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ARS QUATUOR

CORONATORUM
TRANSAÇÕES DA
LOJA QUATUOR CORONATI No. 2076 LONDRES

MAÇONARIA ESPIRITUALISTA-OCULTISTA SEM


OBEDIÊNCIA NA INGLATERRA 1870-85

(MAÇONARIA „FRINGE‟)
Tradução livre do texto ‘Fringe’ Masonry’, da Loja Quatuor Coronati
de Londres, extraída do site ARS QUATUOR CORONATORUM LODGE 2026,da referida
Loja na Internet, sem reservas quanto a traduções. Tradução feita pelo pelo Ir.: Antonio
Carlos de Souza Godoi, M:.M:., 33º da ARLS Nove de Abril de Mogi Guaçu, 515 Mogi Guaçu,
SP – Glesp (Emulação) N.T. Busquei inutilmente uma tradução adequada para o termo „Fringe‟
em várias fontes e acabei por optar pelo título acima com base no texto abaixo, onde „Fringe’
significariaria “tudo o que é o significado e conteúdo interiores da Maçonaria sem preocupação
com qualquer Obediência ou Potência”. Daqui em diante, no texto que segue, utilizarei sempre
o termo Maçonaria „Fringe‟ dado o tamanho do título acima.Embora haja referências
numeradas, o original inglês não exibiu, inexplicavelmente, a página de Notas onde seu
significado estaria escrito.

Pelo Ir:. Ellic P. Howe


(14 de Setembro de 1972)

Prefácio
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Meu primeiro contato com a Maçonaria „Fringe‟ e os nomes de Kenneth


Mackenzie e Francis George Irwin foi em 1961, quando eu estava atordoado
por quase tudo relativo às origens e história antigas da extraordinária
sociedade Mágica andrógina do Dr. W. Wynn Westcott‟s, a „Ordem Hermética
da Aurora Dourada‟ (The Hermetic Order of the Golden Dawn). A. E.
Waite sugeriu em sua auto-biográfica Shadows of Life and
Thought, 1938,(Sombras da Vida e Pensamento) que Mackenzie pode uma
vez ter possuido o lendário Manuscrito de Cifras da Aurora Dourada, embora
isso pareça improvável. A proveniência desse documento é desconhecida e
provável de permanecer assim. Ele esteve de posse do Reverendo A. F. A.
Woodford, um membro fundador da Loja Q.C., in 1886 que o deu a Westcott
in Agosto de 1887. Daí por diante estamos confrontados por estória lunática
de cartas fabricadas, Chefes Secretos invisíveis e, por boa medida, a
introdução de uma Senhora alemã chamada Fräulein Sprengel, ou então a
Grandemente Honrada Soror Sapiens Dominabitur Astris (....?), alegadamente
uma eminente adepta 'Rosicruciana'. Foi ela, de acordo com Westcott, quem
lhe deu a permissão de usar a Aurora Dourada em seu país. Emboras tudo
isso seja uma grande diversão para amadores do absurdo, está fora do escopo
1
deste trabalho. Desde que Waite sugeriu tentativamente que a trilha da
Aurora Dourada levava na direção de Mackenzie, eu a segui via sua obra The
Brotherhood of the Rosy Cross, 1924,(A Irmandade da Rosa Cruz) e ali pela
primeira vez cruzei com o nome de Irwin.

Certas declarações feitas por Waite atraíram minha atenção. Por um período
de cerca de vinte e cinco anos, aproximadamente de 1860' ele escreveu, a
existência de fabricantes amadores de Ritos na Inglaterra é tornada evidente
por sua saída, pela qual todo antecedente histórico está desejoso, exceto em
um sendo pseudo tradicional, que é aquele da invenção oculta.' O estilo
enrolado de prosa dos escritos de Waite é típico. Ele inferiu, também, que
Mackenzie estava ligado ao que ele chamava de 'manufatura, horta ou estúdio
de Graus. Ele descreveu Irwin como um crente das artes ocultas dentro da
medida de uma pessoa leitora e pensante de sua classe mental particular',
acrescentando que pelo resto [ele] estava particularmente satisfeito com as
buscas do espiritualismo, pela verdade do qual seu círculo tem testemunho em
documentos não publicados. Finalmente Waite mencionou que Irwin „era um
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Maçom zeloso e amigável, com uma paixão pelos Graus e seu número'.

Waite antedatou o estúdio de Graus' em cerca de dez anos. Minha crença é


que Irwin estava sempre mais preocupado com a Maçonaria ('fringe' e de outro
modo) do que com o espiritualismo.

Incapaz de dar qualquer passo avante com o problema da Aurora Dourada


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voltei-me para outras excentricidades. Eu posso nunca ter retornado a
Mackenzie et alii mas pelo fato de que no Outono de 1969 eu estava de volta
novamente ao território da Aurora Dourada e fadado a permanecer lá pelos
dois anos seguintes. Então em Outubro de 1970 o Ir:. A. R. Hewitt,
Bibliotecário da Grande Loja Unida da Inglaterra, mostrou-me uma coleção de
2

c. de 600 cartas que F. G. Irwin tinha recebido de vinte e cinco


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coorrespondentes diferentes entre 1868 e 1891. A maioria delas era de
Kenneth Mackenzie e Benjamin Cox. Na maior parte foram escritas durante a
década dos anos 1870.

Quando li essas cartas pela primeira vez compreendi que agora seria possível
documentar Mackenzie e Irwin, também fabricantes amadores de Ritos, em
maiores detalhes do que teria sido possível no passado. Na verdade, a
correspondência lançou nova luz sobre toda a Maçonaria „Fringe‟ durante a
última era Vitoriana.

O termo Maçonaria ‟Fringe‟ é usado aqui por necessidade de uma alternativa


melhor. Ela não era Maçonaria „irregular‟ porque aqueles que promoviam os
Ritos não faziam Iniciados, i.e. conferir os Três Graus ou o Sagrado Real Arco.
Conseqüentemente eles não usurparam os exclusivos direitos das Lojas e
Grande Capítulo.
A aparição de vários graus „adicionais‟, „mais elevados‟ ou „colaterais‟ indica
uma interpretação livre do que consta no Artigo II do Ato de União Union em
1813. Esta declara meramente que não „pretendia impedir qualquer Loja ou
Capítulo de realizar uma reunião em qualquer dos Graus das Ordens de
Cavalaria, de acordo com as Constituições das referidas Ordens‟.

Um Grande Conselho de Graus Maçônicos Aliados foi formado em 1884. A


Regra I de sua Constituição original declarava:
Em vista do rápido crescimento de várias Lojas não reconhecendo qualquer
autoridade central e nemqualquer forma comum de governo, foi formado um
Corpo Regente para tomar sob sua direção todas as Lojas de tais várias
Ordens na Inglaterra e Gales e nas Colônias e Dependências da Coroa Britânica
que possam estar querendo juntar-se a ele.

Será visto que a submissão à autoridade do Grande Conselho era uma questão
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de escolha. Além disso, jamais ocorreu a Irwin ou Mackenzie e seus amigos a
se candidatarem e ele. Deixando aceita sozinha, a jurisdição do Grande
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Conselho sobre suas „invenções‟

O surgimento de uma variedade de „graus adicionais‟ após c. 1860 – aqueles


que posteriormente vieram sob a autoridade do Grande Conselho de Graus
Aliados, e os Ritos „à deriva‟ com nos quais Mackenzie & Co. tiveram uma mão
– aconteceu em uma época em que a Ordem (Craft) estava rapidamente se
expandindo na Inglaterra, com o conseqüente aumento no número de
Lojas.Foi por coincidência que havia um amplamente disseminado interesse
público contemporâneo pelo espiritualismo e alegados fenômenos mediúnicos.

Não havia qualquer conexão entre o novo movimento espiritualista e a


Maçonaria, mas homens como Mackenzie e Irwin, que eram ativos na
Maçonaria „Fringe‟ eram freqüentemente espiritualistas. Além disso eles e
muitos outros em seu círculo particular estavam também identificados com o
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ocultismo. Eles não representaram nada remotamente parecido como um


movimento de massa dentro da Maçonaria Craft. Estamos simplesmente
confrontados com um grupo pequeno e amorfo de homens, a maioria dos quais
se conheciam. Os mesmos nomes serão encontrados de tempos em tempos.

Desde que eu de volta me referi a uma Sociedade Mágica, i.e., a Aurora


Dourada, mencionada na hipóte de Waite que Mackenzie poderia ter tido
alguma ligação com sua pré-história, e identificado Irwin como um crente das
artes ocultas, alguns podem supor que tenho um envolvimento pessoal com o
ocultismo. Esse não é o caso. Como um historiador de idéias, estou
unicamente preocupado com o fato histórico da sobrevivência persistente de
crenças que podem estar equalizadas com o conceito de „Conhecimento
Rejeitado‟ significando conhecimento que está rejeitado pelo Estabelecimento
no todo porque é considerado como sendo supersticioso, falto de base racional,
não-científico, e assim por diante. A Astrologia é um exemplo típico.

O assunto objeto deste trabalho está fora da corrente principal da história da


Maçonaria no Século 18 na Inglaterra. Todavia, ele se relaciona com uma área
obscura que ninguém mais quis procurar descrever. E isso, talvez, seja sua
única justificativa.

AGRADECIMENTOS
Meus agrdecimentos são devidos à Mesa Diretora de Propósitos Gerais da
Grande Loja Unida da Inglaterra pela permissão para usar material na
Biblioteca da Grande Loja, também ao Ir:. A. R. Hewitt, Bibliotecário e
Curador, Ir:. T. O. Haunch, Bibliotecário Assistente, e Ir:. John Hamill,
Bibliotecário Assistente, por sua ajuda e incontáveis atos de gentileza.
Também expresso minha gratidão aos IIr:. Harry Carr e Roy Wells por seu
constante encorajamento.

Quatro Irmãos, em particular, ajudaram algumas vezes a suavisar o caminho


pedregoso da pesquisa e agradeço ao Irmão Cohn F. W. Dyer (Secretário da
Loja Emulação de Aperfeiçoamento)) por notas sobre Frederick Hockley e John
Hogg; Irmão S.W.V.P. Fletcher (Casa Real de Somerset e Loja Inverness No.4)
por pesquisarem em meu nome no Escritório de Registros Públicos Casa de
Somerset; Irmão A. L. Peavot (Secretário da Loja Oak (Carvalho) No.190) por
mostrar-me o Livro de Atas da Loja de 1870-1; e Irmão P. M. Rae (Secretário
da Loja Cannongate Kilwinning, No.2, Edinburgh) pelas horas que ele gastou
com as Atas da Loja na busa do nome elusivo de Kenneth Mackenzie; e
finalmente o Irmão Dr. Henry Gillespie, um Membro de minha própria Loja (St.
George‟s No.370) (São Jorge No.370) por me colocar metaforicamente em uma
posição, em sua inimitável maneira, de levar a cabo esse trabalho de pesquisa.

Meus agradecimentos também são devidos à Srta. Sibylla Jane Flower, Srta.
Winifred Heard (Biblioteca do Distrito de Chiswick), Srta. E. Talbot Rice
(Museu Nacional do Exército, Londres), Sr. Christopher McIntosh, Sr. Gerald
Yorke (pelo quase indefinido empréstimo de material da S.R.I.A.), Tenente-
4 Página

Coronel J. E. South (Bibliotecário, Instituição dos Engenheiros Reais,


Chatham), Dr. F. N. L. Poynter (Instituto Wellcome para a História da
Medicina), Sr. J. C. Morgan (Arquivos do Departamento, Biblioteca da Cidade
de Westminster), Os Arquivos Públicos do Canadá, Ottawa, e os Bibliotecários
Municipais de Birmingham e Bristol.

Como tão freqüentemente no passado, tenho que agradecer ao staff da


Biblioteca de Londres e ao staff e do Instituto Warburg, Universidade de
Londres.

GRANDE LOJA E O RITO DE MEMPHIS


A história do Rito, que era de origem francesa,na Inglaterra é de interesse por
várias razões. Por cerca de dezessete anos após 1850 neste pais esteve em
mãos dos franceses. Em 1859 foi possível que eles Iniciassem apenas seus
compatriotas. É concebível que a Grande Loja não sabia de nada sobre isso
até o último ano quando ficou ciente, para seu desprazer, da existência em
Stratford, Essex, de uma Loja „Craft‟ de Memphis, cujos Membros eram todos
ingleses. Sob a manchete 'Respostas aos Correspondentes‟ em seu exemplar
de 14 de Outubro de 1871 O Maçom (The Freemason) declarou que aquele „O
Rito de Memphis é o único assim chamado Rito Maçônico que incorreu na
denúncia da Grande Loja da Inglaterra.‟ Isso porque a „Loja Igualdade Rei da
Prússia‟ em Stratford nunca tinha sido patenteada pela Grande Loja e estava,
portanto, sob todos os aspectos, irregular. É pouco provável que o Rito ainda
sobreviveu na Inglaterra sob sua regência francesa até 1871. Entretanto, em
1872 John Yarker importou-o dos Estados Unidos, mas visto que ele não
conferiu os três primeiros Graus, significando que não havia iniciado Maçons,
o Rito não estava „irregular‟. Por outro lado isso foi de grande desagrado para
o Supremo Conselho 33° do Rito Antigo e Aceito que que já havia expulsado
Yarker em 1870. Eu farei referência à extraordinária carreira de Yarker mais à
frente na Maçonaria „Fringe‟.

As várias informações – ou mais freqüentemente desinformações – sobre a


história antiga do Rito de Memphis, que foi transmitido de um livro ou
enciclopédia para outro, não podem ser condensada em algumas poucas
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linhas. A estória usual é que ele foi estabelecido com noventa e nove Graus
por Samuel Honis no Cairo em 1814. Ele o trouxe para a França em 1815 e
uma Loja ('Les Disciples de Memphis') (As Disciplinas de Memphis) foi fundada
em 30 de Abril em Montauban por Honis, Gabriel-Mathieu de Negre e outros.
Essa Loja foi fechada em 7 de Março de 1816 e Honis e Marconis de Negre
convenientemente desapareceram da cena. A seguir encontramos o filho deste
último, Jacques-Etienne Marconis de Negre comumente conhecido como
Marconis, em Paris em 1838. Umas poucas Lojas foram formadas mas é
evidente que J.-E. Marconis, Grande Hierofante 96o falhou em atrair muitos
seguidores.
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Em 1841 a Polícia interveio, sem dúvida após receber uma gentil “cutucada” do
Grande Oriente ou do Supremo Conselho 33°, e o Rito foi para as catacumbas
até 1848, o „Ano das Revoluçóes‟. Então, sob um regime mais liberal, Marconis
7
pode reavivá-lo. Lantoine (vide nota de fim de página ) inferiu que o Rito
sofrera uma débâcle totale (um debacle, ou queda, total) em Dezembro de
1851 e que Marconis então permitiu que ele „ficasse inativo‟, mais ainda
porque sua sonolência era permanente. Esse pode muito bem ter sido o caso
na França, mas havia um mercado de exportação para uma novidade que
oferecia um grande total de noventa e cinco Graus e durante a década
seguinte ele foi vendido – é inconcebível que Marconis oferecesse todos esses
Graus como presentes gratuitos – para os Estados Unidos, Egito e Romênia. O
Rito também alcançou a Inglaterra em 1850, mas de posse dos franceses que
tinham anteriormente pertencido a ele na França. Seus status, tanto como
Maçons de „Memphis‟ e como indivíduos é de considerável interesse e me
referirei a isso mais à frente. Honis entregou o Rito, ou melhor, o seu cadáver,
ao Grande Oriente em 1862 e recusou qualquer forma de jurisdição sobre ele.
O Grande Oriente regularizou seus Membros franceses reconhecendo-os como
Maçons do Craft e colocou todos os seus altos Graus sobre o que se
considerava uma convenientemente alta prateleira. Marconis, todavia, não
manteve sua fé com o Grande Oriente e despensou patentes fora da França,
pleiteando que sua renúncia se aplicava tão somente à França. Ele morreu em
21 de Novembro de 1869, não arrependido até onde sabe o Grande Oriente.

A Grande Loja tomou ciência pela primeira vez da existência do Rito no Outono
de 1859, embora ele parecesse ter estado calmamente em exercício aqui
desde 1850. Em 24 de Outubro de 1859 o Grande Secretário, William Gray
Clarke, enviou uma carta-circular aos Mestres de todas as Lojas na
Constituição inglesa. Esse documento incluía uma reprodução em facsimile de
um certificado de Memphis em,itido pela „Loge Egalité, Orient de Stratford‟
(Loja Igualdade, Oriente de Stratford) do qual o nome do destinatário e os
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vários dispositivos emblemáticos foram apagados.

A carta do Grande Secretário começou assim; „Estou incumbido de informar-


lhes... de que presentemente estão existindo em Londres e outras partes deste
país, Lojas espúrias pleiteando serem de Maçons.‟ Ele preveniu os Mestres para
que fossem cautelosos em não admitir qualquer Maçom irregular de „Memphis‟
em suas próprias Lojas e enfatizou que „os Irmãos de suas Lojas ... não podem
manter comunicação com Lojas irregulares sem incorrerem na penalidade de
expulsão da Ordem, e a responsabilidade de serem processados sob o Ato 39,
George III, por tomarem parte em reuniões de Sociedades secretas
irregulares.

Algumas semanas depois o Grande Secretário recebeu uma polida carta de


Stratford. Ela revelava que a Loja lá estava sendo formada pela classe de
artesãos que não podia arcar com o pagamento da filiação em Lojas regulares.
A Loja não revelou que os cabeças do Rito na Inglaterra eram republicanos
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franceses radicais que haviam fugido da França em 1849-50 depois que o


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Príncipe Louis-Napoleon Bonaparte foi eleito Presidente da República em


Dezembro de 1848. É possível que a Loja de Stratford tenha sido „política‟ até
um ponto desconhecido das Lojas Craft na Inglaterra, onde toda controvérsia
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política era proibida (vide Antigas Obrigações, VI, 2). A carta estava assinada
por Robert Maikle, Leamen Stephens, David Booth, Charles Ashdown, Charles
Turner, Stephen Smith e outro cujo nome está ilegível. Seu primeiro parágrafo
segue abaixo:

Loja Igualdade Rei da Prússia Stratford, No quarto dia de Dezembro de 1859,


E:.V:. Senhor e Irmão,

Como aparece em uma Circular emitida pela Mesa para [sic] Propósitos Gerais
endereçada ao Corpo Maçônico ma Inglaterra, de que uma grande má
concepção existe nas mentes dos Membros daquela Mesa quanto aos reais
objetos e caráter dos Irmãos que formam a Loja Igualdade em Stratford
estamos instruídos pelo Venerável Mestre e Conselho da Loja a enviar-lhes
para informação da Mesa fatos tais que possam ser úteis para se fazerem
conhecidos na Comunicação trimestral.Em primeiro lugar, Stratford e sua
vizinhança contêm uma população de alguns milhares de Mecânicos, Artesãos
e Engenheiros habilidosos, muitos dos quais por causa de suas realizações
superiores ou por exigências do Comércio são chamados para perseguir suas
avocações nos vários estados da Europa continental e em nossas possessões
10
coloniais e para quem, portanto, as vantagens emergindo da Fraternidade
Maçônica são de grande consequência. Um desejo, portanto, há muito existiu
para a construção de um Templo Maçônico neste Distrito e uma ou duas
tentativas abortadas foram feitas com esse propósito por Irmãos em conexão
com vossa Grande Loja, tendo a falha surgido principalmente das grandes
somas de dinheiro necessárias para Iniciações e Elevações. O assunto
provavelmente teria parado aqui, se não tivesse acontecido de cerca de
dezoito meses depois que vários grupos agora Irmãos desta Loja foram
trazidos para comunicação com um número de Irmãos Estrangeiros se
reunindo em Londres ...... Sentimo-nos, portanto, honrados por nossa
associação com aqueles homens Intelectuais e Honoráveis a quem devemos
nossa existência como um Corpo; e temos simpatia por seus infortúnios, e
lamentamos as causas que os tornaram exilados de sua terra natal.

