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HISTÓRIA
Templários
Das Cruzadas até os dias de hoje, esses cavaleiros medievais já
foram associados a várias instituições e acontecimentos. Mas o que
foi realmente a Ordem dos Templários?
Apresentação do curso
Templários
Nesta aula de nosso curso sobre os Templários, saiba como surgiu a famosa
Ordem dos Cavaleiros do Templo e adentre, já nesta aula introdutória, os mistérios
que rondam a sua fundação.
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A origem dos Templários só pode ser entendida a partir da história das
Cruzadas – as investidas militares realizadas para salvar o Oriente, em especial
os Lugares Santos, das mãos dos muçulmanos. Tudo começou com o Concílio
de Clermont, em 1095, quando o Papa Urbano II convocou a cristandade à
retomada de Jerusalém. O empreendimento foi um sucesso, mas, ao invés de
devolver o território de Outremer ("Ultramar") ao Império Bizantino, os cruzados –
que se consideravam traídos pelo Imperador Aleixo – fundaram para si o
Condado de Edessa (1095), o Principado de Antioquia (1098), o Condado de
Trípoli (1102) e, principalmente, o Reino de Jerusalém, em 1099. Toda a faixa do
mar do chamado Crescente Fértil ficou sob domínio latino.
Dos primeiros anos de sua fundação, porém, é preciso ser honesto e reconhecer
que muito pouco se sabe. Teorias mirabolantes, que associam os Templários a
um "arquivo secreto", com uma "sabedoria escondida" no antigo Templo de
Salomão, não passam, pois, de invenções fantasiosas de grupos gnósticos e
esotéricos. Não se tem notícia dos primórdios da Ordem justamente porque,
durante os seus dez primeiros anos, os Templários não fizeram nada de
extraordinário.
o Malcolm Barber, The New Knighthood: A History of the Order of the Temple,
Cambridge University Press, 1994, 466p.
Templários
Entenda, nesta aula de nosso curso sobre "Os Templários", como essa mistura de
personalidades influenciou a derrota da Ordem na segunda cruzada e a perda da
Terra Santa.
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Conhecer a história real dos Templários, com todas as suas facetas e nuances,
é imprescindível para que não se crie um esteriótipo romântico, como pode
acontecer quando se apresenta somente o lado glorioso da instituição. É
verdade que existiram homens virtuosos entre os Templários. Alguns até
mereciam ser canonizados pelo exemplo de heroísmo e fidelidade a Cristo. Mas
a história dos Templários, como a de qualquer outra instituição formada por
homens pecadores, possui também episódios vergonhosos que precisam ser
conhecidos.
Sibila desejava ver o marido coroado rei. Não era, porém, a vontade dos
Hospitalários. Guido era uma espécie de "novo rico", por assim dizer, e não
comungava da simpatia da Ordem de Malta. Por outro lado, Geraldo de Ridefort,
o mestre dos Templários, e outro cavaleiro, Reinaldo de Châtillon, apoiavam a
rainha no desejo de coroar Guido. Então, mesmo contra a vontade dos
hospitalários, Guido de Lusignan tornou-se rei de Jerusalém, ao lado de Sibila.
A notícia de que Jerusalém havia sido tomada pelos muçulmanos caiu como
uma bomba na Europa. Não se admitia que a terra onde vivera Jesus estivesse
sob domínio dos pagãos. Uma nova cruzada foi organizada, agora por três reis:
Frederico Barba-Ruiva, Filipe Augusto e Ricardo Coração de Leão. Foi a mais
bem organizada de todas as cruzadas. Todavia, o jogo de interesses acabou por
miná-la pouco a pouco, levando os cruzados a um novo fracasso.
Templários
Nesta aula de nosso curso exclusivo, descubra como São Bernardo de Claraval
estruturou a Ordem dos Pobres Cavaleiros de Cristo para que, sem poupar
energias, ela lutasse simultaneamente contra o domínio da carne e contra os
inimigos da Igreja.
