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Os Maçons: A História da Maçonaria e a Sociedade Secreta

Mais Famosa do Mundo


Por Charles River Editors

Esquadro e Compasso Maçônico


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Introdução

Hall da Maçonaria em Londres

Os Maçons
Há décadas, paródias apresentando cultos misteriosos e sinistros
têm sido um entretenimento favorito da cultura pop – irmãos fraternais são
frequentemente representados em algum tipo de covil subterrâneo,
vestidos com mantos cerimoniais extravagantes e suas faces cobertas por
capuzes, sentados em volta de uma longa mesa, repleta de cálices góticos,
crânios e tesouros sombrios cintilantes. Filmes apresentando um lado mais
mórbido podem ainda apresentar imagens tenebrosas com sangue, tortura e
sacrifícios.
Assim como em todo tipo de arte, a criatividade é aguçada por uma
fonte de inspiração, e uma das musas inspiradoras mais conhecidas para
este tipo de cenas é a maçonaria. Acredita-se que esta sociedade antiga,
que descende da antiga cultura da cantaria[1], possui as mais profundas,
sombrias e inexplicáveis verdades do universo. Diz-se que seus membros
possuem poderes místicos como nenhum outro – talvez até mesmo
mágicos. Mas será que este estigma possui algum mérito, ou apresenta-se
como um severo mal-entendido?
Como muitos o sabem, os maçons têm estado presentes na
sociedade há séculos. O Renascentismo, que teve seu auge entre os séculos
XIV e XVI, presenciou um estouro de criatividade e avanços em uma
grande variedade de formas de arte por toda a Europa. As alianças dos
canteiros[2] lideraram as marés de mudança; aprendizes não mais
precisavam se restringir apenas ao comércio. Grande parte deles era
composta de artistas e pensadores livres, embora ainda jurasse aderir à
tradicional cultura dos “cortadores de pedra”. Esta nova espécie de
canteiros separou-se da ortodoxa cantaria “operacional”, e começou a
fomentar o que ficou conhecida como a cantaria “especulativa”.
Como na maioria das lendas, as que relatam as origens da
maçonaria disputam lugar até os dias de hoje. A mais antiga menção à esse
tipo de sociedade data do Manuscrito Halliwell, ou Poema Regius,
supostamente elaborado em algum momento entre o fim do século XIV e o
início do século XV. O manuscrito, redigido em requintada caligrafia e
Inglês Médio, consistia de 64 páginas e 794 linhas de rimas. É considerado
o primeiro dos manuscritos maçônicos consagrados no tempo, e é
geralmente aceito como a história “verdadeira” das origens da
fraternidade. O poema em questão inicia-se com Euclides, matemático
grego do século IV a.C., conhecido hoje como o “pai da geometria”.
Acredita-se que o matemático tenha incorporado as ciências geométricas
em um novo campo, que ele apelidou de “alvenaria”. Com esse novo e
refinado tipo de ciência, ele viajou ao Egito, onde transmitiu sua sabedoria
aos filhos dos nobres egípcios.
A despeito das origens da organização, o crescente fenômeno se
transformaria um dia na Sociedade da Maçonaria, os portadores de
segredos divinos, e uma das mais fascinantes e controversas irmandades da
história da humanidade. Os Maçons: A História da Maçonaria e a
Sociedade Secreta Mais Famosa do Mundo examina as origens e a história
da fraternidade, sua expansão pelo mundo, e algumas das alucinantes
teorias de conspiração que cercam a sociedade até os dias de hoje.
Juntamente com imagens que representam pessoas, lugares e eventos
importantes, você aprenderá sobre os maçons como nunca antes.
Os Maçons: A História da Maçonaria e a Sociedade Secreta Mais Famosa
do Mundo
Sobre a Charles River Editors
Introdução
As Origens da Maçonaria
Schaw, a Escócia, e a Supressão
A Essência do Ofício
Disparates, a Intervenção, e o Projeto Americano
Os Anti-Maçons
Cismas, Tramas, e os Maçons Modernos
Recursos Online
Bibliografia
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Livros com Desconto pela Charles River Editors
As Origens da Maçonaria
“O carpinteiro estende a régua, desenha-o com uma linha, aplaina-
o com a plaina, e traça-o com o compasso; e o faz à semelhança de um
homem, segundo a forma de um homem, para habitar em umacasa .” –
Isaías, 44:13
A arte única e multifacetada da cantaria faz-se presente desde os
primórdios da civilização, particularmente desde a Revolução Neolítica de
10.000 a.C., quando as pessoas aprenderam a dominar os animais e a terra.
Acompanhados da revolucionária descoberta do fogo, esses primeiros
humanos começaram a criar uma coleção primitiva de ferramentas de
construção. Inovações vieram com o tempo. Aquecer pedra calcária em
almofarizes com uma mistura de água produzia um elemento branco e
corrosivo conhecido como “cal viva”. Uma saudável mistura de areia,
cimento e pedra calcária moída criava o gesso, usado em muros, telhados e
outras superfícies, para um acabamento suave e resistente.
A cantaria presenteou o mundo com todas suas maravilhas feitas
pelo homem. Canteiros, também conhecidos como “cortadores de pedra”,
ajudaram a projetar túmulos, as tradicionais pirâmides do Egito e as
estupendas pirâmides escalonadas usadas em comunidades incas, maias, e
em outras comunidades mesoamericanas. A próspera comunidade dos
cortadores de pedra mais tarde desempenhara um grande papel na
construção dos primeiros templos, catedrais e castelos em todo o mundo,
bem como os famosos e renomados marcos da Muralha Inca de Cusco, o
Stonehenge, as Estátuas da Ilha de Páscoa, dentre muitos outros.
Esses cortadores de pedra também foram os pioneiros no campo da
caligrafia. Eles foram os primeiros a gravar mensagens em pedra, que
serviram como o primeiro meio de comunicação humana. Acredita-se que
os canteiros egípcios foram os primeiros a desenvolver a linguagem dos
hieróglifos, um sistema de símbolos inscritos em paredes e tabuletas de
pedra para transmitir mensagens uns aos outros, bem como para transmiti-
las a seus descendentes. À medida que a sociedade se desenvolvera em
todo o mundo, os seres humanos adotaram o método de escrever em pedra,
imortalizando as escrituras e diferentes obras da literatura.
Os canteiros pertenciam às chamadas guildas, associações de
artesãos e comerciantes com mentalidade semelhante que praticavam o
mesmo comércio. As primeiras guildas abrigavam membros de uma cidade
singular, mas, na época da Idade Média, quando a demanda por canteiros
qualificados aumentara, as guildas se expandiram. Nobres mais ricos e
líderes de terras próximas e distantes passaram a convocar estes canteiros
para assistência em uma grande variedade de projetos de construção.
Como resultado, muitos descreviam os canteiros como marginais da
sociedade, uma vez que viviam vidas instáveis e nômades, flutuando de
um lugar para outro à medida que seguiam o aroma do emprego.
Os canteiros eram divididos em três classes – os aprendizes, os
artífices (journeymen) e os mestres canteiros. Os aprendizes eram artesãos
novatos e aspirantes, que serviam como estudantes e trabalhadores
contratados para seus mestres, em troca de treinamento individualmente
especializado. Os artífices eram aqueles que já haviam completado o
treinamento requerido, e, assim como seu nome sugere, acompanhavam
seus mestres para auxiliar em projetos de construção em cidades distantes.
Os mestres canteiros eram a classe mais prestigiada, um título concebido
apenas aos mais sábios e habilidosos de todos os artesãos da guilda. Os
mestres possuíam a palavra final, e tinham completa autoridade sobre os
locais de construção, bem como sobre todos os carpinteiros, construtores e
artesãos abaixo deles.
Os canteiros desenvolveram uma variedade de ferramentas que os
ajudaram a aperfeiçoar sua arte. Os primeiros canteiros utilizavam outras
pedras abrasivas como ferramentas de escultura. Mais tarde, a descoberta
de mais metais deu lugar às invenções de cinzéis, malhos, martelos, brocas
e serras de ferro. Uma das ferramentas de cantaria mais utilizadas era o
martelo de perfuração – um martelo especial, com uma cabeça estreita e
multifuncional, tornando mais fácil modelar pedras. Outra ferramenta
apreciada era o conhecido esquadro e compasso maçônico, que consistia
de um compasso de desenho e um esquadro unidos. Após cada projeto,
cada guilda deixava um tipo de “cartão de visita”, um símbolo
diferenciado talhado na estrutura, como faziam os artistas em suas obras-
primas.
Essas guildas medievais logo desenvolveram comunidades, cada
uma delas abrigando um “mistério” próprio. Os mistérios eram
organizados, e escolas de conhecimento esotérico giravam em torno da
metodologia e dos conceitos por trás da construção das torres e estruturas
majestosas e intrincadas. Não muito diferente de empresas modernas como
a Coca-Cola e a KFC (Kentucky Fried Chicken), famosas por seu
compromisso de não revelar os ingredientes secretos de suas receitas, os
segredos do comércio dos canteiros eram feitos para viver e morrer dentro
da guilda. Apenas os mestres canteiros possuíam as cobiçadas chaves deste
conhecimento escondido.
A partir de então, a arte florescente da cantaria abriu caminho pelo
mundo. No século X, a moda chegou à Inglaterra, que, na época, era
liderada pelo Rei Etelstano, um monarca conhecido por seu amor pela
arquitetura. Os canteiros da terra pediram ao rei uma orientação em relação
ao comércio. O rei reuniu todos os duques, condes, eruditos e nobres da
terra, e juntos, elaboraram uma série de artigos e pontos que serviriam de
base para sua orientação, bem como um manual de comportamento moral
e de operações comerciais a serem seguidas por mestres, artífices e
aprendizes.
Conforme ditado pelos artigos, um mestre canteiro deveria ser
genuíno, firme e saber como exercer bom juízo. Pela lei, os mestres
deveriam pagar a seus homens salários iguais e justos. Todos os aprendizes
deveriam passar pelo mesmo processo de triagem, e o suborno daqueles
que ansiavam por um atalho até a guilda deveria ser rejeitado sem qualquer
questionamento. Mestres deveriam comparecer à todas as reuniões
religiosamente, e só poderiam ser poupados em caso de problema de
saúde. Eles deveriam examinar todos os projetos por completo antes de
aceitá-los, e garantir o uso adequado do orçamento e de recursos.
Aprendizes só poderiam ser admitidos se pudessem dedicar os
requeridos sete anos ao treinamento do ofício. A maioria dos aprendizes
era composta de jovens robustos e em ótima condição física, uma vez que
acreditava-se que os enfermos e deficientes apenas desacelerariam o
progresso – assim, aqueles que falhavam em atingir tais padrões eram
imediatamente substituídos. Ainda mais importante, aprendizes deveriam
ter suas fichas tão limpas e impecáveis quanto seu estado de saúde.
Ladrões, estupradores e assassinos não tinham lugar na sociedade.
Um código estrito de respeito mútuo e disciplina era enfatizado
para operações diárias. Os mestres eram proibidos de roubar os projetos de
outros colegas. Os mestres gananciosos que o faziam deveriam pagar uma
multa de 10 libras da época (aproximadamente US$ 10.600 dólares hoje
em dia). Os canteiros evitavam críticas derrogatórias e forneciam apenas
conselhos construtivos aos irmãos com os quais eles não concordavam – as
questões deveriam ser resolvidas de forma pacífica e civilizada. Os
mestres canteiros (mestres maçons) eram os responsáveis por defender o
sentimento de unidade, integridade e profissionalismo dentro de suas
guildas.
Os primeiros membros eram devotos discípulos tementes a Deus,
que juravam amor e respeito a seus mestres e irmãos a todo custo. Todos
os membros juravam nunca contestar uma palavra sobre os ensinamentos
das guildas. Eles não deveriam causar nenhum dano uns aos outros, desde
cobiçar a mulher do irmão até cometer atos de violência física. A
sociedade deveria manter uma atmosfera disciplinada mas também
harmoniosa, repleta de amor fraternal e desejo de progredir no ofício.
Reuniões deviam ser convocadas regularmente sob a aprovação do
monarca regente – idealmente, uma vez por ano; ou então, no mínimo,
uma vez a cada três anos.
O poema original também fazia uma das primeiras referências ao
Sancti Quatuor Coronati, ou, em português, os “Quatro Mártires
Coroados”. Este foi um nome dado dois corajosos grupos de cristãos,
todos escultores, gravadores e artesãos do comércio. O imperador ordenara
a cada grupo que criasse uma mostra de pinturas, murais e esculturas em
seu próprio nome, o que significava que todas as imagens de Cristo
deveriam ser removidas das casas de todos os habitantes, sendo
substituídas pela imagem impiedosa do imperador. Todos os convocados
recusaram a tarefa, e, portanto, cada um deles foi condenado à terríveis
sentenças de morte.
Em 1861, Matthew Cooke publicou uma outra versão do conto da
origem da maçonaria. Desta vez, ao invés de em pergaminhos, o trabalho
fora impresso em velino, um pergaminho especial feito de pele de bezerro.
O surgimento desta nova literatura reanimou a curiosidade sobre a
maçonaria no Reino Unido. O manuscrito de Cooke estabelecia uma breve
visão geral das sete Ciências Liberais. Primeiro, havia a Gramática, o
bloco de construção primário de todas as ciências, fornecendo a estrutura
para leitura e escrita. Em seguida, vinha a Retórica, feita para treinar o
indivíduo para comunicar-se com dicção e eloquência. Em terceiro vinha a
Dialética, também referida como Lógica, que fornecia a habilidade de
distinção entre verdades e falsidades. A quarta era a Aritmética, a estrutura
geral da ciência dos números. Em quinto vinha a Geometria, a arte dos
pesos e medidas, um elemento crucial na construção de todas as coisas.
Então, vinha a Música e, por último, a Astronomia.
A segunda metade do manuscrito detalhava a outra visão sobre o
nascimento da maçonaria. O documento afirmava que os gênios por trás
das Grandes Ciências foram os filhos de Lameque, a sexta geração
descendente de Caim, mais conhecido pelo relato da Bíblia sobre
assassinar seu irmão. Jabal, o filho mais velho de Lameque, fora creditado
por descobrir a geometria e a alvenaria. Ele, que estava dentre os
carpinteiros com melhor reputação de seu tempo, exibia suas habilidades
excepcionais construindo milhares de casas na vila. Logo, ganhara o título
de mestre canteiro, servindo diretamente sob o próprio Caim. Acreditava-
se que os dois construíram Enoque, localizada a leste do Éden, considerada
a primeira cidade do mundo.
Jubal, o segundo filho de Lameque, descobrira a música, e
desenvolvera os primeiros instrumentos, incluindo o kinnor, uma harpa
antiga, e o uggab, uma flauta de madeira. Tubalcaim, meio-irmão de Jabal
e Jubal, deparara-se com a arte da metalurgia, a ciência dos metais, e
tornara-se, supostamente, o primeiro ferreiro do mundo. Uma das filhas de
Lameque, Naamá, teria fundado a arte de tecer, montando as bases para a
arte da confecção de roupas.
Os habilidosos irmãos compartilhavam a profecia do inevitável fim
do mundo, acreditando que o mesmo, um dia, seria devorado pelo fogo,
pela água, ou por outro desastre natural. Eles decidiram, portanto, deixar
seu conhecimento nas mãos das gerações futuras, e eternizaram sua
sabedoria sagrada das Sete Ciências em um par de pilares de pedra – um
projetado para ser insubmersível, e o outro à prova de fogo. Séculos após o
dilúvio devastador que vira o surgimento de outro líder bíblico – Noé –, os
pilares, conforme previsto, flutuaram na superfície. Um desses pilares foi
descoberto por Hermes, estimado filósofo e fundador do Hermetismo. O
outro foi tirado da água por Pitágoras, outro que tornar-se-ia um nome
distinto no mundo da matemática.
Estas Sete Ciências foram, finalmente, transmitidas a Nimrod, o
principal arquiteto da Torre de Babel. Mais tarde, o conhecimento abrira
caminho nas mãos de Abraão, que um dia se tornaria um dos amados
patriarcas do Judaísmo. De Abraão, o rio de conhecimento percorreu
Euclides, os egípcios, os israelitas, e assim por diante.
Curiosamente, o mais popular dos contos de tal origem vem da
especulação e da tradição, ao invés de ser baseado em evidências, e mesmo
assim é adotado por muitos maçons modernos. A história remonta ainda
mais no tempo, pelo menos há um milênio antes do nascimento de Cristo.
O Rei Salomão de Israel planejava construir um lugar espetacular de
adoração em Jerusalém, mas, para alcançar este ambicioso projeto, ele
precisaria pedir ajuda a Hirão, o Rei de Tiro. Em cima de uma lista de
materiais que faltavam a Salomão, ele solicitara um talentoso artesão. Este
artesão, Salomão escrevera, seria um homem “astuto [o suficiente] para
trabalhar em ouro, em prata, em bronze, em ferro e em púrpura, em
carmesim e em azul.” Após pensar um pouco, o Rei de Tiro aceitara o
pagamento de Salomão, de milho, vinho e óleo. Em troca, ele lhe dera
pilhas de árvores de cedro recentemente cortadas de florestas libanesas,
juntamente com seu artesão mais precioso. Este era Hiram Abiff, filho de
um falecido trabalhador e uma “viúva da tribo de Naftali”. Abiff encarou o
desafio, exalando confiança e impulso impressionantes. Logo, ele provou
sua aptidão em alvenaria, e foi posteriormente promovido a mestre
canteiro sob Salomão, encarregado da construção empreendedora do agora
fabuloso Templo de Salomão. Mais de 85 mil homens foram convocados
para realizar o projeto sob o comando de Abiff, que levaria um total de
sete anos para ser finalizado. Aqueles que se dedicassem incessantemente
ao trabalho durante todos aqueles sete anos, do começo ao fim, seriam
coroados mestres canteiros na conclusão do projeto.
Imagem de Wolfgang Sauber, de uma representação em vitral de
Hiram Abiff
O Templo de Salomão tornar-se-ia o maior e mais sagrado de todos
os templos, pois seria a casa das tabuletas originais que continham os “Dez
Mandamentos”. Acredita-se que os planos para layout e design altamente
avançados foram transmitidos a Salomão pelo único e Todo-Poderoso.
Como esperado, este valioso conhecimento fora mantido em segredo,
revelado a apenas uma alma – Abiff.