Em 1869 quase dez anos haviam decorrido desde que a Grande Loja tinha
emitido seu aviso de que o Rito de Memphis era irregular. Ainda existia na
Inglaterra embora não pudesse ter tido muios Membros. As anistias de 1859 e
1869 tornaram possível aos seus Irmãos franceses retornarem à
França. Robert Wentworth Little, o editor do recentemente estabelecido
periódico semanal „O Maçom’ (The Freemason) (No.1, 13 de Março de 1869) e
Segundo Auxiliar e Caixa no Escritório da Grande Secretaria do Palácio
Maçônico, referiu-se ao Rito no exemplar de 3 de Abril de 1869. Um extrato
desse artigo-chave segue abaixo:

Estamos induzidos a usar de linguagem muito forte em alusão a esse pretenso


Rito, pelo fato de que seus adeptos ousaram erguer seus „ateliers’ ou „oficinas‟
7

no coração de Londres, e agora eles pleiteam estar conectados, em termos de


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amizade e aliança, com alguns Corpos maçônicos no continente, notavelmente


uma ou duas Lojas no sul da França, e mesmo com o Supremo Conselho do
Grau 33 em Turim ...

Sofremos aflição para aprender, todavia, que sem dúvida em ignorância dessa
cautela (i.e., o aviso da Grande Secretaria em 1859) alguns Membros de Lojas
inglesas deram aprovação aos „Filadelfos‟ , comparecendo às suas soirées e
bailes onde, vitimas de truques em fantástica finura, como “Hierofantes da
Estrela de Sirius, „soberano Pontífice de Eleusis‟, e „Grandes Mestres do
reduvidável sagrado „Sadah‟, esses impostores macularam a simplicidade e
pureza de nossa nobre Ordem (Craft) ... Os mais graves rumores estão
também em circulação quanto aos desígnios desses intrigantes „Filadelfos‟, as
idéias mais revolucionárias, como é dito, têm sido discutidas em suas
assembléias místicas, e conspiradores como Orsini têm sido vistos emergindo
11
de seus escuros e perigosos covís.

Na Comunicação Trimestral da Grande Loja realizada em 7 de Junho de 1871


o Rito de Memphis e, por implicação, o nome de Little foram citados no mesmo
contexto. A subseqüente bulha ocuparia a atenção preocupada da Grande Loja
até um ano depois.

o RITO DE MISRAIN (OU MIZRAIM)


Os anais deste Rito, que chegaram à Inglaterra sob algumas circunstâncias de
certa forma incongruentes no final de 1870, não são diferentes daqueles do
Rito de Memphis. Mais uma vez encontramos uma origem principalmente
francesa, personagens pitorescos no passadoe uma monstruosa coleção de
graus. Mas quer Memphis tenha sido declarado irregular assim que a Grande
Loja entendeu que ele estava caçando em suas reservas, Mizraim não foi
oficialmente atacado porque não iniciou Maçons. Todavia, pelos padrões mais
críticos de hoje, em solo inglês ele era uma aberração.

Quer o Rito original tenha se originado na Itália em 1805 com noventa e cinco
Graus – com três mais para seus „Chefes secretos‟ – e foi trazido para a França
em 1814 em 1814 (ou 1815) pelos três irmãos Bédarride não é de grane
conseqüência. Qualquer síntese das informações disponíveis em uma variedade
de fontes é provável que seja imprecisa. Assim, ao invés de perpetuar as
tradicionais „lendas‟ meu relato do passado dos Ritos na França foi reduzido a
umas poucas linhas.

O Grande Oriente declarou o Rito irregular em 1816. A Polícia visitou Marc


Bédarride, o mais velho dos três irmãos, em Setembro de 1822 mas nada
encontrou de suspeito (Jacques Rienne Marconis foi brevemente um
„Mizraimita‟ antes de reavivar o Memphis em 1839. Ele foi expulso de Paris em
1833 como J.-E. Marconis e novamente em Lion em 1834 sob o nome de
Negre. De acordo Negre). Conforme Lenhoff e Posner (Internazionales
Freimaurer Lexikon, 1932, art. Mizraim-Rito), como seu rival Memphis o Rito
8

de Mizraim foi repetidamente proibido pelas autoridades francesas, mas


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sempre voltava à superfície de novo. Na verdade, por um breve período, de


1882-90, o Grande Oriente concedeu-lhe reconhecimento. Sua Loja-Mãe na
França, a „Arco no Céu‟ (Arc en Ciel) ainda estava funcionando em 1925.

O Rito de Mizraim Antigo e Primitivo chegou à Inglaterra – vindo de ar mais


rarefeito que qualquer outro ar – no final de 1870. O Maçom (The Freemason )
reportou em 31 de Dezembro que um „supremo Conselho do 90º havia sido
regularmente formado aqui „sob a autoridade entregue em um diploma
concedido ao Ilustre Irmão Cremieux, 33º do Rito Escocês (Ecossais), e
Membro do „Grande Colégio de Ritos na França‟.

Na Inglaterra, os três Conservadores-Gerais do Rito, todos 90º, eram o Conde


de Limerick, Sigismund Rosenthal e Robert Wentworth Little, que estava então
com trinta anos de idade e, como mencionei acima, empregado no Escritório
da Grande Secretaria do Palácio Maçônico. Little, como saberemos adiante, era
um enérgico promotor dos „graus adicionais‟.

A sessão inaugural do Rito de Mizraim foi realizada na „Taverna dos Maçons‟


(Freemasons´Tavern) em 28 de Dezembro de 1870 com os Irmãos Little,
Limerick and Rosenthal nas três cadeiras principais. Os itens principais da
Agenda eram formar o „Santuário Bective de Levitas (Bective Santuary of
Levites) denominada depois „Conde de Bective‟ (Earl of Bective) o qual havia
aceitado o cargo de Soberano Grão-Mestre, e para conferir o 33º a entre
oitenta e noventa Irmãos de uma centena que estava presente. Após serem
admitidos sete de uma vez, os novos Membros 33º eleitos elegeram seis
dentre os seus para serem 66º. Pode ser inferido que os três Conservadores-
Gerais tinham nomeado previamente a si próprios como 90º. Na reportagem
do „O Maçom‟ (The Freemason) o nome do Major E. H. Finney 90º também
aparece, porém sem comentários. O fato de que ele não foi identificado em
qualquer maneira particular foi significativo.

Quase sem exceção aqueles presentes eram Membros da „Ordem da Cruz


Vermelha‟ (Red Cross Order), significando a Imperial, Eclesiástica e Militar
Ordem dos Cavaleiros da Cruz Vermelha de Roma e Constantino (Imperial,
Eclesiastical and Military Order of the Knights of the Red Cross of Rome and
Constantine), que Little havia „reavivado‟ em 1865. Foi anunciado que o Antigo
e Primitivo Rito de Mizraim seria anexado à „Ordem da Cruz Vermelha‟
renderam o montante de 2 Libras 0.Shillings e 3 Níqueis – digamos 6 Níqueis
por cabeça‟ – „e os Irmãos interromperam para uma ceia, separando-se em
hora bem avançada.

É necessário relacionar esses eventos „Mizraímicos‟ em Londres à situação


corrente na França. Napoleão III havia declarado guerra à Alemanha em Julho
de 1870 e em 12 de Setembro rendeu-se em Sedan com 104.000 homens. Em
19 de Setembro seis corpos alemães cercaram Paris, que foi efetivamente
cortada do mundo exterior. Uns poucos dias antes um governo de defesa
9

nacional fora formado na capital. A guerra, que continuou, foi conduzida por
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uma Delegação do governo que tinha ido para Tours poucos dias antes dos
exércitos alemães investirem contra Paris. Entre 19 de Setembro de 1870 e
até pouco depois de 28 de Janeiro de 1871 Paris não teve comunicação postal
normal com as províncias francesas ou com o exterior.

Isaac Adolphe Crémieux era um advogado bem conhecido e político liberal. Em


Tours, junto com Léon Gambetta (um Maçom desde 1869), ele foi um Membro
líder da Delegação, que tinha assumido as funções de um governo-no-exílio.
Em 8 de Dezembro de 1870, após a retirada do Exército do Loire, Crémieux
decidiu transferir a Delegação para Bordeaux. Além disso, existe evidência
documental de que ele estava lá em 28 de Dezembro de 1870, o dia em que a
12
sessão inaugural do Rito de Mizraim foi realizada em Londres. Esse fato é
importante em relação aos eventos posteriores.

Quando as comunicações postais com a França foram reativadas, o Irmão John


Montagu, Grande Secretário Geral do Supremo Conselho 33º, cujos Oficiais
estavam na Praça Dourada (Golden Square), escreveu em 11 de Março de
1871 ao Irmão Thévenot, Grande Secretário do Grande Oriente de Paris, para
perguntar-lhe se Crémieux tinha autoridade do Grande Oriente para emitir um
diploma para o estabelecimento do Rito de Mizraim em Londres. Thévenot
respondeu em 24 de Março e enfaticamente declarou que ninguém, incluindo
13
Crémieux, tinha recebido tal permissão. Montagu em seguida enviou cópias
da correspondência ao editor da Revista dos Maçons e Espelho Maçônico
(Freemasons´Magazine and Masonic Mirror). Poderia parecer que sua
publicação rival, O Maçom não estava na lista de postagem de Montagu,
possivelmente porque R. W. Little tinha uma estreita ligação com esse
14
periódico. A Freemasons' Magazine and Masonic Mirror publicou a
correspondência de Montagu-Thévenot sem demora em em 1º de Abril de
1871. O editor, ou talvez alguém mais que queria atiçar o fogo, expressou uma
dúvida se „qualquer autoridade teria sido dada para o establecimento do Rito
de Mizraim [em Londres], o que foi então [no O Maçom de 31 de Dezembro de
1870] asseverado como sendo o caso‟. O escritor continuou: „O fato de Paris
estar em um estado de sítio impediu quaisquer pesquisas sendo feitas sobre o
assunto. „Então uma bomba com pavio relativamente curto foi plantada: „...
por quanto tempo [irá] a Mesa de Propósitos Gerais ... permitir esse
sistemático comércio sobre a Maçonaria por parte daqueles a serviço da
Grande Loja, cuja ligação com ela dá um colorido a suas más representações,
e cuja conexão é mais provável de levar muitos a acreditarem que esses
procedimentos, se não autorizados pela Grande Loja, são no mínimo
sancionados por ela.‟

Uma semana depois, em 8 de Abril de 1871 O Maçom publicou um artigo não


assinado intitulado „O Rito de Mizraim, por um Conservador Geral 90 º‟. Isso,
sem dúvida, foi escrito por Little. Ele começou acusando o Supremo Conselho
do Rito A&A de ter feito planos para anexar o Rito de Mizraim,
presumivelmente antes da sessão inaugural em 28 de Dezembro de
10

15
1870. Na verdade, ele descreveu os alegadamente nefastos desenhos do
Supremo Conselho com uma surpreendente falta de moderação. Essas
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passagens púrpura não precisam ser reimpressas, mas o relato do que


aconteceu em 28 de Dezembro é fascinante:... uma reunião de Irmão
desejosos de estabelecer o Rito sobre uma base legal foi realizada, e a essa
reunião compareceu um aluno de Marc Bédarride, o „Primeiro Grande
Conservador‟ da Ordem , e que havia recebido seus Graus trinta e sete anos
antes, do próprio Grande Chefe. Esse distinguido Irmão assentiu ao Rito sendo
reorganizado sob seus auspícios, e sem sua presença e liderança nenhum
passo no assunto era dado pelos presentes Conservadores-Gerais. É bem
verdade que por razões facilmente entendidas por aqueles que estão
familiarizados com o sistema inquisitorial perseguido pelo Soberano Grande
Comendador 33º, o ilustre Irmão aludiu ao pensamento de que era expediente
manter seu nome fora de vista até que o Rito estivesse firmemente
consolidadeo, e é igualmente verdade que ele buscou cooperação e ajuda do
Ilustre Irmão Crémieux, 33º da França. Que estava então em Londres. Está ,
mais, além de questão, que o Irmão Crémieux teria comparecido à sessão
inaugural do „Santuário Bective (Bective Santuary) se não tivesse sido
impedido por negócios urgentes inevitáveis. Todavia, em 28 de Dezembro de
1870 o „negócio urgente‟ de Crémieux estava sendo conduzido em Bordeaux.
Little continuou: O Irmão C., todavia, como uma prova de sua disponibilidade
em prestar assistência, enviou para a reunião seu diploma como um Membro
do Grande Colégio Francês de Ritos (French Grand College of Rites), e seu
diploma foi colocado sobre a mesa durante os procedimentos, e foi examinado
por vários dentre as centenas de Maçons presentes. Também foi entendido que
o diploma do Irmão C. o investia com o poder de fundar Ritos ou Ordens
reconhecidos pelo Grande Oriente da Grança (sendo o Rito de Mizraim um
deles) em todos os países onde tais Ritos não existissem, e essa declaração foi
aceita como confirmando e endossando a ação prévia do primeiro
movimentador, o aluno e amigo de Marc Bédarride. A carta de Thévenot para
Montagu foi bruscamente varrida para o lado:
... na realidade é uma questão de indiferença, ainda mais que a organização
do Rito na Inglaterra respousa sobre outro e mais seguro alicerce – seu título
sendo derivado ... do próprio grande Bédarride, e não de qualqujer jurisdição
estrangeira ainda que „antiga e aceita‟.

Qujanto à natureza do diploma que foi „examinado por vários dentre as


centenas de Maçons presentes‟ só se pode especular. A inferência é que o
próprio Little o fabricou, ou que aquele documento foi forjado por um terceiro.

Permanece a identificação do „aluno de Marc Bédarride‟ que havia recebido os


graus de Mizraim trinta e sete anos antes, e que „pensou ser expediente
manter seu nome fora de vista‟, sem dúvida a conselho de Little. Ele era,
provavelmente, o Major E. H. Finney 90º, mencionado acima, porque fora os
três Conservadores-Gerais, isto é, Little, o Conde de Limerick e Sigismund
Rosenthal, ele era o único 90º registrado como estando presente na famosa
reunião realizada em 28 de Dezembro.
11
Página

QUESTÕES EMBARAÇOSAS NA GRANDE LOJA


A publicação das cartas de Montagu-Thévenot letters e „defesa‟ de Little não
permaneceu sem ser notada. Três meses depois, na Comunicação Trimestral
da Grande Loja em 7 de Junho de 1871, o Irmão Sir Patrick Colquhoun se
levantou e fez uma pergunta.

'Se a Grande Loja aprovara o Rito de Mizraim de 90°, o Rito of Memphis e a


Ordem de Roma e Constantino? E se não, se seria consistente com a posição
de um subalterno no Escritório da Grande Secretaria, que ele tomasse a
liderança nesses Graus não reconhecidos? Essa inquirição colocou o gato no
meio das pombas porque o „subalterno‟ não era outro senão Robert Wentworth
Little que, embora com somente trinta e um anos de idade, já era uma
16
personalidade bem conhecida na Ordem (Craft).

As prolongadas deliberações nas sucessivas Comunicações Trimestrais e a


investigação da sobre as alegadas atividades de Little não precisam ser
descritas aqui. Todavia, as Atas das Comunicações Trimestrais mostram que
alguns Grandes Oficiais e o Matthew Cooke (P.M. Loja Globo No.23) em
particular, tinham um conhecimento incorreto e confuso sobre o status de
certas Ordens ou graus adicionais. Foi Cooke que elevou a temperatura na
Comunicação Trimestral seguinte, em 6 de Setembro de 1871.

'Durante os últimos seis ou sete anos uma grande inovação rastejou para
dentro, a qual devia ser olhada ou detida antes que crescesse até uma altura
grande demais, declarou ele. „No Livro das Constituições consta que não está
no poder de homem algum, ou de Corpo de homens, fazer inovações no corpo
da Maçonaria.' Ele então apontou metaforicamente um dedo acusador aos
Auxiliares no Escritório da Grande Secretaria que, disse ele, por sua própria
conta formulavam, tabulavam, e enviavam ao exterior outros Graus, e fizeram
do Escritório o lugar de onde emanavam.

O Irmão John Havers, P.G.V., protestou que as observações de Cooke eram


ofensivas. O Grão-Mestre, claramente embaraçado, pediu a Cooke que
„moderasse seu linguajar e se restringisse à sua moção‟. No devido curso
Cokke disse:

Enquanto esta Grande Loja reconhece o direito privado de qualquer Irmão de


pertencer a qualquer organização maçônica estranha que ele possa escolher,
ela firmemente proíbe, agora e para os tempos futuros, a todos os Irmãos
enquanto engajados como Oficiais assalariados sob esta Grande Loja de me
misturarem de que maneira for com tais Corpos como o Rito Escocês Antigo e
Aceito; os Ritos de Mizraim e Memphis; as ordens espúrias de Roma e
Constantino - , o corpo cismático que se estilou como a Grande Loja da Marca
da Inglaterra, ou qualquer oura organização maçônica exterior qualquer que
seja (mesmo aquela dos Cavaleiros Templários, que somente é reconhecida
pelos Artigos da União) sob pena de demissão imediata do emprego por esta
Grande Loja.
12Página

A Grande Loja da Marca da Inglaterra dificilmente poderia ser descrita como


cismática porque em 1856 a Grande Loja e o Grande Capítulo decidiram em
conjunto que o Grau de Maçom da Marca era um „acréscimo‟ gracioso ao de
Companheiro (Fellow Craft). Além disso, a Grande Loja não havia objetado
àquilo que Cooke levianamente se referiu como „ as ordens espúrias de Roma e
17
Constantino.

A moção de Cooke foi submetida à Mesa de Propósitos Gerais, cujo relatório à


Grande Loja, datado de 22 de Novembro de 1871, foi discutido na
Comunicação Trimestral de 6 de Dezembro.A Mesa considerou desejável
circular uma vez mais a carta prévia do Grande Secretário, de 4 de Outubro de
1859, também o facsimile do certificado de Memphis, que avisava a Ordem
para não manter qualquer intercurso com Lojas irregulares. A Mesa tinha
estabelecido que Little havia assistido em uma ocasião, por cerca de vinte
minutos ou menos „a uma Sessão realizada nos limites da Ordem (Craft) para
propósitos ligados a uma Sociedade não reconhecida pela Grande Loja‟, e
também que, em várias ocasiões haviam sido feitos pagamentos, que foram
recebidos, ao Auxiliar do Escritório da Grande Secretaria para propósitos não
ligados com a Ordem (Craft). De imediato ele teve suas contas acertadas e foi
demitido.

