Você está na página 1de 14

,

1-1 S, 10
18 G
Ensino, pesquisa
.
e potendalidades
.
Copyrig ht © Auto ras e autores

Todos os direitos g<lrnntidos. Qunlquer p.1rte dcstn obra pode ser reproduzidn,
transmitidn ou arquivnda desde que levados em conta os direitos das autoras e dos
autores.

CI:iudio Umpi erre Carlan; Pedro Paulo A. Funari; Ricardo Luiz de Souza IO rgs.l

Histó ria Ibérica: ensino, pesquisa e potencialidades. 5.10 Carlos: Pedro &
J050 Editores, 2022. 3Mp. 16 x 23 cm.

ISBN: 978-85-7993-985-3 IJmpresso l

1. História Ibérica. 2. Ensino. 3. Pesquisa. 4. Potencinlidadcs.l. Titulo.

COO 370

Capa: Petricor Oesign


Imagem da capa: Marina Cinestà. Comunistn revolucion:irin que ficou eternizada
na luta contra o fascismo na Espanha. Foto de 1936. Fonte: Gett y Imagcs.
Ficha Catalogr:ifica: Hélio Márcio Pnjeú - CRB - 8-8828
Diagramação: Diany Akiko Lec ao
Editores: Pedro Amaro de Moura Brito & João Rodrigo de Moura Brito

Conselho Científico da Pedro & João Editores:


Augusto Ponzio (Bari/ltália); João Wanderley Cernldi (Unicamp/l3rnsil); Hélio
Márcio Pajeú (UFPE/Brasil); M<lri<l Isabel de Moura (UFSCar/l3rasil); Maria d<l
PiI..>dade Rcscnded<l Costa (UFSCnrIBrasil); Valdemir Miotello (UFSCarlBrasil); Ana
Cláudia Bortolozzi (UNESPlBaurulBrasil); M<lriangela Uma de Almeida (UFESI
Brasil); José Kuiava (UN10ESTE/Brasil); Marisol [3arenro de Mello (UFFlBrasil);
Camiln Caracclli Schcrma (UFFS/I3rasil); Luis Fernnndo So.JfCS Zuin (Usr/Brasil). pela

Pedro & João Editores


www.pedroejoaoeditores.com .br
13568-878 - São Carlos - SI'
2022
CAPÍTULO VI

A CO NST R~ÇÃ O DA H ERE SI ~ PRI SCILIANISTA


pOR SULPICIO SEVERO E IDA CIO D E CHA VES
(SÉCULOS IV E V d.C )

l imira Felici an o Poh lmann

Introdução: contexto e conceitos

A pa rti r do Ed ito d e Milão, ex pedid o pelos im pe rad o res


Constantino I (306-337) e U ci n io (308-324), em 313, o cristian is mo
passou a ser ace ito como ma is uma entre as tan tas re ligiões
permi tid as de ntro do Im pé rio ro man o. Nes ta cons titu içã o, o termo
utilizado para se referir aos cristãos fo i chris fia llis, o plural d ati vo
do nom inati vo latino christirmi (cristãos). Es te termo não foi
acompanhado d e nen hum adjeti vo referen te a uma d ete rm in ada
crença, como cris tãos-ca tó licos, cris tãos-a ria nos, cristã os-
Priscilian istas, e tc. Po r u m Jado, es te reg is tro ho mogen eizava tod os
aqueles que professava m a fé em C ris to, se m d isti ng ui r seus
d.og~.a s ou reg ras inte rnas, ta lvez im perceptívei s ou po uco
signIficativas na quele con texto. Po r ou tro lad o, este ed ito ofe recia
a tOdas as di feren tes com u n id ades cristãs a libe rdad e d e cul to.
~ . ~Pou cos anos depo is, em 325, mais d e trezen tos bispos d e várias
d·~loes do Impé rio se reuni ram em N ice ia para d ebate r a lg u mas
I crenças de inte rp retações sobre a "d ou tri na de C ris to" . Nesta

165
ocasião, os princípi os cris tãos aria nos fora m com b<Hid tuarnente com uma heres ia. Assim, o repertório social do "ser
OS.
d e nom inados heréticos: tI'l~tiCO" fo i produzid o como critério de d iferenciação identitá ria,
lIf ~"cl u ir determinados g ru pos d o convívio e dos benefícios
para lO'"
Cremos cm um Deus, o Pai Todo-Poderoso e Criador de todas as .
Visí:~iS c invisíveis, e em um Senhor Jesus Cristo, o Filho de Deus 1...7:1Saa ueridos por aquele que elaborava o d iscu rso.
Espmto Santo 1... 1 Esta é a fé quc os padres cxpuseram, em primeir I ... req No cam inho da cons tru ção de uma ortodox ia centrada no
. o~
contra Ario, quc blasfcma c chama a criatura de filho de Deus, e ' cristianismo baseado nos d ogmas nicenos, o termo g rego
~ (olllllem Jrtresim) que se exaltil c se Icvanta contra a co~ .. atól ico ", o u seja, unive rsal, passou a ser u sad o para trata r
católica c apostólica (calllo/icam e/aposto/kmll eccesinm)." (Gri fos meus). ade
c cificamente este g rupo cris tão. O Ed ito de Tessa lôn ica (C TIL
A lém d e comba te r os va lores defend idos por Ário e seus
~ 1, 2) trazia uma dis ti nção clara entre o ca tó lico e o herege:
seguidores, o grupo vencerior deste concí lio fo rta leceu C. 1k XVI. 1, 2 (27 de fevereiro de 380): Edito dos Imperadores Graciano,
su,
identidad e C0 l110 uma "co m un idade ca tó lica e apostólica" Valentiniallo [IIJ e Tl:odósio IIJ, Augustos, ao povo da cidade de
d e no minando todas as cre nças que segu iam d iretri zes d istintas d~ Constantinopla. Nós qucremos que todos os povos regidos pela
sua s de "he res ias", Embora a vi ncu lação entre fé a postólica c fé administ ração de Nossa clemênciil sejam conduzidos ii rel igião que a
tradição proclama ter sido trimsmitida aos ro mi1nos pelo di vino apóstolo
cató lica (d o g rego " universa l") ten ha se iniciado já nas e pístolas do
Pedro c pregada desde ele até nossos dii1s, religião aderidi1 pelo bispo
apósto lo Pa u lo, O d og m a niceno reforçou estes laços no século IV. Dâmaso e pelo bispo Pedro dt! Alt!xandrii1, homem de sant idade apostólica;
Dentro de uma relig ião cris tã que es tava se erigindo e se ou seja, segundo il disciplina dos apóstolos c a doutrina cvangclica, nós
forta lecendo naque le mo mento, a noção d e que o cristian ismo cremos cm uma di vindade ún ici1 do Pai, do rilho c do Espírito cm ig ual
mlljcstade e uma santa trindadc. Nós ordenamos que aqueles quc seguem
ca tó li co, de fend ido no Conci lio de N iceia de 325, era a verdadeira
essa lei sejam lembrados sob o nome dc cristãos católicos (chris/ia"orllm
relig ião cris tã não fo i faci lmen te ace ita. A cons trução de uma ca/ho/icorlllll Ilomel/l. Quanto aos outros (rdiq/los), d emcnh.'S e selvagens, nós
o rtod ox ia em to rno do cristianis mo ca tó lico fo i um processo que julgamos que eles dcvem suportar a infâmia ligada ao dogma herético
d ema nd ou tempo, a rea li zação d e mui tos concíl ios rel igiosos, a (haerrtici dogmntis illfaminm).
escri ta d e longos tratad os e d e o bras de tantos o u tros gêneros
(como as "v id as d e santos" e paneg íricos), a troca d e muitas cartas Identificava-se, portanto, aqueles q ue deve riam ser cha mad os
e de favores, a promulgação d e constitui ções e a d efesa oral dos "católicos", ou seja, aque les que acred ita vam na di vina trindade e
dog mas nice nos, tid os como cató li cos. professavam os princíp ios que te riam s id o defendidos pe lo apóstolo
Neste cenário, duran te o século IV, o termo ortodoxia passoUa se Pedro. Para fa ze r referência aos d emais ind ivídu os o tex to latino
referir a religião cristã cons iderada verdadeira, portanto, somente trouxe o acusa tivo plural re/irrltos, decl inação d o nom inati vo plura l
através dela seria possível professa r a fé em Cristo. Em contrapartida. reliqui, que s ign ifica "os dema is", "os remanescentes", "os outros" .
o termo heresia era emp regad o pa ra tratar d e crenças consideradas Por diferen ciação e exclusão, "os outros" recebiam a acunha de
erradas e mentirosas' 'Po r aqueles que se autoi ntitu lavam corretos. hereges. Observo, então, que a d enom inação "cató lica" e ra uma
Caroline Hum(ress esclarece que, nesta é poca, com exceção dos °
aU~Otitulação e, e m contraparl'idn, e píteto " herege" era uma
man iqueístas, todas ns seitas cristãs reiv indicava m para si o título de atribUição àquele qu e não acei tava a re lig ião que teria s id o e rig id a
"cristian ismo verdad eiro", ou seja, ortodoxo (HUMFRESS, 2007" P; pelo apóstolo Pedro. Estes hereges, segund o o edi to, estavam ligados
a (jUa1ifica ç-oes peJo
'ratt
. vas como "d ementes e se Ivagens " .
220). Nes te es pnço discu rs ivo, uma ortodoxia era constnJld

