Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Da suposta "maldição" de Jacques de Molay até a farsa recente de "O Código da Vinci", saiba,
nesta última aula de nosso curso exclusivo, como a Maçonaria e outros grupos esotéricos
inventaram uma série de lendas e mentiras a respeito dos Templários.
_________
A lenda criada por Vincenza dizia que o líder dos Pobres Cavaleiros de Cristo
havia dado um prazo de um ano para a morte de seus inimigos. Nota: Guilherme
de Nugaret já estava morto na época. Ora, não se pode atribuir uma maldição a
quem já havia falecido. Clemente V, por sua vez, encontrava-se moribundo. Sua
morte repentina não era, pois, imprevisível. O inusitado na história seria tão
somente o falecimento de Filipe IV, aos 46 anos de idade, devido à queda de um
cavalo, após um derrame. Em que pese a veracidade ou não da lenda, no
entanto, trata-se simplesmente de um suspense inofensivo. Todos os cronistas
do período haviam se posicionado a favor de Jacques de Molay. Estavam
convencidos de que era inocente das acusações e vítima de um conluio. Por
isso, não há por que se preocupar.
Muito diferente é o caso da Maçonaria. 450 anos após o trágico fim dos
Templários, quando não existia qualquer dúvida a respeito da determinação de
Clemente V para que os extinguissem, surge a teoria de que a Ordem de São
Bernardo era, pasmem, uma sociedade secreta. Foi o início do que podemos
chamar de Templarismo.
Ramsey contava que "as palavras de guerra que os cruzados diziam uns para os
outros para resguardá-los das surpresas dos sarracenos, que frequentemente
surgiam entre eles para matá-los", eram, na verdade, os segredos transmitidos
pelo pacto de honra com os Cavaleiros de São João de Jerusalém. Detalhe: os
Cavaleiros de São João de Jerusalém não eram os Templários, mas os
Hospitalários. Ramsey nunca disse algo sobre a Ordem de São Bernardo de
Claraval. Os Templários apareceram depois. Ademais, a essa fantasia absurda,
o chevalier escocês acrescentou o culto às deusas Ceres, Ísis, Minerva, Diana
etc. Isso dava um simbolismo maior à Maçonaria. Não é por acaso que os três
primeiros graus dos maçons têm nomes de pedreiros e os 30 restantes — os
graus filosóficos — recebem nomes de cavaleiros cruzados.
Aqui deve ser feita a pergunta: como pessoas influenciadas pelo Iluminismo, dito
o criador do século da razão, o pai do esclarecimento, o remédio para o
obscurantismo medieval e supersticioso, foram literalmente seduzidas pelo canto
de sereia da Maçonaria? Há uma explicação. O Iluminismo mudou a
mentalidade social. Na Idade Média, havia uma clara distinção entre o que era
competência da ciência natural e o que era competência da filosofia e da
teologia. A ciência, sabemos, é apenas um recorte da realidade. Não oferece
respostas a tudo. Que fazemos neste mundo?, por que vivemos?, para onde
vamos? São perguntas formuladas à filosofia e à teologia. Essas duas disciplinas
são o que nos serve as premissas válidas para nosso conhecimento sobre o
mundo. Era assim, ao menos, na Idade Média. Com o Iluminismo, a deusa razão
ocupou o lugar da filosofia e da teologia. O chão em que a sociedade pisava lhe
foi arrancado, restando-lhe somente o misticismo esotérico, já que a ciência
moderna, com suas sucessivas refutações e negações de autores, não é capaz
de explicar as verdadeiras dúvidas da humanidade. Não é de pouca monta que a
maioria dos pensadores e cientistas iluministas é formada por esotéricos —
Newton era um alquimista. Homens da ciência, céticos empedernidos, capazes
de acreditar nos contos mais estapafúrdios da literatura [5].