Você está na página 1de 14

A UN TER ORB SUM ARCH GL

Subl Cap Rosa-Cruz “ESTRELA DE BRASÍLIA”


Vale de Brasília-DF
Fundado em 29 de novembro de 1962
Av. W5 Sul - SGAS 913 - Conjunto H - 70390-130 - Brasília-DF

As Virtudes Morais do Grau 17

Giuliano Costa de Oliveira


[ARLS Oscar Schindler - Nº 4362]
IME 090.822
CIM 289.779
(61) 98119-0434
capgiuliano@gmail.com

Trabalho/Questionário destinado ao Grau 18

Maio de 2020
1

“As Virtudes Morais do Grau 17”

INTRODUÇÃO
A liturgia do Grau 17º tem como objetivo primordial difundir o direito do ser
humano de se reunir sem opressão ou retaliação. Entende-se que para o
desenvolvimento da inteligência do homem necessita que eles se associem para
adquirirem o hábito de pensar, pois sem esse compartilhamento de ideias a sabedoria
do povo torna-se inexpressiva, e com isso refém da tirania e da ignorância.
Pela educação de cada pessoa, o povo unido aprenderá a julgar e dará seu voto
para aumentar a soma da inteligência cultural, que engrandece as nações.
Assim, também, aquele que se habitua a pensar com prudência sobre o lado
favorável e o lado adverso das coisas, distinguirá as necessidades políticas que
o afligem.1

Observa-se na cerimônia de elevação ao Grau a importância da Lei


Fundamental da Liberdade para a proclamação do Direito de Reunião. É com essa
liberdade para poder discutir e trocar ideias, adquirindo e transmitindo conhecimentos,
instruindo uns aos outros, que os povos conseguirão a garantia de sua evolução e
progresso, e consequentemente de sua soberania.
Na ritualística do Grau o elevado recebe o título de Cavaleiro do Oriente e do
Ocidente. Essa denominação provém do fato de ter sido criado no Oriente, mais
precisamente na Palestina, e posteriormente levado para a Europa. Ou seja, os
Cavaleiros saíram do Ocidente e foram estabelecer um reino Cristão no Oriente com
capital em Jerusalém. Simbolicamente representa a junção dos povos, e que juntos é
possível encontrar soluções para os diversos conflitos existentes entre as nações.
Este Grau é considerado por alguns pesquisadores como um “Grau Bíblico”
devido às suas origens vinculadas aos trabalhos esotéricos dos essênios. Não obstante,
o seu simbolismo se refere aos essênios devidos às suas tradições gnósticas e
herméticas.
Os ESSÊNIOS foram a Seita Eclética de Filósofos, e mantinham PLATÃO na
mais alta estima; eles acreditavam que a verdadeira filosofia, a da maior e mais
salutar dádiva de Deus aos mortais, estava espalhada, em várias partes, através
de todas as diferentes Seitas; e que era, consequentemente, o dever de todo
homem sábio reuni-la a partir dos vários locais onde se estava dispersa, e
empregá-la, assim reunida, na destruição do domínio da impiedade e do vício. 2

1 RITUAL DO GRAU 17º, 2017, p. 33;


2 PIKE, 2011, p. 41;
2

O Grau também é essencialmente templário, assim como sua própria


denominação o identifica, pois eles foram efetivamente os cavaleiros que saíram do
Ocidente para estabelecer um reino cristão no Oriente. Ele foi criado para homenagear
os cavaleiros que participaram das Cruzadas libertadoras de Jerusalém.
A lenda do Grau, conforme apresentada no Ritual, faz referência a tomada de
Jerusalém pelos romanos, onde alguns judeus fugiram para o deserto à procura de um
lugar que o respeito aos direitos do homem fosse garantido, dando assim origem aos
essênios. Diz também a lenda, que o Grau foi instituído para honrar os Cavaleiros que
participaram das Cruzadas libertadoras da Cidade Santa, Jerusalém. As Cruzadas
tinham como objetivo primordial libertar Jerusalém e o Santo Sepulcro dos infiéis, essa
luta era chamada de Cruzada à Terra Santa, tendo destaque nas batalhas a Cavalaria.
A mensagem deste Grau está na exaltação aos valores morais, cuja tônica é
combater a escravidão do pensamento, bem como lutar pela liberdade e progresso, a
fim de se conseguir a paz e a fraternidade entre os povos. Isso somente poderá ser
possível garantindo o direito de reunião e de instruir o homem.
O rumo da educação humana está alicerçado em suas qualidades e virtudes.
Procedimentos morais que fazem o homem merecer tais qualidades são a consciência
dele quanto às virtudes, a certeza que precisa agir com boa-fé para achar a verdade e
defendê-la, e ser perseverante na fidelidade para honrar os compromissos assumidos
nas relações entre os homens e entre os povos.
É evidente que com esses valores, acrescidos dos princípios inerentes às
manifestações de comportamento, pode-se deduzir pelo raciocínio que a boa-fé
e a fidelidade são guias mais sensatas para o caminho daqueles que as fazem
valer, conferindo-lhe, com efeito, o merecido tributo de ser um indivíduo dotado
de um intelecto glorioso, uma alma nobre, um ente refinado e um ser moral
perfeitamente equilibrado. 3