166 167
Ressalto, entretanto, o alcance restrito do Edito de Tessalô . Os dados biográfi cos sobre Sulpício Severo são escassos. Sabe-
Como especificado no cilbcçalho desta constitu ição, ela fora esnl~. qUe pertencera à aristocrac ia ga lo-romana da Aquitânia e -que,
"ao povo da cida de de Constan Linopla" (l1d papl/lum ,crl~ ~
lla ndo se tornou sace rd ote, entregou-se à pobreza (CODONER,
COllSlnlltillopolitmll1c). María Victor ia Escr ibano Pano afi rma Irb,s q987, p. lX-X). Fo i amigo d e Matinho de Tours e Paulino de Nola,
nem esta cons titui ção ne m ii proibição de debater religi~ que 1. pos defensores do cr is tianismo cató lico. Ao longo de sua Crô" ica,
. . (C. Til. XVI, 4, 2; d e 388) foram pensadas para~-
publtco :I~cerdote criticou não só o p risci li ani s mo como o ar ianismo,
. . _ 5ete lll
aplicada s fora d e Cons tantlllop la (ESCRIBA NO PANO, 2014 denominando estes cristi anismos de "heresias". A Hispallia d e
65). Em um Império tão vasto de territó rios e de culturas' p. Severo aind a vivia sob o poder de impé rio dos au gustos romanos,
. . I . . - era
lmposslve que uma constJtulç<lO alcançasse todos os redutos. Cada embora os ga los já tivessem muita influênc ia naqu ele espaço.
norma era feita para so luci onar problemas especí ficos d
.
d etermmad os luga res e grupos citadinos. A lém disso, caso tal edito
' , ldácio de Chaves nasceu na Cnllnecine (Idácio, Crôllica, p refácio
1), en tre 393 e 395 e, em 411 , viu SU<l região ser submetida <lOS suevos.
ti vesse conve rtid o todos os súd itos impe ri ais ao cristianismo ali Entretanto, a cu ltura his pano-roma na permaneceu fo rte na reg ião e
defend ido, autores ca tó licos como Agostinho de Hipona, Jerônimo o poder dos imperadores das te rras roman<ls ocidenta is e orien tais
de Estridão, Orosio, Sulpício Severo e Idacio de Chaves, entre ainda era sen tid o. Já no prefác io ('I) de sua Crôllica, o bispo esclareceu
tantos outros, não preci sari am te r investido tanto tempo e que defe nd ia "a fé ca tólic<l", <lquela que g uardava a "verdade do
hab ilidad es pam combater crenças que deno minavam heréticas. culto di vino". Portanto, assim como Severo, Idácio escreveu <I
Diante deste contexto, reitero a necessidade da construção respeito do priscilianismo a partir do o lhar d e um católico, ou seja,
constante de um discurso cristão católico para se anunciar como ju lgando <IS crenças cris tãs diferentes da sua como he réti cas.
verdadeiro, ou seja, ortodoxo. Neste caminho, a titu lação "herege" era Tanto Severo quan to ldácio esc reveram s uas obras após a
imputada por aqueles que se cons id em vam católicos àqueles que condenação e morte de Pr isciliano e seus companheiros d e fé, em
disco rdavam dos dogmas estabelecidos no Concílio de Niceia de 325. 385/386?, o que d emons tra que, mesmo com a m orte daqu eles que
Averil Cameron (2012, p. 7) afirma q ue as pesq uisas recentes sobre deram origem àquela crença cris tã, est<l fé ainda incomodava
"heresias" e "ortod ox ias" analisa m as estTatégicas retóricas usadas autores cató licos que escreve ram se us livros no sécu lo V.
por escritores cris tãos pa ril combilter o judaísmo e o pagilnismo e,
também, pam construir uma o rtodoxia para uma determinadil crença o priscilianismo sob o olh ar de au tores catól icos
cristã, ao passo que nomeavam outras crenças cris tãs como heréticas.
Este é o cam inho qu e decidi percorrer em m inha análise. Muito do que se sabe sobre os fundadores do priscilian ismo
No presente ca pítul o, examino dois docu mentos que ~u para <I posteridade através de obras que combateram esta cresça
auxiliaram no processo de forta lecimento do cristianismo catôliCO CIlstã, portanto, as visões contidas nestes documentos carregam
na Penín sula Ibér ica e qu e, conco mitanteme nte, fizeram d~ Consigo noções pejora tivas sobre tal crença, uma vez qu e consideravam
dou trina priscili'~nista uma heresia: a C,.ôlIica (Cltrollicorll JII /i~" a~nas o cristianismo ca tólico como lia verdadeira religião cris tã", ou
CII
dilO), esc rita pelo jurista Sul pício Sever& entre 403 e 404; e a Cró/ll seja, a POrtadora da correta op ini<io, por isso, ortodoxa.
(Chrollicoll) de auto ria d o bis po rdácio de Chaves, provavelmente p A quere la en tre o g rupo de Pri sciliano e líd eres ca tó licos
esc rita pouco depois d e 465 e antes de 474. b:va ve,l~en te se iniciou a pa rtir d e uma carta env iada po r pelo
Po ltaclo de Ossonob<l <1 0 bispo ldácio de Mér ida para p reven i-lo

