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A LENDA
DE HI
'-' NOS GRAUS INEFÁVEIS DO
R:. E:.A:.A :.
O Templo de Salomão .
/
Indice
Apresentação do Autor .. ... ... ... .... ..... .... .... .. .... .. ... ... ...... ... ... ...... ... .... ....... 1 3
1. Introdução ....................... .... ............................................. ....... ... ........ 15
2. Lugares Sagrados de Adoração Religiosa ........ ...... ............ .................. 18
3. A Maçonaria e sua Influência Egípcia e Hebraica ............................... 24
4. O Templo de Salomão ......................................................................... 47
5. A Lenda de Riram Abi:ff no Grau 3 .. .... ................................ .... ........... 68
6. Síntese dos Graus Inefáveis ................................ .................. .............. 92
7. O Templo e a Lenda no Grau 4 - Mestre Secreto .................... ........... 97
8. O Templo e a Lenda no Grau 5- Mestre Perfeito ............................. 116
9. O Templo e a Lenda no Grau 6- Secretário Íntimo .. ......................... 126
10. O Templo e a Lenda no Grau 7 - Preboste e Juiz
ou Mestre Irlandês .... ..................................... ... ... ...... ...... ................ 135
11. O Templo e a Lenda no Grau 8- Intendente dos Edifícios .... ............. 145
12. O Templo e a Lenda no Grau 9 -Cavaleiro Eleito dos Nove ............. 159
13. O Templo e a Lenda no Grau 10- Cavaleiro Eleito dos Quinze ........... 181
14. O Templo e a Lenda no Grau 11- Cavaleiro Eleito dos Doze .... ........ 192
15. O Templo e a Lenda no Grau 12- Grão-Mestre Arquiteto .. ...... ........ 203
16. O Templo e a Lenda no Grau 13- Cavaleiro do Real Arco ............... 218
17. O Templo e a Lenda no Grau 14 - Perfeito e Sublime Maçom .. ........ 234
18. Comentários Finais ....... ... ......................... ...................................... 259
Anexos .. ...................................... ........................ ................................... 261
Bibliografia ................................................................. ....... ................ .... 269
-11-
12 A Lenda de Riram nos Graus Inefáveis do R.·.E.·.A.·.A.·.
Velho Testamento
Gênesis (Gn) I Samuel (ISm) Ester (Et) Ezequiel (Ez) Naum(Na)
Êxodo(Ex) 2 Samuel (2Sm) Jó (Jó) Daniel (Dn) Habacuque (H c)
Levítico (Lv) I Reis (IRs) Salmos (SI) Oseias (Os) Sofonias (Sf)
Números (Nm) 2 Reis (2Rs) Provérbio~ (Pv) Joel (Jl) Ageu (Ag)
Deuteronômio (Dt) I Crônicas (I Cr) Eclesiastes (Ec) Amós(Am) Zacarias (Zc)
Josué (Js) 2 Crônicas (2Cr) Cântico dos Obadias (Ob) Malaquias (Ml)
Cânticos (Ct)
Juízes (Jz) Esdras (Ed) Isaías (ls) Jonas (Jn)
Rute (Rt) Neemias (Ne) Jeremias (Jr) Miqueias (Mq)
Novo Testamento
Mateus (Mt) I Coríntios (I Co) I Tessalonicensses (I Ts) Hebreus (Hb) 3 João (3Jo)
Marcos(Mc) 2 Coríntios (2Co) 2 Tessalonicensses (2Ts) Tiago (Tg) Judas (Jd)
Lucas(Lc) Gálatas (Gl) I Timóteo (ITm) I Pedro (I Pe) Apocalipse (Ap)
João (Jo) Efésios (Ef) 2 Timóteo (2Tm) 2 Pedro (2Pe)
Atos Apóstolos (At) Filipenses (Fp) Tito(Tt) I João(IJo)
Romanos (Rm) Colossenses (Cl) Filemom (Fm) 2 João (2Jo)
Outras Abreviaturas
R:. E:. A:. A:. (REAA)- Rito Escocês Antigo e Aceito
Sup:.Cons:. -Supremo Conselho
Exc:.Loj :.de Pef:. (ELP)- Excelsa Loja de Perfeição
Aug :. Resp :. Loj :. Maç :. (ARLM) - Augusta e Respeitável Loja
Maçônica
Ven :. Mestre - Venerável Mestre
T:. V:. P:. M:. - Três Vezes Poderoso Mestre
G:. A:. D :. U:. - Grande Arquiteto do Uni verso: Deus; Jeovah;
Iahweh; Adonai, Iod; Ivah.
G:.L:.M:.E:.R:.J:.(GLMERJ)- Grande Loja Maçônica doEs-
tado do Rio de Janeiro
1
1
\
1
1
' de Deus em grego), composto de quatro letras hebraicas: yod, he, vau, he,
'
1
ou em maiúsculas: IHVH. Sua verdadeira pronúncia antiga é atualmente
desconhecida; os hebreus sinceros consideravam esse nome demasiado
sagrado para ser proferido, e, ao lerem as Escrituras Sagradas, o subs-
tituíam pelo de Adonai, que significa "Senhor". Os cristãos têm
substituído estas quatro letras por /NR/ (Jesus Nazarenus, Rex
Iudeorum, "Jesus de Nazaré, Rei dos Judeus"). A Maçonaria continuou e
perpetuou essa tradição e reverência ao sagrado Nome de Deus, substituin-
do, porém, as quatro letras hebraicas que O compunham pelo Tetragramaton
maçônico G:.A:.D:.U: ..
2. Lugares Sagrados de
Adoração Religiosa
A Maçonaria não é uma religião, porém presta, em seus Templos, um
culto de adoração e louvor ao G :.A:.D:. U :., que é nosso Deus, o mesmo
IHVH, Adonai, Iahweh ou Jeovah dos israelitas. Nos Graus Inefáveis, isso
se toma muito evidente.
V árias foram e são os lugares de culto de adoração e louvor, tanto
entre os israelitas como entre todos os povos antigos e de hoje: altar;
tabernáculo, templo; sinagoga e igreja.
a) O ALTAR (do hebraico, mizbeah e do latim, altare ou altus)
significa local elevado. De modo genérico, o Altar constitui um objeto sa-
grado destinado a posicionar a pessoa para que venere a divindade ou sím-
bolos que demonstrem sua destinação. Um Altar pode ser, tão somente,
uma formação de pedras superpostas, ou de troncos, ou de simples terra,
construída pelas próprias mãos para uma determinada finalidade.
Há três tipos de Altar: i) Altar de Adoração (Gn 8:20; 12:7; 13:18;
22:9; 26:25; 33:20; 55:7; Ex 17:15; 20:24; 24:4; Dt27:25; Js 8:30,31; Jz 6:26;
38:31; 1Sm 14:35; 2Sm 24:25; 1Rs 18:32; Ez 43: 13); ii) Altar de Sacrifícios
ou Holocaustos (Ex 25:8; 26:1; 39:32; 40:34; Lv 8:10; 16:16; Nm 1:51; 2:17;
7:1; Js 18:1; 1Rs 8:4; 1Cr 21:29; 2Cr 1:3; 5:5; 24:26; Hb 9: 11); iii) Altar do
Incenso (Ex 30:1; 39:38; Lv 4:7; 1Rs 6:22; 7:48).
Antes de tudo, o Altar é o lugar do sacrifício, conforme o significado
do sey próprio nome. Assim, o Altar se encontra onde quer que se
ofereça um sacrifício, podendo ser inclusive temporário.
Na Antiguidade, eram construídos em lugares altos e de forma
individual; Lugar Alto (do hebraico bamah) era a palavra usada muito
frequentemente para designar um local de culto. Em geral, encontrava-se
mais na parte externa do que interna dos antigos Templos; em Canaã,
onde não havia Templos, encontrava-se nos lugares altos.
Entre os hebreus, era uma estrutura elevada sobre a qual o adorador
oferecia sacrifícios ou queimava incenso. Essa era a forma mais simples e
- 18-
\
'
1
Lugares Sagrados de Adoração Religiosa 19
'1
mais antiga de expressar a fé em Deus, o desejo de adorá-Lo e a necessi-
dade de um sacrifício pelo pecado.
' Imediatamente antes de deixar a arca, Noé erigiu um altar e ofereceu
' sacrifícios ao Senhor (Gn 8:20). Deus aceitou esse ato e, como resultado,
'
1
agraciou o mundo com uma bênção que perdura para todos os tempos.
Desde os tempos de Noé, pessoas piedosas continuam edificando
Altares de Adoração.
1 Abraão erigia Altares nos diferentes lugares onde permanecia (Gn
\ 12:7-8; 13: 18, etc.). O mais importante Altar construído por Abraão foi aquele
do Monte Moriah, onde, em obediência a Jeovah, e para testar sua fé,
\ ' deveria dar em sacrifício o seu próprio filho Isaac (Gn 22:1-19).
Jacó foi um edificador de Altares (Gn 33:20; 35:7, etc.). Moisés, Josué,
Samuel, Davi e outros crentes da Antiguidade edificaram Altares de Sacri-
1
fício em comemoração a grandes eventos.
\ Tanto no Tabernáculo como no Templo de Salomão havia dois Alta-
res: o dos Sacrifícios e o dos Perfumes ou Incenso. Hoje, em nossos tem-
' plos, não temos mais o Altar destinado aos Sacrifícios. Este foi substituído
' pelo Altar dos Juramentos, especialmente nas Iniciações, porém com signi-
ficados simbólicos de sacrifício.
A Igreja Católica possui em todos os locais onde celebra a missa um
1
Altar; a missa nada mais é que a repetição de um sacrifício, no caso, a
) lembrança do sacrifício de Jesus.
Na Maçonaria existem cinco Altares: o do Venerável Mestre, os dos
'
\
dois Vigilantes, o dos Perfumes e o dos Juramentos. Alguns autores dão
como finalidade desse Altar o sacrifício das paixões para a obtenção das
Virtudes. Questionamos isso, pois, sendo as paixões atitudes negativas, des-
'
\
pojar-se delas não constitui sacrifícios mas libertação. Esotericamente, esse
Altar dos Juramentos está situado dentro de cada maçom, pois ele é o
,, \ próprio Templo!
\
b) O TABERNÁCULO (do latim, tabernaculum e do hebraico,
., suká) significa Tenda, que seria um santuário (do hebraico, mishkan). Era
uma tenda sagrada para guarda da Torá, com diversos utensílios, onde os
\ hebreus prestavam culto de sacrifício e adoração ao Senhor Jeovah, antes
da edificação do Templo. O próprio Senhor, em uma das colinas do Sinai,
' determinou a Moisés que construísse o Tabernáculo, e lhe deu todas as
instruções de como seria e o que devia conter (Hb 8:5). Ele foi erigido por
v
_,
)
Moisés, Beseleel e Aoliab, no deserto, no primeiro dia do segundo ano após
a saída de seu povo do cativeiro do Egito, quando estavam em marcha para
Canaã (o Êxodo hebreu). A planta da tenda e os seus utensílios são descri-
tos em Ex 25 a 31; a sua execução é narrada em Ex 35 a 40.
1
O Tabernáculo propriamente dito estava dividido em duas partes: a
' tenda maior, o Lugar Santo (do latim, Sanctus; do hebraico, Kodesh); e
a tenda menor, o Lugar Santíssimo ou Santo dos Santos (do latim, Sanctus
1
Sanctorum; do hebraico, Kodesh ha Kodashim). O Lugar Santo media 20
--.
'
20 A Lenda de Hiram nos Graus Inefáveis do R.·.E:.A:.A:.
' mente nos pátios; o Templo verdadeiro e próprio era muito pequeno para
acolher mais que um determinado número de fiéis. Os ritos da oração e dos
' sacrifícios celebrados em público se faziam no pátio externo do Templo.
'
l
outros povos; os impostos do Templo se arrecadavam de todos; seus grandes
armazéns faziam deles um banco e um tesouro; suas atividades econômicas
o tomavam um centro mercantil e uma área industrial. Nesses templos apa-
' receu a escrita; seus escribas montavam bibliotecas com escritos históricos,
mitológicos e religiosos, como hinos, orações, rituais de culto e escritos de
' l
adivinhação e de magia.
Em hebreu, significa casa grande, palácio, como em lRs 1:21; 2Rs
l 20:18; Dn 1:4; 4:14. É o Grande Edifício consagrado à adoração de uma
divindade como em Jl3:5; Ed 1:7; 5:14; At 19:27. Em três passagens, esse
'
l
nome se aplica ao Tabernáculo, 1Sm 1:9; 3:3; 2Sm 22:7; Ap 15:5, mas, em
geral, refere-se aos Templos sucessivamente consagrados a Jeovah em
\ Jerusalém.
Como já referido, entre os hebreus o primeiro Templo construído foi o
)
de Salomão, com o mesmo objetivo: servir de lugar de adoração e culto, em
\ substituição ao Tabernáculo. Os filhos de Israel haviam sido peregrinos
desde a saída do Egito até a entrada na Terra Prometida. Ao se estabelece-
rem em seu novo lar, era natural que desejassem algo mais permanente que
uma tenda como lugar de adoração, ou seja, almejassem um Templo. Davi
concebeu a ideia de edificar um Templo para o Senhor, mas foi impedido de
fazê-lo por ser um homem de guerra (lCr 22:28). Ele, contudo, acumulou
grande quantidade de material para o edifício, cuja construção foi confiada
a Salomão. Também em Jerusalém, todos os movimentos religiosos, políti-
cos e sociais desenvolveram-se dentro dos Templos. Assim, por analogia aos
Templos do Egito e da Mesopotâmia, podemos concluir que os Templos de
Jerusalém também eram um centro civil, cultural e econômico. O Templo era
tão importante na vida das sociedades que, quando uma nação invadia outra,
em ato de guerra, sua primeira preocupação era destruir o Templo, porque
era o local de maior respeito; sua destruição equivalia à aniquilação do pró-
prio povo. Os inúmeros Templos do passado estão todos destruídos; em
alguns lugares, ·veem-se tão somente ruínas.
Além de lugar destinado ao culto religioso, o Dicionário Aurélio nos
dá outras definições para Templo: iii) a Ordem dos Templários; iv) A Loja
-..I
22 A Lenda de Hiram nos Graus Inefáveis do R.·.E.·.A.·.A. ·.
'
3. A Maçonaria e sua
Influência Egípcia
e Hebraica
Joaquim Gervásio de Figueiredo, em seu Dicionário de Maçonaria, já
referido, páginas 278-281, mostra-nos a influência dos Mistérios Judaicos
na Maçonaria. Eis, em resumo e adaptado, o que nos deixou esse emérito
escritor:
"Os ritos e símbolos maçônicos atuais tiveram origem egípcia, porém
a maioria deles nos chegou por meio dos judeus. Por isso a tradição dos
Mistérios Judaicos e os segredos egípcios sob forma judaica são os que
predominam nas cerimônias maçônicas. Durante seus 430 anos de perma-
nência no Egito (Gn 15: 13), mesmo que no cativeiro, certos hebreus foram
iniciados em alguns Mistérios daquela nação. Entre estes estava Moi-
sés, de quem se disse mais tarde: 'Foi instruído em toda a sabedoria
dos egípcios, e era poderoso em palavras e obras' (At 7:22). Parece
ter sido o libertador e legislador hebreu o real fundador dos Mistérios
Judaicos, pois, segundo a tradição, ele introduziu ali a Sucessão dos
Mistérios Maiores e Menores que recebera dos sacerdotes egípcios.
Durante sua peregrinação ao abandonar o Egito, os hebreus usavam
uma tenda para a celebração de Mistérios, conservada na tradição
hebraica como o Tabernáculo (Êx 26:36)".
O livro do Gênesis (do grego genesis) quer dizer "começo"; é o
primeiro da Bíblia e o primeiro do Pentateuco (os cinco primeiros livros),
cuja autoria é atribuída a Moisés. É um registro da origem do nosso Uni-
verso, do gênero humano, do pecado, da redenção, da vida em família, da
corrupção da sociedade, das nações, dos diferentes idiomas, da raça he-
braica, etc. Os primeiros capítulos do livro têm estado continuamente sob
fogo da crítica moderna, mas os fatos que apresentam, quando correta-
mente interpretados e entendidos, jamais têm sido negados. Não é
-24-
A Maçonaria e sua Influência Egípcia e Hebraica 25
disposição espiritual (2Sm 1-9); ii) na segunda narra o grande êxito militar do
rei e sua queda e castigo (2Sm 10-19); e iii) na terceira, narra os últimos anos
de Davi (2Sm 20-24). O livro contém três porções seletas: a generosidade de
Davi para com Mefibosete (2Sm 9); a parábola de Natã (2Sm 12: 1-6) e o
salmo de ação de graças de Davi (2Sm 22).
Davi (do hebraico dawid), que significa "amado", é um dos grandes
personagens da história bíblica. Como Saul, procedeu de fanu1ia humilde;
foi o mais jovem dos oito filhos de Jessé, o Efrateu de Judá (1Sm 16: 1-13;
17: 12-14); desde cedo serviu ao rei Saul, apascentando as suas ovelhas
(lSm 16:11; 17:34-36), enquanto os irmãos serviam ao rei na guerra contra
os filisteus. Em certa ocasião, os filisteus tinham um guerreiro gigante que
dispersava os guerreiros israelitas; Davi, com uma simples funda, abateu o
gigante Golias e decepou sua cabeça (lSm 17: 1-58); por essa façanha,
Jônatas, filho de Saul, ligou-se a Davi com profunda amizade (lSm 18: 1-5;
20: 1-42); porém, os louvores que o povo rendeu a Davi despertaram a inve-
ja e o ódio de Saul a ponto de este intentar matá-lo (lSm 18:6-19); Merabe
(ou Mica/), filha de Saul, amou-o e com ele se casou (lSm 18:20-29). Por
questões úteis, Saul questionou Davi a ponto de desejar a sua morte, porém
Jônatas salvou o amigo da ira do pai (lSm 19-20). Mais tarde, Saul morreu
em batalha (lSm 31). Houve guerra civil até que Davi vitorioso, com a
idade de 30 anos, foi escolhido por Deus e ungido rei por Samuel (1Sm
16:1-13), aclamado rei de Judá (2Sm 2-4) e rei de todo o Israel (2Sm 5-24);
o seu reinado durou 40 anos.
Além desses atributos de atleta valente (1 Sm 17:34-36), herói ( 1Sm
17:40), grande guerreiro e grande soldado (2Sm 5:7), Davi foi dotado de
atributos de ordem superior. Foi homem com dotes de comando, capaz
de conseguir e manter a lealdade de seus subordinados. Foi administrador
prudente e podia julgar com acerto a natureza humana. Sua capacidade
de tomar decisões rápidas fica bem demonstrada por sua solução no deli-
cado problema que surgiu com respeito a Mefibosete (2Sm 19:24-43). Foi
um grande músico; sua reputação era tal que tocava harpa para o rei Saul
(1Sm 16:14-23). Foi poeta altamente inspirado (2Sm 22:1-23:7; SI 8, 19,
23); escreveu algumas das maiores obras-primas da literatura espiritual;
nenhuma poesia tem sido tão constantemente usada como os Salmos de
Davi; suas canções de louvor enriqueceram a adoração, primeiro do Tem-
plo, e depois da Igreja Cristã. Davi foi, enfim, homem de profunda fé e
devoção a Deus (1Sm 13:14; 16:13; 1Rs 15:5), mas ele também cometeu
pecados de crueldade e violência, que a Bíblia não esconde (2Sm 11-18).
Seu poder de resistência à tentação não era maior do que os outros mortais
(2Sm 11 : 1-15). Porém, quando o profeta Natã apontou a Davi os seus pecados
(2Sm 12:1-31), ele os confessou e aceitou o castigo de Deus (Sl 51:1-19).
Apesar de suas fraquezas , percebeu claramente os propósitos de Deus para
seu povo, e previu a vinda do Rei messiânico, a quem ele, em sua vida, repre-
sentou de modo imperfeito.
A Maçonaria e sua Influência Egípcia e Hebraica 33
'
1
fato de que a maior parte de sua vida foi espiritual, apesar de nem sempre
consistente, juntamente com sua genialidade, explica o lugar tão elevado
que ocupa na Escritura.
)
A vida e as realizações de Davi impressionaram profundamente
1 o povo de Israel. Tanto assim que, mais tarde, nos tempos de angústia,
quando precisavam de outro rei, eles pediam "um filho de Davi". De-
1 sejavam um rei descendente de Davi, que fosse igual a ele. Davi reinou
de 1010 a 970 a.C. Seu túmulo encontra-se devidamente preservado na
' cidade de Jerusalém, sendo lugar sagrado e de obrigatória visitação
turística, e é considerado lugar de peregrinação dos judeus.
Os livros de Samuel proporcionam-nos um capítulo indispensável nos
anais do trato de Deus com seu povo de Israel, e sua preservação e prepa-
' ração para seus duplos fins: serem depositários dos oráculos de Deus e
'
1
trazerem à luz, no seu devido tempo, "o mais importante Filho do grande
Davi". Três passagens do livro de 2 Samuel têm especial importância para
a perfeita compreensão do simbolismo do Grau 3 e dos Graus Inefáveis,
' quanto à construção do Templo de Salomão e da Lenda de Riram:
6:21; 7:22; lCr 13:5-6), para evitar o odiado nome Baal. Ela estava localiza-
da a 13 quilômetros de Jerusalém e 15 quilômetros de Bete-Semes, uma
cidade fronteiriça (Js 15:10), frequentemente disputada entre os filisteus e
1
os israelitas. Quiriate-Jearim pertenceu aos gabaonitas (Js 9:17), situa-
1 da na parte da linha divisória entre as tribos de Judá e Benjamim
(Js 15:9; 18:14-15), mas pertencia aJudá (Js 15:48, 60; Jz 18:12).
Anos antes da época do texto aqui analisado, os filisteus tiveram o
1 domínio sobre os israelitas e a posse da Arca da Aliança, que esteve na
1 casa de Dagom, depois na cidade de Bete-Semes e, finalmente, na cidade
de Quiriate-Jearim (lSm 4-7:1 -4). Sobre esse tema, vejamos o que nos
' relata Charles F. Pfeifer, na enciclopédia Comentário Bíblico Moody
(Editora Batista Regular, 1995, volume 2, pág. 220-221):
"A arca era o objeto mais sagrado do ritual de Moisés, um símbolo
sacramental da presença do próprio Deus (Ex 25 :22; lSm 4:7; lCr 13:6).
Mas Israel chegou a crer em uma associação inerente da presença di vi na
) com a arca. A fim de provar a falsidade dessa noção supersticiosa de
'um Deus mágico dentro da caixa', o Senhor permitiu que a arca fosse
1 capturada pelos filisteus na desastrosa batalha de Ebenezer, em cerca
1 de 1099 a.C. (1 Sm 4:1 O, 11). Contudo, depois de ensinada a lição,
Deus tornou a manifestar Seu poder a partir da arca; o povo atingido,
' tanto da Filístia como da cidade judia de Bete-Semes, afastou a terrível
presença; e ela ficou descansando por mais de 20 anos na casa de
' Abinadabe em Quiriate-Jearim, ou Baalá (lSm 7)."
'
)
Agora, aqui neste texto em análise, depois de Davi ter derrotado
os filisteus e reconquistado Bete-Semes e Quiriate-Jearim, ele expressa
seu desejo de trazer a arca de volta a Jerusalém (lCr 13) e realiza seu
'
1
intento (2Sm 6:1-19; e 1Cr 13-15).
Não transcreveremos esses textos na íntegra para não sermos cansa-
1 tivos; reproduziremos apenas os versículos de 2Sm 6:1-11, que têm rela-
ções com a Maçonaria.
(6.1) Tornou Davi a ajuntar todos os escolhidos de Israel, em número
de 30 mil. (6.2) Dispôs-se e, com todo o povo que tinha consigo, partiu para
Baalá de Judá, para levarem de lá para cima a arca de Deus, sobre a qual
se invoca o Nome, o nome do Senhor dqs Exércitos, que se assenta sobre
os querubins. (6.3) Puseram a arca de Deus em um carro novo e a levaram
da casa de Abinadabe, que estava sobre o outeiro; e Uzá e Aiô, filhos de
Abinadabe, guiavam o carro novo. (6.4) Levaram-no com a arca de Deus,
da casa de Abinadabe, que estava no outeiro; e Aiô ia adiante da arca.
(6.6) Quando chegaram à eira de Nacom, estendeu Uzá a mão à arca de
Deus, e a segurou, porque os bois tropeçaram. (6.7) Então a ira do Senhor
se acendeu contra Uzá, e Deus o feriu ali por essa irreverência; e Uzá
morreu ali junto à arca de Deus.
36 A Lenda de Riram nos Graus Inefáveis do R:.E:.A.·.A .·.
'
1
personagem Uzá cedeu seu nome, na forma "Huzzé", para a aclamação
de alegria dos maçons, feita na abertura e no fechamento dos trabalhos
maçônicos, nos Graus Simbólicos.
Trata-se da expressão de alegria e louvor usada, primeiro, pela Maço-
naria Inglesa, traduzida como "Viva". Essa aclamação deve ser feita em
' tom forte, pois a energia então provocada elimina as vibrações negativas;
'
1
acalma as tensões nervosas; prepara o ambiente espiritual da Loja; harmo-
niza o ambiente no Templo em uma escala única, em um nível salutar, capa-
1
citando o maçom para receber em seu interior os benefícios da Loja.
3) A Aliança do Senhor com Davi (2Sm 7:1-17). Esse texto fala
' 1
sobre o planejamento de Davi quanto à construção de um Templo para a
Arca da Presença do Senhor; da Profecia de Natã pela qual Salomão, seu
filho, é quem edificaria o Templo, o Grande Templo de Jerusalém, o Templo
' de Salomão; e de sua profecia sobre a descendência messiânica de Davi,
na pessoa de Jesus Cristo. Esse texto está em concordância com o descrito
' em 1Cr 17:1-15, com ligeiras variantes. Transcreveremos apenas os versí-
' culos sobre o qual faremos comentários e que têm relação direta com a
Maçonaria:
' (7 .1) Sucedeu que, habitando o rei Davi em sua própria casa, tendo-
' lhe o Senhor dado descanso de todos os seus inimigos em redor, (7.2)
' disse o rei ao profeta Natã: Eis que eu moro em casa de cedros, e a arca de
Deus se acha em uma tenda. (7.3) Disse Natã ao rei: Vai, faze tudo quanto
'
l
está no teu coração, porque o Senhor é contigo. (7 .4) Porém, naquela
mesma noite, veio a palavra do Senhor a Natã, dizendo: (7.5) Vai, e dize a
meu servo Davi: (7.11) Também o Senhor te faz saber que ele, o Senhor,
te fará casa. (7.12) Quando teus dias se cumprirem e descansares com teus
pais, então farei levantar depois de ti o teu descendente, que procederá
de ti, e estabelecerei seu reino. (7.13) Este edificará uma casa ao meu
nome, e eu estabelecerei para sempre o trono do seu reino. (7.14) Eu lhe
serei por pai, e ele me será por filho; (7.16) Porém, tua casa e teu reino serão
firmados para sempre diante de ti; teu trono será estabelecido para sempre.
(7 .17) Segundo todas essas palavras e conforme toda essa visão, assim fa-
lou Natã a Davi.
Esse texto explica o significado permanente de Davi e sua carrei-
ra. Ele é datado de cerca de 995 a.C. Depois de cessadas as muitas
guerras travadas por Davi, e narradas em vários capítulos de 2Sm e
l
1Cr, ele começa com o desejo de Davi, confidenciado a Natã, de construir
1 um Templo permanente para a Arca.
Surge aqui pela primeira vez o Profeta Natã, destinado a desempe-
nhar um importante papel no futuro e a escrever uma boa parte da história
38 A Lenda de Hiram nos Graus Inefáveis do R:.E.·.A:.A.·.
sagrada: repreendeu, mais tarde, o pecado de Davi (2Sm 12:1); ajudou Sa-
lomão (lRs 1:10,22, 34); e registrou o material usado como fonte de infor-
mação para os livros das Crônicas (lCr 29:29; 2Cr 9:29; 29:25).
A Davi afigurava-se impróprio viver em casa de cedro (em um
palácio), enquanto a Arca permanecia em uma simples tenda (2Sm
7:1 ,2). Davi via seu palácio como um símbolo do seu governo agora
estabelecido (2Sm 5:11, 12) e propõe que o governo de Deus devesse
ser igualmente simbolizado com uma habitação permanente.
A reação inicial de Natã, não inspirada, foi de aprovação ao projeto de
Davi, mas logo se corrigiu, ao receber de Deus a verdadeira palavra (2Sm
7:3). Por essa palavra, Deus o envia a Davi, proibindo-o de construir o
Templo (2Sm 7 :4; 1Cr 17: 1-6); as guerras desapiedadas de Davi (2Sm
8:2) o desqualificaram (lCr 22:8; 28:3). Esse é um notável exemplo
da diferença que existe entre a nossa vontade e a que obedece a uma
inspiração divina.
