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Category: Fanfiction
Genre: boyxboy, bts, jeonjungkook, jikook, junghoseok, kimnamjoon,
kimseokjin, kimtaehyung, kookmin, lgbt, minjoon, minyoongi, namjin,
nammin, parkjimin, pillowtalk, sope, taegi, taeseok, taeyoonseok, vhope,
wattys2019, yaoi, yoonseok
Language: Português
Status: Completed
Published: 2018-10-01
Updated: 2022-12-25
Packaged: 2023-04-01 17:59:46
Chapters: 52
Words: 340,715
Publisher: www.wattpad.com
Summary: Kim Taehyung é um rebelde sem causa. Min Yoongi tem uma vida
perfeita. Jung Hoseok guarda segredos demais. E os três se envolvem em um
paradoxo sobre o amor. "Você diz que me odeia, mas eu acho que você só
morre de medo de assumir que me quer tanto quanto ele." taehyung + yoongi
+ hoseok | poliamor jikook!side | minjoon!side | namjin!side + 18 todos os
direitos reservados a keleaomine (c) capa por @wingsluvs [ X NÃO
AUTORIZO ADAPTAÇÃO DA OBRA X ] começa em 30/11/2018
Language: Português
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prelúdio
instagram: keleaomine
••
Daegu.
— Kim Taehyung!
Tae encarou primeiro o irmão mais velho em seu belo terno sob medida e
sua altura que sempre o destacava entre os outros homens. Kim Taewoo era,
sem sombra de dúvidas, o mais parecido com o pai em todas as formas
possíveis de ser. De vez em quando pareciam duplicatas que confundem a
mente do caçula. Ele fora planejado e ainda parecia estar mesmo beirando
os trinta anos.
— Porque você é como um burro que apenas pensa com viseiras na cara!
Kim Chaewon foi completamente deslumbrante com sua beleza jovem, mas
já fazia alguns anos que tudo se resumia a plásticas recorrentes em busca de
uma aparência que não se encaixava mais na idade que tinha. Então, ela
passava mais tempo em clínicas estéticas que criando seus filhos porque
para si era mais importante aparecer bem nas revistas como uma ótima
esposa e ótima mãe, mesmo que isso não fosse verdade.
Borrar o quadro perfeito dos Kim dava mais prazer que qualquer outra
coisa.
— Não vai mandar o meu bebê para longe! – Chaewon exclamou dando
volume à discussão que continuava e isso roubou mais a atenção do caçula.
Alguma coisa dentro de Taehyung quis se aquecer ao ouvi-la dizer isso e ele
detestou que a simples hipótese de ainda ser importante mexesse consigo
dessa forma.
— Não é isso Taeseokie! Diga-me o que vão pensar quando ele não aparecer
conosco nos eventos da pré-campanha? Nas revistas ou nos noticiários? A
ausência dele só vai gerar mais fofocas!
— Omma, sabe, está tudo bem me mandarem para Seul e fingirem que eu não
existo durante essa palhaçada política de vocês. – bocejou e penteou o
cabelo para trás com os dedos. – Já existem coisas demais acontecendo
nessa casa e eu tenho tomado tanto suas atenções que não sobra espaço,
talvez depois de se livrarem de mim tenham tempo para lidar com o segundo
aborto da filha da cozinheira que Taewoo engravidou; com o interesse de
Taeseok por meninos novos demais; e o caixa dois que appa mantém para
pagar seus luxos.
— Sim.
— Certo. – o primogênito sorriu. – Vamos pagar sua estadia, seja onde for,
com o dinheiro de sua mesa mensal. – Tae arregalou os olhos. – E você
ficará apenas com o que sobrar.
— O que?!
Essa era a família Kim e a ela um ditado popular nunca fez tanto sentido: por
fora uma bela viola, mas por dentro um pão bolorento.
Seul.
Enfiou a mão dentro do pote de pipocas e pegou um bocado que encheu sua
boca.
Os três homens largados pela ampla sala de estar eram estudantes da mesma
universidade e dividiam uma casa de 180m2 muito bem organizada entre
sala de estar; sala de jantar; cozinha planejada; um banheiro social; e
lavanderia completa no primeiro andar, além da garagem espaçosa para três
carros. E mais três quartos médios; um banheiro social; e uma suíte no
segundo andar.
Tratava-se de uma propriedade pertencente à família do mais velho morador
da Bangtan Kappa Seven, a república que há três gerações recebia alunos
do país todo que ingressaram seus estudos na Universidade Gyosu.
Não existiam segredos entre eles, quer dizer, não muitos. A convivência
parecia brilhante levando em conta como as personalidades eram
divergentes porque enquanto Yoongi era calmaria, Hoseok era barulho.
Muito barulho. E todas as probabilidades não resultaram em um laço tão
duradouro e forte, mas resultou e já contava dezoito anos do que ambos
pretendiam serem muitos.
Hoseok era a bateria extra de Yoongi. Mas, ele sempre quis ser algo a
mais.
— Nunca. Você corrompeu o meu ninho. – encheu a boca com mais pipoca. –
O Jimin morreu?
Um silêncio confortável tomou conta da sala outra vez, apenas à voz de Nick
Fury podia ser ouvida enquanto a cena pós-créditos do filme acabava.
Yoongi foi o primeiro a falar.
Depois de receber as três pizzas e pagar por elas, Jin foi pra cozinha e
Hoseok o seguiu para ajudar – ou só comer todas as azeitonas porque isso
deixava Yoongi muito puto.
— Hobi, pode pegar os pratos pra mim? – pediu após abrir as caixas. –
Dessa vez não erraram o pedido.
— Aqui, hyung. – entregou os cinco pratos de vidro para o mais velho que os
colocou sobre a mesa. – Jin-hyung, isso não te deixa mal?
— O que?
— Eles quem?
— Namjoon e Jimin. Juntos.
— Ah. – sorrindo e pegando mais um pedaço de pizza, Jin negou. – Não. Por
que me deixaria mal?
— Joon pode não se lembrar do que rolou naquela festa porque 'estava
podre de bêbado, mas eu lembro e o hyung também. Deveria falar com ele.
— Então, eu também não sei do que está falando Hobi. – deu um tapinha no
ombro do mais baixo. – É melhor que nenhum de nós saiba.
Hoseok acabou por concordar em silêncio e voltar para a sala com seu prato
e uma latinha de refrigerante de limão bem gelado; uma quarta pessoa estava
presente agora e foi ela quem roubou uma rodela de calabresa do seu
pedaço.
Ele estudava direito – calouro de Namjoon – e nas horas vagas também era o
vocalista da banda rock de garagem na qual Hoseok também estava como
baterista, a popular The Cypher. Seus pais ainda viviam em Busan, onde ele
nasceu, e cuidavam da rede de resorts que pertencia aos Park há duas
gerações. Ali ele era o mais popular, por causa da banda, da simpatia e
aparência doce, Jimin encantava qualquer pessoa que colocasse os olhos em
si. Bastava um sorriso largo que transformava seus olhos pequenos em duas
linhas adoráveis e deixavam as bochechas fofas coradas, e pronto: Park
Jimin conseguia qualquer coisa.
Depois de servir dois pedaços de pizza em um prato grande, Jimin voltou
para a sala e sentou ao lado de Namjoon. Os dois dividiram a comida assim
e Hoseok foi o único a notar que Seokjin simplesmente não os olhava em
nenhum momento.
— Sim, mas eu nasci primeiro em Busan, então ele que me respeite. – Jimin
disse de boca cheia.
— Eles vão chegar de tarde, eu vou dormir com certeza... Amanhã acordo
super cedo pra resolver umas coisas do meu estágio. – Jin limpou as mãos
num guardanapo. – Recebam os dois, mostrem o quarto e o resto eu faço.
— Sim senhor, senhor! – Jimin bateu continência e Jin riu dele. – Hyung
ficou lindo de cabelo loiro, parece mais jovem.
— Não fiquei lindo, sou lindo. – mandou um beijinho para o mais novo.
— A Got Gama vai dar uma festa no fim de semana. Jaebum mandou
comprar dois barris de cerveja. – Yoongi informou. – Vai ser legal.
— Se forem a essa festa só tenham cuidado pra não fazer merda, ok? Vou
tomar um banho.
— Vai sair hyung? 'Tá chovendo.
Busan
Jungkook quase não teve dificuldades em fechar o zíper da última mala sobre
a cama de solteiro desarrumada. Ergueu o peso e colocou no chão, próximo
às outras duas de tamanho médio. Chinrae observava o filho ainda encostado
ao batente de madeira da porta; um filme passava por sua mente e ele
começava com um Jungkook recém nascido e de cabelos espetados que
olhava ao redor muito curioso com os olhos grandes e escuros; depois ao
garotinho brincalhão que se escondia e ria sem parar quando era encontrado.
Uma infância doce e cheia de amor, apesar de todos os pesares.
Agora via seu garoto – já um homem feito – arrumar as coisas para se mudar
e estudar na capital. Nunca havia ficado mais que um fim de semana longe do
filho e não conseguia evitar estar nostálgico e de coração apertado.
— Não estou triste, filho. Estou muito orgulhoso de você, por ter conseguido
essa bolsa, mas não posso evitar ficar preocupado.
— Também 'tô apreensivo. Vou morar com pessoas que não conheço. –
soltou um muxoxo e o pai se aproximou. – Mas é uma oportunidade boa de
me formar e conseguir um bom emprego, então o senhor nunca mais vai ter
de trabalhar.
— Gosto de trabalhar, me ajuda a ocupar a mente. – Chinrae sorriu.- Sobre
essas pessoas novas, seja apenas você mesmo Jungkook-ah e tudo vai ficar
mais fácil. – mexeu nos cabelos escuros do mais novo. – E arrume alguém.
— Não vai ter garota em nem garoto, vou estudar. – negou. – Agora me ajuda
a escolher as melhores meias pra levar.
Morou com o pai a vida toda e as lembranças que possuía da mãe eram
poucas desde que ela os deixou quando o menino só tinha três anos para
viver em outro país com um estrangeiro. Chinrae trabalhava como mecânico
na pequena oficina e os dois moravam nos fundos do estabelecimento de
onde vinha o sustento de ambos.
Mesmo contra sua vontade, Jungkook sempre foi popular entre as garotas e
os garotos do colégio. Talvez fosse o rosto bonito, ou o corpo bem
desenvolvido e forte por conta dos exercícios que fazia com o pai, ou talvez
até por causa da timidez adorável que o fazia gaguejar um pouquinho.
Mas ninguém sabia que, aos dezenove anos, Jeon Jungkook sequer havia
beijado alguém ou sentido vontade de fazer isso. A preocupação de Chinrae
por conta desse detalheos levou a consultas semanais com um psiquiatra que
no fim de tudo ajudou o garoto a se conhecer melhor e se encaixar como
demissexual.
E estava tudo bem para ele não desenvolver laços ou sentimentos, ajudava a
manter o foco no que era realmente importante porque Jungkook era um rapaz
extremamente centrado e ele tinha planos muito estruturados que não
envolviam outras pessoas além de seu pai. Não estava procurando por laços.
☀🌙⭐
• 30/11/2019 •
trailer & info & cast & playlist
AMBIENTAÇÃO:
PERSONAGENS:
PLAYLIST:
TAEYOONSEOK:
Pillowtalk - Zayn
Clocks - Coldplay
Same Mistake - James Blunt
Love me again - John Newman
SOPE:
Sweet Nothing - Calvin Harris feat. Florence Welch
TAEGI:
Ghost - Halsey
VHOPE/TAESEOK:
Enjoy The Silence - Depeche Mode
JIKOOK
The Heart Wants What It Wants - Selena Gomez
👀 MINJOON/NAMMIN 👀
Too Much To Ask - Niall Horan
Snuff - Slipknot
NAMJIN:
Don't Speak - No Doubt
Idfc - Blackbear
Habits - Tove Lo (Jin tema)
☀🌙⭐
E em uma das várias repúblicas espalhadas pelo campus leste, havia aquela
que será o ponto de partida para toda essa história.
A Bangtan Kappa, ou apenas república sete, foi fundada no ano de 1978 por
Kim Jisung, um estudante de medicina que deu início à tradição familiar que
passou de geração em geração até chegar a Kim Seokjin, atual responsável
pela fraternidade.
— Pode começar a pegar minha bagagem, por favor? – ele retirou o cinto de
segurança e o homem obedeceu às suas ordens sem dizer nenhuma palavra,
logo Tae pode vê-lo sob a chuva retirando as malas idênticas do carro. –
Que droga. – murmurou tentando ligar o celular pela milésima vez. – É um
começo maravilhoso. – riu de si mesmo e desceu do veículo, correndo até a
pequena varanda da casa.
Era uma casa bonita, apesar de ser bem menor do que imaginava. Fez com
que ele se lembrasse da casa da avó no interior de Daegu. Dois carros
esportivos estavam estacionados na garagem dupla ao lado de duas motos
grandes; uma vermelha e outra preta. As outras casas poderiam parecer todas
iguais, menos aquela. Menos a casa de número sete.
— O seu pai foi muito claro, Taehyung-ssi: eu devo auxiliá-lo até aqui,
depois o senhor fará tudo sozinho.
Então, ouviu alguns passos, alguém xingou um palavrão e outro alguém riu
alto. A voz lhe fez tirar o dedo do botão e o riso o fez querer rir também. E
quando abriram a porta Tae quase perdeu uma respiração. Eram dois
garotos, um deles estava pendurado nas costas do outro com um sorriso
miúdo que mostrava os dentes pequenos e as gengivas rosadas; e o que o
carregava tinha um sorriso grande nos lábios em forma de coração.
— Sou Kim Taehyung, fui transferido e meus pais alugaram um quarto aqui.
Os dois saíram do caminho e voltaram para dentro da casa aos risos antes do
menor outra vez pular nas costas do outro para batucar com as pontas dos
dedos no topo de sua cabeça.
— Hey! E as minhas malas?! – ergueu a voz e teve a atenção de ambos em si.
De sobrancelhas arqueadas.
— O que? Quer que eu diga que elas são bonitas? – Hoseok cruzou os
braços. Yoongi riu e escondeu o rosto em seu ombro. – São lindas, parabéns.
— Vocês não têm ninguém aqui que faça isso? Cadê os empregados?
— Empregados? – Hobi quis rir mais. – Olha só Yoon, parece que vamos
dividir a casa com a Cinderela.
— Seok-ah. – o menor desceu de suas costas e riu negando. – Nós não temos
empregados nas repúblicas, Taehyung-ssi. – explicou voltando até a porta e
saindo para a varanda. – Te ajudo, pode ser?
O sorriso daquele cara era simplesmente a coisa mais doce que Tae já vira.
O deixava um pouco lento.
Hoseok descruzou os braços e rolou os olhos antes de ir até eles para pegar
uma das malas pesadas também, ganhando uma piscada agradecida de
Yoongi. Os três colocaram as malas para dentro, deixando-as enfileiradas no
corredor da entrada.
— Colega de quarto?!
— É. – deu de ombros.
A voz suave chamou atenção dos três para Jimin que estava recostado ao
batente do portal da cozinha. Sem camisa, descalço e com os cabelos presos
num coque alto que desprendia fios lisos que emolduravam seu rosto. O
piercing solitário no mamilo direito parecia reluzir nas luzes artificiais e o
corpo todo dava um ar confuso de pureza e delicadeza mesmo com o abdome
trincado e a tatuagem grande de uma águia sombreada na lateral dele.
— Você é de Busan?
Do lado de fora, incomodado com o frio e ensopado pela chuva desde que
caminhou do ponto de ônibus até a república, Jeon Jungkook ajeitou a
mochila pesada nas costas e penteou os cabelos úmidos para trás com os
dedos trêmulos.
— Hm. B-boa tar-de. – Jungkook quis morrer por gaguejar e Jimin quis o
apertar inteirinho. – Meu nome é Busan e eu vim de Jeon Jungkook.
— O que? – ele riu e o som do riso dele aqueceu alguma coisa dentro do
peito de Jungkook.
Jimin sorriu largo e lambeu o lábio inferior, mas Jungkook não viu.
☀🌙⭐
— Bem, eu sou Kim Seokjin. – Jin ajeitou o pijama com estampas de alpaca
e sorriu. – Sou o responsável pela república e presidente da fraternidade.
Namjoon é o vice-presidente. – apontou para o outro que estava largado
sobre um dos sofás comendo uma maçã. – Vocês já se apresentaram?
— Seu signo?
— Virgem.
— Min Yoongi. – Hobi sorriu assim que ele abriu a boca e Tae percebeu. –
23 anos, eu estudo economia e sou de peixes, mas o Jiminie diz que não
parece.
— Signo?
— Eu e Yoongi usamos duas vagas para carros, Hobi e Jimin as duas para
motos e Namjoon não dirige por um bem a população coreana.
— Aqui nós não temos nenhum tipo de preconceito e não aceitamos também,
ok? Namjoon e Hobi são gays, eu e Yoongi somos bissexuais e Jimin é pan. –
o citado ergueu a mão e acenou. – Você é o primeiro cara hétero que
recebemos depois de um tempo, espero que não tenha nenhum tipo de
problema.
— Ótimo. Perguntei isso pra poder falar sobre trazer pessoas pra cá, assim...
Não tem uma regra quanto a isso, nunca teve... Mas procurem ser reservados
se tiver alguém em casa e avisem aos seus colegas de quarto com
antecedência. – tocou os lábios com o indicador, tentando lembrar-se de algo
mais. Namjoon sorriu, Jin ficou ainda mais bonito assim. – Ah, as aulas
começam em cinco dias, mas aconselho que procurem conhecer mais do
campus antes, porque é muito fácil se perder. Meu prédio é perto do de
publicidade e posso te ajudar, Taehyung.
— Rock.
— Você canta rock? – perguntou debochado e Jimin sorriu debochando o
dobro. – Nunca pensaria isso.
— Ah, obrigado, mas eu tenho minhas coisas pra arrumar. – e também não
tenho muito dinheiro, ele completou em mente.
— Deixa isso pra depois! Eu até te ajudo! – bagunçou o cabelo dele. – Por
minha conta, ok?
Hobi assentiu. Ele sabia que por ser bolsista, Jungkook era o com menos
condições ali e não conseguia evitar querer ajudá-lo a sentir-se menos
deslocado.
— Ele nunca paga nada pra ninguém, aproveita. – Yoongi sussurrou e o Jeon
riu.
Taehyung estendeu a mão para ele e Jimin a encarou antes de apertar. Quase
um reconhecimento instantâneo, eles franziram o cenho com aquela sensação.
— Obrigado, Hoseok-ssi.
— Ah, deixa disso, pega! – jogou pra ele o próprio celular. – Pode usar. –
assentiu.
— Tem certeza
— Mauricinho do caralho.
Hobi murmurou.
2 - confortavelmente entorpecido
Relaxe
Vou precisar de algumas informações
Apenas coisas básicas
Você pode me mostrar onde dói?
Pink Floyd
— Jisoo, você sabe que de qualquer forma eu não bateria antes de entrar.
— Senti saudade.
— Seokjin, você mora há três casas daqui e nós nos vimos ontem de tarde,
fala logo o que aconteceu. – Jisoo esticou a mão direita até poder pentear o
cabelo de Jin com carinho, enrolando as mechas nos dedos. – Do que está
fugindo dessa vez?
Jin ergueu os olhos para encará-la e aos poucos o sorriso dele se desfez para
algo quase triste. Então, ele negou e respirou fundo lutando contra o nó na
garganta que sempre o incomodava, em todo caso, Seokjin era ótimo em
ignorá-lo, mas não o tempo todo.
— Eu quero estar, mas têm coisas que não dá pra controlar. – mordiscou o
lábio inferior. – Hoseok me perguntou sobre lidar com tudo aquilo.
— E você negou qualquer coisa, certo? – ele assentiu e Jisoo suspirou. – Jin,
essa droga é quase masoquismo! Você não precisa passar por isso!
— Como não é? Você ama aquele babaca e ele sabe disso, mas continua te
fazendo mal!
— Namjoon pode ser muitas coisas, mas ele não é burro. – Jisoo suspirou e
puxou o irmão para poder fazê-lo deitar com a cabeça sobre suas coxas. –
Você sabe Jin... Sabe que ele sabe.
— E eu também sei que ele não tem obrigação nenhuma nisso. Namjoon não
é obrigado a corresponder o meu sentimento, na verdade ninguém no mundo
tem obrigação de fazer isso.
— Pouco me importa que ele não tenha obrigação, mas ele devia parar de te
procurar quando não arruma ninguém pra transar. – Jin encarou a irmã e ela
rolou os olhos. – Ele é tão babaca.
— Isso é tão irreal. Olha só pra você! Seokjin você é lindo e pode ter quem
quiser!
— Uma mulher não pode mais ter curiosidade! – Jisoo riu e Lisa lhe mostrou
a língua. – Muito madura.
— E aí, eles são bonitos? – Jin riu.
— Sim. Taehyung tem cara de garoto problema e Jungkook com toda certeza
do mundo não faz ideia de onde veio morar. Ele é hétero.
— Acabou de dizer que ele tem cara de garoto problema! Pelo amor de
Deus, Jin!
— Não. Nada disso! Nós vamos a uma boate, você vai beijar algumas bocas
e ponto final. – ajeitou o cabelo dele e sorriu. – Eu não vou deixar você se
torturar, pelo menos por hoje.
Jin esticou o corpo até poder deixar um beijo no rosto dela e Lalisa sorriu.
— Não olhe para as pessoas assim, você parece uma coruja. – Tae
reclamou, mas não o olhou. Carregava alguns cabides nas mãos, todos vazios
que foram jogados sobre a cama.
Jungkook quis dizer a ele que seu antigo quarto era metade do que estava
naquele momento, mas preferiu apenas assentir ao encarar Taehyung.
— Eu vou ficar com o lado esquerdo do closet, ok? E uma das gavetas. – o
garoto tirou da mochila uma caixa grande e completamente preta, de dentro
puxou o vídeo game de última geração; dois consoles sem fios e uma porção
de jogos. – Não tem a porra de uma televisão aqui! – reclamou e respirou
fundo. Ao passar os olhos pelo quarto percebeu Jungkook encarando os
jogos sobre a cama e franziu o cenho. – Curte jogar?
— Ok. – assentiu.
— Odeio jogar sozinho, se você quiser a gente jogar juntos. – deu de
ombros.
— Por que não foi tomar banho ainda? – estranhou. O mais novo quase se
encolheu e o sorriso se desfez.
Hobi entrou no quarto sem bater e trazia nas mãos uma sacola azul que
parecia pesar um pouco. Yoongi entrou depois dele e logo sentou na única
cadeira disponível posta a uma escrivaninha.
— Aqui. Foi mal a demora, mas eu acho que não esqueci nada. – ele sorriu e
entregou a sacola nas mãos de Jungkook.
— Obrigado hyung. – ele fez uma reverência. – Prometo que pago logo e-
— Ele já perdeu as chaves da moto pelo menos umas oito vezes esse ano. –
Yoongi entregou e sorriu.
Os três ficaram no quarto e Hobi olhou para Tae pelo canto dos olhos,
reparando nas roupas caras que o garoto tirava da mala e separava por cores
sobre a cama de solteiro. Mas o que lhe prendeu totalmente a atenção foi o
pacotinho transparente cheio de algo que ele conhecia bem.
— Estou passando por uma inquisição. - sorriu. – Você conhece alguém que
venda por aqui? – se referiu a Hoseok.
— Não me chame assim. – Hoseok corrigiu, mas Tae rolou os olhos. – Por
que eu conheceria alguém?
— O que?! – Yoongi negou e começou a rir, Hobi apenas negou uma vez. Ele
forçou um riso. Taehyung percebeu e estreitou o olhar. – Nós somos
praticamente irmãos.
Os olhos felinos foram capturados pelos olhos de Hoseok. Então, Tae piscou
pra ele e voltou sua atenção para a própria mala.
🌕
Namjoon mordeu a própria mão para não gemer alto demais e segurou com
mais força o box do banheiro. A água quente caía em suas costas e o vapor
já havia embaçado o espelho grande.
O mais novo assentiu e fez como o outro pedia. A boca rosada ficou ao
dispor da glande inchada que foi esfregada sobre a língua grande. Namjoon
puxou o cabelo dele, juntando os fios compridos dentro da mão e começou a
se masturbar com força, gemendo baixinho.
— Goza pra mim, hyung. – o pedido manhoso fez Namjoon xingar e assentir.
– Na minha boca-
Jimin sorriu e lambeu os lábios ao ser puxado para cima, para um beijo
afoito. As mãos grandes de Namjoon seguraram-lhe o rosto e ele deslizou a
boca por toda sua bochecha até lamber a bagunça feita.
— Vem. – pediu afobado, indicando o que queria quando encaixou os dedos
de Jimin entre suas nádegas. – Eu quero sentar em você.
— Hyung, a gente é bastante barulhento e tem gente nova aqui agora. – ele
entrou embaixo da ducha e deixou a água quente o limpar dos pés a cabeça.
— Você sabe que pode me perguntar qualquer coisa, Moni. – Jimin desligou
o registro e abriu o box em busca de uma toalha.
Ele sorriu de forma doce como se não tivesse acabado de dizer algo assim,
alguma coisa dentro de Namjoon se revirou, mas ele a ignorou
completamente. Conhecia Jimin melhor que ninguém.
Porque Park Jimin era como um anjo, mas Lúcifer também já foi um.
— Muito obrigado!
Estava fechada e ele olhou ao redor para procurar um abridor, mas uma mão
pequena com seus dedos cheios de anéis segurou a garrafa e puxou. Jimin
ergueu a regata que estava usando e usou o pano para abrir a garrafa.
— De nada, Kookie.
— Ele saiu todo arrumado um pouco antes de nós sairmos. – Yoongi apoiou
os cotovelos sobre a mesa e sentiu estar sendo observado. Estava. Taehyung
o encarava do outro lado da mesa, recostado na cadeira e com uma garrafa
de soju nas mãos.
— Ele saiu com Jisoo e Lisa. Foram a uma boate do centro. – Jimin explicou
depois de comer cinco batatas fritas de uma vez. – Ele disse que se voltar
cedo passa aqui.
— Tomara que ele não leve ninguém pra casa. – Namjoon bebeu um gole de
sua bebida e teve os olhares de Jimin e Yoongi sobre si.
— Seria o décimo nos últimos dois meses. – colocou a garrafa sobre a mesa.
— Namjoon, me diz: Seokjin por acaso implica com o que você faz? Ou ele
atrapalha quando leva alguém pra dormir com ele? – Namjoon negou. –
Então, guarde sua conta para si. Ninguém se importa com ela, muito menos
Jin-hyung.
O mais alto ergueu as mãos na defensiva e riu sem jeito. Hoseok assoviou o
provocando e Jimin sorriu para Yoongi, que o amava quando ele era ácido.
Jungkook engasgou.
— Ele vai morrer meu Deus! – Jimin bateu nas costas dele. – Jungkook
respira!
Estava prestes a dizer que voltaria para casa, mas outra cerveja foi colocada
diante de si, já aberta e branquinha de tão gelada. Jimin virou a cadeira para
o lado dele e foi como se tivesse fechado uma cortina deixando-os as sós de
forma confortável e gentil.
O mais velho apoiou um dos cotovelos sobre a mesa e comeu mais uma
batatinha.
— Qual é dessas tatuagens? – perguntou num tom mais baixo, apenas para
Jungkook ouvir.
— Sério? Que sorte! Seus pais não implicaram quando você as fez? São
quantas?
— Um apanhador de sonhos.
— Deve ser muito bonita. – sorriu de forma sedutora. O mais novo começou
a suar. – Gostaria de ver, sabe? Para saber se o teu primo tem um traço legal.
— Ele tem uma página no facebook e lá tem todos os desenhos dele, o hyung
pode ver por lá.
— Nada. – negou uma vez e comeu outra batata. – Você passou a sua vida
toda em Busan? Qual distrito?
— Mandeok-dong.
— Haeundae.
— Jimin. – Hobi deu dois tapinhas no ombro dele e teve sua atenção. – A
gente sobe em dez minutos. – avisou e se afastou em direção ao pequeno
palco do bar.
Jimin sorriu quando acenou para algumas garotas que gritavam seu nome. O
cabelo preso para o alto destacava ainda mais o rosto bonito e a regata
cavada mostrava bem mais do que deveria.
Nas expressões faciais a cada vez que os braços se moviam para dar com as
baquetas nos lugares certos, conduzindo tudo. O cabelo laranja estava sobre
os olhos, um sorriso orgulhoso brincando nos lábios corados.
— Wake up! Grab a brush and put on a little make up! Hide the scars to
fade away the shake up...
Não notou quando outra pessoa sentou ao seu lado até que ele lhe falasse.
— Não dá pra parar de olhar. – a voz de Seokjin o fez engolir a saliva. – Ele
é incrível.
— Hyung não tinha ido para o centro? – Namjoon franziu o cenho e Jin
negou.
— Achei melhor voltar. Não quis segurar vela pra Jisoo e Lisa. – sorriu. –
Yoongi, você pode beber hoje? – se preocupou.
Yoongi ficou de pé e ajeitou a jaqueta preta nos ombros. Saiu na frente e Tae
o seguiu de perto, passando entre as pessoas enquanto a voz de Jimin cantava
sobre estar confortavelmente entorpecido. Em certo momento ele visualizou
apenas as costas do mais baixo, a nuca branquinha de aparência macia.
Descendo até o traseiro pequeno, mas empinado que com certeza caberia
bem em suas mãos. Min Yoongi era todo pequeno e Taehyung adorava isso.
Chegando aos banheiros, o mais velho o direcionou até uma das cabines
particulares e riu abafado quando esse o puxou junto, para dentro do espaço
apertado. Taehyung o empurrou contra a divisória azul marinho e espalmou
as mãos na superfície, prendendo Yoongi com o corpo.
Tae avançou para ele e o beijou afoito, arfando quando abraçou a cintura
firme com os braços, quando a língua com sabor de cerveja se enroscou na
sua. Yoongi agarrou-se à nuca dele, juntando o cabelo castanho entre os
dedos, esticando-se nas pontinhas dos pés para poder o puxar ainda mais
para si.
Eles gemeram baixinho e o mais novo quebrou o beijo para encarar. Os dois
ofegavam alto.
Foi solto e observou, com um sorriso lindo, o mais novo se ajoelhar no chão
do banheiro o encarando intensamente. Não conseguiriam explicar como
tanto tesão podia ter nascido assim do nada. Conheciam-se há menos de doze
horas, era absurdo.
Nenhum dos dois poderia se importar menos.
— O que?
— Ele foi ao banheiro com o Taehyung. Há uns trinta minutos. – ele esperou
a reação do mais novo e quase sorriu quando viu Hoseok trancar a
expressão, os lábios se curvando para baixo, a mandíbula se remexendo por
causa do ranger dos dentes. – Você é péssimo pra disfarçar. – lamentou e
Jungkook ficou confuso.
Hoseok o encarou com raiva e saiu andando em direção a saída. Jimin ficou
de pé para ir atrás dele, mas Jin o segurou pelo braço e negou.
— Eu vou. Fica aqui. – pediu.
— E por quê? Foi você quem disse para irmos pra um motel, não eu!
— Jimin, me dê um motivo!
— Caralho, que saco! – ele ficou de pé. – Eu não preciso te dar droga de
motivo nenhum, Namjoon! Você sabe muito bem que isso me faz mal!
— Vou ao banheiro.
Resolveu que ir atrás de Jimin era o mais certo desde que Namjoon não
parecia ir muito com a sua cara. Ele fez o mesmo caminho que vira o Park
fazer, atravessou um corredor pouco iluminado e chegou a uma porta que
indicava ser o banheiro para funcionários.
Ia bater, mas algo o fez parar com a mão fechada em punho no ar.
Jimin, dentro do banheiro, ajoelhado no piso sujo e segurando o cabelo para
o auto com uma das mãos, vomitava as poucas batatas fritas que tinha
comido mais cedo. Vomitava tudo, empurrava o dedo na garganta para
vomitar mais. Coloca para fora o que não queria em si.
Era a segunda vez naquele dia, e, caso ele comesse de novo, não seria a
última.
— Hyung?
— Já vou.
— Acho que aquelas batatinhas me fizeram mal. – fechou a porta atrás de si.
— Tome algum remédio quando for para casa, eu tenho um que meu appa
sempre compra.
— Obrigado. Mas eu acho que já passou. Preciso voltar pro palco daqui a
pouco.
— Certo, hyung.
Fora do bar, no beco úmido entre ele e uma pizzaria fechada, Hobi lambeu a
seda antes de acabar de enrolar o baseado. Tirou da bolsa da calça o
isqueiro verde e acendeu puxando e assoprando devagar.
— Você disfarça tão mal, Hobi. – repetiu e recebeu do outro um olhar que
claramente dizia: cale a boca.
— Sabe muito bem que Yoongi deveria tomar cuidado com que se envolve, a
gente nem conhece esse garoto.
— Yoongi não é feito de vidro e ele odeia quando você o trata como se ele
fosse.
— Ele é adulto, Hobi. Sabe muito bem o que faz e também sabe lidar com o
que faz. E talvez nem tenha rolado nada entre eles.
— Você tem algo a dizer pra ele desde que tinham doze anos, Hobi.
— É completamente diferente e não adianta nada você tentar jogar algo pra
cima de mim! – suspirou. – Você ama o Yoongi!
— Porra, para de mentir desse jeito pra si mesmo! Eu sei muito bem que o
Hobi é o melhor amigo do Yoongi, mas o Hoseok é completamente
apaixonado por ele.
— Chega, eu não quero falar disso. Eu preciso voltar daqui dez minutos.
Assim que o mais velho entrou no bar foi interceptado por Namjoon,
esbarrando contra ele que riu o segurou pelos braços.
— Hyung, cuidado. – Jin assentiu.
— Valeu.
— Ah, valeu. De novo. – assentiu. Estar próximo assim dele era quase
tortura. O cheiro, o calor, o tom de voz rouco. Jin tentou passar em direção
as mesas, mas a mão do mais alto em sua cintura o fez parar e prender a
respiração. – Namjoon, eu-
— O Jimin-
— Vai ser gostoso, hyung. – o riso rouco quebrou, mais um pouco, o coração
de Jin. – Vamos?
Ele assentiu e sorriu. Sabia que era um erro. Deixar Namjoon bagunçar seus
lençóis de novo, bagunçar seu corpo e o coração teimoso demais para só
deixar pra lá.
Só que o mais alto entrelaçou os dedos com os seus, apertou com firmeza e
beijou seus lábios brevemente antes de guiá-lo para fora do bar. E todos os
pensamentos conscientes explodiram.
Ele o levou aos lábios e tragou de olhos fechados, satisfeito pela leveza que
imediatamente embalou seu corpo. Hobi recostou a parede e enfiou as mãos
nos bolsos da calça.
Parou diante dele Hoseok separou os lábios e ficou imóvel. Tae aproximou a
boca e soltou a fumaça mirando-a, passando para o mais velho que recebeu
de olhos fechados. Não se tocaram um palmo e meio os afastava do contato
corporal, mas ainda assim suas terminações nervosas pareciam sofrer
pequenos choques apenas pela proximidade.
O mais velho queria entender porque fazia aquilo quando deveria socar a
cara linda do mais novo depois dele ter sumido com Yoongi. Não era burro e
sabia o que eles fizeram.
— Ele é seu melhor amigo, certo? Isso é óbvio. – jogou se divertindo com o
quase desespero de Hobi. – Não é?
Ele lambeu os lábios e o outro se sentia tão leve graças à maconha que
sorriu preguiçoso e lambeu os lábios também. Hobi endireitou a coluna e se
virou para Tae.
— Ou? Sabe, essa história vai começar agora, desse ponto aqui onde eu
apareci. E Hoseok, eu não vou embora. – sorriu de lado.
Ele foi preso contra a parede pelo corpo do mais velho, os narizes quase se
tocando, mãos distantes dos toques. Hobi soprou um riso e Taehyung mordeu
o lábio inferior.
Ele se afastou de costas, saindo do beco. Hobi piscou pra ele antes de sair
do campo de vista. Taehyung soltou uma respiração que nem sabia estar
segurando e sorriu quadrado, penteando o cabelo escuro para trás.
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The Beatles
Ele arrumou com cuidado sua própria cama, separou roupas limpas e rumou
para o banheiro ao fim do corredor. A porta estava fechada e ele podia ouvir
bem o som da descarga e da torneira ligada, então recostou o corpo à parede
para esperar. Quase dormindo em pé, bocejando sem parar enquanto coçava
o pescoço.
A última porta daquele corredor se abriu e Seokjin saiu por ela sonolento e
parecendo procurar algo enquanto os olhos cansados miravam todos os
lados. Ele caminhou até o primeiro quarto – o que pertencia a Namjoon e
Yoongi – e abriu a porta sem bater primeiro, apenas observou por uns
segundos e fechou com cuidado.
Jungkook ajeitou a postura quando o viu se aproximar.
— Não precisa fazer isso sempre que nos ver, é sério. – bocejou de novo. –
Quem está no banheiro?
— O que foi?
— Por que você não me acordou? – o tom baixo deixava evidente que queria
ser discreto.
O Jeon não sabia o que fazer. Não queria ouvir aquela conversa, mas não
podia apenas empurrar Namjoon para o lado e entrar no banheiro. Também
não podia voltar para o quarto, seria extremamente constrangedor.
— Ah. Eu imaginei... É que... A gente podia tomar café, sei lá. Posso fazer
algo gostoso. – Seokjin sorriu completamente sem jeito, aquela postura não
combinava em nada com sua personalidade e isso o fazia quase entrar em
desespero. – Se você achar legal.
Não queria estar pedindo algo assim, não queria sequer ter ido atrás dele
depois de acordar sozinho... Mas era inevitável. As pernas pareciam agir
sozinhas. Eles tinham transado durante a madrugada, Namjoon o tratou com
carinho e repetiu tantas vezes o quanto ele era lindo enquanto lhe fodia a
boca, repetido que era o melhor. Talvez ele realmente fosse.
Jungkook não conseguiu evitar olhá-lo e corar até a pontinha das orelhas
quando Jimin o flagrou encarando.
— Bom dia Kookie. – ele sorriu até seus olhos diminuírem. – Bom dia, Jin-
hyung!
Seokjin sorriu largo e engoliu à seco o nó que se formou na garganta. Ele deu
um passo para o lado, abrindo passagem para o corredor largo com
educação. Por fora tudo continuava igual, mas por dentro ele quebrava mais
um pouco. E Namjoon notou, sendo sincero: ele sempre notava porque era
inteligente, e atento demais.
Jin voltou para o próprio quarto e fechou a porta. Namjoon abraçou Jimin
por trás e beijou-lhe os cabelos antes de deixá-lo ir para o próprio quarto.
Depois, estando a sós com Jungkook, ele encarou o garoto e cruzou os
braços. Os olhos grandes do mais novo pareciam vidrados em Jimin, ele mal
piscava.
Dedos foram agitados diante de seu rosto e ele se assustou um pouco ao ver
Namjoon tão perto. Dava pra sentir o cheiro gostoso de sabonete e xampu
cítrico.
— O que? – estranhou.
— Eu não sei do que o hyung está falando. – negou, estava ficando nervoso.
— Sim. Namjoon-ssi.
— Bom dia Kookoo, você não vai acreditar, mas eu estava prestes a te
ligar, filho!
A voz chorosa fez Chinhae largar as ferramentas que usava sobre uma mesa
enferrujada e dar toda atenção ao filho.
— E se eu não conseguir?
— A gente trocou uns beijos e ele me chupou. – deu de ombros. Yoongi não
escondia nada de Hoseok. Pena que isso não era recíproco. – Depois eu
fiquei bêbado, você sabe que eu não fico com ninguém assim.
— Com pessoas que eu nunca mais vou ver na minha vida! O garoto vai
morar aqui! – gesticulou.
— Não pareceu ser isso. – jogou com deboche. – O jeito que você olha pra
ele...
— Caralho, isso é tão cansativo! Eu pensei que tinha parado com essa merda
de querer controlar com quem eu tô transando!
— Eu não estou fazendo isso, Yoongi. Eu só quero o seu bem!
— Você quer ficar com ele, não é?! – explodiu colocando as duas mãos nos
quadris estreitos. – Fala logo!
— Não 'tô brigando contigo! Eu 'tô te pedindo pra parar com essa merda!
Hoseok eu não sou uma criança, eu não sou indefeso... Eu não estou mais
doente.
Hobi odiou ver nos olhos de Yoongi aquela tristeza que não via há algum
tempo e isso o fez sentir culpa. O ciúme sempre o levava a momentos assim,
a ser o causador de lembranças tão difíceis para ambos.
— 'Ta.
Yoongi saiu do quarto com uma toalha sobre o ombro e deixou a porta
aberta, deixou Hoseok sozinho e de cara feia. No corredor bocejou duas
vezes e sorriu de forma preguiçosa quando viu Taehyung sair do lugar
secando o cabelo com e usando roupas largas demais, arrastando os pés
descalços pelo chão.
O mais novo o mediu dos pés à cabeça, mordendo a boca e sem disfarçar
alguma coisa sobre o desejo explícito no olhar intenso. Yoongi entrou no
banheiro e procurou pela escova de dentes vermelha para colocar a pasta e
começar a escovar os dentes pequenos.
— O hyung vai estar ocupado mais tarde? – Yoongi o encarou de perfil e
negou. – Sabe, nós somos de Daegu e eu sou apenas um garoto do campo em
uma cidade tão grande e o hyung deveria me ajudar com isso. – um bico
adorável inflou os lábios rosados e carnudos. Yoongi quis tanto beijá-lo.
— Preciso ser um bom conterrâneo, você está certo. Me diga onde esse belo
rapaz do campo quer ir?
— Oh, sim. Começarmos pela culinária que nos leva a obesidade. – assentiu.
– Eu tenho um compromisso agora, mas volto no fim da tarde.
— Tudo bem. – mordeu o lábio inferior. – Hm, sabe que tem algo muito
interessante sobre mim: eu gosto muito do sabor da pasta de dente.
— Quero.
E foi essa visão que Hoseok teve ao sair do quarto, foi isso que o fez parar e
apertar a maçaneta da porta com força. Ele sentiu raiva, mas havia algo
misturado a ela... Algo que ele não sabia explicar de jeito nenhum, mas lhe
revirava o estômago.
Porque ele nunca havia visto algo tão lindo em toda a sua vida.
— Eu sabia que ela cabia direitinho dentro das minhas mãos. – o mais alto
sussurrou com a boca grudada a do mais baixo.
— Garoto você é doido. – riu e puxou o lábio inferior dele com os dentes.
Hoseok sacudiu a cabeça para tentar tirar dela o conflito estranho que se
formava. Ele, de propósito, bateu a porta com força e assustou os outros dois
que se afastaram um pouco.
— Yoongi, seus pais estão esperando. – a voz estava séria, quase autoritária.
— Até.
— O garoto estava chorando no quarto. Ele acha que eu não vi. – deu de
ombros.
— Por que está olhando pra minha boca? Hm? – aproximou-se mais e Hobi
não se moveu. – O gosto dele ainda está na minha língua. – provocou e
sorriu quadrado.
— Se você não sair da minha frente eu vou arrancar a porra da tua língua,
seu mauricinho do caralho. – ameaçou num sussurro.
— Hoseok, até parece que você está com ciúmes. – negou apenas uma vez. –
Está com ciúmes do teu irmãozinho?
— Você está brincando com algo que não deveria. Hoseok não é bonzinho.
— Não? Se você falou isso pra me fazer parar fique sabendo que acabou de
me encorajar a continuar. – caminhou até o mais baixo. – Eu tive de vir pra
cá contra a minha vontade e não vou ficar entediado.
— Não diga que não te avisei. – descruzou os braços. – Vamos tomar café e
eu te dou uma carona até o centro.
Duas batidas na porta fizeram Jungkook desviar a atenção das roupas que
dobrava, Hobi entrou no quarto e sorriu para ele. Aquele hyung o fazia sentir
bem.
— Não precisa fazer isso, JK. – apelidou. – Eu quero te ajudar, eu sei que
começos são difíceis. – gesticulou. – Já tomou café?
— Ainda não. – na verdade ele estava esperando Namjoon sair para poder
descer até a cozinha.
— Você deveria ir logo! Eles comem iguais umas dragas! – ficou de pé. –
Vem, vamos tomar café e depois você arruma isso daí.
— Não é nada, só acho que ele não gostou muito de mim. – sorriu sem jeito e
Hoseok negou rapidamente.
— Eu não perguntei isso, mas tudo bem. – fez careta. – Escuta, o Namjoon
tem essa coisa besta de ficar ameaçando quem demonstra interesse no
Jiminie, mas ele não faz nada porque o que eles têm é só caso, nada sério.
— Mas eu não-
— Eu sei que você é hétero, já entendi. – rolou os olhos. – Só não liga pro
Namjoon, ok? Se ele te falar alguma coisa me diz, pode ser?
— Pode, hyung. – assentiu.
Uma confusão de vozes tomou a mesa de jantar para dez pessoas. Conversas
paralelas sobre diversos assuntos enquanto hashis eram usados e mais café
era feito na cafeteira de última geração.
— Eles vivem dizendo que não querem atenção, mas fazem de uma chegada
ao aeroporto uma estreia de filme. – lamentou. A exposição deles o
incomodava.
— Essa cafeteria foi a melhor aquisição que a gente fez. – Yoongi lembrou
enquanto bebia um gole generoso de café. – Hoje a noite vai rolar a festa da
Got Gama. – comentou.
— Vocês vão?
— Jin-hyung sempre tem encontros, mas eu entendo... Ele é tão lindo. – Jimin
elogiou e comeu um bolinho de arroz.
— Eu também, você quer uma carona? – Yoongi limpou a boca e ficou de pé.
– Deixo você na casa dos teus pais, é caminho.
— Obrigado hyung.
Depois dele Jimin saiu com Taehyung e Seokjin voltou para o quarto dizendo
que voltaria a dormir para estar bonito mais tarde. Jungkook e Hoseok
ficaram encarregados de lavar as louças.
— E agora?
— Eu nunca tinha visto uma dessas antes. – ele parecia bem maravilhado. –
É bem legal.
— Deve ser. – voltou para a sala de estar e por estar mexendo no bolso da
jaqueta grande não notou que havia deixado algo cair no chão. Jungkook, que
o seguia, se abaixou para pegar o pequeno pacotinho transparente com dois
comprimidos coloridos dentro.
Janis Joplin.
— Namjoon!
— Até parece que eu obriguei o Seokjin a transar comigo, você está sendo
dramático. – desbloqueou o celular e bufou ao notar que a mensagem sequer
havia sido visualizada. – Eu não fiz nada sozinho.
— Você sabe como o hyung se sente sobre você, sabe que ele... – Yoongi
apertou o volante e respirou fundo. – Por que você foi atrás dele?
— Como tem tanta certeza que eu fui atrás e não o contrário? – o mais velho
o encarou de soslaio e Namjoon bufou. – Eu estava indo embora, o Jimin me
deixou puto e o hyung estava voltando pro bar... Esbarrei nele e me deu
vontade, só.
— Só? Só?! – repetiu indignado. – O hyung nem olhou pra sua cara durante o
café e eu sei que toda essa sua agonia com o celular é porque ele não
visualiza suas mensagens, ele não te responde com quem vai sair mais tarde.
— E isso não te diz respeito, Namjoon! Isso não é da sua conta! O corpo é
dele, a vida é dele... Pelo amor de deus, você transou de madrugada e de
manhã já estava enfiado num chuveiro com o Jimin! – aumentou o tom de
voz. – E sabe o que me emputece nisso tudo?!
— Eu não sei...
— Que você não é assim! – ele teve de parar o carro outra vez, respeitando
o cruzamento fechado. – Namjoon, você não é uma pessoa má. – o olhou.
— Ainda está indo ver o psicólogo? – não teve resposta. – Namjoon, você
está indo às consultas?
— De vez em quando.
— Puta que pariu...
— Não, eu não sei! Eu não sei como um cara que faz tanta coisa assim pra
ajudar os outros não consegue se ajudar, não consegue parar de agir como
um canalha com uma pessoa que o ama!
— Seokjin hyung não me ama. – rolou os olhos. – Ele gosta de mim porque
nós somos ótimos no sexo e depois do sexo. Amor é uma palavra muito
séria. – ele encarou Yoongi e arqueou uma sobrancelha. – E você sabe muito
bem disso.
— É por saber bem que estou falando contigo sobre isso agora. Deixa o Jin-
hyung em paz. Ele não vai te procurar, ele não vai pedir pra ficar com
você...
— Mas ele não vai me dizer não caso eu o procure. – murmurou verificando
o celular de novo. As duas mensagens foram visualizadas, mas não foram
respondidas. – Quer dizer, eu acho. – sorriu de forma triste e guardou o
celular no bolso do casaco grande e pesado.
— Nós vamos falar sobre sua terapia quando voltarmos pra casa, ok?
— Hyung...
— 'Ta. Eu tenho certeza absoluta que eles preferiam uma visita sua a minha.
– rolou os olhos. – Se eu não voltar é porque eles me obrigaram a bancar a
família perfeita.
— Ok. – segurou o braço dele. – Eu sei que não é fácil pra você, mas eu sou
teu amigo, ok? – os dois assentiram. – Tchau.
— Tchau, hyung.
— Byung! Eu lhe disse para não trazer isso pra ele! – Hyeri largou o filho
para reclamar com o marido. – Já não basta a bendita moto que deu pra
Chaerin?!
— Não beba tudo de uma vez, se você beber uma dose por semana está
ótimo e...
— Omma, eu sei. – deixou a garrafa sobre a mesa e foi até a mãe. Era bem
mais alto que ela. Min Hyeri sorriu para o filho caçula e assentiu. – Eu sei,
ok? Está tudo bem. Eu não estou mais magro, estou pesando dois quilos a
mais do que quando viajaram.
Byung foi até o aparador de entrada para buscar as chaves do próprio carro.
— Claro que não me importo. – sorriu. – Pelo menos eu posso ouvir Twice
sem você reclamar que estou apaixonado pela Mina.
— Vamos omma.
Dentro do carro, protegidos do frio e da fina garoa que não parava de cair,
Hyeri observava o filho com um sorriso nos lábios e isso deixava Yoongi
bastante constrangido, sua mãe conseguia sufocá-lo de vez em quando.
— Como vão os meninos? Ando pensando em convidá-los para jantar
conosco no meu aniversário. Eles sempre estão tão animados.
— Eles chegaram há quatro dias, não dá pra definir alguma coisa. – deu de
ombros e sorriu ladino. – Mas o Taehyung é interessante.
— Não me venha com isso de omma! Controle o seu pinto dentro das suas
calças, o garoto chegou há quatro dias!
— Você não tem jeito Yoonie-ah. – negou. – Ah, eu pensei que o Hobi-ah
viria com você... Dahye-noona me ligou mais cedo, nos convidou para um
jantar na semana que vem.
— Ele quer ficar com o Taehyung também. Hoseok acha que me engana, eu
o conheço mais do que me conheço.
— E como você está lidando com tudo isso? Quis ficar com o Taehyung por
causa disso?
— Que?! Claro que não, omma! Taehyung é lindo, ele sabe flertar e beija
muito bem.
— Eu não ligo.
Ele puxou o capuz da blusa para cobrir o cabelo e parte do rosto que a
máscara branca escondia.
— Cocaína?!
— É. Já experimentou?
— Aqui, vai como amostra grátis. – colocou os pinos dentro da mão do mais
velho. – Se você não curtir nem te ofereço mais. Porra, vamos expandir as
opções Hope. – sorriu.
Hoseok encarou os dois pinos e suspirou. Não usaria aquilo, mas era um
jeito de fazer Lucas o deixar ir embora.
Hobi posicionou cada coisa ali sem pressa nenhuma: desenhando uma
refeição digna de aplausos.
— Hoseok.
— Hoseok?
Sacou o celular do bolso e rapidamente tirou várias fotos da refeição até que
uma o agradasse. Buscou a rede social mais utilizada e upou a imagem com
uma legenda simples digitada rapidamente.
— Hoseok?!
"Jantar em família"
Foi puxado de volta à realidadee encarou o pai que o olhava de volta com
um semblante irritado.
— Quer que procure um estágio assim que as aulas começarem, logo cobrão
suas horas extracurriculares...
— Appa, eu não sei se vou ter tempo. – remexeu o arroz. – Eu tenho a banda
e o curso de dança.
— Eu sei que você está passando por uma fase confusa, Hoseok-ah e logo
isso passa, então quero que conheça a garota e converse um pouco. É uma
garota tradicional e muito inteligente.
— Não é uma fase. – murmurou e Dahye encarou o filho com preocupação.
— Vou cuidar para que não aconteça outro erro em nossa família. – bebeu
um gole da água gelada e estranhou ao ouvir um riso baixo do filho. – O que
é tão engraçado.
— Eu não chamo Dawon de erro, eu chamo o modo como ela vive. Ajeite
sua postura. – mandou e Hoseok obedeceu – Existem coisas certas e erradas,
filho. Isso que anda fazendo é uma coisa errada, mas eu sou o seu pai é meu
dever colocá-lo no caminho certo. Não me importo se Hyeri-ssi concorde
com a forma que Yoongi anda vivendo, mas o mesmo não vai acontecer com
você.
— Eu estou com pouca fome omma, mas como bem todos os dias.
— Eu sei sim, eu dou aulas para muitos deles. – suspirou. – Você tem sorte
de ter nascido homem. Não precisa se guardar para um bom casamento.
— Hobi-ah eu fiz aquele pudim com avelã que você gosta, quer um pedaço?
— Quero sim, omma.
— Dawon, mesmo sendo menina, não gostava muito de ser tocada e já você
sempre me pedia. Me diga, filho, Yoongi ainda lhe faz carinho para você
dormir? – brincou.
— Hobi, é muito bom procurar por Deus de vez em quando. Você sempre nos
acompanhou-
— Hoseok. – repreendeu.
— Omma eu sou gay. – Dahye respirou fundo e afagou mais a mão dele. – Eu
sou gay.
— Não. Você não é isso. É uma fase e fases passam, filho. – assentiu.
— Omma... – lamentou.
— Fique aqui. – ela o soltou. – Vou pedir que nos sirva a sobremesa para
comermos juntos. Você quer sorvete também?
Na verdade tudo que ele queria era que os pais parassem de fingir, mas ele
também fingia. Talvez tivesse aprendido com eles. Puxou o celular do bolso
e viu a quantidade de interações que a fotografia recebera, eram tantas.
Tantas pessoas comentando sobre como ele se alimentava bem ou o quanto
deveria ser gratificante estar com a família.
— Foi mal. – Hobi soprou a fumaça para o alto e voltou a atenção para o
nada, encarando um ponto específico e vazio.
— O que 'tá fazendo sozinho aqui fora? – aproximou-se dele e sentou ao seu
lado, no chão mesmo. Recostando na mureta gelada.
— Obrigado. Não bebe essa merda de uma vez, é muito forte. – Yoongi
revirou os olhos.
— Quando eles pararam de fingir que minha noona não era lésbica,
começaram a fingir que ela não existe. – tragou do baseado. – Eu prefiro que
eles continuem me deixando existir, Yoongi.
— Não sei. – sorriu sem humor, brincando com o cadarço dos tênis. – Eu
nunca sei. – a voz embargou e Hobi ainda sorria quando as lágrimas
inundaram seus olhos. – Mas eu preciso estar.
Chorou por frustração, pelo medo absurdo de decepcionar os pais, por saber
que a fase nunca passaria e ele teve mais certeza disso quando se
aconchegou contra o peito de Yoongi e conseguiu ouvir o coração dele
batendo.
Aquela fase nunca passaria porque Hoseok sabia que era gay desde que
notou estar completamente apaixonado por Yoongi, aos catorze anos.
deixa um votinho
Sob pressão
Que traz um edifício para baixo
Divide uma família em duas
Coloca pessoas nas ruas
Queen
A música alta explodia dentro dos ouvidos de Jimin e o corpo dele se movia
conforme cada batida. Ele mantinha os olhos fechados, mas sabia que todos
os outros olhos naquela festa logo ficaram hipnotizados por si.
Um dos anfitriões, Wang Jackson era ótimo em fazer todo mundo se sentir à
vontade, então ele ia de grupinho em grupinho pra distribuir sorrisos e
gentilezas que fariam qualquer um sentir-se em casa. Jaebum observava tudo
com olhos de águia, bancando o líder enquanto evitava a todo custo os
olhares de Jinyoung e Youngjae. Afinal não era só Bangtan Kappa que
escondia segredos a sete chaves.
— Ele tem andando com uns veteranos estrangeiros. – deu de ombros. – Faz
muito tempo que ele parou de ouvir meus conselhos. Você fez o que com a
amostra que ele te deu?
— Joga fora, Hobi. – aconselhou. – Você não vai usar, então joga na privada
e dá descarga, se livra daquilo, ok?
— Ok, hyung. – sorriu. – Não se preocupa. – gesticulou.
— Ele saiu com um cara. O garoto novo. – deu de ombros e Mark arqueou
uma sobrancelha.
Hobi sorriu também, o outro cara era absurdamente bonito. Cabelos escuros
raspados nas laterais, mesma altura que ele, braços fortes e um sorriso de
desestabilizar o sistema de qualquer um.
— Acho que você é mais velho que eu. – Bobby levou o copo até os lábios e
sorveu da bebida enquanto os olhos não saiam dos lábios de Hoseok.
— Eu sou de 94.
O Jung chegou mais pertinho até recostar a lateral do corpo ao lado do corpo
do mais novo e o medir dos pés a cabeça enquanto mordiscava o lábio
inferior.
— Você quer que a gente siga alguma ordem para saber um pouco mais do
outro ou prefere ir pra um lugar mais tranquilo comigo?
— Vem.
Hoseok sorriu e ofereceu a mão cheia de anéis prateados para Bobby que
não demorou a segurá-la para ser guiado em direção a saída da casa.
— Obrigado.
Yoongi sorriu para o rapaz que lhe entregou a nota do pedido e guardou o
cartão de crédito na carteira enquanto voltava para a mesa localizada
próxima às janelas grandes do local.
— Hyung come bastante pra alguém tão magrinho. – sorriu e Yoongi recostou
o corpo no estofado macio.
— Não tem nada de errado no seu aspecto físico. Eu te achei lindo quando te
vi. – deu de ombros.
— Hm?
Até porque somos carne e a carne cai em tentação. Yoongi quis ceder.
— Número 98!
O atendente chamou tocando o sininho irritante sobre o balcão e isso os
despertou para a realidade. Eles foram juntos buscar as bandejas lotadas de
lanches e refrigerante, sentaram-se nos mesmos lugares e começaram a
comer.
— Taehyung...
— Por que nós estamos falando de outras pessoas se a gente pode falar de
nós mesmos? – arqueou uma sobrancelha, a que havia um segundo piercing
preso.
— E o que você quer saber sobre mim, Taehyung-ssi? – ele abriu o papel
que envolvia o sanduíche e sorriu mostrando as gengivas rosadas. Tae por
pouco não suspirou.
— Então, precisa ser uma troca. Você vai me contar tudo que quiser contar.
— A minha família se mudou para Seul pouco antes dos meus pais se
separarem, eu tinha seis anos. – engoliu o que mastigava. – Eu tenho uma
irmã mais velha chamada Chaerin e atualmente ela mora no Japão a trabalho.
Minha omma se casou de novo há cinco anos...
O sorriso de Yoongi quase vacilou, mas ele o manteve acreditando que isso
houvesse passado despercebido ao olhar atento de Taehyung. O mais velho
abriu um pacotinho de catchup e outro de mostarda.
— Remédios?
— Ainda não. – negou e sugou o refrigerante. – Ainda não quero falar disso.
— Tudo bem. – assentiu. – Bem, eu sou o caçula de três irmãos homens, meu
appa está tentando entrar pra política em Daegu e minha omma gosta muito
de aparecer nas revistas da cidade como uma futura primeira dama perfeita.
– abriu o segundo sanduíche.
— Como?
— Como o meu irmão mais velho. Perfeito. Mas eu sequer tento ser como
ele. – encheu a boca com batatinhas.
— Isso é impossível. Você deixa qualquer ambiente que esteja ainda mais
bonito.
— Está tentando me deixar corado?
— Até agora não está sendo. – prendeu o olhar do mais velho outra vez.
— Tira a mão.
Tirou a jaqueta escura para amarrar nos quadris e aceitou a lata de cerveja
que alguém lhe ofereceu com um sorriso encantador. Ele bebeu tudo quase de
uma vez.
Ele bebeu o resto da cerveja e jogou a lata dentro de uma lata de lixo
improvisada que estava por perto. Queria encontrar Hoseok e pedir pra
deixá-lo dar alguns tragos na plantinha da felicidade pra ver se assim a
mente parava de funcionar tão depressa, mas havia visto o amigo ir embora
com um cara lindo e não o atrapalharia.
Ali quietinho deixou o vento gelado secar o suor quente por conta da dança,
roeu a unha do polegar e respondeu as mensagens da família com palavras
carinhosas. Não notou quando alguém se aproximou, mas o perfume doce
foi a primeira coisa que percebeu e automaticamente ergueu a cabeça.
— Oi Jimin.
— Por que eu não estou surpreso por você vir até aqui só pra me chamar de
gordo? – sorriu sem humor.
— Porque você sabe que eu sempre vou reparar tudo em você, Jimin.
— Não me chame assim. – o tom de voz agressivo fez ela sorrir e estalar a
língua. – Eu vou embora.
— Se você encostar de novo eu não vou responder por mim, sua filha da
puta! – ergueu a voz e apontou o dedo no rosto da garota.
— Ah, vai pro inferno! – tentou se afastar, mas foi segurado de novo, dessa
vez mais forte até ter as costas batidas contra a parede. – Me larga!
— Por que você está agindo feito um doido?! – Jimin usou os braços para se
desvencilhar rapidamente, e sem nenhum cuidado, fazendo com que a garota
se desequilibrasse e caísse sentada no chão. – Porra, Jimin!
— Não toque em mim! – ele estava vermelho, tremia de raiva. – Não quero
machucar você!
— Eu venho te ver, cheia de saudade depois desses seis meses e assim que
sou tratada? O que aconteceu com o meu Chimmy? – se fez de desentendida,
aproximando-se outra vez. – Eu fiquei sabendo que você anda passando a
boca por todo mundo da universidade, que complexo de vagabunda te deu?
— Deixar você em paz? Mas, eu nunca tirei a sua paz! A gente ainda se ama
e você sabe.
— Só dizer oi. – enfiou as mãos nos bolsos do jeans. – Voltei pra cidade e
quis ver rostos familiares. – olhou para o Park mais baixo. – Aluguei um
apartamento no centro, aquele perto da roda-gigante, lembra?
— Eu vou conversar com os garotos, ela não é bem vinda na minha casa. – o
menor assentiu. – Você tá bem?
— 'Tô, hyung. – assentiu e sorriu. – Hm, eu vou pra casa, 'tô cansado.
Jimin deu a volta na casa para não ter de passar por outras pessoas,
caminhou sem muita pressa até sua república e destrancou a porta sem
cuidado, deixou que ela batesse e não olhou para lugar nenhum antes de subir
em direção aos quartos.
Jimin vomitava e não era apenas pela obsessão camuflada pelo ego constante
alimentado; ele vomitava pra expurgar a mente de pensamentos ruins.
Tentava vomitar os sentimentos junto da comida, e até funcionava, mas a
cada dia o efeito durava menos.
Ele sentou ao lado do vaso e passou as mãos pela boca, sufocando o choro
agoniado e a raiva que despertava ao parecer sentir de novo os toques de
Minseo em si.
— Você não precisa se curvar sempre que ver a gente, Kookie-ah. – negou e
entrou na lavanderia. – Está lavando roupas?
— Aish, claro que não. – caminhou até a lavadora e abriu a tampa. – Tudo
bem eu lavar as minhas com as suas? – o encarou.
— É uma pena. Você ia fazer tanto sucesso com as garotas, Kookie. – com
um pulinho conseguiu sentar sobre a secadora para sacudir os pés para frente
e para trás. – Essa música é legal. Qual o nome dela?
— Gosto.
— Wow. Um clássico. Você tem bom gosto. Por que ela é a sua favorita?
— Não sei. – deu de ombros. Ele sabia, mas não era um assunto bem vindo.
– O hyung canta muito bem.
— Pare com isso, sim? Nós todos aqui acabamos amigos e amigos não ficam
se curvando um pro outro o tempo todo.
— É que eu... Não tenho muitos amigos... Então eu não sei bem como
funciona.
— Ainda não. O Jin-hyung me disse para preparar algo, mas aquela cozinha
parece um escritório Shield.
Jimin gargalhou, jogando o corpo pra frente ao ponto de quase cair não fosse
os braços de Jungkook o mantendo no lugar. O mais velho soprou a franja
longa.
— Valeu. Eu tenho um problema danado com a gravidade.
Nunca havia visto um tom rosado como aquele antes, mas lhe fazia lembrar
dos chicletes de morango que o pai sempre o trazia no fim do dia. Olhar para
Jimin lhe deixava nervoso.
— Eu vou pedir comida. – desceu da lavadora. – Pra nós dois e nem adianta
negar. Já assistiu Bird Box? Taehyung me disse que é bom.
— Ok, vamos assistir então. Aquela festa estava chata mesmo. – deu de
ombros e caminhou para fora. – Você come peixe?
— Essa é a pior pergunta que eu poderia fazer, mas a gente vai se ver de
novo?
— O conhece?
— Eu também sou cliente dele. – riu. – Relaxa. Seu segredo fica seguro
comigo. – piscou. – O Lucas e eu já tivemos um casinho.
— Ah, eu não sei se tenho muito que falar. – mordeu a boca. – Eu estudo
arquitetura, moro na república vizinha a do Jackson, dou aulas de dança
numa ONG ligada à universidade, para crianças e só.
Bobby se esticou até alcançar a jaqueta de couro jogada sobre o par de tênis,
buscou nos bolsos por alguma coisa e sentou na cama quando achou. Hobi
franziu as sobrancelhas quando o garoto lhe mostrou dois pinos de cocaína.
Ele negou.
— Eu não quero ir pra casa. – deixou os pinos sobre a cama e engatinhou até
Hobi, empurrando o corpo dele no colchão. – Quero você de novo.
☀
De madrugada, exatamente às duas e quarenta e cinco da manhã. Namjoon
desceu para pegar uma garrafa de água gelada. Depois de chegar da casa dos
pais acabou caindo no sono e esquecendo completamente de festas e outras
coisas.
Tudo estava apagado, mas dava pra ouvir que a festa ainda acontecia na casa
ao lado. Ele abriu a geladeira, procurou pela garrafa da cor que lhe
correspondia e bocejou, coçando o olho direito.
Segurou um grito quando viu Seokjin recostado a pia bebendo água como se
estivesse chegando do deserto.
Jin se virou para ele e secou a boca com as costas das mãos. Estava sem
camisa, o cabelo escuro suado grudando na testa exposta. Ele usava apenas
uma cueca vermelha e também estava descalço.
— Que horas chegou? Como foi o encontro? – tentou puxar assunto, mas
Seokjin sequer o olhava.
Jin não ia ficar, ele estava convencido que ignorar Namjoon era a melhor
opção, mas ainda havia sangue em suas veias e a pergunta do mais novo fez
esse sangue ferver.
Girou nos calcanhares e o encarou nos olhos, sem dizer nada até que o
sorriso debochado repuxar os lábios inchados e vermelhos.
— Na verdade, não. Você não fez nada. Eu fiz. – deu de ombros. – Mas eu
não vou mais fazer.
— Ficou chateado por eu não ter aceitado tomar café de manhã? Por ter
saído do quarto sem te acordar? O Jimin me mandou uma mensagem e-
— E você correu pra ele feito o cachorro sem dono que é. – simplificou.
— A gente pode conversar no seu quarto? Sabe que não precisa sentir raiva
de mim, a gente sempre se dá tão bem, hyung. – sorriu e se aproximou do
mais velho.
No entanto, passos suaves fizeram olhar para o portal que dava na sala de
estar. Havia uma garota, ela tinha longos cabelos pintados de azul e estava
descalça. Ela usava a camisa de Seokjin.
— Oppa? – chamou baixinho e Jin se virou pra ela. Ele sorriu e ela
retribuiu. – Ainda estou com sede.
— Eu já estava indo, baby. – piscou e voltou até a geladeira para pegar uma
garrafa de água transparente. – Não ande descalça assim... – ignorou a
presença de Namjoon, ele abraçou a garota por trás e ela riu quando teve o
pescoço mordido. – Seu corpo está quente.
Os dois subiram e logo foi possível ouvir a porta da suíte ser fechada.
Namjoon ficou parado ali por um tempo que ele sequer contou. Havia um nó
desconfortável na garganta, uma sensação desgostosa na boca do estômago.
Subiu para o próprio quarto, observou Yoongi dormir completamente
encolhido e deitou na cama que lhe pertencia, encarando o teto de forro
branco.
Quando o dia amanheceu Seokjin e a garota pegaram no sono, já ele...
Sequer conseguiu voltar a dormir.
6 - venha como você é
Nirvana
A música estava baixa, mas ainda era possível escutar do lado de fora. Tae
amassou o papel que envolvia o último sanduíche e Yoongi lhe estendeu uma
sacola cheia de lixo para que colocasse dentro.
Ele se referia à vista aberta que havia diante deles, naquele ponto alto da
cidade em uma pequena colina arborizada onde o parque florestal começava.
Dava pra ver bem as construções altas, os prédios comerciais e residenciais
da parte nobre da cidade.
Mas, Tae o encarava de perfil e foi a isso que se ele referiu quando
respondeu:
— Uhum. É lindo.
— Eu gosto daqui porque é tranquilo, não tem muito barulho nem durante o
dia. – sorriu. – Depois que recebia alta sempre fazia o Hobi me trazer pra
cá.
— Ele é muito presente na sua vida. – guardou as mãos dentro dos bolsos do
moletom vermelho e olhou em direção a paisagem.
— E acha isso ruim? – Yoongi o encarou de lado. – O fato de não ser ele
aqui com você agora?
— Quero dizer que eu quero te levar pra dentro do carro e te beijar até o dia
amanhecer sem me preocupar com a existência do Hoseok.
— A existência dele não vai interferir em nada disso, Taehyung. – ele riu de
forma debochada. – Hobi é o meu melhor amigo.
— Venha aqui.
A atração entre eles não permitia qualquer sobra de tempo para possíveis
questionamentos sobre o quanto era incrível, então deixavam acontecer e ia
acontecendo.
Os dois ainda não notaram, mas a cada segundo aquilo tornava-se mais
intenso.
— Mas eu quero. – deixou que uma das mãos descesse até a barriga de
Taehyung, depois puxou o moletom até conseguir abrir o jeans com
facilidade, os dedos frios brincaram com o elástico da cueca preta. Yoongi
olhou para baixo e puxou o elástico, encarando o que havia dentro dela. –
Puta que pariu. – ele riu e Tae riu também.
— Não sei se cabe na minha boca. – o bico era tão adorável que Taehyung o
mordeu.
— Você não vai se saber se não tentar. – deu de ombros e o mais velho riu.
Yoongi o masturbava devagar, deixando o polegar se esfregar sobre a glande
úmida. – Vamos pro banco de trás do carro.
Yoongi assentiu e se afastou para que ele arrumasse as calças. Tae segurou a
mão dele, entrelaçou os dedos e o puxou em direção ao carro. No banco de
trás não demorou até estarem se beijando feito loucos, se livrando das
roupas grossas em forma de moletons e jaquetas, fazendo os vidros escuros
embaçar por conta das respirações e do calor que emanava.
O som do carro estava ligado, uma playlist qualquer tocava enquanto o mais
novo colocava o mais velho sentado sobre suas coxas, louco por um pouco
de pressão sobre a ereção que latejava.
— Uhum. – assentiu.
— Não precisa me explicar nada que não queira. – sorriu. – Cicatrizes são
como lembranças de que estamos vivos. Todo mundo tem algumas, nem
todas são visíveis assim. – Tae olhou dentro dos olhos dele. – Eu também
tenho as minhas.
Ele até pensou em ir até a porta, mas Namjoon foi primeiro e quase o
empurrou do caminho. O mais velho parecia extremamente mal humorado.
Não abriu a boca durante o café da manhã – enquanto dividia a mesa com o
mais novo, Jimin, Hoseok e Seokjin – e ao contrário dele, Jin parecia reluzir
de tão bem humorado.
— Alguém acordou virado no demônio. – Hobi assoviou e bebeu mais um
gole de café. – Jungkook, Taehyung estava dormindo quando você desceu?
— Droga, porque tem de ser tão doce?! – Jimin empurrou a tigela com cereal
e leite. – Odeio assim.
— Oh, oppa... Isso, mais forte! Oppa! Não para, vai! – Hoseok imitou
fazendo caras e bocas. Jin o chutou sob a mesa, Jimin gargalhou e Jungkook
corou até as orelhas, de rosto abaixado. – Vai sair com ela de novo?
— Vou. – disse de boca cheia. – Ela é muito divertida, Jisoo nos apresentou
tem um tempinho.
— Ah hyung, eu torço pra que dê certo! – Jimin sorriu. – Ela é muito linda.
— Park Jimin, por que não avisou pra mim que a Minseo te procurou?!
A voz autoritária de Solar fez Jimin se engasgar com o suco. Ele se virou
para a irmã mais velha tossindo e de olhos arregalados. Solar estava de pé,
as duas mãos nos quadris e uma expressão enfurecida enquanto encarava
Jimin.
— Jimin, você não deveria sequer falar com ela. – Hobi era mais
compreensivo. – E ela chegar perto de você é praticamente crime.
Ela apontou para o teto e saiu em direção às escadas. Jimin suspirou e ficou
de pé.
— Depois dela, você – Jin apontou pra ele. – Vai conversar comigo. –
apontou para si.
O barulho de passos arrastados fez com que eles olhassem para a escada.
Taehyung bocejava e coçava os olhos. Estava descalço, sem camisa e
completamente descabelado.
— Tome café, Taehyung. Tem bastante comida. Vou fazer compras hoje, quer
algo em especial? Hoseok vai comigo.
— Aigo, você é tão fofo, Jungkookie. – o hyung mais velho riu. – Quer ir
comigo e o Hobi? Você precisa sair um pouquinho.
— Oh, eu também quero ser mimado. – Tae fez um bico. Isso irritou
profundamente Hoseok, tudo naquele cara o irritava. – O que eu preciso
fazer pro hyung me mimar também? – arqueou uma sobrancelha e Seokjin
mordeu o lábio inferior.
— Eu estava na festa e sai pra respirar, então ela apareceu. – deu de ombros.
— Não.
— Você a procurou?
— Solar, não...
— Para com isso. – reclamou, mas o bico fez Solar o beijar na bochecha. –
Ela disse que voltou pra cá, que estava com saudades de mim.
— Ela é maluca, ok? Minseo sabe como manipular as suas emoções e você
não pode mais deixar que ela te faça isso. – Jimin assentiu. – Vou avisar aos
advogados que ela te procurou.
— Jimin, por favor, não a proteja. – pediu com carinho, segurando a mão
dele dentro das suas.
— Você faz sem perceber. Olha pra mim. – Jimin a encarou. – Minseo é uma
pessoa perigosa e por isso não pode se aproximar de você, se ela te procurar
avise alguém, não fique sozinho com ela, não vá a lugar nenhum com ela.
— Omma pediu para que você a ligasse mais tarde, ela ficou preocupada.
Appa não sabe.
— Não diga pra ele. Não quero que ele passe mal de novo. – Solar penteou
os cabelos dele para trás e deu um beijo sobre a testa macia.
— Eu te amo muito. – sorriu. – Sabe que pode me contar qualquer coisa, não
sabe?
— Meu deus, você acha que eu sou o que? – se defendeu de forma adorável.
— Eu não fiz nada! Ainda. Ai noona, ele é tão fofo, mas tem um corpo
incrível, aquela carinha de menino... – ele se abanou. – Me dá uma vontade
de sentar nela.
— A vida é injusta. – o lábio inferior se puxa num bico. – Vou superar. Cadê
sua namorada?
— Não a chame assim, isso me faz lembrar aquela festa. – a careta da garota
em resposta fez Jimin rir.
-flashback-
Era um dia abafado. O sol estava a pino quando Hoseok revirou os olhos
pela milésima vez e negou duas vezes ao pedido manhoso de Yoongi.
— Você não pode entrar na piscina, amanhã precisa fazer aquele exame.
— Isso não tem nada a ver! – o menor bufou. – Vamos Hobi, 'tá tão quente!
A gente pode nadar um pouco.
Ambos tinham doze anos e não se desgrudam nem por um minuto. Naquele
dia passavam a tarde de domingo na residência de Yoongi, intercalando
entre jogar vídeo game e beber os sucos naturais que uma das empregadas
fazia.
Estava tudo bem, Hobi nem se importava em perder nos jogos se isso
deixasse Yoongi feliz, mas o Min se entediou e já fazia vinte minutos que
pedia ao melhor amigo para brincarem na piscina da mansão.
Foi muito difícil ficar longe quando ele esteve internado há três meses e
Hobi não queria que acontecesse de novo.
— Eu vou pedir para Eun-ssi fazer alguma coisa pra gente comer. – nadou
até a borda. Ele sentia uma dor chata nas pernas, mas acreditava ser por
conta do esforço na água. Yoongi segurou com os dois braços o corrimão
da escada de ferro e içou o corpo para cima. Ele subiu os dois primeiros
degraus.
— YOONGI?!
-flashback-
— Foi mal. Vou pegar minha carteira. – avisou depressa, correndo até o
próprio quarto. Achou a carteira sobre a mesinha, junto das chaves e do
celular. Colocou tudo nos bolsos e quando se virou encontrou Yoongi
encostado ao batente da porta o encarando.
— Vai sair?
— Ah. – ele tocou o próprio pescoço e alisou a área onde sabia haver uma
chupada. – O Mark-hyung me apresentou pra um cara.
— Ah. – sorriu. – Quando eu cheguei passei aqui, mas você estava dormindo
e eu não quis te acordar. – Yoongi suspirou. – Hobi, eu não gosto quando a
gente fica estranho um com o outro... Eu não sei por que você implica tanto
com o Tae, mas eu realmente gosto de ficar com ele. Isso não quer dizer
nada, só 'tô curtindo o momento e quero poder falar sobre isso com o meu
melhor amigo.
— Tae. – repetiu e assentiu. – Você quer me falar como é ficar com ele?
— Hoseok, para com isso. – entrou no quarto e caminhou até ele. – Eu quero
poder falar sobre qualquer coisa com você.
— Isso vai mudar alguma coisa? Por que está agindo assim?!
— Sinceramente 'tá parecendo que você gosta sim dele. – respirou fundo. –
Eu sei que você quer me proteger o tempo todo, que 'tá acostumado a cuidar
de mim sempre, mas você precisa entender que eu sou um homem adulto,
Hobi! Se todas as vezes que eu me envolver com alguém a gente brigar... –
ele parou de falar e chegou mais perto de Hoseok, invadindo o espaço dele,
o tocando nos braços. Era como uma tortura, a pele do mais alto parecia
queimar a cada toque. Até mesmo o cheiro de Yoongi o machucava. – Hobi,
eu amo você demais, eu não quero te perder... Você não tem ideia do que eu
faço pra não te perder. – sorriu.
— Não o provoque. – Yoongi, que estava sentado entre as pernas dele, pediu
baixinho. Tae rolou os olhos e encheu a boca com pipoca.
— Namjoon, não dorme não! – Yoongi o sacudiu pelo braço. – Vai começar
a roncar e ninguém escuta mais nada. Parece um trator.
— Nossa. – Tae se manifestou. – Jimin quer uma corda? Pra amarrar o seu
toco?
— E essa sua cara vermelha igual um tomate maduro é por quê? Fala! Cadê
a sua voz agora, Min Yoongi-ssi?
Taehyung o encarou até que não pudesse mais. Depois ele sorriu e beijou a
nuca de Yoongi.
O mais velho lhe estendeu o baseado e bloqueou a tela do celular. Ele estava
com uma regata folgada e branca, o short que vestia era folgado e os pés
calçados em meias brancas. Tae tragou do baseado e fechou os olhos,
sentindo-o. E Hobi não queria, mas era impossível não reparar no quanto
aquele garoto insuportável era bonito. Aproveitou para observar desde os
pés descalços até os cabelos penteados para trás de um jeito bagunçado.
Incomodado.
— Porque eu moro na mesma casa que você e estou pegando o seu melhor
amigo. – sorriu. – Yoonie ficaria feliz.
Hobi o encarou e tragou forte, sem dizer uma palavra. Depois ele sorriu e
negou uma vez, deixando o celular sobre o eletrodoméstico. Apoiou a mão
no mesmo lugar e lambeu o lábio inferior antes de falar:
— Caralho, você quer muito foder comigo, não quer? Esse seu joguinho
idiota... Taehyung você ainda está aprendendo, eu dou aulas. – sorriu mais. –
Você acha que está chegando a algum lugar? Sério? Ok, você sabe sobre o
que eu sinto pelo Yoongi, parabéns, mas e daí? Vai esfregar na minha cara
que 'tá transando com ele como se isso fosse me machucar? – negou. – Já
tiveram tantos antes de você, não se sinta tão especial. Você não é. – Hoseok
se afastou da secadora, caminhou até prender invadir o espaço de Taehyung
enquanto tragava pela última vez o baseado.
Hobi o segurou pelo queixo, com força, e puxou até que os lábios carnudos
estivessem abertos. Soprou a fumaça dentro da boca com hálito de melão e
depois aproximou os lábios o suficiente para sentir o calor, mas não tocar os
dele.
— Quer tanto assim que eu seja mau com você, seu mauricinho do caralho? –
sorriu e Tae encarou a boca dele. – Quer que eu acalme todo esse teu fogo,
eu mal te toquei e o teu pau quer rasgar o pijama. – olhou para baixo e riu da
ereção evidente do mais novo. Tae trincou os dentes, começou a sentir raiva.
Ele tentou beijar o mais baixo, mas Hoseok se afastou um pouco e negou. –
Oh, não, neném. – negou. – Não. – acertou um tapinha fraco na lateral do
queixo dele e sorriu ladino. – Não sou pra você, entendeu? – bateu de novo.
– Boa noite, mauricinho.
Ele esperou cerca dez minutos antes de voltar para o quarto e no corredor,
encostado no batente da porta do outro quarto, Jimin bocejou e sorriu.
— Quer uma corda pra amarrar esse toco, Taehyungie? - riu baixinho. -
Compre outro melão pra mim de manhã. Boa noite.
7 - protetor
"Porque talvez
Você será aquela que me salva
E no final de tudo
Você é minha protetora"
Oasis
— Jesus lhes respondeu: "Não são os que têm saúde que precisam de
médico, mas sim os doentes. Eu não vim chamar justos, mas pecadores ao
arrependimento." – o padre ergueu o olhar e observou o grande salão da
igreja de uma ponta a outra. Os óculos pequenos continuavam pendurados na
ponta do nariz.
— Jesus não veio à Terra para salvar os justos, essa não era sua missão. Ele
veio pelos pecadores, eles são os que precisam de ajuda. – o padre retirou
os óculos e os colocou ao lado da bíblia, sobre o altar de madeira maciça e
mármore caro. – Em Atos, capítulo três e versículo nove, podemos ler
"Arrependam-se, pois, e voltem-se para Deus, para que os seus pecados
sejam cancelados" Eu lhes digo que: pedir perdão, arrepender-se de seus
pecados é o único caminho para a salvação, caso contrário no dia do Juízo
sofrerão as consequências: o inferno.
— Amém.
— Obrigado.
— É a garota da qual lhe falei. – o pai murmurou apenas para ele ouvir.
— Hyelim-ssi, diga ao seu marido que agradeço muito por ter autorizado que
Momo possa passar algum tempo com Hoseok na próxima semana.
Os olhos de Hobi quase saltaram dos orbes. Ele encarou o pai com as
sobrancelhas arqueadas, mas o Yoseob o ignorou completamente.
A garota estava corada dos pés à cabeça sequer erguia os olhos, mas sorria
sem parar.
Era estranho demais sentir isso na presença das pessoas que ele deveria
tanto apreciar, mas não sentia nada. Isso o fazia sentir culpa, deveria ser um
filho melhor e a cada dia percebia mais e mais não era possível. Não havia
nada em si que fosse o que os pais queriam e Hobi nem tinha ideia de como
se tornar.
— Você vem na sexta feira depois das aulas. É melhor que no sábado esteja
disposto.
— O que? – franziu o cenho e encarou o pai. Yoseob suspirou.
— Lhe disse que Momo vai almoçar conosco no sábado, por isso você
precisa vir pra nossa casa na sexta de tarde.
— Isso não é prioridade. – afastou uma das mãos do volante para gesticular.
– É algo até eficiente, já que dessa forma você se afasta dessas coisas.
— O que achou de Momo, filho? Ela é muito bonita! – Dahye sorriu, estava
sentada no banco de trás. – Eu tenho certeza absoluta que meus netinhos
serão lindos.
— Omma... – suspirou.
Desde novinho odiava carros. Odiava sentir-se preso numa caixa de metal
com rodas. Odiava sentir-se preso em qualquer lugar porque era dono de um
espírito livre... Livre, mas enclausurado naquele retrato de família perfeita
onde cresceu.
Porque Hoseok entendia que ele era errado, que era uma peça com defeito.
Gostaria de ser um homem correto como o pai ou se rebelar como a irmã
mais velha e, no entanto, não fazia nada, vivia duas realidades cansativas
onde em uma era guiado feito um boneco sem vida e na outra era livre.
Hoseok suspirou.
Outra vez, ele não disse nada.
— Hyung, me dá! – o menor pulou e tropeçou, teria caído não fosse Yoongi o
puxar pelo capuz do moletom. – Inferno!
— A lista está feita, você não vai acrescentar mais uma garrafa de bebida,
entendeu?!
— Eu? – sorriu. – Se essa festa não fosse surpresa e eu não morasse aqui,
Hoseok agradeceria se eu não participasse. – deu de ombros.
Todos ficaram quietos. Eles não se falavam diretamente há alguns dias e até
mesmo Namjoon franziu o cenho antes de responder.
— Eu.
Yoongi suspirou.
Park Jimin não era de fazer rodeios e essa era uma dos milhares de coisas
que tanto admirava nele. Jimin não gostava de meias palavras ou dúvidas, se
queria saber de algo perguntava e esperava por respostas.
— Hm. É que já faz um mês que ele chegou e vocês estão sempre
grudadinhos. – sorriu e recostou o corpo ao balcão. – Ficam bonitos juntos,
hyung.
— Obrigado, Jiminie.
— Fazia um bom tempo desde que o hyung ficou assim com alguém, mas
parece mais animado agora. – ele mordiscou o lábio e Yoongi o encarou.
— Você não é cego. – disse num tom mais baixo. – Acho que entre nós é o
mais observador, hyung. O que está acontecendo?
— Eu não acho que precise. – deu de ombros. O mais velho franziu o cenho.
– Hoseok e Taehyung parecem duas bombas relógio prestes a explodir por
aproximação, essa merda toda de implicância é uma tensão sexual ferrada. –
ele sorriu pequeno. – E você, hyung, não precisa abrir mão de nada, não
precisa ser o cara que corta os fios certos para desarmar um deles... Se olhar
da forma como eu olho, vai perceber que é o cara que dá conta das duas
explosões. Juntos.
Jimin saiu da cozinha levando Jungkook pela mão, tagarelando sobre aulas
de violão e músicas acústicas.
Era o sétimo dia de trabalho e até se acostumar com a rotina nova procurava
manter a calma como o pai sempre pedia nas ligações desesperadas no meio
da madrugada.
Ninguém disse a ele que seria fácil, mas também não disseram que seria
difícil. Sentia falta de casa, da bagunça familiar, das noites preguiçosas ao
lado do pai consertando um carro velho ouvindo músicas do século passado.
Não era culpa de Namjoon e sua forma grossa de tratá-lo; nem de Taehyung e
sua mania de falar dormindo sobre suas experiências pessoais; não era culpa
de Hoseok e seu cuidado; nem de Yoongi e seu silêncio acolhedor; nem de
Seokjin e suas brincadeiras engraçadas.
E muito menos de Jimin. Porque, de longe, ele era o que mais lhe fazia sentir
em casa.
Era Namjoon.
— Já vai, porra!
— Um, dois, três quatro, cinco. Cinco, quatro, três, dois, um. Um, dois, três
quatro, cinco. Cinco, quatro, três, dois, um.
— Um, dois, três, quatro, cinco. – murmurou de novo e Jin sentou ao lado
dele.
O mais alto o abraçou forte, era tão maior, mas ali pareceu ao contrário. Ele
agarrou a camisa de Jimin e escondeu o rosto no ombro dele.
— Está tudo bem, ok? Você deveria jantar e ir descansar. Namjoon já tem
quem o cuide.
— Obrigado.
— Oi.
— Claro. O meu favorito. – sorriu. – Eu nunca mais comi um bolo tão bom
como aquele.
Omissões demais.
— Estou me apaixonando pelo Taehyung. – sussurrou mais para si. Era bom
dizer aquilo em voz alta.
— Em um mês?
— Eu também só quero ver você feliz. Sempre. – girou o rosto até poder
observá-lo pelo perfil. As luzes artificiais do lado de fora da casa deixava
ver pouco dos traços bonitos, mas era o suficiente para que engolisse em
seco e a velha sensação emergisse dentro dele de uma vez. – Sempre.
Como quando nos tiram uma venda dos olhos, ele encarou Hoseok igual
costumava encarar há alguns anos. Despido dos disfarces apenas para si
mesmo. Yoongi olhou. Ele olhou e viu na pele alheia, nos detalhes da face,
na curvatura perfeita do nariz e até nos lábios curvados todos os motivos que
o fizeram se apaixonar antes, durante e agora.
A bomba mais perigosa, àquela que ele sempre quis tocar e foi impedido.
— Você gosta dele também? Do Tae? Por causa disso implica assim com
ele?
— Quer que eu abra mão dele? Você sabe que eu faço tudo por você.
— Eu não quero nada disso. – negou e virou o rosto para encará-lo. Estavam
tão perto e não é como se nunca estivessem antes, mas ali sussurrando
baixinho para não acordar Jimin na outra cama, tudo parecia diferente.
— Você está mentindo pra mim. Eu sei. Eu 'tô vendo isso nos teus olhos.
— Por quê?
— Por que você não consegue ouvir aquela música? – perguntou ainda de
olhos fechados. Yoongi parou de mover os dedos sobre o rosto dele e piscou
confuso. – Eu sei que você não consegue, me diz o motivo.
Ele lembrava. Todos dos dias. Acordado ou dormindo. Lembrava das luzes,
do efeito alcoólico o deixando tonto, da música sobre um nada doce, do
sorriso de Hoseok dançando consigo, do cheiro do suor dele. Da textura dos
lábios sob os seus, do sabor doce da língua molhada exigindo contato, do
aperto das mãos em seu corpo.
Lembrava de cada pequeno detalhe com mais força do que tentava esquecer.
Yoongi encaixou a mão na nuca alheia e avançou ruma a sua queda livre,
mergulhando em Hoseok esquecendo-se completamente do fato de não saber
nadar.
Bebeu do beijo sedento, tomando mais do que podia aguentar, cavando com
a língua em busca do coração daquele que o tinha nas mãos desde sempre.
Mas, como uma piada maldosa aos sentimentos que crescem, nascem e
reaparecem na narrativa de tudo isso, Taehyung acordou com fome outra vez
e sonolento desceu para furtar outra marmita de frutas de Jimin. E quando
subiu, disposto a acordar o Park para avisar que não haveria abacaxi e
melancia pro café da manhã, se arrependeu quando abriu um pouco da porta
branca.
A primeira lágrima deu aval para as outras e ele não entendia, ele não sabia
por que estava chorando. Ele não queria chorar. Taehyung odiava chorar.
Mas ali estava ele fazendo o que odeia fazer, então riu de si mesmo. Riu da
situação fodida que se via... Ele nem gostava tanto assim de Yoongi, não é?
Provocar Hoseok era só um passatempo divertido, não é?
Aquilo não machucava por ciúmes de um com o outro e era estranho demais
assumir para si que o que mais doía era o fato de não estar ali.
Junto deles.
Dire Straits
Quando o dia amanheceu, o sol não quis aparecer por trás das nuvens e o
tempo nublado combinava com o clima estranho dentro da república número
sete.
Nenhum deles sabia o que fazer no dia seguinte, mas ambos optaram pela
mesma opção: fingir que nada aconteceu.
Assim, Hobi acordou e não viu Jimin na outra cama. Nem notou quando o
amigo deixou o quarto tropeçando pelo sono. Ele arrumou as camas, tomou
um banho demorado e estranhou ao ver Jungkook parado no meio do quarto
com um sorriso acanhado nos lábios quando saiu do banheiro.
— O que foi, Jungkookie? – se preocupou.
— Caralho! Puta merda! – correu até a cama para pegar o celular. – Merda!
– Hobi conectou-o ao carregador antes de sentar na cama. – Deixa eu me
arrumar rapidinho e vou almoçar com você, 'tá bom?
Hoseok ficou de pé e foi até o pequeno closet, à procura de uma cueca limpa
e roupas quentes. Jungkook ficou parado no mesmo lugar sem saber direito o
que fazer com a missão dada por Seokjin. Deveria tirar Hobi de casa até que
os mais velhos organizassem a surpresa e isso não seria nenhum sacrifício,
Hoseok era divertido.
— O bom é que te sobra tempo pra estudar... – ele continuou falando, mas a
atenção de Jungkook foi completamente atraída para a cama de solteiro
embaixo da janela grande. Muito arrumada, cheia de travesseiros e com uma
regata preta jogada sobre um deles.
Era a cama de Jimin.
Ele caminhou até ela e passou a ponta dos dedos pela madeira da cabeceira
bonita ocupada por inúmeros mangás de One Piece, contornando os
pequenos relevos decorativos de cada um deles. A camisa estava bem perto,
muito perto e ficaria tudo bem se Jungkook não tivesse a mania de cheirar
tudo que lhe parece interessante.
Espiou dentro do closet, conseguiu ver as costas nuas de Hoseok e por isso
pegou a regata com a mão direita para se aproximar do nariz e mergulhar.
Não era algo maldoso, ele de verdade não pensava assim, mas estava
curioso sobre o cheiro de Jimin ali. Já havia sentido antes, mas não como
gostaria.
Ele fungou mais forte e o cheiro era tão bom que o fez querer sentir mais.
Forte, amadeirado com notas metálicas que faziam cócegas na ponta do
nariz. O garoto segurou a regata com as duas mãos e praticamente mergulhou
o nariz em meio ao algodão tingido.
Bem, para ele não era algo maldoso ou estranho, mas para Hoseok a cena era
completamente esquisita.
O pulo de Jungkook fez Hobi gritar de susto. Então, o garoto gritou também e
os dois gritavam sem parar até Seokjin surgir na porta do quarto com uma
frigideira em mãos pronto para atacar qualquer coisa.
Os três mais velhos foram para a cozinha e Jimin aproveitou para despejar
sobre a mesa todos os enfeites que comprou dois dias antes. Eram flores
coloridas, faixas cheias de pequenos sóis sorridentes e bexigas de todas as
cores. Ele estranhou muito quando o mais alto não reclamou das ordens e
apenas abriu um pacote de bexigas para encher com a bomba de ar elétrica.
Tae parecia sério e cansado, o cabelo se escondia abaixo de uma toca preta
e havia olheiras que confirmavam a noite em claro.
Ele não notou quando Jimin foi até a cozinha e voltou com uma duas latas
pequenas de coca, mas franziu o cenho ao ter uma oferecida a si.
— Aqui, o Jin não vai deixar a gente beber cedo assim. – rolou os olhos. –
Vamos fingir que é algo alcoólico e bancar àqueles caras que desabafam num
boteco.
— Certo, vamos fazer isso do jeito grosseiro. – rolou os olhos. – Eu sei que
eles se beijaram, o meu sono é leve e o Yoongi-hyung saiu tropeçando feito
bêbado quando percebeu o que tinha rolado. Ele te falou sobre o beijo?
— Dieta? Por que você faz dieta? – sorriu ladino e mordiscou o lábio
inferior. – Você é gostoso pra caralho.
— Por que não? Tae, eu sinto a tensão sexual entre vocês de longe!
— Bons tempos. – suspirou. – Foco, Jimin! Ok, agora me diz, o que rolou
entre os hyungs te deixou triste?
— Não se faça de sonso pra cima de mim. Esqueceu que eu sei sobre seus
encontros noturnos com Hobi-hyung na lavanderia?
— Porque ele não quis. – provocou e o mais alto o encarou bem sério. – Eu
não 'tô nesse mundo pra julgar alguém, mas eu acho que você não deveria
provocar o Hobi-hyung, Tae. – ia ser interrompido, mas gesticulou para que
o mais novo esperasse. – Me escuta primeiro, ok?
— O que rola entre você e o Yoongi-hyung é legal, eu sei que ele gosta muito
de ficar contigo...
— Outra vez?
Jimin fechou os olhos e estapeou a própria coxa frustrado por falar demais.
— Puta que pariu! – resmungou. – Tae, presta atenção, ok? O que não existe
entre os hyungs é muito complicado e não precisa te atingir! Se você gosta de
ficar com o Yoongi-hyung e-
— O Yoongi estava brincando com a minha cara, é isso? Por que eu
perguntei pra ele se havia algo entre eles dois, Jimin! Eu perguntei e ele me
veio com o papinho de meu melhor amigo e não sei o que! Ele acha que eu
sou idiota?!
— Errado?! Eu não sou santo nem nada, mas ele poderia ter me dito a
verdade quando eu perguntei. Porra, eu odeio mentiras. Ele quer o que?
Ficar com os dois? Comigo e com o Hoseok?
— Por que está sendo tão dramático? Você queria fazer a mesma coisa!
Jimin acusou e Taehyung se calou. Não conseguiu manter o olhar por muito
tempo, continuou enchendo as bexigas de látex, fazendo os nós apertados e
as jogando para o meio da sala de estar.
— Nós somos humanos, Tae. – começou baixinho, num tom de voz gentil. –
A gente passa mais da metade da nossa vida errando. A gente tem atitudes
que parecem certas até quando alguém faz a mesma coisa com a gente...
Nesse caso, eu tenho certeza que o Yoongi-hyung não fez de propósito... Mas
você estava fazendo.
— Ser uma pessoa ruim não é como ser ruim o tempo todo.
— Posso te perguntar uma coisa? – Tae assentiu. – Por que você quer ser
mau com o Hoseok-hyung?
— Porque ele é tudo que eu deveria ser. – sorriu sem humor e Jimin
suspirou.
— Quero te dizer isso outra vez, mas eu sei que você não vai me ouvir.
Taehyung, o que aconteceu entre os hyungs não deve atrapalhar o que você
tem com Yoongi-hyung, ele realmente gosta de você. E, eu 'tô falando sério,
não mexa com o Hoseok-hyung.
— Ainda bem que você sabe que eu não vou te ouvir. – deu de ombros. – Se
o Yoongi pode brincar com nós dois, eu não vejo problema nenhum em
continuar com a minha brincadeira também.
⭐
Depois de entregar o cardápio para um garçom muito educado, Hoseok
apoiou os braços sobre a mesa de madeira e encarou Jungkook com os olhos
bem estreitos. O mais novo abaixou o rosto e Hobi sorriu.
— Obrigado, Hobi-hyung.
— Jungkook, você é normal, para de dizer isso. Enfim, me diga, porque você
se acha anormal? – entrelaçou os dedos e apoiou o queixo sobre eles.
— Eu... Eu...
— Está tudo bem se não quiser falar, você sabe que eu não vou te pressionar
nunca, mas eu gostaria de saber o que te segura tanto, Jungoo.
— Me segura? Como assim?
— Ah.
— E?
— Normais.
O mais velho respirou fundo e esticou o braço até bagunçar os cabelos lisos
do mais novo.
— Você é incrível do seu jeitinho, ok? Pra muita gente nenhum de nós é
normal, Jungkook. Eu sou gay e isso não é algo bem visto na sociedade...
Sem contar o meu baseado de cada dia. Eu não sou perfeito e nem você
precisa ser. – sorriu. – Quer falar mais? – o garoto assentiu. – Fala.
— Eu tentei, não deu certo. Não consigo, não sobe de jeito nenhum. –
Jungkook riu baixinho.
— Você não é homofóbico, não diz isso nunca mais ok? – o mais novo
assentiu. – Você só não entende e está tudo bem, as coisas vão te acontecer
no teu tempo e ponto. Jungkook você é um cara lindo, esforçado, inteligente e
qualquer pessoa no mundo que te fizer sentir amor vai ser muito sortuda...
— Qual?
— Pessoa. – repetiu devagar. – É como o Jimin-hyung diz não é? Que ele
gosta de pessoas?
— Hyung?
— Hm?
— Obrigado.
— Ok, hyung. – ele assentiu e buscou pelo pote de sal dentro do armário.
Chegou a separar um pouco com os dedos, mas antes de colocar sobre a
carne Namjoon segurou-o pelo pulso e afastou da panela. – O que?
— O que você tem Gi? – Jin falou de forma carinhosa. – O que foi?
— Uma merda que pode te levar preso? Se for isso o Namjoon pode te
ajudar.
— Eu não sei! – negou. – Eu fui até o quarto dele querendo desejar feliz
aniversário e quando eu vi...
— Eu não sei o que falar pra ele! Achei que ele ia dizer alguma coisa, mas
ele nem me procurou...
— Resolva isso Yoongi. Sério, resolve de uma vez. Ninguém aqui é criança
e você envolveu uma terceira pessoa porque está ficando com o Tae...
— Parece até que eu casei com ele. – rolou os olhos. – A gente só fica. Só
isso. Ninguém nunca falou sobre exclusividade e-
Jin arregalou os olhos e Yoongi xingou baixinho antes de se virar e ver Jimin
e Taehyung perto. O mais baixo olhou ao redor completamente constrangido
e o mais alto só assentiu.
— Já terminei com as cebolas, hyung. – Namjoon foi até a pia para lavar as
mãos e Jin apenas assentiu.
— SURPRESAAAAA!
Hoseok gritou pelo susto e tropeçou tombando pra cima do sofá menor. Jimin
ria tanto que Yoongi teve de pegar o bolo pequeno de suas mãos e Jungkook
ajudou o aniversariante a ficar de pé.
— Caralho, que susto! – Hobi riu meio nervoso e soprou as velas coloridas
enquanto levava tapas doloridos de Namjoon e Seokjin nas costas. – Quando
vocês fizeram isso?
— Obrigado, bro.
— Aqui, para com essa coisa hétero. – Jin empurrou Namjoon para o lado e
estendeu seu presente embrulhado em papel rosa pastel. – Se não couber
pode trocar em até sete dias. – o abraçou também.
— Obrigado, hyung. Com certeza vai ficar bom.
— Crianças, por favor, aprendam com adultos. – o mais velho serviu mais
quatro doses e eles brindaram. – Jungkook, eu não tinha idéia que você
gostava de beber. – comentou depois de sentar sobre o balcão de mármore
escuro.
— A minha família bebe muito. – o garoto colocou o copinho sobre o
mármore. – Mas eu não bebo sempre.
— Jimin também bebe. Bebe até demais... Deve ser coisa de quem nasce em
Busan.
— Hobi, está com fome? – Jin perguntou assim que o viu entrar na cozinha.
Mais de uma hora depois, quando todos eles já haviam passado um pouco da
linha da embriaguez, as vozes estavam mais altas e o volume da música
também. Era algo que gostavam de fazer, mesmo com as festas e todos os
eventos que a vida universitária proporciona aos garotos da república sete,
eles sempre preferiam estar apenas entre a companhia deles mesmos.
Bebendo, compartilhando histórias, escrevendo novas.
E até mesmo Taehyung que de longe era o que mais se mostrava resistente a
essa intimidade não conseguia resistir à sensação de familiaridade que os
outros lhe causavam. Era como nadar contra a correnteza e a cada dia
parecia mais certo só a deixar levá-lo.
Por isso ele sorriu mais quando viu Jimin se achegar para seu lado,
movimentando o corpo de acordo com as batidas da música de hip hop que
Namjoon parecia escolher tão bem. Tae abriu as pernas e Jimin dançou entre
elas, girando o corpo enquanto erguia a garrafa verde e pequena de cerveja.
— Não estou isolado, estou refletindo. – lambeu os lábios. A mão grande foi
até o cabelo de Jimin para soltá-lo do coque, deixando os cair ao redor do
rosto bonito. – O garoto não sabe disfarçar. – sussurrou e Jimin franziu o
cenho. Os olhos de Tae encararam algo à direita e ele entendeu, logo fazendo
o mesmo de forma discreta.
— Como assim?
— Cuidado hyung. – Namjoon chegou perto, temia que o mais velho caísse.
— Ele quer beijar vocês. – Jimin sussurrou no ouvido de Tae e o mais alto
se arrepiou.
— Por quê?! – Jimin saiu do colo de Tae. – Tipo, olha pra ele!
— Cada pessoa tem o seu tempo, Jiminie. – Yoongi sorriu e afagou o cabelo
de Jungkook. – Tem certeza? É o seu primeiro beijo.
— Hey, relaxa. – Jin se aproximou dele e tocou o rosto bonito com carinho.
– O hyung vai ser bom pra você, ok?
— Ok.
Ele parecia hipnotizado pelo olhar de Seokjin, pelo toque que a mão fazia
em sua pele. Engoliu à seco quando ele chegou mais perto, apertou os olhos
pelo nervoso e Jin sorriu.
A mente do garoto estava confusa demais, o corpo parecia não reagir direito
ao estímulo e mesmo sendo estranho, não o fazia sentir desconfortável. O
beijo era bom, aquele contato novo lhe causava euforia, as mãos nervosas
seguraram a camisa do hyung e ele continuou de olhos fechados quando
acabou, um bico adorável nos lábios vermelhinhos.
— Você beija bem pra quem nunca beijou na vida. – Jin lambeu os lábios e
passou o polegar pelos lábios de Jungkook, os limpando. – Gostou?
— Tudo bem? – sussurrou e o mais novo assentiu. – Por favor, não pire
amanhã quando acordar ok? Mas se você pirar, me procure.
Jimin encarava tudo sem piscar, mas um sorriso cheio de segundas intenções
puxou seus lábios quando Jungkook o encarou.
— Sua vez, Taetae. – Jin deixou o copo na mão de Namjoon, nem olhou pro
rosto dele, mas se dirigiu a Taehyung sorrindo. – Contigo eu não preciso ser
suave.
Jin o puxou pela nuca e Tae o abraçou pela cintura, as bocas se chocaram
enquanto ainda sorriam, os dentes do mais novo puxaram o lábio inferior do
mais velho e eles se beijaram completamente oposto ao que fora entre Jin e
Jungkook.
Porém o que quase ninguém notou, mas ainda assim aconteceu, foi o fato de
Namjoon virar os dois copos de bebidas com raiva.
Era evidente a química entre Tae e Jin, mas ela também pareceu perigosa.
— Agora sim a festa começa! – Jin riu. – Bem vindos! Aumenta essa música
Namjoon.
Jin puxou Hoseok para o meio da sala e começou uma dança estranha que fez
o mais novo gargalhar e começar a dançar com ele. Yoongi sentou na
poltrona maior e aceitou outra cerveja que lhe foi oferecida por Jungkook.
— Dança comigo. – Tae puxou-o sem dar tempo de negar, mas o garoto ficou
sem saber o que fazer quando o outro praticamente lhe virou de costas e
começou a dançar atrás de si. – Relaxa. – Taehyung sussurrou e o segurou
pelos quadris. – Olhe só esses quadris bonitos, você consegue mexer com
eles? Aposto que o Jiminie gostaria de vê-los dançando.
— Mas ele 'tá com o Namjoon-ssi. – lamentou sem notar que dera a
Taehyung exatamente o que ele queria. O mais velho sorriu.
— Não gosta de vê-lo com o Namjoon? – Jungkook apenas negou uma vez.
— Eu não sei, Tae-hyung. – foi virado até estar de frente ao outro. – Não sei
o que 'tá acontecendo.
— Não.
— Também não.
— Eu sinto que não gosto, mas eu não sei o motivo de não gostar. – fez
careta. – Acho que vou dormir, hyung.
— Claro que vai. Porque você é apenas uma camponesa pura. – liberou a
fumaça pelo nariz e boca. – Não fode, Taehyung.
— Hm, parece até que você tem medo de chegar perto de mim, hyung. –
provocou. – Tudo bem, eu respeito o seu medo.
Hoseok o encarou de baixo e sorriu ladino antes de ficar de pé, com o nariz
quase tocando o nariz de Taehyung levou o cigarro até os lábios e o deixou
ali enquanto encaixava ambas as mãos nos quadris do garoto para virá-lo de
costas para si. Hobi o empurrou até o meio da sala ao mesmo tempo em que
uma música mais agitava saia pelas pequenas caixinhas de som do home.
Ele não ia prestar atenção, tentou muito manter os olhos na rede social onde
procurava qualquer coisa interessante, mas Taehyung estava de frente para si
e não era impressão, não era algo sem querer!
O mais novo sorriu e mordeu o piercing antes de apoiar as mãos nos joelhos
e rebolar devagarzinho junto dos quadris soltos de Hobi.
A mão ao redor do pescoço de Tae se apertou mais, Hobi o fez ficar parado
enquanto simulava estocadas ritmadas enquanto os quadris batiam contra ele.
Tragou do baseado quando o mais novo ajeitou a postura e ficou de frente
para si. O agarrou pela cintura, a outra mão cuidadosa se mantendo longe;
Tae o abraçou pelo pescoço e colocou o corpo ao dele, colou as testas e
lambeu os lábios enquanto ambos ondulavam o corpo devagar, esfregando
tudo que podiam numa necessidade doida de contato.
Uma das mãos de Tae procurou pelo pulso de Hobi, os dedos brincaram com
as pulseiras e depois capturaram o cigarro quase no fim, ele se afastou para
trazer aos lábios, tragando lentamente enquanto os olhos de Hoseok não
saiam de seus lábios. Ele sorriu e se virou de novo, empinando o corpo
rebolando satisfeito por sentir a ereção alheia contra a própria bunda. As
mãos do mais velho agarram os quadris alheios, puxaram para si em busca
de pressão e foi só então que os olhos dele caíram em Yoongi.
O mais novo soltou a fumaça e estendeu o baseado ao mais velho que aceitou
e fumou enquanto o via sorrir, movimentando o corpo junto do de Hobi.
Quase no fim da música, quando nenhum dos três conseguia negar que algo
diferente estava acontecendo ali, Tae se virou outra vez para Hoseok e o
abraçou pelo pescoço, prendendo o lábio inferior entre os dentes.
— Caralho, você quer muito foder comigo, não quer? – jogou as mesmas
palavras que ouvira dias antes.
Hoseok abriu a boca para responder, mas o que ele sentiu foi a língua de
Taehyung dentro dela. O beijo o deixou quase paralisado, mas não demorou
muito a corresponder.
Ele assistia aquilo e muitas coisas aconteciam ao mesmo tempo dentro de si,
dentro da cabeça confusa e errada. Errada porque dentre todas as coisas que
deveria sentir, ela não sentia a principal!
— Tae...
A música agora era outra, uma que falava sobre coisas que demônios fazem
e ela tragicamente se encaixava no cenário desenrolado ali. Yoongi ficou de
pé e Hoseok o bloqueou meio desesperado.
— "Eu não sinto nada por ele" – repetiu o que Hobi disse. – Mentiroso do
caralho!
— O que? Você vai mesmo virar essa merda pro meu lado?! O Jin também
beijou ele!
— Namjoon, espera...
— Não é problema nosso, Jimin... – sussurrou contra a pele macia.
— Precisa parar com essa mania de querer ajudar todo mundo. – reclamou e
se afastou. Jimin fechou a calça e ajeitou a ereção. – Não é problema nosso,
a gente já tem problemas demais!
— Ainda assim preciso assumir que ele seria muito altruísta. – Jin se
aproximou e o ofereceu o copo cheio, ele bebeu e devolveu. – Está bêbado o
suficiente pra gente ficar?
— Hyung...
— Tem coisa que não precisa ser dita. – ele virou a bebida. – O mais
conflitante nessa merda toda é o fato de que você realmente gosta de ficar
comigo, eu percebo isso quando se desmancha nos meus braços. – riu sem
humor e deitou no sofá maior. – Infelizmente não vai mais acontecer.
— Eu lamento.
— Por quê?
— Porque você é cara mais burro que eu já conheci. O seu QI não condiz
com a sua burrice. – Jin começou a rir e Namjoon franziu o cenho. – E eu sou
bonito demais pra isso. – suspirou.
O mais alto ficou de pé e sem rodeios montou sobre o corpo do mais velho,
espalmando as mãos na barriga firme. Jin soltou o copo vazio no chão e o
segurou pelos quadris, fazendo-o ficar parado. Eles se encaram e em
silêncio, a música baixinha deixava tudo mais intenso.
— Se lamenta assim, a gente pode parar com tudo isso de uma forma mais
digna.
— Você acha digno que eu foda com você outra vez pra amanhã e manhã o
meu coração quebrar em mais alguns pedaços? – perguntou baixo, a bebida o
deixava solto demais. – Por que você faz isso comigo?
Jimin sentou de frente pra ele afagou os ombros largos com carinho.
— Tae?
— Eu não vou dizer nada, mas eu vou ficar aqui com você. – assegurou.
Aerosmith
🌙
Era como uma faca de dois gumes, exemplificando o que ele não
compreendia, Taehyung era a ponta mais afiada e perigosa, entretanto
também era a ponta escondida e quase cega.
— Na frente do Yoongi.
— Por quê?
— Eu sinto como se a minha vida não fosse tão merda. – riu sem
humor. – Eu gosto da voz dele... Do quanto ela parece preguiçosa quando
resmunga sobre qualquer coisa. Gosto porque ele parece frágil, mas não é.
— Não tem verdade nenhuma! Eu odeio tudo nele! Odeio que ele
seja tão arrogante, que seja sempre tão perfeito, que seja tão popular, que o
Yoongi pareça tão bem perto dele!
— Entende?
— Jungkook é o único que não é ferido nessa casa, acredite. – Jimin puxou
os braços para longe do corpo de Tae e fuçou nos bolsos do moletom até
encontrar um baseado enrolado. – Tem fogo?
— Por quê? - soltou a fumaça. – Quer dizer, eu acho que todas as merdas são
por culpa de um trauma...
— O meu hyung mais velho. – Tae tragou outra vez. – Os meus pais. Um
pacote completo.
— Então?
— Qual é a dele?
— Acho que você já 'tá chapado. – os dois riram baixinho. O efeito já estava
ali.
— Eu quero que você seja como a minha luz, Tae. Não parece, mas de vez
em quando eu tenho medo do escuro. – ele olhou para os dedos entrelaçados.
— Você pode ser o meu cenário. – Tae lhe tomou a atenção de novo. – Só
preciso que você esteja perto. Não parece, mas eu tenho pavor de ficar
sozinho.
Os olhares estavam conectados, até mesmo as respirações pareciam
sincronizadas enquanto o mundo ao redor ficava em silêncio. Jimin sorriu e
usou a mão onde cigarro estava preso entre os dedos, para acariciar o rosto
de Taehyung, desenhando a linha da mandíbula com a ponta do polegar.
Aproximou-se um pouco mais, raspando o nariz contra o dele, arrancando
um arfar baixinho.
Tae deslizou o polegar da testa até o queixo dele, traçando um caminho cheio
de curvas.
— Não sei como, mas eu acho que amo o meu reflexo em você.
Lentamente, apreciando cada toque porque era único. Havia paz naquele ato,
havia o reconhecimento de muitas e muitas vidas, a sensação de completude
que findou o beijo com sorrisos adoráveis.
— Dorme comigo?
— Idiota. – Tae riu e beijou a testa do mais velho. – Ninguém nunca dormiu
comigo, sabia?
Ele apagou o cigarro no chão mesmo e ficou de pé, puxando o maior com as
duas mãos. Subiram as escadas em silêncio, mas de mãos dadas. No quarto
de Jimin, ambos estranharam a cama vazia de Hoseok, mas não se
importaram. Não naquele momento. Tiraram as roupas e vestindo apenas as
cuecas deitaram na cama de solteiro confortável, o mais velho deixou ser
abraçado de conchinha e sorriu quando sentiu o beijo demorado em seu
ombro.
— Minseo era amiga da minha noona. Cinco anos mais velha que eu e
também filha de amigos dos meus pais. Quando eu a conheci ainda era
criança, mas eu sempre a achei linda... De verdade, ela é linda. – ele falava
baixinho. – Um dia a noona me deixou ir junto para uma dessas festas
universitárias, eu não sabia da minha sexualidade e não tinha problema com
isso também, mas foi muito foda quando a amiga mais velha da minha noona
demonstrou interesse em mim. Tipo, eu era gordinho e desengonçado...