168 169
sobre as ideais de Prisciliano e de seus apoiadores. Um prOCesso "",te!:C' a crença cristã qu e Severo aprec iava como verd ade ira, o
Tréve ris, liderad o pe lo en tão imperad o r Magno Máx imo (383..:lSI:o. '_" ,n eim pUIOU valores negativos aos ideais cris tãos acaste lad os po r
cond enou o g ru po de P riscilian o (CRESPO LOSADA, 2009 --I. :rrisdili,no e seuS apoiadores. Ou seja, ao passo que a re lig ião
mas as I-d elas
- pnscl
- -I-lanas nao- d esa pareceram com ii mOrte 'dep- 18~ IÓlica trazia a felicidade aos cristãos, as noções p riscilianas,
id ea l,izadores e, por muitos anos, fo ra m combatidas por aut:US ~lg;Jdas pe rversas, estariam lo nge desta v irtude, por isso,
ca tó licos, en tre e les, Su lpício Severo e o bis po Id ácio de Chavl'ts '" ven-,m ser rechnçadas, Com argumentos co mo este, pouco a
de • , ' , ,
Eugenio Ramero Pose (1996) distingue o termo " pri sciliano" es, autores ciltóllcos req uen il m a o rtodoxlil pa ri! s ua fe e,
pouco,
te rmo " prisci lian is ta" - ou priscilianismo. Sendo o prime iro relatido concom itantemente, relegavmn à heresia as crenças cristãs
à vida de Prisciliano, ou seja, aplicado às noçC>es que ele e seu gru VO diferentes da sua,
pro fessavam. Enqua nto o termo "prisci lia n ista" faz referência:O Severo regis trou que, em s ua é poca, descobriu-se na Hispaflia a
desdobramentos dns ideias de Prisci liano após sua morte. Mesn: . Wâm i;J heres ia dos g nósticos" ("i,/famis illa gllOSlicortl1ll haerc5Ís"),
que es ta não seja uma distinção adotad a por todos os estudiosas um "mal" ("l1Ialli") o riginado no Egi to. Esta "heres ia" ha via s id o
sobre O assunto, acredito que ela si rva como um elemento didático introduzida na Hispaflia por Marco e seu d iscípulo, Helpídio, que
faci litador, po r isso, opto por utilizá-Ia em meu texto, fora tutor de Pri sci liano (Severo, Cról1ica II, 46, '1-2), Neste mesmo
Seve ro ressa ltou em sua Crónica qu e d esejava escreve r os fatos parágrafo, a pala vra "ecl és ia" (ecclesiae) foi utili zada parn tratar a
d ivinos de fo rma b reve (Severo, Crónica I, 1), porém, ded icou cmnunidade de fiéis cató licos, enq uanto termos pejorat ivos como
grand e pa rte d e s ua obra ao p risci lia n is mo, o que demostrava o "heresia", "mal" e " in fâmia" designaram o gnosticismo, Idácio de
quanto esta p rob lemática assola va o contex to d o autor. O\aves também denom inou o g nosticis mo d e heresia ("hacrcsem
Sobre Prisc ili ano, Severo reg istrou que nasce ra em uma nobre gnoslicorum") e vincu lou Prisciliano ii esta cre nça (Cróllica, ano 385,
famí lia e q ue era "inquie to, eloq uente, cu lto e e rudito, com VD). Observo, nova men te, a violência que ta is e laborações ge rava m,
extrao rd iná ri a dispos ição para o diálogo e a discussão, fe liz ({e/i!) uma vez que ataca m o prisci lianismo, gerando mode los que
sem dúv id a se n ão ti vesse d es truído sua intel igência com estudo deveriam ser evi tad os pela audiência que o uvia ou lia as pa lavras
perverso" (Seve ro, Crónica II , 46), Neste po nto, Seve ro vinculou 3 anunciadas nos tex tos destes au to res ca tó licos.
felicidade às q ua lidades pos itivas de Prisciliano, afi nal, ele era De origem g rega, a palavra "gnose" <2'105/5) s ig nifica
nobre, e rud ito e te ri a faci lidade com as pa lavras, Entretanto, ·~hecimento" e quando aplicado à rehg ião o u à filoso fi a, gan ha o
meslllo com toda s estas qualidades, Prisci liano nã o pôde alcançar lIgnificado de "conheci mento metafísico" ou "esp Iritua l". Con tu do,
a felicidad e, po is hav ia se inte ressado po r um assunto que o autor 6 ndo utilizado por Plutão, não es ta va re lacionad o ao mistIcismo.
julgava " pe rve rso" ("parvo s/ l/riio"). Aqu i, a re tórica severiana ,feZ filÓSOfo grego a pli cou o s ubs tanti vo gfl osis e o adjeti vo g floslikos
d a fe licidade ullla virtude qu e a penas pode ria ser integrada à Vida ~se referir ao conhecimento teórico, d is tinto do prático. Desta
d aquele que professava a relig ião qu e o autor considerava correta- de ,Platão tratava d e um dete rminado tipo de conhecimento, não
ou seja, a ca tó licn: ' Concomitantemen te, O presbítero nominav3 as u~ S'upo de pesso.s (RÀ ISÀNEN, 2011 , p_ 80)_
ideias protegidas por Prisci lia no de "est'L;ido perve rso", rOI1 grupo o séCu lo II d, C, o escrito r cris tão lrine u d e Lyon atacou um
e
Neste interim, concordo com a afirm'a ção de Averil C.am J110 ~)(t~ue se autoint il'u lava g nóstico, po is, pa ra Irine u, "sob o
d e que "o conce ito d e o rtodoxia impli ca não só in tolerânCia CO ri de gnose afasta m-se muitos d aque le que criou e pôs em
tam bé m v io lê ncia" (CAMERON, 2008, p, '1" 4), ObservO que 1" o uni verso" (Ir ine u, Conlra as hercsias, Prefácio, 1),

170 171
Influ enciados pelo pe nsa mento de Irineu, os a ulo res ec1es iásti '''''''"'" com Severo, os bis pos Ins tando e Sil lv iano, bem como os
pa ssaram a utilizar o te rmo " gnos
' t' " para d
ICO enom 'mélr pe "" ices He lp idio e Pr is ilia no, tinh il m s ido condenildos naque la
,', d
que lhes pareciam segu ir os pnnclplos a g nose. Entre Cs
'SOas la. as ião (Crónica TI, 47). Foi prese rvado pilfa nossos d ias apenas um
princípios esta ri am a negação do mundo, o ód io ao corpo, urna ": :grnento da ata des ta reunião, contend o os o ito cânones d o
que a al m a deve ria se libertar da s ua esc ravidão, e o extrernis concílio. Este documento tra z, em seu cabeçal ho, os no mes d os
mora l. O g~~os~~cismo, se ri a, en tão, uma forma extrema ' : bispos presentes. Os nomes d os cond enad os não cons ta m d esta
ascetismo (RAISANEN, 2011, p. 80-81). relação, demonstrando a a usência d estes indi víd uos naquele
Se,vero e Id ácio, como muitos o utr,os esc rito res católiCOs, momento. Fato mencio nado po r Severo (Cróllica II, 47). Os nomes
percebiam neste modo d e pensa r um pengo para a unidade das dos acusados não foram mencionad os nos cânones conci lia res. Esta
comun idad es cristãs e para a hiera rquia eclesiástica que, cada Vez informação foi guardada po r Severo.
mai s, se cons tru ía como una a p artir d o modelo ni ceno. Sob o POnto Todos os câ nones do Concílio de Zaragoza eram d isci plinares,
d e vista dos dog mas ca tólicos estabe lec id os em N iceia (325), não dogmáticos. Po r isso, re fo rço a afir maç50 de Veronese sobre o
enxergaram o grupo que se formou em torno de Prisciliano como empenho prisciliano em anuncia r di retri zes éticas e m ora is. Estes
gnós tico c, po r isso, O condenara m. oito cânones re provava m tendências priscili anas e
Em um estudo recente sobre obras de au to res priscilianos e comportamentos ascé ti cos cons iderad os ex tremos pelos bispos
pri sci liani stas, Mmia Vcronose (2010) defende novas visões sobre proclives ao cris tianis m o ca tó li co p resentes naque la reunião. De
esta crença e pe rcebe qu e naq ueles documentos não havia a acordo com José María Bl ásqu ez Ma rtínez (1991) as id eias
formulaçã o de uma d o utrin a du a lís tica, nem gnóstica nem priscilianas estavam baseada s cm pri ncipios ascéticos, o qu e to rna
ma n ique ísta . A h is to riad o ra e filó loga italiana pe rcebe, sim, um difícil verificar até que ponto o Concílio d e Zaragoza reprovava as
"in te resse po r um e ns ina me nto é tico e moral que deriva da leitul'3 noções ascéticas ou, exclu s ivamente, as noções priscil ianas. O au tor
d o texto bíb lico" (VERONESE, 20"10, p. 384). Nesta conjuntura. afirma, ainda, que o ascetis mo prisc iliano desejava alterar as
obse rvo a impo rtância de um estud o sobre o pensamento norm~s estabelecidas de ntro do cris tianis mo católico, por isso,
priscil iano c prisci lian is ta a partir d a análise aten ta dos autores que ~e.n a se parec~r com as p rá tica s g nósticas aos ol hos dos autores
os p rofessavam. A a nálise da s próprias pa lavras daqueles a'oheos (MARTINEZ BLÁSQUEZ, '\991, ,.Ip,),
indiv íduos perm ite uma compreensão ma is adeq uada. ~as Pnsci li ano reg is trou que a fé que e le defend ia d eve ri a ser li v re
re flexões d aquele gru po, di ssi pando, assim, as IdeiaS ~ ':c~minhar para Deus pe lo ca m inh o seguro da nor ma cató lica"
preconce ituosas e v io len tas de au tores que enxergavam esteS \to Il5Clha no Libe
Oen ' . I f 3) O ' -
r npo oge ICIIS • U seja, e le nao desejava criar um a
ça cristã nova ' . . . _
g ru pos sob o o lhar cató lico. - di Qtór <, um a vez que se pOSICio nara como cnstao
Noto, e ntre tant o, q ue o objeti vo d os escrito res ca tólicos nao:es Por. ICO. \ Prisciliano
• am b'" . , . que,
IClona va, S lIn, es tabe lecer pnnClplos
con hece r o pe nsamento pn,scl'I'lano ou pn' sc 'l\'Ia nlS'ta . Estes lide
d IaS Qtól' ee eseus'd apOIa ores, senam ' os ve rdnd eiros ens inamentos
. " . \" t ' as faze ndo estI' ICOS. Com ., . .
cri stãos deSejam, Sim, atacar e e Imln ar ais crenç. , ' -tudo é a . o Ja esclareCi anteri o rm ente, meu objeti vo neste
t dox i<l para
, ' ,
um a he res ia ao passo em qu e e ri giam lima a r o • I:len,a h ,~a hsar di scursos qu e fi ze ram d o priscilianis mo uma
eretlca po . . .
crença cristã . entre I , r ISSO, ren unCiei a exnmes d e ob ras priscili anas e
O primeiro concí lio reunido para trata r d os embat~. oe COI"\ 'd Todavia, é s ignifi cativo perceber qu e os priscilianos
SI erav
ca tó licos e p risci lianos fo i o Concíl io d e Zaragoza, de <1m ca tó licos, mes mo que líderes de o utra s

