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Templários

HISTÓRIA

Templários
Das Cruzadas até os dias de hoje, esses cavaleiros medievais já
foram associados a várias instituições e acontecimentos. Mas o que
foi realmente a Ordem dos Templários?

Apresentação do curso

No imaginário popular, alimentado quase sempre por má literatura e campanhas


difamatórias contra a Igreja Católica, a figura dos cavaleiros templários costuma
estar associada a uma multidão de instituições e símbolos como, por exemplo, a
Maçonaria, o Opus Dei, o Santo Graal e uma suposta “linhagem” de Cristo. Como
distinguir, afinal de contas, a realidade histórica dos mitos criados em torno da
Ordem dos Templários? Quando e por que ela surgiu? E como sobreviveu ao longo
do tempo? Os templários por acaso ainda existem?

Mantendo-se fiel à história, este curso de 5 aulas pretende responder a essas e a


muitas outras perguntas, desfazendo assim a “atmosfera” de ficção com que o tema
é tantas vezes abordado.

Quem foram os Templários

Templários

AULA 1: Origem dos Templários


Em 1120, um grupo de cavaleiros decidido a levar uma vida de oração e pobreza
radical apresentou-se ao rei e ao patriarca do Oriente para cumprir uma missão:
defender a Terra Santa e os peregrinos cristãos dos árabes muçulmanos.

Nesta aula de nosso curso sobre os Templários, saiba como surgiu a famosa
Ordem dos Cavaleiros do Templo e adentre, já nesta aula introdutória, os mistérios
que rondam a sua fundação.

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A origem dos Templários só pode ser entendida a partir da história das
Cruzadas – as investidas militares realizadas para salvar o Oriente, em especial
os Lugares Santos, das mãos dos muçulmanos. Tudo começou com o Concílio
de Clermont, em 1095, quando o Papa Urbano II convocou a cristandade à
retomada de Jerusalém. O empreendimento foi um sucesso, mas, ao invés de
devolver o território de Outremer ("Ultramar") ao Império Bizantino, os cruzados –
que se consideravam traídos pelo Imperador Aleixo – fundaram para si o
Condado de Edessa (1095), o Principado de Antioquia (1098), o Condado de
Trípoli (1102) e, principalmente, o Reino de Jerusalém, em 1099. Toda a faixa do
mar do chamado Crescente Fértil ficou sob domínio latino.

O fato é que esses territórios impediam a comunicação entre os povos


muçulmanos: os turcos otomanos, ao norte, o Califado de Bagdá, na Arábia, e o
Califado Fatímida, no Egito. A princípio, como não havia fortes alianças entre
eles, isso não representou um perigo eminente aos territórios latinos. No entanto,
os constantes assaltos sofridos por peregrinos no caminho da Terra
Santa indignavam os cristãos do Ocidente. Em um episódio que ganhou grande
repercussão na época, 300 peregrinos, em sua maior parte de origem
germânica, foram brutalmente assassinados, enquanto se aproximavam de
Jericó, às margens do Rio Jordão.

Em 1120, em resposta ao pedido de ajuda do Rei Balduíno II de Jerusalém, um


grupo de cavaleiros, disposto a uma vida de sacrifícios, se ofereceu para
proteger os cristãos na Terra Santa. Os Pauperes commilitones Christi ("Pobres
Cavaleiros de Cristo"), como eram chamados, encarnavam duas realidades
aparentemente contraditórias: a vida militar, com suas batalhas e desafios
físicos, e a vida religiosa, com suas austeridades e muitas orações. Hugo de
Payens (ou Payns, como preferem os franceses de hoje), seu primeiro líder,
viveu com os primeiros cavaleiros uma vida de extrema pobreza. Por concessão
de Balduíno, passaram a morar na Mesquita de Al-Aqsa, onde fora construído o
Templo de Jerusalém.

Dos primeiros anos de sua fundação, porém, é preciso ser honesto e reconhecer
que muito pouco se sabe. Teorias mirabolantes, que associam os Templários a
um "arquivo secreto", com uma "sabedoria escondida" no antigo Templo de
Salomão, não passam, pois, de invenções fantasiosas de grupos gnósticos e
esotéricos. Não se tem notícia dos primórdios da Ordem justamente porque,
durante os seus dez primeiros anos, os Templários não fizeram nada de
extraordinário.

Foi só a partir da ação e pregação de São Bernardo de Claraval que a Ordem


começou a ganhar força e prestígio. Não se pode ignorar a grande influência que
este doutor exerceu na Igreja medieval. Suas pregações reuniam multidões e o
abade era aclamado como santo ainda em vida. Convencido por Hugo de
Payens da importância dos cavaleiros de Cristo, Bernardo apresentou a causa
dos Templários ao Papa Honório II, que, no Concílio de Troyes, em 1129,
aprovou oficialmente a Ordo Pauperum Commilitonum Christi Templique
Salominici ("Ordem dos Pobres Cavaleiros de Cristo e do Templo de Salomão").

Em seu escrito De Laude Novae Militiae, Bernardo ainda colocou os


fundamentos espirituais da Ordem. Além de ressaltar a vocação específica a que
foram chamados os cavaleiros do Templo, mostrou teologicamente que as
funções do guerreiro e do religioso não são incompatíveis: enquanto este luta
espiritualmente contra os seus vícios internos, aquele trava uma guerra externa
contra os inimigos de Cristo.

Então, a Ordem começou a receber numerosas doações e vários combatentes –


em grande parte nobres, já que o aparato militar era de alto custo – passaram a
integrar as suas fileiras. Embora algumas pessoas não aceitassem os
Templários, eles foram um grande sucesso, já que a sociedade da Idade Média,
assiduamente religiosa, dava grande incentivo – moral e material – à ação de
proteção e defesa dos Lugares Santos.

O primeiro selo da Ordem dos Templários traz a imagem de dois cavaleiros


sentados no mesmo cavalo. Muito se especula acerca do significado dessa
figura. Já foi dito que fazia uma referência à pobreza dos cavaleiros, que, não
tendo animais suficientes, tinham que partilhar o mesmo cavalo. Até a
acusações de homossexualismo este símbolo foi associado. Porém, para a
historiadora Barbara Frale, que trabalha no Arquivo Secreto do Vaticano, o selo
alude às personagens Rolando e Olivier, do famoso poema épico La Chanson
de Roland ("A Canção de Rolando"). Na história, Rolando – parente de Carlos
Magno – e Olivier partem para combater os sarracenos na Península Ibérica. Os
dois são um misto de coragem e prudência, bravura e sabedoria – virtudes
necessárias para um bom cavaleiro templário. Ao mesmo tempo, suas
características se encaixam precisamente no programa de São Bernardo para a
Ordem: a ousadia e o destemor de Roland e a capacidade de Olivier de controlar
as próprias paixões.

Na verdade, a história mostra que, desde o começo, os Templários precisarão se


dividir: os mais sábios e prudentes ficarão na Europa, cuidando da parte
"técnica" e "burocrática" da Ordem – arrecadar víveres e fundos, manter uma
relação diplomática com os reis etc. –, enquanto os corajosos e fisicamente
aptos partirão ao Oriente.