— 'Tô tentando cogitar um erro seu no meio de toda essa história e nada me
vem à cabeça.
— Ela aceitou?
— Porra.
— As coisas melhoraram?
— Diferente como?
— Eu errei muito. Hoje eu consigo ver que deveria ter terminado com ela
quando vi que não sentia mais nada, mas eu tinha receio... Eu a traí mais
duas vezes, com duas pessoas diferentes... Numa dessas vezes foi com o
Namjoon. – ele respirou fundo. – A gente se conheceu no Wings, eu era
calouro e ele ficou responsável por mim como veterano... Quando ela
descobriu acabou me trancando no quarto, gritando que nunca mais ia me
deixar sair dali, então eu arrombei a porta e a vi quebrando meu celular além
das chaves da minha moto. Solar-noona notou que algo estava errado, eu não
estava bem e era evidente, mas a Minseo fingia que estava tudo bem dizendo
que eu tinha de ficar do lado dela pra sempre, caso contrário...
— Medo?
— Medo de ser culpado pela morte de alguém. Tentei terminar tantas vezes,
ela nunca aceitava, me chantageava e envolvia nossas famílias. Há dois anos
eu acho que chegamos ao estopim final. Ela engravidou. – o silêncio no
quarto era pesado e ficou assim até ele voltar a falar. – Eu sempre usei
camisinha, não gostava que ela tomasse anticoncepcional porque fazem mal e
os remédios controlados também poderiam prejudicar, mas no meu
aniversário eu fiquei bêbado e rolou... Hoje eu percebi que rolou porque eu
não estava mesmo sóbrio, eu nem sentia mais tesão por ela. Os meus pais
não gostaram, mas guardaram a insatisfação por respeito... Um mês depois
disso tivemos uma briga, ela havia procurado uma colega de classe minha
para tirar satisfações sobre mensagens que trocamos, mas era sobre um
trabalho... Minseo tentou quebrá-lo de novo, mas eu não deixei... Sai daquele
apartamento completamente puto! Eu estava prestes a mandar tudo pro ar...
Encontrei o Namjoon-hyung e rolou outra vez... Quando eu acordei no outro
dia havia mil ligações e mensagens.
— Ela tentou se matar outra vez e isso provocou um aborto. Por mais que ela
negue, dias depois no hospital Minseo cuspiu as palavras na minha cara:
matei nosso filho por sua culpa. – Tae apertou a mão dele e Jimin fungou. –
De todas as coisas que aconteceram essas duas eu não consigo esquecer,
Tae. O sangue do banheiro da primeira vez e ouvir isso da segunda.
— Todo mundo me diz isso. – sorriu sem humor. – Mas se fosse contigo?
Não se sentiria assim? – Tae não respondeu. – Terminei com ela dois meses
depois, daquela vez até mesmo seus pais acharam melhor, mas ela não
entendia. Minseo passou a me perseguir, perseguir as pessoas que se
aproximavam de mim... Até que me viu saindo com uma garota e jogou o
carro contra a minha moto...
— Deve?! Você não deve absolutamente nada a essa mulher! – ele virou
Jimin para si e o encarou de pertinho. – Yoongi comentou com Jin-hyung
sobre ela ter procurado você recentemente.
— Ela te procurou outra vez? – Jimin negou, mas Tae arqueou a sobrancelha.
– Por favor, não minta sobre isso, ok?
— Ok.
O ajudou até o enjoo o deixar ficar de pé, deu-lhe um banho quase frio e
vestiu nele uma cueca folgada com estampas de coelhinhos que o fez rir.
Depois Jungkook resmungou um bom tempo sobre coisas demais,
principalmente por acreditar ser um viado assumido após o beijo trocado
com o hyung mais bonito do mundo.
Deixou sobre a mesa de cabeceira uma garrafinha com água e duas aspirinas,
e também deixou um beijinho sobre o cabelo do mais novo. No quarto alheio
se pegou encarando a cama bagunçada e vazia, encarando os travesseiros
roxos e até mesmo a toalha branca sobre os lençóis revirados.
Odiava dormir brigado com Yoongi, mas não entendia as razões da raiva
dele.
Respirou fundo e abriu a porta, notando que o abajur mantinha uma luz baixa
no quarto. A cama de Namjoon estava vazia e Yoongi encolhia na cama que
lhe pertencia. Estava acordado, o sono não vinha mesmo com o álcool no
sangue, a mente parecia disposta a dar pane. Sentiu o perfume inconfundível
de Hoseok, a fragrância única e não se moveu. Não queria ou sabia como
encará-lo para responder todas as perguntas que fazia a si mesmo quando
pensava sobre ele, sobre as respostas que o devia.
— Eu sei que não está dormindo. Você ronca feito um gato quando dorme,
Yoongi. – continuou parado na porta, segurando a maçaneta. – Não precisa
falar se não quiser, mas eu quero dizer uma coisa. – ele abaixou o rosto e
suspirou. – Eu não faço ideia do que você quer, mas eu sei o que eu quero há
muito tempo. Eu menti sobre não sentir atração por ele, eu sinto. Mas é só
isso e não quero atrapalhar em nada o teu envolvimento com ele. – Yoongi
não se moveu de novo. – Diz pra ele ficar longe de mim.
Ele saiu e fechou a porta, segurando a vontade de entrar outra vez para
sacudir o mais velho até ele dizer alguma coisa que acalmasse seu coração
confuso. Caminhou em direção ao próprio quarto, louco por um banho quente
e dormir por uma semana, mas quando entrou ali Hoseok levou quase um
minuto para conseguir digerir a cena que seus olhos viram.
— Eu tenho uma reunião com a construtora daqui a uma hora e meia e quero
deixar o meu quarto arrumado.
— Esse comportamento não combina com você, hyung. – ele ergueu o tronco
e penteou os cabelos castanhos para trás. Jin o observou ficar de pé,
completamente nu antes de vestir a cueca branca que estava jogada num
canto do colchão. A cueca que lhe pertencia. – Não precisamos nos tratar
assim. – ele o abraçou, afundando o rosto no pescoço do mais baixo para
deixar beijos na pele macia e cheirosa.
— Olha pra mim. – mandou e o mais alto ergueu os olhos, o encarando pelo
espelho. – Olha bem pra mim e diz que preciso viver das tuas migalhas,
Namjoon.
— Até parece que eu te peço por inteiro. – ele devolveu no mesmo tom. – Eu
não te dou migalhas quando transo contigo...
— Mas faz um caminho delas quando me deixa depois disso. Sai do meu
quarto.
— Por que está fazendo isso?! – ele se afastou e Jin se virou para ele. –
Seokjin eu nunca te prometi porra nenhuma!
— Foi à última vez. – ele respirou fundo. – Eu não vou mais ser o teu
recipiente de porra quando o Jimin te dispensar, não vou te deixar descontar
no meu corpo qualquer merda que te faça agir feito um babaca quando as
coisas não saem do jeito que quer! – gesticulou. – Quer saber por que eu
estou fazendo isso?! Eu digo! PORQUE EU NÃO AGUENTO MAIS
DEFINHAR POR DENTRO POR TUA CAUSA!
— Meu deus, você é tão idiota. – Jin colocou ambas as mãos nos quadris e
riu, riu como se isso fosse amenizar o nó na garganta. A vontade de gritar. –
Namjoon, pelo bem da convivência dentro dessa casa, sai da minha frente.
— Oh, claro! Porque é muito mais conveniente você me pintar de vilão outra
vez?! Fazer todo mundo dessa casa me tratar mal, me excluir só porque eu
não correspondi aos sentimentos do doce Seokjin?! Você é uma piada. – ele
caminhou até as roupas jogadas pelo chão do quarto, suas roupas. – Eu não
sou obrigado a te am-
Ele se calou.
Antes que chegasse até a porta Jin o interceptou, as mãos fortes empurraram
o peito nu do mais alto que voltou dois passos e respirou fundo. Namjoon
estava nervoso, mas Jin também estava.
— Fala!
— Não!
— Cala a boca.
— Você vai morrer sozinho porque está vazio. Não importa o quão fundo eu
chegue dentro de você, não acho nada. – sorriu pequeno. – Porque não tem
nada.
— Tudo isso porque você sabe que eu te amo e ainda assim faz de mim um
tapete.
— Eu só piso naquilo que se deixa pisar, Seokjin. – uma lágrima rolou por
sua bochecha e duas pelo rosto do mais velho.
— Você me disse que eu te faço sentir vivo. – ele sorriu e engoliu o choro. –
Que quando está nos meus braços se sente vivo... – Jin se esforçou para não
cair no choro de vez. – De vez em quando eu tive certeza que o meu coração
só batesse por sua causa, mas você... Agora, o matou de vez. De qualquer
forma, você não é obrigado a me amar, Namjoon... E eu não sou obrigado a
ser responsável pela sua vida.
— Minha causa mortis vai ser abandono? – ele lambeu os lábios e Jin deu
espaço para que ele saísse do quarto.
Jin o viu sair pela porta e não se moveu por alguns segundos.
Caminhou até a cama, sentou sobre o colchão e observou sobre a poltrona
localizada no canto do quarto o moletom branco alheio. Revirado e
amassado, esquecido pelo dono.
Negligenciado desde que caíra de amor por quem nunca fora obrigado a
amá-lo de volta.
Ele estava vestido para a primeira aula e verificando a mochila, por isso não
notou que Hoseok estava no sofá tomando uma xícara de café quente. Ele
procurou pela pequena marmita colorida na geladeira, a ajeitou dentro de
uma bolsa térmica e se serviu de café diretamente da cafeteira.
— Eu dormi no sofá.
— Por que o Jimin resolveu ocupar o nosso quarto pra foder com o
Taehyung. – soltou de forma venenosa, bebericando do café mal feito.
— Ah, mas porque estão surpresos? – Hobi fingiu desdém. – Será que
ninguém notou que esse garoto quer dar pra todo mundo dessa casa? Fica
contigo, beija o Seokjin, me beija e no fim da noite vai parar na cama do
Jimin.
— Deixa Jimin. – Tae pediu baixinho. – Eu não ligo para o que ele pensa.
— Vai defender ele, claro. – zombou. – Quem não tem pecados que atire a
primeira pedra.
— Hoseok, para. – Jin massageou a testa, estava ficando com dor de cabeça.
– Ninguém tem nada a ver com quem eles transam, eles são solteiros.
— Ah, hyung, pelo amor! A gente vai ficar fingindo que esse garoto não tá
trazendo problema para essa casa?! – apontou para Tae. – Qual é o problema
de vocês?!
— Mas você tem medo. – chegou mais perto, fazendo o nariz encostar no
dele. Perto demais. – Você morre de medo de mim, Hoseok. – sussurrou só
pra ele Yoongi ouvirem.
Acabada a frase ele deu a Hoseok e Yoongi outra prova de que seu
atrevimento não possuía limites. Taehyung selou os lábios aos de Hoseok e
riu. O mais velho se afastou assustado e arregalou os olhos, a raiva o fez
avançar para o mais novo, mas Yoongi o puxou e ficou entre eles.
— Eu só falei a verdade! Falei que toda essa sua marra comigo é por ciúmes
do Yoongi, porque tem medo de que ele sinta por mim o que nunca sentiu por
você em todos esses anos! – sorriu mais. – Porra, você é tão escroto que nem
ele consegue gostar de você, Hoseok.
Sentia dor de cabeça, estava enjoado, assustado e alguma coisa lhe doía bem
no peito, parecia até que uma mão fria estivesse agarrada ao coração e não
soltava nunca.
Daquela vez o pai não atendeu, daquela vez ele temia procurar por Hoseok,
daquela vez não sabia o que fazer. Abaixou o rosto, escondendo-o entre os
joelhos para chorar mais um pouquinho. Não notou quando se aproximaram,
quando sentaram perto dele, mas ergueu o rosto ao sentir o carinho no
cabelo.
— O Hoseok 'tá legal, ele sabe se virar. – ele enrolou uma mecha do cabelo
de Jungkook no dedo e sorriu. – Está chorando só por causa da briga?
— É ressaca. – ele sorriu mais, até que seus olhos se tornassem duas linhas
brilhantes. – Tudo bem faltar um dia, ainda mais sexta feira. Fica em casa,
pode até comer os meus biscoitos, ok? Não gosto de doce.
— Hyung...
— Hm?
Ele desviou o olhar e negou, mas o mais velho o tocou no queixo, erguendo
seu rosto.
— Não sou eu quem deve responder essa pergunta, bebê. Só você que pode.
Agora, me conta porque você está chorando?
Jungkook o encarou e piscou algumas vezes.
Não podia dizer a verdade desde que nem ele conseguia compreendê-la. Era
porque beijar Seokjin o deixava confuso, transbordando milhões de
perguntas de uma vez dentro da cabeça dolorida de ressaca. Porque o
amargo da boca combinava com o amargo do nó formado na garganta quando
ouviu Hoseok dizer que Jimin e Taehyung fizeram... Quer dizer... Taehyung
era amigo dele, certo? Taehyung o ouviu dizer que não gostava de ver Jimin
com Namjoon, então porque ele fez a mesma coisa?
— Você não vai. – sorriu e negou. – Vou te levar num lugar legal.
— Isso é relevante?
— Meu Deus, eu não aguento mais vocês dois fazendo isso! Me jogando de
um lado pro outro desse jeito!
— Você está deixando isso acontecer! Puta que pariu, para de olhar pro seu
umbigo e olha ao redor! Você está adorando isso! De dia fica comigo e de
noite fica com ele, depois eu sou o vagabundo.
— O Hoseok tá certo! Eu sou um puto, ok? Eu quero trepar com todo mundo
dessa casa, quero infernizar a vida de vocês e-
— Para de dizer essas coisas! – Yoongi chegou perto dele o segurou pelo
rosto, juntando os lábios aos de Tae brevemente. – Para. Por favor, Tae.
— Você não quer isso, eu sei que não quer. – negou. – Olha pra mim. – o
mais novo olhou. – Eu tô apaixonado por você, Tae. Eu acredito em você,
ok?
— Tae eu-
— Não foi uma pergunta. – suspirou e juntou a testa a dele. – Yoongi o que
você quer?
Ele mordiscou o lábio inferior e respirou fundo, escolher não era algo que
queria, mas as coisas estavam tomando um rumo perigoso demais e Yoongi
sabia da necessidade de se direcionar... Acredita que o caminho era feito pra
dois.
Não podia ser diferente.
— Eu quero você, Tae. – tentou sorrir, não estava sendo convincente. Ele
queria Taehyung, queria demais... Mas ele também queria Hoseok. – Eu e ele
nunca aconteceu antes, não vai acontecer agora.
A franja alaranjada lhe caía sobre os olhos, lágrimas finas escorriam para o
travesseiro macio e um baseado aceso continuava preso entre os dedos da
mão direita.
Bobby [19/02/2019]
Claro que você quer.
⭐
por último, mas não menos importante, feliz aniversário pro meu sol, meu
binho, minha esperança.
— Vou sair.
— Sair? Como vai sair sem me explicar que porra foi aquela que o Hoseok
disse?!
— Escuta, eu sei que você tá chateado pelo o que eu falei ontem, eu-
— Então nós temos duas coisas erradas aqui! – gesticulou nervoso. Eles se
encararam e Jimin respirou fundo. – Namjoon você não deve ter ciúmes de
mim!
— Eu sei.
— Então me diz... Explica pra mim: se você sabe, por que está fazendo
isso?! Por que me trata mal quando me vê com outra pessoa? Por que você
está aqui agora me cobrando satisfação sobre ter transado com o Taehyung?!
— Namjoon – suspirou e foi até ele, sentando do lado dele – a gente precisa
de ajuda. – ele afagou as costas largas do maior. – Eu tenho pensando sobre
isso.
— Terapia? – debochou. – Contar pela décima vez o que aconteceu e
esperar até que meus pais transformem tudo em um filme como quiserem
antes? – sorriu, negando. – Eu não confio em ninguém... Só em você Jimin.
— Então para de me magoar desse jeito porque eu ainda quero ficar perto de
você! Mas eu preciso que você pense mais antes de falar... Eu ouvi os gritos
mais cedo, seus e do Jin-hyung...
— Não, eu não sei o que rola entre vocês dois... Jin-hyung é fechado quanto
a isso e quando eu perguntei se vocês estavam ficando, pra poder tirar meu
time de campo, ele me mandou continuar fazendo o mesmo... Ele me mandou
cuidar de você. – ele se afastou e ficou de pé. – Namjoon eu não sei o que
aconteceu entre vocês, não é da minha conta, mas eu te peço uma coisa...
— O que?
— Não magoe o hyung, ele é tão bom... E você já o magoou não foi?
— Realmente achou que seria o contrário? Você sabe que eu não sirvo pra
alguém como ele. – gesticulou. – É melhor que ele me odeie... – deu de
ombros e Jimin respirou fundo.
— Poderia tentar, não acho que sentiriam pena de você... Eu não senti.
— Sim, você foi. – afagou o cabelo dele. – Mas eu sou trouxa demais pra
ficar com raiva. – suspirou. – Olha pra mim, Joon. – o segurou pelo rosto. –
Vai pra sua aula, pro seu estágio e depois passe um tempo sozinho...
Escrevendo sobre esses sentimentos que estão te fazendo agir ruim assim.
— Por quê?
— Eu não minto. – deu de ombros. – Jungkook me atrai, mas eu não acho que
ele seja pra mim, em todo caso. Ele é imaturo e muito inocente, eu sinto
vontade de cuidar dele.
— Oh, não. Ainda estou magoado. – o bico em seus lábios era adorável. –
Contente-se com essa sua mão enorme e aquele teu vibrador com a cara do
Ryan. – os dois sorriram. – É o teu castigo. – ele se curvou e beijou a testa
de Namjoon. – Você precisa de um tempo, sabe disso.
— Eu te defendo.
— Cala a boca, você nem sabe brigar... – riu e caminhou em direção a porta.
– Vou usar a chave extra de qualquer forma.
⭐
Jungkook aceitou o capacete vermelho que lhe foi entregue e ficou confuso
sobre o que fazer com ele enquanto Jimin empurrava a moto pesada para fora
da garagem. Ele vestia calça jeans e uma jaqueta de couro pesada, já
Jungkook, se virava com jeans e um moletom fino demais.
— Essas são as roupas mais quentes que eu tenho. – deu de ombros olhando
a própria roupa. – O hyung não gosta?
— Não é isso bebê. – negou e sorriu. – É que está garoando e nós vamos de
moto, não quero que você fique doente... – ele puxou o pedal de suporte da
moto a deixou parada no lugar. – Espere aqui. – entregou o capacete preto
também.
Jimin voltou minutos depois, trazia nas mãos uma jaqueta pesada de couro e
pegou o capacete para entregá-la ao mais novo.
Jungkook quase suspirou. Jimin lhe parecia mais bonito todas às vezes em
que o olhava.
— Uhum.
— Então, coloca. – riu de um jeito engraçado. Jungkook colocou o capacete
e caminhou até estar perto. – Sobe... Segura em mim, 'tá bom?
— Hyung...
— Ok.
Mas a mão coberta por luvas pousou sobre seu pulso e acariciou um pouco e
Jungkook ficou parado.
— Está tudo bem. – Jimin disse com a voz abafada. – Assim a gente se
mantém quentinho. – ele sorriu, mas Jungkook não poderia ver.
— O Victor fez isso parecer tão fácil! – resmungou e soltou a mão de Jimin
para ajeitar os óculos.
E enquanto ele girava, enquanto ele sorria e ensaiava pulinhos contidos com
o cuidado necessário para não se machucar, Jungkook riu e arriscou girar
também, num pé só.
Ele arfou por conseguir e Jimin bateu palmas, patinando de costas para
longe.
Yoongi olhou ao redor e não viu quando Taehyung largou as mochilas para ir
até ele, para abraçá-lo por trás e começar a deixar beijos chupados pela
nuca macia e branquinha, afundando o nariz dentro do cabelo liso pra sentir
o cheiro dele, mas se derreteu inteiro nos braços tatuados e fortes,
praticamente gemendo pelo alívio de finalmente poder desfrutar dele por
inteiro.
Ele se virou e o abraçou pelos ombros, esticando-se na ponta dos pés para
poder beijar os lábios grossos do mais novo. As mãos grandes de Tae
passearem pelo corpo alheio, elas desceram até encaixar a bunda empinada
dentro das palmas que apertaram com força enquanto ele mordia o lábio.
— Por quê? – deitou o rosto pro lado. O bico que puxava seus lábios o fazia
parecer ainda mais lindo, jogava com o tesão de Taehyung, o prendia.
— Fiquei com receio de você não curtir. – deu de ombros e chegou mais
perto.
— Eu já me preparei, 'tá tudo bem. – informou quando sentiu Tae beijar sua
lombar, lambendo de ali até a nuca que foi mordida. O mais novo separou as
nádegas para ver o que queria e teve de segurar o mais velho quando
penetrou a língua na entrada dilatada, fodendo forte e estapeando a coxa
esquerda.
Tae sorriu e secou os lábios com as costas das mãos antes de o virar para si
outra vez. Ambos se arrastaram para o meio da cama, Yoongi lambeu os
lábios e sorriu quando o mais novo o segurou pelas coxas e ergueu suas
pernas, apoiando-as nos ombros. Olhou para baixo, para onde ele manuseava
o pau, encaixando-se na entrada dilatada.
Yoongi sorriu ladino e lambeu a própria mão para alisar a entrada e pau de
Taehyung, lambuzando o que já estava lambuzado.
Ele puxou Taehyung para lhe morder a boca e assentir mais, pedindo por
mais.
O mais novo soltou as coxas do mais velho e sorriu antes de estocar inteiro,
o arrastando pela cama. Gemeram juntos, extasiados pelo prazer
incomparável e pelo reconhecimento que arrepiou cada pelo do corpo.
Tae fodeu com força, num fôlego invejável, estocando sem parar enquanto
Yoongi se agarrava a ele e praticamente gritava abafado contra o ombro
suado. A cama rangia, o frio parecia não atravessar as paredes daquele
quarto que se tornava mais e mais quente.
— Porra! – Yoongi arfou e ficou de quatro outra vez, deitando o peito sobre
os travesseiros pra se empinar mais. – Que pau gostoso do caralho. –
choramingou pouco antes de morder a fronha para abafar a voz.
— Porra você é tão gostoso. – ele bateu contra nádega avermelhada pela
marca de seus dedos e estocou com mais força. – Cu apertado do caralho. –
grunhiu e sentiu o orgasmo tomar forma em sua virilha, ergueu a cabeça e
lambeu os lábios. – Porra, eu quero gozar.
Taehyung o viu brincar com a porra sobre a barriga e percebeu que ainda
estava duro. Ele assentiu e o beijou de novo.
Em motel longe dali, um que não era tão caro como o que Taehyung e Yoongi
estavam, Hoseok desabou na cama depois do orgasmo. Respirando alto,
incomodado com o cabelo que gruda na testa.
— De sexo?
— Você é bom pegando pesado, Hobi. – lhe devolveu o cigarro. – Então, nós
vamos fingir que você não gemeu dois nomes hoje e nenhum deles foi o meu?
— Nunca me serviu pra nada. – deu de ombros. – Mas você gemeu dois
nomes diferentes e isso é interessante. – sorriu.
— Eu sei que Yoongi é o seu melhor amigo. – Hobi assentiu. – Mas quem é
Taehyung?
— Oh. Acho que 'tô começando entender essa sua cara de apavorado. –
desenhou nas costas dele com a ponta do dedo. – Já pensou em propor um
treesome?
— Por quê?
— Hobi, isso não faz sentido, sabe? Você gemeu o nome dele...
— Eu realmente não quero. Mas também não quero voltar para casa.
— Hm. Tem uma festa, é algo mais íntimo, na casa de um amigo meu... Quer
ir?
— Meu appa diz que eu estou em fase de crescimento. – disse de boca cheia
e Jimin se aproximou com o guardanapo para limpar o queixo dele que
estava sujo de molho. – Obrigado hyung. – corou e abaixou o rosto.
— Não fique envergonhado assim, você é muito bonito pra manter esse rosto
lindo escondido.
— Tudo bem bebê, eu 'tô brincando contigo. – ele sorriu até seus olhos se
tornassem duas linhas pequenas.
— Eu notei que você nunca falou sobre a sua omma... – o sorriso do garoto
se desmanchou. – Oh, desculpe? Não fique triste, por favor, eu lhe trouxe
aqui pra te fazer sorrir.
— Não precisa falar, esqueça, me fale sobre o seu appa... Ele é bonitão
como você? – apoiou o cotovelo na mesa e Jungkook sorriu de verdade.
O garoto ficou sem graça quando o mais velho recusou sua ajuda com a conta
e disse que da próxima vez ele pagaria. O estômago revirou apenas pela
possibilidade de um segundo encontro com Jimin.
Caminharam lado a lado pelo shopping que aos poucos parecia se tornar
mais cheio. Logo teria de ir para o trabalho, mas não conseguia sentir
vontade de ir embora. Seguiu Jimin para dentro de uma loja de roupas
masculinas, ficou quietinho enquanto o mais velho perambulava pelos
corredores vazios. Até arregalou os olhos quando puxou a etiqueta de uma
jaqueta preta que achou bonita. Custava mais que um salário inteiro!
— Não é caro pra mim. – deu de ombros. – É um presente pra você, Kookie.
Olha, eu reparei que suas roupas de inverno são muito fininhas e você sai
cedo, chega bem tarde... Ninguém quer que você fique doente, bebê.
— Mas hyung...
— Vou ficar ofendido se você não aceitar, quer me ofender? Quer partir o
meu pobre coração Jeon Jungkook?! – ele se fez ofendido e o garoto negou
várias vezes, desesperado. – Então, aceite. Vai ficar linda em você, porque
você é lindo.
Então, ele beijou a pele cicatrizada com carinho, depositando em cada selar
o sentimento que acreditou ser necessário para curar. Ele beijou até que seus
olhos pequenos transbordassem em lágrimas. Yoongi cobriu a boca com a
mão e se encolheu mais dentro daquele abraço, buscando mais e mais...
Tae se remexeu e ele engoliu o choro temendo ter de dar explicações, mas o
mais novo só suspirou fundo antes de resmungar baixinho. Não era novidade
alguma aquele hábito de ele falar dormindo, mas naquele momento era novo
sussurrar aquele nome.
— Hoseok...
Aquele mesmo nome se repetia sem parar dentro de sua cabeça também.
Bobby fungou enquanto limpava o pó que sujava a ponta de seu nariz, mas
ergueu o olhar para Hoseok que continuava com o mesmo copo de bebida na
mão.
— Não.
— Eu sinto que estou no topo do mundo. – ele sorriu e abriu outro pino,
despejando pó na curva da mão. – O tempo passa no meu ritmo, os meus
problemas somem. – ele aspirou outra vez e secou o nariz com a manga do
moletom.
— Eu não vou cheirar essa merda. – negou e bebeu mais um gole da bebida
gelada.
— Você quer esquecer? Quer esquecer que precisa voltar pra casa?
Ele só queria esquecer e se aquela era a única forma, tudo bem, ele faria.
11 - eu quero saber o que é o amor
Ele se debateu um pouco, tentando escapar das mãos do mais novo, mas
Taehyung estava decidido a continuar seus beijos mordidos por toda a carne
dura e macia da bunda dele.
— Você tem a bunda mais linda e incrível que eu já vi na minha vida. – ele
sorriu e beijou a nádega direita de Yoongi, apertando a esquerda depois de
acertar um tapa sonoro.
— Quando falou sobre cada um ter suas cicatrizes... Referiu-se aos cortes
nos seus braços?
Tae parou ao deixar um beijo demorado na lombar dele, a boca pairou sobre
a pele branquinha e as mãos foram usadas para içar o corpo pra cima,
engatinhando até deitar com a cabeça sobre os travesseiros e um dos braços
abaixo dela. Ele encarou o teto e Yoongi se virou para olhá-lo melhor,
ficando um pouco mais deslumbrado por aquela beleza que o deixava tonto.
O braço forte, os poucos pelos na axila, o peito largo que subia e descia
conforme a respiração exigia. Taehyung brincou com o piercing preso ao
lábio inferior e depois sorriu fraco.
— Comecei a fazer isso aos treze anos. – ergueu o braço livre até observar
as tatuagens coloridas que faziam de sua pele uma tela e também serviam
para esconder as cicatrizes. – Eu escolhi cada desenho dessas tatuagens com
a convicção de que as cores me fariam esquecer o que tem por baixo... Mas
toda vez que eu olho é como se não existisse nada além dos cortes.
— Você ainda se corta?
— Por quê?
— Porque eu odiava estar naquela família e odiava ainda mais o fato de eles
também não me quererem nela. – Yoongi ergueu a cabeça e o encarou,
hipnotizado pelos cílios grossos que se moviam lentamente a cada vez que
os olhos castanhos piscavam. – Eu odeio o meu irmão mais velho.
— Quer falar sobre ele? – Tae negou uma vez. – Tudo bem, então não vamos
falar sobre ele.
— Ele não é uma pessoa boa, Yoongi. Não como quando a gente vacila
sobre qualquer coisa... Taewoo tem uma natureza ruim e eu sei de coisas que
ele fez. Coisas que ele não quer mais ninguém sabendo.
— O tempo todo. – assente. – Mas eu não deixo que ele saiba mais. – o
abraço trouxe Yoongi pra mais perto, praticamente fazendo-se enroscar no
corpo maior feito um gato manhoso. – Foi bom ter vindo pra cá.
— Eu 'tô feliz que você esteja aqui, que tenha vindo morar no mesmo lugar
que eu... Por ter te conhecido. – sorriu. – Quando a gente fica, tenho a
sensação de que posso fazer qualquer coisa, Tae.
— Quer me contar?
- Começou com sintomas leves, eu sempre fui magro e pálido como o meu
appa, mas depois que fiz seis anos as coisas ficaram mais sérias. Não era
natural um garotinho de sete anos sentir tanta dor nas articulações como um
idoso... Eu passava dias chorando e sem conseguir me mover. Eram duas
vezes ao ano, sempre quando esfriava ou quando meus pais brigavam
demais. – suspirou. – Meus pés ficaram inchados e vermelhos, então depois
de alguns exames descobrimos o que era.
— Um pequeno acidente num verão abafado. – resumiu. – Mas foi algo que
agravou tudo porque descobriram que era muito mais grave do que parecia
ser. Foi quando eu aceitei morrer.
— Aceitou?
Os dois ficaram quietos pelo tempo do refrão de I Don't Wanna Talk About
It porque Rod Stewart parecia compreender melhor que ambos os conflitos
que aconteciam dentro de suas mentes.
Nenhum deles queria falar sobre Hoseok. Não ali, não enquanto nus naquela
cama, não nos braços um do outros... Não propensos a possibilidade de
deixar transparecer o quanto ele afetava tudo.
— Ele achou a carta que escrevi pra ele... – disse baixinho. – E me fez
prometer que ficaria vivo, mesmo que ninguém pudesse prometer algo assim.
— Porque você 'tá aqui agora. Você prometeu e cumpriu. – retirou as mechas
da franja esverdeada, penteando para trás até expor a testa lisa. – Tenho
pensando muito sobre você, Yoongi.
— Eu detesto rotular coisas então, não acho que a gente precise dar nomes
ao que a gente é.
Yoongi sorriu e assentiu uma única vez, eufórico pela paixão que o queimava
de dentro para fora, que o levava a crer que aquele era sim o lugar certo
para estar.
E Taehyung sabia que era porque sentia que os braços foram feitos para ter o
mais velho dentro deles...
No entanto, o lugar certo ainda não estava inteiro e sobrava espaço dentro
daquele abraço.
Jungkook sorriu e fechou a porta dos fundos com cuidado. O bar estava para
abrir, mas não demoraria muito de qualquer forma.
— Jungkook?
— Nós fizemos uma festa surpresa para o hyung, apenas nós sete. – ajeitou
os óculos. – Tinha comida, bebida e bolo de chocolate. – o bico ansioso o
deixava adorável. – Appa eu beijei o Jin-hyung.
— Oh. Ok. Isso é... Certo. Antes de qualquer coisa: você queria beijá-lo?
— Sim. – assentiu. – Hobi-hyung disse que eu não precisava, mas eu quis.
— Não tenho muito com o que comparar, mas eu gostei. – ele estava
envergonhado. – Eu sou gay?
— Jungoo, você sabe que outras pessoas não podem definir o que você é
ou o que sente. Se sente atraído por Jin?
— Atraído?
— Ah. Não... Quer dizer... Jin-hyung é um homem muito bonito appa, ele é
legal e engraçado, mas... Só.
— O que você sentiu quando se beijaram e o que sente agora quando o vê?
Tão bonita.
— Estranho? Como?
— O que?! Jungkook você não vai ter um infarto! – o Jeon mais velho
estava gargalhando.
— Como não?! Appa, eu 'tô falando sério? Bate rápido demais, é assustador.
— Fique tranquilo, você não está enfartando filho. Isso acontece porque o
sorriso de Jimin te deixa feliz.
— Como assim?
— Uma vez só. Ontem. – deu de ombros. – Vou te mandar uma foto dele mais
tarde.
— Mande sim, quero ver o bonitão que te fez pesquisar sobre infartos. – os
dois riram um pouco. – Ele é bom com você?
— Um encontro?
Jungkook se virou quando viu a porta abrir, quase caindo para dentro da
cozinha.
— Ah, você 'tá aqui! Preciso da sua ajuda. – Heechul sorriu. – Por favor?
— Isso me fez sentir falta do meu appa. Vou ligar mais tarde. Agora me ajuda
com aquelas caixas de cerveja, use esses braços musculosos.
— Oi! Vocês também estão com frio? – os cães latiram, eram dois vira-latas
pequenos, mas muito energéticos que não paravam de pular em busca de
carinho e atenção.
— Jack e Rose, parem com essa bagunça. – a voz cansada fez Namjoon
sorrir ainda mais. A velha senhora caminhou até o portão e abriu usando as
chaves barulhentas. – Oi, Joonie-ah.
— Oi halmeoni. – ele a abraçou, erguendo o corpo pequeno nos braços
fortes. A senhora gritou e lhe deu um tapinha no ombro, mas acabou por
sorrir e dar um beijo na bochecha dele. – Que saudade.
Não era avó de Namjoon, nenhum laço sanguíneo os ligava além do laço
sentimental. Para ambos, esse sim era importante.
Namjoon aceitou ser levado pela mão. Não demorou até os dois estarem
sentados ao redor de uma pequena mesa de madeira e ferro compartilhando
os hotteok e também chá quente hortelã e frutas vermelhas.
— Mas sem deixar farelos. – lembrou e ele sorriu. – Eunji-ssi detestava que
as refeições fossem feitas nos quartos.
— Ele disse que comentam sobre o único filho nunca estar ao lado deles...
Não é por sentir minha falta. – Nari suspirou. – Sabe que não estou
mentindo.
— Eu sei que você é teimoso. – ela serviu-se de mais chá. – Eles querem
trazer você para perto, mas você não permite.
— Namjoon... – ela suspirou. – Você não precisa assumir esse papel, não
precisa ser o cara mau... Não sente vontade de superar tudo isso?
— Ainda tenho pesadelos, ainda sou um babaca egoísta com quem não
merece... O que eu mais quero é superar isso... Mas eu não consigo,
halmeoni.
— É um prato cheio pra trazer aquela merda toda de volta, não dá pra
confiar... Não quero ser material para investigação no jornal das dez outra
vez. – negou e sorriu sem jeito. – Acho que vou embora.
— Namjoon...
— Faz muito tempo... – ela secou os olhos. – Que não vou ao cinema.
— Ok, eu vou atrás dele! – Jimin guardou o celular no bolso do jeans, mas
antes que saísse, Jaebum o segurou pelo braço.
— Jimin-ah, calma.
— Jimin, você nem sabe por onde começar a procurar, daqui a pouco esse
lugar vai encher e a gente precisa de você aqui...
— Não Jimin, eu estava com o Tae... Ficamos juntos o dia todo. – negou. –
Eu não sei do Hoseok... Mas, por quê?
— O cara deve 'tá atrasado, sei lá... – Taehyung deu de ombros, as mãos
livres tateavam os bolsos da roupa em busca dos cigarros. – Que drama.
— Eu vou ligar para os pais dele. – Yoongi pegou o celular entre as mãos.
— Por que você precisa fazer isso? – Jimin encarou Tae e ficou confuso.
— E isso faz dele babá do Hoseok também? – sorriu com desdém. – Isso é
ridículo.
— Sem tempo pra você agora, Taehyung, sério. – o Park negou e Yoongi se
afastou para falar ao telefone. – Não aja como um babaca.
— Não estou agindo, só acho esse drama todo um exagero. – deu de ombros
e acendeu um cigarro mentolado.
— Me arruma um desses.
— Yoseob-ssi disse que não fala com Hobi desde ontem, agora fodeu de vez
porque ele ficou bravo. – suspirou e fez outra ligação.
— Pro Hoseok.
— O que?
— Esquece.
— Obrigado, hyung.
— Você fica bem nessas roupas enormes, te fazem parecer ainda mais forte.
— Hm? – ele bebericou e fez uma careta horrível. Jungkook riu. Ele era fofo.
— Porque a vida é assim. Nem sempre ela é doce, mas a gente precisa
continuar vivendo. – sorriu. – Você queria me perguntar isso?
— Não. – negou e coçou a nuca. – Hoje... Quando fomos patinar... Foi... Foi
como um encontro?
— Sério?
— Ninguém mais vai fumar perto de você naquela casa. – negou. – E, por
favor, quando algo te incomodar diz pra gente, bebê. – ele estendeu a mão
pequena e Jungkook a encarou antes de entrelaçar os dedos aos dele. Eram
pequenos, mas tão fortes. – Promete?
Ele puxou a mão e se afastou, outra vez tentando ligar para Hoseok. E
Jungkook ficou ali o olhando, hipnotizado e com o coração descompassado.
— Eu liguei, não falam com ele desde ontem. – Yoongi sentou no sofá e
respirou fundo. – Ele nunca fez isso.
— Vou ligar para uns amigos nossos, perguntar se alguém viu o Hobi hoje...
– Namjoon tirou o celular que estava carregando num canto da sala. –
Alguém tentou falar com a Jiwoo-noona?
— Acha que talvez a gente deva ir até os hospitais aqui perto? Ele saiu de
moto e pode ter caído...
Os seis olharam em direção a porta, mas Taehyung estava mais perto e foi
até ela para abrir. Ainda conseguiram ouvir o motor de um carro barulhento
dar partida antes de ela ser aberta.
O vento frio atingiu o rosto de Tae e ele franziu o cenho, não havia ninguém
ali, mas abaixou os olhos e o que viu pareceu atingir em cheio no peito.
— Hoseok?!
— Hoseok?!
— Não... Eu...
Jimin o puxou com força para trás, dando espaço para Namjoon e Seokjin
pegarem Hoseok com cuidado. Yoongi caiu sentado na neve e observou tudo
como em câmera lenta.
Yoongi ficou de pé, descalço correu para dentro da casa e voltou com as
chaves do próprio carro em mãos, mas tremia tanto que Tae segurou suas
mãos e pegou as chaves para si.
— Sim... Namjoon-ssi...
— Você sabe que notícias ruins chegam logo, devem estar cuidando dele
Jiminie. – Namjoon jogou o copo vazio no lixo. – Vou pegar outro, alguém
quer alguma coisa?
— O meu é sem açúcar. – Yoongi não tirou os olhos do celular. – Por favor?
— Não quero nada. – Tae negou e encostou a cabeça na parede fria atrás de
si.
— Por favor.
— Hm, eu não vou conseguir trazer tudo sozinho, quer vir comigo Jungkook?
— Vamos?
— A gente não pode ficar pensando que é algo ruim, nós estávamos
preocupados e por isso tivemos de ligar pra eles. – Jin ajeitou a postura. – A
gente não sabe o que aconteceu.
— Alguém o largou ali, alguém que sabe onde ele mora. Não tem nada na
carteira dele além dos documentos. Dinheiro, cartão de crédito... Nada. –
Jimin passou as mãos pelo rosto. – Mas era alguém que ele conhecia.
— Porque esse alguém sabe onde ele mora. – Yoongi completou. – Mas o
rosto dele está machucado, bateram nele... – a raiva o fazia tremer dos pés a
cabeça, Tae acabou o soltando quando percebeu que o mais velho queria
caminhar pelo corredor de um lado ao outro. – Ninguém sabe com quem ele
saiu?
— Você deveria saber. É o melhor amigo dele. – Jimin murmurou.
— O que o hyung acha que eu quero dizer? – arqueou uma das sobrancelhas.
– Se é o melhor amigo e não sabe com quem ele estava, como nós íamos
saber?
— Ser melhor amigo do Hoseok não me obriga a estar grudado com ele vinte
e quatro horas por dia, Jimin!
— Pelo amor de deus parem de brigar, esse não é o momento! – Jin rolou os
olhos. – Jimin senta essa bunda grande no banco e Yoongi senta essa sua
bunda magra no outro. – apontou. Ele estava sério demais.
— Nós mesmos.
— Aqui consta que vocês moram juntos, mas não são parentes.
— Moça pelo amor de deus sem tempo pra isso, fala se o meu hyung tá bem!
– Jimin gesticulou e a mulher suspirou assentindo.
— Ok, muito obrigado. – ele se curvou e a mulher fez o mesmo antes de sair.
– O Namjoon tá subindo? Eu ainda não posso fazer essas coisas...
— Ele 'tá vindo. – assentiu. – Nós precisamos que os pais do Hobi cheguem
logo.
Namjoon caminhou apressado até eles, entregando os dois cafés nas mãos de
Taehyung enquanto Jungkook entregava dois nas mãos de Seokjin.
— Eu vou pedir para o meu chefe do estágio me orientar, mas já sei o que
fazer. – assentiu. – Preciso falar com o Hobi antes da polícia e eu quero que
você... – encarou Jimin. – Vá até a república e procure entre as roupas dele,
nas coisas dele, tudo! Se você achar qualquer coisa se livra, ok?
— Aqui, Jungkook vai com você. Ele dirige. – Yoongi colocou as chaves
dentro da mão de Jungkook. – Por favor, vão logo.
— Não sei. – Jin negou. - Não tem ninguém por aqui, foda-se, vamos entrar.
A primeira coisa que Hoseok visualizou quando abriu os olhos foi uma
cereja.
A nuca doía tanto quanto o lado direito do rosto que ele tocou para notar o
inchaço acima da bochecha, aos poucos retomando a consciência do que
havia acontecido. Entretanto, Hoseok só se lembrava até certo ponto depois
disso tudo era um apagão.
— Hobi.
— Yoongi, se acalma... A gente precisa falar bem rápido antes que venham
tirar a gente daqui. – Jin se aproximou da cama.
— Eu preciso que você seja muito sincero comigo, entendeu? – ele assentiu
para Namjoon. – Você usou alguma coisa além de maconha ontem? – Hobi
assentiu. – Ok.
— Hoseok?!
— Yoongi, agora não! – Jin pediu sem paciência e Tae puxou o menor para
perto, negando um pouco.
— Como eu vim parar aqui? – Hobi penteou o cabelo para trás, com a mão
livre do soro. – Me lembro de subir pro quarto com ele... A gente ficou e
depois aconteceu uma briga... Depois disso eu não... Cadê o Bobby?
— Quando a polícia te perguntar você vai contar o que eu vou te dizer agora.
– Hobi assentiu. – Vai dizer que foi para essa festa com um cara, que só o
conhecia naquele lugar e que ele colocou alguma coisa na sua bebida... Você
sabe o nome real desse cara?
— O que? Não, eu não vou jogar isso pra cima do Bobby! – negou. – Ele não
me obrigou a nada.
— Não foi ele! Você nem o conhece e provavelmente ele tá fodido igual a
mim! – Yoongi estava ficando vermelho de tão nervoso. – Cadê o meu
celular?
— Roubaram! O teu celular, teu dinheiro, teus cartões! Você não conhece
esse tal de Bobby, ele te roubou!
— Você 'tá gostando desse cara? Por isso 'tá protegendo ele?!
— Yoongi...
— Vai com ele. – Jin pediu e Tae assentiu, trocando um olhar silencioso com
Hoseok antes de também sair do quarto.
— Ele 'tá bem. – sussurrou e o beijou de novo. – Você viu, ele 'tá inteiro.
— Desculpa...
— Por favor, não me pede desculpas. Eu fui muito babaca mais cedo, eu não
respeitei a preocupação de vocês.
— Eu sei. – lambeu o lábio inferior e assentiu. – Isso está escrito nos teus
olhos. Você não sabe mentir quando se trata dele.
— Nunca mais vai acontecer? Por quê? – franziu ainda mais o cenho. – Por
quê? Yoongi você só 'tá comigo porque não pode ficar com ele? É isso?
— Você? – pressionou.
— Depois...
— Eu sei, agora nenhum de nós dois vai saber como lidar com isso... Seja lá
o que for. – suspirou. – Você quer subir agora?
Ele sabia ser imponente, exalava uma força esmagadora em cada gesto
quando queria, fazia-o sentir seguro até quando não era a intenção; seduzia
naturalmente qualquer pessoa que lhe cedesse mais do que alguns segundos
de atenção... Jimin roubava fôlego.
Talvez por isso fosse tão popular, talvez fosse esse um dos motivos da
admiração que crescia mais a cada dia dentro de Jungkook. Talvez por isso
sentia-se tão incomodado ao vê-lo triste.
— O hyung sabia que o homem nunca mais pisou na Lua por medo?
— Eles têm medo de descobrir que dá pra gente viver lá porque se isso
acontecer, nós faremos disso uma meta. Então, da mesma forma que
adoecemos a Terra, podemos adoecer a Lua.
— Desculpa.
— Sim. Mas o governo não pode saber disso. – negou e Jimin riu um pouco.
– Eles têm essa conspiração contra os humanos que sabem. Mas pode ser
bem solitário de qualquer jeito... O meu appa me diz que eu sentiria falta das
coisas aqui.
— Sim, bebê.
— Sim.
— Só assim pra ver você Hobi, não se sente um irmão negligente? – Jiwoo
beijou o cabelo dele. – Não me assuste assim.
— O senhor vai continuar fingindo que eu não estou aqui, appa? – Jiwoo
suspirou depois de a mãe lhe dar um beijo no rosto.
Ele não disse uma palavra, sequer dignou um olhar a filha mais velha antes
de sair.
— Você sabe que isso não me afeta mais... Eu tenho medo que afete você,
Hobi. – afagou os cabelos dele. – Não deixe o appa te sufocar... Amanhã
quando você tiver alta venho te buscar. – beijou-lhe a testa. – Te amo.
— Jungkook fica calado! – Jimin respirou fundo. – Hoseok que porra você
'tá fazendo?
— Você tem tanta sorte de estar nessa porra de leito porque se não estivesse
eu te faria estar! Que porra é essa?!
— Foda-se! Você queria que a polícia achasse isso?! Queria passar anos na
cadeia?!
— Jimin-hyung, calma...
— Não faz sentido eu te dizer de quem eu compro, eu tomo uma vez ou outra
quando preciso dar conta de muita coisa... Não é um hábito.
— Olha pra onde você tá agora! Olha o teu estado! A polícia vai monitorar
você por causa dessa merda! – apontou para os comprimidos. Seus olhos
estavam marejados. – Hyung... Por que está fazendo isso?
— Então, é por isso? O fato de pedir pra dar um tapa no teu baseado aceso
me proíbe de ficar puto por te ver foder com a tua vida desse jeito?! Sério?!
— É engraçado te ouvir dizer isso depois de ficar coberto com o teu vômito
enquanto não te deixava engasgar com depois de ser largado na porta de casa
cheio de porrada... Você me pareceu um.
Os dois ficaram em silêncio.
Hobi passou a mão pelo rosto e puxou o cobertor pesado que lhe cobria as
pernas. Ele ficou de pé, a camisola hospitalar estava torta ao corpo, então
ele caminhou até o banheiro e rasgou o saquinho para despejar os
comprimidos dentro da privada. A descarga acionada levou embora todos
eles de uma vez.
— Olha pra mim... – ele parou Hoseok com o corpo. – Hyung, olha no meu
olho e promete que nunca mais vai usar essas coisas.
— Jimin...
Confiando demais.
☀
Era quase oito da noite quando Hobi se assustou ao voltar do banheiro e ver
o pai de pé perto da janela do quarto espaçoso. Ele fechou a porta e
caminhou até a cama, levando junto o cabide do soro ligado a mão, então
Yoseob se virou e tirou as mãos dos bolsos da calça social.
— Sente-se melhor?
— Eu não disse nada mais cedo porque você é um homem e não um menino,
algumas coisas apenas homens devem discutir. – ele assentiu. – Hoseok,
chega.
— Como assim?
— Chega. Você fez de mim um balde onde uma goteira não para de pingar
dentro, desde que nasceu... Hoje eu transbordei. – Yoseob umedeceu os
lábios. – Chega de banda, chega de festas, chega do meu dinheiro sendo
torrado, chega dessa promiscuidade... Chega. Você vai fazer exatamente o
que te mandar fazer...
— Ah, você é? Um adulto que se droga até ser largado na porta de casa por
desconhecidos? Que se envolve com outros homens como se isso fosse
normal?
— Eu sou normal...
— Não! Você não é normal... Mas eu vou fazer com que seja, eu vou
consertar você! – ergueu um pouco a voz. – Você não vai mais me
envergonhar.
— Oh, eu te sufoco? Eu sustento seus luxos, tua vida inteira... Sustento até
mesmo as drogas que você usa e dessa forma lhe sufoco? – ergueu a voz
também. – Você é um insolente.
— Nunca mais... Preste atenção, nunca mais repita isso! – sibilou. – A única
coisa que tento fazer é não permitir que você queime no inferno... Estou
fazendo por você o que o meu appa fez por mim... Salvando a sua alma. – ele
segurou o rosto do filho, apertando o queixo entre os dedos com força. –
Hoseok eu vou consertar você...
— Você vai ter relações com ela. – mandou e Hoseok negou, as lágrimas
grossas molhavam suas bochechas. – Você vai!
Hobi engoliu o choro e não disse nada mesmo que por dentro estivesse em
pânico.
Quando Yoseob foi embora, deixando para trás apenas uma bagunça em tudo
que era Hoseok, não se importou com a expressão inerte do filho. Sequer
pareceu preocupado.
Ele não via que havia alguém sentado em um dos bancos da sala de espera.
Mas quando a porta foi novamente aberta, Hobi demorou a virar o rosto para
ver quem era, às lágrimas atrapalharam a reconhecer a silhueta e sua
expressão mudou quando aconteceu. Ele secou o rosto com pressa e
pigarrou.
— O que você quer? O que está fazendo aqui? Se quiser me provocar vai
pro inferno, me deixa em paz.
— Ótimo, pode usar isso pra infernizar mais a minha vida. Quem sabe assim
eu canse dela mais rápido. – debochou.
A frase dita num tom baixo teve direção exata ao coração de Hobi. Ele
disfarçou o choro e não se moveu. Sentiu o peso alheio do corpo maior
sobre o leito, o perfume incomum de flores e canela, então respirou fundo e
uma calma estranha o levou a suspirar baixinho.
— Me deixa sozinho.
— Nós dois não somos quebrados... – ele levou a mão até o rosto de Hobi,
o mais velho fechou os olhos e negou. – O mundo é certinho demais.
— Não. – sussurrou ao sentir a respiração quente contra sua pele. – Não faça
isso.
Chegava a assustar.
Apenas um selar demorado, uma curva mal feita. Hobi negou e encostou a
testa no ombro de Taehyung.
— Não. – negando fungou devagar. – Não vou fazer isso com o Yoongi.
— Eu não quero fazer isso com ele, eu 'tô me apaixonando por ele. –
confessou. - Mas eu consigo entender os motivos que o fazem amar você.
Tae assentiu e ficou de pé, notando que mais uma vez Hobi encarava a janela
do quarto. Ele saiu, foi embora, voltou pra casa de táxi e passou a noite
velando o sono de Yoongi agarrado a ele numa cama apertada de solteiro.
Dias depois.
— Hoseok acorda.
Hobi encolheu o corpo e puxou o cobertor para evitar a luz do dia que entrou
depois de Dahye prender as cortinas verdes. Ela caminhou pelo quarto
verificando tudo, procurando qualquer objeto fora do lugar ou a mínima
desorganização.
— Seu appa quer tomar café em família antes de você voltar para a
república.
O tom risonho fez Hobi descobrir parte do corpo para encarar a mãe com
desconfiança. Dahye sorria animada, o sorriso de coração como o dele
deixava evidente a expectativa da mulher pelo que aconteceria.
— Que visita?
— Eu não vou descer, omma. – negou e respirou fundo. – Porra, por que
estão fazendo isso?!
Hoseok deitou de barriga para cima e chutou o cobertor verde para fora da
cama, vestia apenas um calção de algodão azul e meias listradas. Encarou o
teto limpo, as lâmpadas acesas e até mesmo os detalhes das molduras de
gesso pra tentar desviar os pensamentos ruins que flutuam por sua mente.
Ele não era um bom garoto e nem nunca foi, mas era ótimo em fingir ser e
isso fazia as pessoas ao redor acreditarem. Hoseok mentia tanto sobre isso
que de vez em quando chegava a acreditar também, mas isso cansava
demais.
Vez ou outra sentia vontade de ser apenas ele, agora ele sentia vontade disso
o tempo todo. Então, ele levantou e arrumou os lençóis perfeitamente; depois
procurou por roupas limpas no closet e as deixou sobre a cama feita. No
banheiro escovou os dentes encarando no espelho limpo o próprio reflexo
abatido, cuspiu a espuma dentro do lavado e enxaguou a boca sem pressa.
Depois da alta o pai exigiu que ele fosse para a casa, exigiu sua presença em
cada refeição ou momento familiar dos últimos dez dias e pode parecer
pouco quando sua mente não se sente coagida, aprisionada, mas para Hobi
era o inferno.
Jung Hoseok, que tanto temia ir para o inferno, sentia-se vivendo dentro
dele.
Yoseob queria uma família perfeita, Dahye projetava para o filho um futuro
encantador e a pressão empurrava-o rumo ao desespero, mas nenhum deles
via como algo ruim desejar o melhor para o filho. É algo universal desde
que o mundo é mundo: pais sempre vão acreditar que sabem o que é melhor,
que a pressão não é nada além de amor e proteção, que suas escolhas são as
únicas cogitáveis... Se Hoseok pudesse escolher... Ele optaria pelo silêncio.
Quando deixou o banheiro, com uma toalha ao redor dos quadris, encontrou
o pai sentado em sua cama. Usava calça social e camisa, impecavelmente
arrumado fazendo jus a sua postura séria. Hobi sentiu vergonha, sempre
sentia isso quando tão exposto a Yoseob porque ele o avaliava o tempo todo.
— Appa...
— Não é uma opção. – colocou ambas as mãos nos bolsos da calça. – Agora
se vista e desça. Seja pontual como sempre é.
Não era necessário olhar por muito tempo para perceber que tudo na garota
reluzia feito ouro e Dahye fazia questão de relembrar suas qualidades
sempre que tinha uma brecha dentro do assunto. Hoseok a achou linda e
extremamente educada, dona de uma postura invejável e sorrisos adoráveis...
Mas nada além. A culpa não era da garota ou de qualquer outra pessoa, ele
só não se sentia atraído por mulher alguma.
— Hobi-ah sempre foi muito estudioso e dedicado, fico feliz que ele esteja
focado na carreira profissional. – o padre sorriu gentilmente e Hoseok
assentiu para ele.
— Gosto sim. Quero trabalhar com crianças. – ela parecia nervosa, as mãos
sobre a mesa tremiam um pouco e isso quase partiu o coração de Hobi.
— Ah, mas disso não existem dúvidas! – Dahye sorriu. – Momo é perfeita! É
tão bonita como uma boneca, não acha Hobi? – cutucou-o no braço, mas ele
estava atento às mãos trêmulas da garota.
Hyelim se curvou até sussurrar algo no ouvido da filha que assentiu e ficou
de pé, aceitando a mão que Hoseok lhe ofereceu. Os dois saíram da sala de
jantar e depois da casa, indo em direção ao pequeno jardim dos fundos. Ele
parou longe o suficiente da casa e de onde sabia dar visão pelas janelas
longas e se virou para a garota que o encarava um tanto assustada.
— Respire.
— Desculpa...
— Não me pede desculpa, não é sua culpa... Só respira, se você voltar pra lá
nervosa desse jeito eles vão perceber. – Momo assentiu e fungou. As
lágrimas grossas despencaram pelas bochechas cheinhas, borrando a
maquiagem leve dos olhos grandes que o encarava quase sem piscar. – Acho
que sei o que você 'tá sentindo.
— Minha omma me disse que eu preciso conquistar o oppa... Mas eu... Eu...
— Por quê?
Hobi não disse nada depois de entregar a ela o guardanapo que guardou no
bolso antes de sair para o jardim. Momo limpou as lágrimas e depois o nariz
delicado enquanto encarava os próprios pés refletindo de forma breve o que
ela dissera.
Hoseok não queria ser a vergonha, ele temia o desprezo e morria de medo
das consequências.
Morria de medo do inferno e talvez fingindo que seja digno do céu, até Deus
acreditasse em suas mentiras.
— Aqui! – entregou nas mãos do mais novo a fita e voltou sua atenção para
os balões coloridos que Namjoon enchia. – Namjoon-hyung estoura cinco
balões a cada um que enche.
— Por que a gente deixa essa parte com ele? – Yoongi franziu o cenho e um
bico fofo puxou seus lábios ao encarar a faixa que Jungkook estava
pendurando. – Ainda está torta.
— Porque Namjoon é o que menos fuma e os pulmões dele são bons. – Jin
colocou uma panela sobre a mesa comprida e pendurou o pano de prato no
ombro. – Atenção em mim! – bateu palmas. – Eu não quero saber de brigas,
isso aqui é uma celebração à volta do Hobi e se alguém caçar confusão juro
por Lady Gaga que faço todos assistirem Shallow de novo!
— Hyung isso é obsessão! Já vimos esse filme umas oito vezes! – Jimin
bufou. - E o nome do filme é Nasce Uma Estrela!
— E ainda faço o Namjoon cantar comigo, vocês querem ele fazendo a parte
da Allie?!
— O que?
— Não vou abrir a boca hyung. Relaxa. Se vocês quiserem fico no quarto ou
saio, sei lá.
— Isso, aí bebê! – Jimin ergueu a mão pequena e Jungkook bateu com a dele
num toque animado. Na outra tinha o celular. – A noona disse que vai buscar
o Hobi-hyung daqui meia hora, vamos terminar isso de uma vez!
Os seis aumentaram o ritmo das tarefas que faziam e logo a sala de estar
estava enfeitada com balões coloridos e uma faixa grande que levava o nome
de Hoseok e letras coloridas. Sobre a mesa os pratos favoritos dele, além de
uma torta de tiramissu comprada mais cedo. Eles se amontoaram ao redor
do móvel e Jimin ligou a filmagem do celular quando Hobi entrou na casa
acompanhado da irmã mais velha, que bagunçou seus cabelos, quando a
surpresa o fez sorrir emocionado.
— Ok, chega dessa cena de drama gay. – Jin empurrou Yoongi pro lado e
abraçou Hoseok, erguendo-o do chão. – Jay Hope! – gritou e Hobi riu. – Que
bom que voltou, não aguentava mais o Jimin abraçado com a sua foto
ouvindo All By Myself pela casa. – o sorriso aos poucos se tornou sério. –
Nunca mais me assuste desse jeito, ok? Eu te proíbo.
— Obrigado, Taehyung.
Como era de esperar, Hobi sentiu-se em casa. Ele devorou dois pratos
cheios levado por um apetite que não tinha há dias e metade de torta comeu
sozinho sob as caretas de Jimin para algo tão doce. Jiwoo ficou um pouco e
mimou o irmão mais novo com carícias discretas em seus cabelos porque
sabia ser ali o ponto fraco dele.
— 'Tá me chamando pra morar com vocês, noona? – sorriu e comeu mais um
pedaço da torta que tinha nas mãos.
— Você mora aqui e eu fico tranquila porque confio muito nos garotos... 'Tô
falando de você morar comigo quando precisar ir pra casa dos nossos pais,
Hobi.
— Noona...
— Não sei o que levou você a usar essas coisas, mas eu sei o quanto Yoseob
e Dahye podem sufocar usando a velha desculpa de proteção... Eles quase
me sufocaram, mas eu consegui perceber que aquele amor não é saudável. É
tóxico.
— Hobi, claro que eu os amo, mas isso não significa que eu deva concordar
com tudo que eles dizem, entende? Eles precisam entender que nós dois não
somos extensões deles. – ela sorriu e puxou Hoseok para deitar a cabeça em
seu ombro. – Quando você nasceu eu só sabia te chamar de solzinho.
— Você é estranha.
— Você sempre sente muito pelas outras pessoas e nunca sente muito por si
mesmo. – ela afagou as costas dele. – O quarto vai estar vago pra você,
quando você quiser.
— Eu 'tô feliz porque o Hobi voltou pra casa, Tae. – apoiou ambas as mãos
nos ombros largos do mais alto. – Ele é o meu melhor amigo.
— Nós dois sabemos que ele é mais que isso pra você, não é? – tocou o
queixo pequeno do mais velho. – Passou os últimos dias aflitos por que ele
não estava aqui...
— Tae...
— Você não deixou nada faltar pra mim Yoongi. Você não me fez sentir mal e
isso é muito estranho, mas eu não acho que posso te cobrar qualquer coisa
sobre a gente... Eu realmente tô gostando muito de ficar contigo.
— Yoongi eu-
Saiu sem encará-los e Yoongi suspirou, uma culpa desconhecida apertou seu
peito. Taehyung respirou profundamente e o puxou para beijar seu cabelo
esverdeado.
— Vocês dois precisam conversar, mas eu não sei se quero 'tá aqui pra
correr o risco de bancar o babaca e interromper isso...
— Tae...
— Por que está dizendo essas coisas? O que aconteceu? – ergueu o rosto
para olhá-lo nos olhos. – Diz pra mim.
— Ele vai te dizer, Yoon. – o beijou nos lábios. – Me liga se precisar, ok? –
Yoongi assentiu.
Ele não bateu na porta antes de entrar no quarto e muito menos pediu
permissão para deitar ao lado de Hoseok, roubando mais do pouco espaço
da cama de solteiro. Hobi sorriu porque o que Yoongi tinha de pequeno
também tinha de espaçoso.
— Eu adorei os livros. Obrigado. – apontou para os três livros empilhados
sobre a escrivaninha onde dois notebooks estavam fechados.
— Tenho outro presente. – se remexeu todo até puxar de sob a cama uma
sacola transparente para dá-la nas mãos do mais alto.
— Obrigado.
— Meu número já está salvo ai. – murmurou e Hobi riu baixinho assentindo.
– Conseguiu rastrear o outro?
— Eu nem tentei. Liguei e pedi para bloquear tudo além de deslogar das
contas. – colocou a caixa sobre o móvel ao lado da cama. – Não tinha nada
muito importante além de algumas nudes.
— Não tá preocupado com fotos dessa sua bunda seca estarem rondando por
aí? – arqueou uma sobrancelha.
— Supere o fato de ser maior que o teu, Min Yoongi. – rolou os olhos.
— A gente tinha oito anos! Oito! Como foi que eu aceitei medir meu pau com
uma régua escolar? Você tinha as piores ideias do mundo Hoseok!
— E você gostava de todas elas. – se gabou. – Quando a gente pegava as
roupas das noonas pra brincar de Grease você sempre ficava animado.
— E você me fez trocar meu vídeo game por uma revista de mulher pelada!
— E nunca brigar dentro da casa da árvore... A gente brigou umas mil vezes.
— Você era um frouxo, isso sim. – riu mais um pouco. – Eu acho que vivi
quase todas as experiências da minha vida do teu lado.
— Como assim?
— O que Yoon?
— Que você vai continuar vivendo, que não vai me deixar... Eu não posso te
perder Hoseok. – ele estava sussurrando, sentia-se contando um segredo. –
Às vezes eu penso que só 'tô vivo porque eu te prometi continuar, porque o
teu sorriso me fazia querer viver... Por favor, não faça mais aquilo... Por
favor?
— O que?
— Taehyung me disse que tem algo que você tem de me contar, algo que ele
não se sentiu no direito de dizer.
— Ele quer que eu me relacione com ela. Quer dizer... Ele mandou.
— Hoseok...
— Ele me mandou transar com ela. – por ter o rosto coberto não pode ver
como os olhos pequenos de Yoongi se arregalaram ao ouvir aquilo, como ele
se apavorou só de lembrar o que acontecera anos antes e de como aquilo
afetou os dois. Um segredo dele.
— Você acha que ele vai fazer a mesma coisa que fez quando você tinha
dezessete anos? – murmurou.
— Eu sou maior de idade agora. Hoje dividi a mesa do café da manhã com
meus pais, um padre e a garota junto da mãe. O nome dela é Momo.
— É uma garota linda, mas você sabe... Eu não me atraio. – respirou fundo
de novo e abaixou o braço. – Taehyung estava na sala de espera, eu não faço
ideia do motivo, mas quando appa saiu ele entrou no quarto...
— Não foi um beijo como aquele do meu aniversário. Yoongi eu parei tudo
bem rápido, eu juro pra você... Mas eu vou entender se ficar puto comigo e-
— Que?
— Não mente. Vamos nós dois colocar as todas as cartas na mesa agora...
Essa cama aqui... – bateu contra o colchão. – É a nossa casa da árvore! Não
mente.
— Não 'tô mentindo pra você. – negou. – Se você consegue ler os meus
olhos vai notar que eu não sei Yoongi. Eu não sei o que eu tô sentindo.
— Porque isso pareceu mais fácil que arriscar perder você, Hobi. – Hoseok
ergueu o tronco da cama e sentou de frente pra ele. – O nosso tempo já
passou, nós somos melhores como amigos.
— Você não acha egoísmo ter decidido isso sem ter me perguntado o que eu
achava? Eu correspondi você Yoongi, eu quis aquilo tanto quanto você.
— Não é simples assim. – negou e apoiou a cabeça na parede. – Não é.
— Eu não conseguia olhar pra você sem querer te beijar e te fazer ficar perto
de mim... Hoseok, quando eu te beijei foi principalmente por estar no meu
limite... E isso é tão fodido porque eu... Droga. – Yoongi arfou e passou as
mãos grandes pelo cabelo.
— Você o que?
— Porque eu estou no meu limite outra vez... Você está aqui na minha frente
e eu estou admirado com a minha força por não te beijar de novo! Pra não
ferrar o que eu tenho com a Taehyung porque eu quero beijar ele também!
— Você não está me perdendo Yoongi. De qualquer jeito eu sempre vou ser
teu melhor amigo. O que uma minhoca uniu ninguém separa. – esticou a mão
para tocar o rosto dele. – Eu amo você.
Havia amor demais mesmo que ele ainda não fosse amadurecido o suficiente
para compreender que sim, o tempo dos dois havia passado... Mas um tempo
novo iniciava-se diante deles de forma contida e esse tempo era a três.
⭐
— Acho que esse atraso é um sinal pra gente desistir. – Namjoon jogou a
revista sobre a outra poltrona e Jimin preferiu ignorá-lo enquanto folheava a
que tinha em mãos. – Esse consultório é muito suspeito, você não acha?
— A mim também, mas é algo que vai nos ajudar, lembra? Você prometeu
fazer isso comigo.
— Porque você me manipula com esse seu jeitinho todo fofo quando quer
alguma coisa. – ralhou e Jimin lhe mordeu o queixo. – Aí!
— Ah, boa tarde! – um homem tão alto quando Namjoon saiu por uma porta
branca e se curvou. – Sou Lee Hyun. – ele sorriu e ajeitou os óculos
redondos que escorregaram pelo nariz. – Desculpe o atraso.
— Ah, tudo bem! – Jimin ficou de pé e se curvou também. – Sou Park Jimin.
— Bem, aqui diz que Kim Namjoon é o primeiro, pode me acompanhar, por
favor? – a gentileza do homem fazia Jimin sorrir mais.
— Ok.
Jimin ergueu um punho e sussurrou "lute" para o maior que apenas assentiu e
seguiu o psicólogo para dentro do consultório.
Era gelado.
A decoração era simplista, mas rústica graças aos detalhes de madeira que
iam dos móveis sob medida até os quadros pendurados nas paredes pintadas
de amarelo pastel. Estranhou a falta de uma mesa enquanto direcionado até a
poltrona confortável que ficava próxima a janela grande com vista para o
rio.
— Kim Namjoon. Vinte e três anos, filho único e estudante de direito. Meu
cachorro morreu atropelado quando eu tinha sete anos. – deu de ombros.
— O seu antigo psicólogo... – ele leu algo em sua caderneta. – Dr. Choi
Seung Ho... Diagnosticou você com ansiedade, tendências depressivas-
— Ele fez isso enquanto gravava nossas conversas para vender na mídia. –
sorriu com desgosto. – Filho da puta.
— Ele teve sua licença cassada e proibida, não atua mais como psicólogo. –
assegurou. – Me disse que estuda direito, sempre quis ser advogado.
— Certo, vamos deixar isso para depois. Me fale sobre seus pais.
— Eles são atores. Omma já trabalhou em muitos filmes e appa também, mas
agora apenas dirige séries.
— Por quê?
— Fui molestado aos doze anos por uma babá e os meus pais venderam isso
à mídia como um circo... Um circo. E eu era o animal exposto no picadeiro
Dr. Lee... Eu. – negou e um sorriso transtornado tomou seu rosto. – O senhor
não tem nada em comum comigo, ninguém tem. Eu sou a estrela desse
espetáculo.
14 - permanecer
Namjoon não aceitou o copo com água, mas o manteve entre as mãos
enquanto o silêncio do consultório pesava sobre seus ombros largos. Por
dentro uma avalanche de memórias enterrava todo aquele castelo de cartas
sob o qual ele sentia-se protegido, contando sem parar num murmúrio
vergonhoso por se sentir tão exposto outra vez.
Ele desviou o olhar e encolheu os lábios até que o queixo fosse projetado
para frente. A ponta do indicador desenhou a borda do copo e só então ele
dá de ombros numa resposta indiferente. Lee assentiu.
— Costuma falar com eles diariamente? – ele negou. – Há quanto tempo não
fala com seus pais?
— Vou perguntar isso de uma forma mais clara: há quanto tempo você não
conversa com seus pais?
— Depois de uma briga. Eu percebi que eles não me ouviam e parei de falar
sozinho. – esticando o corpo deixou o copo no chão. – Uma semana antes o
meu appa me mostrou um roteiro, o primeiro que ele escreveu. Entrou no
meu quarto sem bater e eu tentei me animar por causa da euforia dele. –
Namjoon gesticulou um pouco. – Me pediu pra ler, disse que era uma
promessa de sucesso, então eu li e nós brigamos.
— Era sobre mim. – sorriu de forma triste e deu de ombros. – Eles queriam
vender detalhes do que aconteceu, conseguir lucrar mais um pouco mesmo
depois de toda aquela droga em cima de mim. Quer dizer, eu só tinha
dezesseis anos e eles queriam levantar o tapete.
— Acho que eles entendem, mas é mais fácil lidar com os fantasmas dos
outros. – o olhar dele se fixou em um dos objetos de madeira, um em forma
de barco com velas de papel e cordas de barbante. – Quando Nari me salvou
eles estavam viajando, mas chegaram no dia seguinte... Aquela foi a primeira
vez que voltaram tão rápido por minha causa e eu não entendia bem porque
brincar com Yangmin era mais importante que o meu vulcão de papel machê
para a feira de ciências. – Lee não o interrompeu quando a pequena pausa
jogou Namjoon dentro de uma nostalgia amarga. – Omma chegou chorando e
me abraçou, ela me olhou inteiro, mas appa não se aproximou por um tempo
e continuou me olhando como se eu estivesse doente. Entendi tudo dias
depois quando uma psicóloga me explicou que aquelas brincadeiras eram na
verdade a babá me molestando... Só aí eu entendi o olhar do meu appa e o
choro da minha omma.
— Mas eles não deixaram? – o mais novo. – Quando tudo veio à tona a
mídia foi desrespeitosa com a situação. Como lidou com isso?
— Pessoas são confusas, Namjoon. É como você disse: é mais fácil lidar
com fantasmas alheios. No seu histórico li que costuma tomar calmantes, mas
não de forma contínua.
— Pesadelos. – apontou. – Às vezes eles acabam comigo e eu só durmo se
me dopar.
— Está tudo bem, Namjoon. – a voz branda de Lee não o deixava sentir
coagido. – Está tudo bem.
— Pensar dessa forma faz isso doer mais dentro de mim e eu já me odeio o
suficiente.
— Nari. Ela é como uma avó pra mim. Ele foi minha babá e a conheço desde
que me entendo por gente. – ele juntou as mãos entre as pernas. – Amo o
Jimin. Às vezes eu não sei se eu o amo como a pessoa que quero passar o
resto da minha vida ou como aquele que eu sempre me agarro quando estou
afundando. Eu nunca quis que Jimin afundasse comigo, mas eu não quero
perdê-lo. – Lee assentiu.
— A gente transa. – ajeitou a postura. – Mas eu não acho que sexo defina
uma relação, quer dizer, tanto faz... Estou falando sobre mim. Jimin e eu
estamos, nós somos... Só isso, sem completar o verbo com alguma coisa a
mais.
O mais novo piscou algumas vezes enquanto o pequeno sorriso dava lugar a
uma mordida de lábios demorada e forte que prendia a carne macia e soltava
diversas vezes. Se machucando. Algo confuso demais borbulhando por
dentro apenas pela memória contraditória do corpo reagindo tão submisso
aos toques de Seokjin; da falta exacerbada dos beijos e da voz suave
chamando por seu nome vez após vez.
— Jimin é o meu anjo, mas Seokjin é como a força vital que me faz sentir
vivo... Ele chega perto e eu respiro, eu trago do oxigênio como um doido
porque eu sei que no final vou empurrá-lo para longe. – suspirou. – Jin
merece alguém melhor.
— Isso é contraditório de se dizer por que você vive uma relação com Jimin,
acredita que seja o suficiente para um, mas não para o outro?
— Não é como se Jimin fosse viver do meu lado para sempre. Uma hora ou
outra ele vai achar alguém e perceber que merece mais do que eu dou, sendo
sincero não dou nada a ele, mas exijo muita coisa. Mas existe um detalhe que
diferencia ambos no meio dessa minha bagunça toda. – Namjoon ergueu a
cabeça e encarou Lee. – Seokjin me ama.
— E isso é ruim?
— Quer mudar?
— De vez em quando eu não quero existir. Tenho medo de ficar sozinho, mas
eu me isolo o tempo todo. – deu de ombros e se encolheu. – Eu não quero ser
eu, não quero me sentir um monstro. Não quero ser o garoto daquelas
matérias, o rosto chorando na capa de uma revista, o roteiro promissor pro
meu appa. – a voz dele embargou, então respirou fundo antes de continuar. –
Não quero ter nascido pra ser triste e ter de sofrer pra ser feliz. Toda essa
dor que me sufoca é o meu destino, então porque eu devo arrastar alguém pra
dentro disso? Eu sou tão covarde que ao invés de acabar com isso de vez,
vivo me agarrando às outras pessoas pra continuar vivendo porque todas às
vezes que penso em morrer noto que preciso estar vivo pra conseguir.
— Todos os dias.
— Uma vez só. Eu sou covarde demais. Eu só estou aqui hoje porque Jimin
disse que precisamos de ajuda.
— Não está aqui por si mesmo? – Namjoon negou. – Você veio para ajudar
Jimin, isso é altruísta porque eu penso que ele esteja aqui pelo mesmo
motivo: ajudar você. Mas o mais importante entre tudo isso é que ambos
precisam de ajuda e estar aqui agora, falar como você falou é um passo
importante Namjoon. – Lee assentiu. – Nós podemos fazer isso juntos, então,
preciso que confie em mim mesmo que seja difícil porque esse é outro passo
que você dará: confiar.
— Você acha que eu seja uma pessoa ruim? – o maior franziu o cenho.
— Uma fada anjo. – eles sorriram e Jimin fez carinho no rosto dele,
contornando as bochechas até as orelhas por baixo da touca cinza.
— Jimin... – lamentou.
— Por favor. – segurou o rosto dele. – A gente faz isso juntos. Por favor?
— Você é uma fada, é um anjo, mas também é uma peste. – ajeitou o corpo e
se virou para que Jimin montasse em suas costas. – Se prepara para uma
síntese sobre direito constitucional.
— Obrigado, eu não sei como vou fazer para colocar tudo em dia, mas vou
tentar. – amassou a embalagem dos biscoitos que acabara de comer e
encarou de novo o bloco de folhas que estava dentro do próprio fichário.
— As aulas do Choi-ssi não tem graça nenhuma sem você pra fazer aquele
velho chato falar menos sobre a vida e mais sobre cálculo. – Kihyun
bocejou. – Puta merda, quero minha cama.
— Isso que dá ficar acordado até tarde namorando. – Sehun deu de ombros e
continuou mastigando sua refeição. – A gente precisa resolver o projeto de
gestão ambiental.
— Sehun cadê o seu namorado? O seu problema deve ser falta de sexo!
— Pois saiba você que a minha vida sexual não é da sua conta, cara de
esquilo!
— Fala.
Tae assentiu e respirou fundo, olhando ao redor. Hoseok não queria, mas
acabou por reparar em como ele estava bonito. Então só engoliu a saliva e
ajeitou a postura.
— Era só isso? Tenho mais o que fazer. – a mão pesada do mais novo o
segurou pelo bíceps, mas soltou rapidamente. – O que você quer?!
— Cara, o Yoongi é teu melhor amigo e eu realmente quero ficar numa boa
com ele... A gente podia, sei lá, tentar.
— Tentar? Ah, você quer bancar o amigão da vizinhança? – sorriu
debochado. – Sinceramente, depois de tudo que já dissemos um pro outro.
— E eu já disse pra ele o que tinha de dizer. Não é só porque ele é meu
melhor amigo que eu tenha de ser seu amigo.
— Puta que pariu, como você é marrento! Porra Hoseok, facilita! – passou
ambas as mãos pelo rosto.
— O que mais eu tenho de facilitar pra você?! – chegou perto dele, perto o
suficiente para ser escutado em sussurros. – Eu já abri mão... Não vou dizer
que tirei o meu time de campo porque nunca me deixaram jogar! Taehyung eu
preciso ver o cara que eu amo nos teus braços e ficar feliz com isso, então
soca essa tua empatia momentânea no seu cu e me deixa em paz.
Hobi piscou confuso e se afastou um pouco. Sua mente levou certo tempo até
processar as intenções que recheavam as palavras do mais novo, até notar o
perigo que era estar tão perto assim porque seu corpo se movia sem
controle... Era atraído, era puxado.
— Não.
— Você é ridículo, eu não sei como o Yoongi consegue sentir alguma coisa
por você. – cuspiu as palavras e Tae assentiu. – Quer ficar numa boa
comigo? Então, finja que eu não existo!
— Cuidado com o que você fala, eu não sou obrigado a engolir teus surtos.
— Foda-se!
— Você está aqui na minha cara dizendo que sente atração por mim sendo
que anda fodendo com o cara que eu amo, caralho, você é ridículo! – riu sem
humor, mas isso só serviu para deixar Taehyung mais nervoso.
— 'Tô tentando conversar contigo sem querer te mandar tomar nu cu, mas
isso é inevitável! Você é tão insuportável que fica óbvio porque o Yoongi
nunca te deixou entrar em campo.
— Que porra vocês dois estão fazendo?! – a voz grossa de Yoongi os fez
olhar em direção a entrada da quadra. Ele vinha carregando uma mochila no
ombro direito e olhando ao redor. – Dá pra ouvir de fora! Querem tomar a
porra de uma advertência?! – ele caminhou até entrar na frente de Taehyung,
encarando o melhor amigo. – Hoseok você 'tá vermelho pra caralho, que
merda, você não pode ficar nervoso desse jeito!
— 'Tô legal.
— Ele não fez nada Yoongi, relaxa. – olhou para o mais alto. – Eu que fiz.
Preciso voltar, tenho aula daqui a pouco.
Hoseok deixou os dois para trás e Yoongi respirou fundo. Ele passou a mão
pelo rosto e coçou o queixo.
— Por que estavam brigando?
— Eu quero você, Yoongi. O que sinto por você não eu sinto por mais
ninguém.
— Queria tentar viver em paz com ele! Eu sei que você fica chateado quando
a gente briga, mas ele é marrento demais pra isso.
— Depois eu falo com ele, ok? Só o deixe quieto. – o mais novo assentiu. –
Já comeu?
— Estava te esperando.
O que ele achou foi Hoseok sentado em uma delas, mas acompanhado.
Estaria tudo bem porque a popularidade de Hobi o fazia estar sempre
acompanhado, mas Yoongi não fazia a mínima ideia de quem era aquele
outro cara que falava tocando-o e tão perto.
— O que?
— Quem é?
— Eu conheço todos os amigos do Hoseok, mas aquele cara ali não...
Então, ele socou com força o rosto de Bobby. O garoto caiu sobre a mesa e
levou junto alguns objetos. Ele socou outra vez do mesmo lado, mas os
braços de Taehyung o seguraram e puxaram para trás.
— Que?
Taehyung sorriu para Yoongi, piscando um dos olhos e dizendo num sussurro
que estava tudo bem.
— 'Tá aberta.
— Uhum. Eu... Queria pedir uma coisa, mas eu entendo se o hyung não
quiser.
— Ah, Jungkook, eu não posso casar contigo... Sinto muito. Não é você, sou
eu.
— Hm, então vocês vão sair num encontro? – Jungkook assentiu. Jin suspirou
e preferiu não pedir muitos detalhes, conversaria com Jimin depois. – Já
sabe que filme vai ver?
— Jin-hyung eu-
— Não quero saber, fique quieto. – o mais novo assentiu de novo. – Lembra
que o Jimin não gosta de coisa doce, mas ele adora aquelas balas de goma
sabe? Com formato de ursinhos. Ah! Depois do filme leva ele pra comer
frango apimentado e beber cerveja. – sorriu.
— 'Tá tudo bem não saber. – afagou o cabelo dele. – Quando você souber, se
quiser conversar sabe que o hyung vai estar aqui pra você, não sabe?
— Obrigado, Jin-hyung.
— Vou apressar o Jimin! Parece que vai casar! – Seokjin deu um tapa na
bunda de Jungkook e os deixou sozinhos.
— Acho que eu não estaria tão nervoso se fosse outra pessoa. – sussurrou e
Hoseok arqueou uma sobrancelha.
— Acho que a gente precisa conversar quando você chegar. Aqui, pega isso.
– estendeu pra ele algumas notas de dinheiro enroladas.
— Eu tenho certeza que sim, pega isso aqui pra emergências e se você não
usar é só me devolver amanhã, ok? É uma prevenção. Jin-hyung vem com as
camisinhas e eu com a parte financeira.
— Tchau, Jin-hyung.
Os dois entraram no carro e Jin abraçou Hoseok pelo ombro, observando-os
sair ele suspirou e deitou a cabeça no ombro livre do mais novo.
— Um o que? – estranhou.
— Um filho. Agora quero uma menina. O nome dela vai ser Hojin.
— Nós ainda não falamos sobre filhos, estamos namorando há três dias e-
— Pois é meu caro amigo eu fui laçado por aquela mulher. – deu de ombros.
– Eu quero fazer dar certo, Hobi.
— Eu torço para que dê certo hyung. Vocês dois merecem isso. – afagou as
costas dele. – Eu tô feliz por te ver superar.
— Não acho que eu tenha superado, mas eu tenho certeza que continuar como
antes só me faria mais infeliz... Eu mereço tentar. – sorriu e assentiu. – Eu
gosto muito da Sunmi e ela também gosta de mim, já é alguma coisa.
— Claro que sim. Sabe, saber disso me faz querer superar também.
Hoseok assentiu,
🌙
A voz única de Eddie Vedder saia abaixo pelos alto-falantes do carro e
Jungkook gostava de como a voz de Jimin acompanhava a letra de Black
distraidamente, olhando para a paisagem exterior das ruas iluminadas
artificialmente.
— Ainda me lembro que é a sua música favorita.
— É sim.
— Nunca tinha reparado muito na letra, mas depois que você disse ser a sua
favorita eu me atentei e nossa... É muito intensa.
— Hobi-hyung comentou que viu uns desenhos que você fez. Não sabia que
você era talentoso.
— Ah, são uns rabiscos só. – negou tímido. – O meu appa desenha muito
melhor.
— Aposto que são incríveis. Você faz tudo tão bem, bebê.
— Isso é impossível, mas se não forem bons... Você pode me pedir qualquer
coisa.
Ele não questionava, temia ser invasivo e afastar Jimin de si, mas era
impossível evitar a preocupação que apertava seu coração.
— Eu sinto muito, quer ver outro? – disse com a boca cheia de pipocas
doces.
Jungkook não conseguia manter a atenção ao filme, nem mesmo com a cena
bonita de Lady Gaga cantando e tocando piano, porque todos os seus
sentidos estavam alertas ao fato da mão de Jimin continuar acariciando a
dele.
Os olhos grandes muito atentos aos dedos grossos que se moviam lentamente
sobre a pele pálida; a boca seca; os ouvidos zumbindo sem parar; a mão
imóvel pelo receio de perder o contato; e até o olfato apurado que aspirava
devagar o cheiro do mais velho se misturando ao cheiro do chocolate meio
amargo que envolvia as pipocas que segurava com firmeza.
Aquilo era assustador, mas Jeon Jungkook só não sabia como fazer parar
todos os sentimentos que pareciam explodir por dentro dele. Como um
coração pode bater tão depressa e não ser caso de risco de vida?
Ele sorriu outra vez e aos pouquinhos isso se desfez para dar lugar a uma
expressão confusa porque Jimin estava tão perto... E tudo nele era tão lindo.
Os olhos pequenos, a pele de aparência macia, o nariz pequeno como um
botãozinho e ainda havia os lábios.
Os lábios de Park Jimin eram os mais lindos que Jeon Jungkook já vira em
toda sua vida.
— Gosto.
— 'Tá decidido! Nosso próximo encontro vai ser na sala de estar assistindo
o Spot. – sorriu até seus olhos se fecharem e Jungkook suspirou. Seu coração
estava eufórico.
Jungkook sentia-se leve enquanto Jimin, pela primeira vez em muito tempo,
estava cem por cento em um lugar sem deixar-se levar por pensamentos
demais. Era bom estar com Jungkook, conversar com Jungkook, pensar sobre
Jungkook.
Olhar para Jungkook era genuíno. Então, Jimin apenas não conseguia tirar
seus olhos dele.
— Não. Porque eu lembro pouco, hyung. Quando ela foi embora eu ainda
dizia o meu nome errado.
— Não tenho uma história pra contar sobre a minha música favorita. – deu
de ombros. – Às vezes eu queria ter. – suspirou e encarou a Lua. – Será que
um dia vão morar na Lua?
Jungkook sorriu.
— Eu gostaria de morar lá. A vista deve ser linda.
— Não tão lindo quanto essa. – o mais novo franziu o cenho e encarou o
mais velho. Jimin olhava para ele, a vista a qual se referia era ele. –
Obrigado pelo encontro, Jungkook. Foi o segundo melhor porque te ver
patinando ainda está em primeiro. – sorriu.
Engoliu a seco.
O nervosismo é bom.
Então, Jimin o segurou pela jaqueta e o trouxe para perto com carinho, a mão
esquerda serpenteia até a nuca alheia e a direita o segurou pelo rosto. Olhou
dentro daqueles olhos escuros assustados, sorriu e suspirou.
Ele ia o ganhando.
🌙
15 - o amor dói
deixa um votinho
Lembrava-se de quase nada sobre o que havia aprendido, mas ali, enquanto
Jungkook o beijava de um jeito afobado e desesperado, concluiu que o beijo
daquele garoto deveria ser classificado com uma elevada propensão ao ser
adicto.
Jimin não acreditava mais em Papai Noel, dava-se conta que sequer tinham
uma chaminé em casa, então aquela euforia nunca mais foi a mesma até
aquele beijo acontecer.
Até sentir o sabor de Jungkook, até tê-lo contra o seu corpo, até o coração
acelerar ao ponto de ser quase assustador. Manhãs de natal eram únicas para
o Jimin criança, então o beijo de Jeon Jungkook era único para o Jimin
adulto.
Por causa disso ele sorriu quando o garoto se afastou respirando fundo, os
olhos grandes vidrados em si e dilatados pelo contraste do rubor sobre as
bochechas geladas. Jimin sorriu até que fosse difícil enxergar e não deixou
que o mais novo se afastasse para sucumbir na vergonha pelo ato anterior.
— E por que não me beijou?! – ele soou confuso e isso o deixou mais
envergonhado enquanto Jimin ria um pouco. – Quer dizer...
— Porque eu estava respeitando o teu espaço. – as mãos grandes do mais
novo continuavam coladas à cintura de Jimin, ele não as movia sequer um
centímetro pelo receio de estar indo longe demais e por mais que o mais
velho quisesse muito ser tocado, não conseguia evitar o quanto aquela
atitude o deixava admirado. Jungkook definitivamente era uma manhã de
natal. – Eu não quero assustar você.
— Claro que é fofo! Mas muita gente não achava isso no colégio, um motivo
idiota pra caralho só pra poder implicar comigo.
— Jungkook – negou e respirou fundo – se você quiser fazer isso tudo bem,
mas o ponto é... Assim como o meu dedinho. – mostrou o dedo outra vez. –
Ou meus dentes meio tortos. Essas coisas fazem de mim único, entende? Tem
pessoas que não gostam de mim, não gostam do meu jeito e etc., mas eu não
posso obrigá-las a mudar de ideia, então eu vou me amando do jeito que eu
sou. – o mindinho contornou o lábio inferior de Jungkook e ele sorriu. – Você
não é estranho, não tem nada de errado com o seu jeito... Você é único.
— Isso faz o hyung gostar de mim? – sussurrou e fechou os olhos quando a
carícia chegou até sua nuca, quando a ponta dos dedos frios deslizaram por
sua pele até sumirem dentro da jaqueta pesada. – Por que talvez o hyung não
entenda, mas pra mim isso é muito único.
— Acho que eu não consigo tirar meus olhos de você desde quando me disse
que se chamava Busan e vinha de Jeon Jungkook. – o mais novo sorriu e
abaixou a cabeça até que a franja escondesse um pouco dos olhos escuros. –
Olha pra mim. – Jungkook ergueu o rosto e engoliu a seco quando a língua do
mais velho umedeceu o lábio inferior rosado e cheio. Seu coração estava
acelerando outra vez, as coisas ao redor perdiam o foco e o som... Só existia
Jimin. Ali, diante dele, o encarando... Só Jimin.
Era assustador.
Era estranho não saber o que sentia e ao mesmo tempo sentir tanto.
Respirou fundo.
— Não precisa dizer nada se você não se sentir confortável para isso, faça o
que você quer fazer.
Jungkook o beijou de novo. Afobado demais, mas ao mesmo tempo com todo
o cuidado que podia. Outro beijo lento, cheio de respirações pesadas e das
salivas que se misturavam enquanto Jimin aceitava a língua alheia dentro da
boca, acariciava-a com a própria e esquentava por dentro.
O foco do incêndio, por mais confuso que possa parecer, era o coração.
— Vai mesmo fingir que não é sua culpa, Seokjin? – ela se virou e ele a
abraçou pela cintura, deixando um beijo demorado nos lábios rosados. –
Ninguém mandou você rasgar a minha blusa. – disse baixo, mas Namjoon
ouviu.
— Odeio botões. – negou e ela riu até que seus olhos maquiados caíssem no
outro sentado na mesa de jantar. Sunmi ajeitou a postura e cutucou Jin
mostrando que não estavam sozinhos. – Ah, Namjoon. – cumprimentou num
aceno de cabeça.
— Sunmi. – a garota respondeu e sorriu indo até ele para estender a mão.
Não era um cumprimento típico da cultura, muito menos para uma mulher...
Mas Sunmi transbordava confiança a cada gesto. – Muito prazer.
— Uhum. Tem certeza que o seu appa gosta de licor? – Sunmi assentiu
sorrindo. Jin abraçando-a por trás, ia em direção a porta. – Eu passo pra te
pegar antes do meio-dia.
— Não fique nervoso com isso, ok? – ela se virou para abraçá-lo pelo
pescoço, esticando-se a ponta dos pés para deixar um beijinho rápido na
ponta do nariz dele. – Eu tenho certeza que eles vão adorar você, é
inevitável adorar você.
Ele abriu a porta e ganhou uma tapinha na bunda antes de a garota sair da
casa.
O cereal esquecido não parecia mais tão apetitoso, os livros mais confusos
que o normal, então ele encarou Jin ir até a lavanderia e não pensou muito
antes de segui-lo e abordá-lo no pequeno cômodo frio.
— Eu sei. – assentiu. Jin tentou passar, mas ele não deixou. – Só me diz o
porquê, por favor.
— Namjoon... – bufou.
— Por favor.
O menor usou a mão livre para massagear a testa enquanto respirava fundo,
era injusto demais que Namjoon estivesse fazendo aquilo logo naquele
momento, logo quando as coisas começavam a caminhar. Quando a tentativa
havia se tornado o seu foco.
Era injusto demais que chegasse tão perto, que o encarasse tão assustado e
agoniado, que usasse de suas fraquezas para outra vez conseguir o que
queria.
— Há dois meses você disse que me amava... Pra mim parece demais que
você está colocando aquela garota no lugar que queria que estivesse.
— Eu vou sair daqui antes que eu soque a sua cara. – Jin tentou passar, mas
Namjoon o impediu de novo. – Caralho, Namjoon... Para. – avisou num tom
calmo demais.
— Quanto tempo vai levar até você perceber que ela não é eu?
— E quanto tempo você vai levar até perceber que eu estou com ela
justamente por Sunmi não ser você? – jogou de volta. – Por que ela me faz
bem, ela me faz sentir de um jeito que você nunca fez...
— Está mentindo.
— A porra do teu ego coloca como mentira tudo o que não te agrada,
Namjoon. – chegou mais perto dele. – Ela me faz sentir seguro.
— É pra mim. É depois de tanto tempo transando com você pra acordar
angustiado no dia seguinte, com medo de abrir os olhos e saber que você não
estava mais na minha cama... É quando eu engolia o meu orgulho pra poder
ter um pouco de você e era desprezado como se não tivesse te deixado fazer
o que queria comigo.
— A única coisa que eu quero é que você não viva se enganando, Jin.
Jin o encarou estreitando os olhos até que um sorriso debochado abrisse em
seus lábios, seguido do riso seco diante das palavras que ouvira. Ele negou
algumas vezes e depois deixou o cesto sobre a lavadora.
Então, olhou mesmo dentro dos olhos dele. Era como estar paralisado, no
entanto seria mentir dizer que gostaria de escapar.
Podia dizer que Jin era como a força vital que o mantinha ali, o sorriso que
mais apreciava admirar, a voz que reconheceria em qualquer lugar. Seokjin
era o fio que o mantinha ligado à vida. Ele sabia, mas enquanto a convicção
vinha de forma tão clara, em contrapartida os medos se encarregaram de
limitar a sinceridade. Não se tratava apenas de um fio solitário, eram
muitos... Eles o prendiam, o sufocavam ao redor do pescoço e dos pulsos,
qualquer movimento exagerado gerava o medo de se sufocar ali.
Então, ele se agarrava aos fios de Jimin e pedia que ele o ajudasse a
desfazer cada nó sem a necessidade de precisar ficar... Mas Seokjin...
Namjoon sempre quer que ele fique e por causa disso vai embora primeiro.
Acorda antes, depois de uma noite de sexo intenso e o observa dormir,
observa a beleza desconcertante se perguntando mais de mil vezes o que fez
para merecer o amor dele. Ele vai embora primeiro, recolhe as roupas e
deixa a cama quente para trás porque é um covarde preso no medo incurável
de arrastá-lo para dentro da bagunça que o define.
Enquanto Seokjin continua bem ali parado diante dele determinado com toda
a força que possuía, mas ciente de que não precisaria muito para ceder de
novo, porque o amor é traiçoeiro demais.
— Você me faz sentir vivo. – repetiu o que sempre dizia. Jin estava cansado
demais de ouvir aquilo.
— Nunca disse que era. Existe uma diferença fundamental entre culpa e
responsabilidade. Você só pode ser culpado por um ato que cometeu, mas
você é responsável por tudo aquilo que deixou de fazer.
— Porque é a verdade. 'Tá feliz, hyung? – Jin assentiu uma vez e estranhou
ao ver os olhos do mais alto marejaram. – Desculpa te perturbar.
— Namjoon? – chamou quando sua mão foi solta e o mais novo abriu a porta
da lavanderia. – Namjoon?!
— Aigo, você não vai! Você vai me dizer por que falou aquelas coisas!
Parar por ali. Era estranho compreender. Dar fim a algo que sequer existiu.
Seus ombros se encolheram e ele assentiu uma vez, era melhor afinal, Sunmi
merecia sua lealdade e respeito acima de tudo.
Tinham de parar por ali, no entanto, nenhum deles sabia como frear o corpo
todo.
Talvez eles estivessem certos, talvez parar fosse a melhor opção, mas o
amor é traiçoeiro.
— Aqui na sala.
Hobi o conhecia bem o bastante para compreender que Min Yoongi estava
aprontando.
— Oi.
— Mas e as dores?
— Seok-ah!
— Não vem com essa chantagem emocional pra cima de mim! Se o Jin-hyung
ficar sabendo pode até deixar, mas daqui uma semana o Jimin vai ter trazido
todos os gatos que achar na rua e pronto! Ele vai virar aquela velha de Os
Simpsons que atira gato nas pessoas, você sabe que sim!
— Mas não é minha culpa se o Jiminie é obcecado por gatos!
— Diz que você não deu um nome pra ele. – lamentou e o cachorrinho se
aconchegou sobre sua coxa esquerda para encarar o menor. – Depois de dar
um nome é doloroso se despedir.
— Eu não te falei pra largar! A gente procura um abrigo, sei lá, alguma coisa
assim.
— Como que você vai esconder um cachorro dentro dessa casa? Ainda mais
do Jimin? O Jimin simplesmente surge do nada! Eu tenho medo de olhar pro
lado e ele tá sentadinho aqui me encarando!
Hoseok não queria rir, mas era verdade. O sorriso contido puxou seus lábios
para baixo e uma expressão adorável estampou o rosto cansado. Os outros
dois notaram.
— Holly é pequeno.
— Você também é pequeno. – Yoongi mostrou o dedo do meio para Tae que
lhe mandou um beijinho no ar.
— Não é saudável para filhotes viverem presos ou limitados, você sabe
disso Yoon. É melhor contar e pedir pra ficar com ele.
Sozinhos naquela sala nenhum deles disse nada por uns minutos. Taehyung
assistiu o mais velho tirar da mochila alguns livros para empilhá-los sobre a
mesinha, do maior para o menor, ajeitando os espaços com cuidado e várias
vezes. Franziu o cenho, mas observou mais um pouco.
— Você tem TOC? – a voz grossa o fez erguer os olhos. Hobi suspirou e
negou. – Então, pra que fazer tudo isso?
— É bom que você esteja aqui, eu queria te falar uma coisa Taehyung. –
guardou os lápis e canetas de volta no estojo. – As provas me deixaram
ocupado, mas eu não esqueci o que você fez naquele dia que o Bobby me
procurou. – suspirou, sentia-se desconfortável. – Você me ajudou, mesmo
que eu não tenha pedido por isso, mas ajudou... O que você quer?
— Como assim?
— Ainda 'tá saindo com ele? Com o cara que te fodeu? – Hobi apenas sorriu
ladino e o ignorou. – Ele deve 'tá te fodendo gostoso no outro sentido pra
você continuar saindo com ele depois daquela merda toda. – debochou
jocoso, gesticulando suavemente as mãos grandes.
— No aniversário dele... Vamos tentar não brigar. – disse num tom nada
agressivo. A sinceridade em carne e osso, nada da arrogância que irritava
tanto Hobi. – Ele quer ir ao Wings, quer ouvir vocês tocando e comer...
— Um bolo de chocolate com só cinco velas. – completou. – Não vou
estragar o aniversário dele, não precisa me pedir isso. Yoongi é o meu
melhor amigo.
— Por ele. – segurou a mão maior, apertando e sendo apertada num pacto
que não necessitava de mais palavras.
Mas o toque... O calor de pele com pele, a firmeza quase bruta do aperto
entre eles criam faíscas que chiavam apenas para eles, e para Yoongi que
com Holly nos braços sorriu ao vê-los de mãos dadas. Sorriu principalmente
porque se sentia ansioso por dentro, porque o coração bateu mais depressa.
— Era uma fase hyung, todo mundo tem fases. – Yoongi reclamou, mas Jin o
ignorou.
— 'Tá falando do que Hoseok? Você era um guerreiro do hip-hop igual a ele!
– Jin entregou e Namjoon terminou de organizar os pequenos copinhos de
tequila sobre a mesa. – Escuta, Yoongi... Hoje você vai encher o cu de
bebida porque sua dieta volta na segunda-feira! Aí a única coisa que vai
entrar no seu cu, além do pau dele, – apontou para Taehyung. – vão ser
alimentos saudáveis.
— Hyung! – Jungkook arregalou os olhos e Jimin fez carinho nas costas dele,
bem acima do pequeno laço que prendia o avental preto ao corpo dele.
— Pegue o sal! – Hobi disse em voz alta e os sete despejaram um pouquinho
de sal entre o polegar o indicador. – Feliz aniversário, Yoon. – desejou para
o menor, deixando um beijo demorado sobre o cabelo verde desbotado.
— 'To muito feliz de estar com você hoje, de passar essa data especial do
teu lado. – beijou os lábios rosados com carinho e sorriu ao sentir os dedos
de Yoongi desenhando círculos sobre seu joelho.
Jimin observou Yoongi virar de uma vez o copo com soju e suspirou.
Taehyung passou as duas mãos pelo rosto e respirou fundo. Deixou Jungkook
em uma conversa com Namjoon e Seokjin, moveu-se até estar no lugar que
Hobi estava e esticou o corpo até poder falar com o casal.
Hoseok não trouxe o garoto à mesa, não o apresentou a ninguém, mas o levou
até próximo do balcão e pediu duas garrafas de cerveja, ainda abraçado a
ele e conversando com as bocas tão próximas que vez ou outra sorriam e
mordiam os lábios se provocando. Depois recostado à parede puxou Bobby
e o beijou.
Yoongi já vira Hobi com outras pessoas, aquilo não era novidade, mas era
diferente. Tanto que quando sentiu a mão de Tae em sua coxa, apertando com
força, arfou e lambeu os lábios antes de encará-lo.
Mais tarde, quando a Cypher tomou lugar naquele pequeno palco, Yoongi
aproveitou cada música porque Jimin lhe disse que a banda tocaria suas
favoritas. Bebeu mais doses de tequila, mais alguns copos de cerveja e
compartilhou dos cigarros que Taehyung acendia sob o olhar atento de
Seokjin.
Algumas pessoas gritaram, ele piscou e penteou os cabelos suados para trás
com ambas as mãos. Estava lindo, mais do que o normal. A regata preta, os
anéis grossos ao redor dos dedos, as unhas pintadas de preto e aquele
jeitinho iluminado que conseguia fazer tanto Yoongi quanto Taehyung
suspirar.
— Todo mundo sabe que é você. – rolou os olhos. – Então, vou arriscar isso
como um presente de aniversário. – olhou para Jimin que assentiu. – Feliz
aniversário, Yoon.
Jungkook suspirou, seus olhos só conseguiam ver Jimin ali. O cabelo longo
preso no alto, os fios que escapavam para emoldurar o rosto lindo, a
mandíbula perfeita. No solo, quando Hobi se virou para dar espaço a ele, os
gritos – em maioria femininos – quase o assustaram.
Jin não voltou pra casa com eles e não precisou dar muitas explicações
depois de atender uma ligação de Sunmi.
— Mini? – chamou de forma embolada e o menor riu dele. – Jimin você 'tá
comendo o Jungkook?
— O que?! – Jungkook, bêbado igual, negou diversas vezes e Jimin riu mais.
— Acho que vou ter de cuidar de vocês dois, que saco! – Jimin segurou
Jungkook quando ele quase caiu por cima de Namjoon.
— Seu pai proibiu, não pode bebê. – o Park brincou e deu um tapinha na
mão de Namjoon que tentava apertar sua coxa esquerda. – Vem Joon, vou
colocar você na cama.
— Você vai dormir comigo?
— Eu pedi primeiro!
— Durmam os três juntos. – Yoongi encheu o corpo com mais bebida e Jimin
o encarou com um sorriso atrevido.
Yoongi mordeu a boca e Tae apoiou os pés sobre a mesa de vidro. Ambos
tinham o cabelo úmido pelo banho recente e vestiam pijamas folgados
compostos por short e camiseta.
Não estavam sóbrios, mas sabiam bem o que faziam desde aquele olhar
cúmplice no bar.
Hoseok só notou o que acontecia quando levou o cigarro aos lábios e abriu
os olhos, o choque o fez parar com o filtro próximo aos lábios entreabertos.
Ele soltou a respiração numa lufada e quis muito, quis demais sentir raiva...
Sentir ciúme... Qualquer coisa era melhor que aquele desejo fodido que o
quebrava ao meio.
Se derretendo nas mãos e na boca de Tae enquanto era devorado pelo olhar
de Hobi. Ele gemeu mais alto.
E estava saindo como se vazasse dos três, se juntava no meio daquela sala
de estar feito três rios distintos que precisam desaguar no mesmo lugar.
Taehyung se afastou do mais velho, abriu mais as pernas e bateu com a mão
na coxa exposta graças ao short curto chamando-o para si, para sentá-lo de
lado em seu colo. Yoongi imediatamente prendeu os dentinhos pequenos no
pescoço bronzeado, mordendo feito um gato arisco e arrancando do maior
um grunhido que atingiu a cheio Hoseok. Ele se remexeu, o pau pesando
entre as pernas de tão excitado porque tudo estava contra ele.
Tae sorriu pra ele passando a língua nos dentes, revirando os olhos pelas
mordidas e chupões que recebia até a clavícula.
O outro tragou o cigarro uma última vez abrindo mais as pernas para aliviar
o incômodo da ereção e o mais novo entre eles gemeu só em vê-lo fazer isso
tendo a absoluta certeza de que queria demais tocá-lo também.
— Ele quer tanto quanto a gente. Mas marrento demais pra assumir. –
suspirou. – Vamos subir gatinho. – beijou o queixo dele.
Foi para o quarto puto, insatisfeito e com tanto tesão que nem deitar em uma
geleira resolveria. Secou o corpo e o cabelo, vestiu uma calça de moletom
velha e não se preocupou com a ausência de Jimin ali, mas estranhou as
batidas na porta antes de abri-la e se deparar com Yoongi parado ali:
descabelado, sem camisa e com a expressão que sempre usava quando
queria algo dele.
— Yoongi... – suspirou.
— Eu sei. – assentiu. – Mas eu quero lamentar por isso amanhã, não agora.
Só hoje, nós três... Porque eu sei que isso não sai da nossa cabeça. Você
sabe. O Tae sabe. Hoje a gente perde o orgulho, perde o medo... Vamos ser
imprudentes. Hoje. Essa zona de guerra vira um paraíso, Hoseok.
Hobi respirou fundo e fechou os olhos, mil coisas diziam que não... Mas
eram nada perto do desejo, perto do coração acelerado que queria escapar
do peito para gritar que sim.
Era estranho, já havia participado de algo assim antes, mas das outras vezes
sentia-se excluído. Alí, Hoseok sentia-se agraciado com a visão dos outros
dois.
Yoongi puxou a camisa do mais novo para cima e atirou longe, saiu de seu
colo e virou o copo de Hoseok de uma vez, bebendo tudo. Ele sorriu, a
embriaguez voltou aos poucos. Tomou o baseado, tragou sensualmente e
sentou com pernas de índio no meio do colchão.
— Me deixem ver aquilo outra vez. – gesticulou com a mão que segurava o
cigarro artesanal. – Pode explodir.
Lambeu os lábios ao lembrar uma conversa com Jimin há meses. Tae sorriu
ladino e se virou para encarar Hobi com a expressão mais atrevida que o
outro já vira. Hoseok assentiu uma vez, Taehyung gemeu antes mesmo de ser
beijado porque a força daquelas mãos em si era mais do que imaginava, não
fazia jus ao que já provara.
Hoseok puxou os cabelos longos do mullet, cavou sua cintura com os dedos
finos e mergulhou a língua dentro da boca dele, sedento e movido ao tesão, à
raiva, a aquela paixão que bagunçava sua mente.
Yoongi soprou a fumaça para o alto, apertou o próprio pau por cima do short
e gemeu. Tae lambeu a boca alheia, lambuzou de saliva o território, a mente
ciumenta querendo mostrar que mais ninguém era bom como ele, como
Yoongi.
Tae gemeu ao sentir o pau ser apertado por uma mão, ele olhou pra baixo e
gemeu de novo porque era a mão de Hoseok, o polegar habilidoso
esfregando-se a glande, espalhando pelo tecido o pré-gozo. Yoongi arfou e
assentiu porque recebia o mesmo carinho em si.
Tae puxou o short e ficou nu, uma mão puxou Yoongi para um beijou a outra
começou a masturbar o pau. Hoseok olhou e quase riu de si mesmo por sentir
tanta água na boca. Ele se livrou do moletom, se masturbou apertando o pau
do jeito que gostava e Yoongi gemeu baixinho vendo ambos nus diante de si.
Era complexo, não sentiam pudor muito menos vergonha de estarem expostos
porque parecia ser certo.
Sentaram lado a lado, Tae não demorou a fazer do pescoço de Hobi seu alvo
com beijos e mordidas dolorosas, daquelas que ficam marcadas por dias.
Yoongi acendeu outro baseado e entregou para ele, ficou de quatro com uma
perna de cada um entre as suas e lambeu o pau de Hoseok da base à glande,
puxando o pré-gozo com a ponta da língua rosada.
— Tão gostoso. – gemeu ao sentir o sabor e Tae sorriu. Depois que o menor
abocanhou-o até onde conseguia, as bochechas murcharam pela sucção
deliciosa.
— Ele é bom pra caralho nisso. – Tae sussurrou rente ao ouvido dele e
sorriu para o formato de coração de cabeça pra baixo, lambendo-o devagar.
– Ele adora chupar, troca qualquer coisa pra ter um pau fodendo essa
boquinha linda. – a voz dele, o boquete de Yoongi... Hobi gemia cada vez
mais. – Você gosta, Hoseok?
— Se chupa tão bem quanto é marrento, caralho... Essa boca deve ser
mágica.
Tae sorriu e mordeu os dois dedos antes de sugá-los para dentro da boca,
chupando devagar o suficiente para saliva se espalhar e escorrer no pulso de
Hobi, até o relógio caro. Yoongi o levou à garganta e segurou, os olhos
pequenos arderam e o garoto parou de chupar pra gemer.
— Isso...
— Caralho, você consegue ser ainda mais lindo assim. – murmurou e Yoongi
os observou. – Goza gostoso pra gente, Seok. Enche aquela boquinha de
porra, me deixa sentir o teu gosto na língua dele também.
Hoseok gozou num urro aliviado, um sorriso preguiçoso puxou seus lábios
mordidos enquanto Yoongi engolia a porra que tinha na boca e masturbava-o
para tirar até a última gota que escorria entre seus dedos pálidos. Tae
agarrou-lhe o pulso e abocanhou os dedos melados, limpando-os com a
língua, recolhendo o sabor de Hoseok.
Tão absurdo de assumir que ansiavam beber da fonte e a confusão em suas
mentes os levavam a gostar de ter Yoongi como o fio desencapado que os
ligava.
Yoongi tirou o short, expôs para ambos a nudez e gostou da forma que foi
admirado. Apreciaram cada pequena curva da cintura estreita, dos quadris
ossudos, das coxas roliças... Até mesmo do caminho de pelos ralos que
desciam do umbigo até o pau rosado que brilhava pelo pré-gozo.
Era o paraíso, mesmo que os dois homens que o amam, os dois homens que
ele ama fossem como duas bombas... Mesmo que aquela situação fosse como
um campo de guerra, também era o seu paraíso. E enquanto sucumbia aos
gemidos altos, acordando a casa inteira... Sendo tão puro, tão sujo e tão
bruto poderia continuar ali o resto da vida. Transando e brigando, brigando e
transando sem se tornar complexo e exigir discussões cheias de "mas" e
"porém".
Ele olhou. Yoongi viu quando ambas as bocas úmidas subiram por seu pau,
as línguas contornando cada veia arroxeada para se encontrarem no topo.
Tae o lambeu, Hoseok capturou a língua dele e o beijo era tão intenso que o
menor gemeu extasiado, perdido em meio ao prazer e os conflitos nublados
dentro da mente embriagada.
E estava saindo, mesmo que nenhum deles tenha notado, ela estava
transbordando naquele quarto, estava escapando de cada pedaço dos três,
tomando o espaço que teimava em não dar.
Amava Hoseok e isso não deixaria de ser verdade simplesmente por fingir
que era mentira. Estava completamente apaixonado por tudo em Taehyung e
caminhava rumo a um sentimento mais forte ainda.
Yoongi gozou deixando a voz sair alta, pouco preocupado com os outros
ocupantes da casa, queria conseguir expressar ali o prazer inumano que
sacudiu seu corpo feito um terremoto.
O silêncio caiu naquele quarto, mas ele não era pesado. Ainda. Deitaram nus
na cama, Yoongi entre eles ainda respirando alto. Cobertos de suor,
embriagados pelo sexo e pelo álcool.
Ele observava os perfis amolecidos pelo torpor do cigarro e foi assim que
se flagrou, por fim, a resolução de seus conflitos. Diante de seus olhos, claro
como a água. Transparente e despido de qualquer máscara.
O homem pelo qual estava indo além de uma paixão e o homem que o fazia
pulsar como um nervo, tragando-o igual traga do baseado apertado entre os
lábios bonitos.
Pensou em dizer algo, pensou em deixar sair mais um pouco daquela verdade
conflituosa e na manhã seguinte seguir como se nada precisasse ser dito ou
lembrado, entretanto ainda estava na mesma cama que Yoongi e Hoseok, mas
já sentia saudade.
— Obrigado.
A verdade saiu no sexo, ela exigiu um lugar para si e ela ficaria ali.
Seether
Yoongi sempre teve o sono leve e essa era uma das razões de ele geralmente
acordar de mau humor. Bastava alguém se mexer perto dele e já estava
desperto. Foi esse o motivo de ter coçado os olhos e olhar ao redor confuso
quando ouviu o farfalhar dos lençóis daquela cama confortável.
Toda a bebida amarga, os espetinhos de carneiro, o bolo caseiro que Jin lhe
deu... Uma mistura nojenta e fedida que só parou de ser expelida quando não
havia mais nada dentro de seu estômago. A dor de cabeça mal o deixava
abrir os olhos, era como se estivessem pressionando suas têmporas com
placas de aço. Ele limpou o queixo com as costas da mão, respirou fundo
quando sentiu as mãos mornas do maior o erguendo de novo... Um cuidado
que ele sabia bem não merecer.
— Você odeia mentir pra mim. – deu de ombros. O menor fechou a mão em
punho porque havia mágoa naquele tom de voz, havia dor que ele mesmo
plantou. Em contrapartida tudo em si era atraído com força em direção ao
melhor amigo... Mais forte do que nunca, quase impossível de evitar. –
Yoongi eu queria que você odiasse ferrar com a minha cabeça também, quem
sabe assim não me usasse.
— E se a gente tentar...
Quando ele saiu e fechou a porta, Yoongi levou algum tempo para perceber
que pela primeira vez desde que se conheciam Hoseok não o consolou, ele
não ficou... Porque nenhum deles sabia como fazer isso.
Tae parou de esticar o corpo quando viu o mais velho sair do banheiro.
O mais novo ficou de pé e com alguns passos chegou ao mais velho, a mão
direita segurou o rosto dele e deixou que o polegar afastasse a pele úmida
pelas lágrimas.
— O que você está fazendo? – Hobi sussurrou mais para si porque apenas
não sabia como se afastar.
— Eu não faço ideia. – Taehyung confessou. A voz rouca pelo sono arrepiou
cada pelo do corpo de Hoseok. – Quando eu te vejo triste... Eu não consigo
me parar de querer.
— Yoongi 'tá passando mal. – ele engoliu o choro e fungou secando o nariz
com as costas da mão. – Tem remédio no armário do banheiro. Faça ele
comer alguma coisa doce e beber água.
— Quer ficar? – tentou sem entender o motivo. – Quer cuidar dele junto
comigo?
— Você vai dizer que não sentiu nada quando a gente se beijou? – sussurrou
e Hobi negou se afastando. – Não precisa ser orgulhoso agora.
