcance?
Jisung pensou por algum momento e logo respondeu cheio de
entusiasmo:
— Quero conduzir o leme um pouco.
— Acho que a Chaerin não teria nada contra em deixar. — ele segurou na
mão do mais moço e ambos subiram as escadas que levavam até o timão.
— Olá. — Chaerin sorriu simpática — Que fazem aqui em cima?
— Será que você poderia deixá-lo guiar o navio? Só um pouco. — Jimin
pediu, já que seu irmão ainda não teria essa coragem. A cara que a Alfa fez
dizia claramente que a resposta seria um não, mas o lúpus se adiantou: —
Só um pouquinho?
— Tudo bem, mas tenha cuidado pois a pressão da água é forte e o deixa
pesado.
O Ômega mais novo se aproximou quando a mulher abriu espaço. Ele se
colocou na frente do leme e segurou em duas malaguetas. Jisung olhou
confuso para a Alfa, vendo que ela ainda mantinha uma mão segurando o
aparelho. Ele reforçou o aperto na madeira e firmou os pés no chão.
Respirou fundo antes de falar com certa convicção:
— Pode soltar. — Ainda um pouco desconfiada, Chaerin foi soltando aos
poucos.
— Mantenha o curso. — Ela avisou. Estava perto para qualquer
incidente.
— Tudo sob controle. — Jisung assentiu sorrindo.
Mas no mesmo instante, o leme deu uma rápida e forte guinada para
estibordo e todos foram jogados para a direita. A Alfa se levantou e correu
para assumir o controle.
— Desculpa, não sei o que aconteceu. — Jisung explicou ao se recompor.
— São correntes marítimas. — a Alfa disse. — Estão ficando cada vez
mais frequentes.
A porta da cabine foi aberta e o Capitão saiu sendo seguido pelo seu
navegador. Ambos olhando automática acima, procurando pela timoneira.
— O que houve?
— Eu-... — ela estava pronta para assumir a culpa, quando foi
interrompida por Jimin.
— A culpa foi minha. Pedia para que ela deixasse o Jisung assumir o
leme por se tratar de seu aniversário. Só queria que ele fizesse algo
divertido.
— Hoje é aniversário do seu irmão ? — Taehyung perguntou e Jimin
confirmou com a cabeça — Tragam o rum!
— Não! — Jimin logo gritou de volta. Lembrou-se do estado
constrangedor em que ficou, logo não queria o mesmo para seu irmão —
Nada de rum.
— E que tal só um pouco? — o Beta ainda tentou insistir.
— Só um pouco você diz, como em quando eu fiquei completamente
embriagado?
Taehyung sorriu dando de ombros.
— Quando foi isso? — Jisung olhou curioso para o irmão.
— Uh... Você quer subir na cesta do mastro e observar o horizonte?
— Quero!
— É muito alto. — Jungkook avisou.
— Eu sei, mas ele está comigo. — Jimin ignorou e passou pelo Capitão,
levando o irmão todo animado.
— Eu quis dizer para os dois. — Jungkook explicou, mas o Ômega lúpus
fez um gesto de positivo e seguiu seu caminho.
— Não entendo o que está acontecendo. — Chaerin afirmou pensativa —
Tudo estava tranquilo e de repente o leme perde o controle. É como se as
águas estivessem mais profundas e intensas.
Jungkook e o navegador trocaram olhares.
— Estamos entrando no mar tenebroso. — Taehyung confirmou o que
eles imaginaram.
— Oh céus, Jimin, eu vou cair!
Jungkook olhou para trás e viu os Ômegas parados na metade do
caminho.
Jisung estava agarrado nas cordas com os olhos fechados, enquanto Jimin
tentava convencê-lo a continuar subindo.
— Se você não abrir os olhos não vai saber onde deve pisar, Jisung. —
Jimin colocou os braços ao redor do irmão e segurou nas cordas. — Não
vou deixá-lo cair.
— Se cair eu seguro vocês. — o Ômega ouviu a voz do Capitão logo
abaixo e abriu os olhos para fitá-lo.
— Nós dois?
— Os dois.
Jimin também olhou para baixo e sorriu para o Alfa muito agradecido
pelo que disse, pois logo no mesmo instante, seu irmão voltou a subir.
Já no alto, ele admirou toda a vista à sua volta.
— Uau! É tão lindo aqui de cima.
Jimin sorriu assentindo e pegou a luneta para observar mais de perto, os
pontos mais distantes.
— Quer tentar? — ofereceu o objeto ao mais novo e ele aceitou, levando
ao olho.
— Ué. — Jisung falou confuso, procurando por alguma coisa pela
extensão.
— Viu alguma terra?
— Não. Quer dizer, não sei.
— Deixa eu ver? — Jimin segurou a luneta novamente e tentou enxergar
alguma coisa na mesma direção em que o outro Ômega estava olhando —
Não vejo nada.
— Aí é que está o problema. Eu vi alguma coisa mas então ela sumiu,
antes que eu pudesse identificar.
— Acho que pode ter sido uma baleia.
— Que linda! — Jisung sorriu animado, mas logo ficou triste — Papai
me disse que o óleo usado em nossas lamparinas, são retirados de dentro da
cabeça das baleias. Por que fazem isso, Jimin?
— Por que as pessoas são egoístas e cruéis. Mas tente não pensar nisso.
Aquela baleia deve estar muito feliz, até subiu a superfície para te desejar
um feliz aniversário. — disse brincando para mudar o assunto — Gostaria
de ter visto ela também. Nunca vi uma, devem ser muito lindas.
— Sim. Muito lindo.
Jimin estranhou a forma como o irmão se referiu à baleia e notou que ele
estava olhando na direção do nau. Para Jimin, não havia nada demais a não
ser vários piratas fazendo seus trabalhos.
— O nau?
— Oi? Sim. O nau, ele é bem bonito.
Jisung o respondeu ainda olhando para uma figura entre aqueles piratas,
manuseando cabos pelo piso superior da embarcação, enquanto Jimin
conversava com Jungkook através de sinais e leitura labial.
— Vamos descer? — Jimin sugeriu guardando a luneta — Eu preciso
fazer uma coisa na cabine.
O mais novo assentiu e eles voltaram a descer. Assim que chegaram no
piso, Jisung o abraçou fortemente e emocionado.
— Obrigado por ter me proporcionado essas coisas, Jimin. Melhor do
que ler nos livros, é vivenciar pessoalmente.
— Que bom que gostou. Há outras coisas que quero te ensinar. Bom, se
você vai ser um pirata precisa aprender muita coisa ainda.
— Mal posso esperar! — Jimin o abraçou pela última vez e olhando por
cima do ombro dele, viu Jungkook parado no umbral da cabine, com os
braços cruzados e um pronto sorriso convidativo quando girou nos
calcanhares e entrou.
— Eu vou resolver uma... uma questão de... algo que precisa envolver
dois lúpus... — Jimin falou com cuidado.
— Ah, sim — Jisung fingiu ter entendido — depois você me conta como
foi.
— Err... — Jimin estava corando e desviou o olhar — conto... claro... —
e saiu com pressa antes que ele notasse.
Jisung olhou para trás e acompanhou seu irmão seguindo até a cabine do
Capitão, entrando e fechando a porta. Ele não desconfiou de nada, e por
isso, seguiu seu passeio pela proa. Mais uma vez, ele passou pelo Ômega
acorrentado.
Sungjae parecia bastante entediado passando os dedos pelos espaços
entre a grade da escotilha. Jisung não sabia ao certo o que ele havia feito de
tão grave para ser tratado daquele jeito. Sempre ficava sozinho a não ser
pelo Alfa Scott, que as vezes lhe fazia companhia. Estava sentindo pena por
vê-lo largado alí, então resolveu puxar assunto, para distraí-lo nem que
fosse só um pouco.
— Sabia que hoje é meu aniversário?
Sungjae ergueu o rosto para fitá-lo e negou com a cabeça
— É por isso que estava subindo lá? — apontou para a cesta e o outro
Ômega assentiu.
— Sim, foi um lindo presente do meu irmão. Eu vi uma baleia.
— Que bom. Parabéns.
— Obrigado.
— O caçador sabe?
— O quê? Ah... não.
— Conte para ele.
— Não dá. Ele está no outro navio e eu não posso simplesmente gritar
que hoje é meu aniversário. Nem somos nada um do outro. Isso seria um
absurdo. Ele deve me ver como um garotinho tolo.
— Apenas se você se comportar como um.
— Ah, e ele deve estar fazendo suas coisas e nem lembra da minha
existência.
— Então para quem você acena todas as manhãs, sorrindo feito bobo?
Jisung o olhou chocado.
— Você fica me seguindo?!
— Se eu pudesse sair daqui, faria algo bem mais interessante. — disse,
mostrando a corrente.
— Desculpa, eu esqueci.
— Falando em algo interessante... por que você não vai até o outro lado,
assim como quem não quer nada... apenas dar um passeio e ops, esbarra
nele.
— Jimin nunca deixaria.
— Ele não é seu pai, é?
— Mas é perigoso... — mesmo criando argumentos contra, Jisung estava
tentado a fazer.
— Por isso mesmo que vai ser bom para você. O caçador vai ficar todo
preocupado.
— Você acha?
— Tenho certeza. Ele passa pelo convés todas as manhãs, no mesmo
tempo que você está sentado alí. Você quer ter certeza de que ele está bem.
Bom, eu posso dizer que ele também quer o mesmo... eu poderia te ajudar,
mas estou preso aqui.
— A chave está com o Jimin, e ele está com o Capitão na cabine fazendo
coisas de lúpus.
Sungjae deixou o queixo cair e riu achando o mais novo muito fofo, por
não ter entendido o que seu irmão havia ido fazer na cabine com o Capitão.
— Entendi... olha, não precisa de uma chave. Posso abrir isso com um
grampo, ou até mesmo esse broche que você está usando. — Jisung
ponderou por um tempo. Aquele Ômega não parecia ser do tipo agressivo,
mas se ele estava preso à correntes tinha algum motivo — Sei que está com
medo de me libertar. Mas veja, estamos cercados por Alfas, se eu der um
passo errado vão atirar na minha cabeça. Não vou matar ninguém, menino.
Pode me revistar, não tenho armas.
— Não estou certo quanto as suas verdadeiras intenções.
— Eu achei você fofo e só quero te ajudar. — Sungjae fez sua cara de
inocente, mas como já deveria ter aprendido, isso não funcionava com
outros Ômegas. Ele suspirou rolando os olhos — Está bem! Eu só queria
esticar minhas pernas um pouco.
Jisung olhou para a corrente, tão pequena que mal permitia o Ômega de
se mover. Sungjae era do seu tamanho, se tentasse contra si, Jisung poderia
se defender muito bem. Ele então retirou o broche com o brasão de sua
família e o entregou ao prisioneiro. Demorou um pouco, mas logo Sungjae
conseguiu se livrar da corrente. A primeira coisa que fez foi massagear a
área que estava presa ao grilhão. Ele ficou em pé e caminhou um pouco
travado.
— Nossa — Sungjae parou alongando o corpo e sentindo um grande
alívio percorrer seu corpo — Obrigado.
— E agora, o que a gente faz?
Sungjae observou a Alfa no alto do timão, ela olhava adiante e atenta ao
caminho que seguia. Os bucaneiros estavam nas cobertas inferiores, alguns
aproveitando o tempo livre para dormir, outros ajudando Junbuu a preparar
a próxima refeição. As embarcações seguiam o mesmo ritmo desacelerado e
estavam bastante próximas uma da outra. O Ômega mais velho caminhou
até a viga de madeira encostada na mureta e tentou erguê-la sozinho.
— Isso é muito pesado, me ajuda aqui.
Com ajuda de Jisung, eles conseguiram colocar a prancha maior de pé, e
a empurraram de modo que a outra extremidade caiu em cima da mureta do
nau.
— Pronto. Agora só precisamos atravessar essa passarela.
Jisung o olhou hesitante.
— Agora que já estamos aqui eu estou com medo.
— Vamos logo. Ou vai desistir?
— Céus, isso é muita burrice. — Jisung pensou consigo mesmo em voz
alta.
— É uma aventura. — Sungjae subiu na viga e passou os olhos pelo
convés do nau. Havia pouca movimentação mas a qualquer instante eles
poderiam notar o que almejavam fazer — Precisamos ir logo ou vão nos
impedir.
Em uma rápida decisão Jisung subiu logo atrás, e assim eles seguiram
com cuidado, caminhando até chegarem na outra embarcação.
— Viu? Não caímos. — Sungjae afirmou calmo por fora e quase
morrendo por dentro.
— Mas poderiam ter caído. — ouviram a voz do caçador e logo giraram
para encará-lo.
— Você viu a gente atravessando? — Sungjae questionou com o
semblante chocado.
— Óbvio. Qualquer um que tentar invadir este navio eu vou perceber.
Mas o que vieram fazer aqui?
— É exatamente o que quero saber. — disse Namjoon, ao se aproximar
com os braços cruzados.
Quando viu a ira nos olhos do contramestre, Sungjae tropeçou para trás
e tentou voltar correndo para o Black Swan, mas Namjoon o alcançou sem
ao menos sair do lugar, e o puxou de volta pelo braço. Jisung olhou para o
caçador esperando ele fazer alguma coisa, mas Jackson apenas ficou parado
observando.
— Ele só queria me ajudar. — Jisung explicou, tentando interceder pelo
outro Ômega.
— Não, ele planeja alguma coisa. É egoísta demais para ajudar sem obter
nada em troca. — com a ausência de resposta, o Alfa o sacudiu —
Responda!
— Só queria andar um pouco. Estava com o corpo dolorido.
— Sempre se aproveitando dos outros. Sempre! Sempre! — Namjoon
rugiu, lembrando-se da época em que traiu seu Capitão em troca de algumas
moedas — Queria caminhar? — Ele abriu a escotilha que dava acesso ao
porão de carga com a ponta do pé, e o atirou em direção a abertura. Sungjae
tropeçou em desequilíbrio e caiu dentro do compartimento — Terá bastante
espaço para se exercitar aí dentro!
Quando ergueu o rosto para encarar o outro Ômega, Namjoon foi
recebido por uma forte tapa na bochecha.
— Estúpido! — Jisung rosnou e saiu correndo em direção a popa.
O tapa não doeu, mas o Alfa levou a mão até a área atingida, sentindo
apenas uma leve ardência. Jackson deixou para trás o contramestre ainda
aturdido, e seguiu o Ômega que se agachou atrás de alguns barris.
Continua...
Só lembrando que, com a fanfic reescrita, nesse aniversário o Jisung
completou 18 anos, e Jimin possui 20. Então, se houver alguma idade
diferente dessas me marque nos comentários pra eu corrigir. Acabo
deixando algumas coisas passarem batido 😩
[38] Prelúdios
Reescrito
☠
Assim que passou pelo batente da cabine, Jimin foi surpreendido por
duas mãos que agarraram seus quadris e o pressionaram contra a porta,
fechando-a no mesmo instante. Sorriu ao sentir os lábios de Jungkook
deixando marcas na sua pele alva, mordendo e chupando. Jimin inclinou a
cabeça para trás dando-lhe mais acesso e as mãos subiram até seus cabelos,
entrelaçando os dedos entre os fios escuros.
— Você deveria dar mais atenção ao seu Alfa. — Jeon falou entre os
beijos.
A sensação do hálito quente saindo de sua boca, varrendo pela pele de
Jimin, fazia-o sentir arrepios pelo corpo, sensações cálidas e úmidas entre
as pernas.
— Mas eu dou...
— Hoje eu acordei e você não estava.
— Ah, porque é o dia em que o Jisung completa dezoito primaveras.
— Hm... Agora tenho que dividir o que é meu com ele.
— Céus, que Alfa carente. — Jeon o ergueu do chão repentinamente e o
lançou sobre a cama. — Quando meu pai souber que seus dois filhos se
juntaram a uma tripulação pirata, vai ficar louco.
— Eu é que estou ficando louco — Jungkook segurou ambas as coxas do
Ômega e as abriu, metendo-se no meio delas — Eu quero você.
Ao invés de abrir, ele rasgou as calças de Jimin, assim como sua roupa de
baixo. Ele abriu a sua própria, colocando o pênis para fora e já pronto para
invadir o Ômega. Mesmo que estivesse excitado, Jimin não estava
totalmente pronto para ser penetrado. Estava tudo indo muito rápido e
selvagem, para alguém com tão pouca experiência sexual, se comparado ao
Alfa.
Um Ômega como ele carecia de mais estímulos e atenção com seu corpo.
Cuidados que Jungkook estava avançando. Jimin ergueu o corpo e colocou
as mãos no peito dele para empurrá-lo, porém, o Capitão o empurrou contra
a cama segurando seus ombros com estupidez.
— Ai! Jungkook?!!— Jimin reclamou, mas Jeon já estava novamente
chupando e arranhando sua clavícula com a ponta dos caninos — Para!
Jungkook ergueu o rosto para fitá-lo e largou o ombro dele quando viu o
olhar confuso do Ômega. Jimin teve a impressão de ter visto seus olhos
avermelhados, mas ignorou o fato quando ele perguntou:
— Eu te machuquei?
Jimin sentiu o aperto violento nos ombros, mas nada que fosse tão
doloroso. No entanto, o que o Alfa poderia fazer caso continuasse?
— Eu estou bem. Mas você precisa ir mais devagar.
— Me desculpa... eu sempre fico mais agressivo quando meu rut está
mais próximo. E um pouco possessivo também.
— Você não acha que é melhor tomar um pouco de chá? Jin trouxe vitex
do mercado da Índia, ele disse que ajuda no cio de um Alfa.
— Ainda faltam algumas semanas.
“Se ainda faltam algumas semanas e já está assim, imagina quando
acontecer” — Jimin guardou os pensamentos para si.
— Está bem. Qualquer coisa você já me ensinou a atirar, então...
Embora estivesse com a expressão séria, era brincadeira, é claro. Jeon
sorriu, acariciando sua bochecha com o polegar.
— Vou cuidar muito bem de você, meu coração. — dessa vez, ele
inclinou o rosto para frente e beijou a testa de Jimin, com muito mais afeto.
Ele desceu um pouco mais, agora beijando a ponta do narizinho dele e
depois deixou um selinho na boca. Em seguida, estava passando a língua
entre seus lábios e sendo muito bem recebido pela do Ômega. A medida
que se beijavam, seus sexos roçavam um no outro e Jungkook podia sentir o
quanto Jimin o desejava, sentindo a umidade em seus dedos que já
exploravam aquela área tão sensível e agora, tão sedenta. Ao sentir o pênis
do Alfa invadindo-o vagarosamente, Jimin levou ambas as mãos até sua
boca, para desta vez conseguir conter os gemidos.
— Por que está fazendo isso? — Jungkook perguntou movendo seus
quadris lentamente.
Ainda com as mãos tapando a boca, Jimin apenas moveu os olhos até a
porta da cabine e negou com a cabeça. O Alfa entrou tomou suas mãos e as
prendeu contra o colchão.
— Não... — Jimin enfim respondeu, falando baixo — ... eles vão ouvir.
— Eles quem?
— A tripulação.
— Deixe que ouçam. Você é meu, afinal.
— Mas-...
— Shh... quero ouvi-lo... — Jeon voltou a mover-se dentro dele,
enquanto beijava a região próxima de sua orelha —... sua voz é linda.
Assim que foi liberto, Jimin abaixou os braços mas o Alfa colocou suas
mãos novamente onde estavam.
— Não se contenha.
Muito relutante, Jimin largou suas mãos repousando na cama. Ele
agarrou o lençol que cobria o colchão e mordeu o lábio inferior na tentativa
de conter-se um pouco mais. Mas parecia que o Alfa fazia de propósito,
tocando em todas as suas partes delicadas e sensíveis. Movendo-se com
impulso conforme investia dentro dele. E o Ômega não se contendo gritou
seu nome e as mãos desceram até agarrarem os ombros do Alfa.
Jungkook segurou os cabelos dele, não para machucar, mas firme o
suficiente para fazê-lo ficar com o rosto fixo olhando o seu, e voltou a
mover-se mais vagarosamente.
Eram muito baixos, mas Jungkook podia ouvir seus gemidos agudo e
compassado. Como um miado de um gatinho manhoso. Ele investiu
fortemente contra Jimin, a cama rangeu e um murmúrio mais alto fugiu da
garganta do Ômega. Ele o invadiu novamente e mais rápido, até que seus
corpos vibrassem um contra o outro, a medida que o orgasmo os atingia.
Jungkook o observou por alguns segundos, enquanto ele se recuperava de
uma respiração arfante. Ele gostava de ver a expressão no rosto do Ômega,
era como se ele tivesse ido ao paraíso e voltado no mesmo instante. Um
anjo caído em sua cama.
— Eles devem ter ouvido. — Jimin contou, sentando.
Sua intenção era levantar e vestir uma outra roupa, já que o Alfa havia
rasgado a sua. Mas Jungkook o puxou, abraçando-o por trás.
— O que tem de mal nisso, hm? — Jeon questionou, beijando atrás da
orelha dele — Eles sabem o que fazemos aqui. Não tem porque tentar
esconder.
— Eu sei, mas eles ficam falando coisas, eu fico tão constrangido...
— Se você quiser posso fazê-los parar.
— Não. Está tudo bem.
Jungkook assentiu e o beijou na bochecha, deixando-o se levantar e
escolher uma nova roupa.
☠
Alguns dos tripulantes andavam em círculos diante da cabine, ainda
decidindo qual deles seria o bendito que iria chamar o Capitão para avisar
sobre a passarela posta e a travessia dos dois Ômegas para a outra
embarcação.
— Da última vez, o Capitão quase me acertou com uma de suas adagas.
— Bando de Alfas covardes. — o médico revirou os olhos.
— Então vá você chamar eles, Seokjin. — Billy propôs sentindo-se
ofendido — Prefiro enfrentar um leviatã do que o Capitão Jeon bravo.
— Vira essa boca pra lá! — Taehyung o repreendeu — O Capitão não
destrói navios nem devora tripulações inteiras.
Billy deu pouca importância ao que o Beta afirmou. A porta da cabine foi
aberta e os bucaneiros respiraram aliviados por não precisarem interromper
o momento íntimo do Capitão. Mas logo esse sentimento se esvaiu quando
eles se lembraram que ainda precisavam contar sobre os Ômegas.
Na outra embarcação, Jackson se aproximou dos barris dispostos na
popa, vendo Jisung sentado no chão encostado neles. Ele estava com o
semblante sério e os braços cruzados, mas seus olhos estavam marejados.
Jackson era um caçador de recompensas, matava pessoas se necessário
para atingir seu objetivo, era o seu trabalho. Mesmo tendo a companhia de
sua mãe por um tempo, ainda sentia-se solitário. Tudo piorou quando ela
veio a falecer e ele rumou para o mundo sozinho, conhecendo desde cedo as
perversidades da vida e a maldade humana. Assim ele criou uma armadura
em torno de si, impossibilitando qualquer um de se aproximar e também
dele mesmo criar laços com alguém. Nunca conseguiu se importar tanto
com uma pessoa, quanto com aquele Ômega.
Quando Jisung ergueu o rosto para fitá-lo, Jackson sentiu vontade de
agarrar o pescoço do contramestre e jogá-lo ao mar. Mas ao invés disso, ele
se agachou e sentou ao lado do Ômega.
— O que veio fazer aqui? — Jackson perguntou imaginando que não
seria respondido, mas para a sua surpresa ele o fez, mesmo que com a
cabeça baixa.
— Eu... hoje é meu aniversário.
— E por isso você quis se aventurar em uma viga de madeira entre um
navio e outro, sobre um mar profundo e desconhecido.
— Não, eu... eu queria que você soubesse disso.
Jackson não era bobo e sabia do interesse que o Ômega despertou por
ele. Se fosse qualquer outro Ômega seria fácil seduzi-lo e levá-lo para a
cama. Faria isso com qualquer um, mas não com ele. Jisung era apenas um
jovem Ômega muito puro e virtuoso para alguém como ele. Um Alfa
devasso e com mais pecados do que poderia contar. Ele não queria se
aproveitar da sua inocência. Sabia que o pequeno era alguém que precisava
de um Alfa cuidadoso e gentil. Alguém que com toda a certeza não era ele.
— Você precisa voltar para o seu irmão. — não era a resposta que o
Ômega desejava ouvir. Ele abaixou a cabeça novamente.
Jackson segurou delicadamente o seu queixo, fazendo-o erguer a cabeça,
e então deixou um beijo carinhoso na bochecha dele.
Continua...
[39] Ataque Repentino
Reescrito
☠
Com ajuda de Jackson, Jisung se levantou do chão e uma dúvida lhe
encheu a cabeça.
- Por que não fez nada para ajudar o Sungjae?
- Não me importo com ele.
- Não o ouviu gritar? Como pôde não se comover com isto?
Jackson ficou um tempo em silêncio e olhou para baixo, tentando captar
algum ruído vindo da coberta de baixo, mas nada foi captado.
- Ele parou.
- Onde está o contramestre?
- Não sei. Mas seu irmão está vindo aí. - jackso disse, apontando para a
passarela.
Jimin passou quase correndo, sendo seguido pelo Capitão e outros
piratas.
- Onde ele está?! - Jimin perguntou, procurando seu irmão entre os
piratas do nau. - Jisung?!
- Estou aqui, Jimin. - Jisung se aproximou acanhado.
- Céus! - o Ômega lúpus aliviado abraçou o mais jovem- Que susto me
deu. Por que fez isso? E o que houve com Sungjae?
Os olhos de Jisung procuraram pelo contramestre, encontrando-o do
outro lado, com feições severas e os braços cruzados.
- Está onde deveria. - Namjoon respondeu - No porão de carga, e ficará lá
até ancorarmos em uma ilha.
Chocado, Jimin voltou sua atenção para Jungkook, mas o Alfa apenas
deu de ombros.
- Namjoon que está no comando do nau. Ninguém vai molestar ele,
Jimin, relaxe. - Jeon tentou tranquilizar.
- Eu sei, mas ele deve estar revivendo lembranças terríveis em sua mente
neste momento.
- Posso descer? - Scott indagou, referindo-se ao porão.
- Isso aqui não vai virar um bacamal. - Namjoon avisou - Volte para o seu
navio, Alfa. Precisa recuperar essa perna.
- Você prendeu a pessoa que está cuidando dela em seu porão.
- Você já tem os materiais necessários para fazer isto. Não precisa mais
dele.
- Mas eu insisto.
- Namjoon, por favor? - Jimin interveio.
Era óbvio que havia notado o vínculo criado entre Scott e Sungjae,
embora que não fosse algo sério, sabia que o Alfa não machucaria ele. Eles
não eram amigos, mas Jimin não não deseja o mal do Ômega.
- Ele não vai sair. - O contramestre ditou para o Alfa e ele assentiu.
Scott abriu a tampa da escotilha e desceu devagar por causa da sua perna.
A princípio não viu Sungjae, mas a medida que o procurava pela dimensão
do lugar ele encontrou traços de vômito pelo chão. O barulho de madeira
tocando no chão indicou ao Ômega que alguém se aproximava. Ele estava
todo encolhido no cantinho dentre duas paredes, e se encolheu ainda mais
quando o som dos passos ligeiramente familiar se aproximaram.
- A-afaste! - Sungjae rosnou sem muita confiança. O Alfa cessou os
passos e se abaixou próximo a ele - Não me toque!
- Não vou tocá-lo. - Scott avisou com calma - Vim para que passe o
composto em minha perna.
Lentamente o Ômega ergueu o olhar para ele, desconfiado. Seus olhos
demonstravam o quanto já tinha chorado, mas o semblante do Alfa
continuou inexpressivo. Ele não queria dar a entender ao Ômega que estava
alí para machucá-lo, assim como a tripulação asquerosa de Alma Negra.
- É só isso mesmo? - Sungjae indagou hesitante.
- Sim. - Scott esticou o braço e deixou a cuia no chão próxima do Ômega
para não tocá-lo, e começou a retirar o encaixe de madeira da sua perna -
Você está fazendo um bom trabalho. Ela já não dói tanto como antes.
Sungjae estudou seu rosto e logo depois a perna, ele suspirou e pegou a
cuia, colocando-se sentado de frente para o Alfa, em uma posição que
pudesse passar a mistura na perna dele.
- Se deixasse de usar esse troço pelo menos por alguns dias, estaria bem
melhor. - o Ômega afirmou. Ele parecia bem mais calmo e não estava
tremendo quando começou a deslizar as mãos pela perna do pirata. Scott
sentiu algo bom com isso, e sorriu minimamente - Mas é claro, é mais
teimoso do que uma mula.
- Sou um Alfa forte.
Sungjae mirou o Alfa das pernas a cabeça e umedeceu os lábios.
- Disso eu não tenho dúvida. Mas seu corpo é de carne e osso como o de
todo mundo, e precisa de cuidados também.
Scott conteve um breve sorriso. Nunca teve um Ômega que demonstrasse
qualquer interesse em seu bem estar, o fato de que Sungjae estava fazendo
isso significava alguma coisa.
Sempre desejou ter dois filhotinhos, mas quando perdeu parte da perna,
imaginou que teria de deixar suas ambições de lado, e que seria condenado
a viver para sempre sem um corpo para lhe esquentar na velhice. Ele notou
que o Ômega estava com os movimentos do braço direito limitados.
- Seu braço está machucado. Eles feriram você?
Sungjae negou balançando a cabeça.
- Eu caí de mal jeito quando fui posto aqui dentro.
O Alfa inclinou o corpo para frente e pegou um pouco da mistura.
- Vire o braço. - Sungjae o olhou confuso quanto a sua atitude, mas fez
como ele pedira.
Scott passou a mão delicadamente pela extensão do braço do Ômega,
espalhando a mistura pela área machucada.
- Obrigado.
Scott sorriu novamente e quando foi ajeitar sua postura no caixote, o nau
saculejou e ele foi lançado para frente, caindo de joelhos.
- Porra! - rugiu ao sentir a dor na perna.
- Você está bem? - Sungjae o ajudou a ficar de pé. - O que foi isso?
- Eu não sei. - o Alfa ergueu o olhar para o teto da coberta, ouvindo os
vários passos e vozes nervosas da tripulação logo acima - Vamos ver.
Scott segurou na mão do Ômega e sem pensar no que estava fazendo, o
puxou consigo para a abertura da escotilha. Ele levantou a tampa e subiu
apenas o suficiente para sua cabeça e torso passarem.
- O que está acontecendo? - Scott indagou confuso ao ver os Alfas e
Betas correrem de um lado para o outro, segurando arpões enormes.
- Uma criatura pavorosa está tentando derrubar o navio. - um dos Alfas
afirmou.
- Vem. - Scott terminou de subir e puxou o Ômega para cima.
Havia muita correria e gritos confusos vindos de todas as partes. Uma
cauda como a de uma serpente enorme emergiu da água e acertou o centro
da embarcação, causando grande estrago.
- Não gastem munição com a cauda seus idiotas! - Namjoon rugiu ao ver
a tripulação atirando os arpões e disparando com suas pistolas - Encontrem
a cabeça e mirem nela!
- Onde ela está?! - Billy gritou a procura da parte superior do monstro.
Os piratas estavam procurando ao redor do nau, mas uma grande
movimentação nas águas fez com que as embarcações balançassem para o
mesmo lado, quando uma criatura começou a surgir do outro lado do Black
Swan. O corpo enorme do bicho ergueu-se imponente mostrando sua
verdadeira forma. Ele possuía a cabeça como a de um dragão, chifres e
espinhos provinham do topo descendo ao longo de sua nuca e costas.