Com o tempo, a Ordem crescerá a ponto de sobrepujar o próprio poder real. De


fato, nos séculos XII e XIII, com os Estados nacionais ainda em formação, os
príncipes tinham certa liderança, mas dependiam muito de seus vassalos. Além
disso, com o voto de pobreza que faziam os cavaleiros templários, as
arrecadações e depósitos recebidos pela Ordem ficavam tão somente para a
instituição, que passava a administrar tesouros maiores que os dos reis.
Bibliografia

o Alain Demurger, _Vie et mort de l'ordre du Temple_, Éditions du Seuil, 1985,


431p.

o Alain Demurger, Os Templários: uma Cavalaria Cristã na Idade Média, Difel,


2007, 686p. (Les Templiers, une chevalerie chrétienne au Moyen Âge, Seuil,
2005, 664 p.)

o Alain Demurger, Os cavaleiros de Cristo. Templários, Teutônicos, Hospitalários


e outras ordens militares da Idade Média, Jorge Zahar Editor, 2002, 351p.

o Malcolm Barber, The New Knighthood: A History of the Order of the Temple,
Cambridge University Press, 1994, 466p.

o Peter Partner, Assassinato dos magos. Os Templários e seus mitos, Campus,


1991, 216p. (Murdered Magicians: The Templars and Their Myths, Oxford
University Press, 1982, 209p.).

o Piers Paul Read, Os Templários. A história dramática dos cavaleiros templários,


a mais poderosa ordem militar dos cruzados. Imago, 2001, 366p.

o Régine Pernoud, Os Templários. Publicações Europa-América, (Edição


Francesa de 1974), 166p.

o Barbara Frale, Os Templários, Edições 70, 2011, 176p.

o Barbara Frale, Os Templários e o sudário de Cristo, Edições 70, 197p.

Templários

AULA 2: Os Templários e as Cruzadas


Lealdade e corrupção, heroísmo e covardia. Os Templários deram bons e maus
exemplos, desde o martírio à traição. É verdade que existiram homens virtuosos
entre eles. Alguns até mereciam ser canonizados pelo exemplo de fidelidade a
Cristo. Mas a sua história, como a de qualquer outra instituição formada por
homens pecadores, possui também episódios vergonhosos que precisam ser
conhecidos.

Entenda, nesta aula de nosso curso sobre "Os Templários", como essa mistura de
personalidades influenciou a derrota da Ordem na segunda cruzada e a perda da
Terra Santa.

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Conhecer a história real dos Templários, com todas as suas facetas e nuances,
é imprescindível para que não se crie um esteriótipo romântico, como pode
acontecer quando se apresenta somente o lado glorioso da instituição. É
verdade que existiram homens virtuosos entre os Templários. Alguns até
mereciam ser canonizados pelo exemplo de heroísmo e fidelidade a Cristo. Mas
a história dos Templários, como a de qualquer outra instituição formada por
homens pecadores, possui também episódios vergonhosos que precisam ser
conhecidos.

Lembremo-nos de que o grande defensor dos Templários foi São Bernardo de


Claraval. Esse apoio, vindo sobretudo de um santo aclamado ainda em vida, foi
importantíssimo. Numa época em que a sucessão do Romano Pontífice
costumava ser rápida, devido às graves crises políticas em que se vivia, o
apreço de Bernardo de Claraval pelos Pobres Cavaleiros de Cristo deu a eles a
aprovação de não somente um, mas de três Papas, no intervalo entre o Concílio
de Troyes e a conclamação da segunda cruzada. Também foi São Bernardo o
responsável pela convocação dessa nova investida militar, já que os apelos do
Santo Padre e do rei não foram o bastante para convencer a população.

Em 1144, os muçulmanos conseguiram dominar o Condado de Edessa, uma


espécie de Estado "tampão", criado durante a primeira cruzada, para impedir
invasores de chegarem a Jerusalém. O fato despertou a preocupação do Papa
Eugênio III, levando-o a convocar uma nova cruzada em defesa da Terra Santa.
Mas o apelo foi praticamente ignorado. Coube, então, a São Bernardo, a pedido
do rei da França, Luís VII, a missão de convencer os fiéis cristãos da
necessidade daquela nova batalha.

A segunda cruzada, no entanto, foi um grande fiasco. O dique que segurava a


frágil posse dos cristãos latinos sobre Jerusalém começou a rachar. 50 anos
depois da primeira conquista, os cristãos viam-se cada vez mais acuados. E o
líder muçulmano, Nur ad-Din, finalmente, conseguiu vencê-los. Os cristãos,
embora exercessem domínio sobre a cidade, sempre foram minoria em
Jerusalém, se comparados ao contingente de outras populações. Com o término
da primeira cruzada, poucos guerreiros ficaram na Terra Santa. A maioria
preferiu retornar para casa. A defesa de Jerusalém, portanto, era praticamente
impossível, dada a força dos invasores. Apesar de temerem os cavaleiros
cristãos, os muçulmanos encontravam-se em maior vantagem para lutar. Os
Templários, graças ao seu prestígio, conseguiam atrair vários guerreiros, mas o
custo para pertencer à Ordem — viagem, armadura, armas e cavalos — era
altíssimo, o que tornava a missão ainda mais difícil.

Com a ascensão do general Salazar Saladino ao poder, então, os muçulmanos


pararam de brigar entre si e se voltaram ao inimigo comum: os cristãos.
Em Kingdom of Heaven ("Cruzada", no Brasil), 2005, o diretor inglês Ridley Scott
tenta construir uma imagem caricatural dos Templários, apresentando-os como
verdadeiros monstros ao mesmo tempo em que retrata o general Salazar
Saladino como um homem misericordioso. Ora, essa é mais uma grande
bobagem do cinema. Os dois lados possuíam pessoas cruéis, contaminadas
com o pecado original. Saladino, longe da moral ilibada com que é representado,
ganhou o trono matando o próprio povo. Embora tenha contribuído para uma
mudança religiosa no Egito e tenha vivido pacificamente com os cristãos da
região por muito tempo, o general curdo massacrou milhares de sudaneses,
inclusive mulheres e crianças, para chegar ao poder.

Paralelamente, no Reino de Jerusalém, ocorria uma série de sucessões reais.


Balduíno IV morrera, vítima de lepra, deixando em seu lugar o pequeno Balduíno
V, filho de Sibila. Esta, por sua vez, assumiu a regência logo em seguida, com a
morte repentina do herdeiro. É preciso notar agora a importância das Ordens
militares. Elas é que davam legitimidade ao monarca, já que faziam a sua
escolta e protegiam a cidade. Assim se compreende o papel dos Templários,
como também dos Hospitalários (ou Ordem de Malta, uma ordem militar e de
caridade que, igualmente aos Templários, defendia os peregrinos de Jerusalém).
O cofre onde eram guardadas as joias do rei possuía duas chaves: uma para os
Templários, outra para os Hospitalários. Sibila foi coroada sob aprovação das
duas cavalarias. Mas, com a chegada de seu marido, Guido de Lusignan, alguns
constrangimentos eclodiram.

Sibila desejava ver o marido coroado rei. Não era, porém, a vontade dos
Hospitalários. Guido era uma espécie de "novo rico", por assim dizer, e não
comungava da simpatia da Ordem de Malta. Por outro lado, Geraldo de Ridefort,
o mestre dos Templários, e outro cavaleiro, Reinaldo de Châtillon, apoiavam a
rainha no desejo de coroar Guido. Então, mesmo contra a vontade dos
hospitalários, Guido de Lusignan tornou-se rei de Jerusalém, ao lado de Sibila.