Gesticulou e saiu do quarto batendo a porta, sem olhar para trás. Tae
respirou fundo e passou as mãos pelo cabelo bagunçado, penteando as
mechas entre os dedos trêmulos. O barulho do chuveiro chamou sua atenção,
então ele entrou no banheiro e o vapor quente o envolveu inteiro, assim
como o olhar felino e choroso de Yoongi.
— Desde quando eu decidi sozinho que nós dois não ia existir nunca.
Tae o observou fechar os olhos, sentiu as mãos grandes afagando seus braços
e contra o próprio peito o coração alheio que batia acelerado, forte. Yoongi
piscou algumas vezes porque a água acumulada em seus cílios embaçava a
visão e ele queria continuar preso no olhar poderoso de o maior enquanto
assumia.
— É. Eu acho. – assentiu.
— Então, por ser amor eu quero que tudo entre nós dois seja claro. – lambeu
os lábios. – Eu aceitei que você chamasse o Hoseok porque eu também
queria, porque eu penso nele enquanto penso em você também, porque por
mais que ele seja tão marrento eu percebi que gosto do som da voz dele
Yoongi...
— Por isso você o provoca... Porque ouvir a voz dele te faz bem. – os olhos
felinos estavam um pouco assustados, toda a culpa o consumia mais
lentamente e por todos os lados. Yoongi chegava à conclusão da gravidade
do que fez ao propor tudo àquilo porque Tae estava colocando suas cartas na
mesa, Hoseok fizera o mesmo enquanto ele não tinha nada. Mãos vazias e o
coração cheio, transbordando enquanto preso dentro do olhar alheio. – O que
você sente pelo o Hoseok, Taehyung?
— Quero.
— Quase tudo que eu sinto por você. – mordiscou o lábio inferior. – Isso te
machuca?
— Não. – negou e seus olhos pequenos ficaram marejados de novo. – E esse
é o problema. O que a gente faz agora?
Então, ali quieto ele se lembrou de uma conversa que escutou escondido,
lembrou do flagra e das palavras que comumente pairavam dentro de sua
mente. A ameaça explícita a carta reescrita mil vezes que foi tomada de suas
mãos ainda adolescentes por declarar o que não devia. Encolheu-se mais e
Tae o abraçou mais forte inconsciente que o ato lhe passava proteção.
Num suspiro fraco pelo choro recente, Yoongi encarou a cicatriz rosada em
seu quadril e sentiu os dedos de Tae acarinhando a área numa devoção
silenciosa.
— Hm?
— Quando eu decidi por mim e por Seok que era melhor não tentarmos
algo... Eu estava o poupando. – Tae franziu as sobrancelhas. – O pai dele... –
engoliu a saliva e apertou os dedos nervosos. – Yoseob-ssi achou a minha
carta.
Jimin não disse nada quando Hoseok entrou no quarto, mas o encarou
disfarçadamente.
Ele estava de costas, não queria parecer invasivo e sabia bem que entre
todos os amigos, Hoseok era aquele que raramente recorria aos seus
cuidados. Ali Jimin era visto como o mais adulto, aquele que estava sempre
pronto a consolar, animar ou dar sermões dolorosos. Entretanto, Hobi
sempre lhe parecia tão pleno que o Park procurava respeitar seu espaço
constantemente. Então, qual foi sua surpresa ao ouvi-lo soluçar e desabou
num choro sufocado.
Vê-lo daquele jeito era assustador porque para si Hoseok era o mais forte,
mas naquele momento o hyung cheio de alegrias poderia caber em seu bolso.
— 'Tá arrependido?
— Jimin... O que mais me frustra é isso. – encarou o mais novo. – Eu não me
arrependo de nada. Eu fui usado e agora, aqui... – apertou as mãos. – É
como se tivesse lutando contra o meu corpo inteiro porque ele quer correr de
volta pra eles.
— E o Tae? – foi cuidadoso, não sabia onde pisava e temia uma explosão
que não merecia. Hobi ficou quieto, mas os olhos cansados continuaram
encarando Jimin como se silenciosamente implorasse ajuda, como se
precisasse usar a voz alheia para confessar o que não sabia dizer sozinho. –
Quer que eu especifique isso, hyung? – Hobi assentiu. – E o Taehyung... Sim
ou não?
— Sim. Eu odeio isso, mas sim. – segredou em sussurro, ele temia dizer alto
e se tornar ainda mais real. – Jimin eu tenho vivido a minha vida inteira
procurando um jeito de me sentir inteiro, de sentir que eu existo além dos
planos dos meus pais pra mim... Além dos sonhos que eles sonham por mim.
Eu tento me encaixar em cada projeção porque morro de medo de
decepcioná-los... Eu não quero ser alguém ruim.
De novo.
— Por favor...
Ele não sabia, mas naquele mesmo dia o seu pai fez Yoongi desistir de se
declarar e a outra carta nunca foi entregue.
Era quase duas da tarde quando um grito de Seokjin fez Namjoon derrubar a
garrafa de água e fez Jimin agarrar-se ao braço de Jungkook enquanto tocava
violão na varanda da casa.
— Arrumou?! E você acha que isso adiantou?! Vocês dois! – apontou pro
casal e Tae assentiu. – Tem porra grudada no meu travesseiro!
— Caralho, eu 'tô comendo! – Namjoon resmungou.
— Ah Namjoon, até parece que você não adora jatada na cara! – Jin
explodiu gesticulando sem parar.
— Essa é uma informação que eu não precisava saber, mas achei válida. –
Tae coçou a nuca e Namjoon rolou os olhos. – Quem diria, Namjoon-ssi.
— O que aconteceu?
— A gente ficou. – Tae deu de ombros. Não queria expor mais nada de toda
a situação, seus planos eram outros.
— Sério? Pena que eu não ligo. – deu de ombros. Jungkook colocou o violão
sobre a mesa e ficou apreensivo. Imaginar Jimin nervoso o deixava
angustiado. – É meio difícil pra mim isso de não se meter quando vejo
alguém que amo se quebrando inteiro por causa de quem nem merece isso.
— Eu sei que o Hoseok 'teve uma crise de choro por causa do que
aconteceu, que ele 'tá péssimo e precisou ser dopado pra dormir enquanto
vocês dois almoçam juntinhos como casal ideal dois mil e dezenove. Não
fode, Yoongi.
— Ele não quer conversar com vocês! – o Park quase gritou. – O deixa em
paz!
— Vocês não têm o direito de fazer isso com ele! Todo mundo sabe o que
Hobi-hyung sente pelo Yoongi-hyung e do quanto ele abriu mão pra vocês
ficarem por todos os cantos dessa casa bancando os pombinhos, bem na cara
dele! Ainda acham que tem direito de sentir ciúmes quando ele fica com
outras pessoas! – Jungkook, inconsciente, prendeu a barra da camisa de
Jimin entre os dedos como se tentasse mantê-lo perto. Detestava brigas. – Ai
o chama pra fazer ménage, aproveitando da fraqueza dele e nem querem
respeitar o espaço dele?! Hoseok-hyung não quer conversar com vocês!
— Yoongi, não seja tão cretino. – o mais velho sorriu ladino. – Jimin não
tem obrigação de negar quando Namjoon o procura só por minha causa...
— Hyung eu...
— Você sabe que 'tá errado e por isso jogou o meu nome como justificativa
pro teu ato, uma coisa não tem nada a ver com a outra. Eu e Namjoon não
temos um relacionamento e nunca tivemos... Jimin não deve satisfações pra
ninguém. Mas você deve. Quer que eu seja sucinto? Eu vou ser porque
envolver o meu nome nisso me deixou puto. Yoongi, o que você quer? Beija
um, transa com outro, briga por um... Faz os dois cederem ao teu fetiche
sexual de foder com ambos e no dia seguinte posa como uma vítima do
destino, das tuas dúvidas?
Yoongi piscou até seus olhos ficarem marejados, mas não disse nada em
oposição às palavras duras de Seokjin. Não se sentia no direito de dizer.
Então, Tae largou os hashis sobre a mesa e ficou de pé, o olhar furioso foi de
Jimin a Seokjin, ele puxou o Min para trás de si e entrelaçou os dedos aos
dele.
— Vocês acham que essa merda é uma maravilha? Que ficar confuso o tempo
inteiro é tranquilo? O problema não é ter dúvidas, é ter certezas. Parem de
se meter. – Tae soltou a mão alheia pra abrir a carteira de Yoongi que estava
sobre a mesa, ele puxou um cartão cinza e jogou. – A senha é 180294. –
guardou a carteira no bolso e assentiu. – Compra uma cama nova, faz o que
quiser. – virou-se para Yoongi. – Vamos sair daqui.
— Isso não é legal, hyung. – ralhou quase manhoso e Jimin mordeu o lábio
inferior o encarando sem parar. As luzes estavam apagadas, as cores que
vinham da TV o faziam reluzir. – Lindo. – sussurrou.
— Hm?
— Hyung... Alguém pode descer. Me disse que era melhor ser um segredo.
O maior assentiu.
Park Jimin subia pelas paredes por cada ato de Jeon Jungkook.
Então, ele queria avançar. Queria beijar cada pedaço do corpo dele, queria
apertar cada músculo forte e saciar juntos o desejo pulsante que crescia mais
quando passavam horas beijando.
Quando Jimin pesou sobre ele e a quase ereção foi sentida contra sua coxa,
Jungkook usou as mãos para empurrá-lo para cima com cuidado e continuou
de olhos fechados. Sentia vergonha.
O mais velho respirou fundo e apoiou as mãos no sofá, quebrando mais o
contato entre os corpos.
— Hey, abre os olhos. – o mais novo negou. – Jungkook. 'tá tudo bem. Bebê,
olhe pra mim, vai.
Abriu os olhos devagar e Jimin sorriu porque aquele garoto era a coisa mais
linda que ele já viu na vida. Os olhos grandes e assustados, o nariz tão
corado quanto às bochechas cheias e aqueles lábios finos inchados pelos
beijos trocados.
Jungkook o desestabilizava.
— Desculpa. – sussurrou.
— Não precisa pedir desculpas por causa disso. Eu fui longe demais, foi
mal.
— Adoro quando você pensa alto assim. – riu e usou uma das mãos para
pentear a franja alheia com os dedos, afastando até expor a testa lisinha. –
Você é um homem incrível, Jungkook. Quando você ficar desconfortável com
alguma coisa que eu fizer, por favor, me diga ok?
— Ok. – ele mentiu. Ele não diria porque temia ver Jimin se afastar. –
Desculpa, hyung.
— Não pode se desculpar por me deixar com tesão, não é algo ruim. –
brincou e se abaixou para beijar a testa dele, depois a ponta do nariz e por
último os lábios rosados. – Agora eu preciso de um banho gelado.
— Hyung! – ralhou e Jimin riu baixinho, saindo de cima dele para calçar as
pantufas de pintinho. Jungkook sentou no sofá e sorriu. A dualidade daquele
hyung o encantava. – Obrigado por entender.
— Desci pra buscar minha mochila e ouvi você dizendo que sabia sobre ele
ser virgem. – deu de ombros. – Eu estou surpreso, ele definitivamente não é
o teu tipo... A gente sabe que esse negócio de esperar não rola com nenhum
de nós dois, Jiminie.
— Sei disso, 'tô falando por você parecer ter escolhido esperar com ele. –
zombou. – Achei que você não queria relacionamentos, mas eu percebi que
não quer um relacionamento comigo.
— Não tem nada de errado em você, Jungoo. Vai ficar tudo bem, eu prometo.
Hobi estava quebrado, mas definiu que ajudar Jungkook seria sua prioridade.
Ele sabia que aquele comportamento tinha um dedo de Jimin.
R.E.M
— Ela é...
— A omma de Yoongi. – assentiu e pegou um dos sanduíches, ajeitando as
fatias de tomate com a ponta dos dedos. – Minha omma me mandava rezar.
— Acha que eu devo rezar pra não ter mais nada de errado em mim, hyung?
— Acho que você deve beber o leite e parar de repetir que tem algo errado
em você. – Hobi suspirou quando o mais novo assentiu e desviou os olhos
grandes. – Jungkook, depois de ouvir o que aconteceu, quero conversar
sobre isso, tudo bem?
— Uhum.
— Mas hyung-
— Três semanas.
— Isso. Acontece que Jimin e Namjoon têm esse tipo de relação antes de
Seokjin-hyung e antes de você também. Consegue entender? – o mais novo
assentiu. – Eu sei que você 'tá magoado e chateado, ele beijou você e agora
'tá com o Namjoon, mas Jimin não faz ideia de que esteja apaixonado por
ele... Ele não faria algo assim se soubesse... Não pra te deixar saber.
— Como assim?
— O Jimin é livre, Jungkook. Ele passou tempo demais da vida dele preso a
algo tóxico, então ele preza demais a liberdade que tem.
— Ele não estaria ficando contigo se não gostasse de você... Mas ele não
gosta da mesma forma que você gosta dele. – o semblante triste de Jungkook
deixava Hoseok com o coração apertado. – Jimin não usou você, ele não usa
ninguém. – negou. – Ele só fez o que está acostumado a fazer desde que é um
homem livre. Você sempre soube que ele e o Namjoon tinham esse rolo,
Jungkook... Olha pra mim. – pediu carinhosamente. – Eu adoro você, Jungoo.
– sorriu um pouco. – E por isso eu estou aqui te aconselhando sobre isso,
porque eu sei que a sua inexperiência cria muita coisa ruim na sua mente...
Conversa com o Jimin, diz pra ele como você se sente.
— Ele não vai se afastar de você, ele só vai ter mais responsabilidade pelos
teus sentimentos sobre ele. Não dá pra cobrar de ninguém uma culpa que não
existe. Ele não fez isso pra te magoar ou qualquer coisa do tipo, ele fez isso
porque é o jeito dele... É como ele tem feito durante muito tempo. Existia um
Jimin antes de você chegar, existia um Jungkook antes de conhecer o Jimin e
nenhum de vocês vai mudar do nada. Beba o seu leite. – apontou e Jungkook
assentiu. – Acho que seria bem mais fácil para nós dois se a gente gostasse
um do outro, Jungoo. – Hobi apoiou as costas na cadeira e observou o
segundo sanduíche intocado. Acordou com fome, mas de repente se sentia
farto demais. Jungkook o viu empurrar o prato para longe.
— Hm.
— Quando está triste. Seus lábios se curvam. – ele bebeu o resto do leite e
deixou a xícara sobre a mesa. – É estranho hyung. Quando você está feliz
parece que o Sol brilha mais... Mas quando fica triste sempre chove.
— É nesse ponto que tudo se perde, Jungkook. – sorriu de lado, sem vontade
de nenhuma. – Na sua explicação eu sou o Sol? – o mais novo assentiu. – De
qualquer forma eu preciso ficar sozinho ou acabo queimando alguém. – Hobi
ficou de pé. – Quer dormir no meu quarto? – Jungkook assentiu. – Vem.
Ele bagunçou o cabelo de Jungkook e o garoto olhou para o sanduíche
intocado outra vez antes de seguir o hyung pela casa. Hoseok não o deixou
dormir na cama de Jimin, aquilo lhe parecia masoquista demais tendo em
vista o semblante chateado do mais novo. Deixou-o se esparramar em sua
cama, cedeu a ele cobertor e travesseiro e não reclamou quando o garoto
agarrou-se em seu corpo e dormiu rapidamente com a boca aberta.
Antes de conseguir pegar no sono, outra vez ouviu o celular vibrando sob o
travesseiro e depois de diminuir o brilho forte da tela franziu o cenho ao ler
o remetente das mensagens recebidas no aplicativo.
[02h09]Kim Taehyung:
Me encontra amanhã
Por favor.
— Ele respondeu?
— Mas ele visualizou. – deixou o celular de lado outra vez e puxou o menor
para seus braços, deitando atrás dele. – A gente vai contar com a
impulsividade dele.
— Yoongi ficar se depreciando não vai mudar nada, se a gente quer alguma
coisa temos de correr atrás.
— É certo pra você? – afagou a cintura dele, sob a camiseta larga estampada
com o logo do Batman. – Se for certo pra você que se foda o resto das
pessoas, Yoon.
— Ele não sabe o que aconteceu... Não sabe os teus motivos. – chegou mais
perto do menor, puxando a coxa nua até que ela estivesse encaixada em seu
quadril. – Eu nem conheço o pai do Hoseok, mas acho que já o odeio.
— Eu gosto pra caralho desse teu jeito adulto de resolver as coisas. – fungou
e sorriu quando sentiu os lábios de Tae sobre o seus. – Você é mais maduro
que nós dois.
— Vai ver numa outra vida, eu não tenha sido. – brincou. – Talvez agora seja
a minha vez de resolver as coisas. – ele cheirou a pele do rosto de Yoongi e
deixou um beijinho demorado sobre o nariz pequeno.
— Eu comprei isso há duas semanas... Não sei o porquê. – sorriu sem jeito.
– Eu estava voltando pra república depois de almoçar com a minha omma e
vi uma senhora vendendo essas coisas artesanais. – ele abriu o caixa e tirou
de dentro dela um saquinho de tecido vermelho. O sacudiu até que três
colares, bijuterias, caíssem na palma de sua mão. – Vai parecer que fiz de
caso pensado, mas e não-
— Achei que fosse a única pessoa do mundo a perceber que quando ele sorri
tudo ao redor se ilumina...
— Como se ele fosse o Sol. – sorriu triste.
— Vem aqui.
Ainda mais para mentes tão jovens, tão pressionadas por todos os lados da
vida.
Fizeram amor pela primeira vez, talvez antes disso tenha sido só sexo...
Talvez porque as lembranças da madrugada anterior ainda conseguiam
influenciar demais a mente, o corpo e tudo possível.
Enquanto as poucas roupas eram espalhadas ao redor da cama e Yoongi
cavalgava lentamente, contendo os gemidos porque o quarto da mãe e do
padrasto não ficava longe, o suor escorria por sua pele pálida que aos olhos
de Taehyung brilhava como a Lua.
E ele amava demais aquele homem sob seu corpo. Amava cada pedaço dele
da mesma forma que também amava cada pedaço de Hoseok.
E quando gozaram, quase juntos, o prazer os embalou por pouco tempo, era
quase covardia.
Ele sorriu e caminhou até o mais novo para ajeitar melhor o cobertor que
quase caia para fora da cama de solteiro. Jungkook mastigou alguma coisa e
resmungou assentindo.
A voz rouca fez o Park dar um pulo e virar de uma vez. Ele arregalou os
olhos para Hoseok e xingou baixinho pelo susto.
— Não acorda ele. – mandou vestindo uma camisa larga. – Ele dormiu tarde,
dá pra perder as primeiras aulas. Preciso conversar com você.
— Por que ele dormiu aqui? – franziu o cenho. – Vocês dois... – fez um bico
e Hoseok fez careta.
— Por sua causa. – rolou os olhos. – Ele te ouviu com o Namjoon, Jimin.
Jimin deu de ombros e Hobi suspirou. Ele apontou para a mesma mesa que
ocupou com Jungkook de madrugada e o menor sentou, obedecendo-o.
— Não vou te dizer tudo que ele me contou, eu realmente quero que vocês
resolvam isso conversando porque têm coisas que só ele pode te explicar. –
Jimin assentiu. – Jimin, Jungkook chorou porque estava magoado, ele te
ouviu dizer que não era nada sério entre vocês e depois te viu ir pro quarto
com Namjoon.
— O que hyung?
— Não o machuque. – disse de forma séria. – Quando ele falar, fale também
e deixe extremamente claro o que seja entre vocês dois... Eu sei que você
não faz isso, que você não ilude as pessoas ou as machuca, mas Jungkook é
diferente das pessoas com as quais você se relaciona, Jimin. E ele gosta de
você.
— Jimin... Jungkook está apaixonado por você. E estar apaixonado, pra ele,
é diferente e importante demais.
— Não sei. – deu de ombros. – Meu pai me ligou bem cedo. Ele marcou um
almoço pra mim com Momo.
— Hyung... – lamentou.
— Tentar? – estranhou.
— Jimin...
— Está se ouvindo? Hyung, por favor, ouça o que está dizendo! Ninguém
vira hétero ou gay, ou lésbica... Ou qualquer outra coisa! Ninguém escolhe
isso! – Jimin parecia decepcionado. – Me contou que seu pai chegou a te
obrigar ter relações com uma mulher, que ele te bateu por não conseguir! Por
favor, não deixa a loucura de seu appa te afetar assim, hyung. Você não
precisa tentar agradar ninguém, só a si mesmo!
— Você não entende. – negou. – Mas eu entendo a sua decepção. Eu sempre
decepciono todo mundo.
Ele saiu pela porta da cozinha e do lado de fora, sentado no primeiro degrau
da escada pequena que dava para o quintal espaçoso, Hoseok acendeu o
primeiro cigarro do dia.
Ele piscou algumas vezes, olhando ao redor até notar que não estava em seu
quarto. Coçou os olhos e bocejou, mastigando a saliva até ouvir um riso
baixinho.
Ele ergueu o tronco de uma vez e olhou para Jimin que estava sentado na
própria cama, bem vestido e com os cabelos platinados presos para o alto.
— Hm, um passarinho me contou que você está chateado com algo que fiz. –
ele se mexeu até pegar a bandeja pesada. – Então, como um pedido de
desculpas eu te preparei para isso.
— Leite de banana, cereal, panqueca com mel e maçã cortada sem a casca. –
sentou na ponta do colchão. – A maior panqueca eu deixei pra você. – sorriu.
Havia qualquer coisa naquele garoto que sempre lhe despertava a sensação
de manhã de natal e aquilo lhe assustava um pouco porque era novo e por
mais que gostasse de coisas novas, havia um ou duas que queria deixar de
lado.
— Esse meu jeito vai te magoar, Jungkook. – lamentou. – E você não merece
ser magoado por ninguém. Você é lindo, eu tenho certeza que qualquer outra
pessoa vai-
— Qualquer outra pessoa não. – negou uma vez. – Você hyung. Só você... –
Jimin esperou ele concluir. – Eu sou demissexual.
Então, Jimin levou algum tempo para reagir ao que ele disse sem parecer
ainda mais preocupado. Jungkook temeu o silêncio dele.
— Hyung!
Hobi sabia que havia perdido a luta contra sua decisão no momento em que a
última aula acabou e ele observou os outros alunos saindo da sala, mas não
conseguiu se mover.
Tinha de sair, pegar a moto e dirigir até o restaurante que o pai havia
indicado na mensagem. Devia almoçar com Momo, conversar e saber mais
sobre ele porque, quem sabe assim, tentar não fosse tão difícil.
Momo era linda, inteligente, gentil e parecia sentir o mesmo que ele quanto
aos planos familiares de ambos... Ela era perfeita e por isso seus pais o
empurravam para ela. Momo poderia ser a ferramenta perfeita para consertá-
lo e, então, nunca mais ele precisaria ter medo de ser o que era.
Estava frio demais, então ele puxou o capuz da jaqueta verde para cobrir o
que a toca preta não cobria. Diante da porta pequena, Hoseok parou e negou
uma vez, negou indignado com sua covardia idiota. Virou as costas, então
abriram a porta, o vento gelado o arrepiou e antes que desse mais um passo
ouviu seu nome naquela voz grossa.
— Hoseok.
Ao passar dos dias conflituosos, Hobi chegava a pensar que Deus o odiava
porque parecia cômico brincar dessa forma com sua vida. Bastava a voz
dele e tudo se revirava por dentro misturando sentimentos demais, fazendo
uma alquimia assustadora ao ponto de criar novos que ele nem conhecia
ainda.
— Mas você veio. – Tae apagou o cigarro e atirou no lixo antes de fechar a
porta. O corredor apertado, a luz que piscava sem parar quando não se
moviam e Hoseok parado na sua frente perto o suficiente pra poder tocar. –
O Yoongi não 'tá aqui.
— Eu sei que você tem todos os motivos do mundo pra sempre estar na
defensiva quando se trata de mim, mas eu não quero brigar ou discutir com
você. Eu só quero conversar.
— Sobre o que?
— Pelo menos mais uma vez, até você perceber que fugir não vai adiantar.
— Você quer se poupar de assumir pra si mesmo quê o que a gente fez
mudou absolutamente tudo? Eu sei que está com medo...
— Eu não estou-
— Eu também 'tô com medo Hobi. O Yoongi também 'tá. – chegou mais perto
dele. – Mas deixar esse medo te proibir de tentar não faz sentido.
— Não! Ele não quer! – se irritou. Sentia vontade de contar tudo que sabia,
mas não era um direito seu. – Ele quer te controlar Hoseok! Você não precisa
fazer o que ele quer!
— Você sabe exatamente por isso está aqui agora, por isso você veio...
Porque você sabe.
— Meu deus, você faz parecer que essa porra toda faz algum sentido! –
explodiu. – Vocês estão querendo me deixar louco?! O que diabos querem de
mim?!
— Pelo amor de deus você está realmente ouvindo o que 'tá dizendo pra
mim?! Você tem alguma ideia do quanto isso é absurdo? Os meus pais me
acham quebrado por ser gay... Consegue imaginar o que vão dizer de algo
assim?! – ele negou e respirou fundo ao sentir as mãos do mais novo em sua
cintura, sentir os dedos grandes afagando sobre a jaqueta pesada. – Tae...
Taehyung...
Hoseok olhou-o dentro dos olhos e seu coração batia tão rápido que era
como se pudesse ouvi-lo dentro dos ouvidos aquecidos pela toca. A boca
secou, até mesmo seus receios começaram a se esvair entre os dedos
trêmulos que seguraram os ombros largos do mais novo.
Principalmente quando não queria acreditar que estava apaixonado por ele.
Não foi suave, muito menos romântico porque ao mesmo tempo em que
querem saciar o desejo, também queriam submeter um ao outro numa guerra
particular que beirava o bruto. Tae o puxou para si com o abraço ao redor da
cintura magra, a mão livre puxou a toca e jogou para trás, ele se encheu com
o cabelo desbotado da nuca e apertou mais forte. Hobi afundou as unhas
curtas no pescoço dele e dentro do mullet macio. Porque enquanto as línguas
exigentes se chocavam de forma sedenta, seus corpos se atraiam mais,
pareciam prontos a se fundir num só.
Entre arfadas e ofegos soltos, a cada mordida dolorosa nos lábios alheios,
enquanto as mãos atrevidas e habilidosas se aventuravam em cada pedaço do
outro... Hoseok e Taehyung mergulhavam mais e mais dentro dos sentimentos
confusos, mas nem tanto, que aos poucos se desembaraçaram diante de seus
olhos.
Pela primeira vez sem Yoongi ser o elo, afinal já estavam ligados o
suficiente.
— Você não precisa fazer o que ele quer. – sussurrou afagando o rosto do
menor. – É a sua vida, Hobi.
Talvez ninguém o compreendesse, mas havia dentro dele medo demais para
ser corajoso.
Porque parece ser simples, para quem observa de fora, apenas não se
importar com o que os pais pensam ou querem para si, mas quando se está
dentro... Quando se tem medo de ser uma decepção, quando tem pavor de
não existir para as únicas pessoas que obrigatoriamente devem te amar,
quando você está tão cansado de ouvir que precisa de conserto parece mais
certo obedecer.
— Eu preciso ir.
— Me deixa ir.
— Como eu posso te deixar ir assim?
Tae assentiu, mas do bolso do moletom retirou algo dentro da mão fechada.
Ele segurou o pulso de Hobi e virou sua palma para cima. Dentro dela
colocou o colar com o Sol. Hoseok olhou para o objeto e fungou.
— Eu não posso.
⭐
18 - sonhos doces
Eurythmics
— Obrigado, oppa.
Gostava do quanto ele lhe era gentil, da forma que sempre a escutava
tagarelar sobre diversos assuntos e se permitia sorrir quando algo engraçado
acontecia durante as conversas agradáveis que vinham tendo há um tempo.
Momo não tinha sentimentos românticos por Jung Hoseok, à garota sequer
pensava sobre isso, mas estar perto dele não era um sacrifício.
— Como foram as suas provas? – ele amassou o guardanapo sujo de molho e
sugou o suco natural através do canudo de papel.
— Foi mais fácil do que eu imaginei. Aquela sua dica de estudar menos
funcionou.
— Hm? Não! Não se preocupe com isso, Hoseok. – negou sem graça.
— Eu já volto.
Ele empurrou a cadeira para trás e ficou de pé. Momo observou-o ir até o
vendedor e refletir sobre qual dos balões escolheria antes de tirar da
carteira escura o dinheiro. Hobi voltou trazendo um médio, uma cereja com
olhos adoráveis e cílios longos. Amarrou o barbante colorido na cadeira
vazia e sentou novamente.
— Acho que esse era o mais bonito, mas eu devia ter perguntado pra você. –
coçou a nuca.
— Mas?
— Desculpa...
— Se não formos será pior, oppa. – lamentou. – Mas eu não quero que
tenhamos que fazer nada... Eu também não quero nada disso, mas-
— Não, oppa. Isso é o que seus pais querem que faça. – ela suspirou. – Você
ama alguém, não ama?
Ele encarou-a e depois o balão que se movia levemente graças à brisa fresca
do final de tarde. Sem qualquer explicação coerente Hobi sentiu saudade de
coisas que não viveu, mas que pareciam vivas demais dentro de si. Amava
sim, mesmo que ainda fosse confuso, ele amava demais. Amava Yoongi com
cada pedaço de si e Taehyung... Ainda havia Taehyung e o turbilhão de
sentimentos que ele revirava sempre que chegava perto.
— Como vocês estão? – ignorou-a e deixou a mochila nas mãos de uma das
cinco empregadas da casa.
— Oh, nós estamos em uma correria tão grande filho. – o homem, tão
parecido com ele, apontou para o enorme sofá que ocupava uma das salas da
mansão. – Daqui a alguns dias teremos a estréia do filme, eu não consigo
escolher qual cor usar.
— Estou bem. – assentiu, não sabia o que fazer com as mãos, sentia-se um
estranho naquela casa. – Eu vim direito da universidade.
— Mas isso não lhe trará prestígio, filho. – lamentou. – Você soube dos
casos ligados a Hyun Seung? Sobre as boates que estão ligadas a
prostituição?
— Não lhe disse para acreditar no que ele diz, mas um bom advogado é
aquele que consegue resolver casos como os dele. – assentiu. – Seu pai tem
contatos com pessoas influentes em Seul.
— Appa...
— Oh, que ótima ideia! – Eujin deixou a xícara sobre a mesa de vidro. – Faz
um bom tempo que não aparecemos juntos publicamente! Você acha que
consegue perder uns quilos até o dia da première? Vou encomendar um
smoking novo!
— Você pode até convidar algum de seus amigos, Namjoon. O que acha?
Mas não aquele Jimin, ele é excêntrico demais. – a careta irritou o mais
novo. – O que acha de Kim Seokjin? Eu encontrei com os pais dele há duas
semanas, num leilão beneficente... Eu gosto muito desse rapaz, deveria andar
com ele.
— Seria bom se eu transasse com ele, não seria? O prestigio de ter o seu
único filho viado dando pra alguém de uma família tão influente. – sorriu
debochado.
— Você não entende mesmo, eu não disse nada disso, mas insiste em sempre
estar na defensiva conosco, Namjoon. – lamentou virando o uísque de uma
vez. – Só acho que Kim Seokjin é alguém que lhe fará bem porque nas
poucas vezes que os vemos juntos eu notei que a companhia dele lhe agrada.
— Appa o que alguém como o Jin vai ter sendo minha companhia? – negou.
– Mas eu vim até aqui para avisar que voltei a frequentar a terapia.
— Com quem?
— É muito bom, meu Namu. – ela assentiu e sorriu. De uma forma confusa,
Kim Eujin se culpava todos os dias, entretanto não sabia lidar com isso.
— Eu queria usar a sua história para poder informar muitos pais, só isso. –
deu de ombros.
— Por favor, não quero que briguem. – ela pediu massageando a testa.
— Deveria dizer a ele de uma vez. – Hanguk serviu-se demais uísque. – Ele
ficaria se soubesse.
— Eu não quero que Namjoon fique do meu lado por pena, eu quero que meu
filho me ame.
— Eu sinto muito, Eujin. – a encarou. – Ele te ama, mas nós nunca soubemos
como lidar com ele. – deu de ombros. – Diga a verdade, ele merece saber.
— Hey, Jungkook?!
A voz alta de Yeri o fez erguer a cabeça e olhar ao redor para procurá-la. A
garota estava acenando ao lado de Yugyeom, ambos próximos às catracas
que controlavam o acesso dos alunos ao prédio de tecnologia do campus.
— O que ele disse? – Yugyeom, alguns meses mais velho que os outros dois,
perguntou curioso e ansioso.
— Ele disse que a gente pode tentar. – assentiu e Yeri bateu palmas
animadas. – Mas que não é pra falarmos pra mais ninguém.
— Hm, eu não sei... – Jungkook fez um bico indeciso. – Lá é tudo muito caro.
— Eu estou convidando vocês dois. – ela sorriu e os agarrou-se aos braços
de ambos, puxando-os rumo à avenida movimentada onde uma infinidade de
alunos corria de um lado para o outro. – Estava sem esperanças, aquele
professor consegue ser assustador.
— Yeri, pelo amor de deus, ela tem idade pra ser a minha mãe! – ele
arregalou os olhos, sentia-se desconfortável com conversar assim. – Hyo-ssi
é muito profissional.
— Nunca disse o contrário, mas ela realmente fica te encarando, sabe? Igual
quando você entra no modo Jungkook. – Yeri riu alto.
Pediram três combos dos maiores e brindaram entre risinhos pela conquista
que fora convencer o professor Kim Hyuk de suas ideias atrevidas e até
ambiciosas.
Respirou fundo.
Porque Jimin não prometeu nada e ele tampouco saberia o que fazer caso
prometesse. Não tinham um relacionamento, o mais velho sempre era
verdadeiro e por mais que também fosse carinhoso consigo, também prezava
sua liberdade. Jimin não se envolvia mais com Namjoon dentro da
república, não forçava mais toques além do que sabia ser o limite, ele o
tratava tão bem que Jungkook se via dependente de sua presença quase todos
os dias.
— Não vai comer, JK? – Yeri, de boca cheia, estalou os dedos diante dos
olhos dele. – Não entra em modo Jngkook agora, come primeiro.
— Olá crianças. – a voz risonha de Seokjin os fez encarar o mais velho que
não demorou a afagar o cabelo escuro de Jungkook. Ele vestia roupa social,
mas a gravata estava jogada em algum lugar dentro da mochila. – Posso me
juntar? Eu detesto comer sozinho.
— Quer ir pra casa? – Jungkook assentiu. – Ok, vamos pra casa. Mas você
vai me contar o que aconteceu pra ficar desse-
Jimin estava trocando sussurros com Hwasa, uma amiga próxima. Ele
suspirou e pegou a mochila do mais novo, pendurando-a no ombro para tirá-
lo da lanchonete sem dizer uma palavra.
No carro, enquanto o ouvia fungar, Jin apertou o volante sentindo irritação
por vê-lo daquele jeito. Jungkook era frágil demais para coisas assim, para
suportar o que ele suportou por quase dois anos. Perguntou-se se em algum
momento chorou como ele estava chorando, se o mais novo sentia por dentro
as mesmas coisas que ele sentia quando Namjoon o magoava.
Será que o coração dele também doía? Será que sentia vontade de se
esconder do mundo só pra não ter de encarar ninguém? Será que Jungkook
amava Jimin da mesma forma que ele amava Namjoon... Se a resposta fosse
positiva, ele sentiria muito.
— Ele não me viu ali. – Jungkook disse secando as bochechas. – Mais cedo
ele me mandou mensagens, nós vamos sair hoje... É aniversário de um amigo
e ele me convidou para ir.
— Você acha que isso vai dar certo, Jungkook? – foi direto. – Se machucar
desse jeito vai valer a pena?
— Você não está sendo sincero consigo mesmo. – insistiu. – Ele não fica
com outras pessoas na sua frente, mas você sabe que quando ele sai sem
dizer nada não está indo a igreja ou resgatar gatinhos presos numa árvore.
— Mas você precisa gostar mais de si mesmo. – Jin suspirou e ligou a seta
do carro, parando no acostamento pouco movimento do bairro residencial. –
Vamos conversar...
Aquele garoto sempre quieto prestava mais atenção do que mostrava, ele
observava as coisas que aconteciam naquela república sem invadir espaços
ou gerar desconforto... Mesmo assim, guardava para si.
— Eu não quero que você tenha de sentir as mesmas coisas que eu senti até
perceber que o amor só vale à pena quando não te quebra em dois.
— Hyung deve estar certo, mas eu não ligo. – fungou de novo. – Pode haver
milhões motivos pra que eu te escute, mas o meu coração quer o que ele
quer... E ele quer o Jimin.
Jin suspirou e só assentiu. Não havia muito que fazer, mas assistir Jungkook
cometer os mesmos erros que ele cometeu por tanto tempo o deixava
frustrado.
Ele ligou o carro outra vez e sem dizer nada dirigiu para casa.
Holly latiu animado quando Taehyung se abaixou para encher seu pote com
ração. O filhote tropeçou nas próprias patas enquanto corria de um lado para
o outro, entre as pernas nuas dele.
— Ok, pronto, está aqui. – Tae fez carinho nos pelos cor de caramelo e
sorriu. – Você come demais pra alguém tão pequeno. Parece o seu pai
Yoongi.
— Estou um pouco preocupado pelo fato do Jimin não ter trago nenhum gato
pra dentro dessa casa ainda. – ele ficou de pé e abraçou o namorado, quando
este caminhou para dentro da cozinha. – Anteontem ele cismou que o Holly é
um infiltrado.
— Desde que ele começou a jogar com você e o Jungkook, Jimin acha que
tudo é teoria da conspiração. – deitou a cabeça no peito do maior e sorriu ao
sentir o beijinho em sua orelha. – Minha omma quer que a gente vá almoçar
lá no domingo, é aniversário da minha noona.
— Vou ficar juntinho de você, bebê. – sorriu e beijou a mão dele depois de
entrelaçar os dedos de ambos. – Eu te trouxe porque a gente não tem saído
muito depois das provas, eu quero que você se divirta.
— Obrigado, hyung.
Lee Taemin logo fez questão de se aproximar deles trazendo nas mãos dois
copos cheios com vodca e suco natural de frutas. Ele tinha os cabelos
escuros penteados para trás, usava roupas justas e era tão bonito que ficava
difícil de acreditar.
— Meu deus Jimin, onde você achou essa coisinha adorável?! – tocou o
queixo de Jungkook e piscou. – Estou com inveja.
— Tô falando dos nossos amigos e não desse povo que você nunca mais vai
ver na sua vida. – sorriu e Taemin rolou os olhos.
— Vem bebê.
Jimin o guiou por entre as pessoas, vez ou outra cumprimentando alguém até
que subissem uma escada larga e atravessaram um corredor espaçoso até
chegarem à varanda bonita da casa. Ela dava vista para o parque florestal.
Ali um pequeno grupo se espalhava entre os sofás brancos, a pequena mesa
central estava repleta de garrafas e cinzeiros cheios de cigarros apagados.
— Este é o Jungkook. – Jimin segurou a mão dele outra vez. – Ele veio
comigo. Jungkook, esta é a Rosé, uma amiga. Ali é o Kai... – apontou para o
sofá. – E a Hwasa.
— Este é o Jungkook.
— O Jimin veio casado pra festa, achei que morreria sem ver isso acontecer.
– Kai, o cara alto que segurava um cigarro entre os dedos zombou. – Mas o
garoto é muito bonito.
— Vai se foder, Jongin. – Jimin o ignorou. – Vamos sentar mais pra lá, eles
fumam e isso vai te deixar com o nariz irritado.
— E eu achei que você estava me zoando. Porra, Jimin... Se for pra você
ficar desse jeito, era melhor ter vindo sozinho. – ralhou.
— Ele é gostoso pra caralho... Vai me dizer que o garoto te deu uma chave
de cu ao ponto de você bancar o namoradinho. – riu e Jimin não respondeu. –
Espera... Não pode ser... Você 'tá apaixonado?!
— Jimin. Park Jimin... Esse garoto te afeta demais... Você até sente ciúmes.
— Vai ser divertido ver isso acontecer. – sussurrou. – Ei, Ravi! – chamou o
rapaz que estava perto. – Vamos dançar!
O mais velho sentou ao lado dele e entregou o prato para que apoiasse sobre
as coxas fortes. As duas garrafinhas de soju foram deixadas no chão e o
braço do mais velho se apoiou no encosto do sofá, dessa forma seus dedos
podiam fazer carinho no ombro do mais novo.
— Eu trouxe tudo o que você gosta. – sorriu. – A gente jantou, mas como
vamos beber vai ser bom comer um pouco.
Aos beijos, aos toques que a cada ansiava mais e mais, e se via frustrado
quando o mais velho parava e se desculpava.
Jungkook apertou a garrafa que tinha nas mãos, a língua empurrou a parte de
dentro da bochecha e o ciúme se arrastou por cada pedaço de seu corpo.
Jimin sorriu de novo, erguendo a cabeça para soltar a fumaça devagar e
depois deixando os olhos pequenos caírem diretamente nele, franzindo as
sobrancelhas ao perceber a carranca mal humorada do mais novo.
— Vem bebê, senta aqui. – bateu a mão no espaço ao lado. – O que foi?
— Uma vez você me disse que acha legal o fato de eu gostar de pessoas. –
Jimin segurou a mão dele e deixou um beijo na ponta do polegar. – Sabia que
de todas as pessoas você é a minha favorita?
— Por quê?
— Porque você é transparente feito água quando tenta fingir que nada está
acontecendo... Eu gosto de poder ver você Jungkook. – olhou-o nos olhos. –
O que foi?
— Sim, Hwasa.
— Eu não queria sentir isso, hyung... Quando alguém chega perto de você. –
lamentou e abaixou o rosto.
— Não quero que fique triste desse jeito. – o segurou pelo queixo e passou o
polegar em cima dos lábios pequenos dele. – Garoto, eu não faço ideia do
que você 'tá fazendo comigo... – suspirou.
— Como assim?
Jimin negou brevemente. Não queria falar de algo que era confuso até mesmo
para si, não ali. Jungkook o desestabilizava e não seria um problema se
apenas ele lhe causasse isso desde que decidiu por continuar ficando com
ele.
E aos poucos o prazer não supria o que ele queria, os orgasmos não
pareciam mais tão incríveis e Jimin encheu a cara há uma semana quando
dispensou uma garota que estava o chupando no banheiro de uma boate
porque não conseguia parar de pensar que aquilo magoaria Jungkook.
Jungkook assentiu e o segurou pelo rosto, buscando seus lábios para poder
beijá-lo quase com desespero. A língua de Jimin, atrevida e sedenta, exigia
contato com a alheia, comandava o ato sem resistências porque tudo que o
mais novo queria era estar ali, era ser tocado daquela forma.
Aos poucos tudo se tornou mais intenso, as mãos de Jimin desciam até as
coxas fortes e apertavam, as unhas pintadas de preto se afundavam sobre o
jeans grosso como se pudessem cavar a carne de Jungkook. Os beijos se
perdiam entre respirações pesadas e mordidas que ele deixava por todo o
pescoço do maior. Jungkook abriu os olhos brevemente, encarou o céu
escuro e abriu a boca para gemer baixo quando a mão menor apertou a parte
interna de sua coxa.
— Pra... Me tocar.
— Eu não quero que você faça alguma coisa só pra agradar, a gente falou
sobre isso...
— Ninguém nunca me tocou assim antes, mas eu quero que o hyung me toque.
– mordiscou o lábio inferior. – Antes, eu não pensava em ninguém quando...
Mas agora eu penso em você, Jimin. Me toca.
— Você se toca pensando em mim? – sorriu ladino e deixou que sua mão
subisse pelo abdome alheio, os dedos contornando cada músculo até que o
polegar tocasse o mamilo direito. Estava durinho, ele sorriu mais. – Me
responde.
— Você é sensível aqui, bebê. – esfregou o dedo por cima e assentiu quando
o ouviu gemer mais alto. – Você quer que eles saibam o que a gente tá
fazendo aqui?
— Não quero que fique quieto. – Jimin esfregou os dois mamilos ao mesmo
tempo e empurrou a camisa dele para cima, expondo a pele leitosa e cheia
de pintinhas. Moveu-se até deita-lo no sofá, encaixando entre suas pernas
abertas. – Te ouvir gemer me deixa com um tesão do caralho, Jungkook.
Vamos lá, geme pra mim, sim? – abaixou-se até a boca tocar a pele abaixo
do umbigo do mais novo, até que a língua grande pudesse provar do sabor
enquanto lambia ao redor dele. Jungkook se encolheu e levou ambas as mãos
para o estofado, prendendo-o com as unhas. – Se você quiser que eu pare é
só dizer, ok? Eu não quero te fazer mal.
Jimin puxou a camisa até expor o que queria, abaixou a cabeça, a ponta da
língua rosada lambeu o mamilo direita e os dentes morderam devagar,
puxando antes de sugá-lo com cuidado, apreciando a textura conforme o
mamava. Jungkook grunhiu e revirou os olhos, as mãos trêmulas agarraram o
cabelo longo e descolorido, o corpo tremia. Ele nunca sentira algo tão bom
em toda sua vida, tanto prazer que não conseguia fazer nada além de gemer
desesperado a cada mordida ou lambida, a cada vez que Jimin ia de um
mamilo a outro fazendo bagunça com saliva.
— Ai meu deus... – arfou e, antes que o gemido alto escapasse por sua boca,
Jimin o beijou apressado, engolindo o quase urro que Jungkook deu enquanto
gozava dentro da cueca, ainda esfregando-se contra a coxa do mais velho.
Jimin o beijou até que só restasse os selares carinhosos e preocupados com
ele que tremia sob seu corpo.
— Olha pra mim, bebê. – pediu ajeitando a camisa dele. – Tudo bem? –
perguntou temendo ter feito tudo errado, ele não queria assustar Jungkook.
— Para com isso vai. – sorriu e ajoelhou para ajeitar a própria ereção
marcada na calça. – Você curtiu?
Jimin suspirou. Seus planos eram deixá-lo em casa e voltar para festa, quem
sabe conseguir se aliviar de algum jeito, tirar todos aqueles pensamentos da
mente. Mas Jungkook procurou por sua mão e sorriu quando entrelaçou os
dedos aos dele.
Uma das mãos grandes se enchia com o cabelo castanho, as unhas com
esmalte preto descascado arranhavam o couro cabeludo e a outra, quando
desferiu tapas, afastava o cabelo suado da própria testa, penteando-o para
trás.
— Em casa? Pensei que lá não fosse mais a sua casa. – debochou deitando
de lado, encarando Hoseok. – Aparentemente ninguém lá se importa com
você de verdade já que aceitam tão bem o relacionamento daqueles dois.
— Por isso eu vou atrás de você. – piscou e apagou o cigarro, ficando de pé.
– Eu te faço extravasar, Hoseok.
Ele caminhou até o banheiro daquele motel e entrou no box, abraçando Hobi
por trás, mordendo a carne do ombro dele.
— Foda-se essa merda, baby. Você vai lá e diz que vai se mudar, não deve
satisfação pra ninguém. – o encarou de lado. – A melhor forma de matar a
droga de um amor igual a esse é ligando o foda-se. Eu sei.
Hoseok o olhou nos olhos e só assentiu, deixando-se ser beijado.
Assim que entrou em seu quarto, Seokjin franziu o cenho e deixou a mochila
pesada perto da porta. Ele fechou a porta e caminhou até o banheiro,
desfazendo-se da camisa social e do cinto pesado ao redor dos quadris.
— Acho que estava com receio de ser chutado para fora. – deu de ombros e
ergueu o celular para abaixar o volume dos fones sem fio. – Vai me chutar
para fora, hyung?
— Quer falar sobre o que fez se isolar aqui como antes? – girou o rosto até
encará-lo.
— Fui ver os meus pais. – deu de ombros. – Nunca é bom quando eu faço
isso.
— Por quê? – perguntou indeciso, ele sabia que não teria as respostas, mas
não conseguia parar de tentar. Namjoon estava tão vulnerável ali e isso o fez
pensar no antes... Nas vezes que o encontrava naquele mesmo lugar, ouvindo
as mesmas músicas e sem respostas o tomava para si, lhe fazia o amor mais
sublime que podia e quando acabava o deixava chorar sem perguntar nada,
tentando descobrir formas de consertar o que estivesse quebrado por dentro
dele.
— Às vezes eu acho que você não é nem aquilo que gostaria de ser,
Namjoon. – lamentou e voltou a encarar o teto. – Mas não posso mais me
preocupar com isso.
— Eu não faço ideia, Jin... Mas é a primeira coisa que penso quando acordo
e a última que lembro antes de dormir. Essa música está presa no modo
repetição como se eu precisasse de uma trilha sonora dramática pra sentir
sua falta.
— É engraçado ver isso acontecer de onde eu 'tô agora porque eu sentia sua
falta o tempo inteiro... Principalmente quando você estava bem do meu lado,
mas agora eu não sei se tua ausência é negativa.
— Sou egoísta. – sorriu um pouco, as covinhas bonitas se mostraram, mas
Jin evitava olhá-lo. – Eu te vi há três dias almoçando com Sunmi-ssi e
enquanto passava os dedos pelo cabelo dela senti tanta raiva de você que
jurei por deus nunca mais sentir a sua falta... Mas eu sou ateu.
Como dois loucos com os corpos espalhados sobre o tapete onde já fizeram
amor ou compartilharam pequenos momentos soltos que para Jin se tornavam
sempre únicos, eles riram de toda a desesperança que os envolvia como
névoa. Porque deveria ter sido um amor daqueles que só se tem uma vez na
vida sem se importar com quantas vezes tivessem de vivê-lo.
— Nunca te pedi pra ser o homem que me merecia, eu nunca te pedi nada e
esse foi o meu erro... Antes de você aparecer eu não sabia como era amar
alguém. – fungou. – Você me disse uma vez que não é obrigado a me amar e
estava certo.
— Namjoon...
Como havia dito antes, Seokjin não se responsabilizava mais por sua vida,
então Namjoon sentia-se morrendo lentamente... Suicidando-se. Preso em
todos os fios que a própria mente criava, apavorado com a sensação de se
sufocar conforme eles se prendiam por cada parte de seu corpo.
— Não.
Jin negou e desviou-se do alcance dos lábios dele, negando-o como era o
mais certo a se fazer.
— Desculpa.
— Não posso e não vou fazer isso comigo... Com Sunmi. – secou as lágrimas
e o encarou. – Não é justo.
— Sei que você não acredita em nada, – lambeu os lábios. – mas eu gosto de
pensar que não era pra ser... Aqui nessa vida. Porque na anterior a gente foi
tão feliz juntos que o universo achou injusto acontecer de novo. E você me
amou direito, você fez de mim o homem mais feliz do mundo. Cada dia valeu
à pena, cada momento em que esse amor dentro de mim não me machucou. –
fungou de novo e suspirou.
— Eu sinto tanto que dessa vez eu não possa te fazer feliz, Jin. – o olhou. – E
eu sei que o que vou dizer agora é a coisa mais injusta desde que nos
tocamos pela primeira vez, mas eu... Eu te a-
— Me desculpa... Me desculpa.
Jin se mexeu até conseguir puxá-lo para seus braços, acolhendo o corpo
maior como se ele lhe coubesse inteiro. Deixou-o agarrar a sua camisa quase
aberta, deixou-o chorar em seu peito e o ninou angustiado com a culpa
daquilo.
Não traiu Sunmi com atos, mas sentia que tinha o feito ao deixar Namjoon
chegar tão perto outra vez.
— Sim é. Mas estamos cuidando dessa pele de neném, fica quietinho filho.
— Deus me livre. Filme ruim demais, prefiro ver propaganda política. – Tae
resmungou e Yoongi o encarou com as sobrancelhas arqueadas.
— Ih, Tae... Vai ficar sem cuzinho. – Jin gargalhou e Jimin cobriu os ouvidos
de Jungkook. – Quem vê isso pensa que vocês dois não ficam se esfregando
pela casa. Você está corrompendo o neném, Park Jimin!
Ouviram o som da porta abrindo e todos olharam para Hoseok que deixou os
tênis junto dos outros próximos à entrada.
— Oi hyung, que bom que chegou! A gente vai ver um filme. – Jimin sorriu.
– Senta aqui pertinho de mim.
— Então, eu precisava mesmo falar com vocês... Vou aproveitar que estão
todos aqui. – ele parou de frente ao sofá que Jimin, Jungkook e Namjoon
dividiam. – Eu vou me mudar.
Todos sabiam que Hobi estava distante, que passava mais tempo fora que em
casa... O clima não estava dos melhores desde o aniversário de Yoongi, mas
ninguém ali pensou que chegaria a isso.
— Espera, calma aí, vamos devagar Hoseok. Como assim já viu um lugar?!
Não é um lugar! É uma casa! Aqui é a sua casa. Nossa casa! – Jin se exaltou.
— Hyung... – lamentou. – Eu sei, ok? Mas acho que é melhor pra todo
mundo. Eu já entrei em contato com a universidade e eu sei que tem contrato,
vou continuar ajudando com as despesas até eles encontrarem alguém para
ocupar a vaga.
— Jimin-ah, você sabe que eu não falei dessa forma. – ele presumia que
seria complicado, estava pronto para isso. – O Jungkook pode dividir o
quarto com você... Ou o Namjoon. Jimin... Por favor, pelo menos você...
Tenta me entender.
— Eu entendo que você fica falando sobre ser melhor pra todo mundo, mas
eu não sei como isso pode ser bom? Nós somos uma família hyung! – ele
ficou de pé. – Pra onde você vai?
— Gente, por favor, não deixe isso mais difícil... Eu não vou desaparecer, só
vou me mudar...
— Por favor, fica aqui comigo... Hyung, não se muda... Não quero que o
hyung se mude. – Jimin também começou a chorar, ele não conseguia se
segurar quando via um dos outros seis chorando. – Me disse que ia ficar
junto comigo quando eu cheguei, Hoseok-hyung.
— Hobi, cara, não faz isso sem pensar direito, por favor. – Namjoon
interferiu. – Aqui é a nossa casa.
— É bastante soberbo da sua parte achar que tudo que eu faço da minha vida
envolva vocês dois! – rolou os olhos. – Vou me mudar porque não quero
mais morar aqui.
— Por causa de mim? – Tae questionou, estava sério. – Ou por que você não
consegue lidar com o fato de que 'tá sendo um covarde do caralho?
— Não! Você não vai fugir! – Yoongi foi até ele e o puxou pelo braço. –
Chega Hoseok!
— Você não vai sair daqui até conversar comigo! Foda-se quem 'tá te
esperando!
— Estão me esperando-
Yoongi o soltou e furioso caminhou até a porta para abri-la. A raiva triplicou
ao ver Bobby recostado a um carro vermelho, de braços cruzados. Não se
deu ao trabalho de se aproximar, mas disse em alto e bom som:
— Vai embora!
Hoseok respirou fundo e assentiu uma vez, umedecendo o lábio inferior. Ele
se virou para Bobby e gesticulou.
Mas reconhecia a própria letra e sabia que se tratava da carta que escreveu
aos quinze anos, um dia antes de Yoongi fazer o último transplante. Ele abriu
o papel e franziu o cenho.
— Eu me declarei pra você na outra carta. – disse de uma vez. Hobi parou
e franziu ainda mais o cenho, virando-se pra ele. – Eu me lembro de cada
linha daquela carta, Hoseok... Cada palavra.
— 'Tô falando que aos quinze anos, por uma carta, eu ia me declarar pra
você.
— Eu sei que não faz. – negou, sentia vontade de chorar. – Lá eu dizia que
queria viver do seu lado pra sempre... E eu ainda quero isso, mas não só
como seu amigo.
— Por quê?!
— Porque o seu pai a achou. – disse baixo, ele apertou as mãos. – Ele leu a
carta porque eu a deixei escondida nas suas coisas... Depois, quando me
visitou no hospital, ele me ameaçou.
— Que?!
— Ele disse que se eu fizesse aquilo ia te mandar pra longe, ia te dar uma
surra e nunca mais te deixar falar comigo... Eu só tinha quinze anos e aquilo
me deixou apavorado! – explicou. – Mas quando ele te obrigou a fazer sexo
com aquela mulher eu percebi que Yoseob não estava mentindo. Ele controla
você, bate em você... Eu tenho medo que ele te machuque mais!
— Eu tenho! – assentiu. – E por isso eu nunca falei, por isso eu nunca tentei
nada entre a gente!
— Yoongi, pelo amor de deus, isso não faz sentido nenhum! – gesticulou
mais. – Você sabia que eu era gay, você foi o primeiro, a saber! Eu já fiquei
com um monte de cara, por que eu não ficaria com você?! Por que ele só
ameaçou você?
Hoseok respirou fundo ao passar ambas as mãos pelo rosto. Yoongi ficou de
pé e foi até ele, ficou de joelhos e afastou as pernas alheias para tomar
espaço entre elas, segurando o rosto do maior com as mãos trêmulas.
— O que você quer de mim, Yoongi? Por que 'tá me falando essas coisas
agora? – fechou os olhos.
— Ele me mostrou que deveria te contar isso, me fez perceber que não posso
continuar vivendo sem você comigo porque você foi e ainda é o motivo pra
eu querer viver.
— Não consigo acreditar no que você diz agora... Tudo faz parecer que você
quer me usar de novo. – lamentou segurando o pulso magro com os dedos. –
Eu não consigo entender o que vocês dois querem me cercando assim se
estão juntos!
— Por que você fingiu que esqueceu? – lamentou, a voz estava embargada.
Ele beijou a mão pálida e mordeu a própria boca. – Por que você me deixou
no escuro, Yoongi? Eu nunca tive nada do seu amor e agora, quando a gente
não tem mais tempo, você o oferece pra mim desse jeito... Com o Tae... Isso
me assusta pra caralho. – confessou. – Porque eu te amo demais e eu tô
completamente apaixonado por ele! Antes só você me bastava, mas depois
daquela vez eu sinto saudade de vocês dois... O tempo todo.
— Eu não posso...
— Eu sei que eu te amo e que ninguém no mundo vai me fazer abrir mão de
você outra vez. Eu tenho errado desde que parei de brigar com o que sentia,
mas eu quero acertar Hobi... Eu quero cuidar de você, eu quero amar você.
Lamentou afastando as mãos dele, fazendo Yoongi puxar os lábios num bico
choroso.
— Hobi...
— Medo do que?
— Você tem medo do seu pai? – insistiu. – Você não vai estar sozinho, a
gente não vai te deixar sozinho.
— E já estou sozinho Yoongi. – ficou de pé. – Eu acho que vou ficar assim
pra sempre.
Yoseob deixou nas mãos do filho mais novo um envelope pardo e depois
voltou sua atenção para o notebook aberto sobre a mesa da biblioteca
elegante. Hobi assentiu e o abriu com cuidado, não precisou de muito para
ver duas passagens para Jeju em seu nome em nome de Momo.
— Marquei a viagem para vocês dois, daqui a dez dias quando estiverem em
recesso na universidade. Vão ficar num chalé que aluguei, terão privacidade.
Os pais dela estão cientes.
— Cientes? Do que exatamente? – ele colocou o envelope sobre a mesa.
Yoseob ergueu o olhar e ajeitou os óculos pequenos de leitura.
— E porque não iriam querer? Hoseok, qualquer homem da sua idade ficaria
feliz e excitado por viajar com a namorada... Ainda mais uma tão bonita
quanto Momo.
— Eu sei que tudo que faço é para que você seja, filho. – suspirou outra vez.
– Tenho certeza que será proveitoso para você, não acha? – sorriu. – Ela é
uma mulher muito atraente.
— Então, viaje com ela no meu lugar. – deu de ombros. Yoseob ficou sério,
os óculos foram deixados de lado enquanto ele ficava de pé.
— Eu não-
— Acredito que fui muito invasivo quando lhe apresentei aquela prostituta
há alguns anos, você era jovem demais e se sentiu envergonhado. Eu
compreendo isso filho, dessa vez vamos tentar de uma forma mais branda. –
segurou os ombros dele. – Depois de amanhã iremos até o consultório de um
profissional que me indicaram.
— Hoseok...
— O que? O senhor acha que ser gay é hereditário?! Que é uma doença
curável com aspirina e uma mulher nua? – se afastou dele outra vez, sentia-
se sufocado. – QUER QUE EU ME CASE COM ELA? EU JÁ DISSE QUE
VOU FAZER ISSO! MAS NÃO ME OBRIGA A FAZER AQUILO DE
NOVO, NÃO ME FAZ PARECER UM LOUCO!
Hoseok arfou, respirando como se não o fizesse por muito tempo. Ele
cambaleou até estar apoiado a mesa grande, a face ardia pelo tapa, mas não
chegava aos pés da angústia que apertava seu coração e revirava o
estômago.
Dahye entrou na biblioteca e foi até ele, ajudando-o a se sentar para depois
servir um copo com água. Hobi bebeu dois goles, estava trêmulo.
— Não chore, meu amor. – afagou o cabelo recém pintado de preto. – Seu
appa anda muito nervoso.
— Ah, não se preocupe com isso. – negou e sorriu. – Sabe, eu também viajei
com seu appa até Jeju quando éramos namorados e lá vivemos bons
momentos! – Hoseok franziu o cenho, as palavras dela lhe enojam. – Depois
disso ele nunca mais pecou e agora quer fazer o mesmo por você.
— Não! – ergueu a voz e caminhou de costas até a porta, apressado para sair
daquela biblioteca, daquela casa... Do alcance dos pais. – Não.
Ele correu em direção à saída, as mãos trêmulas abriram a maçaneta da
porta e a brisa da noite fresca o levou a tossir. Não respondeu quando o
chamaram, não olhou para trás, mas foi embora.
Deslizou até o fim, soluçando sem parar até levar o celular ao rosto, ansioso
pela chamada sendo feita. Hobi apertou o tecido da roupa, bem acima do
peito e soluçou mais alto quando atenderam.
— E-eu... Acre-Acredi-to...
— O-Ok. – fungou.
Então, durante exatos vinte e sete minutos, Hoseok não desligou aquela
chamada e respondeu as perguntas aleatórias que lhe eram feitas...
Acalmando-o sem notar. O carro cruzou as ruas em alta velocidade,
ganhando algumas multas que não eram importantes e seguindo no GPS a
localização do IPhone de Hobi.
Quando estacionou rente a calçada onde ele estava sentado, entre um anuncio
qualquer onde uma cereja desbotada estava impressa e um poste de luz,
Yoongi desceu apressado, se livrando da jaqueta para jogá-la ao redor dos
ombros do maior. Taehyung abriu a garrafa descartável de água e o ajudou a
beber devagar, procurando possíveis machucados na pele alheia.
— Olha pra mim. – Yoongi pediu calmamente. – Você vai ficar bem, eu
prometo. Nós vamos pra casa agora.
— Ca-casa. – assentiu e Tae não conseguiu evitar chorar por vê-lo daquele
jeito.
— O que foi que fizeram contigo, meu Sol? – murmurou depois de beijar o
cabelo dele. – Vamos pra casa, 'tá tudo bem.
De qualquer forma, bem ali naquela calçada mal iluminada, Hoseok já sentia
que estava em casa.
Eram quase dez horas quando o telefone residencial tocou e Chinhae teve de
deixar a louça de lado para atender. Ele pendurou o pano de prato no ombro
e estranhou a estática da ligação junto do silêncio do outro lado da linha.
— Chinhae?
— Eu nunca te disse que ele não era, Hyo. Mas, por favor, deixe-o em paz.
Não ligue, não o procure... Jungkook não precisa de você.
Falar com Kim Hyoyeon depois de tantos anos... Chinhae pediu aos céus que
ela o escutasse.
— Se a gente voltar para casa ele pode ficar pior, os outros vão ficar
preocupados. – o mais novo entre eles colocou o cinto. – Parece uma crise
de ansiedade, ele precisa ficar calmo e lá vão ficar em cima dele.
— Tae liga as torneiras da banheira, coloca pra encher com água quente. –
mandou. – Espalha um pouco do sabonete no pote bege.
— Você é bem maior que eu, fica com ele na banheira. – Yoongi tirou a
jaqueta do melhor amigo, depois a camiseta larga e o relógio dourado. O
mais novo assentiu e chutou os sapatos dos pés, puxou a camisa de botões
pela cabeça e abriu a calça com pressa, despindo-se até estar apenas dentro
da boxer vermelha. Hoseok não se movia, o olhar continuava fixo em
qualquer coisa e as lágrimas não cessavam por um minuto sequer.
Sentia-se fora de órbita.
Era como se não tivesse mais o controle do próprio corpo ou das ações,
nada mais lhe cabia além da angústia gelada por dentro, devorando-o
lentamente enquanto o coração batia depressa e a garganta continuava seca.
As palavras do pai ecoavam por sua mente, o sorriso displicente da mãe ia e
vinha em sua memória... Então, ele não conseguia se lembrar de quem era ou
do que deveria fazer.
Então Yoongi lhe beijou nos lábios com carinho e encostou suas testas, a
mão grande afagou sua nuca e a outra segurou o pulso dele para levar até os
lábios e beijar demoradamente.
— Meu Sol... – sussurrou e sua voz parecia distante. – Por favor, não se
perca assim... Fique com a gente, Hobi. – beijou a pele outra vez. – Vem
aqui.
Isso queria dizer que continuava vivo, que existia... Queria dizer que aquelas
dores poderiam quebrá-lo em dois, mas estava vivo para senti-las. Desabou
mais um pouco nos braços de Taehyung, encolheu-se dentro daquela
proteção confusa e chorou como uma criança assustada soluçando a cada vez
que sentia.
— Coloca isso pra fora Hobi. – pediu o mantendo seguro em seus braços.
Nunca havia tido um contato tão intenso como aquele, nunca quis tanto tomar
a dor de alguém para si e nunca se sentiu tão aliviado por estar exatamente
onde estava. – A gente tá aqui.
Então, eles pintaram aquele cenário sozinhos com a tinta diluída em suas
lágrimas, mas finalmente assinando como autores da obra prima que eram
quando juntos. O primeiro passo do caminho longínquo que a vida os faria
percorrer por razões que ainda não compreendiam. Por quase uma hora
seguros no silêncio confortável depois de notar que às vezes falavam mais
do que deviam, então por isso as palavras tendiam a estragar tudo.
— 'Tô aliviado por isso. – Yoongi raspou o polegar sobre a pele úmida dele.
– Quer falar o que aconteceu?
— Se não quiser, está tudo bem de qualquer forma. – a voz grave de Tae o
fez suspirar. Era tão bom tê-lo tão perto.
— Omma me disse que da mesma forma que ela ajudou meu appa a se curar,
Momo vai me ajudar também...
— Ele se envolveu com o melhor amigo ainda muito jovem, chegou a tentar
fugir com ele, mas os meus avós descobriram e ele se curou, como costuma
dizer. – Hobi respirou fundo. – Não quero ser como ele.
— Yoon... Se eu não for como ele... Vou ser ninguém. – voltou a chorar
baixinho. – Eles vão me apagar de suas vidas como fizeram com Jiwoo, vão
viver ignorando a minha existência e eu... Eu amo os meus pais... Eu amo
muito.
— Eu sei que ama, Seok. – assentiu. – Mas essa relação com eles nunca te
fez bem, nunca te deixou ser quem você é de verdade. – se mexeu e isso fez
um pouco de água espirrar para fora da banheira. – Por que a opinião deles é
tão importante pra você?
— Porque eu cresci aprendendo que a nossa família é quem mais nos ama,
então eu não quero que eles me odeiem... Por que... Se quem deve me amar
não me ama, quem vai ter amor por mim?
— Eu. – o Min secou uma das lágrimas dele. – Eu vou te amar tanto que isso
não vai te machucar nunca mais.
— Os meus pais nunca me amaram. – Tae falou o teve a atenção dos mais
velhos, Hobi o encarou por cima do ombro. – Quer dizer, eu nunca senti que
eles tivessem amor por mim... Desde muito novinho, eu e meus irmãos, eram
como adereços necessários para montar a família perfeita... O modelo a ser
seguido por todos iguaizinhos àqueles jogos de bonecas completos que
qualquer criança sonha em ter. Durante muito tempo eu me perguntei o que
tinha de errado em mim, eu aceitei qualquer coisa só pra não carregar a
culpa por ser um filho fora da pintura perfeita daquele lar... Então, meu
irmão mais velho me fez sentir medo o suficiente para viver apavorado e
meus pais ignoraram aquilo pra não deixar que a tinta escorresse para fora
do quadro... Eu compreendi.
— Que não preciso aceitar tudo o que meus pais fazem pra mim só por ser
filho deles, que um relacionamento abusivo vai além do que um casal vive e
se eu não era o suficiente pra fazer parte daquela família sendo exatamente
como eles queriam... Eu seria o suficiente pra mim... Para pertencer a mim. A
minha singularidade pode não ser boa para viver naquele quadro Hobi,
mas ela é perfeita por ter me colocado exatamente onde estou agora...
— Você acha que viver como tem vivido é existir? – Yoongi tomou a atenção
dele. – Usando máscaras para cada situação, sendo perfeito enquanto se
machuca procurando imperfeições? Quando é que você sente que existe,
Seok?
— Então, por favor... Me deixa fazer esse agora durar pra sempre?
Hobi outra vez deitou-se contra o corpo de Tae e encarou o teto do banheiro,
respirando devagar para limpar os pensamentos que teimam em temer vê-lo
ceder.
Hoseok assentiu uma única vez antes de fechar os olhos e torpor o embalar
ali mesmo.
Foi colocado no meio da cama de casal, vestido num pijama antigo que não
via há anos. Esticou-se inteiro e só parou quando Taehyung deitou atrás de
si, jogando o braço por cima da barriga dele. Yoongi apagou a luz e deitou
também, cobrindo-os com o velho edredom estampado com pequenos
Kumamon dançarinos. Abraçou Hobi, encolheu-se contra o corpo dele e
trocou um olhar com o namorado.
Estavam em casa.
Depois apertou a coxa suada, segurou-a e se puxou para fora enquanto com
um olhar foi entendido. Sunmi se virou, empinou a bunda até estar de quatro
e as mãos bonitas segurando a cabeceira de madeira.
— Se empina mais pra mim. – ele mandou dando um tapa barulhento numa
das nádegas coradas pelos tapas anteriores. – Gostosa. – elogiou ganhando
um sorriso atrevido dela.
A fez erguer o corpo até ter as costas contra o peito dele, lambeu e mordeu o
pescoço dela, chupou a pele salgada e deslizou a mão até que tivesse o
clitóris sensível entre os dedos. Sunmi gemeu mais alto e afundou as unhas
nos braços de Jin, tremeu dos pés a cabeça enquanto ele a fodia e continuava
esfregando os dedos molhados.
Jin gozou em seguida, tomando cuidado para não desabar por conta dor
orgasmo forte. Gemeu alto antes de morder o pescoço suado da garota.
— Eu tenho certeza absoluta que nós dois somos os melhores nisso. – ela
brincou quando conseguiu respirar direito.
— A gente acabou de transar gostoso pra caralho, como eu poderia não estar
bem? – sorriu.
— Transar gostoso não quer dizer que tudo anda bem na nossa vida, Jinie. –
Sunmi se moveu até estar mais perto, apoiou metade do corpo sobre o dele e
deixou os seios tocarem a pele suada. – Aconteceu alguma coisa e 'tá tudo
bem se não quiser falar sobre isso, eu confio em você.
— Isso não faz muito sentido. – negou, mas não parecia brava. Sabia que Jin
nunca faria algo para magoá-la. – É sobre aquela pessoa?
— É. Acabei o deixando chegar mais perto depois de prometer pra mim que
isso nunca mais aconteceria... Deixei que me afetasse. – suspirou.
— Não muito.
— É diferente. Eu não amo mais o Jay... Mas você ainda ama o cara que
quebrou o seu coração.
— Às vezes chego a pensar que sou um escroto por te fazer saber disso...
Você acabou de entregar seu corpo pra mim e agora estamos conversando
sobre minhas desilusões amorosas. Você merece mais. – suspirou.
— Você mente quando diz que está apaixonado por mim? – Jin negou. –
Muito menos eu, Jin. Nós estamos calejados sobre o amor, então não faço
questão que seja amor agora... Ou amanhã. Ou depois. Pela primeira vez,
depois do Jay, eu me sinto bem em estar apaixonada e me sinto melhor ainda
por estar apaixonada por você. – afagou os cabelos dele. – Por enquanto
estamos bem sendo paixão, sem pensar demais no que vai rolar amanhã.
— Obrigado. Você é a mulher mais incrível que eu já conheci na vida. –
segurou-a pelo rosto e a beijou nos lábios.
Sunmi sorriu e se afastou para ficar de pé. Jin a observou caminhar pelo
quarto, recolhendo as roupas e os sapatos. Ela era linda. Cada curva, cada
pedaço de pele. Gostava de tocá-la, de transar com ela, de conversar sobre
qualquer coisa ou só ficar bêbado pra viver histórias engraçadas.
Por causa disso, ele foi até o banheiro depois de vestir a cueca preta e parou
observando-a tomar banho. Por causa disso ele respirou fundo e tomou
coragem pra dizer:
— And now my bitter hands chafe beneath the clouds of what was
everything. Oh, the pictures have all been washed in black tattooed
everything...
— Eu pinto minhas unhas há uns dois anos. – deu de ombros. – Combina com
você. Esse estilo. – Jungkook franziu o cenho. – O cabelo bagunçado, roupas
pretas, tatuagens e unhas pintadas.
— Acha isso? – sorriu debochado. – Existem pessoas que juram por deus
que eu sou delicado e sensível, quase uma princesa esperando por um
príncipe em sua torre de solidão. – fantasiou cheio de gestos.
— Por quê?
— Quer falar sobre isso comigo? – o mais novo assentiu. – Sobre sexo?
— Não quer falar comigo sobre isso? – pareceu chateado, não queria ser
invasivo, mas Jimin o fazia sentir confortável.
— Tu-Tudo bem!
— Provoca sim. E é incrível que faça isso sem perceber... Você está fazendo
agora Jungkook. – o tom de voz ficou mais sério.
— Você 'tá lindo... Você é lindo. – disse mais baixo, a música que vinha da
pequena caixinha de som do mais novo não ajudava. A voz de Paul Rodgers
falando sobre estar pronto para amar empurrava Jimin para dentro de todas
as coisas que Jungkook o fazia sentir. – Não morda o lábio... – negou
suspirando.
— Ficou curioso sobre isso? Ou sobre mim? – o mais novo não respondeu,
continuou quietinho observando as próprias unhas. – Eu posso te fazer uma
pergunta agora?
— Quando nós fomos à festa do Taemin, naquele sofá... Você me disse que
se toca pensando em mim. Era verdade, bebê? – Jungkook quis sumir. – Não
quer me responder falando? Apenas acene com a cabeça se sim ou não, uh?
Ele assentiu.
— Era verdade?
— Você faz isso frequentemente? – ele negou. – Você fez isso hoje? –
arqueou uma sobrancelha e Jungkook assentiu completamente corado. – No
banho, não foi? Eu te ouvi gemer...
— O que?! Hyung-
Jungkook arfou baixinho, Jimin sequer o tocou e ele se sentia tão excitado.
Sustentou o olhar alheio e engoliu a saliva sem perceber que suas pernas já
se moviam para espalhar sobre o colchão, bagunçando os lençóis limpos.
— É só isso?
— O que?
— Eu... – arfou de novo quando Jimin tocou suas coxas e deslizou os dedos
até quase tocar a virilha. O volume dentro do moletom denunciava o que
queria, às vezes tinha raiva de ser tão fraco. – Não é só isso.
— O que mais você faz, bebê? Uh? Pode me contar? – mordeu a boca e se
abaixou só pra morder o lábio inferior do mais novo, puxando-o e soltando
um riso rouco. – Eu posso te contar também todas as coisas que eu imagino
quando você me deixa louco de tesão.
— Por favor... Você não me respondeu bebê. Como eu posso te fazer sentir
bem se você não me dá nada? – o bico emburrado só pintava ainda mais a
personalidade de Jimin. Ele também queria tocá-lo, queria fazer Jungkook se
desmanchar em suas mãos e depois vê-lo manhoso e envergonhado. Mas,
naquela noite, ele queria um pouco mais. – O que mais você faz?
— Nós não vamos fazer sexo agora. – disse mais para si do que para o
garoto. Estava com tanto tesão que chegou a doer. – Abre as pernas.
— Você é tão lindo, bebê... Fica tão manhoso quando eu te dou prazer... Me
deixa tão louco. – ele esfregou o joelho com mais força, sorrindo pela
expressão sôfrega do outro. Deu um jeito de puxar a camiseta dele e atirar na
outra cama, espremeu os mamilos sensíveis dentro dos dedos e assentiu. –
Isso, geme gostoso assim... Você gosta quando o hyung faz assim? – esfregou
os polegares sobre os mamilos e Jungkook gemeu mais.
O colocou sentado sobre a ereção e mordeu as costas dele, deu beijos por
toda pele arrepiada e o abraçou pela cintura fina.
— Me faz gozar pra você, bebê. Eu já 'tô tão perto. – sussurrou e lambeu a
nuca alheia, recolheu a fina camada de suor.
— Uhum... Toca...
Então a mão livre serpenteia até a cueca dele e empurra o elástico para
puxar pra fora o pau negligenciado. Completamente teso e molhado. Jimin
começou a masturbá-lo devagar. Para brincar com a glande macia.
Jungkook encolheu. Era a primeira vez que outra pessoa o tocava daquele
jeito, mas não havia tempo para sentir vergonha, não quando o orgasmo
chegava cada vez mais perto e o empurrava pra beirada do descontrole.
Jimin aumentou o ritmo da mão e grunhiu quando sentiu que ia gozar com a
fricção gostosa, ele chupou a pele do ombro alheio e gemeu.
— Vai... Eu vou gozar. – jogou a cabeça para trás, os cabelos lisos estava
grudando em sua pele suada. Jimin gozou forte. – Caralho.
Jimin o segurou pelo queixo até que se beijassem ainda ofegantes. Um beijo
intenso e molhado, deixando a saliva escorrer um pouco pelos cantos das
bocas. Satisfeitos, mas ainda eufóricos pelo orgasmo avassalador.
— Tudo bem?
— Tudo ótimo. – sorriu e o mais velho beijou seus lábios. – Gostou? Eu fiz
direito?
— Quero transar com você... Minha primeira vez eu quero que seja com
você. – Jimin tirou a mão que ainda o acariciava e limpou-a no lençol. –
Hobi-hyung vai brigar com a gente.
Jungkook saiu do colo dele e ajeitou as roupas sem jeito. Curvou-se para
deixar um beijinho nos lábios de Jimin e foi em direção ao banheiro,
trancando-se lá em seguida.
Então, Jimin respirou fundo e deitou na cama. A mão limpa foi passada pelo
rosto e bagunçou os cabelos. Ele encarou o teto branco, depois o móvel ao
lado da cama e não hesitou sobre os cigarros esquecidos ali. Acendeu um,
subiu a bermuda e saiu para a varanda pequena.
Ele dizia que precisavam conversar e não havia sequer uma figurinha
ridícula para quebrar o quão tensas aquelas palavras poderiam soar. Apagou
o cigarro contra o cinzeiro prateado e soltou a fumaça para o alto quando
ouviu uma movimentação vinda do quarto.
Yoongi havia saído para comprar comida e ele estava na varanda fumando o
segundo cigarro enquanto intercalava o vício com a vigília ao sono profundo
de Hoseok. Ficou de pé, calçou as pantufas do namorado e entrou no quarto.
Tae esticou o braço oferecendo a fruta que segurava entre os dedos longos.
Hobi o encarou e negou duas vezes disfarçando a fome que sentia, mas seu
estômago o denunciou com um ronco alto. Ele xingou baixinho e o riso do
mais novo fez seu coração bater mais rápido.
Hobi rolou os olhos, mas acabou abrindo a boca para morder um pedaço da
fruta gelada. O suco doce escorreu por seu queixo e pingou no pijama
estampado com pequenos esquilos marrons.
— Ele diz que eu pareço com um. - deu de ombros. Tae suspirou e lambeu os
lábios, seu olhar intenso despia-o de forma tão forte que Hobi sentia
vergonha. Por mais incrível que pareça. - O que foi? Por que tá me olhando
assim?
— Eu 'tô adorando te ver sem máscara nenhuma e ter mais certeza ainda de
tudo que você me faz sentir, Hobi. E, meu deus, eu sinto tanta coisa por
você. Por cada pedacinho de você. - a mão livre se moveu até tocar o rosto
de Hobi, para afagar a pele macia desde a mandíbula até a maçã ainda
marcada por algumas lágrimas perdidas.
— Tudo bem chorar... Se você nos deixar secar as suas lágrimas. - Taehyung
beijou a mão dele e se virou para mexer na sacola. - Eles mandaram uma
sobremesa a mais. - sorriu mostrando a embalagem transparente. - Bolo de
cereja com chocolate. O meu favorito.
— Sua omma não gosta que comam nos quartos. – disse de boca cheia.
— Você vai contar pra ela? Você sempre foi fofoqueiro. – pirraçou comendo
também. – Ele não sabia mentir, sempre entregava tudo.
— O Yoongi era uma peste! Ele só tinha ideias ruins! – resmungou e o menor
encheu sua boca com mais frango.
— Ele te falou que o meu era menor?! – disse com as bochechas infladas
pela comida.
— Você não vale nada, Tae. – sorriu e aceitou quando ele lhe ofereceu um
pedaço da torta de cereja. Depois o garoto se esticou e roubou um selinho
dele.
— Acho que eu quero que você me beije sempre. – confessou num tom
sincero. – Do mesmo jeito que quero isso do Yoon.
— Você disse que a casa vai ficar vazia até domingo, gatinho. – Tae sorriu. –
A gente não precisa voltar para casa amanhã.
— Tudo bem. – assentiu. – Vamos ficar aqui. Só nós três. Isso é o que eu
mais quero no mundo.
— O que é isso?
— Não sei. – o mais novo franziu o cenho. – Mas é pra mim. – mostrou o
pequeno cartão branco com o endereço da república e seu nome impresso. –
Hyung...
— O que? – sorriu.
— Foi você?
— Eu? Não! Você sabe que se fosse te dar um presente te levaria para
escolher.
Ele largou as mochilas junto aos sapatos e sorriu pela animação do mais
novo quanto ao misterioso presente.
— Quer dizer que você anda recebendo presentes anônimos, bebê? - brincou
indo até ele, também observando a caixa média e elegante com um belo laço
vermelho preso ao redor dela.
— Foi você, hyung? - o encarou com uma sobrancelha arqueada. Jimin sorriu
outra vez e negou fazendo carinho na lombar dele.
— Juro que não fui eu. Abre e vê o que é. Não 'tá curioso?
— Estou. - assentiu.
Jungkook puxou o laço desfazendo-o de uma vez, depois abriu a caixa e usou
a outra mão para afastar os papéis também vermelhos que estavam
protegendo alguma coisa.
Mas o que ele encontrou o fez franzir o cenho enquanto Jimin mudava sua
expressão para uma face assustada.
— Hyung... O que...
O mais velho negou apenas uma vez e o empurrou para o lado, suas mãos
tremiam enquanto amassava os papéis, escondendo o conteúdo doentio
daquele presente macabro. Jungkook ficou o encarando, também estava
assustado e confuso. Nunca havia o visto tão nervoso, quase fora de si.
— Jimin, o que foi? Por que mandaram isso pra mim? - Jimin respirou fundo.
- Quem é essa garota contigo na foto?
— Vou jogar isso fora. - ignorou as perguntas do mais novo. - Não conta pra
ninguém o que aconteceu, ok? Quando eu voltar... Conversamos.
Então, Jimin saiu e o deixou parado ali sozinho e cheio de perguntas. Por que
lhe mandariam algo assim?
Por que havia a fotografia de um Jimin mais novo abraçado a uma garota e
junto também havia uma boneca... Como um bebê... Mas tão macabra sem
seus olhos e coberta com tinta vermelha?
Jungkook não fazia ideia de quem era Oh Minseo, mas ela já sabia
exatamente quem ele era.
Ele pilotou a moto sem cuidado, até mesmo o capacete foi deixado na
garagem. Cruzou as ruas da cidade sabendo exatamente onde deveria ir e o
que fazer, mas ainda sentia-se enjoado pela situação.
O prédio residencial era elegante e ladeado por árvores altas. Jimin deixou a
moto estacionada de qualquer jeito em frente a portaria e só precisou dizer
seu nome para ser autorizado a entrar.
— Quer merda você acha que está fazendo? – ele jogou a caixa de presente
em cima do sofá. Minseo encarou o conteúdo familiar e suspirou. –
Responda!
— O presente não era pra você... Por que está devolvendo? Jeon Jungkook
não gostou? – franziu as sobrancelhas de forma fingida. Jimin respirou fundo
e colocou as mãos nos quadris.
— Eu acho que cerveja não seja uma boa opção porque você veio de moto,
mas... – Jimin a seguiu e viu quando a mulher continuou a colocar os pratos e
talheres caros sobre a mesa de jantar. – Se você quiser dormir aqui tudo
bem, eu sinto saudade...
— Eu só vim até aqui te dizer pra ficar longe dos meus amigos.
— Seus amigos? Aquele garoto que vive pendurado no seu braço é seu
amigo? – ela parou o que fazia para olhá-lo. – Vai me dizer que não 'tá
trepando com ele? Eu vi vocês se beijando algumas vezes.
— O que Jungkook é pra mim não te diz respeito, o que faço ou não com ele
não é da sua conta. – explicou pacientemente. O olhar de Minseo era
perdido, ela não fazia sentido. Suas mãos delicadas e bonitas tremiam
enquanto um sorriso adorável estica-lhe os lábios para expor dentes lindos.
Tudo, absolutamente tudo, nela dava sinais claros que não deveria estar ali,
que ela estava fora de controle. – Minseo, escuta, eu vou ligar para seus pais
e dizer o que você fez.
— Não Jimin!
Então, ela explodiu ainda com o sorriso nos lábios. O prato em suas mãos se
partiu quando foi jogado no chão.
— Minseo... – respirou fundo, não entendia porque ela ainda o afetava tanto.
Não a amava. Todo aquele sentimento que um dia nutriu pela mulher diante
de si estava morto e quando a deixava chegar perto apenas ressuscitava
como um zumbi movido ao medo, ao pavor e a culpa. – Nós não vamos
voltar, eu não amo mais você...
— Para ajudar você! – disse mais alto. – POR QUE VOCÊ É TÃO
INGRATO?! Olha só pra você agora! Esse cabelo horrível, essas roupas!
Isso não é você, NÃO É O MEU JIMIN!
— Quanto tempo vai levar até você perceber que precisa de mim? – ela
secou as lágrimas. – O Jungkook sabe tudo que você me fez? Ele sabe que
você foi tão ruim comigo? Sabe do nosso bebê? – ele controlou a raiva e
passou as mãos pelo rosto, procurando uma forma de não explodir bem ali. –
Que você matou o nosso bebê?
— Eu não devia ter vindo aqui. – disse baixo e negou, sentia-se sufocado, as
mãos tremiam enquanto o coração batia completamente acelerado. – Eu não
devia...
— Você veio porque no fundo sabe que queria me ver... Que precisa de
mim... Jimin. – Minseo fungou e se aproximou dele, rapidamente o
abraçando pela cintura e escondendo o rosto contra a jaqueta de couro. – Eu
te amo tanto, eu não ligo para nada daquilo que você me fez.
— Você disse a ele que me deixou? Que vai fazer a mesma coisa com ele?!
O nosso bebê foi embora porque você me deixou Jimin! Ele foi embora
porque você não quis mais ficar com a gente! VOCÊ TEM DE FICAR
COMIGO!
— Mas EU te amo! Você acha realmente que alguém no mundo vai te aceitar
como eu? Vai te amar como eu te amo?! – ela respirou fundo, sua expressão
raivosa deu lugar a uma mais suave enquanto limpava as lágrimas com os
dedos trêmulos, borrando a maquiagem completamente. – Você estragou tudo
como sempre! Estragou o almoço que fiz pra nós dois! Porque você sempre
faz isso?!
Jimin negou uma única vez e virou as costas, rumando em direção a porta do
apartamento. Minseo o seguiu, o choro tornando-se escandaloso. Ele não viu
quando a ex-noiva passou a puxar os cabelos curtos entre os dedos, não viu
quando ela deu meia volta até a cozinha e voltou com uma faca pequena na
mão esquerda.
— Você não vai fazer nada... Minseo se você estiver viva ou morta, ainda
assim, eu não vou mais ficar com você. – repetiu o que fora lhe
aconselhando a dizer, principalmente o psiquiatra que a acompanhou por
alguns meses. – Se você se machucar assim não vai adiantar...
— Ainda assim eu não vou voltar. – explicou munido de uma paciência que
não correspondia ao medo que sentia por dentro.
Minseo abaixou a mão e soltou a faca. O objeto quicou contra o piso limpo e
caiu sob o sofá menor. Seu olhar tornou-se afiado novamente, o sorriso
pequeno enfeitou seus lábios bonitos e Jimin se arrepiou completamente.
— Tenha cuidado Jimin... – murmurou. – Você vai voltar pra mim... Nem que
eu tenha de tirar do caminho qualquer pessoa que ficar entre a gente.
— Odeio como diz o nome dele. – a careta enjoada o deixou mais nervoso. –
Eu fiz a mesma coisa com o Namjoon, mas você não veio... Você avisou os
meus pais... Mas você está aqui agora por aquele garoto. – concluiu o que
nem ele percebeu.
— Escuta bem, Minseo... – diminuiu o tom de voz e ergueu um dedo,
apontando-o para o rosto dela. – Presta bastante atenção no que eu vou dizer:
se você fizer qualquer coisa... qualquer coisa pra ele eu juro por deus que
mando pro caralho a minha paciência ou os pedidos dos teus pais...
Entendeu?
— Eu vou fazer tudo que eu deveria ter feito na primeira vez que você me
infernizou! Vou te denunciar pra polícia, mostrar todas as provas... Tudo que
você já me fez!
— Você vai vomitar nos pés do juiz pra provar que essa sua merda toda é
minha culpa? Jimin, você é fraco! – disse num tom jocoso. – Você é fraco e
inútil, nunca soube se virar sozinho e sabe disso. Ninguém fica perto de você
por que quer, mas porque você é promíscuo e vulgar, transa com todo mundo
pra ver se assim consegue se sentir bem! Ele sabe disso?! Ele não sente
nojo? Quando ele souber, vai sentir nojo de você.
— Cala a boca...
— CALA A BOCA!
Jimin tropeçou enquanto se afastava dela, indo até a porta. Não olhou para
trás antes de sair daquele lugar, não esperou o elevador ou se desculpou ao
esbarrar em outra pessoa. Sentia-se cego, os olhos queimavam enquanto as
pernas mal se mantinham de pé.
Demorou até conseguir ligar a moto, não saberia nunca como conseguiu
pilotar entre os carros até o posto de gasolina mais próximo. Jimin caminhou
por entre os corredores da pequena loja de conveniência e selecionou
pacotes de lanches e doces variados, quantidade suficiente para alimentar
três pessoas. Depois duas garrafas de vodca barata. Ele não ergueu o rosto
enquanto a compra era computadorizada por uma atendente simpática e só
jogou duas notas altas sobre o balcão pouco antes de pegar as três sacolas
cheias.
Guardou tudo como podia na moto, pilotou de novo até o motel mais
próximo e que nunca tinha ouvido falar. Era reservado, se escondia bem no
meio de comércios do subúrbio. Ele pegou um quarto qualquer, deixou a
moto mal estacionada na garagem individual e jogou sobre a cama redonda
com lençóis vermelhos toda a comida, a bebida, as chaves, o celular e a
carteira.
Jungkook [11:37]
E foi o suficiente para que Jimin bloqueasse a tela de vez e ofegou alto como
se estivesse deixando todos os sentimentos que o sufocavam saírem. Ele
largou a embalagem quase vazia sobre a cama e foi até o banheiro com
cheiro o cheiro enjoativo de sabão. Ajoelhou diante do vaso e apoiou uma
das mãos nos azulejos gelados enquanto a outra era levada até a boca,
separando dois dedos para empurrar na garganta até que a bile subisse e o
vômito viesse.
Depois de vomitar, Jimin se arrastou até o quarto de novo e abriu uma das
garrafas de vodca para virar direto na boca, bebendo goles demais de uma
vez, pouco se importando com a queimação infernal que aquilo causou.
Percebeu que daria qualquer coisa para nunca ter o deixado tocar naquele
presente macabro, percebeu que queria mantê-lo na segurança de seu quarto
enquanto pintava suas unhas de preto e respondia suas perguntas. Percebeu
que aquele olhar curioso e tão doce mexia demais consigo. Os olhos escuros,
a boca pequena, o cheiro que era único.
Jimin sacudiu a cabeça e bebeu mais, bebeu até o estômago revirar e o fazer
parar.
Ele bebeu mais dois goles e cobriu a boca com as costas da mão, abafando o
choro.
"Ninguém fica perto de você por que quer, mas porque você é promíscuo e
vulgar, transa com todo mundo pra ver se assim consegue se sentir bem!"
Jungkook [12:00]
— O que foi isso? – Tae encarava a cena com um sorriso preguiçoso nos
lábios.
— Tô nem aí.
Hoseok tomou um banho quente com direito a passar minutos com a cabeça
sob o jato de água para refletir sobre todas as coisas que aconteceram na
noite anterior. Pela primeira vez não temia o dia seguinte, não sentia que
outra vez aquela angústia tomaria tanto espaço dentro de si.
Talvez seus passos de bebê fizessem tudo acontecer lentamente, talvez ele
tropeçasse ao tentar correr, mas de alguma forma se via disposto a tentar
seja lá o que tentaria. Quer dizer, eles tentariam. Um plural ainda confuso,
sensível e que não se sustentava sozinho.
Jung Hoseok nunca se sentiu tão feliz como naquele pequeno momento a sós
com seus pensamentos sobre plurais e tentativas, naquele seu mundo de
esperança que finalmente adquire cores diante de seus olhos.
Ele fechou o registro prateado, pegou uma toalha limpa para colocar ao
redor dos quadris e outra para secar os cabelos. Escovou os dentes depois
de procurar por alguma escova nova e estava cuspindo sabão no lavabo
quando Tae entrou e de braços cruzados encostou o corpo ao batente da
porta.
— Puta que pariu, como você é chato com isto! Eu escovei Hoseok, usei o
banheiro do quarto de hóspedes! Você por acaso é dentista? Vai querer me
examinar?
Rolou os olhos e foi até ele, roubando-lhe um beijo afoito e intenso. As mãos
de Hoseok foram diretas à nuca dele, os dedos habilidosos tocando desde o
cabelo despenteado até onde dava graças à camisa do pijama listrado. Tae
prensou o corpo menor contra a pia e lambeu a língua dele, chupando-a,
compartilharam o sabor do creme dental e sorriram entre o beijo, pensando o
mesmo sobre ser o primeiro que não tinha um sabor estranho... Ou de
lágrimas.
O beijo era quente, chegaram à conclusão que sempre seria assim entre eles.
Hoseok e Taehyung eram como bombas e quando juntos explodiram sem
avisos. As mãos grandes do mais novo contornaram as laterais do corpo de
Hobi, elas ficaram úmidas graças à água morna que ainda o cobria e quando
tocara a toalha macia, os dois respiraram um na boca do outro e o mais
velho assentiu duas vezes.
A mão direita, a que levava mais tatuagens, puxou a toalha para cima
lentamente, até mesmo a sensação do tecido contra sua pele deixava Hoseok
mais excitado. Ele mordeu com força o lábio inferior alheio e gemeu ao
sentir o pau ser apertado na base, tornando-o mais duro do que já estava. Tae
gemeu baixinho e esfregou a própria ereção contra a dele, em busca do atrito
prazeroso.
— Daquela vez, nenhum de nós disse algo que fosse importante. – negou
brevemente e começou a deixar beijinhos pelo pescoço dele.
— Você gosta que eu seja assim, não gosta? – deitou o rosto para o lado e
assentiu junto com o mais novo. – Mauricinho do caralho. – sussurrou. –
Você gosta assim? Forte assim?
Ele gozou na própria mão e grunhiu enquanto se masturbava até tirar o que
queria, diminuindo o ritmo. Olhou para baixo e sorriu preguiçoso,
respirando pesado. Taehyung segurou-lhe o pulso e o ergueu até separar dois
dedos sujos de porra para colocar na boca e chupar encarando-o.
🌙
Yoongi bebericou o café e encarou os outros dois que mastigavam a comida
e enfiava mais e mais na boca. Ele colocou a xícara sobre a mesa e suspirou.
— Acho que é muito mais sobre como eu me sinto, Yoon. – Hobi engoliu o
que mastigava e coçou a nuca. – Vocês são namorados.
— "Culpado" é uma palavra muito forte, acho que me sinto estranho. – ele
viu o mais novo murchar um pouco. – Não, eu 'tô dizendo que não gostei
Tae! Eu gostei muito, de verdade! – Hobi suspirou e procurou as palavras
certas. – Eu só preciso entender como isso vai funcionar.
— Para o que nós somos... – sorriu. – Não é tão importante agora, vai ser
com passos de bebê porque ninguém aqui sabe como funciona. Nós
precisamos deixar acontecer.
— Hobi, você acha mesmo que os outros vão nos encher de perguntas? –
Hobi assentiu óbvio e Tae riu. – 'Tá certo, vão mesmo.
— O que foi?
— Há uns dias nós dois conversamos e ele me disse uma coisa. – os olhares
o incentivaram a continuar. – Ele disse que meus lábios ficam curvados
quando 'tô triste, que sempre chove... Mas quando se trata de vocês dois eu
sorrio e brilho... Feito o Sol.
— Certeza que esse mundinho aí tem o Jimin como presidente de tudo. – Tae
bebeu o que sobrava do chocolate com leite. – Ontem à noite o Jimin me
mandou uma mensagem dizendo que precisa conversar, acho que é sobre o
que 'tá rolando entre eles. Eu tentei ligar, mas ele não atendeu.
— O Jimin sabe?
— Acho que sim. – Yoongi franziu o cenho. – O ouvi dizer pro Namjoon que
não ficariam mais na república, que ficariam em outros lugares... Namjoon
não gostou, mas aceitou. – deu de ombros. – Acho que no fundo ele também
não quer mais magoar o Jin-hyung.
— Depois de tudo que ele já fez? Parece ser meio tarde. – Tae deu de
ombros também. – O hyung 'tá indo bem com Sunmi-noona.
— Pelo amor de deus eu não quero comer alho com molho de tomate,
gatinho.
Yoongi os encarou e assentiu uma vez, o olhar felino pareceu triste enquanto
seus ombros se encolhiam sob o pijama grande. Era a própria tristeza em
carne e osso, amuado enquanto encarava a mesa repleta de comida. Taehyung
sentiu culpa, Hoseok rolou os olhos porque já conhecia aquela chantagem.
— Tem certeza? – ele fingiu. A boca pequena fez um bico enquanto falava.
— Temos, Yoon. – beijou o bico dele. – Vamos, já são quase duas da tarde.
– com um tapinha na bunda Yoongi saiu do colo dele e sorriu enquanto tirava
a mesa. Tae trocou um olhar com Hobi e deu de ombros. – Você é muito
mole.
— Aqui, acho que tá bom. – Hoseok usou a mão por baixo da colher que
levou até os lábios de Taehyung. – Precisa de mais sal?
— Só se for pra ficar igual oceano. – negou mastigando. Ele se virou outra
vez para a pequena adega sob a ilha da cozinha. – Yoongi, tem certeza que
tudo bem a gente abrir um vinho?
— Hm, isso aqui parece bom. – ele pegou a garrafa preta com rótulos num
tom de bege e leu: - Amarone Della Valpolicella. Tem notas de cereja e
amora. – assentiu.
— Cereja? – Yoongi foi até ele e leu o rótulo. – Ah, meu padrasto trouxe
duas garrafas quando eles foram à Itália há um ano. O vinhedo fica em
Pedemonte, ao norte de Verona.
— Você já foi à Itália, Tae? Eu fui quando tinha oito anos. – Hobi pegou três
taças e as colocou sobre a pia de mármore caro. – Fui a Roma com os meus
pais, mas eu ainda era muito novo, só queria voltar e jogar videogame.
— A gente podia ir. Todo mundo! – o menor sorriu. – Viajar por toda Itália.
— Jimin tentaria tirar ele da cadeia e seria preso por desacato ao mandar
alguém chupar o pau dele. – Yoongi pegou um pouco da massa com os dedos
e colocou na boca. – Seria uma viagem inesquecível.
— Ah não, nem pense em colocar mais alho Yoon!
— Que saco! – ele se afastou da panela e colocou o alho picado sobre a pia.
– Como vocês são chatos, porra!
— Coloca no seu prato! Enche esse cu de alho, mas não vem me beijar
depois! – Hoseok desligou o fogão e pegou a taça de vinho que Tae serviu. –
Depois ninguém te aguenta peidando.
A taça foi deixada sobre a superfície plana e o celular voltou a vibrar. Ele
repetiu o que fizera e observou as notificações que se empilhavam na tela.
Mensagens de Bobby, muitas mensagens.
— Baby? Alô?
— E eu queria ser o Batman, infelizmente nem sempre temos tudo aquilo que
queremos. – Bobby respirou fundo.
— Cara, não sei qual a porra do teu problema comigo e quero que você se
foda, não me importo. Agora, cadê o Hoseok?
— Ele não vai falar com você agora e se depender de mim, nunca mais. –
encarou a taça.
— E você decidiu isso por ele? Não cansa de tomar decisões sem falar
com ele antes?
O tom jocoso ferveu o sangue de Yoongi, era óbvio que Bobby sabia de
muitas coisas e imaginava Hoseok se abrindo para ele, contando como se
sentia... O ciúme o fazia querer socar alguma coisa. Aquilo não era bom.
— Você acha que conhece o Hoseok? Acha que só porque ele fica contigo
tem o direito de se meter no meu relacionamento com ele?
— Relacionamento? Você chama essa merda unilateral que ele nutre por
você de relacionamento? Quando o faz sofrer por sua causa e usa os
sentimentos dele pra satisfazer o teu ego acha que isso é um
relacionamento? – ele riu um pouco. – Cara, você passou a vida inteira
fazendo o Hoseok de capacho e agora quer dar uma de vítima pra cima de
mim? Não vai rolar, Yoongi. Não comigo.
— Vai se foder!
Ele desligou a chamada e se virou, estava com tanta raiva que demorou até
notar Hobi parado na porta o encarando. Ele suspirou. Hoseok foi até ele e
pegou o celular, verificando a última chamada.
— Você atendeu meu celular. – não era uma pergunta. – Sabe que eu não
gosto disso.
— Por que você quer falar com ele?! – Hoseok franziu o cenho.
— Porque ele deve ter ligado por estar preocupado. Eu disse que ia
encontrar com ele depois de ir falar com o meu appa e não apareci, não dei
sinal de vida. – ele guardou o celular no bolso da bermuda que era de
Yoongi. – O que ele te disse?
— Tudo bem por aqui? – Tae caminhou até eles e encarou os dois. – O que
foi?
— Bobby ligou pra mim e ele atendeu. – explicou sem rodeios. – Yoongi,
olha pra mim. – pediu. – O Bobby é meu amigo, não importa se transei com
ele... É meu amigo.
— Eu detesto esse cara. Ele já te ferrou, te fez parar no hospital. Por que
ainda o mantém por perto?
— Yoon, calma, relaxa. – Tae chegou mais perto. – Não deixe isso estragar
nosso dia, ok?
— Tá bem, só não faz mais isso. – beijou a testa dele. – Vem, vamos comer.
— Toca. – pediu com um sorrisinho que nunca seria negado, não por
Taehyung.
— Pode escolher. Toca algo que te faz pensar em... No dia de hoje.
— Shed a tear cause I'm missing you I'm still alright to smile boy, I think
about you every day now. Was a time when I wasn't sure but you set my
mind at ease there is no doubt you're in my heart now... – Tae cantou
afinadamente, a voz bonita se espalhando por toda a sala espaçosa. Hoseok
cantarolou baixinho junto dele. — Said: my sun, take it slow and it'll work
itself out fine all we need is just a little patience. Said: my suga, make it
slow and we'll come together fine all we need is just a little patience.
Patience.
— Me larga... – a voz grogue mandou e o garoto não obedeceu, sabia que ele
ia cair.
— Jung-Jungkook...
— Uhum, sou eu hyung. – Jungkook sentia-se triste, vê-lo daquela forma era
tão ruim. – Por que você bebeu assim? – sussurrou e o ajudou até conseguir
fazê-lo sentar no sofá. Depois se abaixou e puxou os sapatos dele com
cuidado, colocando-os de lado.
— Jimin...
— Mas eu...
— Jungkook, vai dormir. – Namjoon se aproximou e o mais novo sentiu
raiva dele, sentiu raiva por que Jimin o estava mandando sair. – Eu cuido
dele.
— Vai dormir, ok? Ele tá bêbado e quando ele fica assim... – lambeu os
lábios. – Jungkook eu gosto do Jimin... Gosto demais e eu nunca faria
qualquer coisa com ele desse jeito. Vai pro seu quarto, amanhã quando ele
estiver sóbrio, vocês conversam.
Jungkook segurou o choro que cresceu em seu peito e assentiu. Saiu sem
olhar para trás, subiu as escadas com pressa e bateu a porta do quarto. Na
sala de estar, Namjoon tirou as meias dos pés de Jimin, depois procurou pela
carteira e celular dele, colocando tudo sobre a mesinha.
— Você não devia ter feito isso, Jiminie. – lamentou e se sentiu deprimido,
era inteligente o suficiente para entender aquela atitude.
Ele ajudou Jimin a ficar de pé e o levou pelas escadas até o quarto. Deu-lhe
um banho frio e o fez beber um café forte, colocou-o na cama com cuidado e
deixou uma balde ao lado porque sabia que ele vomitaria durante a noite.
Hyeri sorriu quando viu o filho gargalhar alto depois de seu namorado
resmungar enquanto Chaerin comemorava a segunda vitória consecutiva no
jogo. Ela aceitou mais um pouco do suco natural que um dos empregados lhe
serviu e bebeu lentamente. Os dedos de Byung ainda acariciavam seu ombro
esquerdo e ele acompanhou o olhar da esposa com curiosidade.
— Não. Eu confio no meu filho, mas eu não quero que ele se machuque ou
machuque outras pessoas. – suspirou. – Por agora vamos só aproveitar esse
momento raro.
— Primeiro gato que eu vejo que não têm pavor de água. – Tae brincou e
sorriu para o namorado e rolou os olhos e mergulhou espalhando água para
todos os lados.
— Tae? – Hobi o chamou e quando o mais novo se virou nem teve tempo de
reagir ao pedaço de bolo que foi enfiado em sua boca. – Você só 'tá
bebendo, come alguma coisa.
— 'Tô doido pra te beijar. – disse mais baixo. Os amigos de Chaerin eram
barulhentos, mas eles queriam ser discretos por enquanto. – Doido pra
lamber glacê tua boca.
O menor franziu o cenho, mas obedeceu. Hobi levou o bolo até a boca
pequena e sorriu quando o viu comer.
— Alguém tem que voltar dirigindo. – Tae suspirou. – Não vou beber muito,
Jimin quer conversar mais tarde... Nós vamos dar uma volta. Eu volto
dirigindo.
— Noona?! – o Min chamou pela irmã. Chaerin deixou os amigos por um
momento e foi até eles. Vestia um maiô branco, um quimono preto por cima e
seus cabelos loiros estavam presos para o alto. Era uma mulher linda e
encantadora, a maior prova disso era como as pessoas ali faziam questão de
estar perto dela.
— Ela me fez voltar do Japão só pra estar aqui, cuidou de tudo... Omma
sempre acerta. – sorriu e encarou Hoseok. – Hobi-ah, você ainda está
solteiro?
— Uhum. – apenas assentiu, ele não sabia bem o que dizer. Taehyung cruzou
os braços. – Por quê?
— Um amigo meu te achou lindo. – Chaerin piscou pra ele e riu um pouco,
então ela não entendeu quando o irmão mais novo fez uma careta. – O que
foi?
— Yoon... – Hobi suspirou, mas queria rir. – Noona, eu não 'tô interessado,
mas obrigado.
Chaerin saiu desfilando até os amigos e Hoseok pegou outro pedaço do bolo,
pronto para fazer Taehyung comer mais um pouco. Ele aceitou, mas
resmungou fazendo Yoongi rir.
— Vai se foder. – Hoseok rolou os olhos e deixou o bolo de lado pra ajudar
Yoongi com as bebidas. – Vamos.
Os três deixaram a pequena comemoração rumo a área privada, descendo a
pequena escada que dava para a piscina menor e aquecida na parte coberta.
Yoongi deixou as bebidas sobre uma das espreguiçadeiras, Hoseok sentou
numa outra para conectar o celular à pequena caixa de som vermelha e
Taehyung se desfez da camisa e da bermuda para mergulhar na piscina
quente.
A música que se iniciou fez o Yoongi sorrir antes de ocupar a coxa de Hobi
e oferecer na boca dele um pouco da cerveja gelada, encaixando a garrafinha
nos lábios rosados.
Ele bebeu mantendo os olhos presos ao olhar felino do menor, deixando que
suas mãos tocassem as coxas geladinhas, que as apertasse entre os dedos
cheios de anéis prateados.
— Por isso estava entrando na água toda hora? – uma das mãos encaixou a
nuca dele, prendendo-o naquele lugar, com a boca pequena pairando sobre a
própria boca. – Pra acalmar esse seu fogo? – sorriu ladino.
Sentir tantas coisas ao mesmo tempo por duas pessoas diferentes era
assustador, mas na maior parte do tempo, ele se sentia o homem mais sortudo
do mundo.
Na menor parte, numa parte bem profunda de si, ele sentia medo.
Não diriam nada que não fosse verdade e por isso diziam a Yoongi que o
amavam, mas os sentimentos sobre eles dois ainda eram confusos em partes
que uma troca de olhares sabia confessar mais do que palavras.
Havia paixão demais naquele olhar, havia um desejo palpável e até mesmo
um pouco da marra que escapava de ambos... Mas ainda era cedo e confuso
dizer que haveria amor.
Ainda.
— Que me ama. – ele sorriu sem vontade. – Mas eu acho que eles não amam
quem eu sou... Meus pais amam o que querem que eu seja.
— Eu não sei bem. – negou com sinceridade, tentando conter o aperto que
sentia no peito e o nó na garganta. – Mas eu amo o Hoseok que eu sou
quando vocês dois estão comigo, porque esse Hoseok é feliz de verdade.
— O que?
— O que, Yoon?
— Vamos fazer o possível pra isso dar certo, pra sermos felizes juntos. – por
baixo da água segurou a mão de Taehyung e buscou pela de Hoseok com a
outra. – Aqui, bem aqui onde eu 'tô... Eu tenho a sensação de que é o meu
lugar, é onde eu devo estar... É onde eu nasci pra estar. Onde eu quero estar.
– sorriu. – Eu amo você Seok, eu amo você Tae... E eu amo o que sou
quando estou aqui. – ele apertou a mão de Hobi. – E eu quero que você se
ame Hoseok, independente de nós dois... Eu quero que você ame estar vivo.
Então, vamos prometer fazer isso dar certo.
— Nem com os seus pais, nem com a gente. Não tem problema nenhum em
chorar ou rir, mas continua deixando a gente rir e chorar do teu lado. –
afagou a bochecha dele. – Eu também prometo.
Na pequena caixa de som, Tracy Chapman cantava Fast Car num volume
baixo. Havia uma carteira de cigarros caros sobre a espreguiçadeira, junto
do isqueiro vermelho e três camisas amassadas.
À noite, depois das sete, Jimin empurrou para o lado o copo vazio e apoiou
os cotovelos à mesa de madeira.
O bar estava vazio para um domingo à noite, o velho Jukebox não poderia
ser mais ironia porque Elvis Presley continuava falando sobre como é
impossível se apaixonar. Taehyung, virando uma garrafinha de soju, franziu o
cenho para a careta do menor.
— E você nunca pareceu tão óbvio. – bufou erguendo o copo para chamar
atenção de uma das garçonetes vestidas em suas saias curtas. – O que rolou
entre vocês três?
— Hoseok teve problemas com os pais... Sério, por que nossos pais
precisam ser tão complicados?! Você tem muita sorte com o seus. – assentiu.
– Enfim, ele ligou pro Yoon e nós fomos até ele... Jimin, eu nunca senti tanta
raiva de alguém como sinto raiva do pai dele. Hobi estava tendo um ataque
de ansiedade, tremendo... Respirando com dificuldade. Nunca mais quero
vê-lo daquele jeito. – negou e bebeu mais um gole. – Nós conversamos
quando ele chegou... – sorriu e Jimin sorriu porque ver Tae feliz aquecia seu
coração. – Na banheira. Ele me pediu pra ficar e eu fiquei, eu cuidei dele
junto com o Yoongi. Porra, cara... Hobi chorou nos meus braços e disse que
se sentia vivo ali...
— Não... Tudo. – o sorrisinho não mostrava os dentes. – Ele não 'tava bem
pra isso e nenhum de nós quis que fosse naquele momento. – ele sorriu de
verdade e Jimin estranhou.
— O que foi?
— Que droga. – reclamou passando as mãos pelo rosto. Ele afastou alguns
fios que escapavam do coque e nem esperou a garçonete se afastar antes de
servir mais uma dose de uísque no copo. – Que merda!
— Tudo o que você disse. – ele bebeu a dose de uma vez, fez careta e bateu
o copo na mesa pronto para servir outra dose, mas a mão de Tae segurou seu
pulso.
— Jungkook.
— Tae!
— Rolaram essas coisas, então ele disse que queria que eu tirasse a
virgindade dele!
— Até agora estou esperando você me dizer por que está bebendo igual um
alambique. – apoiou os braços na mesa. – Vocês vivem se esfregando
mesmo, achei que já tivesse rolado.
— Tae...
— Não! Nem vem! Porra Jimin! – ele estava nervoso. – O que porra você
tem na cabeça?!
— Eu não devia ter ido até lá. – concordou num murmúrio, seus ombros
estavam encolhidos, não havia a confiança que Tae tanto admirava.
— Ela me fez lembrar a droga de homem que eu sou. – sorriu sem humor.
— Jimin...
— Me fez lembrar que sou um babaca obcecado por atenção, por ser
perfeito. Que as pessoas só se interessam por mim porque eu sou promíscuo
e fácil. – ele estava brincando com o rótulo da garrafa de soju. – Que quem
me conhece de verdade sente nojo.
— Taehyung eu-
— Me escuta, ok? – Jimin assentiu. – Você é incrível e ela diz essas coisas
pra te machucar porque sabe que nunca mais vai ter um cara tão incrível
quanto você. É um homem lindo, inteligente, sexy e atencioso... Qualquer
pessoa no mundo cairia no seu charme Jimin, qualquer pessoa no mundo se
encantaria por você.
— Ele está se apaixonando por você, por isso quer estar com você. Se sente
ligado a você. – o encarou. – Você não se sente da mesma forma?
Aquilo não era estritamente sobre Jungkook ou sobre Minseo, aquilo era
sobre Jimin.
Sobre o homem diante de si e todas as coisas que ele havia vivido durante o
relacionamento anterior. Acontece que, por mais que estivesse ciente, parte
de Jimin ainda não o classificava como algo não saudável e isso era
evidente nos receios que ainda possuía sobre denunciar Minseo, no respeito
unilateral que ele mantinha sobre a família dela.
O coração de Jimin era bom. Bom até demais e enquanto estava sendo bom
dava espaço para que outras pessoas o machucassem.
Ele gostava de Jungkook, podia dizer que se sentia apaixonado pelo garoto
mais novo, mas ainda existiam coisas demais, cicatrizes que ele costumava
maquiar com um flerte qualquer e nunca precisava expor em público, nunca
colocava sobre a mesa... Mas então Jungkook estava ali, ele vinha e Jimin se
perdia naquele olhar curioso ou no sorriso doce.
Então, no fim do dia Park Jimin era um homem medroso e sem jeito, ele se
achava fraco e descartável.
Taehyung suspirou e pegou o outro copo esquecido sobre a mesa, ele serviu
uma dose de uísque em cada e fechou a garrafa. Jimin secou as lágrimas e
pegou o que lhe pertencia bebendo junto do mais novo que daquela vez não
fez careta.
— Eu sei que me chamou pra essa conversa pra desabafar e não ouvir
conselhos, eu sei que não sou o homem mais apto do mundo pra te dizer o
que fazer... Mas eu vou dizer mesmo assim.
Jimin assentiu.
— Minseo está fora da sua vida de forma física, mas você a mantém presente
mais do que percebe quando a deixa influenciar suas escolhas. Jungkook não
é Minseo, eu não sou... Você não é ela, não é o que ela diz... Você é o
contrário de tudo aquilo e por isso ela te procura, para que volte a ser o
homem que ela abusava. Esse garoto está te deixando entrar na vida dele...