Uma interpretação artística do Templo de Salomão


Ao longo da construção, Abiff e seus homens começaram a
desenvolver uma cultura clandestina. Uma senha secreta foi criada, e
revelada apenas aos aprendizes e artífices graduados, como um emblema
de realização. Para cumprimentar uns aos outros, Abiff e seus
trabalhadores desenvolveram as primeiras versões de apertos de mão e
sinais secretos.
Perto do fim da construção, três dos discípulos de Hiram
começaram a se contorcer com impaciência. Os aprendizes inquietos
passaram a suspeitar que tudo aquilo não havia sido nada além de um
esquema elaborado por Abiff para conseguir mão-de-obra livre. Frustrados
por suas próprias conclusões, os homens se aproximaram de Hiram e
começaram a importuná-lo sobre a palavra de código secreto, ou, pelo
menos, um vislumbre do conhecimento que o mestre clamava possuir.
Aborrecido, porém destemido, Hiram os afastou e lembrou-os de
serem pacientes. Isto apenas intensificou os pressupostos equivocados dos
homens. Eles começaram a se firmar na ideia de que a senha era a única
coisa que estava entre eles e o conhecimento oculto da guilda, um tesouro
de sabedoria que, acreditavam eles, garantia poderes sobrenaturais.
Infelizmente, eles não puderam mais esperar. Estudaram
minuciosamente os horários de Abiff. Seu mestre possuía o hábito de
deixar o local ao meio dia, todos os dias, para rezar. Tendo isto em mente,
o trio posicionou-se estrategicamente pelo templo, espreitando por trás de
cada uma das três saídas. Abiff tentou escapar pela porta leste, mas logo
foi emboscado. O primeiro dos canteiros implorou a Abiff pela senha, mas
o calmo mestre apenas piscou os olhos e recusou. Assim que Abiff girou
em seu calcanhar, o trabalhador enfurecido agarrou uma pedra dentada ao
lado dele, e cortou o mestre na garganta.
Agarrando sua própria garganta, Abiff conseguiu libertar-se, e
cambaleou pela porta ao sul, onde o segundo homem o esperava. Mais
uma vez, Abiff rejeitou o pedido do segundo canteiro. Quando Abiff se
afastou dele, o mesmo elevou um esquadro sobre a cabeça e golpeou o
mestre.
Abiff, desorientado, derrapou sobre a poça de seu próprio sangue e
arrastou-se até a porta oeste. Mais uma vez, Abiff, tão perto da morte,
recusou-se a revelar a senha. O último dos trabalhadores teve um novo
ataque de raiva, e executou o golpe final e fatal com o fim contundente de
um cálice de pedra. Abiff espatifou-se ao chão. Enquanto sangrava, ele
gorgolejou: “Quem ajudará o filho da viúva?”
Anos depois, as últimas palavras de Abiff tornaram-se o pedido de
socorro universal dos maçons. Desde aquele ponto em diante, Hiram Abiff
foi abraçado como o epítome do primeiro “maçom livre”, um construtor
que abraçou a liberdade de todas as coisas – discurso, religião, caráter, e
assim por diante. Em nome de Abiff, um maçom deve ser um construtor e
homem livre, sem restrições por escravidão ou obrigações civis. E, assim
como Abiff, um maçom deve estar preparado para evitar um trio de
inimigos – ignorância, fanatismo e despotismo.
Outra teoria liga as origens dos maçons a uma sociedade lendária
completamente diferente. Em 1120, cavaleiros cristãos apoderaram-se da
cidade de Jerusalém, iniciando a primeira das Cruzadas. As rotas de
peregrinação, feitas pelos habitantes de cidades vizinhas, tornaram-se
repletas de assaltantes, assassinos e outros criminosos. Um grupo de nove
cavaleiros se unira para combater o crescente dilema. Vinculados por
votos monásticos, eles viajaram para a Terra Santa, onde começaram a
defender os inocentes peregrinos. O rei, em deleite, os recompensou com
seu próprio lugar no Monte do Templo. Logo, eles se autodenominaram os
“Cavaleiros Templários”, mais conhecido como a Ordem dos Templários.

