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Denizart Silveira de O liveira Filho

A LENDA
DE HI
'-' NOS GRAUS INEFÁVEIS DO
R:. E:.A:.A :.
O Templo de Salomão .
/

Indice

Apresentação do Autor .. ... ... ... .... ..... .... .... .. .... .. ... ... ...... ... ... ...... ... .... ....... 1 3
1. Introdução ....................... .... ............................................. ....... ... ........ 15
2. Lugares Sagrados de Adoração Religiosa ........ ...... ............ .................. 18
3. A Maçonaria e sua Influência Egípcia e Hebraica ............................... 24
4. O Templo de Salomão ......................................................................... 47
5. A Lenda de Riram Abi:ff no Grau 3 .. .... ................................ .... ........... 68
6. Síntese dos Graus Inefáveis ................................ .................. .............. 92
7. O Templo e a Lenda no Grau 4 - Mestre Secreto .................... ........... 97
8. O Templo e a Lenda no Grau 5- Mestre Perfeito ............................. 116
9. O Templo e a Lenda no Grau 6- Secretário Íntimo .. ......................... 126
10. O Templo e a Lenda no Grau 7 - Preboste e Juiz
ou Mestre Irlandês .... ..................................... ... ... ...... ...... ................ 135
11. O Templo e a Lenda no Grau 8- Intendente dos Edifícios .... ............. 145
12. O Templo e a Lenda no Grau 9 -Cavaleiro Eleito dos Nove ............. 159
13. O Templo e a Lenda no Grau 10- Cavaleiro Eleito dos Quinze ........... 181
14. O Templo e a Lenda no Grau 11- Cavaleiro Eleito dos Doze .... ........ 192
15. O Templo e a Lenda no Grau 12- Grão-Mestre Arquiteto .. ...... ........ 203
16. O Templo e a Lenda no Grau 13- Cavaleiro do Real Arco ............... 218
17. O Templo e a Lenda no Grau 14 - Perfeito e Sublime Maçom .. ........ 234
18. Comentários Finais ....... ... ......................... ...................................... 259
Anexos .. ...................................... ........................ ................................... 261
Bibliografia ................................................................. ....... ................ .... 269

-11-
12 A Lenda de Riram nos Graus Inefáveis do R.·.E.·.A.·.A.·.

Abreviaturas dos Livros Bíblicos

Velho Testamento
Gênesis (Gn) I Samuel (ISm) Ester (Et) Ezequiel (Ez) Naum(Na)
Êxodo(Ex) 2 Samuel (2Sm) Jó (Jó) Daniel (Dn) Habacuque (H c)
Levítico (Lv) I Reis (IRs) Salmos (SI) Oseias (Os) Sofonias (Sf)
Números (Nm) 2 Reis (2Rs) Provérbio~ (Pv) Joel (Jl) Ageu (Ag)
Deuteronômio (Dt) I Crônicas (I Cr) Eclesiastes (Ec) Amós(Am) Zacarias (Zc)
Josué (Js) 2 Crônicas (2Cr) Cântico dos Obadias (Ob) Malaquias (Ml)
Cânticos (Ct)
Juízes (Jz) Esdras (Ed) Isaías (ls) Jonas (Jn)
Rute (Rt) Neemias (Ne) Jeremias (Jr) Miqueias (Mq)

Novo Testamento
Mateus (Mt) I Coríntios (I Co) I Tessalonicensses (I Ts) Hebreus (Hb) 3 João (3Jo)
Marcos(Mc) 2 Coríntios (2Co) 2 Tessalonicensses (2Ts) Tiago (Tg) Judas (Jd)
Lucas(Lc) Gálatas (Gl) I Timóteo (ITm) I Pedro (I Pe) Apocalipse (Ap)
João (Jo) Efésios (Ef) 2 Timóteo (2Tm) 2 Pedro (2Pe)
Atos Apóstolos (At) Filipenses (Fp) Tito(Tt) I João(IJo)
Romanos (Rm) Colossenses (Cl) Filemom (Fm) 2 João (2Jo)

Identificação das Referências Bíblicas ao Longo do Texto


Exemplos:
(1)Ex 26-30; 36-38; 40- Significa: Livro do Êxodo, capítulos 26 a
30, 36 a 38 e capítulo 40.
(2) 2Sm 5:11 -Significa: Segundo Livro de Samuel, capítulo 5, versículo
11.
(3) 1Rs 5:1-18; 9:11-14- Significa: Primeiro Livro de Reis, capítulo 5,
versículos 1 a 18; e capítulo 9, versículos 11 a 14.
(4) Ex 25-40:34- Significa: Livro do Êxodo, capítulo 25 até o versículo
34 do capitulo 40.

Outras Abreviaturas
R:. E:. A:. A:. (REAA)- Rito Escocês Antigo e Aceito
Sup:.Cons:. -Supremo Conselho
Exc:.Loj :.de Pef:. (ELP)- Excelsa Loja de Perfeição
Aug :. Resp :. Loj :. Maç :. (ARLM) - Augusta e Respeitável Loja
Maçônica
Ven :. Mestre - Venerável Mestre
T:. V:. P:. M:. - Três Vezes Poderoso Mestre
G:. A:. D :. U:. - Grande Arquiteto do Uni verso: Deus; Jeovah;
Iahweh; Adonai, Iod; Ivah.
G:.L:.M:.E:.R:.J:.(GLMERJ)- Grande Loja Maçônica doEs-
tado do Rio de Janeiro
1
1
\

1
1

' Apresentação do Autor


Ao assumir a Presidência da Exc :. Loj :. de Perf:. Frei Caneca, no
Oriente de Jacarepaguá, RJ, Corpo subordinado ao Sup:.Cons:.do Grau
33, do R:.E:.A:.A:.da Maçonaria para a República Federativa do Brasil,
\ em janeiro de 1996, nosso primeiro trabalho foi a Iniciação de 33 Irmãos ao
~
Grau 4, Mestre Secreto.
Passamos, então, a nos preocupar em como procederíamos para pro-
piciar uma boa formação àq~eles Irmãos recém-iniciados nos Graus Inefá-
~ veis. Resolvemos escrever um trabalho apresentando comentários sobre
cada um dos Graus da Loja de Perfeição e, após a Instrução dos mesmos,
\
distribuí-los aos Irmãos. Estes os receberam com muito entusiasmo e inte-
resse, e passamos a ouvir palavras de elogio com respeito à qualidade e ao
conteúdo dos mesmos, bem como o incentivo para publicá-los.
Ao final do Grau 14, Perfeito e Sublime Maçom, passamos a colher
pareceres, críticas e sugestões de diversos Irmãos de Graus superiores
sobre os trabalhos de cada Grau, revisando-os, melhorando-os e toman-
do-os um volume único, para submetê-lo à publicação por uma editora
maçônica, com o título de Comentários aos Graus Inefáveis do
R :.E :.A :.A: ..
Enviado o trabalho à editora maçônica A TROLHA, esta o publi-
\
cou em primeira edição, em setembro de 1997, e, hoje, encontra-se es-
~ gotada. Continuamos, porém, recebendo muitos pedidos do livro, por
parte de vários Irmãos e Presidentes de Corpos Filosóficos. Como não
há previsão de reedição do mesmo pela editora A TROLHA, resolve-
mos revisá-lo, atualizá-lo e ampliá-lo, visando à sua reedição por
outra editora do ramo. Porém, no desenvolvimento deste trabalho, a
ampliação tornou-se de tal monta, que passou a configurar um novo
livro. Demos a este o título A Lenda de Riram nos Graus Inefáveis
do R:.E:.A:.A:.- O Templo de Salomão e o encaminhamos à Madras
Editora Ltda. na esperança de sua publicação em primeira edição.
Havia, e ainda hoje há, carência de publicações, em língua portu-
guesa, de estudos sobre os Graus dos Altos Corpos. Poucos foram e são
-13-
14 A Lenda de Hiram nos Graus Inefáveis do R.·.E.·.A.·.A.·.

os escritores maçônicos que se dispuseram e se dispõem a escrever sobre


tais Graus. Somente alguns maçons dedicados e abnegados como os
renomados Nicola Aslan, Rizzardo da Camino, Walter Pacheco Júnior, en-
tre outros poucos, escreveram sobre os Graus Filosóficos.
Nosso trabalho, aliás, foi o resultado de pesquisas, compilações e
adaptações desses ilustres escritores. Porém, procuramos não ser tão
superficial e sucinto como Nicola Aslan e Walter Pacheco, nem tão pro-
fundo e minucioso como Rizzardo da Camino.
Uma boa formação dos maçons nos Graus dos Altos Corpos depende
em muito de sua aprendizagem nos Graus Inefáveis, por ser a Loja de
Perfeição a base, o alicerce dos Graus superiores.
Dessa forma, esperamos que nosso trabalho continue a preencher
mais uma lacuna na literatura maçônica brasileira, e contribua de alguma
maneira para a formação, o aperfeiçoamento e a instrução dos maçons dos
Altos Corpos do nosso país.
Não temos a pretensão de considerá-lo como "acabado". Todo tra-
balho pode e deve ser aperfeiçoado, melhorado e ampliado, sem limites.
Por isso, quaisquer críticas e sugestões serão, por nós, bem recebidas.
A todos quantos contribuíram com críticas, sugestões e com o
incentivo para publicarmos este modesto trabalho, nossos mais since-
ros agradecimentos.
Denizart Silveira de Oliveira Filho
M:.I:. da A:.R:.L:.M:. Igualdade nº 93 -Inspetor Geral da
Ordem- Grau 33- R:.E:.A:.A:.
Membro da Academia Maçônica de Letras, Ciências e Artes do
Estado do Rio de Janeiro.
1. Introdução
Joaquim Gervásio de Figueiredo, em seu monumental Dicionário de
Maçonaria (Editora Pensamento, 1987), consigna que das várias defini-
ções que a Maçonaria possui, uma das mais autênticas, conquanto ainda
imperfeita, é a de que se trata de "um sistema de ética velado em símbo-
los e alegorias, que visa ao aperfeiçoamento do ser humano". Esse
aperfeiçoamento e as instruções que ele implica não se obtêm de imediato,
mas, sim, em escala progressiva, ascendente, por meio de iniciações própri-
as. Daí a distribuição dos ensinos e das práticas maçônicas em Graus as-
cendentes, dentro de um Rito Maçônico, e a classificação desses Graus
segundo o tipo de ensinos que incorporam.
Rito Maçônico é o conjunto de regras e preceitos com os quais se
praticam as cerimônias, comunicam-se os sinais, toques, palavras e todas as
instruções "secretas" necessárias ao bom desempenho dos "trabalhos";
é um Sistema de Graus destinado a coordenar os ensinamentos maçô-
nicos. O Rito Escocês Antigo e Aceito (R:.E:.A:.A:.) é um dos mais
praticados, especialmente no Brasil. Transcrevemos a seguir, em resu-
mo e com algumas adaptações, o que Rizzardo da Camino, em seu
Dicionário Maçônico (Madras Editora, 2005), nos diz a respeito desse Rito:
"O R:.E:.A:.A:. teve origem no Rito de Perfeição que abrangia
25 Graus, e que fora criado em Paris em 1756 no Capítulo dos Impe-
radores do Oriente e do Ocidente. A seguir, estendeu-se à América,
onde sofreu alterações por parte de Estevão Morin, aumentando seus
Graus para 33. Morin fundou em Charleston (Carolina do Norte -
Estados Unidos), em 31 de màio de 1801, o primeiro Conselho da
Nova Maçonaria. No ano seguinte, surgiu, como correspondente na
Ilha de São Domingos, o Supremo Conselho de São Domingos, criado
pelo conde Grasse Tilly, que recebera autorização de Charleston. Re-
gressando à França, o conde Grasse Tilly propagou o novo Rito, in-
troduzindo-o em Paris na Loja Escocesa de Santo Alexandre, centro
geral de suas operações maçônicas. Inúmeros Irmãos foram elevados
- 15-
16 A Lenda de Hiram nos Graus Inefáveis do R.·.E.·.A.·.A.·.

ao Grau 33, formando assim o Supremo Conselho Provincial, e em


1804 ele organizou o Consistório, formando a Grande Loja Geral
Escocesa da França do Rito Antigo e Aceito. O príncipe Luiz Napoleão
foi aclamado como seu Grão-Mestre. Desse trabalho começaram a
surgir os demais Supremos Conselhos em cada país que os quisesse
aceitar. Hoje o Rito está universalmente consagrado".
O Supremo Conselho do Grau 33 do Rito Escocês Antigo e Aceito
para a República Federativa do Brasil, com sede em Jacarepaguá, no
Rio de Janeiro, foi fundado em 12 de março de 1829. Ele consigna que
o R:.E:.A:.A:.é o melhor repertório de doutrinas e tradições dos Mis-
térios da Arte Real. Essas doutrinas e tradições estão contidas nos Rituais
Maçônicos do seu Sistema de Graus, dos quais o Supremo Conselho é o
detentor.
Ainda segundo Rizzardo da Carnino, "Rituais são as regras e nor-
mas estabelecidas para a liturgia das cerimônias maçônicas. Sempre
existiram os Rituais, inicialmente por meio da tradição e oralmente, e,
posteriormente, por escrito". A notícia oficial é de que os Rituais iniciais
foram escritos por Elias Ashmole em tomo do ano de 1646 e que nos che-
garam intactos até o presente. Acredita-se que, na época dos construtores,
como no período do Grande Templo de Salomão, os Ritos obedeciam aos
preceitos religiosos hebreus. Posteriormente se descobriu que entre os egíp-
cios existiam rituais específicos, guardados sigilosamente, pois continham
os segredos da construção das pirâmides. Esses Rituais não chegaram até
nós; crê-se que o Livro dos Mortos contenha grande parte dessa ritualísti-
ca perdida. Cada povo possuía seus Rituais, sendo impregnados de magia e
mistério e considerados sagrados.
O Sistema de Graus do R:.E:.A:.A:.consiste de 33 Graus, inclusi-
ve os três primeiros (Aprendiz, Companheiro e Mestre), também chama-
dos de Graus Simbólicos, que são reconhecidos e praticados em todos os
Ritos Maçônicos, salvo ligeiras diferenças. A administração desses
Graus e a revisão e atualização de seus Rituais são delegadas, pelo
Supremo Conselho do Rito, às Potências Maçônicas (Grandes Lojas
e Grandes Orientes). Particularmente, não concordamos com a segun-
da parte dessa assertiva; entendemos que a revisão e a atualização dos
Rituais desses Graus deveriam ser da competência exclusiva do deten-
tor do Rito, no caso o Supremo Conselho do Rito. Por outro lado, a
administração dos demais Graus (4º ao 33º), chamados Graus Filosófi-
cos, Superiores ou Altos Graus, bem como a revisão e a atualização de
seus Rituais, é de competência exclusiva do Supremo Conselho do
Rito, no caso o Supremo Conselho do Grau 33 do R:.E:.A:.A:.da
Maçonaria para a República Federativa do Brasil, por meio dos Altos
Corpos Filosóficos Subordinados. Esses Altos Corpos são as Lojas de
Perfeição, os Capítulos Rosa-Cruz, os Conselhos de Cavaleiros Kadosh
e os Consistórios, e os Graus que ministram se classificam em:
\
Introdução 17
'\
• Graus Inefáveis: do 4º ao 14º (Loja de Perfeição);
' • Graus Capitulares: do 15º ao 18º (Capítulo Rosa-Cruz);

