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Esta obra é resultado de mais de dez anos de estudos, pesquisas e

viagens para uma investigação histórica do maçom Kevin L. Gest a


respeito dos segredos milenares do Templo de Salomão e sua relação
com a Maçonaria. Em sua busca, o autor descobriu que existe uma
tradição de que o nome Salomão foi traduzido pela primeira vez de
forma alquímica, ou seja, Sol Amon (Omon), em que logo se percebe a
palavra Sol. Ele explica que a palavra Amon tem várias interpretações;
uma delas é “Sol oculto”, o Sol que não pode mais ser visto quando a
pessoa está posicionada embaixo do horizonte ocidental. Conclui-se
então que seria a Lua, a luz predominante no céu após o pôr-do-sol.
Assim sendo, o templo de Sol-Amon seria o templo do Sol e da Lua. As
recentes descobertas de textos apócrifos, como os Manuscritos do Mar
Morto, também lhe suscitaram alguns questionamentos; percebeu,
então, que precisava rever as palavras usadas em partes importantes
do texto bíblico convencional, e não meramente aceitá-las como
afirmações absolutas. Afinal, as evidências científicas e arqueológicas
e o desenvolvimento de novas tecnologias, no final do século XX,
possibilitam a capacidade de reexaminar percepções e crenças a
respeito do Templo de Salomão e identificar com rigor quem foi
realmente o rei Salomão. Aparentemente, seu nome original era
Jedidias, filho de Davi e Bate-Seba. Descubra também os segredos do
Templo de Salomão por meio da leitura deste livro.
A Sabedoria é Suprema

"Bem-aventurado o homem que encontra sabedoria, o homem que adquire


conhecimento... Adquire pois a sabedoria, obtenha entendimento... A
sabedoria é suprema; portanto, obtenha sabedoria. Ainda que custe tudo
que você tem, obtenha entendimento."

Provérbios 3,13 e 4,7


AGRADECIMENTOS
A preparação deste livro resultou em muita leitura de assuntos que
originalmente não eram familiares para mim, em viagens a outras terras e
na investigação histórica de um jeito que antes não havia imaginado. Isso
implicou trancar-me com um computador e fazer desenhos sem im em
papel para diagramas, tanto para provar como para investigar diversos
critérios. Tudo isso demorou vários anos, durante os quais coloquei minha
família em muitas situações inconvenientes. Só posso agradecer-lhes pela
paciência e compreensão, enquanto eu me entregava à fascinação por
aquilo que descobria.

Transmito aos membros da Loja Santa Cecilia 1636 a minha gratidão pelas
muitas horas que agüentaram ouvir minhas conversas e palestras por um
período de dez anos, quando explicava o que havia descoberto e avaliava a
reação deles aos meus achados. Em particular, gostaria de agradecer ao
bom amigo e pesquisador por pro issão, o Ven. Irm. Mike Oulten, que ouvia
atentamente minhas divagações em outros tempos e me incentivava a
continuar procurando. E Mike, mais uma vez, em companhia do Ven. Irm.
Ron Cuff OBE, ambos os quais perceberam que eu devia registrar meus
achados na expectativa de que seriam de interesse e valor para outras
pessoas. Foi o incentivo deles que me inspirou a escrever este livro. Junto a
isso, eu gostaria, da mesma forma, de agradecer ao Grão-Mestre Provincial
da Província Maçônica de Sussex pela permissão de utilizar a grande
quantidade de fotogra ias do Templo Maçônico de Sussex nesta obra.
Também agradeço ao Ven. Irm. Reg Barrow, curador do Museu Maçônico
de Sussex, pela paciência de comentar a respeito de algumas de minhas
observações, pouco sabendo onde isso poderia terminar.

É desnecessário dizer que a publicação de qualquer livro envolve muita


gente. Só posso agradecer a todo o pessoal da Ian Allan-Lewis Masonic
Books pela ajuda e, em particular, pela orientação e incentivo que recebi
de Peter Waller nas primeiras etapas de redação. Nick Grant por sua
paciência com as ilustrações e correções, e Martin Faulks pela orientação
sobre questões de marketing.

Também agradeço à maravilhosa equipe de funcionários e bibliotecários


da Biblioteca e Museu Maçônico do Freemasons Hall, em Londres, que
tantas vezes a meu pedido procuraram documentos há muito esquecidos e
me orientaram para informações que talvez eu jamais levasse em
consideração. Eu também gostaria de agradecer aos bibliotecários e outros
funcionários que me atenderam na Biblioteca Britânica, em Londres, no
Real Instituto de Arquitetos Britânicos, na Real Sociedade Astronômica de
Londres, no Observatório Real de Greenwich, na Biblioteca de Referência
de Sussex e na Biblioteca Central da Cidade de Brighton; aos funcionários
do Departamento de Turismo do Governo Egípcio, em Londres, da
Biblioteca de Referência da Cidade de Westminster, em Londres, do Museu
Judaico em Camdem, Londres, e outras fontes de informações e referências
que são muitas para citar individualmente.

Meus agradecimentos também vão para Crichton Miller pelo uso das
imagens que ele criou relacionadas à utilização da cruz céltica; para dr.
Robert Lomas por seu incentivo e pela permissão de usar o material
desenvolvido a respeito da Jarda Megalítica [Megalithic Yard] e as obras de
William Preston; para Paul Bush e o deão da Catedral de Peterborough
pela permissão de usar informações e desenhos previamente produzidos a
respeito da catedral - novamente são muitas pessoas para mencionar
individualmente.

Nota especial: neste livro, iz referências às obras do sr. George Lesser e


sua investigação, na década de 1960, do uso de geometria sagrada na
construção de várias catedrais em toda a Europa e, em particular, na
Catedral de Chartres. Foram feitos esforços para localizar os editores de
suas obras, Tiranti, a im de obter a aprovação paia usar certas ilustrações,
mas em vão. Parece que a companhia editora dos Tiranti foi vendida na
década de 1970, mas as tentativas de localizar quem naquele tempo
possuía as listas de obras publicadas antes resultaram em silêncio. Por
isso, peço desculpas antecipadamente por qualquer inconveniência que o
uso desse material possa causar-lhes.

Todos os esforços foram feitos para rastrear cada detentor de direitos


autorais e conseguir a devida autorização, mas, na eventualidade de
alguma omissão, favor entrar em contato com o autor, via editor, para que
as correções necessárias possam ser feitas em futuras edições deste livro.


Abertura - O nascer do Sol, uma inspiração

Ainda estava escuro. Exceto o da minha própria respiração, nenhum outro


ruído quebrava o silêncio da noite. As brasas da fogueira ardiam em um
rubor intenso. O ar estava tão parado que a fumaça de um braseiro, que
queimava parte de uma tora erguida verticalmente, uni icava-se com a
nebulosa fumaça da Via Láctea, como se a textura nublada acima tivesse
sido criada apenas por ela.

Saltei para fora do meu saco de dormir. Andando silenciosamente em volta


da fogueira para não perturbar meu companheiro, coloquei alguma lenha
no fogo para mantê-lo aceso. E também uma pequena chaleira, com água
suficiente para fazer uma boa caneca de café quente.

Havia acordado muito naturalmente e senti que a alvorada não poderia


demorar muito. Nossos relógios de corda haviam parado há alguns dias e
não tínhamos a menor idéia de qual horário inventado pelo homem
estávamos vivendo. Longe do alcance das estações de rádio, vínhamos,
desde a semana passada, levantando com o Sol e encerrando as tarefas do
dia quando o Sol se punha. Com o café na mão, afastei-me do fogo, agora
in lamado, e me coloquei em frente ao velho Volkswagen. Antes de sair
para o sertão australiano, fui aconselhado a usar um dos seguintes três
tipos de veículos: um com tração nas quatro rodas; algum carro fabricado
no país - tipo Holden -, cujas peças de reposição eram fáceis de encontrar;
ou um Volkswagen refrigerado a ar - sem radiador ou mangueiras d'água
com que se preocupar. O velho Volkswagen era tudo o que eu podia pagar.

Sentado nas Montanhas Kimberley, no noroeste da Austrália, as estrelas no


céu tinham uma claridade rara. A cidade grande mais próxima, que
irradiaria luzes intrusas de faróis de carros, semáforos e iluminação das
ruas, icava a cerca de 640 quilômetros. O Cruzeiro do Sul se destacava
entre as constelações, enquanto Orion, que eu chamava de "meu velho
amigo", pois foi um dos primeiros grupos de estrelas importantes que
aprendi a reconhecer, surgia no céu ao norte. Nos meses em que eu
estivera no mato, percebi que olhava os céus como centenas de gerações
antes de mim haviam feito. As estrelas, muito mais do que qualquer pessoa
poderia ver perto de uma cidade, destacavam-se pelo brilho exuberante,
enquanto o pano de fundo do espaço sideral era mais negro do que
qualquer um pudesse imaginar. Também vi estrelas cadentes em
abundância, algo que alguém di icilmente saberia que existe em um
ambiente urbano.

Embora não tivesse notado quando me coloquei em frente ao Volkswagen


com meu café, eu estava virado para o Leste. Quando quase todo café havia
sido bebido, o primeiro resplendor da alvorada rompia no horizonte. Não
era a primeira alvorada que eu testemunhava, mas presenciei com
respeito o desenrolar desse drama de todo dia. As estrelas no oriente
começavam a esmaecer à medida que a luz do Sol ganhava força. Quando a
bola amarela de fogo apareceu no horizonte, um calor confortável e
inesperado atingiu meu rosto em cheio. O ar, que estava completamente
parado, de repente e agradavelmente precipitou-se em direção ao
horizonte iluminado, como se o Sol fosse um imenso ímã que o atraísse. Um
martim-pescador cantou a distância. Um ruído sussurrante, fraco, vinha do
capim branco comprido que nos rodeava, quando as pontas dos caules
roçavam suavemente umas na outras ao leve sabor do ar. Um bando de
papagaios, cor-de-rosa e cinza - Galahs -, voou bem no alto, rodopiou e
circulou, depois arremeteu para o chão, várias centenas de metros abaixo.
No ar também se sentia o leve aroma do eucalipto e do capim seco, onde
antes nada mais havia além do frescor do ar da noite e da leve fragrância
do café instantâneo que saía da caneca encaixada nas minhas mãos.

Embora eu tivesse presenciado o alvorecer muitas vezes, nessa manhã, em


particular, meus sentidos pareciam encontrar alguma a inidade extra com
o mundo ao meu redor. Estava preenchido com uma tranqüilidade e uma
paz interior, com um sentimento de estar completamente de acordo com o
ambiente à minha volta, totalmente sintonizado com o mundo - com a
natureza - e minha participação nele. Era muito bom estar vivo, sentir-me
vivo.

Tal sentimento vivo deixou sua marca. Ainda hoje, tantos anos depois,
posso fechar os olhos e ser transportado de volta àquela manhã e
experimentar tudo isso: a luz, o calor, o movimento do ar, até mesmo o
cheiro do mundo misturado com o café. Foi uma experiência espiritual que
jamais esqueci.

Muitos anos depois, minha atenção foi particularmente atraída para o Sol
nascente e sua in luência sobre as pessoas das antigas civilizações. Precisei
de pouquíssimas pesquisas para constatar que tais civilizações cultuavam
esse evento como a base da própria vida e que o impacto que ele teve há
tantas gerações continua a ser sentido hoje. Isso voltou à tona nos lugares
mais inesperados.

A Maçonaria foi um deles.


CAPÍTULO 1
Por que o Sol?
Salomão, rei de Israel no Antigo Testamento, é um personagem bem
conhecido dos adeptos das três principais religiões do Ocidente - o
Cristianismo, o Islamismo e o Judaísmo - e se mantém vivo graças às
referências ao Templo de Salomão, em Jerusalém, e à sua conhecida
sabedoria. Ele foi um líder, um construtor e um diplomata talentoso. E, se a
tradição for interpretada de forma lógica, foi claramente um homem de
charme e presença considerável - o que talvez icou consubstanciado no
seu relacionamento com a rainha de Sabá. Sua liderança foi demonstrada
em muitos atos, o mais signi icativo talvez ligado à construção e
ornamentação do primeiro Templo em Jerusalém. Nas entrelinhas do texto
bíblico, o reinado dele coincidiu com um período de estabilidade para os
adoradores de Yahweh, um povo cujos ancestrais haviam vagado, errantes,
por várias gerações, pela Península do Sinai, depois do êxodo do Egito, e
haviam se envolvido em batalhas para garantir a sua terra prometida. Com
essa estabilidade, veio também um período de relativa prosperidade, o que
fica evidente nas descrições dos opulentos ornamentos do Templo.

Como uma dedução a partir de seus vínculos com o primeiro Templo em


Jerusalém, e de sua pretensa sabedoria, somos levados a crer que seu
nome era Salomão. Mas suponhamos que não fosse. Vamos presumir que
essa palavra servisse para descrever seu cargo e sua posição. Assim, se o
nome do Templo fosse um re lexo de seu cargo ou posição, então poderia
mudar nosso entendimento a respeito do signi icado e da inalidade para a
qual o Templo servia. Isso poderia de inir para que o templo fora criado ou
dedicado, em vez de identi icar de quem ele recebeu seu nome. A suposta
sabedoria de Salomão pode então ter sido um re lexo das habilidades e do
conhecimento que ele adquiriu em relação à sua função, em vez de
implicar que ele fosse uma pessoa de intelecto superior ou que tivesse
poderes de raciocínio altamente desenvolvidos.

Os resultados de tal revelação seriam extremamente poderosos.

Apesar do fato de eu ter ocupado, por muitos anos, cargos executivos em


negócios e também em muitos comitês e organizações sociais, não havia
nada em minha vida que tivesse me preparado verdadeiramente para a
Maçonaria. Minhas primeiras impressões foram de uma organização cujas
práticas eram, na melhor das hipóteses, obtusas. Porém, ao mesmo tempo,
existe uma dignidade e uma grandeza nos procedimentos que vêm de uma
tradição muito antiga e consagrada. Percebi depois que essa grandeza era
realçada pela decoração da sala que a Loja da qual eu era membro usava
para suas reuniões.

Alguns anos depois da minha iniciação, aquela sala, junto com sua
arquitetura e decoração, tornou-se um foco de minha atenção. Isso
resultaria em um fascínio que me levaria a uma jornada de descoberta e
mudaria, de uma maneira que eu jamais havia pensado, meu entendimento
e minha percepção sobre o quadro histórico de certos eventos associados
às principais religiões ortodoxas.

O tema da Maçonaria é algo que, por várias vezes nos últimos séculos,
atraiu um misto de excitação e histeria do público. Existem famílias nas
quais a iliação a essa sociedade fraterna tão antiga existe há gerações,
com pais iniciando ilhos, e depois netos, com grande orgulho. Existem
outras pessoas que a vêem como uma organização que perpetra
sentimentos diabólicos e anti-religiosos; uma sociedade secreta na qual os
membros estão empenhados em golpes para desestabilizar e derrubar
governos, uma associação de homens que está comprometida em garantir
que seus membros sejam promovidos a altos cargos no governo local, em
instituições ou corporações importantes, em detrimento de qualquer outra
pessoa com capacidade similar. Porém, repetidas investigações de
funcionários de governos e de pessoas respeitadas, que não eram maçons,
mas pesquisaram sua história e estrutura, concluíram que tais temores são
infundados. Em vez disso, eles relatam que se trata de uma organização
altamente intelectual e moral, que no passado foi instigadora, motivadora e
patrocinadora de signi icativos empreendimentos cientí icos e de caridade,
papel que ainda continua existindo.

A Maçonaria é uma organização dominada por homens, embora, desde o


início do século XX, participantes femininas passaram a ter sua própria
estrutura de Loja no Reino Unido, operando de maneira concomitante à de
seus equivalentes masculinos. Os homens ingressam na Maçonaria em
várias etapas de sua vida, a partir de 21 anos de idade. Eles vêm de vários
substratos socio-econômicos, permanecem membros por várias razões,
mas obviamente não o fazem a menos que retirem alguma satisfação
interior de sua iliação. O período típico de iliação é acima de 25 anos. A
maioria associa-se na meia-idade, embora os que ingressam na juventude
provavelmente se tornam membros regulares de apoio por volta de 40 ou
50 anos. Existem aqueles que desistem de sua iliação e também o fazem
por razões variadas.

A Maçonaria é uma organização global que, se adequadamente


regulamentada, é aceita pela constituição da Grande Loja Unida da
Inglaterra (GLUI), sujeitando-se a ela. A GLU da Inglaterra tem suas
origens em 1717, quando um pequeno grupo de Lojas sediadas em
Londres reuniu-se para formar a Grande Loja da Inglaterra, a precursora
do órgão administrativo que existe atualmente. Porém, Lojas Maçônicas
existem há muito mais tempo. Na Escócia, por exemplo, existem Lojas
conhecidas em Edimburgo desde o século XV. A mais antiga Loja conhecida
da Inglaterra, cujos registros foram conservados, é a Loja de Antigüidade
no 2. Seus livros de atas estão disponíveis desde 1736, mas se sabe que
outros estiveram disponíveis desde 1721, e desde então se perderam. Os
mais antigos livros de atas guardados na Biblioteca do Freemasons Hall, em
Londres, são da reunião de uma Loja que se juntava em uma taberna
conhecida como Swan and Rummer [Cisne e Copázio] e datam de 1725.
Porém, Elias Ashmole registrou em seu diário que foi iniciado como maçom
especulativo em Warrington, em 1646, cerca de 70 anos antes da formação
da Grande Loja da Inglaterra.

Existiram, no passado, muitos autores e pesquisadores eminentes que


acreditavam que as origens da Maçonaria derivavam do conhecimento
sagrado conservado pelos sacerdotes do Antigo Egito; que o mesmo foi
transferido para as civilizações da Grécia e de Roma antes de chegar à
Grã-Bretanha com as legiões romanas, há 2 mil anos.

As reuniões típicas da Loja consistem na representação de uma série de


peças curtas que contêm uma mensagem moral e incentivam a
compreensão pessoal e o entendimento. Tudo isso está contido em uma
complicada história que envolve a construção do Templo de Salomão.

Caracterizado nos livros de Crônicas e Reis do Antigo Testamento, o


Templo de Salomão dispõe da aura de ter sido algo especial, uma aura que
resistiu ao passar do tempo. Existem muitos livros dedicados apenas ao
tema do Templo, com uma ampla variedade de imagens e modelos feitos
através dos séculos em tentativas de revelar como o mesmo deve ter sido.
Apesar disso, o Templo de Salomão demonstrou ser um enigma. Alguns
arqueólogos e pesquisadores acadêmicos chegaram mesmo a questionar
se ele existiu algum dia.

Na introdução de seu livro essencial A Test of Time [Um Teste do Tempo], o


dr. David Rohl re lete sobre uma tese apresentada pelo professor Thomas
L. Thompson da Universidade de Copenhague, considerado pelo dr. Rohl
como "uma das maiores autoridades em assuntos bíblicos". O dr. Rohl
comenta a opinião do professor Thomas L. Thompson assim:

(...) basicamente ele está dizendo que as histórias do Antigo Testamento são
composições iccionais, escritas no segundo século a.C., e que, como resultado,
seria uma "completa perda de tempo" (em suas palavras) alguém tentar
confirmar essas histórias por meio da arqueologia (...).

De fato, a base do livro do dr. Rohl se origina da questão sobre a


signi icativa defasagem entre aquilo que o texto bíblico nos conta, que
aconteceu há 3 ou 4 mil anos, e a capacidade da comunidade arqueológica
de provar isso por meio de evidências de campo, apesar de 150 anos de
escavações no Egito, em Israel e em territórios adjacentes. O dr. Rohl
prossegue, fazendo uma observação mais interessante como conseqüência
dessa falta de evidências:

(...) temos um problema fundamental para aqueles que defendem o uso da


Bíblia como fonte de história. As escavações históricas no Egito e no
LEVANTE, em andamento na maior parte dos últimos dois séculos, não
produziram evidências tangíveis para demonstrar a veracidade arqueológica
das narrativas bíblicas iniciais. O material direto de apoio à história
tradicional da nação israelita, legado nos livros de Gênesis, Êxodo, Josué,
Juizes, Samuel, Reis e Crônicas, virtualmente não existe. É como se os
israelitas simplesmente tivessem pegado seus pertences, deixado o Egito no
reinado de Ramsés II (no século XIII a.C.) e se encaminhassem para o Sinai,
para milagrosamente desaparecer da História por cerca de 400 anos, antes
de voltarem à tona nas inscrições da campanha dos reis da Assíria do século
IX. Aonde eles foram? De acordo com a Bíblia, eles foram se instalar na
Palestina, onde a inal deveriam forjar uma pátria sob os carismáticos reis do
Período da Monarquia Unida: Saul, Davi e Salomão. Mas virtualmente nada
parecido com essa aventura épica foi encontrado nos registros arqueológicos
da Palestina. Aliás, os séculos da longa peregrinação na terra dos faraós
também não deixaram absolutamente nenhum vestígio no vale ou no delta
do Nilo.

O dr. Rohl prossegue para acrescentar:

(...) é essencial encontrar evidências arqueológicas que mostrem que os


eventos registrados no Antigo Testamento verdadeiramente aconteceram e
que personagens como José, Moisés, Saul, Davi e Salomão realmente
caminharam por esta Terra por volta de 3 a 4 mil anos atrás?

Claramente, se existe dúvida de que Moisés, Saul, Davi e Salomão de fato


caminharam por esta Terra, então, por de inição, também deve existir
alguma dúvida se o Templo atribuído a Salomão foi mesmo construído. Por
outro lado, o templo, que depois alcançaria certa fama, pode ter sido
construído, mas não por Salomão, ainda que atribuído a ele no texto do
Antigo Testamento. Algumas pessoas sugeriram que o Templo não foi
realmente construído em Jerusalém, mas que fazia parte de um complexo,
atribuído a Salomão, que foi escavado em Megido. Mas mesmo a conexão
de Salomão com essas escavações é duvidosa. Novamente citamos o dr.
Rohl:

Através dos anos até o presente, têm sido mostradas estruturas


monumentais, de vários períodos arqueológicos que se estendem por séculos,
atribuídas às atividades de construção de Salomão nas cidades de Megido,
Gezer e Hazor. O "Portão de Salomão", em Megido, não é mais datado dos
tempos de Salomão, embora a sinalização turística moderna, erguida na
frente do mesmo, continue a informar aos visitantes que eles estão diante de
um portão "dos tempos de Salomão.

O enigma da existência de Salomão acabou icando ainda mais confuso. O


dr. Rohl menciona que Salomão não era seu nome de nascimento, mas um
nome atribuído a ele algum tempo depois de sua morte. Então, se não
existiu ninguém com o nome de rei Salomão, quem seria a pessoa que
posteriormente adotou esse nome? E por que seu nome foi mudado?

Supõe-se que a época à qual nos referimos como a do reinado de Salomão


tenha sido um tempo em que seu reino gozou de um período prolongado
de paz. Por isso, deduziu-se que o nome dele derivava da palavra hebraica
shalom, que significa paz. Existem outros pesquisadores que têm diferentes
interpretações para a origem do nome dele, assunto que será devidamente
retomado adiante.

Então, existe um problema potencial. Com base em comentários recentes


do professor Thompson, ampliados pelo dr. Rohl, a comunidade
arqueológica nos deixa com um dilema:

• Temos um povo que constitui o foco central de muitas religiões


ocidentais, mas que aparentemente deixou pouca ou nenhuma evidência
arqueológica de sua existência inicial na Palestina, no Sinai ou no Egito.

• Temos a impressão de que não existem evidências de ter existido um


grupo de reis, Saul, Davi e Salomão, cujo comentário escrito no Antigo
Testamento é fonte diária de considerável inspiração para milhares de
pessoas.

• É questionável se a edi icação que constitui a peça fundamental da


organização fraterna mais antiga do mundo, a Maçonaria, jamais tenha
existido.

• É duvidoso se o nome atribuído à pessoa reverenciada pela sua


empreitada de construção e por sua sabedoria, Salomão, tenha realmente
sido seu verdadeiro nome.

O que vamos fazer com tudo isso?

Existem respostas possíveis para os problemas causados pela falta de


evidências observada antes, como o dr. Rohl habilmente demonstra em seu
livro. Ele faz isso por meio do reexame de algumas evidências e artefatos
arqueológicos que foram recuperados, mas considerados de um contexto
diferente pela comunidade arqueológica.

Isso, entretanto, ainda nos deixa com um número de perguntas sem


respostas, especialmente em relação à Salomão e a conexão com a
Maçonaria. Se não há evidências para provar a existência de um homem
chamado Salomão, então como ele e o Templo que lhe é atribuído foram
ligados à Maçonaria?

Não havia referências aparentes em minha família de iliação à Maçonaria


por parte de pai, mas sim por parte de mãe. Quando estava no início de
minha adolescência, minha avó encorajou-me à iliação caso a
oportunidade aparecesse. Ela vinha de uma família razoavelmente grande,
que cresceu no começo do século XX. A maior parte de seus irmãos havia
sido membros da fraternidade e muitas de suas irmãs se casaram com
homens que eram maçons, ou se tornaram, sendo encorajados por sua
tradição familiar. Desse modo, tendo sido devidamente planejado pela
minha avó, quando surgiu a oportunidade de ingressar, perto da minha
chegada à meia-idade, eu também fui iniciado nessa antiga instituição.

Alguns anos após a minha iniciação, tivemos uma palestra em nossa Loja, a
primeira em muitos anos, conhecida como Palestra de Preston, assim
chamada em homenagem a um dos grandes registradores e historiadores
maçônicos, Willian Preston. Este é especialmente lembrado pela obra
Illustrations of Masonry [Ilustrações da Maçonaria], publicada pela
primeira vez em 1772 e que se tornou referência freqüentemente citada
nos registros maçônicos antigos. Uma Palestra de Preston é aquela,
segundo o que nos dizem, fundamentada em uma pesquisa bem
estruturada. O título da palestra a que assistimos naquela noite era "A
História da Maçonaria na Inglaterra". O tema em pauta prendeu a minha
atenção e aguardei com interesse o início dos trabalhos, pois desejava ter
uma compreensão clara de uma história que até aquele momento
continuava amplamente desconhecida para mim. Ouvi atentamente. Fiquei
pouco entusiasmado com as conclusões. Elas afirmavam que:

• não havia história da Maçonaria na Inglaterra antes de 1717, ano em que


a Grande Loja da Inglaterra foi formada por quatro Lojas sediadas em
Londres.

• embora alguns membros acreditassem que a Maçonaria guardasse


algum grande segredo, muitos haviam procurado e chegado à conclusão de
que ali nada disso existia.

• a Maçonaria havia sido formada apenas como um clube de cavalheiros e


assim permanecera até os dias atuais.

Por razões que não posso explicar, uma descrença completa nessas
conclusões cresceu dentro de mim nos meses seguintes. Acho que eu
esperava que algo mais misterioso fosse revelado, e como isso não
aconteceu, senti que deveria existir alguma coisa a mais. Assim sendo,
gastei os dois anos seguintes lendo uma ampla variedade de livros sobre a
história maçônica. Embora eles trouxessem uma quantidade considerável
de informações, não respondiam as muitas questões fundamentais que
surgiram em minha mente. Muitos dos livros o iciais sobre a Maçonaria
haviam sido escritos algumas décadas antes e, muitas vezes, baseavam-se
em pesquisas realizadas no inal do século XIX. A maioria tratava da
história da instituição, especulando sobre suas origens e/ou de onde
derivavam certas práticas e elementos de nossas cerimônias. Ao inal
desse breve período de leitura e pesquisa, muitas outras questões haviam
surgido em minha mente:

1 . A Grande Loja Unida da Inglaterra, em uma gravação de vídeo


produzida e disponibilizada para qualquer pessoa interessada em
Maçonaria, mencionava que nossas cerimônias giravam em torno de uma
complicada história, envolvendo o Templo do Rei Salomão.

a. Por que, eu me perguntei, esse edi ício, brevemente mencionado no


Antigo Testamento, deveria ter tal foco de atenção?

b . Existia alguma coisa a respeito desse edi ício que não fosse
imediatamente óbvia?

c. Por que o assim chamado clube de cavalheiros estaria interessado em


um obscuro edi ício religioso da Antigüidade? Era di ícil imaginar que
alguém, em algum momento das últimas centenas de anos, de repente
levado por uma onda de imaginação erudita, tivesse achado uma boa idéia
incluí-lo nas cerimônias maçônicas e de fato conseguisse fazer isso.

d. Existia, eu me perguntei, algo a respeito do Templo de Salomão que


não fosse imediatamente óbvio quando subentendido ou transmitido pelo
ensino religioso tradicional?

2 . No começo de uma das cerimônias maçônicas, indica-se que a


Maçonaria é um sistema próprio de moralidade, coberto de alegorias. Eu
pensei que soubesse o que era uma alegoria, mas, apesar disso, fui
procurar no Oxford Dictionary para ter certeza de que a minha
interpretação estava correta. A de inição a irmava que era uma: "narrativa
que descreve um assunto sob a aparência de outro". Em outras palavras,
uma alegoria é uma coisa mascarada ou apresentada como outra coisa.
Uma verdade ou uma realidade subliminar ou oculta da visão evidente,
como em uma história. Assim, dentro das nossas cerimônias, existe uma
declaração aberta de que debaixo da aparência externa da Maçonaria
existe alguma coisa que está escondida e não imediatamente óbvia. Isso, eu
pensei, di icilmente está de acordo com as conclusões da Palestra de
Preston de que não existe nada ali.


3. Meus instintos levaram-me de volta à referência sobre sistema próprio
de moralidade. Sem uma análise mais profunda, este é um ideal altamente
respeitável, para encorajar a honestidade e a integridade em todas as
coisas que uma pessoa faz na vida. A moralidade é um código pelo qual
uma pessoa deve viver sua vida e regular suas ações. É, portanto, um
código que governa a vida e lhe dá ordem. É um código pelo qual povos
civilizados devem conduzir seus negócios e se relacionar uns com os
outros. Comecei a me perguntar por que a palavra próprio precisava ser
usada. Convenci a mim mesmo de que talvez a referência a um sistema
próprio de moralidade pudesse se referir a algum outro código que, de
modo organizado, influenciasse a nossa vida.

4. Desenvolvi um fascínio pelo ano no qual quatro Lojas, sediadas em


Londres, reuniram-se para criar uma corporação administrativa única a
im de governar seus procedimentos - a Grande Loja da Inglaterra. O ano
em questão era 1717. Esse número é freqüentemente usado por acaso
como nota de rodapé da história maçônica - um ponto de referência de
passagem e nada mais. Mas esse número - 1717 - é muito simétrico. Por
que as quatro Lojas com sede em Londres se juntaram nesse ano em
particular e não no ano anterior, 1716, ou no ano seguinte, 1718? Durante
algum tempo comecei a achar que estava atribuindo um grande signi icado
a algo que era, apesar de tudo, apenas um número para de inir um ano.
Mas eu estava bem alerta para o fato de que nada na Maçonaria é
realmente tão simples, tudo existe ali com uma inalidade. A simetria dos
números me intrigou, mas muitos anos passariam antes que uma resposta
inesperada se apresentasse a mim.

Quando alguém participa pela primeira vez de uma Loja Maçônica, é aceito
naquilo que é conhecido como O O ício. As Lojas de O ício na Maçonaria
abrangem três níveis de capacitação, conhecidos como graus. Esses graus
são chamados:


Aprendiz: signi ica, como nas pro issões de antigamente, aquela pessoa
que não sabe nada das habilidades da pro issão em que ingressará e que
está no ponto de partida de seu processo de aprendizagem. O nome desse
indivíduo é incluído no registro para mostrar sua aceitação como apto para
treinamento, exatamente como no sistema das antigas Guildas.

Companheiro: signi ica que o conhecimento, a compreensão e as


habilidades básicas da arte foram alcançadas.

Mestre Maçom: signi ica que agora a pessoa adquiriu o entendimento


completo das habilidades da indústria e é Mestre da Arte.

Hoje esses três níveis de capacitação estão mais relacionados ao


entendimento simbólico do que ao conhecimento real associado à arte de
moldar e entalhar a pedra. Cada Grau tem uma cerimônia bastante
especí ica pela qual todo maçom deve passar. Todas essas cerimônias são
decoradas e passadas de uma geração de maçons a outra, de cor,
exatamente como as tradições orais das antigas civilizações e como os
maçons operativos de antigamente faziam.

Como quase todas as sociedades e clubes, a administração de cada Loja é


empreendida por membros nomeados e eleitos para realizar tarefas
especí icas, como Secretário, Tesoureiro, Mestre de Banquete e Esmoler.
Existem três cargos principais em cada Loja. Eles são conhecidos como o
Venerável, exatamente como o Presidente de qualquer organização social;
o Primeiro e o Segundo Vigilante, cujos papéis são parecidos com o de
presidentes em treinamento. Existem outros cargos na Loja, normalmente
classi icados pelos mais velhos, que participam e realizam as cerimônias. À
medida que a pessoa progride em cada cargo, torna-se então responsável
por uma parte especí ica de cada cerimônia, uma parte que precisa ser
decorada tanto em palavras como em ações.

A sala na qual minha Loja se reunia em Sussex, na Inglaterra, era


mencionada como um Templo Maçônico. Outras salas usadas por Lojas em
outras localizações geográ icas, muitas vezes, eram mencionadas como
Salas de Loja, o que indicava que ali havia alguma diferença. Por que, eu
me perguntei, havia ali alguma diferença? Essas razões, eu descobri
depois.

Uma nova cidade, um novo Templo


O Templo de Sussex é único e o prédio que o abriga conquistou o status de
Edi ício Listado. Isso quer dizer que é visto como uma construção de
signi icado histórico e arquitetônico especial e que seu caráter deve ser
preservado. Nem sempre foi usado como edi ício maçônico. Foi construído
originalmente na década de 1820 e depois foi usado como residência de
uma família proeminente do negócio de cervejaria local. No inal do século
XVIII, uma pequena cidade de pesca situada na costa sul da Inglaterra,
uma aldeia chamada Brighthelmstone, de repente se viu em uma situação
muito desagradável. O príncipe regente, ilho do rei George III, depois
coroado como George IV, adquiriu uma chácara perto do mar e determinou
que fosse construído nela um palácio. Fascinado pelos desenhos do
Oriente, reconhecendo que naquela época o Império Britânico estava
expandindo sua in luência em territórios como a Índia, a arquitetura do
palácio re letia seus interesses. Arquitetonicamente, o mesmo não estaria
deslocado se tivesse sido construído por algum marajá. Mas, nessa
pequena aldeia costeira de pesca, causou um rebuliço total. Atualmente,
com seu interior restaurado em sua antiga glória, é conhecido como o
Pavilhão de Brighton, uma importante atração turística na estância
balneária de Brighton. E desnecessário dizer que o advento do novo
palácio resultou na rápida transformação da antiga aldeia de pesca em
uma cidade na moda, enfeitada com espetaculares residências, ladeadas
por outras casas que re letiam a arquitetura georgiana da época em que
foram construídas. Foi durante esse período da expansão urbana de
Brighthelmstone, que o antigo príncipe regente, o rei George IV, tornou-se
maçom e, depois, Grão-Mestre.

À medida que a cidade de Brighton se expandia e sua população crescia,


nas décadas seguintes, tornou-se o destino obrigatório de uma invenção, a
estrada de ferro, que trouxe enorme prosperidade à cidade. Foi nesse
cenário de desenvolvimento da cidade que, em meados de 1800, os
maçons de Sussex começaram a procurar um local onde pudessem
estabelecer uma sede permanente. Uma reunião dos maçons de Sussex foi
realizada na Prefeitura de Brighton, em 1858, e, embora vários locais
fossem examinados e muitas outras reuniões dos maçons de Sussex
acontecessem, em 1893, o então Grão-Mestre Provincial lamentou que por
várias razões nenhuma das plantas podia ser aproveitada. Alguns anos
mais tarde, em 1897, a antiga casa pertencente à família da cervejaria e
uma área adjacente de um terreno baldio, ambas icando a poucos minutos
de caminhada da estação ferroviária de Brighton, tornaram-se
propriedades dos maçons de Sussex, estabelecendo a sede maçônica
permanente que eles procuravam há tanto tempo. No mesmo ano, a pedra
fundamental foi lançada para que a antiga residência se transformasse em
um Clube Maçônico, que, no final da reforma, ostentava um salão de sinuca,
salas para comissões e salas menores onde as Lojas podiam praticar suas
cerimônias.

Não foi antes de 1928 que o Templo Maçônico de Sussex foi construído no
complexo que existe hoje em dia. Uma das razões para a demora na
construção do Templo foi a Primeira Guerra Mundial, a Grande Guerra que
ocorreu de 1914 a 1918, após a qual, por causa da colossal carni icina
humana nos campos de batalha da Europa, houve considerável redução de
mão-de-obra especializada. Essa redução de homens capacitados retardou
as oportunidades para a construção.

Por isso, a pedra fundamental foi lançada em 26 de junho de 1919 pelo


Grão-Mestre Provincial de Sussex, o duque de Richmond. A edi icação foi
consagrada nove anos depois, em 20 de julho de 1928, por lorde Ampthill.

Enquanto estava investigando o cenário desses acontecimentos e expondo


minhas descobertas para um companheiro de Loja - um pesquisador local
bem conceituado -, ele chegou à conclusão de que um conceito do desenho
do Templo provavelmente já havia sido de inido em meados do século XVII.
Esse conceito possivelmente ditava inclusões especí icas, o formato
resultante e o espaço necessário. O que se procurava, depois da reunião na
Prefeitura de Brighton, em 1858, era um local onde pudesse ser
construído. A antiga moradia do cervejeiro, junto com o terreno baldio
adjacente a ela, constituíam o local ideal. E, como era uma cidade que
gozava de amparo real e atraía muitos moradores com in luência política,
fortuna e posição social, nenhuma despesa seria poupada em sua
execução. O Templo Maçônico de Sussex evidentemente pretendia ser algo
especial. De fato, temos uma clara indicação disso nas atas, após a
cerimônia de dedicação. Ao propor um brinde ao "Templo Maçônico de
Sussex", o Mui Venerável Irmão sir Alfred Robbins concluiu com estas
palavras:

Eu tive a oportunidade de examinar o edi ício e jamais vi outro mais bem


planejado para o uso ao qual foi proposto. Fico satisfeito que nossos ilhos e
os ilhos dos nossos ilhos possam, em tempos vindouros, rememorar o evento
deste dia e dizer que nessa época existiram maçons que acreditaram
totalmente nos grandes princípios da Maçonaria e, por isso, se empenharam
em erguer um edi ício merecedor sob todos os aspectos das tradições da
Maçonaria e merecedor da alta posição que a mesma alcançou.

Essas palavras por si só deixam claro que realmente aquele era


considerado um edifício muito especial.

Algo especial foi o que a construção se tornaria, como veremos nas páginas
seguintes. Por uma dessas estranhas coincidências que às vezes
acontecem, a Loja na qual fui iniciado se reuniu nas salas do Pavilhão Real
a maior parte do tempo nos anos iniciais de sua existência, antes de se
mudar para o Templo Maçônico de Sussex, pouco depois do edi ício ter
sido concluído.

A decoração incomum levantou questionamentos


Embora tenha visitado outros complexos maçônicos ou locais onde as Lojas
realizam suas reuniões, tanto na Grã-Bretanha como no exterior, eu ainda
estava para encontrar algum cuja decoração ornamental se comparasse
com aquela onde a minha própria Loja se reúne. Ele até hoje ainda é
decorado de forma espetacular: as paredes têm painéis de madeira, existe
uma suave claridade difusa, que torna possível a iluminação uniforme em
volta da sala, fornecida discretamente e oculta em uma galeria engalanada
com uma decoração loral. Os principais móveis são de madeira,
exuberantemente entalhados com grande esmero e habilidade por mãos
desconhecidas, feitos há várias décadas. Na área central, sobre o antigo
chão de madeira, há a inserção do pavimento mosaico em preto e branco,
cercado pela orla dentada.


No centro do pavimento, existem dois círculos de diferentes tamanhos, um
dentro do outro; o menor contém a letra "G" pintada em dourado. Mas a
característica dominante da sala é um zodíaco enorme, lindamente
decorado, no teto. Medindo cerca de 40 pés (12,5 metros), seu efeito é
irresistível quando visto pela primeira vez. Em intervalos equidistantes em
torno da circunferência do zodíaco, existem 12 pequenos painéis que
exibem a representação ilustrativa de cada símbolo do zodíaco - cada qual
pintado à mão por um artista desconhecido. Dentro do círculo descrito pelo
zodíaco, o teto sobe para formar uma cúpula, a abóbada celeste, pintada à
mão em azul pastel suave e complementada com estrelas e com um
símbolo do Sol. O teto em abóbada projeta-se por inteiro diretamente em
cima do pavimento mosaico. Fica evidente que nenhuma despesa foi
economizada quando tudo isso foi instalado originalmente. Definitivamente,
tal sala era considerada de grande importância para receber tanto esmero
e atenção.

Durante os primeiros dez anos de minha carreira maçônica, visitei essa


sala em muitas ocasiões e sua ambientação se tornou o pano de fundo de
um cenário tão familiar para nossas ocupações que não atribuí à decoração
nenhum outro pensamento. Mas, quando entramos em uma era muito mais
aberta a respeito do movimento maçônico, após muitos anos de suspeita,
fustigação e acusações infundadas sobre sermos uma sociedade secreta,
foi realizado um evento social nesse complexo maçônico para o qual
companheiras e esposas foram convidadas. Uma exibição especial sobre
nossa história foi montada no templo principal. Foi dessa maneira que
minha esposa passou pela porta do Templo, quando então icou
imediatamente perplexa com a preeminência do zodíaco. Ela virou-se para
mim e perguntou por que aquilo estava ali. Fiquei um pouco envergonhado
de ter de admitir que não sabia o porquê. Igual pergunta surgiu a respeito
do pavimento mosaico e novamente precisei admitir a completa falta de
compreensão da inalidade daquilo. Outras questões surgiram a respeito
da decoração e do tamanho de vários objetos e o meu embaraço, por não
ter respostas satisfatórias, foi icando cada vez mais intenso. No inal
daquela noite, percebi que estivera tão envolvido em fazer direito a minha
parte nas cerimônias, que não havia dado o devido valor àquilo que estava
ao meu redor, o porquê de estar ali ou o que signi icava. Isso era algo que
claramente eu precisava corrigir.

Cada Loja realiza o que é conhecido como Instrução da Loja, noites em que
cerimônias são ensaiadas e alguns fatos menos conhecidos sobre a
Maçonaria são revelados. Tendo participado regularmente dessas noites,
iquei um pouco surpreso de não ter sido informado da razão e do
signi icado das instalações do Templo. Indaguei aos mais antigos da Loja o
motivo do zodíaco estar ali. Fiquei pasmo ao descobrir que nenhum deles
sabia. Alguns membros dos mais antigos comentou que nosso Grão-Mestre
Provincial Adjunto, um cargo muito alto da Maçonaria sediada em Sussex,
certa vez disse que ele mesmo havia se perguntado sobre o signi icado de
o zodíaco. Pedi a opinião do curador do Templo, e ele comentou que
também não sabia. Por meio dessas respostas percebi que, se aquilo tivera
algum signi icado na época em que foi instalado, então esse entendimento
se perdera para a atual geração de maçons. Esse ponto icou mais bem
demonstrado quando o curador acrescentou o comentário: "Se algum dia
você icar sabendo, então, por favor, conte-me. Essa é a primeira pergunta
que sempre me fazem quando recebo visitantes no Templo". Depois iquei
sabendo que o curador era muito bem informado a respeito da história
maçônica, de modo que o comentário dele dava a entender que a
descoberta de alguém que conhecesse o signi icado do zodíaco seria
bastante improvável. Se eu quisesse encontrar a resposta, então precisaria
procurá-la por mim mesmo.

Dessa experiência com nossos anciões maçônicos, logo cheguei à conclusão


de que empenhávamos esforços consideráveis para aprender e
aperfeiçoar nossas cerimônias, mas que não dedicávamos tempo algum ao
entendimento daquilo que fazíamos, ou por que fazíamos aquilo. Se essa
mesma situação fosse comum em outras Lojas, então nossa organização
como um todo corria sério risco de perder todo vestígio e entendimento a
respeito da base de nossa antiga instituição e, consequentemente,
terminaríamos como uma sociedade que seria como uma concha oca, vazia
de conteúdo. Quando externei essa opinião para alguns dos maçons
seniores da região de Sussex, eles reconheceram que talvez já havíamos
chegado a tal situação. Os comentários negativos só serviram para me
incentivar a encontrar respostas.

A busca pelo entendimento


Existem pessoas que acreditam que a Maçonaria seja uma sociedade
secreta, o arauto de algum grande segredo. A visão o icial, como mencionei
anteriormente, é que a Maçonaria não passa de um clube de cavalheiros.
Como qualquer maçom con irmará, as cerimônias dos três graus do O ício
usam uma linguagem um tanto enigmática, junto com ações complexas,
algumas das quais podem ser desconfortáveis de se realizar e passíveis de
discussões, sendo deliberadamente planejadas para serem assim. Agora,
quando essas cerimônias são bem realizadas, elas transmitem uma
dignidade e uma grandeza raramente experimentadas hoje em outros
gêneros de vida. Essas cerimônias são totalmente únicas. Então, qualquer
maçom que ler este livro entenderá o meu ponto de vista, quando a irmo
que cheguei à conclusão de que qualquer indivíduo ou grupo de pessoas,
que tenha deliberadamente se assentado à mesa, há várias centenas de
anos, e concebido nossa organização, nossas cerimônias - tanto na retórica
como nas ações, na estrutura, nos cargos, nas insígnias e no mobiliário -,
com a inalidade exclusiva de criar um clube de cavalheiros, estaria, sem
sombra de dúvidas, sofrendo de algum sério distúrbio mental.

Apesar dos muitos livros o iciais que indicavam e explicavam a origem e o


signi icado simbólico ocultos sob certos aspectos de nossas cerimônias, não
existiam explicações para muitos dos pontos que começaram a me intrigar.
Entre eles estava a maneira como o Sol igura em nossas cerimônias, ao
indicar:

• que o Sol nasce no Oriente;

• que existe um cargo para marcar o Sol poente;

• que existe um cargo para marcar o meridiano (o ponto mais alto) que o
Sol alcança no céu, ponto que chamamos meio-dia;

• que a Terra gira constantemente sobre seu eixo em sua órbita em torno
do Sol.

Existem outras referências ao Sol, além das mencionadas. Até mesmo o


símbolo que o Grão-Mestre mostra em parte de sua insígnia é o do Sol. Por
que, eu me perguntei, fazemos isso? Por que existe toda essa referência ao
Sol? Por que um clube de cavalheiros precisaria chamar a atenção para
essas coisas?

Imagens perdidas
O Templo Maçônico de Sussex tem outra característica: mantém um museu
e um centro de exposições de itens da memória do passado maçônico. Isso
inclui grande quantidade de aventais e outros objetos ilustrativos que
faziam parte das imagens que compunham as insígnias da Maçonaria nos
séculos XVIII e XIX. O que surpreende é que grande parte dessas imagens
contém o símbolo do Sol, da Lua e das estrelas, e também ilustrações
pictóricas de referências bíblicas: a escada de Jacó, conectando o Céu e a
Terra, está particularmente bem representada. Hoje em dia, as insígnias da
Maçonaria são produzidas em massa por poucos fornecedores
especializados e adquiridas pelos membros como objeto necessário ao
progresso e à posição de alguém.

Um belo avental bordado, com data em torno de 1785, junto com


representações do Sol e da Lua.

Porém, nos séculos XVIII e XIX, tudo era feito à mão, especialmente os
aventais, alguns dos quais exibiam imagens pictóricas maravilhosas,
delicadamente bordadas com muita habilidade. Hoje em dia, adquirimos as
insígnias a cada nova posição que avançamos. Nos séculos anteriores, os
membros acrescentavam novas imagens às insígnias existentes para
indicar a posição que ocupavam na Loja. Assim, no passado, essas imagens
indicavam conhecimento e entendimento, enquanto hoje em dia as
insígnias são estilizadas, com mais simplicidade, destituídas de imagens
elaboradas e mais indicativas da hierarquia e do tempo da iliação. O que
havia ocorrido, me perguntei, para causar tal mudança? Por que, de
repente, o Sol, a Lua, as estrelas e as imagens bíblicas saíram de moda das
insígnias maçônicas?

A Loja em que fui iniciado é, por padrões modernos, muito antiga, tendo
sido fundada em 1876. Originalmente, para alguém ser aceito como
membro, precisava ser músico ou de alguma forma estar ligado à música,
como um organista de igreja. O resultado dessa conexão musical foi que a
Loja acabou sendo batizada de acordo com a santa padroeira da música,
Santa Cecília. Na época em que a Loja foi fundada, um estandarte foi feito
para ser exibido sempre que a Loja estivesse reunida. Esse estandarte
media cerca de 1,82 metro de comprimento por 1,5 metro de largura, e foi
delicadamente bordado com ios de seda para exibir a maravilhosa
imagem dessa famosa santa. Também bordadas no estandarte existiam
imagens geométricas, semelhantes aos símbolos que se destacavam em
outros objetos do século XIX, inclusive o símbolo do pentagrama. Depois de
cerca de 75 anos de bons serviços prestados, durante os quais ela foi
reparada várias vezes, o estandarte original foi considerado sem condições
de mais reparos, sendo doado ao Museu Maçônico de Sussex. Outro
estandarte foi feito, semelhante em cada aspecto ao original, mas com uma
revisão principal: o pentagrama foi omitido. Na mesma época, existiam
duas lâmpadas ornamentais, cuidadosamente fabricadas em ferro fundido,
que iluminavam a entrada principal do Templo Maçônico de Sussex. Uma
delas tinha o símbolo geométrico do Selo de Salomão e a outra era
decorada com o pentagrama. Em um tempo de vandalismo insensato, essas
lâmpadas tornaram-se alvo de persistente estrago, durante o qual em uma
ocasião a lâmpada que mostrava o pentagrama foi arrancada da parede.
Quando a mesma foi substituída, o pentagrama foi removido e a lâmpada
substituta foi decorada com mais um Selo de Salomão. Lamentavelmente,
desde então, ambas as lâmpadas foram removidas. Por que o até então
altamente respeitado modelo geométrico do pentagrama, um exemplo do
qual se destaca orgulhosamente nos degraus principais do Freemasons
Hall, em Londres, na sede da Grande Loja Unida da Inglaterra, a
corporação que governa a Maçonaria, caiu tão dramaticamente em
desgraça? Essas eram questões para as quais não havia resposta imediata.

Imagens místicas
Existia ainda mais alguma coisa a respeito do Templo de Sussex que era
intrigante. Assim como o degrau da entrada principal do Freemasons Hall,
em Londres, mostra a representação de um pentagrama, o degrau
principal do complexo de Sussex exibe um modelo completamente
diferente: seções de círculos rodeadas por um círculo externo.

Mais uma vez procurei os maçons mais antigos de Sussex e perguntei a


respeito do signi icado daquilo. Houve zombarias de que se tratava de um
sinal secreto, cujo simbolismo eles não poderiam divulgar. Ficava óbvio por
esse comportamento que eles que não tinham mais nenhuma idéia da
importância daquela representação, como não tiveram sobre o zodíaco.
Esse desenho entrou para a minha lista como mais um item a ser
investigado.

Começa a busca - graças à BBC


Resolvi encontrar respostas para as questões que entraram no foco
central. Assim que minha busca começou, vários eventos ocorreram em
minha vida em um curto espaço de tempo que, de modo imprevisto,
tiveram considerável in luência sobre a minha linha de pesquisa. Isso
acabou virando um rumo de pesquisa que me levou por um caminho de
descoberta e esclarecimento, colocando-me em contato com pessoas de
prestígio, enviando-me a lugares distantes que de outra maneira talvez eu
apenas sonhasse visitar.

Em primeiro lugar, eu estava inseguro por onde começar. Demorei muito


para chegar à conclusão de que, se seguisse um caminho tradicional de
investigação, terminaria com uma resposta tradicional. Eu teria que
procurar e abordar qualquer investigação sobre o tema do zodíaco, do
pavimento, do pentagrama e do símbolo no degrau da frente do Templo de
Sussex de um ângulo inteiramente diferente, usando outras fontes além
das tradicionais obras maçônicas. Raciocinei que, se ainda assim
terminasse com uma resposta tradicional, então ficaria satisfeito.

À medida que ponderei a questão a respeito de quais fontes deveria usar,


várias semanas passaram. Uma tarde, eu estava dirigindo perto do
Aeroporto Gatwick, de Londres, e ouvia um programa no rádio do carro
transmitido pela BBC. Nesse programa em particular, os ouvintes eram
incentivados a escrever para o apresentador em busca de respostas para
questões que os intrigassem. Toda semana, várias dessas questões eram
tratadas em determinada tarde, em um segmento conhecido como
"Answers Please" [Respostas, Por Favor]. Sendo assim, naquela ocasião em
que eu estava ouvindo o rádio perto do Aeroporto Gatwick, escutei que um
ouvinte escreveu para o programa dizendo que havia lido que existiam
muitas discrepâncias entre as a irmações bíblicas e sua relação com
eventos históricos. O ouvinte perguntava se o programa podia trazer mais
luz ao assunto, veri icando se isso era verdade. Para conseguir respostas, o
apresentador da BBC fez algo que parecia ser um contato ao vivo com o
Vaticano, em Roma, falando com um bibliotecário do Vaticano e
perguntando a questão do ouvinte. O bibliotecário concordou que existiam
muitas a irmações de eventos que não se encaixavam naquilo que hoje
conhecemos como a cronologia real, com base em calendários produzidos a
partir dos registros históricos conservados. Uma observação em particular,
que eu vou parafrasear, icou gravada em minha mente. Ela foi exposta da
seguinte forma:

Por exemplo, observou o bibliotecário, referimo-nos a Jesus de Nazaré,


sugerindo que ele veio de uma cidade com esse nome. As autoridades
romanas eram muito conscienciosas e meticulosas a respeito dos registros
que faziam. Muitos documentos dessa época foram conservados. Não fomos
capazes de localizar nenhum mapa dessa área, nem qualquer documento
conservado dessa época, que mostre um lugar chamado Nazaré. Nossas
investigações mostraram que não existiu nenhum lugar com esse nome antes
de cerca de 600 d.C. Então isso nos coloca diante de um problema com
referência a esse termo: Jesus de Nazaré.

Essa simples a irmação me forneceu a possível explicação para aquilo que


eu estava procurando. Parecia lógico dar uma olhada mais próxima no
pano de fundo e no cenário histórico e arqueológico do Templo de Salomão
do que meramente con iar no texto bíblico e na fé orientada pela Igreja.
Logo consegui perceber que existia considerável diferença entre o meu
entendimento, baseado naquilo que me ensinaram na escola e por meio da
doutrinação religiosa, e aquilo que aparentemente aconteceu com base nos
registros históricos. E especialmente aquilo que foi deixado de fora, de
forma deliberada ou não, que distorce as imagens. E é aquilo que nos é dito
que dá colorido às nossas percepções. Quando alguém está informado
sobre os fatos ocorridos, uma nova perspectiva sobre os eventos se
apresenta.

O Zodíaco e o Pavimento - outra análise


Quando mencionamos o termo zodíaco instintivamente, podemos ser
levados a pensar nisso como uma ferramenta astrológica usada para ler a
sorte. Isso não surpreende. Hoje em dia, di icilmente uma revista ou um
jornal no mundo ocidental deixa de apresentar um horóscopo, produzido
por astrólogos, que fornece previsões a respeito de eventos que podem ou
não ocorrer na vida de alguém. Essas previsões são relacionadas à data de
nascimento da pessoa, que, por sua vez, é associada a um signo especí ico
do zodíaco.

A Astrologia é uma ciência antiga que se originou há milhares de anos do


estudo do movimento dos céus. Era a ciência da previsão do lugar onde as
estrelas ou os planetas estariam em certas horas de dias especí icos. Foi
precursora da ciência que conhecemos atualmente como Astronomia. E
continuou a ter signi icativa força cientí ica até o século XIX, embora tenha
começado a dar lugar à Astronomia que se desenvolveu no século XVIII.

Ao que parecia, seria possível existir alguma lógica no zodíaco que


circundava a abóbada celeste, salpicada de estrelas, que eu tão
freqüentemente via no Templo Maçônico de Sussex. Tendo em mente que
se as minhas conjecturas estivessem corretas e que o desenho do Templo
de Sussex havia sido criado antes de meados do século XIX, então isso teria
acontecido em uma época em que ainda existiria considerável
entendimento a respeito da antiga in luência da Astrologia. Assim,
raciocinei: o zodíaco provavelmente estava mais relacionado com a
astrologia da localização de planetas e estrelas do que com a leitura da
sorte. Nesse caso, haveria alguma mensagem oculta nisso tudo?

O pavimento tinha uma história diferente. Não apenas se mostrava mais


próximo da Terra, mas estava intrinsecamente vinculado com o zodíaco.

Eu tinha antes a irmado que o pavimento era uma área mosaica de


ladrilhos pretos e brancos, cercada por uma orla dentada. São dez
ladrilhos na largura por 22 ladrilhos no comprimento. Parecia uma
proporção extremamente singular, pois o pavimento oferecia uma simetria
visual que aparentava naturalmente se encaixar com o tamanho da sala, a
decoração e o zodíaco acima. Isso levava a pensar no que veio primeiro, a
sala - e daí o pavimento desenhado para se encaixar nela -, ou se o
desenho da abóbada celeste tinha in luenciado o tamanho da sala, e daí
novamente o pavimento havia sido calculado para se encaixar nela.
Demonstrarei, no momento oportuno, que os três elementos estão
vinculados por conceitos desenvolvidos por civilizações antigas para
garantir a harmonia da forma.

Porém, antes que eu chegasse a esse estágio, alguma coisa mais aconteceu.

Logo que notícias do meu interesse em certos aspectos do Templo de


Sussex tornaram-se conhecidas, um Irmão de outra Loja chamou minha
atenção para "The Lectures of the Three Degrees" [Palestras dos Três
Graus]. Essas, lamentavelmente, poucas vezes são citadas ou mencionadas
nas Lojas hoje em dia, mas elas fornecem um ponto de referência útil.
Desconhecemos exatamente onde e quando essas palestras se originaram,
mas registros antigos parecem remetê-las ao sistema de palestras de
William Preston, publicado pela primeira vez em 1772. Nas Lectures, o
pavimento é descrito assim:

O Pavimento Mosaico pode ser considerado o belo soalho de uma Loja


Maçônica justamente pelo fato de ser colorido e enxadrezado... À medida que
os passos do homem são trilhados nos vários e incertos incidentes da vida, e
que seus dias são variegados, encaixando-se em tribulações e eventos
desconhecidos, sua passagem por esta existência, embora algumas vezes
acompanhada de circunstâncias prósperas, muitas vezes é acossada por uma
grande quantidade de coisas ruins. Por essa razão, nossa Loja é guarnecida
com o trabalho mosaico para indicar a incerteza de todas as coisas aqui na
Terra. Hoje podemos andar na prosperidade, enquanto amanhã podemos
tropeçar nos caminhos acidentados da fraqueza, da tentação e da
adversidade. Então, embora tais emblemas estejam diante de nós, somos
moralmente instruídos para não nos vangloriarmos de nada, mas para
prestarmos atenção em nossos caminhos, para andarmos honestamente e
com humildade perante Deus, pois não existe uma situação na vida na qual o
orgulho possa ser fundido com o equilíbrio.

Essa é a qualidade moral da área quadriculada do pavimento em questão,


seu objetivo claramente de inido. Dizem-nos que ele serve para nos
lembrar dos destinos opostos que podemos experimentar em nossa
passagem pela vida. Exatamente como o dia é claro e a noite é escura, há a
alegria e a tristeza, a vida e a morte, a saúde e a doença, a prosperidade
inanceira e a pobreza. Dessa mesma forma, existem aqueles que têm
abundância de todas as coisas sob seu comando, enquanto existem muitos
que enfrentam as marés baixas das adversidades da vida. Para estes,
devemos providenciar alguma ajuda, cada um de nós pessoalmente e nós
como um todo. Temos uma responsabilidade caridosa.

Lições mais justas e morais são di íceis de imaginar e ainda assim são
ilustradas de uma forma tão simples. Isso, porém, levanta questões
específicas:

Como tudo isso começou?


Onde surgiu a idéia do uso desses métodos simples de ilustração moral?

Onde e como o pavimento mosaico em preto e branco se originou?

Também somos apresentados a uma interpretação alegórica de nossos


arredores. Por um lado, temos um pavimento desenhado de maneira
atraente sobre o qual somos convidados a caminhar, mas, por outro lado,
ele contém um simbolismo oculto - uma mensagem que enfatiza a
moralidade em seu contexto mais amplo.

Quando chega a orla dentada, as Lectures continuam:

A orla dentada representa para nós os planetas que, em suas várias rotações,
formam um belo arremate ou orla em volta desse grande luminar, o Sol...

Novamente o Sol!

Das observações feitas nas Lectures, parecia que a abóbada, como símbolo
do céu, representava o Céu, enquanto o pavimento era o re lexo de nossa
vida na Terra. Porém, isso não explica por que deveria existir qualquer
menção aos planetas, nem por que atenção especí ica deveria ser dirigida
a eles. Eu observara que a maioria das salas de Loja tinha o pavimento
mosaico, mas nem todas elas tinham a orla dentada; então para estas tal
simbolismo planetário estava perdido. Fiquei sabendo que algumas Lojas
no Norte da Inglaterra reuniam-se em salas com o teto pintado com
estrelas a ixadas, mas estas eram poucas e raras. Das que me informaram,
nenhuma mostrava o zodíaco.

A medida que os meses passavam, entrei regularmente no Templo


Maçônico para nossas reuniões da Loja, com o zodíaco e o pavimento em
visão total. Tendo desenvolvido interesse pelas suas imagens, eu sentia
como se alguma força oculta me levasse para eles e me dissesse para
continuar procurando. Eu olhava mas não conseguia enxergar aquilo que
havia para eu ver. A única resposta, que me parecia adequada, era aquela
amplamente aceita entre os maçons e que já foi mencionada, da lição de
moralidade, de que o pavimento simboliza e representa a experiência da
vida na Terra, com seu padrão de antagonismos, sob a cobertura do Céu.
Era uma resposta, mas meus instintos continuavam a me dizer que
existiam mais revelações a caminho.

Por causa dos meus anos de envolvimento com essa antiga instituição, eu
sabia que tudo na Maçonaria estava lá para alguma inalidade, quer fosse
um símbolo ou um movimento em uma cerimônia. Isso reforçou em minha
mente que deveria existir um propósito especí ico para o plano da Loja.
Como eu observara anteriormente, o número de ladrilhos do pavimento
mosaico contava 22 de comprimento por dez de largura. Nenhum desses
números parecia relacionado a nada que eu conhecesse. O total de 22 x 10
= 220 fazia menos sentido ainda.

Eu continuava sem poder deixar de sentir que havia alguma coisa a


respeito do pavimento para a qual meus instintos tentavam chamar minha
atenção. Como havia notado que o pavimento parecia se encaixar tão bem
nas proporções do Templo de Sussex, com o comprimento total cabendo
exatamente acima no diâmetro do zodíaco, perguntei ao curador se havia
sido conservada alguma planta arquitetônica do complexo, contendo as
dimensões, que eu pudesse consultar. Ele não tinha conhecimento de
nenhum documento detalhado, mas me forneceu uma cópia de um,
originalmente produzido no início da década de 1920, que mostrava
algumas dimensões muito importantes. Elas indicavam que o Templo tinha
58 pés de comprimento por 40 pés de largura. Agora eu queria saber qual
o tamanho do pavimento. Parecia que a única maneira de descobrir isso
seria medindo-o.

Durante esse período uma tarefa coube a mim, regularmente, como parte
de nossas reuniões. Na cerimônia de segundo grau há uma referência à
habilidade dos primeiros maçons de o ício. Dizem que neste nível os
indivíduos teriam adquirido e demonstrado considerável habilidade em
talhar e esculpir formas ou modelos em pedras nas quais seriam alocados
para trabalhar. Além disso, contava-se uma história a respeito da
construção de parte do Templo do Rei Salomão, tendo como fundo o
cenário bíblico das guerras entre efraimitas e gileaditas. Alguns
componentes do Templo são citados com medidas em côvados. Essa mesma
unidade de medida pode ser encontrada nos livros de Reis e Crônicas do
Antigo Testamento. Também era uma unidade de medida usada pelos
antigos egípcios. Percebi, pela reação dos candidatos, que eles não tinham
a menor idéia a respeito do tamanho de um côvado. Então, sem interferir
no conteúdo da história, eu introduzia o candidato no fato de que um
côvado era medido como o comprimento do ponto do cotovelo até a ponta
do dedo médio da mão esticada, cerca de 18 polegadas de comprido na
medida imperial ou quase meio metro no sistema métrico.

Então, foi assim que, depois de uma dessas reuniões, eu peguei uma trena
para medir o pavimento. Para economizar tempo, decidi medir um ladrilho
e depois multiplicá-lo pelo número de ladrilhos no comprimento e na
largura. A orla dentada parecia ter uma largura igual em toda a volta,
então eu só precisava medir uma borda e aplicar a dimensão ao perímetro
total. Percebi que o complexo do Templo foi erguido em uma época em que
a unidade de medida padrão na Grã-Bretanha estava no sistema imperial
de pés e polegadas, não no sistema métrico. Todavia, veri iquei se a minha
trena tinha ambas unidades marcadas nela. Os ladrilhos mediam
exatamente 18 polegadas quadradas, e o arremate da mesma dimensão,
18 polegadas de largura. Dezoito polegadas - o representativo
comprimento de um côvado. Conforme eu observava o pavimento, icou
imediatamente óbvio que 22 ladrilhos de comprimento podiam ser
interpretados como 22 côvados. Mas a orla signi icava que eu podia somar
um côvado em torno das laterais. Assim, em vez de ser 22 x 10, a medida
agora era 24 côvados x 12 côvados. O perímetro não era 1.296 polegadas,
108 pés ou 33 metros, era 72 côvados. Esta seria a minha primeira
descoberta decisiva. Só, muito depois, descobri os possíveis
relacionamentos que ditavam essa dimensão.

Quanto mais demorava, mais excitado eu icava para descobrir que existia
realmente uma relação proporcional exata entre o pavimento e a abóbada
acima.

Quanto mais eu investigava, mais questões se levantavam - e tantas mais


respostas eram necessárias. Mas até então não havia respostas. A busca
para encontrar essas respostas tornou-se cada vez mais instigante e
percebi que precisava desenvolvê-la de maneira estruturada. Essa se
mostrava uma reveladora jornada pelo universo do entendimento, como
acontecia nos tempos antigos, sem nenhuma pequena medida do mistério
atrelado.

Obviamente, eu precisava saber, aprender e compreender mais.


Conclusão
Embora a Maçonaria seja apresentada como um clube de cavalheiros, está
claro que suas cerimônias e procedimentos assentam-se na Antigüidade. O
vínculo entre essa antiga instituição e o Templo de Salomão era
particularmente obscuro. Parecia possível que o zodíaco, o pavimento e a
decoração do Templo Maçônico de Sussex re letissem essa antigüidade em
virtude das origens e das razões há muito esquecidas.

Além do mais, o esforço de garimpar respostas mostrou que era


impraticável con iar exclusivamente no texto bíblico, na fé religiosa e na
opinião convencional, pois necessitava explorar outras fontes de
informação. Particularmente, eu precisava descobrir mais a respeito:

das possíveis origens da Maçonaria.

da conexão maçônica com Astrologia/Astronomia;

da influência do pentagrama;

dos aparentes relacionamentos visuais harmoniosos entre o zodíaco e o


pavimento mosaico do Templo de Sussex;

do significado do símbolo no degrau da frente.


CAPÍTULO 2
O Nascer do Sol
Da maneira que levamos nossas vidas no mundo ocidental do século XXI,
como estamos agora acostumados, a maioria de nós tem pouco
entendimento ou empatia pelo mundo que nossos ancestrais conheceram,
como eles viveram, como sobreviveram, suas crenças, seus medos, suas
esperanças e sonhos. É, porém, sensato pensar que cada um de nós vem
de uma corrente de antepassados que se estende de volta ao alvorecer da
primeira existência do homem - uma corrente de seres que nasceram,
aprenderam como sobreviver no ambiente em que viviam, associaram-se a
outro ser, tiveram ilhos, depois morreram - em um processo que
continuou por dezenas de milhares de anos. Nós, hoje, meramente estamos
passando os elos dessa corrente do desenvolvimento humano, que,
acreditamos, se estenderá muito longe no futuro.

Atualmente podemos olhar no calendário e observar quantos dias de verão


restam no ano. Nos dias escuros e frios do inverno, podemos nos confortar
com o conhecimento de que a primavera está bem ali, virando a esquina.
Para os nossos ancestrais, que não tinham a vantagem do relógio, do
calendário, do diário e da agenda programada em rede no computador
para identi icar exatamente onde eles estavam na passagem do tempo, a
vida não era tão certa. É di ícil compreender que dezenas de milhares de
anos atrás, alguém, em algum lugar, deve ter percebido que em vários
intervalos de dias o Sol se movia mais alto no céu durante aquilo que
chamamos verão e que, quando isso acontecia, o ar em volta icava mais
quente. Ele deve ter percebido que, à medida que o ar icava mais quente,
as lores e as árvores loresciam e o alimento e sua variedade tornavam-se
mais fáceis de encontrar.

Imagine um de nossos ancestrais, milhares de anos atrás, talvez até há


dezenas de milhares de anos, possivelmente sentado em volta de uma
fogueira em uma caverna, à noite, junto com outros de sua tribo, de
repente dizendo a eles:


Vocês já perceberam que quando aquela grande bola de luz surge acima das
árvores ela faz a escuridão ir embora? Que a mesma ica em um lugar
ligeiramente diferente quando o ar está mais quente em comparação com
quando o ar está frio? Vocês já perceberam que quando a outra bola com
menos luz está no céu, no escuro, algumas vezes ela é como uma pedra
totalmente redonda, mas, em outros períodos escuros ela tem pedaços
faltando, e que ela então cresce de novo até icar como uma pedra redonda
cheia? Como será que isso acontece?

Alguém, em algum lugar, algum dia observou essas coisas. Alguém, em


algum lugar, algum dia começou um processo dedicado de observação.
Alguém, em algum lugar, algum dia começou a observar os detalhes do
cosmos, do mundo natural em torno de si e de que modo certos arranjos
do cosmos in luenciavam o mundo natural. Alguém, em algum lugar, algum
dia percebeu que, por meio de observação cuidadosa, os arranjos do
cosmos e da natureza eram tão regulares que podiam ser previstos.
Alguém, em algum lugar, algum dia colocou em prática um mecanismo de
registrar essas observações, de estudar esses arranjos e de entender seu
signi icado. Alguém, em algum lugar, algum dia desenvolveu e divulgou um
método de passar adiante essas informações de uma geração a outra - uma
forma de universidade antiga - com, sem dúvidas, cada geração somando e
acumulando conhecimento e entendimento em uma era distante, antes da
escrita e dos livros terem sido inventados.

Imagine você os debates e as discussões que devem ter se seguido, talvez


durante dias, meses e mesmo gerações, à medida que nossos antepassados
tentavam entender as informações que recolhiam - o que a lógica do
cenário sugeria. Pense sobre as horas e os dias de debates e
aborrecimentos, discussões e coletas de informações necessários para
levar em conta apenas o processo de responder a questões como:

O que é o Sol?

Por que ele é quente?

Como fica pendurado no céu?


Como se movimenta pelo céu de um lado para o outro?

Como fica mais quente e mais frio?

O que acontece para ele se mover mais alto no céu em algumas épocas do
ano em comparação com outras?

O que faz o ciclo se repetir dia após dia, ano após ano?

Como somos os bene iciários de milhares de gerações de entendimento


acumulado, consideramos o conhecimento como óbvio. À medida que
testamos o universo com as vantagens de so isticados dispositivos
eletrônicos, satélites e radiotelescópios, com equipes de cientistas
dedicados, reunidos para garantir resultados, acreditamos que, em nossa
geração, estamos fazendo grandes progressos. As proezas de nossos
ancestrais exigiram até maior dedicação, por causa da limitação com que
os olhos deles podiam ver e da natureza primitiva de suas ferramentas de
medição e avaliação. O que eles conseguiram talvez seja até mais notável
do que tudo o que temos, ou que estamos fazendo, em nossa era.

Infelizmente, começamos, no século XX, uma partícula minúscula de tempo


na imensidão do entendimento humano, a nos afastar desse conhecimento
acumulado. A base e as origens desse conhecimento correm perigo de
serem perdidas ou de serem tratadas com desdém.

Exatamente onde ou como todo o processo de entendimento da mecânica


do cosmos começou a se perder nas brumas dos tempos. Muito do
entendimento global da atualidade foi in luenciado pelo desenvolvimento
da civilização ocidental. Esta, por causa da proximidade geográ ica, retirou
muito de seu conhecimento das eras grega e romana. O papel
desempenhado por outros povos, em outras partes do mundo, foi
amplamente ignorado. Recentemente começou a haver um crescente
reconhecimento de que alguns processos celestiais atribuídos às
civilizações mediterrâneas e do Oriente Médio foram observados e
reconhecidos na Índia e na China há muito tempo. Se os povos dessas
áreas foram os primeiros a descobrir como o processo celeste funcionava e
se eles transferiram esse conhecimento para as civilizações da Ásia Menor,
ou se foi o contrário, não está claro. Seja lá como for, isso deve ter
acontecido, com certeza, há muitas gerações.

Os estudiosos nos dizem que o Sol foi a principal divindade. Era cultuado
pelos maias, pelos egípcios antigos e pelos babilônicos. No caso dos egípcios
antigos, o deus Sol Ra pode ser rastreado há pelo menos 5 mil anos, por
volta de 3.000 AEC. Atualmente existe na Índia uma marani, cuja família
proclama 5 mil anos de descendência contínua do deus Sol. Para o deus Sol
ter sido uma divindade principal, com forma humana há 5 mil anos, isso
implica que a civilização existente naquela época provavelmente já tinha
um entendimento avançado do signi icado da esfera lamejante, com base
em informações que foram passadas por centenas de gerações antes dela.
Filósofos gregos, que visitaram o Egito em tempos antigos, mencionaram
que os egípcios lhes mostraram registros de dados astronômicos que
remontavam a uma época muito distante.

Provavelmente não teria levado mais que algumas gerações de


monitoramento a partir de um único local, como o topo de uma colina com
visão clara para o horizonte, para perceber que o Sol nasce em um lugar
ligeiramente diferente todo dia. Esses primitivos observadores do céu
teriam notado que o Sol se movia para duas posições extremas em seu
trajeto - posições a que nos referimos como o solstício de verão e o solstício
de inverno repetindo o ciclo. Eles teriam notado que, conforme o Sol se
movia para o norte desde sua posição no solstício, de inverno, ele subia
mais alto naquela posição que chamamos de meio-dia, e que, quanto mais
alto subia, mais quente o ar icava à medida que a estação avançava do
inverno para o verão. Teriam percebido que existe um ponto no trânsito do
Sol pelo horizonte - um ponto central - pelo qual o Sol passa em seu
caminho de trazer o verão para o inverno, e o inverno para o verão, e que,
nos dois dias do ciclo anual em que isso acontece, a duração do dia e da
noite é igual. Chamamos esses pontos de equinócio de primavera e
equinócio de outono. Logo se perceberia que o ciclo tem alto grau de
previsibilidade, repetindo-se após o Sol nascer 366 vezes.

Provavelmente não teria levado mais que algumas gerações de


monitoramento dedicado, a partir de um único local, para observar os
ciclos da Lua; e que após o Sol nascer 30 vezes, a Lua passa por um
processo de se tornar novamente um círculo cheio de luz, diminuindo e
depois gradualmente crescendo de novo para se tornar um círculo cheio.
Não teria demandado muita observação adicional para notar que, da hora
em que as primeiras centelhas de luz apareciam depois de terem sumido,
no dia que chamamos de Lua nova, a mesma completaria novamente seu
ciclo no 28o dia, e que o mundo natural também era in luenciado por ciclos
similares, como a menstruação feminina.

Não teria demandado maior avaliação para reconhecer que, em um dia


ensolarado, uma projeção escura - uma sombra - seria criada por um
objeto perpendicular, como uma árvore, e que a sombra se moveria em
torno da base do objeto conforme o dia avançasse, aumentando e
diminuindo com o ciclo do Sol. A observação e o registro do movimento da
sombra en im permitiram a previsão da época e da estação. Esses ritmos
estavam totalmente alinhados com o movimento do Sol pelo horizonte e sua
altura no céu ao meio-dia.

Claro, esse conhecimento viria com novas questões, como e para onde o Sol
vai quando fica embaixo do horizonte à noite?

A previsão das estações e da época do ano teria ajudado imensamente na


transição da existência nômade do caçador-coletor para a existência ixa, a
domesticação de certos animais, o gerenciamento da colheita e do alimento.
Com o passar do tempo isso in luciaria as roupas, a adaptação de armas de
caça e o desenvolvimento de estilos permanentes de abrigo.

No meio de tudo isso, viria o estudo do céu à noite e com ele a


compreensão de que algumas estrelas se movem pelos céus no mesmo
plano do Sol e da Lua - essas estrelas seriam mais tarde chamadas de
planetas. Grupos de estrelas, ou aquelas que formavam con igurações que
lembravam aos nossos ancestrais alguma coisa de seus hábitos, da
mitologia ou daquilo que eles tivessem visto, receberam nomes - e se
tornaram constelações. Nossos ancestrais teriam percebido que alguns
planetas se moviam pelos céus mais rápido que outros, enquanto alguns
tinham seus movimentos tão lentos que era di ícil detectar. Imagine a
inteligência, o raciocínio lógico e os debates em que esses ancestrais devem
ter embarcado para chegar à conclusão de que aquele que viajava mais
rápido deveria estar viajando em torno do círculo menor, ou órbita, em
comparação com os outros. E em torno do que eles estavam viajando ou
circulando? Da Terra? Do Sol? De alguma outra coisa mais? A lógica talvez
também tenha levado a sugerir que os planetas fossem todos de igual
tamanho e viajassem à mesma velocidade. Isso levaria a mais uma
conclusão lógica, de que, se eles estivessem viajando em torno da Terra,
então aquele que viajasse mais rápido deveria estar mais próximo. Por
definição, aquele que viajasse mais lentamente estaria mais distante. Nós já
sabemos atualmente que essas conclusões são incorretas, mas, pareciam
muito lógicas alguns milhares de anos atrás. Imagine ainda a compreensão
da grandeza do ato da criação à medida que eles percebiam a vasta
distância entre nós, que os círculos criados pelos caminhos dos planetas
indicavam. Essas devem ter sido revelações realmente perturbadoras.

Precessão do Equinócio
Existiram outras implicações associadas ao movimento do Sol que teriam
demorado muito mais tempo para ser entendidas, como o fenômeno
conhecido como Precessão do Equinócio. Ao contrário do ciclo do Sol,
erguendo-se acima do horizonte a cada manhã, 366 vezes no ano do
calendário, ou da Lua com seus ciclos de 28 e 30 dias, ou do movimento
anual do Sol pelos equinócios e solstícios, a precessão leva cerca de 26 mil
anos para completar apenas um ciclo.

Por meio do estudo das estrelas à noite e do ciclo sem im do movimento


aparente do Sol no horizonte e sua elevação no céu, junto com o
monitoramento dos solstícios e dos equinócios, nossos ancestrais
astrônomos teriam observado este outro fenômeno da mecânica celeste.
Eles teriam percebido que, no amanhecer, após intervalos de 30 dias, no
mesmo intervalo de tempo de um ciclo da Lua, o Sol surgiria em uma das
12 constelações ou con igurações de estrelas que se alinham no caminho
que o Sol percorre - a eclíptica. O Sol, então, passa por determinada
constelação à medida que o período de 30 dias progride, cruzando todas as
12 constelações no ano. Não teriam precisado dar um salto muito grande
para conectar a passagem das estações com o movimento do Sol pelo
horizonte na alvorada - as quatro estações - equivalentes aos quatro
quartos do ciclo anual da passagem da Terra em torno do Sol. Embora seja
especulação, é possível imaginar que, ao notar as três posições primárias
do Sol no horizonte como sendo significativas, eles tenham escolhido dividir
cada um dos quartos dos ciclos sazonais em três seções e daí nomeado as
12 constelações nas quais o Sol nascia em sua jornada anual aparente. Seja
lá como isso aconteceu, as 12 constelações foram de inidas e nomeadas. A
cada uma foram alocados aproximadamente 30 graus de um círculo. As 12
constelações tornaram-se conhecidas como Cinturão ou Grande Círculo -
mais conhecido pela maioria das pessoas hoje em dia como o zodíaco. Na
manhã do equinócio de primavera, quando o Sol cruza o horizonte, ele o
faz em uma das 12 constelações do zodíaco que se alinham no caminho
que o Sol, a Lua e os planetas percorrem.

A precessão é causada por uma ligeira oscilação no eixo da Terra. Essa


oscilação causa uma ação de rolagem muito gradual que em troca resulta
em uma rotação muito lenta do eixo. Como conseqüência, o horizonte
move-se adiante em relação ao caminho que o Sol percorre, levando, por
estimativa, 25.920 anos para o eixo realizar uma rotação completa. O efeito
visível é que o Sol parece nascer em uma das 12 constelações na
madrugada da manhã do equinócio de primavera e, então, nos 2.160 anos
seguintes, ele se move muito lentamente por essa constelação e dentro de
cada uma das outras constelações em rotação. Então, há 5 mil anos o Sol
nasceu na constelação de Touro no equinócio de primavera. Hoje ele nasce
na constelação de Peixes e, entre essas épocas, nascia na constelação de
Aries, a constelação em evidência no tempo de Salomão.

Nas Escrituras, existe menção ao sacri ício do bezerro gordo. Alguns


autores sugeriram que essa é uma indicação de que o evento das
escrituras se refere ao ocorrido na era em que a constelação em evidência
era a de Taurus - o touro. Depois encontramos referências a carneiros e
ovelhas, supostamente signi icando a era de Áries - o carneiro. Também
houve muita especulação de que as referências aos peixes, no Cristianismo,
em grande parte dos últimos 2 mil anos, indicavam a atual era precessional
de Pisces - Peixes. Existem aqueles que acreditam que o Ano 1 ( 1 EC/1
d.C.) da Era Cristã, o início nominal de nossos atuais sistemas de
calendários no Ocidente, marca o tempo em que a era precessional de
Áries finalmente terminou e a nova era de Peixes começou.

Em futuro não muito distante, o Sol começará a nascer na constelação de


Aquário, por isso a famosa referência ao início da Era de Aquário.
Exatamente quando essa mudança deve acontecer depende de a quem nos
referimos. Os maias da América do Sul, em seus calendários antigos,
concluíram que a nova era começaria em 2012. Quando levantei o assunto
junto ao Observatório de Greenwich, eles sugeriram que a nova era não
começaria antes de 350 anos. O problema é o lugar onde a pessoa começa
a medição e qual ponto determinado no céu, talvez uma estrela solitária,
denota o im do atual ciclo. Não obstante essas diferenças, uma coisa é
certa - depois de um intervalo de tempo de cerca de 2.160 anos, nossa era
precessional de Peixes está chegando ao final.

Nossos ancestrais talvez tenham levado milhares de anos para perceber


que o Sol percorria toda uma constelação antes de se mover para a
seguinte, e depois para outra, e que isso era ainda mais um dos ciclos que
haviam sido criados como parte do governo do cosmos.
O conhecimento e a descoberta desse processo da mecânica celeste
demonstram a incrível habilidade de nossos ancestrais de guardar
registros que, de alguma forma, foram passados de geração em geração.
Com certeza, apenas uma única geração não teria detectado o movimento
precessional. Provavelmente foram necessários 5 mil anos ou mais de
entendimento e observação acumulados junto com alguma forma de
registro para se fazer comparações, antes que o fenômeno fosse
identificado positivamente.
De acordo com registros conservados, a primeira pessoa que notou,
entendeu e explicou o ciclo precessional foi o ilósofo, matemático e
astrônomo grego Hiparco. Ele fez isso por volta de 245 AEC. O que não
quer dizer que ele tenha sido o primeiro, mas apenas que ele foi o
primeiro de quem existem evidências registradas desse entendimento. Os
babilônios e os mesopotâmicos também conheceram e entenderam esse
processo celeste. Porém, tendo em mente o tempo que leva para o
movimento precessional ser percebido, é altamente provável que o
processo tenha sido monitorado durante milhares de anos antes de
Hiparco ter conquistado a glória. Se a minha sugestão de que
provavelmente foram necessários 5 mil anos de observação para se
entender a mecânica da precessão, sem mencionar qualquer intervalo de
tempo anterior durante o qual alguém observou se esse fenômeno ocorria,
está certa, então estamos nos projetando de volta ao sexto ou sétimo
milênio AEC - ou 9 mil anos atrás.

Algumas observações reunidas e interpretadas por nossos ancestrais nem


sempre eram bem recebidas. O astrônomo Anaxágoras, da Grécia Antiga, é
lembrado por ter declarado à hierarquia dominante da época que, em sua
opinião, a Lua era provavelmente uma massa de pedra orbitando a Terra,
tendo possivelmente o tamanho de uma das ilhas gregas. Ele anunciou essa
teoria por volta de 480 AEC. Tal visão lhe custou caro. Foi acusado de
atividade irreligiosa e lançado ao exílio.

O que também ica entendido é que, como a conseqüência de o Sol ser a


principal divindade, seria lógico que os primeiros sacerdotes se tornassem
os guardiões do conhecimento, formulando métodos de transmitir esse
conhecimento de geração em geração, quase da mesma maneira como as
principais religiões continuam a operar atualmente. Graham Hancock, em
seu famoso livro Fingerprints of the Gods [Impressões Digitais dos Deuses],
indica que um sacerdócio devotado ao estudo e ao registro do movimento
do Sol, e outras relações astronômicas, existiu possivelmente durante
milhares de anos em Heliópolis, no Egito, e que esse sacerdócio acumulou
considerável quantidade de dados e entendimento. Outros autores
observaram, geralmente sem fazer especulações, que era provável que os
sacerdotes dominantes da Antigüidade, percebendo a importância de
garantir que o conhecimento que acumulavam fosse transmitido para
gerações futuras - e que isso exigia um intelecto mais elevado do que o
normal para entender, explicar e continuar a pesquisa -, procuravam
jovens que mostrassem inteligência, educando-os para a vida de
sacerdotes astrônomos. Alguns autores chegaram a sugerir que os
sacerdotes procuravam, como parceiras, mulheres que também
mostrassem alto grau de inteligência e tinham ilhos com elas, na
esperança de que a prole resultante desses relacionamentos pudesse se
mostrar su icientemente inteligente para que a informação fosse passada
dentro de uma linhagem familiar. Isso, é claro, teria sido uma tentativa
primitiva de manipulação genética. Se isso fosse verdade, poderia sugerir
que nossos ancestrais tinham pelo menos um entendimento básico do
mundo natural e do processo de seleção, que se estendia além do exclusivo
estudo do céu. É interessante notar que seções do Antigo Testamento são
registros de linhagens sacerdotais familiares como essas. Isso inclui Davi.
Compreendemos da linhagem de Davi - seus descendentes. Antes da
linhagem de Davi, existe outra linhagem sacerdotal como essa mencionada
na Bíblia. Ela abrange os descendentes de Aarão, irmão de Moisés - o
sacerdócio conhecido como os levitas. Existem lugares do mundo onde esse
tipo de regime se petpetua ainda hoje. Na Índia, a casta brâmane é o mais
alto grau das castas, assemelhando-se ao sacerdócio em que
tradicionalmente a elite dominante se desenvolveu. Também é interessante
observar que o castiçal israelita de sete braços, a menorá, que se acredita
tenha origem por volta da época de Moisés, refere-se especi icamente aos
planetas - Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter, Saturno, mais o Sol e a Lua.
Moisés, que, como dissemos, lançou as fundações das tradições israelitas, é
considerado como tendo vivido por volta de 1.400 AEC, o que signi ica que
um considerável conhecimento astronômico já devia estar bem
estabelecido nessa época, sendo transmitido de geração em geração, por
meio da linhagem sacerdotal.

Stonehenge [Círculo de Pedras], na planície de Salisbury, é um lugar


conhecido como calendário e marcador solar. A tradição diz que foi
construído pelos druidas, que eram os sacerdotes predominantes e os
guardiões do conhecimento de sua época, na Grã-Bretanha e em grande
parte da Europa Ocidental. Embora a conexão druídica apareça em alguma
literatura do século XX, a English Heritage, que é responsável pelo local,
agora sugere que ele foi construído por três culturas diferentes. A
construção de Stonehenge, segundo a English Heritage, é datada por volta
de 2.100 AEC. Mas antes da edi icação desse relógio solar, altamente
complexo e exato, com uma metodologia de construção que ainda continua
a desconcertar arqueólogos e a fascinar quem visita o local, outro círculo
havia sido erguido no mesmo lugar. Essa construção anterior foi feita com
estacas de madeira em vez das grandes placas de pedra. Pode muito bem
ter sido um protótipo temporário, fácil de construir, para testar a ciência
antes que uma estrutura permanente, muito mais elaborada e construída
em pedra, fosse tentada. Buracos feitos no chão, que originalmente
abrigavam os postes de madeira, foram descobertos por John Aubrey por
volta de 1666 e, muito naturalmente, agora são conhecidos como os
"buracos de Aubrey". Usando as técnicas de datação por carbono, esses
buracos, e consequentemente as estacas de madeira montadas neles,
foram datados em 3.100 AEC. Isso sugere que o Wooden Henge [o Círculo
de Madeira] foi usado por um período de mil anos entre a sua construção e
a daquele que restou, feito de pedra. É preciso discutir mais se o Wooden
Henge foi uma tentativa, possivelmente bem-sucedida, de construir aquilo
que atualmente nós reconheceríamos como peça do aparato cientí ico, que
permitiria o monitoramento de dados conhecidos, como eles existiam. Isso
proporcionaria que os sacerdotes continuassem a construir conforme esse
entendimento, pois o aparato lhes possibilitava observar e monitorar uma
atividade celestial em uma instalação conhecida. Supondo que fosse usado
regularmente para observações, então os dados coletados ali precisavam
ser entendidos e transmitidos por muitas gerações antes que a estrutura
de pedra fosse experimentada.

Quando associamos isso ao relato de Anaxágoras e sua tentativa de estimar


o tamanho da Lua, e a construção do Wooden Henge na planície de
Salisbury, então temos boas indicações de que algum entendimento,
interesse e estudo do universo foram empreendidos durante considerável
período na primeira antigüidade. Vamos supor mil anos de observação e
registro antes da edi icação do Wooden Henge, e então agora temos um
intervalo de tempo que nos remonta a 4.000 AEC.

O mundo está pontilhado de restos de observatórios solares de diferente


engenhosidade, muitos deles originados da época anterior a 2.500 AEC.
Assim, é muito provável que alguém tenha registrado os detalhes da
Precessão do Equinócio bem antes do tempo de Hiparco. Os registros ou
não foram conservados ou nós ainda não os encontramos.

Qual o tamanho da bola?


Junto com o registro das esferas celestes e seus movimentos, também é
óbvio que as primeiras civilizações se debateram na tentativa de entender
o que era o próprio mundo. Ficando em pé em qualquer ponto na terra, ou
mesmo no litoral, a linha de visão de uma pessoa termina no horizonte.
Agora, se você caminhar até o horizonte, tudo o que vai descobrir é que o
horizonte se mudou para longe de onde você o viu pela primeira vez. O que
você consegue ver é outro horizonte distante. Esse fenômeno deve ter
causado grandes debates nas primeiras civilizações à medida que se
procurava entender que a razão pela qual o horizonte continuava a se
mudar para longe era a curvatura da super ície da Terra - pois a Terra é
uma bola muito grande. Uma vez percebido isso, o próximo problema a
resolver seria definir com certeza qual a grandeza da bola.

Exatamente como Hiparco, a primeira pessoa de quem temos registros


conservados para mostrar que ele entendeu os princípios da precessão, o
ilósofo grego Eratóstenes foi o primeiro registrado como tendo medido a
circunferência de nosso planeta.

Eratóstenes tinha um trabalho que lhe oferecia muitas oportunidades. Ele


tomava conta da grande biblioteca que existia em Alexandria. Essa
biblioteca, a história nos conta, guardava registros de considerável
antigüidade. Eratóstenes estava, portanto, em posição de ter acesso
irrestrito a eles. A tradição diz que na coleção de materiais conquistados
existiam documentos que Alexandre, o Grande, que deu o nome à
Alexandria, havia recuperado ou recolhido enquanto conquistava partes
da Índia. Incluída nesses documentos, acredita-se, estava a referência ao
fato de a Terra ser uma esfera.

Eratóstenes conhecia bastante Trigonometria e Geometria. Ele também


sabia que bem ao sul de Alexandria, cerca de 5 mil estádios adiante (430
milhas ou 720 quilômetros), situada nas margens do Rio Nilo, icava a
cidade de Sirene, conhecida atualmente por Aswan. Na cidade existia um
poço em que o Sol, quando icava diretamente suspenso ao meio-dia no
Solstício de Verão, brilhava diretamente sobre as águas embaixo. Era a
única época do ano em que isso acontecia. Também se sabia que nesse
mesmo dia e nessa mesma hora, um objeto vertical erguido em Sirene,
como uma vara ou um obelisco, não tinha sombra. De volta a Alexandria no
mesmo dia do ano, Eratóstenes notou que, ao colocar uma vara
verticalmente no chão, ela lançava uma pequena sombra. Ele mediu o
comprimento da sombra e, com seus conhecimentos de geometria, foi
capaz de de inir o ângulo do Sol em relação ao de Sirene. Era de 7,2 graus.
Obviamente ele sabia que, se a Terra fosse uma esfera, também poderia
ser de inida por um círculo de 360 graus. Então, a divisão de 360 graus
por 7,2 lhe dizia a distância de Sirene a Alexandria, que era um cinqüenta
avos da distância em torno de todo o círculo - a Terra.

360/7,2 = 50

Assim, a multiplicação dos 5 mil estádios por 50 lhe deu o comprimento da


circunferência polar da Terra:

430 milhas x 50 = 21.500 milhas (arredondadas)

720 quilômetros x 50 = 36 mil quilômetros (arredondados)

Os resultados de Eratóstenes eram notavelmente exatos quando


comparados com medições de satélite de moderna tecnologia. A absoluta
enormidade do tamanho da Terra deve ter sido estonteante para uma
civilização em que a maioria das pessoas viajava apenas algumas poucas
milhas desde seu local de nascimento, enquanto os mais estudados, como
Eratóstenes, podem ter viajado apenas algumas poucas centenas de
milhas.

Certamente que o comprimento da sombra, como conseqüência da vara de


Eratóstenes, produzindo uma sombra com relação angular de 7,2 graus,
quando medido em Alexandria no Solstício de Verão, continua sendo
sempre um oitavo do comprimento da vara.

Supondo que o comprimento de vara seja de 64 unidades:

64 x seno de 7,2 graus = 64 x 0,125 = 8

De acordo com dois outros ilósofos, Cleomedes e Posidônio, Eratóstenes


escreveu vários livros e produziu mapas do mundo então conhecido.
Infelizmente, nada disso sobreviveu até a nossa era atual. Cleomedes e
Posidônio aparentemente tiveram acesso a alguns originais e, por suas
descrições, parece que os mapas de Eratóstenes revelaram um
conhecimento territorial das massas de terra da Escandinávia até a África
do Norte, do Sinai ao Mar Vermelho, e da Grã-Bretanha à Ásia Menor.
Segundo cálculos dele para o tamanho do globo, ele deve ter percebido que
terras vastas e não descobertas deveriam existir além do mundo então
conhecido.

O fato de a Terra ser uma esfera parece ter sido bem entendido em
tempos antigos. Está até anotado no Antigo Testamento. Em Isaías 40, 22
está escrito:

Ele [Deus] se assenta no trono acima do círculo da Terra.

A Terra, como esfera, e sua medição parecem ter sido entendidas bem
antes de Eratóstenes registrar sua experiência. Vários autores e
investigadores indicaram que existem vínculos entre as dimensões da
Grande Pirâmide de Gizé e uma gama de atributos geográ icos, inclusive o
diâmetro e a circunferência da Terra. Mais uma vez, observando o que
arqueólogos e historiadores nos dizem a respeito das pirâmides no
planalto de Gizé - que elas foram construídas por volta de 2.500 AEC -, isso
sugere que esse conhecimento havia sido acumulado bem antes dessa
época.

