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aprendiz maçom era sigilosa. Geralmente de pai para filho, ou afilhados ou de algum
jovem da comunidade considerado merecedor por seu talento e confiança, que se
tornava afilhado de determinado mestre. Em muitos casos o pai pagava ao mestre para
ensinar a profissão ao seu filho. Esse jovem era iniciado formalmente em cerimônia
especial, jurando pela própria vida guardar segredo por tudo que viesse aprender.
Evoluía lentamente nas diversas artes da construção, até ser julgado apto a subir para o
grau de mestre maçom, o que acontecia também em cerimônia especial. Os mestres
maçons eram bem pagos, deixando os outros artesãos enciumados. Com isso se
tornaram cada vez mais fechados e as corporações mais isoladas.
3. A Maçonaria Especulativa:
Mas estes “aceitos” foram se tornando cada vez mais necessários e importantes e
pelo menos na Escócia, em 1582, foi criado o 3º grau, para os que não trabalhavam com
a pedra, oficializando o termo “aceito”. Como estes também eram “livres”, se
denominaram “Maçons Livres Antigos e Aceitos”: M.:L.:A.:A.: (5.3) `
Os “antigos” continuaram se encontrando secretamente, instruindo os novos
aprendizes nos segredos da construção, mas já com influências dos “aceitos”, pois os
planos teóricos de construções de catedrais e palácios estavam sendo realizados cada
vez mais pelos arquitetos. Os “aceitos” começaram a se encontrar em tabernas, mas
desde o início em cantos reservados, com reuniões mais intelectualizadas. Com os laços
de sangue numerosos entre os “antigos” e os “aceitos”, muitos mestres freqüentavam
essas reuniões nas tabernas que foram se avolumando. Antes, durante ou após as
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5. Bibliografia:
5.1 - Maçonaria: Raízes Históricas e Filosóficas: Ir.: Eleutério N. da Conceição - Editora Madras -1998.
5.2 - Maçonaria e Templários: Realidade e Fantasias: Ir,: Aquiles Garcia – Editora Lexia – 2011.
5.3 - Entrevista pessoal com o ex-secretário da Grande Loja da Escócia, Brother.: Harry Wilson (dia
25.11.2011) no Free Mason’s Hall - Edimburgo.
5.4 - Site da Grande loja da Escócia: www.grandlodgescotland.com
5.5 - site da Grande Loja Unida da Inglaterra: www.ugle.org.uk
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“A lei que regula a divisão do trabalho na comunidade opera com a força irresistível
de uma lei natural. Cada artesão particular, o ferreiro, o oleiro etc. realiza todas as
operações pertinentes a seu ofício, de maneira tradicional, mas independente e sem
reconhecer autoridade acima dele em sua oficina” (1).
Marx cita as corporações de ofício da Idade Média para esclarecer como “a estrutura
dos elementos econômicos fundamentais” (2) da organização corporativa impediam
“a transformação de um mestre artesão em capitalista” (3). A limitação do número de
aprendizes que o mestre artesão tinha que empregar, a venda de mercadorias e não
do trabalho como mercadoria e, principalmente, a união indissolúvel entre o
trabalhador e os seus meios de produção contribuíram para a defesa da corporação
contra o capital mercantil.
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prática comum “em todos os ramos e ofícios”. Ele esclarece que o mesmo trabalhador
adota vários expedientes e recursos para o parcelamento de operações que permitam
produzir maiores quantidades de mercadorias “com menos trabalho e maior
economia de tempo” (5).
“Um homem estica o arame, outro o retifica e um terceiro o corta; um quarto faz a
ponta e um quinto prepara o topo para receber a cabeça; a cabeça exige duas ou três
operações distintas: colocá-la é uma função peculiar, branquear os alfinetes é outra e
até alinhá-los num papel é coisa separada; e o importante na fabricação de um
alfinete é deste modo dividido em cerca de dezoito operações que, em algumas
fábricas, são executadas por mãos diferentes, embora em outras o mesmo homem às
vezes execute duas ou três delas” (6).
