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2014

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“Non nobis Domine, non nobis, sed Nomini Tuo da gloriam ! "

"Não por nós Senhor, não por nós, mas para a glória de Teu Nome! "

INTRODUÇÃO

UM CAVALEIRO TEMPLÁRIO DEVE PRATICAR SETE VIRTUDES:

Fé, Esperança, Caridade, Jus ça, Prudência, Fortaleza e Temperança.

A primeira porque sem Fé o Cavaleiro não pode saber, nem entender as coisas invisíveis.

A segunda porque na Esperança está o poder de Deus, não na força, nem nas armas do Cavaleiro.

A terceira porque sem a Caridade, que é o Amor, o Cavaleiro será cruel e não terá piedade, nem
misericórdia. Sem a caridade nenhum Cavaleiro poderá suportar o ônus que deve portar um coração nobre.
A quarta porque sem Jus ça um Cavaleiro é injurioso, ofensivo, mo vo pelo qual se autodestruiu.

A quinta porque sem Prudência, o Cavaleiro cairá nos danos materiais e espirituais e não terá o,
entendimento, a vontade para manter a honra da Cavalaria.
A sexta porque sem a Fortaleza, o Cavaleiro cairá em muitos pecados tais como: soberba, ira, cobiça, gula,
inveja e luxúria, porque elas provocarão debilidades no coração ele se fará digno de ser amado. A força
corporal não é nada sem Humildade e Caridade, que debilitam o entendimento, perturba ou espírito e
deixa de ser o caminho para sua iluminação.
A sé ma, sem Temperança não terá medida em alimentar-se, falar, ves r e porque sem ela, esta Virtude não
se honra à Cavalaria.
A prá ca dessas virtudes conduzirão ao perfeito conhecimento e à sabedoria, porque elas procedem do
Criador.

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PRÓLOGO

Jacques de Molay, úl mo Grão Mestre da Ordem do Templo.

De Molay era de uma população do Senhorio de Rahon, propriedade do pai de Jacques de Molay. Jacques
Bernard de Molay nasceu em Borgonha, na cidade de Vitrey, uma paróquia da Diocese de Besançon, em
Nenblans.
Em 1265, na cidade de Beaune (França) uniu-se à Ordem dos Pobres Cavaleiros de Cristo (mais tarde
chamados Cavaleiros do Templo de Salomão), ou Cavaleiros Templários e ainda Ordem do Templo, Em
1293, recebe o tulo de Grão Mestre depois da morte de Thibaut Gaudin, em 16 de abril de 1292. Assim se
converteu no 23° e úl mo Grão Mestre.
Organizou entre 1293 e 1305 múl plas expedições contra os muçulmanos e conseguiu entrar em Jerusalém
no ano 1298, derrotando o Sultão de Egito, Malej Nascer, em 1299 cerca da cidade de Emesa. Em 1300
organizou uma incursão contra Alexandria e esteve a ponto de recuperar a cidade de Tartus na costa síria,
para a cristandade.
Em 1307, o Papa Clemente V, Beltrão de Goth e o rei de França Felipe IV, o Belo, ordenaram a detenção de
Jacques de Molay sob a acusação de sacrilégio contra a Santa Cruz, heresia e idolatria. De Molay declarou e
reconheceu, sob tortura, os cargos que lhe nham sido impostos; ainda que posteriormente se retratou, e
por isso em 1314 foi queimado vivo frente à Catedral de Notre-Dame, onde voltou a retratar-se, em forma
pública, de quantas acusações se nha visto obrigado a admi r, proclamando a inocência da Ordem e,
segundo a lenda, amaldiçoando aos culpados da conspiração:
"Deus sabe quem se equivoca e pecou e a desgraça se abaterá breve sobre aqueles que nos condenaram
sem razão. Deus vingará nossa morte. Senhor, sabei que, em verdade, todos aqueles que nos são
contrários, por nós irão sofrer." "Clemente, e tu também Felipe, traidores à palavra dada, vos conclamo
ante o Tribunal de Deus! A , Clemente, antes de quarenta dias, e a , Felipe, dentro de um ano. No prazo
de um ano, dita maldição supõe-se que começava a cumprir-se, com a morte de Clemente, em 20 de abril
de 1314; de Felipe IV por causa de um acidente cerebrovascular durante uma expedição de caça em 29 de
novembro de 1314; e finalmente Guilherme de Nogaret foi envenenado nesse mesmo ano.

“OS TEMPLARIOS"

Para relatar essa antologia histórica dos Templários, temos que a iniciar com uma síntese sobre as Cruzadas.
Essas jornadas militares foram apresentadas com o cunho essencial de aspectos religiosos, que, em grande
parte, eram dirigidas com fins comerciais e de conquistas territoriais, entre outros obje vos secundários.

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As Cruzadas

As Cruzadas foram expedições militares realizadas pelos cristãos de Europa Ocidental com a finalidade de
liberar a Terra Santa do domínio muçulmano. Oito grandes cruzadas foram realizadas, sendo que a primeira
se iniciou com a convocação de Urbano II, em 1.095 e a oitava com Luís II (Rei de França), em 1.270. As
Cruzadas foram patrocinadas e financiadas pelo tesouro da Igreja de Roma, pelos Nobres Cavaleiros e
também pelos comerciantes italianos, que com o pretexto de liberar a tumba de Cristo, mobilizaram
mul dões para um cruel combate com os turcos seljúcidas.
Mo vos que levaram às Cruzadas

1 - Em solo europeu vemos as invasões bárbaras do século V.

2 - A guerra que Heráclito, imperador de Oriente, realizou contra Cósroes lI, Rei salsanida, de 622 a 628, de
onde saiu vencedor. Recuperou a Cruz verdadeira que nha sido levada pelos persas e a recolocou
solenemente em Jerusalém, no Santo Sepulcro. Sobre esse aspecto, essa foi uma Guerra Santa.
3 - A questão de Oriente, que era somente cultural e étnica, transformou-se numa questão religiosa.

4 – No século VII, a Península ibérica sofreu a invasão islâmica.

5 - Roma, no século VII, instaura as peregrinações entre as penitências canônicas.

6 - Com a morte de Carlos Magno, em 814 d.C., seu Império se fragilizou. Depois de que durante um século
só exis a sua obra polí ca.
7 - O Papado de João VIII declarou que os homens mortos em combate com os sarracenos que se
encontravam em Itália central seriam recompensados com a salvação de sua alma.
8 – No século X, o Papa Urbano II recebe apelo do Imperador Afasto, do Império Bizan no, solicitando ajuda
contra os turcos seldjúcidas que hos lizavam constantemente aos cristãos em sua peregrinação a Terra
Santa.
9 – Na Europa medieval a população estava totalmente imbuída do espírito religioso.

10 – Na Europa feudal só o primogênito herdava o feudo do pai e seus irmãos menores não recebiam
terras. Esses nobres sem fortuna nham o máximo interesse em conseguir terras em outras regiões.
11 - A cidade de Jerusalém se localiza na an ga Pales na, ao leste do Mar Mediterrâneo e estava sobre o
total domínio do Islã.
12 - Os fiéis das três grandes religiões monoteístas - Judaísmo, Cris anismo e Islamismo - consideram esta
região sagrada, como a Terra Santa. Desde as mais remotas eras, fiéis dessas três religiões faziam
peregrinações para venerar esses lugares Santos.
13 – Na Idade Média, os cristãos acreditavam nos poderes milagrosos dos restos mortais de seus Santos,
dos pertences dos mesmos e até dos lugares onde eles viveram. Assim, o lugar de maior veneração era a
Terra Santa, onde estes fiéis iam procurar a cura para suas doenças, a salvação de suas almas e a remissão de

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seus pecados.
14 - Ao termo de sua viagem a Terra Santa, os peregrinos traziam um ramo de palmeira para ser colocado
nos altares de suas Igrejas. Essa era uma venerável recordação e foi por esse mo vo que os
peregrinos também eram chamados como palmeirins ou palmeiros.

15 - Dez anos antes do Concílio de Clermont, vemos um resultado posi vo e decisivo para a Cristandade,
quando o Rei de Cas lha, Alfonso VI, conseguiu a reconquista de Toledo.
As causas das Cruzadas

As causas das Cruzadas foram múl plas, principalmente a intolerância religiosa dos Turcos seldjúcidas, que
se apoderaram do Califado de Bagdá em 1.058 e de Jerusalém em 1.070. Em Pales na, os cristãos sempre
eram recebidos com hospitalidade pelos muçulmanos, que consideravam a Jesus como um dos grandes
profetas. Com a invasão dos turcos seldjúcidas, esta situação se modificou, sendo a principal causa da
reação e revolta dos Cristãos. Outra causa era o desejo do Papa Urbano II, que sucedera ao Papa Gregório
VII, de reunificar a cristandade, que fora separada em 1.054 pelo Cisma de Oriente. Ademais temos do que
considerar o aumento da população europeia desencadeado no século X. A fé religiosa e a existência da
Cavalaria no ocidente europeu, cujos mo vos principais eram a defesa da fé e finalmente o desejo de
conquistar terras, poder e riquezas no Oriente. O desejo de expansão comercial entre o Ocidente com o
Império Bizan no, e os países do Oriente Médio.

Castelo da Ordem Militar de São João de Jerusalém.

No Princípio o Imperador Bizan no Afasta Comneno solicitou apoio ao Papa Urbano II, a proteção dos
cristãos do Oriente. Seu pedido foi atendido. E em 18 de novembro de 1.095 se inicia o Concílio de
Clermont. Ao termino do Concílio, o próprio Papa Urbano II, fez o chamado aos cristãos para a Cruzada.
Quando terminou sua pregação, vociferou: "Tome sua Cruz e vamos libertar o Santo Sepulcro!".
O povo gritou ao uníssono com delírio: - Deus o quer! Deus o quer! O entusiasmo foi tal, que o próprio
Papa Urbano II, de imediato, falou ao público presente que só deveriam ir os homens que es vessem
fisicamente aptos. Solicitou ademais do que os meninos, os débeis e enfermos, bem como os velhos,
deveriam apartar-se. As mulheres determinou que deveriam ir acompanhadas de seus maridos ou parentes
e, finalmente, os pais só poderiam ir com ordens de seus superiores. Foram tantos os que foram ao
chamado que não foi possível contê-los. Era evidente que havia a necessidade de uma preparação
cuidadosa e de uma organização bem planificada. Em tanto, para os pobres, para os ignorantes e para os

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sem terras, aguardar era quase impossível. Só lhes faltava um Líder.
Foi quando Pedro, o ermitão, cruzou a Europa montado num burro, chamando à Cruzada e incitando a
todos a uma ação imediata.
Pedro era de estatura baixa, de facções feias, de cabelos e barba branca, tampando-se com um manto de
Monge e de pés descalços. Foi seguido por milhares de pessoas numa aventura de penosa consequência
rumo ao Oriente. Homens, mulheres e meninos, em fim, pessoas de todas as idades não duvidaram em
acompanhar a marcha daquele Monge que os inflamava com suas palavras repletas de fé. Inicialmente os
peregrinos iam até a Terra Santa a pé ou a cavalo, porque nessa época as embarcações eram pequenas e de
construções elementares, por tanto nada adequadas para o transporte das provisões, das armas, dos
animais e dos próprios peregrinos. Essa foi uma expedição confusa e desordenada, ao chegar ao Rio
Danúbio, totalizavam cerca de trinta e cinco mil pessoas. Nessa época, na Alemanha se desencadeou uma
ideia nefasta contrariando a orientação papal e da Igreja: combater não só aos infiéis muçulmanos na Terra
Santa, senão também aos judeus, que, segundo a visão cristã da época, desrespeitavam a Cristo. As calúnias
foram tantas que os ignorantes e os faná cos massacraram os judeus da cidade de Mogúncia com enorme
crueldade. Esses fatos se repe am em outras cidades, como em Colônia, Spire, Neuss e outras. O massacre
desses judeus foram os primeiros sacri cios da Cruzada. Eles não sabiam onde se situava Jerusalém,
também não sabiam que ficava distante. A certeza que nham era de que deviam chegar lá. Seguiam sem
um plano ordenado,
sem abastecimento e sem a mínima organização militar. Essa mul dão desorganizada e não preparada,
durante sua ida, foi saqueando as cidades, os campos e até as Igrejas. Em Belgrado mataram cerca de 3.800
a 4.000 húngaros, no interior do Império.
Consequentemente, em Nish, na an ga Iugoslávia, travou-se uma batalha em que um quarto dos
seguidores de Pedro, o Ermitão, morreu. Em Sofia, eles foram recebidos pelos representantes do Imperador
Bizan no e foram perdoados, alimentados, medicados e ves dos. Daí seguissem para Constan nopla. Em
1.096 chegaram a Constan nopla, em pequeno número e com a moral pessoal e religiosa muito reduzida.
O Imperador tentou convencê-los de não seguir adiante, com os saques que os mesmos realizassem na
cidade, resolveu facilitar o transporte para Ásia Menor e aí foram destruídos pelos turcos seldjúcidas. Esta
Cruzada recebeu a denominação da Cruzada Popular. Seu fracasso foi total, mas, esta Cruzada do Povo veio
representar a Fé Cris ana que desencadeou a luta da Europa cristã, contra a religião muçulmana. A Cruzada
Popular, desde seu início até seu trágico final, teve uma duração de aproximadamente seis meses.

Primeira Cruzada

A Cruz Vermelha pintada nas armaduras dos Cavaleiros e a Cruz bordada ou pintada nas roupas dos outros
membros e nos estandartes, foi escolhida como símbolo desses defensores da fé e do cris anismo, sendo
esta a razão de ser chamados Cruzados, pois a par r da Cruzada, ele "tomava a Cruz". A Primeira Grande

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Cruzada também foi chamada a Cruzada dos Grandes Senhores ou Cruzada Senhorial. No ano 1.097, ao
termo da Cruzada do Povo, iniciou-se a primeira Grande Cruzada que iria até 1.099. Esta Cruzada teve
sucesso
em seu principal obje vo: conquistar a Ásia Menor para o Império Bizan no, liberada do domínio
muçulmano a Terra Santa. Esta Cruzada reuniu importantes Senhores feudais de Ocidente. Par ciparam
Nobres de França e da Península itálica, como Godofredo de Bouillon, Duque de Lorena, Conde Raimundo
de Toulouse, os Duques de Normandia e de Flandres, parente do Rei de França, os filhos do Rei Normando
das duas Sicílias e o Bispo Ademar de Mon eul, representante do Papa. Vindos de vários lugares, em 1.097,
os Cruzados chegaram a Constan nopla. Primeiro chegou o exército do parente do Rei de França, Hugo de
Maisné, Conde de Vermandois. Depois chegou o exército de Godofredo de Bouillon, Duque de Lorena e
seus dois irmãos, Balduino e Eustáquio de Bologna. Em seguida, do sul de Itália, veio o exército de
Bohemundo de Taranto e seu sobrinho Tancredo, o exército de Roberto, Conde de Flandres, seguido por
Raimundo, Conde de Toulouse, que veio acompanhado pelo Bispo Ademar de Mon eul, designado pelo
próprio Papa como Chefe Espiritual dessa Cruzada. Por fim, chegaram os Duques de Normandia, Roberto de
Courteheuse e Eustáquio de Blois. De Constan nopla seguiram para a cidade de Nicéa, que depois de ficar
si ada por quase oito semanas, finalmente foi conquistada pelos Cruzados.
Os exércitos par ram separados para An oquia, onde se reuniram os remanentes dos seguidores de Pedro,
o Eremita, inclusive o próprio, com todos os exércitos dos
Barões. O caminho através da Síria foi penoso e repleto de árduos combates com os exércitos Turcos.
An oquia, na Síria, era o caminho obrigatório para a Terra Santa. Todos sabiam que em An oquia, São
Pedro fundou seu primeiro Bispado. Sua conquista foi demorada e muito di cil, sendo que depois de
si á-lo por seis meses, foi finalmente conquistada em junho de 1.098. Dois dias depois, foi si ada pelas
forças de um poderoso exército turco comandado pelo general Kerboga. O exército turco estava bem
armado, mas preparado e com bom estoque de provisões, além de ser mais numeroso. Depois de serem
si ados por um longo período, os Cruzados saíram ao campo e travaram uma sangrenta batalha contra os
turcos, es mulados pelo Bispo Ademar que portava a Santa Lança.
Os Cruzados venceram aos soldados do general turco Kerboga, cujas tropas se bateram em re rada.
Conseguindo romper o cerco, e depois de cinco meses de restauração e reorganização de suas forças, os
Cruzados iniciaram sua marcha rumo a Jerusalém. Entre An oquia e Jerusalém muitas batalhas foram
travadas e muitas privações foram sen das, principalmente a fome; e em pouco mais de um ano,
exatamente a 7 de Junho de 1.099, finalmente chegaram à cidade de Jerusalém, iniciando seu cerco. Das
tropas iniciais, só um terço chegou, todos se converteram em guerreiros experimentados, verdadeiros
Cruzados. Tinham adiante de se à Terra Santa, onde havia morrido Jesus Cristo,
onde tudo falava do evangelho, onde nada poderia detê-los. Tinham que libertá-la. Depois de cinco
semanas de cerco, uma sexta-feira, 15 de Julho, as muralhas foram tomadas. Numa sangrenta batalha, os
Cruzados massacraram a seus habitantes, mataram em torno de setenta mil muçulmanos. Os judeus
também foram sacrificados. A cidade foi saqueada, nem a Cúpula do Rochedo escapou de ser atacada.
Depois de um combate sangrento, os Cruzados foram ao Santo Sepulcro, onde de joelhos oraram