Meu curto Sumário das discussões na Grande Loja em 1871-2 omite muita
coisa relacionada às atitudes individuais contemporâneas quanto aos Graus
fora da Ordem (Craft) e ao Real Arco. Entretanto, as Atas lançam luz sobre o
fato de que, de acordo com o Irmão Cooke, durante os últimos poucos anos
„uma grande inovação emergiu, nomeadamente a introdução dos assim
chamados graus adicionais. Pode ser inferido, também, que Little esteve muito
18
ativo nesse território.

R. W. LITTLE E KENNETH MACKENZIE


Em 1866, o ano depois que ele „reavivou‟ os Cavaleiros da Cruz Vermelha de
Roma e Constantino , Little fundou a Sociedade Rosacruciana da Inglaterra,
agora chamada the Societas Rosicruciana in Anglia, (a Sociedade Rosacruciana
na Inglaterra) mais familiarmente conhecida como a Soc. Ros. Ou por suas
inciais S.R.I.A. Diferentemente da „Ordem da Cruz Vermelha‟ (Red Cross
Order), como era mais freqüentemente chamada, não representou um „grau
adicional‟. Então, como agora, era um grupo de estudos maçônico. Todavia,
tinha nove graus e trabalhava seus próprios e curtos Rituais. Neste ponto devo
enfatizar que todas as minhas referências à Sociedade Rosacruciana ou
S.R.I.A. se relaciona ao seu passado distante. Conheço pouco sobre seus
trabalhos e filiação depois de 1914. Aqui eu estou preocupado principalmente
com a alegada participação de Mackenzie em suas origens.

Importante no contexto deste estudo é que durante seus primeiros anos ela
13

proveu um lugar de reuniões para Mestres Maçons que estivessem


interessados em uma ou outra variedade do „Conhecimento Rejeitado.‟ Na
Página

década de 1870 um razoável número de seus Membros pode ser identificado


como espiritualistas. Uma década depois o Dr. W. Wynn Westcott, Dr. W. R.
19
Woodman e S. L. MacGregor Mathers - em 1887 eles se tornaram os Chefes
fundadores da Ordem Hermética da Aurora Dourada (Hermetic Order of the
Golden Dawn) – lideraram a Sociedade na direção da tradição Hermética
ocidental, p.ex., o estudo do simbolismo da Cabala e Alquímico. Em 1900
Westcott descreveu seus Membros como „estudantes dos contos curiosos e
místicos, permanecendo ainda para investigação, como ao trabalho e filosofia
20
dos antigos Rosacrucianos, Alqumistas e Místicos das eras passadas.

Quando Madame Blavatsky se estabeleceu permanentemente em Londres em


1887 uma boa quantidade de Membros se juntou à Sociedade Teosófica
(Theosophical Society) e pelo menos trinta estavam na Aurora Dourada em
21
várias épocas entre 1887 e o início da década de 1920. De fato, um
pequeno número de Maçons cujos interesses se voltaram na direção do
espiritualismo e ocultismo, tendeu a procurar seu caminho para a S.R.I.A. Não
consigo enfatizar suficientemente que era um caso de pequena escala e
nutrido para interesses minoritários. O Maçom médio, e particularmente a
vasta maioria que não se incomodava em ler a imprensa maçônica, nem ficou
ciente de que ela existiu.

No que diz respeito à fundação da Sociedade Rosacruciana, a estória


tradicional, conforme contada pelo Dr. Westcott, é que Little encontrou alguns
papéis antigos contendo „informações de Ritual‟ no Palácio Maçônico e procurou
22
a ajuda de Mackenzie. Westcott procurou por esses papéis na Great Queen
Street em 1900 mas foi incapaz de enconrá-los. É possível que os documentos
estivessem na Alemanha. Se esse foi o caso então Mackenzie, que tinha um
23
soberbo conhecimento dessa língua, teria sido capaz de traduzi-los.

A ajuda de Mackenzie parece ter sido importante em outra circunstância


porque, citando novamente Westcott: „Little atribuiu-se de certo conhecimento
e autoridade que pertenciam ao Kenneth R. H. Mackenzie que tinha, durante
uma estada em vida anterior, who had, during a stay in earlier life, entrado em
comunicação com Adeptos Alemães que pleiteavam uma descendência de
gerações anteriores de Rosacrucianos. Os Adeptos Alemães o admitiram em
alguns graus de seu sistema e permitiram-lhe tentar a fundação de um grupo
de estudantes Rosacrucianos na Inglaterra, que sob o nome Rosacruciano da
informação de que poderia formar uma sociedade parcialmente
24
esotérica. Westcott também é a fonte de informação de que Mackenzie
recebeu sua Iniciação Rosacruciana na Áustria, „enquanto vivia com o Conde
25
Apponyi como Tutor inglês.

A aceitação, e por inferência também a de Little, da alegada autoridade de


Mackenzie deveria ser notada. Não parece necessário levar a suposta filiação
Rosacruciana de Mackenzie muito a sério. Primeiramente, nenhum grupo
„Rosacruciano‟ contemporâneo austríaco ou alemão dos quais ele pode ter sido
14

um Membro pode ser identificado. Em segundo, pode ser estabelecido que,


Página

embora ele estivesse no exterior em sua adolescência, estava em Londres do


início de 1851 em diante, nomeadamente pelo menos dez meses antes de seu
aniversário de dezoito anos. É improvável que um simples jovem fosse
admitido em uma sociedade iniciática, de onde seu próprio último pleito de ser
um „adepto Rosacruciano‟ provavelmente tirou mais invenção do que verdade.
Waite observou, aparentemente não sem razão: „Nos assuntos Rosacrucianos
pelo menos o registro de Kenneth Mackenzie é uma das falsidades
26
recorrentes‟.

Westcott não se juntou à Sociedade Rosacruciana até 1880, dois anos depois
da morte de Little, e não há evidência de que ele o tenha jamais encontrado.
Ele escreveu, talvez com cautela intencional: „A quota de Mackenzie na origem
da Sociedade depende no tempo presente de suas cartas ao Dr.
27
Woodman and Dr. Westcott, de suas conversas pessoais durante 1876-86
28
com o Dr. Westcott'.

Embora Mackenzie possa ter ajudado Little a lançar a Sociedade Rosacruciana


em 1866, ele estava inelegível para filiação porque, de acordo com Westcott,
„ele não era um Maçom inglês‟. É duvidoso se ele sequer foi previamente
Iniciado sob qualquer outra Obediência. Quando ele eventualmente se juntou à
Loja Oak No.190 (Loja do Carvalho), em Londres quatro anos depois sua
carreira na Maçonaria Regular estava para ser surpreendentemente breve. Sua
preocupação com as aberrações maçônicas 'fringe' já tinham começado.

As cartas de Mackenzie para F.G. Irwin contêm informações interessantes


sobre os assuntos da Sociedade Rosacruciana durante a década de 1870. Eu
usei muito pouco desse material, preferindo deixá-lo para a atenção da
S.R.I.A.

CAPITÃO FRANCIS GEORGE IRWIN


O homem a quem A.E. Waite imponentemente descreveu como „um zeloso e
amigável Maçom com uma paixão por Ritos e uma ambição de acrescentar ao
seu número‟, possivelmente mereça uma avaliação menos indulgente. Ele
nasceu em 19 de Junho de 1828. Benjamin Cox mencionou a data em uma
carta escrita em Setembro de 1885 quando ele discutiu o seu próprio
horóscopo e o de Irwin. Fora da breve nota biográfica em AQC 1, 1886-8, a
única fonte de informação sobre sua vida pregressa é a nota de Obituário de
29
Robert Freke Gould em AQC 6, 1839.

De acordo com Gould ele se alistou no Corpo de Reais Sapadores e Mineiros


em 8 de Novembro de 1842 quando tinha quatorze anos. Os Sapadores e
Mineiros eram então N.C.O´s para outras patentes com os oficiais dos
Engenheiros Reais. Membros do Corpo foram empregados em várias
capacidades ma Grande Exibição em 1851 e o Cabo Lanceiro Francis Irwin, que
recebeu uma medalha de bronze, um certificado assinado pelo Príncipe-
15

Consorte e o presente de uma caixa de instrumentos de desenho era


30
provavelmente o nosso Irwin.
Página
O encontramos em seguida em Gibraltar, em 1857. Em 3 de Junho de 1857 ele
foi iniciado na Loja de Gibraltar No 325 (Gibraltar Lodge), também conhecida
como a “Loja da Rocha”, sob a Constituição Irlandesa. Gould, então um jovem
subalterno no 31º de Infantaria e um Mestre Maçom de dois anos,
encontraram o Sargento Irwin, agora R.E., no começo de 1858 quando ele e
outro Sargento o procuraram para pedir-lhe que solicitasse do Past Grão-
Mestre Delegado permissão para eles reavivarem a defunta Loja Habitantes,
(Inhabitants Lodge) agora No 153. A Loja foi ressuscitada em Fevereiro de
1858 com Gould como Venerável Mestre e Irwin como Primeiro Vigilante. O
Regimento de Gould logo partiu para a África do Sul e Irwin o sucedeu como
Venerável Mestre. Gould mencionou que foi em Gibraltar que Irwin encontrou
pela primeira vez o Tenente Charles Warren, R.E., que fora Iniciado lá na Loja
da Amizade (Friendship Lodge) No.278 em 30 de Dezembro de 1859. Gould
recordou, também, que Warren tinha um grande respeito por Irwin, como
Maçom tanto quanto como um soldado. Muitos anos depois a Loja Quatuor
Coronati (Quatuor Coronati Lodge) forneceu ainda outro elo entre esses três
31
homens.

Irwin parece ter permanecido em Gibraltar até 1862 e de lá pode ter ido para
Malta. Em seguida ele pode ser rastreado em Devonport (Plymouth), onde
entrou para a Loja Santo Albino No. 954 (Saint Aubyn Lodge) em 11 de Abril
de 1865. É provável que foi ele quem introduziu o Grau de Cavaleiro de
Constantinopla (Knight of Constantinople) na maçonaria inglesa naquele
32
ano.

Em 1866 Irwin se mudou para Bristol. Ele havia servido nas fileiras por quase
vinte e quatro anos e em 7 de Maio de 1866 foi designado como Ajudante do
1º Corpo de Engenheiros Voluntários de Gloucestershire com a patente de
Capitão. Ele permaneceu em Bristol até sua morte em 1893.

Quando o encontramos pela primeira vez nas cartas de Benjamin Cox


endereçadas a ele em Setembro de 1868 ele tinha sido Membro da Ordem
(Craft) por onze anos e recém instalado como primeiro Venerável Mestre da
Loja São Kew No 1222 (St. Kew Lodge) em Weston-super-Mare, então um
tranqüilo balneário costeiro, distante cerca de 25 quilômetros de Bristol. Em
1869 designado Past Grande Segundo Vigilante na Província de Somersetshire
e no mesmo ano foi feito Membro Honorário da Loja Estrelas Reunidas (Loge
Etoiles Réunis) em Liege, Bélgica. De acordo com Gould‟ ... não havia um Grau
em existência, se dentro de seu alcance, do qual ele não se tornasse Membro.
Na verdade, ele se tornou tarde em sua vida um estudante diligente dos
idiomas Francês e Alemão, a fim de que pudesse penetrar a literatura
maçônica de cada um no vernáculo‟. Várias traduções de Manuscritos (MS) de
Rituais franceses, seja em sua letra manuscrita miúda e distintiva ou transcrita
para ele pelo infatigável Benjamin Cox, levam o testemunho de seu
conhecimento do Francês.
16 Página

O obituário publicado no Bristol Times and Mirror sobre sua morte em 26 de


Julho de 1893 referiu-se a seu grande interesse pela Maçonaria e sugeriu que
„dificilmente ocupou a posição para a qual sua educação e habilidades o
qualificavam‟.

K. R. H. MACKENZIE – INÍCIO DA VIDA E CARREIRA ATÉ 1872


Se Mackenzie é relembrado em todos os círculos maçônicos hoje é como o
compilador da „A Ciclopédia Maçônica Real’ (The Royal Masonic Cyclopaedia),
que foi publicada em partes por John Hogg em 1875-7. As observações
depreciativas de A.E.Waite sobre ele em sua „Nova Enciclopédia Masônica‟
(New Enciclopédia da Maçonaria), 1921, e „A Fraternidade da Rosa-Cruz’ (The
Brotherhood of the Rosy Cross), 1924, disparaging remarks about him in
his New Encyclopaedia of Freemasonry, 1921, and The Brotherhood of the
Rosy Cross, 1924, têm me intrigado por muito tempo antes que eu visse suas
cartas a Irwin. Quando li esses documentos, que revelaram e no entanto
ocultaram ao mesmo tempo tanta coisa, senti que seria impossível entender o
papel de Mackenzie Maçonaria 'fringe' sem conhecer mais sobre sua vida
passada. Uma rápida passagem em uma carta a Irwin (16 de Março de 1879)
mostrou que alguma coisa tinha dado errado. „Certa vez eu estava bem fora e
mantive minha carruagem e tinha o mundo a meus pés por assim dizer ...‟ ele
escreveu. Minha premissa era que o desaparecimento da carruagem e o
mundo não mais estando a seus pés pode ter uma conexão, embora tênue,
com seus interesses 'fringe'-maçônicos durante a década de 1870 e depois.
Minha busca pela trilha de Mackenzie agora começava.

Kenneth Robert Henderson Mackenzie era o filho do Dr. Rowland Hill Mackenzie
e sua esposa Gertrude. Ela era irmã de John Morant Hervey, Grande Secretário
da Grande Loja Unida da Inglaterra de Agosto de 1868 até que sua
enfermidade o compeliu a se retirar em 1879. Ele nasceu em 31 de Outubro
de.33 De acordo com o Censo de 1851 o nascimento teve lugar em Deptford, a
sudoeste de Londres, mas nenhum registro batismal pode ser encontrado lá. O
registro de entrada do Censo também mostra que sua mãe tinha vinte anos de
idade em 1833.

Em 1834 a família estava em Viena onde o Dr. Mackenzie, que se especializara


em Obstetrícia, tinha uma designação no.34 Ele provavelmente retornou a
Londres em 1840, embora as listas de filiação anuais do Real Colégio de
Cirurgiões o localize em Viena até 31 de Agosto de 1842.35 Ele foi um Clínico
Geral, primeiro na 61 Berners Street (1841-3) e em seguida se mudou
novamente. Daí ele teve uma prática no West End (N.T. Bairro londrino). Ele
manteve uma designação como Cirurgião no Hospital e Corporação Escocêses
(Scottish Hospital and Corporation) (1845-52?), e por volta de 1845 foi duas
vezes Presidente da Sociedade Literária Alemã de Londres.

Kenneth Mackenzie tinha sete anos de idade quando seus pais fixaram
residência em Londres, em 1840. Além disso, ele deve ter sido bilíngüe em
Inglês e Alemão. Uma passagem para seu Prefácio da tradução do „Tyll
Eulenspiegel (..?), publicado por Trubner & Co. em 1859 como „As
17

Maravilhosas Aventuras e Conceitos Raros do Mestre Tyll Owlglass‟ (The


Página

Marvellous Adventures and Rare Conceits of Master Tyll Owlglass), indica que
ele lia alemão ainda que em tenra idade. „Eu lembrarei bem como, ainda um
garotinho, fiz a amizade da bandura [do livro] embora herói desastrado‟,
escreveu ele. No Prefácio da segunda edição, datada da Noite de Natal de
1859, ele mencionou que „era quase o primeiro livro que eu jamais possuira, e
lembro até hoje as circunstâncias em que ele me foi dado‟.

Minha crença é de que ele foi amplamente educado no exterior e que a


incomum ampla faixa de interesses culturais que ele exibia antes dos vinte
anos não pode ter sido meramente o resultado de um período passado no
serviço ao Conde Apponyi como Tutor. (Vide acima.) O Censo de 1851 e a
surpreendente série erudita de dezessete contribuições para o „Notas e
Indagações (Notes and Queries) no mesmo ano indica que ele estava agora
(aet. 17-18) de volta a Londres e possuidor de um armazém polimático de
aprendizagem que dificilmente poderia ter sido adquirido em qualquer
36
biblioteca inglesa contemporânea ou escola primária.

Sua colocação 'Uma Palavra aos Literatas da Inglaterra' ( A Word to the


Literates in England) em Notes and Queries, (Notas e Indagações) de 1º de
Março de 1851, propôs a fundação de uma sociedade erudita cuja tarefa seria
rsgatar antigos manuscritos em Grego, Latim, Anglo-Saxão, Norueguês, Zend
(uma antiga língua aliada do Sânscrito), e uma dúzia de outras línguas
orientais e do Oriente Médio. Alguns meses depois ele reportou que „Até agora
tenho alcançado meus propósitos, como ultiumamente, enquan to residia no
continente, e também desde meu retorno, para estabelecer na Rússia, Sibéria
e Tartária, Pérsia e Europa Oriental, postos para pesquisa de Manuscritos
(MSS) dignos de atenção‟.

O exemplar de „Notas e Indagasções‟ (Notes and Queries) de 6 de Setembro


de 1851 mostra que certa vez ele foi longe da Áustria e visitou a remota
província prussiana da Pomerânia, onde discutiu o reputado local de Julin com
o Conde Keyserling, um membro da renomada família báltica de
latifundiários.37 Suas „Notas sobre Julin' (Notes on Julin) contêm uma extensa
tradução do alemão que só poderia ter sido feita por alguém com
conhecimento de primeira classe dessa língua.

No Prefácio da segunda edição de sua tradução „Tyll Eulespiegel (..?) ele


mencionou que desde criança tinha ambições literárias. Seu primeiro trabalho
importante foi a tradução da obra de K. R. Lepsius, Briefe aus Aegypten,
Aethiopen, etc., 1842-5, 1852 (..?), que Richard Bentley publicou em Londres
em 1852 dentro de uns poucos meses da aparição da edição alemã
38
original. „Descobertas no Egito, Etiópia e Península do Sinai‟ (Discoveries in
Egypt, Ethiopia and the Peninsula of Sinai) foi um desempenho notável para
um jovem de dezenove anos. was a remarkable performance for a nineteen
year-old boy. As próprias notas adicionais de Mackenzie exibem um
impressionante conhecimento do Latim, Grego e Hebraico, também uma
18

familiaridade com a literatura erudita corrente relacionada às antiguidades


egípcias. Ele foi eleito „Fellow’ da Sociedade de Antiquários de Londres em
Página

Janeiro de 1854, nove meses antes de seu vigésimo primeiro aniversário. A


filiação nessa distinta socidade erudita não pode ter sido concedida
normalmente a menores e pode ter sido concedida em reconhecimento à sua
39
edição do livro de Lepsius.