' • Graus Filosóficos: do 19º ao 30º (Conselho de Cavaleiros


Kadosh);
'
1
• Graus Administrativos: 31 º e 32º (Consistório dos Príncipes do
Real Segredo);
1 • Grau de Investidura: 33º (Supremo Conselho).
A doutrina da Iniciação acha-se contida nos Graus Simbólicos. Entre-
tanto, os Graus Superiores são dedicados ao desenvolvimento dos mesmos
princípios, porém em nível superior.
Esses Graus superiores constituem como que marcos erguidos na es-
calada ascendente do maçom, em sua busca de conhecimentos e unifica-
ção consciente com Deus. Com esses Graus, o maçom terá uma norma de
\ conduta e uma filosofia que muito o ajudarão na vida.
Os Graus concedidos por uma Loja de Perfeição possuem a seguinte
\ nomenclatura:
4º - Mestre Secreto
5º - Mestre Perfeito
6º - Secretário Íntimo
7 2 - Preboste ou Juiz, ou Mestre Irlandês
8 º - Intendente dos Edifícios, ou Mestre em Israel
9º - Cavaleiro Eleito dos Nove
10º- Cavaleiro Eleito dos Quinze
11 º - Sublime Cavaleiro Eleito dos Doze
12° - Grão-Mestre Arquiteto
13º- Cavaleiro do Real Arco
14º- Grande Eleito, ou Perfeito e Sublime Maçom
~~~
sses Graus são denominados Graus Inefáveis porque, em quase
todos eles, a Palavra Sagrada sempre se refere a Deus. A designação
de Inefáveis tem por origem a palavra latina Inefabilis, que exprime
algo que não pode ou não deve ser falado ou enunciado, referindo-se
ao fato de eles estarem empenhados na investigação e na contempla-
ão do Nome Inefável, o sagrado Nome de Deus do povo israelita.
O Nome Inefável dos Judeus é representado pelo Tetragramaton (nome

' de Deus em grego), composto de quatro letras hebraicas: yod, he, vau, he,

'
1
ou em maiúsculas: IHVH. Sua verdadeira pronúncia antiga é atualmente
desconhecida; os hebreus sinceros consideravam esse nome demasiado
sagrado para ser proferido, e, ao lerem as Escrituras Sagradas, o subs-
tituíam pelo de Adonai, que significa "Senhor". Os cristãos têm
substituído estas quatro letras por /NR/ (Jesus Nazarenus, Rex
Iudeorum, "Jesus de Nazaré, Rei dos Judeus"). A Maçonaria continuou e
perpetuou essa tradição e reverência ao sagrado Nome de Deus, substituin-
do, porém, as quatro letras hebraicas que O compunham pelo Tetragramaton
maçônico G:.A:.D:.U: ..
2. Lugares Sagrados de
Adoração Religiosa
A Maçonaria não é uma religião, porém presta, em seus Templos, um
culto de adoração e louvor ao G :.A:.D:. U :., que é nosso Deus, o mesmo
IHVH, Adonai, Iahweh ou Jeovah dos israelitas. Nos Graus Inefáveis, isso
se toma muito evidente.
V árias foram e são os lugares de culto de adoração e louvor, tanto
entre os israelitas como entre todos os povos antigos e de hoje: altar;
tabernáculo, templo; sinagoga e igreja.
a) O ALTAR (do hebraico, mizbeah e do latim, altare ou altus)
significa local elevado. De modo genérico, o Altar constitui um objeto sa-
grado destinado a posicionar a pessoa para que venere a divindade ou sím-
bolos que demonstrem sua destinação. Um Altar pode ser, tão somente,
uma formação de pedras superpostas, ou de troncos, ou de simples terra,
construída pelas próprias mãos para uma determinada finalidade.
Há três tipos de Altar: i) Altar de Adoração (Gn 8:20; 12:7; 13:18;
22:9; 26:25; 33:20; 55:7; Ex 17:15; 20:24; 24:4; Dt27:25; Js 8:30,31; Jz 6:26;
38:31; 1Sm 14:35; 2Sm 24:25; 1Rs 18:32; Ez 43: 13); ii) Altar de Sacrifícios
ou Holocaustos (Ex 25:8; 26:1; 39:32; 40:34; Lv 8:10; 16:16; Nm 1:51; 2:17;
7:1; Js 18:1; 1Rs 8:4; 1Cr 21:29; 2Cr 1:3; 5:5; 24:26; Hb 9: 11); iii) Altar do
Incenso (Ex 30:1; 39:38; Lv 4:7; 1Rs 6:22; 7:48).
Antes de tudo, o Altar é o lugar do sacrifício, conforme o significado
do sey próprio nome. Assim, o Altar se encontra onde quer que se
ofereça um sacrifício, podendo ser inclusive temporário.
Na Antiguidade, eram construídos em lugares altos e de forma
individual; Lugar Alto (do hebraico bamah) era a palavra usada muito
frequentemente para designar um local de culto. Em geral, encontrava-se
mais na parte externa do que interna dos antigos Templos; em Canaã,
onde não havia Templos, encontrava-se nos lugares altos.
Entre os hebreus, era uma estrutura elevada sobre a qual o adorador
oferecia sacrifícios ou queimava incenso. Essa era a forma mais simples e
- 18-
\

'
1
Lugares Sagrados de Adoração Religiosa 19

'1
mais antiga de expressar a fé em Deus, o desejo de adorá-Lo e a necessi-
dade de um sacrifício pelo pecado.
' Imediatamente antes de deixar a arca, Noé erigiu um altar e ofereceu
' sacrifícios ao Senhor (Gn 8:20). Deus aceitou esse ato e, como resultado,

'
1
agraciou o mundo com uma bênção que perdura para todos os tempos.
Desde os tempos de Noé, pessoas piedosas continuam edificando
Altares de Adoração.
1 Abraão erigia Altares nos diferentes lugares onde permanecia (Gn
\ 12:7-8; 13: 18, etc.). O mais importante Altar construído por Abraão foi aquele
do Monte Moriah, onde, em obediência a Jeovah, e para testar sua fé,

\ ' deveria dar em sacrifício o seu próprio filho Isaac (Gn 22:1-19).
Jacó foi um edificador de Altares (Gn 33:20; 35:7, etc.). Moisés, Josué,
Samuel, Davi e outros crentes da Antiguidade edificaram Altares de Sacri-
1
fício em comemoração a grandes eventos.
\ Tanto no Tabernáculo como no Templo de Salomão havia dois Alta-
res: o dos Sacrifícios e o dos Perfumes ou Incenso. Hoje, em nossos tem-
' plos, não temos mais o Altar destinado aos Sacrifícios. Este foi substituído
' pelo Altar dos Juramentos, especialmente nas Iniciações, porém com signi-
ficados simbólicos de sacrifício.
A Igreja Católica possui em todos os locais onde celebra a missa um
1
Altar; a missa nada mais é que a repetição de um sacrifício, no caso, a
) lembrança do sacrifício de Jesus.
Na Maçonaria existem cinco Altares: o do Venerável Mestre, os dos
'
\
dois Vigilantes, o dos Perfumes e o dos Juramentos. Alguns autores dão
como finalidade desse Altar o sacrifício das paixões para a obtenção das
Virtudes. Questionamos isso, pois, sendo as paixões atitudes negativas, des-
'
\
pojar-se delas não constitui sacrifícios mas libertação. Esotericamente, esse
Altar dos Juramentos está situado dentro de cada maçom, pois ele é o
,, \ próprio Templo!
\
b) O TABERNÁCULO (do latim, tabernaculum e do hebraico,
., suká) significa Tenda, que seria um santuário (do hebraico, mishkan). Era
uma tenda sagrada para guarda da Torá, com diversos utensílios, onde os
\ hebreus prestavam culto de sacrifício e adoração ao Senhor Jeovah, antes
da edificação do Templo. O próprio Senhor, em uma das colinas do Sinai,
' determinou a Moisés que construísse o Tabernáculo, e lhe deu todas as
instruções de como seria e o que devia conter (Hb 8:5). Ele foi erigido por
v
_,
)
Moisés, Beseleel e Aoliab, no deserto, no primeiro dia do segundo ano após
a saída de seu povo do cativeiro do Egito, quando estavam em marcha para
Canaã (o Êxodo hebreu). A planta da tenda e os seus utensílios são descri-
tos em Ex 25 a 31; a sua execução é narrada em Ex 35 a 40.
1
O Tabernáculo propriamente dito estava dividido em duas partes: a
' tenda maior, o Lugar Santo (do latim, Sanctus; do hebraico, Kodesh); e
a tenda menor, o Lugar Santíssimo ou Santo dos Santos (do latim, Sanctus
1
Sanctorum; do hebraico, Kodesh ha Kodashim). O Lugar Santo media 20

--.

'
20 A Lenda de Hiram nos Graus Inefáveis do R.·.E:.A:.A:.

côvados (9,15 m) de comprimento por 10 côvados (4,57 m) de largura.


Continha o Altar dos Pães Propiciais (ou da Proposição), o Altar dos Perfu-
mes (ou do Incenso) e o Candelabro de ouro de sete braços (o menorá). O
Lugar Santíssimo era quadrado, de 10 côvados (4,57 m) de cada lado, e
nele estava presente a Arca da Aliança (ou do Testemunho), um cofre
sagrado que simbolizava a presença divina, contendo as Tábuas da Lei (ou
decálogo), a urna do maná e a vara de Aarão. Ele era considerado o local
mais íntimo e sagrado de todo o conjunto, pois representava a habitação
terrena de Deus. Como local mais íntimo e místico do santuário, nele só
tinha ingresso o sacerdote mais graduado (supremo ou sumo sacerdote),
apenas uma vez no ano, no Dia da Expiação (Iom Kipur), a fim de fazer
expiação pelos pecados do povo; e, diz a tradição, nesse momento, Deus se
apresentava sobre a Arca e ocorriam, no recinto, fenômenos transcenden-
tais. Uma cortina, ou véu, de um material de tecido fino, dividia essas duas
tendas. Elas encontravam-se em um pátio de 100 côvados (45,70 m) de
comprimento por 50 côvados (22,85 m) de largura. Nesse pátio estavam: o
Altar dos holocaustos (uma mesa para sacrifícios de animais) e uma bacia
de bronze (o Mar de Bronze), para a purificação das mãos sacerdotais.
O pátio, as tendas e todos os objetos nelas encontrados possuíam um
alto valor simbólico e metafísico, como uma representação do Universo; as
três divisões do santuário simbolizam o céu, o mar e a terra, as três divisões
do mundo; os quatro tecidos usados na confecção das tendas e das vestes
sacerdotais simbolizam os quatro elementos da Antiguidade: ar, água, fogo
e terra; os 12 pães da proposição representam, no plano físico, as 12 tribos
de Israel e, no plano místico, os 12 signos zodiacais, simbolizando, também,
os ventos setentrionais, os quais, trazendo as chuvas, renovam as planta-
ções; o candelabro simboliza os sete "planetas" conhecidos na Antiguidade
- Sol, Lua, Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter e Saturno - representando o
mundo dos astros que trazem a luz; a bacia de bronze simboliza a vida pura
e honrada. Muitas cerimônias e utensílios do Tabernáculo tinham um signi-
ficado e simbolizavam a vinda de Cristo. Por isso, atualmente, ele represen-
ta o sacrário em que se acha simbolicamente guardado o corpo de Jesus
Cristo nos Altares, e sua forma é a de capela.
Alguns escritores maçônicos sustentam que desse Tabernáculo pro-
cede a Câmara do Meio do Grau de Mestre e de outros Graus análogos.
c) O TEMPLO (do latim, templu) significa, sob o ponto de vista das
religiões: i) o Edifício público destinado à adoração a Deus e ao culto reli-
gioso; igreja; ii) por extensão, qualquer edifício em que se presta culto a
uma divindade. O primeiro entre os hebreus foi o Templo de Salomão, em
Jerusalém; porém, entre os povos antigos na Mesopotâmia (assírios, fení-
cios, babilônios) e no Egito, eles já existiam. Um famoso templo antigo foi o
dedicado à deusa Diana, em Éfeso. Entre todos os povos antigos, o Templo
era a casa do Deus, onde Ele era servido pelos sacerdotes, e não um lugar
de assembleia para os fiéis (como são hoje os Templos ou as Igrejas). Na
Lugares Sagrados de Adoração Religiosa 21
1
1
Antiguidade, quando os fiéis vinham ao Templo eles eram admitidos so-

' mente nos pátios; o Templo verdadeiro e próprio era muito pequeno para
acolher mais que um determinado número de fiéis. Os ritos da oração e dos
' sacrifícios celebrados em público se faziam no pátio externo do Templo.

' No Egito e na Mesopotâmia, o Templo tinha uma influência direta


sobre a vida civil e econômica do povo; as comunidades gravitavam em
' tomo do Templo; o Deus era o rei da cidade; ao Templo pertenciam as
terras; o povo era simples servo e locatário do Templo. Mesmo quando
essa concepção de sociedade se transformou, o Templo permaneceu o cen-
' \
tro da vida urbana; no passado remoto e recente, ele se apresentava como
grande proprietário de terras, tanto no Egito e na Mesopotâmia como entre

'
l
outros povos; os impostos do Templo se arrecadavam de todos; seus grandes
armazéns faziam deles um banco e um tesouro; suas atividades econômicas
o tomavam um centro mercantil e uma área industrial. Nesses templos apa-
' receu a escrita; seus escribas montavam bibliotecas com escritos históricos,
mitológicos e religiosos, como hinos, orações, rituais de culto e escritos de
' l
adivinhação e de magia.
Em hebreu, significa casa grande, palácio, como em lRs 1:21; 2Rs
l 20:18; Dn 1:4; 4:14. É o Grande Edifício consagrado à adoração de uma
divindade como em Jl3:5; Ed 1:7; 5:14; At 19:27. Em três passagens, esse
'
l
nome se aplica ao Tabernáculo, 1Sm 1:9; 3:3; 2Sm 22:7; Ap 15:5, mas, em
geral, refere-se aos Templos sucessivamente consagrados a Jeovah em
\ Jerusalém.
Como já referido, entre os hebreus o primeiro Templo construído foi o
)
de Salomão, com o mesmo objetivo: servir de lugar de adoração e culto, em
\ substituição ao Tabernáculo. Os filhos de Israel haviam sido peregrinos
desde a saída do Egito até a entrada na Terra Prometida. Ao se estabelece-
rem em seu novo lar, era natural que desejassem algo mais permanente que
uma tenda como lugar de adoração, ou seja, almejassem um Templo. Davi
concebeu a ideia de edificar um Templo para o Senhor, mas foi impedido de
fazê-lo por ser um homem de guerra (lCr 22:28). Ele, contudo, acumulou
grande quantidade de material para o edifício, cuja construção foi confiada
a Salomão. Também em Jerusalém, todos os movimentos religiosos, políti-
cos e sociais desenvolveram-se dentro dos Templos. Assim, por analogia aos
Templos do Egito e da Mesopotâmia, podemos concluir que os Templos de
Jerusalém também eram um centro civil, cultural e econômico. O Templo era
tão importante na vida das sociedades que, quando uma nação invadia outra,
em ato de guerra, sua primeira preocupação era destruir o Templo, porque
era o local de maior respeito; sua destruição equivalia à aniquilação do pró-
prio povo. Os inúmeros Templos do passado estão todos destruídos; em
alguns lugares, ·veem-se tão somente ruínas.
Além de lugar destinado ao culto religioso, o Dicionário Aurélio nos
dá outras definições para Templo: iii) a Ordem dos Templários; iv) A Loja

-..I
22 A Lenda de Hiram nos Graus Inefáveis do R.·.E.·.A.·.A. ·.

ou Sala onde os Maçons se reúnem para celebrar as suas sessões; e v)


Lugar misterioso e respeitável.
A Ordem dos Templários era também chamada de Ordem do Tem-
plo. Os templários acolhiam os peregrinos que visitavam a Terra San-
ta, porque era um ato de solidariedade e religiosidade.
As Lojas Maçônicas reúnem-se em Templos; são recintos "consagra-
dos" para as atividades operativas e especulativas; uma vez consagrado,
um Templo passa a ser um recinto santo, exigindo-se respeito e veneração.
A preocupação da Maçonaria é erigir um Templo que jamais possa ser
destruído; não com a magnitude e a riqueza dos grandes Templos do
passado, como o grande Templo de Salomão, o Templo de Herodes, os
templos egípcios ou as grandes catedrais do passado e do presente, mas o
Templo que simboliza o ser humano; o Templo do Universo de dentro
que se situa no íntimo do homem, no local mais secreto e místico. Cada
homem pode transformar-se em Templo de Deus e receber Sua presença.
O Templo Maçônico é misterioso porque os ensinamentos da Ma-
çonaria só se transmitem esotericamente aos verdadeiros iniciados; é
respeitável, porque nele se pratica, litúrgica e ritualisticamente, um
culto a Deus. É um lugar de eterna recordação das ações memoráveis,
porque estuda e lembra sempre os feitos dos grandes Iniciados, da-
queles que efetivamente participaram e participam da construção social '
de nossa civilização.
É como nos diz Aurélio: É o Templo da memória, pois é a recordação
perene das grandes ações; a história. É o Templo de Deus, o corpo do
cristão, habitado pela graça divina: "Não sabeis que sois o Templo de
Deus?" (lCo 3:16). É o Templo eterno, o Céu, a morada dos justos; estar
inscrito no livro da memória significa ter imortalizado o seu nome.
d) A SINAGOGA (do grego sunagoge, reunião; do latim, synagoga,
assembleia), designa reunião ou assembleia dos fiéis sob a antiga lei mosaica
ou judaica. É o lugar judaico de assembleia para oração, meditação, estudo
dos livros sagrados, adoração e instrução (do hebraico, gahal; do aramaico,
bet kenfsta). Por extensão, designa, também, a lei religiosa judaica; alguns
dicionários a definem como o Templo onde se reúnem os judeus para o
exercício de sua religião. Entretanto, segundo a concepção judaica, a Sina-
goga não é um Templo, mas sim a casa do povo, à espera da reconstrução
do Templo de Jerusalém que foi destruído. Nela, as preces substituem o
sacrifício de animais, realizados no Tabernáculo e no Templo de Jerusalém,
segundo os preceitos da Torá (os cinco primeiros livros da Bíblia: Gênesis,
Êxodo, Números, Levítico e Deuteronômio).
Essa instituição parece ter surgido justamente em consequência da
destruição do Templo de Salomão em 587 a.C. e da dispersão dos judeus
para fora da Palestina. Durante o exílio na Babilônia, ou pouco depois, os
judeus dispersos entre as nações (Diáspora) sentiram a necessidade de
lugares de adoração religiosa, e edificaram sinagogas em toda parte onde
Lugares Sagrados de Adoração Religiosa 23

'' houvesse uma colônia judaica. Estas se diferenciavam do Templo de Jeru-


salém pelo fato de serem geralmente simples edifícios retangulares, sem
móveis adornados ou altares para sacrifícios. Os cultos do dia de repouso
'
\ realizados nelas eram relativamente simples, consistindo em grande parte
da leitura das Escrituras, oração e alguma classe de instrução religiosa.
1 As sinagogas foram, de certo modo, as precursoras da Igreja, tendo
vital importância na origem e no crescimento do Cristianismo. Jesus fre-
' quentava regularmente as sinagogas e nelas ensinava (Mt 4:23; 9:35; 12:9;
Me 1:39; 3:1; Lc 4:15; 6:6; 13:10; 16:31; Jo 18:20).
Ainda mais estreita é a ligação entre a sinagoga e a pregação dos
apóstolos. O apóstolo Paulo falava com frequência nas reuniões que nela
eram levadas a efeito, durante suas viagens missionárias por várias regiões
e cidades, tais como: Damasco (At 9:20); Salamina de Chipre (At 13:5);
Antioquia de Pisídia (At 13:14); Icônio (At 14:1); Tessalônica (At 17:1);
Bereia (At 17:10); Corínto (At 18:14); e, Éfeso (At 19:8).
(e) A IGREJA (do grego, ekklesia) significa reunião dos escolhidos
(At 19:32, 41). O desejo de adoração espiritual evoluiu por meio dos passos
sucessivos da construção de Altares, do Tabernáculo, do Templo e das
Sinagogas. Essa adoração alcança sua etapa mais elevada de desenvolvi-
mento na Instituição da Igreja fundada por Cristo. Os escritores sagrados
empregam essa palavra para designar uma comunidade que reconhece o
Senhor Jesus Cristo como supremo legislador, e que se congrega para ado-
ração religiosa (Mt 16:18; 18:17; At 2:47; 5:11; Ef 5:23, 25). A palavra tam-
bém se emprega para designar a Casa ou Templo onde se reúne uma Igreja
particular. Porém, a doutrina protestante diz que a Igreja pode existir inde-
pendentemente de ter uma forma visível, porque ela tanto é visível como
invisível. A Igreja invisível se compõe de todos os que estão realmente
unidos a Cristo (1 Co 1:2; 12:12-28; Cl1:24; 1Pe 2:9-10); seus membros são
conhecidos por Deus, ainda que não possam sê-los com exatidão pela vista
humana; muitos deles se encontram no céu, ou ainda estão por nascer. A
Igreja visível consiste de todos os que professam estar unidos a Cristo.
Segundo Rizzardo da Camino, o termo surgiu na Era Cristã e há muita
confusão em tomo do mesmo, pois a construção de um edifício destinado a
abrigar "os escolhidos" jamais será uma Igreja. Templo, sinagoga, mesqui-
ta, catedral, abadia são denominações da corrente religiosa que ocupa
essas edificações. Igreja, em sua concepção mística, significa, para os
cristãos, o "Corpo de Cristo". A Maçonaria não possui igrejas, não é
uma Igreja; exercita seus rituais em Templos.

'
3. A Maçonaria e sua
Influência Egípcia
e Hebraica
Joaquim Gervásio de Figueiredo, em seu Dicionário de Maçonaria, já
referido, páginas 278-281, mostra-nos a influência dos Mistérios Judaicos
na Maçonaria. Eis, em resumo e adaptado, o que nos deixou esse emérito
escritor:
"Os ritos e símbolos maçônicos atuais tiveram origem egípcia, porém
a maioria deles nos chegou por meio dos judeus. Por isso a tradição dos
Mistérios Judaicos e os segredos egípcios sob forma judaica são os que
predominam nas cerimônias maçônicas. Durante seus 430 anos de perma-
nência no Egito (Gn 15: 13), mesmo que no cativeiro, certos hebreus foram
iniciados em alguns Mistérios daquela nação. Entre estes estava Moi-
sés, de quem se disse mais tarde: 'Foi instruído em toda a sabedoria
dos egípcios, e era poderoso em palavras e obras' (At 7:22). Parece
ter sido o libertador e legislador hebreu o real fundador dos Mistérios
Judaicos, pois, segundo a tradição, ele introduziu ali a Sucessão dos
Mistérios Maiores e Menores que recebera dos sacerdotes egípcios.
Durante sua peregrinação ao abandonar o Egito, os hebreus usavam
uma tenda para a celebração de Mistérios, conservada na tradição
hebraica como o Tabernáculo (Êx 26:36)".
O livro do Gênesis (do grego genesis) quer dizer "começo"; é o
primeiro da Bíblia e o primeiro do Pentateuco (os cinco primeiros livros),
cuja autoria é atribuída a Moisés. É um registro da origem do nosso Uni-
verso, do gênero humano, do pecado, da redenção, da vida em família, da
corrupção da sociedade, das nações, dos diferentes idiomas, da raça he-
braica, etc. Os primeiros capítulos do livro têm estado continuamente sob
fogo da crítica moderna, mas os fatos que apresentam, quando correta-
mente interpretados e entendidos, jamais têm sido negados. Não é
-24-
A Maçonaria e sua Influência Egípcia e Hebraica 25

propósito do autor do Gênesis dar um relato detalhado da criação.


Ele dedica somente um capítulo a esse tema (só um esboço contendo
alguns fatos fundamentais), enquanto dedica 38 capítulos à história
do povo escolhido.
1 O Tema Principal é o pecado do homem e os passos iniciais
destinados à sua redenção, mediante uma aliança divina feita com
' uma raça escolhida, cuja história primitiva ali se descreve. O livro se
'
\
divide em duas partes: a primeira, do capítulo 1 ao 11, conta como
Deus criou tudo o que existe, incluindo a raça humana. Encontram-se
lá as histórias de Adão e Eva, Caim e Abel, Enoque, Noé e o dilúvio e
a torre de Babel, na seguinte distribuição: criação do Universo e da
raça humana (Gn 1-2); o começo do pecado e do sofrimento (Gn 3);
de Adão até Noé (Gn 4-5); Noé e o dilúvio (Gn 6-10); a torre de Babel
(Gn 11:1-9); de Sem até Abraão (Gn 11 :10-32). A segunda parte, do
capítulo 12 ao 50, conta a história dos patriarcas hebreus: Abraão,
!saque, Jacó e seus 12 filhos, que foram o começo das 12 tribos de
Israel. E o livro termina com a história de José, um dos filhos de Jacó, que
fez com que seus irmãos e seu pai fossem morar no Egito; homem
que de escravo se tornou governador do Egito. Pode ser assim
esboçado: de Abraão, !saque e Jacó (Gn 12-35); dos descenden-
tes de Esaú (Gn 36); José e seus irmãos (Gn 37-45); os israelitas no
Egito (Gn 45-50).
Esse livro acentua em suas páginas a graça não merecida de Deus.
Na criação do mundo, a graça manifestou-se na maravilhosa provisão que
Deus fez aos seus seres. Na criação do homem, a graça de Deus é repre-
sentada como concedendo ao homem a imagem do próprio Deus. Em
seu trato com os patriarcas, Deus demonstra profunda misericórdia: cada
um deles recebe favores maiores do que os merece. Assim, no livro do
Gênesis, Deus age. Ele cria o mundo, cuida das pessoas e mostra inte-
resse por Seu povo. Deus julga e castiga os maus, e abençoa os que
Lhe obedecem.
O período da história da humanidade correspondente aos fatos narra-
dos no Gênesis vai de aproximadamente 3946 a.C. (descrição do primeiro
homem- Adão) até 1637 a.C. (morte de José). O dilúvio teria ocorrido por
\
volta de 2406 a.C., e Abraão teria vivido entre 1812 a.C. e 1637 a.C.
Dos grandes personagens e nomes preeminentes relacionados no
' Gênesis, dois são referidos nos Graus Inefáveis, em especial no Grau 13:
'
\
Enoque e Noé.
Enoque (do hebraico, hanôk), significa "Iniciado" ou "Caminhou com
) Deus"; o termo é equivalente a Enak, Anak, Enok ou Enoch. Patriarca
pré-diluviano mencionado na genealogia cainita como filho de Caim e
pai de lrad. A primeira cidade foi chamada com o nome de Enoque (Gn
4:17-18). Na genealogia senita, Enoque é apontado como filho de Jerede
(ou Jared) e pai de Matusalém (Gn 5:18-24). Do Índice de Temas da
--.,
26 A Lenda de Riram nos Graus Inefáveis do R.·.E.·.A.·.A.·.

Bíblia de Referência Thompson, colhemos as seguintes referências bíblicas


a Enoque: referências gerais (Gn 5:18, 22; Lc 3:37); o homem que andava
com Deus (Gn 4:24); que agradava a Deus (Hb 11:5); que testificava de
Deus (Jd:l4). Enoque viveu 365 anos e andou com Deus. É o único da sua
geração que não viu a morte, porque Deus o arrebatou ao céu (Gn 5:18-
24); foi transladado gloriosamente (At 11:5; Hb 11:5). Na epístola de S.
Judas há referência a uma profecia de Enoque em que declara o juízo de
Deus contra toda a impiedade. Enoque teria deixado um livro, que foi per-
dido; esse livro seria tão misterioso quanto o Apocalipse. Existem livros
apócrifos, mas sem uma prova de autenticidade. Ele é considerado o cria-
dor da Cabala e o precursor do Cristianismo.
Segundo a Cabala e o ritual maçônico, foi o primeiro possuidor da
Palavra Inefável. É personagem importante na lenda do Grau 13 do
R:.E:.A:.A: ..
Noé (do hebraico, noah) significa "descanso". Um dos primeiros
patriarcas hebreus, herói do dilúvio, mencionado na genealogia de Set como
filho de Lameque (Gn 5:28-30), aparentemente homem religioso; seu avô,
Matusalém, foi o homem que mais viveu (Gn 5:25-27); seu bisavô foi Enoque.
Do Índice de Temas da Bíblia de Referência Thompson, colhemos as se-
guintes referências bíblicas a Noé: referências gerais (Gn 5:29; 6:8; 7:1;
8:1, 20; 9:1, 17, 29; Mt 24:37; Hb 11:7; 1Pe 3:20; 2Pe 2:5); nascimento (Gn
5:29); andou com Deus em um ambiente mau (Gn 6:8-12); obedeceu
quando lhe foi dada uma tarefa difícil e construiu a arca (Gn 6: 11-22;
7:5); lembrado por Deus e salvo da morte (Gn 8: 1); pela fé trabalhou
por sua salvação (Hb 11 :7); advertiu seus vizinhos acerca do juízo
vindouro (2Pe 2:5); edificou o primeiro Altar de que há registro (Gn
8:20-22); honrado pelo Senhor com uma aliança eterna (Gn 9:8-17);
sua morte (Gn 9:28-29). Não se conhece nada sobre seus primeiros
anos. Aparece pela primeira vez nas Escrituras com 500 anos de idade.
Noé viveu em uma época perdidamente corrupta; os homens haviam se
tornado tão depravados e maus, que o Senhor determinou destruir a
raça humana (Gn 6: 1-7). Em meio a essa escuridão moral, a vida de
Noé brilhou com sua justiça (Gn 6:8-9); por isso Deus lhe revelou que
enviaria o dilúvio e deu-lhe a tarefa de construir um imenso barco para
preservar a vida de sua própria família e de certas espécies de animais.
Apesar de toda a zombaria e dificuldades, com uma fé inabalável,
durante muitos anos, Noé, em obediência à determinação de Deus,
construiu a gigantesca arca, onde toda a sua família e as espécies de
animais foram preservadas do dilúvio (Gn 7:1; 8:18). Após o dilúvio,
que durou 40 dias e 40 noites (Gn 7:24), já em terra seca, Noé edificou
um Altar e ofereceu um sacrifício (Gn 8:20); assim, é honrado por um
pacto eterno de Aliança com Deus (Gn 9:9-17), simbolizado no "Arco-
íris"; planta uma vinha, tomando-se o primeiro vinicultor, o herói da
cultura; cede à tentação (Gn 9:21); e morre (Gn 9:28-29). O vocábulo noaquita
A Maçonaria e sua Influência Egípcia e Hebraica 27

provém do hebraico Noah e refere-se a um membro dos descendentes de


Noé, que observam unicamente os preceitos que Deus dera a esse patriar-
ca ao sair da arca, e alguns dos quais viviam entre os israelitas. Na Maço-
naria, Noé é figura importante no Grau 13 do R:.E:.A:.A:.e Noaquita é
um dos títulos do Grau 21; é também o título dos Graus 22 e 35 do Rito de
Misraim e do Grau 13 do Rito Adoniramita.
Êxodo (do grego, exodus) quer dizer "saída"; esse livro, o segundo
do Pentateuco, trata do acontecimento mais importante da história do povo
de Israel, isto é, a saída dos israelitas do Egito, onde eram escravos. Por
isso, assim como Gênesis é o livro dos começos, Êxodo é o livro da reden-
ção. O livro tem quatro partes principais: 1) a libertação dos hebreus; 2) a
viagem até o Monte Sinai; 3) o acordo de Deus feito com o seu povo no
Monte Sinai, onde Deus lhes deu as leis morais, civis e religiosas; 4) a constru-
ção de um lugar de adoração para o povo de Israel e as leis a respeito do
sacerdócio e da adoração de Deus.Triunfa a graça de Deus ao ser dados ao
povo o Tabernáculo, o sacerdócio e os sacrifícios, mediante os quais o povo
redimido podia adorar o Redentor e ter comunhão com ele (Ex 36:1- 40:38).
A figura humana central do livro é Moisés, o homem a quem Deus esco-
lheu para tirar seu povo do Egito. No capítulo 3, lemos como Deus chamou
Moisés e lhe revelou seu nome sagrado: "EU SOU QUEM SOU". O tre-
'
)
cho mais conhecido é a lista dos dez mandamentos (Ex 20).
Logo que se ergueu o Tabernáculo e se nomeou um sacerdote para
) servir no Altar, seguiu-se a regulamentação do culto divino. É disso que
trata o livro de Levítico, o terceiro do Pentateuco. Nele estão as leis e os
mandamentos que Deus deu ao povo de Israel por meio de Moisés; leis a
respeito dos cultos de adoração, dos sacrifícios a serem oferecidos a Deus
e dos deveres dos sacerdotes e seus ajudantes, todos da tribo de Levi. A
lição principal do livro é que o Deus de Israel é santo e, portanto, o povo
precisava também ser santo, isto é, precisava ser completamente fiel a
Deus (Lv 20:26). Nesse livro, encontra-se o mandamento que Jesus cha-
mou o segundo mais importante: "Amarás o teu próximo como a ti mesmo"
(Lv 19:18).
No Livro de Números, o quarto do Pentateuco, consta que os
hebreus fizeram dois censos (daí o nome): o primeiro quando saíram do
Egito (Nm 1); e o segundo 40 anos mais tarde, antes de entrarem na
terra de Canaã (Nm 26). Seu tema gira em torno das vicissitudes e
vitórias do povo, que muitas vezes desanimou e teve medo diante das
dificuldades e que se revoltou contra Deus e contra Moisés, o homem
\
que Deus havia escolhido para seu líder. Nele, porém, Deus é apresen-
I
tado como um soberano que exige absoluta obediência à Sua santa
vontade, mas que também demonstra misericórdia ao penitente e obe-
diente. É também a história da fidelidade de Deus, do seu cuidado
constante para com Seu povo, que muitas vezes era fraco e desobediente.
Fala da firmeza de Moisés, que às vezes perdia a paciência, mas sempre
mostrava ter um espírito de dedicação a Deus e ao seu povo. Ele abrange
28 A Lenda de Hiram nos Graus Inefáveis do R.·.E.·.A.·.A.·.

o período de 40 anos da caminhada de Israel sobre a Palestina. No Novo


Testamento se encontram diversas referências ao livro de Números. Jesus
Cristo referiu-se ao incidente da serpente de bronze como uma ilustração
da forma em que ele mesmo será levantado a fim de que os que creem nele
não pereçam, mas tenham a vida eterna.
No livro de Deuteronômio (ou segunda lei), o quinto e último do
Pentateuco, estão os discursos de Moisés ao povo, na terra de Moabe, a
leste do Rio Jordão. Sua mensagem acentua o aspecto espiritual. Nesses
discursos, Moisés faz o povo lembrar-se do que Deus havia feito nesses
40 anos, como os havia livrado da escravidão do Egito e os levado pelo
deserto à Terra Prometida. Ele manda o povo obedecer a Deus e cumprir
sua parte do acordo que Deus havia feito. Moisés entrega novamente os
dez mandamentos e fala da importância do primeiro, que ordena ao povo
adorar somente o Eterno, o Deus dos seus antepassados (Dt 6:4-6). Moisés
também chama a atenção do povo para as outras leis e ordens que devem
governar sua vida. Depois de 40 anos peregrinando pelo deserto, os
israelitas estavam prontos para tomar posse da terra de Canaã. Finalmente
Moisés escolhe Josué para assumir seu lugar e, obedecendo à ordem de
Deus, sobe o Monte Pisga, de onde vê a terra de Canaã, no outro
lado do rio Jordão. Ali no monte morre Moisés, o maior de todos os
profetas de Israel.
O livro de Josué (do hebraico yehôshua, ou "Iahweh é salvação")
registra a história de Israel desde sua nomeação como sucessor de Moisés
até a sua morte aos 110 anos de idade, em um período que vai de 1451
a.C. a 1426 a.C. A Josué coube a missão de dirigir o povo através do
Jordão e conquistar Canaã (Js 1-5) dividindo a terra entre as 12 tribos de
Israel. Depois da queda de Jericó (Js 6) e de Ai e da capitulação de Gibeom
(Js 7-8), na região central de Canaã, Josué teve de enfrentar duas coliga-
ções sucessivas de estados cananeus, uma na região meridional capita-
neada pelo rei de Jerusalém, e a outra no norte, sob as ordens de Jabim
em Hazor. Josué, contudo, pôde conquistar tanto o sul como o norte (Js
10-12) e distribuir a terra entre as tribos, e cada uma teve a responsabilida-
de de ocupar a terra que lhe foi designada (Js 13-32). O autor do livro,
para alguns estudiosos, foi o próprio Josué; porém, para outros, talvez
tenha sido um dos "anciãos que ainda sobreviveram" a Josué (Js 24:1-26).
O livro a seguir, o de Juízes, conta a história de Israel desde a con-
quista da terra de Canaã até o começo da monarquia. Nesse tempo surgi-
ram os "Juízes", que exerciam funções de magistrados militares e civis. O
livro contém a história dos 14 juízes que governaram Israel desde a morte
de Josué até a época de Eli e Samuel (seu provável autor) , em um
período de 305 anos (1425 a.C. a 1120 a.C.). O livro descreve uma série
de quedas do povo de Deus na idolatria, seguidos por invasões da Terra Prome-
tida e servidões a seus inimigos. É um livro valioso pelo que apresenta sobre
o desenvolvimento da religião de Israel. Ensina que o povo só continuaria a
A Maçonaria e sua Influência Egípcia e Hebraica 29

existir se fosse fiel a Deus, enquanto a infidelidade sempre levaria à des-


graça. A adoração a deuses falsos também conduz ao castigo, ao passo que
1 o arrependimento sincero proporciona o favor divino. Vários dos juízes pre-
)
pararam o caminho para a união das 12 tribos, inicialmente em uma federa-
ção que, por fim, culminou na formação da monarquia.
O Livro de Rute (do hebraico rut: "amiga da senhora") descreve,
) entre outras coisas, a história dessa extraordinária mulher, por sua impor-
tância na vida do povo israelita; ela também tem grande valor, ainda que
)
indireta, na Maçonaria. A história de Rute passa-se no tempo em que o
povo de Israel era governado pelos juízes e descreve a direção providencial
de Deus na vida de uma fann1ia israelita. Rute, uma jovem do país de Moabe,
casa-se com um israelita. Este morre, e então Rute se apega à sua sogra,
demonstrando profunda devoção ao Deus de Israel. Depois de algum tem-
)
po, Rute casa-se de novo com Boaz, um parente de seu primeiro marido.
Por força de sua conduta que, inspirada por nobres ideais, cumpre suas
) obrigações, a linha hereditária permanece inalterada. A união de Boaz, o
hebreu, e Rute, a moabita, converte-se no meio pelo qual Deus cumpre Seu
' misericordioso propósito. De fato, foi por causa desse segundo casamento
que Rute veio a ser bisavó de Davi, o maior rei de Israel, a cuja linha
genealógica é prometido o advento do Messias. Quanto à sua mensagem
principal, o livro conta sobre as bênçãos que recebe uma estrangeira quan-
do se volta para o Deus de Israel e assim passa a fazer parte do seu povo
e nos proporciona uma perspectiva da história do Natal e a visão pentecostal
do significado universal do Messias : não é somente o Salvador de Israel,
mas de toda a raça humana. Não se conhece seu autor, porém o anúncio
contido em Rt 1: 1, no sentido de que a história aconteceu "nos dias em
que julgavam os juízes", indica que a época dos juízes pertencia ao passa-
do. Pela forma como o autor escreve acerca de Davi (Rt 4: 17) e da
' ' genealogia (Rt 4: 18-22), fica demonstrado que conhecia o esplendor do
reino de Davi, indicando que o livro teria sido escrito em sua época ou
imediatamente depois. Os fatos narrados correspondem ao período de
1322 a.C. a 1312 a.C.
Os livros de 1 e 2 Samuel relatam o período de transição da teocracia
'' (sistema político caracterizado pela dominação da casta sacerdotal) para a
monarquia. A história começa nos dias finais dos Juízes, e nos deixa com o
velho Davi firmemente entronizado como rei de Israel e de Judá. Em ne-
nhuma parte dos livros é dito quem os escreveu. Entretanto, o que consta
em 1Cr 29:29 nos sugere que Samuel escreveu uma parte do primeiro livro
(capítulos 1 a 24), e os profetas Natã e Gade o restante.
Samuel (do hebraico shemuel), que significa "ouvido por Deus", era
Levita de nascimento; foi o 14Qe último dos juízes e o primeiro dos profetas
hebreus; foi um homem de profunda piedade e discernimento espiritual; dedi-
cava-se totalmente à realização dos propósitos de Deus para o bem de
30 A Lenda de Riram nos Graus Inefáveis do R.·.E.·.A.·.A.·.

Israel e sucedeu Eli no cargo sacerdotal; é equiparado a Moisés e a Aarão


(Sl99:6; Jr 15: 1). Foi o primeiro a estabelecer uma instituição para o prepa-
ro de jovens com vocação profética, ou seja, escolas de profetas, que subsis-
tiram com proveito durante séculos.
A esse respeito, continua Joaquim Gervásio de Figueiredo seu
relato sobre a influência dos Mistérios Judaicos na Maçonaria:
"Bem instruído e iniciado nos Mistérios Egípcios (Ex 4:1-5, 17, 20,
28-30; Ex 7: 8-12), sem dúvida Moisés transmitiu algo dessa tradição aos
seus sucessores. Posteriormente foram fundadas escolas de profetas,
para estudo e prática dos Mistérios e instrução mais profunda, velados
nos antigos ritos. A Bíblia menciona uma dessas escolas em Naioth
(lSm 19:18) e, mais tarde, outras em Gilgal, Bethe e Jericó (2Rs 2:2-5).
Nessas escolas, os filhos dos profetas levavam uma vida reclusa e
austera, de estudo e meditação, instruindo-se na lei de Deus. A essas
escolas ou sociedades dos profetas sucederam as sinagogas. A elas
pertenceram, provavelmente, muitos dos maiores profetas judeus,
como Isaías, Jeremias, Ezequiel e outros. Nos dias de Cristo havia na
Palestina as escolas dos essênios, nazarenos, saduceus, fariseus, às
quais pertenceram, respectivamente, Jesus, João Batista, Caifás, São
Paulo. Os samaritanos, por seu culto politeísta, seus costumes raciais
promíscuos e sua tradição exclusivamente mosaica, constituíam uma
escola à parte. Essas escolas desapareceram durante os dois primeiros
séculos da Era Cristã, absorvidas, umas pelo vórtice de lutas internas e
invasões estrangeiras que então se sucederam, e outras pela corrente
mais poderosa do Cristianismo, em que tomaram outras denomina-
ções, embora geralmente mantendo o mesmo espírito e os princípios
fundamentais. Em sua Pequena História da Maçonaria, página 106,
o Irmão Leadbeater resumiu muito bem esse ponto: "A tradição dos
Mistérios Judaicos foi levada a Roma, e dali passou por meio dos Co-
légios para as guildas medievais, para finalmente emergir no século
XVIII nos rituais especulativos dos Graus Simbólicos, no Santo Real
Arco e no Grau de Mestre Maçom da Marca, e nos demais emblemas e
cerimônias que foram incorporados a certos Graus subsidiários per-
tencentes, em sua época simbólica, ao antigo pacto (Gn 9:12, 15; Ex
19:20; 1Rs 2; Ed 3). Os Mistérios Judaicos são a fonte de nossa presen-
te tradição; os três Graus Simbólicos são e sempre foram a base de todo
o sistema da iniciação maçônica, pois encerram as relíquias dos Mistérios
Maiores e Menores do Egito, que em sua forma original podem ser de-
nominados Graus. Na Maçonaria, o Juiz e Profeta Samuel figura nos
Graus judaicos dos Ritos Hiramita, Adoniramita e de Misraim".
De todo esse fabuloso texto de Joaquim Gervásio de Figueiredo, con-
cordamos com quase tudo, exceto o fato de Jesus ter sido iniciado na
escola dos essênios; a Bíblia Sagrada nada fala a esse respeito; por outro
lado, segundo nosso ponto de vista, Jesus, como Deus na segunda pessoa
A Maçonaria e sua Influência Egípcia e Hebraica 31

de Sua natureza, jamais necessitou ser iniciado ou ter estudado em qual-


quer escola, pois sempre foi, é e sempre será Onisciente, Onipresente e
Onipotente; sempre existiu, existe e existirá; é o alfa e o ômega, pois "No
princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era
Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram fei-
tas por intermédio D'Ele, e sem ele, nada do que foi feito se fez" (Jo
1:1-3).
O primeiro livro de Samuel registra a passagem propriamente do
período dos juízes para o dos reis. Essa mudança na vida nacional de Israel
gira principalmente em tomo de três nomes: Samuel, Saul e Davi. Começa
com o nascimento de Samuel e sua consagração a Deus (1Sm 1:1-2:10);
1 narta todo o seu trabalho de guiar Israel em algumas das mais profundas
crises de sua história (lSm 2:18-19:24); narra como Samuel ungiu Saul
1
como primeiro rei de Israel (lSm 10:1-8); a escolha de Saul para rei
(lSm 10:17-27); sua proclamação como rei (1Sm 11:12-15) e seu reina-
do (1Sm 13-30); descreve como Samuel, orientado pelo próprio Deus,
ungiu Davi (1Sm 16), profetizando que este seria o maior dos reis de
Israel. Narra, ainda, a morte de Samuel (lSm 25 :1), em cerca de 1060
a.C., em avançada idade, sendo honrado e lamentado por todos, e
considerado o fundador da monarquia judaica. O livro narra, ainda,
boa parte da vida de Davi (lSm 16:14-30:31) e, finalmente, a morte e
o sepultamento de Saul (lSm 31:1-13).
Saul (do hebraico shaul), que significa "pedido a Iahweh", é um per-
sonagem enigmático. Era homem de extraordinária coragem, contudo lhe
faltava a perseverança, ingrediente essencial para a grandeza. A incons-
tância de seu temperamento empanou todas as suas relações pessoais, e
um medo mórbido de que surgissem possíveis rivais embargou-lhe a mente
e afetou seu raciocínio. De origem humilde, foi chamado a desempenhar a
função mais elevada da nação. Finalmente, sem haver alcançado o êxito
que lhe desse direito de ser sepultado em um túmulo real, seus ossos foram
devolvidos à sua terra de origem. Saul reinou entre 1050 e 1010 a.C.
Da leitura dos livros históricos do Antigo Testamento, em geral, e
desse primeiro livro de Samuel, em particular, aprendemos que a fé em
Deus traz bênçãos, enquanto a desobediência leva à desgraça. Essa verda-
de foi dita pelo próprio Deus ao sacerdote Eli: "Eu respeitarei os que me
respeitam, mas desprezarei os que me desprezam" (lSm 2:30).
O segundo livro de Samuel é uma continuação do primeiro. Neste se
conta a história de Davi, que foi rei primeiro de Judá, no sul (2Sm 2-4) e,
depois, rei de toda a nação, incluindo Israel, no norte (2Sm 5-24). 2 Samuel
narra as lutas de Davi contra os inimigos de dentro e de fora, para se firmar
no poder e para estender o seu reino. Os fatos narrados nesse livro abrangem
o período de 1056 a.C. a 1017 a.C. É dividido em três fases: i) na primeira
fase narra os primeiros anos do reinado. Durante esse período, o rei, embora
1
tomasse parte em campanhas militares, comuns na época, manifestou uma
1
32 A Lenda de Hiram nos Graus Inefáveis do R.·.E.·.A.·.A.·.

disposição espiritual (2Sm 1-9); ii) na segunda narra o grande êxito militar do
rei e sua queda e castigo (2Sm 10-19); e iii) na terceira, narra os últimos anos
de Davi (2Sm 20-24). O livro contém três porções seletas: a generosidade de
Davi para com Mefibosete (2Sm 9); a parábola de Natã (2Sm 12: 1-6) e o
salmo de ação de graças de Davi (2Sm 22).
Davi (do hebraico dawid), que significa "amado", é um dos grandes
personagens da história bíblica. Como Saul, procedeu de fanu1ia humilde;
foi o mais jovem dos oito filhos de Jessé, o Efrateu de Judá (1Sm 16: 1-13;
17: 12-14); desde cedo serviu ao rei Saul, apascentando as suas ovelhas
(lSm 16:11; 17:34-36), enquanto os irmãos serviam ao rei na guerra contra
os filisteus. Em certa ocasião, os filisteus tinham um guerreiro gigante que
dispersava os guerreiros israelitas; Davi, com uma simples funda, abateu o
gigante Golias e decepou sua cabeça (lSm 17: 1-58); por essa façanha,
Jônatas, filho de Saul, ligou-se a Davi com profunda amizade (lSm 18: 1-5;
20: 1-42); porém, os louvores que o povo rendeu a Davi despertaram a inve-
ja e o ódio de Saul a ponto de este intentar matá-lo (lSm 18:6-19); Merabe
(ou Mica/), filha de Saul, amou-o e com ele se casou (lSm 18:20-29). Por
questões úteis, Saul questionou Davi a ponto de desejar a sua morte, porém
Jônatas salvou o amigo da ira do pai (lSm 19-20). Mais tarde, Saul morreu
em batalha (lSm 31). Houve guerra civil até que Davi vitorioso, com a
idade de 30 anos, foi escolhido por Deus e ungido rei por Samuel (1Sm
16:1-13), aclamado rei de Judá (2Sm 2-4) e rei de todo o Israel (2Sm 5-24);
o seu reinado durou 40 anos.
Além desses atributos de atleta valente (1 Sm 17:34-36), herói ( 1Sm
17:40), grande guerreiro e grande soldado (2Sm 5:7), Davi foi dotado de
atributos de ordem superior. Foi homem com dotes de comando, capaz
de conseguir e manter a lealdade de seus subordinados. Foi administrador
prudente e podia julgar com acerto a natureza humana. Sua capacidade
de tomar decisões rápidas fica bem demonstrada por sua solução no deli-
cado problema que surgiu com respeito a Mefibosete (2Sm 19:24-43). Foi
um grande músico; sua reputação era tal que tocava harpa para o rei Saul
(1Sm 16:14-23). Foi poeta altamente inspirado (2Sm 22:1-23:7; SI 8, 19,
23); escreveu algumas das maiores obras-primas da literatura espiritual;
nenhuma poesia tem sido tão constantemente usada como os Salmos de
Davi; suas canções de louvor enriqueceram a adoração, primeiro do Tem-
plo, e depois da Igreja Cristã. Davi foi, enfim, homem de profunda fé e
devoção a Deus (1Sm 13:14; 16:13; 1Rs 15:5), mas ele também cometeu
pecados de crueldade e violência, que a Bíblia não esconde (2Sm 11-18).
Seu poder de resistência à tentação não era maior do que os outros mortais
(2Sm 11 : 1-15). Porém, quando o profeta Natã apontou a Davi os seus pecados
(2Sm 12:1-31), ele os confessou e aceitou o castigo de Deus (Sl 51:1-19).
Apesar de suas fraquezas , percebeu claramente os propósitos de Deus para
seu povo, e previu a vinda do Rei messiânico, a quem ele, em sua vida, repre-
sentou de modo imperfeito.
A Maçonaria e sua Influência Egípcia e Hebraica 33

Davi, como visto, é uma das figuras mais preeminentes da história do


mundo e certamente também entre as personagens da Bíblia. É o mais famoso
antepassado de Cristo. Jesus não é chamado filho de Abraão, ou filho de Jacó,
mas filho de Davi. É verdade que sua vida foi uma mescla do bem e do mal. Ela
esteve repleta de feitos nobres, altas aspirações e grandes conquistas; no en-
tanto, esteve manchada de pecados terríveis. Nenhuma personagem bíblica
ilustra mais plenamente a escala moral da natureza humana. É difícil conceber
que o homem que escreveu o Salmo 23 poderia fazer o que Davi fez a Urias
) (2Sm 11-12). Mas o espírito da época em que ele viveu deve ser considerado,
e também as tentações relacionadas com um poder quase ilimitado. Nos pri-
)
meiros anos de sua vida ele é mencionado como um homem conforme o cora-
) ção de Deus (lSm 13:14). Isso realmente era verdade, quando guardava os
)
mandamentos divinos. Pode ser dito a seu favor que nunca se converteu em
um idólatra, e que foi leal ao Senhor em seu testemunho e em sua adoração. O

'
1
fato de que a maior parte de sua vida foi espiritual, apesar de nem sempre
consistente, juntamente com sua genialidade, explica o lugar tão elevado
que ocupa na Escritura.
)
A vida e as realizações de Davi impressionaram profundamente
1 o povo de Israel. Tanto assim que, mais tarde, nos tempos de angústia,
quando precisavam de outro rei, eles pediam "um filho de Davi". De-
1 sejavam um rei descendente de Davi, que fosse igual a ele. Davi reinou
de 1010 a 970 a.C. Seu túmulo encontra-se devidamente preservado na
' cidade de Jerusalém, sendo lugar sagrado e de obrigatória visitação
turística, e é considerado lugar de peregrinação dos judeus.
Os livros de Samuel proporcionam-nos um capítulo indispensável nos
anais do trato de Deus com seu povo de Israel, e sua preservação e prepa-
' ração para seus duplos fins: serem depositários dos oráculos de Deus e
'
1
trazerem à luz, no seu devido tempo, "o mais importante Filho do grande
Davi". Três passagens do livro de 2 Samuel têm especial importância para
a perfeita compreensão do simbolismo do Grau 3 e dos Graus Inefáveis,
' quanto à construção do Templo de Salomão e da Lenda de Riram:

' 1) O reinado de Davi é reconhecido por Hirão (2Sm 5:11-12).


Conforme a Bíblia de Estudos de Genebra, baseada na tradução de João
Ferreira de Almeida, revista e atualizada, da editora Cultura Cristã e
Sociedade Bíblica do Brasil, o texto é o seguinte:
(5: 11) Rirão, rei de Tiro, enviou mensageiros a Davi, e madeira
de cedro, e carpinteiros e pedreiros, que edificaram para Davi uma
1
casa. (5:12) Reconheceu Davi que o Senhor o confirmara rei sobre Israel,
e que exaltara o seu reino por amor do seu povo.
' Há concordância desse texto com lRs 5:1-18 e lCr 14:1.
' Hirão é o nome fenício do rei de Tiro; Esse nome em hebraico é
Riram, abreviatura de ahiram, que significa "o irmão/deus/é exaltado". So-
bre essa personagem bíblica falaremos mais adiante quando estudarmos
34 A Lenda de Riram nos Graus Inefáveis do R.·.E.·.A .·.A.·.

sobre o livro de IReis, a construção do Templo de Salomão e a Lenda de


Hiram Abiff no Grau 3.
Tiro era uma cidade portuária da Fenícia, atualmente no Líbano, na
costa do mar mediterrâneo, a cerca de 56 quilômetros ao norte do Monte
Carmelo e a 40 quilômetros ao sul de Sidom, hoje Beirute. Era uma das duas
grandes cidades dos fenícios, famosa por seu comércio, seus artífices e sua
riqueza. A generosidade de Hirão para com Davi foi motivada pelo ca-
ráter impressionante das recentes realizações de Davi, embora também
envolvesse um certo elemento de interesse próprio. Tiro precisava das
rotas comerciais que levavam ao interior, sendo agora controladas por
Davi, assim como tinha necessidade da produção agrícola da Palestina
Central (Ed 3:7).
O fato de Hirão ter enviado carpinteiros e pedreiros de Tiro, para a
construção do palácio de Davi, tem dois motivos: o primeiro é que o artesa-
nato em Israel tinha declinado devido às muitas guerras; segundo, porque
os fenícios eram mais peritos em construções do que os judeus, um povo
essencialmente pastoril.
Essa narrativa ilustra também que, apesar das falhas de Davi, Deus o
firmou e o abençoou; Davi reconheceu, com isso, não somente que seu
governo dependia inteiramente de Deus, mas que também tinha o propósito
de beneficiar seu povo. Depois do exílio na Babilônia, os judeus, ao
lerem esses textos, foram fortalecidos na esperança de um novo rei
davídico (2Cr 2: 11).
A amizade de Hirão com Israel continuou até durante o reinado de
Salomão (lRs 5:1-12; 9:11; 1Cr 14:1). Francis Davidson, em seu O Novo
Comentário da Bíblia (Sociedade Religiosa Edições Nova Vida, 2007, pág.
327), comenta que "O Hirão que foi amigo de Salomão mais de 50 anos
depois (1Rs 9:10-14) era provavelmente filho de H irão amigo de Davi".
Porém, os textos de 1Rs 5:1 e 1Cr 14:1 deixam claro que o Hirão, amigo de
Davi, é o mesmo Hirão, amigo de Salomão. Por outro lado, o comentário da
Bíblia de Estudos de Genebra, sobre 1Rs 5:1, nos diz: "visto que Hirão, rei
de Tiro, governou em cerca de 980-947 a. C., seu reinado coincidiu
com o governo de Davi e Salomão". Aliás, essa dúvida também a de-
monstra Rizzardo da Camino em seu livro Simbolismo do Terceiro Grau
(Madras Editora, 2006, pág. 101) e Christopher Knight e Robert Lamas,
em O Livro de Hiram - Maçonaria, Vênus e a Chave Secreta para a
Revelação da Vida de Jesus (Madras Editora, 2003, pág. 33), que acres-
centam um terceiro Hiram, filho de Hirão (ou Hiram), rei de Tiro, mas que
a Bíblia em nenhum momento menciona.
2) Davi traz de volta a Arca da Aliança para Jerusalém (28m
6:1-11; e 6:12-19). Esses textos estão em perfeita concordância com
lCr 13:1-14; e 15:1-29. Trata-se aqui do transporte da Arca da Aliança
da cidade de Baalá de Judá para a casa de Davi em Jerusalém.
Baalá de Judá é também chamada simplesmente Baalá (Js 15:9),
Quiriate-Baal (Js 15:60; 18:14) e pelos hebreus de Quiriate-Jearim (lSm
A Maçonaria e sua Influência Egípcia e Hebraica 35

6:21; 7:22; lCr 13:5-6), para evitar o odiado nome Baal. Ela estava localiza-
da a 13 quilômetros de Jerusalém e 15 quilômetros de Bete-Semes, uma
cidade fronteiriça (Js 15:10), frequentemente disputada entre os filisteus e
1
os israelitas. Quiriate-Jearim pertenceu aos gabaonitas (Js 9:17), situa-
1 da na parte da linha divisória entre as tribos de Judá e Benjamim
(Js 15:9; 18:14-15), mas pertencia aJudá (Js 15:48, 60; Jz 18:12).
Anos antes da época do texto aqui analisado, os filisteus tiveram o
1 domínio sobre os israelitas e a posse da Arca da Aliança, que esteve na
1 casa de Dagom, depois na cidade de Bete-Semes e, finalmente, na cidade
de Quiriate-Jearim (lSm 4-7:1 -4). Sobre esse tema, vejamos o que nos
' relata Charles F. Pfeifer, na enciclopédia Comentário Bíblico Moody
(Editora Batista Regular, 1995, volume 2, pág. 220-221):
"A arca era o objeto mais sagrado do ritual de Moisés, um símbolo
sacramental da presença do próprio Deus (Ex 25 :22; lSm 4:7; lCr 13:6).
Mas Israel chegou a crer em uma associação inerente da presença di vi na
) com a arca. A fim de provar a falsidade dessa noção supersticiosa de
'um Deus mágico dentro da caixa', o Senhor permitiu que a arca fosse
1 capturada pelos filisteus na desastrosa batalha de Ebenezer, em cerca
1 de 1099 a.C. (1 Sm 4:1 O, 11). Contudo, depois de ensinada a lição,
Deus tornou a manifestar Seu poder a partir da arca; o povo atingido,
' tanto da Filístia como da cidade judia de Bete-Semes, afastou a terrível
presença; e ela ficou descansando por mais de 20 anos na casa de
' Abinadabe em Quiriate-Jearim, ou Baalá (lSm 7)."
'
)
Agora, aqui neste texto em análise, depois de Davi ter derrotado
os filisteus e reconquistado Bete-Semes e Quiriate-Jearim, ele expressa
seu desejo de trazer a arca de volta a Jerusalém (lCr 13) e realiza seu
'
1
intento (2Sm 6:1-19; e 1Cr 13-15).
Não transcreveremos esses textos na íntegra para não sermos cansa-
1 tivos; reproduziremos apenas os versículos de 2Sm 6:1-11, que têm rela-
ções com a Maçonaria.
(6.1) Tornou Davi a ajuntar todos os escolhidos de Israel, em número
de 30 mil. (6.2) Dispôs-se e, com todo o povo que tinha consigo, partiu para
Baalá de Judá, para levarem de lá para cima a arca de Deus, sobre a qual
se invoca o Nome, o nome do Senhor dqs Exércitos, que se assenta sobre
os querubins. (6.3) Puseram a arca de Deus em um carro novo e a levaram
da casa de Abinadabe, que estava sobre o outeiro; e Uzá e Aiô, filhos de
Abinadabe, guiavam o carro novo. (6.4) Levaram-no com a arca de Deus,
da casa de Abinadabe, que estava no outeiro; e Aiô ia adiante da arca.
(6.6) Quando chegaram à eira de Nacom, estendeu Uzá a mão à arca de
Deus, e a segurou, porque os bois tropeçaram. (6.7) Então a ira do Senhor
se acendeu contra Uzá, e Deus o feriu ali por essa irreverência; e Uzá
morreu ali junto à arca de Deus.
36 A Lenda de Riram nos Graus Inefáveis do R:.E:.A.·.A .·.

Esse texto apresenta dois aspectos de relevância na Maçonaria:


O primeiro diz respeito à importância da própria Arca como símbolo
da presença de Deus entre os hebreus e por sua simbologia nos Graus
Inefáveis, em especial no Grau 4. A Arca foi transportada de Quiriate-
Jearim, uma cidade de Judá, para uma tenda no palácio de Davi. Não se
deve confundir essa tenda com o Tabernáculo; este estava na cidade de
Gibeom, território filisteu (lCr 16:39; 2Cr 1:3). Isso depois de os israelitas
terem vencido os filisteus e deles recuperado a arca, cerca de 20 anos
antes. Aqui, Davi já intenta construir um Templo para o Senhor, em
substituição ao Tabernáculo; no futuro, ela será transportada da tenda da
casa de Davi para o lugar santíssimo, o Sanctus Sanctorum, do Grande
Templo de Salomão.
O segundo diz respeito ao personagem Uzá, nome que, em hebraico,
é "Huzzé", embora em árabe seja pronunciado "Huzzá", muitas vezes
escrito ainda, nas diversas versões da Bíblia, como "Usa", "Huzzah ",
"Houzé" ou ainda "Huzé".
Segundo Rizzardo da Camino, em seu Simbolismo do Primeiro
Grau, já referido, esse episódio da morte de Huzzá (Uzá), que entriste-
ceu a Davi, certamente foi relevante, eis que ele batizou o local de
Perez-Huzzá (ou Perez-Uzá).
Alguns autores de ficção científica, como Erich Von Daniken,
em Eram os Deuses Astronautas?, aventam a probabilidade de a Arca
da Aliança de Deus ter sido uma pilha, e até há quem diga uma pilha
atômica; daí, Uzá ter sido fulminado por uma descarga elétrica.
Nesse ponto, portanto, é importante esclarecer, à luz da interpretação
bíblica, os motivos da morte de Uzá. Foram dois ambos decorrentes da
desobediência dos israelitas às leis de Deus, ou seja, aos cuidados reco-
mendados por Deus a Moisés, quanto ao uso da arca. Primeiro, a arca
equipada com argolas e varas deveria ser carregada somente nos ombros
dos sacerdotes da tribo de Levi, os levitas (Ex 25:12-14; 37:35; Nm 3:31;
4:15, 19; 7:9; Dt 10:8; Js 3:8). Segundo, a arca jamais deveria ser tocada
(Nm 4:15), mesmo por aqueles que estavam autorizados a carregá-la, os
levitas do clã de Coate, sob pena de morte. Ora, nesse episódio, a arca foi
transportada em um carro novo (uma carroça movida por bois, é claro) e,
portanto, de forma irregular; e Uzá tocou a arca. Assim, os israelitas manu-
searam a arca desconsiderando a santidade de Deus e as regulamentações
de adoração divina (lCr 15:2-15). Segundo Charles F. Pfeifer, em seu
Comentário Bíblico Moody, já referido, pág. 117: "Embora, aparente-
mente, tivesse sido um delito secundário, a violação de Uzá envolvia
um descuido pela santidade de Deus, o que exigia um castigo que
serviria como uma advertência para todos os filhos de Israel ( 1 Cr
13:7). As intenções de Uzá, contudo, foram boas; e sua salvação indi-
vidual não foi necessariamente envolvida ".
A Maçonaria e sua Influência Egípcia e Hebraica 37

Segundo ainda Rizzardo da Camino, para os antigos árabes, Huzzá


era o nome dado a uma espécie de acácia consagrada ao Sol, como
símbolo da imortalidade, e sua tradução significa Força e Vigor.
O importante, entretanto, para nós neste ponto, é assinalar que esse

'
1
personagem Uzá cedeu seu nome, na forma "Huzzé", para a aclamação
de alegria dos maçons, feita na abertura e no fechamento dos trabalhos
maçônicos, nos Graus Simbólicos.
Trata-se da expressão de alegria e louvor usada, primeiro, pela Maço-
naria Inglesa, traduzida como "Viva". Essa aclamação deve ser feita em
' tom forte, pois a energia então provocada elimina as vibrações negativas;
'
1
acalma as tensões nervosas; prepara o ambiente espiritual da Loja; harmo-
niza o ambiente no Templo em uma escala única, em um nível salutar, capa-
1
citando o maçom para receber em seu interior os benefícios da Loja.
3) A Aliança do Senhor com Davi (2Sm 7:1-17). Esse texto fala

' 1
sobre o planejamento de Davi quanto à construção de um Templo para a
Arca da Presença do Senhor; da Profecia de Natã pela qual Salomão, seu
filho, é quem edificaria o Templo, o Grande Templo de Jerusalém, o Templo
' de Salomão; e de sua profecia sobre a descendência messiânica de Davi,
na pessoa de Jesus Cristo. Esse texto está em concordância com o descrito
' em 1Cr 17:1-15, com ligeiras variantes. Transcreveremos apenas os versí-
' culos sobre o qual faremos comentários e que têm relação direta com a
Maçonaria:
' (7 .1) Sucedeu que, habitando o rei Davi em sua própria casa, tendo-
' lhe o Senhor dado descanso de todos os seus inimigos em redor, (7.2)
' disse o rei ao profeta Natã: Eis que eu moro em casa de cedros, e a arca de
Deus se acha em uma tenda. (7.3) Disse Natã ao rei: Vai, faze tudo quanto
'
l
está no teu coração, porque o Senhor é contigo. (7 .4) Porém, naquela
mesma noite, veio a palavra do Senhor a Natã, dizendo: (7.5) Vai, e dize a
meu servo Davi: (7.11) Também o Senhor te faz saber que ele, o Senhor,
te fará casa. (7.12) Quando teus dias se cumprirem e descansares com teus
pais, então farei levantar depois de ti o teu descendente, que procederá
de ti, e estabelecerei seu reino. (7.13) Este edificará uma casa ao meu
nome, e eu estabelecerei para sempre o trono do seu reino. (7.14) Eu lhe
serei por pai, e ele me será por filho; (7.16) Porém, tua casa e teu reino serão
firmados para sempre diante de ti; teu trono será estabelecido para sempre.
(7 .17) Segundo todas essas palavras e conforme toda essa visão, assim fa-
lou Natã a Davi.
Esse texto explica o significado permanente de Davi e sua carrei-
ra. Ele é datado de cerca de 995 a.C. Depois de cessadas as muitas
guerras travadas por Davi, e narradas em vários capítulos de 2Sm e
l
1Cr, ele começa com o desejo de Davi, confidenciado a Natã, de construir
1 um Templo permanente para a Arca.
Surge aqui pela primeira vez o Profeta Natã, destinado a desempe-
nhar um importante papel no futuro e a escrever uma boa parte da história
38 A Lenda de Hiram nos Graus Inefáveis do R:.E.·.A:.A.·.

sagrada: repreendeu, mais tarde, o pecado de Davi (2Sm 12:1); ajudou Sa-
lomão (lRs 1:10,22, 34); e registrou o material usado como fonte de infor-
mação para os livros das Crônicas (lCr 29:29; 2Cr 9:29; 29:25).
A Davi afigurava-se impróprio viver em casa de cedro (em um
palácio), enquanto a Arca permanecia em uma simples tenda (2Sm
7:1 ,2). Davi via seu palácio como um símbolo do seu governo agora
estabelecido (2Sm 5:11, 12) e propõe que o governo de Deus devesse
ser igualmente simbolizado com uma habitação permanente.
A reação inicial de Natã, não inspirada, foi de aprovação ao projeto de
Davi, mas logo se corrigiu, ao receber de Deus a verdadeira palavra (2Sm
7:3). Por essa palavra, Deus o envia a Davi, proibindo-o de construir o
Templo (2Sm 7 :4; 1Cr 17: 1-6); as guerras desapiedadas de Davi (2Sm
8:2) o desqualificaram (lCr 22:8; 28:3). Esse é um notável exemplo
da diferença que existe entre a nossa vontade e a que obedece a uma
inspiração divina.
Mas, embora Deus tenha proibido Davi de construir Sua casa, Ele
prometeu estabelecer a "Casa de Davi" (2Sm 7:11; 1Cr 17:3-15), porém,
não como a que Davi queria edificar para Deus, mas uma dinastia
(2Sm 7:4-17; lCr 17:3-15). Assim como Deus fizera Davi obter êxito,
ele também faria seu reino prosperar. Em um futuro imediato, Salomão,
a semente de Davi, construiria o Templo de Deus (2Sm 7:11; 1C r
17:11,12) e isso se cumpriu (lRs 6-7; 2Cr 3-4). E, em um futuro mais
longínquo, a semente de Davi, Jesus Cristo, combinaria em sua pessoa
a filiação humana e a Filiação Divina (2 Sm 7:14; 1Cr 7:13), e um dia
estabeleceria nesta terra o reino de Deus para sempre (2Sm 7:16; lCr
17:14). Davi então irrompe em louvores a Deus por Sua incrível graça
(2Sm 7: 18-29; 1Cr 17: 16-27).
As grandes promessas feitas a Davi (2Sm 7:12, 15, 16), embora
parcialmente cumpridas em Salomão, só em Cristo, o sucessor final ao
trono de Davi, seu maior Filho, encontraram seu perfeito cumprimento
(1Rs 8:15-20; Lc 1:31-33; At 2:29-31; 18:22, 23; Hb 1:5). Com efeito,
Cristo estabeleceu Seu reino nos corações dos homens na Sua primei-
ra vinda (Lc 17:21), embora Sua imposição sobre o mundo aguarde
Sua segunda vinda (Lc 17:24).
As palavras de 2Sm 7:14 (Eu lhe serei por pai, e ele me será por
filho) se referem à divindade de Jesus Cristo (Sl2:7, 12; At 13:33; Hb 1:5;
5:5) e não a Salomão (lCr 22:10). Foi necessário que Cristo combinasse
em Sua pessoa a perfeita humanidade com a plena divindade (Mt 22:12, 45 ;
Fp 2:9) para que pudesse fazer verdadeira substituição pelo homem peca-
dor (Hb 2:17, 18; 1Pe 2:24) e ainda assim nos restaurar para Deus, o Pai
(Jo 1:18; 14:6).
Mas o que tem a ver o aqui exposto com a Maçonaria?, poderia
perguntar um amigo leitor. Nossa resposta é: Tudo! A começar por sua
possível origem com Salomão e a importância do simbolismo do seu
Templo, no sistema filosófico-Iniciático da nossa Ordem.
A Maçonaria e sua Influência Egípcia e Hebraica 39
)

\
É muito discutida a origem da Maçonaria. Sobre essa matéria muito

' 1
se tem falado e escrito. Há muitas especulações, hipóteses e até teorias,
mas nenhuma delas tem aceitação unânime dos maçons. Daí, a frase clás-
sica da maioria dos autores maçônicos: "A origem da Maçonaria perde-
se nas brumas do passado". A verdade é que jamais saberemos onde e
1 como surgiu a Ordem, posto que a Maçonaria, por seu espírito cosmopolita
e dinâmico, transcende as limitações da história e da geografia, ou seja, do
' tempo e do espaço.
Charles Webster Leadbeater, em seu livro Pequena História da
'
)
Maçonaria, no capítulo I, informa que "já existem quatro principais es-
colas ou tendências do pensamento maçônico", cada uma dedicada a
uma linha de pesquisa e interpretação sobre os símbolos, as cerimônias
' e a história da Maçonaria: i) A Escola Autêntica, pela qual a Maçonaria
teve origem nas Lojas de construtores (ou guildas) operativas inglesas
da Idade Média, sendo que os elementos especulativos foram enxerta-
dos no tronco operativo; ii) A Escola Antropológica, que concede à
Maçonaria uma antiguidade muito maior do que a defendida pela Es-
cola Autêntica, assinalando analogias entre os símbolos, sinais, ritos e
cerimônias executados atualmente nas Lojas maçônicas com os prati-
cados nos Antigos Mistérios Iniciáticos de muitos povos e nações pri-
' mitivas do mundo; iii) A Escola Mística, que considera os mistérios da
Maçonaria como um plano para o despertar espiritual do homem, seu
' desenvolvimento interno e sua união consciente com Deus. Os adep-
tos dessa escola sustentam que a Maçonaria também tem parentesco
com os mistérios iniciáticos, menores e maiores, das antigas religiões
'
\
e escolas pré-cristãs, dos egípcios, persas, gregos, judeus, romanos,
celtas e escandinavos; iv) A Escola Oculta (ou Sacramental), repre-

' sentada pela Ordem Co-maçônica (Maçonaria Mista Internacional),


cujo objetivo é também a união consciente com Deus, porém por mé-
todos diferentes de busca. O ocultista visa a atingir essa união por
\
meio do conhecimento e da vontade, preparando toda a sua natureza
\ física, emocional e mental, até torná-la uma perfeita expressão do es-
pírito divino em seu interior. Segundo essa escola, a Maçonaria deriva
dos antigos Mistérios egípcios. Nela se incluem a antiga escola de
Pitágoras, a Filosofia Secreta de Henrique Cornélio Agrippa, a Filoso-
fia de Paracelso, a Ordem Rosa-Cruz de Christian Rosenkreutz e a
Maçonaria egípcia de Cagliostro.
Entretanto, sem a pretensão de questionar, desacreditar ou discordar
do emérito Irmão Leadbeater, ousaremos apresentar outra classificação
para essas escolas do pensamento maçônico, quanto às origens da
Maçonaria, ainda que em sua fase operativa: i) à primeira chamaremos,
assim como o Irmão Leadbeater a chamou, Escola ou Maçonaria Antropo-
lógica, porém incluindo as Escolas Mística e Oculta, apesar das suas dife-
renças de pontos de vista quanto aos aspectos filosófico-religiosos. Segundo essa
40 A Lenda de Hiram nos Graus Inefáveis do R.·.E.·. A .·.A.·.

escola, a origem da Maçonaria situa-se nos primórdios da Antiguidade orien-


tal. Alguns de seus adeptos, como o dr. James Anderson e o dr. Oliver, credi-
tam sua origem à religião dos patriarcas hebreus pré-diluvianos; outros, como
Albert Chuchward, J. S. M . Ward, Bemard H. Springeth (Escola Antro-
pológica); A. E .. White, W. L. Wimshurts (Escola Mística); Leadbeater,
Helena Petrovna Blavatsky, Eliphas Levi, Jorge Adoun (Escola Oculta), atri-
buem sua origem a Abrão, Moisés ou Salomão; entre os mais modernos en-
contram-se Christopher Knight e Robert Lomas, pelo que nos deixam consig-
nados em seu O Livro de Riram (Madras Editora, 2003); ii) à segunda
chamaremos de Escola ou Maçonaria Operativa, pelo qual Numa Pompílio,
segundo rei de Roma, teria fundado essa Maçonaria, em 714a.C., através de
seus Colégios, chamados Collegia fabrorum, que eram corporações operá-
rias de ferreiros, carpinteiros, fabricantes de armas, pedreiros, flautistas e
arquitetos; iü) à terceira chamaremos de Escola ou Maçonaria Templária,
pela qual a Maçonaria teria sido criada pelos próprios "templários" ou
"Cavaleiros da Ordem do Templo"; para outros estudiosos, ela teria sido
criada, na Abadia de Mont-Serrat, em Barcelona, Espanha, por sete Grão-
Mestres, remanescentes da Ordem do Templo, em 1514, certos 200 anos
após a morte de seu último Grão-Mestre oficial, Jaques de Molay, cruelmente
assassinado pelo rei de França, Felipe, o Belo em conluio com o papa Cle-
mente V. Os estatutos dessa Maçonaria teriam sido apresentados pelo Grão-
Mestre Alan de Beaumanoir; em oposição, Inácio de Loyola teria apresenta-
do os estatutos da Ordem Companhia de Jesus, tendo esta sido vencida em
votação. A essa escola pertenceram eméritos maçons como Humberto Eco,
autor de O Nome da Rosa e O Pêndulo de Foucault; Ernesto Mezzabota,
autor de O Papa Negro; e, Jorge Buarque Lyra, autor de As Vigas Mestras
da Maçonaria e A Maçonaria e o Cristianismo; iv) à quarta chamaremos
de Escola ou Maçonaria de Transição (Operativa Especulativa), pela
qual a Ordem teria sido criada como desenvolvimento das guildas inglesas,
que eram confrarias medievais de pedreiros-livres, construtores das grandes
catedrais, especialmente de Londres, Inglaterra, e da Europa Ocidental. No
início do século XVill, algumas Lojas Operativas começaram a admitir pes-
soas estranhas à arquitetura e, com o tempo, assumiram o caráter puramente
simbólico e especulativo que possuem hoje em todo o mundo, a partir da
fundação, em Londres, da Primeira Grande Loja Simbólica, em 1717. A essa
escola pertenceram personagens ilustres como R. F. Gould, W. J. Hughan, G.
W. Speth, David Murray-Lyon, Dr. Chetwod Crawley e Wolhelrn Begemann;
e, mais recentemente, Francisco Assis Carvalho (o "Xico Trôlha"), José
Castellani e Frederico Guilherme Costa; v) à quinta e última chamaremos de
Escola ou Maçonaria Bzôlica, pela qual, segundo alguns, a Maçonaria teria
tido como fundador Riram Abiff, arquiteto do Templo de Salomão (Maçona-
riaAdoniramira) e, segundo outros, o próprio rei Salomão, durante a cons-
trução do Grande Templo de Jerusalém (Maçonaria Salomônica). A essa
escola parecem pertencer os eméritos Nicola Aslan, Gustavo Barroso,
Manuel Gomes e Rizzardo da Carnino, este, como o demonstra pelo que nos
A Maçonaria e sua Influência Egípcia e Hebraica 41

deixou consignado no seu livro Simbolismo do Primeiro Grau (Madras Edi-


tora, 2005, págs. 40, 41), ao escrever: "A revelação de que o rei Salomão
dedicara-se à Maçonaria (arte de construir) vem desde a profecia de
Samuel (2Sm 7:13 ):
'Ele me construirá um Templo, e firmarei para sempre seu Trono
Real'.
Concordamos com o Irmão Da Camino quanto ao consignado no tex-
to, exceto pelo fato de que a profecia não foi de Samuel, mas sim de Natã,
que a confidenciou a Davi.
Até esse ponto da historia dos hebreus, o lugar de culto e adoração
dos israelitas ainda continuava sendo o Tabernáculo. Assim, retomando ao
texto de Joaquim Gervásio de Figueiredo sobre os "Mistérios Judaicos",
extraído de seu Dicionário de Maçonaria, temos:
"Durante sua longa marcha pelo deserto, Moisés e seu irmão Arão
celebraram seus rituais religiosos, primeiro em sua tenda ou Templo
portátil, e depois no Tabernáculo, porém, agora, em escala e esplen-
\
dor bem maiores. Em essência trabalhavam ali com os rituais egípcios

'
1
adaptados à tradição hebraica e continuaram a usar o Tabernáculo para
a prática do seu culto até a edificação do Templo sobre o Monte Moriah,
em Jerusalém, por Salomão, que também se casara com uma filha do
Faraó do Egito (lRs 3:1). Os utensílios empregados no serviço divino
do Templo foram os mesmos até então usados no Tabernáculo, e as
'
1
lendas e os fatos egípcios foram perpetuados, porém sob denomina-
ções e costumes judaicos".
Retomando ao tópico A Maçonaria e sua Influência Egípcia e
Hebraica, voltaremos a estudar, neste ponto, os livros 1 e 2 Reis.
Nos Livros 1 e 2 Reis continua a história dos reis israelitas; passam
em revista tanto os reis de Judá como os de Israel. Seu autor não é conhe-
cido com certeza. Porém, a tradição judaica afirma que Jeremias os
escreveu, a partir de fontes históricas compiladas durante o exílio dos
judeus na Babilônia. Sabe-se que o autor conhecia O livro da História
de Salomão (lRs 11:41), o livro da História dos Reis de Israel (lRs
14: 19), e o Livro da História dos Reis de Judá (lRs 14:29) 2Reis ter-
mina enquanto o último rei de Judá, Jeoaquim, permanece detido na
Babilônia (2Rs 25:27-30). Uma vez que não há menção do retomo do
povo do exílio em 538 a.C., é provável que a edição da obra tenha
sido terminada ainda durante o exílio, entre 560 a.C e 550 a.C. O autor
demonstra que embora Israel tivesse uma aliança com Deus, a maior
parte de seus reis a rejeitou e ultrajou. Deixa claro que o progresso da
nação depende da fidelidade do seu rei, ao passo que a idolatria e a desobe-
diência levam à desgraça. Assim, cada rei é julgado de acordo com a sua fidelida-
de a Deus e seu valor é determinado comparando-o com dois reis de épocas
anteriores: Davi, que se manteve bastante fiel à aliança, e Jeroboão de Israel,
que a menosprezou. A comparação, feita dessa forma, demonstra que os
reis do Reino do Norte, Israel, falharam todos nessa prova, enquanto em
42 A Lenda de Riram nos Graus Inefáveis do R.·.E.·.A.·.A.·.

Judá alguns malograram e outros não, como Asa (lRs 15), Josafá (1Rs 22),
Ezequias (2Rs 18-20) e Josias (2Rs 22-23), e mesmo estes tinham suas
falhas. Davi foi o rei que mais se aproximou do ideal. Pouco antes de mor-
rer, aconselhou seu filho Salomão a guardar os preceitos do Senhor (lRs
2:3). Essa conduta é a única esperança de prosperidade e paz. O afasta-
mento dessa conduta equivalia a expor-se ao juízo divino. O colapso final
de Israel diante da Síria (2Rs 17) e o de Judá diante da Babilônia (2Rs 25)
demonstram a verdade do princípio que o livro encerra, e não constituiu
surpresa alguma para os homens de discernimento espiritual. No texto he-
braico, 1 e 2 Reis são um só livro.
O livro IReis pode ser dividido em três partes: 1) O começo do reinado
de Salomão em Israel e Judá e a morte de seu pai Davi (lRs 1-2); 2) O reinado
e as realizações de Salomão, especialmente a construção do Templo em
Jerusalém (lRs 3-11); 3) A divisão da nação em dois reinos, o do Norte e o
do Sul, e a história de seus reis até a metade do século IX a.C. (lRs 12-22).
Os fatos narrados nesse livro compreendem um período que vai de 1015
a.C. até 914 a.C.
O livro 2Reis é a continuação de IReis. Pode ser dividido em duas
partes: 1) A história dos dois reinos, desde o ano de 850 a.C. até a queda de
Samaria e o fim do reino do Norte, Israel, tomado pela Síria em 721 a.C.
(2Rs 1-17); 2) A história do reino de Judá, desde a queda de Israel até a
conquista e destruição de Jerusalém pelo rei Nabucodonosor, da Babilônia,
em 587 a.C. (2Reis 18-25). Os fatos narrados compreendem um período
que vai de 896 a.C. até 588 a.C. O livro mostra que a queda dos dois reinos
ocorreu porque seus reis e o povo foram infiéis a Deus. A destruição de
Jerusalém e o cativeiro na Babilônia de parte do povo de Judá marcaram
um momento decisivo na história israelita.
Os livros 1 e 2 Crônicas são um suplemento aos livros de Samuel
e Reis; algumas das descrições históricas são quase idênticas às dos
livros anteriores. A tradição judaica considera Esdras seu autor. Os
livros foram compilados de fontes históricas anteriores a Samuel e Reis
e teriam sido escritos entre os anos de 430 a.C. e 400 a.C., durante ou
logo após o cativeiro babilônico. Nas escrituras hebraicas, os dois li-
vros das Crônicas formavam originalmente um só . Os tradutores da
Versão dos Setenta (por volta do ano 220 a.C.) foram os primeiros a
fazer a divisão. Jerônimo (morto no ano 420 d.C.) adotou essa divisão
na Vulgata latina. Ainda hoje, no texto hebraico, constam como um só livro.
Narram a história do povo hebreu, desde os dias de Samuel até o cativeiro
na Babilônia. A nação precisava reconstruir-se sobre sólidos alicerces espi-
rituais, visto que o longo cativeiro havia destruído os ideais e as tradições do
povo. Anteriormente, haviam pertencido a uma teocracia na qual se espe-
rava que os dirigentes civis e religiosos honrassem e obedecessem tanto a
verdade divina como a lei. Israel estivera sob a monarquia persa, cujo rei
era estrangeiro e pagão, e nada sabia do Deus de Israel. Só mediante uma
'
)
A Maçonaria e sua Influência Egípcia e Hebraica 43

vigorosa e estrita organização eclesiástica pôde a nação manter a unidade


)
religiosa. Quanto mais passavam os dias, tanto mais os judeus se sentiam
convencidos de que a prometida soberania davídica perpétua se prendia
'
)
mais ao reino espiritual do que ao secular. Daí que se escrevesse o livro das
Crônicas.
\ O livro !Crônicas tem dois propósitos principais: 1) Mostrar que,
\ embora tivessem caído desgraças sobre os reinos de Israel e Judá, Deus
mantinha Suas promessas e continuava a realizar Seu plano para o povo
)
por meio das pessoas que moravam em Judá. Como base para essa afirma-
ção, o escritor narra as conquistas de Davi e Salomão, as reformas de
' Josafá, Ezequias e Josias, e fala do povo que continuou fiel a Deus; 2)
'
)
Descrever o início da adoração a Deus no Templo de Jerusalém e especial-
mente a organização do trabalho dos sacerdotes e dos levitas, que eram os
)
encarregados do culto. Davi é apresentado como aquele que planejou o
Templo e o culto, embora Salomão o tivesse construído. Pode ser divi-
dido em três partes: a) Genealogias e listas (lCr 1-9); b) a morte de Saul
' (lCr 10); e c) o reinado de Davi (lCr 11-29): Problemas e con-
'
)
quistas (1Cr 11:1-22:1) e Preparativos para a construção do Tem-
plo (lCr 22:2-29:30).
O livro 2Crônicas é uma continuação do primeiro; começa com a
narração dos acontecimentos do reinado de Salomão em Israel e Judá,
incluindo a Construção do Templo (2Cr 1-9). Depois da morte de Salomão,
a nação se dividiu em dois reinos, o do Norte e o do Sul (2Cr 10). Daí em
diante, conta-se a história de Judá, o reino do Sul, até a tomada de Jerusa-
lém em 586 a.C., quando os judeus foram levados cativos para a
Babilônia (2Cr 11-36). O livro termina com o decreto de Ciro, rei da
Pérsia, que deixou os judeus voltarem para Jerusalém e reconstruírem
o Templo, sob a direção de Zorobabel.
Jeovah desejou um Grande Templo e detalhou sua construção
nos mínimos detalhes. Porém, por um grande pecado de Davi, não o
achou digno de iniciar a construção; esse pecado consistiu em ter man-
dado matar Urias, o hebreu, por causa de sua mulher Bate-Seba, de
quem se enamorara. Essa mulher passou a conviver com Davi, e ge-
rou um filho, que não viveu. Mais tarde, Bate-Seba concebeu um se-
gundo filho, a quem foi dado o nome de Salomão.
Salomão (do hebraico shelomoh, derivado de shalôm) significa "Paz",
"Pacífico", "Prosperidade", "Homem de Paz". É um dos nomes mais co-
nhecidos da humanidade. Depois de Jesus, talvez seja o personagem, bíbli-
co ou não, sobre o qual mais já se tenha falado ou escrito. Sua existência
transcende os dados históricos bíblicos que não dão conta de todos os mis-
1
térios e lendas que envolvem seu nome. No imaginário popular, alimentado
pelos relatos bíblicos, ele é sempre lembrad~ por sua prodigiosa sabedoria e
'
\ pela riqueza de sua corte e seus tesouros. E considerado um mestre entre
44 A Lenda de Riram nos Graus Inefáveis do R.·.E.·.A.·.A.·.

os magos ocidentais que atribuem extrema importância a uma possível ciên-


cia contida no testamento que deixou a seu filho Roboão, no qual teria
registrado o conhecimento da realidade metafísica da natureza e suas po-
tências: anjos, gênios, demônios, que poderiam ser invocados a fim de auxi-
liar o homem em operações de magia. Para os esotéricos e ocultistas de
várias tendências, Salomão teria sido um "iluminado", um "iniciado" nas
tradições dos mistérios egípcios; segundo estes, um de seus objetivos ao
construir o Templo de Jerusalém teria sido o de usá-lo como centro de
estudos das ciências herméticas. Para outros, ele foi o verdadeiro fundador
dos mistérios judaicos, introduzindo-lhes a sucessão sacerdotal que recebe-
ra dos hierofontes egípcios. Salomão é, também, figura importante em cer-
tas Ordens Iniciáticas como a "Ordem Rosa-Cruz", a "Ordem do Templo"
e a "Maçonaria". Nesta última, seu nome está ligado a diversos Graus cuja
paternidade lhe é atribuída.
Entretanto, existem ainda muitas narra ti v as lendárias sobre
Salomão; entre estas se destacam aquelas que falam do "anel mágico
de Salomão"; sua "carruagem celeste", que teria inspirado a concep-
ção dos "tapetes voadores"; seu "trono de ouro encantado"; seu
"encontro com a misteriosa rainha de Sabá"; e suas "conexões com
extraterrestres", tornando-o uma "criatura sobre-humana".
Finalmente, outros ainda (como Helena P. Blavatsk), observando
que o nome de Salomão é conhecido nas mais diversas culturas, em
lugares distantes da Judeia, mencionado em várias épocas, acreditam
que houve mais de um Salomão, cujo nome não seria designativo de
uma pessoa em particular, mas um título atribuído a muitos homens sábios
que vieram à terra periodicamente para instruir os homens e mantê-los em
um caminho evolutivo e positivo; seriam os chamados Sulimans
(Salomãos), ou reis sábios.
Ocorre, porém, que todas essas histórias fantásticas sobre o rei
Salomão não se encontram na Bíblia; foram extraídas de textos apócrifos
católico-cristãos, dos livros de ordens iniciáticas (esotéricas) ocidentais e
da literatura de povos árabes, muçulmanos ou não.
Dessa forma, na tentativa de desmistificar o nome de Salomão, abor-
daremos resumidamente sobre esse importante personagem, sem dúvida,
porém baseados tão somente nos relatos bíblicos. Inicialmente, para facili-
tar o estudo por parte dos leitores interessados, apresentamos toda a
referência bíblica a Salomão existente: seu nascimento (2Sm 12:24); Salo-
mão é ungido rei (lRs 1:13-40); é estabelecido seu reinado (lRs 2:12-46);
casa-se com a filha do faraó (1Rs 3:1); pede a Deus sabedoria (lRs 3:16-
28); faz aliança com Hirão, rei de Tiro (lRs 5: 11-18); constrói o Templo de
Jerusalém (lRs 6: 1-38); constrói sua própria casa (lRs 7: 1-22); dedica o
Templo ao Senhor (lRs 8:1-66); Deus faz aliança com Salomão (lRs 9:1-9);
recebe visita da rainha deSabá (lRs 10:1-13); desvia-se do Senhor (lRs
A Maçonaria e sua Influência Egípcia e Hebraica 45

11:1-43); sua morte (1Rs 11:41-43); referências a Salomão de outros livros


(Pr 1:1; Ct 1:1; Mt 6:29; 12:42; Lc 12:27; 11:31; Jo 10:23;At 3:11).
Depois de ler toda essa bibliografia concluímos que Salomão, rei de
Israel, foi homem de sabedoria, mas também de insensatez.
Era filho de Davi e Bate-Seba; ao nascer, recebeu o nome de Jedidia
(2Sm 12:24-25) que, em hebraico yedfdyah, significa "amado de Iahweh";
Salomão foi provavelmente um nome assumido depois de sua ascensão ao
trono. Foi afortunado e desafortunado em relação a seus pais e ao ambien-
' te que rodeava o seu lar. Foi afortunado em ter um pai como Davi, um
grande gênio, que no geral foi espiritualmente fiel. Foi desafortunado no
' sentido de que houve elementos no exemplo de seu pai que inevitavelmente
tiveram um efeito prejudicial na vida do jovem. Foi criado em um lar em que
se praticava poligamia e onde havia muitas lutas e invejas.
Foi o terceiro e último rei de Israel unificado (depois dele, Israel divi-
diu-se em duas nações que não mais se unificaram: Israel e Judá, cada uma
governada por um rei). Reinou durante 40 anos (970 a.C. a 930 a.C.).
Quanto a seu acesso ao trono, embora não fosse o primogênito na
linha hereditária de sucessão, foi ungido rei (lRs 1:17-39), o sucessor de
Davi, desde seu nascimento; isso porque os reis de Israel eram escolhidos
pelos profetas a quem o próprio Deus os revelava.
Quanto aos primeiros anos de seu reinado, considerando a época em
)
que viveu, começou bem, mas cometeu um grande erro ao escolher como
) esposa a filha de um rei pagão (lRs 3:1). Esse foi sem dúvida um ato de
conveniência política e foi a primeira de suas alianças estrangeiras, sendo
' que todas elas influenciaram sua decadência moral.
Sua sabedoria foi um dom especial de Deus. No começo de seu
reinado teve uma visão em Gibeom, na qual o Senhor lhe apareceu,
dizendo-lhe que pedisse o que quisesse. Confessou sua debilidade e
ignorância dizendo: "Dá a teu servo um coração entendido". Sua pe-
tição foi concedida, e o Senhor lhe prometeu que seria o mais sábio
dos homens, que teria grandes riquezas e honras. Essa promessa foi
cumprida, pois superava em sabedoria todos os grandes homens de
sua época. Ele foi autor dos livros Provérbios (compôs 3 mil), Cântico
dos Cânticos (1.005), Eclesiastes e dois Salmos. Sua fama estendeu-se
por todo o mundo (lRs 4:29-34).
Quanto à sua política e seus empreendimentos, realizou os planos de
seu pai Davi, consolidou o reino e comprometeu-se em muitas empresas
comerciais, enquanto cresciam sua riqueza e sua fama. Seu maior empre-
' endimento foi a construção do luxuoso Templo de Jerusalém, a qual levou
sete anos (lRs 5-6). Em seu término, Salomão ofereceu uma oração de
' dedicação (2Cr 6: 12-7:3). Construiu o Templo em um período de paz, dando
ao povo trabalho, justiça e fartura, distribuindo, sobretudo, sabedoria. Esse
período de paz lhe fora concedido pelo Senhor, e é provável que o nome
46 A Lenda de Riram nos Graus Inefáveis do R.·.E:.A:.A.·.

Salomão tenha ligação com esse desígnio. No Cristianismo, Jesus foi deno-
minado "Príncipe da Paz", o que esclarece que o Messias viera para cons-
truir um Novo Templo Espiritual.
Em seus últimos anos, foi honrado pela rainha deSabá (1Rs 10:1-13). À
medida que riquezas e honra aumentavam, seu amor pela pompa crescia,
mantendo um estilo de vida luxuoso e extravagante, muito além do que
permitiam os recursos do seu povo (lRs 10:14-29). Isso trouxe um descon-
tentamento social e preparou o caminho para a divisão do reino (lRs 12:4-
19). Sua queda moral e a idolatria, finalmente, o naufragaram em luxúria.
Foi influenciado por suas muitas esposas a introduzir o culto a falsos deuses