Selo dos Cavaleiros Templários


Esta sede ficou conhecida como a “Mesquita de Al-Aqsa”,
construída no topo das ruínas do Templo de Salomão. Rumores circularam
de que os cavaleiros cavaram os escombros e limparam a terra subterrânea
na esperança de encontrar uma recompensa perdida conhecida como o
“Ouro de Salomão”. Não só os cavaleiros conseguiram encontrar os
objetos de valor de Salomão – após nove longos anos de procura – como
também disseram ter localizado o mítico Santo Graal, bem como
pergaminhos sagrados escritos pelos autores dos Pergaminhos do Mar
Morto. O pergaminho fora o prêmio mais apreciado, à medida que
continha instruções que revelavam um canal direto de comunicação entre
Deus e o homem.
Os cavaleiros, agora armados com tesouros inimagináveis,
retornaram à Europa e uniram-se à Igreja Católica, tornando-se uma das
classes mais poderosas de toda a Europa Medieval. A maioria de seus
lucros era destinada à caridade. Os cavaleiros empregaram um time de
canteiros para construir monastérios, câmaras e locais de adoração por
todo o continente, incluindo a impressionante, e em forma de cúpula,
Temple Church, a igreja da Ordem dos Templários em Londres. Acredita-
se que eles também revolucionaram a indústria bancária, cunhando moedas
e desenvolvendo os primeiros sistemas de segurança. Os canteiros
tornaram-se aprendizes dos cavaleiros, e, com o tempo, foram
presenteados com os segredos dos pergaminhos. Estes antigos rituais mais
tarde seriam incorporados na cultura da maçonaria.
As pessoas começaram a tornar-se cínicas em relação à sociedade
dos cavaleiros, que constantemente fazia reuniões confidenciais e rituais
longe do olho do público. Não demoraria muito para que as práticas da
Ordem dos Cavaleiros Templários fossem consideradas “anticristãs” por
aqueles que os rodeavam. Em uma sexta-feira 13 em 1307, sob a ordem do
Rei da França, soldados invadiram a sede dos Templários, prendendo os
cavaleiros e capturando suas fortunas e propriedade. Os cavaleiros,
desonrados, foram acusados de blasfêmia, heresia e adoração ilegal de
figuras satânicas.
Em 1312, a sociedade foi formalmente banida pelo papa. O que
sobrou dos cavaleiros que conseguiram escapar das execuções desapareceu
pela Escócia ou se espalhou pela Europa. Outros, alguns dizem,
permaneceram na Inglaterra, ressuscitando a ordem com um novo nome,
cerca de um ou dois séculos depois: os Maçons.
Historiadores modernos encontraram recentemente novas
evidências que ligam os maçons aos Cavaleiros Templários, através de
gravuras geométricas específicas encontradas nas paredes da Capela
Escocesa de Rosslyn. A pitoresca capela de pedra branca, cenário favorito
para escritores de suspense, encontrava-se escondida atrás de uma cortina
de árvores altas e vegetação no campo. Seu designer fora William Sinclair,
um conde e descendente de cavaleiros normandos. Esta mesma capela,
segundo alguns historiadores, fora um dos lugares onde os novos
templários – renomeados maçons – encontraram refúgio.
Imagem de Anne Burgess da capela
Imagem de Jeremy A. do interior da capela
Acredita-se que a família Sinclair tenha possuído laços profundos
com maçons europeus. Eles tornaram-se, hereditariamente, os Grandes
Mestres da Maçonaria da Escócia, título que lhes foi concedido no início
do século XVII. Alguns insistem que este título lhes foi dado em uma data
muito anterior. Tal afirmação ainda não foi comprovada, já que as plantas
originais da construção da Capela Rosslyn foram destruídas por um
terrível incêndio.
Schaw, a Escócia, e a Supressão
“Os ideais são como estrelas. Você não consegue tocá-los com suas
mãos, mas, como o marinheiro, você os escolhe como guias e, seguindo-
os, você alcançará o seu destino.” – Carl Schurz
A demanda pela maçonaria – sociedade de canteiros – alcançou
novo pico no século XV. Dada a crescente população de maçons, disputas
internas se intensificaram, culminando em conflitos e o surgimento de
facções distintas. Alguns desses grupos foram considerados tão
indisciplinados e incontroláveis que as autoridades locais começaram a
emitir leis que limitavam suas atividades, na tentativa de refrear seu
crescimento.
Mesmo assim, o mercado dos maçons floresceu com o tempo. Em
1475, os maçons da cidade de Edimburgo, Escócia, foram presenteados
com o “Selo da Causa”, uma carta histórica que lhes foi concedida pelas
autoridades. Esta carta unificava os canteiros, carpinteiros e tneis
(fabricantes de cascos e barris) em uma única comunidade “incorporada”.
O novo corpo, conhecido como “a guilda do comércio inglês”, foi
congregado por um novo conjunto de regras e regulamentos emitidos pelo
governo. Pela primeira vez, os maçons se tornaram um comércio
oficialmente reconhecido, juntando-se às posições de diversos outros
negócios incorporados, como os Baxters – panificadores e padeiros; os
Hammermen – artesãos de metal e especialistas em metalurgia; e os
Wabsters – tecelões e tecelãs da cidade.
Os maçons em Edimburgo desenvolveram um Sistema mais
complexo chamado de “lojas” (do inglês lodges), que eram
fundamentalmente guildas, mas separadas em múltiplas classes, com
aqueles na coroa presidindo os níveis abaixo deles. Após anos de
insistência para o estabelecimento de lojas maçônicas, as autoridades
cederam ao pedido em 1491. Nos anos seguintes, o movimento da
maçonaria continuou a se espalhar pela Europa, e mais lojas surgiram pelo
continente. Em 1535, a moda dos maçons havia chegado até a França.
Havia pelo menos duas lojas maçônicas escocesas reconhecidas nas
cidades de Lyon e Paris.
O impulso de crescimento dos maçons sofreu um baque abrupto
por volta do começo da Reforma Protestante, no início do século XVI. A
agitação política, religiosa e cultural havia sido desencadeada por
acusações e queixas contra a tortuosa Igreja Católica. A Igreja foi
censurada publicamente por simonia, comissões “extras” embolsadas pelas
autoridades católicas para garantir a entrada ou promoção de indivíduos no
governo religioso. Pior ainda era a venda de indulgências, taxas pagas
pelos fiéis com o intuito de se comprar um ingresso para o Paraíso.
O movimento Protestante foi particularmente prevalente no norte e o
centro da Europa, onde rebeldes como Martinho Lutero, João Calvino e o
Rei Henrique VIII da Inglaterra firmaram-se contra os católicos, na
esperança de redistribuir o poder nas mãos daqueles que formavam,
portanto, o seu próprio gênero de fé cristã. Embora ele não fosse o teólogo
dentro os mencionados, e sua queixa sobre o Vaticano fosse pautada em
preocupações seculares sobre sua sucessão, Henrique VIII tentou arrancar
os alicerces e esconder todos os vestígios do catolicismo na Inglaterra,
exigindo, inclusive, a destruição de todos os monastérios no Estado em
meados da década de 1530. Os monastérios tornaram-se involuntariamente
alvo da ira do rei paranoico, à medida que foi afirmado que os monges
“dividiam a cama” com o papado. A hora da ação foi bastante conveniente,
já que, nesta fase, a bela herança que ele desejava de seu pai estava
pendendo por um fio. Thomas Cromwell, o ministro-chefe do rei, apenas
piorou a paranoia do monarca, alegando que os lucros dos mosteiros
estavam sendo canalizados de volta ao Vaticano ao final de cada ano.
Lutero
Calvino
Henrique VIII
Cromwell
Apesar de o evento ser atualmente referido como a “Dissolução dos
Monastérios”, uma grande variedade de instituições religiosas foi
demolida, incluindo abadias, conventos, catedrais, capelas e outros lugares
de culto católico. Cromwell, encarregado das operações religiosas da
nação, ordenou uma extensa repressão a essas instituições; seus homens
derrubavam as portas e desfilavam nesses lugares, exibindo mandados
reais e armas brilhantes. Eles vasculhavam por todos os cantos em busca
de qualquer sinal de desobediência contra a reformada Igreja da Inglaterra.
Muitos suspeitavam que os relatórios produzidos sobre estas incursões,
lideradas por dois homens de confiança de Cromwell, tinham sido
manipulados para gerar falsos resultados, os quais eles esperavam que
batesse a cota quase impossível estabelecida por seu superior.
Os gritos de injustiça do diminuto público católico foram
ignorados. Em março de 1536, o Parlamento mostrou sua mão, emitindo
um ato contencioso que exigia o fechamento e confisco de propriedade de
todos os monastérios e estabelecimentos católicos com renda anual inferior
a ₤200 (US$ 46.108,00), imediatamente. Mais de trezentas dessas
humildes instituições católicas preenchiam tais critérios, e a maioria delas
foi desmantelada. Sessenta e sete dos estabelecimentos condenados
receberam o perdão do rei, porém deveriam pagar altos impostos para
manter suas portas abertas, o que, em média, equivalia a um ano inteiro de
renda.
Pouco mais de uma década depois, as autoridades passaram a olhar
na direção dos maçons. Os maçons, afinal, haviam se apoiado em projetos
financiados por católicos para a maioria de seus rendimentos. Eles
deveriam ter tomado um golpe debilitador com a expulsão de seus
empregadores de longo prazo, mas conseguiram manter-se firmes.
Em 1548, um ano após a morte do Rei Henrique VIII, a Lei de
Conspirações de Victuallers e Artesãos foi aprovada. Este decreto exigia a
suspensão de todas as guildas e declarava seus monopólios vazios.
Felizmente, para os canteiros, este projeto de lei foi revogado um ano
depois, pois a ausência da indústria maçônica havia afundado o mercado.
Deste ponto em diante, no século seguinte, as autoridades inglesas,
juntamente com nobres e outros indivíduos influentes, reviveram a
tradição de contratar canteiros para projetos de construção desafiadores.
Embora sua liberdade de comércio tenha sido reinstalada, celebrações
religiosas, como o Dia de Todos os Santos, ainda eram proibidas.
Lojas maçônicas escocesas eram gerenciadas por um par de oficiais
selecionado pelo monarca – o Direito Geral e o Mestre Principal do
Trabalho da Coroa Escocesa. O último configurava-se como a posição
mais proeminente, dada a um oficial responsável por todos os reparos,
construção e assuntos relacionados aos palácios e propriedades reais.
Quando o século XVI chegou ao fim, um homem chamado
William Schaw carregava os dois títulos. William, nascido em 1550 em
Broich, agora Arngomery, no condado de Stirlingshire, na Escócia, é
saudado hoje como um dos fundadores da maçonaria moderna. A Família
Schaw sempre possuíra laços estreitos com a coroa, pois serviram como
cuidadores da adega real por gerações. Em 1580, o nome Schaw ficara
sujo quando o pai de William, John, foi acusado de assassinar um servo de
um vizinho da nobreza. John fugiu no dia de seu tribunal, o que resultou na
apreensão da propriedade dos Schaw até que a questão fosse
eventualmente resolvida.

