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Não é de supor que a Ordem do Templo tenha surgido totalmente armada, como Palas-Atena, da
cabeça de Hugo de Payens, ou tenha sido o fruto de qualquer inteligência humana individual. A
função oficial dos templários, por eles professada, tinha por certo surgido das Cruzadas; mas
está claro que já existia uma série de funções especiais que só esta Ordem poderia realizar. A
interação entre a mais elevada espiritualidade cristã e a mais elevada espiritualidade islâmica
(sufismo) na Alta Idade Média exigia uma ordem soberana, acima de reis e bispos, não sujeita à
legislação comum ou mesmo a interditos e excomunhões, e capaz, quando necessário, de se pôr
de parte em relação a ambas as civilizações, para agir como mediadora ou árbitro entre elas.
Com graves problemas de dívida e tendo de recorrer a empréstimos junto dos Templários para
financiar os negócios do seu reino, Filipe IV de França usou a sua influência sobre o papa
Clemente V, sob a sua dependência, para acabar com a Ordem e confiscar todos os seus bens.
Para isso, colocou em efeito uma estratégia de descrédito, acusando os Templários de heresia,
imoralidade, sodomia e diversos outros crimes.
A ordem de prisão foi redigida em 14 de setembro de 1307 no dia da exaltação da Santa Cruz, e
no dia 13 de outubro de 1307 (uma sexta-feira), todos os cavaleiros que estavam em território
francês foram detidos.[36]
Com a expulsão de Chipre, a ordem de prisão emitida na Europa e na Terra Santa tomada pelos
muçulmanos, Tiago de Molay, na sua prisão, apresentara ao papa Clemente V um novo plano de
tomada da Terra Santa. Contudo, já estava decidido que a função militar não tinha mais razão de
ser e o pontífice tentava, sem sucesso, convencer o rei Filipe, o Belo, a apenas remodelar a
Ordem.[38]
Entre 19 de outubro e 24 de novembro de 1307, 138 prisioneiros Templários foram interrogados
em Paris. Numa carta do papa Clemente V ao rei Filipe, datada de 27 de outubro de 1307, deixa
a entender os protestos do pontífice para com os meios pelos quais os cavaleiros eram
interrogados e as confissões lhe eram arrancadas.[39]
A partir de 1310, a Igreja institui sua própria investigação sobre a Ordem, na qual chegaram a
depor 573 cavaleiros. Todos em defesa da Ordem e afirmando que as confissões foram
arrancadas no tribunal francês por meios de tortura. Em 16 de outubro de 1311, o papa
Clemente V abre o Concílio de Vienne afirmando que, com base nos inquéritos eclesiásticos,
bem como nos inquéritos civis, não havia fatos palpáveis de culpabilidade.[41]
A Ordem do Templo é extinta em 22 de março de 1312, pela bula Vox clamantis. O papa
Clemente V, através bula Ad providam de 2 de maio de 1312, transfere todos os bens Templários
para os Hospitalários, exceto os de Portugal, de Castela, de Aragão e de Maiorca, os quais
ficariam na posse interina dos monarcas, até o conselho decidir qual o seu destino.[42]
Após a descoberta nos arquivos do Vaticano, da ata de Chinon, assinada por quatro cardeais,
declarando a vontade de dar a inocência dos Templários, sete séculos após o processo, o mesmo
foi recordado em uma cerimónia realizada no Vaticano, a 25 de outubro de 2007, na Sala Vecchia
do Sínodo, na presença de monsenhor Raffaele Farina, arquivista bibliotecário da Santa Igreja
Romana, de monsenhor Sergio Pagano, prefeito do Arquivo Secreto do Vaticano, de Marco
Maiorino, oficial do arquivo, de Franco Cardini, medievalista, de Valerio Manfred, arqueólogo e
escritor, e da escritora Barbara Frale, descobridora do pergaminho e autora do livro "Os
Templários".[45]
Lendas e relíquias
A destruição do arquivo central dos Templários (que estava na Ilha de Chipre) em 1571 pelos
otomanos[carece de fontes], tornou-se o principal motivo da pequena quantidade de
informações disponíveis e da quantidade enorme de lendas e versões sobre sua história.
Uma das versões faz ligação entre os Templários e uma das mais influentes e famosas sociedades
secretas, a Maçonaria. Contudo a mesma é fundada apenas em 1717, quatro séculos após o fim
dos Templários, na Inglaterra.[47][48]
Muitas das lendas dos Templários estão relacionadas com a ocupação precoce pela ordem do
monte do Templo em Jerusalém e da especulação sobre as relíquias que os Templários podem
ter encontrado lá, como o Santo Graal ou a Arca da Aliança. No entanto, nos extensos
documentos da inquisição dos Templários nunca houve uma única menção de qualquer coisa
como uma relíquia do Graal, e muito menos a sua posse, por parte dos Templários. Na realidade,
a maioria dos estudiosos concorda que a história do Graal é apenas uma ficção que começou a
circular na época medieval.[51]
O tema das relíquias também surgiu durante a Inquisição dos Templários, pois documentos
diversos dos julgamento referem-se à adoração de um ídolo de algum tipo, referido em alguns
casos, um gato, uma cabeça barbada, ou, em alguns casos, a Baphomet. Essa acusação de
idolatria contra os Templários também levou à crença moderna por alguns de que os Templários
praticavam bruxaria. Contudo, segundo historiadores, a cabeça barbada nada mais era quem um
manto com o rosto de Jesus Cristo.[52]
Anel templário
Ao líder templário, Tiago de Molay, é imputada a maldição da Sexta-Feira 13, que ao ser
queimado na fogueira teria amaldiçoado a data. Contudo, não há qualquer documento ou
registro de tal maldição, além do que, De Molay, e mais 3 líderes Templários, foram queimados
no dia 18 de março de 1314, e não dia 13. Tal crença se origina com a morte de seus executores
no mesmo ano da morte de Molay; do papa Clemente V em 20 de Abril de 1314 e de Filipe IV de
França em 29 de novembro.[53]
Além de possuir riquezas (ainda hoje procuradas) e uma enorme quantidade de terras na
Europa, a Ordem dos Templários possuía uma grande esquadra. Os cavaleiros, além de temidos
guerreiros em terra, eram também exímios navegadores e utilizavam sua frota para
deslocamentos e negócios com várias nações.
Devido ao grande número de membros da ordem, apenas uma parte dos cavaleiros foram
aprisionados (a maioria franceses). Os cavaleiros de outras nacionalidades não foram
aprisionados e isso possibilitou-lhes refugiarem-se em outros países. Segundo alguns
historiadores, alguns cavaleiros foram para Escócia, Suíça, Portugal e até mais distante, usando
seus navios. Muitos deles mudaram seus nomes e se instalaram em países diferentes, para evitar
uma perseguição do rei e da Igreja.
Um dado interessante relativo aos cavaleiros que teriam se dirigido para a Suíça, é que antes
desta época não há registros de existência do famoso sistema bancário daquele país, até hoje
utilizado e também discutido. Como é sabido, no auge de sua formação, os cavaleiros da ordem
desenvolveram um sistema de empréstimos, linhas de crédito, depósitos de riquezas que na sua
época já se assemelhava bastante aos bancos de hoje. É possível que tenham sido os cavaleiros
que se refugiaram na Suíça que implantaram o sistema bancário no lugar e que até hoje é a
principal atividade do país.