em Jerusalém (lRs 11: 1-8). Foi repreendido severamente pelo Senhor. Por
causa de sua apostasia, foi profetizada a divisão do reino nos tempos de seu
filho (lRs 11:9-13). Porém, expressou arrependimento. Nada se sabe com
certeza sobre o fim de sua vida. Os estudiosos da Escritura têm debatido
se, finalmente, ele arrependeu-se e voltou-se para Deus. Os que acreditam
que ele tenha escrito o livro de Eclesiastes o veem ali viajando pelo labirin-
to da filosofia humana, e parece finalmente emergir para a luz da fé na
providência divina.
Sua vida proporciona uma grande advertência. É conhecido como
o homem mais sábio; no entanto, sua sabedoria não lhe ensinou o
domínio próprio. Ministrou bem, mas deixou de colocar em prática
seus próprios preceitos. Descreve o néscio no livro de Provérbios, pin-
tando assim um vívido quadro de seus próprios fracassos.
O ensino simbólico e esotérico, bem como toda a liturgia iniciática dos
Graus Inefáveis, tem por base: I) detalhes da construção do Templo de
Salomão e seu simbolismo quanto à reconstrução do Templo Espiritual
Humano; li) detalhes da lenda de Hiram Abiff, iniciada no Grau 3 do
R:.E:.A:.A:., a qual se estende até o Grau 14, e seu simbolismo.
'
'
'
'
'
'
1

'
'
' 4. O Templo de Salomão
'
) ' Retomando mais uma vez ao texto de Joaquim Gervásio Figueiredo
\ sobre a Origem egípcia e influência dos mistérios judaicos na Maçona-
ria (Dicionário de Maçonaria), temos:
1 "Depois de haverem se estabelecido os israelitas na Terra Prometida
1 e ter-se escolhido Jerusalém para sua capital, resolveu Davi edificar ali o
Templo de Jeová, e dessa honrosa tarefa incumbiu seu filho e sucessor.
l
No ano 480, depois que os filhos de Israel saíram do Egito, e no quarto
ano de Salomão sobre Israel, no mês de Ziv, que é o segundo mês, começou-
se a edificar a casa do Senhor (lRs 6: 1). Durou a construção sete anos (de
'
\
966 a.C. a 959 a.C.). Foram seus construtores o rei Salomão, que recebera
instruções de seu pai Davi; seu aliado Hiram (ou Hirão ), rei de Tiro, na Fení-
cia, o qual forneceu os materiais para a construção e lhe emprestou muitos
hábeis artífices para ajudar na obra, pois os fenícios eram mais peritos em
construções do que os judeus, um povo essencialmente pastoril, e Hiram
Abiff (ou Hirão Abi), filho de uma viúva da tribo de Neftali, e de um homem
de Tiro, que também era metalúrgico (lRs 7:14; 2Cr 2:14). O local escolhido
para levantar o Templo foi o Monte Moriah (Gn 22:2, 14), em Jerusalém, no
centro da linha divisória entre a tribo de Judá, ao norte, e a de Benjamim, ao
sul."
' O termo hebraico de Templo, hêkal, é do acádico ekallu, o sumério
e-gal, "casa grande", no acádico mais frequentemente aplicado ao palá-
' cio real que ao Templo. O Templo era também chamado, simplesmente,
' "a casa" ou "a Casa de Jeová (Iahweh)". O lugar era tradicionalmente a
eira de Areúna, o Jebusita (2Sm 24: 16-22), onde Davi construiu um
Altar para comemorar o fim da peste. Não há dúvida de que o lugar do
Templo era o atual Haram-esh-Sharif em Jerusalém, porém não há
restos arqueológicos. Sua descrição em IReis deixa muito a desejar. A
arquitetura e o estilo devem ter sido fenícios, pois o Templo foi plane-
jado e construído por arquitetos e operários de Hirão, rei de Tiro; não
havia outro semelhante, senão um Templo fenício do século X a.C.,
que não se conservou. O Templo era uma parte do palácio real, como
se vê também nos palácios assírios, apesar de ser provavelmente simples
-47-
48 A Lenda de Riram nos Graus Inefáveis do R .·.E.·.A.·.A.·.

demais chamar o Templo de "capela real". Muitos arqueólogos pensam que


havia uma porta pública para entrar no pátio do Templo, para que os fiéis não
precisassem passar pelos recintos do palácio; o rei, contudo, tinha sua entrada
própria do palácio para o pátio do Templo.
A edificação do Templo compreendeu três fases: i) a aliança com
Rirão, rei de Tiro, e os preparativos (1Rs 5:1-18; 2Cr 2:1-18); ii) a constru-
ção e decoração interna, sob a direção de Rirão Abi, hábil artífice de Tiro
(1Rs 6:1-7:51; 2Cr 3:1-5: 1); e iii), a dedicação ou consagração do Templo a
Jeovah (lRs 8: 1-66; 2Cr 5:2-7: 10). Merecem ser transcritos, na íntegra, os
textos 1Rs 5:1-7:51, referentes às primeira e segunda fases e, pelo menos,
o texto 1Rs 8:1-11 da terceira fase, referente ao transporte da Arca para o
Templo. Faremos essas transcrições da primeira edição, 2000, da Bíblia
Sagrada - Nova Versão Internacional (NVI), da Sociedade Bíblica In-
ternacional. Sempre que necessário, após algum versículo que exija e seja
justificável, faremos comentários para melhor esclarecimento dos leitores,
quanto aos aspectos teológicos ou de relevância na Maçonaria. O texto
será transcrito em tipo itálico e os comentários, em tipo normal. Dessa
forma, temos:
i) Aliança com Hirão e Preparativos: Salomão faz aliança com
Hirão (1Rs 5:1-12 - compare com 2Cr 2:1-16)
5.1. "Quando Hirão, rei de Tiro, soube que Salomão tinha sido
ungido rei, mandou seus conselheiros a Salomão, pois sempre tinha
sido amigo leal de Davi. "
Depois que Davi tomou a fortaleza de Sião, em poder dos fenícios, fez
um tratado de amizade e paz com o rei de Tiro. Rirão, então, ajudou Davi
em suas obras públicas enviando a Jerusalém trabalhadores e madeira de
cedro das montanhas do Líbano (2Sm 5: 11; 2Cr 2:3, 4).
2. Então, Salomão enviou esta mensagem a Hirão:
3. "Tu bem sabes que foi por causa das guerras travadas de to-
dos os lados contra meu pai Davi que ele não pôde construir um Tem-
plo (uma casa) em honra ao nome do Senhor, o seu Deus, até que o
Senhor pusesse os seus inimigos debaixo de seus pés."
Embora Davi tivesse desejado construir um Templo, ele passou
grande parte do seu governo expandindo e consolidando o reino (2Sm
7:1-10). Em um jogo de palavras em tomo do vocábulo hebraico para
"casa", o profeta Natã disse a Davi que Deus lhe edificaria uma "casa",
ou seja, uma dinastia, enquanto os descendentes de Davi construiriam
uma "casa" ou Templo para Deus (2Sm 7:12-16). Mediante a graça de
Deus, Salomão está implementando a promessa feita a seu pai, Davi.
4. "Mas agora, o Senhor, o meu Deus, concedeu-me paz (descanso)
em todas as fronteiras, e não tenho de enfrentar nem inimigos nem
calamidades. "
)
O Templo de Salomão 49

'
O descanso que os líderes de Israel tinham esperado (Ex 33:14; Dt
25:19; Js 1:13, 15; 2Sm 7:11) era, agora, uma realidade.
5. "Pretendo, por isso, construir um Templo em honra ao nome
do Senhor, o meu Deus, conforme o Senhor disse a meu pai Davi: 'O
seu filho, a quem colocarei no trono em seu lugar, construirá o Templo
em honra ao meu nome'. "
6. "Agora te peço que ordenes que cortem para mim cedros do
Líbano. Meus servos trabalharão com os teus, e eu pagarei a teus
servos o salário que determinares. Sabes que não há entre nós nin-
guém tão hábil em cortar árvores quanto os sidônios. "
Os cedros eram abundantes nas montanhas do Líbano e muito usados
na construção de palácios reais e Templos no antigo Oriente Próximo, por
causa da beleza de sua madeira e de seu forte cheiro acre, o qual repelia os
insetos e cupins, tendo, por isso, longevidade; levando centenas de anos
para crescer, essas árvores eram valiosíssimas. Os israelitas não dispu-
nham dos artífices e artesões necessários para construir o Templo por si
mesmos. Sidônios eram os residentes da cidade portuária de Sidom,
ao norte de Tiro. Aqui, porém, o termo deve se referir aos habitantes de
1 Tiro, Gebal (Biblos) e Sidom, o povo que mais tarde se tomou conheci-
) do como fenícios.
7. "Rirão ficou muito alegre quando ouviu a mensagem de Salomão,
'
1
e exclamou: 'Bendito seja o Senhor, pois deu a Davi um filho sábio para
governar essa grande nação'."
8. "E Rirão respondeu a Salomão: 'Recebi a mensagem que me
' enviaste e atenderei teu pedido, enviando-te madeira de cedro e de
pinho (cipreste)'."
' 9. "Meus servos levarão a madeira do Líbano até o mar, e eu a
'
\
farei flutuar em jangadas até o lugar que me indicares. Ali eu a deixa-
rei e tu poderás levá-la. E, em troca, fornecerás alimento para a
minha corte. "
10. "Assim Rirão se tornou fornecedor de toda a madeira de ce-
' dro e de pinho que Salomão desejava."
Agora Hirão garantiu sua ajuda contínua e sua boa vontade para com
' Salomão por meio de um tratado comercial, estipulando que em troca de
madeira e pedra de Tiro, Salomão lhe forneceria produtos agrícolas (2Cr
2:3-4). Uma brecha temporária ocorreu na amizade deles quando Salomão
entregou 20 cidades da Galileia a Hirão em troca de um carregamento
maior de ouro, e Hirão não gostou das cidades (1Rs 9:11-14). Contudo, a
brecha foi logo a seguir sanada, e os dois reis ocuparam-se de um comércio
1 proveitoso entre ambos (lRs 10:22).
11. "Então Salomão deu a Rirão 20 mil tonéis ou 20 mil coros
\ (125 mil barris) de trigo para suprir de mantimento sua corte, além de
20 tonéis ou 20 coros (360 litros) de azeite de oliva puro. Era o que
Salomão dava anualmente a Rirão."
50 A Lenda de Hiram nos Graus Inefáveis do R.·.E.·.A. ·.A.·.

12. "O Senhor deu sabedoria a Salomão, como lhe havia prome-
tido. Houve paz entre Hirão e Salomão, e os dois fizeram um tratado."
Os preparativos para edificar o Templo
(1Rs 5:13-18- compare com 2Cr 2:17-18)
13. "Salomão arregimentou 30 mil trabalhadores de todo Israel."
Parte desses trabalhadores era de escravos cananeus. Porém, Salo-
mão obrigou alguns do seu próprio povo ao trabalho forçado. Essa política
foi profundamente ressentida e contribuiu para a divisão do reino após a
morte de Salomão (1Rs 9:22; 12:4, 16).
14. "Ele os mandou para o Líbano em grupos de 10 mil por mês,
e eles se revezavam: passavam um mês no Líbano e dois em casa.
Adonirão chefiava o trabalho. "
Adonirão ou "Adohniram", ou "Adorão", estava encarregado dos que
trabalhavam forçados durante os reinados de Davi (2Sm 20:24), Salomão e
Roboão (lRs 12:18).
15. "Salomão tinha 70 mil carregadores e 80 mil cortadores de
pedra nas colinas."
16. "Tinha ainda 3300 capatazes (mestres-de-obras) que super-
visionavam os trabalhos e comandavam os operários. "
17. "Por ordem do rei, retiravam da pedreira grandes blocos de
pedra de ótima qualidade e alto preço para servir de alicerce de pe-
dras lavradas para o Templo. "
18. "Os construtores de Salomão e de Hirão e os homens de Gebal
(ou Biblos) cortavam e preparavam a madeira e as pedras para a
construção do Templo. "
Biblos tomara-se internacionalmente conhecida por seu comércio de
papiro, a forma antiga de papel feito de folhas prensadas e secas da cana
do papiro.
ii) Construção e decoração interna:
Salomão edificao Templo (1Rs 6:1-13- compare com 2Cr 3:1-7)
6.1. "480 anos depois que os israelitas saíram do Egito, no quar-
to ano do reinado de Salomão em Israel (966 a.C.), no mês de Ziv
(abril ou maio), o segundo mês, ele começou a construir o Templo do
Senhor."
Esse ano de 966a.C. coloca o êxodo do Egito no ano de 1446 a.C.
2. "O Templo que o rei Salomão construiu para o Senhor media 27
metros de comprimento, 9 metros de largura e 13,5 metros de altura. "
Em medidas daquele tempo: 60 côvados de comprimento; 20 de lar-
gura e 30 de altura. O côvado era uma medida linear de cerca de 45 centí-
metros. Há várias similaridades entre o Tabernáculo e o Templo, embora o
Templo tivesse o dobro das dimensões do Tabernáculo (Ex 26: 15-30; 36:20-
34). Ambas as construções eram divididas em três seções principais: um
vestíbulo, um Santuário ou Átrio Principal (o Lugar Santo) e o Santuário.
O Templo de Salomão 51

1
Interior (o Santo dos Santos). Essa estrutura em três partes era comum em
' outros Templos do antigo Oriente Próximo. Mas o Santuário de Israel
diferia radicalmente dos santuários pagãos porquanto ali não havia ídolos.
' Em seu centro, estava a Arca da Aliança que continha os Dez Manda-
'
1
mentos, a vontade moral de Deus que ordenava a vida de Israel (Dt 10:4-
5; lRs 8:6-9).
3. "O pórtico da entrada do Santuário Interior tinha a largura do
1
Templo, que era de 9 metros, e avançava 4,5 metros à frente do Templo. "

' Na frente do Templo havia uma entrada especial, monumental, com


9 metros de largura e 4,5 metros de fundo.
4. "Ele fez para o Templo janelas com grades estreitas."
5. "Junto às paredes do Átrio Principal e do Santuário Interior, cons-
truiu uma estrutura em torno do edifício, na qual havia salas (câmaras)
laterais."
Essas câmaras ou pequenas salas rodeavam o Átrio Principal e o
Santuário Interior, mas não o vestíbulo. Eram usadas como armazéns e
dormitórios dos sacerdotes.
6. "Essas salas eram de três andares: o andar inferior tinha 2,25
metros de largura; o andar intermediário tinha 2, 70 metros; e o terceiro
andar tinha 3,15 metros. Ele fez saliências de apoio nas paredes externas
do Templo, de modo que não houve necessidade de perfurar as
1 paredes."
1 As salas estavam ligadas às paredes do Templo de tal modo que as
vigas não entravam nas mesmas. A altura total dos três andares das salas
' não era tão elevada quanto à do Templo.
7. "Na construção do Templo só foram usados blocos lavrados nas
pedreiras, e não se ouviu no Templo nenhum barulho de martelo, nem de
1
machado, nem de talhadeira, nem de qualquer outra ferramenta de ferro

'' durante sua construção. "


8. "A porta da câmara do meio do andar inferior ficava no lado sul
do Templo; uma escada (em forma de caracol) conduzia até o andar
' intermediário e dali ao terceiro. "
Havia uma entrada principal para os aposentos dos sacerdotes.
9. "Assim ele construiu o Templo e o terminou, fazendo-lhe um forro
com vigas e tábuas de cedro. Salomão revestiu tudo com madeira de
cedro, incluindo as vigas e as colunas. "
'
1
10. "E fez as salas laterais ao longo de todo o Templo. Cada uma
tinha 2,25 metros de altura, e elas estavam ligadas ao Templo por vigas

' de cedro."
11. "E a palavra do Senhor veio a Salomão dizendo:"
12. "Quanto a este Templo que você está construindo, se você se-
guir meus decretos, executar meus juízos e obedecer a todos os meus
mandamentos, então, cumprirei por meio de você a promessa que fiz ao
seu pai Davi: "
52 A Lenda de Hiram nos Graus Inefáveis do R.·.E.·.A.·.A.·.

13. "Viverei no meio dos israelitas e não abandonarei Israel, o


meu povo."
Fazendo referência especial à construção do Templo, Deus relembrou
a Salomão que as promessas feitas a Davi requeriam fidelidade à aliança
por parte de Salomão (lRs 2:3-4). A existência do Templo não garantia, por
si mesma, a presença de Deus com Israel. A lealdade à Torá (lei mosaica)
era a questão fundamental no relacionamento do povo de Israel com Deus
(lRs 2:3; 9:6-9). Essa promessa condicional ficou demonstrada pela
subsequente história de Judá na época da divisão do reino (lRs 12). Quanto
ao Templo propriamente dito, foi destruído em 587 a.C. pelo exército da
Babilônia (2Rs 25:8, 9).
O Santo dos Santos (lRs 6:14-22- compare com 2Cr 3:7-9)
14. "Assim Salomão concluiu a construção do Templo."
15. "Forrou as paredes do Templo por dentro com tábuas de ce-
dro, cobrindo-as desde o chão até o teto, e fez o soalho do Templo
com tábuas de cipreste. "
16. "Separou 9 metros na parte de trás do Templo, fazendo uma
divisão com tábuas de cedro, do chão ao teto, para formar dentro do
Templo o Santuário Interior, que era o Lugar Santíssimo ou o Santo
dos Santos ou o Lugar mais Santo. "
O Santo dos Santos, um cubo perfeito, era a área mais sagrada do
Templo. Era ali que ficavam a Arca da Aliança e os dois querubins. Somen-
te o Sumo Sacerdote tinha o direito de entrar ali, e mesmo assim uma vez
por ano, no Dia da Expiação (L v 16:23-26:32; Nm 29:7-11). O Tabernáculo
também tinha um Santo dos Santos (Ex 26:33; Hb 9:12-14).
17. "O Átrio Principal em frente dessa sala media 18 metros de
comprido."
18. "O interior do Templo era de cedro, com figuras entalhadas
de frutos, botões de rosa e flores abertas. Tudo era de cedro; não se
via pedra alguma."
19. "Preparou também o Santuário Interior para ali colocar a
Arca da Aliança. "
Sendo o símbolo central da comunhão dos israelitas com Deus, a Arca
continha as duas tábuas da aliança mosaica (Ex 25:21; Dt 9:9).
20. "O Santuário Interior tinha 9 metros de comprimento, 9 me-
tros de largura e 9 metros de altura. Ele revestiu o interior de ouro
puro, e também revestiu de ouro o Altar de cedro. "
21. "Salomão cobriu o interior do Templo de ouro puro, e esten-
deu corrente de ouro na frente do Santuário Interior, que também foi
revestido de ouro. "
22. "Assim, ele revestiu de ouro todo o interior do Templo e tam-
bém o Altar que pertencia ao Santuário Interior e que estava diante
deste."
O Templo de Salomão 53

Salomão fez um Altar de madeira de cedro para o Santo dos San-


tos; era o Altar de Incenso (lRs 7:48; Ex 30:1, 6; 37:25-28; Hb 9:4).
As correntes de ouro eram para proteger a entrada do Santo dos San-
tos. O Templo era belo e caríssimo. Em sua glória e beleza, esse Tem-
plo terrestre era um símbolo do Templo Celestial de Deus (1Rs 8:36-39;
Hb 9:11).
Os dois querubins (1Rs 6:23-28- compare com 2Cr 3:10-14)
23. "No Santuário interior ele esculpiu dois querubins (anjos)
l de madeira de oliveira, cada um com 4,5 metros de altura."
Os querubins eram representações de criaturas aladas, dotadas de

l
' rostos humanos (Gn 3:24; Ez 41:18-19). Os dois querubins estavam posta-
dos como guardiães em cada extremidade da Arca da Aliança (lRs 8:6-7;
e Cr 3:10-13). As pontas de suas asas estendidas chegavam a quase 5
'
l
metros, ou seja, metade da altura do próprio Santo dos Santos. No antigo
Oriente Próximo, os reis eram, algumas vezes, retratados sentados em um
trono apoiado em querubins. Os querubins no Templo podem ter represen-
'
l
tado a entronização simbólica de Deus no Santo dos Santos. Deus estava
presente com Seu povo e estava associado, de maneira especial, com esse
) lugar de adoração (1Sm4:4; 6:2; 1Rs 8:10-13; 2Rs 19:15; Sl80:1; 99:1).
24. "As asas abertas dos querubins mediam 2,25 metros: 4,50
1
metros da ponta de uma asa à ponta da outra. "
25. "Os dois querubins tinham a mesma medida e a mesma forma."
26. "A altura de cada querubim era de 4,50 metros."
27. "Ele colocou os querubins, com as asas abertas, no Santuá-
rio Interior do Templo. A asa de um querubim encostava-se a uma
parede, e a do outro se encostava à outra. Suas outras asas encosta-
vam uma na outra no meio do Santuário."
28. "Ele revestiu os querubins de ouro."
A ornamentação das paredes e das portas
(1Rs 6:29-38- compare com 2Cr 3:5-7)
29. "Nas paredes ao redor do Templo, tanto na parte interna
como na externa, ele esculpiu querubins, tamareiras (palmeiras) e
flores abertas. "
Uma figura que fazia lembrar o jardim do Éden (Gn 2). Embora
nossos primeiros ancestrais tenham sido expulsos do paraíso por sua
rebelião contra Deus (Gn 3:24), nossa comunhão com o Senhor conti-
nua possível, ainda hoje, mediante Sua graça.
30. "Ele também revestiu de ouro os pisos, tanto na parte interna
como na parte externa do Templo. "
'
\
31. "Para a entrada no Santuário Interior fez portas de oliveira
com batentes de cinco lados; a porta era pentagonal."
54 A Lenda de Hiram nos Graus Inefáveis do R.·.E.·.A.·.A.·.

32. "E nas duas portas de madeira de oliveira esculpiu queru-


bins, tamareiras e flores abertas, e revestiu os querubins e as tamarei-
ras de ouro batido. "
Essas portas corrediças separando o Lugar Santo do Santuário
Interior substituíam a antiga cortina ou véu do Tabernáculo.
33. "Também fez pilares de quatro lados (umbrais), de madeira
de oliveira para a porta de entrada do Templo; essa entrada era
quadrilateral."
34. "Ele fez também duas portas de pinho, cada uma com duas
folhas, que se articulavam por meio de dobradiças."
35. "Entalhou figuras de querubins, de tamareiras e de flores
abertas nas portas e as revestiu de ouro batido."
36. "E construiu o pátio interno (átrio interior) com três camadas
de pedra lavrada e uma de vigas de cedro. "
Esse pátio interno, chamado em outras versões de átrio interior, era a
parte externa do Átrio Principal; ele circundava o Templo, e nele ficavam o
grande Altar dos Sacrifícios e o Mar de Fundição (lRs 7:23-26). O acesso
a essa área mais próxima do próprio Templo pode ter sido restringido aos
sacerdotes (2Cr 4:9).
37. "O alicerce do Templo do Senhor foi lançado no mês de Ziv
(abril ou maio) do quarto ano."
38. "No mês de bul (outubro ou novembro), o oitavo mês, do 11º
ano, o Templo foi terminado em todos os seus detalhes, de acordo com
suas especificações. Salomão levou sete anos para construí-lo. "
O Templo foi construído de pedra, recoberto com madeira de cedro.
Uma das críticas ao Velho Testamento é a de que estruturas tão complexas
não eram conhecidas no tempo de Salomão. Porém, escavações arqueoló-
gicas feitas pela Universidade de Chicago em Megido lançaram luz sobre
esse problema. Descobriram fragmentos de tijolos de barro junto com cin-
zas de madeira da superestrutura de um grande edifício da era salomônica.
Um pedaço de madeira queimada foi submetido à análise química e desco-
briu-se que era cedro. A prova indicava que a superestrutura fora cons-
truída combinando-se a madeira e a pedra, semelhante à dos átrios de
Salomão, no qual cada camada de pedra era separada por uma de vigas
de cedro (Ed 6:4). Esse tipo de construção julga-se ser de origem hitita.
Salomão edifica seu palácio real
(1Rs 7:1-14- compare com 2Cr 8:1)
7 .1. "Salomão levou 13 anos para terminar a construção do seu
palácio."
O tempo consumido foi quase o dobro do período da construção
do Templo; mas devemos observar que, ao contrário do Templo, ne-
nhum preparativo foi feito para o palácio e nenhuma grande urgência
envolveu sua construção. O palácio de Salomão era constituído de
O Templo de Salomão 55
)

\
cinco dependências: i) uma sala chamada "Casa do Bosque do Líbano", um
arsenal de defesa; ii) uma sala chamada "Salão das Colunas"; iii) uma sala
chamada "Sala do Trono" ou "Sala do Julgamento"; i v) uma Casa para sua
'
\
moradia; e, v) uma casa para moradia da filha do faraó.
2. "Ele construiu a Casa do Bosque do Líbano com 45 metros de
comprimento, 22,50 metros de largura e 13,50 metros de altura, sustentado
'
)
por quatro fileiras de colunas de cedro sobre as quais se apoiavam 45
vigas de cedro aparelhadas. "
\ Embora da mesma altura do templo, essa casa era mais comprida e
)
tinha o dobro da largura. As 45 vigas de cedro do teto assentavam-se sobre
as quatro fileiras de colunas. O nome talvez se deva ao extenso uso do
\ cedro pelo lado de dentro. Estava situado ao sul do Templo.
\ 3. "O forro, de cedro, ficava sobre as 45 vigas, 15 por fileira,
que se apoiavam nas colunas. "
'
\
O forro do teto (a cobertura) era de cedro e abrangia as câmaras
laterais; era em número de 45, 15 em cada andar, as quais repousavam
sobre as colunas.

\
' 4. "Havia janelas dispostas de três em três, uma em frente da outra."
Eram 45 janelas no saguão, colocadas em três fileiras, uma acima da
outra, sendo cinco janelas por fileira, cada uma na frente da outra, das três
paredes.
5. "Todas as portas tinham estrutura retangular; ficavam na par-
te da frente, dispostas de três em três, uma na frente da outra. "
'
1
As janelas eram quadradas; e janela oposta à janela, em três fileiras.
6. "Depois fez o Salão das Colunas de 22,5 metros de compri-
mento e 13,5 m de largura. Em frente havia outro pórtico com colunas
e uma cobertura que se estendia além das colunas."
Esse pórtico de colunas defronte do Salão era um baldaquino, ou seja,
um alpendre coberto por um sobrecéu que era sustentado por colunas. Com
a metade do comprimento da Casa do Bosque do Líbano e dois terços de
sua largura, essa construção era provavelmente um impressionante salão
de entrada.
7. "Construiu a Sala do Trono, isto é, a Sala da Justiça, onde iria
julgar, e revestiu-a de cedro desde o chão até o teto."
8. "E fez a casa para a sua moradia, no outro pátio, atrás da
Sala do Trono, e tinha um formato semelhante. Salomão fez também
uma casa como essa para a filha do faraó, com quem tinha se casado.
\
As salas tinham todas as paredes cobertas de chapas de cedro."

'
1
9. "Todas essas construções, desde o lado externo até o grande
pátio e do alicerce até o beiral, foram feitas de pedra de qualidade
superior (de alto valor), cortadas sob medida e desbastadas com uma
serra nos lados interno e externo."
10. "Os alicerces foram lançados com pedras grandes de qualida-
de superior, algumas medindo 4,50 metros e outras com 3, 70 metros."
56 A Lenda de Hiram nos Graus Inefáveis do R.·.E.·.A.·.A.·.

11. "As paredes, acima dos alicerces, eram feitas de pedras de


qualidade superior e grande preço, cortadas sob medida e eram co-
bertas com vigas de cedro. "
12. "O grande pátio, ao redor do átrio, era cercado por um muro
de três camadas de pedras lavradas e uma de vigas de cedro apare-
lhadas; da mesma maneira que o átrio interior do Templo do Senhor
e seu pórtico (a porta monumental do palácio). "
Os Utensílios do Templo
(1Rs 7:13-50- compare com 2Cr 3:10-4:22)
13. "Então o rei Salomão mandou chamar de Tiro um homem cha-
mado Rirão. "
Em 2Cr 2:7, esse Rirão, artífice e arquiteto, é chamado por Salomão
ainda na fase dos preparativos para a construção do Templo. Ele, então,
teria participado desde a elaboração dos projetos, os planejamentos e o
início das obras, inclusive como supervisor dos trabalhos.
14. "Rirão era meio judeu, filho de uma viúva da tribo de Nafta/i
e de um cidadão de Tiro, que era artifice em bronze e trabalhava em
uma fundição. Rirão era extremamente hábil e experiente; cheio de sabe-
doria, entendimento e ciência; e sabia fazer todo tipo de trabalho em bron-
ze. Apresentou-se ao rei Salomão e fez depois todo o trabalho que lhe foi
designado. "
Esse Rirão não deve ser confundido com Rirão, rei de Tiro, com quem
Salomão fizera aliança para o suprimento dos materiais e operários espe-
cializados (lRs 5: 1-12). Uma aparente contradição surge entre esse versí-
culo e 2Cr 2:14, em que se diz que a mãe de Rirão era da tribo de Dã.
A solução é bastante simples, pois um versículo se refere ao lugar de
seu nascimento e o outro, ao de sua residência. É por isso que alguns
comentaristas bíblicos e autores maçônicos admitem que foram dois
os Rirãos-artesões, mas isso não é muito provável. Essa confusão tam-
bém aumenta, pois em 2Cr 2:13, esse Rirão, o artífice, é chamado de
Rirão Abi, "homem de grande habilidade e treinado para trabalhar
com ouro e prata, bronze e ferro, pedra e madeira, em tecido roxo,
azul e vermelho, em linho fino, e em todo tipo de entalhe. Ele pode
executar qualquer projeto que lhe for dado". Porém, ainda aqui, a
solução é simples. O termo Abi (e seus variantes Ab, Aba, Abif e Abiff)
em aramaico significa "Meu Pai ". Trata-se, Abi, de uma palavra com-
posta das iniciais extraídas de outras três palavras: Aleph, Beth e Iod
(ou Yod), todas hebraicas; seu variante Abif, leva uma quarta palavra
hebraica, Vav (ou Vau). O interesse maçônico diz respeito a Rirão Abi.
Significa "Seu Pai". É também um tributo de respeito. O rei de Tiro, ao
se referir ao seu artífice, chama-o de "Meu Pai Rirão". No livro de
Crônicas é chamado "Pai de Salomão", " Seu Pai, Rirão Abi".
Maçonicamente resulta em seu título de honra: Rirão, o pai da cons-
trução do Grande Templo.
O Templo de Salomão 57
)

' As duas Colunas do Templo

)
' (1Rs 7:15-22- compare com 2Cr 3:15-17)
15. "Ele fundiu duas colunas (ocas) de bronze, cada uma com
8,10 metros (18 côvados) de altura e 5,40 metros (12 côvados) de
circunferência, medidas pelo fio apropriado. A espessura das paredes
era de 1,20 metro (2,50 côvados)."
Cada uma dessas colunas foi posta de um lado da entrada do
Templo. Não fica claro se elas estavam de pé sem tocar no edifício
do Templo ou se sustentavam um telhado, que também cobria o pór-
tico do Templo.
16. "Também fez dois capitéis (enfeites em forma de lírios) de
bronze fundido para colocar no alto das colunas; cada capitel tinha
2,25 metros de altura e 1,80 metro de largura."
17. "Conjuntos de correntes de bronze entrelaçadas (obra de rede)
ornamentavam os capitéis no alto das colunas, sete em cada capitel."
18. "Fez também romãs em duas fileiras que circundavam cada
conjunto de correntes para cobrir os capitéis no alto das colunas. Fez
o mesmo em cada capitel. "
19. "Os capitéis no alto das colunas do pórtico tinham o formato
de lírios (como na Sala do Trono), com 1,80 metro de altura."
20. "Nos capitéis das duas colunas, acima da parte que tinha
1 formato de taça (bojo), perto do conjunto de correntes (obra de rede),

'l havia 200 romãs enfileiradas ao redor."


Eram 400 romãs, dispostas em duas fileiras de 200 romãs cada. Eram
comuns, no antigo Oriente Próximo, capitéis bem ornamentados.
1 21. "Rirão levantou as colunas na frente do pórtico do Templo
(na entrada do Templo). Deu o nome Jaquim à coluna ao sul (à direita)
e de Boaz à coluna ao norte (à esquerda)."
22. "E assim completou-se o trabalho das colunas."
Essas colunas eram ornamentais, mas com significação importante.
' I

Representavam a lembrança da fuga do povo de Israel do cativeiro egípcio,


'' quando Deus o dirigia durante o dia por meio de uma Coluna de fumaça, a
coluna "B" e, à noite, por meio de uma Coluna de fogo, a coluna "J".
Elas também representavam Boaz, que significa "na força" ou "em
fortaleza", e Jaquim, que significa "estabelecer". A combinação des-
sas palavras, portanto, quer dizer"Deus se estabelecerá em força" ou
"a Casa do Senhor será estabelecida em fortaleza" ou, ainda, "Deus
estabelecerá com firmeza o reino de Davi na terra". Nos Templos ma-
çônicos, são as Colunas Salomônicas ou Espirituais da Loja, pois cons-
tituem herança do Templo de Jerusalém; representam, ainda, os
solstícios de inverno, ao norte, presidido por João Batista, e o de ve-
rão, ao sul, presidido por João Evangelista, ambos patronos da Maço-
naria. A existência dessas colunas ornamentais (ou obeliscos) tem sido
confirmada, repetidamente, pela arqueologia."
'
'
58 A Lenda de Riram nos Graus Inefáveis do R.·.E.·.A.·.A:.

O Mar de Fundição (lRs 7:23-26- compare com 2Cr 4:1-5)


23. "Depois Hirão Abi fez o tanque de metal fundido, redondo,
medindo 4,5 metros de diâmetro e 2,25 metros de altura. Era preciso
um fio de 13,5 metros para medir a sua circunferência."
24. " Abaixo da borda e ao seu redor havia duas fileiras de orna-
mentos (colocíntidas), na forma de frutos, em número de dez, separa-
das de 5 em 5 centímetros, fundidas em uma só peça com o tanque. "
25. "O tanque ficava sobre 12 bois (feitos de bronze), três volta-
dos para o norte, três para o oeste (ocidente), três para o sul e três
para o leste (oriente). Ficava em cima dos bois, e eles estavam de
costas para o centro. "
26. "A espessura do tanque era de quatro dedos (três polega-
das), e sua borda era como a margem de um cálice (taça), como uma
flor de lírio. Sua capacidade era de 40 mil litros (2 mil batos)."
Essa imensa bacia circular era usada no cerimonial de ablução como
meio de purificação ritual, sendo prescrita para os sacerdotes e para quem
tivesse contraído uma impureza legal (Gn 24:32; Ex 2:5; lSm 25:41; 2Sm
12:20; 2Rs 5:10; 2Cr 4:6; Lc 7:44; Jo 13:10); ensina a necessidade da pure-
za (Ex 30:21) e aponta para a lavagem da regeneração e santificação em
Cristo (Tt 3:5; Hb 9: 10). Porém, sua significação simbólica é questionada.
Alguns eruditos destacam os atributos positivos da água como doadora de
vida, ao passo que outros argumentam que o mar de bronze celebrava o
poder de Deus sobre as forças do caos, tipificadas pelo mar primordial (Ap
21:21). No Templo maçônico, o mar de bronze é usado na cerimônia de
iniciação, para ensinar que a limpeza do corpo físico é uma das condições
prévias para a pureza da alma e para ornar o coração humano. Essa bacia
de bronze repousava sobre 12 bois (quatro grupos de três) voltados
para os quatro pontos cardeais. No antigo Oriente Próximo, os bois
simbolizavam a força física e reprodutiva. O posicionamento deles indi-
cava o Senhorio Universal de Deus. Em 2Cr 4:1, é dito que, antes da
construção do Mar de Fundição, Hirão fez o Altar de Bronze para os
Sacrifícios. Esse altar era o primeiro objeto encontrado no átrio do Tem-
plo, demonstrando que de Deus só se pode aproximar mediante o sacri-
fício, a morte substitutiva e testamentária de Cristo (Hb 8:2, 3; 9: 12).
Outros utensílios para o Templo
(lRs 7:27-50- compare com 2Cr 4:6-22)
27. "Também fez 10 carrinhos de bronze (suportes móveis em
quatro rodas); cada um tinha 1,80 metro de comprimento e de largura
e 1,35 metros de altura."
28. "Os carrinhos eram feitos assim: tinham placas laterais (tra-
vessões ou almofadas), presas por baixo a armações." --,
\
'
O Templo de Salomão 59
--...,

)
29. "Nas placas, entre as armações, havia figuras de leões, bois e
querubins; sobre as armações, acima e abaixo dos leões e bois, havia
' grinaldas (adornos com festões pendentes) de metal batido."
'1 30. "Em cada carrinho havia quatro rodas de bronze com eixos
também de bronze, cada um com uma bacia apoiada em quatro pés
1 (apoios) feitos de bronze e enfeitados com grinaldas em cada lado."
31. "No lado de dentro do carrinho havia uma abertura circular
'
)
com 45 centímetros de profundidade. Essa abertura era redonda e, com
a sua base, media 70 centímetros. Havia esculturas em torno da abertu-
ra. As placas dos carrinhos eram quadradas, e não redondas. "
1 Essa abertura era para apoiar a bacia ou pia, uma peça redonda
1 com altura de 45 centímetros; no meio era côncava, como uma taça, e
media 70 centímetros de circunferência; era enfeitada com festões pelo
1
lado de fora. Seus desenhos de enfeite eram quadrados, não redondos.
l 32. "As quatro rodas ficavam sob as placas (almofadas), e os
eixos das rodas ficavam presos ao estrado (na base). O diâmetro de
'l cada roda era de 70 centímetros. "
,
.
Os suportes andavam sobre quatro rodas que estavam colocadas nos
eixos que haviam sido fundidos como parte dos suportes .
33. "As rodas eram parecidas com as de carro de guerra; seus
1 eixos, aros, raios e cubos eram todos de metal (bronze) fundido."
\ 34. "Havia quatro apoios, um em cada canto do suporte (carri-
nho), que com este formavam uma só peça. "
'
1
35. "No alto de cada carrinho, em volta do topo, atado com ore-
lhas, havia um aro de 22 centímetros de altura. Os apoios e as placas
l também estavam fixados no alto do carrinho, tudo fundido como se
fosse uma peça única."
1 36. "Ele esculpiu figuras de querubins, leões e tamareiras na
superfície dos apoios e nas placas, em cada espaço disponível; essas
\
' figuras estavam enfeitadas com grinaldas ou festões ao redor."
37. "Foi assim que fez os dez carrinhos. Foram todos fundidos
) nos mesmos moldes e eram idênticos no tamanho e na forma. "
1 38. "Depois ele fez dez pias de bronze, cada uma com capacidade
_..._, de 800 litros (40 batas) de água, medindo 1,80 metro de diâmetro;
uma pia para cada um dos dez carrinhos. "
) 39. "Ele pôs cinco carrinhos com as pias no lado sul do Templo e
cinco, no lado norte. Porém o tanque (mar de bronze) pôs no lado sul,
1 no canto sudeste do Templo. "
-... I Assim, os carrinhos portáteis e grandemente enfeitados sustentavam
as bacias de água. Os sacerdotes usavam a água para lavar os pedaços de
l animais que tinham sido mortos para servir como ofertas nos holocaustos
I ) (L v 1 :9-13; 2Cr 4:6). Descobrimentos arqueológicos têm ajudado a
'
\
tornar compreensível a difícil passagem relacionada com os suportes
providos de rodas para sustentar as dez pias; suportes semelhantes,

''I
)
60 A Lenda de Riram nos Graus Inefáveis do R.·.E:.A:.A.·.

mas menores, foram encontrados, por meio de escavações, em Templos de


Creta e do Chipre.
40. "Hirão também fez os jarros (caldeiras), as pás e as bacias
para aspersão. Assim, Hirão completou todo o trabalho de que fora
encarregado pelo rei Salomão, no Templo do Senhor, a saber:"
41. "As duas colunas; os dois capitéis em forma de taça no alto
das colunas; os dois globos dos capitéis; os dois conjuntos de corren-
tes que decoravam os dois capitéis;"
42. "As 400 romãs para os dois conjuntos de correntes, sendo
duas fileiras de romãs para cada conjunto, para cobrirem os dois
globos dos capitéis que estavam em cima das colunas;"
43. "Os dez carrinhos com as suas dez pias sobre eles;"
44. "O tanque (mar de bronze) e os 12 bois debaixo dele;"
45. "Os jarros, as pás e as bacias de aspersão. Todos esses uten-
sílios que Hirão Abi fez a pedido do rei Salomão para o Templo do
Senhor eram de bronze polido."
Os sacerdotes usavam as pás para remover as cinzas do Altar dos
Holocaustos e as bacias eram usadas para os ritos que envolviam san-
gue ou água (Ex 27:3; Jr 52:18).
46. "Foi na planície do fardão, entre Sucote e Zaretã, que o rei os
mandou fundir, em moldes de barro. "
Sucote era um centro metalúrgico localizado a leste do Rio Jordão, ao
norte do ribeiro Jaboque (Gn 33:17; Js 13:27; Jz 8:4-5). Zaretã ficava nas
proximidades.
47. "Salomão não mandou pesar esses utensílios; eram tantos
que o peso do bronze não foi determinado, pela dificuldade de colocá-
los sobre balanças."
48. "Além desses, Salomão mandou fazer também estes outros uten-
sílios para o Templo (o Santo Lugar) do Senhor: o Altar de Ouro; a
Mesa de Ouro sobre a qual ficavam os Pães da Presença (Pães da
Proposição). "
O mesmo Altar de 1Rs 6:22. Os "pães da proposição" (lSm 21:4-
6), dispostos sobre a Mesa de Ouro, eram considerados uma oferenda
a Deus (Ex 25:23-30; Lv 24:5-9).
49. "Os candelabros de ouro puro, cinco à direita e cinco à es-
querda, em frente ao Santuário Interior; as flores, as lâmpadas e as
tenazes (tesouras ou espevitadeiras) de ouro."
50. "As taças, os cortadores de pavio (tesouras ou espevitadeiras),
as bacias para aspersão, as colheres, as tigelas e os incensários (recipi-
entes para incenso) e os braseiros; as dobradiças (gonzos) para as por-
tas da sala interna, isto é, o Lugar Santíssimo, e também para as portas
do átrio principal, o Lugar Santo. Todos esses utenst1ios eram feitos de ouro. "
No Tabernáculo havia apenas um candelabro de sete braços; no
Templo eram dez candelabros com a mesma forma; simbolizavam a
' O Templo de Salomão 61

' perfeição (sétuplos) com a qual a Igreja de Deus devia brilhar para Ele (L v
) 24:3), por meio do azeite do Espírito Santo (Zc 4:2-6); parecem assim tipificar
a luz da verdade que deveriam brilhar no cristão (Mt 5: 14) pelo sacerdócio
' ministerial de Cristo (L v 24:4; Jo 8: 12). A Mesa dos Pães da Proposição
simbolizava a harmonia restabelecida e a comunhão permanente do crente
com Deus (Lv 24:8), e talvez fosse um sinal dessa comunhão mais íntima
que existirá no Reino Celestial e escatológico de Deus (L v 14: 15). Os dois
globos, que são mencionados apenas em 2Cr 4:12, eram as partes inferio-
res dos capitéis, em forma de bolas cobertas com redes, sobre as quais se
erguiam as coroas como lírios desabrochados.
As dádivas de Davi colocadas no Templo
(1Rs 7:51 - compare com 2Cr 5:1)
51. "Terminada toda a obra que Salomão realizou para o Tem-
plo do Senhor, ele trouxe tudo o que seu pai Davi havia consagrado,
a saber, a prata, o ouro e os utensílios, e os colocou junto com os
tesouros do Templo do Senhor. "
Durante seu governo, Davi acumulou despojos de guerra e recebeu
tributo de uma grande variedade de nações (2Sm 8:9-12; lCr 18:7-11; 2Cr
5:1). Os tesouros do Templo eram depósitos para guardar as riquezas do
governo, algumas vezes usadas como tributos pelos reis para afastar inva-
sores estrangeiros (lRs 15:18; 2Rs 12:18; 18:13-16). Um tesouro era tam-
bém objeto de assaltos por parte de reis opositores (lRs 14:25-26; 2Rs
14:13-14).
iii) Dedicação ou Consagração do Templo: Salomão traz para o
) Templo a Arca (1Rs 8:1-11 - compare com 2Cr 5:2-14)

' 8.1. "Então o rei Salomão reuniu em Jerusalém todas as autori-


dades de Israel: os anciãos, líderes das tribos e os príncipes das famí-
lias israelitas, para levarem de Sião, a cidade de Davi, a Arca da
Aliança do Senhor, para o Templo. "
Reuniu os líderes principais que estavam encarregados do gover-
no local e da justiça, ao longo da história do Antigo Testamento (Ex
18: 13-26; Nm 11:16-30; Jz 21 :16-24; lSm 8:1-4). Sião era a parte
mais antiga da cidade de Jerusalém e ficava ao sul do Templo. Davi tinha
antes trazido a Arca da casa de Obede-Edom para Sião (2Sm 6:1-19).
2. "E todos os homens de Israel uniram-se ao rei Salomão por

' ocasião da festa (Festa dos Tabernáculos), no mês de etanim (setem-


bro ou outubro), que é o sétimo mês. "
' 3. "Quando todas as autoridades de Israel chegaram, os sacer-
dotes pegaram a Arca. "
4. "E levaram a Arca do Senhor, com a tenda do encontro (Taber-
62 A Lenda de Riram nos Graus Inefáveis do R.·.E.·.A.·.A:.

náculo) e com todos os seus utensílios sagrados; foram os sacerdotes


e os levitas que levaram tudo para cima. "
O Tabernáculo, com móveis e utensílios, foi trazido de Gibeão.
5. "O rei Salomão e toda a comunidade de Israel, que se havia
reunido a ele diante da Arca, sacrificaram tantas ovelhas e bois que
nem era possível contar."
6. "Os sacerdotes levaram a Arca da Aliança para o seu lugar no
santuário interno do Templo, isto é, no Lugar Santíssimo, e a coloca-
ram debaixo das asas dos querubins. "
7. "Os querubins tinham suas asas estendidas sobre o lugar da Arca
e cobriam (protegiam) a Arca e as varas utilizadas para o transporte. "
8. "Essas varas eram tão compridas que suas pontas, que se es-
tendiam para fora das Arca, podiam ser vistas da frente do Santuário
Interno, mas não de fora dele; e elas estão lá até hoje."
9. "Na Arca havia somente as duas tábuas de pedra que Moisés
tinha ali colocado quando estava em Horebe (ou Monte Sinai), onde o
Senhor fez uma aliança com os israelitas depois que saíram do Egito."
10. "Quando os sacerdotes se retiraram do Lugar Santo, uma
nuvem (brilhante) encheu o Templo do Senhor."
11. "Dessa forma, os sacerdotes não podiam desempenhar seu
serviço, pois a glória do Senhor encheu seu Templo."
Depois do êxodo do Egito, Deus liderou Seu povo pelo deserto, medi-
ante uma coluna de nuvem durante o dia e uma coluna de fogo de
noite (Ex 13:21; 40:36-38). No Monte Sinai, Deus revelou-se por
meio de uma nuvem (Ex 19:9; 24:15-18). Quando o Tabernáculo foi
levantado, Deus o cobriu com a nuvem de Sua glória (Ex 40:34-35;
Lv 16:2). Nesse incidente, Deus mostrou sua aprovação ao Santuário
recém-construído, enchendo a casa com a nuvem de Sua Glória (o
"Shekiná", a "habitação" de Deus) .
Salomão só pôde construir esse Grande Templo por causa dos recur-
sos e materiais que Davi armazenou para tal fim (2Sm 7; 1Rs 5:3-5; 8:17 ;
1Cr 22; 28:11-29). Esses recursos foram de 108 mil talentos de ouro, 10 mil
soldos de ouro e 1 milhão e 17 mil talentos de prata. Essa soma equivale a
quase 4,9 milhões de dólares. Não é para admirar que Davi pudesse ajuntar
tão grandes riquezas, tomando em conta os despojos das guerras e os tribu-
tos dos países vencidos. Todo o material amontoado foi posto à disposição
do rei Salomão para a construção do Templo e ainda sobejou (1Rs 7:51;
2Cr 5:1).
O Templo manteve sua magnificência e seu esplendor pelo espaço de
33 anos apenas. Foi o cenário de eventos importantes da história de Judá.
Seus tesouros foram esvaziados várias vezes para pagar tributos ou para
comprar alianças (lRs 14:26; 15:18; 2Rs 12:18; 16:8; 18:15). Ao cabo dos
33 anos, foi saqueado por Shishak, rei do Egito (lRs 14:25, 26; 2Cr 12:9).
Seguiu-se depois uma longa série de profanações e saques, nas mãos de
O Templo de Salomão 63

'
\
Hazael, Teglat-Falasar, Senaquerib e outros (2Rs 12; 14; 16; 18; 24), até
sua final destruição no ano 587 a.C. por Nabucodonosor, rei de Babilônia,
' para onde levou cativos os judeus.
'
\
O simbolismo teológico do Templo de Salomão é profundo. O Tem-
plo, como o Tabernáculo antes dele, simbolizava a presença de Deus
reconciliado no meio do povo que Ele redimira (Ex 45 :46; 2Cr 7:1 , 2).
' Constituía o caminho da salvação, antecipando com seus sacrifícios o
' Cordeiro de Deus, que "tabernacularia" entre nós para tirar o pecado
do mundo (Jo 1:14). E ele tipificava a glorificação que aguarda os
homens na celestial presença do próprio Deus (Ex 24: 18; Hb 9:24).
Embora hoje, no local, existam tão somente ruínas e, como prova, o
"Muro das Lamentações", o Templo de Salomão foi perpetuado nos Livros
Sagrados Bíblicos. Todos os detalhes da construção e demolição são co-
nhecidos, ainda que imprecisamente. O maçom inspira-se no documento
histórico para compreender a razão de cada objeto, utensílio, adorno, trans-
ferindo a filosofia desses elementos para o terreno espiritual, a fim de erigir
' dentro de si mesmo um Templo igual, inclusive com a presença do
' G:.A:.D:.U:., a quem cultua.
Na acepção maçônica, esse Templo é místico. É a imagem e repre-
sentação do Universo e de todas as maravilhas e perfeições da criação;
a Maçonaria o tomou como protótipo para a ministração de seus ensinos
e aplicação simbólica de suas doutrinas. Rizzardo da Camino, em seu
Dicionário Maçônico, já referido, nos diz:
"O Templo maçônico segue, ainda que de forma muito simplificada, a
arquitetura convencional inspirada pelo conteúdo das Sagradas Escrituras;
passam os séculos e a Maçonaria continua construindo seus Templos obe-
decendo a posição solar e somando os símbolos que herdou do passado,
dividindo o recinto interno em duas partes distintas, usando as tradições
para que não se perca a função de tudo o que em um Templo é colocado
' visando 'polir a Pedra Bruta', que é o próprio maçom, para reconstruí-lo
' consoante os ideais da Ordem. Na atualidade, os Templos têm externa e
arquitetonicamente semelhança entre si e características peculiares que
chamam a atenção dos maçons que por eles passam, porque as cons-
truções por si sós evidenciam a presença redentora."
Concordamos com essas belas palavras do emérito Da Camino,
exceto pelo fato de o Templo ser dividido em duas partes; na verdade,
elas são em número de três.
Com efeito, quando os maçons ingleses construíram seu primeiro Tem-
plo, inaugurado a 23 de maio de 1776, eles basearam-se em dois modelos
bem conhecidos: as igrejas e o Parlamento Britânico. Das igrejas copiaram
a orientação, a disposição e a divisão. Porém, as igrejas têm origem no
Templo de Jerusalém: elas são dispostas do Oriente para o Ocidente e
apresentam três divisões, que são o Altar-mor, o Presbitério e a Nave.
O Altar-mor, diante do qual fica o oficiante da missa, corresponde ao Santo
64 A Lenda de Riram nos Graus Inefáveis do R. ·.E.·.A. ·.A.·.

dos Santos do Templo de Jerusalém; o Presbitério, onde ficam os auxiliares


da missa, corresponde ao Lugar Santo (átrio principal); e a Nave, onde
ficam os fiéis que participam da missa, corresponde à parte descoberta do
Templo hebraico, onde existiam os pátios para o povo, entre eles o átrio
exterior.
O Templo Maçônico também se situa do Oriente para o Ocidente
e, do mesmo modo, é dividido em três partes: o Altar, no Oriente, onde
fica o dirigente da Loja, que corresponde ao Santo dos Santos, e ao
Altar-mor; o restante, ainda do Oriente, local em que se posicionam
autoridades maçônicas, é o Lugar Santo e o Presbitério; e as Colunas,
onde ficam os demais Obreiros da Loja, corresponde à Nave e à parte
descoberta do Templo de Jerusalém.
Assim, o Templo Maçônico tem sua origem no Grande Templo de
Jerusalém. Contudo, ele não é uma cópia exata desse Templo, como que-
rem alguns; nele, entra-se pelo Ocidente e não pelo Oriente, como no
Templo hebraico; e as Colunas vestibulares encontram-se à sua entra-
da e não na entrada do Oriente, que corresponde à parte coberta. Po-
rém, positivamente, há uma certa semelhança, tendo as igrejas como
intermediárias, o que não é estranhável, pois a Igreja herdou, além do
Templo, muita coisa do Judaísmo, principalmente em sua liturgia e em
seus símbolos.
Vários objetos e utensílios presentes no Templo Maçônico são
aqueles que existiram no Tabernáculo e no Templo de Salomão, com o
mesmo simbolismo. Com efeito, em um Templo Maçônico temos: as
Colunas do Pórtico, "B" e "J"; o Delta com o nome hebraico de Deus,
sob o dossel, acima no Trono de Salomão, correspondente à Arca da
Aliança; o Mar de Bronze; o Altar dos Perfumes ou do Incenso; a Es-
trela de Cinco Pontas; o Pavimento Mosaico; a Escada de Jacó. No
Templo de certos Graus Superiores, em especial nos Graus Inefáveis,
estão: a Arca, com a Urna do Maná e a Vara de Aarão; a Mesa dos Pães
da Proposição; o Candelabro de Sete Braços; e a Estrela de Seis Pontas,
ou Estrela de Davi.
Jorge Buarque Lyra, em seu livro A Maçonaria e o Cristianismo, já
referido, diz:
"Porém, o Templo que os maçons erigem à glória do G:. A:. D:. U:.,
que é Deus, simboliza o edifício moral e social. Denomina-se também Loja ou
Oficina, o lugar fechado e reservado em que se reúnem só os iniciados. Essa
Loja é também um símbolo, a imagem do Universo. Seu teto, uma abóbada
azulada e pontilhada de estrelas, é a imagem do firmamento, todo bordado de
astros. O Templo (com suas decorações, adornos, alfaias, colunas, altares e
emblemas) representa o Templo de Salomão, obra que foi sempre reputada a
mais perfeita, uma das maravilhas do mundo. Pois é sobre esse maravilhoso
modelo que os maçons erigem o Templo da Virtude".
\

\ O Templo de Salomão 65

'l A Maçonaria trata em seu simbolismo do Templo Humano, "0 Sexto


Templo", um Templo Espiritual, edificado no coração e na mente do ma-
çom, isto é, no seu corpo e na sua alma, para recolhimento do Bem, do
Amor Fraternal, da Beneficência e da Concórdia.
No Livro de João 2:18-21, lemos: "(2.18) Então os judeus pergun-
taram (a Jesus): Que sinal miraculoso nos mostra para provar que
tens autoridade para fazer isto? (2.19) Respondeu-lhes Jesus: Des-
truí este Templo, e em três dias o levantarei de novo. (2.20) Disseram
os judeus: Em 46 anos foi edificado este Templo, e tu o levantarás em
'
\
três dias? (2.21) Mas ele falava do Templo do Seu Corpo".
Em 1 Coríntios 3:16-17, lemos: "(3:16) Não sabeis vós que sois o
\ Santuário de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós? (3:17) Se
alguém destruir o Templo de Deus, Deus o destruirá; porque o Templo
de Deus, que sois vós, é Santo".
O objetivo do Templo é proporcionar aos adoradores um lugar de
comunhão íntima com o criador. Jesus é esse "local" de adoração íntima a
'
l
Deus. Na Bíblia encontramos OS SETE TEMPLOS DE DEUS, represen-
tando, cada um, uma fase da história espiritual da humanidade.
\ O Primeiro Templo: Desde Abel até Moisés não havia Templo para
Deus. As pessoas O adoravam ao ar livre. O próprio Deus disse: "O Céu
é o meu Trono e a Terra, o escabelo dos meus pés. Que casa vós me
edificaríeis? E que lugar seria meu descanso? (/s 66:1 )". Foi somente
depois da saída do povo de Israel do Egito, durante a peregrinação no de-
serto, que Deus falou a Moisés: "E me farão um Santuário e habitarei
no meio deles" (Ex 25:8). Esse primeiro Santuário foi o Tabernáculo, como
já vimos.
O Segundo Templo: Foi o Templo de Salomão, como já estudamos.
Apesar de esse Templo ser magnífico, Deus havia dito que, se o rei, o povo
e seus descendentes não O adorassem com exclusividade, Ele mesmo o
destruiria. Essa profecia se cumpriu, quando Nabucodonosor, rei da
Babilônia, atual Iraque, invadiu Jerusalém, destruiu o Templo e levou
o povo cativo (leia Jeremias 52). Foi esse mesmo profeta que previu
que o cativeiro na Babilônia duraria 70 anos e que, depois, Deus os
traria de volta a Israel (Jr 29:1 0).
O Terceiro Templo: Passados os 70 anos, o rei Ciro, da Pérsia,
atual Irã, e novo dominador do mundo, permitiu a Zorobabel e a um
grupo de 50 mil judeus saírem da Babilônia e retomarem a Jerusalém
para edificar outro Templo ao Senhor (Ed 1). Este foi o Templo de
Zorobabel. Apesar de humilde em relação ao de Salomão, uma profe-
cia da época dizia: "A glória desta última Casa será maior do que a
\ da primeira; e neste lugar darei a paz ".( Ag 2:9)
\ O Quarto Templo: Herodes, o Grande, no ano 19 a.C., começou a
construir o novo Templo de Jerusalém. O edifício principal ficou pronto em
\
um ano e meio. Os átrios foram concluídos em oito anos e o restante
\
66 A Lenda de Hiram nos Graus Inefáveis do R.·.E.·.A :.A:.

levou 36 anos para terminar. Segundo o historiador Josefo, esse Templo


tinha 5 metros a mais de altura do que o Templo de Salomão. Foi nesse
Templo que Jesus entrou e cumpriu a profecia de Ageu 2:7: "E farei tremer
todas as nações, e virá o Desejado de todas as nações e encherei esta
Casa de glória, diz o Senhor dos Exércitos". Ou seja, a glória daquela
última Casa foi maior do que a da primeira não porque tivesse 5 metros a
mais de altura, e sim porque o Desejado de todas as nações entrou naquela
Casa!
O Quinto Templo: Ao declarar "Derrubai este Templo e em três
dias o levantarei", Jesus mudou o conceito de Templo: o Seu corpo é
o verdadeiro Templo em que o ser humano pode orar, louvar, aprender
e adorar a Deus.
O Sexto Templo: Após Sua morte e ressurreição, Jesus transfor-
mou o corpo humano no Templo Vivo de Deus. Jesus disse: "Se al-
guém me ama, guardará minha palavra; e meu Pai o amará, e vire-
mos a ele, e faremos nele morada"(Jo 14:23). Por ser Ele o único que
batiza com o Espírito Santo, Jesus pôde cumprir essa promessa no Dia
de Pentencostes (At 2:4). A condição para se ter a presença de Deus
continua a mesma que o Senhor tinha dito a Salomão: obediência e
exclusividade de adoração. Hoje a Igreja, em cada um dos seus mem-
bros, está vivendo esse momento como Templo de Deus. Nós somos o
Tabernáculo, a Tenda Móvel, o Templo que Anda, a Igreja Viva, o Tem-
plo do Espírito Santo, pois o "Altíssimo não habita em Templos feitos
por mãos de homens".(At 7:48)
O Sétimo Templo: Muito em breve, viveremos o Sétimo Templo,
não por acaso sétimo, o número da Perfeição Divina. Deus sempre
reserva o melhor para o final. Na Nova Jerusalém Celestial não haverá
Templo, assim como no princípio não havia Templo no Jardim do Éden
e, mesmo assim, o ser humano desfrutava da comunhão com Deus. A
profecia diz: "Nela não vi Templo, porque o Seu Templo é o Senhor
Deus Todo-Poderoso e o Cordeiro"(Ap 21:22). Hoje, somos o Templo
de Deus. Amanhã, Deus será nosso Templo.
Terminamos, nesse ponto, nosso modesto estudo sobre o Templo
de Salomão, seus utensílios e seus significados simbólicos e teológi-
cos; apresentamos sua íntima relação com a Maçonaria, por meio do
Templo Maçônico. Foi tarefa difícil, como também tem sido para mui-
tos outros autores, mais estudiosos e competentes do que nós. A descri-
ção condensada, o emprego de palavras técnicas raramente usadas e as
prováveis corrupções do texto bíblico muito dificultam sua interpreta-
ção. Mesmo assim, esperamos que nosso estudo seja útil aos leitores e
que os ajude a melhor compreenderem esse tão complicado tema.
O Templo de Salomão 67

O Templo de Salomão
1
1
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1
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I
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I
1
1
I

'
l. Pátio das mulheres; 2. Câmaras especiais (a da direita superior, usada para o depósito
de madeira queimada no altar; a da esquerda superior, câmara dos nazaritas; a da
esquerda inferior, usada para banhos rituais dos leprosos; a da direita inferior, a câmara
para guarda do azeite e outras provisões); 3. Espaço semissagrado (onde ficavam os
israelitas, cantando e tocando instrumentos durante os rituais); 4. Grande Câmara da
Justiça Divina (utilizada como tribunal para julgamento das questões relativas à lei
judaica); 5. Abatedouro ao ar livre (altar dos sacrificios); 6. O berço do homem (este
altar era um dos locais mais sagrados do Templo; foi ali, naquele pedaço de chão, que
Deus teria criado Adão, segundo os judeus; ali, Abraão ofereceu seu filho Isaac em
I holocausto); 7 . Morada Sacerdotal (local, onde os sacerdotes se aqueciam e dormiam
na noite precedente ao dia dos rituais); 8. Caminho da Fé (entrada do edificio do
1 Templo); ali os sacerdotes ficavam para as orações diárias; só eles podiam cruzar os
portões; 9. Objetos Rituais (Santuário no qual ficavam: a mesa dos pães da proposição;
I o altar do Incenso; e a Menorá, o candelabro de sete braços aceso diariamente); 10.
Santo dos Santos (o lugar Santíssimcb ), ao qual somente o Sumo Sacerdote tinha
acesso; nele ficava a Arca da Aliança, que continha as tábuas com os dez mandamentos .
5. A Lenda de Hiram
Abiff no Grau 3
São dois, tão somente dois, os personagens bíblicos de nome Hirão: a)
Hirão (ou Hiram), rei de Tiro (2Sm 5:11; 1Rs 5:1-18; 9:11-14; 26-28; 10:11,
22; 1Cr 14:1; 2Cr 2:3-16; 8:17, 18; 9:10); b) Hirão (ou Hiram), também
chamado Hiram Abi (ou Hiram Abiff), o arquiteto e artífice do Templo de
Salomão (lRs 7:13-50; 2Cr 2:13, 14; 3:10-22).
A semelhança dos nomes desses dois homens, ambos de Tiro, tem
gerado muita confusão entre os autores maçônicos.
Christopher Knight e Robert Lomas, por exemplo, em O Livro de
Hiram, * na página 33, questionam: "Poderia esse artesão fundidor
(Hiram Abifj) ser considerado o arquiteto do Templo? Um arquiteto é
quem conhece o edifício como um todo, e não o confeccionador de
seus ornamentos, mas, na versão bisada da Bíblia, esse construtor é
mencionado como sendo Hiram Abi, nome que guarda muita semelhan-
fª- com o discutido Hiram Abiff (da Maçonaria)". Na página 44, dizem:
"Depois de ponderar todas as possibilidades, aceitávamos agora que a
pessoa mencionada no ritual maçônico como Hiram Abif.f podia ser o
artesão fundidor levado por Hiram, rei de Tiro, para trabalhar no Tem-
plo de Salomão". Na página 93, afirmam: "Diz-se que (Salomão) es-
cravizou os cananeus que permaneceram em suas terras e que fez uma
aliança com Hiram, rei de Tiro, aquele que efetivamente projetou e cons-
truiu o Templo de Salomão". E na página 104, afirmam: "Então, sabe-
mos agora que Hiram, rei de Tiro, era um brilhante construtor e um
engenheiro extraordinário. Entendemos que a importância que lhe é
creditada nos rituais maçônicos é perfeitamente merecida".
Temos aqui algumas réplicas a essas afirmações. Por tudo que já
escrevemos, com base na Bíblia, sobre a participação de Hiram Abi na
construção do Templo de Salomão e pelo que estudamos a respeito
dos sobrenomes Ab, Abi, Abif ou Abiff, não nos resta a menor dúvida
*N.E.: Obra lançada no Brasil pela Madras Editora.
- 68-
A Lenda de Hiram Abijf no Grau 3 69

'
' de que o Hirão Abi (Hiram Abi) da Bíblia é o mesmo Hiram Abiff da
Maçonaria. A Bíblia em nenhum momento menciona e afirma que
Hirão, rei de Tiro, era construtor e engenheiro e, muito menos, que foi
quem projetou e construiu o Templo de Salomão. Finalmente, a im-
portância que os rituais maçônicos creditam a Hiram, rei de Tiro, é
infinitamente menor do que a que se verifica em relação a Hiram Abiff.
É verdade que, segundo o relato bíblico de 1Rs 5-7, parece que Hiram

' Abiff fora chamado por Salomão, depois de ter sido concluída a construção
do Templo e de seu palácio (1Rs 7: 13). Nesse caso, a participação de Hiram
' Abiff, aparentemente, teria sido na ornamentação e na fabricação dos uten-
' sílios sagrados para o Templo. Porém, segundo o relato de 2Cr 2-4, Hiram
Abiff fora chamado por Salomão, ainda na fase dos preparativos, antes do
início das obras de construção do Templo (2Cr 2: 13). Sua participação,
1
então, foi muito além. Junto com os peritos de Salomão, ele participou dos
projetos, planejamentos, orçamentos, distribuição de atividades e, por sua
' capacidade e experiência, supervisionou as obras.
' Para não continuarmos com essa confusão, utilizaremos Hirão quando
se tratar do rei de Tiro e Hiram Abiff ao se referir ao arquiteto do Templo de
Salomão.
Hirão sucedeu a seu pai, Abibaal, reinou 34 anos e morreu aos 53
'
1
anos. É verdade que foi um grande rei fenício e, em seu reinado, fez
muitas obras em Tiro. Alargou a cidade, construindo um dique no lado
oriental; fez um passadiço, ligando a cidade à ilha, onde estava o Tem-
1 plo de Júpiter, ou Baal-Samém; ergueu uma coluna de ouro nesse
Templo; reconstruiu os velhos santuários, cobrindo-os com cedros
do Líbano; erigiu Templos a Hércules e a Astarté. Porém, não foi ele
propriamente quem fez essas obras, mas seu governo. Teve relações de
íntima amizade com Davi e Salomão. Ajudou Davi na construção de seu
palácio, e a Salomão na edificação do Templo e de seu palácio. Quando
Salomão equipou sua frota em demanda de Ofir, na Arábia, para trazer
ouro, Hirão forneceu os homens entendidos em náutica. Em pagamen-
to, Salomão lhe ofereceu 20 cidades da Galileia.
Quanto a Hiram Abiff, vejamos alguns comentários que a seu res-
peito faz o emérito Rizzardo da Camino em seu livro Simbolismo do
Terceiro Grau, já referido.
O homem de Tiro, que casou com a mãe de Riram Abiff, sendo
esse órfão, criou-o e educou-o com esmero, devendo-se a ele ter sido
Hiram Abiff um homem "com muita sabedoria, compreensão e hábil
artífice".
Com efeito, a apresentação que o rei de Tiro fez a Salomão, a respeito
'
1
de HiramAbiff (lCr 2:13, 14), toma-o um célebre arquiteto, escultor, artífi-
ce exímio em toda obra em ouro, prata, cobre, bronze e ferro; escultor em
madeira e pedras; hábil no trabalho em púrpura, azul, carmesim e em fino
1
linho e tecido, acrescentando ser homem de sabedoria.
1
70 A Lenda de Hiram nos Graus Inefáveis do R.·.E:.A.·.A.·.

A denominação de artífice foi acertada; Hiram Abiff era, sobretudo, um


artista dedicado à escultura; um hábil manejador de panos, ou seja, um mestre
costureiro, se considerarmos que a "púrpura", o "azul", o "carmesim" e o
"linho" eram tecidos destinados à confecção das vestes sacerdotais.
No Livro das Constituições, editado por Entick em 1756, consta so-
bre Hiram Abiff:
"Esse inspirado Mestre foi, sem dúvida, o trabalhador mais arguto,
hábil e singular que já viveu. Suas habilitações não eram, apenas, con-
finadas a construir; mas abrangiam todas as formas de trabalho, quer
em ouro, prata, latão ou ferro; quer em linho, tapeçaria ou bordado;
quer considerado como arquiteto, perito em escultura, fundição ou
desenho, separadamente ou em conjunto. De seu projeto e sob sua
direção foi construído todo o rico e esplêndido mobiliário do Templo e
seus vários suplementos. Acabado o Templo, o rei Salomão o desig-
nou para que, em sua ausência, preenchesse a cadeira de Deputado do
Grão-Mestre e, em sua presença, de Senhor Grande Mestre; Mestre de
Obras e supervisor geral de todos os artistas, bem como daqueles que Davi
havia, anteriormente, procurado em Tiro e Sidom."
Pelas mensagens que Salomão enviou ao rei de Tiro, depreende-se
que Hiram Abiff acompanhou a construção do Grande Templo desde
os seus alicerces e que a planta seria de sua inspiração, pois sempre é
denominado de arquiteto.
Lendo-se o relato bíblico, temos a impressão de que o artífice abarca-
va, em suas mãos, toda a responsabilidade da construção do Grande Tem-
plo, executando os planos, elaborando os desenhos, fazendo as fundições e
as esculturas, administrando os trabalhadores, efetuando o pagamento
e ainda atendendo toda sorte de dificuldades que surgiam.
Assim, sendo Hiram Abiff o Supervisor da Obra, participava das
reuniões com o rei Salomão, dando-lhe sua orientação técnica.
Dentro da distribuição maçônica de poderes, vemos na Loja de
Aprendiz a representação do rei Salomão como a da Coluna da Sabe-
doria; a Sabedoria aplicada na concepção do Grande Templo. O rei de
Tiro, Hirão, vem representado pela Coluna da Força; o fornecedor da
matéria; quem possibilitou a construção. Finalmente, a Coluna da Be-
leza é simbolizada por Hiram Abiff.
Sobre esse real personagem bíblico, por sua importante participação na
construção do Grande Templo de Salomão, a Maçonaria criou uma lenda,
pela qual transmite aos seus iniciados uma série de ensinamentos sobre ética,
moral, coragem, heroísmo, fidelidade, dever, dedicação, desprendimento.
Essa lenda, na verdade, é um importante Landmark da Maçonaria,
constatado em qualquer língua ou país. Chama-se Landmarks ao conjunto
de leis sobre o qual se baseiam os princípios fundamentais da Maçonaria; são
as leis antigas codificadas em 25 artigos, por Alberto G Mackey, considerado
A Lenda de Riram Abiff no Grau 3 71

hoje o mais sábio intérprete dos mistérios da Maçonaria. O Landmark nº 3


estabelece, como base importante e imprescindível, a lenda de Riram Abiff.
Essa lenda apresenta pequenas variações de Rito para Rito, nas cir-
cunstâncias e nomes; porém, em sua essência é uma e a mesma coisa: um
herói que se sacrifica em prol da Verdade, da Justiça e do Bem, contra a
ignorância, o fanatismo e a ambição.

A Lenda
A versão mais comum a respeito da Lenda de Riram Abiff no
Grau 3 é a seguinte:
David, rei de Israel, tinha a intenção de erguer um Templo a Deus e,
para esse fim, acumulou grandes tesouros. Tendo, porém, se desviado dos
caminhos da virtude, faltou-lhe a proteção divina. Dessa maneira, a glória
da edificação coube ao seu filho Salomão, que, antes de dar início à cons-
trução do Templo, solicitou a seu aliado Rirão, rei de Tiro, que lhe enviasse
o mais célebre arquiteto do seu reino; foi-lhe, então, enviado Riram
Abiff, filho de uma viúva, grande perito em arquitetura, a quem Salomão,
conhecendo-lhe as virtudes e os talentos, confiou a direção dos Obreiros,
cercando-o de todas as honras de que era merecedor.
Assumindo a supervisão dos trabalhos e a direção dos Obreiros,
Riram Abiff reunia-os em torno de si dando golpes com seu malhete
em uma rocha, não só manualmente, para entrega das ferramentas,
mas também à tarde, para o pagamento dos salários. Como as obras
eram muito trabalhosas; os Obreiros em grande número, orçados em
153 mil, fora os mestres que os dirigiam e vigiavam; e, como sendo eles
provenientes de diversos países, não tinham todos o mesmo preparo.
Riram Abiff, para perfeita distribuição do trabalho, dividiu-os em três
classes, de acordo com os conhecimentos e a competência de cada um.
Os operários comuns (Aprendizes) reuniam-se na Coluna do Norte (Co-
luna B :. ); os mais instruídos (Companheiros), na Coluna do Sul (Colu-
na J :.); e os chefes ou arquitetos (Mestres), na Câmara do Meio, onde
entravam levando à cabeça seus chapéus.
Pela dedicação e pelo esforço empregado, os Obreiros mais destaca-
dos podiam subir de categoria, recebendo, então, aumento de salário. Dentre
os Companheiros mais dedicados, hábeis e mais dignos, Salomão pretendia,
no término das obras, elevar a Mestre aqueles que realmente merecessem,
para que, quando retomassem à sua pátria, tivessem melhores condições de
ganhar a vida, como Mestres construtores.
Quando a construção chegava ao seu final, 15 Companheiros que
' ainda não haviam completado seu tempo de estudos e experiências, mas
que ansiavam regressar aos seus países de origem, combinaram arran-
'
1 car, de Riram Abiff, a Palavra de Mestre, com a finalidade de frequentar
72 A Lenda de Riram nos Graus Inefáveis do R.·.E.·.A.·.A.·.

a Câmara do Meio, embora indevidamente. Conseguido que fosse esse


intento, regressariam ao país de origem, e aí seriam reconhecidos como
Mestres construtores, recebendo melhores salários.
Doze desses Companheiros logo se arrependeram do que haviam
combinado e faltaram ao encontro; três, todavia, Jubelas, Jubelos e
Jubelum, levaram avante o projeto; aguardaram para isso a hora do sol a
pino (em seu zênite) e, penetrando no Templo, cada um ocupou uma das
portas do recinto (no Sul, no Ocidente e no Oriente), pois por uma delas
deveria sair o Mestre Hiram Abiff, ao terminar a fiscalização dos traba-
lhos e completar as orações que fazia no Santuário.
Quando Hiram Abiff pretendeu sair pela porta do Sul (na saída
meridional), foi interceptado por Jubelas, o primeiro dos Companhei-
ros, que lhe exigiu a revelação da Palavra de Mestre, ao que ele res-
pondeu: "Não será por esse meio que a obtereis; tende paciência e
completai vosso tempo, com perseverança e zelo, que a tereis. Além
disso, só a recebereis em presença dos reis de Israel e de Tiro, pois
jurei só revelá-la na presença de ambos". Desgostoso com a negativa,
o Companheiro dá-lhe uma pancada com a Régua de ferro de 24 pole-
gadas, de que se munira; Hiram Abiff, porém, desviando o rosto, é
atingido na garganta.
Em seguida, para fugir ao seu agressor, Hiram Abiff corre para a
porta do Ocidente, onde o segundo Companheiro, Jubelos, lhe faz a mes-
ma exigência e, ao receber a mesma resposta, dá-lhe forte pancada no
coração com a ponta do Esquadro, ferindo-o no peito. Atordoado,
Hiram Abiff tenta sair pela porta do Oriente e encontra o terceiro Com-
panheiro, Jubelum, o qual, também contrariado por mais uma ne-
gativa do Mestre, dá-lhe forte pancada na cabeça com o Malho,
matando-o. Desesperados por haverem cometido um crime inútil,
pois não tinham conseguido o que desejavam, os malfeitores es-
conderam o corpo sob um monte de escombros; à noite, porém,
temendo que o corpo fosse descoberto, envolveram-no em um pano
negro e o enterraram em outro local, no Monte Moriah, assinalando
a sepultura com um ramo de acácia.
No dia seguinte, já passado do meio-dia, estando os trabalhos
parados e havendo grande tumulto, Salomão procurou saber o que
estava acontecendo. Ao ser informado da ausência do Mestre Hiram
Abiff, que sempre era o primeiro a comparecer ao trabalho, o rei per-
guntou se havia sido feita a chamada dos Obreiros e, então, foi constatada
a ausência dos três Companheiros, de quem Salomão já desconfiava,
por certos rumores que tinha ouvido. Preocupado e temendo que hou-
vesse sucedido alguma desgraça ao querido Mestre Hiram Abiff, o rei
mandou um grupo de Mestres à sua procura e o resultado da busca foi
negativo; Salomão então mandou que fosse dobrado o número dos
pesquisadores e estes trouxeram tristes e dolorosas notícias do Oci-
dente, sobre o Mestre Hiram Abiff.
l A Lenda de Hiram Abiff no Grau 3 73
l

' Diziam, os que participaram da busca em Jopa, na direção do


Oeste, que, parando à entrada de uma grande gruta, ouviram vozes.
Uma delas dizia: "Ai de mim! Preferiria ter a garganta cortada, a lín-

1 ' gua arrancada e meu corpo enterrado nas areias da praia, onde a
maré faz fluxo e refluxo, do que ter sido cúmplice do assassinato do
l nosso Mestre Hiram Abiff". A segunda voz também era de lamento: "E
eu, desgraçado que sou! Preferiria que me arrancassem o coração
'\
para servir de pasto aos abutres, a ter sido cúmplice do assassinato
de tão excelente Mestre". E a terceira voz, em desespero, dizia: "Não
se culpem. O miserável sou eu! Foi o meu golpe de Malho que o ma-
' tou! Quisera, antes, que me dividissem o corpo ao meio, sendo uma
parte lançada ao Meio-dia e a outra ao setentrião, do que ter sido o
'
l infame assassino de nosso Mestre Hiram Abiff".
Presos, os assassinos foram levados à presença de Salomão, para
l julgamento; e, no caminho, um deles confessou tudo o que haviam feito. O
\ rei, então, louvando o zelo dos Mestres, ordenou que os três Compa-
nheiros fossem levados para fora dos muros da cidade e que cada um
l fosse punido com a própria sentença que haviam proferido na gruta.
Salomão então enviou um grupo de Mestres para descobrir o corpo
'\ do grande homem Hiram Abiff e dar-lhe sepultura condigna de sua
posição e de seus elevados méritos. Seguiu-se, então, a procura da tum-
\ ba, e, uma vez encontrado o corpo, este foi exumado e transladado para o
Templo de Salomão, onde se procederam as exéquias. Girando, todos,
' em tomo do esquife, no qual jazia Hiram Abiff, com o S:.de A:., um
dos Mestres tentou levantar o corpo com o T:.de A:. em sua m:.d:.;
porém não conseguiu seu intento, pois lhe escapou da mão. Girando,
' todos, segunda vez, em tomo do esquife com o S:.de C:., outro Mes-
' tre procurou levantar o corpo com o T :. de C:. e, mais uma vez, lhe
escapou da mão. Finalmente, girando todos pela terceira vez em tomo
' do esquife com o S :.de M :. , Salomão, auxiliado por mais dois, con-
seguiu erguer o cadáver do Mestre, pelos C:. PP :. de P : ..
Dessa forma, Simbolicamente, o Mestre ressuscita. Como a Pala-
vra de Mestre havia sido perdida (o moto da Lenda), a nova Palavra
ficou sendo aquela pronunciada pelos Mestres, quando eles exuma-
ram o corpo de Hiram Abiff: a c:. s :. d :. dd :. aos: ..
Depois que os três Companheiros assassinos foram sentenciados
com a punição que para si mesmos pediram, Salomão ordenou que fos-
se re-enterrado o Saudoso Mestre. Efetuou-se, então, a inumação do
corpo, tão próximo do Santuário Interior quanto o permitiam as leis
israelitas. Não foi sepultado nesse Santuário, porque ali só tinha entrada o
Sumo Sacerdote apenas uma vez por ano, no Dia da Expiação dos pecados
do povo.
74 A Lenda de Riram nos Graus Inefáveis do R.·.E.·.A.·.A:.

Termina assim a Lenda de Hiram Abiff no Grau 3. Fizemos sua des-


crição compilando-a do Ritual de Mestre Maçom da Grande Loja Maçôni-
ca do Estado do Rio de Janeiro (GLMERJ), e da narrativa do Irmão José
Castellani, no seu já referido livro A Maçonaria e sua Herança Hebrai-
ca, Editora Maçônica A TROLHA, 1ªedição, páginas 140 a 143.
Segundo outra versão da lenda, extraída da Simbologia Maçônica,
volume I, do Irmão Augusto Franklin Ribeiro de Magalhães, Rio de
Janeiro, 1976, na manhã seguinte à morte de Hiram Abiff pelos três
maus Companheiros, e informado de seu desaparecimento, Salomão
ordenou as necessárias sindicâncias; foi então inteirado do conluio
inicial pelos 12 Companheiros dissidentes, que o procuraram revesti-
dos de seus aventais e luvas brancas, em sinal de inocência.
Como prova de arrependimento e lealdade, o rei Salomão enviou
esses 12 Companheiros à procura de Hiram Abiff, com a promessa de
serem elevados a Mestres, se eles tivessem êxito; mas, depois de cinco
dias, retornaram para confessar o insucesso.
Fez, então, o rei Salomão partir nove Mestres, que se dividiram em
grupos, seguindo diversas direções pelo Monte Moriah, mas sem seguir
pela região norte. Um deles, Stolkin, extenuado de cansaço, resolveu
sentar-se sobre um tronco de árvore para descansar e notou que a ter-
ra, ali, demonstrava ter sido removida há pouco tempo. Chamou os
demais e, juntos, escavaram o sítio, encontrando o cadáver.
Cobrindo-o novamente com a terra retirada, cortaram um ramo de
acácia e o enterraram por cima, para marcar o lugar, voltando então a
Jerusalém, para dar conta da missão a Salomão.
Recomendou-lhes este que procedessem à exumação, transladando o
cadáver para a cidade; e, tendo dúvida sobre a possibilidade da transmissão
da palavra, por Hiram Abiff, resolveu substituí-la, determinando que
fosse aproveitada para isso a palavra que fosse pronunciada pelos
Mestres no ato da exumação.
Assim, revestidos de seus aventais e com luvas brancas, aqueles nove
Mestres puseram a descoberto o cadáver e fizeram um sinal de horror,
porque o corpo já se achava em plena decomposição, o que os fez
exclamarem a um só tempo: a c:. s:.d:. dd:. oos:..
Procuraram levantar o cadáver. Um Mestre segurou-lhe o dedo ín-
dice da m:.d:., pronunciando a palavra B:., porém o braço caiu inerte
ao longo do corpo; o segundo tomou-lhe o dedo polegar da mesma mão
e proferiu a palavra J :. , mas também não foi feliz; o terceiro pegou o
punho da mesma mão, formando uma garra, colocou sua mão esquerda
por cima da espádua direita do corpo de Hiram Abiff e o levantou do
chão pelos C:.PP:.de P:.de Mestre, dizendo aflito M:.B: ..
E assim, colocado em um esquife, o conduziram para Jerusalém. O
rei Salomão tributou faustosas pompas fúnebres fazendo inumar o cadáver
no próprio recinto do Templo.
'
1
A Lenda de Hiram Abiff no Grau 3 75

1
Procedidas as exéquias, Salomão mandou nove Mestres procurarem
os três Companheiros já reconhecidos como criminosos e que tacitamente
confessavam sua culpa, por estarem faltando ao trabalho.
Presos, os assassinos tiveram suas cabeças cortadas e expostas du-
rante três dias no próprio lugar do delito, sendo depois queimados e suas
cinzas atiradas ao vento.
Salomão depositou no subterrâneo do Templo a palavra impro-
nunciável. Em uma abóbada secreta, mandou colocar um pedestal
triangular, que denominou de Ciência (Pedra Cúbica de Topo). Des-
cia-se a esse subterrâneo por uma escada de 24 degraus, em grupos
de 3, 5, 7 e 9.
Existem várias outras versões para a lenda de Hiram Abiff; po-
rém, essas duas aqui descritas são as mais conformes com seu desen-
volvimento ao longo dos Graus Inefáveis.
Antes de empreender o estudo dos diversos significados simbóli-
1 cos contidos na lenda, devemos fazer algumas considerações importantes.
Primeiro, pareceu-nos inútil complicar o relato pela introdução
1 dos adornos de que a decorou a imaginação de alguns. Assim, por
exemplo, alguns autores misturaram com essa lenda o relato dos amo-
' res de Hiram Abiff com Balkis, rainha de Sabá, e lhe introduziram
'
1
Salomão como cúmplice da morte de Hiram Abiff.
Outra nota curiosa é a mudança dos nomes dos três Companheiros
assassinos, nos diversos Ritos e Graus, conforme suas aplicações, sendo
' que alguns Ritos, como o York, Schrõder e Francês, não os mencionam. Em

' geral são: Jubelos, Jubelas, Jubelum; ou Jubelo, Jubela, Jubelum, que seriam
a corruptela latina de "Zabulon ", levada, respectivamente, ao mascu-
lino, ao feminino e ao neutro; ou Schterké, Habbhen e Austersfurth,
nos países de língua germânica; ou Romvel, Abiram e Gravelot; ou
Giblos, Giblas Giblon; em dado Rito, Jubelum é transformado em
Abibalah, um pouco antes de sua morte. Para o templário, são: Squin de
Floriano, Noffodei e o Desconhecido, por cujas disposições Felipe, o Belo,
acusa a Ordem perante o papa, ou melhor, os três abomináveis Felipe, o
Belo, Clemente V e Noffodei. O Rosa-Cruz de França os substitui por
Judas, Caifás e Pilatos, os três responsáveis pela morte de Jesus. Na Rosa-
Cruz de Kilwinning, os três assassinos da Beleza são Caim, Hakan, Héni.
Dessa forma, os nomes dos três Companheiros são irrelevantes,
porque a lenda é uma simples alegoria moral, na qual eles simbolizam a
inveja, a ambição e a ignorância, que procuram subjugar a Sabedoria e
a Verdade, representada por Hiram Abiff.

1
1
76 A Lenda de Hiram nos Graus Inefáveis do R.·.E.·.A.·.A.·.

Simbolismo da Lenda
O Ritual de Mestre Maçom da GLMERJ nos diz que "o Grau de
Mestre Maçom, dentre todos os demais, é talvez o que representa com
mais propriedade e perfeição os antigos mistérios de Ísis e Osíris
do Egito".
Osíris (rei e deus dos egípcios) realizou em seu governo uma longa
viagem para abençoar as nações vizinhas com seu conhecimento das leis,
artes e ciências. Seu irmão Tifão (deus do Inverno), por ciúmes, conspirou
para assassiná-lo e roubar seu reino. E assim aconteceu; aprisionou Osíris
em um caixão e o lançou ao mar. Ísis, irmã e esposa de Osíris e sua
rainha (e também deusa da Lua), partiu à procura do corpo de seu
marido, investigando tudo o que encontrou. Após várias aventuras,
ela encontrou o corpo no caixão, com uma acácia próxima à parte da
sua cabeça. Retomando ao lar, ela secretamente enterrou o corpo, pre-
tendendo dar um verdadeiro enterro assim que os preparativos fossem
feitos. Tifão, por traição, roubou o corpo, cortou-o em 14 pedaços e os
escondeu em diversos lugares. Ísis então fez uma segunda busca e loca-
lizou todos os pedaços, com exceção do falo. Reuniu todo o corpo e o
ressuscitou. Ela, então, fez um falo substituto, consagrou-o, e ele
tornou-se um substituto sagrado e objeto de adoração.
Esta é, em forma bastante abreviada, a lenda egípcia de Ísis e
Osíris. Ela é, sem dúvida, a base da Lenda maçônica de Hiram Abiff.
Outrora, o Iniciado nos mistérios de Osíris aprendia que havia a -.
possibilidade de o homem ter uma vida diferente da vida física. Ensi-
nava-se-lhe que a entrada e a saída da existência são guardadas pelo
terrível mistério da morte. Para exprimir simbolicamente esse misté-
rio, o Iniciado era envolvido em faixas e colocado em um ataúde; ao
seu redor se ouviam cantos tristes e majestosos e depois ele renascia.
Era-lhe revelada uma luz nova, e seu cérebro, fortalecido pela vitória
sobre o terror da morte, abria-se a ideias mais nobres, a devotamentos
mais sublimes.
Hoje, graças à dedicação dos Irmãos que nos precederam, as
ciências profanas transformaram a vida social. O domínio das forças
morais sobre as físicas saiu das antigas universidades, dos Templos
fechados, para entrar nos laboratórios; e como o Pelicano que dá seu
sangue para alimentar sua progênie, o sábio contemporâneo, o verda-
deiro vidente na humanidade ainda cega, dispensa aos profanos sua
ciência e sua dedicação.
A tradição dos símbolos é, também, uma ciência viva. Ela permi-
te àquele que a possui adaptar seus conhecimentos às necessidades de
seus Irmãos; soerguer uma sociedade que naufraga; amparar e reani-
mar um coração sem coragem e projetar a luz até onde as próprias
trevas parecem ter seu domínio absoluto.
A Lenda de Riram Abiff no Grau 3 77

Outrora, repetia-se ao Iniciado a história de Osíris, sua dilaceração,


sua reconstituição por Ísis, e as danças simbólicas dos Iniciadores reve-
lavam os mistérios que a palavra era incapaz de traduzir. Cada centro
' instrutor possuía uma história simbólica, lenda aparentemente frívola

' para os não Iniciados, mas que servia de base a todos os ensinamentos
dos mistérios.
' À Maçonaria, herdeira direta dessas antigas Fraternidades Iniciáticas,

l
' não falta, também, sua história simbólica.
A Lenda de Hiram Abiff contém a chave das maiores adaptações
simbólicas que a Ordem maçônica pode preencher. Sob o ponto de vista
' social, é a adaptação da inteligência aos diversos gêneros de trabalho; a
divisão das forças sociais concorrendo com a harmonia do todo, e o
l lugar dado ao Mestre por seu saber, são todos ali desenvolvidos. Sob
o ponto de vista moral, ensina a lei terrível que faz com que aquele que

' auxiliamos e instruímos, se revolte contra nós e nos procure matar, pois,
segundo a fórmula da Besta Humana, "o Iniciado matará o Iniciador".
' Praticamente, enfim, é a certeza de que todo o sacrifício é a chave de
' uma satisfação futura, é o ramo da acácia que nos guiará para o túmulo
daquele que se sacrificou por nós. Tudo isso é eternamente vivo para o
'
1
cérebro que compreende e indica um ensinamento que pode sempre
ser transmitido à humanidade, qualquer que seja a evolução da socie-
l dade profana.
\ Que nossos antigos Irmãos do século XVIII tenham visto nessa
lenda uma representação mitológica da marcha do Sol; que outros ali

' descubram adaptações filosóficas, isso nada importa, pois toda lenda
verdadeiramente simbólica é a chave universal de todas as manifesta-
ções físicas, morais e espirituais.
Assim, podemos compreender a razão de ser dos mistérios de que
participamos, e podemos saber por que a Maçonaria deve respeitar a
tradição e os símbolos que foram confiados a seus Mestres Iniciadores.
O emérito Papus (Dr. Gerard Encausse), em seu livro O que Deve
Saber um Mestre Maçom, páginas 97 a 109, consigna que: "os mitólogos
modernos procuram mostrar que todas as histórias referentes às di-
vindades hindus, egípcias, gregas, romanas e mesmo a Cristo não
passavam de representações mais ou menos perfeitas da marcha do
) Sol. Daí o nome de mitos solares, dado a todos esses relatos".
Isso é verdadeiro, em parte, porém ali não se deve ver apenas
' esse sentido astronômico. Um dos métodos da Ciência Oculta, a Analogia,
pode nos esclarecer esse assunto.
Sendo a lenda de Hiram Abiff uma história simbólica, vejamos a
razão de ser desse gênero de símbolos, e poderemos mais bem com-
preender os comentários que daí deduzirmos e fizermos, ao longo desse
trabalho.
78 A Lenda de Hiram nos Graus Inefáveis do R.·.E.·.A.·.A.·.

Se for verdade que uma mesma lei governa todos os fenômenos da


Natureza, expor um desses fenômenos é mostrar todos os outros. Eis as
bases da analogia.
Tomemos três exemplos para explicar isso: a evolução de um grão de
trigo, a marcha do Sol e a fabricação da pedra filosofai, e vejamos se esses
três fatos não são governados pela mesma lei.
O grão de trigo destina-se a produzir uma espiga completa. Mal é se-
meado na terra, trava-se uma luta violenta entre o germe que ele contém e os
elementos exteriores. Em certo momento o grão de trigo fica podre, parece
morto para sempre; é precisamente nesse momento que ele está mais vivo do
que nunca. Do seio dessa podridão, dessa negrura, desse caos, ergue-se o
novo ser, que se dirige para a luz; isso feito, o grão de trigo acaba de adquirir
sua imortalidade nos numerosos rebentos que vai produzir.
O Sol destina-se a dar vida a todos os seres planetários que gravitam ao
seu redor, assim como a tudo o que os cobre. Mal começa seu curso fecun-
dante, trava-se uma luta na terra entre suas boas influências e as geadas. O
inverno triunfa logo depois. O Sol não é mais benfazejo! Ele parece estar
morto para sempre. No entanto, é quando a morte parece mais triunfar que a
vida possui sua maior força. O inverno, orgulhoso de sua crueldade, crê que
é o senhor para sempre, quando a criança gestante sob sua branca mortalha
triunfa afinal. O inverno cai diante da primavera radiosa que se levanta,
imortalizando por toda a parte os germes da procriação.
A pedra filosofai destina-se a produzir a grande obra do homem. Mal
os elementos que a constituem se apresentam no anotar, trava-se uma luta
entre eles. As belas cores desaparecem e a massa parece apodrecida
para sempre; tudo fica negro como a cabeça de um corvo. É então que
o ignorante se desola e que o sábio se regozija. Do seio desse caos
surge, ao fim de algum tempo, a brancura esplendente, o índice de
vida; as cores aparecem progressivamente, e os elementos da pedra
acabam de se tornar imortais nas transmutações que produziram.
Não é muito difícil reencontrar-se nesses três fenômenos uma lei, a
da luta da vida contra a morte, cujas fases podem assim ser enunciadas:
Primeira fase: A luta se estabelece entre a vida e a morte. A vida é