172 173
com unid ades cató licas não e nte ndessc m as re fl exões priis"ili.n•• : católica. Estas reu niões fo ram consideradas crimes
pr isc il iilnistas desta forma. majes tad e (cri lllclI mniestnfis). Enl-re as punições, ilquele q ue
Aos olhos destes líderes ca tólicos, as mudanças priSCi)' a realização de tais encontros em s ua propriedade, teria s ua
abalariilm ii hierarquia e os laços já estabelecidos Cm Ianaa ~~;i::~~d~ tom adil pe la autoridade im perial (C. 17J. XVI, 5, 40).
com unidades. Send o assim, as re provações impostas pelo Concíl'SUaa Em umil sociedade que prezava pe la au toridilde, quer (osse a
Z, ragoza seriam, ao menos idealmente, uma maneira de f~de quer fosse a espiritual, re unir-se lo nge d e seus o lhares
eli m inar ii crença que os bispos ali presentes consid eravam heté~ ;"'resen t."a um perigo ao poder, po r isso, estes encontros
O cânone II deste concilio, por exemplo, reprovava as reuniões cris teli:gioSOS levados a cabo po r pri sci lianos e pri sc iliani s ta s, assi m
que oco rriam fo ra das igrejas. Observo que preocupava aos líd tis >L_," por maniques e Erígios, foram cons iderados crimes. Noto,
católicos contrár ios aos priscilianos que os g ru pos cristãOs er: que os augustos não proibiril m os encontros entre estes
reun issem longe da <lutorid adc de ministros católicos. ilpena s submetera m estas reu niões a u rna auto ri dade

i
Indícios de reuniões priscilianas ocorridas fora das igrejas t!~i'::~;O,;~umél eX lgenciil imposs ive l d e se obedecer por
foram e ncontradas no re lato de Se ve ro. O autor registrou q-. maniqueu s e fríg ios uma vez que tal auto ridade
qua ndo Ins tancio, Sa lvi<mo e Prisci li ano partiram pa ra Roma para ser um líd er católico, o u seja, um líde r defensor de valores
falar com o bispo Dâmaso, os prisci lian os pa ssaram pela Aquitânia ..trá rios aos comp.ntil had os po r tais g rupos.
e fo ram acolhidos nos arred o res de Burdigala. Da li, foram expulsos
pelo bis po Delfi no, mas fo ram recebidos nos campos (Ilgro) de '",ndenaç,io de Pri sciliano e de seu s seguid ores
Euc rocia, ond e, de aco rd o com as e labo ra ções severianas.
"contmllinmam a alguns co m seus erros" (Cróllica II, 48). Nestes Mesmo após a condenação de Priscil iano pelo Concílio de
locais, Priscilia no anuncia va s ua mensagem sem a supervisão de " ",,:oza, ()5 bispos Instando e Sa lviano conseguiram nomeá-lo bispo
uma auto ridad e católica. Sua formação - s ua di sposição ao diálogo, , em 38 1. Conforme Severo, investir com a autoridade
s ua eloqu ê ncia -, e provavelmente seu carisma, fazia com que ~ lI""op,,1 um homem pers picaz e astu to era Ulllil estratég ia para
ouvido po r muita gente. Soma va-se a isso, uma mensagem ..~ "'rs''8"".,nça à CaU 5.1 que proteg iam (Crôllicn II, 47).
igua li tária" que propunha u m a comunidad e cristã sem hierarqu.- Todavia, esta segurança não fo i alcnnçada, visto que o bispo
ao menos id eillmentc, e na qua l ho mens e mulheres de~ena; de ,Mérida conseg uiu um rcscripto do au g us to Grac iano para
aprende r juntos os "ens in amentos d e Cristo". Este g ru~o mlS7 do Pflsciliano dn cátedra e piscopal. Esta dec isão imperinllevou
ne
ap rendi z.l ge m, inclus ive, fo i combatido a través do cano 1Id'Ii.n.,o, lnstancio e Sa lvian o a Roma pa ra fa ze r com qu e o bis po
Concílio de Zara goza. dI5 Interced esse pe los priscili anos. Uma vez que Ofimaso não
.• I· . ·d
Es tas reunloes re Iglosas OCOrri a s . fo ra do alcance
CJiSIi'f ""ebi!ra. buscaram o apoio do bispo Am brós io de M ilão, outra
autoridades represen tava m um pengo . nao - so, pa ra< os líderes
. 4ffl, ,. da Cilu sa cató lica. Entre ta nto, ta mbé m não fo ram
como também " para o pod er imperial. Tanto que, elll .,..,..... Est pelo bispo mi lanês.
impera d ores Honó rio (393-423) e Teod ÓSIO
. U (.,,.
~ qu: dupla nega ti va p roven iente d e autoridades episcopa is fe z
.
p ro mulgaram um edi lo que pro ibia as reullIOCS
. - de manique5,
. _ de ,se~undo Severo, os líderes priscil ianos su born<lsse m um
.) . ·1· . sunprvlsaO diss p<lf<l terem d e volta s ua s pos ições co mo bi spos.
(ou mo ntalll s t~ s. e pnsc LLa~l s ta s se m a . _F~ ão co01O
auto ridade relig iosa, e ntend Lda ncs lil constLluLÇ< 0, voltara m a }-fisl'(lIIia, po rri m, os embn tes com O bi spo