A essa altura, em 1186, Salazar Saladino já havia dominado grande parte do


território outrora cristão. O confronto das duas tropas tornou-se inevitável. Era
preciso uma estratégia ousada para derrotar os muçulmanos. Inspirado em sua
experiência em guerras, Raimundo de Trípole, chefe dos cristãos, decidiu
esperar até que o exército de Saladino se desgastasse, visto que estavam no
deserto. Vendo a sensatez do plano, Guido de Lusignan aprovou os métodos de
Raimundo. A vitória estava certa. Todavia, munido de toda imprudência e
temeridade — vícios evidentemente contrários à regra de São Bernardo de
Claraval —, Geraldo de Ridefort convenceu o rei de que a melhor estratégia,
naquele momento, era o ataque. O erro de Ridefort custou a Cidade de
Jerusalém.

Saladino venceu os cristãos na famosa Batalha de Hattin, em 1187. Foram


presos o rei Guido, 230 templários e Reinaldo de Châtillon. Este último, um velho
inimigo de Saladino, acabou mártir, após se recusar a converter-se para o Islã.
Guido de Lusignan, por sua vez, beneficiou-se da compaixão de Saladino. "Um
rei não mata outro rei", teria dito o general curdo ao rei cristão.
O destino dos 230 templários não encontrou a mesma compaixão de Saladino,
alardeada pelo filme de Ridley Scott. Templários, na concepção de Saladino,
deviam ser mortos. Não se podia fazer com eles o que era feito com outros tipos
de prisioneiros, como negociações por propriedades de terra, entre outras
coisas. Prisioneiros comuns, quando soltos, fugiam para outras regiões. Mas
aqueles cavaleiros não eram prisioneiros comuns; eram homens que haviam
dado suas vidas pela Igreja, pela fé em Jesus Cristo. Por isso, ou se convertiam
ao Islã, ou deviam ser mortos. E, para espanto do general muçulmano, nenhum
dos 230 guerreiros vacilou na fé. Preferiram a morte. Aqui se percebe o quão
equivocadas são essas teorias de que os Templários eram, na verdade,
gnósticos infiltrados na Igreja. Gnósticos não morrem por Jesus. Os Pobres
Cavaleiros de Cristo eram verdadeiramente bons cristãos.

A notícia de que Jerusalém havia sido tomada pelos muçulmanos caiu como
uma bomba na Europa. Não se admitia que a terra onde vivera Jesus estivesse
sob domínio dos pagãos. Uma nova cruzada foi organizada, agora por três reis:
Frederico Barba-Ruiva, Filipe Augusto e Ricardo Coração de Leão. Foi a mais
bem organizada de todas as cruzadas. Todavia, o jogo de interesses acabou por
miná-la pouco a pouco, levando os cruzados a um novo fracasso.

Ordem e decadência dos Templários

Templários

AULA 3: Organização e Missão dos Templários


Nem monges, nem cavaleiros: Templários.

Nesta aula de nosso curso exclusivo, descubra como São Bernardo de Claraval
estruturou a Ordem dos Pobres Cavaleiros de Cristo para que, sem poupar
energias, ela lutasse simultaneamente contra o domínio da carne e contra os
inimigos da Igreja.

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A Ordem dos Templários foi algo totalmente inédito na história da Igreja*.


Revolucionário, pode-se dizer. Em sua regra De laude novae militiae, com a qual
apresenta o perfil de um autêntico templário, São Bernardo de Claraval
conseguiu conciliar as virtudes necessárias a um monge (mansidão, prudência,
temperança) com as virtudes necessárias a um cavaleiro (coragem, fortaleza,
justiça), dando origem a uma organização religiosa e militar que não era nem de
monges, nem de cavaleiros seculares. Não eram monges porque não podiam
fugir do mundo. Seu trabalho era precisamente entre as pessoas, oferecendo
proteção aos peregrinos e lutando contra os invasores de Jerusalém. Não é
preciso dizer o quão alheio ao espírito monástico isso significa. Por outro lado,
também não eram cavaleiros comuns, pois deviam combater os vícios da alma:
luxúria, soberba, ira, gula etc. Assim o santo explica: "Pretendo falar de um novo
tipo de cavaleiro, absolutamente desconhecido nas eras precedentes, que, sem
poupar energias, trava uma luta num duplo fronte: uma luta contra a carne e o
sangue, mas também contra os espíritos malignos espalhados nos ares." [1] A
realidade de Rolando e Olivier. Dois guerreiros em um único cavalo. Tratava-se
mesmo de algo inovador.

É claro que essa tensão entre vida monástica e secular geraria alguns
problemas práticos. Exemplo: a castidade era lei para todos os membros. Mas
como vivê-la? O cilício não poderia ser usado, porque era prejudicial à saúde
física. Como guerreiros, os Templários precisavam ser homens fortes e
totalmente aptos a uma batalha. O jejum monástico também estava fora de
cogitação. Era necessária uma alimentação suficientemente nutritiva. São
Bernardo de Claraval, com a clarividência típica de um grande santo, soube
encontrar a solução: uma alimentação frugal; nem muito leve, nem muito forte.
Ademais, os Templários não podiam ser recrutados desde a infância, porque
não era possível prever se aquele menino seria um bom cavaleiro. Havia um
teste entre os adultos. Por isso, como no caso de Hugo de Payens, os
Templários eram geralmente viúvos. Como fosse uma época em que a
expectativa de vida não era muito grande — Ricardo Coração de Leão, por
exemplo, morreu aos 42 anos —, existiam muitos rapazes nessa situação.

Ademais, a regra de São Bernardo proibia estritamente conversas sobre


experiências sexuais. Também durante as guerras, quando era necessário
juntar-se aos cavaleiros seculares, os Templários deviam ficar em alojamentos
separados. Com isso, a Ordem visava protegê-los de ambientes frívolos e
assuntos imorais. Ora, todos eles eram homens já vividos, com seus 30 ou 40
anos de idade, e queriam expiar seus pecados passados. Trata-se, é verdade,
de um conceito estranho para nossa geração, dada a ênfase errônea que se
coloca sobre a misericórdia divina, como se o pecado não fosse uma coisa grave
e o inferno não existisse. Mas, aqueles cavaleiros desejavam indulgências pelo
seu passado inglório. Era uma oportunidade de fazer algo realmente importante
em suas vidas. Tratavam-se também de pessoas de fé, que acreditavam no
dogma do purgatório e, sobretudo, no que dizia Santo Tomás de Aquino: a
menor pena no purgatório é mais sofrível que a maior pena deste mundo, a cruz.
E, no meio de tantos homens, é óbvio, existiam aqueles com um histórico sexual
não muito publicável, por assim dizer.

Segundo São Bernardo de Claraval, quatro pontos eram essenciais para um


bom templário: vigor físico, coragem associada ao sentido de honra, lealdade ao
grupo e espírito de sacrifício. Essas virtudes também estavam presentes no
caráter de um cavaleiro comum; porém, ligadas aos vícios. O uso desmedido da
violência, a título de exemplo. Um cavaleiro secular não tinha temperança no uso
de sua força. Usava-a de forma indiscriminada. E isso era motivo de orgulho, ou
seja, de mais um pecado capital. A arrogância fazia parte da vida de quase todo
cavaleiro. O mesmo não se podia dizer dos Templários. Graças à regra de São
Bernardo, eles foram capazes de encontrar uma humildade adequada à sua
vocação. Vale a pena ler esta censura do De laude novae militiae contra as
vaidades dos cavaleiros seculares:

Vós ajaezais os cavalos com panos de seda, e sobre as armaduras trazeis não sei
quantos véus flutuantes. Pintais as lanças, os escudos e as celas. Guarneceis com ouro,
prata e gemas as rédeas e as esporas. Cultivais uma cabeleira como a das mulheres,
que constitui obstáculo para a vista. Dificultai o andar com túnicas longas e vaporosas.
Escondeis tenras e delicadas mãos em amplas mangas envolventes.