Você quer estar na vida dele?
— E se eu estragar tudo?
— Se vocês fizerem tudo certo? Dessa vez Jimin, você não vai ter de fazer
nada sozinho. Muito menos ser feliz.
Jimin fungou outra vez e abaixou o rosto para esconder que sentia vontade de
chorar, de dar um jeito naquele nó na garganta.
Foram embora pouco tempo depois, nenhum deles disse algo dentro do Uber
quase silencioso, não fossem as músicas que vinham da rádio sintonizada.
Jimin conferiu a hora no relógio preso ao pulso e sorriu um pouco quando a
voz de Eddie Vedder cantou as primeiras palavras de Black.
— Não, Jungkook. Não está. – negou e o olhou nos olhos. – Quando algo não
estiver bem, quando eu vacilar contigo ou te magoar... Não finja que está
tudo bem, não anule a tua mágoa por minha causa. Eu não mereço isso,
ninguém merece que você faça isso.
— Não importa. – apertou a cintura dele. – Olha pra mim, meu menino. –
Jungkook mordeu o lábio inferior e o olhou. – Promete que você nunca mais
vai fazer isso. – acariciou a nuca dele, os cabelos macios e grandinhos. –
Hn?
Foi a primeira vez que o pedido veio dele, então o coração de Jungkook –
que já batia acelerado – o assustou um pouco. Ele só assentiu e sorriu.
— Seu coração...
— Tudo bem, hyung... Meu appa me disse que isso não é infarto. – Jimin
acabou por sorrir de novo. – Isso é só você.
E era Jimin, a cada dia ele tinha mais certeza.
Da sala Hoseok gritou que ia pedir pizza, mas que quem tocasse em suas
azeitonas seria expulso da casa.
Uma semana depois, numa quarta feira nublada e abafada, quase todos os
moradores da república sete estavam fora, exceto Taehyung, Yoongi e
Hoseok.
Não tinham aula naquele período e combinaram de voltar para casa, para
ficarem um pouco a sós visto que sempre estavam em companhia dos outros
moradores.
Subiram para o quarto de Jin cientes do perigo caso ele os pegasse lá sem
sua autorização, mas se esparramaram na cama grande e não demorou nada
para que os três estivessem roncando pelo cansaço.
Yoongi dormia numa ponta e Hobi na outra enquanto Taehyung se mexia para
agarrar um ou outro graças à mania de dormir com um travesseiro. As quatro
horas ele levantou para ir ao banheiro e coincidentemente a campainha
tocou. Ele fez o que tinha de fazer, lavou as mãos e desceu bocejando.
Tocaram mais duas vezes antes que ele abrisse a porta para um homem alto,
bem vestido e que não disfarçava sua impaciência.
Yoseob ficou incomodado, aquele garoto era muito parecido com alguém de
seu passado.
Tae franziu o cenho e sorriu. Ele sorriu genuinamente e tomou a cabeça para
o lado, fazendo assim os fios mais longos cobrirem seus olhos grandes.
— É só pra você saber o nome do homem que bateu a porta na sua cara. Vai
tomar no cu, seu babaca.
Yoseob piscou algumas vezes até entender o que estava acontecendo. Ele
franziu o cenho e ergueu a mão para esmurrar aquela porta e colocar aquele
moleque atrevido no lugar, mas respirou fundo. Era um homem de respeito,
não desceria a um nível tão baixo.
Kim Taehyung.
— O que foi?
— Eu tomei um banho rápido. O Tae foi até o meu quarto, pedi pra ele pegar
uma coisa. – Hobi estava sem camisa, o short de flanela curto mostrava
bastante as coxas macias. Sentou sobre o quadril de Yoongi e começou a
brincar com a barra da camiseta preta que ele usava. – Ainda está com sono?
— Yoon... – disse baixo. – Quero fazer amor com você. Agora. Aqui.
— Deita. – Hoseok mandou num sussurro e ele obedeceu. Saiu do colo dele
ao mesmo tempo em que puxava o short preto pelas coxas pálidas e depois
por suas pernas. Hobi beijou a parte interna da coxa branquinha e mordeu
com força, chupando a pele para soltar num estalo em seguida. Yoongi gemeu
e olhou pra Taehyung, lambendo os lábios ao vê-lo soltar a fumaça do
baseado lentamente. As pernas grandes continuavam abertas e uma das mãos
acariciava o pau marcado sob o moletom folgado. Ele gemeu mais alto
quando a boca de Hoseok se fechou ao redor de seu pau e mordeu
suavemente a base presa na cueca vermelha. Ele puxou a peça com pressa e
voltou a beijar as parte interna das coxas, lambendo e mordendo até pairar
os lábios onde o menor mais queria.
Então, Yoongi gemeu mais alto quando o pau foi acolhido pela boca dele,
engolido até os lábios tocarem sua virilha. Assentiu para o nada e agarrou o
cabelo castanho quase em desespero, fodendo os quadris para cima até que
fosse segurado em força e parado. Hobi o tirou na boca e lambeu da base ao
topo, puxando o fio grosso de saliva e pré-gozo na ponta da língua antes de
quebrá-lo para sorrir e continuar uma masturbação lenta.
— Vou. – assentiu duas vezes e grunhiu quando ele empurrou seu pau um
pouco pra ter acesso aos testículos, os chupando de um jeito lento e
experiente. - Porra, Hoseok!
Tae grunhiu e apertou com força o próprio pau, abrindo mais as pernas pra
deslizar os dedos até a entrada apertada. Ele os esfregou ali e gemeu baixo,
tremendo o suficiente para quase deixar o baseado lhe queimar a pele.
— Olha só pra ele, Yoon. – a voz de Hoseok o fez gemer de novo. – Aposto
que 'tá piscando. – sorriu ladino e grunhiu quando Yoongi esfregou com força
contra ele.
— Não muito diferente de você. – brincou desceu a mão até a coxa dele, por
dentro, levando-a até onde queria sentir. Ele esfregou o polegar pela entrada
dilatada e sorriu. – Então, era isso que você estava fazendo no banheiro?
Você 'estava se abrindo pra mim?
— Tudo bem?
Hobi assentiu e mordeu o lábio inferior, seus dedos tremiam conforme o
coração bobo batia depressa, afoito como se aquela vez fosse a primeira de
toda a sua vida. Yoongi abaixou o rosto e beijou os lábios dele suavemente,
afastando-se enquanto empurrava o quadril para baixo e para cima. Queria
sentir mais além do prazer físico, queria ficar preso dentro daquele olhar
forte e ainda assim tão doce.
Uma das mãos de Yoongi buscou pela cabeceira da cama e segurou ali pra
descontar em cada aperto o prazer de sentir o quando Hoseok era apertado.
Eles se beijaram desajeitados, perdidos pelo prazer que encontravam juntos
a cada estocada mais firme. Hoseok abriu mais as pernas, aproveitou da boa
elasticidade do corpo e gemeu alto quando uma estocada certeira acertou-lhe
a próstata.
— Diz pra ele o que você me disse, gatinho. – Tae pediu gesticulando com a
mão que segurava o baseado.
— Porra... – ele disse antes de ergueu o corpo e se ajoelhar na cama, uma
das pernas de Hoseok foi colocada para cima e Yoongi mordeu a panturrilha
firme com força. – Porra, Seok... – Hobi gemeu ainda mais alto quando o
sentiu certeiro. Taehyung ficou de pé e deu a volta ao redor da cama,
olhando-os de todos os ângulos possíveis antes de subir e se ajoelhar atrás
de Yoongi.
— Fode mais forte, Yoongi. – Tae disse enquanto puxava o moletom pra
baixo e o encaixava entre as nádegas branquinhas. Ele bateu em uma delas e
Yoongi gemeu alto. Aquele quarto estava uma bagunça de gemidos,
grunhidos e do ranger daquela cama. – Fode ele mais forte, filho da puta.
Estavam moles pelo orgasmo, Taehyung ainda mais por causa da maconha.
Yoongi se moveu com cuidado, segurando-se pela base para se puxar pra
fora e manter a camisinha no lugar. Ele deitou entre eles e respirou fundo.
O garoto não sabia ser muito discreto quando queria alguma coisa,
geralmente parecia um filhotinho afoito e ansioso. Tae suspirou e continuou
secando o cabelo com uma toalha pequena enquanto sentava na própria cama
e o encarava.
— Diga.
— Jin hyung 'estava bem bravo quando saiu com o Yoongi hyung. Ele disse
que ia comprar a cama mais cara da loja.
— Você estava vendo pornô. Foi um ótimo momento pro seu fone parar de
funcionar. – brincou e Jungkook ficou constrangido. – Cara, relaxa. Pelo
menos era pornô gay. – deu de ombros. – Não contei pra ninguém.
— Obrigado.
— Você curte ver pornô? – Jungkook negou. – Aquela era a primeira vez?
— Não é exatamente algo feito pra achar engraçado. É pra te deixar com
tesão. Os que você viu eram héteros?
— Fala logo!
— Oh meu deus ele realmente te adotou, nem quer te deixar transar. – Tae
começou a rir com gosto. – Sou quase seu padrasto, sabia?
— Fico feliz que estejam bem. Os três. – disse com sinceridade. – Deu pra
ouvir o quanto estavam bem hoje à tarde. – provocou com um sorrisinho.
— Ok, para com isso. – gesticulou. – Quer saber como satisfazer o Jimin?
Por que isso?
— Porque quando a gente tá junto ele sempre me satisfaz, mas eu nunca sei o
que fazer e às vezes ele não... Chega lá, só eu.
Jungkook parou e pensou que seus olhos grandes se fixaram aos próprios
pés. Ele se lembrou de cada momento íntimo com Jimin, de cada toque ou
palavra trocada. Seu rosto ficou quente, mas ele sorriu.
— Já tentou fazer o mesmo com ele? – negou. – Pense assim: se você gosta
do que ele faz é porque provavelmente ele gosta também, gosta tanto que
quer quê você sinta o mesmo. Naquele dia... Que tipo de vídeo você estava
assistindo?
— Hyung!
— O que? O QUE? Não! Não desse jeito, ficou doido?! – negou indignado. –
A gente pega um dos pepinos lá geladeira e eu te ensino a-
A cena se desenrolava com um Seokjin furioso, ele tinha nas mãos o que
pareciam ser revistas e um jornal. Jimin estava desesperado e Yoongi
confuso, mas procurando acalmá-los.
Ele gritou e rumou as escadas, subindo dois degraus de uma vez até entrar no
quarto de Namjoon, encontrando-o com os fones de ouvido e os livros de
direito abertos sobre a cama. O mais novo franziu o cenho e puxou os fones
enquanto o via trancar a porta.
— Hyung...
— O que-
Então, Seokjin atirou na cama as duas revistas e o jornal que tinha nas mãos.
Na capa, um Namjoon ainda criança tentava esconder o rosto enquanto Nari
o abraçava.
Ele leu três vezes as mesmas frases e nomes, datas e pequenos depoimentos
aos quais a imprensa teve acesso na época. Lalisa engoliu a seco e encarou
Jisoo completamente sem reação, esperando que ela explicasse o que tudo
aquilo significava.
— Não. – ela negou. – Jin não sabe. Se ele soubesse teria me dito. – fungou
outra vez. – Lisa... O que eu faço agora?
— E você o detesta.
— Exatamente, Jisoo: não é sobre você. – foi direta e Jisoo suspirou. – Não
é sobre Jin-oppa... É sobre Namjoon-ssi. – olhou para as folhas. – Não
imagino como foi passar por tudo isso e ainda ser exposto assim, mas se
você contar pro seu irmão vai estar o expondo de novo. – procurou a mão
alheia e entrelaçou os dedos com os dela. – Vamos deixar isso pra lá, ok?
Agora
Jisoo disse alto e Jimin a encarou com raiva, pronto para mandá-la embora,
mas Yoongi o reprovou com um olhar.
— Hey, abaixa sua voz pra falar com ela! – Lisa disse mais alto.
— Porque a gente vai pra Busan. Vamos passar esses dias lá.
— Tudo bem, resolvo isso. Ok? – o mais novo assentiu. – Faz o que eu te
pedi, por favor?
— Tá bem hyung.
Quando o garoto foi fazer o que ele pediu, Jimin trocou um olhar cúmplice
com Yoongi e o mais velho suspirou cansado, assentindo e passando as mãos
pelo rosto. Aquela atitude do Park, a de fugir só pra não lidar com aquilo,
não o agradava em nada, mas naquele momento ele sequer sabia o que fazer.
Namjoon, que tanto prezava seus segredos, naquele momento era exposto
outra vez.
— O-Onde...
— Onde você achou essas coisas? – ele abriu os olhos e duas lágrimas
grossas escaparam de seus olhos. – Onde?
— Você não devia saber nada sobre isso! De todas as pessoas do mundo...
Não você. – ele negou, parecia falar mais para si. Estava ficando difícil
respirar naquele quarto. – Não você.
— Não eu?! Você escondeu isso de mim por todo esse tempo... Eu me abri
com você! Eu nunca menti pra você ou escondi alguma coisa! Namjoon eu
me despia para você o tempo inteiro e não só as minhas roupas! POR QUE
NÃO EU?
— Jin... Por favor... Eu não... – ele mal conseguia falar, o choro não
permitia. – Eu nunca...
Queria desaparecer.
— Jin...
— Não era o suficiente! Você jogava sua dor pra cima de mim! VOCÊ ME
USAVA E AINDA ASSIM... Ainda assim você escondia tudo isso de mim!
— Eu não queria te fazer sentir pena de mim... – disse baixo, ele soluçava
entre as palavras. – Não você, Jin.
— Namjoon, você sempre me disse que comigo se sentia vivo... – Jin secou
as bochechas e suspirou. – O que te faz pensar que eu sentiria pena de você?!
ESTAMOS FALANDO SOBRE MIM! SOBRE O CARA QUE VOCÊ
PROCURAVA QUANDO SE SENTIA SOZINHO, QUE TE DEIXAVA
FAZER O QUE BEM QUERIA SÓ PRA NO DIA SEGUINTE SER
ESNOBADO! ESTAMOS FALANDO DA PORRA DO HOMEM QUE
VOCÊ FAZIA DE TAPETE! DO HOMEM QUE PRECISAVA SAIR DESSA
CASA E ENCHER A CARA NUM LUGAR LONGE O SUFICIENTE PRA
NÃO TER DE OUVIR SUA VOZ GEMENDO PRA OUTRA PESSOA!
— Me perdoa...
— Por... – Jin arfou e negou de novo. – Por que você não me contou? –
lamentou antes de lamber os lábios. – Por que você não dividiu isso comigo?
Por que você sofria sozinho enquanto eu continuava aqui sendo forte o
suficiente pra aguentar isso por você?
— Eu não mereço que você faça isso... – negou. – Que essas coisas ruins
também apavorem você. – ele soluçou. – Jin, eu não quero que você escute a
minha voz te dizendo todas as coisas que aconteceram comigo.
No corredor, Jin parou quando viu Jimin encostado na parede com as mãos
para trás do corpo. Ele engoliu aquele maldito nó na garganta e encarou o
menor com uma expressão dura.
— Hyung...
— Agora não. – negou apenas uma vez, seu tom sério foi o suficiente para
Jimin se calar e assentir. – De vez em quando eu detestava gostar tanto de
você. – assumiu e o garoto ouviu sem dizer nada, apenas aceitando aquelas
palavras. – Outras vezes eu quis dormir com você só pra tentar entender o
que fazia ele sempre voltar para os seus braços. Porque você sempre
parecia melhor que eu aos olhos dele.
— A verdade é que ele nunca se achou o suficiente pra você e fugia da sua
cama antes de ficar ali pra sempre. – disse baixo. – Aos olhos dele ninguém
é melhor que você Jin-hyung.
Jimin o levou até a cama e o fez deitar junto de si. Mesmo sendo menor
sempre faziam aquilo, sempre o deixava deitar a cabeça em seu peito e
acariciava o cabelo dele por horas. Namjoon se agarrou ao corpo menor e
chorou, chorou como não chorava há anos. Abafou cada grito agoniado
contra as roupas de Jimin, prendeu o tecido entre os dedos e apertou para
tentar amenizar a raiva que sentia por dentro.
Raiva de si mesmo, raiva da vergonha que sentia por ter consciência de que
agora Jin sabia de tudo. Raiva por lembrar tanto e as lembranças explodirem
dentro de sua mente como se caminhasse em um campo minado. A cada
passo, Namjoon se fere mais um pouco.
— Jimin... Por que isso 'tá acontecendo... Ele não podia saber, ele não.
— Por favor, se acalme. O seu coração 'tá batendo tão rápido, por favor...
Para de pensar nisso.
— E se ele olhar pra mim como todo mundo que sabe me olha?
— Jin-hyung nunca faria isso Namjoon, ele nunca sentiria pena de você... Ou
nojo.
— Eu quero morrer.
— Namjoon, não diz isso, por favor, não diz isso. – o abraçou mais forte. –
Agora que ele sabe vocês podem conversar e tentar, eu sei que vocês se
amam.
— Nossa!
— Quero que isso fique entre nós, eu acho que Jimin vai explicar pro
Jungkook depois. – suspirou. – Por favor, não deixem que isso crie um clima
ruim na presença dele.
— Nós não vamos deixar. – Hobi segurou a mão dele e beijou. – Certo, Tae?
— Taehyung... O que você tem? – ele estava muito preocupado, mas Tae não
entendeu até sentir o sabor salgado nos próprios lábios. – Por que você tá
chorando?
— Não é nada. – negou. – Fica tranquilo Yoon, eu não vou dizer nada errado
ou ficar estranho sobre isso.
— Estou sim. – assentiu. – Eu vou sair pra comprar alguma coisa pra gente
comer. – Tae se virou para os dois mais velhos, ele recolheu o celular e a
carteira que estavam sobre a cômoda. – Pensei em pizza e-
— É. – assentiu, mas era óbvio que havia algo mais. – Acho que fiquei bem
chocado de isso acontecer com alguém tão próximo, sabe? – sorriu sem
jeito, ele movia as mãos sem parar. – Eu já vou. Posso usar o seu carro?
— Ele estava tremendo. As mãos dele não paravam quietas, você viu?
— Não. – negou. – Ele nunca agiu assim antes por nada. Taehyung sempre é
muito pleno... – fez careta e Hobi sorriu. – Isso chega a ser chato. Acho que
isso do Namjoon o deixou chocado.
— Ele é chato. Pra caralho. – rolou os olhos e voltou pra cama, sentando
atrás de Yoongi, deixando-o entre suas pernas. – Você 'tá bem?
— Frustrado? Seok, ele estava gritando coisas tão erradas, cobrando... Ele
não teve empatia e-
— E ele está com raiva, Yoongi. Seokjin-hyung ama o Namjoon e se sente
frustrado por não ser digno da confiança dele. Pessoas com raiva agem sem
pensar direito. – ele observou o bico nos lábios do menor e também
suspirou. – Se fosse a gente, se eu escondesse algo assim de você e
tivéssemos a relação que eles têm... Se eu te magoasse como Namjoon já o
magoou.
— Mas você sabia, Yoon. Jimin também sabia. Mas, ele não.
— Jimin vai levar Jungkook para Busan. – informou e abriu um dos olhos
para encarar a carinha preocupada de Hobi. – Tae está certo, você adotou o
garoto.
— Para com isso. – ralhou e ganhou um beijinho nos lábios curvados. – Vou
falar com o Jimin-
— Mas o Jungoo-
— Ele vai amadurecer sozinho. Por favor, seja um hyung que respeita o
espaço dele e não um que o cerque sempre. Nós estamos aqui pra ele, somos
seus hyungs e amigos, mas entre ele e Jimin é diferente, os sentimentos são
diferentes como é entre eu, você e Taehyung.
— Acho que isso é uma desculpa sua pra me fazer pagar a conta. – Yoongi
brincou e Hobi riu.
— O Hoseok paga. Ele é o mais rico. Estou indo no mesmo lugar que a
gente foi no primeiro encontro. Vem com ele pra cá, essa casa tá num
clima pesado.
— Consigo.
— Me sinto como se você fosse meu sugar daddy. – a risada fez Hobi rolar
os olhos.
— Você sabe que estamos aqui pra você, não sabe? Seja o que for, estamos
aqui. – o silêncio do mais novo o fez suspirar. – Yoongi te ama muito e eu...
— E você? – Tae esperou e acabou rindo baixo. – Não precisa dizer o que
não sente ainda Hobi-
— Meu marrento.
— Porque ele é seu irmão. Somos uma família e devemos nos proteger.
— Taehyung...
••
#PillowFic
24 - me aceite
me atrasei sim desculpa não desistam de mim, mas tô aqui com mais um
capitulo dessa sofrência cheia de boiolas
então, esse capitulo ia ficar maior, mas eu não gostei da última parte, não
ficou como eu queria ai eu apaguei pra postar logo e não deixar vocês sem
atualização, ela era jikook e por ser uma cena MUITO importante preferi
deixar pro próximo e finalizar com essa bomba kkkkk.
Take On Me - A-Ha.
Seokjin se culpava por tantas coisas que enquanto as listava em sua mente
conseguia lembrar-se de mais algumas pra acrescentar. As revistas estavam
no lixo do quarto e o jornal amassado sobre o tapete... E ele quis se livrar do
tapete também por lembrar quantas vezes encontrou Namjoon deitado ali
com um olhar assustado e um sorriso fraco nos lábios.
Era inteligente o suficiente pra saber que aquilo não ajudaria em nada, mas o
que mais poderia fazer além de embriagar seus sentidos pra não correr o
risco de fazer algo errado? Foi inconsequente, tinha ciência disso, mas a
razão perdeu feio para a emoção, para a frustração que toda a verdade trouxe
à tona.
Mas Namjoon também não lhe tinha confiança... E essa dor era tão nova.
Jin pegou a garrafa e abriu com os dentes, cuspindo a tampa na pia limpa ao
mesmo tempo em que um baque alto o assustou um pouco. Depois disso,
apenas o silêncio assustador que arrepiou cada pelo de seu corpo.
— Hm... – o mais novo tentou abrir os olhos, mas estava grogue demais.
Jin se calou ao perceber que na mão esquerda Namjoon mantinha uma cartela
de remédios. Ele franziu o cenho e a tomou para si, confirmando que
faltavam cinco comprimidos ali. O desespero o fez arregalar os olhos e
segurar o rosto do maior entre as mãos, empurrando o queixo dele para
baixo até expor o interior da boca dele. Namjoon negou e tentou segurar os
pulsos alheios.
— O que você fez?! Namjoon... O que você fez?!
— O que você fez? – Jin sentia que poderia chorar de novo a qualquer
momento. – Namjoon... Namjoon, não dorme! – pediu em desespero,
segurando o rosto dele com uma mão enquanto a outra vasculhava o bolso da
bermuda em busca do celular. – Droga, Namjoon...
— Hey, abre os olhos... Fica acordado. – pediu com a voz embargada. – Por
que você fez isso, Namjoon? – acariciou o rosto dele e lambeu os lábios. –
A ambulância 'tá vindo, ok? Só fica acordado comigo.
— Então continua acordado olhando pra mim. – Jin segurou a mão dele,
entrelaçando os dedos com força. – Eu sou bonito, então continua de olhos
abertos pra mim. – pediu tentando manter a calma. – Por favor...
Jin caiu num choro desesperado, discando outra vez a emergência com a mão
trêmula. Ele não sabia o que fazer.
⭐
— Ninguém mandou esquecer de pedir para tirarem essa coisa. – o bico nos
lábios dele fez Yoongi rir antes de morder sua bochecha inchada pelo
sanduíche que ainda mastigava. – Aí, porra!
— Aqui. – Tae ofereceu o copo que tinha não mão, encaixando o canudo nos
lábios de Yoongi. – Caralho, a gente come demais.
— Aqui, tem mais um. Que inferno tem mais picles que tudo nessa merda. –
Tae segurou o pulso dele e puxou para morder um pedaço grande do
hambúrguer. E o picles.
— Vem aqui. – Hobi o puxou pela camisa larga e o fez ficar entre suas
pernas, abraçando a cintura de Tae com o braço livre. – Você estava estranho
quando a gente chegou...
— Taehyung... – procurou o olhar dele e segurou sua nuca. – Tae, 'tá tudo
bem?
— Uhum. – assentiu.
— Eu fiz alguma coisa que te chateou? – Hoseok franziu o cenho. – Você
mudou de idéia sobre... A gente?
— Quê?
— Hm. – Yoongi foi até eles e sorriu antes de também beijar os lábios de
Hobi. – Que molho mais salgado gente.
Uma música baixa vinha do carro, Hoseok foi o último a comer e estava
juntando o lixo em uma sacola branca quando o celular vibrou no bolso do
jeans. Ele conferiu que era uma mensagem quando viu o nome de Bobby no
alto das notificações, olhou para os outros dois que trocavam carinhos e
aproveitou que tinha de jogar o lixo fora para responder a mensagem
depressa.
— Não quero voltar pra casa agora... – Tae suspirou abraçado a Yoongi. – O
clima tá pesado.
— O que a gente vai fazer durante o recesso? – Hobi acendeu um cigarro e
deu para Taehyung, acendendo um para ele mesmo em seguida. – Meu appa
me mandou uma mensagem sobre a viagem para Jeju com a Momo.
Tae tragou demoradamente e achou melhor não falar sobre o encontro com
Yoseob mais cedo.
— Não responde.
— Ele vai vir atrás de mim... Achei estranho que ainda não tenha feito isso.
– deu de ombros e fez uma cara feia quando Yoongi pegou o cigarro de sua
mão para tragar. – Yoongi...
— Hm?
— Tae gosta de te irritar por causa disso. Uma vez, antes de a gente se
acertar, vocês brigaram por causa de um motivo besta e ele nem conseguiu
disfarçar que tinha gostado. – deitou a cabeça no ombro de Hobi e brincou
com a fivela do cinto de Taehyung.
— E o que te excita? – ele bateu com cigarro para se livrar das cinzas e
encarou Hoseok.
— Ah... Então...
Yoongi riu baixinho contra o moletom dele e Hobi lhe beijou o cabelo
esverdeado. Tae franziu o cenho.
— O que foi?
— O Seok curte mandar. – explicou. – Mas ele curte mais ainda quando não
obedecem. – sorriu.
— Como assim?
— Falávamos sobre fumar e agora 'tô querendo entrar no primeiro motel que
encontrar. – Tae suspirou e Hobi riu deitando a cabeça no ombro dele. Ele
esticou o braço para abraçá-lo e deixar que os dedos tocassem o cabelo de
Yoongi ao mesmo tempo.
Ele respirou fundo e foi impossível não sorrir diante do alívio que o
transbordava inteiro, da felicidade em sentir-se completo exatamente onde
estava ao ponto de temer sair daquele abraço ou daquele carinho em seus
cabelos.
O amor nunca lhe pareceu tão certo como naquela soma ímpar que resultava
no melhor momento de sua vida.
Lembrou de uma carta curta que lhe proibia de desistir, então abraçou
Hoseok com mais força. Lembrou da cicatriz sendo beijada tão
carinhosamente, então procurou pela mão livre de Taehyung e entrelaçou os
dedos aos dele.
— Acho que combina com a gente. – Tae tragou o cigarro quase no fim e o
jogou no chão, pisando em cima com a ponta do tênis. – A gente é uma
música acústica, mas também não é.
— Eu aprendi que três não é um número que dá inteiro quando se divide por
dois. – Tae suspirou e beijou o cabelo de Hoseok. – Mas que se foda a
matemática, eu não poderia ligar menos.
Ele fechou os olhos outra vez e abraçou Yoongi com mais força, deixando-se
sentir o cheiro gostoso de Taehyung.
Naquele momento Tae observou o céu nublado e depois os próprios pés. Ele
pensou na ligação que fizera no impulso e nas lembranças ruins que estavam
ligadas ao irmão mais velho. Sentia medo de Taewoo, sentia tanto medo que
preferia nunca mais deixar nada vir à tona. Entretanto, ali onde estava, não
havia medo nenhum... Apenas uma segurança desconhecida que o tomava
inteiro.
— Quando aconteceu aquilo você me fez sentir seguro nos seus braços,
naquela banheira Tae... Os meus braços são seus e do Yoongi. Quando você
precisar deles. – beijou o queixo dele com carinho. – O tempo todo.
— Obrigado.
— Minha omma diz que uma família deve se proteger... Acho que eu
finalmente tenho uma família agora.
O celular vibrou em seu bolso, mas seu sorriso desapareceu conforme lia as
mensagens de Seokjin.
— O que foi?
Yoongi não conseguiu esperar que Tae estacionasse o carro, então desceu
primeiro e correu para dentro do hospital caro, até a recepção bonita onde
uma garota de cabelos presos digitava tranquilamente o teclado do notebook.
Ele gaguejou algumas vezes até conseguir ser compreendido e guiado para o
terceiro andar da emergência. Nunca na sua vida um elevador pareceu
demorar tanto. Ele caminhou por todo o corredor até encontrar Jin de pé
perto do bebedouro completamente branco, então trocaram um olhar
demorado e que disse mais coisas do que as palavras poderiam.
— Vem aqui, me diz o que aconteceu? – o fez sentar em uma das poltronas e
se abaixou na frente dele.
— Mas eu-
— Eu me senti usado. – Yoongi assentiu. – Eu sei que isso não é sobre mim,
mas eu senti como se ele não confiasse em mim. – fungou. – Ele não me ama
e isso não é algo que eu possa desfazer...
— Eu posso lidar com o desamor, mas eu não soube lidar com a falta de
confiança porque eu confiei tudo a ele. Inclusive o meu amor. Eu senti tanta
raiva de Yoongi, tanta raiva por saber que em todas aquelas vezes que ele
chorou nos meus braços algo tão ruim assim estava o machucando e eu não
fiz nada.
— Seokjin...
— Seokjin, eu te amo. – apertou a mão dele. – Nada disso é sua culpa. Todas
as pessoas erram, eu já errei mais do que poderia contar. Ainda existe tanta
coisa em mim que preciso consertar, mas eu sei que isso não vai acontecer
de uma hora para outra. Ok, você errou, mas agora nada vai mudar se só
continuar pensando nisso. – ele sorriu um pouco e segurou o rosto do mais
velho. – Acontece. – disse baixo. - Erros acontecem e a gente precisa passar
por eles e fazer de cada erro um aprendizado.
— Quando você ficou tão adulto? – fungou e Yoongi beijou o rosto dele.
— Meus pais e a minha avó. – sorriu. – Mas não exatamente aqui, moram na
cobertura. – apontou para cima e Jungkook cobriu os olhos com a mão,
tentando ver o que o Sol permitia. – Solar mora perto da república.
— É gigante!
Jimin não viu, não era um hábito seu ser perceptivo sobre coisas assim
depois de Minseo, mas Jungkook soltou a mão dele e fingiu que também
veria alguma coisa no celular. Encarou o painel digital e apertou as mãos
disfarçadamente, sentia o estômago revirar fracamente e ficou chateado com
o mais velho sem entender os motivos.
— Jungkook?
— Falo com meu appa e nós vamos almoçar ok? – beijou-lhe nos lábios e
sorriu. – Eu não vinha até Busan há um tempo, mas eu fiquei feliz por estar
aqui com você.
— Eu quero te beijar desde que te acordei no trem, você fica tão manhoso
com sono.
— Boa tarde.
Era um homem jovem e muito bonito, sua postura passava uma imagem séria
mesmo com roupas casuais. Jimin riu baixo e caminhou até o pai, curvando-
se antes de ser puxado para um abraço apertado.
— Oi appa. – cumprimentou com a voz abafada no abraço.
— Ele inventou que vai colecionar garrafas de vinho. – uma mulher entrou
na sala, ela estava descalça e era linda.
Jungkook teve certeza que era uma das mulheres mais bonitas que já havia
visto.
— Omma! – Jimin correu até ela e a abraçou, tirando-a do chão para girar no
lugar.
— Jimin! Não faça isso! – ela riu e o beijou na bochecha. – Como você está
meu anjinho?
— Não te vemos há alguns meses, desde o começo das aulas... – Park Minji
olhou para Jungkook e arqueou uma sobrancelha. – Olá.
— Ah, desculpa! – Jimin foi até e o segurou pela mão, trazendo para perto
dos pais. – Esse é o Jungkook.
— Olá, Jungkook.
Jungkook ficou nervoso, não sabia direito o que fazer, então se curvou com
respeito arrancando uma risada de Jimin.
— Está tudo bem, querido, não se curve assim. – Minji negou e quando o
garoto se ergueu sentiu os braços dela ao seu redor. Não era desconfortável
de um todo, Minji cheirava tão bem e seus braços eram quentinhos...
Jungkook não se recordava de algo assim. – Sou Minji, omma do Jimin.
— Aposto que estão com fome... Está quase na hora do almoço! Você gosta
de lagosta, Jungkook?
— Eu gosto mais de peixe frito, mas até que é bom. – Minji deu de ombros e
sorriu. Ela era tão gentil. – Almoce conosco, por favor... Sempre comemos
sozinhos nesse apartamento!
— Isso eu percebi quando o trouxe. Você nunca trouxe ninguém pra dentro
da nossa casa depois do que aconteceu.
— Confio nele.
— Eu me sinto feliz por saber que você confia em alguém novamente filho,
mas eu ainda me preocupo mais do que posso evitar. O que sabe sobre ele?
— Jungkook é bolsista e nasceu aqui em Busan, morava com o pai e... Gosta
de mim.
— Por quê? – Jimin deu de ombros e Kisung suspirou. – Filho, eu sei que
pareço controlador, mas eu não quero que nada daquilo aconteça de novo.
Esse garoto é de uma classe inferior a nossa e agora ele sabe que você vem
de uma família com riquezas. Não me importo se você tem parceiros ou
parceiras, mas me importo com quem você traz para dentro da sua vida
dessa forma.
— Appa, Minseo é tão rica quanto nós e ainda assim fodeu a minha vida. –
rolou os olhos. – Dinheiro não quer dizer nada. Jungkook me faz bem... De
verdade. Eu me sinto bem quando estou perto dele.
— Estou preocupado...
— Por quê?
— Porque quando você diz o nome dele os seus olhos brilham, Jimin. Os
seus olhos já brilharam dessa forma antes e isso quase fez com que te
perdêssemos. – suspirou. – Venha aqui. – chamou de braços abertos,
acolhendo-o num abraço protetor. – Por favor, não se machuque de novo.
— Eu não posso deixar que Minseo controle a minha vida mesmo estando
fora dela. Quero tentar ser feliz appa. Ser feliz de verdade e Jungkook me
deixa feliz.
— Ah, sim. – rolou os olhos. – Ele está apaixonado. Outra vez. Dessa vez é
uma brasileira. Vamos almoçar, estou com fome.
— Tecnologia.
— Deve ser bastante inteligente então. – ela sentou e ofereceu um lugar para
ele. – Você morava aqui perto?
— Entendo...
— Eu não tenho. – disse sem rodeios, não queria falar sobre aquilo com
uma pessoa estranha e Minji percebeu, então apenas sorriu e assentiu.
— Obrigado, noona.
☀
Jungkook assobiou quando Jimin destravou as portas do carro.
— Eu não sei sobre o que você tá falando, não gosto de carros. Prefiro
motos. – deu de ombros. – Mas eu gosto de carros vermelhos.
— Hyung esse carro é incrível! Meu appa me disse que ele faz de zero a cem
em segundos!
— Você tem habilitação e dirige melhor que eu. – deu de ombros. – Não vejo
nada de errado.
— Não vai fazer nada errado. – gesticulou e sorriu. – Vai ser legal, sério.
— Vamos, bebê.
Na cobertura daquele belo resort beira a mar, Park Minji entrou no escritório
onde o marido lia alguns e-mails de fornecedores e roubou sua atenção
quando sentou na coxa direita dele, deitando a cabeça em seu ombro.
— Eu sei. – assentiu. – Kisung eu acho que entendi porque Hyo nos pediu
ajuda para conseguir lecionar em Gyosu. Pediu por nossa influência junto ao
reitor.
— Vagamente. – assentiu.
— Assim que o olhei sentado no sofá... Eles são muito parecidos. Eu quero
que você procure saber sobre o pai de Jungkook... Não quero acreditar que
esse mundo seja pequeno assim, mas... Acho que Jungkook é o filho dela.
— O que?!
#PillowFic
25 - pegue isso
Take a Toke - C + C
Jungkook tinha muitos traços do pai, foi o que Jimin constatou ao vê-los lado
a lado. Altura, cor de cabelo, tamanhos dos olhos e até mesmo o sorriso.
Chinrae com certeza era um homem muito bonito.
— De onde você tirou esse carro criança? – o Jeon mais velho perguntou
olhando de novo para a Lamborghini estacionada.
— É do Jimin-hyung. – explicou baixinho e foi adorável a forma como corou
ao sorrir enquanto puxava Jimin pela mão até os dois estarem diante de
Chinrae. – Appa, esse é o Jimin-hyung. Hyung, esse é o meu appa.
— Appa! – Jungkook arregalou os olhos e Jimin quis rir. – Para com isso,
por favor!
— Vem hyung!
— Hm? – Jimin franziu o cenho. – Você era a coisinha mais fofa do mundo! –
apontou para uma foto de Jungkook num triciclo.
— Oh sim, ele era! Nesse dia ele chorou até que eu o deixasse dormir
segurando o guidão do triciclo, tinha medo de o Papai Noel voltar pra
buscar. – Chinrae sorriu, havia muito orgulho em suas palavras.
— Ok. – assentiu. – Vem hyung! – ele puxou Jimin pelo corredor. – Aqui é a
cozinha, ali é o banheiro. O quarto do meu appa e... – ele falava muito
rápido, parecia sentir pressa. Jimin foi puxado para dentro de um cômodo e
olhou ao redor, constatando que ali era o quarto dele. As paredes eram
pintadas num tom pastel de amarelo e azul, havia pôsteres de bandas e super
heróis, mangás organizados numa prateleira alta, a mesa do computador
repleta de livros e cadernos e sobre a cama de solteiro, muito bem arrumada,
uma manta do Iron Man dobrada. – O meu quarto!
— Tem o seu cheiro. – observou passando os dedos por cima dos mangás. –
Você também gosta de One Piece. – Jimin se virou, mas acabou rindo
baixinho ao sentir os lábios do mais novo contra os seus. Jungkook parecia
nervoso, as mãos fortes seguraram os ombros do menor enquanto o beijo
desajeitado tomava jeito. Jimin fez carinho na cintura dele, por baixo da
camiseta preta e depois se afastou com beijinhos carinhosos. – O que foi
isso?
O menor apenas assentiu e foi beijado com ânimo, arfando quando os braços
fortes o seguraram pela cintura, quando os corpos ficaram próximos o
bastante para compartilhar o calor. Jimin afundou os dedos no cabelo alheio,
apertando entre os dedos as mechas longas e macias, lutando contra a
vontade de levar aquilo mais além.
Ele sempre queria ir além com Jungkook.
— Bebê. – riu baixinho e o puxou até selar os lábios dele. – Seu appa 'tá
esperando. – passou o polegar pelos lábios inchados e vermelhinhos. –
Como que eu vou aparecer pra ele se você me deixar de pau duro?
— O que?
— Espero que goste de chikin Jimin, eu não cozinho muito bem, mas é a
comida favorita de Jungkook. – ele explicou quando os dois rapazes
sentaram à pequena mesa.
— Um pouco.
— Bem. – deu de ombros. – Têm algumas coisas chatas, mas eu até gosto.
Sim, ele já ouviu sobre isso. Na verdade, muito mais do que Jimin
imaginava.
— Uhum.
— É da minha família. – Jimin disse com orgulho. – Mas eu não penso muito
em assumir nada disso, minha noona é mais apta.
A pergunta não foi invasiva, Chinrae sequer usou um tom sério, mas era
possível perceber a preocupação escapando entre as palavras. Jungkook
arregalou os olhos enquanto mordia um pedaço de coxa do frango e Jimin
não o deixou ralhar com o pai, entendia a preocupação do mais velho porque
também tinha um pai preocupado.
— O senhor 'tá lendo? – o Jeon mais novo franziu o cenho. – Desde quando
appa?
— Espera aí. – ficou de pé e sumiu em direção ao corredor.
— Ele é o seu pai bebê, eu fiquei muito aliviado por ele não surtar e colocar
nós dois pra fora... A gente tem sorte, você sabe disso não sabe?
— Hobi-hyung está passando por um momento difícil, mas ele vai ficar bem,
ok? – o mais novo assentiu. – Depois ligamos para saber como está tudo.
— Eu sou um homem antigo, filho... Fui criado com outras ideias que não
são muito boas. Procurei a doutora e pedi ajuda.
Os livros não eram grandes demais, suas capas de cores vivas chamam
atenção, mas não tanto com os títulos autoexplicativos: A História do
Movimento LGBTna Ásia; Conversas Entre Pais e Filhos LGBT; e A
Individualidade De Cada Um.
Estava claro que Jeon Chinrae procurava naqueles livros formas saudáveis e
respeitosas de lidar com Jungkook, queria estar presente na vida do filho e
ser um pai amigo, fazê-lo se sentir confortável para falar sobre qualquer
coisa.
Jimin ficou emocionado com a atitude daquele homem simples, quis abraçá-
lo e agradecer porque por fim compreendia as razões de Jungkook ser um
homem tão incrível. Chinrae era o motivo.
— Appa... Obrigado. – murmurou com a voz embargada. – Muito obrigado.
— Acho que tem muita coisa que não se fala nos livros, mas é um bom
começo, não é?
Do rádio antigo na sala de estar vinha a voz de Dolly Parton cantando Here
You Come Again e os dois cantarolavam baixinho as partes favoritas.
Chinrae observou o filho e sorriu. Os cabelos escuros estavam presos para o
alto, os braços tatuados à mostra graças à ausência da camiseta e nos lábios
finos permanecia um sorriso adorável que não via muitas vezes.
— Não! – negou com as mãos também. – Não é isso! É que... Eu fico com
medo de ele acabar percebendo que não sou interessante... Se o senhor visse
como aqueles amigos dele são lindos e tão adultos.
— Não apenas por isso. – negou e o puxou até ambos estarem sentados à
mesa frente a frente. – Jungkook você está inseguro, mas não deveria... Jimin
gosta de você, eu vi isso na forma como ele te trata.
— É. Mas eu nunca faço nada pra ele, eu não sei fazer e tenho medo de fazer
tudo errado e ele odiar, ele me largar e procurar alguém maduro!
— Uhum.
— Ele me disse que não quer nada sério. – deu de ombros. – Eu sei que ele
fica com outras pessoas e isso me deixa triste.
— Quando nós conversamos sobre tudo, depois de acontecer aquilo entre ele
o Namjoon-hyung, Jimin nunca mais ficou com ele na república porque sabe
que isso me magoa. Ele me disse que deveríamos parar de ficar, que era o
melhor porque não queria me magoar... Mas eu gosto muito dele, appa.
— Eu sei! – assentiu. – E eu não sei o que fazer, eu não sei como ajudar... –
fungou. – Tem tanta coisa appa... Hobi-hyung está triste e ele gosta de Tae-
hyung e Yoongi-hyung! Eles brigam e depois fazem sexo! – arregalou os
olhos. – Os três! Ao mesmo tempo! – Chinrae segurou o riso. – Tem o Jin-
hyung também e eu sei que ele tem sentimentos por Namjoon-hyung, mas eles
brigam e depois nem se falam... Só queria que todos ficassem bem.
— Ser adulto é bem difícil, filho. – segurou a mão dele. – Escuta, você me
parece ansioso sobre tudo isso e eu acho que essa mudança foi muito
drástica... Quer voltar para casa?
— Não appa, eu acho que de alguma forma eles também precisam de mim. E
o senhor precisa envelhecer saudável. – sorriu. – Vou me formar, ter um bom
emprego e cuidar do senhor.
— Não vai ter problema? – Jungkook deitou na própria cama. – Que saudade
da minha cama.
— Ela é mais confortável que a minha? – o tom atrevido fez o mais novo
sorrir.
— Não, hyung. Mas ela também é muito boa. – ele pôde ouvir passos. –
Onde você tá?
— Hm. O seu tom de voz muda quando está tentando me provocar, sabia?
Fica manhoso.
— Hyung, me responde! – ralhou e dobrou uma das pernas, sua mão livre
não parava de brincar com o tecido da bermuda folgada.
— Não estou rindo de você, estou rindo porque você vai me fazer foder
meu travesseiro se continuar dizendo que pensa em mim com esse tom
manhoso, bebê.
— Não. – o tom autoritário o fez tremer. – Nós dois sabemos que você
prefere correr o risco, não é bebê? Você gosta do perigo.
— Eu vou dizer o que eu quero você fazendo, Jungkook. – a voz dele estava
rouca, o tom mandão arrepiava a pele de Jungkook. – Entendeu?
— Entendi.
— Baixe a sua bermuda e se toque por cima da cueca. – Jungkook
obedeceu e gemeu arrastado ao se tocar, apertando a própria glande até o
pré-gozo umedecer o tecido cinza da cueca. – Aposto que você 'tá
completamente duro pra mim, não está? Que essas bochechas lindas estão
vermelhinhas.
— Hyung...
— Do jeito que você faz. – ele se puxou para fora da cueca e começou uma
masturbação rápida, contendo os gemidos enquanto usava a outra mão para
apertar o lençol. – Bem rápido, apertado...
— Você consegue imaginar isso de outro jeito? – Jimin estava falando com
dificuldade. – Rápido e apertado assim?
— O que?
— Você... Bem rápido e apertado dentro de mim. – Jimin grunhiu um
palavrão e Jungkook gemeu manhoso.
— Hyung... Eu tô pertinho...
— Agora, Jungkook. – ele bufou, mas obedeceu. – Chupa o seu dedo médio,
deixa ele ensopado de saliva e eu quero te ouvir fazendo isso. – o garoto
obedeceu e sugou o próprio dedo. – Isso, você é tão bom pra mim bebê...
Eu queria tanto que fosse o meu dedo, queria te ver tão lindo ensopando
os meus dedos.
— Você vai dobrar o seu joelho esquerdo e abrir mais as pernas depois vai
usar o teu gozo pra lambuzar mais o seu dedo... Está fazendo isso?
— Onde hyung?
— Você sabe onde, seu atrevido do caralho, você sabe onde. – Jungkook
sorriu um pouquinho e obedeceu, tocando-se e esfregando o dedo ao redor
da própria entrada. – Onde você me quer rápido e apertado, você pode
aumentar o ritmo da sua mão outra vez agora.
— Garoto você vai acabar me matando. – ele ouviu Jimin grunhir outra
vez e conseguia ouvir também o som molhado do outro lado da linha,
imaginá-lo sentindo prazer por sua causa era um incentivo maior ainda. –
Geme pra mim... Jungkook.
— O seu appa...
— Não. – ele negou como se outro pudesse ver. – Eu quero aqui na minha
cama, no meu quarto... Eu me sinto seguro aqui.
— Hyung?
— Ok.
Chinrae não perguntou quando viu o filho correr para o banheiro da casa,
muito menos quando o viu trocar os lençóis da cama porque gostava de dar
espaço a ele.
Mas estranhou ao vê-lo parar perto de si na sala de estar, ele estava ansioso
e um tanto receoso.
— Ah. – ele coçou a nuca. – Hm... Você quer que eu... Vá dormir na casa da
sua tia?
— Jungkook, vocês dois não vão ficar jogando dama a noite inteira, certo?
— Precisa porque eu não tô pronto pra ouvir certas coisas, você ainda é o
meu coelhinho que corria pela casa com a cenourinha de fora.
— Se acalma. Você sabe, só faça aquilo que te faz sentir confortável. – ele
riu um pouquinho. – Têm camisinhas no banheiro.
Chinrae beijou o cabelo de Jungkook e foi para o quarto, não demorou até
sair e avisar que voltava de manhã bem cedo por causa do trabalho na
oficina.
Jungkook continuou sentado ali sem se mover por minutos, quase gritou
quando o celular vibrou no bolso do moletom. Era uma mensagem de Jimin
avisando que já estava esperando em frente à oficina. Então ele conferiu o
hálito, depois as axilas e ajeitou o cabelo com os dedos nervosos.
— Cadê o hyung?
— Hm... Ele saiu. – deu de ombros. – Quer beber alguma coisa? Ainda tem
soju na geladeira e...
— Vem aqui. – Jimin o puxou com carinho, fazendo-o sentar no sofá para
sentar sobre as coxas dele. – Olha pra mim. – o segurou pelo queixo. –
Relaxa. – segurou as mãos maiores e entrelaçou os dedos de ambos. – Você
'tá tremendo, bebê... Se arrependeu de ter me pedido pra vir?
— Não fique pensando nisso, bebê. Não pensa em nada, ok? Vou cuidar de
você. – afagou o cabelo escuro, capturando uma das mechas entre os dedos.
– Meu menino lindo.
Aos poucos os únicos sons na pequena sala de estar eram o farfalhar das
roupas se roçando e as respirações ofegantes a cada vez que o beijo se
quebrava para recomeçar mais afoito que antes.
Jungkook apertou os olhos ao sentir a língua de Jimin traçar um caminho até
sua orelha direita, ele mordeu a boca quando o sentiu prender o lóbulo entre
os dentes, depois a boca experiente cobrir a carne úmida, movendo a língua
numa dança erótica. Depois o viu se afastar e sorrir antes de mostrar o
piercing alheio sobre a língua rosada.
— Você...
O garoto ficou de pé de uma vez, trazendo-o junto no colo. O mais velho riu
e não negou nada, até estarem dentro do quarto. Ele desceu e ficou de pé,
voltou à sala e trouxe a sacola esquecida por lá.
Com o mais novo deitado sobre a cama, ele ficou por cima espalhando
beijos por sua pele enquanto sentia as costas sofrerem nas unhas afiadas que
arranhavam forte a cada vez que ele não conseguia se controlar.
Jungkook queria ficar com os olhos abertos, mas se tornava difícil a cada
pedaço seu que Jimin beijava e lambia. Bastou que o mamilo direito fosse
sugado com delicadeza, então estava trêmulo o suficiente para gemer mais
alto. Jimin o chupou ali, lambeu e brincou com os biquinhos sensíveis
rodopiando a língua ou assoprando depois de lambuzar com saliva.
Quando tudo parou, o maior abriu os olhos e deu de cara com o mais velho
olhando de cima, os cabelos acinzentados jogados ao redor do rosto bonito.
Jimin sorriu e beijou sua testa com carinho.
— Eu sei. – ele colocou a mão por dentro da cueca, agarrando-o pela glande
onde raspou o polegar com pressão, espalhando o líquido viçoso antes de
trazer de volta para sugar o dedo diante do olhar do maior. – Você é gostoso.
— Ok. – Jimin se esticou até pegar a sacola e tirar delas algumas coisas.
Jungkook se atentou as camisinhas que caíram sobre o colchão. – Deita de
um jeito confortável.
— Obrigado, hyung.
Jimin passou os dedos desde a virilha até a parte interna da coxa dele, uma
de suas sobrancelhas se arqueou e Jungkook desviou o olhar.
— Você se depilou? – o garoto assentiu. – Hey, olha pra mim bebê, por
favor. Você se depilou agora a pouco?
— Não precisa. Está tudo bem, eu não ligo e sei que você também não
porque nunca fez isso antes.
Sentiu a boca de Jimin em si, abocanhando tudo até poder sentir a glande
tocar sua garganta, ele gemia muito alto e arregalou os olhos encarando mais
velho. Jimin, ainda com ele inteiro na boca, piscou e se afastou lentamente,
puxando pra fora enquanto um fio grosso de saliva os ligava.
— Gostou?
— Por favor?
— Você é tão lindo. – ouviu a voz repetir e percebeu a posição que estava,
mas antes que se movesse graças a vergonha, sentiu o corpo de Jimin sobre o
seu, o peito quente colado em suas costas suadas e a boca ansiosa deixar
beijos por toda sua nuca. – Não faz ideia do quanto eu 'tô me segurando
Jungkook, você me deixa prestes a explodir. – Jimin estava ofegante, sem
notar, seus quadris se esfregavam contra o traseiro de Jungkook, simulavam
estocadas lentas. – Caralho. – murmurou apertando forte uma das nádegas
durinhas.
Jimin se afastou até ajoelhar atrás dele, a mão nervosa procurou pelo tubinho
de lubrificante que não tinha anestesiante na composição. Ainda não. Ele
despejou o gel com cheiro e sabor de hortelã na mão direita e com a
esquerda ajeitou o corpo de Jungkook, fazendo se empinar um pouco mais
graças ao travesseiro abaixo dos quadris. O garoto arfou ao sentir o gel
gelado entre suas nádegas, apertou mais o travesseiro que abraçava e
assentiu com o rosto contra a superfície macia. Jimin separou as nádegas
dele, chiou um palavrão diante da visão e sem pensar muito estapeou uma
delas com força, espalhando pelo quarto o som estalado.
— Fica quietinho.
Ele sorriu. A mão direita deslizou desde a lombar até o meio das costas
alheia, suas unhas curtas e pintadas de preto arranharam a pele macia e ele
assentiu agraciado depois de escutar a voz chorosa de Jungkook.
— Por favor... Por favor! – Jungkook gemeu outra vez e assentiu esfregando
o rosto no travesseiro já úmido pelas lágrimas que apenas não conseguia
controlar. Ele tremia inteiro. – Jimin!
Quando a língua se afastou, quando sentiu uma das mãos de Jimin agarrarem
seu cabelo, ele grunhiu e se arrepiou ao ouvir a voz rouca contra seu ouvido.
— Geme pra mim. – pediu afobado, a porra de Jungkook servia para fazê-los
friccionar mais, sujava o abdome de ambos. – Eu preciso gozar...
— Goza pra mim de novo, goza meu amor... Eu vou gozar pra você, em
você.
Ele esperou o mais novo se acalmar, espalhando beijos carinhos por toda a
pele macia e suada. Jungkook piscava lentamente quando o outro saiu de
cima de seu corpo e voltou com uma toalha de rosto umedecida. Jimin o
limpou inteiro, vestiu nele a cueca preta e até conseguiu puxar os lençóis
sujos da cama. Ele se limpou também, lavou o rosto e voltou pra cama,
deitando do lado do mais novo para logo ser abraçado.
— Você tá com muito sono pra dizer isso assim. – sorriu e beijou o bico
formado nos lábios dele. – Ah, Jungkook... Você não sabe o que faz comigo.
– suspirou.
Jimin congelou.
Era demais.
— Não fazia ideia que aquilo tivesse te assustado. Foi por causa do Yoongi?
Do quanto ele ficou pilhado?
— Eu achei que fosse por isso, mas eu dirigi até lá sozinho e fiquei uma hora
inteira na sala de espera me perguntando o que estava fazendo. – sorriu um
pouco. – Eu vi o seu pai entrar, escutei atrás da porta e acabei percebendo o
que nós dois temos demais em comum.
— Além disso. – assentiu. – Nós dois somos uma bagunça fodida na maior
parte do tempo, as pessoas insistem em nos consertar, mas não existe nada na
gente que precise ser consertado.
— Por isso você me beijou. – concluiu num aceno breve. Ele olhou para
Yoongi em silêncio, sorriu ao vê-lo afagar as costas de Seokjin com
paciência e sentiu orgulho por vê-lo ser forte. – Nós vamos ficar bem, Tae.
Todos nós vamos ficar bem.
Jin os viu entrar e olhar ao redor, viu quando a mulher se dirigiu a um rapaz
alto e bem vestido. E também viu quando esse mesmo rapaz anotou algo num
bloco de notas amarelo. Hanguk, que falava ao celular, desligou a chamada e
penteou os cabelos grisalhos entre os dedos nervosos.
Havia naquele casal o semblante preocupado, mas também havia algo que
beirava o nervosismo.
— Ele fez isso outra vez? – havia peso nas palavras de Eunji. Ela negou e
respirou fundo. – Outra crise?
— Nós ainda não sabemos. – Yoongi cortou Seokjin, sabia muito bem que
ele assumiria a culpa de tudo. – Vamos esperar o médico.
— O nosso advogado está vindo, quero evitar que esse incidente chegue até
a mídia. – outra vez ele verificou o celular. – Seokjin, poderia dizer ao
garoto como as coisas aconteceram exatamente? – a gentileza em sua voz era
extrema.
Jin franziu o cenho encarando aquele homem um pouco mais alto que si, a
incredulidade tomou conta de seu rosto bonito depressa. Taehyung, ainda
com Hobi em seus braços, sentiu o coração apertar dolorosamente... Aquilo
poderia ficar pior?
— Será bem rápido. – Eunji pediu com a voz embargada. – Por favor?
Apenas preciso vê-lo.
Jin os viu sair dali e ainda ficou parado por alguns segundos tentando digerir
que tudo estava bem. Ele respirou fundo como se não o fizesse há horas, as
próprias pernas mal conseguiam mantê-lo de pé e por isso ocupou outra vez
a poltrona confortável. Passou as mãos trêmulas por todo o rosto e sentiu o
afago de Yoongi em sua nuca.
— Garoto, se você não calar essa boca eu vou te jogar lá em baixo pela
janela. – Yoongi sibilou.
— Ele não vai te responder porra nenhuma. – Hobi colocou o copo de
isopor nas mãos de Taehyung e se aproximou do garoto que anotou alguma
coisa. – Mas o que você-
— Cara, isso é muito fodido. – Hoseok também ocupou uma das poltronas. –
É muito frio.
— Ele queria expor o que aconteceu ao próprio filho numa droga de roteiro
e agora trouxe um estranho pra anotar tudo sobre ele tentar se matar para
colocar numa porra de livro?! Isso é sério?!
— Eu não... Não fiz. – Namjoon sentia a garganta seca, a própria saliva tinha
um sabor amargo demais. O enfermeiro observou algo na bolsa de soro com
atenção e depois começou a preparar algo numa seringa pequena. – Não fiz.
— Quando você estiver mais sóbrio nós vamos conversar, acredito que seja
melhor tentarmos uma clínica de reabilitação. – Hanguk colocou as duas
mãos nos bolsos da calça social e suspirou. – Você será acompanhado vinte
e quatro horas por dia... Há uma muito discreta e com profissionais
experientes em Londres.
Namjoon quis gritar até perder a voz, até que seus pais entendessem de
uma vez o quanto se sentia morto demais para tentar morrer.
Entretanto, na mente de Eunji e Hanguk, suas atitudes eram corretas. Quando
se conheceram e se apaixonaram, quando juraram amor um ao outro e desse
amor nasceu Namjoon, nunca cogitaram a hipótese de que ele não fosse
perfeito.
— Vou ficar aqui com você, ok? – Eujin fungou antes de deixar um beijo
demorado na testa de Namjoon. – Eu te amo muito, Namu.
Em contrapartida, Namjoon nada disse. Ele assentiu apenas uma vez e temeu
não conseguir controlar o choro preso na garganta. Viu seus pais deixarem o
quarto, viu o enfermeiro lhe encarar cheio de julgamentos e também viu
Seokjin entrar silenciosamente.
— Desculpa.
A palavra dita num sussurro fraco carregava tanto peso que aquele quarto se
encheu como se estivessem gritando outra vez, como se todas as últimas
brigas fizessem questão de serem lembradas.
— Você pode nos dar licença? – Jin pediu educadamente e Youngjae assentiu
e se curvou.
— Ok.
— Por quê?
— Porque dormindo isso para de doer. Eu sinto muito que você esteja no
meio disso tudo.
— Eu também.
Outra vez o silêncio tomou espaço enquanto os olhares não se perdiam. Jin
fungou e apoiou as costas a poltrona, Namjoon engoliu o nó em sua garganta
e suspirou baixinho.
— Namjoon... Não...
— Eu sinto muito por nunca ter sido o cara que você merece, por todas as
vezes que parti o seu coração. Nada do que eu fiz é justificável, eu não tinha
o direito de brincar com os seus sentimentos ou usá-los. Eu não deveria te
machucar apenas para me sentir vivo nos seus braços.
— Você sente a mesma coisa que eu, Namjoon? – perguntou, mas parecia
lamentar. – Sente que esse amor te vai quebrar inteiro? Que enquanto
estamos aqui, se deixarmos o silêncio continuar, é fácil ouvir o nosso
coração se partindo pela metade?
— É só um coração partido.
Ele negou enquanto segurava o choro feito aquele menino de anos atrás.
Youngjae bateu na porta antes de abri-la. Jin secou as lágrimas e ficou de pé,
passando as mãos no jeans escuro enquanto o enfermeiro mantinha o
profissionalismo sem dizer nada.
Ele checou o soro, aplicou com uma seringa um líquido amarelado no conta-
gotas e ajeitou o travesseiro de Namjoon.
— Seus pais estão lá fora falando com o advogado, sua omma vai entrar e
passar o resto da noite aqui-
— E você vai dizer que Kim Namjoon está sedado, que é melhor deixá-lo
descansando até de manhã. – ergueu o queixo, tomado de toda a prepotência
que lhe cabia. Há um tempo não se via Jin sendo o jovem homem rico que
estava sendo naquele quarto gelado. – Você vai dizer isso. O médico
responsável está descansando, ele só virá de manhã e ninguém vai entrar
aqui, além de mim.
— Senhor Kim...
— Obrigado, Jin-hyung.
— Ele vai dormir em minutos. – Youngjae avisou. – Vou fazer o que o senhor
pediu.
— Que horas...
— Vai pra onde? – insistiu, mas Hobi virou as costas para pegar a camisa
larga que estava sobre a poltrona.
— É. Na casa da Whein. – ele sorriu e foi até a cama outra vez para deixar
um beijo na trave dos lábios de Yoongi e depois outro na testa de Taehyung
que apenas resmungou. – Depois vou comprar o presente do Jungkook.
Hoseok saiu do quarto e fechou a porta. Yoongi continuou sentado ali com
Taehyung agarrado em seu corpo. Ele buscou o celular, conferiu as horas e
se havia alguma mensagem importante. Depois deitou outra vez, deixou os
dedos acariciarem os cabelos do namorado e encarou o teto de gesso
enquanto ouvia o portão da garagem abrir e o motor da moto ligar e se
afastar aos poucos.
Respirou fundo.
— Ele mente mal e isso é uma droga. – lamentou e sentiu o abraço ficar mais
apertado. – Acha que ele-
— Como assim?
— Nós dois temos um relacionamento Yoongi, mas nada foi definido sobre
ele porque no fundo nós três estamos pisando em ovos com tudo isso. –
beijou o ombro dele, sobre a alça da regata branca. – Acho que ele também
precisa de um tempo pra pensar e por isso saiu.
— Eu tenho medo que ele pense longe de nós dois, mas eu sei que isso é
egoísmo meu porque se a gente tiver por perto isso vai influenciar nas
escolhas dele, Tae. – ele se encolheu um pouco. – Queria não sentir tanto
ciúme, mas eu não faço a mínima ideia de como fazer isso.
— Diz como você se sente agora. – pediu com paciência. Yoongi suspirou e
fechou os olhos.
— Eu sinto raiva. – confessou. – Queria dizer pra ele não ir, pra ficar aqui
com a gente. Dizer que ele é meu... Que você é meu!
— Nós somos seus, mas antes disso pertencemos a nós mesmos. Yoon... O
Hoseok tá passando por coisas difíceis justamente porque os pais dele
querem controlar a vida dele.
— Eu sei... Eu sei disso, mas eu... Eu quero que ele fique o tempo inteiro sob
os meus olhos, no alcance das minhas mãos... Porque agora que nenhum de
nós guarda segredos como antes eu só quero esquecer todos esses anos em
que ele sempre esteve perto e nunca o fiz. – Tae o beijou de novo. – O que
eu faço?
— Queria saber te dizer, mas eu também não sei. – o deitou de barriga pra
cima e espalmou a mão grande sobre a barriga dele, massageando-a com
carinho. – Dorme mais um pouquinho, não fica pensando nisso gatinho. –
beijou os lábios dele. – Quando você acordar, ele já vai ter voltado pra
casa.
Jimin passou as duas mãos pelo rosto depois de observar Jungkook dormir
por minutos.
Não conseguiu dormir, foi sincero e confesso que sequer havia tentado.
Depois de Jungkook dizer aquelas palavras ele pediu a deus que o garoto
não acordasse porque não sabia como reagir. Não, Jimin não era um homem
frio e clichê como aqueles que fogem de declarações de amor, ao contrário,
era um traço de sua personalidade demonstrar afeição e carinho àqueles que
são importantes em sua vida, mas as coisas com Jungkook sempre foram
diferentes.
Tinha medo de jogar sobre ele toda a merda que carregava sozinho, de
deixá-lo ver que não havia nada de bonito ou admirável dentro de si, de
vomitar sobre ele aquelas coisas que preferia vomitar sozinho.
Jungkook era um garoto bom demais para ser corrompido com a sujeira que
Jimin diariamente varria para baixo do tapete.
— Não tem nada bom em mim pra você amar. – sussurrou antes de tocar o
rosto dele para afastar uma mecha do cabelo escuro. – Nada, Jungkook.
Se curvou para beijar a bochecha dele e ficou de pé. Era uma atitude
covarde fugir depois do que aconteceu, mas talvez fosse o mais sensato.
Jimin vestiu a camisa, amarrou a jaqueta nos quadris e saiu sem fazer
barulho, caminhou pelo corredor evitando encarar as fotografias espalhadas
pela parede, mas antes que pudesse chegar a cozinha ouviu vozes e parou.
Poderia ter dado a volta, poderia ter feito tantas coisas além de escutar
aquela conversa... Porque ela mudaria completamente o rumo de suas
escolhas.
— Vai embora! – a voz de Chinrae estava contida, mas não era gentil como
no dia anterior. – Pelo amor de deus, vai embora de uma vez!
— Chinrae eu entendo que você esteja com raiva de mim por ter te deixado,
mas eu-
— Raiva? – ele repetiu e riu desacreditado. – Você acha que eu sinto raiva?
Hyo eu não sinto raiva por causa disso! Eu sinto raiva porque ele só tinha
três anos!
— Você sabe que foi difícil pra mim! Já esperei tempo demais-
— Então, não seja! Ele não é mais uma criança, ele não precisa de você! –
Chinrae se virou para abrir a porta, queria expulsar aquela mulher, mas ele
deu de cara com Jimin e arregalou os olhos. – Jimin...
— Jimin... Por favor... Eu imploro, não o deixe vir pra cá agora! Não deixe o
Jungkook encontrar essa mulher! – Chinrae estava em desespero. – Fica no
quarto com ele, por favor?
— Eu... Hyung... – Jimin estava tão confuso. – Ele ainda 'tá dormindo.
Chinrae respirou fundo e se virou para Hyo outra vez. Era tão injusto que
aquela mulher ainda tivesse tanta influência em seus sentimentos e ações
porque bastava olhá-la por poucos segundos e tudo era revirado por dentro
de si. Ele abriu a porta e apontou para fora.
— Vai embora! – disse outra vez. – Igual à antes Hyo, vai embora viver a
sua vida e realizar os seus sonhos. Jungkook nunca fez parte disso!
Jimin ficou calado enquanto sua tia caminhava até ele, os saltos caros faziam
barulho no chão limpo. Ela o encarou e secou uma das bochechas maquiadas.
— Por favor, querido, não fale sobre isso com ninguém, ok? Eu te explico
tudo, me ligue.
Ele apenas assentiu e ela foi embora. Chinrae fechou a porta e caminhou até
a pia para servir um copo com água, mas tremia demais e Jimin o ajudou em
silêncio. Não queria ser invasivo, mas havia um ponto de interrogação
gigante sobre sua cabeça. Chinrae sentou à mesa e apoiou os cotovelos sobre
o mármore gelado, esfregou o rosto com força e respirou fundo algumas
vezes depois de beber alguns goles da água.
— Não sou ninguém para te pedir isso, Jimin, mas você pode guardar um
segredo? – ele apertou as mãos sobre a mesa. – Guardar um segredo do
Jungkook?
— Tudo Jimin. Ela nunca quis tão pouco. Hyo era a garota mais inteligente
da turma que os professores elogiavam sempre e orientavam para uma
faculdade boa. – ele parecia nostálgico. – Ela sonhava em ser a maior
engenheira eletrônica do país e acabou casada com um zero à esquerda com
um filho que nunca desejou. De alguma forma eu não a culpo por ter me
deixado, mas quando eu via Jungkook sentado na calçada esperando voltar
era impossível controlar a raiva que crescia em mim. Quando ele completou
um ano Hyo começou a trabalhar num resort como camareira... Seon Hauseu
Resort.
— O meu tio...
— Hyo foi embora numa quinta feira de manhã. Naquele dia ela acordou
Jungkook e tomou café com ele, brincou com ele enquanto fazia as malas e o
deixou chorando na porta quando entrou no carro importado de Park
Eunwoo.
Jimin não sabia o que dizer e Chinrae no fundo não queria que o garoto
dissesse algo porque estava cansado de ouvir as frases feitas que vinham
carregadas de pena. Não queria ser um coitado, não queria mais parecer com
o homem que quase desistiu de tudo numa noite chuvosa e a razão de
continuar tentado estava dormindo no último quarto do corredor. Seria
incoerente culpar Hyo por tudo, então era mais justo culpar a si mesmo.
— Eu sei. – assentiu. – Ele vai saber, eu juro... Mas não agora... Não desse
jeito.
— Eu não posso esconder algo assim dele... – Jimin estava agoniado. – Ela é
professora dele... É a minha tia... – ele parou e piscou. – Meu deus ela é
minha tia! Meu Deus...
— Jimin, por favor, não conta nada pra ele ainda. – o homem parecia
desesperado.
— Bom dia hyung. – cumprimentou baixinho. – Achei que tinha ido embora.
— Resolveu aparecer?
Yoseob ergueu o olhar do livro que tinha nas mãos e tirou os óculos de
leitura para colocar sobre a mesa ao lado da poltrona. Hoseok respirou
fundo.
— Eu sabia que a única forma de te fazer sair da toca era tirando isso de
você... – suspirou. – Porque você adora gastar o meu dinheiro, Hoseok.
— A vai? Onde? – debochou. – O que você sabe fazer além de gastar o meu
dinheiro e andar por aí como se tivesse um rei na barriga? – gesticulou. –
Você acha que a vida é isso, Hoseok? Que tudo é fácil assim? Vai viver
miseravelmente como Dawon?
— Paz? Como você vai viver em paz se vai pro inferno por ser o que é? –
ele ficou de pé e Hobi deu um passo para trás. – Se continua sendo mal
agradecido e teimoso com as pessoas que só querem o seu bem?
Quando Hoseok saiu, Yoseob suspirou outra vez e discou rapidamente uma
chamada pelo celular. Caminhou até a janela grande e puxou a cortina para
ver o filho sair da propriedade pilotando a moto grande e vermelha.
— Boa tarde, Jung Yoseob-ssi. – a voz gentil de seu secretário pessoal soou
do outro lado da linha.
— Tome nota. Kim Seokjin, Kim Namjoon, Min Yoongi, Park Jimin, Jeon
Jungkook e... Kim Taehyung. – esperou alguns segundos. – Faça um arquivo
com informações de cada um deles o mais rápido possível.
— Não.
— Senhor... Ele ligou outra vez e deixou um recado.
— Qual recado?
Bobby abriu a porta da casa e sorriu quando Hoseok se virou com as duas
mãos no bolso. O mais velho sorriu e entrou para ser abraçado com carinho.
Ele retribuiu passando os braços ao redor da cintura alheia, afundando o
rosto na curva do pescoço para sentir o cheiro gostoso do perfume
amadeirado.
— Procurem um quarto.
A voz Jinhawn fez Bobby rolar os olhos e puxar Hoseok para as escadas e
depois para o quarto espaçoso. Hobi nunca esteve ali antes, observou o
quanto era organizado e limpo. O dono do quarto abriu duas cervejas que
estavam geladas graças ao frigobar ao lado de sua cama, ele não viu que
Hobi estava observando o pequeno mural de fotos preso a parede.
— Bobby, espera...
— Claro que não. – debochou. – O que te fez mudar de ideia? Foi o Yoongi?
Ele atendeu quando te liguei esses dias. Se você quer bancar o cachorrinho
dele, eu não ligo, mas poderia ao menos responder as minhas mensagens e
dizer que está bem.
— Ele largou o outro cara por sua causa? – Hoseok negou. – Oh, não achei
que você fosse se contentar em ser amante dele.
— Não vai dizer nada? – o mais velho perguntou ao vê-lo ficar de pé para ir
até a pequena caixinha de som sobre o móvel. – Bobby eu não quero me
afastar de você.
— Você sabe que isso não vai dar certo, sinceramente tô começando a sentir
pena da sua situação. – disse ainda de costas, escolhendo uma música
qualquer no próprio celular. Hoseok não disse nada. – Ele não largou o cara
por sua causa e nem o cara largou ele pra ficar com você... Não te deixa
chateado ser a segunda opção?
— Baby... – sorriu voltando para parar de pé entre as pernas dele. – Eles são
um casal, eles estão juntos há um tempo... E você não. Não adianta tentar
bancar o cara maduro se a gente sabe que três não se dividem por dois sem
quebrar o resultado no meio. Você merece muito mais que isso, Hoseok. –
tocou o queixo dele e mordiscou o lábio inferior. – Mas eu não vou tentar te
manipular como eles estão fazendo, eu vou te deixar passar por isso se é o
que quer.
Hoseok se esticou para trás quando Bobby montou sobre suas coxas e
espalmou as mãos em seus ombros.
— Não é isso...
Mas não durou muito porque o mais velho quebrou o beijo e se afastou
negando duas vezes antes de esfregar o rosto com ambas as mãos.
— Por quê?! – se irritou. – Você quer ficar comigo! Você 'tá duro por mim!
Bobby o encarou sem dizer nada, seus olhos ficaram marejados antes de
descer do colo de Hoseok e sentar ao lado dele outra vez. Tragou o baseado
e sorriu falsamente, disfarçando tão mal as lágrimas que queriam transbordar
em seu olhar.
— O amor é horrível Hoseok. Não serve pra nada, só pra fazer sofrer. –
passou o baseado para ele e foi até o frigobar pegar duas garrafinhas de
soju. – É tão idiota sentir amor por alguém... Deixar que outra pessoa tenha o
livre acesso a coisas que ninguém mais deveria saber.
— Bobby...
— E pra que? – ele abriu a garrafa. – Pra que se expor desse jeito pra
alguém que te simplesmente te deixa?! Faz sentido isso?
— Eu não acho que o amor seja a coisa mais bonita do mundo.
Bobby sorriu sem humor e assentiu antes de virar bons goles da bebida
gelada. A primeira lágrima escapou de seu olho direito porque The Ghost of
You começou a tocar através da pequena caixa de som. Hoseok deixou a
garrafa de lado e chegou mais perto dele, acariciou a nuca alheia com
carinho.
— Não. – ele pegou o baseado de volta e o levou até próximo de seus lábios
antes de continuar. – Mas ele me deixou quando se suicidou há dois anos.
Histórias de amor são uma droga Hoseok. Hanbin decidiu um final infeliz
para nós dois.
Bobby sorriu e outra lágrima rolou por sua bochecha enquanto ele traga o
baseado no fim.
Taehyung beijou o pelo do cachorrinho e riu quando ele tentou lhe morder.
Yoongi sentou no sofá vazio e suspirou.
— Claro que é legal. Eu dou esse jogo e ele fica tão agradecido que me
deixa ganhar quando jogar contra ele. – piscou e Yoongi rolou os olhos.
— Pensei em algo pro Chuseok. A gente podia ir pra casa de praia da minha
omma e ficar por lá os quatro dias.
— Todo mundo?
— É. Vai ser bom pro Namjoon também. O que acha? – ele encarou-o.
— É uma ideia legal. Por mim tudo bem. – sorriu. – Levar o Holly pra
conhecer o mar. – segurou o cachorro e o encheu de beijinhos. – Frango frito
molhado.
— Eu perguntei se você 'tá bem. – Tae sentou direito e colocou Holly sobre
suas coxas.
Jin que já estava nas escadas voltou, pegou a mochila e subiu sem dizer uma
palavra. O casal se encarou, estavam confusos com aquele comportamento.
Holly mordeu o pulso de Taehyung e latiu querendo atenção.
— Aí! Seu monstrinho safado. – o cachorrinho latiu outra vez. – Cala a boca
você!
— Calma...
— Eu não sei! Esse filho da puta deveria morar no inferno! ATENDE ESSA
PORRA HOSEOK! – gritou nervoso. Holly se encolheu mais.
— Não Yoongi, se você for sabe que esse cara vai te provocar e isso vai
virar uma droga de barraco. – Yoongi abriu a boca, estava ofendido. – Fica
aqui.
— Beleza, você quer brigar comigo também? Quer foder essa droga inteira?!
Se você for até lá do jeito que 'tá nervoso é capaz do Hobi se afastar e-
— E agora eu preciso aceitar toda merda que ele fizer pra ele não se afastar,
é isso?! – gesticulou. – Ele mentiu! Acha que não rolou nada entre eles?! Ele
traiu-
— Não! Ele não traiu a gente! Você nem sabe o que aconteceu! Quer ir até lá
gritar na cara dele e cobrar a porra de uma fidelidade que ele NÃO nos
deve?!
— É linda a forma como você vê tanto o lado dele enquanto liga o foda-se
pra como EU me sinto, Taehyung.
— Vai se foder. – Tae lhe mostrou o dedo médio e saiu batendo a porta.
Yoongi ficou ali parado. Ele se arrependeu de tudo que disse alguns minutos
depois.
— Conhece ele?
Tae não bateu na porta, mas temia demais o que poderia ver acontecendo
dentro daquele quarto. Mas não esperava ver Hoseok e Bobby sentados em
um sofá mais chapados do que conseguia explicar. Ele suspirou e começou
recolhendo a carteira e o celular de Hobi, guardando tudo nos bolsos antes
de se abaixar diante dele e dar dois tapinhas em seu queixo.
Hobi assentiu e Tae praticamente o carregou até o carro. Vez ou outra rindo
das besteiras que ele dizia do nada. Dirigiu com cuidado na direção e em um
Hoseok sonolento no banco traseiro. Não havia ninguém na sala quando
entrou em casa. Tirou os tênis dos pés do mais velho e com cuidado o levou
até o banheiro de seu quarto.
O despiu com cuidado. Hobi estava sentado sobre a privada quando Yoongi
parou encostado ao batente da porta do banheiro.
— Gatinho! Oi! Olha só o Tae quer meu corpo nu. – brincou sem se dar
conta do olhar angustiado do menor. – Quer medir o meu pau? É menor que o
seu, mas não tem problema porque não importa o tamanho do martelo, mas
sim a força da martelada. – começou a rir.
O garoto estava sem camisa e lia no celular alguma coisa enquanto pegava
ingredientes na dispensa.
— Quer ajuda?
— Yoongi... Você não pode dizer aquelas coisas e depois fingir que tá tudo
bem. – colocou o celular sobre a pia. – Isso não existe aqui! Eu não gosto
mais de você ou dele!
— Vou repetir o que você me disse mais cedo sobre ele: o seu ciúme não vai
justificar as merdas que você diz. Eu sei que tudo isso é difícil... Acha que
eu também não me sinto inseguro?
— Tae...
— Vocês já tinham uma história antes de mim, às vezes falam de coisas que
eu não faço ideia e eu me pergunto se tô atrapalhando as coisas!
— Eu não tenho. – negou. – Eu juro que não tenho, só falei aquilo porque
estava com raiva... Ele mentiu.
— Tudo bem. Eu sei fazer do jeito que ele gosta. – sorriu. – Quando ele
acordar eu vou dar na cara dele e só depois a gente dá a sopa.
#PillowFic
27 - sexo em chamas
— A casa pareceu até maior sem ela por aqui. – ele beijou o rosto de Jimin
antes de colocá-lo no chão. – Hm... – encarou Jungkook. – Você ainda me
parece virgem.
— Ele foi ver aquele filho da puta... O Bobby. – bufou. – Mas, tá tudo bem
agora ok? Eu juro.
— O que?! Hospital?! O que aconteceu com ele?! Por que ninguém me disse
nada?!
— A gente não queria te deixar preocupado Jiminie, ele foi internado ontem
e vocês já voltaram hoje...
Jimin não disse nada antes de sair de casa. Yoongi correu de volta para
cozinha com receio de deixar a sopa queimar, mas Tae ficou ali sozinho com
Jungkook.
— Gosto.
— Olá, boa tarde. Meu nome é Park Jimin e eu quero visitar um paciente.
— Kim Namjoon.
— Documentos.
— Obrigado.
No elevador, Jimin precisou respirar fundo pra não chorar. Ele não sabia o
que havia acontecido, mas desconfiava e temia estar certo. A cada andar que
subia também sentia a culpa abraçá-lo mais apertado... Culpa por ter
deixado Namjoon sozinho naquele momento, por ter fugido graças ao medo
de lidar com tudo aquilo como se o mais velho nunca tivesse confiado o
suficiente em si para contar seu passado traumático.
— O que está fazendo aqui, garoto? – Hanguk gesticulou para que um garoto
desconhecido para Jimin parasse de usar o pequeno gravador que tinha nas
mãos.
— Eu vou vê-lo agora Hanguk-ssi. Se ele estiver dormindo não vou acordá-
lo, não se preocupe. – se virou.
— Sua amizade não faz bem ao Namjoon... Ele precisa conviver com
pessoas decentes. – ele observou Jimin dos pés à cabeça.
— É estranho que o senhor parece tão preocupado com o que ele precisa
agora porque nunca demonstrou se importar de verdade antes. – Hanguk
chegou a abrir a boca para falar, mas Jimin não deixou. – O senhor não vai
me ofender outra vez, não vai conseguir me afastar dele ou qualquer coisa
assim... Namjoon não precisa de pessoas decentes, precisa de pessoas que
se importam... E nós dois sabemos quem se importa aqui.
Não ficou pra ouvir a resposta daquele homem, nada vindo dele lhe era
proveitoso. Jimin entrou no quarto com luzes baixas e fechou a porta com
cuidado, Namjoon largou o livro lia sobre a barriga e abaixou os óculos
para encará-lo.
Ele sorriu até que as covinhas bonitas fossem visíveis e seus olhos se
fechassem um pouco, Jimin respirou fundo como se estivesse prendendo o
próprio ar por horas inteiras.
— Oi fada anjo.
Jimin soluçou e correu até a cama, engatinhando sobre o colchão até poder
abraçá-lo, até deitar a cabeça sobre o peito dele e assim poder ouvir que
aquele coração ainda estava batendo como da última vez. Abraçou-o com
força, apertou entre os dedos trêmulos o lençol hospitalar e não evitou o
choro que preocupou o mais velho. Namjoon o abraçou de volta, beijou seu
cabelo demoradamente e não se importou com o livro que caiu no chão.
— Hey... Não chora Jimin. – pediu, mas também sentia vontade de chorar.
— Você não tem culpa de nada. Perdi a conta de quantas vezes eu pensei em
desistir, mas você parecia sentir isso e ficava por perto.
— Me perdoa por te fazer sentir tão responsável assim, por jogar em cima
de você os meus problemas... Eu sinto muito.
— Desculpa, Moni.
— Eu sinto muito por ter feito você acreditar que era responsável por mim
dessa forma. Sinto muito por ter usado o que a gente tinha por puro medo de
estar sozinho. Eu já te disse coisas ruins demais... Criei problemas entre
você e o Jungkook.
— Jimin, eu te amo demais e eu vou te amar até o último dia da minha vida.
— Eu também te amo Namjoon.
— Mas o nosso amor não foi feito pra isso. – suspirou baixinho. – Porque se
fosse eu não amaria o Jin do jeito que eu amo. E nem você...
— Por quê?
— Por que ele não te amaria? – ele segurou ambas as mãos pequenas de
novo. – Por que alguém não te amaria?
— Você não a deixou doente, Jimin. Nada daquilo foi sua culpa. – Namjoon
ergueu a cabeça, fechou os olhos e respirou fundo. – Não foi minha culpa. –
disse lentamente, segurando o choro. – Nada daquilo foi nossa culpa.
— Não foi nossa culpa. – repetiu. – Nada daquilo foi nossa culpa.
— Nós vamos viver. Nós vamos ficar bem. – assentiu. – Minseo... Tudo o
que ela fez... – ele respirou fundo. – Não foi minha culpa. – mesmo que ainda
não acreditasse totalmente naquelas palavras, Jimin sentia que dizer aquilo
em voz alta era tão bom.
— Vem aqui. – o chamou pedindo um abraço. – A gente não vai mais ser
como antes, mas eu sei que os meus braços ainda são os mais confortáveis
do mundo pra você.
Jimin engatinhou até outra vez, tomando espaço entre as pernas alheias,
encolhendo-se até caber dentro do abraço acolhedor. Eles choraram
abraçados por muitas razões que tinham em comum, mas principalmente pelo
alívio de dizerem em voz alta que queriam viver.
Hoseok abriu os olhos e resmungou com a dor de cabeça que o atingiu feito
um soco. Encolheu-se na cama, estranhou estar vestindo apenas uma cueca
folgada porque não tinha certeza de como havia voltado para casa.
Abriu a boca para que o comprimido fosse colocado sobre a língua e depois
aceitou o copo com água. Bebeu até o fim, então seu estômago roncou alto o
suficiente para acordar a casa inteira.
— Uhum.
— Entendi. – ele fez questão de bater o copo com força contra o móvel.
Hobi fez uma careta e massageou a testa.
— Senta na cama, Hobi. – Tae, segurando o riso, pediu depois de puxar a
cadeira e pegar a tigela de sopa que estava esfriando. – Aqui, come um
pouco.
— O que é isso?
— Claro que ele não lembra! 'Estava mais chapado que o Snoop Dogg!
— Yoon. – o mais novo ralhou. – Hoseok, por que você mentiu pra gente?
Sabe, você não tem de nos dar satisfações o tempo inteiro, mas mentir
também não é legal.
— Ninguém disse isso, Yoon. – Hobi suspirou. – Mas você é ciumento pra
caralho.
— Eu falei pra você! – quase gritou e Tae também não pode evitar estar
magoado. – Eu disse!
— Você dormiu com a gente! Disse que me amava antes de sair e beijou
aquele cara depois! Logo com aquele babaca!
— Então, se for outra pessoa tudo bem?! Eu posso sair por aí beijando
outras pessoas porque você deixa? – debochou.
Hoseok suspirou.
— A gente não vivia. – deu de ombros. – Porque não existíamos nós dois
antes de você. – lambeu os lábios. – Eu vacilei, não deveria ter mentido ou
beijado o Bobby.
— Vocês não existiam como um casal antes de mim, mas agora existem. Nós
três existimos. – ele pegou a mão de Hoseok e colocou o colar com pingente
de Sol dentro dela, depois fez o mesmo e entregou a Yoongi o que possuía a
Lua. – Nós três subimos a bordo, dá pra ir devagar ou rápido, no claro ou no
escuro... Mas a gente precisa se segurar e ter calma. Se a gente tiver de
deixar alguém bravo que sejam os vizinhos nos ouvindo gemer ou rir de uma
coisa idiota. Chorar juntos, ter medo... Juntar duas camas de solteiros para
que nenhum de nós tenha de ficar sozinho. Eu não me importo se a gente tiver
de passar por uma zona de guerra se nós passarmos por ela juntos... Se a
gente ficar junto ela vira um paraíso.
Yoongi riu e o abraçou, puxando-os para cama de solteiro onde mal cabiam.
Em todo caso, eles cabiam naquele relacionamento e por mais que fosse
difícil... Fariam tudo juntos.
— Olha, tudo bem vocês serem gays, mas ninguém aguenta viadinhos
espalhafatosos!
— Eu vou amanhã de manhã, amor. – sorriu. – Minha avó faz questão dos
netos no primeiro dia do Chuseok. – fez bico.
— Amados?! Parece até que vão ficar dez anos sem se ver! – Jin reclamou.
— Adeus. – Seokjin saiu com carro de uma vez. Hoseok o xingou baixinho.
O carro alugado tinha exatamente sete pessoas, mas um lugar estava vago e
isso dava a Jungkook a chance de se esticar e continuar dormindo com a
cabeça sobre as coxas de Jimin. Este não resistia a fazer cachos com o
cabelo escuro dele, enrolando-os nos dedos. Tae chutou as sandálias e
apoiou as pernas no colo de Hoseok.
— Ok, eu vou dirigir por quatro horas e não tô a fim de saber da vida sexual
de ninguém! – Jin disse alto. – Namjoon, quer escolher a música?
— Não coloca Drake! – Jimin ralhou. – Macho babaca aqui não passa.
— Não tenho como defender. – Namjoon deu de ombros. – Tem essa playlist
aqui... Parece legal.
A voz de Dua Lipa logo invadiu o carro, Jimin e Taehyung vibraram prontos
para cantar junto a letra de New Rules. E assim foram as primeiras duas
horas até o litoral porque eles só pararam no meio do caminho para esticar
as pernas, comer alguma coisa num restaurante do posto de gasolina e usar o
banheiro. Jimin, Jungkook e Hoseok voltaram pro carro com latas de cerveja
nas mãos, mas Taehyung preferiu apenas refrigerante. Namjoon não podia
beber e Jin estava dirigindo. Cantaram do pop ao rock, mas o carro todo
gritou quando Fancy começou a tocar.
— Ela me dá medo. – Jimin franziu o cenho. – Não sei... Sinto que ela não
gosta muito de mim.
— Ela nem te conhece seu besta! – Taehyung atirou o lacre da latinha na
direção dele. – E eu sou a Dahyun. – mostrou a língua pra ele.
A casa de praia da família Min não era apenas uma casa, tratava-se de uma
pequena mansão térrea com piscina, quadra de tênis e espaço para eventos
grandes. Hoseok conhecia tudo, já havia passado muitos fins de semana lá
com Yoongi e sua família. Ele mostrou cada canto, indicou os quartos e
banheiros, até explicou onde ficava o comércio mais próximo e depois
colocou suas malas e as de Yoongi na maior suíte. Taehyung fez o mesmo
com suas coisas.
Tae foi até ele, até a pequena varanda que dava vista para o mar aberto. O
vento gostoso bagunçou seus cabelos e ele respirou fundo. Hobi o abraçou
por trás e começou a deixar beijinhos por onde alcançava os ombros dele.
— Amanhã a gente vai sair. Nós três.
— Você tem usado dinheiro essa última semana, pra tudo. – afagou a cintura
dele.
— Meu appa... Ele bloqueou todos, então eu os devolvi. Ele não bloqueou a
minha conta e por isso tenho usado dinheiro.
Taehyung respirou fundo. Se o acordo era não mentir, ele não podia omitir
também.
— É... Falei...
Hobi acabou rindo baixinho e foi até a mala dele para separar uma roupa
limpa. Separou cueca, bermuda e camiseta. Separou a própria roupa e
mandou mensagens para Yoongi no grupo que fizera para os três.
— Pode entrar.
— Cadê o Tae-hyung?
— Acho que ele está em choque. – Taehyung, usando apenas uma toalha ao
redor dos quadris, disse saindo do banheiro. – Hoseok? – estalou os dedos
na frente do rosto dele. – Hobi? Amor, reage!
— Hyung?
— Pra rezar uma missa! Porra, Hoseok! Ele quer pagar um babão pro Jimin!
— Não escute esse babaca! – Hobi ralhou. – Ok, vamos lá. Você quer saber
o que exatamente?
— Não fica vendo esses pornôs ruins. Olha, não tem um jeito certo de fazer
oral porque cada pessoa gosta de um jeito, Jungoo. – explicou. – Se tiver um
clima acaba rolando.
— Quero fazer do jeito que o Jimin mais gosta... E ele me disse... Que vocês
dois... Já...
— Não é pra ficar doido no rabo dele não! – Jungkook ralhou. – Pode parar!
— A gente não tá mantendo o foco! – o mais velho desconversou. – Ok!
Boquete. Jimin. Jungkook. Foco!
— Um pouquinho só.
— Foi bem. Lee ficou preocupado com o que aconteceu, mas eu gosto que
ele não me força a falar apenas sobre isso.
— E o que quer fazer durante esse tempo? – depois de lavar a colher, voltou
a mexer o molho.
— Ainda não sei, mas acho que vou viajar. Eu percebi que já fui pra muitos
lugares, mas eu nunca prestei atenção de verdade neles. – deu de ombros.
— Hey. Um passo de cada vez, ok? E 'tá tudo bem não dar passo nenhum. –
sorriu. – Quando é a próxima consulta?
— Um dia depois de voltarmos pra casa. – ele não o encarou. – Quer vir
comigo?
— Ir com você?
Jin sorriu.
— Bebê... – gemeu baixo quando o sentiu esfregar mais forte entre suas
pernas. Sorriu e colocou a mão dentro da bermuda dele para apertar a bunda
durinha entre os dedos. – Você não tá conseguindo se segurar mesmo.
— Você consegue gozar pra mim assim? Hm? Tem gente na cozinha, alguém
pode aparecer aqui, você sabe disso, não sabe? – Jungkook assentiu e gemeu
baixo. – O meu bebê é tão exibicionista, tão safado. Goza pra mim?
Jungkook fechou a cara e se afastou dele. Jimin não entendeu quando ele
ficou de pé e saiu em direção às escadas usando uma almofada vermelha pra
esconder a bermuda molhada. Ficou parado por cinco minutos inteiros antes
de segui-lo. Entrou sem bater, o mais novo já estava vestido numa cueca
preta procurando outra bermuda na mala.
— Jungkook?
— Olha pra mim quando eu estiver falando com você. – disse seriamente.
— Tem certeza que vai ficar fazendo isso depois de a gente conversar sobre
sempre dizer o que sente?
— Isso não é justo. Eu sempre tenho de dizer, mas você nunca diz hyung! –
se impôs. Jimin recuou, era a primeira vez que Jungkook fazia isso. Quis
sorrir.
— O que te chateou?
— Você.
— Disse a mesma coisa que sempre diz quando eu quero te fazer sentir
bem... Não precisa. – lamentou. – Por que você sempre diz isso?
— Porque eu não acho legal você fazer qualquer coisa só pra me agradar,
Jungkook.
— Você tem certeza? – insistiu. – Porque você sempre pede isso depois que
eu te faço alguma coisa Jungkook... No fundo você só quer me agradar
porque sente que deve fazer isso por eu ter feito primeiro.
— Eu não quero que você pense que não me sinto sexualmente atraído por
você, por mais que minhas atitudes possam demonstrar isso. – explicou com
carinho, Jungkook assentiu. – Eu te respeito, respeito o seu tempo... O nosso
tempo. Cada experiência entre nós dois não é nova só pra você, mas pra mim
também. Quero que você conheça o seu corpo antes de tudo, que você
perceba que não precisa transar pra agradar outra pessoa e só.
— Eu quero conhecer o seu corpo também, Jimin. – disse baixinho. – Como
você gosta, como você quer... Porque eu penso nisso o tempo todo.
— Quero. – assentiu.
— O que?
Jimin mordeu os lábios e assentiu. Isso deixou Jungkook muito nervoso e ele
notou, então sorriu e fez carinho no rosto dele, sobre uma das bochechas
coradas pela vergonha.
— Deixa sua saliva umedecer tudo, você pode fazer isso pra mim bebê? –
Jungkook assentiu e deixou a saliva escapar na boca, lambuzando os dedos
de Jimin até escorrer para os anéis de prata. – Prenda a respiração, bata na
minha coxa se não conseguir. – então ele empurrou os dedos até a garganta
alheia, mantendo-os ali até sentir o tapa fraco em sua coxa direita. – Bom
menino. – sorriu e voltou a estocar os dedos mais depressa. A mão livre foi
até o elástico da bermuda, abaixando para puxar para fora da cueca sua
ereção. Estava semi ereto, então se masturbou um pouco sob o olhar atento
de Jungkook. Jimin espalhou o pré-gozo por tudo e puxou os dedos
ensopados de saliva e usou-a para ficar mais molhado. Com a outra mão
segurou-o pelo cabelo e assentiu. – Me chupa.
— Ok hyung.
— Coloca a língua pra fora, isso... Isso. – sorriu com o canto dos lábios
quando sentiu-o chupar devagar, provando-o todo curioso. Jungkook apertou
o tecido da bermuda alheia entre os dedos e ficou ansioso ao ouvir o gemido
contido dele. – Sua boca é tão gostosa. Isso, faz assim. – assentiu. – Prende a
respiração outra vez, sabe o que fazer se sentir que é demais. – ele segurou a
nuca de Jungkook e empurrou-se até onde conseguia chegar, arfando alto
pelo prazer pouco antes do garoto bater em sua coxa.
— Desculpa...
— Estou?
— Uhum. O meu bebê aprende rápido. – sorriu e puxou-o para cima com
carinho. – Me beija.
Jimin o puxou pela nuca até que se beijassem com pressa, arfando e voltando
a se masturbar com força. Jungkook sentou sobre suas coxas, abraçou-o com
um dos braços e usou a outra mão para masturbá-lo também, aumentando a
velocidade até vê-lo tremer e gemer contra sua boca, xingando baixo
enquanto gozava nas mãos dos dois.
Ele sorriu e segurou o pulso menor, levando os dedos até a própria boca
para lamber a porra da ponta deles com curiosidade. Jimin o observou
provar o sabor e fazer uma caretinha adorável.
— Você só pode 'tá ficando doido. O melhor álbum da Gaga é The Fame
Monster. – Jin gesticulou. – Porque as melhores músicas dela estão lá.
— Prefiro Born This Way. Marry The Night é perfeita. – Jimin bocejou. –
Falando nisso, a gente podia sair pra dançar amanhã.
— Tem uma boate bem legal aqui. Yoongi e eu fomos algumas vezes. –
Hoseok começou a fazer carinho na barriga de Taehyung, e o garoto bebeu
um gole da cerveja se remexendo um pouco.
— Pois nós vamos a uma amanhã. Vamos jantar fora e depois dançar. –
beijou a bochecha dele. – Você quer?
— Pelo amor de deus como vocês dois são gays. – Taehyung provocou. –
Odeio gays. – bebeu o resto da cerveja.
— Com quinze. Fiquei com o primo da minha prima. Depois fiquei com ela
também. – Seokjin bocejou.
— Não tem nada de errado nisso, ok? Meu appa me disse que a gente não
precisa se sentir mal por gostar de alguém do mesmo sexo.
— Quero!
— Jimin eu não levanto daqui pra mais nada, tô morto. – o mais velho negou.
– Vocês que lutem, eu me recuso.
— Prendo sim bebê, vou te prender por ser essa coisinha mais linda do
mundo E VOU PRENDER OS BONITÕES ALI QUE ACHAM MESMO
QUE NÃO TÔ VENDO ESSA POUCA VERGONHA! – encarou Hoseok e
Taehyung. – VÃO PRO QUARTO, PORRA!
Tae ia falar, mas tudo que saiu de sua boca foi o gemido rouco ao ser
abocanhado de uma vez. Ele fechou a mão no cabelo do namorado e assentiu
diversas vezes. Hoseok o engoliu até onde podia e deixou a saliva escorrer
para a base. Chupou-o devagar, mas com força deixando-o ditar o ritmo com
a mão que prendia seu cabelo.
Ele não viu quando Hobi esticou o braço e buscou algo na gaveta pequena do
móvel ao redor da cama, tateando às cegas em busca do sachê de lubrificante
que tinha colocado ali junto das camisinhas.
Mas abriu os olhos quando o mais velho se afastou ajoelhado entre suas
pernas. Hobi secou a boca com as costas da mão e engatinhou até ele,
beijando-o lentamente. Suas línguas se moviam em sincronia, massageavam-
se devagar, provando e provocando ainda mais o desejo que sentiam. Tae o
segurou pelo rosto com uma das mãos e usou a outra para segurar seu pulso,
levando a mão dele para o meio de suas nádegas.
— Você sabe que eu não me importo com isso. – eles se encaravam nos
olhos, de pertinho.
— Nem eu. – sorriu um pouco. – Eu não me importo com nada além de que
seja com vocês dois.
O mais novo procurou relaxar com os beijos e carícias que recebia, respirou
fundo quando os dedos ficaram parados dentro de si, abrindo um pouco para
alargar os músculos tensos.
— Eu vou, amor. Eu vou foder esse seu rabo apertado até te fazer chorar de
prazer. – ele tirou os dedos e pegou uma camisinha, abrindo-a com pressa
pra desenrolar no próprio pau. Apoiou-se nos braços e olhou para o mais
novo com um sorrisinho safado. – Me coloca dentro de você.
Taehyung assentiu e o segurou pela base, encaixando-o em si com pressa.
— Devagarzinho?
Hoseok mordeu o lábio inferior e empurrou pra dentro dele, centímetro por
centímetro. Os dois gemeram juntos, pelo prazer e pelo alívio que sentiram.
Taehyung apertou o travesseiro abaixo de sua cabeça e assentiu quando o
sentiu inteiro dentro de si, vencendo o aperto gostoso.
— Apertado pra caralho. – ralhou olhando para baixo, depois saiu até a
metade pra estocar com força, empurrando o corpo maior para cima de uma
vez. Tae gemeu alto e sorriu.
— Abre mais essas pernas pra mim, isso. – elogiou quando segurou a perna
dele para cima e mordeu a panturrilha tatuada. – Gostoso. – estapeou a coxa
alheia e começou a estocar forte, fazendo a cama bater contra a parede.
Quando o mais velho se esticou para alcançar o celular ele não entendeu,
mas não conseguia pensar direito naquele momento.
— Filho da puta... – Taehyung gemeu alto, descontando tudo nas costas dele,
arranhando até a lombar e os quadris soltos.
— Me deixa te ouvir amor... Diz pra mim o quanto ele te fode gostoso. – a
voz de Yoongi estava rouca e manhosa. – Dança com ele Seok.
— Goza pra mim, meu amor. – gemeu arrastado, estava tão perto também.
— Ok.
#PiilowFic
28 - belo dia (part I)
U2
Hoseok sorriu assim que sentiu o toque frio em suas costas, então se mexeu
na cama para dar espaço. Yoongi riu baixinho e deitou no meio, encolhendo-
se dentro dos braços dele enquanto ganhava beijinhos preguiçosos no
pescoço.
— Bom dia, Yoon. – a voz dele estava rouca graças ao sono. – Você chegou
cedo ou a gente tá dormindo até tarde?
— Eu dormi por duas horas antes de pegar a estrada, você sabe que eu não
dirigiria se estivesse cansado demais. – com a ponta dos dedos começou a
desenhar círculos no peito nu de Hoseok, arrepiando a pele quentinha e
macia. – Eu 'estava com saudade.
— Eu também. – sorriu de olhos fechados, quase caindo no sono outra vez. –
Cadê o Holly?
Taehyung resmungou, seu corpo pesado se mexeu até que estivesse agarrado
a Yoongi, prendendo-o com braços e pernas, escondendo o rosto na curva do
pescoço dele.
— Hoseok, cala a boca. – Yoongi suspirou, sentiu falta até disso. – Você
usufruiu do meu corpinho até às quatro da manhã. Eu tô quebrado.
— Fica longe da minha bunda! Yoon, ele é um monstro. – entregou num tom
manhoso, fazendo bico que logo foi beijado pelo menor.
— Minha omma disse que eu não paro de sorrir. – sussurrou. – Acho que ela
tá certa... Eu não consigo parar de sorrir e nem quero. Eu sei que quando a
gente voltar para casa os problemas vão continuar acontecendo, mas nenhum
de nós tem de lidar com eles sozinho.
Taehyung não disse nada, mas Hobi sentiu a mão quente acarinhar seu rosto
um pouco antes do beijo demorado em sua testa. Não demorou até que
pegassem no sono outra vez, os três agarrados como se não sobrasse espaço
na cama. As mãos juntas sobre o peito do mais novo, até mesmo as
respirações sincronizadas.
Quando Seokjin quis acordá-los, quando entrou sem bater ele sorriu diante
da cena e desistiu, deixou que dormissem mais um pouco.
— Vai tomar no seu cu, Taehyung. – lhe mostrou o dedo do meio. – Me passa
um prato logo!
— Licença! Sai da frente! – eles abriram caminho para Yoongi colocar sobre
a mesa a carne ainda quente. Ele começou a cortá-la rapidamente, então Jin
assumiu a churrasqueira para virar as salsichas e cebolas que assavam sobre
a grelha.
— Amor... Ah! – Tae puxou a bermuda dele para chamar atenção e abriu a
boca, apontando para dentro dela com o indicador. – Ah!
—'Tá quente, Tae. – explicou, mas o mais novo o encarou da forma mais
doce que podia. – Hobi, esfria pra ele. – pediu entregando o garfo a Hoseok
que rolou os olhos e assoprou a carne.
— Tudo que o meu bebê quiser. – encheu o prato dele com carne, legumes e
folhas de alface. – Quer arroz?
— Por favor.
— Fiz mais arroz! – Namjoon anunciou saindo da casa. Ele vestia uma
regata branca e sunga de praia preta, os óculos escuros o deixavam ainda
mais atraente.
— Você fez arroz? – Hobi arqueou uma sobrancelha e o mais alto assentiu. –
Por quê? 'Tá querendo punir a gente por alguma coisa? Fala na cara, melhor
que fazer essas coisas.
— Olha se tiver gostoso igual as suas coxas pode me servir uma porção
dupla. – Tae deu uma risadinha, mas ganhou um tapinha de Yoongi na nuca e
ficou sério.
— Eu tenho uma palavra para você: greve. – sussurrou.
— Esfrie sua própria carne, Taehyung. – Hoseok largou os talheres e lhe deu
as costas.
— Se fodeu, trouxa. – Jimin provocou antes de Jungkook lhe dar uma porção
de arroz na boca.
— Eu nunca tive um aniversário longe de casa. – falar com Namjoon não era
tão difícil como no começo. – 'Tô ansioso, Namjoon-hyung.
— Mais tarde nós vamos dar uma volta naquela feira de artesanato? Eu,
você e o Taehyung?
— Vamos! Deve ter muita coisa legal por lá! – Namjoon sorriu e bagunçou
seu cabelo com carinho. Jungkook corou.
— Você quer mesmo nunca mais transar na sua vida, não é Taehyung?!
— Mas também não posso falar nada nessa porra! – bufou de boca cheia. –
Hoseok vem comer!
A música que vinha da pequena caixinha de som não conseguia brigar contra
as vozes altas, muito menos contra o caos delicioso que aquele almoço se
tornou entre conversas e risadas escandalosas.
Namjoon engasgou duas vezes enquanto Jungkook chorava de rir e Jin fazia
as piores piadas que conhecia. Devoraram tudo, acabaram com muitas latas
de cerveja e partiram uma melancia suculenta antes de juntos limparem a
bagunça.
— Comprou algum presente pra ele? – Hobi perguntou depois de passar para
ele o prato molhado.
— Ele vai adorar, hyung. – sorriu. Ficou quieto, as mãos ágeis eram rápidas
em enxaguar a louça e colocar sobre e mesa de mármore. O mais velho o
encarou e no mesmo instante soube que ele queria conversar.
— Sim, ele tem. Mas eu não acho que seja você a contar. – Jimin assentiu. –
Porque é algo familiar mesmo que envolva a sua família também.
— Ele é o pai do Jungkook, sei que é difícil, mas ele cuidou do Jungoo
sozinho por anos, precisa entender que pra ele também deve ser uma
situação complicada.
— Eu tenho certeza que entre eu e ele a maioria das coisas são boas, mas é
que as ruins ficam tão mais evidentes.
— Fico feliz por isso. – ele suspirou. – Mas você tem medo.
— Não. – sorriu.
— Então... Passe. – sorriu. – Mas se você vacilar eu mesmo acabo com a sua
raça, ok? Cuide direito do meu Jungoo.
Jimin riu, mas assentiu antes de abraçá-lo apertado. Hoseok beijou sua testa
e fechou os olhos.
— Te amo, hyung. Obrigado por ser sempre tão incrível, por dizer as coisas
certas.
— Também te amo, Jiminie.
— Claro. O que?
Yoongi caminhava descalço pela casa e Holly o seguia de perto vez ou outra
parando para farejar alguma coisa que encontrava no caminho. Ele parou
perto da porta que dava para o quarto que ocupava e sorriu ao ouvir a voz de
Taehyung murmurar o nome de Hoseok.
— Até eu fiquei, Hobi. Seus pais estão sendo injustos demais contigo. –
beijou o queixo alheio. – Yoongi não vai reclamar, eu tenho certeza.
— Meus pais...
— Eu ainda tenho algum dinheiro, mas eu não sei se tenho o suficiente para
gastar hoje à noite. Sei que vocês querem sair, podem ir sem mim.
— Eu não tenho muito pra conseguir ajudar. Minha família limita os gastos e
etc. – Tae gesticulou.
— Tô dizendo que posso fazer isso. – insistiu mais sério. – Nós vamos nos
divertir hoje e nos próximos dias aqui, não fique pensando tanto em dinheiro.
Eu cuido de tudo. – sorriu.
— Hm, tipo o meu sugar daddy. – Tae brincou e deitou a cabeça no ombro
de Hoseok. – O que eu tenho de fazer pra te agradar?
— Meu deus, você é o demônio Taehyung. – Hobi riu. – Mas, diz... O que a
gente faz pra te agradar, gatinho?
Atravessaram a casa aos risos, Holly começou a latir e pular ao redor deles,
animado com as brincadeiras que aconteciam enquanto o menor era
carregado e paparicado pela casa. Yoongi gargalhou quando Hoseok o
colocou no chão, Tae o abraçou por trás e sorriu.
Tae se afastou um pouco para tirar a bermuda fina, jogou de qualquer jeito
sobra a espreguiçadeira, então Hobi suspirou e pegou a roupa, dobrando
com cuidado.
Dentro da piscina Jimin assoviou e Jin começou a rir sem parar. Namjoon
deu uma risadinha curta e Jungkook corou.
Taehyung, sem entender nada, levou as mãos aos quadris e negou. A única
coisa que ele vestia era a sunga de praia vermelha.
— Eu nunca estive tão feliz assim antes. Quer dizer, estava sim. – massageou
a nuca alheia. – Quando você recebeu alta depois da cirurgia.
— Você encheu o meu quarto com balões e flores. – sorriu com lembrança. –
Nós dormimos de mãos dadas.
— E você está feliz, Yoon?
Dentro da água, Jimin abraçou Jungkook por trás e gritou quando o garoto
afundou o levando junto. Namjoon – que tentava continuar um vôlei
desastroso contra Seokjin – ignorou completamente o frio no estômago que a
interação entre eles lhe causava e foi surpreendido por uma bolada na cara.
— Ops! Foi mal! – Jin estava rindo. O cabelo molhado jogado para trás, a
pele levemente bronzeada... Namjoon suspirou. – Ponto pra mim.
— Que use a sua beleza para me desconcentrar, desse jeito eu nunca vou
ganhar.
— Que neném?
— Eu. – deu de ombros. Hoseok rolou os olhos. O mais novo saiu da água e
correu em direção a eles.
— Taehyung... Não! Não, você vai me molhar! – ele reclamou, mas era
tarde. Tae se jogou em cima dos dois, molhando-os, derrubando cerveja no
chão. Yoongi riu enquanto era esmagado dentro do abraço. – Mauricinho do
caralho.
— Você está tão gostoso com essa sunga, bebê. – provocou e deslizou as
mãos até o elástico da sunga azul marinho.
— Hyung... – sussurrou e olhou para baixo da água a tempo de ver seu corpo
grudar ao de Jimin. – Posso te fazer uma pergunta?
Jimin compreendeu.
— E o seu pau não é pequeno, Taehyung que tem uma sucuri no lugar do
pinto. – resmungou. – Os hyungs devem ter um cu de ferro, sinceramente.
Jungkook não conseguiu segurar o riso. E Jimin sorriu porque nada em seu
mundo era mais lindo do que vê-lo rir de verdade. O jeito como o nariz se
enruga ou até mesmo a risada aguda. Ele afagou o rosto do mais novo e se
aproximou para beijar a trave dos lábios finos.
— Give me a sign...
— Hit me baby one more time!
Jin o puxou para cima, entregou a ele uma lata vazia e os dois continuaram
cantando, apontando um para o outro, fazendo coreografias que mais ninguém
sabia. Jungkook não conseguia parar de rir, mas queria se juntar aos hyungs.
— Eles amam Britney Spears, sério. Muito. Yoongi sabe todas. – bebeu a
cerveja e tirou do bolso um baseado pronto. Taehyung olhou, mas deixou pra
lá. Era só um. – Se você quiser... Jogo fora, Tae.
Ele sorriu.
— Ok. Um. – Jungkook saiu da água e sentou perto deles com uma toalha
rosa sobre os ombros largos. Ele viu Hoseok acender o baseado e tragar
demoradamente.
Ele o fez com cuidado, tragando lentamente até sentir o nariz arder junto da
garganta. Tossiu engasgado devolvendo o cigarro, negando sem parar.
Taehyung gargalhou.
— Tudo é estranho feito pela primeira vez, JK. Inclusive sexo, um tio meu
ficou cego quando transou, cuidado.
Jungkook abriu os lábios e Jimin soltou a fumaça para dentro de sua boca
lentamente, sorrindo em seguida graças ao rosto corado do mais novo.
— Jungkook ainda não tem muitas experiências. – Jimin o ajudou. – Mas ele
é curioso.
— Por mim tudo bem. – Hobi deu de ombros. – Não precisa falar se não
quiser, Jungoo.
— Quem começa?
— A cada dia minha vontade de te dar um murro dobra, Min Yoongi. – Jin
disse enquanto sorria. – Certo, eu começo já que vocês viadinhos têm medo.
– rolou os olhos. – O que querem saber?
Jin olhou para o lado, rindo baixinho porque sabia bem as razões do outro
Kim ter perguntado isso.
— Eu vou te dar um gato Jimin, então você vai ter sete vidas pra cuidar! Gay
chato! – Tae quase gritou. – Eu começo! Então, GATINHO, qual a sua maior
fantasia?
— Você e o Hobi vestidos de policiais dizendo que eu serei preso por ser
um mau menino.
— NIVÉL. – Jin bateu palmas outra vez. – Qual foi sua pior transa, Yoongi?
— Faz tempo, foi ruim porque não estava afim. – deu de ombros. – Mas a
outra pessoa estava.
— Isso não é bom, a gente não tem de fazer sexo para agradar outras
pessoas.
— Eu sei, Joon... Mas na época eu não sabia. Nunca mais vai acontecer.
— Tô morrendo de medo!
— É o que?!
— Hm... Fazer amor com quem você ama é mais gostoso que fazer com
outras pessoas, hyung?
— É Jungoo. É muito melhor. A gente só faz amor com quem a gente ama. – o
garoto assentiu.
— Passivo.
— O que você tem vontade de fazer na cama e nunca fez? – Yoongi foi o
próximo. Jimin encarou Namjoon num pedido mudo para que não falasse
sobre eles, era melhor. Era passado.
— Jimin, sua vez. – Jin mudou de assunto. – O que mais você curte no sexo?
— Melhor sexo?
— Vai dizer sim! Ora essa! Diga logo, tô mandando. Eu sou seu hyung! - Jin
insistiu.
— Você não pode usar isso pra conseguir o que quer da gente, Jin-hyung!
— Yoongi, calado!
— Estou bem! Jimin existem informações que eu não quero saber, ok?
— Como você consegue comer alguém com esse pau enorme?! - Jimin o
provocou.
— Quando a minha cabeça tá cheia demais pra me focar no sexo, eu fico sem
tesão nenhum.
— Tenho certeza que a melhor vai ser quando envolver nós três.
— Trenzinho do amor. - Jin cantarolou.
— Ah... Eu não fiz muita coisa, não tenho nada pra falar direito. – negou.
— Não. – Jin negou. – Isso só diz respeito à pessoa, Jungkook. Têm algumas
que preferem ser algo, mas outras não. É algo que é resolvido entre o casal e
etc.
— Não, Yoongi-hyung.
Todos riram, inclusive Jungkook, que nos braços de Jimin sentiu-se grato por
seus hyungs explicarem tantas coisas que ainda o deixavam confuso.
— 'Tá bem. – Jimin chamou o garçom para fazer os pedidos, poucos minutos
depois também serviram um pouco de vinho tinto a cada um deles. – Eu quis
te trazer aqui para gente ficar um pouco sozinhos. Amanhã é seu aniversário.
— Ah, mas não foi um presente. Como a gente ia viajar em família sem
você? – sorriu. – Eu te comprei dois presentes. Na verdade três.
— Três?! Jimin-hyung é muita coisa! Não precisa disso, por favor. – negou
mexendo as mãos.
— 'Estava sujo. – explicou servindo mais vinho na taça que lhe pertencia. –
Você comeu bem.
— Eu comi muito... Mas essa carne é tão gostosa. – ele encarou o prato de
mais velho e ganhou um sorriso cúmplice direcionado a si. – Eu posso?
— Você... Ouviu?
— Eu sei que não quer falar sobre isso, eu sei hyung. Mas, por favor, não
faça. Pelo menos por hoje?