174 175
bispoS, mas nfio permitir ao impemdor ii jurisdiçfio sobre tais crimes.
Itácio de O ssonoba pe rs is ti ram (Severo, Crónica II, 48). Este (Severo, Cronica II, 49)
contexto conflitu oso chamou a atenção de Magno Máximo, qUe
recentemente hav ia assumido o poder Império na Breta nha e nas De aco rdo com o auto r, o imperad o r não d eve ri a te r jurisdiçã o
Gáli as e qu e, após enfrent<1me ntos contra Graciano, aSSumiria sobre aque la ca usa, v is to o caráte r relig ioso que e la contin ha. Nesta
'nmbé m o poder na Hispf/l!;a. circunstância, pe rcebo a crítica d o clérigo à introm issão do augusto
Em Tré veri s, Máxi mo reuni u esfo rços pa ra tratar do caso eI1l questões cle ricais, o u seja, à interfe rê ncia d o poder secular sobre
p ri sci li ano. Con forme a narrativa severiana, Máximo perce~ia nas assu ntos do pod er es p iri tual. Aqui, estavam traços do qu e viria a
ideias prisd lianas u ma mancha, um desastre (/nbes), ou seja, algo ser uma questão amp lame nte discutida ao longo da Ida de Média e
danoso para aquele mo mento (Crô,úcn II, 49). Para sanar o que a his to riografia de no mina "teoria das duas espad as" .
problema, Máximo o rdenou que fosse o rga nizado u m s ínodo em É certo que este debate ganhou concretude na carta enviada pelo
Bu rd igil la, d o qU <lj as atas não fo ram prese rvadas. Severo afirmou bispo de Roma Gelás io I ao imperad or das terras romano-orientais
que P risci li ano pedi u para não se r julgado por aqueles bispos Anastácio I, em 494. Neste documento, o bispo esclareceu que o
dev id o à d ebilidade de tais auto ridades em resolver o assunto mundo era governado por dois poderes: o dos sacerdotes,
(Crôtlica II, 49). O imperador acatou o pedid o e todos os a~sados representantes do pode r espiritual; e o dos reis, representantes d o
ro ram Ieva d 0S «• suo<, prese nça (Crôllicn II , 50). Neste tribunal, poder secu lar. Sendo O poder dos sacerdotes o mais im portante, pois
presidido pelo pode r secul ar, Pr isci liano e seus apoiadores fo ram estes homens prestavam contas a Deus. Nesta carta, Gelásio protegeu
condenados à mo rte. a esfera de atuação dos sace rd otes nas questões religiosas sem a
Escribano Pano afi rma que o caso de P risciliano e de seus intromissão do poder im perial. Embora tal documento tenha s ido
ap O "dores
Lu passo u d e uma cau sa ecles iás tica a um prob. lema
- de elaborado apenas no fim do século V, esta ideia já era compa rtilhada
ord em pública a partir do rcscripto de Graciano, uma sltu~çao que por líderes cristãos tem pos antes do discurso de Gelás io. Sendo assim,
fo i re fo rçada quand o os prisci lianos não foram recebldo~ .: não era estranha encontrá-Ia na Cróllica severiana.
Dâ maso e por Ambrós io. Send o assim, mesmo antes de Maxl . Severo afirmou q ue os pri sc ilianos fo ram cond enados pe lo
._ ., assunto que haVIa
tomar o pode r imperia l da regwo, este Ja e ra um < crime de mag ia (II/alcficil/II/) e práti cas obscenas (obscellllll/) (Cróllica
, d I Entretanto,
saído da es fera ecles iástica c alcançado o po er seCU ar. . de 0, 50). Noto que, especialmente a partir do sécu lo IV, as artes
ape nas quando Priscil ia no recuSOU ser julgado pelos bLSpos 51 mágicas (ades II/agicae) fo r<lm transfo rmadas em crime através de
, d f' .. ente esta caU
Burdigala e provocOU o prín cipe a agIr, e LL1Ltwam , . de COnstitu ições imperiai s q ue as julgavam como lI/aleficill1lL
, ri' . "1 ' pelo crime . Diocleciano (284·305) fo i o prime iro augu sto a fazer esta
re ligiosa transfo rmou-se e m uma III ICta pu I C(l
IIInle",i"III (ESCRIBANO PANO, 1993, p, 396-402), " ele ;cutação (SANTALUCIA, 1993, p. 1049). Cons tantino I p rev iu
" ' f ' d quela heres L, Il\aga,mentos por leis severas àque les qu e eq ui passem a ciência com
Por mai s que Severo d escF'sse o 1m a causa
·' em uma
I id .g~a (C. Til. IX, 16, 3). Conde nou, também, a práti ca da
reprovou a tr{Hls~? nnaçãO d esta call sa re Iglosa
secu lar: o haIVlnhação
. ° .. , .
o. aru s plce se na queIma do e aque Ie que
(a< rusp .lcil ça-)

. .'
:
uil} para que
~u~
.~ Urna ~;~ Convocado teria se us bens confiscados e seria ex ilad o em
PrisciHano recorreu ao imperador (lId IIrII1ClpCIJI IJrouocll. isSO Jcv ..... em a, A pessoa qu e denu nciasse es te crime não seria um de lato r
,fio aparece diante dos bispos Ide l311rdigala I. Conscntlu-se ~J1'l, rc\'c1iaoUo erecer'
1, • • .. • . clusiVC, a ..... la Uma recompen sa (C. Til. IX, 16, 1).
à dcbilidadedc nossos bisposqlledltanam sentenças, 10 . nCl'" a oU,,·
, I · ' a r a audlê
se cram consider.:1dos suspeitos, (cvenam n .'Sl!fV. •

177
176
Observo, todavia, que as co n ~ti.tuiç~s consta,ntinia nas prOibiam, Ao reprova r os acontecimentos do tribunal de Tréveris, este
apenas, o exercício privado da adlvmhaçao, ou, seJ ~, dentro das casas, clérigo criticava, ainda, as açàes de Mag no Máx imo. Uma censura
corno acontecia trad iciona lmente. A arusplcaçao (I/arllspex) e t<llnbém realizada por ldácio de Chaves que, ao registrar a
supers tição (sl/per/itio) ainda poderiam ser pratICa d as em cerimônias'
>
condenação d e Prisci liano e de seus partid ários, denom ina o augusto
públ icas (C. Th. lX, 16, 1; XVI, 10, 1). Neste caso, reto mo ii necessidade de tirano (Crônica, 386, VIll) . Noto que o poder de império de Magno
do contro le das autoridades sobre os ce rimonia is. Fossem elas Máximo foi ba stante polêmico já em sua época. Máximo foi aclamado
au toridades espi rituais ou secu lares, exigia-se ii vig ilância sobre imperador por seu exército na Britânia, uma região que, juntamente
determinadas práticas. Constantino reconheceu ii importância das com as Gálias e a Hispania, era administrada pelo poder d e império de
artes mágicas ao exigir que elas fossem controladas por uma Graciano (367-383) . Ne,ste momento, Valentiniano II (375-392)
autoridade pública e deixassem de ser rea lizadas no âmbito governa va Itália, Ilíria e Africa Pró-consular. Teodósio I, por usa vez,
doméstico, para tanto, vinculou esta última prática a crimes. As era o único imperador das terras romano-orientais. A aclam ação d e
consti tuições de Constâncio II (337-361) d ominaram ainda mais o Máximo foi vista, en tão, como uma us urpação de pod er. Graciano
saber mágico e aproximamm /IIa/eftcill/1/ e //Iaiestas (crimes cometidos tentou recupera r tal poder, mas foi morto depois de uma batalha, em
contm a figura imperial) (SfLVA, 2003, p. 233-261) . 383. Após a d errota de Graciano, Máximo foi considerad o por
Embo ra os limites geográficos da s constitu ições imperiais Valentiniano lJ e Teodósio I imperador leg ítimo da região das Gá lias.
d evam ser considerados, é s ignificativo exami nar que estas Todavia, ao avançar sobre os territó rios da Itá lia, novamente foi
vinculações (magia ~ /1/a/elicilllll - //lajes/as ) ganharam concretude julgado usurpad or e teve qu e enfrent<lT o exército de Teod ósio. Foi
e m e labo rações ju rídicas. Po rtanto, qua nd o Severo informou queos morto em 388, nas cerca nias de Aquileia.
líderes p riscilianos tinham s id o condenados po r lIla/eficill/1/ em um Escribano Pai'io sa lienta que, de pois de sua morte, Máx imo
tribunal secula r, o autor observou eleme n tos ligados ao mundo sofreu a dl1lllllalio mcmoriac (ESCRIBANO PANO, 1990, p. 261).
secu lar, não ao âmb ilo espiritual, por isso sua insatisfação. Portanto, quando Severo e Id~cio escreve ram sua obras, Máx imo
Pri scilia no e seu s seg uidores fOrélm punidos, então, por crimes era consi derado usurpador e "tirano" era um dos termos util iza dos
contra o poder d e impé rio, não por se re m hereges. para desigi nar tal condição (ESCRIBANO PANO, 1990, p. 250). Na
O clérigo desejnva qu e os prob lema s espirituais fossem época de Severo, então, Máximo era denominado "tira no" e os
resolvidos dentro destn es fe ra . Para Severo, aquele era um assunto argumen tos d este autor reforçavam tal ide ia, vis to qu e, co nfor me
ecles iástico e deve ria ter s id o ju lgado em con fo rm idade com as as elabomções
< .
.
seve nana s, M>aXlnl0
> - sou be respeIta
nao > r uma causa
diretri zes episcopa is. Para o clérigo, aquela interferência .d o p~der edesiástica, t rans formando-a em uma causa secu la r. Ou seja, >