Mas, embora Deus tenha proibido Davi de construir Sua casa, Ele
prometeu estabelecer a "Casa de Davi" (2Sm 7:11; 1Cr 17:3-15), porém,
não como a que Davi queria edificar para Deus, mas uma dinastia
(2Sm 7:4-17; lCr 17:3-15). Assim como Deus fizera Davi obter êxito,
ele também faria seu reino prosperar. Em um futuro imediato, Salomão,
a semente de Davi, construiria o Templo de Deus (2Sm 7:11; 1C r
17:11,12) e isso se cumpriu (lRs 6-7; 2Cr 3-4). E, em um futuro mais
longínquo, a semente de Davi, Jesus Cristo, combinaria em sua pessoa
a filiação humana e a Filiação Divina (2 Sm 7:14; 1Cr 7:13), e um dia
estabeleceria nesta terra o reino de Deus para sempre (2Sm 7:16; lCr
17:14). Davi então irrompe em louvores a Deus por Sua incrível graça
(2Sm 7: 18-29; 1Cr 17: 16-27).
As grandes promessas feitas a Davi (2Sm 7:12, 15, 16), embora
parcialmente cumpridas em Salomão, só em Cristo, o sucessor final ao
trono de Davi, seu maior Filho, encontraram seu perfeito cumprimento
(1Rs 8:15-20; Lc 1:31-33; At 2:29-31; 18:22, 23; Hb 1:5). Com efeito,
Cristo estabeleceu Seu reino nos corações dos homens na Sua primei-
ra vinda (Lc 17:21), embora Sua imposição sobre o mundo aguarde
Sua segunda vinda (Lc 17:24).
As palavras de 2Sm 7:14 (Eu lhe serei por pai, e ele me será por
filho) se referem à divindade de Jesus Cristo (Sl2:7, 12; At 13:33; Hb 1:5;
5:5) e não a Salomão (lCr 22:10). Foi necessário que Cristo combinasse
em Sua pessoa a perfeita humanidade com a plena divindade (Mt 22:12, 45 ;
Fp 2:9) para que pudesse fazer verdadeira substituição pelo homem peca-
dor (Hb 2:17, 18; 1Pe 2:24) e ainda assim nos restaurar para Deus, o Pai
(Jo 1:18; 14:6).
Mas o que tem a ver o aqui exposto com a Maçonaria?, poderia
perguntar um amigo leitor. Nossa resposta é: Tudo! A começar por sua
possível origem com Salomão e a importância do simbolismo do seu
Templo, no sistema filosófico-Iniciático da nossa Ordem.
A Maçonaria e sua Influência Egípcia e Hebraica 39
)
\
É muito discutida a origem da Maçonaria. Sobre essa matéria muito
' 1
se tem falado e escrito. Há muitas especulações, hipóteses e até teorias,
mas nenhuma delas tem aceitação unânime dos maçons. Daí, a frase clás-
sica da maioria dos autores maçônicos: "A origem da Maçonaria perde-
se nas brumas do passado". A verdade é que jamais saberemos onde e
1 como surgiu a Ordem, posto que a Maçonaria, por seu espírito cosmopolita
e dinâmico, transcende as limitações da história e da geografia, ou seja, do
' tempo e do espaço.
Charles Webster Leadbeater, em seu livro Pequena História da
'
)
Maçonaria, no capítulo I, informa que "já existem quatro principais es-
colas ou tendências do pensamento maçônico", cada uma dedicada a
uma linha de pesquisa e interpretação sobre os símbolos, as cerimônias
' e a história da Maçonaria: i) A Escola Autêntica, pela qual a Maçonaria
teve origem nas Lojas de construtores (ou guildas) operativas inglesas
da Idade Média, sendo que os elementos especulativos foram enxerta-
dos no tronco operativo; ii) A Escola Antropológica, que concede à
Maçonaria uma antiguidade muito maior do que a defendida pela Es-
cola Autêntica, assinalando analogias entre os símbolos, sinais, ritos e
cerimônias executados atualmente nas Lojas maçônicas com os prati-
cados nos Antigos Mistérios Iniciáticos de muitos povos e nações pri-
' mitivas do mundo; iii) A Escola Mística, que considera os mistérios da
Maçonaria como um plano para o despertar espiritual do homem, seu
' desenvolvimento interno e sua união consciente com Deus. Os adep-
tos dessa escola sustentam que a Maçonaria também tem parentesco
com os mistérios iniciáticos, menores e maiores, das antigas religiões
'
\
e escolas pré-cristãs, dos egípcios, persas, gregos, judeus, romanos,
celtas e escandinavos; iv) A Escola Oculta (ou Sacramental), repre-
'
1
adaptados à tradição hebraica e continuaram a usar o Tabernáculo para
a prática do seu culto até a edificação do Templo sobre o Monte Moriah,
em Jerusalém, por Salomão, que também se casara com uma filha do
Faraó do Egito (lRs 3:1). Os utensílios empregados no serviço divino
do Templo foram os mesmos até então usados no Tabernáculo, e as
'
1
lendas e os fatos egípcios foram perpetuados, porém sob denomina-
ções e costumes judaicos".
Retomando ao tópico A Maçonaria e sua Influência Egípcia e
Hebraica, voltaremos a estudar, neste ponto, os livros 1 e 2 Reis.
Nos Livros 1 e 2 Reis continua a história dos reis israelitas; passam
em revista tanto os reis de Judá como os de Israel. Seu autor não é conhe-
cido com certeza. Porém, a tradição judaica afirma que Jeremias os
escreveu, a partir de fontes históricas compiladas durante o exílio dos
judeus na Babilônia. Sabe-se que o autor conhecia O livro da História
de Salomão (lRs 11:41), o livro da História dos Reis de Israel (lRs
14: 19), e o Livro da História dos Reis de Judá (lRs 14:29) 2Reis ter-
mina enquanto o último rei de Judá, Jeoaquim, permanece detido na
Babilônia (2Rs 25:27-30). Uma vez que não há menção do retomo do
povo do exílio em 538 a.C., é provável que a edição da obra tenha
sido terminada ainda durante o exílio, entre 560 a.C e 550 a.C. O autor
demonstra que embora Israel tivesse uma aliança com Deus, a maior
parte de seus reis a rejeitou e ultrajou. Deixa claro que o progresso da
nação depende da fidelidade do seu rei, ao passo que a idolatria e a desobe-
diência levam à desgraça. Assim, cada rei é julgado de acordo com a sua fidelida-
de a Deus e seu valor é determinado comparando-o com dois reis de épocas
anteriores: Davi, que se manteve bastante fiel à aliança, e Jeroboão de Israel,
que a menosprezou. A comparação, feita dessa forma, demonstra que os
reis do Reino do Norte, Israel, falharam todos nessa prova, enquanto em
42 A Lenda de Riram nos Graus Inefáveis do R.·.E.·.A.·.A.·.
Judá alguns malograram e outros não, como Asa (lRs 15), Josafá (1Rs 22),
Ezequias (2Rs 18-20) e Josias (2Rs 22-23), e mesmo estes tinham suas
falhas. Davi foi o rei que mais se aproximou do ideal. Pouco antes de mor-
rer, aconselhou seu filho Salomão a guardar os preceitos do Senhor (lRs
2:3). Essa conduta é a única esperança de prosperidade e paz. O afasta-
mento dessa conduta equivalia a expor-se ao juízo divino. O colapso final
de Israel diante da Síria (2Rs 17) e o de Judá diante da Babilônia (2Rs 25)
demonstram a verdade do princípio que o livro encerra, e não constituiu
surpresa alguma para os homens de discernimento espiritual. No texto he-
braico, 1 e 2 Reis são um só livro.
O livro IReis pode ser dividido em três partes: 1) O começo do reinado
de Salomão em Israel e Judá e a morte de seu pai Davi (lRs 1-2); 2) O reinado
e as realizações de Salomão, especialmente a construção do Templo em
Jerusalém (lRs 3-11); 3) A divisão da nação em dois reinos, o do Norte e o
do Sul, e a história de seus reis até a metade do século IX a.C. (lRs 12-22).
Os fatos narrados nesse livro compreendem um período que vai de 1015
a.C. até 914 a.C.
O livro 2Reis é a continuação de IReis. Pode ser dividido em duas
partes: 1) A história dos dois reinos, desde o ano de 850 a.C. até a queda de
Samaria e o fim do reino do Norte, Israel, tomado pela Síria em 721 a.C.
(2Rs 1-17); 2) A história do reino de Judá, desde a queda de Israel até a
conquista e destruição de Jerusalém pelo rei Nabucodonosor, da Babilônia,
em 587 a.C. (2Reis 18-25). Os fatos narrados compreendem um período
que vai de 896 a.C. até 588 a.C. O livro mostra que a queda dos dois reinos
ocorreu porque seus reis e o povo foram infiéis a Deus. A destruição de
Jerusalém e o cativeiro na Babilônia de parte do povo de Judá marcaram
um momento decisivo na história israelita.
Os livros 1 e 2 Crônicas são um suplemento aos livros de Samuel
e Reis; algumas das descrições históricas são quase idênticas às dos
livros anteriores. A tradição judaica considera Esdras seu autor. Os
livros foram compilados de fontes históricas anteriores a Samuel e Reis
e teriam sido escritos entre os anos de 430 a.C. e 400 a.C., durante ou
logo após o cativeiro babilônico. Nas escrituras hebraicas, os dois li-
vros das Crônicas formavam originalmente um só . Os tradutores da
Versão dos Setenta (por volta do ano 220 a.C.) foram os primeiros a
fazer a divisão. Jerônimo (morto no ano 420 d.C.) adotou essa divisão
na Vulgata latina. Ainda hoje, no texto hebraico, constam como um só livro.
Narram a história do povo hebreu, desde os dias de Samuel até o cativeiro
na Babilônia. A nação precisava reconstruir-se sobre sólidos alicerces espi-
rituais, visto que o longo cativeiro havia destruído os ideais e as tradições do
povo. Anteriormente, haviam pertencido a uma teocracia na qual se espe-
rava que os dirigentes civis e religiosos honrassem e obedecessem tanto a
verdade divina como a lei. Israel estivera sob a monarquia persa, cujo rei
era estrangeiro e pagão, e nada sabia do Deus de Israel. Só mediante uma
'
)
A Maçonaria e sua Influência Egípcia e Hebraica 43
Salomão tenha ligação com esse desígnio. No Cristianismo, Jesus foi deno-
minado "Príncipe da Paz", o que esclarece que o Messias viera para cons-
truir um Novo Templo Espiritual.
Em seus últimos anos, foi honrado pela rainha deSabá (1Rs 10:1-13). À
medida que riquezas e honra aumentavam, seu amor pela pompa crescia,
mantendo um estilo de vida luxuoso e extravagante, muito além do que
permitiam os recursos do seu povo (lRs 10:14-29). Isso trouxe um descon-
tentamento social e preparou o caminho para a divisão do reino (lRs 12:4-
19). Sua queda moral e a idolatria, finalmente, o naufragaram em luxúria.
Foi influenciado por suas muitas esposas a introduzir o culto a falsos deuses
em Jerusalém (lRs 11: 1-8). Foi repreendido severamente pelo Senhor. Por
causa de sua apostasia, foi profetizada a divisão do reino nos tempos de seu
filho (lRs 11:9-13). Porém, expressou arrependimento. Nada se sabe com
certeza sobre o fim de sua vida. Os estudiosos da Escritura têm debatido
se, finalmente, ele arrependeu-se e voltou-se para Deus. Os que acreditam
que ele tenha escrito o livro de Eclesiastes o veem ali viajando pelo labirin-
to da filosofia humana, e parece finalmente emergir para a luz da fé na
providência divina.
Sua vida proporciona uma grande advertência. É conhecido como
o homem mais sábio; no entanto, sua sabedoria não lhe ensinou o
domínio próprio. Ministrou bem, mas deixou de colocar em prática
seus próprios preceitos. Descreve o néscio no livro de Provérbios, pin-
tando assim um vívido quadro de seus próprios fracassos.
O ensino simbólico e esotérico, bem como toda a liturgia iniciática dos
Graus Inefáveis, tem por base: I) detalhes da construção do Templo de
Salomão e seu simbolismo quanto à reconstrução do Templo Espiritual
Humano; li) detalhes da lenda de Hiram Abiff, iniciada no Grau 3 do
R:.E:.A:.A:., a qual se estende até o Grau 14, e seu simbolismo.
'
'
'
'
'
'
1
'
'
' 4. O Templo de Salomão
'
) ' Retomando mais uma vez ao texto de Joaquim Gervásio Figueiredo
\ sobre a Origem egípcia e influência dos mistérios judaicos na Maçona-
ria (Dicionário de Maçonaria), temos:
1 "Depois de haverem se estabelecido os israelitas na Terra Prometida
1 e ter-se escolhido Jerusalém para sua capital, resolveu Davi edificar ali o
Templo de Jeová, e dessa honrosa tarefa incumbiu seu filho e sucessor.
l
No ano 480, depois que os filhos de Israel saíram do Egito, e no quarto
ano de Salomão sobre Israel, no mês de Ziv, que é o segundo mês, começou-
se a edificar a casa do Senhor (lRs 6: 1). Durou a construção sete anos (de
'
\
966 a.C. a 959 a.C.). Foram seus construtores o rei Salomão, que recebera
instruções de seu pai Davi; seu aliado Hiram (ou Hirão ), rei de Tiro, na Fení-
cia, o qual forneceu os materiais para a construção e lhe emprestou muitos
hábeis artífices para ajudar na obra, pois os fenícios eram mais peritos em
construções do que os judeus, um povo essencialmente pastoril, e Hiram
Abiff (ou Hirão Abi), filho de uma viúva da tribo de Neftali, e de um homem
de Tiro, que também era metalúrgico (lRs 7:14; 2Cr 2:14). O local escolhido
para levantar o Templo foi o Monte Moriah (Gn 22:2, 14), em Jerusalém, no
centro da linha divisória entre a tribo de Judá, ao norte, e a de Benjamim, ao
sul."
' O termo hebraico de Templo, hêkal, é do acádico ekallu, o sumério
e-gal, "casa grande", no acádico mais frequentemente aplicado ao palá-
' cio real que ao Templo. O Templo era também chamado, simplesmente,
' "a casa" ou "a Casa de Jeová (Iahweh)". O lugar era tradicionalmente a
eira de Areúna, o Jebusita (2Sm 24: 16-22), onde Davi construiu um
Altar para comemorar o fim da peste. Não há dúvida de que o lugar do
Templo era o atual Haram-esh-Sharif em Jerusalém, porém não há
restos arqueológicos. Sua descrição em IReis deixa muito a desejar. A
arquitetura e o estilo devem ter sido fenícios, pois o Templo foi plane-
jado e construído por arquitetos e operários de Hirão, rei de Tiro; não
havia outro semelhante, senão um Templo fenício do século X a.C.,
que não se conservou. O Templo era uma parte do palácio real, como
se vê também nos palácios assírios, apesar de ser provavelmente simples
-47-
48 A Lenda de Riram nos Graus Inefáveis do R .·.E.·.A.·.A.·.
'
O descanso que os líderes de Israel tinham esperado (Ex 33:14; Dt
25:19; Js 1:13, 15; 2Sm 7:11) era, agora, uma realidade.
5. "Pretendo, por isso, construir um Templo em honra ao nome
do Senhor, o meu Deus, conforme o Senhor disse a meu pai Davi: 'O
seu filho, a quem colocarei no trono em seu lugar, construirá o Templo
em honra ao meu nome'. "
6. "Agora te peço que ordenes que cortem para mim cedros do
Líbano. Meus servos trabalharão com os teus, e eu pagarei a teus
servos o salário que determinares. Sabes que não há entre nós nin-
guém tão hábil em cortar árvores quanto os sidônios. "
Os cedros eram abundantes nas montanhas do Líbano e muito usados
na construção de palácios reais e Templos no antigo Oriente Próximo, por
causa da beleza de sua madeira e de seu forte cheiro acre, o qual repelia os
insetos e cupins, tendo, por isso, longevidade; levando centenas de anos
para crescer, essas árvores eram valiosíssimas. Os israelitas não dispu-
nham dos artífices e artesões necessários para construir o Templo por si
mesmos. Sidônios eram os residentes da cidade portuária de Sidom,
ao norte de Tiro. Aqui, porém, o termo deve se referir aos habitantes de
1 Tiro, Gebal (Biblos) e Sidom, o povo que mais tarde se tomou conheci-
) do como fenícios.
7. "Rirão ficou muito alegre quando ouviu a mensagem de Salomão,
'
1
e exclamou: 'Bendito seja o Senhor, pois deu a Davi um filho sábio para
governar essa grande nação'."
8. "E Rirão respondeu a Salomão: 'Recebi a mensagem que me
' enviaste e atenderei teu pedido, enviando-te madeira de cedro e de
pinho (cipreste)'."
' 9. "Meus servos levarão a madeira do Líbano até o mar, e eu a
'
\
farei flutuar em jangadas até o lugar que me indicares. Ali eu a deixa-
rei e tu poderás levá-la. E, em troca, fornecerás alimento para a
minha corte. "
10. "Assim Rirão se tornou fornecedor de toda a madeira de ce-
' dro e de pinho que Salomão desejava."
Agora Hirão garantiu sua ajuda contínua e sua boa vontade para com
' Salomão por meio de um tratado comercial, estipulando que em troca de
madeira e pedra de Tiro, Salomão lhe forneceria produtos agrícolas (2Cr
2:3-4). Uma brecha temporária ocorreu na amizade deles quando Salomão
entregou 20 cidades da Galileia a Hirão em troca de um carregamento
maior de ouro, e Hirão não gostou das cidades (1Rs 9:11-14). Contudo, a
brecha foi logo a seguir sanada, e os dois reis ocuparam-se de um comércio
1 proveitoso entre ambos (lRs 10:22).
11. "Então Salomão deu a Rirão 20 mil tonéis ou 20 mil coros
\ (125 mil barris) de trigo para suprir de mantimento sua corte, além de
20 tonéis ou 20 coros (360 litros) de azeite de oliva puro. Era o que
Salomão dava anualmente a Rirão."
50 A Lenda de Hiram nos Graus Inefáveis do R.·.E.·.A. ·.A.·.
12. "O Senhor deu sabedoria a Salomão, como lhe havia prome-
tido. Houve paz entre Hirão e Salomão, e os dois fizeram um tratado."
Os preparativos para edificar o Templo
(1Rs 5:13-18- compare com 2Cr 2:17-18)
13. "Salomão arregimentou 30 mil trabalhadores de todo Israel."
Parte desses trabalhadores era de escravos cananeus. Porém, Salo-
mão obrigou alguns do seu próprio povo ao trabalho forçado. Essa política
foi profundamente ressentida e contribuiu para a divisão do reino após a
morte de Salomão (1Rs 9:22; 12:4, 16).
14. "Ele os mandou para o Líbano em grupos de 10 mil por mês,
e eles se revezavam: passavam um mês no Líbano e dois em casa.
Adonirão chefiava o trabalho. "
Adonirão ou "Adohniram", ou "Adorão", estava encarregado dos que
trabalhavam forçados durante os reinados de Davi (2Sm 20:24), Salomão e
Roboão (lRs 12:18).
15. "Salomão tinha 70 mil carregadores e 80 mil cortadores de
pedra nas colinas."
16. "Tinha ainda 3300 capatazes (mestres-de-obras) que super-
visionavam os trabalhos e comandavam os operários. "
17. "Por ordem do rei, retiravam da pedreira grandes blocos de
pedra de ótima qualidade e alto preço para servir de alicerce de pe-
dras lavradas para o Templo. "
18. "Os construtores de Salomão e de Hirão e os homens de Gebal
(ou Biblos) cortavam e preparavam a madeira e as pedras para a
construção do Templo. "
Biblos tomara-se internacionalmente conhecida por seu comércio de
papiro, a forma antiga de papel feito de folhas prensadas e secas da cana
do papiro.
ii) Construção e decoração interna:
Salomão edificao Templo (1Rs 6:1-13- compare com 2Cr 3:1-7)
6.1. "480 anos depois que os israelitas saíram do Egito, no quar-
to ano do reinado de Salomão em Israel (966 a.C.), no mês de Ziv
(abril ou maio), o segundo mês, ele começou a construir o Templo do
Senhor."
Esse ano de 966a.C. coloca o êxodo do Egito no ano de 1446 a.C.
2. "O Templo que o rei Salomão construiu para o Senhor media 27
metros de comprimento, 9 metros de largura e 13,5 metros de altura. "
Em medidas daquele tempo: 60 côvados de comprimento; 20 de lar-
gura e 30 de altura. O côvado era uma medida linear de cerca de 45 centí-
metros. Há várias similaridades entre o Tabernáculo e o Templo, embora o
Templo tivesse o dobro das dimensões do Tabernáculo (Ex 26: 15-30; 36:20-
34). Ambas as construções eram divididas em três seções principais: um
vestíbulo, um Santuário ou Átrio Principal (o Lugar Santo) e o Santuário.
O Templo de Salomão 51
1
Interior (o Santo dos Santos). Essa estrutura em três partes era comum em
' outros Templos do antigo Oriente Próximo. Mas o Santuário de Israel
diferia radicalmente dos santuários pagãos porquanto ali não havia ídolos.
' Em seu centro, estava a Arca da Aliança que continha os Dez Manda-
'
1
mentos, a vontade moral de Deus que ordenava a vida de Israel (Dt 10:4-
5; lRs 8:6-9).
3. "O pórtico da entrada do Santuário Interior tinha a largura do
1
Templo, que era de 9 metros, e avançava 4,5 metros à frente do Templo. "
' de cedro."
11. "E a palavra do Senhor veio a Salomão dizendo:"
12. "Quanto a este Templo que você está construindo, se você se-
guir meus decretos, executar meus juízos e obedecer a todos os meus
mandamentos, então, cumprirei por meio de você a promessa que fiz ao
seu pai Davi: "
52 A Lenda de Hiram nos Graus Inefáveis do R.·.E.·.A.·.A.·.
l
' rostos humanos (Gn 3:24; Ez 41:18-19). Os dois querubins estavam posta-
dos como guardiães em cada extremidade da Arca da Aliança (lRs 8:6-7;
e Cr 3:10-13). As pontas de suas asas estendidas chegavam a quase 5
'
l
metros, ou seja, metade da altura do próprio Santo dos Santos. No antigo
Oriente Próximo, os reis eram, algumas vezes, retratados sentados em um
trono apoiado em querubins. Os querubins no Templo podem ter represen-
'
l
tado a entronização simbólica de Deus no Santo dos Santos. Deus estava
presente com Seu povo e estava associado, de maneira especial, com esse
) lugar de adoração (1Sm4:4; 6:2; 1Rs 8:10-13; 2Rs 19:15; Sl80:1; 99:1).
24. "As asas abertas dos querubins mediam 2,25 metros: 4,50
1
metros da ponta de uma asa à ponta da outra. "
25. "Os dois querubins tinham a mesma medida e a mesma forma."
26. "A altura de cada querubim era de 4,50 metros."
27. "Ele colocou os querubins, com as asas abertas, no Santuá-
rio Interior do Templo. A asa de um querubim encostava-se a uma
parede, e a do outro se encostava à outra. Suas outras asas encosta-
vam uma na outra no meio do Santuário."
28. "Ele revestiu os querubins de ouro."
A ornamentação das paredes e das portas
(1Rs 6:29-38- compare com 2Cr 3:5-7)
29. "Nas paredes ao redor do Templo, tanto na parte interna
como na externa, ele esculpiu querubins, tamareiras (palmeiras) e
flores abertas. "
Uma figura que fazia lembrar o jardim do Éden (Gn 2). Embora
nossos primeiros ancestrais tenham sido expulsos do paraíso por sua
rebelião contra Deus (Gn 3:24), nossa comunhão com o Senhor conti-
nua possível, ainda hoje, mediante Sua graça.
30. "Ele também revestiu de ouro os pisos, tanto na parte interna
como na parte externa do Templo. "
'
\
31. "Para a entrada no Santuário Interior fez portas de oliveira
com batentes de cinco lados; a porta era pentagonal."
54 A Lenda de Hiram nos Graus Inefáveis do R.·.E.·.A.·.A.·.
\
cinco dependências: i) uma sala chamada "Casa do Bosque do Líbano", um
arsenal de defesa; ii) uma sala chamada "Salão das Colunas"; iii) uma sala
chamada "Sala do Trono" ou "Sala do Julgamento"; i v) uma Casa para sua
'
\
moradia; e, v) uma casa para moradia da filha do faraó.
2. "Ele construiu a Casa do Bosque do Líbano com 45 metros de
comprimento, 22,50 metros de largura e 13,50 metros de altura, sustentado
'
)
por quatro fileiras de colunas de cedro sobre as quais se apoiavam 45
vigas de cedro aparelhadas. "
\ Embora da mesma altura do templo, essa casa era mais comprida e
)
tinha o dobro da largura. As 45 vigas de cedro do teto assentavam-se sobre
as quatro fileiras de colunas. O nome talvez se deva ao extenso uso do
\ cedro pelo lado de dentro. Estava situado ao sul do Templo.
\ 3. "O forro, de cedro, ficava sobre as 45 vigas, 15 por fileira,
que se apoiavam nas colunas. "
'
\
O forro do teto (a cobertura) era de cedro e abrangia as câmaras
laterais; era em número de 45, 15 em cada andar, as quais repousavam
sobre as colunas.
\
' 4. "Havia janelas dispostas de três em três, uma em frente da outra."
Eram 45 janelas no saguão, colocadas em três fileiras, uma acima da
outra, sendo cinco janelas por fileira, cada uma na frente da outra, das três
paredes.
5. "Todas as portas tinham estrutura retangular; ficavam na par-
te da frente, dispostas de três em três, uma na frente da outra. "
'
1
As janelas eram quadradas; e janela oposta à janela, em três fileiras.
6. "Depois fez o Salão das Colunas de 22,5 metros de compri-
mento e 13,5 m de largura. Em frente havia outro pórtico com colunas
e uma cobertura que se estendia além das colunas."
Esse pórtico de colunas defronte do Salão era um baldaquino, ou seja,
um alpendre coberto por um sobrecéu que era sustentado por colunas. Com
a metade do comprimento da Casa do Bosque do Líbano e dois terços de
sua largura, essa construção era provavelmente um impressionante salão
de entrada.
7. "Construiu a Sala do Trono, isto é, a Sala da Justiça, onde iria
julgar, e revestiu-a de cedro desde o chão até o teto."
8. "E fez a casa para a sua moradia, no outro pátio, atrás da
Sala do Trono, e tinha um formato semelhante. Salomão fez também
uma casa como essa para a filha do faraó, com quem tinha se casado.
\
As salas tinham todas as paredes cobertas de chapas de cedro."
'
1
9. "Todas essas construções, desde o lado externo até o grande
pátio e do alicerce até o beiral, foram feitas de pedra de qualidade
superior (de alto valor), cortadas sob medida e desbastadas com uma
serra nos lados interno e externo."
10. "Os alicerces foram lançados com pedras grandes de qualida-
de superior, algumas medindo 4,50 metros e outras com 3, 70 metros."
56 A Lenda de Hiram nos Graus Inefáveis do R.·.E.·.A.·.A.·.
)
' (1Rs 7:15-22- compare com 2Cr 3:15-17)
15. "Ele fundiu duas colunas (ocas) de bronze, cada uma com
8,10 metros (18 côvados) de altura e 5,40 metros (12 côvados) de
circunferência, medidas pelo fio apropriado. A espessura das paredes
era de 1,20 metro (2,50 côvados)."
Cada uma dessas colunas foi posta de um lado da entrada do
Templo. Não fica claro se elas estavam de pé sem tocar no edifício
do Templo ou se sustentavam um telhado, que também cobria o pór-
tico do Templo.
16. "Também fez dois capitéis (enfeites em forma de lírios) de
bronze fundido para colocar no alto das colunas; cada capitel tinha
2,25 metros de altura e 1,80 metro de largura."
17. "Conjuntos de correntes de bronze entrelaçadas (obra de rede)
ornamentavam os capitéis no alto das colunas, sete em cada capitel."
18. "Fez também romãs em duas fileiras que circundavam cada
conjunto de correntes para cobrir os capitéis no alto das colunas. Fez
o mesmo em cada capitel. "
19. "Os capitéis no alto das colunas do pórtico tinham o formato
de lírios (como na Sala do Trono), com 1,80 metro de altura."
20. "Nos capitéis das duas colunas, acima da parte que tinha
1 formato de taça (bojo), perto do conjunto de correntes (obra de rede),
)
29. "Nas placas, entre as armações, havia figuras de leões, bois e
querubins; sobre as armações, acima e abaixo dos leões e bois, havia
' grinaldas (adornos com festões pendentes) de metal batido."
'1 30. "Em cada carrinho havia quatro rodas de bronze com eixos
também de bronze, cada um com uma bacia apoiada em quatro pés
1 (apoios) feitos de bronze e enfeitados com grinaldas em cada lado."
31. "No lado de dentro do carrinho havia uma abertura circular
'
)
com 45 centímetros de profundidade. Essa abertura era redonda e, com
a sua base, media 70 centímetros. Havia esculturas em torno da abertu-
ra. As placas dos carrinhos eram quadradas, e não redondas. "
1 Essa abertura era para apoiar a bacia ou pia, uma peça redonda
1 com altura de 45 centímetros; no meio era côncava, como uma taça, e
media 70 centímetros de circunferência; era enfeitada com festões pelo
1
lado de fora. Seus desenhos de enfeite eram quadrados, não redondos.
l 32. "As quatro rodas ficavam sob as placas (almofadas), e os
eixos das rodas ficavam presos ao estrado (na base). O diâmetro de
'l cada roda era de 70 centímetros. "
,
.
Os suportes andavam sobre quatro rodas que estavam colocadas nos
eixos que haviam sido fundidos como parte dos suportes .
33. "As rodas eram parecidas com as de carro de guerra; seus
1 eixos, aros, raios e cubos eram todos de metal (bronze) fundido."