Nessa linha de raciocínio a interpretação filosófica e moral do Grau destaca a


importância do direito de associação para se alcançar o progresso e a soberania,
despertando os sentimentos de dignidade e fraternidade através do desenvolvimento da
inteligência advindo do pleno exercício da liberdade de reunião.

DESENVOLVIMENTO
Inicialmente vale ressaltar a história do Grau, onde o Ritual descreve que o
Grau 17º foi criado para enaltecer os Cavaleiros que participaram das Cruzadas
libertadoras da Cidade Santa. Essas Cruzadas ocorreram visando a libertação de

3 FACHIN, 2016, p. 122;


3

Jerusalém e do Santo Sepulcro. O objetivo claro das Cruzadas, além de libertar


Jerusalém dos romanos, era o de combater os infiéis instalados na Europa e fora dela.
Segundo Jorge Buarque Lira, no seu livro “ A Maçonaria e o Cristianismo”,
presume-se que este Grau tenha sido instruído para honrar os Cavaleiros que
participaram das Cruzadas libertadoras da Terra Santa, entre os séculos XI e
XIII de nossa era, especialmente aqueles que tomaram parte na Primeira
Cruzada irregular, a de Pedro, o Eremita. 4

O Ritual traz ainda que o Grau surgiu em 1118 após a Primeira Cruzada
quando a partir daí foi fundada a Ordem dos Templários ou Ordem do Templo de
Jerusalém, onde os primeiros Cavaleiros reuniram-se em número de onze e, segundo a
tradição, juraram na presença do Príncipe de Jerusalém, Garimont, manterem-se unidos
pela amizade fraterna e guardar os segredos quanto aos seus propósitos.
O episodio inicial do grau 17 aconteceu no momento em que onze Cavaleiros
consagrados, à fé, decididos a promover o ideal da compreensão entre povos,
através da educação e da fraternidade, uniram-se diante do Patriarca e Príncipe
de Jerusalém para selar um pacto, mediante o qual prestaram o voto de guardar
segredo, discrição, tolerância e perseverança, quanto a seus objetivos
altruísticos.5

Segundo consta também no Ritual, alguns pesquisadores e estudiosos


defendem que o Grau 17º teve sua origem na ordem dos essênios, fazendo, portanto,
parte da história do Grau. Os essênios eram um povo com especialidade na cura, nos
estudos da alma e contrários à fabricação de armas. Sua Ordem foi constituída pelos
israelitas que fugiram para o deserto após a tomada de Jerusalém pelos romanos.
Dessa forma o “Grau é considerado apocalíptico e na sua transmissão alude
o Apocalipse de São João ou ao Livro da Revelação, sendo o primeiro Grau Filosófico
que remonta ao Novo Testamento. O Grau também é conhecido como Cavaleiro do
Oriente ou do Apocalipse”.6
Segundo Rizzardo da Camino, o Grau 17º também é considerado bíblico,
suspeitando-se que sua origem provém dos Essênios. Este Grau ensina que,
após a tomada de Jerusalém pelos romanos (em 70 d.C.) os israelitas deixaram
a Palestina, a Judeia em particular, e se dispersaram por todo o mundo,
movimento chamado “diáspora”; alguns, porém, foram para os desertos, onde
constituíram a Ordem dos Essênios. 7

A finalidade do Grau é dispor que o título de Cavaleiro do Oriente e do


Ocidente tem como significado a lembrança da fusão cultural e de ideias entre as várias
nações. Simbolicamente representa a união dos povos e que juntos é possível encontrar
soluções para os diversos conflitos existentes entre as nações.