Os sacerdotes egípcios eram considerados tão avançados no entendimento


que tinham de Geometria e de sua aplicação prática, que muitos ilósofos
gregos visitaram o Egito com a esperança de conseguir compreender a
natureza desse conhecimento acumulado. Platão e Pitágoras estiveram
entre eles. Com base no antigo adágio de que conhecimento é poder, pode
muito bem ter acontecido de que esses sábios gregos que visitaram o Egito
não tenham sido abastecidos com acesso a todos os segredos do
entendimento egípcio, mas receberam apenas alguns vislumbres
fundamentais a respeito do conhecimento básico. Progressivamente,
através dos séculos e das gerações, os gregos então desenvolveram essas
informações básicas e foram aclamados na história por nos terem
fornecido a maior parte do conhecimento geométrico que temos
atualmente.

Existe até uma bem fundamentada sugestão de que o côvado real egípcio
de 20,63 polegadas imperiais deriva e está relacionado com a
circunferência da Terra, e é facilmente copiado por meio do conhecimento
do pentagrama. Retornaremos à geometria dessa sugestão em outro
capítulo.

No século passado, muitos pesquisadores sondaram as misteriosas


dimensões das pirâmides de Gizé, e, embora algumas das características
esotéricas sustentadas por eles sejam alheias ao assunto, persiste o fato de
que elas parecem ter sido desenhadas de acordo com princípios
geométricos sólidos, e muitos desses princípios relacionam-se ao círculo da
Terra. Por de inição, portanto, é altamente provável que o tamanho da
Terra tenha sido estimado bem antes de 2.500 AEC, cerca de 2 mil anos
antes de Eratóstenes ter conquistado a glória.

Hoje temos uma medida da Terra


A maior parte das pessoas, hoje em dia, se precisasse indicar o tamanho da
Terra, faria isso se referindo à circunferência equatorial. Para os filósofos e
cientistas dos tempos antigos, eram o diâmetro polar e a circunferência a
base a partir da qual o tamanho da Terra era calculado, como vimos com a
experiência inventada por Eratóstenes. Atualmente, temos uma unidade de
medida, adotada por muitos países como padrão, que também deriva da
medição da circunferência da Terra. É a medida métrica, o metro.

A palavra metro foi retirada da ortogra ia em francês, metre, mas sua raiz
veio da palavra grega metron, que signi ica "medida". Em 1791, a
Academia Francesa de Ciências determinou o estabelecimento de uma
unidade de medida padrão. Várias propostas para resolver esse problema
foram consideradas. A proposta que inalmente foi aceita como a mais
favorável indicava medir a distância do quadrante da circunferência da
Terra, junto a um meridiano que passava por Paris desde o Polo Norte até
o Equador e usar a 1/10.000.000 parte dele para criar o padrão. Essa
proposta foi aceita pelo governo francês em 1793. Nos anos seguintes,
astrônomos e cientistas realizaram suas pesquisas e, em 1799, o padrão foi
determinado com a utilização de uma série de barras feitas de platina.
Infelizmente, descobriu-se que, por causa de um pequeno erro de cálculo,
o padrão de inido icou 0,0002 metro ou 1/5 de um milímetro mais curto.
Assim, com base nesse método francês original de de inição do metro, o
cálculo da distância Polo-Equador pode ser de inido como 10 milhões de
metros. A circunferência polar total da Terra seria, portanto, de 40 milhões
de metros, menos 4/5 de um milímetro.
O ponto-chave, porém, é que o método de medição era por referência ao
meridiano polar, medindo a distância do quadrante da Terra do Polo ao
Equador, a quarta parte de um círculo, e multiplicando o resultado por
quatro para obter a circunferência total do planeta. Os registros sugerem
que esse foi exatamente o mesmo método usado pelos ilósofos e
sacerdotes dos tempos antigos.

Outro fato de interesse relaciona-se com a Maçonaria. Na França, a


Academia de Ciências foi fundada em 1660. Quase nessa mesma época foi
fundada, em Londres, a Sociedade Real. Ambas as organizações tinham
objetivos similares: a pesquisa e a promoção da ciência.

A Sociedade Real rastreia suas origens à década de 1640, quando um


grupo de ilósofos se reuniu para discutir idéias apresentadas por sir
Francis Bacon. Esse grupo tornou-se conhecido como a Faculdade Invisível.
Eram anos do governo (republicano) da Comunidade [Commonwealth] de
Oliver Cromwell. Com a restauração da monarquia em 1660, e o retorno à
Inglaterra de Charles, a Sociedade Real foi formada. O principal motivador
foi sir Robert Moray, que era um con idente próximo de Charles II e
iniciado como maçom. Moray reuniu um grupo de homens versados em
aspectos da ciência. Dos 12 homens presentes na reunião inaugural, 11,
supostamente, eram maçons, e o 12 o era simpático aos ideais dessa antiga
instituição. Assim, poder-se-ia a irmar que a famosa Sociedade Real foi
fundada por maçons.

A sombra
Exatamente como Eratóstenes usou a sombra de uma vara para ser capaz
de calcular a circunferência do globo, também a civilização que
conhecemos como Egito Antigo usou outra forma de vara, o obelisco, para
seu estudo da mecânica celeste. Dois dos mais famosos obeliscos,
considerados de grande antigüidade, foram retirados do Egito, no século
XIX, quando as nações européias embarcaram em seu período de
construção de impérios. Um deles, conhecido como a Agulha de Cleópatra,
foi removido de Alexandria e levado para Londres, em 1877, por um
maçom, sir James Erasmus Wilson, e erguido ao lado do Rio Tamisa um ano
depois, com grande cerimônia maçônica. Acredita-se que originalmente o
mesmo tenha sido erguido em Heliópolis, mas foi movido para Alexandria
pelos romanos.
O segundo obelisco ica na Praça da Concórdia, em Paris, sendo parte de
um par do Templo de Luxor.

A forma do obelisco era ideal para ins de monitoramento - mais um


exemplo de uma peça do aparato cientí ico inicial. Tendo em seu topo uma
peça pontiaguda piramidal [piramídio], o obelisco levanta-se em direção a
um ponto. Assim, a sombra lançada no chão fornecia um ponto claramente
de inido como marcador. Além disso, se uma pessoa icasse regularmente
em um local ixo em torno da base do obelisco, o pico apontado podia ser
usado como marcador de referência para estudar o movimento dos
planetas e outras estrelas nos céus. Essa era uma ferramenta altamente
inovadora. Ela pode ter evoluído do uso primitivo de uma vara ou de uma
lança que havia sido espetada no chão, apontando para cima. Todavia, sua
origem parece recuar a uma era anterior a 2.500 AEC.

Um dispositivo como esse teria sido útil para um construtor. Vamos


imaginar que existisse uma instrução de que um novo prédio precisasse
ter uma orientação leste-oeste verdadeira. O alinhamento leste-oeste
verdadeiro seria determinado ao nascer do Sol do dia do equinócio de
primavera ou de outono. Então, ao colocar um dispositivo com o cume
apontado ao máximo para o centro da área do terreno, que seria o local da
construção, e alinhando um segundo objeto apontado para o primeiro, e
para o lugar no horizonte oriental onde o Sol apareceu antes, a pessoa
teria o alinhamento leste-oeste verdadeiro. Se a pessoa então dividisse
essa linha de orientação em ângulos retos, também teria um alinhamento
norte-sul verdadeiro. Os pontos cardeais verdadeiros da Terra seriam
estabelecidos simplesmente com o uso de dois marcadores apontados e
alinhados para o nascer do Sol na hora do equinócio e para a linha traçada
a 90 graus desse alinhamento leste-oeste. Duas lanças, um comprimento
de corda ou pano e uma estaca fincada no chão forneciam um compasso.

O mesmo resultado podia ser conseguido usando a sombra do Sol lançada


em seu meridiano, a saber, quando o Sol está mais alto no céu - o que
chamamos de meio-dia. Se, durante vários dias e semanas antes do
equinócio de primavera, a sombra do Sol fosse marcada no chão entre a
metade da manhã e a metade da tarde, existiriam vários padrões em forma
de "V" no chão, que se tornariam mais discerníveis à medida que o Sol
icasse mais alto a cada dia que passasse. Dia após dia, esses padrões não
variariam muito, porém, no período de cerca de um mês, haveria uma
diferença perceptível, especialmente se a pessoa estivesse vivendo no
Oriente Médio. Ao traçar uma linha da base da forma em "V" até a base do
poste marcador ou obelisco, o alinhamento norte-sul verdadeiro seria
determinado. Se essa linha fosse dividida, então o alinhamento leste-oeste
verdadeiro poderia ser determinado. A vantagem da marcação do Sol em
seu meridiano seria que o compasso poderia ser montado em qualquer
época do ano.

Haveria ainda mais uma vantagem na marcação do Sol em seu meridiano.


Se uma linha indelével fosse traçada no chão ao longo da linha da sombra
lançada pelo obelisco ou poste marcador, então a marcação da posição da
sombra, todo dia, permitiria que uma veri icação fosse feita sobre a
progressão das estações. Festivais religiosos poderiam ser marcados.
Tendo em mente que esse conhecimento sobre o funcionamento do mundo,
o macrocosmo, provavelmente icaria guardado entre os sacerdotes de
alguma comunidade religiosa, então assegurar a exata marcação do Sol em
seu meridiano seria considerada uma tarefa de responsabilidade. Isso
permitiria uma referência cruzada com base no dia das fases da Lua à
noite. Entre os sacerdotes, o dia seria regido pelo Sol, enquanto a noite
seria regida pela Lua.

Imaginemos que um semi-círculo fosse traçado em torno da base do


obelisco ou poste marcador, para o norte do poste, de modo que a sombra
lançada pelo marcador cruzasse esse semicírculo por um curto tempo
depois do nascer até o pôr-do-sol. Vamos imaginar também que, em torno
do semi-círculo, marcas fossem feitas em intervalos de 15 graus da linha
que representava o meio-dia, então um relógio de Sol rudimentar teria se
estabelecido, pois, como foi mencionado, uma rotação de 15 graus da Terra
representa aquilo que hoje em dia chamamos de uma hora. Seis setores de
15°, em cada lado da sombra de meio-dia, criariam um relógio de sombra
marcando as horas que atualmente conhecemos como 6 da manhã até 6 da
tarde. Existiriam, portanto, 12 marcas de segmentos no semicírculo.
Desnecessário mencionar, um círculo completo, com o segundo semicírculo
icando ao sul do poste, adicionaria mais 12 segmentos, perfazendo ao todo
24 segmentos, assim marcando e de inindo em 24 horas a rotação da
Terra.

Heliocêntrico x Geocêntrico
Hoje em dia, toda criança em idade escolar no mundo ocidental sabe que a
Terra orbita em torno do Sol. Mas a aceitação desse conceito não foi
conseguida facilmente.

Como observamos anteriormente, Eratóstenes foi o primeiro homem, que


se tem conhecimento, que provou que a Terra era uma bola e a mediu. Mas
isso não respondeu uma questão básica. Será que os planetas, as estrelas,
o Sol e a Lua viajavam em torno da Terra, em um universo geocêntrico, ou
será que a Terra viajava em torno do Sol, em um universo heliocêntrico?
As observações cientí icas e astronômicas sugeriam que a Terra orbitava
em torno do Sol. As Escrituras estabeleciam que Deus havia feito a Terra
primeiro, depois o irmamento com o Sol, em seguida a Lua e as estrelas.
Assim, a visão da comunidade religiosa era de que a Terra devia ser o
centro da criação e o centro do universo em torno do qual tudo mais foi
construído.

Essa perspectiva in lamou um debate que continuou por séculos, mesmo


antes do advento da Era Cristã. Nos primeiros dias da Igreja Romana, foi
decretado que o universo geocêntrico seria o sistema correto, e que
postular algo diferente era heresia. E essa foi a maneira que a Igreja, em
Roma, tratou a questão até o im do século XIX. Como conseqüência, essa
doutrina forçada se tornou a crença estabelecida na Europa Ocidental por
cerca de 1.500 anos. Foi dentro da própria Igreja Católica que as sementes
da mudança com o tempo se originaram. No século XV, um bispo católico
fazia secretamente descobertas que mudariam nosso entendimento.

Copérnico viveu entre 1473 e 1543 e era reconhecido como um notável


astrônomo e teólogo. Por volta de 1507, após alguns anos de cuidadosas
observações, ele entendeu que a Terra não era plana, mas esférica, e, o
mais importante, que ela orbitava em torno do Sol como faziam os planetas.
A Terra, ao que parecia, era de alguma forma interligada a eles. Ele
continuou desenvolvendo essa tese até que, em 1513, privativamente,
divulgou o estudo entre alguns amigos mais próximos, explicando suas
teorias. Copérnico não era louco. Ele sabia que a hierarquia católica de
então o estigmatizaria como lunático e herege se ele tentasse publicar suas
idéias naquela época. Finalmente, a teoria de Copérnico foi publicada, em
1543, em seu livro intitulado De revolutionibus orbium coelestrium [As
Revoluções das Esferas Celestes]. Mais tarde, estigmatizada pelo Vaticano
como a "Teoria Copernicana", ela foi desautorizada pela Igreja, de tal modo
que o livro foi colocado na lista de "proibidos" em 1616 e não foi removido
de lá antes de 1853.

A idéia de Copérnico não somente contrariou muitas iloso ias


estabelecidas, como também aqueles que as defendiam. Assim, a Igreja
decidiu que tais idéias eram ato de heresia e o perpetrador podia ser
condenado à morte ou lançado ao cárcere.

E foi isso o que aconteceu com outro famoso cientista e astrônomo, Galileu
Galilei. Galileu nasceu em 1564, exatamente 21 anos depois da publicação
das teorias de Copérnico. Por meio de seus próprios estudos astronômicos,
ele começou a perceber a verdade da obra de Copérnico, passando a
ensinar as idéias relacionadas a ela. A Igreja não gostou. Galileu foi preso
sob acusação de herege. Conta-se que Galileu foi torturado e somente
escapou de ser condenado à morte porque inalmente admitiu que estava
errado. Mas, como icou registrado, não sem antes gritar, chorando muito
sob tortura: "mas elas se movem" - uma referência às suas próprias
observações sobre o movimento das estrelas e planetas em suas várias
órbitas. Por adotar visões copernicanas, Galileu foi submetido a exílio
interno e passou os últimos oito anos de sua vida sob prisão domiciliar até
sua morte em 1642. Outras pessoas continuaram a explorar a teoria
copernicana até que inalmente houve o reconhecimento de que tanto
Copérnico como Galileu estavam certos: a Terra era redonda e realmente
orbitava em torno do Sol. Copérnico e Galileu, por dedução cientí ica,
demonstraram o universo heliocêntrico como realidade. Crenças religiosas
e científicas estavam agora em sério conflito.

Embora separadas por 2 mil anos, as conseqüências sofridas por Galileu


foram semelhantes às de Anaxágoras. As instituições religiosas claramente
tiveram alguma di iculdade de entrar em acordo com as novas descobertas
cientí icas, uma vez que haviam determinado, e decidido, a iloso ia de seus
dogmas religiosos.

Como foi mencionado antes, o castiçal de sete braços usado pelos israelitas,
a menorá, estava diretamente relacionada aos planetas conhecidos
naquela época. Havia um braço para o Sol, a Lua, Mercúrio, Vênus, Marte,
Júpiter e Saturno. De todos, Saturno era considerado o mais signi icativo.
Acreditava-se que o Céu, onde o Deus criador residia, icava bem depois da
órbita de Saturno. Assim, o planeta e sua órbita eram o ponto mais
próximo, que uma pessoa podia imaginar, da fonte da divina criação.

Há 3.500 anos, nossos ancestrais pensavam que Saturno era o planeta


mais distante da Terra. O planeta seguinte em nosso sistema solar, e o
terceiro maior, é Urano, e foi descoberto por William Herschel em 1781.
Netuno, o planeta seguinte, foi descoberto em 1846. Em 1930, mais uma
massa que orbitava foi descoberta, de inida como um planeta e que
recebeu o nome de Plutão. Setenta e cinco anos depois, os avanços da
Astronomia resultaram em uma mudança sobre a de inição de o que é um
planeta e Plutão foi rebaixado. Considerando que Saturno era um
componente estabelecido do entendimento israelita que emanava do
tempo de Moisés, o qual viveu em torno de 1.400 AEC, então cerca de pelo
menos 3.100 anos decorreram desde o estabelecimento da doutrina
religiosa israelita até a descoberta de que existem outros planetas em
nosso sistema solar. Essa descoberta singular contribuiria muito para
solapar a essência da iloso ia religiosa então existente, provocando maior
conflito entre ciência e religião.

Números, Aritmética e o Macrocosmo


Desnecessário dizer que se nossos ancestrais tiveram a capacidade de
avaliar o tamanho do mundo em que vivemos, então eles devem ter tido
algum entendimento de aritmética básica.

Existe uma opinião amplamente aceita por muitos estudiosos de que a


origem da Matemática começou com os babilônios em torno de 2.000 AEC.
Números foram usados bem antes dessa época como um método de
quanti icação e medição. Basta apenas dar uma olhada nas pirâmides de
Gizé para perceber isso. Presume-se que as pirâmides tenham sido
construídas por volta de 2.500 AEC, 500 anos antes do desenvolvimento da
aritmética babilônica. A Matemática é realmente o uso de números ou
grupo de números para resolver problemas com regras prede inidas,
como a multiplicação, a divisão, a potenciação e o cálculo.

Muito provavelmente foram os primeiros comerciantes que desenvolveram


o entendimento básico. Se tivessem comprado 200 bodes por um
determinado preço, eles gostariam de saber quanto haviam pago em cada
bode. Se fossem vender os bodes, eles gostariam de saber quanto teriam
de lucro com seu investimento, senão para que os venderiam? Mais tarde,
é provável que a administração do governo tenha desenvolvido a
Matemática no desejo de recolher impostos. Mas, de acordo com os
historiadores, só foi perto de 500 AEC que os gregos começaram a ampliar
os princípios matemáticos que os babilônios haviam desenvolvido.

Mais de uma vez, porém, vemos que nossos ancestrais tinham bom
entendimento dos números, provavelmente há 5 mil anos ou mais.

Pesquisadores nos dizem que muito tempo antes de expandirem os


princípios da Matemática, nossos ancestrais desenvolveram o interesse por
números, relacionando-os mesmos com o mundo natural. Eles descobriram
que os números mais comuns na natureza eram três, cinco e sete.

O número três, por exemplo, pode ser relacionado com o movimento do Sol
e suas três posições primárias: o equinócio, os solstícios de verão e de
inverno. O número cinco ocorre freqüentemente em formas de plantas com
o número de pétalas das lores. Como foi mencionado antes, o sete era o
número de esferas celestiais conhecidas nos tempos antigos.

Também aprendemos que as civilizações antigas se interessavam por


modelos e eventos que inspiravam esses padrões de números. Assim,
padrões como:

12121212121212

ou

666666666

ou

318318318

foram considerados com particular respeito.

Nossos ancestrais também adicionariam e subtrairiam números para obter


maior signi icação e simbolismo. Observe, por exemplo, o misterioso
número nove. Se você pegar a resposta de qualquer múltiplo de nove e
adicionar juntos os dígitos na resposta, a soma sempre será nove. Por
exemplo:

2x9=18 1 + 8 = 9

8x9 = 72 7 + 2 = 9

2 4 x 9 = 216 2+ 1 +6 = 9

3 2 x 9 = 288 2 + 8 + 8= 18 1 + 8 = 9

2 3 7 x 9 = 2133 2 + 1 + 3 + 3 = 9

Depois, havia a ordem dos números. Pegue como exemplo os primeiros


três dígitos no sistema de numeração: um , dois e três. Esses números têm
uma qualidade especial:

1+2+3=6

1x2x3=6

O número seis era altamente respeitado. As escrituras registram que Deus


criou Céu e Terra em seis dias. Esse era, portanto, um número simbólico
poderoso. O número sete tinha igual poder simbólico, pois as escrituras
registram que Deus descansou no sétimo dia.


A figura acima é da flor do arbusto da amora. Ela parece idêntica ao padrão
que conhecemos como pentagrama, com suas cinco pétalas espalhadas em
um padrão geométrico similar. O mesmo se aplica a muitas flores, como pode
ser

visto abaixo.


Exatamente como o padrão de números reteve incontestável simbolismo, o
mesmo aconteceu com a Geometria do mundo natural. Pegue, por exemplo,
o número cinco.

Não é di ícil, portanto, entender como nossos ancestrais conseguiram


vislumbrar o relacionamento entre a Aritmética, a Geometria e o mundo
natural. Tudo isso estava ligado em conjunto no macrocosmo.

Aparentemente, os números foram usados para outros ins simbólicos. As


pessoas dos tempos antigos não tinham o conceito de numeral que nós
conhecemos como "0" ou zero. Por gerações, aquilo que conhecemos como
zero era a indicação de que não havia nada ali. Assim, o número dez
também podia ser de inido como um. O número um era visto como o início
do processo de contagem, tinha unidade com a divindade e como tal passou
a representá-la. Como um é um número ímpar, e, por causa de seu vínculo
com a divindade, todos números ímpares eram vistos como números que
trazem boa sorte. Essa tradição continua verdadeira ainda hoje na cultura
islâmica. O número 20 também podia ser interpretado como dois, o
conceito da dualidade de Céu e Terra.

As origens da Geometria
Acredita-se que a base da Geometria tenha se originado do estudo dos
céus:

a) Que as 366 manhãs do ano solar formaram a base do círculo de 360


graus. Na Era Babilônica, a base da contagem era 60. Quando o Sol alcança
as extremidades da sua passagem de solstício de verão e inverno, seu
movimento di icilmente poderia ser detectável com o uso do dispositivo
básico, embora normalmente e iciente, que os antigos tinham à disposição.
O Sol teria que ser percebido parado nas pontas de seu percurso por
alguns poucos dias. Um período de três dias parado em cada ponta do
percurso pareceria razoável. Portanto, 360 não teria sido uma escolha
fantasiosa para a de inição do comprimento de um ciclo e, portanto, de um
círculo. Poderia parecer um número lógico, facilmente dividido em partes
menores, baseado no número 60. Quando se ignorava o resíduo de seis
dias daquelas manhãs, restando 360, tinha-se o número ideal que se
encaixava no sistema de contagem babilônico e na geometria. Assim, o 360
dividido por dois, metade, seria 180; dividido por três é 120; dividido por
quatro é 90; dividido por cinco é 72; dividido por seis é 60. O número 60 é
facilmente dividido em duas partes de 30; 60 dividido por três é 20; 60
dividido por quatro é 15; 60 dividido por cinco é 12. Em termos
geométricos, a segmentação do padrão, ou da circunferência de um círculo,
é um jeito conveniente de produzir ângulos menores, sem a necessidade
de instrumentação so isticada. A pessoa precisava apenas lembrar alguns
poucos princípios básicos referentes a um círculo.

b) O ciclo lunar de 30 dias formou a base do calendário religioso. Os 360


dias divididos por 30 = 12. Isso se relacionava ao Grande Círculo, também
conhecido como Grande Cinturão: o zodíaco e as 12 constelações em que o
Sol entrava durante o ciclo solar anual.

c) O ciclo solar tornou-se o calendário civil. As escrituras nos dizem que o


mundo foi criado em seis dias, com o sétimo sendo o dia do descanso.
Assim, a semana de sete dias foi de inida desde tempos muito antigos.
Como Deus criou o Céu e a Terra e depois descansou no sétimo dia, o
número sete passou a ser visto como algo especial, um número altamente
respeitado. Uma semana de sete dias dividida pelo número de dias em um
ciclo solar é igual a 52, e 5 + 2 = 7.

d ) O número 72 aproximava-se do tempo de vida estimado para o


homem, três vintenas mais dez. Mas também tinha outro signi icado. A
rotação do eixo da Terra durante a precessão do equinócio é de um grau a
cada 72 anos. Assim, em uma existência humana típica, a rotação
precessional da Terra teria avançado um grau. Foi esse o número que
encontrei no pavimento mosaico do Templo Maçônico de Brighton,
diretamente embaixo da abóbada celeste do zodíaco.

e) Para medir a passagem do tempo, um relógio - um relógio de sombra,


talvez baseado em um obelisco - precisava ter um círculo desenhado em
volta da base de um poste vertical. A posição do Sol em seu meridiano, ao
meio-dia, o mais alto ponto no céu que o Sol alcança em determinado dia,
podia ser marcada com uma linha reta a partir do centro da base do
obelisco ou poste. A partir disso, o círculo poderia ser dividido pela metade.
Cada metade poderia ser facilmente dividida em quatro segmentos de 45
graus. Daí é fácil dividir cada segmento de 45 graus em três partes iguais.
Isso resultaria em cada semi-círculo tendo 12 segmentos. Portanto, o
círculo completo teria 24 segmentos iguais. Cada segmento teria, portanto,
15 graus. Como foi mencionado antes, a Terra gira 15 graus em um
período que nós de inimos como uma hora em nossas modernas unidades
de tempo. A Terra gira 15 graus de seu ciclo diário de 360 graus em uma
hora e realiza uma rotação completa em 24 x 15 segmentos de graus, ou
em 24 horas. Mais uma vez podemos ver a in luência dos antigos em nossa
atual medição de tempo: 60 minutos = 1 hora, 60 segundos = 1 minuto.

f) O número 15 tinha outra característica simbólica. O ciclo lunar é de 30


dias e a Lua ica cheia no 152 dia de cada novo ciclo, marcado desde
quando o primeiro raio de luz podia ser visto, a Lua Nova.

Pelo que foi dito anteriormente, podemos reparar que, por meio da
observação do ritmo do sistema solar e do efeito resultante no
macrocosmo, essas in luências se entrelaçariam com os princípios da
Geometria. Avançados na observação dos céus foram os mesopotâmicos,
que receberam os créditos pela nomeação das 12 constelações do zodíaco.
Assim, por volta de 2.000 AEC, eles tinham razoável entendimento de
Geometria. Embora o Teorema de Pitágoras de ina o meio de encontrar o
comprimento da hipotenusa de um triângulo reto, usando a soma dos
quadrados dos outros dois lados, esse era um processo que os babilônios
também dominavam. Pitágoras embalou isso de um jeito que seria
facilmente entendido, conquistando a imortalidade ao fazê-lo, mas os
babilônios, que já conheciam esse processo, passaram para a obscuridade.
Uma antiga placa de argila da Babilônia demonstra claramente o
entendimento deles. Mas foram os ilósofos e os matemáticos gregos que
a inal receberam a maior parte do crédito da descoberta geométrica,
embora em muitos casos estivessem construindo sobre os fundamentos
lançados por babilônios e egípcios.

Conclusão
O conhecimento a respeito do Sol, seu nascimento e seu ocaso, o avanço
das estações e a precessão do equinócio, eram características bem
entendidas pelos nossos recentes ancestrais. Eles aprenderam a usar a
sombra lançada pelo Sol para medir a circunferência da Terra com alto
grau de exatidão. Também está claro que tinham completo entendimento
dos ciclos da Lua.

Isso eles viam claramente como luzes guias em suas vidas, de tal maneira
que elas se tornaram o coração de seus sistemas de crenças religiosas.

Todo conhecimento que nossos ancestrais possuíam a respeito do mundo


natural era o tipo necessário para permitir que os maçons operativos
realizassem suas tarefas de construção. Agora é possível entender a razão
pela qual as cerimônias maçônicas pareciam como o legado dessas eras
passadas.

Mas desenhar um prédio em harmonia com as forças da criação, com o


macrocosmo, era algo diferente. Isso exigia claramente conhecimento
especializado. Qual seria esse conhecimento?



CAPÍTULO 3
Conhecimento Secreto - Sabedoria Sagrada
(...) Tu vês a fonte de ensinamentos que emana da sabedoria? (...) Que
vantagem existe em conhecer as causas da maneira do Sol se mover, por
exemplo, e o restante dos corpos celestiais, ou de estudar os teoremas de
geometria ou lógica, e cada um dos outros ramos de estudo? (...) Tratar da
descrição dos objetos celestes e da forma do universo, da rotação dos céus e
do movimento das estrelas, levando a alma mais perto do poder criativo,
ensina logo a perceber as estações do ano, as mudanças no ar e o
aparecimento das estrelas; assim como a navegação e a agricultura retiram
muitos bene ícios daí, também acontece o mesmo com a arquitetura e a
construção a partir da geometria. Esse ramo de ensino, igualmente, faz a
alma se elevar ao mais alto grau observador, capaz de perceber a verdade e
de detectar o falso, de descobrir correspondências e proporções, e, ainda, de
afastar a similaridade de coisas diferentes; e nos leva a descobrir o
comprimento sem largueza, a extensão super icial sem espessura e um ponto
indivisível, transportando para o intelecto objetos a partir dos sentidos.

de Textos Sagrados

Bem antes do desenvolvimento de compilações aritméticas so isticadas, a


Geometria era uma importante ferramenta de resolução de problemas do
tipo que hoje resolvemos facilmente como conseqüência de nosso
entendimento matemático. Nossos ancestrais perceberam que três iguras
geométricas - o quadrado, o círculo e o triângulo - formavam a base de
quase todas as soluções de seus problemas particulares. O círculo era o
mais respeitado de todos os símbolos geométricos, já que era uma linha
que, sem começo de inível e, portanto, sem im, representava o in inito. O
centro do círculo era o ponto mais respeitado, já que de cada parte da
circunferência era equidistante, sendo o centro da criação e, portanto,
in inito em poder. Um pino podia ser cravado no chão com uma corda ou
um pano amarrado à ponta de uma estaca e à outra vareta; então, quando
puxava a corda ou esticava o pano, uma pessoa podia traçar um círculo no
chão ao caminhar em volta da estaca. A partir de onde se originasse, a
circunferência do círculo podia então ser usada para estabelecer as quatro
faces de um quadrado.

Os princípios da Geometria foram registrados em uma série de teoremas


expostos pelo matemático grego Euclides por volta de 300 AEC. Um dos
primeiros princípios a que ele faz alusão é o processo de dividir uma linha
reta em duas partes iguais. Isso é feito pegando a linha AB e desenhando
dois círculos de igual diâmetro, um círculo em cada ponta da linha, de
modo que eles se sobreponham.

Vesica Piscis Vesica Piscis


Área da Vesica Piscis

O desenho de uma linha vertical entre os pontos C e D vai dividir em duas


partes a linha AB, com dois comprimentos iguais.

Esse conceito pode ser obtido em um estágio suplementar, quando os


círculos, ambos de igual diâmetro, são desenhados de tal modo que a
circunferência de um toque o centro do outro círculo. Esse modelo
geométrico era bem conhecido dos antigos e foi passado adiante, até nós,
com o título de Vesica Piscis. A área resultante, onde os dois círculos se
sobrepõem, é conhecida como a Vesica. Ela produz algumas características
interessantes. Por exemplo: é possível a partir do uso desses dois círculos
determinar um ângulo de 30 graus e de 60 graus. Isso é mostrado no
diagrama abaixo por meio de dois pontos, onde 60 graus é de inido pelos
pontos ACB. A linha em negrito, em ângulo, representa a hipotenusa de um
triângulo reto CBA. Então, o ângulo oposto, BAC, é 30 graus. Ao
transformar essa relação simples em um retângulo (como mostram as
linhas pontilhadas) e ao dividir em dois os ângulos com um par de círculos,
é possível criar os ângulos de 15, 30, 45, 60, 75 e 90 graus. Assim, com um
simples par de círculos e uma ponta reta, por exemplo um padrão de 24
polegadas, nossos ancestrais eram capazes de determinar os ângulos
geométricos primários normalmente usados.

Vesica Piscis

Ângulo ABC = 60 Graus


Ângulo BAC = 30 Graus

Essa estrutura geométrica simples imediatamente leva à construção de


outra figura importante: o triângulo equilátero.

Vesica Piscis

Assim, nossos ancestrais, por seus conhecimentos de Geometria, eram


capazes de produzir, com considerável exatidão, as três formas
geométricas mais comuns em seu arsenal de construção: o círculo, o
quadrado e o triângulo equilátero, os últimos dois sendo derivados da
forma básica, o círculo. Então, o círculo tornou-se um dispositivo
geométrico altamente considerado. Mas, essencialmente, o ponto no centro
do círculo era o mais respeitado, pois nenhum círculo poderia ser
construído sem ele. E, à medida que o círculo fornecia a forma que daria
origem a muitas outras geometrias, que por seu lado serviram de base
para a construção de muitos templos, palácios e prédios importantes dos
tempos antigos, assim esse ponto dentro do círculo passou a ser visto como
o centro a partir do qual toda criação emanava. Alguém pode imaginar que,
por meio de seu conhecimento do macrocosmo interligado, e da crença de
que o próprio Deus havia projetado e implementado cada elemento inal
de tudo isso, nossos ancestrais acreditavam que Ele devia ter usado os
mesmos princípios geométricos. Então, também se pode imaginar que o
centro do círculo, in inito na sabedoria e no conhecimento que poderia
derivar do mesmo, fosse respeitado como o próprio Deus.

A vesica ou a área central dos círculos entrelaçados, era tratada não


somente com respeito, mas como uma entidade sagrada. Era uma área a
partir da qual tantas coisas mais, geometricamente, podiam ser criadas.
Com o conhecimento que tinham do macrocosmo, não passou despercebido
de nossos ancestrais que a forma não era diferente daquela da vulva da
mulher, a origem da forma inteligente, a origem de todos nós. Isso então
representava a geometria da vida. A medida que o tempo passava, isso foi
adquirindo outros signi icados. Por exemplo: a área central também tem a
forma parecida com o olho e assim também passou a signi icar a visão
compartilhada ou o terreno comum. Na livraria do Vaticano, existe um
cartão-postal que mostra o selo do cardeal Antonio Correr (1431-1445),
que foi bispo de Bolonha entre 1407 e 1412. A forma indisfarçável é a da
vesica. Dentro da vesica, a igura mostra um grupo de pessoas em oração,
ao passo que mais além a imagem de um homem, provavelmente
representando Jesus Cristo, ascende aos Céus, sendo caracterizado como
uma estrela de cinco pontas. É a crença comum da fé cristã. O selo
demonstra o signi icado simbólico que a forma da vesica recebia. Ainda
hoje, os coristas da Igreja e as pessoas ligadas à música na Igreja Cristã
estão bastante familiarizados com o símbolo, pois o mesmo é a base das
medalhas que recebem como demonstração de sua habilidade.

O conhecimento do potencial prático da Vesica Piseis seria de considerável


utilidade para os construtores dos tempos antigos, pois permitia que
dispositivos para a medição de ângulos de 30, 60 e 90 graus fossem
desenvolvidos no local, bem melhor que carregar dispositivos incômodos
de um lugar para o outro. No Museu do Cairo existe uma maravilhosa
exposição de esquadros de construtores, encontrados em sítios
arqueológicos no Egito, datados em torno de 2.500 AEC. Se eles foram
criados ou não com o uso dos princípios geométricos da Vesica Piseis, é
assunto de pura especulação. Porém, um método para a criação de tais
ferramentas era claramente entendido naqueles tempos.

Muitas das plantas baixas para a construção de igrejas e monumentos


importantes originaram-se dos princípios da Vesica Piscis.

Edward Condor, antigo Mestre da Companhia dos Maçons de Londres, em


seu livro intitulado Records of the Hole Crafte & Fellowship of Masonry, With
a Chronicle of the History of the Worshipful Company of Masons of the City of
London [Registros do O ício Sagrado e da Fraternidade da Maçonaria, com
uma Crônica da História da Venerável Companhia dos Maçons na Cidade
de Londres], faz a seguinte observação:

(...) por volta do século XII, podemos facilmente imaginar como a construção
do triângulo equilátero(...) deve ter assustado os primeiros arquitetos
cristãos, dando a eles, pela intersecção de duas circunferências, um novo
modelo para o arco (...)

O arco a que ele se refere nós conhecemos como o arco gótico,


característico das grandes catedrais da Europa que foram construídas
entre os séculos XII e XIII. A maioria das fontes de informação nota que os
melhores exemplos podem ser encontrados nas catedrais de Canterbury e
Chartres. Acredita-se que o estilo gótico tenha se originado na construção
da catedral dedicada a Saint Denis, onde hoje em dia icam os subúrbios ao
norte de Paris. Essa concepção foi usada pela primeira vez na Inglaterra na
reconstrução da catedral de Canterbury, depois que o prédio original foi
destruído por um incêndio.

Na realidade, esse conceito de desenho é lembrado na catedral de


Peterborough, situada cerca de três milhas ao norte da cidade
universitária de Cambridge, na Inglaterra, onde as paredes internas foram
adornadas com esculturas que mostram uma série de arcos interligados,
derivados da forma da Vesica Piscis. É quase como se os construtores
medievais tivessem deixado um registro de que o princípio dos círculos
entrelaçados forneceu a base do desenho e da construção da catedral.
Retornaremos à geometria da catedral de Peterborough novamente em
outro capítulo.

A figura acima mostra parte da parede sul dentro da Catedral de


Peterborough. A ligação da Vesica Piscis é claramente definida.

Maiores evidências ainda podem ser vistas na catedral de Lincoln, situada


na costa leste central da Inglaterra. Essa catedral comporta duas
maravilhosas janelas em rosáceas: uma virada para o norte e a outra para
o sul. Ambas as janelas são circulares, mas duas vesicas podem ser
claramente vistas desenhadas na armação de chumbo.

Outros símbolos geométricos também podem ser desenvolvidos a partir de


círculos interligados. Entre estes havia um claramente associado ao rei
Salomão que, em diferentes épocas, vem sendo referido como o Selo de
Salomão, a Estrela de Davi de seis pontas. O pentagrama às vezes também
é citado como o Selo de Salomão. Por causa de seu signi icado, voltaremos
ao Selo de Salomão em outro capítulo.

Embora seja um processo geométrico raramente falado no século XXI, a


Vesica Piscis continua sendo usada ainda hoje. Ela pode freqüentemente
ser exibida como um símbolo cristão.

Quando comecei a investigar o Templo Maçônico de Sussex, o conceito e o


termo Vesica Piscis eram completamente desconhecidos para mim. E isso
ainda renderia uma grande surpresa. Pois, como vamos descobrir no
devido tempo, in luenciariam diretamente o desenho tanto do Templo
Maçônico de Sussex como do Templo de Salomão.

A corrente
A Vesica Piscis também permite outro potencial geométrico: o de uma
corrente. Ao desenhar uma linha do topo do eixo vertical de um dos
círculos até o fundo do eixo vertical do círculo adjacente, a linha vai cruzar
o centro da vesica. Um círculo adicional, acrescentado de modo que sua
circunferência se encaixe no ponto central, criará um efeito de corrente,
com base em meios raios. Obviamente tal efeito poderia ser obtido em um
plano horizontal ou vertical. Esse efeito de corrente, aparentemente, era
visto como um símbolo de sorte pelos antigos egípcios; por isso, quatro
desses círculos entrelaçados foram escolhidos para formar o símbolo
usado por um fabricante de veículos de prestígio com sede na Alemanha.

Visica Piscis formando uma corrente

A constante do círculo - enquadrando o círculo


Os antigos perceberam que deveria existir um relacionamento entre a
circunferência e o diâmetro de um círculo, a razão que atualmente
conhecemos como o número pi. Os egípcios icaram conhecidos por ter
de inido a razão de 3,1, a razão que é encontrada em relação às colunas do
Tempo de Salomão:

Ele fundiu duas colunas de bronze, cada uma com 18 côvados de altura e 12
covados de circunferência.
1 Reis 7,15

Com base na razão de 3,1, a medição de 12 para a circunferência daria o


diâmetro de quatro. Esta razão é exposta em uma cerimônia maçônica na
qual, em relação às colunas, se afirma:

(...) a circunferência tinha 12 côvados e o diâmetro, quatro.

Os egípcios sabiam, porém, que a razão exata era um pouco maior que o
número três exato. Em sua tentativa de descobrir a razão exata, os egípcios
procuraram um quadrado cuja dimensão lateral tivesse uma área
equivalente à de um círculo especí ico. Isso era conhecido como enquadrar
o círculo. Descobriu-se que o círculo com diâmetro de nove unidades (nove
côvados) produzia a mesma área equivalente a um quadrado cujos lados
mediam oito unidades (oito côvados). O nove dividido por oito (9/8) é igual
a 1,125. Acredita-se que isso tenha dado a eles a razão constante de 3,125.
Isso é extraordinariamente próximo do valor normal usado hoje em dia de
3,142, uma variação de apenas 0,5%. A medição de 3 1/8 (três e um
oitavo) não era fácil, mas a medição de 12 1/2 (12,5) era. E 12,5 é um
valor equivalente muito próximo do 4x n (pi).

O valor de Fi
Havia ainda outro relacionamento numérico que parecia ser de particular
interesse para os nossos ancestrais. Assim como os números três, cinco e
sete eram vistos como os mais comuns na natureza, também eles
perceberam que o valor de Fi também podia ser interpretado
geometricamente. Enquanto a maioria dos caracteres aritméticos ou
geométricos tem um número simples de inível, o Fi tem dois valores
numéricos: 1,618 e 0,618, que, por conveniência, são escritos
simplesmente como 1,6 ou 0.6. O Fi também se tornou conhecido como a
Proporção Áurea ou a Proporção Divina. É uma daquelas fascinantes
características geométricas que, mais uma vez, di icilmente ainda é
mencionada hoje em dia, embora nossos ancestrais tenham usado essa
proporção na construção de muitas das maiores e remanescentes
estruturas da Antigüidade, como o Parthenon em Atenas, que as gerações
posteriores aprenderam a respeitar. Os relacionamentos proporcionais
empregados criam um efeito que determina que a estrutura esteja
visualmente em harmonia.

Para entendermos isso, precisamos examinar aquilo que veio a ser


chamado de a seqüência de Fibonacci. Em termos simples, a mesma
começa com os primeiros números de nosso sistema de contagem, zero, um
e dois. Se somarmos 0 + 1 , então a resposta é 1. Se agora adicionarmos 1 +
1, a resposta é 2. Depois, se pegarmos o último total de 2 e adicionarmos ao
mesmo o total anterior de 1, então teremos 3. Se continuarmos com esse
formato, teremos a seguinte série de totais:

0+1 = 1 8 + 5 = 13

1 + 1 = 2 13 + 8 = 21

2 + 1 = 3 21 + 13 = 34

3 + 2 = 5 3 4 + 2 1 =55 e assim por diante.

5 + 3 = 8

Na seqüência de Fibonacci descobrimos que, se pegarmos dois totais


adjacentes quaisquer e dividirmos um pelo outro, então o resultado é
muito próximo do valor de fi.

13/8=1,625(1,6) 8/13 = 0,615

55/34=1,6176 34/55 = 0,6181818181818181818181818...

Descobrimos que, uma vez passados alguns dos primeiros totais, os


resultados aritméticos nos totais oscilam em volta dos algarismos 1,618 e
0,618, mas sempre começam com 1,6 e 0,6. Então, esses dois números, 1,6
e 0,6, tornaram-se sinônimos da representação de Fi.

Se olharmos a primeira coluna nas somas acima e desenharmos retângulos


com essas proporções, então teremos o que é conhecido como a Proporção
Áurea.
A Proporção Áurea, também conhecida como Proporção Divina, destaca-se
na construção geométrica de algumas das grandes catedrais da Europa. E,
como veremos, ela surge nos locais mais inesperados.

O Fi é uma característica encontrada extensivamente em proporções


associadas à estrutura do coipo humano, como na relação entre o centro
dos olhos e a largura da cabeça, a distância entre o cotovelo e o pulso, a
proporção entre o comprimento do braço medido do ombro até o cotovelo.
A posição geralmente mais citada é a do umbigo em relação à altura da
pessoa. Ao medir a altura da pessoa, você vai medir a distância do alto da
cabeça até o umbigo; depois, a posição do umbigo até a sola dos pés, que
eqüivale à do umbigo em relação ao chão; e dividir a distância dos pés ao
umbigo pela distância do umbigo até o alto da cabeça, o resultado disso
tudo é Fi, 1,618 (1,6). A espiral da concha do caramujo do mar também tem
a razão de Fi. A Pitágoras atribui-se essa descoberta da conexão da
natureza com todas as coisas que achamos agradáveis ao olhar. Quando
chegamos à beleza humana, as mesmas razões são encontradas. Por
exemplo, a largura do nariz como razão da largura da boca. Isso é sugerido
pela obra de um cirurgião plástico, que mora nos Estados Unidos, sobre a
definição do que achamos belo na face humana.

Falando de um modo geral, uma estrutura construída com base no conceito


de Fi tem proporções simétricas e agradáveis aos olhos da mesma maneira
que muitos atributos da natureza são igualmente agradáveis. Estando
relacionada com a natureza, essa estrutura, portanto, era vista como tendo
a proporção preferida do Criador, e como tal era uma criação divina, daí a
expressão Proporção Divina.

Geometricamente a razão pode ser desenhada como a seguir:


A partir daí poderá ser visto que um quadrado de qualquer tamanho pode
ser transformado em um retângulo da Proporção Áurea, com o quadrado
ABCD acima se tornando os retângulos de inidos pela linha de base DZ e
CY. Existem seções das grandes catedrais europeias onde a pessoa pode
claramente ver como os maçons construtores teriam usado esse tipo de
geometria para estabelecer um prédio de proporção divina.

Esse aspecto do valor de Fi tem outras conexões geométricas que


mostraremos no devido momento.

O quadrado secreto do maçom


Nessa geometria geral, existia outro segredo que os maçons de
antigamente entenderam e usaram. Ele é diversamente conhecido como o
corte secreto, corte sagrado ou quadrado sagrado. Como isso também está
ligado ao trabalho dos maçons, resolvi chamá-lo de quadrado secreto do
maçom.

A igura a seguir é a janela de uma igreja em Lewes, cidade do condado de


Sussex Leste. A igreja rastreia sua história até uma época logo em seguida
à Conquista Normanda e, portanto, foi construída no mesmo período de
muitas das grandes catedrais da Europa. Dentro dela se destaca a
construção do arco gótico pontiagudo [em ogiva] não apenas típico da
época, mas inerente ao processo geométrico da Vesica Piseis. Esse tipo de
desenho não é incomum, e pode ser encontrado em muitas igrejas e
prédios importantes.

A estrutura externa octogonal carrega um simbolismo que será


mencionado em outro capítulo. O octógono pode ser facilmente produzido
com o uso de um esquadro e um compasso, as ferramentas principais do
maçom.

O desenho completo teria sido conseguido com a ajuda de um compasso, de


uma régua, como um esquadro, e do conhecimento do processo de
trabalho dos segredos da geometria sagrada.

Um quadrado em torno do círculo central da Vesica Piscis de inia os pontos


internos da cruz de quatro folhas, ao passo que o quadrado secreto do
maçom, derivado do quadrado externo original e do octógono, de inia a
espessura do relevo em torno do padrão de inido pelos círculos da Vesica.
Era como se, na construção dessa igreja medieval, os construtores
estivessem registrando os princípios geométricos que governavam seu
planejamento e sua construção.

A borda externa tem 24 segmentos triangulares representando o ciclo da


Terra em um dia, e o espaçamento de 15 graus que representa uma hora.

A Geometria sagrada - o segredo de um maçom

Através da minha introdução nessa área da Geometria, sua associação com


o macrocosmo e seu uso no desenho e na construção de prédios sagrados,
eu me dei conta de que todo esse gênero de forma geométrica, e seu uso,
em algum momento no passado, tornou-se conhecido como Geometria
Sagrada. Era fácil compreender por que os maçons dos tempos antigos
buscaram entender esse conhecimento: era essencial para o o ício deles.
De fato, em quase todas as Lojas Maçônicas, a letra "G" ica posicionada
perto do centro da sala em uso. Documentos históricos e pesquisas de
outras pessoas indicam que essa letra "G" denota Geometria. Isso
esclareceu para mim que, em tempos antigos, esse conhecimento era para
ser guardado de maneira zelosa. Era o tipo de informação que demandava
que fosse transmitida apenas dentro do o ício, à medida que cada
pro issional demonstrasse ter entendido plenamente, manifestando
pro iciência de entendimento e reprodução em cada nível de
especialização do conhecimento. Para garantir que essa informação
permanecesse como segredo de o ício, punições draconianas foram
de inidas para os transgressores que violassem o código de honra que
juravam obedecer, de não revelar tais segredos para ninguém que não
estivesse preparado para conhecê-los. Isso ajudou a garantir a
con idencialidade de valiosos segredos da arte. Assim, cada novo nível de
pro iciência exigia uma demonstração de reconhecimento, de modo que
outras pessoas de conhecimento similar ou superior tivessem o meio de
saber se o indivíduo tinha, de fato, alcançado certo nível de entendimento e
aceitação dentro do o ício. Atualmente, em várias áreas de especialização
pro issional, certi icados são emitidos por corporações examinadoras
regulamentadas, e a apresentação de um certi icado para algum futuro
empregador serve para demonstrar um nível de pro iciência no
entendimento de uma pro issão, tanto na teoria como na prática. Os
procedimentos de exame atualmente são, portanto, meras extensões
daqueles processos de promoção de níveis desenvolvidos por
fraternidades de ofícios como os maçons.

A antiga memória do Sol e da Lua continua viva

Dentro do serviço de comunhão da Igreja Anglicana existe um segmento


conhecido como Credo Niceno. Trata-se de uma declaração que a
congregação profere em voz alta, rea irmando seu compromisso individual
e coletivo com sua religião. Da mesma forma, sem dúvida, que muitos
outros freqüentadores assíduos de serviços religiosos, eu rotineiramente
me juntei nessa rea irmação. Foi assim que em uma manhã de domingo,
nosso vigário de então, como parte de seu sermão, falou a respeito do
Credo Niceno. Ele observou que estávamos rea irmando um compromisso
começado por bispos no Concílio de Nicéia, no século IV. Ele se admirava
com as muitas gerações que, desde aquela época, ielmente izeram essa
rea irmação de modo que pudéssemos receber a mesma como havia sido
originalmente escrita.

Esse evento ocorreu durante um período em que, no esforço para


entender mais a respeito de nossos antepassados, eu estava lendo muito
sobre história antiga e procurava encontrar referências e comparações
cruzadas entre religiões antigas e suas conexões com as religiões
ocidentais eminentes que existem hoje em dia. Quase por acaso, deparei
com um gênero de livros que analisa a religião em um contexto histórico,
em vez de em declarações de fé, e questionavam as interpretações que, no
passado, tanto o dogma da Igreja quanto a retórica haviam sido reforçados
e expostos como verdades absolutas. Esses livros abriram um mundo
totalmente novo para mim, fornecendo respostas para muitos aspectos da
religião que eu sentia que não haviam sido totalmente esclarecidos em
minhas próprias práticas religiosas.

Não pretendo fazer aqui nenhuma revisão detalhada desse material, a não
ser observar que o Sol, a Lua e os macrocosmos eram componentes-chave
de todas as religiões primitivas, que também passaram para o simbolismo
do Cristianismo. O que despertou interesse em mim foi que, à medida que
a doutrina cristã se espalhava pela Europa, outras crenças religiosas eram
removidas de sua frente sob o título de paganismo. Para destruir qualquer
registro dessas religiões, os lugares sagrados dos pagãos muitas vezes
foram absorvidos pelo Cristianismo, talvez com uma igreja sendo
construída no local. Os festivais pagãos foram absorvidos pela religião
cristã e "rebatizados". Nestes estão incluídos:

•25 de dezembro, uma data anteriormente associada ao solstício de


inverno e celebrada como o renascimento do Sol. Ela se tornou o mais
importante festival dos seguidores do Sol Invictus, o deus Sol romano.

•A véspera do Dia de Reis, como os 12 dias do Natal, era um festival


druídico. Era um ponto em que o Sol podia ser positivamente medido
quando se movia para o norte depois de atingir o ponto mais ao sul, o
solstício do inverno. A véspera do Dia de Reis também era celebrada como
o festival do renascimento do Sol, que logo traria calor, luz e abundância de
volta à Terra, banindo os dias escuros e frios do inverno. Era um tempo de
festa na Europa Céltica quando, antes da chegada do Cristianismo, árvores
e bosques eram decorados como parte do estímulo para o renascimento do
mundo natural. No Cristianismo, essa data passou a comemorar a suposta
chegada dos três reis magos a Belém em busca do novo rei, trazendo junto
com eles presentes como ouro, incenso e mirra. E, posteriomente, tornou-
se o dia da festa de São João, celebrada em 6 de janeiro.

Interessante é que, através dos séculos, existiram vários dias de festa


maçônica que eram comemorados em 6 de janeiro. Isso estabelece mais
uma vez uma conexão direta entre as cerimônias maçônicas e o Sol: quer
fosse intencional ou por acidente, o vínculo estava lá.

A herança do culto ao Sol e à Lua continua uma característica de nossas


vidas. A memória permanece em nosso calendário por meio dos nomes dos
dias da semana. Todos os dias da semana [no calendário europeu] têm
nomes de deuses associados aos planetas. Sábado[Saturday], por exemplo,
é o dia do deus Saturno. Saturno era um elemento central da religião
israelita primitiva e observa-se que, nesse dia, aqueles que professam a fé
judaica celebram o seu Sabá. Os nórdicos e os vikings, que invadiram a
região norte da Grã-Bretanha, deixaram a lembrança de seus deuses por
meio de Woden, Thor e Freyja, que tinham conexões diretas com o
macrocosmo. Muitas partes da Grã-Bretanha foram obviamente
in luenciadas pelo idioma francês após a conquista normanda. Com forte
in luência latina, derivada dos romanos, essa herança pode ser encontrada
nos nomes dos outros dias da semana, que foram nomeados conforme os
deuses romanos. Assim a lista completa é a seguinte:

Sábado [Saturday] era o dia do deus Saturno.

Domingo [Sunday] era para o deus Sol.

Segunda-feira [Monday] era para a deusa Lua - Lundi vincula-se com


lunar.

Terça-feira [ Tuesday | era para o deus Marte - Mardi.

Quarta-feira [Wednesday] é para o deus Mercúrio - Mercredi e Woden.

Quinta-feira [Thursday] era para o deus Júpiter - Jeudi e Thor.

Sexta-feira [Friday] era para a deusa Vênus - Yendredi e Freyja.

O festival religioso da Páscoa originou-se do festival pagão de Eostre. Esse


festival celebrava a chegada da primavera, tempo de renascimento e
renovação. Parece que não existia um dia exato que de inisse quando esse
festival seria celebrado. Isso mudou quando ele foi absorvido pela Igreja
Cristã como uma data paia relembrar a cruci icação. A igreja primitiva, por
intermédio do conselho de Nicéia por volta de 325 EC, ixou o dia de
celebração como sendo no primeiro domingo após a primeira Lua cheia
que ocorre durante ou após o equinócio Vernal (Primavera). Essa prática
continua a existir ainda hoje, cerca de 1.700 anos após ter sido de inida
pela primeira vez. A data da Páscoa é ixada pelo trânsito das órbitas
celestes do Sol e da Lua. O calendário solar tinha, nos tempos romanos, se
tornado o calendário pelo qual os eventos civis e administrativos eram
governados. As instituições religiosas continuaram a usar o calendário
lunar. O imperador romano Constantino convocou o Concílio de Nicéia.
Embora defendesse o estabelecimento da aceitação cristã, ele continuou
acreditando nos deuses romanos da época e, em particular, no culto ao
deus Sol, Sol Invictus. Ao de inir o dia de festival como um domingo (o dia
do deus Sol), Constantino estava então apaziguando seu deus, quando
formalizou o festival de Eostre e juntou os calendários civil e lunar. Sob
muitos aspectos, isso foi uma obra-prima de diplomacia.

Na época em que o Concílio de Nicéia se reuniu, em 325 EC, o calendário


civil em uso era o que foi legado por Júlio César. Esse calendário
permaneceu em uso em toda a Europa até o século XVI. Ele tinha certas
falhas em conseqüência disso, datas importantes foram deslocadas; por
exemplo, o equinócio de primavera, que conhecemos como 21 de março,
desviou-se no tempo em cerca de dez dias. Por volta do século XVI, a Igreja
Católica estava com grande di iculdade para ligar a data de inida no
calendário com os eventos tradicionais determinados a partir da
observação solar e lunar. Durante o reinado do papa Gregório, um novo
calendário foi inventado, o calendário gregoriano, que continuamos a usar
atualmente em nossa vida profana. Foi criado em 1582 e seu uso
gradualmente se espalhou para todos os países sobre os quais a Igreja
Católica tinha então in luência política. Foi somente cerca de 200 anos mais
tarde, em 1752, que o calendário foi adotado na Inglaterra e, portanto, em
suas colônias, especialmente nos Estados Unidos. Para ajustar a diferença
de dias acumulados que existiam no calendário juliano, algum
realinhamento era necessário. Na Inglaterra isso foi feito no mês de
setembro, quando a quarta-feira, 2 de setembro, era seguida pela quinta-
feira, 14 de setembro. Isso causou considerável revolta, especialmente
entre os proprietários de terra e seus arrendatários, quando estes últimos,
ao pagar seus arrendamentos, acharam que estavam sendo trapaceados
em dez dias de pagamento por dias que não existiram.

A estrutura do calendário gregoriano, como conhecemos, dita que existem


alguns meses com 28 dias, alguns com 30 e outros com 31. E assim, claro,
existem anos bissextos, que aumentam o mês de fevereiro para 29 dias.
Então, foi com alguma surpresa que encontrei uma referência ao fato de
que, desde os primeiros dias de fundação das Nações Unidas, uma
proposta aparentemente estava pendente para um novo sistema de
calendário global. Foi, aparentemente, sugerido que esse novo calendário
tivesse 12 meses, cada um com 28 dias, quase um eco dos calendários
religiosos lunares dos tempos antigos, e mais um mês complementar a ser
instalado entre os atuais meses de junho e julho, para encaixar os dias
excedentes.
12 meses de 28 dias = 336 dias

365 dias - 336 dias = 29 dias e 30 dias em um ano bissexto.

E qual nome foi sugerido para esse novo mês?... Sol, novamente o Sol.

Como mencionamos anteriormente, a religião cristã primitiva absorveu


antigos locais sagrados pagãos com a construção de igrejas no mesmo
terreno. Quase todas as igrejas receberam o nome de algum santo. A Igreja
Católica implantou uma estrutura em que um dia de uma festa especí ica
era alocado no calendário com a celebração de um santo em particular.
Assim, por exemplo, o dia da festa de São Jorge é 23 de abril. Era prática
comum construir a igreja com orientação não apenas no eixo leste-oeste,
mas mais exatamente alinhado ao ponto no horizonte ocidental onde o Sol
surgia no dia do festival associado ao santo ao qual a igreja era dedicada.
Assim, uma igreja dedicada a São Jorge estaria orientada para aquele
ponto no horizonte onde o Sol surgiria no dia 23 de abril. Também
devemos notar que o altar era invariavelmente colocado no leste de modo
que os primeiros raios do Sol do dia pudessem iluminá-lo. É por essa razão
que normalmente uma grande janela icava instalada na extremidade leste
da igreja.

Tal processo de orientação precisava ser totalmente entendido pelos


maçons que realizavam o trabalho de construção. Dentro do repertório de
habilidades deles, havia uma necessidade não apenas para os métodos e
truques da pro issão associada ao entalhe da pedra, mas para o
conhecimento associado aos princípios tanto da mecânica como da
geometria celeste.

Princípios teóricos são ótimos, mas não têm nenhum valor a menos que
sejam colocados em prática, ou seja, demanda o desenvolvimento de
aparelhos, instrumentos e procedimentos repetíveis para garantir a
consistência dos resultados. Sabendo que nossos ancestrais não tiveram a
vantagem das tabelas de logaritmos e trigonometria, então qualquer
aparelho que eles desenvolvessem deveria, por necessidade, ser simples
de fazer e de usar. A questão é: nossos ancestrais tiveram instrumentos
que permitissem essas medições so isticadas? A resposta mais provável é
sim. Surpreendentemente, um dispositivo simples pode ter vindo de uma
forma que a maioria das pessoas no mundo ocidental reconhecerá, embora
em um contexto totalmente diferente.

A cruz céltica

A cruz que conhecemos como parte da iconogra ia do Cristianismo


representa o dispositivo no qual Jesus foi cruci icado e simboliza a dor e o
sofrimento que acompanharam o evento. Porém, nos primeiros séculos
após os eventos de Jerusalém, há 2 mil anos, o símbolo da cruz não era
identi icado com a iniciante religião cristã, especialmente como viemos a
conhecê- lo por meio da cruz latina, com sua longa haste reta e seu braço
cruzado mais curto.

O símbolo original era o peixe ou Ichthys (a palavra grega para peixe),


símbolo que, de acordo com a tradição, os cristãos primitivos usavam como
meio secreto de identi icação em uma época em que eram perseguidos
pelas autoridades romanas. A perseguição apenas parou com a Declaração
de Milão, em 313 EC, que efetivamente fez do Império Romano uma
província secular.

O símbolo da cruz tem suas origens em tempos mais antigos. Muitos


teólogos identi icam a primeira menção da cruz no Antigo Testamento, com
referência a Adão e Eva e o Jardim do Éden. Lemos em Gênesis, 2, 10:

E saía um rio do Éden para regar o jardim e dali se dividia, repartindo-se em


quatro braços.

Acredita-se que os quatro braços sejam uma referência aos quatro pontos
cardeais de Norte, Sul, Leste e Oeste, que criaram o símbolo da cruz. Como
conseqüência disso, não era incomum que jardins fossem de inidos com
caminhos que se cruzavam em ângulos retos no centro para criar quatro
áreas separadas de cultivo, um padrão que se tornou conhecido como
quadrângulo.
Em tempos pré-cristãos, existia o símbolo de um círculo, dividido com uma
cruz que representava o Sol. A imagem resultante era conhecida como a
roda do Sol, enquanto o círculo sozinho representava a Lua.

O imperador romano Constantino incentivou a adoção do Cristianismo


como religião única para unir o império, a partir daí veio o Concílio de
Nicéia em 345 EC. Supostamente, ele teve um sonho no qual viu o símbolo
de uma cruz e incentivou que ela fosse adotada. Esta se tornou conhecida
como o lábaro. Constantino também acreditava no Sol Invictas, o deus Sol. O
resultado foi que o lábaro se tornou um símbolo evitado durante muitos
anos por aqueles de respeito mais devotos que, por causa das origens do
mesmo, o consideravam um símbolo pagão que representava o Sol e a roda
do Sol.

A Ankh - Chave da vida

O Lábaro

Entre as primeiras formas da cruz usadas havia a Ankh, um hieróglifo


egípcio que significa vida. Hoje em dia é muitas vezes referida como a chave
da vida.

Esses pontos, e muitos outros, chamaram a minha atenção quando tive um


interesse maior pela cruz céltica. Várias vezes durante o curso da minha
pesquisa, aproximei-me de referências que sugeriam que o desenho da
cruz céltica se baseava em sabedoria antiga. Vários autores sugerem que
os braços da cruz representam os quatro pontos cardeais de Norte, Sul,
Leste e Oeste, enquanto o círculo representa o círculo da Terra ou o círculo
do horizonte. Apesar de várias investigações durante muitos anos, o exame
de apoio para essas afirmações se mostrou infrutífero.

Em séculos recentes, a cruz céltica ficou associada aos primeiros tempos do


Cristianismo na Ilhas Britânicas. Acredita-se que ela derivou da época em
que o Cristianismo céltico dominava as crenças religiosas da Grã-Bretanha,
antes da partida das legiões romanas das costas britânicas por volta de
450 EC. O Cristianismo céltico existiu por várias centenas de anos antes de
Santo Agostinho chegar à Inglaterra, em 597 EC, trazendo consigo a
doutrina da Igreja de Roma. A forma romana de Cristianismo que chegou à
Inglaterra se espalhou pelo Norte e pelo Oeste, de Kent, onde Santo
Agostinho estabeleceu sua base inicial. A versão céltica dominante se
espalhou pela Irlanda, por Gales, pelo Norte, Oeste e Sudoeste da
Inglaterra e pelo Sul da Escócia. Entre os mais famosos centros de
desenvolvimento do Cristianismo céltico estavam os da Ilha de lona, bem ao
lado da costa oeste escocesa, onde Santa Colomba estabeleceu um mosteiro
e, depois, Lindisfarne, também conhecida como a Ilha Sagrada, na costa
nordeste da Inglaterra, onde agora fica o condado de Northumberland.

Em Margam Park, bem diante da cidade de Port Talbot, no Sul de Gales,


existe um magní ico exemplo de uma cruz céltica. Envelhecida com a idade,
ninguém tem certeza absoluta de quão antiga na realidade ela é. Ao
contrário das cruzes lisas de quatro braços, encontradas no Cristianismo,
as cruzes célticas são, em geral, embelezadas com padrões entrelaçados
que simbolizam a vinha da vida. Alguns, como os da igura a seguir,
parecem indicar cravos ornamentais que simbolicamente ixam a cabeça
circular no braço e na coluna da cruz convencional, ao passo que o grande
cravo no centro é mais evocativo de um eixo ou pivô.

Em The Holy Kingdom [O Reino Sagrado], Adrian Gilbert, junto com Alan
Wilson e Baram Blackett, investigam as possíveis conexões entre os reis
célticos galeses e as lendas do rei Arthur. Eles também exploram as lendas
de que o personagem bíblico José de Arimatéia visitou o Sul de Gales logo
após a cruci icação de Jesus Cristo em Jerusalém. Acredita-se que Llantwit
Major, uma pequena comunidade na costa da baía de Cardiff, não muito
longe de Margam, era o local de um mosteiro estabelecido logo depois da
visita de José de Arimatéia. Em uma pequena igreja de Llantwit Major,
Adrian Gilbert observou os restos de outra cruz céltica que ele avaliou
como sendo de grande antigüidade. A mesma pode até ter relação com o
antigo mosteiro. Se esse fosse de fato o caso, então isso implicaria que a
cruz céltica existia nos anos iniciais dos primeiros séculos da Era Cristã. Ela
tem o desenho que era relativamente exclusivo da área dominada pela
tradição cristã céltica e, assim sendo, implicaria que o conceito original do
desenho deve ter existido antes da chegada do Cristianismo na Grã-
Bretanha. Então, como esse desenho relativamente exclusivo foi
desenvolvido?

Uma cruz céltica na propriedade rural dos condes de Spencer, em


Northamptonshire, Inglaterra.

Fotografia obtida e reproduzida pela gentil permissão de Crichton Muller:


É interessante ver que a Vinha da Vida esculpida na coluna lembra os dois


círculos da Vesica Piscis entrelaçados com outros dois círculos na base da
coluna. As serpentes interligadas foram esculpidas na cabeça circular, e
existem marcadores nas pontas do braço da cruz.

O problema é que ninguém sabe ao certo onde o desenho da cruz céltica se


originou. Existe a opinião de que ela proveio dos séculos VIII e IX, vindo
junto com uma combinação do simbolismo cristão com os símbolos pagãos
do Sol, que era um círculo inscrito em uma cruz - a roda do Sol -, e da Lua,
que é um círculo. Os povos que agora conhecemos como celtas, e que
freqüentemente são de inidos como tendo sido pagãos, viveram nas Ilhas
Britânicas durante vários milhares de anos antes da ocupação romana. O
paganismo algumas vezes é visto como culto ao Demônio, mas essa é uma
terminologia promulgada pelos primeiros bispos cristãos que queriam que
todos acreditassem naquilo que eles pregavam; qualquer um que tivesse
uma crença contrária era rotulado como uma pessoa ligada ao Demônio ou
praticante de bruxaria. O pagão é alguém que não segue aquilo que somos
incitados a aceitar como crenças religiosas estabelecidas, e pode acreditar
não em um deus único mas em vários. O culto ao Sol e à Lua seria natural
para qualquer pessoa antes da difusão da doutrina cristã.

Além da cruz céltica, existem outros exemplos de símbolos cristãos e


pagãos que foram combinados. Muita coisa na iconogra ia cristã primitiva
mostrava isso. O imperador romano Constantino, já mencionado, foi
responsável por instigar nos romanos a crença cristã como meio de
uni icar seu império. Embora aceitasse o símbolo da cruz, ele também
acreditava no culto do Sol Invictus, o culto ao deus Sol. Como conseqüência,
ele misturou as duas de modo que Cristo é visto na iconogra ia da
cruci icação como estando em uma cruz de quatro pontas, com o halo do
deus Sol icando atrás de sua cabeça. Essa imagem perdurou através dos
séculos, implicando uma sutil referência à continuação da in luência do
deus Sol.

Pelo que foi dito anteriormente, não é di ícil entender como a cruz céltica,
em seguida, começou a ser vista como o simbolismo combinado dos celtas e
do Cristianismo primitivo: a cruz do Cristianismo sobreposta ao disco do
Sol. Em muitos aspectos, era a harmonização perfeita das imagens cristãs e
célticas.

Isso levanta questões como: por que o símbolo pagão do Sol era um círculo
inserido em uma cruz? Os sacerdotes celtas eram aqueles que viemos a
conhecer como druidas? Os druidas eram bem conhecidos pelo
entendimento que possuíam do macrocosmo e tinham um conhecimento
bastante avançado da maneira pela qual as esferas celestes e os céus
trabalhavam? Em muitos aspectos, o conhecimento deles era temido pelos
romanos que inalmente os dominaram, forçando-os a se retratar e a se
retirar para a Ilha de Anglesey, ao lado da costa nordeste de Wales, onde
os sacerdotes druidas a inal foram derrotados e dizimados pelos exércitos
de Roma. Com o desaparecimento deles foi-se o conhecimento que
herdaram de centenas de gerações de seus antepassados. Apesar disso, é
possível desenvolver o cenário que pode muito bem ter sido a origem.

Vamos imaginar que os sacerdotes druídicos procurassem monitorar a


progressão anual do Sol. Um ponto de referência estaria adiante no
horizonte e, a partir de um ponto favorável, como o topo de uma montanha
ou uma planície aberta, o horizonte os rodearia. Seria lógico copiar o
círculo do horizonte convenientemente no chão - talvez com um círculo de
pedras. Monitorar os céus consistentemente por um longo período exigia
permanecer no mesmo lugar, para ter o mesmo lugar de referência. Isso
determinou a descoberta do centro do círculo. Ao monitorar a sombra ao
meio-dia e o nascer do Sol no dia do equinócio, produzindo a partir daí
linhas do norte para o sul e do leste para a oeste, o centro podia ser
estabelecido: um círculo dividido por uma cruz. As linhas da cruz poderiam
ser visíveis durante o dia, caso fossem rabiscadas no chão, com o uso de
alguma coisa como uma galhada, mas a observação da Lua à noite
resultaria em linhas invisíveis. Então, o círculo com a cruz simbolizaria o
Sol e o círculo sem a cruz simbolizaria a Lua. Isso é, claro, pura
especulação.

Infelizmente, muitos governantes na história, por ignorância, ou como fútil


demonstração de poder, destruíram registros e vestígios do conhecimento
que nossos ancestrais cuidadosamente recolheram e passaram. É possível
que, com a destruição dos druidas pelo romanos, o entendimento das
origens da cruz céltica tenha desaparecido com eles? Sem evidência
positiva, pesquisadores e estudiosos só foram capazes de fazer conjecturas
durante o século XX. Mas isso agora pode mudar graças à invenção de
Crichton E. M. Miller, no início do século XXI.

Crichton Miller é um marinheiro habilidoso e muito quali icado em


navegação. Seu interesse foi despertado quando ele tentou entender como
nossos ancestrais, há milênios, foram capazes de navegar por vastos mares
antes do desenvolvimento dos processos so isticados que surgiram nos
últimos 500 anos. Nós já sabemos, por exemplo, que grupos de vikings
navegaram da Noruega para a Islândia e para a Groenlândia há mais de
mil anos. Em sepulturas perto das pirâmides de Gizé, arqueólogos
descobriram vários barcos grandes que haviam sido deliberadamente
enterrados. A princípio, pensava-se que fossem usados em procissões
fúnebres ou em navegação localizada no Rio Nilo. Porém, exames de
arquitetos navais mostraram que eles foram projetados para navegações
mais distantes e que eram capazes de enfrentar vagas e ondas em alto-
mar. Esses barcos foram construídos há cerca de 4 mil anos. Também é
sabido que os fenícios, contemporâneos da era do rei Salomão, navegaram
para a Cornualha, na Grã-Bretanha, para comprar estanho, que eles então
comercializaram em todo o Mediterrâneo e o Oriente Médio. Isso foi há
cerca de 3 mil anos. Além disso, é sabido que na era do rei Salomão, navios
navegavam para portos do Mar Vermelho e comercializavam mercadorias
na Índia. Tudo isso exigia conhecimentos de alguma forma de instrumento
de navegação ou outra metodologia.

As ilustrações foram reproduzidas com a gentil permissão de Crichton Miller


e usadas inicialmente para ilustrar seu livro The Golden Thread of Time [O
Fio de Ouro do Tempo]. Elas mostram como um instrumento, baseado no
conceito conhecido como cruz céltica, poderia ser usado para observação e
alinhamento horizontal, alinhamento vertical e angular, e medição
astronômica.

Após muitos anos de investigação, Crichton Miller descobriu que havia


desenvolvido um instrumento simples, que compreendia uma vara e um
braço cruzado que parecia uma cruz. Um io de prumo e uma placa
circular com marcações que representavam os 360 graus de um círculo
foram amarrados à cruz. Logo ele percebeu que o que havia desenvolvido
representava uma cruz céltica tradicional. Quando chegou a essa posição,
ele tentou aperfeiçoar seu invento por meio do contato com a comunidade
acadêmica, mas encontrou total falta de interesse. Assim, para dar
credibilidade e destaque ao dispositivo, ele o patenteou - globalmente - sob
a Solicitação de Patente no Reino Unido: GB 2 344 654 A. É um dispositivo
incrivelmente simples que pode ser usado para medir, entre tantas coisas,
a altitude do Sol, da Lua, das estrelas e das constelações do zodíaco; o
alinhamento vertical de uma construção ou pedras em pé como as de
Stonehenge; o alinhamento vertical de ileiras de blocos de pedra usados
em paredes de palácios ou templos; o alongamento angular de uma
pirâmide e a latitude. Ao monitorar a sombra da vara quando o Sol está em
seu meridiano, ao meio-dia, e ao desenhar uma linha norte-sul ao longo da
orientação da sombra, ou ao colocar a vara horizontalmente sobre a
mesma, a placa na qual os ângulos haviam sido marcados imediatamente
se torna um compasso. Em poucas palavras, trata-se de uma ferramenta de
observação muito portátil, um sextante, um compasso, um instrumento
astronômico para monitorar o movimento celeste, tudo em um só objeto.

Desde a produção de seu fascinante livro The Golden Thread of Time [O Fio
de Ouro do Tempo], Crichton Miller continuou mostrando como a longitude
poderia ter sido medida com razoável exatidão, com o uso do mesmo
dispositivo. Em tempos mais modernos, isso era impossível de ser feito com
alguma exatidão até que John Harrison inventou seus relógios marítimos
no século XVIII. Ao fazer isso, Harrison mudou a face da navegação,
estabelecendo Greenwich como o meridiano global para a medição do
tempo. Crichton Miller relata que, à medida que seu dispositivo foi se
tornando mais amplamente conhecido, um número maior de estudiosos,
particularmente nos Estados Unidos, começou a ter mais interesse em seu
desenvolvimento e em seu uso. Ele indica ainda que um dispositivo antigo,
conhecido como astrolábio, usado para medição celeste por toda a Idade
Média, e com origens estabelecidas também há mais de 2 mil anos, tinha as
características físicas parecidas com a cabeça de uma cruz céltica.
Adrian Gilbert, que foi mencionado antes, escreveu vários livros sobre o
tema do conhecimento antigo e da sabedoria esotérica. Em seu livro Signs
in the Sky [Sinais no Céu], ele observa que o termo serpente era
freqüentemente usado em tempos antigos para de inir uma sombra
lançada pelo Sol. Não pude deixar de lembrar que a cruz céltica de
Northamptonshire (ver foto) mostra a imagem de serpentes entrelaçadas
na cabeça circular. Isso faria sentido se a cruz fosse usada para medições
com o uso da sombra do Sol, lembrando que uma sombra era vista nos
tempos antigos como uma serpente.

No livro de Êxodo, lemos que, quando Moisés voltou do Egito, ele se dirigiu
ao faraó e pediu a liberação de todos os israelitas da escravidão. Durante
esse encontro, ele e os sacerdotes do Egito entraram em uma disputa para
ver quem lançava a maior serpente. Moisés venceu. Êxodo nos conta que
eles lançaram suas varas e elas se tornaram serpentes.

Quando Faraó vos disser: Fazei milagres que vos acreditem, dirás a Arão:
Toma a tua vara e lança-a diante de Faraó; e ela se tornará em serpente...
Então Moisés e Arão se chegaram a Faraó e izeram como o SENHOR lhes
ordenara; lançou Arão a sua vara diante de Faraó e de seus o iciais, e ela se
tornou em serpente... Pois lançaram eles cada um a sua vara... mas a vara de
Arão devorou as varas deles.

Êxodo 7,9-12

Disse o SENHOR a Moisés: Faze uma serpente abrasadora, põe-na sobre uma
haste... Fez Moisés uma serpente de bronze e a pôs sobre uma haste...

Números 21, 8-9

No texto de Êxodo acima, alguém pode imaginar que faraó pudesse muito
bem ter esperado que Moisés provasse quem ele era, quais eram suas
credenciais para fazer tal pedido em favor dos israelitas. Uma
demonstração dos métodos de medição e geometria relacionados ao
macrocosmo, originada da sombra do Sol, ou de outras características do
sistema da cruz céltica, provaria que ele não era um simples camponês que
acabara de perambular pelo deserto, mas alguém altamente educado na
sabedoria reservada para algumas poucas pessoas selecionadas na
hierarquia, um tipo de informação que devia ser transmitido a um príncipe
ou governante no Egito.

A segunda citação de Números é ainda mais intrigante, especialmente a


referência a uma serpente abrasadora. Se a alegoria da serpente é que a
mesma era uma sombra, então a fabricação e a colocação de um dispositivo
especial de metal em uma haste podem muito bem ter sido uma referência
a um marcador graduado para medir ângulos, junto com uma linha de
prumo, como Crichton Miller desenvolveu. Tendo em mente que Moisés foi
educado como um príncipe no Egito, com todo o conhecimento dos
sacerdotes, é possível que a sabedoria de Moisés fosse mais desenvolvida
do que a dos sacerdotes levados a confrontá-lo.

Crichton Miller cita vários lugares onde o símbolo da cruz poderia ter sido
usado por nossos ancestrais no esboço de círculos e em outros locais
antigos, para o registro e o monitoramento do movimento do Sol e da Lua.
Entre eles estão as forti icações do condado de Pickaway, em Ohio, EUA.
Acredita-se que tenham sido construídas antes das pirâmides de Gizé, isto
é, há pelo menos 4.500 anos. Ele cita ainda outro perto do Rio Tygart,
também em Ohio, que também tem toda a aparência da cruz céltica.
Depois, existe ainda outro conhecido como Callanish, na Ilha de Lewis nas
Hébridas Exteriores, na Escócia.

A vinculação entre a lança de Moisés e Arão, a cruz céltica e sua origem, é,


claro, uma teoria. Talvez alguém possa considerá-la uma teoria estranha.
Mas, quando Frank Whittle inventou o motor a jato, ele partiu de uma
posição que acolhia uma teoria estranha. Contudo, a teoria parece fazer
sentido, especialmente quando observamos que alguns estudiosos
modernos consideram que a cruz céltica foi feita para harmonizar a
combinação do simbolismo cristão com os símbolos pagãos que signi icavam
a Lua e o Sol, símbolos pagãos que estavam bem de inidos antes da
chegada do Cristianismo organizado na Grã-Bretanha. Também devemos
nos lembrar de que, nos primeiros anos do estabelecimento da religião
cristã na Grã-Bretanha, muitos lugares e símbolos pagãos foram
absorvidos pela Igreja como meio de "cristianização", para eliminar
aquelas coisas que a Igreja via como demônios do passado. Muito desse
simbolismo padrão era já muito antigo, bem estabelecido e entendido.
Entre os sacerdotes, o mesmo pode ter sido conhecido por mil anos ou
mais. Seria possível que na tentativa de "cristianizar" um instrumento de
paganismo preexistente, a Igreja Romana primitiva o tivesse preservado?

As observações de Crichton Miller a respeito do desenvolvimento e do uso


da cruz céltica são baseadas em muitos anos de pesquisa, observação e
experimentação. Ele começou tentando resolver o problema relacionado
com a navegação em tempos antigos e reconstruiu um dispositivo com
consideráveis semelhanças com a cruz céltica. Ele chegou a demonstrar a
versatilidade do dispositivo como instrumento de medição e
monitoramento, um dispositivo inteiramente adaptado aos princípios do
conhecimento antigo a respeito do macrocosmo.

A fotografia acima mostra Crichton Miller segurando o dispositivo portátil de


medição parecido com uma cruz céltica, durante a observação do nascer do
Sol no solstício de verão. A roda está marcada com ângulos para 360 graus,
tem peso para garantir alinhamento vertical e girar em torno do pivô
central; marcadores nas pontas do braço da cruz permitem o alinhamento. O
ângulo é lido por meio de um furo na haste da cruz na parte inferior da roda.

Assim, qual a relevância disso para a minha pesquisa a respeito do Templo


de Salomão? Trata-se de uma demonstração de que um dispositivo
normalmente considerado como de origem de crenças cristãs:

• pode ter suas origens há milhares de anos antes dos acontecimentos que
supostamente ocorreram em Jerusalém há 2 mil anos;

• pode ter sido usado na construção, no estabelecimento e na de inição de


círculos, círculos de pedras e outros monumentos antigos;

• era um dispositivo para o monitoramento das estações pela passagem do


Sol e da Lua.

Longe de ser exclusivamente um símbolo de crença religiosa, o mesmo


pode muito bem ter sido uma ferramenta prática usada na de inição e na
construção de importantes edi icações, como o Templo de Salomão. Assim,
ele teria sido adotado e usado pelos maçons daquela época.

Conclusão
A minha pesquisa me fez perceber o relacionamento que existia entre o
entendimento da Astronomia primitiva, como nossos ancestrais a
conheceram, e a Geometria; que eles teriam reconhecido uma conexão
entre a Geometria e a natureza, de modo que tudo fosse visto interligado
no macrocosmo; que existiam muitas áreas onde um aspecto de um estudo
envolvia outro, de modo que isso era visto como o trabalho criativo de um
grande e divino arquiteto, o Arquiteto do Universo ou o Geômetra do
Universo.

Ela também demonstrou como nossos ancestrais puderam ter


conhecimento do movimento dos céus, do nascer e do ocaso do Sol, e da
rotação precessional da Terra, e de como usar esse entendimento no
alinhamento e na de inição de estruturas, ou no desenho geométrico de
uma construção importante.
Também icou evidente que toda essa informação era protegida e
transmitida de uma geração a outra por meio dos sacerdotes, que eram,
invariavelmente, a elite educada de uma sociedade ou civilização. Então era
lógico que na construção de toda estrutura importante, os pedreiros
envolvidos precisassem conhecer e entender esse mesmo conhecimento,
caso contrário, a implementação da planta poderia resultar em uma
estrutura que não atendesse às especi icações. E provável também que o
conhecimento fosse compartilhado gradualmente, à medida que um
maçom demonstrasse habilidade su iciente ao trabalhar com a pedra;
haveria a compreensão de que o conhecimento que já havia sido
compartilhado entre eles, que eram capazes de usar, devia ser mantido
entre eles, sem compartilhar com outros que não fossem quali icados para
conhecê-lo e usá-lo.

A partir dessas conclusões, eu decidi que precisava entender mais a


respeito de como algumas dessas informações seriam associadas à
Maçonaria e por que certas propriedades geométricas mereceriam tanto
destaque.



CAPÍTULO 4
O Segredo do Selo de Salomão

O Hexagrama e o Pentagrama
Tanto o hexagrama quanto o pentagrama são conhecidos como o Selo de
Salomão. Mas como, eu me perguntei, isso podia acontecer? Como ambos
podiam ser o Selo de Salomão?

No passado, o pentagrama teve claros vínculos com o simbolismo maçônico.


O hexagrama continua tendo. É o símbolo gravado na medalha que, quando
usada em cerimônias maçônicas, serve como indicação para os outros
Irmãos de que quem a usa é um membro iniciado no Grau do Real Arco da
Maçonaria, um grau que completa a educação de um Mestre Maçom. A
medalha maçônica mostra o símbolo do hexagrama encaixado em um
círculo externo.

O símbolo do hexagrama tem recebido vários títulos, como Estrela de Davi


ou Magan Davi [Escudo de Davi], além de Selo de Salomão. Algumas vezes
os triângulos que icam no centro do símbolo são entrelaçados e outras
vezes não. Algumas vezes são mostrados com um círculo externo que os
rodeia e, outras vezes, sem ele.

O pentagrama também é conhecido por variantes, como pentalfa,


pentângulo ou pentáculo. Assim como o hexagrama, algumas vezes é
mostrado com os elementos centrais interligados e outras vezes sem.
Algumas vezes é rodeado por um círculo e outras vezes não. E para
aumentar seu mistério, existem vezes em que pode ser visto com um
círculo inscrito em seu centro de modo que sua circunferência apenas
toque o pentágono que ficará visível no meio do pentagrama.

Deve existir, pensei, uma razão para essas diferenças, o que signi icava
tentar por todos os modos descobrir as suas origens.

O Hexagrama - origens antigas


Existe uma tradição que sugere que o uso do hexagrama remete a muitos
séculos antes de Salomão, aos tempos da Mesopotâmia Antiga, e que ele foi
absorvido por diferentes culturas. A Enciclopédia Judaica observa que, na
Idade do Ferro, exemplos podiam ser encontrados da índia à Grã-
Bretanha. Em certas épocas da Antigüidade, o hexagrama era usado com
suas duas partes componentes separadas: quando o triângulo apontava
para cima, representava o sexo masculino; quando apontava para baixo,
representava o feminino. Quando sobrepostos, pensava-se que a imagem
resultante, criada pelos dois triângulos, implicava harmonia. Durante
minha investigação do fundamento desse símbolo, encontrei uma
referência de passagem ao fato de que o símbolo havia sido encontrado
bordado em roupas usadas por descendentes de hebreus. Os antropólogos
aparentemente o consideravam apenas decorativo. Com a implicação da
representação masculino/feminino e a respectiva sugestão de harmonia,
não pude deixar de pensar se, quando bordado na roupa, ele não
simbolizava que a pessoa que usava aquilo era casada. Não tinha prova
para essa a irmativa e não encontrei nenhuma outra referência a essa
idéia. Apenas me pareceu uma conclusão lógica. Então, por acaso, eu estava
folheando um livro em uma biblioteca, quando uma página de repente se
abriu e os meus olhos captaram a seguinte frase:

A héxada é também o símbolo do casamento, porque é formado pela união de


dois triângulos, um masculino e outro feminino.

O livro que encontrei por acaso foi publicado pela primeira vez em 1928. O
que muito me tocou foi essa a irmação de natureza positiva e inequívoca
que implicava que, em algum momento, essa devia ter sido uma conotação
mais amplamente aceita. Não pude deixar de pensar por que essa função
dos triângulos no hexagrama não era mais amplamente comentada. Talvez
isso aconteça por conta de o símbolo ter sido completamente ofuscado
pelos eventos que afetaram os povos judeus nas décadas de 1930 e 1940,
e as subsequentes vinculações com a formação do Estado de Israel.

Existe uma crença, originada de tempos antigos, de que o hexagrama era


visto como um símbolo que, por causa de suas seis pontas, de inia a criação
do universo: uma criação que se estende de norte a sul, de leste a oeste,
para cima e para baixo. Também, aparentemente, era vinculado aos
princípios antigos de medição da Terra, embora do subcontinente indiano
aprendemos que ele representava os escudos unidos dos deuses Vishnu e
Shiva. Na Idade Média o mesmo podia ser encontrado em igrejas cristãs e
nas catedrais, e foi amplamente usado em países muçulmanos durante o
mesmo período.

As referências sobre a ligação entre o hexagrama e a magia são


abundantes. Consequentemente, ele também era visto como um símbolo
que atraía boa sorte. Existem ainda muitas referências que sugerem que o
símbolo era muito usado pelos alquimistas, com um triângulo
representando o fogo e o outro a água. Aparentemente, isso simbolizava a
harmonização dos opostos.

A Estrela de Davi como símbolo dos povos judeus


Ninguém sabe exatamente de que modo ou por qual razão o símbolo do
hexagrama chegou a estabelecer um vínculo tão de initivo com o Judaísmo.
Existem indícios intrigantes e considerável mitologia, mas nada mais que
pode ser atribuído à cruz como símbolo do Cristianismo.

O hexagrama teve associações periódicas com os judeus desde a Idade


Média. Em 1354, Carlos IV, aparentemente, deu permissão à comunidade
de Praga para que tivesse sua própria bandeira na qual o hexagrama era
exibido. A partir daí, seu uso se espalhou pela Áustria, pelo Sul da
Alemanha e pela Holanda. Novamente em Praga, em 1492, o hexagrama foi
identificado como um símbolo dos impressores.

Muitas fontes observaram que, em vários momentos nessa época,


presumia-se que os judeus usassem um crachá que permitia sua
identi icação. Isso porque a Igreja Católica considerava os judeus
responsáveis pela morte de Jesus Cristo, pelo fato de não terem pedido a
soltura dele quando Pôncio Pilatos ofereceu uma oportunidade de libertá-
lo, em Jerusalém, um pouco antes da cruci icação. Como resultado, e
reconhecendo que a Igreja Católica manteve domínio político e espiritual
sobre a maior parte da Europa durante a Idade Média, os judeus foram
proibidos de realizar comércio e de exercer cargos administrativos do
governo. Usar o símbolo do hexagrama sugere que o clima político da
ocasião claramente associava algum vínculo entre Judaísmo e hexagrama.
Durante o século XX e no século XXI, o hexagrama vinculou-se
inegavelmente aos judeus, talvez como conseqüência de os nazistas terem
exigido o mesmo uso e processo de identi icação da Idade Média como
prelúdio do holocausto subsequente.

O Templo do Rei Salomão foi construído por volta de 950 AEC. Mas parece
que a primeira conexão de inida com o antigo Israel deriva de um selo que
era, de acordo com a tradição, usado no século VI AEC, aparentemente,
como o Selo de Jerusalém. A Enciclopédia Judaica observa que "o mais
antigo exemplo inconteste está em um selo do século VII AEC encontrado em
Sidon". Isso aconteceu cerca de três ou quatro séculos depois da era
atribuída a Salomão. Existe uma tradição de que o símbolo aparecia em um
anel que Salomão usava, porém, apesar dessa lenda constar em muitas
referências que consultei, era quase sempre citada como uma tradição,
sem fatos que ajudassem a veri icar sua autenticidade. Existe ainda a
tradição de que o hexagrama, como Estrela de Davi, surgiu porque o rei
Davi tinha um escudo com o emblema pintado nele, apesar de outra
interpretação da tradição registrar que o próprio escudo era no formato
do hexagrama.

Enquanto o símbolo da cruz aparece com destaque em igrejas cristãs


desde os primeiros tempos da formação dessa religião, o hexagrama não
era usado desse jeito pelos povos judeus. Embora aparecesse em prédios
associados a outras religiões, o hexagrama não se destacava nas sinagogas
como tema da decoração habitual. Uma identificação positiva com os judeus
foi o aparecimento do símbolo na parede de uma sinagoga de Cafarnaum,
por volta de 200 AEC. Isso aconteceu cerca de 500 anos antes da
formulação coesiva do Cristianismo, tal como o conhecemos atualmente,
como foi de inido no Concilio de Nicéia em 325 EC. Mas essa ligação não
signi ica que o hexagrama era usado exclusivamente pelos judeus. Como
foi mencionado antes, esse era um símbolo indicativo de boa sorte e
harmonia, que era usado por diferentes culturas. Antes da Era Cristã, não
era um símbolo usado exclusivamente nem conectado com o Judaísmo.
Não obstante os registros históricos mostrarem o símbolo sendo usado em
conexão judaica, sua associação direta e universal com os judeus é muito
recente.

De acordo com vários relatos, no século XVII existia um limite que


separava o bairro judeu de Viena da área cristã. A linha fronteiriça
aparentemente era marcada por pedras limites, em um lado das quais
aparecia o hexagrama e do outro, o símbolo da cruz. Essa idéia pode ter
sido emprestada dos venezianos que usaram uma designação similar em
uma parte de sua cidade no início da Idade Média. De fato, em Veneza,
parece que uma corrente era colocada junto aos corredores à noite, na
área em que os judeus viviam, para melhor simbolizar que aquele era um
bairro protegido. A palavra gueto origina-se da palavra italiana que
signi ica "escória", o lixo do metal produzido pelas o icinas de fundição. As
áreas em Veneza onde esse tipo de trabalho era realizado icaram
conhecidas como guetos. Foi em uma área como essa que a população judia
da cidade se concentrou, tornando-se uma área protegida e segregada
dentro da República Veneziana em 1516. Em Praga existia o uso do
símbolo para de inir o povo judeu desde o século XIV, e acredita-se que foi
a partir daí que o uso do hexagrama gradualmente se espalhou pela
Europa, para se tornar o símbolo coesivo de reconhecimento que
conhecemos atualmente.

Parece que por volta do século XVII, grupos de judeus dispersaram-se pela
Europa e começaram a buscar um símbolo que de iniria sua unidade
religiosa da mesma maneira que a do Cristianismo era simbolizado pela
cruz. O hexagrama pareceu se encaixar nesse objetivo. Porém, sua
aceitação mais ampla parece ter ocorrido entre 1822 e 1840, quando foi
usado pela família Rothchild em seu brasão de armas, indicando que eles
eram ligados aos Habsburgos e ao imperador austríaco. Somente por volta
de 1897, o símbolo foi o icialmente de inido como emblema global da
comunidade judaica. Hoje, o hexagrama destaca-se ostensivamente na
bandeira da moderna Israel, como símbolo inequívoco dessa nação.

Evidência não conclusiva


Os comentários anteriores foram tirados das informações que recolhi a
respeito do símbolo do hexagrama, embora isso não pretenda ser uma tese
de initiva. Existem centenas de fontes, referências e websites na Internet
que podem ser consultados, mas, sem considerar a fonte, o mesmo tipo de
informação sempre volta à tona com o tempo. Isso quer dizer que é tudo o
que se conhece a respeito do símbolo.

A partir dessas observações, alguém notará que não existe evidência


conclusiva para vincular o hexagrama, a Estrela de Davi, com os judeus
como um todo até o século XIX, embora existam conexões localizadas e
periódicas como as de 600 AEC e a escultura na parede em 200 AEC.
Existem conexões mais positivas a partir do período de inido como Idade
Média, mas isso foi a cerca de 2 mil anos depois da era de Salomão. Parece
não existir conexão de initiva com o rei Salomão, pessoa com a qual o
termo Selo de Salomão é tão positivamente identi icado. Isso sugeriu para
mim que, se existia algum vínculo positivo, então deveria existir alguma
outra dimensão para o símbolo, uma dimensão que não era do
conhecimento comum, talvez o tipo de informação secreta retida por
sacerdotes como os levitas.


Além do mais, o símbolo do hexagrama pode ser encontrado em muitas
igrejas cristãs e catedrais construídas em tempos medievais. Era uma
época em que as fundações da Igreja estavam irmes como rocha. Havia
literalmente apenas uma única igreja tolerada na Europa, a doutrina da
Igreja Romana. Eu não podia imaginar que um símbolo alquímico ou
indicativo de magia, de paganismo ou de feitiços de sorte, todos os quais
podiam ser vistos como conexão com o mal, podia ser exibido em
construções com signi icado religioso. Um dos hexagramas mais
proeminentes que encontrei em uma catedral na Inglaterra pode ser visto
na catedral de Chichester, característica signi icativa da face norte. Além
do mais, ele ica encaixado em um aro circular, exatamente como na
medalha que é um emblema da Maçonaria do Real Arco.

Jarrow, agora amplamente absorvida pela cidade de Newcastle, fica a cerca


de 640 quilômetros ao norte de Chichester. Embora com uma
representação ligeiramente diferente, o mesmo símbolo do hexagrama
pode ser encontrado em uma igreja próxima. Acredita-se que a igreja
tenha sido parte de um complexo originado nos anos imediatamente
posteriores à fusão da Igreja Católica com a antiga Igreja Cristã Céltica.
Essa fusão foi de inida no Sínodo de Whitby, em 664 EC. A parte da igreja é
tudo o que resta do imponente mosteiro que uma vez ocupou o local. Era o
mosteiro onde o Venerável Bede, que registrou uma das primeiras
histórias da Inglaterra, passou a maior parte de sua vida. Além disso, ele
era fascinado pelo Templo de Salomão, assunto que retomaremos
oportunamente. Bede nunca se afastou mais que poucos quilômetros além
do mosteiro de Jarrow, fato que sugere que, para que existisse algum
interesse pelo Templo salomônico de Jerusalém, devia existir na época
alguma tradição a respeito de sua grandeza, o que atrairia Bede para o
assunto com devoção tão cuidadosa, transmitindo-o ao posto avançado do
mundo cristão.

