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Na Maçonaria, a Bíblia integra os ornamentos de uma Loja, sendo denominada o Livro da Lei,
símbolo da vontade suprema, que impõe as crenças espirituais estabelecidas pelas religiões e
não se traduz apenas pelo Velho Testamento, mas de acordo com a filosofia religiosa de cada
povo. Juntamente com o Esquadro e o Compasso constituem as três Grandes Luzes da
Maçonaria.
As Lojas Simbólicas seguem desde 1717, quando da fundação da Grande Loja da Inglaterra, a
abertura dos trabalhos com a leitura pelo Ir Orador de um trecho do Livro da Lei,
correspondente ao grau. Na Sessão de Aprendiz o Salmo 133, versículos 1, 2 e 3 é o
selecionado, porque encerra significado especial, manifestado no ensinamento simbólico e
filosófico da fraternidade. Faremos a interpretação simbólica/histórica/espiritual/esotérica das
diversas partes que o compõem.
De 586 a.C. a 538 a.C. foi o período da escravidão dos hebreus na Babilônia. Portanto, 48
longos anos de cativeiro. Na primeira frase do Salmo, uma lição se deve colher: soa como um
hino de especial expressão em favor da união, porque foi assim que o povo de Israel pode
extrair coragem da própria desventura, e, com ela, esperar longamente a hora da liberdade.
Ciro, um conquistador que acreditava num Deus justo e bom, em 539 a.C. conquista a Babilônia
após 15 dias de cerco à cidade. Conta Heródoto que os Persas chegaram a desviar o curso do
rio Eufrates para, usando o leito seco penetrarem na capital.
Após um ano de sua conquista, Ciro expede o decreto no qual autorizava os ISRAELITAS a
regressarem à sua terra.
As caravanas foram organizadas. Chegara afinal o dia da partida. Eram agora os peregrinos do
retorno, gente de grande fé, alimentada por extraordinário desejo de, voltando, rever a terra
abençoada, que amava intensamente. Tomar o rumo do SIÃO. Reconstruir o TEMPLO!
Chefiaram-nos: Zorobabel, Josué, Nehemias, Saraias, Relais, Mardocai, Belsã, Mesfar, Beguai,
Reum e Baana. Alimentavam-se da expectativa de agasalharem-se em Israel, à sombra do
velho Sião amado.
A importância do óleo nas cerimônias litúrgicas sempre foi da mais alta relevância. Desde os
mais remotos tempos bíblicos, não somente os Semitas, mas todos os povos da antiguidade,
utilizavam-se do óleo nos seus cerimoniais religiosos ou iniciáticos para a unção das coisas ou
das pessoas. A própria Igreja Católica, nos dias atuais, serve-se do óleo nas cerimônias do
batismo, da ordenação sacerdotal, na unção dos enfermos e na consagração dos templos e dos
altares.
ÓLEO palavra derivada de OLIVA, é o azeite puro de oliveiras. Ele para ser puro e
santificante deve merecer cuidados muito especiais na sua elaboração. É o próprio G A D U que
orientou Moisés quanto ao modo de prepara-lo: Mirra pura/Cálamo aromático/Cássia/Canela.
O melhor óleo é o que se extrai da azeitona e somente a colheita a mão, fruto a fruto,
proporcionará um óleo fino, precioso e puro. O óleo virgem é obtido a frio, mediante pressão e
em moinhos próprios.
Conforme dito anteriormente, o óleo era utilizado para consagrar pessoas ou coisas. A unção
descrita no Velho Testamento agia sobre a pessoa de modo a comunicar-lhe o espírito divino,
como também a graça da conquista de um estado carismático e a transformação íntima do
ungido.
O Salmo 133 fala da "BARBA DE AARÃO". Por que essa preocupação, e qual a razão desse
destaque?