Por mais que se considerem as exortações de São Bernardo apenas


idealizações — é o que pensa a nossa historiadora Bárbara Frale —, não se
pode contestar a eficácia de sua regra. Os Templários eram treinados para
aprender a obedecer. Existia um esquema de humilhação da pessoa, ao mesmo
tempo em que se incentivava o orgulho por pertencer à instituição. É verdade,
muitos excessos aconteceram. Falaremos deles nas próximas aulas. Mas
notem: no treinamento militar, mesmo no atual, uma das coisas mais importantes
para a formação de um bom soldado é fazê-lo dobrar-se ao superior. O bom
soldado não pensa, obedece. E isso se torna evidente quando se observa a
altivez natural de todo ser humano. É preciso uma escola de humilhação.

No início, o templário devia obediência apenas ao mestre. Foi somente depois,


com o crescimento da Ordem e a divisão em províncias, que surgiu a figura do
grão-mestre. Ele, que era escolhido por meio de uma eleição, possuía jurisdição
sobre todos os membros. Todos lhe eram submissos, inclusive os procuradores
e tesoureiros das várias províncias. Qualquer gasto só podia ser autorizado pelo
grão-mestre. Vejamos o caso de São Luís da França, na sétima cruzada. Após
conquistar Damieta, no Egito, o monarca francês quis tomar a cidade do Cairo.
Mas a batalha acabou em um grande desastre. São Luís foi aprisionado em
Mansurá, e só poderia ser solto mediante o pagamento de um resgate.
Problema: o grão-mestre dos templários havia morrido durante a batalha e, por
isso, o tesoureiro não podia tocar no tesouro, pois não tinha permissão. A
solução foi um assalto. Eis a obediência de um templário.

Vejamos mais uma exortação de São Bernardo à Ordem:

Corte o cabelo curto, convencido do dito do apóstolo, que é uma vergonha para o homem
tratar da cabeleira. Nunca penteados, raramente lavados. Apresentem-se de barba
enxuta, fétidos de poeira, a pele escura pelo uso da couraça e pelos raios de Sol.

Em uma sociedade como a nossa, marcada pelo pensamento esquerdista —


igualitarismo, coletivismo e repúdio a tudo o que cheira hierarquia —, a regra de
São Bernardo é escandalosa. Não se concebe que um recruta seja humilhado.
Os Templários, no entanto, foram uma ordem eficaz, enquanto se mantiveram
fiéis aos ensinamentos de São Bernardo, precisamente porque agiram
inspirados pela obediência e pela lealdade. O testemunho dos cavaleiros, que,
no famoso Cerco de Antioquia, quando os muçulmanos já estavam prestes a
tomar toda a cidade, bloquearam o caminho com o próprio corpo, a fim de
defender os cristãos, fala mais alto que qualquer crítica. Enquanto os mundanos
debandavam, a grande maioria dos Templários mantinha-se resistente.

Nota do Editor:

* Nesta aula, Padre Paulo Ricardo usou informações de duas historiadoras


importantes. A primeira, Régine Pernoud, uma estudiosa francesa, que teve o
mérito de romper o mito sobre a Idade Média, apresentando-a não como uma
época de atraso e superstição — como é comum na bibliografia iluminista —,
mas como, de fato, ela foi: um período de grande conhecimento, seja na arte
seja na filosofia, que, não diferentemente de outras épocas, também teve suas
páginas desastradas. Já falamos dela no curso de História da Igreja, quando da
explicação sobre as ideologias contrárias ao cristianismo. O livro usado nesta
aula chama-se Os Templários. Infelizmente, a edição portuguesa é antiga e está
fora de catálogo. Talvez seja possível encontrá-la em algum Sebo. A segunda,
Bárbara Frale, é uma historiadora que trabalha no Arquivo Secreto do
Vaticano. Citamos um de seus trabalhos na primeira aula deste curso. O livro
usado agora chama-se também Os Templários. Não recomendamos as
traduções portuguesas. São bastante ruins.

Referências

1. SAN BERNARDO, De Laude Novae Militiae Ad Milites Templi

Recomendações

o SAN BERNARDO, De Laude Novae Militiae Ad Milites Templi, Espanhol

o Regra Primitiva da Ordem do Templo

Templários

AULA 4: Declínio e extinção dos Templários


Um Papa pusilânime, um rei ganancioso e um chanceler maquiavélico.

Nesta aula de nosso curso, Padre Paulo Ricardo mostra como essa mistura
explosiva acabou exterminando a Ordem dos Templários na fogueira da Inquisição.

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1291. É um ano decisivo para a história dos Templários. Com a tomada de Acre
pelos muçulmanos, os Pobres Cavaleiros de Cristo têm a sua última grande
batalha em defesa da Igreja. São João do Acre (hoje, um distrito de Israel) era o
único reino cristão que restara após todos os confrontos das Cruzadas. Perdê-lo
significaria uma tragédia. Mas o destino, ou a providência divina, haveria de selar
aquele momento com uma derrota para a cristandade. O saldo de mortos foi
enorme. A fortaleza dos Templários, onde os cavaleiros haviam escondido
alguns cidadãos para protegê-los da guerra, foi palco de uma cena horrível:
devido à pressão do exército muçulmano, o prédio acabou ruindo. A maioria
morreu soterrada. Os cavaleiros sobreviventes fugiram para a ilha de Chipre,
onde escolheram o novo grão-mestre da Ordem: Jacques de Molay.

Nascido em 1244, em um pequeno vilarejo francês chamado Vitrey, Jacques de


Molay entrou muito cedo para a Ordem: aos 21 anos. Serviu durante toda a sua
vida em Jerusalém, envolvendo-se em várias guerras. Como grão-mestre, ao
perceber o risco que a Ordem corria pelo fim dos Estados cristãos, já que a
razão da existência dos cavaleiros de São Bernardo era precisamente a
proteção desses reinos, quis convencer o papa a iniciar uma nova cruzada.

O clima político, no entanto, era bastante desfavorável a uma nova marcha para
Jerusalém. Dois grandes monarcas — Filipe IV, da França, e Eduardo I, da
Inglaterra — brigavam entre si. As guerras e os conflitos diplomáticos pululavam,
arrastando os dois reinos a uma dívida terrível. Filipe IV (também conhecido
como Filipe, o Belo), vendo o declínio da economia francesa e a escassez de
recursos para financiar seu exército, decidiu cobrar impostos do clero, algo então
proibido. A medida, como era de se esperar, não agradou nem um pouco ao
papa. A repreensão não tardou. Em 1296, Bonifácio VIII emitiu a Bula Clericis
laicos, rechaçando severamente a política do rei Filipe. E, assim, iniciava-se
outro conflito; agora, entre a Santa Sé e a monarquia francesa.