Paris, sede de uma das mais famosas catedrais do mundo - a catedral de


Notre Dame -, ica algumas centenas de quilômetros ao sul de Chichester.
Instituída originalmente no século XII, ela foi quase totalmente destruída
na Revolução Francesa. Essa catedral se destaca pelo simbolismo
geométrico e pelas ligações com o macrocosmo. Muitos vitrais coloridos
fazem alusão aos princípios da Geometria Sagrada e à arte dos maçons.
Mas, apesar disso, as centenas de pessoas que a visitam admiram suas
proporções e sua decoração, não entendendo o simbolismo que a rodeia.
Uma bela janela com vitral colorido no lado sul da catedral, com a face
apresentada para o Sol na maior parte do dia, exibe o sinal do hexagrama.

Observando o uso amplamente difundido do hexagrama, icava evidente


que a conexão com o hexagrama devia ter outros signi icados além da
ligação com o povo judeu. Parecia existir uma forte conexão com o
Cristianismo dos tempos primitivos, pois era usado em profusão pela Igreja
sediada em Roma.
Eu não podia deixar de acreditar que devia existir alguma coisa a mais a
respeito desse símbolo, que era visto como especial em virtude do fato de
ter cruzado continentes por um período talvez de 1.500 anos após o
reinado de Salomão, para ocasionalmente adornar algumas das grandes
catedrais da Europa, construídas pelos maçons em tempos medievais.

O padrão distintivo do símbolo e a maneira como era usado nas igrejas e


catedrais sugeriam que o vínculo seria geométrico. Mas como? E por quê?
Os maçons de antigamente que construíram essas igrejas e catedrais
obviamente apreciavam a Geometria. E nós já sabemos que a Geometria é
uma característica importante da Maçonaria. Será que existiria, pensei,
alguma ligação entre ambos que poderia ser a resposta para o mistério do
Selo de Salomão? Provavelmente, sim.

Mas, antes de chegar a uma conclusão, eu precisava entender onde o outro


símbolo de Salomão, o pentagrama, encaixava-se no cenário.

O Pentagrama
Como o hexagrama, as origens do pentagrama se perdem nas brumas do
tempo, muito antes do período de Salomão. Tal símbolo também é referido
como pentalfa, pentângulo ou pentáculo.

Algumas das primeiras descobertas arqueológicas a revelar o uso da


igura do pentagrama foram encontradas em uma área do Oriente Médio
conhecida como Antiga Mesopotâmia, a maior parte da qual pertence agora
ao moderno Iraque. Alguns dos artefatos recuperados, que mostram tal
símbolo, foram datados por volta de 3.000 AEC, cerca de 2.000 anos antes
da época de Davi e Salomão. Outros artefatos que mostram o símbolo do
pentagrama foram descobertos por arqueólogos naquilo que foi a antiga
cidade da Babilônia e datados por volta de 900 AEC, no período
salomônico. O pentagrama também aparece em estátuas associadas ao
Egito Antigo. Durante o período do Império Romano, o pentagrama
aparentemente foi usado como símbolo para representar as especialidades
da construção, uma das quais era obviamente a dos maçons.

O simbolismo ligado ao uso do pentagrama parece ter variado dependendo


da cultura na qual foi usado. No passado, simbolizava os cinco elementos:
terra, fogo, água, ar e éter, com o éter associado ao espírito. Também
parece ter sido uma representação dos cinco sentidos: visão, audição,
olfato, tato e paladar.

De acordo com alguns pesquisadores, o uso do pentagrama data pelo


menos da época de um soberano da Mesopotâmia chamado Uruk IV, por
volta de 3.500 AEC. Nessa época o pentagrama aparentemente simbolizava
"direção" ou "região celestial". Por meio disso, podemos ver que a de inição
simbólica inicial estabelecia uma ligação com a Astronomia. Isso pode ser
signi icativo, já que o pentagrama é muitas vezes associado ao planeta
Vênus. Essa conexão parece vir de uma antiga crença astrológica que
sugeria que várias conjunções desse planeta com o Sol resultariam na
observação de cinco padrões distintos, cada um com oito anos de duração,
que descreveriam o padrão do pentagrama no céu por um período de 40
anos (5x8 = 40). Esse padrão era, aparentemente, tão regular que o ciclo
de 40 anos se tornou um relógio estelar para os povos antigos que
observaram que esse planeta retornava exatamente à mesma posição
relativa no inal de cada ciclo de 40 anos. Esse padrão astronomicamente
vinculado é citado em vários livros. Um dos mais interessantes, que explora
a passagem de Vênus, sua possível ligação com o pentagrama e a influência
que ele teve sobre povos antigos, é intitulado A Máquina de Uriel, e foi
escrito por dois maçons ingleses, Christopher Knight e Robert Lomas. Eles
exploraram as ligações entre certas cerimônias maçônicas, o Livro de
Enoch e o ciclo de 40 anos de Vênus. No processo de investigação, eles
izeram várias descobertas, inclusive a possível ligação entre os ciclos do
planeta, os ceramistas Rinyo-Clacton [Grooved Ware people] da Antigüidade,
e Newgrange, uma grande construção circular, na Irlanda, que foi datada
por volta da mesma época de Stonehenge. Knight e Lomas depois
desenvolveram a teoria de que as referências na Bíblia a vários períodos
de "40 dias e 40 noites" derivam da alusão à passagem cíclica de Vênus
como era entendida pelas antigas civilizações.

Embora astrônomos modernos desprezem esse conceito antigo da


passagem cíclica de Vênus, ele continuou circulando até recentemente.
Uma ilustração grá ica da passagem de Vênus pelo período de 40 anos,
que claramente mostra um inequívoco padrão de pentagrama, aparece em
um livro do astrônomo escocês James Ferguson (1710-1776). Ferguson,
que era basicamente autodidata em várias disciplinas cientí icas, é descrito
em fontes de referência como "entusiástico ilósofo experimental, mecânico
e astrônomo". Ele é considerado o escritor de um dos primeiros textos de
livros populares sobre Astronomia, publicado pela primeira vez em 1756.
Ferguson deu particular atenção à passagem de Vênus e produziu vários
diagramas que ilustram associações geométricas com órbitas de planetas.

Existiram pesquisadores maçônicos, a maior parte do final da Era Vitoriana


e do início da Era Eduardiana, que apresentaram a hipótese de que a
origem de alguns conteúdos cerimoniais e outros materiais usados na
Maçonaria derivava daquelas que, em tempos antigos, eram vistas como
"escolas de mistério". Elas formavam uma espécie de sociedade secreta
que, ao que parece, protegia conhecimentos a respeito de vários assuntos,
inclusive Astronomia, Alquimia, Aritmética, Geometria e macrocosmo,
passando essas informações para os seus adeptos, muitos dos quais eram
selecionados individualmente. Uma dessas escolas na Grécia Antiga era a
dos pitagóricos, uma sociedade aparentemente secreta que usava o
pentagrama como símbolo de reconhecimento. Parte do conhecimento a
que esses antigos adeptos, acredita-se, tinham acesso parece ter
encontrado seu caminho até a psique maçônica do século XIX e do começo
do século XX e há menção disso no século XVIII. Na ausência de qualquer
evidência direta que pudesse ser estabelecida para veri icar a ligação com
as "escolas de mistério" e, em particular, com aquela associada a Pitágoras,
eu só pude concluir que essa interpretação surgiu no sistema de educação
que se desenvolveu em internatos como Eaton e Harrow, que
patrocinavam o entendimento da história clássica junto com a inspiração
social promovida pela Renascença e pelo interesse por idiomas como o
latim e o grego. Teriam sido esses internatos que educaram muitos maçons
seniores da Era Vitoriana e da Era Eduardiana, pré-universidade, ou antes
deles terem adquirido suas comissões nos serviços militares e coloniais
que então existiam. Assim, é fácil entender como eles podem ter traçado o
conteúdo e os símbolos de certas cerimônias maçônicas de uma linha
direta de descendência a partir da Era Clássica da Grécia e de Roma.

A Igreja sediada em Roma, como foi dito antes, "cristianizava" os lugares e


as práticas considerados pagãos, por meio da construção de igrejas em
locais sagrados ou incorporando o simbolismo pagão. Essa foi uma
tentativa da parte da Igreja para erradicar aquilo que considerava como
práticas relacionadas ao mal. Em vez de erradicá-las, a Igreja
inadvertidamente preservou muitas delas. Assim, não seria surpresa
descobrir que o pentagrama também tem conotações religiosas, inclusive
vínculos com o Cristianismo, já que as cinco pontas do símbolo
representam as cinco chagas de Cristo durante a cruci icação: chagas na
cabeça causadas pela coroa de espinhos, pregos nas mãos e nos pés. O
simbolismo do número cinco muitas vezes é registrado na arquitetura pelo
pentágono, a partir do qual o pentagrama pode ser de inido. Um bom
exemplo pode ser encontrado na igreja anexa ao Colégio de São João da
Universidade de Cambridge. É interessante notar como o símbolo também
está contido dentro das formas geométricas de um triângulo equilátero e
de um círculo.

Um website que fornece muitas observações interessantes a respeito das


conexões com a Maçonaria, e comentários sobre o pentagrama, é aquele
mantido pela Grande Loja da Colúmbia Britânica e Yukon. Ele insiste para o
ponto de que, apesar de o pentagrama ter sido ilustrado em muitos
artefatos maçônicos, ele não é mencionado e não tem conexão com as
palestras nem com a cerimônia maçônica. A minha própria experiência
apenas endossa esses sentimentos. Porém, isso não responde aos pontos
observados antes, de que o símbolo do pentagrama ica em destaque no
degrau da frente do Freemasons Hall em Londres, ou que está
caracterizado nas lâmpadas externas do Centro Maçônico de Brighton. Em
uma das cerimônias maçônicas, foi sugerido que todos os maçons deviam
estudar aquilo que icou conhecido como as Sete Artes e Ciências Liberais:
Gramática, Retórica, Aritmética, Música, Lógica, Astronomia e Geometria.
Como a geometria abrange um importante componente do entendimento
maçônico, a única conclusão a que alguém pode chegar é que a proporção
geométrica do pentagrama deve ter muito mais a ver com sua presença na
Maçonaria do que qualquer coisa esotérica. É a mesma conclusão a que
cheguei para o hexagrama. Sendo assim, então quais características têm
algum interesse em particular?

Quando o pentagrama é rodeado por um círculo, a igura resultante é


de inida como pentáculo. Eu não podia deixar de observar que tanto o
hexagrama como o pentagrama às vezes podem ser usados
independentemente e, em outras ocasiões, são de inidos dentro de um aro
circular externo. Assim, será que quando rodeados pelo círculo eles não se
tornariam conhecidos como o Selo de Salomão? Nesse caso, isso mostraria
que existia alguma coisa a respeito do círculo que conectava essas formas
geométricas com o rei Salomão.

A conexão com a Maçonaria


Após demonstrar pro iciência nos primeiros três graus do O ício da
Maçonaria, a pessoa pode ser convidada a se juntar na próxima etapa da
progressão maçônica. Isso é mencionado entre os maçons como a
Maçonaria do Real Arco ou simplesmente como Capítulo. O emblema desse
grau é um hexagrama encaixado em um aro circular externo. No centro do
hexagrama, há um símbolo complementar, um compasso apoiando a
representação de um globo e, mais uma vez, a imagem do Sol.

A descrição que explica o simbolismo ligado a essa con iguração observa


que o hexagrama é um triângulo duplo, algumas vezes chamado de Selo de
Salomão. Gravadas no emblema existem duas inscrições, ambas em latim.
Uma inscrição traduzida diz que "nada falta, a não ser a chave".
Desnecessário dizer que quando vi isso pela primeira vez, como novo
membro de um Capítulo, logo começei a me perguntar:

Para que serve a chave?

Como a chave é usada?

Onde posso encontrar essa chave?

A tradução da outra inscrição diz que "se tu podes entender estas coisas,
então sabes o bastante".

Saber bastante sobre o quê?

A respeito de que prováveis coisas vamos saber?

A descrição então prossegue para uma longa explicação geométrica


associada à teoria platônica e aos sólidos platônicos: tetraedro, octaedro,
cubo, icosaedro e dodecaedro. Existe uma explicação para a conexão entre
o Ia Livro de Euclides e os triângulos, que é feita em uma linguagem tão
complicada que eu achei que muitos poucos maçons teriam lido e
compreendido por conta própria o que lhes estava sendo transmitido.
Apesar da menção aos cinco sólidos platônicos primários simétricos, o
mesmo ignora um dos mais respeitados por Pitágoras, a esfera, que ele via
como o mais perfeito.

Esfera

Sem considerar a explicação a respeito do emblema do Capítulo, a


descrição não traz maiores referências ao Selo de Salomão. O fato de o
termo Selo de Salomão ter passado ao uso rea irmava a minha crença de
que sua origem derivaria da aplicação geométrica prática. Pensei se isso
não estava de algum modo associado ao Templo de Salomão. Em algum
momento no decorrer dos tempos, o mesmo passou a adquirir esse título
pois estava tão especi icamente ligado ao rei Salomão. É di ícil imaginar
que o título tenha sido inventado há muitos anos, e associado a Salomão,
apenas pelo motivo de lhe dar um nome. Percebi que, nos tempos antigos,
as pessoas faziam as coisas para ins práticos. Elas não se davam ao luxo
de usar desenhos esotéricos apenas para que tais títulos pudessem existir.

Como o hexagrama e o pentagrama, junto com o rei Salomão, destacam-se


extensivamente no simbolismo e nas cerimônias Maçônicas, e como alguma
mitologia envolve todos os três, decidi tentar entender onde a ligação com
o rei Salomão, e também os hebreus, podia ter sido originada. Foi por
causa da possível conexão com a Geometria, um conhecimento óbvio para
os maçons operativos que caracterizavam a Maçonaria, que achei que valia
a pena explorar melhor isso.

Uma solução para o segredo do Selo de Salomão


Em capítulo anterior, indiquei o signi icado geométrico do uso de dois
círculos sobrepostos de inidos como Vesica Piscis. Também observei que
essa estrutura geométrica tinha a capacidade adicional de permitir o
desenho de um triângulo equilátero como conseqüência do relacionamento
angular de 30 graus e 60 graus quando uma linha é traçada dentro da
vesica. É óbvio que o relacionamento geométrico simétrico existente dentro
da igura da vesica permite que a Estrela de Davi seja produzida com
exatidão.

Vesica Piscis - Estrela de Davi


A imagem acima podia ser reproduzida com o uso das ferramentas simples
dos maçons, um compasso e uma peça reta, como um esquadro.

Além do mais, o símbolo geométrico resultante pode icar totalmente


encaixado em um círculo que toca cada ponto externo quando este é
desenhado a partir do centro da vesica. Na verdade, o círculo externo
define a consistência da forma.

Sendo assim, ocorreu-me que existia uma explicação simples para a


diferença de terminologia entre quando os triângulos equiláteros se
sobrepõem, um no topo do outro, como na igura anterior, e quando os
triângulos estão entrelaçados, como na figura abaixo.

Este é o segredo do Selo de Salomão?


Os triângulos entremeados são indicativos do uso da sobreposição ou dos
círculos entremeados, derivados da Vesica Piscis.

Em outras palavras, o uso do Selo de Salomão é indicativo da noção do


potencial geométrico da Vesica Piseis. E evidência do conhecimento dos
segredos da geometria sagrada. Ele mostra o conhecimento de alguns
segredos do maçom. E mostra a utilidade do conhecimento para a de inição
e o planejamento de algumas das mais signi icativas construções da
Antigüidade. O que seguramente seria visto como uma importante
informação, a não ser perdida, mas passada de uma geração a outra.

Tudo isso é bastante válido para a Estrela de Davi. Mas, e com relação ao
pentagrama?

Pesquisando em livros de Geometria, encontrei apenas um método de


construir o pentagrama corretamente que parecia compatível. Ele envolve
o círculo e o quadrado.

Para construir um pentágono ou a igura do pentagrama, primeiro


desenhe um círculo, em seguida um quadrado de ângulo reto, cujos lados
apenas toquem na circunferência do círculo. Observe o ponto onde o eixo
vertical passa pelo centro e a circunferência do círculo (na igura a seguir
isso é a linha CD). Construa uma linha reta (EF) a partir do ponto onde o
eixo vertical passa pela circunferência de baixo para um canto oposto do
quadrado. Coloque a ponta de um compasso no lugar onde a linha (EF)
passa pelo eixo horizontal do círculo (linha AB) e descreva um arco ou
círculo a partir do ponto onde a linha EF cruza o eixo vertical CD pelo eixo
horizontal AB.

Após construir o pentagrama com base nos princípios geométricos,


descobrimos que o símbolo resultante tem certas características
interessantes, como podemos ver no diagrama abaixo.

• Cada ponto no círculo externo onde um dos cinco catetos do pentagrama


toca (A, B, C, D, E) tem uma separação angular de 72 graus.

• Entre cada cateto, por exemplo AFB, é de 144 graus, o que é duas vezes
72.

• O ângulo de cada cateto, por exemplo, CBD, é de 36 graus, que é a


metade de 72.

Existem ainda características mais interessantes. Há uma clara ligação com


a Proporção Áurea e o valor de Fi. Se alguém pegar o comprimento do io
entre os pontos AB, que também forma um lado do pentagrama, com uma
proporção do comprimento de um braço do pentagrama, o valor é 1,618 ou
0,618.

Algumas vezes o símbolo do pentagrama é ilustrado com o círculo


desenhado no centro, e apenas toca a parte interna dos catetos, ou do
pentágono.

O diâmetro do círculo resultante é 0,6 do raio de um círculo desenhado em


volta dos pontos externos, ou o raio do círculo externo é 1,6 vezes aquele
do diâmetro do círculo interno, outra vinculação direta entre o pentagrama
e a Proporção Áurea, o Fi, e seus dois valores de 1,6 e 0,6.

A Proporção Áurea também se manifesta de outra maneira. Se você pegar


qualquer braço reto do pentagrama e observar o ponto em que as outras
linhas cruzam com o mesmo, então o comprimento mais curto do braço é
sempre 0,618 do comprimento do braço.

Se um triângulo for desenhado entre os dois pontos nas pontas dos catetos
do pentagrama mais os lados do triângulo, então a base tem uma
proporção de 1 enquanto os lados têm o valor de 1,618.

O vértice do triângulo terá um ângulo interno de 36 graus, enquanto os


ângulos internos na base terão cada um 72 graus.
o pentagrama e a proporção áurea - 3
A vinculação hexagrama/pentagrama com as unidades de medida

Anteriormente, neste capítulo, mencionei que existia a sugestão de uma


vinculação entre o hexagrama e as medições da Terra. Apesar de
considerável pesquisa, não encontrei nada que fornecesse qualquer
evidência positiva para apoiar essa pretensão. Mas, inesperadamente,
descobri algo que faz tal conexão com o pentagrama.

Supondo que as hipóteses tradicionais a respeito da medição da Terra


sejam baseadas em práticas antigas, então a unidade de medida pode
muito bem ter sido o côvado. Uma unidade de medida, em particular, usada
no Egito Antigo era conhecida como o côvado real, que no padrão imperial é
20,63 polegadas (525 milímetros). Cheguei a isso por meio de um estudo
que sugeria que o côvado real era baseado no tamanho da Tetra.

O argumento de inido no estudo sugere que os sacerdotes egípcios


estavam procurando um meio de produzir uma unidade de medida
padrão. Eles mediram a circunferência da Terra, e a partir daí
determinaram que um minuto (1/60 de um grau) de latitude representava
6.046 pés. Essa dimensão por si própria era muito grande para ser
manuseada como padrão de medida. Em tempos modernos, essa é uma
distância de cerca de uma milha (5.280 pés). O autor nota que a latitude
que serviu como limite entre o Egito Superior e Inferior era 29° e 27', e a
divisão icava entre os distritos de Memphis, uma capital egípcia, e Medum.
Assim, uma medida relacionada com essa latitude também serviria para
unir, simbolicamente, os dois territórios do Egito Superior e Inferior. Como
a unidade de medição de ângulos circulares era o sexagésimo, então, como
isso sugeria, os sacerdotes pegaram a medida de 6.046 pés,
geometricamente reduziram-na ao equivalente do cosseno de 29° e 27'
(0,8708) e dividiram o resultado por 60, depois por 60 novamente. Isso
resultou em uma medida mais manuseável, de 1,46246 pés ou 17,5495
polegadas. O interessante é que essa dimensão de 17,5 polegadas é quase
a medida normalmente aceita para o padrão do côvado, de cerca de 18
polegadas.

Para se construir o pentagrama com o uso dos princípios geométricos,


seria desenhado um círculo de 17,5495 e um quadrado em torno da
mesma medida. O eixo horizontal seria então dividido por uma linha
desenhada a partir do topo do eixo vertical para o canto inferior do
quadrado em torno do círculo. O comprimento da linha resultante, BF, no
diagrama a seguir, eqüivaleria a 20,63 polegadas, o valor reconhecido do
côvado real no padrão de medida imperial. Como vimos na construção
metodológica anterior do pentagrama ou pentágono, se um arco for
descrito a partir do ponto F, com o centro em B, então o pentágono pode
ser inscrito dentro do círculo externo e o comprimento de cada lado
também será de 20,63 polegadas.


Alguém poderia, então, muito bem imaginar que os maçons de antigamente
teriam usado esse método simples de construção da Vesica Piscis em seus
desenhos e implementações. Na maioria das circunstâncias a variação nem
seria perceptível. Então, essa construção geométrica se baseava no mesmo
processo usado para construir um hexagrama. É fácil entender como e por
que o termo Selo de Salomão tornou-se associado a ambas as iguras: a
Estrela de Davi e o pentagrama. Ambos, quando interligados, são derivados
de círculos intercalados da Vesica Piscis. Teria sido um processo de
construção simples para lembrar quando se trabalhava em um local de
construção importante, como um templo ou uma catedral. Desse modo,
deve ter sido incluído no segredo do maçom do Selo de Salomão.

O Selo de Salomão

Na época em que escrevi este capítulo, apesar de fazer referência a muitas


obras de outras pessoas, não encontrei nenhuma sugestão anterior que
reclamasse uma solução da Vesica Piscis como sendo uma de inição
geométrica para o termo Selo de Salomão ou como isso podia ser aplicado
ao hexagrama ou ao pentagrama. Confio isso aos leitores.

Tendo agora estabelecido uma provável explicação plausível para o Selo,


esse fato então nos deixa ainda uma questão a ser respondida: por que ele
é ligado ao rei Salomão?

Conclusão
A respeito do hexagrama, ou Estrela de Davi, as minhas investigações
revelaram que a vinculação global e de initiva do hexagrama com o
Judaísmo é bem recente, data do início do século XIX, embora tal associação
viesse crescendo progressivamente desde o século XIV. Indícios mostram
que o hexagrama foi um símbolo aceito e estabelecido bem antes da era
salomônica. Existem vinculações judaicas antigas com o símbolo, mas não
muito mais além do que o uso em outras culturas como símbolo de boa
sorte, ou com o signi icado esotérico de representar harmonia. Pode ter
sido usado pelos hebreus em tempos antigos como símbolo de casamento,
mas não está claro se tal simbolismo recuaria à época dos monarcas
carismáticos, Saul, Davi e Salomão.
Descobertas arqueológicas na Mesopotâmia traçam o uso do símbolo do
pentagrama a uma época de cerca de 2.500 anos anterior à construção do
Templo de Salomão. Além de ser uma igura geométrica bem
proporcionada, com interessantes características angulares, na
Antigüidade foi associada aos ciclos do planeta Vênus.

Acredita-se que o pentagrama era um símbolo de reconhecimento dos


adeptos da escola de mistério criada por Pitágoras, ilósofo e matemático
grego. Os ensinamentos de Pitágoras parecem ter sido inculcados na
Maçonaria Antiga. Como a referência ao símbolo do pentagrama não é feita
em nenhuma cerimônia ou palestra maçônica, a presença do pentagrama
na cultura maçônica pode estar relacionada em parte com essa conexão
antiga. Isso pode explicar a presença do símbolo nos principais degraus do
Freemasons Hall, em Londres, sede da Grande Loja Unida da Inglaterra,
embora a interpretação o icial na Maçonaria seja de que se trata de um
símbolo de amizade e um talismã de harmonia e boa vontade.

A conexão dos símbolos do pentagrama e do hexagrama com os maçons


operativos dos tempos antigos é possível por causa da construção
geométrica simples, que pode ser conseguida com base na Vesica Piscis.
Quando construídos com o uso dos princípios de inidos como Vesica Piscis,
eles estão diretamente vinculados a círculos sobrepostos ou intercalados. O
que apresento à consideração dos leitores é que, quando os símbolos são
produzidos dessa maneira e icam encaixados dentro de outro círculo,
ambos assumem a forma de inida como Selo de Salomão; e que a
construção do Selo de Salomão era um segredo do o ício dos maçons
operativos como símbolo do conhecimento a respeito da Vesica Piscis,
usada no desenho e na definição de certas edificações.

O que eu continuo precisando descobrir é a razão da referência a Salomão


e onde e como tal referência pode ter se originado.


CAPÍTULO 5
Pitágoras, Escolas de Mistério e Maçonaria
De que maneira a informação contida na sabedoria antiga era transmitida
de geração em geração? Parte da resposta parece estar relacionada às
"escolas de mistério".

Em capítulo anterior mencionei as escolas de mistério que, como nós já


sabemos, existiram na Era Clássica da Grécia Antiga. Entre estas, havia
uma atribuída a Pitágoras, o ilósofo e matemático. Parte do conhecimento
atribuído a essa escola de mistério em particular manifestou-se na
Maçonaria.

Conforme os relatos tradicionais, as escolas de mistério têm uma história


que data possivelmente de antes de 2.500 AEC. Uma delas estava
aparentemente relacionada com Ísis e Osíris, as primeiras divindades do
Egito Antigo, e a partir das quais, pela tradição, o império egípcio foi
semeado. As religiões importantes, aparentemente, tinham seus próprios
ensinamentos místicos, ao lado da doutrina regulamentada. Esse
conhecimento místico era dividido entre indivíduos selecionados, que eram
iniciados nesses segredos, normalmente com os primeiros três níveis de
capacitação sendo referidos como os três graus. Essa mesma prática é
encontrada na Maçonaria ainda hoje.

E bem sabido que o conhecimento a respeito do macrocosmo, das


operações da natureza, de seus ciclos e dos padrões celestiais era
dominado por um seleto grupo de pessoas conhecidas como sacerdotes.
Tais sacerdotes não apenas entendiam o mundo ao redor deles, realizando
investigações sobre assuntos a respeito da maneira como o mundo
funcionava, como também tratavam de garantir que as informações e o
conhecimento acumulado pelo homem fossem passados de geração em
geração. Eles eram magos, os guardiões do conhecimento e do
entendimento, e acontecia que, quanto mais sênior a pessoa se tornava
dentro da hierarquia, mais o entendimento de um assunto em particular,
provavelmente, seria mais extensivo, enquanto o acesso ao conhecimento
de quase qualquer assunto conhecido era vasto.
Em seu livro Ancient Freemasonry [Maçonaria Antiga], Frank Higgins faz a
seguinte observação a respeito de tais sacerdotes e do processo de
iniciação que os rodeava:

O objeto de todas essas cerimônias de iniciação antigas era pura e


simplesmente a preservação da casta sacerdotal. Esta divisão particular da
sociedade, dotada de lazer e dos meios para buscar o conhecimento, descobriu
muita coisa, mas nada que pudesse ser compartilhado livremente, quando se
percebia que isso se destinava às grandes massas.

À medida que o tempo passou, é altamente provável que esses sacerdotes


tenham caído na armadilha dos paradigmas, quando os costumes, dogmas
e percepções estavam bem estabelecidos, a tal ponto que mudanças não
eram toleradas nem contempladas. A mais antiga referência à experiência
de Anaxágoras e sua estimativa a respeito do tamanho da Lua serve para
ilustrar esse ponto. Punições eram in ligidas àqueles que procuravam
caminhos alternativos ou propunham soluções ou proposições que não se
encaixavam no dogma estabelecido. No caso de Anaxágoras, a punição foi o
exílio. Assim, não é di ícil entender que as sociedades secretas podem
muito bem ter se desenvolvido para explorar novas idéias, transmitindo-as
aos adeptos, pessoas desejosas de explorar e promulgar novos conceitos.

Os sacerdotes do Egito Antigo mereceram o crédito de ter entendimento


bem desenvolvido do macrocosmo, de Geometria, de Astronomia e das
regras básicas dos sistemas de numeração. Da mesma forma, os druidas
da Grã-Bretanha mereceram o crédito do mesmo conhecimento. Em alguns
aspectos, o entendimento druídico é até considerado superior ao dos
egípcios. O terreno do Egito ditava que os sacerdotes de lá tivessem
entendimento profundo das plantas e dos animais adequados ao ambiente
seco e quente que eles habitavam; eles aprenderam como construir com
barro, tijolos e pedras porque as árvores e a madeira eram escassas. Por
outro lado, os druidas eram rodeados de lorestas que abrigavam um
conjunto de vida animal diferente, uma rica lora e fauna. A madeira existia
em tal abundância que se tornou o principal material de construção. Tanto
druidas como egípcios tiveram algo em comum: o conhecimento, o
entendimento e o estudo do movimento celestial. Considera-se que mais
tarde os druidas absorveram em sua doutrina muito do entendimento
filosófico atribuído a Pitágoras.

À medida que o tempo passava, os homens cultos de cada cultura


tornaram-se conhecidos como sábios ou homens sabidos; um daqueles que
entende. Foi Pitágoras quem aparentemente inventou o termo ilósofo, que
significa aquele que está tentando descobrir.

De acordo com a tradição, Pitágoras nasceu em Sidon, na Fenícia. Existe


alguma dúvida a respeito do ano exato, mas acredita-se que tenha ocorrido
em tomo de 580 AEC. Considera-se que fosse familiarizado com o
conhecimento esotérico. De acordo com a tradição, tendo aprendido tudo o
que sentiu que podia dos ilósofos gregos da época, ele se tornou um
iniciado nos mistérios eleusianos; viajou para o Egito e foi admitido nos
mistérios de Ísis pelos sacerdotes de Tebas; então, ele foi iniciado nos
mistérios de Adônis antes de passar para a Mesopotâmia e receber os
mistérios dos caldeus; inalmente, ele acabou no Industão para aprender
com a casta sacerdotal dos brâmanes. Com o valor de tudo isso que
aprendeu, ele voltou ao Mediterrâneo e estabeleceu sua escola em Crotona,
no Sul da Itália, onde iniciou discípulos pitagóricos, aos quais transmitiu o
conhecimento secreto que adquiriu em suas viagens.

Eu já mencionei que aparentemente o pentagrama era tido como símbolo


de reconhecimento pelos adeptos de sua escola. Especulou-se que a razão
para ele escolher esse símbolo foi por causa de sua conexão com o mundo
natural, o macrocosmo. A maioria das pessoas, quando precisa cortar uma
maçã pela metade, vai fazer isso pela linha que atravessa o ramo, isto é, ao
longo do comprimento da maçã, como se estivesse pendurada na árvore.
Se, no entanto, a maçã for cortada pela metade através daquilo que pode
ser considerado seu equador, então o símbolo do pentagrama será
revelado no núcleo. Assim, seria muito fácil para um adepto da escola
demonstrar sua conexão sem ter de falar ou escrever qualquer coisa. Ele
podia simplesmente pegar a maçã, cortá-la ao meio e revelar o símbolo
interno.

Pitágoras aparentemente ensinou a sabedoria alquímica de sua época,


junto com a Geometria, a Música, a Aritmética e a Astronomia. Esses quatro
assuntos formam a base daquilo que, durante a Renascença, se tornou
conhecido como as Ciências e Artes Liberais. As Ciências e Artes Liberais
são atribuídas ao conhecimento dos maçons, como registra um documento
existente na Biblioteca Bodley de Oxford. Nos primeiros tempos da
educação acadêmica formalizada naquilo que atualmente conhecemos
como universidades, o estudo das Ciências e Artes Liberais era básico para
o título de Mestre em Ciências Humanas.

A chave da contagem pitagórica era o número dez, que Pitágoras de iniu


como o número mais perfeito e in inito; um número que, claro, tinha íntima
associação com a quantidade de dedos da mão ou do pé para a forma
humana.

O ensinamento pitagórico desprezava os primeiros dois números do


sistema de contagem, que Pitágoras chamava de mônada e díada, pois não
tinham signi icado, mas atribuía grande valor aos dois números seguintes,
três e quatro. Estes, quando somados aos primeiros dois resultavam no
tota l d e z ( 1 + 2 + 3 + 4 = 10), a década. Aparentemente, é dessa
terminologia pitagórica que hoje em dia usamos o termo década para
de inir o período de dez anos. O interessante é que existia a visão de que,
quando dois maçons apertam as mãos, eles estão simbolizando a década
pitagórica. A década pode ser dividida em duas porções iguais de cinco e,
assim, duas mãos se juntando, cada uma com cinco dedos, criam a década.

Pitágoras é famoso por ter atribuído grande valor ao número três. De


acordo com Aristóteles, "os pitagóricos dizem... que todas as coisas são
de inidas por três; pois im e meio e começo constituem o número de tudo, e
também o número da tríade". É interessante como esta conjectura simples
permanece uma característica de nossa linguagem de hoje:

todas as coisas vêm em três(...)

uma gripe leva três dias para chegar, dura por três dias e em três dias vai
embora.

Pitágoras também atribuiu certo signi icado simbólico aos números primos
na faixa de um a nove. Como exemplo considere o número 666. O sistema
de Pitágoras somava em conjunto os números componentes individuais e
depois somava juntos os dígitos da resposta para reduzir isso a um valor
simples, dentro da faixa de um a nove. Assim:

6 + 6 + 6= 18

1 + 8 = 9

Pitágoras atribuiu ao número nove o próprio homem.

A tabela dos números pitagóricos


No Nome Representação simbólica pitagórica

1 Mônada Simboliza o pai. Permanece sempre na mesma condição e


separado da multidão. É o símbolo da mente, estável e proeminente; é
hermafrodita, sendo macho e fêmea, ímpar e par; quando é somado a um
número par resulta em um ímpar. Uma mônada somada a outra mônada
cria a díada.

2 Díada Simboliza a mãe da sabedoria; a dualidade do Céu e da


Terra.

3 Tríada É vista como o primeiro número ímpar (pois a mônada


nem sempre é vista como número). Caracteriza amizade, paz, justiça,
prudência, piedade, temperança e virtude.

4 Tétrada Vista como o número mais perfeito. Simboliza a


divindade, pois incorpora os quatro primeiros números. O número de
estações. O meio da semana. Os quatro elementos: ar, fogo, água, terra. Os
quatro cantos da Terra: norte, sul, leste e oeste. Caracteriza harmonia,
força e virilidade.

5 Pêntada O número dez dividido em duas partes iguais. A soma


dos primeiros números ímpares e pares: 3 + 2 = 5. É um dos dois números
que quando multiplicados por si mesmos reproduzem a si mesmos no
produto. Caracteriza imortalidade, cordialidade, providência e som.

6 Héxada Representa a criação do mundo. A soma e o produto


dos primeiros três números: 1 + 2 + 3 = 6 ; 1 x 2 x 3 = 6 . O
segundo número, quando multiplicado por si mesmo, reproduz a si mesmo
no produto. Considerado o símbolo do casamento conforme de inido pelos
dois triângulos que se sobrepõem. Caracteriza harmonia.

7 Heptada Considerado como o número da religião, pois reflete as


sete esferas e espíritos celestiais (a Terra é omitida, mas o Sol e a Lua
estão incluídos). Considerado o símbolo da vida, pois uma criança nascida
após a gestação de sete meses normalmente viveria.

8 Octoda O símbolo sagrado do cubo, que tem oito cantos.


Qualidades

especiais observam que oito dividido em duas partes é igual a quatro;


quatro dividido em duas partes é igual a dois; dois dividido em duas partes
é igual a um, a Mônada (1-2-4- 8-4-2-1). Caracteriza amor, conselho,
prudência e lei.

9 Enéada O primeiro quadrado de um número ím p a r ( 3 x 3 = 9).


Considerado como o número do homem, pois o mesmo precisa de nove


meses de gestação para receber a vida.

Algumas vezes é considerado número ruim, pois é o seis invertido.


Caracteriza o oceano e o horizonte.

10 Década Considerado como o maior dos números. É representada no


tetractys (triângulo de dez pontos). Incorpora todos os números anteriores.
A base da aritmética por permitir a contagem com o uso da calculadora
humana, os dedos.

Esta tabela foi parafraseada e editada a partir das informações fornecidas


em The Secret Teachings of All Ages, de Manly P. Hall.

No ensino pitagórico havia um sistema em que certas palavras recebiam


um signi icado numérico que lhes atribuía um sentido oculto. Manly P. Hall
observa que o primeiro passo para se obter o valor de uma palavra é
saber se ela foi de inida em sua linguagem original, e depois acrescenta
que isso somente funciona com palavras derivadas do grego ou do
hebraico. Na verdade, Hall indica que tanto os gregos como a cabala
hebraica usaram esse sistema. Ele demonstra que a palavra que
conhecemos atualmente como Jehovah é sinônimo do Demiurgus dos
judeus. Quando esta palavra é traduzida novamente para o hebraico, ela se
caracteriza pelas seguintes letras hebraicas:
Yod-He-Vau-He

Então, ao consultar a tabela de conversão impressa no livro de Hall, as


letras têm números alocados. Assim, Demiurgus (Jehovah) torna-se:

Yod-He-Vau-He

10+ 5 + 6 + 5 = 26

Desse modo, à palavra derivada de Jehovah é atribuído o valor de 26.


Levando o processo pitagórico à sua conclusão, reduzindo este total a um
número simples, temos: 2 + 6 = 8. Pela tabela anterior foi visto que o
número oito (Octoda) representa o cubo sagrado com os seus oito cantos.
Porém, o cubo também era uma representação simbólica do mundo. Assim,
podemos interpretar a palavra Jehovah como a simbolização do mundo.

Manly P. Hall indica que:

As palavras e nomes do Antigo Testamento, portanto, precisam ser


retraduzidas para os caracteres originais em hebraico e as palavras do Novo
Testamento para o grego.

Correndo abertamente o risco de gerar polêmica, o que está sendo


sugerido aqui é que os nomes e as frases da Bíblia têm uma característica
mística oculta. Em outras palavras, a Bíblia contém um código, um código
revelado pela aplicação de um processo tipificado pela doutrina pitagórica!

Mas é por seu entendimento geométrico que Pitágoras é mais bem


conhecido. O Teorema de Pitágoras é ensinado para quase toda criança em
idade escolar no mundo ocidental.

Em um triângulo retângulo, o quadrado da hipotenusa é igual à soma dos


quadrados dos cateto, isto é, a 2 + b2 = c2. E isso é demonstrado em um
triângulo retângulo com as proporções três, quatro, cinco: por exemplo, 3 2 +
42 = x2 9 + 16 = 25 √25 = 5

O diagrama desse teorema é mostrado assim:

O símbolo acima é bem conhecido em palestras maçônicas, sendo ilustrado


em certos emblemas. Em particular, caracteriza uma joia ganha por um ex-
Venerável da Loja, mais uma vez vinculando o antigo conhecimento da
Maçonaria com a Geometria.

Fiquei surpreso por tanto tempo que precisei recuar para encontrar
alguma referência a Pitágoras em materiais maçônicos publicados. A
primeira menção que pude encontrar na literatura maçônica estava em
uma das primeiras obras mais consideradas da fraternidade, Illustrations
of Masonry, de William Preston, publicada em 1772. O original e uma cópia
antiga desta notável obra rara foram disponibilizados para mim por
conexões locais, mas confesso que o estilo próprio do impresso não
facilitava a leitura. Felizmente, Robert Lomas, o elogiado maçom coautor de
The Hiram Key, produziu uma versão on-line bem mais fácil de assimilar,
que foi traduzida do inglês antigo, que era o estilo de escrita comum
quando Preston compilou a obra original, e que oferece a facilidade da
busca de palavras. Robert Lomas foi muito gentil ao permitir que alguns
trechos fossem impressos aqui. A respeito da história da Maçonaria na
Inglaterra, Preston escreveu as seguintes referências a Pitágoras. De modo
que elas não iquem fora do contexto, uma grande parte de texto será
reproduzida.

Primeiro, há uma referência a Pitágoras e aos druidas:

Os druidas, somos informados, tinham entre eles muitos usos similares aos
dos maçons; mas, no que eles consistiam nesse período remoto não podemos
com certeza descobrir. De acordo com práticas antigas da fraternidade,
aprendemos que eles faziam suas assembleias em lorestas e bosques, e
tinham o mais impenetrável sigilo em seus princípios e opiniões; uma
circunstância que temos motivo para lamentar, tendo em vista que isso,
sendo conhecido apenas deles próprios, acabou perecendo com eles. Eles
foram sacerdotes dos bretães, gauleses e de outras nações célticas e se
dividiam em três classes: os bardos, que eram poetas e músicos, formavam a
primeira classe; os vates, que eram sacerdotes e isiologistas, compunham a
segunda classe; e a terceira classe consistia nos druidas, que juntavam
iloso ia moral ao estudo da isiologia. Como estudo e especulação eram as
ocupações favoritas desses ilósofos, foi sugerido que eles derivaram seu
sistema de governo principalmente de Pitágoras. Muitos princípios e
doutrinas do mesmo parecem ter sido adotados por eles. Em seus refúgios
secretos eles tratavam do exame da origem, leis e propriedades da matéria, da
forma e magnitude do universo, e até se aventuravam a explorar os mais
sublimes e ocultos segredos da natureza. A respeito desses assuntos eles
formulavam uma variedade de hipóteses que passavam em versos aos seus
discípulos, de modo que estes pudessem mais facilmente retê-las na memória,
e prestavam o juramento de não anotá-las por escrito.

Existe uma referência suplementar, dessa vez relacionada ao sigilo:

E bem sabido que os usos e costumes dos maçons sempre corresponderam


àqueles dos egípcios antigos, aos quais atribuíam uma a inidade próxima.
Esses ilósofos, que relutavam expor seus mistérios a olhos vulgares,
ocultavam suas doutrinas particulares e seus princípios comunitários sob
iguras hieroglí icas; e expressavam suas noções de governo por sinais e
símbolos, que comunicavam apenas a seus Magos, que estavam impedidos de
revelá-los por juramento. Pitágoras parece ter estabelecido seu sistema em
um plano similar, e muitas ordens de data mais recente copiaram o exemplo.
A Maçonaria, porém, não é apenas a mais antiga, mas também a instituição
mais ética que já existiu; cada símbolo, igura e emblema representado na
Loja tem uma tendência moral, com inalidade de incentivar a prática da
virtude.

Então, encontramos mais uma referência que alude a Pitágoras sendo


iniciado no mesmo conhecimento que formou a iloso ia da Maçonaria, e
depois uma dissertação sobre as viagens e o conhecimento adquirido pelo
sábio:

Os registros da fraternidade nos informam que Pitágoras era


regularmente iniciado na Maçonaria; e, sendo adequadamente instruído
nos mistérios da Arte, propagou os princípios da Ordem nos outros países em
que viajou. Pitágoras viveu em Samos, no reinado de Tarquínio, o último rei
dos romanos, no ano 220 de Roma; ou, de acordo com Lívio, no reino de
Servius Tullius, no ano 3.472 do mundo. Ele era fdho de um escultor e foi
educado por um dos maiores homens de sua época, Terecídes de Siro, um dos
primeiros a ensinar a imortalidade da alma. Após a morte de seu patrono, ele
decidiu observar a ciência em sua fonte e satisfazer a si mesmo com novos
tesouros em cada parte do mundo onde isso podia ser obtido. Animado por
esse desejo de conhecimento, ele viajou para o Egito e submeteu-se aos
tediosos e desalentadores cursos preparatórios de disciplina que eram
necessários para obter o bene ício da iniciação egípcia. Quando conseguiu
tornar a si mesmo mestre de todas as ciências que eram cultivadas nos
colégios sacerdotais de Tebas e Memphis, ele prosseguiu suas viagens pelo
Oriente, conversando com os Magos e os Brachmans indianos
(Brahmins/Brâmanes), misturando as doutrinas destes com as que havia
aprendido no Egito. Depois estudou as leis de Minos, em Creta, e as de
Licurgo, em Esparta. Após gastar grande parte do início de sua vida dessa
maneira proveitosa, ele voltou para Samos bem informado a respeito de cada
coisa curiosa da natureza ou da arte em países estrangeiros, aperfeiçoado
com todas as vantagens resultantes do curso laborioso e regular de educação
instruída, e adornado com aquele conhecimento da humanidade necessário
para ganhar ascendência sobre eles. Acostumado com a liberdade, ele
desaprovou a arbitrariedade de Samos e se retirou para Crotona, na Itália,
onde abriu uma escola de iloso ia; e pela seriedade e santidade de suas
maneiras, a importância de suas doutrinas e a peculiaridades de suas
instituições, logo espalhou sua fama e in luência pela Itália e pela Grécia.
Entre outros projetos que ele usou para criar respeito e ganhar crédito para
sua afirmação, ele se escondeu em uma caverna e fez com que fosse divulgado
que havia morrido. Voltou para o mundo, exterior depois de algum tempo e
inventou que as informações que seus amigos lhe passavam, em seu retiro,
sobre o que ocorria em Crotona, haviam sido recolhidas durante a sua
estadia em outro mundo junto às assombrações dos falecidos. Ele formava
seus discípulos, que vinham de todas as partes para se colocar sob sua
direção, em uma espécie de república, onde ninguém era admitido antes que
severa provação tivesse exercitado su icientemente a paciência e a docilidade
deles. Depois disso, ele os dividia nas classes esotéricas e exotéricas: aos
primeiros, ele con iava as doutrinas mais sublimes e secretas; aos últimos, as
mais simples e populares. Esse grande homem achou que era capaz de unir o
caráter do legislador com o do ilósofo, e de igualar Licurgo e o Orfeu no
primeiro, Ferecídes e Thales no outro; seguia, nesse aspecto em particular, os
padrões de inidos para ele pelos sacerdotes egípcios, seus instrutores, que não
foram menos famosos por de inir tanto a economia civil como a religiosa de
sua nação. Ao imitá- los, Pitágoras fez leis para a república de Crotona e
levou os habitantes de um estado de luxúria e dissolução a se tornarem
conhecidos pela ordem e pela sobriedade. Enquanto viveu, era sempre
consultado pelas repúblicas vizinhas, como conciliador de diferenças e o
reformador de costumes; e desde sua morte (que aconteceu por volta do
quarto ano da 70 a olimpíada, em uma confusão armada contra ele por um
tal Cylon) a administração de seus negócios foi normalmente con iada a
alguns de seus discípulos, entre os quais, para produzir a autoridade de seu
mestre em qualquer a irmação, bastava determinar a verdade daquilo sem
maiores questionamentos.

As noções mais famosas e ilosó icas de Pitágoras são aquelas que tratam da
natureza da divindade; a transmigração das almas por diferentes corpos (que
ele emprestou dos Brachmans indianos [Brahmins/Brâmanes]) e o sistema
do mundo. Ele foi o primeiro a adotar o nome de ilósofo; quer dizer, o que
amava a sabedoria. Seu sistema de moralidade era admirável. Ele tomou a
unidade o princípio de todos as coisas, e acreditava que entre Deus e o
homem existiam várias ordens de seres espirituais que administravam, a
vontade divina. Ele acreditava na doutrina da metempsicose ou
transmigração das almas; e achava que Deus estava espalhado em todas as
partes do universo, como uma espécie de alma universal, impregnando cada
partícula de matéria e animando cada criatura viva, do réptil mais
desprezível aos próprios seres humanos, que compartilhavam uma larga
porção do espírito divino. A metempsicose estava fundada sobre essa máxima
de que a alma era de origem celeste, não podia ser aniquilada e, portanto,
após abandonar um corpo, necessariamente se transferia para outro, que
freqüentemente penava por suas antigas inclinações viciosas, em forma de
animal ou inseto, antes de aparecer de novo na forma de uma criatura
humana. Ele a irmava que tinha uma faculdade especial, que havia sido dada
a ele pelos deuses, de relembrar os vários corpos pelos quais sua própria alma
havia passado, e confundia os zombeteiros aplicando a eles a própria
experiência. Em seu sistema de mundo, a terceira doutrina que distinguia sua
seita era a suposição de que o Sol icava em descanso no centro, e que a
Terra, a Lua e os outros planetas se moviam em torno dele em diferentes
órbitas. Ele pretendia ter grande habilidade nas propriedades misteriosas dos
números, e sustentava que alguns deles, em particular, continham uma força
e um signi icado peculiar. Ele era um grande geômetra, e só admitia no
conhecimento de seus sistemas aqueles que antes passavam por uma
provação de cinco anos de silêncio. Atribui-se a uma descoberta dele o 47 o
enunciado do primeiro livro de Euclides, que, em soluções e demonstrações
geométricas de quantidades, é de excelente uso; e para o qual, como o sr.
Locke observa, na alegria de seu coração, dizem que ele sacri icou uma
hecatombe. Seu extraordinário desejo de conhecimento e os sofrimentos que
passou para propagar seu sistema acabaram, com justiça, transmitindo sua
fama à posteridade. Os pupilos que eram iniciados por ele nas ciências e nos
estudos da natureza, na escola crotoniana, levavam todas as suas
mercadorias para um tesouro comum, continham os prazeres dos sentidos,
abstinham-se de blasfemar e não comiam nada que tivesse vida. Firmados nas
doutrinas e princípios em que estavam imbuídos, eles se dispersaram no
estrangeiro e ensinaram as doutrinas de seu preceptor em todos os países
por onde viajaram.

As palavras entre parênteses foram acrescentadas pelo autor.

A Grande Loja Unida da Inglaterra foi formada em 1813, pela fusão de


duas grandes Lojas conhecidas separadamente como Antigos e Modernos.
Assim, em virtude do que foi mencionado por Preston em sua obra de
1795, a doutrina pitagórica deve ser considerada como uma característica
da fraternidade reconhecida bem antes dessa época. Isso explica por que
muito da literatura eduardiana e vitoriana produzida na história da
Maçonaria, e alguns de seus atributos cerimoniais, apoiam as atitudes e
re lexões da doutrina pitagórica, junto com o simbolismo ligado à mesma,
inclusive o uso do pentagrama.

Como aconteceu com outros assuntos da minha pesquisa, li muito a


respeito de Pitágoras e senti que tinha um bom entendimento de sua
iloso ia. Eu agora sabia bastante, sem transformar minhas pesquisas em
uma tese sobre a história dessa igura muito culta. Havia ali uma série de
elementos importantes que satisfaziam meu interesse, particularmente
como e por que Pitágoras chegou a ter essa conexão próxima com a
Maçonaria. O que ela não explicava era como havia encontrado seu
caminho até a Ordem.

Conclusão

1. Com a con irmação de que, segundo a tradição, Pitágoras obteve seu


conhecimento a partir de extensivas viagens e da iniciação no
entendimento esotérico no Mediterrâneo Oriental, Egito, Mesopotâmia,
Pérsia e Norte da Índia, o simbolismo dos números apoiado por Pitágoras
pode muito bem ter sido um tema comum de várias culturas. Com uso tão
difundido, é compreensível que esse conhecimento tenha permeado esse
percurso nas épocas subsequentes.
2 . O número mais perfeito de inido por Pitágoras era o número dez.
Assim, seria lógico encontrar esse número em qualquer projeto baseado
na doutrina de Pitágoras.

3. O pentagrama era o símbolo de conhecimento dos iniciados na escola


de Crotona. Com a doutrina de Pitágoras sendo inculcada na Maçonaria,
era lógico que o símbolo devia marcar sua presença na fraternidade.

Agora, a questão que precisa de resposta é: como eram usados os


conceitos de Pitágoras?


CAPÍTULO 6
Influência Eclesiástica - Maçons Admiráveis
Quando Davi morreu, Salomão assumiu o trono de Israel. Com base nos
calendários associados à cronologia bíblica, o intervalo de tempo entre José
sendo feito prisioneiro pelos midianitas, toda a escravidão dos israelitas do
Egito, o Êxodo, a conquista, o reinado de Saul e David, até a era em que
Salomão assumiu o poder como rei de Israel, decorreram impressionantes
700 anos. O lapso de tempo entre o projeto e a construção da Arca da
Aliança e a construção do Templo em Jerusalém chegava perto de 500
anos. O Templo foi construído para abrigar aquilo que já era uma relíquia
antiga.

O Templo - um empreendimento suntuoso


Ao ler a respeito do primeiro Templo de Jerusalém no Antigo Testamento, a
pessoa não pode deixar de se impressionar com os registros dos detalhes
de ostentação e riqueza da decoração, o maciço emprego de mão-de-obra e
o esforço que tanto Salomão como seu cordial vizinho Hirão, rei de Tiro,
despenderam para proteger e transportar para o local da construção os
materiais vistos como certos para a tarefa.

a. A decoração:

Por dentro, Salomão revestiu a casa de ouro puro; e fez passar cadeias de
ouro por dentro do Santo dos Santos, que também cobrira de ouro.

1 Reis 6,21

Assim, cobriu de ouro toda a casa, inteiramente, e também todo o altar que
estava diante do Santo dos Santos.

1 Reis 6,22
Nas paredes todas, tanto no interior da casa como no seu exterior, lavrou, ao
redor, entalhes de querubins, palmeiras e flores abertas.

1 Reis 6,29

Também cobriu de ouro o soalho, tanto no interior da casa como no seu


exterior.

1 Reis 6,30

b. O emprego de mão-de-obra e os materiais necessários para a


construção do primeiro Templo:

Formou o rei Salomão uma leva de trabalhadores dentre todo o Israel que se
compunha de 30 mil homens.

1 Reis 5,13

E os enviava ao Líbano alternadamente, 10 mil por mês; um mês estavam no


Líbano, e dois meses, cada um em sua casa; e Adonirão dirigia a leva.

1 Reis 5,14

Tinha também Salomão 70 mil que levavam as cargas e 80 mil que


trabalhavam pedra nas montanhas.

1 Reis 5,15

Afora os mestres-de-obra de Salomão, em número de 3.300, que dirigiam a


obra e davam ordens ao povo que a executava.

1 Reis 5,16

c. A linha de abastecimento de materiais, muitos dos quais embarcados


de Tiro:

Os meus servos os levarão desde o Líbano até o mar, e eu os farei conduzir em


jangadas pelo mar até o lugar que me designares e ali os desamarrarei; e tu
os receberás. Tu também farás a minha vontade, dando provisões à minha
casa.

1 Reis 5,9

Assim deu Hiram a Salomão madeira de cedro e madeira de cipreste, segundo


este queria.

1 Reis 5,1

Além disso, esse fornecimento maciço de trabalho e materiais di icilmente


parece justi icar-se quando consideramos que as dimensões totais do
Templo indicam que o mesmo era do tamanho de uma igreja típica que
pode ser encontrada em muitas cidades pequenas e em vilas da Inglaterra.

A casa que o rei Salomão edi icou ao Senhor era de 60 côvados de


comprimento, 20 de largura e 30 de altura.

1 Reis 6,2

Supondo, para facilitar a conversão, que um côvado tem 18 polegadas na


medida imperial ou meio metro em medida métrica, esse prédio teria cerca
de 90 pés (30 metros) de comprimento por 30 pés (dez metros) de largura
e 45 pés (15 metros) de altura. Assim, caberia em muitos jardins, no
quintal de muitas casas, em qualquer cidade da Grã-Bretanha. Ademais, o
Antigo Testamento registra que esse pequeno templo exigiu 183.300
homens envolvidos na construção, dos quais 150 mil foram empregados
para cortar e arrastar pedras da pedreira até o lugar de initivo no canteiro
de obras da construção.

Algumas pessoas sugeriram que no passado essa enorme utilização de


mão-de-obra foi necessária principalmente para construir uma plataforma
sólida em torno do topo do Monte Moriá, já que as fundações anteriores ao
templo foram construídas ali. Mesmo considerando a preparação das
fundações, tal força de trabalho parece muito grande. Além disso, esse
exército de mão-de-obra de construção recrutada não parece ter sido
muito eficiente, pois a construção levou anos para terminar.

E, no 11 - ano, no mês de bul, que é o oitavo, acabou-se esta casa com todas as
suas dependências, tal como devia ser. Levou Salomão sete anos para edi icá-
la.

1 Reis 6,38

O número de trabalhadores envolvidos nesse projeto de construção foi


quase equivalente ao da construção da Grande Pirâmide de Gizé,
construída por volta de 1.500 anos antes do primeiro templo de Jerusalém.
Estimativas de egiptologistas sugerem que a construção da Grande
Pirâmide foi empreendida por 100 mil homens durante um período de 20
anos. Em termos simples, se os construtores da pirâmide tivessem usado o
mesmo número de homens empregado na construção do Templo, eles
poderiam ter concluído a obra em dez anos. A quantidade absoluta de
homens envolvidos sugere que a escala e a complexidade dos projetos
foram semelhantes. Será que estamos falando de alguma outra coisa?

Pegue, por exemplo, a quantidade de pessoas necessárias para a


construção. Como observamos anteriormente, as quantidades de operários
envolvidos eram enormes para quaisquer padrões.

Se você somar os 30 mil que vieram de Tiro, mais os 70 mil talhadores de


pedra, os 80 mil transportadores, os 3.300 supervisores, e desprezar os
zeros que identificam os milhares, nós temos:

30 + 70 + 80 + 33 = 213,
e, considerando Pitágoras e sua conclusão lógica de redução da resposta a
um número simples, então temos: 1 + 2 + 3 = 6, o valor da harmonia.

Os 30 mil que vieram de Tiro podiam ser considerados 30, o do número de


dias do calendário religioso, lunar. Os que estavam ligados ao corte e ao
transporte de pedras eram 70.000 + 80.000, o que podia ser reduzido
para 15, a rotação angular em graus da Terra, que representa 1/24 de um
dia, que atualmente chamamos de hora. Esse número pode ser reduzido
para seis, simbolizando a harmonia. O 33 poderia representar as três
posições primárias do Sol no horizonte; três, quando se move para o norte;
e três quando se move para o sul, e pode novamente ser reduzido a seis.

Há cerca de um milênio e meio, um monge então desconhecido, que vivia


em um canto relativamente remoto do antigo império romano, pegou esses
mesmos números, e muitos outros associados ao Templo, e lhes deu uma
interpretação simbólica. A história o conhece como o Venerável Bede.

Bede - o Tabernáculo e o Templo


A idéia de somar números em conjunto para criar uma alegoria simbólica
completamente diferente tornou-se claramente bem estabelecida em
círculos religiosos. Um dos exemplos mais notáveis relaciona-se ao
Venerável Bede.

O Venerável Bede viveu no século VII e nas primeiras décadas do século


VIII EC. Ele nasceu em 673 EC e morreu em 735 EC. Ficou famoso por
causa de uma excepcional coleção de escritos que deixou para trás,
interinamente relacionados com a época de sua vida. Foi um monge que
viveu por volta da época da Igreja Cristã Céltica, bem estabelecida em
áreas do Norte e do Oeste da Grã-Bretanha, e da Igreja Católica Romana,
que havia se estabelecido irmemente nas áreas do Sul e do Sudeste,
fundindo-se no Sínodo de Whitby em 664 EC. Bede recebeu o crédito de
ter escrito um relato detalhado das ações do Sínodo ainda que o mesmo
tenha ocorrido nove anos antes de seu nascimento.

Bede foi levado à comunidade monástica e eclesiástica ainda muito jovem.


Ele dedicou toda a sua vida à mesma, jamais tendo se distanciado além de
uma ou duas milhas de seus muros. Suas conexões com o mundo exterior
do círculo monástico foram, portanto, muito limitadas, o que tornou suas
realizações e sua fama por demais notáveis.

O Venerável Bede nasceu há mais de 1.300 anos, cerca de 250 anos após
os exércitos romanos terem deixado a Grã-Bretanha. Muitos dos hábitos
dos romanos ainda continuavam presentes; casas e edi ícios conhecidos
continuavam em pé. A muralha de Adriano, apenas a poucas milhas ao
norte do mosteiro, provavelmente continuava em sua condição original. O
folclore e as histórias a respeito dos romanos provavelmente ainda eram
abundantes nas comunidades. Foi com esse pano de fundo que Bede
escreveu a história dos povos da Inglaterra, como ele então a entendia, a
partir desse folclore e dos documentos que foi capaz de obter. A história de
Bede é uma obra que continua sendo consultada atualmente.

Bede mereceu o crédito de ser a primeira pessoa conhecida a ter usado o


conceito de data do calendário AD [Armo Domini - que em latim signi ica
"no ano de nosso Senhor") [em inglês: AC ou After Christ ou em português:
d. C. - depois de Cristo]. O monge de nome Dionysius Exiguus inventou o
conceito de d.C. no ano de 525 EC, embora o mesmo tenha realmente
entrado em uso em 532 EC para de inir o ano 1 d.C., cujas origens são de
quando e onde o atual sistema de datação anual é derivado. Bede foi o
primeiro a usar isso como conhecemos atualmente e inventou o conceito
adicional de a.C. (antes de Cristo) [em inglês: BC - Before Christ] para
de inir o período anterior a 1 d.C. Ambas designações permaneceram em
evidência até o início do século XX, quando as letras EC ganharam
destaque em substituição à referência d.C. junto com AEC como alternativa
para BC. A designação EC tem várias interpretações, na Era Cristã, na Era
Corrente, na Era Comum, enquanto AEC é abreviação de Antes da Era
Cristã. Para colocar o período da vida de Bede no contexto, ele viveu na
época anterior às invasões dos vikings no Norte da Inglaterra, e dos Jutas e
Anglos em outras partes ao longo da costa leste, todos pretendendo
conquistar a Inglaterra. Alfredo, o Grande, não seria rei antes de 150 anos.
Bede viveu 400 anos antes da conquista normanda e da morte do rei
Harold na batalha de Hastings. Ainda nessa época, a religião que
conhecemos atualmente como Islã acabara de ser criada.

Além de registrar a história, como a entendeu, Bede desenvolveu o


interesse pelo macrocosmo, inclusive a passagem e as fases da Lua. Talvez
isto não seja tão surpreendente, pois essas fases forneceram a base do
calendário lunar, que era o coração do calendário que governava os
festivais e os assuntos religiosos. O sistema de datação d.C. baseava-se
exatamente em tais ciclos lunares e nesses especialmente, em um conceito
conhecido como o Grande Ciclo de 532 anos. Nós já sabemos que, em nosso
atual sistema de calendário ocidental, uma data pode ocorrer em uma
segunda-feira em um ano e avançar para a terça-feira no ano seguinte,
exceto se o ano for bissexto. Então, o dia de solstício de verão, 21 de junho
de 2000, era uma quarta-feira, enquanto a mesma data, em 2001, era uma
terça-feira. Durante a vida de Bede, o calendário juliano era usado em toda
a Europa. Ele foi substituído em 1582 pelo calendário gregoriano. No
calendário juliano, o ciclo solar precisava de 28 anos antes que todas as
datas se repetissem exatamente em dias apropriados. Se o ciclo lunar fosse
usado, ele precisaria de 19 anos para que o ciclo fosse repetido. Assim,
para os ciclos do calendário solar e lunar coincidirem, seriam precisos 19 x
28 = 532 anos. Isso se tornou conhecido como o Grande Ciclo, ou o Grande
Período Pascal, e foi usado para calcular a data da Páscoa. Bede, ao que
parece, entendeu plenamente as implicações astronômicas associadas a
essa influência.

O mosteiro ao qual Bede estava ligado icava às margens do Rio Tyne, bem
no leste da cidade moderna de Newcastle. Aquilo que em outras épocas foi
uma zona rural, com o rio fornecendo peixe para complementar a dieta, é
atualmente uma região altamente industrializada, com um rio que, durante
o século XX, sofreu com a poluição. Onde certo dia Bede deve ter visto, ao
lado do rio, uma área rural e lorestal ainda virgem, hoje ele vislumbraria
uma loresta de tanques de armazenamento de petróleo. O local junto ao
rio se mostrou ideal para Bede. Ele estudou a subida e descida das marés,
e mereceu o crédito pela descoberta da conexão do movimento das marés
com as fases da Lua. Ele sabia que a Terra era uma esfera, entendeu o
relacionamento das estações em relação à posição do Sol no horizonte, pois
o mesmo se movia do hemisfério norte para o sul e voltava. Também
entendeu a relatividade do comprimento das sombras lançadas pelo Sol e
seu relacionamento com a posição da latitude na face do planeta.

Para alguém que não viajou além das imediações de seu mosteiro, Bede
parece ter sido muito bem versado nos princípios da sabedoria antiga.
Quase todo o contato que ele teve com o mundo exterior foi por meio de
cartas e visitas ao mosteiro de monges Irmãos e dignitários da Igreja, o que
implica que o único local em que tal sabedoria poderia ser encontrada
seria dentro da comunidade monástica. A mesma parece ter incluído
conhecimentos dos princípios pitagóricos e misticismo, pois entre os
escritos de Bede existem duas obras intrigantes conhecidas como De
Tabernacle e De Templo. De Templo foi traduzido do original em latim e
agora está disponível em um belo livro com o título de Bede: On the Temple
[Bede: no Templo]. Nessa obra Bede discute vários atributos do Templo de
Salomão que são vistos como uma interpretação alegórica tanto do
Tabernáculo como do Templo. Ele trata da descrição, das dimensões e dos
utensílios como uma profecia comparativa dos eventos que depois foram
registrados como o tema central do Cristianismo.

Em De Templo, Bede se refere freqüentemente ao The Book of


Paralipomenon [O Livro de Paralipomeno] como fonte de informações. Esse
é um livro das escrituras raramente mencionado, nos dias de hoje, em
fontes normais de textos religiosos. A Enciclopédia Católica descreve essa
obra da seguinte maneira:

Dois livros da Bíblia contendo o resumo da história sagrada de Adão até o


inal do Cativeiro. O título Paralipomenon, livros "das coisas que já
passaram", que, a partir da Septuaginta passou para a Bíblia latina antiga e
depois para a Vulgata, normalmente é considerado como complemento da
narrativa dos Livros de Reis (também conhecidos como 1 e 2 Samuel e 1 e 2
Reis);(...) na bíblia protestante, impressa em hebreu, e em muitas bíblias
católicas eles são intitulados como Livros de Crônicas.

Assim, com base na de inição da Enciclopédia Católica, Bede estava


refletindo textos que hoje encontramos nos dois Livros de Crônicas.

No Antigo Testamento, existem descrições de aspectos do Templo que têm


números associados a elas, e Bede os multiplica consecutivamente,
atribuindo significados simbólicos tanto aos números como aos totais.

Por exemplo, ao comentar sobre a altura das colunas de 18 côvados cada,


ele indica que 3 x 6 = 18 e observa que três é uma referência à fé baseada
na tradição da Santíssima Trindade, enquanto seis é referência a trabalhos,
pois como o livro de Gênesis do Antigo Testamento a irma: o mundo foi
feito em seis dias. Ele indica o número dez convencionalmente anunciado
como "esperança de recompensas celestiais". Na mesma seção, ele observa
que 20 é 4 x 5; o cinco, ele garante, relaciona-se aos cinco livros atribuídos
a Moisés, a lei mosaica, enquanto o quatro ele atribui aos quatro
evangelhos. A obra de Bede contém muitas dessas manipulações
numéricas. Fazer isso signi ica que, em algum momento de sua carreira
monástica, ele entrou em contato com a filosofia de pegar números bíblicos,
manipulá-los e atribuir-lhes um significado com interpretação simbólica.

No Antigo Testamento somos informados que o Templo de Salomão tinha


uma sala principal chamada Saguão, e o Santuário Interno, ou o Santo, dos
Santos, enquanto o Templo era acessado por meio de um pátio externo.
Bede observa que isso é uma cópia do conceito usado para o Tabernáculo
projetado por Moisés. O pátio icava onde a massa de iéis se reunia, e
representava o povo; o Saguão era onde os seletos, sacerdotes e
professores se reuniam, e simbolizava a Terra; enquanto o Santuário
Interno era apenas usado pelo sumo sacerdote, e simbolizava o Céu. Assim,
dessa forma simplista, a construção do Templo, com as duas salas
principais do Saguão e do Santo dos Santos, era uma representação
simbólica do Céu e da Terra. O Santuário Interno tinha a dimensão de um
cubo que media 20 côvados x 20 côvados x 20 côvados. Se os inteiros
forem multiplicados consecutivamente, então o total é oito e, como
mostramos antes, o número oito simbolizava o cubo sagrado. Assim,
partindo de Bede, podemos interpretar o cubo sagrado como uma
referência simbólica ao Céu.

Então, como exatamente Bede entrou em contato com esse conhecimento


pela primeira vez? Ele nos fornece uma resposta interessante. A seção 3.3
na tradução de De Templo trata do número de pedreiros, cortadores de
pedra, citados como envolvidos na construção do Templo. O texto refere-se
aos pedreiros como latomi. O dicionário anglo-saxão de ine a palavra
latomi como "um obreiro da pedra, um trabalhador da pedra, um pedreiro".
O termo latomi aparece em um documento mais recente, publicado pela
Sociedade Arqueológica de Kent e citado como Archaeologia Cantiana Vol.
58 - 1945 - página 36, Recent Discoveries in the Archives of Canterbury
Cathedral. A note on the Craftsmen [Descobertas Recentes nos Arquivos da
Catedral de Canterbury. Nota sobre os Artesãos]. Por John H. Harwey". Esse
documento registra os nomes de alguns dos principais artesãos associados
aos trabalhos de construção da catedral de Canterbury nos séculos XIII e
XIV. Nesse documento se faz uma conexão direta entre o termo latomi e
maçom:

Provavelmente o terremoto levou à interrupção a obra da nova nave, que


estava em andamento desde 1378. Isso, também, foi tomado em consideração
por Chillenden e levou a uma conclusão triunfante; no relatório de 1396/7,
vemos o resumo da atividade de um único ano. A força de trabalho
compreendia 20 maçons (latomi), três engastadores (lapidaclores) e quatro
operários que os ajudavam, todos contratados para o ano ao custo total de
£167 Os. 8d. Isso permitiu três feriados não remunerados de uma semana
cada no Natal, na Páscoa e nos Pentecostes, e também alguns dias de festa
não remunerados. As taxas normais de pagamento seriam de cerca de 3s. por
semana para os maçons, 2s. 6d. para os engastadores e 2s. para os operários,
o que somaria o total de um pouco menos de 45 semanas de trabalho no ano,
ou um total de 30 festivais não remunerados além das três semanas de
feriados. Os pedreiros eram menos afortunados que os empregados das obras
do rei, onde cerca de metade dos 40 a 50 dias de festa no ano eram pagos (...).

A tradução do De Templo de Bede e a conexão latomi com o Templo


afirmam:

Esses pedreiros, que igurativamente representam os lenhadores, são os


pregadores santos que treinam as mentes dos ignorantes(...) e trabalham
para tirá-los da infâmia e deformidade em que nasceram, e, quando eles
estiverem devidamente instruídos, esforçam-se para apresentá-los ajustados
para se juntarem ao corpo de fiéis.

A partir daí, Bede identi ica os pedreiros como professores, e para ser um
professor é preciso que a pessoa tenha sido educada e entenda o
signi icado de um conhecimento especí ico. O conhecimento que era
predominante naquela época era o mesmo tipo que eu chamei de
conhecimento antigo, que em tempos mais recentes icou conhecido como
as Sete Artes Liberais: Gramática, Retórica, Música, Lógica, Aritmética,
Astronomia (Astrologia) e Geometria. As Sete Artes Liberais eram
conhecimentos especi icamente atribuídos aos maçons de antigamente e
transferidos aos britânicos pelos pedreiros que vieram da França.

Quando os romanos deixaram as costas da Grã-Bretanha, cerca de 250


anos antes de Bede ter nascido, para a construção de prédios voltou-se a
usar a madeira. O fundador do mosteiro de Jarrow era um nobre chamado
Benedict Biscop. Ele viajou muito e experimentou a vida em comunidades
monásticas na Grã-Bretanha, na França e na Itália, e admirou muito a
arquitetura e os costumes que encontrou nesses lugares. Aparentemente,
ele icou muito impressionado com o uso de vidro colorido nas janelas.
Assim, quando começou a construção do mosteiro de Jarrow, Biscop trouxe
pedreiros e vidraceiros da França. As informações apresentadas na
exposição Bede's World [Mundo de bede] em Jarrow observam:

Naquela época, a tradição da construção anglo-saxônica era construir em


madeira; os mosteiros de São Pedro e São Paulo foram as primeiras
construções em pedra na Northumbria, desde os dias do império romano, e
criaram uma eloqüente manifestação na paisagem.

A conseqüência disso foi que Benedict Biscop, que fundou o mosteiro de


Jarrow ao qual Bede se dedicou, trouxe pedreiros da França para a
construção, e o conhecimento antigo que depois icou conhecido como as
Sete Artes Liberais, pode muito bem ter icado evidente em Jarrow por
meio desses maçons. Assim, será que existiriam evidências de que esse
pode realmente ter sido o caso? Na minha opinião existiam.

Por volta do inal do século XIX, Edward Condor tornou-se Mestre da


Companhia dos Maçons. Ele escreveu um livro intitulado The Hole Craft and
Fellowship of Masonry, with a Chronicle of the History of the Worshipful
Company of Masons of the City of London [O O ício e a Fraternidade Oculta
da Maçonaria, com uma Crônica da História da Venerável Companhia dos
Maçons na Cidade de Londres]. Nesse livro, Condor indica o vínculo que
inevitavelmente existiu entre os pedreiros da história e a comunidade
eclesiástica. Ele observa:

Os pedreiros das catedrais e outras grandes construções eclesiásticas


estavam ligados ao mosteiro, e muitas vezes a escola técnica da alvenaria era
fundada por monges, que quando ensinavam o o ício não esqueciam do valor
simbólico ou superior que seria derivado das iguras geométricas usadas nas
seções desenhadas(...) Foi sem dúvida esse conhecimento geométrico que os
primeiros maçons quiseram manter como segredo pro issional(...) e, quando
se juntaram em uma fraternidade, foram capazes de fazer isso.

A partir disso, somos levados a entender como o conhecimento a respeito


da construção de enormes edi icações de pedra icou retido dentro de
várias ordens monásticas. Uma visita ao local de origem mostra que os
monges do mosteiro de Jarrow, ao qual o Venerável Bede estava ligado,
construíram enormes alojamentos para eles, junto a uma igreja igualmente
enorme. Restaram apenas algumas ruínas do mosteiro, enquanto a parte
leste da igreja de Bede foi integrada à construção de uma igreja mais
recente. O mosteiro original tinha proporções de uma catedral, com
paredes de pedra maciça, escadarias, lareiras, chaminés, portais e janelas,
e para construir tudo era preciso conhecimento sobre a pro issão de
pedreiro. Além do mais, esse mosteiro foi construído muitos séculos antes
das subsequentes grandes catedrais da Inglaterra e dos mosteiros anexos
a elas.

Então, é possível que Bede tenha encontrado o misticismo e a


interpretação alegórica associados aos números e à forma geométrica
entre os monges encarregados da construção do mosteiro, relatando esse
entendimento quando compilou seu De Templo.

Na tradução de De Templo, encontramos uma interessante descrição do


pórtico do Templo de Salomão. Na seção 6.2, ele afirma:

O pórtico na frente da nave do prédio tinha 20 côvados de comprimento. E


óbvio, portanto, que esse pórtico foi construído no lado leste do Templo. Pois
o Templo icava virado para o leste assim como o Tabernáculo icava, e tinha
a porta da entrada na porta leste oposta do Templo de acordo com o que o
historiador judeu Josephus bem explicitamente nos fala, de modo que o
nascer do Sol equinocial podia irradiar seus raios diretamente na Arca da
Aliança através de três portas, a saber do pórtico, do Templo e do oratório.

Quando usa o termo oratório, Bede parece referir-se ao que é chamado em


outra parte como Santuário Interno ou Santo dos Santos. Alguns outros
autores e construtores de maquetes interpretaram o oratório como sendo
a torre em cima do pórtico. A Enciclopédia Católica de ine isso como: "Uma
comunicação divina que ocorria em um lugar especial por meio de pessoas
especialmente indicadas; assim como o próprio local". A respeito dos
hebreus, a enciclopédia então vai associar a palavra com o éfode, descrito
como "(...) um adorno de linho usado em circunstâncias rituais(...)". Na
respectiva seção da enciclopédia não há nada que relacione diretamente a
palavra oratório com o Santo dos Santos do Templo de Salomão. No devido
momento voltaremos ao oratório e aos detalhes a respeito do pórtico,
mencionado acima.

Conexões eclesiásticas com a Maçonaria


Embora a versão o icial indique que a Maçonaria rastreou suas origens até
1717, existem registros que sugerem que alguma forma de estrutura
organizada existia em uma data muito anterior. Listas de antigos Grão-
Mestres da Ordem recuam a uma época anterior à conquista normanda. A
maioria dessas listas deriva de uma obra impressa em 1772 intitulada
Illustrations of Masonry, de William Preston. Ele observa que os princípios
da Maçonaria eram conhecidos dos druidas e foram reintroduzidos na Grã-
Bretanha pelos romanos. De fato, existe uma pedra que foi desenterrada
em Chichester, no inal do século XVIII, que traz uma inscrição que sugere
uma conexão com uma fraternidade dos maçons antigos. Essa pedra foi
mantida sob custódia dos duques de Richmond por muitos anos na
propriedade de Goodwood, a poucos quilômetros de Chichester. Nos
séculos XVIII e XIX vários duques de Richmond foram Grão-Mestres da
Ordem ou ocuparam destacadas posições de in luência dentro da mesma.
Depois, nos primeiros anos do século XX, eles foram os Grão-Mestres
Provinciais da Província Maçônica de Sussex, o condado em que a pedra foi
descoberta.

O trecho a seguir foi retirado do seção de Illustrations of Masonry que fala


da História da Maçonaria na Inglaterra (reproduzido por cortesia de
Robert Lomas):

Depois da partida dos romanos da Grã-Bretanha, a Maçonaria teve pouco


progresso e, em pouco tempo, estava totalmente esquecida por conta do
surgimento dos pictos e dos escoceses, que obrigaram os habitantes do Sul da
ilha a pedir a assistência aos saxões para repelir esses invasores. À medida que
os saxões aumentaram, os bretães nativos sucumbiram na obscuridade e em
breve se submeteram à superioridade de seus protetores, que reconheceram
sua soberania e jurisdição. Esses bárbaros rudes e ignorantes, que
desprezavam tudo que não fosse a guerra, logo acabaram de destruir o resto
de conhecimento antigo que havia escapado da fúria dos pictos e dos
escoceses. Eles continuaram suas depredações com desenfreado vigor, até a
chegada de alguns piedosos professores de Gales e da Escócia, quando muitos
desses selvagens se reconciliaram com o Cristianismo; a Maçonaria
recuperou a forma, e Lojas foram novamente formadas; mas como elas
estavam sob a direção de estrangeiros, elas raramente se reuniam e nunca
atingiram qualquer grau de consideração ou importância. A Maçonaria
continuou em declínio até o ano de 557, quando Austin, com 40 outros
monges, entre os quais as ciências haviam sido preservadas, chegaram à
Inglaterra. Austin foi comissionado pelo papa Gregório, para batizar o rei
Ethelbert de Kent, que o indicou como o primeiro arcebispo de Canterbury.
Esse monge e seus associados propagaram os princípios do Cristianismo entre
os habitantes da Grã-Bretanha, e por sua in luência, em pouco menos de 60
anos, todos os reis da heptarquia foram convertidos. A Maçonaria loresceu
sob o patrocínio de Austin, e muitos estrangeiros foram para a Inglaterra
nessa época, onde introduziram o estilo gótico de construção. Austin parece
ter sido um grande incentivador da arquitetura, pois ele encabeçava a
fraternidade na fundação da catedral de Canterbury, em 600, e da catedral
de Rochester, em 602; a de São Paulo, em Londres, em 604; a de São Pedro,
em Westminster, em 605; e muitas outras. Vários castelos e palácios foram
construídos sob seus auspícios, assim como outras forti icações nas
fronteiras do reino, razão pela qual o número de maçons na Inglaterra
aumentou consideravelmente. Alguns Irmãos especializados chegaram da
França em 680, e se reuniram formando uma Loja, sob a direção de Bennet,
abade de Wirral, que logo depois foi nomeado por Kenred, rei de Mércia,
inspetor das Lojas e superintendente geral dos maçons.
Durante a heptarquia, a Maçonaria continuou em baixa; mas, no ano de 856,
ela reviveu sob o patrocínio de São Swith in, que foi contratado por
Ethelwolph, o rei saxão, para reparar algumas casas religiosas; e a partir
dessa época ela gradualmente melhorou até o reino de Alfred, em 872 d.C,
quando, na pessoa desse príncipe, encontrou um zeloso protetor.

A Maçonaria geralmente seguiu os passos do progresso do ensino; os


patronos e incentivadores mais modernos foram mais notáveis pela cultura e
pelo estímulo que os antigos. Nenhum príncipe estudou mais para polir e
melhorar o conhecimento de seus súditos do que Alfred, e nenhum outro
jamais se mostrou melhor amigo da Maçonaria. Pela sua infatigável
assiduidade na busca de conhecimento, seu exemplo teve poderosa in luência,
e ele rapidamente reformou as atitudes bárbaras e dissolutas de seu povo.

Preston a irma que em 680 EC um grupo de maçons foi levado da França


para a Inglaterra. Isso aconteceu na época em que Benedict Biscop
começou a construir o mosteiro de Jarrow, ao qual Bede estava ligado.

Como pode ser visto, existem várias referências a monges, abades e bispos
do período do século VI EC e mais ainda no período até o século XIV. Os
nomes incluem o bispo Willian de Wykeham, que supervisionou a
construção da catedral de Chichester. No período logo após a conquista
normanda, encontramos Gundulph, bispo de Rochester, que não somente
supervisionou a construção de partes da catedral de Rochester como
também construiu a Torre de Londres. A lista de Grão-Mestres ou
Patronos, como aparentemente foram chamados até épocas posteriores,
começa com Austin o Monge. E quem era Austin, o Monge? Como podemos
ver no texto de Preston, trata-se de ninguém menos que Santo Agostinho, o
monge que, pelo que a história nos diz, levou o Cristianismo romano, a
Igreja Católica Romana, para a Inglaterra por volta de 597 EC; converteu o
rei Ethelbert de Kent e sua rainha ao Cristianismo; começou a construção
da primeira catedral de Canterbury em cujo terreno permanece a catedral
atual; começou e estabeleceu o mosteiro São Pedro e São Paulo em
Canterbury; e durante o processo de tudo isso se tornou o primeiro
arcebispo católico romano da Inglaterra. O mosteiro ao qual Bede estava
ligado foi estabelecido em dois conclaves, também conhecido como São
Pedro e São Paulo.
Se as a irmações de Preston a respeito das origens da Maçonaria
estiverem corretas, levando em consideração as referências ao termo
latomi, ica bem claro então que existia uma ligação muito forte com a
instituição eclesiástica dos primeiros tempos. Existem na Maçonaria certos
elementos cerimoniais que têm uma aparência inconfundível de in luência
eclesiástica, a respeito do que, no século XX, vários setores da Igreja
izeram críticas. Mesmo assim temos a impressão de que a partir da íntima
associação com a instituição eclesiástica - os antigos patronos do o ício - a
Maçonaria pode muito bem ter herdado sua aparência visível de ritual
eclesiástico. Edward Condor a irma a mesma coisa em seu livro The Hole
Craft and Fellowship of Masonry que foi publicado em 1897.

Isso também reforça a sugestão de que Bede teria encontrado o


simbolismo dos números como conseqüência da interação com a
construção da comunidade monástica da qual ele fazia parte.

Geometria sagrada, Sabedoria Antiga e as grandes catedrais


da Europa
Nós já observamos que o entendimento da Geometria produz
relacionamentos matemáticos úteis, como o caso da Vesica Piscis. Essa
antiga sabedoria geométrica também foi usada nas plantas de algumas
grandes catedrais da Europa, naquilo que se tornou conhecido como o
estilo gótico. Chartres, que ica perto do Sudoeste de Paris, é
provavelmente a catedral mais admirada e citada como a maior estrutura
gótica. Provavelmente ela foi a primeira de quatro catedrais como essa a
ser construída no novo estilo arquitetônico; as outras foram a de Sens,
Senlis e Saint Denis, perto do Norte de Paris.

Como se originou o desenho gótico tem sido assunto de muitos debates.


Atualmente, aceita-se que ele derivou das in luências culturais
experimentadas pelos cruzados e, em particular, pelos Cavaleiros
Templários, durante o período em que estiveram no Oriente Médio. Um de
seus maiores patrocinadores foi o bispo que mais tarde foi imortalizado
como São Bernardo. Provavelmente ele não foi o criador do desenho, mas
certamente defendeu seu uso.

A autoridade papal da Igreja Católica Romana dominava toda a Europa na


época em que as catedrais foram construídas. Inquisições e perseguições
ditavam a estrita observação da doutrina religiosa que a Igreja sustentava.
Junto com isso vieram iloso ias a respeito de ciência e de astronomia, da
ordem universal e de seu relacionamento com a criação, das escrituras e
dos conceitos de Céu e vida após a morte. O desenvolvimento progressivo
diminuiu e gradativamente a Europa se afundou naquilo que icou
conhecido como Baixa Idade Média. E, em comparação, o mundo islâmico
tornou-se um centro de instrução progressista. Seu conhecimento de
Geometria, de números, da Aritmética e da forma cresceu, e isso se re letiu
no estilo único de sua arquitetura. A sugestão foi que os maçons associados
aos princípios da construção islâmica haviam sido aprisionados após várias
ações militares e eles repartiram seus conhecimentos com os cavaleiros
cruzados invasores. Alguns chegaram até a ser embarcados de volta para a
Europa para supervisionar a construção de certos edi ícios. A partir disso,
um novo e instruído uso da geometria e da proporção foi desenvolvido, o
que levou à criação do estilo gótico. Assim, pode ser justi icável dizer que
os cavaleiros cruzados e, em particular, os Cavaleiros Templários,
in luenciaram tal conceito arquitetônico. A in luência do antigo uso da
geometria não se limitou às catedrais construídas na França, pois
evidências desse uso podem ser encontradas também em catedrais
inglesas.

A catedral de Peterborough
Na Inglaterra, a catedral de Peterborough mostra evidências de como os
maçons do período medieval usaram a geometria para definir a estrutura.

Um livreto à venda na catedral, intitulado The Geometric Skeleton of


Peterborough Cathedral [O Esqueleto Geométrico da Catedral de
Peterborough], ilustra como provavelmente isso foi feito. O livreto foi
compilado por Frederick Stallard, cônego emérito da catedral de
Peterborough, com a ajuda de Paul Bush.

Muitas grandes catedrais da Europa sofreram danos por incêndios no


início do período medieval: Chartres, Canterbury e Lincoln foram apenas
alguns desses desastres. Peterborough foi outro, tendo sido devastada pelo
fogo em 1116. Os incêndios continuam sendo um perigo em potencial para
essas construções maravilhosas. A catedral de York e também a de
Peterborough sofreram da mesma forma no inal do século XX, mas, graças
à intervenção adequada e à habilidade dos bombeiros e dos modernos
utensílios de combate ao incêndio, os danos foram contidos e essas antigas
construções preservadas. Se os incidentes tivessem ocorrido cem anos
atrás, elas poderiam ter sido totalmente destruídas.

Depois do incêndio de 1116, começou a reconstrução de Peterborough. O


resultado é fundamentalmente a estrutura que vemos hoje em dia. Entre
seus principais atributos e, talvez, seu principal apelo à fama, seja o seu
uso como túmulo para o coipo de Mary, rainha dos escoceses,
imediatamente após sua execução a mando de Elizabeth I. Mary, rainha
dos escoceses, era mãe de James I da Inglaterra e VI da Escócia. Pesquisas
feitas no século XX sugerem que a Maçonaria, tal como está atualmente
estruturada, segue os princípios consolidados na Escócia sob a direção de
James I (VI), conhecidos como os Estatutos de Shawe, que foram ordenados
por James para regularizar a Maçonaria na Escócia.

O trabalho realizado por Frederick Stallard e Paul Bush é louvável,


considerando que a quantidade de medições que precisavam ser obtidas,
mais os desenhos estudados e feitos, seriam extensivos e, sem dúvida,
exigiriam dedicação quase exclusiva por um longo período.

Em poucas palavras, os senhores Stallard e Bush chegaram à conclusão de


que o comprimento da catedral era baseado em dez quadras, cada uma
com a dimensão lateral de 39 pés, enquanto a largura através do transepto
foi medida em cinco dessas quadras. A largura total da nave é equivalente
a duas quadras de 39 pés posicionadas lado a lado. Muitas outras
dimensões principais são baseadas em múltiplos de 39 pés. O próximo
nível principal de medição é em quadras de 78 pés, o dobro de 39 pés,
seguido pelo próximo nível de 117 pés, que é três vezes 39 pés, e depois
156 pés. A conseqüência do uso dessa dimensão de 39 pés é que a maior
parte do volume da catedral também pode ser de inida em cubos de 39
pés.

A medição de 39 pés me pareceu ter sido uma escolha estranha para os


Mestres Maçons medievais encarregados da construção a ser feita. Por que
não arredondá-la para 40 pés ou baixá-la para 35 pés? Com certeza estes
teriam sido números mais fáceis de administrar. Existe um problema
baseado em dados reais com tal especulação. Aquilo que atualmente é
conhecido como unidade de medida imperial, pés e polegadas, só foi
formalizado por volta do reinado de Henrique VIII, pelo menos 400 anos
depois que a reconstrução de Peterborough foi realizada. Uma dimensão
de 39 pés não é algo que uma pessoa faça surgir do ar por encanto. Houve
alguma razão para sua origem. Não consegui encontrar qualquer evidência
de que alguma forma de dispositivo padrão de medição existisse naquela
época que pudesse ser levada de um local de construção para outro, além
da antiga medida do côvado. Aproxima medida notória em Peterborough,
identi icada pelos senhores Stallard e Bush, era 78 pés. É interessante que,
se assumirmos que um côvado eqüivale a 18 polegadas imperiais, então 78
pés é o equivalente a 52 côvados. E o número 52 corresponde às semanas
que a Terra leva para orbitar em torno do Sol em um círculo/ciclo
completo.

Seria apenas coincidência? Por alguma razão, pensei, os maçons que


realizavam a obra deviam ter um método de determinar medições e
padronizá-las para o projeto. Essa metodologia deveria então ter de inido a
base das medidas que os senhores Stallard e Bush descobriram. Precisei
de muita leitura sobre esse contexto antes de con iar em uma resposta
admissível. Quando isso aconteceu, a resposta pareceu óbvia: estava ligada
ao Sol.

O dimensionamento da catedral de Peterborough com o uso


do Sol - hipótese
Por causa da minha pesquisa através dos anos, a variedade de material
que estudei era imensa, e vasto o assunto. Gastei bastante tempo lendo a
respeito de antigos monólitos, como os de Stonehenge, e outras estruturas
antigas semelhantes, existentes em todo o Reino Unido. Isso incluiu aquelas
das ilhas mais ao norte da Escócia, como as Orkney [Órcadas], O fator
comum entre elas é que todas foram construídas para denotar os
principais eventos solares, especialmente os equinócios e os solstícios.

Foi nessa época que encontrei referências às investigações do professor


Alexander Thom, da Universidade de Oxford, que começou a examinar
esse locais em meados dos anos de 1930. Ele publicou a maior parte de
suas descobertas 20 anos depois, na década de 1950. A partir do
detalhado trabalho de pesquisa, ele percebeu que havia chegado à
conclusão de que os construtores desses monumentos antigos, alguns dos
quais datados com cerca de 4.500 anos de idade, haviam sido construídos
conforme uma unidade de medida padrão que, depois, ele chamou de jarda
megalítica [Megalithic Yard] (MY). Ele determinou o comprimento da
mesma como sendo 2,72 pés ou 2 pés e 8,6 polegadas ou 0,83 metro,
apenas algumas polegadas mais curtas que a moderna jarda imperial. Ele
também observou outra medida, à qual chamou de vara megalítica
[Megalithic Rod] (MR), que definiu como sendo 2,5 vezes maior que a jarda
megalítica. A unidade de medida jarda megalítica pareceu consistente em
monumentos tão ermos e distantes como os das Ilhas Orkney e do Oeste da
Inglaterra. Isso implica claramente que esses povos antigos tinham meios
de determinar essa medida com alguma exatidão, e também
conhecimentos de Geometria e Astronomia. O que o professor Thom não foi
capaz de determinar foi como isso era feito.

Fascinado por esse mistério e pelo sonho extravagante de resolvê-lo,


depois disso, gastei bastante tempo tentando representar o pensamento de
uma pessoa de 4.500 anos atrás, inventando estruturas e cismando com
tabelas trigonométricas, calculando comprimentos de sombras e ângulos e
monitorando o movimento do Sol com o uso de um simulador solar
computadorizado, tudo com o objetivo de tentar encontrar uma solução
repetível, mas de pouco proveito.

Foi então que os dois maçons anteriormente mencionados neste livro,


Robert Lomas e Christopher Knight, publicaram seu terceiro livro, A
Máquina de Uriel. Esse livro foi preparado para investigar as conexões
entre certas cerimônias maçônicas e o antigo texto religioso conhecido
como O Livro de Enoch, e em particular uma pessoa citada no texto, Uriel.
No passado, Uriel era apresentado como um anjo ou um ser sobrenatural.
Lomas e Knight concluíram que Uriel provavelmente era um sacerdote
céltico ou druídico, bom conhecedor de Geometria, que entendia muitos
princípios da mecânica celeste da Terra, e como essas informações podiam
ser usadas; e que ele ensinou os segredos a outros, que então
transmitiram o conhecimento às civilizações mediterrâneas, que
desenvolveram esse entendimento. O livro termina com o exame da jarda
megalítica. Robert Lomas deu mais um passo à frente e desenvolveu um
método de reproduzi-la, usando o Sol, e publicou os detalhes em seu
website na internet.

Foram esses mesmos princípios de medição que então apliquei à


geometria da catedral de Peterborough. Após várias visitas ao local,
cheguei à conclusão de que não era a dimensão de 39 pés, mas a de 78
pés.

Definição da referência de 78 pés


No livreto The Geometric Skeleton of Peterborough Cathedral, Frederick
Stallard e Paul Bush mostram alguns desenhos concisos que indicam o
relacionamento entre certos elementos da estrutura.

No texto, eles observam como a parte da frente reúne quadrados, cada um


com uma dimensão lateral de 39 pés, de modo que dois quadrados
resultantes de 78 pés determinam a largura da base, e a forma retangular
resultante determina a altura dos elementos triangulares sobre os arcos
principais.

Reproduzido com a gentil permissão de Paul Bush.

Senti que existia um passo antes disso. Além do mais, eu senti que a base
que guiava essa etapa havia sido construída na parede sul - a
representação das colunas e dos arcos que resultou na ilustração da
Vesica Piscis.
Também é importante mencionar de passagem que exatamente o mesmo
padrão da Vesica Piscis pode ser encontrado na Igreja Redonda dos
Cavaleiros Templários no Templo, bem próximo da rua Fleet, em Londres.
Esse mesmo padrão forma uma galeria inteira sobre o corpo principal na
ponta circular dessa igreja famosa.

A minha conclusão dizia que, quando o layout da catedral era observado, a


parte da frente começava com três círculos, cada um de 78 pés de
diâmetro, conectados em forma de vesica. Isso resultava em dois círculos
externos que de iniam a largura total e a forma retangular básica da
fachada frontal, enquanto os centros dos três círculos de iniam os centros
verticais dos arcos do portal.