4 FILHO, 2016, p. 177;


5 RITUAL DO GRAU 17º, 2017, p. 5;
6 JUNIOR, http://www.revistaartereal.com.br/wp-content/uploads/2014/02/UMA-VIS%C3%83O-GLOBAL-

DOS-33-GRAUS-DO-REAA-Walter-Pacheco-Jr..pdf. - Acesso em 06.03.2020;


7 FILHO, 2016, p. 180;
4

Assim se explica essa ligação do Grau aos essênios, em especial ao território


da Palestina na qual o Grau germinou baseado na cultura de uma comunidade hebraica,
com hábitos e comportamentos próprios de monges. Essa alusão aos essênios é uma
importante fonte de influência na Maçonaria, principalmente nos Graus Capitulares, onde
os ensinamentos doutrinários e filosóficos são voltados para a formação do homem
virtuoso capaz de pensar e de agir como todo homem livre, cumprir com seus direitos e
deveres, promover uma sociedade justa, perfeita e harmônica, bem como de garantir à
obediência à valorização e preservação das tradições existentes em cada nação,
contribuindo dessa forma para a melhoria da humanidade.
Ante as evidências apontadas, infere-se que a doutrina e a filosofia que provêm
das disposições do Grau dos Cavaleiros do Oriente e do Ocidente, ministram a
mais perfeita representação do inegável ato da verdadeira fraternidade para uma
convivência harmônica e pacífica em sociedade.
O Maçom tem o dever de aumentar as dimensões da referida fraternidade, o
que, por isso mesmo, estará contribuindo para a melhoria da humanidade.8

Destarte, a liturgia de iniciação do Grau apresenta, além da história que


originou o título de Cavaleiro do Oriente e do Ocidente e sua importância nas batalhas
para combater as perseguições e escravizações dos povos oprimidos, seus significados
filosóficos e morais. Simbolicamente a sua interpretação é voltada para a ocorrência da
fraternidade entre os povos e que é necessário preservar a liberdade de reunião.
No Ritual do Grau ressalta-se que o seu escopo é garantir o direito de reunião,
pois este é o fator principal para a conquista do progresso e da soberania dos povos.
Demonstra também a importância desse direito de associação que efetivamente, pelo
compartilhamento de ideias, desenvolve-se a inteligência e consegue-se conhecer os
verdadeiros interesses do povo.
Os Cavaleiros do Oriente e do Ocidente são responsáveis em garantir tal
direito e salvar as nações da tirania e da ignorância que usurpam o aperfeiçoamento da
humanidade, e buscar para todos os povos, seja do Oriente ou do Ocidente, a
propagação da liberdade e do progresso. Nesse sentido, o Muito Poderoso destaca na
liturgia que “para nós, não há nacionais nem estrangeiros, porquanto aspiramos a que o
Oriente e o Ocidente se entrelacem numa única família de irmãos”.9
Para o povo alcançar sua soberania plena é preciso que, cada um dos que
integram essa convivência, tenham consciência de seus deveres e direitos para não
servirem de escravos dos ambiciosos e mentirosos. Para isso se faz necessário reunir-
se para educar uns aos outros, pois com o conhecimento agregado a Inteligência cultural

8 FACHIN, 2016, p. 136;


9 RITUAL DO GRAU 17º, 2017, p.30;
5

de cada povo haverá a evolução e o progresso das nações. Daí a importância da Lei
Fundamental da Liberdade que proclama o Direito da Reunião.
Trata-se do direito do ser humano de se reunir tranquilamente, sem armas, nem
aparatos de guerra, sob o escopo de instruir uns aos outros, servir nas
necessidades, ajudar-se nos empreendimentos, debater seus interesses e
pleitear junto às autoridades, sem excessos de nenhuma espécie, sem perturbar
a ordem e sem ofender os bons costumes.10