Nas laterais da cabeça, haviam longas barbatanas e quando ele abriu a
enorme boca cheia de dentes pontiagudos e ferozes, um rugido furioso saiu
de sua garganta, quase ensurdecendo os piratas.
- É um leviatã! - um Alfa afirmou desesperado.
- Abandonar navio! - um outro gritou prestes a pular na água.
- Fiquem onde estão seu bastardos imundos! - Namjoon gritou - Estou
mesmo fodido se a minha vida depender de vocês, bando de inúteis!
- Hoseok - o Capitão chamou seu atirador - não vai ser possível usar os
canhões de modo tradicional...
- Entendi, Capitão. - o Alfa sorriu e chamou alguns bucaneiros para
acompanhá-lo.
Os Alfas pegaram as bolas utilizadas em canhões e ascenderam os pavios
manualmente, lançando-os contra o leviatã. Os balotes que o atingiram,
destruíram sua grossa pele escamosa e a besta rugiu de fúria e dor,
acertando o nau mais uma vez com sua cauda cravejada de lanças. Entre a
correria sem fim, Jungkook puxou seu Ômega consigo e o lançou dentro da
cabine.
- Fique aí! - Ele correu na direção dos cabos que davam acesso ao alto
das velas.
Jackson também fez o mesmo e puxou Jisung, o Ômega olhou para trás e
viu Sungjae com Scott.
Jisung estendeu a mão para ele.
- Vem! - Scott olhou para Sungjae e assentiu, o Ômega correu junto com
Jisung e Jackson. O caçador os deixou na cabine, e voltou-se para se juntar
aos demais piratas na batalha contra o leviatã.
Jimin estava procurando pelas suas armas dentro do cômodo e quando
girou o corpo para sair, deu de cara com os outros dois Ômegas. Sem tempo
para discussões, ele puxou seu irmão para perto e o abraçou.
- Fique aqui dentro e não saia por nada! - Jimin pediu quase ordenando e
o mais novo apenas assentiu. Ele ainda voltou-se para o outro Ômega: -
Fique com ele.
Sungjae anuiu e correu com Jisung para ficarem escondidos embaixo da
mesa, e evitar que os objetos que estavam sendo lançadas das prateleiras os
atingissem.
A criatura mergulhou de cabeça contra o Black Swan, rompendo parte da
armação e balançando a embarcação fortemente, fazendo todos que estavam
nela caírem espalhados pelo convés. O leviatã ergueu o corpo outra vez
para um novo ataque, mas foi surpreendido por um Alfa que estava no alto
de um mastro. Jungkook disparava com sua pistola contra os olhos da besta
enquanto empunhava uma espada com a outra, tentando se equilibrar em
cima do mastareu que segurava as velas. O leviatã chicoteou Jungkook com
sua língua longa e bifurcada, fazendo-o tropeçar e quase cair.
A espada que segurava escapou de sua mão e caiu fincada no chão quase
no mesmo instante em que Jimin surgiu para ajudá-lo. O Ômega segurou no
cabo da lâmina e se aproximou da lateral do navio, onde se encontrava parte
da barriga do animal. Ele girou a espada e rasgou parte de sua carne,
fazendo o bicho guinchar.
- Eu mandei você ficar na cabine! - Jeon rugiu quando viu seu Ômega
exposto ao perigo no convés.
O leviatã ergueu uma de suas fortes nadadeiras e lançou contra o
loirinho, só não o atingiu porque Yoongi se lançou contra ele derrubando-o
no chão. Quando movimentou seu braço cartilaginoso de volta, Jackson
agarrou na ponta e rapidamente o espadachim se levantou do chão para
partir a nadadeira da criatura ao meio.
Jungkook cravou suas duas adagas na garganta do leviatã e desceu
deslizando e rasgando todo o centímetro vertical da fera. A besta rugiu alto
e cessou seu ataque, submergindo novamente e sumindo pela escuridão das
águas.
Continua...
[40] À Flor da Pele
Reescrito
☠
A turbulência nas águas foi diminuindo conforme a criatura se afastava, e
logo a calma tomou conta do lugar. Haviam pedaços de madeira, cabos
partidos e velas soltas no Black Swan.
Na outra embarcação o estrago fôra pior, além das avarias, havia um
terrível rastro de sangue espalhado pelo convés. Pelo olhar do imediato,
aquele sangue não era apenas do leviatã. Jungkook passou o olhar pelo
convés do Black Swan, tinham alguns feridos mas todos estavam bem. Ele
caminhou até a borda e olhou para o contramestre no nau. Namjoon negou
com a cabeça.
— Quantos? — o Capitão questionou do outro lado.
— Três. — Eles estavam se referindo ao número de mortos.
— Temos um problema Capitão. — Dahyun surgiu atravessando a
passarela — A criatura abriu uma fenda no porão. Não é tão grande mas a
água está invadindo. É só questão de tempo para que o nau afunde.
— O que faremos, Capitão?
Jungkook fechou os olhos inspirando profundamente. Ele pensava no que
fazer quando uma comoção entre alguns piratas se iniciou.
— Eu digo a vocês que devemos voltar! — Joe opinou.
— Isso é só o começo. — um outro pirata concordou — Perguntem ao
navegador, nós apenas acabamos de entrar no mar tenebroso.
— Covarde!
— Ele tem razão. Nós fomos amaldiçoados desde que esse Ômega se
juntou a tripulação. — Joe continuou. Jungkook abriu os olhos e o olhou,
mas ele não percebeu. — Todo mundo sabe que trazer um Ômega a bordo
trás má sorte.
— Verdade. E ele sendo lúpus deve ser até pior.
Joe olhou para seu companheiro assentindo, e continuou com seu
discurso:
— Esse tesouro não vai valer de nada se perdermos nossas vidas.
Deixemos o nau de lado, ele vai afundar de qualquer jeito. Nós colocamos
os três Ômegas lá e vamos emb-… — antes que pudesse concluir, a mão de
Jungkook agarrou sua garganta e apertou fortemente.
Joe olhou para seu Capitão, os olhos esbugalhados, a boca aberta
enquanto guinchava em agonia e a coloração avermelhada pintava seu rosto
e suas orbes. A pressão tornou-se mais forte e alguns podiam jurar que
ouviram o som de osso se quebrando.
— Quem mais quer expor sua opinião ? — Jeon virou-se para a
tripulação, e os piratas que estavam concordando com Joe, deram um passo
para trás — Jimin é meu Ômega e qualquer palavra dita contra ele, será
considerada uma ofensa à mim.
Namjoon fez sinal para que Sven e Jared recolhessem o corpo de Joe e o
jogasse no mar.
— Você está se sentindo bem? — Seokjin foi o único que teve coragem
de se aproximar do lúpus naquele momento.
— Estou. — Jeon respondeu e em seguida voltou-se para a tripulação —
Tragam as cargas do nau para o Black Swan. Dahyun, estude as avarias e
diga-nos o que pode ser feito para consertá-las.
A Beta assentiu e se colocou a analisar o navio.
— Eu ajudo. — Chaerin se juntou a mecânica.
— Eu vou preparar um pouco de chá de vitex para você.
— Já disse que estou bem, Seokjin.
O médico observou o mais novo com os olhos semicerrados. Ele tinha
acabado de matar um dos bucaneiros apenas porque ele se posicionou
contra a ideia de ter Ômegas a bordo, estava claro para o Beta o que se
passava com o seu irmão.
Dentro da cabine, Jimin estava examinando o irmão e os danos causados
pela criatura nos aposentos do Capitão.
— Está bem mesmo? — Jimin perguntou.
— Sim. Estava quase entrando em pânico, mas o Sungjae me
tranquilizou.
— Obrigado, Sungjae.
— Ah, ele estava me deixando nervoso...
— Não precisa se envergonhar porque fez uma coisa boa.
Sungjae desviou o olhar, certamente porque estava ruborizando.
— O Scott!
— Ele está bem. — Jimin teve certeza que viu Sungjae suspirar aliviado
— Está lá fora ajudando a limpar o convés.
— Vou ajudar. — Sungjae saiu deixando os irmãos sozinhos.
— Jimin, eu quero falar com você. — Jisung pediu hesitante.
— Bom, podemos conversar enquanto arrumamos essa bagunça. — o
mais jovem assentiu e eles começaram com as estantes, levantando-as.
— Sabe o motivo de eu ter ido para o nau?
— Era justamente isso que eu ia te perguntar antes do ataque.
— Então... eu… — Jisung começou, mas hesitou sem conseguir
continuar.
— Sabe que pode me contar tudo, não é? Sou seu irmão e eu amo muito
você, Jisung. É por causa do caçador?
— Como sabe?
— Não sabia, mas você acabou de confirmar. Era só uma suspeita.
— Desculpa, Jimin.
— Por que está se desculpando? Você ficou um tempo com Jackson, e ele
te protegeu daquele tenente nojento. É natural que tenha desenvolvido
afeição por ele.
— Eu não sei o que sinto... mas gosto de estar perto dele. Eu gosto muito
de ouvir a voz dele.
— Oh, meu amor. — Jimin largou alguns mapas em cima da mesa e
segurou as mãos dele — Eu não acho que Jackson seja do tipo que cria
raízes em algum lugar. Mas se você quiser ficar com ele, eu não vou brigar
com você. Não tenho esse direito e só desejo a sua felicidade.
— Ele não me quer, Jimin. Falei que queria vê-lo, e ele me mandou
voltar pra você.
— Então ele é um idiota.
— Quem é um idiota? — Taehyung apareceu na porta — Não quis
atrapalhar, só queria saber se todos estavam bem.
— Você não atrapalha. — Jimin fez um gesto para que ele se
aproximasse — estamos mesmo precisando de ajuda aqui.
— Céus, os mapas estão todos bagunçados. — o navegador lamentou
vendo os papéis espalhados pela mesa.
— Eu não sabia como organizá-los então só os deixei na mesa.
— Tudo bem, vou cuidar muito bem dos meus bebês.
— E quanto ao Jackson, Jimin? — Jisung perguntou, acabrunhado.
— Hm... eu acho que... — sendo apenas doiz anos mais velho e
igualmente criado para ser um boneco de porcelana, Jimin não tinha um
bom conselho para ele.
— Já entendi. — Taehyung articulou — Jackson é o idiota a quem se
referem. Hm... amor não correspondido? Você deveria parar de correr atrás
dele.
— Como você sabe?
— É muito claro pelo modo que você olha para ele. É como o jeito que
Hoseok olha para mim, igualzinho.
Os Ômegas ficaram pensativos, tentando lembrar do olhar do Alfa para
com o navegador. Coincidentemente, naquele mesmo instante, Hoseok
abriu a porta.
— Tae, eu preciso falar algo sério com você.
O Beta olhou para trás e novamente para os Ômegas.
— Viram? Desse mesmo jeito.
Jimin e seu irmão sorriram, desviando o olhar quando o Alfa os fitou
confuso.
— Do que estão falando?
— De nada, Hoseok. Taehyung só estava nos ajudando mas pode ir com
ele, Tae. Vamos separar os mapas e livros na mesa, depois você vem aqui
dar uma arrumada neles.
— Jisung, seja mais decidido. — O navegador aconselhou — Você está
livre das regras do seu pai. O único que você precisa obedecer é o Capitão,
caso contrário ele vai quebrar seu pescoço.
— Do que está falando? — Jimin o indagou confuso.
— Nada… o que eu estava falando mesmo? Ah, sim, Jisung você precisa
se mostrar mais independente. Ter mais personalidade sabe? Sei que é
tímido mas talvez com um pouco de rum você se soltaria mais...
— Nada de rum. — Jimin o avisou.
— Certo, nada de rum. — Taehyung confirmou — Eu vou falar com o
Hoseok e depois eu te dou umas dicas a mais.
O Beta piscou para Jisung e logo saiu da cabine. Hoseok o segurou pelo
cotovelo, delicadamente, e o puxou para uma área longe de todos.
— O que aconteceu hoje — Hoseok começou —, essa besta terrível que
nos atacou e a decisão do Capitão de seguirmos com a viagem me fez
pensar que a vida é muito curta para guardarmos as coisas para nós
mesmos.
— O que está querendo dizer com isso?
— Eu te amo, Kim Taehyung.
— Eita...
— Não precisa me dizer nada agora, sei que pode estar confuso com essa
confissão tão repentina. Então pode levar o tempo que quiser para pensar.
— Então é aí que você está. — Yoongi surgiu com os braços cruzados —
Fugiu do trabalho e me deixou amarrando os cabos sozinhos não foi,
Hoseok?
O atirador revirou os olhos, girando para fitá-lo.
— O que foi? Não está alcançando os mastaréus? — Hoseok riu, devido
a baixa estatura do espadachim — Fica na pontinha dos pés que você
consegue.
— Vou te mostrar o que consigo ou não... — Yerik avançou contra ele
mas o Beta se colocou entre os dois.
— Não vamos perder nosso tempo brigando quando se tem muito
trabalho a fazer. Hoseok, eu... — Taehyung olhou rapidamente para o
espadachim que prestava bastante atenção em suas palavras — Eu vou
pensar no que me falou.
— Mas pensa com carinho.
— Claro, pensarei. Agora ande logo, as velas não irão se instalar
sozinhas.
Taehyung viu Hoseok se afastar, mas franziu o cenho quando viu que
Yoongi permaneceu parado, no mesmo lugar.
— Você agiu rápido hoje salvando a vida do Junbuu. — Yoongi o elogiou
— Eu fiquei bem impressionado.
— E você salvou o Jimin.
— Pois é, somos uma boa equipe... eu quero te falar uma coisa há muito
tempo.
— Ai, de novo… — Taehyung suspirou em voz alta, sorrindo nervoso.
Assim como da primeira vez, sem saber como se comportar.
— O que disse?
— Nada... continue.
— Sabe eu... eu... mas que merda! Não sei como falar essas coisas.
— Respire — Taehyung se aproximou do Alfa segurando em uma de
suas mãos, quanto a outra ele encaixou em uma face dele — Fale com
calma. Não precisa ter pressa.
Yoongi ficou um tempo em silêncio, apenas admirando as feições do
Beta. A harmonia em sua beleza, e o modo calmo com que lidava com as
coisas.
— Eu não sei como... eu só... — Yoongi ergueu a mão do navegador que
segurava a sua, e a espalmou em seu peito — Pode sentir isso?
— Está batendo rápido, e forte...
— Por você. — Yoongi confessou — Você me faz ficar assim. E é por
isso que meu coração é seu.
Taehyung abriu a boca para falar, mas por cima dos ombros do Alfa, ele
viu Hoseok puxando os cabos das velas junto com os outros piratas. Seus
olhos marejaram e ele sentiu um aperto dentro de si.
— Eu...
— Não diga nada. Sei que estava olhando para o Hoseok agora mesmo.
Está dividido e eu entendo, mas precisa se decidir. Voltarei ao trabalho e
enquanto isso você pensa. Quando estiver pronto me procure.
— Hm... okay.
Yoongi anuiu e voltou para o convés, onde todos os piratas estavam
trabalhando para consertar os estragos deixados pela besta marinha.
Desde que foi recrutado para fazer parte da tripulação, Taehyung se
tornou rapidamente íntimo do atirador. Embora lide com as armas mais
pesadas da embarcação, Hoseok era gentil e sempre sorridente, atencioso e
compreensivo. Sua confissão repentina não foi algo totalmente surpreso,
pois o navegador sabia que o Alfa possuía sentimentos fortes por ele, e
claro, era recíproco.
Taehyung passou por diversos momentos ao longo de sua vida,
constantemente cheia de triunfos e também desventuras, o Beta sempre
estava pronto para qualquer sorte, à exceção de dois Alfas de quem ele
gostava muito, declarando seu amor pelo mesmo.
Taehyung sentou-se em uma caixa de madeira, apanhou sua bússola
dourada que estava no bolso frontal do colete e encarou a agulha por baixo
do material transparente. Ele se distraiu observando a peça de metal girar
conforme movia o objeto em várias direções.
Tendo em mente que uma bússola sempre aponta para o norte, Taehyung
fechou os olhos e respirou fundo, lembrando-se das palavras que ouviu dos
dois Alfas , momentos atrás.
Quando Yoongi se juntou aos piratas, seu jeito único e peculiar chamou a
atenção do navegador justamente por ser completamente o oposto de
Hoseok, que sempre foi natural em expressar o que sente, diferentemente do
espadachim, que sempre se mantinha mais calado, e tinha um jeito mais
introvertido e bruto de demonstrar suas emoções.
Mas Taehyung sabia que ambos tinham algo em comum, e descobriu aos
poucos que eles eram mais parecidos do que demonstravam por fora. Os
Alfas eram destemidos, inteligentes, fortes, de uma beleza singular e acima
de tudo, protetores.
Taehyung não planejou ficar emocionalmente ligado entre duas pessoas,
mas aconteceu, e agora, ele estava em uma situação tão complicada, quando
se é estar perdido no meio do oceano sem uma bússola para se orientar.
Mesmo que possuísse tal objeto, ele sabia que a agulha só mostraria uma
única direção, um único norte, e no mapa da vida do Taehyung ele possuía
dois, Hoseok e Yoongi.
Taehyung abriu os olhos e caminhou até a borda na parte de trás do
navio. Sempre considerado tão inteligente, agora ele não sabia responder
como seguir duas direções ao mesmo tempo. Ele olhou para o céu e
observou as estrelas, que aos poucos, foram tornando-se turvas à medida
que os olhos do Beta ficaram úmidos. Ele tentou buscar através das
constelações, uma orientação que o ajudasse a tomar uma decisão, sobre
qual caminho seguir.
☠
Jackson estava afiando a lâmina de sua katana. Era algo que costumava
fazer sempre que estava prestes a embarcar em uma missão, ou apenas
quando queria se distrair dos pensamentos. Ele notou quando um indivíduo
se aproximou pela esquerda. O aroma doce de jasmim já indicava quem era,
ele não se deu o trabalho de ergueu a cabeça e continuou fazendo sua
atividade.
— Acho que precisamos conversar. — Jimin avisou.
— Se você diz.
O Ômega cruzou os braços após tomar a pedra do caçador, colocando-a
em cima de um caixote com pouca paciência.
— Meu irmão gosta de você. Sei que já percebeu isso e eu só vim aqui
pra te falar uma coisa, caçador. — Jackson estudou o Ômega dos pés a
cabeça. Viu o punhal e as duas pistolas que carregava em seu cinto, mas os
ignorou, encarando-o com atenção — Machuque o Jisung e eu vou fazer
picadinho de você.
— Minha carne não é muito saborosa.
— Não estou brincando. — Jimin mantinha o semblante sério. Embora
seus traços fossem de uma polidez amável, seus olhos demonstravam uma
certa ferocidade que Jackson não deixou de notar — Ele é o ser mais
precioso desse mundo e não merece derramar uma lágrima sequer por causa
de um Alfa tão insensível como você, que não se importa com nada além de
si mesmo.
— Você tem razão, eu não me importo com nada, muito menos com sua
ameaça. Posso matá-lo desarmado e com uma mão nas costas.
— Morreria antes mesmo que tentasse. — o Capitão Jeon afirmou se
aproximando de ambos. Ele encarou o caçador com fúria controlada e girou
para o Ômega — Quero falar com você.
Jimin assentiu.
— Depois terminamos essa conversa. — Jimin disse para o caçador.
— Não, nós já terminamos por aqui. Não tenho a intenção de ferir os
sentimentos dele, e é por isso que não me aproveitei de todas as chances
que tive para tomá-lo.
Jackson guardou sua arma e o amolador, e seguiu para o nau, a fim de
ajudar no transporte das cargas.
— Bastardo! — Jimin rosnou.
— O que aconteceu?
— Jisung está gostando dele. Mas esse maldito não se importa, porque
ele é seco por dentro.
— Quer que eu o mate?
— Não. Eu cuido disso. O que queria falar comigo?
— Quando o deixei na cabine, foi para a sua própria segurança. Sei que é
um Ômega forte e que pode lutar contra inimigos diversos. Mas não contra
um leviatã, Jimin.
— Está enganado e você sabe. Ele ia te matar mas eu salvei sua vida!
— E eu mandei você ficar na cabine! — Jeon gritou, mas logo diminuiu
o tom da voz quando viu que estava chamando atenção de outros piratas —
Quando eu mandar você fazer uma coisa, você deve me obedecer. Não sei o
que faria se algo te acontecesse.
— E o que eu faria se você fosse morto? Sei que se preocupa comigo,
mas eu também temo que se machuque. Quando vai entender isso? Eu daria
a minha vida por você.
Jungkook segurou em seus quadris, aproximando-o.
— Quando me viu pela primeira vez só sabia gaguejar, tremendo de
medo. Agora está aqui me enfrentando, o seu Capitão.
— Antes de ser meu Capitão, você é meu Alfa, e eu vou encarar qualquer
coisa para te manter a salvo. Mesmo que para isso eu tenha que te enfrentar
primeiro. Não sou seu protegido, sou seu Ômega e companheiro. Estarei
com você em todas as situações.
Jungkook sorriu, acariciando a face dele, escondendo seus fios loiros
atrás da orelha.
— Vim aqui para te repreender, mas você só me deixou ainda mais
apaixonado e orgulhoso. Estamos atrás do Imperium, mas o maior tesouro
de todos está bem diante de mim.
Ele inclinou o rosto e tomou os lábios do Ômega, beijando-o sem se
importar com os olhares dos demais alfas e betas.
E assim a noite caiu. Após todo o trabalho custoso de transferir toda a
carga entre as embarcações, o nau foi deixado para trás. Ainda faltavam
alguns consertos na estrutura do Black Swan, mas eles precisavam de
materiais que não tinham no momento. Logo, eles iriam ancorar na primeira
ilha que encontrassem.
Se houvesse alguma por aquela região.
Continua...
Black Swan - X preto
Marinha Real - X azul
[41] Decisões
Reescrito
☠
O silêncio no gabinete do governador não era por falta de pareceres. O
Comodoro Choi havia acabado de regressar após meses de ausência,
trazendo consigo não os galeões e o nau repleto de recursos. Mas três
navios emprestados pelo Imperador das Índias.
Não havia sombra dos Ômegas e muito menos do Capitão Jeon. Tudo o
que estava diante do governador, era o oficial e sua palpável vergonha.
— Como diabos você explica a perda de três galeões e o roubo de um
nau, por apenas uma tripulação de malditos piratas!?
— O caçador se juntou a eles.
— O caçador vale por uma frota inteira, Comodoro?
— Não, senhor.
— Você será rebaixado a capitão de mar-...
— Se me der mais uma chance eu posso-...
— Não me interrompa seu imprestável! Uma chance para quê?
Envergonhar ainda mais o nome da Marinha? Você já fez o suficiente.
Recebi uma proposta do Marajá Tossif, ele vai assumir a missão de prender
o Capitão Jeon, e em troca irei diminuir os impostas coletados sobre o
comércio da Ilha de Nabuco.
— Nós recuperamos o controle de Nabuco?
— Um pirata até então desconhecido matou o maldito que dominava a
região, e o Reino da Coréia tomou o poderio novamente... mas isso não vem
ao caso no momento, você e aquele seu subordinado servirão
momentaneamente aos oficiais da Marinha das Índias.
— Mas-...
— Isso é tudo, Comodoro Choi.
O Alfa saiu do gabinete do governador com um sentimento de derrota
queimando suas entranhas. Ele encontrou seu parceiro Jo, que aguardava
ansioso por saber dos resultados. Pela expressão sombria que o Comodoro
carregava, o Tenente entendeu que as notícias não eram nada boas.
— Ele passou para o Reino das Índias.
— Velho estúpido! — Jo socou a parede — Mas e nosso noivado com os
filhos dele?
— É com isso que você está preocupado? Há vários Ômegas de boa
família que podemos nos casar, Jo. Aqueles já caíram em desonra.
— Tsc! Não importa. Eu o quero! Aquele pequeno miserável! E aquele
irmão dele, você não deseja se vingar?
— Desejo manter apenas o que restou da minha dignidade. Fui rebaixado
a capitão de mar e guerra.
— Tudo por culpa daquele caçador desgraçado! Ele nos traiu, Choi. Eu
quero matar aquele maldito.
Choi nada disse, além de um longo suspiro, enquanto ouvia as maldições
ditas por seu amigo.
☠
— Nós cruzamos tudo isso?! — Jisung perguntou muito impressionado.
Taehyung estava junto ao Ômega, ambos se distraindo pelos dias tediosos
que se seguiram. Ele mostrava as rotas e lugares que conheceu, e aqueles
desconhecidos que eles estavam desbravando. Assim como o navegador,
Jisung possuía bastante inteligência e logo compreendeu os macetes da
náutica.
— Sim. Com a força do vento podemos percorrer grandes distâncias em
pouco tempo. Mas com duas velas perdidas não tenho muita certeza se
chegaremos em algum lugar no tempo em que previ.
— E se não tiver nada do outro lado?
— Dizem que há um grande abismo. — Jisung o olhou pasmo — Mas
claro que deve haver alguma coisa do outro lado, ou Alma Negra não teria
vindo para essas direções.
— Mas dizem que ele é louco.
— E não somos todos? — Taehyung riu divertido — Piratas insanos.
— Piratas insanos. — O Ômega repetiu baixinho, cheio de encanto.
Estavam distraídos com os mapas, e não viram o caçador se aproximar
caminhando diretamente na direção deles.
— Tem um tempo? — Jackson perguntou ao Ômega, ignorando
totalmente que ele estava conversando com o navegador.
Taehyung olhou de esguelha para o Ômega e em sigilo, balançou a
cabeça indicando para o mais jovem negar a pergunta.
Rapidamente o Ômega recebeu a mensagem.
— Estou ocupado.
— Tenho certeza que o Beta tem algo mais importante para fazer.
— Na verdade, não. — Taehyung ergueu o rosto para encarar o alfa.
Jackson o encarou de modo duro e intenso, na intenção de intimidá-lo,
mas o Beta permaneceu firme. Sabia que ele não encostaria em si, não
enquanto houvesse dois Alfas a bordo e prontos para matar qualquer um
que ousasse tentar contra sua vida. O olhar foi desviado para Jisung, mas o
Ômega não agiu como Taehyung e abaixou a cabeça, olhando para o chão.
Jackson suspirou dando meia volta e indo para outro lugar.
— Oh, céus — Jisung soltou o ar que estava preso dentro dos pulmões —
o que foi isso?
— Isso foi você dando a ele o gostinho de ser ignorado.
— Eu acho que ele ficou irritado.
— Pena... — Taehyung completamente despreocupado — Vem, vamos
continuar...
☠
Antes de ter certeza de que todos os botões estavam nas casas certas, seu
cabelo estava devidamente arrumado e que não tinha nenhuma marca
suspeita a vista em seu corpo, Jimin saiu da cabine olhando ao seu redor,
vendo os piratas trabalharem espalhados pelo piso inferior. Ele viu Jisung
logo na proa, debruçado como gostava de ficar, para ver a água quebrando
contra o casco dianteiro.
Jackson não estava em seu campo de visão, mas Jungkook saiu da cabine
logo depois, deixou um beijo em sua têmpora e seguiu para falar com o
contramestre, que estava próximo de seu irmão.
— Vamos ajudar o Junbuu a cortar cebolas? — Taehyung o convidou.
Jimin aceitou de imediato. Não tinha nada mais para fazer além de ver o
tempo passar, lento e entediante.
Assim que abriram a porta que dava acesso ao piso da cozinha, yoongi
surgiu subindo a escada.
— Já tem uma resposta?
— Céus, eles brotam do nada. — Taehyung levou uma mão ao peito e fez
sinal para Jimin: — Pode ir na frente que já chego lá.
O Ômega assentiu e desceu.
— Não quero te pressionar, mas você está demorando muito. Olha, se
você quiser ele, é só falar...
— Não, eu... — Yoongi o encarou sério com os braços cruzados. Seu
jeito indiferente e o modo despreocupado com que lidava com as coisas o
deixava fofo e mortal ao mesmo tempo. Em contrapartida, Hoseok tinha
uma personalidade diferente, era completamente claro com suas emoções e
só demonstrava frieza quando se tratava de fazer um bom trabalho.
Taehyung não sabia quem escolher ou negar, logo, só tinha uma resposta
para dar: — Quero você.
Yoongi sorriu e se aproximou dele. Ele segurou no queixo do Beta e
deixou um selinho em seus lábios.
— Escolheu bem.
Mas o navegador não fez sua escolha, ele apenas disse que o Alfa queria
ouvir. Satisfeito com a resposta, Yoongi saiu de seu caminho e o deixou
seguir. Assim que chegou na cozinha, Taehyung viu Jimin sentado ao lado
de Hoseok, estava prestes a dar meia volta e fingir que esqueceu das
cebolas, mas o Ômega lhe viu primeiro e o chamou para sentar perto dele.
— Hoseok estava te procurando — anunciou Jimin — Então eu disse
para ele te esperar aqui, porque você logo se juntaria a nós.
— Estava, é? —Taehyung sorriu amarelo.
— Sim. — O Alfa confirmou — Você já chegou a uma resposta?
— Então... — Hoseom o fitava cheio de esperança. Estava sorrindo como
se já esperasse por uma resposta positiva. “Como dizer não para alguém que
eu quero dizer sim?”, Taehyung se questionou mentalmente. Novamente ele
só teve uma resposta: — Quero você.
O sorriso do Alfa se alargou tanto que iluminou o ambiente.
— Que bom. — Hoseok segurou as mãos do Beta e beijou as costas delas
— Vou ver se eles precisam de mim lá em cima.
Assim que o Alfa sumiu pelo buraco da escotilha, Jimin virou-se para
Taehyung:
— Poxa, Yoongi já sabe?
— Então, Jiminie, eu fiz uma grande estupidez.
— O que você fez? — Sem coragem para falar, o Beta permaneceu em
silêncio. Jimin rapidamente entendeu o que estava acontecendo — Ah, você
não fez isso...
— Ah, eu fiz sim...
— Tae…!
— Jimin… e agora, o que eu faço?
— Eu não sei. Acho que... o que você realmente quer?
— Eu gosto dos dois, Jimin. Eles pensam que estou confuso, mas não é
verdade. Quero mesmo estar com os dois. Eles são completamente o
oposto, mas se parecem tanto… é muito egoísmo da minha parte, não é?
— Eu acho que não, Tae. Seus sentimentos são puros e sinceros. Mas eles
merecem a verdade, você precisa conversar com eles e falar como
realmente se sente.
— Você tem razão, mas quem disse que eu tenho coragem?
Jimin suspirou pensativo, almejando poder ajudar seu amigo mas não
tinha nada que pudesse fazer. Sua parte ele já fez, aconselhando-o da
melhor maneira que pôde. Agora, tudo dependia do Beta.
☠
Após a última refeição do dia, Jisung combinou de aprender um pouco
mais sobre navegação com Taehyung. Ele o aguardava na parte de trás da
embarcação, onde quase ninguém os atrapalhava. Estava organizando os
mapas quando ouviu alguém se aproximar, sorriu olhando animado
pensando se tratar do navegador, mas quando viu o caçador parado diante
de si, quase sentiu a alma deixar seu corpo.
— Então agora que não precisa mais da minha proteção, vai apenas
ignorar a minha existência. — Jackson afirmou.
— Não é nada disso. Eu estava conversando com Taehyung.
— Ele não está aqui agora. Qual vai ser a desculpa dessa vez? — Jisung
não respondeu. Ele se abaixou ao lado do Ômega e sentou em um caixote
— Está chateado comigo. Você não percebe que não sou o Alfa certo para
você?
— Por que não?
— Você é só um menino. Eu não-...