Usando o quadrado secreto do maçom, anteriormente mencionado, o círculo


com diâmetro de 78 pés e o quadrado resultante seriam reduzidos para 39
pés. Três círculos em forma de vesica, com a base de 78 pés, mostrada
anteriormente, de iniriam a posição das linhas centrais ao longo das quais
as colunas de apoio seriam construídas do começo ao im do comprimento
da nave e do coro. Frederick Stallard e Paul Bush estão totalmente certos
na avaliação de que o comprimento representa dez quadrados com
diâmetro de 39 pés - e dez concorda com a iloso ia de Pitágoras. O
comprimento e a largura podiam da mesma forma ser de inidos com cinco
quadrados de 78 pés. O valor cinco também era um valor importante na
iloso ia de Pitágoras. A largura do transepto é metade do comprimento da
catedral. Seria lógico para os maçons construtores reduzir o tamanho da
dimensão pela metade, usando o quadrado secreto do maçom, para depois
usar o tamanho resultante para determinar a distância através do
transepto. Isso também poderia ser usado para estabelecer o
relacionamento da vesica que de inia a linha das principais colunas de
apoio. Além disso, com base nas medições que iz em Petereborough, a
redução do quadrado de 39 pés pela metade novamente, com o uso do
quadrado secreto do maçom, parece de inir o espaçamento entre as
principais colunas de apoio ao longo do comprimento. Claro que só fui
capaz de chegar a essas conclusões como conseqüência do dedicado
esforço antes realizado pelos senhores Frederick Stallard e Paul Bush.

Reproduzida com a gentil permissão de Paul Bush. Os Círculos da Vesica


foram acrescentados pelo autor para fins de ilustração.

Embora esses resultados fossem encorajadores, eles não indicavam a


razão pela qual o diâmetro de 78 pés, que eu acreditava que fosse a
dimensão principal, havia evoluído em primeiro lugar.

Eu não podia deixar de acreditar que alguma coisa no processo de


desenho, números simbólicos cruciais, havia sido usada pelos Mestres
Maçons envolvidos. Construí uma planilha computadorizada na qual inseri
todos os números simbólicos importantes que encontrei e os somei,
multipliquei e dividi, buscando um resultado aceitável. Para minha
surpresa, o número-chave que produziu o resultado mais perfeito revelou-
se como sendo 28.

78/28 = 2,785

Esse resultado era tão notavelmente parecido com o valor de 2,83 pés
medido pelo professor Thom para a jarda megalítica que tive o sentimento
de que o mesmo não podia ser ignorado. A variação é de apenas 0,065 pés,
que é apenas cerca de 0,78 polegada ou 19,81 milímetros. Para toda a
dimensão de 78 pés, isso resultaria em uma exatidão de 2,3%. Em um
website produzido como anexo de A Máquina de Uriel, Lomas e Knight
observam que:

(...) a curiosa unidade de medida britânica conhecida como "vara" [rod ou


pole] é igual a seis jardas megalíticas com exatidão de 1%. Existem quatro
varas em uma corrente e 80 correntes em uma milha. Será que a moderna
milha de L760 jardas poderia realmente ser baseada na medida pré-histórica
da jarda megalítica?

Variações na exatidão de até 3% se encaixariam muito bem nos limites


aceitáveis de erro.

Eu só podia concluir que, na época em que a catedral de Peterborough foi


construída, os maçons do período medieval usaram o mesmo método
antigo para determinar o equivalente deles para aquilo que o professor
Thom chamou de jarda megalítica, usando a sombra do Sol. Eles então
aumentaram o comprimento da sombra do Sol 28 vezes para conseguir a
dimensão comparativa de 78 pés, estando o número 28 ligado aos 28 dias
de luz visível da Lua, que formavam a base dos ciclos lunares usados para
regular os procedimentos da Igreja. Assim, o mesmo valor de regulação era
usado para determinar o contorno da estrutura e estava diretamente
vinculado ao macrocosmo e à criação de Deus, como isso era entendido por
eles. Então, com o uso dos princípios da geometria sagrada - o quadrado
secreto do maçom -, eles reduziam ou aumentavam a dimensão de 78 pés,
dependendo das necessidades do projeto. Essa é a razão para os
quadrados de 39 pés, identi icados pelos senhores Stallard e Bush, serem
tão sobressaltados.

Tudo isso se encaixa bem no trabalho de avaliação feito por Frederick


Stallard e Paul Bush. As dimensões são abordadas desde uma perspectiva
diferente e continuam a chegar aos mesmos valores relativos.

Espero que os senhores Stallard e Bush não se importem muito se eu


colocar um esquema da estrutura de Vesica Piscis sobreposto à fachada de
um croqui que eles criaram e publicaram no livreto The Geometric Skeleton
of Peterborough Cathedral. Além da avaliação feita, parece para mim que a
largura total da fachada da catedral se baseia em três círculos, cada um de
78 pés de diâmetro em Vesica Piseis, enquanto dois desses círculos no
plano vertical de inem a altura máxima. Isso estaria de acordo com, e
simbolizaria, as três posições do Sol no plano horizontal, tendo em vista
que o mesmo atravessa o horizonte: e com a Trindade, enquanto os dois
círculos no plano vertical simbolizariam a dualidade de Céu e Terra. A
largura do centro do círculo até o centro de uma vesica contígua
determinava a largura das torres laterais, enquanto as linhas centrais, que
corriam das duas vesicas no plano horizontal, determinavam as linhas
centrais das duas torres ogivais. A altura das duas torres laterais parece
alcançar cinco vezes a distância do centro do círculo no plano horizontal,
até o centro de uma vesica adjacente.

A inalidade exclusiva da minha investigação super icial da catedral de


Peterborough era verificar e determinar se a geometria sagrada de um tipo
bem conhecido no mundo antigo, que era conhecida e usada pelos maçons
operativos do período medieval, estava presente no desenho dessa
estrutura. A conclusão que eu cheguei é que estava.

Eu posteriormente forneci essa informação a Paul Bush, coautor do livreto


The Geometric Skeleton of Peterborough Cathedral. Ele, junto com o deão da
catedral, foi muito gentil em permitir que croquis selecionados fossem
reproduzidos aqui.

Como foi mencionado anteriormente, de passagem, em seu livro A Máquina


de Uriel, Robert Lomas e Christopher Knight descobriram um método de
recriação da jarda megalítica. Robert Lomas gentilmente forneceu mais
detalhes a respeito de como isso pode ser feito. Veja o Anexo 1.

Chartres
Chartres é uma cidade construída sobre as margens de um vale raso onde
corre um rio. A catedral se destaca no ponto mais alto acima do vale.
Grande parte da zona rural em torno desse vale é plana e uniforme. Como
conseqüência das modernas técnicas agrícolas, aquilo que em tempos
antigos era uma grande loresta deu lugar a vastos campos abertos. O
resultado é que, quando alguém se aproxima de Chartres a partir de quase
qualquer direção, a catedral se destaca na paisagem e pode ser vista a
muitos quilômetros de distância.

A catedral atual foi construída durante um período de cerca de 30 anos no


início do século XIII, após um incêndio ter devastado completamente a
catedral original, construída no mesmo lugar em 1194. Acredita-se que
grandes igrejas foram construídas no local desde os primeiros dias da
expansão do Cristianismo, provavelmente ainda antes do colapso do
império romano. Essa catedral é reverenciada, entre suas muitas
qualidades, por ter escapado de várias revoluções e atos destrutivos que
atingiram diversas outras catedrais européias, de tal modo que os guias
turísticos nos informam que ela serve hoje como "uma enciclopédia da fé e
da vida medieval", Chartres alcançou considerável prosperidade por
guardar uma importante relíquia cristã, que levou milhares de peregrinos
a visitar a cidade. Em exposição na parte nordeste da catedral, o objeto é
conhecido como a Santa Camisia, um pedaço de pano presenteado ao
imperador Carlos Magno, em 876 EC, por Constantinopla, como sendo um
véu usado por Maria, mãe de Jesus, na época do nascimento de Cristo.

Assim, tempos depois os peregrinos viajaram em multidões a Chartres


para ver essa relíquia e a conseqüência foi que a catedral se tornou muito
próspera.

A catedral também é bastante conhecida pelo labirinto construído no chão,


a meio caminho entre as portas principais na frente da catedral e a nave.
Na verdade, o labirinto não parece estar na posição central entre o Portal
Real e o transepto. Tem havido considerável especulação a respeito da
inalidade para a qual servia. A versão geralmente aceita é que os
peregrinos chegavam à catedral e depois seguiam de joelhos pelo labirinto,
recitando suas rezas até que alcançassem o meio, como avivamento
espiritual.

Embora o interior da catedral seja totalmente austero, com suas paredes


enegrecidas pela fumaça e cobertas pela fuligem das velas queimadas
durante séculos, a acústica é notável, ampli icando o cântico da
congregação durante o serviço com inopinada clareza e ressônancia, que
chega facilmente aos ouvidos. Quando a cerimônia religiosa termina, um
murmúrio suave se ergue na edi icação em um tom agradável, nem um
pouco invasivo, enquanto feixes de raios solares atravessam os vitrais das
janelas ao sul e iluminam a parte interna com delicada luz difusa. Os sons
harmoniosos e a sutil luz natural se combinam para criar um sentimento
de calma.

Na ponta oriental e em volta do coro, existe um biombo bastante


ornamentado, esculpido em pedra, com painéis que representam as mais
conhecidas histórias e eventos contidos na Bíblia. Até nas obras de
cantaria, sobre os vãos das passagens, existem imagens que representam
cenas associadas ao texto bíblico.

Chartres também se tornou importante centro de ensino, especialmente do


estudo dos assuntos que mais tarde se tornaram conhecidos como as Sete
Artes Liberais - Aritmética, Geometria, Astronomia, Música, Gramática,
Retórica e Dialética. O termo dialética é uma ligeira variação da referência
usual de lógica. A catedral também ostenta alguns dos mais admiráveis
vitrais de janelas do mundo.

Como vigorosas observadoras da passagem dos séculos, na época de


minha última viagem, extensas seções dessa catedral medieval obviamente
estavam precisando de reparos e restauração.

A catedral de Chartres tem sido assunto de muitas investigações há


décadas. Um desses estudos foi feito por George Lesser, arquiteto e
membro do Royal Institute of British Architects (RIBA) [Real Instituto de
Arquitetos Britânicos], em meados do século XX. Ele efetuou amplo exame
do uso da geometria no desenho de muitas igrejas e catedrais em toda a
Europa e publicou suas descobertas em três volumes entre 1957 e 1964. O
volume 3 trata quase exclusivamente de Chartres. Infelizmente, Lesser
morreu antes de ter a oportunidade de ver seu último volume editado. Por
muitos anos, ele dedicou considerável tempo e esforço fazendo medições
no local, à medida que explorava como os maçons do período medieval
haviam de inido as posições estruturais mais importantes. Os volumes
produzidos contêm muitas ilustrações magní icas que comprovam suas
descobertas e vários diagramas dobráveis que indicam a geometria do
plano horizontal.

Em particular, George Lesser observou o uso do octograma. Este parecia


estar presente em muitos desenhos das primeiras catedrais.
Particularmente, eu observei, a partir de suas obras, que o número de
estruturas correspondia muito aproximadamente à escala ditada por dois
octogramas que se tocavam.

O canto externo dos octogramas de ine a largura da catedral ou igreja,


enquanto as pontas A e B dos octogramas angulares de inem o
comprimento total.

Quando ele reviu a planta do piso de Chartres, a mesma revelou uma série
de quadrados, círculos e octogramas que determinavam os pontos
principais.

O círculo principal, no centro da estrutura, delineia a posição do labirinto e


o centro da ponta curvada do coro; ambos são equidistantes em relação ao
centro da catedral. O círculo parece ser o fator determinante. Não é
mostrado nesse desenho de George Lesser que dois círculos
complementares do mesmo diâmetro daquele que foi mostrado, e cada um
desenhado em relação ao centro do labirinto e do coro, produzem três
círculos em forma de Vesica Piscis, exatamente como na fachada da
catedral de Peterborough. E na fachada da catedral de Chartres
encontramos a imagem da vesica. Isso então levanta a questão sobre aquilo
que ditava o diâmetro do centro do círculo, pois é a partir dessa dimensão
que a proporção, pelo menos no comprimento da catedral, parece ter se
originado. Escalonando as plantas, elas parecem ter sido baseadas em 12
quadrados de 12 côvados, ou em um círculo de 144 côvados de diâmetro
ou em raio de 72 côvados.

Isso se relaciona ao pentagrama. De fato, gravada em relevo em locais


específicos da catedral, é possível encontrar a imagem da Estrela de Davi, o
pentagrama e, como foi anteriormente mencionado, a Vesica. Mas pode
existir mais uma razão para isso, à qual chegaremos em breve.

A minha última visita a Chartres aconteceu em pleno inverno. Quando


acabamos de chegar, o dia estava claro, com a luz do Sol úmida rompendo
um céu salpicado de nuvens. Era quase meio-dia quando, depois de
entrarmos pela porta oeste e de termos estudado muita coisa lá dentro,
saímos por uma porta no lado sul do transepto. Ficava evidente, pelas
sombras lançadas pelo edi ício, que a orientação da estrutura não seguia a
linha leste-oeste verdadeira, encontrada em muitas igrejas cristãs, mas
orientava-se segundo uma linha cuja ponta indicava mais a direção
nordeste, em uma marcação da bússola de quase 50 graus. Ao voltar para
casa, veri iquei a direção da bússola em comparação com os ângulos
solares para solstícios e equinócios. Cheguei à conclusão de que a
orientação se dirigia à primeira luz do dia na hora do solstício de verão,
com a catedral virada para o centro do transepto.

O símbolo da vesica se destaca em cima da porta principal da catedral de


Chartres, construída no século XIII. Dentro da vesica, a imagem de Jesus
ressalta o respeito com o qual o símbolo era visto.


A respeito da orientação rumo ao nascer do Sol no solstício de verão, havia
uma con irmação mais positiva. Na biblioteca do Real Instituto de
Arquitetos Britânicos, localizei um livro intitulado Chartres - Sacred
Geometry, Sacred Space [Chartres - Geometria Sagrada, Espaço Sagrado].
Nele, o autor, Gordon Strachan, con irma que a orientação é feita rumo ao
solstício de verão e faz comparações com a disposição de Stonehenge. Ele
também observa que a catedral tem 37 varas megalíticas de largura no
transepto, enquanto o diâmetro do círculo de pedra de Sarsen, em
Stonehenge, mede 37 varas megalíticas. Isso tinha íntimas ligações com as
minhas opiniões iniciais a respeito da catedral de Peterborough e eu
estava particularmente interessado em observar a referência a jardas e
varas megalíticas. Embora Stonehenge seja famoso por seu alinhamento
solar, também tem um certo eixo que era usado para monitorar a Lua. O
mesmo também parece acontecer no caso da catedral de Chartres. Gordon
Strachan comenta:

(...) suas lechas norte e sul, tão diferentes em estilos e altura, simbolizam o
Sol e a Lua(...) Seus dois ciclos complementares foram engenhosamente
integrados à estrutura do desenho, na forma de dois eixos ligeiramente
diferentes, que seguem a extensão da construção.


A Face oeste da Cathedral de Chartres

Alguém poderia se surpreender com esse aspecto misterioso do desenho.


Como foi mencionado antes, o Sol se põe no mesmo ângulo geométrico em
relação ao leste verdadeiro em que nasceu nesse dia. Em virtude disso, a
orientação icava alinhada com o nascer do Sol no dia do solstício de verão,
e, a ponta ocidental, alinhada com o pôr-do-Sol no dia do solstício de
inverno. Assim, no solstício de inverno, que a Igreja primitiva selecionou
como Natal para ofuscar a temporada festiva pagã original, à medida que o
Sol se movia em direção ao oeste, e ficava totalmente em linha com o centro
da fachada ocidental, um largo facho de luz brilhava através da janela
alongada em cima do Portal Real e ao longo do centro da catedral. O
resultado disso era um trajeto iluminado ao longo do comprimento da nave
e do coro até o altar perto do ambulatório. A ponta do coro no leste é curva,
como pode ser visto na planta do piso. Como foi observado na planta
produzida por George Lesser, a distância é igual, tanto do centro do
transepto até o centro do semicírculo na ponta do coro, como do centro do
transepto até o centro do labirinto. Eu só consegui visualizar isso em uma
tarde clara e brilhante; exatamente quando o Sol se punha no horizonte, a
sombra lançada pela borda inferior da janela combinava com o topo do
labirinto, enquanto a curva superior da janela combinava com a curva do
biombo na ponta do coro. Como o equinócio é o ponto central entre os
solstícios, então nesse dia a ponta mais baixa da janela combinava com o
centro do labirinto e a ponta curva do facho de luz seguia o centro do
transepto à medida que o Sol passava pelo oeste no dia do equinócio. No
período do solstício de verão, o facho de luz recuaria até tocar a ponta
externa inferior do labirinto. Assim, o diâmetro do labirinto seria o re lexo
do Sol e a planta do piso da catedral seria o re lexo de um relacionamento
harmonioso com o ritmo natural dos ciclos das estações e, por isso, da vida,
conforme criada pela divindade. Isso, eu quero logo acrescentar, é apenas
especulação da minha parte, pois não encontrei, até agora, nada que o
comprove. Pretendo, em ocasião oportuna, voltar na data adequada para
ver se a teoria se confirma.

Como veremos, também parece que existiu um relacionamento de luz e


sombra semelhante, incorporado ao desenho do Templo de Salomão, e,
nesse caso, a catedral de Chartres também seria um re lexo desse mesmo
conhecimento antigo.

Gordon Strachan também observou os tons harmoniosos que são criados


na edi icação e atribui isso em parte ao alinhamento dos dois eixos pelo Sol
e pela Lua, criando uma ligeira torção na orientação da estrutura. É como
se o edi ício estivesse sendo sintonizado para receber uma ambientação
controlada.

Existe a opinião de que os desenhistas e construtores dessas magní icas


catedrais tentaram recriar a percepção deles a respeito de um espaço na
Terra que seria o re lexo da harmonia do aspecto, da forma, da luz e do
som que provavelmente existiam no Céu, para desse modo agradar e estar
com o Criador e Grande Arquiteto do Universo.

Assim, na construção da catedral de Chartres, encontramos os mesmos


conceitos da sabedoria antiga e do entendimento que foram de domínio de
nossos mais distantes ancestrais, que basearam muito de seu
entendimento no ambiente natural e no macrocosmo. Além disso, Chartres
era um importante centro de ensino para o conhecimento que está no
núcleo do estudo que os maçons são incentivados a compreender: as Sete
Artes Liberais.

Barcelona
No inal do século XIX, um jovem arquiteto da região da Catalunha, na
Espanha, e da cidade de Barcelona começou a fazer sucesso pelo mundo,
conquistando fama por meio de seus projetos certamente incomuns. Seu
nome era Antonio Gaudi (1852-1926). Uma das principais obras de Gaudi
foi o projeto de uma nova igreja. Já que existia uma catedral na cidade, o
projeto de Gaudi icou conhecido como basílicaTemplo da Sagrada Família.
Gaudi foi nomeado para projetar a obra em 1884, após uma disputa entre
a Igreja Católica e o arquiteto original indicado para a tarefa. Gaudi partiu
de um desenho totalmente novo e icou ligado ao projeto durante quase 40
anos. A construção dessa vasta nova basílica se tornou um caso de para e
anda: ocorreram di iculdades inanceiras, a morte repentina de Gaudi -
que faleceu em um acidente com um bonde na rua - e a guerra civil
espanhola. Esta última interrompeu a construção da obra e resultou na
destruição de várias maquetes e desenhos originais de Gaudi. Cem anos
depois de Gaudi ter criado seu projeto original, a construção da basílica
havia feito pouco progresso. Foi somente nos anos de 1990 que um
decisivo compromisso com a empreitada foi inalmente acertado, e todos os
esforços estão sendo feitos para garantir sua conclusão no primeiro quarto
do século XXI.

Eu visitei a construção no inal do século XX. Até então continuava sem o


teto, mas as colunas principais estavam prontas para recebê-lo. Embaixo
do corpo principal da estrutura, em uma área compatível com o conceito de
uma cripta, havia uma exposição de vários desenhos da concepção original
de Gaudi. Maquetes mostravam como parte da intrincada decoração que
adorna a fachada externa foi feita. Havia uma exposição pequena, sem
destaques especiais, que a maioria dos visitantes passava sem nem sequer
dar uma olhada. Quase fui culpado da mesma atitude, mas só de relance
meus olhos iluminaram-se com a palavra Chartres. Essa exposição
mostrava muitas observações feitas por Gaudi, em particular quanto ele
admirava o desenho das catedrais góticas, e que decidiu criar seu próprio
desenho com base nos mesmos conceitos usados em Chartres quase mil
anos antes. Como resultado, as obras de cantaria em volta das portas
principais; em ambos os lados da igreja, são enfeitadas com imagens
elaboradas, representando cenas bíblicas, exatamente como em Chartres.
A inalidade de várias dessas imagens nem sempre é óbvia imediatamente.
Por exemplo, perto da porta no lado sul há uma placa, esculpida em pedra,
que contém números em ileiras e colunas. Pelo que notei, raramente
alguém dá uma segunda olhada ou comenta sobre isso. Ao somar os
números em ileiras, colunas, ou na diagonal, o total é sempre 33, a idade
na qual, diz a tradição, Jesus Cristo foi cruci icado. E a Maçonaria tem 33
graus de conhecimento.

Ainda nas observações havia uma clara representação da proporção


geométrica, e em particular da Proporção Áurea. Ele expressou isso na
forma das espirais usadas nas escadarias.

Embora a parede do lado oriental ainda não estivesse terminada na


ocasião da minha visita, o seu per il icava evidente, e nela estavam
previstas janelas grandes em proporções de catedral, sendo possível
imaginar como a luz do Sol brilhante luirá dentro do interior cavernoso. Se
o tom de harmonia será comparável ao de Chartres, somente saberemos
quando a basílica da Sagrada Família finalmente ficar pronta.

O que Gaudi parece ter feito, reconhecendo o seu valor, foi re letir os
mesmos parâmetros de projeto usados pelos maçons medievais em uma
estrutura relativamente moderna, e isso testemunha a sabedoria e a
identidade com o macrocosmo que nossos ancestrais alcançaram.

A conexão com os Vigilantes


Assim, eu concluí que os Mestres Maçons do período medieval
continuavam conservando conhecimentos semelhantes aos usados por
nossos ancestrais remotos a respeito do uso do Sol, provavelmente na hora
do equinócio, para determinar o que era para eles uma unidade padrão de
medida, uma unidade que eles podiam copiar facilmente e conservar ao
cortar uma haste ou vara no comprimento da sombra resultante. O uso
dessa vara ou haste para criar uma unidade de medida em importantes
projetos de construção perdurou por muito tempo, antes que a medida
imperial padronizada de uma vara fosse concebida.

Existem dois cargos seniores dentro da Loja Maçônica cuja tarefa é


continuar a marcar a posição do Sol no ocidente e a marcar o Sol em seu
meridiano (meio-dia). Essas duas posições são conhecidas como Primeiro
Vigilante e Segundo Vigilante. Por coincidência, o emblema dos respectivos
cargos é uma coluna. Essas colunas variam um pouco conforme a
interpretação da Loja. Falando de um modo geral, elas são feitas de
madeira rija e durável, cada uma tendo cerca de um pé (0,3 metro) de
altura. Quando a Loja estiver realizando suas atividades, o Segundo
Vigilante vai deixar sua coluna na horizontal, enquanto a do Primeiro
Vigilante permanece na vertical. A razão disso é que, se a haste, ou
obelisco, ou coluna, ou outro dispositivo similar for usado para lançar uma
sombra por meio da qual essa unidade de medida poderia se originar,
então duas pessoas, habilitadas no conhecimento, precisariam trabalhar
juntas. Uma deveria monitorar a posição do Sol relativa à haste vertical,
interpretada atualmente pelo papel do Primeiro Vigilante, enquanto a
outra teria a tarefa de marcar o comprimento da sombra lançada pela
haste e, por meio dela, de inir a unidade de medida quando instruído pelo
Primeiro Vigilante para fazer isso. Seu papel é re letido na posição que
hoje em dia conhecemos como Segundo Vigilante. Assim, essas importantes
obrigações, e a habilidade e o conhecimento ligados a elas, são
relembradas na atualidade. O plano vertical é aquele com o qual o Primeiro
Vigilante trabalha, e é re letido pela sua coluna, colocada ereta quando a
Loja está realizando suas atividades; enquanto o plano horizontal é aquele
com o qual o Segundo Vigilante trabalha, e é re letido pela sua coluna
colocada horizontalmente.

Também ocorre que, além da reconstrução da unidade de medida, esses


dois maçons habilitados poderiam usar a mesma técnica em qualquer dia
do ano, quando o Sol brilha para determinar os quatro pontos cardeais:
norte, sul, leste, oeste. Isso permitiria que o eixo N-S e L-O, irradiando
através de um ponto central, fosse usado na construção de um esquadro
em ângulo reto, uma ferramenta necessária para os construtores. E, tendo
em mente que a maioria das igrejas cristãs primitivas era nomeada
conforme o santo, e a linha central da igreja estaria alinhada com aquele
ponto no horizonte onde o Sol nasce no dia de festa reservado ao santo,
então o mesmo marcador e o processo de sombra poderiam ser adotados
para determinar a linha de orientação.

A haste ou obelisco que os maçons usavam em seu trabalho provavelmente


devem ter tido a ponta superior em forma pontiaguda permitindo
marcações mais exatas. Infelizmente, em muitas Lojas novas
representações inovadoras dessas hastes se desvirtuaram; algumas
mostram globos que representam a Terra, enquanto outras exibem as
características de colunas arquitetônicas clássicas, com estilo dórico ou
coríntio. Esses estilos provavelmente devem parecer fora de lugar e a
forma de obelisco com certeza está mais de acordo com os acessórios da
sala da Loja.

Os dois maçons, agora chamados de Primeiro e Segundo Vigilantes, seriam


indivíduos muito importantes no desenvolvimento de qualquer projeto de
construção em tempos antigos. Por essa razão, eles atualmente são
intimamente ligados e dão apoio ao Venerável Mestre da Loja.

Luz em vez de sombras


Existem ocasiões, é claro, em que um facho de luz também pode ser tão
eficiente quanto uma sombra.

Conforme foi mencionado, como parte da minha pesquisa eu visitei o Egito


em três ocasiões diferentes, em busca de desenhos de estruturas de
templos e outros aspectos de civilizações antigas.

A minha segunda visita ao Egito foi concentrada no Cairo, expressamente


com a inalidade de observar a Es inge, as pirâmides e o Museu Egípcio.
Tive a oportunidade de fazer as várias excursões que estavam sendo
oferecidas. Elas incluíam visitas à pirâmide de degraus em Saqqara e aos
vestígios da antiga capital de Memphis. Havia ainda outra excursão que
senti que não podia deixar de fazer. Era até a antiga cidade de Alexandria.
O itinerário incluía a visita a um mosteiro copta, localizado em um oásis no
deserto, quase na metade do caminho entre o Cairo e o nosso destino.

O mosteiro copta se mostrou mais interessante do que eu esperava. O


complexo originalmente foi fundado nos séculos iniciais da religião cristã.
Fomos recebidos por um monge muito dedicado, que tinha impecável
domínio do idioma inglês. Ele se tornou nosso guia e mostrou onde os
monges comiam, dormiam e entravam em períodos de contemplação
solitária, que podiam demorar de alguns dias até vários anos.

Então foi assim que visitei a igreja principal no inal da manhã. O Sol subia
para seu zênite enquanto seus raios re letiam na areia do deserto com um
brilho ofuscante. Enquanto deixávamos os sapatos do lado de fora,
podíamos ouvir o canto entoado por algum sacerdote dentro da igreja. Era
óbvio que a cerimônia ou serviço estava em andamento. Quando entramos,
senti o desconforto que a nossa turma, cerca de 12 pessoas, provocou,
perturbando aquilo que estava acontecendo. Não só por ter invadido a
cerimônia, mas porque fomos convidados a contornar a parte interna da
sala e observar tudo o que era mostrado, enquanto o sacerdote continuava
a cantar e orar, sem hesitação, indiferente com a nossa chegada. A sala
principal da igreja era vagamente iluminada por uma simples lâmpada
elétrica pendurada no centro da sala, diretamente em cima do púlpito que
o sacerdote usava. A atmosfera era densa por causa da névoa fumegante
das velas e do incenso que queimavam. A fumaça pairava no ar, quase sem
movimento, na espera de uma brisa para dispersá-la. Um pequeno grupo
de cerca de oito pessoas estava sentado no chão em frente ao sacerdote
com as pernas cruzadas. Essas pessoas, pelo que nos informaram, vieram
de uma aldeia próxima. Tinham com elas uma criança doente e pediram ao
sacerdote para orar pela cura da criança. Isso só me fez sentir ainda mais
desconfortável pela nossa intromissão.

No momento da nossa chegada à igreja, o sacerdote, pelo que nos


avisaram, orava há várias horas. Apesar da nossa visita, ele continuou
cantando e recitando orações e, enquanto fazia isso, o monge, que era
nosso guia, explicava que o sacerdote continuaria seu ritual por cerca de
mais duas horas ainda, como fazia nesse horário todo dia.

O corpo principal da igreja dava início a um corredor que representava a


única rota de entrada. Enquanto as pessoas da nossa turma de viajantes
circulavam em ila pela igreja, percebi que a única iluminação no corredor
vinha de uma pequena abertura quadrada existente no alto da parede, na
ponta mais distante do corredor a partir da porta principal. Através dessa
abertura, a brilhante luz do Sol se concentrava em um estreito facho, um
quadrado com cerca de nove polegadas. A atmosfera enevoada que se
criava pela queima do incenso e das velas delineava claramente a coluna
de luz. Esse facho re letia diretamente em uma parede com reboco branco,
no lado oposto à posição onde o sacerdote icava em pé. Ele podia vê-lo,
mas a congregação icava de costas. Gastamos cerca de três quartos de
hora nessa parte do complexo do mosteiro e passamos por essa parede em
três ocasiões diferentes. Não pude deixar de notar como o facho de luz do
Sol se movia para baixo e pela parede à medida que lá fora o Sol se movia
mais alto no céu, enquanto fazia seu trânsito para o sul. Para mim se
tornou óbvio que aquilo era o relógio que o sacerdote usava para
cronometrar seu ritual diário. Sem levar em consideração a época do ano, a
coluna de luz atingia uma borda da seção branca rebocada, no mesmo
horário, todo dia. De acordo com a estação, a posição se movia para cima e
para baixo na parede, correspondendo à posição do Sol acima do
horizonte. A medida que passava um período de duas horas, e o Sol icava
mais alto no céu, então o facho de luz se movia para baixo e na diagonal
pelo reboco. Quando a coluna de luz se movia para fora da área rebocada,
duas horas haviam passado e o sacerdote sabia que era a hora de parar.
Foi uma demonstração simples do uso do Sol como cronômetro. Não pude
deixar de me admirar como tantos turistas passavam todos os anos por
esse corredor sem notar essa ligação com esse antigo, mais e iciente, uso
do Sol e dos princípios da mecânica celeste. Foi uma revelação
extraordinária. Esse era um exemplo do funcionamento de uma tecnologia
simples, mas e iciente, dos tempos antigos; um entendimento quase
esquecido em nosso mundo moderno do século XXI: o uso do Sol como
cronômetro.

Luz e o Templo de Abu Simbel


Foi na minha primeira visita ao Egito que eu iz a jornada de Assuan
(Sirene) até Abu Simbel. Ameaçado pelas águas do Rio Nilo e do Lago
Nasser, que subiam após a conclusão da represa de Assuan, em meados do
século XX, esse Templo era visto como uma importante obra do Egito
Antigo e foi cortado, peça a peça, da frente do rochedo que o abrigava
originalmente, sendo remontado em um local mais seguro, acima da linha
de água. Assisti a documentários e li revistas que mostravam as façanhas
da engenharia na gigantesca tarefa de remoção e remontagem.

A medida que caminhávamos pela empoeirada trilha de pedra que levava


até o complexo, eu me entusiasmava com a perspectiva de realmente ver e
tocar esse antigo monólito. O entusiasmo era mais do que justi icado. Eu
estava assombrado. Era mesmo tudo aquilo eu sempre vira nas figuras.

O Templo de Abu Simbel foi construído por Ramsés II, também conhecido
como Ramsés, o Grande. No capítulo 10, tratarei do tema da cronologia
bíblica e histórica. A partir das informações reunidas, preparei uma tabela
que mostra que Ramsés foi contemporâneo de Roboão, o rei israelita que
sucedeu Salomão. Assim, a construção de Abu Simbel provavelmente
começou cerca de 30 a 35 anos depois de o Templo de Salomão ter icado
pronto. Ramsés II foi identi icado na cronologia como o faraó Shishak, que
invadiu Jerusalém durante o reinado de Roboão, ilho de Salomão, cerca de
25 anos depois de o Templo icar pronto. Shishak/Ramsés, o Grande,
subjugou Jerusalém e levou embora grande quantidade de ouro e prata
em pagamento por não arrasar a cidade por completo. Essa triunfante
aventura de Ramsés II está registrada em painéis nas paredes de Abu
Simbel.

A fachada inteira de Abu Simbel está orientada para o lado leste. Coitado
no lado do morro ica o pórtico de entrada do templo. O pórtico é
lanqueado em ambos os lados por duas estátuas maciças do faraó e sua
rainha. Em cima da porta ica a estátua em forma de cabeça de falcão de
Ra Harakht, completada com o disco do Sol em sua cabeça. Isso não
surpreende, pois esse Templo era supostamente dedicado em parte ao
deus-Sol, Amon-Rá, e retratava o que era chamado de milagre do Sol.

Embora o templo tenha cerca de 125 pés (39 metros) de largura por 210
pés (65 metros) de comprimento, o pequeno pórtico não corresponde à
magni icência do interior. De fato, o pórtico parece inadequadamente
pequeno em comparação com o tamanho das estátuas que o lanqueiam e
com a dimensão da caverna com suas maciças colunas de apoio. Mas o
pórtico é deliberadamente pequeno pois tem uma finalidade prática.

Ao deixar para trás o brilho da luz solar quando entrei no Templo,


demorou alguns minutos para meus olhos se acostumarem totalmente com
a relativa escuridão da câmara principal. Duas ileiras de colunas
magni icamente esculpidas, cada uma representando uma forma humana,
sentinelas, tão grandes que um homem com 1,80 metro de altura parecia
encolhido diante delas, que vigiavam tudo o que se passava embaixo. Atrás
do saguão principal icava um pequeno pórtico que levava ao Santo dos
Santos, uma saleta na qual quatro estátuas compactas foram esculpidas na
parede do fundo. As estátuas representam Amon-Rá, o deus-Sol; Ramsés II,
Harmakis - outro nome para o termo Es inge, que por outro lado signi ica
"Hórus que está no horizonte"; e Ptah, o deus da escuridão.

Por volta da hora do equinócio de primavera, quando o Sol está avançando


para o norte ao longo do horizonte, por um curto período, ao amanhecer,
uma coluna de luz penetra no pórtico na fachada, ao longo de todo o
comprimento do saguão e entre suas estátuas guardiãs, para dentro do
Santo dos Santos, iluminando, em dias sucessivos, Amon-Rá, depois Ramsés
II, em seguida Harmakis. O alinhamento e o tamanho dos dois pórticos,
mais o comprimento total do saguão e o Santo dos Santos, são tais que a
coluna de luz então se extingue antes de alcançar Ptah, o deus da
escuridão. Obviamente, na hora do equinócio de outono quando o Sol está
se movendo ao longo do horizonte do norte para o sul, então a ordem do
processo de iluminação é revertida enquanto Ptah permanece na
escuridão.

Assim que deixei a escuridão do saguão e emergi para o brilho da luz solar
externa, percebi uma cadeia de montanhas rasa no horizonte distante, no
lado oposto ao Rio Nilo - Lago Nasser. Havia um claro caminho para a luz
do Sol nascente percorrer até o Templo. Do local onde iquei em pé, na
frente do Templo, o topo das montanhas no horizonte parecia mais baixo
que o pórtico de entrada. Em conseqüência, pensei, a luz seria derramada
por sobre as montanhas entre o pórtico e o Santo dos Santos atrás da
câmara interna. Retornei ao Templo e, para grande espanto dos outros
visitantes, ajoelhei e olhei ao longo do comprimento do piso de pedra. Sem
dúvida, o Templo tinha uma ligeira inclinação desde o pórtico na fachada
até o Santo dos Santos, para otimizar o alinhamento. Essa inclinação, muito
suave, era praticamente impossível de perceber quando se caminhava na
parte interna.

Novamente do lado de fora, abordei nosso guia para perguntar se existiam


excursões especiais para observar o evento solar para o qual o Templo
havia sido construído. Infelizmente, não. E acrescentou que desde a
transferência do Templo o mesmo não funcionava mais exatamente tão
bem como antes. Os agrimensores, a irmou, com a mais moderna
instrumentação e toda a tecnologia de computação da época, haviam feito
um erro de cálculo, e o Templo nunca mais icou tão exatamente alinhado.
Isso apenas serviu para aumentar a minha admiração pelos maçons de 3
mil anos atrás, que esculpiram originalmente aquilo, e pelas habilidades
que eles possuíam.

Abu Simbel, a catedral de Peterborough ou a catedral de Chartres, os


homens que criaram esses monumentos esplêndidos foram realmente
maçons admiráveis.
Conclusão

• Parece que os princípios de Pitágoras, que ele sem dúvida ensinava em


sua escola de mistério, junto com a geometria que também lhe é atribuída,
eram bem conhecidos pelo menos de alguns membros da instituição
eclesiástica nos tempos iniciais da expansão do Cristianismo, baseado em
Roma, na Europa.

• O simbolismo de números parece que teve bom fundamento,


especialmente com Bede. Sua localização remota implicaria que tais
interpretações simbólicas eram bem entendidas e aceitas dentro da Igreja.

• Os antigos princípios da Geometria, inclusive o uso da Vesica, eram


conhecimentos entendidos e praticados pelos maçons operativos que
projetaram e construíram as grandes catedrais da Europa.

Com tais informações, parece adequado testar o projeto do Templo


Maçônico de Sussex para ver se esses mesmos princípios estavam
envolvidos ali. Nesse caso, isso implicaria que eles permaneceram como
importantes componentes da Maçonaria, pelo menos até o inal do século
XIX.


CAPÍTULO 7
O Conhecimento Sagrado Ressurge

(...) Por tratar da descrição dos objetos celestes, da forma do universo, e da


revolução dos céus, e do movimento das estrelas, levando a alma mais perto
do poder criativo, o mesmo ensina a rapidez em perceber as estações do ano,
as mudanças do ar e o aparecimento das estrelas; já que tanto a navegação
quanto a agricultura recebem disso muito bene ício, assim como a
arquitetura e a construção recebem da geometria.

Antigo Testamento

A sabedoria dos séculos. Senti que havia acumulado conhecimento


su iciente para começar a tentar resolver alguns dos aspectos do Templo
de Brighton e das Cerimônias Maçônicas, que me intrigavam e me
instigaram a colocar a pesquisa em primeiro lugar.

A Vesica e o desenho
Para começar, o desenho básico do Templo foi facilmente resolvido. Uma
antiga ilustração dos idos de 1920 deu uma dica e, depois, uma cópia da
planta de um arquiteto con irmou que o comprimento e a largura da sala
baseavam-se em três círculos, cada qual com 40 pés de diâmetro em forma
de Vesica Piscis.
Isso rapidamente levou à solução do quebra-cabeça a respeito do desenho no
degrau da porta da frente. Também provava ser derivado da Vesica Piscis.O
símbolo do degrau da porta da frente


Círculos de vesicas e metade do raio

Era como se, ao colocar esse desenho no degrau da frente, e em um painel


de vidro em cima da porta, houvesse um pronunciamento de que, ao
entrar no prédio, as pessoas estavam entrando em um lugar onde existia o
entendimento dos princípios dos círculos entrelaçados, a Vesica Piscis, e
por meio disso da sabedoria e da geometria antiga.

Não era uma idéia descabida. Em um capítulo anterior, iz referência ao


piso ladrilhado preto e branco e como, ao tomar a medida do mesmo,
descobri que este parecia se basear na medida do côvado, que media 12
côvados de largura por 24 côvados de comprimento, resultando em um
perímetro que media 72 côvados.

Os círculos entrelaçados de 40 pés de diâmetro em Vesica Piseis, usados


para de inir a largura e o comprimento do Templo principal, revelaram
uma conexão com o piso do Templo. Tendo em mente que o piso também
pode ser interpretado na medida em côvados, descobri que, ao desenhar a
vesica com base em dois círculos de 40 côvados de diâmetro cada um, a
área retangular maior, criada por dois quadrados iguais, que podiam ser
derivados dentro da vesica e permaneciam em proporção com a sala, era
exatamente a do piso, 24 côvados de comprimento por 12 côvados de
largura.


O zodíaco
O zodíaco que se destaca no teto mostrou ter um alinhamento interessante,
que serve para dois propósitos. Primeiro, é o alinhamento da constelação
de Áries que ica diretamente na frente da cadeira do Mestre, o trono do
rei Salomão. Isso é claramente um registro indicativo da época na qual os
eventos em torno dele ocorreram.

A constelação de Áries diretamente em cima

da cadeira do rei Salomão.

E, em segundo lugar, por causa disso somos lembrados de que o eixo da


Terra tem uma ligeira oscilação, que resulta na posição relativa do
cinturão, deslizando no sentido contrário de uma constelação em cerca de
2.160 anos, processo conhecido como Precessão do Equinócio, que leva
quase 25.960 anos para terminar sua passagem por todas as 12
constelações. Além disso, o piso quadriculado diretamente abaixo tem um
perímetro com valor numérico de 72. Demora 72 anos para que os efeitos
da precessão avançem o cinturão apenas um grau. Se pegarmos 2.160 e
desprezarmos o zero, temos 216, e esse é o produto de 6 x 6 x 6, isto é
666.

Seiscentos e sessenta e seis


Como observamos:

1. Nas organizações religiosas primitivas, o número seis era sagrado, pois o


Antigo Testamento estabelece que Deus criou o mundo em seis dias.

2. Para os ilósofos antigos, o número seis simbolizava harmonia e beleza,


sendo inclusive associado ao casamento.

3. A importância do número seis está representada na Estrela de Davi, que


é uma estrela de seis pontas, também considerada um talismã de sorte.

4. Foi visto como o número mais puro, sendo tanto o produto como a soma
dos três primeiros, isto é, l + 2 + 3 = 6 e l x 2 x 3 = 6 .

5. O número seis da mesma forma simbolizava o Sol.

6. Como vimos, existe um relacionamento direto entre o número 666 e a


Precessão do Equinócio por meio do número 216(0), que é o produto de 6
x 6 x 6. A Precessão pode ser observada por um longo período quando se
nota a posição da constelação regente se movendo progressivamente no
alvorecer do Equinócio de Primavera.

Há muitos anos esse número 666 tem sido associado ao Demônio. Essa
associação tem suas origens no Livro de Apocalipse [em inglês: Book of
Revelation, Livro da Revelação] em que o número 666 é mencionado como
o número da besta. Lemos no texto do Livro de Apocalipse:

Aqui está a sabedoria. Aquele que tem entendimento calcule o número da


besta, pois é número de homem. Ora, esse número é seiscentos e sessenta e
seis.

Apocalipse 13,18

Essa conexão com a besta foi progressivamente contestada no inal do


século XX, tendo em vista que historiadores reconheceram que Jerusalém,
há 2 mil anos, foi uma cidade ocupada por uma força invasora, os romanos.
Era uma época em que moradores rebeldes estavam engajados naquilo
que é mais bem descrito como "atividade terrorista contra Roma". Essa
insurreição intensi icou-se por volta da década de 60 EC, até inalmente
ser esmagada pelos romanos em Masada, em 70 EC. Especula-se que a
referência à "besta" seria um código usado naquele tempo, signi icando
Roma e seu imperador.

Para mim, é interessante a linha que fala "pois é número de homem". O


Antigo Testamento a irma que a duração da vida do homem é três vintenas
e dez. Pensei então se a referência ao homem fosse 66 + 6 = 72. Assim,
durante a vida do homem, a precessão avançará um grau no cinturão da
constelação.

Os romanos tratavam esses números sagrados com a mesma reverência


dos povos antigos do Egito, da Babilônia e da Grécia. No sistema de
contagem romano, a letra (I) conta o algarismo 1; a letra (V) conta o
algarismo 5; a letra (X) conta o algarismo 10; a letra (L) conta o algarismo
50; a letra (C) conta o algarismo 100; e a letra (D) conta o algarismo 500.
Se você somar todas essas categorias numéricas, ou seis grupos de
números, a resposta é 666.

Outro número chave é 36, que é 6 x 6. Igualmente signi icativo é o fato de


que, se você pegar todos os números na seqüência de 1 a 36 e somá-los, a
resposta é 666.

O Livro de Apocalipse não é o único onde se menciona 666. Quando iz a


busca de palavras em uma versão eletrônica do Antigo Testamento,
encontrei uma referência bem anterior, no Livro de Esdras.

Os filhos de Adonicão, seiscentos e sessenta e seis.

Esdras 2,3

Mas, talvez, o mais surpreendente de tudo seja que a minha busca de


palavras com a ajuda do computador descobriu que a primeira referência
ao número 666 no Antigo Testamento relaciona-se com a principal
personalidade ligada às minhas pesquisas: o rei Salomão.

O peso do ouro que se trazia a Salomão cada ano era de seiscentos e sessenta
e seis talentos de ouro.

1 Reis 10,14

Ouro naquela época, em parte por causa da cor, também simbolizava o Sol.
Assim, temos duas referências simbólicas ao Sol em uma única passagem
do Antigo Testamento: ouro e o número 6 x 6 x 6 = 216(0).

Embora certos aspectos do número seis mereçam especial consideração,


existem outras combinações que aparecem regularmente na Bíblia; por
exemplo, assim como 6 x 6 x 6 = 216, e 36 é 6 x 6, então 72 é (6 x 6) + (6
x 6); 36 = (6 + 6 +6) + (6 + 6 +6); 12 = 6 + 6. Todos esses números
aparecem no Templo de Brighton.

Procurando Pitágoras
As conexões do Templo não paravam no número seis. Em volta das
paredes há uma sanefa, detrás da qual é emitida uma sutil iluminação
difusa. A sanefa é decorada com lorzinhas de nove pétalas. Da conexão
com Pitágoras, trata-se de um símbolo do homem. Sabendo que o
ensinamento de Pitágoras era um elemento da vida maçônica no começo
do século XX, achei que deveriam existir mais dessas indicações. Em
particular, procurei por evidências de dois outros números: o oito e o dez.

Novamente, no começo deste livro, eu mencionei que o piso quadriculado


do Templo era organizado com a área dentro da borda, sendo dez ladrilhos
de lado a lado e 22 de comprimento. Aqui havia pelo menos um exemplo
em que o número dez existia. Ao desenhar uma linha pelo centro, o
resultado era dois retângulos de dez côvados por 11 côvados, o que não
signi icava nada. Assim, decidi criar quadrados de dez côvados x dez
côvados. Fiz isso pegando toda a largura do piso interno e depois cinco
côvados de ambos os lados da linha central. Para meu assombro, isso
produziu as dimensões exatas da Razão Áurea.

De fato, no grá ico anterior, o arco claramente produz os pontos Y & Z a


uma distância marginalmente maior que seis para re letir 0,618. Assim,
10/6,18 = 1,610. E existe a harmonia com o número dez, pois há seis
quadrados equilibrando ambos os lados dos dez quadrados centrais.

Algo que eu não esperava também aconteceu. Ao tratar do tamanho do


quadrado como uma unidade em vez de dez, pude também tratar das seis
unidades no tamanho idêntico como 0,6 ou o valor de Fi= 0,618. E não
parava aí, pois:

0,618 + 1 + 0,618 = 2,236 que é também √5.

"G" de Geometria

A Loja de pesquisa Quatuor Coronati e vários livros escritos por maçons


eminentes indicam que a letra "G", quando exibida em um Templo, não
signi ica Deus [em inglês: God], como muitos preferem imaginar, mas na
verdade signi ica Geometria. O centro do Templo de Brighton é dominado
por duas letras "G". Uma ica na luz colocada em cima do centro do piso.
Com certeza podemos aceitar isso como uma referência a algum Grande
Geômetra do Universo. Aquela que ica no centro do piso provavelmente se
refere apenas à Geometria, como veremos.

Eu já mencionei que um dos símbolos mais comuns encontrados na


Maçonaria é o pentagrama. Parece lógico acreditar que, em algum lugar da
sala, um pentagrama ou pentágono estava facilmente de inido com base na
geometria do piso. Imagens do pentagrama muitas vezes caracterizam um
símbolo no centro, e o fato de existirem dois círculos no centro do piso não
passou despercebido para mim. Sem dúvida, um pentagrama, que se
encaixa perfeitamente na parte externa dos dois círculos e nas dimensões
do piso, logo se destaca.

Ao estabelecer a ligação da parte externa dos dois círculos do piso com o


desenho do pentagrama, parecia que tudo estava completo. Porém, a
inalidade do círculo mais interno ainda não estava de inida; nem a dos
emblemas em formato de losango, ligando os dois círculos.

Quando olha pela primeira vez para esse desenho, alguém pode facilmente
chegar à conclusão de que se trata de uma representação simbólica em
que o Grande Geômetra do Universo está no centro de toda criação, de
onde lui toda bondade, e que os losangos são setas decorativas, ligando
nosso mundo material (o piso mencionado antes) ao grande desenho. Mas
existem outras possibilidades:

1. Existem oito losangos. O número oito era aquele que eu procurava, pois
na iloso ia de Pitágoras simbolizava o cubo sagrado. O cubo sagrado
simbolizava o mundo. Os Cavaleiros Templários são conhecidos por terem
cultuado o número oito e sua conexão com o Santo Sepulcro, onde, de
acordo com a tradição, Cristo foi enterrado. Na época dos Cavaleiros
Templários, a doutrina cristã referia-se a Cristo como "a luz do mundo".
Além disso, na Cidade Santa Islâmica de Meca, o artefato fundamental de
veneração e adoração é um cubo: a Kaaba.

2. Na Geometria existe uma igura, que pode ser construída a partir de um


pentágono/pentagrama, chamada icosaedro. Trata-se de uma estrutura
complicada que, quando girada, cria a mesma apresentação ótica
evidenciada pelos losangos.

3. Isso deriva diretamente dos fenômenos naturais associados ao Sol.

4. Os círculos ditam alguma geometria complementar que resulta nesses


padrões.

Possibilidade complementar - alinhamento pela sombra


Precisamos lembrar que vemos o mundo nesse novo milênio com a
vantagem do conhecimento, da experiência e da tecnologia. Quando
construíam uma estrutura nova e importante, nossos ancestrais, nos
tempos antigos, não tinham os sofisticados teodolitos com tecnologia a laser,
nem imagens digitais. O teodolito que eles usavam era o Sol e a sombra
lançada por ele. Está bem documentado que as civilizações antigas, em
particular os egípcios, usavam estacas de sombra para essa inalidade.
Essas estacas de sombra tinham a forma de obelisco. O obelisco
normalmente tinha o topo em forma de pirâmide. A ponta no topo fornecia
um excelente marcador para o final de uma sombra.

No esboço a seguir, imagine que o triângulo ABC é uma face de uma


pirâmide. O Sol, nascendo exatamente acima do horizonte na alvorada e
iluminando a face apontada para ele, resultaria na face ABC, icando na
sombra, e a inclinação da sombra ADC resultante icaria um pouco
alongada. O formato DCBA é equivalente aos losangos dentro dos círculos
centrais. A letra "G" também é amarela, a cor do Sol. Será que isto
signi icava o importante papel do Sol, quando usado por nossos ancestrais,
na decisão a respeito da construção de novos edifícios?

Considere mais uma vez a fotografia dos círculos ao lado. Existem oito desses
losangos. Assim o deslocamento angular entre eles é de 45 graus (360/8=45).
Os losangos não começam no eixo vertical ou horizontal. Eles estão
deslocados 22,5 graus. Isso corresponde ao ângulo nominal de inclinação do
eixo da Terra. Então, pode ser que os losangos signifiquem os oito principais
pontos no horizonte que teriam sido mais importantes para os nossos Irmãos
antigos: o Norte, o Sul, os horizontes no Ocidente e no Oriente na hora dos
equinócios e solstícios, o que hoje em dia chamamos de trópicos e equador.
Além disso, eles poderiam significar que a posição angular relativa ao sul, de
quando o Sol está em seu meridiano, seria a mesma de quando o Sol nasce no
horizonte no leste, como o mesmo está para a posição angular relativa ao sul
de quando o mesmo se põe no horizonte ocidental.

Quando o Sol nasce no leste... quando o Sol se põe no oeste... A Terra gira
constantemente sobre seu eixo em sua órbita em torno do Sol...

Quase como se estivesse chamando atenção para o uso da sombra, as


grades das janelas do Templo também mostram obeliscos e desenhos
semicirculares relacionados com a passagem do Sol pelo horizonte, tanto
nos solstícios como nos equinócios.


Aí barras verticais pontudas têm o mesmo desenho do obelisco clássico. Além
disso, o centro do sacerdócio científico do Egito Antigo supostamente ficava

em Heliópolis, perto de Gizé. Existiam dois obeliscos nesse local que mais tarde
foram levados para Alexandria pelos romanos. Um deles foi desmontado no
século XIX e agora está nas margens do Rio Tâmisa, em Londres. É conhecido
como a Agulha de Cleópatra. A instalação no aterro, aparentemente, foi
realizada com uma cerimônia maçônica completa.

Possibilidade complementar - Geometria baseada nos círculos

Com o maior dos dois círculos no centro do piso, com raio de 1,5 côvado,
um círculo é desenhado e um pentágono construído dentro dele. Um
segundo círculo é então desenhado, com diâmetro de 1,5 côvado também,
de modo a tocar a linha básica do pentágono nos pontos A e B. Mais um
pentágono é então construído como espelho do primeiro. A conexão dos
dois pentágonos, como mostra o diagrama a seguir, produz o mesmo
símbolo dos losangos no centro dos círculos. Tendo em mente que existe
muito mais geometria associada ao Templo, parece altamente provável que
essa solução geométrica, novamente baseada no número cinco, seja
particularmente adequada. Mas existe uma pequena variação. Dois lados
de um pentágono não fornecem um ângulo interno de 90 graus. Porém,
nada disto passou despercebido, como veremos.

A Geometria Sagrada do Octógono e a Estrela de Davi


A geometria sagrada aparece em muitas construções religiosas. Outro
exemplo é o octógono. Assim como toda geometria desse tipo, ele pode ser
facilmente construído com a ajuda do compasso e um canto reto, como um
esquadro.

O octógono ilustrado acima mostra que o ponto de partida é um círculo,


rodeado por um quadrado. A linha traçada entre os cantos opostos do
quadrado, e que passa pelo centro do círculo, cria um ângulo de 45 graus,
relativo aos eixos vertical e horizontal. A divisão desse ângulo vai criar
partições de 22,5 graus, o deslocamento angular dos losangos nos círculos
centrais.

A geometria octogonal era uma importante geometria sagrada usada pelos


Cavaleiros Templários na construção de suas igrejas. Eles usaram essa
geometria para construir igrejas que do lado de fora eram redondas, com
oito colunas de apoio dentro, ou octogonais na forma externa; muitos bons
exemplos delas ainda continuam sendo usados na Europa. Essa geometria
foi utilizada em propriedades dos Templários que continuam existindo na
Grã-Bretanha: na Capela Rosslyn, perto de Edimburgo; na Igreja Redonda
de Cambridge; na Igreja Redonda em Northampton; e na Igreja Redonda
no Templo Interno, próxima a Fleet Street, em Londres. Quando a igreja é
redonda, as oito colunas de apoio também icam posicionadas em um
círculo interno, cujo diâmetro está relacionado com suas paredes externas.

Fiz medições com ita de aço quando visitei a Igreja Redonda de


Cambridge. Minhas medições sugeriram que o círculo interno, que fornecia
a linha central das colunas de apoio, tinha o raio de seis côvados, e as
paredes externas de 12 côvados, somando o diâmetro total de 24 côvados.
Assim, o círculo interno tem metade do diâmetro do externo.

Essa é exatamente a razão geométrica dos dois círculos no centro do piso


do Templo de Brighton. A partir desses dois círculos, uma Estrela de Davi
de seis pontas pode ser criada, como método alternativo para o uso da
Vesica Piscis mostrado anteriormente.

O raio AB cria o centro do círculo de 583 de diâmetro, enquanto o raio AC


cria o interno de 293 de diâmetro.

Os lados dos triângulos icam na tangente da borda do círculo interno,


criando triângulos equiláteros.

Assim, temos um pentagrama (estrela de cinco pontas) em torno da borda


externa dos círculos, cercando uma Estrela de Davi (estrela de seis pontas)
dentro deles.

Devemos agora retornar à geometria sagrada do octógono. Os lados


inclinados de um octógono têm um ângulo interno de 135 graus, o que
signi ica que na con iguração mostrada no diagrama anterior, onde seu
deslocamento é de 22,5 graus, os lados inclinados têm 45 graus cada um, a
partir da horizontal ou da vertical.

Esquadro e Compasso a partir da geometria básica


O diagrama acima mostra o desenho oculto contraposto no piso do Templo
Maçônico de Brighton. Mas isso não é tudo. Novamente temos de volta os
dois círculos.

O Esquadro e o Compasso
A origem do emblema maçônico do Esquadro e do Compasso tem sido
assunto de debate na Maçonaria por muitos anos. Existiram até mesmo
sugestões de que o símbolo se originou na China há milhares de anos.

Quando eu estava assistindo a um documentário na televisão sobre o tema


das máquinas de guerra criadas pelo exército romano, uma nova
possibilidade emergiu.

Existia uma catapulta, particularmente grande, que tinha a capacidade de


atirar uma rocha enorme contra os muros da cidade defendida pelo
exército contrário. Parte do programa estava centrada na reconstrução e
na demonstração de uma réplica de tal aparelho. Isso provou ser uma
grande façanha de engenharia, que incluía o uso de consideráveis vigas de
madeira. Para maior autenticidade, as pessoas que realizaram a
reconstrução juntaram as vigas de madeira usando métodos de junção
típicos do período. Eles mencionaram que na França medieval todas as
juntas típicas que um carpinteiro podia encontrar recebiam nomes de
pássaros. Assim, ao lembrar os nomes dos pássaros e das juntas
associadas a eles, todos os carpinteiros desse ramo sabiam qual tipo de
junta estava sendo mencionado. Alguém pode imaginar uma carta sendo
enviada de um carpinteiro a outro dizendo algo como: "... e na parte
superior da estrutura use a junta pega-rabuda". A maioria das pessoas não
seria capaz de entender nada do que isso signi icava, mas teria sido um
sistema de código muito e iciente entre os carpinteiros da época. Os
fabricantes do modelo de reconstrução indicam que esse simbolismo era
usado em outros ramos do sistema de guildas na França.

Tendo conseguido facilmente construir o emblema do Esquadro e


Compasso na geometria do piso, ocorreu-me que esse emblema maçônico
podia muito bem ter sido um meio que permitia um maçom operativo dos
tempos antigos demonstrar aos outros seu conhecimento de Geometria, um
conhecimento de tamanha importância que ele seria visto como um mestre
em seu ramo - um Mestre Maçom.
Com esse pensamento em mente, passei vários meses pesquisando
documentos relacionados às várias guildas que estavam à disposição em
Londres, mas não pude encontrar evidências que apoiassem a teoria de
forma concreta. Mas, então, se esse era um ramo secreto, nada teria sido
escrito para os olhos de todos. Há uma frase na cerimônia maçônica em
que o candidato afirma que ele:

(...) não vai escrever esses segredos, nem esculpir, marcar ou de outra
maneira delineá-los em coisa alguma(...) de modo que os segredos de um
maçom possam ser inadvertidamente revelados.

É possível que o emblema do Esquadro e do Compasso, que de ine a


Maçonaria, pudesse ser visto da mesma maneira que os motivos usados
pelos carpinteiros franceses?

Constantes Geométricas no Templo


A Vesica Piscis já foi mencionada com alguma minúcia. Além de criar um
retângulo de tamanho representativo, equivalente às dimensões do piso,
permite a definição de certas constantes matemáticas, como os valores de:

Também já vimos que o tamanho do Templo de Brighton em três círculos


em Vesica Piscis, onde cada círculo tem 40 pés de diâmetro. Assim, cada
círculo tem o raio de 20 pés.

Agora podemos criar dois círculos em Vesica Piscis, cada sentando 40 pés
de diâmetro ou 20 pés de raio.

Produzindo √3 em Vesica Piscis

A linha angular (R) representa a hipotenusa de um triângulo retângu- lo. A


linha horizontal (A) é a base de um triângulo retângulo. Como a hipotenusa
(R) é traçada a partir do centro para a circunferência do círculo, ela tem o
comprimento igual ao raio, 20.

A linha horizontal entre os círculos ica em um ponto que é a metade do


raio. Assim, se o raio de um círculo completo for 20, então a metade do raio
é 10.

Então, o lado vertical do triângulo é a metade do comprimento da linha


vertical sólida (YZ).

Assim, aplicando o teorema de Pitágoras:

a2 + b2 = c2 102 + b2 = 202 então, 202- 102 = b2 então, 400-100 = 300


portanto, b = √300 = 17,32

A linha vertical (YZ) é o dobro do comprimento do lado vertical do


triângulo.

Assim: 17,32 x = 34,64

Porém, deveria ser para uma razão de 1. Temos uma razão de 20.

34,64։20 = 1,732 = √3.


Conclusão

O(s) criador(es) do desenho original do Templo de Brighton possuía(m)


claramente um conhecimento impressionante da Geometria Sagrada e seus
efeitos sobre - ou a herança dentro da - a Maçonaria. Alguém, em algum
momento, obteve claramente a sabedoria e o entendimento de como isso
podia ser usado. Muito dessa sabedoria era apresentada como uma coisa,
mas revelava algo completamente diferente, o que é uma alegoria. Nas
cerimônias maçônicas, é dito para nós que a maçonaria é um sistema
peculiar de moralidade disfarçado em alegoria...

a) O zodíaco é girado de modo que o signo de Aries ique em cima da


cadeira do rei Salomão.

b) O comprimento do Templo é ditado pela largura da sala, que é de inida


pelo diâmetro de um círculo.

c) O tamanho do piso quadriculado corresponde ao maior retângulo que


pode ser feito em uma vesica.

d) Existem as constantes matemáticas √2, √3, √5.

e) A capacidade de exibir o valor de Fi= 1,618 e 0,618.

f) A apresentação de um pentagrama.

E muitos outros itens não imediatamente óbvios.

Decidi avaliar se a geometria do Templo Maçônico de Sussex podia se


aplicar ao Templo de Salomão, e desse modo estabelecer uma ligação
positiva com a Maçonaria. Isso dizia que eu precisava dar uma olhada mais
próxima nos textos bíblicos, a fim de encontrar quaisquer ligações.

Descobri que, quando alguém vê e investiga a religião com uma


perspectiva mais acadêmica do que com fé, toda uma nova faixa de
explicações possíveis para os eventos bíblicos começa a emergir. Esses
novos esclarecimentos somente são factíveis graças às recentes
descobertas da ciência e da Arqueologia, que não estavam disponíveis para
nossos antepassados há cem anos.

São os textos bíblicos que em seguida chamam minha atenção.


CAPÍTULO 8
AS Coisas Podem não Ser como Nos Ensinaram

Aviso:

Existem aspectos de religião considerados neste capítulo que podem


incomodar pessoas com uma convicção religiosa muito forte.

A educação tradicional, em meados do século XX, ensinava que a civilização


organizada começou em torno de 5 mil a 8 mil anos atrás, por volta de 3
mil a 6 mil anos AEC. Isso porque a história documentada decifrável
parecia ter evoluído a partir dessa época. Foi nesse tempo, somos levados
a acreditar, que as antigas civilizações do Egito, da Suméria e da Acádia
surgiram, esta última icando naquela região que depois se tornou
conhecida como Mesopotâmia. Nesses primórdios, também nos fazem
acreditar, começou a domesticação de animais; as plantas foram
selecionadas, suas sementes reunidas e semeadas em solo especialmente
preparado; foi o começo da agricultora organizada; e, supostamente, o
início da era em que comunidades estáveis e ixas permitiram o
desenvolvimento das civilizações subsequentes. Imediatamente antes
desse período inicial de ixação, nossos ancestrais eram considerados
pouco mais do que caçadores-coletores que perambulavam pelas planícies,
tinham inteligência mínima e continuavam a empunhar porretes de pedra.
No inal do século XX, as evidências de campo acumuladas e a posterior
avaliação dos arqueólogos nos forneceram uma perspectiva muito
diferente.

Conhecimento ancestral descoberto recentemente


Escavações em Çatal Hõyük, na moderna Turquia, mostram evidências de
uma comunidade muito avançada que vivia em uma forma primitiva de
blocos de aposentos em vários andares rasos. Çatal Hõyük foi descoberta
nos anos de 1950, e acredita-se que tenha sido fundada entre 7 mil e 8 mil
AEC, cerca de 4 mil a 5 mil anos antes do desenvolvimento do Egito Antigo.
Alguns arqueólogos consideram Çatal Höyük como a primeira cidade, a
partir da qual nossa civilização ocidental se originou. Os habitantes
mantinham animais domesticados, produziam colheitas selecionadas,
moíam uma espécie de trigo primitivo em farinha, tinham acomodações
escrupulosamente limpas forradas com reboco ornamentado, o qual era
substituído aproximadamente a cada seis meses. Também se acredita que
o culto religioso da Deusa Mãe, como símbolo de vida e fertilidade, pode até
ter começado nessa área. Por razões que ainda permanecem obscuras, a
comunidade como um todo parece ter desertado de sua organização
coletiva relativamente segura e protegida. Para onde eles foram também
continua um mistério.

Antes da assim chamada civilização do Egito Antigo se desenvolver, por


volta de 3.100 AEC, outro grupo avançado estabeleceu-se em Malta e Gozo,
ilhas do Mediterrâneo. Essa cultura construiu o que atualmente é visto
como as mais antigas estruturas de pedra sem apoio conhecidas no mundo.
Muito antes de os egípcios terem começado a desenvolver sua perícia na
construção com pedra, os habitantes de Malta e Gozo construíram
impressionantes templos com grandes blocos de pedra. Mesmo em uma
época tão remota como 4.500 AEC, parece que eles já tinham desenvolvido
um conceito de movimentação de pedras muito grandes, manobrando-as
sobre bolas de pedra especialmente esculpidas, mais parecidas com
imensos rolamentos esféricos. Essa é uma aplicação única que não aparece
em nenhuma outra parte. Eles dominaram a arte de cortar e levantar
grandes blocos regulares de pedra, organizando-os em seqüências bem
encaixadas; eles izeram muros de proteção circulares e esculpiram
delicadas imagens em determinados setores.

Em Tarxien, no Sudeste de Malta, ainda é possível encontrar, esculpidos


em rochas, os esboços de vários animais que devem ter sido comuns na
ilha há vários milênios, quando aparentemente as imagens foram criadas.
Certos aspectos dos templos possuíam claros alinhamentos estelares,
indicando que essas pessoas tinham conhecimento do movimento dos céus.
A visão arqueológica o icial é que passagens especí icas eram orientadas
pelo Sol nascente no dia de Solstício de Inverno, o que talvez implique que
eles seguiam a tradição de celebrar o retorno potencial do calor do Sol e a
nova vida que isso traria, a repetição dos ciclos da natureza exatamente
como os celtas e os druidas são conhecidos por terem feito. Ligados a esses
ciclos e com a descoberta de iguras esculpidas de grandes mulheres
voluptuosas, também parece que eles tiveram a crença religiosa centrada
na Deusa Mãe como um símbolo de fertilidade. E tal era a habilidade e a
capacidade deles de trabalhar com pedra que, em alguns casos, talvez por
razões cerimoniais importantes, mais do que a construção de uma
abertura quadrada como um vão de porta, usando quatro peças de pedra
manejável, como muitas vezes pode ser visto em templos posteriores do
Egito, eles faziam o furo para a passagem diretamente em uma grande
peça de rocha, um feito de habilidade pro issional e exatidão que
desa iaria qualquer pedreiro moderno altamente treinado, absolutamente
à parte da di iculdade de transportar e manejar pedras antes. Usando
aquilo que somos levados a crer que fossem ferramentas relativamente
simples, eles trabalhavam para fazer furos na pedra, que, possivelmente,
forneciam cavidades para o encaixe de peças de madeira que podiam
funcionar como portão ou porta. E, igualmente surpreendente entre as
relíquias que foram descobertas, havia um grande pote de pedra, com
paredes relativamente inas e curvas no estilo que enfeitava muitas outras
civilizações posteriores em todo o Mediterrâneo. Por de inição, esse pote
deve ter sido esculpido a partir de uma peça de pedra. Embora esses
templos impressionantes e seus usos provavelmente estivessem no auge
cerca de mil anos antes que a construção das impressionantes pirâmides
de Gizé tivessem até começado, acredita-se que suas origens datem
provavelmente por volta de 5.000 AEC. De fato, uma exposição em um
escritório de informações turísticas, em um desses locais, observa que, por
volta de 4.500 AEC, esses povos desconhecidos desenvolveram claros
estilos arquitetônicos que distinguiam prédios usados para inalidades
rituais e cerimoniais em comparação com os relacionados puramente ao
uso doméstico.

Na Ilha de Creta, no Mar Mediterrâneo, muito perto da costa da Palestina,


outrora existiu uma impressionante cultura minoica. Tal civilização
alcançou o ponto alto de sua notoriedade na época em que o primeiro
Templo de Jerusalém foi construído. Porém, essa civilização havia
lorescido antes por volta de mil anos. A razão para seu declínio concentra-
se em uma maciça erupção vulcânica na Ilha vizinha de Santorini. A
erupção criou maremotos e terremotos que demoliram muitas construções
minoicas importantes. Acredita-se também que muitos minoicos morreram
em conseqüência disso, e que, como resultado, a coesão social desse povo,
outrora próspero, icou seriamente abalada. Uma visita aos vestígios da
comunidade minoica de Cnossos, que existiu entre 3.500 e 4 mil anos atrás,
revela um entendimento impressionante de engenharia civil. Ainda é
possível ver os restos dos aquedutos de pedra usados na distribuição de
água fresca, e existem dutos separados para levar o esgoto embora. O povo
dessa civilização era muito habilidoso no corte e acabamento de pedra,
conseguindo super ícies notavelmente polidas. Seus templos eram
orientados no eixo leste-oeste; a decoração dos palácios era colorida e com
paredes cobertas de reboco; suas habilidades manuais eram e icazes e
demonstravam alto grau de destreza. Isso ainda pode ser percebido nos
grandes potes de terracota usados no armazenamento de grãos e outros
produtos alimentícios. Navios, que levavam e traziam ampla variedade de
mercadorias comerciais, icavam atracados em um pequeno porto natural
bem perto da cidade. Depois da erupção de Santorini, os terremotos
provocaram signi icativo levantamento de terra de modo que, atualmente,
os vestígios de Cnossos icam no interior, distantes do mar que
antigamente batia no degrau da porta de entrada. Era uma civilização que
atingiu claramente alto nível de sofisticação.

Nos últimos dias da cultura minoica, é altamente provável que alguns dos
navios que visitavam Cnossos pertenciam e eram operados por um grupo
de comerciantes que depois se tornaram conhecidos como fenícios.
Estabelecidos ao longo de uma estreita faixa de terra, que hoje em dia
forma parte do Líbano, a Fenícia na realidade era um grupo de cidades-
estados individuais que operavam em alianças umas com as outras. Uma
dessas cidades-estados era Biblos, conhecida por nós como Tiro - domínio
de Hirão, rei de Tiro, que estava ligado à construção do primeiro Templo
de Jerusalém.

Todas as culturas acima se estabeleceram nas costas ou bem perto do Mar


Mediterrâneo. Pouco ou nada a respeito delas era conhecido pela
sociedade ocidental até meados do século XX. Sabia-se apenas do domínio
de pessoas com interesse especializado. As mudanças na educação e a
disponibilidade dos meios de entretenimento em massa permitiram que
essas descobertas fossem levadas ao público em geral de maneira
interessante. Ligado a isso está o progressivo desenvolvimento das
técnicas cientí icas associadas à Arqueologia, junto com o crescimento
substancia! da quantidade de pessoas empregadas na disciplina
arqueológica. O resultado inal tem sido informações novas e con iáveis
vindo à luz e mudando o nosso entendimento. E essa mudança tem
ocorrido em um período relativamente curto.

Em nossa cultura ocidental, neste século XXI, existem muitos indivíduos


com condição de viajar e ver por si mesmos os lugares e os vestígios
dessas culturas antigas. Isso reforça a velocidade com a qual a mudança na
aceitação dessas novas descobertas vem permeando a nossa sociedade.

A comunicação também contribuiu para mudar a perspectiva das culturas


e das tecnologias primitivas disponíveis para nossos ancestrais. Isso
aconteceu como resultado de se permitir que mais e mais pessoas tivessem
acesso à informação, o que, como já foi mencionado, antes era visto como
domínio privilegiado de alguns poucos escolhidos. Os documentários da
televisão ajudaram a tornar o mundo entrevado e embolorado da história e
da arqueologia em educação e entretenimento das massas; arqueólogos
muito conhecidos se tornaram os modernos caçadores de tesouros e
aventureiros que descobrem relíquias de valor incalculável e desvendam
segredos do passado. Inevitavelmente, alguns desses segredos do passado
incluem informações das quais os órgãos governamentais preferiam que
não tomássemos conhecimento, pois tais revelações podem desestabilizar a
autoridade e a credibilidade de certas instituições consagradas de nossa
civilização. Os sistemas de comunicação, junto com as tecnologias da
informação, também têm permitido a reunião em um catálogo de muitas
peças individuais de feixes de informações que, caso contrário, icariam
isoladas. Quando classi icados e comparados, os dados algumas vezes
revelaram um padrão histórico de eventos com datas que minaram
completamente estimativas antigas do desenvolvimento das civilizações e
de suas tecnologias.

Em meados do século XX, aprendi que o bumerangue era um apetrecho de


caça, desenvolvido através de milhares de anos e exclusivo dos povos
aborígines da Austrália. Imagine a minha surpresa então, quando visitei o
Museu Egípcio no Cairo. Encontrei um armário com bumerangues em
exposição, datados de cerca de 2.500 AEC e descobertos em escavações
arqueológicas no Egito Central. Quando iz mais pesquisas a respeito das
origens do bumerangue, descobri que ele havia sido um dispositivo
popular entre os povos aborígines da Austrália, do Egito e da região que
conhecemos hoje como Califórnia, nos Estados Unidos. Olhando no mapa-
múndi, qualquer pessoa pode ver que esses três locais são muito distantes
uns dos outros. Isso levanta questões a respeito de onde o dispositivo pode
ter se originado e, mais especi icamente ainda, como a tecnologia de sua
criação e fabricação, que permite o seu funcionamento aerodinâmico, pôde
ser transferida para três culturas diferentes tão isoladas umas da outras?

A educação convencional do século XX nos ensinou que a Idade do Ferro


começou há cerca de 3 mil anos. A fabricação do ferro envolve a coleta e a
mineração de rochas de minério de ferro e depois o derretimento das
mesmas. É exatamente esse o início da tecnologia. Em seguida, deve ter
ocorrido toda uma série de atividades de tentativas e erros para entender
qual a melhor maneira de moldá-lo no apetrecho pretendido, a im de
torná-lo utilizável. Então, foi com surpresa que a cabeça de um martelo de
ferro, completa com os restos do cabo de madeira, foi descoberta no Texas
nos anos de 1930, enterrado em um monte de arenito em uma rocha perto
de uma cachoeira. A implicação é que esse martelo deve ter sido feito há
muito tempo, possivelmente vários milhares de anos antes do suposto
início daquilo que somos educados a acreditar que foi a única Idade do
Ferro da civilização.

Esses pontos demonstram que nossos ancestrais foram muito mais


habilidosos e inteligentes do que lhes era atribuído anteriormente. Existe
também ampla evidência de que civilizações altamente so isticadas
existiram bem antes do que os cronogramas produzidos na metade do
século XX podem sugerir.

Essas descobertas e mudanças em nosso entendimento da história não são


limitadas à ciência da Arqueologia. Elas revelam o mundo da religião e da
Teologia. Elas têm a capacidade de mudar nossas percepções a respeito do
que realmente pode ter acontecido em tempos bíblicos, junto com a
cronologia e os cronogramas nos quais esses eventos ocorreram.

Se, portanto, ocorreram mudanças de longo alcance em nosso


entendimento a respeito de 3 mil anos passados de história humana, isso
também pode afetar a maneira pela qual vemos certas práticas religiosas.
Pode mudar o modo como vemos certos eventos que lemos no Antigo
Testamento. Pode colocar o Templo de Salomão, e aquilo para o qual era
usado, em um contexto muito diferente daquele que muitas pessoas foram
incitadas a acreditar que seria a realidade. Um quadro aos olhos da mente,
construído e armazenado por um longo período, poderia ser destruído.
Vamos deixar a verdade aflorar!

Nossa fé em eventos religiosos e seus significados


Para muitas pessoas, a experiência com religião começa em uma tenra
idade. Dentro da Igreja Cristã, acontece a primeira exposição ainda quando
somos bebês por meio do ritual de nomeação chamado batismo, em que os
pais reconhecem que a criança crescerá dentro da estrutura e conforme o
dogma da fé cristã. Nos anos seguintes, essas crianças podem estar sujeitas
a comparecer às cerimônias da igreja da comunidade, onde recebem
instrução especial, sendo introduzidas nos principais personagens e
eventos bíblicos. Elas podem até freqüentar escolas especiais,
fundamentadas na fé, para sua educação formal, em ambiente que reforça
o regime cristão. Em alguns casos esse processo de doutrinação é
enfatizado pelo currículo educacional apoiado pelo Estado. Assim, na época
em que a criança completar sua primeira década de vida, ele (ou ela)
efetivamente já terá passado por uma lavagem cerebral e estará
condicionado (a) ao domínio do dogma, do protocolo, do preconceito e da
superstição. Algumas pessoas se afastam dessa cultura mais tarde até
rejeitar totalmente a iloso ia; alguns se tornam menos ativos, mas
periodicamente seu subconsciente os alerta para as raízes da cultura e
para a superstição na qual foram in luenciados; outros permanecem
resolutos em sua fé, com total aceitação e adesão ao dogma, acreditando
em cada palavra registrada nas escrituras religiosas. A isso devem ser
acrescentadas a deferência e a aceitação daqueles que promulgam a
mensagem religiosa. O mesmo tipo de processo se aplica a todas as
religiões importantes do mundo, inclusive o Cristianismo, o Islamismo e o
Judaísmo.

A adesão forte e rígida dos " iéis" indubitavelmente causa problemas de


tensão social, se ou quando opiniões lógicas e alternativas, que afetam a
religião, são apresentadas com base em explicações bem elaboradas.
Ocorreram certos eventos que foram considerados milagres, em termos
bíblicos. Na ausência de qualquer explicação lógica para o milagre, na
época em que a ocorrência foi registrada, o evento foi visto pelos escribas
como alguma forma de intervenção divina por parte de uma divindade.
Tendo sido avisados disso pelos sacerdotes das gerações anteriores, essa
idéia foi subseqüentemente aceita em cada detalhe, sem questionamentos,
pelos " iéis". As evidências arqueológicas e os desenvolvimentos cientí icos
podem agora nos apresentar a explicação lógica de qualquer evento
miraculoso, abalando então o conceito da intervenção divina. Só agora
somos capazes de apresentar novas interpretações de eventos vistos como
milagres com pesquisa cientí ica e acadêmica e com o acúmulo de
conhecimento que existe atualmente. Isso permitiu que certos eventos
anteriormente interpretados como milagres fossem explicados de um
modo que não poderia ser contemplado, nem sequer seria possível, há
algumas gerações.

As pragas do Egito
De acordo com o livro de Êxodo do Antigo Testamento, uma série de
pragas castigou o Egito durante o período em que Moisés procurava
liderar seu povo para fora daquele país. Em séculos recentes, essas pragas
foram apresentadas pelas instituições religiosas como milagres que
castigaram os egípcios em apoio aos israelitas, pela divindade deles, para
ajudá-los a escapar do cativeiro. Essas pragas incluíram escuridão caindo
sobre a terra, o Rio Nilo parecendo virar sangue, pragas de rãs, moscas e
gafanhotos, e terríveis chagas e bolhas flagelando o povo que vivia ao longo
das margens dessa importante fonte de vida. Esses castigos agora podem
ser explicados como uma série de eventos naturais, um sendo in luenciado
pelo outro, um determinando as circunstâncias a partir das quais o outro
foi capaz de se desenvolver.

Uma teoria a irma que a escuridão foi causada por cinza vulcânica, talvez a
partir da erupção da Ilha de Santorini. A erupção é conhecida por ter sido
extremamente violenta, explodindo a ilha e lançando poeira e detritos
vulcânicos por várias milhas na atmosfera. Essa poeira e esses detritos
inalmente circularam em volta do mundo pela atmosfera, causando
problemas climáticos em toda parte. Em particular, deve ter criado um
manto escuro na região geográ ica próxima da erupção, ofuscando a
intensidade do Sol, o que deve ter causado queda na temperatura. Nessa
mesma época, deve ter ocorrido a poluição no Rio Nilo por causa da cinza
vulcânica que caiu. A poluição teria matado os peixes, o que por sua vez
teria poluído ainda mais o rio. As rãs teriam fugido do rio para escapar da
poluição, mas, como já haviam sido infectadas, elas morreram na terra.
Isso, junto com os peixes mortos deixados ao longo das margens do rio,
poderia ter criado as condições para um grande aumento de moscas e
piolhos que transmitiram doenças para o gado. Isso fez o gado morrer.
Com o rio tão poluído, o resultado seria água não potável. Então, como está
registrado em Êxodo 7,24, os egípcios cavaram buracos, provavelmente
poços, para ter acesso à água potável. Aqueles que beberam a água
poluída do Rio Nilo acabaram com chagas e bolhas pelo corpo, tendo em
vista que as bactérias contaminaram a corrente sangüínea.
Na verdade, existem evidências de que eventos similares ocorreram em
tempos mais recentes. Um documentário da TV BBC a respeito de Moisés
relatou um incidente que ocorreu em 1999, em New Burn, na Carolina do
Norte, nos Estados Unidos. O Rio Neuse icou com uma cor vermelha, como
se estivesse tingido com sangue. Moradores do local notaram bolhas
aparecendo na pele, exatamente como a Bíblia relata que aconteceu no
Egito cerca de 3.500 anos antes. A causa do incidente na Carolina do Norte
foi descoberta como sendo a mutação de um microrganismo chamado
p iesteria, que por sua vez fora afetado pela poluição de uma fazenda de
porcos.

Para os egípcios que experimentaram a série de pragas que os atingiu há


3.500 anos, e para os escribas que as registraram, esses eventos podem
muito bem ter sido interpretados como o descarregamento da vingança de
deuses sobre eles por causa de possível má conduta. Deve ter ocorrido
algum evento que provocou grande consternação, e as histórias que
re letiam a experiência dessa época foram recontadas para as gerações
subsequentes, passando para o folclore. Os israelitas, por outro lado, talvez
não tenham sido afetados de forma tão grave, especialmente se não viviam
muito perto do Rio Nilo, e podiam muito bem ter visto esses castigos como
milagres realizados em seu favor pela divindade que os protegia.

Apesar da disponibilidade das modernas evidências cientí icas, que são


capazes de mostrar exatamente como esses eventos podem ter ocorrido,
existem pessoas encarregadas de apresentar o dogma religioso, como
padres e bispos, que continuarão promovendo a idéia de que o milagre foi
realizado pela divindade e instilando essa crença no fiel.

A história de Sodoma e Gomorra


Como outro exemplo, vamos considerar a história de Sodoma e Gomorra
conforme contada no capítulo 19, do Livro de Gênesis, no Antigo
Testamento. Nessa história, conta-se que os habitantes dessas duas
cidades, Sodoma e Gomorra, haviam se tornado tão moral e sexualmente
depravados que a divindade descarregou sua vingança, destruindo-os com
fogo e enxofre em um evento cataclísmico. Nem todos os habitantes das
cidades morreram. O herói da história é um homem chamado Ló, que,
junto com a mulher e duas ilhas, teve a oportunidade de escapar, mas foi
avisado para não olhar para trás senão eles virariam estátuas de sal.
Quando estavam escapando, Ló e sua mulher puderam ouvir a destruição
das cidades acontecendo atrás deles. A mulher de Ló, incapaz de conter
seu fascínio pelo barulho aterrador da destruição que estava ocorrendo,
fez aquilo que avisaram que não deveria fazer - parou e olhou para trás e
imediatamente virou uma estátua de sal, e assim permaneceu para
sempre.

Dessa maneira, essa história tem sido apresentada por centenas de anos,
com essa sugestão moral para incentivar a vida casta e honesta dentro da
sociedade em que vivemos, com receio de que a divindade possa promover
a sua vingança em qualquer comunidade que se torne ruim e ímpia. Na
ausência de qualquer outra informação, essa história e o contexto no qual
tem sido usada serviram de bom propósito como lição de moral para as
gerações passadas.

Atualmente, porém, a pesquisa especializada indica que Sodoma e


Gomorra, provavelmente, eram pequenas comunidades que faziam parte
de um grupo de cinco cidades que existiam em uma planície outrora fértil,
adjacente ao Mar Morto. O Mar Morto é assim chamado por causa de seu
conteúdo muito elevado de sal. O resultado é que virtualmente nada é
capaz de viver nele. Sodoma e Gomorra provavelmente foram construídas
por volta de 3.000 AEC. E altamente provável que as cinco cidades existiam
para explorar a coleta de betume - encontrado sobre rochedos ao longo da
margem do Mar Morto. O betume era uma mercadoria comercial usada na
impermeabilização de barcos e na ixação de blocos de pedra em
construção de importantes prédios, como os Templos, na ausência do
cimento e da argamassa que conhecemos hoje em dia.

As investigações cientí icas e arqueológicas atuais sugerem que, por volta


de 2.500 AEC, a outrora fértil planície e as cidades nela estabelecidas
foram sacudidas por violento terremoto que causou grande deslizamento
de terra. Durante o terremoto, ocorreu o processo conhecido como
liquefação, quer dizer, o que antes era chão duro tornou-se luido, quase
como água, e as pressões causadas pelo tremor forçaram a passagem de
umidade para fora do solo, criando um luxo de água onde antes ninguém
havia notado que existia. E como se de repente o chão duro adquirisse
características de areia movediça. Nessas circunstâncias, as construções
afundariam no chão. As chances de sobrevivência para qualquer pessoa
que vivesse nas cidades imediatamente afetadas seriam virtualmente
nulas; Sodoma e Gomorra teriam deslizado para dentro do Mar Morto sem
deixar qualquer rastro para eventuais observadores. Modelos produzidos
na Universidade de Cambridge demonstraram como isso pode ter
acontecido. Além disso, foi mostrado que, ainda hoje, bolsões de gás
metano podem ser encontrados excatamente embaixo da super ície da
região próxima ao Mar Morto. Em caso de terremoto, tais bolsões de gás
poderiam vazar e incendiar, criando uma terra de fogo e enxofre. O
enxofre é outra palavra para a substância sulfúrea, que exala um odor
irritante e repulsivo. Pesquisas de satélite, tecnologia disponível para os
arqueólogos somente no inal do último milênio, permitiram que potenciais
restos das cidades fossem localizados embaixo das águas do Mar Morto,
possibilitando mais investigações. A história de Ló e suas duas ilhas é
provavelmente o registro da fuga de apenas três sobreviventes de uma
traumática experiência do terremoto que destruiu seus lares.

Com base na análise cientí ica do evento, podemos ainda especular que
essa é a história de uma família que estava prestes a voltar e fugir para um
lugar mais alto quando o terremoto começou, levada pelo pai da família.
Alguém pode imaginar que, durante o pandemônio, Ló gritaria para sua
família, algo como: "Não parem e não tentem olhar para trás. Vamos embora
o mais rápido possível. Continuem andando. Só não parem para olhar para
trás, estamos contando cada segundo". E a mulher de Ló, porém,
provavelmente icou um pouco para trás da turma que fugia, hesitou e
olhou para trás para ver se alguém que ela conhecia, algum parente ou
amigo, também não estava fugindo. Mas ela se encontrava na borda do
terreno que estava sendo afetado pela liquefação. Ela deslizou lá dentro e
foi absorvida como se tivesse caído em um poço de areia movediça. Tendo
em vista que a cidade afundou no Mar Morto, ela também foi tragada junto.
Isso pode ser interpretado como uma referência à estátua de sal, como um
meio de dizer que ela foi absorvida pelo Mar Morto, seu corpo icou
incrustado e desintegrou pela alta concentração de sal nas águas. Imagine
também que, enquanto Ló e suas ilhas continuavam a fuga, o terremoto
permitiu que colunas de gás metano pegassem fogo, provocando um
incêndio, acompanhado do cheiro irritante da substância sulfúrica que
escapava, causando o fogo e liberando o enxofre. É fácil compreender
como esses eventos em seguida foram eternizados. Continuando a
especulação, vamos imaginar que, sem mais nada a não ser as roupas do
corpo, Ló e suas ilhas inalmente alcançaram outra cidade próxima; no
Livro de Gênesis ela se chama Zoar. Nela os fugitivos contaram suas
histórias e o destino da mulher de Ló. Não é di ícil imaginar como essa
narrativa se tornou um relato permanente, contado em volta das fogueiras
nos acampamentos dos beduínos, e como então passou de geração a
geração até ser escrita 2 mil anos depois do evento pelos escribas. É
totalmente compreensível que as pessoas de épocas posteriores tenham
tomado conhecimento do evento, mas, negando o conhecimento acumulado
que temos hoje à nossa disposição, tenham interpretado isso como um ato
de Deus e registrado o mesmo como tal, passando-o adiante para as
gerações futuras. Também podemos compreender a razão pela qual Ló foi
de inido como o "herói" da história, contra os excessos dos depravados das
duas cidades de Sodoma e Gomorra. E como "bom moço", no sentido da
firmeza moral, ele foi encorajado pela divindade a escapar.

O nome de Jesus
Quando aparecem referências a Jesus Cristo, muitos cristãos acham que
existiu uma pessoa, com o primeiro nome Jesus e o sobrenome de família
Cristo, que andou pela região de Israel e da Palestina há 2 mil anos. Eles
acreditam que ele era chamado assim como hoje, em nossa cultura, nos
referimos a alguém como William Smith - William seria seu primeiro nome
e Smith o sobrenome de família. Os Evangelhos do Antigo Testamento
foram originalmente escritos em grego. O nome Jesus é derivado do nome
grego Jesu, que podemos interpretar como Joshua. Em hebreu o nome
Joshua se tornou Yehoshua. A palavra Cristo parece ter vários signi icados
dependendo da fonte. É a interpretação em grego da palavra hebraica
para Messias, entendida como aquele que será coroado rei dos Judeus.
Durante visita ao Egito, fui informado de que a palavra signi ica aquele que
foi ungido. Essa de inição não está muito distante da interpretação
hebraica. Então, uma pessoa indicada como líder ou governante de um
grupo, investida de poderes específicos de autoridade em um processo que
pode ter exigido alguma cerimônia, onde essa pessoa selecionada era
ungida, como meio de outorga dessa autoridade, podia ser citada como o
Cristo. De fato, os monarcas da Inglaterra são ungidos, o que signi ica uma
forma de líder tribal, por meio do que é conhecido como Coroação. O
monarca é ungido com óleo, como parte do processo de outorga de
autoridade. Seguindo a lógica dessa conclusão, o processo de ungir é a
declaração de um monarca como Cristo. Assim, o uso do termo Jesus Cristo
é realmente uma versão abreviada da a irmação mais adequada de Jesus o
Cristo, ou Yehoshua - aquele que foi ungido para ter a autoridade de líder
tribal. Mas essa é apenas a de inição em nossa cultura. Há algumas
décadas soubemos que a pessoa à qual nos referimos como Jesus Cristo
teria sido conhecido, em sua própria época e cultura, como Yehoshua Ben
Joseph, Joshua ilho de José. Essa é uma revelação que muitos iéis ignoram,
mas que muitos teólogos e sacerdotes sabem há muitos anos. De fato, esse
é o conhecimento comum apresentado na Enciclopédia Católica.

Essa referência à estrutura e ao signi icado do nome se mostrará relevante


mais tarde em outro contexto, diretamente relacionado ao rei Salomão.

Um truque mágico com ossos


Então, contra o pano de fundo delineado pelo incidente de Sodoma e
Gomorra e os exemplos de nomeação de Cristo, surpreende muito quando
um clérigo sênior ou um pesquisador acadêmico coloca um conceito que
contradiz o dogma aceito, considerando que essa pessoa provavelmente
será ridicularizada e terá de enfrentar o desprezo daqueles que
constituem "os fiéis" de nossa comunidade.

Um exemplo assim ocorreu no início da última década do século XX,


quando o então bispo de Durham, o Rt reverendo David Jenkins, a irmou
que aceitar a idéia da concepção sobrenatural de Cristo e o subsequente
nascimento virgem não era requisito para alguém se tornar cristão. Porém,
esses dois conceitos alicerçam o dogma cristão há quase 2 mil anos. Eles
são explicados como milagre e promovidos como tal pelas organizações
religiosas há séculos. O bispo de Durham alimentou ainda mais a
controvérsia quando um pouco depois a imprensa relatou que ele sugeriu
que a ressurreição era um "truque mágico com ossos". Desnecessário dizer
que foi criticado por muitos de seus colegas nos círculos da religião
organizada, ridicularizado pelos " iéis" e por setores da mídia. Mas muitas
pessoas consideraram os comentários feitos pelo bispo de Durham
revigorantes, honestos e realistas quando considerados contra o pano de
fundo de nosso moderno entendimento da biologia humana e das ciências
associadas a ela. Isso levou as pessoas a perguntarem: de onde veio o
conceito de nascimento virgem, e será que isso é mesmo importante?

O Nascimento Virgem - a Imaculada Conceição


As possíveis origens de termos como Filho de Deus e a referência aos
outros indivíduos que supostamente tiveram nascimento virgem não são as
inalidades reais deste livro. Vamos tratar desse assunto, por um momento,
apenas porque ele prepara o terreno para a aceitação daquilo que ainda
será apresentado a respeito do Templo de Salomão.

Algumas pessoas podem ter concepções que foram durante anos


enraizadas na superstição religiosa e no condicionamento da aceitação iel
do dogma atual. Jesus Cristo, pelo que nos dizem, era o Filho de Deus. No
entanto, após cerca de 2 mil anos de doutrinação sistemática, podemos
achar que essa é uma a irmação excepcional. Nos primórdios, essa era
uma frase bem estabelecida no que chamamos hoje de Oriente Médio e
Ásia Menor. Um Filho de Deus era alguém respeitado, capaz de se tornar
rei. Por exemplo, Alexandre, o Grande, também foi chamado de Filho de
Deus em sua época. Zoroastro não era apenas um Filho de Deus, mas
também era considerado como tendo nascido de uma virgem, ao passo que
Mitra nasceu em um estábulo, em 25 de dezembro, cerca de 600 anos
antes do nascimento de Jesus Cristo. O deus grego Dioniso, supostamente
nasceu de uma virgem, em uma estrebaria, e também transformou água
em vinho, ações que mais tarde foram atribuídas a Jesus Cristo.

Deve existir algum cenário alternativo aceitável para a história do


nascimento virgem, como viemos a conhecer no Cristianismo, que foi
promulgado através dos séculos. Acredito que alguns leitores possam
achar algumas das minhas visões, a seguir, ofensivas.

As informações a respeito do nascimento virgem estão ligadas ao conceito


da Imaculada Conceição, embora sejam tratadas como duas doutrinas
separadas. Estas são pedras angulares da crença católica romana que, por
sua vez, tiveram grande in luência sobre o credo cristão em geral. O
Catolicismo Romano é, acima de tudo, a base de grande parte da doutrina
cristã da Europa Ocidental. A fonte da maior parte do entendimento cristão
a respeito do nascimento virgem e da vida de Jesus, está contida nos
Evangelhos do Novo Testamento - nos quatro livros de Mateus, Marcos,
Lucas e João.

A doutrina do nascimento virgem é que Jesus foi concebido no útero de sua


mãe, a Virgem Maria, sem a participação de pai humano. A Imaculada
Conceição exige a crença de que a Virgem Maria foi concebida e nascida
sem pecado original. O pecado original não é um assunto fácil de incutir na
mente das pessoas. De fato, a Enciclopédia Católica dedica uma seção
considerável ao assunto, mas o único sentido de inido é que o pecado que
Adão cometeu pela primeira vez, que como pode ser lido em Gênesis 3,
relaciona-se com o incidente que envolve a serpente e a maçã, que Deus
havia dito para que ele não comesse, senão morreria. E tanto Adão como
Eva comeram a maçã. Esse fato, de acordo com as escrituras, levou o
homem a ter uma expectativa de vida. Isso tem muito pouco a ver com o
processo relacionado à biologia, à fertilização humana e ao nascimento de
uma criança. Esse conceito implica que o pecado de Adão não se refere a
Maria, pois ela não foi manchada pelo pecado que ele cometeu, e ela jamais
havia cometido pecado de qualquer tipo: ela era sem pecado.