Bonifácio VIII era um homem decidido, cujo intuito principal era a reorganização
da Igreja. O estilo contundente e incisivo, porém, chocava-se com o de alguns
membros da cúria, gerando antipatias, oposições e até acusações graves. A
Igreja, como o resto do mundo, vivia um período conturbado. São Celestino V há
pouco havia renunciado ao papado. O Trono de Pedro exigia não somente um
santo, mas um bom administrador, que soubesse pôr ordem na casa. Surgiu
então o imponente Bonifácio VIII, muito diferente da figura tímida e frágil de seu
predecessor. Não demorou muito para que essa personalidade forte se
chocasse com os interesses da monarquia francesa.

Dois importantes cardeais ajudaram a alimentar a crise. Durante uma viagem em


que se trazia certa quantia de dinheiro para a Santa Sé, a comitiva papal foi
assaltada. Tempo depois, descobriu-se que o roubo havia sido planejado por
dois purpurados da família Colonna, velha inimiga do Santo Padre e armadora
de intrigas dentro do Sacro Colégio. Bonifácio VIII não hesitou um momento.
Depôs os dois traidores. Mas a briga não se encerrou por ali. Os mesmos
cardeais, sedentos de vingança, começaram a lançar dúvidas sobre a eleição de
Bonifácio. Filipe embarcou nas mentiras, acusando o papa de ser um herege
satanista. Era seu conselheiro e chanceler Guilherme de Nogaret, um político
maquiavélico e ambicioso, quem o encorajava a atacar a autoridade pontifícia
com toda espécie de intrigas e invencionices. Anos mais tarde, ele também se
voltaria contra os Templários [1].

O auge da tensão entre a coroa francesa e a Santa Sé se deu com a publicação


da Bula Unam Sanctam, na qual Bonifácio VIII afirma a supremacia papal. Foi
um verdadeiro terremoto, sobretudo para Filipe IV, que, àquela altura, mais
envenenado do que nunca pelo seu chanceler, desejava estabelecer uma
espécie de cesaropapismo. Em 1303, mesmo sob ameaça de excomunhão, o
monarca francês convocou um Concílio para destituir o Santo Padre. A resposta
foi imediata. Bonifácio VIII, com a bula Super Patri Solio, excomungou Filipe,
para ira do rei e de seu conselheiro.

A confusão entre Bonifácio VIII e Filipe IV resultou numa das páginas mais tristes
da história pontifícia: O Atentado ou Bofetada de Anagni. Era verão e, como de
costume, o Papa descansava em seu palácio, em Anagni, quando uma tropa de
600 homens, liderada por Guilherme de Nogaret, invadiu a cidade, exigindo a
renúncia de Bonifácio VIII. "Eis a minha cabeça, eis a minha tiara: morrerei, é
certo, mas morrerei papa", teria replicado Sua Santidade ao chanceler [2]. Diz a
lenda que Nogaret, ouvindo o desaforo do papa, mandou que o esbofeteassem
— daí o nome Bofetada de Anagni. Após a morte de Bonifácio VIII, humilhado e
com graves problemas mentais depois do ocorrido no palácio de férias, e com o
falecimento repentino — e, ainda hoje, misterioso — de seu sucessor Bento XI,
subiu à Cátedra de Pedro o Cardeal Bertrand de Gouth. Um francês. Qui sibi
nomen imposuit Clemens V [3].

Clemente V foi coroado papa em Lyon, na França [4]. O Santo Padre desejava
criar um clima mais diplomático com o rei Filipe, depois de todas aquelas
polêmicas com Bonifácio VIII. Nota: Clemente V era um homem de fé católica.
Acreditava nos dogmas da Igreja, nas Sagradas Escrituras, na Tradição
Apostólica etc. Mas não possuía a fortaleza de seu teimoso predecessor. E, por
isso, terminou por ceder às pressões do rei e, para não destruir a Igreja —
concluía ele —, destruiu os Templários.

Como tudo aconteceu? Filipe IV queria mais dinheiro. A economia francesa


estava um completo desastre. Como a população estivesse irada e praticamente
disposta a derrubá-lo do trono, o rei pediu abrigo à fortaleza dos Templários na
França. Nesta estadia, o rei descobriu a enorme fortuna que os Templários
franceses possuíam. A seu pedido, uma quantia considerável lhe foi emprestada.
Esse dinheiro, no entanto, deveria ser usado para a nova cruzada, desejada por
Jacques de Molay. Quando o grão-mestre soube do empréstimo, ficou furioso e
decidiu expulsar seu tesoureiro. A decisão levou a uma série de conflitos entre o
rei, o papa e alguns membros da cavalaria. Com efeito, veio a grande bomba: a
acusação de que os Templários seriam hereges, apóstatas e... sodomitas. Foi o
provincial francês da Ordem, Hugo de Pairaud, o responsável por trazer os
escândalos à tona, provocando a abertura do processo que levaria os Pobres
Cavaleiros de Cristo à extinção.

Guilherme de Nogaret infiltrou alguns membros entre os Templários, a fim de


descobrir mais dificuldades. No interrogatório, porém, os pontos problemáticos
resumiam-se ao Rito de Iniciação. Segundo depoimentos, os neófitos eram
submetidos a algumas humilhações graves como, por exemplo, oscular partes
íntimas do corpo do superior. Além disso, havia o teste de obediência: o rapaz
recém admitido era torturado até blasfemar contra Cristo.

De fato, não se pode duvidar da autenticidade dessas acusações. O


famoso Pergaminho de Chinon, no qual se encontra a assinatura de vários
templários confessando suas práticas, inclusive a de Jacques de Molay, desfaz
qualquer suspeita. O Rito de Iniciação dos Templários, embora não estivesse
previsto na regra original de São Bernardo de Claraval, padecia mesmo de
sérios problemas. Contudo, o testemunho de fidelidade a Cristo e à Igreja que os
Templários deram ao longo dos séculos, ora pelas guerras em defesa dos
cristãos, ora pelo próprio martírio, afasta também as acusações de que seriam
hereges, apóstatas ou sodomitas. O Rito de Iniciação, em que pese o erro e a
gravidade, tratava-se apenas de algo simbólico. Não possuía relevância para a
formação dos membros da Ordem. Por isso, não se justifica a sua extinção. O
processo que os condenou não passou de uma grande jogada política: não se
procurou a verdade, mas a condenação de um inocente [5]. O rei queria resolver
o problema econômico da França e tomar o lugar do Papa como autoridade
religiosa.

Clemente V, ciente de que não existia base suficiente para uma condenação,
quis absolver os Templários. Doente, todavia, o Santo Padre não teve condições
de enfrentar a oposição de Filipe IV. E, em 1314, a Ordem acabou dissolvida,
tendo seus membros e pertences direcionados para outras instituições
semelhantes [6]. Jacques de Molay, por sua vez, também não escapou da fúria
de Filipe IV. Mas sua pena foi mais dura. Mesmo inocente, foi condenado à
fogueira por crime de heresia. Eis as suas últimas palavras, no dia de sua morte
[7]:

Senhores, ao menos, deixai-me unir um pouco minhas mãos e a Deus fazer uma oração,
pois esta é a época e a ocasião. Vejo aqui meu julgamento em que morrer me convém
livremente. Deus sabe quem errou e pecou. Logo chegará o infortúnio àqueles que nos
condenaram erroneamente. Deus vingará nossa morte. Senhores, sabeis, sem calar, que
todos os que nos são contrários, por nossa causa irão sofrer. Nesta fé quero morrer. Eis
minha fé. E vos peço que, para a Virgem Maria, de quem Nosso Senhor Jesus Cristo
nasceu, volteis o meu rosto.
Aos 72 anos de idade, Jacques de Molay morreu queimado em uma ilha,
olhando para a Catedral de Notre Dame, de Paris. A Ordem dos Templários,
organizada por São Bernardo de Claraval, nasceu sob os auspícios de Nossa
Senhora e morreu voltada para os mesmos misericordiosos olhos da Mãe de
Deus.