sec u la r na questão pr isc il iana co nfigurava um novo Crime: era mesmo que Seve ro nao - te n Ila ut >
l1>Izado o termo " tI>rano" para se
referir a M' .
uma nov a e inédi ta violação ii lei divina (/lclas) que uma ca~~ . aXlmo, a noção da tirania e da u su rpação des te
eclesiástica fosse julgada por u m juiz secular" (Crônica rI,50· ;;,r:rado r estava presente em s ua Crónica. A di sco rdância de
Certamente, é impossível desv incular re ligi ão e politica n; escaCIOcom
I
o ha do a t
' , .
as atitud es de Max lmo, po r sua vez, fo i explicitada pe la
d > >_
ant igu idad e, porém, nes te caso, Severo" fez qu estão de realçar trech 'u a r em enom mar o gove rnan te de "( lr.1I1 0" em tres
. . 'tu al na osdesu C ~ .
lu ga r que deveria ter sido ocupado pe lo pod er esp lrL N a rOI/lCl1 (ano 385, VII ; ano 386, VII1; ano 388, X) .
problemática prisciliana. "'q 0 10 que Se
uestão . '.
- cn't>ICO U a mtrom
vera nao > >
lssão d o poder secu Iar
.
pnsc liJ ana q uand o o aug usto G racian o em itiu o resaipto

178 179
que deveria te r afastad o os líd eres pri sc ili anos de suas cátedras
episcopais. O ep isódio foi reg is trado na Crô" Éca (II, 47), entretanto ." 0 386, VIlI ) e notou que, no ano 400, fo i convocad o um s ínodo
erfl Toledo para re prova r os prisciliani stas. O u seja, cerca de quinze
não houve nenhum tipo de cond e nação a esta a titud e impe rial po; ílnos de po is da execução dos priscilianos, se us va lores a inda e ram
parte d o clérigo. Provave lmente po rqu e era es ta a sentença qUe dissel11in ad os e conti nuavam a incomoda r líd eres cató licos.
Seve ro req ueria para os he réticos, como e~ pôs em s ua obra ao Já nas primeiras linhas das a tas do I Concí lio d e Toled o
reproviU a d ecisão d e Máxi mo : "e ra suficIente qu e os hereges destaCOU-se a condenação dos "seguid o res de Prisciliano e dos
julgad os de acordo com as sente nças episcopa is fossem ex pulsos de folhetos heré ticos compostos po r e le" e defendeu-se os d og mas
s ua s ig rejas" (CrôI/icn II, 50). Uma vez qu e Graciano ha via Optado estabelecidos no Concíl io d e N ice ia de 325 no mesmo parágrafo:
po r esta solu ção, não ha via motivos piUa ser censu rad o por Severo,
mesmo qu e tivesse tomad o uma decisão que, aos o lhos do autOr Reunidos na igreja de Toledo, os bispos 1.. ·[, em total del'..cnovc, que são os
mesmos que em outras atas promulgaram scnlcnç<ls contra os seguidores de
d eve ria pe rte nce r à esfe ra eclesiástica . Percebo, novamen te, a~
Prisdliano e dos folhetos herêticos compost os por cle,I ... ] Se agrada a todos,
cons tantes v inculações entre pol ítica e relig ião na antiguidade. decretemos o que se deve f<l~er por todos os bispos ilO ordenil r os d êrigos.
Embora algu ns au tores ecles iásticos tenham ten tad o d efender um Parece·me satisfatório que se dev<l gua rdM o que foi estabelecido
espa ço rcse rv<1 d o ao pod e r es piritual, na prática, estas esferas de antig<lmenlc no Concílio de Niccia e ,,;10 devemos nos dist<lnciar destas
nonnilS, (I Concílio de Toledo, prefácio).
pod er se mescla vam.
Supício reg is tro u, ainda, que a morte dos priscilianos nào
Neste trech o, o termo "heres ia " con tinu o u a acompanhar a
cessou a he res ia:
crença priscilianis t<1 nos discursos cn tó li cos, send o contraposto,
Entretanto, eXl.'Clltado Prisciliano, a herl.'Sia qlle havi<l se prop.lgado sob seu neste caso, no mes mo parágrafo, às ide i<1s nicenas. Retom o a id eia
p<ltrocínio não só n50 foi reprimida, como foi reafirmada e se propagou de que, ao passo que uma o rtodox ia em cons truída, e rigia-se
rapid;ul'Iente. 1... 1Os corpos dos mortos fomm levados p.lr<l as Hisflmrins e seus reciprocamente uma heres ia. Obse rvo que, o artíficio retórico d e se
ri tuais fúndJI'l'!S cclcbmdos com grande solenidade. (Severo, Crúll;rn II, 51) utilizar as ex pressões " heresi a" e "Concí lio N iceno" no mesmo
parágrafo, gerava um .. me nsagem clara c faci lmente assim ilada
Apesar d o clérigo re prova r ta l he resia, parece ter apreciado o
pelo público daquele documento, Noto, a inda, que os cânones
respe ito que os seguid o res d os pri scilianos prestaram a~ seus
deste concí lio dita vam as reg ras da o rde nilção clerical de acord o
líde res. Em cont rapos ição, neste mes mo parág rafo, depr&lo~ as
COm a hieraquia desejada po r .. qu eles qu e redigiam aque le
d iscó rd ias qu e na sciam dentro das comun idades cristãs catóhcas
dOcumento, Uma vez mais, o anseio pri scili anis ta de alterar as
d ev id o às di scord ias e ntre os b is pos.
~~mas vigentes d entro d .. s co munid<1d es ca tó licas foi rechaçado
Em sua é poca, Seve ro ressaltou qu e nem a morte dos .líderes
. o deter aque \a cre nça. U m movllnento a a linha nes ta a ti! conciliar, Ce rtilmente, as censura s
relig iosos tinham conseguId Prom 'd
comum entre as an tigas .
re \ .Ig ,- - ? F'
loes, nao, . comC risto eOS
0 1 ass im 111 por ,OV
ISSO
I as neste documento (o i ao encontro d os idea is de Id ác io,
.
, . . - arianoS, CC ' ,era mteressante que m<1i s este mov ime nto ca tó li co contra
0p nSCT
cris tãos (d e modb ge ral), com Ano e os cn staos < ' O
. - d ' . . n Mao l11ée O I lanismo fosse reg is trado no livro d o bis po de Cha ves .
Donato e os cn s taos onall stas, se na ; asslln CO I
Ctôn ' aCOn tec imento escolhido po r Id ác io pMa compo r sua
is lamis mo, Então, com o prisciliani sm o i~90 niio fo i diferente"deias n
d aslró i'" AI.",.c no ano 405 (o i a redação d e Sulp íc io Seve ro d<1 Vidfl de
Id ácio d e Chaves tam be' m reg .is trou a d'Isse lnma . ção
< 11"J 0 b'
" tO C /I , ISpO de TOllrs: "Severo, s umo discípu lo d o beatíss imo
pri sc ili anas após a mo rte dos líde res desta cre nça (Idac ,