O termo nascimento virgem não aparece em nenhum lugar dos textos


bíblicos, mas Isaías 7,14 e Mateus 1,23 fazem a mesma afirmação:

A virgem ficará grávida e dará à luz um filho....

Então, é fácil relacionar isso com a expressão nascimento virgem. Porém, é


em Lucas 1,35 que vamos encontrar a conexão com a idéia de que Maria
concebeu sem um pai humano. O conceito da Imaculada Conceição não está
relacionado com nenhum texto bíblico, exceto com a referência a uma
virgem e a um Filho de Deus. A doutrina exige que Maria seja
absolutamente sem culpa, sem mancha nem mácula alguma.

O Livro de Mateus, versículos 18 a 20, a irma que José e Maria se


comprometeram a se casar. Antes de o casamento ocorrer, José descobriu
que Maria estava grávida, mas, claramente, ele acreditava que não era
dele. Evidentemente, ele considerou divorciar-se dela discretamente, sem
fazer alarde. O divórcio, nesse contexto, signi ica claramente quebrar o
acordo de casamento. Nos versículos 20 a 24, somos então informados de
que José teve um sonho no qual era visitado por um anjo que anunciava
que ele deveria permanecer com Maria, e que o ilho que ela estava
esperando deveria ser chamado Jesus. José arrependeu-se e continuou a
aceitar Maria como esposa.

Nem os Livros de Marcos ou de João mencionam o nascimento virgem.


Ambos começam com João Batista batizando Jesus no Rio Jordão, depois
Jesus se reunindo com seus primeiros discípulos. Em outras palavras, eles
começam em um ponto em que Jesus já era adulto.

Somente no Livro de Lucas 1,26-38 encontramos alguma menção ao assim


chamado nascimento virgem. O interessante é que tanto em Lucas como em
Mateus somos informados de que Jesus era descendente de Davi por parte
de seu pai José. Então, mesmo os capítulos que mencionam isso não deixam
dúvida de que havia um pai humano envolvido. Isso cai em contradição
total com a doutrina da Igreja. Como no Evangelho de Mateus, descobrimos
que Maria estava comprometida com José, mas não eram casados ainda.
Maria foi então visitada por um anjo que lhe falou que, sem intervenção de
nenhum homem, ela engravidaria. Maria notou que continuava virgem e
questionou como isso podia acontecer. No versículo 35, o anjo respondeu:

... O Espírito Santo virá sobre você e o poder do Altíssimo a cobrirá com a sua
sombra.

A versão em latim diz:

"et respondens angelus dixit ei Spiritus Sanctus superveniet in te et virtus


Altissimi obumbrabit tibi ideoque et quod nascetur sanctum vocabitur Filius
Dei"

Literalmente, é a partir desse versículo, e por 17 palavras no total do texto


bíblico moderno (35 em latim), que a percepção e o dogma do nascimento
virgem parece ter se baseado. A partir dessas 17 palavras, toda uma
indústria de iconogra ia e amuletos foi criada. Mais uma vez, literalmente,
reconhecendo tudo o que nós sabemos a respeito da biologia humana, o
contato de duas pessoas no ato sexual vai inevitavelmente resultar em uma
sombra lançada sobre a outra. Acrescente-se a isso a mitologia, que existia
há 2 mil anos, de que o paraíso, o lugar onde a divindade morava e de
onde os anjos vinham, icava no ou em cima do céu; então, o que é sugerido
aqui, e anunciado na doutrina, é que um espírito invisível desceu do
paraíso, em um evento registrado apenas uma única vez em toda a história
da humanidade, teve algum tipo de encontro sexual com essa garota pobre,
Maria, e de repente voltou para o céu, deixando-a grávida e sujeita ao
escárnio daqueles que a conheciam, especialmente José que estava
comprometido com ela. Isso tem todas as características do livro de Erich
Von Daniken, campeão de vendas nas últimas décadas do século XX,
Chariots of the Gods [Carruagens dos Deuses ], no qual ele sugere que
formas de vida alienígenas visitaram a Terra. Artigos de jornais dessa
época usaram a expressão " Eram os deuses astronautas?" , uma idéia
amplamente condenada pela Igreja. Porém, com base na doutrina da
Igreja, trata-se do mesmo tipo de idéia. Se nenhum pai humano estava
envolvido, então quem ou o quê estava? É bom lembrar que a doutrina do
nascimento virgem diz que nenhum humano estava envolvido. As
escrituras prosseguem deixando claro que o ilho de Maria entrou neste
mundo como um bebê, da maneira como todos os seres humanos nascem.
Existem pessoas que eu conheço, muito inteligentes, que icam perplexas
com essa doutrina, mas dão de ombros e sugerem que tudo foi feito com
alguma forma de inseminação arti icial humana. Essa é uma técnica que
exigia cientistas médicos altamente competentes e desenvolvimento de
aparato de apoio avançado, e só foi conquistada pela primeira vez nas
décadas finais no século XX, em um espaço de tempo de 2 mil anos.

Então, existiria alguma outra explicação? Existe.

Novas descobertas - novas revelações


Durante os dois últimos séculos ou mais, descobertas intrigantes de
pequenos fragmentos de pergaminho, considerados partes de textos
originais dos Evangelhos do Novo Testamento, alguns omitidos do atual
formato, mas consolidados nos Apócrifos, vieram à luz tornando-se
disponíveis para exame acadêmico. Na segunda metade do século XX,
ocorreram duas descobertas de quantidades de manuscritos [ou
pergaminhos em rolos] que, em algum momento do passado, foram
deliberadamente escondidos. Eles são conhecidos como os manuscritos de
Nag Hammadi, encontrados em 1945, e os manuscritos do Mar Morto, que
vieram à luz em 1948. Esses últimos estavam dentro de jarros de cerâmica
enterrados em cavernas, provavelmente há 2 mil anos. Essas duas
importantes descobertas colocaram arqueólogos, historiadores e teólogos
em posição muito melhor para entender os eventos que ocorreram ao
redor de Jerusalém há 2 mil anos. Muitas pessoas especularam que as
revelações que eles continham poderiam mudar nossas noções religiosas.
Uma dessas revelações diz respeito ao chamado Nascimento Virgem.

O Nascimento Virgem - um cenário revisto


A dra. Barbara Thiering, palestrante muito conhecida nas áreas de
Teologia da Universidade de Sidney, na Austrália, gastou vários anos da
sua vida pesquisando e estudando os textos dos manuscritos do Mar
Morto. Em sua posição de pesquisadora eminente e palestrante de
Teologia, ela escreveu três livros fascinantes e esclarecedores, um dos
quais foi campeão de vendas: Jesus the Man [Jesus o Homem], Com base em
sua pesquisa, ela obteve um pano de fundo esclarecedor de como é
incutida em nós a noção do nascimento virgem. De fato, ela dedica um
capítulo inteiro a isso.

A dra. Thiering explica que Maria era membro de uma comunidade ou


seita, devota em suas práticas religiosas; uma comunidade onde os homens
e as mulheres gastavam consideráveis períodos separados, tendo em vista
que os homens entravam em uma existência semelhante à dos monges.
Mas, ao contrário dos monges posteriores do período medieval, os homens
em níveis superiores do sacerdócio podiam se casar e constituir famílias. O
casamento era um processo de duas etapas. Primeiro havia um noivado
que demorava vários anos, um tipo de "relacionamento estável", que pode
ser experimentado atualmente por um casal antes de um compromisso
tradicional. Ao inal desse período de noivado, o casal passava para um
primeiro casamento, após o qual tinham o direito de manter relações
sexuais. Até esse primeiro casamento, esperava-se que a mulher se
mantivesse virgem. Depois disso, seguia-se um período de até três anos, no
qual o casal vivia um casamento de teste. Se durante o primeiro período de
casamento ou no casamento de teste a mulher engravidasse, então, quando
ela estivesse de três meses, o casal podia rati icar sua união por meio de
um segundo casamento, agora de initivo, depois do qual o divórcio era
proibido. A dra. Thiering afirma:


O Novo Testamento, ao falar do ideal essênio, discute o caso de um homem
que "tinha uma virgem", cuja "paixão se tornou forte". Se isso acontecesse
durante o período de noivado, antes do primeiro casamento, e a paixão se
tornasse muito forte, e uma criança fosse concebida, então poderia ser dito
por um jogo de palavras que "uma Virgem concebeu". Legalmente a mulher
continuava Virgem, mas não isicamente. Seria exatamente como o caso de
um casal concebendo uma criança durante seu compromisso.

Voltando ao texto bíblico, ica então sugerido que Maria e José estavam
comprometidos um com o outro, que as paixões se tornaram muito fortes e
que ela engravidou antes da cerimônia de casamento inicial. O divórcio era
proibido após o segundo casamento, o que talvez explique porque, em
Lucas, José considera o divórcio. Como eles não haviam ainda feito a
cerimônia de casamento, então Maria continuava legalmente virgem, e
sendo assim, como foi observado antes, uma virgem concebeu. O
casamento, portanto, não havia ainda sido totalmente rati icado dentro dos
processos normalmente adotados pela comunidade devota da qual Maria
era membro. Por de inição, a legitimidade de uma criança concebida antes
do casamento inicial seria duvidosa, outro aspecto mencionado em Jesus
the Man.

Alguém pode muito bem imaginar a di iculdade que os fundadores da


Igreja Cristã primitiva tiveram para promover a idéia de que o Filho de
Deus seria o fruto daquilo que, se levado pela interpretação literal, parece
ter sido um nascimento ilegítimo. Por isso, os pais da Igreja primitiva
deram respeitabilidade a Maria e sua gravidez ao criar a noção de
nascimento virgem - intervenção divina - acoplada ao conceito da
Imaculada Conceição. Porém, para entender as circunstâncias de Maria e
colocá-las em um contexto realista, a pessoa precisa considerar a estrutura
social e as práticas da comunidade da qual essa senhora era membro, na
época em que os eventos aconteceram.

A interpretação de Jesus the Man parece ser uma explicação totalmente


racional e bastante aceitável do pano de fundo do conceito do nascimento
virgem, fornecendo um entendimento lógico para as noções que foram
incutidas em nós. Desnecessário dizer que essa explicação é uma pílula
amarga para os " iéis" que engolem há quase 2 mil anos a doutrinação
institucional, que promulga a noção de que alguma forma de intervenção
divina e miraculosa ocorreu.

Essa revelação a respeito do nascimento virgem e outras que se


apresentaram durante a minha pesquisa, e que estão relacionadas com os
assim chamados eventos bíblicos miraculosos, demonstraram que em
minha investigação eu não podia aceitar meramente as palavras do Antigo
Testamento, impresso pela interpretação literal que gerações anteriores
foram obrigadas a fazer. Se o Novo Testamento estava sujeito a
interpretações, então isso também acontecia com o Antigo Testamento.

Será que Jesus se casou com Maria Madalena?


A idéia de que Jesus e Maria Madalena foram casados e dveram ilhos está
no ar há vários anos. Nas últimas décadas do século XX, houve a produção
do que parecia uma in indável série de materiais que tratavam do assunto.
Desnecessário dizer que a prova dessa questão abalaria substancialmente
uma das colunas da fé cristã. Essa idéia controversa não foi negada
conclusivamente nem reconhecida pelas autoridades da Igreja, que, na
maior parte, preferem desviar-se da questão com a irmações a respeito da
fé. Se, como já foi notado, Jesus de fato foi um homem com pai e mãe
humanos, então não é di ícil imaginar que um Jesus humano poderia ter se
casado e tido filhos.

Isso é desenvolvido no livro Jesus the Man, da dra. Barbara Thiering, mas
com uma diferença. Enquanto outros autores se basearam em materiais
especulativos e em evidências circunstanciais, a dra. Thiering deu um
passo a mais. Em uma cronologia detalhada de apoio às evidências no livro,
ela cita o evento a seguir, ocorrido na terça-feira, dia 6 de junho de 30 d.C,
com base no sistema de calendário juliano:

18 horas... Noivado de Jesus e Maria Madalena em Ain Feshkha "Cana".


"Casamento" pelas leis helênicas. Refeição sagrada 18 horas às 22 horas da
noite que antecede a cerimônia (...)".

Depois, em 23 de setembro, de novo em Ain Feshkha, aconteceu o primeiro


casamento, oficiado por Simão Magus.

Cerca de dois anos depois, na sexta-feira, 19 de dezembro de 32 d.C., Jesus


dirigiu-se a Qumram, um assentamento próximo a Jerusalém, para buscar
a permissão final da hierarquia para prosseguir seu casamento.

Finalmente, de novo em Ain Feshkha, na quinta-feira, 19 de março de 33


d.C., constatamos o "segundo casamento de Jesus e Maria Madalena" .

Para aumentar a controvérsia, a dra. Thiering, em outros trabalhos, indica


que Jesus e Maria Madalena tiveram três ilhos: uma menina chamada
Tamar, um ilho (que também era o herdeiro de Jesus) chamado Jesus
(Justus) e um segundo ilho cujo nome não icou registrado. Além disso, ela
a irma que Jesus teve uma segunda mulher chamada Lídia e desse
casamento eles tiveram um quarto ilho, também uma menina. Assim, Jesus
foi pai de quatro filhos.

Eu com certeza cresci em uma época em que, por meio da doutrina e das
imagens da Igreja, fui incentivado a acreditar que Jesus não era casado,
sem falar de ter sido pai de quatro filhos.

As coisas podem não ser como nos ensinaram.

A Bíblia e as tentativas de Cronologia


À medida que a pesquisa prosseguia e eu reunia mais dados e
entendimento, deparei com o que me pareceu um enorme quebra-cabeças:
pilhas de peças, um quadro geral, mas as peças não se encaixavam
facilmente. As datas e os eventos registrados em alguns documentos não
correspondiam com as datas de outras fontes. As variações no tempo
podiam representar 200 anos ou mais. Como veremos em breve, não fui o
primeiro a encontrar problemas na cronologia bíblica.

Acredita-se que os primeiros livros do Antigo Testamento foram escritos


originalmente sob sua forma atual em torno de 500 a 600 AEC, por
escribas desconhecidos. A visão amplamente aceita é a de que, antes dessa
época, eles formavam uma coletânea de histórias que fazia parte da
tradição verbal, em que as informações eram transmitidas de geração a
geração. Mas a Bíblia não é a única fonte de informações. Historiadores
judeus também anotaram e preservaram registros que passaram por
gerações e tradições. Muito desse material foi obtido por Flavius Josephus,
cidadão romano e homem de fé judaica, que registrou muita coisa da
história dos judeus. Ele claramente teve acesso a certos documentos
enquanto compilava suas Antiquities of the Jews [Antigüidades dos Judeus],
documentos que, infelizmente, não estão disponíveis para nós. A obra de
Flavius Josephus ajudou os pesquisadores a preencher muitas lacunas que
ficam evidentes se a pessoa confia apenas no texto bíblico.

Do começo ao im do Antigo Testamento, existem muitas referências a


pessoas e suas vidas, a eventos e lugares por ordem de ocorrência e
intervalos de tempo entre os acontecimentos mais importantes. Isso levou
a várias pesquisas a im de tentar identi icar as datas com exatidão, com
base em nossa estrutura de calendário atual, de quando certos eventos
bíblicos ocorreram, ou quando determinados personagens supostamente
viveram. Uma dessas empreitadas se deve a James Ussher, que totalizou os
intervalos de tempo na Bíblia, chegando à conclusão de que a data da
criação, de acordo com os versículos de abertura do Livro de Gênesis, foi
23 de outubro de 4.004 AEC. James Ussher (1581-1656) era um homem
respeitado em sua época; foi arcebispo de Armagh, primaz de toda a
Irlanda e vice chanceler da Trinity College, de Dublin. De fato, sua
perspectiva de cronologia bíblica era tão considerada que, para citar a
Enciclopédia de Religião:

foi incluída em uma versão autorizada da Bíblia impressa em 1701, e então


começou a ser vista com quase tanta reverência inquestionável quanto a
própria Bíblia

Na verdade, a cronologia de Ussher foi aplicada a alguns aspectos das


cerimônias maçônicas, em que as datas e a cronologia da Ordem são
baseadas no esquema de Ussher. Com a soma do conhecimento total
acumulado que temos à nossa disposição hoje em dia, a idéia de Ussher é
evidentemente ridícula. Porém, com base nos conhecimentos e percepções
do mundo que se apresentavam aos olhos dessas pessoas eminentes, que
viveram em um mundo e em uma cultura muito diferentes, há 300 anos,
junto com a interpretação da fé religiosa na qual eles dedicaram o melhor
que possuíam, essas conclusões foram fonte de incentivo e esclarecimentos
que influenciaram a instituição por várias gerações.

Nos últimos 200 anos, houve um enorme investimento de tempo e de


recursos no exame acadêmico e arqueológico de locais famosos que são
mencionados em registros históricos e também bíblicos, bem como em
outras fontes religiosas. O resultado é que nosso entendimento foi colocado
em um contexto muito diferente em comparação com aquele da época do
bispo Ussher. À medida que o tempo passou, a cronologia bíblica inovadora
defendida por James Ussher, em sua qualidade de antigo bispo de Armagh,
foi sendo aperfeiçoada.

No inal do século XX, a relação de datas e acontecimentos bíblicos tornou-


se assunto de investigações completas, com cronologias desenvolvidas por
historiadores famosos. Porém, os processos usados pelos arqueólogos no
desenvolvimento dessas cronologias não foram muito diferentes daqueles
originalmente usados pelo bispo de Armagh. Durante o século XX, por meio
da referência a uma ampla faixa de fontes primárias, os pesquisadores
compilaram listas de reis, governantes e indivíduos importantes junto com
o período de seus governos ou de suas in luências. Ao reunir os períodos
relevantes, levando em consideração quaisquer lacunas no conhecimento,
a cronologia de certos eventos foi obtida. Essa abordagem, em primeira
instância, pressupõe que todos os critérios básicos e todas as hipóteses
estejam corretas. Se as hipóteses básicas feitas pelos pesquisadores
estiverem incorretas, então a cronologia resultante obviamente seria
inexata. Se uma hipótese incorreta foi inadvertidamente incluída em uma
obra de referência, sendo publicada em outras e usada como um
documento de initivo, então qualquer cronologia resultante também seria
afetada de maneira adversa.

Por exemplo, deparei com várias referências que afirmam categoricamente


que Moisés era na verdade o faraó herege Akhenaton. Essas a irmações se
baseavam na idéia de que a ambos foi designado um espaço no século XIII
AEC. Esse faraó, famoso pelo que se tornou conhecido como a Heresia
Amarna ou a Heresia de Akhenaton, desapareceu quando uma religião
monoteísta do Egito, baseada no deus-Sol, Rá, inspirada por Akhenaton e
estabelecida nas margens do Rio Nilo, em Tell-el-Amarna, desmoronou.
Poucos anos depois desse declínio, o jovem príncipe Tutankhamon tornou-
se faraó. O que aconteceu com Akhenaton e vários de seus con identes
próximos tem sido assunto de muita especulação. Por meio de especulação
parece que foi feita a conexão com Moisés.

A face variável do Antigo Testamento


Mudanças no texto do Antigo Testamento poderiam afetar profundamente
o desenho do Templo de Salomão em comparação com avaliações
anteriores, não importando se no passado o texto foi bem considerado.

A análise cientí ica de supostos milagres bíblicos e de descobertas


arqueológicas, como os Manuscritos do Mar Morto, podem mudar nossas
percepções daquilo que teria acontecido na Terra Santa há 2 mil anos.
Como se não bastasse, na segunda metade do século XX, também houve um
realinhamento de áreas especí icas do texto do Antigo Testamento.
Algumas dessas mudanças devem afetar profundamente a maneira como
as informações podem ser interpretadas hoje em comparação com
interpretações feitas há séculos.

No Reino Unido, o texto padrão da Bíblia Anglicana foi a versão autorizada


King James. Ela foi publicada pela primeira vez em 1611, no reinado de
James I da Inglaterra, ou James IV da Escócia, ilho de Mary, rainha dos
escoceses. A maior parte dos textos originais do Novo Testamento provém
de Antioquia por volta de 150 EC. Esses textos originalmente estavam em
grego, mas foram traduzidos para o latim antigo por volta de 160 EC. À
medida que a Igreja Romana expandiu sua in luência após o Concilio de
Nicéia, em 325 EC, no qual o conteúdo da Bíblia como conhecemos foi
padronizado, esses textos foram copiados por monges e escribas, que
dedicaram suas vidas a esse trabalho. Desnecessário dizer que, apesar de
todo o cuidado com a transcrição e tradução desses textos, foi inevitável a
ocorrência de alguns erros.

No século XIV EC, houve um movimento para traduzir os textos da versão


latina que se tornara a linguagem padrão da Igreja Católica Romana para
os idiomas pertinentes dos locais em que as pessoas comuns viviam. O
argumento era que muito poucas pessoas fora da Igreja, além de algumas
poucas almas cultas, entendiam o latim. Desse modo, a mensagem contida
na Bíblia icava perdida para a maioria das pessoas. A crença nessa época
era de que as pessoas comuns deviam ter a oportunidade de ler, entender
e apreciar o texto em sua própria língua. Embora várias tentativas
anteriores de traduzir textos especí icos tenham ocorrido, foi John Wycliffe
(1324-1384) quem preparou a primeira tradução, que alguém pode
contestar, mais abrangente do Novo Testamento para o inglês, por volta de
1382. Wycliffe era professor da Universidade de Oxford; ele defendeu a
reforma da Igreja, criticou a hierarquia e achava que a Igreja devia se
desfazer de suas propriedades. Seu trabalho enfureceu a Igreja Católica a
tal ponto que ele foi expulso de sua posição de ensino, após a publicação de
uma bula pelo papa Gregório XI, em maio de 1382. As rami icações das
ações e atitudes de Wycliffe para com a Igreja foram tão estrondosas que,
40 anos depois de sua morte, o então papa ordenou que seus ossos fossem
desenterrados e queimados para que não restasse nenhum traço dele.

O próximo passo importante foi quando William Tyndale (1494-1536)


aproveitou-se de uma invenção, desenvolvida havia pouco tempo, chamada
impressão tipográ ica. Tyndale também estudou em Oxford, bem como em
Cambridge. Como Wycliffe, defendeu a reforma da Igreja. Assim, foi
intimado a comparecer perante o chanceler da Diocese de Worcester para
responder à acusação de heresia. Logo após esse evento, ele fugiu da
Inglaterra com nome falso e foi para Hamburgo, na Alemanha. Ali, Tyndale
terminou a tradução do Novo Testamento para o inglês, fez cópias
impressas e distribuiu-as na Inglaterra em 1526. A instituição da Igreja
Católica foi afrontada. O cardeal Wolsey pediu a prisão de Tyndale por
heresia. Tyndale foi inalmente capturado em Antuérpia, em 1535,
processado sob a acusação de heresia e condenado a queimar na fogueira,
sentença executada no ano seguinte.

Com o estabelecimento da Igreja da Inglaterra no reinado de Henrique


VIII, a dissolução dos mosteiros e o efetivo banimento da Igreja Católica da
Inglaterra, as pressões para se ter a Bíblia em inglês cresceram e muitas
outras versões foram iniciadas. Finalmente, foi no reinado do rei James I
que uma tradução completa do Antigo e do Novo Testamento foi reunida,
tornando-se a versão autorizada King James. Essa versão, com o uso da
prosa e dos estilos de linguagem do inglês antigo, foi usada e consultada
nos quatro séculos seguintes e em muitas instâncias ainda continua em
vigor.

As coisas mudaram em meados do século XX. A língua inglesa mudou no


decorrer dos séculos e surgiram pressões para que uma versão em
linguagem corrente fosse produzida. Ao mesmo tempo, acadêmicos izeram
a revisão do texto para corrigir erros de tradução e outros que há séculos
causavam arrepios.

O Prefácio da Bíblia Sagrada, Nova Versão Internacional de 1978, faz as


seguintes observações:

A Nova Versão Internacional é uma tradução completamente nova da Bíblia


Sagrada, feita por cerca de uma centena de estudiosos que trabalharam
diretamente a partir dos melhores textos disponíveis em grego, aramaico e
hebraico. Ela começou em 1965(...)

O texto prossegue para indicar que a obra foi feita com a ajuda de muitos
estudiosos importantes dos Estados Unidos, da Grã-Bretanha, do Canadá,
da Austrália, da Nova Zelândia, e de uma ampla variedade de
denominações, para preservar, de tendências sectárias, a tradução.

A respeito do Antigo Testamento, em particular, os seguintes comentários


são feitos, no mesmo Prefácio:

Para o Antigo Testamento, o texto padrão em hebraico, o Texto Masorético


conforme publicado nas mais recentes edições da Bíblia Hebraica, foi usado
do começo ao im. Os Manuscritos do Mar Morto contêm material que trata
da primeira fase do texto em hebraico. Eles foram consultados assim como o
Pentateuco Samaritano e as antigas tradições dos escribas com relação a
mudanças textuais.

O que se deve observar é que o conteúdo dos Manuscritos do Mar Morto,


descobertos apenas 30 anos antes da Nova Versão Internacional ter sido
publicada, foram considerados importantes para a consulta e, sem dúvida,
tiveram alguma in luência sobre áreas especí icas do texto subsequente.
Está claro, a partir do Prefácio, que foi efetuado esforço considerável para
tentar garantir a tradução mais abrangente e exata, junto com o texto em
linguagem corrente de nossa Era Moderna.

Problemas com traduções


Embora quase todas as descrições relacionadas ao Templo de Salomão
geralmente sejam as mesmas na versão anterior King James, existem
algumas mudanças que criam interpretações muito diferentes. Por
exemplo, vamos observar as seguintes comparações do texto que se
relacionam à passagem que leva ao santuário interno:

E para entrar no oratório ele fez portas de árvore de oliveira; a viga e os


batentes laterais eram a quinta parte da parede.

1 Reis 6,31 (Versão King James, impressa aproximadamente em 1870)

Para a entrada do santuário interno fez portas de oliveira com batentes de


cinco lados.

1 Reis 6,31 (Nova Versão Internacional, impressa em 1983)

Existe uma diferença considerável na interpretação que pode derivar da


a irmação de que a viga e os batentes laterais eram a quinta parte da
parede, quando comparada com a a irmação de que eram batentes de
cinco lados. Supondo que o comprimento da parede fosse de 20 côvados,
então, pela versão King James nós poderíamos interpretar que a a irmação
de ine o tamanho das colunas laterais, quatro côvados. Deveriam existir
dois batentes laterais na passagem de modo que o espaço total que eles
ocupariam no comprimento da parede seria de oito côvados. Ora,
novamente em relação à versão King James, o texto implica que os dois
batentes laterais tinham quatro côvados no total, portanto, dois côvados de
cada lado. Quando nos referimos ao texto da Nova Versão Internacional,
não há indicação do tamanho dos batentes laterais, mas ele sugere que,
sendo de cinco lados, teriam a forma pentagonal. Vamos discutir as
implicações disso mais adiante neste livro.
Será que o Êxodo atravessou o Mar Vermelho?
Existem algumas mudanças que se referem ao Êxodo. A maioria das
pessoas com formação cristã aprendeu que Moisés saiu com os israelitas
do Egito para o Mar Vermelho e faraó fez a perseguição com 600
carruagens e seu exército. O ensino tradicional diz que, quando os
israelitas alcançaram o Mar Vermelho e notaram que faraó os perseguia,
Moisés ergueu sua vara sobre as águas e elas se afastaram, criando uma
passagem seca pela qual os israelitas puderam atravessar. Faraó e seu
exército continuaram a perseguir os israelitas e, quando o último israelita
completou a passagem do Mar Vermelho, as águas se fecharam sobre
faraó e seu exército, afogando-os. Tanto na versão King James como na
Nova Versão Internacional, há apenas uma referência ao Mar Vermelho.
Isso está em Êxodo, 13,18:

Pois Deus levou o povo em sentido contrário, pelo caminho do deserto ao Mar
Vermelho: e os filhos de Israel armados saíram da terra do Egito.

Versão King James.

Assim, Deus fez o povo dar a volta pelo deserto, seguindo o caminho que leva
ao Mar Vermelho. Os israelitas saíram do Egito preparados para lutar.

Nova Versão Internacional.

Desse versículo em diante, a maior parte do drama ligado à fuga dos


israelitas é descrita em Êxodo 14. Não há mais referências ao Mar
Vermelho, apenas menção às palavras "mar'' e "água(s)". Então, o texto
indica que os israelitas meramente se dirigiram para regiões desérticas em
torno do Mar Vermelho, não que eles o cruzaram realmente. De fato, quem
visita o Mar Vermelho notará que, em geral, é um curso de água muito
fundo e bastante largo. Estando no lado egípcio, a pessoa não pode ver as
margens opostas na Jordânia ou na Arábia, exceto no promontório do Golfo
de Aqaba.
Além disso, o caminho rumo ao Mar Vermelho pode ser uma referência a
alguma rota comercial de camelos. Nós já sabemos atualmente que o Mar
Vermelho tinha alguns pontos onde foram estabelecidos portos para o
transbordo de seda, mar im e especiarias, que eram levados para cidades
como Tebas, Memphis e para portos do Mediterrâneo.

O tamanho e a profundidade do Mar Vermelho, junto com a estimativa das


forças maciças que seriam necessárias para separar e juntar de novo as
águas a im de permitir a passagem dos israelitas, têm preocupado os
estudiosos há muito tempo. No inal do século XX, uma nova teoria surgiu.
Ela sugeria que a referência ao Mar Vermelho seria um erro de ortogra ia,
devendo tratar-se do Mar de Juncos. Em Êxodo 15, existem duas
referências ao Mar Vermelho. Na Nova Versão Internacional do texto
existe uma nota de rodapé a respeito dessas duas referências ao Mar
Vermelho como:

O termo em hebreu é Yam Suph, quer dizer, Mar de Juncos.

O Mar de Juncos é uma área a leste do delta do Nilo, uma localização bem
diferente do Mar Vermelho. Além disso, existem aqueles que levantaram a
hipótese de que o Êxodo coincidiu com a erupção de um vulcão na Ilha
grega de Santorini por volta de 1650 AEC. Com base na cronologia
estabelecida, isso signi ica que o evento teria ocorrido cerca de cem anos
antes de Moisés ter nascido. O Santorini foi um evento cataclísmico, que
explodiu a ilha e causou maciços maremotos. A hipótese é que durante
esse evento, ou talvez depois, por causa de um terremoto na mesma área,
um tsunami se criou exatamente quando os israelitas alcançaram as
margens de um rio estreito na área do Mar de Juncos. As águas foram
dragadas à medida que o tsunami ganhava forças, abrindo caminho para
que os israelitas passassem O faraó continuou sua perseguição pelo
mesmo curso de água, exatamente na hora em que o tsunami retornou à
área, varrendo para longe o faraó e seus seguidores. O que de fato
aconteceu é que, no inal do século XX, as referências ao Mar Vermelho
[Red Sea] no livro de Êxodo mudaram em algumas edições da Bíblia, para
se tornarem Mar de Juncos [Reed Sea], Essa mudança inevitavelmente
signi ica que as futuras gerações provavelmente aprenderão essa nova
localização, ao contrário do cenário apresentado às gerações anteriores.

Pareceu-me que o surgimento de todas essas novas evidências signi icava


que o dogma religioso que existia e foi defendido durante séculos seria
questionável. Na verdade, muitas lacunas surgiram nele. Isso deve causar
alguma perturbação na instituição religiosa. Eles não podem anunciar e
implementar uma mudança completa no dogma da noite para o dia. Isso
abalaria a con iança e provocaria considerável ansiedade naqueles que
com certeza investiram enorme parte de suas vidas e de seu intelecto em
acreditar no dogma e nos rituais que foram apresentados. Existem até
rami icações para as estruturas políticas e institucionais que governam a
sociedade. Embora a crença principal possa permanecer, mudanças nos
rituais devem acontecer a passos lentos, uma etapa de cada vez, por várias
gerações, demorando talvez uma centena de anos para ser totalmente
implementadas.

Ao apresentar o que foi dito anteriormente, eu não pretende desmerecer a


crença de ninguém. Apenas procurei transmitir aquilo que se tornou
conhecido para mim em conseqüência das minhas pesquisas. Se as
mudanças em nosso entendimento de certos assuntos bíblicos, como
mostrei, tiverem aceitação, então o Templo de Salomão e nossa crença a
respeito de como ele pode ter sido e para que foi usado também podem
estar sujeitos a mudanças.

As minhas pesquisas e investigações subsequentes revelaram uma


imagem bem diferente do Templo de Salomão em comparação com a visão
estereotipada que outras pessoas, em gerações anteriores, criaram.

Conclusão
As descobertas arqueológicas, em particular nas terras em torno do Mar
Mediterrâneo, desde que começaram a ser escavadas em meados da Era
Vitoriana, junto com as inovações cientí icas e tecnológicas do século XX,
resultaram em um novo entendimento de certos eventos históricos em
comparação com as interpretações que existiam até o im da Era Vitoriana
quando a Maçonaria começou sua meteórica aceitação na sociedade. Muito
da literatura fundamental que existiu no século XX, relacionada à
Maçonaria e à sua história, baseava-se no entendimento e nas
interpretações de estudiosos da Era Vitoriana. A con iança nisso e sua
perpetuação como fonte de informações válidas, especialmente no que diz
respeito à re lexão do Antigo Testamento e de outras fontes bíblicas,
devem ser questionadas. O efeito de nossa interpretação de certos eventos
sagrados no dogma religioso também está aberto à discussão.

Após vários anos de exploração dessas novas evidências, que às vezes


desa iaram minhas próprias convicções e a minha formação religiosa, e
percebendo suas implicações, icou claro que eu precisava prosseguir com
a mente totalmente aberta. Isso, como eu percebi, podia muito bem me
colocar em linha de colisão com as iloso ias dominantes e com o dogma da
instituição. À medida que o tempo passou e mais evidências icaram
conhecidas, uma nova teoria a respeito do Templo de Salomão começou a
tomar forma.

Antes, porém, precisei entender mais a respeito dos conceitos


incorporados na Maçonaria e suas possíveis origens, absorvendo
conhecimentos, mas mantendo a mente aberta.



CAPÍTULO 9
Moisés Preparou as Fundações do Templo
Salomão construiu o Templo. Davi o desenhou. Mas foi Moisés quem
preparou as suas fundações.

A construção do primeiro Templo de Jerusalém foi o ponto culminante de


uma jornada que demandou cerca de 500 anos de esforços dos israelitas
para buscar e guardar sua terra prometida, trazendo consigo uma era de
estabilidade, paz e prosperidade. O Templo foi construído em uma era de
apogeu na qual os israelitas con iavam em mostrar a realização da
nacionalidade que, obviamente, tanto almejavam. Ele, então, tornou-se o
símbolo dessa nacionalidade, a prosperidade dessa comunidade coletiva
que demonstrava capacidade e entendimento tecnológico, igualando, ou
superando, as culturas vizinhas. Ao menos, essas são as impressões
obtidas nos Livros de Reis e Crônicas do Antigo Testamento.

Entretanto, existem ainda aspectos especí icos dessa jornada israelita que
parecem proporcionar a chave para algumas características do desenho
desse Templo. E eles começam com Moisés.

Os primeiros cinco livros do Antigo Testamento são os mesmos cinco livros


que os judeus chamam de Torá. Durante centenas de anos, houve a crença,
entre grupos de estudiosos, de que esses cinco livros foram realmente
escritos por Moisés. Depois, pensou-se que Moisés teve acesso a um
conjunto de outras escrituras e, enquanto ele cuidava de ovelhas e bodes
em Midiã, copiava e editava essas outras escrituras compilando-as nas
obras que conhecemos como os cinco livros da Torá. A pesquisa moderna,
porém, sugere que foram vários escribas que originalmente escreveram o
texto, por volta de 500 AEC. Depois, os textos foram editados e
ligeiramente emendados em cada geração até em torno de 7 AEC, quando
a hierarquia hebraica da época decidiu que a compilação, que então
constituía a Torá, era a forma final: eles não a poderiam continuar editando
por causa do receio de perder qualquer conexão com as origens. Assim, a
Torá tornou-se um documento por volta de 7 AEC e desde essa época não
foi modi icado. É no segundo livro da Torá, o Êxodo, que encontramos
indícios que sugerem as in luências que mais tarde moldaram o desenho
do Templo.

Para mim, parece óbvio que a construção de qualquer edi ício majestoso,
feito pelas civilizações de 3 mil a 4 mil anos atrás, re letiria as crenças
religiosas, a cultura, a tecnologia e o conhecimento que a comunidade que
empreendia a obra tinha na época. Basta apenas observar as cidades e os
municípios que formam a base de nossa própria cultura e civilização para
ver in luências periódicas. Existem estilos arquitetônicos, princípios de
construção, materiais e desenhos de fachadas que representam o registro
das in luências que a loravam na época da construção. Assim, encontramos
por toda a Europa o estilo gótico, que permeou a era de construção das
grandes catedrais no período de 350 anos, que começa por volta de 1100
EC; os estilos in luenciados pela Renascença, uma época de cerca de 200
anos, entre os séculos XV e XVI. Na Inglaterra, temos os períodos Tudor e
Elisabetano, que duraram aproximadamente 150 anos, também nos
séculos XV e XVI; e o período Georgiano, uma época de aproximadamente
200 anos. O que podemos ver em todos esses estilos é a in luência dos
atributos políticos, culturais e da moda pertinentes à época da construção.
São tantos os afazeres do homem que essas in luências raramente icam
em completo isolamento das inovações e das modas que transcendem
outros aspectos da vida.

O Templo de Salomão foi um empreendimento maior e uma estrutura


importante para a nova nação fundada pelos israelitas. É improvável que
os conceitos do desenho representem algum lançamento radical a partir
das normas aceitas na época. É mais do que provável que tenham
incorporado conceitos testados e comprovados, desenvolvidos em culturas
e épocas anteriores, ou em aspectos familiares de seus vizinhos.

Apesar de as cerimônias maçônicas fazerem referência à construção do


Templo de Salomão, recebemos poucas noções nessas mesmas cerimônias
para inferir como era o aspecto do prédio. Mas ilustrações pictóricas,
usadas nas Lojas Maçônicas, mencionadas como quadros de desenhos, dão
a impressão do desenho estético potencial de alguns aspectos do Templo,
mas são apenas impressões artísticas. Não há nem mesmo consistência na
apresentação dessas ilustrações. Existem diferentes estilos, dependendo
da região. Além disso, algumas dessas ilustrações existem há muitos anos
e, quando vistas repetidas vezes pelos membros da Loja, podem criar a
impressão de serem baseadas em alguma realidade documentada. Em
poucas palavras, são obras imaginárias de ficção.

A única informação que temos, para continuar a obter pistas sobre como o
era Templo, é uma combinação de detalhes registrados nas escritoras e
escavações arqueológicas dos lugares da mesma época e localização
geográ ica. O exame arqueológico em locais considerados de signi icado
histórico ou religioso só foi realizado há bem pouco tempo, cerca de 150
anos, desde meados do Período Vitoriano. Algumas imagens dos quadros
de desenhos maçônieos, usadas hoje em dia, tiveram suas origens há cerca
de dois séculos atrás, bem antes da era dos estudiosos que se baseiam em
arqueologia. Além disso, a reunião abrangente de fragmentos de
evidências arqueológicas de campo e a capacidade de chegar a conclusões
sustentáveis para os estilos de vida e as in luências de nossos antigos
ancestrais são noções relativamente novas, auxiliadas pela disponibilidade
do desenho, com ajuda do computador (CAD - Computer Aided Design), e
pela reconstrução visual que utiliza tecnologia gráfica computadorizada.

É natural que, quando alguém enfrenta uma lacuna no conhecimento, ela


então automaticamente seja preenchida com interpretações dos
conhecimentos existentes. Por isso, quando usavam o termo Templo, os
artistas de 200 anos atrás naturalmente se voltavam para os estilos
neoclássicos da Grécia e da Roma Antiga. Muitos locais de Templos
continuam existindo e originando-se, sobretudo, das épocas da Grécia e de
Roma como pontos de referência. O Parthenon em Atenas, as ruínas do
Templo em Delfos e outros entre na Turquia e em Chipre servem como
guia dos estilos arquitetônicos em uso na época entre 750 AEC e 250 EC. O
problema de se tentar a tradução dessa perspectiva para o Templo de
Salomão é que as civilizações antigas da Grécia e de Roma só tiveram seus
alicerces estabelecidos muito tempo depois do primeiro Templo de
Jerusalém - o Templo de Salomão - ter ficado pronto.

Na Maçonaria, os graus do o ício estão intimamente ligados a histórias


vinculadas ao Templo de Salomão. Existe um ponto nos procedimentos em
que o candidato é avisado que a Maçonaria reconhece as três ordens
nobres da arquitetura, a saber: iônica, dórica e coríntia. Quando se faz isso,
existe a implicação de que esses três estilos clássicos estariam associados
ao Templo. Porém, esses três estilos arquitetônicos estão associados aos
períodos clássicos da Grécia e de Roma, que vieram muito depois da
construção do Templo de Jerusalém.
Para mim não parece absurdo acreditar que essas in luências, que a inal
definiram o desenho do Templo do Salomão, tenham se originado de outras
fontes. E uma revisão de algumas in luências culturais e políticas que
existiam na época que levou até, e durante, aquela em que o Templo foi
construído, mostram que a in luência principal provavelmente deve ter
vindo do Egito. Mas antes de explorar essa in luência especí ica, o meu
raciocínio icará mais claro por meio de uma breve revisão das outras
culturas da região.

A influência dos Impérios clássicos da Grécia e de Roma


Como já mencionamos, os alicerces dos impérios da Grécia e de Roma, e as
civilizações clássicas às quais são associados, somente começaram após o
primeiro templo de Jerusalém ter sido construído. Esses alicerces foram
traçados por volta de 700 AEC, época em que o Templo de Jerusalém já
estava de pé por quase 250 anos. Então, é impossível que essas culturas
clássicas tivessem qualquer influência sobre o desenho.

A civilização minoica
Os minoicos estabeleceram-se na Ilha mediterrânea de Creta. Palácios
como o de Cnossos, que os arqueólogos datam de cerca de 1.600 AEC,
foram construídos com madeira e pedra. Onde eram necessárias colunas
para suportar o telhado ou a entrada, exemplos remanescentes sugerem
que elas eram feitas de troncos de árvore que podiam ser facilmente
modelados, principalmente no topo, onde deveriam suportar as escoras do
teto ou a viga de madeira da porta. A aparência externa das construções
não era elaborada, mas a decoração interior revela habilidades bem
desenvolvidas dos artesãos da época, com imagens cuidadosamente
esculpidas e colocadas em um acabamento com reboco. A habilidade e o
conhecimento dos artesãos icam particularmente enfatizados pelo sistema
de drenagem. Existem evidências de que Cnossos tinha água potável
entrando de um lado do local e esgoto sendo levado para fora em dutos
separados do outro lado. Esses dutos eram cuidadosamente trabalhados
em pedra.

Em Cnossos, a entrada principal do palácio ou templo icava orientada para


o Leste, para que a primeira luz do Sol nascente pudesse entrar no prédio.
A civilização minoica desmoronou após a erupção de um vulcão na Ilha
vizinha de Santorini. Foi uma devastação que abalou toda a região.
Aparentemente, Creta foi devastada por terremotos associados à erupção.
Os terremotos destruíram muitos prédios importantes dessa civilização. O
deslocamento da crosta terrestre resultou em Cnossos sendo arrancada
pelo mar. Acredita-se que maremotos e afundamentos tenham destruído
os portos.
A conseqüência da destruição em Creta foi que a sociedade altamente
desenvolvida rapidamente entrou em declínio. Na época em que o Templo
de Jerusalém foi construído, a in luência da civilização minoica era
inexistente. E portanto duvidoso que possa ter existido alguma in luência
dessa cultura no desenho do Templo. Mas ninguém pode negar a
possibilidade de que, no apogeu, tenha ocorrido a transmissão da
influência minoica que permeou toda a região do Mediterrâneo Oriental.

Há, entretanto, um vínculo de similaridade entre os minoicos e Salomão.

Antes eu mencionei que onde havia necessidade de colunas para suportar


vigas nos palácios, a evidência sugere que os minoicos usaram troncos de
árvore, que eram redondos e podiam ser modelados. Nos versículos do
Antigo Testamento relacionados à construção da casa de Salomão,
encontramos o seguinte texto:

Ele construiu o palácio... sustentado por quatro ileiras de colunas de cedro


sobre as quais se apoiavam vigas de cedro aparelhadas.

1 Reis 7,2

Os assírios
A cultura assíria se desenvolveu no local que atualmente circunda as áreas
fronteiriças do Sul da Turquia, Armênia, Síria e o Norte do Iraque. Os
arqueólogos estabeleceram que existiram assentamentos em vários locais,
desde a remota era de 5.000 AEC, com pelo menos três cidades principais
e sociedades complexas, que foram desenvolvidas por volta de 2.500 AEC.
Em vários estágios de seu desenvolvimento, a Assíria esteve envolvida em
con litos na região, algumas vezes sendo usurpada por outras nações ou
pegando territórios de seus vizinhos. A idade de ouro dos assírios durou
de 2.500 AEC a 1.400 AEC. Por volta de 1.400 AEC, a in luência da
civilização assíria entrou em declínio em conseqüência de uma série de
con litos com os armênios, de modo que, em torno de 1.000 AEC, cerca de
50 anos antes da construção do Templo de Jerusalém, a in luência assíria
na região era virtualmente inexistente. Em torno de 940 AEC, os assírios
novamente consolidaram sua influência territorial. Um novo império assírio
surgiu das cinzas do antigo e teve seu pico por volta de 200 anos depois de
o Templo ser construído. Foi um império que se estendeu de Chipre ao
Eufrates. Esse império declinou aproximadamente em 612 AEC, o que
ofereceu mais tarde a oportunidade para o surgimento da independência
babilônica, sob o comando do líder Nabopolassar. Tamanha era a força
independente dos babilônios nessa época, que foi o ilho de Nabopolassar,
Nebuchadnezzar [Nabucodonosor], quem comandou a invasão de
Jerusalém que destruiu o Templo em torno de 550 AEC.

Assim, na época em que o Templo de Jerusalém foi construído, o poder


territorial dos assírios era muito limitado, e é di ícil imaginar que eles
pudessem ter alguma in luência maior no desenho do Templo. Porém, o
conhecimento acumulado de épocas anteriores pode muito bem ter
influenciado alguma tecnologia básica de construção.

Os egípcios antigos e o faraó herege


Acredita-se que a civilização egípcia antiga tenha se desenvolvido por volta
de 3.000 AEC. Tratava-se da civilização dominante na ponta oriental do
Mediterrâneo, além do Norte da África, na época em que o Templo foi
construído.

O Antigo Testamento nota que existia uma associação amistosa entre o rei
Davi e Hirão, rei de Tiro, o que sugere que Tiro e o que atualmente
conhecemos como faixa costeira do Líbano formavam um país separado.
Na realidade, Tiro era uma das cidades-estados que se tornou conhecida
como colônia de comerciantes fenícios. Essas cidades-estados existiram, em
grande parte, em razão do patronato egípcio. Toda a região em torno da
inexperiente nação israelita era dominada pelos egípcios. Assim, parece
lógico que o estilo arquitetônico e o conhecimento técnico adotado pelos
hebreus se espelhassem intimamente nos dos egípcios.

Podemos conseguir uma perspectiva interessante do relacionamento que


deve ter existido, por volta de 1.000 AEC, entre a nação dos israelitas e a
do Egito, no livro A Test of Time, de David Rohl. Após guerrearem juntos, o
Antigo Testamento nos conta como Saul icou com muito ciúme de Davi e
como, embora Davi fosse casado com a ilha de Saul, este queria vê-lo
assassinado. Jônatas, ilho de Saul, e sua ilha ajudaram Davi a escapar
para o deserto. Davi tinha um bando de seguidores leais que se juntou a
ele. Davi e seu pequeno exército se tornaram fora-da-lei, sendo
contratados como mercenários por vários senhores de guerra. Durante
essa época, Davi continuou a ser caçado por Saul. O dr. Rohl sugere que as
atividades de Davi claramente irritavam Saul, que escreveu pai a o faraó se
queixando e pedindo ajuda para lidar com ele. Essa perspectiva sugere
que Saul era subserviente ao faraó.

E quem era o faraó que David Rohl identi ica como governante do Egito
nessa ocasião? Nenhum outro senão Akhenaton, o assim chamado faraó
herege, que aboliu a doutrina religiosa então praticada no Egito - o culto de
uma pletora de deuses, mas em particular o deus Amon substituiu-os por
uma religião monoteísta que trouxe de volta o culto de Aton, o deus-Sol.
Akhenaton, acredita-se que pai de Tutankhamon, construiu uma nova
capital dedicada ao deus-Sol - o Aton -, em Tell-el-Amama, nas margens do
Nilo. Embora a cidade tenha sido destruída logo após o im do reinado de
Akhenaton, pesquisas arqueológicas no local sugerem que certos prédios
importantes tinham orientação para acompanhar as várias progressões
solares.

A cronologia estabelecida por dr. Rohl indica que a construção da nova


capital egípcia estava em andamento durante o reinado de Davi. Assim
sendo, é inconcebível que as atividades de Tell-el-Amarna, a in luência do
realinhamento da doutrina religiosa de Akhenaton e o retorno ao culto do
deus-Sol fossem ignorados pelos governantes da nova nação israelita. Saul,
Davi e o faraó herege Akhenaton foram contemporâneos.

Os israelitas e a terra dos faraós


Conclui-se, assim, que para iniciar a revisão do cenário de onde e como o
Templo de Salomão foi construído seria preciso partir do ponto da história
bíblica onde José, famoso, entre outras razões, por seu manto multicolorido,
entra nos textos do Antigo Testamento. Somos convidados para a
fascinante história de uma transação clandestina, que resultou em José
sendo vendido como escravo. Depois, ele tentou uma possível relação
romântica com a mulher de seu mestre, foi preso e, na melhor das
tradições de Hollywood, inalmente se libertou do jugo da opressão, sendo
aclamado o herói do momento.

De acordo com o Livro de Gênesis, José foi aprisionado por um grupo de


midianitas. Em alguma etapa após a chegada deles ao Egito, José foi
vendido como escravo. Estava então no meio da adolescência, com 16 ou
17 anos de idade, e se torna criado no lar de um comandante do exército
egípcio, Potifar. Enquanto estava nesse serviço, foi acusado de fazer
propostas sexuais à mulher de seu mestre; considerado culpado, icou
preso durante vários anos. Somente foi solto quando convenceu
adequadamente o faraó de que tinha respostas para a série de sonhos que
incomodava o governante egípcio. Essas interpretações referem-se à
projeção de que o Egito entraria em um período de sete anos de fartura,
seguido de sete anos de fome e seca. José era claramente um indivíduo
inteligente e desembaraçado, com habilidade natural para a diplomacia, a
administração e a organização, pois evidentemente ele planejou e dirigiu as
operações necessárias para garantir que recursos adequados estivessem
disponíveis, supervisionando o armazenamento de grãos para ajudar o
Egito inteiro a se sustentar durante os períodos de fome e escassez. Nesse
período de cerca de 15 anos, suas habilidades tornaram-se tão altamente
respeitadas que ele estava literalmente por trás do trono, sendo o
importante braço direito do faraó, muito considerado pelos funcionários
responsáveis pela administração da época.

Na conclusão dessa importante obra, um palácio foi construído por ele.


Depois, ele se aposentou para ter uma vida mais tranqüila na cidade de
Avaris, que se desenvolvia perto do delta do Nilo. Os restos de Avaris icam
perto de uma pequena cidade que atualmente é conhecida por Tell ed-
Daba.

Conta-se que a família de José se juntou a ele no Egito e, assim, conseguiu


evitar o pior da fome. Essa referência à "família" dele pode realmente
existir ao notarmos que um setor da população semítica adjacente se
mudou para o Egito nessa ocasião, na tentativa de evitar as piores
devastações de uma escassez que assolou uma área muito grande e que se
estendeu além das fronteiras egípcias. Com certeza existem evidências
arqueológicas de que um grande número de pessoas originadas da Ásia
Ocidental se mudou para a área em torno do delta do Nilo nessa época,
muitas permanecendo na região perto de Avaris. Essas pessoas eram
conhecidas como os hibaru, de onde se acredita possa ter derivado a
palavra hebreu.

Depois da era da fome de José, houve um período de cerca de 200 anos no


qual claramente os descendentes desses povos semíticos, que se mudaram
para o Egito, voluntariamente ou como escravos, prosperaram e
cresceram.

Os israelitas, porém, eram férteis, proliferaram, tornaram-se numerosos e


fortaleceram-se muito, tanto que encheram o país.

Êxodo 1,7

Esse grande contingente de imigrantes, que aumentou a população total do


Egito, preocupava claramente as autoridades locais, pois temos estes
comentários:

Então subiu ao trono do Egito um novo rei, que nada sabia sobre José. Disse
ele ao seu povo: "Vejam! O povo israelita é agora numeroso e mais forte que
nós. Temos que agir com astúcia, para que não se tornem ainda mais
numerosos e, no caso de guerra, aliem-se aos nossos inimigos, lutem contra
nós e fujam do país". E puseram sobre eles maiorais de tributos, para os
afligirem com suas cargas.

Êxodo 1,8-10

A resposta para o problema foi absolutamente draconiana, pois, além do


trabalho pesado da escravidão, o faraó publicou uma ordem para que
todas as crianças israelitas recém-nascidas do sexo masculino, e devemos
supor, as crianças do sexo masculino de outras raças não egípcias e de
tribos que também viviam no Egito nessa época, fossem mortas. Evidências
arqueológicas de alguns cemitérios na região do delta do Nilo demonstram
que a população nessa área era predominantemente feminina, o que
implica de fato ter ocorrido alguma intervenção que afetou a população
masculina. A população de "imigrantes" era tratada muito severamente e
seu destino era executar tarefas servis, como carregar materiais e fazer de
tijolos de barro material de construção padrão para muitas aplicações
nessa época. Outros pesquisadores sugeriram que o genocídio e o
tratamento severo pretendiam avisar que novas incursões migratórias ao
Egito não seriam bem-vindas, ao mesmo tempo em que também
incentivavam os outros a irem embora.

Moisés - educado nos mistérios


Perante esse cenário de perseguição e opressão aos israelitas, lemos no
Antigo Testamento a respeito da mãe israelita que, dando à luz uma
criança do sexo masculino, guardou em segredo por três meses, colocando-
a em um cesto que escondeu entre os juncos, obviamente querendo evitar
a possibilidade de que ela fosse encontrada durante esse período de
expiação implacável. Nós já sabemos que a criança foi encontrada por uma
princesa egípcia. Acredita-se que a princesa em questão chamava-se
Thermuthis. Ela, incapaz de ter seus próprios ilhos, adotou a criança;
assim, ele foi criado como o príncipe do Egito, chamado Mousos. A
Enciclopédia Católica sugere que ele se chamava Mesh, a palavra egípcia
que signi icava "criança". A Enciclopédia nota que, embora esse termo
agora seja amplamente usado entre egiptólogos, nenhuma conclusão real
foi alcançada. Os nomes Mousos ou Moisés, portanto, continuam a ser
aceitos.

Thermuthis é conhecida por ter escolhido o nome Mousos porque a


palavra egípcia para água era Mo, enquanto aquele que era salvo dela,
Usos.

Em sua primeira fase de desenvolvimento, o jovem Mousos teria sido


criado com o entendimento de todos os costumes e protocolos que
qualquer outro príncipe do Egito teria recebido. E, se ele fosse destinado a
coisas mais elevadas, sua educação, talvez, teria incluído a exposição a
costumes e práticas não totalmente disponíveis para outros.

Filo, ilósofo judeu que viveu depois de mil anos de o primeiro Templo de
Jerusalém ter sido construído, sugeriu que a educação de Moisés incluiu o
estudo de "aritmética, geometria, o saber do metro, ritmo e harmonia" .
Esses assuntos eram ensinados pelos adeptos egípcios, membros dos mais
altos níveis do sacerdócio. Além disso, Moisés aprendeu as línguas das
nações fronteiriças e a ciência da Caldeia dos corpos celestes, que
atualmente chamamos de Astronomia. A isso acrescentou-se a Astrologia,
uma habilidade altamente respeitada entre os sacerdotes do Egito. A
Astrologia era o processo de prever onde o Sol, a Lua e certas estrelas e
planetas estariam em determinados dias e horas. A partir dos resultados
astrológicos, in luências favoráveis ou desfavoráveis poderiam ser
previstas. É dessa ciência que temos as previsões astrológicas atuais, que
vemos regularmente em jornais e revistas. Embora algumas pessoas
possam zombar do conceito da Astrologia, devemos lembrar que ela
permaneceu a ciência dominante em relação aos movimentos planetários
até os séculos XVIII e XIX, quando a ciência mais especializada, Astronomia,
passou à frente. Aos caldeus também se atribui a determinação dos 12
segmentos ou os signos do zodíaco, junto com o entendimento do processo
de rotação e movimentação da Terra, conhecido como precessão. O que há
de interesse particular nos comentários de Filo, porém, é que Moisés
aparentemente aprendeu os conceitos daquilo que nos séculos XVIII, XIX e
XX ficou conhecido como as Ciências e Artes Liberais.

Filo também indica que Moisés recebeu dos sacerdotes do Egito o completo
entendimento dos "símbolos mostrados nas inscrições sagradas". Isso
sugere que existia um segredo de sabedoria que era transmitido pelas
escrituras, uma forma de alegoria, cujo signi icado icaria totalmente
obscuro e ignorado para aqueles que não tinham conhecimentos
relevantes; mas o signi icado ou a interpretação seriam claros para
aqueles que fossem iniciados no entendimento da mensagem contida no
simbolismo.

Esses símbolos exibidos nas inscrições sagradas, e o outro conhecimento


que foi transmitido a Moisés, parecem ter sido de bom efeito. Mais tarde,
parece que ele incorporou esse conhecimento aos rituais religiosos que
desenvolveu quando os israelitas estavam vagando pelo deserto,
construindo o Tabernáculo. Isso é explicado no livro Antiquities of the Jews,
de Josephus:

Considere os panos do Tabernáculo, e observe as indumentárias do alto


sacerdote, e daqueles vasos que fazemos uso em nossa ministração
sagrada(...) ele descobrirá que cada um deles foi feito no modo de imitação e
representação do universo.
Quando ele [Moisés] ordenou que 12 pães fossem colocados na mesa, ele
denotou o ano, pois distinguia o mesmo em tantos meses.

Ao rami icar o candelabro em sete partes, ele [Moisés] secretamente


anunciou as Decani, ou 70 divisões dos planetas; e quanto às sete lâmpadas
nos castiçais, elas se referem ao curso dos planetas, dos quais esse é o
número.

Os véus, também, que foram compostos de quatro coisas, declaravam os


quatro elementos:... Terra... Ar... Água... Fogo.

Sendo como o raio em suas romãs [relâmpago], e o barulho dos sinos


parecendo trovão

Cada uma das sardônicas [ônix na qual camadas brancas alternam com
sárdios; cornalinas amarelas e laranjas consideradas pedras preciosas]
declara para nós o Sol e a Lua; aquelas, digo, que estivavam na natureza dos
botões nos ombros dos mais altos sacerdotes.

E para as 12 pedras,(...) entendemos o mesmo número dos signos daquele


círculo que os gregos chamam de Zodíaco, não devemos nos enganar no
significado delas.

(As palavras entre colchetes foram acrescentadas pelo autor.)

Josephus era cidadão romano e também judeu. Ele escreveu o que está
acima há 2 mil anos. Isso sugere que ele tinha um conhecimento particular
do simbolismo oculto ligado aos rituais religiosos judeus. Isso levanta uma
questão interessante. Essa informação deve ter sido conhecida dos fariseus
e dos saduceus, membros seniores do sacerdócio judaico, há 2 mil anos. É
possível que o mesmo simbolismo tenha sido transferido para a religião
cristã quando esta foi formalizada?

Moisés, o General - revelação e fuga


Além do conhecimento transmitido a ele sobre ciência e os mistérios da
religião egípcia, o príncipe Mousos era claramente um hábil estrategista
militar. Nós já sabemos que ele comandou campanhas militares contra os
etíopes e foi um general muito bem-sucedido. Josephus menciona uma
batalha em particular em que a princesa chamada Tharbis, considerada
ilha do rei etíope, estava em uma cidade sitiada pelas tropas comandadas
pelo príncipe Mousos. Os etíopes não queriam sair para lutar, de modo que
Mousos decidiu que seu exército deveria lutar no campo deles. A princesa
Tharbis olhou por cima dos muros da cidade e notou as ações do jovem
guerreiro inimigo. Os instintos naturais prevaleceram e ela se apaixonou
por ele, um caso de amor à primeira vista. As hostilidades cessaram e a
princesa Tharbis e o príncipe Mousos casaram-se. Os termos de paz foram
então acertados, e, em seguida, o casamento foi consumado. O príncipe
Mousos então voltou ao Egito, mas, infelizmente, perdemos de vista o
conhecimento a respeito do destino de sua nova esposa. Esse foi o primeiro
casamento registrado do príncipe Mousos, o que implica que a princesa
Tharbis foi sua primeira esposa.

Ter o comando de um exército como o citado na história acima implicava


que o príncipe Mousos era altamente respeitado e um líder militar
competente, profundamente inserido no modo de vida egípcio, em seus
mistérios e em sua sabedoria.

Ao retornar de suas façanhas militares, a tradição bíblica diz que Mousos


foi então informado de suas origens e criação. As pessoas podem entender
a confusão mental que tal revelação causaria em alguém, especialmente
em uma pessoa que ainda era relativamente jovem. Era uma pessoa que,
até essa época, muito claramente deveria ter a percepção de ser mais
alguém, e algo a mais, em termos de governo, administração e segurança
no país. Tendo em mente o status de cativeiro da população israelita no
Egito nessa época, e o severo tratamento a que eram submetidos, supõe-se
que o príncipe Mousos observou um capataz egípcio administrando severo
castigo a um escravo, agora alguém de seu próprio povo. Mousos interveio
tentando salvar seu companheiro israelita. Aparentemente, ele icou com
tanta raiva que matou o egípcio.

Certo dia, sendo Moisés já adulto, foi ao lugar onde estavam seus irmãos
hebreus e descobriu como era pesado o trabalho que realizavam. Viu também
um egípcio espancar um dos hebreus. Correu o olhar por todos os lados e, não
vendo ninguém, matou o egípcio e o escondeu na areia.

Êxodo 2,11-12

Essa ação, conta-nos o Antigo Testamento, resultou na sua fuga do Egito.

Josephus, em seu livro Antiquities of Jews, apresentava uma perspectiva


ligeiramente diferente desses eventos:

Agora os egípcios, após terem sido preservados por Moisés, nutriam ódio por
ele e estavam muito ansiosos para conspirar seus desígnios contra ele, pois
suspeitavam que, se ele tivesse a ocasião, pelo seu bom sucesso, levantaria
uma sedição e traria inovações ao Egito; e disseram ao rei que ele deveria ser
morto. O rei também tinha intenções próprias com a mesma inalidade, e isso
da mesma forma por inveja de sua gloriosa expedição à frente de seu exército,
ainda que sem medo de ser abatido por ele e instigado pelos escribas
sagrados, ele estava pronto para mandar matar Moisés; mas como este
tomou conhecimento de todos os complôs que existiam contra ele, fugiu em
segredo; e como as estradas públicas estavam vigiadas, ele empreendeu sua
fuga pelos desertos e por onde seus inimigos não poderiam suspeitar que ele
fosse viajar (...)

O comum desses textos é dizer que Moisés escapou do Egito.

Moisés encontra refúgio e se casa pela segunda vez


No inal das contas, Moisés seguiu para a Arábia e inalmente chegou à


cidade de Midiã. Ali Moisés descansou perto de um poço. Um grupo de
moças, ilhas do sacerdote, que iam ao poço buscar água para o gado,
simplesmente foram afugentadas por um grupo de rapazes. As virtudes
cavalheirescas de Moisés vieram à tona e ele açoitou os rapazes, ajudando
as moças. Seu prêmio foi ser aceito na comunidade de Midiã, onde se casou
com Ziporá, ilha do sacerdote. Ziporá, portanto, é a segunda mulher de
Moisés. Parece que Moisés permaneceu em seu novo lar na Arábia durante
40 anos.

O nome do sacerdote de Midiã é um pouco confuso. Em Êxodo 2,18, ele é


mencionado como Reuel. Nada mais é dito a respeito do sogro de Moisés
até chegar em Êxodo 4,18, quando então é introduzido Jetro. Josephus lhe
dá o nome um pouco modi icado de Raguel, mas nota que ele também era
conhecido como Jetro. Assim, nas referências subsequentes aos nomes, o
leitor deve lembrar que Jetro e Raguel são a mesma e única pessoa.

Retorno de Moisés ao Egito


O texto do Antigo Testamento continua. Em seu 80 o ano, Moisés voltou ao
Egito. Ele começou sua jornada com Ziporá e sua família, mas a inal
aconselhou-os a voltar para Midiã.

Moisés enfrentou o novo faraó e pediu a liberação de seus irmãos israelitas


do cativeiro. Aqui, o interessante é que Moisés, embora tivesse deixado a
terra do Egito muito antes, continuava a ter algum tipo de acesso que lhe
permitiu abordar o faraó diretamente. O faraó recusou liberar os israelitas
e, como conseqüência, uma série de pragas assolou o Egito. Após a décima
praga, Moisés levou os israelitas, em massa, para fora do Egito, pelo
deserto rumo ao Mar Vermelho. Em algum lugar, onde havia água
(observar os comentários anteriores a respeito do Mar Vermelho e do Mar
de Juncos [Red Sea & Reed Sea]). Moisés foi ajudado por uma miraculosa
separação das águas que permitiu que eles atravessassem em segurança.
O faraó e seus seguidores armados perseguiram os israelitas e estavam
alcançando seus calcanhares na hora em que o faraó chegava ao mesmo
ponto. O faraó e seu exército, ao tentar seguir pela passagem
milagrosamente aberta no mar, pereceram quando a parede de água
desabou sobre eles, embora a mesma só tenha desabado depois de todos
os israelitas terem terminado a passagem (em uma nota de rodapé de
Êxodo 15,4, o mar é citado de volta no termo hebreu Yam Suph, isto é, Mar
de Juncos).

Estima-se que o Êxodo tenha ocorrido por volta de 1.400 AEC, cerca de
480 anos antes da construção do primeiro Templo de Jerusalém.

Moisés retorna ao território familiar - perto da Sarça Ardente


Depois de escapar do cativeiro no Egito, os israelitas, a história nos conta,
vagaram pelo deserto durante os 40 anos seguintes sob a orientação de
Moisés, na expectativa de encontrar uma terra prometida, uma terra de
leite e mel. Em outras palavras, uma terra que era fértil e verdejante, ao
contrário da escassa vegetação do deserto. Também nos contam que os
israelitas que deixaram o Egito durante o Êxodo eram dezenas de
milhares.

Atualmente, estudiosos questionam se as dezenas de milhares de pessoas


mencionadas no Antigo Testamento poderiam reunir-se e sair do Egito em
massa, como foi sugerido. Eles postulam que devem ter sido vários
pequenos grupos que deixaram o Egito em diferentes ocasiões, talvez
depois de ouvirem falar a respeito da partida de um grupo inicial,
conduzido por Moisés. Então, não é di ícil imaginar que um pequeno grupo
inicialmente conduzido por Moisés pelo Mar de Juncos tenha crescido à
medida que mais e mais grupos semíticos se juntavam àquele que lhes
parecia o líder mais dinâmico. Gradualmente, esses povos semíticos, que
compartilhavam uma religião comum, reuniram-se em uma só área, até
que inalmente os números cresceram para formar a signi icativa
população que o Antigo Testamento registra.

Existe uma variedade de guias e dicionários de estudos bíblicos que


incluem mapas indicando a rota que Moisés e seu rebanho de seguidores
podem ter seguido pelos desertos. O Antigo Testamento dá claras
indicações de pelo menos parte dessa jornada.

Êxodo 3 relata a história da Sarça Ardente:


Moisés pastoreava o rebanho de seu sogro Jetro [Raguel], que era sacerdote
de Midiã. Um dia levou o rebanho para o outro lado do deserto e chegou a
Horebe, o Monte de Deus.

O texto entre colchetes foi acrescentado por mim.

Em Êxodo, 16,17, lemos que eles vagavam de um lugar a outro, reclamando


de fome e sede. Foi então, em Êxodo 17,6, que Moisés bateu em uma rocha
com seu cajado e descobriu uma fonte de água.

Eu estarei à sua espera no alto da rocha do Monte Horebe.

Bata na rocha e dela sairá água para o povo beber.

Atualmente, o mosteiro de Santa Catarina, estabelecido pela primeira vez


no século III EC, ica ao pé do Monte Sinai, ou Horebe, a montanha de
Moisés. Dentro dos altos muros que cercam o mosteiro, existe uma sarça
maravilhosa, uma planta que supostamente descende da Sarça Ardente, a
qual rompeu das mesmas raízes da original. Uma pequena fonte também
brota adjacente a ela e agora enche um poço, usado pelos monges para a
retirada de água potável. Essa fonte supostamente é aquela referida em
Êxodo 17.

Por meio dos dois versículos anteriores, após vários capítulos, descobrimos
que Moisés levou o povo a um lugar que ele conheceu quando cuidava de
ovelhas. Parece altamente provável, portanto, que, com todo o murmúrio a
respeito da falta de água, ele os tenha levado a um lugar que conhecia,
onde possivelmente poderia existir água, uma fonte natural. Era
justamente o tipo de lugar que seu sogro, Raguel, buscaria se quisesse
encontrar Moisés, caso o estivesse procurando.

Raguel trouxe a ordem - e as sementes - dos Mandamentos?

Tendo conduzido seu povo para longe das garras de um país e de uma
administração que foram seus opressores por várias gerações, Moisés
enfrentaria novas e desa iadoras di iculdades diariamente. Seu
treinamento e experiência como príncipe, funcionário do governo e
comandante do exército, teriam-lhe fornecido conhecimento, tenacidade,
habilidade, determinação e intrepidez, qualidades exigidas do rei não
coroado.

É possível imaginar as dificuldades que esse homem carismático, apesar de


idoso, deve ter encontrado ao tentar exercer autoridade sobre a multidão
que se reunia em torno dele. Além disso, como escravos do Egito, é bem
provável que comida e bebida fossem levadas, ou racionadas, para eles. A
auto-su iciência era uma nova lição que precisavam aprender. Isso ica
adequadamente demonstrado em Êxodo 16, onde há muitas lamentações a
respeito da quantidade e da qualidade da comida que eles tinham no
deserto em comparação com as panelas de carne no Egito. Porém, Moisés
educou-os das várias maneiras que precisavam para sobreviver no
terreno do deserto.

Então foi essa palavra de bravura de Moisés e o Êxodo do Egito que


chegaram a seu sogro em Midiã. Raguel foi ao deserto encontrar seu genro,
levando Ziporá, a mulher de Moisés, e seus dois ilhos. Ao que parece,
Raguel icou muito impressionado. Porém, notou que Moisés tomava todas
as decisões e resolvia todas as disputas. Raguel mostrou isso ao genro,
observando que, se não izesse nada a respeito da situação, ele correria o
perigo de assumir muito mais tarefas do que poderia dar conta, e o esforço
de tentar controlar tudo acabaria matando-o. Na melhor tradição
administrativa, Raguel recomendou-lhe que delegasse responsabilidades e
tratasse apenas dos assuntos importantes. Isso também permitiria liberar
tempo para lidar com algumas outras questões que eles haveriam de
enfrentar, como avaliar a situação e planejar algum avanço. Moisés
reconheceu as observações de seu genro, implementando-as.

Moisés aceitou o conselho do sogro e fez tudo como ele tinha sugerido.

Êxodo 18,24

Só podemos especular que Raguel ajudou Moisés, pois foi somente depois
que uma estrutura de administração adequada e de justiça e autoridades
delegadas foram implantadas que Raguel voltou para casa.

E isso nos leva aos Dez Mandamentos.

Moisés havia reunido considerável comunidade ao seu redor. Seguindo as


sugestões de Raguel, implantou um sistema de autoridade, administração e
justiça. Mas a mesma continuava uma comunidade sem leis contra as quais
a justiça pudesse ser administrada. Ao ler os Mandamentos, alguém só
pode concluir que eles são um conjunto de regras pelas quais uma
sociedade adequadamente ordenada poderia governar a si mesma; pelas
quais o povo soubesse o que se esperava dele; pelas quais os
relacionamentos de uma pessoa com outra pudessem ser estabelecidos.
Esse grupo de pessoas buscava uma identidade, precisava ser moldado
como um grupo coeso e finalmente como uma nação.

Raguel era um sacerdote. Moisés era um guerreiro. Alguém pode imaginar


as conversas que Raguel teve com Moisés durante o encontro deles no
deserto, quando Raguel instigou em seu genro a necessidade de
desenvolver e adotar um conjunto de regras pela qual a multidão podia ser
governada, tanto naquela época como no futuro. Além disso, é possível
imaginar que Moisés precisou se isolar, para pensar a respeito do que
estava diante dele e da massa de pessoas pelas quais era responsável. Ele
precisou de tempo e espaço para estabelecer as leis e os processos pelos
quais esse povo deveria ser governado. E não havia melhor lugar para
fazer isso senão no Monte Sinai. Podemos ainda imaginar que Raguel
instilou em Moisés a necessidade de garantir que, a partir do momento em
que ele divulgasse aquilo que se tornou os Mandamentos, eles tivessem
credibilidade aos olhos da multidão. Apenas sentar e fazer algumas marcas
em um papiro não ajudaria nesse sentido. A melhor maneira de criar
impacto e credibilidade seria se essas leis viessem diretamente das mãos
da própria divindade - Yahweh. Fazer algo assim em um só dia, ou da noite
para o dia, no meio da multidão reunida, e dizer que veio da divindade, não
teria credibilidade. Mas no topo da montanha, bem perto do céu, no
domínio da divindade, seria algo muito diferente. E, com um intervalo de
tempo adequado entre a subida da montanha e a entrega do resultado,
então o processo por inteiro atingiria um status elevado.

Durante a subida ao Monte Sinai, Moisés providenciou para não ser


perturbado, fazendo com que seu irmão Aarão o seguisse parte do
caminho e, depois, parasse para ele icar sozinho. Como Graham Hancock
indica em seu livro The Sign and the Seal [O Sinal e o Selo], Moisés, então,
sabia o que estava tramando. Moisés foi a única fonte de informação a
respeito do que aconteceu no monte durante o tempo em que permaneceu
ali. Ninguém mais estava lá para dar apoio ou veri icar os eventos. Moisés
poderia ter feito exatamente o que quisesse, depois poderia ter contado de
qualquer maneira as coisas que aconteceram com ele, pois era a única
palavra e registro dos eventos. Não havia melhor maneira de introduzir o
conceito de uma divindade viva e zelosa como fonte de autoridade para
proclamar as regras, as leis e os rituais necessários para moldar uma
plebe desunida e indisciplinada em um grupo coeso, que formaria a base
de uma nova nação. A inal, ele tinha um precedente a se referir: Hórus, o
deus fundador do Egito, que ele reverenciou e entendeu como a base e a
origem das regras, das leis e das tradições nas quais aquele país foi
fundado. Estaria Moisés tentando recriar uma fundação semelhante? Em
vez de produzir os Mandamentos em papiro, ele os esculpiu em pedra.
Seria lógico Moisés escolher algo mais permanente para a inscrição,
exatamente como ele havia visto no Egito: o registro de eventos
importantes icava gravado em relevo nas pedras das paredes e colunas
do templo. Esculpir o texto cuidadosamente em pedra levava tempo.

É interessante observar que, após a dramática produção dos


Mandamentos por Moisés, a estrutura social, o Tabernáculo e seus
utensílios, a Arca, as vestes sacerdotais e os rituais religiosos, tudo acabou
acontecendo do modo como está registrado nos livros de Êxodo e Levítico.

Acho que os comentários a seguir não vão agradar a todos os meus


leitores. Porém, após vários anos de leitura e considerando as várias
questões envolvidas, cheguei à conclusão de que, no Monte Sinai, Moisés
baseou-se em sua educação, na experiência como príncipe e general do
Egito e no conselho sacerdotal que recebeu de seu sogro. Ele gastou seu
tempo compilando um plano de ação detalhado, que reuniu a base da
defesa, do governo e da crença religiosa. Onde sua educação anterior
condicionou seu entendimento, ele incorporou os princípios da sabedoria
antiga da maneira como lhe ensinaram. Por essa razão, achamos que ele
inculcou a mesma no desenho da Arca, nas vestes e nos rituais dos
sacerdotes, como destaca Josephus. E essa sabedoria antiga foi então
transmitida para as gerações posteriores até vir à tona posteriormente no
Templo de Salomão.

Finalmente, Moisés conduziu seu povo para a área que conhecemos como
Palestina e, embora tenha visto a terra de seus sucessores, jamais colocou
os pés nela, morrendo nesse importante momento da história. Com base
nas citações bíblicas, Moisés (ou Mousos) tinha 120 anos quando morreu.

Os israelitas não caminharam simplesmente para uma área aberta de terra


que reclamavam como sua propriedade, mas precisaram retirar à força os
outros que já viviam ali. Um a um, eles conquistaram seus assim chamados
inimigos, apossando-se de suas terras, de modo que na época de Salomão
suas pretensões territoriais se estendiam do Rio Eufrates ao Mar
Mediterrâneo. Nunca é demais lembrar que tudo começou com Moisés.

Cerca de 1.500 anos depois do Êxodo, o Livro de Atos no Novo Testamento


registrava:

Moisés foi educado com toda a sabedoria dos egípcios e veio a ser poderoso
em palavras e obras.

Atos 7,22

Moisés. Grande homem! Quem quer que tenha sido...

A Arca da Aliança


Depois de entregar os Mandamentos, Moisés deu instruções para a
construção da Arca da Aliança, cujo desenho, o Antigo Testamento registra,
também foi transmitido a Moisés por Yahweh no Monte Sinai.

A Arca da Aliança é um atributo importante do primeiro Templo de


Jerusalém. De fato, somos informados de que o Templo foi especi icamente
desenhado para oferecer uma morada permanente para a Arca. Isso
implica que existia algo especial a respeito dela, no mínimo como peça
central da nação. A palavra Arca aparentemente deriva das palavras em
hebreu Aron Kodesh, que podem ser traduzidas como gabinete sagrado.

O conceito da Arca provavelmente não era novo para Moisés. O mesmo tipo
de dispositivo, quer dizer, uma caixa ornamentada carregada em varais,
era um item absolutamente trivial usado no Egito pelo faraó. Com relação a
isso, então, Moisés estava seguindo uma idéia já vista durante sua ligação
com a casa real do Egito, que ele uma vez havia desfrutado, sendo educado
como príncipe.

A Arca foi descrita como uma estranha geringonça. Tão estranha, de fato,
que ela e seu uso têm sido assunto de considerável especulação. Entre as
teorias mais extremas, existe a idéia de que esse dispositivo servia para
comunicação com nossos antepassados alienígenas, que icavam sentados
no espaço observando o desenvolvimento das espécies que eles criaram e
enviando mensagens por intermédio de querubins localizados no Trono de
Misericórdia (Note que na versão King James do Antigo Testamento isso
também é chamado de Trono de Misericórdia. Porém, a mesma é a tampa
[o propiciatório], usando a tradução moderna re letida na Nova Versão
Internacional.) Mais uma vez, apesar da especulação, a conclusão é que
durante o período após o Êxodo, e até a construção do Templo, a Arca
representava o objeto da mais alta veneração dos utensílios religiosos. Lá
dentro foram depositados em vários intervalos de tempo:

Primeiro, as tábuas contendo os Mandamentos;

Segundo, a vara de Aarão que começava a crescer quando colocada no chão;

E terceiro, o vaso do Maná.


Depois de depositadas na Arca, parece que as importantes tábuas


contendo os Mandamentos não viram a luz do dia novamente. De modo
interessante, 1 Reis 8,9 nos conta que, após a Arca ter sido levada para o
Templo de Jerusalém, os únicos itens nela eram as tábuas de pedra. Isso
levanta uma questão intrigante: o que aconteceu com a vara de Aarão e o
vaso do Maná?

A Arca foi então recoberta com ouro puro, tanto por dentro como por fora,
e decorada com modelagem de ouro. Duas argolas de ouro depois foram
acrescentadas de cada lado, provavelmente nos cantos ou perto para
ajudar na estabilidade durante o transporte, quatro argolas ao todo. Duas
varas de madeira acácia, também recobertas de ouro, foram inseridas nas
argolas com a instrução de que elas jamais poderiam ser retiradas das
argolas. O comprimento dos varais era de cerca de 20 côvados.

A caixa foi acrescentado então o Trono de Misericórdia ou Assento de


Misericórdia. Recoberta com ouro puro, essa peça tinha dois querubins,
um de frente para o outro, em cima dela. É óbvio que o Trono de
Misericórdia servia como tampa para selar a caixa, que de outra maneira
icaria aberta. A quantidade de ouro usada em sua fabricação determinava
que o peso dessa tampa ornamental deveria ser considerável, essencial
para manter a tampa no local enquanto a Arca estivesse sendo carregada.
Ela oscilaria e balançaria com o movimento desse transporte, caso
passasse por terreno acidentado. Qualquer pessoa com entendimento
básico dos princípios de engenharia mecânica rapidamente perceberá que
os longos varais usados para carregar a Arca eram importantes para
distribuir o peso e para reduzir a carga que cada transportador teria
sobre o ombro. Os querubins dariam ao objeto acabado uma aparência
artística e distinta que criaria a aura de alguma coisa especial.

Em duas ocasiões separadas, em dois anos consecutivos, tive a


oportunidade de visitar o Egito e ver muitas maravilhas do reino antigo a
respeito das quais eu havia lido durante minha pesquisa: as pirâmides, o
Templo de Karnak em Luxor, o Vale dos Reis, o impressionante Museu do
Cairo, a coluna quebrada de Assuã (Sirene) e Abu Simbel. Muitos livros
que li faziam referência a artefatos que podem ser vistos em exposição no
Museu do Cairo; então foi com um certo desejo ardente que eu estava
ansioso para vê-los por conta própria. Entre os muitos itens de joalheria,
por exemplo, existem peças extraordinárias que qualquer artesão
moderno icaria orgulhoso em assinar. O fato de terem sido feitos há 4.500
anos, era ainda mais impressionante. Fiquei particularmente admirado
com uma cama de acampamento dobrável, com 4 mil anos de idade, usada
em expedições de caça, que demonstrava notável uso de dobradiças. Mas
eu e minha família icamos especialmente entusiasmados com uma
exposição de artefatos removidos da tumba de Tutankhamon. O uso do
ouro para ins decorativos era evidente em quase todos os objetos
expostos. Não pude deixar de notar que havia opulento uso de ouro em
quase todos os objetos funerários reais expostos. Nesse sentido, o fato de
Moisés revestir a Arca com ouro por dentro e por fora, mais uma vez, nada
mais era do que aquilo que ele havia experimentado em sua associação
com a elite dominante no Egito. Havia um grande sarcófago, feito de vários
sarcófagos, onde um se encaixava no outro. Parecia aquele tipo de boneca
russa na qual múltiplas bonecas se encaixam umas nas outras, cada uma
menor que a anterior. Tanto por dentro como por fora, cada camada do
sarcófago era revestida com ouro, assim como era o acabamento da Arca.
Não pude deixar de comentar que os faraós usavam o ouro como
atualmente usamos potes de tinta.

Existia uma característica nos sarcófagos que eu estava particularmente


ansioso para ver. Cerca de dois anos antes de minha visita ao Museu do
Cairo, li o livro The Sign and the Seal, de Graham Hancock. É a narrativa de
sua busca da Arca da Aliança e de uma tradição que sugere que ela foi
levada para a Etiópia, onde supostamente permanece até hoje. Hancock
observou não só o mesmo uso do ouro no efeito decorativo dos sarcófagos
como eu vi, mas também que nas portas e nas paredes traseiras de cada
sarcófago existiam imagens de guardiãs femininas aladas, com "suas asas
abertas para cima", uma de frente para a outra, exatamente como os
querubins do Trono de Misericórdia foram modelados. Talvez esta seja
mais uma evidência da tradição e da in luência egípcia que Moisés
carregava quando desenvolveu a base da cultura que os israelitas estavam
criando.

A Arca, então, era um objeto altamente venerado. Mas, como nos contaram,
tinha outro atributo. Acreditava-se que ela tivesse desenvolvido poderes
místicos e perceptivos. Usados de maneira discriminatória, esses poderes
tinham força su iciente para matar aqueles que se aproximassem ou a
tocassem sem autorização, ou que estivessem envolvidos em atos
desagradáveis. É interessante observar que, com algumas poucas
exceções, que podem ser explicadas de outra maneira, o poder da Arca
ferir as pessoas parece que só era possível na presença de Moisés. Ao que
parece, a Arca era tão venerada que foi até mesmo carregada para uma
batalha como um tipo de mascote de proteção. Em uma primeira fase, para
decepção dos israelitas, ela foi capturada pelos ilisteus, que depois a
devolveram quando começaram a experimentar a magia cruel do
dispositivo. A Arca, pelo que foi sugerido, era uma ferramenta que Moisés
usava periodicamente para garantir a adesão à sua liderança e aos valores
que ele defendia por meio dos Mandamentos escritos nas tábuas, e para
criar um clima de temor e respeito. Alguém poderia entender que as
vítimas da Arca eram usadas como exemplo no controle das ações de seus
seguidores. Essa mesma estratégia de controle foi usada na Primeira
Guerra Mundial pelos generais britânicos. Os registros mostram que
alguns homens, fuzilados ao amanhecer por suposta covardia, infração de
regras do exército ou de ordens durante o enfrentamento com o inimigo,
não eram citados na audiência da Corte Marcial por terem cometido
alguma falta disciplinar grave, mas porque eram "usados como exemplo".
Eram fuzilados por um esquadrão de seus próprios compatriotas no
esforço de gerar medo nas tropas para mantê-las na linha.

Porém havia ainda algo mais a respeito da Arca do que aquilo que icava
imediatamente óbvio.

A Arca - um dispositivo astucioso?


O Templo de Salomão, como nos contaram, foi construído para abrigar a
Arca da Aliança.

Bezalel e Oolibá, apontados por Moisés como os construtores da Arca, eram


mestres artesãos "astuciosos". No texto relacionado à Arca temos exemplos
mais completos de mudanças no texto e suas implicações. Como exemplo,
vamos nos referir a Êxodo 35, onde os detalhes da construção estão
registrados. Quase no inal do capítulo, somos apresentados a Bezalel e
Oolibá, dois artesãos altamente habilidosos que, além de realizar a
construção, ensinavam outras pessoas. O texto diz:


Encheu-os de habilidade(...) toda obra de mestre, até a mais engenhosa(...)
sim, toda sorte de obra

Êxodo 35,35 Versão King James

A todos esses deu capacidade para realizar todo tipo de obra como
artesãos(...) Eram capazes de projetar e executar qualquer trabalho
artesanal.

Êxodo 35,35 Nova Versão Internacional

A impressão que alguém pode ter do texto King James é de um grupo de


indivíduos que, por força da astúcia, realizava obras de maneira talvez um
pouco dissimulada, talvez sem toda a integridade que poderíamos esperar.
O dicionário de Oxford define a palavra "astucioso" como:

habilitado em iludir; esperto; engenhoso.

O que então poderia existir nessa caixa de madeira incrustada de ouro que
exigiria astúcia ou esperteza? Vamos falar disso no devido momento.

No segundo texto, mais recente, da Nova Versão Internacional, os


construtores da Arca recebem alguma respeitabilidade por serem mestres
artesãos. Na verdade, ambos versículos tratam do mesmo ponto. Imagine
pessoas que você conhece, que precisam construir uma parede de tijolos,
pretendem fazer isso, mas não é a pro issão habitual deles. Talvez eles
consultem alguns textos de livros técnicos sobre o assunto e então
comecem a tarefa exatamente como os especialistas sugerem. Um pedreiro
treinado, por outro lado, aparentemente deve usar alguns atalhos em
comparação com a opinião especializada. Alguém pode achar esses atalhos
astuciosos. O pedreiro, porém, pode apenas estar implementando alguns
truques da pro issão aprendidos com os anos de experiência. Assim, no
caso do texto de Êxodo 35,35 em ambas versões, a mesma coisa está sendo
dita: Bezalel e Oolibá eram mestres artesãos bem equipados, com
conhecimento e entendimento dos truques da profissão. Mas parece que os
truques da pro issão deles se estendiam além dos métodos de construção.
Eles incluíam conhecimentos dos mistérios antigos.

Na apresentação da Arca, o dogma religioso, as explicações e as ilustrações


desenhadas para apoiar várias histórias do Antigo Testamento criaram a
impressão de que se tratava de um ornamento altamente so isticado,
incrustado de ouro, acabado em um assento com anjos parecidos com
querubins na tampa; de que esse ornamento tinha um poder secreto, um
poder que algumas pessoas descreveram como semelhante ao de um
gerador nuclear, um poder tão apavorante que poderia por si só derrotar
os inimigos dos israelitas. A realidade é que essa Arca era uma caixa de
madeira relativamente pequena, com 1,5 côvado de lado e 2,5 côvados de
comprimento. Para se ter uma idéia do tamanho, estique ambos os braços
para os lados. Agora levante um braço até o nível de seu ombro. Da axila
até o inal do braço esticado, pontas dos dedos, a distância é de cerca de
1,5 côvado. Do corpo até a ponta do braço esticado, pontas dos dedos, a
distância é de cerca de 2,5 côvados.

Essas dimensões parecem que foram escolhidas deliberadamente e têm


ligações com a geometria sagrada, a Proporção Divina, os números
sagrados e o valor de Fi.
1,5/2,5 = 0,6 o valor de Fi aceito

2,5/1,5 = 1,6 novamente Fi

Se agora pegamos as pontas dos lados:

1,5 + 1,5 + 1,5 + 1,5 = 6, um número altamente respeitado que signi ica
harmonia. As escrituras também dizem que os céus e o mundo foram
criados em seis dias.

Na caixa, existem duas pontas, e assim:

6 x 2 = 12, o número de meses do ano e das constelações que constituem o


zodíaco.

Então existem as duas pontas da caixa multiplicadas pelo comprimento.

12 x 2,5 = 30, que se relaciona com as fases da Lua. As datas dos festivais
religiosos eram ditadas pelo calendário lunar, e algumas, como a Páscoa,
continuam a ser.

E há mais ainda. O comprimento total dos lados das duas pontas dividido
pelo comprimento de um lado da ponta:

12 - 1,5 = 8, que reflete o cubo sagrado.

É claro, uma linha diagonal desenhada entre dois cantos das pontas dos
lados vai dar um ângulo de 45 graus, enquanto a linha diagonal desenhada
pela face do comprimento vai dar ângulos muito próximos de 30 graus e
60 graus.

Ao adicionar em conjunto os quatro cantos que formam o comprimento,


temos:

2,5 x 4 = 10; desconsiderando o zero, temos 1, a unidade, o símbolo da


divindade.

Pegando o comprimento do perímetro de uma ponta e multiplicando-o pelo


comprimento dos lados, temos:

(1,5 x 4) x 2,5 = 15, a rotação tubular em graus da terra em 1/24 avos de


um dia, o que hoje chamamos de uma hora.

Por causa de seu relacionamento com valor de Fi, 1,6, a área do lado do
comprimento da caixa é uma representação visual da Proporção Divina
conforme expressa como a razão de cada uma das pontas.

É intrigante notar que Bezalel e Oolibá, esses mestres artesãos astuciosos,


tivessem a "habilidade de ensinar os outros". Daí surge a perspectiva de
que aquilo que eles estavam ensinando não seria apenas a habilidade da
montagem de peças de madeira em uma caixa, mas os segredos dos
mistérios antigos, os segredos da sabedoria antiga como isso era então
percebido. E talvez isso não seja surpreendente para nós quando
lembrarmos que o mestre deles era Moisés. Como príncipe do Egito, ele
teria aprendido esses mesmos mistérios, essa mesma sabedoria.

A partir dos comentários de Filo a respeito da educação de Moisés, e tendo


ele aprendido a linguagem das nações fronteiriças e a ciência da Caldeia
dos corpos celestes, temos a indicação de que Moisés possuiu exatamente o
tipo de sabedoria antiga que permitiria a construção da Arca para re letir
os princípios geométricos que ela parece exibir.

Moisés. Grande homem! Quem quer que tenha sido...

Cerca de 500 anos depois de a Arca ser projetada e construída por Bezalel
e Oolibá, o primeiro Templo de Jerusalém foi edi icado. Na consagração do
Templo, a Arca foi levada para dentro dele e lá instalada. Depois disso, ela
não desempenhou mais nenhum papel na história dos israelitas.

A Arca e a Rainha de Sabá


Exatamente o que aconteceu com a Arca é um mistério da história. Alguns
sugerem que ela foi escondida em uma caverna perto de Jerusalém. Outros
sugerem que foi escondida em uma câmara escavada na rocha do Monte
Moriá sob o Templo e redescoberta 2 mil anos depois pelos Cavaleiros
Templários. Outra sugestão é que ela se encontra atualmente na Etiópia.

A história diz que a rainha de Sabá visitou o rei Salomão para aprender
mais a respeito de sua sabedoria e para ver o Templo. Durante a estadia
dela em Jerusalém, um grande caso de amor aconteceu entre eles. Quando
a rainha de Sabá voltou para a Etiópia, ela deu à luz uma criança, ilho de
Salomão, chamado Menelik. O ilho de Salomão foi criado por sua mãe na
Etiópia, mas, depois, perto da idade adulta, visitou seu pai em Jerusalém.
No final dessa visita, Menelik supostamente voltou para a Etiópia, levando a
Arca da Aliança com ele. Considera-se que esse suposto roubo da Arca foi
instigado por Azarius, ilho do sumo sacerdote de Israel. A tradição
também diz que a Arca permanece em Axum, a antiga capital da Etiópia,
até os dias atuais.

O Tabernáculo
A Arca da Aliança, com seu simbolismo oculto de sabedoria antiga, icava
instalada em uma tenda conhecida como o Tabernáculo. Existem
consideráveis detalhes a respeito do Tabernáculo em Êxodo, e a partir
desses detalhes podemos identificar certas características.

A primeira é a orientação. O Tabernáculo icava na linha leste-oeste.


Podemos deduzir isso em virtude de Êxodo 40, 22-24:

Moisés colocou a mesa na Tenda do Encontro, no lado norte do


Tabernáculo...

Pôs o candelabro na Tenda do Encontro, em frente da mesa, no lado sul do


tabernáculo...

Essas duas referências parecem indicar que a tenda era montada para
corresponder aos quatro pontos cardeais: norte, sul, leste e oeste. Essa
orientação signi icaria claramente que a primeira luz do dia, a luz do Sol,
penetraria o comprimento do Tabernáculo, provavelmente alcançando a
Arca, na única hora que fazia isso todo dia. Êxodo 38,13 afirma:

O lado oriental, que dá para o nascente...


Consequentemente, o Sol se levantaria mais alto no céu e depois se


moveria em volta para o sul e o oeste. A parte interna e a Arca icariam
protegidas da luz direta do Sol. O texto nos diz que uma cortina icava
colocada na entrada da frente do Tabernáculo. Ela talvez não fosse feita do
material de cortina grosso e pesado que conhecemos em nossas casas, no
mundo ocidental, mas de algum material do tipo de uma musselina,
possivelmente translúcido, usado como véu. Traduções modernas referem-
se a linho.

Além da orientação, percebemos que apareciam séries de números- chave:


11/2 ou 1,5, 4, 5, 6, 8, 10, 11, 16, 20, 28, 30 e 50. Tendo em mente aquilo que
já descobrimos na Arca, e a aparente familiaridade de Moisés com a
sabedoria antiga, esses números poderiam conter algum simbolismo oculto.

O número 30 é o número de dias em um mês lunar. Os ciclos da Lua eram,


e em algumas instâncias continuam sendo, a base do calendário religioso. A
Lua tem um ciclo de 271/2 dias desde o primeiro aparecimento como Lua
Nova até o desaparecimento. Então, ela desaparece em 28 dias. Assim,
existe um período de dois dias quando ica na escuridão antes de
reaparecer novamente. O ciclo total da lua demora 291/2 dias, completado
no 30o dia; 28 + 11/2 = 291/2, ou no 30o dia. Então poderia ser que esses
números, 11/2, 28 e 30, todos se relacionassem com o ciclo da Lua e o
estabelecimento do calendário religioso. O número quatro provavelmente
se relaciona com os quatro elementos - Terra, Fogo, Ar e Água - ou com as
estações, como foi denotado antes por Josephus. Desprezando os zeros de
10 e 20, temos um para a unidade, a divindade, e dois para o equilíbrio, a
dualidade, o Céu e a Terra; cinco para o pentagrama como símbolo de boa
sorte; seis para o processo de criação que levou seis dias segundo as
escrituras; e oito para o símbolo do cubo sagrado. Esses critérios
representam muita coincidência.