\ 34. "Havia quatro apoios, um em cada canto do suporte (carri-
nho), que com este formavam uma só peça. "
'
1
35. "No alto de cada carrinho, em volta do topo, atado com ore-
lhas, havia um aro de 22 centímetros de altura. Os apoios e as placas
l também estavam fixados no alto do carrinho, tudo fundido como se
fosse uma peça única."
1 36. "Ele esculpiu figuras de querubins, leões e tamareiras na
superfície dos apoios e nas placas, em cada espaço disponível; essas
\
' figuras estavam enfeitadas com grinaldas ou festões ao redor."
37. "Foi assim que fez os dez carrinhos. Foram todos fundidos
) nos mesmos moldes e eram idênticos no tamanho e na forma. "
1 38. "Depois ele fez dez pias de bronze, cada uma com capacidade
_..._, de 800 litros (40 batas) de água, medindo 1,80 metro de diâmetro;
uma pia para cada um dos dez carrinhos. "
) 39. "Ele pôs cinco carrinhos com as pias no lado sul do Templo e
cinco, no lado norte. Porém o tanque (mar de bronze) pôs no lado sul,
1 no canto sudeste do Templo. "
-... I Assim, os carrinhos portáteis e grandemente enfeitados sustentavam
as bacias de água. Os sacerdotes usavam a água para lavar os pedaços de
l animais que tinham sido mortos para servir como ofertas nos holocaustos
I ) (L v 1 :9-13; 2Cr 4:6). Descobrimentos arqueológicos têm ajudado a
'
\
tornar compreensível a difícil passagem relacionada com os suportes
providos de rodas para sustentar as dez pias; suportes semelhantes,
''I
)
60 A Lenda de Riram nos Graus Inefáveis do R.·.E:.A:.A.·.
' perfeição (sétuplos) com a qual a Igreja de Deus devia brilhar para Ele (L v
) 24:3), por meio do azeite do Espírito Santo (Zc 4:2-6); parecem assim tipificar
a luz da verdade que deveriam brilhar no cristão (Mt 5: 14) pelo sacerdócio
' ministerial de Cristo (L v 24:4; Jo 8: 12). A Mesa dos Pães da Proposição
simbolizava a harmonia restabelecida e a comunhão permanente do crente
com Deus (Lv 24:8), e talvez fosse um sinal dessa comunhão mais íntima
que existirá no Reino Celestial e escatológico de Deus (L v 14: 15). Os dois
globos, que são mencionados apenas em 2Cr 4:12, eram as partes inferio-
res dos capitéis, em forma de bolas cobertas com redes, sobre as quais se
erguiam as coroas como lírios desabrochados.
As dádivas de Davi colocadas no Templo
(1Rs 7:51 - compare com 2Cr 5:1)
51. "Terminada toda a obra que Salomão realizou para o Tem-
plo do Senhor, ele trouxe tudo o que seu pai Davi havia consagrado,
a saber, a prata, o ouro e os utensílios, e os colocou junto com os
tesouros do Templo do Senhor. "
Durante seu governo, Davi acumulou despojos de guerra e recebeu
tributo de uma grande variedade de nações (2Sm 8:9-12; lCr 18:7-11; 2Cr
5:1). Os tesouros do Templo eram depósitos para guardar as riquezas do
governo, algumas vezes usadas como tributos pelos reis para afastar inva-
sores estrangeiros (lRs 15:18; 2Rs 12:18; 18:13-16). Um tesouro era tam-
bém objeto de assaltos por parte de reis opositores (lRs 14:25-26; 2Rs
14:13-14).
iii) Dedicação ou Consagração do Templo: Salomão traz para o
) Templo a Arca (1Rs 8:1-11 - compare com 2Cr 5:2-14)
'
\
Hazael, Teglat-Falasar, Senaquerib e outros (2Rs 12; 14; 16; 18; 24), até
sua final destruição no ano 587 a.C. por Nabucodonosor, rei de Babilônia,
' para onde levou cativos os judeus.
'
\
O simbolismo teológico do Templo de Salomão é profundo. O Tem-
plo, como o Tabernáculo antes dele, simbolizava a presença de Deus
reconciliado no meio do povo que Ele redimira (Ex 45 :46; 2Cr 7:1 , 2).
' Constituía o caminho da salvação, antecipando com seus sacrifícios o
' Cordeiro de Deus, que "tabernacularia" entre nós para tirar o pecado
do mundo (Jo 1:14). E ele tipificava a glorificação que aguarda os
homens na celestial presença do próprio Deus (Ex 24: 18; Hb 9:24).
Embora hoje, no local, existam tão somente ruínas e, como prova, o
"Muro das Lamentações", o Templo de Salomão foi perpetuado nos Livros
Sagrados Bíblicos. Todos os detalhes da construção e demolição são co-
nhecidos, ainda que imprecisamente. O maçom inspira-se no documento
histórico para compreender a razão de cada objeto, utensílio, adorno, trans-
ferindo a filosofia desses elementos para o terreno espiritual, a fim de erigir
' dentro de si mesmo um Templo igual, inclusive com a presença do
' G:.A:.D:.U:., a quem cultua.
Na acepção maçônica, esse Templo é místico. É a imagem e repre-
sentação do Universo e de todas as maravilhas e perfeições da criação;
a Maçonaria o tomou como protótipo para a ministração de seus ensinos
e aplicação simbólica de suas doutrinas. Rizzardo da Camino, em seu
Dicionário Maçônico, já referido, nos diz:
"O Templo maçônico segue, ainda que de forma muito simplificada, a
arquitetura convencional inspirada pelo conteúdo das Sagradas Escrituras;
passam os séculos e a Maçonaria continua construindo seus Templos obe-
decendo a posição solar e somando os símbolos que herdou do passado,
dividindo o recinto interno em duas partes distintas, usando as tradições
para que não se perca a função de tudo o que em um Templo é colocado
' visando 'polir a Pedra Bruta', que é o próprio maçom, para reconstruí-lo
' consoante os ideais da Ordem. Na atualidade, os Templos têm externa e
arquitetonicamente semelhança entre si e características peculiares que
chamam a atenção dos maçons que por eles passam, porque as cons-
truções por si sós evidenciam a presença redentora."
Concordamos com essas belas palavras do emérito Da Camino,
exceto pelo fato de o Templo ser dividido em duas partes; na verdade,
elas são em número de três.
Com efeito, quando os maçons ingleses construíram seu primeiro Tem-
plo, inaugurado a 23 de maio de 1776, eles basearam-se em dois modelos
bem conhecidos: as igrejas e o Parlamento Britânico. Das igrejas copiaram
a orientação, a disposição e a divisão. Porém, as igrejas têm origem no
Templo de Jerusalém: elas são dispostas do Oriente para o Ocidente e
apresentam três divisões, que são o Altar-mor, o Presbitério e a Nave.
O Altar-mor, diante do qual fica o oficiante da missa, corresponde ao Santo
64 A Lenda de Riram nos Graus Inefáveis do R. ·.E.·.A. ·.A.·.
\ O Templo de Salomão 65
O Templo de Salomão
1
1
1
1
)
I
I
1
I
1
1
I
'
l. Pátio das mulheres; 2. Câmaras especiais (a da direita superior, usada para o depósito
de madeira queimada no altar; a da esquerda superior, câmara dos nazaritas; a da
esquerda inferior, usada para banhos rituais dos leprosos; a da direita inferior, a câmara
para guarda do azeite e outras provisões); 3. Espaço semissagrado (onde ficavam os
israelitas, cantando e tocando instrumentos durante os rituais); 4. Grande Câmara da
Justiça Divina (utilizada como tribunal para julgamento das questões relativas à lei
judaica); 5. Abatedouro ao ar livre (altar dos sacrificios); 6. O berço do homem (este
altar era um dos locais mais sagrados do Templo; foi ali, naquele pedaço de chão, que
Deus teria criado Adão, segundo os judeus; ali, Abraão ofereceu seu filho Isaac em
I holocausto); 7 . Morada Sacerdotal (local, onde os sacerdotes se aqueciam e dormiam
na noite precedente ao dia dos rituais); 8. Caminho da Fé (entrada do edificio do
1 Templo); ali os sacerdotes ficavam para as orações diárias; só eles podiam cruzar os
portões; 9. Objetos Rituais (Santuário no qual ficavam: a mesa dos pães da proposição;
I o altar do Incenso; e a Menorá, o candelabro de sete braços aceso diariamente); 10.
Santo dos Santos (o lugar Santíssimcb ), ao qual somente o Sumo Sacerdote tinha
acesso; nele ficava a Arca da Aliança, que continha as tábuas com os dez mandamentos .
5. A Lenda de Hiram
Abiff no Grau 3
São dois, tão somente dois, os personagens bíblicos de nome Hirão: a)
Hirão (ou Hiram), rei de Tiro (2Sm 5:11; 1Rs 5:1-18; 9:11-14; 26-28; 10:11,
22; 1Cr 14:1; 2Cr 2:3-16; 8:17, 18; 9:10); b) Hirão (ou Hiram), também
chamado Hiram Abi (ou Hiram Abiff), o arquiteto e artífice do Templo de
Salomão (lRs 7:13-50; 2Cr 2:13, 14; 3:10-22).
A semelhança dos nomes desses dois homens, ambos de Tiro, tem
gerado muita confusão entre os autores maçônicos.
Christopher Knight e Robert Lomas, por exemplo, em O Livro de
Hiram, * na página 33, questionam: "Poderia esse artesão fundidor
(Hiram Abifj) ser considerado o arquiteto do Templo? Um arquiteto é
quem conhece o edifício como um todo, e não o confeccionador de
seus ornamentos, mas, na versão bisada da Bíblia, esse construtor é
mencionado como sendo Hiram Abi, nome que guarda muita semelhan-
fª- com o discutido Hiram Abiff (da Maçonaria)". Na página 44, dizem:
"Depois de ponderar todas as possibilidades, aceitávamos agora que a
pessoa mencionada no ritual maçônico como Hiram Abif.f podia ser o
artesão fundidor levado por Hiram, rei de Tiro, para trabalhar no Tem-
plo de Salomão". Na página 93, afirmam: "Diz-se que (Salomão) es-
cravizou os cananeus que permaneceram em suas terras e que fez uma
aliança com Hiram, rei de Tiro, aquele que efetivamente projetou e cons-
truiu o Templo de Salomão". E na página 104, afirmam: "Então, sabe-
mos agora que Hiram, rei de Tiro, era um brilhante construtor e um
engenheiro extraordinário. Entendemos que a importância que lhe é
creditada nos rituais maçônicos é perfeitamente merecida".
Temos aqui algumas réplicas a essas afirmações. Por tudo que já
escrevemos, com base na Bíblia, sobre a participação de Hiram Abi na
construção do Templo de Salomão e pelo que estudamos a respeito
dos sobrenomes Ab, Abi, Abif ou Abiff, não nos resta a menor dúvida
*N.E.: Obra lançada no Brasil pela Madras Editora.
- 68-
A Lenda de Hiram Abijf no Grau 3 69
'
' de que o Hirão Abi (Hiram Abi) da Bíblia é o mesmo Hiram Abiff da
Maçonaria. A Bíblia em nenhum momento menciona e afirma que
Hirão, rei de Tiro, era construtor e engenheiro e, muito menos, que foi
quem projetou e construiu o Templo de Salomão. Finalmente, a im-
portância que os rituais maçônicos creditam a Hiram, rei de Tiro, é
infinitamente menor do que a que se verifica em relação a Hiram Abiff.
É verdade que, segundo o relato bíblico de 1Rs 5-7, parece que Hiram
' Abiff fora chamado por Salomão, depois de ter sido concluída a construção
do Templo e de seu palácio (1Rs 7: 13). Nesse caso, a participação de Hiram
' Abiff, aparentemente, teria sido na ornamentação e na fabricação dos uten-
' sílios sagrados para o Templo. Porém, segundo o relato de 2Cr 2-4, Hiram
Abiff fora chamado por Salomão, ainda na fase dos preparativos, antes do
início das obras de construção do Templo (2Cr 2: 13). Sua participação,
1
então, foi muito além. Junto com os peritos de Salomão, ele participou dos
projetos, planejamentos, orçamentos, distribuição de atividades e, por sua
' capacidade e experiência, supervisionou as obras.
' Para não continuarmos com essa confusão, utilizaremos Hirão quando
se tratar do rei de Tiro e Hiram Abiff ao se referir ao arquiteto do Templo de
Salomão.
Hirão sucedeu a seu pai, Abibaal, reinou 34 anos e morreu aos 53
'
1
anos. É verdade que foi um grande rei fenício e, em seu reinado, fez
muitas obras em Tiro. Alargou a cidade, construindo um dique no lado
oriental; fez um passadiço, ligando a cidade à ilha, onde estava o Tem-
1 plo de Júpiter, ou Baal-Samém; ergueu uma coluna de ouro nesse
Templo; reconstruiu os velhos santuários, cobrindo-os com cedros
do Líbano; erigiu Templos a Hércules e a Astarté. Porém, não foi ele
propriamente quem fez essas obras, mas seu governo. Teve relações de
íntima amizade com Davi e Salomão. Ajudou Davi na construção de seu
palácio, e a Salomão na edificação do Templo e de seu palácio. Quando
Salomão equipou sua frota em demanda de Ofir, na Arábia, para trazer
ouro, Hirão forneceu os homens entendidos em náutica. Em pagamen-
to, Salomão lhe ofereceu 20 cidades da Galileia.
Quanto a Hiram Abiff, vejamos alguns comentários que a seu res-
peito faz o emérito Rizzardo da Camino em seu livro Simbolismo do
Terceiro Grau, já referido.
O homem de Tiro, que casou com a mãe de Riram Abiff, sendo
esse órfão, criou-o e educou-o com esmero, devendo-se a ele ter sido
Hiram Abiff um homem "com muita sabedoria, compreensão e hábil
artífice".
Com efeito, a apresentação que o rei de Tiro fez a Salomão, a respeito
'
1
de HiramAbiff (lCr 2:13, 14), toma-o um célebre arquiteto, escultor, artífi-
ce exímio em toda obra em ouro, prata, cobre, bronze e ferro; escultor em
madeira e pedras; hábil no trabalho em púrpura, azul, carmesim e em fino
1
linho e tecido, acrescentando ser homem de sabedoria.
1
70 A Lenda de Hiram nos Graus Inefáveis do R.·.E:.A.·.A.·.
A Lenda
A versão mais comum a respeito da Lenda de Riram Abiff no
Grau 3 é a seguinte:
David, rei de Israel, tinha a intenção de erguer um Templo a Deus e,
para esse fim, acumulou grandes tesouros. Tendo, porém, se desviado dos
caminhos da virtude, faltou-lhe a proteção divina. Dessa maneira, a glória
da edificação coube ao seu filho Salomão, que, antes de dar início à cons-
trução do Templo, solicitou a seu aliado Rirão, rei de Tiro, que lhe enviasse
o mais célebre arquiteto do seu reino; foi-lhe, então, enviado Riram
Abiff, filho de uma viúva, grande perito em arquitetura, a quem Salomão,
conhecendo-lhe as virtudes e os talentos, confiou a direção dos Obreiros,
cercando-o de todas as honras de que era merecedor.
Assumindo a supervisão dos trabalhos e a direção dos Obreiros,
Riram Abiff reunia-os em torno de si dando golpes com seu malhete
em uma rocha, não só manualmente, para entrega das ferramentas,
mas também à tarde, para o pagamento dos salários. Como as obras
eram muito trabalhosas; os Obreiros em grande número, orçados em
153 mil, fora os mestres que os dirigiam e vigiavam; e, como sendo eles
provenientes de diversos países, não tinham todos o mesmo preparo.
Riram Abiff, para perfeita distribuição do trabalho, dividiu-os em três
classes, de acordo com os conhecimentos e a competência de cada um.
Os operários comuns (Aprendizes) reuniam-se na Coluna do Norte (Co-
luna B :. ); os mais instruídos (Companheiros), na Coluna do Sul (Colu-
na J :.); e os chefes ou arquitetos (Mestres), na Câmara do Meio, onde
entravam levando à cabeça seus chapéus.
Pela dedicação e pelo esforço empregado, os Obreiros mais destaca-
dos podiam subir de categoria, recebendo, então, aumento de salário. Dentre
os Companheiros mais dedicados, hábeis e mais dignos, Salomão pretendia,
no término das obras, elevar a Mestre aqueles que realmente merecessem,
para que, quando retomassem à sua pátria, tivessem melhores condições de
ganhar a vida, como Mestres construtores.
Quando a construção chegava ao seu final, 15 Companheiros que
' ainda não haviam completado seu tempo de estudos e experiências, mas
que ansiavam regressar aos seus países de origem, combinaram arran-
'
1 car, de Riram Abiff, a Palavra de Mestre, com a finalidade de frequentar
72 A Lenda de Riram nos Graus Inefáveis do R.·.E.·.A.·.A.·.
1 ' gua arrancada e meu corpo enterrado nas areias da praia, onde a
maré faz fluxo e refluxo, do que ter sido cúmplice do assassinato do
l nosso Mestre Hiram Abiff". A segunda voz também era de lamento: "E
eu, desgraçado que sou! Preferiria que me arrancassem o coração
'\
para servir de pasto aos abutres, a ter sido cúmplice do assassinato
de tão excelente Mestre". E a terceira voz, em desespero, dizia: "Não
se culpem. O miserável sou eu! Foi o meu golpe de Malho que o ma-
' tou! Quisera, antes, que me dividissem o corpo ao meio, sendo uma
parte lançada ao Meio-dia e a outra ao setentrião, do que ter sido o
'
l infame assassino de nosso Mestre Hiram Abiff".
Presos, os assassinos foram levados à presença de Salomão, para
l julgamento; e, no caminho, um deles confessou tudo o que haviam feito. O
\ rei, então, louvando o zelo dos Mestres, ordenou que os três Compa-
nheiros fossem levados para fora dos muros da cidade e que cada um
l fosse punido com a própria sentença que haviam proferido na gruta.
Salomão então enviou um grupo de Mestres para descobrir o corpo
'\ do grande homem Hiram Abiff e dar-lhe sepultura condigna de sua
posição e de seus elevados méritos. Seguiu-se, então, a procura da tum-
\ ba, e, uma vez encontrado o corpo, este foi exumado e transladado para o
Templo de Salomão, onde se procederam as exéquias. Girando, todos,
' em tomo do esquife, no qual jazia Hiram Abiff, com o S:.de A:., um
dos Mestres tentou levantar o corpo com o T:.de A:. em sua m:.d:.;
porém não conseguiu seu intento, pois lhe escapou da mão. Girando,
' todos, segunda vez, em tomo do esquife com o S:.de C:., outro Mes-
' tre procurou levantar o corpo com o T :. de C:. e, mais uma vez, lhe
escapou da mão. Finalmente, girando todos pela terceira vez em tomo
' do esquife com o S :.de M :. , Salomão, auxiliado por mais dois, con-
seguiu erguer o cadáver do Mestre, pelos C:. PP :. de P : ..
Dessa forma, Simbolicamente, o Mestre ressuscita. Como a Pala-
vra de Mestre havia sido perdida (o moto da Lenda), a nova Palavra
ficou sendo aquela pronunciada pelos Mestres, quando eles exuma-
ram o corpo de Hiram Abiff: a c:. s :. d :. dd :. aos: ..
Depois que os três Companheiros assassinos foram sentenciados
com a punição que para si mesmos pediram, Salomão ordenou que fos-
se re-enterrado o Saudoso Mestre. Efetuou-se, então, a inumação do
corpo, tão próximo do Santuário Interior quanto o permitiam as leis
israelitas. Não foi sepultado nesse Santuário, porque ali só tinha entrada o
Sumo Sacerdote apenas uma vez por ano, no Dia da Expiação dos pecados
do povo.
74 A Lenda de Riram nos Graus Inefáveis do R.·.E.·.A.·.A:.
1
Procedidas as exéquias, Salomão mandou nove Mestres procurarem
os três Companheiros já reconhecidos como criminosos e que tacitamente
confessavam sua culpa, por estarem faltando ao trabalho.
Presos, os assassinos tiveram suas cabeças cortadas e expostas du-
rante três dias no próprio lugar do delito, sendo depois queimados e suas
cinzas atiradas ao vento.
Salomão depositou no subterrâneo do Templo a palavra impro-
nunciável. Em uma abóbada secreta, mandou colocar um pedestal
triangular, que denominou de Ciência (Pedra Cúbica de Topo). Des-
cia-se a esse subterrâneo por uma escada de 24 degraus, em grupos
de 3, 5, 7 e 9.
Existem várias outras versões para a lenda de Hiram Abiff; po-
rém, essas duas aqui descritas são as mais conformes com seu desen-
volvimento ao longo dos Graus Inefáveis.
Antes de empreender o estudo dos diversos significados simbóli-
1 cos contidos na lenda, devemos fazer algumas considerações importantes.
Primeiro, pareceu-nos inútil complicar o relato pela introdução
1 dos adornos de que a decorou a imaginação de alguns. Assim, por
exemplo, alguns autores misturaram com essa lenda o relato dos amo-
' res de Hiram Abiff com Balkis, rainha de Sabá, e lhe introduziram
'
1
Salomão como cúmplice da morte de Hiram Abiff.
Outra nota curiosa é a mudança dos nomes dos três Companheiros
assassinos, nos diversos Ritos e Graus, conforme suas aplicações, sendo
' que alguns Ritos, como o York, Schrõder e Francês, não os mencionam. Em
' geral são: Jubelos, Jubelas, Jubelum; ou Jubelo, Jubela, Jubelum, que seriam
a corruptela latina de "Zabulon ", levada, respectivamente, ao mascu-
lino, ao feminino e ao neutro; ou Schterké, Habbhen e Austersfurth,
nos países de língua germânica; ou Romvel, Abiram e Gravelot; ou
Giblos, Giblas Giblon; em dado Rito, Jubelum é transformado em
Abibalah, um pouco antes de sua morte. Para o templário, são: Squin de
Floriano, Noffodei e o Desconhecido, por cujas disposições Felipe, o Belo,
acusa a Ordem perante o papa, ou melhor, os três abomináveis Felipe, o
Belo, Clemente V e Noffodei. O Rosa-Cruz de França os substitui por
Judas, Caifás e Pilatos, os três responsáveis pela morte de Jesus. Na Rosa-
Cruz de Kilwinning, os três assassinos da Beleza são Caim, Hakan, Héni.
Dessa forma, os nomes dos três Companheiros são irrelevantes,
porque a lenda é uma simples alegoria moral, na qual eles simbolizam a
inveja, a ambição e a ignorância, que procuram subjugar a Sabedoria e
a Verdade, representada por Hiram Abiff.
1
1
76 A Lenda de Hiram nos Graus Inefáveis do R.·.E.·.A.·.A.·.
Simbolismo da Lenda
O Ritual de Mestre Maçom da GLMERJ nos diz que "o Grau de
Mestre Maçom, dentre todos os demais, é talvez o que representa com
mais propriedade e perfeição os antigos mistérios de Ísis e Osíris
do Egito".
Osíris (rei e deus dos egípcios) realizou em seu governo uma longa
viagem para abençoar as nações vizinhas com seu conhecimento das leis,
artes e ciências. Seu irmão Tifão (deus do Inverno), por ciúmes, conspirou
para assassiná-lo e roubar seu reino. E assim aconteceu; aprisionou Osíris
em um caixão e o lançou ao mar. Ísis, irmã e esposa de Osíris e sua
rainha (e também deusa da Lua), partiu à procura do corpo de seu
marido, investigando tudo o que encontrou. Após várias aventuras,
ela encontrou o corpo no caixão, com uma acácia próxima à parte da
sua cabeça. Retomando ao lar, ela secretamente enterrou o corpo, pre-
tendendo dar um verdadeiro enterro assim que os preparativos fossem
feitos. Tifão, por traição, roubou o corpo, cortou-o em 14 pedaços e os
escondeu em diversos lugares. Ísis então fez uma segunda busca e loca-
lizou todos os pedaços, com exceção do falo. Reuniu todo o corpo e o
ressuscitou. Ela, então, fez um falo substituto, consagrou-o, e ele
tornou-se um substituto sagrado e objeto de adoração.
Esta é, em forma bastante abreviada, a lenda egípcia de Ísis e
Osíris. Ela é, sem dúvida, a base da Lenda maçônica de Hiram Abiff.
Outrora, o Iniciado nos mistérios de Osíris aprendia que havia a -.
possibilidade de o homem ter uma vida diferente da vida física. Ensi-
nava-se-lhe que a entrada e a saída da existência são guardadas pelo
terrível mistério da morte. Para exprimir simbolicamente esse misté-
rio, o Iniciado era envolvido em faixas e colocado em um ataúde; ao
seu redor se ouviam cantos tristes e majestosos e depois ele renascia.
Era-lhe revelada uma luz nova, e seu cérebro, fortalecido pela vitória
sobre o terror da morte, abria-se a ideias mais nobres, a devotamentos
mais sublimes.
Hoje, graças à dedicação dos Irmãos que nos precederam, as
ciências profanas transformaram a vida social. O domínio das forças
morais sobre as físicas saiu das antigas universidades, dos Templos
fechados, para entrar nos laboratórios; e como o Pelicano que dá seu
sangue para alimentar sua progênie, o sábio contemporâneo, o verda-
deiro vidente na humanidade ainda cega, dispensa aos profanos sua
ciência e sua dedicação.
A tradição dos símbolos é, também, uma ciência viva. Ela permi-
te àquele que a possui adaptar seus conhecimentos às necessidades de
seus Irmãos; soerguer uma sociedade que naufraga; amparar e reani-
mar um coração sem coragem e projetar a luz até onde as próprias
trevas parecem ter seu domínio absoluto.
A Lenda de Riram Abiff no Grau 3 77
' para os não Iniciados, mas que servia de base a todos os ensinamentos
dos mistérios.
' À Maçonaria, herdeira direta dessas antigas Fraternidades Iniciáticas,
l
' não falta, também, sua história simbólica.
A Lenda de Hiram Abiff contém a chave das maiores adaptações
simbólicas que a Ordem maçônica pode preencher. Sob o ponto de vista
' social, é a adaptação da inteligência aos diversos gêneros de trabalho; a
divisão das forças sociais concorrendo com a harmonia do todo, e o
l lugar dado ao Mestre por seu saber, são todos ali desenvolvidos. Sob
o ponto de vista moral, ensina a lei terrível que faz com que aquele que
' auxiliamos e instruímos, se revolte contra nós e nos procure matar, pois,
segundo a fórmula da Besta Humana, "o Iniciado matará o Iniciador".
' Praticamente, enfim, é a certeza de que todo o sacrifício é a chave de
' uma satisfação futura, é o ramo da acácia que nos guiará para o túmulo
daquele que se sacrificou por nós. Tudo isso é eternamente vivo para o
'
1
cérebro que compreende e indica um ensinamento que pode sempre
ser transmitido à humanidade, qualquer que seja a evolução da socie-
l dade profana.
\ Que nossos antigos Irmãos do século XVIII tenham visto nessa
lenda uma representação mitológica da marcha do Sol; que outros ali
' descubram adaptações filosóficas, isso nada importa, pois toda lenda
verdadeiramente simbólica é a chave universal de todas as manifesta-
ções físicas, morais e espirituais.
Assim, podemos compreender a razão de ser dos mistérios de que
participamos, e podemos saber por que a Maçonaria deve respeitar a
tradição e os símbolos que foram confiados a seus Mestres Iniciadores.
O emérito Papus (Dr. Gerard Encausse), em seu livro O que Deve
Saber um Mestre Maçom, páginas 97 a 109, consigna que: "os mitólogos
modernos procuram mostrar que todas as histórias referentes às di-
vindades hindus, egípcias, gregas, romanas e mesmo a Cristo não
passavam de representações mais ou menos perfeitas da marcha do
) Sol. Daí o nome de mitos solares, dado a todos esses relatos".
Isso é verdadeiro, em parte, porém ali não se deve ver apenas
' esse sentido astronômico. Um dos métodos da Ciência Oculta, a Analogia,
pode nos esclarecer esse assunto.
Sendo a lenda de Hiram Abiff uma história simbólica, vejamos a
razão de ser desse gênero de símbolos, e poderemos mais bem com-
preender os comentários que daí deduzirmos e fizermos, ao longo desse
trabalho.
78 A Lenda de Hiram nos Graus Inefáveis do R.·.E.·.A.·.A.·.
\
morto por uma perversidade qualquer; da ressurreição triunfante do
bom e da punição dos culpados.
Nas antigas Iniciações egípcias, quando o véu que cobria o santuário
acabava de baixar diante dos profanos, o recipiendário assistia a uma estra-
)
nha cena. O grande sacerdote lhe repetia a história da morte de Osíris, que
\ todo egípcio conhecia desde a sua infância; mas o futuro Iniciado entrevia
nessa nova maneira de expor a lenda um lado misterioso até então desper-
\
cebido por ele. Logo as provas de Iniciação psíquica iam esclarecê-lo mais.
\ Joseph-Marie Ragon, em seu livro Ortodoxia Maçônica,* página
\ 101, nos diz:
"No Egito, o 32 Grau se chamava Porta da Morte. O ataúde de Osíris
\ que, por causa de seu assassinato, suposto recente, continha ainda vestígios
1 de sangue, erguia-se no meio da sala dos mortos, onde se fazia uma parte
da recepção. Perguntava-se ao assistente se ele havia participado do as-
l sassinato de Osíris; depois de outras provas e em decorrência de suas ne-
l gativas, dava-se-lhe ou fingia-se que se lhe dava um golpe de acha.