180 181
Ma rtinho, relata a vida e os mil agres que a~u,e~e homem fel. I Novamente, um discurso aprovado po r Idácio e, por
escreveu o utras crôn icas alé m d essas, d esd e o IniCIO do Gênesis até isSO, digno de integ rar s ua Crônica.
a seita pe rniciosíssima d os prisci lianistas" (Idácio, Crôn ica, ano 40S Esta, enfim, foi a última menção d e Idácio a cre nça
XI). Recordo que a ob ra de Idácio foi, poss ivelmente, red igi~ prisciliansta. Mais uma vez, re provada po r e le e pelas refe rê ncias
depo Is d e 465 e antes d e 474. Logo, mais de sessenta anos que escolheu para redata r s ua obra.
se parava m a escrita da Vida de Mar/miJO d a redação do bispo de
Cha ves. Mesmo assim, o autor trouxe para se u li vro urna consid erações finais
informação qu e ju lgava relevan te. Alé m da Vida d o antigo bispo de
Tours, Id ácio record ou as de mais ob ras severi anas, o que Os elementos a na lis ad os, proven ien tes das ob ras de Sulpício
d emo ns trava a importância do pe nsamento des te au to r pa ra Idácio Severo e Idácio de Cha ves, claramen te expõem o julgamento de
e pa ra os juízos que d efendia. JUtores cristãos católicos sobre uma crença cristã que dife ri a, de
Ce rtamente, a d efesa d os princípios cató licos e a condenação alguma forma, daqu ela acaste lada pelos a utores des tas crôni cas.
das noções p ricil ianas levadas a cabo por Severo e Martinho Nestes escritos, esta crença cris tã "dife ren te" fo ra denom inad a
<lg rad<lva m o b is po de Ch<lves, v is to SU<l ins is tência em censuraro lherét;" e delineada co m ações e adje tivos pejorativos. No ca minho
pri scili anis mo, d eno min ado nes te parágrafo de "seita edificação des ta "he res ia", as pala vras e as id eias o rga n izadas
pe rnicios íss ima " (perniciosissimlls)... Par~ "ref~rça r ~ . ca~á~ d iscu rsos opu se ram noções de cer to, vinculadas ao
pejorativo do prisci liani smo, a qU~,hflcaçao seita pe,~mçl~. ~ :cr;'t;"n;"mo ca tó lico, e de errad o, refe rente às noções prisci li anas e
oposta às qualificações "sumo (SIl IllIllIlS). e beatlssuno Neste inte ri m, seguind o os estud os d e Cameron,
(benf issilllflS) d e Severo e Ma rtinh o, respecti va mente. Nesta o cará ter violento d estas elaborações e, por isso, chamo a
e laboração, o autor contrapôs ad jeti vos e log iosos, "grandioso" e para a cons tan te reflexão que deve ser feita sobre os
" beatíssimo", a um d e precia ti vo, " pern iciosíssi mo", refo~~ando, "","'sos produzid os ao lo ngo do p rocesso his tó rico.
e ntã< o, mod elos que deve ri am se r seguid os . e evitados. A utlhzaçio
' • ~ fasea05
Prisciliano se en te ndia Como catól ico! Porém, ao ten ta r
d os superlati vos nesta s adjetivaçães confe n a a inda. ~a~s ~n . noções cons id eradas ca nôni cas po r líde res mais
argume ntos episcopa is: 51111111I1/S, beatissimlls e pertllc/Osl~S/l;"::'igiu !"dere"o, do que ele, foi julga d o herege. Send o ass im, Pr isci liano
Idác io regis trou qu e, e m 447, o bi spo de Roma, Leao , 01 poderia alcançar a fe licidade, como ressa ltou Severo. Send o a
. .' at61ico e contra
um docume nto e m de fesa do cn stmJllsm O c, d~ qu e ele hav ia criado " perniciosa", confo rme Idácio.
T ·b· de Astorga (I
priscilianistas e o env iou ao b is po on 10 que' o tom acusador des tas e de tan tas outras e laborações
Crôtlica, a no 447, XXIII). Julio Campos (1962, p. 270) in forma a. c~~ por Severo e po r Idácio para tra ta r do mov imento
car ta de Leão I fo i uma res posta d o bispo de Ro ma a ..M iniCiado po p . .,. O
d' r n SCI la no. g nos ticismo, outro movimento
. b' de Asto rg a eXr- Istanciava d . ,. d f '
e n viad os a e le por Torib io nos quais o ISpO . os prl nClpl OS ii e ca t6 1ica e que preocupa va
, I . ·sci lian lsta . desta crença c n.s ta,
' f0 1· VIll
· CU' a d o as
' ·d ·
problemas suscis t"rd os pe la chamada le reS la pn ,e,;OOstl\~ pc < I elas priscilia nas.

os esc ri tos d e To ribio não tenham s ido cpnse;r;v~.a~d:~o;:s~,.;;a~~~~::,:~ r palavra, e labora ção por elabo ração, o rol de
,,"'UC'd',de do.s prisci lianos e d os priscil ian is tas só a umenta va
Leão I o foi. Nela, o bis po de Roma carade: riso: o
a aud ~ .
"setlt ina" (CAMPOS, 1962, p. 270), algo comO lenCla de Seve ro e de Jd ácio.

182 183
d . ,
i'lflrmO qu e a '" l eia< destes auto res ca tó licos não pRlSC1LlANO de Áv ila. Libro apo logé tico. ln: C RESPO LOSADA,
Se n o a SSIn', rc. . ,to prisci li;m o c seus desdobramentos
C Manuel José. Traducción ~ com en tário filosófico d e i " Tractatus
deromo V 1m · 1 •
e rn compr~ ~, a cristã dis tinta daque la que eles Prirnus" de Prisciliano de A vila, intitul ado " liber Apologeticus".
e s im cnllcar um " crenç< Se
' " d' Paralelnmcntc a esta censura, vero e Memo ri a para op tar ai grado d e Declor cn la Facultad de Filologia
cons id eravam ve rda eira. ' I' f
, ' . a aram p rin cípios cato ICQS, o e recerarn de la Univc rs idad Complute nse de Madrid. Madrid, 2009. (Texto
IdaCLo ressilltar<lm e pro p<g . esta f ' c a' d
elem entos id entitários aos cri stãos que scguléIm . . < e JU aram latino yesparlol )
, d ' f' - de uma d ete rminad a o rto d QX Ia. SU LPICl O SEVE RO. C11rOl/icorllm. MPL 020, coI. 0095A - 0160A.
a nutrir il e 1 Icaçao
SULPIOOSEVEI~o. Obras Completas. Estudiopreliminar, traducción
y notas de Carmé n Codoll er. Madrid: Ed ito rial Tecnos, 1987.
Referências
Bibli ografia

