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AS CRUZADAS
As cruzadas foram um movimento que durou dois séculos, que oficialmente buscava
recuperar os Lugares Santos das mãos dos “Infiéis” muçulmanos e defende e proteger
os cristãos do Oriente. Esta chamada à luta foi realizada pelo Papa Urbano II no
Concílio de Clermont Ferrand (1095) e tiveram lugar entre os séculos XI e XIII.
Especificamente se pode determinar que como data de início a tomada da cidade
Jerusalém (1071) que se encontrava sob o domínio do Califado Fatimi do Egito. O fim
das Cruzadas ocorre com a tomada da cidade de Acre (1291) pela forças islâmicas.
Desde os tempos primitivos da igreja cristã, seus fiéis visitaram seus santuários na
Palestina. Ao ocorrer a conquista desta pelos árabes (637), o Califa Omar permitiu que
os cristãos continuassem com suas práticas, sem dificultar em nenhum sentido a
devoção dos peregrinos, satisfazendo-se só com a imposição do tributo (Yiziah) para
as pessoas do Livro (Ahlul Al Kitab) que moravam no território islâmico.
Deve-se ressaltar a tradição islâmica na qual se relata que o califa Omar, sucessor de
Maomé, entrou em Jerusalém montado junto com um companheiro em um só cavalo,
questão que nos relatos se descreve como uma situação que se tornou confusa para
os cidadãos da Cidade Santa, já que não sabiam a quem render homenagens. Esse
fato explica o significado do sêlo templário de dois cavaleiros em um só cavalo.
Um dos motivos principais para o surgimento das Cruzadas foram as lutas internas
entre os reis europeus e as disputas religiosas. No fim, essas guerras foram
inevitáveis, já que ante às desordens e desvios da Igreja Católica Romana, o monje
dominicano Martin Lutero, escreve – no ano de 1517 – suas “Noventa e cinco Teses”,
nas quais expõe os erros da igreja medieval em relação à Fé cristã. Assim se iniciam
as modernas guerras religiosas no seio do Cristianismo – entre católicos e
protestantes -, que durariam séculos e ensangüentariam toda a Europa.
A primeira Cruzada (1095-1099) foi capitaneada por Pedro o Ermitão; o núcleo central
dessa cruzada foi outorgado a Godofredo de Bouillón.
Pedro o Ermitão, oriundo de Amiens, foi o primeiro a predicar a favor das Cruzadas
dentro dos escalões mais baixos. Antes de ser um personagem religioso havia sido
soldado, diferente dos recrutados que eram principalmente camponeses sem instrução
militar.
Essa vitória foi possível graças às disputas internas do mundo islâmico. Da parte dos
Seljúcidas estavam divididos entre Irã, Alepo e Damasco após a morte do Sultão Malik
(1092) e do Califado Fatimi do Cairo. Quando o islã se uniu é digno de nota ver o
retrocesso dos cruzados graças às figuras como Salah Ul Din (Saladino) e o Sultão
Baibars.
A segunda cruzada foi predicada por Bernardo de Claraval e dirigida militarmente por
Felipe IV da França e Conrado III, imperador da Alemanha.
A terceira cruzada foi dirigida por três reis: Ricardo Coração de Leão, rei da Inglaterra,
Felipe Augusto, rei da França e Frederico I Barba Ruiva, imperador da Alemanha.
A Cruzada contra os Cátaros (Puros) foi entre 1208 e 1224 no sul da França. Os
Cátaros ou Albigenses eram originários do condado de Tolouse com influência em
Provence e no Languedoc. Eram considerados pela Igreja Católica Romana como
hereges, já que eram gnósticos e maniqueístas, crenças que afirmam a existência de
um Deus do bem (pregado por Jesus Cristo no novo testamento) que dominava o
plano espiritual, e outro do Mal ((Yavé do antigo testamento) que exercia seu poder no
plano material e era representado pela Igreja Católica da época, que devia ser
derrubada.
Por sua vez, criam na reencarnação que dependeria do estado espiritual da pessoa,
portanto podia-se voltar como ser humano ou animal dependendo do estado evolutivo.
Para voltarem como humanos tinham que se desprender de todos os bens materiais e
levar uma vida casta, ascética e pura. Dividiam-se em dois graus: os simples crentes e
os denominados “Perfeitos” que tinham passado pelo rito do batismo do Espírito Santo
(Consolamentum).
O Papa Inocêncio III designou Simón de Monfort para realizar a cruzada contra os
albigenses, que foram aniquilados em suas fortalezas em Narbona, Montségur e
Béziers em 1244 pela recém criada Inquisição.
