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O QUE É, COMO FUNCIONA E QUAIS OS BENEFÍCIOS DA MASSOTERAPIA CLÍNICA?

É bastante comum o entendimento de que massoterapia é a terapia por meio da


massagem. Já a palavra “clínica” remete a um espaço médico ou medicinal onde se trata
problemas de saúde por meio de remédios e intervenções cirúrgicas. O que significa,
então, massoterapia clínica? Sinteticamente, podemos dizer que massoterapia clínica é
o tratamento da saúde por meio de massagem terapêutica. Essa definição, contudo,
ainda diz pouco.
É preciso esclarecer, por exemplo, que massoterapia clínica não é uma técnica e sim um
conceito. O massoterapeuta clínico exerce sua profissão por meio de um conjunto
variável de técnicas de terapia manual, que podem ou não envolver a utilização de
instrumentos e ferramentas, como por exemplo a pistola de liberação miofascial, o óleo
essencial de aromaterapia, a ventosa, as agulhas de acupuntura ou mesmo o próprio
óleo ou creme de massagem. As técnicas são selecionadas e utilizadas pelo
massoterapeuta visando combater a dor crônica ou aguda, os bloqueios, compressões
e imobilidades, as lesões etc.
Devido à importância da anatomia palpatória em muitas das técnicas de avaliação e
tratamento dos pacientes, é preciso reconhecer que a principal ferramenta do
massoterapeuta clínico é sua mão. Quanto mais habilidosa a mão do massoterapeuta
na avaliação e no exercício dos diversificados movimentos de deslizamento e pressão
dos tecidos em distintas formas de massagem e de terapia manual, melhores resultados
ele alcançará. Essa concepção nos remete ainda a outra questão importante: a relação
entre massagem relaxante e massagem terapêutica ou clínica.
Nos parece inadequada a distinção que se faz onde a massagem relaxante serve para
relaxar e a massagem clínica serve para aliviar as dores. Toda massagem relaxa, pois ao
ser tocado com cautela e massageado o corpo põe em marcha a ativação de receptores
da pressão sob a pele, iniciando um processo de trocas sensoriais que podem vir a
estimular o nervo vago e a reduzir o grau de ativação do sistema nervoso simpático
(responsável pela nossa resposta “automática” a eventos de estresse ou emergenciais).
Com isso, a massagem pode levar o corpo até o estado de ativação do sistema nervoso
parassimpático, o qual está associado à respiração lenta e profunda e à calma e
relaxamento.
É o sistema nervoso parassimpático que faz com que nossa pressão e batimentos
cardíacos voltem ao normal após uma situação tensa, diminuindo a produção de
adrenalina, cortisol e glicose. Uma massagem bem feita ativa o sistema parassimpático
do paciente. Sendo assim, uma massagem relaxante traz consigo, necessariamente, um
elemento terapêutico de cuidado e melhoria da saúde do paciente.
Igualmente, a massagem clínica ou terapêutica, por mais que esteja voltada para o alívio
de dores e ao cuidado clínico de outras disfunções do corpo, poderá resultar no
relaxamento do paciente, conforme o tratamento atue nos tecidos, músculos, nervos,
ossos etc., desfazendo tensões, desbloqueando estruturas “presas” etc. Quando um
paciente de massagem relaxante informa que prefere o toque mais forte e até mesmo
dolorido, é provável que esteja precisando de um toque terapêutico e de liberação de
tensões musculares. Por isso, é possível que uma massagem de relaxamento se torne,
na prática, uma massagem terapêutica.
Por meio das técnicas adequadamente aplicadas, o corpo do paciente tratado pela
massagem terapêutica ficará mais relaxado, já que suas funções físicas e motoras
estarão sendo reabilitadas e estará havendo uma promoção de sua saúde local e global,
corporal e emocional.
Assim, uma massagem terapêutica pode ser também uma massagem de relaxamento,
o que mais uma vez mostra que a separação estanque entre essas duas técnicas é
questionável. Se trata, sem dúvida, de tipos distintos de massagem, com diferenças
notáveis relativas ao ambiente, à ambientação e ao foco e objetivos almejados, bem
como às técnicas e subterfúgios usados para tal. Uma massagem relaxante visa, por
exemplo, “desligar” o paciente da realidade, havendo pouca ou nenhuma interação com
o massoterapeuta, enquanto na massagem terapêutica esse diálogo e interação é
muitas vezes essencial para a eficácia do tratamento. Do mesmo modo, a análise de
exames laboratoriais, como por exemplo um raio-X ou ressonância magnética, são
bastante úteis ao massoterapeuta clínico em sua investigação sobre as origens e
encadeamentos que geram dor no paciente, enquanto têm pouca ou nenhuma
serventia para o massoterapeuta de relaxamento.
Mas há ainda outra relação íntima entre a massagem relaxante e a massagem