Ele era deitado de costas, coberto de faixas como as múmias; gemia-se
)
ao redor dele; brilhavam clarões; o suposto morto estava envolto de
\ fogo, e depois retornava à vida."
) Na moderna Iniciação maçônica, o recipiendário, seja um bravo
militar ou um professor universitário, fica admirado de ouvir repetir a
1 história do assassinato do artífice bíblico. O sentido do simbolismo é a tal
\ ponto ignorado em nossa época que o espírito fica desconcertado diante
desses ritos, que, embora admiravelmente concebidos, passam no con-
1) Significado Natural
Em seu significado natural ou físico, a lenda pode ser considerada
sob dois aspectos: o social, aplicado às leis sociais, e o astronômico,
desenvolvendo um mito solar.
Aspecto social: Dividindo os operários de acordo com sua expe-
riência e dando-lhes a possibilidade de ascensão, conforme seu traba-
lho e seu aprendizado, Riram Abiff mostra essas duas lições: a cada
\ um segundo suas aptidões; e a cada um segundo seus méritos. Ou
seja: um homem não deve fazer nada além da sua capacidade e só
\ pode progredir caso tenha merecimento, e não com o uso de recursos
\ escusos, ilegais, imorais, como no caso dos três Companheiros.
1
*N.E.: Obra lançada no Brasil pela Madras Editora
l
80 A Lenda de Riram nos Graus Inefáveis do R:.E.·.A.·.A.·.
Trata-se, aqui, de uma das mais belas ideias sociais. Na obra empre-
endida por Riram Abiff não há preguiçosos; todos são obreiros. Compreen-
dendo, todavia, que a liberdade do homem deve ser respeitada acima de
tudo, Riram Abiff deixa cada um assumir na sociedade o trabalho que pos-
sa levar a bom êxito, e desde a base de sua organização proclama o princí-
pio: A cada um segundo suas aptidões.
Uma vez estabelecidas as três classes, aparece a hierarquia social.
Em toda a parte, e sempre, encontrar-se-ão dirigentes e dirigidos; é uma lei
natural.
O meio estabelecido por Riram Abiff para se tornar membro da
classe dirigente não é a hereditariedade dos títulos e cargos políticos;
nem a hereditariedade da fortuna submetendo os pobres ao despotis-
mo de um ser imoral e depravado; nem a intriga, dando colocações
aos mais protegidos; mas, a dignidade. Nada impede àquele que quei-
ra galgar a primeira posição na sociedade de Riram Abiff. Basta ser
digno.
Tudo segundo o mérito e não a hereditariedade, o saber e não a
fortuna, tudo por concurso e não por intriga, tal é a expressão da se-
gunda fórmula social de Riram Abiff.
Aspecto astronômico: Este tem sido tratado com bastante autori-
dade por todos os autores maçônicos. É como um mito solar que os filiados
consideram quase exclusivamente a lenda de Riram Abiff, tal qual o
atestam as passagens seguintes.
Ragon, em seu livro Ortodoxia Maçônica, nos diz:
"O Sol, no solstício de verão, provoca, entre tudo o que respira, os
cantos da renascença; daí que Riram Abiff, que o representa, possa
dar, a quem de direito, a palavra sagrada, isto é, a vida. Quando o Sol
desce nos signos inferiores, começa o mutismo da natureza. Riram
Abiff não pode, pois, dar mais a palavra sagrada aos Companheiros
que representam os três últimos meses inertes do ano. O Primeiro Com-
panheiro é tomado como tendo contundido fracamente Riram Abiff
com uma régua de 24 polegadas, imagem das 24 horas que dura cada
revolução diurna: primeira distribuição do tempo que, depois da
exaltação do grande astro, atenta fracamente contra a sua existência
dando-lhe o primeiro golpe. O segundo ferimento com um esquadro
de ferro, símbolo da última estação, figura nas intercessões de duas
linhas retas que dividiram em quatro partes iguais o círculo zodiacal,
cujo centro simboliza o coração de Riram Abiff, em que se juntam as
pontas dos quatro esquadros figurando as quatro estações : segunda
distribuição do tempo que, nessa época, assenta um novo e maior gol-
pe na existência solar. O terceiro Companheiro o fere mortalmente na
testa com um forte golpe de malho, cuja forma cilíndrica simboliza o
ano que quer dizer círculo, anel: terceira distribuição do tempo, cuja
conclusão assenta o último golpe na existência do Sol expirante. Nessa
A Lenda de Hiram Abiff no Grau 3 81
'
'
apenas em sentido alegórico e emblemático. As obras do Templo estavam
já por terminar, indicando que o Sol já teria percorrido as três quartas
partes do seu curso anual; os três maus companheiros situam-se nas por-
'
)
tas do meio-dia, Ocidente e Oriente, ou seja, os pontos do céu por onde sai
o Sol, onde alcança sua maior força e onde se põe, ao morrer o dia. O
primeiro Companheiro fere o Mestre com uma régua de 24 polegadas, que
' representa a revolução diária do Sol, às 24 horas do dia. O segundo Com-
' panheiro fere-o com um esquadro de ferro, símbolo do inverno, figurado
pela intercessão de duas retas que dividem o Zodíaco em quatro partes
' iguais, representativas das quatro estações, cujo sentido simboliza o cora-
' ção de Riram Abiff. Finalmente, o terceiro Companheiro, cuja arma cilín-
drica simboliza o ano, o anel ou o círculo, dá o golpe derradeiro na existên-
'" cia do Sol expirante. Três Companheiros matam o Mestre Riram Abiff e
nove Mestres procuram seu corpo. São os 12 meses do ano zodiacal, sendo
que os Companheiros assassinos simbolizam os três últimos meses do ano.
Eles são Libra (23/setembro a 22/outubro), Escorpião (23/outubro à 211
' novembro) e Sagitário (22/novembro a 21/dezembro), quando começa o
' Inverno (no Hemisfério Norte) e quando nosso querido Mestre recebe o
terceiro golpe que acaba com sua vida. Em Capricórnio (22/dezembro a 20/
'
--, janeiro), a substância terrestre está inerte mas é fecundante; é descoberto
o corpo do Mestre. Em Aquário (21/janeiro a 19/fevereiro), os elementos
.', construtivos são reconstituídos na terra e se preparam para uma vida nova.
Riram Abiff vive para sempre. Daí a analogia entre Riram Abiff e Osíris, o
Sol dos egípcios, de Ísis, sua viúva, ou seja, a Loja Maçônica, e daí o nome
'
l
que se dá aos maçons: Filho da Luz da Viúva e da Luz Inefável."
2) Significado Moral
"""I
O significado moral e religioso da lenda pode ser dividido em cinco
""
\
partes.
A primeira se relaciona com a exposição de religião natural, uni-
versal e imutável, por meio de símbolos e máximas. A lenda de Riram
.,' Abiff, pelo esforço de todos os seus operários de classes diferentes,
nacionalidades estrangeiras e diferentes religiões, porém, contribuin-
- ~ do todos, com seu trabalho, para levantar o Templo ao Deus Único,
ensina-nos a tradição dos gnósticos e de todos os antigos Iniciados,
'1 bem como a existência da Religião única, de que todos os cultos são
manifestações. É por isso que a Maçonaria deve ser inimiga do secta-
rismo, qualquer que seja sua forma.
'
~
A segunda parte do significado moral refere-se ao segredo das ope-
' rações da natureza. Isso faz alusão ao sentido hermético e alquímico da
l lenda de Riram Abiff.
.~
I 1'
I .,
'
84 A Lenda de Hiram nos Graus Inefáveis do R.·.E.·.A.·.A.·.
3) Significado Psíquico
Outro importante significado da lenda de Riram Abiff é aquele
relacionado ao desenvolvimento da alma do recipiendário por meio
das provas misteriosas praticadas em todos os santuários. Todo o obje-
tivo da Lenda se acha encerrado nessa morte do justo eliminado secre-
tamente e em sua esplendente ressurreição.
Segundo Papus, trata-se do princípio do Universo, que preside a
destruição e transformação das formas, conhecido em todas as teogonias
e designado sob o nome de Shiva, Ahriman, Osíris, Typhon, Nahash e
Jesus, o Cristo.
O pior que se pode opor à Vontade Humana, divinamente pode-
rosa, é a morte. Em todas essas épocas a Iniciação só visou alcançar
um fim: instruir o homem e por esse meio tornar a morte impotente. A
cada passo, o recipiendário dos mistérios de Elêusis era ameaçado de
morte, e isso apenas para adverti-lo de que estivesse sempre preparado
para sofrê-la enquanto alcançasse as últimas revelações. Uma das provas
mais terríveis que tinha de suportar era a seguinte: Diante dele eram colo-
A Lenda de Hiram Abiff no Grau 3 85
1
cados dois copos. O grande sacerdote lhe dizia: "Filho da Terra! Um dos
1 dois copos contém um veneno terrível. Se verdadeiramente crês no além,
1 se não tens medo de morrer, escolhe um desses copos e bebe. Possam os
Deuses te proteger!". Em caso de recusa, o recipiendário era aprisionado
até a morte. Platão tomou-se célebre entre os Iniciados pela coragem que
1 demonstrou nessa prova.
A lenda de Hiram Abiff nos mostra o desenvolvimento desse mis-
'1 tério, no sábio que prefere morrer a revelar seu segredo, e que ressus-
cita imortal.
1 A propósito do grão de trigo, temos insistido no fato de que a morte
precede sempre a vida seguinte, para que na mesma lei aplicada à evolução
1 da alma só se possa ver uma repetição analógica do mesmo fato.
Thuileur, em Des trente-dois degrés de l 'Ecossisme du rite ancien,
dit accepté, na página 244, consigna:
"Na linguagem simbólica, diz-se comumente que a Morte é a
porta da Vida; linguagem pouco conhecida daqueles que possuem o Grau
de Mestre, conquanto os emblemas colocados sob suas vistas devessem
tê-lo instruído. Entende -se, por essa figura, que a fermentação e pu-
trefação precedem e originam o nascimento; que sem a primeira con-
dição não pode ter lugar a segunda; que, em uma palavra, para que
a geração se efetue, é preciso que os princípios geradores morram,
por assim dizer; que se dissolvam e se desagreguem pela putrefação.
Com efeito, sem um movimento interno e fermentativo, sem a disjunção,
sem a desagregação das partes envolventes, como poderia vir à luz o
germe pelos invólucros que o detêm cativo?"
Clavel, em Histoire pitoresque de la Franc-Maçonnerie, página 54,
1 nos diz:
"Em todos os mistérios antigos, como na Iniciação Maçônica, o
' cerimonial da recepção figurava as revoluções dos corpos celestes e
sua ação fecunda na terra. Esse cerimonial fazia igualmente alusão
às diversas purificações da alma durante sua passagem através dos
planetas, em que ela se reveste de corpos mais puros à medida que se
aproxima de sua fonte, a Luz incriada. Os sacerdotes que presidiam à
Iniciação lhe atribuíam a virtude de dispensar a alma do Iniciado de
diversas migrações planetárias; essa alma, com a morte do adepto,
passava diretamente para a mansão da eterna beatitude ".
Morto o arquiteto do Templo, os assassinos o sepultaram na terra
e marcaram o lugar de seu túmulo com um ramo de acácia. É ela que
' logo guiará os Mestres em suas pesquisas.
A acácia é análoga à Aubépina, à Cruz egípcia e à cristã, e à letra
' hebraica Vav, que quer dizer Laço. É o símbolo do Laço que une o Visível
ao Invisível, nossa vida à seguinte: em uma palavra, é a imortalidade. O
86 A Lenda de Riram nos Graus Inefáveis do R.·.E.·.A.·.A.·.
corpo de Hiram Abiff está em putrefação; mas sobre ele se ergue o ramo
morto, com a cor da Esperança, que indica não estar tudo terminado.
Admiremos o gênio dos autores da lenda, que fazem esse símbolo
falar na boca dos Mestres. O maçom que tenha se tomado ateu, que não
mais creia nas transformações espirituais do seu ser, confessa, embora
sem o saber, sua própria ignorância, e prova que não atinou completa-
mente com o simbolismo, quando diz: "A acácia me é conhecida".
Ashmole trocou por um ramo de acácia a antiga palma com a qual
Homero e Virgílio dotaram os homens duas vezes nascidos: corporalmente
pelo nascimento terrestre, e espiritualmente pela Iniciação Psíquica. Mas
qualquer que seja o ramo, de acácia, de oliveira, de mirto ou de uma cruz,
que se erga diante do investigador, é preciso ver em toda a parte o mesmo
símbolo de reconhecimento psíquico, e dizer, como Ashmole e a Rosa-Cruz:
"A Imortalidade me é conhecida!".
Acabamos de passar em revista alguns dos significados, que nos re-
velaram alguns autores, a partir do estudo dessa admirável lenda de
Hiram Abiff.
Vejamos agora os significados simbólicos dessa lenda, pelo excepcio-
nal maçom Jorge Buarque Lyra, no monumental livro A Maçonaria e o
Cristianismo, da editora Aurora, 1957, páginas 293 e 294, com os quais
concordamos inteiramente, sem restrições alguma.
Hiram Abiff foi o Grande Mestre que simboliza o verdadeiro Ini-
ciado, a tradição maçônica.
Os três companheiros assassinos simbolizam tudo o que se opõe
a uma iniciação real: a Mentira, que procura matar a verdade sorra-
teiramente, por meio da régua, que devia servir para estabelecê-la; a
Ignorância, que usa brutalmente do malho de uma vontade sem freio;
a Superstição, que quer tudo medir com seu compasso e prefere
plantá-lo no coração do sábio a renunciar à sua rotina de abrir seu
ângulo estreito até a medida de seus grandes pensamentos. Alguns
preferem denominar esse terceiro companheiro com o qualificativo de
Ambição.
"Nessa lenda, vemos que as maldades que abateram o mestre, a mentira,
a ignorância e a superstição (ou ambição), continuarão seu caminho,
ao longo dos tempos, como o fazem hoje, para edificar sua obra nega-
tiva, a mentira, que nega o direito; a ignorância, que nega a fé racioci-
nada e a ciência, e a ambição ou superstição, que, apoiando-se na
mentira e na ignorância, estabelece, entre os homens, a escravidão do
corpo e do espírito."
A insígnia do Mestre é o Esquadro unido ao Compasso.
Hiram Abiff, na Maçonaria, tomou-se símbolo do mártir, do herói que
morre pelo cumprimento do dever. Tomou-se, destarte, o grande símbolo
da razão eterna, que os três maus companheiros agridem e ferem no cami-
nho da vida.
\
\
A Lenda de Hiram Abiff no Grau 3 87
'
l
Uma outra ideia reponta desse simbolismo. É a perfeição. Morrer
) para o mundo, morrer para os vícios, é renascer para uma vida nova. É o
) que sugere também o emblema da acácia, símbolo da vida indestrutível, da
sobrevivência da alma. Ele nos lembra, outrossim, que a verdadeira vida
\ resiste à morte corporal.
Tais pensamentos têm o condão de elevar a alma acima da matéria,
acima das vis paixões, acima de todas as misérias do gênero humano.
A síntese dos objetivos colimados pelos Iniciados deve irradiar
em torno dele e sobre o próximo, todas as forças benéficas, das quais
se tornou senhor. "E quão boa não seria a humanidade, se tão subli-
\
me ideal se espalhasse por toda a parte e contagiasse todos os ho-
\ mens? Pois outro não é o ideal da Maçonaria. "
Todos os homens, senhores de si mesmos e cheios de poder, na dire-
\
ção da conquista do bem; subjugadas todas as paixões; degoladas todas as
) tiranias; aniquiladas todas as forças maléficas, o mundo resplandeceria pela
beleza divina da harmonia, da paz e da felicidade.
' "A parte histórica do 3º Grau oferece o quadro mais perfeito das
\
88 A Lenda de Hiram nos Graus Inefáveis do R.·.E.·.A.·.A.·.
Origem da Lenda
' Elias Ashmole (1617-1692), sábio antiquário inglês, iniciado em
1646, teria sido o criador dos rituais dos três Graus da Maçonaria Sim-
' bólica e, inclusive, da Real Arco, autoria hoje contestada por autores
' modernos, mas a época em que eles foram criados permanece a mes-
ma, e é uma época interessante pelos fatos históricos que aconteceram
e que muito tem a ver com o desenvolvimento da Maçonaria moderna.
Carlos I, príncipe da dinastia escocesa dos Stuart, foi decapitado em
1649, com o triunfo da revolução de Olivério Cromwell que instala
sua república puritana. Elias Ashmole, que era do partido dos Stuart,
haveria decidido modificar o Ritual de Mestre fazendo uma alegoria
'
1
do trágico fim de Carlos I, para o que foram usados tanto os conheci-
mentos míticos como o espírito místico; Riram Abiff ressuscita dos
mortos assim como Carlos I será vingado por seus filhos.
Especulações foram desenvolvidas por quem procura descobrir
) a origem da lenda e, de fato, nem seus autores são conhecidos, tendo
aparecido em escritos diversos mencionados per quem ouviu falar. A len-
'
)
da não tem mais de 300 anos, dentro da ritualística maçônica, e nenhum
dos antigos manuscritos maçônicos menciona a lenda de Riram Abiff,
'
'
90 A Lenda de Hiram nos Graus Inefáveis do R.·.E.·.A.·.A.·.
Conclusões
José Castellani, em seu livro A Maçonaria e sua Herança Hebraica,
já referido, consigna que: "Nos Ritos que apresentam Altos Graus, a es-
cala segue uma certa linha histórica, baseada na história hebraica,
desde a construção do Templo de Jerusalém até a destruição da cida-
de, no ano 70 d.C. ".
Os Altos Graus, surgidos na França em 1758, representam a suma
característica do R:.E:.A:.A:., que acabou tendo outros Ritos seguido-
res, em geral, com menor número de Graus. Assim sendo, os comentários
alusivos a esses Graus e emitidos neste trabalho são relativos ao Rito Esco-
cês, que os introduziu, podendo ser aplicados a outros Ritos, que mostrem,
nesses Altos Graus, uma certa similaridade com o Escocesismo.
Os três primeiros Graus, comuns a todos os Ritos, simbolizam a evo-
lução do pensamento humano, desde a pré-história, em suas três etapas:
Intuição (Aprendiz), análise (Companheiro) e síntese (Mestre). Historica-
mente, mostram a época da construção do Templo de Jerusalém, embora
todo o enredo maçônico seja lendário, não só em relação à divisão dos
Obreiros em Aprendizes, Companheiros e Mestres, mas, também, em rela-
ção à morte de Hiram Abiff e sua vingança, posto que esses dados não
são relatados na Bíblia, a única fonte de consulta credenciada da cons-
trução do Templo e do personagem Hiram Abiff. A lenda foi criada,
simplesmente, para ilustrar as lições morais aí contidas.
Enquanto os três primeiros Graus referem-se ao conhecimento do
ser humano, o microcosmos, os Graus escoceses, que se estendem do 42
ao 18º, conduzem ao conhecimento cósmico, à identificação com o Uni-
verso, por meio da solidariedade e do amor. Os Graus que se estendem
do 19º ao 30º, harmonizando os ensinamentos precedentes, mostram o
caminho da realização do homem, em consonância com o cósmico, ou
seja, com o todo, com tudo o que há no Universo. Assim, o Grau 30 é a
síntese iniciática de todos os Graus, e, por isso, doutrinariamente, o mais
importante dos Altos Graus, já que os três últimos da escala (31 a 33)
são meramente administrativos, tendo, inclusive, essa denominação.
Os Graus posteriores ao de Mestre Maçom são representados no
Templo de Jerusalém, ou em alguma Câmera do palácio real, tendo, como
dirigentes, o próprio Salomão e seus oficiais, ou seus propostos, mas sem-
pre girando em torno do assassinato de Hiram Abiff. Depois da constru-
\
\
ção do Templo, os Graus abordam o momento histórico da destruição de
\ Jerusalém e do Templo, seguido do exílio na Babilônia e, posteriormente, do
)
retomo à Palestina, sob a liderança de Esdras e Neemias e com Zorobabel
recebendo a missão de reconstruir o Santuário. No 15º Grau, por exemplo,
\ o presidente representa Ciro, rei da Pérsia, e o recipiendário, o que recebe
\ o Grau, representa Zorobabel, príncipe de Jerusalém; no 16º Grau, a Loja é
dividida em duas partes que se comunicam; uma representa a corte de
1 Zorobabel, em Jerusalém, e a outra a de Dario, sucessor de Ciro; a passa-
gem por onde se conduz o recipiendário, de uma para outra sala, simboliza
o caminho que ligava a Babilônia a Jerusalém, mostrando, portanto, o mo-
mento do reassentamento na Palestina. Em prosseguimento, o 18º Grau
mostra o advento de João Batista e de Jesus e os primórdios do Cristianis-
)
mo, sendo muito decalcado nas práticas dos essênios. O 19º Grau marca o
momento histórico da destruição definitiva de Jerusalém, no ano 70 d.C., com
\ o advento da Jerusalém Celeste, já que a terrestre estava destruída, que é
\ considerada o Reino de Deus, ou a Morada dos Justos. Os Graus posterio-
res já não se prendem à história, mas mostram grande influência hebraica
'
)
no que simbolizam. Por exemplo: no Grau 23-, os membros da Loja são
chamados de levitas e o Templo tem a decoração do de Jerusalém; no 25º
Grau há a corte do Sinai, onde o Templo tem, entre a decoração, a sarça
ardente e um transparente com a palavra Jeovah; no 28º Grau, o presidente
\ representa Adão e a filosofia do Grau é baseada no Apocalipse; no 29º
l
Grau, volta a ser abordada a Jerusalém Celeste; no 30º Grau, a Loja é o
Conselho Kadosh (em hebraico: Santo), com alguma base no Kadosh he-
\ braico (embora com outras influências como a do tribunal da Santa Vehme,
ou seja, dos Franco-Juízes, da Alemanha do século XV).
A Lenda de Hiram Abiff não é mencionada desde os Primeiros Graus
porque sem os conhecimentos completos dos 1º e 2º Graus não se pode
compreender ainda o mistério da vida, da morte e da ressurreição. O novo
Mestre irá estudar que a morte vence porque, por deficiência nossa, não
temos estudado o segredo da vida que é a verdade; com um estudo mais pro-
l fundo veremos que a morte é negação e a vida é afirmação; a morte é como
l o erro; o erro existe porque há a ignorância; procuremos o segredo da vida
que vence a morte.
\
)
'
6. Síntese dos
Graus Inefáveis
Quando iniciamos nos Augustos Mistérios da Arte Real, fomos sub-
metidos às seguintes perguntas de grande significado: 1ª) Quais os deveres
do homem para com Deus? 2ª) Quais os deveres do homem para consigo
mesmo? 3ª) Quais os deveres do homem para com seu semelhante? 4ª)
Quais os deveres do homem para com a Pátria?
A primeira pergunta tem sua resposta na doutrina contida nos 33 Graus
do R:.E:.A:.A:., pois, quando se ensinam os deveres de cada maçom,
individual ou coletivamente, neles se inclui seu dever para com Deus. Isso
significa que, seguindo o ensino divinamente inspirado de S. João, só pode-
mos provar que cumprimos nosso dever para com Deus, se antes amarmos
nosso Irmão. Eis suas palavras, em Jo 4:20: "Se não amas a teu Ir-
mão, a quem vês, como podes amar a Deus, a quem não vês?". Tanto
isso é verdade que a fé maçônica se baseia nos fatos, naquilo que
vemos, compreendemos, entendemos ou sentimos. Portanto, tudo quan-
to fizermos de bom ao nosso semelhante constitui o culto da virtude,
cujo objetivo supremo é a glorificação de Deus.
Os deveres do homem para consigo mesmo são ensinados nos
seis primeiros Graus ( 1º ao 6º) do Rito, pois ele deve, antes de tudo,
compreender sua natureza material e espiritual, ensinada nesses Graus.
Consequentemente, os deveres para com seu semelhante são encon-
trados nos Graus 7º ao 262 , que tratam do estudo do homem social.
Finalmente, os deveres para com a Pátria são estudados nos Graus 27º
ao 33 2 •
O emérito maçom, rev. prof. Jorge Buarque Lyra, em seu extraordi-
nário livro As Vigas Mestras da Maçonaria (Editora Aurora, 1964, págs
25 a 31), faz uma síntese dos 33 Graus do Rito, mostrando suas rela-
ções com as perguntas formuladas. Para concluirmos essa parte
introdutória do nosso trabalho, faremos a transcrição, com algumas
adaptações, do que ele escreve sobre os Graus 1 ao 14:
- 92-
Síntese dos Graus Inefáveis 93
'
94 A Lenda de Hiram nos Graus Inefáveis do R.·.E.·.A.·.A.·.
Denominações do Grau
O Templo e sua Ornamentação no Grau
Interpretação Esotérica do Templo no Grau
Simbologia dos Utensílios do Templo no Grau
Símbolos do Grau
O Cobridor do Grau
A Lenda de Hiram no Grau e sua Interpretação Alegórica
Interpretação Filosófica do Grau pelo Templo e pela Lenda
Insígnias e Emblemas do Grau
"O principal dever do homem para consigo mesmo é de instruir-se;
o principal dever do homem para com seus semelhantes é de instruí-los."
Foram as palavras que nos deixou, em trabalho de Aprendiz, cujo
modesto avental revestiu na provecta idade de 75 anos, o grande sábio
e literato francês Émile Littré.
\
\
7. O Templo e a Lenda
no Grau 4 -Mestre Secreto
'
'
100 A Lenda de Riram nos Gratts Inefáveis do R.·.E.·.A.·.A.·.
\
\
102 A Lenda de Hiram nos Graus Inefáveis do R.·.E.·.A.·.A.·.
'
\
do. Em Ex 38:1-7, o Altar é confeccionado; em Ex 40:4, 22, 23, a descrição de
onde é colocado; e, finalmente, em Lv 24:5-9, Deus instrui a Moisés como
deveriam ser feitos os Pães Propiciais (Pão Ázimo).
\
No Grau 4, esse Altar encontra-se em frente ao Altar do Tesoureiro,
\ tendo sobre ele uma bandeja contendo 12 Pães Propiciais, represen-
)
tando as 12 tribos de Israel, posto que esses Pães eram oferecidos a
Deus pelas 12 tribos. Esses 12 Pães constituem ainda uma referência
\ mais direta aos 12 signos zodiacais, às 12 divisões cíclicas do Ritmo
Cósmico e Terrestre da Vida e aos 12 setores nos quais se divide o
Campo Energético Vital.
)
'
104 A Lenda de Hiram nos Graus Inefáveis do R:.E:.A.·. A.·.
1
Cetro substitui o Malhete para dar sobre a espada os golpes simbólicos da
1
., Consagração. Representa o Poder da Unidade que se manifesta na Inteli-
gência (mão esquerda) como Sabedoria, e na Vontade (mão direita) como
Capacidade de Domínio.
\
A Chave de Marfim
A Chave de Marfim com a letra Z (inicial da P :.de P :.do Grau), em
preto, é a Insígnia (ou Joia) do Mestre Secreto. A Chave encerra um simbo-
lismo muito extenso: é o emblema do Silêncio e da Circunspecção, do Poder
e da Predominância, da Prudência e da Discrição, qualidades a serem desen-
volvidas, ou conquistadas pelo Mestre Secreto. Conclui-se então que o silên-
cio leva à Meditação e esta, a pensamentos retos; por isso, o homem que
pensa e raciocina é prudente, discreto e circunspecto, conseguindo assim
predominância e poder sobre seus semelhantes. O Marfim, também símbolo
do Poder, é, além disso, símbolo da Pureza e da Sabedoria. Assim, a Chave
1
de Marfim lembra ao Mestre Secreto que somente por meio da Pureza lhe
\ será possível alcançar a Sabedoria, e por ela o Poder, não somente sobre si
mesmo, mas também sobre os outros. A Chave de Marfim representa o enten-
dimento espiritual, e o Mestre Secreto há de conseguir, por seu intermédio, abrir
a Arca da Aliança, que é a Arca Real da Sabedoria.
O Louro e a Oliveira
Diz nosso Ritual que o Louro significa o Triunfo do espírito sobre a
matéria e a Oliveira é o emblema da Paz alcançada após as lutas sobre as
paixões. Essas folhagens simbolizam a Vitória sobre si mesmo e a Paz na
vida espiritual e física; significam vitória e paz, o que se consegue pelo
Triunfo do Espírito sobre a Matéria.
~
7.5. A Lenda no Grau 4 e sua Interpretação Alegórica
.,
~
O Grau de Mestre Secreto inspira-se na Bíblia e particularmente no
estabelecimento e na organização do culto divino, o que, segundo a nru:ati-
va bíblica, foi efetuado pelo próprio Jeovah com o auxílio de Moisés. E um
' desenvolvimento do 3º Grau Simbólico de Mestre, como continuidade da
" lenda da morte de Riram Abiff. Nesse Grau, que Salomão instituiu, presta-
) se uma homenagem à memória do saudoso Mestre Riram Abiff e por isso
\ o presidente faz uso, nas recepções do mesmo, de uma coroa de loureiro e
de oliveira, em sua honra.