mais fraca e cede à morte. Materialização Progressiva: o grão de trigo
apodrece. O outono aparece com o degelo. Alteram-se as cores da obra.
Segunda fase: A morte parece triunfante. É então que a vida luta
com mais força. Equilíbrio entre a Materialização e a Espiritualização:
o germe é incubado pela podridão. O inverno abriga os filhos da primavera.
Cores brilhantes vão sair na negrura.
Terceira fase: A vida triunfa por sua vez. A morte é de novo vencida.
Espiritualização Progressiva: A espiga aparece. A primavera se mani-
festa. Mostram-se as belas cores da pedra.
Os significados simbólicos da lenda de Hiram Abiff baseiam-se
nessa maravilhosa lei universal: de um homem sábio, forte e virtuoso,
\
A Lenda de Riram Abiff no Grau 3 79
)

\
morto por uma perversidade qualquer; da ressurreição triunfante do
bom e da punição dos culpados.
Nas antigas Iniciações egípcias, quando o véu que cobria o santuário
acabava de baixar diante dos profanos, o recipiendário assistia a uma estra-
)
nha cena. O grande sacerdote lhe repetia a história da morte de Osíris, que
\ todo egípcio conhecia desde a sua infância; mas o futuro Iniciado entrevia
nessa nova maneira de expor a lenda um lado misterioso até então desper-
\
cebido por ele. Logo as provas de Iniciação psíquica iam esclarecê-lo mais.
\ Joseph-Marie Ragon, em seu livro Ortodoxia Maçônica,* página
\ 101, nos diz:
"No Egito, o 32 Grau se chamava Porta da Morte. O ataúde de Osíris
\ que, por causa de seu assassinato, suposto recente, continha ainda vestígios
1 de sangue, erguia-se no meio da sala dos mortos, onde se fazia uma parte
da recepção. Perguntava-se ao assistente se ele havia participado do as-
l sassinato de Osíris; depois de outras provas e em decorrência de suas ne-
l gativas, dava-se-lhe ou fingia-se que se lhe dava um golpe de acha.
Ele era deitado de costas, coberto de faixas como as múmias; gemia-se
)
ao redor dele; brilhavam clarões; o suposto morto estava envolto de
\ fogo, e depois retornava à vida."
) Na moderna Iniciação maçônica, o recipiendário, seja um bravo
militar ou um professor universitário, fica admirado de ouvir repetir a
1 história do assassinato do artífice bíblico. O sentido do simbolismo é a tal
\ ponto ignorado em nossa época que o espírito fica desconcertado diante
desses ritos, que, embora admiravelmente concebidos, passam no con-

' texto de alguns como lendas ridículas ou despidas de interesse.


Papus, em seu livro já referido, continua nos dizendo: "Como
todas as histórias simbólicas, a lenda de Hiram Abiff encerra vários
significados, que podem ser classificados em três grupos: o natural, o
moral e o psíquico".

1) Significado Natural
Em seu significado natural ou físico, a lenda pode ser considerada
sob dois aspectos: o social, aplicado às leis sociais, e o astronômico,
desenvolvendo um mito solar.
Aspecto social: Dividindo os operários de acordo com sua expe-
riência e dando-lhes a possibilidade de ascensão, conforme seu traba-
lho e seu aprendizado, Riram Abiff mostra essas duas lições: a cada
\ um segundo suas aptidões; e a cada um segundo seus méritos. Ou
seja: um homem não deve fazer nada além da sua capacidade e só
\ pode progredir caso tenha merecimento, e não com o uso de recursos
\ escusos, ilegais, imorais, como no caso dos três Companheiros.
1
*N.E.: Obra lançada no Brasil pela Madras Editora

l
80 A Lenda de Riram nos Graus Inefáveis do R:.E.·.A.·.A.·.

Trata-se, aqui, de uma das mais belas ideias sociais. Na obra empre-
endida por Riram Abiff não há preguiçosos; todos são obreiros. Compreen-
dendo, todavia, que a liberdade do homem deve ser respeitada acima de
tudo, Riram Abiff deixa cada um assumir na sociedade o trabalho que pos-
sa levar a bom êxito, e desde a base de sua organização proclama o princí-
pio: A cada um segundo suas aptidões.
Uma vez estabelecidas as três classes, aparece a hierarquia social.
Em toda a parte, e sempre, encontrar-se-ão dirigentes e dirigidos; é uma lei
natural.
O meio estabelecido por Riram Abiff para se tornar membro da
classe dirigente não é a hereditariedade dos títulos e cargos políticos;
nem a hereditariedade da fortuna submetendo os pobres ao despotis-
mo de um ser imoral e depravado; nem a intriga, dando colocações
aos mais protegidos; mas, a dignidade. Nada impede àquele que quei-
ra galgar a primeira posição na sociedade de Riram Abiff. Basta ser
digno.
Tudo segundo o mérito e não a hereditariedade, o saber e não a
fortuna, tudo por concurso e não por intriga, tal é a expressão da se-
gunda fórmula social de Riram Abiff.
Aspecto astronômico: Este tem sido tratado com bastante autori-
dade por todos os autores maçônicos. É como um mito solar que os filiados
consideram quase exclusivamente a lenda de Riram Abiff, tal qual o
atestam as passagens seguintes.
Ragon, em seu livro Ortodoxia Maçônica, nos diz:
"O Sol, no solstício de verão, provoca, entre tudo o que respira, os
cantos da renascença; daí que Riram Abiff, que o representa, possa
dar, a quem de direito, a palavra sagrada, isto é, a vida. Quando o Sol
desce nos signos inferiores, começa o mutismo da natureza. Riram
Abiff não pode, pois, dar mais a palavra sagrada aos Companheiros
que representam os três últimos meses inertes do ano. O Primeiro Com-
panheiro é tomado como tendo contundido fracamente Riram Abiff
com uma régua de 24 polegadas, imagem das 24 horas que dura cada
revolução diurna: primeira distribuição do tempo que, depois da
exaltação do grande astro, atenta fracamente contra a sua existência
dando-lhe o primeiro golpe. O segundo ferimento com um esquadro
de ferro, símbolo da última estação, figura nas intercessões de duas
linhas retas que dividiram em quatro partes iguais o círculo zodiacal,
cujo centro simboliza o coração de Riram Abiff, em que se juntam as
pontas dos quatro esquadros figurando as quatro estações : segunda
distribuição do tempo que, nessa época, assenta um novo e maior gol-
pe na existência solar. O terceiro Companheiro o fere mortalmente na
testa com um forte golpe de malho, cuja forma cilíndrica simboliza o
ano que quer dizer círculo, anel: terceira distribuição do tempo, cuja
conclusão assenta o último golpe na existência do Sol expirante. Nessa
A Lenda de Hiram Abiff no Grau 3 81

interpretação se conclui que Riram Abiff, fundidor de metais, se tomou o


herói da nova lenda com o título de Arquiteto, e é o Osíris (o Sol) da Inicia-
ção moderna; que Ísis, sua viúva, é a Loja (emblema da terra e em sânscri-
to Loka, o mundo), e que Hórus, filho de Osíris (ou da luz), é o filho da
l viúva, é o maçom, isto é, o Iniciado que habita a Loja terrestre (filho da
1 viúva e da luz)".
Lenoir, em seu livro La Franc-Maçonerie, página 287, nos diz:
' "Assim, os três pérfidos Companheiros traem seu Mestre, como o fez
Tifão em relação a Osíris, e diz-se na narração: Riram Abiff se apre-
senta à porta do Ocidente para sair do Templo. É precisamente o que
faz o Sol, supondo que esse astro tome por domicílio o signo do cor-

' deiro, no primeiro dia da primavera, e que, no último dia do verão, ou


no dia da vigília de sua morte, que tem lugar na balança, ele desça
' para o horizonte pela porta do Ocidente. Se agora examinarmos a posi-
ção do cordeiro no Oriente, veremos perto dele o grande Órion, de bra-
ço erguido, tendo um maço, em atitude de o ferir. Ao Norte, veremos
Perseu, de arma na mão e em atitude de um homem pronto para dar
um mau golpe. O assassinato de Riram Abiff, tomado no estilo figura-
do ou alegórico, é como a paixão de Osíris, de Adônis, de Atys e de
Mitra,* um produto da imaginação dos sacerdotes astrônomos, que
tinham por objetivo a representação da ausência do Sol da terra. O
enredo que se nos apresenta sobre Riram Abiff é completo, pois o Sol
nos faz ver também os nove Mestres que vão à procura de seu corpo.
E, se volvermos as vistas para o Ocidente, do horizonte, quando o Sol
se deita no cordeiro, veremos ao redor dessa constelação Perseu,
Factonte e Órion. Seguindo-se assim as constelações que decoram o
Céu nessa posição, notar-se-á, ao Norte, Cefeu, Hércules e Boates, e
ao Oriente veremos o Centauro, o Serpentário e o Escorpião. Todos
marchando com ele e o seguindo passo a passo até o instante de sua
nova aparição no Oriente."
Vejamos, agora, o que nos diz Joaquim Gervásio de Figueiredo
sobre a Lenda de Riram Abiff, em seu magnífico Dicionário de Maçonaria:
"Esse belo e singelo mito iniciático vincula a Maçonaria aos sis-
' temas congêneres da Fenícia e da Judeia e aos antigos cultos egípcios,

' assírios, hindus, gregos, particularmente da Samotrácia, e cristãos, onde


se comemoram a morte e ressurreição de Osíris, Tamuz , Krishna,
' Adônis e Cristo, considerados como encarnações divinas entre seus
' respectivos povos, em épocas diferentes. Astronomicamente, esses al-
tos e divinos heróis-mártires personificam o Astro-Rei, o Sol, tomado
' na Antiguidade como o mais majestoso símbolo da divindade, eterna-
mente se sacrificando para alentar, iluminar e libertar a humanidade

*N.E.: Sugerimos a leitura de Os Mistérios de Mitra, de Franz Cumont, Madras


Editora.
82 A Lenda de Hiram nos Graus Inefáveis do R.·.E.·.A.·.A.·.

das trevas. Anualmente o Astro-Rei morre ou se eclipsa ao penetrar apa-


rentemente nos signos inferiores do zodíaco, e fica sepultado durante o
solstício de inverno (no Hemisfério Norte), para depois ressuscitar estuante
e esplendente de poder e glória no equinócio da primavera. Por isso era
então o Sol tradicionalmente homenageado como uma bela e alegórica re-
presentação natural dos heróis, semideuses e salvadores nacionais ou regi-
onais, e daí as antigas festividades solsticiais e equinociais, ainda
rememoradas no Cristianismo e na Maçonaria. Segundo diversas passa-
gens bíblicas, os hebreus também tributaram honras semelhantes a outros
deuses, a ponto de os profetas os censurarem (Ez 8:14), e o próprio rei
Salomão não foi sempre monoteísta ortodoxo (1Rs 11:5-7), quiçá por seu
respeito às crenças dos países vizinhos e às várias tribos que ele governa-
va. Demonstrou esse mesmo espírito universalista e conciliador na constru-
ção de seu Templo místico de Jerusalém, em que os três principais arquitetos
do Templo representam três linhas de tradição diferentes: Salomão, herdei-
ro da linha de sucessão derivada de Moisés, iniciado nos mistérios egípcios;
Hirão, rei de Tiro, conservando a descendência caldeia; e, Hiram Abiff,
descendente de uma linha independente, porém de origem e costumes mais
tribais e primitivos. Hoje, em escala mais ampla, essa universalidade conti-
nua a ser a característica da Maçonaria, que sempre visou e visa erguer e
fortalecer em todos os quadrantes do mundo as três colunas emblemáticas
dos superiores atributos representados por esses três personagens, e de
cuja estabilidade e progresso depende o bem-estar das nações: a Sabedoria
de Salomão, a Força do rei Hiram e a Beleza do íntegro artífice Hiram --
Abiff. Sendo a Maçonaria um sistema de moral exposto em símbolos e
alegorias, nessa como em outras de suas lendas o maçom deve buscar,
sobretudo, o sentido místico e moral, que é mais importante do que os fatos
simplesmente históricos".
Manoel Gomes, em seu Manual do Mestre Maçom, editora Aurora,
7ª edição, 1973, páginas 185 a 189, assim nos diz sobre a Lenda de
Hiram Abiff:
"O Templo do rei Salomão é o Tabernáculo da Alma Humana. Sol-
Im-Mom representa o nome de Deus em três línguas; é uma alegoria
ao Deus Solar. Hiram Abiff é o símbolo do Sol, o filho da viúva, o
Grande Arquiteto do Universo. Nesse emblema astronômico podemos
reconhecer facilmente o deus Osíris dos egípcios, o deus Mitra dos
persas, o Atys dos frígios, enfim, o emblema eterno e invariável de
todas as religiões que se sucederam sobre a Terra. Desde que se inici-
aram os trabalhos espirituais para edificar o Templo da Verdade, Hiram
Abiff foi morto muitas vezes e sempre ressuscitou. De acordo com a
lei sagrada da evolução, o Iniciado tem sempre de matar o Iniciador,
pois, do contrário, a Iniciação não será completa. 'A morte engendra a
vida', diz a Ortodoxia Maçônica de Ragon na página 10; por isso,
Hiram Abiff teve de ser assassinado. Todavia, isso deve ser considerado
A Lenda de Hiram Abiff no Grau 3 83

'
'
apenas em sentido alegórico e emblemático. As obras do Templo estavam
já por terminar, indicando que o Sol já teria percorrido as três quartas
partes do seu curso anual; os três maus companheiros situam-se nas por-
'
)
tas do meio-dia, Ocidente e Oriente, ou seja, os pontos do céu por onde sai
o Sol, onde alcança sua maior força e onde se põe, ao morrer o dia. O
primeiro Companheiro fere o Mestre com uma régua de 24 polegadas, que
' representa a revolução diária do Sol, às 24 horas do dia. O segundo Com-
' panheiro fere-o com um esquadro de ferro, símbolo do inverno, figurado
pela intercessão de duas retas que dividem o Zodíaco em quatro partes
' iguais, representativas das quatro estações, cujo sentido simboliza o cora-
' ção de Riram Abiff. Finalmente, o terceiro Companheiro, cuja arma cilín-
drica simboliza o ano, o anel ou o círculo, dá o golpe derradeiro na existên-
'" cia do Sol expirante. Três Companheiros matam o Mestre Riram Abiff e
nove Mestres procuram seu corpo. São os 12 meses do ano zodiacal, sendo
que os Companheiros assassinos simbolizam os três últimos meses do ano.
Eles são Libra (23/setembro a 22/outubro), Escorpião (23/outubro à 211
' novembro) e Sagitário (22/novembro a 21/dezembro), quando começa o
' Inverno (no Hemisfério Norte) e quando nosso querido Mestre recebe o
terceiro golpe que acaba com sua vida. Em Capricórnio (22/dezembro a 20/
'
--, janeiro), a substância terrestre está inerte mas é fecundante; é descoberto
o corpo do Mestre. Em Aquário (21/janeiro a 19/fevereiro), os elementos

.', construtivos são reconstituídos na terra e se preparam para uma vida nova.
Riram Abiff vive para sempre. Daí a analogia entre Riram Abiff e Osíris, o
Sol dos egípcios, de Ísis, sua viúva, ou seja, a Loja Maçônica, e daí o nome

'
l
que se dá aos maçons: Filho da Luz da Viúva e da Luz Inefável."

2) Significado Moral
"""I
O significado moral e religioso da lenda pode ser dividido em cinco
""
\
partes.
A primeira se relaciona com a exposição de religião natural, uni-
versal e imutável, por meio de símbolos e máximas. A lenda de Riram
.,' Abiff, pelo esforço de todos os seus operários de classes diferentes,
nacionalidades estrangeiras e diferentes religiões, porém, contribuin-
- ~ do todos, com seu trabalho, para levantar o Templo ao Deus Único,
ensina-nos a tradição dos gnósticos e de todos os antigos Iniciados,
'1 bem como a existência da Religião única, de que todos os cultos são
manifestações. É por isso que a Maçonaria deve ser inimiga do secta-
rismo, qualquer que seja sua forma.
'
~
A segunda parte do significado moral refere-se ao segredo das ope-
' rações da natureza. Isso faz alusão ao sentido hermético e alquímico da
l lenda de Riram Abiff.
.~

I 1'
I .,
'
84 A Lenda de Hiram nos Graus Inefáveis do R.·.E.·.A.·.A.·.

A terceira parte refere-se à perfeição do coração humano, de que o


Templo é uma alegoria. Na lenda de Riram Abiff, esse significado está
relacionado à lei das compensações, figuradas pela ressurreição de Riram
Abiff, pelo auxílio dos Mestres e pela punição dos culpados. O Vício é
sempre punido e a Virtude recompensada. A lei do Karma dá apoio a
essa máxima, mostrando que, no invisível, uma ação solicita uma reação
igual, e proclamando a semelhança das leis morais. Segundo Joaquim
\
Gervásio de Figueiredo, "Karma é um termo sânscrito que, fisicamente,
significa ação; metafisicamente, a Lei de Retribuição, a Lei de causa e
efeito ou de Casualidade ética. Pode ser coletivo ou individual. O
Karma não castiga nem recompensa; é simplesmente a Lei única, uni-
versal, que dirige infalivelmente, e por assim dizer cegamente, todas
as demais leis produtoras de certos efeitos, consequentes de suas cau-
sas respectivas. Em Gálatas 6:7 assim a expressa São Paulo: 'Tudo o
que o homem semear, isso mesmo colherá', o que repete a sentença
dos Puranas, escritura hindu: 'Todo homem colhe as consequências
de suas próprias obras."
A quarta parte se relaciona com o mito solar, de que já falamos.
Enfim, a quinta parte torna a assinalar a luta dos instintos e da von-
tade. "A vitória dos erros e das paixões sobre a verdade ou da virtude
sobre os erros e as paixões, figurados igualmente pela morte e ressur-
reição de Riram Abiff (que é a verdade ou a virtude), ferido pelos três
Companheiros assassinos (que são a ambição, a mentira e a ignorân-
cia), sendo retirado da tumba e vingado pelos Nove Mestres virtuosos
(que são as virtudes e os deveres maçônicos)."

3) Significado Psíquico
Outro importante significado da lenda de Riram Abiff é aquele
relacionado ao desenvolvimento da alma do recipiendário por meio
das provas misteriosas praticadas em todos os santuários. Todo o obje-
tivo da Lenda se acha encerrado nessa morte do justo eliminado secre-
tamente e em sua esplendente ressurreição.
Segundo Papus, trata-se do princípio do Universo, que preside a
destruição e transformação das formas, conhecido em todas as teogonias
e designado sob o nome de Shiva, Ahriman, Osíris, Typhon, Nahash e
Jesus, o Cristo.
O pior que se pode opor à Vontade Humana, divinamente pode-
rosa, é a morte. Em todas essas épocas a Iniciação só visou alcançar
um fim: instruir o homem e por esse meio tornar a morte impotente. A
cada passo, o recipiendário dos mistérios de Elêusis era ameaçado de
morte, e isso apenas para adverti-lo de que estivesse sempre preparado
para sofrê-la enquanto alcançasse as últimas revelações. Uma das provas
mais terríveis que tinha de suportar era a seguinte: Diante dele eram colo-
A Lenda de Hiram Abiff no Grau 3 85

1
cados dois copos. O grande sacerdote lhe dizia: "Filho da Terra! Um dos
1 dois copos contém um veneno terrível. Se verdadeiramente crês no além,
1 se não tens medo de morrer, escolhe um desses copos e bebe. Possam os
Deuses te proteger!". Em caso de recusa, o recipiendário era aprisionado
até a morte. Platão tomou-se célebre entre os Iniciados pela coragem que
1 demonstrou nessa prova.
A lenda de Hiram Abiff nos mostra o desenvolvimento desse mis-
'1 tério, no sábio que prefere morrer a revelar seu segredo, e que ressus-
cita imortal.
1 A propósito do grão de trigo, temos insistido no fato de que a morte
precede sempre a vida seguinte, para que na mesma lei aplicada à evolução
1 da alma só se possa ver uma repetição analógica do mesmo fato.
Thuileur, em Des trente-dois degrés de l 'Ecossisme du rite ancien,
dit accepté, na página 244, consigna:
"Na linguagem simbólica, diz-se comumente que a Morte é a
porta da Vida; linguagem pouco conhecida daqueles que possuem o Grau
de Mestre, conquanto os emblemas colocados sob suas vistas devessem
tê-lo instruído. Entende -se, por essa figura, que a fermentação e pu-
trefação precedem e originam o nascimento; que sem a primeira con-
dição não pode ter lugar a segunda; que, em uma palavra, para que
a geração se efetue, é preciso que os princípios geradores morram,
por assim dizer; que se dissolvam e se desagreguem pela putrefação.
Com efeito, sem um movimento interno e fermentativo, sem a disjunção,
sem a desagregação das partes envolventes, como poderia vir à luz o
germe pelos invólucros que o detêm cativo?"
Clavel, em Histoire pitoresque de la Franc-Maçonnerie, página 54,
1 nos diz:
"Em todos os mistérios antigos, como na Iniciação Maçônica, o
' cerimonial da recepção figurava as revoluções dos corpos celestes e
sua ação fecunda na terra. Esse cerimonial fazia igualmente alusão
às diversas purificações da alma durante sua passagem através dos
planetas, em que ela se reveste de corpos mais puros à medida que se
aproxima de sua fonte, a Luz incriada. Os sacerdotes que presidiam à
Iniciação lhe atribuíam a virtude de dispensar a alma do Iniciado de
diversas migrações planetárias; essa alma, com a morte do adepto,
passava diretamente para a mansão da eterna beatitude ".
Morto o arquiteto do Templo, os assassinos o sepultaram na terra
e marcaram o lugar de seu túmulo com um ramo de acácia. É ela que
' logo guiará os Mestres em suas pesquisas.
A acácia é análoga à Aubépina, à Cruz egípcia e à cristã, e à letra
' hebraica Vav, que quer dizer Laço. É o símbolo do Laço que une o Visível
ao Invisível, nossa vida à seguinte: em uma palavra, é a imortalidade. O
86 A Lenda de Riram nos Graus Inefáveis do R.·.E.·.A.·.A.·.

corpo de Hiram Abiff está em putrefação; mas sobre ele se ergue o ramo
morto, com a cor da Esperança, que indica não estar tudo terminado.
Admiremos o gênio dos autores da lenda, que fazem esse símbolo
falar na boca dos Mestres. O maçom que tenha se tomado ateu, que não
mais creia nas transformações espirituais do seu ser, confessa, embora
sem o saber, sua própria ignorância, e prova que não atinou completa-
mente com o simbolismo, quando diz: "A acácia me é conhecida".
Ashmole trocou por um ramo de acácia a antiga palma com a qual
Homero e Virgílio dotaram os homens duas vezes nascidos: corporalmente
pelo nascimento terrestre, e espiritualmente pela Iniciação Psíquica. Mas
qualquer que seja o ramo, de acácia, de oliveira, de mirto ou de uma cruz,
que se erga diante do investigador, é preciso ver em toda a parte o mesmo
símbolo de reconhecimento psíquico, e dizer, como Ashmole e a Rosa-Cruz:
"A Imortalidade me é conhecida!".
Acabamos de passar em revista alguns dos significados, que nos re-
velaram alguns autores, a partir do estudo dessa admirável lenda de
Hiram Abiff.
Vejamos agora os significados simbólicos dessa lenda, pelo excepcio-
nal maçom Jorge Buarque Lyra, no monumental livro A Maçonaria e o
Cristianismo, da editora Aurora, 1957, páginas 293 e 294, com os quais
concordamos inteiramente, sem restrições alguma.
Hiram Abiff foi o Grande Mestre que simboliza o verdadeiro Ini-
ciado, a tradição maçônica.
Os três companheiros assassinos simbolizam tudo o que se opõe
a uma iniciação real: a Mentira, que procura matar a verdade sorra-
teiramente, por meio da régua, que devia servir para estabelecê-la; a
Ignorância, que usa brutalmente do malho de uma vontade sem freio;
a Superstição, que quer tudo medir com seu compasso e prefere
plantá-lo no coração do sábio a renunciar à sua rotina de abrir seu
ângulo estreito até a medida de seus grandes pensamentos. Alguns
preferem denominar esse terceiro companheiro com o qualificativo de
Ambição.
"Nessa lenda, vemos que as maldades que abateram o mestre, a mentira,
a ignorância e a superstição (ou ambição), continuarão seu caminho,
ao longo dos tempos, como o fazem hoje, para edificar sua obra nega-
tiva, a mentira, que nega o direito; a ignorância, que nega a fé racioci-
nada e a ciência, e a ambição ou superstição, que, apoiando-se na
mentira e na ignorância, estabelece, entre os homens, a escravidão do
corpo e do espírito."
A insígnia do Mestre é o Esquadro unido ao Compasso.
Hiram Abiff, na Maçonaria, tomou-se símbolo do mártir, do herói que
morre pelo cumprimento do dever. Tomou-se, destarte, o grande símbolo
da razão eterna, que os três maus companheiros agridem e ferem no cami-
nho da vida.
\

\
A Lenda de Hiram Abiff no Grau 3 87

'
l
Uma outra ideia reponta desse simbolismo. É a perfeição. Morrer
) para o mundo, morrer para os vícios, é renascer para uma vida nova. É o
) que sugere também o emblema da acácia, símbolo da vida indestrutível, da
sobrevivência da alma. Ele nos lembra, outrossim, que a verdadeira vida
\ resiste à morte corporal.
Tais pensamentos têm o condão de elevar a alma acima da matéria,
acima das vis paixões, acima de todas as misérias do gênero humano.
A síntese dos objetivos colimados pelos Iniciados deve irradiar
em torno dele e sobre o próximo, todas as forças benéficas, das quais
se tornou senhor. "E quão boa não seria a humanidade, se tão subli-
\
me ideal se espalhasse por toda a parte e contagiasse todos os ho-
\ mens? Pois outro não é o ideal da Maçonaria. "
Todos os homens, senhores de si mesmos e cheios de poder, na dire-
\
ção da conquista do bem; subjugadas todas as paixões; degoladas todas as
) tiranias; aniquiladas todas as forças maléficas, o mundo resplandeceria pela
beleza divina da harmonia, da paz e da felicidade.
' "A parte histórica do 3º Grau oferece o quadro mais perfeito das

' perversidades humanas e a parte moral, os meios próprios à subtração de


suas funestas influências.
"Daí, infelizes os que combatem tão santa Instituição. Mais infelizes
ainda os que, calculada e deliberadamente, pega da pena para escrever um
livro com o intuito de apresentar incompatibilidades entre a Maçonaria e a
Igreja Cristã."
Mas, para esses, nossa indulgência maçônica, à semelhança do Cristo
em relação aos seus algozes: "Perdoa-lhes, Pai, porque não sabem o
que fazem!".
"O 3º Grau é consagrado ao pundonor inflexível, que não transige
com o dever, e aos grandes homens, que se sacrificam pelo bem público."
' E continua Jorge Buarque Lyra:
' "Hiram Abiff é um personagem que uns consideram lendário,
mas outros o consideram real. Dizem alguns que a palavra Hiram sig-
nifica o rei da habitação elevada, o senhor por excelência, o astro fe-
cundante. Outros acham, porém, que ele foi, de fato, um personagem
real, o grande arquiteto do Templo de Salomão que, por suas virtudes
\
excelentes e por não revelar a palavra do Mestre, foi covardemente
assassinado por três Companheiros ambiciosos".
\ Seja qual for a interpretação que dermos a Hiram Abiff, o fato é
\ que a Maçonaria o considera como a personificação da virtude, ou
seja: "Hiram Abiff é a imagem simbólica do combate dos dois princípios
que, debaixo de nomes diferentes, se encontram por toda a parte onde
) há vestígios de iniciação: é o combate de Tifon contra Osíris; de Junon
contra Hércules; de Etéocles contra Polinice; dos Titãs contra Júpi-
\
ter; dos anjos maus contra Deus; de Oromaze contra Arimante; dos
l maus gênios, entre os egípcios, gregos, latinos e peruvianos". Numa
palavra, é o combate do bem contra o mal. Hiram Abiff é, assim, a imagem
\
\

\
88 A Lenda de Hiram nos Graus Inefáveis do R.·.E.·.A.·.A.·.

do combate dado ao homem e ao mal moral que causam os três vícios


nocivos à sociedade - a ignorância, a hipocrisia e o fanatismo, per-
sonificados nos três maus Companheiros que o fizeram sucumbir.
Os três Mestres que, unindo seus esforços, depois de repetidas
pesquisas, acabam por achar o corpo do seu malogrado chefe, repre-
sentam as virtudes opostas a esses vícios, isto é, o amor ao estudo (o
saber), a lealdade e a tolerância.
A máxima profundamente moral e esplendidamente maçônica que
se tira dessa alegoria é esta: "O homem que se entrega ao vício profa-
na o Templo de Deus. O maçom que sabe evitar essa profanação é o
que sabe construir e consagrar o verdadeiro Templo à Divindade".
Como alguém sabiamente escreveu, a catástrofe de Riram Abiff
pode também representar: a virtude perseguida pelo vício, mas aca-
bando por triunfar dele; a liberdade comprimida pela ambição e pelo
despotismo, mas saindo vitoriosa; a verdade obscurecida pela mentira
e pelo erro, mas aparecendo depois mais brilhante e mais cheia de glória.
A procura da palavra perdida e que foi achada representa a Ver-
dade, perdida para a maioria do gênero humano, e a qual um Mestre
jamais deve desprezar.
O ramo de acácia, posto na tumba de Riram Abiff, vicejante como
é, não é só símbolo da riqueza, mas também o emblema do zelo arden-
te que devemos ter pela Verdade, entre os maus que a vilipendiam.
As viagens que os nove Mestres fazem pelos quatro pontos cardeais
para achar o corpo de Riram Abiff simbolizam nosso jornadear maçô-
nico pelo mundo, semeando a verdade, o bem, a luz e a instrução
contra a mentira, o mal, as trevas, a ignorância e a tirania.
No cumprimento desse árduo, mas glorioso mister, nós jamais
devemos desanimar, sejam quais forem as consequências.
Lembremo-nos de que as dificuldades surgem para ser vencidas, e
não para nos vencerem.
O exemplo de Riram Abiff deve estar sempre presente como uma
estrela a nos iluminar. Esse é o tipo do Mestre por excelência. A luz
que ele projeta é a do Grande Arquiteto do Universo, e bendito o Mes-
tre que se acolhe à sua sombra benfazeja e inspiradora!
Para finalizarmos nosso estudo sobre a lenda de Riram Abiff,
mais dois comentários.
1) Segundo as instruções de diversos Ritos, o túmulo do Mestre Riram
Abiff tinha 3 pés de largura, 5 de profundidade e 7 de comprimento.
Esses algarismos correspondem aos números sagrados, propostos à medita-
ção dos Aprendizes, Companheiros e Mestres, respectivamente. A rela-
ção desses números com o túmulo de Riram Abiff é explicada, pelos
adeptos da Maçonaria Ocultista, da seguinte maneira: o túmulo de Riram
Abiff encerra o segredo da Grande Iniciação, que só é descoberto pelos
pensadores capazes de conciliar os antagonismos pelo ternário, de con-
)

' A Lenda de Hiram Abiff no Grau 3 89


'
' ceber a quintessência disseminada pelas exterioridades e de aplicar a lei
do setenário ao domínio da realização.
' 2) Desde a Antiguidade, a acácia foi considerada como árvore
' sagrada. Moisés ordenou que dela se fabricassem o Tabernáculo, a
' Arca da Aliança, a Mesa dos Pães de Proposição e o restante dos ador-
nos sagrados. Isso explica por que os primeiros maçons, que foram
' buscar quase todo seu o simbolismo na Bíblia, adotassem a acácia
como planta sagrada e a transformassem em símbolo de uma impor-
1 tante verdade moral e religiosa, consagrando-a nas cerimônias maçô-
nicas iniciáticas.
1 Sua madeira teve sempre reputação de incorruptível, como a do
l carvalho, que é também um emblema simbólico. A acácia é dedicada
a Hermes-Mercúrio e seus ramos floridos relembram o célebre "Ramo
' Dourado" dos antigos mistérios. Trata-se efetivamente da acácia mi-
mosa, cujas flores se parecem a pequenas bolas de ouro. É a planta de
que falam a fábula de Osíris e o rito maçônico do Grau de Mestre. Essa
planta teria florescido sobre o túmulo do deus, o iniciado morto por
Tifão, e serviu para fazê-lo reconhecer.
A acácia é também considerada sagrada pelos maçons, que nela sim-
1
bolizam a imortalidade da alma, a inocência, a incorruptibilidade, além de

' transformá-la em emblema da Iniciação. É por eles empregada nas ceri-


mônias fúnebres como símbolo de tristeza, mas também de prudência, da
'
)
qual é a recompensa.

Origem da Lenda
' Elias Ashmole (1617-1692), sábio antiquário inglês, iniciado em
1646, teria sido o criador dos rituais dos três Graus da Maçonaria Sim-
' bólica e, inclusive, da Real Arco, autoria hoje contestada por autores
' modernos, mas a época em que eles foram criados permanece a mes-
ma, e é uma época interessante pelos fatos históricos que aconteceram
e que muito tem a ver com o desenvolvimento da Maçonaria moderna.
Carlos I, príncipe da dinastia escocesa dos Stuart, foi decapitado em
1649, com o triunfo da revolução de Olivério Cromwell que instala
sua república puritana. Elias Ashmole, que era do partido dos Stuart,
haveria decidido modificar o Ritual de Mestre fazendo uma alegoria
'
1
do trágico fim de Carlos I, para o que foram usados tanto os conheci-
mentos míticos como o espírito místico; Riram Abiff ressuscita dos
mortos assim como Carlos I será vingado por seus filhos.
Especulações foram desenvolvidas por quem procura descobrir
) a origem da lenda e, de fato, nem seus autores são conhecidos, tendo
aparecido em escritos diversos mencionados per quem ouviu falar. A len-
'
)
da não tem mais de 300 anos, dentro da ritualística maçônica, e nenhum
dos antigos manuscritos maçônicos menciona a lenda de Riram Abiff,

'
'
90 A Lenda de Hiram nos Graus Inefáveis do R.·.E.·.A.·.A.·.

nem mesmo a Constituição de Anderson de 1723 nem os Regulamentos


Gerais compilados por George Payne em 1720.
Uma lenda é uma narração, transmitida pela tradição, de eventos
considerados históricos, mas cuja autenticidade não se pode provar.
Sendo assim, não poderíamos falar que o fato realmente não existiu,
somente que não temos provas sobre ele.

Conclusões
José Castellani, em seu livro A Maçonaria e sua Herança Hebraica,
já referido, consigna que: "Nos Ritos que apresentam Altos Graus, a es-
cala segue uma certa linha histórica, baseada na história hebraica,
desde a construção do Templo de Jerusalém até a destruição da cida-
de, no ano 70 d.C. ".
Os Altos Graus, surgidos na França em 1758, representam a suma
característica do R:.E:.A:.A:., que acabou tendo outros Ritos seguido-
res, em geral, com menor número de Graus. Assim sendo, os comentários
alusivos a esses Graus e emitidos neste trabalho são relativos ao Rito Esco-
cês, que os introduziu, podendo ser aplicados a outros Ritos, que mostrem,
nesses Altos Graus, uma certa similaridade com o Escocesismo.
Os três primeiros Graus, comuns a todos os Ritos, simbolizam a evo-
lução do pensamento humano, desde a pré-história, em suas três etapas:
Intuição (Aprendiz), análise (Companheiro) e síntese (Mestre). Historica-
mente, mostram a época da construção do Templo de Jerusalém, embora
todo o enredo maçônico seja lendário, não só em relação à divisão dos
Obreiros em Aprendizes, Companheiros e Mestres, mas, também, em rela-
ção à morte de Hiram Abiff e sua vingança, posto que esses dados não
são relatados na Bíblia, a única fonte de consulta credenciada da cons-
trução do Templo e do personagem Hiram Abiff. A lenda foi criada,
simplesmente, para ilustrar as lições morais aí contidas.
Enquanto os três primeiros Graus referem-se ao conhecimento do
ser humano, o microcosmos, os Graus escoceses, que se estendem do 42
ao 18º, conduzem ao conhecimento cósmico, à identificação com o Uni-
verso, por meio da solidariedade e do amor. Os Graus que se estendem
do 19º ao 30º, harmonizando os ensinamentos precedentes, mostram o
caminho da realização do homem, em consonância com o cósmico, ou
seja, com o todo, com tudo o que há no Universo. Assim, o Grau 30 é a
síntese iniciática de todos os Graus, e, por isso, doutrinariamente, o mais
importante dos Altos Graus, já que os três últimos da escala (31 a 33)
são meramente administrativos, tendo, inclusive, essa denominação.
Os Graus posteriores ao de Mestre Maçom são representados no
Templo de Jerusalém, ou em alguma Câmera do palácio real, tendo, como
dirigentes, o próprio Salomão e seus oficiais, ou seus propostos, mas sem-
pre girando em torno do assassinato de Hiram Abiff. Depois da constru-
\

'\ A Lenda de Hiram Abiff no Grau 3 91

\
ção do Templo, os Graus abordam o momento histórico da destruição de
\ Jerusalém e do Templo, seguido do exílio na Babilônia e, posteriormente, do
)
retomo à Palestina, sob a liderança de Esdras e Neemias e com Zorobabel
recebendo a missão de reconstruir o Santuário. No 15º Grau, por exemplo,
\ o presidente representa Ciro, rei da Pérsia, e o recipiendário, o que recebe
\ o Grau, representa Zorobabel, príncipe de Jerusalém; no 16º Grau, a Loja é
dividida em duas partes que se comunicam; uma representa a corte de
1 Zorobabel, em Jerusalém, e a outra a de Dario, sucessor de Ciro; a passa-
gem por onde se conduz o recipiendário, de uma para outra sala, simboliza
o caminho que ligava a Babilônia a Jerusalém, mostrando, portanto, o mo-
mento do reassentamento na Palestina. Em prosseguimento, o 18º Grau
mostra o advento de João Batista e de Jesus e os primórdios do Cristianis-
)
mo, sendo muito decalcado nas práticas dos essênios. O 19º Grau marca o
momento histórico da destruição definitiva de Jerusalém, no ano 70 d.C., com
\ o advento da Jerusalém Celeste, já que a terrestre estava destruída, que é
\ considerada o Reino de Deus, ou a Morada dos Justos. Os Graus posterio-
res já não se prendem à história, mas mostram grande influência hebraica

'
)
no que simbolizam. Por exemplo: no Grau 23-, os membros da Loja são
chamados de levitas e o Templo tem a decoração do de Jerusalém; no 25º
Grau há a corte do Sinai, onde o Templo tem, entre a decoração, a sarça
ardente e um transparente com a palavra Jeovah; no 28º Grau, o presidente
\ representa Adão e a filosofia do Grau é baseada no Apocalipse; no 29º
l
Grau, volta a ser abordada a Jerusalém Celeste; no 30º Grau, a Loja é o
Conselho Kadosh (em hebraico: Santo), com alguma base no Kadosh he-
\ braico (embora com outras influências como a do tribunal da Santa Vehme,
ou seja, dos Franco-Juízes, da Alemanha do século XV).
A Lenda de Hiram Abiff não é mencionada desde os Primeiros Graus
porque sem os conhecimentos completos dos 1º e 2º Graus não se pode
compreender ainda o mistério da vida, da morte e da ressurreição. O novo
Mestre irá estudar que a morte vence porque, por deficiência nossa, não
temos estudado o segredo da vida que é a verdade; com um estudo mais pro-
l fundo veremos que a morte é negação e a vida é afirmação; a morte é como
l o erro; o erro existe porque há a ignorância; procuremos o segredo da vida
que vence a morte.
\
)

'
6. Síntese dos
Graus Inefáveis
Quando iniciamos nos Augustos Mistérios da Arte Real, fomos sub-
metidos às seguintes perguntas de grande significado: 1ª) Quais os deveres
do homem para com Deus? 2ª) Quais os deveres do homem para consigo
mesmo? 3ª) Quais os deveres do homem para com seu semelhante? 4ª)
Quais os deveres do homem para com a Pátria?
A primeira pergunta tem sua resposta na doutrina contida nos 33 Graus
do R:.E:.A:.A:., pois, quando se ensinam os deveres de cada maçom,
individual ou coletivamente, neles se inclui seu dever para com Deus. Isso
significa que, seguindo o ensino divinamente inspirado de S. João, só pode-
mos provar que cumprimos nosso dever para com Deus, se antes amarmos
nosso Irmão. Eis suas palavras, em Jo 4:20: "Se não amas a teu Ir-
mão, a quem vês, como podes amar a Deus, a quem não vês?". Tanto
isso é verdade que a fé maçônica se baseia nos fatos, naquilo que
vemos, compreendemos, entendemos ou sentimos. Portanto, tudo quan-
to fizermos de bom ao nosso semelhante constitui o culto da virtude,
cujo objetivo supremo é a glorificação de Deus.
Os deveres do homem para consigo mesmo são ensinados nos
seis primeiros Graus ( 1º ao 6º) do Rito, pois ele deve, antes de tudo,
compreender sua natureza material e espiritual, ensinada nesses Graus.
Consequentemente, os deveres para com seu semelhante são encon-
trados nos Graus 7º ao 262 , que tratam do estudo do homem social.
Finalmente, os deveres para com a Pátria são estudados nos Graus 27º
ao 33 2 •
O emérito maçom, rev. prof. Jorge Buarque Lyra, em seu extraordi-
nário livro As Vigas Mestras da Maçonaria (Editora Aurora, 1964, págs
25 a 31), faz uma síntese dos 33 Graus do Rito, mostrando suas rela-
ções com as perguntas formuladas. Para concluirmos essa parte
introdutória do nosso trabalho, faremos a transcrição, com algumas
adaptações, do que ele escreve sobre os Graus 1 ao 14:
- 92-
Síntese dos Graus Inefáveis 93

"Como matéria, o homem deve conhecer suas relações com '-'


mundo material que o cerca e penetra. Eis os três primeiros Graus do
homem-matéria: Primeiro (Aprendiz): origem material, infância, inda-
1 gação; segundo (Companheiro): desenvolvimento, plenitude, virilida-

' de; terceiro (Mestre): velhice, dissolução, reintegração na natureza".


A principal lição que o homem deve extrair desse conhecimento
' é que são vãs toda a sabedoria e a vaidade. Ouçamos a advertência
bíblica: "Lembra-te, homem, que és pó e em pó te tornarás". Essa é a
dolorosa realidade de todo ser humano. Se todos os homens meditassem
com maturidade acerca de sua precária condição de argila, muita soberba,
' orgulho e vaidade, poupariam a si mesmos; muitos teriam transformado
completamente, para melhor, os cursos de suas vidas.
' "Há, entretanto, no homem, também a parte espiritual, visto que ele
'
1
foi criado à imagem e semelhança de Deus. Como espírito, o homem deve
compreender suas relações com o mundo extrassensível, o que consegue
nos três Graus seguintes, 4º, Sº e 6º. Sua consciência lhe revela que ele é o
)' efeito de uma causa, como o Universo o é também. Daí, o quarto Grau
(Mestre Secreto), cuja divisa é a chave que representa a inteligência,
que o faz compreender a causa suprema e se relacionar com ela, assim
1'
como o santuário simboliza a própria consciência atestadora das ver-
dades infinitas.
1 As relações entre o homem e sua causa primeira manifestam-se
pela força, inteligência e harmonia Universal, cujo conceito está contido no
' quinto Grau (Mestre Perfeito).
' Quais as relações da alma humana com o corpo? Quais as existên-
cias entre a alma humana, finita, e a universal, infinita? No sexto Grau
' (Secretário Íntimo), temos as respostas a essas perguntas, exprimindo,
em suas palavras sagradas e de passe, em relação ao homem, que ele
emana de Deus e, com relação ao infinito, que sua alma universal é revela-
da pela imensidade."
Até aqui temos apresentado, e em breve síntese, o que Jorge Buarque
Lyra nos mostra como estudo do homem-matéria e do homem-espírito, iso-
ladamente do meio social. Não devemos nos esquecer, porém, de que o
homem, emanação de Deus, como aliás nos ensina a teologia universal, é
imortal, conquanto seja perecível na parte material. Passemos, pois, ao es-
tudo do homem social, segundo esse ilustre maçom e escritor.
"O homem deve ser justo para com seus semelhantes, para que deles
também possa receber justiça. O sétimo Grau (Preboste ou Juiz ou
Mestre Irlandês) é o que trata dessa matéria de importância capital,
pois a justiça, isto é, o dar a cada um o que é seu, constitui uma das
mais importantes vigas mestras da Maçonaria.
No oitavo Grau (Intendente dos Edifícios ou Mestre em Israel),
' ele domina o pensamento de que o homem deve manter a ordem_entre
' os semelhantes. O investido nesse Grau deve conhecer os sete degraus

'
94 A Lenda de Hiram nos Graus Inefáveis do R.·.E.·.A.·.A.·.

da exatidão ou perfeição: Sinceridade, Paciência, Coragem, Prudência, Jus-


tiça, Tolerância e Devotamento, os quais, interessando às artes e às ciên-
cias, são úteis também à moral; tanto assim que a balança aparece como
um dos símbolos mais significativos para exprimir equidade. Sua palavra
sagrada, segundo alguns, refere imanência da causa primeira."
"No nono Grau (Cavaleiro Eleito dos Nove), o homem deve ao
seu semelhante o completo auxílio para conquistar e estabelecer a
liberdade política. Essa interpretação, todavia, não é unânime, pois há
os que dão outro sentido a esse Grau. "Sua palavra sagrada quer
dizer executor da pena. "
"No décimo Grau (Cavaleiro Eleito dos Quinze), temos o direito
do povo ao princípio da liberdade política. Sua palavra sagrada
corresponde aproximadamente à ideia do bem do povo. Tais direitos só
podem ser respeitados nos regimes democráticos, pois nas ditaduras
quem manda é uma minoria, e ao povo só é dado obedecer cegamente"
"No décimo primeiro Grau (Sublime Cavaleiro Eleito dos
Doze), ainda aquele princípio de liberdade política está contido, sob o
aspecto do desenvolvimento do poder legislativo. Sua palavra sagrada
indica delegação de poder."
"No décimo segundo Grau (Grão-Mestre Arquiteto), ensina-se
que, estabelecida a liberdade política, o homem deve ao seu semelhante
combater as explorações feitas pelo forte ao fraco, fiscalizar o uso dos
tributos e impostos pagos ao governo e contribuir para o bem da comunida-
de; o homem também deve ao governo constituído a obrigação de velar por
sua manutenção dentro dos rígidos princípios de ordem, disciplina e
bem-estar da coletividade. Sua palavra sagrada significa suprema che-
fia." Eis a importância desse Grau: todo cidadão deve ao seu seme-
lhante, e particularmente ao seu governo, respeito às leis, auxílio aos
que erram, colaboração para manter a paz, a ordem, o direito, a justi-
ça, a felicidade geral de todos.
"No décimo terceiro Grau (Cavaleiro do Real arco), vemos
que o homem deve ao seu semelhante a verdadeira crença, para que
ela não se torne objeto de exploração do poder teocrático." E mais:
nesse Grau temos a revelação de que no recôndito do coração é que
devemos guardar o Nome Inefável, o Nome do Eterno, gravado no
Triângulo de Ouro que simboliza a Divindade. "Nele se condena a
hipocrisia religiosa, dos que têm a boca cheia de Deus e a consciência
cauterizada de interesses mundanos."
"No décimo quarto Grau (Grande Eleito ou Perfeito e Sublime
Maçom), postula-se a supremacia da razão, por meio da ciência dos
números. E assim que o sinal do fogo significa supremacia da luz."
Os Graus que compõem o Sistema do R:.E:.A:.A:. foram subme-
tidos a várias classificações e categorias, cada uma comportando uma
Síntese dos Graus Inefáveis 95

série de Graus, de acordo com as Lojas que o conferem e conforme suas


possíveis origens.
A classificação por categorias mais aceita e consagrada é a de
Papus, constante de seu livro Traité Méthodique de Science Occult, da
editora Georges Carré, Paris, 1891.
Essa classificação de Papus foi feita, de acordo com a possível
origem dos Graus, como:
1
(1 º) Graus Gnósticos Elementares: 1, 2, 3;
1 (2º) Graus Gnósticos Superiores: 18, 30;
\ (3º) Graus de Iluminados: 9, 10, 11, 12;
(4º) Graus Israelitas e Bíblicos: 4, 5, 6, 7, 8, 12, 13, 14, 15, 16, 17;
1 (5º) Graus Templários: 19, 20, 23, 24, 25, 26, 27, 29;
1 (6º) Graus Herméticos: 22, 28;
(7º) Graus Administrativos: 31, 32, 33.
1
Neste ponto de nosso trabalho, gostaríamos de apresentar aos
)
queridos leitores uma mensagem e uma explicação sobre o longo tex-
) to, até aqui descrito, e sobre a estrutura dos próximos capítulos.
1
Ao longo de nossa vivência maçônica, de 17 anos, temos notado
que os maçons, em geral, não são afeitos à leitura, seja de livros maçô-
\ nicos ou outros e, muito menos, da Bíblia, nosso Livro da Lei. Muitos
\ sequer possuem uma Bíblia; outros a possuem, mas não sabem como
lê-la ou interpretá-la.
1 Daí nossa preocupação em apresentar nestes capítulos os temas
referentes aos lugares de culto e adoração do povo israelita e de nós
outros, de ontem e de hoje; dos comentários sobre os livros da Bíblia
1
que possuem relação com os Graus Inefáveis; a construção do Templo
1 de Salomão; a lenda de Riram Abiff no Grau 3, e seus simbolismos,
bases para a compreensão dos mesmos nos Graus Inefáveis.
Daí, também, nossa preocupação, mesmo que tenhamos sido can-
1 sativos aos leitores, da transcrição longa de certos textos e passagens
1 bíblicas.
Esperamos, dessa forma, ter contribuído com os leitores para uma
melhor compreensão dos temas abordados.
Ao longo dos Graus Inefáveis, o Templo de Salomão recebe no-
vas representações e significados simbólicos e alegóricos, bem como
1
a lenda de Riram Abiff ganha novos detalhes e personagens ou novos
\ nomes para personagens de outros Graus e, também, novas simbologias
e alegorias, pelos quais o R:. E:. A:. A:. nos transmite seus
ensinamentos para nosso desenvolvimento moral, ético, intelectual e,
principalmente, espiritual.
) Nos próximos capítulos, estudaremos esses temas, ao longo dos
Graus Inefáveis (4º ao 14º), conferidos pelo Alto Corpo Filosófico cha-
1
mado "Loja de Perfeição", com a seguinte estrutura:
1
1
1
96 A Lenda de Riram nos Graus Inefáveis do R.·.E.·.A.·.A.·.

Denominações do Grau
O Templo e sua Ornamentação no Grau
Interpretação Esotérica do Templo no Grau
Simbologia dos Utensílios do Templo no Grau
Símbolos do Grau
O Cobridor do Grau
A Lenda de Hiram no Grau e sua Interpretação Alegórica
Interpretação Filosófica do Grau pelo Templo e pela Lenda
Insígnias e Emblemas do Grau
"O principal dever do homem para consigo mesmo é de instruir-se;
o principal dever do homem para com seus semelhantes é de instruí-los."
Foram as palavras que nos deixou, em trabalho de Aprendiz, cujo
modesto avental revestiu na provecta idade de 75 anos, o grande sábio
e literato francês Émile Littré.
\
\

7. O Templo e a Lenda
no Grau 4 -Mestre Secreto

} 7.1. Denominações do Grau 4


} Do Grau: Mestre Secreto; da Oficina: Loja de Mestre Secreto ou
Sanctus Sanctorum; do Presidente: Três Vezes Poderoso Mestre; dos
' Irmãos: Veneráveis Mestres Secretos; dos Oficiais: Três Vezes Pode-
roso Mestre (Representa o rei Salomão); Respeitabilíssimo Primeiro
Vigilante (não trabalha na Iniciação); Respeitabilíssimo Segundo Vi-
gilante (Representa Adohniram); Respeitável Orador; Respeitável Se-
cretário-Chanceler; Respeitável Tesoureiro; Respeitável Guarda do
Selo; Respeitável Mestre de Cerimônias; Respeitável Hospitaleiro; Res-
peitável Guarda da Torre (Cobridor Interno); Respeitável Primeiro
Experto; Respeitável Segundo Experto; Respeitável Mestre Arquiteto; Res-
peitável Mestre Harmonia; Respeitável Cobridor (Cobridor Externo).

7.2. O Templo e sua Ornamentação no Grau 4


A Loja de Perfeição representa, no Grau 4, o Templo do rei Salomão,
no qual o Oriente representa o Sanctus Sanctorum (Lugar mais Santo
ou Santo dos Santos), sendo separado do resto da Câmara (Ocidente)
por uma balaustrada com uma passagem no centro.
As paredes são pintadas ou forradas de preto com lágrimas prate-
adas, bem como todos os Altares; com os objetos e o mobiliário, formam
um ambiente de profundo luto, simbolizando a tristeza e as lágrimas pela
perda de seu Grão-Mestre, Riram Abiff.
-97-
98 A Lenda de Hiram nos Graus Inefáveis do R.·. E.·.A.·.A.·.

Suspenso na frente do Dossel do Trono, encontra-se o Emblema do Grau,


que é um Triângulo inscrito em um círculo, tendo no interior do Triângulo uma
Estrela de cinco pontas e, no centro, a letra hebraica Iod.
No canto, do lado direito do Trono no Oriente, fica a Arca da
Aliança coberta de carmesim (vermelho), tendo à sua frente o Candelabro
Místico de Sete Luzes.
À direita do Trono fica o Altar Triangular, tendo sobre o mesmo um
Malhete com laço de crepe preto e uma coroa de Louro e Oliveira na cor
verde.
À esquerda do Trono, fica o Altar dos Perfumes, que é quadrado, e há
sobre o mesmo uma Naveta contendo incenso e, ao lado, o Turíbulo.
Em frente ao Altar do Tesoureiro fica um Altar quadrado e há sobre ele
uma bandeja contendo 12 Pães Propiciais.
No corpo do Templo, próximo à grade, fica o Altar dos Juramentos,
triangular, e há sobre o mesmo o L:. da L:., um exemplar das Grandes
Constituições, um Estatuto do Supremo Conselho, uma Chave de marfim,
tendo em sua extremidade gravada na cor preta a letra Z e sobre o L:.da
L:. o Esquadro e o Compasso para o cerimonial. Entre o Altar dos
Juramentos e a entrada do Templo fica o Altar dos Sacrifícios, e há
sobre o mesmo o Selo (Sinete, Chancela) da Loja de Perfeição.
Na entrada do Templo, perto dos Altares dos Vigilantes, há uma
Coluna branca de cada lado. Em torno do Altar dos Juramentos, ilumi-
nando-o estão três castiçais de 1,12 centímetro de altura, com uma
Luz em cada um e dispostos em forma de um Triângulo Retângulo
(Teorema de Pitágoras). Sobre o Trono do Presidente e Altares dos
Vigilantes há um Candelabro de três luzes em cada um. Sobre os
Altares dos demais Oficiais, um Candelabro de uma luz.

7.3. Interpretação Esotérica do Templo no Grau 4


A Bíblia Sagrada nos diz que, depois da saída dos hebreus do
cativeiro do Egito, Deus celebrou uma aliança com esse povo, dando-
lhe estatutos para o seu governo (Ex 20-24) e, por meio de instruções
a Moisés, instituiu o próprio culto, fornecendo minuciosos detalhes
para a confecção do Tabernáculo, dos móveis, utensílios e paramentos
necessários ao culto, para a organização dos sacrifícios, do cerimonial
litúrgico e do sacerdócio (Ex 26-30; 36-38; 40).
Cerca de 500 anos depois, Salomão construiu um Templo em
Jerusalém para substituir o Tabernáculo para o culto Divino (lRs 5-8;
2Cr 2-7), isso com a ajuda de Hirão, rei de Tiro, do Mestre Hiram Abiff
e de Adohniran, personagens da lenda principal da Maçonaria.
O simbolismo do Grau de Mestre Secreto tem íntima relação com
esses episódios bíblicos. A Loja é transformada em Templo de Salomão
e o Oriente, em Sanctus Sanctorum.
O Templo e a Lenda no Grau 4 -Mestre Secreto 99

Em Maçonaria, entretanto, esse Templo é apenas simbólico, mas de


grande significado: o do Templo ideal para todo o sempre inacabado, do
qual cada maçom é uma pedra, preparada sem martelo e sem machado, no
silêncio da meditação. Sobe-se nos andares por uma "escadaria em cara-
col", por "espirais", indicando ao iniciado que nele mesmo, dando voltas
sobre si própio, é que poderá atingir a excelsitude que é sua meta.
Salomão significa em hebraico "homem manso". O Templo de Salo-
mão é o da Paz, da Paz profunda para a qual tendem todos os maçons
sinceros que se desinteressam da agitação do mundo profano. O Templo de
Salomão foi construído em pedra, em madeira de cedro, e nele abunda o
ouro. A pedra é a estabilidade, a madeira, a vitalidade e o ouro, a espiritua-
lidade em toda a sua perfeição e sua inalterabilidade.
Penetramos no Templo passando por duas Colunas que ficam na
entrada. Essas Colunas representam a Sabedoria e a Estabilidade do
Conhecimento, pois aquele que pretende viver uma vida mais cheia e
mais elevada deve passar por esse portal, ou melhor, adquirir Conhe-
cimento.
O Templo é dividido em duas partes: a primeira é o Lugar Santo
(em hebraico heikal), que é a primeira Câmara além do vestíbulo, e
que em Maçonaria chama-se Ocidente. A segunda é o Lugar Santíssimo
(em hebraico debsir ou godech godechim ou Sanctus Sanctorum), cha-
mado em Maçonaria de Oriente.
O Sanctus Sanctorum é figurado por um Santuário, na abóbada
do qual se acha suspenso o nome do G :. A:. D :. U : .. Esse Santuário
representa a Consciência do homem; é a parte mais concentrada do
seu ser; só ela pode conceber a grandeza da imensidade de Deus.
)
A balaustrada representa a razão, que preserva a Consciência dos
funestos efeitos dos preconceitos vulgares e fanáticos.
' A Chave do Santuário representa a Inteligência que, esclarecen-
' do a Consciência, permite ao homem chegar até a verdade que con-
centra em si mesmo.
' Na construção do Templo, três foram os personagens fundamen-
tais: o rei Salomão, que representa a Sabedoria criadora, a Sabedoria
que persegue um ideal interior com elevadas aspirações; Rirão, rei de
Tiro, é o emblema da Força realizadora e da heroica Virtude; o Mestre
Riram Abiff é a Vida Elevada que domina e rege a Força, dirigindo-se
para a realização de empreendimentos sublimes.
Segundo Mackey, "os construtores da antiga Jerusalém cons-
truíram um Templo terrestre e material que devia ser consagrado ao
serviço e ao culto de Deus, uma casa na qual Deus devia morar por
meio de sua Xekiná (sua Glória) e de onde devia governar e dirigir
seu povo escolhido".

'
'
100 A Lenda de Riram nos Gratts Inefáveis do R.·.E.·.A.·.A.·.

Entretanto, nós hoje, maçons especulativos, trabalhamos na constru-


ção do Templo Espiritual em nossos corações, Templo puro e sem máculas,
digno de ser a morada daquele que é o autor de toda a pureza, em que Deus
deve ser adorado em espírito e verdade, e de onde todo mau pensamento e
toda paixão desregrada devem ser banidos.

7.3. 1. Simbologia dos Utensílios do Templo no Grau 4


Cada um dos móveis, objetos e paramentos que ornamentam a Loja
de Mestre Secreto (Sanctus Sanctorum) contém um simbolismo, e tanto
os nomes quanto os cargos possuem uma ou várias interpretações simbóli-
cas, sendo isso precisamente o que constitui o esoterismo maçônico.
O simbolismo exige que cada qual formule interpretações de acordo
com seu próprio modo de ver e de sentir. Entretanto, daremos alguns signi-
ficados simbólicos como exemplos.
Na Loja de Mestre Secreto (Sanctus Sanctorum) são vistos: a Arca
da Aliança e o Propiciatório; o Candelabro Místico de Sete Luzes; o
Altar (ou Mesa) dos Pães Propiciais (ou Pães da Proposição - Pão
Ázimo); o Altar dos Perfumes ou do Incenso; o Altar Triangular ou
Túmulo; o Altar dos Sacrifícios; o Altar dos Juramentos.

A Arca da Aliança e o Propiciatório


A Arca do Testemunho, ou
Arca do Contrato ou Arca da Ali-
ança de Deus era o objeto mais
sagrado para os hebreus; ela en-
contrava-se no Sanctus
Sanctorum, primeiro do Taberná-
culo, na época de Moisés, quando
ela fora construída, e depois do
Templo de Salomão, para onde fora
transferida.
Na Arca foram colocadas
as Tábuas da Lei, uma Urna
cheia de Maná e a Vara de Arão.
Nas duas Tábuas da Lei estavam gravadas as Leis e os Dez Mandamentos
de Deus para o povo hebreu e para toda a humanidade.
Seguem as principais referências bíblicas sobre todas essas coisas: 1)
As Leis de Deus e os Dez Mandamentos: Ex 20-24; 32:16; 34:28; Dt
4:13; 5:7; 10:4; Js 8:32; 2) O Tabernáculo: Ex 25-40:34; Lv 8:10; 16:16;
Nm 1-7:1; 1 Rs 8:4; lCr 21:29; 2Cr 1-5:5; Hb 9:11; 3) O Templo de
Salomão: 1Rs 5-8; 2Cr 2-7; 4) A Arca da Aliança: Ex 25:10-16; 31:1-
11; 37:1-5; Dt 10:1-5; 1Sm 6:19; 1Rs 8:1-9; 1Cr 13:5-10; 15:2; 2Cr 5:7; 5)
O Templo e a Lenda no Grau 4 -Mestre Secreto 101

1 As Tábuas da Lei: Ex 24:12; 31:18; 32:15,16; 34:28; Dt 10:1-5; Hb 9:4; 6)


1 Maná e Pote de Maná: Ex 16:1-15, 33, 35; Nm 11:7, 9; Dt 8:3, 16; Sl
78:24; Hb 9:4; 7) A Vara deArão: Ex 4:20; 7:10-14; 7: 19-20; 8:5-6; 8:16-
)
18; 17:1-13; Nm 17:1-11; Sl23:4; Is 9:4; Jr 48:17; Hb 9:4; 8) Aliança: Jr
) 11:1-10; 31:31-40; Mt26:28.
1 A presença de uma "Arca da Aliança" no Sanctus Sanctorum no
Grau 4 evoca a todos os eventos descritos que devem ser analisados e
\
meditados para que o maçom dos Altos Graus atinja a mensagem do
1 G :.A:.D:. U : .. E o símbolo da Aliança, ou seja, da reciprocidade constru-
) tiva entre a Homem e Deus, que toma possível ao homem a Vida Eterna.
Diz nosso Ritual que a Arca da Aliança é o Ovo Cósmico ou Matriz
1
Universal encerrando o germe da Mônada. A Arca é de acácia porque essa
madeira é o símbolo da incorruptibilidade, da imputrescibilidade, sendo, por
isso, o Emblema da Vida Eterna, da Imortalidade e também da Inocência;
ela é ornada de Ouro, símbolo da Fé, do Poder e da Magnificência.
O conteúdo da Arca constituía os maiores tesouros do povo hebreu,
tesouros místicos, espirituais e morais, pois as Tábuas da Lei que ensinam a
1
Verdade Divina, o Maná e a Vara de Arão são também símbolos da Vida
Eterna. O Vaso de Maná e a Vara de Arão são ainda os Emblemas da
l Graça e do Poder que emanam da perfeita observância da Lei em seus dois
1 aspectos: os dons de Deus que recebemos na proporção de nossa Fé, Es-
perança e Amor, e o reconhecimento de que Ele é a grande Fonte de tudo,
' o Único Poder e a Única Realidade.
Em cima da Arca da Aliança, encontrava-se uma Tampa, ou seja, o
Propiciatório ou Assento da Misericórdia, com dois Querubins (anjos). As
referências bíblicas principais a esse respeito são: Ex 25:17, 22; 26-30:9; L v
\
16:2. Do meio dos Querubins, Deus se apresentava a Moisés e ao povo;
\ manifestava-se por uma nuvem visível durante o dia e por uma coluna de
1 fogo à noite (Ex 40:34-38); era a Glória de Deus, que habitava no Taberná-
culo e no Templo, e que os judeus chamavam a Xekiná. Essa Glória de
Deus (ou Xekiná) apareceu pela primeira vez sobre a Arca quando Moisés
consagrou o Tabernáculo; e esteve presente depois disso na consagração
do Templo por Salomão, para onde foi transferida a Arca e onde permane-
ceu até a destruição do Templo. Diz nosso Ritual que os Querubins simbo-
lizam proximidade Interior com o Princípio Criador; na origem de todos os
templos destinados ao culto Divino, sempre existiu um lugar (Oriente) cha-
mado Sanctus Sanctorum, onde se encontrava um Altar chamado Arca ou
Xekiná; daí a presença da Arca da Aliança no Sanctus Sanctorum no Grau
4; hoje, os Templos costumam colocar a Arca ou Xekiná no centro, pois
nesse lugar acredita-se que desça, na terra, a Consciência de Deus.

\
\
102 A Lenda de Hiram nos Graus Inefáveis do R.·.E.·.A.·.A.·.

Existem várias teorias estranhas a respeito da Arca da Aliança, como


por exemplo que ela seria um "Acumulador Elétrico" ou mesmo uma "Pilha
Atô_m~ca" ~om os quais os hebreus, em especial o Mago e "eletricista"
M01se~, tenam destruído muitos de seus inimigos.
, . E verdade que ainda há coisas que escapam às investigações cien-
ti_fic~s: mas todo ~u~dado é youco, porque também eJSistem dogmas
ctentificos. Se a Fe e uma virtude, a credulidade não. E recomendada
ao Mestre Secreto a inocência, mas não a ingenuidade.

O Candelabro Místico de Sete Luzes (Menorá)


O Candelabro de Sete Luzes, Velas ou Bra-
ços, uma das quais devia estar continuamente ace-
sa para iluminar a Arca e facilitar os serviços no
Tabernáculo e no Templo, foi confeccionado de
acordo com instruções de Deus dadas a Moisés
(Ex 25:31-40; 37:17-24 e 40:24-27). No simbolis-
mo judaico, segundo alguns autores, os sete ra-
mos indicavam os sete Planetas Clássicos conhe-
cidos dos antigos; outros, porém, pensam tratar-
se dos sete dias da semana. Os cristãos primiti-
vos fizeram do Candelabro de Sete ramos um em-
blema alusivo ao Cristo, "A Luz do Mundo" e,
nesse sentido, tornou-se um dos símbolos favori-
tos da "Arte Cristã primitiva", até hoje utilizado tanto nas sinagogas dos ju-
deus como nos Templos dos cristãos.
Entretanto, na Maçonaria hoje, especialmente no Grau 4, esse Can-
delabro possui todos os significados do número 7: é a harmonia setenária.
Simboliza as sete Virtudes, as sete Artes e os sete Dons do Espírito Santo:
Sabedoria, Inteligência, Conselho, Juízo, Fortaleza, Ciência e Temor a Deus
(Compreensão da Lei). Essas sete luzes filosóficas devem iluminar e com-
pletar, no Mestre Secreto, a Fé, a Esperança e o Amor, cujo conhecimen-
to prático foi objeto dos três Graus Simbólicos. E, o mais importante, deve
ser ele mais uma testemunha da aliança mística existente entre a criatura e
o Criador e do homem com o Princípio da Vida.

O Altar ou a Mesa dos Pães Propiciais


A Mesa dos Pães Propiciais (ou do Pão da Presença do Senhor),
tanto no Tabernáculo como no Templo de Salomão, ficava na ala nor-
te, na sala ao lado do Santuário (Ex 40:4, 22, 30; Jz 1:7; 2Sm 9:7; 1Rs
10:5; 18:19; Ne 5:17; Mt 15:27). Em Ex 25:23-30; Deus ordena a Moisés
fazer esse Altar dando-lhe as instruções sobre os detalhes e onde ser coloca-
O Templo e a Lenda no Grau 4 -Mestre Secreto 103

'
\
do. Em Ex 38:1-7, o Altar é confeccionado; em Ex 40:4, 22, 23, a descrição de
onde é colocado; e, finalmente, em Lv 24:5-9, Deus instrui a Moisés como
deveriam ser feitos os Pães Propiciais (Pão Ázimo).
\
No Grau 4, esse Altar encontra-se em frente ao Altar do Tesoureiro,
\ tendo sobre ele uma bandeja contendo 12 Pães Propiciais, represen-
)
tando as 12 tribos de Israel, posto que esses Pães eram oferecidos a
Deus pelas 12 tribos. Esses 12 Pães constituem ainda uma referência
\ mais direta aos 12 signos zodiacais, às 12 divisões cíclicas do Ritmo
Cósmico e Terrestre da Vida e aos 12 setores nos quais se divide o
Campo Energético Vital.
)

\ O Altar dos Perfumes ou do Incenso


\
Tanto no Tabernáculo como no Templo de Salomão, o Altar dos Per-
fumes ou do Incenso era colocado em frente à Arca do Testemunho. As
principais referências são: Ex 30: 1-10; 34-38; 37: 15-29; 39:38; 40:5, 26-27;
L v 4:7; lRs 6:22; 7:48.
Na Loja em Grau 4, o Altar dos Perfumes fica à esquerda do Trono,
tendo sobre ele uma Naveta contendo incenso e ao lado um Turíbulo. Esse
Altar é a invocação das forças da natureza. O uso do incenso sempre fez
parte do culto à Divindade, sendo comum a todos os povos da Antiguidade.
Na Maçonaria, o incenso é o símbolo da prece e produz um estado de alma
particular propício à elevação espiritual.

O Altar Triangular ou Túmulo


Não há referência a esse Altar tanto no Tabernáculo como no
)
Templo de Salomão. Na Loja em Grau 4 esse Altar fica à direita do
I Trono, e tem sobre o mesmo um Malhete com Laço de Crepe preto e
uma Coroa de Louro e de Oliveira na cor verde, sendo o símbolo da ressur-
' reição Cósmica, da Solar e da Humana. É símbolo também da Cripta dos
' grandes heróis da humanidade e dos grandes lluminares Espirituais, bem
como do Mestre Riram Abiff.

O Altar dos Sacrifícios


Tanto no Tabernáculo como no Templo de Salomão, o Altar dos Sacri-
fícios, ou das Ofertas Queimadas, era colocado na entrada do átrio princi-
pal, no pátio do átrio externo. As principais referências bíblicas a respeito
são: Ex 27: 1-8; 29: 10-46; 37:10-16; 38:1; 40:6, 29 e todo o livro de Levítico
que contém as instruções dos diversos Sacrifícios a serem queimados ao
\ Senhor, e, ainda, 1Rs 1:50; 8:64; 2Cr4:1; 15:8; 29:18; 22:16.
\

'
104 A Lenda de Hiram nos Graus Inefáveis do R:.E:.A.·. A.·.

A palavra Sacrifício significa "Fazer o Sagrado"; é a Oferta e destrui-


ção de um bem a um Ser Superior. Os povos primitivos acreditavam que a
oferta do sacrifício, que poderia ser, inclusive, uma criatura humana, como
recompensa, trazia benefícios ao sacrificador ou de quem o sacrifício era
sugerido ou autorizado. A Bíblia é rica em exemplos e, para citar apenas
um, temos o sacrifício que Abraão se dispunha a fazer de seu próprio
filho !saque, porque assim Deus lhe determinara. Entretanto, isso ocor-
reu porque Deus queria tão somente testar a Fé e a Fidelidade de Abraão.
Entre os hebreus, era proibido e severamente castigado o sacrifício huma-
no. Com o surgimento do Cristianismo, o sacrifício aos deuses evoluiu para
uma forma exclusivamente espiritual; Deus Pai, ao entregar seu filho Jesus
em Holocausto, em benefício de todos aqueles que acreditaram no Mes-
sias, pôs fim a tal prática, e hoje apenas os povos primitivos rendem culto a
Deus ou aos seus deuses, sacrificando bens e, frequentemente, seres hu-
manos, em orgias inaceitáveis.
Na Loja em Grau 4, o Altar dos Sacrifícios fica entre o Altar dos
Juramentos e a entrada do Templo, e há sobre o mesmo o Selo (Sinete,
Chancela) da Loja de Perfeição. Nesse Altar, sacrificamos simbolicamente
as paixões para conseguirmos a Libertação Espiritual.
O maçom está sempre pronto ao sacrifício; tudo o que ele define ser
vício deverá ser sempre sacrificado. É o autoaperfeiçoamento por meio do
sacrifício, que não necessita ser uma operação dolorosa ou sofrida, mas
apenas analisada, aceita e aplicada como meio necessário para empreen-
der uma nova vida, com nova técnica e, obviamente, novo resultado.

O Altar dos Juramentos


No Tabernáculo, bem como no Templo de Salomão, não havia
esse Altar. É por isso que no Grau 4 o Juramento de Fidelidade é feito
diante da Arca da Aliança. No Altar dos Juramentos, que no Grau 4
encontra-se no corpo do Templo, próximo à grade, tendo sobre o mes-
mo o L:. da L:., um exemplar das Grandes Constituições, um Estatuto
do Supremo Conselho, uma Chave de Marfim (Joia do Grau) e sobre o
L:. da L:. o Esq:. e o Comp :. , são feitas apenas a Consagração e a
Investidura dos neófitos. O Altar dos Juramentos é o centro de onde
emanam a Luz e a Vida e juramos apenas imolar a vida pelo cumpri-
mento do dever.

7.3. 2. Símbolos do Grau 4


O Cetro
Nos Altos Graus, o Cetro é o símbolo do Poder, um dos atributos
de Salomão, que neles desempenha papel preponderante. No Grau de
Mestre Secreto, como nos seguintes da série dos Graus de Perfeição, o
O Templo e a Lenda no Grau 4 -Mestre Secreto 105

1
Cetro substitui o Malhete para dar sobre a espada os golpes simbólicos da
1
., Consagração. Representa o Poder da Unidade que se manifesta na Inteli-
gência (mão esquerda) como Sabedoria, e na Vontade (mão direita) como
Capacidade de Domínio.
\

A Chave de Marfim
A Chave de Marfim com a letra Z (inicial da P :.de P :.do Grau), em
preto, é a Insígnia (ou Joia) do Mestre Secreto. A Chave encerra um simbo-
lismo muito extenso: é o emblema do Silêncio e da Circunspecção, do Poder
e da Predominância, da Prudência e da Discrição, qualidades a serem desen-
volvidas, ou conquistadas pelo Mestre Secreto. Conclui-se então que o silên-
cio leva à Meditação e esta, a pensamentos retos; por isso, o homem que
pensa e raciocina é prudente, discreto e circunspecto, conseguindo assim
predominância e poder sobre seus semelhantes. O Marfim, também símbolo
do Poder, é, além disso, símbolo da Pureza e da Sabedoria. Assim, a Chave
1
de Marfim lembra ao Mestre Secreto que somente por meio da Pureza lhe
\ será possível alcançar a Sabedoria, e por ela o Poder, não somente sobre si
mesmo, mas também sobre os outros. A Chave de Marfim representa o enten-
dimento espiritual, e o Mestre Secreto há de conseguir, por seu intermédio, abrir
a Arca da Aliança, que é a Arca Real da Sabedoria.

O Louro e a Oliveira
Diz nosso Ritual que o Louro significa o Triunfo do espírito sobre a
matéria e a Oliveira é o emblema da Paz alcançada após as lutas sobre as
paixões. Essas folhagens simbolizam a Vitória sobre si mesmo e a Paz na
vida espiritual e física; significam vitória e paz, o que se consegue pelo
Triunfo do Espírito sobre a Matéria.

A Coroa de Louro e de Oliveira


A Coroa era um ornato muito usado na Antiguidade para cingir a
cabeça de sacerdotes, magistrados, embaixadores, militares, atletas e, prin-
cipalmente, imperadores, como atributo do Poder e de Triunfo. Na Maço-
' I
naria também era usada como emblema de majestade, poder, martírio,
glória e triunfo. Assim, o Mestre Secreto é premiado com uma Coroa de
Louro e de Oliveira como emblema da Vitória alcançada sobre si mesmo,
sobrepondo os seus ideais aos seus vícios, erros e paixões, e a Paz da
alma que deriva dessa conquista. Paz que sucede às tempestades interio-
res, à luta obscura com os instintos e as tendências negativas.
106 A Lenda de Hiram nos Graus Inefáveis do R.·.E.·.A.·.A:.

7.4. O Cobridor do Grau 4


7. 4.1. A P. ·.S.·. do Mestre Secreto
São três: I:., A:., Iv:., que significam:
a) I:.- Décima letra do alfabeto hebraico inicial do Tetragramatom
IHVH. Quando vogal, essa letra representa a Divindade; o Deus Eterna-
mente Vivo, a Unidade, o Princípio ativo, causa e agente da vida.
b) A:.- Significa Senhor; representava para os judeus o Soberano Se-
nhor; era o Nome que servia de substituto ao Nome de Deus: IHVH, lEVE,
/AVE, etc., para eles, impronunciável, inefável, como prova de respeito.
c) I v:.- Significa Deus (Jeovah); nome composto das letras he-
braicas Iod, Vav, He, tem o mesmo valor de leve, leva, lua, Jea, e
também outras formas hebraicas da grande palavra Jeovah. As letras
que o compõem representam, cabalisticamente, as energias geradora e
produtora da Divindade.

7.4.2. A P.·.de P.·.do Mestre Secreto


A P :.de P :. do Mestre Secreto é Z: .. Essa palavra tem sua ori-
gem no vocábulo Tzitz, significando: resplendor ou flor. O sentido res-
plendor refere-se ao brilho que emana do nome Divino. A iluminação
interior que conduz o Neófito a ingressar no Santuário da Verdade. O
sentido de flor refere-se ao próprio Grau 4, significando "flor que pre-
cede o fruto" do Conhecimento Maçônico, que se abre ou brota no
coração do recipiendário; a esperança imortal que nasce, tendo reco-
nhecido a morte como aparência irreal ou ilusória.
Essa palavra lembra ao Mestre Secreto que seu trabalho consiste
em procurar a Luz Resplandecente. Esse trabalho começa ao romper do
dia e finda ao anoitecer. E, quando encontrar essa Luz Resplandecente e
Superabundante, Z :. , ele terá chegado mais perto de Deus, porque Deus
é a Luz.

7. 4.3. O S.·. do Mestre Secreto


O S :.do Mestre Secreto significa Silêncio e Segredo. Calar é uma
das virtudes que deve possuir o iniciado. Falar não é a arte de ocultar
o pensamento, mas de pará-lo e de sufocá-lo. A palavra é coisa tempo-
ral; o silêncio, coisa eterna. O silêncio tem sido exaltado em todas as
escolas iniciáticas como eterno dever do homem.
É pelo Silêncio que o Iniciado exerce um domínio total sobre as
palavras, e dessa forma pode se dedicar à meditação e à reflexão silen-
ciosa que lhe abrem as portas para o progresso.
'--.__ O Templo e a Lenda no Grau 4 - Mestre Secreto 107
~

~
7.5. A Lenda no Grau 4 e sua Interpretação Alegórica
.,
~
O Grau de Mestre Secreto inspira-se na Bíblia e particularmente no
estabelecimento e na organização do culto divino, o que, segundo a nru:ati-
va bíblica, foi efetuado pelo próprio Jeovah com o auxílio de Moisés. E um
' desenvolvimento do 3º Grau Simbólico de Mestre, como continuidade da
" lenda da morte de Riram Abiff. Nesse Grau, que Salomão instituiu, presta-
) se uma homenagem à memória do saudoso Mestre Riram Abiff e por isso
\ o presidente faz uso, nas recepções do mesmo, de uma coroa de loureiro e
de oliveira, em sua honra.
\ Na Iniciação ao Grau, o Primeiro Vigilante se desloca de seu altar no
Ocidente e vai sentar-se no Trono, à direita do Presidente, que repre-
' senta Salomão. Essa providência significa que, para a cerimônia, o
' saudoso Mestre Riram Abiff se faz presente. Trata-se de uma presença
\. espiritual; o pano preto, colocado sobre o Altar do Primeiro Vigilante,
simboliza o luto e a dor pela morte do Grande Mestre. Aquela mente
'"'I
.., gigantesca foi assassinada; os trabalhos de construção do Templo fo-
ram criminosamente interrompidos; a Palavra de Amor ficou perdida. Os
) Mestres Secretos choram, com seus Irmãos, sobre o túmulo de Riram Abiff,
a inteligência potente e única diretora nos trabalhos esmagada pela igno-
1
rância e pela tirania. Durante séculos, o espírito gemeu encarcerado, e bem
sabem os Mestres Secretos que seus carrascos ainda estão vivos. O luto
\
que cerca a Loja mostra essa situação. A Maçonaria, porém, foi criada
para preparar a libertação do espírito humano, dentro da precisa disciplina.
1 Essa libertação, contudo, não será obtida à custa de ataques irrefletidos,
porque os assassinos de Riram são terríveis. Os combates devem ser diri-
' gidos pela Verdade, pela Ciência e pela prudente Tolerância. Riram morto
'"' é o espírito humano escravizado. A Maçonaria é tarefa de libertação. É
preciso, em primeiro lugar, libertar nossos espíritos. Nisso os Mestres Se-
'\ cretos se empenham.
O Templo outrora radiante hoje está mergulhado nas trevas e no luto,
.......,.
por obra dos perversos. Nicola Aslan, em seu livro Instruções para Loja
de Perfeição, Editora Maçônica, 1992, consigna:
'"' "Refere-se o Ritual aos acontecimentos posteriores à morte de
)
Riram Abiff, quando Salomão pretendeu remediar o prejuízo causado
ao Templo, suprindo a perda do seu ilustre construtor pela indicação
'
\
de sete Mestres peritos na Arte, chefiados por Adohniram, entre os
quais foram divididos os trabalhos, que até então tinham sido condu-
\ zidos por um único homem genial. Salomão, mesmo diante da suspen-
......., são do trabalho, inicia de maneira progressiva Maçônica o enterro de
seu Irmão, depois o término do Templo e, finalmente, faz justiça aos
'"" assassinos".
\
....,
\

'
108 A Lenda de Hiram nos Graus Inefáveis do R.·.E.·.A .·.A .·.

Essa lenda do Grau deve ser vista como uma alegoria. Com a morte
de Hiram Abiff, os trabalhos são continuados por Adohniram, seu lugar-
tenente, nomeado para dirigi-los, com o auxílio de seis Mestres que deverão
assisti-lo em suas tarefas.
Segundo Rizzardo da Camino, em seu livro Os Graus Inefáveis,
da Editora Aurora, 4ª edição, página 54, "Adohniram foi uma perso-
nalidade misteriosa, pois ainda hoje é confundida com o próprio Hiram
Abiff. Refere lRs 4:6, que ele seria filho de Abdá e teria casado com a
irmã de Hiram Abiff; há, porém, quem afirme que seria, também, es-
trangeiro, eis que nenhum israelita teria tomado parte na construção
do Grande Templo".
De acordo com o relato bíblico, Adohniram era príncipe da casa
de Israel (lRs 4:2), dirigia os condutores de material no Monte Líbano
para a construção do Templo de Salomão (lRs 4:6; 5:4) e tinha, ainda,
a função de inspecionar os tributos.
Alguns o consideram um ser místico; a etimologia de seu nome, Adon,
"Senhor", e Raman, "Elevar-se", serviu para substituir a palavra Jeovah,
que Moisés proibira aos obreiros pronunciar. Seja como for, símbolo ou
personagem real, Adohniram representa o inspetor-geral dos obreiros com
a designação de Mestre Secreto, o primeiro, cuja divisa é uma Chave figu-
rada sobre o Avental.
Os trabalhos da Loja processam-se na parte mais sagrada do Templo,
no Sanctus Sanctorum, e as instruções do Grau versam sobre o sentido
místico dos móveis que este contém e da lenda de Hiram Abiff e
Adohniram, descrita anteriormente.
O Templo de Salomão é o emblema alegórico do homem, física e
intelectualmente, posto que no Sanctus Sanctorum, que é a parte mais
íntima do homem, reside a Consciência. Hiram Abiff, significando al-
guém de nascimento nobre, é o homem superior que morre e é substituído
por Adohniram, isto é, a elevação de sentimentos que deve possuir todo
aquele que procura regenerar seu espírito.
Assim, para que o homem possa construir um Templo semelhante ao de
Salomão, há de necessitar, antes de tudo, lançar fora de si todo o material
inferior e impróprio para a construção, ou seja, tudo aquilo que é constituído
pelas preocupações materiais. Para isso ele recebe o auXI1io do homem físi-
co, do qual o símbolo é o número 6.
Ao candidato é finalmente mostrado o Santuário, por meio de
portões fechados, e explicado o significado místico de seus elementos
sagrados. Ele poderá deduzir que, sendo-lhe agora ainda proibida a
entrada, poderá chegar a ocasião em que os portões lhe serão abertos.
O Mestre Secreto é o que passou do Esquadro ao Compasso, viu o
Túmulo de Hiram, onde, com seus Irmãos, derramou Lágrimas.
O passar do Esquadro ao Compasso significa, apenas, que o Mestre
Secreto frequentou, por exaltação, o Grau 3 da Maçonaria Simbólica.
O Templo e a Lenda no Grau 4 -Mestre Secreto 109

'
l
Quanto a ter visto o Túmulo de Riram, significa que ele partici-
pou do cerimonial místico da morte de Riram Abiff; porém, não basta
ao exaltando tomar parte na cerimônia; ele deve "ver", "senti -la" e
"compreendê-la", esotérica e espiritualmente. A lenda de Riram Abiff
' traduz toda a filosofia maçônica, ou seja, do embelezamento da morte,
não do "além-túmulo", mas da atualização tumular; a morte face a
' face. Porém, no 32 Grau, o Maçom apenas "vê" o Túmulo de Riram
Abiff; no Grau 4, ele penetra em seu profundo significado.
As Lágrimas derramadas significam não apenas a expressão de dor e
' tristeza pela morte do Grande Mestre, mas também uma súplica, uma pre-
' ce, uma oração, segundo a Bíblia. "Viu o túmulo de Riram, e derramou
Lágrimas" significa que foi elevada uma prece. A Visão da Morte pre-
sente conduz a um pedido imediato; a presença do Túmulo é a "visão"
de Deus e diante dele a súplica é instantânea, porque a "Lágrima" é
espiritualmente "vista" e o pedido, atendido.
Em resumo, a lenda do Grau 4 é a construção, por parte de Salomão,
do túmulo que irá receber o corpo do excelso Arquiteto de Tiro.
Riram Abiff teve três túmulos: o primeiro, logo depois de sacrifi-
cado, sob os "escombros" do Templo; um túmulo provisório. Signifi-
ca o túmulo em que o próprio homem se coloca quando se afasta da
luz; sob os escombros de uma derrocada, quando, por um suposto
livre-arbítrio, o homem julga poder proclamar a própria independên-
cia. O segundo túmulo, quando seu corpo foi colocado no seio da
Natureza, sob a terra marcada com um ramo de acácia. É a ilusão de
ter ocultado a Vida em anonimato, para evitar a proclamação da mor-
te; a ocultação do cadáver para esconder o crime e para fugir às
consequências do ato antinatural. É o primeiro Adão que com folhas
de parreira pretende ocultar o "pecado original". O terceiro túmulo é o
da glória; retirado o cadáver, descobrem-se os autores do trucidamento,
faz-se justiça; limpa-se o corpo inerme de Riram Abiff e o coloca em
um túmulo definitivo, rico e pleno de honrarias, em local sagrado,
fazendo-se centro de um culto dentro de um Templo.
O tempo decorrido desde a morte às exéquias somou 81 dias, simbo-
lizado pela "corda de 81 nós" e pela idade do Mestre Secreto.
A trilogia tumular de Riram Abiff constitui, hoje, apenas um ali-
cerce filosófico, misto de lenda e mitologia, dogma e filosofia iniciática.
Finalmente, o Mestre Secreto é aquele que, após percorrer seus
estágios de conhecimento, aprende a morrer. É como diz Jules Boucher
em seu livro La Symbolique Maçonnique, da editora Dervy, Paris, 1953,
'
) "por essa morte, os três Companheiros assassinos libertam Riram Abiff
(o Iniciado) do plano material, do plano psíquico e do plano mental,

'
\
sendo esses três planos os do mundo profano; Riram Abiff ressuscita
no plano divino: ele é então verdadeiramente Mestre".
\
)

1
llO A Lenda de Hiram nos Graus Inefáveis do R.·.E.·.A.·.A.·.

Então, como Mestre Secreto, devemos procurar os segredos da ori-


gem, segredos perdidos pela morte prematura do Mestre Hiram Abiff. De-
vemos usar as sábias lições do Grau, não apenas como uma tradição, mas
como elementos de análise para as nossas vidas. Devemos começar nossa
busca, nossa longa busca de Iniciado, porque todo maçom também é um
Hiram Abiff.

7.6. Interpretação Filosófica do Grau 4


Nicola Aslan, em seu livro já referido, apresenta uma classificação
dos Graus do R:.E:.A:.A:., elaborada por Papus, segundo a qual esse
Grau pertence à 4ª categoria, a dos Graus israelitas e bíblicos. Segundo
certos autores, sua interpretação é: "Consciência como faculdade que
enlaça o mundo intelectual com o físico e dita as leis imutáveis do
Direito e do Dever". Segundo outros, ele é consagrado "à discrição do
Sábio e à vigilância do bom Obreiro". É um Grau de meditação interior,
tendo por base moral "a noção do cumprimento do Dever, inevitável
necessidade do homem que vive em sociedade". Sua finalidade é o estudo
que, ao fazer conhecer a Verdade, liberta o Espírito.
Sendo o primeiro dos Graus Filosóficos, é a porta de entrada do
filosofismo maçônico. É o Grau pelo qual o maçom inicia sua longa viagem
e, por caminhos novos, parte em busca de novos conhecimentos, experiên-
cias, estudos e meditação, por meio dos quais alcançará progressos.
É o que o Ritual sugere ao coroar o Candidato com o louro e a
oliveira, emblemas do triunfo lembrando as coroas daqueles que, na
Antiguidade, iam consultar o Oráculo: "Vós consultais, neste momen-
tq, um oráculo bem mais apreciável que o de Delfos, o da Verdade
maÇônica, que não dá respostas ambíguas e equívocas, como aquele ".
O Grau 4 chama-se Mestre Secreto, porque Salomão entendeu
que, encerrando ele uma grande verdade FILOSÓFICA- a liberdade
de consciência, que nenhum poder humano deve roubar-, era pru-
dente só revelá-la aos homens instruídos de sua nação.
Nesse Grau se representa a Consciência do homem pelo Santuário do
Templo à semelhança do recinto Sanctus Sanctorum dos hebreus; a razão
humana, que preserva a consciência dos funestos efeitos em face dos
preconceitos vulgares e fanáticos, representa-se por uma balaustrada; a
inteligência que esclarece a consciência, pela chave da balaustrada.
Tudo isso tinha um objetivo elevado: preparar o homem suficiente-
mente para se defender contra os tiranos da consciência e manter firme a
confiança em Deus. E a isso é que deve o povo israelita a constância com
que, depois de disperso por todas as nações, sempre se mostrar em sua
união moral, apesar do desterro, das horríveis perseguições, da espoliação
de suas riquezas e até de suplícios que tiveram de suportar.
......____
.______ O Templo e a Lenda no Grau 4 -Mestre Secreto lll

' l
O Mestre Secreto põe-se em viagem a fim de procurar a palavra
' perdida, o grande objetivo que tem por missão conseguir; porém, s? p~r
\ meio do silêncio e do isolamento o Mestre Secreto poderá alcançar a mtm-
ção que lhe há de proporcionar o discernimento da Verdade.
Tais conhecimentos desenvolvem-se no Sanctus Sanctorum do
\ nosso ser, pois esse Santuário do Templo representa a consciência
do homem, onde reside e se manifesta a Xekiná dos hebreus, ou seja, a
presença divina, pois só a consciência pode conceber a grandeza e a imen-
l sidade de Deus.
É por isso que esse Grau procura fazer o Iniciado entender que Deus
'
l
não pode ser abarcado pelos sentidos nem compreendido pela inteligência,
e procura libertá-lo da noção de um Deus a quem foram atribuídos
\ vícios, paixões e preconceitos humanos, superstições estas que o Mes-
tre Secreto precisa derrubar a fim de poder alcançar a Verdade. O Ritual
'' nos mostra a preocupação da Maçonaria em libertar os povos da prática
\ de religiões inferiores, lutando contra a adoração dos astros e o culto
dos ídolos materiais.
' É por essa razão que o Ritual do Grau 4 contém as sentenças:
"Jamais farás imagens talhadas na pedra, à semelhança das cousas
que estão no céu, para adorá-las!."
"Não faças teus deuses de metal. Quando ergueres teus olhos
para a abóbada celeste e nela vires o Sol, a Lua e as estrelas, não lhes
dirijas nenhum culto, como fazia a gente de antanho!."
"Não atribuas a Deus, o G:. A:. D:. U:., paixões e vícios humanos.
Nunca dês Seu Nome aos fantasmas que sua imaginação engendrar!"
Os trabalhos do Grau de Mestre Secreto têm por objetivo de-
monstrar que a Consciência é o verdadeiro Juiz do homem, que o
"Livre-Arbítrio" ensina-lhe os sentimentos de Honra, Virtude e Justi-
l ça, e também a praticá-los. A Consciência que o faz distinguir o Bem
1 do Mal, a Justiça da Injustiça, é também o que o impele na busca da
perfeição. Pretendem ainda ensinar que o Segredo, a Subordinação e a
Felicidade são indispensáveis para a consolidação da Liberdade.
O Ritual encerra ainda lições de discrição e de fidelidade, como
primeira obrigação do iniciado, que as recebe por meio do selo da
Loja aplicado sobre os lábios e o sinal do Grau constantemente repeti-
\ do. Mostra-lhe que a felicidade consiste na prática da Caridade e na
1 exaltação da Virtude, como também no estudo.
"A Maçonaria procura, portanto, homens experimentados e espí-
1
ritos amadurecidos e resolutos, a fim de dar à Humanidade condutores
l hábeis pelo estudo e implacáveis no cumprimento do dever."
E o Ritual ainda mostra que o maçom deve ter um verdadeiro
l
culto ao Dever.

'
112 A Lenda de Hiram nos Graus Inefáveis do R.·.E.·.A.·.A.·.

"A primeira obrigação é o sentimento profundo do Dever, porque o


