No caso de Cagliostro, é evidente que se trata de um charlatão que explorou
cinicamente indiscrições obtidas em fontes de informação secretas. Repete como
um paga- gaio, e sem os compreender, certos segredos desconhecidos da matéria. Exibe manuscritos contendo a doutrina secreta, mas provou-se que esses manuscritos foram por ele comprados a uns alfarrabistas, em Londres! Imita o hipnotismo de Messmer e faz demonstrações com a ajuda de máquinas electrostáticas copiadas das de Cavendish. Preso, em Roma, pela Inquisição, e ameaçado de tortura, presta declarações muito completas. Não se conhece a data da sua morte, talvez em 1795. Quando, em 1797, os Franceses tomam a fortaleza de San Leo, onde estava preso, e o procuram, já não o encontram. 139 Basta compará-lo com Cavendish, que obtém dinheiro em quantidades ilimitadas, sem nunca o pedir a ninguém, e que procura parecer tão obscuro quanto possível, para ver a diferença que há entre a realidade e a imitação, entre o iniciado e o seu imitador. O grande historiador inglês Carlyle faz notar, muito justamente, que «o Mundo está cheio de semi-Cagliostros, tão numerosos como os grãos de areia do mar. São híbridos imperfeitos, impostores falhados, de que Cagliostro é o ideal inacessível e o exemplo-tipo». Cagliostro representa, assim, a última fase. Depois dele, a informação que provém dessa fonte X dispersa-se a tal ponto que se torna totalmente inutilizável. Mas, na origem, só na pessoa de Cavendish expõe a relatividade, a electricidade dinâmica e a energia atômica; na de Boscovitch, a realtividade, os quanta, a ubiquidade ou bilo- cação, a viagem no tempo, os universos paralelos; na do conde de Saint-Germain, o alumínio, de que registou uma patente, e um projector de ultra-sons paralisante que o imortal Rosa-Cruz chama «a pistola filosófica». Todo este conhecimento aparece simultaneamente e, dois séculos depois, é confirmado pela nossa ciência mais evoluída e pelas nossas técnicas mais avançadas. Esse reconhecimento relaciona-se com a alquimia, mas ultrapassa-a, e, para o designar, proporei, naturalmente, por analogia, o termo de alfísica. Os primeiros portadores deste saber vivem isolados do comum dos mortais, talvez para esconderem certas diferenças fisiológicas. A segunda série desses transmissores de informação, Franklin, Lavoi- sier, é formada por pessoas mais próximas de nós, mais humanas. Assim, Fraklin é um dos mais fecundos escritores de obras pornográficas do seu tempo, o que nos afasta da pureza e da castidade dos três primeiros. No entanto, possui o saber secreto. Em 1780, escreve a Joseph Priestley: 140 «É impossível imaginar a altura a que se elevarão, daqui a mil anos, os poderes do homem sobre a matéria. Aprenderemos a privar da sua gravitação grandes massas de matéria e a dar-lhes uma leveza absoluta, para facilitar o seu transporte. Diminuirá o trabalho da agricultura, enquanto a sua produção duplicará. Todas as doenças, incluindo a velhice, serão evitadas ou curadas. As nossas vidas serão prolongadas à vontade, mesmo para além do tempo que duravam antes do Dilúvio. E espero que a ciência moral também se aperfeiçoe, que o homem deixe de ser lobo do homem e que os seres humanos aprendam, enfim, a praticar o que chamam, agora, injustamente, a humanidade.» Isto foi escrito em 1780. Mas escrito por um homem que conheceu Oavendish, que se correspondeu com Boscovitch. Por intermédio dele, fala um saber mais que humano, uma profecia manifestamente fundada em conhecimentos que ainda não possuímos, mas que possuiremos um dia. Um saber que vem de onde? Mais ou menos directa- mente dessas Inteligências que podem criar e extinguir, à vontade, as estrelas. Um saber essencialmente racional, oferecido sem contrapartida e que não exige a adesão a nenhuma religião. Um saber que teve de infiltrar-se até Swift, para que ele predissesse as luas de Marte, e até Voltaire, que descreve, em Micromégas, o infravermelho e o ultravioleta, e que escreve a La Condamine: «A matéria tem, talvez, mil outras propriedades que desconhecemos.» É impossível, por agora, estabelecer a lista completa das pessoas responsáveis que beneficiaram de informações provindas da fonte X, pois são demasiado numerosas. Estão a fazer-se estudos a este respeito, nomeadamente o do escritor americano Murray Leinster, que colecciona todas as invenções que aparecem, prematuramente, entre 141 1750 e 1800. Eu próprio estabelecí uma lista que não coincide inteiramente com a dele. Podem citar-se, desde já, alguns casos espantosos. Assim, está com certeza provado que o matemático inglês Cayley inventou o avião logo em 1800. Encontraram-se as suas diversas publicações, em particular as suas comunicações à Sociedade Real das Ciências, cujo resumo foi feito por Gibbs Smith na sua história da aviação. Cayley estava certo, gostaríamos muito de saber como e porquê, de