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É claro que essa tensão entre vida monástica e secular geraria alguns
problemas práticos. Exemplo: a castidade era lei para todos os membros. Mas
como vivê-la? O cilício não poderia ser usado, porque era prejudicial à saúde
física. Como guerreiros, os Templários precisavam ser homens fortes e
totalmente aptos a uma batalha. O jejum monástico também estava fora de
cogitação. Era necessária uma alimentação suficientemente nutritiva. São
Bernardo de Claraval, com a clarividência típica de um grande santo, soube
encontrar a solução: uma alimentação frugal; nem muito leve, nem muito forte.
Ademais, os Templários não podiam ser recrutados desde a infância, porque
não era possível prever se aquele menino seria um bom cavaleiro. Havia um
teste entre os adultos. Por isso, como no caso de Hugo de Payens, os
Templários eram geralmente viúvos. Como fosse uma época em que a
expectativa de vida não era muito grande — Ricardo Coração de Leão, por
exemplo, morreu aos 42 anos —, existiam muitos rapazes nessa situação.
Vós ajaezais os cavalos com panos de seda, e sobre as armaduras trazeis não sei
quantos véus flutuantes. Pintais as lanças, os escudos e as celas. Guarneceis com ouro,
prata e gemas as rédeas e as esporas. Cultivais uma cabeleira como a das mulheres,
que constitui obstáculo para a vista. Dificultai o andar com túnicas longas e vaporosas.
Escondeis tenras e delicadas mãos em amplas mangas envolventes.
Corte o cabelo curto, convencido do dito do apóstolo, que é uma vergonha para o homem
tratar da cabeleira. Nunca penteados, raramente lavados. Apresentem-se de barba
enxuta, fétidos de poeira, a pele escura pelo uso da couraça e pelos raios de Sol.
Nota do Editor:
Referências
Recomendações
Templários
Nesta aula de nosso curso, Padre Paulo Ricardo mostra como essa mistura
explosiva acabou exterminando a Ordem dos Templários na fogueira da Inquisição.
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1291. É um ano decisivo para a história dos Templários. Com a tomada de Acre
pelos muçulmanos, os Pobres Cavaleiros de Cristo têm a sua última grande
batalha em defesa da Igreja. São João do Acre (hoje, um distrito de Israel) era o
único reino cristão que restara após todos os confrontos das Cruzadas. Perdê-lo
significaria uma tragédia. Mas o destino, ou a providência divina, haveria de selar
aquele momento com uma derrota para a cristandade. O saldo de mortos foi
enorme. A fortaleza dos Templários, onde os cavaleiros haviam escondido
alguns cidadãos para protegê-los da guerra, foi palco de uma cena horrível:
devido à pressão do exército muçulmano, o prédio acabou ruindo. A maioria
morreu soterrada. Os cavaleiros sobreviventes fugiram para a ilha de Chipre,
onde escolheram o novo grão-mestre da Ordem: Jacques de Molay.
O clima político, no entanto, era bastante desfavorável a uma nova marcha para
Jerusalém. Dois grandes monarcas — Filipe IV, da França, e Eduardo I, da
Inglaterra — brigavam entre si. As guerras e os conflitos diplomáticos pululavam,
arrastando os dois reinos a uma dívida terrível. Filipe IV (também conhecido
como Filipe, o Belo), vendo o declínio da economia francesa e a escassez de
recursos para financiar seu exército, decidiu cobrar impostos do clero, algo então
proibido. A medida, como era de se esperar, não agradou nem um pouco ao
papa. A repreensão não tardou. Em 1296, Bonifácio VIII emitiu a Bula Clericis
laicos, rechaçando severamente a política do rei Filipe. E, assim, iniciava-se
outro conflito; agora, entre a Santa Sé e a monarquia francesa.
Bonifácio VIII era um homem decidido, cujo intuito principal era a reorganização
da Igreja. O estilo contundente e incisivo, porém, chocava-se com o de alguns
membros da cúria, gerando antipatias, oposições e até acusações graves. A
Igreja, como o resto do mundo, vivia um período conturbado. São Celestino V há
pouco havia renunciado ao papado. O Trono de Pedro exigia não somente um
santo, mas um bom administrador, que soubesse pôr ordem na casa. Surgiu
então o imponente Bonifácio VIII, muito diferente da figura tímida e frágil de seu
predecessor. Não demorou muito para que essa personalidade forte se
chocasse com os interesses da monarquia francesa.