Dever é a fonte de todas as energias e a única arma cuja têmpora não
falha. O Dever é uma necessidade absoluta, diante da qual é culpável toda
fraqueza."
Daí as sentenças contidas no Ritual:
"Desgraça sobre aquele que afirma obediência ao dever sem o
compreender! ".
"Desgraça para o covarde que promete e esquece seu compro-
misso!"
"Desgraça sobre aquele que aceita um fardo que não pode carregar!"
E conclui que o Juramento prestado resume-se para o Mestre Se-
creto na seguinte máxima:
"FIDELIDADE AO DEVER QUE VOSSA CONSCIÊNCIA VOS
IMPÕE".
É a razão pela qual o Mestre Secreto que consegue atingir as
metas fixadas pela Maçonaria e ensinadas nesse Grau torna-se mere-
cedor de ser recebido debaixo do louro e da oliveira.
Para concluirmos, deixamos com os queridos leitores as belas pala-
vras sobre o Grau de Mestre Secreto, consignadas no monumental livro
Comentários sobre Moral e Dogma, 1974, de Henry C. Clausen, Sobera-
no Grande Comendador do Supremo Conselho do Grau 33 do
R:.E:.A:.A:. da Jurisdição Sul dos Estados Unidos da América (Su-
premo Conselho Mater do Mundo), e traduzido ao português pelo Ilustre
Irmão Alberto Mansur em 1976:
"Quando Iniciamos no Grau 4, damos o primeiro passo para den-
tro de nosso santuário, em busca da verdade e dos conhecimentos, o
mais genuíno e real dos tesouros humanos. Devemos lembrar que nosso
progresso depende de nosso sigilo, de nossa obediência e de nossa
fidelidade; sigilo pela segurança de obrigações, de deveres, de jura-
mentos, de comunicações; obediência às leis que refletem a vontade,
o julgamento e o benefício do povo; fidelidade na fé e nas promessas
empenhadas à família, a amigos, à pátria e à Maçonaria. Assim, evita-
remos as várias seduções do prazer e da indolência, e permitiremos
que os preceitos de nossas obrigações sejam cumpridos . Devemos
pesquisar, ler, estudar, refletir, meditar e discriminar. A luz do conheci-
mento desenvolve a alma do homem e assegura a recompensa de suas
aspirações para continuação após a morte. Com a fiel procura desses
ideais, serviremos a nós mesmos, a nossos Correligionários, à nossa
Nação, à Humanidade e a Deus."
O Templo e a Lenda no Grau 4 -Mestre Secreto 113

7.7. Insígnias e Emblemas do Grau 4

Avental do Mestre Secreto Fita com a Joia do Grau

Joia do Presidente do Corpo

Joia do Mestre Secreto

Simbolismos
1. Avental do Mestre Secreto: É branco, orlado de preto e com
cordões em preto. Na abeta há um olho aberto; bordado ou pintado no
centro estão dois ramos, um de Oliveira e outro de Loureiro, cruzados
pelos caules; no cruzamento dos ramos, a letra Z em preto. O branco
significa pureza de intenções e de trabalho. O preto da orla é a igno-
rância que nos rodeia. A abeta é a tríada imortal que, pela preparação
114 A Lenda de Hiram nos Graus Inefáveis do R.·.E.·.A.·.A.·.

espiritual, vai dominando a matéria. O olho é a vigilância da Consciência


Universal. O ramo de Loureiro é o triunfo do espírito sobre a matéria, e o
ramo de Oliveira é o emblema da paz alcançada após as lutas sobre as
paixões. A letra Z é a inicial da P :. de P :. : razão, luz e fartura.
2. Fita e Joia do Mestre Secreto: Uma faixa azul, orlada de pre-
to, tendo na ponta a Chave de Marfim com a letra Z em preto; na
extremidade, a Joia do Grau. A cor azul é a essência espiritual. A cor negra
é a materialidade, isto é, as trevas que a rodeiam. A Chave é a inteligência.
A letra Z é a razão.
3. Fita e Joia do Presidente do Corpo (T:.V:.P:.M:.): Fita
azul posta a tiracolo da direita para a esquerda, tendo na ponta a Joia
do Cargo: um Triângulo Equilátero dourado. Nesse triângulo, acham-
se gravados três signos: em cima, um círculo maior representando o
Sol, símbolo do ouro e da Fé; embaixo, um círculo menor com uma
cruz embaixo representando Vênus, símbolo do cobre e da esperança;
à direita, um círculo menor encimado por uma meia-lua voltada para
cima e uma cruz embaixo, representando Mercúrio, símbolo da Caridade.
Esse signo alquímico representa o fluido universal, o qual, penetrando em
todas as coisas, une todos os seres com os laços de uma secreta simpatia.

Painel Alegórico do Grau 4


A Bíblia descreve a sala de-
nominada "O Mais Sagrado Lugar".
No oráculo, "ele construiu dois
querubins, cada um com dez
côvados de altura. E ele fixou os
querubins (anjos com asas) den-
tro da casa interna; a asa de um
querubim encostava-se a uma pa-
rede e a asa do outro querubim
encostava-se à outra parede; e
suas asas se encostavam umas
nas outras, no centro da casa. E
ele folheou os querubins a ouro".
(lRs 6:23,27,28) "E os sacerdo-
tes trouxeram a arca da promes-
sa divina do Senhor ao mais sa-
grado lugar, debaixo das asas
dos querubins." (JRs 8:6)
O Templo e a Lenda no Grau 4 - Mestre Secreto 115
1
1
Painel Simbólico do Grau 4
Tem o formato de escudo, com ~------------.....,
bordos azul-escuros. Na parte supe-
rior, abaixo de três gotas de sangue,
há um círculo de bordos roxo, con-
tendo, inscrito, um Triângulo equilátero
1 de cor verde-escura, contendo em seu
\ interior uma Estrela Flamejante de cin-
co pontas, de bordos azul-claros e in-
\
terior em amarelo; no centro da Estre-
\ la, vê-se a letra Iod. Entre duas gotas
de sangue, envolvendo o círculo,
'I
acham-se dois ramos: um de Loureiro
e outro de Oliveira, entrelaçados, com
l uma fita azul, pelos caules e com a le-
tra Z em preto sobre o laço azul. No
'
\
ângulo inferior esquerdo, está o Can-
delabro Místico de sete luzes e, no ân-
gulo inferior direito, as Tábuas da Lei, '--"""-----_..;:;-"--------'
tendo sobre cada um uma gota de sangue. Na parte inferior, entre o Cande-

'
\
labro e as Tábuas da Lei, há duas gotas de sangue e, entre elas, está a
Chave de Marfim, característica da Joia do Grau.

'
'
'
1
1

\
'
'
'
1'

'
8. O Templo e a Lenda
no Grau 5 -Mestre Perfeito

8.1. Denominações do Grau 5


Do Grau: Mestre Perfeito; da Oficina: Loja de Mestre Perfeito;
do Presidente: Três Vezes Poderoso Mestre ou Douto Mestre; dos
Irmãos: Veneráveis Mestres Perfeitos; dos Oficiais: Três Vezes Pode-
roso Mestre (representa Adohniram); Respeitabilíssimo Segundo Vigilan-
te (representa Stolkin); Respeitável Mestre de Cerimônias (representa
Zerbal, filho de Natan, ministro do rei Salomão); dos demais Oficiais:
Não há Primeiro Vigilante e os demais Oficiais têm o tratamento das
próprias funções na Loja de Perfeição.

8.2. O Templo e sua Ornamentação no Grau 5


Diz nosso Ritual que o Templo é forrado de verde, tendo 16 colunas,
quatro em cada ângulo, dispostas de modo a dar à Câmara a forma de um
Círculo. No centro do Templo fica o Mausoléu (quadrangular), que é enci-
mado por uma Pirâmide triangular, tendo em uma face a letra "M", na outra
a "H" e na última a "G". No solo, em frente a cada face da Pirâmide, está
uma pedra tosca e irregular, por fora da qual há uma cercadura baixa em
forma de Círculo.
- 116-
O Templo e a Lenda no Grau 5 -Mestre Perfeito 117

O Ritual silencia sobre outros aspectos da ornamentação da Loja.


Entretanto, segundo Rizzardo da Camino, "o Trono do T. ·. V.·. P. ·. M. ·.
deve ser coberto por pano verde, com franjas de ouro, tendo sobre ele
a Carta Constitutiva da Loja, os Estatutos do Supremo Conselho, um
Malhete e uma Espada. Por sobre o Dossel do Trono deve encontrar-
se a Joia do Grau. Em cada ângulo deve encontrar-se um Candelabro
de quatro braços".
Segundo Nicola Aslan, "as 16 colunas, quatro em cada canto, de-
vem ser na cor Branca. Dezesseis luzes iluminam o Templo, quatro em
cada ponto cardeal, cada grupo de quatro formando um esquadro,
símbolo da perfeição. O Altar (dos Juramentos) é recoberto por um
pano preto, semeado de lágrimas prateadas. Sobre ele, encontram-se
um rolo de pergaminho, o livro das Constituições, o Esquadro, o Com-
passo, o Malhete e a Régua, bem como o L:. da L:.".
Uma Uma contendo simbolicamente o Coração de Hiram Abiff
embalsamado é colocada no terceiro degrau do Sanctus Sanctorum
(Oriente) do Templo.
'
1
8.3. Interpretação Esotérica do Templo no Grau 5
' A lenda do Grau 5 diz respeito à inumação e à transladação do corpo
' do Mestre Hiram Abiff para a sua sepultura definitiva (trata-se realmente
de uma lenda, pois a Bíblia não faz referência à morte de Hiram Abiff). Por
isso, a decoração do Templo, nesse Grau, reproduz palidamente o recinto
onde se encontra o Mausoléu (o Sepulcro de Hiram Abiff), a Oeste do
1 Templo.
1 O Templo em si constitui o próprio Sepulcro em forma circular;
sepulcro externo, eis que em seu centro fica o Mausoléu.
' O Mausoléu é quadrangular, representando a matéria; é encimado
por uma Pirâmide triangular que representa o Espírito; assim, no Homem-
Maçom, o Espírito deve sobrepujar a Matéria; o homem que possui suas
)
raízes no quaternário transforma-se na múltipla forma triangular para ser,
) finalmente, um mero Ponto; porém, Ponto situado na extremidade vertical
que atinge o limite máximo, próximo ao Reino dos Céus.
Por fora do Mausoléu há uma cercadura em forma de Círculo; o
Círculo e o Quadrado são os Emblemas do Grau: enquanto o primeiro re-
presenta Deus, o G :.A:.D:. U :. , que não tem princípio nem fim, o segun-
do simboliza a figura que indica que o Mestre Perfeito conhece a natureza
e a si mesmo.
Quanto à Pirâmide, a inspiração de sua construção revela o conheci-
mento místico egípcio, o Templo da Sabedoria, que em seu centro possui
uma Urna vazia, símbolo do próprio coração humano, esclarecendo que o
homem deve entrar em si mesmo, no seu mais central local, para meditar.

'
'
118 A Lenda de Hiram nos Graus Inefáveis do R:. E. ·.A.·.A.·.

As pedras toscas e irregulares em frente a cada face da Pirâmide


representam a ignorância, isto é, o material imprestável à construção.
O Mausoléu que Salomão mandara construir para receber os res-
tos mortais de Riram Abiff (segundo a lenda) era de mármore branco e
preto, tendo sido terminado em apenas nove dias. Esse tempo preten-
de lembrar ao Mestre Perfeito que a constância e uma profícua atividade
produzem resultados admiráveis.
Nesse Grau, o Mestre Perfeito ingressa na tumba de Riram Abiff,
que é ele mesmo, para secretamente desvendar todos os mistérios de
sua própria existência.
"Por que existimos?" "Qual nosso Destino?" São questões que,
para alcançar uma resposta, o homem necessita integrar-se de tal modo
com a Divindade que somente será possível em um plano espiritual
profundamente interior.
O sepulcro sempre foi símbolo da última etapa da vida; no entanto,
para o maçom, representa a oportunidade de enclausurar-se como faz
a larva em seu casulo, para ressurgir como ser alado, capacitado a
elevar-se aos páramos celestes.
Todo maçom aprende que ele é o Templo do Deus vivo, transforman-
do-se em ser sagrado, e, com isso, obriga-se a um comportamento moral,
exemplar, para não conspurcar o Templo de Deus. Não basta, porém, essa
finalidade moral; dentro do Templo, que é o ser humano, surge o Sanctus
Sanctorum, que é o local do sentimento da razão, o cérebro, e no sentido
místico, o coração. O coração representa o Túmulo; para o maçom, o
Túmulo de Hiram Abiff; para o cristão, o Túmulo de Jesus, o Cristo.
Não obstante a Ressurreição, contudo, tanto nosso coração maçônico
como nosso coração cristão devem conter, sempre, a presença de Riram
Abiff e de Jesus, iluminares que foram da Humanidade.
A Loja do Grau 5 apresenta suas paredes na cor verde e as colunas
em branco; a cor verde simboliza a Esperança; o branco, a Paz; Espe-
rança na Paz. A cor verde é composta de Azul e Amarela; o azul simbo-
liza o infinito; o amarelo, o ouro; ou seja, a preciosidade do infinito.
Diz nosso Ritual que "o Templo no Grau 5 tem cor verde para
recordar que o maçom morre para o vício e renasce para viver na
virtude, e, por esse sólido princípio e pelas regras do último Grau que
recebeu, espera adquirir o conhecimento suficiente para fazer algum
progresso na sublime ciência".

8. 4. O Cobridor do Grau 5
8.4.1. A P.·.S.·.do Mestre Perfeito
A P:. S :. do Mestre Perfeito é J:. ; no avental do Mestre Perfeito, que
é branco, com a abeta verde, sua inicial encontra-se no meio de uma
Pedra Cúbica e é cercado por sete círculos a iguais distâncias.
\
O Templo e a Lenda no Grau 5 -Mestre Perfeito 119
\

A Pedra Cúbica significa que nosso Edifício deve estar composto de


'
1
pedras perfeitas, isto é, que nossa conduta deve elevar-se sobre uma base
perfeitamente indestrutível, para que possa suportar o combate das paixões.
\
Os círculos simbolizam a Divindade, a qual não tem princípio nem fim.
A letra "J" é a inicial do nome inefável do G :. A:. D :. U :. e da
\ P :. S :. do Mestre Perfeito. É a pronúncia comum do Tetragrama
hebraico IHVH, inefável e impronunciável, um dos nomes de Deus
(Ex 17:15).
I Era um dos mistérios do interior do Templo e sua verdadeira pronún-
\ cia não é conhecida. Somente o Sumo Sacerdote tinha a permissão de
pronunciá-lo e apenas uma vez por ano, no dia da Expiação, 102 da
I
Lua de Thisrri (Ex 30:16; Lv 4:20, 26, 31, 35; 16:1-4; 20; 23:26-32;
I 25:9; Nm 16:46; 29:1-7; Is 53:10; e Hb 2:17;9:1-12; 24-28), enquanto
\
os levitas (Nm 2-8) faziam grande ruído para que não fosse ouvido
pela multidão. Para evitar de pronunciar o Tetragrama inefável, os ju-
deus o substituíram pela palavra Adonai. Era costume entre os hebreus,
1 quando liam, pronunciar Adonai, Senhor, em lugar de J :. , ou quando
era acompanhado de Adonai, pronunciar Elohim, Deus (Gn 15:32). A
I palavra J :.foi inventada pelos massoretas, doutores judeus autores de tra-
balhos filológicos conhecidos pelo nome de Massora. Combinando as letras
' consoantes de IHVH com as vogais de Adonai e Elohim, a pontuação
delas deu lugar à pronúncia J :. que se tomou corrente desde os dias de
Petrus Galantinus, no século XVI (1518).

8.4.2. A P.·.de P.·.do Mestre Perfeito


A P :.de P :.do Mestre Perfeito é A:., planta que foi c_olocada sobre
a tumba de Hiram Abiff, cujo arbusto era comum em Jerusalém (Ex 25:5,
10, 13, 23; 26:15,26, 32; 27:1, 6; e, 30:1, 5; Is41:19). É arnimosanilóticade
Lineu e pertence a 23ª classe da 1ª ordem, chamada Palysamia monsencia.
Trata-se de um arbusto com espinhos que tira o seu nome de aki,
1 palavra grega que significa ponta. Pelo fato de suas folhas serem sempre
\ verdes e a sua madeira incorruptível, a A:. tomou-se uma árvore sagrada,
simbolizando a imortalidade. O vocábulo Akakia significa também "sem
\ maldade, inocência, franqueza, sinceridade, honestidade", qualidades essas
\ que deveriam ser o apanágio dos maçons, particularmente dos deste Grau
em diante, razão pela qual foi dada a esse Grau como P :.de P : ..

8.5. A Lenda no Grau 5 e sua Interpretação Alegórica


O ponto central da lenda é a inumação e transladação do corpo
de Hiram Abiff para a tumba e a decisão de vingar sua morte; portanto,
o primeiro passo fora lhe dar sepultura mais digna, para, mais tarde, busca-
rem os assassinos e dar-lhes o merecido castigo.
120 A Lenda de Riram nos Graus Inefáveis do R .·. E. ·. A . ·.A:.

Segundo B. Clavel, em História Pitoresca da Franco-Maçonaria,


"Salomão excita os Mestres a procurarem os assassinos de Hiram Abiff,
a descobrirem seu corpo e a vingarem sua morte. O privilégio que
essa distinção conferia aos Irmãos que a obtiveram consistia em se-
rem os únicos a saber que o coração da vítima repousava em uma
Urna colocada sobre o Mausoléu levantado a Oeste do Templo. Co-
nheciam assim a solução da quadratura do círculo que, depois, infe-
lizmente foi perdida".
Tendo sido encontrado o corpo do Mestre Arquiteto, Salomão ordena-
ra a Adohniram, que o substituíra à frente dos trabalhos, que preparasse
magnífico funeral aos quais deveriam comparecer todos os obreiros devi-
damente revestidos com aventais e luvas brancas.
Adohniram, filho de Abdá, casado com a irmã de Hiram Abiff (lRs
4:6), príncipe da casa de Israel (lRs 4:2), era Inspetor dos trabalhos no
Líbano e Inspetor dos Tributos.
A transladação do corpo de Hiram Abiff caracteriza-se assim por
uma cerimônia de Pompa Fúnebre; os funerais, como ordenara Adohniram,
deveriam ser executados com grande Pompa.
É a fase inicial das honrarias póstumas, quando se cerca o homenage-
ado de todo o esplendor, em uma demonstração de reconhecimento pela
passagem na vida com brilhantismo.
Nos funerais, todos os Obreiros da construção do Templo deveriam
comparecer e participar, com cânticos, choro, lágrimas, atapetando o per-
curso com palmas e flores, perfumando o ambiente com essências preciosas.
Isso simboliza o trabalho exterior, o "ensolaramento" sobre o luto e o
negrume da morte. É a iluminação de quem fora "apagado" injustamente.
O reconhecimento público, por meio de ondas sonoras vibráteis, em home-
nagem ao corpo e ao que executara trabalho relevante.
Segundo Rizzardo da Carnino, "os funerais iniciam-se com uma pro-
cissão; retirado o corpo putrefato de seu segundo e provisório túmu-
lo, limpo da terra que o envolveu, lavado com essência oleosa, vestido
com ricos panos e finos paramentos, colocado em seu peito o Triângu-
lo de ouro onde estava inserida sua porção da Palavra Sagrada, per-
dida com sua morte, foi colocado em um ataúde e conduzido sobre os
ombros de nove Mestres até o Grande Templo ".
O coração de Hiram Abiff embalsamado foi colocado dentro de uma
uma e esta, sobre um soberbo monumento (Mausoléu) erguido a Oeste do
Templo; no meio da uma havia uma espada desembainhada, simbolizando o
grande desejo que tinham todos os Irmãos de concorrer para descobrir os
assassinos, para impor-lhes o castigo merecido. O corpo foi enterrado em
um aposento debaixo do Templo, onde Salomão tinha sua Câmara.
\
O Templo e a Lenda no Grau 5 -Mestre Perfeito 121
\

\
Diz nosso Ritual que, "embalsamado, o coração de Riram Abiff
foi exposto à veneração pública, em uma Urna colocada no terceiro
degrau do Sanctus Sanctorum. Assim, o Grau de Mestre Perfeito tem
por finalidade: HONRAR A MEMÓRIA DOS IRMÃOS, À QUAL SE
DEVE RENDER RESPEITOSO CULTO".
Diz ainda a lenda que, três dias depois da cerimônia fúnebre, Salo-
1 mão visitou o Templo acompanhado de sua corte, e após examinar tudo,
com grande alegria e fazendo o sinal de Admiração, exclamara: "Está
1 Perfeito!".
1 Alguns atribuem o título do Grau a essa exclamação de Salomão;
outros porém consideram a denominação de Mestre Perfeito como sendo
\
um justo prêmio aos conhecimentos de tão experimentados Mestres, que
\ ficaram integrados aos vários e transcendentes estudos que se faziam na
\ sala das reuniões ou Capítulo. Outros ainda afirmam que essa denomina-
)
ção vem do fato de que Salomão conferia ao Mestre que se distinguia pelos
seus extensos conhecimentos o Título de Perfeito, e ele passava a formar
\ parte do seu conselho privado.
\
8.6. Interpretação Filosófica do Grau 5
Segundo Papus, esse Grau pertence à 4ª categoria, a dos bíblicos ou
israelitas. De acordo com J. M. Ragon, esse Grau foi tirado de lRs 5-7.
Sua interpretação, segundo certos escritores, é: "eternidade e não tempo-
ralidade da existência humana ", sendo consagrado "à perfeição do
\ espírito e do coração, a todas as verdades e a todos os conhecimentos
úteis enumerados sobre a Pedra Cúbica ". Sendo um Grau de meditação
\ interior, sua finalidade e seu princípio moral são: "honrar a memória dos
Irmãos, à qual se deve render respeitoso culto ".
O maçom que atinge esse Grau estuda a filosofia da natureza e rece-
be a solução do problema da quadratura do círculo filosófico apresentado
' no Grau 4. O Mestre Perfeito conhece o Círculo e a Quadratura; esse Grau
relaciona-se com o quaternário, ou seja, com a mônada unida ao temário.
' De certo modo, esse Grau constitui o complemento do Grau de Mestre,
'
1
pois enquanto aquele oferece o cenário da morte, esse apresenta o da vida,
completando assim o sistema, pois nenhuma dessas modalidades pode exis-
\ tir sem a outra.
Segundo Paul Naudon, em seu livro Histoire et Rítuels des Hauts
Grades Maçonniques - Le Rite Écossais Ancien et Accepté, Dervy-
Livres, Paris, 1966, "Ao encontrar novamente a palavra, que é ']:. ',
' ele alcança esse objetivo. Aprendendo que o cumprimento do Dever,
' ao qual é convidado na qualidade de Mestre Secreto, é a realização
do elevado princípio que está em nós e não fora de nós, ele descobre
'
122 A Lenda de Riram nos Graus Inefáveis do R.·.E.·.A .·.A.·.

a Chave do Conhecimento, enquanto objeto e verdade absoluta, não


está no Conhecimento considerado de modo mediato de apreensão des-
ta, mas na participação direta e imediata ao Princípio, o qual está
imanente no Iniciado".
O cenário e a cor simbólica desse Grau nos lembram que, enquanto
morremos para o pecado, poderemos reviver na virtude. A operosidade e a
honestidade são virtudes domésticas que compõem um Mestre Perfeito. A
vida é demasiadamente curta e passageira para se perder tempo em ocio-
sidade, em desatinos e dissipações. A honestidade ainda é o melhor proce-
dimento, e um homem honesto ainda é o mais nobre trabalho de Deus.
Portanto, devemos viver, proceder e agir de modo que, quando chegarmos
diante de Deus, nenhum homem seja mais pobre por ficarmos mais ricos e
ninguém tenha tido menos posição social, influência. reputação ou afeto por
termos obtido mais.
Devemos sempre agir com justiça, equidade, honestidade e integrida-
de, e reafirmar nossa crença permanente na imortalidade da alma. Desse
modo, nós, simbolicamente, ressuscitamos os mortos do caixão e os coloca-
mos no Altar Sagrado, assim como um Mestre Perfeito.
O tema central desse Grau 5 é o Conhecimento, caminho para a Li-
berdade e a Perfeição. "O Conhecimento pode ser definido como um
ato do espírito que procura formar uma noção sobre as coisas, seja
por meio da imagem visual ou tátil, seja pela elaboração do juízo e do
raciocínio." O mais importante dos conhecimentos para o homem é, natu-
ralmente, o entendimento de si mesmo, o qual, pela autocrítica que implica,
se toma o caminho mais certo para a perfeição do espírito e do coração. O
conhecimento descobre essa verdade, essa revelação em sua consciência
filosófica pela vitória sobre si mesmo. Compreende também, nos termos do
Ritual, que "o homem, ser finito, não poderia roubar à natureza seus
mais ocultos segredos, nem criar as Ciências e as Artes se sua inteli-
gência não fosse uma emanação direta da Causa Primeira", e extrai
disso "essa consideração imediata de que somos todos iguais". Os
conceitos de Liberdade, de Fraternidade e de Igualdade assumem assim
um valor antológico.
É por isso que os trabalhos do Grau 5 tendem a demonstrar que o
homem é finito, ao passo que tudo o que possui é infinito. Trata-se, pois, da
consciência de que todos somos livres e iguais.
Neste Grau, investiga-se o "Objetivo e o Subjetivo", a "Psicologia
Individual", a "Alma e a sua Imortalidade, alcance da Razão". O Mestre
Perfeito tem por nome "Consciência e Alma" e sustenta o princípio da
"Liberdade, Igualdade e Fraternidade" da linhagem humana, estudando e
aprendendo a dominar as paixões e ensinando a destruir o fanatismo.
1
O Templo e a Lenda no Grau 5 -Mestre Perfeito 123
\

1
Segundo Nicola Aslan, a Perfeição, o destino e a meta da natureza
humana são conseguidos pelo desenvolvimento harmonioso das faculdades
\ de que o homem se acha dotado pela justiça e fraternidade nas relações
com seus semelhantes. É o objetivo que o Mestre Perfeito procura atingir
\
com o maior empenho. Isso requer, porém, constância, perseverança e per-
1 sistência. Nada se faz sem pertinácia, principalmente quando se trata de
\ desbastar a Pedra Bruta, e ninguém jamais percorreu o caminho da perfei-
ção aos saltos; todo caminho demasiadamente escabroso só pode ser
' palmilhado com prudência e lentidão.
À medida que seus conhecimentos aumentam, o homem se toma cada
'
1 vez mais civilizado e vai perdendo seus temores diante do desconhecido,
libertando-se do fanatismo. Assim, o deus perturbador e inquietante do primiti-
1 vo perde aos poucos sua ferocidade, transformando-se em um Deus de Amor
) e de Bondade e convertendo o homem-fera primitivo em um ser tolerante,
caridoso e fraterno; os bons sentimentos marcam a diferença entre o homem
1
selvagem e o homem civilizado.
1 Finalmente, segundo a lenda judaica, os Mestres Perfeitos constroem
1 um mausoléu, para onde foi transportado o corpo de Riram Abiff. É o em-
blema da reserva que devem manter os maçons relativamente às verdades
que possuem, não as revelando à multidão senão na medida em que ela as
possa compreender e unicamente quando tais verdades foram úteis à meta
perseguida pela Maçonaria.
Segundo Rizzardo da Camino, em seu livro Os Graus Inefáveis, já
referido, "A filosofia do Grau 5º prende-se ao conhecimento humano
1 através da inteligência; são os conhecimentos genéricos que todos
\ devem possuir para sua própria subsistência intelectual e material e
conhecimento esotérico que nem todos alcançam, seja por falta de
preparo, seja por falta de oportunidade. O Grau 4, do Mestre Secreto,
inicia uma jornada dentro de um mundo desconhecido, na busca do
'
\
centro do interesse; encontrado esse centro, deverá surgir o aperfei-
çoamento; é justamente para esses poucos que surge o Grau 5 ".
1
1

1
1

'
124 A Lenda de Hiram nos Graus Inefáveis do R.·.E.·.A.·.A:.

8.7. Insígnias e Emblemas do Grau 5

Fita com a Joia do Grau


Avental do Mestre Perfeito

Joia do Mestre Perfeito

Simbolismos
1. Avental do Mestre Perfeito: Com abeta verde, tendo no centro
da parte branca uma pedra cúbica e sobre ela um "J" cercado de sete
círculos a igual distância um do outro. A Pedra Cúbica no meio do círculo
significa que nosso edifício deve estar composto de pedras perfeitas, isto é,
que nossa conduta deve elevar-se sobre uma base permanente e indestru-
tível, para que possa suportar o combate das paixões. Os círculos no aven-
tal simbolizam a Divindade, a qual não tem princípio nem fim. A letra "J"
sobre a Pedra Cúbica é a inicial do Nome Inefável do G .·.A.·. D .·. U .·. e da
P :. do Mestre Perfeito.
2. Fita do Mestre Perfeito: De cor verde-esmeralda, usada ao
pescoço, a tiracolo, da direita para a esquerda, com a Joia pendurada.
A cor verde simboliza a Luz e, por extensão, a Iniciação.
3. Joia do Mestre Perfeito: Um Compasso aberto a 60° sobre
um arco de círculo graduado. Essa Joia significa que o Mestre Perfeito
deve ser moderado e não se esquecer da justiça e da equidade.
' O Templo e a Lenda no Grau 5 -Mestre Perfeito 125

'
Painel Alegórico do Grau 5
' Os dois reis, Salomão e
' Hirão, de Tiro, lideram a pro-

' cissão de trabalhadores, dos ar-


redores do Templo até o novo
'
1
túmulo. "Salomão possuía
1.400 carruagens" (2Cr
1:14). Os modelos para essa
pintura foram uma antiga car-
1
ruagem e armadura desenter-
radas no Egito. Hiram Abiff
' construiu os pilares "B" e "J" e
'l dez bases de latão e rodas ( 1Rs
7:15, 16, 21, 27, 30). Ele escul-
1 piu e construiu em latão um al-
tar contendo 12 bois sustentan-
do uma imensa bacia de latão,
na qual cabiam 10 mil galões
d'água (2Cr 4:3, 4).

Painel Simbólico do Grau 5


O formato é de um escudo, em
fundo verde, salpicado de Lágrimas
'' (amarelas) em toda a sua extensão, sal-
vo no centro, na parte superior, onde
há três círculos concêntricos na cor
amarela. No centro do menor círculo
há um retângulo amarelo, tendo no cen-
tro a letra "J" em dourado-escuro. Na
parte inferior, com raios abertos e vi-
rados para baixo, há um Compasso, de

' cor amarela, medindo um ângulo, em


amarelo, de 60°, em faixa amarela.
'
'
'

'
1
9. O Templo e a Lenda no I

Grau 6- Secretário Intimo

9.1. Denominações do Grau 6


Do Grau: Secretário Íntimo (ou Mestre por Curiosidade); da Oficina:
Loja de Secretário Íntimo; do Presidente: Três Vezes Poderoso Mestre
(ou Sapientíssimo Mestre); dos Irmãos: Veneráveis Secretários Ínti-
mos (representam os Guardas de Salomão); dos Oficiais: Três Vezes
Poderoso Mestre (representa o rei Salomão); Respeitabilíssimo Pri-
meiro Vigilante (representa o rei Hirão, de Tiro); Respeitabilíssimo Se-
gundo Vigilante (representa o Capitão dos Guardas); Respeitável
Mestre de Cerimônias (representa o Tenente dos Guardas); Respei-
tável Guarda da Torre ou Cobridor Interno (representa o Sentinela);
dos demais Oficiais: possuem os Títulos iguais aos da Loja de Mestre
Secreto; do Neófito: Representa Johabem, o Secretário Intimo do rei
Salomão.

9.2. O Templo e sua Ornamentação no Grau 6


Diz nosso Ritual que o Templo é forrado de negro, salpicado de
lágrimas prateadas. É iluminado por 27 luzes, dispostas em três cande-
labros de nove braços cada. No centro do Templo está o ALTAR DOS
JURAMENTOS. Sobre esse ALTAR, duas Espadas desembainhadas e
- 126-
) O Templo e a Lenda no Grau 6 - Secretário Íntimo 127

' cruzadas; o L:. da L:., o Esquadro e o Compasso; e um Rolo de Perga-


minho.
Segundo Nicola Aslan, "O Templo desse Grau pode ser organiza-
do em qualquer sala. Deve ter cortinas vermelhas. No Trono estarão
colocadas duas cadeiras: a da direita para Salomão e a da esquerda
......, para Hirão, rei de Tiro. Sobre o Trono, duas espadas e um rolo de
pergaminho. Debaixo do dossel, um quadro com o símbolo do Grau.
No corpo do Templo, assentos para o Capitão e o Tenente dos Guar-
'
)
das. No Altar dos Juramentos, ficará a Carta Constitutiva da Loja,
tendo, por cima, um Triângulo equilátero dourado. Na antecâmara,
) iluminada por uma lâmpada, ficarão os Guardas de Salomão".

'
) 9.3. Interpretação Esotérica do Templo no Grau 6
1 O Templo nesse Grau representa a Sala de Audiências dos Mestres
(Sala do trono, ou Sala do Julgamento ou Câmara Real), no Palácio do rei
)
Salomão (lRs 7:7; 10:18-20). É por esse motivo que NicolaAslan diz que o
) Templo nesse Grau pode ser organizado em qualquer sala, mesmo fora do
)
Templo Maçônico.
Na Sala dos Julgamentos, em seu Palácio, Salomão se assentava
para ouvir as questões que deviam ser julgadas. Era grande sua Sabedo-
ria em seus julgamentos (lRs 3:16-28), porque Sabedoria e uma mente
Compreensiva para governar seu povo foi o que Salomão pediu a Deus
1 (lRs 3:6-15 e 2Cr 1:7-12).
1 Salomão também exigia que todas as questões julgadas em sua
......, "Câmara Real" fossem conservadas em segredo entre as partes .
Assim, a interpretação esotérica do Templo no Grau 6 é que a Loja de
1 Secretário Íntimo deve ser o Templo da Sabedoria e da Justiça em todo
o nosso Julgamento, em todo o nosso Trato interpessoal, e que tudo ali
tratado seja mantido em severo segredo.
1 O Juízo apressado, concluído precipitadamente, apenas com um con-
tato superficial e ligeiro, não poderá, jamais, constituir-se em aprecia-
' ção justa e certa.
A grosseria e a ignorância surgem quando não se conhecem na
intimidade as pessoas; às vezes a simplicidade é confundida com gros-
seria; e a modéstia, com ignorância.
Se recebermos as pessoas com zelo, desinteressada e desavisadamente,
sem penetrarmos em seus sentimentos íntimos, com todo amor fraterno,
pronto a tolerar as faltas e ausências, muitas vezes, involuntárias, esta-
remos fazendo juízos precipitados e desprezando valores ocultos. Bas-
ta, porém, o esclarecimento, para que aquilo que parecia desprezível
tome-se aceitável e precioso. Muitas vezes perdemos a oportunidade
de ver que nossos olhos e sentidos nos enganaram. Tudo o que tratar-
mos e ajuizarmos no Templo do Grau 6 deve contribuir para a Harmonia
128 A Lenda de Riram nos Graus Inefáveis do R.·.E.·.A.·.A.·.

geral da Humanidade; essa é a recompensa suficiente que o maçom deve


esperar.
Por outro lado, reunimo-nos em Loja de Grau 6, para respeitar os
segredos alheios evitando que sejam descobertos e divulgados. Em si mes-
ma, a indiscrição não passa de uma leviandade, e a falta de reflexão, que
leva a revelar os segredos alheios, é uma imprudência que pode ser a ori-
gem de muitos males.
Devemos empregar, isso sim, todos os nossos esforços em tudo
quanto concorrer para a paz, harmonia e progresso da Humanidade,
da Pátria e da Maçonaria, apaziguando qualquer desentendimento en-
tre Irmãos.

9. 4. O Cobridor do Grau 6
9.4.1. AP.·. S.·. do Secretário Íntimo
A P :. S :. do Secretário Íntimo é Iv:., que significa Deus (Jeovah).

9.4.2. AP.·. de P.·. do Secretário Íntimo


A P:. de P:. do Secretário Íntimo é Zer:., tendo como resposta
Joa: .. A palavra hebraica Zer:. ou Tser-Baal significa "Um inimigo de
Baal". Para os hebreus, Baal é todo deus que não é Jeovah e, consequen-
temente, Zer. ·. significa "Um fiel de Jeovah". Zer :. era o suposto nome de
'
um dos Guardas do rei Salomão.
Joa :., do hebraico yuh-abin (Iôd, Vav, Me - Aleph, Beth, Nun),
significa "Filho de Deus", e também "A Divina Retidão ou Imparcialidade".
Outros Cobridores do Grau utilizam a palavra Joabert, com o
significado de "a Divina Energia, Vigor, Potência ou Grandeza", atri-
butos de Deus.
Joa:. era o Secretário Íntimo do rei Salomão. No Grau 6, é represen-
tado pelo neófito.

9.4.3. Toque de Reconhecimento


Durante o Toque de Reconhecimento, pronunciam-se três pala-
vras: Ber:., Ned:. e Schel: ..
A palavra Ber:. significa "Um nó", no sentido de "Uma Convenção,
uma Aliança, um Pacto", porque os hebreus, como testemunho de uma
Aliança, faziam um nó em alguma parte de sua vestimenta, o que ocorre
até hoje.
Significa também os Mandamentos de Deus, que deveriam ser
cumpridos por Israel, isto é, a Lei Di vi na.
O vocábulo Ned:. tem o sentido de "Voto, Promessa, Oferenda",
um "Sacrifício Prometido".
\ O Templo e a Lenda no Grau 6 -Secretário Íntimo 129
\

A palavra Schel :. , em hebreu, significa "Íntegro, Puro, Inalterável,


Perfeito", mas também pode dar a entender "Pedras Toscas" (Ex 20:25).
Essas três palavras vão sempre juntas e exprimem "Promessas de
Completa ou Perfeita Aliança".

9.5. Interpretação Alegórica do Grau 6


l Esse Grau tem origem na descrição que se encontra no livro de
\ 1Rs 5:1-12 e ainda em 1Rs 9:10-14. O texto de 1Rs 5:1-12 já foi trans-
crito e comentado neste trabalho; vejamos, porém, o que nos diz 1Rs
1 9:10-14:
1 (9.10) Ao fim de 20 anos, terminara Salomão as duas casas, a Casa
do Senhor e a casa do rei.
\ Pelo que já vimos anteriormente, isso seria em tomo de 946 a.C.
l (9.11) Ora, como Hirão, rei de Tiro, trouxera a Salomão madeira
l
de cedro e de cipreste e ouro, segundo todo o seu desejo, ele lhe deu 20
cidades na terra da Galileia.
1 Embora Salomão e Hirão tivessem assinado um tratado anterior
\ (lRs 5:1-12), parece que agora Salomão estava com dificuldades fi-
nanceiras. Em troca de Hirão ter enviado 120 talentos (4,5 toneladas )
1 de ouro (9: 14 ), Salomão concedeu a Hirão o uso de 20 cidades na
\ Galileia.
(9.12) Saiu Hirão de Tiro a ver as cidades que Salomão lhe dera,
\
porém não lhe agradaram.

'
1
(9.13) Pelo que disse: Que cidades são essas que me deste, irmão
meu? E lhes chamaram Terra de Cabul, até hoje.
(9.14) Hirão tinha enviado ao rei 120 talentos de ouro.
Hirão, rei de Tiro, prestou a Salomão inestimáveis auxílios, seja em
operários, artistas, arquitetos e inspetores, seja em materiais como ce-
dros do Líbano, ouro e pedras preciosas para a construção do Templo
de Jerusalém.
Em compensação, Salomão prometeu ao rei de Tiro fornecer-lhe,
anualmente, enquanto durassem os trabalhos, 20 mil coros (125.000
barris) de trigo, 20 coros (360 litros) de azeite puro de oliveira, vinho
\ e mel, para o sustento de sua casa, e ainda, no término das obras, 20
\
cidades da Galileia que passariam para os seus domínios.
Desse relato bíblico surge a lenda de que Hirão, rei de Tiro, compare-
ceu aos funerais de Hiram Abiff, o Mestre Arquiteto, em Jerusalém,
juntando suas homenagens às que Salomão prestava àquele grande
Mestre. Porém, logo após os funerais, e antes de regressar a Tiro, o rei
' Hirão visitou (e agora já não é mais lenda- ver 1Rs 9:10-13), incógni-
to, as regiões da Galileia que lhe seriam cedidas, verificando ser o
' território estéril, habitado por populações grosseiras e ignorantes.
130 A Lenda de Hiram nos Graus Inefáveis do R.·.E.·.A.·.A.·.

Sem saber que era intenção de Salomão melhorá-las antes, julgando-


se enganado, o rei Hirão dirigiu-se ao Palácio de Salomão e, levado pelo
ímpeto de uma indignação, passou, precipitadamente, pelos guardas e foi
diretamente à Câmara Real (Sala das Audiências), sem se fazer anunciar.
Johabem, um dos mais dedicados favoritos de Salomão, obser-
vando o arrebatamento do rei de Tiro, seguiu-o até a porta da Câmara,
onde, oculto, velaria por seu amo a fim de prestar-lhe socorro caso
fosse necessário.
Descoberto pelo rei de Tiro, que supôs estar sendo espionado, este,
furioso, exigiu a prisão de Johabem. Porém, Salomão lhe fez ver que
Johabem era um dos mais dignos entre os seus servidores e que assim
procedera sem intuito de ofender seu ilustre hóspede, mas, simplesmente,
levado pelo afeto sincero que sempre manifestara ao seu rei.
Salomão também explicou ao rei Rirão seus planos para melhorar as
cidades subdesenvolvidas da Galileia.
Acalmado, o rei de Tiro aceitou as explicações e, compreendendo o
gesto do dedicado servidor, pediu perdão e propôs a Salomão ser ele
escolhido para Secretário do Tratado de Aliança que deveriam assinar.
Diante desse episódio, foi criado o Grau 6 e a ele dado o nome de
Secretário Íntimo.
É por isso que a interpretação alegórica e moral desse Grau é o res-
peito que devemos aos segredos alheios, cuja divulgação precisamos evi-
tar, e que temos a obrigação de empregar todos os nossos esforços em
tudo quanto concorrer para a paz, harmonia e progresso da Humanidade,
da Pátria e da Maçonaria, como já foi dito.
Por outro lado, as 20 cidades estéreis, a "Cabul" desértica como
foram chamadas, cujos habitantes eram grosseiros e ignorantes, signifi-
cam que, aos olhos do ambicioso, somente as partes negativas aparecem.
O rei de Tiro não se dera conta de que seu auxílio naqueles 20 anos
propiciara a construção de uma Casa para o Senhor, e que aquela oportu-
nidade que lhe fora dada seria premiação suficiente; mas agira como to-
dos os homens na espera de uma recompensa: recebida, não se satisfaz
porque julgava merecer muito mais.
Porém, a Galileia era uma antiga província da Palestina, palco das
prédicas de Jesus, o Mestre dos Mestres; bastaria esse aspecto para que
fosse considerada uma parte de relevante importância; se digna, toda a
província de receber não só a presença de Jesus, mas de sua Filosofia, não
poderia, portanto, ter sido tão desprezível assim.
É por isso que o Juízo apressado não poderá, jamais, constituir-se
em apreciação justa e certa, como já foi dito.
A esse respeito, concluindo o relato, o texto bíblico contido em lRs
9:14 é bem significativo: "E enviara Rirão ao rei Salomão 120 talentos
de ouro".
O Templo e a Lenda no Grau 6 -Secretário intimo 131
1
\ Isso quer dizer que o rei de Tiro, convencido do real valor das 20
cidades, agradecido, retribuía o presente, com os talentos de ouro que equi-
" valiam a 7.200 quilos.
Assim, o Simbolismo desse Grau ensina que os inimigos do mal
devem possuir todos os segredos do mal a fim de poder evitar seus
ataques. Os sinais, os toques e as palavras resumem essa ideia. As
palavras de reconhecimento que acompanham o toque, significam que
os maçons devem aliar-se estreitamente; a união os defenderá contra os
inimigos originados pela indiscrição dos Secretários Íntimos.

9.6. Interpretação Filosófica do Grau 6


\
Segundo Papus, esse Grau pertence à 4 categoria, a dos bíblicos
ou israelitas. Sua interpretação filosófica é: "possuir o segredo do mal
\ é evitá-lo e vencê-lo". O Grau é consagrado "à necessidade de apren-
der, que produz as descobertas preciosas, e aos perigos de uma vã
curiosidade ".
Segundo Nicola Aslan, o Grau é baseado na ideia de aprendizagem do
comando, e sua moral resume-se no respeito que devemos aos segredos
alheios, cuja descoberta e divulgação devemos evitar. Como dedução
lógica, somos induzidos a empregar todos os nossos úteis esforços em
1 tudo quanto concorrer para a paz, a harmonia e o progresso da Huma-
nidade, da Pátria e da Maçonaria.
1
Quando se pergunta ao maçom do Grau 6: "Sois Secretário Íntimo ?",
1 ele responde: "Fui recebido com curiosidade".
E quando se lhe pergunta: "Quando fostes recebido, correstes
algum risco?". "Que sucedeu, então?" Ele responde: "Sim, o de per-
der a vida". "Ouvi minha sentença de morte pronunciada em minha
presença e fui entregue aos cuidados dos Guardas."
Nisto se resume a filosofia deste Grau: tomar atrativa a curiosida-
de, esse excitante da inteligência, e ensinar que os inimigos do mal
devem possuir todos os segredos do mal, a fim de poder evitar seus
ataques.
Assim, os maçons devem unir-se para defender-se contra os inimigos
originados pela indiscrição.
\ O perigo sempre acompanha o maçom; a vida do maçom, sempre, é
perigosa e por isso é homem de fé, porque necessita do amparo constante
1 de Deus.
\ Toma-se necessário, porém, diferenciar a curiosidade sadia da sim-
ples indiscrição. O gesto de Johabem de nenhum modo pode ser consi-
\
derado ato censurável de mera indiscrição. Foi, ao contrário, um gesto
\ de dedicação, com a intenção de prevenir um mal irreparável que podia
\
resultar do arrebatamento e da indignação do rei de Tiro, por ter se jul-
gado enganado por Salomão. Foi um ato de fidelidade vigilante. E está

1
1
132 A Lenda de Riram nos Graus Inefáveis do R.·.E.·.A:.A.·.

assim explicada a interpretação dada ao Grau: "possuir o segredo do mal é


evitá-lo e vencê-lo". E é também essa a razão por que é denominado ainda
"Mestre por Curiosidade", e foi consagrado "à necessidade de aprender,
que produziu as descobertas preciosas".
Esta é a curiosidade que deve possuir o maçom: a de saber e de
aprender. Todo o conhecimento humano, toda a civilização não passa
de um resultado ·positivo da curiosidade. Foi ela que impeliu, de fato,
os indivíduos mais destacados do gênero humano a rasgar os véus que
escondiam os conhecimentos e os segredos mais íntimos da natureza.
Pela curiosidade, o homem alcançou o saber e a ciência, cujos objeti-
vos são a erradicação do mal físico e moral e de suas nefastas
consequências. Foi por essa sadia investigação que os homens excepcio-
nais dedicaram sua existência na penetração dos mistérios da natureza.
Devotaram sua vida em observações, experimentações e estudos, a fim
de trazer uma parcela de contribuição ao progresso e à felicidade da
Humanidade.
Mas há outra curiosidade que os maçons devem ter: a de estudar as
misérias sociais e a investigar suas causas, a fim de buscar o remédio mais
eficaz para conjurá-las, para que reinem a Liberdade, a Igualdade e a Fra-
ternidade, estabelecendo a Harmonia geral da Humanidade.
Joa:.é o ilustre personagem da lenda. O Secretário Íntimo que
tem o nome de "Criação, Combinação e Regeneração"; ele constitui o
Conselho civilizador do Tribunal de Justiça que estuda os fenômenos
da natureza e os problemas sociais de origem, posições e renascimento
das nações.
Em resumo, nesse Grau aprendemos a rejeitar as coisas munda-
nas, os males da vida, em favor dos deveres, da caridade e da tolerân-
cia. Em nossas vidas particulares, devemos praticar essas virtudes com
paz, carinho e amor para com nossos pais, filhos , amigos, vizinhos,
empregados e patrões, não para obter conceito popular, mas para nos-
sa satisfação íntima.
As organizações devem demonstrar harmonia como força e am-
paro de todas as sociedades, especialmente das nossas. O ideal seria,
então, vermos a eliminação de todas as discórdias, controvérsias e bri-
gas e um mundo sem guerras.
Nossos pensamentos devem ser focalizados sobre o que é bom e
sadio.
Somos ensinados a reestruturar nossos pensamentos em canais
benéficos de caridade, de autocontrole e de sucesso.
Finalmente, encerramos os comentários desse Grau com as belas
palavras do emérito Rizzardo da Camino:
"Zelo, Fidelidade, Prudência, Discrição e Bondade são os atribu-
tos do Secretário Íntimo, que envolvem a situação do curioso que
O Templo e a Lenda no Grau 6 -Secretário Íntimo 133

assim age impelido pelo desejo de proteger ao seu Amo, ou seja, aquele a
quem serve; o maçom serve ao seu Irmão e à Humanidade".
O comportamento do maçom, a cada Grau que surge, amplia-se no
sentido de aperfeiçoamento.
O maçom consciente troca sua aparente grosseria pela Bondade;
sua Ignorância, pelo empenho de aperfeiçoamento, dedicando-se ao
estudo, já que se coloca nas mãos a crescente oportunidade.

9.7. Insígnias e Emblemas do Grau 6

l Avental do Secretário Íntimo Fita com a Joia do Grau

'
1

1
l
Joia do Secretário Íntimo
l

' Simbolismos
' 1. Avental do Secretário Íntimo: Branco, forrado de carmesim,
tendo sobre a abeta um triângulo bordado a ouro, com o vértice para
cima. No corpo do avental aparecem alguns caracteres semíticos.

1
'
134 A Lenda de Hiram nos Graus Inefáveis do R.·.E.·.A:.A.·.

2. Fita do Secretário Íntimo: Colar carmesim ao pescoço, do qual


pende a Joia.
3. Joia do Secretário Íntimo: Três Triângulos dourados, de vér-
tice para baixo, sendo um em cima e dois embaixo, cada um tendo
inscrito um caractere semítico. Significam as três virtudes teologais:
Fé, Esperança e Caridade. Representam, também, Salomão; Rirão, rei
de Tiro; e Riram Abiff.

Painel Alegórico do Grau 6 "

O rei Rirão, de Tiro, quando ia


matar o Capitão, foi impedido por Sa-
lomão. -,

Painel Simbólico do Grau 6


Tem o formato de um Escudo; é
branco e orlado de vermelho. Em seu inte-
rior, encontram-se, na parte inferior, duas
Espadas cruzadas por sobre um rolo de
pergaminho branco; na parte superiores-
tão três triângulos sobrepostos com con-
tornos em ouro que assim formam uma
Estrela de nove pontas (raios).
1
\

1O. O Templo e a Lenda no


Grau 7- Preboste eJuiz ou
Mestre Irlandês

10.1. Denominações do Grau 7


Do Grau: Preboste e Juiz (ou Mestre Irlandês); da Oficina: Loja
de Preboste e Juiz; do Presidente: Três Vezes Poderoso Mestre (ou
Três Vezes Ilustre Mestre); dos Irmãos: Veneráveis Prebostes e Juízes;
dos Oficiais: Três Vezes Poderoso Mestre (representa Tito, príncipe
dos harodim); Respeitabilíssimos Vigilantes (representam os Inspeto-
res); Respeitável Orador (representa o Procurador Fiscal); Respei-
tável Secretário (representa o Escrivão); Respeitável Guarda da Torre
(representa o Guarda do Tribunal); Respeitável Mestre de Cerimônias
(representa o Capitão dos Guardas);dos Demais Oficiais: possuem os
títulos iguais aos da Loja de Mestre Secreto; dos Neófitos: serão os
futuros Juízes; e, quando ocuparem cargos de mando, eles serão
'
\
Prebostes.

1 0.2. O Templo e sua Ornamentação no Grau 7


Diz nosso Ritual que o Templo é forrado de vermelho e iluminado por
cinco luzes principais, uma em cada ângulo; e a quinta, no centro do Tem-
1 plo, perto do ALTAR DOS JURAMENTOS, que será forrado de branco.

' -135-

'
'
136 A Lenda de Hiram nos Graus Inefáveis do R:.E.·.A.·.A:.

Sobre o Altar dos Juramentos há: o L:. da L:., o Esquadro e o Com-


passo; um Triângulo Equilátero, contendo as iniciais "A" e "G"; uma Chave
Dourada; duas Espadas Cruzadas; e as Faixas para os iniciados do dia.
Sob o dossel do Trono da Presidência estará pintada uma Caixa de
Ébano, ricamente adornada, representando a que guardava as Atas dos
Tribunais dos Prebostes e Juízes.
Nesse Grau e no anterior não são usados malhetes; dão-se os
golpes e marcam-se as baterias com o punho das Espadas.
Acrescentamos, ainda, que sobre o Trono da Presidência deve-
ria encontrar-se uma Balança.

10.3. Interpretação Esotérica do Templo no Grau 7


O Templo nesse Grau representa um Tribunal, onde a Justiça imparcial
deve ser distribuída, sempre, a todos os obreiros, sem exceção. A Justiça
deve ser igual para todos, e Salomão deu eloquente exemplo disso, como se
vê no livro de lRs 9:16-23, como já mencionado no Grau anterior.
O Templo é forrado de vermelho (carmesim), bem como o Avental é
orlado dessa cor, pois ela sempre foi símbolo do Direito e da Justiça; é o
emblema do sangue derramado pelo mártir do dever (emblema do sangue
de Hiram Abiff).
O Altar dos Juramentos (o Juramento é ato comum em todo Tribunal
para que a Justiça seja feita com base na Verdade) é forrado de branco,
bem como o Avental tem fundo branco, pois essa cor significa a alvu-
ra, a pureza, a simplicidade, a sinceridade, bem como a sensibilidade
dos Mestres, virtudes necessárias à feitura da Justiça Imparcial.
Cinco luzes iluminam o Templo, quatro em cada canto e uma no cen-
tro. Esta simboliza a Unidade de Deus, a quem o Templo foi dedicado e a
quem devemos render adoração e tributar homenagens, pois que possui
toda a Justiça com base no Amor. As outras representam os quatro cantos
do mundo, onde a Justiça deve ser feita em igualdade para todos.
Sobre o Altar dos Juramentos encontram-se: a) o L:. da L:., que é o
maior dos códigos de Justiça e Moral; b) o Triângulo Equilátero, símbolo da
igualdade, contendo as iniciais "A" (de Arquiteto) e "G" (de Deus,
Geômetra), significando que Deus é o Grande Arquiteto ou Geômetra
do nosso Templo Interior; c) duas Espadas Cruzadas, representando a
presença dos Prebostes (Juízes Militares) e uma Chave Dourada (tam-
bém presente no avental e no painel), simbolizando os Juízes Comuns
(Juízes Civis), sempre dispostos a apreciar seus deveres, legislando e
administrando Justiça com imparcialidade e equidade; a Chave de Ouro
é também símbolo da fidelidade com a qual deve ser guardado um
segredo confiado.
Sob o dossel do Trono, há um quadro representando uma Urna de
Ébano. Essa Urna é a figuração daquela que guardava as atas do Tribunal
\
O Templo e a Lenda no Grau 7- Preboste e Juiz ou Mestre Irlandês 137
\
\
dos Prebostes e Juízes de Salomão e os Planos necessários para a constru-
' ção do Templo.
Assim, o Preboste e Juiz possui a Chave Dourada da Sabedoria com
'
)
a qual pode abrir a pequena Caixa de Ébano onde se acham guardadas as
atas de seu Tribunal de Justiça e de Verdade (as cinzas e o coração de
Hiram Abiff) e os Planos necessários para a construção de seu Templo
Interior (Templo Espiritual).
Finalmente, sobre o Trono (e também no painel alegórico), há uma
Balança em equilíbrio, emblema desse Grau, simbolizando a Justiça e a
l
Imparcialidade, com as quais os Prebostes e Juízes devem administrar as
Leis a todos os obreiros, bem como a Retidão com que precisam exercitar
' os deveres desse Grau.

) 1 O. 4. O Cobridor do Grau 7
10.4.1. A P.·.s.·.do Preboste e juiz
' A P :. S :. do Preboste e Juiz é Jak : .. É uma versão francesa da
) palavra hebraica XEKINÁ , cujo significado é: "Deus residente", apli-
cado à Glória Divina que residia no Tabernáculo (Ex 40:34-38) e no
' Templo (1Rs 8: 10, 11; e, 2Cr 5:14; 7: 1-3). A Xekiná manifestou-se
por uma nuvem visível descansando sobre a Tampa da Arca, o
Propiciatório, no Sanctus Sanctorum, e por isso foi chamada o Assento
da Misericórdia.
A nuvem resultava no sangue do Sacrifício que o Sumo Sacerdo-
te vertia sobre aquela Tampa pelos pecados do povo.
Segundo Mackey, a Verdadeira Glória da Divindade é a Verdade, sendo
portanto a Verdade Divina, a Xekiná da Maçonaria, simbolizada pela Luz.

10.4.2. AP.·. de P.·. do Preboste e Juiz


A P:. de P:. do Preboste e Juiz é Tit:.. Não se trata de um nome
hebraico. É um nome fictício usado para designar um dos 12 Príncipes
Harodim, um por tribo, eleitos por Salomão para dirigir os operários da tribo
de Neftali. Na lenda maçônica desse Grau, Tit :. é considerado o primeiro
Grão-Mestre, o mais antigo Preboste e Juiz que fez a inspeção de 300
Harodim ou Mestres Arquitetos encarregados de levantar os Planos
para os operários na construção do Templo. Os Harodim das 12 tribos
somavam 3.600 mil.

l 10.5. Interpretação Alegórica do Grau 7

' Após a saída dos hebreus do Cativeiro egípcio (Êxodo), os israelitas,


divididos em 12 tribos, viveram 40 anos no deserto, sob o comando de Moi-
sés, preparando-se para a conquista das terras de Canaã. Nesse período,
138 A Lenda de Riram nos Graus Inefáveis do R.·.E:.A.·.A. ·.

Moisés estabeleceu as Leis Civis e Religiosas que seriam cumpridas pelo


povo tanto no deserto como na terra prometida. A conselhos de seu sogro e
a fim de aliviar-se de pesado trabalho, Moisés organizou uma Corporação
Judiciária para os negócios menos graves, reservando para si os assuntos
de maior importância (Ex 18: 13-26). Em todas as subdivisões das tribos já
existiam os chefes, ou príncipes, e os anciãos, investidos de autoridade civil
e religiosa. O Sistema Judicial organizado por Moisés incluiu esses Oficiais
que retinham no novo regulamento suas funções hereditárias de Juízes (Dt
1: 15-17; 21:2). Eram os Magistrados Civis (Ex 21:22 e Dt 16:18).
Antes de morrer, por meio de Josué, Moisés instruiu os israelitas, que
se iam estabelecer nas terras de Canaã, para designar Juízes e Oficiais
para julgar as questões menos difíceis e levar as mais graves ao conheci-
mento dos Sacerdotes (Dt 16:18-22; 17:2-13; 19:15-20; Js 8:33; 23:2;
24:1; 1 Sm 8:1).
Esses Juízes, que eram principalmente chefes militares, mas também
resolviam as questões legais do povo, deveriam governar os israelitas na
terra prometida durante todo o período de transição do regime Teocrático
para o Monárquico. Com o estabelecimento da Monarquia, o rei assu-
miu as funções supremas para julgar as questões civis (lSm 8:5; 2Sm
15:2; 1Rs 3: 9-28; 7:7). Davi nomeou levitas para o cargo de Juízes e
mais 6 mil Juízes e Oficiais de Justiça (lCr 23:4; 26:29). Josafá orga-
nizou o Poder Judiciário em Judá e estabeleceu Juízes nas cidades
fortificadas, e uma Suprema Corte em Jerusalém, composta de levitas,
sacerdotes, chefes de família, sob a presidência do Sumo Sacerdote,
para decidirem sobre assuntos religiosos e um Tribunal de príncipes
de Judá, para solucionarem questões de ordem civil (2Crl9:5-8).
O livro de Juízes conta a história de Israel desde a conquista das
terras de Canaã até o começo da monarquia, em especial a história dos 12
principais Juízes, de Otniel a Samuel, que dirigiram todos os movimentos
libertadores da nação de Israel, sendo considerados pelo povo como heróis,
salvadores da pátria, como Moisés.
Está explicado dessa forma por que o texto bíblico, contido em Dt
16:18 a 20, é lido na abertura dos trabalhos no Grau 7. Nesse texto
estão especificados os deveres dos Juízes, segundo as Leis de Moisés.
Entretanto, a origem do Grau 7 é outra, e está baseada parte em
passagem bíblica e parte na lenda hirâmica do Grau.
O Grão-Mestre Hiram Abiff tinha fiscalizado um grande número de
artesãos, encarregados da construção do Templo do rei Salomão (lRs 7:13-
50; 2Cr 2: 13-16; 3: 1-7; 4: 1-22) e, assim fazendo, havia resolvido suas brigas
e discussões e administrado a justiça.
A lenda do Grau nos informa que logo após a morte de Hiram Abiff, e
para que a Justiça continuasse a ser distribuída aos operários que construí-
ram o Templo, Salomão reuniu os 3600 chefes Harodim, inspetores dos
O Templo e a Lenda no Grau 7 - Preboste e Juiz ou Mestre Irlandês 139

trabalhos (lRs 5: 16; 2Cr 2:2), e instituiu um Tribunal, dirigido por sete
Prebostes e Juízes, chefiados por Tito, príncipe dos Harodim.
Constituídos em Tribunal, os sete Prebostes e Juízes realizavam suas
reuniões na Câmara do Meio, onde eram estudadas as reclamações dos obrei-
ros, assim como as apelações sobre as sentenças ditadas pelos Harodim, e a
Justiça era distribuída em igualdade tanto aos hebreus quanto aos fenícios.
O desejo de saber e de conhecer, de que se trata no Grau 6, transfor-
ma-se no Grau 7 na posse da ciência, obtida por uma felicidade mútua e por

' um apoio recíproco, graças aos quais os iniciados são capazes de fazer
justiça aos seus Irmãos.
' É a consagração de um Direito Natural; o respeito à Lei e o julga-
mento daqueles que a desrespeitam são atitudes tão homogêneas que o
fazer justiça toma-se como uma segunda Natureza tão importante como a
original.
Há uma distinção a fazer entre os vocábulos "Preboste" e "Juiz",
sendo que o primeiro diz respeito a uma Justiça Militar e o segundo, a
uma Justiça Civil.
Dentre os 3600 inspetores, parte constituía exército, porque a manu-
tenção da disciplina, considerando serem 153 mil os trabalhadores, era ta-
refa que exigia o poder da força.
Inspetores eram os que orientavam, administrativamente, e os que
zelavam pela disciplina.
Assim, o Grau de Preboste e Juiz tem por finalidade primordial incutir
no ânimo dos iniciados as ideias de Equidade e Justiça, assim como o amor
pela Sabedoria.
O Preboste e Juiz não tem hora fixa para trabalhar, como se vê no
ritual, porque vai e vem a toda a parte, a fim de conhecer as necessidades
morais e materiais dos Irmãos, corrigir seus defeitos, estudar suas quei-
xas e organizar os trabalhos, prometendo e dando aos obreiros o que
de justiça merecem. Diz-se por isso que as horas e todos os lugares são
bons quando se trata de ministrar a justiça e para consolar aquele que
sofre.
Alguns escritores e rituais antigos davam também a esse Grau o títu-
lo de "Mestre Irlandês", sinônimo de Sábio. Esse título procede da época
de Carlos Magno, o qual, não encontrando nos centros que fundara quem pu-
desse ensinar Filosofia e Ciências para acabar com a ignorância que reina-
va em seu império, se viu obrigado a ir buscá-los na Irlanda. A esse país, os
imperadores do Oriente chamavam "Esmeralda dos Mares", chegando a
ser tão famosa por sua instrução naqueles tempos que era a maior glória
ser chamado de "Mestre Irlandês".
Por fim, embora não muito claro, esse Grau parece referir-se tam-
1 bém à história de José, filho de Jacó. Vendido como escravo aos egípcios
por seus irmãos, José tornara-se Primeiro-Ministro do Faraó, rei do Egito.
'
140 A Lenda de Hiram nos Graus Inefáveis do R.·.E. ·. A .·.A.·.

Diz a Bíblia que Moisés recolheu como preciosas relíquias as ossadas de


José; quando da passagem do Mar Vermelho, levou-as para o deserto na
espera da Terra Prometida onde devia constituir-se um povo novo sob os
auspícios de um Deus único. E, de fato, os ossos de José foram finalmente
enterrados no lugar que Jacó tinha comprado dos filhos de Hamor. O terre-
no estava dentro do território dado às tribos de José, após as conquistas (Gn
50:25; Js 24:32).

10.6. Interpretação Filosófica do Grau 7


Segundo Papus, esse Grau pertence à 4~ categoria, a dos Graus israe-
litas e bíblicos. Sua interpretação é: "Nenhum outro Direito a não ser o
Direito Natural". É consagrado "à Equidade severa com que devemos
julgar nossas ações", e a moral que dele se depreende é: "Justiça igual
para todos".
O rei Salomão, inicialmente, tomara como modelo jurídico toda a le-
gislação deixada por Moisés, ampliando-a, porém, caso a caso de con-
formidade com seu conceito pessoal de Sabedoria (lRs 9:16-23).
Os Graus 4 a 7 nos demonstram que, existindo a consciência por
si mesma e não tendo um fim o homem, devem os maçons se apoderar
de todos os meios para chegar a impor aos seus inimigos o Direito
Natural, único ao qual o maçom pode prestar homenagem. Os Sinais,
os Toques e as Palavras simbolizam esse ensinamento, declarando a
palavra sagrada que esse Direito Natural deve ser "plantado bem reto
e bem estável" em nossa consciência, onde está imanente.
Tendo nascido livre e independente, o homem possui direitos an-
teriores a toda a legislação; são naturais e portanto inalienáveis e
imprescritíveis. Tais direitos primitivos, e que derivam da qualidade
essencial e fundamental do ser racional, são: ao respeito e ao desen-
volvimento da personalidade humana; de igualdade e de liberdade; de
associação em todas as suas aplicações aos seus objetivos; de legítima
defesa; e todos aqueles garantidos por contratos. Todos constituem o
"Direito N aturai".
Toda pessoa tem também a faculdade de realizar um ato ou de
exigir algo. Como exemplos: um homem tem o direito de trabalhar;
ninguém poderá fazer obstáculos. Um homem tem direito à evolução
em todo campo; infelizmente temos de reconhecer que esses direitos mui-
tas vezes não são observados; quantos homens existem desempregados! A
quantos, no mundo profano, é negado o direito de evolução! poucos privile-
giados encontram os meios para ascender a uma vida sonhada de plena
realização.
O direito é, portanto, uma relação entre os atos voluntários de duas
pessoas e implica coordenação e limitação recíproca. É a condição sob a
qual a liberdade de ação de um pode conciliar-se com a de outro, cabendo
à sociedade a obrigação de garantir e conciliar a liberdade de cada um com
1
1
O Templo e a Lenda no Grau 7- Preboste e Juiz ou Mestre Irlandês 141

a de todos, para que possa realizar os objetivos individuais e sociais. Estes


são: conservar e desenvolver a personalidade humana, isto é, a liberdade
unida à inteligência e ao amor.
O Direito Natural nasce, pois, da consciência humana. Se a soci-
edade profana estabeleceu regras e leis para manter e resguardar esses
direitos do homem, por mais forte razão a Maçonaria deve garanti-los
aos maçons. Essa condição de Irmãos e membros da instituição maçô-
nica impõe-lhes a fidelidade e o apoio mútuos. Não podem, por isso,
se deixar levar e influenciar por quaisquer considerações subalternas
de interesses pessoais ou simpatias mútuas ou outro qualquer senti-
mento que não seja o estrito cumprimento do dever, da justiça e da
equidade.
O 7º Grau é dedicado à Justiça e à Equidade. A Justiça é fundada
nos deveres e nos direitos do homem, nenhum outro devendo ser re-
conhecido além do direito natural. A equidade é a própria justiça natu-
1 ral; ela é fundada na disposição para se reconhecer imparcialmente o
direito de cada um. É por isso que esse Grau é consagrado "à equidade
1 severa com que devemos julgar as ações, não só dos outros, como as
nossas próprias".
1
E sua moral, "a Justiça igual para todos", pois nesse Grau tudo
gira em torno da obrigação de se fazer justiça igual, tanto aos nossos
1 Irmãos, pelos laços de fraternidade que nos unem, como a todos os
1 homens, baseado nos Direitos Humanos, tão defendidos por meio da
carta assinada pelas Nações Unidas.
Salomão, justamente para valorizá-los, preocupara-se em formar
o Tribunal composto de Prebostes e Juízes com a finalidade de distri-
buir equitativamente a justiça tanto para os hebreus como para os
fenícios e demais povos que com eles conviviam.
É justamente isso que promete o Neófito ao ser iniciado nesse Grau:
decidir com justiça e com imparcialidade quantos assuntos lhe sejam apre-
sentados dentro e fora da instituição, sem que lhe obriguem a agir de outro
1 modo, nem o temor, nem a amizade, nem as promessas de galardão.
1 Não obstante a precariedade em que andam o direito e a justiça em
todo o mundo, e em especial no Brasil, nós maçons não devemos nos con-
1
formar com essa situação. Devemos lutar para que se cumpra, com equidade,
igualdade e, também, fraternidade o Direito e a Justiça.
' E, para finalizar, transcrevemos o resumo desse Grau contido no livro
Comentários sobre Moral e Dogma, de Henry C. Clausen, 33, Soberano
1 Grande Comendador do Grau 33, do R:.E:.A:.A:., da Jurisdição Sul dos
1 Estados Unidos da América (o Supremo Conselho Mater do Mundo), por
sua beleza e profundidade:
"Por esse Grau, aprendemos que a justiça imparcial protege pessoas,
1 propriedades, felicidade e reputação. Envolve punição e a possibilidade tam-
1
1
1
142 A Lenda de Hiram nos Graus Inefáveis do R.·.E.·.A.·.A.·.

bém de retribuição e arrependimento pelo mal cometido e pelas perversida-


des. Todo criminoso, todos os que proferem palavras fúteis e todos os que
praticam más ações se apresentam destituídos de tudo, apenas com sua cul-
pa, perante Deus. Existe a Justiça Divina, assim como a justiça do homem. O
que foi feito ou omitido nunca poderá ser apagado. É uma verdade inegável
que a maldade e a injustiça, uma vez cometidas ou omitidas, não podem ser
desfeitas. As consequências são eternas. A maldade contém sua própria pe-
nalidade retroativa. Reparação ou remorso poderá resultar em perdão, po-
rém o ato ou omissão jamais é apagado. A Maçonaria tenta refrear os ho-
mens da injustiça que contém piedade e misericórdia. Não devemos olhar
com desprezo para quem causa desgraça e ofende; mas, sim, deve haver
preocupação de nossa parte em como ele poderá se recuperar.
Devemos nos lembrar de que também, algum dia, poderemos apare-
cer diante da justiça, se já não tivermos aparecido; ou talvez tenhamos
escapado da apreensão!
Aqueles investidos do poder de julgar, quer como Juiz ou Júri,
devem agir com paciência, corretamente e com imparcialidade, isen-
tos de preconceitos, prejuízos e considerações pessoais, e analisar com
cuidado os fatos e argumentos antes de tomarem uma decisão.
Nossa grande meta é encontrar os meios mais eficazes de impedir e
lidar com o mal e a injustiça, e de reforçar as Leis de Deus e do homem".
O Templo e a Lenda no Grau 7- Preboste e Juiz ou Mestre Irlandês 143
)

1
10.7. Insígnias e Emblemas do Grau 7

1
'
\

l
'
Avental do Preboste e Juiz
Fita com a Joia do Grau
1
1
1

Joia do Preboste e Juiz

Simbolismos
1. Avental do Preboste e Juiz: De cetim branco, orlado e forrado
de carmesim, com uma algibeira (bolsa) no meio, e sobre ela uma roseta
carmesim e branca; sobre a abeta, uma chave dourada. O carmesim é o
emblema do sangue derramado pelo mártir Hiram Abiff no cumprimento do
dever; o branco representa a alvura, a pureza e a sensibilidade dos maçons.
A bolsa significa que o último Preboste e Juiz a usava para guardar as
chaves da Arca em que estavam os planos.
\ 2. Fita do Preboste e Juiz: Fita carmesim achamalotada a tiracolo
da direita para a esquerda, tendo na extremidade a Joia do Grau.
1
3. Joia do Preboste e Juiz: Uma chave de ouro, símbolo da Fi-
1 delidade com a qual deve ser guardado um segredo confiado. A chave
)
servia para abrir a caixa de ébano em que estavam os planos necessá-
rios para a construção do Templo. Significa que só os prebostes e Juízes
sabem onde está depositado o coração de Hiram Abiff.

1
1
144 A Lenda de Hiram nos Graus Inef áveis do R:.E.·.A.·.A.·.

Painel Alegórico do Grau 7


Lei e Justiça, conforme adminis-
tradas pelos trabalhadores, e para eles,
que construíram o Templo do rei Salo-
mão. Salomão ao criar este Grau teve a
~--.~ intenção de estabelecer a ordem entre
certo número de trabalhadores. Para
isso, elegeu Adohniram, Preboste e Juiz.
Johabem foi iniciado nos mistérios des-
te Grau por ser confidente e favorito do

iii.
..
rei. A ele foi confiada a chave que abria
a caixa de ébano, contendo os planos
!J-i· llll'l'---':-~ para a construção do edifício, que é a
caixa ·vista no Grau de Mestre Secreto.
Essa caixa estava debaixo de um rico
dossel, no Sanctus Sanctorum.
Johabem se alegrou ao contemplares-
sas maravilhas e se ajoelhou pronuncian-
do a palavra "Chive", quando Salomão lhe respondeu "Cum" , pondo-lhe
uma balança nas mãos, por cujo meio seus conhecimentos aumentaram
consideravelmente.

Painel Simbólico do Grau 7


Tem o formato de Escudo, na
cor branca. No interior, na parte in-
ferior, há uma chave dourada na qual
está inscrita a letra "Z". Na parte
superior, encontra-se uma grande
balança dourada com dois pratos
suspensos por correntinhas, sendo
três em cada prato. A balança em
equilíbrio é o emblema do Grau,
como símbolo de justiça e imparcia-
lidade e, também, da retidão com que
devem exercitar-se os deveres des-
se Grau. Daí a missão do Preboste
e Juiz: administrar as leis e distribuir
justiça imparcial a todos os Obrei-
ros, sem exceção.
'
\

\
\
\
11. O Templo e a Lenda no
' Grau 8 -Intendente
dos Edifícios
)
)

1
\

\
l
11.1. Denominações do Grau 8
Do Grau: Intendente dos Edifícios (ou Mestre em Israel); da Oficina:
Loja de Intendente dos Edifícios; do Presidente: Três Vezes Poderoso
Mestre (ou Sapientíssimo Mestre); dos Irmãos: Ilustres Intendentes;
dos Oficiais: Três Vezes Poderoso Mestre (representa Salomão); Res-
peitabilíssimo Primeiro Vigilante ou Ilustríssimo Inspetor (representa
\
Tito); Respeitabilíssimo Segundo Vigilante ou Ilustríssimo Inspetor
(representa Adohniram); Respeitável ou Ilustre Mestre de Cerimônias
' (representa Abdá); dos Demais Oficiais: possuem os mesmos títulos da
Loja de Mestre Secreto; dos Neófitos: representam Johabem.
\
\
11.2. O Templo e sua Ornamentação no Grau 8
\
\
Diz nosso Ritual que o Templo é forrado de vermelho e iluminado por 27
luzes, em três grupos, a saber: um de cinco luzes, diante do T.·.V .·. P. ·. M.·. ;
- 145-
146 A Lenda de Hiram nos Graus Inefáveis do R.·.E.·.A.·.A .·.

um de sete luzes, diante do 1º Vig:.; um de cinco luzes, diante do 2º Vig:.;


cinco luzes em torno do Alt:. dos JJur :. ; uma luz, no Oriente, uma no
Ocidente, duas ao Sul e uma luz ao Norte (em um total de 27 luzes).
Ao Oriente haverá um Triângulo e um Círculo com as letras
J :. E:. J :. H:. em sua circunferência. No centro das letras J :. J :. J :.
uma estrela flamejante de cinco pontas, com a letra "J" no centro. O
dossel do Oriente será salpicado de estrelas de prata.
O ALTAR DOS JURAMENTOS está no centro do Templo e sobre
ele ficam o Livro da Lei, uma espada e a Joia do Grau, que é a mesma
que fica na extremidade presa à faixa.
Segundo Rizzardo da Carnino e Nicola Aslan: "(O Templo) tem as
paredes forradas de vermelho e iluminado por 27 luzes, dispostas em
três grupos (três Candelabros); o primeiro, formado por 15 luzes, é
colocado diante do Altar do T:. V:.P:.M:.; o segundo grupo, com 7
luzes, está colocado diante do Altar do 1º Vig :.; o terceiro, com 5 luzes,
é posto diante do Altar do 2º Vig :., que preenche as funções de
introdutor ".
Diz ainda Nicola Aslan: "Por cima (do Trono) do Presidente, sob
o dossel, um Triângulo Equilátero, com um dos vértices para baixo e
inscrito em um círculo. Ao lado desse emblema, uma estrela de nove
pontas".
Vemos, pois, certas divergências quanto à ornamentação do Tem-
plo, como descrita no Ritual e pelos renomados escritores.
A princípio, ambos (Ritual e escritores) são concordes de que o Templo
é iluminado por 27 luzes; os escritores, entretanto, diferem quanto à distribui-
ção dessas 27 luzes, não fazendo referência às dez luzes (cinco em torno do
Alt:. dos JJur:., uma no Or:., uma no Oc:., duas ao Sul e uma ao Norte),
conforme descrita no Ritual, o que daria dessa forma um total de 37 luzes.
Entretanto, o Questionário da Instrução do Grau possui a seguinte
pergunta: "Que número haveis visto?", cuja resposta vem: "5, 7 e 15";
e mais esta pergunta: "Onde o haveis visto e o que significam?", cuja
resposta consta: "Eu os vi no número de distribuição das luzes ... ".
É nosso parecer, portanto, que os escritores estão corretos e que o
Candelabro à frente do T :. V :.P :.M:. deve possuir 15 luzes, formando
com as sete à frente do 1º Vig:. e as cinco à frente do 2º Vig:. as 27luzes
que iluminam o Templo.
Quanto às outras dez luzes, elas estariam fora desses grupos e
classificadas de outra forma.
As cinco luzes em torno do Altar dos Juramentos têm muita coerência
com diversas perguntas e respectivas respostas do Questionário da Instru-
ção, que compõem a filosofia do Grau, como por exemplo os cinco golpes
quando da entrada dos neófitos, representando os cinco golpes da Felicida-
de; as cinco voltas ao redor do Templo; os cinco pontos de exatidão; etc.
O Templo e a Lenda no Grau 8- Intendente dos Edifícios 147

Outra divergência reside no emblema do Grau. Segundo o Ritual, no


item "DECORAÇÃO DO TEMPLO", "ao Oriente haverá uin Triângulo
e um Círculo ... " e uma das perguntas do questionário é: "Que significa o
Círculo dentro do Triângulo ?". Assim, segundo o Ritual, o emblema é um
Triângulo tendo um Círculo nele inscrito, e segundo Nicola Aslan é um Triân-
gulo Equilátero inscrito em um Círculo.
Segundo o Ritual, o Círculo contém as letras J:.E:.J:.H:. (ao lon-
go) de sua circunferência. No centro das letras J:.J:.J:. haverá uma
estrela flamejante de cinco pontas, com a letra "J" no centro. As letras
J:.J:.J:., por sua vez, estão no centro do Triângulo Misterioso, confor-
me pergunta constante do questionário. Já segundo Nicola Aslan a estrela
é de nove pontas e encontra-se ao lado do emblema (e não inscrita neste).
Considerando todo o simbolismo do número 5 presente no Grau, bem
como a pergunta do questionário: "Por que tinha a estrela somente cinco
pontas?", o emblema como descrito no Ritual estaria correto. Por outro
lado, considerando a estrela de nove pontas, existente no avental e no pai-
nel do Grau, bem como as perguntas e respectivas respostas do questioná-
rio: "Quais são os principais atributos da Divindade?" e "Explicai-me
o Esquadro de 9, que haveis visto no tríplice Triângulo", parece-nos que
Nicola Aslan estaria correto quanto a ser de nove pontas a estrela, porém
não fora do emblema, como diz, pois isso não faria sentido.
Assim, nosso parecer é que as estrelas de cinco e nove pontas em
referência são coisas distintas. A estrela de cinco pontas comporia o em-
blema do Grau, conforme o Ritual, e a de nove pontas seria outro símbolo,
importante de fato, pois presente no avental e no painel do Grau, embora à
parte do emblema, conforme Nicola Aslan.
Ainda quanto à ornamentação da Loja, acrescentaríamos outrossim
que deveria encontrar-se sobre o Trono do T :. V:. P :. M :. uma Balan-
ça em Equilíbrio, pois presente está no Avental e no Painel do Grau.

11.3. Interpretação Esotérica do Templo no Grau 8


O Grau 8 foi instituído por Salomão. Quis ele formar um Colégio
de Arquitetos para a maior perfectibilidade do Templo. Para isso reu-
'
1
niu os mais experimentados Mestres, dentre os Prebostes e Juízes, já
capacitados não só ao julgamento do comportamento humano, mas ao
aperfeiçoamento do Direito, a fim de dirigirem o ensino.
' Assim, o Templo nesse Grau representa esotericamente uma Escola
de Arquitetos, não para a construção do Templo Material, mas do Tem-
' plo Espiritual, do Edifício Social, na qual se obtêm Conhecimentos,
Sabedoria, Experiência e Justiça e onde os próprios professores (Mes-
tres) adquirem como complementação de sua Sapiência, a Bondade,
a Caridade e a Simpatia fraterna, que são devidas aos seus alunos e
subordinados.
148 A Lenda de Riram nos Graus Inefáveis do R:.E.·.A.·.A.·.

Os Mestres dessa escola são os Intendentes dos Edifícios e devem


realizar trabalhos especiais, oriundos da interpretação filosófica de seus
símbolos e alegorias, contribuindo ao mesmo tempo para a educação do
povo, para o qual deve haver uma legislação moral do trabalho.
Combatendo, sempre, a Ignorância, a Hipocrisia e a Ambição, procu-
rarão o justo equilíbrio entre Propriedade, Capital e Trabalho, como fontes
de toda prosperidade.
O Templo é iluminado por 27 luzes distribuídas em três Candelabros
de 15, sete e cinco luzes.
O Candelabro de 15 luzes representa os 15 Mestres que encontraram
o corpo de Hiram Abiff debaixo do ramo de Acácia.
O Candelabro de sete luzes significa a presença do Espírito Santo nos
corações daqueles que observam fielmente as suas leis.
O Candelabro de cinco luzes representa as cinco voltas que o Neófito
dá ao redor do Templo com a finalidade de poder admirar sua imponência e
beleza; simboliza ainda, e principalmente, os cinco Pontos de Exati-
dão, isto é, os cinco passos solenes que o Neófito dá para chegar aos
pés do Trono do Poderoso Rei de Israel, em presença do qual presta
sua obrigação.
O Triângulo Equilátero do emblema representa a tríplice essência
da Divindade; é o símbolo da Trindade Divina por excelência, e tam-
bém é signo da Alma Perfeita e dos Altos Iniciados.
O Círculo inscrito no Triângulo é símbolo, em geral, da criação e do
Universo. No Grau 8 representa a Imensidade de Deus, do G :. A:. D :. U :. ,
o qual não tem princípio nem fim.
As quatro letras, J:.E:.J:.H:., em redor do círculo significam:
"Oh! Eterno, só Vós possuís os atributos da Divindade".
As três letras, J :.J :.J :. , no centro do Triângulo significam: "Sa-
bedoria Divina, Divina Beleza e a Inicial da Palavra Inefável, respec-
tivamente".
A Estrela Flamejante de cinco pontas no centro do círculo representa
o nome Inefável do G :.A:. D :. U : .. Suas cinco pontas significam: as Cin-
co Ordens de Arquitetura usadas na construção do Templo (Dórica, Jônica,
Coríntia, Compósita e Toscana); os Cinco Pontos da Felicidade (Trabalhar,
Interceder, Rogar, Ter Amor aos nossos Irmãos e Assisti-los para que se-
jam unidos de coração e entendimento); os Cinco Sentidos sem os quais
nenhum homem é perfeito; as Cinco Luzes da Maçonaria em torno do
Altar dos Juramentos nesse Grau.
A letra "J" no centro da Estrela Flamejante é a inicial da Palavra
de Passe do Grau: "JAK:. ".
A Estrela de Nove pontas simboliza os Atributos da Divindade,
que são: Beleza, 6; Sabedoria, 7; Misericórdia Infinita, 14; Conhecimento
sem Limite, 11; Eternidade, 8; Perfeição, 10; Justiça, 7; Compaixão, 10; e
Criação, 8. Esses atributos formam o número 81. Representa também as
' O Templo e a Lenda no Grau 8- Intendente dos Edifícios 149
'
Nove condições ou virtudes para enaltecer o Trabalho: Justiça, Ordem, Vi-
gilância, Economia, Previsão, Constância, Emulação, Intrepidez e Verdade.
Finalmente, a Balança no avental e no painel alegórico do Grau
representa o Emblema da Justiça que devemos empregar com nossos
' Irmãos para conciliar as divergências que possam existir entre nós.
Emblema que indica que nossa conduta deve ser regular e marcar o
' bom conceito que tivermos uns dos outros, ao iniciarmo-nos
' INTENDENTE DOS EDIFÍCIOS OU MESTRE EM ISRAEL.
' 11. 4. O Cobridor do Grau 8
' 11.4.1. AP.·. S.·. do Intendente dos Edifícios

' A P :. S :. do Intendente dos Edifícios é Jud : .. Em hebraico essa

' palavra escreve-se Jehudah, e significa que a tribo a quem deu o nome era
a "Progenitura da Divindade". Somente as tribos de Jud:. e de Benjamim
' voltaram com Zorobabel para reconstruir o Templo de Jerusalém. Por essa
razão, o nome foi lembrado para P :. S :. desse Grau, que é preparatório
aos que têm por base a ideia de reconstrução. A insígnia dessa tribo era um
LEÃO, de onde a denominação de "LEÃO DE JUDÁ".
) 11.4.2. AP.·. de P.·. do Intendente dos Edifícios
)
A P :. de P :. do Intendente dos Edifícios é Jak :. , cujo significado já
foi devidamente explicado no Grau 7.

11.4.3. O S.·. de Surp.·. do Intendente dos Edifícios


Ao ingressar no Templo a fim de ser investido e consagrado nesse
Grau 8, tudo o que o Neófito viu causou-lhe impressão de Surpresa, Admi-
ração e Dor (ou Tristeza), que tomaram posse dos seus sentidos. Daí os
três sinais desse Grau.
O Neófito ficou Surpreso pela beleza dos ornamentos do Templo, dos
quais viu apenas parte, e exclamou: BEN-CHORIM, que significa "Filhos
de Nobres" ou "Filhos de pessoas nascidas Livres", expressão que se
relaciona com a lenda do Grau.

11.4.4. S.·. de Trist.·.) Afliç.·.


ou Dor do Intendente dos Edifícios
' O Neófito foi apoderado de Afliç:., Trist:. e Dor pela recordação do
'
1
trágico fim de nosso querido Mestre Riram Abiff. Para demonstrar esse
sentimento, um Intendente dos Edifícios diz: "HHAI", e o outro responde:
"JAH".
150 A Lenda de Hiram nos Graus Inefáveis do R.·.E.·.A.·.A.·.

HHAI, palavra hebraica, significa "Vida", "Vivente" e é um nome da


Divindade. JAH é também um dos nomes de Deus, abreviatura de Jeovah
(Sl 68:4) composto pelas duas letras Iôd e He; ocorre 49 vezes no Antigo
Testamento. Para os cabalistas, Deus possui duas naturezas: Macho e Fê-
mea. Iod é Macho, como se diz com frequência; He é Fêmea. Os traduto-
res da Bíblia acrescentam HHAI (Vivente) à palavra JAH (Deus) para
mostrar que é este o seu verdadeiro significado: "O Vivente Deus", isto é,
"O Existente por Si mesmo" (Gn 16:14).

11.4.5. S.·. De Admir.·. do Intendente dos Edifícios


A Aflição teria causado Horror ao Neófito, se não fosse socorrido por
aqueles que o rodeavam e que depois reconheceu como Irmãos. Isso lhe
causou grande Admiração e o fez exclamar: "ACHAR" (que se pronuncia
AKAR).
ACHAR, palavra hebraica, representa os deuses sobre os quais Jeová
é O DEUS (segundo os judeus); é também um dos nomes de Deus entre os
judeus, com o sentido de "Nosso Único Deus".

11.5. Interpretação Alegórica do Grau 8


A não ser pelo título do Grau (Intendente dos Edifícios ou Mestre em
Israel) e por uma das representações simbólicas da Estrela de Cinco pon-
tas, a que se refere às Ordens de Arquitetura na construção do Templo, e
mesmo assim muito vagamente, nada mais consta do Ritual do Grau 8, hoje,
que justifique a Alegoria que se lhe atribui a maioria dos autores maçônicos.
Isso ocorre porque, infelizmente, o Ritual foi tantas vezes e de tal
modo modificado que pouco lhe consta do original.
Não obstante, a maioria dos estudiosos de Maçonaria atribui a origem
do Grau 8 à seguinte Alegoria, parte real e parte lendária:
Concluída a construção do Templo e da Casa do Rei, e com a morte
de Riram Abiff, Superintendente das Construções ou Intendente dos
Edifícios, os artífices foram dispersos, eis que todos estrangeiros. Po-
rém, como tivessem, durante os 27 anos que demandaram as constru-
ções, constituído famílias, muitos se fixaram em Jerusalém.
O povo hebreu não era dado à arquitetura, mas sim à agricultura
e à pecuária; porém, todo varão necessitava, desde a infância, apren-
der um ofício; temos como exemplo Jesus, que se dedicava à carpinta-
ria e Paulo de Tarso, a fabricar tendas.
Com a notável experiência e os resultados magníficos dos arte-
sões estrangeiros, Salomão quis prosseguir nas construções, mas de
imediato necessitava formar entre seu povo os artesões para abrir mão
dos favores dos estrangeiros que alteraram em muito não só os costumes,
O Templo e a Lenda no Grau 8- Intendente dos Edifícios 151
)

' mas também o conceito religioso, posto a vigilante e severa fiscalização


quanto aos preceitos das Leis de Moisés.
Assim, Salomão criou uma Escola de Arquitetura para, além de for-
' mar artesões, incrementar também as Ciências e as Artes entre seu povo.
' Para dirigirem o ensino, Salomão escolheu os mais experimentados Mes-
tres entre os Prebostes e Juízes e, para substituir Hiram Abiff, entrevistou
' os cinco favoritos artífices, entre os trabalhadores do Grande Mestre, ca-
' bendo a Adohniram a seleção. Assim, ele estava pronto a assumir maiores
e mais elevadas responsabilidades, para o prosseguimento do importante
trabalho do Grão-Mestre falecido.
Evidentemente, o Grau 8 tem aplicação mais profunda, pois o
interesse principal é o da construção do Edifício da Moral, o Edifício
da Sociedade Humana, o Edifício da Sociedade Maçônica.
'
)
A Maçonaria, sendo Escola de Moral, abrange uma sociedade espe-
cial, que surgiu do relacionamento dos Obreiros integrando suas famílias.
Os operários da inteligência humana possuem tarefas muito mais difí-
l ceis de executar que os trabalhadores da Arquitetura.
A base desses verdadeiros Mestres, no sentido do ensino, é a Jus-

' tiça, e a sociedade humana apoia-se em dois alicerces, a Propriedade e


o Trabalho.
'
1
O interesse primeiro de Salomão foi consolidar a soma dos conhe-
cimentos obtidos dos artesões estrangeiros, dirigidos pelo magnífico Hiram
Abiff.
Urgia iniciar outra construção, ligada ao Túmulo de Hiram Abiff.
Temos insistido neste aspecto, o de cada maçom ter a possibilidade de
construir seu próprio Túmulo, como construção sagrada, de importân-
cia relevante e necessidade urgente.
Indubitavelmente, Salomão em sua sabedoria tinha plena consciência
de que o homem de sua e de todas as épocas necessitava de uma prepara-
ção especial e cuidadosa para valorizar-se.
Era um direito natural e sagrado do homem, em explodir e externar os
valores íntimos, secretos e espirituais; a parcela divina que jazia oculta e
que, revelada, se tomava um Poder Ilimitado.
Primeiro, a necessidade de um Templo; depois, não menos im-
portante, a de um Túmulo, para a plena ressurreição_
l

' 11.6. Interpretação Filosófica do Grau 8


Segundo Papus, esse Grau pertence à 4ª categoria, a dos israelitas
e bíblicos. Sua interpretação é: "a liberdade é o único traço de união
' entre o trabalho e a propriedade", tendo por princípio "UM POR
' TODOS E TODOS POR UM"; é consagrado "ao espírito de ordem e
de análise", bem como "ao progresso gradual e organizado do traba-
' lho na humanidade". Seu lema, ao que parece, foi tirado de Dt 16:18.
'
152 A Lenda de Riram nos Graus Inefáveis do R.·. E.·.A.·.A. ·.

Em sua investidura ao Grau 8, o novo Intendente dos Edifícios prome-


te cumprir o princípio "UM POR TODOS E TODOS POR UM"; trabalhar
em prol do equilíbrio social, para a maior glória e grandeza da instituição
maçônica, respeitar a propriedade e amar o trabalho, fonte de toda a riqueza.
Conforme já dissemos, a Sociedade Humana apoia-se em dois alicer-
ces, a Propriedade e o Trabalho. O Trabalho, condição social do homem,
não existe a não ser pela liberdade; a Propriedade, direito que possui aquele
que trabalha, como fruto de sua dedicação, inexiste senão pelo trabalho.
Assim, a propriedade e o trabalho, essas duas únicas bases da civili-
zação, têm por laço comum a liberdade, que não é mais a prática do ditado
"a cada qual o que é seu". Esse triângulo: trabalho, liberdade, propriedade,
símbolo da geração da civilização social, é a síntese do verdadeiro socialis-
mo, cuja prática racional deve ser estimulada por esse Grau.
Por outro lado, a dedução moral dos ensinamentos do Grau é o estudo
das verdadeiras bases em que se deve assentar o Edifício da Sociedade
Humana, precisando-se, rigorosamente, os direitos de propriedade e o de-
ver do trabalho, a fim de intensificar a fraternidade entre os homens.
Os Intendentes dos Edifícios devem, pois, realizar trabalhos especiais,
oriundos da interpretação filosófica de seus Símbolos e alegorias, contribu-
indo, ao mesmo tempo, para a educação do povo, para o qual deve haver
uma legislação moral de trabalho. Combatendo, sempre, a ignorância, a
hipocrisia e a ambição, procurarão o justo equilíbrio entre propriedade, ca-
pital e trabalho, como fontes de toda prosperidade.
O Edifício Social é, pois, a preocupação principal desse Grau. Cabe,
portanto, aos bons obreiros o dever de procurar os meios de construir a
sociedade em bases sólidas e permanentes. Para esse fim, não tolerarão o