Schaw
O jovem William conseguiu desmantelar-se do escândalo de seu
pai, determinado a moldar sua carreira por conta própria. Primeiro, ele se
tornou um mensageiro do tribunal de Edimburgo, e, depois, um
cronometrista na comitiva de Esmé Stuart, o Duque de Lennox. Criado
como um anglicano, William posteriormente assinou um juramento que
prometia fidelidade à Igreja da Inglaterra, consolidando seu vínculo com a
coroa. No ano seguinte, em abril de 1581, com 31 anos de idade, William
foi homenageado por seu patriotismo e presentado com terras em Kippen,
uma aldeia no oeste de Stirlingshire.
Em 21 de dezembro de 1583, o Rei Jaime VI da Escócia (e future
Rei Jaime I da Inglaterra) nomeou William como o Mestre de Obras para a
Coroa da Escócia, um título assegurado com um pagamento antecipado de
₤166 (US$ 38.270,00). A primeira tarefa oficial de William consistia em
reorganizar as lojas maçônicas. Ele dirigiu-se ao trabalho imediatamente.
Em 1598, em meio a uma reunião com os mestres maçônicos do sudoeste
da Escócia, William revelou sua primeira versão dos “Estatutos de
Schaw”.

Rei Jaime VI
Os primeiros estatutos delineavam novos títulos, como
administradores e diáconos, e traçava um órgão governamental mais
centralizado. Os deveres foram explicados e distribuídos a todos aqueles
em cada posição. Além disso, os estatutos incluíam penalidades para
aqueles cujo trabalho não atendesse aos padrões adequados, bem como aos
culpados por trabalhar de forma insegura. William pediu aos maçons que
fossem “verdadeiros uns com os outros e vivessem juntos,
harmoniosamente, como irmãos jurados e companheiros do ofício.”
Uma versão revisada dos estatutos foi emitida um ano depois. A
disputa doméstica por status de poder entre as lojas maçônicas levou ao
estabelecimento da vertente de Edimburgo como a “primeira e principal
loja”, com a loja de Kilwinning em segundo lugar. É importante ressaltar
que os estatutos modificados foram o primeiro o documento a fazer
referência a um “conhecimento esotérico” guardado no coração da
maçonaria. Finalmente, as lojas passaram a ser obrigadas a manter
registros detalhados, também conhecidos como “minutos de reunião”, e a
comparecer regularmente nas conferências anuais.

Imagem da assinatura de Schaw no Segundo Estatuto

Entre o final do século XVI e século XVII, mais artistas, estudiosos


e outros maçons especulativos começaram a crescer na sociedade. Homens
de todas as partes emaranhavam-se nas redes da mística do ofício,
implacavelmente curiosos sobre os projetos e estruturas complicadas que
esses “cortadores de pedra” produziam. A Era da Razão, também
conhecida como o Iluminismo Europeu do século XVIII, provocara
também um grande aumento na adesão à maçonaria. É claro, nem todos
estavam contentes com esta escala crescente. Apesar de o Iluminismo
abraçar ideias revolucionárias que se assemelhavam aos ideias dos
maçons, as lojas haviam sido estigmatizadas como sociedades secretas.
Acreditava-se que os dissidentes que conseguiam libertar-se da
perseguição religiosa também fugiam para essas lojas.
No final de junho de 1717, a primeira grande loja – órgão dirigente
de uma organização fraternal ou guilda de uma região em particular – foi
criada na Inglaterra. A Primeira Grande Loja da Inglaterra, agora
conhecida apenas como “Grande Loja da Inglaterra”, continua sendo a
mais antiga loja maçônica existente. Em 1720, uma outra grande loja foi
estabelecida na Irlanda. Do ano seguinte em diante, todas as grandes lojas
apenas poderiam ser reconhecidas por meio de autorizações
governamentais.
Uma representação do século XIX do interior da Grande Loja
Em 1723, um clérigo presbiteriano, Padre James Anderson,
publicou a Constituição dos Maçons Livres. Este documento era o manual
de operações completo e passo-a-passo para a Grande Loja da Inglaterra,
bem como para todas as lojas de Londres e Westminster sob sua
jurisdição. A constituição, inspirada por compilações de antigos
manuscritos maçônicos, também conhecidos como “Constituições
Góticas”, foi a primeira a recontar a lenda da Hiram Abiff, e também
incluía um diagrama mais elaborado dos graus dos maçons.
Capa da Constituição de Anderson
Em novembro de 1735, as lojas escocesas reuniram-se para debater
a montagem de sua própria grande loja. Os 33 representantes elegeram
William Sinclair de Rosslyn como o primeiro Grande Mestre Maçom, e
estabeleceram formalmente a Grande Loja em 1736. A sede para estas
novas lojas compartilharia os traços do design do Templo de Salomão.
À medida que a mania das grandes lojas tornou-se popular, uma
série de lojas maçônicas cresceu ao longo do continente. Em 1725, os
“minutos de reunião” anuais mostraram que o movimento havia se
espalhado também pelo sul, constatando pelo menos dez lojas maçônicas
em Salford da Grande Manchester no noroeste da Inglaterra, bem como no
sul do País de Gales. Pouco tempo depois da instalação da Grande Loja
Escocesa, no entanto, os céus acima dos maçons começaram a escurecer.
Um grupo de administradores e mestres de uma loja irlandesa
haviam fechado as portas da Grande Loja nacional, já que as autorizações
produzidas por eles foram declaradas inválidas. Muitos maçons, furiosos,
alimentaram imenso rancor contra as grandes lojas, e o número de
rompimentos com guildas dobrou. Com medo tanto de retaliações quanto
de infiltração de intrusos, as grandes lojas do continente reforçaram suas
medidas de segurança, instituindo novos tipos de aperto de mão e senhas
ainda mais complicadas. Todas essas mudanças trouxeram uma carga
maior de desentendimentos entre os líderes das lojas, aprofundando sua
divisão dentro da sociedade.
Apesar da cisão crescente, as lojas vivenciaram uma expansão
constante. No início do século XVIII, os maçons alcançaram nova etapa
com seu primeiro alvará internacional, fundando uma loja em Aleppo,
Síria. Nesta época, um número considerável de maçons pertencia a
exércitos despachados no exterior. Estes maçons eram “alvarás viajantes”
outorgados, o que os permitiu expandir os ramos do movimento nas nações
estrangeiras onde os soldados serviam.
A Essência do Ofício