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agradecidos a Deus, pela vitória, pois nham libertado Jerusalém. Com a libertação de Jerusalém, a maioria
dos nobres e dos membros componentes da Cruzada voltou a seus países de origem. Os Nobres que
permaneceram formaram quatro Estados cristãos nas terras conquistadas. Foram eles: Edessa, An oquia,
Trípoli e Jerusalém. Esses Estados foram chamados La nos, em justa posição aos dois Cristãos Orientais, de
Bizâncio. Muitos dos Cruzados aprenderam a amar a Terra Santa. Sobretudo que para poder permanecer
nela, precisavam de muitos outros ocidentais, pois era imperioso defender a fé cristã, aos cristãos e o solo
de seu novo País.
Para que outros ocidentais viessem, era fundamental que os caminhos fossem seguros, que os peregrinos
vessem proteção. Para atender aos enfermos desde 1.048, exis a em Jerusalém um Hospital, lugar onde
os peregrinos enfermos e sem recursos podiam encontrar ajuda. Mas
nos caminhos não nha nenhuma proteção ou auxílio aos peregrinos. Em 1.118, Hugo de Payens e outros
sete Cavaleiros fundaram uma Ordem, que passou a ter uma função de policia desse novo Império
Cris ano. Os membros do Hospital, em seu início, eram Monges, mas, estes oito Cavaleiros decidiram que,
apesar de que se dedicassem a Deus, con nuariam sendo combatentes ao fundar essa nova Ordem. O novo
Rei de Jerusalém, Balduino II, primo de Balduino I, determinou que eles fossem acomodados num local
cerca da Cúpula de Rochedo, onde acreditavam que era o lugar do Templo do Rei Salomão.
Fizeram o tríplice voto de Pobreza, Cas dade e Obediência. Decidiram que usariam um nome: "Pobres
Soldados de Jesus Cristo", ou "Milícia de Jesus Cristo". Com o tempo, tornaram-se os "Cavaleiros do Templo
do Salomão" e depois simplesmente "Cavaleiros Templários". Assim nasceu a "Ordem dos Templários".
Tinham como lema: “Non nobis Domine, non nobis, sede Nomini Tuo ad Gloriam” (Não para nós, Senhor,
não para nós, mas sim para a glória de Teu Nome). Eles viviam como Monges e lutavam como Cavaleiros.
Dedicavam-se a proteger e auxiliar aos peregrinos cristãos, aos enfermos e os pobres. Outras ordens
religiosas militares da época foram os "Hospitalários" ou "Cavaleiros do Hospital de São João de
Jerusalém", "Cavaleiros Teutônicos" ou "Cavaleiros do Hospital de Santa Maria dos Teutões", Cavaleiros da
Ordem do Santo Sepulcro e "Cavaleiros da Ordem de São Lázaro de Jerusalém".
Islã, Islam. ou Islame

Conjunto de países muçulmanos que pra cam o Islamismo, ou seja, a religião muçulmana. A religião
muçulmana foi ins tuída por Maomé (570-630 d.C.), nascido em Meca, cidade atualmente da Arábia
Saudita. Islam. é uma palavra árabe, que significa "submissão a Deus" ou "estar em paz com Deus ". Maomé
é considerado o Profeta, e seus ensinos se encontram compilados no Alcorão (a palavra de Deus), é do
como o guia que regula a vida religiosa. O ar go de fé islâmico é: "Não há outro Deus senão Alá e Maomé
são seu Profeta". Há quatro deveres fundamentais do fiel muçulmano: a recitação das orações; dar
esmolas; a observância do Ramadã, que compreende um mês inteiro de jejum, reflexões o exame de
consciência; e por fim, realizar uma peregrinação à Meca. Os muçulmanos oram cinco vezes ao dia.
Imediatamente depois de seu nascimento, o Islamismo se espalhou de modo fantás co por todo mundo.
Os Impérios Romanos de Ocidente e do Oriente. O Império Romano governou a maior parte de Europa,
parte de Ásia e de África, durante séculos. Depois dos primeiros séculos depois de Cristo, seu poderio
declinou, sendo finalmente dividido em dois: o Império

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Romano de Ocidente, composto pela Europa Ocidental, e o Império Romano de Oriente ou Império
Bizan no, composto pela região circunvizinha do Mar Mediterrâneo e do Mar Negro. O Império Romano de
Ocidente, depois da conquista pelos Bárbaros em 476, dividiu-se em múl plos Reinados, Condados,
Ducados e outras divisões territoriais feudais, governadas por Nobres ou dirigidas por Clérigos.
A sua vez, o Império Romano de Oriente ou Bizan no permaneceu unido por mas dez séculos. Localizada
junto ao Estreito de Bósforo, estava sua capital Constan nopla, an ga Bizâncio, cujo nome determinou o
nome do Império. Atualmente, Constan nopla é Istambul, que pertence a Turquia. O Estreito de Bósforo
separa a Europa de Ásia. Nesse período, o Império Bizan no, ao invés de Europa, destacou-se por uma vida
urbana muito a va e desembrulhada. Apesar de ser ambos Impérios cristãos, os europeus eram cristãos
obedientes ao Papa e os Cristãos Orientais eram Ortodoxos. Ambas as Igrejas Cristãs se separaram em 1.054.
Pedro, O Ermitão

Seu pai foi um valente guerreiro, que vivia num belo castelo de França. Habitava numa aldeia, cuja região
era bem árida. Pedro sempre se encantava com os contos que narravam de Bizâncio ou Jerusalém. Foi
servidor do Bispo de Paris, lutou em Flandres, foi preso e conseguiu fugir, casou-se e teve três filhos.
Havendo enviuvado, confiou seus filhos a amigos e tornou-se ermitão. Tentou ir a Jerusalém, mas foi
maltratado pelos turcos e não conseguiu seu desejo. Finalmente atendeu o pedido Papal e com um
crucifixo nas mãos, pés descalços, ves do com um rús co manto, a cintura envolta por uma corda e com
sua enorme eloquência, sua inquebrantável fé, liderou a Cruzada Popular. Seus pés, suas roupas e suas
mãos estavam sempre sujas, mas, para o povo dessa época, essa aparência lhe conferia um aura de
san dade.
A Lança Sagrada

Depois de uma di cil vitória, os Cruzados foram si ados em An oquia pelos turcos. Passados seis meses de
cerco, os Cruzados já se mostravam bastante aba dos. Seu moral nha sido a ngido devido a um sem
número de dificuldades pelas que passavam; cas gados pela fome. Nesse momento, um pobre camponês
ao serviço do exército do Conde de Toulouse, Pedro Bartolomeu, teve uma visão de Santo André e de um
anjo, que afirmava estar a ponta da lança, que nha perfurado a Cristo na cruz, enterrada na Igreja de São
Pedro de An oquia. Ao relatar tal fato ao Bispo Ademar, este prontamente determinou que fosse cavado no
interior da Igreja no lugar indicado por Pedro. O abnegado Pedro Bartolomeu encontrou a ponta da lança
no fundo do poço cavado. Em seguida, o Bispo Ademar, munido da lança sagrada, incen vou os Cruzados a
combater os turcos. Os Cruzados saíram-se vitoriosos.
Os Estados La nos de Oriente (Síria e Pales na)

Os Estados La nos de Oriente estavam formados pelo reino de Jerusalém, Condado de Edessa, Principado
de An oquia e Condado de Trípoli. O reino de Jerusalém teve como dirigente a Godofredo de Bouillon,
que, não querendo usar a coroa onde Cristo usou uma coroa de espinhos, não recebeu o tulo de Rei, mas
o de Defensor do Santo Sepulcro. Depois de sua morte, em julho de 1.100, Balduino de Bologna se tornou
Rei de Jerusalém. No Condado de Edessa, em 1.097, Balduino de Bolonha subiu ao trono e em 1.100,
Quando recebeu o Reinado de Jerusalém, foi sucedido por seu primo Balduino de Burgos. No Principado

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de An oquia, em Fevereiro de 1.099, subiu ao trono Bohemundo de Taranto, que foi sucedido por seu
sobrinho Tancredo, em 1.111. O Condado de Trípoli foi conquistado por Raimundo de Toulouse, que
faleceu antes de tomar a cidade de Trípoli, em 1.109. Esses Estados nunca veram uma perfeita paz, nem o
completo controle de seus territórios, sendo constantemente atacados pelos muçulmanos. Apesar dos
esforços de seus defensores, em dezembro de 1.144, um grande exército muçulmano invadiu Edessa. Com
a queda de Edessa, os turcos reuniram seus exércitos e atacaram os outros três Estados. Saladino
reconquistou Jerusalém à 2 de outubro de 1.187. An oquia foi reconquistada em 1.268. Trípoli foi
retomada em abril de 1289. Todavia vemos outros dois pequenos Estados cristãos, Armênia, fundada na
costa sul de Ásia Menor, foi retomada em 1.375 pelos turcos, e o Reino de Chipre, que foi conquistado por
Ricardo Coração de Leão, Rei de 1nglaterra, em 1.191 e foi reconquistado pelos turcos em 1.571.
Hospitalários ou Cavaleiros do Hospital de São João de Jerusalém

Esta Ordem foi fundada antes da conquista de Jerusalém pelos Cruzados em 1.099. Seu início se deu por
meio de uma Ordem Monás ca dedicada a São João Ba sta, sobre a orientação dos Benedi nos, cuja
principal missão era administrar o hospital que atendia os necessitados que seguiam em peregrinação a
Terra Santa. Pela Bula de 15 de Fevereiro de 1,113, expedida pelo Papa Pascoal II, foi aprovada a fundação
do Hospital de São João de Jerusalém, sendo conver da numa Ordem, sobre a proteção da Santa Sé. Por
con ngências da situação do Reino de Jerusalém, a Ordem se viu obrigada a assumir funções militares em
1.140 para o bem-estar e a proteção de seus enfermos, bem como dos peregrinos. Seus chefes eram
escolhidos livremente pelos mentores da Ordem. Seus membros usavam um Manto Negro com uma Cruz
Branca. A sede da Ordem primeiramente foi instalada em Jerusalém e em seguida transferida para Acre,
onde a Ordem deu à cidade o nome de São João de Acre. Depois da queda de Acre em 1.291, os
hospitalários se refugiaram em Chipre, e a par r de 1.309, na ilha de Rodes. Perseguidos em 1.522 por
Solimão II, foram acolhidos em 1.530 pelo Imperador Carlos V, na Ilha de Malta, recebendo o nome de
Cavaleiros de Malta.
Os Templários

Na sequencia deste livro teremos textos dedicados exclusivamente aos Templários ou Cavaleiros do
Templo, Cavaleiros Teutônicos ou Cavaleiros do Hospital de Santa Maria dos Teutões.
Esta Ordem não teve a importância dos Hospitalários ou dos Templários. Consagrava-se à recepção dos
peregrinos alemães. A Ordem Teutônica teve sua origem no posto de socorro instalado sob a loja dos ricos
mercadores de Bremen e de Lubeck, durante o sí o de São João de Acre, no momento da Terceira Cruzada
(1.189-1.192). Essa Ins tuição primi va se dissolveu e se tornou um Hospital, sobre a proteção dos
poderosos alemães. À chegada do Duque Frederico de Soube, em 1.190, seu Capelão Conrado e seu
garçom Borchardt tomam a direção e deram aos Hospitalários, a regra de São João. A tomada de Acre, em
1.191, permite modificar o Hospital, que se chamou Hospital dos
Alemães, em Jerusalém, sua instalação foi no local da Ordem, na Terra Santa.

O Papa Celes no III e o Imperador Henrique IV nesta fundação.

Com o concurso dos Cavaleiros do Templo e de São João, em março de 1.198, os Príncipes alemães a

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converteram numa Ordem de Cavalaria, chamada Ordem Teutônica que foi aprovada à 19 de fevereiro de
1.199 pela Bula Sacro Santa Romana. Seus membros, recrutados unicamente entre os Cavaleiros alemães,
ostentavam um Manto Branco com uma Cruz Negra. Os Cavaleiros faziam os três votos e se
comprometeriam a cuidar dos enfermos e a combater aos infiéis. A sede da Ordem era em Acre, foi
transferida depois da perda dessa cidade em 1.291, para Veneza, e em 1.309, para Marieburg, na Prússia, e
em 1.457, para Koenigsberg, No século XlII, vinte e um de seus Cavaleiros e cem laicos ficaram na Prússia
para pacificar esse país, ainda pagão. As ações dos teutônicos veram importância na Europa, em especial
pela conversão dos eslavos. O poder da Ordem deveria manter-se durante duzentos anos. A Ordem conta
hoje com milhares de religiosos e laicos, que con nuam a obra dos hospitalários de Jerusalém em seus
dispensários e em suas escolas.