O menor passou a mão pelo rosto e mordiscou o lábio inferior. Havia tanta
preocupação no olhar do mais novo que não podia evitar sentir medo. E se
Minseo estiver certa? E se Jungkook sentir nojo? E se...
— Há uns dias, depois do que fizemos em Busan você disse que me amava
um pouco antes de pegar no sono.
— E eu... Eu...
— Sinto muito se eu fiz parecer ser errado dizer isso, eu ainda não sei lidar
com essas coisas do jeito certo, mas eu quero tentar. Então, preciso da sua
ajuda.
— Hyung... – ele observou a caixa pequena e simples, o veludo negro que
tremia nas mãos de Jimin. – Jimin!
— Você me ama?
— E você fosse eu. – olhou para o anel e depois para Jimin. – Eu 'tô feliz,
mas não sei como expressar isso... O que eu faço?
— Eu pedi pra fazer isso quando a gente decidiu vir pra cá. – Yoongi
também entrou e o puxou junto. Hoseok já estava com a boca cheia de frutas.
– Essa parte da praia é particular, é da minha família. – o deixou sentado ao
lado de Hobi e tratou de puxar as cortinas para dá-los a vista do mar calmo.
– Gostaram?
— Hoje é um dia especial... Mas vocês dois são péssimos e nem lembram. –
reclamou sentando entre as pernas de Taehyung.
— Cala a boca, Hoseok. Hoje faz um mês que a gente resolveu tentar. No
apartamento da minha omma, lembra?
Hoseok abriu o champanhe e riu quando a espuma molhou os três. Ele serviu
a bebida e colocou a garrafa de volta no gelo enquanto Yoongi sentava diante
deles com pernas de índio. Os três estavam confortáveis com regatas claras,
bermuda e sungas de praia.
— Amor, o que foi? – o mais novo negou outra vez e Hobi o puxou para si,
fazendo-o praticamente sentar em seu colo. – Tae... Taehyung, por favor...
Diz o que está se passando nessa cabecinha? – brincou.
— E você quer nos contar por quê? – o menor tentou com cuidado. – Amor,
eu adoro que você seja sempre tão brincalhão e tenha esse seu jeito de
querer resolver as coisas entre a gente... Mas tanto eu quanto o Hobi também
podemos te ajudar a resolver as coisas dentro de você, dentro da sua cabeça.
— Eu também prometo, ok? Olha pra mim, meu neném mimado. – Hobi o
segurou pelo rosto com carinho. – Nunca mais vai se sentir sozinho... E nem
tem como, você tem dois namorados.
— Isso era pra ser reconfortante? – provocou com uma sobrancelha
arqueada.
Yoongi era uma tela em branco, já Tae era toda a tinta do mundo.
Juntos eles seriam obra de arte. Uma obra de arte confusa, complexa e feita a
pinceladas não muito suaves.
Mas perfeitos.
Hoseok deixou a taça de lado, se despiu até ficar apenas com a sunga verde
escura e foi se juntar aos namorados. Taehyung o abraçou por trás, o corpo
gelado lhe deixou arrepiado, mas sorriu ao deitar a cabeça sobre seu ombro
direito.
— Queria tirar uma foto de vocês dois assim. – Yoongi se aproximou. – Mas
é melhor que essa imagem fique só na minha cabeça.
— Ciumento.
— Não vou negar. – deu de ombros. Hobi o abraçou, dando beijinhos por
seu rosto úmido e salgado. Ele beijou Hoseok com vontade, arfando quando
as mãos dele apertavam forte sua cintura. Então, sorrateiramente, o puxou
para baixo, para mergulhar.
— Vem aqui, seu safado! – Yoongi gritou e correu para longe deles.
Hoseok estava deitado na areia ainda ao alcance das ondas fracas, ele não
conseguia parar de rir, então Yoongi montou em sua barriga e prendeu seus
pulsos contra a areia.
— Não... Consigo... Você caiu feito uma pedra. – Hobi tinha lágrimas nos
olhos. Tae sentou ao lado dele e respirou fundo, ele também não conseguia
parar de rir.
— Por sua culpa! – ralhou com um bico nos lábios. – Você me derrubou,
Seok!
Hoseok olhou para baixo e mordeu o lábio inferior. Yoongi curvou o corpo
para frente, para pairar a boca sobre a dele e lamber seus lábios lentamente.
Yoongi riu e segurou os pulsos apenas com uma das mãos, a outra prendeu
um dos mamilos de Hobi entre os dedos e apertou, brincou com ele antes de
se curvar para lamber.
— Filho da puta!
— Hoseok, você consegue se soltar e sabe disso... Mas 'tá adorando. – Tae
olhou ao redor. – É melhor a gente ir pra dentro da tenda.
— Quatro.
O menor riu e saiu de cima dele para correr em direção a tenda. Hoseok
ergueu o tronco e ficou de pé.
Os dois caminharam até o chuveiro, a água estava fria demais e Tae riu
enquanto Hobi dava pulinhos sob a água. Chegou pertinho e o abraçou por
trás, deslizando as mãos dos ombros até a barriga para limpar a areia.
Hoseok mordiscou o lábio e se empinou um pouco, encaixando-se sobre a
semiereção que ele havia notado ainda deitado na areia.
— Tá machucando você?
— Eu quero tanto te ver tremendo pra mim, amor. – Yoongi usou mais um
dedo e espalmou a mão livre contra a lombar molhada, fazendo-se empinar
mais. – Cubra boca dele, Seok.
Hoseok usou a mão para cobrir a boca de Taehyung, então Yoongi girou os
dedos e os dobrou até que tocassem a próstata macia. Tae arregalou os olhos
e gemeu alto e abafado pelos dedos do mais velho, os olhos grandes se
encheram de lágrimas, suas mãos fortes agarraram os lençóis. Hoseok sorriu.
— Vem aqui. – ele saiu de baixo de Taehyung e puxou Yoongi para seu colo
depois de vê-lo se livrar da sunga com pressa. O beijou forte, curando a
coluna alheia enquanto as mãos se enchiam com a bunda dele, dando tapas
que coravam a pele pálida. Taehyung choramingou apenas por vê-los e
começou a se masturbar, descendo e subindo a mão pelo cumprimento
avantajado do próprio pau.
Então ele gemeu alto e se contorceu inteiro quando sentiu o vibrador dentro
de si massagear o lugar certo.
— Ele é tão lindo, mas fica ainda mais quando a gente o bagunça, Seok. –
Yoongi deitou a cabeça no ombro de Hoseok e encarou Taehyung.
— Hoseok. – ele gemeu baixo ao sentir o dedo alheio acariciar entre suas
nádegas. O pau, esmagado contra a barriga de Hobi, pingava e tremia de tão
duro. – Seok-ah.
— Eu gozo fora. Confie em mim, eu sei que você não gosta que goze dentro.
As mãos de Hobi estavam trêmulas e ele não queria estar tão nervoso, mas
era inevitável. Os beijos de Taehyung o deixavam mais afoito, o carinho da
mão grande entre suas nádegas sondando enquanto o lubrificante escorre até
suas coxas. Tae o lambuzou antes de puxar para os lados, expondo a entrada
que ele lambeu lentamente.
A mão grande segurou a coxa inteira de Yoongi que por sua vez segurou os
quadris de Hoseok. Ele tirou os dedos de dentro do menor com um som
melado e limpou no lençol para segurar o próprio pau e encaixar, invadindo
devagar o aperto. Yoongi mordeu o lábio inferior e assentiu, assentiu
afundando as unhas na carne de Hoseok.
Yoongi mordeu a boca e puxou as mãos para o lado, fazendo o que Tae
queria. Hoseok parou de se mover quando o sentiu forçar, relaxou o corpo
inteiro e aproveitou os beijinhos que recebeu pelo rosto.
Eles pouco se preocuparam com os gemidos altos, muito menos o som das
peles suadas se chocando como se fossem palmas ritmadas conforme os
lençóis eram bagunçados. Taehyung alcançou a garrafa de champanhe e a
virou na própria boca, bebendo goles da bebida que sequer gostava de
verdade. Encheu a mão com o gelo que ainda existia e prendeu um entre os
lábios para esfregar contra a nuca de Hoseok, deixando que pingasse sobre o
rosto de Yoongi junto do suor que escorria desde os cabelos castanhos.
— Seok... – o menor chamou pouco antes de gozar entre eles, sujando tudo.
Hoseok assentiu, as sobrancelhas se franzem. – Goza, amor.
Ele respirou fundo, tocando-se até sair à última gota. Yoongi raspou os
dedos sobre a porra e os lambeu, sugou com vontade. Taehyung tirou o
vibrador de dentro de si e deitou ao lado dele, se masturbando.
Ele gemeu alto quando Hoseok girou em seu colo, ficando de costas sem o
tirar de dentro. Ele se empinou, dando a ambos a visão maravilhosa do pau
de Taehyung dentro de si e espalmou as mãos nas coxas do mais novo,
escorregando graças ao suor que gruda os pelos escuros a pele ainda mais.
Hoseok sorriu encarando-os sobre o ombro e começou a quicar devagar,
subindo e descendo, requebrando os quadris. Uma mão lhe acertou um tapa
enquanto a outra esmagou sua bunda entre os dedos, mas ele sabia a quem
cada uma pertencia sem olhar.
Hobi gozou também, o corpo cansado pesou e ele se jogou ao lado do maior,
ofegante.
Os três ficaram quietos por alguns minutos. Ouvindo o som das ondas e das
próprias respirações altas. Yoongi foi o primeiro a erguer o corpo e procurar
pelo champanhe, bebendo direto da garrafa.
— Agora eu posso dizer que tive a melhor transa da minha vida. – Tae
murmurou com preguiça.
— Eu prometo que cada vez vai ficar melhor, a gente só precisa trabalhar a
dinâmica. – Hobi brincou e o abraçou.
— Vem aqui, gatinho. – chamou com a mão. Yoongi usou a própria camisa
para limpar a barriga suja e deitou junto deles, encolhendo-se depois de
Hoseok segurar sua mão. – Ele gosta de carinho na barriga e de dar as mãos.
O garoto puxou o tecido que era como a porta da tenda e arregalou os olhos
quando se deparou com os três pelados e agarrados dentro dela.
— JUNGKOOK!
— Jogando buraco. – Tae, usando sua bermuda saiu também. – E que buraco!
— Minutos antes e você ia dar de cara com a minha bunda pra cima. – Tae o
provocou. – Relaxa garoto, a gente namora... Não é novidade nenhuma.
— Ah! Isso! – Jungkook tirou as mãos do rosto. Ele estava sorrindo, os olhos
escuros brilhavam. – Namoro! Olha! – mostrou para Hobi a mão, mostrou a
aliança. – Jimin me pediu em namoro e eu o pedi também!
Hobi sorriu, ele já sabia. Tinha ajudado Jimin com a compra em cima da
hora.
— Ah, mas você vai dar um abraço na sua alma gêmea, não é? – Tae se
aproximou e ele negou. – Como assim Jimin?
— Jungkook, você sabe que agora mais que nunca precisa ser sincero com
Jimin sobre o que sente, não é?
— Eu 'tô muito feliz por vocês dois. – Hobi sorriu depois de Yoongi lhe
abraçar por trás. – As coisas vão dar certo, Jungoo. O hyung vai te ajudar.
— Obrigado, hyung.
— Vamos crianças.
A boate chamava Pop Up e por mais que suas atrações fossem voltadas ao
público LGBTQ+, era evidente que não apenas eles frequentavam o lugar.
Jungkook ficou encantado com a decoração e as luzes que faziam tudo
parecer um universo cyberpunk. Ocuparam uma das mesas da área VIP,
pediram bebidas e água – para Namjoon – e não demorou até estarem
brincando em conversas gritadas graças ao volume da música.
Quando um grupo de amigos passou, o que pareciam ser casais, uma das
garotas deixou cair algo no chão, próximo aos pés de Namjoon. Ele olhou
para o objeto e se abaixou para pegar. Depois, educadamente, se aproximou
da garota sorriu.
— Cara, eu não quero confusão, ok? Só devolvi o batom que ela deixou cair.
— Hey Jimin, calma. – Hoseok o puxou pelo braço. – Calma, ok? Deixa pra
lá, não compensa.
— 'Tá tudo bem com a garota? Ela precisa de ajuda? – Tae e Yoongi se
aproximaram.
— Vem logo! Eu já te falei pra ficar perto de mim, tá ficando surda?! - o cara
gritou.
— Meu deus que vontade de socar a cara desse filho da puta até ele
aprender a tratar uma mulher direito! – Jimin estava nervoso, Jungkook
sabia.
— Jimin leva o Jungkook pra dançar vai! Vai logo. – Jin mandou empurrando
os dois para as escadas.
Jimin segurou a mão de Jungkook e o guiou até a pista, entre os corpos que
se moviam conforme a música alta. O semblante do mais velho ainda era
sério demais. Jungkook suspirou e chegou pertinho, abraçando-o pelos
ombros.
— Te amo, Jimin-ssi.
— Você vai dizer isso toda a vez que eu ficar nervoso? – suspirou também e
o abraçou de volta.
Jungkook assentiu.
O mais novo ficou um pouco sem reação quando o mais velho girou o corpo
e encostou as costas contra seu peito. Jimin segurou seus braços e deitou a
cabeça em seu ombro, dançando junto com as batidas, descaradamente
provocando enquanto a bunda farta rebolava contra os quadris alheios.
— Uhum. Um pouquinho.
— Por favor, tenham decência. – Tae provocou passando por eles, acertando
um tapa na bunda de Jimin. – Rabudo!
— Vamos! Tem mais pista de dança pra lá! – Yoongi rebocou os namorados
para longe.
Distante do mais novo casal, Yoongi se sentia confortável para dançar junto
dos outros dois. Então, quando Enjoy The Silence começou a tocar, ele
gritou e sacudiu os braços animadamente. Hoseok riu da euforia do
namorado e Tae também. Os três começaram a dançar, o menor no meio.
— Até que enfim. – Jin suspirou. – É tão bom ver eles felizes que eu não
penso muito sobre serem três.
— Só pra não dizer em alto e bom som que a minha maior fantasia é fazer
amor com você de novo.
— Namjoon...
— Eu sei, desculpa dizer isso... Eu só não sei calar a minha boca quando
quero muito alguma coisa. – lamentou. – Desculpa?
— 'Tá tudo bem. – assentiu e suspirou. Ele bebeu dois goles do drinque que
segurava e lambeu os lábios. – Eu e Sunmi... Demos um tempo. – admitiu. –
Por mais estranho que isso pareça diante das coisas que estão acontecendo
entre nós dois.
— Eu sei que você não quer, não é algo que você tenha controle Namjoon.
Nós resolvemos dar um tempo por que... – Jin suspirou. – Aconteceu uma
coisa e nenhum de nós sabe como lidar com isso... A gente não se ama. Não
como as outras pessoas costumam dizer amar quando isso acontece.
— Você quer me ajudar? – Namjoon assentiu. – Diga que ainda tem aquele
lingerie, aigo.
Namjoon não pode segurar o sorriso, muito menos Jin. Eles trocaram um
olhar cúmplice enquanto riam um pouco, envoltos no momento que mais
ninguém tinha o direito de invadir. A mão de Namjoon, que segurava a barra
de ferro da varanda de proteção, tremeu quando sentiu o toque dos dedos de
Jin. Ele olhou para o contato e engoliu a saliva.
Seokjin o tocou com suavidade, raspou a ponta dos dedos pelas costas das
mãos dele até prender o polegar com carinho.
— Na probabilidade. – assentiu.
— Que nós dois vamos recair. – suspirou. – Eu vou te tirar daqui, te levar
pra casa e fazer amor com você.
— É mais correto perguntar o que não nos impede, Jin. – ele correspondeu
ao toque, entrelaçando os dedos aos do mais velho. – Eu fico pensando que
seria a última vez e isso me deixa com medo.
— Eu já fui inconsequente demais com você, sobre você. Eu não posso mais
fazer isso, hyung.
— Não faz nada! – deu de ombros. – Eu não sou perfeito, eu posso ter
minhas recaídas e culpar meu mapa astral depois, júpiter retrógrado ou
qualquer coisa! – Namjoon sorriu. – Se todas as pessoas fazem isso, por que
eu não posso fazer também?
— Jin. – implorou com o olhar. Ele estava vulnerável, com saudade e ficar
excitado não ajudaria em nada. – Não faz isso... Com a gente.
— Você ainda tem aquela lingerie? – perguntou de novo. – Olha pra mim,
Namu.
— Eu tenho certeza que aquela cinta liga continua linda nas suas coxas, que
o branco ainda é a cor perfeita pra sua pele. Eu ainda lembro o sabor da sua
pele. – a mão livre segurou a regata do maior, amassando o algodão entre os
dedos. – Vamos ser inconsequentes só por hoje?
— Depois... Eu não posso te dar nada. Estou sendo claro com você da forma
que eu sempre quis que você fosse comigo. – disse com sinceridade. – Eu só
posso te dar o agora. Ele se aproximou, os lábios carnudos tocaram os de
Namjoon, beijaram com delicadeza enquanto a mão continuava presa a
regata. – Como da outra vez... Você se entrega pra mim. Eu quero beijar suas
pernas, quero morder suas coxas e lamber cada pedaço de você, te fazer
chover pra mim só com isso. Namjoon, ninguém no mundo conhece o seu
corpo como eu, ninguém te faz amor como eu faço. – Namjoon mordeu o
lábio inferior. – Lembra de nós dois naquele motel, dos nossos corpos fracos
demais para continuar... Mas sendo absolutamente nada porque o tesão não
deixava a gente parar. – sorriu um pouco. – Você me disse que não aguentava
mais enquanto eu te chupava ou te colocava de quatro pra mim. Namu... –
sussurrou. – Você choramingando sobre não poder gozar, sobre o quanto eu
te deixava louco.
— Droga, Seokjin!
Jin o empurrou para a parede exposta com força, Namjoon gemeu pela dor e
o recebeu outra vez. O mais velho segurou sua coxa, afundou a carne macia
com as unhas curtas puxando para cima, para se prender contra o próprio
quadril.
— Hyung...
— Você faz sim, mas está assustado porque fazer isso significa abrir mão...
De mim. Eu não mereço ser uma opção, Jin. Eu te amo, mas eu preciso me
amar e eu não aprendi ainda.
— Namjoon... – ele respirou fundo. Apoiou a testa ao ombro do mais alto e
mordeu o lábio inferior. – Por favor, não se afaste.
— Deixa isso pra lá. – Yoongi abriu a garrafa pequena usando o tecido da
camiseta. – É só um bando de babaca.
Por que eu 'tô achando que vai dar merda? – Namjoon suspirou ajeitando a
touca que usava.
Então, os outros caras voltaram até eles. Jin sorriu cordialmente, mas nem
isso mascarava sua falta de paciência.
— Você mexeu com a minha garota! – voltou a insistir. Kangin tinha nas
mãos uma latinha de cerveja. – Seu babaca! – ele parecia bêbado.
— Oh seu pau no cu! – O Kim mais velho entregou a garrafa que segurava
para Yoongi. – Ninguém aqui quer confusão, cai fora!
— Cai fora você, playboy! Seu amigo mexeu com a minha namorada!
— Puta que pariu... Eu sou gay caralho, eu só entreguei o batom que ela tinha
deixado cair. – Namjoon repetiu.
O outro homem não terminou a frase porque Jimin tinha o calado com um
soco.
— Claro que sim, mas vou aproveitar para dar uns tapas enquanto isso. –
sorriu e piscou. – Principalmente na bunda do Jimin.
Hobi rolou os olhos de novo e beijou a testa dele antes de fazer uma careta
para a cena de Yoongi pendurado nas costas de um dos caras rindo
descontroladamente enquanto batia na cabeça dele com a garrafa vazia.
Taehyung gargalhou.
— Deixa um pouco pra mim Hoseok, sai! – Jin foi o segundo, até ergueu o
garoto do chão enquanto o apertava nos braços. – Feliz aniversário JK!
— Feliz aniversário, bebê. O seu appa ligou bem cedinho, ele vai retornar
daqui a pouco. – explicou. – Abre os seus presentes.
— Ainda bem que você não comprou o mesmo que eu! – Taehyung disse
entregando um presente ainda na sacola de uma loja.
— Tae-hyung! Obrigado! Vai jogar comigo?
— Obrigado Namjoon-hyung.
— Obrigado, hyung!
Jungkook assentiu e desfez o laço amarelo, abrindo com pressa. Seus olhos
se arregalaram quando conferiu o conteúdo. A câmera profissional e mais
três lentes originais.
— Minha vez! – Com licença. – Jimin pegou a caixa com cuidado e colocou
sobre a mesa. – Parabéns, bebê.
— Sério? Meu filhão agora tem um namorado? Vocês dois são o casal
mais bonito do mundo, Jungkook.
— Ah appa, para com isso. – riu baixinho, o nariz se enrugou enquanto ele
negava. – Eu 'tô feliz. O Jimin também.
— Isso é importante. Agora vocês precisam ser maduros para fazer dar
certo. Conversar e-
Chinrae parou de falar, levou alguns segundos até Jungkook ouvi-lo respirar
outra vez.
— Quase. Mas não aconteceu. Ele disse que tem outro presente pra me dar...
Eu 'tô nervoso appa.
— Filho... – ele suspirou. – As coisas acontecem naturalmente, eu sei que
não adianta te dizer pra ficar calmo, mas estou sendo sincero... Sexo não
precisa ser sempre tão complicado.
Jungkook riu outra vez, baixinho. Ele estava encolhido no meio da cama que
dividia com Jimin.
— O senhor não fala tanto sobre ela quanto antes... Mas eu entendi que te
machuca appa.
— Jungkook...
— Por favor, não pense sobre isso hoje... É o seu dia especial.
— Tchau.
Jungkook desligou e encarou o celular em silêncio. Entrou em todas as redes
sociais que possuía, verificou as mensagens e por fim deu de ombros como
se esse simples ato fosse capaz de diminuir a mágoa que apertava seu
coração.
— Hey!
— Jimin... Obrigado pelos presentes, por organizar a festinha pra mim... Por
estar comigo.
— Você não tem de me agradecer, eu faço essas coisas porque preciso te ver
sorrir... Assim eu sinto ainda mais vontade de viver, sabia? – o abraçou mais
forte. – Falou com Chinrae-hyung?
— Não...
— Eu fiz alguma coisa? Por favor, me diga o que você tem. Por favor? – o
segurou pelo rosto com carinho.
Jimin entendeu, seu coração ficou apertado enquanto o trazia para dentro do
abraço. Não disse nada, mas deixou Jungkook chorar baixinho. Sua razão lhe
dizia para agir, para tirar aquela tristeza dele... Mas o coração vencia porque
tudo aquilo não era sobre si, não era seu direito se envolver.
— Eu te amo Jungkook, amo muito. Eu sei que isso não é capaz de suprir
esse vazio, mas eu 'tô aqui ok? – beijou a ponta do nariz dele. – Eu sou seu.
— Faz amor comigo? – pediu baixinho. – A gente só faz amor com quem a
gente ama e eu te amo, hyung.
Jimin o encarou nos olhos e suspirou. Jungkook sentiu medo de ser rejeitado,
o coração batia rápido demais. Quando o mais velho ficou de pé ele quis se
encolher envergonhado, achou que seria deixado sozinho, mas Jimin foi até o
banheiro e pegou na segunda gaveta uma camisinha, depois caminhou até a
porta do quarto e a trancou. Acendeu as luzes, desligou a televisão e voltou
para cama.
Ele ainda temia fazer tudo errado, enquanto fazia absolutamente tudo certo.
— Mas você já fez isso antes, Jimin. – sussurrou enquanto Jimin tirava sua
bermuda e cueca.
— Eu nunca fiz amor com ninguém. Com você eu quero fazer. – sorriu e
começou a beijar desde a panturrilha até a coxa dele, sobre a tatuagem do
apanhador de sonhos. – Você nunca me disse o motivo dessa aqui.
— Jimin...
Jimin sorriu e o lambeu desde a base até a glande úmida, vendo-o tremer
enquanto agarra a capa do colchão. Chupou-o devagar, espalhou saliva
misturada ao pré-gozo enquanto Jungkook gemia e se contorcia, enquanto
suas mãos tatuadas agarravam-lhe o cabelo para descontar ali o prazer que
sentia. Se afastou só para se livrar da bermuda que usava, ficou nu e
Jungkook engoliu a saliva de forma nervosa olhando-o inteiro.
— Calma, não fique nervoso. Nós vamos ter a vida inteira para fazer de
outro jeito, ok? – ele mordeu a própria boca e Jungkook gemeu apenas por
vê-lo daquele jeito. Jimin conseguia ser mais bonito a cada segundo. –
Primeiro a gente faz assim, tudo bem?
— Uhum. – assentiu.
Jimin o beijou apressado, os dedos tratando de o preparar, espalhando mais
do lubrificante. Depois abriu a camisinha e Jungkook a desenrolou sem muita
prática em si, até a base.
— Vem bebê. – o chamou com carinho, fazendo-o ficar entre suas pernas.
Jimin o segurou pela base e encaixou em si. – Devagar.
— E se eu te machucar?!
— Você não vai, amor. – sorriu. – Empurra pra dentro de mim, devagar.
— Jimin... – sussurrou.
— 'Tá tudo bem, eu juro. Você não 'tá me machucando, amor. – o abraçou
pelo pescoço e olhou para baixo. – Porra, você 'tá tão duro, Jungkook. Diz
pra mim o que 'tá sentindo.
— Jimin... – ele assentiu e Jimin levantou uma das pernas, dando mais
liberdade aos movimentos. – Hyung... Amor... – ele abriu a boca e aumentou
o ritmo, as estocadas eram erráticas, apressadas. Jungkook só sentia que
precisava continuar até aquele orgasmo prometido pelas sensações em seu
corpo chegar.
Jimin o sentiu mais afobado, mordeu o lábio inferior por causa da dorzinha
que o descontrole do mais novo causava vez ou outra, mas usou a mão
direita para provocar um dos mamilos dele.
— 'Tá tudo bem. – assentiu. – Vem pra mim, goza pra mim.
— Eu acho que isso não é coisa de quem diz amar. – Jin provocou.
— Desculpa, amor.
Era tarde da noite, o antepenúltimo dia dos sete naquela casa e no litoral.
Estavam na segunda garrafa de vinho. Havia meia pizza esquecida sobre a
pia da cozinha e latas de cerveja empilhadas no canto da sala de estar.
Depois de comprar as oito cartas, Hobi xingou ao ver Seokjin gritar Uno e
vencer a partida. Yoongi tentou agradá-lo, mas tudo que recebeu foi um bico
malcriado.
— A gente precisa fazer isso mais vezes, esse retiro. – Namjoon comentou.
— Gosta porque no frio inventa que tomar banho é exagero, seu porquinho.
Logo começaram a falar ao mesmo tempo, dando razão ao caos que eram
juntos. Hoseok acertou uma azeitona na cabeça de Jimin, mas Jungkook o
defendeu dizendo que foi um acidente. Namjoon assustou Yoongi usando um
pedaço de corda e Taehyung foi quem gritou assustado.
— Sunmi 'tá grávida. – ele respirou fundo. – Menos de dois meses, a gente
ainda não sabe o que fazer... Ela me pediu um tempo.
Ninguém disse nada.
— Por favor, digam alguma coisa. Façam piada, qualquer coisa... Eu 'tô
apavorado, eu não quero silêncio. – ele ficou nervoso, as mãos se apertaram.
Yoongi assentiu.
Chamou e Jin foi até ele, tomando lugar no meio do sofá enquanto os outros
seis ficavam ao redor, pertinho dele. Namjoon não sabia bem o que fazer,
mas sua mão segurou a de Jin com força.
— Acho que a gente vai ser pai. Os sete. – Hoseok sorriu. – Ou você acha
que vai passar por isso sozinho? Se a noona optar por ter esse bebê, nós sete
seremos pai.
Jin riu um pouco, mas tudo virou um choro nervoso, algo que ele vinha
segurando há dias.
— Hn, menos eu. – Jungkook sorriu atrevido. – Eu vou ser irmão mais velho.
Eles riram.
E tudo bem não estar tudo bem, desde que estivessem juntos.
Os sete.
#PillowFic
30 - cidade do paraíso
🌙☀⭐
— Você vai ser incrível em qualquer coisa que fizer, Seokjin. – Namjoon
apoiou o queixo sobre a coxa dele e sorriu. Seus olhos estavam marejados e
só então os outros cinco se deram conta de como toda aquela situação
deveria ser complicada entre ele e Jin. – Porque você é incrível.
— Namjoon...
— Esse bebê tem sorte... Ele vai ter um pai maravilhoso, uma família linda
e-
Namjoon arfou baixo e soltou a mão de Jin. Ele tentou sorrir de novo, mas
sentia vontade de chorar. Ninguém interferiu quando ele se retirou da sala em
direção a saída que dava para praia.
— Namjoon precisa ficar sozinho agora, mas ele vai ficar bem. – Hoseok
beijou o cabelo do mais velho. – Todos nós vamos.
— Rolou?
— O que?
— Rolou. – sorriu também. Hoseok, que fingia não ouvir nada, se virou de
uma vez para eles.
— E como foi?
— A gente? Eu quero saber sim, fale por você! – deu de ombros para o
namorado. – Foi romântico? – Hobi encarou Jimin com seriedade.
— Eu acho que ele ainda não teve tempo, hyung. – rolou os olhos. – Rolou
uma vez só também.
— Relaxa, ele sabe que você não é um babaca. Hobi tem problemas nas
primeiras vezes. – suspirou. – Eu vou falar com ele.
— Eu acho lindo que o hyung proteja o Jungkook, mas ele tem de entender
que Jungkook é adulto e eu também. – descruzou os braços.
— Ele entende. Tem a ver com o pai dele... – Jimin franziu o cenho. – Mas
ele entende. Acho que Hoseok desenvolveu esse sentimento por Jungkook
porque é algo que ele sempre quis ter com o próprio pai. De qualquer forma,
relaxa. A gente tá feliz demais por vocês dois! – sorriu.
Na sala, sentados lado a lado, Jungkook e Taehyung debatiam sobre qual era
o melhor tempero para frango frito enquanto usavam o celular de Yoongi
para fazer o pedido.
— Mas aí não vem crocante. Esse aqui é melhor. – Tae digitou algo.
— Pede logo os dois!. – Hoseok disse passando por eles, mas sem olhá-los
direito.
— É melhor arroz do que macarrão, mas eu vou pedir os dois. – Tae sorriu.
– Hobi gosta mais de macarrão.
Jungkook esperou até que o mais velho o encarasse, então ele sorriu e ajeitou
os óculos empurrando para cima. Tae franziu o cenho e negou.
— Era para notar?
— Você precisa parar de fazer essa carinha de coelho abandonado, isso fere
a minha pose de insensível. – bufou. – O que foi?
Tae levou dois segundos para entender, então arregalou os olhos e depois
largou o celular de qualquer jeito com pressa sobre o sofá.
— Não sei como reagir. – ele riu e Jungkook também. – Quer contar como
foi?
— Jungkook, ninguém faz alguma coisa certa nas primeiras vezes e eu não 'tô
falando unicamente de sexo. – ele se ajeitou no sofá e gesticulou. – Como
foi?
— O que inferno aconteceu com esse homem? – Taehyung fez uma careta.
— Eu 'tô bem bebê, não se preocupa. Vou subir pra tomar banho, depois
desço pra gente comer junto.
Na cozinha, Tae abraçou Hoseok por trás e beijou sua nuca demoradamente.
O mais velho respirou fundo e deitou a cabeça no ombro dele. Yoongi sorriu
e colocou a mão por dentro da camiseta de Hobi, afagando sua barriga em
círculos com a ponta dos dedos.
— Só escuta ok? – Yoongi pediu. – Jungkook 'tá bem, está feliz... Seu pai não
está aqui e ele nunca mais vai fazer aquilo de novo.
— Por que você não conversa com o Jungkook? Eu tenho certeza que ele vai
entender o motivo da sua preocupação. – Tae beijou a bochecha dele.
— Eu 'tô feliz por você hyung. – Namjoon disse baixo, seu olhar continuava
perdido nas ondas. – Pode ter parecido o contrário quando eu saí daquele
jeito... Desculpa?
— Namjoon, eu não posso ser sonso e dizer que não sabia o quanto era
arriscado transar sem camisinha. – ele dobrou os joelhos e apoiou os
cotovelos ali. – Não foi um acidente. – suspirou. – Sunmi me mandou uma
mensagem pedindo pra ligar pra ela, nós conversamos por quase uma hora.
— Vamos ter o bebê. – encarou o mais novo. – Mas ela não quer e nem
precisa que nosso relacionamento continue apenas por causa disso. Sunmi é
uma mulher incrível...
— Namjoon-
— O meu coração tá gritando que precisa de você. Ele quer abrir o meu
peito e expor que cada pedaço de mim precisa de você, Jin. Mas eu tenho de
aprender a precisar de mim.
— Não. – negou. – Eu vou procurar pelo amor que eu preciso sentir por mim
mesmo... Daí então... Eu vou merecer o que o meu coração quer. Você.
Namjoon se arrependia.
Ele era inteiro feito do remorso e Seokjin era feito do dilema de querer
deixá-lo ir ao mesmo tempo em que não queria soltá-lo nunca mais.
— Lembra do que eu te disse segundos antes de te beijar pela primeira vez?
– Jin sussurrou, e o sopro de sua voz contra o ouvido de Namjoon o fez
arrepiar e apertar mais a camisa entre os dedos. – Lembra? – segurou-lhe a
nuca até que estivessem se olhando de novo.
Namjoon assentiu antes de Jin morder seu lábio inferior para puxar devagar
e depois disso beijá-lo como da primeira vez. Tomando-o como da primeira
vez. Eles se entregaram de novo e tinha gosto de despedida. A bagunça
perfeita sobre respirações, lábios e línguas, o que era bom demais para abrir
mão.
Jin respirou fundo quando quebrou o beijo, seu coração também queria
quebrar o peito e escapar. Seu corpo inteiro tremia. Ele encostou a testa do
mais alto e afagou-lhe a nuca com pressão, quase repleto de desespero.
— Foda-se. – deu de ombros, sua voz estava embargada. – Só... Volta ok?
Você nem precisa querer alguma coisa comigo, não precisa voltar por mim.
Só volta. – o olhou nos olhos. – Nosso final pode não ser como a gente
imagina, mas ele vai ser feliz.
🌙
Quando a comida chegou, Hoseok se voluntariou a servir e ninguém
reclamou. Jungkook, junto de Taehyung e Yoongi, sorriu ao vê-los trocando
carinhos e achou que era o melhor momento para conversar com seu hyung
favorito.
Hobi estava de costas para a porta, cuidava de tirar o frango das embalagens
de isopor. Jungkook respirou fundo e assentiu.
— Hyung?
— Preciso de um favor.
— Hyung, por favor, não pira ok? – Hobi franziu o cenho. – Eu preciso que o
hyung me ajude...
— Ajude... – incentivou.
Ele sussurrou, mas Hoseok arregalou os olhos e o prato com frango caiu
dentro da pia.
— Eu 'tô enfartando...
— Hyung?!
— Eu vejo muito de mim em você... De mim antes, quando eu era mais novo
que você até. – suspirou. - Eu fico querendo te proteger do mundo e nem noto
que de algum jeito faço o que meu pai fazia comigo.
— Eu nunca mais quero ver medo nos seus olhos quando tiver de conversar
comigo... Me desculpa por te fazer sentir isso?
— Hyung-
— Eu não tô bravo com você, Jungoo. Eu nunca ficaria bravo com você por
causa disso, entendeu? – o outro assentiu. – Você é um homem adulto e o
Jimin também, se você se sentiu pronto pra isso eu quero te apoiar e também
estar sempre perto pra te ajudar quando for preciso.
— Acho que eu não fiz direito... – murmurou e o mais velho respirou fundo.
– O Jimin nem gozou.
— Ele foi ativo? – Jungkook negou. – Eu imaginei que ele ia te deixar ser
ativo na primeira vez. Jimin é muito cuidadoso.
— Vocês já transaram. – disse baixo e Hoseok ficou quieto porque não sabia
se era uma acusação e uma constatação. Sim, já tinha transado com Jimin,
mas ambos estavam chapados e aquela república não era um bom exemplo
de castidade, em todo caso. – Ele te deixou ser ativo?
— Ah. – ele escondeu as mãos entre as coxas e encarou o chão. – Será que
ele não quer assim comigo porque eu não vou saber fazer direito?
— O que?!
— Ser ativo é mais fácil... A gente fica por cima e sai metendo, pronto. –
deu de ombros.
— Mas é porque foi à primeira vez. – sorriu. – Escuta o hyung, ok? – o mais
novo assentiu. – Você é um homem lindo e atraente...
— Jungkook!
— Eu tive pesadelos por meses, de vez em quando ainda penso sobre o que
aconteceu. - aconchegou as costas contra o peito alheio e fechou os olhos. -
Demorei muito tempo até entender que não era minha culpa.
— Acho que eu sei como você se sente. - suspirou e o abraçou pela cintura
para cheirar o pescoço do mais velho. - Eu te amo muito, Hoseok.
— Por ter aparecido nas nossas vidas. Tudo bem que no começo eu quis te
dar uns tapas na bunda...
— Você ainda pode fazer isso. - Tae provocou antes de morder a nuca dele.
••
Yoongi observou Holly que continuava sentado nas patas traseiras com sua
bolinha amarela na boca. Ele respirou fundo e apertou o lençol entre os
dedos.
— Droga. - murmurou baixinho. Sentia tanta dor que estava difícil respirar.
- Droga!
O mais novo foi até a mala e com cuidado a colocou sobre a cama, abriu e
logo achou o que deveria pegar. Nesse curto espaço de tempo reparou em
Yoongi e no quanto ele parecia quieto. Não era como se aquele hyung fosse
barulhento, mas ele mal se movia. Depois de recolocar a mala no lugar,
Jungkook se aproximou.
— Uhum. - assentiu uma vez. - Acho que 'tô cansado... Vou dormir um pouco
e-
Yoongi franziu o cenho antes de sentir algo pintar em sua regata, ele levou a
mão até o espaço entre nariz e boca, tocou e depois observou o sangue na
ponta dos dedos. Jungkook largou o que tinha sobre a cama e correu até o
banheiro para pegar papel higiênico.
— Jungkook, não-
Era tarde demais porque o garoto já tinha corrido para fora do quarto. Holly
estava inquieto, latia vez ou outra encarando o dono. Yoongi respirou fundo
apenas pela boca e observou o papel sujo de sangue fazendo careta. Não
demorou nada até ouvir os passos pesados e apressados no corredor.
— Eu tô bem. - ele tentou sorrir. - Acho que eu rompi algum vasinho mais
cedo.
— Tae, dentro da minha bolsa têm lenços, pega, por favor? Onde está o seu
medidor de pressão, Yoon? - Hoseok orientou.
— Aqui, use isso. - Tae trocou o papel higiênico por um lenço macio e
segurou o braço pálido para prender o medidor. - Respira fundo amor, por
favor.
Yoongi obedeceu e fez como sempre quando media a pressão sozinho. O
sangramento nasal estava diminuindo, mas as dores nas pernas e tórax
continuavam.
— Sua pressão é muito baixa. - Hoseok lamentou. - Você comeu bem... Yoon,
por favor, não mente ok? O que está sentindo?
— Eu estou com dores desde ontem à noite. - confessou. - Mas não é nada
muito grave.
Hoseok assentiu e ficou de pé. Ele foi até as roupas que estavam jogadas
sobre as malas e começou a juntá-las.
— Tae. você pode ajudar ele a tomar um banho? Eu vou arrumar as coisas e
a gente pode ir em uma hora mais ou menos.
— A gente precisa sim, Yoongi! Nós vamos direto até a sua médica, vou
pedir pra Hyeri-noona avisá-la e-
— Hoseok, não! Por favor, você está exagerando! - ficou de pé, ignorando a
dor caminhou até ele. - Eu trouxe as vitaminas, vou tomar e descansar um
pouco! A gente vai voltar depois de amanhã mesmo, relaxa!
— Yoongi-hyung, a gente pode voltar hoje. Não vai ser um problema. - Jimin
tentou.
— Pelo amor de deus, foda-se essa porra de luau Yoongi! Você 'tá
sangrando! - Hoseok rolou os olhos.
— Jimin e Jungkook, vocês podem nos dar licença por favor? - pediu com
educação.
O casal assentiu e Jungkook pegou o que tinha ido buscar em cima da cama
antes de sair junto de Jimin.
— Hobi... - ele tentou. - Um dia, só isso. Quando a gente voltar levamos ele
ao médico.
— Não!
— A gente não pode obrigar ele a fazer o que não quer, amor.
— Você não entende. - disse ainda de costas. A voz dele pareceu embargar e
o mais novo chegou mais perto. - Eu sei que não posso obrigar... 'Tô errado!
Mas eu não sei como fazer-
— Hoseok, olha pra mim?- Taehyung o segurou pela cintura, virando-o para
si, ele segurou as duas camisetas que ele tinha e tomou de suas mãos. Elas
tremiam. - Aqui, respira fundo junto comigo.
— Tae...
— Por favor? - sorriu um pouco. - Respira fundo. - Hobi o fez. - Isso, calma
meu Sol. - beijou as mãos dele com carinho. - Se a gente fizer ele voltar hoje
vamos brigar o caminho inteiro e depois disso também.
Hoseok respirou fundo e foi até a porta do banheiro, bateu suavemente duas
vezes e esperou.
— Nada hyung.
— Para com isso, deixa eu ver. - Jimin riu quando o garoto deu um gritinho e
tombou na cama, tentando afastá-lo do que escondia. - Jungkook!
— Ora, o que temos aqui? - Jimin disse após reconhecer do que se tratava.
— Meu deus, que vergonha. - murmurou escondendo o rosto dentro das mãos
tatuadas.
— Não! Eu pedi que ele me explicasse, daí ele me mandou pegar e ler as
instruções. - explicou e Jimin deixou a embalagem de lado pra suspirar.
— Quero. Mas é melhor você sair daí porque eu não consigo pensar direito
se ficar duro, hyung.
— Amor, eu estava mais focado em fazer essa experiência ser boa pra você.
Relaxa, eu tenho certeza que você vai me satisfazer, ok? Eu sou louco por
você, Jungkook. - o garoto assentiu. - Você quer de outro jeito?
— Quero.
— Eu gostei, hyung. Mas eu quero fazer de outro jeito também. – deu uma
risadinha adorável.
—Hm. Diz como você quer. – provocou dando o sorriso lascivo que
conseguia arrepiar a pele do mais novo.
— Eu? – riu. – Ok! Eu preciso saber o que você quer pra poder fazer.
— Graças a deus! – Jimin brincou antes de puxá-lo para deitar na cama. Ele
deixou beijinhos pelo rosto do namorado e riu mais quando este
choramingou manhoso. – Quer ajuda?
— Com a chuca.
— Ai meu deus, hyung, não! – Jungkook negou diversas vezes.
— Ok. Eu te amo.
Ele leu o rótulo e fez um bico, então deu de ombros e saiu do quarto.
— Jin-hyung respira! – Namjoon queria rir, mas só segurou o mais velho que
fingia uma tontura. – Senta aqui, hyung.
— Abana ele! – Hobi gritou. – Hyung calma, gente velha assim passa mal
mesmo.
Jimin riu alto quando desviou do chinelo que Seokjin tinha atirado em sua
direção.
— Vem aqui. – abriu as pernas e Jungkook veio para ficar de pé entre elas. –
Você não precisa fazer toda vez que a gente for transar. – beijou sobre o
umbigo alheio, farejando o cheiro gostoso de sabonete. Suas mãos
acariciaram as coxas por baixo da toalha. – A gente consegue lidar com isso
de outras formas, eu vou te ensinar bebê.
Ele espalhou beijos desde a lombar até o meio das costas alheias, vez ou
outra lambendo a pele macia e cheirosa. Jungkook respirou fundo e se virou,
ele se abaixou até ajoelhar entre as pernas do mais velho e levar as mãos até
o nó do roupão branco.
Jimin sorriu ladino e deixou que lhe abrisse o roupão e passou a fazer
carinho nos cabelos dele, penteando os fios úmidos para trás.
– Isso... Você é incrível, bebê. – sorriu e gemeu um pouco mais alto quando
conseguiu ditar um ritmo ao boquete, quando o namorado pareceu acertar
como ele gostava. – Eu adoro essa sua boca.
Jungkook sentiu orgulho, por mais bobo que isso soasse. Dar prazer a Jimin
era tão bom. Ele o tirou da boca pra lamber a glande inchada e depois
chupar de novo, cuidando dos dentes para não machucar.
Quando ele foi interrompido quis reclamar, mas já estava sobre a cama com
Jimin engatinhando até cobrir seu corpo com o dele. Ele deu um beijo forte,
deixou a língua comprida exigir por mais. Jungkook gemeu porque as
ereções se esfregaram e a mão do menor o agarrou pela base do pau só para
masturbar devagarinho.
Abriu as pernas para tê-lo entre elas, arfou tentando se esfregar mais contra
o corpo dele. Jimin o beijava duro, vez ou outra a boca resvalava para
morder qualquer pedaço de pele que alcançasse.
– Isso. Porra, você é tão gostoso. – ele separou as nádegas e mordeu a boca
antes de se curva e lamber do períneo até a entrada pouco dilatada. Jimin
empurrou a língua ali e o garoto gemeu alto contra o travesseiro.
Após o segundo gemido o mais velho riu baixinho porque haviam ligado o
som no último volume do lado de fora.
– Hoje você vai fazer muito barulho pra mim. – alisou a coxa dele sobre a
tatuagem e o lambeu de novo. – Sabe que pode parar quando quiser.
Jimin penetrou o primeiro dedo, o indicador, lentamente. Não era algo novo,
já tinham ido até esse ponto algumas vezes. O lubrificante ajudava, não
demorou até o segundo dedo ser adicionado, Jungkook gemeu baixo e Jimin
sorriu.
– Mais um?
– Por favor?
– Hyung... Eu...
– Eu seguro e você senta até onde conseguir, ok? Devagar, a gente não
precisa ter pressa.
O mais novo assentiu. Seu cabelo estava numa bagunça, o rosto corado.
Jimin o ajudou, mas estava tão excitado que doía. Prendeu a respiração
quando sentiu o mais novo baixar os quadris devagar, pouco a pouco se
penetrando, dando a ele a sensação de aperto quente e gostoso.
– Quer parar?
Jimin segurou seu rosto e o beijou. Estava no limite, seu corpo tremia pela
necessidade de qualquer fricção, mas ele beijou Jungkook e não se moveu.
Procurou pelas mãos maiores e entrelaçou seus dedos aos deles. Uma
paciência que não se lembrava de ter exercido antes.
– Eu te amo, bebê. – sussurrou contra os lábios dele, ambos se encaravam
nos olhos. – Você é tão lindo, tão gostoso.
— Mais?
Ele estocou de novo e juntou o cabelo dele dentro da mão, puxando-o com
força.
— Amor eu sei que você quer desse jeito, mas eu não consigo me segurar
mais, a gente pode parar e eu posso terminar sozinho.
Então ele quicou e gemeu extasiado, jogando a cabeça para frente. As mãos
de Jimin agarraram sua cintura e apertaram a carne macia. Jungkook fez de
novo e sorriu embriagado de prazer, ele gostou do que aquilo causava no
mais velho, gostou do próprio prazer que cada movimento causava em si.
— Amor...
— Eu também.
— Tá tudo bem?
— É sim.
— Agora a gente fez dos dois jeitos. - sorriu e ergueu o rosto para encará-lo.
- Eu gostei.
— Mas você sabe que isso não é o mais importante? - ele sorriu, suas mãos
apertaram a cintura estreita, os anéis rasparam sobre a pele arrepiada. Eu
amo você de qualquer jeito e se curtiu mais ser ativo, 'tá tudo bem bebê.
— É bom saber. - sorriu de olhos fechados. Jimin riu quando ele se mexeu
outra vez e montou sobre seu corpo, as mãos afoitas subindo e descendo
contra seu peito enquanto os quadris se esfregavam procurando por mais. -
Porque eu gostei mais assim... E eu quero fazer de novo Jimin-ssi. Quero
você dentro de mim de novo.
Hoseok estava colocando mais ração para Holly enquanto Yoongi carregava
o filhotinho no colo. Os dois cantavam a música alta que tocava pela casa.
Taehyung quis rir, então sentiu o celular vibrar dentro do bolso do short
folgado. Ele pegou e estranhou a mensagem de um número desconhecido,
mas bastou ler o breve texto para que um arrepio assustador o fizesse
encolher um pouco.
Tae entrou na suíte, depois no banheiro e trancou a porta. Suas mãos estavam
tremendo, seu coração batia acelerado demais.
Ele releu a mensagem e o celular caiu no chão enquanto o nojo lhe fazia
engasgar com o vômito que despejou na privada.
#PillowFic
31 - bomba de cereja
Ele assentiu e a viu sair. O notebook foi fechado com cuidado, até mesmo a
postura foi consertada antes que Kim Taewoo entrasse no escritório. Era
muito mais bonito que nas fotos que pode encontrar na internet, possuía
ombros largos que se destacavam graças ao terno azul marinho sob medida.
Ele sorriu amistoso e educado enquanto o mais velho ficava de pé com
respeito.
— Obrigado.
— Quero lhe agradecer por ter aceitado vir até aqui para conversarmos,
Taewoo-ssi. Acredito que sua agenda esteja cheia.
— Oh, não se preocupe. – ele sorriu outra vez. Era charmoso e soava gentil
até mesmo nos pequenos gestos. Taewoo era encantador. – Eu tive de vir
para resolver alguns assuntos sobre a campanha do meu pai e o senhor pode
acreditar... Tudo que envolva meu irmãozinho me interessa. – cruzou as
pernas.
A secretária entrou outra vez, com cuidado deixou sobre a mesa a bandeja
com duas xícaras de café e dois copos de água. Ela se retirou sem dizer uma
palavra sequer, odiava a forma como aquele homem desconhecido encarava
suas pernas.
— Hoseok é meu filho. Meu único filho. Ele mora na mesma república que o
seu irmão. – suspirou. – Acredito que eles tenham um caso, algo do tipo.
— Taehyung foi bastante grosseiro. Quando fui procurar meu filho há uns
dias, pedi que um de meus seguranças seguisse Hoseok por uma semana
inteira e ele me trouxe isso. – Yoseob abriu a primeira gaveta da mesa, tirou
de dentro dela um envelope amarelo e o colocou diante do mais novo.
Taewoo abriu e passou a folhear as fotos coloridas impressas em folhas
comuns. – Hoseok é o de cabelo castanho. – apontou.
Ele logo reconheceu o irmão mais novo, agora com o cabelo maior e
descolorido. Algumas fotos eram comuns, outras deixavam explícito que ali
havia mais que uma amizade generosa.
— Como?
— Boa pergunta. – sorriu sem humor. – Taewoo-ssi eu pedi que viesse até
aqui para que visse o comportamento promíscuo e inconcebível que seu
irmão, meu filho e esse outro estão reproduzindo. Acredito, mas corrijam-me
se estiver errado, que algo assim não seria bem visto por sua família, pelo
partido ao qual seu pai está aliado e muito menos aos eleitores que
acreditam no discurso dele sobre ser um cidadão de bem. – envenenou, mas
sequer era necessário, Taewoo não precisava de nada disso. – Ele sequer
menciona pautas voltadas a esses denominados LGBTs enquanto seu filho
anda por aí sujando a imagem do que é certo!
— Hoseok mal sabe pensar por conta própria. – desdenhou. – Min Yoongi o
desviou do caminho desde quando eram crianças, mas eu dei um jeito
naquela época... Entretanto, agora Taehyung parece também induzi-lo.
— Esse daí vai morrer cedo. – deu de ombros. – Deus o cobra desde criança
porque sabia o que ele se transformaria quando mais velho: um pecador
imundo.
— Sabe, eu e Tae sempre fomos próximos. Eu tinha dez anos quando ele
nasceu, omma o queria tanto. – suspirou. – Eu o ensinei a andar e a falar, o
ensinei tantas coisas, mas não demorou até que eu notasse o quanto era
ingrato. Taehyung é mimado e rebelde sem causa alguma, ele gostava de
chamar atenção. Sempre gostou. Mas estranhamente me repelia quando eu
o dava atenção. – pareceu nostálgico. – Agora, depois de saber de tudo isso
que o senhor me contou, eu percebo que mandá-lo para longe não foi uma
boa ideia. – Yoseob sorriu arqueando uma sobrancelha e o outro homem
bebeu mais do café. – O senhor não sabe como me sinto grato por sua
procura, é bom estar ciente do que está acontecendo.
Yoseob, sozinho outra vez, bebeu uma pequena dose de conhaque e respirou
fundo. A beleza daquele homem o fazia lembrar o passado, lembrar de
coisas que queria e devia esquecer para sempre.
Hana quis retrucar, mas apenas assentiu e se curvou antes de sair. Yoseob foi
até a porta e a trancou com pressa. O outro homem respirou fundo quando ele
o encarava com raiva nos olhos.
— O que você está pensando?! Como você ousa invadir o meu trabalho
assim?!
— Eu não tenho nada para falar com você! Muito menos te ouvir dizer! – ele
estava tremendo. Havia raiva em seu olhar, mas também havia medo. – Nós
vamos esperar o turno acabar, então você vai sair pelos fundos do prédio e
nunca mais voltar aqui.
— Cala a boca! – ergueu a voz. – Para de falar! Eu não quero saber de antes!
Antes tudo era errado, entendeu?! Eu não sou mais igual à antes!
— Não! Eu não vou calar até você ouvir tudo o que tenho pra te falar! – se
aproximou, mas Yoseob arregalou os olhos e estendeu as mãos o fazendo
parar. Havia desespero em seu olhar. Syuk franziu o cenho. – Yo... Por favor,
me escute.
— Não! Eu não quero te escutar! Não é você que está falando comigo! É o
demônio dentro de você! O espírito de prostituição que já esteve dentro de
mim também, por sua causa! – ele arfou. – Que está dentro de Hoseok por
minha causa!
— Cala a boca! – explodiu. – Você não vai fazer Deus me odiar outra vez!
Eu não vou pro inferno por sua causa!
Ele juntou as mãos e respirou fundo, seu corpo inteiro tremia. Syuk se
aproximou devagar, primeiro tocou-lhe os pulsos e se manteve firme quando
o maior se debateu para se afastar. Então, ele estava chorando também
porque Yoseob arfou e caiu em choro agonizante, sufocado e descontrolado.
— Não... Não era eu! Nada daquilo era eu, aquelas palavras eram do
demônio falando por mim. – sussurrou de olhos fechados. – Elas eram o
pecado fluindo através de mim.
— Não! Vai embora! Não me toca! – empurrou para longe. – Não me sujeite!
— O que eles fizeram com você? – o olhar de Yoseob novo se tornou vazio.
– Durante aquele tempo, antes de ir a Jeju com Dahye... Naquele retiro que
seu pai te levou... O que eles fizeram com você, Yoseob?
— Deus não curaria nada em mim, porque eu não estou doente. Você nunca
esteve doente... Por favor, por favor, Yo. Não faz com Hoseok seja lá o que
fizeram contigo... Ele é um bom garoto.
— Sim, ele é. Só está confuso e sendo induzido... Eu vou guiar o meu filho. –
assentiu. – Vá embora Syuk. – abriu a porta com as mãos trêmulas e apontou
para fora. – Nunca mais se aproxime de mim!
"15 de abril de 1988 – Eu odiei ficar chapado, espero ver essa foto e
lembrar isso. Te amo, Syuk."
Até porque o homem naquela foto era feliz. E ele não era.
BUSAN
A voz de Eddie Vedder cantava sob o refrão de Alive quando Chinrae ouviu
passos e olhou para a direita. Estava sob um dos carros, trocando as últimas
peças de uma suspensão nova e estranhou porque estava bem tarde.
Ele viu um par de sapatos de aparência cara e a barra de uma calça de linho
bem limpa.
— Nós já fechamos. O senhor pode voltar amanhã às nove, mas e for urgente
podemos ver um preço-
— Eu acho que você nem saiba como ligar o meu carro, Chinrae.
Aquela voz.
Chinrae sentiu o corpo paralisar. Só tinha a escutado uma vez em toda a sua
vida, mas era como se estivesse eternamente gravada em sua memória. Ele
soltou a chave pesada que tinha na mão direita e usou os braços fortes para
empurrar as rodas do carrinho até sair debaixo do veículo.
O outro homem estava de pé. Roupas limpas e caras, bem penteado e com o
mesmo perfume enjoado de anos atrás. Chinrae ficou de pé, caminhou até o
pequeno rádio e desligou. O cabelo estava preso por duas mechas grossas,
os braços tatuados estavam sujos de óleo, e ele sabia que o seu cheiro de
suor e graxa não era dos melhores.
— Você não mudou nada. – Eunwoo estalou a língua e o mediu dos pés a
cabeça com desdém. – Eu não sei se isso é bom ou ruim.
— Hyo me disse que você não quer que ela se aproxime do garoto.
— O nome dele é Jungkook. – corrigiu sem paciência. – E você não tem nada
a ver com ele.
— Eu tenho a ver com tudo que é importante para minha esposa. – sorriu
debochado. – E Jungkook é importante pra ela.
— Você sabe muito bem que ela o largou por sua causa, porque você não
aguentaria viver sem o menino. Hyo não estava pronta para ser mãe, ele tinha
ambição. Já você... – olho ao redor. – Sempre se contentou com pouco.
— É melhor você dar meia volta porque eu não sou tão paciente como antes
e posso te chutar pra fora daqui.
— Eu não me importo.
— E Hyo quer dar a Jungkook tudo o que damos a Jihyo. – colocou as mãos
nos bolsos. – Uma boa condição financeira para um futuro promissor.
— Jungkook não precisa de nada disso. Ele foi criado sem condições
financeiras, mas nunca faltou nada.
— Eu não disse que exista algo errado nele, eu estou dizendo que o seu
rancor idiota atrasa o desempenho dele.
— O melhor! Eu sempre dei o melhor para o meu filho enquanto Hyo fingia
que ele sequer existia! – se alterou.
— Não, Chinrae. Você dava e ainda dá o que pode. E nós dois sabemos que
é pouco. – deu de ombros. – Seja sincero com você mesmo. – sorriu. – Você
não quer que nós nos aproximemos de Jungkook porque teme que ele, assim
como Hyo, perceba que você é um fracasso. Então, ele poderia te deixar
também.
O soco atingiu a cheio o queixo de Eunwoo, mas ele também era um homem
forte, então apenas cambaleou e massageou o maxilar enquanto Chinrae o
encarava com ódio no olhar.
— SAI DA MINHA OFICINA AGORA!
— Você também era o marido de Hyo, mas veja onde estamos agora. –
debochou e usou um lenço para limpar o sangue que saísse do corte no lábio
inferior. – Chinrae, você sabe que Jungkook não vai chegar a lugar nenhum,
você sabe que daqui uns anos ele vai estar coberto de graxa e fedendo a suor
enquanto conserta carros que nunca poderia comprar. É isso o que você quer
para o seu filho?
— Eu vou. Eu gostaria de avisar que Hyo vai procurá-lo e você não pode
fazer nada contra isso.
Ela conhecia aquela cobertura como a palma da mão, mas agora se sentia
desconfortável dentro dela. Hanguk continuou de pé próximo a janela, com
as mãos dentro dos bolsos da calça caqui.
— Eu fico feliz que esteja bem, Nari-ah. – Eunji parecia nervosa, apertava
os dedos sem parar, rodando a aliança dourada tantas vezes. Nari se
aproximou dela e segurou uma de suas mãos. – É injusto que eu lhe peça
isso, por favor, me desculpe.
Ela rompeu em um choro quase infantil, Nari a abraçou. Hanguk serviu para
a esposa um copo com água e sentou sobre a mesa de vidro, de frente para as
duas mulheres.
— Namjoon...
— Ele não sabe. – a mulher mais nova negou e fungou. – Eu não sei como
dizer a ele porque eu não quero que Namjoon se aproxime de mim apenas
por isso, como se fosse um castigo pra ele.
— Ele não pensaria assim, Namjoon ama vocês dois. – tentou acalmá-la.
— Nari, por favor, se você voltar para cá ele vai se aproximar de nós outra
vez. – apertou as mãos dela. – Eu preciso que Namjoon volte a me amar.
Nari suspirou.
— Você comeu?
— Mais do que eu achei que poderia. Jin-hyung ficou do meu lado até eu
terminar. Igualzinho você. – murmurou. Hobi virou o corpo até estar de
frente para o namorado.
— Ah, seu filho de uma puta. – xingou e fez carinho no rosto dele, esfregou o
polegar ao redor dos lábios rosados e Yoongi o prendeu entre os dentes,
sugando até o meio. – Você é um safado do caralho, sabia?
— Amo.
— Você também ama foder a minha boca? – segurou o pau de Hoseok pela
base e esfregou a glande nos próprios lábios, brincando enquanto o olhar
felino e manhoso prendia completamente as reações do maior. – Ama segurar
o meu cabelo e me fazer engasgar? Chorar enquanto te engulo inteiro?
— Tudo o que você quiser meu Yoon. – se empurrou para dentro da boca
dele outra vez e não perdeu tempo, começou a estocar depressa, fodendo
como o menor queria e como ele precisava. Segurava-o pelo cabelo, sentia
as unhas curtas e roídas arranhando suas coxas. Yoongi começou a se
masturbar com uma das mãos, seus olhos ficaram embaçados graças às
lágrimas, mas ele piscava depressa porque precisava ver Hoseok. Precisava
vê-lo se contorcer e morder o lábio com força, precisava vê-lo perdido no
prazer que sentia.
— Só um pouquinho.
Hoseok o deu banho. Lavou o cabelo dele com cuidado, ensaboou seu corpo
enquanto fazia massagem em cada pedaço de seu corpo e até o fez rir por
deixar mordidas nas nádegas branquinhas. Os dois saíram juntos, Yoongi se
embrulhou em um roupão verde escuro e deitou ao lado de Taehyung na
cama, abraçando-o por trás só para cair no sono também.
Ele sorriu.
Olhar para Taehyung e Yoongi o fazia acreditar que nada no mundo poderia
estragar toda a felicidade que sentia. Amava-os demais.
Eram quase quatro horas quando Jimin e Jungkook se juntaram aos outros
para irem ao luau que Yoongi queria levá-los. O casal estava com os cabelos
úmidos e de mãos dadas. Seokjin cruzou os braços, Namjoon segurou a
vontade de rir.
— Vocês parem com isso, o garoto vai explodir. – Yoongi apontou para
Jungkook que estava completamente corado escondido atrás de Jimin. –
Aqui, as pulseiras de vocês. – entregou para o Park. – Esse luau 'tá sendo
patrocinado por uma produtora de Seul, vai ter um palco aberto. Seria legal
se você cantasse alguma coisa Jimin. – sorriu.
— Ah, não. Vamos andando. Eu quero beber e aí fica ruim voltar dirigindo. –
Jin ralhou.
— Ele não vai passar pomada em você. – negou, mas queria mesmo rir. – Só
eu posso fazer isso.
Jungkook arregalou os olhos, mas não pôde evitar rir quando Seokjin gritou
que estava passando mal.
— Eu também, Jungoo. – assentiu. – Estou feliz por mim e por você, por
todos nós. Tudo está bem.
Jimin sentou em uma das cadeiras presas a areia e puxou Jungkook para
sentar em sua coxa só para ajudá-lo a comer o cachorro quente que o mais
novo tinha nas mãos.
— Fala amor, você sabe que a gente pode falar sobre tudo. – incentivou.
Jungkook engoliu o que mastigava.
— Parece que eu não conseguiria segurar nada se ficar com vontade de fazer
cocô. – fez careta. Jimin escondeu o rosto no pescoço dele e segurou o riso.
– Para de rir de mim, hyung.
— Sério?
— Foi o melhor sexo da minha vida, Jungkook. E não, eu não estou dizendo
isso só pra te agradar, estou dizendo por que é a verdade.
— Porque eu tinha esquecido como é transar com quem a gente ama, eu tinha
medo de fazer isso de novo, mas você tem me feito ser um homem corajoso.
— Olha quem fala. Você não estava mordendo a barriga do Yoongi agora
mesmo?
— Estava, mas ele ficou puto e me xingou. – sorriu. – Então, casal... Quero
saber como foi o coito.
— Antes de mim, ele era o vocalista da Cypher. – Jimin explicou. – Ele saiu
quando entrou no penúltimo ano, não teve mais tempo.
— Ah, por favor, hyung? – Jungkook estava o encarando com o olhar pidão.
— Eu já falei pra ele que essa carinha é uma covardia! – Taehyung apontou.
– Mas... – ele suspirou, então também havia uma expressão pidona em seu
rosto. – Por favor, Jin-hyung? Por favor? – juntou as mãos em prece.
— Nossa, só está muito frio para negar isso. – Jimin fez um bico.
— Jimin, não! – Jin quase gritou. – Park Jimin, não faça isso! – Jimin negou,
a própria face do que existia de mais fofo. – Isso é um absurdo, vocês não
podem fazer isso comigo! – os três juntaram as mãos em prece. – Inferno!
Desgraça! Tá bom, caralho! Eu canto! – gesticulou. – Não cheguem perto de
mim!
Afastou-se resmungando.
— Eu já te falei que não quero esse garoto aí depois das dez horas. – ouviu
uma voz quase familiar, mas não olhou. Usou a mão direita para pegar um
pequeno caranguejo e sorriu. – Não quero saber, quando for nove horas e
cinquenta e nove segundos, é bom ele ter ido embora.
— Por que você fala igualzinho ao seu appa? – o homem estava mais perto.
Namjoon ficou de pé e olhou ao redor. – Cadê os seus irmãos?
— Yumi, você não pode vender os seus irmãos. – o tom era de riso.
— Não, Yuta, você não pode fazer isso. – o homem suspirou. – O que nós
falamos sobre quebrar uma coisa para fazer outras?
— Eu te falei cabeça de abóbora. – outra voz, desta vez mais forte mesmo
que infantil. – Appa eu tenho uma namorada.
— Isso até ela saber que você odeia tomar banho, né?
A gritaria fez Namjoon arregalar os olhos, mas o homem apenas suspirou.
— Jeno... Hey, Crianças?! Kim Jenwoo, Kim Yuta e Kim Yumi parem de
brigar agora! – a gritaria parou na hora. – Vocês prometeram que se
comportariam com os vovôs, mas aparentemente mentiram, é isso? Querem
me deixar decepcionado?
— Estou com saudades também, sogrão! – uma quarta voz pode ser
ouvida.
Ele desligou e se virou guardando o celular no bolso, então deu de cara com
Namjoon.
— Tudo bem, desculpe por toda a gritaria. – apontou para o celular. – Meus
filhos são barulhentos demais. – assentiu. – Está gostando do evento?
— Por favor, diga isso ao meu marido. – riu. – Ele estava surtando mais
cedo
Então Namjoon viu a aliança dourada que o homem usava. Sorriu outra vez,
aquela pessoa lhe deixava confortável.
— O que?
— Olá. Oi. Como vai? – Jin cumprimentava cada pessoa que o encarava. Ao
lado dele, Yoongi escondia o rosto com vergonha. – Oi, tudo bem?
— Eu sou gentil! Você deveria ser também. – pararam na fila para pegar
bebidas. – Cadê o Hoseok?
— O que? Ele é bonito, mas não exagere. – gesticulou. – Olá, como vai? Eu
gostaria de duas cervejas.
A garota assentiu.
— Tudo bem, é o mais saudável para nós dois agora. Além de que, eu vou
ser pai daqui uns meses e Namjoon ainda está se curando do passado... –
suspirou de novo, mas sorriu. – É um alívio que agora nós dois não temos
mais segredos ou continuamos nos machucando, dizendo coisas ruins um ao
outro.
Jin pensou sobre aquela pergunta, mas antes que respondesse ao melhor
amigo, a garota entregou a eles as bebidas e os dois saíram da fila, voltando
para perto dos mais novos.
— Eu não posso colocar meu pau pra fora desse jeito, as pessoas podem se
apaixonar ainda mais por mim. – piscou e Yoongi rolou os olhos.
— Ah, desculpa!
— Desculpa, eu não te vi e-
— Sinto muito lhe magoar, garoto bonito. Mas eu tô procurando meu marido
há meia hora e se ele desapareceu levado pelo mar a gente pode conversar.
— O salmão tá sem sal e, pelo amor de deus, tira aquela banda dali, estão
matando a festa.
— Obrigado! Muito obrigado por não tentar fazer parecer que está tudo
perfeito! É o meu primeiro evento! Meu marido e eu formamos essa pequena
empresa de eventos com nossos amigos e eu disse pra eles que algumas
coisas estavam erradas, que isso era normal!
— Mas eles não sabem lidar com esse tipo de pressão? – tentou.
— Obrigado. – sorriu.
— Filhos? Você tem filhos? – Jin ficou nervoso e o outro homem percebeu.
— Ainda não. – negou. – Quer dizer, não nasceu... Eu ainda nem o vi, tem
algumas semanas. – o nervosismo fez Seok suspirar.
☀
Yoongi fez um bico quando não achou os mais novos na mesa. Colocou as
bebidas sobre a superfície plana e sentou onde Jimin estava sentado antes.
De onde estava conseguia ver Hoseok dançando, então riu baixinho.
— Ele esquece que o resto do mundo existe. – ouviu a voz grossa e olhou
para o lado, para a mesa próxima. Um homem estava sentado ali. Cabelos
escuros, mas raspados nas laterais, pele pálida e uma garrafa pequena de
cerveja nas mãos.
— Oh, desculpe?
— Eu sou Yoongi.
Suga estranhou, mas apenas assentiu.
Tae olhou para cima e assentiu. Ele sequer prestou atenção na pessoa que lhe
falava. Ele continuou sentado na areia, às costas contra uma das pedras
grandes e os pés esticados para serem alcançados quando as ondas vinham.
— Hae, sou eu. – ele começou. – Eles já dormiram? Ótimo, me deixa falar
com eles, por favor? – Tae fungou e secou os olhos antes das lágrimas
escaparem. Queria tanto estar bem, mas sequer conseguia fingir isso. O
homem lhe deu uma nova olhada. – Oi Cho, é o papa. – o tom de voz doce
era agradável. – Você comeu tudo? Eu sabia que minha gatinha comeria tudo.
Papa comprou um presente pra você... Oh é surpresa, não posso dizer. Eu
também te amo muito, minha gatinha. Ok, passe pra ele. Dongie, hey não
grite... Papa está te ouvindo tigrinho. Claro que tem presente pra você
também. Não, nada de vídeo game você 'tá de castigo... Ninguém mandou
pintar o cabelo da sua irmã com tinta guache. Ok, eu te amo Dong-He. – ele
riu. – Oi, esquilinha. O Papa está com saudade também, Sana. Não chore, eu
sei meu amor... Papa promete que brinca com você quando chegar a casa,
uhum... – ele coçou a garganta. – Sana, papa não pode... 'Tá bem, 'tá bem...
Baby Shark tudu tudu tudu tudu... Sim, o papa tá dançando pode cantar.
— O que é? – ralhou. – Minha filha mais nova tem quatro anos e ela gosta
que eu cante pra ela!
— Eles são. Até o garoto e olha... Ele é terrível. – bebeu um gole do sujo.
Tae notou que ele era muito bonito. Tão alto quanto ele mesmo, longos
cabelos castanhos presos num coque mal feito, óculos de grau com armação
fina e roupas largas demais para o corpo. – Sinceramente, você tá legal?
— Quer conversar? Sei lá, um dos meus maridos sempre diz que é bom
conversar. Ele é psicólogo.
— O que eu posso fazer se sou um homem cheio de amor pra dar? – brincou
e Tae sorriu. – Quer falar?
— O meu é Taehyung.
— Acho que te assustei mais. – lamentou. – Você parece com alguém que eu
conheço, mas eu não consigo lembrar. – estreitou o olhar.
— Nada disso! Uma gripe não vai me derrubar. – negou. – Ah, olá querido.
Você está bem?
— Si-sim. – assentiu.
— Obrigado, eu fui perguntar se posso tocar alguma coisa com dois amigos.
– gesticulou em direção ao palco.
— Por favor, eu imploro! Ninguém aguenta mais esse povo cantando música
do século retrasado. – o homem de máscara se animou. – Deixa eu me
apresentar, sou Chim e esse é o meu marido Nochu. – ele riu baixinho, a
piada interna fez seu marido rolar os olhos.
Quando a quinta música acabou, Hoseok sorriu ao perceber que o outro cara
desistiu. Ele não queria competir, queria apenas dançar, mas aquele velho
simplesmente o desafiou quando começou a dançar perto dele.
Também estava cansado, então não demorou a sair do meio das pessoas em
meio aos elogios para procurar uma das tendas de bebidas em busca de água.
Viu Yoongi conversar animadamente com outro cara numa das mesas e
franziu o cenho.
— Você até que dança bem, sorte sua que eu esteja cansado. – a voz o fez dar
um pulo. Então, o cara pulou de susto também.
— Hey, quem é aquele ali falando com o meu marido? – Hobi notou que ele
encarava a mesa onde Yoongi estava,
— Meu namorado.
— Ah.
— Ok.
Os dois beberam água ao mesmo tempo. Hobi deu outra olhada no cara.
Mesma altura, mas só isso. O achou brega demais graças à camiseta com
estampas de girassóis. Sua própria camisa com pequenos Sóis era mais
bonita. O home tinha cabelos loiros e um cavanhaque simples.
— Você é dançarino?
— Eu? Não! – negou. – Eu estudo para ser arquiteto, mas danço às vezes. E
o senhor?
— Senhor? Garoto eu não sou velho assim não! – negou. – Eu dançava antes,
nada profissional.
— Vante?
— Meu marido.
— Aquele ali?
— Não.
— Meu marido.
— Do que?
— É sim. Sabe, eu tenho trinta e oito anos, Namjoon, mas eu tenho certeza
que sou um homem realizado e feliz.
— Ser realizado?
— Contra si mesmo?
— Contra o que tem dentro de mim e me dá medo. É algo que é necessário
fazer sozinho. – Namjoon outra vez desviou o olhar. – Como você lida com o
amor próprio?
— Por quê?
— Uhum.
— Música ou poesia?
— Pode.
— Provavelmente nós dois nunca mais vamos nos ver, então eu não sei se
você vai cumprir, mas espero que sim. Quando voltar para casa, uma vez por
dia, escreva numa folha uma coisa que não gosta de você e duas coisas que
gosta. Pode repetir os adjetivos, mas não na mesma semana.
— E depois?
— Depois escreva sobre você usando essas palavras, faça poesias. Ou
músicas. Quando sentir solidão, quando se sentir cansado... Quando não
achar nada que ame em si, escreva isso. Expurgue tudo, Namjoon.
— Isso vai me ajudar? – tentou, aquela conversa o fazia sentir mais leve.
— Eu quero ficar bem. Então, eu também espero que ajude. Às vezes tenho a
sensação que 'tô pedindo ajuda o tempo todo, até quando eu fico em silêncio.
Mas eu nunca quero dar trabalho para as outras pessoas. – suspirou. – Então,
eu quero ficar bem. Obrigado por essa conversa RM.
— Essa é a Yumi, minha mais velha. – Seok mostrou o celular a Jin. – Ela
tem quinze anos. É a minha rainha. – sorriu. A adolescente sorria na foto, os
cabelos longos estavam penteados para trás e ela vestia uma camiseta do
Mario Bros. – Este é o Jeno, ele tem dez. – mostrou outra foto. – Meu
porquinho. – o sorriso de Seok era contagiante. – Ele joga tênis, é muito
bom! E Deus me perdoe, mas esse garoto parece demais comigo antes... Vive
arrumando namoradas. – suspirou. Jin observou o garoto usando uma fantasia
de Superman. – E esse é o meu anjinho Yuta. Ele tem sete, ele é irmão do
Jeno, adotamos os dois quando os conhecemos.
— Eles são lindos. – elogiou outra vez. – Os três. Sua família é linda Seok.
— Obrigado. Eles são tudo de mais importante na minha vida. Eles são o
meu ninho. – bloqueou a tela do celular o deixou sobre a mesa. – Você me
disse que vai ser pai.
— Não tem como saber, Jin. Não tem como saber. – suspirou. – Eu achei que
era um pai incrível logo depois de Jeno e Yuta chegarem. Tudo estava no
meu controle, meu marido e eu éramos um puta time. Então, depois de jantar
enquanto dava banho em Yuta eu o vi sufocar nos meus braços, puxando a
minha roupa em desespero, chamando por mim... E sabe o que eu fiz?
— O que?
— Nada. Eu não consegui fazer nada. Eu nem lembro como dirigir até a
emergência, é como um apagão. Me lembro apenas de quando a pediatra se
aproximou e me apresentou um cardiologista, eu não entendi. Ele disse "o
coração dele não funciona bem." – sorriu nostálgico. – Naquele momento o
meu mundo inteiro desabou. Eu era um bom pai, eu me achava um pai do
caralho e mesmo assim o meu filho foi desenganado e não tinha nada que
pudesse fazer.
— Eu sei.
— Jin, seja sincero, você quer esse bebê? Você quer ser pai?
— Eu acho que já sou. Desde quando ela me disse que está grávida. – ele
queria chorar. – Eu fiquei com medo de ela não querer, eu sei que isso é
egoísta demais, mas eu fiquei com medo. 'Tô morrendo de medo. Sério,
muito medo.
— Vai com medo mesmo. – brincou. – O medo, nesse caso, é bom. Ele vai te
fazer ser mais atento às coisas. – apertou a mão dele. – Você vai ser um bom
pai, não perfeito, mas único.
— Conversar com você me fez ter uma epifania. – fungou e riu um pouco.
— Eu sou bonito e inteligente, eu causo isso nas pessoas. – piscou. – Você
vai conseguir Jin, eu tenho certeza.
— Então eles começam a brigar por qualquer coisa idiota e eu fico ali no
meio respirando fundo pra não colocar os dois pra fora da minha casa.
— É difícil?
— O que?
— Às vezes. Eu não tenho medo de morrer, mas sei que, se eu morrer, vou
perdê-los e isso me apavora.
— Yoongi, o amor nem sempre é lindo, mas o amor que você está vivendo
me parece ser. – sorriu pequeno. – Então, se você quer continuar vivendo ao
lado dos homens que ama precisa continuar vivo, não é?
— Uhum. Eu sei.
— Não é fácil ser o eixo. Ser o que mantém tudo junto, é tão fácil ficar
cansado que chega a ser ridículo, mas ao mesmo tempo é tão bom. Ocupar o
meio da cama. – os dois sorriram, cúmplices. – O meio dos beijos ou do
sexo. Você se sente amado?
— É porque ainda não foi necessário ser. Eu não quero que algo aconteça
para que você seja forte, mas se acontecer... Você vai ser. Você sabe disso,
não sabe?
Yoongi assentiu.
— Então você deve ser mais maduro que eu. – o olhou. – Se eu matar uma
pessoa e for preso, acha que meus namorados me perdoariam?
Eles ficaram quietos até começarem a rir. Taehyung passou as duas mãos
pelo cabelo e respirou fundo.
— Porque eu não encontro outra forma de tirar essa raiva de dentro de mim.
Esse medo. – fungou.
— Se importa?
— Não. – riu baixo. – Mas ele também escondia seus fantasmas da gente por
vergonha e medo.
— Digamos que o autor da nossa história sabe como usar o drama. – deu de
ombros. – Mas as coisas ficaram melhores quando Suga se abriu.
— Isso me fez ter certeza que o amava e queria passar o resto da minha vida
ao lado dele. Posso? – apontou para o cigarro. Tae assentiu e o entregou.
Vante tragou devagar e devolveu. – Caralho Hope vai me quebrar no meio
quando sentir o cheiro.
— Mais ou menos. Eu sou mais do tipo que fala tudo, fala até demais, mas
isso funciona de verdade, deveria tentar.
— Eu quero ser algo leve para eles, não a droga de um cara com a cabeça
fodida. – tragou de novo.
— Eu não queria ser nada para Hope e Suga, fiquei um bom tempo fugindo
do que sentia por causa desse negócio de casal de dois. – sorriu. – Eu fiz
tanta merda, eu perdi tanto tempo. Mas foi necessário pra ser tudo como é
agora. Uma vez banquei o idiota egoísta e cai nas mãos de um cara perigoso,
briguei com o meu melhor amigo e o magoei. Cara, eu precisei perder muita
coisa pra conseguir só aproveitar o que eu tinha e ficava negando.
— Eu não tenho nada pra comparar porque eu nunca amei antes, mas eu sei
que não amaria nada o quanto eu amo os dois agora.
— Então, me diz, se você matasse alguém agora... Eles ficariam do seu lado?
— Obrigado.
— Não... Eu só...
— Conheço porque eu o tive por muito tempo. – ele bloqueou a tela e deixou
o celular sobre a mesa. – Vocês namoram há muito tempo?
— Dois dias. – murmurou. – Quer dizer, a gente fica há seis meses, mas
namoramos há dois dias.
— Parece que ele é louco por você, Jungkook. – explicou. – Mas se você
precisa perguntar a um estranho é porque não se sente seguro sobre o que ele
sente.
— Ele está certo. Por que você não é? Você não consegue? – o garoto
assentiu. – Tem algum motivo?
— Se eu disser sinto que ele vai ficar comigo só por causa disso, Jimin tem
um coração muito bom.
— Uhum.
— Insegurança é algo ruim, você pode lidar com isso com a ajuda dele sim,
mas vai precisar se ajudar também. – sorriu. – Não importa se outras
pessoas olhar para Jimin ou se o desejam. Os olhos dele sempre estão em
você, Jungkook, e é notável como ele deseja você.
— Essa definição é tão certa, faz tanto sentido. – ambos encararam Jimin e
Chim.
— Hoje nós somos casados e temos dois filhos lindos além de um gato
folgado. – sorriu e Jungkook também. – Você quer ter isso com o Jimin?
— Quero. – assentiu.
— Então dialogue com ele, Jungkook. Se abra com o seu homem, seja
cúmplice dele. Cuide de você e da sua insegurança, então você vai conseguir
cuidar do Jimin.
— Que você é protetor. – repetiu. – Com ele. Mas não sei se isso é por um
motivo legal ou não.
— Um pensamento bom, mas como alguma coisa vai acontecer com ele se
você não deixar nada acontecer com ele?
— Como assim?
— Você disse que tem medo de alguma coisa acontecer com ele, mas como
vai saber se aconteceu alguma coisa se você não deixa alguma coisa
acontecer? – fez careta. – Ok, eu sou muito confuso às vezes, mas vou tentar
explicar melhor.
— Agradeceria bastante.
— 'Tá vendo aquele homem bonitão ali do lado do seu namorado? Meu
marido? Então, muita coisa teve de acontecer com ele para estarmos casados
hoje... Eu me apaixonei primeiro por um homem completamente diferente
dele... Mas aquele homem também era ele. – franziu o cenho e Jimin também.
– Presta atenção, segue meu fio...
— O que?
— Acho que tenho medo que pode ter escrito na página seguinte.
— Não?
— Não. Porque você é quem vai escrever. Você vai definir o que é ruim o
suficiente pra não ser lembrado e o que é bom o suficiente pra descrever
pedaço por pedaço. – segurou o ombro dele, sobre a alça da regata folgada.
– Seja sobre Jungkook ou sobre você. Sobre o homem que você é.
— Suga vai me matar, ele vai me fazer dormir no sofá mesmo tendo quartos
de hóspedes na casa. – murmurou e aceitou dar um tapinha no baseado. –
Mas eu não fico chapado desde que os gêmeos nasceram.
— Fala sério, é muito bom não é? Eu sou um homem muito sortudo. Você
também é.
— O que?!
— Tio é o seu rabo, eu não tenho idade de ser seu tio! – Hope respirou
fundo. – Você acha que eles não te amam?
— Não é isso.
— Explique.
— Primeiro, Hoseok. Me escute, ok? – o mais novo assentiu. – Seus pais não
precisam aceitar nada, eles só devem respeitar quem você é. Sua
sexualidade ou gênero não deve definir aceitação de ninguém.
— Amo. Eu os amo muito, mas eu sinto que eles não me amam como eu sou,
mas amariam se eu fosse exatamente como eles querem.
— Mas o que você ama? O Hoseok que é de verdade ou o Hoseok que eles
querem que você seja?
— Então, eu não acho que eles ficariam melhor sem você Hoseok. E de
qualquer forma, você é mais feliz assim não é? Mais feliz que sendo o garoto
que seus pais querem.
— Eles não vão apagar você. Eles apenas querem que você exista se for
infeliz. Olha, eu sou pai. Eu tenho três filhos lindos e por eles sou capaz de
qualquer coisa, mas eu sei que nenhum deles vai ser exatamente como eu
quero porque os crio para ter pensamentos próprios. Sana, a mais nova, foi
adotada com quase dois anos de idade. Ela não falava nada. Absolutamente
nada. Cara, às vezes eu ficava perdido pra saber o que ela queria e
precisava.
— Não. Ela sofreu um trauma. O pai matou a mãe na frente dela e mesmo
sendo um bebê, Sana ficou traumatizada porque tudo aconteceu numa época
em que crianças são como esponjas, absorvem tudo. – cruzou os braços. – A
primeira palavra que ela falou depois de ser adotada foi pra chamar por
mim. – sorriu. – Agora ela fala o tempo todo, canta e grita igual uma arara
sem parar. Talvez Sana não seja uma rapper como eu quero, talvez ela
prefira mudar para o campo e criar abelhas, tanto faz... Ela é a minha filha e
eu vou amá-la de qualquer forma. Isso que pais devem fazer. Qualquer coisa
ao contrário disso...
— Está errado. – constatou. – Mas as pessoas dizem que pais nunca erram e
se erram é tentando acertar.
Hoseok riu.
— Vai rindo, você vai saber como é um dia. – debochou. – Então, você vai
perceber que nem sempre a gente tá certo. A gente aprende muito com os
filhos também, sabia? Eu aprendo com os meus todos os dias. – sorriu. –
Eles fazem de mim um homem melhor. Você parece um bom garoto, Hoseok.
Não deixe que outras pessoas te façam perder sua essência. Nem mesmo os
seus pais.
— Obrigado, tio
Ali sozinho Hope respirou fundo e fechou os olhos. Não demorou até sentir
que não estava mais só.
— Ele não disse, me pediu pra voltar pra casa e quando eu cheguei começou
a chorar. – Yoongi, também assustado, explicou.
— Amor, o que você tem? – Hobi o abraçou por trás. – O que foi?
— Eu vou pegar água pra ele. – Taehyung largou Yoongi, mas se agarrou a
Hoseok.
— Meu neném, o que foi? Alguém mexeu contigo? Por favor, me diga o que
aconteceu?
Então, Hoseok e Yoongi não evitaram ser contagiados pela raiva que fluía
dele.
🌙⭐☀
#PillowFic
32 - eu não quero falar sobre isso (especial)
2 anos antes
— Hoje eu deixo, mas só hoje. – riu antes de beijar a bochecha de seu hyung.
Ele sorriu ao sentir a mão grande apertando sua bunda e aproveitou para
fazer o mesmo na dele
— Feliz aniversário, hyung. Assopra logo! – Yoongi, com um bolo nas mãos,
pediu encarando as velas que queimavam depressa demais. Jin se curvou,
ainda abraçado a Jimin, e assoprou todas elas. – Fez um pedido?
— Vai se foder! – o menor rolou os olhos e voltou para perto da mesa onde
deixou o bolo.
— Parabéns hyung, eu tenho um presente. – Hoseok lhe entregou o embrulho
dourado depois de abraçá-lo apertado.
— Hyung?
A voz, quase tímida, o fez olhar para o lado. Então, como esperado, Jin
sorriu.
Não era algo recente, na verdade desde o primeiro momento que se viram
Seokjin e Namjoon compartilharam bem mais que um sobrenome, apesar de
possuírem poucas coisas em comum. Enquanto o mais velho levava a vida de
forma leve, o mais novo preferia a seriedade em seus momentos, ainda
assim, eram próximos demais aos toques das mãos, sorrisos e até olhares.
Namjoon se mudou no meio do ano letivo, indicado pela reitoria, mas que
conhecia Yoongi de vista ou conversas soltas entre pessoas em comum. Se
adaptou rápido, não era alguém difícil de lidar – mesmo que um tanto
fechado. Seokjin o ganhou no segundo dia com a pior piada que o mais novo
já ouvira na vida, mas que o fez rir por tempo demais. Então, foi isso.
Apenas isso.
A festa não era para muitos convidados. Havia comida e bebida para muitos,
mas ainda era quinta-feira e eles tentaram não faltar às aulas no dia
seguinte. Jin ia de grupo em grupo como a borboleta social que era,
conversava e bebia um pouco para socializar. Logo, foi o primeiro a
perceber que Yoongi estava bastante animado com a conversa que tinha com
sua amiga Yuna em um dos cantos da sala. A postura, o sorriso e até mesmo
a forma como os dedos de seu melhor amigo enrolavam os fios rosados da
garota faziam Jin ter certeza das intenções dele.
Consequentemente procurou por Hoseok, sabia que ele também deveria estar
encarando aquela cena e se preocupava demais mesmo jurando nunca mais
se meter naquela confusão. Respirou fundo. Hobi estava com Jimin, os dois
compartilhavam um baseado enquanto bebiam cerveja.
— Eu não ia deixar de vir nunca, Jinie-ah. – ela sorriu. Era uma mulher
muito bonita. – Você fica mais bonito a cada aniversário.
Ele piscou e arrastou Yoongi para a cozinha sob protestos do menor que
resmungava sem parar. Jin deixou o copo com a bebida azul sobre a pia e
suspirou.
— Yoongi, pelo amor de deus, você é burro?!
— Impossível! Você pede que eu saia pela cidade com uma faixa bem
grandona escrito "Min Yoongi é burro!". – ele colocou as mãos nos quadris.
– Vai fingir que aquele festival não aconteceu? Que você não beijou o
Hoseok feito um desentupidor de pia, dementador, aspirador de pó-
— Por que?! Porra, vocês dois não são só melhores amigos e isso fica
evidente até pra quem não convive perto. – também suspirou. – Gi, para de
fugir da sua felicidade desse jeito.
— Por que?
— Se vai ficar com ela, pelo menos, não faz isso aqui na frente dele.
Mas, para seu lamento, Yoongi não demorou nada a levar Yuna para qualquer
outro lugar. De mãos dadas. E isso desencadeou o resto. Já era de
madrugada quando grande parte dos convidados tinham se retirado e Jin se
perguntava em que momento da noite tinha decidido ouvir o discurso de Ken
outra vez.
Não eram um casal, estavam longe disso, mas beiravam a exclusividade nos
meses que saíram e talvez isso tenha feito o mais velho acreditar que
possuíam algum laço verdadeiramente sério.
Sentia-se um pouco alegre pela bebida, queria que Ken calasse a boca e
quem sabe assim poderiam terminar aquele aniversário transando gostoso,
mas ele parecia mais preocupado em listar todos os benefícios de um
relacionamento que sequer existia.
Jin ainda era gentil demais para mandá-lo calar a droga de boca.
Ken arqueou as sobrancelhas e rolou os olhos ficando de pé, ele não parou
de encarar Namjoon enquanto caminhava para a porta. Jin o achou infantil,
mas não disse nada. Ao se despedir, virou o rosto para recusar o beijo que
acabou acertando o canto de seus lábios.
Gostava dele, mas não o suficiente para ser paciente com suas atitudes.
Apesar de não demonstrar, Jin pensava muito sobre o amor e as formas como
ele se manifestava entre as pessoas. Amava seus pais, amava suas irmãs e
amava seus amigos... Mas tinha vontade de conhecer o amor que acontece
quando duas pessoas se encaixam de todas as formas.
Ele trancou a porta e fez careta para a bagunça da sala de estar enquanto
também observava Namjoon recolher as garrafas, copos e pratos sem pressa.
Das caixas de som Jin conseguia reconhecer a voz de Marie Fredriksoon
cantando sobre passar seu tempo e sorriu antes de deixar a garrafinha de
cerveja sobre a mesinha.
— Eu não sei dançar esse tipo de música, hyung... Na verdade eu não acho
que saiba dançar qualquer tipo. – deu de ombros. Jin negou e se aproximou,
suas mãos seguraram as dele e colocaram na própria cintura. Namjoon riu,
mas aceitou, abraçou-o por ali.
— Eu gosto que olhem nos meus olhos quando falam comigo. – provocou e
riu, mas o riso morreu quando os olhos de Namjoon estavam em si. Olhos de
dragão, queimando lentamente.
Jin sorriu.
Quando Jin o beijou, Namjoon levou um tempo até entender o que acontecia
dentro de si. Principalmente na forma como seu corpo simplesmente cedeu
ao mais velho. Se deixou ser levado. Lábios quentes, a língua doce e
alcoólica, o corpo firme que estava inteiro colado ao seu.
Correspondeu à sede.
Agarrando-o com força, tombou o rosto para o lado só pra encaixar melhor
ao beijo... E encaixava tão bem. Jin prendeu o cabelo curto de Namjoon
entre os dedos, arfando quando as bocas se separaram minimamente para se
chocarem com pressa demais.
Bebiam daquele beijo como dois homens privados de água durante uma vida
inteira.
— Se o Hoseok tivesse te dado aquele relógio caro não estaria falando isso
hyung.
— Calado.
E naquela madrugada nada mais aconteceu além dos beijos trocados na sala
de estar e depois no quarto do mais velho, embolados sobre o colchão sem a
capacidade motora de desgrudar seus corpos, mãos ou lábios. Trocaram
beijos até o dia amanhecer, trocando sorrisos quase confusos diante das
sensações.
Namjoon nunca se sentiu tão quente ou, sendo mais direito, desde os doze
anos ele nunca havia respirado de verdade. Quando Jin pegou no sono,
deitado perto de seu corpo, observou-o quieto.
— Não consegue dormir? – a voz dele estava rouca. Ele se virou de frente
para Namjoon e beijou a ponta de seus dedos. O mais novo assentiu. – O
meu sono não é muito leve, mas quando estamos nas semanas de provas eu
acordo muito durante a noite, então eu vejo você. Fumo na varanda e te vejo
sair para caminhar descalço aqui na frente da casa. – a outra mão afastou
uma mecha castanha do cabelo de Namjoon para longe da testa. – Isso deve
te ajudar de alguma forma, mas por favor, calce os seus chinelos. Às vezes
está tão frio.
— Por nunca perguntar porque faço isso. – deu de ombros. – Mas sobre o
frio... É uma coisa normal pra mim.
— Você está quente agora. – observou trazendo-o para mais perto. Namjoon
aceitou receoso, a cada vez que Jin lhe tocava um turbilhão de sensações o
deixava assustado. – Fecha os olhos, vou te fazer dormir.
— Como?
Quando a voz melodiosa começou a cantar, o mais novo sorriu e por pouco
não começou a rir. Jin se ajeitou, abraçou-o pela cintura e beijou-lhe a nuca.
— Hey, jaded you got your mamma's style but you're yesterday's child to
me. So jaded. You think that's where it's at but is that's supposed to be?
You're gettin' all over me... X-rated. – a voz era baixa e tão afinada,
Namjoon respirou fundo relaxando. – My, my baby blue yeah, I been
thinkin' bout you. My, my baby blue yeah, you're so jaded and I'm the one
that jaded you.
— Isso vai fazer a gente ficar estranho um com o outro? – o mais novo
perguntou voltando para a cama. Ele já vestia também uma cueca.
— A gente transou hyung. – riu e aceitou o cigarro para tragar sem pressa.
— Se arrependeu?
— Eu sou um idiota.
— Você só tem medo de que em alguns desses casos ele se apaixone, como
se apaixonou antes. Porque machuca vê-lo com outras pessoas.
— Odeio que você sempre esteja certo, eu odeio muito. – ralhou, Jimin
sorriu.
— Hyung, por que não é sincero com Yoongi-hyung? Por que se machuca
desse jeito e deixa que ele te machuque? Eu adoraria transar com você mais
vezes, mas eu sei que até isso te deixa culpado depois. – ele apoiou as mãos
no peito de Hoseok e o queixo sobre as mãos.
— Porra, como você é lindo. – elogiou e o mais novo rolou os olhos. – Qual
o lance com o Namjoon?
— Será?
— Eu tenho certeza. Não quero nem tentar outra vez. Não daria certo.
— Por que?
— Pode ser. – deu de ombros. Jimin deu um gritinho quando foi posto outra
vez com as costas na cama. Hoseok montou sobre seus quadris e mordeu o
lábio inferior.
— Jimin... Você quer também... Vai, para com isso. – resmungou, sua voz
estava embargada. – Por favor... Por favor, me faça parar de pensar sobre
isso.
Jimin suspirou e o abraçou por trás, deixando-o encolhido entre suas pernas.
Hobi – abraçado aos joelhos – escondeu o rosto e as lágrimas. Sentiu o beijo
do menor em suas costas, depois as mãos pequenas massageando os
músculos tensos.
— A gente pode transar de novo, hyung. Eu faço isso com você em cada
parte desse quarto. Eu sei o que você quer fazer pra esquecer, pra ficar
cansado e apagar. Mas quando passar, quando a gente acordar... As coisas
ainda estão como estão agora. Eu te amo muito e o hyung sabe disso, sabe
que eu faço qualquer coisa pra te deixar bem... Então, eu não posso fazer
algo que te deixe mal.
— Vem aqui hyung. – o puxou para seus braços. – 'Tá tudo bem, eu não estou
bravo. – o abraçou até que estivessem deitados juntos. – Dorme um pouco.
— Ok, sua vez Jiminie. – Yoongi apontou com uma garrafa de vinho nas
mãos. Ele serviu mais um pouco a Jin e depois na própria taça.
— Absolutamente ninguém nessa casa vai julgar você, para com isso. – Jin
ralhou. – A gente ainda não pode barrar as pessoas de fora daqui os
homofóbicos babacas que essa sociedade merda alimenta culturalmente...
— Eu retiro tudo que eu disse antes, eu vou te julgar agora mesmo Park
Jimin, que caralhos é isso de abacaxi na pizza?! – ele esbravejou muito
rápido, os outros riram.
— A gente estava vendo o canal do Brasil há uns dias e ele ficou encantado
com um programa de lá.
— Tem um papagaio!
— Um fantoche de papagaio.
— Jin hyung você tem algum fetiche? – Jimin perguntou do nada. – Acho o
hyung tão certinho. – riu baixinho.
— Gosta de usar?
— Não, eu gosto muito de que usem pra mim. Eu gosto de como a renda fica
contra a pele, de sentir na palma da minha mão e observar.
— Uau, dizer isso segurando uma taça de vinho com a camisa aberta assim,
deu vontade de latir. – ele brincou e então Hoseok começou a latir, logo
Yoongi estava fazendo o mesmo. Jimin se juntou a eles.
— Tem uma cor preferida hyung? – Namjoon perguntou baixo, apenas para
Jin ouvir. Os outros ainda estavam rindo.
— Quero.
— Cala a boca!
No banho, envoltos ao vapor muito quente, eles transaram pela primeira vez.
🌙
Jin sorriu quando ouviu os passos no banheiro e ajeitou as costas que se
apoiavam contra a cabeceira da cama espaçosa. Ele abriu mais um dos
botões da camisa social preta e observou o próprio relógio dourado preso
ao pulso.
A fita de renda ao redor do pescoço de Namjoon era tão bonita, tinha certeza
que aquilo estava brilhando em pequenos pontos de luz. Feito diamantes
assim com as luvas vazadas ao redor dos dedos fortes. O peito nu, o tórax
largo sumindo para dentro do corpete apertado e preso na cinta liga sobre a
calcinha pequena que mal lhe cobria a ereção evidente.
Ele se perdeu de vez no par de coxas, no contraste da pele com a renda
delicada enclausurando os músculos firmes.
— Gostou?
— Posso. – assentiu.
— Ok. – sorriu. Jin desceu da cama e o fez subir nela, o fez ficar ajoelhado
ali enquanto ia até o frigobar elegante pegar o vinho e uma das taças de
cristal. – Me deixa ver você?
— Você me chama assim porque sabe que me deixa louco, não é? – usou o
saca-rolhas para abrir o vinho e serviu uma quantidade generosa dentro da
taça. – Você está se sentindo bem vestido assim, Namjoon?
— Passe as suas mãos por todo o caminho onde você quer as minhas,
Namjoon. – obedecendo, primeiro levou as mãos até o pescoço, sobre a
faixa de seda que o arrepiou por sentir a textura com a ponta dos dedos.
Tocou sem pressa, exatamente como Seokjin o fazia, contornando até os
ombros largos, depois as levou até os mamilos sensíveis, raspou a renda das
luvas sobre eles, prendeu-os entre polegar e indicador pra gemer baixinho. –
Você quer as minhas mãos aí?
O maior engatinhou até a beirada da cama e aceitou a taça contra seus lábios,
o vinho doce e gelado que lhe foi oferecido com cuidado. Bebeu encarando-
o nos olhos.
— Olhos de dragão. – o mais velho sorriu. – Você ateia fogo em mim fácil
demais, Kim Namjoon.
— Minha roupa?
— Safado do caralho.
Disseram juntos.
— Me beija.
— Tudo bem? – Jin perguntou com cuidado, deixando beijinhos por seu
rosto.
— Você diz isso toda vez que a gente transa. – sorriu movendo os quadris,
uma só estocada e arfou. – Você é apertado demais.
— Você diz isso toda vez que a gente transa. – imitou antes de beijá-lo.
Então começaram.
Jin estocando enquanto Namjoon abria-se mais para cada investida dos
quadris dele. Gemendo alto, soltando palavrões a cada vez que sentia a
próstata ser atingida, pedindo por mais e mais. Vez ou outra os encarava pelo
reflexo do espelho, os ombros largos dentro da camisa escura o fazia gemer
mais os quadris do mais velho que se moviam cadenciados enquanto o cinto
de couro se afrouxava mais e mais por estar aberto. Até mesmo a barra da
cueca o fazia enlouquecer.
Não perguntou quando o sentiu parar, sorriu ao ficar de quatro na cama e
mordeu a boca ao ser invadido de novo, com ainda mais força. Palavras
sujas, tapas ardidos nas coxas e nádegas, a faixa de renda que serviu de
coleira quando Jin o puxou para colar as costas ao seu peito. A mão
esquerda o enforcou e a direta estapeou sua bunda duas vezes para depois
juntar seu cabelo e puxar.
— Você quer gozar? – sorriu e o maior assentiu. Então ele parou de estocar,
pressionou-se dentro dele e Namjoon rebolou agoniado. – Calma. Vamos te
fazer chover outra vez.
— Shi, calma... Relaxa... Hyung vai cuidar de você. – beijou o ombro dele e
se retirou de dentro. Namjoon engoliu a saliva e assentindo sentou na cama,
entre as pernas dele, as costas grudadas na camisa suada. – Abre as pernas,
dobra os joelhos pra mim.
— Depois você cuida de mim. – sorriu. – Relaxa. – então, a mão direita foi
levada até o pau de Namjoon e a esquerda para o períneo, indicador e dedo
médio pressionaram aquela região quando começou a masturba-lo com
habilidade, focando pressão e velocidade na glande onde Namjoon era mais
sensível. – Eu adoro te fazer chover pra mim, ter você tremendo assim nos
meus braços...
— Mais rápido. – pediu. Suas mãos estavam agarradas aos antebraços de
Jin, castigando com aperto. – Isso, isso... Jin...
— Calma, não fique tenso... Deixa vir Namjoon-ah. – beijou o ombro dele, a
massagem no períneo tornou-se mais firme, desenhava círculos sobre aquela
região quase firme. Abaixo das bolas que Namjoon queria demais apertar
para se aliviar de uma vez. – Chove gostoso pra mim, seu safado do caralho.
– sussurrou.
— Eu sei, eu sei... Você é tão bom pra mim. – elogiou parando de masturba-
lo aos poucos. Secou as mãos de qualquer jeito no lençol e a usou para
pentear os cabelos dele para trás com carinhos. – Você foi bem, 'tá tudo bem.
— Estou aqui. Shi. – beijou a lateral da cabeça dele e depois a testa suada.
As mãos carinhosas acalmavam o corpo alheio. Ninando-o. – Você foi tão
bem, você sempre vai bem, Joonie. – sorriu. – Sempre.
Namjoon fungou e de olhos fechados, sorriu.
Mais vezes do que acreditavam ser possível porque mesmo exaustos, não
conseguiam parar. Sequer queriam. Contra a parede, sobre o frigobar, dentro
da jacuzzi. Tantas vezes para se perder as contas, ainda assim dentre essas
vezes uma delas fez Namjoon sentir além.
— Você é tão gostoso. Tudo em você é tão gostoso. – a voz dele estava rouca
pelo sono. Ele o abraçou mais forte. – Eu quero gozar.
Jin gemeu demoradamente antes de virá-lo para beijar devagar, para gemer
dentro da boca dele. Namjoon gozou primeiro e foi por causa do beijo,
porque aquilo era tão intenso. Quando Jin se afastou apressado, puxando-se
para fora para gozar na própria mão, ele não se moveu.
— Hyung, pode me buscar? – pediu secando o nariz com as costas das mãos.
— Eu sei, desculpa.
Levou minutos até que sentisse o ar entrar e sair de si sem dificuldades, mas
as mãos não paravam de tremer. Obedeceu quando Yoongi o pediu para lavar
o rosto. Namjoon sentou no chão do banheiro outra vez e observou a
banheira espaçosa.
— O hyung fez algo? Ele te machucou ou disse algo que tenha sido gatilho
pra você?
— Não. – negou com a cabeça também e passou a mão livre pelos cabelos
curtos. – Ele nunca me machucaria. Nunca.
— O que aconteceu?
— Não... Mas o Jin fez amor comigo hoje. – confessou baixo, as lembranças
recentes do sexo compartilhado na cama espaçosa do motel ainda o deixava
ansioso. – Ele me fez amor, hyung.
— Por que?
— Ele foi carinhoso, não que ele não tenha sido das outras vezes, mas foi
diferente. A forma como ele me tocou, como ele beijou cada pedaço do meu
corpo e me deixou beijar o corpo dele. – sorriu um pouco. – O quanto eu
deixei o Jin entrar em mim não só no sentido sexual, mas muito além disso...
Eu acho que ele consegue me ver por dentro Yoongi-hyung e eu percebi que
tenho medo demais que ele me veja. Porque ele me olha como se eu fosse
um homem normal.
— Ele não tem pena de mim e nem me olha como se tudo fosse minha
culpa... Então... – ele fungou de novo. – De algum jeito eu acredito nisso, eu
acredito que não tem nada de errado em mim. Mas isso me deixa tão
apavorado.
— Eu não posso deixá-lo entrar assim dentro de mim, hyung. Eu não vou
deixar Seokjin afundar em mim... Nunca.
— Você 'tá legal? – repetiu o puxando com carinho até segurar o rosto entre
as mãos e se esticar para beijar-lhe os lábios. – Seus olhos, 'tá chorando? O
que-
— Vem, vamos voltar pra cama. Quer que eu te faça dormir? – perguntou
quando sentou no colchão. – Quer?
Jin o encarou de baixo, suas mãos logo estavam sobre os quadris estreitos,
resvalando a pele amorenada sobre as marcas que havia deixado antes. Ele
sorriu outra vez, Namjoon segurou a respiração.
— Joonie-ah. – o puxou para mais perto, até ter a boca pairando sobre a
barriga alheia. – Você nunca fica satisfeito. – provocou antes de beijar a pele
abaixo do umbigo, sobre os pelos finos que desciam até a virilha. – Já te
falei, a gente ainda vai bater algum recorde.
Jin fechou os olhos por um momento e quando os abriu o mais novo tremeu
pela força que o olhar dele expressava. Dominante. Então, ele se sentia
desesperado para se submeter.
Quando ficou de pé o segurou pela nuca, puxando o cabelo curto entre dos
dedos até virá-lo para bater as costas contra seu peito. A boca beijou atrás
da orelha direita, os dentes morderam o lóbulo e brincaram com a argola
pequena que estava presa ali.
A cada beijo de Jin, cada vez que a respiração quente batia contra sua pele,
que a voz gemia contra seus ouvidos. Vivo.
Empurrou o roupão que Jin usava com pressa, subiu na cama de joelhos e o
puxou para fazer o mesmo. Os corpos nus foram tocados com devoção
durante os beijos, o ar condicionado não poderia brigar com o calor que
vinha do corpo de Jin e queimava Namjoon de dentro para fora.
Outra vez transaram, outra vez se perderam em meio ao prazer agridoce que
aquela relação sem rótulos e confusa rendia. Bagunçando a cama, os lençóis
e suas mentes como se não fosse necessário arrumar tudo depois.
⭐
E as coisas começaram incomodar a Seokjin quando um sentimento, até
então desconhecido para ele, brotou em seu peito.
Ciúmes.
— Eu preciso subir pra cantar daqui dez minutos. – sussurrou enquanto abria
o cinto do mais alto. – Preciso te dar o segundo presente. – riu baixinho
quando segurou a semi ereção alheia dentro da mão. – Você sempre duro pra
mim.
Jogou a cabeça para trás, castigou o lábio inferior entre os dentes e arfou
quando as mãos alheias apertavam sua bunda com força, puxando as nádegas
para expor a entrada que faltou pulsar por algo preenchendo. Por Seokjin.
— Jin... Jin... O meu presente... Por favor? – pediu manhoso. Jin o tirou da
boca e ficou de pé.
Namjoon sorriu atrevido e foi sua vez de abrir a calça do mais velho,
depressa segurando a ereção grossa entre os dedos para apertar.
— Aqui.
— É Jin.
— Eu vou te comer aqui, com força e você vai voltar pro bar me sentindo
socado dentro de você inteirinho. – segurou-o pelo queixo e lambeu a boca
dele. – Tira a calça e se inclina na direção do vaso. – deu um tapinha na
cintura dele. Namjoon obedeceu, se livrou da calça abaixando até os
calcanhares como o espaço permitia. – Abre, me mostra o tanto que você
quer. – ele quase chiou quando o mais novo usou as mãos para se abrir, para
mostrar a entrada.
Foderam forte naquele banheiro, nenhum dos dois preocupados com a fila
que logo se formou do lado de fora. Quando saíram, rindo e ouvindo
xingamentos dos outros caras que aguardavam, estavam de mãos dadas.
Naquela noite ele ficou junto de Hoseok, Yoongi e Jimin numa mesa próxima
ao palco e assistiu Seokjin fazer a última apresentação com a Cypher. O
cabelo escuro estava penteado para trás, sem camisa, a calça baixa demais
expondo o elástico da cueca preta e a pele suada.
E foi enquanto Jin cantava Estranged que tudo mudou de cenário entre eles.
— O que é legal?
Namjoon franziu o cenho e fez uma careta. Jimin rolou os olhos e bebeu o
resto do uísque.
O mais velho negou outra vez e voltou a encarar Jin no pequeno palco. Ele
estava cantando, as duas mãos segurando o microfone preso ao pedestal. Em
dado momento os olhares se cruzaram e Jin sorriu. Sorriu apenas para ele
mesmo que aquele lugar estivesse cheio de pessoas.
A voz dela.
"Isso é sangue?!"'
"Namjoon..."
"Namjoon..."
— Namjoon?! NAMJOON!
As luzes o deixaram tonto quando o corpo foi puxado com força para trás. A
buzina veio junto de um palavrão. O encostaram contra uma parede úmida
demais. Mãos frias seguraram-lhe o rosto.
— Não! – negou com a mão. – Não! Não chama ninguém, muito menos o Jin.
— Namjoon...
— Eu já disse que não! Eu não quero que ele saiba. Nunca. – secou a boca
com a camiseta e encostou o corpo na parede.
— Ele vai te ajudar, eu tenho certeza. Jin-hyung tem um coração bom, ele
vai-
— Ele vai sentir pena de mim! Igual a todo mundo! Vai me tratar como a
droga de um fodido anormal Jimin, eu nunca vou contar pra ele.
— Mas-
— Namjoon? – a voz doce o chamou. Jin agora vestia uma regata preta. Se
aproximou dos mais novos, havia um semblante preocupado em seu rosto. –
Vi você saindo do nada, tudo bem?
Jin franziu o cenho. O ciúme outra vez sendo regado dentro dele.
— Falei que a gente ia sair depois daqui, mas eu tô afim de ficar com o
Jimin agora.
Jimin arregalou os olhos e o encarou pronto para mandá-lo parar com aquilo.
Mas, conhecendo Namjoon como conhecia, não disse nada. O mais alto
estava apavorado, seu corpo inteiro tremia, seus olhos marejados demais.
— 'Tá falando sério? Depois do que rolou no banheiro e tal? – Jin insistiu.
Seokjin assentiu.
Pela primeira vez em sua vida sentiu o coração apertado, chegou a sentir
vergonha de si mesmo.
— Ok, tanto faz. – deu de ombros também. – Preciso voltar agora. – apontou
para dentro do bar com o polegar. – Tchau pra vocês dois. – sorriu.
— Tchau, Jin-hyung.
— Tchau, hyung.
Jin abria a porta e não dizia uma palavra sequer, não perguntava nada. Se
desfazia do terno, dos sapatos, tomava um banho e deitava perto dele para
dividir fones de ouvidos e o silêncio misterioso.
Abusou de seu amor e da forma de vida que ele lhe dava, assim como o
abuso fora sido inserido em sua existência desde a infância.
Por parte da babá, por parte dos pais que nunca o respeitaram e por parte
dele mesmo quando se afastava quem o queria bem por puro e genuíno medo
de viver.
Temia que Seokjin lhe visse por dentro, então fazia-se abominável por fora
porque dessa forma poderia perceber que não deveria amá-lo de forma
alguma.
Mas ainda assim, ele amou, e nem sempre o amor é capaz de tudo
Nenhum dos dois era mais ou menos vítima e culpado, apenas eram.
Deveria ter sido amor, deveria ter sido bom. Deveria ser.
O luau ainda acontecia, dava para ouvir a voz de Jimin cantar o refrão de I
Don't Want To Talk About It e era quase cômico o fato de nenhum deles
realmente querer falar sobre aquilo.
— Eu quero ser um homem diferente. – Namjoon disse baixo. – Mas isso não
quer dizer que você deva me aceitar depois de tudo.
— Eu não quero conversar sobre como você partiu o meu coração. –
cantarolou a música e deitou a cabeça no ombro dele. – Contando que você
nunca mais faça isso, o tempo cuida do resto.
Aquilo não estava mais nas mãos de nenhum deles, isso era arriscado
demais, então que ficasse nas mãos do tempo.
#PillowFic
33 - sirenes
Levou horas até que o choro de Taehyung cessasse e dentro desse tempo o
silêncio se tornou esmagador, mas a opção mais correta. Yoongi não parou
de afagar os cabelos quase longos demais dele, enrola as mechas nos dedos,
os olhos felinos fixos na mão grande que se agarrava a mão de Hoseok só
para confirmar algo que era novo para eles.
Entretanto, por dentro, pela primeira vez em sua vida, Tae também se sentia
seguro. Seguro de si, pronto para expor e pronto para deixar outro alguém
lhe ver inteiro. Despido por inteiro do homem às vezes arrogante demais,
atrevido e corajoso. Enquanto chorava também respirou fundo e chorou mais
por notar que aquela solidão não pôde mais ser sentida, que olhar para si
mesmo ainda causava dor, mas assumir fazia doer menos.
— Eu acho que minha omma queria uma menina, quer dizer... – Tae fungou,
Hoseok não reclamou quando o garoto esfregou o nariz contra seu ombro,
buscando limpá-lo. – Ela já tinha meus irmãos e ter uma menina completaria
a família dos sonhos. Ela nunca me tratou como uma menina, não 'tô dizendo
isso. Mas ela me mimou bastante, costumava fazer de mim um boneco e
nunca vi problema em nada disso, eu era uma criança. – lambeu os lábios. –
Taeseok nunca teve muita paciência pra mim, ele preferia fazer outras
coisas, mas Taewoo... – a voz grossa se tornou mais baixa, ele arfou
baixinho.
— Amor, você não precisa... – Yoongi se preocupou. Ele tentava com todas
as suas forças não chorar. – Se isso te machuca, não precisa falar mais nada.
— Tae...
— Por que eu não pedi ajuda?! Por que quando ele tentou de novo anos
depois eu o bati, mas não contei pra ninguém? – encarou Hoseok. – Hobi...
Por favor, me diga? Me ajuda a tirar isso de dentro de mim? Antes eu disse
que não me sentia pronto pra dizer, mas eu tenho tanta... – o soluço alto fez
Hoseok abraçá-lo mais, praticamente niná-lo em seus braços. – Raiva. Eu
sinto raiva porque quando aconteceu, durante um feriado, minha omma soube
assim que olhou pra mim, ela soube que alguma coisa estava errada, que
alguém tinha feito algo comigo e quando eu contei... – Yoongi secou os olhos
antes que as lágrimas escapassem. – Ela chorou enquanto sorria. Disse pra
mim que eu já era um homenzinho e deveria guardar segredo. Que se
contasse Taewoo teria problemas, que pessoas más o machucariam... Por
que ninguém ligou para o fato de ele ter me machucado? No meu aniversário
daquele ano ele fez outra vez, ele disse que era um presente especial... E o
meu corpo...