A confusão entre Bonifácio VIII e Filipe IV resultou numa das páginas mais tristes
da história pontifícia: O Atentado ou Bofetada de Anagni. Era verão e, como de
costume, o Papa descansava em seu palácio, em Anagni, quando uma tropa de
600 homens, liderada por Guilherme de Nogaret, invadiu a cidade, exigindo a
renúncia de Bonifácio VIII. "Eis a minha cabeça, eis a minha tiara: morrerei, é
certo, mas morrerei papa", teria replicado Sua Santidade ao chanceler [2]. Diz a
lenda que Nogaret, ouvindo o desaforo do papa, mandou que o esbofeteassem
— daí o nome Bofetada de Anagni. Após a morte de Bonifácio VIII, humilhado e
com graves problemas mentais depois do ocorrido no palácio de férias, e com o
falecimento repentino — e, ainda hoje, misterioso — de seu sucessor Bento XI,
subiu à Cátedra de Pedro o Cardeal Bertrand de Gouth. Um francês. Qui sibi
nomen imposuit Clemens V [3].
Clemente V foi coroado papa em Lyon, na França [4]. O Santo Padre desejava
criar um clima mais diplomático com o rei Filipe, depois de todas aquelas
polêmicas com Bonifácio VIII. Nota: Clemente V era um homem de fé católica.
Acreditava nos dogmas da Igreja, nas Sagradas Escrituras, na Tradição
Apostólica etc. Mas não possuía a fortaleza de seu teimoso predecessor. E, por
isso, terminou por ceder às pressões do rei e, para não destruir a Igreja —
concluía ele —, destruiu os Templários.
Clemente V, ciente de que não existia base suficiente para uma condenação,
quis absolver os Templários. Doente, todavia, o Santo Padre não teve condições
de enfrentar a oposição de Filipe IV. E, em 1314, a Ordem acabou dissolvida,
tendo seus membros e pertences direcionados para outras instituições
semelhantes [6]. Jacques de Molay, por sua vez, também não escapou da fúria
de Filipe IV. Mas sua pena foi mais dura. Mesmo inocente, foi condenado à
fogueira por crime de heresia. Eis as suas últimas palavras, no dia de sua morte
[7]:
Senhores, ao menos, deixai-me unir um pouco minhas mãos e a Deus fazer uma oração,
pois esta é a época e a ocasião. Vejo aqui meu julgamento em que morrer me convém
livremente. Deus sabe quem errou e pecou. Logo chegará o infortúnio àqueles que nos
condenaram erroneamente. Deus vingará nossa morte. Senhores, sabeis, sem calar, que
todos os que nos são contrários, por nossa causa irão sofrer. Nesta fé quero morrer. Eis
minha fé. E vos peço que, para a Virgem Maria, de quem Nosso Senhor Jesus Cristo
nasceu, volteis o meu rosto.
Aos 72 anos de idade, Jacques de Molay morreu queimado em uma ilha,
olhando para a Catedral de Notre Dame, de Paris. A Ordem dos Templários,
organizada por São Bernardo de Claraval, nasceu sob os auspícios de Nossa
Senhora e morreu voltada para os mesmos misericordiosos olhos da Mãe de
Deus.
Referências
1. Filipe IV, apesar da ganância, não era o monstro que se costuma pintar em
algumas biografias. Tinha, sim, fé católica. Seu avô era nada menos que São
Luís (no minuto 13'45" do vídeo, diz-se erroneamente que o avô de Filipe IV é
São Filipe). Na vida familiar também possuía grandes virtudes. Por isso, não se
pode confundir sua briga contra o papa com a Revolução Francesa. Embora se
tratasse de um homem um pouco credulone, como dizem os italianos, não é
correto fazer um juízo temerário a seu respeito. A história não é um jogo de
forças antagonistas, uma realidade maniqueísta, onde uns são bons e outros
são maus. Nos dois lados existem inocentes e culpados. É preciso compreender
isso, mormente neste período em que tanta gente, principalmente na internet,
carimba rótulos sobre as pessoas de forma tão leviana. Não se pense que
queremos justificar os erros de Filipe IV. Apenas convidamos nossos alunos à
sensatez cristã.