A barba recebeu dos povos da antiguidade um trato todo especial. Símbolo de masculinidade,
afirmação de seriedade, de austeridade, de respeitabilidade. Nos nossos dias ela passou
também a ser um símbolo de membros de organizações de tendências políticas e/ou
dogmáticas de estruturas contestatórias. Mas, os israelitas, a quem pertencia Aarão,
demonstravam especial estima pela barba. Quando se tomava a barba de um amigo e nela se
depositava um beijo, demonstrava-se verdadeira amizade por ele. A ofensa pesada e grave era
cortar no todo ou em parte, a barba de alguém. O rei Davi quando mandou seus emissários aos
Amonitas e estes cortaram-lhes a barba, tomou-se isto como um insulto ao próprio rei, que não
teve outra alternativa senão a de declarar-lhes guerra.
Até certo tempo, quando se dava por séria a palavra empenhada tínhamos no Brasil, o costume
de oferecer-se, como aval e compromisso de honra, um fio de barba.
A barba fala da personalidade. Tanto que a legislação penal pode considerar como injúria o fato
de raspar-se compulsivamente a barba de alguém.( Art.140 do Código Penal).
AARÃO: eis um nome que encontra na Maçonaria especial importância, principalmente por sua
menção freqüente quando da leitura do Salmo 133. Tornou-se ele, como que um familiar da
Fraternidade.
AARÃO, cujo nome vem do hebraico AHARON, significando monte ou montanhês, filho de
AMRAM e JOKEBED, irmão de MOISÉS, nasceu no Egito.
Na presença do povo de Israel, Aarão já demonstrara os dons da palavra pronta e firme. Era
orador fluente. Foi quando Deus o fez intérprete de Moisés. Lado a lado com o irmão, Aarão
enfrentou o povo, que por diversas vezes se rebelou quando da volta do Egito. A esse homem
extraordinário e a Moisés foi cassado o direito de poderem entrar na terra prometida.
Para a Maçonaria, a figura do notável patriarca e profeta deve associar-se ao ideal de paz e de
concórdia. Quando os ânimos se exaltam e os irmãos se dividem, transportemo-nos à figura do
imponente profeta e extraiamos a essência dos seus exemplos: "AARÃO AJUDANDO
MOISÉS ... IRMÃO AJUDANDO IRMÃO."
De especial significado litúrgico eram as vestes daqueles que tinham por missão exercitar atos
religiosos, como a unção, o sacrifício e o culto. Veja-se até hoje as vestimentas da Igreja
Católica por seus representantes.
Aarão foi ungido com o óleo, este derramado na cabeça desce à barba e daí passa à própria
roupa. E diz o Salmo até onde ele atinge: "À ORLA E/OU À GOLA DE SUAS VESTES".
Segundo o Dicionário Aurélio, ORLA significa: tira, margem, borda ou extremidade das saias ou
vestidos.
GOLA significa: parte do vestuário, junto ao pescoço ou em volta dele, goela, etc.
Se o óleo vai até a orla significa que molhará toda a roupa. Se atinge até a gola, não se
expande pelas vestes. Estas dúvidas são dirimidas, segundo os pesquisadores, no capítulo 29,
versículo 21 do Êxodo.
O sentido da unção é duplo, ou seja, ungir também a vestimenta, com o mesmo óleo que vem
da cabeça.
A expressão "suas medidas" refere-se ao fato do óleo chegar até a orla da roupa do sacerdote
que era uma vestimenta talar. Não há, em hebraico qualquer palavra que se possa traduzir por
GOLA.
A união dos irmãos assemelha-se tanto ao óleo da unção de Aarão, como ao orvalho, belo e
prodigioso que cobre o monte.
O Monte Hermon, desde os mais primitivos tempos, depois considerado a fronteira setentrional
da Terra Prometida, foi lugar de culto, quando ali se venerava um deus, possivelmente
conhecido por BAAL-HERMON.