Mackenzie agora começou a carreira em Letras, que tinha sido sua ambição
como uma criança. Em 1852 ele forneceu os artigos em Pequim, América e
Escandinávia para seu amigo, o Reverendo Theodore Alois em seu trabalho
„Grandes Cidades do Mundo Antigo’, de Buckley (Great Cities of the Antient
World), que foi publicado por George Routledge. Em 1853 ele auxiliou o idoso
e excêntrico Walter Savage Landor a preparar uma nova edição de sua obra
40
„Conversas Imaginárias’ (Imaginary Conversations). No mesmo ano
Routledge publicou sua outra obra „Burma e os Burmaneses‟ (Burmah and the
Burmese), ainda outro produto surpreendentemente maduro e auto-confiante.
Para Routledge em 1854-5 ele editou traduções do alemão (por outras mãos)
da obra „Chamyl e Circássia’ (Schamyl and Circassia) e „Contos de Fada,
Coletados no Odenwaid‟,(Fairy Tales, Collected in the Odenwaid) de J. W.
Wolf. Ambos os livros refletem sua erudição. Suas inclinações literárias
eruditas são particularmente evidentes na tradução do „Tyll Eulenspiegel‟
(1859), com seu admirável anexo bibliográfico.

Em uma carta a Irwin (9 de Maio de 1878) ele mencionou que havia escrito
„lado a lado com B. Disraeli por anos e aprendido a amar sua cordial franqueza
de coração‟. O único período identificável em que ele poderia ter tido uma
associação literária com Benjamin Disraeli foi quando este era proprietário do
periódico „A Imprensa‟ (The Press). Isso teria sido durante o início da década
41
de 1850.

Mackenzie já estava interessado na área do „Conhecimento Rejeitado‟ por volta


de 1858, quando publicou (às próprias expensas) quatro edições da „A Revista
Biológica: Um Repertório Mensal da Ciência da Vida‟ (The Biological Review: A
Monthly Repertory of the Science of Life) em Outubro de 1858-Janeiro de
1859. Esse periódico, que logo fracassou por falta de apoio, estava
particularmente preocupado com as aplicações médicas mesméricas,
homeopatia, uma novidade chamnada „eletro-odontologia‟, e que Mackenzie
descreveu como „a mais fina Física geralmente. Ele estava grandemente
interessado em assuntos médicos e como muitos ocultistas, então e agora,
42
champinhou na medicina e mesmerismo fringe

Em Dezembro de 1861 (aet. 28) ele estava em Paris e visitou Eliphas Lévi (i.e.
o Abade Alphonse-Louis Constant, 1810-75), o autor de „Dogma e ritual da alta
magia‟ (Dogme et rituel de la haute magie), 1856, e já renomado como uma
autoridade em Magia. Quando Mackenzie retornou a Londres imediatamente
ditou um relato de suas duas reuniões com o Magus (Mago) para Frederick
43
Hockley, então seu amigo íntimo e mentor no ocultismo. De acordo com a
correspondência não publicada de Lévi, citada por seu biógrafo Paul
19

Chacornac, ele achou Mackenzie muito inteligente mas excessivamente


Página

44
envolvido com a Magia e o espiritualismo.
Até recentemente eu supunha que a viagem de Mackenzie a Paris em 1861
fora feita unicamente com o propósito de se sentar aos pés de Eiphas Lévi,
mas pode ter havido uma outra razão. Seu pai havia se mudado para Paris em
45
1857-8 e aparentemente nunca retornou a Londres.

Até onde descobri nada foi editado, traduzido ou escrito por Mackenzie entre
1859 e 1870, quando James Hogg & Filho publicaram sua tradução da „A Vida
de Bismarck‟ (The Life of Bismarck), de J.G.L. Hezekiel. Para todos os intentos
e propósitos ele parece ter desaparecido debaixo da terra. Entretanto, não
perdemos de todo seu rastro, embora informações biográficas que não tenham
conexão com a Maçonaria, 'fringe' ou regular, devam ser relegadas a uma nota
46
de fim de página.

Quando o relato de Mackenzie sobre suas duas reuniões com Eliphas Lévi em
Dezembro de 1861 foi publicado com pequenas alterações no exemplar de
Abril de 1873 do „O Rosacruciano‟ (The Rosicrucian), ele mencionou que „essas
notas apressadas de minhas conversas jamais teriam sido registradas se não
fosse pela paciência com a qual um estudante igualmente profundo do oculto
neste país, o Irmão F. Hockley, P.G.S., as registrou conforme eu ditava,
poucos dias depois que as entrevistas haviam acontecido‟.

Frederick Hockley (1808-85), um Contador por profissão, era bem conhecido


em círculos que cultivavam o „Conhecimento Rejeitado‟. Ele era cerca de vinte
e cinco anos mais velho que Mackenzie, que provavelmente se encontrou com
ele quando estava editando a „Revista Biológica‟ em 1858-9. Fora seus
experimentos com cristais e os assim chamados „Espelhos Mágicos‟, que eram
usados para induzir estados de transe, ele era um diligente copista de antigos
47
manuscritos mágicos. Tornou-se Maçom bem tarde na vida, em (aet. 56),
48
mas sua carreira na Ordem (Craft) não foi sem distinção. Ele foi também
guru de Mackenzie em assuntos do oculto. Chegou a hora, todavia, em que seu
aluno se cansou. Sua carta para Irwin em 23 de Março de 1873 explica porque
a carreira de Mackenzie tinha ido para semente, já que não tinha mais sua
carruagem e o mundo a seus pés. Hockely escreveu: Tenho a maior relutância
mesmo para me referir ao Sr. Kenneth Mackenzie. Eu o conheci cerca de 15
ou 16 anos atrás. Encontrei-o então como um jovem que tendo sido educado
na Alemanha possuía um possuía um acurado conhecimento do Alemão e do
Francês e suas traduções tendo sido altamente elogiadas pela imprensa,
desejoso em excesso de investigar as Ciências Ocultas, e quando sóbrio era
uma das melhores companhias que jamais encontrei. Infelizmente, seus
hábitos destemperados compeliram-me por três vezes a romper nossa amizade
depois de 6 a 7 anos e desde então ele certa vez insultou-me tão
grosseiramente em uma carta que não posso de modo algum manter
comunicação com ele. Lamento isso mais por sua mãe que é uma Senhora
muito estimável e seu tio, nosso estimado Grande Secretário, Irmão Hervey,
20

que de longo tempo tem me favorecido com sua amizade ... Eu vi seu
casamento anunciado na última edição do O Maçom (The Freemason).
Página

49
Sinceramente espero que seja o retorno da inundação. É claro que a
informação do Sr. M. é derivada apenas de seu íntimo conhecimento do
Francês e do Alemão, e quando tiveres dominado essa dificuldade, um campo
vastamente ampliado de ciência oculta o proverá de material Original, bem
como outros ... Eu não conheço o endereço do Sr. M. mas uma carta através
do Ir:. Kenning sem dúvida chegaria até ele.

Depois de um longo tempo Mackenzie se tornou um Maçom em 1870, quando


já estava na casa dos trinta e oito anos de idade. Alguém pode ter esperado
que seu tio John Hervey o teria proposto em uma de suas próprias Lojas, mas
esse não foi o caso. O Livro de Atas da Loja Oak (Carvalho) No 190 revela que
em 19 de Janeiro de 1870 ele foi proposto pelo Venerável Mestre, Ir:. H. W.
Hemsworth e secundado pelo Ir:. John Hogg („Secretário em exercício‟) para
Iniciação na próxima reunião regular no Palácio Maçônico em 16 de
50
Fevereiro. Ele não se encontrava presente em 16 de Fevereiro mas foi
votado e Iniciado em uma Reunião de Emergência em 9 de Março. (De acordo
com o Livro de Atas ele era um autor e residia na Praça Tavistock. (Esse era
também o endereço de John Harvey na época). Ele foi Passado em 20 de Abril
e Elevado em 18 de Maio. Compareceu na Reunião seguinte da Loja em 16 de
Novembro e essa foi a última vez que os Irmãos da Loja Oak o viram. Em 18
de Janeiro de 1871 o Venerável Mestre leu uma carta de Mackenzie onde ele
declarava que desejava renunciar. O registro da Ata dessa renúncia seria
aceito „após o pagamento total de suas taxas‟.

Coinseqüentemente seu interesse na Maçonaria Craft parece ter sido nulo.


Suas cartas a Irwin contêm apenas uma referência de uma visita a uma Loja
Craft. Agora como Mestre Maçom ele sequer se candidatou para filiação na
Sociedade Rosacruciana, que ele supostamente ajudou a estabelecer. Foi, sem
dúvida, R. W. Little quem o persuadiu a aceitar a filiação honorária e ele foi
admitido no primeiro Grau da Sociedade, ou Zelador, em 17 de Outubro de
1872. (John Hervey foi feito membro honorário em Outubro de 1870).

Quando Mackenzie se negou a aparecer nos círculos Rosacrucianos ele havia se


casado recentemente com Alexandrina Aydon, de vinte e três anos de idaded e
quinze anos seu Junior. Ela era filha de Enoch Harrison Aydon, um Engenheiro
Civil e membro da Ordem (Craft), de 2 Axmouth Villas, Cambridge Road,
Chiswick. A cerimônia foi realizada no Escritório de Registros de Brentford em
17 de Junho de 1872. Ele e sua esposa se instalaram na Oxford House,
Chiswick Mall, se em quartos alugados ou como ocupantes únicos é incerto.
Além disso, como veremos no devido tempo, seus hábitos de bebida não eram
exatamente moderados.

BENJAMIN COX E OS FRATRES LUCIS


Benjamin Cox, F.G. fidus Achates (...?) de Irwin nasceu em 28 de Maio de
1828. Quando a Loja de São Kew No 1222 foi consagrada nas Salas de
21

Assembléia em Weston-super-Mare em 7 de Julho de 1868 – Irwin foi seu


Página

primeiro Venerável Mestre – ele tinha quarenta anos de idade e era Contadort-
Chefe da Diretoria de Saúde local com um salário anual de 180 Libras.
51
Posteriormente foi promovido a Contador Municipal (Tesoureiro do Bairro).

Cox subiu rapidamente a escada maçônica. Em uma Reunião de Emergência da


Loja São Kew realizada em 16 de Julho de 1868 ele foi votado, iniciado e em
seguida investido com o colar e jóia de Secretário. Ignorando os pontos mais
finos da etiqueta maçônica ele logo se voltou para Irwin em busca de conselho.
Em 16 de Setembro ele escreveu:

Um membro [isto é, o próprio Cox] tendo pago todos os seus encargos e


passado para Companheiro Maçom pode propor um candidato à Maçonaria ou
esse privilégio [sic] pertence exclusivamente a Mestres Maçons [?]. Eu comprei
do Ir:. Breamer... um Avental de Mestre Maçom. Suponho que como
Companheiro Maçom eu posso usar esse Avental em uma Loja se cobrir as
rosetas na aba até ser elevado. Devo me desculpar por tantas perguntas
desejando agir de forma verdadeiramente maçônica em todas as coisas.

As atividades maçônicas logo estavam em pleno balanço em Weston-super-


Mare. Em 27 de Outubro de 1868 Cox sugeriu a Irwin que „se pretendemos
trabalhar o Craft, Marca e duas Ordens Cavalheirescas isso ocupará o todo da
primeira Quarta-Feira de cada mês ... sendo paga apenas uma soma por todo
o dia será mais barato para nós enquanto retivermos as salas atuais para
trabalhar qualquer das Ordens naquele dia.‟ A inferência é que Cox já era um
Maçom da Marca e havia se juntado a duas Ordens Cavalheirescas. Uma delas
deve ter sido o recém-estabelecido Conclave da Rosa e Lírio No 10 da Cruz
Vermelha de Roma e Constantino.

Em Abril de 1869 Irwin ecebeu permissão para formar um Colégio da


Sociedade Rosacruciana de Boston. A filiação deveria se restringir a doze,
incluindo ele próprio como Chefe Adepto Cox, agora indispensável para tais
deveres, havia seu Secretário. Havia uma característica na pessoa do Irmão
Major-General Gore Boland Menbee, Exército Indiano (reformado), que trouxe
um sopro de Poona, onde ele havia sido membro da Loja Orion no Ocidente, N o
415, para a plácida Weston-sur-Mare. O General sucedeu a Irwin como
Venerável Mestre da Loja de São Kew em 1870 e Cox o achou difícil. O
Venerável Ir:. Munbee era um membro do Colégio de Bristol e próximo de se
tornar seu Celebrante, um cargo correspondente ao de Venerável Mestre de
uma Loja Craft. Cox escreveu a Irwin em 19 de Dezembro de 1870:

Eu farei tudo que estiver em meu poder para ajudar a trabalhar o Colégio
(Rosac.) com qualquer membro que você deseje designar como Celebrante,
exceto o Ir:. Munbee Eu tomei a decisão irrevogável de nunca aceitar outro
cargo sob sua autoridade (maçonicamente). Eu deveria ter renunciado a
alguns que ocupo atualmente, se os membros não tivessem me pressionado
para não fazê-lo... eu não me pego com o General porque posso controlar meu
22

temperamento, ainda que algumas das observações que ele faz [sic] seja tão
amargas como vermes de madeira.
Página
Se o General era um tártaro, havia compensações. Cox foi designado como
Grande Mestre de Banquetes Provincial em 16 de Setembro de 1869 e logo
estava para lançar os alicercesde sua incomum e ampla coleção de Graus
adicionais. Entretanto, sua carta de 31 de Dezembro de 1870 revela pouco
entusiasmo pela última das novidades. „Vejo que o Ir:. Little conseguiu por fim
obter a autoridade para trabalhar o Rito de Misraim‟, observou ele. „O que vem
em seguida? Santos Céus, 99º para trabalhar e então ser intitulado a assinar
Sir Kenneth “Soprador de Foles” (Bellowsblower). Isso baterá a “Rosi Crucis”
52
do Ir:. Parfitt por um longo caminho.

Em 27 de Fevereiro de 1871 Cox estava menos litigioso. Além disso, ele tinha
alguns favores pressionantes a pedir. Ele escreveu, de alguma forma sem
fôlego:
Agora eu quero que você, Ir:. Irwin, enquanto estiver em Londres, conceda-
me a Ordem de Misraim [isto é, por comunicação]. O Ir:. [Doutor W. R.]
Woodman tem poder para concedê-lo a mim em qualquer época que eu estiver
em Londres o que eu espero estar em um dever oficial muito rapidamente,
mas em gostaria muito mais se você o concedesse a mim porque toda Ordem
que tomei foi dada por você (exceto a Soberana Cruz Vermelha). Se possível,
por favor obtenha permissão para me conceder o 66º. Eu pagarei a dispensa
pelo mesmo se alguma for exigida. Eu suponho que não seria possível para
você conseguir que o Ir:. Little o dê a mim, através de você, um colar de
Oficial Menor do Grande Conselho nessa Reunião. Eu não me importo tanto
com a honraria mas quero que o Ir:. [Major-General] Munbee veja que tenho
amigos [sublkinhado três vezes] em outros lugares, e estou bem certo de que
você pode me conseguir um colar dos Marinheiros da Grande Arca do Ir:.
Edwards ... I gostaria muito de receber a Ordem de Cavaleiro do Santo
Sepulcro [uma apensa à Cruz Vermelha de Roma e Constantino], todavia estou
bem certo de que meus interesses não serão perdidos de vista por você.

A carta termina com uma alusão à crença de Cox na Astrologia. Durante a


semana passada ele havia dado „verdadeiros julgamentos‟ em cada um dos
cinco casos submetidos a ele. „quatro das partes eu nunca vi nem soube de
sua existência até ser informado disso ...‟ Ele havia adquirido recentemente
um cristal e, em 6 de Fevereiro de 1871 escreveu: „Eu espero plenas
instruções para trabalhar o Cristal (que tenho ao meu lado) neste dia do Sr.
53
Cross. Você parece indeciso quanto à crença na ciência oculta. Eu não
tenho a menor sombra de dúvida sobre o assunto‟.

Durante o Verão e Outono de 1873 as Cartas de Cox para Irwin contêm


alusões ao Ritual do Cavaleiro da Cruz Hermética (Ritual of the Knight of the
Hermetic Cross). Irwin o estava traduzindo, provavelmente do Francês, e Cox
ofereceu-se para fazer uma boa cópia. Ele perguntou em 28 de Agosto se o
Ritual tinha alguma conexão com o Rito Antigo e Primitivo da Maçonaria, de
John Yarker, e em 1º de Outubro se era parte do Rito de Memphis de
23

54
Yarker. Irwin não satisfez sua curiosidade.
Página

Em 23 de Fevereiro de 1874 Irwin deve ter já intuído vagamente a existência


de um caso muito secreto chamado a „Ordem dos Irmãos da ‟ e inferiu que
Cox pode ter se juntado a ela. Assim, quando Cox escreveu a Irwin naquele
dia ele proclamou que ... o úniuco desejo de meu coração é o de me tornar
membro de alguma Ordem dentro da qual eu possa aprender os mistérios da
Natureza e da verdade de modo que possa beneficiar não apenas a mim
mesmo mas os [sc. também] meus semelhantes. Eu tenho, como você sabe,
sempre considerado o conhecimento da ciência oculta como o meio certo e
seguro pelo qual posso obter verdade e sabedoria.

Ficarei feliz se me propuser como um membro da „Ordem dos Irmãos da ‟ e


pagarei alegremente a suma anual que você citou, e também me atenho à
minha promessa ou O.B. (...?) sob sua orientação.

Cox parece ter suposto que a „Ordem dos Irmãos da ‟ fosse maçônica porque
ele acrescentou: „Enviei-lhe em um papel separado alguns dos graus que
55
recebi na Maçonaria e que você pode assumir como corretos. Em cima da
lista dos graus alguém escreveu „Inútil‟. A letra não parece ser a de Irwin. Em
9 de Março de 1874 Cox escreveu a Irwin para expressar-lhe sua satisfação
por ele ter sido aceito como candidato na Ordem da . Em 28 de Março ele
estava ciente de que a Ordem era conhecida como Fratres Lucis. Além disso
ele soube que Irwin havia estado em Paris recentemente e que havia,
alegadamente, se encontrado com Membros da Ordem lá. Ele escreveu: Estou
muito contente em ouvir que você se deparou com uma recepção tão calorosa
56
dos Membros da Ordem em Paris. As semanas se passaram e o impaciente
Ir:. Cox ainda não sabia nada ou sabia pouco sobre a Ordem, exceto seu
nome. Na verdade, em dado momento ele receou que sua candidatura tivesse
sido rejeitada.

Ele escreveu a Irwin em 13 de Julho:


Pelo trem do meio-dia enviei-lhe MS. Do Cavaleiro da Cruz Hermética, &c ...
Quero fazer três perguntas: viz. 1. A Ordem dos Cavaleiros da Cruz Hermética
e a Ordem dos Fratres Lucis são uma só e a mesma? 2. Há algum membro da
Fratres Lucis morando agora em Bath? 3. É verdade que o Ir:. Bird [um
membro da Loja São Kew que se embaralhava com a Astrologia] e eu fomos
rejeitados pelos Fratres como inadequados para a Ordem?

Irwin respondeu em 14 de Julho:


PARA ASPIRANTES APENAS – Estritamente Confidencial
1. A Ordem dos Cavaleiros da Cruz Hermética e a Ordem dos Fratres Lucis são
uma só e a mesma? NÃO!!! Ela pode ter tido alguma conexão com ela como
teve com os Ritos de Cagliostro, Swedenborg, etc.