Documentos
CAMERON, Averil. The cos t of orthodoxy. LeideinlBos to n: Bri ll,
2012, p, 1-24,
.,. ' Doc/llllwtn Olllllia. Col/eclia
C e ~ t1rt1glfs t (l IlIlUl (380) .ln-
COIICI mm a .':> . . I nr http://www.documentaca tholica CAMERON, Averil. The violence of orthodoxy. ln: IRICINSCHI,
CtllllO/ica 0111 11m. Dlspon,ve c .
, ' /_ 0380-0380 Concilium_Caesaragustanum_ Eduard; ZE LLENTI N, Holgc r M. (eds.). Heresy and identity in late
o mnl a.eu/04z Z_ - I A c m' 20 de mar. 2022. Antiquity. Tubingen, Ge rmany: Mo hr Siebcck, 2008, p. 102-114.
O '" LT.doc.htm. cesso . . .
Doeumcnta_. mn!, - , (325)' 03- Co/!stitutio C/l1I1 SlIbditis Capllrdls CAMPOS, Jo rge. la e pís tola antipriscilianista de S. león Magno.
CO l/dU"", NICllel//l1II : O //lia Collcc/io. Disponível em: Helmántica, vo l. 13, n. 40-42, -1962, p. 269-308. Disponíve l em:
Suis. ln: DOCIIIIICllta CaJllOltca 1/. /04- /- 0325-
th I'cao mnlC\ e u z z_ https:/Isulnma,upsil.es/h ig h.ra\v?id=0000002629& na me=OOOOOOOl .
http://www .d.ocume~taca 0\<03 C~nstilutio_Cum_Subditis_C original.pdf. Acesso em: 15 de maio 2022.
0325 Conc ill um_N lcaenum_ - - . 2022
- I A ssoc m '15de mai O . BLÁSQU EZ MA RTíN EZ, José Maria. Pri sci li a no, introducto r dei
a pitulis_Suis_LT.doc. hllll. ee . VIVES José (ed.). Con la
. . .' e his pano-romanos . , , ascetismo en His pilnia, Las fue ntcs, es tudio d e la investigació n
Concilios vlslgohcos • . G _ lo Martínez Dlez. moderna. ln: FA T ÁS, G. (cd). I Concilio CaesnmllgllslmlO. MCD
. M ' n M,HIlIlez y onzC\ < •
colaboració n de Tomas ar! < • de lnvestigaCLones
'd' Co nsel'o Supenor Aniversario Zaragoza 25-27 septie mbre de '1980. Za ragoza, 1981, p.
d
Barcelo na -Ma ri ' . . t vol. 1). ~121 . Dispon íve l cm: https://w\V\V.cervantesv irtual .com/obra/
Cien tífi cas, 1963, p. '19-33. (Es.paii.adC r~~laT., a, :~i::~ de Chaves (.s.
n e ~ClO, pnsci\ ia no- i n I rod u cl o r-d e I- a see l is mo-c n- h is p.n ni<1 __ 1as- fu e n tes-
ID ÁClO DE C H AV ES. Crom co _ I Y comcnlarlO
es( tudio-dC- Ia-invesligacin_moderna_O/. Acesso em: 25 de ab ro2022.
.. s lon e spano a to
IV-V) lnlroducción, texto c nllcO, ve r ' 1984. (fex texto -
nao-pagi nado),
po r J~ l io Ca mpo. Salamabca: Edieiones .~~as;lnc!~;sponívcl ent
latino y espanol) llllperatoris TIICOdOs:l~eo~~t~;:Lii.htlll. Ac.eFfJ'
:R1~ANO PANO, Ma ría Victoria. Emperadores y Icyes en é poca
htlp:/la nc ie nt!Olllc.ru/ius/library/codex/ . IS'
Fsc OSlana (Codcx 11/Codosimllls 16, 5, De Haereticis) . 111:
POI,R,..IBANO PANO, María Victo ria; TESTA, Ri ta Lizzi (cds.).
em' 15 de mar . 2022 . " ' - de f.
refu taçao II CQ rei ' "
' h . S' denunCIa e "'C) , Igl OIl Y l egi 5fnci óIl 1.,'11 el Imperio l~o1/Jnl/o (55. I V Y V
IRI NEU d e Lyo n. Contra as eresla .. . - Pol' .
~ .. I I tl ca , rcUgiol/ e e Icgislflzi o11e l/ell'llIIperio R01/Ja11o (IV e
gnose. São Paul o: Paulu s, 20'14. CO o el. c) B' , ,
' . a r!: Edlpugl!a, 2014, p. 61-82.

185
184
ESCRIBANO PANÕ, María Victoria. Hneret ici jure damnati- I
proceso de Tréveris contra los priscilianos (385). Studi
• • CAPÍTULO VII
Epll em eridis AlIgustillia llll11J, n. 46: C ristianesimo e specificj~
regionali nel Med iterraneo Latin o (Sec. IV-VI). XXII lncorntro d'
s tu d iosi de ll' antich ità cr is tiana. Roma, 6-8 m aggio 1993, p. 393-416~
ESCRIBA NO PANÕ, María Victo ria . Usurpación y religi6n en el s DOIS HOMENS A SERVIÇO DA ARTE M ÉDICA
IV d. de c.: pagan ismo, cr isti anismo y leg itimación POlitica: NA PENÍNSULA IBÉRICA: BREVES REFLEXÕES
An tigüedad y Cristianismo: Cristian ismo y Acu lturación en ACERCA DO S CONH ECIMENTO S M ÉDICOS D E
tie mpos d e i Impe rio Romano. Mu rcia, n. 7,1990, p. 247-272. ISIDORO DE SEVILHA E PEDRO HISPANO
HUM FRESS, Caro li ne. Orto doxy and lh e Courts in late
Antiquity. Ne w Yo rk, Ox ford University Press, 2007.
RÃlSÂ NE N, Heikki. El nacimen iento de las creencias cristianas.
Ca rl ile Lanz ie ri Júnior
Sa lamanca: Ediciones Sigue me, 2011.
Mauricio Ribe iro Dama ceno
ROMERO POSE, Eu genio. Priscil ián: hi sto ria e ficción. Trabe de
O uro: p ublicación galega d e pensamen to crítico, tomo 2, n. 26,
1996, p. 11 -23.
SANTALUClA, Bernardo. L'a mm ini stra zione del la giustizia
penale . ln : MOMILlA NO, Arna ld o; SCHIAVONE, Aldo. Sroria di
Roma: L'i mpero mediterraneo. VaI. 2, Torino: Ein audi, 1993, p. Considerações preliminares
1035-105l.
SILVA, Gilvan Ventura da. O basilclIs e s ua espada vingadora. ln: Nas pág ina s q ue compõe m este cap ítu lo, faremos algumas
SI LV A, Gilva n Ven tura da. Reis, san tos e fe iticeiros: Constâncio D breves re flexões a respeito do exercício da medicina por ho mens
e os funda men tos místicos d a basileia (337-361). Vitória: Edufes. Ugados à Ig reja, ou seja, padres, bispos, a rceb is pos e a té mes mo,
2003, p. 217-275. . . ti papas, em especial na Penínsu la Ibérica. A d oença e a cura podia m
VERONESE, Maria. La do ttn na d ella creazlo ne d ei mondo neg : consideradas dádivas di vinas, mas o rdens como a dos
scritti prisci ll ian isti. Auctores Nostri, n. 8, 2010, p. 373-396. editinos conside rava m o cuidad o com os doentes u ma
OIedic.'Ção fo rma d e traba lho. O co rpo saudá ve l pe rmiti ria a tota l
- às obras e desíg nios de Deu s na te rra e uma prepa ração
<l5:H5•• , I para outro plan o. Mari e-Christin e Pou chelle (2006, p.
por exemplo, nos ex plica que até meados d o séc ulo XII o
corn ocorp f
r. " . o rcou a cargo dos membros da Ig reja e que mesmo
_rhr do sé I
cu o XJiI, com a reforma g regoriana I, era poss ível
a presença d d · ..
< e Iversos tratad os que aUXIliavam os padres de

prática da me d··
IC!na por c" . figos
.
em f -
unçao do contato com sangue.

186
187

Você também pode gostar