— Eu estou farto disso! — Jisung rugiu, levantando-se do chão, com os
punhos cerrados. — Meses atrás meu pai me apresentou ao meu noivo.
Com dezessete eu já estava com idade para casar. Mas agora que tenho
dezoito anos não posso decidir o que quero? Para o inferno todos vocês!
Jisung girou para se retirar, mas foi puxado pelo cotovelo.
— Solte-me. Sou muito novo para você. — Jisung afirmou com
sarcasmo, ele puxou o braço e se viu livre.
— Eu não quero me casar e ter filhotinhos.
— E quem disse que eu quero? — Jisung ergueu uma sobrancelha. —
Você está muito emocionado, Alfa.
O caçador avançou devagar e em silêncio, fazendo-o regressar os passos
até bater com as costas em um dos mastros que suportava as velas traseiras.
— O que... — Jisung perdeu a voz quando sentiu a mão do Alfa tocar em
sua bochecha, o polegar contornando seus lábios e os olhos castanhos
mergulhados no infinito azul azul do Ômega — Jack-...
— Então o que quer? — a voz enérgica do Alfa sobressaiu acima da sua
— Está percorrendo por um caminho perigoso, menino.
— Do que tem medo, caçador?
A pergunta pegou o Alfa de surpresa.
— Eu não temo nada.
— Pois o que eu vejo é insegurança por trás dessa máscara de-... —
Jisung foi interrompido pelos lábios do Alfa, comprimidos contra os seus.
Se não estivesse apoiado entre o mastro e o caçador, Jisung certamente
teria caído. Ele não sabia o que fazer e apenas seguiu os movimentos do
Alfa, sentindo a língua dele sobre a sua. A mão do caçador estava apoiada
em sua nuca, enquanto a outra segurava firmemente sua cintura.
Após separar seus lábios, Jackson fitou seu rostinho corado e os olhos
ainda fechados do Ômega, que só os abriu quando sentiu a testa do Alfa
encostar na sua. E Jackson estava sorrindo. Um sorriso grande e sincero,
como nunca tinha visto nele antes. Jisung olhou para o pingente de lua no
peito do Alfa, e logo em seguida ergueu o olhar para o rosto dele.
— Eu estou perdido. — Jackson afirmou, arrancando uma gostosa risada
do Ômega.
— Eu também.
— Você é bem teimoso.
— É o que Jimin sempre diz...
Taehyung vinha se aproximando, mas ao ver o casal juntinho na popa,
sorriu e deu meia volta, deixando-os sozinhos quando o Alfa puxou o
pequeno para beijá-lo novamente.
Continua...
[42] Mar Tenebroso
Reescrito
☠
Reescrito
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Continua...
Atualização do Mapa:
Marinha Real - X azul
Black Swan - X preto
Estrela da Morte - X vermelho
(Navio do Alma Negra)
[44] Colônia
Reescrito
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Reescrito
Continua...
[46] Rut
Reescrito
Reescrito
☠
Enquanto fazia seu desjejum, o Ômega lembrou-se do fragmento que viu
na posse dos nativos. Pelo que ele conheceu de Yahto, eles eram um povo
bastante unido e guerreiro, que sofreram ao longo dos anos sendo
enganados por pessoas que só pensavam em enriquecer seus bolsos com
ouro e prata. Ele não queria que outra matança como a da Ilha dos
Kangaroo acontecesse.
Jimin entendia que é isso o que os piratas fazem. Matam e tomam o que é
dos outros. Mas os canibais pelo menos foram um perigo para a tripulação,
já os aborígenes do Brasil não demonstraram ser uma ameaça. Eles apenas
viviam em suas tribos sem fazer mal a ninguém. Nem perto da cidade eles
gostavam de chegar.
Mas é claro que Jimin não deixaria essa oportunidade passar, estamos
falando do sexto fragmento. Depois desse, só restaria mais um e pronto,
teriam o mapa completo e todas as informações necessárias, para finalmente
irem atrás do suposto tesouro.
— Será que se eu pedir por favor eles me darão? — Jimin suspirou,
pensando em voz alta.
— Darão o que? — Taehyung perguntou.
O navegador chegou de surpresa e acabou assustando o Ômega, que nem
notou sua presença de tão concentrado que estava em buscar uma solução
pacífica para a situação.
— Então... eu descobri algo que pode mudar a vida de muitas pessoas.
— Fale.
— Primeiro quero que me prometa que não vai contar a ninguém. Se o
Jungkook ficar sabendo é capaz de mandar a tripulação fazer uma coisa
terrível...
— Depende. Esse segredo, se o Capitão descobrir, a minha cabeça será
separada do meu corpo?
— Não. Você tem minha palavra.
— Então você também tem a minha. Pode contar.
— Eu descobri onde está o sexto fragmento... — Jimin contou sobre a
Tribo e tudo o que se passou por lá. Chocado, o Beta não disse nada a
princípio. — Entende a situação ?
— Claro. Mas você sabe que a gente vai ter que pegar essa parte, não é?
— Eu sei... me ajuda a pensar em alguma coisa?
— Ajudo sim, mas antes eu preciso ir com o Yoongi encontrar um bom
ferreiro. Alguns piratas precisam trocar suas armas.
— Está bem. Ah, quase ia me esquecendo, já que você vai fazer isso
aproveita e tenta descobrir para onde aqueles escravos foram levados?
— Lá vem...
— Por favor? Juro que não faremos nada perigoso. — Taehyung ergueu
uma sobrancelha, sem acreditar. Jimin corrigiu: — Nada muito perigoso...
— E para onde pretende levá-los?
— Um amigo meu vai cuidar disso.
— Por acaso esse seu “amigo” anda por aí com um mínimo pedaço de
tecido cobrindo as partes íntimas?
— Credo, Tae. Do jeito que você falou parece que ele é um dos
prostitutos da Ilha de Folsom... mas sim, é ele mesmo.
— O que é que eu estou fazendo da minha vida? — Taehyung questionou
retoricamente. — Vou ver o que consigo descobrir.
Jimin anuiu satisfeito e quando o Beta saiu, ele chamou seu irmão para
passearem pela cidade. Não tinha nada de tão interessante que eles já não
tenham visto, pelo menos na pequena área em que eles costumavam
circular. A pedido do Capitão, Jimin não se aventurou por tão longe.
Por hora...
O lúpus levou Jisung para uma feirinha e comprou da flor nenúfar,
responsável por conter o heat de um Ômega, para ajudar o seu irmão. Jimin
já não precisava do tal chá, visto que estava marcado por um Alfa.
Ainda no centro, eles encontraram Taehyung voltando sozinho e logo
foram ao seu encontro.
— Você não ia em busca de um ferreiro com o Yoongi?
— Sim, mas o Scott encontrou a gente e foi com ele. Ele quer uma
prótese com uma lâmina, para combates.
— Uau... nossa, se ele pisar no pé de alguém então...
— Acho que ele só vai usar em ocasiões de ataque.
— Quase me esqueci, você descobriu para onde os escravos foram
levados?
— Claro que você não ia esquecer… — Taehyung suspirou balançando a
cabeça. — Hm, sim. Alguns já foram vendidos e os que restaram aguardam
sua vez no mercado, caso eles não sejam comprados, eles retornam para
uma espécie de galpão ao anoitecer.
— Jimin, será que o Kunta já foi vendido? — Jisung perguntou, com um
terrível sentimento fulminando em seu interior.
— Não sei, mas podemos descobrir. Tae, leva a gente nesse mercado? —
O Beta hesitou. — Se você não levar, nós vamos sozinhos.
— Eu estou com um péssimo pressentimento… — Taehyung refletiu.
— Isso é seu medo falando. Vai dar tudo certo, confie em mim. Temos o
Yahto do nosso lado.
— Aquele nativo vai mesmo ajudar?
— Bem, sim... mas ele não sabe que será hoje.
— Hoje, Jimin?!
—Sim!? Fale baixo. Escute, quanto mais a gente demorar com isso mais
daquelas pessoas serão vendidas e levadas para serem exploradas.
— Eu já disse que estou com um péssimo-...?
— Sim, você já disse isso — Jimin o cortou. — Hoje após a última
refeição, me encontrem no saguão depois do corredor.
Mais uma vez o Beta lamentou por “falar demais”. Não era pessimismo,
mas em seu ponto de vista o plano de Jimin não tinha nada para dar certo,
por ser totalmente improvisado.
Sentia muito por isso, mas gostava demais dele para vê-lo fazer essa
loucura. Não que duvidasse da capacidade dele, Jimin estava aprendendo
rápido e quando as coisas se tornavam sérias ele sabia como lidar, mesmo
sendo tão novo e com a criação que teve. Taehyung nunca iria se perdoar se
algo acontecesse àquele Ômega e ao seu irmão, logo, a primeira coisa que
fez ao chegar na taberna foi falar com seu Capitão.
— Precisa ficar no pátio essa noite. — Taehyung falou por alto, próximo
a Jeon.
Jungkook o olhou sem compreender. O navegador estava mais estranho
do que costumava ser.
— Do que está falando? Seja direto.
Taehyung se sentia mal por fazer aquilo, mas era para o próprio bem dos
Ômegas.
— Jimin... escravos...
O Capitão respirou fundo rolando os olhos.
— Eu sabia que ele não ficaria quieto. Inferno de Ômega teimoso do... —
A voz do Capitão foi desaparecendo à medida que ele se afastava.
— Jimin vai me matar... — Taehyung pensou em voz alta.
☠
Após o jantar, Jungkook fez como o Beta aconselhou, foi direto para o
saguão e ficou sentado em um banco de pedra. Estava com os braços
cruzados e olhando para a única passagem conhecida que dava acesso
àquele lugar.
O primeiro a surgir foi Taehyung, ele se aproximou de seu Capitão e
sentou ao seu lado, tentando convencê-lo a ajudar os Ômegas. Mas Jeon era
um pirata que não se importava com esse tipo de coisa, sendo assim a sua
fama tão conhecida.
Enquanto isso, Jimin passava pelo corredor dos quartos superiores
juntamente com Jisung ao seu lado, seguindo na direção do pátio em que o
Capitão Jeon e Taehyung estavam, quando alguém interrompeu seu
caminho.
— Preciso falar com você.
— Agora não, Sungjae. Estou com pressa.
Jimin contornou o Ômega mas parou quando ao ouvi-lo dizer:
— Se eu fosse você não desceria por aí.
— E por que não?
— Por um acaso um ouvi o navegador falando com o Capitão sobre os
escravos, e envolvia você. Eles estão lá no saguão sentados, te esperando.
— Não acreditamos em você. — Jisung afirmou, olhando para Jimin e
esperando o irmão confirmar.
— Não tenho tanta certeza, Ji — o Ômega lúpus falou — Eles são sim
muito fiéis ao Capitão. E também, creio que as intenções do Tae foram
boas, ele deve estar preocupado com nossa segurança.
— E agora? O que vamos fazer? Kunta precisa da gente.
Jimin olhou para Sungjae, desconfiado.
— Podemos ir pela passagem dos escravos. — Sungjae propôs. — Por
que essas carinhas de espanto? Pensou que essas pessoas que servem na
taberna são o quê?
— Vamos começar por elas então. — Jimin decretou. — Mas o que me
choca realmente é você querendo ajudar.
— Não é que eu queria ajudar. Mas será pior se eu ficar aqui e o Capitão
descobrir o que eu fiz. É mais seguro para mim se eu ficar com você.
— Bom, obrigado pela sinceridade. — Jimin disse, confuso com as
próprias palavras. — Leve-nos para essa tal passagem.
Sungjae assentiu e caminhou na frente, com os Ômegas mais novos
seguindo-o de perto. Jimin estava atento a qualquer coisa, porém, Sungjae
realmente os levou para o local em que os escravos ficavam alojados.
Jimin tentou convencê-los a fugir, mas eles se negaram.
— Você está vendo alguém vigiando a gente sobre a mira de uma
chibata? Não somos castigados e andamos livremente por aí. Somos bem
tratados aqui e não comemos restos. Preferimos ficar, mas agradecemos a
sua boa intenção.
Os Ômegas mais jovens lamentaram a decisão deles, mas era
compreensível.
Os três seguiram para o mercado e aguardaram pacientemente enquanto
os comerciantes organizavam suas coisas para guardar a "mercadoria" que
restou. O pequeno Kunta estava lá. Ainda não foi comprado porque a
preferência na maioria das vezes era por Alfas grandes e fortes, para
realizar trabalhos pesados nas lavouras ou serem levados para as minas.
Os escravos foram levados para senzalas provisórias, onde apenas um
Alfa tomava conta. Ele estava armado com um fuzil de pederneira e duas
pistolas presas em seu cinto, além de uma tira grossa de couro e um molho
de chaves. Era o mesmo Alfa que Jimin viu maltratando os escravos.
— Posso derrubá-lo. — Jimin afirmou olhando fixamente para ele.
— Não com um ataque direto. — Sungjae argumentou. — Se você atirar
vão ouvir o disparo. Se tentar se aproximar, ele é um Alfa e pode facilmente
subjugá-lo. Isso se não matar você por estar invadindo propriedade privada.
— E se a gente distrair ele? — Jisung sugeriu.— Assim podemos pegar
ele de surpresa — disse, mostrando uma faca. — Peguei isso do Jackson,
ele nem viu.
— Céus — Jimin o olhou surpreso. — Não, guarde isso. Eu vou lidar
com aquele maldito, você ainda não sabe como fazer isso.
— Jackson disse que só preciso acertar um ponto vital.
O queixo de Jimin caiu.
— Vocês vão ficar discutindo? — Sungjae indagou. — Eu distraio ele e
você ataca.
— Como vai fazer isso?
— Sério que não sabem? — Os irmãos se entreolharam com dúvidas e
negaram com a cabeça. — Vocês ainda são muito inocentes, céus... Vocês
sabem que todo Alfa tem aquela maldita voz de comando, certo? Talvez
com você não funcione já que é um Ômega lúpus.
— Não. — Jimin respondeu. — Acho que só a de um Alfa lúpus, mas
Jungkook nunca usou comigo.
— Sortudo. Mas onde eu realmente quero chegar é que Ômegas também
possuem um tipo de habilidade especial. Não possuímos uma voz
dominante, mas temos algo que se soubermos usar, podemos dominar
qualquer Alfa.
— E o que seria isso?
— Nosso charme e inteligência. — Sungjae ajeitou as roupas e o cabelo.
Os mais novos entreolharam-se novamente, sem compreender ao certo.
— Observe. — Sungjae se levantou e caminhou na direção do Alfa.
— Eu estou com medo e vergonha, Jimin. — Jisung confessou.
— Somos dois...
Continua...
X azul - Marinha Real
X preto - Black Swan
X vermelho - Estrela da Morte
[48] Maquinações
Reescrito
Continua...
[49] Monopólio
Reescrito
☠
Reescrito
Assim que chegaram na hospedaria, Jimin viu seu irmão seguindo para o
corredor em que ficava o quarto do caçador, antes que pudesse dizer
qualquer coisa, ele foi rebocado até seu quarto pelo Capitão.
Jungkook fechou a porta, retirou as botas e foi lavar as mãos na pia do
lavabo, enquanto Jimin caminhava aflito até a janela. Ele espiou a rua
pouco movimentada e o caminho até a floresta.
— Você ignora totalmente minhas ordens. — O Ômega girou para
encará-lo e viu o Capitão saindo do banheiro, sem camisa. — Eu sou uma
piada para você?
— Não! Jungkook, você não acha nem um pouquinho errado aquelas
pessoas serem vendidas como escravos?
— O problema é que eu não me importo com elas, Jimin. Parece que
você esqueceu o que eu sou.
O Ômega suspirou caminhando até estar diante dele. Jimin elevou a mão
e a pousou do lado esquerdo do peito do Alfa
— Não é possível que nesse coração não tenha sequer um pingo de
compaixão.
Jungkook encarou aqueles olhos azuis e intensos, mas não respondeu.
Jimin segurou em seus braços girando seu corpo, e o empurrou fazendo o
Alfa cair sobre o colchão.
Jimin subiu logo atrás. O Capitão ainda foi se levantar e sem pensar
direito no que estava fazendo, o loiro acertou uma tapa na bunda dele. Ele
olhou para o Ômega com o cenho franzido. Jimin levou a mão até a boca,
escondendo o riso.
— Sua massagem... fique deitado.
Jungkook soltou um suspiro e encostou a bochecha no colchão, com
Jimin posicionado em cima dele, sentado bem em cima da parte traseira das
coxas do Capitão. Ele fechou os olhos quando sentiu as mãos do Ômega
trabalharem entre suas costas e os ombros.
— Eu não faço isso de propósito — Jimin começou. — Não é minha
intenção ignorar suas ordens...
— Pois para mim, parece que você faz de propósito. — Jeon fez uma
pausa e logo depois acrescentou: — Se eu usasse minha voz de comando,
você me obedeceria.
Jimin apertou os ombros dele com força e o Alfa gemeu.
— Prometa que nunca vai fazer isso!
— Não preciso prometer, nunca faria isso com você. Nunca usei com
Ômega algum.
— Hm...— a massagem voltou a ser suave. — Então seu ponto fraco são
os Ômegas...
Jungkook girou o corpo e agora ficou deitado, de frente para Jimin.
— Meu ponto fraco é você. E ao mesmo tempo, o meu forte.
Jimin se acomodou novamente, dessa vez sentado sobre os quadris do
Capitão.
— Eita que não é apenas seu ombro que está duro...
— Você me deixa assim. — Jeon fixou as mãos em sua cintura e o puxou
para si.
Jimin inclinou o corpo para frente, até encontrar os lábios do Capitão. As
mãos do Alfa já entrando por dentro da roupa do mais novo, explorando-o.
— Mas não fazem nem duas semanas que teve seu rut... — Jimin
articulou respirando com dificuldade, ao passo que Jeon o estimulava.
— Preciso estar no cio para desejar o meu Ômega? — Jimin sorriu
erguendo os quadris para que o Alfa retirasse sua calça e a roupa íntima.
Jimin imaginou que depois de ser marcado, a libido do Alfa diminuiria
consideravelmente, visto que o lobo de Jimin já pertencia ao dele, e vice
versa. Mas estava obviamente enganado.
Jungkook os virou, invertendo as posições. O membro dele ficava mais
coberto pelo lubrificante do Ômega, à medida que escorregava entre suas
coxas. Com um único movimento de quadril, ele o penetrou deslizando até
o fundo. Jimin gemeu seu nome, sem se incomodar se alguém poderia
ouvir. Ele estava amando o seu Alfa e não tinha nada de errado nisso.
Jimin deslizou as mãos pelas costas de Jungkook, fincando as unhas na
pele e arranhando-o levemente. Tudo estava mais intenso. Ambos podiam
sentir seus toques de um jeito mais acentuado. A marca os conectava de
uma forma, como se eles fossem um só. Até mesmo o orgasmo um do outro
eles sentiam, o que deixava o ato ainda mais febril.
— Eu amo você. — Jeon afirmou, deixando alguns selinhos pelo rosto
dele.
O Ômega sorriu, retribuindo:
— Eu também te amo. — Jimin estava deitado de barriga para cima, o
Alfa então desceu um pouco mais e deitou a cabeça em seu peito,
abraçando-o pela cintura. Jimin inclinou a cabeça e beijou o topo da cabeça
dele.
Ainda com os pensamentos nos escravizados libertos e nos nativos, Jimin
permaneceu encarando o teto, reflexivo. Jungkook, por outro lado, havia
adormecido sentindo os dedos do Ômega deslizando entre seus fios negros.
Jimin sentia-se muito envergonhado pensando no que tentou fazer –
roubar o pedaço do mapa –, não conseguia dormir com o peso na
consciência. Muito menos agora que estava quase certo de que a aldeia seria
atacada. Ele olhou para baixo e viu que Jeon ainda dormia sereno. Com
certo esforço, conseguiu sair debaixo dele, sem acordá-lo, pegou as armas e
saiu do quarto, com cuidado.
No andar térreo, ele encontrou os Alfas e Betas da tripulação se
preparando para voltar ao Black Swan.
— Preciso da ajuda de vocês.
— E o que seria? — Yoongi indagou e os outros também prestaram
atenção.
— Os nativos estão com um grande problema e a culpa é toda minha...
— Por causa dos escravizados? — Chaerin presumiu. — Era de se
esperar. Você libertou todos de uma só vez, Jimin. Claro que os donos deste
lugar não iam ficar calados.
— Sim. Céus... por isso que eu preciso da ajuda de vocês.
— O Capitão mandou a gente ir direto para o Black Swan — Jared os
lembrou. — Foi mal aí, Jimin.
— Eu sei, mas...
— Eles que se fodam. — Outros piratas concordaram.
— Eles possuem um dos fragmentos. — Jimin os interrompeu com a
revelação, e isso fez com que todos parassem o que estavam fazendo. — Eu
o vi quando fui lá. Até tentei roub... pegar emprestado, mas fui pego em
flagrante.
— Eu fiquei dias procurando, em todos os lugares desse maldito inferno
e você só diz isso agora?! — Billy esbravejou.
— O Capitão precisa saber — Yoongi afirmou. — E ele vai ficar uma
fera...
— Não! — Jimin exclamou. — Ele vai ficar muito bravo e é bem capaz
que mande matar toda a aldeia só de raiva.
Yoongi olhou ao seu redor, e deu de ombros quando nenhum dos que
estavam presentes se manifestou.
— É. Acho que ninguém se importa.
— Veja, nós podemos juntar o útil ao agradável. Ele vai ficar muito,
muito bravo, vai querer descontar toda a raiva em alguém, e ele não vai
fazer isso em mim. Vocês sabem, sou o Ômega dele. Já a tripulação...
Imaginem, o Capitão Jeon de mau humor durante semanas...
— Já entendemos. — Jared o cortou. — Podemos pegar o fragmento
enquanto damos uma passada por lá. O Black Swan não vai sair do lugar.
Pegamos o fragmento e depois vamos para o navio.
— E vão ajudar a aldeia também. — Jimin acrescentou.
— Eu também vou. — Sungjae afirmou.
— Eu não quero atrapalhar, então vou ficar aqui. — Jisung disse, subindo
as escadas — Vou para o meu quarto arrumar minhas coisas.
Jimin respirou aliviado ao ver o irmão sumir pelo corredor. Saber que
Jisung ficaria a salvo, era menos uma preocupação para ele.
— Vamos. — Até mesmo Jackson, que queria encontrar o tesouro o
quanto antes, se prontificou.
Os piratas seguiram sendo guiados por Jimin, e como o Ômega imaginou,
assim que chegaram na aldeia, estava acontecendo uma batalha entre os
aborígenes, a guarda Real e alguns Alfas de aparência abominável.
A tripulação logo se juntou à luta, que estava mais vantajosa para os
guardas. Kauana estava sozinha contra um grupo de cinco Alfas, e a
construção que guardava o fragmento estava completamente exposta.
Para todos os lados tinham corpos caídos espalhados pelo chão. Jimin viu
o xamã entrando na habitação e correu atrás, quando viu um Alfa seguir o
mais velho. Byue tentava proteger a relíquia sagrada quando foi atacado, o
golpe só não foi fatal porque Jimin atirou nas costas do Alfa, fazendo o
mesmo perder a precisão de seu ataque e acertar o Gama no braço.
Jimin atirou novamente, e o Alfa caiu no chão sem vida.
— O que faz aqui? — Byue perguntou, pressionando o ferimento do
braço.
— Eu senti que isso ia acontecer, por causa das pessoas que ajudei a
libertar. Eu precisava fazer alguma coisa para ajudar vocês. Sei que me
expulsou mas...
Byue o interrompeu, segurando em suas mãos.
— Você é um bom Ômega. Corajoso, de alma forte e pura. Tenho certeza
que esse ataque não foi porque você libertou aquele povo. Yahto sempre faz
isso e nunca aconteceu tamanho ato covarde. A Lua está nos castigando
porque me recusei a enxergar que você é o verdadeiro possuidor da relíquia.
— O xamã retirou a fragmento da tábua, o enrolou como pergaminho e o
entregou para o lúpus — Tome.
— Tem certeza?
O xamã assentiu.
— Só você pode enxergar o que tem escrito, então é com você que a Lua
quer que ele fique.
— Obrigado.
Mais do que a satisfação de ter conseguido o sexto fragmento, era o
alívio de não ter que ver a tripulação tomando-o com mais violência.
Continua...
[51] Covardia!!!
Reescrito
☠
Jisung correu sem olhar para trás, mas sabia que estava sendo perseguido.
Subestimando o pequeno Ômega, apenas um Alfa o seguiu para capturá-lo,
erroneamente imaginando que ele era o lúpus.
Ao adentrar na floresta e após ouvir os passos do Alfa cada vez mais
perto, Jisung olhou para trás e tropeçou em algumas raízes quando o viu a
cerca de três metros, e caiu de costas no chão. O Alfa sorriu, avançando
contra ele.
Quando já estava quase em cima, Jisung apontou a pistola, fechou os
olhos, como o Capitão Jeon o ensinou ele apertou o gatilho. O barulho do
disparo só não foi mais alto que o grito do próprio Ômega, quando ele
sentiu o corpo do Alfa cair sobre o seu.
Assim que sentiu que seu perseguidor estava morto, ele grunhiu ao passo
que tentava sair debaixo dele, e continuou correndo, trêmulo e com os olhos
embaçando em lágrimas.
Para a sua sorte, a primeira pessoa que encontrou em meio a uma luta
entre piratas, guardas, nativos e agora, os recém libertos que se juntaram a
defesa do lugar, foi o seu irmão.
— O que está fazendo aqui?! — Jimin perguntou, escondendo-se com
seu irmão atrás de uma árvore.
— Alma Negra... está na taberna… Capitão Jeon — Falou quase sem
fôlego mas foi o suficiente para que o mais velho entendesse o recado.
Jimin retirou o pergaminho de seu bolso e o colocou no do seu irmão.
— Caçador! — Ele gritou, tendo a atenção do Alfa, que logo se
aproximou matando mais inimigos pelo caminho, e perplexo por ver seu
Ômega onde não deveria estar. — Cuide dele.
Jackson olhou confuso para Jisung e logo depois para o Ômega lúpus que
saiu correndo deliberadamente na direção da cidade.
☠
Alma Negra seguia avançando com seus ataques utilizando a sua espada
e um punhal encaixado em seu outro punho, no lugar da mão perdida. A sua
gargalhada era alta e aterrorizante. Os membros da sua tripulação atacavam
todos de uma vez o Capitão Jeon, que se defendia com sua espada e
disparando contra os inimigos com sua pistola.
Quando a pólvora chegou ao fim, Jeon a substituiu pelo punhal,
interceptando um golpe no peito, afastando o metal para longe. Um Alfa
correu pela lateral segurando uma machadinha, pronto para abatê-lo, mas
Jeon se agachou e o golpe acertou um outro Alfa que estava do outro lado.
A arma ficou presa no meio do crânio dele.
Jungkook se aproveitou e cravou o punhal no coração do Alfa que
tentava puxar o machado de volta. Seguindo com os ataques, Jeon
desenterrou a machadinha e a lançou para trás, acertando o centro do peito
de um outro Alfa que correu para lhe atacar covardemente pelas costas.
No mesmo instante, outros dois piratas chegaram pelas laterais, ele
lançou o punhal contra Alma Negra, distraindo-o por tempo suficiente para
que Jeon se abaixasse, ele girou o corpo e deslizou a lâmina da espada,
abrindo o abdômen dos dois piratas.
— GRRR!! — Alma Negra rugiu de odio, puxando o punhal que cravou
em seu braço. — Maldito!
Alma Negra ergueu a espada avançando em um ataque mortal, Jungkook
girou no chão para o lado e passou por debaixo de uma mesa. Enquanto se
levantava se defendendo de novos ataques, Jeon recebeu um chute no rosto
que o fez tombar para o lado, brevemente atordoado.
Alma Negra lançou a mesa para longe, acertando sem querer – ou não –
os seus próprios companheiros. Jungkook girou para atacá-lo, mas o pirata
desprezível também lançou-se em um ataque, fazendo as lâminas se
chocarem uma na outra. Jeon sentiu um pé acertar seu peito e ele perdeu
todo o ar que tinha em seus pulmões, sendo lançado para trás. Ele bateu de
costas contra uma parede.
Mais piratas do Estrela da Morte chegaram pelos lados, e Jeon os acertou
com sua arma. Alma Negra o atacou de frente, a espada foi interceptada
pela de Jungkook, já o punhal deslizou para dentro da carne de seu ombro, e
ele rosnou de dor. Alma Negra riu alto.
A mão que segurava a espada fraquejou devido ao golpe, mas Jeon não a
largou, girando o braço para que a lâmina acertasse Alma Negra, mas pirata
mais velho foi mais rápido e puxou um Alfa para servir de escudo. O dito
atingido teve o peito rasgado e caiu no chão sem vida. Jungkook estava
cada vez mais cansado, devido a enorme quantidade de inimigos que
enfrentava. Dentro da taberna haviam cerca de quarenta Alfas, e mesmo que
tivesse ceifado a vida de alguns deles, o número apenas parecia aumentar.
Uma lâmina vinda entre vários corpos, rasgou o braço de Jungkook e
junto a vários ataques seguidos, ele deixou a espada cair no chão. Com a
visão do Capitão Jeon turva devido ao sangue e suor, Alma Negra
conseguiu acertar-lhe um soco fazendo-o cair sobre uma mesa, e quando
Jeon se reergueu com as costas apoiadas na parede, foi recebido pela ponta
de uma espada, que transpassou a lateral de seu abdômen e o fixou contra a
parede de madeira.
— Parem! — Alma Negra gritou, e os Alfas que estavam prontos para
dar fim a vida de Jungkook, obedeceram no mesmo instante. — Ele é meu!
Jungkook abriu a boca e uma golfada de sangue escorreu junto a um
gemido de dor. Alma Negra ergueu o punho que possuía uma lâmina em
vez de uma mão e o posicionou para cravar o punhal no olho do Capitão
Jeon.
Jimin surgiu pulando sobre uma janela, correu por cima das mesas e se
jogou contra o corpo montanhoso do Alma Negra. O pirata mais velho,
surpreso com seu ataque, se desequilibrou dando alguns passos para o lado.
Um Alfa surgiu e agarrou o Ômega por trás, puxando-o de seu Capitão, e
tentando se defender dos ataques, enquanto o Jimin se debatia. Mais três
piratas o ajudaram a contê-lo.
Quando Jimin viu o seu Alfa preso na parede com uma espada na lateral
do seu corpo, ele gritou em meio a angústia:
— JUNGKOOK! — Jimin chutou quem o segurava tentando salvar seu
Alfa.
A lâmina que Jimin utilizou em seu ataque ficou cravada no alto das
costas de Alma Negra, que só agora a sentiu e puxou o objeto de metal.
Jimin lançou a cabeça para trás, acertando o nariz de um Alfa, pisou
fortemente no pé de outro e conseguiu se libertar. Ele tentou atacar Alma
Negra novamente, mas foi impedido quando uma mão enorme se apoderou
do seu pescoço, e o ergueu do chão.
— Então é você, seu pestinha! — Alma Negra rosnou sorrindo, com seus
olhos vermelhos.
Diante da cena, Jungkook rugiu de ódio e agarrou a lâmina da espada
com as mãos nuas e a puxou para fora de seu corpo, fazendo mais jatos de
sangue vazarem do grave ferimento.
— Solte-o! — Jeon gritou, avançando com a espada coberta pelo próprio
sangue.