— Você era uma criança, Tae! – Yoongi se mexeu no lugar, as mãos grandes
seguraram as laterais do rosto de Taehyung. Ele o olhou nos olhos. – Amor,
você era uma criança!
— Aqui, bebe um pouco. – Hoseok estava de pé, tinha um copo de água nas
mãos. Taehyung negou. – Tae, por favor, só um pouco? Um pouquinho meu
amor.
O garoto não se moveu, mas aceitou quando a borda do copo de vidro foi
encaixado entre seus lábios trêmulos. Bebeu dois goles pequenos, depois
mais um grande e negou. Os mais velhos olharam depressa em direção a
porta quando ouviram-na abrir. As vozes animadas encheram a sala de estar,
Jimin cantarolava a letra de uma música antiga. Não demorou até notarem
que algo estava errado.
— Vem, é melhor a gente ir para o quarto... Hobi diz que você bebeu demais.
– Yoongi sussurrou.
— Jimin, o Tae quer conversar com a gente. Todos nós. – Hoseok explicou
antes de sentar ao lado do namorado mais novo. – Sentem aí, por favor.
— Nossa, até fiquei sóbrio agora. – Jin sacudiu a cabeça e ocupou o sofá
menor ao lado de Namjoon. Jungkook sentou na poltrona, encolhendo as
pernas para abraçá-las. Estava um pouco assustado. – Fala, Tae.
— Hey, se isso for difícil, fala olhando pra mim. – o Park procurou pela mão
alheia, segurando-a com firmeza. – Olha pra mim e fala, 'tá bom? – sorriu um
pouco. – Mantenha seus olhos em mim, Tae.
— Aqui. Não, não abaixe a sua cabeça... – Jimin se ajoelhou entre as pernas
dele, segurando-o pelo rosto com carinho. Também estava chorando. – Olha
pra mim... Eu 'tô aqui, Tae.
— Tae, amor... Você tá tremendo demais e eu não sei o que fazer. – Hoseok
também estava ficando desesperado, Yoongi não parava de caminhar de um
lado a outro da sala.
— Você consegue ficar de pé? Consegue? Vem comigo, 'tá bem? – Jimin o
ajudou. Passou o braço longo por cima dos ombros e caminhou junto dele
para os fundos da casa. Yoongi, mesmo sem entender, abriu a porta francesa
para que saíssem no deque. Imediatamente, graças à brisa fresca do mar, Tae
respirou fundo. – Vem, um degrau por vez, ok?
— Ok. – assentiu.
Na areia fria eles caminharam até perto do mar, depois pararam e Jimin
abaixou o braço de Tae para que pudessem dar as mãos.
— Grita. – sussurrou. – Bem alto. Grita essa raiva como você nunca
conseguiu gritar em toda a sua vida. Grita pro seu irmão, pra sua omma...
Grita por você Tae. Eu vou continuar aqui. E se você parecer um louco...
Grita ainda mais alto.
— Não foi sua culpa. – a voz de Namjoon saiu alta e forte. Taehyung não o
encarou, mas aquelas palavras lhe soaram tão diferentes. Ele gritou outra
vez. – Não importa se as pessoas fazem parecer isso ou se nós mesmos
acreditamos nisso por causa de reações involuntárias, nunca é nossa culpa.
– Tae amassou a areia entre os dedos, chorava tão alto quanto os gritos. –
Não é sua culpa, Tae. Eu juro. Nunca é nossa culpa.
Jimin caminhou até ele e se curvou para beijar o cabelo preso no coque
apertado.
— Vou tomar banho e venho pra gente tentar dormir um pouquinho, ok?
— Hey, não dorme assim bebe, suas costas vão doer. – a voz carinhosa de
Jimin o fez erguer o rosto, mostrando a ele os olhos marejados. – Jungkook.
– Jimin suspirou. – Vem aqui.
— Eu sei. – assentiu, mas o choro baixinho fez Jimin abraçá-lo mais forte. –
Eu acho que não vou saber cuidar dos hyungs.
— Amor, não chora. – respirou fundo, não queria chorar e deixá-lo mais
agitado.
— Por que as pessoas são maus desse jeito? O hyung era só uma criança...
Namjoon hyung também. Por que fazem coisas horríveis assim? Por que
Deus deixa isso acontecer hyung?
— Jimin... – ele ergueu o rosto, então notou que Jimin estava chorando. –
Amor...
— Eu 'tô com raiva, acho que a mesma raiva que o Tae sentia enquanto me
abraçava. Desculpa não conseguir segurar, eu não quero te assustar ou te
fazer pensar que sou fraco demais pra lidar com tudo isso. – fungando, ele
secou os olhos. – É só que...
— Você disse pra mim, naquele dia que me levou café na cama, que estaria
lá por mim e eu também estou lá pra você, eu 'tô aqui Jimin. – apoiou o
queixo sobre o peito dele, a mão tatuada se moveu para que o polegar
recolhesse as lágrimas de um dos olhos. – Não precisa ser forte o tempo
inteirinho ou segurar tudo sozinho, eu 'tô aqui pra você. Eu sou inteirinho
seu, Jimin-ssi.
— Hobi-hyung diz que todo mundo precisa de um "Jimin", então eu vou ser o
seu "Jimin" pra sempre. – se mexeu na cama até estar sentado. – Pra sempre.
— Vocês me ajudaram.
— Existe uma porção de coisas que você vai precisar fazer sozinho...
— Eu sei. – assentiu.
— Mas a cada passo que você der, nós vamos estar do seu lado. – procurou
pela mão dele, entrelaçou os dedos para em seguida a beijar
demoradamente. – Meu homem corajoso.
Taehyung o trouxe para si, para abraçá-lo e assim esconder o rosto contra o
pescoço pálido, enchendo-se com o cheiro da pele dele, aquilo sempre o
deixava mais calmo. Ficou quietinho apenas sentindo o carinho nas costas,
os desenhos soltos que a ponta dos dedos de Yoongi desenhavam de seus
ombros até a lombar.
— Ele está tão quieto. – sussurrou quando Yoongi acreditou que já estivesse
dormindo.
— Eu sei. Ele se importa até demais. – suspirou, queria chorar outra vez. –
Traz ele pra cá, Yoon.
— Hobi...
— E eu sei que nem faz sentido dizer isso, mas eu odeio ter demorado tanto
pra estar aqui pra ele agora. – assumiu. – Por ele ter passado por toda essa
merda sozinho!
— Nós estamos agora. Com ele. Não estamos? – o maior assentiu. – Então
controle toda a sua raiva, isso não é sobre você ou eu, é sobre Taehyung. Ele
nos fez passar por cima de medos para estarmos juntos, ele nos faz parar de
gritar em círculos, ele tem sido a base mais forte desse nosso amor e agora
ele precisa que nós dois estejamos do lado dele. – encarando-se, Hobi viu o
quanto as lágrimas inundavam o olhar felino de Yoongi. – Se você quer
chorar... Como eu quero, volta pra cama Hoseok, abrace o nosso Taehyung e
chore junto dele. Nós vamos fazer isso juntos.
Hobi fungou, mas assentiu. Ele beijou os lábios de Yoongi com carinho e o
ajudou a ficar de pé. De mãos dadas, de certa forma compartilhando da força
necessária para deixar de lado a si mesmo por um tempo, os dois deitaram
na cama, cada um de lado dela para deixar Taehyung no meio. Hoseok o
abraçou por trás, beijou-lhe a nuca, depois o ombro e por fim o cabelo
descolorido.
— Não Tae, você não é ruim. – Yoongi negou. – Amor, ele não vai chegar
perto de você. Eu prometo.
Um olhar que confirmava o que foi dito antes: Taehyung queria o irmão
mais velho morto.
— Meu cachorro não mija nas pessoas! – Yoongi ralhou. – Que desaforo.
Holly faz xixi.
— A gente vai sair daqui a meia hora, façam xixi ou mijem logo porque não
vou parar pra ninguém apertado. – Jin avisou depois de colocar a mala que
lhe pertencia dentro do carro. – Jungkook está proibido de comer ovo
cozido! A vinda já foi horrível com esse garoto peidando.
— A gente o deixou dormir mais um pouco, deve ter saído do banho agora.
— Sou eu. – avisou antes do garoto se virar. – Queria falar com você, pode
ser?
— Achei que fosse o Jimin. – sorriu sem jeito, seus olhos estavam inchados.
– Claro, quer sentar? Eu tiro a minha mala da poltrona-
Os dois não eram íntimos, mas não eram estranhos e talvez isso tornasse a
situação confusa. Tae foi o primeiro a sentar na ponta do colchão e começou
a sacudir a perna direita quando Namjoon fez o mesmo na outra ponta. O
mais velho tirou do bolso um cartão pequeno.
— Pode.
— Ontem, na praia, você me disse que a culpa não é nossa. – o olhou. –
Quanto tempo demorou até pensar isso?
— Os seus pais...
— Minha omma ficou desesperada, mas até hoje eu não sei se foi por mim...
Ou por ter seus planos de família ideal frustrados. Meu appa passou semanas
sem olhar pra mim.
— Por que?
— Porque a babá disse em seu depoimento que nunca havia tocado no meu
pénis, apenas introduzido coisas dentro de mim. Demorei alguns anos até
entender que ele preferia que o abuso fosse diferente. Tae, é egoísta dizer,
mas só quem sofre o que sofremos conseguem entender a forma como nos
sentimos.
— Mas eles não fazem a mínima ideia de como você se sente? – Tae
assentiu. – Vomitar e gritar alivia, mas é igual aos remédios... Os efeitos
passam e outra vez estamos mergulhados até o pescoço dentro dessa areia
movediça densa, gelada... pesada. Existem dias que tudo fica bem, às vezes
semanas inteiras onde as coisas funcionam numa normalidade quase perfeita
pra fazer ficar seguro. Nessas semanas eu era e eu ainda sou o homem que
sempre quis ser, eu estou no topo do mundo... então eu caio do nada, uma
queda livre assustadora, o tempo todo me perguntando quando vou atingir o
chão e me despedaçar inteiro... Mas a gente nunca bate no chão e isso é o
pior. Somos alçados outra vez segundos antes do impacto, dá pra ver o chão
bem na frente dos nossos olhos. Quantas vezes eu implorei por cair de vez,
mas a vida nos ergue de novo, ela faz parecer que vai ser a última vez dentro
desse ciclo que nunca para.
— Eu o amo, Tae. Mas eu não sei o que fazer com o amor porque ainda não
sei como amar a mim mesmo. Nos dias bons eu me suporto, mas nos dias
ruins eu quero deixar de existir, então enquanto a minha vida não for algo
precioso para mim... Eu não vou ser capaz de merecer a vida de outro
alguém.
Namjoon sorriu e ficou de pé, Tae fez o mesmo e sem muito jeito, trocaram
um abraço forte e demorado. Para outras pessoas seria apenas um momento
de afeição entre amigos, para ele era o início de uma amizade moldada pelo
reconhecimento, pela empatia e o respeito.
1 mês depois.
— Tem ASMR.
— Aí eu durmo. – ralhou se jogando para trás no sofá. Bocejando, quis rir
ao ver o namorado colar outra vez os dedos na pequena estrutura que deveria
ser um prédio... Ou uma árvore. Fez careta. – Quer ajuda?
— Depois você vai me fazer te ajudar com essas suas estatísticas, deus me
livre.
— Cala a boca, Park Jimin! E vou te jogar na rua! – atirou nele um canudo
de cola quente.
— Por que vocês estavam brigando mais cedo? – Yoongi quis saber.
— Adivinha? – suspirou. – Recebi uma mensagem de uma garota que fiquei
tem um tempo, ela tá na cidade e queria sair. Eu disse que não daria, que
estava namorando. Ele leu a porra da mensagem e viu a minha resposta,
ainda assim...
— Ele sentiu ciúmes. – Hoseok concluiu. Seus olhos ainda estavam atentos à
maquete.
— E você não pode deixar de fazer coisas que gosta por causa dele e nem
ele por sua causa, Jimin. Comemorar o seu aniversário não quer dizer que
vai fazer alguma coisa errada.
— Yoongi-hyung você sabe que minhas festas são pesadas, quer dizer... Eu
já peguei muita gente e essa gente vai estar lá.
— Jungkook precisa entender que pirar com o que você fez antes é bobeira.
– Hoseok suspirou. – Conversa com ele como tem feito esses meses, ele só
fica bravo quando você não diz nada, se sente confuso e isso o frustra. Você
sabe que precisa ter paciência, mas Jungkook sempre entende.
— Trouxe o jantar. – avisou. Namjoon veio logo atrás com mais duas
sacolas.
— Quero. – assentiu.
— Jimin, se você encostar em mim vou te desmaiar num murro! Você está
fedendo, vai tomar banho! – os dois voltaram à sala. Tae sentou ao lado de
Yoongi e deitou a cabeça em seu colo. – Oi gatinho.
— Oi, amor. – sorriu e se curvou para beijá-lo nos lábios. – Como foi hoje?
— Legal. – deu de ombros. – Uma garota nova foi hoje, o nome dela é Joy. –
sorriu.
— Para de dizer isso, Tae. – Namjoon pediu tímido. – Jimin vai tomar banho
pra jantar.
Jimin bufou.
— Eu resolvi... – Tae disse baixo. – Conversar com o Dr. Lee. – anunciou.
— Usa o meu, 'tá no banheiro. Seca esse cabelo direto, ok? – o mais novo
assentiu.
— Estamos orgulhosos por você dar esse passo, amor. – Hobi sorriu.
Outra vez a porta, então Jin entrou apressado. Parou, encarou os outros seis e
sorriu.
— Hn?
Daegu
— Obrigado por suas belas palavras deputado! E muito obrigado por confiar
em minha capacidade e desejo de reerguer aquilo que há anos perdemos:
nossas tradições! Assim como tenho cuidado de minha família durante anos,
criado meus filhos para serem homens de bem quero cuidar de Daegu e do
país, quero que os cidadãos de bem tenham força! Que se orgulhe!
— Claro que ficou, diferente das merdas que você escreve. – desdenhou. –
Lembra de tudo que eu disse? Como auxiliar appa?
— Você me disse mil vezes. – rolou os olhos. – Isso é chato pra caralho, por
que você não fica e continua fazendo tudo?
— Porque você precisa ser útil pelo menos uma vez na vida, anta. – rolou os
olhos. – E porque Taehyung já está sem supervisão por tempo demais.
— Deixa ele pra lá, pelo menos evita as merdas que ele faz quando está
aqui.
⭐🌙☀
tag: #PillowFic
34 - para sempre
boa noite!!
deixa um votinho!
— Obrigado hyung.
— Tudo bem. – assentiu. Ele observou as próprias mãos e sorriu por causa
da aliança no dedo anelar. – Hyung?
— Hm. – Tae estava dirigindo com uma mão e segurando uma caixinha de
suco de uva na outra. O canudo branco entre os lábios grossos.
— Para com isso! – pediu, estava rindo, mas sentia um pouco de vergonha. –
Queria fazer uma surpresa pro Jimin, de aniversário.
— Ok, tem um sex shop legal no shopping, Yoongi gosta muito de lá, já
comentou algumas vezes. – jogou a caixinha vazia no espaço entre os bancos.
– Me lembra de tirar isso daqui quando chegarmos em casa ou o Hoseok
manda me crucificar.
— Nós três?
— É. – assentiu sorrindo.
— Eu acho que ninguém tem nada a ver com a vida de vocês, e se estão
felizes eu também fico feliz. Hoseok-hyung estava sofrendo muito... Por não
estar com vocês... Juntos.
— Eu não vou contar pra ele, não se preocupa. – sorriu para o deixar
confortável.
— Uma vez eu percebi que os lábios do hyung ficam curvados quando ele
estava triste e que sempre chovia...
— Como assim?
— Quando o hyung chorava sempre chovia, mas quando ele ficava feliz o
Sol brilhava muito.
— Primeiro, é importante que você assuma para si mesmo que isso não
acontece só às vezes. – Jungkook abaixou o rosto. – Me diz sinceramente,
você acha que o Jimin trairia você?
— Não. – negou. – Não é isso.
— O que é então?
— Você fica o tempo inteiro se perguntando quando ele vai achar alguém
mais parecido com ele? – o mais novo assentiu. – Quando ele se vai cansar?
– assentiu outra vez. – Você sente medo de ele te deixar?
— Sinto.
Taehyung pôde sentir o coração apertado. Aquele garoto ao seu lado, mesmo
que tão alto quanto ele, coberto de tatuagens e dono de uma aparência adulta,
parecia pequeno quando se tratava dos próprios sentimentos ou àqueles que
ainda não conhecia.
Dois dias depois da verdade de Taehyung ser contada, Jungkook, sem saber
direito o que dizer ou fazer, chegou em casa com seis combos grandes do
Burger King e os dois devoraram juntos enquanto jogavam Overwatch aos
gritos que naquela noite não incomodou ninguém.
E Taehyung sabe que aquele era o jeito de o mais novo dizer "eu também
estou aqui pra você."
— Mas mesmo sem dizer nada, você continua perto. – sorriu pra ele. – Até
pra chorar com a gente. Ontem eu desci pra pegar água, te vi na varanda com
Namjoon-hyung.
— Ele 'estava sozinho, acho que foi outro pesadelo, eu sei que ele 'estava
chorando, mas não perguntei.
— Fiquei ali com ele. A gente falou sobre caranguejos e depois ele falou
sobre um negócio chamado persona, eu não entendi nadinha, mas fiquei ali
com ele. Eu quase não entendo o que ele fala.
— O hyung é tão inteligente, ele é o mais legal... Agora ele gosta de mim. –
sorriu orgulhoso.
— Agora vamos comprar os presentes dele, não fique pensando besteira, ok?
Depois a gente passa na loja de jogos e vê se chegou alguma coisa nova. –
sorriu depois de estacionar o carro. – O cartão de crédito do Yoongi tem um
limite tão lindo quanto ele. – piscou.
Jungkook riu.
Jin se jogou no sofá da sala de estar e isso fez Namjoon erguer o olhar do
livro grosso que tinha nas mãos.
Ele abaixou os óculos até a ponta do nariz e fechou o livro para apoiar sobre
as coxas expostas graças ao short curto e folgado de dormir.
— Quero que você continue bem aí. – abriu os olhos. – Sendo bonito e
estudioso. – sorriu cansado puxando o nó da gravata. – Se eu soubesse que
sair do estágio para começar a trabalhar com o meu appa fosse me fazer
querer largar tudo e ir morar no Himalaia, juro por deus que não teria
aceitado.
— Ele realmente quer que eu assuma tudo no ano que vem. Acho que minha
omma o convenceu a se aposentar. – abriu a camisa branca e Namjoon
desviou o olhar de volta para o livro e cadernos sobre suas pernas.
— Como eles estão com a gravidez de Sunmi-ssi? – quis saber, queria evitar
olhar para o mais velho.
— Animados. Mas eu notei que ficaram decepcionados quando falei que não
iríamos casar ou algo assim, às vezes meus país são bem arcaicos. Os pais
dela foram mais tranquilos. – com a camisa aberta, ficou de pé e caminhou
para a cozinha. – Jisoo está eufórica! Ela e a Lisa compraram até roupinhas.
– a voz estava um pouco distante. – Fico me perguntando como um negocinho
pequeno daquele jeito vai servir em alguém. – voltou com um copo de água
nas mãos e um pacote de geleias na outra.
— Meu appa conta que minha omma ficou tão sensível aos hormônios
quando estava grávida de mim que o colocava pra fora uma vez por semana.
– ofereceu dos doces a Namjoon. – Sunmi está enjoando muito, não consegue
dormir, as coisas estão difíceis, mas eu não posso ajudar muito mais do que
já faço.
— Acho que ela sabe disso, hyung. – quis confortar. – Você está sempre por
perto cuidando de tudo. Não é mais que sua obrigação, mas não fica se
sentindo mal.
— Lembra daquele apartamento que eu te levei algumas vezes? Aquele que
os meus avós usavam quando vinham visitar? – Namjoon assentiu. – Appa
me deu ele.
Hoseok riu jogando o corpo para frente e batendo palmas sem parar, então
Yoongi, mesmo bravo, sorriu. Os dois, dividindo uma das mesas ao ar livre
da lanchonete do campus, trocaram um beijinho rápido.
— Sei lá! Como você também não percebeu?! Como ninguém percebeu?! –
gesticulou antes de beber mais um gole do suco verde. – Isso aqui é muito
ruim. – Hobi beijou-lhe os lábios sujos do suco grosso.
— É saudável, você sabe. – afagou a coxa dele. – Então, quer dizer que não
é o Holly, é a Holly?
— Sim. Fêmea. – assentiu. – Por isso ela estava estranha, é o primeiro cio. –
explicou. – O veterinário me disse isso.
— Eu não sei Seok, não tô pronto pra ser avó, Holly é minha bebê. – o bico
em seus lábios era lindo. – Sei como se sente quando Jungkook e Jimin
transam.
— Para de falar sobre isso! – ralhou, Yoongi riu e o beijou demorado nos
lábios com gosto de café.
— Hey, o que foi? – perguntou rindo, Hobi o beijava por todo o rosto, os
braços o segurando nas laterais do corpo. – Seok-ah! Amor!
— Sério?! – sorriu.
— Não vou ganhar muito, mas é importante Yoon... Eu 'tô conseguindo... Ele
me disse que eu nunca ia conseguir... – os lábios dele se curvaram.
— Não chora. Você sempre sorri assim antes de chorar. Você 'tá conseguindo
sim. – afagou os cabelos do namorado. – Você vai conseguir. Estou
orgulhoso.
— Te juro, nem que seja aos poucos, vou dar um jeito de pagar tudo o que
você-
— Claro que não é. – rolou os olhos. – Pede pro Tae passar aqui e te buscar
mais tarde.
Hobi saiu depois de beber o que restava do café e Yoongi acenou quando o
viu montar na moto e colocar o capacete vermelho. Sozinho, chamou por um
dos atendentes e pediu o cardápio outra vez. Decidiu pedir por uma porção
pequena de espetinhos de carne e batata frita, além de refrigerante.
E a curta sensação anterior não era atoa, Yoongi estava sendo observado.
— Olá. – a voz amistosa fez Yoongi erguer o olhar. Franziu o cenho por
causa da claridade daquele dia e o homem desconhecido para ele sorriu. –
Min Yoongi, certo?
— Kim Taewoo. – ele puxou uma cadeira para ocupar depois de abrir o
paletó de novo. – Seu cunhado. – sorriu outra vez. – Acho que precisamos
conversar sobre o Taetae.
— A vida dele não te diz respeito nenhum, Taehyung não precisa de vocês.
— Vai pro inferno. – murmurou. Seus braços tremiam. – Sai da minha frente,
volta pro inferno de onde você saiu. Deixa o Taehyung em paz.
— Ele contou a vocês sobre nós dois? – arqueou uma sobrancelha grossa. –
Por isso essa sua reação defensiva? Taetae não é bom em guardar segredos,
então.
— Arisco igual a ele. Não esperava mesmo alguém educado. Taehyung atrai
merda.
— Oh, não Min Yoongi, você não vai fazer. Na verdade, você vai se
desculpar por essa atitude agressiva e me ouvir como uma pessoa normal e
educada.
— Que? – franziu o cenho, rindo com raiva e deboche. – Eu não vou fazer
nada disso.
— Vai sim. Porque se você não fizer... Eu acabo com a vida do Taehyung. –
ficou de pé. – Veja isso como um presente. – apontou para o envelope. – Até
breve, Yoongi.
Hyo suspirou. Como sempre, muito bem vestida. Os cabelos curtos pareciam
macios, a maquiagem leve a fazia parecer sempre jovem. Jimin gostava de
Hyo, ela sempre fora gentil e carinhosa com ele e seus irmãos, mas depois
de saber o passado que a ligava a Jungkook, seus sentimentos estavam
confusos.
— Jimin, eu noto que cada palavra sua direcionada a mim é agressiva desde
aquele dia em Busan, na casa de Chinrae. Ele deve ter falado mal de mim.
— Não, ele não falou mal da senhora. Ele só me contou o que aconteceu. –
deu de ombros.
— Aquilo... É o Jungkook?
— Eu conheci o seu tio no hotel. Não sei, mas ele gostou de alguma coisa em
mim e nos aproximamos até acontecer de verdade, talvez ele tenha se
apaixonado por minha ambição... Já que se parece com a dele. – sorriu um
pouco. – Ele me queria, ele queria me ajudar a conquistar tudo o que eu
sempre sonhei. Mas ele não queria Jungkook. Só a mim.
— Posso entender suas razões de ter ido, mas eu não consigo entender nunca
ter o procurado. Nem quando ele já era grande o suficiente pra entender a
senhora... E ele entenderia. – Jimin sentiu vontade de chorar. – Porque ele é
doce. Jungkook é gentil, tem um coração tão grande, ele ainda deixa um
espaço vazio, te esperando ocupar.
— Eu o trouxe pra perto-
— Tem noção de quantas vezes disse isso? Eu. Quando é que isso vai ser
sobre ele? Quer Jungkook perto para que ele seja feliz ou para sanar a sua
culpa?
— Eu sei o quanto meu tio pode ser persuasivo sobre muitas coisas.
— Preto. – ele pode ouvir a voz de Taehyung ao fundo. – Onde vocês estão?
— Eu não aceitei fazer nada, tia. Jungkook vai comigo porque é o meu
namorado. – ficando de pé, tomou a mochila nas mãos. – Preciso ir, estou
atrasado.
— A gente n-
— Hyung!
— Só isso? – estranhou.
— Tinha. – assentiu.
— Uhum.
Hoseok foi o último a chegar a casa, mas chegou sorrindo por estar
empregado e por ver os outros seis reunidos na sala.
— Boa noite!
— Nada de boa noite, vai contar logo o que tem de contar! Yoongi me deixou
ansioso, isso prejudica a minha beleza. – Jin o intimou. Estava arrumado,
assim como Namjoon.
— Falei que você tinha uma novidade, Seok. – Yoongi avisou. Estava
agarrado a Taehyung, mas o sorriso parecia estranho. – Contei que Holly é
menina e ninguém mais vai andar pelado por aqui, é lei!
— Ela já me viu pelado mil vezes, hyung. Tarde demais. – Jimin deu de
ombros. – Por isso ficava encarando o meu pau.
— O que você tem pra contar, amor? – Tae quis saber quando também o
abraçou para beijar seus lábios. – O que te deixou com esse sorriso lindo,
hein?
— Tomara que você ainda tenha tempo livre, Hobi. – comentou. – Vou
precisar dos seus serviços de arquitetura.
— Pode ir embora, não ligo. – o menor ralhou, Jin o apertou mais no abraço.
– Adeus!
— Ora, mas veja só. – provocou. – Que bonitinho ele, Jimin. Tá criando
bem.
— Vai se foder, para de provocar ele. – Jimin brigou, mas sorria. Jungkook
mordeu o lábio inferior. – Meu bebê se descobriu um bom exibicionista. –
explicou penteando os cabelos de Jungkook por trás da orelha cheia de
piercing. – E quer ter essa experiência, mas não quer alguém estranho. Eu sei
que ele está aprontando alguma coisa, com a sua ajuda Taehyung, você é um
cretino, sabia?
— Estou prezando por sua satisfação sexual, meu amigão. – riu e descruzou
os braços. – Querem isso agora?
— Preciso falar com Hoseok e Yoongi antes, mas por mim... – deu de
ombros. – Topo.
— Saber que você transa? Difícil ele não saber né meu lírio do campo, você
é escandaloso. - Tae tocou o queixo do mais novo.
— Ok. Agora deixa eu levar a água do Yoongi pra ele não me fazer descer
de madrugada outra vez. – rolou olhos.
No quarto, Hoseok guardou a pasta com seus documentos e voltou para cama
onde Yoongi estava deitado de olhos fechados, com o braço em cima da
testa.
— Comprar uma cama grande foi a melhor ideia que já tivemos. – abraçou
Yoongi. – Em que momento a gente trocou de quarto desse jeito?
— Aqui?
Ele rolou os olhos, mas usou a outra mão para massagear o pé dele.
— Vão ficar manjando a sua bunda. – Yoongi murmurou. – Ela é pra dentro,
mas é bonita.
— Só a gente. – Tae sorriu. – Porque ela é nossa. O que vocês mais gostam
no corpo um do outro? – quis saber depois de apoiar-se no cotovelo.
— E os cotovelos do Tae.
— Por isso você fica beijando meus cotovelos? E também fica com a cara na
virilha do Yoongi?!
— Me deixa em paz. – Hobi largou os pés dos dois e deitou entre eles rindo.
— Sobre?
— Falei que ia conversar com vocês antes de qualquer coisa, a gente tá junto
e eu não quero fazer nenhuma coisa que deixe vocês chateados comigo.
— Mas Jimin e Jungkook não são estranhos, Yoon. - Hobi deu de ombros.
— Por que?
— Não, amor. – sorriu negando. – Você tem receio que eu sinta vontade de
estar com eles? – Yoongi assentiu. – É diferente de quando é você e o Hobi,
eu amo vocês dois, desejo vocês dois. Jimin me chamou porque Jungkook
quer tentar isso, mas não quer alguém estranho. Vou ficar excitado porque
sexo me deixa excitado, mas não por eles. Entende?
— Entendi. Olha, se você quer, por mim tudo bem. - Yoongi sorriu.
— Nossa, que avanço! – Hobi o abraçou, deixando beijinhos por seu rosto. –
Meu gatinho ciumento está progredindo.
— Vocês têm certeza que 'tá tudo bem eu fazer isso? – os mais velhos
assentiram.
— Mas! – Hobi soltou Yoongi para montar em cima dos quadris de
Taehyung. – Você vai ter de dar em nós dois uma surra gostosa de pau como
recompensa por sermos namorados tão compreensivos.
— Eu vou quicar gostoso em você, amor... E não vai poder tocar em mim. –
sorriu atrevido.
— Hoseok?
— É o que?!
A risada gostosa era contagiante, o corpo pálido se mexia como se ele não
tivesse forças graças ao riso. Hoseok tentou, mas num sopro ruidoso se
entregou ao riso também.
— Eu não acredito nisso... Eu não acredito que vocês dois estão rindo! Eu
até broxei! – Tae reclamou, mas Yoongi escondeu o rosto contra seu ombro,
então ele estava rindo também. – Quer merda Hoseok!
— Acho que eu nunca ri tanto assim antes. – Yoongi respirou fundo. – Vocês
dois me fazem viver os momentos mais incríveis da minha vida.
— Yoon...
— A gente não precisa de nada tradicional porque nada em nós três é assim.
– segurou a mão de Hoseok e deslizou a aliança pelo dedo dele. – Nós
vamos só prometer que tudo isso vai durar pra sempre. – pegou a mão de
Taehyung, as algemas fizeram barulhos quando ele deslizou o anel pelo dedo
dele. – Que vamos nos amar pra sempre... Eu sinto como se amasse vocês
dois desde sempre, desde quando eu ainda não era eu aqui. – a voz grossa
ficou embargada, ele fungou. – Isso é estranho, eu devo parecer maluco. – riu
sem jeito. – Ando sonhando com cerejas e a voz de vocês dois me dizendo
para seguir um caminho feito delas... Eu 'tô fazendo isso agora, 'tô seguindo
esse caminho com vocês dois.
— Yoon, você está tremendo. – Tae ficou agoniado por causa das algemas,
queria abraçá-lo, fazer com que ficasse calmo. – Hoseok, sério, abre isso
aqui.
— Aqui. – Hoseok voltou com uma pequena chave na mão. Engatinhou até os
namorados e abriu as algemas. – Pronto. Yoon, o que foi?
— Nada. – negou. – Acho que ando sensível demais.
— Eu caso contigo. – Hobi sussurrou antes de beijar sua mão. – Aqui. Caso
contigo.
— Antes de nós três, eu achava que o amor era um ruim. – Tae abraçando
Yoongi e brincando com os dedos de Hoseok, sorriu. – Que era subtrair de si
mesmo para adicionar em outras pessoas, abrir mão sabe? – Hobi assentiu. –
Mas o nosso amor se multiplica, então a gente divide igualmente entre nós só
pra amanhã multiplicar mais um pouco.
— Vocês vivem dizendo que eu sou Sol. – Hoseok deu de ombros. – Yoongi
é a Lua e o Tae uma constelação inteira de estrelas... A gente precisa ficar
junto pro Universo funcionar direito, por isso estamos juntos aqui agora.
Era tão seguro ali, queria poder nunca mais sair daquele quarto, nunca mais
ficar longe dele e de Hoseok.
Mas ele sabia que graças ao conteúdo daquele envelope, Kim Taewoo o
procuraria em breve...
⭐🌙☀
#PillowFic
35 - simpatia para o diabo (parte I)
oi oi oi!!
é a parte 1/3, então posso dizer que começa assim leve, mas depois...
apertem os cintos, teremos turbulências por aqui.
Mas era necessário filtrar o que deveria carregar na mente, tentar pelo
menos. Namjoon observou, a mente traiçoeira quase pendendo para coisas
ruins, para os quando era pequeno o suficiente para se esconder entre os
vasos maiores, cobrir os ouvidos ignorando os chamados constantes.
Delegacia, hospital, terapia... Delegacia, hospital, terapia.
— Aceitei por sua causa. – foi claro. – Ainda quero entender porque você
voltou pra cá depois desses anos. Quando eu me mudei, você foi embora
também e agora...
— Vou explicar. Não se preocupe, agora vamos entrar. Hm, o que tem nessa
sacola?
Na sala de estar da casa, Eunji, que estava sentada no sofá maior, ficou de pé
e sorriu para o filho. Parecia ansiosa, Namjoon notou o quanto ela havia
emagrecido.
Namjoon franziu o cenho, não esperava algo novo dos pais, mas nunca
imaginou que Eunji se mostraria diferente num bom sentido. Ela não
reclamou de suas roupas largas demais, do cabelo grande e muito menos dos
quilos extras. Parecia até sua omma antes de tudo acontecer.
— Agora eu estou bem. – Eunji estava prestes a chorar. – Obrigado por vir.
Nari entrelaçou os dedos aos de Namjoon, ela sabia que se não o fizesse era
capaz de ele virar as costas e ir embora. Dentro de si também havia rancores
direcionados a Hanguk, mágoas criadas graças ao comportamento daquele
homem diante do que aconteceu há dez anos, mas naquele espaço de tempo
desde que ele a procurou, Nari tentava entendê-lo.
— Muito bem. Agora faço parte de um grupo de apoio para pessoas que
passaram por algo como o que eu passei. Lá acolhemos e ajudamos, além de
direcionar aqueles que não tem condições de pagar por um tratamento
particular, para instituições financiadas por doações. – Namjoon estava
orgulhoso.
— Obrigado, omma.
— Alguns. Mas as doses estão diminuindo. Tomei por anos e não poderia
parar de uma vez.
— Tem dormido bem? – Nari lhe serviu mais pedaços de porco grelhado.
— Acho que sim. Antes era mais difícil, meus amigos me ajudam, quando eu
não consigo dormir, alguém sempre fica perto, conversando, me faz bem.
— Gostei, omma, muito obrigado. Estou até usando. – ele largou os hashis
para mostrar melhor o bracelete prateado no pulso esquerdo. – É muito
bonito. – Obrigado, appa.
— Queria dar um jantar pra você... – tentou, mas estava receosa. – Para os
seus amigos. Nari-ah faz aquele bolo de limão com formato... Aquele urso...
Que você tanto gosta.
— Eu já comemorei.
— Será que você nunca pode fazer alguma coisa pra agradar a sua mãe,
Namjoon?!
— Hanguk...
— Não. Você está aqui por causa dela. – apontou para Nari. – Não por nossa
causa. Só por isso! Nem minhas ligações você tem atendido.
— Você não se importa com nada Namjoon. Nada! Só com você mesmo! –
levantou a voz. – Sua mãe tem te ligado todos os dias e você sequer retorna
pra saber se está tudo bem! É um egoísta!
— O senhor quer me usar! Quer usar tudo o que aconteceu comigo porque
perdeu a capacidade de escrever qualquer coisa sozinho!
— É por isso que a senhora 'tá aqui?! Pra me fazer perdoar as coisas? Você
me conhece melhor que os dois, Nari... Mas não use isso contra mim desse
jeito, eu preciso de tempo e-
— Não temos tempo, Namjoon. Sua mãe não tem tempo. – Hanguk ocupou
outra vez seu lugar na mesa e penteou os cabelos grisalhos para trás.
— Não... Não se atreva. – a mulher secou o rosto com pressa. – Não se
atreva!
— Atrever a que? O que está acontecendo?! Por que você voltou a trabalhar
aqui nessa casa, Nari?! Por que vocês se importam agora?!
— Não! Para com isso! Eu sei que tem alguma coisa acontecendo! Fala,
Nari! – ela o encarou e num suspiro cansado, negou. – Omma? – tentou com
a mãe. – Omma, o que 'tá acontecendo?!
— Nada, não é-
— Se não me falarem a porra que 'tá acontecendo, juro que vou embora e
nunca mais piso nessa casa! Nunca mais!
Hanguk encarou Eunji nos olhos e o viu cair no choro quando ele mesmo
secou os olhos antes de falar.
— Aneurisma cerebral.
— Que você me deixe ficar perto por causa disso. – ela secou as bochechas.
— Eunji, por favor, se acalme... Não vai te fazer bem todo esse choro. –
Nari a ajudou a beber um pouco de água, as mãos bonitas de Eunji estavam
tremendo.
— O que é isso?
— Namjoon...
— Eu não aguento mais ficar aqui... – negou, mas seus olhos caíram em
Eunji. – Omma, sinto muito...
Ele saiu apressado, aquele lugar o sufocava como antes, as lembranças boas
sequer tinham força contra as ruins que pressionavam seu corpo inteiro,
queria esmagá-lo.
— Não precisa. Por favor, fica aqui com ela... Com a minha omma, fica aqui
e cuida dela. – Namjoon estava com dificuldades para falar. Queria chorar. –
Cuida dela, por favor, Nari-ah. Diz que eu vou falar com ela, mas não
agora... Eu não posso agora, eu não consigo.
— Eu não vou pra casa. – negou secando os olhos. – Eu já sei o que fazer.
— Jin, por favor... Vem logo. – pediu baixinho, chorando abafado dentro da
mão. – Por favor, hyung... Eu preciso de você.
— Me dê... Sete minutos. Fica num lugar aberto, ok? Respira fundo.
— Não desligue, não precisa falar, mas não desligue. Me deixa ouvir sua
respiração. Você quer contar junto comigo? Podemos fazer isso juntos.
Jin desceu do carro com pressa, não fechou a porta e antes de se aproximar
de uma vez, respirou fundo e lembrou das coisas que passou a ler sobre
crises psicológicas. O celular na mão esquerda ainda estava em chamada.
— Isso. Você consegue respirar melhor agora. Pode tentar, por favor? –
Namjoon parou de caminhar e assentiu, o peito largo se encheu de ar. – Eu
vou desligar...
— Vou desligar porque já 'tô aqui. – disse mais alto e Namjoon o viu. – Eu
'tô aqui, Joonie. – se aproximando mais, Jin estendeu os braços e Namjoon o
abraçou forte. – Você 'tá indo bem. Vamos pra casa?
— Não. – negou agarrado a ele. – Me leva pra ficar com você, Jin-hyung.
— Se você sopra assim acaba dando bolhas. – Jimin avisou e sorriu quando
o namorado enrugou o nariz numa caretinha teimosa. – Teimoso.
— Jungkook, você sabe que se eu fizer aquilo que me pediu a gente vai ficar
uns dias sem namorar, não sabe?
— O suficiente pro meu pau não cair. – Jungkook riu e se jogou ao lado dele
na cama, logo se virando para Jimin o fazer de conchinha menor. – Eu amo
você. – disse beijando a nuca exposta.
— Alguma coisa eu devo estar fazendo errado pra você ainda se sentir
inseguro desse jeito toda vez que eu alguém se aproxima de mim, amor. –
penteou o cabelo dele para trás da orelha. – Posso te perguntar uma parada?
— Pode. – assentiu.
— O teu tesão, esse fogo todo... É o teu jeito de ser menos inseguro. Escuta,
eu não tô reclamando disso até porque amo fazer amor com você, mas
sempre que a gente briga terminamos na cama, sem conversar direito... Eu já
vi muito relacionamento afundando desse jeito.
— Não existe problema no ciúme, mas se ele se torna algo recorrente, se ele
domina as nossas ações, pode se tornar ruim. – Jungkook assentiu. – Eu sei
disso.
— Quando você fala assim fico me perguntando como sabe tanto disso. –
apoiou a mão no rosto dele, sobre a bochecha macia. – Porque te faz ficar
triste.
— Jimin, isso nunca vai acontecer. – selou os lábios dele. – Vou fazer uma
promessa... Eu quero que a gente dure pra sempre, então não vou mais
deixar o meu ciúme fazer a gente brigar.
— Quero que você confie em mim, mas quero ainda mais que confie em
você. – o puxou pela cintura, trazendo-o para mais perto. – Jungkook, você é
um homem lindo e sexy. Cada pedaço de você me deixa louco. Sua voz, seu
cheiro, seu jeito... Até quando parece ter uma pane no sistema e fica olhando
pro nada...
— Jimin!
— Uhum. Obrigado.
— Eu sei que você não quer falar sobre o que aconteceu na casa dos seus
pais, quer continuar em silêncio?
— Qual proposta?
— Isso você tem razão. – piscou segurando a mão de Namjoon para beijar
os dedos. – Gosto de sabão. – fez careta. – Preciso te entregar uma coisa...
Fica aqui.
— Hn? O que você... Jin você vai escorregar!
Seokjin saiu da banheira, nu e coberto de sabão. Usou uma das toalhas para
enrolar nos quadris e saiu do banheiro. Namjoon suspirou. Minutos depois, o
mais velho voltou com uma caixa de joalheria nas mãos.
— Respeite o seu hyung, Kim Namjoon-ah! – ralhou, mas sorria. – Eles são
um par. Foram feitos juntos, são especiais por causa disso e por outra coisa.
— Que coisa?
— Eu sei que você não gosta muito de dourado, então ele vai ficar comigo.
O prateado é seu e ele tem uma configuração que o regula automaticamente
para o fuso-horário de onde estiver, então o dourado também muda. – ele
tirou o relógio prateado da caixa e a deixou no chão, perto da garrafa de
vinho. – Você o usa... Em qualquer lugar... – ele colocou o relógio preso ao
pulso de Namjoon.
— A água hyung...
— Está tudo bem, é a prova. – sorriu. – Onde você estiver, você o usa e eu
vou saber quando o meu mudar, então vou poder deduzir em que lugar do
mundo vai estar. Você vai me levar no pulso esquerdo, o lado do seu teu
coração.
— Não importa. Eu derrubaria o mundo pra ir até você. – beijou a mão dele
de novo. – Pra te fazer ficar bem, mesmo que nós dois saibamos que você
precisa fazer isso sozinho.
— Eu consigo ver que vai ficar tudo bem. – sorriu. – A minha omma... Ela...
— Quer me contar?
— Aneurisma. Eu não consegui ficar pra entender mais, mas eu sei o que é e
sei o que faz. Mas isso é estranho.
— O que?
— Fui insensível.
— Não, Namjoon. Você não foi! E eu tenho propriedade pra falar sobre você
ser insensível.
— E se acontecer, Jin?
— Tem certeza?
— De vez em quando eu preciso ficar te tocando pra ter certeza que você
existe.
— Por que?
Seokjin sorriu.
A mão livre afastou o cabelo úmido do rosto de Namjoon, enquanto os
lábios se aproximavam devagar.
Ele tateou a nova cama de casal, procurando Jungkook, mas não achou o
namorado ali. Só o travesseiro dele.
— Eu não mereço isso, meu deus. – Taehyung batia a testa contra o batente
da porta do outro quarto. – Eu não mereço.
Hoseok batia uma colher de pau contra uma panela e ao seu lado, Jungkook
cantava tão alto quanto ele. Vestidos em bermudas folgadas, aventais de
plástico e bandanas coloridas que seguravam todo o cabelo para trás.
— Hoseok, se você me dirigir a palavra eu juro por deus que termino com
você, SEU DESEQUILIBRADO. Me larga! – se debateu quando Hobi o
abraçou por trás, dando beijinhos em seu pescoço. – Inferno de homem chato
com faxina!
•••
— I got a pocket, got a procketful of sunshine... Do what you want, but
you're never gonna break me... - Hobi começou a cantar junto da rádio. Os
quadris soltos rebolaram um pouco, então Taehyung riu dele e rolou os
olhos.
— Sticks and stones are never gonna shake me, no! - Jungkook continuou.
— Do what you want, but you're never gonna break me... - o mais novo
completou.
— Mas o que está acontecendo nessa casa?! - Seokjin, parado na porta com
as duas mãos nos quadris, quis saber. Namjoon, começou a rir.
— Sua vez hyung! - Hobi apontou para Jin. - Seu solo! - Jimin lhe jogou o
espanador.
— And there's no more lies in the darkness, there's light and nobody cries,
there's only BUTTERFLIES... TAKE ME AWAY!
— Fica todo feliz não que a cozinha é sua, campeão. - Hobi avisou.
— Você vai me dizer logo o que 'tá rolando ou eu vou ter de puxar assunto,
Yoongi?
Seokjin perguntou quando Yoongi, mais uma vez, torceu o pano dentro de um
balde com água. Os dois haviam trocado com Jimin e Taehyung, não
confiava naqueles dois cuidando dos banheiros.
— Não. Nem tem como isso agora, a gente tá passando por coisas demais,
mas é bom ficar perto um do outro.
— Você tá com cara de que transou. Esse sorriso fácil, ombros relaxados.
— E você tá com cara de quem virou a noite acordado. Não pra coisa boa. -
ele terminou de limpar o espelho, então começou a recolocar os objetos de
higiene no lugar. - O que foi?
— Aquele monstro foi atrás de você?! Como ele... Yoongi, isso é muito
sério! Você não pode-
— Pesadas quanto?
— Nível polícia. Coisas que o irmão dele deu um jeito de colocar pra baixo
do tapete só pra não sujar o nome da família. Taewoo me deu um envelope,
cópias de documentos... Algo que o Tae fez e ele conseguiu abafar.
— Mas se ele expor isso vai sujar o nome da família Yoongi, não faz sentido
nenhum!
— Isso é horrível. - Jin lamentou. - Como alguém tão incrível como o Tae
pode ter vindo de uma família podre assim?!
— Eu não sei o que fazer. - secou o suor da testa com as costas da mão.
— Hyung...
— Eu tenho medo.
— Medo do Taewoo?
— Esse é mais um motivo pra você falar. Yoongi, lembra do começo? Jimin
dizia que Hoseok e Taehyung eram como duas bombas, que você era o único
capaz de contê-los pra não explodir. Agora você tem o detonador dos dois
nas mãos. Você quer esconder até alguma merda acontecer e tudo voar pelos
ares? Ou você quer desarmar esses dois contando o que está acontecendo?
Você não vai dar conta se eles explodirem ao mesmo tempo.
— Eu posso tentar...
— Amor não é isso. - suspirou. - Amor não significa se estrepar inteiro pra
poupar quem você ama, Yoongi! Isso nem é saudável. Me escuta, por favor?
- Yoongi assentiu. - Até agora você não sabe o que fazer porque está
raciocinando sozinho por três pessoas... Se fosse o contrário, se aquele
monstro tivesse ido atrás do Hoseok, ia querer que ele escondesse isso de
você e do Taehyung?
— Ele parece saber muito sobre vocês, é justo que saibam sobre ele. - coçou
o queixo. - Dessa parte eu cuido. Conta pra eles, se abre como Taehyung fez
naquele dia. Isso é amor.
— Eu te amo e quero o seu bem. Sempre vou querer o seu bem Gi. - o puxou
para beijá-lo na testa. - O que o Taehyung fez de tão sério?
Taehyung secou a garrafinha de água e trocou um olhar com Jimin antes que
esse subisse para o próprio quarto.
— Eu vou andando!
— Hey, tudo bem? - Taehyung, puxando Yoongi pela cintura, o beijou nos
lábios.
— Tudo sim. - assentiu. - Mas se você ousar bater umazinha eu te deixo dois
meses sem cuzinho.
— Tchau, neném... Eu vou trazer Burger King pra você. - Hobi sorriu antes
de fechar a porta.
— O que foi?
— Ele me pediu pra esperar. O que vocês dois aprontaram? - estreitou os
olhos.
— É segredo. - piscou. - Mas você vai gostar, confia na sua alma gêmea.
— Pode entrar.
— Caralho Jungkook.
— Ok.
— Vocês ainda não começaram? Porra! - respirou fundo. Ele riu nervoso e
assentiu.
— Olha como o meu bebê é educado, Tae. - elogiou e o garoto sorriu. Amava
elogios. - Você deixou a bandana porque quer ser amordaçado, mas por que
a palmatória? Eu só castigo meninos maus.
Jimin entendeu.
— Eu sei que você quer me chupar, eu sei que você quer que eu foda a sua
boca e goze nessa sua carinha linda, mas meninos malvados merecem
castigo e a minha porra é o seu prémio. Tira esse short e sobe na cama, de
joelhos.
— Assim fica difícil que eu te entenda, sabe o que fazer nesse caso, amor.
— Jimin... - choramingou.
— Você é bom nisso. - Tae elogiou e Jimin piscou pra ele. - Maldito. -
sorriu.
— Por que, Jimin? - Tae passou o indicador ao redor dos lábios. Era notável
o volume na parte frontal do moletom cinza.
— Porque ele gosta muito da ideia de me deixar com tesão em público. Olha
só como ele está agoniado para se tocar só por me ouvir contar o quanto é
um putinho. - dizendo isso, aumentou a potência do massageador para nível
dois.
Tae gemeu junto dele, baixo. Beijo grego sempre seria seu ponto fraco.
Jungkook lambeu os dedos dele, lambuzou como queria fazer em outro lugar,
chupou três deles e foi empurrado de volta para o colchão.
— Jimin...
— Oh, agora você quer os meus dedos curtos, Jungkook?
— Você acha que merece isso? Quer os meus dedos a noite inteira?
— Cospe. - choramingou.
— Puta que pariu. - murmurou. Jungkook sorriu o encarando, mas aos poucos
a expressão se tornou de prazer. - Você me deve Jimin, me deve muito.
Jimin riu e tirou os dedos para abaixar a cueca, masturbou o pau teso com a
lubrificação deles e buscou uma camisinha.
— Vem aqui. - ele a vestiu e segurou Jungkook pelos quadris. - Sem gemer.
Se você gemer eu tiro. - o mais novo assentiu. Jimin se encaixou nele e
entrou devagar, pedaço por pedaço, vencendo o aperto delicioso. A cada
centímetro que ele ganhava, Taehyung apertava mais as pernas.
Quando o namorado parou, ele entendeu sem precisar uma única palavra.
Bastou Jimin deitar e Jungkook o montou, deslizou o pau dele para dentro de
si e assentiu.
— Você 'tá louco pra isso, não tá? - Jimin sorriu enquanto Jungkook suga
seus dedos, sentando lentamente, rebolando.
Taehyung sorriu quando ele o encarou. Jungkook era uma bagunça bonita.
— Você quer se exibir pra ele, quer que ele te veja quicando assim, se
fodendo inteirinho em mim, na minha pica. Menino atrevido. - bateu no rosto
dele, de leve, antes de segurar o queixo pequeno.
— Deixa eu dar pra você assim? Do jeito que você mais gosta, Jimin.
— Vem.
Jimin o ajudou a sair de cima, então escorreu até a beirada da cama e deitou
de novo com as pernas para fora, os pés apoiados no chão frio. Então,
Jungkook, de costas pra ele e de frente para Taehyung, abriu as pernas e
sentou de novo, gemendo enquanto o pau de Jimin deslizava para dentro de
si. Ele apoiou os joelhos na cama e as mãos nos joelhos do namorado.
— Ele tem coxas fortes. - Tae descruzou as pernas e as abriu mais, expondo
sem pudor o volume teso da ereção.
Jimin o deixou se acalmar, o beijou na pele suada até que o garoto parasse
de se mover.
Jungkook assentiu e saiu do colo dele com cuidado, ajoelhou entre as pernas
fortes e tirou a camisinha que o cobria.
— Obrigado Tae.
— Não me agradeça. - sorriu, seu rosto estava corado. Ele estava muito
excitado.
— Obrigado hyung...
— Uhum.
Jimin sorriu.
Yoongi não entendeu quando Taehyung levantou do sofá depressa assim que
entraram em casa.
— Tae, eles me fizeram ver um filme de terror. - Hobi reclamou, mas soltou
um gritinho quando Tae o pegou pelas pernas e pendurou no ombro. - O que
é isso?
Tae não disse nada, mas com Hobi nos ombros e trazendo Yoongi pela mão,
subiu as escadas e se trancou no quarto que os pertencia.
36 - simpatia para o diabo (parte II)
OI PILLOTALKERS!!
estou caindo de sono, por isso não vou escrever muito aqui nas notas,
desculpa :(
☀
A música, mesmo baixa, dava pra ser ouvida desde o último degrau da
escada, assim como os gemidos demorados de Yoongi. O tom manhoso e
arrastado, quase preguiçoso que seguia segundos antes do estalar de
madeira, do colchão espaçoso sobre o box da cama alta.
A mão ágil de Hoseok logo alcançou a guia da coleira que deveria estar ao
redor de seu pescoço, mas não estava. Ele a enrolou na mão direita e fez o
mesmo com a segunda guia mais leve. As puxou, queria atenção. Yoongi e
Taehyung quebraram o beijo, praticamente rosnaram juntos com o solavanco
das coleiras que usavam, então isso fez Hobi sorrir agraciado.
— Seok... Caralho, isso... - apertou mais a cintura dele entre os dedos, usou
mais força.
— Que? Não... Amor!? - ralhou apontando pro próprio pau. - Vai me deixar
assim!? Eu machuquei você? Quer trocar?
— Uhum. - assentiu.
— Ok, 'tá certo, eu não vou dar pra mais ninguém nessa porra! Que se foda
esse caralho! - ralhou, mas ao tentar sair do colo de Taehyung, teve a cintura
abraçada e o rosto atacado com beijinhos apressados. - Me larga!
— Mas se não for bom pra você a gente para na hora. Ok?
Outra vez Hoseok enrolou a guia do mais novo dentro da mão. Taehyung
deitou contra os travesseiros e segurou a cabeceira com uma das mãos
enquanto a outra continuava afagando a coxa lisa de Hobi.
— Se machucar...
— Amor... Me beija.
— Mexe... Um pouquinho.
— Seu ridículo. - Hobi riu baixinho e lhe mordeu o pescoço. - Vem Yoon,
devagar.
Tae encarou Yoongi e assentiu para que continuasse, a mão subiu para afagar
a lombar do namorado, massagear com a ponta dos dedos.
— Não... Não!
Yoongi se puxou para fora e Tae fez o mesmo, logo deitando Hobi ao seu
lado. Hoseok resmungou, seu corpo estava tremendo, mas ele parecia
irredutível.
Taehyung não estava mais na cama, então eles ouviram o chuveiro aberto.
— Para com isso Hoseok! A gente nunca teve problemas com isso! De falar
de sexo ou essas coisas. O que está rolando contigo? - Yoongi vestiu de
volta a cueca preta e puxou do cabelo as orelhas de gato da mesma cor. -
Quer água?
— Hoseok... Eu sei que você tá puto. Você sempre fica puto quando não
consegue fazer alguma coisa, mas amor. - Tae suspirou. - A gente tenta
depois, isso não é tão importante assim. Ou você não gosta do nosso jeito de
fazer amor?
— Lógico que gosto. Eu amo. - ele assentiu. - Mas eu achei que ia ser bom,
quer dizer... Quando eu li as pessoas diziam que era bom.
— Isso não quer dizer que vai ser bom pra gente também. - Yoongi, de
joelhos sobre o colchão, tirou carinhosamente as orelhinhas presas ao cabelo
do namorado. - Você não precisa ficar pesquisando essas coisas, a gente
decidiu deixar tudo acontecer como tem de acontecer. Fazer amor com vocês
dois sempre é gostoso porque a gente se ama.
Ajeitando os travesseiros, fez Hobi deitar sobre eles de barriga para baixo.
Sob os quadris colocou um para que empinava a bunda para cima. Hobi
encolheu os braços sobre o peito e fechou os olhos ao sentir os beijos
calmos de Yoongi em suas costas. Segundos depois o calor morno da toalha
macia cuidadosamente encostada onde estava doendo.
Quando Yoongi saiu, vestindo uma camiseta larga, Tae deitou ao lado de
Hobi e apoiou o corpo no cotovelo direito. Afastou a franja suada que cobria
os olhos castanhos que o encararam de volta: envergonhados e cheios de
lágrimas.
— Eu amo que você seja marrento e teimoso, mas isso acaba te machucando.
Por favor, promete que nunca mais vai fazer isso, eu odeio te machucar.
Hoseok, nenhum de nós precisa ser malabarista sexual...
— Só o Jimin. - brincou.
— Você não vai querer saber que ele e o Jungkook são praticamente Cirque
du Soleil...
— Eu amo você. Yoongi ama você. E isso já faz o nosso sexo ser o melhor
do mundo. A gente faz amor...
— Vai tomar no cu, idiota! - brigou, mas Tae o abraçou de lado, com
carinho. - Eu amo você.
A voz de Jungkook estava estranha, muito mais contida e baixa. Jimin até
estranhou, mas estava sonolento demais para se atentar mais. O mais novo
ajoelhou na cama para afagar o cabelo longo do namorado.
— Jimin?
— 'Tá muito cedo... Por que você já acordou? A gente quase não dormiu...
Você me arrebentou ontem-
— Jimin...
—Bom dia, Jimin.
A voz grossa de Kisung fez Jimin abrir os olhos de uma vez. Ele encarou
Jungkook e o viu vermelho feito um tomate maduro. Sentou na cama, tomando
cuidado para não mostrar demais e só então encarou os pais de pé perto da
cama.
— Bom dia. - sorriu coçando a nuca. - Que surpresa! Appa, omma... Oi.
— Antes que essa situação vire contra mim. - o Park mais velho
desconversou. - Aqui, o seu presente, Jimin.
— Meu Deus! Nossa! Nem sei o que dizer! Muito obrigado! - Jimin estava
muito feliz enquanto abraçava os pais outra vez. - Obrigado de verdade! Eu
adorei. Obrigado por confiar em mim.
— Que presente é melhor do que esse? Minha família, meus amigos e o meu
amor junto de mim? - abraçou-o pela cintura. - Oi.
— Isso eu faço com certeza. - assentiu antes de selar os lábios aos do menor.
- Amo você. Amo sua voz rouca quando acorda, amo esses olhos
pequenininhos, esse bafo azedo e essas remelas grudentas.
— Amor, sério, não fica conversando muito com o Taehyung. - cobriu a boca
com a mão, o maior sorriu. - 'Tá ficando igual a ele.
— Veremos.
— Para de enrolar, cadê? Eu sei que você preparou alguma coisa. - estreitou
o olhar.
— Hey! Hey! Cala essa boca linda, meu amor. - Hoseok cantarolou de olhos
arregalados.
— Que macho mais chato! - ele tirou do bolso uma folha de sulfite dobrada e
um pequeno cartão de visitas. - Aqui. A gente vai lá amanhã.
— Tae desenhou algo que liga nós dois, então vamos tatuar juntos. - o
aniversariante explicou animado.
— Agora eu sei disso, obrigado JK. - bagunçou o cabelo dele. - A gente foi
até um abrigo e esse carinha meio que grudou na perna do Jungkook, então eu
concluí que se ele gostou tanto assim do Jungkook é porque com certeza tem
muita coisa em comum com você.
— Meu deus eu sou avô. - Hoseok disse observando o casal. - Jin você fez a
gente ser avô.
— Avô? Jungkook vamos devolver esse gato agora mesmo, eu não tenho
idade pra ser avô de ninguém! - negou pegando a caixa. - Bota ele aqui de
volta, não deu tempo de se apegar.
— Para hyung, deixa eles. - Namjoon, que estava rindo, o puxou para perto. -
Olha que bonitinho.
O gatinho cheirou a bochecha de Jimin e depois o nariz de Jungkook. O casal
sorriu.
— Quem?!
Jimin o beijou nos lábios e de mãos dadas entraram no hotel, indo direto
para o restaurante que estava quase vazio por ser um dia comum. O
aniversariante sorriu ao ver os pais, mas o semblante passou a ser sério
quando notou as outras pessoas à mesa.
— Olha, eles chegaram! - Jihyun foi o primeiro a abraçar o irmão mais
velho. - Feliz aniversário hyung. Que saudade!
— Feliz aniversário meu bolinho mais lindo! - Solar abraçou Jimin com
carinho, enchendo-o de beijinhos. - Ainda lembro quando você jogava
papinha na minha cara e comia minha maquiagem.
— Jungkook... Esse é o meu tio Eunwoo. - Jimin apresentou, mas havia tanta
tensão em sua voz que foi impossível Jungkook não notar.
— Obrigado.
— Claro que vou gostar, Jiji. - ele sorriu. - Vem aqui, me dê um abração!
— Boa tarde.
— Não. Obrigado.
Yoseob observou atentamente quando Taewoo chamou de volta a garçonete
uniformizada para pedir a ela outra taça de vinho, também observou o olhar
indecente do jovem homem para as costas da garota.
— É casado?
— Eu? - riu baixo. - Não. Ainda não encontrei a mulher certa para o
matrimônio, mas já avisei a minha omma que aceito quem ela escolher. Os
pais sempre sabem o que é melhor para os filhos, eu sei que minha omma vai
escolher uma mulher boa. - assentiu. - O senhor comentou sobre fazer isso
com o seu filho...
— Yoseob-ssi?
— O que?
— Como eu dizia, vou contar ao senhor o que estou fazendo para acabar de
vez com a brincadeirinha inconsequente do meu irmão, seu filho e o tal
Yoongi. - Yoseob assentiu. - Eu sei de muitas coisas que Taehyung fez
porque eu era encarregado de apagar o nome dele de qualquer confusão ou
problema para dessa forma poupar o nome da nossa família. Infelizmente
meu irmãozinho era propício a problemas, então ainda guardo uma porção de
pequenos processos que não dariam em nada se desenterrados.
— Então?
— Taehyung? - negou. - Ele não vai dobrar com isso, mas os outros dois
vão.
— Como assim?
— Não sei.
— Isso... O que está fazendo... Tem certeza que vai conseguir separá-los? -
ele bebeu de uma vez o que sobrava do uísque. Taewoo assentiu. - Hoseok
ama Yoongi desde muito novo. Eu sei. - voltou a observar as próprias mãos
ao redor do copo vazio.
— Ele também ama Taehyung. Yoseob-ssi, sabe que isso vai machucá-lo,
não sabe?
— Jimin... Por que não me contou que a professora Hyo é sua tia?
Jimin o encarou nos olhos, abriu a boca uma vez e a fechou, lambendo os
lábios em seguida.
— Você acha? Nossa, Hyo-ssi é uma ótima professora, fico honrado que ela
veja potencial em mim. - sorriu de forma orgulhosa. O coração de Jimin
estava apertado. - A sua prima é engraçada.
Jungkook encarou aquele homem por algum tempo. Era bonito e bem vestido,
dono de uma postura impecável.
— Gostei sim. A gente passou lá antes de vir aqui, já tive algumas ideias. -
ele deu a mão a Jungkook, entrelaçou os dedos aos dele.
— Você nem para no país, Jihyun! Filho ingrato. - Minji bateu com o
guardanapo. - Parece um andarilho.
— Um mês.
— Hyo me contou que você vai ser patrocinado pela universidade... Num
projeto. - Eunwoo comentou. - Algo sobre um aplicativo de banco de dados
para grandes empresas de segurança privada.
— Não faça isso querido, por favor... Não se curve assim. - Hyo negou, mas
antes que suas mãos pudessem tocar os ombros do filho, Jimin a olhou
negando. - Está tudo bem, eu disse ao meu marido que o seu projeto tem base
e só precisa de patrocinadores.
— Jimin, eu sou grato que tenha o trazido até aqui, mas quero lhe pedir para
nos deixar fazer as coisas da forma que planejamos. - Eunwoo encarou o
sobrinho.
— O que você quer dele?! Você quer que ele te perdoe? Então para de
mentir pra ele!
— Não estou fazendo isso pra proteger vocês! Estou fazendo isso por
Chinrae-hyung.
— Chega!
Jimin foi até o bar para dar um beijo na irmã e pegar Jungkook, que sem
entender os motivos, apenas o seguiu para fora do hotel.
FLASH BACK ON
Era ano novo, a casa estava cheia de pessoas, mas ainda assim, Yoseob só
precisava de uma pessoa.
— Ajeite essa camisa, está tão amassada. - a voz gentil, porém autoritária,
de Jiyoon o fez assentir depressa enquanto desamassava a frente da camisa
branca. - Fique perto, o seu appa quer lhe apresentar a filha de um amigo.
— Omma-
Aos dezesseis anos sentia-se sufocado porque a cada dia os pais o cercavam
mais com obrigações voltadas ao único filho. E ele os amava demais para
simplesmente desobedecer.
— Bu!
— Ah!
Yoseob desviou o olhar. Encarar Syuk por muito tempo lhe deixava
estranho.
Bang Syuk, apenas um ano mais velho, era seu amigo desde o jardim de
infância. Também era aquele que o fazia sentir confortável em qualquer
lugar.
Syuk era bonito. Muito bonito. Yoseob sabia disso porque grande parte das
garotas do colégio mandavam cartas e presentes, até mesmo lanches
deliciosos que o mais velho fazia questão de compartilhar com ele. Ele
sabia que Syuk era bonito porque também achava isso.
— Seria impossível não descobrir. Venha aqui, Yo. - o chamou com a mão
para sentar ao lado dele na cama. Yoseob sentou ali e o encarou de perto. -
Seu rosto está sujo de geleia. - usou a ponta do polegar para esfregar a
geleia que sujava uma das bochechas de Yoseob. - Não fique corado assim.
— Desculpe...
— Eu não minto pra você nunca. - sorriu depois de limpar o rosto bonito. -
"Depois de renascer de um casulo obscuro, a borboleta bate as asas
apenas para morrer em um jardim qualquer...!
— Eu gravei ontem.
— Sozinho?
— Meu hyung ajudou com a bateria. - ele deu play e os primeiros acordes da
música baixa puderam ser ouvidos. - Você me disse que é a sua favorita.
— Hyung... A porta.
Syuk assentiu e se apressou para trancar, depois ele estendeu a mão e sorriu.
— Dança comigo?
— Vem, 'tá tudo bem. - assentiu. E bastava aquilo. Yoseob se sentia tão
seguro.
— Sua voz é tão bonita cantando, hyung. - confessou. - Parece até a voz
desses cantores famosos. - riu um pouco.
— I gotta tell you what I'm feeling inside, I could lie to myself, but it's
true... There's no denying when I look in your eyes... Boy... I'm outta my
head over you. - Syuk cantou enquanto os olhos estreitos encaravam
Yoseob. - O seu coração 'tá batendo rápido demais.
— Eu sei. Isso sempre acontece quando a gente fica perto assim. Hyung... A
gente é homem...
— De mim?
Dahye respirou fundo antes de entrar no escritório. Ela deixou sobre a mesa
de mogno escuro a bandeja com o jantar e encarou as costas do marido que
continuava parado no mesmo lugar há horas: diante da janela.
— Trouxe o jantar.
Ela o viu servir outra dose de uísque, então se aproximou para tocar suas
costas com carinho.
— Dahye...
— Você é feliz?
— Sou.
— Eu não acho que exista alguém que seja feliz o tempo todo, querido.
A voz dela era mansa, calma e contida. Aquilo assustava Yoseob no começo.
Ele bebeu outra vez, ela não se moveu.
— Eu também, mas eles precisam entender que nós queremos apenas o bem
dos dois. Na nossa época os filhos eram mais obedientes. Nós dois fomos
obedientes.
— Por que escuta tanto essa música? Está a ouvindo desde que chegou. Acho
que essa música fez sucesso quando ainda era adolescente.
— Você já imaginou alguma vez como tudo seria se nós dois nunca
tivéssemos casados?
— Procura o seu filho. Procura o Hoseok. Yo, não faz o seu filho sofrer o
que você sofreu... Você quer que ele esteja como você está agora daqui
alguns anos? Lembra do conto das borboletas?
— O jardim é a sua vida, volta pra sua vida nem que seja por pouco
tempo, nem que isso pareça tarde. Sai desse casulo. Procura o seu filho.
— Ele é seu, ele nunca vai odiar o pai dele. Igual a você que nunca
conseguiu odiar o seu.
— Taemin, vai com calma. - sussurrou para ele. Taemin rolou os olhos, mas
assentiu. - Obrigado por vir.
— Mas vocês não conseguem manter o nível das conversas? - Jin rolou os
olhos.
— Minha mãe sempre me disse para não me envolver com bateristas, que
eles são os piores.
— Eu falei pro rabudo fazer isso. Ao invés de ficar se privando das coisas,
levar o Jungkook junto. - Tae explicou. - Assim ele se sente seguro e vê que
não precisa temer nada.
— Oi baby.
A voz familiar fez Hoseok se virar depressa. Bobby sorriu. Estava um pouco
diferente, o cabelo raspado e as bochechas mais magras.
— Bobby.
— Não vai me dar um abraço?
Hoseok ficou de pé para o abraçar como antes, afagando suas costas largas
com carinho.
— É. Acho que sim. - deu de ombros. - Meu deus, você está rosnando? - se
dirigiu a Yoongi.
Hoseok suspirou.
— A minha mão na sua cara também é livre! - cruzou os braços. - Mete o pé,
vai logo!
— Mas é um-
— Yoongi! Hey, calma amor. - Hobi o segurou pela cintura. - Ele tá fazendo
de propósito, não compensa. Calma, meu gatinho.
— Não é nada disso. - o abraçou mais, dando beijos por seu rosto. Taehyung
ainda massageava a costela. - Ia dizer só pra ele que vi dois amigos dele lá
na frente do palco.
— Não bate nele não hyung, por favor. - pediu enquanto Jimin mostrava a
língua a Hoseok.
— Vou pedir alguma coisa pra você comer comigo, ok? - Jimin assentiu. -
Quer alguma coisa em especial?
Ele saiu do colo do namorado para que ele fosse até o bar. Tae o encarou.
🌙
— Hyung? - Jungkook chamou o chefe acenando. Aquele lugar estava muito
cheio. - Aqui!
— Quer ajuda?
— Pra beber?
— Dinheiro ou cartão?
— Cartão.
— Ai, desculpa!
Uma garota pediu segundos antes de esbarrar nele. Era baixinha. Ela o
encarou e sorriu.
— Não tem problema. - disse outra vez. A mulher ajeitou a franja para trás
das orelhas.
— Sou sim.
— Jungkook, certo?
— Um pouco. Sabe, ele meio que conhece todo mundo. - sorriu mais.
Jungkook concordou com um sorriso simpático. - Eu trouxe um presente pra
ele, mas me ligaram e eu preciso correr pra casa agora. Problemas com o
meu filho.
— O meu nome é Minseo. Ele vai lembrar, tenho certeza. Muito obrigado
Jungkook.
— De nada, Minseo-ssi.
#PillowFic!
oioioi 😋
Vinte minutos depois, quando Jungkook voltou à mesa, Jimin não estava.
— Hey, ele foi lá fora buscar os tios. - Taehyung explicou enquanto roubava
uma das batatas fritas. - Yoon, eu 'tô com fome.
— Por via das dúvidas, eu vou comer cebola também, aí a gente fica igual.
— Ok.
— Garoto egoísta! Depois de tudo que eu fiz por você! FALSO! - Tae bateu
a mão na mesa, mas estava querendo rir. - O que é isso? - apontou para o
embrulho pequeno ao lado da torre de batatas.
— Olá, crianças!
A voz animada de Park Minji roubou a atenção de todos. Ela fez questão de
beijar o rosto de cada uma de suas crianças enquanto Kisung apenas os
cumprimentava com um meio abraço carinhoso. Os dois não lembravam
tanto o casal elegante, visto que agora usavam roupas mais condizentes ao
ambiente. Jeans, camiseta de banda e jaqueta de couro.
Dava para notar melhor o quanto Jimin era parecido com o pai.
— Senta aqui, omma. - o aniversariante puxou uma cadeira para ela bem ao
lado de Seokjin enquanto o pai ficou entre Jungkook e Taehyung. - A gente
vai começar daqui uns vinte minutinhos. Vão beber?
— 'Tô ótimo, tia. Jimin, vou buscar alguma coisa pra comer, eu peço as
bebidas. O que vai ser?
— Seokjin eu sempre te usei de exemplo, mas você não sabe nem colocar
uma camisinha neste pinto. - Minji bebeu um gole da cerveja, os outros riam.
— Eu sei sim, mas na hora... O tesão não deixa a gente pensar.
— Sei bem...
— Você acha que eu e o seu pai te fizemos como, garoto? Por telepatia?
— Quem fala pernoitar? - Jin sussurrou, mas recebeu uma batata frita na
cabeça. - Desculpa, tio.
— Saímos bem cedo, a viagem de carro era parte da aventura. Mas o carro
quebrou no quilômetro 121 da rodovia. - Jimin estava escondendo o rosto no
pescoço de Jungkook. Ele sabia daquela história, ela o deixava
envergonhado. - Eram duas da manhã.
Jimin não disse nada a ele, mas lhe mostrou o dedo do meio.
— Tia, converse com o seu filho sobre educação.
— Não briguem assim, crianças. Vou ter de dar uns tapas nos dois? - Minji
franziu o cenho.
— Sim, tia. - ele assentiu. - 'Tá tudo indo bem, estamos fazendo dar certo.
— Certo. Fico feliz de vê-los bem. E esses dois aqui? - sussurrou apontando
disfarçadamente para Jin e Namjoon?
— Eu ainda posso roubar de volta o meu lugar, garoto! - Jin gritou enquanto
as pessoas riam.
— Yoongi-hyung, Namjoon... Moni... - sorriu para os citados. - Hoseok-
hyung, o baterista mais pistola da Ásia. - apontou para trás. Hobi lhe
mostrou o dedo médio. - Tá vendo? Obrigado aos meus pais que fazem
questão de contar a forma como fui gerado em todo aniversário que faço.
— Ele 'tá dizendo a verdade. Você é forte amor, eu tenho tanto orgulho. -
Yoongi o abraçou, encolhendo-se no colo dele.
— Once upon a time, not so long ago. - Jimin sorriu. - Tommy used to work
on the docks, union's been on strike, he's down on his luck. It's tough, so
tough. Gina works the diner all day working for her man, she brings home
her pay... For love, love!
— Vamos lá pra frente? - Jin estava animado, cantando alto, então apenas
assentiu para seguir Namjoon.
— Ah, não seja modesto, querido. Ele nos mandou um vídeo seu há alguns
dias, você estava cantando tão bem. - Minji acarinhou o cabelo dele. -
Deveria cantar com ele, seria tão bonito.
— Quando ele me contou que queria fazer direito fiquei confuso, jurava que
ele ia optar por ser idol. - Kisung confessou. - Mas ele diz que não
conseguiria seguir tantas regras ou lidar com toda a falta de privacidade, eu
o entendi depois disso. Ainda mais por conta da sexualidade.
— Gostamos de você, Jungkook. Muito. Você o faz bem, o faz sorrir. - Minji
sorriu. - Obrigado por estar o ajudando tanto, ele precisava de alguém igual
a você depois de tudo o que aconteceu.
— Não me agradeça, eu amo o Jimin. - sorriu um pouco, mas ficou calado.
Do que exatamente os pais dele estavam falando?
— Eu sei que vocês sempre cantam comigo, então hoje como um pedido
especial de aniversário eu vou querer que me ajudem a cantar para a pessoa
que é responsável por me fazer o cara mais feliz do mundo todos os dias.
— Jungkook.
— Ele é muito tímido, mas eu preciso que você venha aqui bebê.
— Pode. - assentiu.
— Vem aqui cantar comigo. - Jimin sentou à beira do palco e puxou-o para
ficar de pé entre suas pernas. - Pode ir, Hobi-hyung.
— Sheets of empty canvas, untouched sheets of clay, were laid spread out
before me, as her body once did... Canta comigo, amor. - pediu sussurrando.
— All five horizons revolved around her soul... - a voz grossa de Hoseok o
fez olhar para a bateria. Jungkook viu seu hyung cantar de olhos fechados,
mas sorrindo.
— Tattooed everything.
Cantou o abandono.
Então, naquele momento, Jungkook sentiu que estava no lugar mais seguro do
mundo e que nada poderia alcançá-lo. Nada.
— Why?
Yoseob olhou ao redor enquanto entrava no bar, apesar das roupas informais
temia chamar atenção demais. Parou em um canto do bar, pediu uma garrafa
pequena de cerveja e voltou olhar ao redor, buscando a pessoa que deveria
encontrar. Tantos jovens, casais trocando beijos apaixonados, pessoas
bêbadas gritando a plenos pulmões a letra da música que ele também
conhecia.
Lembrou das poucas vezes que conseguiu escapar para ir com Syuk a lugares
assim.
Talvez aqueles dois fossem as únicas coisas boas que tivesse feito na vida.
E do palco, Hobi mandou um beijo voador para Yoongi e Taehyung, mas sua
expressão se tornou confusa ao reconhecer o homem que o encarava do
balcão, à direita, quase escondido. Ele estreitou os olhos, quase errou a
batida de Here I Go Again quando teve certeza.
— Yoongi... Yoon!
— Pra que? Pra infernizar a cabeça dele outra vez? O senhor não acha que já
fez o suficiente?! - gesticulou. - Deixa o Hoseok em paz, Yoseob-ssi. Ele
quer ser feliz, ele 'tá feliz!
— Você tem certeza? - o tom de voz não era agressivo, isso deixou Yoongi
desconfortável. - Você sabe que ele sente falta da família dele, Yoongi.
— Não procura o Hobi! Vai viver a sua vida de mentira e o deixa viver a
vida dele de verdade! - Yoongi estava nervoso, seu corpo estava tremendo.
— Amor, calma... O Hobi não para de olhar pra cá, ele vai largar o show e
pular aqui se te ver assim. Por favor, deixe pra lá.
Yoongi respirou fundo, sentiu vontade de gritar por lembrar das ameaças
daquele homem, do jogo sujo que fez com um adolescente apaixonado.
Yoseob o dava asco.
Taehyung suspirou.
— Taehyung, certo?
— Não, eu não gosto do seu filho, senhor Jung. - rolou os olhos. - Eu amo o
Hoseok. Amo o Yoongi. Mas isso não diz respeito nenhum ao senhor.
— Pergunte ao Yoongi. Diga ao Hoseok que... - ele outra vez encarou o filho,
o viu com o semblante aflito. - Não. Não diz nada. Eu vou embora.
— Foi bom comer aquelas cebolas. - Jin sorriu com os lábios ainda juntos
dos lábios de Namjoon.
— 'Tá. Mas eu também tô. - deu de ombros o abraçando mais pela cintura. -
Quer escapar daqui?
— Não. - negou. - Eu sinto que a gente tá indo bem demais pra lembrar do
que rolava antes.
— Desculpa?
— Não me pede desculpa por isso, não é sua culpa. Nem minha culpa. É
culpa da vida, ela não foi justa com você e é um direito seu procurar justiça
da forma que precisa. Eu amo você...
— O que o meu appa estava fazendo aqui?! O que ele falou pra vocês dois?!
— Eu não sei Hoseok! Não sei! Mas deixei bem claro pra ele não aparecer
mais...
— Ele não viria atrás de mim logo aqui! Com certeza aconteceu alguma
coisa! Minha omma-
— Se fosse algo assim, ele teria dito. - Tae estava encostado a parede, de
braços cruzados. - Hobi... Existe alguma possibilidade de o seu pai conhecer
o meu irmão mais velho?
— Ele falou sobre o meu irmão. Seu pai falou sobre Taewoo.
— Eu não entendi direito, ele não falou algo sobre Taewoo, mas o citou do
nada. Eu também não entendi nada.
— Que porra 'tá rolando? Meu pai aparecer aqui e ainda por cima citar o seu
irmão? Não faz sentido!
— Espera Hoseok! Espera! - Tae estava muito tenso. - O que ele te disse? O
que ele queria com você?
— Ele me ameaçou... Quer dizer, ele não fez isso diretamente, mas me
entregou um envelope com documentos.
— Tae. - Yoongi respirou fundo outra vez. - A gente sabe que você
aprontava pra caralho quando era mais novo, 'tá tudo bem. Eu ia contar Seok,
eu juro por deus! Hoje, quando a gente chegasse em casa, no nosso quarto, ia
mostrar o envelope e contar, mas o seu pai apareceu e falou sobre Taewoo,
estou confuso.
— Ele disse que teria de fazer o que ele quer pra proteger o Taehyung.
Taehyung sorriu sem humor, o corpo pesado escorregou contra a parede até
estar sentado no chão frio. Yoongi e Hoseok trocaram um olhar.
— Eu sabia... Sabia.
— Não queria omitir, senti tanto medo que virei a noite olhando vocês dois
dormindo. Não vou mentir, eu 'tô com medo... Aqueles documentos falam
sobre um assalto e outra coisa que eu não entendi direito, cheguei a cogitar
pedir ajuda ao Namjoon ou ao Jimin.
— Não. Eu não. Não diretamente. Uma das garotas surtou, ela 'tava chapada
pra caralho... Atirou em um cara. Eu era menor de idade, só soube do que
rolou bem depois, praticamente quando o cara morreu no hospital três dias
depois. - Yoongi fechou os olhos e apoiou o corpo na parede oposta. -
Quando ele morreu eu já era maior de idade, um dia depois do meu
aniversário. Eu não machuquei ninguém, sei que também foi minha culpa...
Eu dirigi e-
— Não. Ele não vai! - Hoseok negou de forma brusca, o puxando para os
braços.
— Ele vai dizer que reabre o caso se vocês não me deixarem, vai usar da
minha maioridade quando o cara morreu, vai me fazer ficar sozinho outra
vez... Eu não quero ficar sozinho, Hobi...
— Tae... Taehyung, olha pra mim. Olha pra mim, meu amor. - o segurou
mais, faz com que o olhasse de perto. - Respira fundo...
— Por favor, respira fundo... - Yoongi estava ao lado deles. - Calma, não se
desespere desse jeito porque é exatamente o que ele quer.
— Vamos mostrar os documentos pro Namjoon, pedir que ele converse com
o pessoal do escritório onde faz estágio. O Jimin entende muito bem desses
casos, é a área que ele quer entrar. - Yoongi o segurou pela mão, entrelaçou
os dedos aos dele. - A gente vai resolver isso, eu juro Tae.
Taehyung assentiu de rosto baixo, ele não diria em voz alta, mas já sentia
estar perdendo Hoseok e Yoongi.
— Preciso te mostrar uma coisa. - ele estava sério. Colocou a mochila sobra
a ilha de mármore e de dentro dela tirou o embrulho misterioso. Estava sem
o laço, aberto. - Ontem o Jungkook trouxe isso pra mesa, disse que uma
garota com pressa tinha dito pra ele entregar esse presente.
Jimin os pegou, viu as coisas ali enquanto seus olhos se abriam mais graças
ao choque. Eram fotos. Fotos de Jungkook junto do pai, depois fotos de
Chinrae e Hyo conversando em um lugar movimentado, em seguida fotos das
duas famílias com dizerem explicativos. O cartão dourado, aquele que
chamava mais atenção, era uma foto dele com Jungkook, os dois almoçando
em um restaurante com a legenda brilhante: amor entre primos.
"Almoço em família."
— Foi Minseo, eu sei... Mas o que ela quer dizer com primos?
— Jimin. Jimin! Para! Para agora! - o segurou pelos ombros. - O que 'tá
acontecendo?!
Jimin o encarou e o coração de Namjoon se apertou. O conhecia tão bem,
sabia lê-lo com facilidade o suficiente para enxergar naquele olhar assustado
toda a culpa que tentava esconder. Jimin desabou. Os ombros tremeram
assim como os lábios antes de as lágrimas chegarem.
— Namjoon... Eu vou... Vou perder o Jungkook. Ele não vai entender, não
vai... Eu não sei o que fazer.
— Hyung...
— Jimin... - ele suspirou. - Eu não sei se quero saber sobre o que são essas
coisas, eu não sei se quero participar disso se for algo que magoe o
Jungkook.
— Jin-hyung...
Os lábios de Jimin tremeram outra vez. Ele abaixou o rosto, então Seokjin
respirou fundo.
DIAS DEPOIS.
Hoseok se abaixou para trancar o último cadeado das portas bonitas da
academia. Estava tarde, passava das dez horas. Ele guardou o pequeno
molho de chaves dentro da mochila e atravessou a rua vazia em direção ao
carro de Yoongi que estava usando durante a semana.
Quando encaixou a chave na porta, ouviu o som de uma porta batendo mais
adiante. Franziu o cenho ao ver um homem se aproximar. Estava bem
vestido, seus sapatos caros anunciavam os passos firmes enquanto se
aproximava.
Ele não conhecia aquela voz, muito menos aquele homem. Mas ele tinha
traços familiares.
— Quem é você?
— Pelo menos você parece mais educado que Yoongi. - ele abriu um dos
botões do paletó preto. - Eu tenho algo para te entregar, mas creio que o
doente já tenha lhes falado.
#PillowFic
ois piticos 💜💜
vamos ler??
n esquece o votinho
____
Dava para ver as pessoas que iam e vinha no corredor largo da delegacia
através do vidro médio da porta pesada. Também podia ver um policial
vigiando-o, parado diante da porta como se ele fosse idiota o suficiente para
tentar fugir.
Acontece que, tomado pela raiva, Hobi só se deu conta do que havia
acontecido quando um dos policiais o mandou fazer a ligação. Levou
minutos encarando os joelhos, o jeans molhado, dentro da viatura enquanto
era levado para a delegacia mais próxima.
— Jung Hoseok, 24 anos. - um policial entrou na sala fria, era alto e parecia
cansado. - Você tem uma pequena passagem por uso de drogas há quase um
ano. - o homem colocou sobre a mesa um bloco de poucas notas impressas. -
Agora é agressão. - suspirou. - Garoto, eu estou profundamente cansado e
devia estar em casa ao lado da minha esposa, mas por causa de
playboyzinhos iguais a você estou aqui. Por que você agrediu aquele outro
homem?
— Senhor-
— Não, não foi o seu amigo. - Yoseob sentou ao lado oposto do filho. -
Ele... - apontou para o advogado. Hobi não o conhecia, mas aquele homem
não era um dos muitos advogados da família Jung, aqueles que estavam
presentes nos jantares sem graça que sua mãe organizava. O homem sorriu
para ele. Alto, cabelos negros, olhos fortes e... O lembrava Taehyung. - Ele
estava aqui para resolver umas coisas e te viu chegar... Ele se chama Syuk.
— Syuk?! - Hoseok franziu ainda mais o olhar. - Bang Syuk? Aquele homem?
— Appa...
— Eu acho que nós precisamos conversar, Hoseok... Sem brigar, sem gritos
ou ameaças por minha parte. Quando Syuk ligou, atendi e desliguei, mas ele
disse o seu nome e isso me fez continuar ouvindo... Eu fui corajoso pra
atender, mas covarde pra continuar... Você foi a razão.
— Vai me tirar daqui e usar isso para me obrigar a-
— Hoseok, se acalme... Escute o seu pai. - Syuk tinha um tom de voz ameno,
transmitia segurança mesmo que Hobi não o conhecesse.
— Cadê a sua aliança? Por que esse homem 'tá aqui com o senhor? O que 'tá
acontecendo?
— Os seus namorados estão vindo, eu acho que vocês podem ter essa
conversa depois.
— O senhor largou a omma? É isso? Largou ela pra ficar com ele?
— Ela não quer falar com o senhor, não depois de ter passado dois anos
fingindo que ela sequer existia. O senhor acha que as coisas que fez com a
gente podem simplesmente desaparecer porque agora quer foder com esse
cara?
— Hoseok... Por favor, escute o que o seu pai tem pra falar.
— Cala a boca! Você nem me conhece! - ficou de pé. - Ele nunca quis me
escutar e eu tenho de fazer isso agora?! Por que?! Sabe o que percebi nesse
tempo longe? Que não preciso do senhor pra nada! Eu trabalho, vou me
formar e ter a minha casa, minha família com Yoongi e Taehyung! Eu sou
feliz, appa! Eu não sou doente, mas o senhor é!
— Não...
— Deixe-o, Syuk.
— Eu não preciso de cura pra nada, mas o senhor precisa! Sua doença é não
ter amor de ninguém porque só sabe machucar quem te amava! - Hobi secou
os olhos marejados. - Diz quanto foi a fiança, vou pagar centavo por
centavo...
— Eu quero pagar! Não quero que o senhor jogue isso na minha cara quando
for conveniente.
— É melhor que você saia, Hoseok. Está tudo resolvido, pode ir para casa.
Pode perguntar o valor da fiança diretamente ao promotor que está lá fora.
Syuk saiu do caminho para que o garoto passasse, não disse nada depois de
ouvir a porta bater com força. Yoseob apoiou os cotovelos à mesa,
respirando fundo, tentando controlar o tremor do próprio corpo.
— Eu posso... Te levar até a sua casa... Estaciono longe, ninguém vai ver e-
Yoseob estava tenso. O corpo forte e cansado travava uma luta dolorosa
entre a razão manipulada pela cura e a emoção de ter outra vez os toques de
Syuk. Deveria se afastar? Deveria continuar? Aquilo o jogaria no inferno?
Ou viver sem aquilo era estar no inferno?
— Como? - a voz dele estava embargada. - Você 'tá tocando o meu corpo e
eu não consigo mais distinguir essa realidade porque a minha mente pinta
isso como um erro.
— Yoseob...
— Me tira daqui...
— Eu 'tô bem, espera aí... Calma Yoongi... Taehyung para com isso!
— Hyung, deixa pra limpar isso em casa, não vai adiantar fazer agora com
saliva.
— Fica quieto! Seu rosto 'tá machucado! - Yoongi estava com a voz
embargada. - Você quer me matar, Hoseok... Quer me fazer cair duro! Você
tem noção do que eu senti quando Taehyung me falou o que aconteceu?
Lembrei daquela noite, de ter desmaiado na neve e-
— Hey, hey... Calma. - Hoseok segurou as mãos dele com carinho. - Yoon,
eu 'tô bem, 'tô aqui e inteiro.
— Então vamos passar num hospital pra ver isso, fazer um-
— Não precisa, lá na delegacia eles me ajudaram, não tem nada além disso
aqui. - apontou para o próprio rosto.
Yoongi suspirou, mas Hobi o puxou para se aconchegar em seus braços. Ele
encarou Taehyung, a outra mão segurou a maior com carinho até que os olhos
estivessem sobre os seus.
— Eu 'tô bem. - sussurrou, mas Taehyung não disse nada. Parecia sério
demais.
— Não, mas ele deve ter melhorado depois do remédio, ele vai ficar legal
logo. - sorriu um pouco.
Seokjin pensava o tempo todo em formas de fazer mais por ela, mas não
sabia como e isso o deixava frustrado.
— Aqui, o hyung fez. Minha avó sempre fazia esse chá quando eu e Jisoo
ficávamos com dor de barriga. - o ajudou a sentar na cama. - Coloquei até na
sua xícara do Iron Man.
— Você não está com febre. - o tocou na testa. - Ainda acho que você comeu
alguma coisa estragada. Quer tentar tomar uma sopa? Eu faço bem rápido.
— Hm?
Jungkook franziu o cenho, era estranho que Jin puxasse esse assunto porque
de todos ali, o hyung mais velho era aquele que mais evitava o deixar
desconfortável.
— Não muito.
— Meu appa jogou fora a maioria das fotos, ela também não gostava muito
de tirar fotos... Ele disse.
— Uma vez, eu tinha dez anos... Depois disso eu não quis mais.
— Porque se ela não ligar pra mim eu também não vou me importar com ela.
— Não. Hyung eu não tenho rosto nenhum pra reconhecer e isso me poupa de
sair por aí procurando por ela. Ela também não me reconheceria. - deu de
ombros.
O rosto baixo denunciou a Jin que aquela conversa com estava o fazendo
bem. Ele ficou suspirou.
— Olha pro hyung, JK. - o garoto ergueu os olhos grandes. - Desculpa, eu só
queria saber. Isso é direito seu. Teu appa não deveria ter jogado as fotos
fora, não foi justo com você porque ela faz parte da tua existência, entende?
— Eu tenho certeza disso. Mas agora você é um homem adulto, então... Por
favor, não se baseie apenas nas coisas que o seu appa, Jimin, Hoseok ou até
mesmo eu, determinamos, ok? Tome suas decisões, faça suas escolhas
sozinho. - se aproximou para afagar o cabelo escuro e embaraçado. - O
hyung te ama, ok?
Já passava de meia noite quando Hoseok ocupou seu lado da cama espaçosa.
Ele abraçou Yoongi, buscando o corpo menor para se aconchegar até ser
abraçado ao deitar a cabeça sobre o peito dele.
— Yoon...
— E eu sei que a gente tinha combinado fazer as coisas com calma, esperar
até Namjoon verificar a situação do Tae.
— Qualquer coisa que não te fizesse ser preso. Você já tem problemas por
causa daquela vez... Seok-ah... O seu appa-
— Uhum.
— O que?!
— Também não entendi direito. Appa estava sem a aliança, o outro cara me
disse para escutá-lo... Me pediu para esperar até conversamos os três: eu,
appa e Jiwoo.
— Sim, não faz sentido! Ele com certeza 'tá tramando alguma coisa, eu tenho
certeza. Vai tentar prejudicar a gente, me ameaçar.
— Ok, você não precisa ouvir nada. - o beijou na testa. - Ainda dói? -
perguntou tocando com cuidado a maçã machucada do rosto alheio.
— Estava com o Jimin, ele ficou muito nervoso. Daqui a pouco ele vem,
você sabe que ele precisa de um tempo quando fica nervoso.
— Eu sei. - assentiu, então Yoongi bocejou. - Vamos dormir? Deita do
jeitinho que você gosta.
— Eu te amo.
— Eu te amo, Yoon.
— Você não vai fazer isso. - Hoseok sussurrou, mas seus olhos marejados
estavam focados na rua.
— Achei que ele fosse perceber antes de você. - Taehyung soprou a fumaça
para cima.
— Meu appa me ligou ainda há pouco. Taewoo disse a eles que o meu novo
caso promíscuo é um homem agressivo e dependente químico. Me
mandaram voltar para Daegu.
— O filho da puta fez de propósito, não fez? Ele sorriu quando a polícia
chegou.
— Eu não te culparia, quero fazer a mesma coisa desde os meus quinze anos.
Você ao menos é mais corajoso que eu.
— Você não vai fazer isso, Taehyung. - tragou demoradamente. - Você não
vai deixar a gente.
— Hobi...
— Você não vai desistir de tudo que a gente tem pra viver...
— Ele não vai deixar a gente viver. - a voz embargada estava baixa. Hobi o
viu acender outro cigarro. - Ele sabia do teu problema com drogas e agora
sujou ainda mais o seu nome, o seu futuro... Ele vai dar um jeito de fazer a
mesma coisa com o Yoongi.
— E que droga de futuro você acha que vai existir se a gente não tiver você
junto?! - gesticulou. - Que droga de futuro esse amor vai ter se ele não for
inteiro? Achei que eu e ele fossemos mais importantes ao ponto de te fazer
enfrentar isso... - sorriu. - Você quer aquele que ama menos num
relacionamento? Ou o mártir que sacrifica? A gente não quer a droga do teu
altruísmo, a gente quer você.
— Você vai ficar com a gente. Juntos, amor. Você não 'tá mais sozinho
Taehyung, você nunca mais vai ficar sozinho. - beijando os cabelos dele, o
abraçou mais forte. Ele também estava chorando. - Nunca mais me deixa ver
isso nos teus olhos de novo.
— O que?
— Um caminho...
— Feito de cerejas. - ele abaixou o rosto para beijar os lábios do mais novo.
- Você é um universo de estrelas, é o nosso céu e eu preciso de você de dia e
Yoongi precisa de você de noite, é o nosso ponto de encontro e por isso
passamos tanto tempo longe... A gente precisa de você. A gente ama você
mais do que seria possível explicar e ninguém no mundo vai mudar isso. -
Taehyung assentiu, os olhos marejados outra vez. - Ninguém.
— Ninguém. - repetindo, ganhou um beijinho na ponta do nariz.
— Esquenta ele, Yoon. - Hoseok apagou a luz do abajur e o abraçou por trás.
Chegou a cogitar deixar tudo, mas bastou estar em seu lugar para perceber
que nunca conseguiria. Não naquela vida e provavelmente em nenhuma
outra.
Jimin olhou ao redor antes de fazer aquela ligação, mesmo com Hoseok
vigiando o quarto. Trocaram um olhar breve enquanto o mais novo esperava
ser atendido.
— Alo?!
— Chinrae-hyung, é o Jimin.
— Estou bem, hyung. Jungkook acordou mais disposto, ele 'tá ajudando o
Jin-hyung com o almoço. O senhor está bem?
— Sim, obrigado por perguntar. - ele ficou em silêncio. - Jimin, o que você
quer me falar?
— Hyung?
— Pode-se dizer que sim. Agora eles interferem até nos projetos dele, isso
está errado hyung.
— Jimin... Eu não-
— Hyung, eu te respeito muito, mas não acho que essa situação deva
continuar assim. Jungkook tem o direito de saber e decidir se quer ou não
deixar Hyo-noona se aproximar, nós deixamos isso chegar muito longe. Vai
ser pior se ele descobrir de outra forma.
— Eu amo o seu filho, hyung. Eu o amo demais e essa situação me faz sentir
culpa, me faz ter medo de perdê-lo... Eu sinto muito. Vou contar pra ele.
— Espere.
— Hyung-
— Eu fiz isso tudo, te envolvi nisso tudo... Eu vou contar pro Jungkook, é o
meu dever. Isso é sobre a nossa família. - Chinrae suspirou. - Eu sinto
muito por ter envolvido você nessa situação, Jimin. Por favor, me dê um
dia. Hoje mesmo compro a passagem e procuro um hotel mais em conta pra
ficar-
— O senhor não vai ficar em hotel, hyung. A nossa casa é muito grande, não
se preocupa com isso.
— Tudo bem. Me dê mais um dia, amanhã de manhã chego aí. Tudo vai ser
resolvido.
— Certo, hyung. Me avisa, vou buscá-lo na estação.
— Obrigado, Jimin.
Hoseok o abraçou.
Jin empurrou a porta com o quadril, as mãos estavam ocupadas com sacolas
coloridas que foram deixadas sobre a mesa de jantar para quatro pessoas.
Ele rapidamente pegou a sacola branca para entregar a ela. Sunmi virou as
costas e saiu. Jin sorriu. Das outras sacolas ele tirou diversas peças de
roupas para bebês, coisas tão pequenas que o deixavam sensível.
Ela se virou outra vez, a boca cheia de sorvete de chocolate. Jin segurava um
macacão branco, fofo como pelúcia.
— O que é isso?
— Roupa de alpaca.
— Eu passo, obrigado.
— Ok, ok... Não fica nervosa... Não chora Sun, passou. Você quer um pouco
de biscoito?
Sunmi ocupou o sofá maior esticando as pernas nuas para aliviar a dor nos
pés que não parava de inchar graças a retenção de líquido. Jin pegou um
pacote de biscoitos e uma latinha de cerveja esquecida no fundo da
geladeira. Voltou para a sala e entregou os biscoitos a ela antes de ajustar os
pés delicados sobre suas coxas.
— Acha que ela reconhece a minha voz? - a massagem nos pés de Sunmi a
fizeram suspirar.
— Ótimo. Estava preocupado com isso, não quero mais te ver sentindo
dores. - os dedos habilidosos massageavam a sola do pé direito. - Sobre o
berço, vi na internet que aquele branco é mais seguro e confortável.
— Fazer o que?
— Entendo o que você quer dizer. Aquele papo sobre a gente só entender
nossos pais quando nos tornamos pais. Sinceramente, o amor que eu sinto
por nossa filha me assusta às vezes...
— Será que os nossos pais, quando erram, também estão pensando assim?
Na grandeza do mundo e na nossa pequenez? - os dois estavam se encarando.
- Quantas vezes a gente vai errar achando que 'tá fazendo certo?
— Ser pai e mãe é igual a aprender a andar, Jin. A gente não sabe, tropeça,
cai de cara no chão. Mas quando somos bebês temos alguém pra nos segurar
e colocar de pé, já adultos...
— É levantar sozinho. - sorriu um pouco. - Eu quero estar perto, não quero
deixar que Yumi tropece demais, mas aprendi a andar sozinho tropeçando...
Entende o que eu quero dizer?
— Uhum. Nós vamos dosar isso. Me dá a sua mão. - Sunmi segurou a mão
grande para colocar sobre a lateral da barriga, não demorou nada até Jin
sentir contra a palma a vibração de um chute. - Vamos tentar por nossa Yumi.
— Bebê, já fazem dois dias e você não para de vomitar. - ele abriu a
mochila e tirou de dentro dela duas sacolas. Jungkook reconheceu o logotipo
de a farmácia do campus. - Comprei mais antiácido e lenços umedecidos. -
colocando tudo sobre a cama, ele não viu que o mais novo quase corou.
— Usa o chuveirinho quando sente dor de barriga, aí você não precisa usar
papel. - serviu o copo com água e destacou um dos comprimidos para
indigestão. - Ainda tá com diarreia também?
— Jimin-ssi. - reclamou depois de aceitar o remédio e engolir junto da água.
- Hoje estou vomitando mais. Pior que sinto fome, mas nada para dentro da
minha barriga. - disse chateado. Jimin suspirou chutando os ténis para subir
na cama e deitar sobre os travesseiros, ao lado dele.
— Quer que eu faça mais chá? Você tenta comer uns biscoitos de sal. -
cogitou o abraçando. - Por mim a gente ia logo ao médico.
— Não vou gastar o seu dinheiro. - Jimin rolou os olhos e beijou o topo do
cabelo escuro do namorado.
— Hobi-hyung é muito limpo e cuidadoso quando cozinha, não acho que foi
isso.
— Amor, calma... - ele respirou fundo. - Eu não mandei nada pra você, a
gente ia sair pra comemorar a aprovação do seu projeto? Se eu fosse te dar
alguma coisa, seria em casa ou eu mesmo entregaria.
— Então-
— O que foi? Por que você ficou assim? - Jimin não respondeu, saiu do
quarto. Jungkook o seguiu. - Jimin!
— Hyung... Por que ninguém me fala o que 'tá acontecendo?! Por que... -
antes que terminasse, Jungkook fez careta e se curvou para vomitar no chão
um líquido amarelo e fedido.
Jungkook vomitou outra vez no carro, dentro de uma sacola plástica. Não
confessaria, odiava dar trabalho ou preocupar as outras pessoas, mas a dor
de barriga não passava. Hoseok estacionou o carro enquanto ele e Jimin
entraram no pequeno ambulatório universitário.
Não demorou muito até Jungkook estar em uma das salas de medicação,
sobre uma cadeira hospitalar com uma bolsa de soro pronta para ser ligada
ao braço direito. Jimin o ajudou a se livrar dos coturnos apertados quando o
enfermeiro voltou. Era jovem, um residente que Jimin conhecia de vista.
— Nós vamos tirar um pouco do seu sangue, Jungkook-ssi. Pode esticar o
braço por favor? - o enfermeiro preparou a coleta em silêncio, desde que os
olhos grandes de Jungkook não saiam de Jimin. Ele estava com raiva. -
Prontinho, o resultado sai em meia hora. Enquanto isso você vai tomar...
— Você disse que eu tentava acabar com as brigas transando, mas você faz a
mesma coisa quando me distrai só pra não dizer o que aconteceu. - o
encarou. - Jimin, quem é Minseo?
— Não dá pra falar sobre isso agora, Jungkook. - ele sentou na cadeira
oposta e também fechou os olhos.
— E aí?
— Você logo vai melhorar, Jungoo. A gente vai pra casa daqui a pouco.
Durante trinta minutos ficaram em silêncio. E Jimin evitou o olhar de
Jungkook. Hoseok acabou cochilando em uma das cadeiras, encolhido por
conta do frio comum em hospitais. Ele só acordou quando enfermeiro voltou,
dessa vez com médico plantonista.
A pergunta fez os três franzirem suas sobrancelhas. Jimin ficou de pé, indo
para perto do namorado.
— Eu preciso que o senhor seja bastante claro para que eu possa fazer o meu
trabalho da melhor forma, senhor.
A saliva se tornou amarga conforme descia para ser engolida. Era como
agulha, rasgava-o do céu da boca até o peito.
— Eu sou.
— Park Jimin.
— A sua irresponsabilidade quase fez o seu amigo ficar muito mal, se quer
se matar não envolva terceiros, assim. - disse duramente. - Vá até o prédio
da administração e procuro por um orientador, ele vai te encaminhar aos
residentes de psiquiatria.
— Hyung...
— De que adianta? - riu sem humor. - O pai dela vai dar um jeito, vai pagar
o que for até que ela esteja livre. E eu? Eu nunca vou ser livre? Eu vou ter
de matar essa mulher pra ser livre? Se for assim eu vou morrer preso as
merdas que ela me fez.
— Muito menos desde que ele me ajudou a parar. Ele me fez gostar de mim
de verdade, hyung. Eu gosto do que eu sou por causa dele e agora preciso
entrar ali e contar que sou uma merda de homem, um lixo... Que ele se
apaixonou por um lixo.
— Para de dizer isso! Não foi você quem fez aquilo, foi ela!
— Não! Ela fez porque é desequilibrada, é uma pessoa doente! - Hobi tomou
a frente dele, só então percebeu que Jimin pressionava a ponta do cigarro
contra o próprio pulso. - Para! Jimin, me dá essa merda! - tomou, apagando-
o com a ponta do tênis colorido. - Olha pra mim, Jimin!
Jimin se encolheu.
— Não interessa o que essas pessoas vão dizer, você não precisa da
aceitação de ninguém além da sua! Você me disse isso! Olha pra mim,
respira fundo. - o abraçou. - Você é um homem forte, sempre foi. Você
sempre foi o mais forte de nós, Jiminie. O meu exemplo.
— Amanhã isso vai acabar. Espera o pai dele chegar, então você conta tudo
ao Jungkook. Posso fazer isso com você, ok?
— Ele 'tá confuso lá dentro, 'tá doente e prestes a arrancar aquele soro pra
vir atrás de você. Só por hoje, eu prometo. Amanhã as coisas vão ficar bem.
Jungkook não disse nada quando o namorado voltou, mesmo que as perguntas
estivessem presas sob a língua. Jimin sentou do lado dele, tomando o espaço
até que o mais novo entendesse que deveria acolhê-lo contra o peito. O
braço livre o abraçou pela cintura, Jimin escondeu o rosto contra camiseta
preta e respiro fundo.
O cheiro que sempre o acalmava mesmo que ele pouco falasse sobre.
— Você não devia ter feito aquilo. Ter assumido uma coisa que não fez por
minha causa.
— Eles iam cancelar o seu patrocínio no projeto. - sussurrou. - 'Tá tudo bem,
eu não me importo com nada, só quero que você fique bem.
— Cadê o Hobi-hyung?
— Foi pra casa, era melhor. Vamos amanhecer aqui e ele ainda tá dolorido
por causa da briga. Jin-hyung vem nos buscar.
Jimin levantou o rosto para encará-lo. Tentou com todas às forças, mas as
lágrimas deram brilho aos olhos pequenos.
— Não chora. Por favor, amor. Olha, a gente pode conversar amanhã, em
casa, ok? Só me diz o que está acontecendo, não me deixa cego desse jeito.
Eu tenho medo de perder você.
— Você nunca vai me perder, nunca. - o beijou nos lábios. - Eu juro, bebê...
Amanhã tudo vai ficar bem. Mas por favor... Me ajuda a aguentar essas
horas, me deixa ficar aqui ouvindo a sua respiração, sentindo o seu cheiro,
perto o suficiente pro tempo passar mais rápido.
— O que você tem? Eu não gosto de te ver assim, Jimin. - a apertou mais
contra o corpo. Seu coração apertou mais um pouco. - Eu amo você.
— Jimin?!
A voz grossa o fez olhar para o corredor oposto. Jin estava ali e Jeon
Chinrae estava ao seu lado. O homem parecia nervoso, seus passos
apressados denunciavam isso. Ele encarou o genro e Jimin notou como os
olhos dele eram parecidos com os olhos de Jungkook.
— Ele ainda 'tá dormindo. - explicou, queria acalmá-lo. - Não sentiu mais
dores, nem vomitou. Colocaram mais uma bolsa de soro, mas está para
acabar.
— Não senhor, eu monitorei isso. - Chinrae respirou aliviado. - Ele vai ficar
feliz em ver o senhor aqui, acho que vamos poder ir pra casa daqui a pouco.
Quer entrar pra ver ele?
Chinrae assentiu, mas antes que pudesse dar um passo, outra pessoa chegou
ao andar.
Ela vestia roupas elegantes, estava muito bem maquiada e seu semblante
carrega preocupação.
— Tia, a senhora não devia ter vindo aqui. - lamentou. Sua cabeça começou
a doer. - Vai embora.
— Eu quero saber o que aconteceu com Jungkook e não vou sair daqui até
alguém me dizer.
— Quem você pensa que é pra aparecer assim exigindo saber dele? Quer
bancar a mãe do ano, Hyo?!
— Por favor, não façam isso aqui. - Jimin massageou as têmporas. - Tia, por
favor...
— Cala essa boca! Não fosse o seu orgulho ferido, Jungkook estaria em um
lugar melhor agora Chinrae, pelo menos em um hospital adequado! Você não
pode me proibir de falar com ele!
— Depois de dezessete anos?! Agora você quer brincar de ser a mãe dele?
— Mãe?
A voz baixa chamou atenção dos outros. Jungkook estava de pé, dois dedos
pressionando o curativo onde a agulha do soro estava antes. Ele encarou o
pai, depois a mulher ao lado dele.
A conhecia.
Kim Hyoyeon.
Uma de suas professoras, a orientadora se seu curto.
Tia de Jimin.
— Filho... Você-
— Appa? Por que o senhor disse que ela quer brincar de ser a minha mãe?
— Jungkook, você-
— Vou te explicar, mas você 'tá doente. Vamos pra casa onde você mora.
— Você pode vir comigo, Jungkook. - Hyo tomou a frente. - Chegou a hora
de você saber o meu lado dessa história.
— Eu sou a sua-
— Cala a boca! - Chinrae estava pronto para fazê-la parar, mas Jungkook o
parou com a mão espalmada contra o peito. Ele o parou.
— A deixa falar!
O corpo estava sob os efeitos dos medicamentos, então ele estava sonhando?
Aquilo era um sonho bizarro, bastava abrir os olhos e Jimin ainda estaria
deitado em seu peito?
Jimin.
Seu pai.
Aquela mulher.
Mãe?
— Jungkook... - a voz de Seokjin estava distante. - Hey, JK... Olha pra mim.
- alguém estava dando tapinhas em sua bochecha, porque sentia-se
entorpecido? - JK, aqui... Olha pra mim, ok?
— Você sabia.
Jimin não disse nada. Ele sabia. Carregou aquilo por meses, suportou o peso
da omissão, o consolou enquanto podia sanar suas mágoas. Jimin sabia.
Abaixou o rosto.
🌙☀⭐
#PillowFic
39 - preto (parte II)
oioioioioi
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Tatuando tudo
FLASHBACK ON
Os olhos grandes e curiosos continuavam focados na imagem da
mulher. Ele não compreendia, era pequeno demais para isso, mas alguma
coisa estava diferente naquela manhã ensolarada.
— Vem, mama.
A voz era baixa, tímida do mesmo tanto que a fala enrolada de quem ainda
está experimentando palavras novas. Hyo lambeu os lábios. Os cabelos
escuros foram jogados para trás antes de se abaixar até tê-lo diante dos
olhos. Jungkook sorriu.
— Você é sim, um bom menino. Meu bom menino. - ela secou as lágrimas,
Jungkook franziu as sobrancelhas ralas.
Ele secou os olhos, cruzando os braços outra vez, escondeu o rosto corado
olhando para a direita. Aquilo estava o matando. Suas mãos se apertavam,
escondidas para que não demonstrasse tanto, porque não adiantaria. Hyo não
o amava mais há muito tempo.
— Chinrae...
— Não é por mim, mas por ele... Jungkook precisa de você, ele ainda é
pequeno e precisa da mãe. Eu posso ir embora, Hyo... Você não precisa
continuar.... Comigo. Mas não vai embora.
— Chinrae...
— Eu sei que não te dou a vida que você quer ou merece, mas é por agora. -
fungou. - As coisas vão melhorar, você volta a estudar quando o Jungkook
for para escola, eu seguro as contas sozinho, dou um jeito.
— Você sabe que isso não vai acontecer. O que você ganha mal dá para
manter essa casa, como eu posso simplesmente parar de trabalhar e voltar a
estudar?
— Como você pode simplesmente deixar o seu filho? É mais fácil abrir mão
dele? Hyo, eu sei que o Jungkook não foi planejado e que a gente ainda é
jovem, mas nada disso é culpa dele... É nossa culpa. - ele observou o filho,
Jungkook sorriu, o dedo indicador continuava entre os lábios rosados. - Não
faz isso com ele, por favor.
— Eu não me importo em sofrer se ele ficar bem, eu não quero ver o meu
filho sofrendo. Isso eu não aguento. Por favor, não faz isso.
Partir não machucava tanto quando a inércia daquela vivência. Uma casa
pequena demais, trabalhar horas e horas por dia, o choro infantil de uma
criança de saúde instável. Estava morrendo aos poucos, assistindo a garota
promissora sucumbir diante de impossibilidades e Park Eunwoo era como
um sopro de esperança.
— Hyo...
— Ele logo esquece... - Hyo soluçou, mas se manteve firme para não chorar.
- Coelhinho, eu te amo. - se aproximou para beijar a testa do menino. -
Chinrae...
— Hyoyeon...
— Mama... Mama...
Acenou.
Tal como um tiro de largada para o choro de Jungkook. Tão pequeno, mas
sabia que algo estava errado. O menino sentou ali mesmo, as mãos gordinhas
fechadas sobre os joelhos expostos, o choro sentido quebrando em mais
pedaços o coração destroçado de Chinrae.
— Jungkook, vem aqui com o appa... Filho, não faz isso comigo... Por
favor...
FLASHBACK OFF
Agradeceu com um pequeno gesto quando Yoongi deixou em sua mão livre
um copo com água e se retirou da suíte que o pertencia. Jungkook o encarou
enquanto bebia dois pequenos goles com pressa.
— Meu appa...
— Ok, ok, não fica nervoso de novo. Não vou deixá-lo vir aqui agora, 'tá
bem?
Jin afagou as costas do mais novo, disfarçadamente, verificando se a
respiração ainda era ruidosa como há alguns minutos.
— Jungkook... - Jin suspirou. - Não foi sonho, eu queria te dizer que foi...
Mas não foi.
Aquela mulher era sua mãe? Aquela que o tratou cordialmente no primeiro
dia de aula, que passava minutos o encarando, que escutou e deu atenção ao
seu projeto? Aquela mulher estava ao seu redor depois de tantos anos
desejando qualquer sinal de interesse?
— Você sabia?
— Por que?
— Porque eu sei que você tem muitas coisas pra perguntar e dizer para ela,
eu não vou calar você ou tentar te proteger do que é teu direito, JK. Te disse
isso uma vez, lembra? No carro? Se eu não posso evitar, não vou. Prefiro só
continuar aqui caso você precise de mim.
— Eu me sinto... Como se não estivesse aqui hyung... Parece que eu não sei
nada sobre mim.
— Mas você quer saber? - trocaram um olhar sério. Jin apertou a mão dele
com carinho. - Você quer, Jungkook?
— O que você quiser fazer. Ninguém mais vai te guiar, você sabe caminhar
sozinho e sabe disso.
Jungkook arfou.
Raiva, mágoa e uma tristeza que escalava o seu corpo por dentro,
abocanhando os seus sentidos e deixando intacto a visão. Ele precisava ver,
precisava saber. Ele via e sabia, mas doía tanto que vez ou outra seus dedos
trêmulos desejavam arrancar os próprios olhos.
Jin assentiu.
Taehyung tomou o cigarro das mãos do melhor amigo e apagou antes mesmo
que tocasse os lábios carnudos.