que um motor, suficientemente potente para propulsar um aparelho mais pesado que o ar, seria, um dia, inventado. Partindo deste princípio, fez estudos matemáticos, e, logo em 1800, descrevia o avião moderno. Gibbs Smith escreve: «Se o avião de Cayley houvesse sido1 construído em 1850, onde estaríamos nós, agora, nesse campo?» Seria interessante saber onde teria Cayley adquirido a sua certeza. Como Cavendish, e talvez por intermédio de Cavendish, estava em contacto com James Watt, o inventor do condensador para máquinas de vapor. Mas Watt nunca pretendeu que uma máquina de vapor suficientemente leve para accionar um aparelho voador pudesse ser construída. Cayley partiu, simplesmente, de uma afirmação de Cavendish? É possível, mas nós não sabemos grande coisa. A sua obra, muito avançada em relação à época, havia sido esquecida; no entanto, possuímos todas as suas publicações. Estaria ele a par dos trabalhos efec- tuados no seu tempo, na Europa, acerca do motor de ar quente, que, se tivessem sido suficientemente desenvolvidos, teriam podido levar à construção de uma máquina voadora? Ninguém, hoje, pode dizê-lo. Le Bon, inventor do gás de iluminação, era, provavelmente, um dos seus discípulos, cujo trabalho resultara, directamente, da síntese da água realizada por John Cavendish, assim como da sua idéia de que era possível produzir calor e luz a partir de gases inflamáveis. 142 Conhecería Cayley os trabalhos efectuados, no século anterior, por Huyghens e Denis Papin, acerca de um motor de pistão utilizando pólvora de canhão? Esses trabalhos, realizados em Marbourg, na Alemanha, haviam sido largamente difundidos. Cavendish, que lera tudo e que possuía, na sua biblioteca, que classificava constantemente, todas as publicações possíveis e imagináveis, certamente que os conhecia. Se soubesse, por informações da fonte X, que era possível construir um motor leve para máquina voadora, e iluminar as cidades com gás, teria podido encorajar tanto Cayley como Le Bon. Para elevar um pouco o debate, perguntemo-nos porque é que, em vez de guardar em seu poder segredos que mais tarde se revelaram extremamente perigosos, a fonte X e os seus discípulos procuraram divulgá-los? Podem ser dadas numerosas respostas a esta pergunta. Penso que a decisão de revelar certos segredos foi tomada no século XVII, em Inglaterra, por uma organização cuja importância só agora começamos a perceber, o «Colégio Invisível», que contava, entre os seus membros, com cientistas tão eminentes como John Wilkins (1614-1672), sir Christopher Wren (1632-1723), Thomas Sydenham (1624-1689) e Robert Boyle (1627-1691). O Colégio Invisível estava igualmente em contacto com Isaac Newton e Elias Ashmole (1617-1692), que possuiu e preservou a maior parte dos segredos da alquimia, com os quais fez publicar uma colecção de livros sob o título de Theatrum Chimicum Britannicum. O Colégio Invisível decidiu, cerca do ano de 1660, «revelar ao Mundo um certo número de segredos» por intermédio de uma organização que ele criou e que recebeu o seu alvará do rei Carlos II de Inglaterra em 1662: a Sociedade Real das Ciências. A categoria desta Sociedade foi imediatamente reconhecida e, em 1666, Colbert fundava, em Paris, a Academia das Ciências. 143 A importância do Colégio Invisível mal começa a mos- trar-se-nos. Os membros estabeleceram uma discriminação entre os segredos demasiado perigosos para serem revelados e aqueles que parecia útil publicar. Para isso, a Sociedade Real das Ciências adoptou a divisa Nullius in verba, que significa: «Não acreditar em. ninguém pelas informações.» Esta Sociedade Real das Ciências examinou um certo número de factos que um dos seus historiadores, o holandês R. J. Forbes, declarou inacreditáveis e indignos de verificações experimentais para um cientista do século XX. Em minha opinião, desde o ano de 1662 que a boceta de Pandora estava aberta: a partir desse momento, toda a comunicação de segredos a difundir e a distribuir devia fazer-se por intermédio de sociedades científicas: a Sociedade Real das Ciências, a Academia das Ciências e, desde a sua fundação até ao' fim do século XVIII, a Academia das Ciências de Nova Iorque. Esta, a que tenho a honra de pertencer, conserva um espírito muito aberto, e pode-se- -Ihe fazer comunicações acerca de assuntos que outras academias só muito dificilmente aceitariam, como, por exemplo, a presença de vida nos meteoritos. Se eu, alguma vez, conseguir, à custa de pesquisas, descobrir provas concludentes de sinais de intervenções de extraterrestres, sem dúvida que poderei apresentá-las à Academia das Ciências de Nova Iorque, porquanto nem pensaria em fazê-lo noutro lugar. Pelo menos do lado de cá da Cortina de Ferro, pois, como já sublinhei, os soviéticos consideram como argumento de propaganda anti-religiosa a intervenção dos extraterrestres e estão prontos