Referências

1. Filipe IV, apesar da ganância, não era o monstro que se costuma pintar em
algumas biografias. Tinha, sim, fé católica. Seu avô era nada menos que São
Luís (no minuto 13'45" do vídeo, diz-se erroneamente que o avô de Filipe IV é
São Filipe). Na vida familiar também possuía grandes virtudes. Por isso, não se
pode confundir sua briga contra o papa com a Revolução Francesa. Embora se
tratasse de um homem um pouco credulone, como dizem os italianos, não é
correto fazer um juízo temerário a seu respeito. A história não é um jogo de
forças antagonistas, uma realidade maniqueísta, onde uns são bons e outros
são maus. Nos dois lados existem inocentes e culpados. É preciso compreender
isso, mormente neste período em que tanta gente, principalmente na internet,
carimba rótulos sobre as pessoas de forma tão leviana. Não se pense que
queremos justificar os erros de Filipe IV. Apenas convidamos nossos alunos à
sensatez cristã.

2. Medieval Sourcebook – William of Hundledby: The Outrage at Anagni, 1303.

3. Aos 20'16" do vídeo, Padre Paulo Ricardo confunde o sucessor de Bento XI com
São Celestino V. O nome correto do papa é Clemente V.

4. Clemente V também foi o primeiro Papa a viver em Avignon, dando início ao que
os historiadores comumente chamam de Exílio de Avignon — período da história
em que os papas não residiam em Roma, mas naquela cidade francesa. Coube
a Catarina de Sena a missão de trazer o papado de volta a Roma.

5. A expressão é do historiador Alain Demurger: Alain Demurger, Os Templários:


uma Cavalaria Cristã na Idade Média, Difel, 2007, 686p. (Les Templiers, une
chevalerie chrétienne au Moyen Âge, Seuil, 2005, 664 p.).

6. Essa determinação papal basta para desfazer os mitos de que os Templários


teriam se tornado uma sociedade secreta. A única instituição que pode ser
considerada como a herdeira dos Templários é a Ordem de Cristo, nascida em
Portugal, pouco tempo depois da abolição dos Pobres Cavaleiros de Cristo.

7. Alain Demurger, Vie et mort de l'ordre du Temple, Éditions du Seuil, 1985, 431p.
Templários

AULA 5: Templários: Legado e Ficção


Depois de termos examinado os fatos históricos autênticos, de acordo com autores
e pesquisadores respeitados, é hora de investigarmos os mitos por trás da Ordem
dos Cavaleiros Templários.

Da suposta "maldição" de Jacques de Molay até a farsa recente de "O Código da


Vinci", saiba, nesta última aula de nosso curso exclusivo, como a Maçonaria e
outros grupos esotéricos inventaram uma série de lendas e mentiras a respeito dos
Templários.

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Jacques de Molay, o último grão-mestre dos Templários, chegou ao fim da vida


como um criminoso. Antes de ser morto em uma fogueira, porém, proferiu um
discurso feroz contra seus algozes: "Deus sabe quem errou e pecou. Logo
chegará o infortúnio àqueles que nos condenaram erroneamente. Deus vingará
nossa morte." [1] É claro que palavras tão duras não deixariam de suscitar
certo thriller. A Ordem dos Templários, vimos na aula anterior, foi dissolvida não
porque era gnóstica, herética ou algo parecido [2]. Também não se tratou de
uma reação aos grotescos métodos do Rito de Iniciação. O próprio Pergaminho
de Chinon, como revelou a nossa já conhecida historiadora Bárbara Frale,
mostra que Clemente V ia absolver a cavalaria de São Bernardo de Claraval.
Jacques de Molay era inocente. Foram as pressões de Filipe IV,
maquiavelicamente planejadas por seu conselheiro Nugaret, que levaram à
injusta condenação dos Pobres Cavaleiros de Cristo e de seu último grande
líder.

É de um senhor chamado Geoffrey de Paris, uma testemunha ocular do


assassinato Jacques de Molay, o relato sobre o terrível discurso. Para espanto
geral, em pouco menos de um ano, os principais personagens envolvidos no
processo de condenação do último grão-mestre dos Templários estavam mortos
[3]. A série de estranhas coincidências, era óbvio, despertou a fértil imaginação
de alguns italianos. E, assim, graças, sobretudo, a um cartunista chamado
Ferreto de Vincenza, nasceu o primeiro mito sobre os Templários: a maldição de
Jacques de Molay.

A lenda criada por Vincenza dizia que o líder dos Pobres Cavaleiros de Cristo
havia dado um prazo de um ano para a morte de seus inimigos. Nota: Guilherme
de Nugaret já estava morto na época. Ora, não se pode atribuir uma maldição a
quem já havia falecido. Clemente V, por sua vez, encontrava-se moribundo. Sua
morte repentina não era, pois, imprevisível. O inusitado na história seria tão
somente o falecimento de Filipe IV, aos 46 anos de idade, devido à queda de um
cavalo, após um derrame. Em que pese a veracidade ou não da lenda, no
entanto, trata-se simplesmente de um suspense inofensivo. Todos os cronistas
do período haviam se posicionado a favor de Jacques de Molay. Estavam
convencidos de que era inocente das acusações e vítima de um conluio. Por
isso, não há por que se preocupar.

Muito diferente é o caso da Maçonaria. 450 anos após o trágico fim dos
Templários, quando não existia qualquer dúvida a respeito da determinação de
Clemente V para que os extinguissem, surge a teoria de que a Ordem de São
Bernardo era, pasmem, uma sociedade secreta. Foi o início do que podemos
chamar de Templarismo.

A Maçonaria sempre gostou de pseudo histórias. A razão para isso é a


necessidade de convencer as pessoas a se inscreverem em suas lojas. Os
maçons surgiram como um típico clube inglês, desses que fazem a cabeça de
onze a cada dez rapazes britânicos. Com vistas a atrair um número maior de
adeptos, os membros começaram a propagar a ideia de que, na verdade, a
Maçonaria teria se originado de um grupo de pedreiros medievais. O conto fez
sucesso na Inglaterra. Mas, frente a uma sociedade nobiliárquica e aristocrática
como a francesa, seria preciso muito mais que uma historinha de pedreiros para
engambelar os contemporâneos de Rousseau, Voltaire e Diderot.

Em 1737, Andrew Michael Ramsay, um maçom escocês popularmente


conhecido como Chevalier Ramsay, teve a grande sacada de relacionar a
origem da Maçonaria às Cruzadas — e, mais especificamente, a alguns
cavaleiros desejosos de descobrir a arte para a construção do Templo de
Salomão: "Nossos ancestrais, os cruzados, reuniram-se, vindos de todas as
partes da cristandade, na Terra Santa, desejando assim reunir em uma única
fraternidade os indivíduos de todas as nações." [4] Era o impulso que a
organização precisava para deixar de ser um simples clube inglês, supostamente
fundado por pedreiros medievais, e tornar-se uma instituição poderosa, ligada às
figuras mais importantes da Idade Média e da antiguidade: os reis, os príncipes,
os nobres, os duques, os barões e, principalmente, os cavaleiros. A França ficou
de joelhos.