Ordem do Santo Sepulcro

A Ordem do Santo Sepulcro foi ins tuída segundo o an go costume, que subsiste de armar os Cavaleiros
sobre a tumba de Cristo, como nos tempos dos Cruzados ainda hoje. Consta, segundo os historiadores, que
Godefroyd de Bouillon fundou em 1.099, uma Ordem de Clérigos regulares, cuja missão era velar sobre o
Santo Sepulcro e aí celebrarem os O cios.
Em 1.112, esses religiosos foram subme dos às regras de São Agos nho, pelo Patriarca de Jerusalém. A
princípios do século XII, os Clérigos soldados do Santo Sepulcro par ciparam dos combates. Mas somente
depois da perda da Terra Santa que a denominação "Ordem do Santo Sepulcro de Jerusalém" aparece nos
textos e notadamente uma declaração que foi em 1.549 posta oficialmente em Jerusalém, no tesouro do
Santo Sepulcro. No final do século XIII, com a volta de seus membros para Europa, a Ordem comporta
Clérigos regulares e uma Confraria de leigos, que unidos, facilitavam às peregrinas viagens a Jerusalém. O
Papa Inocêncio VIII uniu dois grupos: os Cavaleiros do Santo Sepulcro e os Hospitalários de São João, pois
compar lhar o mesmo voto e as mesmas regras, que estavam em Rhodes. Mas em 1.496 Alexandre VI,
separa-os novamente. Autorizando à Ordem de Cavalaria e nomeando-o Vicário Geral e Guardião do Santo
Sepulcro, ele poderia conferir esta Ordem aos peregrinos e viajantes da Terra Santa. Depois de 1947, a
Ordem se tornou uma Ordem pon cia equestre. No período de 1.907 a 1.949, o Papa foi o Grão Mestre,
mas com o novo estatuto, de 1.949, no futuro o Grão Mestre deveria ser um Cardeal.
Ordem de São Lázaro de Jerusalém

A verdadeira história da Ordem começou como os Templários e aos Hospitalares, com a chegada dos
Cruzados a Jerusalém. O primeiro Grão Mestre foi Gérard Tenque, sucedeu Roger Bryant, an go Reitor do
Hospital de São João, que ficou leproso. De origem unicamente religiosa, a Ordem se tornou também
militar em 1.200. Seu alvo original era receber os Cavaleiros leprosos de diversas Ordens. Contudo, seu
caráter militar, sobre o domínio franco em Pales na, é inegável, visto que em 1.244 encontramos os
Cavaleiros no combate de Gaza, onde foram massacrados. O Papa Inocêncio IV autoriza a eleger um Mestre
na Europa. Em 1.256, depois que se re rassem da Pales na para instalar um mestrado na Europa, os

12
Cavaleiros cons tuíram como os Templários, os Hospitalários e os Teutônicos uma das quatro Grandes
Ordens militares. Em 1.244, a Ordem se desenvolve na França devido à generosidade do Rei Luis IX. A
Ordem não foi bem sucedida nessa época. Em 1.603, o Papado uniu a Ordem de São Lázaro à Ordem de São
Maurício, onde os Duques de Savóia eram mestres hereditários, o que equivaleu a seu desaparecimento. O
Rei Henrique IV quis mantê-la em França e fundou a Ordem de Nossa Senhora de Monte Carmelo, na qual
reuniu São Lázaro, mas Roma não reconheceu a união. São Lázaro se transformou em seguida numa Ordem
dinás ca na França, que era dominada pelo Rei de França e tomou oficialmente o tulo de "Ordem de
Nossa Senhora do Monte Carmelo e de São Lázaro de Jerusalém ".

SEGUNDA CRUZADA

A Segunda Cruzada foi mo vada pela tomada do Condado de Edessa pelos muçulmanos, em 1.144. Os
outros Estados Cristãos se encontravam em iminente perigo, pois os Muçulmanos já cercavam suas
fronteiras. Seus mandatários determinaram que Embaixadores solicitassem ao Papa ajuda para a defesa da
Terra Santa e o envio de reforços militares para a luta contra os turcos. Os Embaixadores foram recebidos
pelo Papa Eugenio III, que os ajudou a organizar uma nova Cruzada. Des nou a um dos mais marcantes
religiosos a missão de difundir e organizar esta nova Cruzada em terras europeias. Esse religioso foi
Bernardo de Claraval ou Bernardo de Clairvaux, cujo maior desejo era que a Igreja Católica de Roma
estendesse seu poder sobre todos os cristãos de Ocidente e de Oriente. Bernardo era um Clérigo de caráter
imaculado, decidido e justo em suas ações e seu coração não abrigava ambição, desejo de acumular
riquezas, nem glórias terrenas. Em sua juventude se fez Monge e sendo oriundo de família rica,
imediatamente se adaptou à austeridade da Ordem religiosa. Atendendo ao apelo Papal, não se in midou
em descobrir qual caminho deveria seguir. Na organização dessa nova Cruzada, Bernardo conseguiu bons
resultados, visto que possuía todas as qualidades de um Grande Líder espiritual. Conseguiu a adesão de
Luís VII, Rei de França e do Imperador Conrado II, de Alemanha, de seus Nobres e vassalos.
O Rei de França e do Imperador de Alemanha uniram suas forças, temendo as demandas entre os soldados
componentes de seus exércitos, pois Luís VII e Conrado II eram inimigos. A falta de união dos dois exércitos
facilitou as vitórias dos turcos. Em 1.147, esses dois exércitos nham marchado pela Europa com des no a
Constan nopla, o primeiro em chegar foi Conrado II, que cruzou o Estreito de Bósforo e se dirigiu a Terra
Santa. Em Dorilea, seu exército travou uma sangrenta batalha contra o exército turco, que lhe infringiu uma
flagrante derrota. Conrado II e os sobreviventes de suas tropas se re raram de volta a Constan nopla, onde
encontraram os soldados franceses que acabavam de chegar. Luís VII, Rei de França, invadiu o território

13
inimigo durante o inverno. Os turcos, que estavam ao redor, liquidaram grande número de franceses
durante esse percurso e muitos homens morreram de frio ou de fome. Outros cruzados, que fazia pouco
chegavam de Europa, juntaram-se em Jerusalém ao que restou dois exércitos. Essa vez, o Rei e o Imperador
resolveram unir-se e com acentuada imprudência, dirigiram-se à Cidade de Damasco para si á-la. Os
ataques duraram menos de uma semana e como os exércitos cristãos não lutaram com ardor, o fracasso foi
inevitável.
O Krak dos Cavaleiros

Os Cruzados construíram uma série de fortalezas pelas fronteiras nos estados la nos, com a finalidade de
promover sua defesa. Seus portos foram for ficados para prevenir um possível ataque naval pelos egípcios.
A Terra Santa, nas regiões leste e sul, não possuíam nenhuma defesa natural que a protegesse dos ataques
dos infiéis. Nessas regiões, os Cruzados construíram uma formidável sequencia de castelos. Em sua maioria,
essas fortalezas eram man das pelas Ordenes militares-religiosas, por sua capacidade econômica, cujas
riquezas permi am mantê-las. Somente as Ordens nham efe vos permanentes de Cavaleiros e restantes
guerreiros, servidão e animais necessários para o completo funcionamento. Os mais famosos e majestosos
castelos (fortalezas) situavam-se no Condado de Trípoli e se chamavam "Krak dos Cavaleiros ". Sua
construção durou cerca de trinta anos, e por mais de um século resis u aos ataques de seus inimigos. Em
armênio, Krak significa "fortaleza"; os cristãos a transformaram para Krak. Essa fortaleza foi cedida aos
Hospitalários em 1.142 pelo Conde de Trípoli, Raimundo II. O Krak dos Cavaleiros foi finalmente
conquistado, depois de semanas de valorosos combates em 1.271, pelos muçulmanos.
Bernardo de Claraval ou Bernardo de Clairvaux

Bernardo era Abade de um pequeno Mosteiro, no vale de Absinto, em França setentrional. Era sobrinho de
Andrés de Montbard, um dos membros fundadores da Ordem dos Templários. E se tornaria num dos mais
célebres homens da história da humanidade. Proveniente de família nobre, os Fontaine, da cercania de
Dijon. Destacavam-se internacionalmente por sua esplêndida religiosidade e exemplar modo de viver.
Bernardo ingressou no mosteiro da Ordem de Cister, aos 21 anos, onde a vida era austera. A Ordem desse
Mosteiro, provido da ajuda de Bernardo e de seus Irmãos, fundou uma casa coirmã e depois mais duas. Na
terceira, aos 25 anos, Bernardo foi Abade. O Mosteiro de Cister se iniciou na miséria. Hugo, o Conde de
Champanhe, viabilizou o Mosteiro, oferecendo terras para sua edificação. Nesse Mosteiro, tudo e todos
eram conduzidos por Bernardo, que estava imbuído por sua inquebrantável fé. Bernardo nha o poder da
eloquência, sempre aliada a sua fé, demonstrada de uma forma direta e firme. A essa vigorosa fé se aliavam
seus atos de amor e compaixão para com o próximo. Essas qualidades faziam de Bernardo um Abade que
ninguém conseguia resis r, pois a todos compreendia. Com a força de sua fé, em menos de dez anos, em
torno dele se formou a consciência da cristandade da época. Solucionava problemas, aconselhava e
inspirava a todos, desde os reis até o mais humilde dos homens. Bernardo fez as 72 Regras templárias

REGULA PAUPERUM COMMILITORUM TEMPLI IN SANCTA CIVITALI LXXII

REGRA DOS POBRES CAVALEIROS DO TEMPLO NA CIDADE SANTA (DE JERUSALEM)

14
1

Como hão de ouvir o O cio Divino

Quantos Pais Nosso hão de rezar, os puderem ouvir o O cio Divino.

Que hão de rezar pelos Irmãos Freires defuntos.

Aos Capelães se lhes dará de comer e ves r.

Quando morre algum dos Cavaleiros, que servem por certo tempo.

Que nenhum dos Religiosos perpétuos ofereça esta reza.

Da demasia de estar de pé no Oficio Divino.

Da refeição comum.

Da Leitura.

10

Do comer carne.

11

O que hão de observar os Religiosos no comer.

12

Que nos mais dias lhes bastem dois, ou três pratos de legumes.

15
13

O que se há de guardar na comida de sexta-feira.

14

Que deem graças depois de comer.

15

Que deem ao Esmoler de cada dez pães, um.

16

Que a colação esteja a arbítrio do Mestre.

17

Que se guarde silêncio depois dos atos.

18

Que não se levantem cedo, os que se acharem cansados.

19

Que no trato se guarde igualdade.

20

Do modo do ves r.

21

Que os criados não usem ves dos brancos.

22

Que só os Religiosos perpétuos se vistam de branco.

23

Que usem somente de peles de cordeiros.

24

Que os ves dos velhos se deem aos escudeiros.

25

16
Ao que procurar o melhor ves do se lhe dê o pior.

26

Que nos ves dos se observe a quan dade e qualidade.

27

Que na distribuição dos ves dos se guarde igualdade.

28

Da superfluidade dos cabelos.

29

Das tranças.

30

Do número de cavalos e escudeiros.

31

Que nenhum cas gue o escudeiro, que o serve sem salário.

32

Como se hão de receber os que vierem a servir por tempo determinado.

33

Que nenhum se governe pela vontade própria.

34

Pode-se sair do lugar sem Ordem do Mestre.

35

Se podem ir só.

36

Que nenhum busque singularmente o que lhe for necessário.

37

Dos freios e esporas.

17
38

Que as lanças e escudos não tenham guarnições.

39

Do poder do Mestre.

40

Da malha e cota.

41

Do abrir das cartas.

42

Da conversação de suas culpas.

43

Do receber e gastar.

44

Dos freios, ou cabeças dos cavalos.

45

Que nenhum troque ou busque coisa alguma.

46

Que nenhum vá à caça com falcões e outras aves.

47

Que nenhum mate as feras com arco ou besta.

48

Que matem sempre o leão.

49

Que ouçam a sentença de qualquer queixa, que contra ele se der.

50

18
Que esta regra se observe em tudo o mais.

51

Que todos os Religiosos Militares possam ter terras e vassalos.

52

Que se cuide muito dos achados.

53

Que se assistam aos enfermos com todo o necessário.

54

Que nenhum provoque o outro à ira.

55

De que sorte hão de ser recebidos os casados à Irmandade.

56

Que fora deste caso daqui em diante não haja Irmãs.

57

Que os Religiosos Templários não tratem com excomungados.

58

Como se hão de receber os soldados seculares.

59

Que se não chamem todos os religiosos para as Juntas secretas.

60

Que rezem sem fazer ruído.

61

Que se tome juramento aos que servem.

62

Que moços durante a pouca idade não se recebam para Religiosos.

19
63

Que se tenha sempre respeito aos velhos.

64

Dos que andam por diversas Províncias.

65

Que o sustento se dê a todos com igualdade.

66

Que os Cavaleiros Templários possuam dízimos.

67

Dos pecados mortais e veniais.

68

Porque delitos hão de ser despedidos.

69

Que da Páscoa até Todos os Santos não vistam uma camisa de linho.

70

Qual seja o necessário para as camas.

71

De evitar murmuração.

72

Que se fujam dos abraços e ósculos de qualquer mulher.

Fim das Regras.

Bernardo (1.091-1.153) foi canonizado em 1.174, depois de vinte anos de sua morte, tornou-se São
Bernardo.
TERCEIRA CRUZADA

Ao termo da infausta Segunda Cruzada, era frequente entre os cristãos as desavenças e os li gios. Isso

20
também se verificava entre os muçulmanos e não era raro, que se hos lizassem e lutassem entre se. Esse
estado belicoso e desarmônico entre os povos do Islã, permi u a sobrevivência dos Estados Cristãos por
um longo período de tempo. Quando Nur-al-Dim (Nuraldine), o Governador (Atabeg) muçulmano de Alepo
(na Síria), desencadeou uma sucessiva contenda com todos os outros governantes muçulmanos,
vencendo-os, criou uma unidade polí ca que permi u o fortalecimento da fé muçulmana. Com suas
vitórias e conquistas, fez que os cristãos perdessem totalmente o Condado de Edessa, e o Principado de
An oquia ficou reduzido ao meio. Nur-al-Dim conquistou o Reino muçulmano de Damasco, em 1.154.
Como Egito nessa época era o país mais rico do Islã, em 1.164, o Governador enviou um poderoso exército
para invadi-lo. O comandante desse exército, fez-se acompanhar de seu sobrinho Saladino, que por seus
dotes pessoais, por sua fé e por seu incomparável ardor guerreiro, foi designado Governador de Egito em
1.169. Com a morte do Governador de Alepo, Nuraldine (1.146-1.174), e de seu filho, Saladino foi
proclamado Sultão de um Império tão vasto, que ia do centro da atual Turquia até Egito. A popularidade de
Saladino cresceu em virtude de Jihad, a guerra Santa contra os cristãos. Saladino conquistou uma depois de
outra as fortalezas cristãs.
O desastre de Ha n

Quando Saladino e seu poderoso exército invadiu a cidade de Tiberíades e si ou seu castelo, os cristãos
reuniram um grande exército e se dirigiram para sua libertação. Sabiamente Saladino fez que o exército
muçulmano aguardasse aos cristãos na Vila de Ha n, junto a uma colina que se parecia a dois cornos. Entre
os dois exércitos só nha uma grande extensão de deserto. O Rei Guy de Lusignan, mal aconselhado por
Reinaldo de Cha llon e por Geraldo de Ridefort, Grão Mestre do Templo, não seguiu os conselhos sensatos
e prudentes de Raimundo II, de Trípoli e resolveu precipitada e erroneamente, que os cristãos deviam
atravessar essa faixa de deserto para ir combater. Ao chegar ao outro lado, estavam debilitados, exaustos,
sedentos, por tanto sem forças para enfrentar ao poderoso exército muçulmano. Nessas condições, todo o
exército cristão, com algumas exceções, foi capturado e massacrado. Entre os prisioneiros se encontrava o
Rei Guy. Toda a cavalaria, bem como os infantes, que foram pra camente aniquilados. Acre, Jafa e Beirute
foram conquistados por Saladino. Finalmente, a 02 de Outubro de 1.187, Jerusalém foi conquistada pelos
muçulmanos. O Reino de Jerusalém estava perdido, com exceção de Tiro. Da conquista do Condado de
Trípoli, só permaneceram com os cristãos, Tortosa, a própria Trípoli e o "Krak dos Cavaleiros". Do Principado
de An oquia, só o castelo de Marcab e a própria An oquia. Toda a cristandade se revoltou com a perda de
Jerusalém Sagrada. Em todos os Reinos cristãos só se escutavam lamentos, não havia quem não lamentasse
essa perda. Citados pelo Papa, os principais Monarcas de Europa decidiram convocar a seus Nobres e
vassalos para uma nova Cruzada.
Essa Cruzada foi organizada pelos poderosos e principais Reis católicos: o Imperador germânico Frederico I,
o Barba Vermelha; Felipe Augusto; Rei de França e Ricardo Coração de Leão, Rei de Inglaterra. O Imperador
Frederico, de Alemanha, possuía em suas longas barbas uma coloração diferente e por isso era conhecido
pelo nome de Frederico Barba Vermelha ou Barba Loira. Ele possuía um exército numeroso de eficientes
guerreiros que lhe nham uma grande es ma e suas ordens eram rigorosamente obedecidas. Os três
Monarcas uniram suas forças para essa Cruzada à Terra Santa, formando o maior exército até então reunido
pela cristandade da época. Saladino, ao ser informado do poderio desse exército e de seu avanço, chegou a