Jungkook estava mais devagar e zonzo, devido aos ataques e a alta perda
de sangue. Alma Negra lançou o Ômega para o lado, fazendo-o cair sobre
algumas mesas, e com a ajuda de dois membros de sua tripulação
interceptou facilmente o golpe de Jungkook.
Alma Negra se aproximou do Capitão Jeon e o chutou algumas vezes,
pisou na lateral de seu rosto contra o chão, fazendo-o olhar na direção em
que os Alfas mantinham Jimin imobilizado.
— Sabe o que vamos fazer com seu Ômega quando ele não tiver mais
serventia? — Alma Negra questionou, e logo depois ele e sua tripulação
asquerosa riram alto.
Alma Negra então retirou seus pés imundos do rosto do Capitão Jeon e
agarrou o braço do Ômega, levando-o consigo à força. Jungkook tateou
pelo chão e recuperou seu punhal. Ele se ergueu apoiando-se nas cadeiras e
mesas jogadas e avançou contra Alma Negra, mas recebeu o golpe de uma
clava nas costas, que o fez cair de joelhos.
— Mas que decepção… — Alma Negra comentou, ao ver Jungkook
ainda tentando se levantar e impedi-lo de levar seu Ômega. — Matem-no.
Como se já não bastassem as críticas lesões em seu corpo e ver seu
Ômega ser levado pelo Alfa mais bárbaro que ele já conheceu, Jungkook
teve o caminho até ele bloqueado pelos Alfas da tripulação inimiga, que o
cercaram como um bando de hienas inquietas ao ver uma presa,
aparentemente fácil.
Jeon encolheu o ombro machucado e colocou uma mão no ferimento do
abdômen. Munido com seu punhal na outra mão, ele foi se defendendo dos
ataques até quando não aguentou mais e caiu de costas em uma mesa.
Os Alfas discutiram rapidamente sobre quem daria o golpe final, o
vencedor empunhou uma espada e quando a ergueu, pronto para enterrar no
coração de Jungkook, Yoongi e Jackson foram os primeiros a surgir pela
porta, sendo seguidos pelo restante da tripulação do Black Swan.
Ao ver o pirata com a lâmina perto de ceifar a vida de seu Capitão,
Yoongi lançou sua katana como uma lança, e esta, atravessou o tórax do
Alfa. Notando que sua tripulação estava cuidando dos malditos, Jeon se
levantou e seguiu tombando até a porta, ainda querendo seguir Alma. Ele
deu de cara com Seokjin que vinha chegando, e o Beta quase caiu para trás
ao ver o irmão mutilado daquele jeito.
— Sungjae, pegue a minha bolsa no quarto! — o médico ordenou.
— Não! — Jeon rosnou empurrando-o. — Jimin… Vão atrás dele! Alma
Negra o levou!
Sungjae parou no terceiro degrau e precipitou-se:
— O quê?! Não! Precisamos salvá-lo!
— Sungjae, você não ouviu o que eu disse?! — Seokjin gritou de volta,
mas foi ignorado pelo Ômega que parecia fora de si.
— Ele…
— Você vai morrer se não me deixar cuidar disso! — Seokjin gritou,
impedindo-o de se levantar.
— E o que você acha que vão fazer com ele?!
— Céus! Jimin… — Jisung começou a chorar ainda mais.
Aproveitando-se da distração do médico, Jungkook o empurrou de seu
caminho e se levantou.
— Espera… — Yoongi considerou. — Hoseok estava no Black Swan…
— Namjoon também… — Seokjin sentiu uma pontada no coração.
O espadachim franziu o cenho e olhou para o Capitão.
— Onde está o Taehyung?
— Eu o mandei para o navio. E onde vocês estavam que não foram para
o Black Swan quando mandei?!
Os piratas hesitaram.
— Fomos com o Jimin proteger a aldeia. — Sungjae revelou.
Todos os Alfas e Betas olharam enfurecidos para o Ômega, que estava
bem protegido perto de Scott.
— Eles tinham um fragmento. — Billy acrescentou, como se fosse
diminuir o fato de terem desobedecido.
— O q-… — uma corrente de dor fez o Capitão fazer uma breve pausa e
respirar profundamente. — Isso não importa agora… vamos tomar um
navio e ir atrás deles imediatamente!
Pouco se importando se Seokjin terminou o curativo provisório,
Jungkook pegou suas adagas, seguindo até a porta.
— Mas Capitão — Junbuu os lembrou — São quase trezentos Alfas...
não temos chance.
Jungkook o ignorou. No lado de fora, ele ficou surpreso ao ver uma
enorme quantidade de Alfas, Betas e Ômega. Todos estavam munidos de
arcos e lanças feitos manualmente com materiais da própria floresta. O
Capitão piscou atônito, perguntando-se quem seriam aquelas pessoas e por
que estavam ali. Logo atrás dele, o restante da tripulação foi saindo aos
poucos da taberna, e Jisung parou ao lado do lúpus, igualmente
impressionado.
— Quem é essa gente toda? — Jackson indagou, próximo ao Ômega.
— Kunta… — Jisung murmurou olhando para o Ômega em questão, e o
mesmo sorriu para ele.
Os olhos do Capitão moveram-se lentamente encarando cada uma
daquelas pessoas, até pararem diante de um Alfa que estava à frente dos
demais.
— Sou Kinte. — O Alfa se apresentou, dando um passo à frente. —
Devo a minha vida àquele Ômega, e se com ela eu puder ajudar a salvá-lo, a
minha lança é sua. — Ele ergueu a arma, e os demais do seu povo fizeram o
mesmo.
A princípio, Jeon ficou sem reação. Aqueles eram os que seu Ômega
ajudou a libertar, quando ele próprio se negou a permitir tal ato. No entanto,
no momento em que ele mais precisava de reforços, aquela multidão de
Alfas, Betas e Ômegas estavam dispostas a arriscar suas vidas, para resgatar
o Ômega dele.
Jeon encarou o Alfa, reconhecendo que nada fez para merecer aquele
auxílio, mas assentiu, apreciando a postura altruísta daquelas pessoas.
Continua...
[52] Contra-Ataque
Reescrito
Passando pelas ruas do Brasil, Jimin era conduzido por Alma Negra e seu
bando de Alfas sórdidos. Seus ataques ao Capitão dos piratas lhe rendia
apenas risadas de chacota. O homem era bastante corpulento, sendo maior
que o próprio contramestre do Black Swan.
Um grupo de dez guardas locais faziam a apreensão dos produtos de uma
Beta na baía, que os vendia em local julgado por eles como inapropriado.
Jimin olhou na direção deles e gritou por auxílio, mas os guardas olharam
para ele e se comportaram como se não estivessem vendo um Ômega ser
sequestrado.
Passando pelas laterais do convés superior, Jimin viu alguns membros da
tripulação mantidos no piso inferior. Ele foi levado até a proa e amarrado ao
mastro principal.
- Eu vou te matar. - Jimin afirmou enquanto Alma Negra recebia um
punhado de pergaminhos.
Eram os cinco fragmentos do Imperium que estavam com a tripulação do
Black Swan, e um outro que achava-se na posse de Alma Negra.
- Onde está a parte que nos falta? - O Capitão perguntou ao seu
subordinado.
- Não estava com os selvagens. - O bucaneiro respondeu com a cabeça
baixa e bastante medo na voz.
Jimin riu satisfeito, lembrando-se de ter colocado nos bolsos de seu
irmão.
Alma Negra franziu o cenho e olhou para ele.
- Onde está?
- O quê? - Jimin questionou, com falsa inocência.
O Capitão agarrou o pescoço do Ômega e apertou, impedindo qualquer
passagem de ar.
- Capitão, como ele vai falar se o senhor está enforcando ele? - O
bucaneiro perguntou, e em resposta, recebeu um tiro no peito.
Jimin tossiu quando Alma Negra o livrou do aperto, tentando não
vomitar com os respingos de sangue que o acertaram. O Capitão segurou o
corpo do Alfa morto e o atirou para fora do Black Swan.
- Está com fome? - Alma Negra perguntou, retirando uma faca do cinto.
Jimin não entendeu se a pergunta seria para ele, então permaneceu calado -
Abra a boquinha, Ômega.
A tripulação sorriu entusiasmada, se aproximando da proa para assistir o
espetáculo, ávidos para assistir o Capitão Alma Negra fazer o Ômega comer
a própria língua. O Alfa forçou os dedos contra as bochechas de Jimin,
fazendo-o abrir a boca.
- Já que não tem a informação que quero, não vai precisar da sua língua. -
Alma Negra cantarolou. Em desespero, Jimin balançou a cabeça, tentando
se livrar do aperto e murmurando coisas impossíveis de decifrar. - Calma,
Ômega guloso. Fique quieto e será mais fácil.
- Eu posso ajudar! - Taehyung gritou. Alma Negra parou a lâmina da faca
a alguns centímetros da boca do Ômega e olhou na direção do piso inferior,
onde estavam os prisioneiros - Eu não consigo enxergar as runas mas já
compreendo esse tipo de escrita. Deixe-me um minuto com ele e eu o
convenço a me ditar as figuras. Você ainda precisa decifrar o pedaço do
mapa que está em sua posse, certo? Sem ele não vai conseguir, a não ser
que tenha outro Ômega lúpus disponível.
Alma Negra largou o rosto de Jimin e caminhou descendo as escadas até
estar próximo ao Beta navegador. O Capitão se abaixou ao lado dele,
Hoseok sacudiu o corpo, tentando se livrar das amarras que o prendia, mas
não obteve sucesso.
- Não o toque! - Hoseok avisou.
Namjoon acertou um pontapé no quadril do atirador, e este lhe devolveu
um olhar gélido.
- Calma, Hoseok. Sua hora vai chegar. - O Capitão ordenou aos seus
Alfas: - Preparem a prancha e dêem meia volta. Vamos buscar a última
parte.
- Seu maldito... - ignorando os avisos de Namjoon, Hoseok continuou
esbravejando - Eu juro que se fizer qualquer mal à ele...
- Eu nunca vi ração de tubarão falar! - Alma Negra ditou e seus marujos
riram alto, preparando a viga de madeira. Ele então voltou sua atenção ao
Beta: - Se você fizer qualquer coisa que me deixe irritado, vou fazer você
comer suas bolas.
Taehyung assentiu e foi libertado pelo Capitão. Seguindo cauteloso entre
os bandidos, o Beta subiu as escadas e caminhou até o mastro que Jimin foi
amarrado, portando um dos fragmentos que estava com Alma Negra, e que
ainda faltava ser traduzido.
- Jimin, por favor, me fale as figuras que você vê?
- Eu não vou contar nada para esse nojento!
Alma Negra puxou um dos piratas do Black Swan pelo cabelo, inclinou
sua cabeça para trás e cortou a garganta dele sem nenhuma piedade. Choque
rasgou as expressões de Taehyung e Jimin, quando o corpo do Alfa caiu
prontamente sem vida.
- Eu tenho todo o tempo do mundo! - Alma Negra sorriu e puxou o
cabelo de Namjoon, pronto para ceifar mais uma vida.
- Um traço vertical! - Jimin apressou-se em dizer. - Outro com um ponto
para o lado esquerdo... - e continuou a descrever as runas que estava
enxergando, à medida que tentava conter as lágrimas.
As mãos do Beta tremiam conforme a pena deslizava sobre o pedaço de
papel em branco. Ele continuou a escrever, tentando ignorar o atirador ser
levado para a prancha, com as mãos atadas às costas.
Hoseok seguia caminhando pela prancha, com Alma Negra logo atrás,
segurando uma pistola apontada para ele.
- Capitão, há dois galeões se aproximando pela popa. - um Alfa
informou, mas Alma Negra manteve seus olhos mirando os de Hoseok.
- É o pequeno Jun - o Capitão dos inimigos afirmou, sorrindo insano. -
Ele veio trazer o último fragmento.
- Quais suas ordens? - um bucaneiro questionou com medo da
aproximação de Jeon.
- Se jogue no mar. - Alma Negra rosnou enfurecido, sabe-se lá com o
que. Na maioria das vezes, o simples fato de falar com ele, era motivo
suficiente para ser condenado à morte.
- Perdão? - o bucaneiro ainda tentou insistir.
Alma Negra voltou sua atenção ao Alfa, com seus olhos vermelhos tal
como duas labaredas infernais. Hoseok chutou a mão do Capitão e a pistola
voou, ganhando altura. Um bucaneiro que estava próximo a Jimin e
Taehyung sacou sua arma, mas o Beta perfurou seu olho com a pena que
escrevia no pergaminho.
Taehyung puxou uma adaga que o adversário possuía presa na perna e
jogou para Namjoon. A arma caiu no chão e o contramestre a puxou com os
pés. Alma Negra puxou sua espada e com um ataque direto, tentou
esburacar o peito de Hoseok, mas este conseguiu se esquivar e fez com que
a lâmina cortasse as cordas que o prendia.
O velho Alfa o acertou com uma cotovelada, fazendo-o cair no chão do
convés. Um pirata apontou sua pistola para Hoseok, mas foi morto pela faca
que Namjoon empunhava.
Outros piratas libertos pelo contramestre tentaram lutar e recuperar suas
armas, alguns foram mortos e em meio a confusão, os dois galeões que
estavam sendo comandados, um pelo Capitão Jeon e o outro por Dahyun, se
aproximaram e cercaram o Estrela da Morte, que seguia à frente do Black
Swan.
- Ordens, Capitão? - os piratas da tripulação de Alma Negra que haviam
ocupado o Black Swan, questionaram desesperados, quando viram um
navio ao lado do seu, e o Capitão Jeon guiando o leme.
O galeão conduzido por Jungkook, estava entre o Estrela da Morte e o
Black Swan, em uma posição em que seria facilmente destruído caso as
duas embarcações abrissem fogo contra ele. Já o navio guiado por Chaerin,
estava do outro lado do Estrela da Morte.
- Fogo! - Capitão Jeon gritou e os canhões dos dois galeões rugiram
contra ambos os lados do Estrela da Morte.
Recuperando o controle de sua mínima sanidade, o velho lúpus ordenou
que seus Alfas atirassem com toda a força de fogo que o Black Swan
possuía, contra o galeão em que Jungkook estava. Com a ordem em atraso e
o motim causado pelos piratas do Capitão Jeon, eles só conseguiram
destruir o fundo da embarcação.
Jungkook girou o leme para contornar e dar a volta, deixando o navio
ficar com seus canhões apontados para a popa do Estrela da Morte, que
estava completamente avariado pelas laterais e ainda mais lento.
- Fogo! - Jeon rugiu outra vez. Quinze bolas de canhões foram disparadas
contra o navio inimigo.
Os outros dois navios pertencentes a Alma Negra, seriam as fragatas, e
elas vinham ao auxílio do velho Alfa, assim como o Black Swan que ficou
lado a lado com o galeão outra vez.
No meio tempo em que o fogo cruzava entre as duas embarcações, Jimin
olhou na direção do galeão e viu seu Alfa também o olhando de volta. Um
pirata correu até o mastro em que Jimin estava ainda amarrado, mas antes
de chegar próximo do Ômega, o Capitão Jeon acertou um tiro que
atravessou seus ouvidos.
Vigas foram postas na direção do Black Swan, e embora os piratas de
Alma Negra atirassem contra todos que começaram a cruzar caminho até o
navio de velas negras, eles continuaram avançando até que o primeiro
marujo pulou invadindo o Black Swan, sendo seguidos pelos demais.
Continua...
[53] Capitão Jeon
Reescrito
☠
Continua...
[54] Boa Notícia
Boa leitura:
A tripulação estava reunida no bar onde os hóspedes faziam suas
refeições, ou passavam o tempo bebendo e se divertindo.
O Capitão Jeon estava de mau humor e ninguém ousava ir falar com ele
além de Seokjin, é claro.
O beta estava na cozinha. Com a permissão do proprietário da pousada,
ele preparava um chá específico para alfas, com a intenção de entregar ao
Capitão.
Jisung estava bastante preocupado com Jimin, e sentia-se responsável
pelo quer que tenha acontecido para ele não ter aparecido ainda.
Mesmo que Taehyung tenha lhe dito que com Jimin era assim mesmo. O
lúpus estava lá e no mesmo instante desaparecia diante dos olhos de todos.
Ele encostou os cotovelos na bancada e descansou o queixo sobre as
mãos. Ficou observando curioso enquanto o beta amassava as flores da
planta.
— Está vendo ? — Seokjin questionou, tirando o ômega de seus
pensamentos. — É assim que devemos fazer. Um pouco disso e o rut de um
alfa é interrompido.
Jisung assentiu.
— Acho que entendi.
— Você não sabe nada sobre o cio, não é ?
— Um pouco... sei que alfas e ômegas entram nesse período uma vez no
ano. Mas com os lúpus, acontece a cada seis meses.
— Isso mesmo. Mas quando estão marcados, isso não acontece mais.
— Por que não ?
— Eu não sei. A medicina ainda não está tão avançada. Mas eu acredito
que seja porque ambos já pertencem um ao outro, e não há a necessidade de
encontrar um parceiro para acasalar e procriar... — Seokjin parou de falar
observando o ômega com a cabeça baixa, mexendo nos dedos. Ele estava
constrangido com aquela conversa, o beta então resolveu mudar de assunto.
— Onde está o caçador ?
— No quarto. Estou preocupado com meu irmão, não vou subir até que
ele chegue.
— Entendo. — o beta terminou de preparar o chá. — Vou levar isso aqui
pro Capitão, quando eu voltar a gente pode conversar sobre os fragmentos.
Jisung assentiu mais animado e ficou na cozinha aguardando ansioso
pelo mais velho.
Quando voltou, Seokjin trouxe consigo alguns pergaminhos já traduzidos
por Jimin e Taehyung. Juntos, eles ficaram criando teorias sobre o que
aquelas frases poderiam significar e tentaram reajustá-las na ordem certa.
Através da porta, Jisung viu seu irmão entrar afobado na hospedaria, e
correu para encontrá-lo. Seokjin foi junto.
— Jimin, onde esteve ? — Jisung perguntou, aliviado em vê-lo bem.
— É uma longa história... Jin, preciso de sua ajuda. Jungkook vai matar
um alfa lá fora e ele não fez nada...
— Deve ser o rut. O chá ainda não fez efeito mas acredito que leve
tempo para o corpo absorver as propriedades...
Jisung observava os mais velhos discutirem, a coisa parecia ser séria.
Seokjin chamou o contramestre e ambos saíram para impedir que o Capitão
fizesse uma besteira.
— Você está bem mesmo ?
— Sim. — Jimin afirmou. — Só preciso de um banho.
— Tudo bem. — Jisung soltou um suspiro. — Fiquei tão preocupado.
O lúpus sorriu acariciando a bochecha do mais novo e subiu as escadas,
seguindo para o próprio quarto. Alguns minutos depois, Jungkook passou
por eles sem olhar para ninguém e subiu logo atrás.
— O Capitão parece bravo.
— O idiota não tomou o chá. — Seokjin passou por ele, indo até a
cozinha. — Me ajude a guardar isso aqui, é melhor irmos dormir.
Jisung assentiu e ajudou o beta a organizar cada um dos fragmentos.
Antes de ir para o próprio quarto, ele tomou banho e comeu algumas
jaboticabas.
Já no quarto, Jackson ainda estava acordado, observando a rua pela
janela.
— Pensei que já estivesse dormindo.
— Estava esperando você. — O ômega sorriu tímido e caminhou até ele,
sendo abraçado pela cintura. — Seu cunhado quase mata o nativo.
— Ele está... naquele período...
— Rut ? — Jisung confirmou com a cabeça. — ele não tomou o chá ?
— Seokjin disse que não. Você...
Jackson ficou esperando o ômega concluir sua fala, mas Jisung ficava tão
constrangido quando se falava sobre esse assunto, que o alfa logo soube que
ele não iria terminar.
— Eu não gosto de perder o controle. Sou um lúpus então eu tomo.
— Ah, sim... — Jisung mordeu o lábio com seus pensamentos
automaticamente, imaginando o rut de um alfa.
Como se pudesse ler pensamentos, o caçador sorriu e se levantou,
guiando-os até a cama. Ele se sentou ao lado do ômega, que permanecia
prestando atenção a tudo o que ele fazia.
Jackson passou a mão na franja do menor e a guardou atrás da orelha.
Jisung parecia ser apenas um menino confuso, filhinho mimado do papai.
Não era o tipo de pessoa que costumava se envolver, mas ele o queria mais
do que já desejou qualquer outro ômega.
O ômega olhou para ele e sorriu. Fechou os olhos quando o alfa inclinou
o rosto e beijou-lhe a testa, a bochecha e em seguida a boca. Quando sentiu
a mão dele subir pela sua coxa, Jisung sobressaltou assustado e interrompeu
o beijo.
Ele estava com os olhos arregalados e a respiração acelerada assim como
seus batimentos cardíacos.
Não era medo. Ele confiava no caçador.
Mas algumas lembranças fizeram com que ele experimentasse uma
sensação ruim que atravessou seu corpo, causando um arrepio desagradável.
— Desculpa. — Ele se apressou em dizer, ao ver a expressão confusa do
alfa. — Eu só... — Jackson afastou suas mãos dele e permaneceu quieto,
observando-o. — Sei que você não é assim, mas eu me lembrei do Tenente,
quando ele tentou me tocar...
Jackson suspirou, entendendo a situação. Ele lamentou por não ter tirado
a vida de Jo Insung quando teve a chance. Ele fechou os olhos tentando
manter o controle para não socar o próprio rosto, sentindo raiva de si
mesmo.
— Você está bravo ? — Jisung questionou pela falta de diálogo.
Ele estava com medo de ter dito algo errado, e magoado sem querer os
sentimentos do caçador. Mas para seu alívio e surpresa, Jackson abriu os
olhos e sorriu para ele.
— Posso segurar na sua mão ? — Jisung assentiu e o alfa segurou a mão
dele e beijou as costas com muita delicadeza. — Perdoe-me por tê-lo
forçado a voltar para o camarote daquele porco, enquanto estávamos no
navio da Marinha.
Jisung abriu a boca mas ficou um tempo sem saber o que dizer. O
caçador sempre teve uma pose imponente e sem nada a perder. Seu olhar
nunca demonstrava medo ou fraqueza, mas naquele momento, o ômega
percebeu algo de diferente.
Suas sobrancelhas estavam curvadas para baixo, a respiração inquieta
enquanto aguardava pela resposta. Jisung olhou dentro dos olhos do alfa, e
mergulhou em sua profundidade. Ele estava realmente arrependido.
— Se eu estou aqui é porque você me ajudou. — Ele parou por alguns
instantes e negou com a cabeça. — Está tudo bem, não fiquei ressentido
com isso.
Jackson assentiu e então finalmente eles foram dormir.
O caçador saiu antes do amanhecer, para realizar um trabalho a pedido do
regente do lugar. Eles ficaram sabendo de sua fama e logo recorreram aos
seus serviços.
Jisung ficou por um tempo na cama. Já havia acordado, mas estava com
muita preguiça de levantar. E ficar deitado entre os lençóis que tinham o
cheiro do alfa, era tentador.
Quando a fome apertou, ele se levantou e desceu para fazer seu desjejum.
No caminho, ele encontrou Taehyung e Seokjin subindo com uma cesta
repleta de comida e bebida.
— Pra quem é isso tudo ?
— Pro Jimin. Ele precisa manter as forças pra... — O mais velho cutucou
Taehyung para que ele controlasse o modo com que estava prestes a
responder. —... pra continuar com uma boa saúde.
Jisung assentiu vendo os betas seguirem seu caminho.
— Ele já tem idade pra entender essas coisas. — Taehyung afirmou.
— Eu sei. Mas você também sabe como são os ômegas. Ficam
constrangidos com qualquer coisa.
Jisung logo entendeu sobre o que eles estavam falando e agradeceu
mentalmente ao beta mais velho, por ele ter impedido o outro de falar
coisas que o deixaria envergonhado.
Quando Jackson retornou, ele estava sentado junto com Scott e Sungjae,
que conversavam após terem tomado o café da manhã juntos.
O caçador sorriu para ele e subiu direto para seu quarto. Jisung
permaneceu com os outros dois, mas logo a curiosidade lhe atiçou a mente.
Que tipo de serviço Jackson fez por alí, afinal ?
Jisung se despediu do casal e subiu, na intenção de perguntar ao alfa
sobre seu trabalho. Quando passou pelo corredor do quarto em que Jimin
estava dividindo com o Capitão, ele se assustou ao ouvir um corpo ser
pressionado contra a porta seguidas vezes.
Sem pensar no que estava fazendo, ele levou a mão até a maçaneta, mas
parou ao ouvir a voz do irmão:
— Jungkook-ah, aahn...
Jisung colocou a mão na boca se perguntando porque seu irmão estava
gritando e gemendo daquele jeito. E o que seria todo aquele barulho ?
Ele então correu até seu próprio quarto a procura do caçador. Ele abriu a
porta tão precipitadamente, que assustou o alfa. Jackson se levantou e o
olhou confuso.
— Jack, eu não sei o que está acontecendo naquele quarto mas acho que
o Jimin está sofrendo. Ele... ele está gritando e há alguns barulhos...
Jackson arqueou as sobrancelhas e o sorriso veio se formando em
seguida. Ele tentou segurar o riso mas não conseguiu e logo estava rindo
alto e divertido.
Jisung franziu o cenho sem compreender. Ele segurou o pulso do alfa e
tentou puxá-lo até a porta, mas Jackson se manteve firme no mesmo lugar.
— Não estou entendendo. Por que está rindo ? Jimin precisa de ajuda.
Jackson puxou o ômega e segurou em seus ombros, mantendo a atenção
dele para si.
— Meu pequeno, seu irmão não está precisando de ajuda. —
Controlando a vontade de rir, Jackson suspirou olhando o rostinho confuso
do ômega. — Como você é adorável.
— Mas então...
— Eles estão transando. — O queixo o ômega caiu, assim como suas
bochechas que tomaram uma coloração avermelhada. — Vamos passear um
pouco e eu te explico...
Ainda muito constrangido, Jisung segurou a mão do alfa e o seguiu pelo
corredor, tentando ignorar os gemidos que vinham do quarto em questão.
Enquanto seguiam caminhando, Jackson contou do seu jeito, como
acontecia o ato sexual. O ômega ficou a maior parte do tempo apenas
ouvindo. Algumas vezes ele teve coragem de fazer algumas perguntas.
Mesmo que em sua cabeça, centenas de dúvidas despontassem uma atrás
da outra.
— Eu não tenho coragem de voltar pra hospedaria. — Por fim, ele
confessou.
Eles estavam no cais. Jackson olhou ao seu redor e teve uma ideia.
— Podemos ficar no Black Swan.
Com um grande sorriso no rosto, o ômega assentiu. Eles seguiram pela
rampa que dava acesso ao navio e encontraram alguns bucaneiros
guardando a embarcação.
Eles estavam entediados, queriam sair. Conhecer a cidade, talvez até
alguns bordéis. Se divertir. Mas o Capitão foi bastante claro em sua ordem,
quando disse para não deixarem o navio sozinho.
— Vocês vão ficar aqui ? — um dos piratas perguntou esperançoso.
— Vamos. — Jackson respondeu.
— Então poderiam ficar de olho no navio ? Eu quero dar umazinha e
minha mão não é o suficiente, cara.
— Quebra esse galho pra gente, caçador.
Jisung olhou confuso para o alfa.
— Ele quer foder. — Jackson lhe explicou curto e grosso. — Vão logo.
Em meio a gritos eufóricos, os bucaneiros pularam para fora do navio e
saíram correndo na direção da cidade.
Jisung estava caminhando sozinho até a popa. Ele parou quando chegou
no limite, e observou o oceano logo a frente. Ele suspirou ao sentir o alfa
encaixar seus braços em volta dele.
— No que está pensando ?
— Em algo que queria te perguntar antes de... — Estava se referindo ao
barulho que ouviu vindo do quarto de Jimin. Ele virou lentamente, até estar
de frente ao caçador. — Bom, o que você foi fazer hoje cedo ?
— Um serviço.
— Isso eu sei. Mas que tipo de serviço ?
Jackson hesitou antes de responder.
— Matei um alfa que estava causando problemas para o governo.
Para surpresa do caçador, a resposta não chocou o ômega. Ao invés, ele
perguntou mais sobre o ocorrido.
— Foi tão fácil assim ? Quero dizer, você voltou rápido.
Jackson deu de ombros.
— Fui treinado para isso. Na Coreia, eu pertenço a uma Ordem de
caçadores. Nós somos direcionados a missões de acordo com o grau de
dificuldade. Eu fui indicado para trabalhar diretamente no caso do
governador Park. Porque eu sou o melhor.
Jisung sorriu, dando um leve tapa no alfa.
— Seu convencido.
— Estou falando sério.
— Hmm... Então quer dizer que você é o melhor caçador de toda a
Coreia ?
— Do mundo. Pessoas de todos os reinos me conhecem, e já pediram os
serviços de nossa Ordem, sempre solicitando por mim.
Os olhos do ômega brilharam e ele umedeceu os lábios. Ainda cheio de
perguntas.
— Para caçar e matar ? — Jackson assentiu. — Você mata inocentes ?
— Ninguém é inocente nesse meio. Mas respondendo sua pergunta, eu
não mato pessoas como você.
— Como eu ? — Jisung ergueu uma sobrancelha. — Como assim,
pessoas como eu ?!
— Está se sentindo ofendido ?! — O ômega assentiu. Jackson riu
soprado, incrédulo. — Pessoas como você. Fracas.
A intenção do caçador não era ofender o ômega, e de fato, ele não o
achava fraco. Ele tinha plena certeza do quanto o baixinho era inteligente,
aprendia rápido e seria um excelente caçador. Ele apenas queria testá-lo.
Jisung cerrou os punhos e o encarou de maneira intensa.
— Me desculpe se não sou como você.
Jackson manteve-se firme, mas por dentro estava achando o pequeno
ataque de fúria daquele ômega a coisa mais fofa do mundo. Mas sua
intenção era que o loiro colocasse sua raiva para fora.
Jisung era submisso demais e acatava tudo o que lhe diziam. Estava na
hora dele se impor, e Jackson iria lhe ajudar.
— Não, não é. Você depende muito das pessoas.
— Dependo ? Hm... Eu salvei sua vida. Se eu não tivesse jogado aquele
caixote naquele alfa provavelmente você estaria morto.
— E depois ? Se eu ou seu irmão não estivéssemos alí ? Sabe o que você
ia fazer ? Se encolher e chorar.
Tomado por uma fúria repentina, Jisung curvou o braço para acertar um
tapa mal calculado no rosto do caçador, mas o alfa o viu como se estivesse
em camera lenta e facilmente agarrou seu pulso, virando-o de costas e
mantendo suas duas mãos presas as costas.
— Solte-me! — ele exigiu.
Jackson ignorou seu comando e curvou o corpo até estar com o rosto
próximo ao ouvido do menor.
— Me prove que você não é fraco.
Jisung puxou os braços mas ficou ainda mais irritado vendo-se
imobilizado.
— Eu não consigo e você sabe! Me solte! — ele sacudiu o corpo
tentando se livrar da prisão, mas quanto mais se esforçava mas frustrado ele
ficava. — Isso é tão injusto, você é um alfa!
— Isso não é desculpa. Seu irmão também é um ômega, veja as coisas
que ele já fez. — Jisung parou de lutar e ficou quieto, prestando atenção nas
palavras do mais velho. — Há vários ômegas na Ordem e você poderia ser
um deles.
Finalmente Jackson soltou o ômega e ele girou, ficando se frente para ele
novamente.
— Há ômegas caçadores ? — Jackson assentiu e ele ponderou, enquanto
massageava os pulsos. — Mas você disse que sou fraco, como eu poderia
ser um deles ?