Representação francesa do século XVIII de uma iniciação maçônica


“A maçonaria é uma das mais sublimes e perfeitas instituições já
formadas para o desenvolvimento da felicidade e do bem geral da
humanidade, gerando, em todas suas instâncias, benevolência universal e
amor fraternal.” – Príncipe Augustus Frederick, Duque de Sussex
Analisando uma página da maçonaria tradicional, os maçons
escoceses possuíam três níveis – ou graus – na “Loja Azul”.
O primeiro dos graus era o de “Aprendiz Admitido”, que
simbolizava o renascimento do candidato. O aprendiz era vendado e
deveria ser guiado através do labirinto da escuridão por seu mentor em
função de alcançar a luz, ou o sagrado “conhecimento” ao fim do túnel.
Estes novatos sabiam apenas o que era já publicamente revelado sobre a
maçonaria. Uma orientação seria, portanto, providenciada por um Segundo
Vigilante (Junior Warden), que daria a eles um panorama geral da
verdadeira história e simbolismo por trás do Templo de Salomão.
O grau de “Companheiro de Ofício” vinha em seguida. Neste
estágio, os antigos aprendizes já haviam completado as lições e
treinamentos preliminares. Sob a tutelagem de um Primeiro Vigilante
(Senior Warden), eles se aprofundavam na história da sociedade, e eram
educados sobre o dia-a-dia e os esforços dos artesãos e canteiros medievais
e bíblicos. Ao final desta conjuntura, as lições já haviam se estendido até a
conclusão do Templo de Salomão.
O último grau era o de “Mestre Maçom”. Mestres possuíam grande
conhecimento advindo de seus níveis anteriores. Suas novas lições
focavam no conto épico de Hiram Abiff e como ele se sacrificara pela
sociedade. Também lhes era dado todo o saber sobre a filosofia por trás do
movimento da maçonaria. Tipicamente falando, o título de Mestre Maçom
era o mais proeminente de todos os graus. Dito isto, em espírito
semelhante ao dos mestrados de colegiados, um mestre poderia ainda optar
por um treinamento extra. Os que desejassem matar a sede insaciável por
conhecimento poderiam recorrer a duas vertentes da Maçonaria dos
Mestres – o Rito Escocês e o Rito de York.
No Rito Escocês, a primeira subvertente, composta pelos primeiros
14 dos Ritos Escoceses, era a “Loja da Perfeição”. Classes encontradas
nessa subvertente incluíam “Mestre Viajante”, “Intendente da
Construção”, “Grande Mestre Arquiteto” e “Grande Eleito”. Estes graus
eram designados para reforçar os sensos de dever, lealdade, honestidade e
confidencialidade do mestre. O currículo também cobria valores de
vizinhança e habilidades de autopreservação, como a supressão de
pensamentos egoístas e impuros, e a habilidade de ser justo e imparcial em
julgamento. Além disso, o mestre aprendia como utilizar o conjunto de
habilidades e recursos que absorvera ao longo de seu treinamento para
fortalecer seu relacionamento com Deus, e como perseverar em meio à
adversidade.
A segunda subvertente era chamada de “Conselho dos Príncipes de
Jerusalém”, que consistia de dois graus – o “Cavaleiro do Leste”, e o
“Príncipe de Jerusalém”. Assim como nos níveis anteriores, era dado aos
mestres um conhecimento mais completo sobre as causas com as quais
eles deveriam comprometer-se. A terceira subvertente era a “Ordem Rosa-
Cruz”, que também possuía dois graus – o “Cavaleiro do Leste e Oeste”, e
o “Cavaleiro Rosa-Cruz”. Essas lições pendiam para o lado religioso,
doutrinando os mestres sobre a importância de sua aliança com Deus, uma
relação que deveria ser colocada em primeiro lugar. Os mestres eram
ensinados a reabrir seus corações como um templo de Deus, e também a
dar lugar à aceitação das variadas crenças de seus irmãos.
O suporte final era conhecido como o “Consistório”, que continha
os últimos quatorze graus dos Ritos Escoceses. Estes títulos incluíam
“Grande Pontífice”, “Chefe dos Tabernáculos”, “Príncipe da
Misericórdia”, e “Grande Inspetor”. Aos mestres veteranos era dada uma
série de testes que desafiavam sua devoção à causa, bem como a força de
sua espiritualidade e caráter individual.
No topo dos graus estava o de “Sublime Príncipe do Real
Segredo”. Neste estágio final, a espiritualidade teria dominado o humano
mortal dentro do mestre. Ele agora possuía a habilidade de suprimir
quaisquer emoções e apetites impuros com facilidade, e era repleto do
senso iluminado da moral e da razão.
O Rito de York era um segundo conjunto de níveis – graus –
suplementares, disponíveis aos mestres maçons que buscavam um canal
ainda mais profundo de conhecimento. A primeira dessas subvertentes era
o “Real Arco”, que incluía quatro graus – “Mestre de Marca”, “Past
Master”, “Mui Excelente Mestre” e o “Maçom do Real Arco”. Os valores
de caridade, trabalho duro e benevolência eram ainda mais instilados nos
mestres. Eles também recebiam uma espécie de “curso de atualização” ou
de “reciclagem”, sobre a história do Templo de Salomão.
A seguinte subvertente, do “Rito Críptico”, englobava outros
quatro graus – “Mestre Real”, “Mestre Escolhido”, “Super Excelente
Mestre” e o “Mestre Três Vezes Ilustre”. Aqui, era passado aos mestres
um olhar mais abrangente sobre a história do templo, abordando eventos
antes e depois da construção do mesmo, bem como a expulsão dos
hebreus. O último ramo dessas subvertentes foi chamado de “Comanderia
dos Cavaleiros Templários”, que consistia dos três graus finais de York – a
“Ilustre Ordem da Cruz Vermelha (Cavaleiro da Cruz Vermelha)”, a
“Ordem de Malta (Cavaleiro de Malta)” e a “Ordem do Templo (Cavaleiro
Templário)”. Enquanto tais nomes parecem saudar outras irmandades
místicas, evidências concretas pertencentes a uma conexão entre os
maçons e os rosa-cruzes – ou qualquer outra irmandade fraternal – nunca
foram confirmadas.
Havia cinco qualificações básicas para os candidatos a maçons.
Para começar, a sociedade apenas aceitava homens livres, fortes e “não-
mutilados”. Apenas candidatos com fichas limpas, recomendações
estelares e uma reputação íntegra perante a sociedade eram realmente
considerados. À parte de algumas lojas modernas que recentemente
incluíram mulheres, como a Ordem da Estrela Oriental, as lojas
tradicionais eram puramente compostas apenas por homens.
Em segundo lugar, o candidato deveria acreditar em um ser
supremo, bem como na vida após a morte. A identidade do ser supremo
não era especificada por uma razão: a aceitação dos maçons de judeus,
muçulmanos, hindus, e outras religiões não-cristãs gerara popularidade no
passar dos anos. Certamente, é claro, ateus e pagãos eram recusados.
Em terceiro, os candidatos deveriam possuir uma situação financeira
estável, com a completa capacidade de sustentar a si mesmo e a suas
famílias. O requisito fora estabelecido para excluir aqueles que esperavam
juntar-se à sociedade em busca de apoio financeiro. Este também
enfatizava o valor de colocar Deus e a família acima da irmandade.
Além disso, todos os candidatos deveriam ter alcançado a idade
legal. Este número distinguia-se de loja em loja, mas a idade de admissão
era, em média, de 21 anos. Por último, apenas os candidatos que
assinavam sua “própria vontade e acordo” eram admitidos. Ao contrário da
maioria das irmandades, os maçons não procuravam ativamente seus
membros, e, de acordo com sua devoção ao segredo, não faziam
propaganda de si mesmos, não se promoviam. Eles baseavam-se no “boca-
a-boca”, evidentemente uma estratégia poderosa, já que resultou em um
crescimento constante por séculos.
O que realmente acontece por trás dos rituais maçônicos e
cerimônias de iniciação nunca foi revelado ao público – no entanto, com o
passar dos anos, diversos membros deram passo à frente para compartilhar
um pouco de uma visão condensada sobre o processo.
Candidatos aspirantes preenchiam formulários que eram enviados à
loja, informando à sociedade o interesse do candidato. A loja, então, fazia
uma pesquisa sobre a vida do mesmo, antes de uma reunião de conselho
ser feita para discutir e votar sobre a aceitação do maçom em potencial.
Uma vez que o candidato fosse aceito na votação, ele tornava-se um
“Aprendiz Admitido”, e começava sua jornada para atingir o glorioso
brilho da “luz maçônica completa”.
Quando um maçom era promovido ao próximo grau, era premiado
com uma cerimônia de graduação relacionada ao grau recorrente. O irmão
era vendado com uma “venda maçônica” antes de entrar na Câmara da
Reflexão. Era, então, guiado por uma reconstituição ritualística da morte
de Hiram Abiff no templo, antes de receber um token, um código, que
simbolizava a “luz maçônica”.
Uma vez que o maçom era apresentado à luz, a venda era
removida. O irmão, então, deveria ajoelhar-se perante um altar para
proferir um juramento. Com um livro de sua escritura de preferência em
mãos, ele proferia um voto de aderência à todas as regras, e de guardar o
segredo da sociedade por toda a eternidade. Agora que o irmão era jurado
ao silêncio, os símbolos maçônicos, sinais, apertos de mão e outras
condutas secretas lhe eram revelados.
Como mencionado anteriormente, as regras da sociedade haviam
sido feitas pelas Constituições Góticas e pelos então chamados de
“Antigos Deveres”, manuscritos produzidos durante a transição da
maçonaria operacional para especulativa. Uma lista de regras e
regulamentos foram comprimidos nos 25 “pontos” do Dr. Albert Mackey,
um médico expert e autor do século XIX. Mackey começara com a
administração geral de uma loja. Todas as lojas deveriam ser divididas em
três graus, e cada loja governada por um Grande Mestre. Um Mestre
Principal e dois Vigilantes eram nomeados para supervisionar e
administrar as conferências anuais da loja. Não eram permitidos quaisquer
tipos de armas nas premissas da loja e da conferência. Visitantes não-
autorizados e intrusos que falhavam no exame providenciado pelas
autoridades eram rapidamente expulsos. Como sempre, uma loja estava
proibida de interferir nos assuntos de outras lojas.
Mackey
Um “Livro da Lei” deveria ser colocado em cada loja para
referência imediata, como uma medida protetora para as liberdades de
todos os maçons. Os direitos dos indivíduos maçons foram reafirmados.
Eles tinham direito a representação em todas as reuniões, bem como o
direito de visitar e fazer parceria com membros de outras lojas. Sobretudo,
todos os irmãos deveriam exibir os valores da compreensão, tolerância e
justiça não apenas uns com os outros, mas também fora da sociedade
maçônica.
O principal propósito dos maçons era o de “fazer, de homens bons,
homens melhores”. Eles trabalhavam para moldar o caráter de um
indivíduo ampliando suas perspectivas morais e espirituais. Ao mesmo
tempo, eles esperavam educar uns aos outros sobre ética e
responsabilidade individual, e praticar estes elementos em suas vidas. Em
adição a um código moral inquebrável, os maçons ansiavam abrir os olhos
de seus irmãos para a necessidade da caridade e responsabilidade social,
bem como o poder de ter visões neutras e imparciais em relação à religião,
política e outros assuntos que geravam muita discussão.
À medida que a cultura da maçonaria evoluía, também evoluíram
os costumes e decoro da sociedade. Quaisquer menções à religião, política,
ou qualquer outro assunto pessoal nas reuniões da loja foram banidas, bem
como nenhum desses elementos poderia ser usado como fator de tomada
de decisão. Sentar no lado Leste, sem um convite, era sinal de desrespeito,
já que tais assentos eram reservados para os mestres mais proeminentes da
loja. Os maçons não eram autorizados a falar ou interromper com tópicos
que não haviam sido aprovados antes das conferências. Aqueles que
estavam presentes eram obrigados a vestir a regalia completa, que incluía
um terno preto, luvas, alfinetes de lapela, e uma espécie de avental
bordado, como tributo aos seus canteiros ancestrais – os “cortadores de
pedra”.
Dúzias de emblemas surgiram ao longo dos anos, criadas para
representar diferentes facções maçônicas. Como um todo, a Sociedade da
Maçonaria é reconhecida por um logo em especial – o esquadro e
compasso maçônico, com um “G” em negrito em seu centro. Diz-se que o
esquadro serve como lembrança da retidão das ações do indivíduo através
da virtude, enquanto o compasso serve para “circunscrever” as paixões do
mesmo. A maioria dos maçons concorda que o misterioso “G” vem da
palavra “God” (Deus, em inglês). Outros já sugeriram “Gnóstico” ou
“Geometria”, já que estes são componentes básicos do estilo de vida
maçônico.
Imagem do logo maçônico no túmulo de Mackey
A variedade de simbolismos maçônicos multiplicou-se
devidamente ao longo do tempo. Um dos símbolos mais populares desta
diversa gama é o “Olho da Providência”, ou o “Olho que Tudo Vê”. Esta
imagem, pegada emprestada de outras culturas antigas, é, hoje em dia,
encontrada em quase todas as lojas maçônicas do mundo. O olho, que
nunca se fecha, faz alusão à um ser supremo sem nome, e que vigia a
sociedade – como Mackey afirmara, é um “símbolo de rapidez, o braço da
força e a mão da fidelidade.”
Antiga versão maçônica do Olho da Providência