21
temer que as forças muçulmanas fossem insuficientes para o combate contra os valorosos cruzados. Um
funesto acidente fez que mudasse o rumo dessa Cruzada. O Imperador alemão Federico I, com 70 anos,
afogou-se ao cruzar um rio. Com a fatalidade de sua morte, o exército alemão, ficou sem seu líder e carisma,
depois veio desintegrar-se rapidamente. A maioria dos membros desse exército retornou a Alemanha.
Somente uns poucos conseguiram chegar a Terra Santa. Em julho de 1.190, Ricardo Coração de Leão e
Felipe Augusto finalmente par ram juntos para a Cruzada. Seus exércitos se encontraram na Sicília,
permanecendo acampados por todo o inverno. Em abril de 1.191, Felipe Augusto desembarcou com suas
tropas em São João D' Acre, na tenta va de socorrer ao exército cristão, que estava si ado e sendo atacado
pelas forças sarracenas. Ricardo, tendo-se desviado de sua rota por causa de uma tempestade, chegou à
costa da Ilha de Chipre. Recebeu uma péssima acolhida por parte dos bizan nos e decidiu si ar a Ilha.
Somente em junho Ricardo conseguiu chegar a São João de Acre. Felipe e Ricardo, com suas tropas
reunidas adiante de Acre, lutaram valentemente e não obstante os esforços de Saladino, conseguiram
conquistar a cidade o 12 de Julho de 1.191. Por causa de desentendimentos com Ricardo, Felipe resolveu
embarcar em Agosto de volta para França, ainda que, suas tropas permaneceram incorporadas à Cruzada.
Dessa forma, Ricardo se tornou o único Chefe da Cruzada, vencendo a Saladino em setembro de 1.191 e em
agosto de 1.192, respec vamente, em Arsuf e Jafa. Ricardo, apesar das vitórias que lhe conferiram uma
rela va superioridade militar, não conseguiu liberar Jerusalém. Exausto da guerra, ele assinou um
compromisso de paz com Saladino, em setembro de 1.192. Por esse tratado, aos cristãos lhe correspondia o
domínio de uma parte litoral de Pales na, desde Tiro até Jafa. Saladino reteve Jerusalém e todo o resto, no
entanto os cristãos ficaram autorizados a realizar livremente suas peregrinações a Terra Santa. A Terceira
Cruzada estabeleceu uma marcada transformação no relacionamento entre muçulmanos e cristãos,
desembrulhando pelo menos, um verdadeiro espírito de tolerância, que veio subs tuir o desejo de luta e
extermínio até então existente.
Saladino (1.138-1.193)

Saladino (Salah-al-Din) ficou famoso por atuar contrariamente aos costumes dos mandatários que lhe foram
contemporâneos. Estes eram perversos, pérfidos e falsos. Saladino mostrou uma marcada hones dade e
humanidade em todos seus atos. Honrava sua palavra, fosse ela dada ao melhor de seus amigos ou ao pior
de seus inimigos. Seu nome se fez uma lenda, não só entre os muçulmanos, senão também entre os
cristãos, pois era um temido inimigo na batalha e magnânimo quando era vencedor. Provido, de
personalidade extremamente al va, dedicava-se à proteção dos menos afortunados e era célebre sua
devoção pelos meninos, com os que se comprazia viver e amparar. Contrariamente ao que era comum nos
exércitos cristãos, que massacravam impiedosamente a seus inimigos, os exércitos de Saladino jamais
denegriam a seu chefe e sua fé, assassinando a seus inimigos que se encontravam desprotegidos ou
indefesos. Saladino era de Damasco e ainda jovem, comandado por seu o, emigrou ao Egito para
combater. No Egito dessa época, os Cortesãos eram, em sua maioria, homens de muito poder, cuja cobiça e
pretensões levavam ao Soberano egípcio a temer por sua própria vida, receoso de que algum aventureiro
lhe usurpasse o trono. O Soberano reconhecia que Saladino era um valente guerreiro, de bom caráter e
desprovido de avidez, sendo, por tanto, de confiança. Em consequência desses pregados foi nomeado Vizir

22
e deixou a seu cargo o comando geral de seus exércitos. Saladino, ao assumir tão elevado cargo,
transforma-se num competente líder e Chefe militar. Com a morte do Soberano egípcio, Saladino subiu ao
trono e seu poderio se estendeu a todo mundo muçulmano.

QUARTA CRUZADA

O Papa Inocêncio III, es mulado pela morte de Saladino e pela desagregação de seu Império, organizou
uma nova Cruzada para reconquistar Jerusalém, que os cristãos nham perdido em 1.187 e estava em mãos
dos muçulmanos. Esta Cruzada foi iniciada em França pelo sacerdote Fulk de Neully ou Fulco de Neully, que
convocou o povo e os Reis. O Sacerdote recrutou muitos Nobres, como: o Conde Luís de Blois e Godofredo
(ou Geoffroy) de Villehardouim, o Conde Balduino de Flandres e seu irmão Henrique de Angre (ou
Hainaut). Com a experiência adquirida nas Cruzadas anteriores, sabia-se que a viagem por terra era de longa
duração e de alto risco para homens e animais. Como estratégia, os Nobres e outros mandatários dessa
Cruzada estabeleceram que Egito, era na época o mais frágil dos Estados do Islã, ademais, o mais rico e
seria o alvo a ser conquistado em primeiro lugar. Os Cruzados optaram como solução para o transporte,
solicitar a ajuda de Veneza para atravessar o Mediterrâneo com seus navios. Para resolver essa questão,
Godofredo de Villehardouim, em Fevereiro de 1.201, foi recebido em Veneza pelo Doge Henrique Danolo.
Ambos concluíram a negociação para esse transporte e os Cruzados se comprometeram a pagar uma
al ssima soma pelo serviço, que correspondia na metade de todas as conquistas que fossem realizadas. Em
Junho de 1.202, como os Cruzados não conseguiram arrecadar o total da suma noiva, o próprio Doge Enrico
Danolo se incorporou à Cruzada. Concluiu um novo acordo com o Marques Bonifácio de Montserrat, como
escusa que o trono de Constan nopla nha sido usurpado por Afasto III, que ocupasse o lugar de seu Irmão
e atendendo a solicitação do Príncipe Afasto, filho do Imperador destronado e sobrinho do usurpador. O
Príncipe Afasto prome a, a mudança da ajuda dos Cruzados e dos Venezianos, grandes vantagens e
recompensas materiais, como recolocar sobre a autoridade do Papa a Igreja do Oriente, separada desde
1.054. Dessa forma, teve uma mudança de rumo com o desvio da Cruzada e o primeiro obje vo foi a
tomada da cidade de Zara, em Dalmácia, em novembro de 1.202. Depois os Cruzados desembarcaram em
Constan nopla e depois de uma feroz batalha, conseguiram dominá-la. Com essa conquista, os mercadores
de Veneza receberam o monopólio do comércio de Constan nopla, o porto comercial mais importante da
época. Assim a Cruzada, que era religiosa, torna-se econômica, em lugar de combater os muçulmanos, os
Cruzados atacaram a seus irmãos cristãos de Oriente. Conquistaram quase todo o Império Bizan no e
fundaram o Reino La no de Constan nopla, tutelado por Veneza. Verificou-se que os nobres obje vos
dessa Quarta Cruzada se desviaram, já que os Cruzados não chegaram a Terra Santa, nem enfrentaram aos
infiéis.
O Reino La no de Constan nopla O Reino La no de Constan nopla ou o Império La no de Oriente durou
de 1.204 a 1.261. Quando os Cruzados da Quarta Cruzada conquistaram Constan nopla, desmoronou-se o
Império Bizan no. A par r do momento em que o Conde Balduino de Flandres, em maio de 1.204,
coroou-se como Imperador na Igreja de Santa Sofia, teve uma transformação do Império Bizan no em
Império La no de Oriente. O Imperador somente governa e comanda uma pequena parte do Império, pois
grande parte é dividida entre os Barões Cruzados e os Venezianos, que ficaram com a maior parcela dessa

23
conquista. Os Barões estabeleceram vários domínios com nomes pomposos e até Atenas se cons tuiu num
Ducado, sendo seu Duque o Cavaleiro franco Otan da Roche. Esse Império La no de Oriente, nascido da
Quarta Cruzada, deveria exercer dois papéis importantes e fundamentais: favorecer a união das duas Igrejas
Cristãs, a do Oriente e a de Ocidente, separadas desde 1.054 e servir de base territorial e de apoio à
reconquista da Terra Santa.
Infelizmente isso não sucedeu. Os Barões só se dedicaram a aumentar a área de suas conquistas territoriais
e de suas fortunas. Essa soberba dos Barões, que não valorizavam a fé dos Cristãos Gregos, apartou
totalmente às duas Igrejas Cristãs. Esse Império teve uma breve duração e só os Venezianos raram
proveito dessa conquista. Miguel Paleólogo, Imperador de Nicéa, que reconquista, em 1.261,
Constan nopla e restabelece o Império Bizan no. Dessa forma, perdeu-se para sempre a possibilidade de
unir as Igrejas do Ocidente e do Oriente.

HIERARQUIA DA ORDEM DOS TEMPLÁRIOS

A hierarquia dentro da Ordem dos Templários, funcionava nos mesmos moldes de um exército regular de
hoje. O comando geral estava a cargo do Grão Mestre, que comandava tudo com poder absoluto, ainda que
ele devia conferir ao Capítulo correspondente suas decisões mais importantes. O Grão Mestre era assis do
por uma espécie de Estado Maior, composto de um “Senescal” ou Lugar Tenente; um Marechal ou Chefe
militar do exército e vários Comendadores ou Chefes adjuntos que estavam localizados em Jerusalém,
Trípoli e An oquia. O Comendador de Jerusalém era também o Ministro das Finanças e Tesoureiro; exis a
também um encarregado das roupas e o Chefe do armazém de provisões; um Turcopelier, ou Chefes
militares das tropas auxiliares, compostas pelos mercenários turcos; um submarechal responsável pelos
artesãos e um Segundo Tenente que comandava as tropas auxiliares de voluntários. Dependendo de sua
hierarquia, cada um deles nha direito a um número variável de cavalos e o acompanhamento de um
número variável de escudeiros ou servidores. O Grão Mestre nha direito a quatro cavalos e a um séquito
composto por dois Conselheiros, um Capelão, um Clérigo, um Sargento, uma escolta de um Escudeiro, um
Pajem, um escrevente sarraceno que nha também as funções de intérprete e secretário de cartas. Em caso
par cipar de uma batalha era protegido por dez Cavaleiros guerreiros de elite.
Entre as tropas o grau mais alto correspondia aos Cavaleiros, seguidos dos Tenentes, dos Sargentos e dos
Escudeiros, que se diferenciavam uns dos outros pelos uniformes, que consis a numa túnica Marrom ou
Negra, numa pequena capa, com uma Cruz Vermelha bordada no ombro esquerdo. Os Pais e Sacerdotes
faziam parte do mesmo grupo, com a diferença de ves r uma túnica Negra; entre os Templários, o Capelão
recebia o mesmo tratamento que os Cavaleiros. Por úl mo temos os Irmãos, cujas funções eram as de
artesãos e servidores ou criados comuns, que geralmente acostumavam ser contratados para os diversos
serviços (enfermeiros, bo cários, criados, cozinheiros, padeiros, jardineiros, pedreiros, carpinteiros,
ferreiros, principalmente para tratar das ferraduras dos cavalos etc.). A maioria dos componentes da Ordem
era analfabeta, como o eram também a maioria dos Cavaleiros, dos Tenentes e dos Sargentos, bem como, a
maioria da população, incluindo grande parte da classe Nobre da época. Aqueles privilegiados que sabiam
escrever e contar acostumavam a ter acesso às posições de responsabilidade, como Administradores,

24
Escreventes, Secretários, Encarregados de depósitos, Tesoureiros etc. Os estatutos da Ordem dos Cavaleiros
do Templo consis am em alguns códigos de direitos e comportamentos é cos, muito detalhados e rígidos,
que era aplicado severamente pelo responsável de cada Capítulo ou Convento. Estas regras geralmente
eram man das em segredo, mas é possível seguir sua evolução desde sua primeira versão aprovada pelo
Concílio de Troyes (1.128), até a mais completa edição elaborada em torno do ano de 1.257.
Os estatutos hierárquicos já nham sido aprovados defini vamente em 1.230, contendendo cláusulas
referentes a cerimoniais tanto religiosas, como militares.
Segundo estas regras, qualquer homem livre podia aspirar ves r o hábito Templário, desde que o fosse de
boa índole, limpo de lepra, de epilepsia ou doenças contagiosas e que não tenha sido expulsado de outra
Ordem Monás ca.
Os candidatos deviam desis r de seu nome familiar, ainda que alguns altos dignitários e Mestres dirigentes
podiam ser conhecidos por seus nomes e sobrenomes tradicionais. Os candidatos eram subme dos a um
período de declares e depois de sua aprovação, deviam fazer o juramento dos votos Monás cos: de
pobreza, de cas dade e de obediência. Na cerimônia de admissão, o Cavaleiro ao receber seu hábito era
adver do sobre a dureza e os sacri cios que a nova vida monás ca lhe poderiam trazer e que nha
aceitado de livre e espontânea vontade, os dizeres são os seguintes:
"Você raramente fará o que Você quer: se Você quisesse estar na Terra mais além dos mares, Você será
enviado para alto mar; ou se Você quisesse estar na terra de Acre será enviado para a Terra de Trípoli ou de
An oquia ou de Armênia, ou também, Você poderá ser enviado para Pouille ou Sicília, ou para Lombardía
ou a França ou Borgonha ou para Inglaterra, ou ainda para muitas outras terras onde nós temos casas ou
posses. e se quiser dormir, lhe pediremos para ficar desperto e se em algum momento desejar ficar
desperto, lhe mandaremos a descansar em sua cama. Quando esteja sentado na mesa para comer, lhe será
solicitado ir a um lugar qualquer que não sabe onde fica. Frequentemente deverá suportar palavras
ofensivas. Considere gen l e doce irmão, se realmente está disposto a sofrer de bom grau esse tratamento
tão rigoroso”.
O Templário não podia abandonar o Capítulo sem pedir permissão a seu superior, da mesma forma, ao fazer
os votos de pobreza, aceitava que não poderia ter a posse de qualquer bem material, nem sequer por
doação; as únicas coisas que possuía eram as roupas que a Ordem lhe facilitava. Estas roupas eram para o
uso diário e também recebiam as roupas e equipamentos que eram usadas nas campanhas militares e
consis am em: duas camisas, duas calças, duas cuecas ín mas, dois pares de botas, um saco, uma capa de
veludo (denominada: “pallium”, de origem persa, da tribo dos Imauns, que somente poderia ser forrada
com pele de cordeiro ou de ovelha), uma capa de inverno e outra de verão, uma túnica, um cinto, um boné
de algodão e outro de feltro, um guardanapo para a mesa, duas xícaras, uma colher de sopa, uma faca de
mesa, uma navalha, uma panela e um prato para tomar sopa e cevada, três pares de bolsas, uma toalha, um
colchão, um cobertor fino e outro grosso. O equipamento militar era composto de: uma cota de malha e
calça de fios de ferro trançados, um capacete com proteção nasal, um “elmo”, uma espada, um punhal, uma
lança decorada com fitas ou um pequeno estandarte branco, um escudo longo de formas triangulares para
proteção, uma capa para o cavalo. A Cruz da Ordem figurava no estandarte da lança, no extremo superior