— Não acho que seja. Só falei isso pra ver sua reação. Você só precisa de
treinamento. — ele se aproximou, tocando na face do menor. — E confiar
mais em si mesmo. Você é inteligente, sabe que tem capacidade pra fazer o
que quiser.
— Você me treinaria ?
Jackson estendeu a mão para que o menor a segurasse e o puxou para si.
— Já estou fazendo isso.
Jisung sorriu e se colocou na pontinha dos pés, pronto para beijar seu
alfa, mas o momento foi interrompido pela chuva, e ele correu para dentro
da cabine.
Jackson sorriu com a cena e logo o seguiu.
O ômega pegou uma toalhinha e secou algumas partes do seu corpo que
estavam molhadas, quanto o caçador, retirou a camisa por ter ficado mais
tempo na chuva.
Jisung estava sentado na cama, observando o alfa depositar sua camisa
nas costas de uma cadeira e se virar para ele. Seus olhos percorreram o
corpo do caçador até subir e notar que Jackson o fitava de volta.
Ruborizado, Jisung desviou o olhar e sentiu o coração acelerar, a medida
que o lúpus se aproximava até se sentar na cama, ao lado dele.
— Não precisa ficar nervoso, não vou tocá-lo.
Jisung o olhou novamente. O aroma do caçador estava acentuado, e era
uma tentação não olhar para aquele corpo molhado pela chuva e tão bem
desenhado.
Ele umedeceu os lábios quando seus olhos lhe traíram e desceram pelo
corpo exposto do alfa.
— Você quer me tocar ? — Jackson perguntou com voz suave.
O ômega se assustou e ergueu o olhar para ele novamente.
— E-eu..
— Não vou fazer nada, pode me tocar. — ele segurou a pequena mão do
loirinho e a colocou em seu peito.
Jisung engoliu em seco quando sentiu como o corpo do alfa estava
quente e o coração dele, assim como o seu, acelerado.
Ele respirou profundamente e desceu a mão vagarosamente, sentindo
cada curva da musculatura do alfa, até chegar no abdomem. Ele ergueu a
outra mão e tocou o braço dele.
Aqueles toques estavam atiçando o alfa em seu interior, mas como
prometido, ele não se moveu um centímetro. Ele apenas observava o ômega
explorar seu corpo.
Jisung sentiu seu membro começar a enrijecer-se e um fluído sair de sua
entrada, e molhar sua roupa íntima.
— Está gostando ?
De todas as sensações que o mais novo estava sentindo naquele
momento, o desejo se sobressaiu e ele assentiu com a cabeça. Sem retirar as
mãos do peitoral do alfa, ele sentiu o alfa chegar mais perto.
Jackson passou a mão próxima a têmpora dele, ainda sem encostar na
pele. Desceu pela curva da mandíbula, Jisung estava com os olhos fechados
mas podia sentir o calor da mão do alfa próximo ao rosto dele.
— Jack... — Ele sussurrou ainda com os olhos fechados. — Toque-me...
Ao contrário dos toques possessivos do Tenente Jo, o lúpus o tocou
suavemente, com uma mão no rosto e a outra na cintura. Ele o beijou na
bochecha e com a permissão do ômega, ele o ajudou a retirar a camisa.
Seu tato era tão suave, que Jisung sentiu-se perdido em suas mãos. Ele
ficou tão mole e entorpecido, que quando percebeu, ele já estava deitado
com o corpo do alfa sobre o seu.
Já completamente despido, ele jogou os braços sobre a cama e se
concentrou nas mãos e nos beijos do alfa. Ele fechou os olhos e apenas
sentiu, cada pedacinho seu ser tomado por uma onda ardente de excitação.
Ele era tão pequeno que Jackson teve medo de machucá-lo, mas o alfa
estava tão excitado, tão duro e o desejava tanto. Ele tinha o ômega
completamente exposto e entregue a ele, estava tão somente pronto, e
Jisung o desejava da mesma forma.
O ômega puxou o lençol da cama quando sentiu uma dor atingi-lo assim
que Jackson o penetrou. Mas aquela sensação de ardência logo deu lugar a
um prazer que o mais jovem jamais sonhou em imaginar.
Ele abraçou os ombros do alfa e deixou-se ser queimado completamente,
pelo fogo que os consumia naquele instante. E algum tempo depois ambos
atingiram seus ápices ao mesmo tempo.
Embora tenha feito aquele ato milhares de vezes com centenas de
pessoas, para Jackson aquele momento foi unicamente precioso, tanto
quanto foi para Jisung.
Ele chegou a um nível de prazer tão elevado, que não se segurou quando
sentiu a pele quentinha e leitosa do ombro de Jisung, e cravou seus dentes
alí mesmo.
O ômega sobressaltou abrindo os olhos confuso com a dor aguda e
repentina, e com a enxurrada de sensações que invadiram seu âmago.
Ele tocou nos ombros do alfa e o empurrou suavemente. Jackson ergueu
o rosto e o olhou com um pequeno sorriso no rosto.
— Por que fez isso ?
Jackson deixou um selinho na boca dele e tirou alguns fios que estava
grudados na testa dele.
— Porque você é meu ômega.
— Jimin vai te matar. — a resposta veio com um outro beijo.
— Ele não vai matar o alfa do irmão dele.
Jisung sorriu grande e o puxou pela nuca, beijando-o novamente.
☠
[55] Dificuldades
Reescrito
☠
Reescrito
☠
Continua...
Reescrito
☠
Reescrito
☠
Continua...
[60] Despedida
Reescrito
☠
Após conseguirem guardar todo o ouro dentro do Black Swan, uma certa
quantia de prata foi retirada do porão, para comprar novos suprimentos e
renovar o estoque de provisões.
— Amanhã eu vou até a cidade comprar. — Junbuu se adiantou —
Preciso de uma rota, para calcular o que vamos precisar.
— Já tem um lugar em mente, Capitão? — Taehyung questionou.
— Eu sugiro a Ilha dos Canibais. — Namjoon disse — Há várias
criaturas medonhas pela margem. Ninguém se aproxima daquele lugar e
quem ousar fazer isso ainda vai ter que lidar com os nativos.
— O Triângulo da Morte também. — Jimin os lembrou abraçando
Jungkook pela cintura — Pensei que ia morrer mas acordei em uma ilha
muito bonita, completamente inabitada e afastada de tudo.
— Vamos esconder um pouco em cada lugar. — O Capitão determinou e
logo as rotas foram traçadas.
Após um mês que partiram de Oak Island, eles aportaram em uma cidade
africana para reabastecer os estoques. A pedido de Jimin, eles procuraram
pelos amigos que fizeram no Brasil, mas infelizmente só encontraram
alguns.
Kunta e Kinte estavam em outros reinos, foi o que disseram. O Black
Swan zarpou em alguns dias e eles continuaram seguindo viagem.
Outro mês havia se passado, e eles estavam entrando no Oceano das
Índias. Aos quatro meses e indo para o quinto de gestação, Jimin estava
sentado na proa conversando com seu amigo, Jimin. A conversa parecia
mais um monólogo, pois o Beta contava sobre como essa foi a mais
emocionante viagem de sua vida, e o Ômega mantinha seus pensamentos
longe.
Jimin pensava em várias coisas ao mesmo tempo, sendo duas delas; o seu
filhote e o seu irmão. Mas uma palavra dita pelo Beta, chamou sua atenção
como nenhuma outra.
— Acho que vou comprar uma taberna em Nabuco. — Taehyung
articulou.
As sobrancelhas de Jimin se curvaram para cima e seus olhos faiscaram.
— Nabuco! — Jimin afirmou alto e desceu de um caixote,
completamente estabanado.
— Está se sentindo bem? — Taehyung o amparou, temendo que caísse.
— Sim. Eu preciso falar com Jungkook.
Taehyung franziu o cenho, confuso, mas o deixou ir. Ele acompanhou o
Ômega com os olhos até vê-lo desaparecer atrás da porta da cabine do
Capitão.
continua...
Marinha Real - X Azul
Black Swan - X Preto
Reescrito
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Dois meses depois…
— Eles devem ter migrado para outro lugar depois daquele ataque. —
Namjoon afirmou se referindo ao povo Kangaroo.
Parte da tripulação havia percorrido o perímetro da ilha, procurando
pelos canibais, mas não encontraram nenhum vestígio vivo deles. Haviam
muitos esqueletos na área em que se teve a batalha, o mato havia crescido
absurdamente e apenas algumas ruínas indicavam que um dia, um povo
viveu por alí.
— Ótimo. — Jungkook afirmou — Comecem a cavar.
Os piratas trabalharam durante uma semana, quando finalmente
conseguiram cavar um enorme buraco e bastante espaçoso para os lados.
Eles revestiram o chão e as paredes com troncos de bambu. Criaram um
alçapão com o mesmo material, para dar acesso ao ouro que ficaria
escondido dentro. Em seguida, soterraram e deixaram que a natureza
cuidasse do resto.
Após voltarem para o navio, o Black Swan seguiu seu curso pelas águas
do Pacífico, e semanas depois, eles finalmente ancoraram próximo a Ilha de
Nabuco.
— Eu queria tanto ir... — Jimin lamentou.
Alfas desciam um bote, para que o Capitão e alguns marujos seguissem
para a ilha. A missão seria rápida, era apenas invadir o Forte e libertar os
Ômegas, se eles ainda estivessem sendo mantidos em cativeiro. Era algo
que não necessitaria toda a tripulação.
— Eu sei, mas nessas condições — Jungkook respondeu paciente,
tocando a barriga crescida do Ômega —, é melhor que fique no navio.
Jimin assentiu.
E depois de receber um forte abraço do Ômega e um beijo carinhoso, o
Capitão Jeon desceu para o bote, juntamente com Billy, Yoongi, Taehyung e
Sven. O Beta foi junto para comprar alguns equipamentos de astronomia.
Jimin ficou encostado no lado direito da embarcação, enquanto
observava o bote ser levado na direção do lado oposto da ilha. Ele ficou
observando, até ver o Capitão e seus companheiros desaparecerem por entre
as grandes rochas da margem.
— Oh, céus! — Jimin exclamou, chamando a atenção dos piratas que
trabalhavam pelo convés — Aahh..!
— O que foi, menino?! — Sungjae questionou assustado.
— Está sentindo alguma coisa, Jimin? — Seokjin se aproximou
preocupado.
— Sim... eu estou sentindo muita vontade de comer uma torta de
abacaxi! — Seokjin e Sungjae se entreolharam boquiabertos. — Vocês não
estão entendendo. Eu preciso comer essa torta, cadê o Junbuu? Alguém
pega os abacaxis!
Jimin passou pelo meio de ambos e desceu pela escotilha em busca do
cozinheiro. O Beta olhou para Sungjae e avisou com voz firme:
— E o senhor que não me invente de ficar grávido também!
O Ômega começou a rir negando com a cabeça e seguiu o mais velho
para o porão de carga.
Continua...
Olha que perfeição de fanart da kimsoowa133 O Jimin de Black Swan.
Ficou muuuuito lindo, muito obrigada 😍❤❤❤❤
O edit perfeito da blogjimin ficou maravilindo, obrigada meu bem 😍❤❤
❤
O Black Swan feito pela JikookianaDePlanto ficou muito perfeito, eu
adorei! Obrigada! ❤❤❤😍
Fanarts da ehissai ela enviou duas porque ficou em dúvida sobre qual
escolher. Eu também fiquei porque as duas estão perfeitas 😍 ❤ ❤ ❤
Obrigada!
[62] Angústia
Reescrito
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Continua...
[63] Contagem Regressiva
Reescrito
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Reescrito
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Todas as manhãs, Sungjae caminhava pelo pequeno perímetro de frente a
casa dos pescadores, passeando com o filhote de Jimin e Jungkook.
Jimin ainda estava um pouco fraco e abatido, então o Ômega mais velho
se prontificou a cuidar do bebê, até que Jimin se sentisse melhor. Era tão
cedo, que apenas uma pequena parcela do sol havia aparecido no horizonte
e o céu alaranjado encobria o firmamento, brilhando levemente acima das
águas.
Dois braços curvaram-se ao redor de Sungjae. Era Scott, abraçando os
dois Ômegas de uma só vez.
- Imagina; eu, você, dois filhos e-... - O Alfa começou mas foi impedido
pelo Ômega, desvencilhando-se do seu abraço e girando para ficar de frente
a ele.
- Pode ir parando por aí. - Sungjae o deteve.
- Amor, eu quero um filhotinho também. - Scott reclamou.
- Então engravide você mesmo e tenha seu filhote.
- Tsc! Mas que... - Scott segurou o que seria um xingamento e pensou
alto: - Mas o que custa ter um filho comigo? Um ou dois...
- Eu não seria um bom pai.
- Seria sim. - O Alfa ditou com firmeza, acariciando a bochecha de
Sungjae.
O Ômega suspirou ao sentir o calor da mão dele, sem mais nada a dizer.
Uma movimentação chamou a atenção dele logo atrás de Scott. Era Jimin
saindo da casa, agasalhado com uma manta em seus ombros. O lúpus ainda
não tinha segurado seu filho, por isso se aproximou hesitante, até estar
próximo aos três.
- Seokjin disse que os primeiros raios solares fazem bem para os bebês. -
Sungjae explicou - Realmente faz. Olha como ele está coradinho.
Jimin sorriu assentindo. O bebê Ômega estava dormindo tranquilamente.
- Eu... - Jimin iniciou inseguro, olhando para o bebê com o lábio inferior
entre os dentes -... eu quero segurar meu filho.
Sungjae assentiu e o passou com bastante cuidado, para que Jimin
segurasse o neném.
Assim que o teve em seus braços, Jimin sentiu uma agitação quente
percorrer seu corpo. O pequenino sentiu o calor de seu pai e abriu os olhos.
Mas ele não chorou e olhou o lúpus tão sereno, como quando estava
dormindo.
Jimin inclinou o rosto e beijou a testa do bebê. De algum jeito, ele podia
sentir seu Alfa, e também sabia que Jungkook os sentiu naquele momento.
Jimin sentiu seus olhos ficarem úmidos e sussurrou para o pequeno em seus
braços:
- Me desculpe, meu amor. Papai está aqui, agora. - Ele piscou
demoradamente e duas lágrimas desceram - Eu te amo, meu coração. Papai
Kookie também te ama, e eu vou buscá-lo de volta para nós.
- Jimin?- Sungjae o chamou, preocupado.
Jimin ergueu o rosto para fitá-lo. Sungjae o encarou de volta. Ele teve a
sensação como se os olhos do Ômega lúpus estivessem em chamas.
- Eu vou destruir quem o levou. - Jimin rosnou entre dentes - Seja quem
for. Ele vai se arrepender de ter levado meu Alfa.
- Conte comigo, Jimin. - Scott afirmou convicto.
Jimin assentiu agradecido e perguntou:
- Qual o estado atual do Black Swan?
- Pronto para uma guerra.
- Ótimo. - Jimin disse firmemente - Quero que a Coréia queime!
Scott e Sungjae se entreolharam, espantados e admirados pelo tom usado
pelo Ômega lúpus.
Os quatro entraram na casa novamente, e fizeram seu desjejum na
companhia de Seokjin, e as donas da casa. Eles contaram sobre os planos de
Jimin, de invadir a Coréia e resgatar os piratas. E é claro, o médico
concordou com tudo.
- Só tenho uma dúvida. - Seokjin afirmou e em seguida perguntou a
Jimin: - Se você também vai, quem vai ficar com o seu filho?
- Eu. - Sungjae que respondeu - Se por acaso alguma desgraça acontecer
e nem você, nem o Jungkook voltar, eu vou cuidar dele como se fosse meu
filho. Vou dar muito amor a ele, pode ter certeza, Jimin.
- Céus! - Seokjin bradou furioso, assustando a todos. Em seguida ele
abaixou o tom da voz - Desculpem, mas esse garoto... Sungjae, amado,
você se ouviu?
- Eu sei... eu não consigo controlar as bobagens que falo às vezes. - O
Ômega mais velho respondeu - Desculpa, Jimin.
- Tudo bem, era mesmo o que eu queria ouvir. - O Ômega lúpus
respondeu calmo - Eu vou voltar com o Jungkook e vamos juntos criar o
nosso filhote. Mas eu fico feliz em ouvir isso. É bom saber o quanto meu
filho é amado e protegido.
Durante o dia, a tripulação executou os últimos preparativos para a
viagem. Dahyun verificou junto ao contramestre, todos os pontos da
embarcação. Hoseok analisou cada canhão mais de cinco vezes, ficando
mais do que satisfeito com o desempenho que cada um deles apresentou.
Na noite daquele mesmo dia, Jimin se recolheu com seu filhote. Ainda
não tinha escolhido um nome para ele. Estava sentado próximo a janela
com o pequeno Ômega no colo, observando as estrelas e cantando baixinho:
"É apenas mais outra noite, e estou encarando a lua. Eu vi uma estrela
cadente e pensei em você..."
- Você é muito amado, Jungwon. - Jimin disse após um momento de
silêncio. O bebê sorriu, parecendo gostar do nome que recebeu - Agora
vamos dormir, porque amanhã papai tem algo muito importante para fazer...
Jimin se deitou na cama gentilmente cedida pelas donas da casa. Ele e o
bebê adormeceram logo alguns minutos depois.
Algumas horas mais tarde, quando abriu os olhos, Jimin viu a luz do sol
invadir o quarto, infiltrando-se pela cortina. Entre seus braços, Jungwon
ainda dormia sereno. Ele então deixou um beijo carinhoso na cabeça do
pequeno, acariciou seu bracinho e ficou admirando-o dormir por um tempo.
Quando se levantou da cama alguns minutos depois, o café da manhã já
estava posto e ele se juntou aos demais. Após a refeição, Jimin, Seokjin e
Scott arrumaram-se para partir. Sungjae os acompanhou até a porta, assim
como Jennie, Lisa e seus filhos.
- Espero que isso cubra todos os gastos e problemas que causamos. -
Jimin afirmou, entregando ao casal um saco cheio de moedas de ouro.
- Céus! - a Ômega arquejou - Mas isso é muito!
- Por favor, aceitem. Como forma de agradecimento pelo que fizeram por
nós. - Jimin insistiu.
- Muito obrigada. - As duas curvaram o corpo para frente em uma
respeitada reverência, e guardaram o saco de moedas.
Sungjae estudou o Alfa, desconfiado. Ele se aproximou devagar, segurou
as mãos do mais alto e o puxou para que Scott inclinasse seu rosto para
baixo. O Ômega então deixou o beijo carinhoso na bochecha dele e um
outro na boca, mais demorado.
- Se você voltar para mim, eu prometo que vou pensar no assunto. -
Sungjae sussurrou no ouvido do Alfa.
- Sobre um possível filhote? - Scott perguntou entusiasmado.
- Sim.
- Então pode ir se preparando. - Scott o surpreendeu com um abraço pela
cintura e o ergueu do chão - Porque a gente vai tentar muito quando eu
voltar.
Sungjae sorriu e retribuiu o beijo iniciado pelo Alfa. Logo depois, Scott o
colocou no chão e virou-se para seguir com o Ômega lúpus e o médico na
direção do Black Swan.
- Até depois, Jimin. - O Ômega mais velho acenou com a mão. Jimin
sorriu para ele e acenou de volta.
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No momento em que entrou no navio, Jimin foi diretamente para a cabine
e ficou um tempo sozinho. Fazia uma semana, mas o cheiro do Capitão
permanecia no local. O Ômega sentou-se na cama e passou as mãos sobre
os lençóis. Ele fechou os olhos e inalou o aroma de rosas deixado por ele.
Jimin sentiu os olho ficarem úmidos, mas com um longo suspiro ele
afastou a vontade de chorar. Não era hora para aquilo. Ele vestiu outra
roupa, arrumou o cabelo e também suas armas no cinto. Quando saiu da
cabine, a tripulação estava toda no convés, olhando para ele.
- Suas ordens, Capitão? - Namjoon indagou sério.
Jimin demorou um tempo para entender que a pergunta foi dirigida para
ele. Ele avançou dois passos e olhou para o rosto de cada um, antes de
responder:
- Eles levaram nosso Capitão, e nossos amigos. Não vamos deixar isso
barato. - Jimin fez uma pausa olhando para a estrutura do navio - Hm...
façam aquelas coisas com as velas... - disse, movimentando as mãos e olhou
para Taehyung: - Leve-nos para a Coréia.
- Sim, Capitão. - o navegador afirmou com um sorriso e correu para se
juntar a timoneira.
- A âncora. - Namjoon ditou baixo, apenas para Jimin ouvir.
O Ômega o olhou agradecido e assentiu.
- Levantem a âncora! - Jimin ordenou, Jared e Hoseok puxaram a
engrenagem. O lúpus ainda arriscou: - Içar todas as velas!
Namjoon sorriu orgulhoso e fortificou:
- Vocês ouviram o Capitão! Manejem os cabos, Alfas!
A tripulação operou o serviço animada. Não havia preguiça ou cansaço, e
quanto mais eles puxavam as cordas e moviam as pesadas velas, mais força
eles encontravam para continuar.
Jimin observou de cima do convés superior, o tráfego dos piratas entre a
meia-nau. Como sempre, ele não entendia muito o que eles estavam
fazendo, mas sabia que em pouco tempo, ele estaria com seu Alfa
novamente.
Com a velocidade máxima atingida, eles levaram pouco tempo para
chegarem no mar da China Oriental. Só restavam alguns minutos a mais
para entrarem nos limites marítimos da Coréia.
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Na praça de Busan, o povo se encontrava reunido para assistir ao
julgamento dos quatro piratas, capturados na Ilha de Nabuco. Jungkook,
Yoongi, Billy e Sven estavam em uma construção de pé, expostos em um
tablado de madeira. Eles estavam presos por correntes e vários oficiais da
Marinha os guardava, para que não tentassem fugir.
Também estavam presentes o reverendo, o governador Park, Choi, Jo e
alguns membros da alta sociedade.
Após a sentença ser lida, o governador Park subiu no tablado e iniciou
seu discurso:
- Aqui estão os malditos que despertaram seus instintos mais bárbaros e
se tornaram uma terrível ameaça contra nós, Alfas, Betas e Ômegas
tementes a deus. - Disse, apontando para os quatro prisioneiros - Eles nos
trouxeram dias terríveis e medo, com sua atividade grosseira e roubos,
assassinatos, sequestros... Ameaçaram o nosso progresso comercial...
O povo começou a gritar interrompendo o governador, pedindo que a
execução fosse feita logo. Os guardas exigiram a ordem e a população fez
silêncio novamente.
Park Shinsung continuou:
- Mas, exultai-vos, porque deus está do lado dos bons! - O governador
pegou a corda da forca e a guiou para colocar no pescoço de Yoongi.
O povo vibrou.
- Senhor - Jo gritou - Comece pelo Capitão deles.
Park Shinsung olhou para Jungkook, ele estava bem ao lado do
espadachim, tranquilo e sem demonstrar um pingo de medo. O governador
colocou a corda no pescoço dele, e sorriu.
Shinsung caminhou até a alavanca que estava ligada ao piso que o Alfa
lúpus estava. Quando Park a puxasse, um alçapão seria aberto e Jungkook
seria enforcado.
Nada seria mais satisfatório do que ver aquele maldito pirata que havia
seduzido seu pequeno Ômega, ser hostilizado diante de todos, enquanto
estrebuchava com uma corda em seu pescoço. O governador respirou
profundamente, muito satisfeito com os gritos da população, que o
apoiavam abertamente, naquele espetáculo pavoroso.
Enquanto isso, Jimin e a tripulação já haviam desembarcado do Black
Swan, o lúpus conseguiu obter um cavalo que estava preso no cais, o
montou e seguiu às pressas para a praça onde as execuções aconteciam,
enquanto os piratas invadiam a cidade e se posicionavam para iniciar o
ataque.
O Capitão Jeon não temia a morte, e realmente esperava ter o mesmo
destino que seu pai, no entanto, partir desse mundo sem ao menos ter
tocado em seu filho, ou pelo menos visto o rosto dele, era doloroso demais.
Mas o pirata não demonstrou. Seus olhos seguiam os movimentos do
governador, tão firmes que o mais velho evitou encará-lo nos olhos.
Mesmo que o maldito pirata estivesse prestes a ser enforcado, era Park
Shinsung quem mais estava sentindo medo ali, sentindo-se intimidado
apenas com a mera presença do lúpus. Jungkook direcionou seus
pensamentos até seu Ômega, tentando fazer com que Jimin sentisse naquele
momento, que ele o amou até o fim.
Quando o velho Alfa colocou sua mão no apetrecho, ele viu uma
movimentação entre o público que olhavam para trás, entre murmúrios. O
governador ergueu o rosto para observar o que de mais importante havia
acontecido, para que a população deixasse de prestar atenção na execução
de um pirata.
Seus olhos quase saltaram das órbitas quando viu um Ômega montado
em um cavalo, atrás do público. Era seu filho, Jimin. O governador ficou
paralisado, observando-o. O Ômega estava com uma pistola apontada na
direção do palanque. Seus olhos estavam bem abertos e a coloração
acinzentada.
Park Shinsung sentiu como se o mundo tivesse parado naquele momento.
Faziam meses que não via seu filho mais velho, Ficou sim, muito
decepcionado ao saber sobre as escolhas do Ômega, mas ainda era seu filho
e ele o amava incondicionalmente.
Seus olhos ficaram presos aos de Jimin por alguns segundos, e ele
finalmente compreendeu que aquele já não era o seu pequeno filhotinho
obediente, mas um Ômega lúpus forte e valente.
Atento aos movimentos do seu pai, Jimin mantinha sua mira na corda da
forca que mataria o Capitão Jeon. Sentiu tristeza ao ver seu pai prestes a
matar a pessoa que o Ômega mais amava, não queria que as coisas tivessem
terminado daquele jeito, mas ele não permitiria que seu pai e ninguém
tirasse seu Alfa de si.
O Tenente Jo juntamente ao Comodoro, notaram a leve hesitação do
governador, e chamaram pelo seu líder para que o mesmo desse
continuidade a execução.
Quando o governador voltou a si, ele acionou a alavanca, para que o
Capitão Jeon fosse executado, mas Jimin apertou o dedo no gatilho e o
disparo acertou o alto da corda que servia como forca, fazendo com que
Jeon ao invés de ser enforcado, caísse com os pés chão.
No mesmo instante, tiros de canhão foram ouvidos e acertaram o alto dos
prédios, destruindo as paredes e iniciando o caos. O Black Swan estava
próximo do cais, com seus canhões apontados diretamente para a praça de
Busan e lançando bolas de ferro carregadas com pólvora. Cada construção
atingida, explodia e começava a pegar fogo.
A população se dispersou correndo em todas as direções. Grito e choro
foram ouvidos, em meio ao desespero.
- Não os deixem fugir! - O governador gritou e em seguida ordenou para
outro grupo de guardas: - Tragam meu filho para mim!
Os oficiais correram na direção de Jimin, tentando capturá-lo. O Ômega
disparou contra eles e quando sua munição acabou, ele desceu do cavalo
com uma espada em mãos e a fúria de seu lobo despertada, matando todos
que se aproximavam.
Mesmo preso pelos pulsos com correntes, Yoongi tentou fazer como
prometido e partiu para cima do governador. No entanto, Jo estava por perto
e o chutou para o chão, ele puxou uma pistola e apontou para o pirata.
Uma espada surgiu na lateral de seu abdômen e sua mão amoleceu,
largando a arma. Quando virou-se, ele deu de cara com Jisung. Jo tentou
atacá-lo, mas o Ômega apontou a katana para ele e a lâmina atravessou o
umbigo do Alfa.
O Tenente Jo caiu de joelhos diante do Ômega, olhando-o surpreso e com
pavor. O sangue jorrava de seus ferimentos e também de sua boca. Jisung
deu um passo a frente e girou a lâmina, decepando a cabeça do Alfa que um
dia o assustou tanto.
Sentado no chão, Yoongi assistia a cena boquiaberto, mas cheio de
orgulho. Jisung agarrou um molho de chaves preso no cinto do Alfa morto e
abriu as correntes que prendiam o espadachim.
- Onde está o Jackson? - Yoongi questionou, se apoderando das armas do
Tenente Jo.
- Está em uma missão... - Jisung respondeu hesitante, coçando a nuca -
Ele não sabe que estou aqui... eu vi quando vocês foram levados para o
calabouço, tentei libertá-los mas não tive como. Soube que a execução seria
hoje, então vim escondido.
- Jisung!? - Park Shinsung gritou ao ver o filho.
O governador pensou em correr até o filho mais novo, mas Yoongi se
colocou em seu encalço e o velho saiu correndo em desespero, clamando
pelos guardas para que o protegessem.
Billy e Sven viram o pequeno Ômega com as chaves e foram até ele,
sendo libertos e entrando na batalha logo em seguida.
No meio das lutas e confusão, Jungkook ainda estava preso pelas
correntes e enquanto se atracava com o Choi pelo chão. A poeira subiu ao
redor dos Alfas, e Choi achou que estava na vantagem pelo fato das mãos
de Jungkook estarem presas. Mas o Capitão Jeon conseguiu dominá-lo e
passou as correntes pelo pescoço de Choi, asfixiando-o.
O rosto de Choi inchou vermelho e pouco tempo depois, ele paralisou
sem vida. Jisung correu até eles e libertou o Capitão Jeon. Jungkook acenou
para ele em agradecimento, pegou duas espadas e entrou na luta do jeito
que sempre gostou, com lâminas em ambas as mãos. Ele era ágil e mesmo
que as espadas fossem diferentes das adagas no quesito tamanho, ele
conseguiu o mesmo desempenho positivo.
Lutando contra seus inimigos, Jimin e Jungkook estavam de costas, se
aproximando gradativamente. Quando sentiram suas costas se tocarem, eles
se viraram assustados e apontaram suas armas um para o outro. Ambos
sorriram, mas isso durou apenas alguns segundos.
Antes de poder abraçar seu Alfa, um marinheiro atacou Jimin, mas o
Ômega recuou e o atacou de volta com sua espada. Outro Alfa surgiu para
atacá-lo pelas costas, mas Jungkook girou as duas espadas e partiu-o em
dois.
Jimin foi até ele e o beijou na boca, finalmente sendo abraçado por seu
Alfa.
- Ele tem seus olhos. - Jimin disse emocionado - O nosso filhote.
- Onde ele está? - Jeon perguntou confuso.
- Está bem longe daqui e a salvo aos cuidados do Sung. Com uma família
de pescadores.
Hoseok continuava disparando contra a cidade. Ele estava com muita
munição ao seu dispor e para ele, destruir uma cidade como aquela, e nas
condições atuais, era mais do que divertido. Busan estava literalmente
pegando fogo.
Um incêndio se apossou da cidade tão fortemente, que estava
praticamente impossível conter as chamas. As ordens do Capitão Jeon, a
tripulação retornou para os botes e voltaram para o Black Swan. A medida
que o navio se afastava, eles podiam ver a fumaça ainda subindo da cidade
castigada.
Continua...
[65] Família
Um ano depois...
FIM.
Muito obrigada por ter acompanhado a história até o fim, sinta-se bem
vinde para voltar quantas vezes quiser
Bônus I
Olaaaaa :3 Por favor, leia os avisos antes de ir para o capítulo, para que
possam entender melhor esse bônus ❤
Eu ia trazer um capítulo bônus com o filhote dos Jikook e tal, mas então
me surgiu várias inspirações e o "bônus" se tornou a segunda temporada.
Sim! Black Swan vai ter uma continuação assim que eu concluir Hunter.