— Você tem a mínima noção do que aconteceu?! Ou você ficou burro e não
entende?! Como eu vou fazer isso?! Preciso falar com o Jungkook!
— Ele ainda está um pouco confuso, se você se acalmar vai ser melhor pra
conversar quando ele estiver ok. - Yoongi explicou.
— Cadê ele?
— Não! Você não vai falar com ele depois do que fez hoje! Depois de ter
jogado isso em cima dele por pura culpa, Hyo!
— Parem de gritar, isso não vai ajudar o Jungkook. - Jin suspirou. - Vocês
discutem o tempo todo sobre o que é melhor pra ele, mas não respeitam o
que ele quer. Ele quer falar com a senhora, pode acompanhar.
FLASHBACK ON
O som, mesmo baixo, era fácil de se escutar na sala de estar. A casa toda
cheirava a bolo de chocolate, e estava completamente limpa. Chinrae evitava
qualquer coisa que pudesse despertar a rinite alérgica de Jungkook.
— Appa?
Chinrae sorriu ao sentir a mão pequena puxando sua camiseta. Olhou para
baixo e franziu as sobrancelhas fingindo de bravo. Jungkook estendeu o prato
vazio, as mãos sujas com calda de chocolate faziam para os lábios
lambuzados do menino de quatro anos.
— Co-Comi. - assentiu.
— Por isso cresce tão rápido. - secando as mãos na bermuda, ele se abaixou
para beijar o cabelo grande do filho. - Comendo assim, coelhinho.
Chinrae assentiu. Foi até a pequena mesa para cortar mais uma fatia do bolo
ainda morno e serviu no prato de plástico do garotinho.
Naquela noite Jungkook dormiu cedo, caiu no nosso enquanto o pai fazia
carinho em seu cabelo contando outra vez qualquer conto infantil que ele
transformava em batalhas intergalácticas conforme a imaginação fértil do
menino. Depois de deixá-lo protegido entre cobertores e travesseiros,
Chinrae tomou banho e foi deitar.
Nenhum surto de coragem havia acontecido para se livrar das roupas que
Hyo havia deixado no armário, muito menos para invadir o lado da cama que
a pertencia. Ele chegou a sair com outra garota, ceder a necessidade sexual
de um homem tão jovem e saudável... Não adiantou.
Nada adiantava.
— Oh, entendi. Isso acontece muito. Está tudo bem. - o aconchegou sob a
coberta, deixando que o menino se agarrasse ao seu corpo, buscando calor. -
Amanhã a gente coloca o seu colchão pra secar.
— Appa?
FLASHBACK OFF
— Obrigado por aceitar me escutar, filho. - ela sorriu. - Eu tenho tanta coisa
pra te dizer, te explicar.
Ele tombou o rosto para o lado, os olhos grandes focaram em cada detalhe
daquela mulher. Engoliu a saliva amarga.
— Quando você nasceu, eu ainda era muito nova... Não consegui assimilar
bem as coisas, Jungkook. Eu tive de abrir mão de todos os meus planos por
uma inconsequência, mas eu não quero que você pense que me arrependo de
você, eu nunca me arrependi de ter você...
Ele repetiu.
— Aquela vida... Não era o que eu queria, não me fazia feliz. Me sentia
sufocada, impossibilitada de conquistar os meus objetivos...
— Você quer dizer eu? Eu te impossibilitava.
— Sim.
Jungkook assentiu.
— Você se preocupa com o meu futuro, mas nunca se importou com o meu
passado. - duas lágrimas grossas escaparam dos olhos grandes. - A
dignidade da minha vida não era do seu interesse antes disso?
— A bolsa...
— Ela... Não existe... Custeio os seus estudos aqui, você é tão inteligente
Jungkook. Você é como eu.
Jungkook levou a mão até o nariz, usando as costas para secar a ponta
avermelhada. O choro rompeu mais um pouco, fazendo tremer os ombros
largos. Hyo se emocionou, vê-lo daquela forma era como vê-lo naquela
manhã ensolarada quando o deixou para trás.
— Filho...
— Não! - ele negou depressa. - Não toque em mim. Você não pode fazer isso
comigo! Se sempre soube de mim, por que nunca... Nunca me quis de
verdade? Tem a mínima noção do quanto eu esperei você?! Do quanto eu
quis que você viesse me ver? DEZESSETE ANOS, HYO! Não foram
dezessete dias pra você simplesmente aparecer agora querendo recuperar
tudo.
— Jungkook...
— RECUPERAR O QUE?! Pra você nada ficou para trás. Diz... Você teve
outra filha, não teve? - a mulher assentiu. - Ela você não abandonou, Hyo.
Diz como se sentiu quando ela nasceu! Quando ela te chamou de omma! Você
acha que depois de tantos anos pode aparecer e controlar a minha vida desse
jeito?!
— O seu pai-
— Nós podemos-
— Você está sendo injusto. Tem noção de quantas vezes isso acontece ao
contrário? Quantos pais fazem o que eu fiz e ninguém os julga ou condena.
— Eu não quero saber de outros pais. Eu sou injusto por dizer a você como
me sinto, mas você é a vítima porque fez o que milhares de homens fazem? -
Jungkook ficou de pé e caminhou até a porta. - Vai embora, por favor,
Hyoyeon-ssi.
— Jungkook...
— Você não quer recuperar nada por minha causa, mas por sua própria
culpa. E isso não me diz respeito. - ele ergueu a cabeça, mesmo chorando,
não a encarou.
— Tente de novo daqui a dezessete anos. Dessa vez eu posso até chorar
como antes, mas sem me culpar por ser desinteressante para minha própria
mãe. Você nem vai sentir muito, eu sei disso.
Jungkook abriu a porta, então a mulher secou as lágrimas enquanto saia do
quarto. Depois disso ele não fechou a porta, não disse nada nem quando
Hoseok entrou no quarto e os trancou ali.
— Eu sinto muito.
— Eu nunca quis que você soubesse das coisas desse jeito, você sabe que
nunca machucaria você Jungkook, eu nunca faria qualquer coisa pra te ferir,
pra te deixar triste...
— PARA COM ISSO! - ele gritou ainda mais alto. - Vocês acham isso de
mim, não é? Que eu sou um idiota fácil de enganar? Um imbecil que nunca
fala o que sente, que vive engolindo as palavras que gagueja dentro dessa
casa de malucos! DENTRO DESSE LUGAR ONDE NINGUÉM É
NORMAL!
Hoseok assentiu, sabia que Jungkook estava desabafando, que ele precisava
disso.
— Eu sempre te ofereci o meu colo, mas agora eu sou o motivo das suas
lágrimas e não sei o que fazer pra te ajudar... Jungkook, eu sinto muito... Por
favor, me desculpe. - ele tentou se aproximar, mas o mais novo deu passos
para trás, se afastando. - Jungkook, por favor...
— Me deixa sozinho.
FLASHBACK ON
— Certo, é a nossa vez. - Jimin ficou de pé, saltitando até a mesinha para
pegar uma das cartas do jogo. - Não é difícil, bebê. Já ganhamos.
— Começou com isso de viados, eu já vou deitar para evitar muito contato.
Vamos dormir, bebê?
Jungkook franziu o cenho pegando os papéis, ele leu devagar, então seus
olhos arregalaram enquanto encarava os hyungs.
— O nosso maknae 'tá crescido, logo vai ser CEO daquelas empresas, todo
bonitão. - Yoongi o provocou. - Cuidado Jimin.
— Fica na sua, não preciso ter cuidado. - fez bico. - Quero ver alguém se
meter com homem de delegado...
— Ok! Boa noite a todos. - Jin bateu palmas, já de pé. - Eu vou dormir
porque minha beleza precisa de descanso.
Jimin riu até o momento em que foi abraçado por trás, então fechou os olhos
para deitar a cabeça sobre o ombro de Jungkook.
FLASHBACK OFF
Sentia-se sozinho.
Sentia vergonha.
Os motivos de Hyo não eram nada como em seus sonhos tolos e infantis. Ela
não voltou transbordando arrependimentos e pedidos de perdão carregados
de todo amor que ele esperou por tantos anos.
Era só culpa.
— Por que?
— Porque se eu fizer isso, vou esquecer essa raiva dentro de mim e te deixar
chegar perto outra vez.
— Jungkook...
— Minseo.
Jungkook apertou os olhos.
— Não... Não diz. Não agora, eu não sei se aguento mais mentiras agora, não
de você.
— Se eu menti, foi-
— E todas aquelas vezes em que você me pediu pra ser sincero, quando
olhou dentro dos meus olhos e me fez prometer te dizer quando alguma coisa
estava errada... Mas as coisas estavam erradas e você mentiu, Jimin. - o
menor se afastou um pouco, até sentar na cama e abraçar os joelhos. - Há
quanto tempo você sabia sobre a minha... Sobre Hyo?
— Quando nós fomos a Busan, no dia que dormi na casa do seu appa. Ela
estava lá de manhã...
— Por isso ficou tão estranho... E eu pensando que era por minha causa. Foi
por isso que você ficou, não foi? É por isso que você fica?
— Amor...
— Não. Jungkook, nunca. Não diz isso, por favor. - Jimin estava chorando. -
Eu amo você demais, eu sou completamente louco por você... Mas eu fiz
tudo errado, eu sei que fiz! Mas não foi pra te machucar, eu juro.
— Até o momento em que você precisar mentir pra mim de novo. Eu não
consigo ver nada benéfico nas tuas omissões, eu só consigo querer me
dobrar inteiro até que essa dor dentro de mim passe.
— Olha pra mim, Jungkook. - pediu outra vez, a mão esquerda agarrada a
camiseta alheia. - Olha nos meus olhos e diz o que você quer dizer.
O rosto bonito estava corado graças às lágrimas, ele apertou mais o algodão
da camiseta.
— Você não faz ideia do quanto eu te amo... Eu não consigo tirar os meus
olhos de você, Jimin. Ainda agora, bem aqui... Eu tô com raiva do que você
fez, eu quero jogar todas as suas mentiras entre nós dois, mas eu não consigo
fazer nada, eu não consigo nem me mover direito porque me apavora a ideia
de me afastar de você. Ontem você se expôs por mim, você tem mentido para
me proteger há meses, você escondeu o seu passado desde o começo por
receio... Como eu posso acreditar no teu amor se tudo que eu vejo nos teus
olhos é medo? - ele esticou a mão, mas a parou antes que os dedos tocassem
o rosto do menor. - Eu sei pouco demais sobre o amor pra poder lidar com o
nosso amor.
Jungkook fungou, mas o tocou na nuca para trazer até si, até um beijo com
sabor de lágrimas e saudade. Fecharam os olhos. Jimin apertou as mãos só
pra não se agarrar a Jungkook como um homem desesperado se agarra a algo
que boia no meio do oceano.
Quando o mais novo se afastou, ele soluçou alto ao encostar a testa à dele.
Jimin desabou nos braços aconchegantes daquele que queria tomar sua dor.
Ele assentiu.
— Eu sei. Vou te levar pra outro lugar.
— Jin-hyung disse que você pode usar o quarto dele, o outro está em
reforma. Aqui, é café.
Namjoon entregou a ele uma xícara, depois sentou no sofá oposto para beber
da própria xícara. Jungkook bebericou, estava forte e sem açúcar. Jungkook
observou através da janela grande a cidade abaixo, as luzes coloridas que
findaram um pouco antes do rio principal para recomeçar do outro lado da
baia.
— Porque eu não sei mais se consigo acreditar no que ele me diz, não sei até
quanto ele pode omitir pra me proteger.
— Eu acho que entre nós, você é o mais forte. Mas ninguém nunca quis te
ver tendo de ser forte. - Namjoon suspirou e bloqueou o celular para deixar
sobre a mesinha de vidro. Ele também olhou através da janela. - Oh Minseo
é a ex-noiva de Jimin. Ele a conheceu quando ainda era adolescente, uma
mulher mais velha e amiga de Solar-noona que o encantou. Jimin não se
encaixava, Jungkook. Não havia nada do homem que você conhece hoje
naquele adolescente. Era acima do peso, tímido e desengonçado... Um prato
cheio para bullying no colégio e entre os amigos mais velhos da irmã.
Quando Minseo demonstrou interesse por ele, Jimin se encantou ainda mais.
Ela é uma mulher muito bonita, elegante e que segue todos os padrões
estéticos desse país. Logo começaram um namoro. Mas as coisas mudaram...
— Mudaram? Como?
— Com você?
— Não. Com Taemin. Mas não use para alimentar ciúmes Jungkook, isso faz
tempo e Jimin não te conhecia. - o mais novo assentiu. - Ele quis terminar
quando ela saiu, confessou a traição por se sentir tão culpado, mas Minseo
não aceitou e o agrediu. Ela quebrou o apartamento inteiro, Jimin saiu para
esfriar a cabeça e não fez besteira maior, então voltou pra casa ela tinha
cortado os pulsos.
— Meu deus...
— Como?
— Jimin ficou com outras pessoas enquanto ainda estava com ela e por mais
que eu ache isso errado, como poderia culpá-lo? Nos conhecemos no Wings,
ele era o meu calouro e, nós nos atraímos muito naquela noite e aconteceu.
Ela descobriu, ela sempre descobria e naquele fim de semana seguinte
trancou Jimin no quarto. Ele arrombou a porta e a viu quebrando tudo outra
vez, inclusive o celular dele. Solar foi a primeira a notar, principalmente
porque ele emagreceu muito...
— A bulimia.
— Minseo o ensinou, Jungkook. Ela ensinou isso a Jimin como uma forma de
ser bonito. Então, ela o fez se afastar da irmã mais velha ou faria de novo.
— O que?!
— Como assim?
— Ela o fez acreditar que tudo aquilo só tinha acontecido por culpa dele,
Jungkook. Que Jimin tinha matado o filho deles. - Jungkook não pode segurar
as lágrimas, imaginar tudo aquilo o deixava um pouco tonto. - Ele terminou
de vez, avisou os pais dela e se mudou para a república, meses depois ela
tentou matar o Jimin pela primeira vez.
— Matar?! O que?!
— O viu com outra garota e jogou o carro contra a moto dele. Depois vieram
as ameaças por telefone, os presentes macabros mandados pra mim ou pra
ele. Os pais de Jimin conseguiram uma medida protetiva para ela se manter
longe, mas a negligência dos pais dela não ajuda em nada. Existem mais
detalhes, mas eu não acho que eu deva contá-los ainda mais.
Jungkook negou.
— Você quer a minha opinião, Jungkook-ah? Por que nós dois podemos
continuar em silêncio enquanto você reflete, ou podemos conversar de uma
forma menos protetiva. Eu não sou o seu pai, Jimin ou Hoseok... Eu não vou
tratar de você como um incapaz, longe disso, eu te olho inteiro e vejo um
homem forte e é com esse homem que eu quero falar.
— Eu quero, hyung.
— Eu também tenho. Todos nós temos, mas o medo não é algo ruim... Ele
nos faz ter atenção e cuidado. O medo impede uma criança de pular de um
lugar alto demais, o medo de perder nos fazer querer ganhar. Ter medo das
suas escolhas é natural, mas deixar de fazê-las por isso é errado. Você vai
errar, Jungkook... Mas também vai acertar. Você carrega tanto receio nos
ombros, maknae. Você sabe o que vem depois do medo?
— Não.
— Você ama o seu pai, Jungkook. Você ama Hoseok e Jimin. Mas o amor
também nos faz errar algumas vezes para achar o tempo de acertos, da
euforia. Eles erraram, mas você quer mesmo basear o resto da sua vida
nesse erro ou quer viver a euforia dos acertos? Jimin errou por viver com
medo, você sabe disso.
Das cartas escondidas, dos bolos de aniversário com fundo queimado, das
noites tomando espaço na cama dele, dos conselhos sinceros, de todo o amor
que o ensinou a dar e receber.
— Me disseram que você veio pra cá, então pedi a Yoongi-ssi que me
trouxesse, eu precisava te olhar filho, só isso. Perdão... Eu queria ter sido
um pai melhor.
E ele amava.
#PillowFic
CREEP - RADIOHEAD
Hoseok abriu os olhos, mas tudo o que podia ver se limitava a uma
escuridão turva. Sentia frio, sentia o incômodo das roupas pesadas grudando
ao próprio corpo, pesando e puxando-o para baixo. Ele encarou os pés
descalços e os moveu com força, tentando impulsionar o corpo para cima,
batendo os braços sem parar até conseguir emergir à superfície.
Olhou ao redor, buscou por qualquer coisa que pudesse lhe guiar, só então
percebeu que mesmo rodeado por tanta água conseguia respirar.
— Seok?
— Hyung!
— Solta ele. - reconheceu a própria voz, mas sequer percebeu ter dito alto.
— Não!
Ergueu o tronco de uma vez, a boca aberta, graças ao grito que assustou
Yoongi e Taehyung. Os olhos de Hobi estavam cheios de lágrimas, o corpo
coberto de suor que gruda a camiseta folgada a sua pele fria.
— Hoseok?!
— Eu vou pegar um copo de água pra você, amor. - Yoongi saiu do quarto
quase correndo.
— Meu Sol, o que aconteceu? Foi um sonho ruim? Por que você 'tá chorando
assim?
— Medo do que, meu amor? Você sonhou com alguma coisa do filme que a
gente viu mais cedo? Foi isso?
— Um pesadelo.
— Ah, querido. - Jin sentou perto dele e fez carinho nos cabelos bagunçados.
- Eu te falei pra não ver aquele filme. - suspirou. - Hyung pode fazer um chá,
quer? Você dorme melhor.
— Deve estar dormindo. - Namjoon cruzou os braços. - Ele não acorda por
nada quando enche a cara. - lamentou.
— A gente deve intervir. - Yoongi concluiu. - Ele 'tá faltando direto as aulas,
não sai daquele quarto, só para beber. - suspirou. - Vou avisar aos pais dele,
é melhor.
— Vamos nos revezar e ficar de olho nele, sair com ele... - Taehyung parou
de falar quando Hoseok saiu de seu colo. - O que foi?
— Eu... Hoje eu vou dormir no quarto com ele. - explicou depressa. - Tudo
bem? - encarou aos namorados.
— Tudo bem. - Tae assentiu.
— Leva mais um cobertor, 'tá bem frio. - Yoongi o beijou nos lábios. - Você
'tá bem?
Hoseok não acendeu a luz do quarto, mas pode ver o corpo de Jimin sobre o
colchão. O mais novo estava encolhido, o edredom jogado no chão. Ele o
pegou com cuidado, esticou para poder cobri-lo de novo e depois deitou no
espaço vazio da cama de casal.
Jimin, perdido entre o sono e muito do álcool ainda presente no corpo, abriu
um pouco dos olhos e se encolheu mais, os lábios carnudos se esticaram em
um breve sorriso cansado segundos antes do sussurro fraco chegar aos
ouvidos de Hoseok.
— Jungkook...
Hobi não disse nada, sabia que era errado deixá-lo acreditar que o garoto
estava ali, mas não conseguiu. Ele o abraçou mais forte e chorou baixo.
Flashback On
Cinco anos mais velha, Solar possuía uma infinidade de amigos descolados
graças a personalidade forte e tão divertida. Ela já estava na faculdade, o
curso de moda a trazia conexões influentes e vez ou outra aparecia nas capas
de revistas de fofoca ao lado de amigos famosos.
Naquele fim de semana, as coisas pareciam mais animadas.
Aos dezessete anos, não possuía nada do homem de anos depois. Inseguro,
tímido e introvertido, Park Jimin era constantemente apelidado de patinho
feio no meio alto social ao qual a família fazia parte. Porque Solar era
perfeita, Jihyun a criança mais adorável do mundo e, então... Sobrava Jimin.
E Jimin acreditava piamente que era bom em apenas uma coisa: ser
invisível.
Era sábado. Um dia quente das pequenas férias de verão, seus pais estavam
viajando com Jihyun, então Solar exercia suas capacidades de anfitrião
dando uma agitada festa na piscina da mansão.
Sua família não criava tabus sobre sexo ou preferências, Solar era a prova
disso, mas Jimin não entendia sua capacidade de se atrair por qualquer
pessoa.
Cometeu o erro de contar isso a um suposto amigo, então não demorou muito
até passarem a chamá-lo de promíscuo e fácil.
Fácil.
Então, naquela tarde, as coisas mudaram em sua vida por conta da sede. Não
era a primeira vez que sairia sorrateiramente do quarto para ir até a cozinha
buscar alguma coisa, era fácil ser invisível.
Jimin se virou para a porta da cozinha. Uma garota sorria para ele. Alta e
absolutamente linda. Os cabelos longos estavam presos para o alto, o corpo
magro se mostrava bastante graças ao biquíni vermelho sob um vestido de
renda, transparente.
— Solar disse que você não curte aglomeração. O seu nome é Jimin, certo?
— Fofo. - ela sorriu mais, se aproximando até curvar o corpo sobre a ilha da
cozinha, deixando as mãos atraentes tocaram a pedra de mármore branco.
Jimin gostou de como as unhas dela eram longas e bonitas. - Sou Oh Minseo.
— Ah, não me chame assim. Me chame de noona. Então, o que te fez sair da
toca?
— Você pode me dar um pouco? - ela chegou ainda mais perto. Jimin
abaixou o rosto, os seios pequenos chamavam sua atenção, mas ele não
encararia, era errado. - O que você acha de dividir um pouco do seu suco
comigo ao invés de voltar para a sua toca, Jimin?
Assentiu.
Solar sorriu e ficou de pé, o corpo bonito ainda estava molhado assim como
o biquíni azul marinho. Ela foi até Moonbyul, a tatuadora que o despertava
sentimentos demais.
Flashback Off
"Soube que ele se droga para vomitar, agora eu entendi aquele corpo
bonito. Doente."
"Eu não acho que isso seja doença, é só frescura! Ele é rico, não é? Gente
rica gosta de chamar atenção."
"O namorado dele, aquele garoto bonito que trabalha no Wings, foi parar
na emergência."
— Eu acho que não me vejo de verdade, mas a verdade não cabe dentro de
uma mente adoecida e exigente. Nunca me bastaram as palavras alheias, os
dizeres constantes sobre qualquer sinal de beleza em mim, nada é crível
como o espelho que me aguarda todos os dias, espera por mim só pra me
refletir.
— Jimin, há uma pergunta que eu quero lhe fazer desde o nosso primeiro dia
juntos. - Lee deixou de lado o pequeno bloco de notas. - Acho que hoje
chegamos a um degrau muito propício para fazê-la.
— O que?
— Como assim? - sorriu sem entender. - Nós falamos sobre mim o tempo
inteiro, doutor.
— Nós falamos sobre Minseo e você, sobre Namjoon e você, sobre sua
família e você, sobre Jungkook e você, sobre a sua bulimia e você. Mas nós
nunca falamos apenas sobre você. Imagine uma ponte sobre um rio
turbulento, uma ponte que liga de margem a margem para que as pessoas
atravessem em segurança e nunca caiam dentro das águas. Durante as nossas
consultas nós falamos apenas sobre as pessoas que atravessam essa ponte.
— Você é a ponte e também é o rio Jimin. - Lee sorriu com gentileza. Jimin
abaixou o olhar, voltou a encarar as mãos. - Você é o rio de águas que
correm com força e tem tanto medo de que as pessoas se afoguem que se faz
de ponte para que nenhuma delas corra o risco. Então, quando estamos aqui
durante as consultas, por meses eu te escuto falar sobre as pessoas que
atravessam você, sobre as pessoas que você ama e quer proteger. Minseo te
fez construir essa ponte, ela te fez carregar cada uma das pedras apenas para
fazê-la passar, ela te fez temer a si mesmo, o adolescente inexperiente que
não teve tempo de se conhecer sozinho. Pouco a pouco, temendo mais e mais
o seu verdadeiro eu que sequer conhece. Do que você tem medo, Jimin?
— Por que?
— Porque eu não faço ideia de quem eu sou desde que ela tomou a minha
vida. - disse baixo, com a voz embargada. - Eu amei tanto. Amei mais do que
eu amava a mim, mais do que eu amava a minha família. Não vou culpá-la
por tudo...
— Mas não deve deixar de culpá-la como tem feito durante esses anos.
— Você sabe o rio que falei antes? O que você é? Sabe do que esse rio é
feito? - ele negou. - Esse rio é no que você transfigurou o sentimento que te
causa todo esse trauma, Jimin. É o amor. Pra você, sob o seu olhar, o amor é
um rio violento e perigoso, é bonito, mas só deve ser visto de cima... Você
construiu essa ponte sobre ele para que as pessoas que você ama nunca
corram o risco de mergulhar no seu amor, de retribuir da forma que você
precisa. Porque você tem medo de que seja como foi antes. Você fez isso
com Jungkook.
— É muito bom. - sorriu. - O que você acha disso, é algo simples. Quero que
você traga algo para mim na próxima semana.
— O que?
— É algo tranquilo. Você poderia trazer para mim anotações das coisas que
mais aprecia em si e também nas pessoas que mais ama?
— Posso.
Jimin sorriu pequeno, o nariz estava corado graças ao choro. Eles saíram do
consultório e Taehyung largou a revista que lia para ficar de pé. Ele encarou
o melhor amigo e sorriu um pouco.
— Ok, eu te espero.
Jimin se retirou.
— Não vou deixar, pode ter certeza. Sabe doutor, o que acha de fechar um
pacote para sete? - Lee arqueou uma sobrancelha. - Seria interessante, não?
O Jin-hyung praticamente 'tá tratando a gente igual a filho, piora a cada dia.
Ninguém naquela casa bate bem não.
Jimin voltou do banheiro. Havia lavado o rosto, mas ainda estava corado.
— Tchau, garotos.
Flashback On
Jimin franziu o cenho encarando outra vez o reflexo do espelho grande. Ele
tocou o cabelo com cuidado, sentindo as pontas macias com os dedos.
Estava loiro, pela primeira vez havia feito algo diferente.
— Acho que combina comigo, Mimi.
— Você parece ainda mais... - ela encheu a boca com uma colherada do
sorvete. - Gordo. O seu rosto fica imenso.
— Suas coxas são muito grossas, Chim. Parecem coxas daquelas mulheres
ocidentais, sabe? Isso não é masculino, porque não tem músculos... Só
gordura mesmo.
Ele assentiu e voltou a se encarar no reflexo. Tocou outra vez o cabelo loiro,
tentou arrumá-lo de alguma forma nova, se desfez da franja para pentear para
o lado. Jimin largou a escova de cabelo sobre a pia do banheiro e se afastou
um pouco para retirar a camiseta folgada. Olhou para o próprio corpo, a pele
pálida graças a falta de Sol, as formas mais destacadas de um homem de
dezenove anos. Segurou a respiração, segurando a barriga para dentro o
máximo que podia ele se virou, tocou os quadris estufando o peito até ter de
respirar outra vez.
Apagou a luz e voltou para a sala de estar, para sentar ao lado da namorada
que tinha os olhos atentos a televisão. Jimin observou o sorvete nas mãos
dela e lambeu os lábios, estava com fome.
— Ah. Entendo.
— É.
— Pra que? - o tom dela havia mudado, Jimin conhecia aquele tom.
— Você quer se destacar para que, Jimin?! As pessoas que fazem isso são
solteiras! Você não é!
— Não, não é nada disso... Eu não vou fazer isso Minseo, eu amo você... -
ele explicou com paciência, mas havia tanto receio em sua voz, um tremor
escondido por baixo das palavras de paz. O estômago vazio revirou. - Eu
não quero brigar, por favor.
— Você quer brigar o tempo inteiro Jimin! Sempre faz coisas pra me fazer
sofrer, sempre querendo me deixar! Ingrato! - Minseo atirou o sorvete nos
pés de Jimin, sujando até as panturrilhas fortes. Ele ficou de pé com pressa. -
Acha que alguma outra garota vai te querer só porque pintou a merda do
cabelo?! Acha que alguém além de mim vai aguentar você? Olha só o que
você está fazendo comigo, Jimin! Me machucando desse jeito!
— Minseo, olha... Calma... Me escuta, 'tá bem? - ele tentou tocar, mas a
garota estapeou suas mãos e caminhou para perto da televisão, buscando um
dos porta-retratos de lá para atirar contra uma parede. - Minseo!
— CALA A BOCA! SEU INGRATO! VOCÊ É TÃO MAU COMIGO
JIMIN! SEMPRE INSINUANDO QUE QUER ME DEIXAR, QUE QUER
JOGAR PRO ALTO TODAS AS COISAS QUE EU FIZ E FAÇO POR NÓS
DOIS! - ela atirou outro objeto. - EU NÃO MEREÇO SER TRATADA
ASSIM! DEPOIS DE TODO ESSE TEMPO DO SEU LADO, CUIDANDO
DE VOCÊ! TE AJUDANDO A SE SENTIR BEM! A SER ALGUÉM!
— Eu não vou fazer isso, Minseo... Por favor, me escute amor. Eu amo você,
só você. - ele se aproximou devagar, segurando os braços trêmulos dela com
carinho. Jimin estava tremendo dos pés à cabeça, sentia-se enjoado. -
Desculpa?
O pedido vinha de força automática, emergia em sua voz tantas vezes que se
tornava muito mais incompreensível a cada uma delas. Jimin pediu
desculpas sem saber porquê. Ele cedia tantas vezes que era um hábito como
o de escovar os dentes antes de dormir.
A manipulação da culpa.
— Desculpa.
— Eu odeio brigar, não gosto de te xingar, mas você me obriga a fazer isso.
— Eu sinto muito.
— Você sabe muito bem que ninguém no mundo vai te amar como eu te amo.
— Tudo bem.
Você cede.
Flashback Off
Soube por Chinrae que ele havia pedido para voltar pra Busan e isso o
desesperou. Perdeu a conta das vezes que digitou mensagens longas e outras
nem tanto, apenas para desistir e respeitar a decisão do mais novo.
— Eu sei, te dei boa tarde assim que entrei e você não respondeu. - Namjoon
sentou ao lado dele e observou o caderno alheio. - Eu quase rodei nessa
matéria, mas isso me ajudou a estudar o dobro quando pegamos a parte dois.
— O que?
— Como você pode dizer isso? Que falha em tudo? Você nunca falhou
comigo, nem quando eu merecia a sua falha, quando eu dizia coisas ruins e te
magoava. Nunca falhou com o Taehyung... Você é a força dele, é quem ele
procura quando as coisas o deixam sobrecarregado. Ele não faz isso nem
com Yoongi-hyung ou Hoseok! Por favor, não desiste...
— Não foi isso que ele me disse. - sorriu de novo. - Ele disse que a casa
dele é aqui.
Flashback On
O puxava para perto quando o corpo se movia para longe, nem tão afobado
como nas primeiras vezes, ele suava sobre aquele colchão como se a pele
precisasse expulsar o tesão arrebatador. A cada vez indo mais fundo,
buscando dentro de Jimin o ápice do prazer que os envolvia.
— Jimin... - o mais novo clamou baixinho, olhou para baixo, onde conseguia
se observar um pouco quando os quadris do mais velho subiam. - Amor,
mais rápido...
— Por que você 'tá falando baixinho desse jeito, amor? - curvou um pouco o
corpo e continuou mexendo, rebolando devagar. - Você 'tá com vergonha?
Jungkook assentiu uma vez, o rosto ficou ainda mais corado sobre o suor. Era
a primeira vez dele em um motel.
— Jungkook, isso... Bem aí... - gemeu trêmulo. Ele desceu do colo dele se
acomodou ao seu lado, as mãos voltaram a cabeceira enquanto se curvava de
pernas abertas, empinando o traseiro. - Vem amor.
Jungkook assentiu nervoso. Aquilo era novo. Ele ficou de joelhos trás de
Jimin e observou a entrada dilatada, lembrou de algo que aconteceu há
meses, em seu quarto. Então, mesmo com medo de fazer alguma coisa errada,
ele se curvou para lamber do períneo até a entrada que parece pulsar sob sua
língua.
— AH...- Jimin urrou enquanto tremia, um sorriso puxou seus lábios e a mão
trêmula agarrou o pau para masturbar lentamente. - Jungkook eu amo o
quanto você é curioso.
Antes de voltar ao que os dois mais precisavam, ele ajeitou a camisinha com
as mãos trêmulas e com cuidado voltou a penetrá-lo, gemendo engasgado ao
sentir de novo o aperto gostoso.
Jimin respirou fundo e ergueu o tronco até as costas colarem ao peito suado
do maior. O braço esquerdo se esticou até agarrar o cabelo da nuca alheia,
com força. Jungkook gemeu começando a meter mais forte, agarrando a
cintura de Jimin.
— Porque você ama quando o hyung vem assim, não é? Quando eu te deixo
me comer assim? Isso, aí... - Jimin puxou o cabelo dele com mais força, a
outra mão ainda se masturbava sem parar. - Isso... Porra Jungkook... O seu
pau é tão gostoso...
— O que?
— Você sempre diz coisas estranhas quando 'tá pra cair no sono.
— Uhum! Quatro. Uma casa bem grandona com espaço pra eles e pra gente.
— Porque tem muita criança precisando ter uma casa, amor... Ter uma
família pra crescer feliz.
— Jeon-Park. - negou.
— Para com isso! Pra que meu appa foi te falar! Que saco!
Jimin o puxou para seus braços, dando beijos em seu rosto até fazê-lo rir
outra vez.
Flashback Off
Quando Jungkook voltou para casa, num domingo de manhã, foi recebido por
uma pequena comemoração receosa. Ele veio outra vez com uma mochila
grande demais nas costas, entretanto não possuía mais o olhar assustado e
tão perdido.
— Me perdoa...
— 'Tá tudo bem hyung. - sussurrou de volta. - Eu te amo.
— Uhum.
— Eu vou ao mercado comprar alguma coisa pro almoço, o que você quer
comer JK? Hyung vai fazer algo especial pra você.
— 'Tô cansado.
— Min Yoongi!
— Eu não bebo nada há três dias. - foi sincero. - Prometi pro Tae, também
não posso misturar os calmantes com álcool.
— Calmantes?
Jimin o observou caminhar pelo quarto para abrir as janelas. Ele estava
diferente. Isso não era ruim, mas o deixava assustado. Os óculos de grau
eram os mesmos, algumas palavras ainda saíam cortadas enquanto ele
falava, mas Jungkook estava diferente.
— Eu 'tô feliz por ter voltado, Jimin. - ele alisou as coxas de forma ansiosa,
por cima do jeans apertado. - Conversei com o meu appa todos os dias... Ele
me explicou muitas coisas, explicou que foi a pedido dele que você não
falou sobre Hyo.
— Qual?
— Me machucar imaginando como teria sido não vai mudar nada do que já
foi. As coisas aconteceram como tinham de acontecer. Antes de vir pra cá,
eu procurei Hyo.
— Você a procurou?
— Sim. Eu não quero que ela participe da minha vida agora, não sei se vou
querer algum dia. Mas eu não posso abrir mão de coisas que são meu direito,
Jimin.
— Como assim?
— Ela nunca ajudou o meu appa comigo, quer dizer... Nunca pagou pensão e
essas coisas, eu procurei um advogado em Busan. - disse contido, mas com
orgulho. - Appa não gostou, mas ele finalmente entendeu que eu sou um
homem adulto e posso tomar as minhas decisões sozinhas. Procurei um
advogado e entendi os meus direitos, entendi tudo o que Hyo deixou de me
dar enquanto eu era menor de idade. Então, eu propus a ela um acordo. -
Jimin o esperou continuar. - Ela continua pagando a minha universidade até
que eu me forme, depois disso. Eu não quero mais nada.
— Obrigado.
— É melhor. - o interrompeu.
O garoto sorriu.
— Não. Ficar perto de você me faz querer jogar pro alto tudo que eu ensaiei
fazer enquanto vinha pra cá. - Jimin franziu o cenho. - Appa me disse uma
coisa sobre nós dois e fez tanto sentido que me deixou assustado ao concluir
isso.
— Nós começamos isso com a água fervendo Jimin, mas a gente não soube
controlar o fogo e ela evaporou quase completamente, quando paro pra
pensar sobre isso fico com medo de não ter sobrado em gota. - ele segurou a
mão pequena. - Eu amo você, mas nós dois precisamos fazer as coisas
devagar. Começar com a água fria...
— A gente não pode mais ser tão dependente um do outro, não pode mais
voltar se as coisas forem como antes. Não vai dar certo.
— Olha pra mim. - pediu com carinho. - Eu quero mergulhar em você, mas
você também precisa querer isso ou não adianta. Eu não tenho medo de te
ver Jimin, eu tenho medo que você continue se escondendo de mim, de si.
Então, você tem de decidir o que quer fazer... Se não quiser, eu vou entender,
por mais que isso quebre o meu coração em dois. Mas se você quiser... Eu
juro que te ajudo a colocar essa ponte abaixo, cada pedaço dela. A gente
mergulha junto em você.
Jungkook beijou a mão dele, beijou a aliança e depois o soltou. Quando ele
saiu do quarto, Jimin beijou o mesmo lugar e respirou fundo.
— Hm, que pergunta mais doida. - sorriu um pouco. - Eu não penso muito
sobre isso.
— Beba até o final mocinho. - mandou com uma voz grossa. - Yoongi
costuma dizer: está tudo bem parar, não há necessidade de correr se você
ainda não tem um motivo. Eu não penso muito a longo prazo... Um dia de
cada vez.
— Isso. Eu tenho a sensação que viver agora em função do futuro nos faz
perder o momento.
— Agora eu não sei mais. - deu de ombros. - Acho que eu quero ser... Vivo.
— É um bom plano. - riu um pouco e Jimin lhe atirou uma batatinha. - Seja
mais filtro e menos esponja, Jimin-ah. Não absorva tudo, nem todas as
coisas boas ou ruins, filtre aquilo que realmente vai te fazer bem e jogue fora
o resto.
— Eu vou com você para qualquer lugar do mundo se isso te fizer feliz.
— Obrigado. Obrigado por esses últimos dias, eu sei que você vai me ver
de madrugada e que confere se eu estou comendo direito. Vocês três tem
intercalado para dormir comigo, cuidar de mim.
— Nós somos os seus "Jimin". - Tae sorriu. - Eu amo você, rabudo. Eu sou
você. - beijou a mão pequena, sobre o mindinho miúdo.
— Jimin...
— O que-
— Jimin... Por que você não veio?! Eu fiz tudo! Tudo! Você não veio!
— Jimin, sai de perto dela! - Tae deu um passo em direção ao mais baixo,
mas parou no momento em que Minseo ergueu as mãos trêmulas. - Merda...
O revólver foi apontado para ele, Jimin, sem pensar duas vezes, tomou sua
frente, as mãos estendidas.
— Minseo... Me dá isso...
— Não! Você não vai me deixar de novo! Eu fiz tudo direito! Machuquei
aquele garoto e você não veio! Eu te esperei!
— Vamos juntos! Pra casa! - Minseo assentiu, suas pupilas estavam dilatadas
demais. - E você vai ficar comigo, só comigo!
— Isso. Vamos pra casa, Mimi. - ele tentou sorrir, estava nervoso, nunca
sentiu tanto medo como naquele momento. - Me dá isso, ok?
— Vai ficar tudo bem. Eu prometo. - assentiu para o amigo. Tae entregou as
chaves, suas mãos tremiam.
— Ela vai matar o Jimin... - disse entre soluços. - Ela vai matar ele...
🌙
Jimin observou o revólver sobre as coxas de Minseo, então virou a direita,
tomando o caminho oposto ao centro da cidade, em direção a ponte que
ligava uma margem a outra do rio.
— Me dá isso! - ele foi rápido em pegar a arma para jogar no banco de trás,
de qualquer jeito. Ouviu o som do objeto cair no chão do veículo.
— PARA!
Ele tateou a porta, procurou a maçaneta em desespero, então sentiu uma mão
lhe agarrar o pulso.
Ela sorriu.
Jimin nadou com dificuldade até a margem do rio, a perna doía demais então
ele se jogou sobre as pequenas pedras de cascalho, sobre a terra úmida e
observou o céu noturno. As poucas estrelas.
— Ali! Tem um cara ali! - alguém gritou. Ele não saberia dizer de onde.
Jimin respirou fundo, os lábios tremiam graças ao frio.
Por minutos.
Chorou feito uma criança afastada da mãe, tão alto quanto podia, chorou de
soluçar enquanto os bombeiros se aproximavam para prestar socorro.
— Sim... - ele soluçou. - Uma... Minha ex-noiva... Ela ainda está lá...
Ele soluçou outra vez. O homem tocou sua perna, a dor era tanta que ele
pensou estar prestes a desmaiar.
— E a mulher?
— A essa altura... Não tem mais o que fazer a não ser esperar que tirem o
corpo.
#PillowFic
41 - estranho
Flash Back On
Mina penteou uma mexa do cabelo para trás da orelha, colocou sobre a mesa
a prancheta e a caneta esferográfica que usou para notar dados importantes.
— Onde ela está senhora? - ele coçou um dos olhos e isso entortou os
óculos.
— Não.
— Não, se acalme, você não fez nada errado. - a mulher negou. - Namjoon,
nós podemos falar sobre a sua babá? Sobre a senhorita Seo Yangmi?
Kim Namjoon, aos doze anos, certamente era o aluno mais inteligente de sua
turma e possuía uma imaginação fértil, além de criativa. Entretanto, nenhum
prêmio estudantil ou até mesmo medalhas por vulcões de argila poderiam lhe
dar a consciência adulta do que estava acontecendo.
— Nari-ah bateu em Yangmi-noona, bateu muito... Mas Nari-ah não é
malvada, senhora... Por favor, não a prenda!? - ele apertou o cubo mágico
entre os dedos.
— Se eu contar, a noona diz pro meu appa que eu quebrei sem querer aquele
vaso que trouxe da Rússia... Mas eu não me lembro de ter quebrado o vaso. -
encolhendo os ombros, Namjoon encarou o cubo mágico.
— Você não fez nada errado. Nada. Eu vou te explicar, mas você pode
interromper quando quiser. Ok?
— Ok.
Ela continuou.
Outra volta. Namjoon se perdia entre as palavras, talvez isso fosse sua
tentativa infantil de escapar daquela sensação assustadora dentro dele.
Começava no estômago: revirando conforme ele girava as peças do cubo
mágico. Subia até o peito, pressionava-o para dentro e doía.
— Aquilo não era uma brincadeira... Alguma vez te fez sentir dor?
Abriram a porta com força, ele ouviu claramente o som dos saltos sobre o
piso limpo e frio daquela sala colorida. O perfume encheu as narinas dele
antes que os braços lhe puxasse com cuidado e desespero. Eunji pouco se
importou com os olhares alheios, então trouxe o filho para o seu colo como
se ele ainda fosse o bebê risonho e grande que costumava tentar fugir de
qualquer berço.
O cubo mágico caiu no chão e fez um som alto enquanto ele agarrava a mãe.
O corpo pequeno tremia junto dos soluços agoniados, desesperados,
confusos.
Kim Hanguk não disse uma palavra, mas Namjoon conhecia aquele olhar.
O recebia todas às vezes em que o boletim não era preenchido com notas
máximas.
Namjoon respirou fundo largando o lápis sobre o livro aberto. Ele estava
cansado. Puxou os fones de ouvidos e pausou a playlist no celular, então
olhou para a esquerda e sorriu.
Jungkook parecia bastante concentrado no computador, digitando e anotando
coisas em um caderno. O cabelo, muito mais comprido do que quando ele
chegou ali, continuava solto para secar naturalmente após o banho longo e
ele ainda devorava um pacote de biscoitos de chocolate. Sobre suas coxas,
encolhido como uma pequena bola de pelos macios, o filhote de gato
cochilava confortavelmente.
— Eu vou fazer macarrão pra gente jantar hyung, 'tá com fome agora?
— Não muita. Acho que não aguento mais ler sobre a constituição. -
bocejou.
— Claro que sim. Você é muito inteligente. - caminhou até ele para espiar a
tela do computador. - O que 'tá fazendo? Ah, não... Eu não vou entender
mesmo. - deu de ombros batendo nas costas do mais novo. - Você é
inteligente JK, é bom em tudo o que faz.
— É importante pra mim ter você na minha vida, JK. Vai ser pra sempre o
meu pequeno. Sempre. Agora, volta pro seu trabalho, vou buscar uma
cerveja... Quer?
— Por favor.
Na sala de estar, franziu o cenho ao ver um par de pés para fora do sofá
maior, descalços e imóveis, então se aproximou.
Ficou parado o olhando por um tempo até fazer careta e perceber como
aquilo era assustador. Então sorriu. Olhando ao redor foi fácil achar a manta
que Hoseok sempre deixava sobre o sofá menor, o cobertor pequeno com
estampas de flores coloridas e sorridentes demais.
Cobriu Seokjin como dava para cobrir e não resistiu a tocar com a ponta dos
dedos o rosto dele, afastar a franja da testa alheia enquanto se perguntava
pela milésima vez como alguém podia ser tão bonito daquele jeito.
— Sinto muito.
Jin sorriu ainda de olhos fechados e puxou um dos fones para oferecer a ele.
Namjoon o aceitou já sentado no chão, pertinho do sofá, para encaixar o fone
no próprio ouvido.
— Era a nossa casa. Você estava fazendo isso na cozinha da nossa casa...
Uma daquelas bem equipadas com geladeiras que podem muito bem ser um
Transformer.
— Contando que não seja um Decepticon, acho que 'tá tudo bem. - ele
encostou a cabeça ao corpo de Jin, perto do tórax dele só para deitar ali e
fechar os olhos.
— Por que?
— Porque eu gosto de saber que te fiz feliz de algum jeito, em algum lugar...
Te fiz feliz e me fiz feliz do teu lado.
Jin prendeu o cabelo alheio entre os dedos e o segurou perto, o fez subir no
sofá apertado para deitar junto de si, agarrado em seu tronco enquanto
apoiava a cabeça sobre seu peito nu.
Ficaram em silêncio.
— Pode ser, mas tem outros sentidos. A que estou falando, é o substantivo
feminino da palavra.
— É a primeira vez que você fala sobre isso comigo, sobre como as coisas
aconteceram.
— Eu quero. - Jin assentiu depressa, uma das mãos afastou a franja da testa
do mais novo. - Por favor, eu quero te ouvir sempre que você quiser falar,
Namjoon.
— Naquela idade, aos doze anos, eu estava sendo manuseado. É a idade que
a gente vai aprendendo mais porque não é tão criança e muito menos adulto,
então eu acho que igual a aquele cubo, eu precisava acertar as minhas
cores... E havia o amarelo... Eu era feliz Jin. - os olhos de Namjoon ficaram
marejados. - Os meus pais ficavam pouco em casa, eu não tinha muita
companhia, mas era tão feliz naquele apartamento gigante. Lutava contra
monstros alienígenas, construía fortes, pintava obras de arte com tinta guache
e me escondia em cada lugar que me cabia. Eu era amarelo. As outras cores
não estavam organizadas, mas eu era feliz. E tudo que eu quero é ser feliz de
novo. Tomaram a minha infância... Existe essa parte em branco que me dá
medo recordar e concluir que ser infeliz é a minha sina.
— Vem aqui JK! - Jin o puxou para o sofá também, fazendo-o cair por cima
deles enquanto Namjoon resmungava e o Jungkook ria. - O que acham de
cozinhar comigo? Quero fazer alguma coisa especial...
— Pronto.
— Hyung... A gente tá no hospital... É o Jimin.
Jungkook, sentado no banco de trás do carro, estava quieto, mas não parava
de apertar as mãos ou esfregar as tatuagens acima dos nós de seus dedos
trêmulos. Seokjin dirigia depressa, vez ou outra xingando quem ou o que o
fazia diminuir a velocidade.
— Ok, hyung.
— Fica quieto! - ele gesticulou. - Fica quieto! Me deixa ver você, aigo...
Jiminie. Meu Jiminie. - ele estava fungando. - Não faça isso com o seu hyung
nunca mais!
— Estou bem hyung, não chora... Eu vou chorar também, sabe que eu choro
fácil demais. - Jimin fungou também.
— Os seus pais estão vindo, devem chegar de manhã. Você 'tá bem de
verdade?
— Vou com você hyung. - Hoseok ficou de pé, estava dividindo uma poltrona
com Yoongi. - Vamos falar com o médico plantonista e perguntar.
— Ele bateu a cabeça com força, ainda 'tá sendo observado por isso. A
perna quebrou, mas não foi fratura exposta, pelo menos. - Tae explicou,
ainda estava ao lado da cama como um segurança. - 'Tá com dores porque
fraturou as costelas também... Mas ele 'tá aqui...
Namjoon o observou melhor e não foi difícil para notar que conhecia aquele
medo na voz de Taehyung, era o medo que existia em sua própria voz ao ver
Jimin daquele jeito.
Tocou a mão pequena e entrelaçou os dedos com cuidado, estavam frios, mas
estavam ali.
— Mini... Acabou.
Jimin lambeu os lábios, seus olhos ficaram marejados, mas ele apertou os
dedos de Namjoon e assentiu. Eles se entendiam.
— Jungkook... Respira, você vai passar mal... - Yoongi estava ao lado dele,
a mão grande afagava as costas largas bem acima dos pulmões. - Respira,
meu pequeno... Jimin 'tá bem, ele 'tá aqui...
— Jimin...
Jungkook correu até a cama e não pensou muito antes de jogar o corpo em
cima do corpo de Jimin, abraçando-o enquanto chorava baixinho. Jimin
segurou um gemido pela dor nas costelas e sorriu um pouquinho.
— Deixa Tae, por favor... Deixa. - sussurrou para o melhor amigo. - Hey,
Jungkook, olha pra mim. - o garoto negou, o rosto escondido contra a roupa
hospitalar do ex-namorado. - Você precisa levantar a cabeça pra respirar
direito... Jungkook? - ele não se moveu. - Bebê?
— Condições?! Minha filha está morta e você quer falar das condições
dele?!
— Com licença, senhor e senhora Oh, eu me chamo Kim Namjoon... Sou
amigo de Jimin e conhecia Minseo.
O casal o encarou dos pés à cabeça, mas a expressão impassível não deixou
por nenhum momento seus rostos. Seokjin olhou para Namjoon com
preocupação, mas havia algo ao redor dele que o fez sentir alívio.
— Mas hyung!
— Não senhor.
— Seunjun. Mas o meu nome não é importante, muito menos o seu... Minha
filha está morta e o responsável por isso está dentro daquele quarto! -
apontou para a porta. - Você não tem filhos, tampouco deve compreender as
coisas que estamos sentindo nesse momento, então saia da frente
imediatamente.
Flash Back On
Estava inerte, mas a mente não ficava em silêncio, não parava de funcionar
em velocidade máxima, fazia barulho demais... Nem mesmo a música alta
conseguia abafar os pensamentos. Outra vez, sem esforço demais, Namjoon
encarou o objeto metálico sobre o tapete caro que cobria o piso inteiro do
quarto.
Qualquer coisa.
— Pode arrombar.
Três.
A música parou bruscamente, então não havia nada além do barulho sem
melodia dentro da cabeça dele, os gritos da própria voz que insistia em fazê-
lo sentir covarde.
— NAMJOON!
— Hey, olhe pra mim... Por favor, meu menino. - a voz terna de Nari era
como um sopro de calor. As mãos cansadas o tocaram com cuidado,
trazendo-o para um abraço acolhedor. - Namu... O que você... - a senhora
estava chorando.
Hanguk, de pé, pegou o objeto que lhe pertencia e entregou a um segurança
uniformizado.
Namjoon cobriu as orelhas com as mãos trêmulas, Nari o abraçou mais forte.
— Senhor, por favor... Depois... Por favor, ele está muito nervoso agora.
— É por causa desse tipo de coisa que ele age assim! Sempre passam a mão
na cabeça dele! Isso induz esse comportamento estranho! - Hanguk passou
as duas mãos pelo cabelo, penteando-o para trás. - Vou dizer a sua mãe que
venha mais cedo da Itália, espero que esteja satisfeito em destruir o repouso
dela Namjoon!
— Meu menino. - ela lamentou. - O que você ia fazer... Namu... Por favor,
diga para sua Nari-ah o que fazer para te ajudar? Me deixa te ajudar, meu
menino.
— Nari-ah... - ele a encarou um pouco. - Por que eles não olham pra mim
de verdade?
— Eu não acho que os senhores tenham algo para falar com o Jimin.
— E quem é você para nos impedir, garoto? Aposto que deve ser o
namoradinho dele! O que também é responsável pela morte da minha filha!
Se Jimin estivesse com ela, Minseo-
— Minseo seria responsável pela morte dele, senhor. Jimin não tem culpa
alguma, ele não podia mais viver em função das vontades da sua filha e da
loucura que vocês dois negligenciaram por anos até que ela perdesse
completamente o controle dos próprios atos. - Namjoon estava calmo. -
Minseo era uma mulher doente, a mente dela estava debilitada e ela
precisava de ajuda, mas não da ajuda de Jimin. Ele tentou por muitas vezes,
esteve ao lado dela por anos suportando todos os abusos que vocês fingem
não ver, Minseo não precisava da ajuda de Jimin, ela precisava de ajuda
profissional e responsável.
— Como pode dizer isso?! - a mulher aumentou a voz. - Não nos conhece!
Não conhece Minseo!
— Eu conheço a mim. Eu conheço o tipo de família que ela tinha. Não quero
ser desrespeitoso, mas o que matou Minseo não foi a decisão de Jimin em se
afastar dela... Foi a negligência de vocês dois. Agora, deixem ele em paz...
Ele precisa disso há anos, precisa demais. Ou se preferirem, eu chamo a
polícia e a imprensa. Eu tenho certeza de que não querem um escândalo.
O casal, ainda que raivoso, não disse uma palavra quando Namjoon os deu
as costas.
Sentia-se aliviado.
— Não fui eu, foi o Jin-hyung. Você sabe que ninguém o desobedece.
— Um pouco de água.
— Isso quer dizer que eu vou ter de te levar pra mijar daqui a pouco. -
conclui enquanto o ajudava a encaixar o canudo de papel entre os lábios
grossos. Jimin riu baixinho.
— Mas ela não quis. Ela não quis... Ela queria morrer. Por um momento eu
também quis... Eu quis desistir.
— Apenas você pode se consolar, Jimin. Tudo bem que a gente derrube
algumas ou muitas lágrimas, que a gente pense em desistir... Ninguém é de
ferro, mas vamos tentar nos derrubar a nós mesmos. Minseo desistiu e nunca
vamos saber os motivos dela, nunca vamos entender a mente dela porque
somos únicos, mas você não desistiu, você está aqui... - apertou a mão
pequena.
— Eu sinto que renasci. - ele secou os olhos. - Que as coisas estão mais
claras diante de mim.
— Vai ver a gente não precisa morrer pra nascer de novo sobre alguns
aspectos da nossa vida. - dando de ombros, ele sorriu. - Eu pensei em
morrer tantas vezes que perdia as contas, desisti tantas vezes enquanto ainda
podia fazer isso e acho que agora eu entendo o que me fez desistir, o que me
faz continuar aqui.
— O que?
— Se eu quiser morrer, então eu preciso tentar viver mais ainda. Mesmo que
eu queria ir embora, eu sou incapaz de partir. É um direito nosso viver, então
vamos tentar viver um dia de cada vez.
Não que aquele apartamento já havia sido aquecido, mas Namjoon precisou
abaixar um pouco mais a barra da toca para cobrir as orelhas frias enquanto
andava pelos corredores e cômodos espaçosos.
Ele reparou nos dois enfermeiros na sala de estar, mas não disse nada.
Nari o abraçava pela cintura, estava feliz por vê-lo depois de algumas
semanas turbulentas.
— Está com fome? Eu fiz bolo de chocolate, aquele que você adora.
— Hm, eu não estava com fome, mas agora estou. - ele sorriu.
— Hoje sim. Não sentiu dores de cabeça. - Nari sorriu um pouco. - Vai lá,
ela está esperando você, está animada.
— Omma?
Ela sorriu.
O rosto estava pálido, mas olheiras marcavam abaixo dos olhos sem
maquiagem alguma. O cabelo não parecia mais ter brilho mesmo que soltos
ao redor dos ombros estreitos. Ela ficou de pé para o abraçar apertado,
então ele pôde sentir o quanto ela havia emagrecido.
— Você veio mesmo, obrigado Namu. - ela o segurou pelo rosto. - Está
bonito, tão corado. - ele se abaixou para que ela lhe beijasse a testa.
— Hoje sim. - assentiu. - Vem, senta aqui. - ela bateu contra o colchão.
— Cadê o appa?
— Ah, o seu pai... - gesticulou. - Ele está fora do país, acho que vai
trabalhar com um filme francês. Ele deve estar de volta daqui uns dias.
— Você sabe, seu pai precisa trabalhar. - deu de ombros. - Mas eu quero
saber sobre você, como vai a faculdade? O seu estágio? Me fale sobre o seu
tratamento.
Namjoon conseguia ver nos olhos da mãe que aquele sorriso não era
completamente verdadeiro, o brilho premeditava algumas lágrimas que a
mulher temia deixar escapar. Ele sentou ao lado dela na cama e olhou ao
redor.
— Omma...
— Omma...
— Por favor, apenas me escute, sim? - ela fungou outra vez. - Você nasceu
numa noite linda Namjoon, a Lua iluminava cada cantinho dessa cidade
quando eu te ouvi chorar pela primeira vez... Eu gostaria de ter feito alguma
coisa pra você ter chorado menos durante todos esses anos. Eu me sentia tão
frustrada depois do que aconteceu, demorei a entender que não era sobre
mim e a minha incapacidade de proteger você. É como se você tivesse
nascido pra ser triste e sofrer pra ser feliz. Toda essa dor e essa tristeza que
eu via nos seus olhos me assustava, então eu fugia de você. Eu não sei se sou
digna do seu perdão, mas eu quero que você saiba que te amo, filho. Agora
eu te entendo de verdade e talvez esse seja o meu preço.
— Não quero acreditar nisso omma, que caso exista algum tipo de deus, ele
cobre as pessoas dessa forma dolorosa. Eu não quero acreditar que as coisas
estejam acontecendo por erros do passado, isso é tão errado.
— Talvez esse seja o meu destino. Sorrir mesmo estando sempre com essa
dor... Essa foi a forma de entender o que você passou... Meu menino da Lua.
- Eunji afagou o rosto de Namjoon com carinho. - Eu deveria ter olhado pra
você de verdade, ter tocado cada um dos seus espinhos e não olhado para
eles como um conforto para a minha dor e frustração. Eu não posso voltar no
tempo, Namjoon... Eu sinto muito.
Namjoon abaixou o rosto. Sentia vontade de chorar.
— As coisas não teriam como ser diferentes, Namu. Elas estão sendo
exatamente como deveriam. Eu amo você, eu tenho orgulho de você e de tudo
o que você é ou faz. E se eu morrer amanhã... Se eu morrer agora, eu vou
morrer aliviada por saber que tive o melhor filho do mundo inteiro, mesmo
que eu não tenha sido a melhor mãe.
Namjoon a abraçou.
Escondeu o rosto dentro dos cabelos dela para aspirar o cheiro familiar.
— Vem?
— Pra onde?
Ela o puxou pelo corredor até a parte externa da cobertura, para o jardim
particular a céu aberto, para estarem sob a chuva que caia em gotas pesadas.
Flash Back On
— VEM OMMA!
— Eu fiz o cabelo ontem, Namu!
O garotinho de cinco anos ria enquanto corria sob a chuva, dando pulinhos
em cada poça de água para desespero da mãe.
— Como fez o cabelo se o seu cabelo já nasceu feito, ein? Vem! Pula assim!
— NÃO!
— Peguei você!
— Omma!
Namjoon sorriu e Eunji soltou um gritinho quando ele a pegou no colo para
girar uma vez.
— Senta logo, não pode guardar lugar e tem duas velhinhas me olhando
como se eu fosse o satanás.
— E mentiram, Yoongi?
— Cadê o Namjoon?
— Ele está nos fundos falando com o Dr. Lee. - Jungkook explicou, estava
ocupado em ajudar Jimin com as muletas. - Hyung, é melhor sentar num lugar
que possa esticar a perna!
— Acho que estou no lugar errado, não sabia que supermodelos estavam
aqui.
Jin o abraçou forte, abraçou como gostava de fazer para que Namjoon se
sentisse amado.
— Obrigado.
— Tão paternal.
— É mais forte que eu. - deu de ombros. - Suba naquele palco e arrase, meu
cérebro sexy.
— Namjoon.
O terno não parecia tão impecável, muito menos a feição sempre impassível
e dura.
— É a sua mãe...
Os braços do mais novo se abaixaram. Os olhos de raposa tornaram-se
inundados de lágrimas.
— Hoje de manhã. Ela não sofreu, eu pedi para que aliviasse as dores.
Namjoon assentiu.
— Ela me fez prometer que lhe entregaria isso. - Hanguk estendeu a ele um
envelope pequeno. - Preciso voltar, cuidar das coisas...
— Boa tarde. O meu nome é Kim Namjoon e é uma honra estar aqui hoje
para falar por todas as pessoas que confiam nas minhas palavras, eu tenho
vinte e quatro anos e nasci em uma cidade pequena desse país. Eu tinha um
discurso pronto, um longo discurso de duas páginas inteiras que há alguns
minutos não me parece mais fazer sentido algum. Mas, por incrível que
pareça, eu gosto da minha inconstância desde que comecei a tentar me amar.
A vida de cada um de nós é como um filme com diferentes estrelas e
histórias, diferentes dias e noites, os cenários podem ser chatos ou não...
Para mim, na maioria das vezes, esse filme é difícil. Ainda existem dias em
que eu me odeio, então eu quero ficar inerte na minha própria dor e fingir
que o mundo ao redor não existe, eu só quero cair de uma vez no chão para
não conviver com esse medo do impacto. - Hoseok, na plateia, segurou a
mão de Taehyung. Yoongi o abraçou pelos ombros. - E esses dias são
difíceis. Eu me sinto familiar na escuridão, mas eu não gosto de me sentir
assim. Mundo é outro nome para desespero. Mas, felizmente, eu tenho ao
redor de mim, pessoas que me ajudam e me fazem entender que a ajuda mais
necessária precisa vir de mim mesmo. - ele não pôde mais conter as
lágrimas. - Essas pessoas me fizeram ver que existe um mundo
completamente diferente que eu preciso desbravar sozinho, encontrar a mim
para assim ser feliz. Durante anos eu disse a mim o quanto gostaria de
poder me amar. Quem sou eu? Eu me pergunto isso desde os doze anos e
provavelmente não vou encontrar a resposta, pois se eu a encontrasse, não
seria o suficiente. Talvez essa busca não faça tanto sentido quanto eu pensei
fazer e eu só precise ser aquilo que me faz feliz. - ele encarou a fotografia,
uma lágrima pingou sobre o rosto de Eunji. - Minha omma me disse que eu
sou filho da Lua e eu encontrei os meus caminhos pra seguir. - ele encarou o
cubo mágico e depois o rosto de Seokjin. - Não desista. Mesmo que pareça
difícil, mesmo que o mundo/desespero te roube a respiração, mesmo que as
coisas pareçam distantes ou perdidas demais... Não desista. Peça ajuda,
procure ajuda, seja a sua ajuda. Nós estamos vivos e isso já é uma vitória
difícil de compreender, mas é. Nós estamos aqui. Nós temos o direito de ser
feliz. Se você pensar: não pensar em nada é um pensamento em si. Pense em
você. Eu não estou dizendo a nenhum de vocês que é fácil, eu sei que não é...
Mas vale a pena quando tudo passa a fazer sentido. Quando você souber
como é maravilhoso se amar. Obrigado.
Ele brilhava.
#PillowFic
42 - dor
bem, vamos falar brevemente sobre esse capítulo? por favor, se atendem as
tags galera, partes deles podem realmente ser pesadas para algumas pessoas
e como eu sempre digo: prezem a saúde mental de vocês, se estiver e um
momento ruim, não leia agora, leia depois, o capítulo vai continuar aqui pra
você ok?
muito obrigado por continuarem aqui, por terem paciência e etc. isso me
deixa feliz!
Se eu pudesse recomeçar
Milhões de milhas daqui
Eu me manteria
Eu acharia um caminho
Flash Back On
O motivo, por mais secreto que tenha sido, estava ao lado direito de Tae.
A mão pesada segurava seu ombro sem usar força, mas já bastava para fazê-
lo imóvel diante do toque.
O terno escuro fazia-o parecer ainda mais velho do que era, provavelmente
por conta do novo corte de cabelo sério que deixava para trás as mechas
grossas para dar lugar ao liso impecavelmente preso por gel.
— Sorria, Taetae.
A voz forte chegou aos ouvidos de Taehyung como água quente, escorrem
para dentro de sua mente, desceu pesada pela garganta queimando enquanto
embrulhava seu estômago de um jeito confuso e quase assustador.
Taehyung olhou para cima, para o irmão mais velho. Assentiu e encarou o
fotógrafo entediado com toda a falsidade de mais uma família rica.
Ele voltou a fotografar, para o deleite de Chaewon que observava seus filhos
com orgulho palpável. Eram perfeitos. Cada um deles, até mesmo o pequeno
Taehyung que espalhava alegria pelos corredores da mansão onde nascera,
fantasiando em sua imaginação infantil um mundo inteiro que nunca deixaria
de ser maravilhoso.
Taewoo sorria, Taeseok tentava ignorar o tédio que aquilo lhe causava e
Taehyung...
Era algo muito recente, mas o garotinho de apenas dez anos parecia diferente
do seu comportamento habitual. Sequer uma vez teve de mandá-lo parar
quieto ou pedir à babá que lhe ajeitasse as roupas de primavera.
Chaewon caminhou em direção aos filhos, mas não o suficiente para estragar
as fotografias, não o suficiente para ser atingido por todos os flashes que
deveriam incomodar Taehyung, que deveriam fazê-lo reclamar e correr por
toda a casa fugindo de suas mãos.
— Você nunca toma banho sem uma briga antes, Tae. - ela sorriu o puxando
para perto, fazendo-o abraçar sua cintura. - Quer tirar essas roupas? Está
quente, por que não aproveita o resto do dia na piscina.
— Omma, posso tomar banho? - Tae insistiu, os braços finos abraçaram com
mais força a cintura de Chaewon.
— Claro, querido.
— Peça ajuda a Minari, ok? - Chae se curvou para beijar o topo dos cabelos
do filho mais novo, então o observou sair da sala apressado, de rosto baixo,
mancando. Então, encarou Taewoo outra vez.
— O que foi? - ele, com as mãos escondidas dentro dos bolsos da calça
escura, sorriu. - Eu vou sair, devo voltar de madrugada. Diga ao appa que a
Ferrari está comigo. - Taewoo beijou a bochecha da mãe e também saiu.
— No banho, senhora.
— Entrou quieto e depois foi para o banheiro, não me disse nada. Eu devo
ajudá-lo? Devo-
— Não, está tudo bem Minari. Desça e mande que um dos seguranças vá até
o Burger King, que traga um daqueles combos que Taehyung mais gosta. Ele
está cabisbaixo, acredito que isso vai deixá-lo mais alegre.
Abriu de vez, puxou para fora as roupas do filho mais novo, o short de linho
azul, a cueca do Spider Man... Seus olhos dobraram de tamanho, as mãos
tremiam enquanto puxava para o lado a porta do box. Taehyung se assustou
quando a viu, encolheu o corpo contra o canto da parede e cobriu com ambas
as mãos o sexo.
— Nada! Não fiz nada! Omma, eu não fiz nada! - Tae negava, o rostinho
molhado se movia de um lado ao outro na tentativa de tornar sua negativa
mais convincente.
— Omma... 'Tá doendo... O hyung disse que não ia doer, mas 'tá doendo
muito. - Taehyung secou um dos olhos, os soluços sacudiam o corpo magro.
— Omma, mas ele... Machucou... A senhora disse que quem machuca a gente
é mau. - Tae soluçou forte, o nariz escorria.
— Ele é o seu irmão! - disse mais alto. - O seu irmão! Olhe pra mim! - o
segurou com um pouco mais de força. - Se você disser isso a alguém vão
machucar o seu irmão! Entendeu? Você quer que isso aconteça?
— Não! Ele nem deve ter se dado conta que contou o que você fez! Você
enlouqueceu?! Ele é seu irmão!
— Você tem alguma ideia do quanto isso pode prejudicar a imagem do seu
pai?! Taewoo, ele está tentando uma cadeira no partido! Um escândalo assim
pode estragar tudo que conquistamos durante todos esses anos!
— Taehyung não vai contar. - ele vestiu a camisa, logo cuidando dos botões
escuros.
— Você o machucou! - ela disse mais alto. - Oh, deus... Tenho de... Preciso
levá-lo ao médico, preciso... Tem noção da gravidade disso? Não estamos
falando sobre a filha de uma das empregadas, muito menos as garotas que
você embriaga junto dos amigos, Taewoo! Taehyung é diferente!
— Já falei que não foi uma coisa premeditada, eu fiquei bêbado. - dando de
ombros, Taewoo virou-se de costas. - Omma, a senhora sabe que eu não sou
mau. Quer que eu me desculpe? Posso fazer isso, ele logo esquece. - a
encarou de novo. - Não vai mais rolar, te dou a minha palavra.
— Quer que eu seja preso, omma? Que eles me levem para longe? Que me
tratem mal numa prisão? Eu também sou seu filho.
— Appa não vai saber disso, vai ser um segredo nosso. Foi só uma vez.
Taehyung vai esquecer mais depressa do que acha, ele é esquisito... Sabe
disso.
Chaewon secou uma lágrima que escorria por sua bochecha direita antes de
assentir.
— Pode ser.
🌙
— Hey, sorria pra mim!
— Então, não pense assim Yoon. Sei lá, deixa isso à cargo do destino
mesmo, a gente não controla nada. - Taehyung deixou a polaroid de lado. -
Eu amo você.
— Acredito nisso, mas existem coisas além do nosso controle... Coisas que
eu sinto e não sei como lidar. Meu appa foi extremamente direto naquela
ligação, Yoongi.
— E você 'tá pronto pra cortar esses laços? Pronto para dizer isso a ele?
— Eu acho que sempre estive pronto, mas essa possibilidade era só uma
fantasia dentro da minha cabeça. Não sei se vai mudar alguma coisa, mas eu
não me importo caso não mude... Eu vou deixar isso sair de mim.
— Estamos orgulhosos. - Yoongi sorriu. - Você pediu ajuda e aceitou a ajuda
que oferecemos. Desde que começou a fazer terapia com o Dr. Lee as coisas
parecem mais claras na sua mente. Obrigado por não desistir de você
mesmo, Tae. Por continuar aqui.
A porta do banheiro abriu de repente e eles olharam para Hoseok que saia
do banho secando os cabelos recém pintados de laranja outra vez. Ele não
vestia nada além de uma cueca preta.
— Deve estar tão cheirosinho, tão quentinho. Vem aqui pra gente te morder,
marrentinho.
— Não! Ainda estou puto! - ele resmungou com um bico nos lábios.
— Não vai, não! Vem aqui! - Taehyung pulou da cama fazendo-o gritar
enquanto corria para a porta trancada. Hobi não teve chances, logo estava
preso dentro do abraço forte do mais novo, sentindo os beijos dele sobre
seus ombros e nuca. - Meu marrentinho, você perdeu, mas eu ainda te amo
mesmo assim.
— Eu acho que rolou alguma coisa ontem. - Taehyung disse baixinho, logo
atraindo a atenção dos outros dois. - Fofoqueiros pra caralho, puta merda.
— Cala a boca Yoongi, que saco! Não quero imaginar essas coisas! - Hobi
fez um bico.
— Eu vou morder esse seu bico lindo. - Taehyung afinou a voz, então o
mordeu mesmo.
— Para com isso! Não me morde assim, Taehyung. - ele estava rindo um
pouco.
— Quero terminar esse relacionamento aqui, não posso lidar com isso. -
Yoongi resmungou.
— Larga de ser chato, Yoon. Fala pra mim que você é o nosso gatinho. Só
conto o resto da conversa do Jimin e do Jungkook se você disser.
— Vai se foder. Fala logo o resto ou os dois ficam sem cuzinho por uma
semana.
— Nunca soube. Filho mais novo, mimado pra cacete. Já leva as coisas pro
extremo.
— 'Tá. O Jungkook disse que estava bem, mas que eles ainda estavam indo
devagar.
— Fez mesmo, você tá menos chato. Quando a gente vai poder ir te ver
dançar?
— Não tem nada incomum, eu só não me sinto seguro ainda pra mostrar a
minha dança de novo, você sabe que eu não sou muito bom-
— Calado! - Tae cobriu a boca dele com a mão. - Para de falar merda, você
é incrível. Mas a gente espera até que se sinta confortável.
— Todo dia.
— Ela está me pedindo para aceitar conversar com ele. Disse que é
importante.
— O que vai fazer, Seok-ah?
— Não sei. Não quero pensar sobre isso agora. Não quero falar sobre isso
agora.
— Seok...
— Depois. Desce. - com um tapinha sobre a coxa coberta por uma calça de
moletom, Hoseok tirou Yoongi de cima de seus quadris para sentar na cama.
- Estou com fome, vou sair e comprar alguma coisa.
— Vou dar uma volta. - ele procurou por uma calça jeans, acabou pegando a
de Yoongi.
— Hey, hey... Ok... A gente não vai falar sobre nada disso, ok? Mas não saia
assim, não fica bravo com a gente. - o menor o puxou para um abraço. -
Vamos jantar juntos, Namjoon fica menos deprimido quando a gente se reúne
para jantar. Desculpa, Seok.
— Não precisa se desculpar. É só que... Ainda não consigo fazer isso. Eu sei
que devo estar sendo um dramático de merda, mas eu. Ainda não consigo
fazer isso.
— A gente entende. 'Tá tudo bem, relaxa. Vamos descer pra jantar, esquecer
esse assunto. Eu vou tomar banho, não vou demorar.
— Sim senhor.
— Idiota.
Sabia a senha, sabia exatamente como conseguir o que mais precisava, então
não hesitou. Copiou o contato para o próprio celular e salvou com um nome
qualquer.
— Jimin, você pode comer tanta pimenta assim?! Imagina como deve
queimar seu cu pra sair.
— Não quero falar sobre o cu do Jimin enquanto como meu jantar, obrigado.
- Hoseok reclamou.
— Acredite Jimin, ainda falta um mês. O tempo passou rápido demais pra
mim e pra Sunmi. Na última ultrassom Yumi estava mostrando o dedo do
meio.
— Gosto dessa menina, ela é das minhas! - Taehyung riu. - Um brinde a Kim
Yumi!
— Não fica achando que vai ensinar minha filha a ser desbocada não viu, eu
corto fora o seu pau. - Jin ameaçou enquanto brindava. - Eu não sei se já
falamos sobre isso, mas vocês querem ter filhos?
Yoongi também sorriu, mas Taehyung não demonstrou qualquer coisa, ficou
quieto.
Jimin notou.
— Eu quero adotar, Hobi- hyung, tem muita criança que precisa ter uma
família. A gente vai adotar quatro e o Jimin disse que-
— Desculpa, eu-
— Eu disse que a gente vai ter uma casa bem grande, perto da praia de
Busan. Não mudei meus pensamentos, Jungkook. - Jimin disse o encarando.
— Oh, ele está tão vermelho, venha aqui. Aigo, deixa o hyung te esconder. -
Jin abraçou a Jungkook, rindo sem parar. - Está tudo bem, não fica assim
com vergonha. Eu quero ser padrinho do seu filho mais velho.
— Ouço alguém falar, mas nada além de: sou um mal perdedor e vou lavar
toda a louça do jantar.
— E lá vamos nós. - Jimin virou uma dose de soju. Jungkook o encarou, não
estava mais tão corado. Jimin suspirou afastando a garrafa da bebida,
deixando claro que pararia ali.
Jungkook o sorriu.
— O que é quequete?
— Jimin, eu acho saudável para a nossa convivência que não saibamos o que
é isso, desconfio que seja algo além de nossa compreensão do quanto um trio
de namorados pode ser brega, insuportável e depravado. - Jin pediu.
— É boquete.
— Boa noite, acho que deu a hora de dormir. - Namjoon ergueu as mãos,
negando. Jungkook estava tossindo e engasgando.
— Eu falei. Min Yoongi é um homem sujo. Tanto no sexo, quanto por não
tomar banho.
— Ah, deixa de ser besta Jungkook! A gente ganhou o jogo! - Jimin estava
indignado.
— Olha, nem eu sou tão gado do Hoseok desse jeito... E ele me come. Boa
noite.
⭐
— Você acha que a gente consegue parar algum dia? - Jimin perguntou
enquanto soprava a fumaça do cigarro, observando-o entre os dedos.
— Parar de fumar?
— Também. Ele me disse que sente falta da maconha, mais do que achou que
ia sentir, então ficou assustado com isso. Faz uns bons meses que ele tem
fumado menos, isso o deixava meio tenso demais... Voltar a dançar tem
ajudado, acho que ele gasta mais energia.
— Sempre ao seu dispor, rabudo. Mas e aí, o que você quer me falar?
— A gente não conversou sobre a ligação do seu appa, Tae. Acho que você
quer falar sobre isso.
— Então, por que eu ainda consigo sentir tanta hesitação na sua voz quando
fala sobre isso? Cortar esses laços é o mais certo, Tae.
— Porque ele nunca havia errado. - Jimin concluiu. Tae suspirou, era um
alívio tê-lo em sua vida. A forma como Jimin conseguia lhe compreender era
libertadora.
— É isso. Aquela criança nunca havia errado, mas eu já errei pra caralho.
Se eu mereço essa possível liberdade, essa paz que estou segurando dentro
das minhas mãos com toda a minha força, aquele menino que abraçou os
espinhos de toda aquela merda nunca machucou ninguém, nunca colocou a
vida de outra pessoa em perigo... Mas eu sim.
— Não me culpo mais por aquilo Jimin, sabe toda aquela raiva? - Jimin
assentiu. - Ainda está dentro de mim e vai continuar aqui até o fim da minha
vida como um estigma, uma marca. Mas eu não sinto mais tanta raiva sem
foco, escapando por meu corpo como se eu estivesse transbordando o tempo
todo... Eu sinto raiva principalmente do que aquela dor me obrigava a
fazer. Da forma como eu me destruía para que os meus país olhassem pra
mim e sentissem pelo menos um pouco da raiva que eu sentia. - ele tragou o
cigarro quase no fim e observou os pulsos, as tatuagens coloridas que
também cobriam as cicatrizes que ele nunca esquecia. - Um pra cada um.
Meu appa, minha omma, Taeseok... Taewoo. E uma dúzia pra mim, pra me
fazer egoísta até quando me machucava.
— Isso quer dizer que eles devem estar vindo pra cidade.
— É. Acho que sim. Acho que vou cortar esses laços antes do que imaginei.
Flash Back On
— O que é essa merda, Taehyung?! Hein?! Por que faz essas coisas?! Quer
me provocar?!
— S-Sim.
Chaewon não disse nada, mas estava ouvindo. Usava um algodão para
estancar o sangue dos cortes sobre a pele de Taehyung.
— A senhora não gosta de mim, omma? - o sussurro a fez erguer o olhar para
encarar Taehyung.
— O que?
— Aqui, trouxe o kit. Deixe que eu cuide dele, senhora. Sei fazer isso. - a
babá pediu gentilmente, então Chaewon apenas assentiu. - Vai arder um
pouco, Taehy, mas não chore, ok?
O olhar dele não era doce como há três anos, não havia brilho algum. Vazio.
— Sim, vamos.
Flash Back Off
— Não. Não é justo. Não é justo que ele vença essa eleição, não é justo que
as pessoas acreditem na imagem que eles passam... Eu negligenciei a minha
dor por mais de dez anos, o quão egoísta eu seria se negligenciar a podridão
que existe por dentro da minha família? Jimin, eu quero ser um homem
orgulhoso, quero dar orgulho a Hoseok e a Yoongi, quero orgulhar você... O
Namjoon-hyung. O discurso dele naquele dia, a força dele mesmo depois de
perder a omma, eu quero ser forte como ele é... Ser forte como você é.
— Vamos nos orgulhar juntos, vamos ser fortes juntos. Não corte esses
laços, Tae.
— Não vou cortar. Eu vou agarrar cada um deles e usá-los para expor tudo o
que eu sei e o que as pessoas precisam saber. Nem que pra isso eu tenha de
expor cada uma das minhas cicatrizes, nem que pra isso eu tenha de encarar
cada um dos meus estigmas.
— Eu acho que já sei o que podemos fazer, Tae. Mas vamos precisar de
muita gente, de muito barulho. - Jimin sorriu um pouco. - Você confia em
mim?
— Taehyung foi longe demais dessa vez. Se envolver com alguém violento e
envolvido com drogas? Olha só o que esse homem fez a você! Isso é
inaceitável! Me diga como vai comparecer ao comício com o rosto cheio de
hematomas assim, Taewoo?!
— Não se preocupe appa, ainda temos uns dias e posso cobrir com
maquiagem. Já começou a decorar o discurso que escrevi?
— Por que você mesmo não liga? - Taeseok arqueou uma das sobrancelhas.
— Porque você não vai procurar o que fazer e nos deixa trabalhar?
— Ele devia ter batido mais, ter quebrado todos os seus dentes.
— Ora, veja só quem está mostrando as garras agora. Quase sinto orgulho,
Taetae, sempre achei um desperdício que Taeseok ocupasse um lugar feito
para você.
— Appa quer que venha até nós, temos muito o que conversar. Uma mudança
de planos sobre o seu castigo aqui.
— Eu vou.
Taehyung desligou.
— Para quem?
— Tem certeza que quer fazer isso sozinho? A gente pode subir contigo.
— Eu amo tanto vocês dois. - Tae sorriu enquanto sentia a mão de Yoongi
acariciar sua coxa. - Eu vou subir só pra que eles parem de me procurar e
não desconfiem de nada.
— Tae, ainda acho uma péssima ideia. Vamos pra casa? Não precisa fazer
isso, não precisa encontrar com eles.
— Hoseok, eu preciso fazer isso. Amor, 'tá tudo bem. - ele beijou a mão
gelada de Hobi. - Fiquem aqui me esperando, só isso. Ok?
— Ok. Fica com celular no bolso já na tela de discagem, liga sem pensar
duas vezes se for necessário e eu entro nessa droga de hotel, ninguém me
segura.
Ele respirou fundo enquanto observava o hotel cinco estrelas do outro lado
da rua repleta de hotéis e restaurantes caros. Atravessar foi fácil, depois se
dirigir a um dos recepcionistas que o autorizou subir até o oitavo andar,
quarto 802.
Flash Back On
— Não toque em mim! Não! - ele estapeou a mão de Taewoo com força. -
Não!
— Oh, vai contar a ela também o quanto você gostou dessa vez? Que até
gozou pra mim?
— ME SOLTA!
— Não era minha... Você sabe! Você colocou aquilo lá! Me disse para
experimentar!
— Eu? Eu, Taetae? Como pode me acusar dessa forma? - Taewoo possuía
um semblante quase choroso, o rosto bonito passava uma sinceridade afiada.
- Logo eu que sempre o dei tanta atenção, não seja mal agradecido, por
favor.
Taehyung respirou fundo, pelas narinas quase entupidas graças ao choro. Ele
olhou para a pia, olhou para a faca de queijos que estava sobre a tábua de
madeira talhada, ao lado de um grande pedaço da iguaria favorita do pai.
— Seu filho de uma puta, moleque desgraçado! - Taewoo era mais velho,
dez anos mais velho e mais forte diante de um adolescente assustado. Não
demorou a pegar a faca e atirar longe, então as mãos grandes agarraram o
pescoço de Taehyung, os dedos se fecharam ao redor da garganta apertando
com força. - Presta bastante atenção no que eu vou te dizer, seu retardado
esquisito, nunca mais ouse fazer isso comigo outra vez, entendeu? Ou eu te
machuco de verdade Taehyung, te machuco tanto que as merdas desses cortes
nos teus braços vão parecer rabiscos de criança!
O soltou, pouco preocupado com o baque do corpo alheio contra o chão frio.
Taehyung tossiu, tentava tragar o ar, mas sua garganta doía muito.
— A gente não tem mais dez e quinze anos, Taeseok, pode parar com essas
provocações idiotas. - desdenhou entrando na casa, mas lembrou que as
mesmas provocação quando vinham de Jimin, o faziam sentir outra vez como
uma criança briguenta.
Quis sorrir.
— Appa, ele Taehyung chegou. - o outro disse em voz alta. - Eu vou sair,
preciso encontrar Taewoo e-
— Bom que tenha vindo... O que fez com o seu cabelo?! - Sanghun
esbravejou assim que o viu.
— Eu também não senti saudades, appa. - Tae suspirou. - Pode dizer o que
quer comigo?
— Vou indo, fique para jantar, Tae-feio. Sinto falta de seus comentários
ácidos a mesa. - Taeseok lhe deu um tapinha no ombro e saiu.
— Tae? Oh, Tae... Querido. - Chaewon se aproximou apressada, as mãos
bonitas seguraram o rosto do filho caçula. - Olhe só, está corado e parece
saudável, senti tanta saudade de você, Tae.
Ela o abraçou.
Taehyung esperou sentir outra vez aquela necessidade do carinho dela como
acontecia antes, o fio de esperança que se mantinha aceso no lugar mais
profundo de sua alma mesmo que ele pouco fizesse para que se mantenha.
Nada.
— Você sabe a razão de ter lhe chamado aqui, Taehyung. Sabe porque se
lembra muito bem do que falamos naquela ligação. Você perdeu
completamente os limites, achei que esse castigo serviria para que
valorizasse mais a sua família, que compreendesse que valores familiares
são essenciais para que um homem seja bem visto na sociedade! Então o que
você faz?!
— Esse garoto precisa ouvir boas verdades, Chaewon! Ele nunca teve
motivos para se comportar como se comporta! Nunca lhe deixei faltar nada!
Vestiu o melhor, comeu o melhor! Melhores escolas, melhores brinquedos,
viagens! Tudo o que um garoto precisa para crescer feliz e obediente! Ainda
assim só me dá desgosto! Gay! Uma bixa que desfila por todos os lados com
DOIS homens! E um deles ainda é violento e envolvido com drogas! O QUE
MAIS LHE FALTA, TAEHYUNG? O que mais vai fazer para estragar a
nossa imagem? Por que sente tanto prazer em nos humilhar dessa forma?!
Taehyung ouviu a cada palavra sem esboçar reação. O que era conflituoso
com seu comportamento anterior. O humor afiado e debochado que sempre
rebatia as acusações dos pais, cavando a paciência até onde podia, sem
parar.
— Taehyung-
— Conte a ele. Justifique cada uma das minhas ações, faça com que tudo nos
últimos catorze anos faça sentido, omma.
— Por que você nunca gostou de mim, omma? - a pergunta, tão parecida
com aquela feita há dez anos, a fez se calar. - Eu também sou seu filho, eu
também nasci de você... E mesmo assim nunca se importou com o quanto
Taewoo me machucasse, contando que ele nunca sentisse o mesmo.
— Diga a ele.
— Eu acho que não tenho muito o que fazer aqui. Appa, depois que souber
de tudo, se quiser conversar, sabe onde estou. - Tae respirou fundo. - Eu não
vou mais proteger ninguém que nunca tentou fazer o mesmo por mim. Não
quero mais nada de vocês. - ele tirou da carteira o único cartão de crédito
que ainda possuía, aquele que limitava seus gastos como um castigo. - Pode
me deserdar, pode me apagar das fotografias, me apagar dessa família. Eu
não faço questão alguma de fazer parte disso... Sequer amo vocês e isso não
me faz um vilão, só me faz de verdade. Omma, eu sou feliz pra caralho,
sabe? Tenho irmãos agora, tenho pessoas que cuidam de mim de verdade,
que me ensinaram a ser um homem melhor, um homem que eu nunca me
tornaria embaixo das suas asas. A senhora nunca quis me proteger, a senhora
só me queria perto o suficiente para calar a minha boca. - ele se afastou um
pouco. - Conte a verdade! Naquele dia me disse que Taewoo não era mau,
mas você fez de mim o menino mau! Appa, de alguma forma, por sua causa,
eu sinto muito.
— Taehyung! Taehyung não vai embora! Taehyung você não pode contar...
Ele é seu irmão!
— Não. - ele disse um pouco alto. - Ele é um monstro que a senhora alimenta
constantemente, um monstro que a senhora deixou se alimentar de mim... Mas
eu sou venenoso, omma. Mesmo que demore, ele vai morrer quando o meu
veneno começar a fazer efeito.
Ele não respondeu aos chamados da mulher, sequer olhou para trás ao ouvir
os gritos do pai que exigiam respostas.
— Não acho. Ele não mudou de ideia, mas está sem sentir, Seok. Vem,
vamos cuidar do nosso Tae.
Yoongi o ajudou a se vestir, lhe penteou os cabelos para trás e até calçou
meias quentes nos pés grandes. Quando foi abraçado pela cintura, sorriu um
pouco.
— Eu tenho medo disso, tenho medo disso me consumir. - ele estava sentado
a beira do colchão.
— Não vai. A gente nunca vai deixar isso acontecer. - o beijou na testa.
Estava de pé entre as pernas de Tae. - Porque vamos te fazer sentir todas as
coisas boas possíveis do mundo, amor. Todo dia. Amor, paixão, felicidade,
prazer, alegria... Nós vamos transformar essa raiva toda em amor. No nosso
caminho de cerejas, durante as nossas conversas de travesseiro.
— Nós estamos lutando do seu lado. Nós somos bons juntos, Tae. - a voz de
Hobi o alcançou. Ele estava de pé na porta do quarto, segurava nas mãos um
Holly muito comportado. - Como é que o Sol e Lua podem existir sem o céu
inteiro pra percorrer, ein? Como é que a gente vai viver sem você?
Chorou por minutos, chorou até não ter mais lágrimas para gastar.
— Ele está bem Jungoo, conte a ele a novidade. - Hobi afagou os cabelos do
namorado.
— Ah, olha isso! - Jimin desceu do colo de Jungkook com pressa e mancou
até o melhor amigo. - Eu consegui mais pessoas, Tae.
— Enquanto isso a gente pode organizar como vai sair tudo, goste da ideia
do Namjoon de usar as cores das bandeiras.
Dias Depois.
— Prontinho!
Seokjin sorriu satisfeito depois de afastar o pincel do rosto de Taehyung.
— Obrigado hyung.
— Sim, você está. Andei pensando depois de te ver correr com isso todos
esses dias, você tem um dom que ainda não descobriu.
— Tenho? Qual?
— Não vou contar, quero que você descubra isso sozinho. - ele beijou a testa
de Taehyung. - Vamos tentar fazer dessa cidade e talvez desse país um lugar
melhor para as pessoas como nós, eu vou lutar por mim, por nós e pelo
futuro da minha filha... Quero que Yumi cresça em um mundo onde o amor
seja livre, Tae. Então, no futuro, quando ela entender o que estamos fazendo,
ela vai se orgulhar.
— Motivar as pessoas, elas sabem que você é filho de quem é, mas as suas
palavras podem motivar mais. Olha ao redor, você consegue perceber?
Taehyung olhou ao redor lentamente. Viu Lalisa e Jisoo reunidas com outras
garotas carregando bandeiras do movimento LGBTQ+, depois viu os amigos
de Jimin: Taemin, Kai, Rosé e Hwasa. Bobby estava ali, no momento
provocava um Yoongi emburrado nos braços de Hoseok. Rostos conhecidos
e outros nem tanto, possuíam muito em comum... Principalmente o olhar
apreensivo.
— Você não tem? - Namjoon sorriu um pouco. - Nesse país Tae, a gente tem
medo de ser livre porque desde muito cedo nos oprimem por todos os lados.
Não se preocupe, ninguém vai desistir, mas algumas palavras vão servir para
que as nossas vozes sejam mais altas e mais fortes.
— E se eu disser besteira?
— Você não vai dizer besteira, só... Abre o seu coração. Seja você mesmo.
Tae mordeu o lábio inferior e olhou ao redor outra vez, então caminhou até
Seokjin para pedir o megafone que ele segurava.
— CALEM A BOCA!
— Obrigado Jin-hyung.
— Você também notou o quanto ele é bom nisso, não foi? - Seokjin, ao lado
dele, parou de bater palmas.
— O que?
— Um problema, lá fora.
— Chegaram, cadê o appa? Ele já viu a merda que Taehyung está fazendo lá
fora? - apontou para a janela.
— O que?!
— Do que está falando? Como assim não vem? Ele precisa subir ao palco
daqui há meia hora, o subsecretário acabou de chegar e o presidente do
partido já perguntou por ele duas vezes, omma.
Gargalhou gostosamente.
Gargalhou feito um louco.
— Ele vai desistir da eleição, vai dizer que está com problema de saúde.
— Cale essa boca mulher! Você participou tanto disso quanto eu! Você me
disse que a garota era louca por mim! Sempre quis ser a primeira dama da
cidade, sempre quis estampar as revistas e posar de esposa e mãe perfeita
enquanto appa fodia as empregadas e você enchia a cara de botox. EU
PERDI ANOS NESSA MERDA TENTANDO FAZER ESSA FAMÍLIA SER
RECONHECIDA! E ELE... - apontou para fora da janela. - ESTRAGOU
TUDO, ESTÁ ESTRAGANDO TUDO! Me escute, volte até aquela porra de
hotel e traga o imprestável do seu marido até aqui, eu quero se foda o
caralho da culpa atrasada dele, que se foda você... MAS EU NÃO VOU
DEIXAR TODO O MEU TRABALHO IR PARA O LIXO, entendeu?
⭐
As centenas de vozes se misturavam ao som interruptivo dos objetos de
sopro que muitos tinham em mãos. Taehyung estava a frente, gritava
incentivos e puxava gritos que exigiam direitos, respeito e aceitação. Ele se
sentia forte.
— Jimin é melhor você voltar, ficar na parte de trás. - eles tinham de falar
alto.
— Nem fodendo! Vou ficar aqui! Ainda tenho uma perna inteira.
— E a polícia não pode chegar antes da mídia, a gente precisa que o Tae fale
com o maior número de emissoras possíveis, isso é importante ou não vai
adiantar nada.
— Você tem certeza que quer fazer isso, amor? Quer falar?
— Me larga! - se debateu.
— Quieto. Tem dois homens que trabalham pra mim com o seu namoradinho
doente, basta um sinal meu e aquele baixinho atrevido vai comer capim pela
raiz.
— Isso é mentira!
— Quer apostar? Quer mesmo brincar com a minha paciência depois dessa
merda toda que você fez, Taetae? Vem logo e cala a boca!
— Não foi a polícia quem fez isso, eles chegaram agora. - Jimin apontou. -
Alguém lá dentro mandou os seguranças dissiparem a gente.
— Vamos nos separar... - todos olharam para Jimin, ele rolou os olhos. - Ok,
vocês vão se separar para procurar. Eu fico aqui pra caso ele volte. Vão
logo!
— Ok.
— Você não tem ideia do quanto eu estou puto contigo! Que merda você acha
que está fazendo com esse bando de aberração aqui?!
— Eu vou acabar com você retardado, vou acabar com o seu namorinho de
merda e te mostrar o que acontece quando alguém me desafia desse jeito!
— Cala a porra dessa boca! Você me obrigou! Sabe disso! Não adianta
tentar me fazer pensar diferente! Eu nunca mais vou me culpar por sua causa!
Por causa do que você fez comigo!
Ele avançou, mas Taehyung não era mais o adolescente de antes, era um
homem forte que sabia muito bem se defender. Ele não fugiu ou quis fugir.
Escapou do primeiro soco e gritou enquanto agarrava Taewoo pela cintura,
empurrando para longe. O mais velho lhe acertou uma cotovelada no meio
das costas, então ele gemeu de dor.
Um soco doloroso lhe acertou o queixo, depois um chute o fez perder o ar.
A voz de Yoongi estava perto. Tae piscou cuspindo sangue e viu o namorado
acertar um chute no peito de Taewoo.
— Amor, hey... Olha pra mim, respira devagar... Respira devagar. A gente te
achou, estamos aqui. A polícia está vindo. - Hoseok o ajudou a ficar de pé,
estava tentando não tremer de tanta raiva. - Vamos acabar com isso.
— O segurança disse que ele estaria aqui. Hoseok não me atende. - ele bufou
enquanto desistia outra vez de fazer a ligação.
Os dois vieram depois da ligação confusa de Taewoo. O Jung estava
desesperado com a possibilidade de qualquer coisa acontecer a Hoseok,
nunca se perdoaria. Outra vez.
— Não tem nenhum carro aqui, Yo. Nada eu acho que a gente 'tá no lugar
errado-
Uma poça de sangue começou a brotar sob o corpo, pintando o asfalto gasto
de vermelho, bem na região onde a cabeça havia sido esmagada contra o
chão.
Mortos.
Yoseob cobriu a boca com a mão esquerda e depois olhou para o alto, olhou
a tempo de ver uma pessoa se afastar da beirada do sexto andar.
#PillowFic
43 - boêmia rapsódia
— Ele 'tá morto? - Tae quis saber, havia um nó na garganta, mas não por
Taewoo. Nunca seria por ele.
O outro assentiu.
Tae suspirou quase aliviado. Quase porque sabia das consequências que
viriam quando saíssem daquele estacionamento, quando encaravam tudo
além da construção velha e abandonada. Ele segurou a mão de Yoongi,
depois a de Hoseok e as beijou sem pressa.
— Não foi você. - Yoongi repetiu apertando a mão do namorado mais alto.
— Eu digo que foi legítima defesa, ele me bateu. - apontou para o corte
pequeno no lábio inferior. - Que estávamos brigando e eu o empurrei sem
querer.
— Não! Não vai! Vou dizer que fui eu! - Hoseok teimou.
— A gente não vai chegar a lugar algum desse jeito! Eu tenho os motivos,
esqueceram?! Ele me agarrou na rua, tinham pessoas vendo! A gente brigou!
Se eu disser que foi legítima defesa é mais provável de tudo ser mais fácil.
Ouviram passos apressados vindo das escadas, logo ficaram mais juntos, um
deles chegou a tomar a frente, pronto para aquilo desde que sabia quem
estava subindo. Ele não se arrependia.
— Oh, os três estão aqui! - Yoseob estava nervoso, suava graças a pressa de
subir as escadas. Atrás dele, Syuk não parecia diferente. - O que aconteceu?
— O que o seu appa 'tá fazendo aqui, Hobi? - Tae franziu as sobrancelhas.
— Taewoo me ligou, ele disse que vocês estavam fazendo confusão no
comício, me ameaçou para tirar Hoseok disso. - o Jung respondeu se
aproximando. - Você está bem, garoto?
Tae assentiu de forma confusa. Desde quando aquele homem era tão gentil?
— Um flagrante nesses casos pode ser pior, vocês vão sair pelo fundo do
estacionamento e depois vão se apresentar a uma delegacia junto com Syuk
para explicar o que aconteceu.
— Nós não vamos fazer isso! - Yoongi bateu o pé. - Vai ser pior! Se
ficarmos aqui pra explicar vão entender que a gente não 'tá fugindo de nada!
— Olhem para mim. - mandou com pressa. - A gente vai dizer que fui eu, ok?
Que estávamos brigando e eu o empurrei-
— Taehyung, não foi você. - Yoseob disse com seriedade, seus olhos logo
encararam o verdadeiro culpado. - Digam que foi um acidente. Durante a
briga, um acidente aconteceu e ele caiu.
— Hobi, por favor, não faça isso agora, a polícia está subindo. - o homem
pediu num lamento. - Nós conversamos depois.
— Não! O senhor tem culpa nisso também! Não adianta querer dar uma de
bonzinho agora porque-
— Hey, hey! Calma! Não há necessidade de nada disso! Ninguém aqui está
resistindo.
⭐
Flash Back On
Hoseok riu enquanto recebia beijos demorados por todo o rosto sonolento.
Ele ainda estava em sua cama com formato de carro de corrida, vestido em
um pijama de listras azuis e brancas.
— Você não quer abrir os presentes? O Papai Noel foi bem generoso esse
ano.
— Hobi, sabe que tem presentes para meninos e presentes para meninas, não
sabe?
— Ela não gosta que a chame assim, ela gosta de Jiwoo. Porque é um nome
para menino e pra menina. - corrigiu com orgulho. Ele fazia questão de
repetir a explicação da irmã mais velha o tempo todo.
— Dawon só ensina bobagens pra você, não invente de dizer isso na frente
do seu appa, sabe muito bem que ele não gosta! Ao invés de repetir essas
coisas bobas deveria se dedicar mais a escola e sua catequese! Coisas que
realmente são importantes para o seu futuro.
— Agora desça para abrir os presentes, ok? Depois vamos tomar café e mais
tarde almoçar com o reverendo, na igreja.
Ele obedeceu. Desceu junto da mãe, segurando a mão dela. Aos oito anos,
Hoseok vivia uma fase cheia de indagações que raramente eram respondidas
ou explicadas. Dahye não era uma má mãe, entretanto possuía uma
personalidade exigente e tão tradicional que por muitas vezes infligiu aos
filhos regras que os faziam coagidos.
E ele tentava.
Deus sabe, Hoseok tentava o tempo inteiro mesmo que fosse difícil.
— Você dorme muito Hoseok, deveria acordar mais cedo mesmo que esteja
de férias. Um hábito saudável que deve aprender.
Um homem sério e respeitado por sua família. Pai presente, marido exemplar
para todos aqueles que viam a cena de fora como espectadores de um roteiro
domiciliar perfeito.
E foi aos oito anos que essa perfeição se prendeu ao redor do pescoço de
Hoseok como uma corda grosseira e pesada, quando começou a sufocá-lo.
— O que foi?
— Eu não tenho um presente pra você, não. - deu de ombros. - Mas eu posso
te dar um dos meus, não posso omma?! - ele encarou a mãe.
— Ah, obrigado. Eu não queria vir tão cedo, mas Yoongi não ficava quieto,
acordou ansioso para presentear o Hobi.
— Ué, você canta tão bonito na igreja, Seok-ah! Eu gosto de ir pra igreja
quando você canta.
— Estou de pijamas!
— Não tem problema! Se você ficar com frio eu te abraço, 'tá bom?
— Pode rasgar?
— Yoon!
— Você gostou?! Eu pedi ajuda para a minha noona, ela me levou naquela
loja onde a gente viu, lembra? Quando você foi comigo naquele dentista, eu
fiquei com medo... E você segurou a minha mão. - Yoongi abaixou o rosto, as
bochechas ficaram coradas.
— Vai. - ele se entristeceu. - Vai me fazer dar pra minha noona. Ele disse
que boneca é brinquedo de menina.
— Minha omma disse que isso não existe, brinquedo é brinquedo. Olha,
deixa ela aqui... Cuido dela pra você, aí pode brincar quando vier brincar
comigo. Você quer?
— Hm... Você vai ser o appa dela? - outra vez as bochechas estavam
coradas.
Hoseok deu uma risadinha rápida, mas assentiu. Depois de abrir a caixa,
depois de ter nas mãos a boneca vestida de bailarina e com longos cabelos
loiros, ele sorriu grande. Yoongi abraçou as próprias pernas e apoiou o
queixo sobre um dos joelhos só para observá-lo.
A felicidade de seu melhor amigo o fazia sentir bem, aquecia seu coração.
Se pudesse o faria rir o tempo todo, até quando Yoseob o colocava de
castigo por coisas bobas. Yoongi não se importava de ficar de castigo se
pudesse fazer Hobi rir um pouquinho.
— Para com isso! - o empurrou sem muita força. - Fica me babando! Escolhe
logo um nome para... Nossa filha.
Estavam quietos.
— Eu sei. Mas eu tenho medo do que isso pode te causar, tenho medo de que
algum dia... Você possa sentir culpa.
— Se eu sentir... Algum dia, qualquer dia... Vai me bastar olhar pro Tae, me
basta saber que toda aquela raiva dentro dele vai morrer um pouco mais
quando lembrar que aquele monstro 'tá morto.
Taehyung saiu da sala de depoimentos quase uma hora depois. Havia dois
pequenos curativos em seu rosto cansado e abatido. Syuk estava ao lado
dele, tão cansado quanto.
— Por enquanto... Vocês vão pra casa, descansar. Não podem sair da cidade,
entenderam? - eles assentiram. - Daqui três dias precisam se apresentar aqui
outra vez, haverá uma perícia na cena e também no corpo, parece que o seu
outro irmão já fez o reconhecimento e-
— O QUE VOCÊ FEZ?! - ela gritou diante dele. - O QUE VOCÊ FEZ?!
— Omma-
O tapa calou todas as vozes naquele lugar. Taehyung sentiu a face esquerda
arder, sentiu a lágrima queimar sobre a pele machucada quando encarou a
mãe outra vez. Chaewon estava descontrolada.
— O seu veneno fez efeito. - repetiu o que ele havia lhe dito dias antes. -
Você conseguiu o que sempre quis, não é? Você destruiu a nossa família!
Destruiu tudo!
Quando Chaewon ergueu a mão outra vez estava pronta para acertar um
segundo tapa no rosto de Taehyung, no mesmo lugar que o primeiro. Ele
fechou os olhos, não reagiria. Mas o tapa nunca aconteceu, uma mão grande e
pálida segurou o pulso dela, segurou com força moderada para evitar
machucá-la, mas não deixou que se movesse um centímetro sequer.
— Eu sou o homem dele. Sou quem o protege, quem cuida dele... Muito
melhor do que essa suposta família que a senhora o acusa de destruir. Uma
família que nunca o defendeu, nunca o cuidou! Uma família que deixava que
Taehyung fosse assassinado um pouco mais a cada dia... Então, não ache que
pode vir até aqui fazer um escândalo desses e agredi-lo, Chaewon-ssi. As
coisas chegaram a isso por sua culpa. Estapeie a si, grite para você mesmo.
Não pra ele. Nunca mais!
— É isso que você encolheu, Taehyung? Isso no lugar de nós, sua família?
— Isso é a família dele. - Hoseok respondeu. - Isso é a felicidade dele. É a
paz que ele nunca teve, o amor que ele nunca recebeu, a segurança que a
senhora foi falha demais pra dar a ele. Não levante a sua mão pro Tae, nunca
mais. A senhora nunca chorou enquanto ele morria por dentro, nunca se
importou... Então vá chorar pra quem morreu de verdade. Chore por seu
filho querido, mas não questione o porquê da morte dele... Sabe muito bem
o motivo.
— Quero ir pra casa, meu Sol. Me leva pra nossa casa? Por favor?
Eles saíram da delegacia junto de Yoseob e Syuk que não disseram uma
palavra. Entretanto, na rua, um pouco antes de atravessarem até o carro do
advogado, Yoseob entrelaçou os dedos aos do antigo amor.
Eles assentiram.
— O amigo do pai do Hoseok meio que 'tá cuidando disso. - Tae encarou
Hoseok.
— Por mim nós procurávamos outro. - disse sem demonstrar muita coisa.
Ele parecia cansado. - Não quero ajuda de ninguém ligado ao meu appa.
A confiança entre eles transbordava para os outros quatro, era genuíno que
laços tão fortes pudessem existir entre todos, mas também era um alívio.
Flash Back On
Amava a forma como conseguia controlar seu corpo, a música parecia entrar
para dentro de sua pele e o guiar como se cordas invisíveis o pudessem
mover. Essas cordas não o sufocavam.
A pergunta soou assustadora. Nada de gritos, isso não era bom. Hobi girou o
corpo em direção a porta do quarto e viu Yoseob o encarando, a mão grande
ainda segurava a maçaneta de madeira.
— Appa-
— Responda! O que está fazendo?! Por que está vestido dessa forma, Jung
Hoseok?!
Ele apontou para o corpo do filho. Hobi sentiu-se nu. Encolheu-se inteiro tal
qual uma flor que murcha toda a beleza para se esconder do que lhe fará mal.
Encarou o próprio corpo: os pés descalços, as pernas expostas, o short de
Jiwoo que vestia escondido e depois a regata curta. Laranja demais.
— Vestido desse jeito?! Usando roupas de mulher?! O que pensa que está
fazendo?! - ele se aproximou com raiva, respirando feito um touro bravo.
Havia pavor no olhar de Yoseob, as mãos grandes tremiam enquanto ele
agarrava a faixa no cabelo de Hobi, puxando junto do cabelo castanho.
— CALA A BOCA! Moleque! É isso que faz quando não estou em casa?! É
esse tipo de coisa que se aprende com aqueles amigos?! Com o Yoongi?!
— Saia daqui! AGORA! - Yoseob gritou, então Dahye encarou Hoseok com
pesar. O garoto estava chorando, os lábios tremiam de medo. - Agora, saia
daqui Dahye! Vou ensinar a esse moleque o que é ser um homem!
— Hobi... Essas roupas... Não deve usá-las. Não são roupas para rapazes. -
lamentou.
— SAIA, DAHYE!
— Não vai fazer! Mas não acredito nas suas desculpas! - Yoseob estava
tremendo, Hobi fungou enquanto tirava a regata. Só então ele percebeu que
seu pai também chorava. - Você não vai ser como eu, Hoseok! ESTÁ
OUVINDO?! Você é um bom menino! Eu te criei com valores, com fé! Deus
não te fez imperfeito dessa forma! Ele não vai te amar imperfeito assim! -
enquanto falava, ele puxou o cinto de couro preso ao cós da calça social. -
Estou fazendo isso para o seu bem! O que você fez é ruim! É mal!
— Appa...
— DEUS NÃO VAI AMAR VOCÊ, NÃO VAI ACEITAR VOCÊ! - Yoseob
bateu outra vez, estava corado e chorava alto. - NUNCA! VOCÊ É
DOENTE, HOSEOK!
A súplica o fez parar com a mão no alto. Hobi o encarou, o rosto estava
lavado em lágrimas. Yoseob deu alguns passos para trás, tropeçou na
poltrona azul e soltou o cinto no chão.
— Hobi! Hobi! PARA COM ISSO! - Jiwoo gritou para o pai. Estava
abraçando o irmão mais novo, trazendo-o para seus braços mesmo que ele já
fosse tão alto quanto ela. - O QUE DEU EM VOCÊ? Vem Hobi, vem...
Noona vai cuidar de você, eu prometo. - ela o ajudou a descer da cama.
— O que aconteceu?
— Não vai brigar comigo? - Jiwoo franziu o cenho, então o virou até estar
de frente a ela. - Não vai dizer que eu vou pro inferno?
— Não. Nunca vou dizer isso pra você ou pra alguém que seja como nós
dois.
— Nós dois? - Hobi secou o nariz com as costas da mão. - Noona?
— Eu tenho uma namorada. - ela sorriu. - Ela é minha unnie no colégio, nós
vamos para a mesma universidade. Você quer conhecê-la?
— Eu posso?!
— Claro que pode! Eu falo tanto sobre você e mostro as suas fotos... Ela diz
que você é muito fofo, sabia? O nome dela é Yona.
— Noona... O appa...
— Mas?
— Se é tão ruim... Porque foi tão bom? Noona, appa diz que eu vou para o
inferno e na igreja dizem que o inferno é horrível, que é ruim... Então a cada
vez que eu gosto mais de mim, sinto que fica mais escuro, que nada no meu
futuro tem luz. Você sabe que eu gosto do Yoongi... Gosto muito dele... Mas
se amar o Yoongi é errado, amor é um outro nome para mau? - ele abaixou o
rosto. - Eu tenho medo que a realidade me faça ser castigado. Toda vez que
eu preciso subir naquele altar e cantar, louvar pra Deus... Eu sinto como se
Ele estivesse me olhando com desprezo, com nojo-
— Hobi-ah...
Jiwoo suspirou pesadamente. Depois, puxou o irmão mais novo até que ele
deitasse a cabeça sobre suas coxas.
— Por que?
— Porque eu entendi que as pessoas usam Deus para serem más, que elas
interpretam os ensinamentos dele sempre de uma forma conveniente a elas
mesmas... Porque ele nos ama exatamente como somos. Quando eu conheci a
Yona, eu senti pela primeira vez a presença de Deus, Hobi. - ele se mexeu
até encará-la. - Porque só sendo um ser cheio de amor e compaixão para
plantar dentro de mim um amor tão puro, entende? Yona também frequentava
a igreja, ela também se sentia como nós dois. Agora, juntas... Nos amando, a
gente entendeu que ninguém pode nos dizer que somos odiadas por Deus,
ninguém. Deus não é odioso. As pessoas que são.
— O appa me bate e diz que Deus não vai gostar de mim. Quando eu fico
perto do Yoon e penso em coisas sobre ele, fico com medo de ser castigado.
Eu apanho do appa por causa disso? É o meu castigo?
— Não. Isso não tem nada a ver com Deus, isso é sobre o appa. Sobre o que
ele acha ser certo.
— Se Deus me ama, por que ele não faz o appa parar de me bater, noona?
Por que não me ajuda? - outra vez, Hoseok estava chorando. - Eu não sou
mau.
— Você é bom, Hobi. Você é doce, gentil, cheio de amor. Você é o melhor
irmão do mundo. Eu não sei porque as coisas funcionam assim, sinto muito
por não poder te responder, te ajudar mais. A única coisa que eu sei... É que
não é sua culpa, muito menos culpa de seres sobrenaturais... As pessoas são
desse jeito e isso não tem nada a ver com céu ou inferno, tem a ver com o
caráter de cada um.
— Um dia eu vou poder amar alguém direito? Vou poder ser como você ama
a sua namorada?
— Claro que vai! Você vai amar e ser amado, você vai ser tão amado que
vai se sentir no céu. Esse é o céu Hobi, é ser livre. Nós vamos ser livres, eu
prometo.
Antes de subir de volta para o quarto, Hobi digitou uma chamada e esperou
ser atendido.
— Alô? Hobi?!
— Oi...
— Está tudo bem? - Hoseok pode ouvir outra voz ao fundo, ele a
reconheceu sem muitos problemas. - Filho?
Pela manhã, Hobi estacionou a moto na entrada da casa onde cresceu. Ele
observou a construção por uns minutos antes de entrar. Sentiu-se nostálgico,
apesar de não sentir saudades do que por anos foi seu lar.
— É humilhante que você peça a ele para te trazer aqui, Yoseob! Tenha
respeito por mim!
— O meu carro está com problemas, Syuk sequer desligou o motor, apenas
me deixou no portão.
— Não diga o nome desse homem dentro da minha casa! Se o seu pai
estivesse vivo morreria de desgosto por ver o que você está fazendo!
Hoseok virou as costas, então deu de cara com a irmã mais velha.
— Não tô afim de participar dessa briga, falei pra ele me encontrar aqui
porque não sabia como as coisas estavam. - deu de ombros.
— Ele pediu o divórcio, Hobi. Há dois meses. Omma não está aceitando
bem... As coisas estão complicadas.
— O seu tom de voz soa como um julgamento, sabia? - Jiwoo arqueou uma
sobrancelha.
— É pra soar. Ele perseguiu a gente por anos e agora quer bancar o ex-
hétero arrependido? Me admira você está aceitando isso, noona.
— Que família? Nunca fomos uma família. Éramos pessoas sentadas a uma
mesa fingindo ser outras pessoas: perfeitos, abençoados por Deus e tudo
aquilo de mais maravilhoso que se espera de um lar cristão. - debochou.
— Não! Eu não quero que você faça essas coisas! - ela levantou um pouco a
voz. - Eu quero que você escute Hoseok, só isso. Depois, faça o que quiser
fazer! Continue com esse ciclo de ódio dentro de você, tem todo o direito de
fazê-lo! Apenas escute! Entre e escute!
Hoseok bufou malcriado, então Jiwoo o segurou pelo braço, puxando-o para
dentro da casa mesmo que ele sequer lutasse contra. Dahye e Yoseob se
calaram assim que viram os dois filhos entrando.
— Bem? Como estaria? Não sabe do que seu appa está fazendo? Da forma
que está jogando a nossa família para o alto?
— Bom dia.
— Por favor, omma? Por favorzinho? - ela abraçou a mão pelo ombro, a
levando para fora da sala de estar.
— Uhum. Não 'tô afim de sentar, valeu. - fez questão de usar o linguajar
informal que o pai tanto criticava.
— Tudo bem. Eu vou sentar, tudo bem? Estou nervoso. - sorriu sem jeito. -
Fiquei muito feliz por você ter ligado, ter aceitado conversar comigo.
— Não vim conversar, vim pra te ouvir falar o que quer falar. - deu de
ombros. - Pode falar.
— Ok. - Yoseob esfregou as mãos contra o jeans da calça. - Tenho uma coisa
para você antes. - Hobi estreitou o olhar, os lábios estavam curvados. Viu o
pai pegar um envelope antigo. - É sua.
— O que-
— A carta que ele te escreveu antes de fazer a última cirurgia. A carta que
eu tomei dele.
— Quis começar te devolvendo esta carta, mas vou pedir que a leia depois
de conversar... De ouvir. Por favor?
— Ok.
— Claro que sim. Ele não era bem um avô como os dos filmes, mas eu
lembro.