A Lei Fundamental da Liberdade é destacada no Ritual do Grau como sendo


o triunfo da fraternidade entre os homens que exige a associação entre eles. O direito
em reunir-se é essencial para os povos alcançarem o desenvolvimento através da
educação e da liberdade de pensamento. O Ritual destaca que “quando o Direito
Fundamental se estabelece como Lei Fundamental, o caráter do povo sobre a face da
Terra muda em suas gerações”.11 O exercício pleno desse direito se manifesta na
soberania do povo, e é na consciência de seus deveres e direitos que se combate os
opressores e exploradores.
Outro ponto importante enfatizado na liturgia do Grau é que os Maçons
elevados são provenientes do estágio de Príncipes de Jerusalém e são recebidos na
Câmara do Grau, denominada Grande Conselho, na condição de peregrinos que
percorreram o mundo na busca por um lugar que respeitem os direitos humanos. Em
decorrência dessas andanças, marcadas pela superação e resistência, algumas virtudes
e valores foram adquiridas visando o crescimento intelectual, moral e espiritual, sendo
destacado no Ritual a beleza, divindade, sabedoria, poder, honra, glória, força, amizade,
união, resignação, discrição, fidelidade, prudência e temperança. Os quais devem ser
seguidos e praticados por todos os Maçons espalhados no Oriente e Ocidente em prol
da educação humana.
O Ritual evidencia as virtudes da boa-fé e da fidelidade, acrescidos dos
princípios relativos às manifestações de comportamentos, como os guias mais sensatos
para que um Maçom alcance o caminho da inteligência, da verdade e da
responsabilidade. O procedimento moral que faz o Maçom obter tais qualidades é a
consciência dele quanto aos valores e conceitos que o leva a certeza de que precisa agir
com boa-fé para achar, proclamar e defender a verdade, bem como perseverar na
fidelidade para honrar os compromissos assumidos na relação entre os homens e entre
as nações.
A boa-fé e a fidelidade são as virtudes que farão merecer o nome glorioso de
maçons do Oriente e do Ocidente. Boa-fé para achar a Verdade, boa-fé para

10 RITUAL DO GRAU 17º, 2017, pp. 32-33;


11 RITUAL DO GRAU 17º, 2017, p. 39
6

proclamá-la, e boa-fé para defendê-la. Fidelidade para honrar os compromissos


assumidos, de homens para homens, de nação para nação. 12

O Maçom do Oriente e do Ocidente carrega consigo essas virtudes para


garantir os direitos e deveres dos homens com vistas a proporcionar a liberdade e o
progresso dos povos. E assim sustenta-se que onde há boa fé se conhece a verdade, e
que sem fidelidade não há honra, e daí passa a imperar a mediocridade, a ignorância e
a tirania, que escravizam as nações.
Aliado às qualidades imprescindíveis ao Maçom no combate a tirania e a
ignorância, há a necessita em fomentar a educação do povo para se proporcionar e
garantir o direito de reunião, pois só assim os povos poderão compartilhar seus
conhecimentos culturais, religiosos, sociais e políticos, despertando a vontade de
evolução entre as nações, bem como o sentimento de dignidade e de fraternidade entre
os homens. Nesse sentido o autor Bacelar colabora em sua obra reforçando a
necessidade de estudar as diversas religiões e combater a discriminação entre os povos.
O Maçom deve estudar as diversas religiões e o costume dos diferentes povos -
para evitar a discriminação sectária, e para que possa respeitar e defender, como
dogma, a liberdade de cada pessoa adotar a religião que mais lhe convenha, ou
mesmo de adotar nenhuma religião... mas de que ele, o Maçom, terá de -
conscientemente - crer em Deus e na sobrevivência do seu espírito... para que
possa realmente cultivar a amizade, a união, a submissão, a discrição, a
prudência, a fidelidade, a temperança... atributos indispensáveis aos Obreiros. 13

O Ritual do Grau apresenta que as virtudes exteriorizadas pelo homem, boa-


fé e fidelidade, unidas a prática da associação, proclamada pela Lei Fundamental da
Liberdade, fazem com que os direitos e deveres estabelecidos para garantir o
desenvolvimento da humanidade sejam assegurados. Na liturgia é contextualizado que
“a educação, que o Direito de Reunião assegura, permite que se demonstre ao mundo a
unidade de Deus e as sublimes leis da Igualdade, da Liberdade e da Fraternidade na
linhagem humana”.14
Seguindo esse raciocínio, a ritualística ensina ao Maçom elevado a
importância de se educar através dos estudos visando o aperfeiçoamento de suas
virtudes. Além do ensinamento apresentado na liturgia do Grau, é de bom alvitre o
Maçom dedicar o seu tempo de estudo também aos relatos bíblicos intrínsecos no Ritual,
não só para análise dos fatos descritos no Livro das Leis Sagradas, como também, para
aprender sobre a natureza e princípios do dever e do direito, que podem levar a efeito