\ Na Iniciação ao Grau, o Primeiro Vigilante se desloca de seu altar no
Ocidente e vai sentar-se no Trono, à direita do Presidente, que repre-
' senta Salomão. Essa providência significa que, para a cerimônia, o
' saudoso Mestre Riram Abiff se faz presente. Trata-se de uma presença
\. espiritual; o pano preto, colocado sobre o Altar do Primeiro Vigilante,
simboliza o luto e a dor pela morte do Grande Mestre. Aquela mente
'"'I
.., gigantesca foi assassinada; os trabalhos de construção do Templo fo-
ram criminosamente interrompidos; a Palavra de Amor ficou perdida. Os
) Mestres Secretos choram, com seus Irmãos, sobre o túmulo de Riram Abiff,
a inteligência potente e única diretora nos trabalhos esmagada pela igno-
1
rância e pela tirania. Durante séculos, o espírito gemeu encarcerado, e bem
sabem os Mestres Secretos que seus carrascos ainda estão vivos. O luto
\
que cerca a Loja mostra essa situação. A Maçonaria, porém, foi criada
para preparar a libertação do espírito humano, dentro da precisa disciplina.
1 Essa libertação, contudo, não será obtida à custa de ataques irrefletidos,
porque os assassinos de Riram são terríveis. Os combates devem ser diri-
' gidos pela Verdade, pela Ciência e pela prudente Tolerância. Riram morto
'"' é o espírito humano escravizado. A Maçonaria é tarefa de libertação. É
preciso, em primeiro lugar, libertar nossos espíritos. Nisso os Mestres Se-
'\ cretos se empenham.
O Templo outrora radiante hoje está mergulhado nas trevas e no luto,
.......,.
por obra dos perversos. Nicola Aslan, em seu livro Instruções para Loja
de Perfeição, Editora Maçônica, 1992, consigna:
'"' "Refere-se o Ritual aos acontecimentos posteriores à morte de
)
Riram Abiff, quando Salomão pretendeu remediar o prejuízo causado
ao Templo, suprindo a perda do seu ilustre construtor pela indicação
'
\
de sete Mestres peritos na Arte, chefiados por Adohniram, entre os
quais foram divididos os trabalhos, que até então tinham sido condu-
\ zidos por um único homem genial. Salomão, mesmo diante da suspen-
......., são do trabalho, inicia de maneira progressiva Maçônica o enterro de
seu Irmão, depois o término do Templo e, finalmente, faz justiça aos
'"" assassinos".
\
....,
\
'
108 A Lenda de Hiram nos Graus Inefáveis do R.·.E.·.A .·.A .·.
Essa lenda do Grau deve ser vista como uma alegoria. Com a morte
de Hiram Abiff, os trabalhos são continuados por Adohniram, seu lugar-
tenente, nomeado para dirigi-los, com o auxílio de seis Mestres que deverão
assisti-lo em suas tarefas.
Segundo Rizzardo da Camino, em seu livro Os Graus Inefáveis,
da Editora Aurora, 4ª edição, página 54, "Adohniram foi uma perso-
nalidade misteriosa, pois ainda hoje é confundida com o próprio Hiram
Abiff. Refere lRs 4:6, que ele seria filho de Abdá e teria casado com a
irmã de Hiram Abiff; há, porém, quem afirme que seria, também, es-
trangeiro, eis que nenhum israelita teria tomado parte na construção
do Grande Templo".
De acordo com o relato bíblico, Adohniram era príncipe da casa
de Israel (lRs 4:2), dirigia os condutores de material no Monte Líbano
para a construção do Templo de Salomão (lRs 4:6; 5:4) e tinha, ainda,
a função de inspecionar os tributos.
Alguns o consideram um ser místico; a etimologia de seu nome, Adon,
"Senhor", e Raman, "Elevar-se", serviu para substituir a palavra Jeovah,
que Moisés proibira aos obreiros pronunciar. Seja como for, símbolo ou
personagem real, Adohniram representa o inspetor-geral dos obreiros com
a designação de Mestre Secreto, o primeiro, cuja divisa é uma Chave figu-
rada sobre o Avental.
Os trabalhos da Loja processam-se na parte mais sagrada do Templo,
no Sanctus Sanctorum, e as instruções do Grau versam sobre o sentido
místico dos móveis que este contém e da lenda de Hiram Abiff e
Adohniram, descrita anteriormente.
O Templo de Salomão é o emblema alegórico do homem, física e
intelectualmente, posto que no Sanctus Sanctorum, que é a parte mais
íntima do homem, reside a Consciência. Hiram Abiff, significando al-
guém de nascimento nobre, é o homem superior que morre e é substituído
por Adohniram, isto é, a elevação de sentimentos que deve possuir todo
aquele que procura regenerar seu espírito.
Assim, para que o homem possa construir um Templo semelhante ao de
Salomão, há de necessitar, antes de tudo, lançar fora de si todo o material
inferior e impróprio para a construção, ou seja, tudo aquilo que é constituído
pelas preocupações materiais. Para isso ele recebe o auXI1io do homem físi-
co, do qual o símbolo é o número 6.
Ao candidato é finalmente mostrado o Santuário, por meio de
portões fechados, e explicado o significado místico de seus elementos
sagrados. Ele poderá deduzir que, sendo-lhe agora ainda proibida a
entrada, poderá chegar a ocasião em que os portões lhe serão abertos.
O Mestre Secreto é o que passou do Esquadro ao Compasso, viu o
Túmulo de Hiram, onde, com seus Irmãos, derramou Lágrimas.
O passar do Esquadro ao Compasso significa, apenas, que o Mestre
Secreto frequentou, por exaltação, o Grau 3 da Maçonaria Simbólica.
O Templo e a Lenda no Grau 4 -Mestre Secreto 109
'
l
Quanto a ter visto o Túmulo de Riram, significa que ele partici-
pou do cerimonial místico da morte de Riram Abiff; porém, não basta
ao exaltando tomar parte na cerimônia; ele deve "ver", "senti -la" e
"compreendê-la", esotérica e espiritualmente. A lenda de Riram Abiff
' traduz toda a filosofia maçônica, ou seja, do embelezamento da morte,
não do "além-túmulo", mas da atualização tumular; a morte face a
' face. Porém, no 32 Grau, o Maçom apenas "vê" o Túmulo de Riram
Abiff; no Grau 4, ele penetra em seu profundo significado.
As Lágrimas derramadas significam não apenas a expressão de dor e
' tristeza pela morte do Grande Mestre, mas também uma súplica, uma pre-
' ce, uma oração, segundo a Bíblia. "Viu o túmulo de Riram, e derramou
Lágrimas" significa que foi elevada uma prece. A Visão da Morte pre-
sente conduz a um pedido imediato; a presença do Túmulo é a "visão"
de Deus e diante dele a súplica é instantânea, porque a "Lágrima" é
espiritualmente "vista" e o pedido, atendido.
Em resumo, a lenda do Grau 4 é a construção, por parte de Salomão,
do túmulo que irá receber o corpo do excelso Arquiteto de Tiro.
Riram Abiff teve três túmulos: o primeiro, logo depois de sacrifi-
cado, sob os "escombros" do Templo; um túmulo provisório. Signifi-
ca o túmulo em que o próprio homem se coloca quando se afasta da
luz; sob os escombros de uma derrocada, quando, por um suposto
livre-arbítrio, o homem julga poder proclamar a própria independên-
cia. O segundo túmulo, quando seu corpo foi colocado no seio da
Natureza, sob a terra marcada com um ramo de acácia. É a ilusão de
ter ocultado a Vida em anonimato, para evitar a proclamação da mor-
te; a ocultação do cadáver para esconder o crime e para fugir às
consequências do ato antinatural. É o primeiro Adão que com folhas
de parreira pretende ocultar o "pecado original". O terceiro túmulo é o
da glória; retirado o cadáver, descobrem-se os autores do trucidamento,
faz-se justiça; limpa-se o corpo inerme de Riram Abiff e o coloca em
um túmulo definitivo, rico e pleno de honrarias, em local sagrado,
fazendo-se centro de um culto dentro de um Templo.
O tempo decorrido desde a morte às exéquias somou 81 dias, simbo-
lizado pela "corda de 81 nós" e pela idade do Mestre Secreto.
A trilogia tumular de Riram Abiff constitui, hoje, apenas um ali-
cerce filosófico, misto de lenda e mitologia, dogma e filosofia iniciática.
Finalmente, o Mestre Secreto é aquele que, após percorrer seus
estágios de conhecimento, aprende a morrer. É como diz Jules Boucher
em seu livro La Symbolique Maçonnique, da editora Dervy, Paris, 1953,
'
) "por essa morte, os três Companheiros assassinos libertam Riram Abiff
(o Iniciado) do plano material, do plano psíquico e do plano mental,
'
\
sendo esses três planos os do mundo profano; Riram Abiff ressuscita
no plano divino: ele é então verdadeiramente Mestre".
\
)
1
llO A Lenda de Hiram nos Graus Inefáveis do R.·.E.·.A.·.A.·.
' l
O Mestre Secreto põe-se em viagem a fim de procurar a palavra
' perdida, o grande objetivo que tem por missão conseguir; porém, s? p~r
\ meio do silêncio e do isolamento o Mestre Secreto poderá alcançar a mtm-
ção que lhe há de proporcionar o discernimento da Verdade.
Tais conhecimentos desenvolvem-se no Sanctus Sanctorum do
\ nosso ser, pois esse Santuário do Templo representa a consciência
do homem, onde reside e se manifesta a Xekiná dos hebreus, ou seja, a
presença divina, pois só a consciência pode conceber a grandeza e a imen-
l sidade de Deus.
É por isso que esse Grau procura fazer o Iniciado entender que Deus
'
l
não pode ser abarcado pelos sentidos nem compreendido pela inteligência,
e procura libertá-lo da noção de um Deus a quem foram atribuídos
\ vícios, paixões e preconceitos humanos, superstições estas que o Mes-
tre Secreto precisa derrubar a fim de poder alcançar a Verdade. O Ritual
'' nos mostra a preocupação da Maçonaria em libertar os povos da prática
\ de religiões inferiores, lutando contra a adoração dos astros e o culto
dos ídolos materiais.
' É por essa razão que o Ritual do Grau 4 contém as sentenças:
"Jamais farás imagens talhadas na pedra, à semelhança das cousas
que estão no céu, para adorá-las!."
"Não faças teus deuses de metal. Quando ergueres teus olhos
para a abóbada celeste e nela vires o Sol, a Lua e as estrelas, não lhes
dirijas nenhum culto, como fazia a gente de antanho!."
"Não atribuas a Deus, o G:. A:. D:. U:., paixões e vícios humanos.
Nunca dês Seu Nome aos fantasmas que sua imaginação engendrar!"
Os trabalhos do Grau de Mestre Secreto têm por objetivo de-
monstrar que a Consciência é o verdadeiro Juiz do homem, que o
"Livre-Arbítrio" ensina-lhe os sentimentos de Honra, Virtude e Justi-
l ça, e também a praticá-los. A Consciência que o faz distinguir o Bem
1 do Mal, a Justiça da Injustiça, é também o que o impele na busca da
perfeição. Pretendem ainda ensinar que o Segredo, a Subordinação e a
Felicidade são indispensáveis para a consolidação da Liberdade.
O Ritual encerra ainda lições de discrição e de fidelidade, como
primeira obrigação do iniciado, que as recebe por meio do selo da
Loja aplicado sobre os lábios e o sinal do Grau constantemente repeti-
\ do. Mostra-lhe que a felicidade consiste na prática da Caridade e na
1 exaltação da Virtude, como também no estudo.
"A Maçonaria procura, portanto, homens experimentados e espí-
1
ritos amadurecidos e resolutos, a fim de dar à Humanidade condutores
l hábeis pelo estudo e implacáveis no cumprimento do dever."
E o Ritual ainda mostra que o maçom deve ter um verdadeiro
l
culto ao Dever.
'
112 A Lenda de Hiram nos Graus Inefáveis do R.·.E.·.A.·.A.·.
Simbolismos
1. Avental do Mestre Secreto: É branco, orlado de preto e com
cordões em preto. Na abeta há um olho aberto; bordado ou pintado no
centro estão dois ramos, um de Oliveira e outro de Loureiro, cruzados
pelos caules; no cruzamento dos ramos, a letra Z em preto. O branco
significa pureza de intenções e de trabalho. O preto da orla é a igno-
rância que nos rodeia. A abeta é a tríada imortal que, pela preparação
114 A Lenda de Hiram nos Graus Inefáveis do R.·.E.·.A.·.A.·.
'
\
labro e as Tábuas da Lei, há duas gotas de sangue e, entre elas, está a
Chave de Marfim, característica da Joia do Grau.
'
'
'
1
1
\
'
'
'
1'
'
8. O Templo e a Lenda
no Grau 5 -Mestre Perfeito
'
'
118 A Lenda de Hiram nos Graus Inefáveis do R:. E. ·.A.·.A.·.
8. 4. O Cobridor do Grau 5
8.4.1. A P.·.S.·.do Mestre Perfeito
A P:. S :. do Mestre Perfeito é J:. ; no avental do Mestre Perfeito, que
é branco, com a abeta verde, sua inicial encontra-se no meio de uma
Pedra Cúbica e é cercado por sete círculos a iguais distâncias.
\
O Templo e a Lenda no Grau 5 -Mestre Perfeito 119
\
\
Diz nosso Ritual que, "embalsamado, o coração de Riram Abiff
foi exposto à veneração pública, em uma Urna colocada no terceiro
degrau do Sanctus Sanctorum. Assim, o Grau de Mestre Perfeito tem
por finalidade: HONRAR A MEMÓRIA DOS IRMÃOS, À QUAL SE
DEVE RENDER RESPEITOSO CULTO".
Diz ainda a lenda que, três dias depois da cerimônia fúnebre, Salo-
1 mão visitou o Templo acompanhado de sua corte, e após examinar tudo,
com grande alegria e fazendo o sinal de Admiração, exclamara: "Está
1 Perfeito!".
1 Alguns atribuem o título do Grau a essa exclamação de Salomão;
outros porém consideram a denominação de Mestre Perfeito como sendo
\
um justo prêmio aos conhecimentos de tão experimentados Mestres, que
\ ficaram integrados aos vários e transcendentes estudos que se faziam na
\ sala das reuniões ou Capítulo. Outros ainda afirmam que essa denomina-
)
ção vem do fato de que Salomão conferia ao Mestre que se distinguia pelos
seus extensos conhecimentos o Título de Perfeito, e ele passava a formar
\ parte do seu conselho privado.
\
8.6. Interpretação Filosófica do Grau 5
Segundo Papus, esse Grau pertence à 4ª categoria, a dos bíblicos ou
israelitas. De acordo com J. M. Ragon, esse Grau foi tirado de lRs 5-7.
Sua interpretação, segundo certos escritores, é: "eternidade e não tempo-
ralidade da existência humana ", sendo consagrado "à perfeição do
\ espírito e do coração, a todas as verdades e a todos os conhecimentos
úteis enumerados sobre a Pedra Cúbica ". Sendo um Grau de meditação
\ interior, sua finalidade e seu princípio moral são: "honrar a memória dos
Irmãos, à qual se deve render respeitoso culto ".
O maçom que atinge esse Grau estuda a filosofia da natureza e rece-
be a solução do problema da quadratura do círculo filosófico apresentado
' no Grau 4. O Mestre Perfeito conhece o Círculo e a Quadratura; esse Grau
relaciona-se com o quaternário, ou seja, com a mônada unida ao temário.
' De certo modo, esse Grau constitui o complemento do Grau de Mestre,
'
1
pois enquanto aquele oferece o cenário da morte, esse apresenta o da vida,
completando assim o sistema, pois nenhuma dessas modalidades pode exis-
\ tir sem a outra.
Segundo Paul Naudon, em seu livro Histoire et Rítuels des Hauts
Grades Maçonniques - Le Rite Écossais Ancien et Accepté, Dervy-
Livres, Paris, 1966, "Ao encontrar novamente a palavra, que é ']:. ',
' ele alcança esse objetivo. Aprendendo que o cumprimento do Dever,
' ao qual é convidado na qualidade de Mestre Secreto, é a realização
do elevado princípio que está em nós e não fora de nós, ele descobre
'
122 A Lenda de Riram nos Graus Inefáveis do R.·.E.·.A .·.A.·.
1
Segundo Nicola Aslan, a Perfeição, o destino e a meta da natureza
humana são conseguidos pelo desenvolvimento harmonioso das faculdades
\ de que o homem se acha dotado pela justiça e fraternidade nas relações
com seus semelhantes. É o objetivo que o Mestre Perfeito procura atingir
\
com o maior empenho. Isso requer, porém, constância, perseverança e per-
1 sistência. Nada se faz sem pertinácia, principalmente quando se trata de
\ desbastar a Pedra Bruta, e ninguém jamais percorreu o caminho da perfei-
ção aos saltos; todo caminho demasiadamente escabroso só pode ser
' palmilhado com prudência e lentidão.
À medida que seus conhecimentos aumentam, o homem se toma cada
'
1 vez mais civilizado e vai perdendo seus temores diante do desconhecido,
libertando-se do fanatismo. Assim, o deus perturbador e inquietante do primiti-
1 vo perde aos poucos sua ferocidade, transformando-se em um Deus de Amor
) e de Bondade e convertendo o homem-fera primitivo em um ser tolerante,
caridoso e fraterno; os bons sentimentos marcam a diferença entre o homem
1
selvagem e o homem civilizado.
1 Finalmente, segundo a lenda judaica, os Mestres Perfeitos constroem
1 um mausoléu, para onde foi transportado o corpo de Riram Abiff. É o em-
blema da reserva que devem manter os maçons relativamente às verdades
que possuem, não as revelando à multidão senão na medida em que ela as
possa compreender e unicamente quando tais verdades foram úteis à meta
perseguida pela Maçonaria.
Segundo Rizzardo da Camino, em seu livro Os Graus Inefáveis, já
referido, "A filosofia do Grau 5º prende-se ao conhecimento humano
1 através da inteligência; são os conhecimentos genéricos que todos
\ devem possuir para sua própria subsistência intelectual e material e
conhecimento esotérico que nem todos alcançam, seja por falta de
preparo, seja por falta de oportunidade. O Grau 4, do Mestre Secreto,
inicia uma jornada dentro de um mundo desconhecido, na busca do
'
\
centro do interesse; encontrado esse centro, deverá surgir o aperfei-
çoamento; é justamente para esses poucos que surge o Grau 5 ".
1
1
1
1
'
124 A Lenda de Hiram nos Graus Inefáveis do R.·.E.·.A.·.A:.
Simbolismos
1. Avental do Mestre Perfeito: Com abeta verde, tendo no centro
da parte branca uma pedra cúbica e sobre ela um "J" cercado de sete
círculos a igual distância um do outro. A Pedra Cúbica no meio do círculo
significa que nosso edifício deve estar composto de pedras perfeitas, isto é,
que nossa conduta deve elevar-se sobre uma base permanente e indestru-
tível, para que possa suportar o combate das paixões. Os círculos no aven-
tal simbolizam a Divindade, a qual não tem princípio nem fim. A letra "J"
sobre a Pedra Cúbica é a inicial do Nome Inefável do G .·.A.·. D .·. U .·. e da
P :. do Mestre Perfeito.
2. Fita do Mestre Perfeito: De cor verde-esmeralda, usada ao
pescoço, a tiracolo, da direita para a esquerda, com a Joia pendurada.
A cor verde simboliza a Luz e, por extensão, a Iniciação.
3. Joia do Mestre Perfeito: Um Compasso aberto a 60° sobre
um arco de círculo graduado. Essa Joia significa que o Mestre Perfeito
deve ser moderado e não se esquecer da justiça e da equidade.
' O Templo e a Lenda no Grau 5 -Mestre Perfeito 125
'
Painel Alegórico do Grau 5
' Os dois reis, Salomão e
' Hirão, de Tiro, lideram a pro-
'
1
9. O Templo e a Lenda no I
'
) 9.3. Interpretação Esotérica do Templo no Grau 6
1 O Templo nesse Grau representa a Sala de Audiências dos Mestres
(Sala do trono, ou Sala do Julgamento ou Câmara Real), no Palácio do rei
)
Salomão (lRs 7:7; 10:18-20). É por esse motivo que NicolaAslan diz que o
) Templo nesse Grau pode ser organizado em qualquer sala, mesmo fora do
)
Templo Maçônico.
Na Sala dos Julgamentos, em seu Palácio, Salomão se assentava
para ouvir as questões que deviam ser julgadas. Era grande sua Sabedo-
ria em seus julgamentos (lRs 3:16-28), porque Sabedoria e uma mente
Compreensiva para governar seu povo foi o que Salomão pediu a Deus
1 (lRs 3:6-15 e 2Cr 1:7-12).
1 Salomão também exigia que todas as questões julgadas em sua
......, "Câmara Real" fossem conservadas em segredo entre as partes .
Assim, a interpretação esotérica do Templo no Grau 6 é que a Loja de
1 Secretário Íntimo deve ser o Templo da Sabedoria e da Justiça em todo
o nosso Julgamento, em todo o nosso Trato interpessoal, e que tudo ali
tratado seja mantido em severo segredo.
1 O Juízo apressado, concluído precipitadamente, apenas com um con-
tato superficial e ligeiro, não poderá, jamais, constituir-se em aprecia-
' ção justa e certa.
A grosseria e a ignorância surgem quando não se conhecem na
intimidade as pessoas; às vezes a simplicidade é confundida com gros-
seria; e a modéstia, com ignorância.
Se recebermos as pessoas com zelo, desinteressada e desavisadamente,
sem penetrarmos em seus sentimentos íntimos, com todo amor fraterno,
pronto a tolerar as faltas e ausências, muitas vezes, involuntárias, esta-
remos fazendo juízos precipitados e desprezando valores ocultos. Bas-
ta, porém, o esclarecimento, para que aquilo que parecia desprezível
tome-se aceitável e precioso. Muitas vezes perdemos a oportunidade
de ver que nossos olhos e sentidos nos enganaram. Tudo o que tratar-
mos e ajuizarmos no Templo do Grau 6 deve contribuir para a Harmonia
128 A Lenda de Riram nos Graus Inefáveis do R.·.E.·.A.·.A.·.
9. 4. O Cobridor do Grau 6
9.4.1. AP.·. S.·. do Secretário Íntimo
A P :. S :. do Secretário Íntimo é Iv:., que significa Deus (Jeovah).
'
1
(9.13) Pelo que disse: Que cidades são essas que me deste, irmão
meu? E lhes chamaram Terra de Cabul, até hoje.
(9.14) Hirão tinha enviado ao rei 120 talentos de ouro.
Hirão, rei de Tiro, prestou a Salomão inestimáveis auxílios, seja em
operários, artistas, arquitetos e inspetores, seja em materiais como ce-
dros do Líbano, ouro e pedras preciosas para a construção do Templo
de Jerusalém.
Em compensação, Salomão prometeu ao rei de Tiro fornecer-lhe,
anualmente, enquanto durassem os trabalhos, 20 mil coros (125.000
barris) de trigo, 20 coros (360 litros) de azeite puro de oliveira, vinho
\ e mel, para o sustento de sua casa, e ainda, no término das obras, 20
\
cidades da Galileia que passariam para os seus domínios.
Desse relato bíblico surge a lenda de que Hirão, rei de Tiro, compare-
ceu aos funerais de Hiram Abiff, o Mestre Arquiteto, em Jerusalém,
juntando suas homenagens às que Salomão prestava àquele grande
Mestre. Porém, logo após os funerais, e antes de regressar a Tiro, o rei
' Hirão visitou (e agora já não é mais lenda- ver 1Rs 9:10-13), incógni-
to, as regiões da Galileia que lhe seriam cedidas, verificando ser o
' território estéril, habitado por populações grosseiras e ignorantes.
130 A Lenda de Hiram nos Graus Inefáveis do R.·.E.·.A.·.A.·.
1
1
132 A Lenda de Riram nos Graus Inefáveis do R.·.E.·.A:.A.·.
assim age impelido pelo desejo de proteger ao seu Amo, ou seja, aquele a
quem serve; o maçom serve ao seu Irmão e à Humanidade".
O comportamento do maçom, a cada Grau que surge, amplia-se no
sentido de aperfeiçoamento.
O maçom consciente troca sua aparente grosseria pela Bondade;
sua Ignorância, pelo empenho de aperfeiçoamento, dedicando-se ao
estudo, já que se coloca nas mãos a crescente oportunidade.
'
1
1
l
Joia do Secretário Íntimo
l
' Simbolismos
' 1. Avental do Secretário Íntimo: Branco, forrado de carmesim,
tendo sobre a abeta um triângulo bordado a ouro, com o vértice para
cima. No corpo do avental aparecem alguns caracteres semíticos.
1
'
134 A Lenda de Hiram nos Graus Inefáveis do R.·.E.·.A:.A.·.
' -135-
'
'
136 A Lenda de Hiram nos Graus Inefáveis do R:.E.·.A.·.A:.
) 1 O. 4. O Cobridor do Grau 7
10.4.1. A P.·.s.·.do Preboste e juiz
' A P :. S :. do Preboste e Juiz é Jak : .. É uma versão francesa da
) palavra hebraica XEKINÁ , cujo significado é: "Deus residente", apli-
cado à Glória Divina que residia no Tabernáculo (Ex 40:34-38) e no
' Templo (1Rs 8: 10, 11; e, 2Cr 5:14; 7: 1-3). A Xekiná manifestou-se
por uma nuvem visível descansando sobre a Tampa da Arca, o
Propiciatório, no Sanctus Sanctorum, e por isso foi chamada o Assento
da Misericórdia.
A nuvem resultava no sangue do Sacrifício que o Sumo Sacerdo-
te vertia sobre aquela Tampa pelos pecados do povo.
Segundo Mackey, a Verdadeira Glória da Divindade é a Verdade, sendo
portanto a Verdade Divina, a Xekiná da Maçonaria, simbolizada pela Luz.
trabalhos (lRs 5: 16; 2Cr 2:2), e instituiu um Tribunal, dirigido por sete
Prebostes e Juízes, chefiados por Tito, príncipe dos Harodim.
Constituídos em Tribunal, os sete Prebostes e Juízes realizavam suas
reuniões na Câmara do Meio, onde eram estudadas as reclamações dos obrei-
ros, assim como as apelações sobre as sentenças ditadas pelos Harodim, e a
Justiça era distribuída em igualdade tanto aos hebreus quanto aos fenícios.
O desejo de saber e de conhecer, de que se trata no Grau 6, transfor-
ma-se no Grau 7 na posse da ciência, obtida por uma felicidade mútua e por
' um apoio recíproco, graças aos quais os iniciados são capazes de fazer
justiça aos seus Irmãos.
' É a consagração de um Direito Natural; o respeito à Lei e o julga-
mento daqueles que a desrespeitam são atitudes tão homogêneas que o
fazer justiça toma-se como uma segunda Natureza tão importante como a
original.
Há uma distinção a fazer entre os vocábulos "Preboste" e "Juiz",
sendo que o primeiro diz respeito a uma Justiça Militar e o segundo, a
uma Justiça Civil.
Dentre os 3600 inspetores, parte constituía exército, porque a manu-
tenção da disciplina, considerando serem 153 mil os trabalhadores, era ta-
refa que exigia o poder da força.
Inspetores eram os que orientavam, administrativamente, e os que
zelavam pela disciplina.
Assim, o Grau de Preboste e Juiz tem por finalidade primordial incutir
no ânimo dos iniciados as ideias de Equidade e Justiça, assim como o amor
pela Sabedoria.
O Preboste e Juiz não tem hora fixa para trabalhar, como se vê no
ritual, porque vai e vem a toda a parte, a fim de conhecer as necessidades
morais e materiais dos Irmãos, corrigir seus defeitos, estudar suas quei-
xas e organizar os trabalhos, prometendo e dando aos obreiros o que
de justiça merecem. Diz-se por isso que as horas e todos os lugares são
bons quando se trata de ministrar a justiça e para consolar aquele que
sofre.
Alguns escritores e rituais antigos davam também a esse Grau o títu-
lo de "Mestre Irlandês", sinônimo de Sábio. Esse título procede da época
de Carlos Magno, o qual, não encontrando nos centros que fundara quem pu-
desse ensinar Filosofia e Ciências para acabar com a ignorância que reina-
va em seu império, se viu obrigado a ir buscá-los na Irlanda. A esse país, os
imperadores do Oriente chamavam "Esmeralda dos Mares", chegando a
ser tão famosa por sua instrução naqueles tempos que era a maior glória
ser chamado de "Mestre Irlandês".
Por fim, embora não muito claro, esse Grau parece referir-se tam-
1 bém à história de José, filho de Jacó. Vendido como escravo aos egípcios
por seus irmãos, José tornara-se Primeiro-Ministro do Faraó, rei do Egito.
'
140 A Lenda de Hiram nos Graus Inefáveis do R.·.E. ·. A .·.A.·.
1
10.7. Insígnias e Emblemas do Grau 7
1
'
\
l
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Avental do Preboste e Juiz
Fita com a Joia do Grau
1
1
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Simbolismos
1. Avental do Preboste e Juiz: De cetim branco, orlado e forrado
de carmesim, com uma algibeira (bolsa) no meio, e sobre ela uma roseta
carmesim e branca; sobre a abeta, uma chave dourada. O carmesim é o
emblema do sangue derramado pelo mártir Hiram Abiff no cumprimento do
dever; o branco representa a alvura, a pureza e a sensibilidade dos maçons.
A bolsa significa que o último Preboste e Juiz a usava para guardar as
chaves da Arca em que estavam os planos.
\ 2. Fita do Preboste e Juiz: Fita carmesim achamalotada a tiracolo
da direita para a esquerda, tendo na extremidade a Joia do Grau.