2. Há algum membro da Fratres Lucis morando agora em Bath? Não há


nenhum membro do Templo Inglês morando agora em Bath... se um membro
de qualquer Templo Estrangeiro tivesse vindo para a Inglaterra eu teria sido
24

avisado, pois havia apenas vinte e sete membros cinco anos atrás de modo
que não haveria muita dificuldade em saber do paradeiro de cada Ir:. Visto que
Página

estamos obrigados a manter nossos Chefes imediatos informados de todos os


nossos movimentos.
3. É verdade que o Ir:. Bird e eu mesmo fomos rejeitados pelos Fratres como
não sendo considerados candidatos adequados para a Ordem dos ? Não é
verdade!!! Alguma coisa sobre a Ordem foi comunicada ao Sr. Robert Cross [o
Astrólogo que forneceu o cristal a Cox – vide acima]. Minha atenção foi
chamada para o fato e uma explicação é exigida.

A carta de Cox de 27 de Julho de 1874 foi apologética: '...você nunca mais


terá causa novamente (pois que nunca mais falarei do assunto com ninguém
exceto você) para corrigir minha indiscreção,‟ escreveu ele. Irwin continuou a
mantê-lo na espera. Em 17 de Novembro Cox escreveu: 'Estou contente de
que haja uma perspectiva para eu receber meu primeiro grau da assim como
estou ansioso em conhecer mais de seus verdadeiros princípios e real valor‟
Em uma sentença numa carta não datada, de Irwin para Cox, se lê: „A lhe
será concedida mas será um Grande favor [ambas as palavras sublinhadas três
vezes]. Eu tenho que manter minha palavra a todo custo‟. O „grande favor foi
concedido em Janeiro de 1875.

Na Biblioteca da Grande Loja há uma cópia manuscrita com a letra de Irwin, do


„Ritual dos Fratris [sic] Lucis ou Irmãos da Cruz da Luz‟. Está prefaciada por
uma „história‟ tradicional que começa assim:
Em Florença existe agora, e tem existido por um grande número de anos, um
corpo de homens que possui alguns dos mais maravilhosos segredos da Magia
e da Química, eles conversam com aqueles que cruzaram o rio.

Os membros dessa sociedade estão obrigados por um solene juramento a se


reunirem uma vez por ano, quer estejam vivendo dentro dos limites ou os
tenham ultrapassado. Eles são dirigidos por um Oficial, intitulado Supremo e
Sublime Mago (Supreme and Suplime Magus)... Os Irmãos assumem nomes
hebraicos. Há ramificações da Ordem em Roma, Paris e Viena. Vaughan (Dr.),
Fludd, Conde de Saint-Germain, Conde Cagliostro, Mesmer, Swedenborg e
Martinez de Pasquales eram membros da Ordem, como também Schussler.

Eles fizeram do magnetismo animal seu estudo principal e o levaram próximo


da perfeição. Foi através de seu pertencimento a essa Ordem que Mesmer
praticou seu poder curador e fundou sua Loja Mesmérica (Mesmeric Lodge)
sobre os princípios da Ordem.

Swedenborg derivou seu Rito da mesma fonte, e dela Caliostro derivou o


conhecimento que lhe permitiu encontrar a Ordem Egipciana; esses três Ritos
representam três dos quatro Graus em que se divide a Sociedade.

Quando li essa deliciosa tolice relembrei os dois pequenos cadernos de notas,


de doze folhas contendo um registro das sessões espiritualistas de Irwin
25

durante os anos de 1872-3. Seu comunicador mais interessante não era nada
mais nada menos que Cagliostro, em seus dias um notável expoente da
Página

Maçonaria „fringe‟.
No Domingo, dia 19 (mês omitido) de 1873 cagliostro disse-lhe que „o Cristal
que você tem lhe será de pouca utilidade. Ele está carregado com um princípio
antagonístico.‟ Cagliostro voltou outra vez em 29 de Outubro de 1873: „Receio
que agora não posso dar-lhe nada para ser contínuo.‟ Depois disso, entre 31
de Outubro e 9 de Novembro, Cagliostro se comunicou em quatro ocasiões
separadas e, de acordo com o „Jornal espiritual‟ de Irwin, ditou quase que
palavra por palavra a substância da „introdução histórica‟ ao Ritual da Fratres
Lucis que eu citei acima.

O manuscrito que Irwin escolheu para chamar de Ritual consiste meramente


das notas para seu esquema de uma sociedade secreta de ocultistas. Sob o
título de „Cerimônia‟ só sabemos que o „Aspirante era conduzido a uma espécie
de labirinto‟, e no devido tempo „investido com a Cruz de ouro e ordenado a
se ajustar para aquele estado mental do qual ela é o emblema.‟ É incerto se
Irwin, em sua imaginação, pretendia restringir a filiação à Fraternidade de
Mestres Maçons ou seus espíritos desencarnados – não se deve esquecer que
de acordo com as elocuções de Cagliostro a filiação continuava após a morte! A
informação abaixo foi ligeiramente condensada de suas notas, e não está
apresentada em sua seqüencia original.

'Somente 81 membros recebem permissão para pertencer ao primeiro grau


ligado com o Império da Grã-Bretanha ... No primeiro grau o número de
Oficiais é nove.
'Agora há uma taxa anual obrigatória de um guinéu. A taxa para Indução na
Inglaterra ainda não está acertada.

'A taxa de Iniciação foi feita alta com o propósito de impedir pessoas de serem
iniciadas por mera curiosidade. Metade da taxa é destinada a propósitos
caritativos, e a outra metade para a formação de uma Biblioteca. As reuniões
ocorrem quatro vezes no ano. A reunião obrigatória é a do mês de Junho. A
esta pede-se aos Irmãos que estejam presentes em corpo ou em espírito.

'O Aspirante é mantido um ano em provação ...durante o ´período da provação


os Aspirantes são obrigados a comparecer a todas as reuniões envolvidos em
um manto negro.

'A Sociedade está compromissada a estudar os seguintes assuntos. Magia


Natural – Mesmerismo – A Ciência da Morte e da Vida – Imortalidade – A
Cabala – Alquimia – Necromancia – Astrologia – e Magia em todos os seus
ramos.

'Jantar anual – custo de 4 shillings. A refeição consiste de Pão, Manteiga,


Confeitos, frutas e vinho. O dinheiro que sobrar deve ser acrescentado ao
fundo para caridade.
26

Este documento, embora seja tolo, é importante porque joga muita luz sobre o
Página

caráter de Irwin. Oculta dentro do soldado profissional disciplinado – e mais


ainda, um que serviu durante anos nos Engenheiros Reais, um Corpo cujas
funções não nada senão práticas – encontramos uma personalidade na qual
realidade e fantasia devem ter estado de alguma forma em constante conflito.

A Fratres Lucis de Irwin deve ter sido um caso bem modesto, significando que
uma mancheia de ocultistas, provavelmente todos Maçons que eram bem
conhecidos por Irwin, se tornaram membros. É inconcebível, também, que
fosse uma Fraternidade internacional. É difícil acreditar que havia „vinte e sete
membros cico anos atrás‟, como Irwin pleiteou em sua carta para Cox em 14
de Julho de 1874. Isso teria sido quatro anos antes de „Cagliostro, que foi um
produto da mente subconsciente de Irwin, deu-lhe a idéia para a Ordem. De
fato, fora Irwin só fui capaz de identificar três outros membros, embora
pudesse ter havido um pouco mais.

Estamos cientes do intenso interesse de Cox em ser admitido no seleto círculo.


Em 9 de Janeiro de 1875 ele anunciou sua intenção de vir para Bristol,
trazendo com ele uma „antiga Bíblia Latina para Ob[rigação]‟. Irwin não estava
com pressa alguma em conferir a filiação para Mackenzie, talvez porque
receasse que ele se embebedasse no jantar anual no qual, como sabemos, a
“Mesa Festiva‟ não era nada senão frugal. Em 20 de Setembro de 1875
Mackenzie escreveu reassegurando: „Eu nunca bebo bebidas alcoólicas ou
vinho se posso evitá-los – apenas cerveja de quatro pennys‟ e alguns meses
depois, em 4 de Fevereiro de 1876: „Quanto à Fratres Lucis eu serei
verdadeiramente obrigado pelo Artigo e também ficarei feliz por ser um
membro da Fraternidade. Penso que você pode confiar em mim quanto à
temperança porque não bebo nada senão chá, café e uma pequena cerveja e
não muito da mesma – raramente vinho – e nunca bebidas alcoólicas – nem
bebi mais desde meu casamento a mais de quatro anos.‟ Quando Frederick
Hockley morreu em Novembro de 1885, Cox observou: '... agora há um
membro a menos na Ordem da .' Ele parece ter inferido que restavam poucos
agora. Quase exatamente dois anos depois WEstcott estava ocupado lançando
a Ordem da Aurora Dourada, que teve uma vitalidade bem maior – alguém
57
poderia dizer élan – que a Fratres Lucis nunca conseguiu.

KENNETH MACKENZIE E A SOCIEDADE ROSACRUCIANA


Os membros da Sociedade Rosacruciana experimentaram uma noite mais que
geralmente entretenidora em 24 de Abril de 1873 quando Mackenzie, que
havia se tornado um membro honorário recentemente, leu um documento
descrivendo sua visita a Eliphas Lévi em Dezembro de 1861. Para comemorar
o evento a Sociedade, em seguida, elegeu Lévi como Membro Honorário
Estrangeiro. O texto de Mackenzie foi publicado logo em segujida no O
Rosacruciano (The Rosicrucian). Esta versão é a mesma que o MS (..?) (vide
acima) com uma exceção importante. Nesta última Mackenzie recordou que
Lévi „mencionara Sir Edward Bulwer-Lytton como um cavalheiro de talentos
27

versáteis, mas com pouco conhecimento real em relação à Cabala.‟ Esta foi
Página

agora emendada, para que se leia: „... ele rendeu um tributo ao conhecimento
versátil de Lorde, então Sir Bulwer-Lytton, e retornou a seu tópico favorito, a
Cabala, sobre a qual se debruçou com ênfase‟.

A ligação de Lorde Lytton com a Sociedade Rosacruciana foi involuntária. Em


14 de Julho de 1870, R.W. Little propôs que „o Mui Honrado Lorde Lytton fosse
eleito Membro Honorário dessa Sociedade e que lhe fosse solicitado aceitar o
cargo de Grande Patrono da Ordem‟.

Um candidato para eleição na Sociedade tinha que ser um Mestre Maçom. Não
há evidência de que Lytton fosse então ou que jamais tenha sido, um membro
da Ordem (Craft). Ou Little pouco se incomodou em pesquisar ou supôs que,
fosse Lytton um Maçom ou não, ele havia recebido uma genuína Iniciação
Rosacruciana e era, portanto, elegível para a filiação honorária. Em seu
panfleto Dados da História dos Rosacrucianos, 1916 (Data of the Rosicrucians,
1916), Westcott escreveu: „Em 1850 a muito antiga Loja Rosacruciana em
Frankfort-on-the-Main caiu em dormência; nessa Loja o primeiro Lorde Lytton
fora recebido como Adepto e se tornou imbuído das idéias que exibiu em sua
novela “Zanoni” e outros trabalhos (p.8). Nada que seja é conhecido sobre
essa Loja.

Todavia, o nome de Lytton não apareceu como Grande Patrono no O


Rosacruciano (The Rosicrucian) até Julho de 1872. Ninguém o informou da
honra que lhe havia sido conferida. Na verdade, ele não parece ter sabido
sobre ela até o final de 1872 quando, em 16 de Dezembro, ele escreveu uma
carta de reclamação a John Yarker. É impossível sugerir porque Sua Senhoria
teria escrito a Yarker, que era meramente um membro liderante do Colégio da
Sociedade em Manchester, que fora fundado no início de 1871. Yarker, cujas
cartas são notáveis por sua acidez, despachou uma réplica
58
incaracteristicamente apologética em 16 de Dezembro. Lytton muito
convenientemente morreu em 18 de Janeiro de 1873 e a Sociedade perdeu seu
involuntário Grande Patrono.

Mackenzie agora se tornou um contribuinte regular do O Rosacruciano (The


Rodicrucian). Daí em diante o conteúdo de seus editoriais foram quase
incrivelmente enfadonhos, e com exceção de sua peça de Eliphas Lévi os
artigos de Mackenzie não eram melhores. Ninguém jamais suporia que eles
poderiam ter sido escritos pelo „brilhante jovem‟ que Mackenzie representou
59
durante o início da década de 1850. Ele foi nomeado Secretário Gerasl
Assistente da Sociedade em 8 de Janeiro de 1874. Sua correspondência com
Irwin começou dez meses depois e bem na primeira de suas cartas (12 de
Outubro de 1874) ele escreveu- „Eu certamente tenho os deveres mais leves
que jamais recaíram no lote de um Secretário Assistente visto que o Dr.
W[oodman] faz todo o trabalho e eu apenas escrevo papéis de interesse mais
ou menos geral.‟
28

Na Primavera de 1875 os casos da Sociedade estavam em estado de leve


confusão. R. W. Little estava ameaçando renunciar e o Dr. Woodman estava
Página

vivendo em Exeter e longe demais para estar apto a intervir efetivamente.


Quanto a Little (de acordo com Mackenzie em 9 de Abril de 1875): „ ...ele tem
tantos ferros no fogo que é impossível para ele mantê-los todos retos. Se ele
tomasse as coisas mais friamente e não perdesse tanto tempo na Cafeteria do
60
Palácio Maçônico seria melhor‟.

A carta de Mackenzie, de 9 de Abril de 1875 indica que agora ele estava ciente
de que Frederick Hockley, seu amigo e mentor de outrora, havia sido proposto
como um membro do Colégio Metropolitano da Sociedade. Hockley, que vivera
em Londres, tinha sido um membro do Colégio de Irwin em Bristol desde
Janeiro de 1872. Bem recentemente Mackenzie havia pedido a Irwin que
abordasse Hockley em seu nome; assim, em 23 de Outubro de 1874 ele
escreveu: „Você poderia ser o pacificador entre nós? Eu estou disposto a fazer
ou dizer qualquer coisa para esse propósito.‟ Hockley não ofereceu nenhum
ramo de oliveira. Embaraçado diante da perspectiva de ser publicamente
esnobado por Hockley nas reuniões do Colégio Metropolitano, e irritado pelas
excentricidades de Little, sua carta de renúncia foi lida na Convocação
Trimestral de 30 de Abril de 1875.

Seis anos depois em uma carta a Westcott (24 de Março de 1881) Mackenzie
enfatizou que seus antigos companheiros escassamente poderiam ser
considerados como Rosacrucianos genuínos qnquanto que ele, é claro, poderia
reclamar essa distinção. Esse documento ilustra o temperamento
ocasionalmente paranóide de Mackenzie.

... Eu sempre me mantive à distância da Sociedade Inglesa dos últimos anos.


Possuo os Graus verdadeiros mas não posso por minha Obrigação dá-los a
qualquer um no mundo sem uma longa e severa provação à qual poucos
61
consentiriam em se submeter. Tomou-me um quarto de século para
conseguí-los e o todo dos Graus é diferente de qualquer coisa conhecida da
Sociedade Rosacruciana da Inglaterra – aqueles poucos que têm esses Graus
não ousam comunicá-los.‟ It has taken me a quarter of a century to obtain
them and the whole of the degrees are different to anything known to the Rosi.
Society of England - those few who have these degrees dare not communicate
62
them.' Leiam H[argrave] Jennings novamente e o Zanoni, de [Bulwer-
63
Lytton‟s]. Mesmo Lytton que conhecia tanto era apenas um Neófito e não
podo responder quando o testei. Como Little poderia então pleitear que os
tinha [isto é, os Graus]? who knew so much was only a Neophyte and could
not reply when I tested him. How then could Little claim that he had them [i.e.
the degrees]? Eu sei quantos verdadeiros Rosacrucianos existem nas Ilhas.

Quando Mackenzie renunciou da Sociedade Rosacruciana na Primavera de


1875 ele estava ocupado escrevendo o primeiro fascículo de sua Ciclopédia
Real Maçônica (Royal Masonic Cyclopaedia), um livro cujo preço corrente no
mercado de antigüidades está fora de toda proporção no que respeita ao seu
29

valor como trabalho de referência.


Página

CICLOPÉDIA REAL MAÇÔNICA DE MACKENZIE


A primeira edição da volumosa „Enclopédia da Maçonaria‟ (Freemasonry
Encyclopaedia), de Albert Mackey foi publicada nos Estados Unidos no início de
1874. O Reverendo A.F.A. Woodford revisou o livro no O Espelho Maçônico
(The Masonic Mirror) (Vol.1, No.ii), e daí cópias estavam circulando neste país
por volta de 12 de Outubro, data em que Mackenzie escreveu a primeira de
suas cartas para Irwin: „Eu me encontro, agora, engajado na preparação de
uma nova „Ciclopédia Maçônica’ (Masonic Cyclopaedia) da qual você ouvirá
mais para a frente. É provável que tenha sido o livro de Mackey que deu a
Mackenzie e John Hogg, seu editor em perspectiva a idéia para um trabalho
menos compendioso para o mercado inglês.

De acordo com um prospecto impresso em Outubro de 1874 o livro deveria ser


editado em „seis Partes Meia Coroa, de 128 páginas cada‟ e a publicação
estava programada para começar no início de 1875. Mackenzie esperava
receber permissão para dedicar o trabalho ao Príncipe de Gales (carta para
Irwin em 29 de Janeiro de 1875) mas quando as „provas‟ para o volume
encadernado foram impressas em 1877, foi seu tio, John Hervey, que recebeu
sua prova de respeito.

É desnecessário discutir o conteúdo da Ciclopédia (Cyclopaedia) por mais


tempo. Houve um verdadeiro processo por atacado de pilhagem de Mackey,
cujos artigos foram condensados e parafraseados. O prospecto mencionava
sua dívida para com outros autores maçônicos, embora ele não especificasse
64
os títulos de seus livros. Em alguns aspectos os artigos mais interessantes
são aqueles nos quais Mackenzie exibiu sua habilidade inventiva. Dentre os
melhores exemplos estão, „A Ordem Hermética do Egito‟ (The Hermetic Order
of Egypt)e „O Rito de Ismael‟ (The Rite of Ishmael), que serão mencionados
novamente mais tarde. A estória de sua procura por informações para sua
peça sobre Cagliostro reflete sua abordagem “escolar‟.