O Olho da Providência no verso do Grande Selo dos Estados Unidos


Um outro símbolo comum é o “Nível e o Prumo”. Esta ferramenta
de construção, que era usada para medir o nível de superfícies planas e
horizontais, servia como lembrete de que os humanos viviam no “nível do
tempo”. Este também é visto como um símbolo de equilíbrio e igualdade,
baseado no mantra maçônico, “Todos nos encontramos no Nível”.
Disparates, a Intervenção, e o Projeto Americano
“A Maçonaria é uma instituição calculada para beneficiar a
humanidade.” – Andrew Jackson
Em meados do século XVIII, a Igreja Católica Romana declarou
todas as sociedades secretas como advindas do mal. Para os maçons, mais
problemas surgiram quando novas investigações deram-se por toda a
Europa pela Inquisição – uma repressão da Igreja Católica contra a heresia
- e focaram os olhos na sociedade maçônica. Em 1736, uma loja maçônica
na cidade de Florença, Itália, foi vasculhada de cima a baixo, e as
autoridades descobriram que a loja havia sido estabelecida por um maçom
inglês chamado Charles Sackville, o Segundo Duque de Dorset. Sackville
vinha recrutando italianos e outro ingleses que moravam na Itália. Charles
Radclyffe, o Quinto Conde de Derwentwater, foi nomeado o Grande
Mestre dos Maçons Franceses em 26 de dezembro daquele mesmo ano.

Sackville
A partir de então, a situação piorou. O autor escocês Andrew
Michael Ramsay havia sido escolhido para escrever e proferir um discurso
no dia da eleição de Radclyffe. Em março de 1737, Ramsay enviou uma
cópia revisada do discurso ao Cardeal André-Hercule de Fleury, que
também servia como o Ministro-Chefe do Rei Luís XV da França. Em sua
carta, Ramsay havia anexado um pedido de aprovação formal das lojas
maçônicas francesas. Ao invés de conceder suas bênçãos, o cardeal, que
não se importava com o conteúdo do discurso, exaltou-se, reportando os
maçons para a Igreja Católica como “traidores”. Pouco tempo depois, ele
ilegalizou a vertente francesa da sociedade. Essas tensões, juntamente com
as investigações em curso da Itália, apenas aumentaram.

André-Hercule de Fleury
No ano seguinte, em 28 de abril, o Papa Clemente XII emitiu a
primeira das proibições papais da maçonaria, o que ele chamou de “In
emeinenti apostolatus.”. Se as irmandades ousassem proferir mais
juramentos ímpios, se submeteriam a “graves penas”. O papa também
afirmou que “juntar-se a tais associações [era] precisamente sinônimo de
incorrer-se na mancha do mal e da infâmia.” Se os maçons realmente não
estivessem envolvidos em ações impróprias, eles não se empenhariam
tanto em esconder suas práticas do público. O papa concluiu, “As
sociedades secretas chamadas de maçonaria são depravadas e pervertidas.
Elas impõe um grande perigo às almas da fé. Portanto... nós ordenamos
muito estritamente que nenhum católico ouse entrar, propagar ou apoiar
estes maçons, sob pena de excomunhão.”

Papa Clemente XII


Diversas reiterações destas proibições seriam emitidas nas décadas
seguintes. A sociedade havia ganhado tanta notoriedade que eles foram
condenados por pelo menos onze papas. Por toda a Europa, fobia e
propaganda contra as sociedades secretas eram propagadas, o que durou
até o final do século. De volta ao Reino Unido, o Parlamento também
estava ficando cada vez mais desconfiado sobre a matriz de prosperidade
das sociedades secretas em seu meio. Este medo amplificou-se
especificamente no final da década de 1790, com as ameaças de uma
invasão francesa constantemente se aproximando.
Na primavera de 1799, Henry Thornton, um membro do Parlamento
com base em Southwark, um distrito no centro de Londres, ainda
atordoado por certa notícia, coloca a caneta no papel. Esta carta
confidencial é endereçada a William Wickham, o Subsecretário do
Ministro do Interior, um departamento que lida com imigração, terrorismo
e outros assuntos relacionados. Thornton afirma que um fabricante de
licores, conhecido apenas como “Benwell”, teria se aproximado dele para
obter conselhos sobre um de seus empregados, que havia sido convidado à
participar de um clube secreto em Wandsworth. O cético empregado
recusara a oferta, já que a membresia só poderia ser acertada mediante
aceitação de um juramento tenebroso. Além disso, parecia bom demais
para ser verdade, uma vez que supostamente receberia um xelim
(aproximadamente US$ 37,50 hoje em dia) por sua simples presença em
uma reunião, e dois xelins e seis pence extra (US$ 93,50) para cada novo
recruta que ele angariasse. Wickham, rebitado pelo esquema de “pagar
para ficar”, ordena a Benwell que persuada seu empregado a aplicar-se
para a membresia, para então reunir informações que reforçariam seu caso
contra estas deploráveis organizações.
Histórias como essa não eram raridade naquele tempo, o que
apenas prolongou o pânico contra as sociedades secretas. Mais tarde
naquele ano, o Parlamento emitiu o “Ato de 1799 sobre Sociedades
Ilegais”, que bania todas as sociedades secretas que requeriam juramentos
de seus membros. Embora o ato tenha sido emitido majoritariamente tendo
em vista os Jacobitas e outras fraternidades católicas, os maçons também
sofreram o golpe. Apenas após um vigoroso debate, reforçado pelos
esforços colaborativos de lojas rivais contra a Câmara dos Comuns, que
uma emenda na lei foi acrescentada, excluindo os maçons. Alguns
acreditam que um número considerável de monarquistas e membros do
Parlamento pertenciam à grandes lojas e lojas maçônicas, o que ajudou os
mesmos a governarem em favor da sociedade.
Mesmo com a isenção, os maçons eram agora obrigados a obedecer
uma série de novos regulamentos. Os nomes e endereços de todos os
membros e visitantes presentes em conferências maçônicas deveriam ser
registrados por um Segundo Vigilante, e depois submetidos ao Secretário
da Paz anualmente. Essa lei foi aplicada por séculos, até finalmente ter
sido revogada pelo Parlamento muito tempo depois, em 1967.
Enquanto isso, nos Estados Unidos, o movimento ganhava um
impulso inaudito na história maçônica. Em 1730, a Grande Loja da
Inglaterra emitiu autorizações que promulgavam os estabelecimentos de
Grandes Lojas Provinciais nas novas colônias da América do Norte. A
Grande Loja Provincial da Pensilvânia, criada em 1731, clama ser a loja
maçônica mais antiga estabelecida nos Estados Unidos, o que é refutado
pelas Grandes Lojas de Massachussets e da Virginia, que foram erguidas
um pouco depois. Entre os anos de 1733 e 1737, a Grande Loja da Irlanda
emitiu mais autorizações que permitiram que as bandeiras maçônicas
fossem implantadas em Nova Iorque e na Carolina do Sul.
Diz-se que uma série de pais fundadores e heróis celebrados nos
Estados Unidos pertenceram à maçonaria. Dentre os nomes mais
conhecidos está ninguém menos que Benjamin Franklin. O prodígio de
Boston, nascido em 1706, logo chamara a atenção de todos em sua volta,
mesmerizados com sua inteligência e compromisso excepcionais. Franklin
fora um inventor em série, autor, filósofo, político e um verdadeiro pau-
para-toda-obra, mas também um irmão venerado na maçonaria.
Franklin
O momento exato em que Franklin juntou-se aos maçons
permanece em aberto, mas muitos acreditam que tenha sido em torno de
fevereiro de 1731 quando ele alistou-se à Loja de St. John da Filadélfia.
No ano seguinte, com 26 anos de idade, Franklin foi promovido a Segundo
Vigilante da Grande Loja Provincial da Pensilvânia, e foi promovido a
Grande Mestre em 1734. No mesmo ano, o Grande Mestre Franklin
reeditou a Constituição de Anderson de 1723, fazendo história com a
primeira publicação maçônica nos Estados Unidos. Em 1752, Franklin
liderou um comitê que visava construir a primeira base física dos maçons
nos Estados Unidos.
Franklin também era aplaudido por suas habilidades diplomáticas,
que lhe foram muito favoráveis quando ele fora enviado para ajudar seus
companheiros colonos no exterior. Ele agira como um representante da
loja da Filadélfia, escrupulosamente comparecendo a uma série de
reuniões na Europa, e foi até escolhido como o Grande Mestre Provincial
para a conferência da Grande Loja da Inglaterra em novembro de 1760.
Em 1778, Franklin foi enviado a Paris, onde negociaria a entrada dos
franceses na Revolução Americana. Durante sua estadia, ele também foi
designado a patrocinar uma das lendas do Iluminismo, Voltaire, em sua
candidatura para um assento na Loja das Nove Irmãs. Franklin continuou a
manter afiliações com as Nove Irmãs.
Não demoraria muito até que os maçons americanos se
encontrassem envolvidos pelos rumores provocados pelo público. Muitos
tiveram dificuldade em ignorar o fato de que os maçons compartilhavam
uma visão estranhamente semelhante aos ideais de democracia da nação
incipiente e à reorganização das relações sociais. Logo, muito começaram
a suspeitar que os maçons eram os marionetes da Revolução Americana.
Para começar, muitos dos líderes da Revolução, incluindo
Benjamin Franklin, George Washington, Samuel Adams e Alexander
Hamilton, haviam sido maçons em algum ponto de suas vidas. Com a
alegada influência destas figuras, o número de maçons na nação cresceu
exponencialmente. Em 1779, havia estimadamente 21 lojas apenas em
Massachussets. Nas duas décadas seguintes, este número quase triplicou.
Com isso em mente, os historiadores modernos foram rápidos em
encontrar furos nessas afirmações. Para alguns, não há provas suficientes
que comprovem que Thomas Jefferson, John Adams, James Madison,
Richard Henry Lee, ou Hamilton – todos cujos nomes foram destacados –
eram maçons. Ao invés disso, historiadores insistem que os que
propagavam tais rumores o faziam para exagerar a influência dos maçons
na Revolução. Além disse, dos 56 que assinaram a Declaração da
Independência, apenas 8 ou 9 foram verificados como maçons, outro fato
que têm sido perigosamente distorcido ao longo dos anos.
Por volta de um século depois, outra teoria interessante foi
apresentada pelo autor Joseph Fort Newton. Newton propôs que havia sido
os maçons quem orquestraram a Festa do Chá de Boston. De acordo com
essa teoria, a maioria dos “piratas” nos barcos era de uma facção maçônica
conhecida como “Caucus Pro Bono Publico”, e acreditava-se que eles
fizeram suas conspirações na Taberna do Dragão Verde. Em 16 de
dezembro de 1773, esses maçons rebeldes, acompanhados por Samuel
Adams e os Filhos da Liberdade, com muitos disfarçados de índios
Mohawk, fugiram pela noite. Eles se arrastaram até um navio de Boston, o
tomaram e lançaram 342 compôs de chá sobre as grades. Dentre os
rebeldes a bordo estava Paul Revere, que posteriormente tornou-se Grande
Mestre da Loja Provincial de Massachussets, bem como Thomas Crafts,
John Hancock, e Joseph Warren, todos maçons confirmados.