12 RITUAL DO GRAU 17º, 2017, p. 39;


13 BACELAR, 1995, p. 99;
14 RITUAL DO GRAU 17º, 2017, p. 44;
7

boas ações para combater as perseguições aos que propagam a liberdade e o progresso
da humanidade.
Destarte, é essencial enfatizar a respeito do fundamento bíblico constante na
ritualística. É claro o caráter apocalíptico do Grau, que se baseia nos primeiros capítulos
do Livro da Revelação ou Apocalipse de São João. Este é o primeiro Grau do Rito
Escocês Antigo e Aceito que se retrata ao Novo Testamento, e em sentido teológico,
revelação ou apocalipse, representa a comunicação da verdade que Deus faz ao homem
por meio de Jesus e seu Espírito Santo.
Apocalipse significa descobrir uma verdade oculta. Seu tema principal é a luta
entre os poderes divinos e satânicos, ou seja, o conflito moral e espiritual entre os povos
da época. E neste Grau, estão simbolizados pela grande disputa entre o bem e o mal
demonstrado nas batalhas travadas pelos essênios, o que trouxe para a liturgia os
misteriosos ensinamentos morais e espirituais.
Para o autor Anatalino, o Livro do Apocalipse trata-se de uma obra escrita por
alguém com vasto conhecimento na cultura dos essênios, estudiosos da doutrina
gnóstica e da cabala. Sua concepção é acerca do “Cordeiro de Deus que tira o pecado
do mundo”15, uma alegoria que já havia sido desenvolvida pelos essênios. O Livro do
Apocalipse possui um caráter misterioso, com um estilo velado em símbolos e alegorias,
assim como é praticado a Maçonaria.
O apocalipse é um livro que relata as visões tidas por um cristão asceta,
presumivelmente preso político, confinado na Ilha de Pátmos. Escrito à maneira
dos essênios, intercalando letras e número, seu autor faz severas críticas à
sociedade e às autoridades romanas da época. O objetivo do livro é provar a
superioridade do Cristianismo sobre as demais religiões existentes no Império
Romano e mostrar que Jesus Cristo era, realmente, o Filho de Deus. 16

O livro reporta uma época de violentas perseguições contra os cristãos. Todo


simbolismo do Apocalipse é uma maneira velada de criticar as autoridades romanas,
responsáveis por centenas de barbáries. Uma delas, antes do Apocalipse ser escrito, foi
a invasão e a destruição quase total de Jerusalém, levando os judeus a fugirem se
espalhando por diversos territórios romanos. Daí originou-se os essênios e por
conseguinte a fundação da Ordem dos Templários e a criação do Grau 17º com o título
de Cavaleiros do Oriente e do Ocidente.
No Ritual o Apocalipse é referenciado no início dos trabalhos, onde o Livro da
Lei é aberto no capítulo 5, versículos 11 e 12. O texto trata do Filho de Deus, Jesus
Cristo, o Cordeiro que veio ao mundo para salvar o povo humilhado das perseguições e

15 João (1:29);
16 ANATALINO, 2007, p. 301;
8

injustiças dos tiranos. E é através das palavras do Cordeiro que os homens virtuosos
conseguirão alcançar a liberdade, verdade e justiça, assim como é ensinado na
ritualística do Grau.
11.E olhei, e ouvi a voz de muitos anjos ao redor do trono, e dos animais, e dos
anciãos; e era o número deles milhões de milhões, e milhares de milhares,
12.Que com grande voz diziam: Digno é o Cordeiro, que foi morto, de receber o
poder, e riquezas, e sabedoria, e força, e honra, e glória, e ações de graças. 17

Vale destacar ainda, que os Sinais e Toques do Grau se referem à doutrina


da liberdade de associação e as palavras Sagradas e de Passe são apocalípticas. A
Palavra Sagrada (ABADDON) significa lugar de destruição e a Palavra de Passe
(ZABULON) significa a morada de Deus. Corrobora Gomes em sua obra descrevendo
que a Palavra Sagrada do Grau “é o nome do anjo do abismo, o anjo regente dos
gafanhotos que atormentariam os homens por cinco meses no fim dos tempos”18. A
Palavra de Passe é uma “palavra hebraica que quer dizer habitação, o Céu, a morada
de Deus”19.

CONCLUSÃO
De tudo exposto, observa-se que as informações litúrgicas, bíblicas e
bibliográficas evidenciam na mensagem do Grau a responsabilidade dos Maçons
Cavaleiros do Oriente e do Ocidente em garantir o compartilhamento de ideias entre os
povos visando o progresso cultural mútuo, e nesse sentido considerar a educação como
instrumento fundamental para assegurar o direito de reunião, e por conseguinte a
liberdade de pensamento, o progresso e a independência das nações.
A liturgia do Grau ensina ao Maçom as virtudes morais de boa-fé e fidelidade,
e que sem a prática dessas não fará jus ao título do Grau. Virtudes que levam ao Maçom
a defender a verdade e honrar os compromissos existentes de homens para homens, e
de nação para nação, com vistas a difundir a igualdade entre os povos, os direitos e
deveres da humanidade.
Percebe-se também na ritualística que a Maçonaria tem um papel relevante
na educação dessas nações. Ela deve trabalhar para assegurar ao indivíduo ou
agrupamento humano a igualdade de direitos e obrigações e, consequentemente, sob o
preceito litúrgico, estabelecer a liberdade das nações com tomadas de decisões e ações