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esquerdo do escudo de proteção e na cota de malha. Quando se encontravam em campanha militar, além
das armas portavam como equipamento obrigatório: uma panela, um manchete para cortar lenha, um
ralador e um jogo de pratos e frascos.
Os Cavaleiros da Ordem dos Templários não podiam usar qualquer decoração considerada desnecessária,
pois segundo as regras, cada um devia ves r-se e calçar os sapatos e despedir-se rapidamente para estar
sempre pronto para qualquer eventualidade. Também era proibido comer ou beber fora do refeitório
comunal. Deviam comportar-se o tempo todo com humildade e cortesia e quando conversavam com seus
irmãos da Ordem, deveria ser baixinho sem exaltar-se, levantar a voz, ou incorrer em grosserias ou
demonstrações de vaidade. A regra fazia questão de que os Cavaleiros deviam esmerar-se ao extremo nos
cuidados corporais e sua higiene. Os Templários nham obrigação de reverenciar e ser gen s com as
mulheres (damas), estava terminantemente proibido olhar de frente para elas.
Em todas as comunidades, Capítulos ou Castelos da Ordem era proibido: a preguiça, ficar sem fazer nada, o
jogo e as distrações, ao igual que fazer apostas, jogar dados ou xadrez. Era pouco tolerado o jogo do
lançamento de ferraduras.
A ro na diária dos Templários era de costumes severos, assim: não podiam manter conversas banais e
menos ainda contar anedotas ou dar risadas Geralmente dormiam somente de três a quatro horas por dia,
sem despojar-se da camisa, calças e cinto; eram acordados por um sino, às quatro horas no inverno e às
duas da madrugada no verão; calçavam-se seus sapatos, colocavam o manto nos ombros e em silêncio se
dirigiam para a capela, onde rezavam treze “Pai Nosso”. Depois se dirigiam ao estábulo para tratar e
alimentar aos cavalos, depois voltavam aos quartos, rezavam um pai nosso e se acostavam na cama. O sino
da primeira hora os acordava, para ir novamente à Capela para ouvir missa e recitar trinta Pai nosso, para os
vivos e mais trinta para os mortos. Depois da devoção tomavam em silêncio um frugal café da manhã e
iniciavam sua jornada, parando cada hora para rezar uma série de Pai Nosso.
Os Irmãos Templários comiam carne três vezes por semana, mas os enfermos podiam comê-la diariamente,
exceto nas sextas-feiras, as quais todos pra cavam o jejum.
O Capelão abençoava a mesa e dirigia as orações. Então todos se sentavam e comiam em silêncio, se vesse
necessidade de alguma comunicação, esta era feita por senhas.
Em ocasiões especiais, cada um dos irmãos usava uma fonte como sinal de humildade ou com outro
significado oculto mas profundo. Ninguém podia abandonar a mesa sem a expressa permissão do Chefe da
mesa ou Comendador, exceto se o irmão fosse acome do de hemorragia nasal. Terminada a comida se
dirigiam para a Capela em pares, para dar graças a Deus.
Os integrantes da Ordem se reuniam periodicamente em Sessões Secretas, nas quais entravam em silêncio
na sala capitular da comunidade, capítulo ou castelo, onde o Presidente da reunião pronunciava um
discurso exortando aos irmãos a con nuar no caminho da virtude e a con nuação de acordo com sua
an guidade na Ordem, cada irmão fazia um relatório detalhado de suas faltas desde a úl ma reunião.
Nestas reuniões eram incluídos também os Monges da Ordem.
Eles observavam rigorosamente a Quaresma, comungando todos os dias e dando esmolas três vezes

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por semana. Os dias de quintas-feiras santas, o encarregado do Capítulo, de dar esmolas, escolhiam treze
pobres para que os Irmãos lhes lavassem os pés (costume man do até hoje pela Igreja Católica) e até
entregavam a cada um, dois pães, duas moedas correntes e um par de sapatos. Nas sextas-feiras santas,
todos os irmãos jejuavam comendo somente pão e água.
Entre os Templários se consideravam faltas graves: o comércio e a posse de objetos ou coisas valiosas e a
compra e venda de objetos espirituais, a covardia, a desobediência a um superior, a heresia, matar a um
cristão, o mo m, o roubo, a sodomia, a traição e a violação dos segredos da Ordem. Estas faltas eram
julgadas numa Assembleia Pública que decidia o cas go sem apelação, que o infrator merecia e todas as
penas eram executadas imediatamente. Estas penas variavam desde a expulsão da Ordem até a execução
do infrator, passando por cas go intermediário como a perda temporária ou defini va do hábito, a
penitência e o cas go corporal em público. No caso da perda temporária do hábito, depois de executada a
sentença e cumprida a penitência, a primeira comida se lhe servia no solo, onde era colocada a comida
numa dobra de seu manto, que depois era queimado. A Ordem professava uma devoção muito especial
para a Virgem Maria, São Jorge e São João. A relíquia mas valiosa entre os irmãos da Ordem era a Santa
coroa de espinhas, que era homenageada todas as sextas-feiras Santas, nas quais o Capelão depositava no
altar da capela uma coroa de espinhas floridas.

REGRAS E COSTUMES DOS TEMPLÁRIOS

Os Templários no começo obedeciam à autoridade máxima, ao Patriarca de Jerusalém, ainda que alguns
anos mais tarde, sobre o comendo de Roberto de Crayon, sucessor de Hugo de Payens, a Ordem conseguiu
do Papa a publicação da Bula Papal “Omne datum op mun” no ano 1.139, obtendo assim uma autonomia
quase completa da Igreja. Com esta bula, o Papa permi a aos Templários que vessem seus próprios
Capelães para o serviço religioso dos Capítulos.
independentes das jurisdições Episcopais, o que equivalia a uma entrada de significa vas rendas, pois além
de ficar isentos de pagar dízimos aos Bispos, podiam receber dona vos da população; por outro lado a bula
permi a também que os Templários pudessem construir suas próprias capelas e cemitérios.
Ao longo desses anos a imagem dos Templários foi se tornando cada vez mais popular, devido
principalmente aos bons trabalhos de assistência ao povo, como também pelo aspecto de seus membros
que sempre que apareciam em público, por seus votos deviam apresentar-se limpos e impecáveis com seus
uniformes talheres pela capa branca, o cabelo cortado a zero, a barba e bigodes bem arrumados,
culminando com a cruz vermelha bordada no lado direito do ombro, de acordo com a concessão em 1.147
do Papa Eugénio III que dizia: “que este sinal triunfante sirva de proteção e faça que seu portador jamais
mostre as costas a nenhum infiel” A capa era reverenciada com orgulho pelos Templários de tal forma que
eles a sacavam só quando nham que fazer alguma necessidade fisiológica. Essa cruz era também um
símbolo indica vo, era colocado em lugares de destaque, que demarcava todas suas posses.

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Os Cavaleiros Templários seguiam rigorosas normas de conduta chamadas “Regras”, que no começo da
Ordem constavam ao todo de sessenta e oito ar gos, mais tarde passou a setenta e dois ar gos. Essa Regra
foi escrita em 1.128 em la m e depois em 1.140, foi traduzida para o francês.
Em 1.165 essa Regra foi complementada com os “Retraits” que nham uma atuação sobre o
comportamento hierárquico. Depois de acordo com a necessidade de norma zar os cerimoniais foram
criando-se instruções especiais para cada caso, assim temos: entre 1.230 e 1.240 onde apareceram os
Cerimoniais e por úl mo entre 1257 e 1.267 foram escritos os Egards ou uma espécie de coletânea jurídica.
Os “Retraits” eram uma espécie de estatutos hierárquicos, que estabeleciam regras de usos e costumes,
apresentando detalhes sobre os direitos e deveres do Grão Mestre e dos outros Oficiais.
Foram redigidos em francês cerca de 1.160, ao comando do Grão Mestre Bertrand de Blancfort. Entre estes
estatutos, estavam as atribuições do Grão Mestre, que comandava a Ordem e seus editais eram assinados e
selados com seu anel, que uma vez aplicado ao Selo do Templo, fazia-se lei dentro da Ordem. Esse selo era
de uso exclusivo do Grão Mestre, e ao longo do tempo teve vários formatos, mas o mais usado foi um que
representava dois Cavaleiros com lanças, galopando da direita para a esquerda sobre o mesmo cavalo.
Entre os vários significados desse Selo, tem duas simbologias: a exotérica, que significa a pobreza dos
Templários, obrigados a montar um só cavalo e a esotérica ou significado oculto, que representa a
dualidade da Ordem: religiosa e militar; o duplo juramento dos Templários: o aspecto temporário e o
espiritual e a Lei Cósmica da Dualidade (Pai-Mãe) etc. Ainda que dois Cavaleiros Templários nunca
poderiam cavalgar sobre um só cavalo, devido ao ar culo 379 de seus “Retraits”, estabelecia que: “dois
irmãos não devem cavalgar num só cavalo”, e ademais, porque cada Cavaleiro era dotado com três cavalos,
por tanto não nha falta de montas. Outro selo que também foi usado por muito tempo foi o “Abrasas
Panthée” que representa a monstruosa figura de um personagem, com cabeça de galo, tronco nu e usando
capa curta, que carrega um escudo redondo e uma tocha. Suas pernas e pés são representados por duas
serpentes. Contornando a figura está escrito: “Secretum Templi”, ou seja: o Segredo do Templo.
O Abrasas Panthée é a representação simbólica esotérica do Conhecimento ou do Cosmos, as duas
serpentes são a dualidade cósmica, o Alfa e o Ômega da visão agnós ca cristã, extraída do Apocalipse. Na
grande maioria dos outros Selos se encontra a inscrição “Sigillum Militum” ou também “Sigillum Militum
Xpis ”, que indica claramente que os Templários guardavam algum segredo. No universo, eles guardavam a
sete chaves a “dualidade”. Tinham os iniciados e os nãos iniciados.
Por tanto exis a uma “Regra Secreta”, que era transmi da oralmente, da boca do Mestre ao ouvido do
Discípulo, só para os iniciados, que se dividiam em Irmãos eleitos e Irmãos consolados, similar à doutrina
cátara. Essa Regra secreta foi elaborada inicialmente em la m, não pode ser reescrita, nem traduzida para
nenhum outro idioma.
A Regra secreta, referente aos Irmãos eleitos, inicia-se assim: “Os tempos preparados pelos Santos
chegaram. é necessário fazer penitencia, o Reino de Deus está próximo para aqueles que foram ba zados
no fogo e no Espírito Santo”. Com essa afirmação se supõe que o comando dos Templários e desde seu
centro secreto, onde se conservavam os conhecimentos ocultos, eram acessíveis somente depois de um
Ritual de Iniciação, nham chegado à conclusão de que os tempos “chegaram” e que sua missão seria de

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implantar a sinarquía no mundo conhecido, iniciando desde a Europa até o Oriente. Assim em pouco
tempo (mais três séculos) a Ordem cobre a Europa de Comendadorias e Igrejas (Catedrais), gerando a
tenta va sinárquica de criar os Estados Unidos de Europa e reunificar ao mundo cristão. Esta possivelmente
foi a missão secreta da Ordem do Templo: a reunião de todas as forças, sicas e espirituais, colocadas ao
serviço de Cristo.
Paralelamente a parte opera va dos Templários foi dedicada à construção de seus ideais; e para evitar uma
vulgarização, veram a necessidade da discrição, mantendo o sigilo sobre seu trabalho espiritual, ao
contrário dos métodos usados pela Igreja.
Por outro lado os Templários adotaram o lema: “Sabedoria e Amor para a Regeneração Universal”, e de
acordo com esse princípio usavam simbolicamente em seus estandartes a cor branca e vermelha, que são
cores da alquimia, mas da alquimia da alma, da transmutação de um metal em ouro, ou do homem num ser
divino. Em heráldica, os estandartes acostumavam trazer as armas dos nobres e os símbolos de sua classe.
O simbolismo nos Estandartes, com cores, como o vermelho, o azul, negro, branco e dourado. Nos
Estandartes, notam-se as inscrições, sejam como divisão, sejam para consignar o nome do Corpo.
A Cruzada dos Meninos

Na Europa do século XIII, começou a afirmar-se o conceito de que homens pecadores não poderiam libertar
à Terra Santa e esse obje vo só seria a ngido pelos meninos. Os cristãos sempre man nham vivo o ideal de
libertação de Jerusalém. Em 1.212, comandadas por dois adolescentes o alemão Nicolas e o Pastor Francês
Estevam de Blois, milhares de meninos, principalmente alemães e franceses, deixaram seus lares para
juntar-se à Cruzada. Os meninos alemães par ram para Itália, de onde não conseguiram seguir adiante.
Mendigavam para conseguir sobreviver, pois não possuíam alimentos, nem dinheiro. A maioria deles
pereceu e poucos retornaram para seus lugares de origem, em tanto os meninos franceses veram mais
sorte, liderados por Estevam, carregavam o estandarte vermelho de São Diniz. A todos e ao Rei Felipe de
França, Estevam dizia ser o escolhido por Deus para liderar a Cruzada e liberar a Terra Santa. Os franceses
a ngiram Marselha, onde foram enganados por comerciantes desonestos, que lhes ofereceram transporte
gratuito para Pales na.
Os meninos eufóricos se apressaram para embarcar nos navios. Vários navios naufragaram em
consequência de tempestades e os corpos de alguns meninos apareceram nas costas de Sardenha.
Os demais meninos foram vendidos como escravos em Egito. Nenhum desses meninos, nem sequer
conseguiu chegar a Terra Santa.

QUINTA CRUZADA

O Papa Honório III, em 1.216, organizou uma Quinta Cruzada, comandada por Andrés II, Rei de Hungria. Em
setembro de 1.217, ele e o Duque de Áustria, Leopoldo VI, desembarcaram em Acre. Eles e parte dos

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cristãos fracassaram ante a for ficação do Morro Tabor, defendida pelos muçulmanos. Com esse fracasso
Andrés II retornou a Europa. Como em Acre con nuavam chegando mais Cruzados, principalmente
italianos e franceses, João de Brienne decidiu atacar Egito. Com o Egito em suas mãos, pensou que o sul de
Pales na, incluindo Jerusalém, seriam conquistados sem muita oposição. Si aram Damieta no delta do rio
Nilo e o conquistaram em novembro de 1.219. Nessa época chegaram São Francisco de Assis e o franciscano
Illuminé, ao Egito. O Sultão de Egito, Al-Kamil-Muhammad-Al-Malik, propôs aos Cruzados mudar Damieta
por Jerusalém. Se os Cruzados vessem aceitado, os obje vos da Cruzada já vessem sido conseguidos.
Recusada a proposta, os Cruzados marcharam pelas margens do rio Nilo, em Junho de 1.221, para
conquistar O Cairo. Essa marcha teve sua início nas vésperas da grande inundação anual do rio Nilo.
Quando os Egípcios abriram as comportas do rio, os Cruzados, que estavam acampados nas margens, foram
surpreendidos pela inundação e muitos morreram afogados. A mudança da entrega de Damieta, os
Cruzados ob veram a autorização do Sultão para sair de Egito.
São Francisco de Assis na Quinta Cruzada

Em 1.219, quando os Cruzados comandados por João de Brienne si aram a cidade de Damieta, chegaram a
Egito os religiosos Francisco de Assis e o franciscano Illuminé. Para lá se dirigiram, não como combatentes,
senão para tentar converter aos muçulmanos à fé cristã. São Francisco e seu colega se desdobraram na
missão cristã de amparar aos afligidos, ajudar aos precisados e com bondade, assis r aos feridos, dia e
noite, incansáveis, movidos somente por sua grande fé interior em Cristo. São Francisco de Assis e Illuminé
tentaram por todos os médios convencer aos dirigentes dessa Cruzada a aceitar a mudança, mas não
ob veram o mas mínimo sucesso. Desiludidos, ambos par ram desarmados para as Hostes Muçulmanas e
conseguiram chegar à loja do Sultão. Malik-Al-Kamil escutou sua oração arrebatada sobre a fé cristã e sobre
Jesus, mas, São Francisco não conseguiu convencê-lo. Então o Santo, em sua tenta va de provar que Jesus é
o verdadeiro Deus, propôs andar através do fogo.
O Sultão ficou impressionado e quis entregar-lhe presentes, mas ele se recusou gen lmente, explicando
seus votos de pobreza. O Sultão o autorizou a pregar em seus domínios. Naturalmente não conseguiu a
conversão dos muçulmanos.
Pela primeira vez numa Cruzada, a ideia de vencer os infiéis pela guerra é subs tuída pela ideia da
conversão cristã dos muçulmanos. Extremamente consternados por não ter conver do aos muçulmanos,
eles voltaram aos acampamentos dos Cruzados.
Os franciscanos foram os mentores dessa ideia e para por em prá ca, enviaram missionários a quase todos
os países então conhecidos.