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Feita esta distinção entre a divisão do trabalho nas sociedades primitivas e no interior
do processo de produção capitalista, é necessário voltar à Marx para ressaltar que
estas duas formas da divisão do trabalho – vertical e horizontal – se aperfeiçoaram
nas sociedades capitalistas, tornando um pressuposto para o desenvolvimento da
outra:
Christopher Alexander (1969), em seu livro Ensayo sobre la Syntese da Forma recorre ao
modo de produção de edificações de culturas primitivas para exemplificar o que ele
define de coerência entre forma e contexto. Na busca pelas origens do “bom ajuste”
entre estas duas entidades, Alexander revela as peculiaridades do modo pelo qual as
culturas primitivas produzem arquitetura, sem arquiteto. Com relação à divisão do
trabalho, várias particularidades ficam evidentes, entre elas, a não divisão do
trabalho no interior da produção e, principalmente, o fato do membro da
comunidade ser, ao mesmo tempo, o idealizador da forma, o construtor, o usuário e o
mantenedor da construção.
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“Seja ou não por coincidência, o fato é que a forma hemisférica da choça proporciona
a superfície mais eficaz para a passagem mínima de calor e mantém a interior
toleravelmente bem protegido do calor do sol equatorial. Sua forma é mantida por
uma série de nervuras verticais de reforço. Além de contribuir para suspender a
estrutura principal, estas nervuras atuam também como canaletas para a água das
chuvas e ao mesmo tempo são usadas pelo construtor da choça como degraus de
acesso a parte superior do exterior durante a construção. Em vez de utilizar um
andaime efêmero (a madeira é muito escassa), constrói o andaime como parte da
estrutura. Mais além: meses depois, este “andaime” segue ali, quando o proprietário
tem que subir para fazer reparações na sua choça. Os Mousgoum não puderam, a
diferença de nós, permitir-se o luxo de considerar a manutenção como uma
incomodidade que mais vale esquecer até que chegue o momento de chamar o
construtor do lugar. Entre eles, a manutenção está nas mesmas mãos do próprio
trabalhador da edificação e suas exigências contribuem tanto para modelar a forma
como as da construção inicial” (10).
Alexander (1969) afirma que a tradição rígida e a ação imediata não são fatores
contraditórios no interior do processo de produção, mas se completam porque atuam
em esferas diferentes. Os rígidos princípios da tradição somente se afirmaram depois
de um longo processo de paulatinas e pequenas adaptações da forma às exigências
do contexto.
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“Um artesão, para dominar o saber e as regras de seu ofício, deve conviver com os
mestres durante vários anos. Há divisão de trabalho no início, mas, ao cabo do
processo de aprendizagem, eliminam-se as diferenças e a hierarquia. O saber, a forma
de realizar o trabalho, através da convivência duradoura com os mestres, não se
cristaliza numa hierarquia social fixa, mas é interiorizada por cada um dos artesãos-
trabalhadores. A socialização no trabalho artesanal elimina as diferenças naturais (só
existentes devido à diferença de idade ou tempo de aprendizagem), enquanto a
divisão capitalista do trabalho naturaliza a divisão social entre mandantes e
mandados, entre planejadores e executores” (15).
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Algumas condições sociais são apontadas pelos autores para explicar o surgimento
precoce do trabalho cooperativo na construção civil. Certamente o trabalho excedente
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"Nasce quando são concentrados numa oficina, sob o comando do mesmo capitalista,
trabalhadores de ofícios diversos e independentes, por cujas mãos tem de passar um
produto até seu acabamento final. (...)
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Mas, a manufatura pode ter origem oposta. O mesmo capital reúne ao mesmo tempo
na mesma oficina muitos trabalhadores que fazem a mesma coisa ou a mesma espécie
de trabalho” (24).
“Os estaleiros, como se sabe, eram manufaturas: reuniam no mesmo local numerosos
artesãos de mesmo ou de diferentes ofícios, para fazerem obra comum. Admitindo
que as condições fossem semelhantes às de outros estaleiros a que me referi, os
artesãos nele trabalhavam fora do controle das corporações; assim sendo, os
problemas técnicos podiam ser resolvidos em âmbito supraprofissional, definidos e
globalizados pelas necessidades da empresa” (25).