Me aguardem...
*Algumas informações para entender esse capítulo bônus*
Esse capítulo conta um pouquinho da história e como cada membro
(principal) se tornou pirata da tripulação do Black Swan. Além de, é claro,
contar como o Jungkook se tornou o Capitão do navio.
Será por ordem, então vou começar pelos que já eram antigos tripulantes
do Black Swan, até o último a se juntar à tripulação, que foi o Yoongi.
Lembrando que:
*Sungjae foi o último verdadeiramente, mas nós já sabemos como
aconteceu dele se juntar ao navio, então não vai entrar nesse bônus.*
*Também não vai entrar no bônus o breve romance do Sungjae com o
Jungkook.*
Eu tentei resumir cada história, mas o bônus ficou com 18k de palavras,
eu acho grande demais pois gosto de capítulos pequenos, mas não quis
dividir em dois.
Então fique confortável, pegue um suquinho, um biscoitinho e boa leitura
❤
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A EPOPÉIA DE UMA TRIPULAÇÃO
Capitão Jeon, Namjoon, Hoseok, Jared, Scott e Sven.
O Black Swan estava ancorado próximo a Nabuco. Era um dos poucos
navios pirata que conseguia se aproximar daquela Ilha, sem ser atacado. Os
marujos festejavam ao som da banda há pelo menos três dias, e ninguém
parecia se importar com a situação do navio.
O mastro traseiro estava deteriorado, a principal vela da proa já não
operava corretamente e a engrenagem da âncora estava ficando tão oxidado,
que parecia nunca ter visto uma manutenção na vida.
Mas o Capitão achou mais necessário gastar todo o saque que haviam
feito há duas semanas, com bebida e Ômegas. Afinal, eles eram os reis dos
mares. Em sua opinião, Francis Bonny que foi um tolo, por ter guardado
toda sua fortuna sem ter a chance de gastar uma única moeda.
Alma Negra tomava sua bebida completamente despreocupado. O líquido
era desperdiçado quando descia pela sua barba e molhava suas vestes. Mas
a verdade era que o porão estava vazio, sem uma única moeda de bronze, e
os barris com rum, vinho e tequila não eram infinitos.
- Capitão - Sid, o contramestre, se aproximou do lúpus. Temeroso, pois as
notícias não eram boas. - Já não temos moedas para pagar aos Ômegas.
- E qual é o problema? - Alma Negra indagou. - Se não podem pagar,
pegue-os à força.
- Obrigado Capitão!
- Traga um para a minha cabine também - Alma Negra ordenou. - O mais
belo de todos.
O pirata assentiu e correu até seus companheiros, para informar sobre a
nova ordem do capitão. Todos vibraram felizes, exceto um pequeno grupo
que estava sentado na escuridão, junto à popa.
- Esse navio vai naufragar - Sven comentou.
- Ah, você acha? - Jared perguntou com sarcasmo e revirou os olhos. - O
que seria de nós, se não fosse você para nos informar o óbvio.
- Ele só falou o necessário - Scott saiu em defesa do irmão. - O que
ninguém tem coragem de dizer.
- E no quê isso ajuda? - Jared rebateu. - Falar não muda nada. Esse
maluco vai matar a todos nós.
- Alguma coisa precisa ser feita - Hoseok argumentou. Eles se referiam
ao Capitão Alma Negra. - Não podemos continuar assim. Quando não está
matando a própria tripulação com sua espada, o Capitão nos condena à
míngua com esses gastos exagerados e sem sentido. Não há mais nada no
porão.
- Está falando sério? - Namjoon perguntou.
- Infelizmente sim - Hoseok respondeu. - Há um balaço em cada canhão,
mas não há possibilidade de recarregá-los após o uso - Ele apontou na
direção da ilha de Nabuco e ainda afirmou: - Se o Barba-Ruiva souber
disso, estaremos fodidos.
- Jungkook? - Namjoon se aproximou do Alfa.
O jovem lúpus estava sentado e com as costas apoiadas no mastro
traseiro, enquanto riscava um engradado utilizando o seu punhal. Ele ergueu
a cabeça e encarou o pequeno grupo que o observava em silêncio.
- Sim?
- Você é forte. É um lúpus. O único que pode bater de frente com o
Capitão.
- Ele possui números... a maioria estão com Alma Negra.
É claro que Jungkook já havia pensado na possibilidade de um motim,
ele apenas queria saber até onde iria a vontade daqueles piratas.
- Mas eles não tem o que nós temos - Hoseok afirmou, trocando olhares
com os demais. - Um líder.
- E até onde estão dispostos a ir com isso?
- Até o fim - Namjoon afirmou oferecendo a mão.
Jungkook aceitou de imediato e mirou nos olhos de cada um, antes de
comunicar:
- Faremos o seguinte...
***
Alguns Ômegas conseguiram fugir do domínio dos piratas e pularam do
navio. Eles nadaram juntos tentando chegar na margem, sendo recebidos
por alguns pescadores e outros frequentadores da ilha.
Os que não conseguiram este fato, ainda sofreram nas mãos dos
desprezíveis piratas. A farra seguiu pela terceira noite adentro, e perdurava
pela madrugada. Com a escassez de bebida, os piratas tornavam-se ainda
mais desequilibrados e miravam suas atividades em mais atos de violência,
uns contra os outros, e contra os Ômegas.
Alma Negra quase destruiu a porta ao sair da cabine, e agarrou o pescoço
do primeiro marujo que encontrou.
- Vão buscar mais bebidas! - O Capitão exigiu. - Sid?! Onde está, seu
inútil?!!
O contramestre subiu pela escotilha da proa, correndo para atender seu
mestre:
- Sim, Capitão?
- Leve um grupo consigo e traga mais bebida.
- Não temos moedas. Precisamos fazer algum saque, Capitão. - Sid
sugeriu.
Alma Negra sacou sua pistola e mirou no peito do contramestre.
- É desse jeito que você vai trazer mais bebidas. Diga que Alma Negra
solicita alguns barris, se alguém for burro o bastante para negar, mate.
- Sim, senhor - Sid engoliu em seco e respondeu com voz trêmula. Em
seguida ele ordenou: - Vocês aí do convés, desçam alguns botes. Hoseok,
você também vai.
- Eu vou no lugar dele - Jungkook se ofereceu.
- Não é você quem decide isso, garoto - Sid negou.
- Deixe-o ir - Alma Negra ordenou e logo depois dirigiu-se para sua
cabine. - O garoto é um lúpus, colocará medo em quem ousar se abster em
entregar as bebidas.
Quando Sid virou-se para entrar em um dos botões, Jungkook puxou
Hoseok em segredo e sussurrou para que apenas ele e Namjoon, que estava
ao lado, ouvissem:
- Façam como combinamos.
- Mas Jungkook...
- Façam!
O jovem lúpus girou na direção dos botões e desceu junto aos demais
bucaneiros.
- O que ele está fazendo? - Jared questionou.
- Foi no meu lugar - Hoseok respondeu. - É melhor abortar o motim.
- Não - Namjoon determinou. - Façam como Jungkook disse. O plano
segue.
Os piratas assentiram e cada um se posicionou no lugar onde Jungkook
determinou. Hoseok, Scott, Sven e Jared foram para os canhões, enquanto
Namjoon subiu até o convés superior.
Capitão Alma Negra voltou para a cabine onde seu Ômega o aguardava.
Alguns minutos após a visita dos infames piratas às tabernas da ilha,
mediante a violência e bestialidade dos bucaneiros, ninguém ousou desafiar
as ordens de Alma Negra, principalmente quando diante de um lúpus
portando duas letais adagas.
Assim que os piratas encheram os botes com barris cheios de rum e
tequila, eles remaram de volta para o navio.
Hoseok estava diante dos canhões superiores, seus olhos atentos à
movimentação dos piratas na margem. Quando os barcos estavam a uma
certa distância do Black Swan, ele esperou até que estivessem na mira.
- Fogo! - Hoseok vociferou. Ele, Jared, Scott e Sven dividiram-se e
acenderam cada pavio.
Os canhões dispararam simultaneamente e atingiram os botes cheios de
piratas e barris. Jungkook não sofreu nenhum dano pelo fato de ter saltado
do barco segundos antes de Hoseok ter dado a ordem.
O barulho dos disparos chamou a atenção de Alma Negra, que se divertia
com o desafortunado Ômega. Ele tentou abrir a porta, mas Namjoon saltou
de cima do convés superior e trancou-a pelo lado de fora.
- Vermes miseráveis, o que estão fazendo?! - O Capitão rosnou chutando
a porta.
Alguns piratas que permaneceram no navio, surgiram pelas escotilhas
armados com seus punhais, machados e espadas. Hesitaram ao ver Hoseok,
Namjoon, Sven, Scott e Jared também armados e em posição de ataque.
- É um motim, Capitão! - Matt bradou. - Estão tentando tomar o navio!
- Abram essa maldita porta! - Alma Negra rugiu.
Ginny tentou atender a ordem do Capitão, mas Namjoon direcionou sua
espada contra ela e a Alfa recuou. Apesar dos piratas que explodiram nos
botes, outros bucaneiros surgiram tomando suas posições.
Alguns eram fiéis ao Capitão e se opuseram à rebelião. Outros, puseram-
se a puxar suas armas e ficaram ao lado dos agitadores, quando o combate
teve seu início pela espada impetuosa de Jerome.
Após vários socos a porta da cabine foi destruída. Todos os piratas
paralisaram ao ver a imagem do Capitão de pé no umbral. Ele segurava uma
pistola em uma mão e uma espada na outra. Seus olhos estavam vermelhos
e de sua garganta ouvia-se um rosnado profundo e furioso.
- Estamos do seu lado Capitão! - Alguns bucaneiros gritaram com medo
de serem atingidos por ele. - Estamos do seu lado!
O anúncio não foi considerado. Alma Negra ergueu sua arma e disparou
contra todos que estavam em seu caminho. Scott e Sven juntos atacaram o
grande lúpus, mas ambos foram lançados ao chão quando o pirata mais
velho lançou sua espada contra eles.
Enquanto a luta se desenrolava no piso do convés, os agitadores e até
mesmo os aliados de Alma Negra buscavam se afastar do velho lúpus, mas
o pirata conseguia alcançá-los agitando sua espada ou disparando com sua
pistola.
Enquanto isso, Jungkook diminuiu a distância entre ele e o Black Swan
nadando incansavelmente. Quando chegou rente ao casco, ele subiu através
das cordas que pendiam lateralmente na embarcação.
Um pirata surgiu na mureta e sorriu alucinado quando o viu subindo
pelas cordas. Ele usou uma faca e começou a cortar os cabos. Ao ver o que
o pirata pretendia, Jungkook puxou seu punhal e o lançou no meio das
sobrancelhas do bucaneiro, que instantaneamente caiu morto de costas no
chão.
Assim que chegou no alto, Jungkook pulou para dentro do navio. Chutou
um Beta que caiu na sua frente e puxou suas duas adagas, pronto para entrar
no embate.
Alma Negra lançava sua espada contra Jared e quase o acertou, se não
fosse por Namjoon tê-lo defendido com um escudo feito com os destroços
da porta da cabine. O Capitão rugiu e lançou um caixote em sua direção,
mas Namjoon desviou sendo amparado por Sven.
Hoseok disparava contra os aliados de Alma Negra. Sempre que a
pólvora em suas armas chegava ao fim, ele puxava outras duas pistolas em
uma velocidade impressionante, que mal dava tempo de os piratas o
atacarem.
Alma Negra girou com toda a sua fúria contra Sven e Namjoon, mas o
que encontrou em seu caminho foi um jovem Alfa com a mesma coloração
avermelhada em seus olhos.
- Você vai me matar, Jungkook? - O pirata gargalhou. - Está na hora de
ensinar-lhe uma última lição!
O Capitão rugiu insano e lançou sua espada com toda fúria contra o mais
novo. Jungkook ergueu as adagas e interceptou o ataque. Alma Negra o
empurrou e girou o corpo tentando golpeá-lo lateralmente, mas Jungkook
novamente conseguiu se esquivar e lançou a ponta de uma adaga contra o
abdômen do velho pirata.
Alma Negra pulou tropeçando para trás e só teve tempo de se jogar no
chão ao lado, quando Jungkook ergueu as duas adagas e cravou-as no chão,
poucos segundos antes de onde Alma Negra estava.
Enquanto tentava se reerguer, Alma Negra foi chutado pelo lúpus mais
novo e caiu de lado, tentando apoiar-se em uma das mãos. Quando
Jungkook se aproximou, o Capitão volveu sua espada e rasgou a carne da
perna do jovem pirata, que caiu com um joelho no chão.
O Capitão se levantou rapidamente, segurou no cabo da espada com
apenas uma mão e lançou seu último ataque contra o mais novo, que ainda
estava apoiado no chão sobre o joelho da perna machucada.
Jungkook defendeu-se de um pirata que chegou covardemente para atacá-
lo, suspendendo a adaga da mão esquerda para atravessar seu coração. Com
a mão direita, ele ergueu a outra adaga e decepou a mão de Alma Negra que
empunhava a arma.
A espada caiu no chão e Alma Negra tombou para o lado, segurando o
seu punho dilacerado. Ele apoiou-se na mureta da embarcação e rugiu tão
alto e colérico, que os mastros estremeceram. Jungkook ergueu-se do chão e
avançou contra o velho Capitão, lançando-o para fora do navio.
Os piratas prostraram-se ao lado do navio para ver Alma Negra sendo
puxado para o fundo do navio pelas correntes marítimas.
- Conseguimos! - Namjoon recebeu o lúpus com um forte abraço e os
demais piratas gritaram festejando a vitória.
Hoseok puxou a última pistola com pólvora e a descarregou atirando para
o alto.
- Precisamos comemorar! - Dojun sugeriu e foi bem aceito pela maioria.
- Não. Vamos escolher nosso Capitão, primeiro - Jared supôs.
- E vocês ainda tem dúvidas? - Hoseok perguntou. - É claro que é o
Jungkook!
- Ele é muito jovem para ocupar tal cargo - Minah afirmou.
- Eu tenho o dobro da idade dele - Bill Lee concordou com a pirata.
- O dobro da idade mas não consegue fazer nem um décimo do que ele é
capaz - Namjoon argumentou. - Vamos votar.
- Eu voto no Jungkook - Jared ergueu a mão.
Scott e seu irmão fizeram o mesmo. Sendo seguidos por outros piratas. E
a grande maioria ergueu as mãos direcionando seus votos ao jovem lúpus.
- Temos um resultado, então - Namjoon afirmou. - A partir de hoje, Jeon
Jungkook é o Capitão do Black Swan - Ele fez uma pausa olhando nos
rostos dos que não votaram em Jungkook - A não ser que algum de vocês
queira demonstrar com suas espadas, que são melhores do que ele.
Os bucaneiros olharam para o lúpus, Jungkook inclinou a cabeça para o
lado esperando alguém se atrever a lutar com ele, mas os piratas apenas
assentiram, respeitando a decisão da grande maioria.
- Qual sua primeira ordem, Capitão? - Hoseok perguntou.
Todos se prostraram ansiosos. Jungkook estudou todo o piso da
embarcação, ele viu uma pequena movimentação na proa e comandou em
voz alta:
- Levem os Ômegas de volta a Nabuco.
- Não deveríamos comemorar? - Junseo bradou. - Vamos aproveitar que
os Ômegas ainda estão aqui.
Alguns bucaneiros gritaram vibrantes com a sugestão.
- Não. - O silêncio se instaurou quando ouviram a negativa do Capitão
Jeon. - Se vão mesmo permanecer nessa tripulação, terão de se adaptar às
novas regras - Ele caminhou entre os piratas olhando nos olhos de cada um
e cessou os passos para continuar: - Estupros não serão tolerados, eu não
aceito insubordinação e muito menos traição. A punição para quem
desobedecer qualquer uma das regras citadas, será a prancha! - Os piratas
entreolharam-se mas ninguém disse nada. Jungkook continuou: - Todos os
saques serão repartidos igualmente entre todos. Qualquer um terá direito a
opinar quanto as decisões, mas a palavra final sempre será a minha.
Capitão Jeon esperou algum bucaneiro se manifestar contra. Como
ninguém teve coragem de argumentar qualquer palavra contrária, ele
deliberou:
- Hoseok e Jared, levem os Ômegas de volta a Nabuco.
Os dois piratas assentiram e prepararam os botes que restaram, ajudando
os Ômegas a embarcarem.
- Namjoon - O Capitão chamou o alfa e apontou para a cabine.
- Capitão?
Jungkook sorriu.
- Todo navio precisa de um contramestre.
Namjoon sorriu assentindo e o acompanhou. Quando Jungkook entrou na
cabine, viu um Ômega sentado na cama, e este encolheu-se ainda mais
quando viu os alfas entrarem no quarto.
Jungkook se aproximou devagar, agarrou as roupas do Ômega no chão e
jogou-as para ele. O garoto pegou as roupas e vestiu sem tirar os olhos de
ambos os alfas. Assim que se vestiu completamente, o Ômega ficou de pé,
com os ombros encolhidos e esperando pelo que viria.
O Capitão abriu a porta inteiramente e com um movimento de cabeça,
indicou para que o Ômega saísse. Mas ele não saiu. Ao invés disso, ele
ficou parado diante do Capitão, sentia muito medo naquele momento, mas
ainda conseguiu criar coragem para pedir:
- Deixe-me ficar na sua tripulação?
- Ômegas não podem ser piratas. - Namjoon afirmou, rindo.
- O maior pirata da história foi um Ômega.
- Um forte Ômega lúpus - Namjoon corrigiu. - Você é uma coisinha
pequena.
O Ômega não deu atenção a Namjoon, voltando sua atenção para o
Capitão:
- Eu posso não ter habilidades com lutas, mas posso limpar o navio! Veja
como ele está imundo. Aposto que a tripulação não gosta de fazer isso.
O Capitão ouvia os argumentos do Ômega ao passo que se distraia com
seus olhos cor de amêndoas. Ele era realmente muito lindo, foi quase um
pecado ter passado pelas mãos imundas e violentas de Alma-Negra.
- Qual seu nome? - O Capitão quis saber.
- Sungjae.
Jungkook o estudou por um tempo. Não precisava de um Ômega para
limpar o navio, os próprios Alfas e Betas podiam fazer isso, mesmo não
gostando da ideia. Porém, o maldito lobo dele era fortemente atraído por
Ômegas corajosos, e aquele pequeno falava com a cabeça erguida, ao
contrário dos demais Ômegas que fugiram correndo quando tiveram a
oportunidade, lhe chamou a atenção.
- Muito bem, Sungjae. Eles fizeram a maior porqueira no convés - o
Capitão estava se referindo a festa dos piratas de Alma Negra. - Pegue um
balde e o esfregão. Ao trabalho!
O Ômega respirou profundamente aliviado. Não iria mais precisar vender
seu corpo para obter dinheiro. Eles eram piratas. Piratas que roubam muitas
quantidades de moedas. Um dia, quando tivesse a oportunidade, Sungjae
poderia deixar o navio e seguir sua vida livremente.
Sungjae correu até o porão em busca de um esfregão. Ele subiu de volta
para o convés e nunca fez uma faxina tão feliz da vida.
Na cabine, Jungkook pegou alguns mapas e os colocou em cima da mesa.
O lupus estudou alguns lugares e um pedaço de pergaminho surgiu em sua
visão. Ele pegou o fragmento para olhá-lo mais de perto, sem compreender
o que estava escrito.
- Se tivéssemos todas as partes, talvez poderíamos desvendar o mistério
por trás desse mapa - Jungkook afirmou. Ele pegou uma vela e colocou o
pedaço de papel contra a luz.
- Não adianta, Capitão. - Namjoon disse. - Já tentamos de tudo. É
impossível saber o que está escrito aí.
- Talvez se conseguirmos um bom navegador... - O Capitão pensou em
voz alta.
Namjoon sorriu assentindo. Ambos estudaram os mapas e traçaram a
próxima rota.
Assim que saíram da cabine, os piratas buscaram por novas ordens.
- O que faremos agora, Capitão? - Jared indagou.
- Vamos saquear pequenos vilarejos e recrutar mais Alfas e Betas para a
tripulação. Alcem a âncora, icem as velas! Eu vou assumir o leme. - O
Capitão ordenou subindo para o convés superior. - Nós vamos para a
Coréia.
A notícia foi bem recebida pelos bucaneiros, que gritaram eufóricos pelo
novo destino traçado.
- O que estão esperando?! - Namjoon rugiu. - Ao trabalho!
Os piratas correram pelo convés, para cumprir a ordem determinada pelo
Capitão. A âncora foi erguida e as velas negras soltas ao vento.
Quando o navio chegou em alto mar, os corpos de alguns bucaneiros
mortos foram lançados no oceano, e a embarcação ganhou velocidade com
as fortes rajadas de vento favoráveis, levando o Black Swan de volta à
Coréia.
☠
Seokjin
O pôr do sol já não é mais o que era antes. Até mesmo os pássaros mais
alegres pareciam estar cantando de um jeito mais melancólico. Uma semana
após a última homenagem à sra. Kim, e as flores do seu jardim começaram
a morrer, pela falta de cuidados.
A residência estava quase completamente silenciosa, se não fosse pelo
barulho de alguns vasos de porcelana quebrando, toda vez que o sr. Kim
chegava em casa completamente embriagado e esbarrando nos móveis.
- Jin?! Onde você está?! - Pela falta de resposta, o velho Alfa rosnou
irritado e largou o corpo no sofá, esperando o único filho chegar.
Mas naquela noite Seokjin não retornaria para casa. Era de sua
preferência permanecer no hospital em que trabalhava mesmo após seu
horário de expediente, ao ter de aguentar as discussões com o pai bêbado.
Desse modo ele ia ser mais útil, e sua saúde mental seria preservada.
- Não amarre tão forte, Andy - Seokjin aconselhou seu ajudante. - Pode
comprometer a circulação sanguínea desse membro.
- Sim, senhor - Andy assentiu.
Após imobilizar o braço fraturado de um beta, o Ômega ajudante
acompanhou o paciente até seus familiares e informou as condições em que
teriam de cuidar daquela lesão.
- Esse foi o último. - O Ômega avisou.
Seokjin suspirou frustrado. Isso significava que ele teria de voltar para
casa e encontrar aquele Alfa. O seu pai.
- Eu vou ficar. - O médico afirmou.
- Outra vez? Não temos nenhum paciente em espera. Devia ir para casa
descansar.
- Acredite, Andy, estarei mais descansado se eu ficar.
- Então eu também vou ficar.
- Tem certeza?
O Ômega assentiu com a cabeça.
- Além do mais, eu gosto de aprender com o senhor.
Seokjin sorriu encantado com o entusiasmo do jovem Ômega.
- Certo. Então sente-se nessa cadeira, porque eu vou te ensinar coisas que
não estão no cânone da medicina.
Os olhos de Andy brilharam e ele fez como o mais velho disse.
Era seu grande sonho ser um curandeiro como Seokjin, mas pela sua
natureza Ômega, nunca lhe foi permitido tal realidade. Logo, a forma mais
próxima com que ele conseguiu realizar esse sonho, era sendo ajudante de
um médico.
Seokjin o ensinou vários artifícios medicinais utilizando ervas, sementes
e outros recursos naturais como auxílio no tratamento de certas moléstias, e
até mesmo na contenção de algumas dores mais leves.
Ambos estavam distraídos em uma agradável conversa, quando gritos
foram ouvidos no andar térreo do prédio hospitalar. Eles correram na
direção em que ouviram uma pequena aglomeração de pessoas e viram um
Ômega na frente de todos, carregando uma pequena Alfa nos braços.
- Doutor, salve a minha garotinha! - O Ômega implorou com lágrimas
nos olhos.
- Coloque-a nesta sala - Seokjin informou e perguntou ao pai da criança:
- O que aconteceu?
- E-eu não sei. Ela estava brincando e de repente começou a vomitar e
sentir uma forte dor na barriga.
- Dói muito! - a Alfa exprimiu. - É como se houvesse uma lâmina me
rasgando por dentro.
O Ômega ajudante do médico viu a menina com as mãos travadas em
certa parte da barriga e tentou retirá-las, mas a Alfa gritou ainda mais.
- Não a toque - Seokjin ordenou e o Ômega afastou-se dando espaço ao
Beta. O médico examinou a pequena alfa e logo chegou a um diagnóstico: -
É a doença do lado. (Apendicite aguda)
Andy olhou para o médico com espanto. O Ômega pai da criança
percebeu a troca de olhares e entrou em desespero.
- O que é isso? Ela vai morrer?! Por favor, doutor, salve a minha filha!
- Eu vou operá-la - Seokjin determinou. - Andy, você vai me ajudar.
- Mas doutor-...
- O que estão falando? - O pai da menina os interrompeu. - Por que não
estão fazendo nada?
- Por favor, espere lá fora - O médico solicitou.
- Não deixe a minha pequenina morrer! - O Ômega pediu e logo em
seguida saiu, sendo amparado por familiares e amigos.
- Seokjin, você vai mesmo abrir essa garota? - Andy perguntou alarmado
ao ver o Beta separar alguns itens que iria precisar. - Você já fez isso antes?
- Já... - Seokjin pigarreou e corrigiu-se: - Estudei o cadáver de um
homem que morreu com essa mesma doença.
- Não é a mesma coisa. Isso é loucura!
- Isso é medicina - o Beta retrucou. - Agora traga um pouco de ópio.
Andy negou com a cabeça mas foi em busca do que o médico pediu.
- Eu vou morrer? - a alfa perguntou com a voz trêmula, tentando suportar
a dor. Seokjin apenas a observou com o cenho franzido. Não teve uma
resposta concreta para aquela pergunta. A menina tomou algumas
respirações e continuou com certa dificuldade: - Eu não posso morrer, meu
pai ficará sozinho.
Neste momento, Andy retornou trazendo o remédio consigo. Seokjin
recolheu o pequeno frasco e se aproximou da menina:
- Isso vai fazer você dormir um pouquinho - A criança aceitou o
conteúdo. - Qual é o seu nome?
- Anne.
- Eu não sei dizer se você vai morrer, Anne. Não me foi dado tal
conhecimento. Mas eu farei o possível para salvar você.
A pequena Alfa assentiu. Seokjin permaneceu ao lado enquanto os
sentidos da garota eram adormecidos gradativamente, até ela perder a
consciência.
- Seokjin-... - O Ômega ainda tentou, mas foi interrompido pelo médico.
- Não posso fazer isso sozinho, Andy. Mas se você for apenas atrapalhar,
saia.
O Ômega olhou para a garota desacordada, pegou uma tesoura e cortou
suas roupinhas na parte do torso.
Após toda a preparação e cuidados, Seokjin respirou fundo e abriu a
barriga da menina. Ele buscou pelo lugar onde a moléstia se manifestava
mas teve dificuldade devido a grande quantidade de sangue, diferentemente
do cadáver em que manuseou em seus estudos.
- Sinais vitais? - Seokjin perguntou mantendo sua atenção no interior da
incisão.
- Respiração lenta, mas o coração está acelerando.
Foi longa a procura. Seokjin manteve-se estável durante todo o momento.
A garota quase acordou em alguns momentos, mas Andy a sedou em todas
as vezes.
- Bisturi. - O médico solicitou quando encontrou a fonte daquela
condição.
Por insistência do pai da criança, Andy permitiu que o Ômega entrasse
enquanto Seokjin passava as ataduras. Assim que viu o Ômega se
aproximar, ele explicou:
- Ela precisa descansar. Não temos certeza de que sobreviverá.
- Eu só queria vê-la.
Seokjin anuiu e deixou o pai com a menina durante algum tempo.
***
☠ ☠
Poucas semanas após a escolha do novo capitão, o Luna navegava
próximo a um conjunto de ilhas adjacentes às Filipinas. A embarcação cuja
bandeira hasteada carregava o emblema de uma lua em sua fase crescente,
estava oculta por uma enseada de uma ilha, aguardando um pequeno navio
mercante se aproximar.
Assim que chegaram perto o suficiente, as velas do Luna foram içadas e
o navio cercou a embarcação mercante. Assustados com a repentina
aparição, os mercadores correram para chamar seu comandante.
— Preparem os canhões! — Abel determinou.
— Não. — Os piratas hesitaram quando ouviram a voz do Capitão. —
Ainda não.
— Não podemos dar tempo para eles pensarem. Eles vão fugir!
— Eles irão fugir se virem uma artilharia pesada mirando neles. É
instinto. — O Ômega explicou. — Alcem a bandeira preta.
— Deixe-os tentar — Abel sorriu insano. — Iremos pegá-los de qualquer
jeito.
— Por que gastar recursos e munição, se podemos simplesmente fazê-los
se render?
— Odeio a sua lógica — Abel bufou. — Não é nem um pouco divertida.
Na embarcação mercante, os marujos aguardavam ordens do comandante
para fugirem imediatamente. Mas o líder ponderava porque eles não
estavam atacando.
— Senhor, precisamos fugir! É um navio pirata. Não conheço aquela
bandeira, mas a julgar pelo número de canhões…
— Não estão ativados — o comandante avaliou através da luneta. —
Vejam! Eles içaram a bandeira preta! Isso significa que terão piedade em
uma invasão.
— Podemos fugir!
— Eles possuem mais velas. Uma fuga seria impossível — o comandante
determinou. — Icem a bandeira branca.
Com a rendição anunciada, o timoneiro do Luna aproximou o navio perto
o bastante até que as vigas de madeira foram encaixadas entre os navios.
Francis foi o primeiro a cruzar as embarcações, seguido por Abel e outros
Alfas. Os marujos do navio mercante paralisaram conforme os piratas
ocupavam o espaço no convés.
— O meu nome é Francis Bonny — o Ômega caminhou entre a
tripulação rendida. Ele parou diante do comandante e sorriu quando
anunciou: —, e eu estou assumindo o controle deste navio.
— Onde está o capitão daquele navio? — o comandante perguntou ao
Ômega.
— Você está falando com ele.
— Como é…?! — Os marujos entreolharam-se confusos.
Aquela era a primeira vez que eles estavam vendo um Ômega como
capitão de um navio pirata. Aliás, eles nunca tinham visto Ômega algum no
comando de qualquer embarcação.
Talvez ainda houvesse a chance de recuperar o controle, diante de uma
liderança “frágil”. O comandante levou a mão vagarosamente até a pistola
em seu coldre, mas engoliu em seco quando sentiu a ponta da espada do
Ômega sendo pressionada contra sua garganta.
— Faça qualquer gracinha, comandante, e eu usarei seus ossos como
carvão no meu navio. — Ele pressionou um pouco mais, o Alfa tremeu
recuando. — Será que fui pouco claro?
— N-não!
— Abel, verifique as cargas no porão — Francis comandou, e o Alfa
assentiu.
Aquela foi a primeira das inúmeras invasões sofridas pelos navios
mercantes. O porão do Luna estava repleto de seda, farinha, açúcar e pedras
preciosas.
À medida que as embarcações saqueadas retornavam para seus reinos,
rumores de que havia um Ômega dominando o contrabando nos mares ao
Sul, se espalharam pelos vilarejos.
Depoimentos sobre a sua aparência chamavam a atenção, devido ao fato
de ser completamente diferente das bestas raivosas que estampavam os
cartazes de procurados.
Quando ancorou no Porto de Folsom, o Luna já era conhecido por toda
costa asiática. Os locais comentavam sobre um navio com uma lua
crescente na bandeira, que estava parado na costa, cheio de cargas.
Após uma longa temporada no mar atacando e saqueando, os piratas
receberam de seu capitão a recompensa mais benquista de todas; alguns
dias para se divertirem nos famosos bordéis de Folsom.