SEXTA CRUZADA

A Sexta Cruzada, que foi dirigida contra Pales na, (1.228-1.229) foi comandada pelo Imperador germânico

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Frederico II, que também era o Rei de Sicília. Frederico II embarcou em Junho de 1.228 e desembarcou em
Acre três meses depois. Antes, fez uma escala na Ilha de Chipre. Ao chegar a Acre, ele encontrou a muitos
cristãos que não quiseram associar-se a sua Cruzada. O Sultão de Egito, Malik-Al-Kamil, estava em luta com
seu irmão, que era o Sultão de Damasco. Por essa circunstância foi possível negociar um tratado de paz,
assinado em fevereiro de 1.229, em que Frederico II conseguiu as cidades sagradas de Jerusalém, Nazareth
e Belém, suas rotas de união com São João de Acre, e ademais de outras terras. Os cristãos ficaram com o
Santo Sepulcro e os muçulmanos com as mesquitas de Omar e Al-Aqsa. Essa vitória, permite a devolução
dessas terras sem nenhum combate, foi conseguida graças à habilidade diplomá ca do Imperador
Frederico II, a ngindo assim, o que anos de guerra não nha conseguido.

SÉTIMA CRUZADA

A paz conseguida por Federico II marcou em 1.244 com a retomada de Jerusalém pelos muçulmanos do
Sultão do Egito. Uma nova Cruzada foi organizada, em 1.248, para reconquistar Jerusalém. O Rei de França,
nessa época, era Luís IX, que foi educado pela Rainha Branca de Cas lha dentro dos mais puros princípios
de jus ça e bondade. Por ter sido um Rei justo, leal, sem vaidade e um cristão convencido de sua fé, depois
de sua morte foi canonizado e se tornou um Santo conhecido como São Luís. Na Cruzada comandada por
Luís IX não nha guerreiros ou serventes, também não nha Nobres com roupas suntuosas, pois até no
ves r seguiam as virtudes do líder. Em agosto de 1.248, o Rei Luís IX embarcou rumo ao Egito. Ao chegar a
seu des no, travou uma feroz batalha e conseguiu conquistar a Cidade de Damieta em junho de 1.249.
Precisou aguardar, antes de dirigir-se para o Cairo, pois era época do início da grande cheia anual do Rio
Nilo. O Sultão de Egito propôs uma mudança: a entrega da Cidade de Damieta pelos Cruzados, em
compensação os Muçulmanos receberiam a Cidade de Jerusalém. A mudança foi recusada novamente,
como já o foi em tempos passados na Quarta Cruzada. Não tendo a mudança das Cidades, o exército do Rei
Luís iniciou em novembro sua marcha para a conquista do Cairo. O caminho ao Cairo estava protegido por
um caudaloso canal, justamente onde os egípcios nham for ficado a Cidade de Mansurá. O Rei Luís IX,
conseguiu atravessar o canal. No entanto, seu irmão, Roberto de Artois, que estava comandando a dianteira
das tropas, tendo precipitadamente avançado contra a fortaleza de Mansurá, fortemente defendida pelos
Egípcios, foi assassinado com todos os homens de seu destacamento. A bravura e a coragem do Rei Luís não
foram suficientes, pois os egípcios bloquearam sua retaguarda e impediram seu abastecimento. Sem
alimentos e com seus homens sendo eliminados pelo fo, seu exército foi cercado e até o próprio Rei
acabou prisioneiro do Sultão. Esse infausto acontecimento sucedeu em abril de 1.250.
O Sultão exigiu resgates para a libertação do Rei e dos Nobres e muitos dos cruzados seriam cruelmente
mortos, torturados e outros até vendidos como escravos. Liberado mediante resgate pago em maio, o Rei
Luiz IX embarcou para Síria, onde permaneceu por um longo tempo, de maio de 1.250 a abril de 1.254.
Nesse período realizou um vigoroso trabalho de reorganização e melhorias dessas cidades e das terras sob
o domínio dos cristãos, reestruturou e promoveu a defesa de São João de Acre, Cesárea, Sidon e Jafa. Em
1.254, o Rei Luís IX embarcou para França.
Novamente em sua terra natal, realizou um maravilhoso trabalho, pois era não só um grande Rei e

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guerreiro, senão também um excelente administrador. Era um Rei com os pensamentos sempre dirigidos
para o bem-estar e a defesa do povo que ele amava. Essa Sé ma Cruzada terminou de forma desastrosa.

OITAVA CRUZADA

O Sultão Baybars assume o poder de Egito em 1.260 e consegue unificar o Islã. e expulsar aos cristãos do
Oriente. Esse fato trouxe consternação à cristandade, em especial ao piedoso Rei de França, Luís IX. O Rei
Luís IX foi informado de que no norte de África o Rei de Cartago dizia ser amigo dos franceses e que
desejava ajudá-los e, ademais, que iria converter-se ao cris anismo. O Rei Luís IX, esperançoso com esse
projeto, poderia pedir-lhe auxílio para conquistar mais facilmente a Terra Santa. Com essa esperança de
vitória, embarca com suas tropas para a costa africana. Desembarcaram e iniciaram uma longa e penosa
marcha pelo deserto. Ao chegar, Luís IX verifica de imediato que o Rei os nha traído e até foram
ameaçados por ele. Um novo fato agrava ainda mais a situação: a peste começou a destruir o exército
cristão e muitos morreram rapidamente ví mas da doença. Um dos primeiros em falecer foi o próprio filho
do Rei. Nem o mesmo Rei Luis escapou de ser contaminado pela peste e como consequência, veio a falecer
no ano de 1.270. A morte do Rei encerrou um ciclo da história, pois Luís IX foi para o Ocidente o úl mo dos
heróis das Cruzadas. Com a queda de São João de Acre, terminava o Oriente cristão. A Terra Santa estava
agora totalmente em mãos dos muçulmanos. Depois desse acontecimento, os Cavaleiros cristãos de Europa
Ocidental man veram a Ilha de Chipre por mais de duzentos anos.

A QUEDA DE SÃO JOÃO DE ACRE

Os mamelucos eram jovens oriundos de Ásia Central que nham sido capturados pelos muçulmanos.

Foram especialmente treinados para formar a guarda pessoal do Sultão de Egito.

Aprenderam a religião, os hábitos e a língua árabe. Eram excelentes nas artes militares, formavam uma elite
de guerreiros. Sempre foram leais, em tudo, no ano 1.250, por divergências com o Sultão, os mamelucos
mataram o Sultão e tomaram o poder. Iniciaram uma nova linhagem com um Sultão mameluco.
Essa linhagem transformou a Egito no mais rico e mais temido país do Islã. Foram esses magníficos
guerreiros que si aram a úl ma cidade cristã, a Terra Santa.
No dia 18 de maio de 1.291, a úl ma fortaleza cristã em sucumbir a mãos dos infiéis foi a cidade de São João
de Acre. Cercada pelos mamelucos, a cidade foi defendida com muita valen a e valor, mas a maquinaria de
guerra dos mamelucos, principalmente as de assalto (com arreme das constantes de projéteis), terminou
por vencer as muralhas da cidade. Os adversários de ambos os lados lutaram valentemente por todo o dia,
até que os mamelucos invadiram a cidade. Os cristãos foram massacrados, torturados e alguns poucos
foram escravizados. Só uma minúscula parcela conseguiu fugir por mar.

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OS ASPECTOS NEGATIVOS DAS CRUZADAS

Ao analisar as Cruzadas, verificamos que várias de suas facetas foram verdadeiramente calamitosas. A
principal meta, que era expulsar os muçulmanos em forma defini va das terras de Pales na, não foi
conseguida e consequentemente, não foram garan das aos cristãos suas peregrinações a Jerusalém e a
todos os lugares Santos. O número de mortos foi muito maior do que os do holocausto da Segunda Guerra
Mundial no século XX, pois nas duas facções, muçulmanas e cristãs, milhares de pessoas foram brutalmente
torturadas, assassinadas ou escravizadas. Longe de estabelecer uma aproximação fraterna entre as duas
facções, em razão da enorme brutalidade exercida pelos dois lados, houve um sensível aumento do
ressen mento e da desconfiança entre os dois grupos. Esse estado de ânimo perdura por séculos.
Consequências das Cruzadas

Depois de todas as Cruzadas, a Terra Santa permaneceu nas mãos dos muçulmanos. Houve um grande
avanço no desenvolvimento das relações sociais, pois o povo aprendeu a adquirir certos direitos,
liberando-se em parte da opressão e dos desmandos a que eram subme dos pelos senhores feudais.
Muitos cruzados, ao retornar a suas terras de origem, eram recompensados por seus senhores e até pelos
clérigos. Eles assimilaram o conforto, a comodidade, o luxo e gostos adquiridos durante suas peregrinações.
O controle do comércio dos produtos oriundos dessas regiões com Europa tornou várias cidades ricas,
entre elas Veneza e Genova. Os principais produtos eram as especiarias, as sedas, os perfumes, os tapetes,
as joias e até as frutas picas, todos os produtos eram muito bem aceitados no Ocidente, cujo comércio
produzia grandes ganhos. A cana de açúcar não era conhecida pelos europeus. Foi introduzida e plantada
em Sicília e depois levada para todos os outros países. Nas Américas foram introduzidas por Portugal e
Espanha. Os europeus, com as Cruzadas, passaram a conhecer novos cul vos agrícolas, especialmente as de
novas espécies de frutas. Na indústria, desembrulhou-se a fabricação do vidro e na tecelagem a produção
de um novo tecido de seda. A absorção, por parte dos europeus, da esplêndida cultura Oriental foi um
aspecto bem posi vo dessas cruzadas. Teve um grande fortalecimento do comércio, sendo esta uma das
causas fundamentais, que com o passar do tempo, facilitou a mudança do modelo econômico feudal para o
capitalista. Como consequência das cruzadas, veio a decadência do feudalismo, a diminuição do poder dos
nobres e da própria Igreja e a apareciam e o aumento da importância da burguesia, com o renascer
comercial e urbano de Europa Ocidental. Dessa forma, direta ou indiretamente, esses fatos foram
desencadeados pelas cruzadas.

AS CRUZADAS DO OCIDENTE

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Além das cruzadas que se dirigiram para o Oriente, na Europa, algumas expedições foram executadas com a
finalidade de expulsar os muçulmanos do sul de Itália e da Península Ibérica.
Os árabes muçulmanos, no ano 711, conquistaram a Península Ibérica. Os exércitos dos diminutos Reinos
foram vencidos pelos infiéis, comandados por Tarik. Com exceção das Astúrias, toda a Península Ibérica foi
conquistada, onde se cons tuíam os diminutos Reinos Cristãos de Aragão, Cas lha, Leão e Navarra.
No século XI, esses Reinos desencadearam a Guerra da Reconquista (16). Em procura de glória e de terras,
receberam a ajuda dos Nobres franceses, como Henrique e Raimundo de Borgonha, que lideraram a
batalha contra os muçulmanos.
Com a expansão dos Reinos Cristãos, o Califado de Córdoba passou a ser ameaçado.

Das terras dos cristãos reconquistadas aos muçulmanos, umas foram doadas ao Clero, outras, incorporadas
pelos Nobres. Nelas foi implantada uma estrutura de produção do po feudal. O resultado da Guerra da
Reconquista mo vou a formação do Estado Nacional Monárquico de Espanha e Portugal. Na Itália, os
muçulmanos nham conquistado a Sicília, Sardenha e a Córsega.
O Mar Mediterrâneo estava fechado ao comércio e a navegação aos europeus. A Guerra da Reconquista
teve seu início no século X. A confrontação entre os infiéis e os cristãos, que se iniciou com caráter bélico,
lentamente se transformou numa relação de interesse mercan l.
Era comum entre esses comerciantes, a busca de um entendimento por meio de um acordo comercial com
os muçulmanos ou com os cristãos. Na realidade, os comerciantes nham mais interesse em aumentar seu
capital e seu lucro pelo comércio, que os perder na guerra.
Na Itália, a Guerra da Reconquista devolveu aos europeus, o livre trânsito à navegação e ao comércio pelo
Mar Mediterrâneo. Com essa reabertura do Mar Mediterrâneo, reavivaram-se as relações entre Ocidente e
o Oriente, que estavam interrompidas em virtude da expansão muçulmana.

Notas:

As Ordens de Calatrava, Montesa, Alcântara, San ago da Espada, dos Cavaleiros da Concórdia e a de São
Benito de Aviz.
Ordem de Calatrava

A Ordem de Calatrava foi fundada em 1.158, por Raymond Serrat, Abade do Mosteiro de Fitero, da
Espanha, e criada para defender a fortaleza de Calatrava, situada ao longo da fronteira com a zona
muçulmana, ao sul de Cas lha. O Papa Alexandre III confirmou a Ordem à 25 de setembro de 1.164. Por
uma declaração do Capítulo Geral, datado no mês de setembro de 1.187, os Cavaleiros foram filiados à
Ordem de Cister e todos os membros da Ordem eram considerados Monges Cistercienses (de Cister), sendo
sua regra, a mesma da Ordem de Cister. A Abadia mestre (Casa Matriz) era a de Morimond, em Borgonha.