indiferentismo, inimigo terrível de todos os bons sentimentos humanos. Sem
preocupações individuais, serão invulneráveis ao desalento e ao desespero,
pois o lema será: "UM POR TODOS E TODOS POR UM", consagrando-
se com zelo à constância de todos os trabalhos que possam dar mais solidez
ao Edifício Social.
Entretanto, a Maçonaria hoje se preocupa com a construção do Edifí-
cio Espiritual, compreendendo-se na gama espiritual a Moral, a Inteligência
e o Culto à Divindade. O objetivo do maçom deve ser seu aperfeiçoamento
e este é dado nos Templos, considerando-se Templo, a Mente Humana.
Por outro lado, a "Liberdade" de trabalho, protegida pelas Constitui-
ções de todas as nações, ou seja, a faculdade de cada homem escolher a
profissão e o trabalho que melhor lhe convier, deve ser compreendida, den-
tro da Maçonaria, como a livre escolha do trabalho espírito-intelectual, diri-
gindo-se o Obreiro ao estudo para conscientizar-se do que está fazendo
dentro dos Templos.
O direito à Propriedade, às Leis que emanam de todo Poder Público
e dos Códigos, encontra-se sobejamente protegido; falta defender o direi-
to de conquistar a "Propriedade" do Conhecimento; aquilo que o obreiro
'
' O Templo e a Lenda no Grau 8- Intendente dos Edifícios 153
1
l
descobre como resultado do trabalho e esforço, no campo que não é o
' material.
) Diz nosso Ritual que "o Intendente dos Edifícios é obrigado a dar
passos para a frente na direção dos outros Graus, para compreender
'1 que o progresso na Maçonaria, com respeito à virtude, é gradual, e
que a humanidade deve refrear o orgulho, se pretender chegar à per-
feição, devendo julgar sem preocupação suas próprias ações e corri-
'
)
gindo faltas, de modo que tenha conduta exemplar".
A Maçonaria reduz à prática os elevados princípios inerentes de Amor
)
a Deus, de Caridade, de Moralidade e de Bondade. Porém, muitas vezes os
símbolos e as cerimônias possuem, deliberadamente, significados múltiplos.
A verdade é então ocultada com sugestões e alusões, que são destinadas a
1 ser descobertas somente por etapas e pela ponderação organizada e siste-
mática, e pelo estudo. É inútil avançar, a não ser que aprendamos as lições
1 já apresentadas em trabalhos, cerimônias e comunicações, e as jurispru-
dências, relacionadas. Assim, prosseguimos em direção à nossa meta final
'
1
de Perfeição. O próprio mundo representa a Obra de Deus, e, portanto, é
essencialmente bom. Na verdade, é o começo do Céu e uma parte da
) imortalidade. Nós deveríamos comparar a maldade do mundo com a bon-
)
dade; a misantropia, a melancolia e o desânimo em oposição ao contenta-
mento, às bênçãos e à felicidade. Comparemos nossas aflições com as
1 daqueles menos afortunados. Nossas falhas são mais refletidas no espelho
1 dos inimigos do que no dos amigos. Temos elevados deveres a cumprir e
um destino promissor para realizar nesta terra, como um nobre campo de
' ação.
Devemos, portanto, aprender que o trabalho deve ser organizado e
1
sistemático, e que a progressão deve-se proceder por etapas. Isso é apenas
'
1
uma evidência, que tem sido refletida no progresso do homem nesta terra.
Por outro lado, diz nosso Ritual que "os mistérios da Antiguidade
aqui (neste Grau) são representados pela morte, e esse ato simboliza o
' renascimento à atividade e ao trabalho". O homem tem vivido aqui du-
' rante muitos e muitos milhões de anos. Durante esse tempo, ele progrediu
como um nômade, um colecionador de alimentos, um caçador e depois um
' construtor. Primeiro, ele formou rudes ferramentas e utensílios de pedra, de
'
1
ossos e de madeira; depois, moldou barro e marga (calcário argiloso); e
então descobriu a fundição do bronze e do cobre e, finalmente, de ferro.
Durante esse tempo, ele aprendeu a cultivar o solo e fazer colheita, captu-
' rar e domesticar animais ferozes, construir casas, vilas e cidades.
O homem sobreviveu a quatro eras glaciais e três períodos interglaciais,
' de menos frio. A última era glacial terminou cerca de 8 mil anos a.C.
' Segundo Henry C. Clausen, em Comentários sobre Moral e Dog-
' ma, já referido, "Todo o esplendor e todo o mistério dessa história mi-
lagrosa do homem estão profundamente enraizados em nós, e brotam
1
em nós, assim como em um jardim. Todos nós temos tido a experiência
1

I '
1
l
154 A Lenda de Hiram nos Graus Inefáveis do R.·.E.·.A.·.A.·.

inesperada e inexplicável, com raízes profundas no passado, uma sen-


sação de relacionamento com lugares e pessoas. Existe dentro de nós,
destinada a perdurar para sempre, a Sabedoria do Oráculo de Delfos,
a verdade de Atlântida, os milhares e milhares de legados que herda-
mos de nossos ancestrais, durante a existência deles aqui na terra.
Durante o período de nossa própria vida, nessa extensão, talvez te-
nhamos seguido os passos de nossos ancestrais primitivos, conforme
eles andavam pelas muralhas de Jericó, tão antigas que até mesmo os
patriarcas Abraão, Isaac e Jacó não sabiam quais eram suas origens.
Talvez tenhamos ficado de pé em cima de nossa torre, 4 mil anos mais
antiga que a própria pirâmide. Talvez tenhamos trabalhado com nos-
sos ancestrais em um imenso calor do deserto, quando eles alimenta-
vam o fogo nos fornos de fusão do rei Salomão, ou construímos as
torres de Sardis, na era do bronze, de 800 anos a. C. Atualmente, po-
demos encontrar, no sul da França, as cavernas misteriosas e fasci-
nantes, onde nossos antepassados, há mais de 25 mil anos, pintavam,
coloriam e gravavam, nas paredes de suas cavernas, as figuras e de-
senhos de búfalos, veados, cavalos e símbolos. Esse impulso artístico
e criativo, motivado por uma ciência religiosa e mágica, é estimulante
para nós, pois, além de representar uma antiguidade, significa o final
do período 'Cro-Magnon ', do homem como um mero fabricante de
ferramentas. É uma clara evidência da entrada do homem em uma
era de verdadeira humanidade".
Então, nós planejamos e progredimos. A mente é o computador mais
valioso que jamais poderia ser construído. Um grupo de peritos, no campo
de cálculo de computadores, foi indagado sobre o que a ciência teria de
inventar, como equipamento equivalente, para competir com a mente hu-
mana. Calculou-se que, em uma vida inteira, se as peças fossem feitas em
miniatura, conforme as que são utilizadas no foguete espacial para a Lua, a
máquina seria tão grande quanto o edifício das Nações Unidas, em Nova
York, teria um sistema de refrigeração com uma potência de saída igual à
das Cataratas do Níágara, e uma fonte de força elétrica suficiente para
suprir os lares e indústrias de todo o Estado da Califórnia.
Por meio de uma aplicação inteligente de nossa energia, podemos
planejar, progredir e vencer. Isso nos trará ricas recompensas.
"Podemos organizar e aumentar nossa eficiência por meio de uma
fórmula simples, que nos ajudará a desenvolver e elevar nosso poten-
cial e a qualidade de nossa vida. O grande industrial Charles Schwab
disse uma vez que a simples técnica de planejar uma programação
diária ajudou-o a ganhar 100 milhões de dólares. Ele usou a técnica de
um homem chamado Ivy Lee, pioneiro em relações públicas. Schwab disse
a ele: 'se você puder me dar alguma coisa que possa me alertar para as
coisas que já sei que deveria fazer, então o ouvirei com satisfação e lhe
pagarei o que você me pedir'. Lee respondeu: 'Posso lhe dar uma coisa em
O Templo e a Lenda no Grau 8- Intendente dos Edifícios 155

20 minutos, que lhe aumentará a ação em 50%'. Lee deu a Schwab um


pedaço de papel em branco e disse: 'Escreva nesse papel as seis mais
importantes tarefas que você tem para fazer amanhã. Numere-as na or-
dem de sua importância. Ponha, então, esse papel no bolso; e a primeira
coisa a fazer amanhã de manhã é olhar para o item um e fazer o que for
preciso fazer, até que o termine. Depois, faça o mesmo com o item dois, e
a seguir com o item três, e assim por diante. Faça isso até terminar. Não se
preocupe se tiver terminado apenas um ou dois. Trabalhe com os itens mais
importantes. Os outros podem esperar. Experimente isso por quanto tempo
quiser, e então me mande um cheque pelo que você achar que vale'. Schwab,
várias semanas depois, enviou um cheque a Lee na importância de 25 mil
) dólares. E na carta que o acompanhava, Schwab disse a Lee que essa
simples lição de planejamento era a mais valiosa que havia aprendido".
1

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156 A Lenda de Hiram nos Graus Inefáveis do R .·.E.·.A.·.A.·.

11.7. Insígnias e Emblemas do Grau 8

Avental do Intendente dos Edifícios Fita com a Joia do Grau

Joia do Intendente dos Edifícios


O Templo e a Lenda no Grau 8- Intendente dos Edifícios 157

Simbolismos
1. Avental do Intendente dos Edifícios: De cetim branco, forrado de
vermelho (carmesim) e orlado de verde; no centro da parte branca, há
uma balança e, abaixo da mesma, três triângulos entrelaçados formando
uma estrela de nove pontas. Na abeta, há um triângulo com as letras
B:.A:.J:., em hebraico, uma em cada ângulo, bordadas com fio de ouro.
Os três triângulos entrelaçados formam nove esquadros, em três grupos de
três, representando os nove principais atributos da Divindade; o primeiro
grupo de três corresponde a três qualidades (Beleza, 6; Sabedoria, 7; Mise-
'
\
ricórdia Infinita, 14); o segundo grupo de três se refere a mais três atributos
(Conhecimento sem limite, 11; Eternidade, 8; Perfeição, 1O); o terceiro gru-
po de três tem ligação aos três últimos (Justiça, 7; Compaixão, 10; Criação,
\ 8); Esses atributos formam o número O:.e U :., que, nas Lojas simbólicas
simbolizam, os O:.e U :.nós da corda que circunda o Templo que somente
nessas instruções estão bem explicados. A balança no Avental é o Emble-
ma da Justiça que devemos empregar com nossos Irmãos, para conciliar as
divergências que possam existir entre nós. Emblema que, também, indica
\ que nossa conduta deve ser regular e marcar o bom conceito que tiverem
de nós, ao iniciarmo-nos Intendente dos Edifícios ou Mestre em Israel.
' Finalmente, a cor verde presente no Avental e na Fita é utilizada para ma-
nifestar que a virtude e o zelo são, na Maçonaria, os únicos caminhos que
nos conduzem à Sabedoria.
2. Fita do Intendente dos Edifícios: De cetim vermelho (carmesim), a
tiracolo, da direita para a esquerda, tendo na extremidade a Joia do
Grau, segura por uma roseta verde.
3. Joia do Intendente dos Edifícios: Um triângulo que tem gravado
nos ângulos do anverso as letras B :. A:. J :. e, no centro, J :. J :. J :. ,
todas em hebraico. Ao reverso se veem as palavras Judá, Jah e a letra
"G" no centro, que se traduz por: Deus Poderoso. Sua verdadeira sig-
nificação é: "Louvado seja o Senhor". As três letras J:.J:.J:., no cen-
tro do triângulo misterioso, significam: as duas primeiras, Sabedoria
Divina e Divina Providência; a outra é a inicial da Palavra Inefável. A
Joia como um todo representa a tríplice essência da Divindade.
158 A Lenda de Hiram nos Graus Inefáveis do R.·.E.·.A.·.A.·.

Painel Alegórico do Grau 8


Segundo a lenda, o Rei Salomão
""""'""=- entrevistou cinco artífices e escolheu o
personagemAdohniram para superintendente
da obra, a fim de terminar o Templo.
Adohniram foi instruído no conhecimento dos
mistérios por Salomão e nomeado, por este,
como Intendente dos Edifícios. Ele é
representado pelo Presidente da Loja no
Grau 5, porém como filho de Abdá, da tribo
de Dan, e pelo segundo Vigilante da Loja --..
'
nesse Grau 8; seu nome significa, segundo
alguns, "O Consagrado pelo senhor" ( 1Rs
4:6; 5:14).

Painel Simbólico do Grau 8


Tem o formato de um Escudo, na cor branca, com orlado de azul-
escuro. Em seu interior, embaixo, há um Candelabro judaico de sete braços
tendo, sobre cada braço, uma luz; em
cima, uma Balança de braço, com dois .----------.,..-----.
pratos suspensos por três correntinhas
cada. Na base superior da balança, em
seu centro, há uma Estrela Azul de nove
pontas. No centro do painel (entre os
pratos da balança), um Triângulo
Equilátero na cor verde, com as letras
B.A.I.
'
'
'
\
' 12. O Templo e a Lenda no
\

Grau 9 - Cavaleiro Eleito


'
\ dos Nove

'
'
' 12.1. Denominações do Grau 9
Do Grau: Cavaleiro Eleito dos Nove (ou Mestre Eleito dos Nove); da
Oficina: Câmara (ou Capítulo) de Eleito dos Nove; do Presidente: Três
Vezes Poderoso Mestre (ou Muito Poderoso Mestre); dos Irmãos: Cava-
leiros (ou Mestres) Eleitos dos Nove; dos Oficiais: Muito Poderoso Mes-
tre (representa Salomão); Respeitabilíssimo Primeiro Vigilante (represen-
ta H irão, rei de Tiro. Não trabalha na Iniciação); Respeitabilíssimo Se-
gundo Vigilante ou Ilustríssimo Inspetor (representa Stolkin); Respeitá-
vel ou Ilustre Orador ou Cavaleiro da Eloquência (representa Zabud ou
Zerbal); Respeitável ou Ilustre Secretário (representa Joabert ou Johabem);
dos demais Oficiais: possuem os mesmos títulos da Loja de Mestre Se-
\ creto; dos Neófitos: representam Johabem.
\
12.2. O Templo e sua Ornamentação no Grau 9
Diz nosso Ritual que a Loja (o Templo) denominada Câmara é forra-
da de preto, com lágrimas de prata; representa uma das Câmaras do Tem-
plo de Salomão.

- 159-
160 A Lenda de Riram nos Graus Inefáveis do R.·.E.·.A.·.A.·.

Nessa Câmara, com o Trono e os Altares dos Oficiais nos lugares habi-
tuais, há duas Colunas, no Ocidente, pintadas ou forradas, alternadamente de
branco e vermelho em linhas perpendiculares ou oblíquas.
No centro do Templo fica o Altar dos Juramentos, coberto de pano
preto, com lágrimas de prata, onde estão o L:. da L:., duas Espadas Cru-
zadas e um Punhal.
Em torno do Altar dos Juramentos estarão nove Grandes Luzes,
das quais oito formarão um octógono e a nona, de cor amarela, ficará
entre o Altar e a entrada do Oriente.
Segundo Rizzardo da Camino e Nicola Aslan, "sobre o Altar dos
Juramentos encontram-se também o Pentateuco (nome dos cinco pri-
meiros livros da Bíblia), os Estatutos do Supremo Conselho e as Cons-
tituições do Rito".
Segundo ainda Nicola Aslan, "A Loja ou Capítulo, que representa
a Câmara Secreta de Salomão, é armada de preto com Galões de prata
e semeada de Caveiras, de Ossos Cruzados, de Chamas e de Lágrimas
de prata com manchas vermelhas, dispostas por todos os lados".

12.3. Interpretação Esotérica do Templo No Grau 9


O Templo nesse Grau representa uma das Câmaras do Templo de
Salomão, aquela considerada "Secreta", onde se reunia o Soberano
Tribunal.
Na época da lenda, encontrava-se presente Rirão, rei de Tiro, que
exigiu providências no sentido de ser apurada a morte de Riram Abiff;
exigiu a localização e prisão dos assassinos para que fossem submetidos a
Julgamento. Salomão, então, reuniu 90 Mestres de Israel, e deles elegeu
NOVE para procurar os assassinos e vingar a morte de Riram Abiff, fa-
zendo JUSTIÇA.
Assim, tal qual no Grau 7, o Templo no Grau 9 representa um Tribu-
nal, no qual deve ser feita a Justiça imparcial a todos os Obreiros,
Justiça igual para todos.
O trabalho diz respeito à execução das ordens do Soberano Tri-
bunal, seja no mundo maçônico, seja no mundo profano, e visa elevar
o conceito da Obediência e do Controle dos próprios atos. Daí as má-
ximas do Grau: "Sê corajoso contra tuas próprias fraquezas"; "Sê
corajoso para defender a Verdade".
O Templo é forrado de preto, com lágrimas de prata. O negro é a
negação da Luz, é a morte ou obscurecimento da Vida Elevada do ho-
mem. É a morte simbólica do EU SOU, ao introduzir-se no corpo da ma-
téria. É o decrescimento da Luz do Sol, nos dias que precedem ao Solstício
invemal, para que possa neste nascer. É o período de pós-morte que toda
alma tem de atravessar antes de obter vida eterna. É o período que
antecede à regeneração.
) O Templo e a Lenda no Grau 9- Cavaleiro Eleito dos Nove 161

' As lágrimas de prata representam nossa dor pela morte do Mestre


Hiram Abiff, personificação da Inteligência que percebe a verdade, da
liberdade sem a qual a inteligência é impotente, ou seja, da compreen-
são da verdade por meio da Razão; simbolizam, também, o sofrimento
pelos infortúnios do mundo em que vivemos.
No caso do Avental, as gotas de lágrimas que se destacam como
chamas vermelhas que sobem da terra ao céu, e como corações flamantes
que descem, são as aspirações humanas e as pulsações que impedem toda
'
1 a ação.
As manchas de sangue que se veem no Painel do Grau represen-
tam o sangue derramado pelos mártires no cumprimento do dever.
As nove grandes luzes em torno do Altar dos Juramentos, bem como
as nove rosetas na faixa do Grau, simbolizam os Nove Mestres (ou
)
Cavaleiros) Eleitos.
As oito luzes formando um octógono representam as chamas da ativi-
'
1
dade divina que projetaram os quatro elementos da natureza com os quais
foi formado o mundo fenomenal. São, ainda, o LOGOS com seus sete cons-
trutores e, também, "A LUZ QUE BRILHOU NAS TREVAS".
A luz amarela, entre o Altar e a entrada do Oriente, significa o pensamen-
to divino que emanou de si o LOGOS e seus sete construtores.
O L:.da L:., as duas Espadas Cruzadas e o Punhal sobre o Altar
representam a tríada da qual o homem deve servir-se para degolar os três
grandes vícios, que são a Ignorância, o Fanatismo e a Ambição.
'\ A Espada é símbolo do Poder e da Autoridade, e emblema dissipador
das trevas da ignorância.
O Punhal, acompanhado de um anel de ouro, foi na Antiguidade
o sinal da Soberania, substituído posteriormente pela espada. Com esse
caráter simbólico, vem também representado nas Lojas e no Avental
dos Mestres (ou Cavaleiros) Eleitos dos Nove. Nesse Grau, o punhal é
o poder da vontade para degolar os vícios internos, e não arma de
vingança, como o interpretam os ignorantes. O Mestre não pode, pela
lei de sua própria natureza, nem se vingar pessoalmente nem se tornar
intérprete ou instrumento da represália da sociedade. A Vida do Mestre
deve ser CURAR, ALIVIAR e ELEVAR.
As duas Colunas colocadas no Ocidente, além dos significados que
possuem das Lojas Simbólicas e do Grau 4, no Grau 9 são as Colunas
Solsticiais. Nas Lojas situadas no Hemisfério Sul, a Coluna à direita do
Altar do 1º- Vigilante (ao Norte) representa o Solstício de Verão e a
Coluna à esquerda do Altar do 2º Vigilante (ao Sul) indica o Solstício
de Inverno.
Foi apenas isso que conseguimos colher, quanto ao significado
dessas duas Colunas no Grau 9, nos livros que pesquisamos. Entretan-
to, em virtude do destaque dado às mesmas nesse Grau, não nos con-
formamos e nos arriscamos às interpretações a seguir.
162 A Lenda de Riram nos Graus Inefáveis do R.·.E.·.A.·.A.·.

As duas Colunas são pintadas ou forradas, alternadamente, de branco


e vermelho, em linhas iguais perpendiculares ou oblíquas.
A cor vermelha significa zelo, fervor, paixão. A branca, paz, sere-
nidade, candura, inocência, pureza, ou a síntese de todas as virtudes, uma
vez que também é a reunião das cores do Espectro Eletromagnético.
A princípio, as duas Colunas assim pintadas ou forradas possuem
a mesma representação das oito luzes em tomo do Altar dos Juramen-
tos, ou seja, "as chamas da atividade divina que projetaram os quatro
elementos da natureza, com os quais foi formado o mundo fenomenal ".
Representam também a qualidade da Sabedoria, assim como o
Universo e a Vida.
Porém, o tema principal desse Grau é a JUSTIÇA (que jamais
significa Vingança) pela morte de Hiram Abiff, símbolo da Inteligên-
cia potente e suprema, diretora dos trabalhos, da Sabedoria e da Ver-
dade; ele foi morto por três Companheiros cúmplices, símbolos da
ambição, da ignorância e do fanatismo. Nosso trabalho é eliminar es-
ses "assassinos", porém com Justiça. Esse trabalho deve ser feito com
Equilíbrio, pois a Justiça é o Perfeito Equilíbrio Divino ou a expressão
da Lei Divina do Perfeito Equilíbrio. Essa lei está representada pelo
número 2 ou a dualidade da Trindade do homem. Essa dualidade, por
outro lado, é simbolizada pelas listas iguais de cor vermelha e branca
das Colunas.
O zelo, o fervor, a paixão, o entusiasmo (representados pela cor
vermelha) guiam, é fato, o iniciado nas lutas da Verdade contra a Men-
tira, do Bem contra o Mal e da Luz contra as Trevas. Porém, não bas-
tam para a certeza da vitória, haja vista que choramos a perda de Hiram
Abiff; não são suficientemente capazes de dar combate aos matadores
de Hiram Abiff, que são terríveis.
Como, porém, a Maçonaria nasceu para facilitar a libertação do es-
pírito humano, ela exige de seus adeptos a paz, a serenidade, a prudência
(representadas pela cor branca) no combate aos assassinos de Hiram Abiff.
Ou seja, deve haver o Equilíbrio nesse combate para se fazer Justiça.
Finalmente, as listas vermelhas e brancas das Colunas representam
também o Princípio da Causa e Efeito, que juntamente com a Lei do
Equilíbrio refere-se à Justiça Divina. Esse Princípio expressa a Verdade
que a Lei rege o Universo; que a Casualidade não existe. Nada sucede
sem uma causa ou combinação de causas. Esses simbolismos das Colu-
nas e suas Cores estão implícitos na lenda e na alegoria do Grau 9.
O Templo e a Lenda no Grau 9- Cavaleiro Eleito dos Nove 163

12. 4. O Cobridor do Grau 9


12.4.1. A P.·.S.·.do Cavaleiro Eleito dos Nove
A P :. S :. do Cavaleiro Eleito dos Nove é Nek :.m, tendo como res-
posta Nek :.h. Nek :.m significa "Vingança" e Nek :.h quer dizer "Ferido",
"Assassinado".
Assim, ao menos avisado, o ponto central desse Grau pareceria a
"vingança" pela morte do Mestre, com o sacrifício dos três assassinos.
Contudo, seria elogiar o imoral, porque a Maçonaria combate esse
sentimento vingativo. A "vingança" aqui é contra o "assassino" que
existe em cada um de nós, que se encontra na "caverna" de nossa
' própria Consciência, aquele que "mata" as virtudes e nos faz inúteis e
nocivos. Significa que o Mestre Eleito dos Nove deve buscar seu aper-
'
l
feiçoamento "eliminando" tudo o que é inferior e mortal: seus erros;
vícios; opiniões e falsos juízos; credos e crenças ilusórias; hábitos
destrutivos; enfim, a Ignorância, com o objetivo de renascer para a
verdade, para a imortalidade e para a perfeição do ser.
É isso o que significa "vingança" nesse Grau. Não o que os detratores
da Maçonaria têm procurado difundir ao longo dos séculos: que nesse Grau
se exige do iniciado o compromisso ou juramento de executar as sentenças
dos tribunais secretos, sendo ele mesmo sacrificado pelos Irmãos se
não cumprir sua promessa. Sem dúvida, o Grau tem, como emblemas,
cabeças cortadas, punhais ensanguentados, lágrimas e atributos fúnebres,
e usa-se com frequência em seu Ritual a palavra "vingança". Porém, es-

'
l
ses caluniadores nunca viram a Luz da Verdade para poder interpretar o
simbolismo iniciático do Grau.
l
12.4.2. AP.·. de P.·. do Cavaleiro Eleito dos Nove
A P :. de P :. , segundo o Cobridor do Grau, é Beg :. Cho :. ou
Beg:.Koh: .. Beg:.Cho:. significa "abominação de todos", o que, segun-
do Nicola Aslan, não faz sentido. Beg :.Koh:., conforme Mackey, expri-
me "tudo está revelado" ou "a Voz ou a Palavra, como foi manifestada ou
1 revelada". Outros autores escrevem Begong :. Cho :. dando o significado
\ de "abominação de todos". José Castellani escreve Beg :. Cho :., signi-
ficando "em abominação total", no sentido de que devemos abominar
' tudo o que é mal; tudo o que é contrário às Leis Divinas, às Leis Natu-
rais, o que nos parece mais coerente com a filosofia do Grau.
Essas divergências decorrem do fato de que a P :. de P :. desse Grau
tem sofrido várias deturpações e aparece com várias grafias.
164 A Lenda de Hiram nos Graus Inefáveis do R.·.E.·.A.·.A.·.

12.4.3. O S.·.de Ord.·. do Cavaleiro Eleito dos Nove


L:.o p:.a:.a:.do o:., como se fosse at:.alg: .. Esse sinal significa
que devemos estar sempre "vigilantes", "atentos", para nos defender de
tudo o que ameaça nossa integridade moral e espiritual, ou seja, do mal, dos
sentimentos inferiores que existem dentro de nós.

12.4.4. O S.·.de Rec.·. do Cavaleiro Eleito dos Nove


Fing. ·. fer. ·., como se estivesse armado de um pun. ·., primeiro o pei. ·. e,
depois, o cor:. do Ir:., proferindo o primeiro: Nek:.m, significando que o inici-
ado deve ferir seus próprios erros e vícios; e o segundo: Nek:.h, que se deve
converter em executor da Lei da Causa e Efeito.
O braço armado não é a vingança nem o castigo da vingança
humana; é o símbolo do castigo que recebemos como consequência
lógica do mal que tenhamos causado. Nada escapa a essa lei inexorável,
e em todos os planos de existência se observa a mesma igualdade. A
lei da Causa e Efeito é a conta corrente que temos de nossos atos bons
e maus, e nosso subconsciente ou instinto é o livro onde ficam registrados.
Dessa lei não escapou nem a lei de nosso Sistema Solar. O crime
cometido pelos três meses do ano contra o astro-rei do nosso Sistema Solar
traz o castigo sobre eles e sobre os diversos elementos que tomaram
parte. As estações do ano lutam contra a morte aparente da natureza. O
Sol, por sua vez, sofre os mesmos fenômenos em relação ao Sol Central,
e por consequência todos os salvadores do mundo têm de imitar o Logos
em sua vida e morte.

12.4.5. O Toq. ·.do Cavaleiro Eleito dos Nove


Com o Toq :. há oito dedos fechados e um ereto, os Nove Eleitos.
Significa a Humanidade do Homem. O dedo pol:. é o dedo humano
por excelência, e ao levantar-se sobre os demais representa a vontade
do homem e seu domínio e superação sobre a natureza exterior e a
inferior, ambas indicadas pelos quatro dedos passivos.

12.4.6. A I.·.) a Bat.·.e a Marc.·.do Cavaleiro Eleito dos Nove


Todos acentuam claramente o 9, o número do homem simboli-
zando, assim, o Estado da Humanidade. Nove é o número físico do
Grau. Número simbólico da humanidade, encerra a série numérica,
antes do retomo à unidade; é o número de ADÃO. Nove meses leva o
homem para nascer e seu corpo tem nove orifícios, por meio dos quais
ele se comunica com o mundo.
O Templo e a Lenda no Grau 9 - Cavaleiro Eleito dos Nove 165

12.5. Interpretação Alegórica do Grau 9


Esse Grau 9 pertence à série gradual da Iniciação. As finalidades da
' Iniciação são demasiadamente elevadas e por isso foi preciso dividir sua
escala em várias partes ou Graus, para que assim pudesse a mente humana
'
l
ascender paulatinamente, sem sofrer as dores do autossacrifício de suas
próprias paixões e de seus arraigados desejos desenfreados.
Essas elevadas finalidades são: a unidade de Deus; a imortalidade da
' alma; um culto voluntário, sem fanatismo nem superstição; uma moral
pura que conduza o homem no caminho da verdade, da justiça e do
bem-estar. Seu primeiro objetivo é propagar as luzes que podem escla-
recer a Razão do homem para apreciar sua dignidade, que faz dele o
Rei da Criação e para que, pela inteligência, encontre sua relação dire-
l ta com o Deus Íntimo.
Portanto, a Iniciação tem por fim propagar a liberdade dos homens
' com o dever de não atacar uns aos outros, em virtude dessa mesma
liberdade. Depois estabelecer uma verdadeira caridade universal que
irmane todos os povos entre si para que formem uma só família, e,
finalmente, eleger um governador sábio, desinteressado, estabelecido sobre
leis comuns, apropriadas às necessidades de cada povo, a fim de que essas
leis sejam o apoio do débil e do forte e, ao mesmo tempo, a corretora dos
perversos.
Essas são as regras e os deveres que a INICIAÇÃO impõe, e o
Grau 9 contém parte delas.
Esse Grau é um dos mais complexos, porque envolve, além do
aspecto místico-israelítico-salomônico-hirâmico, a própria Mitologia,
com analogias à Lenda de Osíris, aspectos astrológicos (o Mito Solar e
o Homem), cabalísticos (Numerologia), sociais, morais, religiosos,
1 humanos, enfim, a gama quase infinita de interesses intelectuais, que
só podem interessar ao maçom estudioso, inclinado a ascender a Ver-
' dadeira Escada de Jacó.
Em resumo, a lenda do Grau é a seguinte, segundo nosso Ritual:
' Depois do assassinato de Riram Abiff, o rei Salomão declarou
que puniria, com justiça, os causadores de sua morte. Publicou um
édito mandando procurar os assassinos por todo o império, sob pro-
' messa de grandes recompensas a quem os conduzisse à sua presença.
' Algum tempo depois, estava Salomão, em seu palácio, entretido

' com mais de 90 Mestres, quando um desconhecido veio à sua presen-


ça e o informou que localizara o refúgio de um dos assassinos e se
' oferecia para guia dos que quisessem ir buscá-lo. O rei resolveu que a
sorte designaria quais iriam prender o assassino. Para que o número
não fosse muito elevado, Salomão fixou em nove os que deveriam ser
sorteados para a missão.
166 A Lenda de Hiram nos Graus Inefáveis do R.·.E.·.A. ·.A.·.

Aos nove eleitos, Salomão ordenou que seguissem o desconhecido,


acompanhando-o até a caverna que servia de refúgio ao homicida de Hiram
Abiff. Os nove eleitos puseram-se a caminho. Um deles, chamado Johabem,
mais ardente, tendo por único fito a sede de vingar o Mestre dos Mestres,
deixou seus companheiros para trás e alcançou a caverna.
À luz de uma lâmpada, Johabem viu o assassino Abi-Ramah, dormin-
do e tendo a seus pés um punhal. Johabem, apoderando-se da arma e es-
quecido das ordens recebidas, ébrio de cólera, feriu mortalmente e cortou a
cabeça do vencido. Vendo a fonte de água cristalina que corria pela caver-
na, nela saciou a sede e, sentando-se para descansar, adormeceu profunda-
mente.
Os oito outros eleitos chegaram, com o desconhecido, menos preocu-
pados com a vingança que em obedecer ao rei, e viram Johabem adorme-
cido, tendo a seus pés a cabeça de Abi-Ramah e o punhal ensanguentado.
Os Mestres exprobraram Johabem, aflitos pelo que diria o rei. Johabem,
tendo refletido, reconheceu a falta, mas, depositando toda confiança na
clemência de Salomão, segurou a cabeça com a mão esquerda e o punhal
com a direita e, à frente de seus Irmãos, voltou ao palácio.
Salomão, deparando com Johabem, não pôde reprimir o ímpeto de sua
indignação, mas, cedendo aos pedidos dos anciãos, dos companheiros de
Johabem e à sua própria generosidade, perdoou-o.
Satisfeito Salomão com o resultado da expedição, recompensou a to-
dos, nomeando-os com o título e as honrarias de Mestres (ou Cavaleiros)
Eleitos dos Nove.
Para se distinguir, adotaram os Eleitos uma faixa negra que levavam
do ombro esquerdo às costas do direito, e em cuja extremidade pendia um
punhal com o qual Abi-Ramah foi morto. Para se reconhecerem entre si,
usaram palavras e sinais relacionados com a ação levada a cabo e, assim,
os elevados a esse Grau foram os vigilantes dos obreiros e Mestres da
Obra para que não se repetisse aquele doloroso acontecimento do Grande
Arquiteto do Templo.
Outra versão da lenda diz que "o assassino, vendo-se descoberto
pelo Mestre, não pôde resistir a seu olhar, tomou o punhal com o qual
pensava defender-se e o cravou no próprio peito, transpassando o
coração, antes que Johabem pudesse impedi-lo".
Lendas são relatos simbólicos ou alegóricos de certas verdades, leis
ou fatos da natureza, que requerem uma chave para sua exata interpreta-
ção. Podem ter sentido cósmico ou planetário, místico ou individual, filosó-
fico ou religioso, cada qual com sua chave interpretativa. São tradições
transmitidas desde a mais longínqua antiguidade, e adotadas por sábios e
iniciados, religiosos e também pela Maçonaria.
As principais lendas maçônicas são as da Construção do Templo Ma-
çônico pelos Aprendizes, Companheiros e Mestres sob a égide do
O Templo e a Lenda no Grau 9 - Cavaleiro Eleito dos Nove 167

G:.A:.D:.U:.; a da Vida, Morte e Ressurreição de Hiram Abiff; e a da


Criação do Obreiro Perfeito, o Mestre Maçom, como uma alegoria da Per-
pétua Obra Divina da Construção do Universo por uma hierarquia de servi-
dores e do Aperfeiçoamento do ser humano.
A lenda hirâmica, principal alegoria da Maçonaria, é comum a todos
os seus ritos, embora com pequenas alterações. Essa belíssima lenda, en-
cerrando profundos ensinamentos morais, intelectuais, filosóficos, religio-
sos, místicos, cósmicos e espirituais, tem sido interpretada por diversos au-
tores, ora apenas superficialmente, ora minuciosamente.
Rizzardo da Camino, em seu livro Os Graus Inefáveis, por exemplo,
interpreta o trecho dessa lenda referente ao Grau 9, de forma brilhante e
notável, minuciosamente, em 39 páginas; Jorge Adoum possui um livro,
Grau do Mestre Eleito dos Nove, todo dedicado à interpretação desse
Grau, abordando os Mistérios Iniciáticos do Grau e da lenda, sua história e
interpretação, fazendo estudos sobre suas relações com o Mito Solar e o
Homem, a Justiça, a Lei da Causa e Efeito, o "Conhece-te a ti mesmo"
pela Fisiognomonia (o mesmo que faz o T :. V:. P :. M :. durante a iniciação
quando ilumina e estuda o semblante dos Neófitos), o Cristo Místico, etc.
) Outros autores, como Jorge Buarque Lira, Nicola Aslan, Paul Ragon, Luiz
Humbert Santos, etc., também possuem excelentes interpretações.
)
Esse trecho da lenda hirâmica do Grau 9 deve ser interpretado bus-
cando-se, além do fato histórico, o significado real.

Os Três Grandes
Os três principais personagens da lenda são Salomão; Hirão, rei de
Tiro; e Hiram Abiff.
Salomão, do hebraico Shalomon, de Shalon, significa "Homem Man-
so" e também "Paz, Pacífico, Santidade"; em Maçonaria, representa a
máxima expressão da "Sabedoria", que está no Plano do Divino Arquiteto.
Foi herdeiro da linha de sucessão derivada de Moisés, iniciado nos Mistéri-
) os egípcios (At 7:22). No Grau 9, Salomão representa a primeira faculdade
)
do "EU SOU", o "EU SUPERIOR" que maneja dez faculdades (os Nove
Eleitos e mais o Desconhecido), das 12 do Espírito, para eliminar do corpo
) os três vícios causadores de toda desgraça, isto é, envia as outras dez para
castigar os vícios que se encarnam na Humanidade atual. Ainda no Grau 9,
Salomão é a verdadeira expressão da Generosidade e do Perdão. A Maço-
)
naria como representando o próprio reinado salomônico tem sido generosa
) para com seus filiados e para com a humanidade em geral.
Hirão, rei de Tiro, do hebraico hhi ou hhai, "Vida"+ ram, "elevado",
'
)
significa "homem de vida elevada"; em Maçonaria representa a máxima
expressão da "Força". Era de descendência caldeia e manteve amizade e
)
aliança com Davi e depois com o sábio rei Salomão (2Sm 5:11; lCr 14:1;
)

)
168 A Lenda de Hiram nos Graus Inefáveis do R.·.E.·.A.·.A.·.

1Rs 5:1, 10, 11, 12; 7: 13, 40; 9: 12, 27; 10: 11 e 22). No Grau 9 Hirão, rei de
Tiro, representa a Força que é a Energia com a qual se constituem todas as
coisas visíveis pelo Deus Espírito Santo.
Hiram Abiff (2Cr 2: 13-14) é um homônimo do rei de Tiro, significando
"Inteligência"; em Maçonaria, representa a máxima expressão da "Bele-
za" de Deus que aparece em todas as coisas. Era filho de uma viúva da
tribo de Neftali (1 Rs 7: 14), do arraial de Dan, descendente, portanto, de
uma linha independente dos outros dois; era exímio construtor de edifícios,
decorador e metalúrgico-fundi dor. No Grau 9, Hiram Abiff simboliza: a "In-
teligência", a "Liberdade", o "Trabalho" e o "Espírito do Homem". A Inte-
ligência que percebe a verdade; a Liberdade sem a qual a Inteligência é
impotente, ou seja, a compreensão da verdade por meio da Razão; pelo seu
trabalho tenaz, as Colunas do Templo erguiam-se diariamente, surgindo, -.
palpavelmente, a Grande Obra. O Espírito do homem, aqui, representa sua
"mente", sua "criatividade". Assim, Hiram Abiff simboliza a inteligência, a
liberdade, o trabalho e a criatividade, todas mortas pela ignorância, pela
superstição, pelo fanatismo e pelo despotismo. Esse é o maior crime que
existe: o crime dos que pretendem obstar a vitória sobre a Ignorância; dos que
impedem que a felicidade reine sobre a terra.

Os Assassinos de Hiram Ahiff


O traidor e assassino de Hiram Abiff justiçado no Grau 9 é denomina-
do no ritual com o nome de Abi-Ramah ou, conforme consta ainda da ins-
trução do Grau, de AKIROP.
Esse nome causa certa confusão, porque no Grau 3 temos para os
assassinos os nomes de Jubelas, Jubelos e Jubelum.
O nome, porém, não tem muita importância, pois vem referido, dife-
rentemente, nos rituais internacionais. Na Maçonaria Europeia, por
exemplo, os nomes dos assassinos são conhecidos por "Oterfut",
"Eterkin" e "Moabon "; este último passa em seguida a ser chamado
de "Abiram ", título que significa "assassino por excelência", ou ainda
"Abibalac ".
Assim, encontramos muitas variações, a saber: Sebal, Oterfut e
Eterkin; Abiram, Rovel e Gravelot; Giblon, Giblas e Giblos; Hoben,
Sterké e Austerflut.
Os nomes variam segundo as interpretações da lenda; os assassi-
nos, porém, são sempre os mesmos, mas seus nomes vêm alterados
em face da situação em que se encontram. Os Jubelos eram os companhei-
ros que tramaram extorquir do Mestre Hiram Abiff o aumento de salários;
em seus planos não estava a morte do Mestre; esta ocorreu mais por pre-
cipitação e vazão de seus maus instintos; tomados assassinos, seus nomes
mudaram para marcar a ação individual de cada um.
1
O Templo e a Lenda no Grau 9- Cavaleiro Eleito dos Nove 169
\
)
No Grau 9, Abi-Ramah ou Akirop representa a ignorância, a liberda-
de oprimida, a corrupção e o crime; o vício, a miséria, a escravidão, a tira-
nia, enfim, todos os tipos de erros e preconceitos, todas as antivirtudes.
Trata-se, porém, e isso é o mais importante, da representação do as-
l sassino que existe dentro de nós, encontrado na "caverna" de nossa própria
\ consciência, aquele que "mata" as virtudes e nos faz homens inúteis e no-
\
civos a nós mesmos, ao nosso semelhante, à sociedade.
A lenda inicial, já do Grau 3, informa que os assassinos foram
justiçados no local do encontro, segundo suas próprias manifestações
de arrependimento; o primeiro, tendo a garganta cortada; o segundo, o
coração arrancado e o último, di vi di do ao meio e todos lançados ao
mar, sendo suas cabeças recolhidas e expostas ao opróbrio público.
A lenda do Grau 9, segundo nosso ritual, toma apenas um dos
assassinos que teve a morte no local, com a decapitação. Não faz referên-
cia ao que sucedeu com os outros dois assassinos.
Como verificamos, desde o terceiro Grau em diante, há uma pre-
ocupação em aumentar a lenda. Obviamente, ela será objeto de estudo
gradativamente ao ingressarmos nos demais Graus, até sua total
descrição.
Fácil seria expô-la na íntegra desde o início, porém cada Grau
possui sua razão de ser na interpretação simbólica, mística e filosófica.
' O maçom deve ser paciente e na jornada, que é longa, terá a
oportunidade de aceitar a prudente restrição.
'
Os Nove Eleitos
Dos 90 Mestres de Israel, conselheiros do rei Salomão, a assembleia
dos anciãos escolheu, por sorteio, NOVE, eleitos para a missão de en-
contrar os assassinos de Hiram Abiff e presenciar o ato de justiça.
A decisão de Salomão foi a de que puniria os assassinos, porém
com justiça, por meio de julgamento justo; isso Salomão deixou bem
claro, pois sabia que a ninguém é lícito tirar a vida de seu semelhante.
Não queria vingança, pois combatia tal sentimento, como o faz até
hoje a Maçonaria em geral e o Grau 9 em particular.
Não são revelados os nomes dos Nove Eleitos; apenas conhecemos
os de Stolkin, Johabem e Zerbal; os demais permanecem ocultos. Não
sabemos também por que Salomão fixou o número dos eleitos em
nove. Não cabe aqui o estudo sobre o número 9 já referido neste
trabalho; nove Mestres, mais o "desconhecido" somariam Dez, o nú-
1 mero perfeito, símbolo de Deus.
Sempre devemos somar as nossas possibilidades com mais "um",
1 que é presença obrigatória, o "desconhecido", a Razão, o nosso "EU",
enfim o G:.A:.D:.U:., Deus.
170 A Lenda de Hiram nos Graus Inefáveis do R. ·. E.·. A. ·.A.·.

Atribui-se aos Nove Eleitos, e mais ao Desconhecido, a composição


dos Dez Sefiroth, ou Séfiros, ou Árvore de Sefiroth da Cabala hebraica.
Johabem é um nome desconhecido na Bíblia, e, apesar disso, signifi-
ca "Filho de Deus Pai". É o Zéfer ou Serafim "KETHER" ou "COROA"
cabalística, o "Poder da Unidade", "Ben-Yehu". Johabem, ou "Filho de
Deus" que descobre na "caverna" o vício oculto. Porém, na "Consciência
da Unidade do Todo", nada pode permanecer oculto. Do instinto saem os
vícios sem que se possa apreendê-los.
Stolkin, que plantara e deslocara o ramo de acácia ao descobrir o
segundo túmulo de Hiram Abiff, significa o segundo "Zéfer" ou
Serafim, ou seja, "CHOCOMAH", que simboliza a Sabedoria, que plan-
ta toda Obra duradoura. É a qualidade da Sabedoria; está representada
pelas duas colunas da Loja, assim como o Universo e a Vida.
Zerbal, que entre os Mestres ergueu Hiram Abiff por meio da
Palavra da Vida, acompanhada dos cinco pontos de perfeição, repre-
senta o terceiro Serafim "BINAH", a Inteligência Criadora, ou seja, o
próprio Verbo Evangélico, "por meio do qual todas as coisas foram
feitas e sem o qual nada do que foi feito se fez".
Os demais Eleitos representam os outros sete "Serafins" da árvo-
re de Sefiroth; por isso a Loja é composta no mínimo com dez elemen-
tos, sendo Nove Eleitos e o Muito Poderoso Mestre que representa
Salomão.
Os Eleitos dos Nove são ainda identificados com os Signos Zodiacais,
dentro do Mito Solar, sendo Johabem identificado com o Signo de
Áries; Stolkin com Touro e Zerbal com Gêmeos, os três signos da pri-
mavera que são opostos a Libra, Escorpião e Sagitário, assassinos do
Sol e de Hiram Abiff, isso no Hemisfério Norte.
Entretanto, há outra interpretação mais bela e importante, a nosso
ver: os 90 Mestres de Israel eram anciãos sábios, conhecedores pro-
fundos das Leis de Moisés, das Leis Naturais e Divinas; conhecedores
das doutrinas maravilhosas da religião hebraica e dos conceitos de
Deus; por isso eram conselheiros do rei Salomão. Dos 90, foram elei-
tos Nove com o objetivo de partirem para o mundo a fim de levar a
mensagem missionária do Deus Único do povo hebreu, permanecen-
do no conselho dos anciãos 81 Mestres representados, na Loja Simbó-
lica, pela corda de 81 nós que circunda o Templo maçônico.
O escopo do Grau 9 é justamente a Eleição dos Nove Eleitos. A rele-
vância de ser "eleito", dentro da história sagrada,.deve ser motivo de medi-
tação e, para analisarmos com mais profundidade o significado de ser um
dos Eleitos, sugerimos a leitura dos seguintes textos das Sagradas Escritu-
ras, que afinal constituem a base da lenda: 1 Cr 6:13; SI 89:3, 19; 105:43;
106:6, 23; Is, 42:1; 45:4; 65:9, 15, 22; Mt, 24:22,24, 31; Lc, 18:7; 23:35; Rm,
8:33; Cl, 4:12; 2Tm 2:10.
O Templo e a Lenda no Grau 9- Cavaleiro Eleito dos Nove 171

Vemos que não se trata apenas de um processo eleitoral, mas de


conservar uma tradição, pois "ser eleito" equivale a uma escolha para uma
elevação espiritual e um desempenho que foge à compreensão do homem
comum.
Quando o Muito Poderoso Mestre afirma: "Meus Irmãos, sois do
número dos eleitos", destaca uma posição de privilégio.
Ser eleito é estar pronto para o sacrifício pelo bem de todos, ou
seja, pelo bem comum.

O Desconhecido
O Desconhecido, o anônimo, o misterioso, que guiou os Mestres
Eleitos, assemelha-se ao "Pastor de Rebanhos"; é a alegoria do ho-
1
mem que exerce o controle e a disciplina de seus próprios pensamentos e
' emoções.
Todos os heróis e semideuses eram pastores, ou viviam com eles, fato
' este comum a Hércules e Apolo, Rama e Krishna, Moisés e Davi, Rômulo
' e Remo, pois este era o novo elemento desconhecido "pastor de rebanhos",
guia dos nove.
Na comparação da lenda com o Mito Solar, Salomão forma com
'
1
Hirão, rei de Tiro, e o Desconhecido, outro ternário, simbolizando o
Espaço, o Tempo e o Movimento ou Vida. Também representa Salomão
a Estrela da Manhã; Hirão, rei de Tiro, a Estrela da Tarde, e o Pastor
Desconhecido, a Grande Estrela de Tauros. Ou Sabedoria, Poder e Ação.
O Desconhecido tem outro significado importante: representa o
trabalho feito "pelos outros", do qual devemos estar atentos para reti-
rarmos as lições que nos serão úteis.
Esse trabalho pode ser positivo ou negativo. Positivo como o tra-
balho daqueles que saem da "noite da ignorância", de muitos riscos,
pela presença constante dos que desejam interrompê-lo; ou ainda como
o trabalho da Construção do nosso Templo que jamais deve cessar.
Nosso Templo, interno ou externo, porque o homem é um todo, com-
porta "trabalhos" permanentes; o sinal seguro de que os "assassinos"
estão mortos será nossa atividade; nosso trabalho, o resultado dos nos-
)
sos esforços. Trabalho negativo como aquele, silencioso, oculto, perti-
naz, dos criminosos, difícil de ser descoberto; ele existe, até muitas
' vezes, inconscientemente; é, por exemplo, o ignorante que se julga sábio e
' que impede por sua grosseira formação o reinado da virtude.
Finalmente, e essa é a interpretação mais importante, o desco-
' nhecido da lenda representa a Razão. O desconhecido sempre surge
' nos momentos de necessidade; após a meditação, surge a Luz, vinda da
Razão que simboliza a presença consciente da Divindade no Homem.
A voz da Razão, apesar de não se saber de onde vem, é ouvida. Todos
obedecem à Razão, uma vez que ela possa vencer as barreiras da Vigilân-
'
1

'
172 A Lenda de Riram nos Graus Inefáveis do R:.E.·.A .·.A:.

cia, como o fez o desconhecido ao penetrar no palácio e falar com o rei


Salomão, barreiras que são os freios e os empecilhos que o homem coloca
em si para "manter prisioneiro" o seu espírito.
O desconhecido oferecia-se para servir de guia. Não bastava a no-
tícia e a descrição, mas a Razão toma a si o encargo de dirigir. O homem
deve se render à Razão, deixando os preconceitos múltiplos, materiais e
corriqueiros, para segui-la e alcançar o objetivo de sua vida.
O homem teima em confiar em sua inteligência, quando esta ape-
nas cria os problemas. Teima em não saber que a Razão soluciona os
problemas criados pela inteligência!
I

A Caverna, o Espinheiro e a Fonte de Agua Cristalina.


Diz nosso Ritual que o assassino de
Hiram Abiff escondia-se em uma caver-
na, iluminada por tosca luz, e cuja entrada
estava oculta por um espinheiro.
A caverna representa o que é oculto
dentro do homem; o que é dissimulado; o
túmulo dentro do Templo, onde jazem to-
das as imperfeições e vaidades. Simboliza
a Consciência humana; a parte que é in-
vólucro, a abóbada, sempre escura, repre-
senta nosso íntimo: consciência ou inconsciência. Não se pode "penetrar na
consciência dos homens". A consciência do maçom é um " local" íntimo e
reservado que nenhum maçom violará.
Somente Deus tem o direito de penetrar na consciência de um homem!
Nem sempre o próprio homem poderá fazê-lo e, quando o consegue, é
porque adquiriu uma faculdade divina.
A dificuldade de penetrar na caverna, seja pela escuridão, seja porque
era coberta de espinhos, representa os riscos e o trabalho que temos, todos
nós, de penetrarmos em nós mesmos, para descobrir os sentimentos nega-
tivos que devem ser extirpados, retirados do local, submetendo-os ao ')ul-
gamento", ou seja, esclarecer como devem desaparecer de nós, para que nos
sintamos livres e purificados. A analogia envolve, sempre, o interesse pri-
meiro, o da autorrealização para um aperfeiçoamento constante.
Os espinhos são as "ervas más", que lançadas as sementes não po-
dem vicejar, ficando sufocadas e perecendo, como muito bem explanou
Jesus na parábola do semeador (Mt 13).
Para vencer os assassinos, devemos sobrepujar as dificuldades re-
presentadas pelos espinhos, que simbolizam a ignorância e os preconceitos
que impedem a luz de penetrar na consciência humana e em nós mesmos.
Do lado de fora, nada podemos realizar.
O Templo e a Lenda no Grau 9- Cavaleiro Eleito dos Nove 173
1
1
É preciso que a luz penetre na caverna para que se ilumine, pois,
além de se encontrar o assassino, descobre-se a fonte de água cristalina,
1
água pura que serve não só para mitigar a sede, como para purificação.
O sentimento de vingança encontra-se fortemente arraigado em to-
1 dos nós; por qualquer motivo, nosso primeiro impulso é de revida e vingan-
ça; o ódio aflora e agimos precipitada e impensadamente; contudo, atua-
mos e cometemos as mais torpes ações.
1
Não existe lugar para a vindita dentro da Maçonaria.
1 Retomados à Consciência, arrependemo-nos e o primeiro gesto será
1
o de "lavarmos" os sinais do nosso pesadelo; a água é o líquido universal,
místico e real, que purifica.
1 Morto Abi-Ramah, Johabem procede a uma purificação, lavan-
do-se nas águas cristalinas da fonte, ingerindo a água, em um ato de purifi-
' cação interna. Assim "purificado", sente sua consciência serena. É a atitu-
de natural dos que entendem cumprido o dever, sem ter analisado o seu
comportamento; é a satisfação do juízo precipitado; o ato de um pretenso
heroísmo, sem verificar que o sangue em suas mãos significa que cometeu
1
uma vingança, a usurpação do direito de matar.

1
' A Viagem dos Nove Eleitos
1 Como vimos, Stolkin representa cada um de nós, no momento em que
nos dispomos à Grande Busca, a busca para encontrar e vencer o assassino
que está em nós; a fraqueza humana apresenta-se como inimigo audaz e forte
que é _preciso vencer.
E isto o que significa a Viagem, uma caminhada para "dentro" de nós
mesmos, onde iremos encontrar toda sorte de barreiras e oposições, bem
como o percurso de nossa mente, em nós, para outros centros vitais, como
a consciência, o sentimento, a razão e a inteligência.
A viagem ocorre do Oriente, berço da Luz, para o Ocidente, ou Hades
(Inferno), indicando a descida às profundezas da alma e às regiões do
subconsciente, aonde se deve levar a Luz Transcendente para que assim
triunfe sobre os inimigos do homem (a ignorância, o fanatismo e a am-
bição), os quais se ocultam e tratam de permanecer ignorados nessas
' regiões. Logo, essa aparente expedição significa a Iluminação, e não o
castigo e a vingança. É a viagem da Luz que sempre resulta em vitória.
' A jornada é silenciosa, longa, contornando os empecilhos, para buscar
'1 os "opositores" e bani-los.

O Crime
'
' Como vimos, há duas versões da lenda quanto à punição do as-
sassino do Mestre Hiram Abiff. A primeira, como consta de nosso ritual, diz
'
'
174 A Lenda de Hiram nos Graus Inefáveis do R.·.E.·.A.·.A.·.

que Abi-Ramah ou Abiram, um dos assassinos, foi morto por Johabem.


A segunda diz que Abi-Ramah matou-se em presença de Johabem.
Por causa desse trecho da lenda hirârnica, em ambas as versões, a
Maçonaria tem sido acusada, por ignorantes e homens de má-fé, de come-
ter uma série de crimes cuja culpa não lhe cabe.
Por exemplo, a Maçonaria sempre foi caluniada de, usando o
punhal, interferir nos assuntos profanos e políticos, ora para derrubar
reis, ora para punir déspotas; e até mesmo de punir com a morte seus
adeptos perjuros.
É fato que muitos partidos políticos dissimularam pertencer à
instituição maçônica e, usando seu nome, cometeram toda sorte de
barbarismos.
Jamais, porém, a Maçonaria prestou-se a tanto e nunca derramou
sangue, seja de inocentes, seja de criminosos, porque sua luta desen-
volve-se no campo do idealismo.
É verdade que, pela lenda, Salomão enviou os Eleitos dos Nove para
capturar e punir os assassinos de Hiram Abiff.
Essa punição, porém, não era a morte dos assassinos, porque, desde
os Mistérios dos Bramas, que são os primeiros, até os do Cristianismo, os
últimos, em parte alguma deles se encontra coisa que autorize a vin-
gança por morte. Disso Salomão era também convicto e reprovava o
sentimento de vingança.
A vingança exigida nesse Grau 9 não significa, absolutamente,
um espírito anticristão da Ordem. Ela é a reparação legal de um crime
cometido. Trata-se de um dos postulados fundamentais das leis da so-
ciedade: "é uma ação moral que assinala o crime e o castigo ".
Todavia, essa punição foi e continua sendo simbólica. Eis seus
significados principais:

1 g) Pela Versão do Ritual


Johabem, sob forte emoção, dominado pela paixão, toma do pu-
nhal e com ele fere mortalmente a Abi-Ramah, isto é, a Inteligência
mata a Ignorância, o Fanatismo, a Ambição, enfim, todas as anti virtudes do
homem.
Porém, esse fato da lenda nos ensina que o ardor pode transfor-
mar-se, pela precipitação, em causa de grandes males; o controle da
paixão é necessário; a prudência e o equilíbrio devem estar sempre ao
lado da ação. A precipitação conduz a consequências imprevisíveis
que precisam ser evitadas.
Johabem age com covardia, pois fere a quem, no momento, se
encontra indefeso. Isso nos ensina que mesmo o criminoso tem o direito à
defesa, em todo sentido. É covardia justiçar a quem não pode esboçar rea-
O Templo e a Lenda no Grau 9- Cavaleiro Eleito dos Nove 175

ção; todos têm direito à vida, mesmo os criminosos, e só poderão perecer


diante do resultado de um julgamento. Devemos ter confiança na justiça e,
jamais, procurar julgar e punir por nossos próprios desejos e interesses.
O conflito a que foi submetido Johabem até sua decisão homicida nos
)
recorda que jamais devemos deixar de nos vigiar, para que não caiamos em
) tentação, dando vasa aos nossos instintos inferiores.
)
Porém, isso sim, pela eterna luta contra a ignorância; pela causa de
todos os que estão mergulhados nas trevas; pela causa da civilização con-
) tra a barbárie, nossos punhais devem estar a postos, nossas espadas preci-
) sam permanecer desembainhadas.
Finalmente, a descrição de como Johabem matou Abi-Ramah nos des-
)
venda que, apesar de abatidas a ignorância, a liberdade cerceada, a cor-
rupção e o crime, estes renascem incessantemente; a execução da sentença
'
)
de morte visa à libertação do homem, apesar de a ignorância ser pertinaz; um
dia, a vitória sorrirá a todos, pelo banimento da ignorância do mundo.
Por outro lado, Riram Abiff não está morto, como não morreram,
jamais, os grandes homens; Riram tem tombado mil vezes. Cada dia,
sob nossos olhares, o crime é perpetrado. Os Eleitos dos Nove, porém,
devem permanecer sempre em alerta; isso propicia a Riram Abiff a
imortalidade.

2 g) Pela Segunda Versão


Por essa versão, o assassino foi perseguido, porém não assassinado
pela Maçonaria. Ele mesmo, diante da infame ação que praticou, corroído
de remorso, deu cabo à sua vida. Não houve nem decreto de pena capital
sobre ele, a não ser a pena de morte moral que a Ordem sempre votou aos
infames, traidores e perjuros.
Abi-Ramah representa a ambição, a ignorância e o fanatismo; ele
matou a Sabedoria, a Compreensão e a Verdade em cada um de nós.
Porém, na obscuridade do nosso ser interior, as Nove Faculdades
do Espírito (Nove Mestres Eleitos) encontram o assassino.
Então, o Amor Impessoal, como primeiro Eleito, necessita de Johabem,
"Filho de Deus Pai", para descobrir na caverna da alma ou no subconscien-
te esse assassino. Quando o Filho de Deus entra na caverna com aquela
Luz Viva, o assassino enlouquece e suicida-se com o próprio punhal (a
ambição se aniquila diante do amor divino); não pôde resistir ao amor im-
pessoal, cuja finalidade é o progresso e a realização dos planos divinos.

O Perdão
Levado Johabem à presença de Salomão, este se enfurece e preten-
de punir o Eleito, mas, em sua grandeza, cede diante da emoção de ver um
dos assassinos justiçado, e perdoa a Johabem e aos demais Eleitos.
176 A Lenda de Riram nos Graus Inefáveis do R.·.E.·.A.·.A.·.

Salomão perdoa. Quem tem o poder de justiçar pode, também, absol-


ver; o perdão constitui-se em julgamento; posto a ação de Johabem fosse
homicida, encontrou justificativa e esta foi aceita. Já não pesava sobre
Johabem a responsabilidade de seu precipitado gesto.
A humildade, aliada à coragem de Johabem, foi fator decisivo para o
perdão.
Quem busca remissão deve fazer com que merecê-la; o perdão não é
uma ação intempestiva, fácil e imediata; depende de meditação, de frear as
naturais reações de vindita.
A pessoa que se dispõe a perdoar deixará de lado os melindres e
sentirá para com seu ofensor um carinho todo especial.
O perdão não é um sentimento de desculpa, passageiro, momentâneo,
mas uma disposição que brota amorosamente das profundezas da razão.
Ouve-se muito, dizerem: "perdoou-o, mas não desculpo"; isso não
será perdão; poderá ser outro sentimento semelhante, mas jamais a mani-
festação de um ato de amor.
O ser humano, quando consciente do cometimento de atos injustos,
nem sempre pode perdoar a si próprio, surgindo então os traumas, as fugas
e a autocondenação que constituem malefícios que muitas vezes levam a
consequências imprevisíveis.
Somente o arrependimento conduz ao autoperdão, para que a consci-
ência se tranquilize e retome à Paz.
A justiça sempre é feita; ela vem dos outros e a não ser que o homem
venha a ser instituído Juiz, a ninguém será lícito julgar.
Sequer, como ensinou Jesus, pode-se julgar o comportamento dos se-
melhantes (veja Mt 7:1-5); outro exemplo expressivo foi o episódio com
Maria Madalena: "Quem não tiver pecado, atire a primeira pedra ".
· O maçom não pode julgar, em hipótese alguma, porque o seu juízo
será funesto.
Essa é a grande lição da Maçonaria.

12.6. Interpretação Filosófica do Grau 9


A origem desse Grau está envolta em mistérios. Presume-se que Sa-
lomão o instituiu. Entretanto, outros autores lhe atribuem outra origem: Nicola
Aslan remonta sua origem à Idade Média, na época em que os peregrinos
iam à Terra Santa (Cruzadas), como tributo e comemoração da morte da-
quele que também foi chamado Mestre; Jorge Adoum crê que foi instituído
pelos próprios templários; Jorge Buarque Lira crê que foi instituído no prin-
cípio do século XIX, depois da desastrosa catástrofe dos Templários. A
Biblioteca Maçônica diz que este Grau pertence à 3ª categoria, a dos
O Templo e a Lenda no Grau 9- Cavaleiro Eleito dos Nove 177

Graus de Iluminação. Sua interpretação é "Igualdade perante a Lei",


sendo consagrado "ao zelo virtuoso e ao talento esclarecido, que, por
bons exemplos e generosos esforços, vingam a verdade e a virtude
contra o erro e o vício". Tem por base "a ideia de reconstrução". Os
trabalhos do Grau têm por objetivo "a procura dos meios práticos e mais
condizentes para a eleição, com todo acerto, dos representantes do
povo, assim como os de limitar-lhes as faculdades. Investigam-se as
relações do Povo com seus Governantes e com os representantes elei-
tos por meio do voto universal, a soberania do povo, a divisão dos
poderes do Estado, a história e a política"; objetiva a Bravura: "Sê
bravo contra tuas próprias fraquezas; sê bravo para defender a ver-
dade".
Por esse Grau, a Maçonaria pretende orientar seus adeptos demons-
trando como devem conduzir-se na vida real; é a evidência da necessidade
de uma autofiscalização do comportamento social.
) O homem, ao agir, embora pense estar fazendo o bem, expõe-se a
)
praticar o mal; às vezes o ideal abraçado é fruto do egoísmo e produz erros;
é preciso distinguir o bem do mal.
Esse Grau é uma alegoria do combate titânico que todos nós, maçons,
soldados da verdade e do bem, devemos travar, ininterruptamente, contra o
erro, a ignorância, a tirania, a ambição, o egoísmo. Que é nosso dever, custe
o que custar, penetrar na caverna obscura, onde entraram os Eleitos de
Salomão, e lá exterminar esses inimigos do progresso, do bem-estar e da
felicidade da humanidade.
Somos os Eleitos do G :.A:.D :. U :. para essa sublime tarefa. A hu-
manidade, em sua maioria, vive agrilhoada por esses tremendos e desleais
inimigos. É nossa maior tarefa libertá-la dos grilhões que a afligem.
E, para o completo êxito dos nossos ideais, tomemos o conselho do
) Apóstolo São Paulo: "Despojemo-nos das armas das trevas e revista-
mo-nos das armas da Luz" (Rm 13:12).
)
Resumindo, esse Grau nos ensina a valorizar a verdade, a franqueza e
a generosidade. Por ele, aprendemos que devemos seguir esses regula-
mentos práticos e ativos, que formam e controlam nossa conduta. Porém,
frequentemente, os homens cometem as mesmas faltas que encontram no
próximo, falando, como hipócritas, de virtude, caridade e honra, mas viven-
do uma vida de perversidade, de vício e de desregramento. Existe pouca
oportunidade dentro de uma Loja para praticarmos a Maçonaria. Essa age
mais enfaticamente no mundo da competição, das discussões, das tenta-
ções e dos prazeres ilícitos. A verdadeira Maçonaria é ativa, não indolente,
especialmente quando nossa nação, nossos Irmãos ou a Humanidade nos

'
'
178 A Lenda de Riram nos Graus Inefáveis do R.·.E. ·.A:.A. ·.

pedem socorro. É o apóstolo da Liberdade, da Igualdade e da Fraternidade,


porém, não se ocupa em planos ou conspirações contra o governo civil.
Aprendemos a lutar contra a tirania política, o despotismo espiritual, a cru-
eldade, a corrupção, a barbárie humana e a desconsideração aos direitos
humanos. Devemos, portanto, resistir à usurpação do poder que pertence
ao povo. Precisamos nos esforçar em defesa de nosso amor pela liberdade
e igual justiça diante da lei, ao apoiar a educação do povo, fazendo com que
a honra da pátria se tome igual ao nosso próprio heroísmo. Então, devemos
tomar uma espada, um punhal e, com a força de Deus, lutarmos contra tudo
isso. Em confrontos da mente contra superstições, temores e prejuízos, o
verdadeiro maçom conquista e surge vitorioso, unindo-se com seus Irmãos
nas Obras patrióticas de paz.

12. 7. Insígnias e Emblemas do Grau 9

Simbolismos

Avental do Cavaleiro Eleito dos Nove


Fita com a Joia do Grau

Joia do Cavaleiro Eleito dos Nove


O Templo e a Lenda no Grau 9- Cavaleiro Eleito dos Nove 179

1. Avental do Cavaleiro Eleito dos Nove: De pele branca de carneiro


ou cetim, salpicado de lágrimas na cor vermelha, forrado e orlado de preto.
Na abeta, está pintado ou bordado um braço sustentando um punhal
ensanguentado e, no centro do Avental, também pintado ou bordado, um
braço segurando pelos cabelos uma cabeça ensanguentada. O braço com o
') punhal simboliza que a vingança está sempre pronta a castigar o culpado.
2. Fita do Cavaleiro Eleito dos Nove: Usada a tiracolo da direita para a
esquerda; é preta e larga (9 centímetros), tendo nove rosetas vermelhas
bordadas e, na ponta, uma argola para prender a Joia do Grau. Essa fita (ou
Faixa) simboliza a expressão de dor causada com a perda irreparável do
nosso querido Mestre Riram Abiff, que foi horrorosamente assassinado por
alguns membros da Ordem Maçônica. As nove rosetas vermelhas simboli-
zam: i) o sangue derramado; ii) as nove luzes em torno do Altar dos Jura-
mentos. Em conjunto, representam os Nove Cavaleiros Eleitos.
3. Joia do Cavaleiro Eleito dos Nove: Um punhal com o punho dourado
e a lâmina prateada, tendo na extremidade do punho uma argola para pren-
der na ponta da fita.
)

1 Painel Alegórico do Grau 9


)
Segundo a lenda, esse Grau detalha a punição que a justiça é obrigada
l a fazer aos assassinos de Riram Abiff, pouco antes do término do Templo.
O rei Salomão quis capturar os assassinos vivos e escolheu nove Mestres
para esse fim. Um dos criminosos, porém, morreu em uma caverna, onde
estava escondido. Ao cons-
tatar isso, o rei Salomão pre-
sumiu, com grande ódio, que
sua ordem havia sido
desobedecida.Mas,quando
conheceu as circunstâncias,
reconheceu que seu julga-
\ mento havia sido demasiada-
mente precipitado e basea-
' do em evidências infunda-
das.
l
1
1
1
1
)
\
180 A Lenda de Hiram nos Graus Inefáveis do R:.E. ·. A.·.A.·.

Painel Simbólico do Grau 9


Tem o formato de um Escudo, na cor branca, com orlado de azul-
escuro. Contém nove manchas de sangue, irregulares, distribuídas pelo in-
terior, saindo do seu lado esquerdo um braço vestido, com uma mão segu-
rando um punhal (sabre) no sentido vertical com a ponta virada para baixo.
1

'
'

13. O Templo e a Lenda


no Grau 1O- Cavaleiro
Eleito dos Quinze
.......,

'
'1
1
13.1. Denominações do Grau 10
1
Do Grau: Cavaleiro Eleito dos Quinze (ou Mestre Eleito dos Quinze);
' da Oficina: Capítulo (ou Conselho) de Eleito dos Quinze; do Presi-
dente: Três Vezes Poderoso Mestre (ou Ilustríssimo Mestre); dos Ir-
mãos: Cavaleiros (ou Ilustres) Eleitos dos Quinze; dos Oficiais:
Ilustríssimo Mestre (representa Salomão); Respeitabilíssimo ] º Vigi-
lante (representa Rirão, rei de Tiro. É denominado de Grande Inspe-
) tor); Respeitabilíssimo 2º Vigilante (representa Adohniram. É denomi-
nado de lntrodutor); dos Demais Oficiais: São os Respeitáveis Ir-
1 mãos com os mesmos títulos da Loja do Grau 14; dos Neófitos: repre-
sentam Bendecar (ou Bengaber ).
Obs.·. Nesse Grau, não pode haver mais de 15 Irmãos para as re-
cepções. Só haverá 15 cadeiras nos Vales, ficando vazios os lugares a ser
ocupados pelos Neófitos, que completam o número.

13.2. O Templo e sua Ornamentação no Grau 10


A Loja ou Capítulo do Grau 10, que se reúne na Câmara de Audiênci-
as do rei Salomão, é pintada ou revestida com cortinas na cor preta, semea-
das de lágrimas nas cores roxa e branca ou ainda com bandeirolas ao redor
do Templo.
- 181-
1
l
182 A Lenda de Riram nos Graus Inefáveis do R.·.E.·.A.·.A:.

É iluminado por três Candelabros, de cinco luzes cada um, colocados


sobre os Altares do Presidente e dos dois Vigilantes, respectivamente.
No Oriente, sob o Sólio, se verá um quadro no qual está pintado o
Símbolo do Grau, figurando uma cidade quadrada com três portas e, em
cima de cada uma delas, uma cabeça humana cravada em um espeto.
Sobre o Trono do Presidente se encontram uma espada, um ramo de
Oliveira e as insígnias destinadas aos Neófitos.
No Altar dos Juramentos, revestido de negro, há dois punhais cruza-
dos sobre um triângulo, a espada flamígera e o L:.da L:..
Todos os Altares são revestidos com tecido na cor preta, com lágri-
mas brancas, que serão bordadas, pintadas ou aplicadas.
Embora apenas 15 Irmãos devam presenciar os trabalhos, no Oriente
ficarão os lugares para os que excederem o número, incluindo os visitantes.

13.3. Interpretação Esotérica do Templo no Grau 10


A Loja nesse Grau representa a Câmara de Audiências do Templo de
Salomão, e a sala onde se celebram as sessões simboliza a Sala do Conse-
lho do Rei.
Assim, o Templo nesse Grau representa um Conselho para a realiza-
ção dos seguintes trabalhos:
( 1º) Educar e orientar os concidadãos, dissipando as cegueiras da
ignorância que envolve as camadas inferiores da sociedade;
(2º) Estudar a convivência das Relações Internacionais dos povos,
tanto maçônicas como profanas; a diplomacia; as condições necessárias
para o bom desempenho dos cargos de embaixadores e representantes; e a
política internacional;
(3º) Conscientizar que o mau proceder não esconde a impunidade,
porque o Supremo Juiz, chamado Consciência, cedo ou tarde o castigará.
Os trabalhos de ordem secreta, correspondentes a essa Câmara, não
podem ser consignados nos Rituais. Entretanto, trata-se de desenvolver a
Moral Elevada, a Filosofia Útil e a Política Universal em várias etapas: na
primeira, pelo estudo da Criação e dos Mistérios da Vida e da Morte; na
segunda, pesquisando a Consciência; na terceira, por nossa Elevação ao
Criador; na quarta, exercendo nossos direitos para eleger os representan-
tes da Nação; e na quinta, tomando-nos um embaixador nos países estran-
geiros; para, finalmente, nos encontrarmos no Santuário da Verdade, na
hora dos Grandes Mistérios.
Os símbolos desse Grau já foram estudados nos anteriores, em espe-
cial no Grau 9, do qual este é uma continuação.
Entretanto, um símbolo desse Grau que é mencionado apenas super-
ficialmente, sem o destaque merecido, é o Triângulo, que se encontra sobre
o Altar dos Juramentos, tendo sobre ele dois punhais cruzados, e também
no painel do Grau, cuja descrição sequer o menciona.
O Templo e a Lenda no Grau 1 O - Cavaleiro Eleito dos Quinze 183

Esse símbolo é um dos mais importantes; é o emblema do Poder Cri-


ador e Conservador, cuja tríplice faceta representa toda a beleza moral da
nossa tradicional Trilogia.
\
É-nos de muito interesse esse símbolo, principalmente considerando-
se que ele nos vem atestar, brilhantemente, desde eras remotas, a crença
) na existência do Altíssimo, o Todo-Poderoso. De fato, desde a remota An-
) tiguidade, o Triângulo tem sido considerado o Símbolo da Trindade Divina
por excelência, e, também, tomado como signo da Alma Perfeita e dos
)
Altos Iniciados. Nos vetustos monumentos cristãos tem sido encontrado
) associado ao monograma de Cristo, e na Maçonaria figura perpetuando
esse elevado conceito.
Assim, a guerra permanente da ambição, do erro e da ignorância, que
em todos os tempos tem procurado corromper e demolir o Templo da Ver-
dade e espalhar as Trevas, jamais conseguiu e conseguirá seu objetivo, pois
dispomos de uma arma invencível para nossa luta, que é a presença de
Deus que vem em nosso auxílio. Aqui temos, pois, em nossos augustos
Mistérios, o dedo de Deus. E, por isso, como o Apóstolo São Paulo, pode-
mos exclamar: "Se Deus é por nós, quem será contra nós?". Aqui, os
amigos da humanidade, os novos Iniciados, sempre terão armas para vingar
Riram Abiff, que simboliza a Verdade.
' Outro símbolo que aqui aparece nesse Grau e que merece considera-
'
l
ções é a "Espada Flarnígera", também presente no Altar dos Juramentos.
Ela tem lâmina ondulada, qual língua de fogo serpentina. É usada pelo Pre-
sidente da Loja como símbolo do Poder Criador do G. ·.A.·. D. ·. U. ·. , ou da
vida do C:.D:.T:.O:.V:.M:. (chef:.de tod:.o verd:.M:.), que ele re-
presenta. Ao seu tinir com os golpes do malhete (símbolo da autoridade de
que o Presidente se acha investido pela Constituição maçônica ou Estatu-
tos do Sup:.Cons:.), é o recipiendário iniciado e admitido nas fileiras da
Ordem (nos Graus Simbólicos) ou investidos e consagrados nos Graus dos
Altos Corpos. Em alguns países latinos é também usada pelo Cobridor, que
)
assim guarda o Templo qual querubim a proteger o caminho da Árvore da
Vida (Gn 3:24).
\ Sobre o Trono do Presidente, encontram-se as insígnias do Grau: o
\ Avental, a Fita e a Joia.

' 13.4. O Cobridor do Grau 10


13.4.1. AP.·. S.·. do Cavaleiro Eleito dos Quinze
' A P:.S:.do Cavaleiro Eleito dos Quinze é Zer:., tendo como res-
posta B :.1: ..
Zer:. é uma palavra hebraica que significa "um inimigo de Baal", ou
"um Filho de Jeovah", ou ainda "Prevalecente com o Senhor". É o nome
suposto de um dos guardas de Salomão, aquele que levantou o corpo de
' Riram Abiff, por meio dos cinco pontos de perfeição.
'
l

'
184 A Lenda de Hiram nos Graus Inefáveis do R.·.E.·.A.·.A.·.

B:. J:., que também se escreve como Benaiah, significa "Filho de


Deus", ou, segundo Da Carnino, "Meu Filho é o Senhor". É também escrita
como Banaias e Benlah. Benaiah era filho de Joiada e comandante do
exército de Salomão (lRs 4:4), depois da morte de Joiada.

13.4.2. A P.·.de P.·.do Cavaleiro Eleito dos Quinze


A P:. de P:. do Grau é E li:. m ou Elig:. m, significando "Povo de
Deus", conforme escrito nos Rituais franceses.
Em hebraico, escreve-se como Eleham, de Eleh (Alah ou Alha),
"Deus" e Aam "Povo", querendo dizer, assim, "Deus do Povo". Segundo
Rizzardo da Carnino, significa: "O Meu Deus protege o Povo".

13.4.3. O S.·.de Ord.·., o S.·.de Rec.·.e o T.·.do Cavaleiro


Eleito dos QJtinze
Significam que estamos sempre prontos a nos impor o castigo
que merecemos, desde que faltemos com as obrigações revelando os
segredos que nos foram confiados.

13.5. Interpretação Alegórica do Grau 10


O Grau 10 é a complementação do Grau 9, pois a lenda de Riram
Abiff esclarece o fim dos outros dois assassinos.
"Seis meses haviam transcorrido do evento que envolvera a captura e
morte do primeiro assassino (Abi-Ramah, Abiram ou Akirop), quando um
dos intendentes de Salomão, chamado Bendecar ou Bengaber, compare-
ceu à presença do rei e lhe comunicou ter descoberto o paradeiro dos ou-
tros dois assassinos. Eles estavam escondidos e trabalhando em uma pe-
dreira de Bendecar, um povoado de Geth, país da Filístia.
Salomão, então, escreveu a Maacha, rei de Geth, solicitando permis-
são para capturar os criminosos e trazê-los para Jerusalém, onde deveriam
ser julgados e castigados pelo crime que cometeram.
Salomão acrescentou mais seis Mestres (entre eles o Desconheci-
do do Grau 9) aos Nove primeiros Eleitos enviados à caverna de Jope,
para que fossem prender e conduzir à sua presença os traidores, fazen-
do-os acompanhar de uma escolta.
Maacha, rei de Geth, favoreceu a missão. Os 15 Mestres saíram à
busca, e Stolkin, Zerbal e Bendecar descobriram os criminosos, apo-
deraram-se deles, levando-os diante do rei Salomão. Este os condenou
a ser amarrados a uns postes, permanecendo expostos ao sol e às mos-
cas, o corpo aberto no peito e em certas partes muito delicadas. Pôs-se
fim à sua agonia decapitando-os, indo as suas cabeças a unir-se com a
mutilada de Akirop sobre as portas de Jerusalém. Seus corpos foram
jogados sobre as muralhas para servir de pasto aos abutres."
O Templo e a Lenda no Grau 1 O - Cavaleiro Eleito dos Quinze 185
l

' Assim, sofreràm as penas merecidas pelo crime que cometeram.


Outra versão da lenda narra o seguinte: "Quando os dois últimos
assassinos de Riram Abiff, Jubela Gibbs e Jubelo Grabelot, notaram
a presença dos 15 Mestres Eleitos, fugiram precipitadamente entre as
rochas. Os Mestres os perseguiram, e, apesar dos obstáculos, ganha-
ram vantagem sobre os perseguidos, até que, finalmente, os assassi-
nos, vendo-se perdidos, sem salvação, por se acharem diante de um
abismo, sem outro caminho aberto, preferiram lançar-se no espaço a
ser presos. Dessa maneira, os Mestres apenas conseguiram encontrar
' seus cadáveres; cortaram suas cabeças e as levaram a Salomão, que

' as juntou às de Akirop".


Assim, tal qual Akirop no Grau 9 em presença de Johabem, os
outros dois assassinos mataram-se em presença dos Cavaleiros Eleitos
dos Quinze.
Simbolicamente, esses dois assassinos representam os inimigos
da liberdade, isto é, emoções desenfreadas, de onde surgem a tirania e
o despotismo; o fanatismo, de onde vêm a intolerância e a persegui-

' ção; o terceiro e mais culpado significa a ignorância das massas, que
permitem a ambição e o fanatismo.
' Esses inimigos mataram a Sabedoria, a Verdade e a Compreen-
' são em cada um de nós.
Porém, ao nos dedicarmos à meditação, à busca da verdade e ao
estudo para cultivar nossa mente, esses inimigos do homem são eliminados,
l
são mortos, seja por nós próprios ou por eles mesmos, precipitando-se para
l a morte, como o fizeram Akirop, no Grau 9, e esses dois assassinos no
abismo da aniquilação.
O ensino moral-alegórico desse Grau "é que os perversos não po-
dem achar segurança, ainda que passem para países estrangeiros".
Esses Graus espelham, outrossim, o rigor das leis hebraicas con-
tra os matadores.
O espírito, ainda que tenha sido de vingança, com o objetivo de
punir os culpados com a morte, nada tem de mais natural para a época.
Até nas Escrituras Sagradas dos hebreus, muitos assassinatos foram
sancionados pela própria Divindade.

'
l
Mesmo hoje, em todo o mundo, muitos países punem os crimes
de assassinato e outros hediondos com a pena de morte.
E quanto à Maçonaria, nem se pode atribuir a ela tal crime de
' vingança contra os assassinos de Hiram, que é, como expusemos, ape-
nas uma lenda alegórica e, consequentemente, lendários e alegóricos
são os históricos de todos os Graus subsequentes, no que se referem
ao tal assassinato.
Ainda quanto à lenda, temos algumas considerações a fazer e alguns
ensinamentos a tirar.

'
186 A Lenda de Hiram nos Graus Inefáveis do R.·. E.·.A.·.A. ·.

Bendecar era um povoado de Geth, daí a confusão com o nome de


Bengaber. Este teria sido filisteu e conhecedor da região de Geth, onde
reinava Maacha.
A história sagrada nos informa a respeito das contínuas incursões de
Israel na região de Geth, submetendo e castigando os filisteus, eternos
inimigos dos judeus; na época, contudo, reinava relativa paz entre os vizi-
nhos, pois Salomão cuidara de um período longo de tranquilidade para dedi-
car-se por inteiro à construção do Grande Templo; para erguer o Santuário,
não poderia haver má vontade entre os homens, porque se tratava de uma
Obra dedicada a Jeovah com todo esforço e amor.
Quanto à escolha dos 15 Cavaleiros, o aspecto que chama a atenção
foi o de que mereceram a confiança de Salomão.
Também na Maçonaria, para qualquer missão há necessidade de es-
colher o homem certo, para assegurar o êxito; deve haver um critério de
confiança, considerando-se a capacidade operativa, intelectual, e mesmo
mística de cada Irmão; assim, o maçom não pode ficar melindrado se não
for o escolhido; o "conformismo" também faz parte da educação maçôni-
ca; a humildade em aceitar que os demais são os mais dignos é demonstra-
ção de virtude maçônica.
A constante da filosofia maçônica tem sido o castigo, não como o
resultado de uma vingança, mas sim, de um julgamento; sempre em qual-
quer Grau, surge esse aspecto que não pode passar sem ser comentado.
O desequilíbrio, a desobediência, a falta de conhecimento conduzem,
fatalmente, a consequências desastrosas; indubitavelmente, o castigo apre-
senta gradações; os próprios códigos penais especificam e justificam essas
gradações.
Etimologicamente, castigo significa purificar; limpar de uma ação no-
civa, posto que essa operação conduza à morte.
A decapitação e a dispersão do corpo para que os "abutres" se ali-
mentem são a forma de que a matéria retorne à Natureza para o Equilíbrio
Ecológico; os tibetanos não só destacam as carnes do corpo, como trituram
os ossos, para que os pássaros ingiram a sua totalidade.
Somente os egípcios tinham uma concepção diversa porque acredita-
vam na ressurreição do corpo.
A Maçonaria faz da morte um mito y, se preocupa em apresentá-la
como uma etapa que não é final, mas passo inicial para a Vida Futura;
aquele que cometeu falta grave e que mereça punição, simbolicamente a
morte, como no caso da expulsão, estará purificando-se para que ao ingres-
sar na Vida Futura o faça como ser vitorioso, sem mácula.
Os Eleitos dentro da concepção maçônica são os puros em todo o
sentido. Os justificados, em suma os santos, no entendimento de sanciona-
dos, ou seja, escolhidos.
O Templo e a Lenda no Grau 1 O - Cavaleiro Eleito dos Quinze 187
1

1
A seleção dos Cavaleiros para a árdua missão de aprisionar os assas-
\ sinos, que equivale filosoficamente à busca e apreensão de tudo o que é
humanamente maléfico, é feita pela demonstração do zelo e do trabalho.
1
' Outro aspecto importante diz respeito à ação conjunta dos Cavaleiros,
porque em Maçonaria nada é feito isoladamente; o homem isolado toma-se
1 egocêntrico, intratável e fechado, no sentido de não obter alargamento no
1 campo do conhecimento.
Na Iniciação, todos nós aprendemos que iniciamos a construção do
1
próprio Templo, armazenando as pedras dos alicerces até que, concluído o
1 período maçônico, quando chegarmos a termo, nos encontraremos dentro
1
de um Templo perfeitamente acabado.
De que vale, porém, nos encontrarmos em um Templo vazio, sem a
1 oportunidade de repartirmos com outros os resultados do misticismo, da
1 comunhão e das bênçãos recebidas do Alto?
)
Quando um maçom se encontra isolado, não poderá exercitar o que a
instituição lhe ensina; um maçom isolado não representa a Maçonaria, daí a
1 necessidade imperiosa de os maçons reunirem-se em Loja, pois, no recinto
1 sagrado, cada um abrirá as portas do seu próprio Templo, para dar ingresso
aos demais e nos Templos desses demais, que serão nosso próximo, tere-
mos a oportunidade de, também, ingressar. Então, a soma dos Templos
constituirá um Grande Templo da Natureza que abarca os aspectos múlti-
plos, da espiritualidade, da mentalização, da magia, do misticismo.

13.6. Interpretação Filosófica do Grau 10


Alguns autores creem que esse Grau fora instituído por Salomão, tal
qual o precedente. A Biblioteca Maçônica, entretanto, afirma que esse
Grau pertence à 3ª categoria, a dos Graus de Iluminados alemães. Sua
interpretação é: "Guerra à morte, à imobilização do capital humano".
Em outras palavras, "guerra à morte, ao celibato religioso", sendo con-
sagrado "à extinção de todas as paixões e de todas as tendências cen-
suráveis ou culpáveis". Tem por base ideias de reconstrução.
Esse Grau pode ser ministrado por comunicação ou por Iniciação.
Toda a sua Filosofia está contida na Cerimônia de Iniciação.
O conhecimento dos segredos dos Graus anteriores e a assiduidade
são condições básicas para o maçom do Grau 9 tomar-se apto a ser inves-
tido e consagrado no Grau 10.
A assiduidade revela o interesse e assegura o conhecimento, pois só
com a presença o maçom poderá haurir tudo o que advém de uma sessão e
a participação das vibrações que emanam de todos em um Templo.
Como vimos, os trabalhos desse Grau se propõem ao estudo das rela-
1 ções internacionais, consideradas do tríplice ponto de vista da liberdade, da
1 Igualdade e da Fraternidade.
1
)
188 A Lenda de Riram nos Graus Inefáveis do R.·.E.·.A.·.A.·.

O primeiro aspecto trata-se das Leis de Extradição. Os dois assassi-


nos achavam-se no estrangeiro e era necessário extraditá-los a Jerusalém.
O conceito de Extradição é moderno; na época de Salomão não havia
nada estabelecido a respeito; apenas os romanos possuíam legislação ade-
quada, que, burilada e ampliada, chegou até nossos dias.
A Extradição auxilia o Poder Judiciário e põe um freio ao crime, já
que se vê o criminoso privado de todo o asilo, enquanto não se ver livre do
castigo que merecer.
Entretanto, só podem ser extraditados réus de delitos graves e de
caráter imoral e perverso, tais como roubo, homicídio, rapto, violação. Não
é permitida a extradição por delitos políticos ou religiosos, pois o móvel da
infração, nesse caso, foi a livre consciência que é direito inalienável do
homem.
Outro aspecto político-filosófico discutido é a diplomacia: "Um país
deve ter representantes estabelecidos em outras nações, tais como em-
baixadores, cônsules e ministros".
O ministro representa o Governo; o embaixador, a Nação; o cônsul ou
plenipotenciário é o que tem a faculdade de tratar determinados negócios,
agindo de conformidade com as instituições e de acordo com as circunstân-
cias.
Os Embaixadores tratam dos assuntos de interesse comum, de ambos
os países, e de como atender aos cidadãos natos, em qualquer circunstân-
cia, e os acordos comerciais firmados sob protocolo.
Os representantes devem demonstrar virtuosidade, tal como instru-
ção, perspicácia, astúcia, dignidade e prudência.
O juramento feito pelo Neófito contém expressões as mais valiosas
no que diz respeito à filosofia maçônica.
As interpretações sobre o conteúdo do juramento variam muito e for-
mam duas correntes.
Uma considera a "causa dos oprimidos" como acontecimento profa-
no, pois não admite a existência de opressores na Ordem maçônica.
Outros, porém, afirmam que a missão dos Eleitos dos Quinze é dirigi-
da contra os próprios Irmãos que se excedem e que se tomam perjuros.
Os opressores podem, realmente, embora isso constitua aberração,
existir na pessoa de um Venerável, de um Grão-Mestre, de um Presidente
de Corpo, enfim, de todos os que se encontram revestidos de autoridade.
A missão dos Cavaleiros, não só do Grau 10, mas de todos os Graus
Superiores, é justamente evitar o surgimento dessa anomalia, influenciando
junto aos Irmãos, pregando-lhes a concórdia, o bom senso e o equilíbrio.
A consagração e a Investidura dos Eleitos dos Quinze são feitas com
a Espada Flarnígera. Por meio das lâminas de aço, as vibrações são con-
centradas e dirigidas sobre todo o organismo do Neófito, partindo do ponto
O Templo e a Lenda no Grau 1 O - Cavaleiro Eleito dos Quinze 189

mais elevado da cabeça, derramando os "fluidos", como se fora o óleo


precioso recebido por Aarão por ocasião de sua Investidura Sacerdotal.
Em resumo, "Tolerância é o tema dominante desse Grau. A histó-
ria registra um trajeto sangrento de perseguição, quando os homens
se achavam, ilicitamente, no direito de punir o próximo por suas opi-
1 niões contrárias. Essa espécie de intolerância é condenada pela Ma-
çonaria. Achamos que toda pessoa tem o direito a pontos de vista
\
religiosos e políticos, dele próprio ou dela própria, e que nenhum ser
\ humano pode sinceramente dizer que somente ele ou ela conhece a
\ verdade. Seja o que for que uma pessoa sinceramente acredite, é para
ele ou ela a verdade, e ele ou ela sabe que somente a educação e a
\ cultura podem vencer a intolerância e o fanatismo".
A Maçonaria, apesar de ser religiosa, não é uma religião; porém, den-
tro de seus preceitos e diretrizes existem as verdades e a moralidade uni-
versal de todos os credos e religiões reconhecidos. Estes incluem aquelas
em que nossos membros devem tomar parte, a crença em um único Deus,
em uma Alma Imortal, e em uma Vida Moral e Virtuosa.
Nicola Aslan, em seu livro Instruções para Loja de Perfeição, já
referido, consigna:
"A vingança com a morte dos três assassinos de Hiram Abiff retrata
as sentenças do tribunal da Santa Vehme, porém depois da audiência da
causa e da decisão dos juízes.
Revestido da libré bíblica, o Grau 10 representa a renovação da natu-
reza no equinócio da primavera, a reaparição da potência geradora do Sol,
quando os seus três assassinos, os meses da inércia germinativa, desapare-
cem depois de sua destruição".
Os trabalhos nesse Grau começam às 6 horas da manhã e terminam
às 6 horas da tarde, porque foi a essa hora que os Quinze Cavaleiros Eleitos
retomaram a Jerusalém, bem como, a essa hora, expiraram os dois últimos
assassinos do Mestre Hiram Abiff.
Segundo Rizzardo da Camino, "é a hora do crepúsculo, e entre os
Cristãos, a hora da Ave-Maria, quando Jesus expirou no Madeiro. É
a hora em que o homem se dá conta da força da natureza, pois o Sol
que lhe dá energia esconde-se. dando lugar à penumbra. quando o
mistério se faz sentir; é o momento da meditação, da introspecção e do
repouso do corpo para que o Espírito encontre sua Fonte de Ener-
' gias. É a hora mística maçônica".
'
190 A Lenda de Hiram nos Graus Inefáveis do R.·.E.·.A:.A.·.

13. 7. Insígnias e Emblemas do Grau 1 Oº

Colar com a Joia do Grau

Avental do Cavaleiro Eleito dos Quinze

Joia do Cavaleiro Eleito dos Quinze

Simbolismos
1. Avental do Cavaleiro Eleito dos Quinze: De pele branca de carneiro