a aceitar todas as suas possíveis provas. Por infelicidade, aceitam-nas um tanto facilmente e nem sempre são muito convincentes. Entre as numerosas idéias que provêm da fonte X e que estão nitidamente adiantadas em relação à sua época, importa citar a exploração da borracha. Ninguém, naquela época, podia saber que a borracha se tornaria indispensá- 144 vel para a produção de pneus de veículos. No entanto, Bos- covitch, assim como Cavendish, encorajam a exploração, na Amazônia, de uma matéria de que, na Europa, apenas se dispunha em quantidades ínfimas. Para encorajar essas explorações, era necessário possuir um dom pouco comum de prever o futuro ou conhecimentos vindos de uma fonte superior. Parece, do mesmo modo, ultramoderna a ideia. antecipada, tanto por Boscovitch como por Cavendish, de um ano geofísico internacional, que só foi realizado em 1956. Uma outra ideia — a de um satélite artificial da Terra----data da mesma época, mas pode já encontrar-se- -Ihe a origem em Newton. No fim do século XVIII, sem dúvida, graças à influência conjugada das idéias de Newton e das da fonte X, toma rapidamente corpo o plano de um satélite artificial da Terra projectado no espaço por um canhão. Vemo-lo aparecer especialmente em Choder- los de Laclos, que não é somente o autor de Les Liaisons Dangereuses, mas também um especialista de balística. No século XIX, esta questão será discutida nos anais da Escola Politécnica e essa discussão chegará ao conhecimento de Júlio Veme, que a explorará em De la Terre à la Lune e Autour de la Lune. Parece que Cavendish já havia entrevisto as possibilidades de um satélite para uma exploração científica do espaço. Mas interessou-se também pelo estudo da atmosfera por meio de balões. A 30 de Novembro de 1884 fez executar, pelo aeronauta francês Blanchard, acompanhado de Jeffris, médico inglês originário das colônias americanas, a primeira subida em balão, com fins científicos. Blanchard e Jeffris levaram garrafas cheias de água, que esvaziaram a alturas bem definidas e que se encheram de ar. Cavendish analisou esse ar: é o primeiro estudo da composição da atmosfera em função da altitude. Tanto no ar que os aeronautas trouxeram consigo, 145 10 como no ar estudado à superfície da Terra, ficaram sempre «bolhas inexplicáveis» que Cavendish reuniu cuidadosamente. Essas bolhas não são compostas de oxigênio, nem de azoto, nem de nenhum constituinte do ar. Logo que foram isoladas, em 1895, cometeu-se um erro considerável ao postular, a priori, que os gases que as compõem — o hélio, o néon, o crípton, o xénon e o rádon — não eram próprios para entrar em combinações químicas. Chama-se- -Ihes, por isso, «gases nobres». Sabemos, agora, que é falso e que esses gases são capazes de constituir combinações químicas, especialmente com o flúor e o oxigênio. Durante mais de sessenta anos desencorajou-se, sistematicamente, os pesquisadores de compostos químicos dos gases raros, explicando-se-lhes que, por motivos teóricos extremamente sólidos, tais combinações são impossíveis. Infelizmente, os gases raros ignoram a teoria e podem, realmente, combinar-se. Pode perguntar-se se Cavendish, que sabia disso mais do que nós, não sabería, igualmente, que essas combinações eram possíveis. O que explicaria que ele haja podido isolá-los. O que explicaria, também, porque é que foram encontrados, em 1921, em baús, no laboratório de Cavendish, tubos cheios de gases raros que ele estudava fazendo-os atravessar por uma descarga eléctrica. Parece bem que o estudo dos gases «nobres», ainda não disse a sua última palavra e que, hoje que as pesquisas sobre os seus compostos químicos já não são impedidas, esperam-nos descobertas bastante surpreendentes. Assim, já se demonstrou que certos compostos de gases raros fornecem explosivos muito mais poderosos que todos os explosivos químicos que se conhecem. Compreende-se que Cavendish haja recebido Instruções para não divulgar este aspecto particular dos seus trabalhos. Notemos, também, que é um gás «nobre», o árgon, que está na base do «raio da morte» ou laser químico. Este aparelho, que permite, actualmente, furar, a uma 146 distância de doze quilômetros, uma placa blindada com a espessura de 4 milímetros, é de tal modo simples que técnicos da época de Cavendish teriam podido construí-lo, se houvessem tido os conhecimentos necessários. Parece cada vez mais provável que Cavendish haja dominado esses conhecimentos, mas que não os revelou. Todos os dias nos apercebemos de que a Natureza detém segredos científicos muito ■ simples, e, por vezes, muito perigosos. Em 1970 estavam por explorar seis baús de Cavendish, quatro repletos de documentos e dois cheics
A Diferença Básica Entre o Diodo Zener e o Diodo Retificador É Que o Diodo Zener Opera Na Região de Ruptura Ao Passo Que o Diodo Retificador Será Danificado Se Atingir Esta Região