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Em 1.219, o Mestre Dom Gonzalo Yanhez de Novoa, funda mosteiros cistercienses da Ordem de Calatrava,
nos bairros da Província de Burgos. Calatrava foi reunida à Coroa pelos Reis Católicos em 1.487, com a
morte do 30° Grão Mestre da Ordem.
Em 25 de Julho de 1.835, o governo espanhol suprimiu os Mosteiros e o Prior do Sacro convento foi
expulso. A situação das Ordens não estava regulamentada até 17 de Outubro de 1.851, quando foram todas
agrupadas num mesmo território, o da “Cidade Real”, que cons tuía uma diocese livre e reconhecida com o
tulo de "Priva vo das Ordens". Em seu comando se encontrava o Bispo Prior, assis do por um Capítulo
Canônico, no qual os membros nham que pertencer obrigatoriamente a uma das quatro Ordenes:
Calatrava, Alcântara, San ago da Espada e Montesa. A Ordem de Calatrava hoje é somente honorifica, mas
as "Comendadorias" vivem ainda em dois conventos, em Madri e em Burgos.
Ordem de Montesa

Em razão da dependência da Coroa de Aragão, à Ordem de Montesa, fundada por uma Bula do Papa João
XXII, de data 10 de Junho de 1.317, para receber os bens do Templo, situados no Reino de Valencia, não foi
reunida à Coroa de Cas lha pelos Reis Católicos. Como consequência de um curto pronunciamento de
Clemente XII, em 1.739, a Ordem é colocada sobre a dependência do Conselho de Cas lha.
Ordem de Alcântara

A Ordem de Alcântara foi fundada em 1.156 por dois irmãos, Suarez e Gomez, que com o parecer de um
Eremita, fundaram uma fortaleza na fronteira de Cas lha, na Diocese da Cidade Rodrigo, para resis r aos
mouros. Deram-lhe o nome de São Julião de Pereira. A Ordem foi confirmada, em qualidade de
religiosa-militar; pelo Papa Alexandre III, em 1.177, a pedido de Gomez, que não nha até então o tulo de
Prior. Numa Bula do Papa Lucio III, datada em 1.183, ele é designado Grão Mestre. Essa Bula concede aos
Cavaleiros a regra de São Benito. Com o 10º Grão Mestre Dom Benito Suarez, fez-se a união fraterna com os
Cavaleiros de San ago da Espada. Os dois Grãos Mestres juraram uma aliança eterna entre eles e fidelidade
aos Reis de Cas lha e Leão, contra os mouros. Os Cavaleiros receberam as regras de Cister e seu símbolo é
uma "pereira" em memória de sua Ins tuição. O Rei de Leão, que se fez Mestre de Alcântara e confiou o
local aos Cavaleiros de São Julião, com a condição de que eles deveriam unir-se aos Cavaleiros de Calatrava.
A união se realizou em 1.218, mas os Cavaleiros de Alcântara, que tomaram então a denominação atual,
não conservaram sua independência e par ciparam nas guerras sucessivas contra os mouros. A direção da
Ordem passa ao final do século XV a mãos do casal Real, Rei Fernando e sua esposa Isabel, e em 1.494, seu
úl mo Grão Mestre, Dom João de Zunhiga, renuncia a seu cargo. Incorporada à Coroa, a Ordem se torna
progressivamente uma dis nção honorária. Suprimida uma vez em 1.872, a Ordem de Alcântara é
defini vamente restabelecida pelo General Francisco Franco em 1.936.
Ordem de San ago da Espada

A Ordem Militar de San ago da Espada, nasceu na Espanha, na Província de Leão, no ano 1.170. Alguns
Clérigos regulares da Ordem de São Agos nho construíram na época vários hospitais no caminho de
San ago de Compostela, em Galícia, com a finalidade de socorrer aos numerosos peregrinos que sempre
eram

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atacados pelos Mouros, que então dominavam uma parte de Espanha. Pouco tempo depois, treze Fidalgos
se uniram aos religiosos e sobre a proteção de Saint Jacques, empenharam-se em garan r os caminhos e
facilitar-lhes aos Cristãos no combate aos infiéis. Isso ocorreu imediatamente depois da união dos
Cavaleiros com os Monges de Leiria. Os Cavaleiros se submeteram às regras de São Agos nho. Eles
lançaram os primeiros fundamentos da Ordem de San ago da Espada, que foram sucessivamente
aprovados por uma permissão do Papa Alexandre III em 1.175 e pelo Papa Inocêncio III no ano 1.200. A
Ordem de San ago foi administrada por um Grão Mestre até 1.493. Com a morte de Dom Alonso de
Cardenas, 40° Grão Mestre da Ordem, o Papa Alexandre VI incorpora à Ordem, em caráter de perpetuidade
à Coroa de Aragão, com a benevolência de Ferdinando V, o Católico. Depois dessa época, os Reis de
Espanha conservaram os Títulos e a dignidade de Grão Mestre e de Administrador da Ordem, que está
colocada sobre a proteção da Coroa.
Ordem dos Cavaleiros de Concórdia

Essa Ordem foi fundada e moldada de acordo com os fundamentos que se criavam para as Ordenes, nos
séculos XI e XII. Sua fundação nha como obje vo a luta contra os infiéis para a completa libertação da
Pátria. Em seus inícios foram assentados pelo Rei Fernando III, Rei de Cas lha (1.217) e de Leão (1.230).
Fernando III nasceu em 1.201 e faleceu em Sevilha no ano 1.252, tendendo, então, 51 anos de idade. O Rei
Fernando III teve uma ideia original: a criação da Ordem dos Cavaleiros da "Concórdia", devido aos sérios
incidentes, que marcassem sua vida e à de sua Mãe, ao desejo de paz para seu reinado, minado pela intriga
e por todos os sofrimentos de uma guerra civil. O Rei Fernando III se fez célebre pelas lutas contra os
Mouros, fazendo-os retroceder até o Sul de Espanha. Nessas guerras de reconquista, Fernando III
recuperou a cidade de Córdoba em 1.236, Sevilla em 1.238, e em 1.242, o Reino de Murcia. Jaén foi
conquistada em 1.245, conseguindo reduzir ao Rei de Granada à condição de vassalo.
O desejava que a concórdia fosse uma constante entre os Príncipes Espanhóis e dessa forma, unidos,
pudessem expulsar aos Mouros das terras por eles conquistadas. Ins tuiu em 1.246 a Ordem da Concórdia,
nela insis u aos primeiros cento cinquenta e quatro Cavaleiros.
Seus exércitos sempre portavam em batalha um estandarte de Nossa Senhora. Era muito generoso com a
Igreja e rigoroso com os judeus, os muçulmanos e com os hereges, era um cristão virtuoso. Depois de sua
morte, foi canonizado pela Igreja como Santo. Somente em 1.492, por tanto dois séculos depois do Reinado
de Fernando III, seu desejo de liberdade se fez realidade no Reinado do Rei Fernando e da Rainha Isabel, a
Católica.
Esses Monarcas, conquistando o Reinado de Granada dos Mouros, finalmente liberaram todo o solo Pátrio.
A Ordem da Concórdia sofreu profundas alterações com o passar dos séculos. Mas seu ideal não se alterou
e ainda com o passo dos anos, permaneceram inalterados em seus membros as naturais ânsias de paz e
fraternidade. O próprio São Fernando sabia que a luta só é digna se tem como meta a "Concórdia" e a
busca con nua de obje vos elevados, que levem ao homem ao equilíbrio de suas ambições, ao controle de
suas vaidades e a ser ú l à sociedade, por meio de ações edificantes, altruístas, morais e carita vas.
A Ordem de São Benito de Aviz ou Ordem de São Bento de Aviz

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O Rei Afonso Henrique I, de Portugal tomou dos mouros, em 1.147, a cidade de Évora. E se convenceu que
devia esta vitória à proteção da Santa Virgem, daí o nome da Confraria de Santa Maria de Évora, dada a um
grupo de Cavaleiros formados com a intenção de guardar e defender a cidade. Os Cavaleiros ficaram muitos
anos na defesa dos muros de Évora. Em 1.187, Henrique I teve que combater novamente os infiéis. Mandou
elevar as for ficações da fortaleza de Aviz e confiou sua guarda aos cuidados das Confrarias de Santa Maria
de Évora. Assim, a Confraria se transformou em Ordem militar e religiosa com o nome de Cavaleiros da
Ordem de Aviz. Jean de Cirita, legado do Papa e Abade de Taronca, doa-lhes os estatutos conforme os quais
os Cavaleiros deveriam obedecer as regras de São Benedito (Benedi nos) e as da Abadia de Citeaux
(Cistercienses). Uma fusão sucedeu, entre 1.352 e 1.385, entre os Cavaleiros de Aviz e os de Alcântara, mas
em 1.385 a Ordem se fez completamente independente. Os Cavaleiros faziam ao princípio votos de pobreza
e obediência.
Em 1.496, o Papa Alexandre V1 muda o voto de cas dade absoluta, pelo voto de cas dade conjugal; em
1.505, o Papa Júlio II libera os Cavaleiros dos votos de pobreza. Em 1.443, os Reis de Portugal tomam a
administração e o domínio da Ordem, em 1.551, o Papa Julio III confirma esse grande domínio. Em 1.789, a
Rainha Maria seculariza as Ordens Militares e lhes dá novas cons tuições, Depois dos novos estatutos, a
Ordem de São Benito de Aviz se chama "Ordem de Mérito Militar de São Benito de Aviz" (São Bento de
Aviz) e se fez puramente honorária. Os Estatutos Atuais da Ordem datam de 24 de Novembro de 1.963.

AS ORIGENS DA "ORDEM DOS TEMPLÁRIOS"

A Ordem do Templo dos Pobres Cavaleiros de Cristo do Templo de Salomão ou Soberana Ordem dos
Cavaleiros do Templo de Jerusalém ou Ordem dos Templários foi fundada em 1.118 por Hughes de Payens e
Geoffroy de Saint-Omer.
Depois da retomada de Jerusalém e dos lugares Santos de Pales na, que estavam em mãos dos
muçulmanos, as peregrinações foram naturalmente es muladas por essa reconquista. Essas peregrinações
eram feitas em condições precárias, pois a maioria dos Nobres, Senhores e dos Barões Cruzados,
regressavam a suas
Pátrias na Europa, depois de cumprir com seus votos sagrados em Terra Santa. As tropas que permaneciam
eram numericamente pequenas e estavam localizadas, sobretudo nas cidades for ficadas e nos castelos.
Essas fortalezas se localizavam nos pontos estratégicos e principais do Reino La no de Jerusalém. Os
caminhos para a Terra Santa se encontravam repletas de ladrões, malfeitores, assassinos e delinquentes de
toda espécie, que roubavam, maltratavam e até matavam aos peregrinos.
Inicialmente a tarefa da Ordem era proteger os peregrinos, guardar os caminhos que se dirigiam a
Jerusalém, principalmente o caminho que unia esta cidade ao de Jaffa e também a proteção dos lugares
Santos de Pales na.
A Ordem dos Templários se iniciou com oito ou nove membros, entre os quais se encontrava o o de São

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Bernardo, André de Montbard.
Em 1.120, Foulques D' Angers se uniu a eles e algum tempo depois, Hughes, Conde de Champanhe,
também veio incorporar-se à Ordem. Balduino II, Rei de Jerusalém, cedeu-lhes uma edificação para
abriga-los junto ao Templo de Salomão. Devido a essa localização, a Ordem passa a chamar-se "Ordem do
Templo" e os membros que a compõem de "Os Templários"
Os historiadores dizem que a Ordem foi cons tuída por oito ou nove membros, mas, não há certeza sobre
o nome do nono Membro. Esse era um número pequeno de homens para desempenhar um trabalho tão
Grão. Mas cada um deles era um Cavaleiro e um Líder. Na época da fundação, os homens do Hospital de São
João eram somente Monges.
Esses Cavaleiros do Templo decidiram dedicar-se a Cristo e ao mesmo tempo, con nuar sendo
combatentes. O segundo Rei de Jerusalém, Balduino II, primo do primeiro, captando de imediato o valor e
o alcance do trabalho e a devota dedicação desse grupo, resolveu ajudá-los porque eles nham feito o
juramento de servir a Cristo e defender o Reino La no de Jerusalém. Da coragem e do próprio sacri cio de
Sangue desses Cavaleiros nasceu a Ordem do Templo. Essa Ordem se cons tuiu de sua criação, em algo
original, ao solicitar dos Cavaleiros seculares que passem a dedicar suas vidas, suas armas e forças ao
serviço de Cristo e à defesa dos indefesos e necessitados. Dessa forma, consegue conciliar a a vidade
militar com a vida religiosa.

Normas ou Regras dos Templários.

Esses Cavaleiros adotaram o triplo voto de pobreza, cas dade e obediência, contudo, os Templários
sen am a necessidade de estabelecer uma norma precisa com dupla finalidade. Primeiramente,
estabelecer regras de conduta rígida a seus membros, orientando-os a evitar os possíveis excessos. Em
segundo lugar, estabelecer essas normas de tal forma que lhes permi sse ser reconhecidos pela Santa
Igreja, nas a vidades que desembrulhavam. Solicitadas pelos Templários e também a pedido do Rei de
Jerusalém, São Bernardo estrutura as regras da Ordem, baseando-se nas regras de São Agos nho.
Com o passar do tempo, São Bernardo se fez o mentor espiritual e intelectual da Ordem do Templo. Em
1.128, no Concílio de Troyes, depois de rigorosas discussões,
as regras são finalmente aprovadas e adotadas. Essas regras eram muito rigorosas e se compunham de
deveres militares e religiosos. Impostos aos Cavaleiros que, além da cas dade, obediência e pobreza, não
deviam olhar o rosto de mulheres, nem beijá-las, ainda que fossem seus familiares. Em combate, deveriam
aceitar a luta de um contra três adversários, e, se fossem capturados, não podiam ser resgatados mediante
pagamento algum. Não podiam caçar por ser proibido; se permi a a caça do leão.
Comungavam três vezes ao ano e ouviam a missa três vezes por semana. Devia rezar quinze Pais nosso
todas as manhãs. O Cavaleiro em combate nunca podia solicitar clemência e devia estar sempre disposto a
dar a vida pelos seus Irmãos. A Ordem se comportava de quatro classes: os Clérigos, que eram ordenados

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sacerdotes e cuidavam dos serviços religiosos; os Irmãos Leigos, os Escudeiros e os Cavaleiros, que eram os
combatentes da Ordem. A classe dos Cavaleiros era formada exclusivamente por nobres e somente a eles
lhes correspondia o governo da Ins tuição e das Províncias. As regras eram rígidas.
O nobre Cavaleiro que pretendia ingressar em a Ordem devia estar liberado de qualquer voto ou
compromisso, não ter noiva, nem ser casado. Tinha a obrigação de liberar-se de todos os prazeres
mundanos, doava suas riquezas unicamente para conseguir a salvação eterna de
sua alma. Assim, o Cavaleiro que era rico, ao ingressar na Ordem, passava a ser pobre, por não possuir mais
nada. Os Cavaleiros eram pobres, mas a Ordem era rica.

Organização Templária

Havendo nascido na época feudal, a estrutura da Ordem do Templo tem as caracterís cas comuns às das
sociedades desse período. A Ordem era estruturada dentro de uma rígida Hierarquia, mesmo assim, os
dirigentes no exercício de seus poderes não eram totalitários. Tinha eleições para designar aos
mandatários, bem como assembleias para assis -los em suas funções. O Chefe geral era o Mestre do
Templo (Grão Mestre). O era eleito como os outros dirigentes, por isso nha a dignidade de Príncipe entre
os Reis e era designado com o tulo de Vigário Geral do Papa. Os outros altos Dignitários eram: Grão Prior,
Senescal, Marechal, Tesoureiro, Porta Estandarte e o General da Cavalaria ligeira, chamado Turcopelier. O
Senescal subs tui ao Mestre e é seu lugar tenente. O Marechal tem principalmente atribuições militares,
pois todas as armas ficam sobre seu cuidado e seu comando. Outro membro importante das casas
templárias era o roupeiro, cuja função consiste em facilitar aos Cavaleiros e Monges o que eles precisam
para ves r-se e para dormir.
A ves menta dos Cavaleiros do Templo era um manto branco com a Cruz Vermelha, os escudeiros e seus
ajudantes só nham direito ao uso de um manto negro ou marrom. No ano de 1.150, os Templários se
estabeleceram na França, nas cercanias de Paris. Assim, tanto no Oriente como na Europa, os Cavaleiros do
Templo se puseram em defesa dos fracos e desprotegidos e com suas esmolas favoreceram aos pobres e
necessitados. O desenvolvimento material da Ordem cresceu com as numerosas doações recebidas,
tornando-se muito rica. Depois de 35 anos de sua fundação, por toda Europa, os templos, as fortalezas, as
propriedades rurais e as casas da Ordem totalizavam mas de oito mil quinhentas propriedades. Nessa época
já possuíam várias Províncias ou Comendadorias. Na Terra Santa nham as de Jerusalém, Trípoli e An oquia.
No Ocidente, as Províncias, são as de França, Inglaterra, de Provença, de Aragão, de Portugal e de Hungria.
Dirigindo essas Províncias, encontramos Comendadores, Preceptores e Mestres. A principal concentração
de propriedades da Ordem, em Europa, estava em França, onde ela apresentava sua maior importância e
nha em Paris seu centro de administração. Os Templários rapidamente foram mul plicando-se por causa
do rendimento dos Nobres e idealistas Cavaleiros na Ordem, que encontravam nela, sua razão de viver e
uma maneira Santa de morrer. A Ordem também cresceu muito graças ao trabalho de outros membros,
como agricultores, artesãos e mercadores e das mais variadas profissões, que prestavam seus serviços de

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acordo com sua capacitação profissional. Uns administravam as propriedades, outros cul vavam a terra e
cuidavam dos animais e estavam os que comercializavam essa produção agrícola.
Dessa maneira, todos trabalhavam para o engrandecimento e o enriquecimento da Ordem. Em 1.139, O
Papa Inocêncio II determinou que a Ordem dependeria diretamente da Santa Sé, o que lhe granjeou uma
independência de alcance e importância internacional. Como consequência disso, conseguiu um grande
poder, que o fez independente dos Bispos e dos Reis. Suas casas e suas fortalezas, muitas vezes, serviam de
bancos e acabaram estabelecendo um Grão sistema bancário. Foram os responsáveis pela introdução das
letras de mudança, permi ndo a transferência de bens e dinheiro com segurança. Poderíamos afirmar que
foi a primeira ins tuição seguradora conhecida. A seriedade
com que tratavam a administração de seus bens e as finanças, fê-los dignos da confiança de todos, tanto
que a Santa Sé e os principais Soberanos europeus man nham contas correntes com eles. Por emprestar
dinheiro para resgate de prisioneiros e por emprestar dinheiro sob garan a, a Ordem se fez credora dos
Nobres e dos Reis igualmente. Devemos ressaltar que, nessa época, a economia era basicamente primária,
localizada e agrícola. Em contrapar da, os Templários, gerenciando os tesouros dos Nobres e dos Reis,
transformaram-se numa expressiva força econômica que, aliada a seu grande poderio militar, colocava-os
em igualdade aos mais importantes Nobres, Reis e ao Papado dessa época. Os Templários foram os
banqueiros mais importantes e ricos dessa época.