ou cetim branco, orlado e forrado de preto, tendo na frente, bordadas ou
pintadas, três cabeças empanadas sobre três portais; a abeta é toda preta.
As três cabeças representam os três assassinos de Hiram Abiff. O da es-
querda representa Jubela Gibbs (Régua - crime punido); o do meio,
Jubelum Akirop (Malho - o castigo é certo); e o da direita representa
Jubelo Grabelot (Esquadro - o céu nos julga).
2. Colar do Cavaleiro Eleito dos Quinze: Usado no pescoço, a tiracolo
da direita para a esquerda; é preto e largo (9 centímetros), tendo em seu
lado direito três cabeças em fila vertical, com 9 centímetros, cada uma e, na
ponta, uma argola onde fica presa a Joia do Grau.
3. Joia do Cavaleiro Eleito dos Quinze: Um punhal com o punho doura-
do e a lâmina prateada, tendo na extremidade do punho uma argola para
prender na ponta do Colar.
O Templo e a Lenda no Grau 1 O - Cavaleiro Eleito dos Quinze 191

Painel Alegórico do Grau 1 O

Segundo a lenda, os artífices


apreenderam e capturaram os dois úl-
timos assassinos, Jubela Gibbs e
Jubelo Grabelot, que estavam tra-
balhando em uma pedreira, na região
montanhosa de Geth. O primeiro as-
sassino, de nome Abiram, que não é
a palavra, e sim emblema de malvado
e assassino, sendo seu verdadeiro
nome Jubelum Akirop, já havia sido
capturado e morto.

Painel Simbólico do Grau 1 O


- I Tem o formato de um Escudo, na
cor branca, tendo em seu interior o se-
guinte: na parte inferior, um punhal no sen-
tido horizontal, da esquerda para a direi-
ta, com lâmina prateada e punho doura-
do. No centro do Painel, em quase toda
a sua extensão, há a figura dos muros da
cidade de Jerusalém com três portas, sen-
do que sobre cada uma delas existe uma
estaca com uma cabeça humana fixada
na ponta. Na porta do S :. , a cabeça de
Jubela Gibbs, posto que este feriu a Hiram
'
1
Abiff, com a Régua de 24 polegadas, nes-
sa porta do Templo; na porta do Oc :. , a
cabeça de Jubelo Grabelot, pois este fe-
riu a Hiram Abiff, com um Esq:., nessa
porta do Templo; e, na porta do Or :. , a cabeça de Jubelum Akirop, posto
que este matou a Hiram com o Malho, dando-lhe o último golpe na testa,
nessa porta do Templo.
14. O Templo e a Lenda no
Grau 11 - Cavaleiro
Eleito dos Doze

I
t
14.1. Denominações do Grau 11
Do Grau: Sublime Cavaleiro Eleito (ou Cavaleiro Eleito dos Doze); da
Oficina: Grande Capítulo de Cavaleiro Eleito dos Doze; do Presiden-
te: Três Vezes Poderoso Mestre; dos Irmãos: Sublimes Cavaleiros Eleitos
(ou Cavaleiros Eleitos dos Doze); dos Oficiais: Três Vezes Poderoso
Mestre (representa Salomão); Respeitabilíssimo 1º Vigilante (represen-
ta Rirão, rei de Tiro. É denominado de Grande Inspetor); dos Demais
Oficiais: Não há 2º Vigilante e os demais Oficiais têm o tratamento das
próprias funções na Loja de Perfeição; dos Neófitos: representam
Bendecar; os demais Irmãos representam Ameth.
Obs:
1) Não pode haver mais de 12 Irmãos para as recepções. Só ha-
verá 12 cadeiras nos vales, ficando vazios os lugares a ser ocupados
pelos Neófitos, que completam o número;
2) Nos Rituais mais antigos, o 2º Vigilante trabalha como Grande
Mestre de Cerimônias, representando Adohniram.

- 192-
O Templo e a Lenda no Grau 11 - Cavaleiro Eleito dos Doze 193

14.2. O Templo e sua Ornamentação no Grau 11

' A Loja ou Capítulo do Grau 11, que se reúne na Sala de Audiências de


Salomão, é pintada ou revestida com cortinas na cor preta, semeadas de
'
)
Corações Inflamados na cor vermelha ou ainda com bandeirolas presas
nas paredes ao redor do Templo.
É iluminada por 24 luzes, em oito grupos de três luzes cada, em forma
' de triângulo equilátero, que são colocados de modo que haja dois em
cada um dos vales, 'dois sobre o Trono do presidente e outros dois no
Ocidente, dos lados da porta de entrada do Templo.
No Oriente, na frente do Dossel, encontra-se o quadro
emblemático do Grau que representa três Corações Inflamados.
O Trono do Presidente e os Altares são revestidos com tecido na cor
preta com Corações Inflamados, pintados, bordados ou aplicados.
Embora apenas 12 Irmãos devam presenciar os trabalhos, no
)
Oriente ficam os lugares para os que excederem ao número, incluindo
os visitantes.
' O resto da decoração e materiais usados no cerimonial são iguais
ao da Loja do Grau 10.
Segundo Rizzardo da Camino, a "Chama" dos Corações brota da
parte de cima, como saindo de um cálice.

14.3. Interpretação Esotérica do Templo no Grau 11


A Loja nesse Grau representa a Câmara de Audiências do Templo
de Salomão, e a sala onde se celebram as sessões simboliza a Sala do
) Conselho do Rei.
Assim, o Templo nesse Grau representa um Conselho para a realiza-
' ção dos seguintes trabalhos: 1º) Estudar os conhecimentos preciosos refe-
rentes ao Tabernáculo; as Leis Divinas ou Naturais contidas nas duas tábu-
' as da Lei, depositadas na Arca da Aliança, em especial os Dez Mandamen-
tos; 2º) Educar e orientar os concidadãos em como "Observar" as Leis e
"Permanecer" nelas; 3º) Estudar a legislação maçônica, sua história e dou-
trina; 4º) Treinar os Irmãos em como conduzir a instituição, como "Chefe
Espiritual", praticando a Justiça, com conduta digna de louvor; (5º) Estudar
e discutir as diversas formas de governo, dando ênfase à democracia, tanto
a econômica e social quanto a política; bem como a democracia liberal,
) popular e a cristã; 6º) Estudar e analisar as consequências e os resultados
)
do sufrágio universal; 7º) Educar e orientar a todos quanto aos "direitos
humanos"; e como desenvolver o espírito de civismo; 82 ) Estudar e analisar
) a organização maçônica, seja quanto aos Graus Simbólicos, seja quanto aos
Corpos Superiores; 9º) Conscientizar a todos de que um Irmão digno cedo
ou tarde receberá sua justa recompensa.
)

'
194 A Lenda de Riram nos Graus Inefáveis do R:.E:.A.·.A.·.

Os Símbolos desse Grau 11 já foram estudados nos Graus anteriores.


O Coração Inflamado ou Flamejante, principal símbolo desse Grau,
representa a dedicação espiritual; posteriormente a Igreja tomou o sinal
com significado cristão, denominando-o "Sagrado Coração de Jesus"; a
chama revela a emanação purificadora; o Amor tomando-se Calor e Luz
que extravasa o ser humano, transformando-o em um Ser Cósmico. O Co-
ração é um Emblema das emoções e dos sentimentos; o Emblema do Amor.
É notável a forma como Salomão exprimiu a "Chama do Amor" no
livro Cântico dos Cânticos ou Cantares de Salomão:
"Põe-me como selo sobre o teu coração, como selo sobre o teu
braço, porque o amor é forte como a morte, e duro como a sepultura,
o ciúme; suas brasas são brasas de fogo, são veementes labaredas. As
muitas águas não poderiam apagar o amor, nem os rios afogá-lo; ain-
da que alguém desse todos os bens da sua casa pelo amor, seria de
todo desprezado". (Ct 8:6-7)
O "selo" é um sinete feito de metal ou de pedra e usado em um
colar sobre o coração ou como um laço no braço (Gn 38:18). O amor
é tão forte quanto a mais poderosa e negativa experiência humana, a
Morte. Essa frase assinala o começo de um breve "hino de amor",
proferido pela noiva. Em paralelismo com o "amor", aqui, "o ciúme"
é um zelo positivo, semelhante ao ciúme de Deus (Ex 20:5; Jo 2:17).
Tal como o amor de Deus, o amor aqui celebrado não tolera rivais.
Quanto à frase "brasas de fogo", literalmente é "a chave de Jah ", em
que "Jah" é uma forma abreviada do nome divino Javé. O uso dessa
expressão confirma que há uma comparação implícita com o amor
divino.
Recomendamos aos queridos Irmãos a leitura de todo esse fabuloso
livro, Cântico dos Cânticos, que ensina a dignidade do Amor humano.
No Cristianismo, vemos São Paulo escrever aos romanos".
"Ora, a esperança não traz confusão, porque o Amor de Deus
é derramado em nossos corações pelo Espírito Santo, que nos foi
outorgado" (Rm 5:5).
Esse texto significa que podemos nos alegrar, mesmo quando nos en-
contrarmos diante de problemas e lutas, pois sabemos que tudo isso é bom
para o nosso crescimento; ajuda-nos a aprender a ser pacientes e toleran-
tes. E a paciência e a tolerância desenvolvem em nós a força de caráter, e
nos ajudam a confiar mais em Deus cada vez que as utilizamos, até que
finalmente nossa esperança e nossa fé fiquem fortes e sólidas. Então,
quando isso acontecer, poderemos sempre erguer a cabeça, seja lá o
que for que aconteça, e saber que tudo vai bem, pois conheceremos
o quanto Deus nos ama; sentiremos também esse Seu amor afetuoso
em todo o nosso ser, pois Deus nos deu o Espírito Santo para encher
nossos corações com Seu amor.
O Templo e a Lenda no Grau 11 - Cavaleiro Eleito dos Doze 195

'
' 14.4. O Cobridor do Grau 11
14.4.1. A P.·.S.·.do Cavaleiro Eleito dos Doze
A P :. S :. desse Grau é Adon :. , que significa "Senhor"; ou, conforme
nosso Ritual, "Senhor Supremo de todo o Universo".

14.4.2. A P.·.de P.·.do Cavaleiro Eleito dos Doze


A P.·.de P.·.é Stol. ·., tendo por resposta Am.·.Ia.·.. A palavra hebraica
Stol. ·. é formada pelos vocábulos Stul e Kin; Stul quer dizer "plantado" (como
uma árvore); "planta ou rebento" (aplicado às crenças). Kin exprime "pe-
destal, mastro, base, verticól". Assim, Stol. ·. seria então "uma base firme e
estável, uma planta ou rebento ereto e vertical".
Am. ·.Ia.·. é uma palavra hebraica composta pelas letras Aleph, Mem,
Resc h, Iod, He, que se traduz por "um homem fiel (ou verdadeiro) em todas
as ocasiões (ou situações)". Também significa "Palavra de Deus" (lCr 6:
7,52).

14.4.3. O S.·. de Ord. ·.do Cavaleiro Eleito dos Doze


Esse sinal, também conhecido como o do "Bom Pastor", é encontra-
do em vários Graus; os braços "fecham" sobre o "plexo solar", em uma
atitude de proteção ao coração; as mãos fechadas tomam forma como se
fossem corações, sendo o dedo polegar erguido representando a chama.
Esse sinal significa: "Que minha fé é imutável e minha esperança é Deus".

14.4.4. O 1 g Toq. ·.do Cavaleiro Eleito dos Doze

' Nesse toq :. mencionam-se três palavras: Ber :. , Ned :. e Schel : .. Ber :.
significa "uma convenção, um pacto", e também os "Mandamentos de Deus";
' Ned:. "promessa, oferenda, um sacrifício prometido"; Schel:. "perfeição"
(Ex 20:25). Essas palavras vêm sempre juntas, significando: "promessas de
completa ou perfeita aliança".

14.4.5. A Bat.·.do Cavaleiro Eleito dos Doze


A Bat .·. do Grau representa os 12 Sublimes Cavaleiros Eleitos. A

' Bat:., deslocando o "ar", provoca com sua força a destruição das vi-
brações negativas existentes na Loja.
'
14.5. Interpretação Alegórica do Grau 11
A lenda do Grau diz respeito aos eventos posteriores ao castigo
dos assassinos de Riram Abiff. Há mais tranquilidade e paz.
196 A Lenda de Hiram nos Graus Inefáveis do R.·.E. ·.A.·.A.·.

Uma vez cumprida a punição dos três assassinos de Hiram Abiff,


Salomão desejou recompensar o zelo, a fidelidade, a devoção e a constân-
cia dos 15 Grandes Mestres Eleitos. A fim de não cometer injustiças, esco-
lheu pela sorte, por meio do sorteio dos seus nomes colocados em uma
Urna, 12 dentre eles, que passaram a formar um Grande Capítulo e a co-
mandar, cada um, uma tribo, das 12 existentes em Israel.
Aos 12 Cavaleiros Eleitos foi-lhes conferido o tratamento de "Exce-
lente Ameth" (ou Arn :. Ia:.), que em tradução do hebraico significa "Ho-
mem fiel em todas as ocasiões". '·
Salomão lhes ensinou várias coisas preciosas referentes ao Taberná-
culo, onde estavam as tábuas da Lei, escritas por Deus e entregues a Moi-
sés, no Monte Sinai, para observância de todos.
Depois, Salomão os condecorou com uma cinta larga, de cor ne-
gra, na qual se via bordado um coração em chamas com a espada da
justiça dela pendente.
Os Graus de Eleito (Graus 9, 10 e 11), pelo caráter da recepção nos
mesmos, onde figuram punhais, vinganças e mortes, deram lugar a muitas
interpretações tendenciosas, servindo aos adversários da Maçonaria para
apresentá-la aos olhos das pessoas simples como uma sociedade sanguiná-
ria e altamente perigosa à paz e à tranquilidade dos povos. É por isso que os
rituais mais recentes tomam o cuidado de destacar a natureza alegórica e
simbólica da lenda de Hiram Abiff.
Os Cavaleiros Eleitos dos Doze foram escolhidos para chefiar as 12
Tribos existentes em Israel.
Há certa confusão quanto à constituição dessas 12 tribos.
Essas tribos derivaram dos filhos de Jacó (depois chamado Israel)
que foram: Rubem, Simeão, Levi, Judá, Issacar e Zebulom (filhos de Jacó
com Lia); José e Benjamim (filhos de Jacó com Raquel); Dã e Naftali
(filhos de Jacó com Bila, criada de Raquel); Gade e Aser (filhos de Jacó
com Zilpa, criada de Lia), conforme Gênesis 35: 23-29. Jacó também teve
uma filha com Lia, chamada Diná, que não deu origem a nenhuma tribo.
Já no livro de Números, cap:.2, a ordem das Tribos no acampamento
era outra, a saber: Judá, Issacar, Zebulom, Rubem, Simeão, Gade, Efraim,
Manassés, Benjamim, Dã, Aser e Naftali.
Esclarecemos que dez eram as Tribos descendentes de dez filhos de
Jacó; as outras duas procediam de netos de Jacó: Efraim e Manassés.
Foram omitidos José e Levi; os levitas, porque não possuíam território
pelo fato de se dedicarem exclusivamente ao sacerdócio; Efraim e Manassés
eram filhos de José, que, em razão de sua estada com os egípcios, também
não herdara qualquer território.
Os nomes dos 12 Eleitos e as respectivas Tribos para as quais rece-
beram a missão de governar, dados nos antigos Rituais, são os seguintes:
Joabert ou Johabem (para a tribo de Judá); Stollán (Benjamim); Tercy
(Simeão); Morphy (Efraim); Alquebar (Manassés); Derson (Zebulom);
O Templo e a Lenda no Grau 11 - Cavaleiro Eleito dos Doze 197

Kerem (Dã); Bethemer (Aser); Tito (Naftali); Zerbal (Rubem); Benarchard


(Issacar); e, Taber (para a Tribo de Gade).
1
Já a Instrução do Grau 11 no Ritual atual dá os seguintes nomes para
os 12 Eleitos, com os respectivos países (territórios pertencentes a cada
1 uma das 12 Tribos de Israel), para os quais receberam a missão de gover-
nar: Ben-Hur, filho de Hur, designado para o Monte Efraim; Abinadab,
filho de Abinadab, para a região de Dor; casou-se com Jafast, filha de
1
Salomão; Benhesed, filho de Hesed, para Audoth e todo Hefer; Bendecar,
\ filho de Decar, para Macces-Bethsames; Bana, filho de Ahilud, para che-
fiar a região de Thanac e Megeddo; Bengaber, filho de Gaber, para as de
1
Ramoth, Galad e todo o país de Argob, em Basan; Ahinadab, filho de Addo,
1 para a região de Manaim; Achimaas, para a de Naftali. Casou-se com
1 Basmak, filha de Salomão; Baana, filho de Usi, para as regiões de Aser e
Beloth; Josaphat, filho de Parue, para a região de Issacar; Semei, filho de
1 Ela, para a região de Benjamim; e Gaber, filho de Uri, para a terra de
Galad, Sehon, reino de Amorrithes e Og.
Com o objetivo de premiar Johabem, Stolkin e Zerbal, os três primei-
\
ros Mestres Eleitos, Salomão nomeou a Johabem Ministro do Tesouro, com
1 supremos poderes para coletar tributos; a Stolkin e Zerbal como seus aju-
dantes imediatos, elevando-os aos três mais altos cargos do seu Palácio.
Muito mais poderíamos escrever sobre os 12 filhos de Jacó e sobre as
12 tribos de Israel a que deram origem, bem como seus nomes, baseados
na Bíblia e em outros livros correlatos que possuímos. Entretanto, isso fugi-
ria ao escopo deste trabalho.
Obviamente, um Sublime Cavaleiro Eleito dos Doze não terá sobre si
o comando de uma das tribos de Israel; porém, terá a obrigação de agir
como "condutor"; destacar-se como "Chefe" espiritual reconhecido, não
pelas insígnias usadas, mas pelo saber, que demonstra sobretudo ao aplicar
a Justiça.
A indicação dos Chefes das tribos é uma premiação pelo serviço pres-
tado na captura dos assassinos de Hiram. Como destacamos outras vezes,
a lenda é sempre atual; os assassinos substituem-se periodicamente; os
malefícios surgem constantemente e a luta não só diz respeito aos atos
externos, mas sobretudo àqueles que evoluem na criatura humana, em sua
mente.
Os Doze Sublimes Cavaleiros foram escolhidos, entre os Cavaleiros
Eleitos dos Quinze, por sorteio de seus nomes colocados em uma Uma. A
palavra "Uma" tem vários significados, sendo os principais os seguintes:
(1) Na Antiguidade, vaso em que se guardavam as cinzas dos mortos, dan-
do origem, mais tarde, ao caixão mortuário; esquife; daí o nome Uma Fune-
rária; (2) Recipiente em que se recolhem os votos nas eleições, cédulas,
1 bilhetes, cartas, os números em uma loteria ou rifa.
1 Assim, "Uma" tem o sentido duplo de "túmulo" e de "cofre"; estes
são recipientes que encerram de forma segura uma presença.
1
198 A Lenda de Riram nos Graus Inefáveis do R.·.E.·.A.·.A.·.

Hiram Abiff esteve colocado três vezes em "túmulos", e sempre eles


foram violados. Mesmo aquele que deveria ser eterno, Nabucodonosor o
violou e o fez desaparecer.
Cada cavaleiro "ingressa" misticamente na "Urna", em companhia
dos outros seus companheiros. Retirados, depois da "Urna", ou "seleciona-
dos", irão constituir-se nos Cavaleiros Eleitos dos Doze.
Quem ingressa em uma "Urna" equivale a ser colocado em local
totalmente neutro, no sentido figurativo, pois subsistirá apenas como vida
latente; na escuridão, no isolamento e no perpétuo esquecimento, usando-
se a linguagem maçônica. É a repetição da Câmara de Reflexões, quando
o candidato morre em busca de uma nova vida.
Nesse caso é o símbolo da morte e ressurreição; representa a morte
e sepultura do "eu transitório", com seus vícios e limitações, para dar lugar
à ressurreição do Ser Espiritual ou Homem Perfeito. É uma realização
simbólica da lei expressa na apóstrofe de São Paulo: "Onde está, ó morte,
teu aguilhão? Onde está, ó inferno, tua vitória?". (lCo 15:55)
Salomão, ao escolher os Sublimes Cavaleiros Eleitos dos Doze, quis
recompensar, entre outras virtudes, a Fidelidade deles e deu-lhes o título de
"Excelente Ameth", que significa "Homem Fiel em todas as ocasiões".
A Fidelidade, evidentemente, é uma disposição emanada do coração e
por si só expressa toda condição exigida para um Sublime Cavaleiro Eleito
dos Doze; trata-se de uma fidelidade vibrante e chamejante, como comprova
a insígnia do Grau, em seu coração inflamado; uma atitude permanente que,
apesar de espontânea, leva o "Eleito" a receber uma recompensa, dada pelos
atos que o "fiel e verdadeiro" Cavaleiro praticar; portanto, é uma ação per-
manente e dinâmica; não se admite a omissão nem a expectativa.
Como vimos, Ameth também significa "Palavra de Deus" ou a "Pala-
vra do Senhor".
O L:. da L:. nesse Grau é lido em 1Rs 6: 11-14, que diz:
"Então veio a palavra do Senhor a Salomão, dizendo: Quanto a esta
casa que tu edificas, se andares nos meus Estatutos, e executares os meus
juízos, e guardares todos os meus Mandamentos, andando neles (em outras
palavras, se fores fiel), cumprirei para contigo minha palavra, a qual falei a
Davi, teu pai".
A palavra do Senhor é externa; basta, porém, ler nas Escrituras Sa-
gradas para cientificar-se do desejo de Jeovah; contudo, o essencial é dis-
tinguir quais os Estatutos e os Juízos, uma vez que, sobre os Mandamentos,
lemos a relação deles de fácil entendimento.
Não basta "Observar" a lei; faz-se necessário "permanecer" nela;
isso vem confirmar o objetivo do Grau que se resume na palavra já definida
de "Ameth".
Finalmente, Salomão condecorou os Cavaleiros Eleitos dos Doze, ar-
mando-os depois com a Espada da Justiça, e dizendo-lhes que tinham por
missão fazer Justiça, dela seguindo as Leis em todas as circunstâncias.
O Templo e a Lenda no Grau 11 - Cavaleiro Eleito dos Doze 199

A aplicação da Justiça não significa sentenciar em algum feito, ou


dirimir dúvidas quando solicitado, mas sim estar presente onde haja neces-
sidade, e especialmente evitar erros oriundos de omissões, tão frequentes
' dentro da nossa Ordem.

' 14.6. Interpretação Filosófica do Grau 11


\ Segundo Papus, a Biblioteca Maçônica informa que este Grau per-
tence à 3ª categoria, a dos Graus de Iluminados. Sua interpretação é "vin-
' gança completa sobre todos os traidores", sendo consagrado "à rege-
neração dos costumes, às ciências e às artes". Tem por base a "ide ia
' de reconstrução".
' Outros autores, porém, presumem que esse Grau tenha sido instituído
por Salomão, como uma distinção especial aos Mestres que puniram os
' assassinos de Riram Abiff.
'
l
A verdade, entretanto, é que isso não passa de especulação, pois nada
se sabe, na realidade, da origem desse Grau.
Ele pode ser conferido por comunicação ou por iniciação, sendo que
'
l
sua Filosofia encontra-se no Cerimonial de Iniciação que, simbolicamente,
gira em torno da Organização de um Governo, procedendo a Eleição de
Doze Chefes, que representarão o rei Salomão, à frente de cada uma das
'
1
Tribos.
O governo deve apresentar características democráticas, posto que a
organização maçônica originária exprimia-se em forma teocrática, respei-
tando o poder hierárquico.
Além disso, seria monstruoso que o "Povo de Deus" caísse em poder

' da ignorância e sob o jugo dos tiranos. Por isso, é necessário, sempre, esco-
lher para representantes e legisladores do povo os mais puros, independen-
' tes e instruídos que sempre agem com retidão.
Os trabalhos do Grau caracterizam-se pelo estudo das várias formas
de governo: patriarcal, aristocrática, absolutista, representativa e democrá-
tica.
' O Ritual de Iniciação do Grau discute: a democracia em suas várias

' formas (social, econômica, liberal, popular e cristã); o sufrágio universal


como direito de eleição; a liberdade de pensamento e opiniões; o direito
com base na justiça.
Os conceitos apresentados vêm de longe, pois os Rituais são antigos,
e os princípios democráticos que subsistem, é verdade, não acompanharam
a evolução política; a democracia deve aperfeiçoar-se não de forma igual
'
1
para todas as nações, mas segundo a tradição dos povos, o exemplo e
sobretudo os resultados.
Se a Maçonaria, especialmente nesse Grau, ministra ensinamentos e
propicia orientação quanto à forma de governo, é de se perguntar, por que
não lança seus próprios candidatos, uma vez que prepara seus adeptos,
tornando-os conscientes de seus deveres e direitos?
200 A Lenda de Hiram nos Graus Inefáveis do R.·.E.·.A.·.A.·.

A resposta é simples, pois, em primeiro lugar, o lançamento de candi-


daturas de seus membros é impraticável pela falta de preparo político; em
segundo lugar, é princípio universal e consagrado que a Maçonaria não se
intromete em política; finalmente, caso assim quisesse fazer, estaria cor-
rendo o grave risco de atrair profanos que visassem exclusivamente à van-
tagem política.
A preocupação da Maçonaria é de orientar. Nesse Grau, a influência
política diz mais de perto à própria organização maçônica, pois o conceito
moderno de Maçonaria é ter seu governo democrático, posto surjam, fre-
quentemente, sérias dúvidas a respeito do comportamento de seus gover-
nantes; aparecem pequenos "déspotas" e "tiranos", que empanam o brilho
da Ordem e que semeiam a discórdia. Algumas vezes a própria Instituição
assume esse caráter comportamental.
Hoje, por exemplo, as Lojas Simbólicas do nosso Estado vivem essa
situação, tal a ingerência da Grande Loja Maçônica do Estado do Rio de
Janeiro sobre suas Lojas jurisdicionadas.
Outro aspecto que não pode deixar de ser tocado diz respeito à preo-
cupação dos Corpos Subordinados (em busca do aperfeiçoamento do Rito),
em orientar seus membros para o comportamento na esfera do simbolismo
(pois todos os Membros dos Corpos subordinados, ou Superiores, perten-
cem, ao mesmo tempo, às Lojas Simbólicas).
Deve haver uma cooperação perfeita, sem que isso importe em inge-
rência entre os dois escalões. Uma colaboração contínua, com o fito exclu-
sivo de aperfeiçoamento e jamais de intromissão ou crítica.
Infelizmente isso não vem ocorrendo. Constantemente vemos a Gran-
de Loja alterando os Rituais dos três Graus Simbólicos, como se os mesmos
não fizessem parte do R:.E:.A:.A:.. É nosso entendimento que somente
ao Supremo Conselho desse Rito caberiam alterações em seus Rituais,
inclusive aqueles dos Graus Simbólicos.
Finalmente, devemos sempre atentar e observar os objetivos princi-
pais desse Grau, nunca nos afastando dos grandes e importantes deveres
que devemos cumprir.
Acharemos mais fácil sua execução quando sentirmos no coração a
necessidade de fazer Justiça.
Se nossas promessas forem observadas com firmeza, seremos zelo-
sos, caritativos e dignos de ostentar o título de SUBLIME CAVALEIRO
ELEITO DOS DOZE, com o qual fomos distinguidos.
O Templo e a Lenda no Grau 11 - Cavaleiro Eleito dos Doze 201
1
1
13.7. Insígnias e Emblemas do Grau 11

'
'

Avental do Cavaleiro Eleito dos Doze Colar com a Joia do Grau

t I

Joia do Cavaleiro Eleito dos Doze


'
'1

Simbolismos
1. Avental do Cavaleiro Eleito dos Doze: É de pele branca de carneiro
ou cetim, tendo na frente e no centro, bordado ou pintado, um coração
inflamado na cor vermelha; é forrado e orlado na cor preta; a abeta é
forrada de preto.
2. Colar do Cavaleiro Eleito dos Doze: É usado no pescoço, é largo e
preto, contendo do lado direito um coração inflamado na cor vermelha, e
um pouco acima a inscrição em letras brancas "VINCERE AUT MOR!"
("Vencer ou Morrer"); na extremidade do colar há uma argola onde fica
presa a Joia do Grau.
3. Joia do Cavaleiro Eleito dos Doze: É um punhal dourado, tendo,
' na extremidade do punho, uma argola para prender na ponta do colar.
'
202 A Lenda de Riram nos Graus Inefáveis do R.·. E.·.A.·.A.·.

Painel Alegórico do Grau 11

Segundo a Lenda, este é o Pór-


tico de Julgamento do rei Salomão.
Por conselho de seu amigo, Rirão,
rei de Tiro, o rei Salomão selecionou
12 homens para servir como gover-
nadores ou vice-regentes, sobre as
12 Tribos de Israel.

Painel Simbólico do Grau 11


Tem o formato de um Escudo, na . . . - - - - - - - - - - - - - - - .
cor branca, tendo em seu interior o se-
guinte: no centro, abrangendo grande
parte do Painel, há um punhal em sen-
tido vertical com a ponta da lâmina vol-
tada para baixo, circundado por cora-
ções flamejantes, sendo um na sua parte
superior sobre o punho e quatro de cada
lado em vertical na extensão do mes-
mo.
15. O Templo e a Lenda no
Grau 12- Grão-Mestre
' )
Arquiteto
'
'
'
1
1
15.1. Denominações do Grau 12
Do Grau: Grão-Mestre Arquiteto; da Oficina: Capítulo (ou ArquiLoja)
dos Grão-Mestres Arquitetos; do Presidente: Três Vezes Poderoso Mes-
tre (ou três Vezes Poderoso Grão-Mestre Arquiteto); dos Irmãos: Grão-
Mestres Arquitetos; dos Oficiais: Três Vezes Poderoso Mestre (representa
o Chefe dos Arquitetos da construção dos Edifícios do Grande Tem-
plo, cujo nome é ignorado); Respeitabilíssimo ou Excelente Grão-Mestre
}Q Vigilante (representa Rirão, rei de Tiro; tem o título de Grande Inspe-
tor); dos Demais Oficiais: Não há 2Q Vigilante e os demais Oficiais têm
o mesmo tratamento das próprias funções na Loja de Perfeição; dos
Neófitos: representam os Grão-Mestres Arquitetos.
' Obs :. O Ritual não informa onde tem assento o 2Q Vigilante, quando
' em Loja; o Orador é quem responde às perguntas que lhe seriam destinadas.

15.2. O Templo e sua Ornamentação no Grau 12


' A Loja ou Capítulo do Grau 12, que se reúne em uma das Câmaras do
' Templo de Salomão, é pintada ou revestida com cortinas na cor branca,
salpicadas de chamas vermelhas, ou ainda com bandeirolas presas nas
paredes ao redor do Templo.
1
1 -203-
)

'
204 A Lenda de Riram nos Graus Inefáveis do R.·.E.·.A.·.A .·.

O Trono e os Altares são revestidos também com tecido na cor bran-


ca, salpicado de chamas vermelhas.
O Templo e os Altares são assim pintados ou forrados porque o bran-
co significa a pureza do coração e as chamas vermelhas, o zelo que devem
possuir todos os Arquitetos.
No Oriente reluz a Estrela Flamejante (ou Flamígera) e, ao redor do
Capítulo, veem-se sete estrelas menores, colocadas na forma em que re-
presenta, no espaço, a Constelação Ursa Maior.
No Trono do Presidente e nos Altares dos Vigilantes, encontram-se:
um Estojo de Matemática (desenho) e um Candelabro com três luzes, res-
pectivamente; além desses objetos, no Trono do Presidente há ainda um
Triângulo.
Em cada Altar existe um Castiçal de uma luz branca.
Segundo Nicola Aslan, "é no centro da Loja, sobre uma mesa, que
fica o Estojo de Matemática, bem como Cinco Colunas representando
as cinco Ordens de Arquitetura".

15.3. Interpretação Esotérica do Templo no Grau 12


O Templo nesse Grau representa uma "Escola de Arquitetura"; não
para ensinar a construir edifícios de pedra, mas o Edifício Moral, o Edifício
Humano, o Homem-Perfeito.
Nessa Escola, os Grão-Mestres Arquitetos se reúnem para estudar:
1º) A Arquitetura: A designação do Grau já revela a necessidade
de um estudo profundo sobre essa Ciência-Arte da construção, que se
tornou a base da Maçonaria, anteriormente, em seu aspecto operativo
e, atualmente, com vista à construção do Edifício Humano no que se
refere à sua vida vegetativa, espiritual, social, sensorial e extrassensorial,
em espaço limitado e ilimitado, no conceito Universal, incluindo o
tempo, que passa também a inexistir com o conceito comum de medida.
2º) A Tributação: Os trabalhos do Grau, cujo fundo é totalmente
político e religioso, se propõem a estudar os tributos como elementos
de riqueza pública; os recursos da fortuna do povo, classificando os
bens da nação; as tributações diretas e indiretas e sua imposição justa
ou injusta. A mente, a razão, o entendimento, a sabedoria, o livre-
arbítrio, a virtude e a consciência não devem sair jamais dos justos
limites que produzem o sentimento da dignidade humana.
3º) As Ciências: O maçom Grão-Mestre Arquiteto deve ter conhe-
cimentos gerais sobre diversas ciências, como: Aritmética, Geometria,
Trigonometria, Ótica, Catóptrica, Dióptrica, Desenho, Perspectiva, Me-
cânica, Estática, Hidráulica, Geografia, Cronologia, Alvenaria (pedrei-
ro), Carpintaria, Medidas, Física, Música e, evidentemente, Arquitetura
em geral.
O Templo e a Lenda no Grau 12 - Grão-Mestre Arquiteto 205

Evidentemente o estudo dessas ciências deve ser feito no campo filo-


sófico, fazendo-se uma correlação de seus princípios e aplicações com os
princípios morais da doutrina maçônica.
1
As 19 ciências a que o Ritual se refere constituem pálida ideia do
' que hoje na Universidade se estuda a respeito de Arquitetura. O que
interessa à Maçonaria não são as lições científicas, pois não se deseja
formar Arquitetos no sentido lato do vocábulo; a construção não é
mais a de um Templo de pedra e cal, mas sim a edificação de um
Edifício Moral que abarca o desenvolvimento espiritual, intelectual,
moral e social.
42 ) Os Instrumentos de Trabalho do Estojo de Matemática e
Desenho: Mais uma vez esclarecemos que o estudo dos instrumentos
e das ferramentas de trabalho da Maçonaria visam exemplificar suas
analogias morais e éticas com os princípios maçônicos. Uma aplica-
ção dessas ao que nós fazemos em nossa vida diária resultará inevita-
velmente em nos tornarmos melhores, mais sábios e mais úteis.
Ser Grão-Mestre Arquiteto é conhecer todos os instrumentos conti-
dos no Estojo de Matemática; conhecer, obviamente, significa o preparo
para manejá-los com proveito e sabedoria.
A finalidade primeira do uso dos instrumentos é conhecer o meio de
dividir.
A divisão, em última análise, conduz à chegada da parcela míni-
ma da matéria; à separação das células, dos átomos e de qualquer ou-
tra partícula, conhecida ou ainda por conhecer. Das quatro operações
fundamentais da Matemática, indubitavelmente a última, a divisão, é a
que produz realmente o máximo de resultados e desvenda todos os
mistérios.
Como se vê da decoração da Loja (do Templo), do avental e do
painel, os principais símbolos do Grau são: a Estrela Flamejante (ou
Flamígera); as sete estrelas menores formando a Ursa Maior; o Estojo
de Matemática contendo: o Compasso (Simples e de Cinco Pontas), a
Régua Paralela, o Tira-Linhas e a Escala, o Transferidor o Esquadro, o
Triângulo e as Cinco Colunas referentes às Cinco Ordens de Arquitetura.

A Estrela Flamejante (ou Flamígera)


Muitos Rituais e instruções ritualísti-
cas consignam a palavra Flamígera, em vez
de Flamejante (ou Flamante). Ocorre que es-
sas palavras não são sinônimas, pois
Flarnígero (do latim Flammigerus) é ames-
ma coisa que Flarnífero, ou seja, é aquilo que
traz ou provoca chamas, enquanto Flame-
jante ou Flamante (do latim Flammantis) é

'
206 A Lenda de R iram nos Graus Inefáveis do R.·.E.·.A.·.A.·.

aquilo que Flameja, que é chamejante, que expele chamas, que é ardente,
vistoso, brilhante, resplandecente.
No caso da Estrela, o correto é Flamejante (ou, como é chamada
em alguns ritos, radiante, isto é, que emite raios de Luz), como sinônimo de
resplandecente, vistosa, brilhante.
A Estrela Flamejante é, no Rito de York, a de seis pontas, enquanto
em outros Ritos é a de cinco pontas (ou Pentagrama, ou Pentalfa ou
Pentáculo), como aparece no Ritual desse Grau.
Assim, nesse Grau, a Estrela Flamejante é a de cinco pontas, coloca-
da no Oriente do Templo. É a Estrela Hominal dos pitagóricos (com uma
ponta única voltada para cima), pois nela se inscreve a figura de um ho-
mem, em sua alta espiritualidade.
No centro do Pentagrama existe, normalmente, a letra hebraica Iod,
símbolo da divindade (é a primeira letra do nome hebraico de Deus), ou a
letra "G", também alusiva a Deus (ou Geômetra).
Dessa forma, a Estrela Flamejante de cinco pontas simboliza o ho-
mem perfeito, Deus manifestando-se plenamente no homem, o Iniciado
(Mt 2:2), o Microcosmos. O homem é um quíntuplo ser: físico, emocional,
mental, intuicional e espiritual; quando todos esses elementos constitutivos
de sua natureza estão perfeitamente desenvolvidos, tanto quanto o permite
o estágio humano da existência, ele se toma o homem perfeito, que cumpriu
integralmente o mandamento: "sede perfeitos, como vosso Pai Celestial
é perfeito". (Mt 5:48)

As Sete Estrelas Menores


Ao redor da Loja (do Templo) são colocadas sete estrelas menores
representando a constelação Ursa Maior.
Constelação é um grupo de estrelas que se ligam por linhas imaginá-
rias e formam figuras diversas. Por causa da fraqueza das suas
deslocações angulares relativas, as estrelas parecem formar figuras
invariáveis na esfera celeste. Por isso, desde os mais remotos tempos
foram agrupadas, para ser facilmente reconhecidas, em "Constelações"
ou "Asterismos", no aspecto próprio, cujo nome lembra mais ou me-
nos a forma.
A Ursa Maior é uma constelação boreal próxima ao Polo Ártico, do
Hemisfério Norte, composta por milhares de estrelas, das quais as sete
visíveis a olho nu, em seu conjunto, fazem lembrar, embora de forma
grosseira, um veículo antigo, semelhante ao perfil de uma "caçarola",
sendo o cabo a lança onde se atrelavam os cavalos; por isso é também
conhecida como "Carro de Davi". Distingue-se a Ursa Maior, princi-
palmente, por ter a Estrela Polar na extremidade do que seria o cabo da
caçarola.
O Templo e a Lenda no Grau 12 -Grão-Mestre Arquiteto 207

Daí, a Estrela Polar também ser usada como símbolo de vários Misté-
rios. Era antigo símbolo do "olho espiritual que tudo vê, cuja visão ja-
mais se apaga". Segundo a tradição, os antigos egípcios lhe davam grande
atenção, e a inclinação verificada na principal passagem da Grande Pirâmi-
de fora determinada pela posição da Estrela Polar naquela época, em rela-
ção ao equador.
\
) O Estojo de Matemática
1 O Estojo de Matemática (o grande atributo de um Mestre Arquiteto)
aparece pela primeira vez nos Rituais. Ele contém: um Compasso Simples;
um Compasso de Cinco Pontas; uma Régua Paralela; um Tira-Linhas e
uma Escala.
O estudo desses instrumentos de Matemática e Desenho, no cam-
po filosófico, habilita o maçom para a concretização dos projetos e
invenções do Arquiteto do Edifício Social.
) O Compasso representa a Justiça, pela qual devem ser medidos
os atos do homem; simboliza, também, o comedimento nas buscas, já
)
que, traçando círculos, delimita um espaço bem definido, símbolo do Todo,
) do Universo, o que não acontece com as retas, que se prolongam até o
infinito. No plano místico, esotérico, o Compasso é a representação das
'""""'\
qualidades espirituais e do conhecimento humano; é por isso que, indepen-
) dentemente do trabalho realizado, a Maçonaria limita a abertura do Com-
passo a 90° (Compasso Áureo), para mostrar que o conhecimento humano
é limitado, em relação à sapiência divina, representada pelos 360° da cir-
1 cunferência.
1 É, em Maçonaria, um dos máximos símbolos, ao lado do Esqua-
dro e do Livro da Lei Moral, formando, com esses dois, o conjunto
chamado de Três Grandes Luzes Emblemáticas, a mais elevada alego-
ria maçônica.
O conceito de que o Compasso é a representação do Espírito (en-
quanto o Esquadro simboliza a Matéria) evidencia-se na posição relativa
dos mesmos, variável em função do Grau em que a Oficina (Lojas Simbó-
licas) estiver trabalhando. Do Grau 3 em diante, o Compasso fica com suas
hastes livres, sobre os ramos do Esquadro, simbolizando o triunfo do
Espírito sobre a Matéria, e também que o maçom, agora, é aquele que
tem a mente totalmente livre, para se dedicar ao trabalho de constru-
ção do Templo da Moral e Intelectual da humanidade.
Em qualquer sessão maçônica, o Compasso deverá estar sempre
presente, com o Esquadro, e não poderá, em hipótese alguma, ser re-
movido do seu lugar.
Existem vários tipos de Compasso, por exemplo o de cinco pon-
tas, uma das quais pode mover-se, trocar-se, tirar-se, como queira.

1
1
208 A Lenda de Riram nos Graus Inefáveis do R.·.E.·.A.·.A.·.

A Régua Paralela, instrumento usado para traçar linhas retas, é ne-


cessária para marcar os limites do esquadrejamento da pedra, para que os
seus bordos sejam retos; por isso é de fundamental importância na prepara-
ção da construção e no projeto de edifícios (para traçar planos e plantas).
Simboliza, assim, a Lei, a Ordem e a Inteligência que devem comandar as
atividades e as atitudes do maçom.
O Tira-Linhas, juntamente com a Régua Paralela, é usado para
traçar uma linha reta, que é atributo do maçom, posto que ele deve
observar uma conduta reta e boa, devendo coincidir suas inclinações
com seu dever e seguir juntos, com esses dois instrumentos.
Quanto à "Escala", o Ritual faz certa confusão com o "Esquadro" em
uma das perguntas da Instrução. A palavra Escala vem do latim Scala,
que significa "Escada". Assim, além de sinônimo de Escada, designa
o escalonamento, a categoria, a gradação, a ordem de grandeza, a sé-
rie ordenada de pessoas, coisas, conceitos, Graus, etc., a medida gra-
duada. A evolução na Maçonaria, representa uma escalada iniciática,
que no R:.E:.A:.A:. abrange 33 Graus.
Evidentemente, a "Escala", como instrumento de Matemática ou
Desenho, contida no estojo, é outra diferente.
Em Matemática, Escalas são réguas graduadas com as quais marca-
mos as dimensões nos desenhos. As medidas podem ser tomadas direta-
mente na Escala ou transportadas para o papel com o auxílio do Compasso.
As unidades são geralmente em milímetros, podendo, porém, ser usadas
escalas em polegadas.
Há vários tipos de Réguas Graduadas, sendo que, geralmente, se
designa como Escala a régua triangular, cujas seis faces são marcadas
com seis escalas proporcionais (1:20; 1:25; 1:50; 1:75; 1:100; e 1:125).
Mas, com certeza, a Escala do estojo de Matemática desse Grau é a
Régua Graduada de 24 Polegadas. É usada como instrumento de trabalho e
medida de tempo, a mostrar a efemeridade da vida humana, sugerindo
o bom aproveitamento da existência na construção do Templo Espiri-
tual do homem. Simboliza, também, o dia de trabalho do maçom (24
polegadas, 24 horas do dia), no sentido de que não se deve desperdi-
çar as horas na ociosidade e no egoísmo, mas parte delas na meditação
e estudo, parte no trabalho e parte no recreio e repouso, porém todas
no serviço da humanidade.

O Transferidor
O Transferidor (ou Compasso de Proporção), presente no Avental,
é um instrumento com escala circular que permite medir ângulos.
Simbolicamente, o Transferidor significa que devemos sempre
analisar todas as situações com as quais nos defrontamos, sob vários
O Templo e a Lenda no Grau 12 - Grão-Mestre Arquiteto· 209
'
' ângulos, muitos pontos de vista, e, usando a Razão, uma postura reta, com
capricho, diferenciar, discernir a melhor, a mais perfeita.

) O Esquadro
1 O Esquadro designa o instrumento em forma de triângulo retângulo, o
qual serve para traçar ângulos retos ou tirar perpendiculares. Em Maçona-
' ria, o Esquadro simboliza a Equidade, a Justiça, a Retidão de caráter; eso-
'l tericamente, representa a matéria ou o corpo físico. Retidão é a qualidade
do que é reto, tanto no sentido físico quanto no moral; assim, a retidão
física, emanada do Esquadro, corresponde à retidão moral, caracterizada
1 pelas ações de acordo com a lei, com o direito e com o dever, e a virtude de
1 seguir retamente, sem se desviar, da direção indicada pela equidade. Em
conjugação com o Compasso, que representa Deus, ou o "Eu Superior",
para o qual deve o iniciado dirigir constantemente suas aspirações, o Es-
quadro substitui o quadrado para simbolizar o mundo, ou o "eu inferior",
com seus desejos e paixões subjugados e dominados, e recorda ao maçom
que ele deve buscar unir-se à sua fonte de origem e desprender-se das
ilusões terrenas. Por isso se diz que o "verdadeiro maçom se encontra
1 sempre entre o Esquadro e o Compasso".
1
O Triângulo
1
1
Sobre esse importante símbolo maçônico já falamos no Grau 10. Eso-
tericamente, os triângulos mais importantes são o equilátero e o isóscele.
Com certeza, o referido nesse Grau é o equilátero, ou delta, simbolizando os
temários ou tríades sagradas, conceito comum à maioria das religiões e às
antigas civilizações; assim, por exemplo, significa a tríade Cristã (Pai-Filho-
Espírito Santo), representando o perfeito equilíbrio entre os três aspectos
da divindade.
Muito poderíamos escrever sobre o Triângulo, ou Delta Radian-
te; mas, para não tornar este trabalho demasiado longo, nós faremos
apenas um resumo, sugerindo, porém, um estudo mais aprofundado
sobre o mesmo.
Considera-se o Triângulo, ou Delt~, a figura mais perfeita para

' lembrar AQUELE QUE FOI, QUE E E QUE SERA, isto é , o


G:.A:.D:.U:., a Suprema Perfeição e a Divina Providência.
' No centro do Triângulo, ou Delta, aparece sempre o Tetragrarna lEVE,
ou pelo menos a letra Iod, inicial do mesmo, símbolo da Grande Evolução
(DO QUE EXISTIU, DO QUE EXISTE E DO QUE EXISTIRÁ), ou a letra
' "G", representando Deus (ou Geômetra).
'
'
1
1
210 A Lenda de Riram nos Graus Inefáveis do R.·.E.·.A.·.A.·.

As Cinco Colunas
As Cinco Colunas existentes no Painel do Grau, e, segundo NicolaAslan,
no centro da Loja, sobre uma mesa, representam as cinco ordens de arquite-
tura: toscana, dórica, jônica, coríntia e compósita.
Em Maçonaria interessam, além das Colunas do Pórtico, "B" e "J",
que, à semelhança do Templo de Jerusalém (arquétipo do Templo ma-
çônico), não possuem função de apoio, as Colunas que dão sustentação
.simbólica à Loja; é o caso das Colunas gregas das Ordens dórica, jônica
e coríntia, que mantêm, a Loja de Aprendiz e que, juntamente com as Colunas
romanas das ordens compósita e toscana, sustentam, simbolicamente, a Loja
de Companheiros.
Por sua assimilação a deuses do panteão grego e correspondên-
cia com as Colunas, a Coluna de ordem jônica, como a deusa Atemá
(ou Minerva, para os romanos), representa a Sabedoria, simbolizada
pelo Venerável Mestre; a Coluna de ordem dórica, como o deus Ares
(ou Marte, para os romanos), simboliza a Força, expressa pelo 12 Vigi-
lante; e a coluna de ordem coríntia, como a deusa Afrodite (ou Vênus,
para os Romanos), significa a Beleza, personalizada pelo 22 Vigilante.
"A sabedoria nos guia em todas as nossas iniciativas, a Força
nos sustém em todas as nossas dificuldades, e a Beleza adorna o ho-
mem interno. O Universo é o Templo da Divindade a Quem servimos;
a Sabedoria, a Força e a Beleza rodeiam seu Trono como Colunas de
suas Obras, porque Sua Sabedoria é infinita, Sua Força é onipotente,
e Sua Beleza resplandece na simetria e ordem de toda a criação. "
Mais ou menos essas palavras de notável beleza e profundidade
são ditas na cerimônia de acendimento das velas, na "Sagração" dos
Templos maçônicos de todos os Ritos, bem como nesse cerimonial
muito belo, realizado antes da abertura dos trabalhos, nas sessões do
Rito Adohniramita.
Algumas Lojas de nossa Jurisdição, do R:.E:.A:.A:., realiza-
vam esse cerimonial, dando grande beleza aos trabalhos, mas infeliz-
mente foi "proibido" pela Grande Loja Maçônica do Estado do Rio de
Janeiro.
Finalmente, considera-se cada maçom uma Coluna de sua Loja,
e esta, um símbolo do Universo. É como disse o Apóstolo João em sua
carta à Igreja de Filadélfia: "Ao vencedor, eu o farei Coluna no Templo
de meu Deus, de onde jamais sairá" (Ap 3:12).
Filadélfia tinha sido atingida por terremotos. Isso tornava a pro-
messa de segurança e estabilidade especialmente apropriada.
Nesse Grau, o L:.da L:., a Bíblia Sagrada, é lida em lRs 9: 1-5:
"Tendo Salomão acabado de edificar o Templo, o Senhor tornou a
aparecer-lhe, como lhe tinha aparecido em Gibeom, e lhe disse: Ouvi a tua
oração, que fizeste perante mim; consagrarei o Templo que edificaste, a
O Templo e a Lenda no Grau 12 -Grão-Mestre Arquiteto 211

fim de pôr ali meu nome para sempre. Meus olhos e meu coração estarão
ali todos os dias. Ora, se andares perante mim com inteireza de coração e
com sinceridade, para fazeres segundo tudo o que te mandei, e guardares
meus estatutos e meus juízos, então confirmarei o trono de teu reino sobre
Israel para sempre".
Esse texto bíblico, porém, não está completo, e vale a pena co-
nhecer o que sucederia caso Salomão não obedecesse ao Seu Senhor,
como consta nos versículos seguintes, 6 e 7:
"Porém, se vós e vossos filhos vos apartardes de mim, e não guardardes
meus mandamentos, que vos tenho proposto, mas servirdes a outros deu-
1 ses, e vos curvardes perante eles, então exterminarei a Israel da terra que
) lhe dei, e a este Templo, que consagrei a meu nome, lançarei longe da
minha presença. Israel virá a ser provérbio e motejo entre todos os povos".
' Essa advertência, porém, o povo israelita não guardou e sucedeu não
só a destruição da Casa do Senhor, como a dispersão do povo; pela
segunda vez, repetiu-se a advertência quando da reconstrução do Tem-
plo por Zorobabel, e novamente o povo não a guardou.
Hoje, porém, o povo israelita encontra-se reunido por seu Jeovah
e o mundo espera que não tome a repetir os atos de desobediência à Von-
tade de seu Senhor.

15.4. O Cobridor do Grau 12


15.4.1. A P.·.S.·.do Grão-Mestre Arquiteto
A P :. S :. do Grau é Adon :. , palavra hebraica comumente
traduzida por "Senhor"; astronomicamente, é o Sol. Quando, na leitu-
ra, um hebreu deparava com o nome IHVH, chamado Jeovah, fazia
uma pausa e substituía-o por "Adon:. " (Adni); porém, quando estava
escrita com os pontos de Alhim, o chamava Elohim.

15.4.2. A P.·.de P.·.do Grão-Mestre Arquiteto


'
)
A P:.de P:.do Grau é Ra:. Ban:., palavra hebraica Rab Banavim,
composta por Rab, que significa "grande, poderoso, altíssimo, chefe,
perfeito", e Banah, que quer dizer "construção, construtor". Assim,
R a.·. Ban .·. seria "chefe construtor" e Rab h' banim, "chefe dos cons-
trutores", isto é, "cabeça, mestre ou chefe daqueles que constroem". O
Cobridor do Grau a traduz por "Arquiteto".

15.5. Interpretação Alegórica do Grau 12


A descrição da lenda desse Grau, conforme apresentada no Ritual,
ainda em sua introdução, é mais um comentário do que a lenda
propriamente.
212 A Lenda de Hiram nos Graus Inefáveis do R.·.E.·.A.·.A.·.

O trecho da lenda referente a esse Grau pode melhor ser deduzido do


cerimonial de Iniciação.
"Doze Sublimes Cavaleiros Eleitos dos Doze vieram de longín-
quas regiões do país, onde se encontravam na direção das 12 tribos de
Israel. Trouxeram amargas queixas sobre a falta de equidade na co-
brança da tributação, dando origem ao lamentável estado de pobreza
em que se encontrava o povo. Todas as tribos e suas regiões clama-
vam contra o sacrifício da elevada tributação, bem como contra a
corrupção existente, e o rigorismo das leis fiscais, que tornavam im-
possível o cumprimento do pagamento das contribuições para custear a
construção do Templo, mesmo à custa de grandes sacrifícios. Os pobres
eram obrigados a essa contribuição compulsória, enquanto as classes mais
protegidas se enriqueciam à custa do trabalho alheio."
"O rei Salomão, ao ouvir os clamores do povo, sendo ele um rei
justo, sábio e perseverante, fundou uma Grande Escola de Arquitetura,
a fim de formar Mestres Arquitetos, não só para ultimarem as constru-
ções, mas também visando minorar o sacrifício do seu povo."
"Após a formação dos Grão-Mestres Arquitetos, instruídos e trei-
nados em Tributação, Ciências Liberais, Instrumentos de Matemática e
desenho, 12 deles, nomeados por cada uma das tribos e delegados para
representá-las, entraram em concurso a fim de ser conseguido o melhor
projeto arquitetônico, assim como o melhor plano financeiro para ser con-
seguido o dinheiro necessário à conclusão do Templo sem fazer contrair
dívidas ao povo e sem sacrificá-lo com tributos abusivos."
Essa é a lenda do Grau, retirada do Ritual de Iniciação; diz res-
peito a uma crise surgida entre os Arquitetos e o povo, compreendidos
neste todos os trabalhadores; essa crise, ainda em reflexo da morte de
Hiram Abiff, se estendeu ao aspecto econômico; o povo reclamava o
sacrifício a que fora submetido com o agravamento dos impostos.
Salomão, então, fundou uma Escola de Arquitetura, para formar Grão-
Mestres Arquitetos, que teriam a obrigação de valorizar os capitais e
produtos industriais de todos os habitantes das regiões que dirigiam,
devendo essa apreciação ser justa, para que os proprietários colabo-
rassem com o governo nesse particular, a fim de dar-lhes meios para
controlar a receita e a despesa do país.
Os Grão-Mestres Arquitetos teriam ainda, por missão, de contri-
buir para que o povo não fosse vítima da exploração dos mais astutos
e dos que conquistaram posições de mando, usando-as com despotis-
mo; deveriam combater sempre as explorações feitas pelo forte ao fraco
e apoiar as justas aspirações, de quantos propagassem meios racionais
de subsistência do povo, dando-lhe bem-estar.
A alegoria dessa lenda nos ensina que os Grão-Mestres Arquite-
tos devem levantar o Edifício Social sobre as colunas da Propriedade e
do Trabalho, visando buscar as soluções que todos reclamam e aspiram.
\
O Templo e a Lenda no Grau 12 -Grão-Mestre Arquiteto 213

'
' Assim, precisam dar uma solução digna e buscar meios para sustentá-
lo na plenitude de sua grandeza. O trabalho do Grão-Mestre Arquiteto
\
consiste em que o maçom deve apresentar-se em Loja com o objetivo
de gravar nas colunas, com seus instrumentos de trabalho, noções sobre
' o estudo da Matemática. A gravação completa das colunas significa que
os Mestres Arquitetos têm de demonstrar estar dotados de virtudes e
sabedoria que formam a base da perfeição, e de que os que possuem
esse Grau devem estar em condições de desempenhar, com
discernimento e dedicação, os altos postos da Ordem, contribuindo
para que a Maçonaria nunca se enfraqueça; necessitam contribuir para
o bem da comunidade, aplicando os ensinamentos maçônicos tanto
no interior dos Templos como no seio da sociedade profana, colaboran-
do, dessa forma, para a Edificação do Templo da Civilização Humana; e
que, quando os encarregados de sua administração não estejam proce-
' dendo com exatidão no cumprimento de seus deveres, eles sejam subs-
tituídos, imediatamente, por outros mais competentes.
' Aliás, é isso o que significa a eleição que se fez dos 12 Mestres
' Arquitetos, nomeados por cada uma das 12 tribos; que os delegados
do povo, livremente nomeados para representá-lo, devem concorrer
para realizar a obra social porque é o povo que paga.
O imposto pago pelo povo e para o povo não poderia ser regula-
mentado a não ser pelos diretos representantes do povo. Essa descri-
ção sumária das bases do parlamentarismo faz compreender a prática
desse Grau inteiramente político e religioso.
Os sinais e toques referem-se claramente à profissão de Arquite-
to; o representante do povo deve ser, para este, a causa de um bem-
estar político e social.
Os trabalhos ainda se propõem a dar conhecimento dos problemas
humanos, espirituais e filosóficos, dedicando-se os Grandes Mestres
Arquitetos, com especialidade, ao estudo da tributação.
Finalmente, o maçom nesse Grau conhecerá a exata aplicação
\ filosófica da Arte Arquitetônica, ao aperfeiçoamento do Iniciado, para
\ que este se adorne com os ornamentos da moral mais pura e seja um
aliado constante do Amor, da Justiça e da Verdade.
\
1 15.6. Interpretação Filosófica do Grau 12
Segundo Papus, esse Grau pertence à 4ª categoria, a dos Graus
israelitas e bíblicos, e foi classificado como Israelita Salomônico. A
partir desse Grau começam os Graus Israelitas Superiores. Sua inter-
1 pretação é "a representação do povo", sendo consagrado "à coragem
e à virtude permanentes". Tem por base a "ideia de reconstrução".
'
\
Segundo a tradição maçônica, Salomão estabeleceu esse Grau com
o objetivo de formar uma Escola de Arquitetura, em que recebessem os

'
' l
214 A Lenda de Hiram nos Graus Inefáveis do R.·.E.·.A.·.A.·.

Obreiros do Templo a devida instrução, proporcionando-lhes modos e meios


de chegar à perfeição na Arte Real.
Era Salomão um príncipe muito estimado por sua justiça, sabedo-
ria e perseverança. Queria recompensar seus fiéis e dignos servidores, e
não só foi seu desejo fazer deles bons artistas, como prepará-los para
que pudessem melhor se aproximar do Grande Arquiteto do Universo.
Tal foi seu pensamento ao escolher os GRANDES MESTRES
ARQUITETOS, nos quais reconhecia os méritos de que necessitava
para levar a cabo a promessa feita a Enoque, Moisés e Davi, de que
dentro em breve o Senhor habitaria em seu Santo Templo, onde seria
sempre reverenciado.
O Grau continua sobre o símbolo da construção do Templo.
Relembra que entre os antigos "diversos Templos foram consagrados a
diferentes deuses", mas que na realidade "esses Templos de pedra eram
todos consagrados ao mesmo Deus". A razão disso é que "Deus, sendo
a pura concepção da Potência Suprema, é necessariamente sempre o
mesmo sob nomes diferentes".
Uma distinção é também feita entre o Conhecimento Absoluto e o
Conhecimento, "relação entre um objeto e um sujeito", entre alguma coi-
sa exterior ao homem e o espírito humano, "simples fenômeno", quer dizer
aparência.
Segundo Nicola Aslan, "a suprema ambição dos Grão-Mestres
Arquitetos é o de jazer viver em si a verdade, de comer o fruto da
Árvore do Conhecimento, de serem Deuses'. É o eco, de certa forma,
da palavra de Jesus no Evangelho de São João, 'Sois todos Deuses"
(Jo 10:34)
Porém, aqui, devemos entender essas palavras de Jesus. O texto
completo de Jo 10:34 diz:
"Replicou-lhes Jesus: Não está escrito na vossa lei: Eu disse: Sois
deuses?"
O termo "lei" não se restringia ao Pentateuco ou Torá, mas se refe-
ria a qualquer parte do Antigo Testamento, como tendo autoridade le-
gal. No Antigo Testamento, os juízes humanos podiam ser chamados
"deuses", porque eram considerados como agindo no lugar de Deus, ao
fazerem justiça. A palavra hebraica elohim é usada não só para se referir
ao Único Deus Verdadeiro, mas também para denotar deuses falsos,
anjos e, muito raramente, homens exercendo funções divinas. O argu-
mento de Jesus, no texto, pode ser entendido como: "Ao invés de
ofender-se porque esta palavra é aplicada a mim, devíeis examinar
minhas credenciais que provam que meu Pai me enviou a este mundo".
O iniciado, acrescenta o Ritual, não chegaria a essa vitória, con-
quista de todos os instantes, a não ser por um vigoroso esforço anima-
do por uma constante Verdade.
O Templo e a Lenda no Grau 12 -Grão-Mestre Arquiteto 215

Finalmente, terminaremos os comentários desse Grau usando as pala-


vras de Henry C. Clausen sobre o mesmo, em seu livro Comentários sobre
Moral e Dogma
"Existe, como instinto, em todo coração humano, pelo menos uma
parcela moderada de fé nos princípios morais, na virtude e em Deus. Isso é
l tão real quanto o instinto que dirige um animal. Então, essa fé, sendo ine-
l rente da natureza humana, possui uma missão em nossa orientação divina
tão genuína e autêntica quanto o instinto de um animal. A fé produz a sen-
l sação de que a alma humana viaja em direção a essa Divindade. Possuí-
mos poderes dos quais temos apenas um diminuto conhecimento. A Maço-
naria tenta desenvolver as características instintivas dadas por Deus, e acei-
l tar como guia suas sugestões semiconscientes. A vida é o que cada homem
l a toma; o otimista transforma uma provação em uma bênção, o pessimista
só vê ruína e infortúnio. Fé em nossos compatriotas é a base de nossas
transações terrenas e instituições, porém, o mais importante é que a fé seja
a crença nos poderes espirituais de um justo, sábio e benevolente Ser Su-
I premo."

' 15.7. Insígnias e Emblemas do Grau 12

' Avental do Grão-Mestre Arquiteto Colar com a Joia do Grau

laia do Grão-Mestre Arquiteto


216 A Lenda de Hiram nos Graus Inefáveis do R.·.E.·.A.·.A.·.

Simbolismos
1. Avental do Grão-Mestre Arquiteto: É de pele branca de carneiro ou
cetim, tendo no centro da abeta um Transferidor (Compasso de Proporção)
com escala; na frente bem no centro, um compasso de cinco pontas com
abertura em ângulo de 45°; esse avental é orlado de fita azul, bem como a
parte de trás também é azul.
2. Colar do Grão-Mestre Arquiteto: É usado no pescoço; é largo e
azul matizado, com uma argola na extremidade para prender a Joia do Grau.
3. Joia do Grão-Mestre Arquiteto: É uma medalha dourada de sete
facetas formando um heptágono, com uma argola na extremidade para
prender no colar. Sobre um dos lados há sete estrelas inscritas em sete
meios-círculos; no centro está um triângulo, tendo no meio as letras
"G" e "A", em hebraico. Sobre o outro lado, as cinco ordens de arqui-
tetura; um nível em cima; embaixo um esquadro e um compasso; entre
as colunas representando as ordens de arquitetura, as letras "R" e "M",
em hebraico; debaixo das colunas as letras "C", "D", "T", "J" e "C", todas
em hebraico, iniciais das cinco ordens de arquitetura.

Painel Alegórico do Grau 12


O Templo e a Cidade do rei Sa-
lomão foram planejados e construí-
dos pelo Mestre-Arquiteto do rei Sa-
lomão. "O rei Salomão enviou
mensageiros que de Tiro trouxeram
Hiram Abiff. Este era filho de uma
viúva ... e ele veio ao Rei Salomão,
e terminou todo o seu trabalho"
(1Rs 7:13-14) Legenda: 1) O Portão
Sudeste; 2) O Palácio de estilo
egípcio da Rainha; 3) Palácio do rei
Salomão; 4) O Palácio de 32 pilares;
5) O Pórtico de Julgamento de Salo-
mão; 6) A Casa da Floresta do Líba-
~~f4:~C:::f"!t1:z!t~~= no; 7) Casa do Sumo Sacerdote; 8)
Portão da Corte Frontal do Templo;
-.,_""'--__......__ _,___..-~~~o..~..-..-....... 9) Corte Frontal; e 10) Templo do rei
Salomão a Jeovah.
O Templo e a Lenda no Grau 12 - Grão-Mestre Arquiteto 217

Painel Simbólico do Grau 12


Tem o formato de um escudo, com
bordos azuis, tendo na parte superior, ao
centro, um Esquadro com o vértice vol-
tado para baixo; no centro, veem-se cin-
co colunas. Na parte inferior, um Com-
passo aberto em 45°, por sobre um Es-
quadro com o vértice voltado para cima.
' O raio direito do Compasso vem colo-
' cado por cima do Esquadro e o esquer-
do por baixo.

"\
16. O Templo e a Lenda no
Grau 13 - Cavaleiro do
Real Arco

16.1. Denominações do Grau 13


Do Grau: Cavaleiro do Real Arco; da Oficina: Capítulo, Colégio ou
Loja Real; do Presidente: Três Vezes Poderoso Mestre (ou Três Vezes
Poderoso Grão-Mestre); dos Irmãos: Cavaleiros do Real Arco; dos
Oficiais: Três Vezes Poderoso Mestre (representa Salomão); Respeita-
bilíssimo JQ_ Vigilante ou Grande Vigilante (representa Hirão, rei de
Tiro); Respeitabilíssimo 2Q_ Vigilante ou Grande Inspetor (representa
Adohniram); Respeitável ou Grande Tesoureiro (representa Johabem);
Respeitável ou Grande Secretário (representa Stolkin); dos Demais
Oficiais: Têm o mesmo tratamento das próprias funções na Loja de
Perfeição; dos Neófitos: somente é permitida a Iniciação de três Ini-
ciados de cada vez, que representam também os Grandes Mestres Ar-
quitetos Adohniram, Stolkin e Johabem.

16.2. O Templo e sua Ornamentação no Grau 13


A Loja Real ou Capítulo do Grau 13 se reúne em um subterrâneo
(Abóbada Subterrânea), sem portas nem janelas, que se comunica com
o exterior por uma abertura quadrangular feita na Abóbada, que se
-218-
)
O Templo e a Lenda no Grau 13 - Cavaleiro do Real Arco 219

'
' atinge por uma escada; a abertura é fechada por uma escotilha, formada
por uma pesada pedra-mármore; no centro da tampa, uma grande argola
' de ferro.
Os muros (internos) estão pintados de branco; o Pavimento, de qua-
drados brancos e negros.
No centro da Loja se eleva, sobre um pedestal quadrangular, uma
Pirâmide transparente, de três faces (esse conjunto representa a Pedra
de Fundação ou Pedra Fundamental); em cada face, em caracteres
hebraicos, está o nome do G:.A:.D:.U:., em tetragrama.
A Pirâmide é iluminada em seu interior por um candelabro de três
braços.
A Abóbada está sustentada por Nove Arcos; em cada arco vem es-
crito o nome de um Arquiteto representando nove denominações de
Deus, a saber: Jod, Jhao, Ehleah, Eliah, Jaheb, Adonai, El-Hanan,
lha e Jobel.
O Templo é iluminado por nove luzes (excetuando o candelabro
na parte interior da Pirâmide); oito luzes formando um octógono ao redor
do recinto e a nona fica no Trono do Presidente.
Cinco são os Oficiais: o Presidente assenta-se ao Oriente sobre
um Canapé (Sofá), portando uma Coroa Real e tendo em suas mãos
um Cetro. O 12 Vigilante senta-se à esquerda do Presidente com uma
Coroa sobre o Cetro que fica em suas mãos. O 22 Vigilante senta-se no
Ocidente e usa um Chapéu e uma Espada na mão direita. O Grande
Tesoureiro e o Grande Secretário sentam-se ao Norte e ao Sul, respec-
tivamente, e estão cobertos por um Chapéu cada.

16.3. Interpretação Esotérica do Templo no Grau 13


O Templo nesse Grau representa uma "Abóbada Subterrânea" (o
Templo Subterrâneo de Enoque), que simboliza nossa Consciência,
em cujo interior se oculta a Centelha Divina, a presença do
G:.A:.D:. U : . .
Nesse Templo, o Cavaleiro do Real Arco recebe ensinamentos oriun-
dos dos Graus precedentes e visa propagar o ideal da Liberdade de Reli-
gião, com o aperfeiçoamento da instrução a todos os povos, com base na
Justiça e no Progresso, destacando que a Maçonaria harmoniza a Honra
1
com o Dever.
1 A principal aspiração do Cavaleiro do Real Arco, para alcançar o
progresso a que se propõe, é investigar e conhecer o verdadeiro nome
1
do G:.A:.D:.U:., Deus, e não permitir sua profanização. Inicialmen-
) te, o maçom adquiriu a ideia de que Deus era o Princípio Criador e isto
1 de acordo com a Consciência e Crença religiosa ainda trazida do mundo
profano. Nesse Grau, ele deverá ampliar essas primeiras opiniões acerca
) da existência de Deus e sua essência, posto que, como consequência dos
)
220 A Lenda de Hiram nos Graus Inefáveis do R.·.E.·.A.·.A.·.

sucessivos estudos maçônicos, a ideia de Deus ampliou-se. Os iniciados


passaram a tomar contato com o Poder Superior, por meio dos estudos que
lhes foram ministrados e do empenho espontâneo na busca de conhecimen-
tos, junto à objetividade dos conceitos religiosos, cultuando os diversos
ritos para abraçar uma filosofia de nova vida, adquirindo hábitos de Mo-
ral, Virtude e todos os demais princípios sadios, tão necessários para a
vida em comunidade, com o afastamento da superstição, do fanatismo e
da ignorância, infundindo respeito, compreensão e tolerância entre to-
dos, inclusive entre os próprios maçons. Como primeiro passo, o Cavalei-
ro do Real Arco respeitará esse Criador, que é o Grande Arquiteto de todos
os Universos, e reconhecerá a possibilidade de sua presença. Depois, o
Cavaleiro do Real Arco deverá conscientizar-se de que a Maçonaria não
pode fundamentar a existência de Deus no efeito das religiões positivas,
porque nesse caso teria de se mostrar partidária de uma ou de outra crença
religiosa. O estudo de Deus deve entrar em nosso pensamento devidamente
aconselhado pela Razão, mas em harmonia com nossa Consciência e com o
princípio defendido pela nossa Augusta Instituição, ao reconhecimento de um
princípio regulador absoluto e infinito com o nome de G :.A:.D:. U :., sob
cuja evocação trabalham todos os maçons regulares. Esta é a recomendação
de nosso Ritual. Algumas Lojas (Simbólicas ou dos Altos Corpos), interessa-
das na espiritualidade de seus trabalhos litúrgico-ritualísticos, quando da
preparação dos Obreiros no Átrio, fazem uma oração ao G :.A:.D :. U :. ,
em viva voz por um Irmão, rogando suas bênçãos às Luzes, aos demais
Oficiais e Obreiros da Loja, para que os trabalhos sejam Justos e Perfei-
tos; ao final dos mesmos, procedem outra oração agradecendo a Deus
pela sessão e, até mesmo, atendendo à solicitação de Irmãos, por bênçãos
de Deus, sobre familiares, parentes e amigos em necessidade. Infelizmen-
te, a GLMERJ "proibiu" mais uma vez essa prática tão salutar e importan-
te, com a alegação "absurda" de que é difícil proceder-se a uma "prece
ecumênica".
O maçom, em geral, e o Cavaleiro do Real Arco, em particular, tem o
dever de proclamar a liberdade religiosa em toda a extensão da palavra,
defender esse princípio e sua propagação, tanto em Loja como no mundo
profano. Para tal deverá, sempre, combater o fanatismo e a superstição
responsáveis por tantas lutas e guerras religiosas em vários países. En-
tretanto, o maçom tem uma tendência muito fácil de criticar os profa-
nos, quando se lhe diz que nossa missão é a de banir do mundo o
fanatismo e a superstição, não se dando conta de que ele, maçom,
dentro de sua própria Loja e de seu comportamento, muitas vezes
mostra-se fanático e supersticioso. Quando um maçom do Simbolismo
faz "tabu" dos Graus Superiores, e não permite qualquer referência a
respeito, dentro das Lojas, nada mais faz que demonstrar uma atitude
de fanatismo. E quantas vezes ouvimos Irmãos afirmarem e alertarem
aos Companheiros de que este Grau 2 é fatídico e perigoso, porque muitos
"males" e "desgraças" ocorrem aos maçons durante seu estágio de Com-
O Templo e a Lenda no Grau 13 - Cavaleiro do Real Arco 221

panheiro? Isso nada mais é do que superstição. A intenção de todos os


maçons de afastar a comunidade onde vive do fanatismo, da superstição e
da ignorância é louvável, mas em primeiro lugar deverá ele próprio isolar de
\
si esses conceitos.
\ O estudo dessa Loja equivale à pesquisa da intimidade do ho-
mem; o "Conhece-te a ti mesmo" do Sábio; o desenvolvimento dos
l mistérios da natureza dentro da própria Alma, do Espírito, da Consciên-
l cia e do Pensamento.
O Grau exige profundos conhecimentos dos Graus precedentes
' para a compreensão dos que estão adiante.

l
' A finalidade, e isso será inesgotável, posto exaustivo a ponto de a
maioria sucumbir e transformar-se em meras presenças aos trabalhos,
continua sendo a busca do conhecimento.
l O homem encontrará a si mesmo somente por meio do conheci-
l mento; a Maçonaria não se iguala a uma religião, pois esta satisfaz
)
pelas "graças recebidas", por meio de atos de fé; o maçom, religioso ou
não, conhecerá apenas e exclusivamente, por meio de um duro trabalho,
l com suor e esforço, disciplina e coragem, vencendo as dificuldades que se
\ apresentam a todo passo: preguiça mental, inércia, egoísmo e falta do dese-
jo de cooperação; em suma, falta de amor para consigo e para com a Hu-
)
manidade.
) O recinto do trabalho, a "Loja Real ", assemelha-se como descre-
vemos inicialmente: a uma Câmara Subterrânea e Oculta sem outras
'
l
aberturas que a de entrada.
É a Célula Secreta que representa nossa Consciência; nela encon-
tramos a presença de Deus, simbolizada na Pirâmide de Cristal; nove
'
\
Arcos, representando os nove aspectos inteligíveis de Deus; o número
9, simbolizando o misticismo, o número que é o resultado de todas as
posições numéricas desde o zero ao oito; o Arco representando a "Aliança"
' que é o "desejo" permanente de Deus de amparar sua Criatura, por meio

'
)
do símbolo do Arco-Íris, que é a Luz emanada do Sol.
Os símbolos desse Grau estão ligados de tal forma à sua lenda que
os estudaremos na "INTERPRETAÇÃO ALEGÓRICA DO GRAU 13".

'
)
16.4. O Cobridor do Grau 13
16.4.1. A P.·.S.·.Do Cavaleiro do Real Arco
)
)
A P:.S:. do Grau é Jeov:., já estudada nos Graus anteriores.
Essa P :. S :. está gravada na Placa de Ouro (Delta) sobre o Cubo
) de Ágata e só pode ser pronunciada pelos Grandes Eleitos, Perfeitos e
) Sublimes Maçons. Os Cavaleiros do Real Arco, quando em número de
três, podem apenas pronunciá-la alternadamente, por letras.
)

)
)
)
222 A Lenda de Hiram nos Graus Inefáveis do R.·.E.·.A.·.A.·.

Jeov :. ou Jeh :. h é o nome judeu da Divindade Criadora, inscrita no


Delta sob a forma de um tetragrama. Segundo J. Ralston Skiner, autoridade
cabalista, "compõe-se de Jah (y, i, ou j, Jod ou Iod, a décima letra do
alfabeto hebreu, e Hovah, ou Evah) e Jah-Eva; tem a mesma significa-
ção de existência ou ser como 'varão-fêmea'". Os judeus considera-
vam-no demasiado sagrado para ser pronunciado, e que se tinha perdido
sua pronúncia correta. Sua forma real é YHVH ou IHVH. Figura como
emblema da Divindade e Sabedoria e palavra de reconhecimento em diver-
sos Ritos da Maçonaria.

16.4.2. AP.·. de P.·. do Cavaleiro do Real Arco


A P:.de P:. do Grau é HAN:.IAK, cuja resposta é Jab:.m. Diz
nosso Ritual, em sua introdução, que a palavra Han :. Lak significa
"Chefe da Humanidade Unida"; exclamação que fez Adohniram ao
ver seu íntimo amigo Johabem ajoelhado, depois da descoberta que
fizeram do Delta de Enoque, ele, Stolkin e Johabem.
Entretanto, segundo a lenda, a expressão foi "HAMEIAK GEBALIM",
com o significado de "Chefe da Irmandade Unida".
A resposta é Jab:.m, palavra hebraica "Yabul-Om", literalmente,
"Emissão, Progênie ou Emanação de Om", isto é, da Divindade, e tem
o sentido de "aquele que é engendrado, produzido ou emanado da
Divindade".
Essa palavra tem sido muito corrompida, recebendo toda espécie
de traduções, sendo confundida, inclusive, com Zabulom.

16.5. Interpretação Alegórica do Grau 13


A lenda desse Grau vem descrita por duas vezes no Ritual; a pri-
meira no cerimonial de Iniciação, e a segunda como um texto à parte,
antes da Instrução. Essa segunda descrição se confunde, em algumas
partes, com a Lenda referente ao Grau 14, entrando inclusive em seu
contexto, em outras. Eis um resumo da mesma:
Enoque era tão possuído pelo amor a Deus que a Divindade
apareceu diante dele em um sonho e revelou Seu verdadeiro nome,
proibindo-lhe de pronunciá-lo; em outro sonho, foi-lhe mostrado o
cataclisma que em breve assolaria a humanidade com o nome de Dilúvio.
Enoque, então, decidiu preservar da catástrofe o verdadeiro Nome
Inefável de Deus, fazendo-o gravar, por meio de hieróglifos, no cen-
tro de uma Placa Triangular de Ouro, contendo cada um de seus la-
dos um ângulo de longitude; essa placa foi cravada em um dos lados
de um Cubo de Ágata; esse cubo foi colocado sobre um Pedestal
Triangular de Alabastro branco, sendo todo esse conjunto chamado
de "Pedra de Fundação".
O Templo e a Lenda no Grau 13 - Cavaleiro do Real Arco 223

' Enoque, então, construiu duas Colunas, sendo uma de mármore,


' para que resistisse ao fogo, e outra de bronze, para que não cedesse à
água; na primeira gravou um hieróglifo, indicando a chave para deci-
frar a pronúncia do "Nome Inefável"; na segunda esculpiu os princípios
das Artes e Ciências liberais da época, particularmente as praticadas pela
Maçonaria.
Depois Enoque construiu um Templo subterrâneo, no Monte
l Moriah, constituído de nove Abóbadas, colocadas umas abaixo das
outras, as quais se intercomunicavam por aberturas, sendo sustentadas
' por nove Arcos; a nona Abóbada foi talhada em uma rocha dura e,
debaixo do nono arco, Enoque depositou a "Pedra de Fundação", so-
' bre a qual se havia inscrito o Inefável nome de Deus; na entrada da
' primeira abóbada, depositou as duas colunas, fechando sua entrada
com uma grande pedra quadrangular, provida de possante argola de
1 ferro em seu centro, cobrindo-a finalmente, de modo que não se pu-
desse descobri-la.
l Advindo o Dilúvio, todos os habitantes da Terra sucumbiram, exceto
l Noé e sua fanu1ia. Das colunas gravadas por Enoque, a de mármore foi
destruída pelas águas, porém, pela providência Divina, a de bronze resistiu,
l
e graças a isso o conhecimento das artes e da Maçonaria daquela época
conseguiu chegar até nossos dias; com o Dilúvio universal, os homens es-
queceram o lugar onde se achava o Templo Subterrâneo, e a palavra Inefá-
' vel ficou perdida.

' A Sagrada Escritura nos ensina a história dos tempos que se se-
guiram ao Dilúvio, até a escravidão dos israelitas no Egito, de onde
' foram libertados por Moisés. Também nos diz que Moisés era estima-
' do por Deus e que o Altíssimo lhe falou no Monte Sinai, por intermé-
dio da Sarça Ardente, quando lhe comunicou seu Nome Inefável, bem
' como as Leis Divinas, escritas sobre 12 tábuas, prometendo-lhe uma
nova Aliança.
l Assim, Moisés mandou fazer uma Medalha de Ouro, na forma de
um Triângulo, ou Delta, gravada com o Nome Inefável, colocando-a
' na Arca da Aliança.
Em uma batalha contra o rei da Síria, perdeu-se a Arca, ficando
l abandonada na selva. No entanto, ninguém podia dela se aproximar,
pois um leão a guardava. Porém, a Arca foi encontrada pelo Grande
' Sacerdote dos levitas, estando acompanhado de seu povo, após ouvi-
rem os rugidos do leão que se ajoelhou aos pés dos israelitas, depois
' de haver destruído um grande número de egípcios, que queriam dela
' se apoderar, e cuja chave deixou cair de sua boca, mostrando-se fera

' mansa, ao acercar-se do grande prelado, que se encontrava no meio


do seu povo.
'
224 A Lenda de Riram nos Graus Inefáveis do R.·.E.·.A.·.A.·.

Na época de Samuel, os Filisteus se apoderaram da Arca, fundiram a


Medalha de Ouro, ficando novamente perdido o Nome Inefável de Deus,
para todos, exceto para os Reis de Israel, que tradicionalmente o pronunci-
avam e sabiam do depósito sagrado feito por Enoque, ainda que desconhe-
cessem o lugar onde o DELTA estava oculto.
Transcorreram os anos. Davi, rei de Israel, concebeu o projeto da
construção do Templo de Jerusalém, e seu filho Salomão o executou.
Debaixo do Templo, Salomão construiu uma Câmara, a qual denomi-
nou Abóbada Secreta; erigiu nela um grande pilar de mármore branco,
sustentando o Sanctus Sanctorum, chamando-o Coluna da ·Formosu-
ra, pela beleza da Arca da Aliança que sustentava. Havia um corredor
alto e estreito que se comunicava com seu Palácio, por meio de nove
arcos. Nessa Câmara, Salomão costumava permanecer em retiro, sigi-
losamente, com Hirão, rei de Tiro, e Hiram Abiff, quando tinham de
tratar de coisas reservadas.
O rei Salomão também construiu um edifício para a Administra-
ção de Justiça Pública; sem saber, escolheu para local aquele onde se en-
contrava o antigo Templo de Enoque. O Grande Mestre Arquiteto,
Adohniram, e dois Intendentes dos Edifícios, Stolkin e Johabem, ins-
pecionando a terra a fim de iniciar as fundações, casualmente desco-
briram a entrada das Abóbadas do Templo. Um Mestre Eleito entrou
em cada uma delas e, finalmente, descobriu-se o Cubo de Ágata e a
Placa de Ouro, debaixo do nono Arco. Depois desceram os três juntos,
resgataram a Placa de Ouro, o Delta, e prostraram-se de joelhos, le-
vantando as mãos para o céu, dando graças a Deus pela descoberta
maravilhosa.
Levantaram-se Adohniram e Stolkin, mas, vendo ainda prostrado
Johabem, colocaram suas mãos direitas debaixo dos braços dele, le-
vantando-o e dizendo "HAMELAK GEBALIM", que significa "chefe
da Irmandade Unidade".
Os três Mestres Eleitos, não podendo decifrar os caracteres ins-
critos, levaram a Placa para o rei Salomão, que ao vê-la exclamou,
dirigindo-se a Hirão, rei de Tiro: "Este é o verdadeiro nome do Deus
Eterno, do Deus Único e Todo-Poderoso, do G:.A.·.D:.U:." . Tam-
bém disse Salomão: "Assim se realiza a promessa que Deus fez a Noé,
Moisés e ao velho rei Davi, meu pai, de que um dia o Seu verdadeiro
Nome seria encontrado inscrito sobre uma Placa de Ouro". Salomão e
Hirão, rei de Tiro, caíram de joelhos, levantando as mãos para o céu,
dando graças a Deus pelo acontecido e, em particular, por haver-lhes
permitido ver de novo Seu Nome Inefável, o qual, agora encontrado,
pode ser mostrado àqueles que, por seus méritos, sejam dignos dela
tomar conhecimento, pois é, sem dúvida, a verdadeira palavra do
maçom e o Nome verdadeiro do G :. A:. D :. U :. , só conhecido por
ele, Salomão, pelos que encontraram a Placa, incluindo Hirão, rei de
Tiro, e pelo saudoso Mestre Hiram Abiff.
' O Templo e a Lenda no Grau 13- Cavaleiro do Real Arco 225

'
)
Os dois reis e os três Grandes Mestres Eleitos desceram com o
)
tesouro pelo corredor oculto, pelos nove arcos, até chegarem à Abó-
bada Secreta do Templo de Salomão. Ali, incrustaram a Placa de Ouro
sobre o Pedestal da Coluna da Formosura e trocaram o nome de Abóbada
'
\
secreta pelo de Abóbada Sagrada.
A seguir, Salomão instituiu, em memória dessa descoberta, o Grau
de "Cavaleiro do Real Arco", fundou a "Sublime Loja ou Capítulo
' Real", conferindo a si, ao rei Rirão, de Tiro, a Adohniram, a Johabem
e a Stolkin o Título do Grau.
' Mais tarde, Salomão conferiu também o Grau de Cavaleiro do
Real Arco a nove dentre os Cavaleiros Eleitos dos Quinze, nomeando-
os para Guarda Permanente da Abóbada Sagrada.
Os novos Cavaleiros do Real Arco prestaram o juramento solene
diante de Deus de jamais pronunciar abertamente Seu Nome, e de não
admitir neste Grau nenhum maçom que não tenha dado provas de
1 amor sincero a Instituição e de usar sempre a mesma cerimônia para
comemorar seu significado divino, como prometeu Moisés, na Sarça Ar-
\ dente, ao recebê-la.
1 Desde então conhecemos a representação gráfica do Nome Ver-
dadeiro do G:.A:.D:.U:., porém não sabemos pronunciá-lo, porque
\
as águas do dilúvio destruíram a Coluna de Mármore em que Enoque
gravara o código para decifrá-lo. Havendo-se perdido a verdadeira
' pronúncia, no transcorrer dos séculos, hoje, no Grau 13, somente
'
)
podemos comunicá-la, soletrando-a, letra por letra, e com o maior
sigilo.
A Interpretação Alegórica dessa lenda, e portanto do Grau, exige
uma demorada meditação sobre a grandeza de seus mistérios.

Enoque* e seu Templo Subterrâneo


Segundo Gn 5:1-32 e lCrl:l, estas são as mais antigas gerações
) da humanidade: Adão, Sete, Cainã, Maalalel, Jerede, Enoque,
) Matusalém, Lameque e Noé.
Assim, Enoque foi um personagem bíblico, hebreu, que viveu no
ano 3740 antes da Era Vulgar; sexto descendente de Adão, foi filho de
Jerede (ou Jafed) e pai de Matusalém; Matusalém foi pai de Lameque
(ou Lamech), que foi pai de Noé.
'
1
Enoque, cujo nome significa, em hebraico, "o que muito viu, o
que muito sabe", e também "Iniciado", viveu temente a Deus, a quem
dedicou todo o seu amor; foi o único de sua geração que não viu a
1 morte, porque Deus o tomou para si, isto é, foi arrebatado ao céu,
transladado gloriosamente. Segundo a Cabala e o Ritual maçônico, foi
' o primeiro possuidor do Nome Inefável.

*N.E.: Sugerimos a leitura de O Livro de Enoch, lançado pela Madras Editora.


226 A Lenda de Riram nos Graus Inefáveis do R.·.E.·.A.·.A.·.

Os principais fatos da vida de Enoque podem ser lidos nos seguintes


textos bíblicos: Gn 4: 17-18; 5: 17-24; Ec 44: 16; 49: 14; e Hb 11:5.
Na Bíblia atual, não existe mais o Livro de Enoque, como informa o
Ritual.
Esotericamente, o Templo subterrâneo construído por Enoque sim-
boliza nossa personalidade mortal, limitada por camadas (Abóbadas) de
imperfeições, porém transponíveis ou vencíveis pela vontade humana. A
Pedra Cúbica (o Cubo de Ágata com o Triângulo de Ouro) depositada em
seu interior é a alma, o ego, relicário das potencialidades divinas (Nome
Inefável ou Verbo, a Palavra Perdida), e por um esforço introspectivo
pode o homem mergulhar até o fundo de seu interior, reencontrar seu
Eu divino, e depois, por um esforço extrovertido, retornar ao mundo,
pois descobriu a Palavra Perdida, a mais divina de seu próprio Ser, do
qual jamais se separará, e "passeará" entre os homens iluminando-os.
Misticamente, representa nossa consciência, onde se pode encontrar a pre-
sença de Deus, com os nove arcos, simbolizando os nove aspectos inteligíveis
do G:.A:.D:.U: ..

Noé e o Dilúvio
Noé foi um personagem bíblico, pa-
triarca hebreu, que viveu entre os anos
de 1656 e 2606 da criação de Adão ou
2890 e 1940 anos a.C.; nono descenden-
te de Adão, foi filho de Lameque e pai de
Sen, Can e J afé; principal personagem do
Dilúvio, foi o tronco das novas gerações
pós-diluvianas.
Seu nome, em hebraico, significa
"Repouso" ou "Descanso"; Lameque lhe
deu esse nome, dizendo: "Ele nos dará
consolo dos nossos duros trabalhos, e
do cansaço que sentimos nesta terra
que Deus amaldiçoou". (Gn 5:28,29)
Os principais fatos e referências da vida de Noé podem ser lidos nos
seguintes textos bíblicos: Gn 5:28-9:29; Ex 20:5 e 6; Sl 29: 10; Is 54:9; Ez
14:14; Mt 24:37 e 38; Lc 17:26; Hb 11:7; 1 Pe 3:20; 2Pe 2:5.
Noé foi um homem bom, piedoso e querido de Deus; por isso, Deus o
mandou construir uma Arca, para que ele, sua família e um casal de cada
vivente sobre a Terra se salvassem da destruição da mesma pelo Dilúvio.
O Dilúvio, que teve lugar no ano de 1772 da Criação ou 2406 anos a.C.,
foi uma inundação que submergiu grande parte da superfície da terra, des-
truindo quase todos os portentosos monumentos da Antiguidade e extermi-
nando a espécie humana, exceto Noé e os que estavam com ele na arca.
' O Templo e a Lenda no Grau 13- Cavaleiro do Real Arco 227

'
1
A mais conhecida história do Dilúvio é a do Gênesis, capítulos 6 a 9.
Esse texto bíblico é a súmula de duas tradições hebraicas distintas. Entre-
tanto, ambas relatam a ira de Deus contra a iniquidade dos homens, que
resolvera destruir pelas águas, à exceção de Noé.
Outras referências bíblicas ao dilúvio são: Dt 9:25 e 26; Js 24:2; Ne 1:8;
1 Jo 14:11;28:11; Sl24:2; 66:6; Jr46:7;Am 8:8; Jn 3:3; Mt 7:25; e, Lc 6:48.
Muitos autores, profanos e maçons, põem em dúvida o relato bíblico
' do Dilúvio. Entretanto, a narração ocorre nas tradições de diversos povos,
além dos hebreus. Encontram-se na Babilônia tradições semelhantes às
' hebraicas; a principal diferença entre a tradição babilônica e a do Gênesis é
' que, na primeira, estiveram representados na arca artesãos de todos os

'
1
ofícios.
A mais conhecida história do Dilúvio na literatura grega é a de
Deucalião e sua mulher Pirra, contada por Apolidoro. Na Europa, en-
1 contram-se histórias do Dilúvio na mitologia islandesa, lituana e do
País de Gales. No Oriente elas existem na Índia, na China, na Birmânia,
'
1
na Indochina e em Malaia, bem como entre os aborígines da Austrália,
Nova Guiné, Melanésia, Polinésia, Micronésia e das Américas. No
Brasil, existem entre as tribos de diversas regiões e têm sido recolhidas
' desde o século XVI.
Entretanto, não obstante as diversas contestações dos autores
quanto à veracidade ou não do Dilúvio, o que importa para nós maçons
são os ensinamentos alegóricos do mesmo. Escreve o padre Matos
Soares: "Sem dúvida, a narração (do Dilúvio) baseia-se em fato histó-
rico - lembrado também em numerosas narrativas babilônicas - que
nos é dado conhecer. Talvez se trate de uma das numerosas inunda-
ções do Vale do Tigre e do Eufrates, que a tradição ampliou até
transformá-la em cataclisma universal, estendido a toda a terra enxu-
ta. O que é certo, porém, é que o autor sagrado não tende a falar do
cataclisma em si, mas, antes, ensinar verdades, a primeira das quais,
que Deus, justo e juiz, castiga a humanidade culpada. A segunda é
' que, também castigando, ele usa de misericórdia, quer deixando tem-
po para arrependimento, quer salvando os justos. A terceira verdade
' é a da unidade da Criação: Deus pusera as criaturas a serviço do
homem, de sorte que agora o castigo infligido ao homem atinge tam-
bém os animais".
Finalmente, segundo Rizzardo da Camino, um dos que contes-
tam a verdade do Dilúvio, "ele existiu, mas em outra dimensão; den-
tro de nossa consciência as águas subiram para sucumbir com os
pensamentos contrários à vontade do criador".
228 A Lenda de Hiram nos Graus Inefáveis do R.·.E.·.A.·.A.·.

A Abóbada Secreta ou Sagrada do Templo de Salomão


Essa parte da lenda diz mais respeito ao Grau 14, no qual constitui a
verdadeira representação da Loja; em muitas outras cerimônias maçôni-
cas, imita-se a Abóbada por meio de diversas atitudes e vários atributos
inerentes a cada Grau.
Segundo uma interpretação mística, essa Abóbada é uma deno-
minação simbólica do coração humano, a santuário da vida, em cujo
interior se oculta a Centelha Divina (o Divino Tetragramaton), que
cabe ao preparado iniciado procurar diligentemente até descobri-la e
fazê-la iluminar as trevas do mundo. A lenda alegoriza esse fato uni-
versal, e os nove Mestres ali escolhidos personificam as virtudes que
têm de ornar o coração humano.

Em Busca da Palavra Perdida


O Símbolo da Palavra Perdida e a lenda de sua busca encarnam todo
o ideal da Maçonaria, em geral, e desse Grau, em particular, cujo objetivo
primário é a busca e o encontro da Verdade que é o Verbo Divino. A Pala-
vra é um símbolo desse Verbo, o Lagos, e essa Verdade é a Chave da
"Ciência da Alma". Mestre Verdadeiro é quem conhece a Ciência Divina;
é o "Moisés" que conduz o Neófito pelo deserto da experiência, desde o
Ocidente (isto é, seu Eu Ignorante) até o Oriente (o conhecimento de seu
Eu Real), ou a União com Deus. Trata-se de uma alusão alegórica aos
"segredos proibidos", que são: o Nome Inefável de Deus "esquecido" ou