A sétima e oitava cruzadas foram organizadas e dirigidas por Luis, rei da França, que
chegou até Chipre e depois desceu para o Egito, onde foi feito prisioneiro. Ao ser
liberado, organizou a oitava e última que dirigiu em Tunis, onde morreu devido à peste.
“O que os Árabes tinham feito não foi só ressuscitar a antiga ciência grega, tinham
criado um mundo científico próprio inteiramente novo, desenvolvendo meios de
investigação e filosofia até então desconhecidos. Tudo isso foi transmitido ao mundo
ocidental por diversos canais; e não foi exagerado dizer que a era científica moderna
em que vivemos atualmente não se iniciou nas cidades da Europa cristã, antes nos
centros da Cultura Islâmica de Damasco, Baghdad, Cairo, Córdoba, Nishapur e
Samarcanda”.
Na época das Cruzadas o mundo islâmico teve que enfrentar tanto os cruzados
europeus como os bizantinos e mongóis. Os turcos Seljúcidas dominaram desde 1038
até 1194. Sua estrutura era do tipo persa e com uma forma de governo militarizada
com soldados de todas as regiões da Ásia Menor.
O Templo foi acusado em várias ocasiões por outras ordens cristãs devido sua relação
com os muçulmanos, que tinha como origem a admiração e respeito ante um
excelente adversário. Isso também foi possível porque os templários falavam o árabe
como língua habitual e conheciam perfeitamente as crenças deles.
O chefe dos Turcopoles era chamado Turcoplier e tinha como característica particular
reportar-se diretamente ao Grão-Mestre do Templo ou ao Marechal na Batalha. Esse
não é um dado menor porque demonstra que dentro de uma estrutura piramidal como
a Ordem do Templo, os turcopoles tinham privilégios ao poder se dirigir diretamente à
autoridade máxima, que por sua vez era a única que podia lhes dar ordens e puní-los.
Cabe supor também que participavam da Ordem Interna os sábios judeus da Kabalah
e dessa forma estariam juntos os três credos monoteístas que derivam do mesmo pai
em comum: Abraão.
Ao chegada Terra Santa a célula inicial que formaria os Pobres Cavaleiros de Cristo
se deu conta da inutilidade da Cruzada, já que o Islam e o Cristianismo tinham os
mesmos valores. Por isso é que os onze irmãos templários iniciais estiveram nove
anos vivendo na Terra Santa , sem entrar em combate.
Faz séculos que existe a crença de que a missão dos Templários era proteger a
linhagem de Cristo. Fala-se sobre o sangue do Homem, de Jesus, levado por Maria
Madalena em seu ventre em seu périplo de exílio, após a aparente crucifixão, que
termina no que hoje é a França. De dita estirpe provêem os Reis Merovíngios,
descendentes do Rei David, como o foi Jesus por parte de pai e mãe. Desses reis
descendem as casas européias reais de Lorena, Augsburgo e Borbón.
Quando se deram as lutas civis européias, nos séculos XVIII e XIX , houve uma série
de assassinatos de príncipes portadores dessa estirpe. Alguns descendentes
conseguiram emigrar para salvar seus filhos.
Entre os reis que foram educados por tutores Templários, se encontra Federico II
Hohenstaufen (1194-1250). Esse imperador alemão foi monarca do Sacro Império
Romano-Germânico, Alemanha, Sicília e Jerusalém. Filho de Henrique VI e da
imperatriz Constanza, com a morte de seu pai quando tinha três anos, sua mãe o leva
para viver no reino da Sicília, uma vez que ela era herdeira do reino normando, onde
morre a imperatriz um ano depois.
Devido à sua educação liberal e tolerante em Palermo, onde havia uma mistura entre
a cultura árabe e bizantina, diferente da dos reis do norte da Europa que deviam
seguir um estrito ensinamento católico, foi alternativamente inimigo do Papado e
defensor da Cristandade, questão essa que lhe custou ser excomungado duas vezes.
Embora tenha organizado a sexta Cruzada, foi ele que entregou por meio de um
acordo a cidade de Jerusalém ao Sultão do Egito Malik Al Qamil. Falava o latim, grego
e árabe com perfeição tendo dificuldades com o francês e o alemão, e
simultaneamente usava roupa islâmica em sua Corte real onde havia sábios de todas
as crenças, enquanto que sua guarda pessoal era formada em sua totalidade por
muçulmanos.