Os Templários e o Companheirismo

"Os Templários deram origem ao Compagnonnage (Companheirismo). Eles nham necessidade, em suas
distantes Comendadorias, de trabalhadores cristãos, e assim, organizavam-se de acordo com sua própria
filosofia e dando-lhes um regulamento chamado "O Santo dever". Esses trabalhadores, que se ves am de
roupas claras e não usavam espadas, construíram, no Oriente Médio, formidáveis cidadelas, adquirindo
verdadeira quan dade de métodos de trabalho. Em Paris, esses cristãos, também viviam dentro do área do
Templo, que durante 500 anos, foi o centro dos trabalhadores iniciados.
Através do Companheirismo, a Ordem dos Templários, e até emblemas muito precisos, os das an gas
companhias de artesãos, mas também podem ser encontrados nas paredes de muitas tumbas de arquitetos
do an go Egito; essas paredes representam verdadeiros manuais de iniciação profissional. No recinto de
obras de uma Catedral, no coração da Idade Média, três homens, lado a lado, talhavam as pedras, quando
se aproxima um curioso que lhes pergunta o que eles faziam.
Cons tuíram-se em ateliês i nerantes de canteiros, de carpinteiros, de pedreiros. Os membros do
Companheirismo são em cima de tudo, homens da tradição e dos trabalhos manuais. Depois de um
milênio, se afirma que sua fundação ocorreu durante a época da construção do templo de Jerusalém, mil
anos antes de Jesus Cristo. Uma lenda, fala de um tal Jacques Moer, construtor de torres da Catedral de
Orleans, quanto a Soubise seria um Benedi no, construtor de Igrejas e amigo de Moer. Em realidade, o
Companheirismo, saiu da lenda para entrar na história, mas precisamente pouco depois do ano 1.000.
Época das Cruzadas (a Primeira cruzada data de 1.096). Foi a par r daí, sem dúvidas, que os Companheiros

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serviram de tropas aos Cruzados.
Eles acompanhavam os guerreiros e edificavam pontes, obras de defesa militar e os Santuários necessários.
Foi nessa oportunidade que esses trabalhadores manuais receberam o Título de Homens do Santo Dever
ou do Santo Dever de Deus, sendo que a palavra dever lhes recordava as prá cas e as técnicas que eles
nham aprendido no exercício de seu trabalho e principalmente, as Regras, os Ritos iniciais que os uniam
em cada um dos o cios agrupados no Companheirismo e que eram, originalmente, os de pedreiros,
canteiros, carpinteiros, moveleiros e serralheiros.
Desde essa época, eles já correspondiam à definição que lhes daria, 800 anos mas tarde, o economista
francês Frédéric: "Uma sociedade formada entre obreiros de um mesmo corpo de estado, sobre o triplo
obje vo da formação profissional, assistência mútua e moralidade". Naturalmente, quando eles voltaram
de suas expedições às legí mas terras orientais, recons tuíram, em França, seus escritórios, encontrando,
então muitas ocasiões para exercer seu o cio, em toda Europa, profundamente impregnada de fervor e de
fé cristã, em numerosas vilas e cidades, Igrejas e Catedrais brotavam da terra, bem como os primeiros
monumentos civis.
A arquitetura romana, em sua fase mais sólida e mais acalma e a extraordinária ascensão das cúpulas
gó cas, um pouco mais tarde, começaram a elevar seus pilares sobre um autên co e formidável
formigueiro de canteiros, com seus talhadores de imagens. Agrupados em seus ateliês volantes, eles eram
estritamente solidários, no ponto que a função de Mestre de obras, era entregado sempre a um deles, com
mais experiência que os demais. Em ocasião das festas de seus Santos devotos (São José para os
carpinteiros, Santa Ana para os moveleiros, Santa Bárbara para os talhadores, a Assunção para os pedreiros
e canteiros, etc.), cada corpo de o cio, reunia a seus membros numa sala secreta do talhe e procediam à
recepção inicial daqueles que nham demonstrado uma melhor destreza de seu o cio, pela execução de
uma obra prima.

ORDEM DO TEMPLO NA EUROPA

Com a queda de São João de Acre, os Templários se re raram para Europa, con nuando a resis r por mais
de doze anos só na Ilha de Ruad. Os úl mos Templários da Terra Santa, par ram dessa ilha em 1.303, não
por terem sidos expulsos pelos infiéis, senão porque a Ordem estava em perigo em Europa.
Esses Templários, ao chegar ao con nente europeu em qualquer Província da Ordem, eram bem recebidos
e abrigados pelos outros Templários. Ainda que se veram que adaptar à vida dos Templários ocidentais,
pois aqui os Cavaleiros combatentes eram uma minoria e nessa época, a função da Ordem não era
combater, senão exercer a vidades agrícolas, lavrando a terra, criando animais e sobretudo, ganhar
dinheiro. Foi di cil para esses guerreiros, ao chegar a Europa, aprenderam a viver em paz. Mas tanto os
Templários de Ocidente como os de Oriente, pelo fato de seguir as mesmas regras da Ordem em todas as
casas que o Templo possuía, eram bem integrados.
Nessa época, os Templários teriam no Ocidente propriedades muito numerosas, sendo que os países mais
importantes do Templo eram França, Inglaterra e Espanha. Na Inglaterra, os Templários ingleses muito

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contribuíram para o desenvolvimento da economia inglesa de maneira global e em especial, para o
engrandecimento de Londres, que desenvolveu um mercado internacional de moedas.
Na Inglaterra feudal, os impostos eram muito altos e se estabeleciam taxas e multas a todas as a vidades e
transações realizadas. Os Templários, em tanto não estavam contentes por pagar essas taxas.
Eles podiam cercar suas terras, para as crianças e animais sem necessidade do habitual pagamento dos
impostos. Tinham o direito de que suas terras não fossem controladas por funcionários reais e também
exerciam o privilégio de serem juízes de si próprios, de seus bens, como de todas as pessoas que habitavam
em seus territórios. Aqui, o dinheiro da Ordem, era oriundo
de rendas, negócios e operações bancárias, sendo que as fontes econômicas mais importantes eram os
negócios e as operações bancárias. Por possuir uma regra comum, e O Estatuto econômico e jurídico da
Ordem era idên co em quase todos os países Europeus.
As propriedades da Ordem eram numerosas e exis am em quase todos os países de Europa.

O TEMPLO EM PORTUGAL

Durante certo tempo, a cidade de Tomar foi a sede da Ordem do Templo em Portugal. O Papa declarou que
a reconquista da Península Ibérica se equiparava em valor religioso ao da reconquista da Terra Santa.
Esse fato mo vou o nome de "Cruzada do Ocidente" o auxílio militar que os Cavaleiros Templários
Europeus e Cavaleiros de outras Ordens Militares dessem aos Estados cristãos dessa Península. Outro
aspecto é que a Península era mais rentável e segura que a Pales na por causa da distância e das facilidades
de comunicação. Gualdim Pais foi um grande e valoroso guerreiro. Consagrado Cavaleiro aos 21 anos, foi
fiel colega do Rei Afonso Henrique, sendo que ele iniciou a edificação do Castelo de Tomar. Em 1.157,
Gualdim Pais sucede ao Mestre português Pedro Arnaldo. Ordens Militares, já citadas anteriormente neste
livro e em especial os Cavaleiros Templários foram valorosos na libertação da Península Ibérica.
Esta foi, em princípio, uma simples con nuação, com um nome diferente daquela do Templo e onde os
numerosos Templários encontraram refúgio. Os Cavaleiros de Cristo, como os do Templo, estavam
obs nados em combater os Mouros. O Chefe da Ordem se encontrava em Castro Marino, posteriormente
se transladou a Tomar. A Ordem foi subme da às regras de São Bento (Benedi nos), e os Cavaleiros, os
direitos e privilégios e demais dispensas que nham beneficiado aos Cavaleiros do Templo. Eles lentamente
se foram desobrigando dos três votos de pobreza, cas dade e obediência. O Papa Alexandre VI permite o
casamento e os Reis de Portugal se acumulam de riquezas. O Rei João I abandona algumas posses e
Colônias da África, não reservando o direito de soberania. Mas a Ordem decide que as novas conquistas
seriam propriedade da Coroa. Em 1.550, o Papa Júlio III uniu o Grão Mestrado da Ordem à Coroa de
Portugal. Os Reis, a par r dessa data, fizeram-se administradores da Ordem. A Rainha Maria, em 1.789,
reorganiza a Ordem com novos Estatutos.

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Nota: Ordem do Templo – D. Dinis Portugal-1319. Depois da abolição da Ordem do Templo, o Rei de
Portugal Denis I, obtém, em 1.319, do Papa João XXII, a autorização para criar a "Milícia de Cristo".
Atualmente ela se fez puramente honorífica.
PERSEGUIÇÃO, DETENÇAO E JULGAMENTO DOS TEMPLÁRIOS.

Felipe IV, apelidado de "O Belo", foi coroado Rei de França aos 17 anos e em 1.303, nha trinta e cinco anos
de idade. Nessa época, havendo sido Rei por mais da metade de sua vida, fez-se um Monarca poderoso e
temido. Felipe, o Belo, reinava sobre França como Senhor absoluta ao início do século XlV.
E nha subme do o orgulho e a prepotência dos Barões e em Aquitânia conseguiu derrotar os Ingleses.
Venceu o Papado, pois por sua influência impôs a eleição do novo Papa Clemente V, e também por seu
desejo é instalado o Papado em Avignon.
Conseguiu que o Papa Bonifácio VIII canonizasse a seu avô, o Rei Luis, que passou a ser chamado São Luis. O
Rei Felipe, o Belo, desejoso de um maior poder absoluto e em razão de seus graves problemas financeiros,
atacou violentamente à Ordem dos Templários. Contando com o total apoio e conivência do Papa
Clemente V para desencadear esse processo, Felipe IV, que se encontrava economicamente endividado
com os Templários, sem condição imediata de pagar suas dívidas, não duvidou em atacá-los.
A Felipe IV nenhuma possibilidade de adquirir riqueza lhe escapava, pois já nha taxado os bens da Igreja e
impiedosamente nha espoliado os Judeus. Decretava
impostos extorsivos; suas a tudes provocavam sérias crises econômicas, que ele mandava aplacar até com
derramamento de Sangue. Na França, só a Ordem dos Templários nha o poder de ousar enfrentá-lo.
Esse poder causava inquietude a Felipe que, aliado a sua imensa cobiça pelas riquezas da Ordem, instaurou
contra ela o mais nefasto processo da história. O processo teve uma duração de sete anos, a ngindo a um
con ngente de mais de quinze mil acusados e desenvolveu em seu curso todo po de vilanias, infâmias e
crueldades inimagináveis contra os membros da Ordem do Templo.
As cerimônias iniciais da Ordem serviram de pretexto para o processo por heresia, em que a Inquisição
acusava aos Templários, de prá cas demoníacas e de fei çaria, da adoração de ídolos e até de sodomia. O
Papa Clemente V ex nguiu a Ordem por meio da Bula Vox in Excelso. Dessa forma Felipe, o Belo, pôde
apoderar-se de suas riquezas.
No dia 13 de Outubro de 1.307, todos os Templários da França foram presos. Só uns poucos conseguiram
fugir, mas a maioria foi capturada. O Papa Clemente V promulgou a Bula Pastoralis Praeminen ae, em 22 de
Novembro de 1.308, que orientava e determinava às autoridades cristãs para deter a todos os Templários
de suas jurisdições, também como controlar as
propriedades templárias em nome do Papa. A Bula foi enviada aos Monarcas de Irlanda, Inglaterra, Cas lha,
Aragão, Portugal, Itália, Alemanha e Chipre. Os Templários foram torturados, compelidos e ameaçados pela

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Inquisição, e as ví mas, para livrar-se dessas cruéis torturas impostas, confessavam o que lhes era
ordenado. Nem o mesmo Jacques de Molay, o úl mo Grão Mestre da Ordem do Templo, escapou desses
suplícios.
Depois de sete anos nas prisões da Inquisição, sobre o comando de Guilherme de Nogaret, foram
executados na fogueira do Santo O cio os dois principais mentores dos Templários: Thiago de Molay ou
Jacques de Molay, Grão Mestre da Ordem e o preceptor de Normandia, Godofredo de Chamay. De Molay
foi executado pelo arbítrio e com o corpo em chamas, voltando os olhos para o Rei, exclamou: "Papa
Clemente, Guilherme de Nogaret e Rei Felipe, antes de um ano vocês vão comparecer ante o Tribunal de
Deus, para receber o justo cas go."
Amaldiçoou-os até sua terceira geração, e em seguida morreu. O Papa morreu de causa ignorada depois de
trinta e seis dias. Nogaret morreu pouco depois, possivelmente por veneno e por úl mo, em novembro de
1.314, morria Felipe IV.
Cumpriu-se assim a maldição. Quatro delatores, que desde o início do processo par ciparam dessa farsa,
também foram mortos, enforcados ou apunhalados. Vários foram os fatores que contribuíram para a queda
da Ordem do Templo: a impopularidade dos Templários, a situação de graves penúrias do tesouro francês e
também a nega va do Grão Mestre Jacques de Molay em aderir à união das Ordenes Militares. Um fator
importante e que, nessa época, o conceito de Cavaleiros-monges cruzados se tornou retrógrado ou talvez
obsoleto. Em tanto, no processo nunca foi encontrado uma prova concreta de heresia, e a Ordem do
Templo jamais foi condenada.
Ela con nua hoje viva e atuando em todas as partes do mundo.

Viva o Templo!

Bibliografia

Fotos - internet – Google

Templários Sua Origem Mís ca- David Caparelli / Pier Campadello - Edit. Madras, 2002.

Leroy Thierry, Hugues de Payns, Chevalier Champenois, Fondateur de L'ordre dês Templiers, 2e édi on,
Maison du Boulanger, 2001.
Leroy Thierry P.F., Hugues de Payns, la naissance des Templiers, Thebookedi on, mars 2011.b.

Los Templários –David Caparelli – Osvaldo Bergues y Alejandro Roman M. Edicion Paraguay - 2013

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