1
3. Joia do Preboste e Juiz: Uma chave de ouro, símbolo da Fi-
1 delidade com a qual deve ser guardado um segredo confiado. A chave
)
servia para abrir a caixa de ébano em que estavam os planos necessá-
rios para a construção do Templo. Significa que só os prebostes e Juízes
sabem onde está depositado o coração de Hiram Abiff.
1
1
144 A Lenda de Hiram nos Graus Inef áveis do R:.E.·.A.·.A.·.
iii.
..
rei. A ele foi confiada a chave que abria
a caixa de ébano, contendo os planos
!J-i· llll'l'---':-~ para a construção do edifício, que é a
caixa ·vista no Grau de Mestre Secreto.
Essa caixa estava debaixo de um rico
dossel, no Sanctus Sanctorum.
Johabem se alegrou ao contemplares-
sas maravilhas e se ajoelhou pronuncian-
do a palavra "Chive", quando Salomão lhe respondeu "Cum" , pondo-lhe
uma balança nas mãos, por cujo meio seus conhecimentos aumentaram
consideravelmente.
\
\
\
11. O Templo e a Lenda no
' Grau 8 -Intendente
dos Edifícios
)
)
1
\
\
l
11.1. Denominações do Grau 8
Do Grau: Intendente dos Edifícios (ou Mestre em Israel); da Oficina:
Loja de Intendente dos Edifícios; do Presidente: Três Vezes Poderoso
Mestre (ou Sapientíssimo Mestre); dos Irmãos: Ilustres Intendentes;
dos Oficiais: Três Vezes Poderoso Mestre (representa Salomão); Res-
peitabilíssimo Primeiro Vigilante ou Ilustríssimo Inspetor (representa
\
Tito); Respeitabilíssimo Segundo Vigilante ou Ilustríssimo Inspetor
(representa Adohniram); Respeitável ou Ilustre Mestre de Cerimônias
' (representa Abdá); dos Demais Oficiais: possuem os mesmos títulos da
Loja de Mestre Secreto; dos Neófitos: representam Johabem.
\
\
11.2. O Templo e sua Ornamentação no Grau 8
\
\
Diz nosso Ritual que o Templo é forrado de vermelho e iluminado por 27
luzes, em três grupos, a saber: um de cinco luzes, diante do T.·.V .·. P. ·. M.·. ;
- 145-
146 A Lenda de Hiram nos Graus Inefáveis do R.·.E.·.A.·.A .·.
' palavra escreve-se Jehudah, e significa que a tribo a quem deu o nome era
a "Progenitura da Divindade". Somente as tribos de Jud:. e de Benjamim
' voltaram com Zorobabel para reconstruir o Templo de Jerusalém. Por essa
razão, o nome foi lembrado para P :. S :. desse Grau, que é preparatório
aos que têm por base a ideia de reconstrução. A insígnia dessa tribo era um
LEÃO, de onde a denominação de "LEÃO DE JUDÁ".
) 11.4.2. AP.·. de P.·. do Intendente dos Edifícios
)
A P :. de P :. do Intendente dos Edifícios é Jak :. , cujo significado já
foi devidamente explicado no Grau 7.
I '
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154 A Lenda de Hiram nos Graus Inefáveis do R.·.E.·.A.·.A.·.
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156 A Lenda de Hiram nos Graus Inefáveis do R .·.E.·.A.·.A.·.
Simbolismos
1. Avental do Intendente dos Edifícios: De cetim branco, forrado de
vermelho (carmesim) e orlado de verde; no centro da parte branca, há
uma balança e, abaixo da mesma, três triângulos entrelaçados formando
uma estrela de nove pontas. Na abeta, há um triângulo com as letras
B:.A:.J:., em hebraico, uma em cada ângulo, bordadas com fio de ouro.
Os três triângulos entrelaçados formam nove esquadros, em três grupos de
três, representando os nove principais atributos da Divindade; o primeiro
grupo de três corresponde a três qualidades (Beleza, 6; Sabedoria, 7; Mise-
'
\
ricórdia Infinita, 14); o segundo grupo de três se refere a mais três atributos
(Conhecimento sem limite, 11; Eternidade, 8; Perfeição, 1O); o terceiro gru-
po de três tem ligação aos três últimos (Justiça, 7; Compaixão, 10; Criação,
\ 8); Esses atributos formam o número O:.e U :., que, nas Lojas simbólicas
simbolizam, os O:.e U :.nós da corda que circunda o Templo que somente
nessas instruções estão bem explicados. A balança no Avental é o Emble-
ma da Justiça que devemos empregar com nossos Irmãos, para conciliar as
divergências que possam existir entre nós. Emblema que, também, indica
\ que nossa conduta deve ser regular e marcar o bom conceito que tiverem
de nós, ao iniciarmo-nos Intendente dos Edifícios ou Mestre em Israel.
' Finalmente, a cor verde presente no Avental e na Fita é utilizada para ma-
nifestar que a virtude e o zelo são, na Maçonaria, os únicos caminhos que
nos conduzem à Sabedoria.
2. Fita do Intendente dos Edifícios: De cetim vermelho (carmesim), a
tiracolo, da direita para a esquerda, tendo na extremidade a Joia do
Grau, segura por uma roseta verde.
3. Joia do Intendente dos Edifícios: Um triângulo que tem gravado
nos ângulos do anverso as letras B :. A:. J :. e, no centro, J :. J :. J :. ,
todas em hebraico. Ao reverso se veem as palavras Judá, Jah e a letra
"G" no centro, que se traduz por: Deus Poderoso. Sua verdadeira sig-
nificação é: "Louvado seja o Senhor". As três letras J:.J:.J:., no cen-
tro do triângulo misterioso, significam: as duas primeiras, Sabedoria
Divina e Divina Providência; a outra é a inicial da Palavra Inefável. A
Joia como um todo representa a tríplice essência da Divindade.
158 A Lenda de Hiram nos Graus Inefáveis do R.·.E.·.A.·.A.·.
'
'
' 12.1. Denominações do Grau 9
Do Grau: Cavaleiro Eleito dos Nove (ou Mestre Eleito dos Nove); da
Oficina: Câmara (ou Capítulo) de Eleito dos Nove; do Presidente: Três
Vezes Poderoso Mestre (ou Muito Poderoso Mestre); dos Irmãos: Cava-
leiros (ou Mestres) Eleitos dos Nove; dos Oficiais: Muito Poderoso Mes-
tre (representa Salomão); Respeitabilíssimo Primeiro Vigilante (represen-
ta H irão, rei de Tiro. Não trabalha na Iniciação); Respeitabilíssimo Se-
gundo Vigilante ou Ilustríssimo Inspetor (representa Stolkin); Respeitá-
vel ou Ilustre Orador ou Cavaleiro da Eloquência (representa Zabud ou
Zerbal); Respeitável ou Ilustre Secretário (representa Joabert ou Johabem);
dos demais Oficiais: possuem os mesmos títulos da Loja de Mestre Se-
\ creto; dos Neófitos: representam Johabem.
\
12.2. O Templo e sua Ornamentação no Grau 9
Diz nosso Ritual que a Loja (o Templo) denominada Câmara é forra-
da de preto, com lágrimas de prata; representa uma das Câmaras do Tem-
plo de Salomão.
- 159-
160 A Lenda de Riram nos Graus Inefáveis do R.·.E.·.A.·.A.·.
Nessa Câmara, com o Trono e os Altares dos Oficiais nos lugares habi-
tuais, há duas Colunas, no Ocidente, pintadas ou forradas, alternadamente de
branco e vermelho em linhas perpendiculares ou oblíquas.
No centro do Templo fica o Altar dos Juramentos, coberto de pano
preto, com lágrimas de prata, onde estão o L:. da L:., duas Espadas Cru-
zadas e um Punhal.
Em torno do Altar dos Juramentos estarão nove Grandes Luzes,
das quais oito formarão um octógono e a nona, de cor amarela, ficará
entre o Altar e a entrada do Oriente.
Segundo Rizzardo da Camino e Nicola Aslan, "sobre o Altar dos
Juramentos encontram-se também o Pentateuco (nome dos cinco pri-
meiros livros da Bíblia), os Estatutos do Supremo Conselho e as Cons-
tituições do Rito".
Segundo ainda Nicola Aslan, "A Loja ou Capítulo, que representa
a Câmara Secreta de Salomão, é armada de preto com Galões de prata
e semeada de Caveiras, de Ossos Cruzados, de Chamas e de Lágrimas
de prata com manchas vermelhas, dispostas por todos os lados".
'
l
ses caluniadores nunca viram a Luz da Verdade para poder interpretar o
simbolismo iniciático do Grau.
l
12.4.2. AP.·. de P.·. do Cavaleiro Eleito dos Nove
A P :. de P :. , segundo o Cobridor do Grau, é Beg :. Cho :. ou
Beg:.Koh: .. Beg:.Cho:. significa "abominação de todos", o que, segun-
do Nicola Aslan, não faz sentido. Beg :.Koh:., conforme Mackey, expri-
me "tudo está revelado" ou "a Voz ou a Palavra, como foi manifestada ou
1 revelada". Outros autores escrevem Begong :. Cho :. dando o significado
\ de "abominação de todos". José Castellani escreve Beg :. Cho :., signi-
ficando "em abominação total", no sentido de que devemos abominar
' tudo o que é mal; tudo o que é contrário às Leis Divinas, às Leis Natu-
rais, o que nos parece mais coerente com a filosofia do Grau.
Essas divergências decorrem do fato de que a P :. de P :. desse Grau
tem sofrido várias deturpações e aparece com várias grafias.
164 A Lenda de Hiram nos Graus Inefáveis do R.·.E.·.A.·.A.·.
Os Três Grandes
Os três principais personagens da lenda são Salomão; Hirão, rei de
Tiro; e Hiram Abiff.
Salomão, do hebraico Shalomon, de Shalon, significa "Homem Man-
so" e também "Paz, Pacífico, Santidade"; em Maçonaria, representa a
máxima expressão da "Sabedoria", que está no Plano do Divino Arquiteto.
Foi herdeiro da linha de sucessão derivada de Moisés, iniciado nos Mistéri-
) os egípcios (At 7:22). No Grau 9, Salomão representa a primeira faculdade
)
do "EU SOU", o "EU SUPERIOR" que maneja dez faculdades (os Nove
Eleitos e mais o Desconhecido), das 12 do Espírito, para eliminar do corpo
) os três vícios causadores de toda desgraça, isto é, envia as outras dez para
castigar os vícios que se encarnam na Humanidade atual. Ainda no Grau 9,
Salomão é a verdadeira expressão da Generosidade e do Perdão. A Maço-
)
naria como representando o próprio reinado salomônico tem sido generosa
) para com seus filiados e para com a humanidade em geral.
Hirão, rei de Tiro, do hebraico hhi ou hhai, "Vida"+ ram, "elevado",
'
)
significa "homem de vida elevada"; em Maçonaria representa a máxima
expressão da "Força". Era de descendência caldeia e manteve amizade e
)
aliança com Davi e depois com o sábio rei Salomão (2Sm 5:11; lCr 14:1;
)
)
168 A Lenda de Hiram nos Graus Inefáveis do R.·.E.·.A.·.A.·.
1Rs 5:1, 10, 11, 12; 7: 13, 40; 9: 12, 27; 10: 11 e 22). No Grau 9 Hirão, rei de
Tiro, representa a Força que é a Energia com a qual se constituem todas as
coisas visíveis pelo Deus Espírito Santo.
Hiram Abiff (2Cr 2: 13-14) é um homônimo do rei de Tiro, significando
"Inteligência"; em Maçonaria, representa a máxima expressão da "Bele-
za" de Deus que aparece em todas as coisas. Era filho de uma viúva da
tribo de Neftali (1 Rs 7: 14), do arraial de Dan, descendente, portanto, de
uma linha independente dos outros dois; era exímio construtor de edifícios,
decorador e metalúrgico-fundi dor. No Grau 9, Hiram Abiff simboliza: a "In-
teligência", a "Liberdade", o "Trabalho" e o "Espírito do Homem". A Inte-
ligência que percebe a verdade; a Liberdade sem a qual a Inteligência é
impotente, ou seja, a compreensão da verdade por meio da Razão; pelo seu
trabalho tenaz, as Colunas do Templo erguiam-se diariamente, surgindo, -.
palpavelmente, a Grande Obra. O Espírito do homem, aqui, representa sua
"mente", sua "criatividade". Assim, Hiram Abiff simboliza a inteligência, a
liberdade, o trabalho e a criatividade, todas mortas pela ignorância, pela
superstição, pelo fanatismo e pelo despotismo. Esse é o maior crime que
existe: o crime dos que pretendem obstar a vitória sobre a Ignorância; dos que
impedem que a felicidade reine sobre a terra.
O Desconhecido
O Desconhecido, o anônimo, o misterioso, que guiou os Mestres
Eleitos, assemelha-se ao "Pastor de Rebanhos"; é a alegoria do ho-
1
mem que exerce o controle e a disciplina de seus próprios pensamentos e
' emoções.
Todos os heróis e semideuses eram pastores, ou viviam com eles, fato
' este comum a Hércules e Apolo, Rama e Krishna, Moisés e Davi, Rômulo
' e Remo, pois este era o novo elemento desconhecido "pastor de rebanhos",
guia dos nove.
Na comparação da lenda com o Mito Solar, Salomão forma com
'
1
Hirão, rei de Tiro, e o Desconhecido, outro ternário, simbolizando o
Espaço, o Tempo e o Movimento ou Vida. Também representa Salomão
a Estrela da Manhã; Hirão, rei de Tiro, a Estrela da Tarde, e o Pastor
Desconhecido, a Grande Estrela de Tauros. Ou Sabedoria, Poder e Ação.
O Desconhecido tem outro significado importante: representa o
trabalho feito "pelos outros", do qual devemos estar atentos para reti-
rarmos as lições que nos serão úteis.
Esse trabalho pode ser positivo ou negativo. Positivo como o tra-
balho daqueles que saem da "noite da ignorância", de muitos riscos,
pela presença constante dos que desejam interrompê-lo; ou ainda como
o trabalho da Construção do nosso Templo que jamais deve cessar.
Nosso Templo, interno ou externo, porque o homem é um todo, com-
porta "trabalhos" permanentes; o sinal seguro de que os "assassinos"
estão mortos será nossa atividade; nosso trabalho, o resultado dos nos-
)
sos esforços. Trabalho negativo como aquele, silencioso, oculto, perti-
naz, dos criminosos, difícil de ser descoberto; ele existe, até muitas
' vezes, inconscientemente; é, por exemplo, o ignorante que se julga sábio e
' que impede por sua grosseira formação o reinado da virtude.
Finalmente, e essa é a interpretação mais importante, o desco-
' nhecido da lenda representa a Razão. O desconhecido sempre surge
' nos momentos de necessidade; após a meditação, surge a Luz, vinda da
Razão que simboliza a presença consciente da Divindade no Homem.
A voz da Razão, apesar de não se saber de onde vem, é ouvida. Todos
obedecem à Razão, uma vez que ela possa vencer as barreiras da Vigilân-
'
1
'
172 A Lenda de Riram nos Graus Inefáveis do R:.E.·.A .·.A:.
1
' A Viagem dos Nove Eleitos
1 Como vimos, Stolkin representa cada um de nós, no momento em que
nos dispomos à Grande Busca, a busca para encontrar e vencer o assassino
que está em nós; a fraqueza humana apresenta-se como inimigo audaz e forte
que é _preciso vencer.
E isto o que significa a Viagem, uma caminhada para "dentro" de nós
mesmos, onde iremos encontrar toda sorte de barreiras e oposições, bem
como o percurso de nossa mente, em nós, para outros centros vitais, como
a consciência, o sentimento, a razão e a inteligência.
A viagem ocorre do Oriente, berço da Luz, para o Ocidente, ou Hades
(Inferno), indicando a descida às profundezas da alma e às regiões do
subconsciente, aonde se deve levar a Luz Transcendente para que assim
triunfe sobre os inimigos do homem (a ignorância, o fanatismo e a am-
bição), os quais se ocultam e tratam de permanecer ignorados nessas
' regiões. Logo, essa aparente expedição significa a Iluminação, e não o
castigo e a vingança. É a viagem da Luz que sempre resulta em vitória.
' A jornada é silenciosa, longa, contornando os empecilhos, para buscar
'1 os "opositores" e bani-los.
O Crime
'
' Como vimos, há duas versões da lenda quanto à punição do as-
sassino do Mestre Hiram Abiff. A primeira, como consta de nosso ritual, diz
'
'
174 A Lenda de Hiram nos Graus Inefáveis do R.·.E.·.A.·.A.·.
O Perdão
Levado Johabem à presença de Salomão, este se enfurece e preten-
de punir o Eleito, mas, em sua grandeza, cede diante da emoção de ver um
dos assassinos justiçado, e perdoa a Johabem e aos demais Eleitos.
176 A Lenda de Riram nos Graus Inefáveis do R.·.E.·.A.·.A.·.
'
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178 A Lenda de Riram nos Graus Inefáveis do R.·.E. ·.A:.A. ·.
Simbolismos
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'1
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13.1. Denominações do Grau 10
1
Do Grau: Cavaleiro Eleito dos Quinze (ou Mestre Eleito dos Quinze);
' da Oficina: Capítulo (ou Conselho) de Eleito dos Quinze; do Presi-
dente: Três Vezes Poderoso Mestre (ou Ilustríssimo Mestre); dos Ir-
mãos: Cavaleiros (ou Ilustres) Eleitos dos Quinze; dos Oficiais:
Ilustríssimo Mestre (representa Salomão); Respeitabilíssimo ] º Vigi-
lante (representa Rirão, rei de Tiro. É denominado de Grande Inspe-
) tor); Respeitabilíssimo 2º Vigilante (representa Adohniram. É denomi-
nado de lntrodutor); dos Demais Oficiais: São os Respeitáveis Ir-
1 mãos com os mesmos títulos da Loja do Grau 14; dos Neófitos: repre-
sentam Bendecar (ou Bengaber ).
Obs.·. Nesse Grau, não pode haver mais de 15 Irmãos para as re-
cepções. Só haverá 15 cadeiras nos Vales, ficando vazios os lugares a ser
ocupados pelos Neófitos, que completam o número.
'
184 A Lenda de Hiram nos Graus Inefáveis do R.·.E.·.A.·.A.·.
' ção; o terceiro e mais culpado significa a ignorância das massas, que
permitem a ambição e o fanatismo.
' Esses inimigos mataram a Sabedoria, a Verdade e a Compreen-
' são em cada um de nós.
Porém, ao nos dedicarmos à meditação, à busca da verdade e ao
estudo para cultivar nossa mente, esses inimigos do homem são eliminados,
l
são mortos, seja por nós próprios ou por eles mesmos, precipitando-se para
l a morte, como o fizeram Akirop, no Grau 9, e esses dois assassinos no
abismo da aniquilação.
O ensino moral-alegórico desse Grau "é que os perversos não po-
dem achar segurança, ainda que passem para países estrangeiros".
Esses Graus espelham, outrossim, o rigor das leis hebraicas con-
tra os matadores.
O espírito, ainda que tenha sido de vingança, com o objetivo de
punir os culpados com a morte, nada tem de mais natural para a época.
Até nas Escrituras Sagradas dos hebreus, muitos assassinatos foram
sancionados pela própria Divindade.
'
l
Mesmo hoje, em todo o mundo, muitos países punem os crimes
de assassinato e outros hediondos com a pena de morte.
E quanto à Maçonaria, nem se pode atribuir a ela tal crime de
' vingança contra os assassinos de Hiram, que é, como expusemos, ape-
nas uma lenda alegórica e, consequentemente, lendários e alegóricos
são os históricos de todos os Graus subsequentes, no que se referem
ao tal assassinato.
Ainda quanto à lenda, temos algumas considerações a fazer e alguns
ensinamentos a tirar.
'
186 A Lenda de Hiram nos Graus Inefáveis do R.·. E.·.A.·.A. ·.
1
A seleção dos Cavaleiros para a árdua missão de aprisionar os assas-
\ sinos, que equivale filosoficamente à busca e apreensão de tudo o que é
humanamente maléfico, é feita pela demonstração do zelo e do trabalho.
1
' Outro aspecto importante diz respeito à ação conjunta dos Cavaleiros,
porque em Maçonaria nada é feito isoladamente; o homem isolado toma-se
1 egocêntrico, intratável e fechado, no sentido de não obter alargamento no
1 campo do conhecimento.
Na Iniciação, todos nós aprendemos que iniciamos a construção do
1
próprio Templo, armazenando as pedras dos alicerces até que, concluído o
1 período maçônico, quando chegarmos a termo, nos encontraremos dentro
1
de um Templo perfeitamente acabado.
De que vale, porém, nos encontrarmos em um Templo vazio, sem a
1 oportunidade de repartirmos com outros os resultados do misticismo, da
1 comunhão e das bênçãos recebidas do Alto?
)
Quando um maçom se encontra isolado, não poderá exercitar o que a
instituição lhe ensina; um maçom isolado não representa a Maçonaria, daí a
1 necessidade imperiosa de os maçons reunirem-se em Loja, pois, no recinto
1 sagrado, cada um abrirá as portas do seu próprio Templo, para dar ingresso
aos demais e nos Templos desses demais, que serão nosso próximo, tere-
mos a oportunidade de, também, ingressar. Então, a soma dos Templos
constituirá um Grande Templo da Natureza que abarca os aspectos múlti-
plos, da espiritualidade, da mentalização, da magia, do misticismo.
Simbolismos
1. Avental do Cavaleiro Eleito dos Quinze: De pele branca de carneiro
ou cetim branco, orlado e forrado de preto, tendo na frente, bordadas ou
pintadas, três cabeças empanadas sobre três portais; a abeta é toda preta.
As três cabeças representam os três assassinos de Hiram Abiff. O da es-
querda representa Jubela Gibbs (Régua - crime punido); o do meio,
Jubelum Akirop (Malho - o castigo é certo); e o da direita representa
Jubelo Grabelot (Esquadro - o céu nos julga).
2. Colar do Cavaleiro Eleito dos Quinze: Usado no pescoço, a tiracolo
da direita para a esquerda; é preto e largo (9 centímetros), tendo em seu
lado direito três cabeças em fila vertical, com 9 centímetros, cada uma e, na
ponta, uma argola onde fica presa a Joia do Grau.
3. Joia do Cavaleiro Eleito dos Quinze: Um punhal com o punho doura-
do e a lâmina prateada, tendo na extremidade do punho uma argola para
prender na ponta do Colar.
O Templo e a Lenda no Grau 1 O - Cavaleiro Eleito dos Quinze 191
I
t
14.1. Denominações do Grau 11
Do Grau: Sublime Cavaleiro Eleito (ou Cavaleiro Eleito dos Doze); da
Oficina: Grande Capítulo de Cavaleiro Eleito dos Doze; do Presiden-
te: Três Vezes Poderoso Mestre; dos Irmãos: Sublimes Cavaleiros Eleitos
(ou Cavaleiros Eleitos dos Doze); dos Oficiais: Três Vezes Poderoso
Mestre (representa Salomão); Respeitabilíssimo 1º Vigilante (represen-
ta Rirão, rei de Tiro. É denominado de Grande Inspetor); dos Demais
Oficiais: Não há 2º Vigilante e os demais Oficiais têm o tratamento das
próprias funções na Loja de Perfeição; dos Neófitos: representam
Bendecar; os demais Irmãos representam Ameth.
Obs:
1) Não pode haver mais de 12 Irmãos para as recepções. Só ha-
verá 12 cadeiras nos vales, ficando vazios os lugares a ser ocupados
pelos Neófitos, que completam o número;
2) Nos Rituais mais antigos, o 2º Vigilante trabalha como Grande
Mestre de Cerimônias, representando Adohniram.
- 192-
O Templo e a Lenda no Grau 11 - Cavaleiro Eleito dos Doze 193
'
194 A Lenda de Riram nos Graus Inefáveis do R:.E:.A.·.A.·.
'
' 14.4. O Cobridor do Grau 11
14.4.1. A P.·.S.·.do Cavaleiro Eleito dos Doze
A P :. S :. desse Grau é Adon :. , que significa "Senhor"; ou, conforme
nosso Ritual, "Senhor Supremo de todo o Universo".
' Nesse toq :. mencionam-se três palavras: Ber :. , Ned :. e Schel : .. Ber :.
significa "uma convenção, um pacto", e também os "Mandamentos de Deus";
' Ned:. "promessa, oferenda, um sacrifício prometido"; Schel:. "perfeição"
(Ex 20:25). Essas palavras vêm sempre juntas, significando: "promessas de
completa ou perfeita aliança".
' Bat:., deslocando o "ar", provoca com sua força a destruição das vi-
brações negativas existentes na Loja.
'
14.5. Interpretação Alegórica do Grau 11
A lenda do Grau diz respeito aos eventos posteriores ao castigo
dos assassinos de Riram Abiff. Há mais tranquilidade e paz.
196 A Lenda de Hiram nos Graus Inefáveis do R.·.E. ·.A.·.A.·.
' da ignorância e sob o jugo dos tiranos. Por isso, é necessário, sempre, esco-
lher para representantes e legisladores do povo os mais puros, independen-
' tes e instruídos que sempre agem com retidão.
Os trabalhos do Grau caracterizam-se pelo estudo das várias formas
de governo: patriarcal, aristocrática, absolutista, representativa e democrá-
tica.
' O Ritual de Iniciação do Grau discute: a democracia em suas várias
'
'
t I
Simbolismos
1. Avental do Cavaleiro Eleito dos Doze: É de pele branca de carneiro
ou cetim, tendo na frente e no centro, bordado ou pintado, um coração
inflamado na cor vermelha; é forrado e orlado na cor preta; a abeta é
forrada de preto.
2. Colar do Cavaleiro Eleito dos Doze: É usado no pescoço, é largo e
preto, contendo do lado direito um coração inflamado na cor vermelha, e
um pouco acima a inscrição em letras brancas "VINCERE AUT MOR!"
("Vencer ou Morrer"); na extremidade do colar há uma argola onde fica
presa a Joia do Grau.
3. Joia do Cavaleiro Eleito dos Doze: É um punhal dourado, tendo,
' na extremidade do punho, uma argola para prender na ponta do colar.
'
202 A Lenda de Riram nos Graus Inefáveis do R.·. E.·.A.·.A.·.
'
204 A Lenda de Riram nos Graus Inefáveis do R.·.E.·.A.·.A .·.
'
206 A Lenda de R iram nos Graus Inefáveis do R.·.E.·.A.·.A.·.
aquilo que Flameja, que é chamejante, que expele chamas, que é ardente,
vistoso, brilhante, resplandecente.
No caso da Estrela, o correto é Flamejante (ou, como é chamada
em alguns ritos, radiante, isto é, que emite raios de Luz), como sinônimo de
resplandecente, vistosa, brilhante.
A Estrela Flamejante é, no Rito de York, a de seis pontas, enquanto
em outros Ritos é a de cinco pontas (ou Pentagrama, ou Pentalfa ou
Pentáculo), como aparece no Ritual desse Grau.
Assim, nesse Grau, a Estrela Flamejante é a de cinco pontas, coloca-
da no Oriente do Templo. É a Estrela Hominal dos pitagóricos (com uma
ponta única voltada para cima), pois nela se inscreve a figura de um ho-
mem, em sua alta espiritualidade.
No centro do Pentagrama existe, normalmente, a letra hebraica Iod,
símbolo da divindade (é a primeira letra do nome hebraico de Deus), ou a
letra "G", também alusiva a Deus (ou Geômetra).
Dessa forma, a Estrela Flamejante de cinco pontas simboliza o ho-
mem perfeito, Deus manifestando-se plenamente no homem, o Iniciado
(Mt 2:2), o Microcosmos. O homem é um quíntuplo ser: físico, emocional,
mental, intuicional e espiritual; quando todos esses elementos constitutivos
de sua natureza estão perfeitamente desenvolvidos, tanto quanto o permite
o estágio humano da existência, ele se toma o homem perfeito, que cumpriu
integralmente o mandamento: "sede perfeitos, como vosso Pai Celestial
é perfeito". (Mt 5:48)
Daí, a Estrela Polar também ser usada como símbolo de vários Misté-
rios. Era antigo símbolo do "olho espiritual que tudo vê, cuja visão ja-
mais se apaga". Segundo a tradição, os antigos egípcios lhe davam grande
atenção, e a inclinação verificada na principal passagem da Grande Pirâmi-
de fora determinada pela posição da Estrela Polar naquela época, em rela-
ção ao equador.
\
) O Estojo de Matemática
1 O Estojo de Matemática (o grande atributo de um Mestre Arquiteto)
aparece pela primeira vez nos Rituais. Ele contém: um Compasso Simples;
um Compasso de Cinco Pontas; uma Régua Paralela; um Tira-Linhas e
uma Escala.
O estudo desses instrumentos de Matemática e Desenho, no cam-
po filosófico, habilita o maçom para a concretização dos projetos e
invenções do Arquiteto do Edifício Social.
) O Compasso representa a Justiça, pela qual devem ser medidos
os atos do homem; simboliza, também, o comedimento nas buscas, já
)
que, traçando círculos, delimita um espaço bem definido, símbolo do Todo,
) do Universo, o que não acontece com as retas, que se prolongam até o
infinito. No plano místico, esotérico, o Compasso é a representação das
'""""'\
qualidades espirituais e do conhecimento humano; é por isso que, indepen-
) dentemente do trabalho realizado, a Maçonaria limita a abertura do Com-
passo a 90° (Compasso Áureo), para mostrar que o conhecimento humano
é limitado, em relação à sapiência divina, representada pelos 360° da cir-
1 cunferência.