Ramsey contava que "as palavras de guerra que os cruzados diziam uns para os
outros para resguardá-los das surpresas dos sarracenos, que frequentemente
surgiam entre eles para matá-los", eram, na verdade, os segredos transmitidos
pelo pacto de honra com os Cavaleiros de São João de Jerusalém. Detalhe: os
Cavaleiros de São João de Jerusalém não eram os Templários, mas os
Hospitalários. Ramsey nunca disse algo sobre a Ordem de São Bernardo de
Claraval. Os Templários apareceram depois. Ademais, a essa fantasia absurda,
o chevalier escocês acrescentou o culto às deusas Ceres, Ísis, Minerva, Diana
etc. Isso dava um simbolismo maior à Maçonaria. Não é por acaso que os três
primeiros graus dos maçons têm nomes de pedreiros e os 30 restantes — os
graus filosóficos — recebem nomes de cavaleiros cruzados.
Aqui deve ser feita a pergunta: como pessoas influenciadas pelo Iluminismo, dito
o criador do século da razão, o pai do esclarecimento, o remédio para o
obscurantismo medieval e supersticioso, foram literalmente seduzidas pelo canto
de sereia da Maçonaria? Há uma explicação. O Iluminismo mudou a
mentalidade social. Na Idade Média, havia uma clara distinção entre o que era
competência da ciência natural e o que era competência da filosofia e da
teologia. A ciência, sabemos, é apenas um recorte da realidade. Não oferece
respostas a tudo. Que fazemos neste mundo?, por que vivemos?, para onde
vamos? São perguntas formuladas à filosofia e à teologia. Essas duas disciplinas
são o que nos serve as premissas válidas para nosso conhecimento sobre o
mundo. Era assim, ao menos, na Idade Média. Com o Iluminismo, a deusa razão
ocupou o lugar da filosofia e da teologia. O chão em que a sociedade pisava lhe
foi arrancado, restando-lhe somente o misticismo esotérico, já que a ciência
moderna, com suas sucessivas refutações e negações de autores, não é capaz
de explicar as verdadeiras dúvidas da humanidade. Não é de pouca monta que a
maioria dos pensadores e cientistas iluministas é formada por esotéricos —
Newton era um alquimista. Homens da ciência, céticos empedernidos, capazes
de acreditar nos contos mais estapafúrdios da literatura [5].

Que dizer de uma sociedade, considerada tão crítica e intelectualmente


desenvolvida, que confia em um romancista metido a historiador como Keith
Laidler, por exemplo? Esse senhor é autor de um livro no qual, não se sabe com
que autoridade, documentos ou evidências, afirma ter descoberto a origem do
famoso Baphomet, uma divindade teoricamente adorada pelos Templários.
Segundo Laidler, Baphomet seria, acreditem, a cabeça embalsamada de Cristo,
encontrada pelos cavaleiros templários durante os primeiros anos em que a
Ordem viveu no Templo de Salomão. Não. Não é piada. Keith Laidler escreveu
mesmo isso. E há quem considere um despautério não dar crédito a pseudo
historiografias como as desse autor e outros similares. "Ter uma fé clara,
segundo o Credo da Igreja, muitas vezes é classificado como fundamentalismo.
Enquanto o relativismo" — dizia certo cardeal —, "isto é, deixar-se levar 'aqui e
além por qualquer vento de doutrina', aparece como a única atitude à altura dos
tempos hodiernos." [6] Os marxistas pensam assim. Os psicanalistas pensam
assim. Os maçons pensam assim. A fé sem a razão é cega. A razão sem a fé é
louca.

Neste contexto, surgiram inúmeros charlatães, ora em busca de sucesso


pessoal, ora dedicados ao sucesso da Maçonaria. Na Alemanha, George
Frederick Johnson começou a vender falsos títulos nobiliárquicos de cavaleiros
templários. A trapaça se garantia por meio de uma lenda segundo a qual os
essênios teriam segredado uma missão aos Cônegos do Santo Sepulcro, e que,
agora, essa missão estaria a cargo dos Grão-Mestres da Maçonaria [7].
Somente quem chegasse aos últimos graus da instituição desvelaria o segredo.

Um pastor protestante, professor da mesma universidade onde Kant lecionava


na época, acreditou na conversa. Seu nome era Johann August Starck. A fim de
progredir profissionalmente, Starck propagou o conto sobre os Templários e a
Maçonaria, levando muitos a crerem na existência do Baphomet e de outros
tesouros lendários. Nesse grupo se inclui o príncipe alemão Fernando de
Brunswick. O soberano do Sacro Império Romano-Germânico chegou a fazer
uma longa viagem pela Europa, em busca dos líderes maçônicos. Ao pedir
respostas sobre os Templários, numa carta dirigida ao conde Joseph de Maistre,
um maçom que mais tarde se tornaria um importante conservador, o príncipe
obteve a seguinte resposta: "Le fanatisme les créa, l'avarice les abolit :voilà
tout. — O fanatismo os criou, a avareza os destruiu. E isto é tudo". Nada
surpreendente, vindo de um maçom.

Em 1776, na famosa Baviera, a Maçonaria foi responsável pela criação de outro


personagem misterioso envolvendo os Templários: os Illuminati. Tratava-se de
um grupo que, de acordo com seu fundador, Adam Weishaupt, deveria
obediência aos superiores desconhecidos. Os Illuminati, além do caráter secreto
e esotérico, tinham pretensões revolucionárias. Por isso, acabaram abolidos, em
1785, pela polícia alemã. O curto tempo de vida do grupo, no entanto, não foi o
suficiente para sufocar a aparição de outras histórias fantasiosas. Algo curioso
entre as sociedades secretas é que elas nunca mantêm segredos. Pelo
contrário, são as que mais fazem panfletagem de suas intenções. Charles-Louis
Cadet de Gassi, por exemplo, espalhou aos quatro cantos a Histoire secrète et
abrégée des initiés anciens et modernes, templiers, francs-maçons,
illuminés, inspirando anarquistas, conspiradores e revolucionários. Dentro da
Igreja, por sua vez, a coincidente condenação dos papas aos Templários e aos
Jesuítas fez com que a dúvida esotérica também deitasse raízes sobre a
Companhia de Jesus. Foi o padre jesuíta Augustin Barruel quem teve o trabalho
de desfazer o equívoco. Mas custou um preço: defendendo os jesuítas, padre
Barruel acabou reproduzindo os mesmos estereótipos dos maçons em relação à
Ordem de São Bernardo de Claraval e aos Illuminati. As meias explicações do
sacerdote podem ser lidas no seu livro Illuminati: O Código Iluminado.

O Templarismo em nosso dias

A literatura ficcional contemporânea também se encarregou de escrever algumas


páginas mirabolantes para os Templários. Tudo começou no século XIX, com o
escritor Sir Walter Scott. Em um livro chamado The Talisman, de 1825, Scott
lançou as bases para o que mais tarde viria a ser o filme do seu quase
homônimo Sir Ridley Scott. Assim como em Kingdom of Heaven, 2005, The
Talisman retrata Ricardo Coração de Leão como um homem cruel e
inescrupuloso, enquanto Saladino aparece como compassivo e misericordioso.
Os Templários são tachados de zelotes religiosos devotados à luxúria e ao
assassinato. Como contraste, os Hospitalários são bonzinhos e, vejam só,
críticos da religião.