"tomado em vão"; a perda, pelo homem, do conhecimento e da consciên-
cia de sua interna natureza divina, imortal, ao identificar-se e confundir-se
com sua natureza humana e mortal; e o abandono da Lei Divina e Unificadora
do Amor e Compreensão nas relações humanas e subumanas, e sua subs-
tituição pela força desintegradora do Ódio e Rivalidades. O maçom anda
em busca dessa "Palavra", porém jamais poderá encontrá-la entre os espi-
ritualmente "mortos", apegados à "letra que mata e não ao espírito que
vivifica". (2Cr 3:6)
A busca da Palavra Perdida implica uma viagem, penetrando na
sala subterrânea, o que equivale a "entrar em si mesmo", percorrendo
com sua inteligência todos os aspectos íntimos que surgem, destruin-
do ao mesmo tempo, tudo o que pode significar obstáculo; é a brilhan-
te luz dos conhecimentos que descortina uma nova paisagem cujo
horizonte passa a ser visível. Após a longa busca, o maçom descobre,
finalmente, o significado da "Libertação da Consciência"; livre para
voar com o pensamento a alturas jamais imaginadas, sem reserva ou
freios, sem temores, sem ameaças de castigos irreais, futuros; sem in-
ferno, mortificação e sofrimento.
O Templo e a Lenda no Grau 13 - Cavaleiro do Real Arco 229

16.6. Interpretação Filosófica do Grau 13


Segundo Papus, a Biblioteca Maçônica diz que esse Grau pertence
à 4ª categoria, a dos Graus israelitas e bíblicos, e foi classificado como
"deísta" judaico. É consagrado "à memória dos primeiros instituidores
'
l
da Ordem: os Magos, os Pontífices do Egito (Misraim) e de Jerusalém".
Não concordamos com sua classificação como "deísta"; por sua na-
tureza religiosa, contendo uma parte do Ritual hebraico; nós o classifica-
mos como um Grau "teísta".
Deísmo é o sistema dos que creem em Deus, mas rejeitam toda a
ideia de revelação divina; para os deístas, o G:.A:.D:.U:. é apenas o
Princípio Criador, o Orientador maçônico; concordam que todo esfor-
ço à G:.D:.G:.A:.D:.U:. está apenas em bem ajudar a humanidade
no sentido de progresso, de evolução, de fraternidade.
1 Teísmo é a crença absoluta na existência de um Deus infinitamente
bom e misericordioso e em sua ação providencial no Universo, destacando
1 seu caráter transcendental (sublime, superior, metafísico, que excede os
limites ordinários), bem como seu caráter revelador.
' Ora, por tudo o que vimos deste Grau, por sua religiosidade, por
sua lenda (parte real e parte alegórica), na qual o próprio Deus se reve-
la, apresentando seu Nome Inefável a Enoque (por sonho), a Moisés
(diretamente, na passagem da "Sarça Ardente", no Monte Sinai), con-
cluímos ser o mesmo "Teísta", bem como o é todo o sistema do
R:.E:.A:.A: ..
A Divisa do Grau 13 é "IN ORE LEONIS VERBUM INVENI", quer
dizer: "Achei a palavra na boca do leão", o que indica que devemos
proclamar a verdade e mantê-la como principal qualidade de um povo
civilizado.
Consiste a Moral de Cavaleiro do Real Arco em inteirar-se de
que, por maiores que sejam os contratempos e as dificuldades, não
devem jamais deter qualquer Irmão, nem mesmo afastá-lo do caminho
da perfeição.
É por esse motivo que o T :. V:. P :. M :. roga, na abertura dos
trabalhos:
"Protegei, Senhor, o Justo e o Bom, para que sejam agradáveis
seus últimos dias; porque tu disseste, Senhor, que o Justo na Terra
habitará contigo; que teus olhos jamais o abandonem e que trabalhe
em Teu nome e o sirva para sempre; e o Bom terá sempre seu galardão".
Esse Grau, como vimos, tem por principal objetivo o Conheci-
mento do G :. A:. D :. U :. simbolizado pelo Triângulo Luminoso, o
Delta, que exprime a essência da Divindade, através dos caracteres
sagrados, do qual Enoque e mais tarde Moisés tiveram a visão.
Chegado a esse Grau, acrescenta um Ritual antigo, "o espírito do
iniciado desprende-se da matéria, preparando-se para revelações mais
sublimes".
230 A Lenda de Hiram nos Graus Inefáveis do R.·.E.·.A.·.A.·.

Os trabalhos desse Grau também têm por objetivo o aperfeiçoamento


da instrução pública e as modificações do ensinamento, a fim de tomá-lo
compatível com as necessidades do Progresso e da Justiça.
Dedica-se a examinar a administração da religião pelo Estado e as
relações da Igreja e do Estado e trata da interpretação da Divindade, da
liberdade dos cultos, do direito, da política e da história.
A parte histórica do Grau é muito ampla. O Iniciado desce ao fundo
de um subterrâneo abobadado, aonde vai em busca do Delta. Adohniram,
Stolk:in e Johabem desceram a esse subterrâneo, cheios de temor, simboli-
zando isso "o temor que os homens prudentes devem ter de se aventu-
rar nas grandes indagações, para se munirem das cautelas precisas, a
fim de não serem enganados por aparências".
Nesse Grau, encontra-se o meio de sustentar o edifício social pela
representação e a contribuição. Afirma-se que a virtude dos homens nasce
de sua crença religiosa, mas, sem uma boa moral, a justiça se transforma
de acordo com as paixões que predominam.
Seria demasiadamente longo explicar como se fundam as crenças
religiosas: todas procedem da interpretação dos fenômenos naturais. Ao
contemplar a Criação, a Inteligência se detém absorta diante desse conjun-
to de maravilhas.
Finalmente, esse Grau prima pela liberdade em todos os aspectos,
mas principalmente pela autonomia religiosa. Entretanto, não basta que o
povo ganhe liberdade. Ele deve preservá-la, e não confiá-la à guarda ou
vontade de um só homem.
Henry C. Clausen, em seu livro Comentários sobre Moral e Dog-
ma, consigna:
"Uma vez alguém perguntou: 'O que toma uma nação grande?' É um
grande número de pessoas? Não, do contrário a China seria a nação supe-
rior. São grandes riquezas? Não, em seus primeiros dias várias nações, hoje
ricas, de Primeiro Mundo, eram insignificantes e pobres. É a valentia mili-
tar? Não, do contrário Roma teria continuado a ser a nação mais poderosa
da terra. É talento intelectual? Não, do contrário a Grécia teria permaneci-
do a mais notável nação".
As grandes nações projetaram-se nas alturas porque os homens
que formaram e adaptaram seus governos possuíam a maior coisa
que movimenta a humanidade, o espírito que liberta os homens.
Platão exprimiu em palavras o que é essa liberdade. Ele disse: "A
liberdade não é meramente uma questão de leis e constituições. Somente é
livre aquele que reconhece a ordem divina dentro de si, o verdadeiro nível
pelo qual o homem pode se governar".
Finalmente, reconhecemos que uma única palavra não pode conferir
poderes supematurais.
O Templo e a Lenda no Grau 13- Cavaleiro do Real Arco 231

O rei Canuto, antigo governador dinamarquês da Inglaterra, ensinou a


seguinte lição aos seus seguidores que pensavam que ele possuía tais pode-
res.
Ele visitou uma praia e pediu que fosse colocada uma cadeira na
areia, defronte à maré montante, e perguntou: "Vocês acham que a maré
me obedecerá se eu ordenar que ela pare?". Eles colocaram a cadeira.
E ele repetia várias vezes o comando: "Maré, pare!", porém, ela che-
gava cada vez mais perto, até que enormes respingos atingiram toda a
equipe real. Todos retrocederam, molhados e em grande e indiscutível de-
sapontamento.
Atualmente, em Southampton, existe uma placa de bronze como tes-
temunho da ocorrência, onde se lê: "Neste local, no ano de 1032, o rei
Canuto censurou seu pessoal da corte".
Assim, ele advertiu que os homens não devem adorar a própria huma-
nidade; pelo contrário, precisam procurar o verdadeiro poder além dela.

16.7. Insígnias e Emblemas do Grau 13

Colar com a Joia do

Avental do Cavaleiro do Real Arco

Joia do Cavaleiro do Real Arco


232 A Lenda de Hiram nos Graus Inefáveis do R.·. E.·.A. ·.A.·.

Simbolismos
1. Avental do Cavaleiro do Real Arco: É de pele ou de cetim na cor
abóbora, sendo pontilhado de preto ao redor de toda a orla; tem no centro
um Triângulo Radiante contornado de amarelo; o forro da parte de trás é
também de cor abóbora.
2. Colar do Cavaleiro do Real Arco: É usado no pescoço, a tiracolo,
da direita para a esquerda; é largo e preto, contendo na extremidade
uma argola para prender a Joia do Grau.
3. Joia do Cavaleiro do Real Arco: É um Triângulo dourado ou, então,
uma medalha, tendo em um dos lados um alçapão fechando uma abóba-
da e, no outro, um triângulo com as iniciais em latim da divisa dos Cava-
leiros do Real Arco, cuja significação simbólica é: IN ORE LEONIS
VERBUM INVENI. Na extremidade há uma argola para prender no colar.

Painel Alegórico do Grau 13


O rei Salomão, propondo a construção de um edifício para a adminis-
tração de justiça pública, sem o saber, escolheu o local do antigo Templo de ,
Enoque. O Grão-Mestre Arquiteto e dois Intendentes dos Edifícios inspeci-
onaram a terra a fim de iniciar as fundações, e descobriram a entrada das
abóbadas. Um Intendente dos Edifícios entrou em cada uma delas e, final-
mente, descobriu o cubo de ágata e a placa de ouro, com o sinal gravado da
Palavra Inefável.
O Templo e a Lenda no Grau 13 - Cavaleiro do Real Arco 233

' 1

Painel Simbólico do Grau 13


Tem o formato de escudo, com bordos azul-escuro; na parte inferior,
no sentido horizontal, há uma chave da direita para a esquerda; na parte
superior, abrangendo a maior parte do painel, uma Abóbada Subterrânea,
dividida em sete partes em seu interior, com as cores do arco-íris, tendo na
parte superior um suporte (cabeçote) exterior.

. -....

-....
17. O Templo e a Lenda no
Grau 14 - Perfeito e
'.

Sublime Maçom

17.1. Denominações do Grau 14


Do Grau: Grande Eleito ou Perfeito e Sublime Maçom; da Oficina:
Abóbada Secreta (da Perfeição); do Presidente: Três Vezes Podero-
so; dos Irmãos: Veneráveis (ou Excelentíssimos) Grandes Eleitos ou
Perfeitos e Sublimes Maçons; dos Oficiais: O Presidente tem o trata-
mento de Três Vezes Poderoso, representando Salomão; os Vigilantes,
os de Respeitabilíssimos Irmãos; dos demais Oficiais: Respeitáveis
Irmãos com os mesmos títulos de suas funções na Loja de Perfeição,
acrescidos de um Mestre Sacrificador; dos Neófitos: São os Cavalei-
ros do Real Arco, que andam à procura (da Verdade) e aspiram à
Perfeição.
Obs:. Um Irmão é designado pelo Presidente para sentar-se ao
seu lado e representar Rirão, rei de Tiro.

-234-
O Templo e a Lenda no Grau 14 - Perfeito e Sublime Maçom 235

17.2. O Templo e sua Ornamentação no Grau 14


Diz nosso Ritual que a Loja (o Templo) do Grau 14 denomina-se
ABÓBADA SECRETA e representa um compartimento subterrâneo,
formando um CUBO PERFEITO (Pedra Cúbica Piramidal ou Pontia-
guda). A decoração é na cor carmesim (vermelha). Em torno do Tem-
plo, encontram-se dez colunas brancas, sendo quatro no Oriente e seis
no Ocidente.
Segundo Nicola Aslan, o Templo está semeado também de cha-
mas na cor de fogo.
No Oriente, ao ângulo direito do Trono, fica o candelabro místico de
sete luzes, representando o Sol com os Planetas, como entendiam os antigos.
No Trono, ficam duas cadeiras, sendo uma para o Presidente e outra
para Hirão, rei de Tiro; suspensos à frente do Dossel, dois triângulos entre-
l laçados, sendo um branco e outro preto, sobre fundo vermelho.
Em frente ao Altar do Secretário fica uma trípode branca, sobre a
' qual se encontra uma urna de prata contendo perfumes e, nas sessões

' de Iniciação, mais as Joias (anéis ou alianças) destinadas aos Neófitos,


uma tralha e um vaso contendo uma mistura de azeite, vinho e farinha
' de trigo, destinada à Unção dos Neófitos.
Em frente ao Altar do Tesoureiro fica a Mesa ou Altar dos Pães
Propiciais (Pão Ázimo), tendo sobre a mesma uma bandeja contendo
12 Pães, sal e um cálice com vinho.
No centro do Templo fica um Altar Triangular coberto de pano
branco, orlado com franjas douradas, sobre o qual se encontram o
L:. da L:., as Grandes Constituições, o Estatuto e o Regulamento Ge-
ral, um Triângulo Equilátero, um Esquadro, um Compasso e duas Es-
padas Cruzadas, com as pontas viradas para o Oriente. Segundo Nicola
Aslan, esse Altar é quadrado e sobre ele encontra-se também um Rolo
de Pergaminho.
Em frente e um pouco à esquerda do Altar do 1º Vigilante, há
uma pequena coluna (Altar das Abluções) e sobre ela uma toalha, uma
bacia de bronze, tendo em cima uma ânfora com água (Mar de Bronze).
Em frente e um pouco à direita do Altar do 2º Vigilante, encontra-
se uma pequena coluna (Altar do Fogo Sagrado) e sobre a mesma uma
Pira, contendo incenso (Pira do Fogo Sagrado).
' Entre a entrada do Templo e o Altar dos Juramentos é colocado no

' momento oportuno o Altar de Oblações (Sacrifícios) com um machado e


uma faca grande; esse Altar é retirado de imediato após o ato do sacrifício.
A iluminação é feita por três, cinco, sete e nove luzes, assim distribuí-

'
l
das: em frente de Hirão, rei de Tiro, três luzes azuis, formando um Triângulo
Equilátero; no Altar do 2º Vigilante, cinco luzes amarelas, formando
um quadrado com uma luz no centro; no Altar do 1º Vigilante, sete luzes em
um quadrado inscrito em um triângulo, sendo as três luzes do triângulo en-
236 A Lenda de Riram nos Graus Inefáveis do R.·.E.·.A .·.A.·.

camadas (vermelhas) e as quatro luzes do quadrado, alaranjadas; defronte


ao Altar do Presidente, nove luzes, formando três triângulos concêntricos,
sendo duas luzes brancas e uma luz violeta nos dois triângulos externos e
três luzes brancas no triângulo central.

17.3. Interpretação Esotérica do Templo no Grau 14


O Templo nesse Grau representa a "ABÓBADA SECRETA", mais
tarde "ABÓBADA SAGRADA", uma Câmara que Salomão mandou cons-
truir sob o recinto do Templo de Jerusalém, debaixo do Sanctus Sanctorum,
simbolizando o coração humano, onde se localiza a chama da vida, na qual,
por isso, a luz do Sol e da Lua não é necessária.
Nesse Templo, os Grandes Eleitos ou Perfeitos e Sublimes Maçons
se reúnem para:
1!.!) Cumprir as "disposições regulamentares" do Grau, rígidas e
imutáveis, que são três:

• A primeira é o "dever e a estrita obrigação de assistir a todas


as reuniões de sua Loja", obrigatoriedade que faz parte da au-
todisciplina, e da colaboração espontânea para que o Corpo possa
funcionar e realizar seus objetivos.
Infelizmente, entre nós não se respeita essa disposição, pois a
frequência deixa muito a desejar.
Sem penalidade para o relapso, toda escusa é aceita e mormente a
que todos evocam: "afazeres profanos me impediram de comparecer".
Em caso de justo impedimento, deve o Irmão comunicar ao Pre-
sidente, por escrito, enviando-lhe ao mesmo tempo o seu óbolo, pois
jamais deve se esquecer de que a coleta em auxílio dos necessitados é
obrigatória.
Essa comunicação demonstra o interesse de parte do Irmão para com
seu Corpo; entrando em contato com o Presidente, participará da reunião,
espiritual e "magicamente", fazendo-se presente por meio das vibra-
ções transmitidas ao seu superior. O envio do seu óbolo importará em
um contato pessoal.
O valor do óbolo não se prende somente ao desejo de auxiliar o caren-
te de recursos econômicos; é o desprendimento de uma posse, algo que sai
do poder do Irmão para unir-se aos valores dos demais.
O gesto altruístico que satisfaz porque a sua situação lhe permite dar.
Como seria infeliz o Irmão que devesse receber, por necessidade!
• A segunda diz respeito à Presidência e à Direção dos trabalhos. "Se
na hora fixada para a abertura da sessão o Presidente não es-
tiver presente e houver número legal, seu substituto presidirá os
trabalhos, caso não esteja presente um Membro Efetivo do Su-
1
O Templo e a Lenda no Grau 14 - Perfeito e Sublime Maçom 237
1
1
premo Conselho ou Inspetor Litúrgico da Região, a quem com-
petirá a Presidência".
O Presidente sempre dirigirá os trabalhos, caso não esteja presen-
te um Membro do Supremo Conselho ou o Inspetor Litúrgico. Nesse
caso, o T :. V :.P :. lhe passará o Malhete para que presida os trabalhos,
porém permanecerá em seu Trono, dirigindo os mesmos, com a devida
permissão daquele. Sempre que um Membro Efetivo esteja presente, por
ser ele "Supremo Conselho", receberá as honras do cargo; poderá, contu-
do, decliná-las. Caso o Presidente não compareça, a presidência será efe-
tivada, automaticamente, pelo Membro Efetivo, se presente.
• A terceira disposição diz respeito à obrigatoriedade de os Irmãos
portarem suas insígnias; os que comparecerem sem elas não poderão usar
1 da palavra nem votar.
2º-) Comprovar seus conhecimentos sobre os Graus anteriores.
'
1
Esses saberes compreendem uma parte que se poderá chamar exterior
(exotérica), isto é, os meios de reconhecimento, os símbolos e as ale-
1 gorias em sua aparência material, e outra interior (esotérica), referente
1 ao ensinamento moral, ao sentido oculto dos símbolos. É por isso que
tanto no Cerimonial de Iniciação ao Grau 14, em seu início, bem como
durante a Instrução do Grau, há a preocupação de recordar os funda-
mentos principais dos ensinamentos de todos os 13 Graus preceden-
tes, desde o Grau 1 do Simbolismo.
Os Graus Inefáveis constituem a base do conhecimento filosófico; se
o Simbolismo constitui o alicerce, a Loja de Perfeição prepara o maçom
para receber com intensidade ensinamentos mais profundos. Em cada
Grau intermediário, os Irmãos deverão contribuir ao máximo para que
o Presidente lhes proporcione todos os conhecimentos necessários para
a boa compreensão do que está por acontecer.
A Aferição dos conhecimentos dos Irmãos é feita por meio de diálo-
gos e de trabalhos escritos. Há muita resistência quanto a esses trabalhos;
com a supressão da "redação" do currículo escolar, formou-se em nosso
país uma geração de indivíduos avessos ao trabalho escrito. Essa falha
do ensino refletiu-se enormemente na Maçonaria, pois a falta de hábi-
to para escrever conduz à preguiça para a leitura.
Recomendam as Disposições Regulamentares do Ritual que os Ir-
mãos apresentem trabalhos empregando papel uniforme para que as
"memórias" possam ser encadernadas, acrescidas de um índice. Se-
rão, para o futuro, um precioso arquivo.
3º-) Estudar os Estatutos da Maçonaria, sua doutrina e, sobretudo, o
sentido oculto e elevado de seus ensinamentos. Estudar, com interesse, o
que é relativo à fundação da Grande Loja da Inglaterra, em 1717; as dis-
' cussões que tiveram lugar quando se tratou de suprimir os Graus Superio-
'
1
res aos três primeiros; a oposição da Grande Loja de York e o acordo final,

'
'
238 A Lenda de Hiram nos Graus Inefáveis do R.·.E.·.A.·.A.·.

pelo qual o Grau do Real Arco foi englobado no Rito daquela Potência
maçônica. Estudar, também, a história da introdução da Ordem Maçônica
nos países da Europa e da América, assim como tudo quanto se relacione
com a organização definitiva do R:.E:.A:.A: ..
4º) Conservar os profundos segredos e mistérios da Maçonaria, na
prática da moral mais pura e em consolar e socorrer seus Irmãos; consa-
grar-se à virtude e à causa da humanidade, e ser firme aliado dos bons e
virtuosos. Velar pela conservação de nossas instituições; fazê-las compre-
endidas pelos jovens maçons, a fim de que produzam os esperados frutos.
5º) Analisar e discutir o direito inalienável da liberdade de consciência e
dos cultos, propagando-as em todos os seus aspectos, e dedicar-se ao estudo
dos fenômenos da criação e das sete Ciências ou Artes Liberais.
6º) Propagar, em Loja e fora dela, a igualdade em todos os seus
aspectos. O rico, o pobre, o príncipe e o sábio devem, dentro de uma
Loja de Perfeição, ser iguais. Porém, observamos que nem o rico, o
príncipe e o sábio, precisam "descer" para o nivelamento; o pobre é
quem deverá "subir"; pobre no sentido amplo, pois a pobreza signifi-
ca carência; uma pessoa abastada poderá ser pobre de sabedoria e de
conhecimento, de altruísmo e complacência. A igualdade resulta do
Poder Superior que domina a todos, com a mesma rigidez e bondade.
Todos são iguais para o prêmio, mas este só irá para o merecedor.
7º) Estudar e meditar sobre a natureza e os atributos de Deus, das
Leis Naturais e Divinas, da harmonia que governa o Universo e sobre
a Imortalidade da Alma.
8º) Com um coração zeloso, justiça e energia, auxiliando-se mutua-
mente, desejar e procurar atingir a Perfeição.
De fato, o maçom é conduzido ao Templo pelo seu próprio coração,
que é considerado "zeloso"; o "zelo" comporta disciplina, obediência, com-
promisso e, sobretudo, coragem de prosseguir na jornada, como jurou.
O desejo que o maçom traz, ao ingressar na Loja de Perfeição, é
o de "atingir a Perfeição".
No mundo atual, em que a sobrevivência já constitui um ato de cora-
gem e de certo privilégio, o desejo de atingir a Perfeição torna-se um "su-
pérfluo" que só a Bondade Divina poderá permitir.
Uma Loja de Perfeição é uma Oficina em que os Irmãos se auxi-
liam mutuamente para atingir essa Perfeição.
O auxílio deve ser mútuo, isto é, ocorrer permuta; nem sempre,
dentro de um quadro de obreiros, se observa essa atitude, pois há aquele
grupo que só pretende receber; sem desprendimento, da ação, altruís-
mo, não se conseguirá atingir a perfeição; esta é a soma de desprendi-
mentos; em primeiro lugar, dar, porque a resposta será automática;
quem dá sem nenhum interesse receberá, com toda certeza, porque
isso constitui uma Lei Divina.
O Templo e a Lenda no Grau 14 - Perfeito e Sublime Maçom 239

Esse Grau 14 possui muitos Símbolos na Ornamentação da Loja, no


Avental, no Colar, na Joia e no Painel. Vários deles já foram estudados
nos Graus anteriores; por isso, veremos apenas os mais importantes.

A Abóbada Secreta ou Sagrada do Templo de Salomão


Há íntima ligação entre os Graus 13 e 14, pelo que se podem conside-
rar um e o mesmo Grau. Um exemplo disso é a Abóbada Secreta do Tem-
) plo de Salomão, já descrita no Grau 13, e que é a representação do Templo
) no Grau 14.
Trata-se da Câmara (ou Abóbada) Secreta que Salomão mandou
construir sob o recinto do Templo de Jerusalém, debaixo do Sanctus
\ Sanctorum, para guardar o Delta de Ouro gravado com o Nome Inefá-
vel de Deus, colocado sobre o Cubo de Ágata (Pedra Cúbica), que os

\
' três Mestres Eleitos encontraram debaixo do Nono Arco, da Nona
Abóbada, do Templo subterrâneo de Enoque; por isso essa Abóbada
\
Secreta passou a chamar-se Abóbada Sagrada.
Essa Abóbada (o Templo do Grau 14) simboliza o Coração Hu-
mano, o Santuário da Vida, em cujo interior se oculta a Centelha Divina
(o Divino Tetragramaton), Deus, que cabe ao preparado Grande Eleito
ou Perfeito e Sublime Maçom procurar diligentemente até descobri-la
e fazê-la iluminar as trevas do mundo.
A Abóbada é Secreta, pois se localiza em um ponto desconhecido do
Infinito, no íntimo de nossos corações. É Sagrada, pois representa o Sanctus
\
Sanctorum de nosso Ser, lugar no qual nos reunimos, que não precisa, para
\ ser iluminado "nem do Sol, nem da Lua, nem de nenhuma Luz artifici-
al", pois nele brilha a Luz emanada do G:.A:.D:.U:., que está nele
' presente, como em nossos corações.

A Pedra Cúbica (Pontiaguda ou Piramidal)


Diz nosso Ritual que o Templo do Grau 14 denomina-se ABÓBADA SE-
CRETA e representa um compartimento subterrâneo, formando um CUBO
PERFEITO. Diz ainda que o Trono do T. ·.V.·. P .·., colocado simbolicamente
'
)
no,Sanctus Sa'!:.ctorum, é um Altar que representa para nós a PEDRA
CUBICA, a CIENCIA. Diz ainda que a ABOBADA SAGRADA continha
1 o Nome Inefável de Deus e a verdadeira palavra do maçom, gravado em
um triângulo de ouro, sobre um CUBO DE ÁGATA.
Assim, segundo Nicola Aslan e Jorge Buarque Lira, "o símbolo es-
sencial desse Grau é uma Pedra Cúbica com Ponta, coberta de inscri-
ções e de signos, espécie de quadro sinótico das Ciências, das Le-
tras, das Artes, da Filosofia. O topo truncado traz a letra 'G' ou a
letra 'Iod' em uma Estrela Flamejante".

\
240 A Lenda de Hiram nos Graus Inefáveis do R.·.E.·.A.·.A.·.

Trata-se, pois, da Pedra Cúbica Piramidal, Pontiaguda, ou de Topo,


um dos emblemas mais interessantes já vistos nas Lojas maçônicas,
embora muito pouco conhecido dos maçons.
É um Cubo encimado por uma Pirâmide de base quadrangular,
cujo simbolismo se acrescenta ao primeiro. Reúnem em si a perfeição do
cubo e a ascensão harmônica da pirâmide. Abrindo o cubo e a pirâmide,
estendendo seus braços e superpondo os da segunda aos do primeiro, ob-
tém-se a união das duas cruzes com duplo símbolo da matéria e força,
forma e vida, natureza e divindade; a primeira formada pelos cinco qua-
drados ou superfícies inferiores do cubo, e a segunda, pelos quatro triân-
gulos da pirâmide.
A cruz engendrada do cubo, de braços quadriláteros, é de natu-
reza física, que se admite como decomponível em cinco elementos:
terra, ar, fogo, água e éter; e a derivada da pirâmide, de braços trian-
gulares ou ternários emanando de um ponto central (o vértice da
pirâmide), é a cruz filosófica ou espiritual (a Cruz de Malta), expres-
são tetrágona da Trina Divindade "crucificada" na matéria, para, por
Seu "sacrifício", dominá-la, espiritualizá-la e convertê-la em um per-
feito veículo da vida Divina, o Espírito.
Por ser um dos Emblemas mais sugestivos e fundamentais da
Maçonaria, faremos uma descrição sucinta dessa Pedra e de seu
simbolismo.
1º) A "Face Direita" contém os sinais numéricos dos antigos, con-
tidos na chave egípcia composta de um quadrado perfeito dividido em
oito partes triangulares por duas linhas perpendiculares entre si e duas
diagonais de ângulo a ângulo. Contém ainda quatro círculos concên-
tricos e os quatro quadrados representando as quatro regiões conhe-
cidas na Atiguidade (Norte - a Terra; Sul - o Mundo Astral; Ocidente
- o Céu Inferior; e, o Oriente - o Céu Superior); os quatro pontos
cardeais e as quatro estações do ano. Em cima está o Triângulo, sím-
bolo do G :. A:. D :. U :. , decorado com os instrumentos primitivos em-
pregados no estudo das matemáticas.
2º) A "Face Posterior" contém um grande círculo dividido em
360°, que o Sol percorre, cada 24 horas. Inscritos nesse círculo estão
três Triângulos formando 27 casinhas contendo todos os princípios
conhecidos. No Triângulo ao alto se veem os símbolos astrológicos
dos sete Planetas da Antiguidade: Sol, Lua, Marte, Mercúrio, Júpiter,
Vênus e Saturno; sobre os dois lados desse Triângulo se notam os ins-
trumentos dos antigos cultos ou sacrifícios, e em sua base estão os dois
semicírculos representando a dualidade básica do Universo: a Divinda-
de e a Natureza.
32 ) A "Face Esquerda" se acha dividida em 100 casinhas que contêm
os hieróglifos e as letras alfabéticas que os representam e lhes correspon-
dem. Em sua parte superior há o Nível e o Prumo, para significar que a
O Templo e a Lenda no Grau 14 - Perfeito e Sublime Maçom 241

instrução iguala os homens, e não sua posição social, e que o talento pode
elevá-los acima das condições humildes em que nasceram.
4º) A "Face Anterior" contém 81 casinhas ou quadrado de nove.
Nelas estão as letras correspondentes das palavras misteriosas dos Graus
Simbólicos, do 1ºao 15º Grau do Sistema Escocês professado pelo Grande
Oriente da França. As 16 casinhas triangulares na face triangular superior
)
ocupam um grande Triângulo, o Delta, emblema da Divindade, representa-
\ do no Oriente da Loja sob o dossel que cobre o Trono do Venerável (Lojas
) Simbólicas), com os caracteres hebraicos do Inefável Nome do
G :.A:.D:. U :. , e o tetragramaton IHVH que Salomão esculpiu no precio-
1 so Delta consagrado à Sabedoria. Os dois querubins que figuram nos lados
\ do Triângulo são os referidos no Antigo Testamento como os Guardiões da
Glória e da Sabedoria Divinas (Ex 25:20), e anunciam a doutrina da Fé em
um único Deus (Jeovah).
5º) Na "Face Superior" brilha a Estrela Flamejante (ou Flanúgera),
o Símbolo máximo da Divindade, exposto nos três primeiros Graus.
\
Ocupa a parte mais elevada da Pedra Cúbica, porque é das alturas do
1 Zênite da Glória que o Supremo Arquiteto governa e ilumina seus
Universos .
A Figura a seguir ilustra esse símbolo e, para mais esclarecimen-
1 tos, sugerimos seu estudo no livro Dicionário Ilustrado de Maçonaria,
de Sebastião Dodel dos Santos, e do Dicionário de Maçonaria, de
' Joaquim Gervásio de Figueiredo.
'
1

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242 A Lenda de Riram nos Graus Inefáveis do R.·.E.·.A.·.A.·.

A Pedra Cúbica Pontiaguda ou Piramidal

TAliPA DA PEDRA COBICA

PEDRA COBICA

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O Templo e a Lenda no Grau 14 - Perfeito e Sublime Maçom 243
)

)
Sacrifício - Purificação - Unção
Conforme nossos costumes anteriores a 1717, a Iniciação em uma
1
Loja de Perfeição assemelha-se ao batismo. Este é um rito de purificação
\ celebrado, desde a mais remota Antiguidade, durante a cerimônia de Inicia-
1 ção, que era praticada na maior parte das escolas filosóficas, nas religiões
e nos meios populares de países antigos, constando ora de simples abluções,
1 ora de batismo pela água, pelo ar e pelo fogo.
Segundo José Castellani, essa prática do batismo tem origem no banho
purificador (em hebraico mikvé) que os hebreus sempre utilizaram, seguindo
preceitos do Torá (o Pentateuco), aperfeiçoados na Mishná (a essência do
judaísmo talmúdico) e no Talmud (que significa "ensinamento").
1 Conforme a Bíblia, João Batista e seus discípulos já batizavam, antes
dos cristãos, imergindo em água, como foi feito com Jesus. Segundo o pró-
\ prio João Batista afirmava, há pelo menos três espécies de batismo: o da
1 Água, o do Espírito Santo e o do Fogo (Mt 3:11), mas os dois últimos só o
Divino Mestre poderia ministrar.
l
O batismo era, em toda a parte, um símbolo da renovação da fé
1 ou do pensamento, uma purificação da vontade e uma promessa
solene de se consagrar a uma ideia nova.
A Maçonaria adota essa prática para ensinar ao recipiendário que
a limpeza do corpo físico é uma das condições prévias para a pureza
da alma, porém, que ele deve também ornar o coração.
Na maioria das vezes, esse batismo realizava-se no começo das
Iniciações, e ainda hoje há religiões que, por seu sistema de "graça
sobrenatural", não necessitam do consentimento do catecúmeno, e
batizam crianças ainda sem consciência. A Maçonaria, porém, colo-
' cando seu batismo no fim dos ensinamentos, quer exprimir que só
' pela vontade do homem instruído se pode fazer a renovação daquilo
que constitui a ideia nova.
1
Na Iniciação do Grau 14, o batismo consiste no sistema composto de
l um SACRIFÍCIO, uma PURIFICAÇÃO e a UNÇÃO.
) O Sacrifício corresponde à profissão ou renovação da fé ou do
pensamento. No centro do Templo, é colocado o Altar de Oblações
'
l
(Dádivas; Ofertas; Sacrifícios) sobre o qual se veem um machado e
uma faca grande. O candidato se ajoelha diante do Altar e inclina a
\ cabeça, aguardando o golpe do machado, enquanto o Mestre de Ceri-
mônias comprime com a faca seu peito. O candidato dispõe-se, assim, a
l "imolar" (sacrificar) suas paixões, erros e vícios, apesar de ter passado por
l tantas iniciações. Simbolicamente, é despido dessas paixões que tanto o
prejudicam. O Grau enfatiza a necessidade de "libertação"; os homens

'
\
sempre são escravos de si mesmos, dos vícios e do egoísmo. Imita-se aqui
o sacrifício de Abraão (Gn 23), imagem do próprio Deus sacrificando seu
filho pela salvação dos homens.
'
'
\,_
'
244 A Lenda de Hiram nos Graus Inefáveis do R.·.E.·.A.·.A.·.

A Purificação, a seguir, pela água e pelo fogo, corresponde à purifica-


ção da vontade; O candidato é conduzido ao Mar de Bronze (Altar das
Abluções), em cuja água mergulha as mãos, limpando simbolicamente seu
corpo físico e sua alma de todos os erros, vícios e paixões, antivirtudes,
seguindo a prática hebraica utilizada no Tabernáculo e no Templo de Jeru-
salém. A seguir, é conduzido ao Altar do Fogo Sagrado, junto à Pira (vaso
em que arde o Fogo Sagrado), para que o calor do incenso e dos perfumes
enxugue suas mãos, terminando a purificação, pela qual será limpo de toda
fraqueza e manchas espirituais.
A Unção corresponde à promessa solene de se consagrar a uma ideia
ou vida nova; representa a consagração do sacerdócio. O 12 Vigilante toma
uma Tralha (emblema característico do amor fraternal) com a qual colhe
de um vaso uma mistura de azeite, vinho e farinha de trigo que passa na
testa do Neófito para que "seus pensamentos sejam corretos"; nos lá-
bios, para que "suas palavras sejam úteis", e sobre o coração, para que
"seus sentimentos sejam justos".
A seguir, o Neófito presta seu solene Juramento, sai à procura do
DELTA (a verdade) e seu significado, faz sua aliança de adoção, é
investido no Grau e procede à comunhão com seus Irmãos, ao bebe-
rem o vinho na mesma taça e ao romperem juntos o mesmo pão.

O Delta
No Ritual do Grau, na abertura dos trabalhos, o T :. V:. P :. per-
gunta: "Por que motivo o rico e o pobre, o príncipe e o sábio são,
aqui, iguais, amigos e Irmãos?", ao que o 1º Vigilante responde: "Por-
que no Triângulo (Delta) inscrito no pedestal, como na imensidade do
céu, existe um Poder que igualmente os domina".
No cerimonial de Iniciação, o M:.de CCer:. reveste um dos Neó-
fitos com a Fita de Mestre Secreto e prende-lhe ao peito um Triângulo
de Ouro, tendo no centro a palavra Jeovah; é incumbido, assim, de ir
em busca da verdade. Procura-a sincera e constantemente. Entre os
homens só encontra um Nome que eles contemplam pávidos. Esse
nome representa para eles o temeroso desconhecido. Sobre o coração
do maçom, porém, é o símbolo da Razão serena e perseverante.
O Neófito interroga, ainda, as crenças humanas, das quais o
Delta é o símbolo mais elevado. Todas têm início em um sentimento
bom e justo. Para o maçom, porém, simboliza a libertação de todos os
preconceitos que tolhem a expansão de seus sentimentos maçônicos.
Na instrução do Grau, o T :. V :.P :. pergunta: "Que continha a
Abóbada Sagrada?", ao que se responde: "O Inefável Nome de Deus
e a Verdadeira palavra do maçom, gravado em um Triângulo de Ouro,
sobre um Cubo de Agata . Que Nome e esse.?" ; "]eova h" .
,1' " '' _,
' O Templo e a Lenda no Grau 14 - Perfeito e Sublime Maçom 245

'
No encerramento dos trabalhos, com respeito à Iniciação, consta o
seguinte: "Que fizeram convosco?"; "Depois de me purificarem, man-
daram-me embora, dizendo-me: Procurai!". "E o que encontrastes?";
"A arte de aperfeiçoar aquilo que é imperfeito". "E onde o encon-
traste?"; "No Delta, preso ao colar do Mestre". "E como vos utilizastes
dele?"; "Depois de me desembaraçar dos laços dos preconceitos e
' dos vícios, que escravizavam minha razão, depositei o Delta nos alicer-
' 1
ces do ensinamento maçônico. Deram-me, então, o penhor de minha
aliança (anel)".
Como se vê, o Delta é um Triângulo equilátero que simboliza
l
esotericamente os ternários ou tríades sagradas. No Cristianismo, sim-
boliza a Trindade Pai-Filho-Espírito Santo. Tanto nas Igrejas judaico-
cristãs como nos Templos maçônicos, o Delta está envolvido de uma
"Glória", e centrado pelo tetragrama IHVH (lEVE), escrito em caracteres
hebraicos (Iod, He, Vav, He), ou só pela primeira letra (Iod), ou pela
l letra "G", ou, ainda, pela figura de um Olho humano esquerdo; é o
símbolo da Tripla Força indivisível e divina que se manifesta como
' Vontade, Amor e Inteligência cósmicas. O Delta Maçônico é chamado
de Radiante, porque ele é representado como cercado de raios e res-
plandece, no Templo, emitindo raios de Luz (sendo também chamado
Delta Luminoso); por isso deve ter, sempre, iluminação própria. A
' maioria das Lojas dos diversos Ritos adota a figura do Olho no interior
do Delta, como representação do Sol e, portanto, da Luz; sendo o Sol
'
1
a maior fonte de Luz e considerando-se que a Luz é o símbolo da
Inteligência e do Espírito, pode-se deduzir que o ato de ver, ou seja, o
uso da visão, representa uma ação do espírito e simboliza o Conheci-
' mento. Dessa maneira, o Olho é o símbolo da Sabedoria, do
Discernimento e do Equilíbrio.

O Anel e a Aliança Eterna


Na abertura dos trabalhos, o T:. V:. P:. e o 1º Vigilante mantêm o
seguinte diálogo: "Que compromissos contraístes como Perfeito e Su-
blime Maçom ?"; "Uma aliança Eterna". "Que sinal tendes dessa
aliança?".· "O anel que recebi".
' Na iniciação, após a Investidura e o Juramento do novo Perfeito e
Sublime Maçom, o T :. V:. P :. lhe diz: "Meu Irmão, de conformidade
' com nossos antigos costumes, ao consagrar vossa adoção, entrego-vos
' este anel, que deveis, sempre, trazer no dedo, durante vossa vida; ao
partirdes para o Oriente Eterno, deve ele passar à vossa companheira,
' ao vosso filho ou ao vosso melhor amigo. Vosso anel vai receber o cunho
'
l
do Grau, para testemunho de vossas qualidades de Perfeito Maçom e
lembrança eterna de vossos compromissos".
246 A Lenda de Hiram nos Graus Inefáveis do R.·.E.·.A.·.A .·.

Na instrução, consta o seguinte diálogo: "Que Juramento prestastes


ao receber este Grau?"; "O de consagrar-me à virtude e à causa da
humanidade, e ser firme aliado dos bons e virtuosos". "Que prova
essa obrigação?"; "Este anel (mostra), símbolo da eternidade e de
nossa amizade inalterável".
Como vemos, o Perfeito e Sublime Maçom contraiu, ao ingressar
na Loja de Perfeição, uma Aliança Eterna, cujo sinal é o anel que recebeu.
Aliança significa união, efeito de aliar-se, pacto que, segundo as
escrituras, o Senhor teria feito com os homens, simbolizado no arco-íris. A
aliança entre maçons é realizada através de cerimoniais vários, inclusive
alguns em que aparece a Arca da Aliança, com as cópias das Tábuas da
Lei (o marco da aliança entre Deus e o povo de Israel, por meio de Moi-
sés). Também se denomina "Aliança" o anel que marca a união entre o
Irmão e a Maçonaria, como acontece entre o homem e a mulher pelo
matrimônio.
Muitas foram e têm sido, e serão, as alianças entre os homens e
Deus. A todo momento surge novo pacto, porém, o homem não pos-
sui desenvolvida a capacidade espiritual de perceber isso. Ele acredita
que parta dele o desejo de aliar-se ao seu Criador, quando a vontade
vem sempre de cima.
O anel sempre foi o símbolo do ciclo de vida Divina, eterna, infi-
nita e onipotente, e do pacto da aliança da vontade humana com a
divina. Neste Grau 14 se outorga ao maçom um anel em sinal de alian-
ça, em cujo interior se encontra gravada a letra "G" (segundo Rizzardo
da Camino) ou estão gravados, de um lado, seu nome e a data de sua
recepção, e, do outro, a frase "A morte não pode separar o que a
virtude une" (segundo Joaquim Gervásio de Figueiredo).
Esse anel deverá permanecer no seio da fann1ia do Neófito, quando
findar seu período no mundo.
Forma-se a Cadeia de União, quando serão estreitados os senti-
mentos de fraternidade.
A Cadeia de União é cerimônia litúrgica formada em cada Grau.
Posto que sua formação obedeça a um só Rito, em cada Grau assume
novos contornos, crescendo o seu misticismo e efeito.
Formada com elos que portam "o anel", os "anéis" em círculo
constituem outro simbolismo, porque serão elos materiais constituídos
de metal precioso, que entrelaçados irão comprovar a existência da
"fidelidade", que deve reinar entre os Irmãos portadores do Grau 14.

O Sol Radiante
O Sol Radiante é importante símbolo desse Grau, presente que
está na Joia do mesmo.
O Sol, do latim sole, é uma estrela e centro do sistema em torno
do qual giram a Terra e os demais planetas. Os povos antigos viam no
\

\ O Templo e a Lenda no Grau 14 - Perfeito e Sublime Maçom 247

"Sol" o princípio da vida, o vivificador de todas as coisas criadas pelo Se-


nhor.
Misticamente, esse astro é uma dualidade de Espírito e Matéria, e um
inesgotável manancial de vida e luz, que dele flui sem cessar. Generoso
"doador de vida" como é, alimenta e sustenta todas as criaturas, e é o
)
coração de todo o sistema solar. Todas as antigas religiões populares
exotéricas reconheceram sua natureza dual e o tomaram como símbolo
\ mais completo de sua Divindade, porém, sua dualidade foi antropomorfizada
pelos profanos: Osíris-Tifan, Ormuzd-Ahrimam, Bel Júpiter-Baal, Vida-Luz,
' Corpo-Alma da Natureza. O jesuíta Comélio de Lápide põe na boca de São
' Bernardo as seguintes palavras, dirigidas à Virgem Maria: "O Sol-Cristo
vive em ti, e tu viverás nele", e o Salmo 84:11 canta: "Deus-Jeová é Sol
e Escudo".
As lendas que acompanhavam os mistérios e cultos dos povos
antigos giravam em tomo da marcha aparente do Sol declinando para
o ocaso, para expressar, em linguagem figurada, que ele era aparente-
'
)
mente vencido pelas trevas, representando na mesma alegoria o gênio
do mal; mas reaparecia depois como o herói vencedor ressuscitado.
Na Maçonaria, o mito de Hiram Abiff é uma miniatura simulada e
' sinótica dessas lendas. Seu aparente nascimento, curso, morte e res-
surreição periódicas descrevem alegoricamente as vicissitudes cíclicas
da alma e o eterno combate entre o bem e o mal, ou interação dos
polos positivo e negativo de toda a natureza; e isso tem sido universal
e simbolicamente representado com variadíssimos nomes e atributos .
Diz a Enciclopédia Maçônica, de Mackenzie: "O Sol sempre de-
sempenhou papel importante como símbolo na Maçonaria. O Ven :.
M:. representa o Sol nascente; o 2º Vig :. , o Sol no meridiano; e o ]º
Vig :., o Sol poente. Nos Ritos Druídicos, o Arquidruida representava
o Sol e o assistiam nas cerimônias dois oficiais representando um a
Lua no Ocidente e o outro o Sol no Meridiano" .

17.4. O Cobridor do Grau 14


17.4.1. A P.·.S.·.do Perfeito e Sublime Maçom
A P:.S:.do Grau é Je:.h, já estudada em Graus anteriores. Trata-se
do nome judeu da Divindade Criadora, inscrita no Delta sob a forma do
Tetragrama IHVH (ou JHVH), um dos nomes de Deus (Ex 17:15).
Os autores admitem vários componentes para a formação dessa
palavra que os judeus consideravam por demais sagrada para ser pro-
nunciada corretamente, por isso viam algo misterioso atribuído a Deus,
e preferiam dizer Adonai; ou apenas as iniciais JHVH. Em linguagem
1 grega, o termo empregado é Kírios, como um significado de Adonai ou
Dominus (latim) para significar o Senhor.
\
248 A Lenda de Hiram nos Graus Inefáveis do R.·.E.·.A.·.A.·.

As principais referências bíblicas a esse nome são: Gn 4:26; 15:2; Ex


3:13-15; 6:2-8; 6:20; Nm 1:6, 12; 13:16; 1Rs 8:43; 1Cr6: 6, 7 e 36; Ne 1:5;
5:13; 8:1; Sl9:10; 89:8,14; Is 52:6; Jr 16:21.

1.4.2. As Pp.·.de P.·.do Perfeito e Sublime Maçom


O Grau 14 possui três Pp:.de P:.que são: (1ª) SCHI... ET; (2ª) EL-
HH. .. N; (3ª) BEA MA .. .H-BAM... AH.
1ª) Schi ... et (ou Xib ... et) é uma palavra hebraica com significados
muito variados: "espiga de trigo"; "ramos de oliveira"; "ribeiro"; e
"curso ou corrente de água". Os Rituais modernos traduzem a palavra
por "numerosos como as espigas de trigo".
Trata-se, também, da P :. de P :. do Companheiro, ligada ao epi-
sódio bíblico narrado em Jz 12:1-7, da guerra entre os efraimitas e os
gilk!aditas "Dize, pois, Schi .... et; quando se dizia Si ... et, o efraimita
era morto".
2ª) El-Hh. .. n é uma Palavra hebraica que significa "Graça Divina";
"Misericordioso"; tem o sentido de "Deus de Misericórdia". Apresenta-se
nos vários Rituais sob as formas de Elhanan, Elcham, que significa "O
Deus Sol", Eleanam, Elhanam. J. Boucher dá também o significado de
"Graça de Deus e misericórdia de Deus".
(3ª) Bea Ma ... h - Bam.... ah, expressão hebraica que significa "Deus
seja louvado; encontramos".
Essa expressão, porém, possui grafia incerta e interpretações con-
fusas, como resultado das corrupções sofridas na tradução. J. Boucher
a traduz por: "Deus seja louvado, encontramos o assassino na
caverna .I" .
A Nova Guia Maçônica traduz uma das grafias aproximada por
"Louvado seja Deus! nós o achamos!", enquanto Richardson's Monitor
of Freemasonry escreve Mahac- Makar a- bak e traduz como: "Deus
seja louvado! nós o acabamos!".

17. 4.3. As Pp. ·. Ccob. ·.do Perfeito e Sublime Maçom


Esse Grau possui três PP :. Ccob :. que são: P) ZA ... ON; 2ª)
MAK. .. IN; 3ª) ADO... I.
1ª) Za ... on (forma grega de Zeb ... on) é o décimo filho de Jacó
(Gn 30:20) e pai de três filhos que foram os chefes de suas tribos (Gn
46:14 ). De acordo com intérpretes bíblicos, significa "desejado para
habitação" e, segundo outros autores, "o Céu, a morada de Deus".
Aparece em vários Rituais diversamente como Jabulon, Jabulum,
Jahabulum, etc.
2ª) Mak ... in (ou Mac ... in) é uma palavra hebraica que significa
"dores" e é interpretada por: ''Ei-lo; está morto!". Essa palavra também
\
O Templo e a Lenda no Grau 14 - Perfeito e Sublime Maçom 249
\
1
se escreve de várias maneiras com muitas interpretações. Em alguns
Rituais se lê: Mahabin, Machabin, Mahaben, Mahabon, Mokabin (si-
lêncio, respeito), ou Moabin, sendo esta última forma utilizada como a
2ª Pal:.Cob:.do Grau 14 no Sup:.Cons:.da Jurisdição Sul do Estados
Unidos.
3ª) Ado... i, do hebraico, é traduzida por "Senhor"; é o mesmo que
Adônis; astronomicamente, é o Sol. Quando, na leitura, um hebreu depara-
va com o nome IHVH, chamado Jeovah, fazia uma pausa e substituía-o
pela palavra "Ado ... i" (Adni); porém, quando estava escrita com os pon-
tos de Alhim, o chamava Elohim.

17.4.4. Os Ss.·.e os Tt.·.do Perfeito e Sublime Maçom


Esse Grau tem três SS:.: 12 ) S:.de Jur:.; 22 ) S:.de Ord:.; e 32 ) S:.
de Adrnir: ..
1 Segundo o Cobridor do Grau, o S:.de Jur:.é também chamado
de S :. do Fogo. Já segundo Nicola Aslan e Rizzardo da Camino, é o
)
S :. de Ord :. que é também denominado de S :. do Fogo; e o S :. de
Admir :. também recebe o nome de S :. de Silêncio, no que concorda-
mos plenamente, pois o S :.do Fogo origina-se no episódio da "Sarça
Ardente", no qual Deus falou a Moisés, dando-lhe Seu Nome e as Leis
para o povo hebreu, conforme descrito em Ex 3: 1-22.
Moisés, ao se aproximar da Sarça (arbusto comum na vegetação ras-
teira, uma espécie de "Silva"), não por curiosidade, mas porque lhe
fora ordenado, preservou seu rosto do calor colocando sua mão direita
na face com a palma para fora. Esse é o S :. de Ord :. do Grau, logo o
S:.do Fogo.
O Fogo de Deus, porém, não consumia a Sarça, pois se tratava de
uma presença espiritual, apesar de emitir Luz e Calor.
O Grau 14 encerra a série dos Graus Inefáveis e busca encontrar
a "Palavra Perdida", que é o Nome de Deus.
Na Sarça Ardente, Deus esclarecera a Moisés que seu nome era
"EU SOU". Contém essa primeira expressão do verbo "Ser" um mis-
tério muito oculto, mas que será, afinal, desvendado.
A cada S :. corresponde um T :. ; assim há três Tt:.nesse Grau; no
primeiro, pronunciam-se as palavras Berith, Neder e Schelemoth, já
estudas no Grau 6.

17.4.5. A I.·. do Perfeito e Sublime Maçom


A idade é, em geral, o Grau a que pertence o maçom. Divide-se
em duas: idade da Ordem e idade simbólica; a primeira se conta desde
., a data de Iniciação de Aprendiz, e a segunda é a do seu Grau atual.
Em todos os Ritos e seus respectivos Graus, surge a oportunidade de o
Presidente perguntar aos Vigilantes sobre a sua idade.
250 A Lenda de Hiram nos Graus Inefáveis do R .·.E.·.A .·.A .·.

As idades são as mais diversas; no primeiro Grau é t:. anos, mas, na


diversidade dos 33 Graus do R:.E:.A:.A:., oscila até um número que
não é dito.
Hoje a sociedade tem várias preocupações e entre elas a da defe-
sa do meio ambiente, a ecologia e o cuidado com a velhice, ciência
gerontológica. O envelhecer já não é encarado como uma consequência do
passar do tempo. O tempo, que para o Criador não existe, é mais uma
sugestão humana e a velhice, como consequência, é o desgaste do homem
que não soube manter a Sabedoria dos antigos, quando um século significa-
va, apenas, uma fase da juventude. Envelhecer é uma ciência; saber enve-
lhecer constitui uma obrigação prudente, mas que se inicia com o nasci-
mento. Todo maçom renasce na Câmara das Reflexões, por isso tem a
obrigação de saber envelhecer maçonicamente.
A idade provecta Maçônica é simbólica; o valor será o do núme-
ro e não dos anos passados.
A idade do Perfeito e Sublime Maçom é s:.v:. s:.ou q:.e n:.anos
completos, conforme o Cobridor do Grau e uma das perguntas da ins-
trução. Porém, segundo Nicola Aslan e Rizzardo da Camino, a idade
deste Grau é "o q:.de n:.ou o:.e u:.anos".
Da Carnino chega a dizer em seu livro: "A raiz da idade do Perfei-
to e Sublime Maçom é o quadrado de três, número perfeito, portanto ".
Em nosso Ritual, na abertura dos trabalhos, o 1º- Vigilante res-
ponde que sua idade é "o:.e u:.anos, cuja raiz é o quadrado de três,
número perfeito"; e, no fechamento dos trabalhos, o 22 Vigilante res-
ponde que sua idade é "o q:.de n:. ", o:.e u:. anos, portanto.

17.4.6. O Período de Trabalho do Perfeito e Sublime Maçom


Existe um horário para o início e o término dos trabalhos; sempre
o tempo deve ser controlado, porque, sendo uma sugestão humana,
para que se concretize deve haver um começo e um fim. O início será
ao meio-dia em ponto, porque o Sol está no seu zênite e a terra toda no
hemisfério é iluminada. O trabalho não é feito na calada da noite; o
Sublime e Perfeito maçom necessita da Luz para executar sua tarefa.

17.4.7. A Abertura do L.·.da L.·. (o L.·.Sag.·. ) no Grau 14


No Grau 14, o L:.da L:. deve ser aberto e lido pelo Orador em
Ex 33: 18-23, inclusive. Esse texto da Sagrada Escritura é uma oração
que Moisés roga a Deus para que lhe mostre sua Glória.
A leitura do L:.Sag:.deve ser feita com todo respeito, pois consti-
tui um ato litúrgico da mais relevante expressão. O Oficiante deve abrir
o L:. e o tomar com ambas as mãos, fazendo de suas palmas uma "bande-
ja", um repositório místico; é mais uma postura a ser observada, pois os pés
O Templo e a Lenda no Grau 14 - Perfeito e Sublime Maçom 251

' são mantidos em "esquadria"; corpo ereto e leitura em voz alta, compassada,
para que todos acompanhem a Palavra do Senhor.
' No simbolismo, o oficiante é o Orador ou o M:.I:.mais novo, o
' Past-Master; nos Graus Inefáveis, é sempre o Orador, por ser o "por-
ta-voz" da Sabedoria, do Presidente, do rei Salomão.
Antigamente, a leitura era feita em forma de cântico, dando a
certas palavras a harmonia apropriada entremeada de pausas mais ou me-
nos longas.
Deve-se dar a essa parte atenção especial, porque marca um iní-
cio de trabalho exitoso, com aquela espiritualidade de que tanto care-
cemos.
Enquanto o Orador abre o L:.Sag:., antes de proceder à leitura,
o Tesoureiro coloca o Painel do Grau diante do Altar e o Secretário
acende o Candelabro Místico, o Menorá.
Somente após esses dois atos é que deve ser feita a leitura.

17.5. Interpretação Alegórica do Grau 14


Como vimos anteriormente, há íntima relação entre os Graus 13
e 14, com o que se podem considerar um e o mesmo Grau. Outro
exemplo disso são as lendas desses Graus conforme descritas em nos-
so Ritual, que se confundem em muitos pontos.
Isso tem causado muita confusão entre os autores maçônicos, a
ponto de Nicola Aslan, por exemplo, considerar como lenda do Grau
14 apenas o episódio da batalha dos israelitas contra os sírios (501 a.
C.; lRs 20-21), na qual a Arca da Aliança, contendo a Medalha de
Ouro gravada com o "Nome Inefável", foi perdida, ficando abando-
nada em um bosque e guardada por um "Leão", que na verdade faz
parte da lenda do Grau 13.
Tentaremos fazer um resumo da lenda do Grau 14, contada pelo
Orador aos Neófitos, após a Iniciação, acrescentando nesta os pontos
pertinentes descritos na lenda do Grau 13.
Desde a época em que Adohniram (Jabulum, segundo o Ritual),
Johabem (ou Joabert) e Stolkin acharam o "Nome Inefável" gravado
no Nono Arco do Templo de Enoque e levaram essa notícia a Salomão,
'
\
este, em recompensa, criou para eles o Grau de Cavaleiros do Real
Arco e logo a seguir o Grau de Grande Eleito ou Perfeito e Sublime
Maçom, sendo esses três e mais Salomão e Rirão, rei de Tiro, os cinco
primeiros que receberam tal distinção de Perfeição, quando lhes foi
ensinada a Palavra Inefável e seus verdadeiros significados e atributos
divinos. Essa palavra misteriosa se cobre com três palavras de passe,
três palavras cobertas, três sinais e três toques, antes de se chegar à
Verdadeira Palavra Sagrada, ou seja, o Nome Inefável. Desde essa época,
só Candidatos dignos foram admitidos nesse Grau.
252 A Lenda de Riram nos Graus Inefáveis do R.·.E.·.A.·.A.·.

Esse número de Grandes Eleitos ou Perfeitos e Sublimes Maçons


continuou assim até que se concluiu o Templo e foram feitas sua dedicação
e consagração. Como prêmio, Salomão admitiu nesse Grau 12 Grandes
Cavaleiros Eleitos dos Doze. Aos nove mais ilustres Cavaleiros Eleitos dos
Quinze, e a Zerbal, que sucedeu a Riram Abiff como Grande Mestre Ar-
quiteto, foi confiado o Grau de Cavaleiro do Real Arco, e logo a seguir o de
Perfeito e Sublime Maçom, ministrando-lhes as primeiras instruções. Esses
nove novos Perfeitos e Sublimes Maçons cobriram os nove Arcos que con-
duziam à Abóbada Sagrada do Templo de Salomão.
De certo modo aumentou até 27 o número de Grandes Eleitos, assim
distribuídos: dois Reis; três Cavaleiros do Real Arco; 12 chefes das 12
tribos; nove Grandes Mestres Eleitos e um Grande Mestre Arquiteto.
Viviam naquela época outros 3.568 antigos Mestres que haviam tra-
balhado na construção do Templo. Estes se mostraram zelosos pelo apoio
que haviam dado aos 25 Irmãos que vinham visitar, a miúdo, os aposentos
do rei Salomão, mas cuja entrada lhes era proibida.
Um dia mandaram a Salomão vários representantes, suplicando-
lhe que se lhes concedesse a mesma honra. Oyóles, o rei de maior
bondade, foi o introdutor, dizendo que os 25 Mestres mereciam a hon-
ra que desejavam, pelo amor e inviolável fidelidade aos trabalhos. "Ide
em paz; vossa hora não chegou ainda. Continuai desempenhando vos-
sos misteres como maçons e Deus permitirá que, ao seu devido tempo,
recebais o prêmio de vossas obras", disse-lhes Salomão.
Não satisfeito, um dos representantes voltou a seus companhei-
ros dizendo: "Para que queremos outro Grau? Sabemos que a pala-
vra foi mudada. Podemos trabalhar como Mestres e, receber a paga
correspondente".
Isso aborreceu Salomão, que fez sentir que, se os antigos Mestres
haviam sido elevados ao Grau de Perfeição, o foram porque merece-
ram essa regalia. Trabalharam com firmeza nas antigas ruínas e ainda
que o esforço fosse difícil e se apresentasse cheio de obstáculos, pene-
traram nas entranhas da terra, de onde extraíram um tesouro imenso
para enriquecer e aformosear o Templo de Deus.
Os representantes foram e comunicaram a decisão aos Mestres.
Muitos deles ficaram satisfeitos e reconheceram a justiça do ato; entre-
tanto, 20 partiram pela manhã para as ruínas do Templo de Enoque,
esperando encontrar méritos. Descobriram a argola de ferro, levantaram
a pedra quadrada e acharam a entrada dos arcos. Por uma escada de
cordas, desceram com tochas acesas, mas, antes de chegarem ao último
arco, houve uma grande explosão e a terra caiu ao seu redor, sepultando
todos os intrusos.
Ao tomar conhecimento de tão terrível calamidade, Salomão en-
viou Johabem, Stolkin e Adohniram para investigar o acontecido. Eles
1
O Templo e a Lenda no Grau 14 - Perfeito e Sublime Maçom 253
1

' ficaram assombrados com o aspecto estranho do lugar. Não encontraram


nada mais do que nove arcos. Não viram mais que escombros e mortos.
'
l
Examinando bem o local, porém, depararam-se com alguns pedaços de
mármores contendo dísticos em hieróglifos. Levaram-nos a Salomão e fi-

'
l
zeram um relatório do que haviam observado.
Interrogadas várias autoridades em hieróglifos, tomaram conhe-
cimento, por sua tradução e interpretação, de que esses pedaços de
l mármore formavam parte da coluna erigida por Enoque. Não era outra
senão a do Templo consagrado a Deus antes do Dilúvio. Salomão fez
'
l
juntar os pedaços da pedra e os depositou na Abóbada Sagrada de seu
Templo. Providenciou a limpeza do local e planou-o, a fim de que ali
l fosse construído o Templo projetado.
Depois da conclusão, dedicação e consagração do Templo de
l
Salomão, vários Perfeitos e Sublimes Maçons dispersaram-se pelo
' mundo. Os maçons de Graus inferiores multiplicaram-se rapidamente,
em virtude da menor seleção entre os que se candidatavam a conhecer
'
l
a Arte Real. A falta de circunspecção desses Irmãos chegou a ponto
de vários profanos conhecerem os Ss :. e Ppal :. , que só dos Maçons
deveriam ser conhecidos. A Maçonaria começou a degenerar; multipli-
caram-se as recepções; nenhum interstício foi observado entre os Graus;
pessoas houve que receberam os três Graus Simbólicos de uma só vez.
Os prazeres e as diversões tomaram o lugar da instrução; apareceram
inovações; uma nova doutrina destruiu a antiga, que jamais deveria
ser abandonada. Houve desavenças e dissensões. Só os Perfeitos e
Sublimes Maçons escaparam a esse contágio, guardas fiéis que eram
da Palavra Sagrada que fora guardada sob a Abóbada Sagrada, debai-
xo do Sanctus Sanctorum. Começou a reinar, entre eles, essa união
fraternal, união jurada e de que é o selo aquelas Palavras. Quando
Salomão investiu os primeiros maçons desse Grau, fê-los prometer-
lhe solenemente que, entre eles, reinariam sempre a paz, a união e a
concórdia; que praticariam obras de Caridade e de Beneficência; que
tomariam para base de suas ações a Sabedoria, a Justiça e a Equidade;
que guardariam o maior silêncio sobre seus mistérios e que só os reve-
lariam a Irmãos que, pelo zelo, fervor e constância, fossem dignos de
conhecê-los; que se auxiliariam, mutuamente, em suas necessidades,
punindo, severamente, qualquer traição, perfídia e injustiça. Deu, en-
tão, um anel de ouro, como prova de aliança que acabaram de contrair
com a virtude e para com os virtuosos.
Quando Jerusalém foi tomada e destruída por Nabuzardan, general
de Nabucodonosor, rei da Babilônia (597 a.C. a 527 a.C.; 2Rs 24, 25), os
Grandes Eleitos foram os últimos defensores do Templo. Penetraram na
Abóbada Sagrada e destruíram a Palavra Misteriosa, que nela se conser-
254 A Lenda de Hiram nos Graus Inefáveis do R.·.E.·.A.·.A.·.

vara por 470 anos, seis meses e dez dias, desde a edificação do Templo. A
Pedra Cúbica foi quebrada; derrubado o Pedestal; tudo foi enterrado em
um buraco com 27 pés de profundidade, por eles cavado. Retiraram-se,
depois, decididos a só confiar à memória o Grande Nome e a só transmiti-
lo à posteridade por meio da tradição. Daí, vem o costume de o soletrar,
letra por letra, sem pronunciar uma única sílaba. Por essa circunstância,
perdeu-se o hábito de escrevê-lo e de pronunciá-lo. Há incerteza das letras
que o compõem. A verdadeira pronúncia só foi conhecida dos Perfeitos e
Sublimes Maçons.
A lenda desse Grau, pela clareza de descrição, dispensa comen-
tários e interpretações. Relaciona-se à Inefável Palavra a que já nos
referimos.
O significado oculto de nossos Graus não está definitivamente
interpretado. Podemos fazer isso por nós mesmos. Os segredos ficam
escondidos de todos, menos às pessoas perceptíveis, e são revelados
somente por meio de estudos mais complexos e profundos. Por exem-
plo, na antiga mitologia, o Esquadro era o símbolo do material e dos
princípios; um cubo, o do homem materialista. Um Triângulo, o da
Divindade e, por associação, de todas as coisas divinas e espirituais. 1
Então, um Triângulo dentro de um Esquadro, ou sobre a face de um
Cubo, que parecem similares, simboliza o Divino dentro do Material. \
A história desse Grau marca o acabamento e a destruição do pri- l
meiro Templo de Jerusalém. Quando ficou pronto, o Grande Rei quis
recompensar todos os que tinham trabalhado em sua edificação, antes
que deixassem Jerusalém para se espalhar pelo mundo. Os Aprendizes
foram elevados ao Grau de Companheiro; estes, ao de Mestre. Os Mes-
tres e todos os que possuíam Graus indo do 4º ao 9º, inclusive, foram
admitidos ao 12º Grau, prometendo jamais sair do caminho do bem e
dó justo.
Em fim, os maçons investidos dos Graus 10, 11, 12 e 13 foram
iniciados no 14, o de Grande Eleito ou Perfeito e Sublime Maçom.
Prometeram solenemente viver em paz, ser caridosos, não se deixa-
rem guiar senão pelo espírito de equidade e fazer a todos a boa justiça,
ao mesmo tempo em que se obrigavam a manter absoluto silêncio
sobre os mistérios de seu Grau. Os construtores, assim, adquiriram
honra imortal e sua ordem tornou-se estabelecida e regulamentada.
Novos associados eram admitidos apenas por mérito. Mas, infelizmente,
o rei Salomão, em sua idade avançada, ficou surdo à voz do Senhor e
conduziu-se irregularmente a ponto de profanar as três finalidades do
Templo, oferecendo a Moloch o incenso que deveria ser consagrado
somente ao Deus vivo (lRs 11: 6-13). O povo, seguindo os vícios e futilida- \
des de seu rei, tomou-se orgulhoso e idólatra. 1
Muito penalizados com esse resultado, os Grandes Eleitos ficaram
com medo de que essa apostasia terminasse em terríveis consequências. )
I
)
)
O Templo e a Lenda no Grau 14 - Perfeito e Sublime Maçom 255

'
l
Como castigo por essa deserção, Deus permitiu que Nabucodonosor, rei da
Babilônia, se vingasse do rei de Israel. Um exército entrou em Judá com
l fogo e espada, saqueou a cidade de Jerusalém, destruiu o Templo e levou o
povo cativo para a Babilônia (2Rs 24,25). Anos mais tarde, a tentativa de
'l libertar a Terra Santa da opressão resultou na ajuda de virtuosos maçons
que demonstraram bravura e vigor em um empreendimento tão piedoso.
Isso inspirou outros homens, os importantes e bons, os virtuosos e religio-
' sos, a procurar a Iniciação nos Mistérios.
'
l 17.6. Interpretação Filosófica do Grau 14
l Diz a Enciclopédia Maçônica, conforme a menciona Nicola Aslan,
que esse Grau pertence à 4ª categoria, a dos Graus Israelitas e Bíbli-
'
)
cos, tendo sido classificado como Deísta Judaico. Sua interpretação é
"supernaturalismo antimaçônico" e é consagrado ao G:.A:.D:.U:.,
J sob o símbolo sagrado do Delta; tem por base "a ideia de reconstrução".
De início, tal qual no anterior, não concordamos com a classifica-
I ção desse Grau como Deísta. É Teísta tal qual todo o R:.E:.A:.A: ..
l Ao espírito do homem deu-se a liberdade e sua primeira investi-
gação e pesquisa deve ser Deus, cujo nome encontra-se sobre a Pedra
'l Cúbica. O R:.E:.A:.A:. não se atém às rudimentares concepções de
um Ente Supremo, Criador Providencial e Justiceiro, composto de quali-
dades humanas aperfeiçoadas. A ideia de Deus está em nossas iniciações,
' como no homem, desde que ele entendeu de compreendê-la. O Perfei-

l
' to e Sublime Maçom deve possuir o "Saber" que se estende ao conhe-
cimento que o homem possa ter sobre a natureza e os atributos de
Deus, das Leis, da Harmonia que governa o Universo e sobre a imor-
l talidade da alma.
Toda a Filosofia do Grau está contida no Ritual de Iniciação. O
padrão dos antigos mistérios exigia recepção em três etapas: purifica-
I
ção, iniciação e iluminação, isto é, Perfeição.
J O batismo não é exclusivo do Cristianismo. Pelo contrário, como
l símbolo de purificação, era um Rito de Iniciação religiosa há milhares de
anos antes de Cristo. Os votos de um Grande Eleito são assumidos após o
batismo e purificação simbólicos. Vem então a participação do Pão, a
J antiga promessa hebraica de irmandade, a participação do Vinho, símbo-
lo da sabedoria e do Conhecimento. Isso é também para lembrar que a
)
hospitalidade é uma verdadeira virtude maçônica e que cada um de nós
I deve a seu Irmão a bondade, a cortesia e a pronta e alegre ajuda e alívio.
Depois, então, tem a investidura com o anel do 14 Grau, e com o Avental, o
l
Colar e a Joia. Então a Palavra Sagrada é explicada, comunicada e de-
l monstrada.
) A partir daí, os trabalhos do Grau passam a ter por objetivo ana-
lisar o direito inalienável da liberdade de consciência, propagando-a
l
J
J
256 A Lenda de Hiram nos Graus Inefáveis do R .·.E.·.A.·.A.·.

em todos os seus aspectos, e dedicando-se ao estudo dos fenômenos da


Criação e das sete Ciências ou Artes Liberais.
O homem deve ser educado para se tornar digno de sua missão
na terra e para que saiba fundar um bom governo que lhe assegure direitos
e obrigações e obrigue a cada um a cumprir com os seus deveres. Procla-
ma-se ainda a liberdade dos cultos.

17.7. Insígnias e Emblemas do Grau 14

Avental do Perfeito e
Sublime Maçom
Colar com a Joia do Grau

~.

Joia do Perfeito e Sublime Maçom


O Templo e a Lenda no Grau 14 - Perfeito e Sublime Maçom 257

Simbolismos
1. Avental do Perfeito e Sublime Maçom: É de pelica branca, orlado de
seda azul, com guirlandas na cor violeta ao longo da orla. No centro, a Joia
\
bordada, e na abeta, bordada ou aplicada, uma pedra cúbica achatada, à
\ qual está preso um anel de prata; o forro atrás do Avental é na cor carme-
) sim.
2. Colar do Perfeito e Sublime Maçom: Usado no pescoço, a tiracolo,
)
da direita para a esquerda. É de veludo na cor carmesim, tendo bordados,
) do lado esquerdo, um ramo de acácia na cor verde e, do lado direito, uma
estrela prateada de cinco pontas, na cor prata.
)
3. Joia do Perfeito e Sublime Maçom: É um compasso aberto a 45°,
) com uma coroa na parte superior e cujas pontas são postas sobre um
quarto de círculo graduado; dentro do compasso, um Sol radiante em
'
)
formato de estrela de cinco pontas. No avesso do Sol, uma estrela de
cinco pontas, no meio da qual está um Delta; no segmento de círculo,
de distância a distância os números 3, 5, 7 e 9; a Joia fica suspensa na
extremidade do colar.

Painel Alegórico do Grau 14

\
l
l

Os Guardiães da Inefável Palavra

'
258 A Lenda de Riram nos Graus Inefáveis do R.·.E.·.A.·.A .·.

Painel Simbólico do Grau 14

Tem o formato de escudo, branco com bordos vermelhos nos quais se


inscreve, em toda a sua extensão, uma linha branca em ziguezague; em sua
volta interna, ao redor, os bordos são dourados. Em sua parte inferior fica o
piso, abrangendo toda a extensão do Painel, tendo em seu centro um qua-
drado onde se acha presa uma argola entrelaçada de ferro. À sua frente,
um caixote para ser usado com massa de pedreiro, por sobre o qual se vê
uma trolha (colher de pedreiro). Na parte esquerda do Painel, ainda sobre o
eiso, um candelabro de três braços e três pés, contendo três luzes acesas.
A direita, uma pira, onde se vê fogo simbólico ardente. Na parte superior,
três estrelas douradas de cinco pontas cada uma. Por baixo da estrela do
centro, no interior do painel, uma coroa real.
)

'
'
'
\
)

18. Comentários Finais


O maçom vai adquirindo, com a sucessão dos Graus, novos nomes
'
l
que traduzem seu desenvolvimento dentro dos vários campos que lhe são
colocados à disposição. Maçom Perfeito; Maçom Sublime; encerrando os
)
Graus Inefáveis.
) A Sublimação Maçônica, contudo, não significa o limite de evo-
lução; também a iniciação no Grau 14 não é o ponto final de uma
l transformação de personalidade. Se todos os iniciados resultassem
) Maçons Perfeitos e Sublimes, a Maçonaria evoluiria como desejam os
)
idealistas; como deveria ser, após tantos anos, de persistente luta de
parte dos dirigentes.
'
\
A definição sempre referida de que a Maçonaria é uma Institui-
ção Perfeita formada de homens imperfeitos cada vez mais se afirma.
A valorização do maçom, quando "em Loja", de conscientemen-
te "sentir-se" Perfeito e Sublime basta; são momentos de afirmações
em que entra apenas o espírito altruístico e a opinião dos outros não
influencia.
A Perfeição e a Sublimação constituem um "estado de consciên-
) cia". Busque o maçom "sentir-se" realizado e útil, aperfeiçoado e su-
)
blimado, terá alcançado "sua meta".
Chegamos agora ao ponto de reflexão, de consideração e de aná-
'
l
lise. Cada pessoa deve descobrir por si mesma os segredos contidos
em nossos símbolos e no que já foi dito e executado neste trabalho.
Caminhamos rumo ao inatingível, porém, mais perto de
aproximarmo-nos da perfeita verdade. Deus deu a cada um de nós tare-
fas para executar, e deveres para cumprir no progresso do grande plano
)
de esclarecimentos e de crescimento. Nesse plano, existem tristezas e
provações que são destinadas a purificar e fortalecer nossas almas.
Não pode ser verdade que essas coisas nos sejam impostas por
-
' meios sadísticos ou cruéis. Finalidades boas, de acordo com o guia de
misericórdia divina e sábia, devem ser o resultado.
-259-
260 A Lenda de Hiram nos Graus Inefáveis do R:.E.·.A.·.A:.

Nosso futuro bem-estar depende de como procedermos nesta vida.


Então, devemos viver de tal modo que a morte não representará nenhum
terror para nós. Pelo contrário, haverá um alívio de nossas provações ter-
restres para as regiões espirituais, lá em cima.
\

'
'
)

Anexos
) Sabatina - Primeira Fase
)

) Os Sete Pp.·.Pp.·.

PP:. PP:. 2 4 6 7

GRAU BAT:. MARC:. S:.O:. !:. P:.P:. P:. S:. L:.L:.

d s:.m:.u :. PP:.do br:.di:. t:. v:. v:. Zi ... ! ... I - r:.8:1-6


ou M:.M:. est:. fr :. s:. ou Ad ...
S... O:. eU :. !v...

e q:. 3' br:.di :. u:.e s:. Ac ... Je ... 1 - r:.5:13-18


4' 2' est :. fr :.
I'

o:.m:.u:. n:.t:. br :.di:. d:.v:.c:. Zer ... !v... I - r:.


1:. v:. est:.fr:. ou d:. Resp:. 9:10- 14
Jo ...
g q:.m:.u:. n :. t :. in:.e m:. v:.es:. Ti ... Jak ... deut:.
ou c:. 1:.es:. do 16:18-20
n:.

h aeiou ou c:.pp:.ii:. br :. di:. t:.v:.n:. Jak... Ju ... 2- cr:. l:1-4


c:.pp:. est:.fr:. ou v:.s:.

) Questionário
1 d- 01. Sois M:.S:.?- Passei do E:.ao C:., vi o túm:.de H:. ,
onde em companhia de mm:.Ilr:. derramei llagr: .. 02. Onde fostes
)
recebido?- debaixo do Lou:. e da Ol: .. 03. Que lições recebestes?
- as da discr :. e da fidelidade. 04. Como se denomina a L:. de
M:.S:.?- S:.S: . . 05. Quais os seus Símbolos?- a Are:. da Al:., o
Cand :. de 7 luzes, a Mes :. Tri :. , o Alt :. dos PPerf:., a Mes :. dos
PP:.PProp:., o Alt.·. dos JJur.·. e o dos SSacr.·.. 06. Nas inscrições,
que significa a letra A?- A.·., A.·., e A.·.J.·.. 07. Que significam os
quatro pontos ccard:.?- a Univer.·.. O número 3000?- a data do
-261-
\

\
262 A Lenda de Riram nos Graus Inefáveis do R.·.E.·.A.·.A.·.

Dil. ·.. 08. Qual o símbolo da Arca? - é o Ov. ·. Cósmico ou Matr. ·.


Uni v.·.. 09. E o Símb :. da Acácia? - é a incorruptib. ·.. 10. E o dos
Querubins? - é a proximidade com o Princ. ·. Criador. 11. E o do
Candel:. de sete luzes? -é a Harmonia Setenária. 12. E o do Alt:.
dos JJur :. ? - centro de onde emana a Luz e a Vida e onde juramos
imolar a Vida ao cumprimento do Dever. 13. No Painel do M:.S:.
temos: forma de escudo de moldura azul, sete gotas vermelhas, Cha-
ve de Marfim, dois ramos entrelaçados pelo caule (Lour. ·. e Oli v.·.),
com laço de fita azul e a letra Z. E no centro um círculo marrom e
dentro dele um Triang .·.; e dentro deste uma estrela flamejante (de
bordo azul e centro amarelo), e dentro da estrela a letra Iod. 14. Sim-
bolismo da cor: azul (é essência espiritual); negra (é materialidade,
trevas, ignorância); branca (pureza de intenções). 15. Outros Simbo-
lismos: letra Z (é a Razão); da Abeta (é a Tríada Espiritual que vai
dominando a Matéria); do Olho (é a Consciência Universal); do Lou-
reiro (é o triunfo do Espírito sobre a Matéria); da Oliveira (é o Emble-
ma da Paz); da Venda (é a cegueira da Ignorância); da Corda (é a
escravidão dos Vícios, das Paixões e das Ambições); da Tocha (é a
insuficiência da Luz material para espargir as trevas da Ignorância);
16. Realces "A Maçonaria foi criada para preparar a libertação do
espírito humano, dentro da precisa disciplina". "A Maçonaria pro-
cura homens experimentados, espíritos amadurecidos e resolutos, a
\ fim de dar à humanidade condutores hábeis pelo estudo, e resolutos,
implacáveis no cumprimento do Dever". "Hiram, morto, é o espírito
humano escravizado. A Maçonaria é tarefa de libertação". "Aos espí-
ritos apressados escapa tudo o que é grandioso. Não veem que a Hu-
manidade tem suas Leis Naturais ... e possui a inteligência comum re-
sultante das inteligências individuais... e que os governantes são na-
turais produtos das virtudes ou dos erros e vícios de cada época ". "...
religiões são etapas do caminho que conduz à Noção de Deus". "Go-
verno e Religião, eis os dois fenômenos inerentes ao progresso da
Humanidade, o primeiro voltado para as necessidades do Homem-
Matéria e o segundo para as necessidades do Homem-Espírito". "Go-
verno e Religião existem para corresponder ao estado social de uma
época; são frutos da força permanente da inteligência". "A Maçona-
ria não se identifica nem se opõe, nem a Governos, nem a Religiões,
nem a Filosofias, e sim tem como base dos seus ensinamentos: a Liber-
dade de Pensamento, a Indagação da Verdade e a Busca constante e
pacifica de uma Vida Melhor". 17. Em que lugar deve ser aberto e
lido o L:. da L:. no Grau 4 e quem o faz?- O L.·. da L.·. deve ser
aberto e lido pelo Orador, em 1Rs 8:1-6, inclusive. 18. Por que o L:.
da L:. deve ser aberto e lido neste lugar? - Porque esse texto abor-
da a celebração da festa de dedicação do Templo de Salomão em
Jerusalém.
Anexos 263

e- 01. Sois M:.P:.?- Eu vi os círculos e o esquadro postos nas


Colunas. 02. Que representam essas Colunas? As Colunas "B" e
"]" pelas quais passei para obter o Grau de M. ·. P. ·.. 03. Qual o sen-
tido dessas Colunas e Letras? - Um sentido Justo e Reto, e também
de Beleza, para lembrar os atributos do SER a quem fora dedicado o
Templo. 04. Que significa a Pedra Quadrada no meio do círculo? -
Que nosso edifício deve estar composto de pedras perfeitas, nossa
conduta ter base firme e indestrutível. 05. Que representam os Cír-
culos no Avental? - A Divindade sem princípio nem fim.
) 06. Em que lugar deve ser aberto e lido o L:. da L:. no Grau 5 e
)
quem o faz?- O L.·. da L.·. deve ser aberto e lido pelo orador, em /Rs
5:13-18, inclusive. 18. Por que o L:. da L:. deve ser aberto e lido
) neste lugar? - Para comemorar os preparativos do rei Salomão em
"'1 todo o Israel, levando seus Mestres ao Líbano para os trabalhos com
os edificadores de H.·. Abi. ·..
'
)
f- 01. Sois S:. 1:.?- Fui recebido com curiosidade. 02. Onde?
- Na Sala de Audiências de Salomão. 03. Correstes algum risco? -
Sim, o de perder a vida. 04. De que país viestes? - De Cabul. 05. Que
' significa o nome Cabul? - Terra Árida, Arenosa, Ruim. 06. Quantas
províncias deu Salomão ao rei de Tiro em recompensa pela ajuda?
) - Vinte províncias. 07. O que vemos no painel deste Grau? -Na
parte superior, três Triângulos sobrepostos, formando uma Estrela de

' nove pontas, de cor verde. Na parte inferior duas Espadas cruzadas,
de punhos e lâminas diferentes, por sobre um rolo de pergaminho bran-
co. 08. Por que o texto do L:. da L:. deste Grau? - É uma referên-
cia à Aliança que fez Salomão com Rirão, rei de Tiro, cabendo a Rirão
a Terra de Cabul, de onde viera Johabem.
g - 01. Sois Preb :. ou J :. ? - Distribui J. ·. imparcial a todos os
OObr.·., sem exceção. 02. Como fostes introduzido nesta L:.?- Por
q.·. m.·. u.·.. 03. Que significam?- q.·. são os cantos do T.·., eu.·., o
Centro ou Unidade de Deus a quem foi dedicado e a quem devemos
render ador. ·. e trib. ·. homenagem. 04. Para que serve a Chave que
recebestes? - Para abrir uma pequena Caixa de ébano onde estão
todos os Planos necessários para a construção do Templo. 05. Que
significação têm? - Que só os PPreb .·. e JJuiz .·. sabem onde está
depositado o coração de H.·. A.·. 06. Qual a intenção de Salomão ao
criar este Grau? Estabelecer a Ordem entre certo número de traba-
lhadores. Elegeu a Adohniram, chefe dos Juízes; a Tito, príncipe
Harodim; a Johabem, guarda da chave da Caixa de ébano. 07. O que
vemos no painel deste Grau? - Na parte superior, uma Balança com
dois pratos, suspensos cada um por três correntes; na parte inferior,
uma chave dourada. 08. Por que o texto do L:. da L:. deste Grau?
- Porque nesse texto estão especificados os deveres dos Juízes, segun-
do a Lei de Moisés.
264 A Lenda de Hiram nos Graus Inefáveis do R .·.E.·.A.·.A.·.

h- 01. Sois Intend:. dos EEdif.·. ou Mestre em Israel? -Dei


os c.·. PP. ·. de Exatidão, penetrei no interior do Templo, vi os ccaract. ·.
hhebr. ·. e os três misteriosos JJJ, sem saber seu significado. 02. Por
que fostes elevado a este Grau? - Para dissipar a obscuridade em
que estava submerso, alcançar algumas luzes que regozijassem meu
coração e iluminassem meu entend. ·.. 03. Qual o vosso dever? -
Manter meus /Ir.·. firmes na prática da virtude, dando-lhes bons exem-
plos e corrigindo-lhes seus trabalhos. 04. Que aprendestes nos três
Graus Simbólicos? - A virtude moral, a virtude política e a virtude
heroica, respectivamente. 05. Por que destes passos para a frente na
direção dos outros Graus? - Para compreender que o progresso na
Maçonaria é lento e gradual, e que é preciso refrear o orgulho para se
chegar à Perfeição. 06. Por que puseram o Mar de Bronze no Tem-
plo? -Além do Cerimon. ·. Iniciat. ·., o Mar de Bronze dá-nos a conhe-
cer que o Templo é Sagrado e nele não se deve entrar, se não estiver
purificado. 07. Que significa o Cand:. de Sete Luzes? -A presença
do Esp. ·. Sant. ·. nos corações daqueles que observam fielmente suas
leis. 08. Por que descalço na Iniciação? - Porque Moisés assim esta-
va quando falou com o Senhor. 09. Que representa a Bat:. no 8
Grau? - Os c.·. golpes da felicidade: Trabalhar, Interceder, Rogar,
Amar os /Ir.·., Assisti-los. 10. Por que vos obrigastes a representar o
cadáver de um homem em vossa Iniciação? - Para demonstrar que
os maçons morrem para o mundo dos vícios. 11. O que vemos no
painel do Grau 8? - Um Cand .·. de Sete Luzes; uma balança com
pratos suspensos por corrente; na parte superior da balança, ao cen-
tro, uma estrela azul de nove pontas. No centro do painel, entre os
pratos da balança, um Triângulo Equilátero tendo no centro as letras
BAI. 12. Por que o texto do L:. da L:. neste Grau?- Porque aborda
a celebração dos sacrifícios oferecidos ao Senhor por Salomão dian-
te da Arca de Deus que Davi fez subir de Quiriate-Jearim à tenda de
Jerusalém. . '
'
\
Anexos 265
I

)
Sabatina - Segunda Fase
'
' Os Sete Pp.·.Pp.·.
'
PP:.PP:. 2 4 5 6 7

j GRAU BAT:. MARC:. S:.O:. l :. P:.P:. P:.S:. L:.L:.

i n:.pp:.p:. Os pp:. Lev:. o:.m:. u:. Beg:.C:. Ne ... n I -r:.

~ d:.v:.q:.
m:.u:.
do
A:.C:.eM:.
pun:. a
alt:.do o:.
completo ou
Beg:.K:.
Resp:.
Ne ... h
8:22-26
I
"\ j c:. pp :. esp :. c:.v:.t:.t:. Lev:. c:.v:.t:. E. .. am Zerb ... I - cr :.

~
ou aeiou !; pun :.alt:. ou ou Resp:. 22:7-10
dom:. q :.a:. E... gam Ben-Jah
k d :. pp :. seg :. n :. t :. bbr :.ccr :. n:.v:.t:. Stol. .. Adon:. I -r:.
mm:.tf:. ou Resp:. 6:11-14
---\ pp :.llev :. V:.eS:. Am:.lah:.

d:.pp:.p:. t:.pp:.esq:. pol :.dir :. c:.v:.q:.t:. Rab:.Ban:. Adon :. I -r:.


12331 u:.l:.e p :. m :.esq:. ouq:.ec:. 9:1-15
-(,_____,__________ +-_d_:._rra_p_:·---+--------~--------+-------~----_,_______,
c:.pp:.p:. n :. t :. m:.esq:. s:.v:.q:.t:. HamLak Je ...h Ex:.6:27
-\ m
d:.e t:. s:.o:.dir :. ou ses:.e t:. Rep:.Ja ... l.m
I
\

Questionário
i - 01. Sois Cavai:. Eleito dos Nove? - Fui recebido em uma
cav. ·. iluminada por uma lâmpada, onde uma fonte de água crist. ·.
aplacou a m.·. sede. 02. Que representa Abi-Ramah?- A ignor.·., a
Liberd. ·. cerceada, a corrup. ·. e o crime. 03. Onde foram recebidos
os C Cavai:. EEleit :. ? , e quantos Ilntend :. foram EEleit :.
CCaval:.? e de quantos foram selecionados? -Na Sala de Audiên-
cias do rei Salomão. Nove foram Eleitos, de Noventa CCaval. ·., resul-
tando o número oitenta e um (que aparece nos oitenta e um nós da
corda que circunda o Templo das LLoj. ·. SSimb. ·. ). 04. Que significa
o braço com o punhal? - Que a vingança está sempre pronta a casti-
gar os culpados. 05. Em que lugar deve ser aberto e lido o L:. da
I L:. no Grau 9, quem o faz e por quê? - O L.·. da L.·. deve ser aberto
l e lido pelo Orador, em JRs 8:22-26, inclusive. É uma referência à
ORAÇAO de Salomão a l)EUS, em frente de toda a congregação de
Israel, após a construção e dedicação do Templo. 06. O que vemos
no Painel do Grau 9? - Formato de escudo; bordos azul-escuros;
nove Manchas de Sangue (irregulares); saindo de seu lado esq.·. um
braço vestido e a mão segurando um punhal com a ponta voltada

'
'
266 A Lenda de Hiram nos Graus Inefáveis do R.·.E.·.A.·.A.·.

para baixo. 07. Realces: "A Maç .·. age sobre a conduta real do
homem, impondo-lhe a fiscalização de si mesmo - Sê bravo, para
COMBATER a própria fraqueza. Sê bravo, para DEFENDER a ver-
dade". "A Maç. ·. estimula o pensamento e o talento; assim, conta em
seu seio de homens de valor que nela estão, sempre, em evidência.
Ora, isso pode despertar ambição. Portanto, cada homem-maçom deve
examinar-se e ver se sua ambição é lícita, honesta, útil; pois a esta, e
somente a esta, nossa Sublime Ordem dá acolhida, apoio e proteção".
j - 01. Sois Cavl:. Eleit:. dos Quinze? -Meu zelo e minhas
obras me proporcionam essa honra. 02. Como foram descobertos os
Malvados? - Por intermédio de um Pastor, que nos mostrou o escon-
derijo onde estavam. 03. Quem os viu primeiro? - Zerbal e Johabem,
depois de cinco dias de pesquisas inúteis. 04. O que foi feito dos
assassinos? - Cabeças cortadas, corpos expostos sobre as muralhas
de Jerusalém, devorados pelos corvos e feras. 05. Que significam os
Sinais e Toques nesse Grau? - Que estamos sempre prontos a nos
impor o castigo merecido, desde que nos tornemos perjuros, revelan-
do os segredos a nós confiados. 06. Em que lugar deve ser aberto e
lido o L:. da L:. no Grau 10, quem o faz e por quê? -Pelo Ora-
dor, em JCr 22:7-10, inclusive. Para lembrar as instruções de Davi
a Salomão com o propósito de edificar uma casa em nome de Deus,
que assim daria paz e descanso a Israel em seus dias. 07. Realce: "O
maçom deve ter sempre em mente que o mau proceder não esconde a
impunidade, porque o Supremo Juiz, que chamamos Consciência, cedo
ou tarde o castigará".
k- 01. Sois Subi:. Cavai:. Eleito dos Doze? -Meu nome os
convencerá. 02. Qual o vosso nome? - Ameth. 03. Que significa o
Sinal deste Grau? - Que minha fé é imutável e que minha esperança
é Deus. 04. Por que se abre esta Loja à meia-noite? - Porque de dia
os CCaval. ·. estão trabalhando em Obras de Caridade. OS. Qual a
Moral deste Grau? - "Um Ir.·. digno cedo ou tarde recebe sua justa
recompensa". 06. Em que lugar deve ser aberto e lido o L:. da L:.
neste Grau, quem o faz e por quê? - Pelo Orador, em 1Rs 6:11-14,
inclusive. Porque ali veio a palavra do Senhor a Salomão, onde con-
firmou Davi, ter transmitido a palavra de Deus para seu filho
Salomão edificar o Templo, o qual o edificou e o acabou. 07.
Realce: "Devemos esperar dos CCaval.·. EEleit. ·. dos Doze instru-
ção, virtude, civismo, e bom exercício da função".
I - 01. Qual a primeira de todas as Artes? - A Arquitetura, cuja
chave é a Geometria, base de todas as Ciências. 02. Que Ciências
deve conhecer um Mestre Arquiteto? - Várias, em conexão umas
com as outras, tais como: Aritmética, Geometria, Trigonometria, Ótica,
Anexos 267
_......,
I

Catóptrica, Dióptrica, Desenho, Perspectiva, Mecânica, Estática, Hi-


dráulica, Geografia, Cronologia, Pedreiro, Carpintaria, Medidas,
Física, Música e Arquitetura, com noções das demais. 03. Por que a
Aritmética? - Porque a Aritmética é um atributo de um bom maçom, e
ensina-lhe a multiplicar sua benevolência e sabedoria em favor de
todos os seus Ilr. ·., e a considerar toda a recompensa como cifra arit-
mética. Pesa assim suas boas ações. 04. Por que a Geometria? -
Porque é um atributo do bom maçom, e ensina-lhe que sempre deve
medir suas ações com a linha da Justiça. Circunscrever seus desejos
com os limites da razão e estar satisfeito com o que possuir, sem cobi-
'
1
çar o alheio, para Glória do Grande Arquiteto do Universo, dando
exemplo a seus !Ir.·.. 05. Por que a Óptica, a Catóptrica e a Dióptrica?
1 - Porque tratam da refração dos raios de luz e dos fenômenos da
vista, em geral, sejam naturais ou artificiais, sendo atributos do maçom
'
1
porque o homem deve sempre ver suas faltas bem aumentadas, e ao
mirar a dos Ilr. ·. deve usar lentes que as diminuam e ao julgá-las
imperceptíveis. 06. Por que a Música? - Porque é um atributo do bom
' Maçom, ensinando-lhe que, assim como a harmonia de sons distintos
' eleva os sentimentos generosos da alma, deve reinar a concórdia en-
tre nossos !Ir.·., de modo tal que, com a doce união da amizade, desa-
'
1
pareçam as paixões turbulentas e exista harmonia em toda a ordem.
07. Quais são as Ordens de Arquitetura? - Cinco: Toscana, Dórica,
I Jônica, Coríntia e Compósita. 08. Em que lugar deve ser aberto e
lido o L:. da L:. neste Grau, quem o faz e por quê? - Pelo Orador,
em IRs 9:1-5, inclusive. Para celebrar a edificação acabada da casa
do Senhor feita por Salomão e o Senhor confirmar o Trono prometido
para sempre a Davi do Reino de Israel para Salomão seu filho. 09.
Realce: "Os Grandes Mestres Arquitetos devem estar adornados de
boas virtudes e Sabedoria, que formam a base de toda a perfeição".
m - 01. Onde estais? - No centro do lugar mais sagrado da
terra. 02. Como conseguistes entrar? Explicai-me esse mistério? -
Com a ajuda da Divina Providência. Encontrava-me nas antigas ruí-
nas de Enoque. Penetrei nos nove arcos subterrâneos que eli havia e,
por fim, encontrei a palavra que havia sido prometida aos patriarcas.
' 03. Que significa essa palavra? - Um nome grande e misterioso. que
Enoque gravou sobre uma lâmina de ouro, muito luminosa. 04. Quem
'
\
sois? - Eu sou o que serei. 05. Qual o vosso caráter? - O de um
Cavaleiro do Real Arco. 06. Que significa nossa P :. de P :. ? - Chefe
' da Humanidade Unida. 07. Tendes outro desejo? - Receber o Subli-
me Grau Maçônico da Perfeição. 08. Em que lugar deve ser aberto e
lido o L:. da L:. neste Grau, quem o faz e por quê? - Pelo Orador,
em Ex 6:2-7, inclusive. Para celebrar o Pacto que Deus fez com Abraão,
268 A Lenda de Hiram nos Graus Inefáveis do R.·.E.·.A.·.A.·.

/saque e Jacó, doando as terras de Canaã e livrando-os da escravi-


dão que o povo egípcio vem praticando com os filhos de Israel, tendo
'
\
falado Deus a Moisés. 09. Realce: "Consiste a Moral do Cavai.·. do Real
Arco em inteirar-se de que, por maiores que sejam os contratempos e as
dificuldades, não devem jamais deter qualquer Ir.·., nem mesmo
afastá-lo do caminho da Perfeição".
I
)

'

Bibliografia
I
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-269-
270 A Lenda de Hiram nos Graus Inefáveis do R.·.E.·.A.·.A.·.

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