terapêutica, que o massoterapeuta clínico deve conhecer. Em uma sessão de
massoterapia, o comando de voz “relaxe!” não só costuma ser inoperante como muitas
vezes e para muitos pacientes tem como resultado seu inverso, ou seja, pressionado a
relaxar, o paciente se tensiona. E ocorre que muitos dos tratamentos em massoterapia
clínica pedem ou mesmo exigem que a região ou musculatura ou mesmo o paciente
como um todo esteja relaxado.
O estado de relaxamento de um músculo pode ser essencial para que uma técnica
aplicada nesta musculatura atinja o resultado esperado. Por isso, entendemos que o
massoterapeuta clínico deve dominar não apenas a teoria e prática da massagem clínica
terapêutica, mas também da massagem relaxante. Um massoterapeuta incapaz de
relaxar o paciente ou determinada região corporal do paciente com dor dificilmente será
feliz na aplicação de suas técnicas e na obtenção dos resultados terapêuticos almejados.
A linha que separa a massagem terapêutica da massagem relaxante é tênue.
E como a massoterapia clínica pode me ajudar? Ninguém é tratado por meio de
massoterapia clínica, e sim por meio de técnicas terapêuticas que o massoterapeuta
clínico utilizará para avaliar e tratar a condição física e emocional do paciente.
Se você sente dores em alguma região do corpo, tem insônia, cansaço, estresse ou
ansiedade, o massoterapeuta clínico pode te ajudar, seja por meio de uma avaliação e
tratamento dos sintomas e queixas apresentadas, seja por meio do encaminhamento
para um profissional de outra área, capaz de ajudá-lo face a um problema de saúde que
o massoterapeuta entenda extrapolar suas capacidades técnicas e o próprio escopo da
profissão. Um bom massoterapeuta clínico deve saber identificar os limites e
possibilidades de sua atuação face ao que trouxe o paciente até ele.
Embora muitas vezes a prática do massoterapeuta clínico seja eficaz a ponto de por si
só amenizar ou eliminar algumas das queixas, aliviar as dores e corrigir disfunções do
organismo do paciente, a massoterapia deve ser vista como uma técnica complementar
ou alternativa de tratamento da saúde.
Por mais competente que seja, o massoterapeuta não cura nenhuma enfermidade, e
sim auxilia a capacidade de reparo e de autocura do organismo, removendo obstáculos
e estimulando os tecidos de modo a que o organismo encontre novamente uma fruição
saudável e seja capaz de eliminar toxinas e de voltar a ter um funcionamento e
movimento adequados, de modo a amenizar ou eliminar o conjunto de fatores que
estavam causando dor.
A massoterapia clínica parte da constatação de que as dores muito raramente se devem
a um único fator, por isso o massoterapeuta clínico deve conhecer profundamente a
anatomia e fisiologia humana, de modo a se tornar capaz de ter um raciocínio clínico
capaz de perceber os elos entre o que o paciente relata e o que a palpação apresenta,
para então reconstituir, mentalmente, os possíveis caminhos e conexões estruturais que
podem, juntos, estar resultando naquele quadro álgico (de dor).
A massoterapia clínica atua não apenas visando amenizar ou eliminar a dor, mas
preferencialmente as causas da dor. Uma vez estabelecida a hipótese sobre o que está
causando a dor do paciente e como combatê-la, o massoterapeuta clínico elaborará um
protocolo de atendimento onde suas técnicas serão aplicadas visando desconstruir as
tensões musculares e bloqueios de fáscia, realinhar estruturas ligadas aos nervos,
músculos e ossos etc. Se tiver sucesso, o massoterapeuta clínico destruirá as complexas
e multifacetadas pontes da dor e ajudará o organismo a retomar seu caminho por meio
de movimentos e mediações onde as trocas metabólicas se darão de modo saudável.
Um corpo saudável precisa agir e se movimentar de determinadas formas, e muitas
vezes uma musculatura tensa ou vértebra rotacionada impede que este organismo
movimente fluidos e estruturas da forma adequada, o que faz com que o corpo
apresente dor ou adaptações posturais ou fisiológicas, muitas vezes prejudiciais à saúde
do paciente. O massoterapeuta clínico tenta identificar e combater, por meio de
técnicas de terapia manual, esses problemas e disfunções do corpo.
A massoterapia clínica pode apresentar resultados notáveis no combate às dores
apresentadas pelos pacientes, resultados que podem ser potencializados quando o
paciente associa o atendimento do massoterapeuta a outras formas de tratamento
medicinal, ou seja, à prática de outros profissionais da saúde como médicos,
ortopedistas, osteopatas, dermatologistas, fisioterapeutas, psicólogos, psiquiatras.

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