1 É, em Maçonaria, um dos máximos símbolos, ao lado do Esqua-
dro e do Livro da Lei Moral, formando, com esses dois, o conjunto
chamado de Três Grandes Luzes Emblemáticas, a mais elevada alego-
ria maçônica.
O conceito de que o Compasso é a representação do Espírito (en-
quanto o Esquadro simboliza a Matéria) evidencia-se na posição relativa
dos mesmos, variável em função do Grau em que a Oficina (Lojas Simbó-
licas) estiver trabalhando. Do Grau 3 em diante, o Compasso fica com suas
hastes livres, sobre os ramos do Esquadro, simbolizando o triunfo do
Espírito sobre a Matéria, e também que o maçom, agora, é aquele que
tem a mente totalmente livre, para se dedicar ao trabalho de constru-
ção do Templo da Moral e Intelectual da humanidade.
Em qualquer sessão maçônica, o Compasso deverá estar sempre
presente, com o Esquadro, e não poderá, em hipótese alguma, ser re-
movido do seu lugar.
Existem vários tipos de Compasso, por exemplo o de cinco pon-
tas, uma das quais pode mover-se, trocar-se, tirar-se, como queira.
1
1
208 A Lenda de Riram nos Graus Inefáveis do R.·.E.·.A.·.A.·.
O Transferidor
O Transferidor (ou Compasso de Proporção), presente no Avental,
é um instrumento com escala circular que permite medir ângulos.
Simbolicamente, o Transferidor significa que devemos sempre
analisar todas as situações com as quais nos defrontamos, sob vários
O Templo e a Lenda no Grau 12 - Grão-Mestre Arquiteto· 209
'
' ângulos, muitos pontos de vista, e, usando a Razão, uma postura reta, com
capricho, diferenciar, discernir a melhor, a mais perfeita.
) O Esquadro
1 O Esquadro designa o instrumento em forma de triângulo retângulo, o
qual serve para traçar ângulos retos ou tirar perpendiculares. Em Maçona-
' ria, o Esquadro simboliza a Equidade, a Justiça, a Retidão de caráter; eso-
'l tericamente, representa a matéria ou o corpo físico. Retidão é a qualidade
do que é reto, tanto no sentido físico quanto no moral; assim, a retidão
física, emanada do Esquadro, corresponde à retidão moral, caracterizada
1 pelas ações de acordo com a lei, com o direito e com o dever, e a virtude de
1 seguir retamente, sem se desviar, da direção indicada pela equidade. Em
conjugação com o Compasso, que representa Deus, ou o "Eu Superior",
para o qual deve o iniciado dirigir constantemente suas aspirações, o Es-
quadro substitui o quadrado para simbolizar o mundo, ou o "eu inferior",
com seus desejos e paixões subjugados e dominados, e recorda ao maçom
que ele deve buscar unir-se à sua fonte de origem e desprender-se das
ilusões terrenas. Por isso se diz que o "verdadeiro maçom se encontra
1 sempre entre o Esquadro e o Compasso".
1
O Triângulo
1
1
Sobre esse importante símbolo maçônico já falamos no Grau 10. Eso-
tericamente, os triângulos mais importantes são o equilátero e o isóscele.
Com certeza, o referido nesse Grau é o equilátero, ou delta, simbolizando os
temários ou tríades sagradas, conceito comum à maioria das religiões e às
antigas civilizações; assim, por exemplo, significa a tríade Cristã (Pai-Filho-
Espírito Santo), representando o perfeito equilíbrio entre os três aspectos
da divindade.
Muito poderíamos escrever sobre o Triângulo, ou Delta Radian-
te; mas, para não tornar este trabalho demasiado longo, nós faremos
apenas um resumo, sugerindo, porém, um estudo mais aprofundado
sobre o mesmo.
Considera-se o Triângulo, ou Delt~, a figura mais perfeita para
As Cinco Colunas
As Cinco Colunas existentes no Painel do Grau, e, segundo NicolaAslan,
no centro da Loja, sobre uma mesa, representam as cinco ordens de arquite-
tura: toscana, dórica, jônica, coríntia e compósita.
Em Maçonaria interessam, além das Colunas do Pórtico, "B" e "J",
que, à semelhança do Templo de Jerusalém (arquétipo do Templo ma-
çônico), não possuem função de apoio, as Colunas que dão sustentação
.simbólica à Loja; é o caso das Colunas gregas das Ordens dórica, jônica
e coríntia, que mantêm, a Loja de Aprendiz e que, juntamente com as Colunas
romanas das ordens compósita e toscana, sustentam, simbolicamente, a Loja
de Companheiros.
Por sua assimilação a deuses do panteão grego e correspondên-
cia com as Colunas, a Coluna de ordem jônica, como a deusa Atemá
(ou Minerva, para os romanos), representa a Sabedoria, simbolizada
pelo Venerável Mestre; a Coluna de ordem dórica, como o deus Ares
(ou Marte, para os romanos), simboliza a Força, expressa pelo 12 Vigi-
lante; e a coluna de ordem coríntia, como a deusa Afrodite (ou Vênus,
para os Romanos), significa a Beleza, personalizada pelo 22 Vigilante.
"A sabedoria nos guia em todas as nossas iniciativas, a Força
nos sustém em todas as nossas dificuldades, e a Beleza adorna o ho-
mem interno. O Universo é o Templo da Divindade a Quem servimos;
a Sabedoria, a Força e a Beleza rodeiam seu Trono como Colunas de
suas Obras, porque Sua Sabedoria é infinita, Sua Força é onipotente,
e Sua Beleza resplandece na simetria e ordem de toda a criação. "
Mais ou menos essas palavras de notável beleza e profundidade
são ditas na cerimônia de acendimento das velas, na "Sagração" dos
Templos maçônicos de todos os Ritos, bem como nesse cerimonial
muito belo, realizado antes da abertura dos trabalhos, nas sessões do
Rito Adohniramita.
Algumas Lojas de nossa Jurisdição, do R:.E:.A:.A:., realiza-
vam esse cerimonial, dando grande beleza aos trabalhos, mas infeliz-
mente foi "proibido" pela Grande Loja Maçônica do Estado do Rio de
Janeiro.
Finalmente, considera-se cada maçom uma Coluna de sua Loja,
e esta, um símbolo do Universo. É como disse o Apóstolo João em sua
carta à Igreja de Filadélfia: "Ao vencedor, eu o farei Coluna no Templo
de meu Deus, de onde jamais sairá" (Ap 3:12).
Filadélfia tinha sido atingida por terremotos. Isso tornava a pro-
messa de segurança e estabilidade especialmente apropriada.
Nesse Grau, o L:.da L:., a Bíblia Sagrada, é lida em lRs 9: 1-5:
"Tendo Salomão acabado de edificar o Templo, o Senhor tornou a
aparecer-lhe, como lhe tinha aparecido em Gibeom, e lhe disse: Ouvi a tua
oração, que fizeste perante mim; consagrarei o Templo que edificaste, a
O Templo e a Lenda no Grau 12 -Grão-Mestre Arquiteto 211
fim de pôr ali meu nome para sempre. Meus olhos e meu coração estarão
ali todos os dias. Ora, se andares perante mim com inteireza de coração e
com sinceridade, para fazeres segundo tudo o que te mandei, e guardares
meus estatutos e meus juízos, então confirmarei o trono de teu reino sobre
Israel para sempre".
Esse texto bíblico, porém, não está completo, e vale a pena co-
nhecer o que sucederia caso Salomão não obedecesse ao Seu Senhor,
como consta nos versículos seguintes, 6 e 7:
"Porém, se vós e vossos filhos vos apartardes de mim, e não guardardes
meus mandamentos, que vos tenho proposto, mas servirdes a outros deu-
1 ses, e vos curvardes perante eles, então exterminarei a Israel da terra que
) lhe dei, e a este Templo, que consagrei a meu nome, lançarei longe da
minha presença. Israel virá a ser provérbio e motejo entre todos os povos".
' Essa advertência, porém, o povo israelita não guardou e sucedeu não
só a destruição da Casa do Senhor, como a dispersão do povo; pela
segunda vez, repetiu-se a advertência quando da reconstrução do Tem-
plo por Zorobabel, e novamente o povo não a guardou.
Hoje, porém, o povo israelita encontra-se reunido por seu Jeovah
e o mundo espera que não tome a repetir os atos de desobediência à Von-
tade de seu Senhor.
'
' Assim, precisam dar uma solução digna e buscar meios para sustentá-
lo na plenitude de sua grandeza. O trabalho do Grão-Mestre Arquiteto
\
consiste em que o maçom deve apresentar-se em Loja com o objetivo
de gravar nas colunas, com seus instrumentos de trabalho, noções sobre
' o estudo da Matemática. A gravação completa das colunas significa que
os Mestres Arquitetos têm de demonstrar estar dotados de virtudes e
sabedoria que formam a base da perfeição, e de que os que possuem
esse Grau devem estar em condições de desempenhar, com
discernimento e dedicação, os altos postos da Ordem, contribuindo
para que a Maçonaria nunca se enfraqueça; necessitam contribuir para
o bem da comunidade, aplicando os ensinamentos maçônicos tanto
no interior dos Templos como no seio da sociedade profana, colaboran-
do, dessa forma, para a Edificação do Templo da Civilização Humana; e
que, quando os encarregados de sua administração não estejam proce-
' dendo com exatidão no cumprimento de seus deveres, eles sejam subs-
tituídos, imediatamente, por outros mais competentes.
' Aliás, é isso o que significa a eleição que se fez dos 12 Mestres
' Arquitetos, nomeados por cada uma das 12 tribos; que os delegados
do povo, livremente nomeados para representá-lo, devem concorrer
para realizar a obra social porque é o povo que paga.
O imposto pago pelo povo e para o povo não poderia ser regula-
mentado a não ser pelos diretos representantes do povo. Essa descri-
ção sumária das bases do parlamentarismo faz compreender a prática
desse Grau inteiramente político e religioso.
Os sinais e toques referem-se claramente à profissão de Arquite-
to; o representante do povo deve ser, para este, a causa de um bem-
estar político e social.
Os trabalhos ainda se propõem a dar conhecimento dos problemas
humanos, espirituais e filosóficos, dedicando-se os Grandes Mestres
Arquitetos, com especialidade, ao estudo da tributação.
Finalmente, o maçom nesse Grau conhecerá a exata aplicação
\ filosófica da Arte Arquitetônica, ao aperfeiçoamento do Iniciado, para
\ que este se adorne com os ornamentos da moral mais pura e seja um
aliado constante do Amor, da Justiça e da Verdade.
\
1 15.6. Interpretação Filosófica do Grau 12
Segundo Papus, esse Grau pertence à 4ª categoria, a dos Graus
israelitas e bíblicos, e foi classificado como Israelita Salomônico. A
partir desse Grau começam os Graus Israelitas Superiores. Sua inter-
1 pretação é "a representação do povo", sendo consagrado "à coragem
e à virtude permanentes". Tem por base a "ideia de reconstrução".
'
\
Segundo a tradição maçônica, Salomão estabeleceu esse Grau com
o objetivo de formar uma Escola de Arquitetura, em que recebessem os
'
' l
214 A Lenda de Hiram nos Graus Inefáveis do R.·.E.·.A.·.A.·.
Simbolismos
1. Avental do Grão-Mestre Arquiteto: É de pele branca de carneiro ou
cetim, tendo no centro da abeta um Transferidor (Compasso de Proporção)
com escala; na frente bem no centro, um compasso de cinco pontas com
abertura em ângulo de 45°; esse avental é orlado de fita azul, bem como a
parte de trás também é azul.
2. Colar do Grão-Mestre Arquiteto: É usado no pescoço; é largo e
azul matizado, com uma argola na extremidade para prender a Joia do Grau.
3. Joia do Grão-Mestre Arquiteto: É uma medalha dourada de sete
facetas formando um heptágono, com uma argola na extremidade para
prender no colar. Sobre um dos lados há sete estrelas inscritas em sete
meios-círculos; no centro está um triângulo, tendo no meio as letras
"G" e "A", em hebraico. Sobre o outro lado, as cinco ordens de arqui-
tetura; um nível em cima; embaixo um esquadro e um compasso; entre
as colunas representando as ordens de arquitetura, as letras "R" e "M",
em hebraico; debaixo das colunas as letras "C", "D", "T", "J" e "C", todas
em hebraico, iniciais das cinco ordens de arquitetura.
"\
16. O Templo e a Lenda no
Grau 13 - Cavaleiro do
Real Arco
'
' atinge por uma escada; a abertura é fechada por uma escotilha, formada
por uma pesada pedra-mármore; no centro da tampa, uma grande argola
' de ferro.
Os muros (internos) estão pintados de branco; o Pavimento, de qua-
drados brancos e negros.
No centro da Loja se eleva, sobre um pedestal quadrangular, uma
Pirâmide transparente, de três faces (esse conjunto representa a Pedra
de Fundação ou Pedra Fundamental); em cada face, em caracteres
hebraicos, está o nome do G:.A:.D:.U:., em tetragrama.
A Pirâmide é iluminada em seu interior por um candelabro de três
braços.
A Abóbada está sustentada por Nove Arcos; em cada arco vem es-
crito o nome de um Arquiteto representando nove denominações de
Deus, a saber: Jod, Jhao, Ehleah, Eliah, Jaheb, Adonai, El-Hanan,
lha e Jobel.
O Templo é iluminado por nove luzes (excetuando o candelabro
na parte interior da Pirâmide); oito luzes formando um octógono ao redor
do recinto e a nona fica no Trono do Presidente.
Cinco são os Oficiais: o Presidente assenta-se ao Oriente sobre
um Canapé (Sofá), portando uma Coroa Real e tendo em suas mãos
um Cetro. O 12 Vigilante senta-se à esquerda do Presidente com uma
Coroa sobre o Cetro que fica em suas mãos. O 22 Vigilante senta-se no
Ocidente e usa um Chapéu e uma Espada na mão direita. O Grande
Tesoureiro e o Grande Secretário sentam-se ao Norte e ao Sul, respec-
tivamente, e estão cobertos por um Chapéu cada.
l
' A finalidade, e isso será inesgotável, posto exaustivo a ponto de a
maioria sucumbir e transformar-se em meras presenças aos trabalhos,
continua sendo a busca do conhecimento.
l O homem encontrará a si mesmo somente por meio do conheci-
l mento; a Maçonaria não se iguala a uma religião, pois esta satisfaz
)
pelas "graças recebidas", por meio de atos de fé; o maçom, religioso ou
não, conhecerá apenas e exclusivamente, por meio de um duro trabalho,
l com suor e esforço, disciplina e coragem, vencendo as dificuldades que se
\ apresentam a todo passo: preguiça mental, inércia, egoísmo e falta do dese-
jo de cooperação; em suma, falta de amor para consigo e para com a Hu-
)
manidade.
) O recinto do trabalho, a "Loja Real ", assemelha-se como descre-
vemos inicialmente: a uma Câmara Subterrânea e Oculta sem outras
'
l
aberturas que a de entrada.
É a Célula Secreta que representa nossa Consciência; nela encon-
tramos a presença de Deus, simbolizada na Pirâmide de Cristal; nove
'
\
Arcos, representando os nove aspectos inteligíveis de Deus; o número
9, simbolizando o misticismo, o número que é o resultado de todas as
posições numéricas desde o zero ao oito; o Arco representando a "Aliança"
' que é o "desejo" permanente de Deus de amparar sua Criatura, por meio
'
)
do símbolo do Arco-Íris, que é a Luz emanada do Sol.
Os símbolos desse Grau estão ligados de tal forma à sua lenda que
os estudaremos na "INTERPRETAÇÃO ALEGÓRICA DO GRAU 13".
'
)
16.4. O Cobridor do Grau 13
16.4.1. A P.·.S.·.Do Cavaleiro do Real Arco
)
)
A P:.S:. do Grau é Jeov:., já estudada nos Graus anteriores.
Essa P :. S :. está gravada na Placa de Ouro (Delta) sobre o Cubo
) de Ágata e só pode ser pronunciada pelos Grandes Eleitos, Perfeitos e
) Sublimes Maçons. Os Cavaleiros do Real Arco, quando em número de
três, podem apenas pronunciá-la alternadamente, por letras.
)
)
)
)
222 A Lenda de Hiram nos Graus Inefáveis do R.·.E.·.A.·.A.·.
' A Sagrada Escritura nos ensina a história dos tempos que se se-
guiram ao Dilúvio, até a escravidão dos israelitas no Egito, de onde
' foram libertados por Moisés. Também nos diz que Moisés era estima-
' do por Deus e que o Altíssimo lhe falou no Monte Sinai, por intermé-
dio da Sarça Ardente, quando lhe comunicou seu Nome Inefável, bem
' como as Leis Divinas, escritas sobre 12 tábuas, prometendo-lhe uma
nova Aliança.
l Assim, Moisés mandou fazer uma Medalha de Ouro, na forma de
um Triângulo, ou Delta, gravada com o Nome Inefável, colocando-a
' na Arca da Aliança.
Em uma batalha contra o rei da Síria, perdeu-se a Arca, ficando
l abandonada na selva. No entanto, ninguém podia dela se aproximar,
pois um leão a guardava. Porém, a Arca foi encontrada pelo Grande
' Sacerdote dos levitas, estando acompanhado de seu povo, após ouvi-
rem os rugidos do leão que se ajoelhou aos pés dos israelitas, depois
' de haver destruído um grande número de egípcios, que queriam dela
' se apoderar, e cuja chave deixou cair de sua boca, mostrando-se fera
'
)
Os dois reis e os três Grandes Mestres Eleitos desceram com o
)
tesouro pelo corredor oculto, pelos nove arcos, até chegarem à Abó-
bada Secreta do Templo de Salomão. Ali, incrustaram a Placa de Ouro
sobre o Pedestal da Coluna da Formosura e trocaram o nome de Abóbada
'
\
secreta pelo de Abóbada Sagrada.
A seguir, Salomão instituiu, em memória dessa descoberta, o Grau
de "Cavaleiro do Real Arco", fundou a "Sublime Loja ou Capítulo
' Real", conferindo a si, ao rei Rirão, de Tiro, a Adohniram, a Johabem
e a Stolkin o Título do Grau.
' Mais tarde, Salomão conferiu também o Grau de Cavaleiro do
Real Arco a nove dentre os Cavaleiros Eleitos dos Quinze, nomeando-
os para Guarda Permanente da Abóbada Sagrada.
Os novos Cavaleiros do Real Arco prestaram o juramento solene
diante de Deus de jamais pronunciar abertamente Seu Nome, e de não
admitir neste Grau nenhum maçom que não tenha dado provas de
1 amor sincero a Instituição e de usar sempre a mesma cerimônia para
comemorar seu significado divino, como prometeu Moisés, na Sarça Ar-
\ dente, ao recebê-la.
1 Desde então conhecemos a representação gráfica do Nome Ver-
dadeiro do G:.A:.D:.U:., porém não sabemos pronunciá-lo, porque
\
as águas do dilúvio destruíram a Coluna de Mármore em que Enoque
gravara o código para decifrá-lo. Havendo-se perdido a verdadeira
' pronúncia, no transcorrer dos séculos, hoje, no Grau 13, somente
'
)
podemos comunicá-la, soletrando-a, letra por letra, e com o maior
sigilo.
A Interpretação Alegórica dessa lenda, e portanto do Grau, exige
uma demorada meditação sobre a grandeza de seus mistérios.
Noé e o Dilúvio
Noé foi um personagem bíblico, pa-
triarca hebreu, que viveu entre os anos
de 1656 e 2606 da criação de Adão ou
2890 e 1940 anos a.C.; nono descenden-
te de Adão, foi filho de Lameque e pai de
Sen, Can e J afé; principal personagem do
Dilúvio, foi o tronco das novas gerações
pós-diluvianas.
Seu nome, em hebraico, significa
"Repouso" ou "Descanso"; Lameque lhe
deu esse nome, dizendo: "Ele nos dará
consolo dos nossos duros trabalhos, e
do cansaço que sentimos nesta terra
que Deus amaldiçoou". (Gn 5:28,29)
Os principais fatos e referências da vida de Noé podem ser lidos nos
seguintes textos bíblicos: Gn 5:28-9:29; Ex 20:5 e 6; Sl 29: 10; Is 54:9; Ez
14:14; Mt 24:37 e 38; Lc 17:26; Hb 11:7; 1 Pe 3:20; 2Pe 2:5.
Noé foi um homem bom, piedoso e querido de Deus; por isso, Deus o
mandou construir uma Arca, para que ele, sua família e um casal de cada
vivente sobre a Terra se salvassem da destruição da mesma pelo Dilúvio.
O Dilúvio, que teve lugar no ano de 1772 da Criação ou 2406 anos a.C.,
foi uma inundação que submergiu grande parte da superfície da terra, des-
truindo quase todos os portentosos monumentos da Antiguidade e extermi-
nando a espécie humana, exceto Noé e os que estavam com ele na arca.
' O Templo e a Lenda no Grau 13- Cavaleiro do Real Arco 227
'
1
A mais conhecida história do Dilúvio é a do Gênesis, capítulos 6 a 9.
Esse texto bíblico é a súmula de duas tradições hebraicas distintas. Entre-
tanto, ambas relatam a ira de Deus contra a iniquidade dos homens, que
resolvera destruir pelas águas, à exceção de Noé.
Outras referências bíblicas ao dilúvio são: Dt 9:25 e 26; Js 24:2; Ne 1:8;
1 Jo 14:11;28:11; Sl24:2; 66:6; Jr46:7;Am 8:8; Jn 3:3; Mt 7:25; e, Lc 6:48.
Muitos autores, profanos e maçons, põem em dúvida o relato bíblico
' do Dilúvio. Entretanto, a narração ocorre nas tradições de diversos povos,
além dos hebreus. Encontram-se na Babilônia tradições semelhantes às
' hebraicas; a principal diferença entre a tradição babilônica e a do Gênesis é
' que, na primeira, estiveram representados na arca artesãos de todos os
'
1
ofícios.
A mais conhecida história do Dilúvio na literatura grega é a de
Deucalião e sua mulher Pirra, contada por Apolidoro. Na Europa, en-
1 contram-se histórias do Dilúvio na mitologia islandesa, lituana e do
País de Gales. No Oriente elas existem na Índia, na China, na Birmânia,
'
1
na Indochina e em Malaia, bem como entre os aborígines da Austrália,
Nova Guiné, Melanésia, Polinésia, Micronésia e das Américas. No
Brasil, existem entre as tribos de diversas regiões e têm sido recolhidas
' desde o século XVI.
Entretanto, não obstante as diversas contestações dos autores
quanto à veracidade ou não do Dilúvio, o que importa para nós maçons
são os ensinamentos alegóricos do mesmo. Escreve o padre Matos
Soares: "Sem dúvida, a narração (do Dilúvio) baseia-se em fato histó-
rico - lembrado também em numerosas narrativas babilônicas - que
nos é dado conhecer. Talvez se trate de uma das numerosas inunda-
ções do Vale do Tigre e do Eufrates, que a tradição ampliou até
transformá-la em cataclisma universal, estendido a toda a terra enxu-
ta. O que é certo, porém, é que o autor sagrado não tende a falar do
cataclisma em si, mas, antes, ensinar verdades, a primeira das quais,
que Deus, justo e juiz, castiga a humanidade culpada. A segunda é
' que, também castigando, ele usa de misericórdia, quer deixando tem-
po para arrependimento, quer salvando os justos. A terceira verdade
' é a da unidade da Criação: Deus pusera as criaturas a serviço do
homem, de sorte que agora o castigo infligido ao homem atinge tam-
bém os animais".
Finalmente, segundo Rizzardo da Camino, um dos que contes-
tam a verdade do Dilúvio, "ele existiu, mas em outra dimensão; den-
tro de nossa consciência as águas subiram para sucumbir com os
pensamentos contrários à vontade do criador".
228 A Lenda de Hiram nos Graus Inefáveis do R.·.E.·.A.·.A.·.
Simbolismos
1. Avental do Cavaleiro do Real Arco: É de pele ou de cetim na cor
abóbora, sendo pontilhado de preto ao redor de toda a orla; tem no centro
um Triângulo Radiante contornado de amarelo; o forro da parte de trás é
também de cor abóbora.
2. Colar do Cavaleiro do Real Arco: É usado no pescoço, a tiracolo,
da direita para a esquerda; é largo e preto, contendo na extremidade
uma argola para prender a Joia do Grau.
3. Joia do Cavaleiro do Real Arco: É um Triângulo dourado ou, então,
uma medalha, tendo em um dos lados um alçapão fechando uma abóba-
da e, no outro, um triângulo com as iniciais em latim da divisa dos Cava-
leiros do Real Arco, cuja significação simbólica é: IN ORE LEONIS
VERBUM INVENI. Na extremidade há uma argola para prender no colar.
' 1
. -....
-....
17. O Templo e a Lenda no
Grau 14 - Perfeito e
'.
Sublime Maçom
-234-
O Templo e a Lenda no Grau 14 - Perfeito e Sublime Maçom 235
'
l
das: em frente de Hirão, rei de Tiro, três luzes azuis, formando um Triângulo
Equilátero; no Altar do 2º Vigilante, cinco luzes amarelas, formando
um quadrado com uma luz no centro; no Altar do 1º Vigilante, sete luzes em
um quadrado inscrito em um triângulo, sendo as três luzes do triângulo en-
236 A Lenda de Riram nos Graus Inefáveis do R.·.E.·.A .·.A.·.
'
'
238 A Lenda de Hiram nos Graus Inefáveis do R.·.E.·.A.·.A.·.
pelo qual o Grau do Real Arco foi englobado no Rito daquela Potência
maçônica. Estudar, também, a história da introdução da Ordem Maçônica
nos países da Europa e da América, assim como tudo quanto se relacione
com a organização definitiva do R:.E:.A:.A: ..
4º) Conservar os profundos segredos e mistérios da Maçonaria, na
prática da moral mais pura e em consolar e socorrer seus Irmãos; consa-
grar-se à virtude e à causa da humanidade, e ser firme aliado dos bons e
virtuosos. Velar pela conservação de nossas instituições; fazê-las compre-
endidas pelos jovens maçons, a fim de que produzam os esperados frutos.
5º) Analisar e discutir o direito inalienável da liberdade de consciência e
dos cultos, propagando-as em todos os seus aspectos, e dedicar-se ao estudo
dos fenômenos da criação e das sete Ciências ou Artes Liberais.
6º) Propagar, em Loja e fora dela, a igualdade em todos os seus
aspectos. O rico, o pobre, o príncipe e o sábio devem, dentro de uma
Loja de Perfeição, ser iguais. Porém, observamos que nem o rico, o
príncipe e o sábio, precisam "descer" para o nivelamento; o pobre é
quem deverá "subir"; pobre no sentido amplo, pois a pobreza signifi-
ca carência; uma pessoa abastada poderá ser pobre de sabedoria e de
conhecimento, de altruísmo e complacência. A igualdade resulta do
Poder Superior que domina a todos, com a mesma rigidez e bondade.
Todos são iguais para o prêmio, mas este só irá para o merecedor.
7º) Estudar e meditar sobre a natureza e os atributos de Deus, das
Leis Naturais e Divinas, da harmonia que governa o Universo e sobre
a Imortalidade da Alma.
8º) Com um coração zeloso, justiça e energia, auxiliando-se mutua-
mente, desejar e procurar atingir a Perfeição.
De fato, o maçom é conduzido ao Templo pelo seu próprio coração,
que é considerado "zeloso"; o "zelo" comporta disciplina, obediência, com-
promisso e, sobretudo, coragem de prosseguir na jornada, como jurou.
O desejo que o maçom traz, ao ingressar na Loja de Perfeição, é
o de "atingir a Perfeição".
No mundo atual, em que a sobrevivência já constitui um ato de cora-
gem e de certo privilégio, o desejo de atingir a Perfeição torna-se um "su-
pérfluo" que só a Bondade Divina poderá permitir.
Uma Loja de Perfeição é uma Oficina em que os Irmãos se auxi-
liam mutuamente para atingir essa Perfeição.
O auxílio deve ser mútuo, isto é, ocorrer permuta; nem sempre,
dentro de um quadro de obreiros, se observa essa atitude, pois há aquele
grupo que só pretende receber; sem desprendimento, da ação, altruís-
mo, não se conseguirá atingir a perfeição; esta é a soma de desprendi-
mentos; em primeiro lugar, dar, porque a resposta será automática;
quem dá sem nenhum interesse receberá, com toda certeza, porque
isso constitui uma Lei Divina.
O Templo e a Lenda no Grau 14 - Perfeito e Sublime Maçom 239
\
' três Mestres Eleitos encontraram debaixo do Nono Arco, da Nona
Abóbada, do Templo subterrâneo de Enoque; por isso essa Abóbada
\
Secreta passou a chamar-se Abóbada Sagrada.
Essa Abóbada (o Templo do Grau 14) simboliza o Coração Hu-
mano, o Santuário da Vida, em cujo interior se oculta a Centelha Divina
(o Divino Tetragramaton), Deus, que cabe ao preparado Grande Eleito
ou Perfeito e Sublime Maçom procurar diligentemente até descobri-la
e fazê-la iluminar as trevas do mundo.