Como eram feitos para agradar apenas Alfas e Betas, Francis frequentava
uma das poucas tabernas onde os profissionais dos bordéis não
compareciam para oferecer seu trabalho.
— Você vem aqui todos os dias, sozinho — o Beta que guarda o bar
comentou enquanto limpava as mesas. A taberna estava vazia, com exceção
dele e de Francis. — Onde está sua tripulação?
— Estão ocupados.
— É claro… Mas você é muito bonito, poderia estar com quem quiser
agora.
— Já ouviu falar naquele velho ditado? — O Beta negou, se
aproximando para ouvir a resposta: — Antes só, do que mal acompanhado.
— Nossa… — o Beta sorriu, colocando a mão sobre o peito. — Foi uma
indireta?
— Eu não sei. — Francis sorriu também. — Me diga você.
— Eu acho que não… — Ele apoiou as mãos na mesa em que o Ômega
estava. — Você é durão, não é à toa que se tornou capitão de um navio
pirata. Se eu estivesse incomodando, você faria mais do que jogar indiretas.
— Está certo.
— Viu? Sou diferente de um Alfa, pois ainda me resta um pouco de
cérebro.
Francis riu divertido, negando com a cabeça.
— Está tentando me agradar?
— Tá tão na cara assim? — O Ômega balançou a cabeça assentindo. —
E eu consegui, pelo menos?
— Está no caminho certo.
— Ravi, estou me recolhendo — um Alfa mais velho avisou, subindo as
escadas.
— Você tem que fechar a taberna agora? — O Beta negou com a cabeça.
— Por que não se senta um pouco?
— Não posso beber com os clientes. Mas nada me impede de pagar uma
bebida para um Ômega que estou conhecendo… Você aceita?
— Eu gosto de rum...
— Ótimo. Eu já volto.
Francis acompanhou com o olhar o Beta seguindo até o bar. Ele apanhou
uma garrafa de rum e uma caneca, e logo retornou à mesa para sentar-se
junto ao Ômega.
— Há algo que tem me deixado curioso desde que ouvi falar em você. —
Ravi informou. — Você não parece ter mais do que vinte anos. Quantos
anos tem?
— Dezoito.
— Uau…
— O que foi?
— Você é apenas dois anos mais novo, e já comanda um navio conhecido
em muitos mares. Enquanto eu vivo de limpar mesas e vômitos de bêbados
nojentos.
— A vida é mesmo uma caixinha de surpresas.
— Por que diz isso?
— Até um tempo atrás eu estava limpando o convés do navio, sendo
humilhado pela tripulação. Hoje sou o Capitão deles. — Francis indicou
com orgulho. O Beta assentiu. Não tinha o que falar, logo ficou admirando
o Ômega em silêncio. — Por que me olha desse jeito?
— Nada…
O Beta desviou o olhar, e Francis sorriu para ele. A garrafa de rum ainda
estava na metade, e assim continuou. Eles estavam tão distraídos em uma
conversa harmoniosa, que se esqueceram da bebida.
Um barulho na porta do primeiro andar fez o Ômega entrar em alerta,
levando a mão ao cabo da pistola.
— O que foi isso?
— Provavelmente foi o meu pai. Aquele Alfa que subiu as escadas. Ele é
sonâmbulo. Deve estar sonhando que está destelhando o prédio mais uma
vez.
— Está tão tarde assim?
— Por que? Você precisa ir a algum lugar?
— Não… Voltar pro navio, talvez. Mas estou com preguiça. — Francis
relaxou, apoiando a testa na mesa.
— Meu quarto fica apenas a alguns metros daqui… — o Ômega ergueu a
cabeça com o cenho franzido. — Eu fui muito direto?
— Imagina... — respondeu com sarcasmo.
— Desculpa.
— Tudo bem, eu gosto de sinceridade.
— Então, gostaria de conhecer o meu quarto?
— Está me convidando pra dormir com você ou apenas conhecer o
cômodo?
— Eu não pretendo dormir, Capitão Francis… Se também for da sua
vontade, é claro.
O sorriso presunçoso do Ômega deu lugar a um rosto corado. Ele
apanhou a caneca de rum e tomou todo o conteúdo restante de uma só vez.
— Mostre-me o caminho.
Ravi levantou e de maneira respeitosa, ofereceu a mão para ajudar o
Ômega a se levantar. Francis aceitou e se deixou ser guiado por um
corredor que os levou até o quarto do Beta. Ele deu passagem e esperou que
o mais novo entrasse primeiro, logo após também entrar no aposento ele
fechou a porta.
— É bem modesto. — O Beta comentou a medida que Francis observava
os detalhes do quarto.
O cômodo era semelhante aos demais quartos das pousadas que às vezes
o pirata descansava, com uma cama, uma pequena mesa com duas cadeiras
e uma cômoda.
Simples lamparinas iluminavam o ambiente. O que o diferenciava dos
demais quartos era a decoração, que parecia mais pessoal. Haviam quadros
retratando paisagens pela parede, todos muito bonitos. Mas apenas um
chamou de fato a atenção do pirata, por se tratar de uma pintura de algum
Ômega completamente sem roupas.
— Eu deveria ter tirado isso daí… — Ravi disse sem jeito, coçando a
nuca.
— Parece que você não é tão diferente dos Alfas, afinal de contas… — O
Ômega riu.
— Nunca foi crime apreciar o que é belo.
Ravi se aproximou devagar, parando rente às costas do Ômega. Quando
virou-se de frente para ele, Francis sentiu os batimentos acelerarem quando
o Beta tocou em seu rosto. Ele estava muito perto.
Francis Bonny ficou conhecido por ter saqueado dezenas de navios
mercantes, sem ter disparado um único tiro de canhão. Além de ser descrito
como um Ômega muito feroz em batalha. Quando seus olhos se tornavam
prateados, era melhor sair de seu caminho, diziam.
Contudo, depois de longos meses navegando pelo Oceano Pacifico, de
Norte a Sul. De tantas lutas, invasões e saques, ele nem sequer havia sido
beijado uma única vez.
Quando mais moço, ele gastava seu tempo ajudando o pai no estaleiro, e
à medida que se tornava mais velho, tornou-se assustador para a maioria
dos Alfas. Os que tinham coragem de se aproximar nem sequer ousavam
cogitar a possibilidade de cortejá-lo. Aquele Ômega era diferente de
qualquer outro já visto.
É como dizem; os Alfas têm medo dos Ômegas fortes e inteligentes.
— Não tenha medo… — Ravi sussurrou quando o beijou carinhosamente
na bochecha.
— Não estou com medo. — Ele de fato não estava, mas o Beta podia
sentir um pouco de hesitação da parte dele.
Ravi não contestou, apenas sorriu para ele e continuou beijando-lhe pelo
rosto, vagarosamente, como se estivesse ganhando sua confiança.
Francis manteve os dois braços largados ao lado do corpo, não tinha
certeza do que fazer naquele momento, apenas aguardou. Ravi então
segurou as mãos dele e as guiou até seus ombros.
— É como uma dança. — O Beta afirmou.
— Eu nunca dancei.
— Posso guiá-lo se quiser.
O Capitão assentiu balançando a cabeça lentamente. Ravi se aproximou
devagar, aproveitando cada segundo daquele instante, admirando os lábios
do Ômega poucos segundos antes de juntá-los com os seus.
Francis teve a sensação de estar em um barco à deriva, sem se preocupar
com a direção do vento, apenas se deixando levar em águas calmas. Ravi
tinha toques suaves, e entender cada centímetro do Ômega era como
desbravar um oceano desconhecido. Era preciso cuidado e muita atenção.
O Beta entendeu que Francis não era o único sentindo algo novo alí. Ele
se deu conta de que havia aprendido pela primeira vez o que realmente era
amar o corpo de alguém. Aquela noite foi diferente de qualquer outra que já
tenha passado com algum outro Ômega ou Beta.
Logo que amanheceu, Ravi foi o primeiro a despertar. Ele aproveitou que
o Ômega ainda estava dormindo para admirá-lo um pouco mais. Mas não
demorou muito, e logo Francis abriu os olhos e piscou algumas vezes se
situando. Ele sorriu quando viu Ravi lhe observando em silêncio, e foi
retribuído.
— Como se sente? — O Beta perguntou, acariciando o cabelo castanho.
— Bem, e você?
— Eu estou ótimo. — O sorriso dele cresceu. — Melhor impossível.
Ambos ficaram alguns minutos deitados na cama, conversando ou
simplesmente apreciando o momento. Um tempo depois, Ravi se levantou
na intenção de preparar uma refeição para eles e levar até o quarto, mas foi
pego de surpresa quando saiu da cozinha e viu o Ômega ocupando uma das
mesas da taberna.
— Eu ia levar até você. — Ele colocou a bandeja em cima da mesa.
— Estou faminto.
Ravi sorriu vendo o Ômega servindo-se. Ele também fez o mesmo.
Um pouco mais tarde, o pai de Ravi abriu as portas da taberna, dando
início a mais um dia de expediente. Ao invés de voltar ao navio, Francis
decidiu ficar ali mesmo, conversando com o Beta e assistindo-o trabalhar.
Preocupado com a ausência de seu Capitão, Abel decidiu procurá-lo
pelas tabernas da cidade, encontrando-o em pouco tempo de busca.
Assim que entrou no estabelecimento, ele viu quando um Beta que
segurava uma toalha e uma bandeja, beijou a bochecha de seu Capitão, bem
ali, diante de todos. Tomado por um sentimento de fúria, ele se aproximou
com visível raiva estampando suas feições.
— Que pensa que está fazendo, Beta? — Ele se colocou na frente do
Ômega, como uma proteção. — Afaste-se do meu Capitão!
— O que deu em você? — Francis o virou para si.
— Ele estava se aproveitando do senhor.
— Ninguém estava se aproveitando de mim, Abel.
— Quem é ele? — Ravi observou curioso e surpreso.
— Meu contramestre.
— Devo içar a âncora, Capitão?
— Não.
— Mas não íamos zarpar hoje cedo?
— Mudei de ideia. Ficaremos mais dois dias em Folsom. Tenho certeza
que a tripulação concorda com isso. Avise aos demais.
— Não acho que seja uma boa ideia.
— Qual o problema aqui exatamente, Abel?
— Será que podemos conversar sem que um Beta enxerido escute?
Francis ergeu as sobrancelhas. Abel sempre foi um Alfa prudente, e foi
exatamente por isso que foi escolhido como braço direito. Não havia
motivos para estar se comportando daquela maneira.
— Com licença. — Ravi apoiou a pequena toalha no ombro e se retirou.
— Vai me explicar que porra ta acontecendo aqui? — O Capitão indagou.
— Eu não gostei do jeito que aquele Beta estava te tratando.
— Quem tem que gostar sou eu, não você.
Abel respirou profundamente antes de tentar beijar o Ômega. Francis se
afastou, com choque expressando suas feições.
— Não faça isso.
— Desculpe… Me desculpe, Capitão. Eu… — O Alfa passou a mão no
rosto. Em seguida, segurou na mão do Ômega e o puxou consigo para um
canto menos movimentado da taberna. — Eu gosto de você.
— O quê!?
— Eu me apaixonei por você. Esperava que fosse correspondido. Não
devia ter demorado pra contar.
— Abel, me ouça — O Ômega chamou calmamente. Tendo a atenção do
mais alto para si, ele continuou: — Eu gosto de você, mas não do jeito que
deseja.
— É por causa daquele Beta desgraçado, não é?
— Não importa. O fato é que esse sentimento que você tem por mim não
é recíproco, eu sinto muito. Isso é tudo. Quero que respeite o meu espaço.
— Como desejar… — O Alfa olhava para Ravi com fúria nos olhos.
Francis percebeu suas intenções.
— Abel, olhe para mim. — Este o encarou. — Fique longe dele. Não
ouse tocar em um fio de cabelo dele. Se você o prejudicar de alguma
maneira vai se ver comigo, eu fui claro?
— Sim, senhor.
— Ótimo. Agora volte pro navio, ou para um dos bordéis em que
perambulou por esses dias.
Francis não esperou por qualquer resposta, e mesmo que esperasse, Abel
não saberia o que dizer. Ele realmente havia passado todos aqueles dias se
divertindo com os profissionais dos bordéis. Além de que não fazia sentido
algum cobrar qualquer sentimento do Ômega por si.
— Me desculpe por aquilo. — Francis murmurou assim que voltou a
sentar no mesmo lugar de antes.
— Tudo bem. Parece que ele ficou um pouco bravo por ter me visto com
você. Espero não ter trazido problemas sérios.
— Problema algum. Esses Alfas às vezes pensam que possuem algum
controle sobre mim. Algumas vezes preciso mostrar quem está no comando.
Ravi sorriu, inclinando o corpo para murmurar no ouvido do Ômega:
— Você falando desse jeito fica muito tentador.
Francis sorriu quando respondeu no mesmo tom:
— Vai ter que esperar até a noite.
— Você duvida eu colocar todos pra fora e fechar essa taberna agora
mesmo? É só dizer sim.
— Pare com isso. Seu pai vai brigar com você.
O Beta suspirou em um lamento evidente, mas aceitou. Ele trocou
olhares significativos com o Ômega conforme trabalhava servindo ou
limpando as mesas. No fim do expediente, Ravi fechou a taberna e apreciou
cada instante que teve com o Capitão Francis.
O Ômega também fez o mesmo. Foi divertido passar esses dias na
companhia do Beta.
E na manhã do segundo dia, Ravi já não queria que Francis o deixasse.
— Você realmente tem que ir? — O Beta abraçou-o fortemente na cama.
— Já me estendi demais por aqui.
— Sabe que sempre que voltar para Folsom, será muito bem vindo aqui,
certo?
— Fico feliz em saber disso. — Francis lhe concedeu um último beijo, e
logo estava de pé, vestindo-se para finalmente partir.
Ravi o acompanhou até o Porto, onde se despediu do Capitão Francis,
com quem compartilhou dias inesquecíveis de uma paixão rápida, porém
intensa.
Assim que subiu a bordo do Luna, Francis buscou pelo contramestre, e
este, parecia ter deixado para trás todo sentimento que havia confessado.
☠ ☠
Ilha de Nabuco - 1672
Yejun Bonny estava sentado em sua oficina tomando café enquanto
observava a figura do seu filho, ilustrando um pergaminho com uma certa
quantia oferecida em sua captura.
— Este lugar continua com o mesmo cheiro terrível de alcatrão —
William Rivers comentou assim que entrou na oficina do estaleiro.
— Capitão Rivers? — Yejun se levantou, quase derrubando a cadeira.
— Onde estão as peças que solicitei semana passada?
— Ainda não estão prontas. Eu falei com a ferreira e ela-... — A fala de
Yejun foi cortada quando Rivers bateu em uma bigorna com violência,
derrubando a ferramenta.
— Você quer que eu toque fogo nessa choupana que você chama de
estaleiro?!
Yejun estremeceu temendo que o Capitão Rivers cumprisse o prometido.
Ele agarrou uma lamparina e ameaçou jogar sobre as cordas e tecidos
utilizados para consertar velas.
— Não vai fazer isso! — Uma voz firme soou na entrada da oficina.
William Rivers rosnou quando olhou para trás. Os olhos de Yejun quase
saltaram assim que viu seu filho entrar no escritório, e outros Alfas logo
atrás.
O cabelo castanho estava oculto por um chapéu, e ele vestia um longo
casaco de veludo. Por cima de uma faixa que ornamentava a cintura, havia
um coldre com duas pistolas e uma espada embainhada.
Seu rosto, embora em aparência parecesse o mesmo de quando deixou a
ilha há cerca de dois anos, parecia igual, exceto por uma cicatriz que
cortava uma de suas sobrancelhas. Havia algo a mais naqueles olhos
castanhos de que Yejun se lembrava.
— Olha só, então o ratinho voltou pra toca. — Rivers riu.
— Capitão Francis, pra você. — Abel avisou.
— Capitão? — William olhou surpreso. — Então qualquer um se torna
capitão hoje em dia.
— Cai fora. — Francis exigiu.
— E quem vai me tirar daqui? — Rivers avançou contra o Ômega, mas
parou imediatamente quando os Alfas da tripulação dele puxaram suas
armas e apontaram para si. — Parece que você possui alguns cães de
guarda.
— Você vai deixar meu pai em paz.
— Sairei daqui, mas antes quero minhas peças.
— O que você quer é irrelevante.
— Eu tenho um acordo com ele.
— Estou refazendo os termos. Você vai embora e não levará nada, e eu
pouparei sua vida.
— Você acha que pode rosnar mais alto que eu?
Francis removeu a pistola do coldre e mirou o cano no meio dos olhos do
Alfa. Rivers nada fez, além de observar em silêncio. Se movesse um
centímetro, seria alvejado pelas armas dos demais piratas do Luna.
— Rosnar mais alto não vai impedir que eu deixe um buraco no meio da
sua cara.
William Rivers era, até então, o Capitão mais temido dos sete mares. Foi
extremamente humilhante para ele, ser expulso do estaleiro por um jovem
Capitão que ainda estava começando a ficar conhecido.
Assim que o Alfa se retirou, Yejun deu alguns passos até ficar próximo
do filho. Francis não sabia o que esperar, havia fugido de casa e sumido por
cerca de três anos, agora estava ali, diante de seu pai.
Yejun observou o filho com seus próprios olhos, em silêncio por alguns
segundos. Ouviu falar sobre ele e suas conquistas pelos mares do Sul, mas
para ele, Francis Bonny continuava sendo aquele pequeno Ômega que
corria pelo estaleiro no meio dos Alfas, e chegava em casa tarde da noite,
com o cabelo bagunçado e sujo de graxa.
— Oi, pai… — disse, olhando-o hesitante.
— Meu filho! — Yejun o abraçou fortemente.
Uma sensação de conforto tomou conta dos dois. O Alfa dormia todas as
noites rezando para que Netuno, o deus dos mares, protegesse o seu
pequeno e o trouxesse de volta para si, para que pudesse abraçá-lo pelo
menos uma última vez.
Suas preces foram ouvidas e seu filho estava ali, na proteção de suas
asas. Ele já não era o mesmo Ômega de antes. Era o Capitão de um navio.
Mas ainda assim, era seu pequeno Francis.
— Perdoe seu velho pai. Tudo o que eu queria fazer era pensando no seu
bem.
— Acredito no senhor, pai. Está tudo bem. Eu o amo muito! — Francis o
abraçou novamente.
— Senti a sua falta — o mais velho expressou. — Todos os dias.
— Agora acredita que posso me cuidar sozinho?
— Oh, Francis. Agora estou mais preocupado do que nunca. — O Alfa
confessou, rindo e secando algumas lágrimas. — Mas sim. Você retornou,
como Capitão de um navio. Estou muito orgulhoso do quanto és forte.
Bonny abraçou o filho mais uma vez, para senti-lo tanto quanto
necessitou durante todo o tempo em que ele esteve longe. Francis contou ao
seu pai sobre as histórias e desventuras que passou, o mais velho ouvia
atentamente cada palavra.
Em outra ocasião, Yejun fez questão de fazer uma vistoria e aperfeiçoar o
Luna. O navio estava deixando a desejar, embora tenha sido consertado em
outros Portos, não havia ninguém melhor do que o velho Bonny para fazê-
lo desempenhar suas funções de maneira exímia.
Muitas cargas foram vendidas, o que chamou atenção não apenas dos
comerciantes de Nabuco, mas daqueles Alfas e Betas que ainda não
pertenciam a nenhuma tripulação, ou estavam cogitando trocar de capitão.
O assunto que chegou a uma das tabernas mais movimentadas de
Nabuco, era de um navio ancorado cuja insígnia era de uma lua crescente, e
seu Capitão um Ômega. O próprio Francis Bonny entrou naquela taberna,
em busca de marujos para sua tripulação.
— É ele… — murmúrios foram ouvidos.
Alfas e Betas olhavam disfarçadamente para a mesa em que Francis
estava, outros nem tanto. O fato era que todos queriam ver com seus
próprios olhos, quem era o famigerado Capitão Ômega que obteve tanto
lucro, em tão pouco tempo.
— Todos estão olhando na nossa direção. — Abel comentou. Ele
ocupava a mesa com o Capitão Francis e mais alguns Alfas.
A maioria era de apenas curiosos. Alguns se ofereceram para entrar na
tripulação, mas não a quantidade que estavam esperando. Mesmo com
todos aqueles saques, ainda havia aqueles que duvidavam da liderança de
um Ômega.
Contudo, Francis já havia imaginado um baixo número de candidatos.
Mas aquilo era apenas o começo. O que ele não esperava era que o Capitão
Rivers fosse até a taberna em que ele estava, em busca de uma retaliação.
— Onde está o Ômega que brinca de ser pirata? — Ele entrou esbarrando
em quem encontrava pela frente. Assim que o viu ocupando uma das mesas,
ele caminhou diretamente até o mesmo. — Temos contas a acertar.
— Eu não tenho nada a tratar contigo.
Rivers chutou a cadeira em que o Ômega estava sentado, fazendo-o
balançar para o lado.
— Será que eu deveria matar cada membro da sua tripulação? — O Alfa
puxou a pistola e mirou diretamente no cozinheiro. — Pra ver você
correndo de volta pro papai quando estiver sozinho?
Antes que pudesse apertar o gatilho, Francis desembainhou a espada e o
Alfa teve segundos para se defender, usando a pistola como escudo para
bloquear a lâmina de acertar seu ombro esquerdo.
As mesas foram desocupadas de supetão quando a luta teve início. Os
Alfas de William Rivers não permitiram qualquer intervenção por parte da
tripulação do Luna,
Rivers teve de trocar a pistola pela espada rapidamente, assim que quase
teve o braço decepado ao tentar mirar no Ômega. Francis era muito ágil em
seus ataques, e o Alfa mal tinha tempo de se defender, sendo seguidamente
lançado para trás, para esquivar dos ataques.
Próximo da porta, o Ômega bateu com o cabo da espada no rosto de
William quando usou a lâmina para se defender. Ele chutou o Alfa que
instantaneamente se desequilibrou e caiu escada abaixo, indo parar no chão,
no meio da rua.
Quem estava dentro da taberna saiu para continuar assistindo a luta, e
outros curiosos que passavam pelo local, se juntaram à multidão fazendo
um círculo ao redor de ambos.
Francis se aproximou para continuar com seus ataques, quando foi pego
de surpresa por uma nuvem de areia que cobriu seus olhos. Rivers se
recuperou no mesmo instante, e lançou-se contra o Ômega. Ele manteve o
peso do próprio corpo em cima do menor, e puxou seu cabelo para que
erguesse a cabeça quando rosnou para que todos ouvissem:
— Você me fodeu naquele estaleiro, agora chegou a minha vez de foder
você!
Rivers largou o cabelo dele para abrir o próprio cinto, acreditando que
estava mantendo-o sob seu controle, embaixo de si. Mas o Ômega lançou a
cabeça para trás, batendo contra o nariz de William. O Alfa caiu para trás,
sentindo-se ligeiramente atrapalhado.
Francis sentiu dificuldade para enxergar, mas encontrou sua espada
novamente quando sentiu seu pé pisando em algo firmemente sólido. O
Alfa mantinha a mão no nariz, onde o sangue que escorria indicava que
estava quebrado. Ele engoliu um rosnado, para não entregar ao Ômega sua
localização.
Rivers ergueu a espada e caminhou em silêncio. A cada passo que dava,
seu nariz pintava sangue no chão. Francis estava segurando com firmeza o
cabo da espada, respirando profundamente enquanto se concentrava nos
passos do Alfa.
O vento entregou Rivers quando ele tentou lançar seu ataque contra o
Ômega. Assim que investiu a espada contra Francis, este se abaixou ao
mesmo tempo que erguia a própria arma, para impedir de ser atingido pelas
costas. Ele girou e assim que sentiu o Alfa logo a sua frente, avançou com a
espada perfurando o abdômen dele.
William regressou alguns passos conforme o Ômega avançava contra ele,
quem estava no caminho abriu passagem imediatamente. Rivers teve as
costas pressionadas contra a parede de um outro prédio. Ele cuspiu uma
grande quantidade de sangue quando Francis puxou a espada de seu corpo
e, seguindo os instintos de seu lobo Ômega lúpus, lançou a lâmina em uma
altura suficiente que cortou a garganta do Alfa.
Francis voltou dois passos quando Rivers desabou de joelhos em sua
frente, engasgando com o sangue que escapava de sua boca e garganta. Ele
caiu de frente para o chão, e dentro de poucos segundos a vida o deixou. O
Ômega ainda lançou a espada para o lado, quando ouviu alguém se
aproximar.
— Calma, Capitão! Sou eu! — Era a voz de Abel. — Mostre seus olhos.
O Ômega sentiu alívio à medida que a água limpava a areia de seus
olhos. Quando finalmente voltou a enxergar, ele viu uma poça de sangue
sobre seus pés, e o corpo de William Rivers estendido no chão.
A população o olhava com medo e espanto, mas também com admiração
e encanto. Foi assustadoramente assombroso assisti-lo enfrentando o
Capitão Rivers, mesmo de olhos fechados. Todos foram testemunhas.
Ao contrário do que William Rivers garantiu, o sobrenome Bonny se
tornou uma lenda em Nabuco, e as canções sobre o valente Ômega lúpus
que enfrentou e venceu o terrível Capitão atravessaria os mares, e chegaria
aos ouvidos de de todos os vilarejos pelo mundo afora.
☠ ☠
Em algum lugar do Oceano Índico - 1675
Com uma tripulação em maior número e um navio fortemente armado, o
Luna navegava pelos mares próximo da Índia. Estava perseguindo uma
outra embarcação pirata que covardemente tentava fugir do navio
comandado por Francis Bonny.
— Prepare os morteiros. — O Capitão Ômega ordenou. Ele observava o
convés do outro navio ao longe, utilizando sua luneta ornamentada em ouro.
— Destruam o mastro deles.
O atirador assentiu. Havia Alfas dispostos em cada aparelho quando o
Capitão Francis deu a ordem, os canhões soaram disparos contra o navio
logo a frente. Bolas de ferro conectadas por uma corrente, acertaram os
mastros do outro navio, destruindo-os instantaneamente.
Sem velas suficientes para dar continuidade à fuga, o navio foi
rapidamente alcançado pelo Luna. Os piratas inimigos não demonstraram
intenção de se renderem, e uma contenda foi iniciada até que finalmente a
tripulação foi rendida.
— Vocês são idiotas ou o que? — Capitão Francis indagou, passando
pelos mortos no convés do navio inimigo. — Poderiam ter evitado essas
perdas se apenas tivessem se rendido.
— Seu maldito Ômega desgraçado! — Uma voz familiar chegou aos
ouvidos de Francis. Quando olhou para trás, ele reconheceu de imediato o
Alfa ruivo que conheceu há alguns anos, mas que agora possuía uma longa
barba e muitas cicatrizes pelo rosto. — Deveria ter morrido com o
Hornigold!
— Fenn Teach? — O Ômega se aproximou, com o cenho franzido. —
Onde está seu irmão para lhe dizer o que fazer?
— Eu não preciso daquele merdinha, e não me chame por este
sobrenome nojento! Eu sou Barba-Ruiva, o terror dos mares! — Ele rosnou,
exibindo as presas.
— Nossa — Francis sorriu. — Realmente, estou tremendo de medo.
O contramestre do Ômega o chamou, e ele virou-se para ouvir:
— Capitão, há vários baús com ouro e pedras preciosas na cabine e
também no porão.
— Leve tudo pro Luna. Não deixe uma única moeda. — Francis indicou.
— Não me dê as costas! — Fenn rugiu, mas não pôde se aproximar já
que estava sendo contido por alguns Alfas. — Eu estou falando com você!
— Vai catar os piolhos da tua barba! — O Ômega balançou a mão,
fazendo careta. — Não tenho tempo pra lidar com você agora.
Ignorando os rugidos, pragas e maldições de Fenn Barba-Ruiva, Francis
retornou à cabine do Luna e anotou no diário de bordo os registros dos
saques daquele dia.
Enquanto terminava as anotações, ele podia ouvir a tripulação
comemorando a gigantesca obtenção com o navio de Fenn.
Com o porão repleto de mercadorias, o Capitão Francis não tinha outra
escolha a não ser retornar a Nabuco, para vendê-las por um valor
considerável. Em troca de suas cargas, o Ômega aceitava apenas moedas de
ouro. Por este motivo, o Luna também era chamado de a Lua Dourada.
Ilha de Nabuco - 1676
Assim que o Luna ancorou em Nabuco, diversos comerciantes já se
encontravam no cais, tentando obter as cargas valiosas do afamado navio
pirata. Em seu poder não havia apenas uma grande quantidade de produtos,
mas também eram da melhor qualidade.
Após um longo dia negociando suas mercadorias, o Capitão Francis e sua
tripulação seguiram para uma taberna, onde finalmente puderam descansar
os dias cansativos no mar. O Luna era um navio extremamente grandioso, e
seu porão estava em grande quantidade ocupado por baús cheios de moedas
de ouro, jóias e pedras preciosas.
Embora o navio não fosse um dos mais bem armados, não havia uma
única alma corajosa o bastante, capaz de tentar saquear o navio capitaneado
por Francis Bonny.
Contudo, havia uma instituição conhecida pela alcunha de, a Ordem,
responsável por diversos tipos de serviços como, assassinato, sequestro,
torturas e etc. Além disso, eles recebiam uma grande quantidade de moedas
quando caçavam piratas e os entregavam à Marinha Real, visto que a
mesma sequer era capaz de fazer seu próprio trabalho.
A instituição era secreta e misteriosa, ninguém sabia sua localização
exata, mas tinha-se conhecimento que eles estavam espalhados por todo o
mundo. A Ordem enviava constantemente caçadores para capturar os
piratas.
No caso do Capitão Francis Bonny, o valor era bem maior. Com isso, era
necessário enviar o melhor de todos à sua procura. Lee Seungho não era
exatamente o prodígio da instituição, mas sua linhagem próxima dos
antigos líderes da Ordem, deu-lhe a chance de receber a missão de capturar
o notório pirata.
Lee passou uma semana observando os passos do Capitão Francis, para
que seu plano saísse exatamente como havia planejado. Ele iria esperar o
Ômega passar por uma viela a noite, e o pegaria de surpresa em uma
emboscada. Ninguém enxerga melhor na escuridão, do que um Alfa lúpus.
Naquela noite, enquanto esperava o seu alvo, Lee mantinha-se
concentrado olhando na direção em que Francis sempre voltava da taberna.
Estava tudo arquitetado para capturar o pirata, quando de repente ele sentiu
um cano gelado de uma pistola sendo pressionado contra sua nuca, que o
fez estremecer da cabeça aos pés.
— Está perdido? — Era com certeza a voz de um Ômega.
Lee engoliu em seco. Só podia ser ele.
— Perdão? — Ele tentou virar o corpo, mas o som da trava sendo
desativada o fez congelar. — Vamos conversar… — Lee não sabia o que
dizer, estava perdido. O máximo que poderia fazer era ocupar o Ômega por
tempo suficiente para pensar em uma estratégia. Ele pigarreou, antes de
continuar: — Estou apenas observando o vai e vem dos transeuntes.
Sentiu alívio ao escutar uma risada atrás de si.
— Essa é a sua melhor desculpa?
— Sou um admirador seu.
— Own, que fofo. Eu quase acreditei. — O Alfa engoliu um rosnado.