17 APOCALIPSE (5:11-12);
18 GOMES, 2018, p. 15;
19 GOMES, 2018, p. 68.
9

a serem executadas, segundo a própria determinação, utilizando-se da reunião para


compartilharem conhecimentos.
O proposito do Grau é promover a proclamação da liberdade de reunião entre
os homens e a garantia da dignidade humana. Nesse sentido, o Maçom tem a obrigação
de estimular a prática da educação, conscientizando o homem sobre a importância do
seu papel como membro de uma sociedade inteligente e verdadeira, para que possa
decidir ou promover ações, segundo suas próprias convicções e interesses,
desenvolvendo o espirito de fraternidade entre os homens e as nações.
O Maçom que se encontra no estágio de Cavaleiros do Oriente e do Ocidente,
com sua consciência e inteligência, deve aperfeiçoar-se para, além de satisfazer suas
necessidades, primar pela construção social, proteção da dignidade humana e soberania
dos povos. A Maçonaria com o seu grandioso objeto social em tornar melhor a
humanidade, deve combater a tirania, a ignorância e a injustiça, e promover a educação
e conscientização das nações para despertar os sentimentos de respeito, de liberdade e
de fraternidade.
Enfim, a liturgia do Grau tem como ideia básica a de promover o intercâmbio
entre as nações, fomentando uma ideologia voltada para a educação que irá estimular a
liberdade de pensar e agir. Aliado a isso, a prática das virtudes morais pelos Maçons
influencia nas conquistas dos interesses do homem e dos povos, e que
consequentemente, fomenta a propagação do direito de reunião, instrumento que
proporciona o desenvolvimento moral, intelectual, econômico, político e social recíprocos
entre as nações, com vistas ao progresso e melhoria da humanidade.

BIBLIOGRAFIA

ANATALINO, João. “Conhecendo a Arte Real: A Maçonaria e suas


influências históricas e filosoficas”. São Paulo: Editora Madras Ltda, 2007.
BACELAR, Mario Leal. “Os 33 Graus do Rito Escocês Antigo e Aceito”. 4ª
ed. Rio de Janeiro: Editora Mandarino, 1995.
BÍBLIA. Português. “Bíblia Sagrada”. Traduzida por João Ferreira de
Almeida. 2ª ed. São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 2012.
CAMINO, Rizzardo da. “Rito Escocês Antigo e Aceito – 1º ao 33º”. São
Paulo: Editora Madras Ltda, 2015.
10

FACHIN, Luiz. “Virtude e Verdade - Graus Capitulares (Tomo III)”. Porto


Alegre: Editora AGE, 2016.
FILHO, Denizart Silveira de Oliveira. “Comentários aos Graus Capitulares
do REAA”. Vol. 1 - Graus 15º a 17º. Londrina: Editora Maçônica “A TROLHA” Ltda,
2016.
GOMES, Cadmo Soares. “Glossário do REAA”. Ibicaraí: Editora Via
Litterarum, 2018.
JUNIOR, Walter Pacheco. “Uma visão global dos 33 Graus do REAA”. São
Paulo: Editora Madras Ltda. Disponível em: http://www.revistaartereal.com.br/wp-
content/uploads/2014/02/UMA-VIS%C3%83O-GLOBAL-DOS-33-GRAUS-DO-REAA-
Walter-Pacheco-Jr..pdf. Acesso em 06 de março de 2020.
PIKE, Albert. “Graus Capitulares - Moral e Dogma (Tomo III)”. Traduzido
por Celes Januário Garcia Júnior e Glauco Bonfim Rodrigue. Birigui: Editora Yod, 2011.
SUPREMO CONSELHO DO BRASIL DO GRAU 33. “Ritual do R.E.A.A. - 17º
Grau - Cavaleiro do Oriente e do Ocidente”. Rio de Janeiro, 2017.

Brasília-DF, em 03 de abril de 2020.