Os Cátaros não criam na divindade de Cristo, antes pelo contrário, que era um Profeta
elevado (à semelhança do Islam) que tinha vindo ao mundo para ensinar um caminho
espiritual de pureza. A Cruz era um objeto que rechaçavam por considerar que Jesus
não havia morrido dessa forma. Faziam que seus discípulos negassem a Cruz e com
ela o símbolo de Cristo, para adotar e seguir a figura de Jesus. Outra coincidência com
o Islam e o evangelho apócrifo de São Barnabé.
Alguns autores discordam desse critério, porque consideravam o islã clássico ou Suni,
que não aceita o culto dos ídolos (Shirk). A isso se deve que fiquem óbvios o fato de
que os Hassasin eram muçulmanos „Sui Generis‟ da mesma forma que os Cátaros e
Templários o são no Cristianismo.
Entre as causas que fundamentaram o rei Felipe o Belo e o Papa Clemente V para o
extermínio do Templo, estava a que reconhecia que os Templários tinham uma regra
secreta que era reservada para as mais altas autoridades e que diferia profundamente
da regra que havia estabelecido o Papado.
“Na Terra Santa os templários não só encontram o infiel contra o qual combater, senão
um marco adequado para entrar em contato com as doutrinas e filosofias próprias das
civilizações da Ásia Menor e do Oriente. Assim ocorre, na verdade, segundo muitos
autores, que atribuem aos templários do Templo um conhecimento e uma irmandade
deliberada com sufis e mais tarde cabalistas e inclusive com „ashashins‟. Essa teoria,
que se baseia num sincretismo entre as religiões monoteístas fundamentais e suas
respectivas tradições esotéricas – no que coincidem no fundo – faz suspeitar a muitos,
que os acusam de haverem-se contaminado, de seguir condutas permissivas com a
religião dos infiéis, precisamente com tudo o que foram chamados a erradicar”.
Com base nos relatos de Esquiu de Floryan e de Otto de Blasien, o ministro real
Guillermo Nogaret, trama a detenção dos cavaleiros Templários da França.
O último Grande Mestre do Templo é queimado vivo junto com outros cavaleiros na
presença do rei e do Papa. Antes de morrer grita ao rei Felipe que ele e seu vassalo (o
Papa Clemente) estariam juntos a Molay antes do transcurso de um ano na presença
do Tribunal Divino. Essa maldição se cumpre em menos de um ano a partir da morte
do último Grão Mestre e morre Felipe IV, o Belo, e o Papa Clemente V.
Fato cheio de significados é que a família real de Luiz XVI é confinada na Torre do
Templo em Paris, a partir de onde é transportado para ser guilhotinado. Quando se
cumpre a sentença os relatos nos contam que um mestre construtor, maçon em
francês, saiu da multidão, tomou em suas mãos o sangue de Luiz XVI e dirigindo-se
ao povo disse: “Jacques de Molay foi vingado”.
Para finalizar a real missão do Templo, pode-se concluir com Martin Walter:
“Quais foram os objetivos daquela Ordem..? Evidentemente foram mais além de seu
papel de monjes-soldados, e o fizeram precisamente porque não desejavam tornar
público as diferenças de credo e concepções filosóficas nos campos de batalha,
embora fossem excelentes guerreiros. O contato com outras culturas, talvez mais
estreitamente do que se crê geralmente, os fez reparar que existem mais coisas que
unem os homens do que os separam... Quixotes de Cristo pelo desmesurado de seus
sonhos, perseguiram o impossível como fim último de suas atividades, a revitalização
do conceito de Império: um Ocidente e um Oriente Islâmico, integrados por uma
federação de Estados autônomos, sob a direção de dois chefes supremos, um dos
assuntos políticos e outro para os espirituais”...”O Templo defendeu a reconciliação
das grandes religiões (talvez buscava alcançar uma espécie de sincretismo?)
advogando pela criação de um duplo Conselho de Estado e de Igreja (de diversas
confissões). E eles seriam os garantidores do processo, pelo menos em sua fase de
transição, opondo-se aos abusos dos poderes políticos e econômicos”... “O que o rei
(Felipe IV da França) e um Papa (Clemente V) se esforçaram para enterrar sob as
cinzas das fogueiras – chega a afirmar o investigador e esoterista Saint Yves – era a
possibilidade de uma revolução política e o plano, todavia latente, de uma reforma
religiosa e social”.
CONCLUSÕES
A união fraternal entre Cristianismo (Cruz Solar) e Islam (Crescente Lunar), ou seja um
Crislam que unirá as duas Tradições monoteístas mais fortes da terra. De outra parte,
nos encontramos com outro fim em comum entre os Hassasin e os Templários, o de
defender as linhagens sagradas para que possam governar tanto o Oriente como o
Ocidente permitindo que o mundo seja uma grande fraternidade.