O trabalhador livre, ou seja, fora do controle das corporações de ofício, foi um dos
pressupostos para a consolidação da manufatura. No entanto, o desenvolvimento da
ciência, e sua aplicação à produção, atuou de modo decisivo para a abolição da
cooperação simples. Ruy Gama (1986) esclarece o papel da ciência, particularmente
da Teoria da Resistência dos Materiais, na resolução “supraprofissional” dos
problemas técnicos da produção de uma embarcação:
“Já o mesmo não ocorre com a Teoria da Resistência dos Materiais, fundada por
Galileu e apresentada nos Discorsi e Dimonstrazioni Matematiche intorno a Due Nuorve
Scienze, escrita na forma de diálogo e publicada pela primeira vez em Paris (1639).
As investigações de Galileu tinham essa marca: não se referiam aos materiais usados
por cada uma das profissões envolvidas mas, teoricamente formuladas, inclusive pelo
uso da linguagem matemática, ofereciam propostas de soluções genéricas, aplicáveis
aos materiais utilizados nos diversos ofícios: a madeira dos carpinteiros, à pedra dos
canteiros e pedreiros, às cordas dos cordoeiros.
Num certo sentido, a teoria de Galileu era antigeométrica. A geometria prática era,
como vimos, parte do domínio secreto dos carpinteiros e canteiros, chave para a
estereotomia. Mesmo quando a estereotomia se beneficia da teorização iniciada pela
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“Em outros termos, esta categoria deve se distinguir também por um critério visível
aos olhos da sociedade, critério que assegure o reconhecimento de sua arte como
maior ou mesmo superior às outras artes. O único recurso que ela tem, para isto
conseguir, é de se colocar como “liberal”, isto é, como tendo integrado na sua
habilidade o pensamento teórico, fazer passar o seu trabalho por intelectual” (29).
“Antes de ir mais longe, creio que seria bastante útil dizer a quem reservo o nome de
arquiteto; não vos apresentaria, certamente, um carpinteiro, pedindo-vos considerá-lo
como igual a um homem profundamente instruído em outras ciências, mesmo que na
verdade o homem que trabalhe com suas mãos seja o instrumento do arquiteto.
Chamarei arquiteto aquele que, com uma razão e um método maravilhoso e preciso,
sabe primeiramente dividir as coisas com seu espírito e inteligência, e em segundo
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“Observa-se, com acuidade, que nesse período a arquitetura começa a destacar-se dos
problemas da prática da construção; estes passam às mãos de uma categoria especial
de pessoas, os engenheiros, enquanto que os arquitetos, perdido o contato com as
exigências concretas da sociedade, refugiam-se em mundo de formas abstratas. Os
dois fenômenos, portanto, seguem-se paralelamente, porém sem que se encontrem;
pelo contrário, divergem cada vez mais entre si; produz-se, como diz Giedion, ‘a
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cisão entre a ciência e sua técnica, de um lado, e a arte, do outro, isto é, entre
arquitetura e construção’” (32).
Esta divisão do trabalho perpetua até hoje “nas diversas formas econômicas da
sociedade” (33). No entanto, ela não está baseada nas diferentes técnicas de se
trabalhar os materiais como ocorre nas corporações de ofícios, e sim nas diferentes
tecnologias que surgiram da associação da produção à ciência.
“Por tudo isso, pelo seu caráter teórico (e portanto generalizante), pelo seu conteúdo
supradisciplinar (no sentido das disciplinas dos ofícios) e por sua vinculação histórica
com a problemática da produção manufatureira, a Teoria da Resistência dos
Materiais de Galileu inaugura, mesmo antes do batizado, uma das faces da
tecnologia. Isso não acontece por acaso e nem simples consequência das ideias
científicas que vieram do conjunto de acontecimentos chamados de Revolução
Científica mas começa a nascer quando a teoria se une à prática em condições muito
especiais dessa prática: o trabalho em cooperação nas manufaturas” (34).
“Em quase todas as artes mecânicas, a ciência que estuda a ação dos trabalhadores é
tão vasta e complicada que o operário, ainda mais competente, é incapaz de
compreender esta ciência, sem a orientação e auxílio de colaboradores e chefes, quer
por falta de instrução, quer por capacidade mental insuficiente” (36).
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