Quando vamos para o pátio, encontramos outro conjunto de números:

100, 50, 30, 20, 15, 3, 4

Dessa vez parece haver outro fator oculto. Nós já sabemos que o pátio em
torno da tenda tem dimensões de cem côvados ao longo das bordas norte e
sul, e 50 nas partes leste e oeste. Nós já sabemos que existiam 20 estacas
de apoio marcando os limites dos lados mais compridos, por isso dez além
dos lados mais curtos. Com o comprimento de cem côvados e 20 estacas
para suportar as cortinas, isso signi ica que as cortinas tinham cinco
côvados de comprimento cada uma. Também signi ica que havia um total
de 60 estacas. Assim, temos:

60 estacas, para suportar as cortinas

5 côvados de comprimento, em torno de um perímetro que é de 300


côvados de comprimento = 365 = dias de um ano solar

Também existe uma conexão entre 20, 4 e 15. A Terra gira 15 graus em
torno de seu eixo naquilo que atualmente chamamos de hora, e 24 divisões
de 15 graus = 360 graus, uma rotação completa.

Esse tipo de revelação é di ícil de descartar como sendo mera coincidência,


especialmente quando considerada contra a possível referência aos ciclos
lunares acima.

O Monte Sinai - a Montanha de Moisés

Tínhamos agüentado dirigir três horas pelo deserto, altas horas da noite
adentro. Sacudidos por estradas esburacadas e cobertas de areia,
estávamos cansados, mas cheios de animação e esperança.

O per il do velho mosteiro era claramente perceptível à luz da Lua quando


chegamos nas primeiras horas da manhã. Nem som nem luz vinham lá de
dentro. A suave brancura da luz emitida pela Lua dava ao prédio uma aura
de fria tranqüilidade, como se ele estivesse abandonado. Sabíamos que
continuava habitado como sempre, desde o século III, quando foi fundado.

Era uma noite maravilhosamente limpa. A Lua estava alta no céu, apenas
dois dias depois de icar cheia. A luz branca re letida nas areias do deserto
ao nosso redor criava uma fraca luminescência de fundo. Na retaguarda do
mosteiro havia a sombra escura da montanha, com a silhueta de seu topo
recortada no céu. De algum lugar no vale, escondido atrás de um
afloramento de rochas, ouvia-se o som de camelos blaterando e as vozes de
pastores incitando seus animais de carga.

Nosso guia sugeriu que podíamos ir em um camelo ou caminhar até a


montanha. Cheio de valentia, escolhi caminhar. Minha mulher, que tinha
muito mais consciência de seus limites do que eu, resolveu ir de camelo. E
assim partimos para nossa jornada de três horas rumo ao topo. O chão sob
os pés era poeirento, irregular e desalinhado. A subida logo deixou de ter a
inclinação suave ao longo do vale para se tornar cada vez mais íngreme à
medida que seguíamos para a montanha. A mochila nas minhas costas, que
continha apenas um par de garrafas de água e jamais havia incomodado,
tornava-se de initivamente pesada, embora fosse leve um pouco antes.
Após os primeiros 20 minutos de subida, minhas pernas começaram a
doer, minha respiração icou mais pesada e percebi quanto estava fora de
forma! Deixei a valentia de lado e também montei em um camelo para ser
carregado, com imponente majestade, montanha acima. Os camelos
avançavam a passo irme, com movimentos constantes, impelidos pelos
pastores que caminhavam atrás gritando eventuais instruções que só os
camelos entendiam. Admirei a resistência e o preparo ísico dos pastores
de camelos.

A despreocupada jornada de camelo ofereceu-me a chance de contemplar


o céu à noite. O brilho da Lua obscurecia a maioria das estrelas, mas as que
podiam ser vistas tinham uma claridade que era admirável. Vivendo em
uma sociedade industrial do Ocidente, com luzes nas ruas, grupos de
torres de prédios e sinais de neon piscando, as pessoas raramente veem
esse cenário natural da abóbada celeste no céu à noite. A minha satisfação
era imensa de saber que estava vendo a abóbada celeste como incontáveis
gerações de tribos de beduínos testemunharam desde os primórdios da
Antigüidade.

Às vezes, o caminho por onde nossos camelos marchavam parecia pender


precariamente do lado da montanha. Um tropeço poderia levar a uma
longa queda até o fundo do vale lá embaixo. Afastei essa perspectiva dos
meus pensamentos, desfrutando por completo a experiência em que
havíamos embarcado.

A Lua iluminava as laterais da montanha, mostrando que era um precipício


desprovido de vegetação. Os lados eram cobertos com xisto solto, do tipo
que você podia colocar de pé, escorregar e depois rolar ladeira abaixo.
Estávamos subindo pela rota de uma trilha cuidadosamente escolhida, cujo
caminho serpenteava montanha acima. Eu admirava o homem de 80 anos,
milhares de anos antes, que subiu a mesma montanha, provavelmente no
calor do dia, carregando a comida e a água que necessitava, e sem a
vantagem dessa rota. Não pude deixar de pensar que ele era louco só de
tentar fazer isso.

O ar da noite icara, ao longo do fundo do vale, quieto e quente, com um


doce perfume vindo da vegetação que crescia perto do mosteiro. À medida
que subíamos, o ar da noite icava gelado. Havia um leve movimento no ar;
o pó, chutado pelo lento e metódico caminhar dos camelos, esvoaçava e
penetrava em nossas narinas.

Cerca de duas horas depois de deixarmos o fundo do vale, o camelo que


liderava de repente virou à esquerda rumo a um cercado plano, com
muros de pedra, e os demais de nossa turma o seguiram. Sabendo
exatamente o que se esperava deles, os camelos agacharam-se como uma
instrução para descermos.

Nosso guia nos informou que esse era o ponto mais distante que os
camelos podiam chegar. Dali em diante, o resto da subida, demorava cerca
de mais uma hora, tendo de ser feita a pé. Isso signi icou subir quase 700
degraus de pedra, preparados mil anos antes, pelos monges ligados ao
mosteiro. Não eram degraus do tipo que encontramos em modernos
prédios ocidentais, projetados e construídos de acordo com padrões de
construção cuidadosamente elaborados, com largura, altura e
profundidade regulados. Aqueles eram degraus de alturas que variavam
da largura da mão à altura do joelho, feitos de peças de pedras
depositadas umas sobre as outras. Eram blocos arredondados encaixados
na posição por peças de pedras menores. Cada degrau era torto e
irregular. Não era uma subida fácil. Eu subia uns 30 degraus de uma vez e
então desabava ofegante sobre a pedra em frente, buscando recuperar o
fôlego e descansar as pernas antes de castigá-las novamente. Meu único
consolo é que eu não era o único. Os outros membros da nossa turma
estavam sofrendo a mesma tortura. Finalmente, chegamos ao último
degrau. Tínhamos conseguido. Estávamos no topo. Achei uma laje
pedregosa e sentei, feliz pelo sucesso de chegar ali, embora com o
sentimento de exaustão. O suor quente que me ensopou durante a
escalada agora icara gelado com o ar da manhã que nos picava com
rajadas repentinas. A Lua continuava a lançar sua aura brilhante sobre
nós.

A nossa turma não era a única na montanha naquela manhã. Lá deveria


ter uma centena de pessoas no total e a variedade dos idiomas indicava os
mais distantes lugares do globo, apenas para estar lá, como nós, para
testemunhar o mesmo espetáculo antigo: o nascer do Sol no deserto.

Nossa escalada foi bem cronometrada. Não precisamos esperar muito


antes do primeiro raio de Sol aparecer no horizonte oriental, além da
distante cadeia de montanhas. O raio gradualmente se tornou um feixe de
luz que se alargava em poucos segundos, pressionando a escuridão da
noite de volta contra o horizonte ocidental.

Então, em um piscar de olhos, uma ina linha vermelho-sangue apareceu


no horizonte. Houve um animado tagarelar entre as pessoas reunidas no
topo da montanha, um tagarelar de ansiosa esperança e dos sons dos
botões das dúzias de câmeras ansiosas para registrar o evento. A cada
piscar de olhos, a ina linha vermelho-sangue dava passagem para uma
bola de fogo que emergia progressivamente e, à medida que clareava
calmamente o topo das montanhas distantes, havia uma alegria espontânea
na multidão reunida na montanha. Era para isso que todos viemos. Para
testemunhar isso, todos havíamos feito a exaustiva escalada. Era o grande
espetáculo da natureza, a alvorada e o nascer do Sol. Um novo dia no ciclo
da vida estava começando. Toda experiência estava gravada em minha
memória para ser revivida várias e várias vezes.

Aquele era o deserto do Sinai. Aquele era o Monte Sinai, a Montanha de


Moisés. Aquilo era o que Moisés devia ter visto ao romper do dia durante
seus dias na montanha há 3.500 anos. E abaixo de nós estava o Mosteiro
de Santa Catarina, denotado como o lugar da Sarça Ardente e da torrente
que Moisés liberou ao tocar a pedra com sua vara.

Conclusão
Parece claro que quem quer que Moisés/Mousos tenha sido, como príncipe
egípcio, ele foi educado no conhecimento e na sabedoria antiga, retidos
pelos sacerdotes do Egito. Esse conhecimento incluía informações a
respeito do mundo natural, do macrocosmo, inclusive dos céus, do Sol e da
Lua. Também está claro que ele precisou criar um conjunto de regras de
comportamento civilizado para que a multidão que en im o seguiu pelo
Sinai pudesse usar como base de sua sociedade. Além disso, ele evocou seu
conhecimento do macrocosmo como lhe ensinaram, e incluiu elementos do
mesmo nos rituais e utensílios religiosos que criou. Isso sem dúvida incluiu
a educação de novos sacerdotes no signi icado simbólico oculto de certos
personagens das escrituras. Ele fez tudo isso como parte do processo de
moldar uma plebe discrepante no corpo coesivo de uma nova nação.

Entre os utensílios religiosos importantes criados por Moisés estava a Arca


da Aliança. Davi desenhou um lar para a Arca, então é para ele que vamos
agora voltar nossa atenção.
CAPÍTULO 10
Davi, Heresia e Cronologia

O Antigo Testamento nos fala do desenho do primeiro Templo de


Jerusalém, originado com o rei Davi.

A história conta que existiram três templos dedicados à fé judaica,


construídos no Monte Moriá, em diferentes períodos, naquela que se
tornou conhecida como a cidade de Jerusalém. O primeiro templo, pelo que
já sabemos, foi construído por Salomão, provavelmente por volta de 950
AEC. Depois de quase 400 anos, esse templo foi destruído pelo exército
invasor do rei da Babilônia, Nabucodonossor, por volta de 573 AEC. Após
essa derrota, muitos israelitas foram levados como escravos para a
Babilônia, para lá permanecerem por 70 anos, até que a própria Babilônia
fosse conquistada pelo rei da Pérsia, Ciro, e se tornasse parte do império
persa. Na libertação do cativeiro da Babilônia, os israelitas voltaram para
Jerusalém e um segundo templo foi construído pelo rei Zorobabel no
século VI AEC. Este segundo templo pode ter sido baseado em uma visão
do profeta Ezequiel, que supostamente ocorreu durante o período de
cativeiro babilônico. Mas o mesmo foi saqueado e destruído pelos gregos
por volta de 170 AEC. Então, um terceiro templo foi construído pelo rei
Herodes. Acredita-se que a construção desse templo começou por volta de
20 AEC e continuava em andamento na época de Jesus Cristo, tornando-se
conhecido como o Templo de Herodes. Esse terceiro templo teve uma vida
curta, pois foi completamente destruído pelos romanos em torno de 70 EC,
depois da rebelião dos judeus contra a ocupação romana na Palestina e da
revolta em Jerusalém que ocorreu nessa época. Atualmente, na mesma
área do terreno onde antes foram erguidos os três templos da fé judaica,
ica a mesquita de Al-Aqsa: a Cúpula da Rocha, uma estrutura sagrada
islâmica.

A mesquita de Al-Aqsa cobre uma grande área do espaço original,


incorporando alguns elementos remanescentes do Templo de Herodes.
Pesquisas arqueológicas detalhadas obviamente são di íceis de realizar,
tanto em função da política como da religião.
A moderna exploração arqueológica em profundidade da área que
provavelmente cobria a construção do Templo original esteve repleta de
di iculdades desde o advento de abordagens cientí icas avançadas. Sendo
assim, tais pesquisas só podem con irmar o per il de algum prédio original
e a divisão de salas internas por indícios remanescentes de fundações.
Também pode con irmar a orientação. Com toda probabilidade, a pesquisa
não nos dirá nada da aparência desse templo enigmático, nem como ele
era usado. As únicas fontes que temos nos fornecem indícios da
combinação do texto do Antigo Testamento com o cenário histórico das
culturas que existiam na época em que o Templo foi construído.

Antes de Davi projetar o Templo


Moisés, parece, preparou as fundações do Templo. Salomão o construiu,
mas foi seu pai, Davi, quem o projetou, de acordo com o Antigo Testamento.
Assim, quais fatores podem ter influenciado esse desenho?

Em poucas palavras, vamos esboçar alguma coisa do cenário que podemos


captar do Antigo Testamento que se relaciona com os dois reis, Saul e Davi.
Isso os coloca em um pano de fundo histórico e também explora as
influências que existiam na época.

Samuel, Davi e Saul


A história nos conta que, na época de Samuel, o povo israelita fez saber
que não mais queria ser governado por um comando coletivo, conhecido
como Juizes, mas que esperava que um rei governasse.

Quando jovem, Saul estava procurando alguns jumentos perdidos e decidiu


ir à cidade onde, por acaso, Samuel icava, para perguntar se alguém havia
visto os animais. Na ocasião, Samuel estava evidentemente examinando os
prováveis candidatos para a nova posição. O comportamento de Saul
impressionou Samuel e, assim, no devido momento, ele foi ungido com óleo,
tornando-se rei. Seguiu-se então um período de guerras e derramamento
de sangue. A conclusão, talvez, é que Samuel não icou contente com o
desempenho geral de Saul como rei ou estava ganhando tempo, pois Saul
era uma indicação interina e oportunista. Samuel estava claramente
tentando garantir a futura sucessão sem que ela passasse
automaticamente para os descendentes de Saul. Com certeza algo deu
errado, pois Samuel começou a buscar um sucessor para Saul, e fez isso
em segredo. Embora Saul continuasse rei, Samuel partiu para Belém
levando consigo o Óleo Sagrado usado na unção.

Ao ler os relatos tanto do Antigo Testamento como de Josephus a respeito


do processo de seleção de Saul e Davi, a pessoa tem a impressão de que
Samuel percebeu que havia escolhido Saul mais pelo potencial de liderar
um exército como rei guerreiro do que como o rei com habilidades
diplomáticas que, talvez, a posição também exigisse. Já um pouco idoso,
Samuel estava, portanto, procurando alguém diferente que pudesse ser
indicado para a sucessão de Saul no momento certo, alguém à altura de
comandar como político, que fosse aceito pela linha sacerdotal e que
também tivesse habilidade para aprender a planejar e a entender táticas
militares. Quando escolheu alguém tão jovem, Samuel estava ganhando
tempo para si mesmo e para a hierarquia sacerdotal governante, a im de
passar todos os conhecimentos que possuíam e que consideravam que o
sucessor deveria ter. Em outras palavras, um sólido período de
treinamento. Isso incluiria os segredos sacerdotais aos quais retornaremos
depois. O candidato escolhido foi Davi, filho caçula de Jessé.

Todo esse processo pode ser visto claramente como um assunto delicado,
pois Josephus comenta que Samuel estava su icientemente preocupado,
pois, se fosse descoberto, poderia ser assassinado por Saul tanto em
público quanto por meios mais privados.

Em Belém, Samuel começou a procurar os candidatos adequados. Foi então


que encontrou Jessé e seus ilhos, todos, quer dizer, menos Davi, que icou
cuidando das ovelhas. Samuel claramente não viu o que estava procurando
nos ilhos que Jessé apresentou e Davi foi chamado. Nessa ação, é como se
Samuel já tivesse mandado seus espiões procurarem por um tipo
especí ico de indivíduo e soubesse quantos ilhos Jessé tinha, pois foi ele
quem comentou que parecia que um ilho faltava, que deveria ser
chamado nos campos.

Jessé mandou chamá-lo e ele veio. Ele era ruivo, de belos olhos e boa
aparência.

Então o Senhor disse a Samuel: "É este! Levante-se e unja-o ".


1 Samuel 16,12

Josephus registra que Davi parecia ser de:

Pele amarela, olhar penetrante, e uma pessoa agradável em outros aspectos


também.

Se Josephus estiver correto, parece que Davi estaria sofrendo de alguma


forma de icterícia quando ele e Samuel se encontraram pela primeira vez.
Davi foi escolhido e todos se sentaram para comemorar. Depois de
comerem, Davi foi ungido.

Samuel apanhou o chifre cheio de óleo e o ungiu na presença de seus


irmãos(...)

1 Samuel 16,13

Existe uma passagem muito curiosa em que Josephus diz o seguinte:

(...) Então ele [Samuel] sentou-se para comemorar e colocou o jovem sob ele...
após o que ele pegou o óleo na presença de Davi, e o ungiu, e cochichou em
sua orelha...

O comentário relativo a "cochichou em sua orelha" representa a observação


de um detalhe realmente extraordinário, e devemos supor que Josephus
registrou isso porque era uma parte importante da cerimônia de unção,
cujo signi icado seria entendido pelo menos pelas pessoas que lessem suas
obras. Era como se, ao ser ungido, algum segredo fosse passado para Davi
como parte da cerimônia de elevação ao trono. Sendo assim, as pessoas
icariam curiosas para saber qual segredo seria esse. De fato, a
transmissão de informações altamente con idenciais, de segredos, na
unção de um rei não é desconhecida. Os egípcios tinham uma cerimônia de
entronização em que os segredos de Hórus eram transmitidos. Fragmentos
de um livro que descobri ao pesquisar o assunto mencionavam que, ainda
hoje, quando o novo papa é ungido no Vaticano, supostamente, após a
coroação, ele se retira para um aposentado privativo onde é presenteado
com uma chave e uma caixa de madeira muito antiga. Dentro da caixa há
um pergaminho que o papa lê, sela e coloca de volta na caixa, que então
volta para um lugar seguro. Um segredo é passado de um papa ao outro.

Davi, supõe-se, começou a receber treinamento de Samuel ou alguém


indicado por ele em todo conhecimento considerado necessário. Isso
continuou até Saul icar doente e perceber a di iculdade de sua situação.
Assim, surgiu a oportunidade para Davi ser apresentado a Saul e trabalhar
em seu círculo imediato, embora nada indique que Saul tivesse sido
avisado a respeito da unção de Davi. E possível especular que, tendo sido
educado em outros aspectos do conhecimento necessário, talvez em
sabedoria antiga, Davi tenha sido deliberadamente colocado junto a Saul
para entender melhor a respeito das táticas de guerra e do uso de armas
que, como sacerdotes, Samuel e a hierarquia sacerdotal teriam pouco
entendimento. Devemos admitir que Davi foi um bom aluno, pois o
encontramos combatendo em futuras batalhas.

Inicialmente tudo estava bem, mas Saul icou com inveja de Davi,
especialmente depois deste matar Golias, e começou a tramar a morte dele.
Davi esquivou-se tão bem do esquema de Saul que chegou mesmo a se
casar com Mical, ilha de Saul. Porém, a situação entre os dois homens se
deteriorou, e logo Saul retomou seus esforços para eliminar o carismático
Davi. Felizmente, Davi tinha um bom amigo na pessoa de Jônatas, um dos
ilhos de Saul, que o avisou das intenções de seu pai, e com a ajuda de
Mical, inalmente ele escapou para o deserto. Vários outros desafetos
também foram embora junto com Davi, de modo que o Antigo Testamento
registra, em Samuel, que eles formavam um forte grupo de 600 indivíduos.

Então Davi e seus soldados, que eram cerca de 600, partiram de Queila, e
ficaram andando sem direção definida (...)
1 Samuel 23,13

Saul continuou a caçar Davi e seu grupo, que se tornaram mercenários e


fora-da-lei.

Davi permaneceu nas fortalezas do deserto e nas colinas do deserto de Zife.


Dia após dia Saul o procurava (...)

Quando Davi estava em Horesa, no deserto de Zife, soube que Saul tinha saído
para matá-lo.

E Jônatas, ilho de Saul, foi falar com ele, em Horesa, e o ajudou a encontrar
forças em Deus.

"Não tenha medo", disse ele, "meu pai não porá as mãos em você. Você será
rei de Israel, e eu lhe serei o segundo em comando. Até meu pai sabe disso".

Os dois izeram um acordo perante o Senhor. Então, Jônatas foi para casa,
mas Davi ficou em Horesa.

Saul claramente tratava David como um "ninguém" e casou sua ilha Mical,
mulher de Davi, com outra pessoa: Palti, ilho de Laís. Entretanto, Davi
tinha uma admiradora de nome Abigail que lhe fornecia mantimentos. Tal
era a devoção dela que se casaram.

Duas vezes, enquanto estava sendo caçado no deserto, Davi icou em


posição de matar Saul, mas em ambas ocasiões desistiu de cometer o ato
inal em terras onde Saul era rei e que ele, Davi, não tinha direito de depô-
lo. Isso, claro, só fez a reputação de Davi aumentar ainda mais. Os ilhos de
Saul, inclusive Jônatas, foram mortos em uma batalha com os ilisteus. Saul,
ferido por uma lecha de arqueiros ilisteus, não queria ser pego vivo e,
literalmente, jogou-se sobre sua espada. Assim, Davi tornou-se rei.


Então Saul ordenou ao seu escudeiro: "Tire sua espada e mate-me com ela,
senão sofrerei a vergonha de cair nas mãos desses incircuncisos".

Mas seu escudeiro estava apavorado e não quis fazê- lo. Saul, então, pegou
sua própria espada e jogou-se sobre ela.

1 Samuel 31,4

Então todas as autoridades de Israel foram ao encontro do rei Davi em


Hebrom; o rei fez um acordo com eles em Hebrom perante o Senhor, e eles
ungiram Davi rei de Israel.

2 Samuel 5,3

O uso da palavra acordo indicava que Davi deveria concordar com atender
a certas obrigações de inidas pelas autoridades antes que a realeza fosse
a inal concedida. Essa obrigação pode muito bem ter incluído algum tipo de
juramento de idelidade. Isso indica que havia um grupo de autoridades
que continuava mantendo influência total sobre os negócios da nação.

O Monitor Secreto
Nos livros de Samuel, a amizade entre Davi e Jônatas, ilho de Saul, é
indiscutível. Jônatas parece saber do destino inal de Davi e é mais leal a
Davi do que ao seu próprio pai.

Na Maçonaria Inglesa existe um grau secundário conhecido como A Ordem


do Monitor Secreto. Acredita-se que tal Ordem tenha se originado na
Holanda, onde era conhecida como Ordem de Davi e Jônatas.
Aparentemente, ela foi introduzida na Inglaterra por um certo dr. Zacarias,
em 1875. O objeto da Ordem serve para ensinar as belezas da amizade e
da lealdade, baseando-se nos incidentes das vidas conjuntas desses amigos
bíblicos.

Uma nova cronologia - um novo calendário


Em anos recentes, nova luz foi lançada sobre esse tema da cronologia
bíblica. Já mencionei o trabalho interessante e inovador realizado pelo dr.
David Rohl, no livro intitulado A Test of Time - The Bible from Myth to
History. O dr. Rohl reexamina o tema da cronologia bíblica e arqueológica,
rede inindo a alocação de tempo do calendário em que certos eventos
provavelmente ocorreram. A partir desses dados, as datas da provável
época em que os personagens principais e seus contemporâneos viveram
podem ser deduzidas.

A cronologia dos eventos bíblicos já estava bem estabelecida nos meios


acadêmicos. Nesse contexto, estava claro que a reavaliação de datas
proposta pelo dr. Rohl provavelmente não obteria imediata credibilidade.
Tanto assim que, no prefácio do livro, o professor Robert Steven Bianchi
fez um apelo para que a Nova Cronologia defendida pelo dr. Rohl
recebesse séria consideração. Ele diz do trabalho de David Rohl:

Ele [o dr. David Rohl] foi muito corajoso ao de inir um novo e revolucionário
modelo histórico para o exame crítico de seus colegas. Creio que eles estarão
preparados para enfrentar esse desa io com o verdadeiro espírito do debate
vigoroso e de mente aberta.

O dr. Rohl refere-se aos calendários derivados de sua obra como The New
Chronology [A Nova Cronologia]. Então foi esse o termo que eu usei.

Uma nova cronologia


O dr. Rohl apresenta a hipótese bem fundamentada de que os calendários
anteriormente produzidos por especialistas eminentes em história bíblica
são imprecisos em fusos horários importantes. Esses calendários já
estabelecidos são usados e citados por vários estudiosos em campos de
pesquisa histórica. Nas cronologias estabelecidas, certos eventos bíblicos e
pessoas associadas aos mesmos foram alocados em datas especí icas, mas,
por causa das imprecisões, os dados subsequentes produzidos em campo
por meio da Arqueologia causaram um descompasso com os calendários
da história bíblica anteriormente estabelecidos. Por de inição, se os
arqueólogos estão usando os mesmos calendários estabelecidos, então eles
podem estar atribuindo artefatos e níveis de estratos a eras bíblicas
incorretas, daí a di iculdade de estabelecer conexões com os principais
eventos e personagens. Usando outros dados históricos e informações
periféricas, com datas irmes bem estabelecidas, o dr. Rohl pretende
demonstrar que personagens bíblicos especí icos podem ser identi icados,
junto com suas conexões e seus contemporâneos. Assim, foi de inido que
Moisés teve o faraó Khaneferre Sobekhotep IV (1.529-1.508 AEC) como
padrasto na juventude; Dudimose (que se tornou faraó em 1.448 AEC)
como faraó na época do Êxodo; e Davi e Saul como contemporâneos do
faraó herege Akhenaton/Amenhotep IV (faraó entre 1.022 e 1.007 AEC).
As evidências apresentadas são no mínimo fascinantes, completas e lógicas.

Davi e a Heresia de Amarna


Em A Test of Time, o dr. David Rohl registra observações interessantes
entre o texto do Antigo Testamento, relacionado à era da Monarquia Unida
de Saul, Davi e Salomão, e certos eventos que aconteceram no Egito. Esses
acontecimentos icaram registrados naquilo que é conhecido como Cartas
de Amarna. Por conveniência, parafrasearei seu significado.

Em 1887, pequenas tábuas de barro, usadas para correspondência, há 3


mil anos, quase da mesma forma como usamos uma carta hoje em dia,
foram descobertas em um local ao longo das margens do Rio Nilo, um lugar
que, por um curto período, foi a capital do Egito Antigo. O nome dessa
antiga capital é conhecido agora como Tel-el-Amarna.

Quando Amenhotep IV, mais conhecido como Akhenaton, tornou-se faraó,


ele criou uma religião monoteísta baseada no retorno ao culto do deus-Sol,
o disco Sol, o Aton. Por muitos anos antes dessa época, o centro do poder
estava sediado em Tebas, onde uma poderosa classe sacerdotal
incentivava o culto a Amon, o rei dos deuses. Akhenaton, cuja esposa era a
rainha Nefertiti, construiu a nova capital em louvor ao deus-Sol,
transferindo sua corte real e a base do poder para lá. Como sempre
acontece com o advento de alguma mudança política importante, existiram
vencedores e perdedores. Ao abandonar o culto ao deus Amon, ele
enfraqueceu os sacerdotes de Tebas e, sem dúvida, grande parte da
prosperidade deles. Não somente estava estritamente proibida a menção a
Amon, como pedreiros foram encarregados de viajar por todo o Egito,
removendo qualquer referência a essa base anterior de religião e cultura.
Conforme registros históricos, a era de Akhenaton trouxe muita discórdia
em todo o país, enfraquecendo-o econômica e militarmente e diminuindo
assim a influência do Egito em toda a região.

Existem mistérios que rodeiam o im de Amenhotep IV, Akhenaton. Há


insinuações de que os sacerdotes descontentes inanciaram um golpe
militar. O que quer que tenha acontecido a Akhenaton, este foi, anos
depois, sucedido por Tutankhaton, que logo em seguida mudou de nome,
tornando-se talvez o mais famoso de todos os faraós, Tutankhamon, o rei-
menino. A alteração sutil das últimas quatro letras do nome assinala a
mudança de ênfase de Aton, o deus-Sol, para o retorno de Amon e, com
isso, o restabelecimento de Tebas. Tel-el-Amarna, a nova capital do deus-
Sol, foi abandonada. Essa época é muitas vezes referida por historiadores e
arqueólogos como o período da heresia Amarna.

David Rohl indica que existem certos elementos dos textos traduzidos das
tábuas de barro, encontradas em Tel-el-Amarna, que permitem a
identi icação de Saul e Davi. Em poucas palavras, nas tábuas de barro, é
feita referência ao Habiru. Estes são identi icados como os seguidores
prescritos de Davi, e, portanto, liderados por Davi enquanto este estava no
exílio e fugia de Saul. Existem também algumas cartas escritas diretamente
aos cuidados do faraó, de uma pessoa conhecida como Homem Leão.
Depois ele é chamado de Labayu, que posteriormente foi identi icado como
Saul. Incrivelmente, em uma carta de Labayu (Saul) ao faraó, conhecida
simplesmente como tábua EA254, David Rohl observa que o ilho de
Labayu estivera "implicado nas atividades do Habiru". O Habiru foi
identi icado anteriormente como Davi e seu bando de prescritos quando
eles estavam vivendo no exílio e se mantinham afastados de Saul. O " ilho"
mencionado é provavelmente uma referência a Jônatas e ao conluio deste
com Davi.

A partir dessa esplêndida peça de trabalho de detetive de David Rohl,


apenas podemos concluir que Saul e David foram contemporâneos de
Akhenaton, e que ambos foram bem conhecidos de nome e de feitos pelas
autoridades egípcias da época. Reciprocamente, também podemos tirar a
conclusão de que Davi e Saul deviam estar a par da mudança política que
havia ocorrido no Egito, com a ascensão do deus-Sol, o Aton, e da cidade de
Tel-el-Amarna, dedicada a ele. Tamanho era o poder e a in luência dos
egípcios que Davi, em particular, deve ter sido in luenciado pelo
conhecimento do deus-Sol conforme proclamado pela Heresia Amarna.

No Antigo Testamento existe uma coletânea de poemas conhecida como


Salmos. Os Salmos são atribuídos a Davi. No inal do século XX, houve uma
bem fundamentada sugestão de que Davi não seria o autor de trechos
signi icativos desses poemas, com sessões inteiras sendo atribuídas a
Akhenaton e seu louvor ao deus-Sol, o Aton.

Observando o papel do sacerdócio levita em seu cuidado com o


Tabernáculo e a Arca, ambos os quais parecem ter sido desenhados
segundo os princípios da sabedoria antiga, seria possível que aspectos
dessa sabedoria tivessem sido combinados com elementos da nova religião
atribuída ao deus-Sol, como era então praticada no Egito, e tivessem
encontrado caminho para as plantas e o desenho do Templo, que Davi
depois passou para Salomão?

O resultado da comparação com as diferentes cronologias coloca os


eventos conforme mostrados nas tabelas a seguir.

Como podemos ver, a janela de tempo alocada para o Êxodo varia por um
período de cerca de 200 anos. Isso é crítico, pois o texto bíblico em relação
à construção do Templo de Jerusalém cita intervalos de tempo relativos ao
Êxodo. Por exemplo, 1 Reis 6,1 afirma que a construção do templo começou
no quarto ano do reinado de Salomão e 480 anos após o Êxodo. Em outras
palavras, se pegarmos os intervalos de tempo como afirmados literalmente,
então o reinado de Salomão começou 476 anos depois do Êxodo. Com base
nos calendários mostrados na tabela, o Templo teria sido construído em
algum momento entre 974 e 775 AEC. Essa é uma variação enorme em
comparação com a data aceita, em tomo de 950 a 960 AEC.

A cronologia bíblica coloca eventos importantes relacionados a essa


investigação na tabela a seguir.

A tabela acima é baseada em informações e em um calendário publicado


n o The Student Bible Dictionary [O Dicionário do Estudante de Bíblia],
compilado por K. Dockery, J. Godwin e P. Godwin.

Davi começa a projetar o Templo

Foi depois de sua posse como rei que Davi decidiu trazer a Arca da Aliança
para fora do armazenamento. Também pela primeira vez somos
apresentados a Hirão, rei de Tiro.

Ficamos então sabendo que, embora Salomão seja considerado o


construtor do primeiro Templo de Jerusalém, o projeto foi criado por Davi.
Mas não existe nada mencionado no livro de Samuel nem no de Josephus
que explique como Davi obteve os conhecimentos necessários. Existem,
porém, vestígios de onde e como tais conhecimentos podem ter sido
transmitidos.

Em primeira instância, nós já sabemos que o Templo foi fundamentalmente


construído para abrigar a Arca. Em 1 Crônicas 13, Davi parece lembrar de
repente que a Arca existiu:

Vamos trazer de volta a arca de nosso Deus, pois não nos importamos com
ela durante o reinado de Saul.

1 Crônicas 13,3

Em 1 Crônicas 23, icamos sabendo que os levitas tinham a obrigação de


cuidar da Arca e do Tabernáculo. Era dever deles transportá-los aonde
fosse necessário. Eram obrigações deles ajudar os descendentes de Aarão
na administração e no cuidado de todas as coisas sagradas que possuíam.
Aarão era irmão de Moisés e seus descendentes claramente retinham as
posições primárias na linha sacerdotal como responsabilidade hereditária.
Aarão é o primeiro verbete de The Student Bible Dictionary e é de inido
como:

Aarão: Irmão mais velho e porta-voz inicial de Moisés(...) Foi o primeiro sumo
sacerdote de Israel. O sacerdócio aarônico (sacerdotes da tribo de Levi) foi
assim chamado por causa dele.

Seria razoável supor então que, se os sacerdotes eram os guardiões da


sabedoria antiga, dos mistérios antigos, os sacerdotes da tribo de Levi
seriam os guardiões desse conhecimento dentro da nação israelita. Além
do mais, os levitas continuavam a reter o Tabernáculo e a Arca, de modo
que podemos supor, corretamente ou não, que o simbolismo, que já havia
sido revelado no que diz respeito tanto ao Sol e à Lua, como à geometria e
os números sagrados, continuava notório e bem conhecido para aqueles
que precisavam saber.

Em 1 Crônicas 28, Davi cede as plantas para o Templo de Salomão, junto


com os detalhes de todos os materiais, os trabalhadores escravos e os
artesãos que ele já havia preparado para a tarefa. Ele incentivou Salomão a
não desistir da empreitada.

Então Davi deu a seu ilho Salomão a planta do pórtico do Templo, dos seus
edifícios, dos depósitos, dos andares superiores(...)

1 Crônicas 28,11

Disse Davi a Salomão: "Tudo isso a mão do Senhor me deu por escrito, e ele
me deu entendimento para executar todos esses projetos".

1 Crônicas 28,19


Essa expressão "entendimento para executar todos esses projetos" é digna
de nota pois indica que ele entendia os elementos de arquitetura, os
conceitos e a geometria para a de inição do Templo. Há referência
especí ica ao pórtico e aos andares superiores, o que implica que existia
algo especial no desenho deles.

O total de ouro e pedras preciosas mencionado é inacreditável. Na nota de


rodapé de I Crônicas 29, existe uma aproximação de pesos de ouro e prata.
Davi passou adiante sua própria riqueza, que chegava a cerca de 110
toneladas de ouro e 260 toneladas de prata re inada. Os líderes das
famílias importantes também izeram doações que coletivamente somaram
duas toneladas de ouro e 375 toneladas de prata. Foi feita uma estimativa
considerando o valor do ouro e da prata no início do século XXI, então o
valor total desses metais preciosos seria em torno de £50 bilhões (ou US
$90Bn) [50 bilhões de libras (ou 90 bilhões de dólares)].

O Templo não era apenas um lar permanente para a Arca: marcava


também o im da linha para o Tabernáculo, que então já durava cerca de
450 anos.

Embora pareça provável que a arquitetura projetada por Davi e os


sacerdotes da época abrangia o mesmo conhecimento de desenho da Arca
e do Tabernáculo, a sabedoria antiga, alguém poderia considerar se não
existiriam outras motivações na ocasião. E não é de surpreender que sim,
existiam.

A Shekiná
Na versão King James do Antigo Testamento existe uma referência a
Shekiná. A palavra aparece no livro de Êxodo por volta do tempo em que o
Tabernáculo estava sendo construído e posicionado. Mas o que era a
Shekiná?

Houve a sugestão de que se tratava de uma referência ao planeta Vênus e,


em particular, ao ciclo de 40 anos que resulta no movimento aparente de
sua órbita para criar o forma de um pentagrama progressivamente
descrito no céu, e Vênus retornando ao mesmo ponto no céu, criando um
relógio de precisão de 40 anos. Aparentemente, isso era bem entendido
pelas culturas antigas, inclusive pelos celtas e druidas.
A referência a Shekiná desaparece do texto em traduções mais modernas,
sendo substituída por uma nuvem de glória. No Easton's Bible Dictionary
[Dicionário de Bíblia de Easton], encontramos a Shekiná mencionada
assim:

Uma palavra Caldeia que signi ica lugar de descanso(...) usada pelos judeus
posteriores para designar o símbolo visível da presença de Deus no
Tabernáculo, e mais tarde no Templo de Salomão(...) E provável que depois da
entrada em Canaã essa nuvem de glória tenha pairado sobre a Arca da
Aliança no local mais sagrado. Não temos nenhuma referência especial a ela
até a consagração do Templo por Salomão quando a mesma encheu todo o
edi ício de glória, de modo que os sacerdotes não puderam icar para o
o ício(...) Provavelmente permaneceu no primeiro templo no Santo dos
Santos como símbolo da presença de Jeová durante todo o período em que o
templo existiu. Posteriormente, desapareceu.

Se, como indiquei anteriormente, o Tabernáculo desenhado por Moisés


re letia o conhecimento dele do macrocosmo, incluindo os corpos celestes,
então também é altamente provável que ele entendesse o ciclo de 40 anos
de Vênus, como os antigos então entendiam, junto com a forma do
pentagrama resultante. Se, como alguns autores sugerem, esse era um
ciclo altamente respeitado, que fazia parte de suas crenças religiosas,
então é muito provável que fosse conhecido como tal por Moisés há 3.500
anos. O ciclo de 40 anos, portanto, não poderia ser ignorado e se tornaria
uma importante característica para inclusão nos rituais dos sacerdotes,
com esse conhecimento depois sendo transferido para o primeiro Templo
em Jerusalém. Em particular, os antigos pensavam ter observado a posição
de Vênus especi icamente cerca de uma hora antes do nascer do Sol no dia
do equinócio como sendo o início e o im do ciclo de 40 anos. Nós já
sabemos que o tabernáculo era orientado para que os primeiros raios do
Sol na alvorada brilhassem através da entrada e recaíssem sobre a Arca.
Por de inição, o mesmo se aplicaria à luz que emanava de Vênus. Essa luz
era altamente respeitada e se tornou conhecida como nuvem de glória.
Assim, uma vez a cada 40 anos, a luz do planeta Vênus iluminaria a Arca
dentro do tabernáculo. Com o Templo sendo construído para re letir as
características do Tabernáculo, o mesmo processo seria incluído. Com a
destruição do Templo pelos invasores babilônicos 400 anos depois, é
possível que esse conhecimento tenha se perdido ou icado esquecido e,
quando o segundo templo foi construído por Zerubabel, tenha sido omitido,
daí o comentário do Easton's Bible Dictionary de que ele "posteriormente,
desapareceu". Mas não desapareceu, esse conhecimento simplesmente foi
perdido, ou já não era mais importante.

O templo em Jerusalém foi construído, com base nas tabelas de


informações dadas anteriormente, em algum momento por volta de 945 a
958 AEC.

É interessante saber que em 21 de junho de 945, solstício de verão, às 4


horas, a relatividade de Sol-Vênus no céu era quase igual à da mesma data
em 958 AEC. Isso foi revelado com o uso do software de astronomia
chamado Skyglobe.

Conclusão
Na juventude, Davi indubitavelmente esteve ciente da in luência do Sol na
cultura egípcia por meio daquilo que icou conhecido como a Heresia
Amarna. Parece muito provável que ele desenhou o Templo para refletir as
características do Tabernáculo. Este foi desenhado por Moisés e também
in luenciado pelo nascer do Sol na alvorada. E possível ainda que outra
característica do macrocosmo, a órbita de Vênus-Shekiná, também tenha
desempenhado seu papel.

O padrão emergente sugere que as principais in luências apresentadas no


desenho do Templo se relacionam com o macrocosmo.


CAPÍTULO 11
Salomão e Sua Sabedoria - Revelados

A sabedoria de Salomão
Após ser entronizado rei dos israelitas, Salomão atrasou a construção do
Templo por cerca de quatro anos, apesar de os materiais e da mão-de-obra
já estarem preparados por seu pai Davi.

Quatrocentos e oitenta anos depois que os israelitas saíram do Egito, no


quarto ano do reinado de Salomão em Israel(...) ele começou a construir o
templo(...)

1 Reis 6,1

Nesse período de quatro anos, Salomão buscou sabedoria. E tamanha é a


percepção do alcance dessa sabedoria, que mesmo atualmente não é
incomum ouvir alguém fazer comentários do tipo:

"Ele tem a sabedoria de Salomão", e "isso testaria a sabedoria de Salomão" ou


"seria preciso a sabedoria de Salomão para resolver isso".

Grande parte do mérito de tal sabedoria é atribuída à curta seqüência


mencionada em 1 Reis 3,16-28. Duas prostitutas viviam na mesma casa e
cada uma deu à luz um ilho com poucos dias de diferença uma da outra.
Um dos bebês morreu e surgiu uma disputa entre as mães sobre qual
bebê havia morrido e quem cuidaria daquele que continuava vivo. Uma
das mães a irmou que, quando foi alimentar seu bebê à noite, o encontrou
morto. Mas, após uma inspeção mais acurada, veri icou que aquele que
havia examinado não era seu ilho; a criança morta, ela alegou, pertencia à
outra mãe. A disputa foi levada diante de Salomão. O julgamento deste foi
pedir uma espada para matar o bebê e cortá-lo em dois, de modo que
ambas as mães pudessem compartilhar uma parte. A verdadeira mãe
suplicou a Salomão para que a vida do bebê fosse poupada, cedendo-o à
outra mãe. A segunda mãe sugeriu que o bebê fosse cortado em duas
partes, de modo que ambas pudessem compartilhá-lo. Salomão decidiu que
deveria dar o bebê à primeira mulher, pois nenhuma mãe de verdade
conseguiria ver seu bebê morto. Esse julgamento foi uma hábil
representação do pensamento lateral da parte de Salomão. É desses 13
versículos do livro de Reis, que descrevem tais acontecimentos, que todo o
escopo da sabedoria de Salomão é atestado e enaltecido.

Existe uma segunda história a respeito da sabedoria de Salomão que


sempre é citada pelos pregadores. Trata-se da rainha de Sabá levando
lores a Salomão. Algumas lores eram reais e outras, arti iciais. As lores
arti iciais eram tão bem feitas que se tornarva virtualmente impossível
identi icá-las das reais e a rainha de Sabá pediu-lhe para distingui-las.
Salomão identi icou as lores de verdade colocando todas perto de uma
janela aberta e observando quais lores eram procuradas pelas abelhas. O
problema dessa história é que ela não aparece em nenhum dos textos que
constituem a Bíblia Sagrada. Existem, no entanto, histórias transmitidas na
Arábia e na Etiópia a respeito da lendária rainha de Sabá. Pode ser de uma
dessas tradições que a história das lores deve ter sido mais tarde
derivada e transmitida para o nosso próprio folclore. Mas, da maneira que
existe atualmente, nos resta apenas a história simples de 1 Reis 3,16-28
como demonstração prática do pensamento lateral que aponta para a
grande sabedoria notada em Salomão.

Em 1 Reis 4, 29-34, somos brindados com uma de inição muito mais ampla
da sabedoria de Salomão. Não é a habilidade já demonstrada de
pensamento lateral, mas a sabedoria que adquirira por meio de estudo
especializado.

Descreveu as plantas, desde o cedro do Líbano até o hissopo que brota nos
muros. Também discorreu sobre os quadrúpedes, as aves, os animais que se
movem rente ao chão e os peixes.

1 Reis 4,33


Para ter essa capacidade, provavelmente ele precisaria se inspirar em
algum interesse pelo mundo natural, talvez incentivado e sustentado pelos
sacerdotes levitas. Por meio da referência ao cedro do Líbano e ao hissopo,
o escriba está demonstrando a a inidade com alguma coisa grande e óbvia
por um lado, as árvores de cedro, enquanto, no outro lado da escala, temos
um tipo de hortelã silvestre, o hissopo.

A sabedoria de Salomão era maior do que a de todos os homens do Oriente, e


do que toda a sabedoria do Egito.

1 Reis 4,30

Poderia ser que os homens do Oriente fossem alguma referência à ciência


Caldeia dos corpos celestes, o zodíaco, a precessão, as órbitas dos planetas,
os princípios da astrologia e a mecânica celeste. Esse conhecimento não
seria o mesmo que foi ensinado a Moisés quando príncipe do Egito? E
ainda o mesmo conhecimento celeste que, de acordo com Josephus, Moisés
usou para de inir certos atributos das vestes e dos rituais sacerdotais. Esse
mesmo conhecimento era de domínio dos sacerdotes da tribo de Levi. E o
conhecimento que constitui uma compreensão do macrocosmo. O mesmo
que constituía a sabedoria antiga.

Será que Salomão deliberadamente embarcou em algum curso de


educação da sabedoria antiga de modo a alcançar melhor entendimento
das plantas do Templo que seu pai lhe deixou?

Com mais essa referência da Nova Cronologia do dr. Davi Rohl, poderia
parecer que o reinado do faraó herege, Akhenaton, tivesse terminado na
época em que Salomão chegou ao trono. O Egito teve o rei-menino
Tutankhamon como sucessor de Akhenaton não muito tempo depois do
falecimento do último, imediatamente seguido por Horemheb, em cujo
reinado o Egito começou a recuperar sua influência política na região.

Davi e o deus-Sol
A partir disso, cheguei à conclusão de que Davi desenhou o Templo para
re letir a in luência do deus-Sol, o Aton, então em voga no Egito. Davi
morreu. Pouco antes da morte de Davi, aconteceu o falecimento de seu
contemporâneo, Akhenaton, de modo que ambos deixaram o poder com
pequeno período de diferença um do outro. David Rohl sugere que a
princesa egípcia, com quem Salomão casou, era ilha de Horemheb, como
parte do que se poderia chamar de um tratado de paz entre as duas
nações, no momento em que Horemheb restabelecia o controle sobre seu
próprio país. Salomão, tendo sido incumbido da construção do Templo e
vendo o falecimento de Tutankhamon, esperou para ver o que aconteceria
no Egito. Ele usou o tempo que dispunha para obter o máximo de
conhecimento do macrocosmo que podia, tendo sido ensinado pelos
sacerdotes de Levi, e talvez até por outros do Egito em conseqüência do
casamento com a ilha do faraó. Então, ele modi icou as plantas de modo
que isso re letiu no desenho que seu pai lhe havia deixado, mas não tão
abertamente que causasse atrito com seu poderoso vizinho, o Egito.

No inal do século XX, membros da comunidade acadêmica sugeriram que


o Livro dos Salmos, freqüentemente atribuído a Davi, pode não ter sido
escrito por ele. Vários Salmos são hoje atribuídos a Akhenaton, como
poemas de adoração e louvor ao deus-Sol, o Aton.

Conclusão
Durante quase 2 mil anos, o texto contido na Bíblia Sagrada foi tratado
como sacrossanto. É fácil entender como vários eventos, que não eram
fáceis de explicar pelos líderes da Igreja no passado distante, foram vistos
como milagres ou como conseqüências da intervenção divina. E, quem
sabe, talvez fossem. Porém, em meados da Era Vitoriana, a exploração
arqueológica na área conhecida como Terra Santa, o exame cuidadoso de
documentos históricos e religiosos e a aplicação da ciência baseada na
investigação colocaram diante de nós informações que permitiram que os
antigos milagres fossem vistos no contexto de eventos naturais, que podem
ser explicados. Tais explicações podem parecer desconfortáveis para
milhões de indivíduos que aceitaram, incondicionalmente, o dogma no qual
foram educados e inspirados a acreditar.

Esse mesmo tema pode ser considerado por meio da suposta sabedoria de
Salomão. Ele recebeu dos pregadores da Igreja atual o mérito do
pensamento lateral no exemplo que envolve os ilhos das prostitutas. Mas
sua sabedoria se estendeu claramente além do conhecimento associado ao
macrocosmo, o que raramente é mencionado, se é que já foi alguma vez.

Como rei israelita, é di ícil imaginar que Salomão não estivesse a par do
simbolismo ligado às vestes sacerdotais, como nota Josephus. Tal
simbolismo é relacionado ao universo celestial e aos corpos celestes
primários do Sol e da Lua. E isso tem uma conexão direta com Akhenaton e
com seu culto ao deus-Sol.

Então, chegou o momento de olharmos mais de perto alguns textos


periféricos associados ao Templo de Salomão.
CAPÍTULO 12
Quem Foi Salomão?

Quem Foi Moloque?


Salomão não era seu nome de batismo, mas o nome que lhe foi atribuído
depois que morreu. Essa é a opinião que o dr. David Rohl expressa em A
Test of Time. Em virtude de ser um nome adquirido, então qual seria o
verdadeiro nome dele? E como ele adquiriu esse novo nome?

Visto de outra maneira, o novo nome não estaria talvez relacionado a uma
função do Templo, que, como construtor, foi então traduzido como sendo o
nome dele? Ou, tendo ele conquistado o nome, será que o mesmo não se
refletiu de volta no Templo?

Normalmente, considera-se o nome Salomão derivado da palavra hebraica


Shalom, que signi ica paz. Com certeza o Antigo Testamento indica que a
era do rei Salomão foi uma época de relativa paz para os israelitas, depois
das carni icinas executadas pelo pai de Salomão, Davi, e por Saul, antes
deste. Porém, não há provas que liguem o nome de Salomão com a palavra
Shalom. Parece uma fábula inventada em algum momento do passado,
talvez como teoria apresentada por algum estudioso acadêmico, e que foi
regularmente regurgitada e estabelecida como fato comprovado, sem
sombra de dúvida, o que não é o caso.

Davi e Bate-Seba
Podemos ter uma perspectiva do verdadeiro nome de Salomão por meio do
livro de Samuel. O capítulo 11 nos diz que certo dia Davi acordou e,
olhando fora de seu palácio, viu uma bela mulher banhando-se. O nome
dela era Bate-Seba. Ela foi chamada por ele, que dormiu com ela. O
problema é que ela era casada, sendo nome do seu marido Urias. Davi
havia tomado parte em uma ligação adúltera. Bate-Seba voltou para casa e
descobriu que estava grávida. Ela escreveu a Davi, explicando a situação.
Davi precisava encontrar uma solução. Ele enviou o marido dela, Urias,
para a guerra e deu ordens a seu general, Joab, para que Urias fosse
colocado na linha de frente da batalha, sendo abandonado à própria sorte.
Desnecessário dizer que Urias foi morto. O caminho agora estava livre para
Davi se casar com Bate-Seba e a inal tornar o nascimento da criança, seu
ilho, menos controverso. Natã, o profeta, visitou Davi e castigou-o
severamente pela ação insensata em relação a Urias, e disse a Davi que ele
haveria de pagar caro por seus atos, talvez até com sua própria vida. No
capítulo 12, lemos como a punição lhe foi imposta.

Então Davi disse a Natã: "Pequei contra o Senhor!" E Natã respondeu: "O
Senhor perdoou o seu pecado. Você não morrerá".

2 Samuel 12,13

Todavia, porquanto com este feito tu deste motivo a que os inimigos do


Senhor blasfemem, o filho que te nasceu certamente morrerá.

2 Samuel 12,14

Então Natã foi para sua casa. Depois o Senhor feriu a criança que a mulher
de Urias dera a Davi, de sorte que adoeceu gravemente.

2 Samuel 12,15

Davi orou e se apegou à esperança de que a criança seria poupada.


Infelizmente, a criança morreu. Bate-Seba icou enlouquecida. É neste
cenário que, nos versículos 24 e 25, somos apresentados pela primeira vez
a Salomão:

Depois Davi consolou sua mulher Bate-Seba e deitou-se com ela, e ela teve um
menino, a quem Davi deu o nome de Salomão. O Senhor o amou.

2 Samuel 12,24
E enviou o profeta Natã com uma mensagem para Davi. E Natã deu ao
menino o nome de Jedidias.

2 Samuel 12,25

Tendo em mente o comentário do dr. Rohl de que o nome Salomão foi


atribuído a ele algum tempo após sua morte, então o versículo 25 acima
sugere uma ação positiva da parte do escriba que escreveu o texto, não
apenas para registrar os eventos conhecidos, mas para nos levar a saber
que a pessoa que subseqüentemente viemos a conhecer como Salomão
originalmente se chamava Jedidias, que depois se tornou o rei Jedidias.
Podemos, portanto, concluir que o primeiro Templo de Jerusalém,
construído por esse descendente de Davi, teria realmente se tornado
conhecido como o Templo de Jedidias.

Então, como vamos chegar de Jedidias a Salomão?

O que provocou essa mudança?

É o texto do Antigo Testamento que fornece a pista quando os ornamentos


do dogma são revelados. Essa visão vem da observação mais acurada da
decoração do Templo.

Explorando as decorações
As colunas do Templo de Salomão, conforme o Antigo Testamento
menciona, podem ter uma signi icância maior do que anteriormente se
acreditava.

Quando usamos o termo coluna, nossa experiência e associação com a


palavra podem criar a impressão de um dispositivo estático, uma estrutura
que sustenta um teto, um pórtico ou uma abóbada cobrindo uma entrada.
As colunas usadas em colunatas normalmente de inem limites de algum
tipo. Em todos esses casos, tais colunas podem ser decorativas e repercutir
os estilos arquitetônicos clássicos, embora sejam dispositivos do tipo que a
maioria das pessoas não repara pela segunda vez. Estão ali cumprindo
uma tarefa que é tomada por certa. Supondo, então, que existissem colunas
que não sustentassem nem tetos, nem pórticos, nem qualquer outra coisa,
que fossem apenas autossustentáveis, icando aprumadas ao ar livre, sem
nenhuma função. Isso nos levaria a perguntar: para que elas servem? Qual
a razão de alguém se dar ao trabalho de construí-las ou fazê-las? Ou erguê-
las? Colunas independentes foram construídas em tempos antigos, mas a
maioria das que restaram, como os obeliscos, tinha super ícies gravadas
que registravam algum tipo de evento. Eram marcadores.

No caso do Templo de Salomão, nós sabemos de duas colunas. O que não


sabemos ainda é para que elas serviam, por que estavam lá. Pois elas
deviam ter tido alguma inalidade, caso contrário não haveria razão para
essas pessoas dos tempos antigos se darem ao trabalho de fazê-las,
transportá-las por tantas milhas e erguê-las. Apenas decoração? Não é
provável. Aquelas pessoas não se davam ao luxo da decoração pela
decoração. Tudo o que eles construíam tinha algum propósito, fosse prático
ou simbólico da cultura deles. Muitos estudiosos avaliaram o signi icado
das colunas durante o século XX, e de maneiras variadas atribuíram-lhes
diferentes funções e usos. Dois dos que são mencionados com maior
regularidade sugerem que elas eram queimadores de incenso ou
marcadores para a previsão de equinócios e solstícios. Porém, minhas
pesquisas sugerem que tinham outros atributos ocultos, dos quais
trataremos no devido momento.

Como acontece em relação a outros aspectos do Templo, adotei a visão de


que, como são mencionados nos textos dos livros de Reis e Crônicas do
Antigo Testamento, as colunas deveriam ter signi icado especial, caso
contrário, por qual razão se dariam ao trabalho de mencionar tais coisas?
Além disso, existem muitos detalhes a respeito do tamanho e da decoração
das partes componentes, não talvez as minúcias que se poderiam esperar
caso elas fossem meros ornamentos decorativos. Como as colunas são
gravadas com muitos detalhes, isso deve indicar que teriam algum
signi icado importante, talvez cerimonial, ou alguma outra inalidade
principal. A inal, quase todas as outras decorações do templo eram
igualmente detalhadas, com comentários a respeito de sua funcionalidade.

O Mar, as pias e os implementos


O Mar [Tanque], mencionado em 1 Reis 7 e 2 Crônicas 4, icava localizado
no canto sudeste do pátio, ou colunata, em frente ao Templo. Nós já
sabemos que o Mar [Tanque] tinha forma circular, com dez côvados (15
pés ou 4,5 metros) de diâmetro. Tinha cinco côvados (7,5 pés ou 2,3
metros) de altura; então, não era o tipo de coisa que alguém poderia
facilmente enxergar quando estava em pé no nível do piso, e, portanto,
fornecia um certo grau de privacidade para a pessoa que estivesse nele. O
Mar [Tanque] comportava 3 mil banhos, que, como as notas de rodapé da
Bíblia indicam, exigiam algo em torno de 17.500 galões (80 mil litros) de
água. Já sabemos que isso era fundido, sem dúvida em bronze, então
deveria ser pesado. Também precisaria ser resistente. O peso da água
alcançaria cerca de 136 mil libras (61 toneladas ou 61.690 quilos). Isso
contando com as 12 iguras de touros necessárias para suportá-lo. Em 1
Reis 7 sabemos que o Mar [Tanque] permitia 2 mil banhos, mas as notas
de rodapé no texto bíblico observam que "a Septuaginta não tem esta
sentença", o que signi ica que, para o livro de Reis, trata-se de uma
sentença acrescentada em outro momento. O Mar [Tanque] era uma
banheira enorme, equivalente a uma piscina pequena. Sem dúvida era
usado por vários sacerdotes ao mesmo tempo, o que contaria para a
necessidade do tamanho. Além disso, havia uma borda em volta do topo
para impedir que a água deslocada pelo movimento dos sacerdotes dentro
do Mar [Tanque] alagasse o pátio embaixo.

Nós já sabemos que o Mar [Tanque] era usado pelos sacerdotes para
limpeza. Não sabemos ainda se essa limpeza era antes ou depois do ritual.

Entre outros utensílios do pátio existiam as pias, dez no total, com cinco
para o norte e cinco para o sul. Elas serviam para a lavagem dos
implementos usados nas oferendas queimadas [holocausto]. Em outras
palavras, durante o sacrifício ritual. Mas o que era sacrificado?

Esses utensílios poderiam estar associados ao festival de Moloque?

Moloque - Molech
De repente, o texto de 2 Reis, que observei várias vezes mas desprezei
como sendo irrelevante para minhas pesquisas, adquiriu toda uma nova
dimensão. Eu havia desprezado sua importância antes, pois o mesmo
estava relacionado ao período imediatamente anterior àquele em que o
Templo foi a inal destruído pelos babilônicos, em oposição à construção na
primeira instância.
O texto em questão é 2 Reis 23,10 em que lemos:

Também profanou Tofete, que icava no Vale de Ben-Hinon, de modo que


ninguém mais pudesse usá-lo para sacrificar seu filho ou filha a Moloque.

Foi a última parte do versículo, "para sacri icar seu ilho ou ilha a Moloque",
que chamou minha atenção. Estiveram os israelitas realmente envolvidos
no sacrifício de crianças? E quanto tempo isso durou?

Josias foi rei de Israel cerca de 400 anos após o Templo de Jerusalém ter
sido construído por Salomão. Aqui existia a a irmação de que um grupo de
pessoas, os israelitas, que haviam conquistado a mais alta estima e respeito
por muitas gerações, foram indulgentes na grotesca atividade de sacri ício
de crianças. O sacri ício humano é, evidentemente, bem registrado como
prática tolerada por aquelas culturas consideradas pagãs, como os astecas
e os incas da América do Sul, mas não estava associado aos antepassados
das principais religiões ocidentais. Com certeza, isso não poderia estar
certo? E o que era o "fogo de Moloque"?

Essas simples questões me arremessaram a um território impróprio da


religião nessa época. Fiquei ainda mais surpreso pelo fato de isso não ser
mais amplamente tratado. Contudo, pensando bem, é possível entender
como as autoridades religiosas de épocas passadas tiveram interesse em
mascarar esse grotesco aspecto de práticas claramente toleradas por
iguras bíblicas de alto nível, respeitadas e veneradas há séculos. Sabia-se
do festival de Moloque, que havia sido praticado na época de Salomão. E, ao
que parece, era um antigo festival já naquela época.

De acordo com várias enciclopédias e fontes de referências, Moloque


signi ica "rei", mas também podia ser interpretado como "deus". No Antigo
Testamento também podia ser escrito como Molech.

O altar do sacri ício era aparentemente uma grande estátua oca de um


touro, também citado como bezerro. A crença é que crianças eram
ritualmente mortas enquanto as pessoas dançavam em torno de Moloque,
ao som de música barulhenta, de modo que eles não podiam ouvir a
gritaria das crianças enfrentando a brutalidade desse ritual abominável.
Após ser morta, o corpo da criança assassinada era então depositado aos
pés do bezerro agachado, como se fosse comida; o bezerro estava pronto
para consumir o sacri ício, a criança assassinada. Uma fogueira era
construída dentro do bezerro ornamental de modo que seu corpo e seus
olhos icassem vermelhos em brasa. Acredita-se que o corpo da criança
sacri icada era então colocado dentro da estátua do bezerro para ser
consumido pela fogueira. Esse processo normalmente é descrito no texto
bíblico como passagem pelo fogo. Acredita-se que esse ritual tenha
continuado até por volta do século VI AEC, quando Josias inalmente tomou
medidas para bani-lo.

A mais famosa evidência citada para apoiar a associação do sacri ício de


crianças com Moloque está em Gênesis 22, 2-13. Abraão levou seu ilho
Isaque a Moriá, mais tarde o local onde o Tempo de Salomão foi construído,
para ser sacri icado, mas no último minuto Abraão icou tão dominado pelo
remorso que pegou uma ovelha e a sacri icou no lugar dele. O versículo 2
contém o texto significativo:

Tome seu ilho, seu único ilho, Isaque, a quem você ama, e vá para a região
de Moriá. Sacrifique-o ali como holocausto(...)

Em Êxodo, há um ponto no texto quando Moisés está no Monte Sinai


recebendo os Mandamentos e, em sua ausência, seus seguidores
descontentes construíram um bezerro para adoração. Em Atos 7, 41-43,
existe a menção positiva de que os israelitas toleravam o festival de
Moloque, o que indica que a memória de tais práticas continuou pelo
menos com os escribas.

41... Naquela ocasião izeram um ídolo em forma de bezerro. Trouxeram-lhe


sacri ícios e izeram uma celebração em honra ao que suas mãos tinham
feito. 42... Mas Deus afastou-se deles e os entregou à adoração dos astros...

43... levantaram o santuário de Moloque e a estrela do seu deus Renfã, ídolos


que vocês fizeram para adorar...

Moloque não é mencionado pelo nome em Êxodo 32, somente que os


israelitas construíram um bezerro enquanto Moisés estava longe na
montanha. Mas o construtor do bezerro não era outro senão Aarão, irmão
de Moisés. O texto continua:

Vendo isso, Aarão edi icou um altar diante do bezerro e anunciou: "Amanhã
haverá uma festa dedicada ao Senhor". Na manhã seguinte ofereceu
holocaustos e sacri ícios de comunhão. O povo se assentou para comer e
beber, e levantou-se para se entregar à farra.

Êxodo 32, 5-6

Moisés, devemos presumir, estava assustado com esse festival e tomou


providências para bani-lo, como Josias fez mil anos depois. Mas está claro
que a herança permaneceu. No Salmo 106 não há dúvidas a respeito do
que acontecia. No versículo 19 podemos ler:

Em Horebe fizeram um bezerro, adoraram um ídolo de metal.

E continua nos versículos 37 e 38:

Sacrificaram seus filhos e suas filhas aos demônios.

Derramaram sangue inocente, o sangue de seus ilhos e ilhas sacri icados aos
ídolos de Canaã; e a terra foi profanada pelo sangue deles.

Na época em que o Templo de Salomão foi consagrado, Salomão era rei há


17 ou 18 anos; ele reinou quatro anos antes de começar a construção, que
demorou 13 anos para ser edi icada. Está registrado que nessa época a
adoração de Moloque estava bem estabelecida nos montes e vales em
torno de Jerusalém e, em particular, na área conhecida como Vale de Ben-
Hinon. Por ocasião da inauguração do Templo, Salomão tinha conquistado
várias esposas. E, assim, lemos em 1 Reis 11,7-8:

No monte que ica a leste de Jerusalém, Salomão construiu um altar para


Quemós, o repugnante deus de Moabe, e para Moloque, o repugnante deus
dos amonitas. Também fez altares para os deuses de todas as suas outras
mulheres estrangeiras, que queimavam incenso e ofereciam sacrifícios a eles.

A partir desses versículos, está claro que Salomão devia estar bem
informado a respeito dos rituais de sacri ício ligados a Moloque, e que isso
era praticado mesmo no tempo de Davi, seu pai. Considerando que Abraão
estava vivo bem antes de José ser levado em cativeiro ao Egito, então o
sacri ício de crianças existiu entre os israelitas por cerca de 2 mil anos,
supondo que tenha sido suspenso no reinado de Josias.

Existe ainda outro meandro nessa avaliação de Moloque/Molech que


depois se tornará mais intrincado. Moloque era visto como o deus-Sol.
Então, os israelitas e seus vizinhos que veneravam Moloque estavam
realmente adorando o deus-Sol. Além disso, em Atos 7,42, citado
anteriormente, existe a referência ao culto dos corpos celestiais [astros]. Os
dois corpos celestiais [astros] mais eminentes são o Sol e a Lua. Assim, a
citação de Atos implica que os seguidores de Moloque/Molech eram
adoradores do Sol e da Lua.

Em 1 Reis 10, encontramos a visita da rainha de Sabá. Cronologicamente,


no livro de Reis, ela aparece depois do Templo ter sido consagrado. Existe
uma tradição de que também ela adorava o deus-Sol. Nos versículos 4 e 5,
notamos que ela icou impressionada com o conhecimento e a sabedoria de
Salomão, incluindo "os holocaustos que ele fazia no templo".

Oferendas queimadas
Na consagração do Templo, já sabemos por 2 Crônicas 4,6 que eram feitas
oferendas queimadas [holocaustos]. O que não sabemos ainda é em que isso
consistia. A partir do texto sobre Abraão e Isaque, observamos que, muito
provavelmente, o signi icado era o sacri ício de crianças. Temos mais uma
dica disso depois em 2 Crônicas 7. No versículo 1 podemos ler:

Assim que Salomão acabou de orar, desceu fogo do céu e consumiu o


holocausto e os sacrifícios(...)

Isso é incrivelmente parecido com a prática de Moloque, em que a fogueira


dentro do bezerro consumia o corpo de uma criança sacrificada.

Depois disso, icamos sabendo que os israelitas ajoelhavam e oravam.


Somente depois desses dois eventos terem ocorrido, a fogueira e as
orações, é que Salomão oferecia em sacri ício 22 mil cabeças de gado e 20
mil ovelhas e bodes, ou 42 mil animais no total. Supondo que todos fossem
abatidos e preparados no local do Templo, como parte do ritual de
consagração, então os arredores do Templo seriam inundados por
milhares de galões de sangue de animais. A partir daí, podemos supor que
essa referência ao sacri ício provavelmente indicava que isso era de
natureza animal. Mas, em 2 Crônicas 7,7, também são mencionadas
oferendas de dois outros tipos:

Salomão consagrou a parte central do pátio, que icava na frente do templo...


e ali ofereceu holocaustos e a gordura das ofertas de comunhão.

Isso implica que as oferendas queimadas [os holocaustos] e a gordura das


ofertas de comunhão eram diferentes de outras formas de sacri ícios
associados com animais. Na verdade, nas notas de rodapé do texto bíblico,
elas são explicitadas como "ofertas tradicionais de paz". Mas no que elas
consistiam?
Existe, é claro, a menção em Gênesis de que o Monte Moriá, o lugar em que
o Templo de Salomão foi construído, era o local onde Abraão se dirigiu
para realizar seu massacre humano ritualístico. Seria natural, portanto,
que os descendentes de Abrão associassem a montanha com esse ato de
sacri ício como parte da cerimônia de consagração - o primeiro ato,
conforme registrado em 2 Crônicas 7,1.

Será que a adoração de Moloque fazia parte da cerimônia de consagração?


Será que por causa de suas repugnantes conotações, depois que o festival
foi efetivamente abolido por Josias, no século VI AEC, essas práticas
abomináveis de sacri ícios de crianças, da parte de seus antepassados,
eram tão embaraçosas para os governantes e escribas israelitas da época
que qualquer referência foi deliberadamente oculta nos textos bíblicos
pelo uso da referência cuidadosa às oferendas queimadas e às ofertas de
comunhão, conforme anotado em 2 Crônicas 7,7 com o encobrimento sendo
completado por referências posteriores a elas simplesmente como " ofertas
de paz"? Nesse caso, estamos considerando uma cerimônia de consagração
do Templo que envolvia o uso de crianças como sacri ício de
apaziguamento. E, além disso, as pessoas de Jerusalém estariam, por meio
desse ritual, adorando o deus-Sol. Não surpreende as autoridades
religiosas terem calado a respeito desse aspecto do texto bíblico e
empurrado o assunto para debaixo do tapete. Essa revelação confrontaria
muito com a que temos sido incentivados a acreditar através de muitos
séculos de doutrinação religiosa.

O uso das decorações


Nós já sabemos que algo ou alguém seria sacri icado, pois os livros de Reis
e Crônicas nos dizem isso. Esse sacri ício era tão abundante que dez pias
eram necessárias para lavar os utensílios depois. Existiam até mesmo pás,
sem dúvida para remover detritos dos sacri ícios. O Mar [Tanque]
provavelmente era usado pelos sacerdotes para se lavarem do sangue e
das gorduras, com os quais sem dúvida eles estariam cobertos, caso
desempenhassem papel ativo no processo do sacri ício. Também é
interessante observar que o Mar [Tanque] icava apoiado sobre as
imagens de touros. Será que isso indicaria alguma conexão com Moloque?

Qualquer que fosse a prática ritualística realizada, temos ou podemos


deduzir uma explicação para a razão do Mar, das pias e dos utensílios
serem feitos como eram. Até um altar de bronze maciço é mencionado
como lugar no qual os sacri ícios eram apresentados. O uso de
equipamentos internos também é claro: dez candelabros, dez mesas, cem
bacias de ouro para aspersão, aparadores de pavio, conchas, incensórios e
portas.

É interessante notar o uso do número dez, que tem conexões notáveis com
a doutrina posterior de Pitágoras. A centena de bacias para aspersão são
dez grupos de dez.

Mas e as colunas? Apesar do fato de serem descritos como equipamentos


do Templo, e de que considerável parte do texto de 2 Crônicas 4 e 1 Reis 7
se relaciona a eles e à sua decoração, até sobre o nome e a posição deles
fora do Templo, não parece ter existido nenhuma conexão óbvia entre o
uso de outros equipamentos e as colunas. Ou existiria?

Então, quem era Salomão?


Vimos que, de acordo com o texto bíblico, quando esse ilho de Davi e Bate-
Seba nasceu, ele recebeu o nome de Jedidias, o que levanta a questão a
respeito de como depois ele passou a se chamar Salomão, o nome com o
qual entrou para a história bíblica.

Também vimos que os israelitas cultivavam o sacri ício de crianças por


meio do festival de Moloque. Não houve um envolvimento isolado com esse
festival indecente, isso claramente fazia parte dos costumes do culto de
pelo menos alguns setores da comunidade israelita, cultivado durante
quase mil anos antes do primeiro Templo de Jerusalém ser construído, e
mais 400 anos depois de ser concluído. Além disso, vimos que Salomão
construiu instalações para que suas esposas realizassem esses sacri ícios
se quisessem, e a rainha de Sabá observou a prática de "oferendas
queimadas no templo".

Também sabemos que Moloque era um ídolo dedicado ao deus-Sol.

Existe uma tradição de que o nome Salomão foi traduzido pela primeira
vez em forma alquímica. Isso significa que seria Sol Amon (Omon). O que se
percebe imediatamente é a palavra Sol. A palavra Amon tem várias
interpretações. Uma delas dizia: Sol oculto, o Sol que não mais pode ser
visto quando a pessoa está posicionada embaixo do horizonte ocidental.
Era a palavra para a Lua, a luz predominante no céu após o pôr-do-sol.
Assim, o tempo de Sol-Amon seria o templo do Sol e da Lua. Eu era muito
cético em relação a essa conotação de duas palavras até que um conhecido,
que havia nascido e crescido na África Oriental, e que seguia crenças
religiosas que não eram da tendência da Europa Ocidental, comentou que
onde ele crescera, desde criança, Salomão eram sempre duas palavras. Ele
icou surpreso quando foi à Inglaterra e descobriu o termo apresentado
como uma palavra.

Assim, pareceria lógico que o termo rei Salomão fosse uma referência ao
rei que era ilho de Davi e Bate-Seba; e, como já sabemos, chamava-se
Jedidias, construtor de um templo em Jerusalém dedicado ao culto do Sol e
da Lua, o Templo de Sol e Amon.

Conclusão
A introdução de uma nova geração de textos integrais de Bíblias Sagradas,
com base no reexame e na tradução de materiais e documentos de
melhores fontes, incluindo as descobertas recentes, como os Manuscritos
do Mar Morto, colocam algumas partes do texto, relevantes para a minha
investigação, em um contexto diferente em comparação com minha
educação inicial. Percebi que precisava rever as palavras usadas em
partes importantes do texto bíblico e não meramente aceitá-las como
afirmações absolutas.

As evidências cientí icas e arqueológicas e o desenvolvimento de novas


tecnologias, no inal do século XX, colocaram-nos em uma posição capaz de
reexaminar percepções a respeito do Templo de Salomão e identi icar com
rigor quem Salomão realmente foi. Aparentemente seu nome original era
Jedidias.

Descobrimos como o nome de Salomão pode ter se originado. Em capítulo


anterior, notamos que Davi, que projetou o Templo, pode ter feito isso
contra um cenário de influências que envolvia o deus-Sol, e que, no reinado
de Salomão/Jedidias, o deus-Sol estava ligado ao culto de Moloque, que
também incluía o sacri ício de crianças. Essa não era uma prática nova;
existem evidências de que tal culto teria sido implantado nos tempos de
Abraão e Moisés.
Moisés também desenhou o Tabernáculo de modo que os raios do Sol
nascente iluminassem a Arca.

Os fatores comuns em tudo isso são os corpos celestes [os astros] do Sol e
da Lua.


CAPÍTULO 13
Revelando o Desenho do Templo de Salomão

Antes de embarcarmos na revelação passo a passo do Templo, vale a pena


recapitular algumas informações discutidas anteriormente:

a. O Sol se destaca extensivamente nas cerimônias maçônicas.

b. O Templo de Salomão é um atributo do O ício da Maçonaria, um lugar


que mostramos como sendo o Templo de Sol e de Amon, dedicado ao Sol e
à Lua.

c. Examinamos alguns aspectos da geometria antiga, inclusive o conceito de


círculos entrelaçados chamado de Vesica Piscis.

d. Depois da Vesica Piseis, vimos como o Selo de Salomão pode ter se


originado e então nomeado.

e. Notamos que os israelitas cultivavam o culto do bezerro, conhecido como


Moloque, que por sua vez era um ídolo que refletia o deus-Sol.

f. Observamos que Moisés implantou os rituais e a estrutura que se


tornaram o núcleo da religião israelita. Isso incluiu a Arca da Aliança, que
foi construída com grande habilidade, e parece incorporar características
associadas com a sabedoria antiga. Havia ainda o Tabernáculo, que
também parece ter vínculos dimensionais com o conhecimento antigo.

g. Sabemos que, quando o Sol nascia na alvorada, iluminava a Arca dentro


do Tabernáculo.

h. Vimos referências de Bede e Josephus ao fato de que, na hora do


equinócio, o Sol brilhava entre as colunas do templo, através do pórtico, do
saguão e dentro do Santo dos Santos para iluminar a Arca.
i. Vimos que Davi, que projetou o Templo, foi contemporâneo do faraó
herege Akhenaton, que mudou a religião do Egito e o poder dominante na
região, na época em que o Templo foi construído, para o culto monoteísta
do deus-Sol.

j. E está claro que Davi projetou o Templo para refletir as características do


Tabernáculo, e como lar para a Arca.

Eu aprendera muita coisa, havia visto e lido tanto, que senti que sabia o
su iciente para aplicar alguns dos princípios ao Templo de Jerusalém.
Estava tudo indo muito bem com as informações que obtive, mas, se eu
quisesse prosseguir com sucesso na minha pesquisa para descobrir a
razão pela qual o Templo de Salomão era visto com tanto respeito,
precisava me remeter de volta à era dos construtores. Eu precisava pensar
como eles. Mas era mais fácil dizer do que fazer isso.

Toda construção começa com alicerces irmes. Eu não podia imaginar que
os construtores do Templo tivessem iniciado as obras no local sem idéia do
que construiriam e sem realizar nenhum planejamento para isso. Plantas
escritas realmente existiram.

Em 1 Crônicas 28, no Antigo Testamento, podemos ler:

David reuniu em Jerusalém todos os líderes de Israel... O rei Davi se pôs de pé e


disse: "Escutem-me, meus irmãos e meu povo. Eu tinha no coração o
propósito de construir um templo para nele colocar a Arca da Aliança..."
Então Davi deu a seu ilho Salomão as plantas do pórtico do templo, dos seus
edi ícios, dos seus depósitos, dos andares superiores e suas salas, e do lugar do
propiciatório.

Disse Davi a Salomão: "Tudo isso a mão do Senhor me deu por escrito, e ele
me deu entendimento para executar todos esses projetos".

E acrescentou: "Seja forte e corajoso! Mãos ao trabalho! Não tenha medo


nem desanime... As divisões dos sacerdotes e dos levitas estão de inidas para
todas as tarefas que se farão no templo de Deus, e você receberá ajuda de
homens peritos em todo tipo de serviço".

A partir da citação acima, sabemos que havia uma planta.


Consequentemente, os conceitos que caracterizavam essa planta seriam
baseados no conhecimento antigo que, em grande parte, estava aos
cuidados dos sacerdotes levitas. Desse modo, ainda muitos detalhes a
respeito de como o Templo deveria ser construído também devem ter
existido. A metodologia de construção quase, com certeza, levaria em conta
os princípios geométricos que examinamos previamente neste livro. Assim,
quando Hirão, rei de Tiro, enviou Huram, um artesão quali icado, para ser
encarregado das obras de construção, também podemos supor que Huram
era igualmente instruído a respeito da geometria e de como usá-la em uma
construção. Além disso, também seria conseqüente que os israelitas
baseassem o Templo nos mesmos conceitos que até então haviam sido
empregados no Tabernáculo.

Quando embarquei pela primeira vez nessa tarefa, cheguei a uma


conclusão muito simples: que, apesar do incrível entendimento que essas
pessoas tinham do mundo natural em torno delas, teriam usado métodos
de construção simples e sem complicações, baseados no conhecimento que
tinham de Geometria e da in luência do macrocosmo. Percebi que, se
aplicasse o mesmo entendimento, eu terminaria com uma estrutura que
não estaria de acordo com as interpretações arquitetônicas estilizadas que
podem ser encontradas em uma in inidade de outros livros. Eu precisava
ter certeza de que cada passo era racional e justificado.

O reinado do rei Salomão havia começado. Era hora de iniciar a construção.


A medida que o processo avançar, descobriremos os mistérios do Templo
de Salomão, construído no Monte Moriá.

Por que o Monte Moriá? - o significado do Cubo


Arqueólogos, historiadores e teólogos que estudaram a Terra Santa e os
principais personagens dos tempos bíblicos concluíram que pelo menos a
religião israelita primitiva colocava considerável ênfase no culto a objetos
celestiais e lugares elevados, com montanhas altas especí icas, adoradas
por serem consideradas sagradas.
Já vimos a in luência do culto celeste nos paramentos usados pelos
sacerdotes, quando o historiador romano-judeu Josephus nos fala que
certos atributos eram re lexo dos céus: o Sol, a Lua, os planetas e as
constelações do Grande Cinturão. Os paramentos foram desenhados
durante o período em que Moisés e Aarão exerceram in luência nos
tempos subsequentes ao Êxodo.

Observamos ainda que Moisés foi ao topo de uma montanha, o Monte Sinai,
por conta própria, para receber ou construir os Mandamentos, as leis que
regularizariam a conduta e os relacionamentos dentro da tribo. Não é
di ícil compreender que em uma época em que se pensava que o Paraíso
icava em cima do céu, cultuar a divindade no alto da montanha, seria visto
como estar o mais próximo possível para se ter comunicação direta com a
divindade. Assim, a construção do Templo ou pelo menos de um altar de
sacri ício, no alto da montanha, estaria inteiramente de acordo com os
princípios religiosos em voga.

Então, por que o Monte Moriá? Os primeiros israelitas viam a si próprios


como descendentes de Abraão, e o Monte Moriá foi o lugar onde Abraão
levou seu ilho Isaque para o ritual de sacri ício. Então, as tradições
religiosas primitivas identi icariam o mesmo como um local sagrado desde
os primeiros dias da religião israelita.

O Monte Moriá também é identi icado com Abraão por outra razão. A
tradição diz que, nessa montanha, Abraão viu um objeto cair do céu.
Aparentemente o objeto era uma grande rocha negra. Atualmente
podemos considerar isso como um meteorito que icou escuro em
conseqüência do calor criado à medida que ele caía da atmosfera superior
da Terra.

Porém, como caiu dos céus, seria inteiramente lógico que as pessoas
daquela época o considerassem originado no reino de Deus e, portanto, a
ser visto como objeto sagrado a ser adorado.

A tradição islâmica nos informa que o profeta Maomé primeiro procurou


construir o santuário mais sagrado no Monte Moriá, o Monte do Templo,
mas depois deu instruções para que o santuário mais sagrado fosse
construído em Meca. É o santuário conhecido como Kaaba (existem várias
ortogra ias), que os peregrinos islâmicos viajam para ver. Tem a forma
aproximada de um cubo e abriga uma rocha negra que se acredita, em
algumas áreas, sejam restos de um meteorito. A Kaaba é considerada a
representação do centro da Terra e o ponto onde Adão adorou a Deus pela
primeira vez. Acredita-se que tenha uma contraparte celeste. Também se
acredita que seja o lugar onde, sob orientação celestial, a Kaaba foi
construída pela primeira vez por Abraão e seu ilho Ismael, quando a
sakinah rodeava o local e os instruiu sobre a construção.

A referência a sakinah parece ter uma relação direta com a shekiná,


observada no livro de Êxodo do Antigo Testamento, e a construção do
Tabernáculo por Moisés. Como foi indicado anteriormente, existem pessoas
que acreditam que a shekiná é uma referência ao planeta Vênus e ao ciclo
de 40 anos, como isso era entendido em tempos antigos. Na época em que
a religião islâmica estava se desenvolvendo, alguém podia muito bem
imaginar que os mesmos princípios da sabedoria antiga fossem conhecidos,
embora a religião islâmica tenha se desenvolvido cerca de 1.500 anos
depois da construção do Templo de Salomão.

O cubo, feito de seis lados e oito cantos, simbolizava o Paraíso. Se a mesma


tradição a respeito de Abraão ter construído um templo em forma de cubo
existia entre os israelitas, então isso também teria sido igualmente
importante para eles. Assim, não surpreende descobrir que o mesmo foi
incorporado ao projeto do Templo de Jerusalém criado por Davi.

A conseqüência seria que o Santo dos Santos em forma de cubo, que fazia
parte do Templo do Salomão, foi construído com a mesma interpretação.
Assim, se o cubo representava o Paraíso, então o centro do cubo seria uma
representação do centro do Paraíso, o lugar lógico para a divindade residir.

Definição das fundações

Na construção de qualquer estrutura importante, as fundações [ou


alicerces] são o elemento mais crítico. Nós já sabemos que o Templo foi
construído no alto do Monte Moriá. Devemos supor que o solo exigiu algum
tipo de nivelamento e grandes blocos de pedra foram necessários para
fornecer um nível básico sobre o qual iniciar a construção. Depois de
terminar essa fundação, a tarefa seguinte seria marcar as posições
relativas das paredes.

Como foi discutido antes, o Tabernáculo foi originalmente erguido no eixo


leste-oeste. A linha central do eixo precisava ser de inida, pois tudo o mais
surgiria a partir dela.

De inir a orientação era, suponho, relativamente fácil. No centro do local,


uma lança ou uma vara com uma seta na ponta poderia ser incada no
chão de modo que sua ponta icasse do lugar mais alto. Na alvorada do dia
do equinócio de primavera, uma pessoa especializada em marcação, como
o próprio Huram, icaria de pé no canto ocidental do local com outra lança.
Quando a primeira luz do dia aparecesse, então o observador principal
alinhava a lança que ele tinha no Oeste com aquela do centro do local,
também em linha com o ponto no horizonte onde o Sol aparecia pela
primeira vez. A segunda lança era então inserida no chão ao longo dessa
linha. A linha reta desenhada a partir da base da segunda lança, passando
pela base da primeira lança, até o ponto onde o observador principal ficava
em pé, fornecia o eixo leste-oeste perfeito.

O nascer do Sol na hora do Equinócio - o alinhamento leste-oeste perfeito

O capítulo 6 do livro 1 Reis do Antigo Testamento nos conta que o Templo


tinha 60 côvados de comprimento e 20 côvados de largura. Depois nos
informa que do comprimento total de 60 côvados, o saguão [átrio] tinha 40
côvados de comprimento e o Santo dos Santos tinha 20. Parece
perfeitamente lógico sugerir que essas seriam dimensões internas, pois em
nenhuma outra parte do Antigo Testamento são fornecidos detalhes exatos
a respeito da espessura das paredes externas.

Assim, ao descrever um círculo de dez côvados de raio a partir da base da


lança no centro do local, nós teríamos então a largura de inida de 20
côvados. Ao descrever mais dois outros círculos, com o mesmo raio, um de
cada lado da lança central, com o uso dos princípios da Vesica Piseis, então
existiriam cinco círculos no total. A razão para a escolha de cinco círculos
se tornará clara no devido momento. O comprimento total que eles
criariam seria de 60 côvados e a largura de 20 côvados. Nesse processo
simples, a largura do Templo é determinada e também o seu comprimento.
Até as duas salas principais, o Santo dos Santos e o Saguão também são
de inidos. Além disso, a de inição está de acordo com o conhecimento
sagrado.

• O raio de 10, sem o zero = 1 = unidade e simboliza a divindade.

• O diâmetro de 20, sem o zero = 2 = dualidade = Céu e Terra.

• O comprimento de 60 re lete o sistema de contagem, sem o zero = 6 =


harmonia.

• O número 40, sem o zero = 4 = os quatro elementos: Terra, Vento, Fogo,


Água.

• Vesica Piscis: o desenho mais sagrado na geometria.


Em um processo muito simples, o esboço da planta baixa básica do Templo
estava definido.

Com relação à altura, os livros de Reis e Crônicas a irmam que o Templo


tinha 30 côvados. Isso levantou em minha mente a questão a respeito de
como essa dimensão foi determinada. Nós já sabemos que o Santo dos
Santos era um cubo que media 20 x 20 x 20 côvados. Assim, a altura total
não seria ditada por esse aspecto da estrutura. Existe, porém, um aspecto
do Santo dos Santos que podemos pesquisar.

Em suas considerações ilosó icas, Pitágoras atribuía certas características


aos números. O cubo sagrado era de inido pelo número oito. Quando
retiramos o zero de 20, então temos 2, e 2 x 2 x 2 = 8, que, por sua vez,
representa simbolicamente o mundo.

A altura podia ser determinada por dois círculos, cada um de dez côvados
de raio, em Vesica Piscis. Isso resultaria em um prédio retangular simples,
fácil de construir.

Raio de 10 côvados = 30 côvados de altura

Essa distância de 30 côvados seria bastante fácil de ixar, levantando dois


postes nos cantos no inal do prédio, depois pegando uma corda e medindo
até o ponto onde uma linha desenhada na tangente do segundo círculo,
usado na de inição da planta baixa, atingia a extremidade externa da
parede. Assim, a marca de 30 côvados seria de inida. Ao girar a corda
verticalmente, a altura seria estabelecida.

Mas esse foi um prédio considerado especial por centenas de anos.

A abordagem vesica de dois círculos parecia lógica, ainda que também


bastante simples. Não que eu estivesse querendo tornar isso mais di ícil do
que precisaria ser. A única alternativa sugerida seria usar a abordagem do
quadrado secreto do maçom.

Girando uma corda na base de apenas um círculo na planta baixa,


resultaria em uma altura de 20 côvados. Adicionando metade de um
quadrado no topo teríamos 30 côvados de altura.

O segredo do O segredo do O segredo do maçom =

maçom maçom Quadrado reduzido à metade


no texto bíblico.

Se esse quadrado fosse então acrescentado ao topo da estrutura quadrada


já criada, o resultado seria um per il no qual a porção superior seria
exatamente a metade daquela de baixo. Isso seria importante para a forma
que não era imediatamente óbvia para a pessoa que não estivesse
autorizada a entender. Decidi continuar com essa escolha como a principal.

Possível esboço do Templo

Acrescentando o pórtico
O texto de 1 Reis 6, 3 afirma que:

E o pórtico diante do templo da casa era de 20 côvados de comprimento,


segundo a largura da casa, e de dez côvados de largura diante da casa.

A partir disso, está claro que o pórtico se estendia ao longo da largura do


prédio e dez côvados adiante, mas não há menção à altura. Voltaremos a
essa questão.

O signi icativo é que agora o comprimento total do Templo pode ser


baseado em seis círculos em Vesica Piscis. Seis, o número simbólico da
harmonia.

Vesica Piscis, templo + pórtico I

Santo dos Saguão Pórtico

Santos

Nota: A quantidade de círculo agora aumentou exatamente para seis. Deus


criou os Céus e a Terra em seis dias.

É fácil entender que o projeto havia sido baseado no comprimento total


ditado por seis círculos em vez de cinco. Sendo o centro de um círculo visto
como mais sagrado, então, se o tamanho do Santo dos Santos fosse de inido
por um círculo completo, o centro dessa área também seria o lugar mais
sagrado do Templo. Por enquanto vamos deixar de lado o assunto do
pórtico e da estrutura. Mas retornaremos a eles.

A posição da Arca
O texto de 1 Reis 8, 6-8 informa a localização da Arca no Templo, antes de a
construção ter sido consagrada.

Assim trouxeram os sacerdotes a Arca da Aliança do SENHOR ao seu lugar,


ao oráculo da casa, ao lugar santíssimo, até debaixo das asas dos
querubins. Porque os querubins estendiam ambas as asas sobre o lugar da
arca; e os querubins cobriam, por cima, a arca e os seus varais. E os varais
sobressaíram tanto, que as pontas dos varais se viam desde o santuário
diante do oráculo, porém de fora não se viam; e icaram ali até o dia de
hoje.

No livro de Êxodo, torna-se claro que, quando a Arca foi construída, as


varas de transporte eram para ser passadas pelos anéis que faziam parte
do projeto, e que as varas nunca deveriam ser removidas. O texto acima
implica que os querubins já estavam no local. Como era possível ver as
pontas das varas de transporte, estas devem ter sido alinhadas na direção
leste-oeste. Assim, a Arca teria sido carregada para o Santo dos Santos e
depositada em uma linha diretamente na frente da porta que dava acesso
ao Saguão e ao Santo dos Santos.

Os querubins
Os querubins levantaram um mistério: Por que estavam ali? Eles deveriam
servir para alguma finalidade. Qual seria essa finalidade?

Em todo o material que li a respeito do Templo, existem muitas referências


à existência desses querubins, mas jamais encontrei alguma tentativa de
explicar para que eles serviam. Era como se esses itens fossem
identi icados como símbolos religiosos que os escritores se esquivavam de
comentar.

De acordo com fontes acadêmicas, a palavra querubim é derivada do


acadiano e signi ica "um gênio que era conselheiro dos grandes deuses e
um advogado do trono de Javé".

Bede atribui aos querubins outra de inição. Ele os descreve como sendo
"...preenchidos com a luz da sabedoria celestial...". Bede continua:

Era por isso que ele queria que se chamassem cherub que signi ica em latim
"grande depósito de conhecimento".


O que era esse depósito de conhecimento? O que ele queria dizer com a luz
da sabedoria celestial?

Eu tive uma visão deles que mais tarde chamei de loucura de Huram. O
quadro que se formou em minha mente era que, durante a construção do
Templo, Salomão encontrou-se com Huram na passagem entre o Saguão e
o Santo dos Santos. Salomão olhou ao longo do comprimento do Santo dos
Santos e tudo o que podia ver era uma parede escura de pedra cinzenta no
inal do lado oposto. Virando-se para Huram, ele disse: "não sei o que
vamos fazer com essa parede, Huram. Parecerá escuro, desolado e horrível
quando o sumo sacerdote caminhar por essa passagem". "Não se
preocupe, Salomão", replicou Huram, "o que eu tenho em mente é pregar
um par de grandes querubins de bronze, revestidos de ouro, é claro, com
asas estendidas de um lado ao outro do Templo. Eles vão cobrir essa
parede sutilmente. Os sacerdotes vão esquecer que a parede existe".

Mas as coisas não aconteciam assim. Na época em que o Templo foi


construído, tudo era feito com um propósito, não apenas como decoração.

Os detalhes a respeito dos querubins estão em 2 Crônicas 3,10-13:

Também fez na câmara santíssima dois querubins de madeira, e os cobriu de


ouro. As asas dos querubins tinham 20 côvados de comprimento: a asa de um
deles, tendo cinco côvados, tocava na parede da casa, e a outra asa, tendo
também cinco côvados, tocava na asa do outro querubim; também a asa
deste querubim, tendo cinco côvados, tocava na parede da casa, e a outra asa,
tendo igualmente cinco côvados, estava unida à asa do primeiro querubim.
Assim as asas destes querubins se estendiam por 20 côvados; eles estavam
postos em pé, com os rostos virados para a câmara.

A partir desse texto, aprendemos que os dois querubins tinham duas asas
de cinco côvados de comprimento, que eles estendiam por toda a largura
do Santos dos Santos, tocando levemente as paredes externas e o meio da
câmara. Então, eles se encontravam em uma posição diretamente acima da
Arca. Como a Arca icava colocada no centro da câmara, embaixo das asas
dos querubins, é óbvio que os querubins icavam em uma posição que
formava uma linha pela metade do caminho da câmara entre a passagem e
a parede dos fundos. Eles também icavam de frente para o Saguão, o que
signi ica que apontavam para a passagem que conectava as duas câmaras,
e, portanto, ficavam de frente para o Sol nascente.

A Arca sobre as varas de transporte

Querubins

Os querubins foram cobertos de ouro, assim como a Arca nos tempos


antigos. As paredes de dentro, as partes internas, também foram revestidas
de ouro. As notas anexas ao texto bíblico indicam que o peso do ouro era
de cerca de 23 toneladas. Supondo que o valor do ouro seja $ 430 a onça,
então, no início do século XXI, o valor do ouro usado só nessa câmara teria
sido cerca de $ 235.000.000,00.

Ainda devemos lembrar que o ouro nessa época também poderia


simbolizar o Sol.

O cubo e o centro
Vimos que provavelmente a Arca icava posicionada no centro do Santo
dos Santos. Como as asas icavam estendidas sobre a Arca, isso signi icava
que também os querubins se encontravam no centro em cima dela.

Sendo um cubo de 20c x 20c x 20c, existia um ponto diretamente em cima


da Arca que era o centro exato do cubo. A partir desse ponto, a distância
para o teto, o piso e cada uma das paredes seria de exatamente dez
côvados; desprezando o zero, icamos com o número um, o símbolo da
divindade. Em tal cenário, é altamente provável que o ponto no qual as
asas dos querubins tocavam fosse o ponto central exato do Santo dos
Santos.