Será relembrado que em 1873 Irwin supôs que estava em contato com o
espírito do falecido Cagliostro. Em Agosto de 1875 ocorreu a Mackenzie dirigir-
se a Cagliostro, através de Irwin, para material biográfico autêntico. Assim, em
29 de Agosto ele escreveu:
Tenho um pedido a fazer-lhe, que poderá parecer meio estranho, mas não é
impróprio. Entendi que você está em comunicação com um Espírito que se
auto-denomina Cagliostro. Agora eu estou muito ansioso com o artigo que
estou escrevendo referente a Joseph Balsamo, para abordá-lo bem mais
suavemente do que Carlyle, os Maçons em geral e os Papalini o fizeram ...Se
seu espírito amigo pudesse condescender em tomar interesse no assunto, não
como matéria espiritualista pública, mas simplesmente por meio de correção
ou pistas isso seria de muito valor. Não posso, no atual estado de saúde de
65
minha esposa, realizar sessões espíritas no momento.
30

O artigo foi completado em 17 de Setembro de 1875 e Mackenzie alimentava a


esperança de que Irwin pudesse lê-lo para Cagliostro. „Leia o artigo para
Página

Cagliostro‟, escreveu ele. „É claro que não posso dizer o próprio Conde deva
vê-lo, mas eu quero muito que ele o faça.
Mackenzie corrigiu as últimas provas da Ciclopédia (Cyclopaedia) no início de
1877. Ele escreveu a Irwin em 20 de Janeiro: „A Ciclo está terminada. Não
tenho nada em particular para fazer e me sinto como um peixe fora d´água.
Creio que vou retomar meu trabalho inacabado sobre Railway Springs (..?) e a
Teoria da Primavera (Theory of the Spring) em geral e terminá-lo.‟ Ele contou
a Cox em 28 de Janeiro que „é um trabalho puramente prático com caráter de
engenharia, com tabelas de fórmulas e cálculo diferencial, etc.‟ Ele completou
o manuscrito por volta de 26 de Fevereiro. Parece que o livro não foi
publicado.

A Ciclopédia (Cyclopaedia) nunca foi revisada criticamente na imprensa


maçônica inglesa. Breves parágrafos foram publicados no „O Maçom‟ (The
Freemason) e no „Crônica do Maçom‟ (The Freemasons' Chronicle) de tempos
em tempos de 1875 a 1877 mas esses continham pouco mais que o ponto de
vista de que era um „maravilhoso empreendimento em benefício de todos os
Maçons, etc., etc. G.J. Findel, o editor do periódico alemão „Die Bauhiitte‟
revisou os três primeiros fascículos no início de 1876 e ficou contente por
66
ignorar os posteriores. Seu respeito pelo desempenho de Mackenzie era
mínimo, embora o livro tivesse uma configuração redentora: „É melhor do que
livros similares em inglês que chegaram até nós‟, escreveu Findel. Quanto a
Mackenzie: „O autor é um Maçom de alto Grau (Grau 9), de onde sua
67
predileção por aberrações e lixo místico em geral ...' O elogio de Findel foi
reservado para a „Ciclopédia Maçônica e Manual de Arqueologia‟ de Kenning,
editado pelo Reverendo A.F.A. Woodford, que foi publicado em 1878. which
was published in 1878. Ao contrário de Mackenzie ele reconheceu
publicamente seu débito para com Findel. Esse gesto tático não passou sem
68
ser notado.

A ORDEM HERMÉTICA DO EGITO


Mackenzie Se referiu sumariamente à Ordem Hermética do Egito no exemplar
do O Rosacruciano, de Abril de 1874, na página 109: 'A Ordem Hermética do
Egito é uma de caráter muito exclusivo,‟ escreveu ele. „Eu só me encontrei com
seis indivíduos que possuíam o Grau e desses, dois eram alemães, dois
franceses e dois de outras nações.‟ Irwin estava em Paris durante o Outono de
1874 e visitou Eliphas Lévi. Infelizmente ele se esqueceu de perguntar a Lévi
sobre a Ordem. Quando retornou a Bristol ele se dirigiu a Mackenzie para
informações. Mackenzie respondeu em 23 de Outubro e foi evasivo. „Posso lhe
fornecer muito poucas informações sobre a Ordem Hermética do Egito.
Constant [isto é, Lévi] poderia ter-lhe dado muito mais do que eu – ele foi um
69
dos meus preceptores.‟

Todavia, o que não pode ser revelado a Irwin foi revelado em certa amplitude
31

na „Ciclopédia‟ (Cyclopaedia) onde a Ordem foi descrita como os Irmãos


Herméticos do Egito e uma fraternidade oculta que havia existido desde épocas
Página

muito antigas, tendo uma hierarquia de Oficiais, sinais secretos e palavras de


passe, e um método peculiar de instrução em Ciência, Filosofia Moral e
Religião. O Corpo nunca é muito numeroso, e se podemos acreditar naqueles
que hoje professam pertencer a ela, a pedra filosofal, o elixir da vida, a arte da
invisibilidade, e o poder de comunicação com a vida ultramundana, são parte
da herança que eles possuem.

Na época em que o artigo da „Ciclopédia’ (Cyclopaedia) foi escrito o número de


membros da Ordem estava reduzido a três. A „informação‟ posterior de
Mackenzie sobre a Fraternidade é de considerável interesse porque aqui podem
ser encontrados ecos da lenda original da Fraternidade Rosacruciana conforme
publicado na Fama Fraternitatis R.C. em Cassel, 1614. Ele não pleiteou que a
Ordem tivesse quaisquer afiliações maçônicas mas então, apesar de tudo, ele
precisava de alguma maneira preencher mais de setecentas páginas. O artigo
da Ciclopédia continua:
„O escritor se encontrou com apenas três pessoas que mantinham a existência
concreta desse Corpo de filósofos religiosos, e que se diziam ser eles mesmos
verdadeiros membros. Não havia razão para duvidar da boa fé desses
indivíduos – aparentemente desconhecidos um do outro, e homens de
competência moderada, vidas limpas, maneiras austeras, e quase ascéticos em
seus hábitos. Todos aparentavam estar na idade entre quarenta e quarenta e
cinco anos, e evidentemente eram de vasta erudição. Sua conversa era
simples e sem afetação, e seu conhecimento de línguas indubitável‟.

Até aqui isso pode ser um retrato de Mackenzie como ele via a si mesmo.
Estava então com quarenta e dois anos de idade. Ele continuou:
„Eles respondiam alegremente a perguntas, mas pareciam não apreciar
inquirições. Nunca permaneciam muito tempo em um país, mas passavam
para outro lugar sem deixar vestígios, nem desejando que respeito indevido
lhes fosse dado. Às suas vidas anteriores nunca se referiam e, quando falando
do passado, pareciam dizer o que tinham a dizer com um ar de autoridade, e
uma aparência de conhecimento pessoal íntimo de todas as circunstâncias.
Eles não cortejavam a publicidade, e, em quaisquer comunicações com eles,
tratavam uniformemente os assuntos em discussão como coisas muito
familiares, embora para serem tratadas com uma espécie de reverência nem
sempre encontrada entre professores do oculto.

A ORDEM DE ISMAEL
De acordo com o artigo de John Yarker no „Maçonaria Árabe‟ (Arab Masonry)
em AQC 19, P. 243, 'em 1872 „o falecido Ir:. Mackenzie organizou a “Ordem de
Ismael” ("Order of Ishmael") de 36 Graus, a base da qual, informou-me ele,
tinha obtido de um árabe em Paris‟. A introdução de um misterioso árabe é tão
típica de Mackenzie que nenhum comentário adicional é necessário. De acordo
com a Ciclopédia (Cyclopaedia) de Mackenzie a Ordem de Ismael, ou de Esaú e
Reconciliação, tinha dezoito Graus divididos em quatro classes.

O governo da Ordem está investido em três poderes supremos e iguais,


32

respectivamente conhecidos como Patriarca, Sacerdote e Rei. O consentimento


dos três deve ser obtido antes da admissão de qualquer candidato. O
Página

postulante deve ser de idade madura, de boa estirpe e educação, e não deve
ser Católico Romano ... Não é necessário, no continente, que ele deva ser um
Maçom, mas se for, muitos segredos são dados a ele e que não seriam, de
outra forma,m revelados. Até anos bem recentes havia uma seção política na
Ordem, mas ela foi suprimida, e os objetivos pelos quais a Ordem existe
consistem de ajuda mútua, instrução e iluminação geral.

Os Chefes da Ordem residem habitualmente no Oriente, e dois dos três Chefes


devem estar sempre a leste de Jerusalém. Ramos dessa Ordem, sob
Chaceleres do Arco, existem na Rússia, Turquia, Grécia, Áustria, Itália,
Alemanha, Dinamarca, Suécia, Noruega, França, Espanha, Portugal, África e
Reino Unido.

Assim, deparamos com uma Ordem com Chefes Secretos – uma elaboração
típica de Mackenzie – e ocupadas em uma dúzia de países porém desconhecida
do mundo maçônico até que as revelações de Mackenzie foram publicadas na
„Ciclopédia’ (Cyclopaedia). Parece, todavia, que a Ordem não tinha um Ritual
até que Mackenzie se obrigou a fornecer um. De acordo com Yarker, ele era
„longo demais para prática geral‟ e cópias manuscritas eram tão caras que
70
ninguém queria pagar por elas.

Cartas escritas por Mackenzie a Irwin no final de 1874 indicam que o


representante do Grande Patrono (isto é, Mackenzie) esperava que Irwin se
tornasse um membro.

[23 de Outubro de 1874]. Quanto ao Rito de Ismael (Rite of Ishmael),


presumindo que você já tenha o Grau de Rosa-Cruz, você então começaria a
ter vislumbres do mesmo ... O Rito existiu lado a lado com a Maçonaria for
milhares de anos e forma um término por trabalhar retroativamente com o
Grau de Aprendiz Maçom ... As cerimônias são de mais augusta natureza e
ensinam a invariabilidade de Deus, Sua Providência e a instabilidade do
Homem.

[7 de Novembro de 1874]. Quanto à Ordem de Ismael (Order of Ishmael) farei


o que puder dentro dos próximos meses mas é impossível movimentar o
assunto até a Primavera – reuniões anuais somente ocorrem e
apropriadamente falando, no primeiro dia de Maio. Posso, todavia, informá-lo
de que detenho posição oficial nesse Corpo para a Inglaterra, e é claro que
ficarei feliz em enviar-lhe seus pontos de vista ...Em sua admissão sua patente
maçônica receberá o devido reconhecimento.

[6 de Dezembro de 1874]- Falarei sobre a Ordem de Ismael quando nos


encontrarmos – várias coisas têm que ser consideradas antes que a
Ob[rigação] possa ser dada, pois partes do Alcorão têm que ser extraídas por
uma autoridade. Como, todavia, Saladino deu o Rito ao Coração de Leão (N.T.
Rei Ricardo, da Inglaterra, assim chamado) temos um bom precedente para a
admissão de Cristãos. Irwin pode ter sido admitido na Ordem em Junho de
33

71
1875.
Página

Em 29 de Agosto de 1875 Mackenzie explicou que „o Grau Ismaelita


(Ishmaelite degree) só pode ser dado pessoalmente – é impossível para
qualquer um entendê-lo de outra forma – e abre um campo a todos os que
abraçam seus sublimes ensinamentos – para mim ele sempre pareceu o ponto
mais alto e o término da Masonaria, embora „não parta da mesma base‟.

Benjamin Cox era outro recruta em potencial. Em 21 de Novembro de 1875


ele escreveu: 'Penso que não ireo a Londres na próxima semana – se eu o
fizer será para ver Mackenzie recebendo a Ordem de Ismael que eloe
prometeu dar-me se eu viesse a Londres.‟ Ele não se juntou por volta de 13
de Janeiro de 1877 quando observou a Irwin: „Estou muito contente que você
esteja em comunicação com alguma outra pessoa além de Mackenzie sobre o
Rito de Ismael, visto que o Ir:. M. [isto é, Mackenzie] fez uma confusão da
Ordem.

Com poucos clientes e longe uns dos outros, a Ordem de Ismael permaneceu
mais ou menos em „câmara fria‟ até que John Yarker a herdou após a morte de
Mackenzie em 1886.

KENNETH MACKENZIE - CASOS DOMÉSTICOS, 1875-83


Antes de tratar das preocupações maçônicas „fringe‟ de Mackenzie durante o
final da década de 1870 – uma delas, a Real Ordem Oriental dos Sat B´hai
(Royal Oriental Order of the Sat B'hai), foi de longe a mais hilariante
promoção do período – algumas breves informações sobre sua vida doméstica
sãoi necessárias. Suas fontes de renda são desconhecidas mas provavelmente
ele levava uma vida modesta, com proventos do jornalismo variado. A
Ciclopédia (Cyclopaedia) não o beneficiou financeiramente.

Em 13 de Agosto de 1875, quando estava ocupado escrevendo seus primeiros


fascículos, ele mencionou otimisticamente a Irwin que „quando este livro
estiver terminado eu correrei, muito provavelmente, para o Canadá. Meu
sogro, Harrison Aydon está levando tudo adiante dele e eu estou em
correspondência com meu primo Alexander Mackenzie, o Primeiro Monistro [do
Canadá].‟ Essa declaração levou-me a uma longa alameda genealógica cega
porque nenhuma relação de qualquer espécie podia ser estabelecida. Talvez
para Mackenzie qualquer homônimo era um „primo‟ e o Primeiro Ministro do
72
Canadá um dos mais impressionantes. Se Harrison Aydon retornou a
Londres com os bolsos cheios de ouro, nem Mackenzie e nem sua esposa
foram beneficiados.

Durante 1876 os Mackenzies se mudaram de Chiswick opara um endereço


mais modesto: 2 Mark Cottages, Staines Road, Hounslow. Quer ele pudesse ou
não pagar uma aposta ocasional, agradava-lhe prever os vencedores dos
73
eventos turfísticos clássicos.
34
Página

Em Agosto de 1877 eles tinham saído de 2 Mark Cottages e estavam em 1


Flint Villas, Wellington Road, Hounslow. 'Há uma marcenaria na porta ao lado
que trabalha em tempo integral desde as quatro e quinze da madrugada e
deveremos sair quando eu encontrar outra casa‟, escreveu ele. Eles
suportaram o barulho até Novembro de 1880 quando se mudaram para outra
casa mais silenciosa na mesma estrada. Eles estavam em seguida (1882-3)
em 23 Ryder Terrace, Twickenham.

Seu tio John Hervey morreu em 2 de Julho de 1880. 'Ele foi mais pai para mim
do que meu próprio pai‟, ele contou a Irwin uns poucos meses antes quando
Hervey obviamente não sobreviveria por muito tempo. Hervey deixou cerca de
4.000 Libras. Sua irmã (mãe de Mackenzie) recebeu uma poupança vitalícia
depois que alguns modestos legados foram pagos e Mackenzie e um primo
eram os legatários residuais meio-a-meio. O imóvel de Hervey não foi
assentado até Setembro de 1883.

Por essa época Mackenzie adquiriu um arrendamento de oitenta e seis anos de


uma casa em Twickenham por 400 Libras. Ele contopu a Irwin que a compra
havia sido feita sob bons aspectos astrológicos e que o Banco havia adiantado
parte do dinheiro. Em 25 de Outubro de 1885, todavia, ele informou Irwin de
que suas expectativas financeiras estavam sombrias. „Quando minha mãe
morrer ... Eu e minha esposa teremos só 35 Libras por ano para viver, e o que
eu precariamente ganho. Os Maçons nunca fizeram qualquer coisa por mim,
embora eu tenha feito muito para a Maçonaria, e não espero que eles jamais
façam ... Não ouço mais nada do [Dr. W. R.] Woodman, que me abandonou
quando descobriu que eu não era o herdeiro de meu tio, nem o vi mais desde
o dia do funeral de meu tio‟.

Durante esse período houve uma configuração redentora. Frederick Hockley


tinha concordado com uma reconciliação em Novembro de 1878 convidou-o
para uma reunião da Loja dos Grandes Mestres de Banquetes (Grand
Stewards´Lodge).

A REAL ORDEM ORIENTAL DOS SAT B‟HAI


A Real Ordem Oriental do Sat B´hai (Order of the Sat B'hai) não foi invenção
de Mackenzie, menos ainda de Irwin, embora Mackenzie tivesse dado uma
ajuda na inflação desse cômico balão pseudo-maçônico, que se ergueu alguns
metros no ar, balançou por um pouquinho de tempo e então entrou
silenciosamente em colapso sem que qualquer membro normal da Ordem
(Craft) soubesse que a coisa sequer havia existido.

O advento dos Sat B'hai foi obscuramente brazonado em uma carta assinada
„Historicus‟ (Histórico), que foi publicada no „O Maçom‟ (The Freemason) em 14
de Janeiro de 1871. O estilo em prosa não é diferente do de Mackenzie. Se é
assim , ele estava totalmente inadvertido de que sua desinformação se referia
35

ao „Rito‟ que deveria ocupar tanto de seu tempo alguns anos depois.
Página

Um Irmão nos informou que um 34° desse Rito está em existência e é


chamado de „Apex‟ (Ápice), correspondendo assim com o 90° do „Antigo e
Primitivo Rito de Misraim’ (Ancient and Primitive Rite of Misraim). Existem
apenas três detentores do „Apex‟ em todo o mundo, que existe pela sucessão
de Patentes triplicadas de Freerico, o Grande, da Prússia, assinadas
imediatamente após as Grandes Constituições. Os símbolos são o Cordão e a
74
Adaga; os cerimoniais são muito augustos, e detalham a história e objeto
do Grau, o qual deve retirar os fundos e energias de todos os Conselhos do
mundo para um grande centro. Sérios propósitos são citados como estando em
vista, mas quer isso seja a expulsão dos Turcos de Constantinopla, ou o
estabelecimento de um único Império no Continente ou na América, não se
sabe.

Uma carta corrigindo as imprecisões perpetradas pelo „Historico‟ (Historicus)


apareceu cerca de um mês depois no „O Maçom‟ (The Freemason) de 18 de
Fevereiro de 1871. Quem quer que a tenha escrito conhecia a substância dos
Sat B´hai ou Lenda do Apex muito na forma em que foi subseqüentemente
desenvolvido.
O APEX- 49° - 81°

Um êrro muito sério ocorre no „O Maçom‟ de 16 [sic] último, no qual está


afirmado que „há apenas três detentores do Apex em todo o mundo, que existe
por uma sucessão de Patentes triplicadas de Frederico, o Grande, e que os
s[ímbolos do Grau são um „Cordão e Adaga‟.

Agora, os Irmãos não devem ser precipitados em suas revelações sobre o


assunto desse clímax de nossos Grandes Mistérios Histórico-Maçônicos, pois eu
estou em posição de assegurar, muito enfaticamente, que as Patentes em
questão não foram promulgadas por Frederico, o Grande e que os três assim
chamados „Apexes‟ não eram, de fato, outros senão os três patrocinadores do
ÚNICO SUPREMO APEX, cujo próprio estilo proclama sua realeza e solitária
grandeza, e que a sucessão desses altos cargos vem por um Ato de Graça por
parte do Apex existente que, sob circunstâncias de mais estrita solenidade, e
ele próprio estritamente velado, transmite a seu sucessor (se prático, na
presença de um ou mais dos patrocinadores) os Rituais de todas as outras
Ordens (algumas das quais são escassamente conhecidas na Inglaterra),
contidos em uma antiga cesta de chumbo revestida de cedro do Líbano. Por
esse meio o Apex-eleito está, se de um de nossos graus inferiores (mas em
nenhum caso abaixo do Grau de Past Master) sob uma dispensa peculiar

Até aqui, tudo bem: esta é uma Ordem Super-Maçônica e o Apex-eleito deve
ser um Past Master. Mais ainda, ele tem o status de um „Chefe secreto‟. Esse
arquétipo particular fez sua estréia maçônica na „Estrita Observância‟ alemã
(cerca de 1750) e em um contexto não-maçônico será encontrada na „Aurora
Dourada‟ de Westcott (Os Chefes Secretos da Terceira Ordem) (The Secret
Chiefs of the Third Order) e na „Teosofia‟ (Theosophy) a la Madame Blavatsky
36

nos dirigentes secretos da „Grande Loja Branca‟. A carta continua:


Página

É realmente verdade, o Cordão e Adaga (Cord and Dagger) são os símbolos


dos Patrocinadores, mas não do único inacessível Apex, pois ele tem sete (de
onde a con-fraternidade, [sic] conhecidos no Oriente como „Sat-bhae, sete
irmãos), mas que sob uma suspensão secreta do então (1845) Apex do
Sublime Clímax que, na época, aconteceu de estar na Índia em uma de suas
viagens secretas de inspeção.