Giuliano Costa de Oliveira


IME 090.822
11

QUESTIONÁRIO DESTINADO A ELEVAÇÃO AO GRAU 18

1. Por que o Grau 17, Cavaleiro do Oriente e do Ocidente está situado


entre os Graus Bíblicos?
“O Grau 17 do Rito Escocês Antigo e Aceito está situado entre os chamados
graus bíblicos, porque alguns pesquisadores vinculam vestígios de sua origem aos
trabalhos esotéricos dos essênios. Sabe-se que os essênios formavam uma comunidade
hebraica de hábitos monásticos. Relatos a respeito dos essênios contam que eles eram
interessados nos estudos sobre a alma, colocavam-se contrários à fabricação de armas,
praticavam a benevolência e se dedicavam à cura das enfermidades - tanto físicas
quanto psíquicas. Consta ainda, que se organizavam em seguimentos sociais,
escalonados em graus de diferentes adiantamentos, fechados uns para os outros,
galgados por meio de cerimônias ritualísticas secretas”. [Ritual do Grau 17, pp. 03 e
04].

2. Quando surgiram os conceitos sobre o Grau 17? Desenvolva.


“De acordo com informações históricas sobre o REAA, os conceitos do grau
17 foram instituídos em época posterior à Primeira Cruzada movida contra os
maometanos (1096 a 1099), pois surgiram no ano 1118, quando foi fundada a Ordem
dos Templários ou Ordem do Templo de Jerusalém. Um dos elos que ligaram as
tradições da Maçonaria com a Ordem dos Templários (estruturada nos modelos da
Cavalaria Medieval) foi a convergência em torno de propósitos cosmopolitas, oferecidos
às crenças do cristianismo então vigentes”. [Ritual do Grau 17, p. 04]. Na história do
Grau presume-se que ele foi instituído para honrar os Cavaleiros que participaram das
Cruzadas libertadoras da Cidade Santa, Jerusalém. As Cruzadas tinham como objetivo
primordial libertar Jerusalém e o Santo Sepulcro dos infiéis, essa luta era chamada de
Cruzada à Terra Santa, tendo destaque nas batalhas a Cavalaria. O Grau 17 é
considerado bíblico e que sua origem provém dos Essênios. Surgiu em 1118 quando da
Primeira Cruzada, onde os primeiros Cavaleiros reuniram-se em número de 11 e juraram
perante o Patriarca e Príncipe de Jerusalém manterem-se unidos pela amizade fraterna,
bem como guardar os segredos quanto aos seus objetivos.

3. Que título recebe o iniciado do Grau 17 e por quê? Complete com suas
próprias palavras.
“O elevado ao grau 17 recebe o título de Cavaleiro do Oriente e do Ocidente.
Isto se explica por alusão ao território da Palestina, onde o grau germinou. O grau 17 do
REAA complementa as lendas concernentes aos que o precedem imediatamente, pois
foram concebidos para recordar a fusão cultural vivenciada pelas diversas nações”.
[Ritual do Grau 17, p. 05]. A denominação do título referido ao Grau provém do fato de
ter sido criado no Oriente, mais precisamente na Palestina conforme descreve a própria
história do Grau, e posteriormente levado para o Ocidente, na Europa. Ou seja, os
Cavaleiros saíram do Ocidente e foram estabelecer um reino Cristão no Oriente com
capital em Jerusalém. Simbolicamente representa a junção dos povos e que juntos é
possível encontrar soluções para os diversos conflitos existentes entre as nações.

4. Para que nos reunimos no Grande Conselho? Desenvolva.


“Para aguardar a saída do Sol e aproveitar sua Luz, a fim de cumprir nossos
deveres”. [Ritual do Grau 17, p. 19]. É nesse momento que os Cavaleiros do Oriente e
do Ocidente, com os direitos de pensar e de agir como todos homens livres, cumprem
12

com seus deveres em promover suas ideias, sentimentos e impressões que levam ao
caminho do aperfeiçoamento, físico, moral e espiritual.

5. A que horas começam os trabalhos dos Cavaleiros do Oriente e do


Ocidente? Complete com suas próprias palavras.
“Quando a aurora desperta no Oriente e as estrelas do firmamento
empalidecem”. [Ritual do Grau 17, p. 20]. Esta passagem retrata que assim como o Sol
nasce no Oriente para iniciar o dia, os Cavaleiros do Oriente e do Ocidente também
começam seus trabalhos nesse período. Simbolicamente representa o despertar com o
advento da luz do Sol para se buscar o entendimento da Verdade, pois a Verdade é a
solução para os problemas da humanidade.

6. O que aspiram os Cavaleiros do Oriente e do Ocidente? Desenvolva.


“Para os Cavaleiros do Oriente e do Ocidente não há nacionais e nem
estrangeiros, porquanto aspiram que as nações do Oriente e do Ocidente se entrelacem
numa única família de irmãos”. [Ritual do Grau 17, p. 30]. As aspirações demonstradas
pelos Cavaleiros do Oriente e do Ocidente no Ritual do Grau trazem a baila a
necessidade das nações se unirem para buscarem o conhecimento e desenvolver a
inteligência que proporcionará aos povos a associação que precisam para combater as
perseguições que usurpam seus direitos e deveres, e alcançar a Liberdade e o Progresso
dos povos.