As salas laterais

O texto de 1 Reis 6, 5-6 diz:

Edi icou andares em torno da casa, contra a parede, tanto do templo como
do oráculo, fazendo assim câmaras laterais ao seu redor. A câmara de baixo
era de cinco côvados; a do meio, de seis côvados; e a terceira, de sete côvados
de largura. E do lado de fora, ao redor da casa, fez pilastras de reforço, para
que as vigas não se apoiassem nas paredes da casa.

Nos versículos citados, icamos sabendo que em torno das paredes


externas do Templo uma série de salas foi construída em três níveis
separados. Além disso, o método de construção era tal que a integridade
do interior do templo não era prejudicada pelas protuberâncias
necessárias para suportar a estrutura externa.

Os versículos também nos dizem como isso era obtido, com o uso de uma
estrutura de pedra em degraus, pilastras de apoio como parte das paredes
externas.

A estrutura de pedra em degraus em torno das paredes externas fornecia


uma saliência no local a partir da qual vigas de madeira poderiam se
apoiar, criando assim um piso para o segundo e o terceiro níveis, e um teto
sobre o terceiro.

Isso é reforçado em 1 Reis 6,10, que diz:

Também edi icou os andares, contra toda a casa, de cinco côvados de altura,
e os ligou à casa com madeira de cedro.

Como cada sala tinha cinco côvados de altura, isso fornecia um quarto nível
de cinco côvados antes de chegar à altura de 20 côvados do nível criado
pelos dois quadrados, um no topo do outro. Assim, tudo ficava equilibrado.

Porém, havia ainda mais alguma coisa que chamava a atenção. As salas
tinham larguras especí icas muito de inidas, que por sua vez poderiam
afetar a estrutura externa de apoio. Em 1 Reis 6, 6 elas são descritas
assim:


A câmara de baixo era de cinco côvados; a do meio, de seis côvados; e a
terceira, de sete côvados de largura. E do lado de fora, ao redor da casa, fez
pilastras de reforço, para que as vigas não se apoiassem nas paredes da casa.

Somando todas as larguras, temos: 5 + 6 + 7 = 18.

Na filosofia de Pitágoras: 1 + 8 = 9, o valor simbólico do homem.

Existiam dois lados do Templo, de modo que o total é 36 e 3 + 6 = 9.

Essa mesma con iguração também existia detrás do Templo: 3 x 1 8 = 54 e


5 + 4 = 9.

As janelas do clerestório
O texto de 1 Reis 6:4 afirma que:

Ele fez para o templo janelas com grades estreitas.

Em virtude de existir a menção especí ica de que elas eram estreitas, isso
indica que a medida da largura era signi icativamente menor do que a da
altura. A maioria dos desenhos anteriores, ou tentativas de ilustrar o
Templo, ignora essa a irmação completamente, mostrando janelas
quadradas na área em cima do teto, sobre o terceiro nível das salas
laterais.

Supondo que o esboço do Templo fosse aquele que eu sugeri, isto é,


de inido pelos dois quadrados, sendo exatamente a metade de um o
tamanho do outro, então a área da parede em cima das salas laterais é de
apenas cinco côvados de altura. Fazendo a redução no topo e na parte
inferior da janela de um côvado, por razões estruturais, então a altura
máxima das janelas só pode ser de três côvados. Para serem estreitas, elas
precisariam ter a proporção de algo parecido com três côvados de altura
por dois côvados de largura. Essa parece uma janela bem pequena para o
tamanho da estrutura.

Decidi investigar a possibilidade de as janelas icarem posicionadas nas


laterais da estrutura superior. Isso revelou que era possível ter 12 janelas
ao longo do comprimento do Saguão e do Santo dos Santos. Cada uma teria
seis côvados de altura e três côvados de largura, com um intervalo de dois
côvados e um côvado em cada ponta, que, quando somados em conjunto,
também acrescentariam dois côvados.

Intervalo entre = 2c 12 janelas

Esta configuração provou ter outro interessante efeito relacionado ao Sol.

As janelas do clerestório e o efeito do Sol


Tendo chegado ao que pensava que seria o per il lógico das janelas,
imaginei qual seria o efeito do Sol brilhando através delas. Investiguei isso
usando desenhos em escala. Escolhi as três elevações primárias do Sol, a
saber: o equinócio, o solstício de verão e o solstício de inverno. O que icou
evidente era que, conforme as estações mudavam, também mudava a
posição do raio de luz do Sol que entrava pelas janelas no lado sul,
enquanto batia no interior da parede do Templo no lado norte.

No inverno, a posição do raio ficava naturalmente alta na parede.


Na época do equinócio no hemisfério norte, o Sol ica mais alto no céu e o
raio de luz se espalharia por uma área maior na parede. Na época do
solstício de verão, a luz cobriria a parede norte.

Isso tem outras conseqüências interessantes.

O texto em 1 Reis 6 a irma que as paredes internas do Templo eram


decoradas com imagens de querubins, bagos, palmeiras e lores abertas. Já
demos uma olhada na evidente sabedoria da Salomão como observa 1 Reis
4, que afirma:

Descreveu as plantas, desde o cedro do Líbano até o hissopo que brota nos
muros. Também discorreu sobre os quadrúpedes, as aves, os animais que se
movem rente ao chão e os peixes.

O fato de as paredes serem decoradas com palmeiras e lores abertas


parece-me estranho para uma estrutura religiosa, a menos que seja um
reflexo da sabedoria de Salomão, de seu conhecimento do macrocosmo e da
sua interdependência derivada dos dias iniciais da criação do mundo. As
lores aparecem em muitas variedades, exibindo suas cores em diferentes
momentos do ano. Além disso, muitas formas de plantas a que hoje em dia
nos referimos como vegetais têm lores associadas a elas. As ervilhas, por
exemplo, produzem uma lor a partir da qual cresce a vagem. O mesmo
vale para os morangos. Cachos de framboesa produzem lores antes da
colheita, assim como as maçãs e as pêras. O mesmo acontece com a amora
preta nas cercas vivas. A palavra bago signi ica o fruto suculento de uma
planta de trepadeira podendo incluir as uvas e as amoras pretas. Assim, o
comentário a respeito de bagos e lores abertas pode não ser uma
referência ao tipo de lores que hoje cultivamos especi icamente para
fornecer cores decorativas para nossos jardins e lares, mas um comentário
referente às lores que formavam aquilo que, para os povos da época
salomônica, era a sua fonte de alimento.

O Templo de Salomão nos foi legado como uma estrutura signi icativa, uma
impressionante maravilha, que sugere algo mais do que apenas um lugar
de culto. Foi contra essa percepção reforçada que me dei conta de que o
uso combinado de raios de luz do Sol em vários períodos sazonais e os
bagos e lores abertas da decoração poderiam funcionar em conjunto como
um almanaque de produção de alimentos.

A parte interna do Saguão era dividida em uma série de seções ditadas


pela colocação dos candelabros. Eu pude imaginar que cada seção era
decorada com diferentes formas de vida de plantas. A medida que o Sol se
movia ao longo do horizonte, então sua elevação acima do horizonte
também mudava. A medida que o ano avançava, os raios de luz nas janelas
do clerestório iluminariam certos bagos ou lores para indicar que era
tempo de semear, cultivar ou colher. Teria sido um calendário sazonal para
cultivo.

A era de Salomão foi de relativa paz e prosperidade. Ambos atributos


podem muito bem ter sido, entre outros fatores, o resultado de uma
plenitude de suprimentos de alimento. Esta última seria a conseqüência de
um calendário sazonal bem estruturado para o gerenciamento da
agricultura. Esse calendário pode muito bem ter se originado dos raios de
luz brilhando através das janelas do clerestório.

Os batentes das portas e a luz dos querubins


Anteriormente mencionei a mudança no texto entre as versões King James
do século XVII e a mais recente da Nova Versão Internacional. Em
particular, chamei atenção para 1 Reis 6, 31 na Nova Versão Internacional,
que descreve a entrada entre o Santos dos Santos e o Saguão [átrio] assim:

Para a entrada do santuário interno fez portas de oliveira com batentes de


cinco lados.

Durante meses pensei sobre isso, notando que em 1 Reis 6,33 existe uma
descrição da passagem para o Saguão que a irma que a entrada era feita
com um batente de quatro lados; em outras palavras, que a entrada era
bastante convencional. O fato de os batentes do Santo dos Santos serem de
cinco lados implicava que eles teriam alguma característica especial. Se
eles tivessem a forma de um polígono regular, então poderíamos
considerar que os batentes eram pentagonais. Isso não fazia sentido. Como
podemos ver no diagrama abaixo, o formato resultaria em um ponto de
gargalo na passagem. Nem faria sentido girar a forma de modo que
existisse uma estrutura de porta paralela. Isso só poderia levar a
protuberâncias embaraçosas dentro da câmara. Além disso, eu não podia
compreender por que eles decidiriam por um arranjo tão elaborado e
pouco prático, embora obviamente tivessem todas as habilidades
necessárias para construí-lo.

Os meses passaram e essa con iguração sempre me deixava perplexo.


Então, nesse meio-tempo, iz uma viagem de negócios pelo Norte da
Inglaterra. Certa noite, eu estava sentado no quarto do hotel contemplando
os aspectos do projeto do Templo, quando resolvi descobrir a resposta dos
batentes. Tentei transportar a minha mente para a época da construção e
re letir sobre os muitos Templos da Antigüidade que visitei na área do
Mediterrâneo, especialmente no Egito, e como eles eram estruturas
relativamente simples feitas de blocos de pedra quadrados. Preocupava-
me como alguém poderia produzir batentes com cinco lados usando blocos
quadrados. Peguei duas folhas quadradas do bloco de anotações da minha
pasta e coloquei-as no espelho do quarto. Eu continuava dizendo a mim
mesmo que aquelas eram pessoas simples, de modo que deveria existir
uma solução simples. De repente, como por divina inspiração, a resposta
apresentou-se para mim. Girei um dos quadrados em 45 graus.

Embora a solução fosse simples, eu tinha dúvidas. Elas se dissiparam


meses depois. Em visita ao Egito para ver em primeira mão as pirâmides
de Gizé e a Es inge, aproveitei para visitar a pirâmide em degraus de
Saqqara e Mên is, a capital antiga. Já nos subúrbios do Cairo, perto do
antigo centro de Heliópolis, várias estradas se encontravam em uma junção
que forma uma rotatória. A medida que nos aproximamos dessa junção,
notei que em toda a área em volta existiam pilhas de pedras, claramente
de construções antigas, restos de estátuas e outras relíquias, que, não
sendo atribuídas a nada em particular, haviam sido reunidas em montes.
No centro da rotatória da junção de estradas, icaram duas pedras muito
antigas, de forma quadrada, cada uma com cerca de oito pés de altura (2,5
metros). Elas tinham sido deliberadamente arranjadas na con iguração
que mostrei acima. Provei para mim mesmo que alguém mais havia
percebido a beleza desse arranjo simples.

Agora, eu tinha alguma solução para a passagem que era simples de


construir, mas não explicava por que continuava existindo um lado
inclinado no batente. Durante a mesma viagem de negócios antes
mencionada, tive a oportunidade de visitar a catedral de Durham. Eu a
visitara duas vezes anteriormente, mas bem antes do meu interesse pelo
Templo de Salomão surgir. Novamente encontrei aquele efeito da divina
inspiração, como se estivesse me ajudando. Eu estava admirando alguns
vitrais das janelas quando meus olhos perceberam a forma da face interna
das paredes adjacentes a elas. Elas icavam em ângulo. Isso era para
espalhar a luz. Nesse momento, percebi que o batente de cinco lados talvez
tivesse assim alguma implicação com a ísica da luz e a maneira como a
mesma era distribuída no Santo dos Santos.

Em capítulo anterior, iz referência à Arca posicionada no Tabernáculo de


modo a icar iluminada pelo Sol na alvorada, uma função destacada na
tradução do De Templo de Bede:

(...) de modo que o nascer do Sol equinocial podia derramar seus raios
diretamente sobre a Arca da Aliança por meio de três portas, a saber, o
pórtico, o templo e o oratório(...)

Batente de cinco lados - Física da luz

Equinó-

Se o templo fosse construído segundo esse mesmo princípio, então, estando


em um eixo leste-oeste na hora do equinócio, um raio de luz do Sol podia
penetrar no pórtico, no saguão [átrio], pelo batente de cinco lados e
iluminar a Arca.

Em tese, à medida que o Sol se movia para o Norte, durante os meses de


verão, para a posição do solstício de verão, então o ângulo interno do
batente, no lado esquerdo, permitiria que um raio de luz se espalhasse
para o Sul, enquanto a metade norte do templo icaria na sombra. Ao
contrário, à medida que o Sol se movia para o Sul desde o equinócio, em
direção ao solstício de inverno, então o raio de luz se tornaria restrito pelo
ângulo reto do outro batente.

Batente de cinco lados - Física da luz Solstício de verão

Supondo uma passagem com altura su iciente, o raio de luz do Sol na


alvorada também iluminaria progressivamente as asas dos querubins.

Pela minha formação de engenheiro, eu sabia que nem sempre a teoria e a


prática necessariamente se apoiam. Para provar que o princípio era
con iável, construí uma réplica do Saguão e do Santo dos Santos em escala
em uma cartolina grossa. Arrumei um pedaço de cartolina no centro do
Santo dos Santos e desenhei nele as representações dos querubins e da
Arca. Coloquei-os na linha central do chão da garagem e então marquei os
ângulos que representavam a posição dos solstícios. Cerca de oito pés atrás
do modelo, posicionei uma lâmpada de 100 watts. À medida que movia a
lâmpada no vão dos ângulos de solstício, então a luz dentro da réplica do
Santo dos Santos se espalhava exatamente como a teoria sugeria. Além
disso, o ponto que representava o centro entre os solstícios e o equinócio
correspondia exatamente com os corpos dos respectivos querubins. Em
muitos aspectos, essa era uma característica das origens do octograma,
que mencionei antes neste livro, e dos festivais célticos que eram
realizados a meio do tempo entre os solstícios e os equinócios. À medida
que o raio de luz se movia do corpo do querubim, que icava posicionado
no norte da câmara, a intensidade da luz diminuía rapidamente para cerca
de três quartos do percurso ao longo da asa mais ao norte, e o raio de luz
se apagava.

Isso levantava uma idéia interessante. Os querubins tinham asas, e as asas


tinham penas. Se as asas estivessem adequadamente arranjadas de modo
que as penas na ponta debaixo das asas estivessem claramente de inidas,
e tivessem adequado espaçamento, à medida que o Sol se movia de norte a
sul no equinócio, então a posição do espectro da luz do Sol registraria a
passagem do Sol. Os querubins atuariam como calendário e como
indicadores da passagem das estações.

A tradição dizia que o sumo sacerdote entrava no Santo dos Santos apenas
um dia do ano. Imaginei o que poderia estar acontecendo que fosse de tal
signi icado para esse evento solitário. Talvez o sumo sacerdote estivesse
observando se a luz do Sol havia reaparecido na asa norte dos querubins,
o que signi icava o inal do inverno; será que estava tudo bem com o
macrocosmo? Seria uma forma de observação ligeiramente diferente de
assistir aos solstícios de inverno em Stonehenge, mas com as mesmas
conotações.

Como foi citado, o Venerável Bede descreveu os querubins como "...


preenchidos com a luz da sabedoria celestial... um grande depósito de
conhecimento".

O Templo Sol continua a existir


Em Udaipur, no Rajastão, um estado do Norte da Índia, existem dois
palácios magní icos. Um palácio ica no centro de um grande lago e serve
atualmente como hotel. Seu cenário tranqüilo e incomum, junto com a
localização romântica, faz que seja bastante popular entre turistas
ocidentais. O outro palácio, muito maior, que ica nas margens do lago, é o
lar dos Maharanas, que são os tradicionais governantes desse Estado. O
palácio atual, aparentemente, data por volta do século XVI, muito tempo
antes da chegada do governo colonial britânico.

Quando tive a felicidade de visitar esse palácio, o meu guia era um homem
da casta brâmane. Os brâmanes são uma linha sacerdotal semelhante aos
levitas dos tempos do Antigo Testamento davídico. À medida que demos
uma volta pelo palácio, o guia mencionou que os maharanas reconstituíram
suas origens e linhagem até 5 mil anos, até o deus-Sol. Isso despertou o
meu interesse imediatamente. Eu estava admirado com a quantidade de
simbolismos presentes e embutidos na estrutura. O octograma era
particularmente visível. Perguntei se havia alguma razão particular para
esses elementos estarem ali, mas sempre a existência de qualquer
elemento simbólico era negada. Até que, aí sim, chegamos a um lugar que
só posso descrever como a sala do trono, onde a coroação de um novo
maharana estava acontecendo. O meu guia mencionou que durante os
procedimentos, que aparentemente demoravam horas, o novo governante
segurava um rosário de 12 contas, que ele constantemente movimentava e
contava. Indaguei a respeito do signi icado do número 12. O guia se afastou
do grupo de outros turistas e acenou para que eu o seguisse. Ele notou
meu interesse pelo simbolismo dos números e então indicou que 1 + 2 = 3,
e que, dentro do panteão dos deuses indianos, o terceiro é o deus da
criação; que a criação da vida como conhecemos é governada pela luz e o
calor do Sol, e que isso se relacionava ao deus-Sol, de quem os maharanas
consideravam-se descendentes.

À medida que passamos para o pátio, na frente do palácio, notei um grande


disco circular dourado inserido no alto de uma parede. Ele sobressaía
contra o que eram de outra maneira as paredes estruturais externas que,
em algum tempo, foram revestidas de uma tinta que continha pigmento
vermelho, uma cor que há muito tempo havia sido esmaecida pela
intensidade do Sol. O meu guia mencionou que o disco era o símbolo do Sol,
novamente observando que o maharana era descendente do deus-Sol.
Enquanto prosseguíamos pelo palácio, eu me vi, quase por acidente, em
uma sala atrás do disco do Sol que havia visto do pátio. Era óbvio que ele
fora construído de maneira a permitir que fosse removido lá de dentro.
Isso, o meu guia me contou, era para o momento em que o dia e a noite
tinham igual duração, o que nós chamamos de equinócio, na alvorada, um
raio de luz penetrasse no comprimento da sala e iluminasse a parede na
qual a imagem do deus-Sol havia sido montada. Essa imagem agora havia
sido removida para uma parede lateral. O guia continuou indicando que
existiam duas janelas laterais e, quando o Sol estava nos limites de sua
viagem pelo horizonte, os solstícios, então o raio de luz na alvorada
penetrava nos cantos mais distantes da sala.


O disco do Sol na parede externa do "A sala de penetração do Sol" no

palácio, ao lado das duas janelas palácio, atrás do disco do Sol.

laterais.

A similaridade entre o conceito de penetração solar que parecia possível


no Templo de Salomão e o que eu era capaz de ver nesse palácio no
Rajastão era espantosa. E havia ainda o vínculo com o deus-Sol.

O mistério do oráculo
(...) e assim a altura total da casa de acordo com o livro de Paralipomeno
alcançava 120 côvados (...)

Cento e vinte côvados de altura é o equivalente a cerca de 180 pés ou 60


jardas ou 85 metros. O que está sendo sugerido é que a altura do Templo
de Salomão era, grosso modo, o equivalente a um prédio moderno de 18 a
20 andares. Teria sido um empreendimento estrutural gigantesco para a
época. Só o peso das pedras demandaria extensas fundações, que não
foram identi icadas pelos arqueólogos. O peso poderia ter sido reduzido
com o uso de madeira de Tiro, no Líbano, mas, mesmo assim, o peso inal
continuaria demandando alicerces consideráveis. Um oráculo dessas
proporções teria sido semelhante às torres que foram acrescentadas a
muitas catedrais européias, torres pontiagudas que se dirigiam para o céu
e forneciam uma visão imponente sobre a região campestre em volta.
Mesmo com a construção de torres substancialmente baseadas em
estruturas de madeira, tal era esse peso que muitas delas desabaram.
Grossas paredes de pedra de escoramento renderam-se sob o peso dessas
enormes estruturas de madeira. Na catedral de Chichester, a torre foi
acrescentada no século XV e desabou cerca de 400 anos depois, em 1861.

Inúmeras ilustrações representando como teria sido o Templo de


Jerusalém têm sido feitas desde o século XVIII. A grande maioria delas, que
tive a oportunidade de inspecionar, não mostra nenhuma estrutura
substancial que re lita a altura de 120 côvados. A única que eu encontrei
foi aquela desenhada pelo reverendo Caldecott, que será mostrada adiante
neste livro. Mesmo assim, por razões proporcionais associadas com a
apresentação em uma página impressa, apenas parte da altura total é
mostrada.

Então, será que a indicação ao oráculo era uma referência a outra coisa
que não uma superestrutura gigantesca? Existe uma resposta
surpreendente e atormentadora.

Segundo tudo o que já observamos até agora, o Sol nascente,


particularmente na hora do equinócio, brilhava através do pórtico, do
saguão e da passagem que levava ao Santo do Santos, iluminando a Arca e,
ao que parece, os querubins.

O número 15 já ocorreu várias vezes e está relacionado com a rotação da


Terra em seu eixo, que leva 24 divisões de 15 graus, que atualmente
de inimos como uma hora de tempo, para completar uma revolução.
Também é signi icativo que a Lua esteja sempre cheia no 15 o dia de seu
ciclo, o ponto médio do calendário lunar usado para governar assuntos
religiosos.

Se o Templo de Salomão se baseava no conhecimento do mundo natural e


na sabedoria que existia na época, então alguém poderia esperar que essa
referência a 120 côvados tivesse algum vínculo com esse entendimento.
Como já era de se esperar, existe exatamente essa evidência.
Acontece que todos os números inteiros compreendidos entre 1 e 15,
quando somados, perfazem um total de 120. Além disso, esses números se
encaixam no padrão aritmético conhecido como números triangulares.

2 3

4 5 6

7 8 9 10

11 12 13 14 15

Esses números inteiros produzem algumas características interessantes.


Por exemplo, se todos os números ímpares forem somados em conjunto,
eles perfazem 64:

1 + 3 + 5 + 7 + 9+11 +13+ 15 + = 64 e 6 + 4= 10

Se agora nós somarmos conjuntos para produzir subtotais intervenientes,


temos os quadrados dos números inteiros consecutivos:

1 + 3 = 4 + 5 = 9 + 7 = 16+ 9 = 25 + 11 = 36+ 13 = 49+ 15 = 64

2 x 2 = 4 , 3 x 3 = 9 , 4 x 4 16, e assim por diante."


=

Então, com o que o número 120 poderia estar relacionado? No texto do


Antigo Testamento, a palavra oráculo está associada ao Santo dos Santos,
que sabemos ser um cubo que mede 20 côvados. Dentro da sala existiam
dois querubins com asas esticadas. Cada asa tinha cinco côvados. A
natureza das duas asas em volta de um corpo é que elas formem um
triângulo. Se a altura das asas no centro do corpo dos querubins também
fosse de cinco côvados, então as três principais dimensões para a
construção das asas estariam completas quando relacionadas à sabedoria
do número 120 e sua relação com o número 15.

Se a referência ao oráculo de 120 côvados de altura realmente for uma


referência a um padrão triangular contendo números que somam 120,
então novamente estamos observando os princípios da sabedoria antiga.
Como o Venerável Bede observou, a tradução do latim da palavra "cherub"
é "grande depósito de conhecimento".

E os sacerdotes pararam
Em 1 Reis 8,10-11, encontramos um comentário curioso, relacionado à
consagração do Templo quando a Arca da Aliança foi carregada para o
Santo dos Santos e colocada entre as asas abertas dos querubins. O texto
diz:

E sucedeu que, saindo os sacerdotes do santuário, uma nuvem encheu a casa


do Senhor; de modo que os sacerdotes não podiam ter-se em pé para
ministrar, por causa da nuvem; porque a glória do Senhor enchera a casa do
Senhor.


Algumas interpretações desse texto sugerem que a glória do Senhor era
uma luz brilhante que signi icava a presença do Senhor, e era tão forte que
os sacerdotes eram forçados a se ajoelhar no Santo dos Santos.

A partir dos detalhes dos desenhos que fomos capazes de juntar até agora,
parece que a Arca foi carregada para dentro do Templo, provavelmente
um pouco antes da alvorada, no dia do equinócio. Sem dúvida, incenso era
queimado no incensário dourado, o que por sua vez fornecia uma
atmosfera ligeiramente enfumaçada. Então, na alvorada, o feixe de luz
penetrava no pórtico, no saguão, na passagem para o Santo dos Santos,
batendo nas asas douradas dos querubins, re letindo uma descarga de luz
intensa através da sala, que por sua vez re letia e combinava com as inas
partículas de fumaça. Se os sacerdotes não tivessem previsto essa reação,
qualquer um pode muito bem imaginar que eles icariam assustados, e a
intensidade da experiência teria sido tal que eles poderiam não
administrar os ritos cerimoniais que haviam previsto. Em vez disso,
abandonariam o Santo dos Santos atrás de proteção, e é isso o que a
passagem acima registra. Se essas especulações estiverem corretas, então
eles teriam testemunhado a glória do deus-Sol.

Conclusão

O projeto e a implementação do Templo parecem re letir os princípios da


sabedoria antiga tanto no uso da geometria como no avanço do Sol pelo
horizonte oriental. Isso revela seu uso potencial como calendário sazonal,
que uma sociedade estabelecida e estável poderia usar para prever as
estações e, portanto, maximizar a produção de alimentos. Isso teria
melhorado a prosperidade e o bem-estar da nação.

Existe aqui alguma coisa a ser aprendida a partir das informações que
foram dadas a respeito das colunas?


CAPÍTULO 14
Segredos nas Colunas
As colunas se mostraram um pouco diferentes da maneira como as
havíamos imaginado no passado.

Nós já tratamos das colunas no sentido de que elas faziam parte dos
untensílios. Como elas se destacam nas cerimônias maçônicas, então
parecia lógico que eu devesse tentar entendê-las com maiores detalhes.

O que já sabemos sobre as colunas

Temos os detalhes em 1 Reis 7, 15-22:

E formou duas colunas de cobre; a altura de cada coluna era de 18 côvados, e


um fio de 12 côvados cercava cada uma das colunas. Também fez dois capitéis
de fundição de cobre para pôr sobre as cabeças das colunas; de cinco côvados
era a altura de um capitei, e de cinco côvados a altura do outro capitel. As
redes eram de malhas, as ligas de obra de cadeia para os capitéis que estavam
sobre a cabeça das colunas, sete para um capitel e sete para o outro capitel.
Assim fez as colunas, juntamente com duas ileiras em redor sobre uma rede,
para cobrir os capitéis que estavam sobre a cabeça das romãs, assim também
fez com o outro capitel. E os capitéis que estavam sobre a cabeça das colunas
eram de obra de lírios no pórtico, de quatro côvados. Os capitéis, pois, sobre
as duas colunas estavam também defronte, em cima da parte globular que
estava junto à rede; e 200 romãs, em ileiras em redor, estavam também
sobre o outro capitel. Depois levantou as colunas no pórtico do templo; e
levantando a coluna direita, pôs-lhe o nome de Jaquim; e levantando a coluna
esquerda, pôs-lhe o nome de Boaz. E sobre a cabeça das colunas estava a obra
de lírios; e assim se acabou a obra das colunas.

Existem algumas observações interessantes aqui, no mínimo para


sabermos que as duas colunas icavam em um eixo norte-sul, com a coluna
chamada Jaquim no Sul e a coluna chamada Boaz no Norte.
Enquanto 1 Reis 7, 21 afirma que:

Depois levantou as colunas no pórtico do templo.

O texto de 2 Crônicas 3,15 tem uma perspectiva ligeiramente diferente:

Fez também, diante da casa, duas colunas de 35 côvados de altura..

Os dois textos combinados não deixam dúvidas de que as colunas foram


erguidas no lado oriental do templo, na frente do pórtico, em oposição a
Oeste, e atrás do Santo dos Santos. Apresento essa idéia pois, em muitos
centros maçônicos, modelos de interpretações das colunas às vezes são
acrescentados à decoração da sala da Loja, e em algumas Lojas icam
posicionados no Oeste. Existe uma lógica perversa nisso. Se alguém olhasse
as colunas a partir da posição do Sol nascente, por de inição elas icariam
no Oeste em relação a isso. Está claro, porém, que não devemos confundir
a posição: eles icavam no lado oriental do prédio, na frente do pórtico. O
que o texto bíblico falha em dizer é a respeito da distância na frente do
pórtico em que elas icavam posicionadas. Por acaso, a moderna simulação
no computador ajudou-me a resolver esse problema. Vamos ver os
resultados rapidamente.

De acordo com 1 Reis, cada coluna tinha 18 côvados de altura e 12 côvados


de circunferência, medidos em linha. Havia uma ligeira variação nos
comprimentos das colunas implicados no texto de 2 Crônicas 3,15, que
a irma que "juntas elas tinham 35 côvados de comprimento". A
interpretação de alguns círculos, incluindo certas cerimônias maçônicas, é
de que talvez tivessem 17,5 côvados de altura cada um. A variação
algumas vezes é atribuída à necessidade de ter uma área em torno do topo
das colunas na qual os capitéis podiam icar. Assim, os capitéis cobririam a
metade de um côvado do comprimento total das colunas. Como veremos
depois, não pode ser essa a razão para a diferença nos dois textos, notando
que também existe uma variação no uso de palavras, altura e
comprimento.

Existiam, então, dois capitéis, também fundidos em bronze, que foram


colocados nos topos das colunas; cada capitel tinha cinco côvados de altura.
Novamente, encontramos uma ligeira diferença entre os textos de Reis e
Crônicas. Em Reis, os capitéis têm topos em forma de lírio, enquanto em
Crônicas os capitéis são descritos como tendo a forma de vasos. Em Reis
também há menção a mais uma imagem de lírios que se estendiam por
outros quatro côvados em cima dos capitéis.

Depois, icamos sabendo que existiam redes de correntes entrelaçadas


esculpidas nos capitéis, sete para cada capitel.

Finalmente, somos avisados de que também existiam duas ileiras de


romãs em cada capitel, com o número total de romãs nos dois capitéis
sendo de 400. Assim, supondo que eles fossem igualmente alocados em
cada ileira, então existiam cem imagens de romãs em cada ileira. Tal
suposição se confirma em 2 Crônicas 3.

Assim, a altura das colunas, com base no texto bíblico, e usando a altura
estabelecida de 18 côvados, era: 18 + 5 + 4 = 27 côvados.

Os capitéis - as correntes entrelaçadas

Também fez dois capitéis de fundição de cobre para pôr sobre as cabeças
das colunas; de cinco côvados era a altura de um capitel, e de cinco
côvados a altura do outro capitel. As redes eram de malhas, as ligas de
obra de cadeia para os capitéis que estavam sobre a cabeça das colunas,
sete para um capitel e sete para o outro capitel.

Em painéis das Lojas Maçônicas e em outras ilustrações das colunas, as


correntes entrelaçadas muitas vezes são representadas como malha
quadrada. No Egito Antigo, uma corrente era uma série de círculos
interligados, com base na Vesica Piscis e no raio pela metade, vistos antes
nesta obra. Tais círculos interligados simbolizavam bons presságios. Então,
seria lógico que a referência a correntes entrelaçadas seguisse o mesmo
princípio.

Se os capitéis têm um diâmetro de cinco côvados, então o comprimento da


circunferência é um pouco mais de 15 côvados, dois números signi icativos
do macrocosmo. Se os círculos são desenhados com um pouco mais de dois
côvados de diâmetro, então o resultado são sete círculos que podem
circundar o capitel redondo. Além disso, o valor numérico seria um re lexo
da dualidade: dois = Céu e Terra.

É igualmente interessante que, se três ileiras dessas correntes são


acrescentadas ao capitel, mas em forma de Vesica Piscis, o padrão a seguir
emerge.

Essa con iguração resultaria, portanto, em três ileiras, representando as


três posições do Sol; sete círculos em cada ileira para representar os sete
dias da criação e o descanso; 21 círculos no total resultando em 2 + 1 = 3,
mais 3 a partir das linhas e 3 do total, 3 + 3 = 6 = harmonia. Além disso, a
altura das correntes icaria em torno de quatro côvados, deixando espaço
para outra decoração, embora o número quatro possa ser uma alusão aos
quatro elementos: Tem, Vento, Fogo e Água.

Os capitéis - as romãs
Assim fez as colunas, juntamente com duas fileiras em redor sobre uma rede,
para cobrir os capitéis que estavam sobre a cabeça das romãs, assim também
fez com o outro capitel.

Conforme o texto complementar, existiam cem romãs em cada ileira, 200


para cada capitel.

Assim, achamos que as romãs ficavam em cima das correntes.

Os capitéis - a forma de vaso e os lírios


E os capitéis que estavam sobre a cabeça das colunas eram de obra de lírios
no pórtico, de quatro côvados.


Quando visitei os templos antigos que icavam ao longo do Nilo, no Egito,
observei que os topos tinham formas diferentes, dependendo de sua
função e localização. Basta um olhar atento para perceber que podiam ser
interpretados como tendo formato de vaso. Fiquei surpreso com aqueles
que claramente sugeriam a parte de baixo de uma planta, ao passo que a
borda superior era moldada para representar as folhas da planta. No
templo de Edfu, nas margens do Rio Nilo, a partir de Luxor, existem alguns
exemplos maravilhosos que ilustram topos modelados em forma de vasos e
folhas e uma ampla variedade no número de pétalas.

Os topos das colunas em forma de pétalas de lírios foram modelados junto


com as linhas da arquitetura egípcia, como pode ser visto em Edfu.
Reproduzido com a gentil permissão do Departamento de Turismo do
governo egípcio.

A minha conjectura é que essa era a intenção desse tipo de arranjo. Porém,
lembrei também que o número de pétalas usado em Jerusalém era seis,
mais uma vez a idéia de harmonia. Mas o mais importante era que o
número seis tinha uma relação direta com o lírio.

Até agora sabemos apenas que se tratava da representação de um lírio.


Existem vários tipos deles, sem mencionar os híbridos que se originaram
comercialmente no último século. Não tinha percebido isso até começar
minha pesquisa sobre este assunto, mas o lírio padrão, que pode muito
bem ter crescido no Oriente Médio, na época de Salomão, tem uma
con iguração de pétalas muito próxima dos triângulos intercalados do Selo
de Salomão. Recordando que a sabedoria de Salomão se estendia ao
conhecimento enciclopédico sobre árvores e plantas, é compreensível que
ele possa ter escolhido tal lor como emblema de sua identidade nacional,
quase da mesma maneira que o lótus se tornou o símbolo do Egito.

Vamos sair do assunto dos capitéis por enquanto. Voltaremos a eles depois
de ver a estrutura das colunas com mais detalhes.

O lírio parecido com Selo de Salomão

A aritmética babilônica do reverendo Caldecott


Com o Templo de Salomão se destacando de forma tão proeminente nas
cerimônias maçônicas, parecia lógico que, se existisse algum lugar único
para alguém com esperança de encontrar informações a respeito dessa
estrutura, ele seria a Sede Central Global da Maçonaria, mais conhecida
como o Fremasons Hall, em Londres. Esse prédio também abriga um museu
e uma biblioteca magní ica, cada um contendo artefatos e documentos,
alguns dos quais com séculos de idade. Trancadas em gabinetes de vidro,
existem até cópias de obras famosas a respeito da Maçonaria e do Templo
de Salomão, escritas em outros idiomas além do inglês, especialmente em
latim, francês e alemão.

Quando eu estava examinando esse conjunto de materiais, o bibliotecário


apontou-me a direção de um livro que icava trancado nos gabinetes de
vidro. Publicado no início do século XX, e escrito pelo reverendo W. Shaw
Caldecott, ele tinha o título singelo de Solomon's Temple - its history and
structure [O Templo de Salomão - Sua História e Estrutura].

Caldecott foi claramente um homem bem educado em seu tempo. Como


muitos nessa época, parece que teve uma educação clássica que lhe deu
irme compreensão do latim e do grego. Ele faz muitas observações
detalhadas a respeito da estrutura do Templo, inclusive o fato de que a
base do Templo provavelmente teria sido construída sobre uma
plataforma em relevo, sugerindo que existiam dez degraus que levariam à
frente do mesmo.

Quanto às colunas, Caldecott chega a ponto de somar as alturas registradas


de 18 + 5 +4 = 27 côvados, como observamos anteriormente. A área de
quatro côvados no topo dos capitéis ele se refere como supracapitéis. Ele
vai então estabelecer, quase à força, que as colunas deveriam ter sido
montadas sobre bases para ter estabilidade, e sugere ainda que cada base
tinha três côvados de altura. Assim, cada coluna teria altura total de 30
côvados. Isso, ele a irma, era para se encaixar com os princípios da
aritmética babilônica que usava 60 como base de seu sistema de contagem.
Duas colunas, cada uma, de 30 côvados, dariam o total de 60 côvados.

O reverendo Caldecott também faz outra suposição: a de que os capitéis


tinham forma quadrada. Isso, ele argumenta, porque as colunas se
encaixavam dentro do pórtico na frente do templo.

Aqui, eu encontro uma fraqueza nos argumentos dele. O texto bíblico


sugere que a altura do Templo era de 30 côvados, mas, a partir do esboço
do projeto que já vimos, com base no entendimento geométrico, é provável
que a altura do pórtico fosse de apenas 20 côvados. Então as colunas não
se encaixariam dentro deles, pois seriam muito altos. Se, porém, a altura do
pórtico fosse de 30 côvados, então as colunas provavelmente poderiam ser
vistas como elementos estruturais, segurando o teto do pórtico. Caldecott
parece pular essa questão ao indicar que a torre da frente, o Oráculo Real,
tinha um teto com altura su iciente para acomodar as colunas. Se elas
fossem elementos estruturais, é duvidoso que alcançassem a aclamação e a
admiração que lhes são atribuídas, tanto no texto do Antigo Testamento
como depois nas cerimônias maçônicas. Além disso, os capitéis teriam
diâmetro maior, ou lados quadrados, do que o diâmetro da haste da coluna.
Usando o princípio de que a circunferência de um círculo tinha três vezes o
diâmetro, então, com a circunferência da coluna tendo "12 côvados em
linha", o diâmetro seria de quatro côvados. Não seria irracional, suponho,
que o diâmetro ou as laterais dos capitéis tivessem cinco côvados. Caldecott
mostra os capitéis tocando no pórtico, como na ilustração abaixo. Por
de inição, isso implica que a largura do pórtico era de dez côvados. Com as
colunas tendo quatro côvados cada uma, oito côvados e dez côvados de
largura seriam usados pelas colunas, deixando três intervalos, um de cada
lado e um no meio. Assim, aquele que icava no meio, como mostrado, teria
menos de um côvado de largura para passar e ter acesso ao Templo. Com
essa conclusão, as colunas funcionariam efetivamente mais como uma
grade, impedindo a entrada.

Front Elevation of Temple


Apesar dessa fraqueza, a revisão da estrutura de Caldecott era a primeira
que eu encontrava que sugeria que as colunas haviam sido montadas
sobre bases ou plintos. Para a minha formação de engenheiro, essa
sugestão simples, embora desprezada, fazia total sentido. O que me
incomodava era a altura das bases de três côvados. Arredondando, essa é
uma altura de cinco pés (1,5 metro), mais ou menos a altura média de um
homem dos tempos mais antigos.

Por enquanto, eu havia percebido que tudo o que era feito naqueles
tempos caracterizava algum re lexo do macrocosmo. Se, realmente, a
cerimônia de consagração do Templo tivesse sido em favor do deus-Sol e
d os corpos celestes, então a altura das colunas teria que re letir algum
aspecto deles. A respeito disso, a medida de 30 côvados se encaixava
exatamente por causa do calendário lunar, o qual era a base da
organização e da regulamentação da vida religiosa naqueles dias, que era
medido em períodos de 30 dias. Não pude deixar de pensar se o
reverendo Caldecott estava a par disso e como essa revelação se pareceria
da parte dele. Teríamos então um homem vestindo hábito, que observava a
conexão de 30 dias com os ciclos lunares, e isso, portanto, implicava que
Salomão estaria associado ao que era visto como ideais pagãos. A conexão
aritmética babilônica teria sido, portanto, uma alternativa adequada e
justificável.

Não obstante o ceticismo e o cinismo de minha parte, o ponto que ele


estabeleceu a respeito das bases das colunas me impressionou.

Logo depois de encontrar a obra de Caldecott, iz a primeira das minhas


três visitas ao Egito. Essa primeira visita me levou a muitos lugares
maravilhosos, a respeito dos quais eu havia lido durante vários anos:
Luxor, Tebas, o Vale dos Reis, o Templo de Edfu, Assuan e a coluna
quebrada e o Templo de Abu Simbel. Em cada local do Templo, a
enormidade da sugestão de Caldecott icava imediatamente óbvia. Todas as
colunas tinham bases. Medi a altura de algumas delas em cada novo local
que visitei. A minha metodologia era simples. Eu colocava as pontas dos
dedos no chão e o antebraço contra a base; a distância para o meu cotovelo
é de aproximadamente um côvado, como a medida antiga. Havia uma
pequena, mas notável variação nas alturas que, em geral, eu atribuí ao fato
de muitos locais terem passado por restaurações arqueológicas, e as
alturas dos pisos podiam, portanto, ter sido ajustadas no processo. De
modo geral, porém, observei que a altura de cada base era de cerca de um
côvado e que o diâmetro das bases era maior do que o diâmetro das
colunas, cerca da metade de um côvado em volta, isto é, um côvado a mais
no diâmetro total.

Se as bases das colunas do Templo de Salomão re letiam os princípios de


construção que se desenvolveram no Egito, então pensei que as bases das
duas colunas associadas ao Templo também podiam ter um côvado de
altura. Isso, é claro, seria totalmente contrário à sugestão do reverendo
Caldecott. O que me preocupava, porém, era que a altura total das colunas
agora poderia ser de 28 côvados e continuava se encaixando nos aspectos
do ciclo lunar, pois a Lua nova leva 28 dias até a escuridão, e daí a conexão
com o calendário religioso e o macrocosmo.

Existia mais alguma coisa que me impressionava a respeito do número 28.


No sistema de medição em côvados, havia uma divisão menor, o dígito, que
era aproximadamente a extensão de um dedo indicador. Um côvado
abrangia 28 dígitos, a quantidade de distâncias em dedos indicadores da
ponta dos dedos até o cotovelo. Quatro dígitos eram iguais à largura da
mão, e cinco dígitos eram um palmo. Essa conexão com o mundo natural,
que usa a forma humana como método de medição, era, nesse caso, outra
associação com o macrocosmo.

Também, simbolicamente, o número 28 tem o seu signi icado. O número 7


era altamente considerado, pois, de acordo com as escrituras, a divindade
realizou toda a criação em seis dias, e descansou no sétimo, completando
os sete dias da semana. Somando os sete números de 1 a 7 = 28.

1 + 2 + 3 + 4 + 5 + 6 + 7 = 28

Percebi que todos os edi ícios grandiosos precisam ser construídos sobre
alicerces sólidos, geralmente de rocha. Se não existisse rocha
imediatamente disponível sob a posição das fundações, então uma base
sólida deveria ser inserida. Em lugares como Luxor e Tebas, notei que as
bases das colunas pareciam estar assentadas sobre lajes de pedra. Não
seria irracional que, se fossem necessárias fundações especiais em
Jerusalém, onde as colunas seriam erguidas, um bloco de pedra precisasse
ser instalado para que se pudesse apoiar a superestrutura das colunas. E
tal bloco de pedra deveria facilmente ter dois côvados de altura. Se o
mesmo tivesse dois côvados de altura, então a altura total seria de 30
côvados.

Essas revelações, inspiradas nos comentários do reverendo Caldecott,


forneceram visões que serviram mais tarde para desbloquear aquilo que
agora acredito terem sido os segredos das colunas do Templo de Salomão.
Elas também fortaleceram a sugestão aritmética de Caldecott, mas não
exatamente da maneira que ele pensou.

Colunas Maçônicas do Reverendo Caldecott

A sombra das colunas


Em virtude de as colunas serem descritas como estando em um eixo norte-
sul, é óbvio que, se elas também icassem na frente do pórtico, como
igualmente descrito, então, ao meio-dia, elas lançariam uma sombra ao
longo desse eixo.

Para estabelecer qual efeito sazonal ocorreria, consultei um simulador


astronômico. Selecionei o local como Jerusalém. Para levar em conta as
inclinações da precessão, recuei o calendário de volta a 955 AEC, época na
qual o templo foi construído. Foi fascinante observar o Sol se movendo ao
contrário na eclíptica para fora da nossa atual constelação precessional de
Peixes em direção à eminente constelação da época de Salomão, Aries, na
hora do equinócio. De ini as datas para equiparar com o equinócio e os
solstícios, registrando a altitude máxima aproximada do Sol alcançada
naquele momento. Em uma pequena simulação doméstica no computador,
não era fácil conseguir a altitude exata e o azimute, mais consegui uma
aproximação bastante próxima. Os resultados foram os seguintes:

Jerusalém 955 AEC - Sol na altitude máxima aproximada

Equinócio Altitude de 54,5 graus em azimute de 179 graus

Solstício de Verão 81,5 graus em azimute de 179 graus

Solstício de Inverno 35,3 graus em azimute de 180,5 graus

Decidi que dois côvados da altura total icariam abaixo do piso, deixando
assim 28 côvados para cima. Um pouco de trigonometria elementar
produziu um diagrama simples do efeito da sombra. O resultado foi uma
revelação.


Alguém na classe sacerdotal deve ter tido a tarefa de marcar a posição da
sombra quando o Sol estava em seu meridiano. Isso teria permitido aos
sacerdotes usar a sombra como calendário e relógio. É um
desenvolvimento interessante, pois, em uma Loja da Maçonaria, esse é o
trabalho do Segundo Vigilante, que ica posicionado ao sul da Loja, para
"marcar o Sol em seu meridiano". Tendo em mente que o Templo de
Salomão é uma característica da Maçonaria, será que a marcação da
posição da sombra entre as colunas não seria a origem dessa expressão?
A geometria das colunas era interessante, mas eu observei que, se o pilar
norte, Boaz, tivesse sido colocado com sua linha central no im da sombra
do solstício de inverno, então a sombra não alcançaria o centro do pilar por
causa da natureza de sua construção.

Os capitéis nos topos das colunas são citados como tendo cinco côvados de
altura. As colunas são mencionadas como de quatro côvados de diâmetro.
Para mim parecia lógico que os capitéis fossem maiores em diâmetro que
as colunas e poderiam muito bem ter o mesmo diâmetro que a altura. Em
outras palavras, os capitéis teriam cinco côvados de diâmetro. Em
consideração à simetria, eu, portanto, assumi que a área exposta da base
teria também cinco côvados de diâmetro. Mais uma vez, um pouco de
trigonometria simples mostrou que, se um ângulo fosse obtido do centro da
base da coluna ao longo da linha do Sol no solstício de inverno, um ângulo
de 35 graus, o resultado era o comprimento dentro da base de 1,5 côvado.
Isso corresponde com a altura da base visível mais a área entre a borda
externa da base e a haste da coluna.

Então, alguma coisa a mais surgiu involuntariamente. Se a área visível da


base era de cinco côvados, então seria possível que a seção da base oculta,
embaixo da super ície como um bloco de fundação, fosse provavelmente
maior em diâmetro do que a base visível. Decidi que deveria ser um
côvado maior como a variação entre a base e a coluna. Assim, o bloco da
fundação teria seis côvados de diâmetro. Se alguém considerasse a base
visível com cinco côvados de diâmetro, então ela também teria 2,5 côvados
de raio. Com duas dessas colunas, isso signi icaria que a distância central
entre as linhas centrais das bases seria reduzida em cinco côvados. Isso
produz mais uma revelação surpreendente, pois 40 - 5 = 35.

O texto de 2 Crônicas 3,15 do Antigo Testamento afirma que:

Fez também, diante da casa, duas colunas de 35 côvados de altura; e o capitel,


que estava sobre cada uma, era de cinco côvados.

Assim, quando menciona que:


Fez também, diante da casa, duas colunas de 35 côvados de altura...

Então pode não ser a referência à altura das colunas como muitas vezes se
pensa na Maçonaria, mas a distância entre elas medida nas bases.

Tudo isso parecia muito incrível. Até agora tudo parecia se encaixar. Por
vários meses, depois da descoberta do relacionamento geométrico entre as
colunas e a in luência do Sol, fui cauteloso a respeito do resultado. Porém,
foi em uma viagem a Delhi, na Índia, que todas as dúvidas se dissiparam.

O Jantar Mantar


Durante vários anos, visitei Delhi regularmente a negócios. Como sempre
acontecia em viagens desse tipo, eu quase não tinha tempo su iciente para
ver qualquer coisa na cidade como turista. Nos inais de semana, se icasse
em Delhi, eu pegava o ônibus de turismo para lugares como Agra para ver
o Taj Mahal, ou encomendava um novo terno dos alfaiates da praça
Connaught, um importante distrito comercial de Nova Delhi. Eu sabia da
existência do parque celestial conhecido como Jantar Mantar, com centenas
de anos, e que agora ica quase no centro da cidade, mas que eu nunca
havia visitado antes. Agora, eu estava lá, de volta a Delhi, interessado em
assuntos celestiais, e a visita ao Jantar Mantar de repente ganhou alta
prioridade em minha agenda.

O Jantar Mantar é um observatório que foi construído por volta de 1725,


alguns anos antes da chegada do governo colonial britânico, por um marajá
com interesse na resolução de mistérios da Astronomia. Na verdade, ele
construiu dois observatórios como esse, que são idênticos, distantes cerca
de 250 milhas. Isso permitiu que seus sacerdotes brâmanes astrônomos
observassem os céus, comparassem suas descobertas separadamente e
avaliassem o que haviam visto. O local em Delhi contém algumas
construções circulares maravilhosas, a céu aberto, mas com paredes com
dúzias de aberturas pelas quais a luz do Sol ou da Lua podia penetrar. As
partes internas das paredes são cuidadosamente inscritas com marcações
angulares, muitas das quais agora estão desbotadas, mas que continuam
úteis. Existe uma construção que tem um formato peculiar contendo o
contorno de dois corações, com degraus de pedra que vão do chão até o
topo. Fui informado de que, se alguém icar de pé no degrau mais baixo, à
noite, e olhar para o topo dos degraus, a estrela em cima será a Estrela
Polar. Existem porões cuidadosamente desenhados para monitorar o Sol
em momentos importantes do ano. O observatório como um todo é uma
construção maravilhosa, que lamentei não ter visitado anos antes. Porém,
havia um prazer inesperado para encontrá-lo. O guia me conduziu por
entre duas colunas redondas, pintadas de vermelho, que icam perto da
entrada. Eu não as medi, mas elas tinham cerca de nove pés (três metros)
de altura. O guia explicou que no alto verão, ao meio-dia, as sombras
icavam contidas dentro do diâmetro da base nas colunas. Na época do
equinócio, a sombra do pilar sul apenas tocava a base do outro, ao passo
que na época do solstício de inverno, a sombra do pilar sul se arrastava até
o topo do pilar do norte. Fiquei extasiado. Essa era a recriação virtual do
movimento da sombra que eu havia cogitado para as colunas do Templo de
Salomão. Todas as minhas dúvidas se dissiparam.

O Jantar Mantar de Nova Delhi, na Índia.

As duas colunas estão à esquerda na figura.

A posição das colunas em frente ao pórtico


Muito feliz porque agora as sombras das colunas do Templo de Salomão
pareciam ter signi icado, imaginei a qual distância do pórtico as colunas
estariam. Eu já sabia que a distância entre as colunas era provavelmente
de 35 côvados, ou 40 côvados até seus centros. A partir do texto bíblico,
sabemos que o pórtico e o saguão tinham uma profundidade combinada de
50 côvados, e a profundidade dentro do Santo dos Santos até a face dos
querubins provavelmente era de dez côvados, medindo 60 côvados ao
todo. Incrivelmente, esse é o comprimento estabelecido para o Templo no
livro de Reis. Mais uma vez, usando o simulador celeste, notei que na
alvorada do dia do solstício de verão, quando visto de Jerusalém na época
do rei Salomão, o Sol aparecia no horizonte em um azimute de 62,5 graus e
no dia do solstício de inverno em 117,5 graus. Isso é o que se poderia
esperar, com ambos ficando cerca de 27,5 graus de cada lado do equinócio.

A distância da linha central do pórtico do Templo até a base das colunas


era de 17,5 côvados de cada lado. O ângulo do Sol em seu nascimento nos
solstícios era de 27,5 graus. Então, o comprimento a partir da face dos
querubins até a linha da base das colunas é 17,5 - seno de 27,5 graus =
37,9 côvados. A isso precisa ser acrescentado ainda o raio da base da
coluna - 2,5 côvados - perfazendo 40,34 côvados no total. Isso pode
facilmente ser arredondado para 40 côvados. Assim, 60c + 40c dá cem
côvados como a distância das colunas a partir da face dos querubins. Tudo
perfeitamente equilibrado.

A posição das colunas - prova

Sol - a meio caminho entre B Equinócio e Solstício

100c = 1 = divindade

Os supracapitéis
Existe apenas mais um elemento dessas estruturas a considerar: os quatro
côvados no topo dos capitéis das colunas.

Nas cerimônias maçônicas esses supracapitéis são mencionados como


sendo globos nos quais eram delineados mapas dos globos terrestre e
celeste, implicando na universalidade da Maçonaria. Mas era altamente
improvável que eles tivessem essa conotação na época de Salomão.
Embora historiadores sugiram que os povos desse tempo acreditassem
que a Terra fosse plana, não podemos ter certeza se os sacerdotes da alta
hierarquia, guardiões do conhecimento antigo, não pensavam de outra
maneira. Somente séculos mais tarde, na época de Eratóstenes, tal
revelação veio a público. Essa referência maçônica parece ter derivado
desses supracapitéis sendo descritos como pomos. Por muito tempo pensei
que soubesse o que fosse um pomo, mas para ter certeza veri iquei a
de inição no Dicionário de Oxford. Os principais signi icados citados eram
que se tratava da ponta bulbosa do punho de uma espada, claramente feita
para impedir que a mão da pessoa deslizasse em uma hora inoportuna da
batalha; uma área saliente na frente de uma sela; uma extremidade em um
lado da sela; atacar com a espada; atacar com os punhos, esmurrar.
Eliminei as duas últimas de inições, pois não podia imaginar como
pudessem se conectar com o Templo. Pouco depois percebi que as outras
podiam ser de inidas por uma palavra simples que estabelecia a conexão.
A palavra era protrusão [protuberância] - todas elas sobressaíam de outra
coisa. E parecia ser o que era necessário para inalizar os capitéis das
colunas.

Se, como já mostramos antes, a sombra lançada pelas colunas no meio-dia


fosse usada para monitorar o calendário e as estações, então seria preciso
ter uma estrutura pontuda no topo das colunas para garantir a exatidão,
bem parecida com a forma triangular encontrada no topo de um obelisco.
Seria muito di ícil obter alguma indicação exata do momento da marcação
da sombra criada por meio de um topo arredondado em comparação com
o topo pontiagudo.


Aparecia em vários artefatos recuperados pelos arqueólogos. Ela nos
mostrou o exemplo de um símbolo esculpido em uma grande peça de
pedra, que originalmente deve ter sido usada como base de uma coluna. O
símbolo era semelhante a dois triângulos, um invertido no topo do outro,
de modo que suas pontas se encontrassem. Nossa guia também mencionou
que as origens do símbolo eram desconhecidas, mas que ele era usado
extensivamente, até em potes.
Em razão das pesquisas que eu estava fazendo a respeito de povos dos
tempos antigos, e as conexões religiosas deles com o Sol e a Lua, o símbolo
imediatamente me impressionou, como um padrão que alguém obteria ao
de inir as posições do Sol, nascente e poente, nos dias dos solstícios de
verão e inverno. A sombra lançada pela coluna simples em espaço aberto
seria similar ao padrão de Cnossos. Ao dividir o símbolo com uma linha
passando pelo centro dos triângulos invertidos, imaginei se os ângulos
resultantes norte e sul da linha central corresponderiam com a latitude do
lugar onde Cnossos foi construída. Ao incluir o desenho em componentes
importantes e em mercadorias comercializadas, isso reforçaria a
localização a partir da qual tais mercadorias se originavam, quase como
marca registrada.

Foi logo depois dessa visita que encontrei o livro de Robert Lomas e
Christopher Knight intitulado Uriel's Machine. Eles izeram algumas
observações a respeito da Newgrange, um lugar histórico na Irlanda, que
se acredita tenha sido construído quase na mesma época de Stonehenge.
Newgrange com certeza tem alinhamentos solares muito parecidos com os
que podem ser encontrados em Stonehenge. Lomas e Knight observaram
que os ceramistas Rinyo-Clacton [Groove Ware people], que também
estavam associados com a era de Newgrange, freqüentemente usavam na
olaria o padrão que produzia um losango em forma de diamante. A
semelhança do padrão usado pelos ceramistas Rinyo-Clacton [Groove Ware
people] com o de Cnossos foi imediatamente percebida. Assim que iz essa
observação, guardei logo na memória, para re letir depois. Foi quando eu
estava avaliando o Templo de Salomão, alguns anos depois, que a
lembrança dessa observação voltou à tona.

Tendo calculado a possível posição para as colunas serem colocadas na


frente do pórtico do Templo, e como as dimensões se equilibravam com as
outras partes da estrutura, pareceu lógico testar quais padrões de sombra
resultariam no piso no nascer e no poente do Sol nos dias dos solstícios de
verão e inverno.

Com a ajuda de um simulador solar baseado em software, voltei o céu até a


época em que o Templo supostamente foi construído, e de ini o horário
mais próximo daquele no qual o Sol teria aparecido no horizonte na
alvorada. O azimute icou em torno de 62 graus para o solstício de verão e
118 graus para o solstício de inverno. Isso daria uma variação angular a
partir da linha central leste-oeste de 28 graus. O número 28 era
signi icativo no calendário religioso lunar como já foi mencionado. Tudo
parecia estar em perfeito equilíbrio. Porém, dependendo da capacidade do
código usado no simulador de software, como pude perceber, a exatidão do
resultado exibido era afetada. As leituras de azimute icaram bem
próximas de 60 graus e 120 graus, dando uma variação angular de 30
graus. Imaginei se não seria essa a verdadeira intenção, já que 30 graus
correspondiam aos 30 côvados de altura das colunas. Um pouco de
trigonometria básica dessas leituras mostrou que as sombras resultantes,
criadas pelas colunas, enfocariam o centro da entrada do Templo. Mais
uma vez, tudo parecia ter sido projetado para se encaixar
harmoniosamente. Existe outra vantagem oculta a ser obtida com este
arranjo. Isso signi icaria que, ao medir o ângulo da sombra em relação à
linha central do Templo, a posição da Latitude de Jerusalém e, em
particular, a posição latitudinal do Templo na face da Terra também seriam
registradas.

A sombra das Colunas no

Além disso, com a marcação do ângulo do pôr- do-sol nesses mesmos dias,
o padrão do losango estaria completo. Assim, como conhecimento sagrado,
seria percebido que com a medição dos ângulos demarcados em um
losango, criados pela sombra do Sol no nascente e no poente nos dias dos
solstícios, a pessoa poderia determinar a sua posição latitudinal, pois a
forma do losango mudaria dependendo de quão perto ou longe a pessoa
estivesse do equador.

O quadrado oculto de Rosslyn


Durante o período em que estive preparando este livro, Robert Lomas, um
dos autores mencionados anteriormente, escreveu uma obra
complementar com o título de Turning the Hiram Key [Girando a Chave de
Hiram]. Em suas obras anteriores, Robert Lomas e Christopher Knight
chamaram atenção para a capela de Rosslyn, bem perto de Edimburgo, na
Escócia; uma capela que contém considerável simbolismo maçônico
esculpido na pedra da estrutura. Rosslyn foi construída no século XV por
William St. Clair, o último conde nórdico de Orkney, cuja família, durante
séculos, forneceu os Grão-Mestres da Maçonaria na Escócia. Robert Lomas
sustenta que as origens da Maçonaria Moderna podem ser traçadas pela
construção dessa capela.

Em um capítulo sobre o simbolismo em Turning the Hiram Key, Robert


Lomas examina o assunto da forma do losango, tendo em vista que este
pode ter sido associado ao culto da Deusa. Ele também chama atenção para
o método do uso da forma do losango como meio de determinar a latitude
da posição de alguém. Ele afirma:

Na latitude em que William St. Clair construiu o Templo de Rosslyn, os


ângulos do solstício produzem um quadrado perfeito, e foi ali que a moderna
Maçonaria começou.

Essa é uma observação interessante, pois, na cerimônia de iniciação


maçônica, o candidato é admitido "(...) no quadrado".

As colunas - o conhecimento oculto


A disposição do Templo serviu para a idéia do Sol penetrando no Santo dos
Santos na alvorada, e seu projeto parece corresponder com os principais
ritmos solares. As janelas do clerestório teriam servido para a iluminação
de um calendário na parede para acompanhar a produção e a colheita. O
tamanho e a localização das colunas parecem ter correlação com a altitude
do Sol no meio-dia e com as principais posições no horizonte. Tanta coisa
serviu para ser projetada em torno do Sol, que me perguntava se as
dimensões das partes componentes também não haviam contribuído para
o nosso conhecimento.

Depois de uma série de falsas partidas, decidi criar uma planilha de


computador simples que reunisse todas as dimensões da estrutura da
coluna. Somei, multipliquei, subtraí e dividi os números, embora sentisse
que as pessoas do tempo de Salomão só os deveriam ter somado e
multiplicado. Mais uma vez iquei abismado com o resultado. Confesso que
eu tinha muitos dados que faziam sentido, mas, quando os coloquei em um
grá ico, alguns se tornaram imediatamente óbvios. A tabela a seguir é um
exemplo daquilo que os números revelaram (ver a tabela na página 316).

O que particularmente me surpreendeu foram os totais de 27,5 e 29,5


relacionados com a Lua. Eu já mencionei que depois de 27,5 dias a face
iluminada da Lua desaparece e emerge novamente dois dias depois como a
Lua nova. Esses eventos acontecem no 28o dia, o qual era a base do
calendário solar civil, enquanto o 30o dia, no qual a mesma emerge de
novo, era a base do calendário lunar religioso. Em virtude de dois côvados
da base da coluna icarem debaixo da terra e, portanto, na escuridão,
parece que isso corresponde com os dois dias de escuridão da Lua. A Lua
também tem um grande ciclo de 18,6 anos, resultando no retorno exato à
mesma posição no céu. Isso corresponde com a altura das colunas.

A partir disso e de outras informações reveladas nas dimensões das


colunas, mais a localização e o tamanho das colunas, acredito que o Templo
fora construído para re letir e registrar as principais informações a
respeito do movimento da Terra e seu efeito, além do conhecimento a
respeito do Sol e da Lua.

O Templo - a solução final


Para mim, tudo agora se encaixa. O templo foi chamado de Templo de
Salomão após a morte do construtor Jedidias, ilho de Davi. Quando foi
construído pela primeira vez, era conhecido como o Templo do Sol e da Lua
[Salomão em inglês é Solomon], pois Sol signi icava Sol e Amon signi icava
Lua.

Esse fato também explicaria a razão pela qual o Templo de Salomão


granjeou tão elevada consideração por tantos séculos: era o que o tornava
tão exclusivo. Isso ainda explicaria porque se tornou importante
característica da Maçonaria, no sentido de que as informações conferidas
pelos sacerdotes e usadas pelos maçons operativos dos tempos passados
ajudavam-nos a projetar prédios de acordo com os princípios do
macrocosmo, os quais, por sua vez, eram vistos como se houvessem sido
planejados e governados pela divindade. Também explicaria por que na
Maçonaria contemporânea são feitas tantas referências a aspectos do Sol,
embora na geração atual não tenhamos a compreensão do signi icado
disso. Nós herdamos esse conhecimento antigo, mas, por causa do
desenvolvimento da ciência e dos processos sistemáticos de educação das
massas, fomos nos afastando do entendimento de como isso poderia ser
usado em nossas vidas cotidianas.

Além disso, as colunas não eram apenas objetos simbólicos espremidos


dentro do pórtico, ou queimadores de incenso metálicos que icavam na
frente da porta principal do Templo; eram símbolos enormes e magní icos
da nacionalidade dos israelitas, da mesma grandeza do próprio Templo.
Embora grande parte do simbolismo e dos detalhes ocultos fossem
conhecidos de poucas pessoas, podemos imaginar esses ornamentos
maravilhosos expostos orgulhosamente no topo do Monte Moriá, como
faróis que podiam ser vistos a distância, com seus cumes dourados
resplandecendo a luz do Sol.

Na cerimônias maçônicas eles são mencionados assim:

Eles foram colocados na entrada do templo(...) para que os Filhos de Israel


pudessem ter a feliz libertação de seus antepassados continuamente diante
de seus olhos, quando fossem e voltassem da divina adoração.

Quando os israelitas subiam o Monte Moriá, não podiam deixar de ver as


colunas. Estas icavam posicionados 40 côvados na frente do Templo, em
destaque, gigantes permanentemente eretos que dominavam a paisagem.
Como os israelitas poderiam esquecer a sua libertação?

Revelação Divina
Anteriormente, examinamos exemplos da geometria sagrada. Em
particular, vimos o assunto da Razão Áurea, também conhecida como
Divina Proporção, que se vincula com os números 1,618 e 0,618. Portanto,
para você não será surpresa descobrir que esses números agora
aparecem no projeto do Templo.

Se, como meus cálculos mostram, a posição das colunas fosse 20 côvados
ao norte e ao sul da linha central do Templo, então elas também estariam
cerca de dez côvados fora da estrutura do quadrado principal que
representava o corpo principal do Templo. Também sabemos que as salas
em torno das paredes externas, usadas pelos sacerdotes ou para
armazenamento, tinham cerca de cinco, seis ou sete côvados de largura.
Assim, a largura adicional criada por tais salas não podia ser menor que
sete côvados. A posição das colunas signi ica que o diâmetro da base do
alicerce inferior era de seis côvados; assim, ela estaria na mesma linha da
dimensão exterior das paredes das salas dos sacerdotes. A parede externa
precisava ter uma espessura que, assumiremos, seria 0,5 côvado, de modo
que visualmente o intervalo icaria fechado entre a parede e a base das
colunas. Isso, portanto, acrescentaria 15 côvados à largura total do templo,
estando o 15 em harmonia com as 24 divisões das horas, representando a
rotação da Terra em um dia. Então, as bases das colunas seriam vistas
alinhadas com as paredes externas das salas usadas pelos sacerdotes. As
bases tinham cinco côvados de diâmetro, assim a largura total no nível do
chão aumentaria em mais 2,5 côvados.

Largura do Templo 20

Salas dos sacerdotes 7

Diâmetro residual da base do alicerce 0,5

Diâmetro das bases das colunas 5

TOTAL 32,5 côvados

Razão Áurea 20 côvados de largura x 1,618 = 32,36.

A variação entre os dois números é de 0,14 côvado, que é cerca de 2,5


polegadas ou 600 milímetros com base em um côvado de 18 polegadas, ou
0,4% da largura calculada da Razão Áurea; tudo icaria dentro de uma
margem de erro aceitável.

Por isso é altamente possível que um retângulo desenhado a partir do


canto externo da base da coluna para circundar o corpo principal do
templo fosse uma referência oculta à Razão Áurea, a Divina Proporção.

Por que o Templo de Salomão foi tão venerado através dos séculos?

A partir da minha busca, acredito poder responder o seguinte:

• O Templo de Jedidias (de Salomão) era um local de culto [adoração]. Era


também um observatório celeste e um centro educacional, com salas
reservadas para os sacerdotes, que rodeavam o corpo principal do Templo,
sendo usadas como centro de ensino. Era um Local Sagrado, pois re letia a
verdadeira natureza da criação de Deus e quão maravilhoso isso parecia
quando expresso por meio do modelo das estações, da previsibilidade de
eventos, da geometria resultante, do relógio e do calendário: uma estrutura
em harmonia total com o macrocosmo. Era uma demonstração de
tecnologia.

• As colunas tornaram-se o registro ou repositório da mecânica celeste e


da geometria, que determinavam os princípios com os quais a estrutura foi
projetada. A ciência forneceu a in luência sobre os costumes, as insígnias, a
estrutura social e, por im, sobre a nacionalidade. As colunas eram como
uma enciclopédia única em pedra e bronze, detalhes das quais somente
foram revelados para poucos; as dimensões e seu signi icado estiveram
ocultos para aqueles que não precisavam saber, um repositório sagrado e
secreto de informações.

• Na Maçonaria existe uma expressão usada e relacionada às colunas que


afirma: "pois nesse lugar foram depositados os rolos constitucionais". Esta
sentença dá a impressão de uma cavidade, um buraco ou um lugar no qual
rolos de pergaminhos ou outras obras foram escondidos, informação que
era para ser conhecida apenas por poucos. A palavra-chave, acredito, é
nesse lugar, mas não nesse lugar como dentro de alguma cavidade secreta,
mas nesse lugar signi icando que nas dimensões das colunas icavam os
dados a respeito do Sol, da Lua, da precessão e da mecânica da Terra. Isso
não seria muito diferente das práticas egípcias, em que eles esculpiam
informações nas colunas e obeliscos em hieróglifos, como registro.

Qual era o segredo da Sabedoria de Salomão?

• A sabedoria de Salomão (Jedidias) era o seu conhecimento e aplicação


dos princípios de Geometria (Matemática), lembrando que ele buscava
sabedoria (entendimento e conhecimento) que lhe permitisse obter
conclusões lógicas. Ele era especialista em lores, árvores e animais. O texto
do Antigo Testamento nos diz que "ele era mais instruído que os homens do
Oriente", o que possivelmente é uma referência ao seu entendimento de
Astronomia e Astrologia (ciência). Ele buscou tal sabedoria antes de
começar a construção do Templo e foi educado nos princípios da sabedoria
antiga. A referência às habilidades do seu pensamento lateral são, talvez,
realmente uma interpretação mais moderna daquilo que de inimos como
sabedoria.

Qual é o segredo do Selo de Salomão?

• Sugiro que a forma geométrica dos triângulos entrelaçados é derivada da


forma dos círculos entrelaçados da Vesica Piscis que indica o entendimento
da geometria sagrada ou antiga; a Vesica Piscis, sendo a base do Selo de
Salomão, é a chave da planta baixa e das dimensões do Templo.

Por que o "Templo de Salomão" é chamado assim?

• Sugiro que, por causa de suas características especiais, o templo tornou-se


conhecido como o "Templo de Sol e Amon", com Sol significando Sol e Amon
significando Lua.

• Após sua morte, Jedidias foi citado como o homem que construiu o Tempo
de Sol e Amon, que com o tempo foi alterado para Sol-Amon e depois
Salomão.

• As alturas das colunas eram as mesmas, mas eram interpretadas de


maneira diferente para re letir a informação celestial. Por exemplo,
quando a coluna recebe a dimensão de 18 côvados, ela re lete informação
solar, enquanto que quando ela é mencionada como de 17,5 côvados, tem a
tolerância de 0,5 côvado a ser coberta completamente como assento
mestre para os capitéis, e a dimensão resultante re lete informação
relativa à Lua.

Pode até ser que as duas colunas tivessem tamanhos diferentes, que
refletiam essa diferença de 0,5 côvado e que:

Jaquim no Sul continha informações sobre o Sol.

Boaz no Norte continha informações sobre a Lua. Em várias partes do


Reino Unido podemos encontrar exposições de insígnias maçônicas muito
antigas. Tanto assim que encontrei um avental de maçom da época de
1751. Em particular ele mostra as duas colunas com a imagem do Sol e da
Lua em cada um.

É como se esse saber já fosse conhecido na Maçonaria em algum momento


em um passado não tão distante.

Um belo avental bordado, datado de antes de 1800, junto com


representações do Sol e da Lua sobre as colunas

Então tudo se perdeu


Tendo dedicado considerável tempo e energia à construção desse edi ício


majestoso e único, as coisas começaram a dar errado logo depois da morte
de Jedidias (Salomão). Seu ilho, Roboão, sucedeu-o como rei. Após cinco
anos de seu reinado, Jerusalém foi atacada por um exército egípcio
liderado pelo faraó Shishak. O faraó absteve-se de arrasar a cidade, mas
em vez disso levou embora todas as jóias preciosas e os ornamentos de
ouro e prata do Templo.

Alguns séculos mais tarde, por volta de 570 AEC, Nebuzaradan,


comandante da guarda imperial da corte do rei babilônico
Nebuchadnezzar [Nabucodonosor], invadiu Jerusalém e levou muitos
habitantes em cativeiro.

Ele incendiou todos os prédios importantes da cidade, inclusive o Templo;


as colunas foram destruídas e o bronze foi levado embora. Ficou registrado
que o fogo no Templo foi tão feroz que até algumas pedras começaram a
derreter. A ferocidade do incêndio é compreensível. O interior havia sido
revestido de cedro. Protegido dos elementos, ainda mais no clima quente e
temperado do Mediterrâneo, a madeira estaria muito seca e in lamável
depois de 400 anos sem exposição aos elementos. Se, como eu suponho, as
janelas do clerestório icassem no alto da estrutura e fossem as únicas na
parte principal do Templo, então o resultado seria comparável com um
moderno forno de produção de aço. O ar para alimentar o fogo seria
tragado para dentro do pórtico do Templo. A medida que o incêndio icava
cada vez mais forte, a demanda por oxigênio aumentava, então o volume
de ar que passava pelo pórtico teria icado com a força de um furacão. O
lugar teria icado com uma temperatura semelhante ao de uma fornalha
usada para derreter minério de ferro.

O Templo de Jedidias não existia mais.

Existe algum vínculo com o templo de Abu Simbel?

Como já foi mencionado, em uma de minhas viagens ao Egito visitei o


templo de Abu Simbel. Esse templo aparentemente foi construído por
Ramsés, o Grande. Com suas enormes estátuas guardando a entrada e
posicionadas ao lado do Rio Nilo, e adjacente a rotas comerciais antigas,
acredita-se que marcasse a fronteira sul de seu reinado.

Em uma das câmaras laterais, há gravações nas paredes de pedra que


mostram vários aspectos da vida de Ramsés. Elas mostram seu exército
transportando os preciosos materiais que foram saqueados no cerco a
Jerusalém. Anteriormente, eu iz referência ao dr. David Rohl e sua obra A
Test of Time, na qual ele apresenta uma cronologia revisada dos eventos
bíblicos, identi icando alguns personagens principais. Ele identi ica Shishak
como Ramsés.

Observei como o templo de Abu Simbel é organizado de modo que duas


vezes ao ano um feixe de luz penetre no comprimento do saguão, na
alvorada, para iluminar cada uma das três estátuas no Santo dos Santos, na
parte de trás da estrutura. Uma dessas estátuas representa Ramsés.
Imaginei de onde Ramsés tirou a idéia desse arranjo, tendo em vista que o
mesmo está tão longe daquilo que podemos ver na maior parte dos outros
templos no Egito. Será que Shishak ou Ramsés observou a con iguração
solar do Templo de Jerusalém, operando da mesma maneira que descrevi,
e, em seu retorno ao Egito, construiu Abu Simbel para re letir
características similares? Será que as quatro estátuas no Santo dos Santos
em Abu Simbel, três das quais são iluminadas pelo Sol, eram adaptações
das quatro asas dos querubins de Jerusalém? Nesse caso, então, a visita a
Abu Simbel nos dias de hoje representa uma espetacular lembrança da
tecnologia do Templo de Salomão.

O desenho do Templo vive

A história nos conta que cerca de 300 anos depois da suposta cruci icação
de Cristo, perto de Jerusalém, a principiante religião cristã foi usada pelo
imperador romano Constantino como veículo de uni icação do império
romano que se desintegrava, e que as tradições da fé eram reguladas
pelas ordens que foram originadas do Concílio de Niceia em 325 EC. Então,
como a religião e sua organização de apoio se espalharam pela Europa,
seguiu-se um período em que antigas práticas e tradições pagãs eram
vistas como heréticas, e esforços foram feitos para eliminá-las e substituí-
las por novos rituais. Setecentos anos depois do Concilio de Niceia, a Ordem
dos Cavaleiros Templários começou sua ascendência. Logo após a
formalização da Ordem, que por sua vez estabeleceu seu acampamento
inicial em Jerusalém, no local onde o Tempo de Salomão existiu, manifesta-
se o surgimento do estilo gótico de arquitetura, que se re letiu em muitas
das grandes catedrais construídas entre os séculos XI e XIV. É interessante
observar que, nas laterais do pórtico ou da entrada dessas catedrais,
normalmente existem duas torres que de inem os limites externos da
largura da construção. Isso parece re letir a mesma perspectiva que
alguém poderia ter visto ao se aproximar do Templo de Salomão/Jedidias.
O corpo do Templo e a entrada flanqueados por duas colunas.

A fachada da frente da catedral de Saint Denis nos arredores do norte de


Paris. Acredita-se que tenha sido uma das primeiras catedrais a
experimentar o estilo gótico, embora tenha sido fundada por volta de 500
EC.

Essa mesma iloso ia de desenho aparece em muitas igrejas dedicadas à fé


católica romana, especialmente nos países em que essa fé é dominante.


CAPÍTULO 15
O Regado dos Cavaleiros Templários e um Novo Hiram Abiff
Morei três anos em Cambridge, na Inglaterra, e não era raro receber e
acomodar visitantes que queriam aproveitar o im de semana para
experimentar os encantos dessa antiga cidade universitária. Logo
desenvolvi um roteiro bem planejado para acompanhar os visitantes,
fazendo um comentário recheado de datas históricas e informações inúteis
a respeito dos vários monumentos que visitávamos.

Ao lado da Faculdade St John, que foi fundada em 1511 pela mãe do rei
Henrique VII, lady Margaret Beaufort, existe uma pequena igreja um tanto
incomum; incomum porque é circular. Ela é conhecida em Cambridge como
a "Igreja Redonda", mas seu nome real é Igreja do Santo Sepulcro.
Acredita-se que tenha sido construída pelos Cavaleiros Templários por
volta de 1130 EC. Seu desenho pretendia complementar o Santo Sepulcro
em Jerusalém, a cidade onde os Cavaleiros Templários tinham então uma
base segura.

Para colocar essa pequena igreja no contexto, uma breve revisão da


história dos Cavaleiros Templários é necessária.

Os Cavaleiros Templários
Durante muitos anos, houve a especulação de que a Maçonaria teria se
originado dos Cavaleiros Templários. No livro Illustrations of Masonry, de
William Preston, Seção 4, publicado em 1795, existe uma a irmação
positiva a respeito dessa ligação:

No reinado de Henrique II, o Grão-Mestre dos Cavaleiros Templários dirigiu


os maçons e os empregou na construção do Templo deles na Fleet-street, em
1155 AD. A Maçonaria continuou sob o patronato dessa Ordem até o ano de
1199, quando João sucedeu seu irmão Ricardo na coroa da Inglaterra.


Eu cresci em uma área de Kent onde havia existido uma forte conexão com
os Cavaleiros Templários. Mesmo atualmente o Solar dos Templários
continua existindo perto do Rio Medway, no lado oposto ao Castelo de
Rochester. Quando criança bem pequena, certa vez perguntei a meu pai
quem foram os Cavaleiros Templários. Ele respondeu apenas que eram
uma "turma esperta". Então, para mim, eles imediatamente se
transformaram em heróis e continuaram assim depois disso. Claramente, a
reputação vinha na frente deles. Uma reputação interessante e um conto
de intrigas, com certeza.

Jerusalém, uma pequena aldeia que se tornou uma cidade, pouco conheceu
os caminhos da paz em seus 3.500 anos de história. Trata-se do local do
Monte Moriá, onde Abraão levou seu ilho Isaque ao sacri ício. A cidade
que Davi tornou sua capital. Onde Salomão ou Jedidias construiu o
primeiro Templo israelita e onde os eventos que inspiraram a religião
cristã, há 2 mil anos, ocorreram. Nos últimos 2 mil anos, foi uma cidade
invadida por egípcios, babilônios, assírios, persas, gregos e romanos.
Quando os romanos partiram, Jerusalém enteou em um período de relativa
paz, em que seguidores das principais religiões do Islã, do Judaísmo e do
Cristianismo viveram lado a lado, sem grandes di iculdades, sob o governo
do império de Constantinopla. Então, no século XI, a cidade novamente
sucumbiu, dessa vez por causa dos turcos de Seljuk. Os cristãos foram
proibidos de fazer peregrinações ao lugar que viam como sua cidade
sagrada. Então, foi assim que, em novembro de 1095, o papa Urbano II
convocou o Concüio de Clermont, em Auvergne, na França, ao qual,
conforme relatos, cerca de 225 bispos e aproximadamente cem abades de
toda a Europa compareceram. Milhares de nobres e cavaleiros também
estiveram presentes e todos concordaram que um exército deveria ser
enviado a Jerusalém para libertá-la do controle dos invasores. As Cruzadas
foram iniciadas e Jerusalém foi tomada pelo exército dos cruzados em 15
de julho de 1099.

Um monge, mais tarde conhecido apenas como Bem-Aventurado Gerard,


fundou a hospedaria perto da igreja de São João Batista, próxima de
Jerusalém, que oferecia enfermaria para cuidar dos peregrinos doentes,
junto com a hospedagem. Os peregrinos que se bene iciaram das
facilidades oferecidas faziam doações para o hospital quando partiam. O
hospital e sua organização ganharam estatura e reputação. E receberam
aprovação papal por meio da bula publicada pelo papa Pascoal II, em 1113.
Assim, a Ordem Soberana e Militar de São João de Jerusalém foi criada:
mais conhecida, talvez, como a Ordem de São João, os Cavaleiros
Hospitalários, ou atualmente como os Cavaleiros de Malta. O hábito ou
uniforme deles era um tabardo negro ornamentado com uma cruz branca
como brasão.

A ordem operava em dois níveis: ofereceria hospitais para cuidar de


doentes e um braço militar, cuja tarefa era tentar proteger os peregrinos
nas estradas para Jerusalém.

Enquanto isso, um grupo de nove franceses se dirigiu para Jerusalém,


liderados por Hugues de Payen [O Pagão], um nobre do distrito de
Champanhe. Na chegada a Jerusalém, eles declararam que também
protegeriam as estradas usadas pelos peregrinos. Eles estavam, ao que
parece, autorizados a usar a área do local original do Templo de Salomão
como sua base, onde permaneceram por cerca de nove anos. Eles se auto-
denominaram Os Pobres Cavaleiros de Cristo e do Templo de Salomão.
Essa Ordem depois passou para a história como os Cavaleiros Templários.

Enquanto o grupo fundador original de nove cavaleiros acampava nos


destroços do Templo Herodiano, em Jerusalém, lembrando que esse era o
local original do Templo de Salomão, acredita-se que eles começaram a
escavar embaixo do local do Templo original, descobrindo, mais tarde, algo
de grande valor. Durante anos, o que eles descobriram tem sido assunto
de muita especulação, incluindo a possibilidade de que seria a Arca da
Aliança ou documentos importantes que poderiam fornecer a conexão
genealógica de algumas famílias aristocráticas, que existiam por volta de
1000 EC. Após nove anos, eles não haviam expandido sua organização e
continuavam limitados aos nove cavaleiros originais. Também não existe
nenhuma evidência de que tenham participado de qualquer atividade
associada à proteção de peregrinos nas estradas para Jerusalém, que era a
intenção declarada deles. Depois de nove anos, Hugues de Payen deixou
Jerusalém, voltou para a França e buscou a ajuda do abade, que passaria
para a história como São Bernardo. Esse abade era obviamente bem
relacionado, e, depois de fazer a divulgação do caso deles, Hugues de
Payen e seus oito outros cavaleiros originais receberam apoio e proteção
do papa, em 1128. O hábito ou uniforme deles era um tabardo branco
ornamentado com uma cruz vermelha como brasão.
A ascensão ao poder e a in luência exercidas pelos Tempiários foram
meteóricas Comentando o apoio que Hugues de Payen recebeu por
intermédio de São Bernardo, um autor nota que, no retorno a Jerusalém,
"eles foram para o Ocidente sem nada e voltaram com uma Ordem Papal,
dinheiro, objetos preciosos, riqueza fundiária e nada menos que 300 nobres
recrutados (...)". A isso deve ser acrescentado que Hugues de Payen
também foi reconhecido como Grão-Mestre da Ordem.

São Bernardo, só para relembrar, já foi mencionado em capítulo anterior


como sendo um excelente motivador do desenvolvimento do estilo gótico
de arquitetura, com base nas informações que ele deve ter recebido dos
Cavaleiros Templários.

Tudo isso aconteceu cerca de 30 a 50 anos depois da invasão e conquista


da Inglaterra por Guilherme, o Conquistador, quando a in luência
normanda continuava ainda em muita evidência. Foi assim que Hugues de
Payen se casou com uma mulher escocesa de descendência normanda,
Catherine de Saint Clair, estabelecendo o primeiro Preceptório Templário
fora de Jerusalém, nas terras da família Saint Clair, na Escócia.

Os Cavaleiros Templários tornaram-se extremamente ricos, com vastas


propriedades rurais por toda a Europa, onde, em suas fazendas,
produziam alimentos e criavam cavalos. Eles eram tão ricos que
emprestavam dinheiro para reis, e estabeleceram aquilo que alguns se
referem como sendo o primeiro banco europeu, permitindo ao viajante
depositar dinheiro, digamos, em Londres, e receber o pagamento desse
depósito no destino, por exemplo, em Paris.

Embora os Templários tenham participado das atividades das cruzadas, as


indicações são de que eles foram progressivamente se distanciando do
controle do papa, tornando-se muito mais independentes. Não obstante,
durante 200 anos eles prosperaram.

No início do século XIV, o rei francês Filipe, o Belo, também conhecido como
o rei de Mármore, travou algumas batalhas desastrosas e estava
virtualmente falido. Filipe aparentemente decidiu conquistar as riquezas
dos Templários para resolver seus problemas inanceiros. Filipe, o Belo,
em um esforço para garantir os tesouros dos Templários, é suspeito de ter
assassinado dois papas e ameaçado um terceiro, Clemente V. Nessa época,
o Grão-Mestre da Ordem era James Burg de Molay, mais freqüentemente
citado como Jacques de Molay. Ele era padrinho de um dos ilhos de Filipe.
Atraído para a França por Filipe, o Belo, Molay foi preso junto com um
grande contingente de Cavaleiros Tempiários que estavam na França, por
meio de uma incursão que foi secretamente organizada por Filipe, sendo
instigada na sexta-feira, 13 de outubro de 1307. A respeito dessa ação
efetuada por Filipe, o Belo, e o papa Clemente V, James Orchard Halliwell,
em seu livro Early History of Masonry in England [História Inicial da
Maçonaria na Inglaterra], publicado em 1840, afirma que:

Havia uma convocação para Vienne, em Dauphiny [França], onde o


extermínio foi decidido em 1307.

Foi essa ação que fez que, para sempre, toda sexta-feira 13 se tornasse o
dia do mau agouro ou do azar.

Apesar dos esforços de Filipe, o Belo, para prender os Templários, muitos


deles escaparam e, aparentemente, rumaram para a Escócia, Portugal,
Suécia, para citar alguns destinos. Muitas riquezas dos Templários
supostamente escaparam de Filipe, pois as propriedades deles foram
requisitadas por outros monarcas, que passaram algumas delas aos
cuidados dos Cavaleiros Hospitalários, sob a direção de um édito papal,
publicado em 1312, embora algumas dessas propriedades eles
inquestionavelmente tomaram para si mesmos. O grosso do tesouro dos
Templários, porém, acredita-se que tenha sido transferido para a Escócia,
onde Hughes de Payen havia estabelecido um Preceptório 200 anos antes.

Denis, rei de Portugal, icou furioso com as ações de Filipe e Clemente V.


Quando o édito da transferência de propriedade para os Cavaleiros
Hospitalários foi publicado, ele tomou posse do máximo que pôde para si
mesmo com a intenção de restaurar a Ordem dos Cavaleiros Templários e
devolver as propriedades para eles.

Nos anos seguintes, muitas acusações foram feitas contra os Cavaleiros


Templários pela hierarquia da Igreja; acusações que incluíam heresia,
blasfêmia e sodomia. Essas acusações agora são amplamente entendidas
como falsas, efetuadas pela autoridade do papa por insistência de Filipe, o
Belo. O poder e a in luência da Ordem, porém, tinham sido quebrados e os
Cavaleiros Templários inalmente foram dissolvidos pela autoridade do
papa em 1314. Jacques de Molay foi condenado à morte e queimado vivo,
não longe da catedral de Notre-Dame, em Paris. James Halliwell usa uma
linguagem muito forte:

(...) o assassinato do Grão-Mestre Jacques de Molay, seus assassinos sendo


Filipe, o Belo, o papa Clemente V e Squin de Florion.

Com a Ordem o icialmente dissolvida, os Templários de Portugal


desapareceram, mas, quando Clemente V morreu, eles reapareceram,
sendo muito respeitados, e receberam pensões provenientes de seus bens.

O papa João sucedeu Clemente V. Denis, rei de Portugal, enviou


embaixadores a ele, que abriram negociações a im de restaurar a Ordem.
As negociações duraram seis anos e, ao inal desse período, os
embaixadores de Denis haviam conseguido tudo o que pretendiam, exceto
a restauração do nome de Cavaleiros Templários. Em vez disso, eles se
tornaram conhecidos como os Chevaliers [Cavaleiros] de Cristo. Apesar
desse esforço em nome deles, a nova Ordem fracassou em recuperar a
antiga glória. Na Inglaterra, os membros restantes da Ordem, desprovidos
de suas propriedades e outros bens, encontravam-se em estado
deplorável. O bispo de York icou tão preocupado com a situação deles que
os recolheu, distribuindo-os pelos mosteiros de sua jurisdição.

Essa, então, é uma breve história dos Cavaleiros Templários. A outra


organização mencionada, a Ordem de São João de Jerusalém, continua
ativa. Atualmente está baseada na Ilha de Malta, no Mediterrâneo.

Vários autores indicaram que, durante o período das cruzadas e do


período em que estiveram no Mediterrâneo Oriental, os Tempiários
entraram em contato com certas doutrinas e culturas que aceitaram, mas
que eram con litantes com aquelas crenças defendidas pelo Cristianismo
romano. Aqui não é o lugar de tratarmos dessas especulações, porém,
parece muito provável que a organização tenha encontrado algumas idéias
que podem muito bem ter resultado em acusações de heresia sob a
iloso ia então implantada na Igreja. Isso pode ter resultado de seu contato
com as ciências da comunidade islâmica, que resultaram no
desenvolvimento do estilo gótico. Observando a posição da catedral de
Chartres, como mencionado antes, essa iloso ia pode estar relacionada
com o Sol, a Geometria, a harmonia de sons e números e seus vínculos com
o macrocosmo. Ciência e Teologia teriam entrado em conflito.

As vastas propriedades de terras e os bens que os Templários possuíam


na Europa resultaram no empreendimento de alguns projetos de
construção substanciais. Eles construíram castelos e fortalezas como
baluartes de proteção, solares de onde administravam os imóveis locais,
celeiros maciços para o armazenamento de produtos na safra, igrejas e
pontes. Nos territórios em que os Tempiários operaram, continuam
existindo maravilhosos exemplos de construções, castelos e igrejas, como
testamento da destreza deles como construtores.

As igrejas redondas foram uma característica particular da arquitetura dos


Tempiários, tanto como a forma octogonal. Das muitas igrejas redondas
que se acredita tenham sido construídas na Inglaterra, apenas cinco
sobreviveram. A mais famosa é a de Londres, bem nas margens do Rio
Tâmisa, onde hoje em dia é o enclave das instituições jurídicas. O centro
desse círculo é conhecido como Templo Interno. O distrito em torno é
conhecido como Templo, pois nessa área os Cavaleiros Tempiários tiveram
seu maior preceptório.

Como conseqüência dessa destreza na construção, eles devem ter reunido


grande contingente de maçons em suas ileiras, e com esses maçons veio o
conhecimento das sabedorias antigas. E foi por causa dessas sabedorias
antigas, e de uma conexão, em particular, que eles devem ter entrado em
con lito com a instituição religiosa, o que levou às acusações de heresia e,
ao mesmo tempo, à criação de um personagem lendário da Maçonaria que
se relaciona com o Sol.

Antes, porém, precisamos voltar a Cambridge.

Os Templários - a igreja do relógio solar


A Igreja Redonda de Cambridge tem o interior bastante austero, mas esse
era o modo dos Tempiários. A igreja parece estar em boa ordem estrutural
para sua idade aparente. Depois de cerca de 300 anos, sofreu modificações
no século XV, que sem dúvida coincidiram com a necessidade de reparos.
Mais 400 anos e ela foi submetida a substancial restauração no Período
Vitoriano, entre 1841 e 1843, pelo grupo conhecido como Sociedade
Camden de Cambridge. Documentos da biblioteca da cidade de Cambridge
elogiam muito o trabalho de restauração, que incluiu a preservação,
sempre que possível, e a recriação de estilos do século XII, onde
necessário. A obra de restauração incluiu a remodelagem de algumas
janelas para icarem iguais a uma janela do século XII que havia sido
preservada.

Como a própria igreja é redonda, não será surpresa saber que a nave
também é redonda no centro da construção. Também é perceptível a
existência de oito colunas que rodeiam a nave, sustentando a estrutura
central principal. Essas colunas facilmente delineiam outra característica
dos Templários, o octógono.

Por um longo período, visitei a igreja sempre que possível quando


precisava voltar a Cambridge. À medida que meu interesse por simbolismo
antigo cresceu, comecei a sentir que tal simbolismo muitas vezes estava
incorporado aos projetos das igrejas nos períodos gótico e medieval; então
pensei se havia algum tesouro escondido na Igreja Redonda. A nave tem
cerca de 19,25 pés (5,86 metros) de diâmetro, o que novamente re lete o
padrão da unidade de medida imperial. Na época em que essa igreja foi
construída, não existia esse padrão. Eu raciocinei que, sem considerar o
meu interesse pela jarda megalítica e a vara e os métodos de medição dos
maçons de outrora, os Cavaleiros Templários teriam usado o côvado como
unidade de medida, conforme mencionado nas escrituras. Além disso, a
medição de 19,25 pés é feita por meio da face interna da nave, cujo piso
ica rebaixado em relação ao nível do ambulatório. Senti que a dimensão
principal na época em que a igreja foi originalmente construída teria sido o
diâmetro através da linha central circular na qual as colunas principais
foram erguidas. Cada vez que visitei a igreja, encontrei-a repleta de
turistas e outros visitantes, ou a nave continha exposições, de modo que
medições detalhadas não eram facilmente obtidas. Não obstante, avaliei o
diâmetro da linha central circulai - na qual as colunas foram construídas
era de 12 côvados, seis côvados de raio, enquanto que o diâmetro total da
área redonda era de 24 côvados. Esses números eram simbólicos.
Incentivado por essa realização extraoficial e impalpável, procurei mais.

A Igreja Redonda em Cambridge Na linha central, entre cada uma das


colunas, ficam as janelas do clerestório, cujas bases ficam cerca de 25 pés
(18 côvados) acima do piso.

Em uma das visitas, levei uma bússola e observei que uma das janelas
superiores do clerestório parecia estar em um eixo sul. Quando iquei no
centro da nave e olhei para a janela, notei que o peitoril possuía um ângulo
que permitia que a luz se espalhasse e parecia estar em ângulo com uma
linha visível que cruzava o centro da nave. Isso implicava que em certos
dias do ano, que eu considerei como sendo o solstício de verão ou o
equinócio, um feixe de luz tocaria no ponto central da nave. Foi assim que,
observando uma previsão do tempo favorável que indicava um dia de sol
em Cambridge na época do equinócio de outono, fui até a igreja
novamente.

As janelas do clerestório de dentro da Igreja Redonda

Estávamos operando no horário de verão, com os relógios avançados em


uma hora além do horário solar. As 12h30, eu me posicionei
diametralmente oposto ao clerestório, de frente para o sul, para esperar o
aparecimento do Sol. O curador estava de olho em mim; tendo percebido a
minha posição decidida, não interferiu. Cerca de dez minutos antes das 13
horas, de repente a luz do Sol rompeu através da janela. Um raio de luz
penetrou até o ponto onde o piso do ambulatório e a parede da rotunda se
juntavam, no lado norte da igreja. Infelizmente, algumas telas da exposição
estavam posicionadas na área, o que não era bom para fotografar sem
revelar o meu propósito, mas o resultado continuava certo. A partir disso
avaliei que, na hora do solstício de verão, o feixe de luz seria lançado no
centro da nave e, à medida que o ano avançava, ele tocava na base da
parede na hora do equinócio, como eu havia observado, e então viajava
pela parede até o ponto onde a galeria começava, na hora do solstício de
inverno. Se foi isso realmente o que os Cavaleiros Templários
originalmente construíram na rotunda, então eles também haviam
construído um calendário solar.
De repente, o Sol rompeu através da face sul do clerestório, iluminando a
junção da parede com o piso do ambulatório.