Revere
Hancock
Não obstante os movimentados rumores, o número de maçons na
América continuou a vivenciar uma saudável taxa de crescimento. No final
do século XVIII, a nação viu o surgimento de uma onda de lojas
independentes. Lojas verdes perceberam que a documentação adequada
para autorização seria muito dispendiosa e demorada para ser obtida, já
que a Grande Loja mais próxima estava localizada na pátria-mãe. Sem
demora, essas lojas se deram início por conta própria, e apenas solicitaram
autorização quando estavam certos de que sua comunidade sobreviveria
por pelo menos uma década.
O dia 13 de outubro de 1792 marcou outro momento pivô na
história da maçonaria. Nesse dia, George Washington, o primeiro
presidente dos Estados Unidos, e Joseph Clark, o Grande Mestre de uma
loja sediada em Maryland, reuniram-se para colocar a primeira pedra
angular do Capitólio dos Estados Unidos em uma cerimônia maçônica.
Um trio de Adoráveis Mestres também compareceu, carregando ofertas de
milho, vinho e óleo, inspirados pelos presentes do Rei Salomão. Ao fim da
cerimônia, Washington cavou a terra pá por pá, com uma enxada
maçônica, e o simbólico azulejo de diamante foi colocado na terra. O
avental e a faixa de Washington ainda podem ser encontrados na Grande
Loja Maçônica da Pensilvânia. Sua pá posteriormente seria usada nas
cerimônias fundamentais de outros prédios históricos, incluindo o
Monumento a Washington e o Edifício Herbert Hoover.

Impressão de 1870 representando Washington como o Mestre de sua


Loja
No início do século XIX, havia um número estimado de 16 mil
maçons na América. Em 1822, esse número subiu para 80 mil. Colocando
em perspectiva, isso representava aproximadamente 5% de todos homens
elegíveis dos Estados Unidos.
Os Anti-Maçons
“O que fizemos para apenas nós mesmos morre conosco; o que
fizemos por outros e pelo mundo perdura e é imortal.” – Albert Pike
Parecia que o movimento da maçonaria na América havia chegado
em seu auge, mas todo este trabalho duro logo começaria a desfazer-se.
William Morgan nasceu em 1774 na charmosa cidade de Culpeper,
na Virginia. Ele viveu entre a linha da pobreza e a da classe média baixa
durante toda sua vida, inicialmente trabalhando como um pedreiro plebeu,
antes de começar a tentar abrir seu primeiro pequeno negócio em
Richmond. Durante toda sua vida, a credibilidade de Morgan foi
questionada por seus colegas. Morgan havia, uma vez, se gabado a sua
família e amigos dizendo ter servido como capitão na Guerra de 1812.
Apesar de a maioria das pessoas ao seu redor o ter recomendado por seus
serviços, historiadores modernos permanecem desconfiados; diversos
soldados chamados “William Morgan” haviam certamente sido registrados
na equipe, mas nenhum deles havia chego perto de atingir a posição de
capitão. Muitos ainda duvidam até da participação de Morgan na guerra
em si.
Em 1819, com 45 anos de idade, Morgan apaixonou-se pela bela
Lucinda Pendleton, de 16 anos de idade. O par casou-se naquele mesmo
ano. Dois anos depois, os recém-casados fizeram suas malas e partiram
para o Canadá, onde se estabeleceram. Lá, Morgan administrava sua
própria cervejaria, até que um incêndio aberrante irrompeu, devorando
tudo em seu caminho.
Morgan
Devastado, Morgan fez seu lento caminho de volta aos Estados
Unidos. Nesta época, ele instalou-se em Nova Iorque, primeiramente
acampando em Rochester, depois na Batávia. Amargurado, Morgan
atingiu o fundo do poço mais uma vez, e foi forçado a retornar à sua
carreira de pedreiro. Perdido e desanimado, Morgan recorreu à compulsão
da bebida e dos jogos de apostas, mas as coisas estavam apenas
começando a ficarem feias.
No Canadá, Morgan havia se gabado incessantemente sobre ser um
Mestre Maçom. Foi quando as histórias incompreensíveis de Morgan
embaçaram as linhas entre verdade e ficção novamente. Embora tenham
existido registros das visitas de Morgan aos maçons na Virginia, o fato de
ele ter sido ou não iniciado na comunidade permanece não confirmado.
O que foi confirmado foi o fato de que a entrada de Morgan na
vertente maçônica de Batávia foi negada. Alguns membros da loja citaram
um desgosto geral pelo caráter de Morgan como um motivo da rara
rejeição, enquanto outros expressaram desconfiança sobre suas verdadeiras
origens. Mesmo com seu manchado passado, Morgan foi aceito na loja
vizinha “Le Roy's Western Star Chapter #33”, onde ele foi presenteado
com o grau de Real Arco. Sem surpresa, se Morgan havia ou não
completado os seis graus anteriores, permanece em debate.
Em 1826, Morgan tentou montar uma vertente maçônica na
Batávia, mas esse direito lhe foi negado. Em resposta, o lívido Morgan
saiu às ruas e anunciou o lançamento de seu próximo livro, “Ilustrações da
Maçonaria”, uma exposição completa que prometia entregar todos os
sórdidos detalhes dos rituais secretos e o conhecimento esotérico da
sociedade. Além disso, Morgan ainda afirmou que David Miller, editor de
um jornal local, já havia lhe providenciado inclusive um atrativo
adiantamento para lançar o trabalho.
Poucos dias após o grande anúncio, Morgan foi preso e jogado
atrás das grades por inadimplência em uma dívida de mais de ₤2.60
(aproximadamente US$ 459 hoje). Durante semanas, acredita-se que os
maçons tentaram de tudo para fazê-lo mudar de ideia. Eles fizeram
diversas tentativas para argumentar com ele, e chegaram até o ponto de
supostamente incendiar a imprensa local, tudo em vão.
Então, chegou o fatídico dia. Nas primeiras horas da noite, um
grupo de agressores invadiu a prisão com uma cautela ensurdecedora. O
sonolento Morgan foi subitamente acordado e arrastado para fora de sua
cela por seus agressores, que o jogaram dentro de uma carruagem. Quando
os cavalos galoparam pelas estradas e perderam-se de vista, uma
testemunha disse que ouvira os gritos de Morgan quebrando o silêncio –
“Assassinato, assassinato!” Alguns dizem que Morgan foi simplesmente
exilado para o Canadá, enquanto outros assumem o pior. Seja como for,
Morgan nunca mais foi visto.
Representação do assassinato de Morgan
Os eventos inquietantes continuaram. Testemunhas desapareciam
rapidamente, sofrendo destinos similarmente estranhos. Ninguém falava
nada. Eventualmente, um quarteto de maçons locais foi focalizado e
acusado pelo sequestro e assassinato de Morgan. Até mesmo o nome de
DeWitt Clinton, um senador americano e o sexto governador de Nova
Iorque, surgiu dentre a confusa gama de alegações. No devido tempo, o
tribunal, que não pôde encontrar evidências reais que se conectassem aos
perpetradores do crime alegados, não teve escolhe senão os libertar.
Clinton
O público, em particular de Nova Iorque e estados vizinhos,
voltou-se contra os maçons, e os residentes iniciaram uma série de
protestos contra a sociedade. A revolta resultou em uma saída em massa de
seus membros – metade das lojas foram fechadas em Maryland, e as coisas
também pioraram em Nova York. Em 1827, 227 lojas haviam sido listadas
sob a jurisdição da Grande Loja de Nova Iorque. Em um intervalo de oito
anos, esse número diminuiu para 41.
Thurlow Weed, um crítico ávido de Andrew Jackson e dos maçons,
formou o Partido Anti-Maçônico logo depois. O partido ganhou o apoio
público de inúmeros políticos influentes, incluindo William H. Seward, e o
próprio Presidente John Adams. O presidente se opunha tanto aos maçons
que posteriormente publicou um livro, “Cartas sobre a Instituição
Maçônica”, no qual proclamava audazmente: “Eu acredito sincera e
conscientemente que a Ordem da Maçonaria... é um dos maiores males
políticos e morais sob os quais a União está trabalhando...”
Weed
Em 1832, o Partido Anti-Maçônico desempenhou um papel
controverso ao escolher William Hirt, um suspeito maçom que havia
defendido a irmandade em diversas ocasiões, como candidato à presidente
de seu partido. No dia da eleição, o partido recebeu apenas sete votos
eleitorais, e em 1835, o partido Anti-Maçônico dissolveu-se em todos os
estados, fora a Pensilvânia.
No final da década de 1850, o movimento dos maçons mais uma
vez ganhou força. Quando a Guerra Civil Americana começou, na década
de 1860, o número de maçons americanos subiu de 60 mil para 200 mil
membros, dentre 5 mil lojas espalhadas pela nação. Durante a guerra,
histórias sobre o amor fraternal da comunidade ganharam espaço. Dizia-se
que os bravos maçons cuidavam dos prisioneiros de guerra e mesmo de
guerreiros feridos pertencentes à tropas rivais, que eram da mesma
fraternidade.
Logo depois do fim da Guerra Civil, junto com outras irmandades,
iniciou-se a “Era de Ouro do Fraternalismo”. O renascimento do
movimento foi possível por causa de Albert Pike, um homem gigante,
pesando 130kg e com mais de 1,90m, com uma longa barba tão clara como
a neve. Pike pediu que a fraternidade reparasse sua imagem fraturada
perante os olhos do público, deslocando seu foco para a filantropia. Isto
funcionou como um charme. Em 1872, Pike publicou “Dogma e Moral”,
com uma literatura que continha uma nova narração da história dos
maçons, bem como o conhecimento esotérico escondido na sociedade. 33
novas iniciações, repletas de procedimentos, foram introduzidas,
inspiradas por uma mistura de astronomia, antigas verdades religiosas e
mitologia tradicional maçônica. Pike eventualmente se tornaria uma figura
sobre a qual conspirações e reclamações futuras centralizariam seus
esforços, com muitos insistindo que seus trabalhos continham elementos
de racismo e preconceito.