Francis segurou na pistola com mais firmeza. — Vou te dar um tempo pra
pensar numa resposta mais convincente… cinco, quatro…
Nada do que Lee tentasse iria convencer o Ômega de que era verdade, e
ele só tinha alguns segundos para sair daquela enrascada. Usar sua voz de
lúpus poderia ser arriscado com ele apontando a pistola em sua nuca. Caso
desse errado, o Ômega ficaria muito bravo e aí sim, seria o seu fim.
Talvez, ser sincero fosse a única coisa que o manteria vivo por mais
tempo.
— … três, dois-
— Sou um caçador! — Lee Seungho confessou em meio ao desespero.
— Hmm, agora ficou mais interessante. — O Ômega regrediu um passo,
apenas para dar a volta e ficar frente a frente com o Alfa. E não era um Alfa
comum, era um lúpus. Alto, ombros largos, corpo em forma e o inferno de
bonito. — Muito interessante...
— Se vai me matar-
— Eu não vou te matar — Francis o cortou, observando-o dos pés à
cabeça. — A não ser que você faça algo muito estúpido.
— Como o quê, por exemplo?
— Usar sua voz.
— Eu poderia fazer isso. Tomaria a sua arma e o entregaria à Marinha
agora mesmo.
— E por que não faz? — O Ômega sorriu, o que deixou Lee hipnotizado
por alguns segundos. — Se acha que é capaz de tal proeza, então faça. O
que te impede, caçador?
Lee Seungho ponderou por um tempo.
— Não irei subestimá-lo. Eu fiz o meu dever de casa. Não estava
mentindo quando disse que sou um admirador seu.
— Só está dizendo isso porque tenho uma arma apontada pra você.
— Talvez pareça realmente, mas estou dizendo a verdade.
— É… acho que isso pode ser divertido… — Francis balançou a arma
indicando uma direção. — Anda.
— O que pretende?
— Apenas faça o que estou mandando.
Lee suspirou contra, mas não tinha o que fazer contra o Ômega
segurando a pistola. Ele apenas caminhou na frente enquanto era seguido de
perto. Estava se perguntando o que seria feito consigo, quando percebeu
que estava sendo levado diretamente para o navio do pirata.
Assim que subiram a rampa que dava acesso ao convés, alguns
bucaneiros que continuaram no Luna viram quando Francis seguiu até a
cabine, levando um Alfa consigo.
— Eita! parece que a noite do Capitão vai ser boa — Alguns deles riram.
— Foquem em guardar o tesouro que está no porão, seus imbecis! —
Abel rosnou, olhando para a porta da cabine incomodado.
Dentro do cômodo do Capitão Francis, Lee Seungho foi guiado até uma
coluna de madeira que ajudava a manter o teto firme. O Ômega colocou a
cadeira encostada nessa mesma coluna, e indicou que ele sentasse.
— Dê-me suas mãos. — Francis estava atrás dele. Ele usou correntes
para manter o Alfa preso em sua cadeira, ligado à coluna logo atrás.
— O que pretende?
— Você não queria conversar? — Ele amarrou os pés do Alfa junto às
pernas da cadeira, assim como suas mãos nas costas. — Então vamos
conversar.
O caçador estava completamente imobilizado, mesmo que usasse a sua
voz de lúpus, não teria muito o que fazer preso àquela cadeira. O que lhe
restava era continuar seguindo o jogo do Ômega.
Francis puxou outra cadeira para si, e sentou de frente ao Alfa. Ele
cruzou as pernas e colocou a pistola sobre o colo, apoiando as mãos no
joelho.
— E então?
— Então o quê? — Lee tentou manter-se calmo.
— Não vai se apresentar?
— Por que você não me desamarra daqui? Aí a gente conversa de igual
para igual.
— E você conversa com a boca, ou com o seu corpo?
— Você entendeu o que eu quis dizer.
Francis estava se divertindo com aquela situação. O Alfa era enorme,
mas naquele momento parecia um cachorrinho assustado, tentando fingir
coragem.
Lee, por sua vez, embora estivesse preocupado com a situação em que se
meteu, mantinha viva uma pequena esperança dentro de si. Se fosse
qualquer outro pirata ele teria sido morto no momento em que foi pego, mas
se estava vivo, significa que ainda tinha uma pequena chance de sobreviver.
— Qual é o seu nome?
— Lee Seungho.
— Por que estava me seguindo? — Lee ficou em silêncio. — Pretendia
me matar?
— Não.
— Então por que estava me espreitando na surdina? — O Alfa se
manteve em silêncio novamente. — Parece que eu vou ter que usar outros
métodos…
O Ômega se levantou para então remover o casaco de veludo que vestia,
e logo depois o chapéu. Ele guardou a pistola em cima da mesa e quando
virou-se para Lee, este o observava muito atentamente.
— Devo avisar que na Ordem eu fui treinado para resistir a todo tipo de
interrogatório.
Francis sorriu quando se aproximou. O Alfa estava preparado para
qualquer ato de violência menos para o que lhe aconteceria em instantes. O
Ômega sentou em seu colo de frente para ele, com uma perna de cada lado
e segurou suavemente em seu rosto.
— E para isso, estava preparado? — Ele sorriu diante do choque do Alfa.
O pirata estava muito próximo, tão perto que ele podia sentir o aroma de
chocolate através de sua respiração. — Quais são as suas intenções comigo?
Lee podia virar o rosto a qualquer momento, o Ômega não estava lhe
segurando com força. Mas ele não queria. Estava envolvido pela voz dele,
pelo cheiro. Por aquele sorriso astucioso, como se já tivesse o mundo nas
mãos.
— Eu… — Os olhos de Lee subiam e desciam entre os lábios e os olhos
do Ômega. — Pretendia entregá-lo à Marinha.
— Você sabe o que a Marinha faz conosco? — Francis estava se
referindo aos piratas. Sua voz entrava suavemente nos ouvidos do Alfa.
Lee respirou profundamente e, por um breve instante, conseguiu recobrar
o controle de suas ações. Ele fechou os olhos e engoliu saliva, antes de
responder.
— Isso não é problema meu.
— Agora é. Já que está aqui em minha cabine, sob o meu domínio. — O
Alfa umedeceu os lábios e engoliu em seco mais uma vez. — Quero saber
mais algumas coisas...
Francis prosseguiu com seu interrogatório, retirando do Alfa toda e
qualquer informação que julgou necessariamente importante, sem a menor
dificuldade. Ele obteve localizações, nomes e tudo que o ajudaria a manter-
se fora do alcance da Ordem.
Assim que conseguiu o que queria, ele se levantou repentinamente do
colo de Lee, deixando-o confuso.
— Já terminou? — Ele parecia decepcionado. — Não tem mais
perguntas?
— Não. — O Ômega caminhou despreocupadamente até a mesa, e com
um sopro suave apagou uma das lamparinas. — Estou satisfeito.
— O que vai fazer?
— Eu estou cansado. — Ele suspirou, enquanto removia as botas. — Vou
dormir, é claro.
— E eu!? Vai me deixar aqui?! — O Alfa estava claramente frustrado. —
Eu pensei que…
— Pensou o que? — Francis removeu o coldre que portava suas armas e
o colocou em cima da mesa. Ele ainda desabotoou alguns botões da camisa
para ficar mais à vontade.
— Que eu seria recompensado por ter cooperado... — Ele baixou o olhar
para o próprio colo.
O Ômega fez o mesmo. Havia uma notável ereção por baixo das calças
de Lee Seungho. Embora tenha notado enquanto estava sentado ali, Francis
ergueu as sobrancelhas, chocado pela ousadia daquele Alfa.
— Você ainda está respirando. — O Capitão suavemente apagou a chama
de uma outra lamparina. — Esta é a sua recompensa.
Através de uma janela de vidro que ficava ao lado da cama do Ômega, a
única luz presente no cômodo era a da lua. Ele subiu confortavelmente em
sua cama, e dormiu ignorando os resmungos do Alfa.
Lee permaneceu a noite inteira acordado, não apenas pela posição
desconfortável em que se encontrava, mas pela frustração. Podia sentir o
suave aroma do Ômega enquanto ele dormia tranquilamente. A cálida luz
da lua enobrecia-o, e Seungho nada podia fazer a não ser observá-lo. O
Ômega estava tão perto mas ao mesmo tempo tão longe. Malditas correntes.
☠ ☠
Na manhã seguinte, quando despertou, Francis esticou o corpo na enorme
cama de casal que dormiu confortavelmente sozinho. Ainda deitado, ele
olhou na direção em que o Alfa foi deixado. Lee ainda estava acordado,
com olheiras e um semblante terrível.
O barulho dos piratas no convés indicava que o sol já havia nascido há
um bom tempo. O Capitão se levantou, lavou o rosto e fechou a camisa
novamente. Lee apenas o observou em silêncio, enquanto ele pegava o cinto
com as armas e o prendia em volta de seu corpo.
— Liberte-me. — Seungho arriscou.
— Hmm… — Francis ponderou enquanto arrumava o cabelo utilizando
os próprios dedos. — Ainda não.
Lee Seungho rosnou balançando o corpo ferozmente, tentando se libertar
da cadeira. O Ômega apenas suspirou, negando com a cabeça. Ele girou o
corpo e quando abriu a porta, deu de cara com Abel com o punho erguido,
pronto para bater na madeira.
— Bom dia, Capitão.
— Bom dia. — Francis caminhou passando direto e puxou a porta. Antes
de ser fechada, Abel ainda o vislumbre de um Alfa sentado, preso a uma
cadeira. — Como estamos de negociação? Foram todos vendidos?
— Sim, com exceção da cabeça de javali. — Abel afirmou quando
seguiu logo atrás dele. — Um dos compradores disse que é amaldiçoada, e
ninguém mais quis. Todos ficaram com medo.
— E ela é, de fato? — O Ômega franziu o cenho.
— Não sei dizer, mas só há um lugar em que poderá negociá-la. No leilão
do Submundo de Nabuco.
— Tudo bem, eu irei até lá.
— Capitão, não é querendo faltar com respeito, mas… — Abel hesitou.
— Ômegas não são permitidos lá embaixo.
— Veremos. — Francis sorriu para ele. — Fique de olho naquele Alfa
que está em minha cabine.
— Se me permite saber, quem é ele?
— Um caçador que a Marinha mandou atrás de mim.
— E por que ele ainda está vivo?! Devemos matá-lo agora mesmo!
— Não mate. Pretendo abandoná-lo em uma ilha qualquer.
Abel assentiu, para ele aquele castigo realmente era pior do que morrer.
Capitão Francis recebeu a cabeça de javali, um objeto feito de bronze e
olhos de safira, desceu a rampa, falou com seu pai no estaleiro e logo em
seguida, rumou sozinho para o Submundo de Nabuco.
Não era de grande importância a venda daquele item, ele poderia
simplesmente jogar aquela cabeça em um lixo qualquer. Mas não era do
feitio dos piratas desperdiçar qualquer coisa que lhe trouxesse lucro.
Diferentemente do que Abel imaginou, Francis Bonny não teve
dificuldade em garantir uma vaga no leilão do Submundo, assim que exibiu
o item que levava consigo. Além dele ser nada menos que o grande Capitão
Ômega, que acumula riquezas tão rápido quanto um raio que corta uma
tempestade.
O leilão ficava em uma das camadas mais sombrias do Submundo, e
enquanto seguia para tal lugar, Francis encontrou pelo caminho um mercado
de runas. Um brilho prateado semelhante à lua chamou sua atenção, e ele se
aproximou com grande interesse.
— São runas lunares — um Alfa fechou a tampa onde ficava exposta sua
mercadoria. — Custam cem moedas de ouro.
— Isso tudo?!
— Poderá levar essas aqui também. — O Alfa ofereceu um saco com
alguns itens dentro. — Na promoção.
— E o que é isso?
— Também não sei.
Francis não estava alí para perder valores, mas sim para ganhar através
da venda de seu item. Contudo, enquanto segurava no cabo de sua espada,
sentiu que ela ficaria esplêndida se aquelas runas fossem entalhadas no
cabo. Ele então decidiu que a compra valeria a pena e adquiriu o produto.
Seguindo seu rumo pelas profundezas do lugar, ele encontrou a passagem
descrita como a dos compradores. Ele percebeu olhares sobre ele, mas
nenhum dos que estavam perambulando por ali, sequer ousou chegar perto
dele.
Uma porta foi aberta diante do Ômega. Um Alfa lúpus anotou seu
codinome ao lado de um número, recebeu a cabeça de javali e indicou uma
outra porta. Ele seguiu através dela e logo se encontrou em uma sala cheia
de cadeiras, diante de um palanque.
Francis e demais Alfas que estavam naquela sala, ocuparam cada um
uma cadeira quando o leilão teve seu início.
Algumas peças, uma mais horripilante que a outra, foram vendidas de
início. A cabeça do javali foi o quinto item a ser leiloado, e rendeu ao
Ômega uma boa quantia. Quando estava prestes a se retirar, ficou paralisado
sem saber ao certo se era engano de seus olhos, ou se aquela cena realmente
estava acontecendo.
Uma Ômega vestida com uma única túnica branca foi colocada sobre
uma mesa e exibida diante de todos. O leiloeiro apresentou a “mercadoria”
e tirou Francis de seu transe quando gritou:
— Dêem seus preços!
— Cinquenta moedas de prata! — Alguém gritou.
Logo, outras vozes se juntaram ao coro, oferecendo valores para comprar
a Ômega.
— Oitenta!
— Cento e dez!
— Mas que porra é essa!? — Francis se dirigiu ao Alfa lúpus que o
recebeu. — Estão leiloando Ômegas?!
— Este leilão vende qualquer produto que um Alfa deseja, e Ômegas
estão no pacote principal. Você foi permitido estar aqui devido ao seu
valioso item e, é claro, por ser quem é. Mas não vamos admitir uma
rebelião aqui dentro. Portanto, ou o senhor volta para a sua cadeira e
continua participando do leilão, ou pode recolher seus ganhos e se retirar
imediatamente.
— Ou eu posso cortar sua maldita garganta e usar seus órgãos como
isca! — Antes mesmo de puxar suas espada, dezenas de armas foram
apontadas em sua direção.
— Essa opção não existe. — O Alfa permaneceu calmo.
Francis respirou profundamente, largando o cabo da espada devagar. Ele
olhou para trás e voltou a se sentar em sua cadeira, ouvindo os Alfas
continuarem a lançar seus preços.
Poderia matar alguns daqueles Alfas e fugir sem nenhum problema, mas
com isso, tinha cem por cento de certeza que aquela pobre Ômega pagaria
brutalmente por isso.
— Trezentas moedas de prata!
— Mil moedas! — Capitão Francis gritou por cima. Ouviu-se um
murmurinho de vozes espantadas entre os compradores. O Alfa que havia
dado o último valor, abriu a boca para cobri-lo com mais um lance, quando
o Ômega lúpus adicionou: — De ouro.
O Alfa fechou a boca e a manteve desse jeito. Ninguém contestou o
valor, e a Ômega foi vendida para o Capitão Francis. Ela foi entregue
apenas quando o lúpus retornou trazendo mais moedas, e pagou pelo
“produto”.
A garota manteve-se com a cabeça baixa durante o percurso. Assim que
deixaram aquele lugar funesto, Francis cortou as amarras que prendiam as
mãos dela e perguntou seu nome. Ela respondeu com voz baixa e trêmula:
— Haesun…
— Olhe para mim — ele pediu com voz calma, erguendo seu rosto com
suavidade. — De onde você é?
— Busan… fui tirada dos meus pais em uma invasão na cidade.
— Levarei você até seus pais.
— Está falando sério?
— Sim. — Ele sorriu, surpreso quando a Ômega o abraçou.
— Obrigada! Não sei como lhe agradecer.
— Apenas mantenha-se forte.
Francis segurou firmemente na mão da garota, e a guiou até seu navio.
Ele ordenou que comida fosse servida a Ômega e dirigiu-se até a cabine.
Tinha esquecido completamente que havia deixado um Alfa amarrado ali.
Ele abriu a porta e caminhou até a mesa, onde apoiou ambas as mãos e
ponderou com a cabeça baixa:
— Aquele lugar… Como eles ousam fazer isso?! — Ele socou a mesa.
— Mas nem que seja sozinho, eu vou acabar com esse maldito leilão!
— Do que está falando? — Seungho o lembrou de que ainda estava ali.
Francis não respondeu. Ele abriu o diário de bordo e anotou algumas
informações, em seguida, ele transferiu Lee Seungho no porão, para
acomodar Haesun em sua cabine.
E lá o Alfa permaneceu até que foi deixado em uma ilha, dois dias após
partirem da Ilha de Nabuco.
— Você não pode me deixar aqui! — O caçador estremeceu com a ideia
de ficar sozinho naquela ilha.
— Há muitas árvores nessa ilha, você não vai morrer de fome. — Francis
suspirou, observando a faixa de terra.
— Mas-
— Você prefere a prancha?
Lee não respondeu. O Capitão permitiu que ele continuasse com uma
pequena faca, mas a katana e demais armas foram confiscadas.
O Luna seguiu navegando para o Norte, e dentro de alguns dias, eles já
estavam ancorados próximo a costa coreana. O navio ficou escondido em
uma enseada, enquanto os piratas desceram botes para chegar até a cidade
de Busan, por meio de uma praia distante do Porto, para não chamarem
muita atenção.
Capitão Francis acompanhou de longe quando Haesun foi recebida com
surpresa e grande alegria pelos pais. Com as runas lunares em sua posse, ele
procurou por um ferreiro que fosse habilidoso o bastante para conseguir
entalhar no cabo de sua espada, algo que ele meramente enxergava de
maneira diferente.
— O que é isso? — O ferreiro perguntou ao abrir a pequena arca.
— Runas.
— Runas? Eu nunca vi runas desse jeito.
— Elas são um pouco diferentes devido ao brilho. — O ferreiro encarou-
lhe com o cenho franzido. — Encontrei elas no Submundo de Nabuco.
— Oh, Nabuco… O comércio está voltando a crescer por lá? — Ele
perguntou, enquanto fazia seu trabalho.
— Mais ou menos… tudo depende do quanto você tem para vender ou
comprar.
— Eu gosto de Nabuco. Um dia eu voltarei para aquela ilha indômita.
O ferreiro sorriu para ele e foi retribuído. O Capitão aguardou enquanto
as runas eram entalhadas, não pretendia ficar passeando pela cidade,
arriscando topar diretamente com oficiais da Marinha. Embora não tenha
visto muitos desde que pisou na cidade.
— Aqui está — o Ferreiro entregou a espada, meio sem jeito. — Espero
que tenha ficado como esperava.
— Está perfeito! — Francis encarou o objeto com grande sorriso, o que
para o ferreiro foi um pouco estranho, já que para ele não havia nada
demais alí. — Obrigado. — Ele entregou um saco com o pagamento e
guardou a espada na bainha.
Conforme ele voltava para a enseada em que os botes foram presos, o
Ômega ouviu uma discussão calorosa vindo da praça mercantil. Curioso por
ouvir a voz de algum de seus Alfas, ele decidiu averiguar o que estava
acontecendo e resolver o impasse.
Os piratas estavam discutindo com uma Alfa de cabelo longo e preto. Ela
mantinha uma pistola apontada para um Alfa, mesmo que mais três
estivessem em sua direção.
— O que está acontecendo aqui? — O Ômega se aproximou.
— Essa insolente jogou uma pedra na minha cabeça! — O pirata que
estava na mira da pistola, e que também apontava a sua contra a Alfa,
explicou.
— Você derrubou um vaso muito caro! — Ela rosnou. — Vai pagar por
ele!
Os piratas voltaram a gritar, despejando ameaças e maldições a
comerciante.
— Chega! — O Capitão deliberou. — Eu disse para não chamarem
atenção, e vocês fazem esse escarcéu bem no caralho da praça! — Os Alfas
trocaram olhares encabulados e baixaram as armas. — Desapareçam daqui!
Os piratas fizeram como o Capitão ordenou e sumiram como fumaça,
evitando assim que uma aglomeração se firmasse em volta da briga, e
chamasse atenção dos oficiais.
A Alfa, que mantinha a pistola ainda mirando nos piratas, voltou sua
atenção para o Capitão Francis mas franziu as sobrancelhas quando o viu
recolhendo os resquícios do vaso. Ela apontou a arma na direção dele e
observou, mas o Ômega não ofereceu qualquer ameaça.
Assim sendo, ela guardou a pistola no próprio cinto e cruzou os braços,
enquanto assistia o outro tentando consertar a bagunça.
— Quanto custa esse vaso?
— Dez moedas de prata.
— Tudo isso!? Quem pagaria por essa coisa feia?
— Pessoas que entendem da sensibilidade das coisas… — Ela respondeu
muito ofendida. — Para um Ômega, você não parece muito sensível.
— Não devia rotular as pessoas assim. — Ele entregou as moedas.
— E você deveria manter a coleira dos seus Alfas presa, Capitão Francis.
— Você sabe quem eu sou?! — Ele indagou chocado.
— Claro que sei — Ela puxou um pergaminho entre suas coisas e o abriu
diante do Ômega. Era um cartaz de procurado, em seu nome.
— Está errado, a cicatriz na minha sobrancelha fica do outro lado… — E
indicou no próprio rosto. — Espera, por que você guardou um cartaz meu?
— Não é da sua conta. — A Alfa dobrou o papel de qualquer jeito e o
guardou novamente.
Na verdade, ela havia considerado aquele Ômega muito belo, e seu
sorriso encantador. Por isso havia guardado quando o cartaz foi distribuído
por toda a cidade. Não queria usar para identificar o procurado, mas para
admirar sua beleza.
— Nossa… — Francis não esperava por aquilo. Geralmente, a maioria
dos Alfas temiam simplesmente falar com ele, e até mesmo se aproximar
apenas. Mas aquela florista o tratou como alguém comum, mesmo sabendo
quem ele era. Aquilo soou divertido e interessante, para ele. — Você é
sempre tão grossa assim com todos?
— Sim, com quem merece. Por exemplo, pessoas que fazem pouco da
minha arte. — Ela contou as moedas para conferir. — Mas com os meus
clientes eu sou um amorzinho.
— Hmm… pois então eu gostaria de comprar algumas flores, por favor.
— Você é mesmo um-... — A Alfa suspirou, rapidamente
compreendendo a intenção de Francis, quando ele sorriu. — Tudo bem, o
que vai querer?
— Eu não entendo muito bem, senhorita…?
— Sarah.
— Pois então, poderia fazer o favor de me explicar, Sarah?
A Alfa assentiu. Primeiramente, ela escolheu um ramalhete de flores
amarelas e começou a explicar, seguindo de outros pequenos ramos de cada
espécie de flor.
Francis inclinou um pouco mais para prestar atenção. Era curioso como
Sarah mudou tão drasticamente a sua personalidade, de uma hora para
outra. Nem mesmo parecia aquela Alfa arisca de minutos atrás. Ela falava
sobre as flores com tamanha delicadeza e doçura.
— E aquelas ali atrás? — O Ômega mostrou alguns ramos escondidos
embaixo de uma lona.
— Ah, essas não chamam muita atenção por serem as mais baratas. —
Ela pegou alguns ramos de cada cor e adicionou sobre a bancada, na frente
do Ômega. — São tulipas.
— São lindas, imagine um jardim inteiro cheio delas... Cada pétala
parece que foi adicionada à mão, com muita delicadeza e cuidado... — ele
afirmou. — Do jeito que você gosta, certo?
Quando ergueu o olhar para encarar a florista, Francis percebeu que ela
estava sorrindo para ele.
— Sim. Isso mesmo. Como o vaso que seu subordinado quebrou.
— Você o fez à mão? — Ela assentiu. — Desculpe… não quis ofender
naquele momento. Ele realmente era feio… — Sarah cruzou os braços com
o cenho franzido. Ele prosseguiu: — Mas é muito lindo como você defende
o que gosta.
— As pessoas não dão o devido valor às coisas simples… — Ela
lamentou tocando em uma pétala, desfazendo a postura defensiva. — É
bom reservar um momento e fazer algo você mesmo, para depois apreciar.
Não vendo flores apenas pelo lucro que vou obter. Eu realmente gosto
disso. Gosto de mexer com a terra e plantar cada bulbo… você consegue
me entender?
— Não tenho certeza… mas eu amo navegar. Gosto quando as velas são
içadas, e o navio atinge maior velocidade rumo ao oceano.
— Sim. É por esse caminho… Já escolheu?
— Quero as tulipas.
— Foi uma ótima escolha, Capitão Francis. Combina com você.
— Está me chamando de Ômega barato? — Ele colocou a mão no peito,
e fingiu estar ofendido.
— Não! — Ambos riram. Pegando uma por uma, a Alfa começou a criar
um ramo colorido conforme explicava: — Tulipas são consideradas flores
inferiores. São menosprezadas e subestimadas. Assim como os Ômegas. Só
quem entende o quanto tulipas são especiais, consegue enxergar o
verdadeiro valor de um Ômega. — Ela concluiu, entregando o ramalhete.
O Capitão recebeu as flores e inalou seu perfume suave, quase inodoro.
Ele apreciou as tulipas coloridas por um momento, sentindo-se tocado pelas
palavras sutis da Alfa.
— Sua comparação foi muito gentil. Me sinto honrado. — Ela assentiu
com um sorriso sincero. — Quanto custa?
— Não precisa pagar. Fique, como um pedido de desculpas pela minha
grosseria de antes.
— Tudo bem… — Francis olhou à sua volta. A movimentação estava
tranquila, sem a Marinha aparentemente. — Eu tenho que ir.
— Tem mesmo?
— Sim… A não ser que haja um motivo que me faça ficar.
— Conhecer um jardim é motivo suficiente?
— Depende da companhia.
— Bom, eu fecho o estande ao entardecer caso esteja interessado.
O Ômega se afastou lentamente, olhando para trás de vez em quando, só
para ver se Sarah ainda estava observando. A Alfa não tirava os olhos dele,
e fazia questão de demonstrar isso.
Assim que voltou ao navio, Francis decorou sua cabine com as tulipas.
Os piratas estavam aguardando o Capitão retornar, para decidir o próximo
itinerário e partir imediatamente. Mas ele abriu o diário de bordo e registrou
informações sobre a Alfa florista que havia conhecido. Não estava em seus
planos zarpar tão cedo de Busan.
Quando deixou a cabine, foi para informar que ficariam naquela enseada
um pouco mais. Os piratas receberam a decisão com incertezas.
— Por que vamos ficar? — Abel perguntou. — Pensei que iríamos
apenas deixar a garota e continuar com os saques.
— Houve uma mudança nos planos… — O lúpus comentou, caminhando
até o parapeito do navio. Estava pensando.— Vamos ficar um pouco mais.
— Eu ainda não entendi porque essa repentina mudança. Só está
atrasando nossos planos.
— Você não percebeu como o Luna está mais lento? — Ele girou, agora
de frente a tripulação. — Vamos limpar o casco do navio.
— Não vejo nenhum sentido nisso. — O contramestre cruzou os braços.
— Um nó a menos em velocidade não faz diferença alguma.
O Capitão poderia simplesmente fazer valer a hierarquia e seu poder, mas
não era um tirano. Ele acreditava que a tripulação tinha voz e merecia sim
ser ouvida. Mas o contramestre estava dificultando demais.
— Imaginem o seguinte cenário... — Francis caminhava entre a
tripulação, estudando suas expressões enquanto articulava: — Um galeão
repleto de jóias caríssimas e moedas de ouro... — os olhos dos piratas
brilhavam. Eles já podiam sentir suas mãos naquele tesouro. Ele
prosseguiu: — Além do porão cheio de produtos-...
— Vamos saqueá-lo! — Alguém gritou, os piratas festejaram jogando
chapéus para o alto.
— Agora imaginem o Luna perseguindo este galeão…
— Já consigo ver o desespero deles… — Outro indicou, também sendo
bem recebido.
— Sim, sim! — Francis disse com grande entusiasmo. Os piratas sorriam
de uma orelha a outra. — Mas não vamos conseguir. Não vamos chegar
nem perto do galeão — os sorrisos murcharam —, porque temos um nó a
menos em velocidade, que não faz diferença para o nosso contramestre.
O Ômega estava diante de Abel, atrás dele estavam os muitos Alfas e
Betas indignados. Ele estava com os braços cruzados e sorriso presunçoso,
encarando o Alfa contramestre.
— Os corais invadiram sua cabeça, Abel!? — A tripulação se revoltou.
— A gente vai limpar a porra do casco! — Apontaram o dedo para dele,
esperando alguma oposição de sua parte.
— Tudo bem. — Abel engoliu em seco, e ergueu as mãos em desistência.
— Não está mais aqui quem falou.
— Ótimo, podem começar amanhã mesmo. — O Ômega afirmou,
caminhando até a rampa. — Enquanto isso… podem festejar no convés.
— Está falando sério, Capitão?
— Sim. Agora tenho um compromisso, até mais tarde… — Ele desceu,
acenando para os Alfas e Betas.
Os piratas foram buscar os barris, muito animados com a farra. Abel
apoiou as mãos no parapeito e observou de longe o Ômega se distanciar.
Sarah estava desmontando sua exposição e guardando os produtos que
não foram vendidos, organizando-os na carroceria de uma carruagem. Ela
olhou para cima e observou o céu começando a ganhar um tom alaranjado.
Não havia nem sinal do Ômega.
— Sarah, sua idiota. Por que tinha que ficar dando coices tal como uma
égua? É por isso que os Ômegas se afastam de você... — a Alfa comentou
com si própria. — É claro que ele não voltaria. Por que ele iria voltar? Ele é
bonito, amável e inteligente. Ele é o Capitão da porra de um navio! — Ela
concluiu, acomodando os últimos ramos.
Quando fechou a porta e dirigiu-se até o lugar do cocheiro para guiar os
cavalos, Sarah teve uma agradável surpresa. Francis já estava sentado no
banco ao lado das guias, esperando por ela.
— Você veio…
— Claro que viria. — Ele sorriu.
A Alfa subiu ao lado dele e segurou as rédeas, para logo em seguida
conduzir a carruagem, guiando os cavalos pelas ruas de Busan.
Sarah era uma Alfa diferente dos demais, porque não olhava o Ômega
cobiçando o que ele poderia ter para lhe oferecer. É claro que sentiu-se
atraída por ele, afinal, Francis era um Ômega atraente e muito bonito. Mas
acima disso ele tinha muito mais a oferecer, e ela apreciava isso.
A cada vez que partia e passava uma longa temporada pelos mares,
saqueando e multiplicando sua riqueza, o Capitão Francis sempre voltava
para a Alfa. Sarah o recebia como se nunca tivesse se ausentado.
Embora o mar fosse a sua casa, era com aquela Alfa que ele se sentia
acolhido. Era com a Alfa que ele sentia uma espécie de proteção, não
somente material mas psicológica também. Sarah era o seu lar. Ela despiu-
se completamente para ele, e por ela Francis permitiu-se ser marcado.
☠ ☠
Mar Tenebroso - 1682
O Luna enfrentava uma tempestade pior do que as que aconteceram no
Triângulo da Morte. O mar agitado jogava a embarcação para os lados, e as
fortes ondas quase partiu os mastros. Contudo, as velas não conseguiram se
manter com a mesma estabilidade.
— Vamos naufragar!
— De jeito nenhum! — Abel rosnou. — Eu me recuso a deixar todo
nosso ouro no fundo desse mar.
— Mas não podemos continuar. Nós vamos afundar!
— Não iremos. — Capitão Francis afirmou.
Olá
Pra quem não usa twitter e nem Instagram, e pediu para que eu avisasse
por aqui, o livro físico de Black Swan (Cisne Negro) já entrou em pré-
venda e está disponível no site da Editora Euphoria