Na esteira do que já se havia escrito, Michael Baigent, Richard Leigh e Henry


Lincoln publicam The Holy Blood and the Holy Grail (O Santo Graal e a
Linhagem Sagrada), agora em 1982. O enredo é bastante familiar: Jesus e Maria
Madalena se casaram, gerando o que futuramente seria a dinastia merovíngia.
Durante o movimento das Cruzadas, com a descoberta de textos antigos que
continham esse segredo, criou-se uma sociedade secreta — o Priorado de Sião
—, a fim de que ela restaurasse o poder da linhagem de Jesus num governo
europeu — uma clara alusão à União Europeia. Os Templários eram o braço
armado do priorado. Os monarcas franceses e a Igreja Católica, porém, não
gostaram da ideia. Por isso, ainda hoje o Santo Graal (a linha de sangue de
Jesus) é escondido a sete chaves. A mesma ladainha é repetida por Lynn Pickett
e Clive Prince, apenas com algumas modificações. Em The Templar Revelation:
Secret Guardians of the True Identity of Christ (A Revelação dos Templários –
Os guardiões secretos da verdadeira identidade de Cristo), de 1997, lê-se a
seguinte pérola: Jesus, um rival e ex-discípulo de João Batista, fundou uma
religião que não tem nada a ver com o cristianismo, mas com o culto a Ísis. Essa
nova religião nasceu de uma relação sexual ritualizada entre Jesus e Maria
Madalena — que Deus os perdoe por essa blasfêmia infeliz —, em que ambos
teriam o mesmo poder. A malvada Igreja Católica, não surpreende, escondeu
esses fatos. Mas um grupo de seguidores de Jesus manteve a fé viva: os
gnósticos, os cátaros e… os Templários. Isso explica por que a Igreja os
condenou por heresia. Ela só não esperava que Leonardo Da Vinci deixasse
códigos em suas pinturas para que as pessoas fossem capazes de descobrir a
mentira. And last but not least, em 1998, é lançado o mais ridículo de todos: The
Head Of God: The Lost Treasure of the Templars (A cabeça de Deus: O tesouro
perdido dos Templários), de Keith Laidler, sobre a suposta cabeça embalsamada
de Jesus. Falamos do dito cujo anteriormente.

Que resta a dizer, então, sobre O Código da Vinci, de 2003? Ora,


evidentemente, não precisamos explicar mais nada sobre a farsa criada por Dan
Brown, a não ser a criminosa inserção do Opus Dei no meio da confusão. Dan
Brown fez aquilo tão somente para criar uma caricatura grotesca da obra
fundada por São Josemaria Escrivá e, assim, afastar as pessoas de qualquer
coisa relacionada ao Opus Dei. Quem conhece o trabalho admirável dos
numerários, super-numerários e outros membros da Prelazia, sabe o quão
importante é a Obra para a Igreja nos dias de hoje. Cilícios dilacerantes só
existem na cabeça de escritores medíocres. Somente um contumaz inimigo da
Igreja Católica para inventar tamanha mentira como a desse filme. O descalabro
chega a um nível tão absurdo, que Dan Brown comete a gafe imperdoável de
colocar um monge albino como membro do Opus Dei, quando o carisma dos
filhos de São Josemaria Escrivá é exclusivamente a vida secular: "Amo os
religiosos, e venero e admito suas clausuras, seus apostolados, seu afastamento
do mundo — seu contemptus mundi —, que são outros sinais de santidade na
Igreja. Mas o Senhor não me deu vocação religiosa, e desejá-la para mim seria
uma desordem" [8].

Em suma, são esses os principais mitos em torno da Ordem dos Templários.


Devido à perda de seus arquivos, durante a invasão dos muçulmanos à Ilha de
Chipre, uma lacuna foi aberta na vida e obra dos Pobres Cavaleiros de Cristo. E
isso sempre será uma oportunidade imperdível para teóricos da conspiração e,
como se viu, carreiristas e charlatães inimigos da fé.
Referências

1. Alain Demurger, Os Templários: uma Cavalaria Cristã na Idade Média, Difel,


2007, pág. 493: (Les Templiers, une chevalerie chrétienne au Moyen Âge, Seuil,
2005, 664 p.).

2. Isso só bastaria para invalidar a tese maçônica de que os Templários seriam, na


verdade, uma sociedade secreta ou uma seita gnóstica, esotérica etc. Não há
qualquer fundamento nessas teorias.

3. É preciso esclarecer que Clemente V não teve participação direta na morte de


Jacques de Molay. A princípio, o Papa o condenara à prisão perpétua como
forma de protegê-lo das mãos do rei. Filipe IV, movido pelos insidiosos
conselhos de seu chanceler, já havia queimado inúmeros templários. Jacques
seria apenas mais um na fogueira do monarca inquisidor. Clemente V, sabendo
disso, viu na prisão perpétua uma espécie de solução para o caso. Ele só não
contava que Jacques de Molay, compreensivelmente revoltado com toda aquela
pantomima, protestaria contra a determinação. Filipe IV reagiu; Clemente V,
àquela altura doente, cedeu; o caso saiu das mãos dos bispos para a Inquisição
da França. E o resto da história todos já sabemos. Duas pessoas, portanto,
podem ser diretamente responsabilizadas pela morte de Jacques de Molay:
Filipe IV e Guilherme de Nugaret.

4. ROBINSON, J.J. ("Os Segredos Perdidos da Maçonaria", 1ª Ed, São Paulo:


Madras, 2.005, p. 172 Born in Blood: The Lost Secrets of Freemasonry John J.
Robinson cf. Kindle). Nota: J.J. Robinson foi um historiador maçom. Vale
salientar que sua obra é publicada no Brasil pela Editora Madras, que também
pertence à Maçonaria. Ou seja, a própria bibliografia maçônica confessa o
embuste sobre os Templários.

5. O racionalismo iluminista sepultou o mistério da fé. Por isso, aqueles que


sentiam falta da religião viam no teatro, no esoterismo e na prática do ocultismo
uma fuga. A sociedade da época tinha uma mentalidade teatral. Lembre-se de
que, logo após o Iluminismo, surgiu o movimento romântico. Ocorreram muitas
falsas conversões à Igreja neste período, por causa da beleza da liturgia.
Quando percebiam, porém, que se tratava de algo mais profundo, partiam para
bruxaria, seitas e sociedades secretas como a Maçonaria. Uma frase perfeita do
historiador Peter Partner resume tudo: "As lojas maçônicas eram lojas de
brinquedos onde os homens podiam brincar de realizar suas fantasias, no teatro
de suas fantasias e ritos de poder" (cf. Peter Partner, Assassinato dos magos.
Os Templários e seus mitos, Campus, 1991, , pág. 107: (Murdered Magicians:
The Templars and Their Myths, Oxford University Press, 1982, 209p.).

6. Homilia do Cardeal Joseph Ratzinger na Missa Pro Eligendo Pontifice (18 de


abril de 2005).

7. Aqui podemos estabelecer um paralelo curioso com o jogo Assassin's Creed,


em que Jacques de Molay aparece designando o sobrinho para uma missão
atrás do tesouro escondido.

8. São Josemaria Escrivá, Amar o mundo apaixonadamente ('Questões Atuais do


Cristianismo', São Paulo, Quadrante, 3ª ed., 1986; n. 113).

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