A Abóbada é Secreta, pois se localiza em um ponto desconhecido do
Infinito, no íntimo de nossos corações. É Sagrada, pois representa o Sanctus
\
Sanctorum de nosso Ser, lugar no qual nos reunimos, que não precisa, para
\ ser iluminado "nem do Sol, nem da Lua, nem de nenhuma Luz artifici-
al", pois nele brilha a Luz emanada do G:.A:.D:.U:., que está nele
' presente, como em nossos corações.
\
240 A Lenda de Hiram nos Graus Inefáveis do R.·.E.·.A.·.A.·.
instrução iguala os homens, e não sua posição social, e que o talento pode
elevá-los acima das condições humildes em que nasceram.
4º) A "Face Anterior" contém 81 casinhas ou quadrado de nove.
Nelas estão as letras correspondentes das palavras misteriosas dos Graus
Simbólicos, do 1ºao 15º Grau do Sistema Escocês professado pelo Grande
Oriente da França. As 16 casinhas triangulares na face triangular superior
)
ocupam um grande Triângulo, o Delta, emblema da Divindade, representa-
\ do no Oriente da Loja sob o dossel que cobre o Trono do Venerável (Lojas
) Simbólicas), com os caracteres hebraicos do Inefável Nome do
G :.A:.D:. U :. , e o tetragramaton IHVH que Salomão esculpiu no precio-
1 so Delta consagrado à Sabedoria. Os dois querubins que figuram nos lados
\ do Triângulo são os referidos no Antigo Testamento como os Guardiões da
Glória e da Sabedoria Divinas (Ex 25:20), e anunciam a doutrina da Fé em
um único Deus (Jeovah).
5º) Na "Face Superior" brilha a Estrela Flamejante (ou Flanúgera),
o Símbolo máximo da Divindade, exposto nos três primeiros Graus.
\
Ocupa a parte mais elevada da Pedra Cúbica, porque é das alturas do
1 Zênite da Glória que o Supremo Arquiteto governa e ilumina seus
Universos .
A Figura a seguir ilustra esse símbolo e, para mais esclarecimen-
1 tos, sugerimos seu estudo no livro Dicionário Ilustrado de Maçonaria,
de Sebastião Dodel dos Santos, e do Dicionário de Maçonaria, de
' Joaquim Gervásio de Figueiredo.
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242 A Lenda de Riram nos Graus Inefáveis do R.·.E.·.A.·.A.·.
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O Templo e a Lenda no Grau 14 - Perfeito e Sublime Maçom 243
)
)
Sacrifício - Purificação - Unção
Conforme nossos costumes anteriores a 1717, a Iniciação em uma
1
Loja de Perfeição assemelha-se ao batismo. Este é um rito de purificação
\ celebrado, desde a mais remota Antiguidade, durante a cerimônia de Inicia-
1 ção, que era praticada na maior parte das escolas filosóficas, nas religiões
e nos meios populares de países antigos, constando ora de simples abluções,
1 ora de batismo pela água, pelo ar e pelo fogo.
Segundo José Castellani, essa prática do batismo tem origem no banho
purificador (em hebraico mikvé) que os hebreus sempre utilizaram, seguindo
preceitos do Torá (o Pentateuco), aperfeiçoados na Mishná (a essência do
judaísmo talmúdico) e no Talmud (que significa "ensinamento").
1 Conforme a Bíblia, João Batista e seus discípulos já batizavam, antes
dos cristãos, imergindo em água, como foi feito com Jesus. Segundo o pró-
\ prio João Batista afirmava, há pelo menos três espécies de batismo: o da
1 Água, o do Espírito Santo e o do Fogo (Mt 3:11), mas os dois últimos só o
Divino Mestre poderia ministrar.
l
O batismo era, em toda a parte, um símbolo da renovação da fé
1 ou do pensamento, uma purificação da vontade e uma promessa
solene de se consagrar a uma ideia nova.
A Maçonaria adota essa prática para ensinar ao recipiendário que
a limpeza do corpo físico é uma das condições prévias para a pureza
da alma, porém, que ele deve também ornar o coração.
Na maioria das vezes, esse batismo realizava-se no começo das
Iniciações, e ainda hoje há religiões que, por seu sistema de "graça
sobrenatural", não necessitam do consentimento do catecúmeno, e
batizam crianças ainda sem consciência. A Maçonaria, porém, colo-
' cando seu batismo no fim dos ensinamentos, quer exprimir que só
' pela vontade do homem instruído se pode fazer a renovação daquilo
que constitui a ideia nova.
1
Na Iniciação do Grau 14, o batismo consiste no sistema composto de
l um SACRIFÍCIO, uma PURIFICAÇÃO e a UNÇÃO.
) O Sacrifício corresponde à profissão ou renovação da fé ou do
pensamento. No centro do Templo, é colocado o Altar de Oblações
'
l
(Dádivas; Ofertas; Sacrifícios) sobre o qual se veem um machado e
uma faca grande. O candidato se ajoelha diante do Altar e inclina a
\ cabeça, aguardando o golpe do machado, enquanto o Mestre de Ceri-
mônias comprime com a faca seu peito. O candidato dispõe-se, assim, a
l "imolar" (sacrificar) suas paixões, erros e vícios, apesar de ter passado por
l tantas iniciações. Simbolicamente, é despido dessas paixões que tanto o
prejudicam. O Grau enfatiza a necessidade de "libertação"; os homens
'
\
sempre são escravos de si mesmos, dos vícios e do egoísmo. Imita-se aqui
o sacrifício de Abraão (Gn 23), imagem do próprio Deus sacrificando seu
filho pela salvação dos homens.
'
'
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'
244 A Lenda de Hiram nos Graus Inefáveis do R.·.E.·.A.·.A.·.
O Delta
No Ritual do Grau, na abertura dos trabalhos, o T :. V:. P :. per-
gunta: "Por que motivo o rico e o pobre, o príncipe e o sábio são,
aqui, iguais, amigos e Irmãos?", ao que o 1º Vigilante responde: "Por-
que no Triângulo (Delta) inscrito no pedestal, como na imensidade do
céu, existe um Poder que igualmente os domina".
No cerimonial de Iniciação, o M:.de CCer:. reveste um dos Neó-
fitos com a Fita de Mestre Secreto e prende-lhe ao peito um Triângulo
de Ouro, tendo no centro a palavra Jeovah; é incumbido, assim, de ir
em busca da verdade. Procura-a sincera e constantemente. Entre os
homens só encontra um Nome que eles contemplam pávidos. Esse
nome representa para eles o temeroso desconhecido. Sobre o coração
do maçom, porém, é o símbolo da Razão serena e perseverante.
O Neófito interroga, ainda, as crenças humanas, das quais o
Delta é o símbolo mais elevado. Todas têm início em um sentimento
bom e justo. Para o maçom, porém, simboliza a libertação de todos os
preconceitos que tolhem a expansão de seus sentimentos maçônicos.
Na instrução do Grau, o T :. V :.P :. pergunta: "Que continha a
Abóbada Sagrada?", ao que se responde: "O Inefável Nome de Deus
e a Verdadeira palavra do maçom, gravado em um Triângulo de Ouro,
sobre um Cubo de Agata . Que Nome e esse.?" ; "]eova h" .
,1' " '' _,
' O Templo e a Lenda no Grau 14 - Perfeito e Sublime Maçom 245
'
No encerramento dos trabalhos, com respeito à Iniciação, consta o
seguinte: "Que fizeram convosco?"; "Depois de me purificarem, man-
daram-me embora, dizendo-me: Procurai!". "E o que encontrastes?";
"A arte de aperfeiçoar aquilo que é imperfeito". "E onde o encon-
traste?"; "No Delta, preso ao colar do Mestre". "E como vos utilizastes
dele?"; "Depois de me desembaraçar dos laços dos preconceitos e
' dos vícios, que escravizavam minha razão, depositei o Delta nos alicer-
' 1
ces do ensinamento maçônico. Deram-me, então, o penhor de minha
aliança (anel)".
Como se vê, o Delta é um Triângulo equilátero que simboliza
l
esotericamente os ternários ou tríades sagradas. No Cristianismo, sim-
boliza a Trindade Pai-Filho-Espírito Santo. Tanto nas Igrejas judaico-
cristãs como nos Templos maçônicos, o Delta está envolvido de uma
"Glória", e centrado pelo tetragrama IHVH (lEVE), escrito em caracteres
hebraicos (Iod, He, Vav, He), ou só pela primeira letra (Iod), ou pela
l letra "G", ou, ainda, pela figura de um Olho humano esquerdo; é o
símbolo da Tripla Força indivisível e divina que se manifesta como
' Vontade, Amor e Inteligência cósmicas. O Delta Maçônico é chamado
de Radiante, porque ele é representado como cercado de raios e res-
plandece, no Templo, emitindo raios de Luz (sendo também chamado
Delta Luminoso); por isso deve ter, sempre, iluminação própria. A
' maioria das Lojas dos diversos Ritos adota a figura do Olho no interior
do Delta, como representação do Sol e, portanto, da Luz; sendo o Sol
'
1
a maior fonte de Luz e considerando-se que a Luz é o símbolo da
Inteligência e do Espírito, pode-se deduzir que o ato de ver, ou seja, o
uso da visão, representa uma ação do espírito e simboliza o Conheci-
' mento. Dessa maneira, o Olho é o símbolo da Sabedoria, do
Discernimento e do Equilíbrio.
O Sol Radiante
O Sol Radiante é importante símbolo desse Grau, presente que
está na Joia do mesmo.
O Sol, do latim sole, é uma estrela e centro do sistema em torno
do qual giram a Terra e os demais planetas. Os povos antigos viam no
\
' são mantidos em "esquadria"; corpo ereto e leitura em voz alta, compassada,
para que todos acompanhem a Palavra do Senhor.
' No simbolismo, o oficiante é o Orador ou o M:.I:.mais novo, o
' Past-Master; nos Graus Inefáveis, é sempre o Orador, por ser o "por-
ta-voz" da Sabedoria, do Presidente, do rei Salomão.
Antigamente, a leitura era feita em forma de cântico, dando a
certas palavras a harmonia apropriada entremeada de pausas mais ou me-
nos longas.
Deve-se dar a essa parte atenção especial, porque marca um iní-
cio de trabalho exitoso, com aquela espiritualidade de que tanto care-
cemos.
Enquanto o Orador abre o L:.Sag:., antes de proceder à leitura,
o Tesoureiro coloca o Painel do Grau diante do Altar e o Secretário
acende o Candelabro Místico, o Menorá.
Somente após esses dois atos é que deve ser feita a leitura.
'
l
zeram um relatório do que haviam observado.
Interrogadas várias autoridades em hieróglifos, tomaram conhe-
cimento, por sua tradução e interpretação, de que esses pedaços de
l mármore formavam parte da coluna erigida por Enoque. Não era outra
senão a do Templo consagrado a Deus antes do Dilúvio. Salomão fez
'
l
juntar os pedaços da pedra e os depositou na Abóbada Sagrada de seu
Templo. Providenciou a limpeza do local e planou-o, a fim de que ali
l fosse construído o Templo projetado.
Depois da conclusão, dedicação e consagração do Templo de
l
Salomão, vários Perfeitos e Sublimes Maçons dispersaram-se pelo
' mundo. Os maçons de Graus inferiores multiplicaram-se rapidamente,
em virtude da menor seleção entre os que se candidatavam a conhecer
'
l
a Arte Real. A falta de circunspecção desses Irmãos chegou a ponto
de vários profanos conhecerem os Ss :. e Ppal :. , que só dos Maçons
deveriam ser conhecidos. A Maçonaria começou a degenerar; multipli-
caram-se as recepções; nenhum interstício foi observado entre os Graus;
pessoas houve que receberam os três Graus Simbólicos de uma só vez.
Os prazeres e as diversões tomaram o lugar da instrução; apareceram
inovações; uma nova doutrina destruiu a antiga, que jamais deveria
ser abandonada. Houve desavenças e dissensões. Só os Perfeitos e
Sublimes Maçons escaparam a esse contágio, guardas fiéis que eram
da Palavra Sagrada que fora guardada sob a Abóbada Sagrada, debai-
xo do Sanctus Sanctorum. Começou a reinar, entre eles, essa união
fraternal, união jurada e de que é o selo aquelas Palavras. Quando
Salomão investiu os primeiros maçons desse Grau, fê-los prometer-
lhe solenemente que, entre eles, reinariam sempre a paz, a união e a
concórdia; que praticariam obras de Caridade e de Beneficência; que
tomariam para base de suas ações a Sabedoria, a Justiça e a Equidade;
que guardariam o maior silêncio sobre seus mistérios e que só os reve-
lariam a Irmãos que, pelo zelo, fervor e constância, fossem dignos de
conhecê-los; que se auxiliariam, mutuamente, em suas necessidades,
punindo, severamente, qualquer traição, perfídia e injustiça. Deu, en-
tão, um anel de ouro, como prova de aliança que acabaram de contrair
com a virtude e para com os virtuosos.
Quando Jerusalém foi tomada e destruída por Nabuzardan, general
de Nabucodonosor, rei da Babilônia (597 a.C. a 527 a.C.; 2Rs 24, 25), os
Grandes Eleitos foram os últimos defensores do Templo. Penetraram na
Abóbada Sagrada e destruíram a Palavra Misteriosa, que nela se conser-
254 A Lenda de Hiram nos Graus Inefáveis do R.·.E.·.A.·.A.·.
vara por 470 anos, seis meses e dez dias, desde a edificação do Templo. A
Pedra Cúbica foi quebrada; derrubado o Pedestal; tudo foi enterrado em
um buraco com 27 pés de profundidade, por eles cavado. Retiraram-se,
depois, decididos a só confiar à memória o Grande Nome e a só transmiti-
lo à posteridade por meio da tradição. Daí, vem o costume de o soletrar,
letra por letra, sem pronunciar uma única sílaba. Por essa circunstância,
perdeu-se o hábito de escrevê-lo e de pronunciá-lo. Há incerteza das letras
que o compõem. A verdadeira pronúncia só foi conhecida dos Perfeitos e
Sublimes Maçons.
A lenda desse Grau, pela clareza de descrição, dispensa comen-
tários e interpretações. Relaciona-se à Inefável Palavra a que já nos
referimos.
O significado oculto de nossos Graus não está definitivamente
interpretado. Podemos fazer isso por nós mesmos. Os segredos ficam
escondidos de todos, menos às pessoas perceptíveis, e são revelados
somente por meio de estudos mais complexos e profundos. Por exem-
plo, na antiga mitologia, o Esquadro era o símbolo do material e dos
princípios; um cubo, o do homem materialista. Um Triângulo, o da
Divindade e, por associação, de todas as coisas divinas e espirituais. 1
Então, um Triângulo dentro de um Esquadro, ou sobre a face de um
Cubo, que parecem similares, simboliza o Divino dentro do Material. \
A história desse Grau marca o acabamento e a destruição do pri- l
meiro Templo de Jerusalém. Quando ficou pronto, o Grande Rei quis
recompensar todos os que tinham trabalhado em sua edificação, antes
que deixassem Jerusalém para se espalhar pelo mundo. Os Aprendizes
foram elevados ao Grau de Companheiro; estes, ao de Mestre. Os Mes-
tres e todos os que possuíam Graus indo do 4º ao 9º, inclusive, foram
admitidos ao 12º Grau, prometendo jamais sair do caminho do bem e
dó justo.
Em fim, os maçons investidos dos Graus 10, 11, 12 e 13 foram
iniciados no 14, o de Grande Eleito ou Perfeito e Sublime Maçom.
Prometeram solenemente viver em paz, ser caridosos, não se deixa-
rem guiar senão pelo espírito de equidade e fazer a todos a boa justiça,
ao mesmo tempo em que se obrigavam a manter absoluto silêncio
sobre os mistérios de seu Grau. Os construtores, assim, adquiriram
honra imortal e sua ordem tornou-se estabelecida e regulamentada.
Novos associados eram admitidos apenas por mérito. Mas, infelizmente,
o rei Salomão, em sua idade avançada, ficou surdo à voz do Senhor e
conduziu-se irregularmente a ponto de profanar as três finalidades do
Templo, oferecendo a Moloch o incenso que deveria ser consagrado
somente ao Deus vivo (lRs 11: 6-13). O povo, seguindo os vícios e futilida- \
des de seu rei, tomou-se orgulhoso e idólatra. 1
Muito penalizados com esse resultado, os Grandes Eleitos ficaram
com medo de que essa apostasia terminasse em terríveis consequências. )
I
)
)
O Templo e a Lenda no Grau 14 - Perfeito e Sublime Maçom 255
'
l
Como castigo por essa deserção, Deus permitiu que Nabucodonosor, rei da
Babilônia, se vingasse do rei de Israel. Um exército entrou em Judá com
l fogo e espada, saqueou a cidade de Jerusalém, destruiu o Templo e levou o
povo cativo para a Babilônia (2Rs 24,25). Anos mais tarde, a tentativa de
'l libertar a Terra Santa da opressão resultou na ajuda de virtuosos maçons
que demonstraram bravura e vigor em um empreendimento tão piedoso.
Isso inspirou outros homens, os importantes e bons, os virtuosos e religio-
' sos, a procurar a Iniciação nos Mistérios.
'
l 17.6. Interpretação Filosófica do Grau 14
l Diz a Enciclopédia Maçônica, conforme a menciona Nicola Aslan,
que esse Grau pertence à 4ª categoria, a dos Graus Israelitas e Bíbli-
'
)
cos, tendo sido classificado como Deísta Judaico. Sua interpretação é
"supernaturalismo antimaçônico" e é consagrado ao G:.A:.D:.U:.,
J sob o símbolo sagrado do Delta; tem por base "a ideia de reconstrução".
De início, tal qual no anterior, não concordamos com a classifica-
I ção desse Grau como Deísta. É Teísta tal qual todo o R:.E:.A:.A: ..
l Ao espírito do homem deu-se a liberdade e sua primeira investi-
gação e pesquisa deve ser Deus, cujo nome encontra-se sobre a Pedra
'l Cúbica. O R:.E:.A:.A:. não se atém às rudimentares concepções de
um Ente Supremo, Criador Providencial e Justiceiro, composto de quali-
dades humanas aperfeiçoadas. A ideia de Deus está em nossas iniciações,
' como no homem, desde que ele entendeu de compreendê-la. O Perfei-
l
' to e Sublime Maçom deve possuir o "Saber" que se estende ao conhe-
cimento que o homem possa ter sobre a natureza e os atributos de
Deus, das Leis, da Harmonia que governa o Universo e sobre a imor-
l talidade da alma.
Toda a Filosofia do Grau está contida no Ritual de Iniciação. O
padrão dos antigos mistérios exigia recepção em três etapas: purifica-
I
ção, iniciação e iluminação, isto é, Perfeição.
J O batismo não é exclusivo do Cristianismo. Pelo contrário, como
l símbolo de purificação, era um Rito de Iniciação religiosa há milhares de
anos antes de Cristo. Os votos de um Grande Eleito são assumidos após o
batismo e purificação simbólicos. Vem então a participação do Pão, a
J antiga promessa hebraica de irmandade, a participação do Vinho, símbo-
lo da sabedoria e do Conhecimento. Isso é também para lembrar que a
)
hospitalidade é uma verdadeira virtude maçônica e que cada um de nós
I deve a seu Irmão a bondade, a cortesia e a pronta e alegre ajuda e alívio.
Depois, então, tem a investidura com o anel do 14 Grau, e com o Avental, o
l
Colar e a Joia. Então a Palavra Sagrada é explicada, comunicada e de-
l monstrada.
) A partir daí, os trabalhos do Grau passam a ter por objetivo ana-
lisar o direito inalienável da liberdade de consciência, propagando-a
l
J
J
256 A Lenda de Hiram nos Graus Inefáveis do R .·.E.·.A.·.A.·.
Avental do Perfeito e
Sublime Maçom
Colar com a Joia do Grau
~.
Simbolismos
1. Avental do Perfeito e Sublime Maçom: É de pelica branca, orlado de
seda azul, com guirlandas na cor violeta ao longo da orla. No centro, a Joia
\
bordada, e na abeta, bordada ou aplicada, uma pedra cúbica achatada, à
\ qual está preso um anel de prata; o forro atrás do Avental é na cor carme-
) sim.
2. Colar do Perfeito e Sublime Maçom: Usado no pescoço, a tiracolo,
)
da direita para a esquerda. É de veludo na cor carmesim, tendo bordados,
) do lado esquerdo, um ramo de acácia na cor verde e, do lado direito, uma
estrela prateada de cinco pontas, na cor prata.
)
3. Joia do Perfeito e Sublime Maçom: É um compasso aberto a 45°,
) com uma coroa na parte superior e cujas pontas são postas sobre um
quarto de círculo graduado; dentro do compasso, um Sol radiante em
'
)
formato de estrela de cinco pontas. No avesso do Sol, uma estrela de
cinco pontas, no meio da qual está um Delta; no segmento de círculo,
de distância a distância os números 3, 5, 7 e 9; a Joia fica suspensa na
extremidade do colar.
\
l
l
'
258 A Lenda de Riram nos Graus Inefáveis do R.·.E.·.A.·.A .·.
'
'
'
\
)
'
'
)
Anexos
) Sabatina - Primeira Fase
)
) Os Sete Pp.·.Pp.·.
PP:. PP:. 2 4 6 7
) Questionário
1 d- 01. Sois M:.S:.?- Passei do E:.ao C:., vi o túm:.de H:. ,
onde em companhia de mm:.Ilr:. derramei llagr: .. 02. Onde fostes
)
recebido?- debaixo do Lou:. e da Ol: .. 03. Que lições recebestes?
- as da discr :. e da fidelidade. 04. Como se denomina a L:. de
M:.S:.?- S:.S: . . 05. Quais os seus Símbolos?- a Are:. da Al:., o
Cand :. de 7 luzes, a Mes :. Tri :. , o Alt :. dos PPerf:., a Mes :. dos
PP:.PProp:., o Alt.·. dos JJur.·. e o dos SSacr.·.. 06. Nas inscrições,
que significa a letra A?- A.·., A.·., e A.·.J.·.. 07. Que significam os
quatro pontos ccard:.?- a Univer.·.. O número 3000?- a data do
-261-
\
\
262 A Lenda de Riram nos Graus Inefáveis do R.·.E.·.A.·.A.·.
' nove pontas, de cor verde. Na parte inferior duas Espadas cruzadas,
de punhos e lâminas diferentes, por sobre um rolo de pergaminho bran-
co. 08. Por que o texto do L:. da L:. deste Grau? - É uma referên-
cia à Aliança que fez Salomão com Rirão, rei de Tiro, cabendo a Rirão
a Terra de Cabul, de onde viera Johabem.
g - 01. Sois Preb :. ou J :. ? - Distribui J. ·. imparcial a todos os
OObr.·., sem exceção. 02. Como fostes introduzido nesta L:.?- Por
q.·. m.·. u.·.. 03. Que significam?- q.·. são os cantos do T.·., eu.·., o
Centro ou Unidade de Deus a quem foi dedicado e a quem devemos
render ador. ·. e trib. ·. homenagem. 04. Para que serve a Chave que
recebestes? - Para abrir uma pequena Caixa de ébano onde estão
todos os Planos necessários para a construção do Templo. 05. Que
significação têm? - Que só os PPreb .·. e JJuiz .·. sabem onde está
depositado o coração de H.·. A.·. 06. Qual a intenção de Salomão ao
criar este Grau? Estabelecer a Ordem entre certo número de traba-
lhadores. Elegeu a Adohniram, chefe dos Juízes; a Tito, príncipe
Harodim; a Johabem, guarda da chave da Caixa de ébano. 07. O que
vemos no painel deste Grau? - Na parte superior, uma Balança com
dois pratos, suspensos cada um por três correntes; na parte inferior,
uma chave dourada. 08. Por que o texto do L:. da L:. deste Grau?
- Porque nesse texto estão especificados os deveres dos Juízes, segun-
do a Lei de Moisés.
264 A Lenda de Hiram nos Graus Inefáveis do R .·.E.·.A.·.A.·.
)
Sabatina - Segunda Fase
'
' Os Sete Pp.·.Pp.·.
'
PP:.PP:. 2 4 5 6 7
~ d:.v:.q:.
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A:.C:.eM:.
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completo ou
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8:22-26
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ou aeiou !; pun :.alt:. ou ou Resp:. 22:7-10
dom:. q :.a:. E... gam Ben-Jah
k d :. pp :. seg :. n :. t :. bbr :.ccr :. n:.v:.t:. Stol. .. Adon:. I -r:.
mm:.tf:. ou Resp:. 6:11-14
---\ pp :.llev :. V:.eS:. Am:.lah:.
Questionário
i - 01. Sois Cavai:. Eleito dos Nove? - Fui recebido em uma
cav. ·. iluminada por uma lâmpada, onde uma fonte de água crist. ·.
aplacou a m.·. sede. 02. Que representa Abi-Ramah?- A ignor.·., a
Liberd. ·. cerceada, a corrup. ·. e o crime. 03. Onde foram recebidos
os C Cavai:. EEleit :. ? , e quantos Ilntend :. foram EEleit :.
CCaval:.? e de quantos foram selecionados? -Na Sala de Audiên-
cias do rei Salomão. Nove foram Eleitos, de Noventa CCaval. ·., resul-
tando o número oitenta e um (que aparece nos oitenta e um nós da
corda que circunda o Templo das LLoj. ·. SSimb. ·. ). 04. Que significa
o braço com o punhal? - Que a vingança está sempre pronta a casti-
gar os culpados. 05. Em que lugar deve ser aberto e lido o L:. da
I L:. no Grau 9, quem o faz e por quê? - O L.·. da L.·. deve ser aberto
l e lido pelo Orador, em JRs 8:22-26, inclusive. É uma referência à
ORAÇAO de Salomão a l)EUS, em frente de toda a congregação de
Israel, após a construção e dedicação do Templo. 06. O que vemos
no Painel do Grau 9? - Formato de escudo; bordos azul-escuros;
nove Manchas de Sangue (irregulares); saindo de seu lado esq.·. um
braço vestido e a mão segurando um punhal com a ponta voltada
'
'
266 A Lenda de Hiram nos Graus Inefáveis do R.·.E.·.A.·.A.·.
para baixo. 07. Realces: "A Maç .·. age sobre a conduta real do
homem, impondo-lhe a fiscalização de si mesmo - Sê bravo, para
COMBATER a própria fraqueza. Sê bravo, para DEFENDER a ver-
dade". "A Maç. ·. estimula o pensamento e o talento; assim, conta em
seu seio de homens de valor que nela estão, sempre, em evidência.
Ora, isso pode despertar ambição. Portanto, cada homem-maçom deve
examinar-se e ver se sua ambição é lícita, honesta, útil; pois a esta, e
somente a esta, nossa Sublime Ordem dá acolhida, apoio e proteção".
j - 01. Sois Cavl:. Eleit:. dos Quinze? -Meu zelo e minhas
obras me proporcionam essa honra. 02. Como foram descobertos os
Malvados? - Por intermédio de um Pastor, que nos mostrou o escon-
derijo onde estavam. 03. Quem os viu primeiro? - Zerbal e Johabem,
depois de cinco dias de pesquisas inúteis. 04. O que foi feito dos
assassinos? - Cabeças cortadas, corpos expostos sobre as muralhas
de Jerusalém, devorados pelos corvos e feras. 05. Que significam os
Sinais e Toques nesse Grau? - Que estamos sempre prontos a nos
impor o castigo merecido, desde que nos tornemos perjuros, revelan-
do os segredos a nós confiados. 06. Em que lugar deve ser aberto e
lido o L:. da L:. no Grau 10, quem o faz e por quê? -Pelo Ora-
dor, em JCr 22:7-10, inclusive. Para lembrar as instruções de Davi
a Salomão com o propósito de edificar uma casa em nome de Deus,
que assim daria paz e descanso a Israel em seus dias. 07. Realce: "O
maçom deve ter sempre em mente que o mau proceder não esconde a
impunidade, porque o Supremo Juiz, que chamamos Consciência, cedo
ou tarde o castigará".
k- 01. Sois Subi:. Cavai:. Eleito dos Doze? -Meu nome os
convencerá. 02. Qual o vosso nome? - Ameth. 03. Que significa o
Sinal deste Grau? - Que minha fé é imutável e que minha esperança
é Deus. 04. Por que se abre esta Loja à meia-noite? - Porque de dia
os CCaval. ·. estão trabalhando em Obras de Caridade. OS. Qual a
Moral deste Grau? - "Um Ir.·. digno cedo ou tarde recebe sua justa
recompensa". 06. Em que lugar deve ser aberto e lido o L:. da L:.
neste Grau, quem o faz e por quê? - Pelo Orador, em 1Rs 6:11-14,
inclusive. Porque ali veio a palavra do Senhor a Salomão, onde con-
firmou Davi, ter transmitido a palavra de Deus para seu filho
Salomão edificar o Templo, o qual o edificou e o acabou. 07.
Realce: "Devemos esperar dos CCaval.·. EEleit. ·. dos Doze instru-
ção, virtude, civismo, e bom exercício da função".
I - 01. Qual a primeira de todas as Artes? - A Arquitetura, cuja
chave é a Geometria, base de todas as Ciências. 02. Que Ciências
deve conhecer um Mestre Arquiteto? - Várias, em conexão umas
com as outras, tais como: Aritmética, Geometria, Trigonometria, Ótica,
Anexos 267
_......,
I
'
Bibliografia
I
ADOUM, Jorge. Grau do Mestre Eleito dos Nove. 1 ed. São Paulo:
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2006.
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270 A Lenda de Hiram nos Graus Inefáveis do R.·.E.·.A.·.A.·.