Pike
Cismas, Esquemas, e os Maçons Modernos
“Tenha a certa de que suas mais sábias palavras sejam aquelas que
você não diz.” – Robert W. Service
O movimento da maçonaria eventualmente se espalharia por todo o
mundo, mas seu impacto na França se estabeleceria como um de seus
principais triunfos. No início do século XIX, haviam estimados 10 mil
maçons na França. Ao fim do século, o número dobrou, e em 1936, o
mesmo havia aumentado para incríveis 60 mil.
Inicialmente, a sociedade havia apelado por homens que pensavam
livremente, e se encontravam cativados pelo lado místico da maçonaria.
Muitos gostavam de socializar com os colegas de visões semelhantes, em
grupos exuberantes, e consideravam emocionante envolver-se nesses
rituais elaborados. Nos anos que se seguiram, à medida que a cultura
maçônica se desenvolveu pela Europa, a sociedade tornou-se um centro da
política e dos negócios franceses.
Gradualmente, os maçons franceses se desvincularam da ideologia
primária da sociedade, de igualdade social e vida ética. Mais políticos
entraram na sociedade, com outros funcionários públicos, na esperança de
conquistar uma plataforma mais ampla e uma melhor chance de ganhar
eleições e promoções. Estalajadeiros e donos de hotéis também
constituíam grande parte dos membros, buscando ampliar suas bases de
clientes. Outros empresários exploravam a oportunidade de conexão com
seus colegas para apostar em novas oportunidades de negócios. Outra
vantagem adicional eram os 10% de desconto que cada maçom recebia em
cada compra ou transação feita com um colega fraternal.
Em um caso de déjà vu, o público francês começou a desconfiar
dos maçons. Quando eles não puderam encontrar respostas, começaram a
criar suas próprias. Eles acusaram os maçons de controlar o governo nos
bastidores, e de disseminar propaganda que glorificava a anti-religião e
outras visões materialistas.
Seja como for, historiadores modernos insistem que esses fatos
tenham sido embelezados. Mesmo que os maçons franceses tivessem
apoiado certas visões antirreligiosas, essas ideias já existiam na França
muito antes de sua chegada. Essas tensas relações vieram à tona no início
do século XX.
Em 1904, um partido radical liderado pelo Ministro da Guerra
Emile Combes chegou a um acordo implícito com a Loja Grand Orient de
France. Como constituinte do acordo, os maçons foram encarregados de
espionar uma série de oficiais do exército, principalmente sobre suas
visões políticas e religiosas. Estes espiões lançariam então uma campanha
de difamação contra os católicos. Esta trama foi eventualmente frustrada,
levando à demissão de Combes em 1905, e à dissolução final do partido.
Este evento vergonhoso é hoje em dia conhecido como “Affaire Des
Fiches”.

Combes
Com o tempo, os maçons franceses encontraram novo inimigo na
vertente inglesa. Acredita-se que a semente da desconfiança fora plantada
durante a assembleia da Grand Orient de France, em 1877, onde foi
decidido, por voto, que era chegada a hora de ajustar a constituição
antiquada. O documento original dizia, “Seus princípios são a existência
de Deus, a imortalidade da alma, e a solidariedade humana”. Agora, ele
diria, “Seus princípios são a absoluta liberdade de consciência e
solidariedade humana.” A Grande Loja Unida da Inglaterra ficou chocada
com a notícia. Eles rapidamente emitiram uma resposta, declarando
severamente que eles não poderiam, em sã consciência, reconhecer
irmandades que negassem a existência do “Grande Arquiteto do
Universo”, ou seja, Deus ou qualquer outro ser supremo.
As tensões voláteis apenas se agravaram a partir de então. Os
franceses não apreciavam a fraternização da sede inglesa com a Coroa e a
Igreja Protestante. Por outro lado, os ingleses ficaram indignados com a
fantasia de seus irmãos franceses de manchar um dos princípios mais
fundamentais da sociedade – uma crença inabalável no Todo-Poderoso.
Apesar da postura vocal da sede inglesa sobre o assunto, sua afiliação com
a Grand Orient da Bélgica, que também havia votado para remover a
necessidade de um ser supremo em sua constituição, permaneceu intacta.
Naturalmente, isto apenas complicou as relações entre as duas irmandades
com o tempo.
Nenhum desses rumores compara-se àqueles que surgiram na
década de 1890. Em 1885, um escritor francês, Marie Joseph Jogand-
Pagès (nome de escritor Léo Taxil), converteu-se à fé católica. Isto foi
especialmente um choque, pois durante décadas, suas controversas visões
anticatólicas haviam sido seu ganha-pão. Com o novo modelo de vida, os
dedos ansiosos de Taxil logo encontraram outro foco de escrita. Desta vez,
ele tinha um novo inimigo em mente – os maçons. Durante a década de
1890, Taxil produziu volumes de panfletos e livros, estrelando os rituais
malignos e secretos da maçonaria. Essas afirmações cresciam
absurdamente com cada publicação, as quais centravam-se em acusações
de uma suposta devoção da sociedade a Satanás e em hábitos de culto
bizarros e assustadores, reforçadas por depoimentos de testemunhas.
Acredita-se que uma das publicações de Taxil, “O Diabo no Século XIX”,
tenha sido escrita por uma mulher chamada Diane Vaughan, que
supostamente tomou parte em rituais satânicos. Seus diversos encontros
com demônios do submundo recordavam viagens psicodélicas induzidas
por drogas, incluindo o episódio de um demônio fazendo cócegas nas
chaves de um piano em forma de crocodilo.
Taxil
Os livros de Taxil tornaram-se best-sellers instantâneos,
acumulando uma base de fãs quase puramente católica. À medida que
Vaughan continuou a divulgar mais algumas publicações, seus fãs
imploraram que ela aparecesse publicamente. Em abril de 1897, Taxil
decidiu dar ao povo o que eles queriam e organizou uma conferência de
imprensa. O público esperou ansioso, apenas para Taxil anunciar que na
realidade ele era o único que havia escrito os livros. Pior ainda, ele
calmamente revelou que nenhuma palavra que ele havia escrito sobre os
maçons era verdadeira, e agradeceu aos jornais católicos por permitirem
que ele divulgasse seus contos bizarros. Por último, ele admitiu que
Vaughan não era mais do que sua simples secretária, que havia estado
disposta a permitir-lhe que usasse seu nome.
Os maçons continuam a ser tópico polêmico para teóricos de
conspiração nos dias de hoje. Além das conjecturas usuais envolvendo
supostos guerreiros inclinados à dominação mundial ou reptilianos em
trajes de forma humana, os maçons têm sido foco de uma gama de teorias,
que vão desde o selvagem e cômico ao horroroso e assustador.
Uma das histórias se dá acerca da Fábrica de Cerveja Latrobe,
sediada na Pensilvânia. O rótulo de uma das cervejas mais populares da
empresa, a “Rolling Rock”, contém o número “33” ao fim de seu texto.
Muitos insistiram que o número “33” fazia referência ao 33º Grau dos
Ritos Escoceses. Este rumor apenas foi dissolvido em 1986, quando um
jornalista descobriu que o “33” simplesmente indicava o número de
palavras na frase e era meramente um erro de impressão.
Alguns teóricos da conspiração afirmam ter encontrado algumas
revelações sobre o design de Washington D.C. Diz-se que o esquadro e
compasso maçônico torna-se claramente visível de um ponto de vista
aéreo. A capital situa-se no topo do compasso. Um eixo liga a capital à
Casa Branca, e outro ao Memorial de Jefferson. Por fim, o Memorial de
Lincoln é ligado tanto à Casa Branca quanto ao Memorial de Jefferson,
formando o esquadro e completando a imagem. Por mais plausível que
esta teoria pareça ser, têm sido descreditada por inúmeros historiadores.
De acordo com os “estraga-prazeres”, essas conexões e padrões são
inevitáveis quando se trata de cidades projetadas em um sistema de rede, e
estão longe de serem exclusivos.
Algumas dessas conspirações inspiradas nos maçons vêm com um
toque mórbido. Uma das mais disseminadas destas teorias sugere que
Albert Pike, cujas obras foram taxadas de propaganda supremacista,
haveria fundado o notório Ku Klux Klan. Embora teorias do tipo tenham
sido refutadas muitas vezes, elas ainda podem ser encontradas em diversos
sites.
Outro teórico da conspiração, Billy Morgan, leva o caso ainda mais
longe: ele afirma saber do mais profundo e mais sujo dos segredos dos
maçons – sodomia ritual. Isto, Morgan insiste, é uma tática de controle
mental, predominantemente realizada em crianças entre 2 e 4 anos de
idade. Diz-se que o processo é feito para induzir apagões de memória e
uma jornada psicológica que abre o “terceiro olho para a iluminação
luciferiana”. Sobretudo, historiadores modernos estão de acordo que essas
afirmações são absolutamente fictícias e difamatórias, geradas pelas
invenções de imaginações excepcionalmente distorcidas.
Atualmente, os maçons, juntamente com centenas de grupos
afiliados pelo mundo, continuam a avançar, doando centenas de milhões à
organizações de caridade todos os anos. Os maçons estabeleceram lojas
em todos os continentes do planeta, exceto na Antártica. Em 2016, a
Grande Loja Unida da Inglaterra registrou um quarto de milhão de maçons
sob seu domínio, e um total de seis milhões em todo o mundo, com
estimados 2 milhões nos Estados Unidos.
É seguro dizer que não importa o que digam sobre eles, o legado
dos maçons perdurará indefinidamente.

Imagem de I. Saliko do interior de uma loja maçônica em Florença


Recursos Online
Outros livros sobre os maçons na Amazon
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[1]
A cantaria é conhecida como o ofício ou arte de talhar blocos de rocha bruta de forma a
constituir sólidos geométricos de variada complexidade, utilizada na construção civil. Seu
enfoque principal é o “(...) desenvolvimento das competências sobre a análise das técnicas
antigas de corte, entalhe e estereotomia das pedras.” (CECI – Centro de Estudos Avançados da
Conservação Integrada, 2017).
[2]
Como é chamado o profissional que exerce o oficio da cantaria.

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