Essa era mais uma demonstração do uso do Sol. Talvez um pouco


inesperada, ainda que parecesse uma característica deliberada do projeto.
E também vemos o uso de um corpo celestial, conectado com rituais
pagãos, associado a uma construção com fortes conexões simbólicas
religiosas, com um templo venerado no Cristianismo, o Santo Sepulcro em
Jerusalém. Além disso, há o simbolismo do número oito, e a construção
havia sido feita por um grupo de cavaleiros que tinha em seu título as
palavras Templo de Salomão, um templo que muito bem pode ter sido o
Templo do Sol e da Lua.

De acordo com documentos da Biblioteca da Cidade de Cambridge, a igreja


na rotunda e o Santuário foram construídos no século XII. A nave lateral
sul e a capela norte podem ter sido acrescentadas do século XV, enquanto
a sacristia foi um acréscimo do século XIX. O acréscimo tanto da nave
lateral sul como da capela norte envolveu a remoção de parte das paredes
da rotunda para criar passagens. Pode ter acontecido que, quando esses
acessos em arcos foram acrescentados, as marcações relacionadas ao
calendário foram apagadas.

A Igreja Redonda de Cambridge

O Sol em seu meridiano - Equinócio de outono

É óbvio que, se a ilustração acima for girada a 45 graus, de modo que o


eixo norte-sul ique no alinhamento vertical tradicional, então o eixo que
passa pela porta do centro da nave e do santuário estará em um
alinhamento de sudoeste para nordeste. Isso pareceu um pouco obscuro,
então medi usando a bússola e descobri que o alinhamento correspondia a
uma posição de cerca de 45 graus. Não pude deixar de pensar por que
havia essa orientação. Usando o software de simulação celeste, decidi
veri icar o que estava acontecendo no céu na época em que a igreja foi
construída. Várias coisas surgiram. Primeiro, que a orientação parecia
coincidir com a posição do Sol na alvorada do dia do solstício de verão no
hemisfério norte. A medida que o Sol nascia nesse dia, é possível imaginar
os raios de luz penetrando na janela na parede do lado leste do santuário
original, lançando um feixe de luz no centro da nave até a parte interna da
porta. Isso deve ter sido um marcador celeste. Segundo, na época da
construção da igreja, então na hora do solstício de verão, o Sol nasceu na
constelação de Gêmeos, simbolizada pelas imagens dos gêmeos, que por
sua vez de ine o mesmo como um signo duplo, o único do zodíaco. Será
possível que eles estivessem aludindo à dualidade do Céu e da Terra, que
estaria relacionada ao número inteiro 2 como no número 20, que vimos no
Templo de Salomão? E parte do nome da Ordem dos Cavaleiros era "(...) do
Templo de Salomão".

Então lembrei-me da catedral de Chartres. A Igreja Redonda foi construída


no mesmo tempo em que a in luência gótica ganhava forças. Na época em
que a construção supostamente terminou, por volta de 1130 EC, os
Cavaleiros Pobres de Cristo e do Templo de Salomão, os Cavaleiros
Templários, haviam estado na Terra Santa por cerca de 30 anos, tinham
seu hábito, foram oficialmente reconhecidos pela autoridade do papa, eram
centenas de cavalheiros ativamente participando na Ordem, mas o mais
importante é que São Bernardo, o bispo que havia defendido sua causa,
também foi quem defendeu os conceitos de projeto associados ao desenho
gótico. Chartres tem alinhamento solar e lunar, com o ângulo solar dirigido
para o solstício de verão. A "Igreja Redonda" de Cambridge tem um
alinhamento solar semelhante. Evidências circunstanciais e outras
conexões sugerem que não se trata de coincidências.

As minhas observações sobre esse aspecto da Igreja Redonda têm sido


desde então submetidas às autoridades competentes de Cambridge, com
sugestão para a igreja ser submetida a maiores investigações, inclusive
talvez por astroarqueólogos.

O Oito do Manto dos Templários e a descoberta em Sussex


Como foi mencionado antes, existia outra organização de cavaleiros
formada um pouco antes daquela dos Cavaleiros Tempiários. Ambas as
Ordens de Cavalaria, estando sobre a proteção do papa, tinham emblemas
semelhantes, conhecidos como crux fourchette ou cruz bifurcada, que tem
oito pontas. No caso dos Hospitalários, era uma cruz branca, enquanto os
Templários tinham uma em vermelho. O desenho é simétrico, o que resulta
em cada ponta separada com igual distância. Se um círculo, com o centro
no meio da cruz, cruzasse todas as oito pontas, então isso por sua vez
signi ica que um octógono poderia ser desenvolvido a partir da forma da
cruz. E os Cavaleiros Tempiários realmente construíram igrejas e outras
estruturas que re letiam o octógono. Para os Cavaleiros, as oito pontas da
cruz simbolizavam as oito virtudes: fé, caridade, verdade, justiça, inocência,
humildade, sinceridade e paciência. Também devemos lembrar que na
iloso ia pitagórica o número oito signi icava o cubo sagrado, que Bede
pareceu de inir como o Céu. E o cubo sagrado era o Santo dos Santos no
Templo de Salomão. Então, pode parecer que a cruz dos Cavaleiros
Templários, a crux fourchette, também se baseia nos princípios da
sabedoria antiga e da Geometria. Muitas ordens de cavalaria têm, ou
tiveram, cruzes parecidas. Os princípios geométricos básicos parecem ter
permanecido os mesmos.

Apesar do uso amplamente difundido dessa cruz, não pude encontrar nada
em livros de referência, ou alguém que pudesse dizer como ela era
construída. Preciso admitir, porém, que deviam existir indivíduos que
sabiam, só que não falavam. A simetria tornava óbvia a relação com o
octógono, mas, durante algum tempo, o progresso aqui se mostrava
improdutivo.

Até que visitei a maravilhosa catedral construída e usada pela Ordem dos
Cavaleiros de São João. O padrão geométrico recorrente na decoração era o
octograma. A princípio, iquei surpreso de ver isso, pois, acima de tudo, é
um símbolo venerado como talismã de sorte em países islâmicos, vinculado
à roda de oito raios dos rituais pagãos. Então, descobrir isso ornamentando
uma catedral com forte conexão cristã foi uma surpresa muito grande.
Para mim icou claro que deviam existir vestígios da construção da crux
fourchette. Se ela se aplicava aos Cavaleiros Hospitalários e aos Cavaleiros
da Ordem de São João, então, pensei, os mesmos princípios seriam
verdadeiros para os Cavaleiros Tempiários. A partir dessa idéia simples, a
solução do desenho rapidamente se revelou. E resolveu outro mistério
para o qual eu buscava solução.

Em capítulo anterior, indiquei os desenhos geométricos ocultos do Centro


Maçônico de Sussex. No centro do piso existem dois círculos, um tendo a
metade do diâmetro do outro e a letra "G" posicionada no centro. Embora
certos aspectos do desenho se tornassem claros, a razão das oito figuras de
losangos pretos em volta da borda externa permanecia sem solução, assim
como a razão do círculo do centro. Eu já havia identi icado que os oito
pontos no círculo externo permitiam o desenho do octógono, a geometria
relacionada ao pentagrama e o quadrado secreto do maçom, mas nada
disso produzia uma razão de inida para os losangos pretos. O que eu não
estava percebendo era que, ao produzir o octógono, eu também poderia
criar o octograma.

De repente tudo ficou claro.

Quando os oito pontos do círculo externo se conectavam por dois


quadrados, um grande octagrama se revelava; isso por sua vez levava ao
padrão de oito pontas que resultava em um quadrado secreto do maçom. E
isso também produzia outro octograma menor na direção do centro do
círculo. Então desenhei um círculo em torno dos pontos externos e do
octograma interno, e descobri que havia produzido um círculo com
exatamente a metade do diâmetro do externo. Isso era encorajador por
causa da óbvia vinculação com o piso. Então foi preciso apenas mais um
curto passo para revelar a crux fourchette, com os losangos pretos se
encaixando perfeitamente no padrão. Desnecessário dizer que esse padrão
oculto, agora revelado em Sussex, também permitia derivar o octograma
das oito colunas e da nave circular da Igreja Redonda de Cambridge.

Além disso, há muito tempo foi estabelecido pelas Antigas Constituições


Maçônicas que a letra "G" se referia à Geometria, enquanto os manuscritos
maçônicos iniciais dizem que Geometria e Maçonaria são a mesma coisa.

O que até então não passava de uma pequena igreja histórica sem
importância em Cambridge, agora se revelava um calendário sazonal capaz
de monitorar o equinócio e o solstício, e uma precursora de muitos dos
atributos da geometria sagrada, derivados de nossos antigos ancestrais
para os quais o deus-Sol era a principal divindade.

Hiram Abiff ou Huram Abi?


Um dos principais personagens da Maçonaria é Hiram Abiff, que, de
acordo com a lenda maçônica, foi o arquiteto e o construtor do primeiro
Templo de Jerusalém. Já vimos que, de acordo com o texto do Antigo
Testamento, Davi foi o arquiteto e Salomão (Jedidias) foi o construtor.
Quando, porém, fazemos uma analogia moderna, podemos inteipretar isso
como sendo Davi quem supervisionou o projeto e a preparação das
plantas, Salomão (Jedidias) quem se encarregou das obras a serem feitas, e
Hiram foi quem fez a coisa acontecer, sendo o gerente do projeto.

Nos livros de Reis e Crônicas do Antigo Testamento, somos apresentados a


Huram-Abi, que Hirão, rei de Tiro, enviou ao rei Salomão para ajudar na
construção. Os textos relevantes em Reis e Crônicas são muito parecidos,
mas a versão de Crônicas é mais detalhada.

Estou te enviando Huram-Abi, homem de grande habilidade. Sua mãe era de


Dã e seu pai, de Tiro. Ele foi treinado para trabalhar com ouro e prata,
bronze e ferro, pedra e madeira, em púrpura, em azul, em linho ino e em
carmesim e em todo tipo de entalhe. Ele pode executar qualquer projeto que
lhe for dado. Trabalhará com os teus artesãos e com os de meu senhor Davi,
teu pai.

2 Crônicas 2,13-14

Com base no texto acima, Huram-Abi era um pro issional muito capacitado.
Ele era habilitado na execução de projetos dados a ele como artesão. Isso é
bem diferente de ser um arquiteto. Se essa pessoa não pode ser
positivamente considerada o construtor do templo, então quem foi o
verdadeiro Hiram Abiff?

Huram, o Alquimista
A maioria das pessoas que lê o texto de Reis e Crônicas pode muito bem
notar as impressionantes descrições do Templo e a profusão de
equipamentos, mas poucos, arrisco sugerir, podem ter a idéia dos
processos logísticos e das habilidades necessárias para fornecer tais
instrumentos e equipamentos, como o Mar [Tanque] e as colunas,
especialmente há 3 mil anos atrás. Esses itens sozinhos eram objetos
substanciais de metal. Eles precisavam ser moldados com metal fundido.
Para fazer isso, Huram necessitava de experiência na construção e
operação de fundição, na identi icação e fusão de minério bruto extraído
do solo e no manuseio de metais fundidos muito quentes. Por causa do
tamanho do Mar [Tanque] e das colunas, os materiais fundidos precisavam
ser em quantidades relativamente grandes para a época na qual a obra foi
empreendida.

Somos informados no texto do Antigo Testamento que o Mar [Tanque] e as


colunas eram moldados em bronze. O bronze é uma liga, isto é, a fusão de
dois ou mais metais. O bronze é feito a partir do cobre, ao qual se
acrescentam zinco e estanho. É um metal bem mais duro que o próprio
cobre e, na época, em torno de 1.000 AEC, podia ser feito ainda mais duro
com a adição de outras substâncias, como arsênico. No texto citado de
Crônicas, também notamos que Huram era especializado em trabalhar com
ferro. O Templo foi construído na época do auge da mudança da civilização
e do uso cultural de metais; era o inal da Idade do Bronze e o início da
Idade do Ferro. A Idade do Bronze, como a conhecemos, teve origens que
podem ser rastreadas ao terceiro milênio AEC, então essa era uma ciência
bem desenvolvida com pedigree de quase 2 mil anos na época da
construção do Templo de Salomão. Portanto, não surpreende encontrar um
homem que fosse capacitado em fundir minério de cobre e que também
fosse capaz de usar o ferro. As técnicas de fusão de minérios e o manuseio
de metais derretidos teriam sido muito parecidas.

Como foi afirmado antes, o material primário para fazer o bronze é o cobre,
cujo ponto de fusão ica em torno de 1.083°C (1.981 graus Fahrenheit).
Para esse metal derreter e icar su icientemente líquido, de modo a luir
livremente para ins de moldagem, seria preciso que o fogo embaixo do
caldeirão que segurava as matérias-primas atingisse uma temperatura
maior do que essa. Sem dúvida, o material a ser queimado na fogueira
seria madeira ou carvão vegetal derivado do mesmo. Qualquer que fosse o
combustível, seria necessário bom acesso a suprimentos abundantes.

Na época em que o Templo de Salomão foi construído, uma fonte primária


de estanho existia na Grã-Bretanha, em Cornwall. Os comerciantes que
visitavam Cornwall para obter suprimentos de estanho eram os fenícios,
que operavam a partir de Tiro. Então, Huram tinha uma fonte de
suprimento desse importante metal que ele precisava para produzir a liga
do bronze.
Se não fosse por sua conexão bíblica, Huram teria sido visto como um
alquimista. A alquimia normalmente está associada à questão de
transformar metais básicos, como o minério de ferro, em ouro. A mistura
de metais, naquilo que atualmente chamamos de ligas, é exatamente o tipo
de processo aceito pelos alquimistas como parte de sua busca. Huram
seria, sem dúvida, capaz de identi icar os minérios básicos de cobre,
estanho e ferro, e saberia muito bem as conseqüências de adicionar
substâncias como arsênico. Ele também era capaz de trabalhar com ouro e
prata. Uma pessoa assim, tão bem versada no uso e na manipulação de
metais, não poderia fazer isso sem estar plenamente familiarizado com a
arte do alquimista.

O conhecimento da fusão dos materiais de Huram é igual ao dos tecidos,


pois ele tinha claramente entendimento a respeito de como fazer e usar
vários corantes. O carmesim é mencionado. Essa é uma cor vermelho-
sangue, cujo corante é derivado de vermes. Mas a menção a púrpura é
interessante tendo em vista que essa cor estava associada ao reinado e à
realeza, status atribuídos tanto a Hirão, rei de Tiro, como a Salomão. Sendo
um corante raro, então os materiais imersos nessa cor também eram caros.
A característica desse corante é que a cor não desbota. Esse corante tão
caro que Aristóteles lhe atribuiu um valor dez ou 20 vezes maior que o
ouro. Era raro porque derivava de uma espécie em particular de molusco,
conhecida como trunculus murèx, e exigia cerca de 50 mil desses moluscos
para produzir uma libra (450 gramas) do corante. Como resultado de seu
custo, o corante púrpura então criado era conhecido como "real" ou
"púrpura imperial". A razão pela qual é mencionado no texto de Crônicas é
signi icativa, pois tornou-se conhecido como "púrpura de Tiro". Isso porque
era extraído, processado e vendido pelos comerciantes fenícios de Tiro,
lugar de onde Huram veio, e domínio real de Hirão, rei de Tiro.

Huram, como vimos, não era um homem comum. Os fundamentos de suas


habilidades e de seus conhecimentos eram muito maiores que o texto de
Crônicas e Reis indica. Pois somente quando olhamos com mais atenção
por trás dessas habilidades, realmente percebemos seu signi icado.
Embora possamos agora reconhecer e apreciar essas qualidades, isso
necessariamente não implica que ele tenha sido o arquiteto ou construtor
do templo, como se a irma nas cerimônias maçônicas. O texto de Crônicas
deixa claro que ele era capaz de pegar o projeto que lhe era dado e
produzi-lo no material escolhido. Existe uma grande diferença entre isso e
ser a pessoa responsável pela construção do prédio do Templo. Se for esse
o caso, então temos que perguntar novamente: quem ou o que era Hiram
Abiff?

Quem era Hiram Abiff?


Na cerimônia Maçônica, existe a encenação de uma história que observa
que o suposto arquiteto do Templo, Hiram Abiff, foi brutalmente
assassinado por três malfeitores. Esses assassinos sabiam que Hiram Abiff
entendia os segredos associados à construção do Templo e tentaram
extorquir dele essas informações para suas próprias inalidades. Quando
Hiram recusou revelar esses segredos, ele foi atacado pelos malfeitores,
um de cada vez, e inalmente foi assassinado. Com sua morte, a cerimônia
a irma, os segredos genuínos da Maçonaria foram perdidos, sendo
substituídos por outros, até o tempo em que os genuínos forem
restaurados. Foi na referência à perda e à subsequente restauração dos
segredos que concentrei meu interesse.

As notas de rodapé do texto bíblico a irmam que a palavra Huram é a


ortogra ia em hebreu para o nome Hiram. Assim, substituindo Hiram por
Huram, temos Hiram-Abi que tem exatamente uma letra a menos que o
nome maçônico atribuído ao construtor. Parece que isso servia mais para
identi icar o personagem principal do ritual maçônico, mas não
necessariamente.

Há anos existe uma grande quantidade de textos a respeito de Hiram Abiff


em um esforço para adequadamente identi icá-lo, e uma ampla faixa de
interpretações alegóricas foi atribuída a esse nome. Alguns autores
sugerem que o nome é usado como um vínculo alegórico na Maçonaria com
a morte na fogueira do Grão-Mestre dos Cavaleiros Templários, Jacques de
Molay, em Paris, em 19 de março de 1314, sob a orientação do papa
Clemente, como já foi mencionado. Ele também está associado à idéia de
homem de Platão. Então existe a sugestão atribuída a Elias Ashmole, que
era muito ligado à Maçonaria no século XVII, que associou o nome com a
execução por decapitação do rei inglês Carlos I, em 1649. O nome Hiram,
em hebreu, signi ica "nobre" ou "majestoso", ao passo que a palavra Abiff
parece vir do francês antigo para "pessoa perdida". A pesquisa de Robert
Lomas e Christopher Knight em The Hiram Key associa Hiram Abiff com a
perda de conhecimento da cerimônia egípcia de "formar o rei", como
conseqüência da morte violenta do faraó Seqenenre Tao II. Parece que a
morte de Seqenenre Tao tem similaridades completas com a história
maçônica da morte de Hiram Abiff, mesmo não sendo possível identi icar
os ferimentos fatais recebidos por Seqenenre, conforme revelam seus
restos mumi icados em exibição no Museu Egípcio do Cairo. Isso então
levantou uma questão sobre por que tal evento da história egípcia deveria
se tornar componente importante da cerimônia maçônica. A única resposta
que parecia fazer sentido era que Huram-Abi e as histórias relacionadas a
Seqenenre eram usadas como alegorias para indicar e, ao mesmo tempo,
ocultar algo mais, alguma coisa importante, particularmente para os
Mestres Maçons Operativos. Sendo assim, isso implicava que qualquer que
fosse a coisa que estivesse sendo ocultada, seriam informações protegidas
por alguma razão muito especial.

Re letindo a respeito, era a de inição de Hiram como "nobre" e de Abiff


como "pessoa perdida" que chamava a minha atenção. Nobre e majestoso
referem-se à ascendência ilustre e, portanto, historicamente, a alguém de
signi icado. Algo ou alguma coisa que está perdida pode sugerir que não
está disponível no momento, mas que pode ser encontrada de novo,
recuperada.

Eu re iz essa frase como "alguém/algo de importância que não estava


disponível para uso/menção; que um dia pode estar disponível de novo e
adequadamente restaurado em seu devido lugar, mas, nesse meio-tempo, o
genuíno foi substituído por alguma outra coisa a mais, por conveniência".

Então quem ou o que não estava mais disponível de modo que ele ou isso
precisasse ser substituído?

Nas cerimônias maçônicas aprendemos que os genuínos segredos da


Maçonaria foram substituídos. Uma curta conversa com o Mestre da Loja e
com seus Vigilantes, que vou parafrasear, diz o seguinte:

P.: Para onde você está indo?

R.: Do leste para o oeste.

P: Por que está indo para lá?


R.: Vou buscar aquilo que estava perdido, que, pela sua instrução e nossa
própria indústria, esperamos encontrar.

P.: O que é que foi perdido?

R.: Os segredos genuínos da Maçonaria.

R: Como eles se perderam?

R.: Pela morte inesperada do nosso mestre Hiram Abiff.

R: Como você vai encontrá-los?

R.: Usando o centro de um círculo.

Antes de voltar novamente ao diálogo, existe ainda outro elemento da


cerimônia,

P: De onde você vem?

R.: Do oeste, onde estamos buscando os segredos genuínos.

P.: Você os encontrou?

R.: Não, mas tenho certos segredos substitutos.

P: Diga quais são eles.

Antes de a conversa terminar há então outro elemento da cerimônia.

Mestre: Os segredos substitutos foram transmitidos a mim e, como


representante do rei Salomão, eu os aprovei para que sejam
representados na Maçonaria em todo o Universo, até que o tempo ou as
circunstâncias restaurem os genuínos.

Nesse diálogo, uma coisa sobressai: a referência à mecânica celeste. Os


artí ices deixam o leste, onde o Sol nasce, para seguir o caminho do Sol,
onde ele se põe, no oeste. Eles observam que o segredo genuíno pode ser
recuperado com o uso do conhecimento já disponível para o Mestre,
quando pensa a respeito e trabalha o problema, o que eles podem fazer
usando o círculo. Assim, o vínculo da mecânica celeste e o círculo podem
signi icar a Terra e sua órbita. Os artí ices assim voltam para o oeste. O Sol
parece mover-se do leste para o oeste, pois a Terra gira de oeste para
leste. Eles deixam claro que estão divulgando informações substitutas, as
quais o Mestre observa que todos os maçons reconhecerão "até que o
tempo ou as circunstâncias restaurem as genuínas". Isso é quase como se
ele soubesse o que são os segredos genuínos, mas está dizendo aos seus
artí ices para usar o conhecimento substituto até que os tempos mudem e
eles possam retornar para o genuíno.

O que me intrigava é que deveria existir alguma boa motivação, muito


grave, para exigir uma ação drástica como essa. E a única motivação que
surgiu em minha mente seria alguma forma de perigo, um risco à vida.

Mas, afinal, o que estava em perigo?

Revelando outro Hiram Abiff


Já estabelecemos que na época em que o Templo de Salomão foi construído
é altamente provável que se soubesse que a Terra girava em seu eixo, que
era uma grande bola, e que havia uma idéia bruta a respeito de sua
grandeza e que ela orbitava em torno do Sol, o conceito heliocêntrico onde
o Sol fica no centro do sistema solar.

Por volta do século IV AEC, a idéia de que a Terra icava no centro e os


céus se moviam em volta dela se tornou dominante. Ela é conhecida como
sistema geocêntrico. De acordo com Aristóteles (384-322 AEC), que
apoiava a idéia geocêntrica, os pitagóricos acreditavam que existia um
grande fogo no centro do universo e que a Terra orbitava em volta desse
grande fogo, criando noite e dia. A idéia heliocêntrica voltou à moda cerca
de 150 anos depois de Aristóteles, quando foi apoiada por Aristarco, mas
sua importância parece que teve vida curta. Tudo indica que por volta de
100-150 AEC o conceito de heliocentricidade foi condenado como
antirreligioso, pois as escrituras a irmavam que Deus fez o mundo e depois
os céus e, portanto, a Terra deveria ser o centro do universo. Essa então se
tornaria a iloso ia predominante por cerca de 2 mil anos e quem quer que
defendesse a idéia heliocêntrica era condenado como herege.

Por ora, o conhecimento de que o Sol está no centro de nosso sistema solar,
o conceito heliocêntrico, é a chave das cerimônias maçônicas. Cada
candidato a ser passado para o Segundo Grau aprende e afirma:

A Terra constantemente girando sobre seu próprio eixo em sua órbita em


torno do Sol (...)

Apenas há alguns séculos, na época, por exemplo, em que a Grande Loja da


Inglaterra foi formada, em 1717, mencionar abertamente tal conceito
bastava para que o indivíduo fosse taxado de herege. Nos países
dominados pelo Santo Império Romano, isso podia resultar em prisão e
cadeia. Apenas um século antes da fundação da Grande Loja da Inglaterra,
uma acusação de heresia provavelmente resultaria em tortura e morte.
Algumas décadas antes da formação da Grande Loja da Inglaterra, Galileu
foi torturado, em Veneza, por ordem do Vaticano por sugerir que o sistema
heliocêntrico era a verdadeira ciência. Ele escapou da morte, mas foi
colocado sob prisão domiciliar como forma de exílio interno. O
conhecimento a respeito do sistema heliocêntrico então não era algo para
ser alardeado. Havia risco à vida.

A heliocentricidade é o conceito orientador que se encaixa inteiramente na


de inição alegórica de Hiram, o nobre, majestoso, isto é, o governante, a
base do poder. E também se encaixa na antiga tradução francesa de
perdido. Em outras palavras, o sistema heliocêntrico é o conceito
orientador/governante, os segredos genuínos que foram temporariamente
substituídos por volta de 120 AEC, por causa do risco de serem tachados
como anti-religiosos; o segredo substituto foi o conceito geocêntrico; e a
restauração do segredo é a compreensão de que o sistema heliocêntrico,
entendido até mesmo nos tempos do rei Salomão, é o genuíno.

Hiram Abiff, sugiro, não é uma referência a uma pessoa. E a referência ao


con lito religioso que estava centrado em torno da ciência dos conceitos
geocêntrico e heliocêntrico. Para entender como usar o Sol, as sombras
criadas por ele, a precessão e a mudança das estações, a pessoa precisa
entender os princípios da mecânica celeste, o sistema heliocêntrico. Isso
era entendido pelo rei Salomão/Jedidias como parte do seu portfólio de
sabedoria.
A conexão dos princípios
A continuação do grau de um Mestre Maçom está contida naquilo
conhecido como o Real Arco da Maçonaria, e, em cerimônias maçônicas
simplesmente como o Capítulo.

Existe um ponto na cerimônia do Capítulo onde se observa que a


construção do Templo de Salomão foi empreendida por três cabeças, a
saber: Hirão, rei de Tiro; Salomão, rei de Israel; e Hiram Abiff. A implicação
é que eles eram três pessoas individuais. Eu sugiro que isso é uma alegoria
para alguma coisa a mais:

a. Que Hirão, rei de Tiro, forneceu os materiais e a maior parte da mão de


obra principal, inclusive as habilidades de Huram-Abi.

b. Que a referência a Salomão indica o fato de que aquilo que eles


construíram era o Templo do Sol e da Lua.

c. Que a referência a Hiram Abiff e aos segredos substitutos da Maçonaria,


mais a recuperação e a restauração dos segredos genuínos, é um re lexo
do fato de que, na época em que o Templo foi construído em Jerusalém, os
conceitos do sistema heliocêntrico, cujo conhecimento era a base da
construção do Templo de Jerusalém, eram os segredos genuínos, sendo
completamente entendidos naquela época. Esse era o princípio básico que
determinava como o macrocosmo funcionava. Foi substituído pelo conceito
geocêntrico para satisfazer o dogma religioso prevalecente. A recuperação
dos segredos se daria quando o sistema heliocêntrico fosse restaurado ao
seu lugar de direito; o nobre e superior entendimento conseguido pela
observação, pela aplicação da geometria e da lógica em comparação com a
iloso ia substituta do conceito geocêntrico ditado pela fé e pelo dogma
religioso.

Assim, eu sugiro que o segredo genuíno da Maçonaria tem sido, durante


muitos séculos, o entendimento de que o Sol era o centro de nosso sistema
solar, de que a Terra e os planetas orbitavam em torno dele, e que, quando
isso era entendido, a sombra do Sol podia ser usada junto com os
princípios básicos da Geometria para ajudar no projeto e na construção de
prédios importantes.
CAPÍTULO 16
Conclusão

A minha pesquisa começou com a Maçonaria e uma Loja Maçônica e é onde


deve terminar. Aprendi muito a respeito de assuntos que anteriormente
não tinham grande interesse para mim. Descobri muita coisa a respeito da
Maçonaria, iquei maravilhado com sua história e a intrincada rede de
conhecimentos e conexões, que tinham óbvias vinculações com o antigo
conhecimento que nossos ancestrais acumularam a respeito dos céus e do
mundo em que vivemos, o macrocosmo. Não pude deixar de pensar e
observar que qualquer Irmão na Maçonaria podia merecidamente se
orgulhar de ter sido aceito como membro dessa fraternidade antiga e
respeitável.

Antes de embarcar em minha pesquisa:

Jamais havia parado para pensar a respeito de quem era Salomão. Eu


aceitava a posição que ele ocupava de acordo com o Antigo Testamento ou
com o que havia sido passado para mim por autoridades religiosas, pelas
quais se esperava que eu mostrasse deferência. Descobri um personagem
muito diferente.

Jamais havia parado para pensar a respeito da geometria que poderia ter
sido empregada na construção das grandes catedrais que visitei na Europa
ou dos antigos templos do Norte da África, do Oriente Médio e dos
arredores do Mar Mediterrâneo. Eu apenas aceitava que eles haviam sido
construídos por maçons muito capacitados, sem avaliar a grandiosidade
dessa capacidade ou o conhecimento necessário na época em que a
construção ocorreu.

Desde a infância ouvi falar a respeito de Abraão e Isaque; li as passagens


do Antigo Testamento a respeito de Moisés e do bezerro que os israelitas
construíram enquanto ele estava no monte registrando os Mandamentos;
sabia da menção ao sacri ício, às ofertas queimadas [holocaustos] e a
Moloque, mas nunca havia percebido que estavam todos ligados ao mesmo
tema, e que eu estava lendo a respeito do sacri ício de crianças. Nem havia
percebido que essas atrocidades ocorreram no reinado de Salomão ou que
ele fornecera recursos para que tais eventos ocorressem.

• Eu tinha pouca ou nenhuma compreensão a respeito de como o Templo


de Salomão poderia parecer ou para que servia.

Não hesito em reconhecer que muitas conclusões que alcancei são minhas
próprias opiniões subjetivas, mas espero ter demonstrado os processos de
avaliação, com profundidade su iciente, para que eles possam ser vistos
como luz positiva em vez de meros pensamentos fantasiosos. Também
reconheço que minhas conclusões e hipóteses e, em algumas instâncias, a
linguagem direta podem não ser facilmente aceitas por todos os leitores.

Descobrir as respostas sobre como o Templo de Salomão realmente


parecia e como ele e as colunas funcionavam foi muito bom. Mas continuam
existindo outras questões levantadas no início das minhas pesquisas que
exigem respostas.

Foi uma longa jornada de descoberta que demorou quase 15 anos. Quando
comecei não tinha idéia de onde chegaria. Trazia algumas questões em
mente para as quais eu queria respostas, já que pessoas à minha volta, que
eu pensava que soubessem as respostas, alguns membros antigos da
Maçonaria, pareciam não conhecê-las. Para conseguir as minhas respostas,
viajei para algumas das cidades e países antigos do Oriente Médio, da
Índia, partes da Europa, até a totalidade da Grã-Bretanha. Gastei muitas
horas em bibliotecas, sentado em casa diante da calculadora, navegando
pela internet e lendo uma in inidade de livros de assuntos que
normalmente não estariam na minha lista. Fiz descobertas a respeito de
religião, do modo de vida e crenças de nossos ancestrais, de distorções da
história e do conhecimento do mundo; descobertas feitas em épocas
passadas que rapidamente estão sendo perdidas para todos, exceto alguns
poucos pesquisadores devotados. E de tudo isso, fui capaz de propor uma
visão para aquilo que acredito que eram os segredos do Templo de
Salomão/Jedidias, a sabedoria de Salomão/Jedidias e o selo de
Salomão/Jedidias.

Muitos acadêmicos começam com uma teoria e buscam evidências


coerentes para sustentá-la. Eu comecei no lado oposto da escala, buscando
informações, como as peças de um quebra-cabeça, e então, peça a peça foi
se construindo o quadro que fornecia o que espero ser uma solução digna
de crédito.

Comecei fazendo algumas perguntas básicas sobre o Templo Maçônico no


qual a minha Loja se reúne. As respostas se mostraram ligadas à mistura
de informações celestes, geometria sagrada e sabedoria antiga, familiar a
Pitágoras. E, incrivelmente, até que eu apresentasse aos meus colegas
maçons um estudo á respeito das minhas descobertas, ninguém tinha
nenhuma idéia do signi icado do conhecimento oculto que estava presente.
Algumas dessas informações originais eu revelei neste livro.

Também fiz outras perguntas como:

Por que na Maçonaria marcamos o Sol em seu meridiano?

a. Ao marcar a posição do Sol em seu mais alto ponto no céu, com o uso de
uma vareta marcadora pontuda e a sombra lançada por ela, em qualquer
época do ano, a pessoa pode produzir uma linha de orientação que fornece
o eixo norte-sul verdadeiro. Então, ao dividir essa linha em ângulos retos,
uma segunda linha de orientação pode ser produzida, que é o eixo leste-
oeste. Os quatro pontos cardeais da super ície da Terra podem ser
determinados. Isso poderia ser importante para que um Mestre Maçom
Operativo de épocas passadas determinasse a planta baixa de um prédio
importante.

b. Se alguém estivesse trabalhando em um projeto que levaria anos para


ser realizado, como o projeto de uma catedral, então a marcação da posição
da sombra ao meio-dia fornecia o calendário para a previsão das estações
com alto grau de exatidão.


Por que marcamos o pôr-do-sol?

c. A posição angular relativa do pôr-do-sol em qualquer dia tem a mesma


relatividade angular que a alvorada desse mesmo dia. Assim como
acontece com a marcação do Sol nascente, ela permite que os solstícios e os
equinócios sejam identi icados. Isso era importante não apenas para
determinar o avanço das estações, mas também para a recriação de uma
unidade de medida consistente, que fosse transferida de local para local,
pelo professor Thom de jarda megalítica.

d. A posição do Sol no horizonte poderia ser importante se uma estrutura


em particular precisasse ser orientada por ele, isto é, para marcar a festa
de um santo, o nascimento de um rei, a vitória sobre um inimigo ou a
sobrevivência em alguma catástrofe natural.

e. Após o pôr-do-sol vem a noite e com ela um arranjo de corpos celestes


novos para monitorar, inclusive a Lua. Séries de estrelas e planetas, como
Vênus e Saturno, eram registrados e seus avanços monitorados, pois eles
tinham um significado religioso especial.

Por que notamos que "a Terra gira constantemente em torno do seu
próprio eixo em sua órbita em torno do Sol"?

f. Essa era a resposta para o fato de o Sol se pôr no Oeste e nascer no


Leste. E por isso que existe o dia e a noite. Era a base da de inição da
semana e, portanto, do sabá ou dia do descanso.

g. A referência ao eixo é a base para o entendimento da precessão e dos


efeitos que isso causa.

h. A órbita em torno do Sol é a maneira pela qual as estações são criadas,


seguindo umas após as outras com tamanha regularidade e certeza.


Por que notamos que "o Sol nasce no Leste para abrir o dia..."?

i. Isso indicava que o nascer do Sol é uma ilusão, criada pelo fato de a Terra
girar em torno do seu próprio eixo, do Oeste para Leste, e que o Sol
aparentemente ficava estacionário no universo.

A partir de minhas pesquisas, enquanto eu reunia as informações para


este livro, comecei a acreditar que os três graus originais da Maçonaria
eram o que eu chamo de treinamento externo nos princípios da mecânica
celeste. Alguém que fosse treinado para ser maçom operativo aprenderia o
caminho das pedras com a mão na massa, muito como os aprendizes do
posterior sistema de guildas faziam. Além disso, para progredir até chegar
a ser Mestre Maçom, era preciso ter um entendimento peculiar, uma
educação que trazia à luz muita coisa a respeito do mundo ao redor, o
macrocosmo, e como esse funcionava. Apenas aqueles que mostravam
sinais de possuir intelecto superior eram selecionados para receber essa
informação. Esse treinamento externo era dado e recebido na Loja
Maçônica, no local da construção onde icavam armazenadas as
ferramentas e se trabalhavam delicadas esculturas ou pedras com
formatos especiais. Esse treinamento era transmitido em segredo para os
adeptos selecionados, que eram ameaçados com penalidades draconianas
em caso de revelação. Tendo em vista que muitos desses maçons
operativos não sabiam nem ler nem escrever, as informações eram
encenadas em uma série de pequenas peças ou cerimônias, que, sendo
memorizadas, transmitiam todas as informações que eles precisavam
conhecer e aplicar.

O primeiro grau ensinava que a Terra é redonda, uma esfera, que a


mesma orbita em torno do Sol; que gira sobre seu próprio eixo para fazer
o dia e a noite e o calendário do ano; que a Lua orbita em torno da Terra
junto com seus ciclos. O segundo grau ensinava que o eixo da Terra é
inclinado, e que por isso existiam as estações; que existe uma lenta rotação
e oscilação no eixo, a chamada precessão, e o efeito disso. O terceiro grau
ensinava os princípios básicos da Geometria e como, em conjunção com o
conhecimento já transmitido, podia ser usada para avaliar o tamanho da
Terra e até para ajudar na indicação de onde a pessoa se encontrava na
face do planeta.

A História do Arco
Também estou convencido de que, até por volta do século XVI, os três
graus do O ício da Maçonaria, mais a continuação do terceiro grau
conhecida como Real Arco da Maçonaria, continham resíduos de um
desenvolvimento histórico das habilidades operativas da Maçonaria.

Até o desenvolvimento do Cristianismo protestante e a dissolução dos


mosteiros por Henrique VIII, os Mestres Maçons também eram os
desenhistas de quase todos os prédios importantes; e a geometria e a
interpretação simbólica estabelecida pela conexão eclesiástica resultavam
em desenhos que seguiam padrões aceitos pela Igreja Católica Romana. A
quebra do domínio do Vaticano resultou na necessidade de seguir o código
estrito, diminuindo e permitindo, assim, o desenvolvimento de um novo
critério de projeto. Foi por volta dessa época que o arquiteto pro issional,
separado da companhia ou corporação dos maçons, se desenvolveu.
Também foi por volta dessa época que encontramos maçons especulativos
sendo admitidos como membros da fraternidade. Estou convencido de que
a história, que até então estava contida nas cerimônias, observava o
desenvolvimento inicial do arco. Até por volta da época em que o Templo
de Jerusalém foi construído, uma passagem [um vão], por exemplo, em um
Templo ou palácio, provavelmente compreenderia três grandes blocos de
pedra, com o corte inal de per il em forma de quadrado simples. Dois
blocos seriam colocados verticalmente para dar suporte a ambos os lados
da porta, enquanto um terceiro seria colocado em cima, no topo, para se
tornar o que hoje chamamos de viga. Esse método de construção foi usado
durante milhares de anos: era a norma de construção em quase todas as
culturas do Oriente Médio, do Mediterrâneo e das regiões célticas.

Então, na época em que o primeiro Templo de Jerusalém foi construído, um


novo conceito se desenvolveu, o arco semicircular que, por sua vez,
fornecia um teto abobadado, possibilitava grandes cavernas subterrâneas
para estocagem e reuniões secretas. Isso foi possível com a confecção de
uma série de pedras, todas cortadas com ligeiro per il em forma de cunha,
para montar tal arco, e cuja pedra mais importante era aquela do topo da
curva, que era a pedra chave. Isso então permitiu que amplas estruturas de
grande poder fossem construídas. Podemos ver evidências disso nos
aquedutos que os romanos construíram para transportar água, e nos
portões triunfais [arcos do triunfo]. O arco semi-circular também
caracterizou a arquitetura normanda antes da evolução do estilo gótico.
Exemplos maravilhosos continuam existindo na Inglaterra, como a porta
oeste da catedral de Rochester, em Kent, considerada um re inado
exemplo remanescente da porta normanda. O arco semi-circular então deu
passagem para o arco ligeiramente pontudo do estilo gótico, que
combinava o simbolismo geométrico da Vesica Piscis com essa metodologia
de construção, permitindo que estruturas fortes e e icientes fossem
construídas. Isso é especulação, mas foi sugerida por alguns pesquisadores
de antigamente.

Ensinamentos sobre Mecânica Celeste


Além do que foi dito anteriormente, os principais dirigentes da Loja,
mesmo atualmente, têm suas posições na Loja nos principais pontos do
trânsito solar. O Mestre ica no Leste, lugar onde o Sol nasce para trazer
luz e calor ao dia; o Segundo Vigilante ica no Sul, a posição do Sol em seu
zênite no céu; e o Primeiro Vigilante ica no Oeste, lugar onde o Sol se põe e
permite que a gloriosa abóbada dos céus seja revelada. Como o Sol não
viaja pelo Norte enquanto nos dá a luz do dia, nenhum dirigente regular de
cerimonial fica parado ali.

Existe um ponto na cerimônia de iniciação, quando o novo candidato a


membro da Loja é colocado no canto nordeste da sala da Loja.
Tradicionalmente, a primeira pedra do alicerce de um novo prédio [a
pedra fundamental] era colocada no canto nordeste e a superestrutura da
construção era levantada sobre as irmes fundações resultantes. O
Nordeste também é o ponto máximo da viagem do Sol pelo hemisfério
norte, o ponto que chamamos de solstício de verão. Então o candidato é
colocado no mesmo canto da sala da Loja, para representar
simbolicamente a pedra fundamental, o irme alicerce de seu primeiro
passo na carreira maçônica. Ao ficar no canto nordeste, ele também está no
Leste, simbolicamente iniciando sua jornada maçônica; ele continua
substancialmente "no escuro" a respeito da atividade maçônica, tendo
ainda que progredir até onde o Sol nasce mais além no horizonte oriental.
No segundo grau ele progride para o lado sul, perto do canto sudeste,
seguindo a passagem do Sol em seu ponto médio diário, em seu meridiano.
Exatamente como o Sol se move de um ponto mais baixo no céu no inverno
para seu cume na metade do verão, substituindo o frio e a escuridão pelo
calor e pela luz, então simbolicamente o maçom do segundo grau foi
movido da escuridão da ignorância para a luz da revelação, sendo
incentivado a estudar aqueles aspectos do mundo natural e das ciências
que, no passado, teriam formado a base do grau universitário de Mestre:
as Sete Artes Liberais e as ciências da Gramática, Retórica,
Astronomia/Astrologia, Música, Lógica, Aritmética e Geometria.
Estranhamente, no terceiro grau, ele não progride para o Oeste, o local do
pôr-do- sol, o ponto que é o im do dia. Embora exista uma substituição
simbólica, não posso deixar de acreditar que, em tempos mais antigos, teria
existido uma progressão para o canto sudoeste da Loja, mas não consigo
descobrir nenhum traço disso nos documentos que examinei. Existe uma
possibilidade alternativa. O novo aprendiz começa pelo Nordeste, que
coincide com a posição mais ao norte do Sol no horizonte, isto é, o solstício
de verão no hemisfério norte. No segundo grau, ele se move para o canto
sudeste para simbolizar o outro extremo, o solstício de inverno. No terceiro
grau, todas as transações ocorrem opostas ao Mestre, no centro, na posição
dos equinócios da primavera e do outono, as mais signi icativas para os
nossos ancestrais.

Existe, porém, um vestígio do que acredito que fazia parte das cerimônias
maçônicas originais. É no segundo grau e dura apenas alguns minutos.

O candidato, por causa dos outros aspectos da cerimônia, por acaso


encontra-se na parte oeste da sala da Loja. Ele é instruído a prosseguir
para o Leste, o que ele só pode fazer passando pelo Norte. Todos os
cerimoniais da procissão maçônica giram em volta da Loja a partir do
Leste, para o Sul, para o Oeste, e retornam para o Leste por meio do Norte.
Isso é claramente seguir o caminho do Sol quando visto no hemisfério
norte. A partir do canto nordeste, o candidato então faz uma aproximação
em linha curva em direção ao Mestre da Loja que está esperando por ele,
no Leste, no Trono do rei Salomão. A aproximação em linha curva
representa cerca de um quarto ou a quarta parte de um círculo. Quando a
Loja inicia pela primeira vez seus procedimentos, é feita a proclamação de
que o Mestre está sempre colocado no Leste.


Como o Sol nasce no Leste para abrir e animar o dia, assim o Mestre está
colocado no Leste...

Simbolicamente, portanto, o Mestre é o Sol. O fato de o Sol nascer no Leste


é realmente uma ilusão criada pela Terra, girando de Oeste para Leste, ao
passo que o Sol, que ica estacionário no espaço, parece viajar de Leste
para Oeste. O candidato, portanto, inicia sua jornada na cerimônia a partir
do local onde o Sol se põe, o Oeste; viaja em torno do lado escuro,
simbolizado pela sua parada ao longo do norte da Loja; e inalmente
emerge em linha curva em direção ao Sol, representado pelo Mestre. Em
outras palavras, durante essa curta seqüência, o Mestre é o Sol e o
candidato é a Terra, girando em torno dele. Isso eu acredito que seja um
vestígio do antigo ritual maçônico que explicava os processos da mecânica
celeste para aqueles que, naquela época, não tinham nenhuma idéia de
como a esfera do mundo funcionava.

Uma perda para o clube de cavalheiros


Com o passar do tempo, parece óbvio que as cerimônias da Maçonaria
tinham originalmente seus fundamentos irmemente enraizados na
sabedoria e no entendimento antigo. Sem dúvida, no entanto, alguém com
autoridade, mas que não entendia o que eram as mensagens ocultas,
incorporou mudanças que apagaram o signi icado. Tendo em vista que
outros vieram e sentiram que aquilo parecia ter icado sem sentido, então
chamaram a fraternidade de clube de cavalheiros, sentindo-se livres para
fazer mais mudanças. Assim, desde o século passado, ou antes, alterações
de palavras e sentenças, para parecer mais moderno ou para apaziguar as
críticas, acabaram, na minha visão, deixando-nos com uma organização na
qual mesmo os membros da hierarquia têm pouca idéia a respeito do que
signi icam o conteúdo ou o simbolismo, ou de onde tudo isso veio. No
entanto, quando olhamos com objetividade as demais organizações,
acredito que a Maçonaria fornece uma conexão inigualável com nossos
ancestrais. Ela é única e tomara que possa continuar sempre assim.

Nos últimos anos do século XX e no XXI, tenho ministrado muitas palestras


nas Lojas. Em todas as ocasiões imploro aos Irmãos para que olhem com
maior profundidade e interesse a história e os fundamentos daquilo que
estamos fazendo, e por que fazemos isso, e peço ainda que parem de fazer
quaisquer mudanças, mesmo que bem-intencionadas, sem antes entender
aquilo que seria mudado e os efeitos conseqüentes que poderiam ocorrer -
o que poderia icar perdido no futuro. A Maçonaria é uma instituição
antiga, nobre e imponente. Seria uma pena vê-la reduzida a uma série de
cerimônias desprovidas de signi icado, meramente para satisfazer a moda
passageira de alguma coisa "politicamente correta".

Fundada em 1717, por que razão?


Uma das últimas questões que levantei foi:

Por que a Grande Loja da Inglaterra foi formada em 1717?

A princípio, foi a simetria dos números que chamou a minha atenção.


Haveria alguma razão específica para tal simetria ou acontecera por acaso?
Se existisse uma razão, então qual seria ? Por que não formar essa nova
corporação em 1716 ou 1718?

A versão o icial diz que quatro Lojas existentes em Londres, no começo do


século XVIII, sentiram que uma organização única deveria ser criada para
supervisioná-las. Então, a Grande Loja da Inglaterra foi formada.

Outros autores sugeriram que isso teve mais a ver com o desejo de elas se
afastarem da rebelião jacobita, no século XVIII, do que simplesmente a
necessidade de criar uma hierarquia organizacional. Esse é um argumento
bastante plausível.

Existe alguma evidência documental que mostra que os movimentos para


criar uma entidade única de governo se originaram em 1716, com 1717
sendo o ano em que isso inalmente aconteceu e um Grão-Mestre foi
instalado. O ano de 1746 foi, portanto, o período de planejamento. O que é
particularmente interessante de observar é que o primeiro Grão-Mestre
foi instalado em 24 de junho de 1717, dia da festa de São João Batista, que
fica próxima da época do solstício de verão.

Porém, foi quando eu estava perto da conclusão das minhas investigações


sobre o Templo de Salomão (Jedidias), que uma solução inesperada surgiu.

Eu estava lendo a respeito da aritmética pitagórica quando encontrei uma


tabela que comparava vários alfabetos com aqueles da língua dos hebreus.
Havia também uma tabela comparativa de numerais e iquei
imediatamente impressionado com a similaridade entre certos caracteres
hebraicos e os numerais do Ocidente. Eu também lembrei de uma curta
seção no inal daquilo que é conhecido como a descrição do O Painel da
Loja do Segundo Grau. Esse ato da cerimônia maçônica faz referência a
certos antigos con litos militares que ocorreram antes de o Templo ser
construído. Ele também nota que a dedicação com a qual os maçons se
envolveram na construção do Templo veio a propósito da tarefa deles e da
maneira como eles eram recompensados por seus esforços. A seção no
inal da cerimônia nota que existia uma sala em particular no Templo onde
os maçons recebiam o pagamento por seus serviços:

Uma vez dentro do Templo do Rei Salomão, o maçom operativo tinha sua
atenção dirigida para certos caracteres hebraicos (...)

Quando li as tabelas comparativas do alfabeto, alguns desses caracteres de


repente assumiram uma característica diferente. Olhando mais de perto
para o número 1717, o 1 e o 7 parecem caracteres hebraicos:


A primeira vista, alguém pode concordar que eles são muito semelhantes.
Porém, a similaridade termina, pois:

Vau é o caractere hebraico para o número quatro.

Daleth é o caractere hebraico para o número seis.

Substituindo esses dois números traduzidos por 1717:

= 4646 ou 4 + 6 + 4 + 6 = 20.

Era de 20 côvados o tamanho do cubo no Santo dos Santos no Templo de


Salomão (Jedidias), o comprimento da sombra do equinócio criada pelas
colunas, e o comprimento da sombra do solstício. O total de 20 côvados +
20 côvados = 40 côvados era a distância entre as linhas centrais das
colunas e era ainda a distância em que as colunas icavam em frente ao
pórtico do Templo. 20 côvados + 20 côvados = 40 côvados era ainda o
comprimento do saguão do Templo, por meio do qual, ao longo do pórtico, o
Sol brilhava ao nascer para iluminar a Arca da Aliança que icava
posicionada embaixo das asas dos querubins e no centro exato do cubo do
Santo dos Santos. E, ao ignorar os zeros, pois não existe nada ali, temos o
número dois, o sinal da dualidade do Céu e da Terra.

Será que um grupo de maçons, com maior conhecimento das práticas dos
maçons antigos, que eram membros das Lojas baseadas em Londres, e que
estavam ao mesmo tempo buscando por conta própria distância dos
jacobitas, percebeu que era o ano oportuno, em termos numéricos, para
registrar a importância da Maçonaria e o vínculo com o Templo de Salomão
(Jedidias)?

Seria essa a verdadeira razão para a fundação da Grande Loja da


Inglaterra no ano de 1717? Esse é o verdadeiro segredo de 1717.
ANEXO 1
O Mistério da Jarda Megalítica Revelado

Como criar essa unidade de medida pré-histórica por conta própria.

Um guia criado por Robert Lomas e Christopher Knight, autores de A


Máquina de Uriel.

Este artigo usa alguns dados da pesquisa desenvolvida em conjunto com


Allan Butler. Para maiores detalhes, ver A Máquina de Uriel.

E eu vi naqueles dias quão compridas eram as cordas que foram dadas aos
dois anjos... Por que eles pegaram essas cordas e saíram? E ele disse a mim,
eles saíram para medir.

O Livro de Enoch

A descoberta da jarda megalítica


Quando o antigo professor Alexander Thomas examinou a cerca de mil
estruturas megalíticas do Norte da Escócia, passando pela Inglaterra, pelo
País de Gales e pela França Ocidental, ele icou surpreso ao descobrir que
todas haviam sido construídas com o uso da mesma unidade de medida.
Thom apelidou essa unidade de jarda megalítica (JM), pois icava muito
próxima em tamanho da jarda imperial, tendo exatamente dois pés e 8,64
polegadas (82,966 centímetros). Como engenheiro, ele pôde apreciar a ina
exatidão inerente na JM, mas se sentiu iludido tendo em vista que não
sabia como povos primitivos poderiam ter consistentemente reproduzido
tal unidade em uma região que se estende por várias centenas de milhas.

A resposta que escapou ao antigo professor não estava nas rochas, mas
nas estrelas.

A JM mostrou ser muito mais que uma unidade abstrata; como o metro
moderno, ela é uma medida cientí ica altamente repetível, construída por
meios empíricos. Ela baseia-se na observação de três fatores
fundamentais:

1. A órbita da Terra em torno do Sol.

2. A rotação da Terra sobre seu próprio eixo.

3. A massa da Terra.

Como fazer a sua própria jarda megalítica


Os antigos construtores marcavam o ano pela identi icação de dois dias do
ano, quando a sombra lançada pelo Sol nascente se alinhava perfeitamente
com a sombra do Sol poente. Nós chamamos isso de equinócio de
primavera e equinócio de outono, que acontecem por volta de 21 de março
e 21 de setembro, respectivamente. Eles também sabiam que existiam 366
alvoradas de um equinócio da primavera até o seguinte, e parece que
consideravam esse número sagrado.

Então, eles traçaram um grande círculo no chão dividindo-o em 366 partes.


Tudo o que você precisa fazer é copiar o processo da seguinte maneira:

Primeira etapa: Encontre um local adequado.

Encontre um terreno razoavelmente plano que tenha visão aberta para o


horizonte, especialmente no leste ou no oeste. Você precisará de uma área
de cerca de 40 pés por 40 pés, com uma super ície razoavelmente macia
de grama, solo raso ou areia.

Segunda etapa: Prepare o seu equipamento.

Você vai precisar dos seguintes itens:

1. Duas varas, macias e resistentes, de aproximadamente seis pés de


comprimento e algumas polegadas de diâmetro. Uma ponta deve ser
pontiaguda.

2. Um malho grande ou uma pedra pesada.

3. Uma vareta curta, com pontas bem cortadas, de aproximadamente dez


polegadas. Para a vida icar mais fácil, ela deve ter pequenos cortes feitos
para marcar cerca de cinco partes iguais.

4. Uma corda (o io de um varal vai servir) com aproximadamente 40 pés


de comprimento.

5. Um pedaço de barbante com aproximadamente cinco pés de


comprimento.

6. Um sistema de pesos pequenos, simétricos, com furo no centro (por


exemplo: anilhas pesadas).

7. Uma vareta reta de cerca de três pés de comprimento.

8. Uma lâmina afiada.

Terceira etapa: A construção de um grau megalítico.

O círculo megalítico foi dividido em 366 partes iguais, o que é, quase com
certeza, a origem de nosso moderno círculo de 360 graus. Parece provável
que, quando a Matemática entrou em uso no Oriente Médio, eles apenas
descartaram seis unidades para tornar o círculo divisível pela maior
quantidade de números possível. O grau megalítico era 98,36% do grau
moderno.

Para ins da criação da jarda megalítica, você apenas precisa medir a sexta
parte de um círculo, que vai conter 61 graus megalíticos. Isso é fácil de
fazer, pois o raio de um círculo sempre divide a circunferência exatamente
seis vezes (é interessante observar que o termo geométrico na linha reta
através da circunferência é "corda").

Agora, vá para o canto da área escolhida e coloque uma das estacas


verticalmente para o chão. Então, pegue sua corda e faça um laço na vara.

Originalmente os construtores megalíticos devem ter dividido a sexta parte


do círculo em 61 partes por tentativa de erro com pequenas varetas. É
altamente provável que eles tenham conseguido perceber que a razão de
175/3 dá a 366a parte do círculo, sem a necessidade de calibrá-lo.

A etapa seguinte é veri icar se a sua corda está a 175 unidades de


comprimento do centro do primeiro laço até o centro de um segundo laço
que você precisará fazer (o comprimento das unidades não importa). Por
conveniência, use uma vareta de cerca de dez polegadas de comprimento
para fazer isso, porém, para evitar um círculo muito grande, marque a
vareta em cinco partes iguais (você pode usar uma régua como atalho para
fazer isso, se quiser). Depois, use a vareta para medir 35 unidades de laço
a laço, o que vai dar aproximadamente o comprimento de 30 pés.

Agora coloque o primeiro laço na vara ixa e alongue a corda até o seu
comprimento total, tanto na direção mais ao oeste quanto na mais ao leste,
e coloque a segunda vara no laço. Agora você pode traçar parte do círculo
no chão. Como você está usando o método da razão, não há necessidade de
fazer a sexta parte inteira de um círculo; cerca de dois pés dará certo.

Em seguida, pegue seu pedaço de vareta e ligue-o diretamente no peso


para formar uma linha de prumo.

Você pode colocar a vara no chão usando a linha de prumo para garantir a
verticalidade. Então pegue a sua vara de medição e marque um ponto na
curva, que ique distante três unidades da borda externa da vara. Volte ao
centro e remova a primeira vara, marcando o furo com uma pedra ou
outro objeto. Agora essa vara tem de ser colocada no ponto que você
marcou no círculo. Veri ique se ela está na vertical e se a borda externa
dela está distante três unidades da borda externa, que corresponde à
borda da primeira vara.

Volte ao centro do círculo e olhe para as duas varas. Através delas você vai
ser capaz de ver exatamente a 366a parte do horizonte.

Quarta etapa: Tempo de medição.

Agora você vai dividir o horizonte de modo que ele tenha tantas partes
quantas vezes o Sol nasce no decurso da órbita do Sol. Agora você precisa
medir a rotação da Terra sobre seu eixo.

Será preciso esperar por uma noite clara, com as estrelas visíveis. Fique de
pé na frente do ponto central e espere uma estrela brilhante passar entre
as varas. Existem 20 estrelas com magnitude astronômica de 1,5. Elas são
conhecidas como estrelas de primeira grandeza.
O movimento aparente das estrelas no horizonte é causado pela rotação da
Terra. Prosseguindo, o tempo que uma estrela leva para percorrer o
trajeto da ponta de arrasto da primeira vara até a da segunda vai demorar
exatamente um período de tempo igual à 366a parte de uma rotação (um
dia).

Um dia tem 86.400 segundos e, portanto, a 366a parte do dia terá 236
segundos, ou três minutos e 56 segundos. Assim, as suas duas varas lhe
fornecerão um relógio de alta precisão que sempre funcionará.

Quando você observar uma estrela de primeira grandeza se aproximando


da primeira estaca, pegue sua linha de prumo e puxe o barbante no
comprimento de aproximadamente 16 polegadas. Balance os pesos como
um pêndulo e, quando aparecerem atrás da primeira vara, conte os pulsos
de um extremo ao outro.

Apenas dois fatores efetuam o balanço do pêndulo: o comprimento do


barbante e a gravidade, que é determinada pela massa da Terra. Se você
balançar o pêndulo mais rápido, ele se moverá mais para fora, mas não
mudará o número de pulsos.

A sua tarefa agora é contar o número de pulsos do seu pêndulo enquanto a


estrela se move entre as varas. Você precisa ajustar o comprimento até
obter exatamente 366 batidas durante esse período de três minutos e 56
segundos. É provável que faça várias tentativas para chegar ao
comprimento certo, então se prepare para encarar a estrela um bocado de
tempo.

Quinta etapa: Fazendo a sua medida de jarda megalítica.

Assim que tiver o comprimento correto do pêndulo, marque o barbante no


ponto exato em que ele deixa seus dedos. Depois, pegue a vareta reta e
coloque a parte de barbante marcada, coloque-a aproximadamente no
centro e puxe a linha para baixo da vareta. Marque a vareta no centro dos
pesos e então balance o pêndulo para o outro lado da vareta, veri icando
se essa parte de barbante marcada continua irme no lugar. Então marque
novamente a vareta para registrar a posição do centro dos pesos.

Descarte o pêndulo e corte a vareta nos dois pontos que correspondem


com a posição dos pesos.
Parabéns, agora você tem uma vareta exatamente do comprimento de uma
jarda megalítica.

É interessante observar que a curiosa unidade de medida britânica


conhecida como "rod" (vara) ou "pole" é igual a seis jardas megalíticas com
exatidão de 1%. Existem quatro varas em uma corrente e 80 correntes em
uma milha. Será que a moderna milha de 1.760 jardas realmente se baseia
na medida pré-histórica da jarda megalítica?

O texto acima foi reproduzido com a gentil permissão do dr. Robert Lomas.
Maiores detalhes podem ser vistos no website:

<http://www. robertlomas. com>.


ANEXO 2
O Universo Refletido nos Detalhes do Tabernáculo e nos Governos dos
Sacerdotes

Em nenhum outro lugar pode alguém pensar no mal-estar que os homens


sentem por nós, e que eles professam sentir por conta de nosso desprezo
pela divindade que eles pretendem honrar; pois se alguém considerar o
tecido do Tabernáculo, e olhar os paramentos do sumo sacerdote e dos
eleitos que fazem uso disso em nossa ministração sagrada, descobrirá que
nosso legislador era um homem divino e que somos injustamente
censurados pelos outros; pois se alguém sem preconceito, e com o juízo,
olhar para essas coisas, descobrirá que elas foram feitas na maneira da
imitação e da representação do universo. Quando Moisés separou o
Tabernáculo em três partes, e atribuiu duas delas aos sacerdotes, como
lugar acessível e comum, ele denotou a terra e o mar, sendo estes de
acesso geral para todos; mas ele de iniu separar a terceira divisão para
Deus, pois o céu é inacessível aos homens. E quando ordenou que 12 pães
fossem colocados na mesa, ele denotou o ano, distinguindo-o em tantos
meses. Quando rami icou o candelabro em sete partes, ele secretamente
anunciou as Decani, ou 70 divisões dos planetas; e também para as sete
luzes nos candelabros, ele se referiu ao curso dos planetas, dos quais esse
é o número. Os véus, também, que eram compostos de quatro coisas, ele
declarou os quatro elementos; pois o ino linho era adequado para
signi icar a Terra, já que a ibra do linho cresce da terra; a púrpura
signi icava o mar, porque essa cor é tingida pelo sangue do caramujo do
mar; o azul se encaixa no signi icado do ar; e o escarlate naturalmente é a
indicação do fogo. Agora, a roupa do sumo sacerdote sendo feita de linho
signi icava a Terra; o azul denotava o céu, sendo como um relâmpago suas
romãs, e o ruído dos sinos semelhante ao trovão. E no éfode, mostrava que
Deus fez o universo de quatro elementos; e para o ouro entrelaçado, eu
suponho isso relacionado ao esplendor pelo qual todas as coisas são
iluminadas. Ele também indicou o peitoral a ser colocado no meio do éfode,
para parecer a Terra, pois ela tem o verdadeiro local do meio do universo.
E a cinta que cinge o sumo sacerdote signi icava o oceano, pois isso vai ao
redor e inclui o universo. Cada uma das sardônicas [ônix na qual camadas
brancas se alternam com sárdios; cornalinas amarelas ou laranjas vistas
como pedras preciosas] declara para nós o Sol e a Lua; aquelas, eu quero
dizer, que tinham a natureza de botões nos ombros do sumo sacerdote. E
para as 12 pedras, se entendemos por elas os meses, ou se entendemos
como o número mais provável de signos naquele círculo que os gregos
chamam de Zodíaco, não devemos nos enganar no signi icado delas. E para
a mitra, que era de cor azul, para mim parece signi icar o céu; pois como
de outra maneira poderia o nome de Deus ser inscrito nisso? Como isso
era também ilustrado com uma coroa, e como de ouro também é por causa
desse esplendor com o qual Deus se agrada. Deixe esta explicação (16)
icar no presente, uma vez que o curso da minha narração vai muitas
vezes, e em muitas ocasiões, dar a mim a oportunidade de ampliar a
virtude do nosso legislador.

O trecho acima foi extraído de Flavius Josephus, Antiquities of the Jews,


Livro 3, Capítulo 7, relacionado com os paramentos vestidos pelos
sacerdotes e pelos sumos sacerdotes.

Traduzido para o inglês por William Whiston.


ANEXO 3
Uma Cronologia Especulativa Resumida da História da Maçonaria

Muita coisa mudou. Existiram homens de letras muito eminentes e de


posição social que realizaram pesquisas sobre aspectos especí icos da
história da Maçonaria. Não pretendo contestar o conhecimento nem a
pesquisa independente deles.

Muitas dessas pesquisas foram realizadas na Era Vitoriana da história da


Grã-Bretanha, entre 1840 e 1910. Elas re letem as visões e opiniões que
existiam então e foram externadas no contexto do cenário das in luências
sociais dessa época. O advento da Grande Guerra de 1914-1918, a Grande
Depressão dos Anos 30 e a Segunda Guerra Mundial, entre 1939 e 1945,
resultaram em poucos avanços no conjunto do conhecimento maçônico.

A Arqueologia, como disciplina acadêmica, começou em meados da Era


Vitoriana, por volta de 1860. Muitas escavações na Terra Santa e no
Oriente Médio aconteceram nos cem anos que vão até a segunda metade
do século XX. Artefatos foram diligentemente limpos, restaurados e
catalogados, mas, com exceção de iniciativas esparsas, poucas análises
foram realizadas.

Nas décadas pós-Segunda Guerra Mundial, a educação das massas foi


prioridade. Muito mais pessoas chegaram à universidade: engenheiros,
cientistas e pesquisadores saíram de nossas faculdades mais do que
nunca. Novas tecnologias foram inventadas e descobertas, e o volume
combinado do poder cerebral com ciência resultou na análise com maior
profundidade dos artefatos arqueológicos e das informações
anteriormente reunidas, de maneira inimaginável 50 anos antes. Nosso
conhecimento a respeito de quase qualquer aspecto do comportamento
humano aumentou. Nosso conhecimento do inter-relacionamento daquilo
que os antigos se referiam como o macrocosmo tornou-se mais bem
compreendido, e aventuras das viagens espaciais mudaram para sempre a
nossa percepção do céu e dos céus, em comparação com as interpretações
de nossos ancestrais.
O resultado total foi essa mudança na maneira como percebíamos os
antigos conceitos da criação do mundo e de todas as coisas a nossa volta. E
com essa mudança, veio a reinterpretação de nossas atitudes em relação à
religião.

Muita coisa mudou nos últimos 50 anos do século XX. Mas foi apenas nas
duas últimas décadas desse século que novas abordagens para avaliar a
história da Maçonaria se desenvolveram, trazendo novas informações e
argumentos desafiadores.

No inal do século XX, a visão o icial da Grande Loja Unida da Inglaterra -


GLUI - era de que a Maçonaria, da maneira como a conhecemos, pôde ser
investigada em 1717. Houve muita especulação a respeito das verdadeiras
origens, mas a GLUI observou que, sem evidência documental ou provas
claras, que duvidam algum dia sejam encontradas, se é que existiram
mesmo no passado, essas idéias permaneceriam apenas como especulação.
Essa é, talvez, uma atitude compreensível e adequada para essa
conceituada e emblemática organização adotar. Mas tal é o conhecimento
acumulado sobre o passado, que agora é possível fazer uma avaliação
racional do percurso histórico desenvolvido pela nossa antiga instituição.

A seguir, fazemos uma avaliação com base nas informações encontradas


durante a minha pesquisa. Ela começa 12 mil anos atrás e continua até a
época atual:

Antes de 10.000 AEC

O homem desenvolveu interesse pelo ambiente que o rodeava como


caçador-coletor. Ele acumulou conhecimentos a respeito de onde encontrar
vários tipos de alimento, como perseguir e capturar animais; quais comidas
eram boas e quais eram venenosas; como usar os ossos e a pele para fazer
equipamentos e roupas. O principal abrigo, provavelmente, era a
permanência em cavernas, em particular nas latitudes mais frias do Norte.

10.000 AEC
O homem continuava um pouco nômade, mas havia adquirido interesse
pelos céus e começava a se preocupar com o Sol e com a Lua, o que os fazia
funcionar e como isso afetava o ambiente e as estações.

8.000 AEC

Comunidades estáveis começaram a se desenvolver, junto com a seleção de


colheitas e a domesticação de animais. Inevitávelmente em qualquer grupo
de pessoas sempre existirão alguns que serão vistos como líderes, ou
anciões tribais, e este era sem dúvida o caso. Coletivamente eles
estruturavam o aspecto ordenado do grupo, a caça coletiva e a defesa, e
algumas regras básicas do governo tribal. Como uma comunidade estável
com estrutura, o compartilhamento do conhecimento havia começado e
eles iniciaram experimentos ao vivo. Isso pode ser visto por meio da
seleção de colheitas e do cultivo, desenvolvendo aquilo que eles queriam e
quando quisessem, e da criação e pastoreio de animais. Tudo isso veio de
alguma forma de experimentação primitiva, do aprendizado a partir de
resultados.

5.000 AEC

Os ciclos do Sol, da Lua e as estações eram compreendidos e previsíveis. A


estrela polar era observada junto com as estrelas que se moviam, os
planetas. Havia o entendimento de que o Sol e a Lua tinham efeito sobre o
ambiente, fornecendo períodos em que o alimento era abundante e outros
em que a sobrevivência era di ícil. Existia religião organizada por meio do
culto ao deus-Sol e à deusa da Fertilidade.

4.500 EC

Primeiras tentativas de criar estruturas, aparatos cientí icos, para o


monitoramento dos ciclos do Sol em particular, que eram temporárias e
sujeitas à deterioração pelo uso de materiais porosos. Por volta de 3.500
AEC, existia um meio de tornar essas estruturas mais permanentes,
retirando grandes pedras do chão por meio de alavancas e arranjando-as
nos padrões necessários. Isso também causou o desenvolvimento dos
meios de transportar essas pedras; de levantá-las vários pés ou metros
acima do chão; de reforçar e apoiar pedras, de modo que o conjunto não
desabasse. Podemos ver evidências disso em templos de Malta e Gozo. A
arte de construir um aparato cientí ico estável começou. O monitoramento
do Sol estava bem estabelecido como religião relacionada à deusa da
Fertilidade. Isso ditava uma forma primitiva de classe sacerdotal para
administrar e realizar funções cerimoniais.

3.000 a 2.500 AEC

Existia um bom, mas limitado entendimento do macrocosmo. Os anciões da


tribo governavam as comunidades. Talvez um só indivíduo, um guerreiro
ou caçador importante, fosse eleito para adjudicar disputas. A partir daí, a
realeza desenvolveu-se. Os sacerdotes tornaram-se guardiões do
conhecimento. Os sumos sacerdotes eram formas primitivas de
professores universitários. Eles asseguravam que a sabedoria cumulativa e
o conhecimento já entendido fossem passados para as gerações seguintes.
Desenvolveram métodos de pesquisa e estudo com sacerdotes juniores,
que realizavam o trabalho de campo, como a observação do céu à noite, o
avanço das sombras, a quantidade de plantas com cinco pétalas. Tal
entendimento aumentou a percepção deles da grandeza da tarefa da
criação que havia sido realizada pela Divindade. Métodos de modelar a
pedra haviam começado, como pode ser visto em vãos de passagens ou em
eixos de rolagem em Malta. Isso deve ter envolvido o desenvolvimento de
ferramentas su icientemente fortes para cortar a pedra e ferramentas
especí icas para trabalhos especializados. Sem dúvida, nessa época, havia
conhecimento desenvolvido entre os trabalhadores sobre qual tipo de
pedra era melhor de usar e como podia ser cortada em blocos manejáveis.
Daí derivou a pedreira. Cortar pedras em pedreiras exigiu o
desenvolvimento de ferramentas ainda mais especializadas, dispositivos de
levantamento e métodos de trabalho. Isso, sem dúvida, resultou no
desenvolvimento de ferramentas de metal. A geometria básica e a forma
do círculo, do triângulo e do quadrado foram de inidas e houve tentativas
de entender as constantes aritméticas e as proporções encontradas em
cada uma delas. O monitoramento solar e lunar estava bem estabelecido,
especialmente na Mesopotâmia (Suméria) e no Egito. Em outros lugares,
especialmente na Europa, a criação de círculos de pedra como
observatórios solares e lunares começou, como em Stonehenge. Diferentes
características humanas, como a inteligência, foram percebidas. Existe a
possibilidade de a classe sacerdotal ter selecionado jovens e moças
brilhantes para serem educados e se tornarem os guardiões do
conhecimento e da sabedoria; e de incentivar o casamento deles, com
vistas a seus ilhos também serem muito inteligentes. Nesse sentido, as
primeiras famílias dinásticas de sacerdotes foram criadas. Isso também
representaria as primeiras tentativas de procriação para uma inalidade
especí ica, diferente da seleção natural e da manipulação genética. Tribos
se misturaram ou foram conquistadas por tribos maiores e aquilo que
conhecemos como países, como o Egito, foram formados. Grandes tribos se
reuniram para criar ambientes urbanos. Muros de pedra foram
construídos em torno de algumas dessas comunidades para proteção, e ao
fazer isso desenvolveram ainda mais o ofício de pedreiros.

2.500 a 2.000 AEC

O macrocosmo era mais bem entendido e muito irmemente controlado


pela classe sacerdotal. O ciclo do Sol fornecia o calendário para a
administração civil e os ciclos lunares, para os festivais religiosos. Os
pontos cardeais da Terra haviam sido de inidos; os primeiros sete planetas
tinham nomes; o conceito de precessão era entendido e as 12 constelações
que formam o Grande Cinturão eram representadas miticamente e sua
forma observada; sabia-se que a Terra era uma bola; a previsão das
estações foi estabelecida.

A construção em pedra e o o ício do pedreiro estavam bem estabelecidos.


Buscava-se construir estruturas maiores e melhores, que fossem duráveis
e re letissem o macrocosmo. Algumas estruturas desabaram durante a
construção, outras um pouco depois, mas tudo isso serviu como processo
de aprendizado. Podemos ver isso nas estruturas das pirâmides, tanto em
Gizé como naquelas construídas antes, que se estendem por muitas milhas
ao sul do planalto de Gizé.

O entendimento da Geometria era razoavelmente avançado para resolver


uma gama de problemas outrora complexos. O signi icado da proporção e
aquilo que nós conhecemos como Fi havia sido entendido; a circunferência
de um círculo era observada como sendo três vezes o comprimento do
diâmetro. Havia um entendimento inicial dos relacionamentos no triângulo
e daquilo que entrou para a história como o Teorema de Pitágoras.

2.000 a 1.500 AEC

Por todo o Oriente Médio e o Mediterrâneo Oriental, mas especialmente no


Egito, ao longo do Rio Nilo, importantes construções, sobretudo templos,
foram desenhadas para serem duráveis; construídas em pedra, elas
re letiam o macrocosmo quando sintonizadas com os ciclos lunares e
solares, com a direção e com a prevalência do vento, ou com a fertilidade,
mas não limitadas apenas a esses critérios. O desenvolvimento de
comunidades urbanas aumentou o poder e o conhecimento da classe
sacerdotal. A habilidade para viajar pelo mar, via barco, trouxe o contato
com outros povos e outras culturas. Novos conhecimentos foram obtidos e
transferidos entre comunidades. O índice de conhecimento acumulado e
entendido entre os sacerdotes se desenvolveu. Isso aumentou ainda mais o
poder deles. Alguns desses conhecimentos, particularmente os
relacionados à Geometria, foram transferidos para os pedreiros, que
precisavam conhecê-los tanto para desenhar como para construir prédios
importantes. Mas apenas os mais capacitados desses pedreiros eram
admitidos nos segredos dos sacerdotes quando relacionados à construção.
Eles se tornaram desenhistas e supervisores.

1.500 a 1.000 AEC

Grupos de povos semitas, por razões ainda não inteiramente esclarecidas,


mas possivelmente por in luência dos eventos resultantes da explosão
vulcânica do Santorini e dos subsequentes terremotos e doenças ao longo
do Rio Nilo e do Delta, deixaram a região do Nilo e se reuniram em uma
região do Sinai, perto do Mar Vermelho, onde poderiam obter comida do
mar. Esses povos passaram para a história como hebreus. Como acontece
com todas as tribos ou comunidades, existiam aqueles que eram líderes e
aqueles que eram seguidores. As tribos foram modeladas em conjunto e
alguns costumes dos egípcios e o conhecimento que eles adquiriram se
tornaram a base de sua própria identidade e costumes. À medida que a
tribo dos hebreus se expandiu, eles formaram um exército e começaram a
invadir terras mais férteis e próximas do Mediterrâneo. Finalmente, eles
garantiram uma grande área em torno da qual forjaram a nova nação dos
israelitas, apesar de subserviente ao regime egípcio. Notando que um país
como o Egito tinha uma cidade central, que eles de iniam como capital ou
centro administrativo, os israelitas seguiram o poder egípcio concentrado
em Tebas, onde a classe sacerdotal estava baseada, administrando grandes
complexos de templos. Então Akhenaton formou sua nova capital dedicada
ao deus-Sol, rompendo com Tebas.

1.000 AEC

Os israelitas formaram uma cidade em torno de uma pequena aldeia


chamada Salém, que se tornou o centro de administração tribal conhecido
como Jerusalém. Um líder tribal, de origem humilde, destacou-se acima dos
outros e se tornou um grande rei guerreiro. Nós o conhecemos como Davi.
Os anciões decidiram construir uma comunidade como centro para os
sacerdotes, semelhante àquela que os egípcios tinham em Tebas, e então
desenharam um templo para se tornar o centro de sua cultura. A
divindade dominante era o deus-Sol, de modo que o Templo foi construído
para re letir os ciclos solares, lunares e sazonais, enquanto incorporava o
entendimento geométrico e o conhecimento do macrocosmo como eles o
entendiam. Era um centro de aprendizado e transferência de
conhecimento. Os pedreiros construtores foram os desenhistas e
incorporaram a sabedoria antiga que eles então acumulavam. Mas esse
conhecimento era passado como tradição oral. Ao contrário dos templos
egípcios, que eram construídos com grandes blocos de pedra, e tinham
alinhamentos solares e lunares, mas não exibiam especi icamente beleza
proporcional especí ica, o primeiro Templo de Jerusalém foi construído de
acordo com os princípios da beleza e da proporção, e também tinha
funcionalidade cerimonial. Isso o tornou único no meio da fraternidade de
maçons. O conhecimento do macrocosmo que os maçons e os sacerdotes
tinham era semelhante àquele conhecido pelos draidas, que eram a classe
sacerdotal dos celtas e estavam baseados na Europa. Esse conhecimento
incluía o entendimento a respeito da Terra como sendo uma esfera, que
girava em torno do seu próprio eixo e, à medida que esse eixo inclinava,
provocava uma oscilação; que a Terra orbitava em torno do Sol, que era
uma grande bola de fogo.

750 AEC

As fundações das civilizações posteriores da Grécia e Roma estavam


formadas. A classe sacerdotal foi icando mais interessada em questões e
em cerimônias religiosas; os maçons tornaram-se precursores do
conhecimento a respeito da construção e do desenho que incluía a
proporção, a forma e a geometria para conseguir o resultado inal. Uma
nova espécie de ilósofos se desenvolveu e consolidou o conhecimento.
Houve o surgimento dos grandes ilósofos e matemáticos gregos, que
incluíram Euclides, Pitágoras, Platão, Aristóteles, para citar apenas alguns.

Enquanto isso, os egípcios, que haviam registrado seu conhecimento em


linguagem hieroglí ica, gradualmente passaram a usar a escrita que
conhecemos como arábica, e os meios de decifrar os hieróglifos
diminuíram. O surgimento dos primeiros ilósofos gregos coincidiu com a
capacidade de viajar mais amplamente do que no tempo dos egípcios, e
novos e diferentes conhecimentos foram transferidos de lugares como a
Pérsia e a Índia. As escolas de mistério tornaram-se lugares de
desenvolvimento de novas idéias e avaliação das antigas. Isso permitiu
reunir o conhecimento acumulado no passado, assimilar novos, construir
sobre eles e registrá-los, de modo que os famosos ilósofos gregos são
fundadores das grandes teorias que chegaram até nós. Enquanto isso, os
maçons expandiam os limites do desenho elegante e da habilidade
artesanal, embelezando estruturas com características deliberadas, como o
Parthenon, em Atenas. Os estilos arquitetônicos dórico, jônico e coríntio
haviam começado a se desenvolver.

Os maçons também desenvolveram os meios de construir o arco semi-


circular, cujo segredo é a pedra chave. Isso eles mantiveram como segredo
da profissão.

350 AEC

No período perto de 1.000 AEC, o contraste dos conceitos geocêntrico


versus heliocêntrico da mecânica celeste começou a ser questionado pelos
ilósofos e sacerdotes, cada conceito com seu mérito. Aristóteles declarou
que o sistema geocêntrico era a resposta. Os sacerdotes, agora mais
relacionados a assuntos espirituais e cerimoniais, endossaram isso, e este
se tornou o conceito o icial nos próximos 1.800 anos seguintes. Os maçons
sabiam que o conceito heliocêntrico estava correto e o mantiveram como
segredo da pro issão, em suspenso, até a revalidação do mesmo como fato
cientí ico. Esse conhecimento perdido depois icou conhecido como Hiram
Abiff. Todas as informações foram encenadas em uma série de peças e
diálogos curtos, que permitiram que o conhecimento fosse passado de uma
geração de maçons a outra. Esse era um processo muito antigo.

250 AEC

O surgimento do Império Romano resultou em grande demanda para o


O ício e o conhecimento dos maçons. A pro issão se expandiu por toda a
Europa, Norte da África e Oriente Médio, junto com a expansão do império;
e a metodologia geométrica e o conhecimento do macrocosmo então
icaram conhecidos como as Artes e Ciências Liberais. Os maçons
construíram estradas e pontes, aquedutos, portos, cidades, depósitos,
templos, palácios, domos, casas majestosas e forti icações. A expansão do
desenho, o conhecimento e a experiência de construir trouxeram grandes
desa ios. A queda do Império Romano resultou nos maçons sendo
empregados regionalmente, e vários novos conceitos de desenho foram
desenvolvidos com base em culturas e costumes locais. Entre estes, a
in luência árabe foi a principal, que passou para o desenho os padrões
culturais associados das comunidades islâmicas posteriores. Em áreas mais
remotas da Europa do Norte, inclusive a Grã-Bretanha, a capacidade de
construir com pedra diminuiu consideravelmente com a retirada do
exército romano, e a construção reverteu principalmente para o uso de
madeira.

600 EC

O crescimento da Igreja Romana em toda a Europa substituiu grande parte


da autoridade antes exercida pelos imperadores romanos, o que resultou
na necessidade de o O ício dos Maçons novamente lorescer por meio da
construção do novo estilo de templo das igrejas cristãs e dos abrigos da
nova classe sacerdotal, os mosteiros. O conhecimento do macrocosmo
prevaleceu relacionado aos conceitos da criação legados nas escrituras.
Muitas das novas igrejas foram construídas com alinhamentos que
re letiam os ciclos solares e lunares. O conhecimento do macrocosmo
relacionado com a criação e, portanto, com a simbologia da mão da
divindade, tornou-se conhecimento retido dentro da classe sacerdotal.

O conceito geocêntrico da mecânica celeste permaneceu a base da


interpretação religiosa. O conceito heliocêntrico de inido Hiram Abiff
permaneceu o conhecimento secreto da Maçonaria.

Por volta de 700 EC, a época de Bede, os maçons com os conhecimentos de


geometria e mecânica celeste retidos, mais seus segredos pro issionais
relacionados ao desenho, à proporção e à tecnologia da construção, foram
novamente introduzidos na Inglaterra por meio da construção de
estabelecimentos religiosos substanciais.

1.000 EC

Jerusalém, sagrada para as três religiões - Judaísmo, Cristianismo e Islã -


foi invadida pelos turcos de Seljuk. Os cristãos foram impedidos de fazer
peregrinações a ela, o que levou às Cruzadas. A ordem dos Cavaleiros
Tempiários se formou. Eles estiveram sob proteção do papa e operavam
sob a autoridade papal. Eram, portanto, parte integrante da instituição
religiosa da Igreja Romana. Durante o tempo que passaram na Terra Santa
e no Oriente Médio, eles entraram em contato com grande parte da
sabedoria antiga que a Igreja via como conhecimento proibido. Isso incluía
o conceito do sistema heliocêntrico, a Geometria e os padrões geométricos
resultantes. Estilos de construção se desenvolveram a partir desse
conhecimento. Talvez eles também tenham descoberto que a iloso ia
religiosa defendida pela Igreja não estava inteiramente de acordo com os
eventos que realmente ocorreram em Jerusalém mil anos antes. Isso os
levou a entrar em con lito com a instituição da Igreja, que foi a proposta
inicial usada por Filipe, o Belo, como desculpa para dissolver essa
organização.

Enquanto isso, os maçons capturados nos países islâmicos forneceram


idéias de desenhos que os Tempiários incluíram em suas próprias
estruturas. Seu benfeitor, São Bernardo, incentivou os novos desenhos, que
se tornaram conhecidos como estilo gótico. A Geometria na qual o mesmo
se baseava tornou-se o desenho e o princípio de construção de quase todas
as grandes catedrais na Grã-Bretanha e na área da Europa dominada pelo
Vaticano. Os princípios do desenho também se tornaram o conhecimento
especializado e secreto dos maçons. As guildas e corporações do período
medieval se tornaram reguladoras da pro issão, mas o conhecimento
contido nessa pro issão a respeito do desenho e dos re lexos da mecânica
celeste permaneceram segredo profissional.

1.300 EC

Figuras antigas dos Cavaleiros Templários na França foram capturadas em


1307 EC. Muitos outros de menor importância escaparam para Escócia
onde foi construído o primeiro preceptório fora da Terra Santa. A ordem
dos Cavaleiros Templários inalmente foi dissolvida por meio de uma bula
papal. O Grão-Mestre Jacques de Molay foi assassinado em 1314, sendo
queimado vivo pela autoridade do papa. Os maçons ligados à Ordem agora
herdavam o conhecimento restante que não tinham até então,
especialmente em relação ao sistema heliocêntrico. Muitos, enfrentando a
penúria, foram para os mosteiros na Grã-Bretanha e provavelmente no
resto da Europa. O conhecimento deles gradualmente foi absorvido pela
pro issão de pedreiro, e o conhecimento esotérico que tinham passou para
praticantes mais altamente capacitados. A retenção desse conhecimento
continuou pela tradição oral.

1.400 EC
Copérnico publicou a teoria que sustentava o sistema heliocêntrico, mas foi
condenado pelo Vaticano, que continuou a apoiar o conceito geocêntrico.

Na Escócia, o Grão-Mestre dos maçons e descendente da família Sinclair, na


qual Hugues de Payen entrou por meio do casamento, 300 anos antes,
construiu uma igreja em sua propriedade que incorporou muito do
conhecimento esotérico então entendido pelos maçons. Ela também foi
construída em um local que re letia o conhecimento celeste, a sombra
lançada por duas colunas, como haviam sido erguidas no Templo de
Salomão. A sombra na época dos solstícios produzia o padrão no quadrado.
Essa igreja é conhecida como a capela Rosslyn. Ela se tornou o lar
espiritual dos maçons, especialmente na Escócia. Como a capela construída
nas terras do Grão-Mestre tornou-se o lar espiritual da Maçonaria, então
ser admitido na fraternidade dos maçons passou a ser conhecido como ser
admitido no quadrado, re letindo o conhecimento das sombras de Rosslyn.
Lojas que antes se reuniam apenas em locais de construção, agora
começavam a se reunir em locais selecionados. Na Escócia, por exemplo,
existem registros de arranjos especiais sendo feitos para eles se
encontrarem na Prefeitura de Edimburgo.

1.500 AEC

Henrique VIII da Inglaterra quebrou o domínio da Igreja Romana em seu


país, fundou a Igreja da Inglaterra e dissolveu os mosteiros, abolindo assim
o poder deles e do Vaticano. Um novo conjunto de di iculdades afetou os
maçons, muitos dos quais estavam envolvidos na manutenção de igrejas e
mosteiros. Agora eles estavam envolvidos no desmantelamento desses
locais. O con lito de poder entre reis e rainhas ingleses e o Vaticano
prosseguiu, e o resultado foi que Elizabeth I apoiou a Igreja da Inglaterra e,
com isso, o Protestantismo. Nesse período em que foi eliminada a
autoridade do papa na Inglaterra, começaram a aparecer praticantes
independentes do desenho para a construção. Assim foi o desenvolvimento
inicial da pro issão do arquiteto. Os maçons que construíram seus
desenhos subsequentes então aceitaram parte desses arquitetos na
fraternidade e se referiam a eles como maçons especulativos, em oposição
aos maçons operativos. Isso levou à formação de algumas Lojas privadas,
em oposição àquelas dedicadas aos maçons operativos. Universidades
começam a lorescer e a base do conhecimento transmitido aos estudantes
era o mesmo entendimento que havia sido guardado ciosamente pelos
maçons durante milênios, a sabedoria antiga de nossos ancestrais, as Artes
e Ciências Liberais. Era essa a base do grau de Mestre em Artes.

James II, ilho da rainha Maria dos Scots, tornou-se rei da Escócia. Ele
reconheceu o desenvolvimento da Maçonaria e regulamentou-a por meio
dos estatutos de Shawe.

1.600 EC

Os Stuarts tornaram-se patronos da Maçonaria. James VI da Escócia


tornou-se James I da Inglaterra. A regulamentação da Maçonaria, que ele
introduziu na Escócia, acompanhou-o. A Maçonaria desenvolveu-se e o
conhecimento esotérico se espalhou em áreas especí icas da sociedade,
especialmente entre os arquitetos, certos membros da aristocracia e
aqueles que os serviam. Isso continuou até Carlos I ser decapitado e a
monarquia da Inglaterra ser abolida.

Na Itália, Galileu foi torturado por ordem do Vaticano por expressar pontos
de vista copernicanos (heliocêntricos). O sistema geocêntrico continuava
vivo e saudável nos círculos religiosos. Então, as conexões maçônicas com o
conhecimento heliocêntrico continuavam retidas sob a referência a Hiram
Abiff.

A restauração da monarquia em 1660, com a coroação (unção) de Carlos II,


resultou em sir Robert de Molay, um escocês, patrono dos Stuarts e
con idente do rei Stuart, a estabelecer a Sociedade Real, junto com vários
outros assuntos. Isso anunciou a abertura do desenvolvimento da ciência, a
era do Iluminismo, e pavimentou o caminho para muitas descobertas que
resultaram na Revolução Industrial e no estabelecimento de ramos da
ciência, como a Astronomia e a Física, que nos trouxeram a tecnologia que
nossa sociedade conhece atualmente."

1.700 EC
Durante os séculos XVI, XVII e XVIII, o conhecimento esotérico contido na
Maçonaria era aquele também conhecido como as Sete Artes e Ciências
Liberais. Foi o ponto de partida para grande parte do conhecimento
cientí ico futuro. As di iculdades jacobitas no início do século XVIII
causaram algum embaraço para os membros das Lojas, em Londres e
outras cidades provinciais importantes. Eles decidiram se distanciar por
conta própria desses problemas, criando a Grande Loja da Inglaterra.
Alguns maçons, de identidade desconhecida para nós, mas familiarizados
com o conhecimento esotérico inerente ao ritual maçônico, entenderam o
signi icado do nitmero 20, e que certos caracteres em hebreu podiam ser
adicionados em conjunto para fazer esse número. Eles notaram que esses
mesmos caracteres em hebreu podiam representar o ano de 1717, em que
estavam ou que estava próximo. Para se distanciar de seus colegas da
Escócia, quatro Lojas estabeleceram a Grande Loja da Inglaterra, em 1717,
como corpo administrativo separado daquele baseado em Edimburgo, e
para isso empregaram o número 20 da sabedoria antiga. Um membro de
uma dessas quatro Lojas era sir Joseph Banks, reconhecido como
importante botânico e presidente da Sociedade Real. Ele navegou com o
capitão Cook em uma viagem ao Taiti para observar o trânsito de Vênus,
planeta sinônimo de Maçonaria e sabedoria antiga. Eles descobriram a
Nova Zelândia e a costa oriental da Austrália. Depois, Banks incentivou o
desenvolvimento e o estabelecimento da Austrália, de modo que se pode
corretamente a irmar que a Austrália que conhecemos hoje em dia foi
colonizada a partir do apoio original de um maçom.

1.800 EC

O sistema heliocêntrico inalmente se tornou dominante sobre os conceitos


geocêntricos, baseado nas revelações da nova ciência da astronomia.

As Ciências e Artes Liberais, o conhecimento inerente à Maçonaria,


permaneceu a base do estudo nas universidades e para o grau de Mestre
de Artes. À medida que a ciência se desenvolvia, mais e mais questões se
levantaram a respeito da veracidade da história que rodeava a Terra Santa
como defendida pelas altas autoridades religiosas. Expedições
arqueológicas foram organizadas e gradualmente, por um período de 150
anos, o conhecimento básico aumentou. Os resultados nem sempre
apoiaram a doutrina religiosa promovida nos últimos 2 mil anos. Com o
sistema heliocêntrico en im corretamente restabelecido, então a Maçonaria
se tornou mais aberta, embora protegida. A filiação não era mais apenas do
domínio exclusivo dos maçons especulativos e operativos. Ela estava aberta
a homens que tivessem mentalidades abertas, que tivessem capacidades
acadêmicas e interesse na preservação do conhecimento esotérico que ela
continha.

A partir de meados do século XIX, o crescimento da Revolução Industrial e


a expansão do Império Britânico propiciavam o desenvolvimento de Lojas
Maçônicas em outros países. Na Grã-Bretanha houve um crescimento
maciço da classe média. Eram homens cultos, gerentes e administradores
intermediários de bancos, companhias de seguro, companhias de
transportes, comerciantes de ações, proprietários de fábricas e lojas.
Muitas dessas instituições substanciais, como os bancos, incentivavam seus
gerentes para que providenciassem que suas famílias fossem
regularmente à igreja participando e demostrando interesse em atividades
sociais de caridade. Uma ampla gama de organizações sociais e fraternais,
e sociedades bene icentes, foram criadas para atender a necessidades de
comunidades diversas, que prosperaram. A Maçonaria na Inglaterra foi
uma das bene iciárias dessa nova ordem social. Houve um substancial
crescimento de membros, novas Lojas foram formadas e salas especiais de
reunião, chamadas de Salões Maçônicos, foram construídas em muitas
cidades importantes da Grã-Bretanha. Em outras cidades onde isso não era
facilmente conseguido, salas especialmente preparadas em hotéis e em
estabelecimentos públicos foram usadas como locais de encontro. Alguns
sobrevivem portando nomes como Brasões dos Maçons [The Freemasons
Arms].

E então, no início do século XX, houve maciça melhoria na educação, de


modo que, em meados do século XX, grande parte daqueles conhecimentos,
que até então eram considerados como os segredos da Maçonaria, passou
a ser ensinado nas escolas, para crianças pequenas, raramente em idade
adolescente: Geometria, Aritmética, Música, Lógica (raciocínio e resolução
de problemas), Gramática e Retórica (línguas e linguagem), Astronomia e
Ciência (mecânica celeste, o sistema solar e o universo, Física, Química e
Biologia). Muito disso é derivado do entendimento inicial desenvolvido sob
as orientações da Alquimia, da Astrologia, da sabedoria antiga e do
entendimento do macrocosmo.

O conhecimento secreto que havia sido o domínio da Maçonaria não era


mais segredo. Era parte da educação das massas, em escala global.

Assim, quando alguém diz que não existe conhecimento secreto ou


informações secretas na Maçonaria, está correto. Isso agora é
conhecimento comum para qualquer pessoa que tenha se bene iciado de
alguma educação modesta.

Então, o que é a Maçonaria atualmente? Acredito que a pessoa que se


preocupar vai observar que o conhecimento da sabedoria antiga continua
incorporado nas cerimônias e nas instalações. A Maçonaria continua a
promover uma respeitável abordagem da vida baseada em verdade,
prudência, caridade, justiça, modéstia e temperança, obediência à lei e à
ordem. Ela incentiva seus membros a se tornarem cidadãos corretos,
pilares da sociedade, na comunidade em que vivem e trabalham. São todas
essas qualidades que uma sociedade justa e adequadamente
regulamentada precisa ver em seus juizes, magistrados, médicos,
contadores, professores, funcionários públicos e dirigentes. Neste início do
século XXI, muitas atividades maçônicas estão direcionadas para apoiar
necessidades sociais por meio de atividades ilantrópicas. Cuidar da
sociedade em que vivemos é a maneira dos maçons cuidarem de si
próprios.

E o que aconteceu com a sabedoria antiga? Ela precisa ser preservada.


Ninguém sabe quando pode ser perdida pela sociedade em geral, e se vai
precisar ser redescoberta. A Maçonaria, adequadamente regulamentada,
continuará a protegê-la.

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