3. Aos 20'16" do vídeo, Padre Paulo Ricardo confunde o sucessor de Bento XI com
São Celestino V. O nome correto do papa é Clemente V.
4. Clemente V também foi o primeiro Papa a viver em Avignon, dando início ao que
os historiadores comumente chamam de Exílio de Avignon — período da história
em que os papas não residiam em Roma, mas naquela cidade francesa. Coube
a Catarina de Sena a missão de trazer o papado de volta a Roma.
7. Alain Demurger, Vie et mort de l'ordre du Temple, Éditions du Seuil, 1985, 431p.
Templários
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A lenda criada por Vincenza dizia que o líder dos Pobres Cavaleiros de Cristo
havia dado um prazo de um ano para a morte de seus inimigos. Nota: Guilherme
de Nugaret já estava morto na época. Ora, não se pode atribuir uma maldição a
quem já havia falecido. Clemente V, por sua vez, encontrava-se moribundo. Sua
morte repentina não era, pois, imprevisível. O inusitado na história seria tão
somente o falecimento de Filipe IV, aos 46 anos de idade, devido à queda de um
cavalo, após um derrame. Em que pese a veracidade ou não da lenda, no
entanto, trata-se simplesmente de um suspense inofensivo. Todos os cronistas
do período haviam se posicionado a favor de Jacques de Molay. Estavam
convencidos de que era inocente das acusações e vítima de um conluio. Por
isso, não há por que se preocupar.
Muito diferente é o caso da Maçonaria. 450 anos após o trágico fim dos
Templários, quando não existia qualquer dúvida a respeito da determinação de
Clemente V para que os extinguissem, surge a teoria de que a Ordem de São
Bernardo era, pasmem, uma sociedade secreta. Foi o início do que podemos
chamar de Templarismo.
Ramsey contava que "as palavras de guerra que os cruzados diziam uns para os
outros para resguardá-los das surpresas dos sarracenos, que frequentemente
surgiam entre eles para matá-los", eram, na verdade, os segredos transmitidos
pelo pacto de honra com os Cavaleiros de São João de Jerusalém. Detalhe: os
Cavaleiros de São João de Jerusalém não eram os Templários, mas os
Hospitalários. Ramsey nunca disse algo sobre a Ordem de São Bernardo de
Claraval. Os Templários apareceram depois. Ademais, a essa fantasia absurda,
o chevalier escocês acrescentou o culto às deusas Ceres, Ísis, Minerva, Diana
etc. Isso dava um simbolismo maior à Maçonaria. Não é por acaso que os três
primeiros graus dos maçons têm nomes de pedreiros e os 30 restantes — os
graus filosóficos — recebem nomes de cavaleiros cruzados.
Aqui deve ser feita a pergunta: como pessoas influenciadas pelo Iluminismo, dito
o criador do século da razão, o pai do esclarecimento, o remédio para o
obscurantismo medieval e supersticioso, foram literalmente seduzidas pelo canto
de sereia da Maçonaria? Há uma explicação. O Iluminismo mudou a
mentalidade social. Na Idade Média, havia uma clara distinção entre o que era
competência da ciência natural e o que era competência da filosofia e da
teologia. A ciência, sabemos, é apenas um recorte da realidade. Não oferece
respostas a tudo. Que fazemos neste mundo?, por que vivemos?, para onde
vamos? São perguntas formuladas à filosofia e à teologia. Essas duas disciplinas
são o que nos serve as premissas válidas para nosso conhecimento sobre o
mundo. Era assim, ao menos, na Idade Média. Com o Iluminismo, a deusa razão
ocupou o lugar da filosofia e da teologia. O chão em que a sociedade pisava lhe
foi arrancado, restando-lhe somente o misticismo esotérico, já que a ciência
moderna, com suas sucessivas refutações e negações de autores, não é capaz
de explicar as verdadeiras dúvidas da humanidade. Não é de pouca monta que a
maioria dos pensadores e cientistas iluministas é formada por esotéricos —
Newton era um alquimista. Homens da ciência, céticos empedernidos, capazes
de acreditar nos contos mais estapafúrdios da literatura [5].