— O que eu vou te contar agora é a minha história, filho. E o seu avô foi um
vilão que eu não fui capaz de vencer. - ele pareceu triste, as mãos nervosas
pararam sobre suas coxas. - Conheci Syuk num jantar, ele era um ano mais
velho, mas ainda assim não me tratou mal como as outras crianças mais
velhas. Não demorou e a gente virou melhor amigo, inseparável mesmo.
Com o tempo eu fui sentindo mais que amizade por ele, fui notando que as
minhas mãos pingavam suor quando ele chegava perto, que o meu coração
acelerava só de ouvir ele falar. - Yoseob sorriu sem jeito. - Ele me beijou
durante outro jantar, naquela noite minha omma brigou por eu estar
desarrumado e comendo muito, nunca fui magro e arrumado como ela queria,
como o meu irmão mais velho era. Appa sequer falava comigo direito na
época, mas queria saber de cada passo meu. Você se lembra de alguém?
— Você o amava?
— Eu ainda o amo, filho. Mas me fizeram acreditar que o meu amor era
errado.
Hobi lambeu os lábios, não notou, mas já estava sentado no sofá oposto.
— Como passou disso tudo até casar com a minha omma? A se tornar o que
é?
— E nada do que eu te diga deve mudar tudo que fiz de ruim para você ou
para a sua irmã, não estou aqui para te fazer me perdoar, Hoseok.
— Então... Pra que?
— Pra te contar o que fizeram comigo e fazer por você o que o meu pai
nunca fez por mim. Eu não quero ter de morrer para você se sentir livre,
filho. Se o meu pai estivesse vivo eu não me libertaria, sei disso.
— Cura?
— Como?
— Te curaram, appa?
— Não. - ele negou. - Mas me causaram tanta dor que a minha mente preferiu
acreditar no que eles diziam para que o meu corpo parasse de ser punido. Eu
me tornei o que eles queriam, o que Deus queria de mim. Todos os dias eu
tinha de me flagelar, eu devia repetir palavras duras sobre o quanto era sujo
e errado. Então, lembrar de Syuk machucava muito, filho. Lembrar da minha
felicidade era sentir a minha alma queimando naquele inferno cristão. Eles
mataram o meu amor enquanto tentavam salvar a minha alma.
— Depois de sair daquele lugar eu só fui feliz duas vezes, Hoseok. Quando
Jiwoo nasceu e quando eu te segurei nos braços pela primeira vez. Tudo
além disso era vazio.
Hobi assentiu. Ele não era mais uma criança, mas ouvir que Yoseob nunca
amou Dahye o machucou um pouco. Machucou de verdade. Apertou outra
vez o envelope, não sabia o que dizer.
— Pediu que não parasse de tentar com você. - Yoseob lambeu os lábios.
- Agora eu entendo o motivo de ele ter pedido isso a mim. Você entende?
— Depois de saber de tudo sobre a família dele, acredito que Taehyung quer
dar a você a oportunidade que ele não teve.
— O senhor respondeu a mensagem? Disse o que?
— Appa... Eu-
— Eu não quero que você se sinta obrigado a nada, Hoseok. Nunca mais. -
Yoseob encurtou o espaço entre eles, sentou ao lado do filho, mas não perto
demais. - Nunca mais quero te fazer sentir como antes, eu sinto tanto
Hoseok... Sinto tanto por não ter visto o quão maravilhoso você é... Sua
omma está certa por te chamar de Sol desde que você nasceu. Quanto eu te
segurei pela primeira vez no hospital, você veio pra mim chorando alto,
anunciando pra maternidade inteira que estava ali. Eu te segurei... Você
parou de chorar e eu me senti um herói por tão pouco... Mas eu já te fiz
chorar tantas vezes que eu me tornei teu vilão. - ele tocou o ombro do filho,
com cuidado. - Eu nunca disse isso a outra pessoa, nem ao Syuk... Mas
quando o seu avô morreu eu o odiava, Hobi. Enquanto ele era cremado eu
abri um vinho e bebi sozinho... Eu ainda o odeio, eu vou odiá-lo até o último
dia da minha vida e isso faz mais mal a mim que a ele, ele sequer está nesse
mundo. Não quero mais te envenenar com ódio, não quero que você carregue
isso porque você é bom, filho. Você é perfeito aos meus olhos, aos olhos de
Deus. Eu tenho tanto orgulho de você, Hoseok.
— Eu preciso de um tempo.
— Com Syuk sim. Com você e com a sua irmã também. Acho que o que me
fizeram deturpou a minha capacidade de amar direito. Mas antes eu
costumava imaginar que era como ter um lado azul.
— Lado azul?
— Yoongi e Taehyung são o meu lado azul. - Yoseob assentiu. - Mesmo que
as pessoas digam que a gente não pode 'tá junto, que a gente não vai ser
feliz... Nenhum de nós liga. Nenhum de nós se importa.
— Eu me orgulho de você e da sua perseverança, no fim... Você sempre teve
mais fé do que eu porque eu acreditava por obrigação, não por vontade
própria.
— Se eu disser, você vai sofrer. Eu jurei por Deus nunca mais te fazer sofrer.
Flash Back On
— Por que?
— Porque você dois gritam demais quando começam a brigar por motivos
idiotas. - Yoongi sorriu.
— Se a gente morar numa casa, eu quero que tenha piscina. - Hobi reclamou.
Estava fazendo um grande moicano no próprio cabelo com espuma.
— Me deixe! 'Tô fazendo carinho em mim já que vocês não fazem! Dois
namorados e vivo carente.
— Segunda vez que a gente vem pra motel e não faz momozinho na banheira,
fico chateado.
— A única vez que a gente tentou você quase morreu afogado, Yoongi!
Ele ficou de pé, completamente nu. A pele pálida estava coberta de espuma,
a água quente escorreu depressa e com a mesma pressa Hoseok o puxou de
volta para a água, trazendo-o para o seu colo.
— Essa foi tão ruim que o meu pau passou correndo pro quarto. - Taehyung
disse rindo.
— JÁ VAI! VEM AQUI PRA PERTO DE MIM! - Tae o puxou com cuidado.
- Aqui, lava o rosto.
— 'Tô vendo que ninguém vai transar na banheira de novo. Pior que eu tenho
certeza que a gente era bom nisso na outra vida. - Taehyung suspirou, estava
ajudando Hoseok a lavar o rosto. - Você vai se afogar! Calma!
— Aí, eu amo tanto vocês dois. Não mudaria nada entre a gente. Nunca.
"Eu não sei como deveria começar essa carta, prometi que a entregaria se
desse tudo certo na cirurgia porque percebi que não era justo morrer e te
deixar sofrendo ainda mais por minha causa. Você vai brigar comigo por
falar sobre morte, sei que odeia isso.
Talvez eu tenha evitado ouvir por causa desse sentimento de "último dia"
que sempre me assombra desde que essa doença me derrubou de vez.
Fiquei com medo de ouvir o meu coração e te prender a alguém
moribundo.
Por favor, não brigue comigo por dizer coisas assim, é inevitável.
Quero ser o seu namorado, Seok-ah. Segurar a sua mão e saber que
ninguém mais faz isso, que a sua mão vai fazer carinho no meu cabelo até
eu dormir, então eu vou querer acordar todos os dias.
Eu te amo e te amar me faz querer acordar. Eu não quero mais morrer, por
sua causa. Porque você me dá vontade de viver, me dá vontade de não
desistir.
Quando eu ficar bem, quando eu voltar para casa, quero te beijar depois
de escovar muito os dentes. Quero ficar abraçado a você por mais tempo,
sentir o seu cheiro doce e ouvir o seu coração bater como você faz quando
dorme no hospital comigo.
Quando eu sair da cirurgia quero te olhar e dizer "te amo" de um jeito
menos vergonhoso.
Então, quando nos casarmos eu deixo que a nossa filha se chame Shakira,
eu aceito qualquer nome desde que você fique comigo pra sempre.
— Não é isso, Yoon... Taeseok disse que ela precisou ser dopada.
— Não quero. Acho que me culpo por não sentir culpa, entende?
— Eu mesmo teria feito aquilo se pudesse, seria hipocrisia dizer que isso
está me afetando.
Ele foi, o abraçou e o pegou no colo, dando beijos demorados por todo o
pescoço pálido.
— Eu te amo, te amo, te amo e te amo. Vocês dois são o meu pedaço de paz.
— Está tudo bem? Como foi com o seu pai? - Taehyung quis saber.
— Tenho uma história longa pra contar. - ele se aproximou, ainda com
Yoongi agarrado a si como um coala. - Obrigado por se preocupar com a
minha felicidade, meu mauricinho. Obrigado por ser esse homem incrível.
Eu te amo muito. Você foi e vai ser pra sempre a melhor coisa que aconteceu
nas nossas vidas.
— Acho que alguma coisa boa aconteceu nessa conversa, meu Sol.
🌙
Syuk não entendeu, mas também não resistiu quando abriu a porta do
apartamento para Yoseob e foi abraçado com força.
O mais novo não disse nada por minutos, ficou agarrado ao mais velho como
se não o fizesse há anos. Syuk trancou a porta e caminhou com ele até o sofá.
— Você não tem noção do quanto isso me deixa feliz. - sorriu de volta, uma
das mãos penteou o cabelo escuro de Yoseob para trás. - Você assim tão
informal me faz lembrar de antes. Quando a gente dirigia a noite inteira pela
cidade, ouvindo Bon Jovi e dividindo um baseado.
— Lembra da primeira vez? Quando a gente fez amor? - ele segurou a outra
mão do mais velho para entrelaçar os dedos sem pressa. Sem aliança, livre. -
Lembra da música que estava tocando?
— Eu sei, eu 'tô feliz por isso, mas não quero que faça alguma coisa no calor
do momento.
— Obrigado por me esperar, obrigado por não desistir de mim nem quando
eu mesmo desisti. Por não desistir de nós dois. Eu te amo, Syuk.
Eles fizeram amor. Talvez o amor mais bonito de suas vidas. Todo aquele
amor que foi arrancado de Yoseob e transformado em dor por uma religião
cega, por homens que pregavam o amor de Deus como um eterno calvário de
castigo e desesperança.
Mas Yoseob finalmente compreendeu que se Deus era amor, ele estava
presente em todo o sentimento que compartilhava com Syuk. E nada mais o
faria acreditar no contrário.
— O que?! Que?
— Espere um instante...
— Não foi ele! Para com isso! - Hoseok quis intervir, mas foi empurrado.
— Pode explicar o que mudou?! Não pode prender o meu cliente sem
explicar toda a situação! - Syuk esbravejou.
— Foi confirmado que Kim Taewoo foi jogado daquele prédio, não foi um
acidente. Ele foi atirado de lá, agora se nos der licença... O garoto vai
refazer o depoimento e-
— Isso é um absurdo, não pode prendê-lo dessa forma, o senhor por acaso
comprou o seu diploma? Não tem noção do que faz?!
— Yoongi! - Taehyung o chamou com a voz mais alta. - Olha pra mim! -
pediu enquanto era algemado. - Fica calmo, ok? Se você fizer alguma merda
vai ser pior! Fica calmo, 'tá tudo bem!
— Syuk...
— Como assim?
— Por mais um tempo. Eu sei que você vai dar um jeito de me tirar disso, eu
confio em você. Eu amo você. Mas não posso deixar que Hoseok sofra mais.
Me entende?
— Tem certeza?
— Absoluta. - assentiu.
— Você sabe quem foi, por que não me diz?
— Porque isso não importa. Não muda nada. Só cuida de tudo, confio em
você.
— Hoseok, não deixe o Jimin fazer merda. Por favor, diz pra ele que 'tá tudo
bem...
— Solte o garoto, não foi ele. - Yoseob praticamente tirou Taehyung das
mãos do policial. - Fui eu. Eu empurrei Kim Taewoo daquele
estacionamento. Eu fiz isso. Se alguém tem de ser preso, esse alguém sou eu.
Hoseok, não conseguiu dizer nada, mas as lágrimas que inundavam seu olhar,
diziam tudo. Por um breve momento Yoseob o encarou, então sorriu.
Ele sorriu e o fez entender que estava tudo bem. Tudo ficaria bem.
#PillowFic
44 - homem simples
oi gente!!
desde ontem estou tentando atualizar, mas o wattpad dava erro 😡. vcs tbm
tiveram problemas??
além do wattpad, vcs usam outras plataformas para ler fanfic? quais?
⭐
Flash Back On
A voz grossa, mas atenciosa de Seojun, fez Jin abaixar os braços encarando
os farelos do bolo de chocolate sobre o pequeno prato azul e vermelho do
personagem Mario.
Ele soltou um muxoxo, mas sequer tentou retrucar. Seojun não admitia esse
tipo de comportamento. Então, conformado com toda a situação, Seokjin
voltou para a enorme sala de estar da mansão onde vivia desde de que era
um bebê.
Jisoo estava jogada sobre o tapete aquecido, ela vestia o pijama da Barbie e
assistia pela terceira vez na semana Jurassic Park. Jin sentou ao lado dela
muito mal-humorado, resmungando baixinho da mesma forma que a mãe de
ambos fazia quando estava brava.
— Hey, vocês dois! Parem com isso! - cada um deles choramingou para o
tapa indolor que receberam na cabeça. - Brigam feito cão de gato! Que coisa
feia!
— Ele é muito chato, halmeoni! Só perguntei o porquê dessa cara feia, nada
demais.
Sozinhos, os irmãos gêmeos ficaram quietos até que Seokjin deslizasse para
o tapete com uma careta brava e olhos cheios de lágrimas. Jisoo fingiu não
ver. Aos doze, eles passavam por uma fase onde brigavam na maior parte do
tempo, talvez a famosa pré-adolescência tenha mudado os ares de paz da
mansão Kim.
Entretanto, mesmo fingindo não ver, Jisoo sentia muito as mesmas coisas que
Seokjin. Era sempre assim: se um ficava doente, logo o outro ficava também.
Isso acontecia até com coisas bobas como vontade de comer alguma comida
diferente ou o desgosto por algo que nunca haviam comido.
— Não 'tô chorando! - ele disse fungando. Jisoo chegou mais perto.
— Não foi isso, ele não deixou porque aquele médico chato disse que não
posso. - concluiu chateado, sentia vontade de chorar mais alto. - Acha que eu
como demais.
— Não! Não é isso! É por causa do médico chato! Não fica assim. - a
garotinha o encarou com curiosidade.
Seokjin fungou. Usou as costas da mão para secar o nariz, então negou duas
vezes para a irmã gêmea.
— Por que você não fala pro appa? Explica pra ele que não tem problema
comer bastante, não tem nada demais.
Jisoo fez um bico. Usou as duas mãos para afastar a franja da testa e se
esticando deixou um beijinho sobre a bochecha de Seokjin.
Jin bufou, mas fez o que ela pediu. Deixou a televisão ligada, subiu as
escadas com pressa e no quarto absolutamente cor de rosa de Jisoo, esperou
enquanto encarava todas as bonecas assustadoras que pareciam encará-lo de
verdade.
Alguns minutos depois Jisoo apareceu. Ela tinha nas mãos o prato lilás com
um pedaço generoso de bolo e uma caixinha de suco de maçã.
— É pra você, Jin. Eu falei que era pra mim, mas não quero. Come aqui, 'tá
bom? Appa 'tá no telefone a omma saiu.
— Obrigado, Jisoo.
Flash Back Of
— Está atrasada.
— Olham pra gente do mesmo jeito que olham pro appa, Jin. - ela segurou o
riso. - As pessoas têm muito respeito por ele, isso é bom.
— Bom dia!
— Appa já chegou?
— O senhor Kim chegou às sete, ele aguarda você dois junto a senhora Kim.
— Omma! O que-
— Seokjin! Por que não pediu a Danbi para anunciar que estavam aqui?!
— Não seja descarado, senhor Kim. Estava dando uns amassos na minha
mamãe! - Jin provocou depois de fechar a porta.
Saeron penteou os cabelos curtos para trás e se aproximou dos filhos. Era
uma mulher deslumbrante. Sequer aparentava a idade que tinha, mas era
absolutamente contra intervenções estéticas e procurava manter-se através
de tratamentos naturais. Aos dezenove anos, Kim Saeron fora miss Coréia-
do-Sul e nos dias atuais ainda atuava como uma ativista em prol de debates e
discussões sobre o padrão de beleza forçado em outras mulheres do país.
Primeiro ela abraçou Jisoo. Eram da mesma altura, possuíam o mesmo tom
de pele e cabelos castanhos muito escuros.
— Sim, omma.
— E esses saltos tão altos, não quero que você machuque o tornozelo, Jisoo.
Você prefere os mais baixos.
— Quis passar uma boa impressão. - sorriu de forma doce, Jin rolou os
olhos para a cena.
— Fica na sua!
— Appa!
— Tô bem, mamá. - ela a beijou na testa. - A senhora fica mais linda a cada
dia.
— Claro que fico. - piscando, ela o abraçou pela cintura. - Como vai Sunmi?
E nossa Yumi?
— Sunmi anda mais nervosa, nós tivemos de procurar uma forma de lidar
com o inchaço nos pés dela, a obstetra pediu alguns exames também, acho
que isso a deixou mais ansiosa. - Jin fazia carinho nos ombros da mãe. -
Yumi está bem. Cada dia maior e mais atrevida, fazendo a omma dela de
bola de futebol.
— Ah, estão indo... O último mês foi turbulento, omma. Namjoon pediu que
eu agradecesse a vocês pelas flores que enviaram para a cerimônia de
cremação de Eunji-ssi.
— Sinto muito que nenhum de nós dois tenha ido, desde que sua avó faleceu
não me sinto bem em situações assim.
Jin sorriu enquanto ia até o pai para abraçá-lo apertado. Era centímetros
mais alto, entretanto, ainda se tornava um garotinho quando Seojun o
abraçava daquela forma.
— Tudo bem?
— Já tomaram café? Pensei em dizer a Danbi-ah que pedisse algo, mas acho
mais proveitoso que nós quatro nos juntemos pra isso fora da empresa. Faz
tempo que os meus bebês não comem comigo.
— Saeron, eles não são mais bebês. Seokjin até faz bebês.
Jisoo foi a primeira a tomar uma das cadeiras frente a mesa onde o pai
também sentou. Jin fez o mesmo, enquanto Saeron ficou de pé ao lado do
marido.
Seojun anunciou.
— Hora de que?
— Appa...
— Espere, deixem que eu fale primeiro, sim? Vocês dois sabem que a
empresa sempre esteve nas mãos de nossa família e eu sei que ambos têm
capacidade de cuidar de tudo, eu confio no potencial dos meus filhos.
Seyoon nunca almejou formar uma família, ele me dizia sentir alívio por eu e
sua mãe termos vocês dois. O meu irmão era um gênio com números, mas
nunca soube ser feliz além do que era ligado a essa construtora. Jisoo você
se forma daqui a três meses e está capacitada para a posição que pertencia a
ele, pronta para administrar. Vou acompanhá-la por um tempo, o setor inteiro
será reformulado para que você acompanhe o ritmo de trabalho ao seu
tempo, sem pressões. Filha, você é uma mulher extremamente inteligente, eu
tenho certeza que vai se sair bem.
— Appa... - Jisoo sorriu de um jeito nervoso. Jin cobriu a mão da irmã com
a dele, apertou dando-lhe confiança. - Eu acho que me preparei a vida inteira
pra isso, vou dar o meu melhor. Tem a minha palavra.
— O que?
Flash Back On
Não levantou o rosto, não respondeu aos chamados da mãe e apenas subiu
para o próprio quarto com pressa.
Depois disso Saeron não disse mais nada. Jin não tinha aquele tipo de
comportamento, ela não sabia bem como agir, então optou por dar a ele a
privacidade de lidar com a situação sozinho, seja lá qual fosse. Ele passou
horas ali, o rosto escondido no travesseiro macio enquanto chorava
silenciosamente ao lembrar das palavras que ouviu mais cedo.
"Certamente você é o mais fraco entre todos, Jin. Tente se esforçar mais."
"As pessoas iguais a você devem tentar duas vezes mais para fazer algo
realmente bom."
Jin muitas vezes não conseguia entender a razão das pessoas serem tão
cruéis enquanto fingiam querer ajudá-lo. Naquela manhã havia acontecido
outra vez e por mais que ele jurasse não ligar para nada daquilo enquanto
sorria, por dentro se sentia muito frustrado.
Era frustrante.
Dava o melhor que podia, aquele melhor que os pais sempre destacavam,
mas nunca conseguiam presenciar.
Horas depois, quando resolveu sair do quarto, já era noite e a fome o fez
correr para a cozinha. Mas antes de chegar lá sentiu um cheiro familiar pela
casa. Na cozinha, diante do fogão grande, Saeron mexia o conteúdo cheiroso
com uma colher de madeira.
— Espere um minuto, sim? Não coma nada ainda, Jin. Sente no sofá e
espere.
Ele assentiu.
Não demorou até Saeron se juntar a ele. As duas xícaras com chocolate
quente foram deixadas sobre a mesinha ao lado dos pacotes de jujubas,
chocolates e doces variados. Ela sentou junto do filho, o abraçou como se o
adolescente de dezessete anos ainda lhe coubesse no colo, depois passou a
afagar os cabelos em corte tigela sem pressa alguma, sem o forçar a falar
qualquer coisa.
— Jin, eu queria que você gostasse mais de si mesmo, sabia? - ele a encarou
fungando. - O que aconteceu?
— Outra vez eu tentei participar de alguns clubes da escola, mas eu não sou
bom em nada. As pessoas só sabem dizer que eu sou bonito e isso é
engraçado, mas eu queria que as pessoas pudessem ver outras qualidades em
mim, coisas além da minha aparência, entende?
— Entendo.
— Sempre quis saber onde você aprendeu a sorrir assim quando algo te
machuca, filho.
— É melhor que eu ria de mim com as outras pessoas, pelo menos parece
que dói menos.
— Não é idiota que você se sinta mal com essas coisas, Jinnie.
— Um dos hyungs disse que eu não sou bom em nada, que a única coisa que
eu sei fazer é as outras pessoas darem risada... Mas, eu não quero ser isso.
Omma, a senhora acha que algum dia as pessoas vão me valorizar? Vão
gostar de mim? E eu vou ter amigos?
— Me sinto cansado de sempre ter de fazer duas vezes mais, omma... Para
que me aceitem.
— Então, não faça. Se fizer uma única vez e isso for o suficiente para você,
não se esforce mais. Quem tem de te amar, vai te amar exatamente como
você é. Porque você é o suficiente, Jin.
— Um dia... - ele fungou outra vez. - Eu vou sentir isso, omma. Vai ter algum
momento da minha vida em que eu vou me sentir suficiente?
— Você é suficiente, mas ainda não conseguiu ver o quanto. Um dia essa
epifania acontece, então eu vou olhar para você e saber o que aconteceu.
— Obrigado por me dar espaço, sinto muito por ter sido grosseiro mais
cedo.
— Está tudo bem, meu príncipe. Aposto que está com fome. Seu pai foi ao
cinema com a sua irmã, então hoje nós dois teremos um tempo apenas nosso.
- ela o beijou na testa. - Eu te amo.
— Jin, você não deve mais deixar que o medo te impeça de reconhecer o
tamanho da sua capacidade. Não só no âmbito profissional, mas também com
a paternidade. - Saeron deu a volta na mesa para ficar recostada ao móvel
diante dos dois filhos. - Nós somos uma família boa... Criei vocês dois para
que fossem uma boa mulher e um bom homem... Eu sei que fiz um bom
trabalho.
— Omma... Yumi vai nascer... Pequena e frágil... Então, ainda tem a empresa
que é grande e forte... Eu posso simplesmente foder com tudo! Fazer tudo
errado e estragar a vida da minha filha, estragar o que a nossa família levou
anos para construir!
— Eu fiz o que ele queria: assumi a empresa. - deu de ombros. - Seis meses
depois disso sua omma engravidou.
— Medo?
— É Jin, medo. Medo de dar tudo errado, medo de fazermos tudo errado.
Seu appa tinha acabado de assumir um cargo na presidência do legado de
muitas gerações e eu não sabia muito coisa além de passarelas e moda.
Como cuidaria de dois bebês? Como eu poderia ser uma mãe?
— Então, quando vocês dois nasceram eu percebi que sentir medo fazia
parte de toda a experiência. Se eu disser que não sinto mais é mentira. Vocês
dois já tem vinte e seis anos, mas eu sinto como se ainda estivessem
chorando alto nos meus braços minutos depois de nascer. Ser pai é isso. É
sentir medo de errar, então isso me faz procurar formas de acertar. Pais que
não têm medo acabam negligenciando os filhos... Eu não quero perder os
meus filhos... Porque o maior feito da minha vida não é essa empresa, não é
o legado... É a minha família. É a sua mãe, é vocês dois. - Seojun ficou de
pé. - Por muitas vezes eu fui duro, mas perdi a conta das vezes em que
coloquei um de vocês de castigo para chorar nos braços da sua mãe me
perguntando se havia feito o certo. Foi assim com a sua glicose e aqueles
bolos de chocolate, Jin... Foi assim quando eu proibi Jisoo de namorar
aquele garoto problema no ensino médio. Talvez nenhum de vocês tenha
entendido, na época, mas entenderão um dia. Eu confio plenamente na
capacidade de vocês, me sinto pronto para observá-los caminhar sozinhos.
Jin apertou a mão dela com carinho, secou um dos olhos antes de assentir.
— Podemos. Vamos fazer isso juntos. - beijou o nós dos dedos pequenos.
Saeron os abraçou ao mesmo tempo, escondendo cada um dos rostos
chorosos na barriga como se pudesse sentir outra vez o quanto podia os
proteger na época em que cabiam ali. Ela lhes beijou os cabelos e depois
selou os lábios aos do marido.
Ele se livrou dos sapatos e da gravata ainda no pequeno corredor que dava à
sala de estar. Acendeu as luzes, jogou a mochila sobre o sofá e gritou quando
outras duas pessoas gritaram com o impacto da mochila contra suas cabeças.
— O QUE É ISSO?!
— Ai, doeu!
Jimin, com um bico nos lábios, segurava uma almofada contra o colo. Já
Jungkook estava corado, sem camisa e descabelado.
— Você mente pior que o Hoseok, garoto. - rolou os olhos. - Jimin cuidado
com essa perna! Quer ficar mais tempo com o gesso?!
— Escuta, vamos ter essa conversa. - Jin anunciou sentando sobre a mesinha,
diante deles. - Vocês conversar sobre isso, nós três.
— Hyung...
— Jimin, eu sei que saudade é foda. Acredite, eu sei. Mas eu não quero ver
vocês dois repetindo erros que eu já cometi no passado, entendem? - eles
assentiram. - Vocês decidiram juntos que vão tentar recomeçar, mas estão
fazendo errado.
— Não vai ser o resto da vida, hyung. - Jungkook assegurou. - Eu sei que não
vai, vocês dois se amam muito.
Jin sorriu. Lambendo os lábios ele ficou de pé e se curvou para beijar o topo
do cabelo de Jungkook demoradamente.
— Obrigado, JK. Agora se acalme e venham me ajudar com o jantar. Você
toma cuidado com essa perna Park Jimin! Se me inventar de se machucar eu
juro que quebro a outra! Ouviu?
— Vou tomar um banho, então a gente joga um pouco. - Yoongi sorriu para
ele. - Acho que o Tae vai querer jogar também.
— Gopchang.
— E com Hoseok?
— Não é nada. Ele ainda anda triste desde a morte da omma, só queria
deixá-lo mais contente. Faço isso com todos vocês.
— O que?
— Estou cozinhando algo que ele goste porque quando paro pra pensar em
como ele vai se virar pelo mundo entro em desespero, Yoongi.
— Ele precisa disso, Gi. Precisa dessa liberdade, precisa dessa solidão.
— E o que eu tenho feito há três anos, senão esperar por ele? - deu de
ombros enquanto sorria um pouco. - Acho que também preciso disso. Hoje
mais cedo passei um sermão no Jimin e no Jungkook sobre essas recaídas
constantes e percebi que se tivéssemos feito isso, talvez as coisas fossem
diferentes, mas não fizemos.
— Talvez essa viagem seja isso... Esse tempo sem recaídas. - ele piscou
algumas vezes, seus olhos estavam ardendo graças as cebolas. - Porra!
— Oi?
— Nós queremos que você seja o padrinho da nossa filha junto da irmã mais
velha de Sunmi.
— Hyung...
— Eu também te amo hyung. Não falo muito, mas te amo. Obrigado, eu vou
cuidar da Yumi sempre, te prometo.
— Espera aí, você ainda tá suado de jogar basquete com o Jungkook! - Jin
fez careta.
— Pra você ver, até o Yoongi falou que você precisa de banho, Taehyung!
— Vamos ficar fedidos juntos! - Tae estava rindo. - Vamos tomar banho
todos juntos!
— Ah, não! Espera eu tirar o gesso! Sério, me esperem. - Jimin, que vinha
com suas muletas, choramingou. - Falta só um mês.
— Ninguém vai tomar banho em grupo, nós já passamos da época de fazer
suruba, todo mundo casou. - Jin empurrou Taehyung com cuidado. -
Desgruda, garoto!
— Que suruba o quê, Jungkook, cala a boca! - Jin retrucou. - Passa pra tomar
banho vocês dois, agora! Se não ninguém janta nessa casa!
— Ele foi jantar fora, não vai chegar com fome! Eu como a parte dele! -
Jimin estava mastigando um pedaço de cebola crua.
— Ele estava ansioso, vai comer muito pouco nesse jantar. - Yoongi ficou
um pouco apreensivo. - Quero ligar pra saber como andam as coisas, mas
não quero ser invasivo.
— Jimin, já que está tão interessado em comer, fica aqui com o Yoongi e
daqui a dez minutos desliga aquela panela com a carne. Ok?
— Porque você é o único que conhece esse tal de Namjoon, Yoongi. Fica aí!
Yoongi havia comentado que Namjoon era legal. Um cara inteligente demais,
um pouco atrapalhado e alto. Até então, qualquer um seria alto para Yoongi.
— Mas isso só até o outro quarto ficar pronto da reforma, aí cada um fica no
seu.
Yoongi se levantou do sofá para abrir a porta, então Hoseok ficou de pé para
receber o novo morador, mas Jin acabou por entornar um pouco de café na
camiseta quando foi fazer o mesmo.
— Oi.
— Oi.
— Muito prazer, Namjoon. Seja bem-vindo. Espero que você seja feliz nessa
casa.
O mais alto o encarou outra vez, os lábios grossos se puxaram num sorriso
pequeno.
— Mesmo?
Hoseok, aos risos, assentiu. Quando ficou sozinho na sala de estar, Jin
suspirou.
Flash Back Of
— Brasil?
— Uhum. Brasil.
— O que foi?
O mais novo não respondeu com palavras, mas com um ato. O segurou na
nuca com carinho para beijá-lo cheio de saudade. Jin correspondeu no
mesmo instante. O encaixe era perfeito, o sabor era o melhor do mundo, a
saudade chegava a doer no peito.
Tocaram lábios, línguas e até dentes que vez ou outra pareciam desesperados
para participar daquele beijo desesperado.
Jin agarrou-se ao moletom cinza, o puxou mais para perto enquanto as mãos
de Namjoon o tocavam na nuca e na coxa direita, apertando como se assim
pudesse aliviar os sentimentos que transbordavam entre as bocas apressadas.
Quando acabou, quando pararam para respirar fundo, ainda com narizes
colados, eles sorriram.
— O quanto eu vou ser irresponsável por te pedir pra fazer amor comigo
antes de ir embora?
— Acho que o mesmo tanto que eu por concordar com isso. - Jin o encarou. -
Depois do jantar eu vou te levar daqui... Então, vou te fazer o amor mais
gostoso do mundo...
Flash Back On
Sunmi esperou por alguma palavra, mas Seokjin não dizia nada e isso a fazia
sentir ainda mais nervosa com toda a situação.
O quarto estava tão silencioso que era possível ouvir as gotas da pia do
banheiro que pingavam de quatro em quatro segundos.
O casal se encarou outra vez, então ele passou uma das mãos sobre a boca.
— Sunmi, eu não quero você ache que estou te culpando... Mas, eu só quero
entender como-
— Como? Esqueceu das vezes que a gente transou sem camisinha, Seokjin?
— Duas vezes.
— A gente vai resolver isso, Sun. Juntos, do mesmo jeito que fizemos isso.
Podemos mudar para um lugar, fazer esse namoro ir para frente e-
— Eu-
— Jin, um filho não oficializa relacionamento! Pelo amor de deus, não estou
falando sobre isso! - ela secou as bochechas. - Estou falando sobre a nossa
irresponsabilidade! E o quanto isso pode mudar a nossa vida pra sempre...
Você quer ser pai? Se sente pronto para ser pai? Pra ter alguém que vai se
tornar o centro da sua vida assim, do nada? EU NÃO ESTOU! Eu não sei...
Vá embora.
— Sunmi...
— Vai, eu preciso pensar! Você viaja com os seus amigos e quando voltar
conversamos.
— Mas-
— Seokjin, é melhor que nós dois pensemos sobre isso tudo sem discutir,
sem você dizer essas coisas idiotas no calor do momento como se um filho
pudesse nos obrigar a bancar a família feliz de uma novela. Não é sobre
isso.
— Eu sinto muito, não queria que você... Eu só não sei o que fazer.
— Nem eu sei. Jin, a gente não se ama desse jeito e seria injusto demais
trazer uma criança ao mundo com a responsabilidade de um relacionamento
que só existe por causa dela. - Sunmi ficou de pé. - Vai, pensa e quando
voltar a gente conversa.
Seokjin assentiu, não havia mais o que dizer. Temia piorar tudo. Ele beijou
os cabelos de Sunmi antes de sair do dormitório.
Flash Back Of
Havia uma pilha de roupas ao lado do maior sofá da sala de estar daquele
apartamento.
As luzes estavam baixas e uma música baixa vinha da pequena caixa de som
sobre a prateleira do painel de madeira onde uma grande televisão desligada
estava presa.
Fizeram amor por horas, trocaram de posições diversas vezes, mas sempre
se encaravam durante o ápice porque assim gozavam além do sentido carnal
da palavra.
— Hm?
— Na primeira vez que eu te vi, tinha café na sua camiseta e você cheirava a
café.
— Por que?
— Porque eram fortes, são fortes. Olhos de dragão. - ele tocou a bochecha
alheia. - Engraçado, eu nunca tive medo de me queimar.
— Às vezes eu pensava que você não tinha medo de nada. - ele viu o mais
velho erguer o tronco para também sentar. - Porque você sempre sorria.
— O meu sorriso é uma armadura, Namjoon. Nem sempre estou feliz, tenho
os meus momentos ruins, mas prefiro sorrir ou fazer as outras pessoas rirem.
— Por que?
— Entendo. Mas acho que preciso te dizer que pra mim tudo o que você faz
é memorável e não porque eu te amo, mas porque você é o homem mais
maravilhoso que eu já conheci em toda a minha vida. - fez carinho no rosto
de Seokjin, contornando os lábios inchados graças aos beijos trocados. - Eu
tenho mais sorte do que mereço.
— Namjoon...
— Uma vez, nós dois estávamos sobre um tapete também, você disse que em
outra vida me fez feliz... Namjoon-ah, por favor... Seja feliz nessa vida
agora, se encontre primeiro e então... Me deixa te encontrar de novo? - o
segurando pela nuca, Jin o beijou suavemente. - Quando o seu coração
estiver bem... Se ele ainda chamar por mim, o escute...
— Porque eu não consigo só aceitar que era pra ter sido amor, mas acabou.
— Jin, onde eu estiver, passando o meu tempo da forma que for, eu vou amar
você. Eu sempre vou amar você.
Jin assentiu, então o beijou. As taças foram deixadas sobre o tapete, mas uma
delas virou conforme os corpos se moviam para ter mais contato.
O vinho derramado mancharia o tecido caro do tapete, mas Seokjin nunca se
livraria daquela mancha porque de alguma forma ela o faria lembrar daquela
noite.
— E agora?
— Uhum.
— Pronto, não precisa mais chorar, ok? Quer mudar mais alguma coisa?
— Não. Jin, eu choro sem querer chorar! Quando eu noto já estou chorando.
- ela já estava chorando.
— Ok, isso parece ser ruim. Eu ia ficar triste sem ver o meu pau. - afagou o
cabelo dela. - Quer ajuda no banho?
— Mais ou menos, nunca acho uma posição... Quando acho, ela não gosta. -
massageou a grande barriga de quase nove meses.
— Jimin disse que ela vai ser do signo de áries. Isso é perigoso.
— Manicure?
— Meu deus, mulher! Para com isso! - ele enxaguou o cabelo dela com
cuidado. Sunmi segurou o pé da barriga com uma das mãos, então grunhiu. -
Sun? O que foi? São gases de novo?
— Não... Acho que não... Ai! Ai, ai, ai! - ela se curvou um pouco ainda
segurando a barriga com uma das mãos. A outra apertou com força a borda
da banheira.
Jin levou alguns segundos para compreender o que ela dizia. De repente tudo
que ouvia era um zumbido dentro dos ouvidos. Ele piscou algumas vezes, o
coração passou a bater como um tambor, forte e rápido. Ele sentiu vontade
de vomitar.
— Jin... Jin... SEOKJIN! Não faça isso! Você não vai entrar em choque logo
agora, não me faça te dar um tapa na cara Seokjin! SEOKJIN!
— Isso não estava nos planos. Yumi, sua filha de uma... AAAAAAI!
— Primeiro... Você liga pra doutora Kang, diz pra ela o que aconteceu.
Ele pulou no lugar, mas logo correu para fora do banheiro, buscando o
próprio celular feito um doido, tropeçando pelo quarto inteiro. Percebeu que
estava tremendo ao segurar o aparelho nas mãos, errou a senha duas vezes
antes de finalmente conseguir fazer a chamada.
— Alô?
— Yumi quer nascer hoje, não podemos evitar. Traga Sunmi até o hospital,
ok? Estarei esperando por vocês.
— Hey, a doutora pediu para monitorar o tempo entre contrações, ela vai
esperar a gente na maternidade. Vem, vamos sair dessa água.
— Eu queria muito tomar essa dor de você, mas eu não posso. Sun, a nossa
filha quer nascer, a Yumi quer conhecer a gente... - sorriu de forma
emocionada. - Eu 'tô aqui, eu não vou sair do seu lado em nenhum momento,
só me diz como te ajudar, só isso.
— Me ajuda a sair daqui e a tomar um banho na ducha, essa água ficou suja.
Ele assentiu. Com cuidado, usou toda a força para ajudá-la a sair da
banheira. Molhou-se todo ao segurar o corpo de Sunmi sob o chuveiro, a
ajudou a limpar a pele com cuidado e nas poucas vezes que uma contração
vinha, permitia que a mão pequena apertasse seus dedos com força.
— A lilás, a maior... Aquela que a sua mãe deu. Tem tudo lá, mas não tem
pra mim. - ela fechou os olhos.
— Outra?
— Uhum.
— Aqui, segura a minha mão. - ele entrelaçou os dedos aos dela. Sunmi
apertou com força. - Respira fundo, isso Sun. Nós chegamos na maternidade
rapidinho, prometo.
— Faz assim, pega a bolsa dela e depois a minha unnie vem e me faz alguma
bolsa.
— Ok. Toma, quer avisar os seus pais e sua irmã? - ela assentiu pegando o
celular da mão dele.
— Meus pais estão indo pra maternidade, minha unnie também. Liga pros
seus pais no caminho.
— Ok. Vai ser rápido. - Jin sequer colocou o cinto. Ele manobrou para fora
do estacionamento e na avenida, discou através do painel do carro conectado
ao celular.
— Oi filho. - a voz de Saeron saiu animada.
— Estou bem sim. Nós duas estamos bem, mas isso dói pra cacete. - Sunmi
respondeu.
— Obrigado, Saeron-ah.
Quando desligaram, Sunmi discou outro número. Jin franziu o cenho ao ouvir
a voz de Namjoon.
— Jin?
— O Jungkook?
Jin viu a médica se afastar, mas não se moveu. Segurava nas duas mãos um
pacote com as roupas que deveria vestir, mas não conseguia se mover.
Estava apavorado.
— Jungkook...
— Jin a gente trouxe uma muda de roupa pra você, não sabia direito se
precisava, mas achei que sim. - Yoongi lhe mostrou a mochila.
— Vai, sua filha vai nascer. Sua menina, então você vai respirar fundo e ir
até Sunmi-ssi.
Jin sentiu vontade de chorar, mas apenas assentiu. Seu olhar encontrou o de
Yoongi por um momento, então o menor sorriu com confiança e o deu um
tapinha no ombro.
Jin sorriu.
— Tô aqui, Sun, aqui. - Jin surgiu junto de uma enfermeira. Vestia a capa
hospitalar, uma touca e até mesmo uma máscara sobre a boca e nariz. - Tô
aqui, não vou sair daqui.
Ele a pedia para tentar mais um pouco, dizia que estava acabando mesmo
sem ter noções sobre isso. Aquilo parecia doer tanto.
O choro estridente.
Ele assentiu, mas as pernas pareciam moles demais. Caminhou até a frente
da cama hospitalar e viu nos braços da doutora Kang um pequeno bebê
sacudir os pés enquanto chorava. Ele segurou a tesoura, tremia mais do que
nunca.
— Aqui, está bem aqui. Pronto, não chore meu amor. - a médica sorria.
Seokjin não se movia. Nunca, em toda a sua vida, sentiu o que sentia naquele
momento.
— Yumi.
— Ela reconhece a sua voz. Eu te disse, lembra? Ela reconhece a gente, Jin.
- Sunmi sorriu.
— Você é o appa dela, quem mais além de nós dois vai aprender a fazer
isso? - Sunmi o olhou com carinho. - Segura a nossa filha, você vai ver que é
a melhor sensação desse mundo, eu juro Jin.
— Ok, vamos lá! Faça assim com os braços, Seokjin. Isso. Segure bem a
cabeça dela, ok?
Jin sorriu, sorriu tanto que nem percebeu que estava chorando.
— Oi filha. Oi. É o seu appa. Oh deus, você é linda Yumi. Tão linda. Você é
perfeita... Sunmi, olha o que a gente fez! - a encarou com lágrimas nos olhos.
- Olha só o que eu fiz! Minha menininha. Yumi. Bem-vinda, minha princesa.
Jin segurou a mão pequena, então os dedos fininhos agarraram seu dedo com
força.
— O appa te promete. - sussurrou só para ela ouvir. - Eu vou ser a sua luz,
filha. Tudo a partir de hoje é pra você, appa vai sempre te proteger. Você é a
minha Terra, Yumi e eu sou a sua Lua. Obrigado por me escolher. Quando eu
sair daqui a sua avó vai olhar pra mim e perceber que eu finalmente entendi
tudo. Eu te amo, minha Yumi-ah, aigo. Te amo tanto.
Sunmi secou as lágrimas e sorriu quando ele se aproximou com a filha deles
nos braços.
Seokjin nunca foi tão feliz em toda a sua vida como naquele momento e
Yumi, mesmo tão pequena, havia iluminado completamente a vida de seus
pais.
#PillowFic
45 - como uma pedra (final)
eu fiquei horas pensando no que escrever nessa última nota e não consegui
pensar em nada realmente elaborado para dizer depois de tanto tempo.
esses personagens são parte de mim, uma parte que eu aprendi a amar e
admirar enquanto contava a vocês suas histórias. acredito que falamos aqui
muito além do amor romântico, falamos sobre o amor que existe entre sete
homens que foram destinados a estarem juntos.
eu tô orgulhosa e feliz, talvez o final não seja tão grandioso quanto se espera,
mas digo a vocês com sinceridade: pillowtalk foi narrada até aqui, mas não
é o final... é o começo do resto das vidas dos nossos meninos.
hoje nós nos despedimos com a certeza de que depois do fim, eles vão
continuar contando suas histórias nos corações de quem se permitiu amar
pillowtalk!
muito obrigado!
☀⭐🌙
Em meu leito de morte, vou rezar
Aos deuses e aos anjos
Como um pagão, para qualquer um
Que me leve ao paraíso
Para um lugar do qual me lembro
Eu estive lá já faz muito tempo
O céu estava ferido, o vinho foi sangrado
E lá você me conduziu
FLASH BACK ON
Yoongi continuou quieto, mas apesar da pouca idade sabia que as lágrimas
silenciosas de sua mãe e o semblante sério do pai significava que aquelas
dores não passariam com um remédio ruim ou proibições de brincar ao ar
livre junto de Chaerin.
— Hyeri-ssi, eu sei que é difícil enfrentar essa situação, mas quanto mais
demorarmos a começar a cuidar de Yoongi será prejudicial a ele. - o
pediatra encarou o garotinho de seis anos que se encolhia contra o colo do
pai, observando ao redor do consultório elegante com curiosidade.
— Hyeri, acho que não existe mais a possibilidade de o diagnóstico estar
errado. - Yejun suspirou. A mão grande afagava as costas do filho, o ninando
como se ainda fosse um bebê. - O senhor pode, por favor, nos explicar sobre
essa anemia?
— Claro que sim. Quero acompanhar o quadro de Yoongi, mesmo que não
seja essa a minha especialidade. Vou indicar a vocês um especialista de alta
credibilidade nesse tipo de doença. Certo, a anemia falciforme geralmente é
hereditária, mas ocorrem casos raros onde essa deficiência acontece sem
essa ligação. Ela altera o formato dos glóbulos vermelhos do sangue, ficam
como foices e daí vem o nome. As células têm membranas alteradas, são
frágeis e rompem facilmente, causando a anemia. A hemoglobina dele se
torna deficiente e isso afeta principalmente os glóbulos vermelhos. - Hyeri
assentiu. - Os sintomas de Yoongi são os mais comuns, apesar da demora do
organismo dele a revelar essa deficiência. As crises de dores acontecem por
conta dos pequenos vasos sanguíneos que são obstruídos graças ao formato
deles. São crises que ocorrem muitas vezes, mas a duração é variável. Frio,
infecções, problemas emocionais, desidratação.
— Oh, Deus...
— Hyeri, por favor... Você vai acabar passando mal. - Yejun abraçou a
esposa pelo ombro, então a beijou naquela parte coberta por um casaco
pesado de inverno. - O que nós devemos fazer agora, doutor?
— Nós vamos montar uma equipe que vai acompanhar Yoongi com atenção
integral. Vi nos documentos que ele não possui um convênio médico, então-
— Nós pagamos. - Hyeri assentiu. - Qualquer que seja o valor. Por favor,
nos indique profissionais de sua confiança. Os melhores, não importa se isso
seja caro. Por favor, eu não quero perder o meu menino.
Frágil.
Ainda não sabia o significado daquela palavra pequena, mas ela o fez sentir
ainda menor nos braços fortes e protetores do pai.
Flash Back Of
— O hyung!
Jungkook anunciou, então os seis pararam de empurrar para olhar em
silêncio para dentro do quarto onde pequenos berços coloridos estavam
organizados lado a lado, porém, vazios. Jin sorriu assim que os viu ali.
Ainda vestia a capa hospitalar, a máscara estava pendurada no queixo,
carregava um sorriso grande nos lábios e carregava um bebê em seus braços.
Jin se aproximou do vidro, então com cuidado mostrou Yumi aos outros.
Jin olhou para o seu melhor e assentiu, voltando a soluçar enquanto beijava a
cabeça de Yumi, de olhos fechados. A menina apertou as mãozinhas e sorriu
pequeno, ela se sentia amada.
Ele ainda vestia a beca da formatura, assim como Jisoo. Todos estavam na
mansão onde os gêmeos cresceram, ao lado de boa parte da família Kim. Era
fim de tarde, a cerimônia da universidade tomou boa parte do dia, mas isso
não era ruim.
— Ele foi embora! Oh, o tio foi embora! - Taehyung balançou o chocalho em
forma de sorvete que pertencia a menina.
— Me chamou de Hoseok. - Hobi fez bico, então Tae o beijou. Yumi riu.
— Ah, olha só... Achou o titio Hobi! - o Jung riu junto dela.
— Vocês dois comeram alguma coisa? Tae você sempre vomita quando bebe
champanhe de estômago vazio. - Yoongi aproveitou que um dos empregados
do bufê estava passando e o parou. - Com licença, isso tem camarão?
— Não senhor, esse daqui é com salmão e esse com atum.
Taehyung abriu a boca e o pequeno canapé foi colocado sobre sua língua,
sobre o piercing de prata. Depois Yoongi, fez o mesmo com Hoseok que
sugou seu polegar, o provocando. Em seguida o beijou nos lábios.
Não deu outra, Yumi primeiro fez um bico. As pernas roliças pararam de se
mover e o choro rompeu por toda a sala de estar daquela casa.
— Aqui, pronto. - ele deu a taça para Hoseok. - O dindo 'tá aqui minha
chorona, ele é seu. Só seu, 'tá bom?
Yoongi a segurava com muito cuidado, sabia como fazê-la parar de chorar
em segundos e isso era um alívio para Sunmi quando se sentia cansada com
todas as responsabilidades e ele aparecia para fazer uma visita. Dormia por
horas e Yoongi ficava com a afilhada, a cuidando.
— Quem?!
— Ele era doido para ter uma boneca, mas Yoseob-ssi não permitia, então eu
pedi a minha omma que comprasse a que ele queria. Uma Barbie pop-star.
— Yoon, ele não vai escolher o nome dos nossos filhos. - Taehyung ralhou,
então começou a rir.
— Acabei de falar que vamos ter filhos. - ele beijou o cabelo do mais baixo.
- Olha só o que vocês dois fazem comigo... Eu nunca pensei sobre isso, mas
daí te vejo todo bobo com a Yumi-ah e vejo você tão incrível cuidando
dela... Acaba que eu quero isso se vocês dois quiserem também.
— Mas, pelo amor de deus, não vem com esse papo igual ao do Jungkook...
Nós já somos três, nada de um time de basquete. - Hoseok fez carinho no pé
de Yumi, ajeitou a meia branca que ela usava. - Um só.
— Eu li que bebês são míopes até os três meses, hyung. - Jimin, sem suas
muletas, estava junto dele.
— Jimin, para de ler sobre bebês, você está ficando obcecado com isso.
— Oi minha porquinha, vem com o seu appa. - ela a tomou nos braços, a
menina sorriu. - Quero te apresentar para as minhas tias que falavam que eu
nunca ia fazer alguma coisa de bom na vida.
— Quando fizer seis meses, Sunmi disse que depois dos seis meses a gente
vai poder dar outras coisas pra ela comer além do leite de peito. - ele a
beijou na testa. - Agora eu vou exibir a minha filha, tchau.
— Cadê o Namjoon?
— Não vai exagerar, ok? Vai com calma, lembra do que a fisioterapeuta te
disse.
Yoongi suspirou. Hoseok o abraçou por trás, deixou beijos por toda a nuca
pálida enquanto afagava sua barriga sobre a camisa de linho.
— Não. Não foi nada, acho que é por causa do frio. Eu ainda fico assim,
mesmo depois da cirurgia.
— Não, 'tá tudo bem, Seok-ah. - ele sorriu. - Jimin está planejando isso há
semanas, ele adora dançar contigo e o Tae também precisa sair um pouco,
ele precisa relaxar... Principalmente depois da internação de Chaewon.
— E a gente não vai forçar, quando ele estiver pronto para falar sobre como
se sente, vamos ouvir. - ele se virou para encarar o namorado. - Ele é igual a
você, sabia? Precisa de tempo para dizer o que sente e eu sei que isso não
quer dizer que não confiam em mim, só quer dizer que essa é forma de vocês
fazerem as coisas. Eu entendo.
— Às vezes fico me perguntando quando é que você se tornou esse homem
forte, mas olhando pro passado eu noto que você sempre foi, nas entrelinhas
da sua vida e do nosso amor.
— Oi, amor.
— Oi, mauricinho.
— Disse pro Yoongi que eu posso ficar em casa com ele e você vai com o
Jimin.
— Vocês dois vão com eles, eu preciso finalizar um trabalho e quero dormir,
estou morto. - choramingou.
— Isso eu vou fazer no banheiro da boate. - Hobi franziu o cenho para a fala
do mais novo.
— Acho.
— Eu também acho.
Hoseok, não disse nada, então isso fez os outros dois ficarem confusos. Hobi
encarava um ponto específico da sala de estar. Jimin estava próximo a mesa
do bufê, enchia um pequeno prato com docinhos que certamente não era para
si, Jimin não gostava de doces. Eram para Jungkook.
Mas, vinda do hall principal, uma das primas de Seokjin se aproximou dele
para conversar.
Foi a cena que Jungkook viu ao entrar na sala de estar. Ele parou por alguns
segundos, o sorriso se desfez rapidamente.
Jungkook sorriu sem mostrar os dentes e depois foi até Jimin e Taehyung.
— Eu te amo.
— Bom que me ame mesmo. - sorriu. - Eu também amo você, meu Sol.
— Obrigado.
Namjoon voltou um minuto depois com duas cervejas. Ele sentou na poltrona
vazia bebendo três goles longos.
— Vou levar só uma e a mochila, não preciso de muita coisa hyung. Acho
que se precisar, dou um jeito onde eu estiver.
— Hm?
— O que?
— Frágil?
— É. Odeio a forma como ela foi usada para me descrever durante anos.
Flash Back On
A voz assustada de Hyeri o fez soltar de vez o pequeno balde colorido, então
a água espirrou em suas roupas.
— Yoongi, você não pode brincar com água! Já te disse isso tantas vezes! -
ela o fez ficar de pé. - Olha, suas roupas estão molhadas! Você acabou de
ficar bem da pneumonia, por que está sentado aqui fora?
— Queria brincar, omma. - ele explicou, mas sabia que nada ia adiantar.
Hyeri não o entendia.
— Brinque no seu quarto! O seu appa trouxe aquele videogame que você
tanto queria, jogue no seu quarto, Yoonie! Não fique sentado na grama, onde
conseguiu água?!
— Você sabe muito bem que isso pode fazê-lo cair doente de novo, Yejun,
parece até que não ouve o que dizem nas consultas!
— A psicóloga aconselhou que Yoongi tenha uma infância comum, que ele
brinque e se divirta.
— Dois minutos disso é dois meses internado, você quer isso? Quer vê-lo
internado outra vez?
Yejun respirou fundo encarando o filho. Yoongi estava mais pálido do que
nunca, os lábios mal tinham cor. Então, ele tocou os ombros da esposa e a
fez olhá-lo.
— Veja a pele dele... Está a cada dia mais fina e sem cor, até mesmo o
cabelo de Yoongi está fraco. - disse baixo, mas Yoongi ouvia. - Nem mesmo
com Chaerin ele pode brincar, desse jeito ele vai ficar depressivo Hyeri e
isso vai ser pior, você sabe. Deixe-o brincar por mais meia hora, sem água...
Tudo bem, mas deixe-o aqui fora.
Hyeri respirou fundo, ela passou as duas mãos pelo rosto bonito e encarou o
filho.
— Vou ficar de olho nele. - ele a beijou na testa. - Yoongi-ah, pode brincar
mais um pouco, mas sem mexer com água ok?
— Com licença!
A voz infantil o fez olhar para o portão grandioso. Havia um menino ali. Da
altura de Yoongi, usava roupas coloridas e um boné azul virado para trás.
— Yoon... Yoongi.
— O meu nome é Hoseok! Você é tão branquinho, parece até feito de açúcar.
- Hoseok se agachou diante de Yoongi. O sorriso dele era gentil. - Eu me
mudei faz uma semana... Você tem quantos anos? Eu tenho sete.
— Nunca cavei, tem muito bicho na terra, tenho medo de bicho. - a careta
assustada fez Yoongi rir. - Sabe jogar tênis? Quer que eu te ensine?
— Ah, esse é outro tênis. - ele riu. A risada dele era engraçada, então
Yoongi riu também. - Ah! Cobra!
— O que?!
— Toma, come!
— Hoseok.
— Sim, moço-ssi.
— Yoongi, por que não convida Hoseok para tomar um lanche? Você gosta
de videogame? Yoongi tem um novo, mas não gosta de jogar sozinho.
— Fazemos assim. Eu e Yoongi vamos até a sua omma para pedir, o que
acha? Então, podem brincar juntos.
— 'Tá bom! Vem, vamos lá, Yoongi! Depois eu vou te ensinar a jogar tênis.
Flash Back Of
— Mas você também não faz nada direito! Quero mijar, sai da frente.
Então, Holly latiu. Chorando porque Hoseok havia pisado em seu rabo.
— Cacete! Desculpa, Holly! Mas você também fica largado pelos cantos,
igual uma peruca abandonada.
— Aí, como é bom mijar, meu deus eu amo mijar! Parece até um orgasmo.
Yoongi ouvia muito bom o som dele urinando de porta aberta, nem a luz do
banheiro estava acesa.
A voz de Yoongi os fez parar na hora. Hobi cobriu a boca de Taehyung com
a mão, então veio o grito.
— Ok, Seok-ah... Você não está bêbado, ok? Agora vai tomar um banho com
o Tae.
— Be humble!
— Meu deus, JÁ DEU! Vamos, aqui as toalhas! Tem cueca limpa em cima da
cama!
Os dois saíram rindo. Não demorou até estarem vestindo cuecas idênticas.
Eles deitaram depois de tomar um remédio para evitar ressaca. Yoongi
apagou a luz e deitou entre eles, havia perdido completamente o sono.
— Durmam.
Yoongi sentiu Taehyung o abraçar por trás, escondendo o rosto contra sua
nuca.
— Yoon... Eu te amo.
— Você não precisa fazer nada que não queira e ele vai entender. Eu fico
feliz que essa aproximação esteja acontecendo, principalmente com o seu
appa... Mas você não precisa se desgastar mais.
— Tae, marca logo um dia para assinar o que for preciso e depois você
deixa claro que não quer mais saber sobre isso. Se o seu irmão continuar
insistindo, seja mais claro ainda e diga a ele que Chaewon é problema deles.
— Eu também te amo, hyung. Boa sorte com o seu appa, as coisas logo ficam
bem. - sorriu.
— Um livro?
— Tenho orgulho de você, JK. Me conta sempre como vai o seu projeto. Eu
te amo. - ele o abraçou. - E seja paciente... Ele te ama muito. - sussurrou
apenas para o garoto ouvir. Jungkook assentiu.
— Boa viagem, hyung. Eu vou sentir tanta saudade, por favor, se cuide. O
pessoal do grupo de ajuda pediu pra dizer que o hyung sempre será o nosso
melhor líder. - Tae o abraçou apertado. - Obrigado por ter me ajudado tanto.
— Boa viagem, Namjoon-ah. Você tem certeza que não esqueceu nada?
— Desculpa, eu não queria chorar... Mas é que... Eu vou sentir tanta saudade
de você, Moni.
— Vem aqui, fada anjo. - o abraçou deixando beijos sobre o cabelo dele. -
Fica bem, por favor. Você está indo bem, Jimin. Em tudo. E você sabe que se
precisar é só me ligar, seja qual for a hora, eu vou atender... Eu vou 'tá ali
pra você.
Quando ele ficou de pé, frente a frente com Seokjin, sorriu enquanto as
lágrimas inundavam seus olhos.
— Tenho uma coisa que fiz para você. - Jin buscou por algo na bolsa de
Yumi, era um caderno pequeno. - Eu escrevi aqui... Algumas receitas simples
de comida coreana, você acha os ingredientes em qualquer lugar, pesquisei
bastante. Expliquei passo a passo, mas se você achar difícil... Me liga.
— Jin...
— Sinceramente eu espero que ache tudo difícil, então vai me ligar todos os
dias. - ele sorriu, mas estava chorando. - Boa viagem, Namjoon-ah... Por
favor, se cuida.
Namjoon o segurou pela nuca e selou os lábios dele suavemente. Última vez.
— Tchau, Jin.
— Tchau.
— Calma. Ele vai voltar pra gente. E vai voltar curado de toda dor que um
dia impediu vocês dois de ficarem juntos, hyung.
Dias depois.
— Acho que nós estamos nos aproximando mais a cada vez, Yoon. - Hobi
sorriu.
— Fica quieto!
Hoseok suspirou.
— Dessa vez vai dar certo. - Jimin apertou a mão do namorado. - A gente
vai ter vocês três de exemplo.
Flash Back On
— Yoon, olha só, consegui aquele mangá que você queria ler!
— Ah, legal.
— Nada!
— Yoongi!
Yoongi rolou os olhos. Fez careta ao subir no leito, as dores estavam mais
fortes graças a última crise. As pernas pálidas exibiam feridas pequenas,
mas que pintavam a pele sensível. Yoongi, já sobre a cama, segurou o
respirador para recomeçar a inalação que sequer poderia ter sido
interrompida.
Yoongi não o olhou. Estava irritado. Não suportava mais ficar naquele
hospital sendo tocado o tempo todo, sendo picado por agulhas horríveis, por
toda aquela droga de tratamento inútil.
— Você precisa pelo menos beber alguma coisa. Sabe que o seu rim está-
— Não diz essas coisas, Yoon. Você vai ficar bom... Estão procurando
alguém que possa te ajudar e daí-
— E você acha que eu duro até alguém aparecer? Para de se iludir, Hoseok.
Hoseok abaixou o rosto. Sentia o peito apertar ao ouvi-lo dizer coisas assim,
mas não sabia o que fazer. Ele caminhou até o leito e enfiou a mão por baixo
do travesseiro para pegar o papel que Yoongi havia escondido, esse por sua
vez, nada disse.
— Cala essa boca! Cala a boca Yoongi! - ele estava chorando, Yoongi
também. - Para! Você está me magoando e também magoando os seus pais
toda vez que diz essas coisas! Nós estamos aqui por você!
— Se você está aqui por mim, me faz um favor Hoseok: me deixa morrer.
Porque eu não aguento mais isso.
Hoseok jogou o papel amassado no chão, a carta onde Yoongi dizia o quanto
queria morrer. O quanto queria desistir. Que esperar um doador de medula
era inútil, era perder tempo. Ele só queria que aquilo acabasse de uma vez.
— Você é um idiota.
Naquela noite, exatamente às três e vinte três da manhã, Yoongi, aos quinze
anos, sofreu uma parada cardíaca ocasionada por hipertensão pulmonar. Ao
receber a notícia, pela manhã, Hoseok teve sua primeira crise de pânico.
Semanas depois, quando Yoongi pôde receber visitas, Hobi entrou no quarto
e sem dizer uma palavra deitou ao seu lado no leito, o abraçou com cuidado
e chorou em silêncio.
— Hm?
Yoongi assentiu com lágrimas nos olhos. Naquele dia, ele quis ser forte.
Flash Back Of
— Tae, sabia que as pessoas me acham mole? Um pouco inútil, mas muito
frágil.
— Te disse uma vez... Estávamos no seu carro, no alto daquela colina que dá
vista para o hospital... Eu te disse que nunca te achei frágil.
— É porque você quis olhar pra mim de verdade. - ele abriu os olhos. -
Sempre pensei no tipo de pessoa que eu sou e queria ser. Sou bom, mas
também sou mau. A avaliação disso pode variar, porque eu sou só isso.
Alguém. Igual à todas as outras pessoas que vivem e amam, que tem
esperança, que esquecem. Hoje eu sei que não posso definir quem eu sou
porque eu mudo um pouco a cada dia... Precisei entender que nada é eterno
nesse mundo pra não ter mais medo de morrer. A minha fragilidade nunca
mais vai me deixar com medo, eu prometi isso a mim naquele hospital.
— O que?
— Eu tenho certeza. Não sei como, mas eu tenho. E a gente se ama durante e
vai se amar depois, Tae. Amor, eu não sou uma pedra... - ele fechou os
olhos. - Mas quero ir aonde você ou o Seok-ah for. Eu sou o escudo,
Taehyung. - bocejou. - Você é a força bruta e o Hoseok é o ataque. Juntos,
nós três somos invencíveis.
O mais novo o viu pegar no sono, assistiu-o com carinho. Por fim sorriu.
Hobi o abraçou quase sem jeito. O homem, com um pano de prato pendurado
sobre o ombro, o tocou no rosto com carinho.
— Obrigado.
— Eu disse, mas ela não me escuta. - Mina deu de ombros. - Sentem, não
fiquem aí parados como postes.
Taehyung sentou ao lado da cunhada e aceitou uma taça de vinho. Hoseok
logo começou a conversar com Syuk sobre como andavam as questões do
processo sobre a morte de Taewoo. Então, Yoongi caminhou até a cozinha do
apartamento.
Yoseob estava de costas, mas o viu depois de se virar para picar com uma
tesoura o kimchi sobre a ilha de mármore escuro.
— Não. Não deve a mim, devia ao Hoseok... Então, estou feliz por vê-lo
confortável com essa aproximação. As coisas que o senhor me dizia nunca
me machucaram de verdade, o que machucava era ver o Seok sofrendo.
— Você o ama muito. - ele se virou outra vez para mexer a carne na
frigideira. - Também ama o Taehyung.
— Ele não comentou sobre isso, mas deve ter os motivos dele.
Durou minutos.
— Há uma coisa que eu devo lhe pedir desculpas, Yoongi.
— O que?
— Por muito tempo eu te achei fraco. Acompanhei seus pais durante os anos
de tratamento até o transplante e sempre olhei para você com o pensamento
de que era frágil demais. - Yoseob não se virou, muito menos Yoongi. - Eu
estava errado.
— Agora... Eu te admiro.
— Sim.
— O senhor não espera que eu lhe diga "obrigado" porque sabe que eu não
vou dizer. Fez o que fez para conseguir lidar com ciclo de ódio familiar que
o seu pai iniciou e fico feliz que Hoseok e Jiwoo-noona estejam libertos
dessa quase maldição... Mas, eu não sinto muito, Yoseob-ssi.
— Eu faria de novo.
— Eu vim oferecer ajuda. 'Tá tudo bem. - sorriu o abraçando. - Posso fazer
alguma coisa a mais, Yoseob-ssi?
— Nós vamos ficar com o quarto que era do Jin-hyung, vocês dois podem
ficar com o nosso que é maior.
— Ah, não. A gente prefere o menor, não tem problema. - Jungkook disse de
boca cheia. - Ficamos mais pertinho.
— Por que você foi emprestar aqueles livros de Percy Jackson pra ele,
Jungkook?! Olha o inferno que você 'tá fazendo na nossa vida!
— Taehyung no dia em que eu me tornar delegado vou propor uma lei que te
proíba de direcionar a palavra a mim!
— Vou comer na cozinha. - Jungkook saiu com a caixa de pizza nas mãos e
uma fatia na boca.
A primeira noite em um quarto que eles já haviam usado algumas vezes para
desespero de Seokjin, foi tranquila. Eles fizeram amor uma vez e depois,
ainda nus, deitaram juntos.
— Naquele dia eu realmente pensei: fodeu. - Tae os fez rir. - Quantas voltas
a gente deu até chegarmos aqui. Até a gente entender que precisava fazer isso
juntos. Quando eu cheguei aqui não queria nada além de criar problemas,
mas eu ganhei um problemão no instante em que vocês dois abriram a porta
pra mim.
— Te chamei de Cinderela.
— Toda empinadinha.
— Calem a boca. - ele riu um pouco. - Sabe, eu amo quando a gente fica
assim.
— Como?
Eles sorriram juntos. Yoongi segurou suas mãos e entrelaçou os dedos para
depois apoiá-las sobre a própria barriga.
☀🌙⭐
#PillowFic
hoje ainda tem epilogo!
— Cadê você?
— Te achei!
— Ah!
— No.
Yohan aceitou a chupeta que lhe foi oferecida e bastou Hoseok lhe afagar as
costas para que deitasse contra o peito dele, apoiando a cabeça sobre o
ombro confortável. Ele tinha exatamente um ano e sete meses e mesmo tão
pequeno, era a alegria da vida de seus pais. Dos três.
Kim Yohan era biologicamente filho de Taehyung, mas Yoongi e Hoseok não
se importavam muito com isso. Eram seus pais. O menino nasceu depois de
uma barriga de aluguel que deu certo na primeira tentativa e quase
enlouqueceu o trio nos primeiros meses, porque mesmo com toda a força de
vontade do mundo era difícil cuidar de um bebê sem qualquer experiência.
— É que eu lembro de quando você ainda era pequeno, filho. Agora você
vai casar e eu fico emocionado. - Chinrae fungou, então usou o lenço da
lapela para secar os olhos rapidamente.
— Qual deles?
— 'Tá bom.
Seokjin encarou as duas mudas de roupas limpas sobre o sofá e optou por
colocar as duas dentro da pequena mochila da Dora Aventureira. Ele usava
um terno bonito e sob medida, os cabelos escuros e grandes como nunca
estavam penteados para trás, expondo a testa lisa.
Ele sabia que não fazia nada que não fosse seu dever.
Sunmi terminou a universidade quando Yumi tinha três anos e agora tinha o
seu próprio consultório de odontologia, além de atuar como representante
internacional de uma marca do ramo. Então, Yumi dividia seu tempo entre os
pais que optaram por morar perto para que ela não tivesse de se locomover
longas distâncias três vezes por mês.
— Isso é você dizendo que os que eu escolho são feios, Kim Yumi?! - ele
arqueou uma sobrancelha.
— Quero! Sozinha!
— Nada disso! Da última vez você ficou uma semana com aquele perfume
impregnado no cabelo e a sua mãe quase me estrangulou. - ele voltou a
ajeitar a mochila. - Traga o perfume aqui, eu passo em você.
Yumi segurou a foto com a mão livre e encarou o homem com curiosidade.
Ele usava óculos e abraçava Seokjin com carinho.
Jin franziu o cenho antes de pegar a foto da mão dela. Ele observou o rosto
de Namjoon e sentiu um frio no estômago. Fazia tanto tempo.
— Esse é o Namjoon, Yumi.
— E como ele fez para sair de lá, appa? Foi por onde?
— Não, ele não saiu com computador. - Jin riu um pouquinho. - Vem cá,
vamos passar o perfume. - depois de sentado, Yumi se aproximou para ficar
entre as pernas do pai, apoiando as mãos cobertas por luvas de renda sobre
as coxas dele. - Essa foto foi tirada antes de Namjoon ir para longe, Yumi-
ah.
— O que?
— Hoje ele está voltando. - dizer aquilo fazia o coração de Seokjin bater
mais forte. Não esperava nada, muitas coisas aconteceram durante esses
cinco anos, ele conheceu outras pessoas e Namjoon também. Nada era certo,
mas saber que ele estava voltando o deixava eufórico. - Para o casamento
dos titios.
— Aposto que ele vai adorar te ensinar. Agora vamos, estamos atrasados.
— Os convidados já chegaram?
— Obrigado por tudo, Tae. Você organizou esse casamento em dois meses
mesmo estando ocupado com as coisas da campanha.
— Vocês queriam algo pequeno, não foi difícil e eu quero muito que vocês
possam trazer a Sarang para casa logo. - Tae sorriu para o melhor amigo.
— A gente não ia casar tão cedo, quer dizer... Era um plano, mas não para
agora. Só que Sarang mudou tudo desde a primeira vez que a vimos naquele
evento que o seu partido organizou. - Jimin sorriu de um jeito lindo e
emocionado. - Ela estava tão linda segurando aquelas flores, agradecendo
por minha doação ao orfanato.
— Você vai começar a sua família, Jimin. É algo tão especial, sabe?
Orgulhava cada um de seus hyungs e cada uma das pessoas que, assim como
eles, buscavam ser reconhecidas e respeitadas.
— Lembro sim.
☀
Namjoon respirou fundo quando saiu do desembarque internacional do
aeroporto. As duas malas grandes estavam sobre um carrinho e mochila
velha pendurada em um dos ombros.
Cinco anos.
— Para onde?
— O hotel The Eternal. Eu pago o que for para que consiga chegar lá antes
das cinco, por favor.
— Cartão.
O taxista assentiu.
Yumi assentiu depois de Sunmi lhe explicar outra vez o que deveria fazer.
— Achei que ela viria, eu enviei o convite a casa dela. - explicou ao pai. - O
senhor está bem com isso?
— Sim. Gayun está com a minha irmã. - ele respondeu um pouco sem jeito.
— Não é isso... É... Bem... Jungkook... Depois conversamos, acho que Jimin
chegou.
Eles olharam para o outro carro que estacionou atrás do carro de Hoseok.
— Certo, vamos.
Ele deixou as malas na recepção do hotel e não trocou de roupas, não daria
tempo. Antes de pisar na areia da praia se livrou dos ténis e caminhou em
direção a cerimônia que acontecia com o mar e o pôr-do-sol ao fundo.
Jimin e Jungkook estavam de mãos dadas diante do juiz. O mais novo tinha
uma coroa de flores amarelas na cabeça. Taehyung estava ali ao lado de
Hoseok e Yoongi que segurava nos braços um menino de olhos curiosos e
cabelos cheio de cachos que dançavam junto da brisa fresca.
Jin estava ainda mais lindo e junto dele, segurando um pequeno buquê que
combinava com seu vestido de renda amarela, Yumi sorria feito um anjo.
Ele sorriu de um jeito lindo e secou uma lágrima ao ouvir Jimin dizer aceito.
— Aqui, filho... Arrozinho, abre a boca pro papa. - Hoseok o serviu com os
hashis. - Quer mais? Quer carninha?
— Ela não jantou, Yoongi. Estou atrás dela há minutos. - Sunmi apareceu
atrás da filha. Estava deslumbrante em um vestido nude que marcava bem as
curvas de seu corpo. Os cabelos negros se firmavam num coque
despretensioso. - Primeiro ela vai jantar.
— O dindo vai guardar um prato de docinhos pra você, mas precisa jantar
primeiro ou vai passar mal. Tem camarão, tem carne, tem até aquele kimchi
de repolho que você gosta de comer lá em casa, sabia?
— Meu Deus! Ele vai comer tudo! - a garotinha correu em direção ao bufê.
— Hey! Yohan!
— É filho, o seu pai vai ficar com o bumbum fedido. - Hoseok disse aos
risos o menino riu o imitando, batendo palmas.
— E eu vou jantar esse neném... Vou comer essa barriga! - disse fazendo uma
voz mais grossa. Ele puxou Yohan para o próprio colo. - Meu tigrinho.
Rawn!
— Quatro filhos.
— Um cachorro.
Jimin riu baixinho e virou para o marido. A mão pequena fez carinho no
rosto dele, então Jungkook fechou os olhos para senti-lo. Havia uma aliança
dourada no dedo anelar de Jimin e ela significava todo o amor que existia
entre os dois há anos. O amor que ferveu demais, que quase evaporou por
imprudência da paixão e do medo plantado junto dos traumas que os dois
venceram juntos.
Não havia mais pontes, nem segredos e medos que não pudessem lidar.
Havia o amor e a confiança.
E era o bastante.
Yumi observou o copo com suco de laranja sobre a mesa e fez um bico.
— Pode, mas por favor, não saia daqui ok? Nada de brincar perto da praia,
Yumi. Entendeu?
— Ah, não... Omma vai ficar brava... Sai caguanrejo! - disse ao vê-lo se
aproximar de novo.
— Não. Ele mora com a família perto das pedras e vai para o mar quase
todos os dias.
Yumi estava encantada. Aquele homem colocou o caranguejo entre as pedras
e sorriu.
— O que?
— Lembra de mim? Eu sou filha do meu appa, Yumi! Você é o Namjoon que
mora dentro do compunador!
— Oh, sim. Sou eu. - ele riu um pouco. Yumi era adorável. - Eu te conheci
antes, mas você ainda era um bebê muito pequeno.
— Yumi-ah, a primeira vez que eu vi o seu pai, anos atrás... Ele estava
coberto de café. Igual a você está agora coberta de suco de laranja. -
Namjoon estava agachado diante dela.
— Yumi! Mas o que... A sua mãe te disse para não vir para a praia sozinha!
A voz dele fez Namjoon tremer. Jin desceu os degraus com pressa, mas
parou de uma vez ao vê-lo ali.
A brisa da praia sacudiu os cabelos de Yumi. Ela sorriu. Mal sabia que há
anos aqueles dois também trocaram silêncio diante do mar, relembrando o
passado recente cheio de feridas que naquela época ainda doíam.
— 'Tá tudo bem. Vem, eles vão ficar tão felizes por te ver aqui. Eu tô feliz.
— Yumi-ah, o que você fez? Olha o seu vestido. Sua mãe vai ter um infarte.
— Depois... A gente...
— Uhum.
— Obrigado, hyung.
Talvez dessa vez seja a vez certa. Talvez aquele amor com cheiro de café
amargo tenha se tornado doce como um suco de laranja.
— Ele tem a sua mania de não gostar de tomar banho. - provocou o beijando
nos lábios rapidamente. Eles dançavam juntos, lentamente.
— Todos os dias. A cada dia um pouco mais. Tae, as coisas estão indo bem.
Muitos de nós ainda precisam de ajuda, mas nada se compara há cinco anos
atrás. Jungkook está bem estabelecido com a empresa que criou, Jimin vai
bem demais na profissão. Seokjin-hyung conseguiu dobrar os lucros da
construtora. Seok-ah está feliz com a escolinha de dança e os trabalhos com
projetos de arquitetura. Você só tem me enchido de orgulho a cada dia
exercendo o seu mandato, sendo o homem íntegro e justo que eu amo.
— O Namjoon está feliz. Ele me disse que descobriu a própria força durante
todos esses anos. - disse aliviado. - Nós estamos felizes. Estamos felizes.
— Sabe o porquê?
— Por que?
— Ele aprendeu sozinho! - Hobi riu. - Esse safado! - o trouxe para os braços
de novo, enchendo-o de beijos. - Nosso tigrinho.
— Boa noite. Quero me desculpar por minhas roupas, não deu tempo de
vestir algo mais apropriado, não cheguei a tempo.
— 'Tá lindão, hyung! Ainda parece uma geladeira duplex com água na porta!
— Obrigado, Taehyung.
Os convidados riram.
— Eu escrevi uma coisa dois dias antes de vir para cá e finalizei enquanto
assistia a cerimônia. É algo que eu vou usar para finalizar um livro que
escrevi durante esses anos fora do país seguindo o conselho de Jungkook. - o
encarou. O mais novo sorriu. - O nome da república onde morei junto de
Seokjin, Yoongi, Hoseok, Jimin, Taehyung e Jungkook era Bangtan Kappa.
Havia um colete brega no alto da porta principal e a frase "Nós somos a
prova de balas", entretanto não éramos nada disso antes de sermos sete. Nós
éramos apenas garotos, mas juntos nos tornamos sim às provas de balas. Não
havia nada naquela casa além de sonhos e alguns traumas que determinavam
nossas vidas... E eu perdi a conta das madrugadas que ficamos acordados na
sala estar em silêncio sem saber o que fazer... A dor e as lágrimas que
compartilhamos juntos nos tornou mais fortes. E depois de sete invernos e
sete primaveras desde que Taehyung e Jungkook chegaram, nós alcançamos o
céu... Porque nunca mais seremos sete sem um de nós. Yoongi uma vez disse
que era um alívio sermos sete... Ainda me lembro de Jimin e seu rosto fofo,
de Hoseok e sua mania de nos observar em silêncio, de Yoongi e as
conversas tarde da noite, Seokjin e um chá para cada momento... - ele sorriu.
- Taehyung e seu gênio difícil e Jungkook me encarando com seus olhos
grandes ao sentir medo. Hoje, se estivermos juntos, somos à prova de
balas... Fizemos isso enfrentando os olhares negativos, as más lembranças e
as provações. Nós bloqueamos todos eles, nós vamos bloquear para sempre.
Eu viajei o mundo todo durante cinco anos e entendi que aqui é o meu lugar.
Com a minha família. Nós sete somos eternos. Somos uma família. - ele
levantou a taça. - Um brinde a Bangtan Kappa, um brinde a todas as formas
de amor que descobrimos juntos. É um alívio.
Os outros seis, com lágrimas nos olhos, levantaram suas taças para brindar
junto de Namjoon.
Era um alívio.
Juntos.
#PillowFic
🧨🧨
muito obrigado por ter caminhado junto de nós por esse caminho, obrigado
por ter deixado essa história entrar no seu coração e ter permitido que cada
um dos personagens pudesse se tornar real na sua imaginação.
até a próxima!!
FIM
EXTRA - a vida continua
⭐🌙☀
Tae empurrou devagar e foi recebido pelo choro um pouco mais manhoso,
quase sentido.
O quarto, uma suíte grande demais segundo ele, era decorado com inúmeros
animais no que deveria representar uma fazenda animada. Ele acendeu a luz
e Yohan o encarou estendendo os braços para fora do berço.
— Pronto, papa 'tá aqui. - Tae o pegou com cuidado e o menino, ainda
chorando baixinho, apontou para o teto. - O que foi? Ah, eu sabia que isso ia
te assustar.
— Você não precisa ter medo, tigrinho. - disse baixo para o filho ouvir,
aproveitando para conferir se a fralda estava muito cheia, dando batidinhas
no bumbum do menino. - 'Tá com fome?
— Acho que o Yoon trouxe bolo do casamento... O que acha de nós dois
quebrarmos as regras? Você topa?
Dos três, Taehyung era o mais divertido. Não é que amasse menos os outros
dois, mas ainda era pequeno para compreender as coisas e o fato de Tae
sempre fazer suas vontades ajudava. Yoongi era o mais carinhoso e paciente,
sabia lidar com as malcriações. Já Hoseok era bom com as broncas, mesmo
lamentando minutos depois.
Tae colocou o pote de vidro sobre a ilha da cozinha e abriu revelando alguns
pedaços do bolo de casamento de Jimin e Jungkook. Ele serviu uma fatia
generosa no prato e pegou dois garfinhos infantis para compartilhar com o
menino que arrancou a chupeta e agitou os braços ansioso pelo bolo.
— É segredo nosso, Yohan! Não é pra contar pro seus appas, ok?
— Hey, não repete isso! Quer me ferrar? Yoongi vai arrancar meu p-
— Você olha pra mim igualzinho seu papai Yoongi. - observou orgulhoso.
Estava sentado em um dos bancos da ilha, de frente para o filho,
compartilhando do bolo sobre a mesa de sua cadeirinha. - Mas é marrentinho
igual ao appa Hoseok. Você nem deve entender isso ainda, mas você foi a
nossa decisão mais adulta, filho. - Tae penteou para trás os cabelos revoltos
do menino para que ele não sujasse com o bolo. - Principalmente pra mim. -
sorriu. - Me acostumei a ouvir que estava passando dos limites o tempo
inteiro, então o papa tinha muito receio de fazer isso com você... De errar
com você. - Tae suspirou. Ele observou o relógio elegante preso a parede
para confirmar o horário. - Hoje faz seis anos.
— Ah. - Tae abriu a boca e aceitou o pedaço. Ele sorriu porque costumava
achar nojento quando Jin fazia isso com Yumi, mas ali estava ele fazendo o
mesmo enquanto só conseguia se orgulhar por seu filho ser tão gentil. -
Obrigado, tigrinho. Hoje faz seis anos que o seu pai respirou aliviado pela
primeira vez na vida. - Yohan o encarava com curiosidade, a boca miúda
completamente suja. Os olhos grandes com vestígios de lágrimas atentos ao
pai. - Quando eu pensei sobre ter um filho, disse a Yoongi que era uma ideia
ruim. Como eu ia conseguir ser um pai de verdade sem referências? Como eu
poderia te proteger do mundo se o que me fizeram foi na proteção de uma
casa... Mas, ele e o Hoseok me disseram algo, então aqui está você me
dando bolo babado na boca. - ele aceitou mais um pouco do bolo e beijou os
dedinhos sujos de Yohan. - Nós somos a referência. Você é a minha
referência, Yohan. E eu sou grato por ter me deixado ser o seu pai.
— Eu tenho certeza que ele também é grato por ser teu filho. - Yoongi o
assustou um pouco, mas deixou um beijo no ombro nu dele e afagou os
cabelos amassados com carinho.
— Nós somos gratos por nossa família. - Hoseok beijou os cabelos do filho
e depois os lábios de Taehyung. - Vou até deixar passar o fato de você estar
deixando-o comer açúcar as três da manhã. - reclamou antes de usar um
guardanapo para limpar a boca de Yohan. - Ele não vai voltar a dormir tão
cedo.
— Esse filho da... Mãe. - Yoongi corrigiu antes de continuar. - Enche o saco
se eu peço beijinho de manhã!
— Não beijo ninguém com bafo! A gente tá junto há anos e vocês ficam com
essas coisas de beijar com bafo! - Hoseok ajudou Yohan com um pedaço
maior.
— Que presente? - Hobi arqueou uma sobrancelha. Yohan estava feliz por
ver Yoongi servir outra fatia de bolo no prato.
— 'Tá. - ele suspirou. Uma das mãos estava dentro da camiseta de Hobi,
fazendo carinho na curva da lombar. Os dedos quase invadindo o short do
pijama para apertar a bunda alheia. - Eu dei pra ele uma fantasia erótica.
— Ah, mas isso ele e o Jimin usam aos montes. - Yoongi ralhou.
— Eu sei, mas essa é especial porque era pro Jimin, não pra ele. - sorriu
atrevido.
— De policial. Ele sempre ficava reclamando que o Jimin não usa uniforme,
que delegado não precisa usar de uniforme e sinceramente, teu filho postiço
é muito safado Hoseok, ele faltou pular de alegria quando eu arrumei o
uniforme completo.
— Taehyung. - ele suspirou. - Você não usou seu cargo pra conseguir isso,
né?
— Não faz mais essas coisas, amor. - Hobi pediu enquanto o cheirava,
abraçado a ele com carinho. - Tá bem?
— Ok. O Jungkook ficou muito feliz, nunca vi alguém tão ansioso pra dar o-
— Nunca sei se ele te impede de falar essas coisas por causa do Yohan ou
do Jungkook. - Yoongi beijou a bochecha do garotinho. - Chega de bolo, ok?
Agora nós vamos beber um pouquinho de água e escovar os dentinhos.
— Não, nada disso. Você vai sujar. Acho que vou te dar outro banho.
Yoongi usou uma das mãos para encostar a cabeça de Yohan contra seu peito
e tapar o ouvido dele com cuidado.
— Mas, eu ainda tenho o seu meu Sol. Essa minha bundinha de gaveta. -
apertou de novo.
Hoseok o empurrou e saiu pisando forte atrás de Yoongi. Tae, aos risos, o
deixou ir.
Ele limpou a mesinha de Yohan, guardou o que restava do bolo e lavou o que
havia sujado antes de apagar a luz da cozinha e ir atrás de sua família. No
banheiro do quarto de Yohan, encostou o corpo ao batente da porta e o
observou em silêncio.
Sua referência.
Diante de seus olhos como uma pintura única. Traçados pelos anos juntos e
todos aqueles anos que ainda viveriam juntos.
Sabia que Hoseok faria Yohan dormir logo, que o menino ficaria seguro no
berço tendo sonhos felizes e eles se deitaram na cama feita sob medida para
conversar sobre o travesseiro até o sono os embalar.
Há seis anos Tae respirou aliviado pela primeira vez e desde então, todos
dias, eram feitos disso.
Naquele momento deixou que uma lágrima rolasse pela bochecha, que
pingasse sobre sua pele nua para desaparecer. Havia chorado muito por
motivos ruins, mas graças a Hoseok e Yoongi todas as lágrimas eram de
felicidade.
Todos os dias.
O dia estava quase acabando, mas o Sol ainda iluminava as ruas e prometia
uma noite abafada. Namjoon bebeu um gole do café gelado e olhou mais uma
vez para o relógio prateado preso ao pulso.
Ele, pela quarta vez, organizou a mesa que ocupava como se qualquer coisa
fora do lugar fosse mudar o roteiro que ensaiou por cinco anos. Ainda havia
um pouco do homem inseguro dentro de si, mas nada se comparava a
coragem que o guiava. Observou o lado de fora da cafeteria. Os carros
passando depressa, as pessoas caminhando de um lado para outro seguindo
suas vidas enquanto ele precisava respirar fundo algumas vezes para
acalmar o nervosismo.
Aquilo era quase voltar a ser adolescente, era viver o que os traumas lhe
proibiram de viver antes de se tornar um adulto. Esperar ansioso pelo
garoto mais bonito da cidade para segurar a mão dele por uns minutos.
Acabou rindo de si mesmo. Jin provavelmente também daria risada de sua
imaginação um pouco antes de acrescentar mais e mais detalhes à fantasia.
Como se ela nunca pudesse ser verdade. Pensar sobre antes arrancava suas
esperanças, triturava suas expectativas e planos, então Namjoon pensava
sobre o presente.
— Namjoon-ah?
Ele ouviu a voz familiar e ajeitou a postura depressa, quase como se fosse
flagrado. Jin sentou na cadeira diante dele e colocou sobre a mesa o celular
junto das chaves do carro.
— Mais tranquilo do que eu imaginei. Descobri que gosto muito de voar por
causa do serviço militar.
— Esses músculos todos são por causa do serviço? - ele brincou, Namjoon
coçou a nuca e assentiu. - Deus abençoe a Coreia do Sul!
Ele riu. A mesma risada única e que fazia Namjoon querer rir também. Como
há alguns anos, eles riam juntos, mas dessa vez sem peso. Jin pediu um
suco de laranja e dois pedaços de torta de chocolate. Ele colocou o celular
em modo avião e em silêncio apoiou os cotovelos na mesa, em silêncio ele
observou Namjoon por alguns minutos.
— Aigo... Você ainda é o mesmo, mas também não é.
— Costumava dizer que eles ateavam fogo e eu nunca soube se isso era bom
ou ruim.
— Eu tinha medo, Jin-hyung. Eu fui feito de medo, mas sequer sabia o que
temia. - Namjoon começou a brincar com o guardanapo, amassando uma das
pontas. - Eu dizia ao meu psiquiatra que você era o meu porto seguro, que
respirar era fácil por sua causa, então usei o que você sentia enquanto me
usava também. Partir o seu coração era igual partir o meu, a mesma
sensação.
— Você ainda não quer falar sobre como eu parti o seu coração?
— Todas as cores. - Namjoon mexeu na bolsa que estava sobre uma das
cadeiras vazias e tirou dela o cubo que Jin havia o presenteado no dia da
morte de sua mãe. Estava terminado. - A minha trivia acabou, hyung. Eu fui
até o final de cada caminho, vi o que podia ver... Escutei e falei. Tudo isso
sozinho.
— Melhor agora.
⭐
Jimin estava dentro da banheira.
De onde estava tinha uma vista linda para a praia quase paradisíaca
escolhida por Jungkook para lua de mel. O mar azul fazia um belo par com
as pedras que aguentavam ondas altas e fortes o tempo inteiro.
— Eu pedi lagosta e aquele negócio que você gostou. - o mais novo entrou
no banheiro quase assustado. Jungkook estava vestido em um roupão branco.
— Aipim frito?
Ainda possuía o olhar doce e as manias únicas, mas aquele menino tímido
deu lugar a um CEO exigente e centrado, mesmo que essa personalidade
seja usada apenas para o trabalho. Jimin o amava mais a cada dia.
— Vem aqui, meu maridinho gostoso. - Jimin o chamou com a mão. Jungkook
sorriu sem mostrar os dentes e colocou a câmera sobre a borda de mármore
ao redor da banheira. Ele abriu o roupão lentamente, provocando o marido
que sorriu atrevido o admirando. - Você é o homem mais lindo do mundo,
sabia?
— Você me diz isso todos os dias. - lembrou antes de deixar o roupão cair
no chão.
Jungkook estava ainda mais forte, mas os músculos não eram a melhor parte
para Jimin. Ele amava a parte externa, mas nada se comparava a parte
interna. Por baixo das tatuagens, da força que muitas pessoas viam e
admiravam, do físico atlético e invejável havia seu Jungkook.
Ainda havia momentos em que ele se encolhia dentro de seus braços e pedia
por conforto, que o tomava nos braços afoito e eufórico como se fosse a
primeira vez. Se amavam e além disso, eram completamente apaixonados um
pelo outro. A água fervia devagar e era reabastecida todos os dias.
Fecharam os olhos.
— O seu appa está bem, está feliz. - Jimin sussurrou próximo a orelha
alheia, brincando com o pequeno brinco ali. - Ele vai precisar de você
porque 'tá assustado, bebê. Essa gravidez não foi planejada e faz tempo que
ele passou por isso. Você não é mais um coelhinho.
— Sou um coelhão? - ele sorriu e Jimin riu baixinho. - Nós vamos passar
por isso juntos. Eu e ele.
— Ter certeza vai me fazer soar como egocêntrico, mas a quem eu quero
enganar? Nós dois somos incríveis juntos. - ele sorriu orgulhoso. - Ela vai
ser feliz, Jungkook. Nós vamos ser ainda mais felizes.
O mais novo se moveu até poder encará-lo, até estar sentado sobre suas
coxas e o tocar no rosto.
— Você foi e sempre vai ser o melhor maknae, amor. - Jimin espalmou as
mãos sobre a bunda do marido, fazendo carinho. - Olha só pra você agora...
Chegou dizendo que se chamava Busan e tinha tanta vergonha de tomar banho
durante o dia.
— Olha só pra você agora. - disse orgulhoso. - Um CEO gostosinho, vai ser
o hyung de alguém e é o meu marido. O amor da minha vida. Minha pessoa.
— Você é a minha pessoa. - ele levou a mão de Jimin até o peito. - A euforia
do meu coração. Eu te amo, Jimin-ssi. Vou te amar pra sempre.
A água que fervia, a ponte demolida, um rio para mergulhar de mãos dadas.
— Alô?
Jimin esticou a mão para pegar a garrafa pequena de cerveja que havia
deixado no chão e bebeu dois goles sem encarar o marido. Mas ficou
preocupado porque os olhos de Jungkook estavam arregalados, cheios de
lágrimas.
— O que?
— Uhum.
MESES DEPOIS.
— Pelo amor de Deus, calem a boca. - Jin mandou. - Hoje é um dia especial,
não quero barraco!
— Bem! Ela gostou muito da escolinha, já fez amigos. - Jimin disse cheio de
orgulho. - Jungkook acaba passando mais tempo com ela porque a delegacia
começou adotar o sistema de plantões.
— Acho que todos nós estamos. Faz tempo que a gente não faz isso de viajar
juntos. Da última vez foi na universidade. - Hoseok abraçou Yoongi pelo
ombro e o menor deitou a cabeça ali. - Agora somos adultos.
— Eu sou adulto sim! - Jin bateu a mão na mesa os fazendo rir. - E se alguém
discorda cala a boca que sou o mais velho.
— Não fala assim do cu dele! - Taehyung disse aos risos, abraçando Yoongi
que murmurava. - E você vai logo com isso Jimin, demora da porra.
— Mas por que, caralhos, vocês precisam comer a mesma coisa? - Namjoon
quis saber.
— Olha quem fala! Você vive por dentro do Hoseok! Esses dias eu o vi
olhando dentro da sua bermuda enquanto fazia voz de bebê! - Yoongi acusou.
— Por favor, não quero falar sobre essas coisas estranhas que vocês fazem. -
Jin fez careta.
— Caralho, Jimin! 'Tô com fome! Vai logo! - Tae reclamou de novo.
— Você está gritando por que? 'Tá bravo é?!
— Tem de falar baixinho igual o Jimin. - Hoseok disse fazendo voz de bebê.
— Briga com alguém do teu tamanho, rabudo! Vai lá mozão! Mostra pra ele!
- disse dando tapinhas nas costas de Yoongi.
— Life goes on. - Jin disse o título do livro e sorriu. - A vida continua, mas
ela é mais feliz por ter vocês.
A república sete, na rua sete, agradece a sua visita e espera que você sempre
se lembre.
FIM
#PillowFic
muito obrigado por amar pillowtalk 💜
Radio Ga Ga - Especial 3 anos
Oi!!
Depois de Cherry, confesso que tinha medo de começar uma nova história,
com temáticas diferentes porque, apesar de amar escrever, começos são
difíceis. Bem, e aqui estamos, 3 anos depois.
Obrigada ♥
Radio Ga Ga - Queen
☀🌙🌟
Ele se arrastava para fora da cama espaçosa sem acordar os outros dois e
bocejava pelos corredores acendendo um pouco das luzes por saber que
logo teria companhia. Amava sua rotina matinal: ligar a cafeteira, tirar a
mamadeira pronta da geladeira para esquentar, procurar pelo jornal em cima
do aparador ao lado da porta principal e se dirigir até o escritório dividido
em dois para ocupar sua mesa bagunçada e verificar a caixa de e-mail no
notebook.
Aos trinta e seis, Yoongi não usava mais os cabelos coloridos dos anos de
faculdade ou a maquiagem pesada nos olhos felinos, entretanto, ainda sorria
como um gatinho preguiçoso sempre que se sentia bem.
Ele bebeu todo o café e, como de costume, brincou um pouco com a aliança
dourada ao redor do dedo anelar enquanto sorria das palavras no e-mail de
Kim Seokjin.
De: Seokjin Kim
PS: Jimin e Jungkook precisam parar de ter filhos, é caro alugar micro
ônibus.
— Está com fome? – ela assentiu. – Quando a minha Luna não está com
fome. – rapidamente, a menina de apenas três, aceitou a mamadeira morna
para deitar de vez no colo de Yoongi. – Muito quente?
— Tá bom. – Luna sorriu com o bico da mamadeira entre os dentes.
Todos os dias acreditavam mais um pouco na tal crise dos 10 anos, porque
tudo entre os três estava caótico naquele ano. Taehyung mal parava em casa
por causa do trabalho, Hoseok precisou lidar com a morte da mãe enquanto
Yoongi se sobrecarregava com a sociedade feita com Seokjin e Namjoon.
Estavam há dois anos tentando uma adoção após os meses que passaram no
Haiti prestando serviços comunitários e foi lá que Hoseok conheceu Luna.
Uma menina de apenas seis meses que bastou sorrir para ganhar o coração
derretido do arquiteto.
Nenhum dos três queria negar a adoção da menina, nenhum deles havia
deixado de se amar por um momento sequer. Só estavam exaustos. Os meses
seguintes serviram para alinhar os pensamentos e quereres, então quando
Luna finalmente pode se mudar, as coisas estavam bem.
— Papa? – ela chamou o encarando. Olhos grandes e quase pretos, eles eram
lindos. – Chae-unnie.
— Oh, sim. Você irá vê-la no fim de semana. – explicou tirando a atenção da
tela do notebook. – Ela e todos os seus amigos.
— Maria-unnie?
— Eu ligo, mas só mais tarde. – decretou e o bico nos lábios carnudos quase
o fizeram descer. – Está muito cedo, todo mundo ainda está dormindo. Vamos
acordar o seu irmão?
— Bom dia, appa. – coçando um dos olhos, ele aceitou de bom grado o beijo
do pai e da irmã mais nova. – Bom dia, Luna.
— Ouvi a voz da Luna no corredor, ele deve estar os preparando para sair.
— Dormiu bem?
— Como não dormir bem depois da sua de pau que dei em vocês dois?
Hoseok se virou até ficar de frente para Taehyung. A mão, aquela que ostenta
a aliança dourada, fez carinho na lateral do rosto marcado pelo sono.
Quando o polegar tocou seus lábios, Tae o beijou demoradamente.
— Eu te amo.
— Eu sei. Só sentindo muito amor pra você não reclamar de bafo matinal.
— Para com isso! Que nojo! – Taehyung deitou em cima dele. – Taehyung!
Caralho, para com isso!
••
Hoseok, com a pequena Luna sentada sobre sua coxa, se atentou a alimentá-
la com um pouco de cada coisa que comia. Tae, com Yohan de pé entre suas
pernas, lhe penteava o cabelo úmido graças ao banho.
— Ontem à noite, depois que fomos dormir, ainda parecia o mesmo lugar. –
Yoongi sorriu. Ele serviu mais café gelado para Hoseok. – Ele disse que
você não entra se não levar maconha, Seok.
— Falou com o Jimin? Ele conseguiu a mini Van? – Hoseok ofereceu a Luna
um pouquinho de sua torrada com geleia, manteiga, ovos e alguns pedaços de
banana.
— Acho que você vive em uma larica sem fim, Seok. – Yoongi fez careta.
— Falei com Jimin agora cedo. Jungkook conseguiu uma Van quase temática.
– sorriu.
— Não precisa. – ele sorriu fraco. – Tem coisa que preciso fazer sozinho. –
ele se curvou para beijar as mãos pequenas de Luna. Com cuidado, ajeitou
melhor os dois coques laterais, tomando cuidado para não estragar o laço
bonito que Hoseok havia feito. – Eu prometo que se não me sentir bem volto
pra casa.
— Meu Sol...
— Desculpa por ter feito pouco do que você sentiu e da sua necessidade de
acertar tudo. – Yoongi apertou a mão de Hoseok o passando força. – Seja o
que for, Tae... O que acontecer lá, não diz nada sobre o homem incrível que
você é.
— Não muda nenhum um pouco do amor que a gente sente por você. –
Yoongi completou.
— Está tudo bem se é isso o que quer fazer. – Yoongi sorriu com carinho. –
Quando voltar pra casa, estaremos aqui te esperando.
Tae sorriu.
••
Então, ele foi. Caminhou devagar e ficou de pé diante da mulher que franziu
as sobrancelhas antes de sorrir um pouco mais.
— Filhos?! – Chaewon sorriu. – Onde estão seus filhos, Tae? Onde está a
sua esposa?
Taeseok encarou o irmão, ele negou breve e Tae entendeu.
— Meus filhos estão em casa. – ele sentou ao lado dela no banco pintado de
branco. – Se chamam Yohan e Luna.
— Tae, não faz isso, por favor... – Taeseok pediu ao perceber o corpo da
mãe ficar tenso.
— Ele está morto. – Taehyung confirmou outra vez. – Appa também está.
— Taehyung, para com isso! – o outro filho segurou forte as mãos trêmulas
da mãe. – Para de ser cruel assim!
— Omma, olhe para mim! – o mais novo pediu outra vez, com a voz
embargada, então, ela o fez. – Hoje faz dez anos que tudo aconteceu e a
única razão de ter vindo até aqui é para te dizer que nem por um momento me
culpei por algo depois da morte dele. A senhora está aqui e não é minha
culpa, omma. Nunca foi minha culpa. Hoje eu tenho dois filhos e todos os
dias, só de imaginar alguém os machucando, sinto que posso fazer o que
Yoongi fez por mim. – ele secou uma das bochechas. – Fazer aquilo que a
senhora nunca fez por mim.
— Você o matou! – ela repetiu. Havia raiva em sua face retorcida.
••
Quando chegou em casa, logo após abrir a porta pesada, Tae ouviu o riso de
Yohan e precisou parar encostado a ela para respirar fundo.
— Papa Tata! – Luna correu para abraçar as pernas do pai. – Vovô Yo faz
cavalinho.
— Cuidado pra não machucar suas costas outra vez, Yoseob-ssi. – ele pediu
ao sogro que apenas assentiu. – Eles já chegaram?
— Sim, estão no banho. Vai lá, a gente fica de olho nas criaturinhas. –
Yoseob piscou. – Vem Luna, vovô vai ser um dinossauro agora.
Sem dizer uma só palavra, Tae entrou no box e tomou espaço embaixo do
jato de água quente. De olhos fechados, se permitiu deixar sair o que sentia
desde que saiu daquela clínica.
— Taeseok vai levá-la para Daegu. Para uma antiga casa no interior. – ele
disse.
— Mas você é o mais safado mesmo. – Tae o agarrou pela cintura. – O que
preciso fazer para ganhar um quetete?
— Não seja mau, Yoon. – Hobi, afinando a voz, ralhou. – Você só precisa
pedir, mauricinho do caralho.
— Claro que sim! Ela é minha filha. – Sunmi respondeu cheia de orgulho.
— Você foi a melhor! A mais legal! – Sunmi se abaixou para beijá-la entre
os olhos.
— Eu gostei muito! Quero dançar de novo! Tio Mike, viu que aprendi a girar
mais vezes?
— Agora é melhor irmos antes que fique péssimo para tirar o carro. – Sunmi
se virou para Seokjin. – Tem certeza que o cheiro da tinta já passou?
— Você sabe muito bem que ele não vai me deixar esquecer. – sorriu um
pouco. – Relaxa, aproveita esses dias com o Mike.
— Oh, meu caro, é o que mais pretendo. – Michael riu. – Amor, vamos?
••
— Eu não errei nada! O appa filmou tudinho pra você, tio! – a menina, cheia
de orgulho se gabou. – Cadê a minha irmãzinha?!
— Sim. Nada de febre. Ela tomou um pouco da sopa que o Jungkook mandou
e dormiu depois do chá que fiz. – Namjoon o tranquilizou.
— Appa, quero tomar banho! – Yumi tirou uma das sapatilhas de qualquer
jeito.
— Vai lá, vou separar o seu pijama. Nada de banheira, Kim Yumi. – avisou
depois de vê-la sair.
— Onde ela aprende essas coisas?! – Jin sentou no sofá maior. – Vem aqui,
me deixa te cuidar um pouquinho.
— Não precisa. – Namjoon, mesmo negando, foi até ele para sentar no
espaço entre as pernas abertas.
— Você não dormiu nada essa noite e passou o dia todo cuidando da Maria.
Amor.
Uma menina brasileira vinda do orfanato onde o mais novo trabalhou como
voluntário por anos.
— Tá muito bom. – ele moveu a mão para apoiar contra a coxa alheia. O
relógio, aquele de anos atrás, ainda estava em seu pulso. Assim como o de
Seokjin.
Sincronizados.
— Ainda acho que ele e Jimin estão tentando copiar a Brangelina com tanta
criança. - a piada fez Namjoon rir um pouquinho.
— Eu vou-
— Fica aqui quietinho sendo lindo. – Jin beijou sua nuca. – Eu vou.
Namjoon assentiu.
Ele viu Seokjin se retirar e voltar minutos depois com Maria no colo.
Namjoon sorriu.
Olhando para trás, essa cena sequer seria cogitada, mas ali estava ele.
Ali estava o homem que mais amou em toda a sua vida, o único que ainda o
faz sentir vivo mesmo que não precise mais brigar consigo para existir.
Seokjin, com a filha mais nova nos braços, sorriu para antes de beijar a testa
da menina de dois anos.
A vida levou um tempo, mas a felicidade tem morada fixa naquela casa.
Naquele amor.
••
Tão logo a comida foi servida, as vozes tomaram conta de toda a sala de
jantar. Jungkook e Jimin, um em cada ponta da mesa, revezam entre comer e
ajudar os filhos a fazer o mesmo.
Os Park-Jeon.
Assim como prometido há anos num quarto de motel, moravam perto do mar
e tinham uma casa cheia de crianças.
— Ele é saudável agora, bebê. Come bem. – Jimin, com uma camisa ao
redor dos quadris, saiu do banheiro. – Podemos levá-los ao shopping.
— Sim, pensei nisso. Pensei de levarmos o Jaehyun também. Appa disse que
ele anda muito sozinho.
— Você sabe que o seu irmão gosta mais de ficar sozinho. – Jimin
relembrou.
Jimin sorriu.
Ele subiu na cama devagar e engatinhou até o mais novo para sentar sobre
suas coxas, embolando a toalha para cima.
— Você já decidiu sobre o pedido de sua irmã Jihyo? – fez carinho nos
cabelos macios.
— Sim. – suspirou. – Mas pedi a Hyo-ssi que não force nada, só aceitei
porque minha sobrinha quer os primos lá para comemorar seu aniversário.
Sarang gosta muito de Yuna.
— Eu acho que você tomou a decisão certa, bebê. – beijou a trave dos lábios
finos. – Agora, você bem que podia me deixar te tomar também, né?
Jungkook sorriu atrevido. Ele se livrou dos óculos e girou até ter Jimin
deitado sobre seu corpo. Os dois riram baixinho com medo de terem
acordado Jihoon que dormia no quarto bem ao lado.
— Não seja barulhento, bebê. – Jimin sussurrou. – Eu sei que você ama fazer
barulho pro seu hyung, mas se o nosso coelhinho acordar já era.
— Qual?
••
Logo teve os pequenos o encarando de baixo, loucos para correr pela casa
outra vez.
— Foi aqui que a gente morou por anos. – Jin explicou com um sorriso
nostálgico.
— Fica na sua! – Jimin avisou, mas estava rindo. – Foi aqui que o appa e o
papa se conheceram.
— E ele disse que se chamava Busan? – Sarang riu de Jungkook. Ele fez uma
caretinha.
— Foi aqui que a gente entendeu o que é uma família. – Hobi se abaixou
diante de Yohan. – Por isso vamos passar o Natal aqui, todos juntinhos e
felizes.
— Podem correr por aí, brinquem e também façam memórias aqui. – Jin
gesticulou. – A bagunça tá liberada!
— Confessa que fez isso para que elas fiquem cansadas pra dormirem cedo,
hyung. – Yoongi arqueou uma sobrancelha.
— Um velho inconsequente.
— Caralho, Namjoon!
#PillowFic
Obrigado!
Oi!!
FELIZ NATAL!
Esse especial é um diferente, ele traz um pouco do que vocês vão encontrar
nos livros originais de 'REPÚBLICA 7 - PILLOWTALK' que está em pré-
venda até 21 de janeiro pela Editora Euphoria.
Então, para ajudar vocês com a adaptação, aqui vai uma pequena lista de
associações:
••
— Ali, Rick. Dentro da pia. – sorriu. Henrique, com um lindo sorriso nos
lábios grossos assentiu. – Você tá ansioso, calma.
— Não precisa. – o mais velho abriu o pacote de sal grosso com os dentes.
Entretanto, não lutou contra as mãos carinhosas do marido, quando elas
seguraram seus dedos. – Já parou de sangrar.
— Não precisa, vai sair de qualquer jeito. – beijou a mão grande e depois os
lábios do outro. – Depois de tomar banho, eu prometo, bebê, vou colocar um
curativo, tá bom? – roubou outro selinho. – Me ajuda com a churrasqueira,
por favor?
— Pai Rick, pai João! Olha só o que o dindo me deu! – a voz de Sara,
eufórica, atraiu a atenção dos dois.
— Ah, não! Ah não, Thiago! Tu não fez isso, não! – Henrique, com o sal
grosso na mão, se indignou.
— Feliz Natal pra você também, rabudo! – Thiago, com Gabriel nos braços,
sorriu. Estava sem camisa, o cabelo preso para o alto enquanto o filho
tentava arrancar os óculos escuros de seu rosto. - Ela me pediu! Calma aí,
menino! Que agonia!
Thiago abriu o isopor e pegou uma latinha de cerveja. Logo ouviram a voz
de Guilherme reclamando. Ele surgiu segundos depois no quintal espaçoso
da casa, carregando duas mochilas enquanto um bico emburrado enchia seus
lábios.
— Feliz Natal, Rafa! – João, com Thiago no colo, riu. – Também estava com
saudade!
— Qual foi, mozinho? É natal! Aniversário de Jesus! Vem cá, vem? Deixa eu
te encher de dengo.
— Para de reclamar, essa boneca é cara pra caralho! O que falta fazer? Tô
varado de fome, rabudo.
— Deixa de ser besta, Chico! – ele riu, mas abraçou a cintura do mais alto
para beijá-lo no pescoço. – Gostou do seu presente de natal?
— O João ainda tem o sabonete que o Biel usa. – avisou. – Para a sorte de
vocês dois.
— Cadu ia tomar café com a Liz e depois buscar o Nico. – Gui explicou. –
Ela adorou os patins, fiquei tão aliviado. - ele começou a ajudar Henrique na
churrasqueira. – Começou. – repetiu.
— Essa é do João!
— Qual foi, Guto?! Faz que nem eu te ensinei, vai! – Rafael, dançando e
puxando o melhor amigo, riu. – Arranhou minhas costas... Vai, Gu!
— Ain pretooooo!
••
— Gabriel, desce daí! – Thiago pegou o filho no colo, segundo antes dele
cair dentro do isopor. – Garoto, aqui o seu suco! – mostrou a mamadeira.
— Quer coca!
— Não, tá doido?! Seu pai mata nós dois! Aqui, suquinho de maracujá. O
seu padrinho que fez.
— Depois daquela briga, eu acho que a Maria de Lurdes não vai mais tentar
se aproximar à força. – assegurou. – Eu já estava de saco cheio.
— Eu sei, por causa disso vim pra cá. Tu não gosta de se meter, mas quando
se mete é pra sair rodando igual uma beyblade.
— Claro que não. Você fez certo, rabudo. Fosse eu, seria pior. – piscou.
••
— Sara, aqui. – João, sentado ao lado deles, alimentou a filha com uma
colher de comida. – Come uma asinha. – entregou um pedaço de frango nas
mãos pequenas.
— Henrique disse que sua mãe finalmente parou de insistir com aquele
presente. – Nico encarou o amigo mais novo.
••
— Eu não acredito que você tá com medo de convidar o Nico pra morar
junto.
— Tem noção de como está ridículo com essa barba de Papai Noel, Carlos
Eduardo?
— Ai, que saudade de ti! – o abraçou forte. – Meu gatinho imundo, amorzão
do Caduuuu!
— Mô, vou dar banho nele e colocar pra dormir. – avisou o marido.
— Eu faço isso-
••
— Bah, como não? O que a gente fez no carro foi um presentão. – ele
abraçou a cintura do mais novo e sorriu. – Você até colocou um laço pra
mim. – a mão grande espalmou a bunda arrebitada.
— Vai ver, essa é a minha missão aqui. – beijou a trave dos lábios de
Nicolas. – Eu não preciso de presente, eu já tenho você, guri.
— Mas eu quero muito te dar esse presente, Cadu. – ele ficou um pouco
tenso e isso preocupou o mais velho.
— Que a gente adora. – Cadu fez carinho no rosto alheio. – Agora, me diz
porque ficou tenso assim?
— Guri... Tu sempre queimando a largada, né? – ele usou a mesma mão para
puxar o chaveiro de lua cheia que escondia no bolso. Nicolas arregalou os
olhos. – Ano novo na nossa casa, então? Você escolhe qual delas.
••
— Ela dormiu?
— Mas ela queria tanto, amor. – deitou a cabeça no ombro alheio. – E você
deu um piano barulhento pro Biel.
— Então, se eu disser que quero adotar outra criança... – ele fez carinho no
peito nu do marido. – Você não vai me achar um doido por eu quer um trem
desse? A Sara é pequena e-
••
— Se acaso de madrugadaaaaaaaaaaaaaaaa!
— Hackearam-meeeeeeee!
— É a minha vez agora! – João, com sua taça de gin, pediu o microfone.
— Como o anjo que ele é! – assentiu. – Você tá bebendo água? Não quero
que passe mal amanhã.
— Ai, pelo amor de Deus! – Henrique ralhou. – Chega! – ele foi para perto
de João, cantar junto com ele.
••
— Também te amo!
— Você ficou triste de não poder ir ao show dela, o Biel ficou ruinzinho
naquele fim de semana, então eu dei um jeito.
— Uai, João!
— Eu também sou muito grato por você. – ele abriu o presente e ficou
surpreso com a pequena escultura. Ele leu a descrição e assentiu. – Você me
levou aquela exposição por isso, não foi? – encarou Rafael.
— Ah, tá bom. – Nico pegou seu embrulho. – O meu amigo secreto é... Sabe,
uma vez, há alguns anos, o doutor Sérgio me perguntou o que essa pessoa
significava pra mim e eu não usei um tempo verbal muito certinho para
defini-lo. Eu não consegui dizer que você era algo, porque você sempre está.
Você consiste. Você é um anjo e uma fada. Feliz Natal, Henrique.
— Sara vai ficar feliz, ela adora quando Rick toca violão. – João se animou.
— Como você conseguiu? – Rafael quis saber, ele estava atrás daquelas
botas há meses.
— Bom, agora é a minha vez. O meu amigo secreto é o meu melhor amigo. –
sorriu, ainda pegando o embrulho cor-de-rosa. – Ele é a cor que completa a
minha paleta, a minha vida. E, sim, às vezes eu sinto vontade de dar um chute
em você, mas passa. Afinal, você me ensinou isso há alguns anos. Tudo
passa. Feliz Natal, Cadu.
— Ah, sou eu?! Você mentiu pra mim! Você disse que tinha tirado o João! –
acusou, emburrado, mas pegou o presente abraçou Guilherme o tirando do
chão. – Feliz Natal, Gui!
— Nossa, muito obrigado! – Rafael vibrou com o par de tênis Adidas novos.
– Lindos pra caralho!
— Olha! Eu queria esses daqui! – João mostrou o par de tênis Nike para
Henrique. – Esse daqui mesmo!
— Ah, gente, sério? Nem no aniversário de Jesus vocês param com essa
putaria?! – Cadu cruzou os braços. – Meu peru não é bagunça.
— Ele virou a noite assando esse peru. – Nicolas serviu mais cerveja no
copo de todos. – Tadinho.
— Oxente, eu não posso declarar meu amor, mas você pode ficar de
sacanagem, Cadu? – Thiago já de pé, se indignou. – Vacilação.
— Rafael, para com isso, caralho! – Nicolas, rindo igual, gargalhou ao ver
Cadu dançando ao lado do amigo. As mãos nos joelhos e rebolando os
quadris.
— Acho que é o nosso estado comum. – João deu de ombros. – Nós somos
caóticos. E isso é maravilhoso!
••
♥♥