Partindo da natureza do cargo do Apex do Grande Clímax, 81°, tem sido uma
lei de tempo imemorial que seu nome nunca seja divulgad, nem sua identidade
real seja conhecida por qualquer pessoa com exceção de um Patrocinador.
Algumas vezes acontece, quando um Apex morre em qualquer localidade
remota, que seu sucesor não possa ser conhecido pelos Patrocinadores, mas
este último pode sempre identificar o verdadeiro Apex pelos sete símbolos que
levam à cesta de chumbo que coroa o edifício místico, e que, com reverência,
eu me aventuro a asseverar ter visto, mas não é próprio que eu diga algo
mais.

Há uma pintura notável, de pequeno tamanho, chamada „O Sonho do Apex‟


(The Dream of Apex). Ela representa um homem em um apartamento obscuro,
temeroso com a aparição de uma serpente; mas por razões inconvenientes de
mencionar, a localidade não pode ser indicada.

Como seu correspondente está, talvez, ciente, o Único Apex Supremo toma em
sucessão regular, como seu símbolo, um dos sinais estrelados; mas esses não
são numerados como entre os sete símbolos ocultos.

Permitam-me acrescentar que „Frederico, o Grande‟ não é uma garantia de


autoridade. O Imperador Frederico Barba-Roxa (Friedrich Barbarossa)
certamente emitiu uma Patente, mas sob inspiração superior do Apex Velado,
que, na época, era supostamente um veneziano.

N. B - - - - E
Talvez a mais estonteante abertura de todas foi a publicada no O Maçom de
29 de Junho de 1872 assinada „sp-ns-r [isto é, Sponsor = Patrocinador], II‟.
„Pode ser suficiente dizer‟, ele escreveu, „que eu vi a verdadeira Jóia do „Apex‟.
A jóia pode ser ouvida tanto quanto vista.‟ A jóia provavelmente incorporava
um pequeno sino que tilintava.

A „Real Ordem Oriental de Sikka (Apex) (The Royal Oriental Order of Sikha) e
os Sat B‟hai, para dar seu título oficial, foi o rebento cerebral do Capitão James
Henry Lawrence Archer (ou Lawrence-Archer), Exército Indiano, embora
Mackenzie fizesse a maior parte do „trabalho de burro de carga‟ e recebeu
pequenos agradecimentos por seu incômodo. John Yarker se referiu
sumariamente ao fundador da Ordem e origens na obra „As Escolas dos
Arcanos‟ (The Arcane Schools), 1909, pg.242: „Essa é uma Sociedade Hindu
organizada pelo Pundit de um Regimento Anglo-Indiano, e trazida para este
37

país por volta do ano de 1872, pelo Capitão J. H. Lawrence Archer.‟ Em Hindi a
palavra „pundit‟ ou „pandit‟ significa um homem letrado, alguém versado em
Página

Filosofia, Religião e Jurisprudência, alternativamente um especialista letrado ou


Professor. No uso militar significava um nativo civil que fora contratado para
ensinar aos Oficiais ingleses do Regimento Indiano a língua Hindi e a ler o
escrito Devanagri. Nada se sabe sobre a „Sociedade Hindu‟ do Pundit ou a
natureza das notas, manuscritos (MSS), etc. que Archer trouxe para a
Inglaterra e que Mackenzie, no devido curso, tentou „trabalhar‟.

Archer nasceu em 28 de Julho de 1823. He was nomeado oficialmente


Segundo Tenente no 39º Regimento a Pé em Dezembro de 1840 (aet.17) e
serviu com o 24º Regimento a Pé através de toda a Campanha do Punjab em
1848-9. Ele foi, com meio soldo, para Capitão em 1º de Janeiro de 1869 e
permaneceu na lista de meio-soldo até sua morte em Fevereiro de 1889. Foi
iniciado na Maçonaria na Índia em 1851 (aet. 28) e posteriormente se tornou
75
um membro filiado da Loja Cannongate Kilwinning No 2 em Edinburgh.

O Catálogo do Museu Britânico lista os títulos de uma dúzia de livros escritos


por ele, como por exemplo, estudos genealógicos, histórias militares,
memórias das campanhas indianas, um trabalho sobre as Ordens de Cavalaria,
76
etc. Até onde diz respeito ao Sat B‟hai ele permaneceu na retaguarda.
Mackenzie costumava se queixar de que ele era dissimulado, algumas vezes
ausente em algum lugar da Escócia e para não ser encontrado. Apenas uma
carta escrita por Archer sobrevive na Biblioteca da Grande Loja. Ela foi
endereçada a Irwin (6 de Abril de 1875) e porque não sabemos em que
contexto foi escrita seu conteúdo é obscuro. Yarker mencionou que seu soldo
como Capitão a meio-soldo era de apenas 127 Libras por ano, mas ele deve ter
tido meios privados. Mackenzie inferiu que Archer esperava fazer dinheiro com
os Sat B‟hai.

A segunda de três cartas publicadas no O Maçom em 2 de Maio de 1871 pode


ter sido escrita por Archer. Na época ele não estava em contato com
Mackenzie, mas estava quase pronto para se encontrar com Yarker. Não há
evidência de Irwin jamais o tenha encontrado, mas ele era membro da Ordem
77
„mal-chocada‟ do Capitão por volta do final de 1874. Quando Mackenzie
entrou em cena em 1875 a Ordem existia em nome mais do que de fato. Foi
ele quem lutou com o problema insolúvel de colocar seu cuco Hindu em um
ninho inglês fringe-maçônico. Ninguém estava melhor equipado para esse
exercício particular em loucura humana.

Em 18 de Janeiro de 1875 Mackenzie contou a Irwin que tinha‟ ouvido falar


sobre o Rito do Apex [isto é, os Sat B‟hai] e isso é tudo. Onze dias depois ele
pediu a Irwin informações sobre o Rito para a Ciclopédia. Irwin o encaminhou
para Archer com quem ele agora começou a se corresponder. Ele se juntou à
Ordem no começo de Abril e foi designado um dos sete Censores do Arco. „Não
posso dizer mais nada porque não sei de mais nada‟, contou ele a Irwin. Então
em 22 de Abril ele escreveu: „é claro que você sabe mais sobre ele do que
escolheu para me dizer‟. Em 3 de Maio perguntou a Irwin se ele tinha „o Código
38

78
e Mistério e outras coisas‟. O Código continha informações sobre a estrutura
Página

da Ordem e suas regras. John Yarker publicou o que ele descreveu como uma
edição revisada do Código dos Sat B‟hai em 1886. O texto impresso aqui no
Anexo II provavelmente é dessa edição.

No início de Abril de 1875 Irwin já estava pensando em renunciar. A carta de


Archer para ele, de 6 de Abril, refere-se a essa eventualidade. No „postscript‟
se lê: „Enviei-lhe, como pedido, 2 Códigos e 2 Mistérios. Queira por favor
enviar um Cartão Postal ao Ir:. Yarker para que lhe remeta a terceira cópia de
cada que você precisa.‟ Daí que Yarker estava ativo no negócio em uma
ocupação administrativa. Mackenzie estava começando a se ocupar, talvez
oficiosamente, em Londres. Em 10 de Maio ele escreveu:
No momento, até que eu aprenda o que quero saber sobre o assunto ...duro
como uma triste morte para um negro morto no negócio do Apex. Tudo o que
posso dizer agora e que o assunto parece que vai se movimentar. Não desista
de sua Censoria de modo nenhum. Não faça mais do que agitar os IIr:. Yarker
e B. Cox de Weston-super-Mare.‟

Suas pesquisas continuaram e em 17 de Maio ele avisou Irwin: „Rezo para que
deixemos o Apex sozinho por um puco de tempo mais. Eu lhe asseguro que há
fortes razões para isso.‟ Em 24 de Maio ele reportou o recebimento de uma
carta de Archer. 'Eu me colocaria em comunicação com ele‟, disse a Irwin,‟ ... e
veria o que ele diz – rezo para que não me mencione no momento. Não quero
uma fraude maçônica perpetrada, verbum sap (..?).Pergunte-lhe o que ele
está fazendo. É bastante confuso como está agora. Em 5 de Junho ele estava
começando a mostrar mais entusiasmo: 'Modificações terão que ser feitas
antes que o Apex seja de muito serviço maçônico para nós. Mas eu penso que
há um futuro brilhante. Eu tentarei e verei Archer em poucos dias ... Recebi
uma carta de Yarker recentemente, mas ela parece não revelar qualquer coisa
definida sobre o Apex. Você tem uma cópia do Código [sublinhado três vezes]?
Se não tiver, preciso mandar-lhe uma, ou uma cópia impressa pode ser obtida
79
com o Ir:. S. P. Leather, Engenheiro Civil, Burnley, Lancashire.'

Em 11 de Junho de 1875 a atitude de Mackenzie era de novo ambivalente. Ele


havia recebido uma carta de Archer e ficado ciente de que „há um Ritual bem
como um Código e Mistério;‟ Ele informou a Irwin que tinha escrito para Archer
e feito várias sugestões: „Apontei-lhe que cavalheiros ingleses não podem ser
governados por cabeças desconhecidas e adverti-o a que convocasse uma
reunião dos Patrocinadores e Censores. Não mencionei nomes, mas (em
confidência) posso dizer-lhe que posso prevalecer sobre o Ir:. Hervey para que
aceite a quarta Censoria, ainda vaga.

Agora, então, o Grande Secretário da Grande Loja Unida da Inglaterra deveria


ser envolto no esquema do Apex. Mackenzie não colocava objeção aos „Chefes
secretos‟ quando eles eram invenção sua, mas não gostava de se submeter à
sua autoridade quando eram poroduzidos fora do ar fino por alguém mais,
neste caso Archer.
39

No Outono de 1875 uns poucos recrutas haviam se apresentado. Em 19 de


Página

80
Outubro Mackenzie escreveu: „O Ir:. Ranking juntou-se à Ordem do Apex, e
também o Coronel Ridgway. Algo sobre isso terá que ser feito logo.‟ Em 24 de
Novembro ele reportou que o „Ir:. Coronel Ridgway fora nomeado Tesoureiro
Geral dos Sat B‟hai.‟ A seguir, em 27 de Janeiro de 1876 ele escreveu: 'Penso
que há muita probabilidade de que o irmão carnal de Sir William Feilden, o Ir:.
J. Leyland Feilden se uma ao Sat B‟hai. Já faz bastante tempo que isso foi
trazido à luz sob uma forma mais tangível, mas há tantas influências a
trabalhar que é muito difíci reconciliar os elementos.‟ Todavia, pelo menos um
pouco de progresso estava sendo obtido, porque em 4 de Fevereiro ele pode
reportar: „O Rito do Apex está expandindo ... Estou selecionando
cuidadosamente os membros da seção que represento como Daksha. Só
desejo verdadeiros Maçons de hábitos estudiosos, capazes de produzir um bom
serviço ...Meu tio [John Hervey] pensa que a Ordem provavelmente será de
grande utilidade.‟ Alguém pode ficar a imaginar se a Grande Secretaria supôs
qualquer coisa desse tipo.

Neste ponto somos deixados em um estado de suspensão até onde diz respeito
ao Apex ou Sat B‟hai porque as poucas cartas sobreviventes para 1876 não
contêm referências a quaisquer dos dois. Nesse meio tempo, Mackenzie
escreveu um artigo sobre a Ordem, que foi publicado na Ciclopédia
(Cyclopaedia), provavelmente no fascículo que foi editado no final de 1876. Ele
começa:
REAL ORDEM ORIENTAL DOS SAT B'HAI – uma Ordem incorporada com a de
Sikha. È originária da Índia, e recebe esse nome por causa de um pássaro
considerado sagrado pelos Hindus, e conhecido pelos naturalistas como
Malacocerus grisius, cujo vôo, invariavelmente em sete aves, obteve para o
Rito o apelativo de sete (Sat) irmãos (B'hai). A última reunião na Índia foi
realizada em Allahabad (Pryaya ou Prag), no ano de 1845. Está dividida em
sete Graus (mas, com Sikha, composta de Patrocinadores, nove), com o
primeiro sendo o mais elevado, isto é, 1. Censor do Arco. 2. Correio do Arco.
3. Ministro do Arco. 4. Arauto do Arco. 5 Escriba do Arco. 6. Auditor do Arco. 7.
Mudo do Arco. Os trêsúltimos Graus são, sob certas limitações, abertos a
ambos os sexos, mas ninguém exceto Mestres Maçons é admitido nos quatro
primeiros Graus.

No final do artigo há uma declaração que é „Mackenzie típico‟: „A Ordem está


agora firmemente estabelecida na Inglaterra e Escócia, com ramificações na
América, Áustria e outros países.‟ É inconcebível que um Rito que ainda não
havia sido trabalhado na Inglaterra, porque ainda não havia Rituais, já tivesse
sido exportado para a América e Áustria, e como se esperava, „as cermônias
são de uma augusta natureza‟.

A.E. Waite certa vez descreveu Mackenzie como „ uma luz brilhante de
ocultismo escondida em um alqueire de sigilo‟ ou em outras palavras para o
efeito. A fonte da citação me escapa, embora eu me lembre bem dela. Irwin
pensava da mesma forma e numa longa carta de crítica escrita em 16 de
Janeiro de referiu-se à tendência de Mackenzie de envolver tudo em uma capa
40

de mistério. O que se segue provavelmente se refere à Ordem de Ismael ao


invés do Sat B‟hai:
Página

„Não há ninguém mais preparado do que eu mesmo para reconhecer seus


poderes intelectuais. Estou bem ciente de que você poderia compilar cem
Rituais cada um tão bom quanto a média dos atualmente em uso, mas
infelizmente você parece ter um desejo de rodear seus procedimentos com um
ar de mistério. Agora esse mistério está correto e próprio para o maior número
de Maçons ... mas por que perverar com o mistério – ou tentar mistificar
alguém que foi admitido aos mais íntimos segredos do santuário?

Irwin estava se referindo a ele mesmo. Quanto ao Sat B'hai:


O Rito do Apex teria se espalhado rapidamente na maior parte da Inglaterra se
não fosse por esse ar de mistério. Havia terreno para muito daquilo que era
bom e belo ... Se a cerimônia do Sat B'hai não é bela, e não será porque você
não seja capaz de torná-la assim, mas porque um ar de mistério será jogado
sobre ela – este, para usar uma expressão comum, não irá cair.

Mackenzie respondeu de uma forma mais ou menos queixosa em 28 de


Fevereiro: „Quanto ao Apex, Sikha, Sat B'hai ou como quer que você queira
chamá-lo, eu só tenho a dizer que estou tentando fazer o melhor para trazê-lo
ao curso. Mas eu não acho que haja muito entusiasmo sobre ele‟ ... 'Em 3 de
Março ele explicou com certo alongamento a dificuldade que estava tendo em
colocar os Rituais na forma. Um de seus problemas era que nem os Mudos,
nem os Auditores, que eram membros dos dois Graus mais baixos, tinham
qualquer coisa a fazer, „e até que isso seja desembaraçado do original
Sânscrito não vejo como um Ritual possa ser editado‟. Em 5 de April ele
pensou que o Ritual dos Sat B'hai estava quase terminado: 'Há uma cerimônia
separada para cada Grau da Ordem ...‟ Em 9 de Agosto ele reclamou que seu
trabalho estava parado porque Archer estava fora e não podia ser encontrado.
Parece que sem o conhecimento que Archer tinha do Sânscrito nenhum
progresso era possível. A posição era bem a mesma de Outubro e agora ele
tinha brigado com Archer. Ele sabia, também, que alguns membros estavam
se tornando impacientes, visto que „não podemos esperar que outros tomem
interesse nos Sat B‟hai até que lhes dermos alguma coisa em troca de seu
dinheiro...‟ Ele estava ciente agora, também, que por parte de Archer, pelo
menos, os Sat B‟hai tinham um certo elemento comercial: „Estou entristecido
de que os meios do Ir:. Archer sejam tão ligeiros que ele seja forçado a fazer
dinheiro com os Sat B‟hai ...‟, escreveu ele em 20 de Outubro.

No final de 1877 o Ir:. Charles Scott, de Omagh, Co. Tyrone na Irelanda,


enviou a Irwin três cartas indignadas sobre o assunto de Mackenzie e os Sat
B'hai, no decurso de cinco semanas.

[21 de Outubro de 1877]. Eu não conheço nada do Apex além do que conheci
três anos atrás ... Eu presumo que os Sat B'hai não passam de uma tapeação
construída para levantar vento. Os IIr:. Archer e Mackenzie caíram fora. Isso é
simples pelas notas de Archer, de modo que Mackenzie é agora Apex e Ismael
e suponho que seu gênio fértil esteja concebendo algo mais apetitoso para as
41

„gaivotas‟ (...gulls?).
Página

[29 de Outubro de 1877]. Quanto ao Apex estou lavando minhas mãos. É inútil
e serve somente para „gaivotas‟ e ingênuos ... Eu não posso introduzir a
Ordem aqui de modos que renunciarei a qualquer ligação com ela.

[26 de Novembro de 1877]. Eu escrevi a Yarker me retirando do Apex porque


não pude entendê-lo nem tive qualquer oportunidade de me encontrar com
quem conseguiu isso... Foram só risadas sobre mim, dos meus amigos mais
expertos que prontamente se recusaram a entrar para um Rito de benefício
bastante questionável.

Em 9 de Novembro de 1877 Mackenzie tinha completado as seguintes


cerimônias:

1. Abrindo um Ashayam 7. Passando um Escriba para


2. Trabalhando e Mensageiro
fechando o mesmo 8. Consagrando um
3. Iniciação (geral) Mensageiro como Ministro
4. Admissão de um Mudo 9. Incumbindo um Correio
5. Passando um Mudo 10. Cerimônia de Relegação
para Auditor 11. Cerimônia de Perfeição
6. Avançando um Auditor 12. Varias Palestras,
para Escriba Regulamentos &c.

Em 25 de Janeiro de 1878 ele escreveu a Irwin, mais com tristeza do que


com raiva: Não ouço mais nada em absoluto do Ir:. Yarker. Ele é misterioso.
Você e o Ir:. Scott, parece, renunciaram ambos e de outra fonte eu ouço que
Madame Blavatsky é a cabeça da Ordem! Este último item das notícias é
“bastante e terrivelmente risível‟‟. Ele finalmente admitiu a derrota em 27 de
Janeiro de 1879: „Quanto ao Apex eu não devo mais me incomodar com ele‟,
avisou a Irwin. „Eu o encaro como coisa do passado.

Todavia, a „Ordem dos Sat B‟hai‟ não estava exatamente moribunda como
Mackensie supôs. Poucos anos depois John Yarker engenhosamente
amalgamou sua [da Ordem] Cerimônia de Perfeição com o Ritual de uma
recente novidade chamada „Ordem da Luz‟ (Order of Light).