7. O que prescreve e o que significa a Lei Fundamental da Liberdade?


Complemente com suas próprias palavras.
“A Lei Fundamental da Liberdade proclama o Direito de Reunião. Trata-se do
direito do ser humano de se reunir tranquilamente, sem armas, nem aparatos de guerra,
sob o escopo de instruir uns aos outros, servir nas necessidades, ajudar-se nos
empreendimentos, debater seus interesses e pleitear junto às autoridades, sem
excessos de nenhuma espécie, sem perturbar a ordem e sem ofender os bons
costumes”. [Ritual do Grau 17, pp. 32 e 33]. A Lei Fundamental da Liberdade, é
destacada no Ritual do Grau, como sendo a sua interpretação o triunfo da fraternidade
entre os homens que exige a liberdade de reunião. Ressalta ainda, que o direito de
reunião é um fator essencial para as nações alcançarem o Progresso. Demonstra
também que o exercício pleno desse direito se manifesta na soberania do povo, e é na
consciência de seus deveres e direitos que se combate os ambiciosos e exploradores.
Para se alcançar esses objetivos se faz necessário reunir-se de forma ordeira, educada
e inteligente.

8. Quais são as virtudes que nos fazem merecer o nome glorioso de


Maçons do Oriente e do Ocidente? Para que? Complemente com suas próprias
palavras.
“A boa fé e a fidelidade são as virtudes que nos farão merecer o nome glorioso
de Maçons do Oriente e do Ocidente. Boa fé para achar a Verdade, boa fé para proclamá-
la, e boa fé para defendê-la. Fidelidade para honrar os compromissos assumidos, de
homens para homens, de nação para nação”. [Ritual do Grau 17, p. 39]. O Maçom do
Oriente e do Ocidente carrega consigo essas virtudes para garantir os direitos e deveres
dos homens com vistas a proporcionar a Liberdade e o Progresso dos povos. E assim
sustenta-se que onde há boa fé se conhece a verdade, e que sem fidelidade não há
honra, e daí passa a imperar a mediocridade, a ignorância e a tirania, que escravizam
as nações. O Ritual do Grau apresenta também que estas virtudes, boa fé e fidelidade,
13

juntas com a Lei criada pelos homens fazem com que os direitos estabelecidos sejam
assegurados.

9. O que recorda a túnica branca ensanguentada, depositada no Altar


dos Juramentos, que é mostrada pelo Mestre de Cerimônias aos iniciados?
Comente.
“As manchas de sangue nesta veste, revelam o destino reservado pelos
tiranos aos que dizem a Verdade e não se vendem”. [Ritual do Grau 17, p. 31].
Simbolicamente as manchas de sangue na veste representam os que foram mortos em
sacrifício, ou seja, alude o sangue derramado aos que pareceram por falsas acusações.
Recordam ainda as trágicas repressões aos povos praticadas pelos inimigos da
Verdade. Neste sentido, adverte aos Cavaleiros do Oriente e do Ocidente, para nunca
se afastarem de seus objetivos, por mais obscuro e perigoso que seja o caminho, a fim
de realizar sua missão em instruir o mundo e garantir os direitos dos povos.

10. Como se denomina a Câmara do Grau 17? De quantos membros ela


é composta e o que representam estes membros?
“A Câmara denomina-se Grande Conselho e compõe-se de 24 membros,
incluindo os componentes da Administração. O Presidente tem o título de Muito
Poderoso; os membros, o de Respeitáveis Anciãos; os demais são chamados
Respeitáveis Cavaleiros”. [Ritual do Grau 17, p. 16].

11. Qual Decreto instituiu o Estatuto do Supremo Conselho?


“O Estatuto do Supremo Conselho foi instituído através do Decreto nº 892, de
30 de novembro de 2015”. [Estatuto, art. 1º, p. 1].

12. Qual Decreto instituiu o Regulamento Geral para os Corpos


Subordinados do Supremo Conselho?
“O Regulamento Geral para os Órgãos e Corpos Subordinados do Supremo
Conselho foi instituído através do Decreto nº 766, de 01 de fevereiro de 2011”.
[Regulamento Geral, art. 1º, p. 3].

Brasília-DF, em 03 de abril de 2020.

Giuliano Costa de Oliveira


IME 090.822

Você também pode gostar