O Monte Sião: As profecias, dos mais distantes pontos da terra, falam em Paz no fim dos
tempos. E, de todos os montes, só o Sião conservará um valor premonitivo. Pois, anuncia-nos
no Salmo 133 a era de Paz definitiva entre os homens. Enquanto o Sinai é uma lembrança do
passado, o Sião expressa o futuro, os acontecimentos que ainda estão para acontecer, porque
ali o G A D U , num grande banquete, reunirá os dispersos de Israel e os estrangeiros. É um
símbolo para que se compreenda a reunião de todos os povos.
No alto está a recompensa de quem se esforça pelo progresso. O Sião é o futuro, o que está
por acontecer. Entretanto, não será o fim, uma vez que ali estando o G A D U , ali estará a
eternidade. Jamais o final. Pois, "NÃO HÁ FIM NO ETERNO".
O Salmo 133 trata da excelência do AMOR FRATERNAL, base dos ensinamentos da Maçonaria
Simbólica. Como é bonito, como é agradável, como é confortante, como é suave que os irmãos
vivam em união. Essa união ainda é configurativa da unção com o óleo que despejado sobre os
cabelos, os une pela força de agregação. Há também o sentido de amaciamento produzido pelo
óleo, significando a eliminação de atritos entre os irmãos, para uma convivência unida e
fraterna.
Porém, a figuração mais bonita está contida nesta parte: "É COMO O ORVALHO DO
HERMON QUE DESCE SOBRE OS MONTES DE SIÃO..." .
Naquela região, da antiga Palestina, quase não chove. Mas existe fenômeno semelhante à
chuva, que é o orvalho. Esse orvalho é produzido pela formação de nuvens que vindas do Mar
Mediterrâneo, deslocam-se até as colinas de Golam, onde encontram a maior elevação, que é,
justamente, O Monte Hermon. As gotículas d'água contidas nas nuvens vão encontrar uma
corrente de ar mais quente que as lançam para cima até atingirem grande altura, onde a
temperatura está abaixo de zero grau. Aí as partículas se cristalizam e caem sob a forma de
neve sobre o Hermon. E o processo continua, ano após ano, século após século, e o Monte
Hermon ostenta uma grande e bela geleira.
A luz do sol ao bater sobre a geleira, derrete o gelo, e a água vai escorrendo montanha abaixo
até transformar-se numa corrente formando o RIO JORDÃO, o qual leva a vida e a
abundancia a todo lugar por onde passa. Foi assim nos tempos bíblicos e é assim nos tempos
atuais. Os Israelitas canalizaram o Rio Jordão e transformaram aquelas terras áridas em
verdadeiro "ÉDEN" .
Finalizando, Os Salmos, grande parte deles composta pelo Rei Davi, receberam também o
impulso do Alto. São cânticos e, preces também. Portanto, quando ele é aberto e lido na Loja,
na grandeza mística do silêncio dos irmãos, compenetrados em sua mensagem, é porque todos
o estão orando, entoando o seu cântico de louvor ao G A D U , é a nossa prece preparatória.
Sobre a prece, disse o poeta e místico Gibran: "A prece é a canção do coração..." .
Caríssimos Irmãos, é para Jerusalém que seguem as águas que vêm do orvalho e da
neve do Hermon. Então, a amizade fruto dessa mesma união a que se refere o Salmo
133, assemelha-se ao orvalho que tudo fertiliza na aridez das regiões ressequidas. É
o mesmo que acontece com a União Fraternal, que, sendo pura e autêntica, fertiliza
a aridez da vida, dá-lhe vigor para que germine a Paz, tão ansiada entre os homens.
Rogamos ao G A D U , que é Deus, para que se estabeleça o amor, a justiça e a
concórdia e, eles reinem eternamente entre nós e possamos, sobretudo, atender o
objetivo maior da nossa Sublime Ordem: "O BEM ESTAR DA PÁTRIA E DA
HUMANIDADE".
Dentro das nossas possibilidades, devemos imitar os gestos fora de campo dos
nossos heróis pentacampeões antes aqui mencionados. Pois, só assim, seremos uma
Nação de homens livres e de bons costumes.