Há um breve lançamento sob esse título na „Ciclopédia‟ (Cyclopaedia) de


Mackenzie. Ele diz: „Estabeleci no Ulster, Irlanda, B.C. [!] vai ... Em 1760
havia um Grau desse nome dado em uma Loja de Orange (Orange Lodge).
Ainda existe como um Grau lateral.

Por alguma razão que estou incapaz de medir, Benjamin Cox, que não parece
ter tido qualquer conexão com a Irlanda ou o Ulster, era o Grande Chanceler
da Ordem em 1872. Na Biblioteca da Grande Loja há um Certificado escrito a
42

mão, mal impresso pelo processo cicloestilo do „faça você mesmo‟, intitulado:
'Real Ordem dos Cavaleiros de Eri e Ramo Vermelho dos Cavaleiros do Ulster‟
Página

(Royal Order of Knights of Eri and Red Branch of Knights of Ulster)'. Foi
emitido em 3 de Junho de 1872 para Irwin como „Cavaleiro da Grande Cruz e
Chefe‟, etc., assinado por R. S. D. O‟Donohue, e „registrado dos Arquivos da
Ordem por Benjamin Cox, Grande Chanceler‟. No mesmo dia um Certificado
similar foi emitido para o amigo e colega de Yarker, Samuel Petty Leather,
neste caso assinado por Irwin.

Há referências ocasionais ao que Cox sempre chamou „o Ramo Vermelho‟ (the


Red Branch) em suas cartas a Irwin. Em 1877-8 ele estava ocupado tentando
desenhar um Certificado para a Ordem, em Gaélico e escrito em caracteres
irlandeses unciais. Ele informou Irwin em 7 de Agosto de 1878 que não tinha
conseguido adquirir um Dicionário de Irlandês.

Em uma carta a Irwin (25 de Novembrfo de 1887) ele escreveu: „Ramo


Vermelho – Quando você me enviar o Ritual final eu farei outra cópia exata a
partir dele. Estou pensando em nomear o Ir:. Capitão Nunn e o Ir:. Tenente
Capell como Cavaleiros e os IIr:. Blackmore e Millard como Cavalheiros
(Esquires) para servir sob minhas ordens [pessoa?].‟ O Capitão e o Tenente
eram ambos membros de uma unidade local Voluntária. Além disso, todos
esses Cavaleiros e Cavalheiros em perspectiva era Maçons ... seis meses
depois, em Abril de 1888, eles se tornaram membros fundadores do Templo
de Osíris da Aurora Dourada em Weston-super-Mare, do qual o „Frater Crux
81
Dat Salutem (..?), isto é, Benjamin Cox, era „Hierofante‟.

O RITO DE SWEDENBORG
Não há qualquer evidência que seja de que o místico sueco Emanuel
Swedenborg tenha jamais sido Maçom, embora alguns analistas maçônicos do
distante passado tenham insistido de que ele deve ter sido um membro da
Ordem (Craft). De acordo com Lenhoff e Posner em „Internationales
Freimaurer Lexikon‟ (Léxico Internacional dos Franco-Maçons), o Rito que
leva seu nome foi fundado nos Estados Unidos em 1859 e logo exportado
para o Canadá. Mackey mencionou que ele possuía seis Graus em sua
„Enciclopédia’ (Encyclopaedia), 1874: 1. Aprendiz, 2. Companheiro Maçom, 3.
Mestre Neófito e desde que o Rito não iniciou Maçons, somente os três
últimos Graus foram trabalhados.

O Rito alcançou a Inglaterra em virtude de uma Patente canadense, datada


de 1º de Julho de 1876, concedida a „John Yarker, Francis George Irwin e
Samuel Petty Leather ... para manter uma Loja e Templo subordinados ... na
cidade de Manchester e ser chamados „‟Loja e Templo Emanuel N o 3‟
(Emanuel Lodge and Temple No 3), e daí conferir os Graus de Iluminado,
Sublime e Perfeito Maçom a quaisquer Mestres Maçons leais que eles
81
considerassem dignos.

Uma vez que o Rito estava de posse do que pode ser descrito como „a antiga
firma‟ (the old firm) foi apenas natural que Kenneth Mackenzie fosse
43

designado seu Supremo Grande Secretário. Benjamin Cox teria gostado de


Página

ter sido Grande Supremo Secretário Adjunto – Ele era ainda um „caçador do
pote‟ maçônico‟ (isto é, o conhecido pote no fim do arco-íris) mesmo que
declarasse dois anos depois que „Eu me importo muito pouco se nunca mais
comparecer a uma Reunião da Loja‟ – mas Mackenzie discordou e propôs que
fosse Supremo Grande Secretário Provincial „se’ o Rito prosperasse.

Não havia grande pressa em se juntar ao Rito, mas pelo final de 1879 havia
cerca de uma dúzia de Lojas, todas elas provavelmente de filiações de última
hora e uma mancheia delas foi fundada durante os poucos anos seguintes.
Daí que os deveres de Mackenzie nunca eram muito onerosos. Eles poderiam
até ter sido mais fáceis se os Secretários de Lojas tivessem sido mais
pontuais no envio de retornos e remessa de taxas.

Em Abril de 1877 o Rito de Swedenborg ainda carecia de um Supremo Grande


Capelão e Mackenzie sugeriu que o Reverendo William Stainton Moses fosse
convidado a aceitar o cargo. Neste ponto do tempo a Maçonaria-fringe
ganhou um interessante novo recruta porque Stainton Moses era uma das
82
personalidades mais proeminentes no movimento espiritualista.

Considerando que todos os indivíduos que encontramos até agora aceitaram a


Maçonaria – „fringe‟ ou Regular ou uma combinação de ambas – como a
encontraram, Stainton Moses queria alguma coisa diferente. É provável que
sua decisão de aceitar a Suprema Grande Capelania do Rito de Swedenborg
foi grandemente influenciada pela perspectiva, como ele informou a Irwin em
Agosto de 1877, de poder formar uma Loja inteiramente composta de
83
„espiritualistas, Theosofistas, ou como quer que deseje chamá-los ... quero
para esse propósito alguma coisa bem diferente da Loja comum, que se reúne
quatro vezes por ano para trabalhar um Ritual estereotipado ou comer um
jantar pesado‟.

Em Agosto de 1878 ele tinha abandonado a esperança de estabelecer uma


Loja espiritualista dentro da estrutura do Rito de Swedenborg ou mesmo dos
agora moribundos Sat B‟hai. Ele renunciou ao Rito em Abril de 1879.

O Rito de Swedenborg seguiu protelando na Inglaterra até o início da década


de 1900. Por essa época ele era meramente um item no estoque de Ritos,
para exportação além-mar, de John Yarker.

EXEUNT OMNES ...


Frederick Hockley, que não tinha conexão com a Maçonaria-fringe, mas
conhecia bem Irwin e Mackenzie, foi o primeiro a morrer (10 de Novembro de
1885). Seu Testamento incluía um legado de 19 guinéus a Mackenzie, que o
seguiu em 3 de Julho de 1886, pouco antes de seu aniversário de cinqüenta e
três anos. A deterioração em sua escrita manual na última de suas cartas a
Irwin (20 de Novembro de 1885) sugere que sua saúde decaído
grandemente.
44
Página

Mais tarde (1883-5) ele tinha estado „soldando‟ com a formação de um


pequeno „clube‟ exclusivo chamado „A Sociedade dos Oito‟ (The Society of
Eight), aparentemente para o estudo da Alquimia. Seus membros em
84
perspectiva em Agosto de 1883 eram Irwin, Yarker, o Reverendo W. A. e
Frederick Holland, a quem Mackenzie descreveu como „um químico e
metalurgista tecnicamente experiente‟, e que era membro da „Sociedade
Rosacruciana na Inglaterra‟ (Societas Rosicruciana in Anglia).

Em uma carta a Irwin (24 de Agosto de 1883) Mackenzie escreveu: Temo que
o Ir:. Hockley esteja muito avançado em anos para se juntar. Não penso que
Stainton Moses o faria de modo algum; há razões sobre as quais não posso
entrar. O Dr. WEstcott também não se juntará. Se Holland conseguir que ele
se junte eu me retiro de imediato.‟ No final de 1885 ele havia brigado com
Holland e em 20 de Novembro contou a Irwin: „sociedade dos Oito bem
adormecida, por falha de Holland.‟ No final, sua relação com Yarker não pode
ter sido satisfatória. A nota do obituário no periódico deste último, The
Kneph (Agosto de 1896) dificilmente poderia ter sido mais curta ou
perfunctória.

Embora alguém pudesse supor que os Sat B'hai estava completamente morto
e sepultado por volta de 1885 tanto Irwin quanto Cox o estavam mantendo
em movimento de uma maneira pequena no Oeste do país. Em 15 de
Dezembro Cox escreveu: 'Darei assistência assumindo a Censoria No.2 e
sugeriria que o Dr. Nunn fosse solicitado a assumir a outra ... não pode haver
nenhum problema em perguntar-lhe, a única objeção é que ele não se
preocupa muito com ocultismo.‟ Quase dois anos depois Cox reportou: „O Dr.
Nunn pretende usar em nossa Reunião de Quinta-Feira sua jóia de Sat B‟hai
... eu esqueci de dizer que o Dr. Nunn pensa que por usar a jóia dos Sat B‟hai
em nossa Reunião pode ser um meio para que outros se juntem sem
85
solicitação de fora‟.

Irwin e Cox ainda estavam ocupados com os assuntos da „Ordem de Eri’


(Order of Eri). Em 12 de Dezembro de 1887 Cox expressou sua admiração
pela última versão de Irwin do seu Ritual: „Penso que é igual a qualquer outro
que eu jamais tenho visto‟, escreveu ele.

Uma semana depois ele contou a Irwin que tinha acabado de receber a
segunda parte do primeiro volume da AQC. Em 15 de Junho de 1888 ele
pergun tou a Irwin se sua indicação como Secretário local do Círculo de
Correspondência da QC (Quatuor Coronati) havia sido confirmada. Ele estava
no momento pleno de entusiasmo pela recém-chocada „Ordem Hermética da
Aurora Dourada‟ (Hermetic Order of the Golden Dawn), de Westcott, por
outro lado, não estava. 'Sinto muito ouvir que você não se importa com a
Ordem da Aurora Dourada‟, escreveu Cox em 1º de Junho de 1888. Por essa
época ele já estava se correspondendo com Irwin por quase vinte anos. Umas
poucas cartas posteriores – a última de todas foi escrita em Junho de 1890 –
não são de interesse. Irwin morreu em Julho de 1893 e Cox em Dezembro de
45

1895. Pamela Bullock – Soror Shemeber na Aurora Dourada – fez uma nota
Página

sobre seu falecimento em uma lista contemporânea de membros.


Agora John Yarker era o sobrevivente mais importante de nossa roda familiar
original de entusiastas pela Maçonaria-fringe. Todavia, o „Mui Ilustre Grão-
Mestre Geral do Antigo e Primitivo Rito da Maçonaria (inclusive de Memphis e
Misraimn), (Most Illustrious Grand Master General of the Antient and Primitive
Rite of Masonry) (including of Memphis and Misraim), Past Master de todas as
Ordens (Past Master of all Orders); Past Primeiro Grande Vigilante da Grécia,
(Past Senior Grand Warden in Greece) Past Grande Condestável do Templo
(Past Grand Constable of the Temple); Honrado 33º -96º na América, Egito,
Itália e Romênia' (Honourable 33º -96º in America, Egypt, Italy and
Roumaenia), e Deus sabe lá mais o que, não era um praticante, no sentido
estrito da palavra, na „fábrica, modelagem ou estúdio de Graus‟ de
Mackenzie-Irwin. Ele era essencialmente um colecionador de Ritos os quais,
em vida posterior, ele empacotou junto com esta ou aquela invenção
maçônica-fringe que tinha caído em seu colo. A „Augusta Ordem da Luz‟
(August Order of Light) de Maurice Vidal Portman oferece um típico exemplo.

O entusiasmo de Portman pela Maçonaria, regular ou fringe, não durou muito.


A Ordem da Luz foi lançada sem qualquer rufar de tambores audível em
1882. Ela teve os mesmos ecos do Hinduísmo como os Sat B'hai, mas com
uma roupagem externa Cabalística. O Reverendo W. A. Ayton e Robert
Palmer Thomas – este último era Frater Lucem Spero na Aurora Dourada e
bem conhecido de W. B. Yeats em 1900-1 – estava entre os primeiros a quem
foram confiados seus segredos. Em ou por volta de de 1890 Portman
entregou o Rito a Yarker que amalgamou alguns dos Rituais com o mais alto
86
Grau de „Perfeição‟ dos Sat B‟hai. Finalmente a Ordem da Luz viajou
através das colinas Pennine para Bradford, onde foi gratamente recebida por
certos membros da Sociedade Rosacruciana na Inglaterra (Societas
Rosicruciana in Anglia), que tinham ainda dirigindo o Templo local da Aurora
Dourada, Horus No.5. De acordo com Westcott, o „Rito‟ foi reavivado em
Bradford por Adeptos Rosacrucianos, Dr. B. J. Edwards e T. H. Pattington,
com o Dr. Wynn Westcott como „Chefe do Conselho de Instrução‟ (Chief of
87
the Council of Instruction).

Um escritor após o outro acusou Yarker de conduzir uma trapaça pseudo-


maçônica em Manchester, buscando lucri financeiro pessoal. Não estou de
nenhuma maneira convencido de que esse foi o caso. Alguém só precisa ler
seu periódico ‘The Kneph’ (O Kneph) (1891-95) para ver que no decorrer dos
anos as receitas e despesas de seu Antigo e Primitivo Rito eram muito
pequenas na verdade. E NEM ACREDITO QUE ELE POSSA TER COBRADO
MAIS DO QUE O MONTANTE NOMINAL PARA Patentes dos Ritos que exportou
para clientes além-mar. Ele mencionou em „As Escolas dos Arcanos‟ (The
Arcane Schools) que tinha recentemente emitido uma Patente do Rito de
Swedenborg „para um Corpo em Paris e previamente para a Romênia e Egito
(pg.490). A „Ordem de Ismael‟ (Order of Ishmael) de Mackenzie ao final
acabou caindo em seu colo – Westcott era um de seus „Grandes Oficiais‟
46

(Grand Officers) – mas ele não fez nada com ela. Sua operação de exportação
Página

mais importante foi em 1902 quando ele emitiu Patentes para Memphis e
Misraim e o Rito de Swedenborg para o Dr. Karl Kellner e o amigo deste,
Herr (Senhor) Theodor Reuss na Alemanha. No caso do Rito de Swedenborg
Westcott, que era então seu Supremo Grande Secretário atuou como
intermediário. Ele também obrigou dando-lhe uma Patente para a „Sociedade
88
Rosacruciana‟ na Alemanha.

No início do novo século a cortina quase caiu em frente da cena fringe-


maçônica na Inglaterra. John Yarker ainda estava ativo em Manchester, mas
com a aproximação de seu septuagésimo aniversário em 1903 ele
provavelmente perdeu muito de seu antigo ardor. Morreu em 30 de Março de
89
1913. A luta pelo cadáver de seu „Antigo e Primitivo Rito‟ está parcialmente
descrita no „O Equinócio‟ (The Equinox), Vol. 1 No.10, 1913.

Durante o início da década de 1900 a Maçonaria Craft estava em uma


condição particularmente florescente. Além disso, então a Grande Loja
estava indubitavelmente ativa desencorajando inovações periféricas. Nos
assuntos „fringe‟ passados mencionados neste trabalho grudaram como Hera,
embora com raízes rasas, na Maçonaria regular porque seus inventores ou
promotores, que eram todos membros da Ordem (Craft) dependiam dos
precedentes maçônicos, por exemplo os Rituais e a hierarquia, para sua
inspiração.

Após circa 1885 uma minoria de Maçons em busca de novidades esotéricas


tendeu a se juntar à „Sociedade Teosófica‟ (Theosophical Society), onde não
havia conflito com a autoridade da Grande Loja. Irwin, Westcott e o
Reverendo W. A. Ayton eram todos pembros dessa Sociedade, e assim,
também, havia outros que estavam na S.R.I.A. e na Aurora Dourada.
Referindo-se aos Sat B'hai em „As Escolas dos Arcanos‟ (The Arcane
Schools) Yarker escreveu: „de alguma forma sua „raison d'être‟ (razão de ser)
parou de ser necessária quando a „Sociedade Teosófica‟ foi estabelecida pela
falecida Helena P. Blavatsky.‟ (Página 492).

Eu não sou competente para oferecer um diagóstico autoritativo sobre o


fenômeno „fringe‟ porque muitos fatores psicológicos complexos estão
envolvidos. Em um contexto meramente histórico considero Irwin, Mackenzie
e outros em seu círculo como os precursores da notável expansão do
interesse público pelo ocultismo e todas as variedades do „Conhecimento
Rejeitado‟ (Rejected Knowledge) que começou durante o final da década de
1880. Aqui a „Sociedade Teosófica‟ desempenhou um papel particularmente
importante.

Houve como que uma explosão subterrânea. Suas ondas podem ser
mapeadas na Grã-Bretanha e França; elas não atingiram a Alemanha até o
começo da década de 1900. A explosão mal foi notada pelo Estabelecimento
(Establishment), incluindo o próprio Estabelecimento da Maçonaria.
47
Página

Finalmente, uma vez mais eu não posso enfatizar fortemente que o assunto
objeto deste trabalho trata com um setor essencialmente obscuro da história
recente da Maçonaria. Em nenhum caso deve o leitor inferir que durante o
período de 1870-85 havia um interesse amplamente disseminado dentro da
Ordem (Craft) nas atividades de Mackenzie, Irwin & Co., os proprietários de
uma „fábrica, modelagem ou estúdio de Graus‟. Finally, once again I cannot
too strongly emphasise that this paper‟s subject matter deals with an
essentially obscure sector of recent Masonic history. On no account should the
reader infer that during the period 1870-85 there was ever a widespread
interest within the Craft in the activities of Mackenzie, Irwin & Co., the
proprietors of a 'manufactory, mint or studio of Degrees'.

Reprinted with permission of Ars Quatuor Coronatorum, the Transactions of Quatuor Coronati Lodge No. 2076, UGLE in
Volume 85 for the year 1972. [p. 242.] Footnotes renumbered as endnotes.
Ellic Paul Howe (1910/09/20 - 1991/09/28), printer and book designer, was initiated into St. George‟s Lodge No. 370,
Chertsey, Surrey on Saturday, October 17, 1970. Author of Urania’s Children: the strange world of the astrologers (1967)
and Magicians of the Golden Dawn: a documentary history of a magical order (1972); collaborator with Prof. Dr. Helmut
Möller of Göttingen of Merlin Peregrinus: Von Untergrund des Abendlandes(Würzburg, 1986); and contributor to Man, Myth
and Magic. An appendix to Wege und Abwege.Beiträge zur europäschen Geistgeschichte der Neuzeit (Freiburg, 1990)
contains an exhaustive bibliography of his Howe‟s writings compiled by Mr. Nicolas Barker. Howe was Master of Quatuor
Coronati Lodge No. 2076 in 1978.

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